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INTRODUÇÃO Olá, querido estudante, Nesta seção abordaremos uma visão histórica dos movimentos sociais, com destaque especial para as rupturas, golpes e revoluções, constituindo um grande desafio que esperamos superar neste fascículo. No Brasil e no mundo, a associação de pessoas com objetivos semelhantes tem fornecido material infindo para todos os que trabalham na área das Ciências Sociais e que tem ganhado grande importância no Enem. Vamos começar? OBJETO DO CONHECIMENTO Perspectiva histórica dos movimentos sociais A luta pela sobrevivência foi um agente catalisador para a organização e mobilização dos grupos sociais que perceberam as vantagens de agir coletivamente. Na Pré-história, observamos que os indivíduos já se organizavam em clãs. A descoberta do fogo tornou-se elemento decisivo para os primeiros homens, pois permitiu cozer os alimentos e proteger-se contra o frio. Destacamos ainda, a descoberta das primeiras técnicas de produção na agricultura e a atividade pecuária, que permitiram a sedentarização e o aparecimento das primeiras civilizações no Oriente próximo, região do Crescente Fértil. Nessas civilizações, obras hidráulicas gigantescas que pudessem assegurar o abastecimento de água em períodos de escassez ou a construção de diques e barragens para conter inundações, demandavam grande disponibilidade de mão de obra e um controle forte para organizá-la: os Estados Teocráticos. Sendo assim, o poder político nessas civilizações encontrava-se fortemente ligado à religião. A população trabalhava sob regime de servidão coletiva nas terras pertencentes ao Estado, simbolicamente administrada pelo rei-deus ou por sacerdotes. Mesmo assim, não eram raros os episódios de insubordinação que buscavam romper o equilíbrio CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 5 Fascículo ENEM EM FASCÍCULOS - 2012 vigente, variando da insatisfação popular de camponeses, especialmente nos momentos de escassez de recursos, a movimentos de grupos oriundos da elite, como na reforma monoteísta no Egito. Outro exemplo facilmente perceptível está entre os hebreus. Se a manutenção de suas práticas religiosas foi fator de unidade, o movimento sionista foi sua expressão máxima, enquanto movimento social e político, na medida em que o desejo de criar um lar (nação) judaica na Palestina perdurou por séculos até a sua concretização, em 1948. As civilizações clássicas também experimentaram uma diversidade de movimentos sociais e políticos. Na Grécia Antiga, apesar da fragmentação territorial e da divisão administrativa em cidades-estado com características singulares, surgiu a democracia em meio a turbulências políticas. Embora tenham criado os fundamentos da democracia, os gregos promoveram a exclusão da grande maioria da população do processo político, resultando num quadro de grave opressão social, especialmente sobre os escravos. Em Roma, as disputas pelo poder resultaram em constantes alterações na ordem e na estrutura política e social. Mesmo assim, não podemos desprezar a capacidade de mobilização de movimentos sociais como os que ocorreram na fase republicana de Roma, onde os plebeus conseguiram avanços importantes, pressionando os patrícios a criar ou alterar a legislação, como a transformação das leis orais em leis escritas; direito da representação política dos plebeus com a escolha dos tribunos da plebe; autorização para casamento entre patrícios e plebeus e o plebiscito, entre outras. Podemos destacar ainda, em Roma, movimentos de grande envergadura, tais como a revolta dos escravos liderada por Spartacus ou os problemas relacionados à questão agrária, que tiveram a participação dos irmãos Graco. O surgimento do Cristianismo como uma seita do judaísmo também representou outro importante momento de ruptura, na medida em que a divulgação dos seus princípios monoteístas de amor ao próximo e pacifistas se chocavam com as bases do Império Romano, que era fundamentado em diversidade de deuses (politeísmo), escravismo e militarismo. O avanço do Cristianismo associado às pressões dos povos bárbaros e a crise do escravismo fizeram sucumbir o Império Romano. Em meio a tais crises, os imperadores liberaram e se converteram ao Cristianismo (Constantino) e o elevaram à condição de religião oficial do Império (Teodósio), fazendo surgir uma poderosa instituição: a Igreja Católica. Na Europa Ocidental Medieval, embora a Igreja Católica conseguisse impor uma estrutura teocêntrica, especialmente após a conversão de importantes grupos bárbaros como os francos, e tivesse ascendência direta em todos os setores da vida Neste fascículo, onde trabalharemos com a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, revisaremos as perspectivas históricas dos movimentos sociais, o papel das Organizações Supranacionais na nova ordem mundial e os movimentos sociais, diversidade e políticas afirmativas. Revisando esses assuntos, estaremos apoiando o aprendizado dessa área, contextualizando-o para a realidade do nosso dia a dia. Bom estudo para você! CARO ALUNO,

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introdução

Olá, querido estudante,

Nesta seção abordaremos uma visão histórica dos movimentos sociais, com destaque especial para as rupturas, golpes e revoluções, constituindo um grande desafio que esperamos superar neste fascículo. No Brasil e no mundo, a associação de pessoas com objetivos semelhantes tem fornecido material infindo para todos os que trabalham na área das Ciências Sociais e que tem ganhado grande importância no Enem. Vamos começar?

oBJEto do ConHECiMEnto

Perspectiva histórica dos movimentos sociais

A luta pela sobrevivência foi um agente catalisador para a organização e mobilização dos grupos sociais que perceberam as vantagens de agir coletivamente. Na Pré-história, observamos que os indivíduos já se organizavam em clãs. A descoberta do fogo tornou-se elemento decisivo para os primeiros homens, pois permitiu cozer os alimentos e proteger-se contra o frio. Destacamos ainda, a descoberta das primeiras técnicas de produção na agricultura e a atividade pecuária, que permitiram a sedentarização e o aparecimento das primeiras civilizações no Oriente próximo, região do Crescente Fértil. Nessas civilizações, obras hidráulicas gigantescas que pudessem assegurar o abastecimento de água em períodos de escassez ou a construção de diques e barragens para conter inundações, demandavam grande disponibilidade de mão de obra e um controle forte para organizá-la: os Estados Teocráticos. Sendo assim, o poder político nessas civilizações encontrava-se fortemente ligado à religião. A população trabalhava sob regime de servidão coletiva nas terras pertencentes ao Estado, simbolicamente administrada pelo rei-deus ou por sacerdotes. Mesmo assim, não eram raros os episódios de insubordinação que buscavam romper o equilíbrio

CiênCias Humanas e suas TeCnologias

5Fascículo

EnEm Em fascículos - 2012

vigente, variando da insatisfação popular de camponeses, especialmente nos momentos de escassez de recursos, a movimentos de grupos oriundos da elite, como na reforma monoteísta no Egito. Outro exemplo facilmente perceptível está entre os hebreus. Se a manutenção de suas práticas religiosas foi fator de unidade, o movimento sionista foi sua expressão máxima, enquanto movimento social e político, na medida em que o desejo de criar um lar (nação) judaica na Palestina perdurou por séculos até a sua concretização, em 1948.

As civilizações clássicas também experimentaram uma diversidade de movimentos sociais e políticos. Na Grécia Antiga, apesar da fragmentação territorial e da divisão administrativa em cidades-estado com características singulares, surgiu a democracia em meio a turbulências políticas. Embora tenham criado os fundamentos da democracia, os gregos promoveram a exclusão da grande maioria da população do processo político, resultando num quadro de grave opressão social, especialmente sobre os escravos. Em Roma, as disputas pelo poder resultaram em constantes alterações na ordem e na estrutura política e social. Mesmo assim, não podemos desprezar a capacidade de mobilização de movimentos sociais como os que ocorreram na fase republicana de Roma, onde os plebeus conseguiram avanços importantes, pressionando os patrícios a criar ou alterar a legislação, como a transformação das leis orais em leis escritas; direito da representação política dos plebeus com a escolha dos tribunos da plebe; autorização para casamento entre patrícios e plebeus e o plebiscito, entre outras. Podemos destacar ainda, em Roma, movimentos de grande envergadura, tais como a revolta dos escravos liderada por Spartacus ou os problemas relacionados à questão agrária, que tiveram a participação dos irmãos Graco.

O surgimento do Cristianismo como uma seita do judaísmo também representou outro importante momento de ruptura, na medida em que a divulgação dos seus princípios monoteístas de amor ao próximo e pacifistas se chocavam com as bases do Império Romano, que era fundamentado em diversidade de deuses (politeísmo), escravismo e militarismo. O avanço do Cristianismo associado às pressões dos povos bárbaros e a crise do escravismo fizeram sucumbir o Império Romano. Em meio a tais crises, os imperadores liberaram e se converteram ao Cristianismo (Constantino) e o elevaram à condição de religião oficial do Império (Teodósio), fazendo surgir uma poderosa instituição: a Igreja Católica.

Na Europa Ocidental Medieval, embora a Igreja Católica conseguisse impor uma estrutura teocêntrica, especialmente após a conversão de importantes grupos bárbaros como os francos, e tivesse ascendência direta em todos os setores da vida

Neste fascículo, onde trabalharemos com a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, revisaremos as perspectivas

históricas dos movimentos sociais, o papel das Organizações Supranacionais na nova ordem mundial e os movimentos sociais,

diversidade e políticas afirmativas.

Revisando esses assuntos, estaremos apoiando o aprendizado dessa área, contextualizando-o para a realidade do nosso dia a dia.

Bom estudo para você!

Caro aluno,

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Enem em fascículos 2012

2 Ciências Humanas e suas Tecnologias

social, política e econômica, podemos afirmar que teve muito trabalho ante o surgimento de movimentos, denominados por ela de heréticos, para manter seu status quo. Nessa fase, teve atuação destacada o Tribunal da Santa Inquisição. Ainda no período medieval, observou-se o envolvimento da religião com o poder, manifesto em eventos como as Jihad e as Cruzadas, justificadas como guerras santas, respectivamente, por muçulmanos e cristãos.

No período de transição feudo-capitalista, uma nova classe social surgiu do fortalecimento do comércio e se envolveu em diversos conflitos em busca de afirmação. Claro que estamos nos referindo à burguesia. Para tanto, esse grupo precisava romper com o modelo político, econômico e social herdado do período medieval. Essa ruptura precisava ocorrer em vários níveis como, por exemplo, em termos políticos. A formação das Monarquias Nacionais ou Estados Modernos, sobrepondo-se ao poder supranacional da Igreja e local dos senhores, que prejudicavam o comércio devido a proibições de lucro e diversidade de moedas, pesos e medidas. Em termos econômicos, as práticas mercantilistas favoreceriam as relações comerciais e a busca de novos mercados com a expansão marítima, superando a lógica autossuficiente feudal. Em termos culturais, o desenvolvimento de uma cultura laica, racional e empírica, embasou o Renascimento Cultural, contrário ao pensamento dogmático cristão. As mudanças econômicas e culturais motivaram as reformas religiosas, especialmente a calvinista, que buscava legitimar as práticas econômicas burguesas.

As revoluções burguesas inauguraram uma era de transformações que consolidaram o modelo capitalista. Grande contribuição prestou nesse sentido a Revolução Francesa, marco de ruptura com o Antigo Regime e que exerceu influências em diversos locais do planeta. A Revolução Americana foi a primeira a romper os laços do colonialismo no Novo Mundo e iniciou a trajetória de uma grande potência – os EUA.

A Revolução Industrial foi o grande fator de consolidação da economia capitalista, mas também provocou uma concentração de riquezas acentuada. O Regime disciplinar das fábricas, a ausência de leis trabalhistas e o aviltamento dos salários pela grande oferta de mão de obra, resultaram em movimentos sociais de resistência que iam desde a quebra das máquinas até a mobilização do operariado em sindicato e a realização de greves.

No mundo contemporâneo, as rupturas se tornaram cada vez mais intensas e ligadas a fatores diversos. A questão das nacionalidades (ex.: questão balcânica); a disputa por mercados (imperialismo); as crises econômicas mundiais (crack da Bolsa de Nova Iorque); a ascensão de regimes totalitários de esquerda e direita (nazifascismo e socialismo), entre outros, resultaram em dois conflitos mundiais e uma infinidade de questões locais. Na segunda metade do século XX, vieram a Guerra Fria e as rupturas e processos revolucionários que marcaram a descolonização afro-asiática. Já no início do século XXI, intensificaram-se as questões étnico-religiosas (questão judaica e palestina) e os conflitos locais, além é claro, do terrorismo.

