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INTRODUÇÃO Estamos novamente com vocês para apresentar a longa história do povo judeu, desde sua origem até a realidade atual, com destaque para os conflitos ocorridos no século XX com povos árabes e muçulmanos, em virtude da criação do estado de Israel, em 1948. Esperamos ajudá-los na compreensão de fatos tão relevantes para a história ocidental. OBJETO DO CONHECIMENTO A Guerra do Yom Kippur e Suas Principais Repercussões A Guerra do Yom Kippur foi a quarta guerra Árabe-Israelense, ocorrida entre os dias 6 e 26 de outubro de 1973, entre Israel e uma coalizão de estados árabes liderados por Egito e Síria. O conflito teve início com um ataque surpresa a Israel, deflagrado por Egito e Síria, no feriado judaico do Yom Kippur. Os alvos prioritários de sírios e egípcios eram, respectivamente, as Colinas do Golã e o Sinai, que haviam sido capturados por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. Pego de surpresa, o estado judeu viu seus inimigos avançarem sobre suas áreas de dominação nos primeiros dias para reagir, especialmente após a segunda semana do conflito, e reaver suas possessões. As repercussões do conflito foram variadas, incentivando novas configurações nas relações internacionais, nas esferas econômica, política e energética, e entre os países, tanto na esfera interna, quanto na regional e global. Todavia, uma melhor compreensão do conflito e dos seus reflexos exige-nos uma análise da história e do que levou às animosidades entre judeus e palestinos, bem como dos conflitos que o antecederam na esfera regional, desde a conturbada criação do estado judeu de Israel no território da Palestina. A Palestina, ou terra de Canaã, é considerada pelos judeus como um território sagrado, que lhes foi dado por toda a eternidade por Deus, quando este chamou o patriarca Abraão e lhe concedeu esta terra como a Terra Prometida, aproximadamente dois mil anos antes de Jesus Cristo nascer. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 9 Fascículo ENEM EM FASCÍCULOS - 2012 Neste fascículo de Ciências Humanas e suas Tecnologias, viajaremos pela História para compreender a origem dos conflitos entre palestinos e israelenses, desde a chegada do patriarca Abraão à Terra Prometida até os conflitos após a criação do estado de Israel pela ONU. Discutiremos também sobre as fontes de energia, seus impactos ambientais e econômicos e, para encerrar, trataremos sobre as inovações tecnológicas e globalização. CARO ALUNO Daí em diante, foi estruturada uma relação íntima, embasada pela religião, entre os judeus e aquele território árido, banhado pelo rio Jordão. Após uma migração em massa para o Egito, onde estiveram entre os séculos XVIII e XIII a.C., os hebreus, ou judeus, retornaram à Palestina guiados pelo patriarca Moisés, no episódio conhecido por Êxodo, e tiveram que lutar pela terra, ocupada no período especialmente por cananeus, filisteus, arameus e moabitas. A luta configurou a necessidade de instituição de uma chefia militar, o que originou a implantação do juizado. Em seguida, a reconquista do território demandou a criação de um mecanismo de governo para administrá-lo, o que levou à criação do regime de monarquia, que teve como destaques os soberanos Davi e Salomão, que comandou a construção do Templo de Jerusalém. Após a morte de Salomão, em 926 a.C., ocorreu o Cisma ou divisão do reino dos hebreus em Israel e Judá. Essa divisão enfraqueceu o estado hebraico, facilitando invasões de inimigos, com destaque para o domínio dos assírios sobre o reino de Israel e os domínios de caldeus, persas, macedônios e romanos sobre Judá, que tinha como capital a cidade de Jerusalém. Durante a dominação romana, os judeus iniciaram revoltas que provocaram a sua expulsão da Palestina, entre os séculos I e II da era cristã, levando-os a vivenciarem a Diáspora, na qual os judeus passaram a viver dispersos em comunidades espalhadas pelo mundo. Nesse contexto, o Templo de Jerusalém foi destruído, restando até hoje apenas parte da parede externa, conhecida como Muro das Lamentações. Vivendo em Diáspora, ou seja, dispersos pelo mundo, os judeus mantiveram suas crenças e tradições, marcadas pela influência religiosa que serviu de base para esse povo no correr dos séculos e alimentou o desejo de voltar para a Terra Prometida. Vivendo como estrangeiros ou até mesmo integrados à sociedade em diversos países, os judeus sofreram várias perseguições, em diversos períodos, notadamente na Idade Média. No século XIX, a Palestina passou para o controle britânico. Em 1896, o jornalista judeu-austríaco Teodor Herzl publicou a obra Der Judenstaat (“O estado judaico”), considerada o marco que iniciou o movimento Sionista, que defendia o direito à autodeterminação do povo judeu e pregava a criação de uma pátria para os judeus na Palestina. O termo “Sionismo” deriva de Sião, nome de uma colina que cerca a cidade de Jerusalém. Além disso, em diversas passagens bíblicas o povo hebreu é chamado de “Filhos de Sião”. Judeus ricos de diversas regiões do planeta começaram a adquirir terras na região e incentivar a emigração de judeus de diversas regiões para esses locais.

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Page 1: ENEM EM FASCÍCULOS - 2012 9 - projetomedicina.com.br · e palestinos, bem como dos confl itos que o antecederam na esfera regional, desde a conturbada criação do estado judeu

INTRODUÇÃO

Estamos novamente com vocês para apresentar a longa história do povo judeu, desde sua origem até a realidade atual, com destaque para os confl itos ocorridos no século XX com povos árabes e muçulmanos, em virtude da criação do estado de Israel, em 1948. Esperamos ajudá-los na compreensão de fatos tão relevantes para a história ocidental.

OBJETO DO CONHECIMENTO

A Guerra do Yom Kippur e Suas Principais Repercussões

A Guerra do Yom Kippur foi a quarta guerra Árabe-Israelense, ocorrida entre os dias 6 e 26 de outubro de 1973, entre Israel e uma coalizão de estados árabes liderados por Egito e Síria. O confl ito teve início com um ataque surpresa a Israel, defl agrado por Egito e Síria, no feriado judaico do Yom Kippur. Os alvos prioritários de sírios e egípcios eram, respectivamente, as Colinas do Golã e o Sinai, que haviam sido capturados por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. Pego de surpresa, o estado judeu viu seus inimigos avançarem sobre suas áreas de dominação nos primeiros dias para reagir, especialmente após a segunda semana do confl ito, e reaver suas possessões.

As repercussões do confl ito foram variadas, incentivando novas confi gurações nas relações internacionais, nas esferas econômica, política e energética, e entre os países, tanto na esfera interna, quanto na regional e global. Todavia, uma melhor compreensão do confl ito e dos seus refl exos exige-nos uma análise da história e do que levou às animosidades entre judeus e palestinos, bem como dos confl itos que o antecederam na esfera regional, desde a conturbada criação do estado judeu de Israel no território da Palestina.

A Palestina, ou terra de Canaã, é considerada pelos judeus como um território sagrado, que lhes foi dado por toda a eternidade por Deus, quando este chamou o patriarca Abraão e lhe concedeu esta terra como a Terra Prometida, aproximadamente dois mil anos antes de Jesus Cristo nascer.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

9Fascículo

ENEM EM FASCÍCULOS - 2012

aproximadamente dois mil anos antes de Jesus Cristo nascer.

Neste fascículo de Ciências Humanas e suas Tecnologias, viajaremos pela História para compreender a origem dos confl itos entre palestinos e

israelenses, desde a chegada do patriarca Abraão à Terra Prometida até os confl itos após a criação do estado de Israel pela ONU. Discutiremos

também sobre as fontes de energia, seus impactos ambientais e econômicos e, para encerrar, trataremos sobre as inovações tecnológicas

e globalização.

CARO ALUNO

Daí em diante, foi estruturada uma relação íntima, embasada pela religião, entre os judeus e aquele território árido, banhado pelo rio Jordão.

Após uma migração em massa para o Egito, onde estiveram entre os séculos XVIII e XIII a.C., os hebreus, ou judeus, retornaram à Palestina guiados pelo patriarca Moisés, no episódio conhecido por Êxodo, e tiveram que lutar pela terra, ocupada no período especialmente por cananeus, fi listeus, arameus e moabitas. A luta confi gurou a necessidade de instituição de uma chefi a militar, o que originou a implantação do juizado. Em seguida, a reconquista do território demandou a criação de um mecanismo de governo para administrá-lo, o que levou à criação do regime de monarquia, que teve como destaques os soberanos Davi e Salomão, que comandou a construção do Templo de Jerusalém.

Após a morte de Salomão, em 926 a.C., ocorreu o Cisma ou divisão do reino dos hebreus em Israel e Judá. Essa divisão enfraqueceu o estado hebraico, facilitando invasões de inimigos, com destaque para o domínio dos assírios sobre o reino de Israel e os domínios de caldeus, persas, macedônios e romanos sobre Judá, que tinha como capital a cidade de Jerusalém. Durante a dominação romana, os judeus iniciaram revoltas que provocaram a sua expulsão da Palestina, entre os séculos I e II da era cristã, levando-os a vivenciarem a Diáspora, na qual os judeus passaram a viver dispersos em comunidades espalhadas pelo mundo. Nesse contexto, o Templo de Jerusalém foi destruído, restando até hoje apenas parte da parede externa, conhecida como Muro das Lamentações.

Vivendo em Diáspora, ou seja, dispersos pelo mundo, os judeus mantiveram suas crenças e tradições, marcadas pela infl uência religiosa que serviu de base para esse povo no correr dos séculos e alimentou o desejo de voltar para a Terra Prometida. Vivendo como estrangeiros ou até mesmo integrados à sociedade em diversos países, os judeus sofreram várias perseguições, em diversos períodos, notadamente na Idade Média.

No século XIX, a Palestina passou para o controle britânico. Em 1896, o jornalista judeu-austríaco Teodor Herzl publicou a obra Der Judenstaat (“O estado judaico”), considerada o marco que iniciou o movimento Sionista, que defendia o direito à autodeterminação do povo judeu e pregava a criação de uma pátria para os judeus na Palestina. O termo “Sionismo” deriva de Sião, nome de uma colina que cerca a cidade de Jerusalém. Além disso, em diversas passagens bíblicas o povo hebreu é chamado de “Filhos de Sião”. Judeus ricos de diversas regiões do planeta começaram a adquirir terras na região e incentivar a emigração de judeus de diversas regiões para esses locais.

