enfrentando as perdas dentárias na terceira idade: um estudo de

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Saúde Coletiva cadernos NESC UFRJ

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Page 1: Enfrentando as perdas dentárias na terceira idade: um estudo de

Saúde Coletivacadernos

N E S C • U F R J

Page 2: Enfrentando as perdas dentárias na terceira idade: um estudo de

Catalogação na fonte – Biblioteca do CCS / UFRJ

C a d e r n o s S a ú d e C o l e t i v a / U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o R i o d e J a n e i r o ,

N ú c l e o d e E s t u d o s d e S a ú d e C o l e t i v a , v . X I V , n . 4 ( o u t . d e z 2 0 0 6 ) .

R i o d e J a n e i r o : U F R J / N E S C , 1 9 8 7 - .

T r i m e s t r a l

I S S N 1 4 1 4 - 4 6 2 X

1 . S a ú d e P ú b l i c a - P e r i ó d i c o s . I I . N ú c l e o d e E s t u d o s d e S a ú d e C o l e t i v a / U F R J .

Page 3: Enfrentando as perdas dentárias na terceira idade: um estudo de

CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (4 ) : 557 - 558, 2006 – 557

S U M Á R I O

E D I T O R I A L

A criação do IESC – Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Direção do IESC – gestão 2006-2008 ......................................................................... 559

A R T I G O S

Conhecimentos e atitudes dos cirurgiões-dentistas do Programa Saúde da Família de

Aracaju-SE em relação aos pacientes com HIV/Aids

Valéria Noia Ribeiro, Allan Ulisses Carvalho de Melo, Liana Nascimento Freire ............ 561

Grandes represas e seu impacto em Saúde Pública I: efeitos a montante

Fabíola A. S. Oliveira, Jörg Heukelbach, Rômulo C. S. Moura, Liana Ariza,Alberto N. Ramos Jr., Márcia Gomide .......................................................................... 575

Enfrentando as perdas dentárias na terceira idade: um estudo de representações sociais

Grasiela Piuvezam, Aurigena Antunes de Araújo Ferreira, Maria do SocorroCosta Feitosa Alves ..................................................................................................... 597

Professores afastados da docência por disfonia: o caso de Belo Horizonte

Adriane Mesquita de Medeiros, Sandhi Maria Barreto, Ada Ávila Assunção .................. 615

A “Influenza hespanhola” em Cataguases, Minas Gerais

Alen Batista Henriques ................................................................................................ 625

O risco ocupacional no setor de raio-X diagnóstico de um hospital universitário

Eduardo Borba Neves; Marcia Gomide .......................................................................... 643

Avaliação de sistemas de pontuação para o diagnóstico da tuberculose na infância

Ethel Leonor Noia Maciel, Reynaldo Dietze, Cláudio Struchiner ..................................... 655

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558 – CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (4 ) : 557 - 558 , 2006

Utilização de informações para controle social: o caso do Conselho do Distrito

Sanitário III do Recife

Luiz Geraldo Santos Wolmer, James Anthony Falk ....................................................... 665

TE S E S

O beber feminino: a marca social do gênero feminino no alcoolismo em mulheres

Beatriz A. Lenz Cesar .................................................................................................. 683

A transição para a parentalidade e a relação de casal de adolescentes

Daniela Centenaro Levandowski ................................................................................... 685

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ENFRENTANDO AS PERDAS DENTÁRIAS NA TERCEIRA IDADE: UM ESTUDO DE

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

The dental losses on the third age: a study of social representation

Grasiela Piuvezam1, Aurigena Antunes de Araújo Ferreira2, Maria do SocorroCosta Feitosa Alves3

RESUMO

A saúde pública tem destacado a perda dentária como uma temática relevante paraa área de saúde. O estudo buscou compreender as perdas dentárias através dasrepresentações sociais em sujeitos da terceira idade. Utilizou-se como suportemetodológico o Teste de Associação Livre de Palavras com o estímulo indutor“perdas dentárias”, e uma entrevista do tipo grupo focal. A amostra foi compostapor 120 indivíduos do grupo “Conviver para Melhor Viver” da Unidade Básica deSaúde de Felipe Camarão – RN e da Unati (Universidade Aberta da TerceiraIdade), e a entrevista foi realizada com 36 sujeitos. A análise dos dados foi realizadapelos softwares Evoc 2000, SPSS 10.0 e Alceste. O núcleo central das representaçõessociais das perdas dentárias para o grupo Conviver emergiu a partir das categoriasdificuldade de comer, observando relação entre necessidade fisiológica, desejo e prazerem alimentar-se. A dor foi evocada no sentido de justificar as perdas dentárias.Ambas as categorias constituíram os temas das classes na análise dos discursos.Para o grupo da Unati, emergiram as categorias dificuldade socioeconômica,demonstrando uma estreita relação entre a pobreza, o acesso à saúde e à educação,e estética, que traduz a associação entre a perda dentária e o envelhecimento. Estascategorias também emergiram no discurso dos sujeitos. Pôde-se, através do estudo,revelar a realidade na perspectiva dos sujeitos sociais, contemplando as múltiplasfacetas da realidade sociocultural vivenciada.