No Brasil, a história dos movimentos sociais remonta ao período colonial, manifestando desde a insatisfação ante o fiscalismo exagerado da metrópole em movimentos elitistas e regionais (nativistas), até movimentos que questionavam a legitimidade do Pacto Colonial (emancipacionistas).

Na passagem da colônia para o império, podemos observar certa singularidade, já que o processo se iniciou formalmente com a abertura dos portos, logo após a chegada da Família Real ao Brasil em 1808, ou seja, a partir de uma iniciativa da própria metrópole. O projeto político da independência foi resultado das contradições entre os interesses da elite agrária brasileira e do projeto português de recolonização do Brasil, expresso na Revolução Liberal do Porto. Sabendo do risco que corria, a aristocracia rural brasileira aproximara-se do jovem príncipe D. Pedro, pretendendo convencê-lo a permanecer no Brasil. Essa situação contribuiu de fato para que o Brasil mantivesse a monarquia, a unidade territorial, a estrutura agroexportadora, e principalmente, a escravidão. Ainda podemos associar a este episódio, os interesses externos, já que a Inglaterra teve destacada atuação, ansiosa por ampliar mercados consumidores. Ressalte-se que a maior parte da população não participou ativamente deste processo autonomista, o que ajuda em parte a explicar o pequeno entusiasmo popular ao celebrar a data de nossa independência, sentindo mais orgulho nacional em eventos esportivos, como nas Copas do Mundo de Futebol.

A transição para a República foi igualmente recheada de particularismos. O governo de D. Pedro II enfrentava sérias dificuldades para manter a estabilidade, especialmente após a Guerra do Paraguai, quando a percepção por parte dos militares de sua limitada atuação política, estava diretamente associada ao modelo político vigente. Além disso, a participação dos escravos naquele conflito contribuiu para mudar a visão sobre a escravidão por parte de alguns militares que passaram a simpatizar com a causa abolicionista. O avanço dessas ideias comprometia, em muito, a relação do Imperador com os escravocratas, que cobravam uma atuação do Estado a fim de que não tivessem seus interesses econômicos contrariados. A relação do Trono com a Igreja Católica também estava desgastada, especialmente após os episódios envolvendo a Igreja, o Estado e a maçonaria. Enfim, a condição de continuidade de uma monarquia parecia cada vez mais remota devido à saúde do Imperador e à questão de gênero da sucessora (Princesa Isabel). Enfim, o golpe republicano, em 1889, foi resultado da conjugação dos interesses de cafeicultores, classes médias urbanas e militares, em que mais uma vez, a grande maioria da população, esteve alijada do processo político do seu país, como atesta o jornalista Aristides Lobo, ao afirmar que “O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem saber o que significava. Muitos acreditavam estar vendo uma parada”.

Na fase republicana do Brasil, golpes e revoluções se processam. A república que trazia muitas expectativas para a população findou em grande decepção, especialmente pelo projeto excludente da Constituição de 1891. O próprio equilíbrio entre os poderes proposto neste projeto durou pouco, pois Deodoro da Fonseca tendo seus interesses centralizadores contrariados pelo Congresso de maioria civil e de ideais federalistas optou pelo fechamento do poder legislativo. Embora, nesta fase, a atuação popular pelo voto fosse limitada, a Primeira República presenciou vários movimentos sociais que de alguma forma representavam uma reação ao latifúndio, à miséria e à opressão política das oligarquias, como nos movimentos messiânicos de Canudos e do Contestado, e ainda, em movimentos urbanos, como as Revoltas da Vacina e da Chibata.

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Enem em fascículos 2012

3Ciências Humanas e suas Tecnologias

O processo de industrialização, iniciado ao longo da Primeira Guerra, produziu transformações econômicas e sociais. Os grupos oligárquicos que controlavam a Primeira República não conseguiram atender aos interesses dos novos grupos sociais que surgiram, como a burguesia nacional e os operários. Além destes, as oligarquias dissidentes e o movimento tenentista são exemplos das novas forças que surgiam naquele momento e que abriram caminho para a Revolução de 1930, que levou ao poder o oligarca gaúcho Getúlio Vargas.

Com Vargas o modelo populista ganhou força, o Estado passou a atuar como mediador, reconhecendo os novos grupos sociais, mas promovendo sobre eles uma forte tutela mediante o atendimento de algumas reivindicações, das quais se destacou a concessão de leis trabalhistas, o voto feminino e o incentivo à indústria. Mas havia um interesse continuísta e para concretizá-lo, o recurso de fechar o Congresso e indicar interventores nos estados foi prática constante. Para justificar essas medidas de exceção, o cenário de polarização ideológica entre as esquerdas e a extrema direita no período entre guerras, contribuiu bastante.

Restituída a democracia em 1946, as questões pontuais do autoritarismo varguista ainda não tinham sido totalmente resolvidas, até se agravaram com o seu retorno e posterior suicídio em 1954, sendo este ato, um duro golpe nos seus adversários que tinham como certa a tomada do poder, seja através de golpe ou nas próximas eleições. Nem mesmo a estabilidade ante o crescimento econômico-industrial dos anos J.K restabeleceram a tranquilidade, afinal a curta gestão de Jânio interrompida por sua inesperada renúncia causou uma forte crise institucional, em virtude da contestação da posse do vice João Goulart por setores conservadores, situação superada com a adoção do regime parlamentar entre os anos de 1961 e 1963. O histórico de Goulart (ex-ministro do Trabalho de Vargas) assustava aos segmentos conservadores que temiam que o Brasil seguisse a mesma trajetória cubana. Isolado politicamente e sob uma forte pressão internacional dos EUA, Jango acabou deposto por um golpe civil-militar.

Já durante o Regime Militar (1964 a 1985), devemos destacar que, embora não fossem os únicos, o movimento estudantil e o movimento operário tiveram importante atuação no questionamento da ordem autoritária e da subordinação ao capital estrangeiro. A Marcha dos Cem Mil, em 1968, em protesto contra a morte do estudante Edson Luís e a greve operária dos metalúrgicos, em 1979, na busca de um sindicato desvinculado da tutela do Estado são exemplos a serem destacados.

O declínio do bloco soviético, o avanço das ideias neoliberais e o fortalecimento dos regimes democráticos no mundo influenciaram nas mobilizações pela redemocratização do Brasil, que ocorreria após 1985. A jovem democracia enfrentou turbulências, mas embasada na Constituição de 1988 foi se mantendo e se ratificando, atingindo seu auge no impeachment de Fernando Collor, na transparência das eleições e na ascensão da primeira mulher ao cargo de Presidente da República.

Atualmente, o processo cada vez mais intenso de globalização conta com o crescimento das redes sociais, que contribuem intensamente para a difusão de movimentos que defendem causas nobres e urgentes, tais como a defesa do meio ambiente e o combate à fome, ao racismo e a todo tipo de preconceito. Ao mesmo tempo, ainda se espalham exemplos de intolerância e ódio através de ideias de grupos neonazistas, fundamentalistas e terroristas. Ao que parece, esses novos movimentos sociais terão de conviver com antigos dilemas, resultantes das contradições do mundo capitalista.

QuEStão CoMEntadaCompreendendo a Habilidade– Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos

ou ambientais ao longo da história..

C-3H-15

• Leia.

Texto IQUINZE DE NOVEMBRO

Deodoro todo nos trinquesBate na porta de Dão Pedro Segundo.“— Seu imperador, dê o foraque nós queremos tomar conta desta bugiganga.Mande vir os músicos.”O imperador bocejando responde:“Pois não meus filhos não se vexemme deixem calçar as chinelaspodem entrar à vontade:só peço que não me bulam nas obras completas deVictor Hugo”.

Murilo Mendes. História do Brasil. Poemas.Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994 p. 169.

Texto II

Então, barão deCotegipe, ganhei

ou não ganheia parada?!?

A Senhoraganhou a parada

...mas perdeuo trono.

13 de maio de1888

Carlos Eduardo Novaes e César Lobo.História do Brasil para principiantes.

O poema e a charge anteriores retratam importante momento de ruptura da história do Brasil. Sobre este episódio, assinale a alternativa verdadeira.a) A charge refere-se à Princesa Isabel que ao assinar a Lei

Áurea agravou a crise do império que culminou com o golpe republicano, e o poema, ao mencionar Deodoro, destaca a atuação dos militares nesse processo.

b) O poema e a charge referem-se à abdicação de D. Pedro I, em que sua filha, a Princesa Isabel, ainda menor de idade, foi comunicada que não poderia assumir o trono.

c) O texto e a charge mostram o caráter revolucionário da Proclamação da República, destacando a importância dos militares, que após violentos combates conseguiram a expulsão imediata da Família Real do Brasil.

d) O texto e a charge referem-se à Independência do Brasil em que a aristocracia rural insatisfeita com a possibilidade de ser governada por uma mulher decidiu retirá-la do trono, diante do debilitado estado de saúde do Imperador.

e) A charge demonstra o grande prestígio de que desfrutava a Princesa Isabel, herdeira do trono, que ao assinar a Proclamação da República seria homenageada por uma parada militar sem perceber que com isso perderia o trono.

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Enem em fascículos 2012

4 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Comentário

O processo de Proclamação da República no Brasil foi liderado por setores progressistas da aristocracia rural, especialmente da região Sudeste, onde se expandiam e se desenvolviam cafezais – notadamente no oeste paulista, que eram controlados por uma burguesia agrária dinâmica e moderna, que utilizava mão de obra livre. A aproximação com os militares foi devido a uma conjuntura de atritos entre o trono e a caserna, que levou os últimos a se afastar e romper com o Império, liderando a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. É importante frisar que a mudança do regime político não trouxe alterações profundas nas estruturas econômicas ou sociais, sendo mantidas a economia predominantemente agrária, a concentração fundiária e a exclusão social. Também não houve participação da maioria da população, normalmente à parte das decisões mais importantes do Brasil.

Resposta correta: a

EXErCÍCioS dE FiXação

Compreendendo a Habilidade– Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para

mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.– Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos

ou ambientais ao longo da história.

C-3H-13

H-15

01. Após a avaliação das imagens abaixo e dos textos nelas contidos sobre o processo de independência do Brasil e a realidade social vivida nos primeiros anos do pós-independência, marque a opção mais coerente.

Viva a Independência

O que é isso, mãe?

Deve ser um novo produto inglês

Puxa, depois daIndependência, nossa vida

melhorou um bocado!

http://www.historia.uff.br/nec/imagem/charge-sobre-idep%C3%aAndencia-do-brasil.

SCHIMIDT. M. História Crítica no Brasil, São Paulo: Nova Geração, s.d. p. 90.

a) A primeira imagem retrata o entusiasmo com que a independência foi recebida pelos diversos segmentos da sociedade, enquanto a segunda demonstra que os escravos, muito embora, ainda na condição de cativos não eram mais submetidos a condições hostis de trabalho e exploração.

b) Enquanto a primeira imagem, desprovida de ironia, sugere a total ignorância do povo que não percebia que o nosso projeto de independência era atrelado aos interesses ingleses, a segunda reflete, ironicamente, a posição social dos escravos neste processo.

c) As duas imagens promovem uma interpretação crítica da Independência do Brasil, levando em consideração a tutela exercida pela Inglaterra, bem como a situação inalterada dos escravos no pós-independência.

d) As duas imagens assumem posições conservadoras por não evidenciarem ou criticarem abertamente as contradições econômicas e sociais existentes no contexto de nossa independência.

e) A primeira imagem demonstra o caráter econômico da independência, destacando as vantagens da entrada dos produtos ingleses no Brasil e a segunda que, no pós-independência, revela que apenas alguns escravos conseguiram ascensão social por realizarem trabalhos menos duros.

Compreendendo a Habilidade– Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam

as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio

físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográficos.

C-4

C-6

H-19

H-27

02. O conceito de Revolução Neolítica foi criado pelo arqueólogo australiano Gordon Childe para designar o processo caracterizado pelo início da sedentarização dos primeiros grupos humanos, graças ao descobrimento da agricultura e à domesticação de animais. Segundo alguns autores, o homem passou de parasita a sócio da natureza. A sedentarização levou à formação de aldeias e à necessidade de organização e divisão do trabalho. As relações sociais se tornaram mais complexas e o resultado foi o surgimento de classes sociais, leis escritas, religião, governo e estado, que originaram as primeiras civilizações.