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Enem em fascículos 2012

2 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra se comprometeu a criar uma pátria judaica na Palestina, por meio da Declaração Balfour, em 1917. Em 1922, a Liga das Nações aprovou a referida declaração, o que incentivou mais migrações de judeus para a região, provocando alguns confl itos sem grandes proporções com a população árabe muçulmana local.

A ascensão nazista na Alemanha e a Segunda Guerra Mundial foram marcadas por grandes perseguições aos judeus na pátria germânica e nos países sob ocupação das tropas nazistas. Ao fi nal da Guerra, a revelação do que aconteceu com judeus nos guetos e, principalmente, nos campos de concentração comoveu a humanidade. Os judeus perderam a cidadania, pertences, propriedades, negócios e bens, bem como foram proibidos de exercer várias profi ssões, como médico e contador. Obrigados a ter marcada a letra J em seus documentos, os judeus deviam ainda usar uma faixa branca no braço direito, contendo a estrela de Davi. Lojas e negócios judeus foram boicotados e depredados.

Enviados para guetos, os judeus tinham as suas liberdades e direitos civis totalmente cerceados. Nos campos de concentração, apesar de também estarem ciganos, poloneses, eslavos, opositores, prisioneiros, homossexuais e outras minorias étnicas, os judeus foram as vítimas mais numerosas. Nesses locais eram submetidos a experiências e trabalhos forçados, além do extermínio em massa. Segundo dados oficiais, 5.978.000 judeus foram mortos em campos de concentração nazista, na Segunda Guerra Mundial.

A comoção mundial com a situação judaica serviu de incentivo para a recém-criada Organização das Nações Unidas – ONU apressar a aprovação da criação de uma pátria para os judeus na Palestina. Em 1947, a Assembleia Geral da ONU aprovou o plano de partilha, que dividia o território palestino para a criação de um estado árabe muçulmano e um estado judeu. Os sionistas aceitaram o plano de partilha, mas os palestinos e os países árabes e muçulmanos da região não, o que deu início aos confl itos.

Em 1948, foi criado o Estado de Israel. Insatisfeitos, Egito, Síria, Jordânia, Líbano, Irã e Arábia Saudita atacaram o recém-criado Estado Judeu, iniciando a Primeira Guerra Árabe-Israelense ou Guerra de Independência (1948-1949). Apoiado por EUA, Inglaterra e França, Israel demonstrou sua superioridade militar ao ampliar seu território. O Egito ocupou a Faixa de Gaza e a Jordânia ocupou a Cisjordânia e parte de Jerusalém. O confl ito marcou ainda o início de um grande problema para a região: um imenso número de refugiados palestinos fi cou sem seu território e impedido de constituir sua pátria.

Em 1956, Israel atacou o Egito contando com o apoio da França e Inglaterra, ocupou a região do Sinai e passou a controlar o Golfo de Ácaba. Tal fato foi uma reação à nacionalização do Canal de Suez e ao fechamento do porto de Eilat, por ordem do presidente egípcio Gamal Abdel Nasser. Era a Segunda Guerra Árabe-Israelense ou Guerra do Suez. Todavia, EUA e URSS pressionaram e Israel recuou, devolvendo no ano seguinte o Sinai ao Egito. O fato fortaleceu politicamente o presidente Nasser, que passou a ser visto como a grande liderança regional.

Ao longo da década de 1950, foi iniciada a organização da luta do povo palestino contra os inimigos judeus. Foi criada a Al Fatah e tiveram início ações armadas contra Israel. Um dos líderes da organização passou a ganhar destaque na causa palestina: Yasser Arafat. Em 1964, foi criada a Organização para a Libertação da Palestina – OLP, que viria a ser reconhecida, em 1993, como legítima representante do povo palestino, após reconhecer a existência de Israel.

Em 1967, reagindo aos cada vez mais frequentes ataques terroristas palestinos e a uma nova coalização de países árabes e muçulmanos que fechavam todos os acessos a Israel, este atacou seus inimigos vizinhos, ocupando a Faixa de Gaza, o Sinai, a Cisjordânia, as Colinas de Golã e Jerusalém. Era a Terceira Guerra Árabe-Israelense ou Guerra dos Seis Dias. Houve intervenção da ONU, que determinou um imediato cessar-fogo, que foi atendido. Entretanto, Israel ignorou as determinações da ONU para que deixasse os territórios ocupados.

Golfode Suez

MarMorto

MarMediterrâneo

PENÍNSULADO SINAI

EGITO

ARÁBIASAUDITA

JORDÂNIA

LÍBANO

JerusalémOriental

Gaza

CISJORDÂNIA

COLINASDE GOLÃ

SÍRIA

Haifa

Israel

1967

HOJE

A VITÓRIA NA GUERRA DOS SEIS DIAS

O Sinai foidevolvido aoEgito em 1982.Israel devolveuGaza aospalestinos emagosto de 2005e se retirou dequatro pequenosassentamentosno norte daCisjordânia

I S R A E LJenin

LÍBANO

JORDÂNIA

TulkaremNablus

Qalqilya

RamallahHebron

Áreaspalestinas

Áreasisraelensesnos territóriosColôniasjudaicas

FAIXADE GAZA

CISJORDÂNIA Belém

JericóJerusalém

MarMediterrâneo

SÍRIA

As conquistas da Guerra dos SeisDias multiplicaram por três otamanho do país

Territóriosconquistadospor Israel Tel

Aviv

<http://www.mundovestibular.com.br/articles/4378/1/A-GUERRA-DOS-SEIS-DIAS/Paacutegina1.html>. Acesso em 12 de julho de 2011.

A já citada Guerra do Yom Kippur foi a Quarta Guerra Árabe-Israelense, ocorrida em 1973. Apesar da intervenção da ONU, dos EUA e da URSS, não houve acordos defi nitivos e Israel não devolveu os territórios que havia ocupado em 1967. Diante da situação, os países árabes decidiram usar o petróleo como arma política e através da Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP, reduziram a produção do produto e boicotaram seu fornecimento a países aliados de Israel, causando a Crise Mundial do Petróleo de 1973.

A crise demonstrou, especialmente ao mundo ocidental, a dependência em relação ao petróleo e a importância geopolítica e estratégica do mundo árabe. No Brasil, a crise ajudou a determinar a falência do “Milagre Econômico” vivido no País. À época, as economias capitalistas, em geral, eram marcadas por forte intervencionismo e consequentemente os estados foram diretamente atingidos. Dali em diante, começaram a ganhar corpo as propostas econômicas de redução da intervenção do Estado na economia e começava a nascer o neoliberalismo, especialmente na Inglaterra, sob o governo da Primeira-Ministra Margareth Tatcher, e nos EUA, governados por Ronald Reagan. Na América do Sul, o Chile, governado pelo ditador Augusto Pinochet, foi o primeiro país a adotar tais práticas.

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Enem em fascículos 2012

3Ciências Humanas e suas Tecnologias

Por outro lado, a crise estimulou a busca por fontes alternativas de combustíveis e energia. Nesse contexto, merece destaque o Programa Nacional do Álcool ou Proálcool, instituído em 1975 no Brasil, que visava a substituição em larga escala dos veículos movidos a combustíveis derivados do petróleo por álcool.

A crise incentivou ainda uma busca pelas grandes potências econômicas, especialmente EUA, Inglaterra e França, de uma aproximação com os países árabes. Dessa forma, empresas multinacionais passaram a investir grandes somas de capitais no mundo árabe e o Ocidente, especialmente os EUA, buscaram aproximações e acordos políticos e diplomáticos com países como Arábia Saudita, Iraque, Pérsia e Egito. Este último foi o primeiro a reconhecer Israel, com a assinatura do acordo de Camp David, em 1979, em troca da devolução do Sinai pelo Estado Judeu, que cedia às pressões norte-americanas nesse sentido.

A aproximação do soberano ou Xá Reza Pahlevi com os EUA, associada à impopularidade da monarquia persa, acusada de promover uma ocidentalização do país, foram os principais motivos da Revolução Islâmica de 1979, que transformou a Pérsia na República Islâmica do Irã, país de governo fundamentalista antiamericano e antissionista comandado por líderes religiosos locais – os Aiatolás, o que ampliou as tensões na região.

QUESTÃO COMENTADACompreendendo a Habilidade– Avaliar criticamente confl itos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.

C-3H-15

• Analise a charge e assinale a opção correta.

– Desculpem! Posso chamar a vossa atenção para o fato de que a Guerra do Médio Oriente já acabou?

Na legenda do canhão: “Preço da Gasolina”.In Revista do ACP de Set./Out. 1967, apud: http://sentidosdavida.blogspot.

com/2004_09_01_archive.html, acesso em 12 de julho de 2011.

A charge foi publicada entre setembro e outubro de 1967, alguns meses após o fi m da Guerra dos Seis Dias (6 a 11 de junho de 1967) e faz uma crítica:a) ao aumento do preço da gasolina por parte das grandes

distribuidoras, justifi cado por um confl ito que já havia cessado.

b) à inflação gerada pela Crise Global do Petróleo, ocasionada pela redução da produção do produto em virtude da Guerra dos Seis Dias.

c) à Crise Mundial do Petróleo, quando a OPEP determinou a proibição da produção do produto enquanto não houvesse um cessar-fogo.

d) ao desrespeito pela memória das vítimas da Guerra dos Seis Dias, que lutavam pela redução do preço dos combustíveis.

e) ao descaso da população mundial com o aumento do preço dos combustíveis, em virtude de um confl ito no Oriente Médio.

Comentário

A charge tece uma crítica ao aumento do preço dos combustíveis alguns meses após a ocorrência, em 1967, da Terceira Guerra Árabe-Israelense ou Guerra dos Seis Dias. Aumento esse resultante, em grande parte, do aproveitamento por parte das grandes empresas petrolíferas internacionais do confl ito como justifi cativa para esses aumentos exorbitantes.

Resposta correta: A

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Compreendendo a Habilidade– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográfi cos.

C-6H-27

01. “O pedaço da terra mais disputado do mundo talvez seja a terra de Canaã. Este lugar, hoje chamado de Israel, ocupa uma faixa bem estreita entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão. Canaã é pequena, contendo uma área bem menor que o estado de Sergipe e menos de uma metade dos metros quadrados de Alagoas. Mesmo assim, esse território tem sido almejado e contestado desde a antiguidade.”