PALAVRAS-CHAVE

Perda de dente, representações sociais, assistência odontológica para idosos

ABSTRACT

The present study seeks to understand tooth loss by investigating the social representationsin the daily life of elderly individuals. The Free Association of Words Test was used,whose inducing stimulus were the words “tooth loss”, in which each subject was askedto associate 3 words, to respond to a questionnaire related to socio-economic andodontological status and a focus group interview. The study sample consisted of 120

1 Doutoranda em Ciênc ias da Saúde. Professora Subst i tu ta do Depar tamento de Odonto log ia daUniversidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) E-mail: [email protected]

2 Doutora em Ciências da Saúde. Professora Adjunta do Departamento de Biociências da UFRN.

3 Doutora em Odontologia Preventiva e Social. Professora Adjunta do Departamento de Odontologia da UFRN.

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598 – CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (4 ) : 597 - 614 , 2006

G R A S I E L A P I U V E Z A M , A U R I G E N A A N T U N E S D E A R A Ú J O F E R R E I R A ,M A R I A D O S O C O R R O C O S T A F E I T O S A A L V E S

individuals 60 years of age or over, resident in Natal, RN, Brazil and participants ofthe “Live Together to Live Better” group of the Basic Health Unit of Felipe CamarãoResidential District and Unati (Open University of the Elderly); an interview wasperformed with 36 subjects. Data analysis was performed using the Evoc 2000, SPSS10.0 and Alceste softwares. The central nucleus of the social representations of tooth lossfor the “Live Together” group emerged from the difficulty in eating categories, showing arelation between physiologic necessity, desire and pleasure from eating, not to mentionthe pain that resulted from justifying the tooth loss, both categories comprised the classthemes of the group interview. For the Unati group the central nucleus emerged fromthe socio-economic difficulties categories, demonstrating a narrow relation between poverty,access to health and education and esthetics, confirming in the discourse of commonsense, the association between tooth loss and aging, these categories constitute the classthemes of the of the group interview. Thus, through the study of the social representations,we can reveal a reality in the perspective of the social subjects, contemplating themultiple facets of the social-cultural reality experienced by these individuals.

KEY WORDS

Tooth loss, social representation, dental care for aged

1. INTRODUÇÃO

A saúde pública vem destacando a perda de dentes (mutilação dentária/desdentamento/edentulismo) como uma temática de grande relevância, sobretudopor ser considerada conseqüência das doenças bucais mais prevalentes. Esteenfoque destaca sobremaneira uma abordagem numérica orientada pelo paradigmabiologicista, que aponta as doenças como responsáveis pela elevada incidência demutilação dentária e desconsidera a ineficiência observada nas políticas públicasem saúde bucal.

Entretanto, a evolução das pesquisas na área da saúde aponta para a buscade novos paradigmas que possibilitem associar conhecimentos das ciências médicas,das sociais e da psicologia (Medina-Walpole et al., 2002). Assim, conforme Arruda(2002), as representações sociais podem auxiliar nesta discussão, sobretudo namedida em que contribuam com informações que, associadas aos indicadoresepidemiológicos, permitam compreender como determinadas doenças afetam arotina diária dos indivíduos.

Para a área de saúde bucal, a combinação entre indicadores clínicos e pesquisaspsicossociais possibilita uma avaliação multidimensional das condições de saúde,mostrando como as desordens bucais e dentárias interferem no cotidiano, bemcomo estabelecem conexões entre as condições de saúde, o estilo de vida, ostatus socioeconômico e o acesso aos serviços de saúde em cada grupo social(Piuvezam, 2004).

Os indicadores epidemiológicos em saúde bucal, no Brasil, ao longo do tempo,têem revelado indivíduos de terceira idade com lesões de mucosa bucal, presença

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E N F R E N T A N D O A S P E R D A S D E N T Á R I A S N A T E R C E I R A I D A D E : U M E S T U D O D E R E P R E S E N T A Ç Õ E S S O C I A I S

de grande quantidade de bolsas periodontais e uso de próteses inadequadas, alémde denunciar uma prática odontológica mutiladora (Rosa et al., 1993; Neves,1994; Saliba et al., 1999).

O Projeto SB Brasil 2003, um recente levantamento das condições de saúdebucal da população brasileira, realizado pelo Ministério da Saúde nos anos de2002 – 2003, constatou que, para a faixa etária de 65 a 79 anos, a média nacionalde indivíduos desdentados no arco superior é de 57,9%, e no arco inferior, de24,8% (Ministério da Saúde, 2004).

Considerando, então que as extrações dentárias são definitivas, há de seobservar que, para este grupo etário, as perdas dentárias trazem outros agravos àsaúde, como comprova Moriguchi (1992) ao afirmar que o edentulismo após os60 anos afeta a mastigação, digestão, gustação, fonação e estética.

Extrapolando as implicações fisiológicas do edentulismo e considerando-se adimensão psicossocial, os significados da ausência dos dentes irão variar depen-dendo da relação deste indivíduo com seu corpo e com o grupo social de pertença.Observa-se, então, que as expectativas e as representações destas perdas dentáriassinalizam a necessidade de múltiplos olhares no sentido de compreender suasconseqüências no cotidiano dos grupos (Ferreira et al., 2006).

