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INTRODUÇÃO

Em momento tão singular no país, marcado por inúmeras manifestações populares, propomos neste material fazer um passeio por alguns momentos de nossa história, abordando um pouco sobre golpes e revoluções discutindo que rupturas e permanências produziram. Em nosso recorte histórico, vamos analisar o momento da Independência, a Proclamação da República, a Revolução de 1930, o golpe do Estado Novo, a Redemocratização, a sucessão após a morte de Vargas, a renúncia de Jânio, o golpe de 1964, o surgimento da Nova República e o impeachment de Collor.

OBJETO DO CONHECIMENTO

Para chegarmos ao primeiro processo de ruptura, temos que nos reportar às origens da colonização do Brasil. Em nossa história, do ponto de vista formal, o período entre a chegada dos portugueses (1500) e a Independência (1822) é conhecido como período colonial. Neste período, o Brasil se enquadrou perfeitamente a lógica do sistema colonial obedecendo às diretrizes econômicas do modelo mercantilista, funcionando como uma área fornecedora de matérias-primas e consumidoras de gêneros manufaturados. Açúcar, tabaco, algodão, drogas do sertão, minérios, de tudo se explorou por estas bandas em nome da subordinação do Pacto Colonial.

No fi nal do século XVIII, esse cenário vai ser alterado pois as transformações resultantes do avanço das ideias liberais burguesas na Europa repercutiram no Brasil, bem como em outras colônias europeias na América, era o declínio do Antigo Regime que levaria à crise do Sistema Colonial.

Na sequência, mais um evento na Europa terá implicações diretas na América. As rivalidades entre França e Inglaterra levaram o dirigente francês Napoleão Bonaparte a decretar o Bloqueio Continental (1806) na tentativa de fragilizar economicamente a Inglaterra. D. João VI, rei de Portugal, não tendo como enfrentar o poderio militar francês, mas dependendo da economia inglesa, optou pela transferência da Corte para o Brasil. Aqui chegando, foi decretada a Abertura dos

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

9Fascículo

ENEM EM FASCÍCULOS - 2013

Neste fascículo, onde trabalharemos com a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, revisaremos as perspectivas históricas dos golpes

e revoluções na história no Brasil. Discutiremos também sobre as fontes de energia, seus impactos ambientais e econômicos; para encerrar,

trataremos sobre as inovações tecnológicas e globalização.

Revisando esses assuntos, estaremos apoiando o aprendizado dessa área, contextualizando-o para a realidade do nosso dia a dia.

Bom estudo para você!

CARO ALUNO,

Portos (1808), sendo este considerado um episódio decisivo no contexto do processo de independência do Brasil. A assinatura dos Tratados Comerciais de 1810 entre Portugal e Inglaterra nos permite concluir que ao mesmo passo que a colônia evoluía em direção ao rompimento político também avançava em direção à dependência econômica junto aos britânicos, que passavam a ter aqui privilégios excepcionais.

A presença da Corte portuguesa no Brasil ajuda a explicar as condições em que o rompimento político com a metrópole se deu. Trata-se de um processo conduzido pela elite agrária brasileira, que pretendia ao máximo manter a parte que lhe interessava da estrutura dos tempos de colônia com o mínimo de sobressaltos, daí todo o esforço de manter o príncipe regente D. Pedro, que a despeito das pressões para que retornasse para Portugal, foi convencido a permanecer no Brasil. Ao fi m, percebemos que os elementos de continuidade superaram os de ruptura, pois mantivemos a monarquia e a unidade territorial, a escravidão foi preservada, bem como a estrutura agroexportadora. Destaque-se que o processo ainda se deu praticamente sem participação popular.

Independência do Brasil: processo histórico que culminou com a aclamação de Dom Pedro I

http://www.brasilescola.com/historiab/independencia-brasil.htm

A própria República que foi instituída em 1889 foi muito mais resultado da fragilidade do Império, que há décadas dava sinais de desgaste, do que pela força dos valores republicanos, sendo para muitos um verdadeiro golpe militar. Obras como Os bestializados de José Murilo de Carvalho abordam este momento e com frequência a frase “O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem saber o que signifi cava. Acreditavam estar vendo uma parada”, do jornalista Oliveira Viana, é usada para mostrar a pouca identifi cação dos setores populares com o novo regime. De fato, precisamos lembrar que o Imperador se envolveu em questões que aos poucos foram tirando suas bases de sustentação como foi o caso da questão

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3Ciências Humanas e suas Tecnologias

religiosa, resultado dos confl itos entre o Estado e Igreja devido à aproximação de D. Pedro II com a maçonaria. Da questão militar que pode ser vista como resultado do fortalecimento do Exército após a Guerra do Paraguai, que passou a exigir maior participação no cenário político; e fi nalmente o desgaste do Imperador com os proprietários de escravos na chamada questão sociopolítica devido ao avanço do abolicionismo.

Deodoro da Fonseca: personagem de uma mudança construída ao longo do tempo

http://www.brasilescola.com/historiab/proclamacaodarepublica.htm

Durante o período republicano, algumas vezes o equilíbrio institucional e constitucional foi rompido como podemos observar na tabela abaixo.

ESTRUTURA DO ESTADO REPUBLICANO BRASILEIRO (LEGISLATIVO + EXECUTIVO + JUDICIÁRIO)

Alteração da autonomia / equilíbrio

Fato(s) histórico(s) correspondente(s)

1) 1891 – Fechamento do Congresso por Deodoro da Fonseca.

Confl itos entre Executivo x Legislativo; R iva l idade de c iv i s x militares.

2) 1930 – Dissolução do Executivo e do Legislativo.

Revolução de 1930;Suspensão da Constituição de 1891;Vigência dos Decretos-Lei.

3) 1937 – Superpoderes do Executivo; fechamento do Congresso.

Golpe do Estado Novo;Crise polít ica no bojo das lutas ideológicas do nazifascismo x comunismo.

4) 1964/1985 – Superpoderes ao Executivo adquiridos a t r a v é s d e A t o s Institucionais; Congresso submisso ao Executivo.

C o n j u n t o d e a con te c imen to s que marcaram a história da República, desde o golpe militar de 1964 à abertura política em 1985;1968 – AI-5 aprofunda a rigidez da ditadura militar; censu ra à imprensa ; perseguições políticas; movimentos de guerrilha urbana; controle do poder pelos militares da “linha dura”.

Ao ser implantada a República, logo no governo provisório do Marechal Deodoro da Fonseca, foi preciso dar um fi m às instituições monárquicas, tais como o poder moderador, voto censitário e o senado vitalício. Na sequência, a promulgação da Constituição de 1891, daria o novo perfi l institucional da jovem República. Neste projeto, com forte infl uência do modelo norte-americano, fi cou determinado o caráter republicano, representativo, federalista e presidencialista. Defi nia-se ainda a tripartição e o equilíbrio entre os poderes constituídos com o Estado, passando a ser laico, e o legislativo bicameral e eletivo.

Quanto tempo duraria essa nova ordem institucional? Durou até Deodoro ter seus interesses centralistas contrariado pelo Congresso de maioria civil e de tendência federalista, tendo o mesmo decretado o seu fechamento. Para muitos, fechar o principal órgão legislativo era um atentado ao recém-nascido estado republicano, um verdadeiro golpe. Mesmo Floriano Peixoto, na condição de vice-presidente, tendo autorizado a reabertura do Congresso, o acirramento de interesses entre civis e militares não diminuiu, aliás nesse momento houve até a discussão sobre legalidade constitucional de Floriano concluir o mandato iniciado por Deodoro.

Mas durante a primeira República, que durou de 1889 a 1930, observamos uma hegemonia de uma poderosa elite agrária ligada à produção de café. Mesmo com todo o poder, as oligarquias tradicionais não conseguiram se perpetuar no poder da forma como desejavam. Durante a década de 1920, os sinais de desgaste eram notórios, pois as transformações pelas quais passava a sociedade brasileira fi zeram surgir novos grupos (alguns não tão novos assim), que aos poucos vão abrindo caminho para o processo que culminou com a Revolução de 1930, com destaque para o movimento operário, para o tenentismo e as próprias dissidências oligárquicas.

Ainda que o termo revolução seja discutido por sociólogos e historiadores quando aplicado aos episódios de 1930, não podemos ignorar as transformações que resultaram deste processo. Neste momento, evidenciamos em termos políticos o início da transição do modelo oligárquico para o modelo populista, em que entra em cena um estado mediador sob o comando de um líder carismático e fortemente identifi cado com as camadas populares, devido ao atendimento de algumas demandas reprimidas, como era o caso das leis trabalhistas. Em termos econômicos, aos poucos o Brasil vai se urbanizando e industrializando, ainda que suas bases estivessem ainda fortemente ligadas ao setor agroexportador. Além disso, a Revolução de 1930 inaugurou um período que duraria 15 anos em que o comando do país estaria nas mãos da mesma pessoa.

No dia 29 de outubro, acompanhado de Miguel Costa, Góis Monteiro e Francisco Morato (da esquerda para a direita), Getúlio segue vitorioso para o

Rio de Janeiro para assumir a chefi a do Governo Provisório. Vargas lidera com sucesso a Revolução de 1930, iniciada no Rio Grande do Sul, que derruba o

presidente Washington Luís.Crédito: Reprodução – Companhia da Memória

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4 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Getúlio Vargas imprimiu em todo esse período sua marca pessoal de líder carismático e identificado com as massas urbanas, típico do modelo populista, orientando estrategicamente suas diretrizes econômicas em direção ao nacionalismo e intervencionismo. No Governo Provisório, iniciado em 1930 e que durou quase quatro anos, já era possível perceber as pretensões de Vargas que governou sem uma Constituição, tendo fechado o poder Legislativo, além de ter indicado interventores para os estados. Neste período, era visível também o seu desejo de se perpetuar no poder. No entanto, o projeto continuísta teria que vencer a resistência de São Paulo que, alijada do poder, articulou um movimento contra o presidente. Após derrotar a revolta em São Paulo, Vargas procurou conduzir o processo que culminou na Constituição de 1934 que estabelecia que o primeiro presidente deveria ser eleito por voto indireto, sendo ele próprio indicado para um mandato de quatro anos, mas sem direito a reeleição.

Antes mesmo de terminar o seu mandato iniciado em 1934, mais precisamente em 10 de novembro de 1937, Vargas articula mais uma vez a sua permanência no poder com a implantação da ditadura do Estado Novo, em meio a um quadro de agitação política e social, usando como justifi cativa a necessidade de desbaratar a ameaça de um suposto plano comunista (Plano Cohen). Aliás, Vargas não fazia questão de esconder sua aversão aos comunistas.

Durante o Estado Novo, Vargas consolidou a sua imagem, respaldado em uma Constituição (1937) que lhe assegurava plenos poderes (hipertrofi a do poder executivo), na ampliação das Leis Trabalhistas (CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas), do investimento em indústrias de base (Cia. Siderúrgica Nacional e Cia. Vale do Rio Doce), além dos tradicionais mecanismos de controle, como o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) que atuava na censura dos meios de comunicação e da cultura em geral, o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e o do controle da burocracia estatal com o DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público).

Destaques da Imprensa após a implantação do Estado Novo

http://fi lostoriacultura.blogspot.com/2011/04/historia-o-papel-e-consolidacao-do.html

Nem mesmo todo esse aparato foi suficiente para assegurar Vargas no poder após 1945. Durante o contexto da II Guerra Mundial (1939 a 1945), especialmente por ter o Brasil declarado guerra às potências do Eixo decidindo-se pela participação no confl ito junto com os Aliados, observou-se uma forte contradição interna. A pressão pela democracia resultou na renúncia (deposição) de Vargas em 1945.