<http://profjoaodehistoria.wordpress.com/2010/02/08/sobre-o-conceito-de-historia/>. Acesso em 08 de julho de 2011.

Qual o signifi cado da “Terra Prometida” para o povo judeu?a) Corresponde a uma terra sagrada, pois foi dada por

Deus a Abraão e sua descendência.b) Foi a terra conquistada aos Palestinos e onde foram

sepultados os principais patriarcas hebreus. c) Signifi ca respeito aos mortos no holocausto, sendo

um território que foi doado pela ONU após a Segunda Guerra.

d) Refere-se à terra concedida pelo deus Alá a seu povo em troca de sua fi delidade ao monoteísmo.

e) Tem um signifi cado místico, pois foi ali que Jesus Cristo viveu seu calvário, sendo crucifi cado e ressuscitando após três dias.

Compreendendo as Habilidades– Identifi car os signifi cados histórico-geográfi cos das relações de poder

entre as nações.– Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fl uxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

C-2H-7

H-8

02. Nas últimas décadas se tornaram constantes os noticiários sobre atentados e confl itos no Oriente Médio. Os motivos alegados foram variados, com destaque para o “ressentimento ilimitado” dos países árabes contra Israel. Esse ressentimento deve-se, segundo as palavras do ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, a três aspectos:

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Enem em fascículos 2012

4 Ciências Humanas e suas Tecnologias

1. o religioso, firmado nos preceitos do Corão, que considera o povo israelense indigno;

2. o político, centrado na criação do Estado de Israel e nas sucessivas derrotas dos árabes nos confl itos armados desde 1948;

3. o socioeconômico, derivado da criação de uma sociedade moderna e ocidentalizada em Israel, a qual acentuou as diferenças entre israelenses e árabes.

Além desses aspectos, existem questões relacionadas mais diretamente com a constituição de uma sociedade de Moda, que servem de entrave à paz na região. Assinale a opção que melhor se enquadra nesse aspecto.a) Há uma preocupação dos líderes muçulmanos com a

infl uência da religião ocidental na população muçulmana, que poderia continuar decaindo no Oriente Médio.

b) Na visão dos muçulmanos, sobretudo os fundamentalistas, os valores culturais ocidentais levariam a uma corrupção dos fundamentos do islamismo.

c) Os líderes políticos do Oriente Médio demonstram preocupação com a infl uência das democracias liberais ocidentais, que podem corromper a orientação política islâmica.

d) As manifestações das mulheres muçulmanas contra o uso da burca e por maior integração à moda demonstram a infl uência da cultura ocidental e diminuem o poder da religião.

e) A estrutura da economia ocidental é contrária aos valores muçulmanos e não é aceita pelos grupos fundamentalistas que dominam os países árabes.

DE OLHO NO ENEM

QUAL O SENTIDO DA DEMOCRACIA?

A onda revolucionária no Oriente Médio é uma chance ímpar de presenciarmos a História acontecendo e de pensarmos no signifi cado de democracia, assunto tão comum em nossas aulas e tão complexo em nosso dia a dia.

Um governo que representa os anseios do povo é perseguido ao longo do tempo, em momentos de recuo e avanço. Na Grécia Antiga, existia uma limitação, que foi se tornando cada vez mais restrita na Idade Média e na Idade Moderna, que assistiu no romper da Idade Contemporânea uma nova possibilidade de cidadania e democracia com a Revolução Francesa.

O século XX foi intenso em busca de democracia e o Brasil deu exemplos de grandes lutas por esse ideal, que no ano de 2011 ainda não se faz pleno. O projeto “fi cha-suja” não valeu para as eleições de 2010 e cabem alguns questionamentos: o erro está na lei? O erro está na interpretação da lei? O erro está em quem elege um suposto fi cha-suja?

O Oriente Médio vem passando por uma grande onda revolucionária iniciada na Tunísia, que se espalhou pelo Egito, pela Líbia e outros países do mundo árabe. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afi rmou: “A mudança revolucionária está a varrer o mundo árabe, com refl exos que serão sentidos em toda parte e por todos”.

Se toda essa transformação se encaminha para a democracia, cabem outros questionamentos: qual tipo de democracia será estabelecido? Como os princípios democráticos compactuaram numa região que política e religião não se separam? Como falar em liberdade (um ponto da democracia) em países onde a mulher vive uma quase escravidão?

O fato é que devemos ter alguns cuidados ao olharmos o Oriente Médio com os olhos do Ocidente... É uma outra história...

INTRODUÇÃO

Caro aluno, nesta seção será analisada a produção dos principais tipos de energia utilizados em nosso planeta, bem como a geopolítica envolvida nas quatro fases da atividade econômica: extração, transporte, processamento e distribuição. O domínio dessa informação é imprescindível para a compreensão do mundo atual, pois qualquer aumento nos custos ou problemas na produção de energia afeta todas as atividades desenvolvidas no País e no mundo.

OBJETO DO CONHECIMENTO

Fontes de Energia

Energia é a capacidade de realizar trabalho. Assim, o

homem, desde tempos imemoriais até a modernidade, tem

procurado novas fontes de energia para realizar suas tarefas

cotidianas. No princípio, usava-se a tração animal para arar a

terra ou transportar mercadorias. Mas, com o progresso do

meio técnico-científi co-informacional, novas fontes de energia

foram sendo descobertas, tornando o trabalho humano mais

efi ciente. O consumo de energia está intimamente relacionado

ao grau de desenvolvimento econômico e científi co das nações.

Em países desenvolvidos, o consumo é maior devido ao alto

grau de industrialização e ao elevado consumo residencial.

O setor energético quase sempre é controlado pelo Estado,

por meio de políticas de planejamento da produção, concessão

de exploração a grupos privados ou intervenção direta na

produção, através de empresas estatais. O setor energético está

inserido diretamente na geopolítica e na economia de um país.

Desse modo, qualquer nação almeja atingir a autossufi ciência e

reduzir custos na produção de energia, para que as atividades

econômicas não sejam afetadas pelas oscilações de preço do

mercado internacional e nem dependam de boa vontade de

terceiros para o fornecimento de energia.

O petróleo é a principal fonte de energia do planeta,

seguida pelo gás natural e carvão mineral. Isso é preocupante,

visto que 90% da energia consumida no globo provém de fontes

não renováveis. No caso do Brasil, nossa matriz é formada pelo

petróleo, energia hidrelétrica, biomassa, carvão, gás natural,

entre outras fontes. A grande vantagem do País, em relação aos

demais, deve-se ao fato de que praticamente metade de nossa

matriz energética é alicerçada em cima de fontes relativamente

limpas e renováveis (biomassa e hidrelétrica), o que nos dá uma

grande vantagem competitiva.

LAVÔ, ENXUGÔ, TÁ NOVA!

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Enem em fascículos 2012

5Ciências Humanas e suas Tecnologias

Matriz energética mundial, em 2005, e do Brasil em 2007.

MUNDO

Energiahidrelétrica

Biomassa

Energianuclear

Gás natural

Carvão mineral

Petróleo

Outras fontes*

FONTES NÃO RENOVÁVEIS: 87,3% FONTES RENOVÁVEIS: 12,7%

35%10%

6,3%

20,7%

25,3%

2,2%0,5%

BRASIL

Energia nuclear1,4%

FONTES NÃO RENOVÁVEIS: 54,1% FONTES RENOVÁVEIS: 45,9%

Petróleo37,4%

Biomassa27,8%

Carvão mineral

Gásnatural9,3%

6%

Energiahidrelétrica

14,9%

Outras fontes*3,2%

Tipos de fontes energéticasPrimária – é aquela que pode ser aproveitada da mesma forma que é extraída da natureza, sem um processamento prévio. Ex.: lenha, petróleo, etc.Secundária – é a fonte de energia que necessita ser processada antes de sua utilização. Carvão vegetal, gasolina, etanol, etc.Antiga – é aquela que já era aproveitada no período anterior à Primeira Revolução Industrial.Moderna – é a fonte que passou a ser utilizada no período posterior à Primeira Revolução Industrial. Ex.: carvão, petróleo, elétrica, gás natural, etc.Esgotável – é a fonte que não pode ser reposta pela natureza em um curto período de tempo. Muitas vezes, ela está ligada a um processo geológico relacionado à própria formação do planeta. Suas reservas são limitadas e estão sendo devastadas com a utilização. As principais são os minerais radioativos e os combustíveis fósseis.Não esgotável – é a energia que vem dos recursos naturais como o Sol, os ventos, a geotérmica, eólica e que é reposta pela natureza em um curto intervalo de tempo.Convencional – esse tipo de energia é utilizado de forma larga pela humanidade. Ex.: petróleo, carvão, gás natural, entre outros.Alternativa – essa fonte deverá substituir as fontes esgotáveis quando as mesmas se exaurirem. Ex.: eólica, solar, maremotriz, biocombustíveis, etc.

Combustíveis fósseisOs recursos minerais fósseis possuem uma origem orgânica, tiveram sua utilização difundida a partir da Primeira Revolução Industrial com a invenção da máquina a vapor, que era movida a carvão mineral. Atualmente, compõem a matriz energética da quase totalidade de países do globo. Mas essa grande dependência gera outras questões: esses combustíveis são uma fonte não renovável de energia. Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE), caso se mantenha a média de consumo das últimas décadas, as reservas de petróleo e gás natural irão se esgotar em 100 anos e as de carvão, em 200 anos. São altamente poluentes, provocando graves consequências ambientais, como as chuvas ácidas, e estão associados ao fenômeno da intensifi cação do efeito estufa (teoria do aquecimento global). Os recursos energéticos fósseis possuem diversos usos, pois são utilizados na produção de uma variada gama de produtos.

O petróleo se formou há milhões de anos na Era Mesozoica, a partir de matéria orgânica (restos de animais, vegetais e microrganismos) que se armazenou no fundo dos oceanos (bacias sedimentares) em razão da temperatura e da pressão sofridas, podendo ser encontrado nos estados sólido, líquido e gasoso. O petróleo, além de ser a principal fonte de energia do planeta, é também a principal matéria-prima utilizada pelo homem. Está presente em todo o nosso cotidiano. Com ele, as indústrias petroquímicas fabricam a gasolina, óleo diesel, querosene, o plástico, a borracha sintética, asfalto, os fertilizantes e os adubos usados na agricultura. Em suma, com ele podem ser feitos mais de 250 subprodutos.