Portanto, o presente estudo teve como objetivo apreender as RepresentaçõesSociais das perdas dentárias em idosos dos grupos “Conviver para Melhor Viver”da Unidade Básica de Saúde do Bairro de Felipe Camarão e da Unati/Unp(Universidade da Terceira Idade da Universidade Potiguar).

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, explorando aspectos qualitativos e quantitati-vos, fundamentado na Teoria das Representações Sociais, para subsidiar aapreensão do significado das perdas dentárias em idosos. O estudo foi realizadocom 120 idosos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60 anos, desden-tados em pelo menos um dos arcos dentários, pertencentes aos grupos “Conviverpara Melhor Viver”, da Unidade Básica de Saúde do Bairro de Felipe Camarão,RN, e da Unati/Unp (Universidade da Terceira Idade da Universidade Potiguar).

A definição do número de sujeitos se fez suportada no corpus da investigação.Dessa forma, foi o conjunto de palavras evocadas, que, através da saturação (repe-tição) constatada no processo de análise dos dados, pôde determinar a limitação davariedade representacional. Assim, a inserção de novos sujeitos em nada acrescenta,pois a representação é limitada no tempo e no espaço social (Bauer & Aarts, 2002).

O estudo foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa daUFRN, de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde(Conselho Nacional de Saúde, 1995).

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G R A S I E L A P I U V E Z A M , A U R I G E N A A N T U N E S D E A R A Ú J O F E R R E I R A ,M A R I A D O S O C O R R O C O S T A F E I T O S A A L V E S

Os instrumentos para a coleta dos dados foram um questionário, contendodados socioeconômico e questões sobre saúde bucal, o Teste de Associação Livre de

Palavras e entrevistas do tipo grupo focal.O questionário destinou-se à caracterização socioeconômica, determinada pelo

critério da Associação Brasileira de Anunciantes – ABA e da Associação Brasileirados Institutos de Pesquisa de Mercado – ABIPEME (Gil, 1999). As questõesrelativas às condições de saúde bucal contemplaram as perdas dentárias, a neces-sidade de tratamento odontológico, bem como o acesso e o tipo de serviçosodontológicos utilizados pelos sujeitos, baseado no protocolo de pesquisa doProjeto SB Brasil 2003 (Ministério da Saúde, 2004). Os dados foram organizadosnum banco construído pelo software Epi-Info 2002 (Bennet, 1993) e a análiseestatística foi realizada com auxílio do software SPSS (Statistical Packet for SocialScience, 1999).

O Teste de Associação Livre de Palavras foi utilizado no sentido de captar asrepresentações sociais dos sujeitos a respeito das perdas dentárias. Trata-se de umteste projetivo, utilizado em psicologia clínica, com o objetivo de fazer surgirespontaneamente a partir de um estímulo indutor, associações relativas ao objetode estudo. Sendo assim, as diversas evocações ocorridas, uma vez listadas,compõem um conjunto heterogêneo de unidades semânticas, que exigem umtrabalho de classificação para facilitar as análises descritivas e explicativas, necessá-rias para chegar às representações do objeto considerado (Bardin, 1977).

O estímulo indutor utilizado nesta investigação foi a expressão “perdasdentárias”. Para cada idoso foi solicitada a evocação de três palavras, com oobjetivo de apreender o Núcleo Central das Representações Sociais (Abric, 1993;Sá, 1996). Os dados foram submetidos a uma classificação através da Técnica deAnálise de Conteúdo Temática (Bardin, 1977) e a uma análise quantitativaexecutada pelo software EVOC 2000 (Vergès, 1998).

A entrevista do tipo grupo focal foi utilizada como recurso para a obtençãode material discursivo, pois fornece dados para a compreensão das relaçõesestabelecidas entre os atores sociais e a situação, possibilitando a compreensão domundo de vida dos entrevistados.

O grupo focal é uma técnica que objetiva obter dados de natureza qualitativa,através de grupos de discussão. O número de componentes de cada grupo podevariar entre seis a 15 pessoas, que compartilham características comuns (Costa,2004). Assim, foram formados três grupos focais de seis indivíduos do “Conviverpara Melhor Viver” e três grupos focais com os participantes da Unati, totalizando36 indivíduos entrevistados.

O critério de escolha dos sujeitos para a entrevista foi a acessibilidade dosmesmos. As entrevistas foram gravadas em fitas cassete, transcritas e processadas

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pelo software de análise quantitativa de dados textuais, o Alceste – Analyse Lexicale

par Contexte d‘um Esemble de Segments de Texte (Reinert, 1990).

3. RESULTADOS

O perfil socioeconômico dos dois grupos foi determinado segundo os critériosABA/ABIPEME e, assim, os indivíduos dos grupos estudados foram classificadosem estratos sociais, conforme demonstrado na Tabela 1.

Tabela 1Organização das classes sociais, segundo critérios ABA/ABIPEME para os grupos Convivere Unati, na cidade de Natal/RN, 2006.

