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IX SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA X ENCONTRO DE ZOOTECNIA DA UNESP – DRACENA I ENCONTRO DA ENGENHARIA AGRONÔMICA DA UNESP – DRACENA 11 e 12 DE SETEMBRO DE 2013 Energia metabolizável aparente e digestibilidade da goma de soja para frangos de corte Akechi, B.V. 1 ; Laurentiz, A.C. 2 ; Sobrane Filho, S.T. 1 ; Rubio, M.S. 1; Domingues,R.M 1 ; Neves, F.A. 1; 1-Mestrando em Ciência e Tecnologia Animal - Ilha Solteira/Dracena. E-mail: [email protected] 2-Professor programa de pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal - Ilha Solteira/Dracena Introdução O aproveitamento de produtos alternativos na alimentação animal vem crescendo a cada dia e se tornando uma alternativa para diminuir os custos de produção. Dentro da cadeia produtiva da soja, a goma de soja é produzida durante o primeiro processo de refino do óleo. Esse resíduo gerado pode ser processado para obtenção da lecitina de soja que é uma mistura complexa de fosfatídeos, sendo os seus principais componentes a fosfatidilcolina (16 a 26%), fosfatidiletanolamina (14 a 20%), fosfatidilnositol (10 a 14%), fitoglicolipídios (13%) e fosfatidilserina (4%) segundo Attia et al. (2008). Os fosfolipídios são essenciais à utilização das gorduras pelo organismo animal apresentando o comportamento de emulsificar lipídios no intestino delgado, formando uma micela entre o lipídio e a água. Essa emulsão melhora a digestibilidade dos ácidos graxos da dieta, a absorção de vitaminas lipossolúveis e controlam a absorção de colesterol e também as fontes de energia (OVERLAND et al., 1994; AL-MARZOOQI e LEESON, 1999). Existem estudos da utilização da lecitina na alimentação de frangos de corte, mas a utilização da goma de soja em seu estado bruto é praticamente desconhecida. Objetivos Este trabalho tem por objetivo determinar a energia metabolizável aparente, os coeficientes de digestibilidade do extrato etéreo, a proteína bruta, a matéria mineral e a matéria seca. Material e Métodos: Um ensaio de metabolismo foi realizado no Aviário Experimental da UNESP de Ilha Solteira, através da metodologia da coleta total das excretas, utilizando 105 pintos de corte macho com idade de 12 a 20 dias de idade, alojados em baterias metálicas. Durante oito dias, sendo quatro de adaptação e quatro dias de coleta, foram coletadas as excretas duas vezes ao dia e congeladas para análise. As dietas foram formuladas segundo as recomendações de Rostagno (2011) em formulações básicas de milho e farelo de soja. Os tratamentos consistiam em uma ração referência (RF), uma segunda ração onde foi adicionada 10% de goma de soja (T1) e outra ração em que foi adicionada 15% de goma de soja (T2). Cada parcela experimental foi constituída de 7 aves com 5 repetições em um delineamento inteiramente casualisado. 1

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IX SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA X ENCONTRO DE ZOOTECNIA DA UNESP – DRACENA

I ENCONTRO DA ENGENHARIA AGRONÔMICA DA UNESP – DRACENA 11 e 12 DE SETEMBRO DE 2013

Energia metabolizável aparente e digestibilidade da goma de soja para

frangos de corte Akechi, B.V.1; Laurentiz, A.C.2; Sobrane Filho, S.T.1; Rubio, M.S.1; Domingues,R.M1;

Neves, F.A.1; 1-Mestrando em Ciência e Tecnologia Animal - Ilha Solteira/Dracena. E-mail: [email protected] 2-Professor programa de pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal - Ilha Solteira/Dracena