OCEANO300-400 milhões de anos

OOOCEANOOCEANO00 m00 m snosnmilhões de anmilhões de

OCEANO50-100 milhões de anos

Restos de Plantas e Animais

Ao longo de milhões de anos, eles foram sendo enterrados pela areia e lama. A alta pressão transformou a areia e a lama em rocha e os animais mortos em petróleo e gás natural.

O óleo tende a subir até encon-trar alguma rocha impermeável que o mantém preso juntamen-te com o gás natural. Um poço tem que ser perfurado, através das rochas, para retirar o petróleo e gás.

Os pequenos animais que vivem no mar, quando morrem, caem no fundo e misturam-se na lama e areia, o que impede que apodreçam e desapareçam.

Areia e LamaRocha

Depósito de Óleo e Gás

Areia e Lama

O Brasil realizou, por meio da Petrobras, a maior descoberta petrolífera dos últimos 30 anos em todo o planeta. Trata-se da camada Pré-sal. Essa camada geológica se encontra em águas ultraprofundas (entre 4 e 8 mil metros de profundidade) que se estende do litoral do estado do Maranhão ao litoral de Santa Catarina. Segundo estudos preliminares, essa região pode conter mais de 100 bilhões de barris de petróleo, fazendo com que o País venha a se tornar o sexto maior detentor de tão importante recurso mineral, bem como tornar-se o terceiro maior exportador, superado apenas pela Arábia Saudita e Rússia.

Distância da costa

0 m

1000 m

Lâmina d’água

Camada pós-sal

Camada de sal

Plataforma P-34 Juscelino KibitscheckOs campos de”Tupi” e “Carioca”estão a cerca de 300 km dacosta. Essa distância vai obrigara Petrobras a estudar soluçõesengenhosas como geração deenergia na própria área.

Juscelino Kibitscheck

Campo de Jubarte

O potencial de produção doprimeiro poço do pré-sal daplataforma P-34 (FPSO JK) éde 18 mil barris/dia.

Tipo FPSO - Sistema flutuantede produção, armazenamentoe transferência de óleo - a P-34extraiu, de 2002 a 2006, 60 milbarris por dia, no pós-sal.

3000 m

4000 m

5000 m

2000 m

77 km 300 km

O Petróleo do Pré-sal

www.geografiaparatodos.com.br

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Enem em fascículos 2012

6 Ciências Humanas e suas Tecnologias

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º

Caza-quistão

12º

11º

15º

264,3

137,5115,0

101,597,880,0 79,5

41,5 39,8 36,2 29,917,1 16,315,2 12,9 12,3

Irã Iraque Kuait Em.Árabes

Rússia Líbia Nigéria EUA Canadá China Qatar MéxicoArgélia Brasil AngolaNoru-ega

Azer-baijão

Vene-zuela

ArábiaSaudita

9,0 8,5 7,012,2

17º 18º

10º

16º 8º

19º 7º

13º

14º

Países da Opep(Organização dos Países

Exportadores de Petróleo)

MAIORES RESERVAS DE PETRÓLEOEm bilhões de barris

Sem considerar asreservas de Tupi

Indonésia

1º2º

4º20º 9º3º

O carvão formou-se na Era Paleozoica, por meio da decomposição de matéria orgânica (vegetais e animais), que se transformou, em face da abundância em carbono, num elemento rochoso. As principais jazidas desse minério podem ser encontradas no hemisfério Norte, sobretudo na Rússia, China e Estados Unidos. Uma das principais utilizações desse minério é servir de energia em fornos siderúrgicos, nos quais é produzido o aço. O carvão também é agregado na fabricação de corantes, inseticidas, plásticos, medicamentos, entre outros. Mas o carvão mineral acarreta prejuízos ambientais ao planeta, pois a estrutura molecular do carvão contém enorme quantidade de carbono e enxofre que, após a queima, vai para a atmosfera na forma de gás carbônico, agrava o efeito estufa, e o dióxido de enxofre, o grande responsável pela ocorrência da chuva ácida. As jazidas brasileiras são encontradas na região Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Contudo, nosso carvão é de baixa qualidade, uma vez que não é coqueifi cável, com elevado teor de enxofre e enterrado em camadas profundas da litosfera, o que encarece sua extração.

PÂNTANO300 milhões de anos

ÁGUA100 milhões de anos

Plantas Mortas

Rocha e Lama

Lama

Há cerca de 300 milhões de anos, plantas com energia solar armazenada morriam e caíam nos pântanos. A lama dos pântanos, por sua vez, impedia o apodrecimento e o desaparecimento dessas plantas mortas.

Ao longo do tempo, o acúmulode lama comprimiu as plantasmortas. Depois de milhões de anos essa lama tornou-se rocha e os restos das plantas sobre forte pressão virou carvão mineral.

Para o carvão mineral ser retirado, poços e túneis têm que ser cavados. Muitas vezes, fragmentos de plantas fossilizadas são encontrados em pedaços de carvão vegetal.

Carvão Mineral

Mapa reserva de carvão

Reservas de Carvão 2007(milhões de toneladas)

-134135 a 1.0001.001 a 10.00010.001 a 100.000- 100.001

O gás natural é outro combustível fóssil encontrado em bacias sedimentares, geralmente associado ao petróleo e que começou a ser formado na era Mesozoica. Além de ser mais barato e facilmente transportável em gasodutos e navios, apresenta uma queima quase limpa, que polui pouco a atmosfera se comparada à do carvão e à do petróleo. Sua queima libera uma boa quantidade de energia, que vem sendo utilizada, cada vez mais, nos transportes e na produção industrial. Atualmente é a segunda fonte de energia mais utilizada pelo homem.

Reservas mundiais de óleo (em %)

Reservas mundiais de gás(em %)

Arábia Saudita 25,0 Federação Russa 30,5

Iraque 10,7 Irã 14,8

Emirados Árabes Unidos 9,3 Qatar 9,2

Kuwait 9,2 Arábia Saudita 4,1

Irã 8,6 Emirados Árabes Unidos 3,9

Venezuela 7,4 Estados Unidos 3,3

Federação Russa 5,7 Argélia 2,9

Estados Unidos 2,9 Venezuela 2,7

Líbia 2,8 Nigéria 2,3

Nigéria 2,3 Iraque 2,0

China 1,7 Indonésia 1,7

Qatar 1,5 Austrália 1,6

Energia elétricaA energia hidrelétrica é a obtenção de energia elétrica

a partir do aproveitamento do potencial hidráulico dos rios por meio de um barramento, que geralmente é instalado nos desníveis de relevo. A energia potencial da barragem faz girar o eixo de uma turbina, gerando energia mecânica, que posteriormente é transformada em energia elétrica. As nações que possuem grande potencial hidroenergético são os Estados Unidos, Canadá, Brasil, Rússia e China. Trata-se de uma forma relativamente limpa, barata e renovável de obtenção de energia. Todavia, a hidrelétrica não está isenta de impactos ambientais e sociais. A inundação de áreas para a construção de barragens gera problemas de realocação das populações ribeirinhas e comunidades indígenas. Os principais impactos ambientais ocasionados pelo represamento da água para a formação de imensos lagos artifi ciais são: destruição de extensas áreas de vegetação natural, o desmoronamento das margens, o assoreamento do leito dos rios, alterações no regime hidráulico, extinção de algumas espécies de peixes, entre outros.

Capacidade instalada em usinas hidrelétricas (MW)

menos de 500

500 a 5.000

5.001 a 50.000

50.001 a 100.000

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Enem em fascículos 2012

7Ciências Humanas e suas Tecnologias

No Brasil, cerca de 93% da energia elétrica produzida é proveniente de usinas hidrelétricas, devido ao imenso potencial hidroenergético dos nossos rios. As bacias que apresentam o maior potencial de utilização são a paranaica e sanfranciscana. Contudo, esse potencial já está próximo ao limite da sua utilização, o que leva o Estado a investir em grandes projetos de instalação de usinas na bacia Amazônica: Jirau de Santo Antônio no rio Madeira, no estado de Rondônia, e a polêmica usina de Belo Monte no rio Xingu, no estado do Pará.

Manso210 MW

Corumbá IV63,5 MW

Guaporé120 MW

Jairu110 MWItiquira156 MW Ponte de Pedra

176 MW

Ourinhos44 MW

Porto Primavera1.814,4 MW

Lajeado850 MW

Santa Clara 60 MW

Usinas em Construção (17) (24 Usinas – 9.991 MW)Usinas Concluídas (4)Usinas em Operação Parcial (3)

Itaipu1.400 MW

Itá1.450 MW

Tucuruí2.625MW

Cana Brava450 MW

Queimado105 MW

Itapebi450 MWAimorés330 MW

Candonga140 MW

Funil180 MW

Piraju80 MW

Quebra Queixo120 MWMachadinho1.140 MWDona Francisca

180 MW

Porto Estrela112 MW

TermelétricaPara se obter energia elétrica a partir da termeletricidade,

aumentam-se os custos e o impacto ambiental, mas a construção de uma mina requer investimentos menores que os de uma hidrelétrica. O que faz a turbina da usina termelétrica girar é a pressão do vapor de água obtido pela queima de carvão mineral, gás natural ou petróleo. Sua vantagem em relação à hidrelétrica é que a localização da usina é determinada pelo homem e não pela topografi a do terreno, o que possibilita sua instalação nas proximidades da área de consumo. Essa forma de obtenção de energia é bastante comum nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil.

Energia nuclearA energia nuclear, também chamada atômica, é obtida

a partir da fi ssão do núcleo do átomo de urânio enriquecido, liberando uma grande quantidade de energia. Atualmente existem 480 centrais nucleares, pertencentes a 29 países. Contudo, tais usinas são típicas de países desenvolvidos, já que o custo da instalação é elevado e a tecnologia incorporada ao processo é avançada. Os Estados Unidos lideram a produção de energia nuclear, porém os países mais dependentes dessa fonte são França, Suécia, Finlândia, Bélgica e Japão. Na França, cerca de 80% da eletricidade é oriunda de centrais atômicas.