Acerca da Revolução Neolítica, assinale a alternativa que explica corretamente o termo em destaque no enunciado.a) O homem deixou de ser coletor e viver do que retirava

da natureza e passou a utilizar os recursos naturais para reproduzir elementos da própria natureza em seu benefício.

b) A humanidade passou a viver exclusivamente do que a natureza lhe oferecia, tornando-se dependente dos recursos naturais e sem atuar no ambiente de modo a alterar sua estrutura.

c) Com o surgimento das primeiras civilizações o homem passou a intervir na natureza, por exemplo alterando o curso de rios, sem contudo agredi-la, ao reconhecer a parceria entre ambos.

d) No processo de formação das primeiras civilizações, foi fundamental a simbiose entre o homem e a natureza, através de rituais religiosos que possibilitaram o conhecimento das técnicas agrícolas.

e) A passagem de uma economia coletora para uma economia produtora permitiu o aumento da expectativa de vida e o crescimento das populações que passaram a viver da agricultura e da pecuária.

dE olHo no EnEM

MOVIMENTOS SOCIAIS VÃO DIVULGAR LISTADE PARLAMENTARES “FICHA LIMPA”

Dois movimentos sociais, a Articulação Brasileira Contra a Corrupção e a Impunidade (Abracci) e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), já se preparam para divulgar a lista de parlamentares brasileiros considerados “ficha limpa”. Os movimentos vão criar uma página na Internet (www.fichalimpaja.org.br), na qual divulgarão os nomes de todos os políticos que estão aptos a concorrer nas eleições de outubro próximo, além de documentos que comprovem a elegibilidade dos mesmos, já com base na nova legislação eleitoral.

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Enem em fascículos 2012

5Ciências Humanas e suas Tecnologias

De acordo com informações da assessoria de imprensa do MCCE, o eleitor poderá fazer a consulta dos políticos por estado, cargo ou partido político. Além disso, a sociedade poderá denunciar algum nome que figure na lista como “ficha limpa” erroneamente. Os documentos disponibilizados pelos políticos e publicados em PDF na página serão analisados por uma assessoria jurídica, por meio de uma parceria firmada com as faculdades de Direito da Fundação Getulio Vargas e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Uma das organizadoras da iniciativa e membro da Abracci, Betina Sarue, afirmou que o objetivo da página é oferecer ao eleitor uma lista positiva e voluntária para auxiliar o eleitorado. Segundo a assessoria, a página será lançada ainda sem nomes, para que nenhum partido político alegue favorecimentos. A divulgação, para que os candidatos possam ter seus nomes no site, será feita por meio dos partidos políticos. São eles que deverão esclarecer a proposta da Abracci/MCCE e pedir que os concorrentes a cargos políticos se manifestem. “Por isso, o interesse dos parlamentares em participar é fundamental”, esclareceu.

Só Notícias/Alex Famahttp://www.sonoticias.com.br/noticias

introdução

Olá, querido estudante,

Com a nova ordem mundial, expressa pelo processo de mundialização da economia, e com o enfraquecimento dos estados nacionais que resultou no fim das fronteiras, as organizações supranacionais passaram a ter cada vez mais destaque no cenário internacional. Nesse novo cenário, organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Mundial do Comércio (OMC) e, mais recentemente, os BRICS assumiram um papel de destaque na chamada política internacional.

oBJEto do ConHECiMEnto

Organizações supranacionais

Criadas após a Segunda Guerra Mundial, essas instituições surgem com o entendimento de que os direitos, deveres e condições socioeconômicas dos países não podem mais ser vistos como problemas isolados. Já que influenciam a ordem global, precisam de alguns mecanismos para serem regulados globalmente.

Sem dúvida, as resoluções dos organismos internacionais – como a OMC, ONU e FMI – sempre têm um grande impacto nos governos e na formação da opinião pública internacional. Diante desse poder é forte o questionamento sobre a “igualdade de vantagens” e “não autoridade sobre os governos” como

princípios das instituições internacionais. Como garantir esses pressupostos para países com realidades político-econômicas tão assimétricas quanto a dos países desenvolvidos e dos países subdesenvolvidos?

Esse é um ponto polêmico, alimentado pelo fato de a maioria das instituições internacionais, que deveriam garantir a representatividade de todos os países, terem na verdade sua constituição e distribuição de poder condicionadas pela posição político-econômica dos países na comunidade internacional. No FMI, por exemplo, os votos estão relacionados com a cota de contribuição dos Estados para o Fundo. Os EUA, como maior cotista, têm a maioria dos votos. No FMI e Banco Mundial existe uma espécie de voto censitário de acordo com o poder econômico dos países.

ONUOrganização das Nações

Unidas (ONU), ou simplesmente Nações Un ida s (NU ) , é uma organização internacional cujo objetivo declarado é facil itar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança internacional, desenvo l v imento econômico , progresso social, direitos humanos e a realização da paz mundial. A ONU foi fundada em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, para substituir a Liga das Nações. Ela contém várias organizações subsidiárias para realizar suas missões.

Existem atualmente 193 estados-membros, incluindo quase todos os estados soberanos do mundo. De seus escritórios em todo o mundo, a ONU e suas agências especializadas

d e c i d e m s o b r e q u e s t õ e s dessubstantivas e administrativas, em reuniões regulares, ao longo do ano. A organização está dividida em instâncias administrativas, principalmente: a Assembleia Geral (assembleia deliberativa principal); o Conselho de Segurança (para

decidir determinadas resoluções de paz e segurança); o Conselho Econômico e Social (para auxiliar na promoção da cooperação econômica e social internacional e desenvolvimento); o Secretariado (para fornecimento de estudos, informações e facilidades necessárias para a ONU), o Tribunal Internacional de Justiça (o órgão judicial principal). Além de órgãos complementares de todas as outras agências do Sistema das Nações Unidas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A figura mais publicamente visível da ONU é o Secretário-Geral, cargo ocupado desde 2007 por Ban Ki-moon, da Coreia do Sul. A organização é financiada por contribuições voluntárias dos seus Estados-membros, e tem seis idiomas oficiais: árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol.

Organismos intergovernamentais, ou programas são:• OIT – Organização Internacional do Trabalho.• FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e

Alimentação.• UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação,

Ciência e Cultura.

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Enem em fascículos 2012

6 Ciências Humanas e suas Tecnologias

• OMS – Organização Mundial de Saúde.• Grupo do Banco Mundial (BIRD, Banco Internacional de

Desenvolvimento).• IDA – Associação de Desenvolvimento.• CFI – Corporação Financeira Internacional.• AGMF – Agência de Garantia Multilateral de Financiamento.• CIRDF – Agência Internacional para a Resolução de Disputas

Financeiras (CIRDF).• FMI – Fundo Monetário Internacional.• ICAO – Organização da Aviação Civil Internacional.• UPU – União Postal Universal.• ITU – União Internacional de Telecomunicações.• OMM – Organização Meteorológica Mundial.• IMO – Organização Marítima Internacional.• OMPI – Organização Mundial da Propriedade Intelectual.• FIDA – Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola.• UNIDO – Organização das Nações Unidas para o

Desenvolvimento Industrial.• OMT – Organização Mundial do Turismo.• AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica.• OMC – Organização Mundial do Comércio.• OPAQ – Organização para a Proibição de Armas Químicas.• CTBTO – Organização Preparatória para o Tratado de

Proibição de Testes Nucleares.• UNCTAD – Conferência das Nações Unidas sobre Comércio

e Desenvolvimento.• PMA – Programa Mundial de Alimentos.

Alguns programas são criados especificamente para determinadas regiões, como por exemplo:• PNUD – Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento.• UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância.• PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente.• ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para

Refugiados.• UNFPA – Fundo de População das Nações Unidas.• UN-Habitat – Programa das Nações Unidas para

Assentamentos Urbanos.• UNIFEM – Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas

para Mulher.• UNAIDS – Programa Conjunto das Nações Unidas sobre

HIV/Aids.• UNODC – Escritório das Nações Unidas contra Drogas e

Crime.• UNRWA – Agência das Nações Unidas de Assistência aos

Refugiados Palestinos.

FMIO Fundo Monetário

Internacional (FMI) é uma organização internacional que pretende assegurar o bom func ionamento do s i s tema f i n a n c e i r o m u n d i a l p e l o m o n i t o r a m e n t o d a s t a x a s de câmbio e da balança de pagamentos, através de assistência técnica e financeira. Sua criação ocorreu pouco antes do final da Segunda Guerra Mundial, em julho de 1944, e sua sede é em Washington, DC, Estados Unidos. Atualmente conta com mais de 187 nações. O FMI foi criado em 1944, com 45 países representados inicialmente em Bretton Woods, New Hampshire, nos EUA.

Tem como objetivo básico zelar pela estabilidade do sistema monetário internacional, através da promoção da cooperação e da consulta de assuntos monetários entre os seus 187 países-membros. Com exceção de Coreia do Norte, Cuba, Liechtenstein, Andorra, Mônaco, Tuvalu e Nauru, todos os membros da ONU fazem parte do FMI. O Fundo favorece a progressiva eliminação das restrições cambiais nos países-membros e concede recursos temporariamente para evitar ou remediar desequilíbrios no balanço de pagamentos. Além disso, o FMI planeja e monitora programas de ajustes estruturais e oferece assistência técnica e treinamento para os países-membros.

Banco MundialO Banco Mundial começou a

partir da criação do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) nas Conferências de Bretton Woods, em 1944. Por costume, o Banco Mundial é presidido por um norte-americano.

A missão inicial do Banco Mundial, até então somente

o BIRD, foi de financiar a reconstrução dos países devastados

pela Segunda Guerra Mundial. Com o tempo, a missão evoluiu

para a de financiamento do desenvolvimento dos países mais

pobres e de auxílio financeiro.O Banco Internacional para

Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) possui 187 países-membros, enquanto a Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA) tem 168 membros. Cada Estado-membro do BIRD deve ser também um membro do Fundo Monetário Internacional (FMI) sendo que somente os membros do BIRD estão autorizados a juntar-se a outras instituições dentro do Banco.

Poder de voto no Banco Mundial

Estado-membro Percentagem

Estados Unidos 16,39%

Japão 7,86%

Alemanha 4,49%

França 4,30%

Reino Unido 4,30%

Brasil 2,24%

Outros 62,66%

OMCA Organização Mundial do

Comércio (OMC) é uma organização internacional que trata das regras do comércio internacional. Possui sede em Genebra, Suíça, e conta com 156 membros. Suas funções são:• gerenc ia r os acordos que

compõem o sistema multilateral de comércio;

OMC

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7Ciências Humanas e suas Tecnologias

• servir de fórum para comércio nacional (firmar acordosinternacionais);

• supervisionaraadoçãodosacordoseimplementaçãodestesacordos pelos membros da organização (verificar as políticas comerciais nacionais).

O u t r a f u n ç ã o m u i t o importante na OMC é o Sistema de resolução de Controvérsias da OMC, o que a destaca entre outras instituições internacionais. Este mecanismo foi criado para solucionar os conflitos gerados pela aplicação dos acordos sobre o comércio internacional entre os membros da OMC.

Além disso, a cada dois anos, a OMC deve realizar pelo menos uma Conferência Ministerial. Existe um Conselho Geral que implementa as decisões alcançadas na Conferência e é responsável pela administração diária. A Conferência Ministerial escolhe um diretor-geral com o mandato de quatro anos. Atualmente, o Diretor-geral é Pascal Lamy, que tomou posse em 8 de março de 2008.

FAO

Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

Emblema da FAO com o seu lema latino, Fiat Panis (Seja feito o pão)

Tipo Agência especializada

Acrônimo FAO

Comando José Graziano

Status ativa

Fundação 16 de outubro de 1945

Sede Roma, Itália

Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, sigla de Food and Agriculture Organization) é uma organização das Nações Unidas cujo objetivo é aumentar a capacidade da comunidade internacional para de forma eficaz e coordenada, promover o suporte adequado e sustentável para a Segurança Alimentar e Nutrição. Para isso, realiza

programas de melhoria da eficiência na produção, elaboração, comercialização e distribuição de alimentos e produtos agropecuários de granjas, bosques e pescarias.

De acordo com a própria FAO, suas principais atividades são:• Desenvolverassistênciaparapaísessubdesenvolvidos.• Informação sobre nutrição, comida, agricultura,

florestamento e pesca.• Aconselhamentoagovernos.• Servir como um fórum neutro para discutir e formular

políticas nos principais assuntos relacionados a agricultura e alimentação.