A chamada fase liberal (1945 a 1964) de nossa República tinha tudo para ser marcada pela estabilidade política especialmente com a concretização da redemocratização na Constituição de 1946, mas não foi bem assim. Neste período, apenas dois presidentes terminaram seus mandatos (Dutra e Juscelino), sendo apenas um civil (Juscelino). Nesse contexto, foram várias alterações da normalidade institucional que acabaram forçando soluções emergenciais sombreadas pela possibilidade de um golpe, que ao fi nal se materializou em 1964.

http://www.tuia.com.br/Constituicoes/Constituicao1946.htm

Lembremos que em meio a pressões, especialmente após o atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, diante de uma possível derrota política, Vargas opta pelo suicídio, faltando cerca de um ano e meio para concluir seu mandato. A sucessão foi conturbada até o fi nal do mandato. Inicialmente Vargas foi sucedido pelo vice-presidente Café Filho que acabou se licenciando para cuidar de sua saúde, abrindo caminho para que Carlos Luz, presidente da Câmara, assumisse o Executivo Federal. Neste contexto, após o resultado das eleições que garantiram a vitória de Juscelino (PSD) para presidente e João Goulart (PTB) para vice, rumores de um golpe que pretendia anular o resultado das eleições fi zeram despontar para o cenário político o general e Ministro da Guerra Teixeira Lott que afastou Carlos Luz da presidência, episódio interpretado por alguns como golpe preventivo. Os últimos meses de mandato foram cumpridos pelo senador Nereu Ramos que transmitiu o cargo a Juscelino Kubistchek.

http://sabendomais901mz.blogspot.com/2011/08/morte-de-getulio-vargas-imagens-dos.html

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5Ciências Humanas e suas Tecnologias

Depois do governo Juscelino Kubistchek (1956 a 1961) que apesar de alguns desgastes empreendeu uma marca de estabilidade política e crescimento da economia (o famoso 50 anos em 5), foi eleito para a presidência, a controversa fi gura de Jânio Quadros pelo PTN, tendo mais uma vez João Goulart do PTB sido eleito para vice-presidência. Jânio foi considerado por alguns um fenômeno eleitoral, mas seu estilo teatral e suas medidas excêntricas provocavam reações antagônicas no eleitorado como, por exemplo, no episódio das pequenas proibições (brigas de galo, o lança-perfume e os biquínis) e na condecoração do revolucionário “Che” Guevara. As desconfi anças sobre o presidente aumentaram especialmente quando este buscou uma política externa independente, aproximando-se do bloco socialista, rompendo pelo menos em parte com a diretriz de alinhamento incondicional aos EUA estabelecida desde o governo Dutra. Desgastado, Jânio escreve um “bilhete” alegando “forças ocultas” para justifi car a sua renúncia à presidência. Este ato para muitos especialistas era mais uma de suas artimanhas, já que de fato ele pretendia explorar o temor e a desconfi ança que os setores conservadores tinham das supostas ligações de João Goulart com os comunistas. Vale lembrar que, naquele momento, João Goulart estava em missão ofi cial na China comunista o que reforçava ainda mais tais desconfi anças. Porém, a expectativa de Jânio que houvesse alguma manifestação ou manobra política para demovê-lo da renúncia não se concretizou, aliás sua renúncia foi interpretada por alguns políticos como uma atitude irresponsável, pois quase mergulhou o país numa guerra civil.

Revista Fatos & Fotos em edição extra destacando a renúncia de Jânio à presidência

http://cienciasocialceara.blogspot.com/2011/08/janio-quadros-renunciou-ha-50-anos.html

O embate entre os grupos que apoiavam a posse de João Goulart a partir do Rio Grande do Sul, conhecido como Rede pela Legalidade e os que eram contrários alegando que o vice-presidente tinha ligações com o comunismo só não produziram confronto de fato pela adoção em caráter emergencial do sistema parlamentarista em 1961, que na prática iria garantir a posse de João Goulart, mas com poderes limitados. Jango só teria plenos poderes após o plebiscito realizado antecipadamente em 1963 (estava previsto apenas para 1965) quando o povo decidiu pelo retorno ao Presidencialismo.

Já no controle do poder executivo, as medidas nacionalistas de João Goulart somadas às suas propostas de reformas de base levaram ao esgotamento do modelo populista que vinha numa espécie de sobrevida desde a morte de Vargas, em 1954. Crise econômica, infl ação e greves se espalharam pelo país. Além disso, é necessário lembrar do cenário político

internacional marcado pelo auge das tensões da Guerra Fria. Os EUA estavam preocupados que a evolução do quadro político do Brasil se assemelhasse ao que houvera ocorrido em Cuba entre 1959 e 1962. De fato, os norte-americanos tiveram forte infl uência para o golpe que destituiu o presidente e que a princípio era conhecido como a Revolução de 1964. Naquele momento, muitos comemoravam um possível retorno à normalidade. A promessa era que os militares restituíssem a lei e a ordem e, em seguida, devolvessem o país aos civis.

Manchetes sobre o golpe Civil-Militar: O golpe de 1964 era considerado por alguns como uma revolução que

salvaria o Brasil do caos produzido no governo João Goulart

http://blogln.ning.com/profi les/blogs/as-manchetes-do-golpe-militar

Nos 21 anos de regime autoritário (1964 a 1985), governaram cinco presidentes. Mas a evolução política neste período não foi linear nem ocorreu de maneira uniforme em termos políticos, econômicos ou sociais. Para começar, entre os próprios militares existiam tendências diferentes. Com maior força destacava-se o grupo ligado a ESG (Escola Superior de Guerra) conhecidos como tecnocratas ou linha de Sorbonne, alinhados aos EUA e defensores da D.S.N (Doutrina de Segurança Nacional). Este grupo, além de buscar o binômio segurança e desenvolvimento, pretendia disfarçar o autoritarismo, mantendo uma aparência mais ou menos democrática com a promessa de gradualmente devolver o poder aos civis. De outra forma, pensavam os militares da chamada linha dura que pretendiam radicalizar o processo, leia-se ampliar o estado de exceção, mantendo a pureza da “revolução” por tempo indeterminado.

A hegemonia dos tecnocratas é o que nos permite explicar algum grau de liberdade que existia entre os anos de 1964 e 1968, mesmo com cassações e limitações de vários direitos políticos presentes nos primeiros Atos Institucionais. Existia um bipartidarismo que servia bem aos interesses do governo de mascarar o autoritarismo. O Congresso estava aberto, porém mutilado pelas cassações dos que se propunham a de fato fazer uma oposição. Neste espaço, cresceu a insatisfação de importantes movimentos sociais com destaque para a mobilização de estudantes e operários. Temendo pelo avanço de tais movimentos, em dezembro de 1968, foi editado no governo do general Costa e Silva o Ato Institucional 5 (AI-5) que na prática concedia plenos poderes ao presidente. Em linhas gerais, Costa e Silva não teve muito tempo de usufruir das benesses do AI-5 criado em sua gestão, pois foi obrigado a afastar-se do cargo por problemas de saúde. Neste momento, ocorre mais uma quebra da “normalidade” constitucional, pois o vice-presidente Pedro Aleixo (civil) que manifestara desconforto ante a aprovação do AI-5 foi impedido de assumir a presidência numa manobra política, que resultou na indicação do General Emílio Médici para a presidência.

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6 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Primeira página da edição de 14 de dezembro de 1968 do jornal Última Hora

Arquivo Jornal Última Hora/Acervo Fundação Biblioteca Nacional. In: http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/quarenta_anos_depois_uma_

pergunta.html

A aparente estabilidade obtida pelo binômio crescimento econômico (milagre brasileiro) e repressão, que atingiu seus níveis máximos no governo Médici, deu sinais de decadência, especialmente pelos refl exos da crise mundial de 1973 que repercutiu fortemente no Brasil. O esgotamento do modelo econômico que sustentava o milagre brasileiro contribuiu para o fortalecimento dos que criticavam o regime militar.

Com a posse do general Geisel, em 1974, iniciava-se um período de transição para a democracia que segundo o presidente deveria ocorrer de forma lenta, segura e gradual, posição que em linhas gerais continuou a ser adotada no governo de seu sucessor, o General Figueiredo. Ainda que com algumas e não poucas frustrações, devido a retrocessos e recaídas autoritárias como nos episódios da Lei Falcão, do Pacote de Abril, dos assassinatos no DOI-CODI, do atentado do Riocentro entre outros, a mobilização de vários segmentos da sociedade contribuiu para mudar aos poucos a ordem institucional e constitucional estabelecida pelos governos militares. Entre os avanços destacamos, mesmo com algumas ressalvas, a Lei da Anistia (perdão político) e a Reforma Partidária que trouxe de volta o pluripartidarismo para o país. Em 1982, foram restituídas as eleições diretas para governadores tendo a oposição obtido resultados expressivos em importantes estados. Nos anos seguintes, viu-se uma grande manifestação nacional em favor do retorno das eleições diretas para presidente, conhecida como campanha Diretas Já. Mesmo com toda a mobilização, a emenda proposta pelo deputado Dante de Oliveira que propunha eleições diretas para presidente não foi aprovada. As eleições de 1985 ainda seriam indiretas.

Ulysses Guimarães: um dos ícones da Campanha Diretas Já

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fi chaTecnicaAula.html?aula=27387

Mesmo diante de tal frustração, a indicação do moderado Tancredo Neves como candidato pelo PMDB aglutinou em torno de si diversos grupos políticos, tendo recebido apoio inclusive dos dissidentes do PDS (partido herdeiro da Arena) como foi o caso de José Sarney que acabou como vice na chapa de Tancredo. Nova frustração, Tancredo vence as eleições mas não assume, pois teve complicações em sua saúde que resultou em sua morte. Sarney, que tinha assumido provisoriamente, foi efetivado na presidência. Para muitos, o caminho da redemocratização estaria comprometido, pois Sarney era egresso dos quadros da antiga Arena, partido que dava sustentação ao regime militar.

Foto reprodução da capa da do Jornal NH destacando a morte de Tancredo Neves

http://www.50anos.jornalnh.com.br

De fato, várias medidas tomadas em maio de 1985 por Sarney comprovaram que a redemocratização seria realizada, mas somente com a promulgação da nova Constituição, em 1988, ela estaria plenamente amparada juridicamente. Eleições diretas para todos os cargos do Executivo e Legislativo, ampliação do direito ao voto (facultado aos jovens maiores de 16 anos e analfabetos), delimitação da atuação dos poderes, liberdade partidária e ideológica são algumas determinações importantes deste projeto.

Encerramento dos trabalhos da Constituinte de 1988

http://liberdadedeexpressao1988.blogspot.com.br/2011/04/promulgacao-da-constituicao-de-1988.html

Para concluir nosso trabalho, faremos referência à última grande alteração da normalidade política (pelo menos por enquanto, lembre-se que a história é dinâmica e se constrói diante dos nossos olhos a cada dia) analisando o processo que culminou com primeiro o impeachment de um presidente na República brasileira. Estamos nos referindo a Fernando Collor de Melo.

Enem em fascículos 2013

7Ciências Humanas e suas Tecnologias

Reprodução da capa da edição da Revista Veja com a bombástica entrevista de Pedro Collor que marcou o

começo do fi m do ex-presidente

http://www.gazetamaringa.com.br/online/conteudo.phtml?id=1266060

Vale lembrar que Collor foi também o primeiro presidente eleito por voto direto desde a eleição de Jânio Quadros para presidente em 1960. Aliás, os dois têm muitos aspectos em comum. Primeiramente se elegeram por pequenas legendas buscando se distanciar dos políticos e partidos tradicionais, tentando se apresentar ao eleitorado como alternativas de mudança, porém contando com apoio de legendas tradicionais, no caso de Jânio a UDN e no caso de Collor o PFL. Tinham também discursos moralizadores com a promessa de combate à corrupção. Jânio subia no palanque com sua tradicional vassoura prometendo varrer a corrupção, já Collor prometia acabar com a farra dos Marajás, denominação dada a funcionários que acumulavam cargos e benefícios recebendo altos salários ou ainda os que não exerciam qualquer função, conhecidos como funcionários fantasmas.

O desfecho do governo de cada um, na verdade, é que nos permite fazer algumas diferenciações. Jânio renunciou, transcorridos apenas alguns meses de governo, para muitos numa clara atitude golpista, pois sabia das restrições que setores tradicionais teriam em aceitar o seu vice João Goulart como presidente. Collor se envolveu em uma série de escândalos de corrupção que, apurados pela CPI no Congresso Nacional, lhe valeram a cassação dos seus direitos políticos por 8 anos, não obstante a sua renúncia momentos antes da votação. Ressalte-se que mesmo assim Collor reapareceria no cenário político nacional agora na condição de Senador.