A energia nuclear, também de origem não renovável, é motivo de várias manifestações contra o seu uso, pois pode haver a liberação de material radioativo em caso de acidentes em uma usina nuclear, como os que ocorreram em Chernobyl, em 1986 (Ucrânia), e em Fukushima, em 2011(Japão).

No fim da década de 1960, o governo brasileiro começou a desenvolver o Programa Nuclear Brasileiro, destinado a implantar no País a produção de energia atômica. O País possui a central nuclear Almirante Álvaro Alberto, constituída por duas unidades (Angra 1, comprada dos EUA e Angra 2, comprada da Alemanha), instalada no município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, onde fornece metade da energia consumida nesse estado. Atualmente, está em construção a usina Angra 3, depois de décadas de paralisação.

1,84%

AMÉRICA LATINA

EUROPA ORIENTAL

2,61%

ESTADOS UNIDOS/CANADÁ

18,99%

17,80%

29,14%EUROPA OCIDENTAL

ÁFRICA

ORIENTE MÉDIO

1,57%

EXTREMO ORIENTE11,52%

SUDESTE ASIÁTICO

0%

MUNDO

14%

Fonte: international Status and Prospects of Nuclear Power 2008 (A/EA)

Contribuição da energia nuclear em cada matriz energética regionalExistem atualmente 439 usinas nucleares ativas no mundo, distribuídas em 30 países e com capacidade total de 372 GW, segundo o último relatório da AIEA. Ao todo, a energia elétrica gerada por fontes nucleares significa 14% da geração de energia elétrica global.Nos últimos dois anos, outros 43 países já manifestaram à AIEA interesse em construir usinas desse tipo, motivados pelo aumento da demanda por energia, pela volatilidade dos preços dos combustíveis fósseis e pelo interesse em reduzir a emissão de carbono. A principal barreira para a ampliação desse tipo de energia, segundo o órgão mundial controlador, ainda é a resistência da opinião pública.

ALEMANHA 17BÉLGICA 7

HOLANDA 1

ESPANHA 8FRANÇA 58

2 BRASIL

2 MÉXICO

CANADÁ 18

REATORES NUCLEARES NO MUNDO

2 ARGENTINA 2 ÁFRICA DO SUL

5 SUIÇA

REINO UNIDO 19

SUÉCIA 104 FINLÂNDIA

RÚSSIA 324 HUNGRIA4 ESLOVÁQUIA

15 UCRÂNIA2 ROMÊNIA2 BULGÁRIA

1 ARMÉNIA1 ESLOVÊNIA

2 PAQUISTÃO

CHINA 13

COREIA DO SUL32

ÍNDIA20

6

JAPÃO 54

REPÚBLICA CHECAEUA 104

Aspectos positivos da energia nuclear• As reservas de energia nuclear são muito maiores que as

reservas de combustíveis fósseis; • Comparada às usinas de combustíveis fósseis, a usina nuclear

requer menores áreas; • As usinas nucleares possibilitam maior independência

energética para os países importadores de petróleo e gás; • Não contribui para o efeito estufa.

Aspectos negativos: • Os custos de construção e operação das usinas são muito

altos; • Possibilidade de construção de armas nucleares; • Destinação do lixo atômico; • Acidentes que resultam em liberação de material radioativo; • O plutônio 239 leva 24.000 anos para ter sua radioatividade

reduzida à metade, e cerca de 50.000 anos para tornar-se inócuo.

Com o intuito de diversifi car a matriz energética, várias pesquisas foram desenvolvidas para a obtenção de fontes limpas e renováveis. Entre elas, estão a energia solar (obtida através do Sol), energia eólica (dos ventos), energia das marés (correntes marítimas), biomassa (matéria orgânica), hidráulica (das águas), entre outras. Essas fontes, além de serem encontradas em abundância na natureza, geram menos impactos ambientais.

BiocombustíveisOs biocombustíveis são combustíveis com fontes

renováveis, obtidos a partir do benefi ciamento de determinados vegetais, entre os quais, podemos citar: cana-de-açúcar, plantas oleaginosas, resíduos agropecuários, eucalipto, além de muitos outros. Essa fonte de energia, de acordo com especialistas, é uma alternativa relativamente efi ciente para amenizar diversos problemas relacionados à emissão de gases e, automaticamente, combater o efeito estufa.

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Enem em fascículos 2012

8 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Atualmente, a produção de energia a partir de produtos agrícolas é classifi cada em: etanol, biogás, biodiesel, florestas e resíduos. Em relação à produção do etanol,pretende-se obter totalmente a partir da cana-de-açúcar.O biogás é uma fonte de energia produzida de restos de matéria orgânica em fase de decomposição, como por exemplo, palhas, estercos, bagaços de diversos tipos de vegetais ou lixo. O biodiesel é uma fonte de energia obtida a partir do processamento de determinadas sementes, como as de mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim e soja. Os óleos derivados desses vegetais podem ser usados integralmente ou agregados ao diesel (fóssil), em quantidades variadas.

Outras fontesEnergia solar – ainda pouco explorada no mundo, em

função do custo elevado de implantação, é uma fonte limpa, ou seja, não gera poluição nem impactos ambientais. A radiação solar é captada e transformada para gerar calor ou eletricidade.

Energia eólica – gerada a partir do vento. Grandes hélices são instaladas em áreas abertas e os movimentos delas geram energia elétrica. É uma fonte limpa e inesgotável, porém, ainda pouco utilizada.

Energia geotérmica – nas camadas profundas da crosta terrestre existe um alto nível de calor. Em algumas regiões, a temperatura pode superar 5.000 °C. As usinas podem utilizar esse calor para acionar turbinas elétricas e gerar energia. Ainda é pouco utilizada.

QUESTÃO COMENTADACompreendendo as Habilidades– Interpretar diferentes representações gráfi cas e cartográfi cas dosespaços geográfi cos.– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meiofísico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográfi cos.

C-2

C-6

H-6

H-27

• Considerando a geopolítica do petróleo e os dados da fi gura abaixo, em que se observam os grandes fl uxos de importação e exportação desse recurso energético de origem mineral, pode-se afi rmar que:

113,6113,6

84,484,4

133,1133,1

2323

27,527,5

37,437,4

159,3159,3

290,8290,8

95,495,4

209,1209,1

73,973,922,822,8

329,1329,1

3737

20,320,3

20,420,4

36,336,3

95,295,2

5454

113,2113,2

18,418,4

30,730,7

Fluxos de intercâmbio petrolífero (em milhões de toneladas, 2006)

Adaptado de Yves Lacoste, Geopolítica: la larga história del presente.

Madrid: Editorial Sintesis, 2008.

a) a porção do globo que mais importa petróleo é o Oriente Médio, região carente deste recurso.

b) o Japão consome petróleo principalmente da Rússia, em função da proximidade geográfi ca.

c) a Europa é importante exportadora de petróleo em função da grande quantidade de países produtores.

d) a Venezuela é um importante exportador de petróleo para os EUA.

e) segundo o mapa, o Brasil é um grande exportador de petróleo.

Comentário

A economia venezuelana gira basicamente em torno de um único produto: o petróleo. Todo o resto das atividades exercidas no país está, em maior ou menor grau, ligado à produção petrolífera – a quinta maior do mundo, sendo praticamente a única fonte de renda da nação. Foi o petróleo que colocou a Venezuela numa onda de prosperidade com a alta mundial dos anos 70. A Venezuela é um importante exportador de petróleo para os EUA.

Resposta correta: D

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Compreendendo as Habilidades– Interpretar diferentes representações gráfi cas e cartográfi cas dosespaços geográfi cos.– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meiofísico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográfi cos.

C-2

C-6

H-6

H-27

03. Observe a tabela:

PETRÓLEO

2007 2007 2007

Produtores 106 t%

MundialExportadores 106 t Importadores 106 t

ArábiaSaudita

509,0 12,9ArábiaSaudita

339,0 EstadosUnidos

573,0

FederaçãoRussa

485,0 12,3 Rússia256,0 Japão 206,0

EstadosUnidos

300,0 7,6 Irã130,0 China 159,0

Irã 214,0 5,4 Nigéria 112,0 Índia 122,0

China190,0 4,8

EmiradosÁrabes

105,0 Coreiado Sul

118,0

México 159,0 4,0 Noruega 97,0 Alemanha 106,0

Canadá 155,0 3,9 México 89,0 Itália 94,0

Kwait 145,0 3,7 Angola 83,0 França 81,0

Venezuela 137,0 3,5 Kwait 82,0 Espanha 59,0

EmiradosÁrabes

136,0 3,5 Iraque81,0 Países

Baixos58,0

DemaisPaíses

1511,0 38,3DemaisPaíses

583,0 DemaisPaíses

515,0

Mundo 3941,0 100,0 Mundo 1957,0 Mundo 2091,0

BEN / Empresa de Pesquisa Energética, EPE, 2009.

A partir dos dados, é possível aferir com segurança que:a) os maiores produtores mundiais de petróleo são

membros da Opep. b) os países árabes são os maiores produtores mundiais de

petróleo.c) observa-se uma coincidência entre os países produtores,

exportadores e importadores de petróleo. d) os grandes importadores mundiais de petróleo não são

grandes produtores.e) os principais exportadores não figuram dentre as

maiores economias mundiais, fato mais comum entre os importadores.

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Enem em fascículos 2012

9Ciências Humanas e suas Tecnologias

Compreendendo as Habilidades– Interpretar diferentes representações gráfi cas e cartográfi cas dosespaços geográfi cos.– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meiofísico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográfi cos.

C-2

C-6

H-6

H-27

04. Os setogramas mostram a Produção Energética Mundial em dois momentos distintos: 1973 e 2005.

NuclearFontes renováveis

1 %

gás natural19 %

gás natural23 %

carvão23 %

carvão17 %

petróleo53 %

petróleo42 %

4 % 7%11%

1973 2005Dan Smith. Atlas da Situação Mundial.

Um levantamento único dos eventos correntes e das tendências globais. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2007.