A FAO foi fundada a 16 de outubro de 1945, em Quebeque, Canadá. Em 1951, sua sede foi transferida para Roma, por iniciativa do governo italiano, que teria investido quatro milhões de dólares na construção da nova sede. Em 2000, tinha 181 membros (180 países e a União Europeia).

OEAA Organização dos Estados Americanos é o mais antigo

organismo regional do mundo. A sua origem remonta à Primeira Conferência Internacional Americana, realizada em Washington, D.C., de outubro de 1889 a abril de 1890. Esta reunião resultou na criação da União Internacional das Repúblicas Americanas, e começou a se tecer uma rede de disposições e instituições, dando início ao que ficará conhecido como “Sistema Interamericano”, o mais antigo sistema institucional internacional.

A OEA foi fundada em 1948 com a assinatura, em Bogotá, Colômbia, da Carta da OEA que entrou em vigor em dezembro de 1951. A Organização foi criada para alcançar nos Estados-membros, como estipula o Artigo 1º da Carta, “uma ordem de paz e de justiça, para promover sua solidariedade, intensificar sua colaboração e defender sua soberania, sua integridade territorial e sua independência”. Hoje, a OEA congrega os 35 Estados independentes das Américas e constitui o principal fórum governamental político, jurídico e social do hemisfério. Além disso, a Organização concedeu o estatuto de observador permanente a 67 Estados e à União Europeia (EU). Para atingir seus objetivos mais importantes, a OEA baseia-se em seus principais pilares que são a democracia, os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento.

Organização dos Estados Americanos (OEA)Organisation des États AméricainsOrganization of American States

Organización de los Estados Americanos

Bandeira da Organização dos Estados Americanos

Países membros da OEA.

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8 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Fundação 5 de maio de 1948

Tipo Organização internacional

Sede Washington D.C., Estados Unidos

Membros 35 países

Línguas oficiais

InglêsFrancêsEspanholPortuguês

Secretário-Geral

José Miguel Insulza

Chile

(desde 26 de maio de 2005)

G8O G r u p o d o s

Sete e a Rússia, mais conhecido como G8, é um grupo internacional que reúne os sete países ma i s indus t r i a l i zados e d e s e n v o l v i d o s e c o n o m i c a m e n t e d o mundo, mais a Rússia. Todos os países se dizem nações democrát icas : Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá (antigo G7), mais a Rússia – esta última não participando de todas as reuniões do grupo. Durante as reuniões, os dirigentes máximos de cada Estado-membro discutem questões de alcance internacional.

O G8 é muito criticado por um grande número de movimentos sociais, normalmente integrados no movimento antiglobalização, que acusam o G8 de decidir uma grande parte das políticas globais, social e ecologicamente destrutivas, sem qualquer legitimidade nem transparência. Sempre que ocorrem reuniões do G8 são convidados também um grupo denominado de G5 (Brasil, India, China, México e África do Sul). Tudo indica que no futuro essas duas organizações se juntem formando o G13.

G20O Grupo dos 20 (ou G20) é um grupo formado pelos

ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. Foi criado em 1999, após as sucessivas crises financeiras da década de 1990. Visa favorecer a negociação internacional, integrando o princípio de um diálogo ampliado, levando em conta o peso econômico crescente de alguns países, que, juntos, representam 90% do PIB mundial, 80% do comércio mundial (incluindo o comércio intra-UE) e dois terços da população mundial. O peso econômico e a representatividade do G-20 conferem-lhe significativa influência sobre a gestão do sistema financeiro e da economia global.

O G-20 estuda, analisa e promove a discussão entre os países mais ricos e os emergentes sobre questões políticas relacionadas com a promoção da estabilidade financeira internacional e encaminha as questões que estão além da responsabilidade individual de qualquer organização.

Com o crescimento da importância do G-20 a partir da reunião de 2008, em Washington, e diante da crise econômica mundial, os líderes participantes anunciaram, em 25 de setembro de 2009, que o G-20 seria o novo conselho internacional permanente de cooperação econômica, eclipsando o G8, constituído pelas oito economias mais ricas.

Grupo dos 20G-20

Mapa-múndi destacando os países do G-20. Países-membros do G-20

Países-membros da União Europeia que não são individualmente representados no G-20

Fundação19992008 (Cúpula)

Membros 20

Presidência do G-20 México (2012)]

Argentina Austrália Brasil Canadá

China França Alemanha Índia

Indonésia Itália Japão México

Rússia Arábia Saudita África do Sul Coreia do Sul

Turquia Reino Unido Estados Unidos União Europeia

OCDEA Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma organização internacional de 34 países que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado. Os membros da OCDE são economias de alta renda com um alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e são considerados países desenvolvidos, exceto México, Chile e Turquia.

Teve origem em 1948 como a Organização para a Cooperação Econômica (OECE), liderada por Robert Marjolin da França, para ajudar a administrar o Plano Marshall para a reconstrução da Europa, após a Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, a sua filiação foi estendida a estados não europeus. Em 1961, foi reformada para a Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Convenção sobre a Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento. A sede da OCDE é localizada em Paris, França.

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9Ciências Humanas e suas Tecnologias

Réalisation, Roberto Girmeno et Atelier de cartographie de Sciences Po.

L’Organisation de coopération et de développement économiques en 2010 Source: Questions internationales (nº 41 janvier-février 2010)

États fondatesursle 14 décembre 1960

Autres États membres

Négociations pour l’adhésionà I’OCDE en cours

Endagement renforcéen vue d’une éventuelle adhésion

Source: www.cecd.org© Dila, Paris, décembre 2009.

Grupo dos 77

O Grupo dos 77 nas Nações Unidas é uma coalizão de nações em desenvolvimento, que visa promover os interesses econômicos coletivos de seus membros e criar uma maior capacidade de negociação conjunta na Organização das Nações Unidas. Havia 77 membros fundadores da organização, mas a organização, desde então, expandiu para 131 países-membros. Desde 2011, a Argentina detém a presidência.

O grupo foi fundado em 15 de junho de 1964 pela “Declaração Conjunta dos Setenta e Sete Países” emitida na Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). A primeira reunião importante foi em Argel, em 1967, quando a “Carta de Argel” foi adotada e a base para as estruturas institucionais permanentes foi iniciada. Há seções do Grupo dos 77, em Roma (FAO), Viena (ONUDI), Paris (UNESCO), Nairobi (UNEP) e o Grupo dos 24 em Washington, DC (FMI e Banco Mundial).

BRICS

BRICS EM NÚMEROS

ÁREA PIBPOPULAÇÃO(HABITANTES)

8,5 MIL KM2

BRASIL

RÚSSIA

ÍNDIA

CHINA

ÁFRICA DO SUL

17 MIL KM2

3,3 MIL KM2

9,6 MIL KM2

1,2 MIL KM2

195,4 MILHÕES

140,4 MILHÕES

1,21 BILHÕES

1,35 BILHÕES

2,51 MILHÕES

US$ 1,6 TRILHÕES

US$ 1,2 TRILHÕES

US$ 1,3 TRILHÕES

US$ 5 TRILHÕES

US$ 300 BILHÕES

fonte: Banco Mundial

Em economia, BRICS é um acrônimo que se refere aos países-membros fundadores (Brasil, Rússia, Índia e China) e à África do Sul, que juntos formam um grupo político de cooperação. Em 14 de abril de 2011, o “S” foi oficialmente adicionado à sigla BRIC para formar o BRICS, após a admissão da África do Sul (em inglês: South Africa) ao grupo. Os membros fundadores e a África do Sul estão todos em um estágio similar de mercado emergente, devido ao seu desenvolvimento econômico. É geralmente traduzido como “os BRICS” ou “países BRICS” ou, alternativamente, como os “Cinco Grandes”.

Apesar de o grupo ainda não ser um bloco econômico ou uma associação de comércio formal, como no caso da União Europeia, existem fortes indicadores de que “os quatro países do BRIC têm procurado formar um “clube político” ou uma “aliança”, e assim converter “seu crescente poder econômico em uma maior influência geopolítica.” Desde 2009, os líderes do grupo realizam cúpulas anuais.

A sigla (originalmente “BRIC”) foi cunhada por Jim O’Neill em um estudo de 2001 intitulado “Building Better Global Economic BRICs”. Desde então, a sigla passou a ser amplamente usada como um símbolo da mudança no poder econômico global, distanciando-se das economias desenvolvidas do G7 em relação ao mundo em desenvolvimento.

De acordo com um artigo publicado em 2005, o México e a Coreia do Sul seriam os únicos outros países comparáveis aos BRICS, mas suas economias foram inicialmente excluídas por serem consideradas mais desenvolvidas, uma vez que já eram membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

??

O G-20 Agrícola – é um grupo de países em desenvolvimento criado em 20 de agosto de 2003, na fase final da preparação para a V Conferência Ministerial da OMC, realizada em Cancun, entre 10 e 14 de setembro de 2003. O Grupo concentra sua atuação em agricultura, o tema central da Agenda de Desenvolvimento de Doha.

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10 Ciências Humanas e suas Tecnologias

O G-20 tem uma vasta e equilibrada representação geográfica, sendo atualmente integrado por 23 membros: 5 da África (África do Sul, Egito, Nigéria, Tanzânia e Zimbábue), 6 da Ásia (China, Filipinas, Índia, Indonésia, Paquistão e Tailândia) e 12 da América Latina (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Cuba, Equador, Guatemala, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela).

O Grupo nasceu com o objetivo de tentar, como de fato o fez, impedir um resultado predeterminado em Cancun e de abrir espaço para as negociações em agricultura. Naquela ocasião, o principal objetivo do Grupo foi defender resultados nas negociações agrícolas que refletissem o nível de ambição do mandato de Doha e os interesses dos países em desenvolvimento. Para tanto, o Grupo adotou uma posição comum, circulada como documento oficial da OMC, antes e durante Cancun (WT/MIN(03)/W/6). Essa posição permanece como a plataforma central do Grupo.

O G-20 consolidou-se como interlocutor essencial e reconhecido nas negociações agrícolas. A legitimidade do Grupo deve-se às seguintes razões:• importânciadosseusmembrosnaproduçãoecomércio

agrícolas, representando quase 60% da população mundial, 70% da população rural em todo o mundo e 26% das exportações agrícolas mundiais;

• sua capacidade de traduzir os interesses dos países emdesenvolvimento em propostas concretas e consistentes;

• suahabilidadeemcoordenarseusmembroseinteragircomoutros grupos na OMC.

G15O Grupo dos 15, ou G15, foi estabelecido na nona

reunião de cúpula do movimento dos Não Alinhados em Belgrado, Iugoslávia em setembro de 1989. Foi proposta a cooperação e a entrada para outros grupos internacionais, tais como a Organização Mundial de Comércio (OMC) e o grupo das oito nações ricas e industrializadas (G8). É composto dos países da América do Norte, da América do Sul, da África, e da Ásia com um objetivo em comum, o crescimento e a prosperidade. O G15 focaliza na cooperação entre países nas áreas de investimento, de comércio, e de tecnologia. A sociedade do G15 expandiu a 18 países, mas o nome permaneceu o mesmo. Os países do acordo são: Argélia, Argentina, Brasil, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Irã, Jamaica, Quênia, Nigéria, Malásia, México, Peru, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbábue. O Irã entrou para o G15 na reunião de cúpula dos Não Alinhados de 2006, em Havana.

G4O G4 é uma aliança entre Alemanha, Brasil, Índia e Japão

com o objetivo de apoiar as propostas uns dos outros para ingressar em lugares permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Diferentemente de outras alianças similares como o G7 e o G8, onde o denominador comum é a economia ou motivos políticos a longo termo, o objetivo é apenas buscar um lugar permanente no Conselho.

A ONU possui atualmente cinco membros permanentes com poder de veto no Conselho de Segurança: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.

Enquanto quase todas as nações concordam com o princípio que a ONU precisa de uma reforma que inclui expansão, poucos países desejam negociar quando a reorganização deve acontecer. Também há descontentamento entre os membros permanentes atuais quanto à inclusão de nações controversas ou países não apoiados por eles. Por exemplo, a República Popular da China é contra a entrada do Japão e a Alemanha não recebe apoio dos EUA.