A análise estatística utilizando o teste Qui-quadrado (agrupando as classessociais A e B e as classes C, D e E) permitiu demonstrar que existe diferençaestatística extremamente significativa (p<0,0001) da condição socioeconômicaentre os grupos Conviver e Unati.

O delineamento das condições de saúde bucal vivenciadas pelos sujeitos dapesquisa considerou como variáveis o uso e necessidade de próteses, os tipos depróteses utilizadas, o acesso ao serviço odontológico, tipo de serviços utilizado, omotivo e a freqüência das consultas odontológicas (Tabela 2).

A análise do teste qui-quadrado para o uso regular de próteses totais superiorou inferior demonstrou que não houve diferença estatisticamente significativaentre os grupos. Entretanto, no item necessidade de prótese, observou-se que ossujeitos pertencentes ao grupo Conviver apresentaram necessidade de tratamentoreabilitador, tanto no arco superior quanto no inferior, maior que o verificadonos indivíduos da Unati (OR= 17,1 para necessidade de prótese total superior;OR=40,6 para necessidade de prótese total inferior).

Os resultados referentes à freqüência de visitas ao dentista e ao motivo daconsulta demonstraram que existe uma diferença estatisticamente significativa entreos grupos, observando-se que a maioria dos sujeitos do grupo Conviver foi ao

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Tabela 2Uso e necessidade de prótese, motivo da última consulta e freqüência de visita ao dentista,para os grupos Conviver e Unati, da cidade de Natal, RN, Brasil, 2006.

dentista pela última vez há mais de 3 anos e motivados pela dor de dente,enquanto que, para o grupo da Unati, a maioria dos sujeitos visitou o dentista hámenos de 2 anos e o motivo principal da consulta foi preventivo.

*Estatisticamente significante; ** OR = razão de chance.

As condições de saúde bucal demonstram que estes sujeitos pertencem a umageração que sofre as conseqüências de um modelo odontológico extracionista eelitista. Cabe finalmente ressaltar que os achados desta investigação assemelham-se aos dados coletados no Projeto SB 2003 e na Pesquisa Mundial sobre SaúdeBucal, realizada em 2003, que investigou o sistema de saúde de 71 países, e, noBrasil, foi desenvolvida sob a coordenação da Fundação Oswaldo Cruz.

O Teste de Associação Livre de Palavras resultou em 176 unidades de signi-ficado para o Grupo Conviver, e em 176 unidades de significados para o Grupoda Unati. Para cada uma delas foi calculada a OME – Ordem Média de Evocação,e, em seguida, essas unidades de significado foram agrupadas em 14 categoriaspara o Conviver e 12 categorias para a Unati, como mostram as Tabelas 3 e 4.

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Tabela 3Associação das palavras para o estímulo “perdas dentárias”, por ordem de evocação, dos60 idosos do grupo Conviver em Natal/RN, 2006.

OME=Ordem Média de Evocação.

Tabela 4Associação das palavras para o estímulo “perdas dentárias”, por ordem de evocação, dos60 idosos do grupo Unati em Natal/RN, 2006.

OME=Ordem Média de Evocação.

Calculou-se, também: a média das OME (MOME) para o grupo Conviver,obtendo-se 1,99; a feqüência intermediária (Fi) das palavras evocadas foi 13; e afreqüência mínima foi 11, e que o ponto de corte baseou-se no percentil 25 dasevocações. No grupo da Unati, estes valores foram: 1,98 para a MOME; 22 paraa Fi; 12 para a freqüência mínima.

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Os esquemas figurativos (Figura 1) foram baseados num gráfico de dispersãono qual o eixo das abscissas (x), que corresponde aos valores referentes às OME,e o eixo das ordenadas (y), aos valores da freqüência. Desse modo, cada evocaçãocorresponde a um ponto no gráfico, o que sugere uma correlação positiva entre asvariáveis, segundo o modelo proposto por Beaufils (1996). Ao se deslocar o eixopara o ponto que representa o valor de suas médias, ficam estabelecidos os quatroquadrantes que estão representados nos esquemas figurativos das Figuras 1 e 2.

Figura 1Identificação dos possíveis elementos do Núcleo Central das Representações Sociais das“perdas dentárias” por idosos do Grupo Conviver da cidade do Natal/RN, 2006.

Figura 2Identificação dos possíveis elementos do Núcleo Central das Representações Sociais das“perdas dentárias” por idosos do Grupo Unati da cidade do Natal/RN, 2006.

As evocações que figuram no quadrante superior esquerdo são as quemais provavelmente fazem parte do núcleo central; as que estão no quadranteinferior direito pertencem ao sistema periférico, enquanto as demais são con-sideradas intermediárias.

O material discursivo resultante das entrevistas de grupo focal foi transcrito esubmetido à análise quantitativa através do software Alceste. O processamento docorpus foi analisado em 11 minutos e 10 segundos, contendo seis UCI (Unidades

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de Contexto Inicial), que correspondem ao material discursivo das seis entrevistasde grupo focal, com aproveitamento de 70,65% na composição das sete classesléxicas obtidas.