A partir da observação dos gráfi cos e dos seus conhecimentos, pode-se afi rmar que:a) no contexto da produção energética mundial, entre os

dois momentos analisados, a energia nuclear teve uma diminuição em seus índices porque sua construção e operação apresentam altos custos, com elevada emissão de gases de efeito estufa.

b) atualmente, a fonte de energia renovável que mais aumenta a produção é a eólica, devido ao funcionamento mais limpo e mais confi ável, apesar da média emissão de gases.

c) a grande queda na produção de energia a partir do petróleo ocorreu nesse período devido à redução das reservas petrolíferas mundiais e o crescente desenvolvimento de novas tecnologias de energias não renováveis, como a geotérmica e o biocombustível.

d) o rápido aumento da produção de energia de fontes não renováveis, como a solar, hidráulica, marés, correntes marítimas e biomassa, deve-se ao fato de não gerarem poluição e risco de grandes acidentes.

e) a redução de energia produzida pelo carvão mineral deve-se, entre vários fatores, ao fato de provocar elevada emissão de gases de efeito estufa e contribuir para a ocorrência de chuva ácida.

DE OLHO NO ENEM

TOP 10: PIORES ACIDENTES NUCLEARES

1. Chernobyl, 26 de abril de 1986O reator número 4 da usina soviética de Chernobyl, na Ucrânia, explodiu durante um teste de segurança, causando a maior catástrofe nuclear civil da história e deixando mais de 25 mil mortos, segundo estimativas ofi ciais. O acidente recebeu a classifi cação de nível máximo, 7. O combustível nuclear queimou durante 10 dias, jogando na atmosfera radionuclídeos de uma intensidade equivalente a mais de 200 bombas atômicas iguais a que caiu em Hiroshima. Três quartos da Europa foram contaminados.

2. EUA, 28 de março de 1979 Em Three Mile Island (Pensilvânia), uma falha humana impediu o resfriamento normal de um reator, cujo centro começou a derreter. Os dejetos radioativos provocaram uma enorme contaminação no interior do recinto de confi namento, destruindo 70% do núcleo do reator. Um dia depois do acidente, um grupo de ecologistas mediu a radioatividade em volta da usina. Sua intensidade era oito vezes maior que a letal. Cerca de 140 mil pessoas foram evacuadas das proximidades do local. O acidente foi classifi cado no nível 5 da Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES), que vai de 0 a 7.

3. Japão, 12 de março de 2011 O terremoto de 9 pontos da Escala

Richter, que atingiu o Japão em 11 de março, causou estragos na usina nuclear Daiichi, em Fukushima, cerca de 250 quilômetros ao norte de Tóquio. Explosões em três dos seis reatores da usina deixaram escapar radiação em níveis que se aproximam do preocupante, segundo as autoridades japonesas. O acidente foi classifi cado no nível 5 da Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES), pelas autoridades japonesas.

4. EUA, agosto de 1979 Um vazamento de urânio em uma instalação nuclear secreta, perto de Erwin (Tennessee), contaminou cerca de mil pessoas.

5. Japão, janeiro-março de 1981Quatro vazamentos radioativos na usina nuclear de Tsuruga, uma cidade na província de Fukui, a 300 quilômetros de Tóquio, deixaram 278 pessoas contaminadas por radiação.

ANOTAÇÕESANOTAÇÕES

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Enem em fascículos 2012

10 Ciências Humanas e suas Tecnologias

INTRODUÇÃO

A aceleração histórica que vivenciamos tem a inovação técnica como um conjunto de dispositivos impulsionadores das organizações territoriais. A inovação faz parte do dia a dia das sociedades e, em particular, das empresas, por meio de mudanças nos processos produtivos e nos modelos dos produtos que inserem o progresso tecnológico. Tem-se, assim, uma verdadeira difusão da inovação, ancorando-se em mudanças tecnológicas nos sistemas produtivos e no desenvolvimento e ordenação dos territórios, por meio de novos espaços de inovação (espontâneos e planejados), além de implicações territoriais decorrentes da inovação.

Mas o que tornou as inovações um temário importante, ou uma questão preeminente desta atualidade? Há quem diga que as inovações atuais, neste período das novas tecnologias aliadas às telecomunicações e à informática, alteram signifi cativamente as estruturas sociais, modifi cando os modos de se produzir, circular, distribuir e consumir bens, serviços e ideias, por exemplo, na organização espacial. Ou ainda, que os territórios e as sociedades atuais estão sendo reorganizados de maneira essencial por intermédio de processos tecno-espaciais. A nosso ver, esse é o conteúdo novo que faz suscitar outros questionamentos ou novas interpretações, dessa vez relacionados às inovações tecnológicas recentes, ao sistema produtivo e ao território, o que contribui para a emergência de uma geografi a da inovação. Este texto desenvolve uma refl exão sobre a difusão de inovação tecnológica, identifi cando as dimensões política, econômica e sociocultural das novas tecnologias nesta atualidade.

OBJETO DO CONHECIMENTO

Inovações tecnológicas e globalização: relações entre políticas públicas e desenvolvimento nacional

A partir dos anos 1990, a conjugação dos processos de globalização com as profundas mudanças das tecnologias de informação e comunicação vêm provocando alterações visíveis no regime econômico, no modo de regulação e no modelo de socialização das sociedades contemporâneas.

Tais mudanças trazem implicações sociais, culturais e econômicas nas sociedades. Algumas delas são a fl exibilização de fl uxos de capitais, de bens e de serviços; comunicação em tempo real em escala mundial entre os mercados; mudança nos padrões de consumo, lazer e estilo de vida; surgimento de novas profi ssões e novas formas de trabalho, culminando em uma forte transformação cultural nas sociedades em escala global.

Para acompanhar essas mudanças, instrumentos de política vêm sendo desenvolvidos e aprimorados pelos governos com intenção de lidar com as novas realidades e alavancar o desenvolvimento dos países e prepará-los para a sociedade baseada no conhecimento.

É preciso fi car atento acerca de inovação tecnológica e globalização e nas relações entre políticas públicas e o desenvolvimento nacional.

O progresso científi co avança constantemente, pois precisa corresponder à demanda mundial por tecnologia. Porém, o desenvolvimento científi co não tem sido o desenvolvimento da humanidade como um todo, pois fatores como registro de propriedade intelectual, monopólio tecnológico e desigualdade social impedem que a ciência e a sociedade progridam juntas.

A ciência acentuou sua importância no decorrer da história humana, mudou a forma do homem lidar com a natureza e consigo mesmo; produziu conhecimentos que acarretaram mudanças positivas e negativas; ela está ligada ao fator sociopolítico e cultural.

A propriedade intelectual impede que o desenvolvimento científi co-tecnológico ocorra de forma democrática entre as regiões do mundo. Enquanto países desfrutam de altos padrões de tecnologia, outros tendem a viver de forma socialmente ultrapassada.

Existe uma desigualdade mundial no uso da tecnologia que pode ser verifi cada, por exemplo, pelas diferenças no Índice de Desenvolvimento Humano, na mortalidade infantil por doenças de fácil controle e epidemias de doenças decorrentes da ausência de saneamento básico, que afetam às nações mais pobres. A globalização ampliou os mercados comerciais e difundiu bens de consumo, mas não modifi cou o panorama da prosperidade pelo globo. Os países subdesenvolvidos são empregados somente para manter os altos padrões de vida dos países ricos, sendo este um fator que perpetua as desigualdades sociais no mundo.

QUESTÃO COMENTADACompreendendo a Habilidade– Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos

e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico-geográfi ca acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.

C-3H-14

• Leia o fragmento de texto a seguir:

“Teria orgulho, sim, e estava seguro de que um dia teria mesmo esse orgulho, se a luta e o sofrimento fossem não para preservar um Brasil onde muitos trabalhavam e poucos ganhavam, onde o verdadeiro povo brasileiro, o povo que produzia, o povo que construía, o povo que vivia e criava, não tinha voz e nem respeito, onde os poderosos encaravam sua terra apenas como algo a ser pilhado e aproveitado sem nada darem em troca, piratas de seu próprio país; [...] teria orgulho se essa luta tivesse sido, como poderia ser, para defender um Brasil onde o povo governasse, um grande país, uma grande Pátria, em que houvesse dignidade, justiça e liberdade!”

RIBEIRO, J. U. Viva o povo brasileiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

• Os escritos de Karl Marx refl etem o seu interesse pelas mudanças do tempo moderno, principalmente as obras ligadas ao desenvolvimento do capitalismo e a seus principais elementos: o capital e a mão de obra assalariada. Nesse sentido, pode-se utilizar esse recorte de texto do clássico de João Ubaldo Ribeiro para exemplifi car o conceito de: a) mais-valia, que, ao desvalorizar o trabalho, aumenta o

valor do produto e gera diferenças sociais. b) luta de classes, as quais, no capitalismo, estabelecem

desigualdades e relações de antagonismo e exploração.

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Enem em fascículos 2012

11Ciências Humanas e suas Tecnologias

c) dominação, em que a economia mecanicamente determina todas as demais esferas da sociedade.

d) trabalho visto como a única força capaz de fazer um grupo se sobrepor ao outro, impondo a sua vontade como verdade.

e) alienação, em que os operários não percebem o produto fi nal como resultado do seu trabalho por causa das desigualdades sociais.

Comentário

O texto apresenta uma insatisfação daqueles que “muito trabalhavam” contra os poucos que ganhavam e conclama uma luta para que o povo governe a pátria. Na medida em que a sociedade brasileira é vista como dividida entre os poderosos e o povo trabalhador, tal concepção se associa à divisão no sistema capitalista entre proletários e burgueses.

Resposta correta: B

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Compreendendo a Habilidade– Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modifi cações

impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.

C-4H-20

05. Mudanças na tecnologia e massificação da sociedade contribuíram para o crescimento da globalização. Hoje, o mundo se transformou num grande mercado, com informações circulando nos meios de comunicação de maneira veloz. Com a globalização, a sociedade internacional:a) extinguiu as diferenças sociais entre as culturas, abrindo

as portas para a afi rmação de governos democráticos.b) realizou feitos culturais importantes para a solidariedade

entre os povos, apesar das difi culdades socioeconômicas existentes.

c) criou condições imediatas para a consolidação de uma sociedade sem violência, graças às riquezas sociais existentes.

d) entrou num período de paz trazido pela atuação da Organização das Nações Unidas, da qual participam todos os países do mundo.

e) afi rmou sua vontade política radical de democratizar o mundo, impedindo a volta do fascismo e da violência política.