Destaque-se, contudo, que ao contrário de outros momentos em que alguns presidentes não concluíram seus mandatos por golpes ou iminência de golpes, desta feita o afastamento do presidente, pelo menos em tese, se deu dentro de uma normalidade constitucional. Em tese porque, para alguns, ainda que o processo de impeachment tenha transcorrido conforme previa a Constituição, a sessão do Senado que aprovou o afastamento e a perda dos direitos políticos de Collor cometeu equívocos, não pelo mérito, mas pelo procedimento, pois Collor já havia renunciado. Ao que parece, os Senadores precisavam dar uma resposta ao movimento das ruas que clamavam por ética e moralidade que na prática deveria se materializar na cassação do presidente e na perda de seus direitos políticos.

No nosso próximo encontro, trataremos de outro importante tema. Vamos debater os movimentos sociais com foco nas manifestações de junho de 2013 no Brasil. Até breve.

QUESTÃO COMENTADACompreendendo a Habilidade– Identifi car o papel dos meios de comunicação na construção da vida

social.

C-5H-21

Em vários momentos da história do Brasil, os meios de comunicação (jornal, rádio e TV) e as formas de expressão cultural (cinema, música e teatro) tiveram forte infl uência ou foram utilizados como mecanismos de controle político e ideológico. Partindo dessa afi rmação, assinale nos itens abaixo a alternativa em que a relação Estado e os meios de comunicação foi feita de maneira correta. a) Durante o Estado Novo, foi criado o Departamento de

Imprensa e Propaganda (DIP) que funcionou como um verdadeiro ministério ligado à presidência da República. Entre suas funções incluíam a elevação da cultura popular estigmatizada na República Velha.

b) Entre os meios de comunicação e propaganda, podemos destacar o uso da imprensa operária por Vargas como um novo meio, que, em especial, permitiu às ideias estadonovistas atingirem as classes médias urbanas e o operariado.

c) Jânio Quadros imerso na euforia da era do rádio (e suas rainhas), na vitória da Copa de 1958 e na eleição da baiana Marta Rocha como Miss Universo, promoveu uma política modernizante que modifi cou tanto o perfi l do país quanto o cotidiano das pessoas.

d) Ainda que dispusesse dos mais variados mecanismos de controle dos meios de comunicação, o governo, usando das suas atribuições, aprovou em 1976 o Decreto-Lei N° 6.639, mais conhecido como “Lei Falcão”, que limitava a propaganda eleitoral no rádio e na televisão temendo o avanço da oposição no Congresso.

e) Foi durante o governo Collor que o estado concedeu o maior apoio à cultura, especialmente ao cinema, que conheceu nesta fase a sua era de ouro, com produções premiadas em festivais internacionais, fato que denunciava a intenção do presidente em integrar a cultura nacional ao contexto global.

Comentário

É inegável o papel que os meios de comunicação assumiram em diversos momentos da história do país, principalmente a partir dos anos 30, denominado por alguns historiadores como a era do rádio, quando os governos passaram a dar aos meios de comunicação uma atenção mais especial, entendendo os benefícios de manter com a sociedade determinados vínculos a partir dos variados instrumentos. Exemplo desta preocupação foi a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda que exercia uma dupla função, pois, além de controlar os opositores pela censura, reproduzia as realizações do governo identifi cando-o com os diversos segmentos sociais. A imprensa operária quase que sucumbiu totalmente ante ao poder do DIP que se apresentava com o status de ministério. No fi nal dos anos 1950, a mídia retratava a euforia gerada pelo projeto desenvolvimentista de JK que se manifestou em novas expressões culturais como o Cinema Novo e a Bossa Nova. Durante os anos de chumbo, especialmente após a edição do AI-5, os meios de comunicação e as manifestações culturais como a música e o teatro foram alvo de toda forma de patrulhamento dos órgãos de censura que buscavam impedir qualquer manifestação

Enem em fascículos 2013

8 Ciências Humanas e suas Tecnologias

de crítica ao regime ou à divulgação de fatos que comprometessem a estabilidade do governo. Não obstante a tais restrições, destacamos a atuação da oposição em várias frentes como na imprensa alternativa (jornais Opinião, Versus, O Pasquim), com artistas da MPB (Francis Hime, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil), que conseguiam ante à inteligência de suas canções burlar a censura, e na própria política com o fortalecimento do MDB. Tais fatos motivaram o governo a aprovar a Lei Falcão para tentar, pela restrição da Propaganda Eleitoral, evitar derrotas nas próximas eleições. Finalmente, lembramos que a gestão do presidente Collor, embasada em premissas neoliberais, extinguiu inúmeras instituições ligadas à cultura. Nesse período, o cinema foi um dos que mais sofreu, pois a Embrafi lme, o Concine, a Fundação do Cinema Brasileiro, o Ministério da Cultura, as leis de incentivo à produção, a regulamentação do mercado e até mesmo os órgãos encarregados de produzir estatísticas sobre o cinema no Brasil foram extintos.

Resposta correta: D

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Compreendendo a Habilidade– Avaliar criticamente confl itos culturais, sociais, políticos, econômicos

ou ambientais ao longo da história.C-3

H-15

01. (Sampaio/2013) Durante a fase republicana a normalidade institucional e constitucional baseada no equilíbrio entre os poderes constituídos nem sempre foi respeitada. No quadro abaixo estão representados alguns exemplos.

ESTRUTURA DO ESTADO REPUBLICANO BRASILEIRO (LEGISLATIVO + EXECUTIVO + JUDICIÁRIO)

Alteração da autonomia / equilíbrio

Fato(s) histórico(s) correspondente(s)

1) 1891 – Fechamento do Congresso por Deodoro da Fonseca.

Golpe republicano expressava interesses divergentes entre cafeicultores, classe média e militares;Confl itos entre Executivo x Legislativo; Rivalidade de civis (federalistas) x militares (positivistas).

2) 1930 – Dissolução do Executivo e do Legislativo.

Revolução de 1930 foi resultado do contexto do esgotamento do modelo oligárquico cafeeiro comandado por São Paulo;Com Vargas, evidencia-se práticas populistas, nacionalistas e intervencionistas;Suspensão da Constituição de 1891 e estímulo à industrialização.

3) 1937 – Superpoderes do Executivo; fechamento do Congresso.

Contexto: golpe do Estado Novo resulta da polarização ideológica entre nazifascismo x comunismo;Mecanismos de controle social, político e econômico são adotados.

4) 1964/1985 – Superpoderes ao Executivo adquiridos através de Atos Institucionais; Congresso submisso ao Executivo.

Golpe resulta do contexto da crise do populismo e refl ete o cenário da bipolarização mundial;Autoritarismo, centralização, abertura econômica ao capital estrangeiro com subordinação aos interesse dos EUA.

A partir de seus conhecimentos históricos e buscando contextualizar os eventos que se apresentam no quadro acima, assinale a opção corretaa) A República foi instaurada no Brasil a partir de um amplo

movimento social, porém na sequência houve grande frustração, pois, além de restringir o voto, Deodoro ordenou o fechamento do Congresso, devido à forte infl uência do ideal fascista neste período.

b) Ainda que a Revolução de 1930 fosse resultado do desgaste do modelo oligárquico tradicional, não se evidenciou mudanças signifi cativas quer seja em termos políticos, econômicos e sociais no cenário nacional decorrente da ascensão de Vargas ao poder.

c) Durante o Estado Novo, a despeito do perfi l autoritário e paternalista do presidente, evidenciou-se a preocupação de manter o calendário eleitoral e os partidos políticos, o que explica em parte a não ocorrência de movimentos sociais contra o governo.

d) O cenário que resultou no golpe de 1964 está relacionado não só aos interesses dos militares e dos setores conservadores que se sentiam ameaçados pelo perfi l do Presidente, mas são refl exos do contexto da Guerra Fria e dos interesses dos EUA.

e) Entre o fi m do Estado Novo e a instituição do Regime Militar, observamos um período de estabilidade política e econômica sem precedentes permitindo aos presidentes concluírem seus mandatos sem alterações das normas institucionais ou políticas do país.

Compreendendo a Habilidade– Comparar o signifi cado histórico-geográfi co das organizações políticas e

socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.C-2

H-9

02. (Sampaio/2013) O Brasil viveu durante a sua história republicana alguns momentos de exacerbação do poder. Dois momentos ajudam a ilustrar essa exacerbação. O primeiro foi quando em novembro de 1937, através de um golpe, Vargas implantou o “Estado Novo” que permitiu a permanência de Getúlio Vargas no poder até 1945. Posteriormente, no contexto do colapso do regime populista e sob forte infl uência da Guerra Fria, outro golpe acabou forçando a saída do presidente João Goulart da presidência, iniciando um período de 21 anos que fi caram marcados pela presença de militares no controle do Poder Executivo federal. Era o chamado Regime Militar.

Enem em fascículos 2013

9Ciências Humanas e suas Tecnologias

A partir de seus conhecimentos a respeito do Estado Novo (1937-1945) e do período dos governos militares (1964-1985), marque a alternativa verdadeira sobre o comportamento destes regimes políticos no Brasil.a) No Brasil do Estado Novo embora houvesse uma

supervalorização do poder Executivo, o poder Legislativo, embora limitado, foi mantido aberto. Já durante o Regime Militar o Legislativo foi suprimido durante toda a vigência do regime.

b) Enquanto no Estado Novo observou-se um desinteresse pelas riquezas nacionais submetendo-se aos interesses dos EUA, durante o Regime Militar o Brasil optou por uma valorização das empresas nacionais, evitando associar-se ao capital estrangeiro.

c) Enquanto no Estado Novo houve uma ampliação das leis trabalhistas com a CLT, no período do Regime Militar houve uma tendência à supressão ou substituição de algumas leis trabalhistas (criação do FGTS), fruto da pressão do capital estrangeiro.

d) Enquanto no período do Estado Novo observou-se uma postura essencialmente simpática aos comunistas devido às questões do trabalhismo/populismo, no Regime Militar a repressão se dirigiu especialmente a este grupo que atuava inclusive na formação de guerrilhas.

e) No que se refere à censura, observamos que no Estado Novo o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) atuava discretamente, dificilmente intervindo em expressões da cultura como a música ou a literatura. Já durante o Regime Militar, o principal alvo da censura foram as chamadas “canções de protesto”.

DE OLHO NO ENEM

QUAL A DIFERENÇA ENTRE GOLPE E REVOLUÇÃO?

Revolução designa uma transformação profunda, um movimento de grandes proporções que rompe com o que existia até então. Geralmente, ela surge das bases da sociedade e envolve um grande número de pessoas, alterando as estruturas políticas, econômicas e sociais. A Revolução Francesa, de 1789, é um exemplo. Ela contou com o envolvimento popular nas cidades e no campo e transformou a ordem vigente. Já os golpes são uma iniciativa de elites políticas, econômicas e militares, não envolvendo a população, mesmo que, às vezes, contem com apoio popular. Difi cilmente um golpe promove mudanças profundas. Em geral, eles ocorrem para preservar ou restaurar determinada situação política, como o que nasceu no Brasil em 1964. Uma cúpula militar apoiada por políticos destituiu o presidente João Goulart (1919-1976). Não havia um clamor popular para essa ação, embora parte da opinião pública tenha dado apoio a ela. A ideia era frear as mudanças que se anunciavam.

Consultoria André Lopes Ferreira, doutor em História pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), campus de Assis.

Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/qual-diferenca-revolucao-golpe-639936.shtml

Visitado em 04 de julho de 2013.

O QUE É GOLPE DE ESTADO?

No sistema democrático, em geral os representantes dos cargos executivos e legislativos são escolhidos pela população por meio do voto. “O golpe de Estado interrompe esse processo, pois assume o poder Executivo alguém que não passou pelo crivo do eleitor, não foi eleito democraticamente”, explica

Andrea Freitas, cientista política e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

Para ser considerado golpe de Estado, não necessariamente o governante que assumiu o poder pela força tem de ser militar, como aconteceu no Brasil quando o presidente da República João Goulart foi deposto em março de 1964. Em Honduras, por exemplo, o governante que assumiu no lugar do eleito Manuel Zelaya foi o presidente do Congresso, Roberto Micheletti.

Nem sempre os cidadãos têm suas liberdades restringidas sob um governo resultado de golpe. “No Brasil, a limitação radical nos direitos civis só aconteceu em 1968 com o AI-5 (ato institucional número 5)”, diz a pesquisadora. A restrição das liberdades varia conforme o país. Alguns tiveram seus presidentes e ministros exilados e o congresso fechado. Em Honduras, foram suspensos os direitos chamados “constitucionais públicos”, ou seja, a liberdade de expressão, de protestos e a suspensão de veículos jornalísticos que sejam contra o governo atual.