A França e o Reino Unido anunciaram que apoiam as reivindicações do G4, principalmente o ingresso da Alemanha e do Brasil. Uma questão importante são os países vizinhos (com chances menores de ingressar) aos que propõem a entrada que frequentemente são contra os esforços do G4: o Paquistão é contra a entrada da Índia; a Coreia do Sul e a China são contra o Japão; a Argentina e o México são contra o Brasil e a Itália é contra a Alemanha; formando um grupo que ficou conhecido como Coffee Club, contra a expansão do Conselho por aqueles que a propõem.

QuEStão CoMEntadaCompreendendo as Habilidades– Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos

espaços geográficos.– Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder

entre as nações.

C-2H-6

H-7

• “...Omercadodomésticoreagiupositivamenteaodiscursodo presidente Bill Clinton, que afirmou que os Estados Unidos apoiam a concessão de uma linha de crédito de 15 bilhões de dólares, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), para a América Latina, caso haja uma piora da economia dos países da região.”

D. P - Economia

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Enem em fascículos 2012

11Ciências Humanas e suas Tecnologias

PAI! QUEM TÁCHEGANDO ALI??

É O FIM DOMUNDO!

Macedo, André. D.P. - 10/08/99.

Com relação ao comportamento do FMI, anterior à 54ª

Assembleia Anual FMI-BID, ocorrida na última semana de

setembro de 1999, é incorreto afirmar que:

a) o FMI é um instrumento financeiro controlado pelos

países ricos, principalmente os Estados Unidos.

b) o FMI auxilia a estabilização da economia capitalista

mundial, evitando grandes oscilações no valor das

diversas moedas dos países desenvolvidos.

c) o FMI fiscaliza políticas econômicas e de desenvolvimento,

postas em prática pelos países que contraem dívidas.

d) o FMI prega a cooperação monetária internacional e a

estabilidade das moedas.

e) o FMI, nos países com instabilidade econômica, fiscaliza

a implementação de políticas públicas sociais, com

consequente diminuição dos focos de pobreza.

Comentário

O FMI é uma organização internacional que pretende assegurar o bom funcionamento do sistema financeiro mundial pelo monitoramento das taxas de câmbio e da balança de pagamentos, através de assistência técnica e financeira.

Resposta correta: e

EXErCÍCioS dE FiXação

Compreendendos as Habilidades– Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder

entre as nações.– Comparar o significado histórico-geográfico das organizações

políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.

C-2H-7

H-9

03. Com o fim da Guerra Fria e com o avanço do processo de globalização, um conjunto de transformações vem ocorrendo nas estruturas de poder mundial. Como reflexo desse processo, algumas organizações internacionais criadas no pós-guerra, como a ONU, o FMI e o BIRD, vêm perdendo importância, enquanto outras parecem adquirir maior peso na definição das grandes questões mundiais, como o G-8, o G-20, a OMC e a OCDE. Sobre essas novas organizações, é incorreta a seguinte opção.

a) O G-8 é o grupo formado pelas sete economias mais ricas do mundo desenvolvido: Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Canadá, acrescido da Rússia. Teve um papel importante na discussão de medidas para o enfrentamento da recente crise econômica mundial.

b) O G-20 é o grupo das nações mais pobres do mundo, que exibem os piores indicadores econômicos e sociais. Tem tido um papel fundamental no debate de temas como o endividamento externo, a concentração mundial da riqueza e a fome.

c) A OMC (Organização Mundial do Comércio), formada por cerca de 150 nações, tem tido um papel fundamental na supervisão dos acordos comerciais, na defesa do livre comércio e na mediação de conflitos comerciais entre os países signatários.

d) A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), é formada por 30 países-membros, responsáveis por mais da metade da economia mundial. Busca promover políticas que assegurem o crescimento econômico, a melhoria da qualidade de vida nos países-membros e a liberalização do comércio.

e) O G-4 é formado por Brasil, Japão, Índia e Alemanha, que pleiteiam adentrar no Conselho de Segurança.

Compreendendos as Habilidades– Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder

entre as nações.– Comparar o significado histórico-geográfico das organizações

políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.

C-2H-7

H-9

04. Grupo anuncia maior controle para o sistema financeiro. Cercada de expectativas, a reunião do G-20, grupo que

congrega os países mais ricos e os principais emergentes do mundo, chegou ao fim, em Londres, com o consenso da necessidade de combate aos paraísos fiscais e da criação de novas regras de fiscalização para o sistema financeiro. Além disso, os líderes concordaram, dentre várias medidas, em injetar US$ 1,1 trilhão na economia para debelar a crise.

Adaptado de http://zerohora.clicrbs.com.br

A passagem da década de 1980 para a de 1990 ficou marcada como um momento histórico no qual se esgotou um arranjo geopolítico e teve início uma nova ordem política internacional, cuja configuração mais clara ainda está em andamento.

Conforme se observa na notícia, essa nova geopolítica possui a seguinte característica marcante:a) diminuição dos fluxos internacionais de capital.b) aumento do número de polos de poder mundial.c) redução das desigualdades sociais entre o Norte e o Sul.d) crescimento da probabilidade de conflitos entre países

centrais e periféricos.e) o fim dos conflitos internacionais e do terrorismo.

dE olHo no EnEM

Os Estados Unidos devem apoiar a inclusão do Brasil como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, eliminar a tarifa à importação do etanol brasileiro, suspender a obrigatoriedade do visto e tratar o País como uma potência global, e não apenas regional.

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Enem em fascículos 2012

12 Ciências Humanas e suas Tecnologias

A avaliação é de um amplo estudo com o título “EUA Devem Desenvolver uma Parceria Madura e Forte com o Brasil”, realizado por uma força-tarefa de 30 especialistas americanos em diferentes áreas reunidos pelo Council on Foreign Relations (CFR), um dos mais

importantes centros de estudos de política externa do mundo, com base em Nova York.

Conhecido pela enorme inf luência tanto no Departamento de Estado como na Casa Branca, o CFR busca, através desse estudo, fortalecer a importância do Brasil dentro do governo americano. Contendo algumas críticas tanto ao presidente Barack Obama como à secretária de Estado, Hillary Clinton, o estudo teve a participação de figuras ligadas aos Partidos Republicano e Democrata.

“A força-tarefa recomenda que a administração Obama apoie o Brasil como membro do Conselho de Segurança. Acreditamos que o Brasil, com esta cadeira, teria uma maior responsabilidade diante dos principais temas internacionais”, afirma o estudo divulgado na terça-feira, 12, pelo CFR. Ao visitar o Brasil, em março passado, o presidente americano não apoiou a iniciativa brasileira, apesar de ter dado esse apoio, meses antes, à Índia, que também ambiciona integrar o órgão máximo das Nações Unidas.

Segundo o estudo, “um apoio formal dos Estados Unidos ao Brasil reduziria a suspeita dentro do governo brasileiro de que o compromisso americano de uma relação madura e entre iguais não passa de retórica”. “Há pouco a perder e muito a ganhar com um apoio ao Brasil no CS neste momento”, diz o texto.

Abstenções. No estudo, a força-tarefa empenha-se até mesmo em justificar o histórico de abstenções do Brasil nas votações da ONU – ou mesmo posições contrárias aos EUA, como nas resoluções que propunham sanções ao Irã, em 2010, ou que aprovavam a criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia, há alguns meses. “Os brasileiros usam a abstenção como forma de expressar frustração diante da comunidade internacional ao censurar o Irã, mas não a Arábia Saudita”, diz o texto.

Para o CFR, o Departamento de Estado deveria criar um escritório “apenas para assuntos brasileiros”. Atualmente, o País está incluído na Subsecretaria do Hemisfério Ocidental, que inclui a América Latina e o Canadá. O Conselho de Segurança Nacional também deveria ter um diretor para coordenar questões estratégicas com o governo brasileiro. “É do interesse dos EUA reconhecer o Brasil como um ator internacional, com uma influência global que deve continuar crescendo”, acrescentam os formuladores da proposta.

O estudo chega até mesmo a pedir uma revisão das exigências para que o Brasil possa ser incluído no Visa Waiver Program. Este programa permite que cidadãos de 36 países entrem nos Estados Unidos por até 90 dias para negócios e turismo sem a necessidade de obter o visto em consulados. A maioria deles é europeia, além de algumas nações asiáticas e da Oceania, como o Japão e a Austrália. Nenhum país da América Latina está incluído. “Isso facilitaria o comércio entre os dois países e o Brasil, como medida de reciprocidade, deveria aplicar o mesmo aos americanos”, afirmam.

Para completar, em um claro elogio ao Brasil, eles afirmam que “o crescimento resultou em uma significante redução da desigualdade, expansão da classe média e uma vibrante economia”. “Tudo dentro do contexto democrático”, diz o texto.

Gustavo Chacra, correspondente de O Estado de S.Paulo.

introdução

Olá, querido estudante,

O tema que abordaremos neste fascículo – Movimentos sociais, diversidade e políticas afirmativas – possui uma relação direta com pontos referentes à área 3 da Matriz de Referência de Ciências Humanas e suas Tecnologias, que engloba: Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.

Neste fascículo, resolvemos aprofundar um assunto bem atual na agenda política brasileira, as chamadas ações afirmativas, muito em destaque ultimamente. Esse compromisso é resultado da luta histórica do movimento social negro que, como principal protagonista intelectual e militante do antirracismo no Brasil, trabalhou quase um século para que o racismo fosse reconhecido pela sociedade e pelo Estado brasileiro.

oBJEto do ConHECiMEnto

Movimentos sociais, diversidade e políticas afirmativas

Somente na década de 1990 e após muita pressão do movimento negro, o governo federal brasileiro, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, decidiu reconhecer publicamente a existência do racismo e suas consequências no Brasil, dando início a um processo de discussão sobre o problema e implementando algumas tímidas medidas de combate ao racismo. Um dos resultados positivos dessa luta histórica é que hoje, mesmo com resistência de alguns setores da sociedade, não é mais possível negar que o racismo é uma questão presente na realidade concreta e que é necessário um amplo debate, tanto no sentido da sua superação, quanto no sentido da superação das desigualdades raciais. Esse é um tema relativamente novo no debate político no Brasil.

Foi, portanto, a luta do movimento negro que fez com que ganhasse espaço no debate sobre políticas públicas o conceito de ação afirmativa – políticas temporárias e específicas de promoção de igualdade de oportunidades e condições concretas de participação na sociedade.

No processo de democratização que desejamos ver instaurado no Brasil, o conceito de ação afirmativa e as políticas concretas que surgem a partir dele são instrumentos fundamentais, que nasceram nas lutas de afirmação de identidade, de cidadania e de direitos dos movimentos sociais. Ao se constituir essa opção, que é uma opção ética, afirma-se a defesa do direito de viver com dignidade, com liberdade e com iguais possibilidades de participação (e de acesso aos bens materiais e imateriais). Podemos afirmar que uma política de democratização consiste na criação daquilo a que, necessariamente, todos devem ter acesso, criando os meios que assegurem esse acesso. É nesse ponto que o conceito de ação afirmativa é importante.

Lenin Nolly/EFE

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Enem em fascículos 2012

13Ciências Humanas e suas Tecnologias

Podemos, inclusive, afirmar que as desigualdades sociais são causa e não consequência do nosso desenvolvimento desigual. É só lembrarmos que no Brasil as desigualdades sobreviveram mesmo nos períodos de crescimento do PIB. A tradicional fórmula que propõe crescimento para combater a pobreza, já demonstrou sua inércia, pois são as desigualdades e não o baixo crescimento, o elemento fundamental de produção de pobreza. A educação formal é exemplo disso, pois o aumento quantitativo, ao longo do século passado, de oportunidades educacionais, não eliminou as desigualdades educacionais em todos os níveis. A educação pública – sobretudo a educação superior – é um exemplo de gestão estatal de interesses particulares. Os movimentos sociais populares e democráticos mostram que a exigência de igualdade aparece como ponto de partida de uma política constituinte de recomposição democrática do social e do político. A abertura das instituições à multiplicidade é o caminho possível para torná-las democráticas.

O caminho da mudança no Brasil deve começar pelo combate às desigualdades sociais. Esse combate passa pela reestruturação de diversas instituições (entre elas, o sistema educacional – acesso, currículo, material didático, formação de educadores, formas de seleção, financiamento de pesquisas etc. – e o sistema previdenciário, um dos maiores produtores de desigualdades), por políticas massivas de acesso aos direitos fundamentais, complementadas por políticas específicas para os grupos sociais mais vulneráveis à discriminação. Por isso, devem ser implementadas políticas de acesso à renda digna, de aumento de vagas nas escolas e universidades públicas, de acesso à saúde e à moradia, com políticas de ação afirmativa para negros, indígenas, portadores de deficiências e necessidades especiais e, obviamente, os mais pobres.