Compreendendo a Habilidade– Identifi car registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na

organização do trabalho e/ou da vida social.C-4

H-16

06. “Bem antes de a morte do líder da Al Qaeda ser

noticiada pela mídia ou confi rmada pelo presidente Barack Obama, Sohaib Athar, um morador de Abbottabad de 33 anos, descreveu em tempo real, no Twitter, o ataque que acontecia a alguns quilômetros de sua casa. [...] Quando veio à tona a notícia de que Osama bin Laden havia sido morto no ataque, Athar começou a juntar e-mails que estava recebendo da imprensa e se descreveu no Twitter como ‘o cara que blogou ao vivo o ataque contra Osama sem saber’ [...]”.

UOL NOTÍCIAS. Disponível em: <www.noticias.uol.com.br>. Acesso em: 17 ago. 2011.

Sobre o papel das técnicas e novas tecnologias na organização da vida social, é correto afi rmar que:a) as redes sociais da Internet cumprem hoje o papel de

principal fonte de informação e troca de ideias para a população do planeta, incluindo os países mais pobres.

b) atualmente há a possibilidade de se conhecer instantaneamente acontecimentos simultâneos, graças aos avanços de tecnologias que possibilitaram a melhoria dos meios de comunicação.

c) apesar dos avanços verificados nos meios de comunicação, a distância entre os lugares é o maior obstáculo para o conhecimento de eventos simultâneos em “tempo real”.

d) apesar de aproximarem as mais diversas partes do mundo, os avanços técnicos nos meios de comunicação revelam-se incapazes de produzir transformações na vida social.

e) como a população mundial tem acesso aos avanços técnicos nos meios de comunicação, existe maior possibilidade de ela conhecer os eventos em “tempo real”.

DE OLHO NO ENEM

AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E A GLOBALIZAÇÃO

Quando se fala de Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTICs), refere-se ao conjunto de tecnologias microeletrônicas, informáticas e de comunicação que permitam a aquisição, armazenamento, processamento e transmissão de dados na forma de imagem, vídeo, texto ou áudio. Portanto, chamaremos de tecnologias da informação e da comunicação às tecnologias de redes de informática, aos dispositivos que interagem com elas e seus recursos.

As NTICs designam um conjunto de meios de armazenamento, de tratamento e de difusão da informação, gerado pelo casamento entre a informática, as telecomunicações e o audiovisual, que estão evoluindo em alta velocidade e recrutam cada dia mais adeptos. Portanto, a generalização do seu uso levanta muitas perguntas de ordem econômica, social, antropológica e até ética. As NTICs provocam um impacto real e concreto sobre as práticas: trabalho, aprendizagem, relacionamento humano.

São consideradas NTICs, entre outras, os computadores pessoais (PCs, personal computers), o rastreamento eletrônico para digitalização de imagens (scanners), a impressão por impressoras domésticas, a gravação doméstica de CDs e DVDs, a telefonia móvel (telemóveis ou telefones celulares), a TV por assinatura, TV a cabo, TV por antena parabólica, o correio eletrônico (e-mail), a Internet, a World Wide Web (principal interface gráfi ca da Internet), os websites e home pages, os quadros de discussão (message boards), o streaming (fl uxo contínuo de áudio e vídeo via Internet), o podcasting (transmissão sob demanda de áudio e vídeo via Internet), as tecnologias digitais de captação e tratamento de imagens e sons, a fotografi a digital, o vídeo digital, o som digital, a TV digital e o rádio digital, as tecnologias de acesso remoto (sem fi o ou wireless), Wi-Fi, Bluetooth.

É importante frisar que a incorporação de novas tecnologias não pretende substituir as tecnologias convencionais, tais como: televisões, rádio, materiais impressos e outras tecnologias, que são e continuarão sendo utilizadas. O que deve se ter em mente é que ambos os tipos de tecnologia se complementam e podem tornar mais efi cazes o processo de ensino-aprendizagem.

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12 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Deve-se mencionar também que informação e conhecimento se diferem, e o acesso a grandes quantidades de informação não assegura a possibilidade de transformá-la em conhecimento. Para extrair informações úteis do crescente oceano de dados acessível na Internet, exige-se um conhecimento básico do tema investigado, assim como estratégias e referenciais que permitam identifi car quais fontes são confi áveis.

Além disso, para transformar a informação em conhecimento, exige-se mais que qualquer outra coisa: pensamento lógico, raciocínio e juízo crítico. Nesse sentido, conhecimento e informação são elementos cruciais em todos os modos de desenvolvimento, visto que o processo produtivo sempre se baseia em algum grau de conhecimento e no processamento da informação.

Para tanto, cabe fazer uma distinção entre conhecimento e informação. Conhecimento é um conjunto de declarações organizadas sobre fatos ou ideias, apresentando um julgamento ponderado ou resultado experimental que é transmitido a outros por intermédio de algum meio de comunicação, de alguma forma sistemática.

A informação é, por sua vez, a comunicação de conhecimentos, ou seja, são dados que foram organizados e comunicados. Isto signifi ca que as tecnologias da informação e da comunicação se transformaram em elemento constituinte das nossas formas de ver e organizar o mundo.

Nesse cenário de singularidade e de intensas mudanças tecnológicas, a sociedade é “pós-industrial” ou “informacional” e vive-se, hoje, o que se chama de “era da informação”, sustentada por novas tecnologias de informação e comunicação, como a trajetória mais provável pela ampliação da globalização e, prevalecendo-se de uma nova hegemonia, delineia-se a Sociedade da Informação, ou Sociedade do Conhecimento.

A sociedade da informação é a sociedade que está atualmente a constituir-se, na qual são amplamente utilizadas tecnologias de armazenamento e transmissão de dados e informação de baixo custo. Esta generalização da utilização da informação e dos dados é acompanhada por inovações organizacionais, comerciais, sociais e jurídicas que alterarão profundamente o modo de vida tanto no mundo do trabalho como na sociedade em geral.

A sociedade informacional apresenta variação histórica considerável nos diferentes países, conforme sua história, cultura, instituições e relação específi ca com o capitalismo global e a tecnologia informacional.

Em um contexto globalizado, as tecnologias de informação e comunicação ligam localidades distantes de tal forma que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a milhas de distância e vice-versa. Pode-se dizer que tudo e todos estão conectados, interferindo e modifi cando seu meio social, econômico, político, cultural e institucional.

Nessa perspectiva, o processo contemporâneo de transformação tecnológica expande-se exponencialmente em razão de sua capacidade de criar uma interface entre campos tecnológicos mediante uma linguagem digital comum na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, processada e transmitida. Assim, é possível afi rmar que interagimos em um mundo que se tornou digital, onde a sociedade informacional surge com velocidade e mobilidade surpreendentes, na qual o homem é obrigado a abdicar da rigidez das atitudes, ideias e tipos de comportamentos fundamentados no sistema de valores tradicionais, fazendo com que as mudanças operem em todos os sentidos de sua vida sem ao menos ter consciência real disso, ou seja, a realidade em que estamos inseridos atualmente altera nossas próprias vidas de forma muito veloz, sem que, às vezes, seja perceptível.

Em síntese, há quem apoie e considere que o uso das novas tecnologias é fundamental para o desenvolvimento, seja econômico e/ou social de uma sociedade; por outro lado, há quem vislumbre as NTICs como um processo de exclusão social e de fragmentação de instituições, de trabalho e de saberes. Contudo, o que não se pode desconsiderar é que as novas tecnologias fazem parte da sociedade contemporânea e que vieram para fi car.

De tal modo, é possível afi rmar que as novas tecnologias em si não são nocivas, já que fazer mais coisas com menos esforço e menos tempo é positivo. No entanto, as tecnologias sem a educação, conhecimentos e sabedoria que permitam organizar o seu real aproveitamento levam-nos a fazer mais rápido e em maior escala os mesmos erros.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Compreendendo as Habilidades– Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico-

-geográfi ca acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.– Avaliar criticamente confl itos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.

C-3H-14

H-15

01.

O PAPA NA TERRA SANTA

Berço das primeiras civilizações da história, a “Terra Santa” também foi palco das três principais religiões monoteístas existentes até hoje: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Terra Santa é o termo utilizado para designar os locais bíblicos do Oriente Próximo e Médio, incluindo as cidades de Belém (cidade natal de Jesus Cristo, onde situa-se a Igreja da Natividade), Jerusalém (onde encontra-se a Igreja do Santo Sepulcro, local da crucifi cação de Cristo, além das importantes muralhas da Cidade Velha, com locais sagrados para cristãos, judeus e muçulmanos) e Nazaré (cidade que abriga a Basílica da Anunciação, onde, segundo a tradição cristã, o anjo Gabriel disse à Maria que ela seria mãe de Jesus).

A peregrinação do Sumo Pontífi ce, João Paulo II, pelas terras bíblicas foi um marco neste fi nal de século, não somente pela importância histórico-religiosa da região, mas também pelo fato da última visita de um papa ter ocorrido mais de 35 anos antes, quando em 1964 Paulo VI esteve em Jerusalém. Naquela ocasião o Oriente Médio vivia num contexto um pouco diferente, já que ainda não haviam ocorrido as Guerras Árabe-Israelenses de 1967 e 1973, responsáveis por uma série de alterações na geopolítica da região, com a anexação de territórios árabes por Israel, o que agravou a condição de vida dos palestinos, acentuando o êxodo a que foram submetidos pelo expansionismo de Israel, desde a Guerra Árabe-Israelense de 1948, quando foi consolidado o Estado Judeu.

<http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=76>.Acesso em 10 de junho de 2011.

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Enem em fascículos 2012

13Ciências Humanas e suas Tecnologias

O texto cita a histórica visita do Papa João Paulo II a Jerusalém, em março do ano 2000. Nele, estão relacionados alguns fatos concernentes ao confl ito árabe-israelense, que ainda preocupa a humanidade neste início de século XXI. Após uma leitura atenta, podemos afi rmar que o texto:a) ignora a situação dos palestinos ao reconhecer a Terra

Santa como sagrada apenas para cristãos e muçulmanos.b) faz uma abordagem simpática ao Sionismo e à ocupação

dos territórios árabes e palestinos por Israel e seus aliados.

c) reconhece o drama vivido por palestinos que vivem como refugiados em seu próprio território, sob domínio israelense.

d) critica a falta de posicionamento claro do Sumo Pontífi ce em relação aos confl itos ocorridos no Oriente Médio.

e) explica de forma passional e detalhada as consequências dos confl itos travados entre Israel e seus inimigos no mundo árabe.