Sob o golpe, nada é garantido. “O ditador pode, simplesmente, fazer o que quiser, suspender ou não qualquer direito, inclusive o direito à propriedade, por exemplo, pois o país fi ca sob instabilidade jurídica e tudo é possível nas mãos dele”, afi rma Andrea.

Adaptado de http://revistaescola.abril.com.br/geografi a/fundamentos/golpe-estado-honduras-501894.shtml

Visitado em 04 de julho de 2013.

INTRODUÇÃO

Caro aluno, nesta seção será analisada a produção dos principais tipos de energia utilizados em nosso planeta, bem como a geopolítica envolvida nas quatro fases da atividade econômica: extração, transporte, processamento e distribuição. O domínio dessa informação é imprescindível para a compreensão do mundo atual, pois qualquer aumento nos custos ou problemas na produção de energia afeta todas as atividades desenvolvidas no País e no mundo.

OBJETO DO CONHECIMENTO

Fontes de EnergiaEnergia é a capacidade de realizar trabalho. Assim, o

homem, desde tempos imemoriais até a modernidade, tem procurado novas fontes de energia para realizar suas tarefas cotidianas. No princípio, usava-se a tração animal para arar a terra ou transportar mercadorias. Mas, com o progresso do meio técnico-científi co-informacional, novas fontes de energia foram sendo descobertas, tornando o trabalho humano mais efi ciente. O consumo de energia está intimamente relacionado ao grau de desenvolvimento econômico e científi co das nações. Em países desenvolvidos, o consumo é maior devido ao alto grau de industrialização e ao elevado consumo residencial. O setor energético quase sempre é controlado pelo Estado, por meio de políticas de planejamento da produção, concessão de exploração a grupos privados ou intervenção direta na produção, através de empresas estatais. O setor energético está inserido diretamente na geopolítica e na economia de um país.

Enem em fascículos 2013

10 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Desse modo, qualquer nação almeja atingir a autossufi ciência e reduzir custos na produção de energia, para que as atividades econômicas não sejam afetadas pelas oscilações de preço do mercado internacional e nem dependam de boa vontade de terceiros para o fornecimento de energia.

O petróleo é a principal fonte de energia do planeta, seguida pelo gás natural e carvão mineral. Isso é preocupante, visto que 90% da energia consumida no globo provém de fontes não renováveis. No caso do Brasil, nossa matriz é formada pelo petróleo, energia hidrelétrica, biomassa, carvão, gás natural, entre outras fontes. A grande vantagem do País, em relação aos demais, deve-se ao fato de que praticamente metade de nossa matriz energética é alicerçada em cima de fontes relativamente limpas e renováveis (biomassa e hidrelétrica), o que nos dá uma grande vantagem competitiva.

Matriz energética mundial, em 2005, e do Brasil em 2007.

MUNDO

Energiahidrelétrica

Biomassa

Energianuclear

Gás natural

Carvão mineral

Petróleo

Outras fontes*

FONTES NÃO RENOVÁVEIS: 87,3% FONTES RENOVÁVEIS: 12,7%

35%10%

6,3%

20,7%

25,3%

2,2%0,5%

BRASIL

Energia nuclear1,4%

FONTES NÃO RENOVÁVEIS: 54,1% FONTES RENOVÁVEIS: 45,9%

Petróleo37,4%

Biomassa27,8%

Carvão mineral

Gásnatural9,3%

6%

Energiahidrelétrica

14,9%

Outras fontes*3,2%

Tipos de fontes energéticas

Primária – é aquela que pode ser aproveitada da mesma forma que é extraída da natureza, sem um processamento prévio. Ex.: lenha, petróleo etc.Secundária – é a fonte de energia que necessita ser processada antes de sua utilização. Carvão vegetal, gasolina, etanol etc.Antiga – é aquela que já era aproveitada no período anterior à Primeira Revolução Industrial.Moderna – é a fonte que passou a ser utilizada no período posterior à Primeira Revolução Industrial. Ex.: carvão, petróleo, elétrica, gás natural etc.Esgotável – é a fonte que não pode ser reposta pela natureza em um curto período de tempo. Muitas vezes, ela está ligada a um processo geológico relacionado à própria formação do planeta. Suas reservas são limitadas e estão sendo devastadas com a utilização. As principais são os minerais radioativos e os combustíveis fósseis.Não esgotável – é a energia que vem dos recursos naturais como o Sol, os ventos, a geotérmica, eólica e que é reposta pela natureza em um curto intervalo de tempo.Convencional – esse tipo de energia é utilizado de forma larga pela humanidade. Ex.: petróleo, carvão, gás natural, entre outros.

Alternativa – essa fonte deverá substituir as fontes esgotáveis quando as mesmas se exaurirem. Ex.: eólica, solar, maremotriz, biocombustíveis etc.

Combustíveis fósseis

Os recursos minerais fósseis possuem uma origem orgânica, tiveram sua utilização difundida a partir da Primeira Revolução Industrial com a invenção da máquina a vapor, que era movida a carvão mineral. Atualmente, compõem a matriz energética da quase totalidade de países do globo. Mas essa grande dependência gera outras questões: esses combustíveis são uma fonte não renovável de energia. Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE), caso se mantenha a média de consumo das últimas décadas, as reservas de petróleo e gás natural irão se esgotar em 100 anos e as de carvão, em 200 anos. São altamente poluentes, provocando graves consequências ambientais, como as chuvas ácidas, e estão associados ao fenômeno da intensifi cação do efeito estufa (teoria do aquecimento global). Os recursos energéticos fósseis possuem diversos usos, pois são utilizados na produção de uma variada gama de produtos.O petróleo se formou há milhões de anos na Era Mesozoica, a partir de matéria orgânica (restos de animais, vegetais e microrganismos) que se armazenou no fundo dos oceanos (bacias sedimentares) em razão da temperatura e da pressão sofridas, podendo ser encontrado nos estados sólido, líquido e gasoso. O petróleo, além de ser a principal fonte de energia do planeta, é também a principal matéria-prima utilizada pelo homem. Está presente em todo o nosso cotidiano. Com ele, as indústrias petroquímicas fabricam a gasolina, óleo diesel, querosene, o plástico, a borracha sintética, o asfalto, os fertilizantes e os adubos usados na agricultura. Em suma, com ele podem ser feitos mais de 250 subprodutos.

OCEANO300-400 milhões de anos

OOOCEANOOCEANO00 m00 m snosnmilhões de anmilhões de

OCEANO50-100 milhões de anos

Restos de Plantas e Animais

Ao longo de milhões de anos, eles foram sendo enterrados pela areia e lama. A alta pressão transformou a areia e a lama em rocha e os animais mortos em petróleo e gás natural.

O óleo tende a subir até encontrar alguma rocha impermeável que o mantém preso juntamente com o gás natural. Um poço tem que ser perfurado, através das rochas, para retirar o petróleo e gás.

Os pequenos animais que vivem no mar, quando morrem, caem no fundo e misturam-se na lama e areia, o que impede que apodreçam e desapareçam.

Areia e LamaRocha

Depósito de Óleo e Gás

Areia e Lama

O Brasil realizou, por meio da Petrobras, a maior descoberta petrolífera dos últimos 30 anos em todo o planeta. Trata-se da camada Pré-sal. Essa camada geológica se encontra em águas ultraprofundas (entre 4 e 8 mil metros de profundidade) que se estende do litoral do estado do Maranhão ao litoral de Santa Catarina. Segundo estudos preliminares, essa região pode conter mais de 100 bilhões de barris de petróleo, fazendo com que o País venha a se tornar o sexto maior detentor de tão importante recurso mineral, bem como tornar-se o terceiro maior exportador, superado apenas pela Arábia Saudita e Rússia.

Enem em fascículos 2013

11Ciências Humanas e suas Tecnologias

Distância da costa

0 m

1000 m

Lâmina d’água

Camada pós-sal

Camada de sal

Plataforma P-34 Juscelino KubitscheckOs campos de”Tupi” e “Carioca”estão a cerca de 300 km dacosta. Essa distância vai obrigara Petrobras a estudar soluçõesengenhosas como geração deenergia na própria área.

Juscelino Kubitscheck

Campo de Jubarte

O potencial de produção doprimeiro poço do pré-sal daplataforma P-34 (FPSO JK) éde 18 mil barris/dia.

Tipo FPSO - Sistema flutuantede produção, armazenamentoe transferência de óleo - a P-34extraiu, de 2002 a 2006, 60 milbarris por dia, no pós-sal.

3000 m

4000 m

5000 m

2000 m

77 km 300 km

O Petróleo do Pré-sal

www.geografiaparatodos.com.br

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º

Caza-quistão

12º

11º

15º

264,3

137,5115,0

101,597,880,0 79,5

41,5 39,8 36,2 29,917,1 16,315,2 12,9 12,3

Irã Iraque Kuait Em.Árabes

Rússia Líbia Nigéria EUA Canadá China Qatar MéxicoArgélia Brasil AngolaNoru-ega

Azer-baijão

Vene-zuela

ArábiaSaudita

9,0 8,5 7,012,2

17º 18º

10º

16º 8º

19º 7º

13º

14º

Países da Opep(Organização dos Países

Exportadores de Petróleo)

MAIORES RESERVAS DE PETRÓLEOEm bilhões de barris

Sem considerar asreservas de Tupi

Indonésia

1º2º

4º20º 9º3º

O carvão formou-se na Era Paleozoica, por meio da decomposição de matéria orgânica (vegetais e animais), que se transformou, em face da abundância em carbono, num elemento rochoso. As principais jazidas desse minério podem ser encontradas no hemisfério norte, sobretudo na Rússia, China e Estados Unidos. Uma das principais utilizações desse minério é servir de energia em fornos siderúrgicos, nos quais é produzido o aço. O carvão também é agregado na fabricação de corantes, inseticidas, plásticos, medicamentos, entre outros. Mas o carvão mineral acarreta prejuízos ambientais ao planeta, pois a estrutura molecular do carvão contém enorme quantidade de carbono e enxofre que, após a queima, vai para a atmosfera na forma de gás carbônico, agrava o efeito estufa, e o dióxido de enxofre, o grande responsável pela ocorrência da chuva ácida. As jazidas brasileiras são encontradas na região Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Contudo, nosso carvão é de baixa qualidade, uma vez que não é coqueifi cável, com elevado teor de enxofre e enterrado em camadas profundas da litosfera, o que encarece sua extração.

PÂNTANO300 milhões de anos

ÁGUA100 milhões de anos

Plantas Mortas

Rocha e Lama

Lama

Há cerca de 300 milhões de anos, plantas com energia solar armazenada morriam e caíam nos pântanos. A lama dos pântanos, por sua vez, impedia o apodrecimento e o desaparecimento dessas plantas mortas.

Ao longo do tempo, o acúmulode lama comprimiu as plantas mortas. Depois de milhões de anos, essa lama tornou-se rocha e os restos das plantas sob forte pressão virou carvão mineral.

Para o carvão mineral ser retirado, poços e túneis têm que ser cavados. Muitas vezes, fragmentos de plantas fossilizadas são encontrados em pedaços de carvão vegetal.

Carvão Mineral

Mapa reserva de carvão

Reservas de Carvão 2007(milhões de toneladas)

-134135 a 1.0001.001 a 10.00010.001 a 100.000- 100.001

O gás natural é outro combustível fóssil encontrado em bacias sedimentares, geralmente associado ao petróleo e que começou a ser formado na Era Mesozoica. Além de ser mais barato e facilmente transportável em gasodutos e navios, apresenta uma queima quase limpa, que polui pouco a atmosfera se comparada à do carvão e à do petróleo. Sua queima libera uma boa quantidade de energia, que vem sendo utilizada, cada vez mais, nos transportes e na produção industrial. Atualmente, é a segunda fonte de energia mais utilizada pelo homem.