Assumir as políticas de ação afirmativa como parte da estratégia de democratização, em nada contradiz a necessidade de desenvolver políticas universais. Pelo contrário, as políticas de ação afirmativas e seus instrumentos (as cotas, as bolsas e incentivos, a priorização de investimentos para grupos sociais historicamente discriminados, os programas educacionais e a formação de educadores para o combate à discriminação, a valorização cultural etc.), são políticas de universalização de direitos, à medida que, mesmo inicialmente estabelecendo critérios desiguais, são políticas de constituição material daquilo que a coletividade definir como o que todos (rigorosamente todos) devem ter acesso.

Karl Marx, historiador alemão (1818–1883), um dos teóricos do socialismo científico, afirmou durante sua vida: “a sociedade capitalista é antes de tudo uma sociedade de classes” e a “história do homem é a própria luta de classes”. Sendo assim, o conflito social interclasses gera a apropriação dos bens e oportunidades sociais por alguns segmentos; é a partir da análise do pensamento de Marx, dos propósitos capitalistas que vigoram no Brasil há mais de 400 anos que se insere a exploração do povo afrodescendente, por exemplo, como mera ferramenta de utilidade material, força de trabalho e bem comercializável; sem o devido reconhecimento do desmantelamento de centenas de milhares de etnias que compunham o território, o continente africano e que dispersaram por todo o mundo ocidental na constituição do capitalismo em suas múltiplas contradições sociais.

Para tentar superar as mazelas sociais e promover a inclusão e a justiça, a partir dos anos 1990, o Brasil tem sido alvo em potencial dos programas de ações afirmativas que visam reconhecer e corrigir situações de direitos negados socialmente ao longo da história.

Ações afirmativas são políticas focais que alocam recursos em benefício de pessoas pertencentes a grupos discriminados e vitimados pela exclusão socioeconômica no passado ou no presente. Trata-se de medidas que têm como objetivo combater discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta, aumentando a participação de minorias no processo político, no acesso à educação, saúde, emprego, bens materiais, redes de proteção social e/ou no reconhecimento cultural.

Este processo discriminatório atinge de forma negativa, pessoas que são marcadas por estereótipos que as consolidam socialmente como inferiores, incapazes, degeneradas etc., colocando-as em situações de subcidadania e precariedade civil. Dito de outra forma, o racismo, o machismo, a xenofobia, a homofobia, entre outras ideologias discriminatórias, vincularam e vinculam determinadas pessoas a características coletivas e pejorativas que as impedem de receber prestígio, respeito e valoração social como um indivíduo qualquer, por meio de discriminações, que na maioria das vezes, são executadas indiretamente, ou seja, “por baixo dos panos”, nos bastidores, sem testemunhas e alarde.

A Ação Afirmativa é, portanto, um conjunto de medidas especiais, porque agem focadas nos grupos marginalizados. E temporárias, pois possuem objetivos determinados que quando alcançados tornam-nas desnecessárias. E podem ser elaboradas e executadas pelo Estado e/ou pela iniciativa privada de maneira compulsória ou espontânea.

Entre as medidas que podemos classificar como ações afirmativas podemos mencionar: incremento da contratação e promoção de membros de grupos discriminados no emprego e na educação por via de metas, cotas, bônus ou fundos de estímulo; bolsas de estudo; empréstimos e preferência em contratos públicos; determinação de metas ou cotas mínimas de participação na mídia, na política e outros âmbitos; reparações financeiras; distribuição de terras e habitação; medidas de proteção a estilos de vida ameaçados; e políticas de valorização identitária.

A ação afirmativa se diferencia das políticas puramente antidiscriminatórias por atuar preventivamente em favor de indivíduos que potencialmente são discriminados, o que pode ser entendido tanto como uma prevenção à discriminação quanto como uma reparação de seus efeitos. Políticas puramente antidiscriminatórias, por outro lado, atuam apenas por meio de repressão aos discriminadores ou de conscientização dos indivíduos que podem vir a praticar atos discriminatórios.

Há inúmeras experiências de políticas afirmativas em todo mundo (Índia, Malásia, África do Sul, Gana, Guiné, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, México, Brasil, entre outros) com critérios variados como, por exemplo, casta, deficiência física, descendência, etnia, gênero, nacionalidade, raça, etc. O próprio Brasil possui um histórico de políticas de cunho afirmativo: a Lei dos Dois Terços (5.452/1943) do governo Getúlio Vargas, a Lei do Boi (5465/1968) que reservou vagas nas instituições de ensino – médio e superior – agrícolas para agricultores e filhos destes, a Lei 8.112/1990 que prescreve cotas para portadores de deficiências físicas no serviço público civil da União, a Lei 9.504/1997 que preconiza cotas para mulheres nas candidaturas partidárias, entre outras.

É necessário, neste contexto, o entendimento de conceitos que podem contribuir para o êxito das ações afirmativas e a inclusão social. As ações afirmativas são formas de políticas públicas que objetivam transcender as ações do Estado na promoção do bem-estar e da cidadania para garantir igualdade de oportunidades e tratamento entre as pessoas e a mobilização dos setores culturais com intenção de ampliar as ações de inclusão social.

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Enem em fascículos 2012

14 Ciências Humanas e suas Tecnologias

QuEStão CoMEntadaCompreendendo as Habilidades– Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no

espaço.– Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para

mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.

C-3H-11

H-13

• Emrelaçãoàmultiplicidadedeinterpretaçõeseenfoquessobre o que são movimentos sociais, considere:I. Os movimentos sociais são sempre de confronto político.

Na maioria dos casos eles têm uma relação com o Estado, seja de opção, seja de parceria, de acordo com seus interesses e necessidades;

II. Os movimentos sociais podem ser definidos como ações coletivas propositivas que, vitoriosas ou fracassadas, resultam em transformações nos valores e instituições da sociedade;

III. A análise sobre os movimentos sociais não pode ser separada da análise de classe social e pode resumir os movimentos a algo determinado pelas classes;

IV. O movimento social refere-se à ação dos homens na história para resolver problemas da comunidade, independentemente do poder público, muitas vezes tomando iniciativas que caberiam ao Estado (por exemplo, as várias ações realizadas por Organizações Não Governamentais – ONGs – e associações de moradores de bairros);

V. Os movimentos sociais são ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais para pressionar o poder político a resolver os problemas relacionados à segurança, à educação, à saúde etc. (um exemplo são as ações que exigem do Estado medidas contra a exploração sexual e o trabalho infantil).

Está correto o que se afirma apenas em:a) I, IV e V b) I, II, III e Vc) I, II, IV e V d) II, III, IV e Ve) III, IV e V

Comentário

Podemos dizer que os movimentos sociais sempre estiveram presentes na nossa sociedade, daí termos que compreendê-los como um fenômeno essencial. Isso por que são resultados de um conflito, que tem por objetivo gerar mudanças sociais. Um movimento social é fruto de um conflito por que determinado grupo ao não concordar com certa situação busca formas de resolver essa situação; daí por que o conflito é o elemento gerador dos movimentos sociais. Mas para que um movimento social, de fato, se estabeleça, é necessário planejamento, faz-se necessário um projeto e acima de tudo organização, que é a base para o sucesso dos movimentos sociais. Um movimento social tem uma relação conflituosa com o Estado, isso porque enquanto que o movimento social deseja mudanças, modificações, o Estado por sua vez, deseja manter a ordem das coisas ou o seu status quo. A cada dia, surgem novos movimentos sociais por que vivemos em uma sociedade de desiguais, e como o Estado não atende plenamente a necessidade dos cidadãos, faz-se necessário o surgimento desses movimentos. Hoje, os movimentos sociais se apresentam com novos contornos e formatos, formados por sujeitos mais participativos, mais atuantes, cônscios de seus direitos.

Resposta correta: c

EXErCÍCioS dE FiXação

Compreendendo a Habilidade– Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e

interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.

C-3H-14

05. A Revista Feminina, de 1920, publicou um decálogo dirigido às mulheres casadas, orientando-as para uma vida “do lar” com honra e respeito. Eis alguns de seus itens:I. “Ama teu esposo acima de tudo na terra e ama teu

próximo da melhor maneira que puderes; mas lembra-te de que tua casa é de teu esposo e não de teu próximo.“

III. “Espera teu esposo com teu lar sempre em ordem e o semblante risonho; mas não te aflijas excessivamente se alguma vez ele não reparar nisso.”

VI. “Lembra-te sempre que te casaste para partilhar com teu esposo as alegrias e as tristezas da existência; quando todos o abandonarem, fica tu a seu lado e diz-lhe: ‘Aqui me tens! Sou sempre a mesma!’”

X. “Se teu esposo se afastar de ti, espera-o; se tardar em voltar, espera-o; ainda mesmo que te abandone, espera-o! Porque tu não és somente sua esposa; és ainda a honra de seu nome. E quando um dia ele voltar, há de te abençoar.”

M. Maluf e M. L. Mott. “Recônditos do mundo feminino”. In: Sevcenko (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v. 3,

p. 371-372, 395-396.

Os Mandamentos das Mulheres Casadas, citados anteriormente, revelam que as mulheres brasileiras, no início do século XX:a) viviam em uma sociedade matriarcal, pois cabia a elas

ditar as normas no plano doméstico, cuidando do lar, do esposo e dos filhos segundo seu próprio critério.

b) tinham uma importante posição ao lado do marido, no lar e nos negócios, devendo honrar o nome de seu esposo, o que apontava para a igualdade de gêneros.

c) eram totalmente submissas ao marido, devendo cuidar da melhor maneira possível do lar e dos filhos, o que caracterizava uma sociedade patriarcal.

d) não deveriam suportar em silêncio os problemas da vida, mas compartilhar suas dificuldades com os amigos, pois os amigos são “o próximo”.

e) tinham, em geral, uma vida de trabalhos domésticos pesados, embora algumas rompessem com essa submissão para se dedicar à política.

Compreendendo as Habilidades– Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos

ou ambientais ao longo da história.– Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das

sociedades.

C-3

C-5

H-15

H-23

06. Leia os trechos a seguir.

“A brasileira Silvia Novais, [...] passou a sofrer ataques racistas de grupos de intolerância pela Internet desde que venceu o concurso na Europa como a mais bela descendente de italianos.”

http://surgiu.com.br

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Enem em fascículos 2012

15Ciências Humanas e suas Tecnologias

“Durante a Marcha das Vadias, além de chamar a atenção da sociedade para a discriminação que a mulher enfrenta por causa da roupa, as organizadoras querem trazer para o debate a violência sexual.”

http://www.diariodepernambuco.com.br

“[...] pai e filho estavam abraçados na 38ª Exposição Agropecuária lndustrial e Comercial (EAPIC), em São João da Boa Vista, [...], quando foram abordados por um grupo de homens que perguntaram se eles eram homossexuais. [...]. O grupo se afastou, voltando em seguida para agredir os dois.”

http://www.revistaladoa.com.br

“O norueguês Anders Behring Breivik, 32 anos, está sendo acusado de ser o autor dos ataques na Noruega, a polícia o classificou como um ‘fundamentalista cristão’ que tinha ‘opiniões hostis ao Islã’.”

http://noticias.gospelprime.com.br

Os recortes transcritos anteriormente, embora tratem de assuntos diferentes, têm em comum o fato de que:a) a mulher assumiu novos papéis na sociedade e tem

ocupado cada vez mais postos destinados aos homens, mais ainda precisa lutar contra a discriminação e por mais igualdade.

b) o mundo globalizado necessita de normas jurídicas para regulamentar o convívio multicultural, visto que os modernos meios de comunicação puseram em contato e aproximaram as mais diversas culturas.

c) os conflitos da sociedade contemporânea passaram a ser explicados apenas pelas questões de gênero, cultura e identidade.

d) as sociedades do mundo globalizado, para serem multiculturais, aboliram o pensamento único e adotaram o diálogo entre as diversas culturas, visões de mundo e de valores como forma de convivência pacifica na chamada “aldeia global”.

e) a sociedade globalizada vivencia um momento de profundas contradições, no qual as chamadas “minorias” ganham evidência, buscam se fazer presentes e respeitadas, entretanto, as intolerâncias, as violências, as xenofobias e os fundamentalismos de todos os tipos ganham força.

dE olHo no EnEM

A POLÊMICA DO SISTEMA DE COTAS

O Senado aprovou, no último dia 07 de agosto, um Projeto de Lei que prevê que 50% das vagas em universidades federais sejam reservadas para quem cursou o ensino médio integralmente em escolas públicas, unificando assim a divisão das vagas por cotas sociais e raciais. De autoria da deputada federal Nice Lobão (PSD-MA), a proposta, já aprovada na Câmara, ainda tem de passar pela sanção da presidente Dilma Rousseff, que é entusiasta do projeto.