Introdução O aproveitamento de produtos alternativos na alimentação animal vem crescendo a cada dia e se tornando uma alternativa para diminuir os custos de produção. Dentro da cadeia produtiva da soja, a goma de soja é produzida durante o primeiro processo de refino do óleo. Esse resíduo gerado pode ser processado para obtenção da lecitina de soja que é uma mistura complexa de fosfatídeos, sendo os seus principais componentes a fosfatidilcolina (16 a 26%), fosfatidiletanolamina (14 a 20%), fosfatidilnositol (10 a 14%), fitoglicolipídios (13%) e fosfatidilserina (4%) segundo Attia et al. (2008). Os fosfolipídios são essenciais à utilização das gorduras pelo organismo animal apresentando o comportamento de emulsificar lipídios no intestino delgado, formando uma micela entre o lipídio e a água. Essa emulsão melhora a digestibilidade dos ácidos graxos da dieta, a absorção de vitaminas lipossolúveis e controlam a absorção de colesterol e também as fontes de energia (OVERLAND et al., 1994; AL-MARZOOQI e LEESON, 1999). Existem estudos da utilização da lecitina na alimentação de frangos de corte, mas a utilização da goma de soja em seu estado bruto é praticamente desconhecida.

Objetivos Este trabalho tem por objetivo determinar a energia metabolizável aparente, os coeficientes de digestibilidade do extrato etéreo, a proteína bruta, a matéria mineral e a matéria seca.

Material e Métodos: Um ensaio de metabolismo foi realizado no Aviário Experimental da UNESP de Ilha Solteira, através da metodologia da coleta total das excretas, utilizando 105 pintos de corte macho com idade de 12 a 20 dias de idade, alojados em baterias metálicas. Durante oito dias, sendo quatro de adaptação e quatro dias de coleta, foram coletadas as excretas duas vezes ao dia e congeladas para análise.

As dietas foram formuladas segundo as recomendações de Rostagno (2011) em formulações básicas de milho e farelo de soja. Os tratamentos consistiam em uma ração referência (RF), uma segunda ração onde foi adicionada 10% de goma de soja (T1) e outra ração em que foi adicionada 15% de goma de soja (T2). Cada parcela experimental foi constituída de 7 aves com 5 repetições em um delineamento inteiramente casualisado.

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IX SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA X ENCONTRO DE ZOOTECNIA DA UNESP – DRACENA

I ENCONTRO DA ENGENHARIA AGRONÔMICA DA UNESP – DRACENA 11 e 12 DE SETEMBRO DE 2013

Após o período experimental, as excretas e as rações foram submetidas a análises bromatológicas descritas por Silva e Queiroz (2002) e os resultados serão utilizados para calcular os coeficientes de digestibilidade do extrato etéreo (EE), a matéria seca (MS),a proteína bruta (PB),a matéria mineral (MN) e a energia metabolizável aparente (EMa) através das fórmulas propostas por Matterson et al. (1965).

Os dados obtidos serão submetidos à análise de variância através do programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 1998). No caso de significância dos coeficientes de digestibilidade será realizado teste de média para comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão Na Tabela 1 são apresentados os valores do coeficiente de digestibilidade e os valores de energia metabolizável para a goma de soja; o tratamento T1 apresentou resultados numéricos superiores ao de inclusão T2. A inclusão de 10% apresentou melhor resultado o que vem ao encontro com a literatura existente que indica que os melhores valores de inclusão de alimentos teste na dieta referência são: para alimentos de origem vegetal, 40%; para alimentos de origem animal, 25% e para óleos, 10% (SAKOMURA e ROSTAGNO, 2007). Portanto, o valor de 15% de inclusão (T2) de goma para o presente ensaio de digestibilidade não é recomendado, justificando assim os melhores valores para os coeficientes obtidos no outro tratamento. Tabela 1 - Coeficiente de digestibilidade (% CD) do Extrato Etéreo (EE), da

Proteína Bruta (Pb), Matéria Mineral (MN) e Matéria Seca (MS)

Médias com letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05) Ocorreram diferenças significativas somente na digestibilidade do extrato etéreo, mostrando que a inclusão da goma aumenta o aproveitamento desse nutriente, resultado esse que corrobora com o obtido por Raber et al. (2009) quando, testando a inclusão de 0,5% de glicerina na dieta, encontrou melhoria significativa na digestibilidade dos óleos testados, sendo eles com acidez elevada ou não. Os fosfolipídios encontrados na goma e na lecitina apresentam a capacidade de se ligarem a ácidos graxos livres, sejam eles