Reservas mundiais de óleo (em %)

Reservas mundiais de gás (em %)

Arábia Saudita 25,0 Federação Russa 30,5

Iraque 10,7 Irã 14,8

Emirados Árabes Unidos 9,3 Qatar 9,2

Kuwait 9,2 Arábia Saudita 4,1

Irã 8,6 Emirados Árabes Unidos 3,9

Venezuela 7,4 Estados Unidos 3,3

Federação Russa 5,7 Argélia 2,9

Estados Unidos 2,9 Venezuela 2,7

Líbia 2,8 Nigéria 2,3

Nigéria 2,3 Iraque 2,0

China 1,7 Indonésia 1,7

Qatar 1,5 Austrália 1,6

Energia elétrica

A energia hidrelétrica é a obtenção de energia elétrica a partir do aproveitamento do potencial hidráulico dos rios por meio de um barramento, que geralmente é instalado nos desníveis de relevo. A energia potencial da barragem faz girar o eixo de uma turbina, gerando energia mecânica, que posteriormente é transformada em energia elétrica. As nações que possuem grande potencial hidroenergético são os Estados Unidos, Canadá, Brasil, Rússia e China. Trata-se de uma forma relativamente limpa, barata e renovável de obtenção de energia. Todavia, a hidrelétrica não está isenta de impactos ambientais e sociais. A inundação de áreas para a construção de barragens gera problemas de realocação das populações ribeirinhas e comunidades indígenas. Os principais impactos ambientais ocasionados pelo represamento da água para a formação de imensos lagos artifi ciais são: destruição de extensas áreas de vegetação natural, o desmoronamento das margens, o assoreamento do leito dos rios, alterações no regime hidráulico, extinção de algumas espécies de peixes, entre outros.

Enem em fascículos 2013

12 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Capacidade instalada em usinas hidrelétricas (MW)

menos de 500

500 a 5.000

5.001 a 50.000

50.001 a 100.000

No Brasil, cerca de 93% da energia elétrica produzida é proveniente de usinas hidrelétricas, devido ao imenso potencial hidroenergético dos nossos rios. As bacias que apresentam o maior potencial de utilização são a paranaica e sanfranciscana. Contudo, esse potencial já está próximo ao limite da sua utilização, o que leva o Estado a investir em grandes projetos de instalação de usinas na bacia Amazônica: Jirau de Santo Antônio no rio Madeira, no estado de Rondônia, e a polêmica usina de Belo Monte no rio Xingu, no estado do Pará.

Manso210 MW

Corumbá IV63,5 MW

Guaporé120 MW

Jairu110 MWItiquira156 MW Ponte de Pedra

176 MW

Ourinhos44 MW

Porto Primavera1.814,4 MW

Lajeado850 MW

Santa Clara 60 MW

Usinas em Construção (17) (24 Usinas – 9.991 MW)Usinas Concluídas (4)Usinas em Operação Parcial (3)

Itaipu1.400 MW

Itá1.450 MW

Tucuruí2.625 MW

Cana Brava450 MW

Queimado105 MW

Itapebi450 MWAimorés330 MW

Candonga140 MW

Funil180 MW

Piraju80 MW

Quebra Queixo120 MWMachadinho1.140 MWDona Francisca

180 MW

Porto Estrela112 MW

Termelétrica

Para se obter energia elétrica a partir da termeletricidade, aumentam-se os custos e o impacto ambiental, mas a construção de uma mina requer investimentos menores que os de uma hidrelétrica. O que faz a turbina da usina termelétrica girar é a pressão do vapor de água obtido pela queima de carvão mineral, gás natural ou petróleo. Sua vantagem em relação à hidrelétrica é que a localização da usina é determinada pelo homem e não pela topografi a do terreno, o que possibilita sua instalação nas proximidades da área de consumo. Essa forma de obtenção de energia é bastante comum nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil.

Energia nuclear

A energia nuclear, também chamada atômica, é obtida a partir da fi ssão do núcleo do átomo de urânio enriquecido, liberando uma grande quantidade de energia. Atualmente, existem 480 centrais nucleares, pertencentes a 29 países. Contudo, tais usinas são típicas de países desenvolvidos, já que o custo da instalação é elevado e a tecnologia incorporada ao processo é avançada.

Os Estados Unidos lideram a produção de energia nuclear, porém os países mais dependentes dessa fonte são França, Suécia, Finlândia, Bélgica e Japão. Na França, cerca de 80% da eletricidade é oriunda de centrais atômicas.

A energia nuclear, também de origem não renovável, é motivo de várias manifestações contra o seu uso, pois pode haver a liberação de material radioativo em caso de acidentes em uma usina nuclear, como os que ocorreram em Chernobyl, em 1986 (Ucrânia), e em Fukushima, em 2011(Japão).

No fim da década de 1960, o governo brasileiro começou a desenvolver o Programa Nuclear Brasileiro, destinado a implantar no País a produção de energia atômica. O País possui a central nuclear Almirante Álvaro Alberto, constituída por duas unidades (Angra 1, comprada dos EUA e Angra 2, comprada da Alemanha), instalada no município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, onde fornece metade da energia consumida nesse estado. Atualmente, está em construção a usina Angra 3, depois de décadas de paralisação.

1,84%

AMÉRICA LATINA

EUROPA ORIENTAL

2,61%

ESTADOS UNIDOS/CANADÁ

18,99%

17,80%

29,14%EUROPA OCIDENTAL

ÁFRICA

ORIENTE MÉDIO

1,57%

EXTREMO ORIENTE11,52%

SUDESTE ASIÁTICO

0%

MUNDO

14%

International Status and Prospects of Nuclear Power 2008 (A/EA)

Contribuição da energia nuclear em cada matriz energética regionalExistem atualmente 439 usinas nucleares ativas no mundo, distribuídas em 30 países e com capacidade total de 372 GW, segundo o último relatório da AIEA. Ao todo, a energia elétrica gerada por fontes nucleares significa 14% da geração de energia elétrica global.Nos últimos dois anos, outros 43 países já manifestaram à AIEA interesse em construir usinas desse tipo, motivados pelo aumento da demanda por energia, pela volatilidade dos preços dos combustíveis fósseis e pelo interesse em reduzir a emissão de carbono. A principal barreira para a ampliação desse tipo de energia, segundo o órgão mundial controlador, ainda é a resistência da opinião pública.

ALEMANHA 17BÉLGICA 7

HOLANDA 1

ESPANHA 8FRANÇA 58

2 BRASIL

2 MÉXICO

CANADÁ 18

REATORES NUCLEARES NO MUNDO

2 ARGENTINA 2 ÁFRICA DO SUL

5 SUIÇA

REINO UNIDO 19

SUÉCIA 104 FINLÂNDIA

RÚSSIA 324 HUNGRIA4 ESLOVÁQUIA

15 UCRÂNIA2 ROMÊNIA2 BULGÁRIA

1 ARMÉNIA1 ESLOVÊNIA

2 PAQUISTÃO

CHINA 13

COREIA DO SUL32

ÍNDIA20

6

JAPÃO 54

REPÚBLICA CHECAEUA 104

Aspectos positivos da energia nuclear

• As reservas de energia nuclear são muito maiores que as reservas de combustíveis fósseis;

• Comparada às usinas de combustíveis fósseis, a usina nuclear requer menores áreas;

• As usinas nucleares possibilitam maior independência energética para os países importadores de petróleo e gás;

• Não contribui para o efeito estufa.

Enem em fascículos 2013

13Ciências Humanas e suas Tecnologias

Aspectos negativos

• Os custos de construção e operação das usinas são muito altos;

• Possibilidade de construção de armas nucleares;

• Destinação do lixo atômico;

• Acidentes que resultam em liberação de material radioativo;

• O plutônio 239 leva 24.000 anos para ter sua radioatividade reduzida à metade, e cerca de 50.000 anos para tornar-se inócuo.

Com o intuito de diversifi car a matriz energética, várias

pesquisas foram desenvolvidas para a obtenção de fontes limpas

e renováveis. Entre elas, estão a energia solar (obtida através do

Sol), energia eólica (dos ventos), energia das marés (correntes

marítimas), biomassa (matéria orgânica), hidráulica (das águas),

entre outras. Essas fontes, além de serem encontradas em

abundância na natureza, geram menos impactos ambientais.

Biocombustíveis

Os biocombustíveis são combustíveis com fontes

renováveis, obtidos a partir do benefi ciamento de determinados

vegetais, entre os quais, podemos citar: cana-de-açúcar, plantas

oleaginosas, resíduos agropecuários, eucalipto, além de muitos

outros. Essa fonte de energia, de acordo com especialistas, é

uma alternativa relativamente efi ciente para amenizar diversos

problemas relacionados à emissão de gases e, automaticamente,

combater o efeito estufa.

Atualmente, a produção de energia a partir de

produtos agrícolas é classifi cada em: etanol, biogás, biodiesel,

florestas e resíduos. Em relação à produção do etanol,

pretende-se obter totalmente a partir da cana-de-açúcar.

O biogás é uma fonte de energia produzida de restos de

matéria orgânica em fase de decomposição, como por exemplo,

palhas, estercos, bagaços de diversos tipos de vegetais ou lixo.

O biodiesel é uma fonte de energia obtida a partir do

processamento de determinadas sementes, como as de

mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim e soja. Os óleos

derivados desses vegetais podem ser usados integralmente ou

agregados ao diesel (fóssil), em quantidades variadas.

Outras fontes

Energia solar – ainda pouco explorada no mundo, em

função do custo elevado de implantação, é uma fonte limpa, ou

seja, não gera poluição nem impactos ambientais. A radiação

solar é captada e transformada para gerar calor ou eletricidade.

Energia eólica – gerada a partir do vento. Grandes

hélices são instaladas em áreas abertas e os movimentos delas

geram energia elétrica. É uma fonte limpa e inesgotável, porém,

ainda pouco utilizada.

Energia geotérmica – nas camadas profundas da

crosta terrestre existe um alto nível de calor. Em algumas regiões,

a temperatura pode superar 5.000 °C. As usinas podem utilizar

esse calor para acionar turbinas elétricas e gerar energia. Ainda

é pouco utilizada.

QUESTÃO COMENTADACompreendendo a Habilidade– Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço

geográfi co, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.

C-6H-29

O gráfi co abaixo revela as mudanças ocorridas na matriz

energética mundial entre 1973 e 2006. Observe-o.

50

45

40

35

30

25

20

15

10

5

0

197346,1

34,4

24,526,0

16,0

20,5

10,2 10,1

0,9

6,2

2,2 1,8 0,6 0,1

2006

%

Petróleo Gás natural Biomassa Nuclear Hidráulica OutrasCarvão

Gráfi co 3.1 – Matriz energética nos anos 1973 a 2006.IEA, 2006.

Sobre as causas e as consequências dessas mudanças, assinale a alternativa correta.a) O aumento da participação do carvão resultou do

esforço de substituição do petróleo por alternativas menos poluentes.

b) O recuo da biomassa resultou da crise do setor de biocombustível, que afetou sobretudo o Brasil e os Estados Unidos.

c) A queda da participação da energia hidráulica na matriz energética global refl ete a escassez de novos investimentos na geração dessa forma de energia, cujo potencial já está praticamente esgotado em todas as regiões do mundo.

d) Apesar do aumento signifi cativo na matriz energética global, a geração de energia nuclear permanece fortemente concentrada nos países desenvolvidos.

e) O aumento da participação do gás natural refl ete o aumento da proporção da energia global consumida pela China, detentora das maiores reservas mundiais desse combustível.

Comentário

Atualmente, vários países possuem usinas nucleares que produzem energia. Esta energia é considerada limpa, pois não polui o meio ambiente, porém o lixo radioativo deve ser armazenado em locais adequados, seguindo diversas normas rígidas de segurança. É uma fonte bastante cara, sendo que poucos países dispõem de tecnologia e capitais sufi cientes para a sua utilização.

Resposta correta: D

Enem em fascículos 2013

14 Ciências Humanas e suas Tecnologias

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Compreendendo a Habilidade– Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço

geográfi co, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.

C-6H-29

03.USO DE FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA (2005)

Percentual de energiasrenováveis no totalde energia primáriadisponível

menos de 3de 3 a 10de 10 a 30mais de 30sem dados

Adaptado de: Atlas geográfi co escolar: ensino fundamental do 6º ao 9º ano/IBGE. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

O uso de fontes renováveis de energia passou a ser encarado como fundamental para a superação das contradições ecológicas do modelo econômico atual.

As fontes renováveis que mais contribuem para o percentual verifi cado na matriz energética brasileira são:a) solar e eólica.b) biomassa e solar.c) eólica e hidráulica.d) hidráulica e biomassa.e) geotérmica e xisto.

Compreendendo a Habilidade– Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço

geográfi co, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.