Dessa porcentagem, metade será destinada a estudantes cuja renda familiar é igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo por pessoa (equivalente a R$ 933,00). Paralelamente, para os 50% de todas as vagas da instituição de ensino, serão aplicados também critérios raciais. Estudantes autodeclarados negros, pardos e indígenas terão cotas proporcionais ao número desse

grupo de pessoas que vivem no Estado onde está localizada a universidade, com base em dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não importando a renda per capita do aluno. Se houver sobra de vagas, elas irão para os demais alunos das escolas públicas. Assim, os 50% restantes das cotas podem ser ocupados por quem tem renda maior, desde que seja obedecido o critério racial.

Assim que sancionada pela presidente Dilma, a lei modificará todo o sistema de divisão de vagas das universidades federais. Atualmente, quase todas elas utilizam algum sistema de cota social, racial ou de gênero, que deixarão de lado para adotar este modelo único. A lei não modifica em nada o sistema de adesão nas universidades estaduais nem nas particulares, que poderão continuar a escolher se adotam ou não algum sistema de cotas. Segundo o texto aprovado pelo Senado, a aplicabilidade desse sistema será revisada em dez anos.

O objetivo das cotas é corrigir injustiças históricas provocadas pela escravidão na sociedade brasileira. Um dos efeitos desse passado escravocrata é o fato de negros e índios terem menos oportunidades de acesso à educação superior e, consequentemente, ao mercado de trabalho. Brasileiros brancos têm, em média, dois anos a mais de escolaridade do que negros e pardos, de acordo com dados de 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foi esse argumento – de que o sistema de cotas é uma forma de combater a herança escravagista do século XIX – que prevaleceu entre os ministros do Supremo, quando em abril, já haviam decidido por unanimidade que o sistema de cotas raciais em universidades não contraria a Constituição brasileira. Eles julgaram uma ação proposta pelo DEM contra o sistema de cotas na UnB (Universidade de Brasília), adotado em 2004. A instituição reserva 20% das vagas para candidatos que se declarem negros ou pardos. O partido sustentou que a medida viola o princípio constitucional de igualdade e é discriminatória.

As cotas raciais fazem parte de um modelo de ação afirmativa criado nos anos 1960, nos Estados Unidos. A proposta era de amenizar o impacto da desigualdade social e econômica entre negros e brancos. Hoje, apesar da reserva de vagas ser considerada ilegal nos Estados Unidos, as universidades americanas usam as ações afirmativas para selecionar alunos negros e hispânicos com potencial.

No Brasil, o sistema de cotas raciais não beneficia apenas negros, mas pardos e índios. Há ainda as chamadas cotas sociais, para alunos vindos de escolas públicas e deficientes físicos, e cotas mistas, para estudantes negros que estudaram na rede pública de ensino, por exemplo. Para concorreram a essas vagas, os candidatos devem assinar um termo autodeclarando a raça e, em algumas instituições, passar por entrevistas.

O problema é que, em uma sociedade mestiça como a brasileira, há o risco de distorções no processo de seleção. O caso mais conhecido ocorreu em 2007. Dois irmãos gêmeos univitelinos (idênticos), filhos de pai negro e mãe branca, inscreveram-se como candidatos no sistema de cotas da UnB. Após uma entrevista, somente um deles foi considerado negro e conseguiu a vaga. Houve repercussão na imprensa e a pressão fez a universidade rever a decisão.

O sistema de cotas, dizem, poderia até ter um efeito contrário, estimulando a segregação racial em um país onde, a despeito do preconceito, ela não existe. Segundo dados do IBGE, em 2008, apenas 6,1% da população se autodeclaravam negros, e 45,1 % se definiam como pardos. Cotas para negros, dessa forma, discriminariam aqueles que se definem como pardos.

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Enem em fascículos 2012

16 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Críticos da proposta argumentam ainda que, também diferente dos Estados Unidos, os negros nunca foram impedidos de frequentar universidades brasileiras por uma questão racial, mas por motivos socioeconômicos. Por esta razão, as cotas deveriam privilegiar alunos pobres, sejam eles brancos, pardos ou negros. O critério de diferenciação seria a renda, não a raça.

No atual contexto, alguns candidatos optam pelo sistema de cotas não para contornar a segregação racial, mas apenas para buscar um acesso mais fácil ao ensino superior. Com isso, seria transferido para o ensino superior um problema de competência escolar que o governo deveria resolver na educação básica e profissionalizante, em escolas públicas.

Nas 59 instituições federais mostra que hoje há 52.190 vagas reservadas, de um total de 244.263. Com o projeto, seriam então 122.131 aumento de 134%.

O tema tramitava havia 13 anos no Congresso, mas, por ser polêmico, só foi aprovado depois que o governo mobilizou aliados.

A primeira universidade a adotar as cotas no Brasil foi a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em 2002, por conta de uma lei estadual.

Uma pesquisa do IBGE apontou que, entre 1998 e 2008, o número de negros e pardos no ensino superior aumentou, mas que ainda é metade do número entre brancos. A porcentagem de jovens brancos com mais de 16 anos que haviam frequentado universidades em 2008 era de 60,3% do total, enquanto o de negros e pardos era de 28,7%. O ensino superior é um retrato de desigualdades sociais e raciais. O modo como a sociedade e o governo tratam a questão, seja como sistema de cotas raciais ou outra proposta, ainda não é consenso no país.

EXErCÍCioS ProPoStoS

Compreendendo as Habilidades– Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder

entre as nações.– Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos

ou ambientais ao longo da história.

C-2

C-3

H-7

H-15

01. A democracia, por pior que seja, dá oportunidade de discussão, de crítica. A imprensa publica as críticas, o povo tem liberdade de falar na esquina sem temer a prisão, e os detentores do poder não praticam o erro deliberadamente por que sabem que o povo denuncia.

REZENDE, Íris. Retrato do Brasil. Depoimentos.São Paulo: Política Editora de Livros, Jornais e Revistas, 1984, p. 52.

Ao longo do período republicano brasileiro, a relação de equilíbrio entre os poderes esteve em alguns momentos ameaçada. Nessas circunstâncias, o contexto internacional foi, por vezes, decisivo ao influenciar rupturas no processo democrático, nesse sentido assinale a opção correta. a) Logo após a Proclamação da República no Brasil, em

1889, o equilíbrio proposto entre os três poderes foi quebrado quando Deodoro ordenou o fechamento do Congresso Nacional, tal medida se relaciona à disseminação dos valores fascistas europeus no Brasil.

b) A ascensão de Vargas ao poder, através de uma revolução em 1930, explica-se pela necessidade de romper o quadro internacional de prosperidade que poderia eternizar no poder os grupos oligárquicos tradicionais a que Vargas sempre se opôs e que no Brasil dependiam do setor agroexportador.

c) Vargas, valendo-se do contexto internacional do Entre-guerras, articulou um suposto plano comunista (Plano Cohen) para justificar a implantação do Estado Novo. Mesmo com a hipertrofia do poder executivo, a manutenção do calendário eleitoral no período, evidencia o respeito a alguns princípios democráticos.

d) O golpe que destitui o presidente João Goulart, em 1964, relaciona-se ao contexto internacional da Guerra Fria. Os EUA temiam que o colapso do populismo no Brasil levasse ao mesmo resultado verificado em Cuba, em 1959, primeiro uma revolução nacionalista, depois uma revolução comunista.

e) O período de maior desequilíbrio entre os poderes, especialmente para o poder legislativo, ocorreu no contexto do Regime Militar (1964-1985), quando este foi completamente suprimido, não se observando qualquer forma de representação, quer seja a nível municipal, estadual ou federal.

Compreendendo as Habilidades– Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos

históricos.– Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre

determinado aspecto da cultura.

C-1H-3

H-4

02. Leia a notícia veiculada em 11 de abril de 2011.

LEI CONTRA BURCA ENTRAEM VIGOR – COM DETENÇÕES

Entrou em vigor hoje, na França, a lei que proíbe o uso do véu islâmico integral em lugares públicos.

Trata-se da veste feminina que cobre o corpo dos pés à cabeça, inclusive o rosto e no caso da burca, até os olhos são dissimulados por tela que permite a visão. Três mulheres vestidas com o hijab e vários manifestantes da associação Touche pas à ma Constitution (Não toque na minha Constituição) que protestavam contra a lei, foram detidos em frente à Catedral Notre-Dame, em Paris.

Rachid Nekkaz, líder da associação, convocou os participantes pela Internet: “Convido todas as mulheres livres que querem usar o véu nas ruas para engajarem-se em desobediência civil.” (...) A lei que proíbe o hijab, a burca, mas também máscaras e capuzes que escondem o rosto, entra em vigor no momento onde um debate público sobre o “lugar do Islã e a laicidade” foi proposto pelo governo de Nicolas Sarkozy.

http://veja.abril.com.br

Os valores republicanos, laicos e contrários ao fundamentalismo são utilizados como justificativa para a lei retratada no texto. Além disto, os defensores da lei afirmam que dentro de seu país deve ser respeitada a cultura local e não estrangeira. Novamente as redes sociais foram palco de intensas discussões, bem como serviram para divulgar manifestações.

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Enem em fascículos 2012

17Ciências Humanas e suas Tecnologias

É importante lembrar que foi da França que emergiram para o mundo os valores da liberdade, igualdade e fraternidade, tão importantes para os países ocidentais, o que demonstra uma série de contradições na referida lei.

De acordo com a leitura anterior e partindo de seus conhecimentos, assinale a opção correta.a) A lei representa um desrespeito aos valores do liberalismo

individual, plenamente presentes no Ocidente e em países muçulmanos.

b) O choque entre as culturas francesa e ocidental é responsável pela intolerância da lei e o governo pretende diminuir a influência estrangeira no país.

c) Os manifestantes são exclusivamente estrangeiros, defendem a liberdade religiosa e criticam a política de intolerância do governo francês.

d) As medidas repressivas demonstram a intolerância do governo francês a uma prática comum a todas as mulheres muçulmanas.

e) As manifestações contra a lei representam uma reação ao desrespeito aos direitos civis garantidos pela Constituição francesa.

Compreendendo as Habilidades– Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder

entre as nações.– Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica

dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

C-2H-7

H-8

03. Leia o texto a seguir.

O FIM DA URSS

http://warneroliveira.com.br

25/12/1991: Um dos momentos mais importantes da história, a renúncia de Mikhail Gorbachev, levou ao fim da União Soviética. Com isso, a Rússia ficou com todo o poder bélico do antigo bloco: o arsenal militar da extinta URSS é capaz de destruir o mundo centenas de vezes.

Em seu discurso, Gorbachev agradeceu quem o apoiou, reconheceu erros, lamentou o processo que levou ao fim da URSS e disse que não se arrependia de nada que fez durante o seu governo. Ele fez uma análise dos seus seis anos no poder, recordou o sucesso da Perestróika e falou do final das tensões da Guerra Fria.

Após o discurso e o fim da União Soviética, a bandeira vermelha socialista foi tirada do mastro e substituída pela bandeira da Rússia no Kremlin.

http://g1.globo.com/

O fim da URSS marcou o fim da Guerra Fria e o início de uma nova era.

Assinale a opção correta.a) Com o fim da URSS foi afastada definitivamente

a hipótese de uma Guerra nuclear, pois os EUA se tornaram a única potência a possuir armas nucleares e resolveram destruir seu arsenal.

b) O surgimento de uma Nova Ordem Mundial marcada pelos confrontos étnicos e fundamentalistas permitiu a expansão da corrida armamentista a diversos países que passaram a utilizar armas nucleares em seus confrontos.

c) Inicialmente houve uma crença coletiva internacional de que se viveria uma nova era de paz, mas a realidade foi marcada por uma expansão de conflitos locais motivados por rivalidades étnicas, políticas e religiosas, além de conflitos ligados ao crime organizado e fundamentalismo religioso.

d) A Nova Ordem Mundial que surgiu logo após o fim da URSS foi caracterizada pelo desmoronamento de regimes autoritários, como o cubano, o chinês e o norte-coreano, que perderam a sustentação da URSS que garantiam a sua sobrevivência.

e) A expansão do terrorismo e do crime organizado geraram tensões internacionais entre países tradicionalmente aliados, como EUA, Inglaterra e França, que assumiram posições antagônicas acerca de tais questões.