Assim, a classificação descendente hierárquica executada pelo Alceste aotratar o material discursivo determinou sete classes temáticas pertencentes a ambosos grupos pesquisados, que podem ser observadas na Figura 3.

Figura 3Perfil das Classes da análise do Alceste entre os idosos dos grupos estudados em relação às“perdas dentárias”, Natal/RN, 2006.

4. DISCUSSÃO

A riqueza e a diversidade das informações descritas sobre as perdas dentáriasnos grupos Conviver e Unati apontam para representações sociais consensuais emrelação às suas vivências com as mesmas. Tocam em aspectos particularmentepróximos à existência pessoal de cada sujeito, sendo, então, conteúdos cheios designificados, mostrando distintas formas de processar a temática.

Observou-se que, na dimensão psicossocial, a boca ocupa um lugar de im-portância para as pessoas da terceira idade, que expressa através do sorriso ossentimentos de alegria, de sedução, além de também estar vinculada a uma idéiade sobrevivência e bem-estar pessoal. A boca desdentada, então, no processo deenvelhecimento adquire significados que interdependem de fatores históricos,sociais, culturais, psicológicos e fisiológicos.

Assim, o núcleo central das representações sociais das perdas dentárias, para ogrupo Conviver emergiu a partir do tema dificuldade de comer. Esta categoriaevidencia a limitação imposta pelas ausências dentárias a uma condição essencial àvida. Esta dificuldade interfere na mastigação da comida, trazendo conseqüênciasnegativas para a digestão, além de facilitar o aparecimento de determinadas doenças.

O ato de comer pode retratar a satisfação de um desejo, o que estabeleceuma relação entre a alimentação e o prazer, e, assim, os sujeitos encontram-se

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impelidos a suprimir seus desejos. Estes achados foram confirmados pelos discur-sos dos sujeitos através das entrevistas analisadas pelo Alceste e encontrados naClasse 5, como pode-se observar nos fragmentos abaixo:

“...tenho dificuldade pra comer, pra morder, pra comer uma maçã, eucoloco um pedaço pequeno, mas na hora de morder eu não consigo...”(J, grupo focal 2 - Conviver)

“...muito difícil comer, eu corto tudo bem cortadinho é o único jeito...e bem devagarzinho... não mastigo nada”. (M, grupo focal 1 - Conviver)

Nesta fase da vida, o organismo naturalmente apresenta determinadas fragi-lidades, como reporta Beauvoir (1990), ao definir o envelhecimento como umprocesso progressivo de mudança desfavorável, geralmente ligado à passagem dotempo, tornando-se aparente depois da maturidade e desembocando invariavel-mente na morte, e que somadas à dificuldade de se alimentar comprometem aqualidade de vida.

À luz destas considerações, as dificuldades socioeconômicas cotidianasenfrentadas por estes sujeitos que pertencem às classes sociais D (média pobre),com 31,7%, e E (pobre), com 60%, repercutem na frustração de não ter acesso àprótese dentária, mostrando que uma parte significativa dos entrevistados nãorecebeu atendimento reabilitador, tornando mais sofrido o ato de comer.

A ausência dos dentes traduz-se ainda em um sentimento - a dor, elemento dacentralidade da representação social apreendida por estes sujeitos. A dor enquantosintoma biológico reflete uma condição individual e subjetiva com repercussão naqualidade de vida dos indivíduos, suscitando modos de enfrentamento e receio deum novo episódio. A análise dos discursos dos sujeitos realizados pelo Alceste(Classe 7) confirma e detalha estes achados, conforme as falas que se seguem:

“eu não agüentava a dor de dente e eu mandava arrancar, a gente nãopode nem trabalhar.” (F, grupo focal 3 - Conviver)

“eu tinha muita dor de dente. Teve uma vez que eu extrai dois dentes...”(T, grupo focal 1 - Conviver).

As perdas dentárias também revelam toda uma história da relação do indivíduocom o acesso aos serviços de saúde, em que o modelo tradicional o expôs a umaprática que solucionou pontualmente a dor, sendo confirmados através doquestionário, que apontou a dor em 60% dos casos como o motivo principal da

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E N F R E N T A N D O A S P E R D A S D E N T Á R I A S N A T E R C E I R A I D A D E : U M E S T U D O D E R E P R E S E N T A Ç Õ E S S O C I A I S

última consulta ao dentista. Os indivíduos produzidos por este modelo têm quere-aprender a viver com as perdas dentárias, enfrentando dificuldades e tentandotornar esta nova e estranha situação algo familiar.

Os elementos periféricos estruturaram-se de forma a contextualizar aindamais a convivência com as perdas dentárias. Neste sentido, o elemento periféricodificuldade de adaptação à prótese, tema também identificado na análise do discurso,através da Classe 3, representa uma resistência ao novo, pois o indivíduo trazconsigo uma memória biológica e afetiva em relação aos dentes naturais. Ao serexposto à inevitabilidade do edentulismo, o sujeito terá que se readaptar aosprocessos da mastigação, deglutição e digestão. O senso comum evidencia estaresistência ao novo, uma vez que no discurso social existe um conhecimentocirculante a respeito das limitações impostas da prótese, que não devolve aoindivíduo a condição de saúde bucal advinda dos dentes naturais, fato que podeter contribuído para que 46,7% dos indivíduos não fizessem uso de nenhum tipode prótese superior e 66,7% de prótese inferior.