Rações % CD EE % CD Pb % CD MN % CD MS

RF 63,06 b 67,08 a 28,34 a 94,76 a

T1 90,27 a 64,25 a 37,11 a 95,20 a

T2 87,50 a 66,34 a 30,55 a 95,35 a

CV (%) 15,89 16,73 26,89 23,46

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mono, di ou triglicerídeos, formando micelas que possibilitam a atuação das enzimas digestivas do animal. Na tabela 2, estão representados os valores de energia metabolizável aparente (EMa). Novamente, os valores com inclusão de 10% de goma apresentaram resultados melhores do que o outro tratamento. Essa diferença consistiu em 16% na comparação de uma inclusão com a outra. Tabela 2 - Valores de energia metabolizável aparente (EMA kcal/kg), determinados por

diferentes níveis de inclusão do alimento teste, expresso em kcal/kg na matéria seca.

Pode-se notar, novamente, que a inclusão de 10% da goma de soja apresentou melhor resultado, portanto, pode-se utilizar o valor obtido de 3424 kcal/kg para formulação de rações. Martinez (2012) obteve em um ensaio de metabolismo com frangos de corte que a energia metabolizável da lecitina é de 6579 kcal/kg. Em comparação, a goma de soja apresenta um valor de 52% inferior ao do produto purificado, mas em comparação com fontes energéticas tradicionais, o produto possui equivalente a 88,59% do milho (3865 kcal/kgMS), 94,37% do sorgo baixo tanino (3628 kcal/kgMS) e 96,61% do milheto (3544 kcal/kgMS). Este resultado oferece a possibilidade de utilização do produto como fonte energética. (ROSTAGNO, 2011)

Conclusões Pode-se concluir que a goma de soja apresenta capacidade de melhor a capacidade de digestão do extrato etéreo e possui energia metabolizável aparente de 3424 kcal/kg de matéria seca.

Agradecimentos Nossos agradecimentos à Cargill Agrícola SA, unidade de Três Lagoas, ao apoio , investimento e parceria nesse experimento, especialmente a Luís Carlos Chelatka por acreditar e lutar em todos os momento por essa realização.

Referências Bibliográficas AL-MARZOOQUI, W; LEESON, S. Evalution of dietary supplements of lipase, detergente, and crude Porcine pâncreas on fat utilization by Young broiler chicks. Poultry Science. V.78, p. 1561 – 1566, 1999.

Níveis de inclusão da goma na ração referência

10(%) 15(%)

EMA (kcal/kg) 3424 2876

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ATTIA, Y.A. et al Improving productive and reproductive performance of dual purpose crossbread hens in the tropics by lecithin supplementation. Tropical Animal Health Production, Netherlands, v.41, p.461-475. 2008. FERREIRA, D. F. Sisvar - sistema de análise de variância para dados balanceados. Lavras: UFLA, 1998. 19 p. MARTINEZ, J.E.P. Uso do óleo de soja, óleo ácido, lecitina e glicerina de soja na alimentação de frangos de corte: valor energético da dieta, desempenho e qualidade da carne. 2012. 155 f. Tese (Doutorado em nutrição animal) – Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. MATTERSON, L.D. et al. The metabolizable energy of feed ingredientes for chickens. Agric. Experiment Station. Connecticut, p. 3-15, 1965. OVERLAND, M. et al. Lecithin in Swine Diets: II Growing-Finishing Pigs. Journal Animal Science, v.71, n.5, p.1194-1197, 1993. RABER, M.R. et al. Suplementação de glicerol ou de lecitina em diferentes níveis de ácidos graxos livres em dietas para frangos de corte. Ciência Animal Brasileira, v.10, n.3, p.745-753, 2009. ROSTAGNO, H.S. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3. ed. Viçosa, MG: UFV, 2011, 252p. SAKOMURA, N.K.; ROSTAGNO, H.S. Métodos de pesquisa em nutrição de monogástricos. Jaboticabal, SP: Editora Funep, 2007. 238p. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análises de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3.ed. Viçosa, MG: Editora UFV, 2002. 235p.

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