C-6H-29

04. Um dos insumos energéticos que volta a ser considerado como opção para o fornecimento de petróleo é o aproveitamento das reservas de folhelhos pirobetuminosos, mais conhecidos como xistos pirobetuminosos. As ações iniciais para a exploração de xistos pirobetuminosos são anteriores à exploração de petróleo, porém as difi culdades inerentes aos diversos processos, notadamente os altos custos de mineração e de recuperação de solos minerados, contribuíram para impedir que essa atividade se expandisse.

O Brasil detém a segunda maior reserva mundial de xisto. O xisto é mais leve que os óleos derivados de petróleo, seu uso não implica investimento na troca de equipamentos e ainda reduz a emissão de particulados pesados, que causam fumaça e fuligem. Por ser fl uido em temperatura ambiente, é mais facilmente manuseado e armazenado.

Internet (com adaptações).

A substituição de alguns óleos derivados de petróleo pelo óleo derivado do xisto pode ser conveniente por motivos:a) ambientais: a exploração do xisto ocasiona pouca

interferência no solo e no subsolo.b) técnicos: a fluidez do xisto facilita o processo de

produção de óleo, embora seu uso demande troca de equipamentos.

c) econômicos: é baixo o custo da mineração e da produção de xisto.

d) políticos: a importação de xisto, para atender o mercado interno, ampliará alianças com outros países.

e) estratégicos: a entrada do xisto no mercado é oportuna diante da possibilidade de aumento dos preços do petróleo.

DE OLHO NO ENEM

TOP 10: PIORES ACIDENTES NUCLEARES

1. Chernobyl, 26 de abril de 1986

O reator número 4 da usina soviética de Chernobyl, na Ucrânia, explodiu durante um teste de segurança, causando a maior catástrofe nuclear civil da história e deixando mais de 25 mil mortos, segundo estimativas ofi ciais. O acidente recebeu a classifi cação de nível máximo, 7. O combustível nuclear queimou durante 10 dias, jogando na atmosfera radionuclídeos de uma intensidade equivalente a mais de 200 bombas atômicas iguais a que caiu em Hiroshima. Três quartos da Europa foram contaminados.

2. EUA, 28 de março de 1979

Em Three Mile Island (Pensilvânia), uma falha humana impediu o resfriamento normal de um reator, cujo centro começou a derreter. Os dejetos radioativos provocaram uma enorme contaminação no interior do recinto de confi namento, destruindo 70% do núcleo do reator. Um dia depois do acidente, um grupo de ecologistas mediu a radioatividade em volta da usina. Sua intensidade era oito vezes maior que a letal. Cerca de 140 mil pessoas foram evacuadas das proximidades do local. O acidente foi classifi cado no nível 5 da Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES), que vai de 0 a 7.

3. Japão, 12 de março de 2011

O terremoto de 9 pontos da Escala Richter, que atingiu o Japão em 11 de março, causou estragos na usina nuclear Daiichi, em Fukushima, cerca de 250 quilômetros ao norte de Tóquio. Explosões em três dos seis reatores da usina deixaram escapar radiação em níveis que se aproximam do preocupante, segundo as autoridades japonesas. O acidente foi classifi cado no nível 5 da Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES), pelas autoridades japonesas.

Enem em fascículos 2013

15Ciências Humanas e suas Tecnologias

4. EUA, agosto de 1979

Um vazamento de urânio em uma instalação nuclear secreta, perto de Erwin (Tennessee), contaminou cerca de mil pessoas.

5. Japão, janeiro-março de 1981

Quatro vazamentos radioativos na usina nuclear de Tsuruga, uma cidade na província de Fukui, a 300 quilômetros de Tóquio, deixaram 278 pessoas contaminadas por radiação.

INTRODUÇÃO

A aceleração histórica que vivenciamos tem a inovação técnica como um conjunto de dispositivos impulsionadores das organizações territoriais. A inovação faz parte do dia a dia das sociedades e, em particular, das empresas, por meio de mudanças nos processos produtivos e nos modelos dos produtos que inserem o progresso tecnológico. Tem-se, assim, uma verdadeira difusão da inovação, ancorando-se em mudanças tecnológicas nos sistemas produtivos e no desenvolvimento e ordenação dos territórios, por meio de novos espaços de inovação (espontâneos e planejados), além de implicações territoriais decorrentes da inovação.

Mas o que tornou as inovações uma temática importante, ou uma questão preeminente desta atualidade? Há quem diga que as inovações atuais, neste período das novas tecnologias aliadas às telecomunicações e à informática, alteram signifi cativamente as estruturas sociais, modifi cando os modos de se produzir, circular, distribuir e consumir bens, serviços e ideias, por exemplo, na organização espacial. Ou ainda, que os territórios e as sociedades atuais estão sendo reorganizados de maneira essencial por intermédio de processos tecno-espaciais. Ao nosso ver, esse é o conteúdo novo que faz suscitar outros questionamentos ou novas interpretações, dessa vez relacionados às inovações tecnológicas recentes, ao sistema produtivo e ao território, o que contribui para a emergência de uma geografi a da inovação. Este texto desenvolve uma refl exão sobre a difusão de inovação tecnológica, identifi cando as dimensões política, econômica e sociocultural das novas tecnologias nesta atualidade.

OBJETO DO CONHECIMENTO

Inovações tecnológicas e globalização: relações entre políticas públicas e desenvolvimento nacional

A partir dos anos 1990, a conjugação dos processos de globalização com as profundas mudanças das tecnologias de informação e comunicação vem provocando alterações visíveis no regime econômico, no modo de regulação e no modelo de socialização das sociedades contemporâneas.

Tais mudanças trazem implicações sociais, culturais e econômicas nas sociedades. Algumas delas são a fl exibilização de fl uxos de capitais, de bens e de serviços; comunicação em tempo real em escala mundial entre os mercados; mudança nos padrões de consumo, lazer e estilo de vida; surgimento de novas profi ssões e novas formas de trabalho, culminando em uma forte transformação cultural nas sociedades em escala global.

Para acompanhar essas mudanças, instrumentos de política vêm sendo desenvolvidos e aprimorados pelos governos com intenção de lidar com as novas realidades e alavancar o desenvolvimento dos países e prepará-los para a sociedade baseada no conhecimento.

É preciso fi car atento acerca de inovação tecnológica e globalização e nas relações entre políticas públicas e o desenvolvimento nacional.

O progresso científi co avança constantemente, pois precisa corresponder à demanda mundial por tecnologia. Porém, o desenvolvimento científi co não tem sido o desenvolvimento da humanidade como um todo, pois fatores como registro de propriedade intelectual, monopólio tecnológico e desigualdade social impedem que a ciência e a sociedade progridam juntas.

A ciência acentuou sua importância no decorrer da história humana, mudou a forma do homem lidar com a natureza e consigo mesmo; produziu conhecimentos que acarretaram mudanças positivas e negativas, ela está ligada ao fator sociopolítico e cultural.

A propriedade intelectual impede que o desenvolvimento científi co-tecnológico ocorra de forma democrática entre as regiões do mundo. Enquanto países desfrutam de altos padrões de tecnologia, outros tendem a viver de forma socialmente ultrapassada.

Existe uma desigualdade mundial no uso da tecnologia que pode ser verifi cada, por exemplo, pelas diferenças no índice de desenvolvimento humano, na mortalidade infantil por doenças de fácil controle e epidemias de doenças decorrentes da ausência de saneamento básico, que afetam as nações mais pobres. A globalização ampliou os mercados comerciais e difundiu bens de consumo, mas não modifi cou o panorama da prosperidade pelo globo. Os países subdesenvolvidos são empregados somente para manter os altos padrões de vida dos países ricos; sendo este um fator que perpetua as desigualdades sociais no mundo.

QUESTÃO COMENTADACompreendendo a Habilidade– Identifi car registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na

organização do trabalho e/ou da vida social.

C-4H-16

“Bem antes de a morte do líder da Al Qaeda ser noticiada pela mídia ou confirmada pelo presidente Barack Obama, Sohaib Athar, um morador de Abbottabad de 33 anos, descreveu em tempo real, no Twitter, o ataque que acontecia a alguns quilômetros de sua casa. [...] Quando veio à tona a notícia de que Osama bin Laden havia sido morto no ataque, Athar começou a juntar e-mails que estava recebendo da imprensa e se descreveu no Twitter como ‘o cara que blogou ao vivo o ataque contra Osama sem saber’ [...]”.

Uol Notícias. Disponível em: http://www.noticias.uol.com.brAcesso em: 17 ago. 2011.

Enem em fascículos 2013

16 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Sobre o papel das técnicas e novas tecnologias na organização da vida social, é correto afirmar que:a) as redes sociais da Internet cumprem hoje o papel de

principal fonte de informação e troca de ideias para a população do planeta, incluindo os países mais pobres.

b) atualmente há a possibilidade de conhecer instantaneamente acontecimentos simultâneos, graças aos avanços de tecnologias que possibilitaram a melhoria dos meios de comunicação.

c) apesar dos avanços verificados nos meios de comunicação, a distância entre os lugares é o maior obstáculo para o conhecimento de eventos simultâneos em “tempo real”.

d) apesar de aproximarem as mais diversas partes do mundo, os avanços técnicos nos meios de comunicação revelam-se incapazes de produzir transformações na vida social.

e) como a população mundial tem acesso aos avanços técnicos nos meios de comunicação, existe maior possibilidade de ela conhecer os eventos em “tempo real”.

Comentário

Vivemos em um período sem precedentes de mutações aceleradas em praticamente todos os campos da existência. A revolução nos transportes e na tecnologia são processos que têm transformado absolutamente a vida cotidiana das pessoas. Apesar das mudanças de paradigmas nos campos tecnológico, social e cultural não terem sido globalmente simétricas, afetando diferentemente, tanto em termos de intensidade como de época, os vários países e comunidades, os sinais da mudança podem ser identifi cados por todo o planeta. A fi nalidade de destacar esses câmbios é evidenciar que as pessoas estão enfrentando novos cotidianos e realidades, o que, por sua vez, afeta diretamente as empresas e organizações, confrontadas, a cada instante, com novas demandas e exigências.

Em termos macros, o pano de fundo desses processos de mudança tem sido a, aparentemente irreversível, globalização, com a crescente integração e interdependência das economias nacionais. Na atualidade, a economia global opera como uma unidade, em tempo real, e os limites temporais e espaciais têm sido suplantados pela revolução nos transportes e pelas novas tecnologias de informação e de comunicação. Os fl uxos de informação e comunicação, em um mundo conectado, permitem que as organizações detectem e reajam às mudanças no ambiente em um ritmo mais veloz.

Resposta correta: B

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Compreendendo a Habilidade– Comparar o signifi cado histórico-geográfi co das organizações

políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.C-2

H-9

05. Entre as promessas contidas na ideologia do processo de globalização da economia estava a dispersão da produção do conhecimento na esfera global, expectativa que não se vem concretizando. Nesse cenário, os tecnopolos aparecem como um centro de pesquisa e desenvolvimento de alta tecnologia que conta com mão de obra altamente qualifi cada. Os impactos desse processo na inserção dos países na economia global deram-se de forma hierarquizada e assimétrica. Mesmo no grupo em que se engendrou a reestruturação produtiva, houve difusão desigual da mudança de paradigma tecnológico e organizacional.

O peso da assimetria projetou-se mais fortemente entre os países mais desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento.

BARROS, F. A. F. Concentração técnico-científi ca: uma tendênciaem expansão no mundo contemporâneo?

Campinas: Inovação Uniemp, v. 3, n°1 jan./fev. 2007 (adaptado).

Diante das transformações ocorridas, é reconhecido que:a) a inovação tecnológica tem alcançado a cidade e o

campo, incorporando a agricultura, a indústria e os serviços, com maior destaque nos países desenvolvidos.

b) os fluxos de informações, capitais, mercadorias e pessoas têm desacelerado, obedecendo ao novo modelo fundamentado em capacidade tecnológica.

c) as novas tecnologias se difundem com equidade no espaço geográfi co e entre as populações que as incorporam em seu dia a dia.

d) os tecnopolos, em tempos de globalização, ocupam os antigos centros de industrialização, concentrados em alguns países emergentes.

e) o crescimento econômico dos países em desenvolvimento, decorrente da dispersão da produção do conhecimento na esfera global, equipara-se ao dos países desenvolvidos.