A dificuldade de falar representa mais um dos comprometimentos sentidos pelossujeitos em relação a uma boca desdentada, que, agregada ao núcleo central,representado pela dificuldade de comer e dor, trazem à tona o enfrentamento cotidia-no destes sujeitos com as múltiplas limitações impostas por uma prática odontológicamutiladora. Além da limitação fonética vivenciada através da dificuldade e, atémesmo, da impossibilidade de pronunciar corretamente as palavras, a categoriadificuldade de falar adquire uma dimensão psicossocial ao impor ao sujeito umacomunicação/expressão desfavorável. Sendo assim, a ausência dos dentes prejudicaa interação social do indivíduo com o seu grupo e compromete substancialmentea sua qualidade de vida.

E, finalmente, para o grupo Conviver, a categoria tratamento, que tambémconstituiu o tema da Classe 6, resultante da análise dos discursos, emerge numatentativa de descrever a relação deste indivíduo com os serviços odontológicos ecom os outros meios encontrados por estes sujeitos para enfrentar as dores dedentes, o que se observa na seqüência dos discursos:

“Os dentes iam se furando, se furando, até que eu tive que tirar.” (FC,grupo focal 3 – Conviver)

“... a gente usava muito mato naquela época, usava o que o pessoal ensina-va no interior...” (E, grupo focal 2 – Conviver)

“Se doer você já sabe o que procura, né? Só Deus ou a benzedeira prabenzer.” (E, grupo focal 2 – Conviver)

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O núcleo central das representações sociais das perdas dentárias para o grupoUnati emergiu a partir do tema dificuldade socioeconômica, e confirmou-se através daanálise do discurso identificado na Classe 4 (dificuldade de comer) e na Classe 1(história odontológica). Pode-se observar que, embora este indivíduo da Unatitenha condições econômicas de utilizar uma prótese bem adaptada, o fato de serdesdentado pode lhe trazer desconfortos no seu ambiente social, sobretudoatualmente, em que o discurso hegemônico circulante o submete ao padrão dosdentes brancos e perfeitos.

Entretanto, ao não se enquadrar nesse padrão, por ser desdentado, o indivíduopode estar sujeito à rejeição social e ao preconceito, e, provavelmente, estainquietação o faz ter dificuldade em assumir-se desdentado, fato que faz emergira categoria dificuldade socioeconômica como núcleo central.

Portanto, considerando que estes interlocutores pertencem a classes sociaisprivilegiadas neste país, classes A (rica) e B (média alta), poder-se-ia imaginar queas dificuldades socioeconômicas não seriam a motivação primeira para as extraçõesdentárias. Assim, quando falam das perdas dentárias, nesta dimensãosocioeconômica, estes indivíduos as tratam como algo externo a eles e as remetemao “outro”, demonstrando o árduo enfretamento psicossocial do grupo ao assumir-se também desdentado. Os fragmentos dos discursos extraídos da Classe 1explicitam esta situação:

“Eu acho que a falta de dentes é motivo de exclusão social...” (R, grupofocal 1 – Unati)

“...eu acho que não ter dentes exclui a pessoa, pois eu já vi muita coisa.É motivo de gozação.” (G grupo focal 2 – Unati)

“Uma pessoa banguela pra mim não aparenta ser uma pessoa normal,porque normal é com dente, não é verdade?” (N grupo focal 2 – Unati)

Portanto, pode-se afirmar que o “outro” é aquele excluído social que, semcondições econômicas, não tem direito a uma assistência digna de saúde, nemacesso à educação, revelando uma estreita relação entre pobreza e estes direitossociais. No caso específico da saúde bucal, a literatura confirma que o númeromédio de dentes presentes pode variar consideravelmente de acordo com fatorescomo escolaridade e renda (Pinto, 1993).

Assim, é possível que o desdentamento presente hoje nos sujeitos da Unatiseja fruto de uma odontologia do passado, cujo caráter extracionista esteve assen-tado na teoria explicativa da infecção focal (Cunha, 1967). O grupo construiu

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para si um discurso permeado pelo conhecimento formal, no sentido de amenizaro significado social de ter seus dentes mutilados.

Portanto, o grupo da Unati elaborou uma justificativa para as perdas dentáriasque pode ser encarada como uma teoria explicativa, oriunda do senso comum eque, em outra análise, pode ser corroborada pela ciência formal. Isso se justificaporque as representações sociais podem ser vistas como uma coleção de teoriaspopulares diferentes, advindas do senso comum e do conhecimento cotidiano(Wagner, 1985).

A categoria estética, o outro constituinte do núcleo central da representação,também foi encontrada nos discursos dos sujeitos através das entrevistas de grupofocal analisadas com o Alceste, na Classe 2, cujo tema foi a estética.