Compreendendo as Habilidades– Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na

organização do trabalho e/ou da vida social.– Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações

impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.

C-4H-16

H-20

04. Observe a imagem.

http://veja.abril.com.br

A Revolução Industrial foi caracterizada pela introdução de máquinas no processo produtivo. Houve desemprego estrutural e o resultado foi uma grande redução de salários, além do aumento da exploração dos trabalhadores, submetidos a jornadas de trabalho que podiam chegar a 16 horas diárias. Houve ainda exploração do trabalho feminino e infantil, sobre os quais podemos afirmar que:a) as operárias do sexo feminino e as crianças recebiam

melhores salários por sua juventude e capacidade de trabalho maior que a dos homens idosos.

b) crianças e mulheres estavam submetidos a jornadas de trabalho equivalentes a dos homens e recebiam, em geral, salários menores.

c) a introdução das primeiras leis trabalhistas garantiram a proteção do trabalho feminino e infantil e salários dignos das tarefas executadas.

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Enem em fascículos 2012

18 Ciências Humanas e suas Tecnologias

d) a divisão do trabalho nas fábricas era idêntica às Corporações de Ofício, nas quais as crianças atuavam exclusivamente como aprendizes.

e) não havia diferenças salariais em virtude do sexo e da idade, mas sim de acordo com a qualificação, que garantia melhores remunerações.

Compreendendo as Habilidades– Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos

espaços geográficos.– Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder

entre as nações.

C-2H-6

H-7

05. Assinale a alternativa que melhor expresse o sentido da charge. Os pedidos de auxílio financeiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI) buscam:

Podem usar o créditodesde que continuemnos pagando.

SUPERMERCADO

a) conseguir créditos para viabilizar a cooperação internacional, fundamental em face da globalização, e eliminar a dicotomia entre países ricos e pobres.

b) financiar o desenvolvimento da agricultura, criando condições para o equilíbrio do balanço de pagamentos.

c) obter fundos para financiar a reconstrução do padrão ouro, criando possibilidades para o estabelecimento da autonomia financeira dos devedores.

d) levantar créditos para viabilizar investimentos e garantir o crescimento econômico, criando condições para o reembolso das dívidas contraídas.

e) criar fundos para o desenvolvimento dos blocos econômicos regionais, aumentando a capacidade de importação para saldar as dívidas contraídas.

Compreendendo as Habilidades– Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder

entre as nações.– Comparar o significado histórico-geográfico das organizações

políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.

C-2H-7

H-9

06. Na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), realizada em Cancun (México) no ano de 2003, o Brasil e mais 19 países em desenvolvimento protagonizaram um movimento contra a política de subsídios agrícolas, desenvolvida pelos países europeus e pelos EUA, que beneficia os agricultores desses países desenvolvidos. A respeito desse desacordo no comércio mundial é correto afirmar que:a) a reivindicação do fim dos subsídios pretende fazer valer

no mercado internacional a maior produtividade nos negócios agropecuários dos países em desenvolvimento, o que se deve à tecnologia mais avançada empregada no processo produtivo.

b) os países em desenvolvimento optaram por ser exportadores de commodities (produtos agropecuários, minérios, madeiras etc.) em função desse comércio ser mais valorizado no mercado internacional, por causa da escassez de terras agrícolas nos países desenvolvidos.

c) o combate aos subsídios agrícolas vem de setores cada vez mais minoritários no interior dos países em desenvolvimento, visto que a maioria deles, o Brasil inclusive, está abrindo mão dos commodities e especializando-se em bens industriais, com alto valor agregado.

d) os enormes subsídios agrícolas aos agricultores dos países desenvolvidos são uma forma de protecionismo (“fechamento”) de seus mercados internos, o que contraria a abertura, muitas vezes exigida, dos mercados dos países em desenvolvimento.

e) a participação modesta (e cada vez menor) dos países em desenvolvimento no mercado internacional não está relacionada às políticas protecionistas dos países desenvolvidos, mas sim à grande ineficiência produtiva, o que os torna isolados no contexto da globalização.

Compreendendo a Habilidade– Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder

entre as nações.– Comparar o significado histórico-geográfico das organizações

políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.

C-2H-7

H-9

07. O texto a seguir refere-se ao trecho do discurso pronunciado pelo então Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Luiz Felipe Lampreia, quando da abertura dos trabalhos da 50ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em 25/09/02.

[...] a maioria das estruturas das Nações Unidas ainda são aquelas desenhadas há cinquenta anos. Naquele momento, o mundo entrava em uma nova fase de política de poder que já não mais se aplica. [...].

Novas realidades exigem soluções inovadoras. Expectativas acrescidas requerem compromissos mais fortes.

Nada é mais emblemático da necessidade de adaptar as Nações Unidas às realidades do mundo pós-Guerra Fria do que a reforma do Conselho de Segurança. [...].

MOREIRA, J.C; SENE, E. de. Geografia para o Ensino Médio: Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002, p. 230.

Sobre a posição dos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU, pode-se afirmar que esse país:I. defende a ampliação da sociedade civil e dos parlamentos

nas decisões referentes ao cumprimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos;

II. defende, caso seja aprovada a expansão do Conselho de Segurança, que a indicação dos novos membros seja feita pelos países do continente ou da região que representam;

III. é favorável à entrada, como membros permanentes, do Brasil, de outros representantes dos países subdesenvolvidos e, ainda, do Japão;

IV. tem adotado posições unilaterais, colocando em risco o prestígio e a própria existência das Nações Unidas.

Dentre as afirmativas acima, estão corretas apenas:a) I e II b) II e IVc) I e III d) I e IVe) II, III e IV

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Enem em fascículos 2012

19Ciências Humanas e suas Tecnologias

Compreendendo as Habilidades– Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder

entre as nações.– Comparar o significado histórico-geográfico das organizações

políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.

C-2H-7

H-9

08. Responda a questão com base na figura a seguir.

TRIGO

Alô!Bolsa de Chicago?Quero saber o preçodo meu trigo.

A charge faz referência:a) ao controle dos países desenvolvidos em relação à

produção, às finanças e à tecnologia.b) à dependência do Norte nas trocas comerciais agrícolas.c) ao crescimento do comércio dentro dos vários blocos

regionais.d) às trocas comerciais entre os países desenvolvidos que

representam 30% do comércio internacional.e) à OMC – Organização Mundial do Comércio que

coordena a relação comercial entre o Norte e o Sul, privilegiando o regionalismo.

Compreendendo as Habilidades– Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.– Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às

mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.

C-3

C-5

H-11

H-22

09. Leia o texto a seguir.

Uma notável virada na história do casamento teve início na década final do século XX, com a institucionalização oficial do casamento homossexual, ou “parceria”. [...] O reconhecimento da homossexualidade como forma legítima de sexualidade foi parte da revolução sexual do ocidente. Ela está agora descriminalizada onde era ainda um delito, e em 1973 foi retirada da lista de desordens mentais da Associação Psiquiátrica Americana. Em 1975, a Comissão de Serviços Civis dos EUA retirou sua interdição à contratação de homossexuais. Logo, a discriminação dos homossexuais é que passou a ser considerada um delito. A igualdade em relação à “orientação sexual” esteve nas normas para a nomeação de prefeitos na Holanda na década de 1980, por exemplo. Grande avanço internacional foi sua inclusão na Constituição Sul-Africana pós apartheid [em 1996]. [...] Entretanto, o que é interessante nesse nosso contexto particular são as reivindicações de gays e lésbicas pelo direito ao casamento e a aceitação parcial de suas exigências. O maior progresso aconteceu no norte da Europa [...]. [...] as parcerias de mesmo sexo foram inicialmente institucionalizadas na Escandinávia como tantas outras coisas da moderna mudança da família.

Desde 1970, as autoridades suecas reconheciam alguns direitos gerais de coabitação dos parceiros do mesmo sexo, reconhecimento sistematizado em 1987 no Ato dos Coabitantes Homossexuais. A primeira legislação nacional sobre parcerias registradas entre casais do mesmo sexo foi aprovada na Dinamarca, em 1989, e serviu de modelo para outros países escandinavos. Na Holanda, a lei sobre parcerias registradas está em efeito desde 1998, na França desde 1999, abrangendo também relações pessoais solidárias que não apenas homossexuais. [...] No Brasil, um projeto de lei do Partido dos Trabalhadores, então na oposição, foi apresentado antes das eleições de 2002, mas não foi ainda votado. O casamento não está desaparecendo. Está mudando.

THERBORN, G. Sexo e poder: a família no mundo, 1900-2000.São Paulo: Contexto, 2006. p.329-331.)

Os direitos dos homossexuais re latados no texto constituem-se em demandas expostas pelos:a) “clássicos” movimentos operários organizados em vários

países desde o século XIX, voltados para os problemas de classes sociais, direitos trabalhistas, participação política e sindical, fortemente impulsionados pelos líderes sindicais.

b) “tradicionais” movimentos religiosos da América Latina e outros países no século XX, voltados pela humanização das relações sociais, direitos humanos, inclusão social e política, fortemente impulsionados pelos líderes eclesiásticos.

c) “recentes” movimentos sociais surgidos em vários continentes na década de 2000, voltados para a manutenção dos direitos civis, fortalecimento do casamento como instituição familiar sólida e eficaz na preservação da estrutura social patriarcal.

d) “modernos” movimentos sociais surgidos em todo o mundo na década de 1930, voltados para a consolidação dos laços de solidariedade, união e civilidade, fortemente impulsionados pelos líderes do sindicalismo corporativo.

e) “novos” movimentos sociais surgidos em vários países a partir dos anos de 1960, voltados para os problemas identitários de grupos, gênero, etnias e políticas do corpo, fortemente impulsionados pelas ativistas feministas.

Compreendendo a Habilidade– Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.C-3

H-11

10. Leia o texto a seguir.

“Mirem-se no exemploDaquelas mulheres de Atenas

Vivem pros seus maridosOrgulho e raça de Atenas.”

Chico Buarque de Holanda

Da civilização grega aos nossos dias, as mulheres passaram a ocupar um espaço maior na sociedade. Sobre o papel da mulher ao longo da História, assinale a alternativa correta.a) As mulheres cretenses e espartanas, ao contrário das

atenienses, gozavam de prestígio e de liberdade na sociedade; até mesmo aprendiam a ler e escrever tanto quanto os homens.

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Enem em fascículos 2012

20 Ciências Humanas e suas Tecnologias

b) Na sociedade romana, a mulher tinha direitos iguais aos do homem, até mesmo no plano político; isso explica a presença de algumas imperatrizes, como Cleópatra, na chefia do Estado Romano.

c) “Acorda Maria Bonita / Acorda vai fazer o café (...)”. Nestes versos de uma canção clássica da música brasileira, encontramos a prova de que à companheira de Lampião cabiam apenas tarefas domésticas.

d) Margaret Thatcher, primeira-ministra do Reino Unido de 1979 a 1990, uniu as chefias do Estado e do governo, assumindo funções até então reservadas à rainha Elizabeth II.

e) Benazir Bhutto, duas vezes primeira-ministra do Paquistão, foi favorecida pelo fato de seu país ser o mais progressista, dentro do mundo islâmico, no tocante aos direitos das mulheres.

GABARITOS

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01 02 03 04 05 06

c a b b c e

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

01 02 03 04 05

d e c b d

06 07 08 09 10

d b a e a

Diretor-Superintendente: Tales de Sá CavalcanteDiretora Pedagógica: Hilda PriscoDiretora Controller: Dayse TavaresSupervisão Pedagógica: Marcelo PenaGerente do FBEscolas: Fernanda DenardinGerente Gráfico: Andréa Menescal

Coordenador Gráfico: Sebastião PereiraProjeto Gráfico: Joel Rodrigues e Franklin BiovanniEditoração Eletrônica: Robert OliveiraIlustrações: Diogo LoureiroRevisão: Rosemeire Melo

Expediente

anotaçõES