Compreendendo a Habilidade– Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica

dos fl uxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

C-2H-8

06. Observe a figura a seguir e responda à questão.

Assim Caminha a Humanidade – Sociedade de Consumo. Disponível em: http://blogdopedronelito.blogspot.com.br/2012/02/assim-

caminha-humanidade.html Acesso em: 29 de maio de 2012.

A sociedade de consumo mantém uma correlação com o neoliberalismo, que amplia o espaço privado, restringe o espaço público e transforma os direitos sociais em serviços demarcados pelo mercado. Sobre essa dinâmica, considere as afirmativas a seguir.I. Na lógica neoliberal do mercado, a busca do sucesso,

a qualquer preço, pelo indivíduo e a volatilidade do sistema econômico-financeiro geram fatores de insegurança social;

II. O planeta foi transformado em uma unidade de operações das corporações financeiras, sendo a fragmentação e a dispersão socioeconômica consideradas como natural e positiva;

III. Os valores sociais constituídos no seio das comunidades tradicionais são respeitados por indivíduos egocentrados, portadores dos valores essenciais do neoliberalismo;

IV. A democracia encontra-se prestigiada pela capacidade dos cidadãos de vender os direitos conquistados como serviços.

Enem em fascículos 2013

17Ciências Humanas e suas Tecnologias

Assinale a alternativa correta.a) Somente as afirmativas I e II são corretas.b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

DE OLHO NO ENEM

AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E A GLOBALIZAÇÃO

Quando se fala de Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTICs), refere-se ao conjunto de tecnologias microeletrônicas, informáticas e de comunicação que permitam a aquisição, armazenamento, processamento e transmissão de dados na forma de imagem, vídeo, texto ou áudio. Portanto, chamaremos de tecnologias da informação e da comunicação às tecnologias de redes de informática, aos dispositivos que interagem com elas e seus recursos.

As NTICs designam um conjunto de meios de armazenamento, de tratamento e de difusão da informação, gerado pelo casamento entre a informática, as telecomunicações e o audiovisual, que estão evoluindo em alta velocidade e recrutam cada dia mais adeptos. Portanto, a generalização do seu uso levanta muitas perguntas de ordem econômica, social, antropológica e até ética. As NTICs provocam um impacto real e concreto sobre as práticas: trabalho, aprendizagem, relacionamento humano.

São consideradas NTICs, entre outras, os computadores pessoais (PCs, personal computers), o rastreamento eletrônico para digitalização de imagens (scanners), a impressão por impressoras domésticas, a gravação doméstica de CDs e DVDs, a telefonia móvel (telemóveis ou telefones celulares), a TV por assinatura, TV a cabo, TV por antena parabólica, o correio eletrônico (e-mail), a Internet, a World Wide Web (principal interface gráfi ca da Internet), os websites e home pages, os quadros de discussão (message boards), o streaming (fl uxo contínuo de áudio e vídeo via Internet), o podcasting (transmissão sob demanda de áudio e vídeo via Internet), as tecnologias digitais de captação e tratamento de imagens e sons, a fotografi a digital, o vídeo digital, o som digital, a TV digital e o rádio digital, as tecnologias de acesso remoto (sem fi o ou wireless), Wi-Fi, Bluetooth.

É importante frisar que a incorporação de novas tecnologias não pretende substituir as tecnologias convencionais, tais como: televisões, rádio, materiais impressos e outras tecnologias, que são e continuarão sendo utilizadas. O que deve se ter em mente é que ambos os tipos de tecnologia se complementam e podem tornar mais efi cazes o processo de ensino-aprendizagem.

Deve-se mencionar também que informação e conhecimento se diferem, e o acesso a grandes quantidades de informação não assegura a possibilidade de transformá-la em conhecimento. Para extrair informações úteis do crescente oceano de dados acessíveis na Internet, exige-se um conhecimento básico do tema investigado, assim como estratégias e referenciais que permitam identifi car quais fontes são confi áveis.

Além disso, para transformar a informação em conhecimento, exige-se mais que qualquer outra coisa: pensamento lógico, raciocínio e juízo crítico. Nesse sentido, conhecimento e informação são elementos cruciais em todos

os modos de desenvolvimento, visto que o processo produtivo sempre se baseia em algum grau de conhecimento e no processamento da informação.

Para tanto, cabe fazer uma distinção entre conhecimento e informação. Conhecimento é um conjunto de declarações organizadas sobre fatos ou ideias, apresentando um julgamento ponderado ou resultado experimental que é transmitido a outros por intermédio de algum meio de comunicação, de alguma forma sistemática.

Enquanto que a informação é a comunicação de conhecimentos, ou seja, são dados que foram organizados e comunicados. Isto signifi ca que as tecnologias da informação e da comunicação se transformaram em elemento constituinte das nossas formas de ver e organizar o mundo.

Nesse cenário de singularidade e de intensas mudanças tecnológicas, a sociedade, é “pós-industrial” ou “informacional” e vive-se, hoje, o que se chama de “era da informação”, sustentada por novas tecnologias de informação e comunicação, como a trajetória mais provável pela ampliação da globalização e prevalecendo-se de uma nova hegemonia, delineia-se a sociedade da informação, ou sociedade do conhecimento.

A sociedade da informação é a sociedade que está atualmente a constituir-se, na qual são amplamente utilizadas tecnologias de armazenamento e transmissão de dados e informação de baixo custo. Esta generalização da utilização da informação e dos dados é acompanhada por inovações organizacionais, comerciais, sociais e jurídicas que alterarão profundamente o modo de vida tanto no mundo do trabalho como na sociedade em geral.

A sociedade informacional apresenta variação histórica considerável nos diferentes países, conforme sua história, cultura, instituições e relação específi ca com o capitalismo global e a tecnologia informacional.

Em um contexto globalizado, as tecnologias de informação e comunicação ligam localidades distantes de tal forma que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a milhas de distância e vice-versa. Pode-se dizer que tudo e todos estão conectados, interferindo e modifi cando seu meio social, econômico, político, cultural e institucional.

Nessa perspectiva, o processo contemporâneo de transformação tecnológica, expande-se exponencialmente em razão de sua capacidade de criar uma interface entre campos tecnológicos mediante uma linguagem digital comum na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, processada e transmitida. Assim, é possível afi rmar que interagimos em um mundo que se tornou digital, onde a sociedade informacional surge com velocidade e mobilidade surpreendentes, na qual o homem é obrigado a abdicar da rigidez das atitudes, ideias e tipos de comportamentos fundamentados no sistema de valores tradicionais, fazendo com que as mudanças operem em todos os sentidos de sua vida sem ao menos ter consciência real disso, ou seja, a realidade em que estamos inseridos atualmente altera nossas próprias vidas, de forma muito veloz sem que, às vezes, seja perceptível.

Em síntese, há quem apoie e considere que o uso das novas tecnologias é fundamental para o desenvolvimento, seja econômico e/ou social de uma sociedade; por outro lado, há quem vislumbre as NTICs como um processo de exclusão social e de fragmentação de instituições, de trabalho e de saberes. Contudo, o que não se pode desconsiderar é que as novas tecnologias fazem parte da sociedade contemporânea e que vieram para fi car.

De tal modo, é possível afi rmar que as novas tecnologias em si não são nocivas, já que fazer mais coisas com menos esforço e menos tempo é positivo. No entanto, as tecnologias sem a educação, conhecimentos e sabedoria que permitam organizar o seu real aproveitamento levam-nos a fazer mais rápido e em maior escala os mesmos erros.

Enem em fascículos 2013

18 Ciências Humanas e suas Tecnologias

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Compreendendo a Habilidade– Avaliar criticamente confl itos culturais, sociais, políticos, econômicos

ou ambientais ao longo da história.C-3

H-15

01. (Enem – Simulado) Após a avaliação das imagens abaixo e dos textos nelas contidos sobre o processo de independência do Brasil e a realidade social vivida nos primeiros anos do pós-independência, marque a opção mais coerente.

Viva a Independência

Que é isso, mãe?

Deve serum novoprodutoinglês...

http://www.historia.uff.br/nec/imagem/charge-sobre-indep%C3%AAndencia-do-brasil

Puxa, depois daIndependência, nossa vida

melhorou um bocado!

SCHIMIDT. M. História crítica no Brasil. São Paulo: Nova Geração, s.d. p. 90.

a) A primeira imagem retrata o entusiasmo com que a independência foi recebida pelos diversos segmentos da sociedade, enquanto a segunda demonstra que os escravos, muito embora, ainda na condição de cativos não eram mais submetidos a condições hostis de trabalho e exploração.

b) Enquanto a primeira imagem, desprovida de ironia, sugere a total ignorância do povo que não percebia que o nosso projeto de independência era atrelado aos interesses ingleses, a segunda refl ete, ironicamente, a posição social dos escravos neste processo.

c) As duas imagens promovem uma interpretação crítica da independência do Brasil, levando em consideração a tutela exercida pela Inglaterra, bem como a situação inalterada dos escravos no pós-independência.

d) As duas imagens assumem posições conservadoras por não evidenciarem ou criticarem abertamente as contradições econômicas e sociais existentes no contexto de nossa independência.

e) A primeira imagem demonstra o caráter econômico da independência, destacando as vantagens da entrada dos produtos ingleses no Brasil e a segunda que, no pós-independência, revela que apenas alguns escravos conseguiram ascensão social por realizarem trabalhos menos duros.

Compreendendo a Habilidade– Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para

mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.C-3

H-13

02. (Enem – Simulado)

D. Pedro II e a monarquia desequilibrados, Ângelo Agostini, charge extraída da revista Ilustrada, 21 de janeiro de 1882.

A ilustração representa a queda da monarquia no fi nal

do século XIX, que foi articulada por vários segmentos

da sociedade brasileira e pelo próprio desgaste do regime

monárquico. Identifi que nas alternativas as instituições e/ou

segmentos sociais que contribuíram para a crise do Império

e o advento da República.

a) Exército que se fragilizou com a Guerra do Paraguai

exigindo reparação do Estado pelas perdas no confl ito, a

Igreja que se indispôs com a postura laica do Imperador

e a Marinha que era de tendência progressista e

federalista.

b) Exército que assumia uma postura favorável ao

federalismo, os escravocratas insatisfeitos com inércia do

Estado ante ao avanço do abolicionismo e os segmentos

populares que participaram ativamente do golpe que

depôs o Imperador.

c) A elite agrária que se inspirava no positivismo francês,

o setor industrial que sendo o setor dominante

economicamente queria também o poder político e os

segmentos médios inspirados na fase republicana da

França revolucionária.

d) Cafeicultores inspirados no modelo federalista

norte-americano, o Exército que voltou fortalecido

da Guerra do Paraguai, a Igreja que rompeu com o

Imperador após a questão episcopo-maçônica.

e) A elite agrária desejosa de maior participação na vida

política, os segmentos populares empolgados com a

possibilidade de ter seus direitos ampliados com o novo

regime e a Marinha de tendência abolicionista.

Enem em fascículos 2013

19Ciências Humanas e suas Tecnologias

Compreendendo a Habilidade– Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das

sociedades.C-5

H-23

03. (Enem – Simulado) Observe as imagens abaixo.

Imagem 1 – http://totalanos60.blogspot.com.br/2010/09/governo-de-janio-quadros.html

Imagem 2 – http://tudonahora.uol.com.br/noticia/politica/2011/05/10/140443/duas-decadas-depois-stj-diz-que-campanha-de-collor-a-presidencia-em-1989-foi-legal

A distância de praticamente 29 anos que separa os dois personagens não impediu que estes tivessem práticas eleitorais semelhantes e que diante de momentos de crise utilizassem do recurso da renúncia aos seus mandatos. Sobre os contextos históricos que marcaram as eleições destes dois personagens marque a opção correta.a) Ambos primaram pela ética e apresentavam-se ao

eleitorado como alternativas às velhas práticas políticas vigentes buscando se distanciar dos tradicionais partidos políticos, dos quais não receberam apoio, mas apenas Jânio desfrutava de simpatia da mídia.

b) Os estilos personalista e teatral foram marcas dos dois candidatos que fi zeram uso de discursos eloquentes pautados na ética, prometendo combater à corrupção. O primeiro usava como símbolo a vassourinha, o segundo prometia acabar com os funcionários denominados de “marajás”.

c) enquanto o primeiro candidato se apoiou nas esquerdas para chegar ao poder, contando com o apoio do PCB, o segundo promove um discurso anticomunista, promovendo sérias acusações ao seu adversário no pleito, inclusive envolvendo a sua vida pessoal.

d) Os dois candidatos tiveram em sua plataforma de campanha um discurso ético-moralista, mas acabaram se envolvendo em escândalos de corrupção. Neste caso, o resultado para os dois foi a cassação de seus mandatos pelo Congresso Nacional.

e) Ambos são considerados verdadeiros fenômenos eleitorais e terminaram seus mandatos de formas diferentes, o primeiro desfrutou de grande prestígio junto a sociedade, já o segundo, completamente desgastado pelos escândalos de corrupção, jamais seria eleito para um novo mandato político depois de sua cassação.