Esta categoria remete os sujeitos ao comprometimento do aspecto físicopromovido pela mutilação dentária, que se constitui como manifestação daexpressividade corporal vivenciada por eles internamente. As perdas dentáriasassinalam mudanças físicas, biológicas e emocionais, uma vez que a ausência dosdentes produz uma auto-percepção de estranhamento bucal, de mudança dehábitos bucais e cotidianos (Reis & Marcelo, 2006).

A categoria estética permite, então, observar como estes sujeitos, assumem-se eenxergam-se desdentados, fazendo emergir a relação entre o feio/bonito. Estarelação é uma questão inerente ao processo de envelhecimento, e a ausência dosdentes acentua as linhas de envelhecimento e as rugas, deformando o rosto, e quepode-se observar nas falas abaixo:

“... mas quando eu coloquei (as próteses), os meus dentes não apareciam, aminha boca ficou funda, então é este o problema da estética.” (R grupofocal 1 – Unati)

“...o retrato depois que tira os dentes é horrível, eu fiquei com o rostodeformado.” (S grupo focal 2 – Unati)

“E por isso meu rosto está mais envelhecido, o lábio inferior baixou de-mais.” (C2 grupo focal 3 – Unati)

Mesmo o uso de prótese, que é um tratamento reabilitador, não conseguedevolver a este sujeito a mesma conformação da face quando da presença dosdentes naturais. Outro fator que corrobora esta relação é que a maioria (90%)dos sujeitos participantes da investigação é do sexo feminino.

Este rosto envelhecido e deformado pelas perdas dentárias tem sido repre-sentado nas artes numa associação natural entre o envelhecimento e o

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desdentamento, fato confirmado por Wolf (1998) ao afirmar que o imagináriopopular ainda contém a idéia de que a velhice significa ausência de dentes, bemilustrado nas artes, literatura, pintura e fotografia em que o idoso é representadocomo indivíduo desdentado.

O único componente do sistema periférico encontrado para o grupo daUnati foi a dificuldade de adaptação à prótese e encontra-se como elemento comum emambos os grupos, revelando uma relação de intersubjetividade entre os gruposConviver e Unati. Assim, a dificuldade de adaptação à prótese também representauma resistência ao novo, ao estranho, considerando a memória biológica e afetivaem relação aos dentes naturais. Portanto, o senso comum evidencia esta resistênciaao novo, uma vez que assume o discurso social a respeito das limitações da prótese.

Sendo assim, observa-se que os grupos desenvolvem formas específicas deprodução de significados, ou seja, cada grupo social, dependendo da sua inserçãono todo social e de suas relações com os outros grupos, desenvolvem formasespecíficas de estruturar suas Representações Sociais. Os sujeitos estudados, einseridos em grupos sociais distintos, apresentam nos seus discursos, um amálgamade saberes que claramente demonstram as formas como eles enfrentam a proble-mática das perdas dentárias.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo das representações sociais das perdas dentárias para os sujeitos dosgrupos de idosos Conviver para Melhor Viver e Unati permitiu observar ocruzamento do saber científico com a realidade sociocultural para o fortaleci-mento da identidade e dos valores circulantes nos seus grupos de pertença, alémde evidenciar a teia de significados em que estes sujeitos estão imersos.

As elaborações sobre as ausências dos dentes foram diversas, demonstrandosempre os prejuízos sobre a qualidade de vida e o bem-estar destes sujeitos, sejammediadas pelas limitações biológicas/fisiológicas, pelos constrangimentos estéticose os sociais, e pelas implicações psicológicas da condição de mutilado.

As perdas dentárias no grupo Conviver para Melhor Viver tiveram comoconstituintes do núcleo central da representação social e temas das classes naanálise das entrevistas as categorias dificuldade de comer e a dor, demonstrando aslimitações impostas pela prática odontológica mutiladora, que são acentuadaspela condição socioeconômica do grupo, fato confirmado pelos elementosperiféricos dificuldade de falar e tratamento.

No grupo da Unati, as categorias que estruturam o núcleo central dasrepresentações sociais das perdas dentárias foram dificuldade socioeconômica e a estética, eparecem demonstrar a incapacidade do grupo em aceitar a condição impostapelo edentulismo. Estas categorias constituíram temas das classes obtidas na análise

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dos discursos. Os sujeitos utilizam a categoria dificuldade socioeconômica, emboranão vivenciem estas dificuldades socioeconômicas no seu cotidiano, no sentido dereportar ao “outro” o desdentamento e não a si mesmo, assumido o discursohegemônico e justificando para si e para o grupo a sua condição de mutilado. Acategoria estética tenta demonstrar como estes sujeitos enfrentam o seu meiosocial diante das limitações emocionais e físicas decorrentes das ausências dentárias.

O elemento periférico dificuldade de adaptação à prótese, comum a ambos osgrupos estudados, também constituinte de uma classe na análise das entrevistas,corresponde à interface entre o núcleo central e a realidade, garantindo aancoragem das representações sociais na realidade do momento. Permite, ainda,a interação das experiências e histórias individuais, sobretudo ao evidenciar asdificuldades sentidas pelos sujeitos ao enfrentarem a novidade da prótese.