Compreendendo a Habilidade– Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço

geográfi co, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.

C-6H-29

04. O acidente em Fukushima reaviva o trauma nuclear no Japão e leva o mundo a debater se essa fonte de energia é realmente segura e imprescindível. Países cancelam ou reavaliam seus planos atômicos.

Revista Veja, 23/3/2011.

Considerando o texto e seus conhecimentos referentes à produção, uso e consumo da energia nuclear, é correto afi rmar: a) A alta do petróleo é um fator favorável para que

haja redução dos investimentos em energia nuclear, considerando o custo benefício.

b) O acidente de Chernobyl assim como o de Fukushima desencadeiam movimentos sociais pró-energia nuclear.

c) A produção de energia nuclear torna-se uma medida viável para os países com limitação de potencial hidrelétrico.

d) A produção de energia nuclear brasileira é sabidamente efi ciente por sua origem em tecnologia alemã, com altos padrões de exigência para o funcionamento.

e) O caso ocorrido em Fukushima foi considerado um fato isolado, que jamais voltará a existir, dado ao avanço da tecnologia.

Compreendendo a Habilidade– Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço

geográfi co, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.

C-6H-29

05. Os setogramas mostram a Produção Energética Mundial em dois momentos distintos: 1973 e 2005.

gás natural19%

petróleo53%

carvão23%

1%4% 7%

nuclearfontes renováveis

11%

1973 2005

petróleo42%

carvão17%

gás natural23%

SMITH, Dan. Atlas da Situação Mundial. Um levantamento único dos eventos correntes e das tendências globais. São Paulo: Companhia Editora Nacional,

2007.

Enem em fascículos 2013

20 Ciências Humanas e suas Tecnologias

A partir da observação dos gráfi cos e dos seus conhecimentos anteriores, pode-se afi rmar que:a) no contexto da produção energética mundial, entre os

dois momentos analisados, a energia nuclear teve uma diminuição em seus índices porque sua construção e operação apresentam altos custos, com elevada emissão de gases de efeito estufa.

b) atualmente, a fonte de energia renovável que mais aumenta a produção é a eólica, devido ao funcionamento mais limpo e mais confi ável, apesar da média emissão de gases.

c) a grande queda na produção de energia a partir do petróleo ocorreu nesse período devido à redução das reservas petrolíferas mundiais e o crescente desenvolvimento de novas tecnologias de energias não renováveis como a geotérmica e o biocombustível.

d) o rápido aumento da produção de energia de fontes não renováveis, como a solar, hidráulica, marés, correntes marítimas e biomassa deve-se ao fato de não gerarem poluição e risco de grandes acidentes.

e) a redução de energia produzida pelo carvão mineral deve-se, entre vários fatores, ao fato de provocar elevada emissão de gases de efeito estufa e contribuir para a ocorrência de chuva ácida.

Compreendendo as Habilidades– Interpretar diferentes representações gráfi cas e cartográfi cas dos espaços geográfi cos.– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográfi cos.

C-2

C-6

H-6

H-27

06. Observe o mapa e a legenda.

OceanoPacífico

OceanoAtlântico

OceanoÍndico

0 5000 km

Quilogramas equivalentes em petróleo por habitante

de 70 a 260

CONSUMO DE ENERGIA EM 2003

de 260 a 530

de 530 a 1100

de 1100 a 2500

de 2500 a 10000

dados não disponíveis

Manière de Voir n.º 81, Le Monde Diplomatique, 2005. Adaptado.

O mapa indica:a) uma concentração de países que consomem mais

energia, resultado da globalização dos investimentos econômicos.

b) um desequilíbrio no acesso à energia entre países do antigo bloco socialista, devido ao controle imposto pelo FMI.

c) um desequilíbrio no consumo energético gerado pelas

diferenças tecnológicas e de renda entre países do

mundo.

d) uma concentração de países com baixo consumo

energético na África, graças à migração populacional

das áreas rurais.

e) um desequilíbrio no consumo energético entre países

europeus, em razão de investimentos realizados em

países periféricos.

Compreendendo as Habilidades– Interpretar diferentes representações gráfi cas e cartográfi cas dos espaços geográfi cos.– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográfi cos.

C-2

C-6

H-6

H-27

07.

Petróleo

Carvão

Gás natural

Combustíveis renováveis

Nuclear

Hidrelétrica

Outros

35

Consumo energético mundial, no ano de 2001

3025201510

(%)

(%)

50

Disponível em: http://www.iea.org

Sobre a exploração e utilização dos recursos energéticos

na atualidade, é correto afi rmar que:

a) nos dias de hoje, os recursos menos utilizados estão

distribuídos de maneira homogênea pelo mundo, tais

como o carvão e o petróleo.

b) as grandes reservas de combustíveis fósseis estão

concentradas em estruturas geológicas recentes, por

isso o seu uso é predominante.

c) a variedade na utilização de diferentes tipos de energia

indica os custos extremamente reduzidos em relação às

suas obtenções.

d) os recursos energéticos mais usados nos dias de hoje

estão distribuídos de forma desigual pelo mundo e os

custos para sua obtenção também são diferenciados.

e) apesar de o petróleo ocupar posição de destaque em

termos de consumo e exploração, o gráfi co em análise

indica o crescimento do consumo da eletricidade

proveniente das hidrelétricas.

Enem em fascículos 2013

21Ciências Humanas e suas Tecnologias

Compreendendo as Habilidades– Interpretar diferentes representações gráfi cas e cartográfi cas dos espaços geográfi cos.– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográfi cos.

C-2

C-6

H-6

H-27

08. Observe o gráfi co.

Mistura energética de alguns países (2005)

Distribuição por fontede consumo de energia(em%)

54,8 15,8 18,6 5,0 5,8

2,8 69,9 20,6 0,76,0

0,053,1

14,2 20,5 48,5 12,4 4,5

24,4

22,6

23,2 26,5 36,7 5,9 7,7

8,1 4,4 48,0 1,6 37,9

22,8 40,58,2 6,0

16,2 39,38,0

12,0

30,9 1,2 6,8

Somente países-membros da OCDE

Rússia

China

Índia

Japão

Europa

EUA

Mundo

Brasil

31 960

70 777

17 087

23 838

105 586

487 530

9 809

gás n

atur

alca

rvão

petró

leoen

ergi

a n

uclea

r

ener

gias

re

nová

veis

Consumo totalde energia (em quatrilhão de J)

85 861

54,8 15,8 18,6 5,0 5,8

2,8 69,9 20,6 0,76,0

0,053,1

14,2 20,5 48,5 12,4 4,5

24,4

22,6

23,2 26,5 36,7 5,9 7,7

8,1 4,4 48,0 1,6 37,9

22,8 40,58,2 6,0

16,2 39,38,0

12,0

30,9 1,2 6,8

Somente países-membros da OCDE

Rússia

China

Índia

Japão

Europa

EUA

Mundo

Brasil

31 960

70 777

17 087

23 838

105 586

487 530

9 809

gás n

atur

alca

rvão

petró

leoen

ergi

a n

uclea

r

ener

gias

re

nová

veis

Consumo totalde energia (em quatrilhão de J)

85 861

DURAND, Marie-Françoise [et al.]. Atlas da mundialização 2009: compreender o espaço mundial contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 101-102.

Escolha, a seguir, a alternativa que o interpreta corretamente.a) O Brasil tem destaque no consumo de energias

renováveis graças à produção do etanol.b) O petróleo é a principal fonte de consumo de energia

nos três maiores centros consumidores de energia.c) Os principais polos consumidores de petróleo no gráfi co

são também os maiores produtores.d) Os combustíveis fósseis são ainda muito dominantes no

mundo, refl etindo a distribuição dos centros econômicos mais poderosos do mundo.

e) A situação inferior do uso da energia nuclear, assim como da hidroeletricidade, se deve à escassez das matérias-primas para sua produção.

Compreendendo a Habilidade– Identifi car registros de práticas de grupos sociais no tempo e no

espaço.C-3

H-11

09. Leia o texto a seguir:

“Não é de hoje que ser ‘moderno’ e ‘antenado’ é ser diferente. Toda geração tem seu grupo tentando criar uma identidade própria, de preferência distante dos padrões que a sociedade considera normais, mas muito do que pregam tem um pé nos anos 70. No Brasil, uma das tendências é a Ecovila, espécie de comunidade baseada na produção de alimentos orgânicos, no uso de energia renovável e na preservação do ambiente. Outra moda é a volta dos discos de vinil (por exemplo, LPs) e a cultura do faça você mesmo, como a produção caseira de cervejas.”

Adaptado de: PRADO, A. C.; HUECK, K. A Volta dos Hippies.

Super Interessante, 296. ed., São Paulo: Abril, out. 2011, p.77-79.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre juventude e sociedade contemporânea, assinale a alternativa correta.a) A cultura do “faça você mesmo”, por ser contra a

exploração social, pauta-se pela recusa em utilizar produtos industrializados.

b) A retomada de práticas artesanais e criativas de sociabilidade é um dos fatores da redução da criminalidade juvenil no Brasil.

c) Entre os jovens de hoje, as identidades têm se constituído, predominantemente, a partir de elementos reconhecidos como culturais.

d) Inspirados nos hippies dos anos 1970, os jovens de hoje forçam o capitalismo a retornar a seu período artesanal.

e) O retorno aos referenciais setentistas justifica-se por ter sido um período no qual os jovens cultivavam mais os valores tradicionais.

Compreendendo a Habilidade– Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica

dos fl uxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

C-2H-8

10. Leia o texto abaixo e responda à questão:

“O capitalismo voltou a ser forte ideologicamente. É preciso deixar claro que em muitos casos (inclusive nos países tidos como desenvolvidos e democráticos) a ação repressiva contra os movimentos de contestação (comportamental e política) criou as condições para a ‘restauração capitalista’. No entanto, nem só de repressão vive o capitalismo. A retomada da supremacia ideológica dos valores capitalistas está vinculada ao processo de reestruturação do aparato produtivo voltado para a segmentação do mercado. As empresas apropriaram-se da rejeição juvenil do padrão único de comportamento (adultos de classe média) e passaram a vender mercadorias capazes de compor uma multiplicidade de estilos de vida, dependendo da ‘personalidade’ do consumidor.”

COELHO, Cláudio Novais Pinto. A Cultura Juvenil de Consumo e as Identidades Sociais Alternativas.

In: www.ritotal.com.br, acessado em 10/08/2002.

Enem em fascículos 2013

22 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Supervisão Gráfi ca: Andréa MenescalSupervisão Pedagógica: Marcelo PenaGerente do SFB: Fernanda DenardinCoordenação Gráfi ca: Felipe Marques e Sebastião Pereira

Projeto Gráfi co: Joel Rodrigues e Franklin BiovanniEditoração Eletrônica: Willmer PinheiroIlustrações: Setor de ArteRevisão: Káren Andrade

OSG.: 73692/13

Expediente

I. A relação entre a globalização e as diferenças sociais, presente na matéria, pode ser identifi cada através da supremacia ideológica dos valores capitalistas;

II. A violência contra os movimentos de contestação pode ser considerada como uma das consequências da globalização do capitalismo;

III. A expansão das empresas capitalistas no mundo contribuiu para o aumento das diferenças sociais entre os jovens, mas diminuiu as desigualdades econômicas entre os países;

IV. A globalização leva à criação de um mercado consumidor tanto padronizado quanto segmentado, atendendo a uma sociedade de consumo homogênea e, ao mesmo tempo, adaptando-se às diferentes culturas.

Estão corretas: a) todas. b) I, II e IV. c) I e II. d) II, III, IV. e) I, II e III.

GABARITOS

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01 02 03 04 05 06

D C D E A A

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

01 02 03 04 05

C D B D E

06 07 08 09 10

C D D C B