A contribuição deste trabalho está no sentido de oferecer dados sobre omodo de enfrentamento das ausências dentárias pelos sujeitos da terceira idadeestudados, no intento de estimular a discussão sobre as repercussões das práticasodontológicas no ambiente social.

E, finalmente, pode-se apontar que estudos de natureza qualitativa, como osestudos em representações sociais para a área de saúde, permitem revelar umarealidade na perspectiva dos sujeitos sociais, contemplando as múltiplas facetas darealidade sociocultural.

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

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E N F R E N T A N D O A S P E R D A S D E N T Á R I A S N A T E R C E I R A I D A D E : U M E S T U D O D E R E P R E S E N T A Ç Õ E S S O C I A I S

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A G R A D E C I M E N T O S A O S P A R E C E R I S T A S A D H O C D O V . 1 4

Ana Beatriz Azevedo Queiroz – EEAN/UFRJMaria Helena Ruzany – NESA/UERJClemax do Couto Santanna HUCFF/UFRJPauline Lorena Kale – NESC/UFRJMárcia Gomide – FM/UFCElaine Reis Brandão – NESC/UFRJKátia Vergetti Bloch – NESC/UFRJMarisa Palácios – NESC/UFRJCarlos Eduardo Aguilera – NESC/UFRJMônica Maria Ferreira Magnanini – NESC/UFRJClaudia Medina Coeli – UERJMônica Silva Monteiro de Castro – SMS - Belo HorizonteSaint Clair dos Santos Gomes Junior – COPPE/UFRJMaria Inez Pourdeus Gadelha - INCAKenneth Rochel de Camargo Jr. – UERJFátima Palha de Oliveira – UFRJMaria Lucia Bosi – NESC/UFRJMônica Loureiro dos Santos – NESC/UFRJHeloisa Pacheco-Ferreira – NESC/UFRJArmando Meyer – NESC/UFRJHermano Castro – ENSP/FIOCRUZDilene Raymundo do Nascimento – Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZÂngela Porto – ENSP/FIOCRUZMárcia de Assunção Ferreira – EEAN/UFRJAdriano da Rocha Ramos – NESC/UFRJAngela Albuquerque Garcia – FM/UFRJMarco Antonio Ratzsch de Andreazzi - IBGESilvia Helena Menezes Pires – CENPEL/PETROBRASIvani Brusztyn – NESC/UFRJMaria de Lourdes Tavares Cavalcante – NESC/UFRJRoberto Macoto Ichinose – COPPE/UFRJFatima Sueli Neto Ribeiro – INCA

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Os Cadernos Saúde Coletiva publicam trabalhos inéditos consideradosrelevantes para a área de Saúde Coletiva.

SERÃO ACEITOS TRABALHOS PARA AS SEGUINTES SEÇÕES:Artigos (resultantes de pesquisa de natureza empírica, experimental ou conceitual,

ou ensaios teóricos e/ou de revisão bibliográfica crítica sobre um tema específico; máximode 25 páginas); Debate (a partir de apresentações orais em eventos científicos, transcritos esintetizados; máximo de 20 páginas); Notas (relatando resultados preliminares ou parciaisde pesquisas em andamento; máximo de 5 páginas); Opiniões (opiniões sobre temasligados à área da Saúde Coletiva, de responsabilidade dos autores, não necessariamenterefletindo a opinião dos editores; máximo 5 páginas); Cartas (curtas, com críticas a artigospublicados em números anteriores; máximo de 2 páginas); Resenhas (resenhas críticas delivros ligados à Saúde Coletiva; máximo de 5 páginas); Teses (resumo de trabalho finalde Mestrado, Doutorado ou Livre-Docência, defendidos nos últimos dois anos; com nomedo orientador, instituição, ano de conclusão, palavras-chave, título em inglês, abstract ekey words; máximo 2 páginas).

APRESENTAÇÃO DOS MANUSCRITOS:Serão aceitos trabalhos em português, espanhol, inglês ou francês. Os originais

devem ser submetidos em três vias em papel, juntamente com o respectivo disquete(formato .doc ou .rtf), com as páginas numeradas. Em uma folha de rosto deve constar:Título em português e em inglês, nome(s) do(s) autor(es) e respectiva qualificação(vinculação institucional e título mais recente), endereço completo do primeiro autor(com CEP, telefone e e-mail) e data do encaminhamento. O artigo deve conter título dotrabalho em português, título em inglês, resumo e abstract, com palavras-chave e keywords. As informações constantes na folha de rosto não devem aparecer no artigo.Sugere-se que o artigo seja dividido em sub-itens. Os artigos serão submetidos a nomínimo dois pareceristas, membros do Conselho Científico dos Cadernos ou eventual-mente ad hoc. O Conselho Editorial dos Cadernos Saúde Coletiva enviará carta respostainformando da aceitação ou não do trabalho.

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Seguem exemplos de, respectivamente, artigo de revista científica impressa e veicula-do via internet, livro, tese, capítulo de livro e trabalho publicado em anais de congresso(em casos omissos ou dúvidas, referir-se ao documento original da Norma adotada):

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