Compreendendo as Habilidades– Identifi car os signifi cados histórico-geográfi cos das relações de poder

entre as nações.– Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fl uxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

C-2H-7

H-8

02. Em 70, no governo do Imperador Tito, Jerusalém foi destruída. Em 136, no governo de Adriano, os hebreus foram expulsos da Palestina, proibidos de retornar àquela região e dispersos pelas várias cidades do Império Romano. A esse episódio deu-se a denominação de Diáspora (dispersão), a qual somente terminaria em 1948, com a criação do Estado de Israel. Entretanto, o aparecimento do Estado Judeu provocaria a dispersão de outro povo: os palestinos.

Com relação aos episódios descritos acima, é correto afi rmar.a) A criação do Estado de Israel e os constantes confl itos

por territórios têm levado milhares de palestinos a se refugiarem em países vizinhos, contribuindo para a instabilidade da região.

b) A criação do Estado de Israel pôs fi m ao sofrimento do povo judeu, que agora desfruta de um território e de um governo próprio e estável.

c) Enquanto estiveram dispersos, os judeus sofreram várias perseguições ao longo da História, acarretando, assim, o empobrecimento desse povo e a destruição do Sionismo.

d) Com a criação do Estado de Israel, cumpriu-se a profecia pregada no Velho Testamento sobre a terra prometida aos descendentes de Abraão e de Maomé.

e) Durante o período que estiveram dispersos pelo mundo, os judeus mantiveram boas relações com todos os povos, principalmente por conta das práticas comerciais.

Compreendendo a Habilidade– Comparar o signifi cado histórico-geográfi co das organizações políticas

e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.C-2

H-9

03. A crise econômica de 1973, originada pelos confl itos no Oriente Médio, que resultou no aumento exorbitante do preço do petróleo, contribuiu para o progressivo processo de abertura política dos regimes militares na América Latina. Paralelo a esse momento, especialmente no fi nal dos anos 1970, observamos o fortalecimento de um modelo econômico que ganharia espaço nas décadas subsequentes.

Assinale entre as opções aquela que indica esse “novo” modelo econômico que ganhou força no mundo a partir do fi nal dos anos 1970, nos anos 1980 e sua representação no Brasil.a) Social democracia, que chegou ao Brasil com o fi m do

regime militar em 1985, adotando práticas de amparo ao trabalhador, inspirado no Welfare State europeu. No Brasil, a maior referência desse modelo foi o presidente Fernando Henrique Cardoso.

b) Neoliberal, a partir da ditadura do general Pinochet no Chile, sendo considerado uma experiência embrionária desse sistema e representado mundialmente por R. Reagan (EUA) e M. Thatcher (Inglaterra). No Brasil, Fernando Collor enquanto presidente foi defensor desses princípios.

c) Neopopulista, com a eleição de Hugo Chavez na Venezuela, que enfrentou os EUA rompendo com o modelo econômico neoliberal e questionando os paradigmas do mundo globalizado. No Brasil, nenhum presidente se enquadra nesse perfi l, pois invariavelmente todos tiveram uma postura de subordinação ao capital estrangeiro.

d) Nacionalista, na Alemanha com a eleição do chanceler Helmut Kohl, após a queda do Muro de Berlim em 1989 e a Reunifi cação da Alemanha em 1991, adotando uma postura crítica ao neoliberalismo. No Brasil, coube a José Sarney resgatar os valores nacionais, contrariando a tendência de globalização da economia.

e) Neoliberal, com as eleições de H. Chavez (VEN) e Evo Morales (BOL), que apostaram na integração dos mercados e na formação de blocos econômicos que pudessem fortalecer a relação desses países com os EUA e a União Europeia. No Brasil, foi o presidente Lula que concedeu maiores benefícios ao capital estrangeiro, com assinatura de acordos como o ALCA.

Compreendendo as Habilidades– Identifi car os signifi cados histórico-geográfi cos das relações de poder

entre as nações.– Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fl uxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

C-2H-7

H-8

04. Na segunda metade do século XX, a América Latina, especialmente Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, vivenciou regimes ditatoriais resultados de contradições internas e pressões internacionais, principalmente aquelas relacionadas ao contexto da Guerra Fria, o que ajuda a explicar o apoio dos EUA a tais regimes. Porém, a partir de meados da década de 1970, alguns desses regimes marchavam para um declínio acentuado.

Analise nas alternativas abaixo aquela que indica o contexto histórico que pode ser destacado como motivador para a abertura política desses governos.a) A ação diplomática promovida pelo Conselho de

Segurança da ONU, que conseguiu sensibilizar tais regimes a restabelecer a democracia sem o uso da violência, fortalecendo o modelo social democrata, que contribuiu para a redução das desigualdades sociais.

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Enem em fascículos 2012

14 Ciências Humanas e suas Tecnologias

b) A crise econômica mundial a partir de 1973. O grande aumento do preço do petróleo gerou uma retração dos mercados das potências capitalistas, fragilizando o modelo econômico dos regimes militares, que dependiam essencialmente do fi nanciamento do capital estrangeiro.

c) A ação das principais potências que promoveram boicotes econômicos aos países que insistissem em manter os regimes autoritários. Nesse processo, destaca-se a atuação dos EUA, que sempre assumiram uma postura crítica a tais governos na América Latina.

d) O declínio dos regimes ditatoriais na América Latina, em meados da década de 1970, é resultado tão somente de questões internas, com o fortalecimento das oposições, que passaram a revelar os abusos cometidos pelos governos de seus países.

e) Nos anos 1970, os EUA e as potências capitalistas experimentavam um momento de grande prosperidade econômica e usaram a força de seus mercados para influenciar politicamente a América Latina, prometendo apoio aos governos que promovessem a redemocratização.

Compreendendo as Habilidades– Interpretar diferentes representações gráfi cas e cartográfi cas dos espaços geográfi cos.– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográfi cos.

C-2

C-6

H-6

H-27

05. Apesar da crise internacional, os Estados Unidos seguem como a grande potência econômica do mundo e, consequentemente, polarizando inúmeros países com os quais mantêm estreitas relações. O mapa a seguir confi gura uma relação com a potência e está retratando:

Canadá1330000

Reino Unido300000

Noruega300000

Noruega300000

Iraque787000Iraque787000

Argélia39000

Argélia39000

Paísesdo Golfo1720000

Paísesdo Golfo1720000

Angola300000Angola300000

Gabão140000

Nigéria504000Nigéria504000Trindade

e Tobago60000

Brasil54000Brasil54000

Colômbia255000

Colômbia255000

Equador82000

Argentina50000

Argentina50000

México1430000

Venezuela1150000

OceanoAtlântico

OceanoPacífico Oceano

Índico

Atlas da globalização, 2003.

a) as principais áreas de origem dos imigrantes no país.b) os principais mercados de software do Vale do Silício.c) países suspeitos de organizarem atentados contra os

Estados Unidos.d) países com quem mantêm tratados comerciais especiais.e) os principais fornecedores de petróleo.

Compreendendo as Habilidades– Interpretar diferentes representações gráfi cas e cartográfi cas dos espaços geográfi cos.– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográfi cos.

C-2

C-6

H-6

H-27

06. Observe o gráfi co.

Mistura energética de alguns países (2005)

Distribuição por fontede consumo de energia(em%)

54,8 15,8 18,6 5,0 5,8

2,8 69,9 20,6 0,76,0

0,053,1

14,2 20,5 48,5 12,4 4,5

24,4

22,6

23,2 26,5 36,7 5,9 7,7

8,1 4,4 48,0 1,6 37,9

22,8 40,58,2 6,0

16,2 39,38,0

12,0

30,9 1,2 6,8

Somente países-membros da OCDE

Rússia

China

Índia

Japão

Europa

EUA

Mundo

Brasil

31 960

70 777

17 087

23 838

105 586

487 530

9 809

gás n

atur

alca

rvão

petró

leoen

ergi

a n

uclea

r

ener

gias

re

nová

veis

Consumo totalde energia (em quatrilhão de J)

85 861

54,8 15,8 18,6 5,0 5,8

2,8 69,9 20,6 0,76,0

0,053,1

14,2 20,5 48,5 12,4 4,5

24,4

22,6

23,2 26,5 36,7 5,9 7,7

8,1 4,4 48,0 1,6 37,9

22,8 40,58,2 6,0

16,2 39,38,0

12,0

30,9 1,2 6,8

Somente países-membros da OCDE

Rússia

China

Índia

Japão

Europa

EUA

Mundo

Brasil

31 960

70 777

17 087

23 838

105 586

487 530

9 809

gás n

atur

alca

rvão

petró

leoen

ergi

a n

uclea

r

ener

gias

re

nová

veis

Consumo totalde energia (em quatrilhão de J)

85 861

DURAND, Marie-Françoise [et al.]. Atlas da mundialização 2009: compreender o espaço mundial contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 101-102.

Escolha, a seguir, a alternativa que o interpreta corretamente.a) O Brasil tem destaque no consumo de energias

renováveis graças à produção do etanol.b) O petróleo é a principal fonte de consumo de energia

nos três maiores centros consumidores de energia.c) Os principais polos consumidores de petróleo no gráfi co

são também os maiores produtores.d) Os combustíveis fósseis são ainda muito dominantes no

mundo, refl etindo a distribuição dos centros econômicos mais poderosos do mundo.

e) A situação inferior do uso da energia nuclear, assim como da hidroeletricidade, se deve à escassez das matérias-primas para sua produção.

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Enem em fascículos 2012

15Ciências Humanas e suas Tecnologias

Compreendendo as Habilidades– Interpretar diferentes representações gráfi cas e cartográfi cas dos espaços geográfi cos.– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográfi cos.

C-2

C-6

H-6

H-27

07. Observe o mapa e a legenda.

OceanoPacífico

OceanoAtlântico

OceanoÍndico

0 5000 km

Quilogramas equivalentes em petróleo por habitante

de 70 a 260

CONSUMO DE ENERGIA EM 2003

de 260 a 530

de 530 a 1100

de 1100 a 2500

de 2500 a 10000

dados não disponíveis

Manière de Voir n.º 81, Le Monde Diplomatique, 2005. Adaptado.

O mapa indica:a) uma concentração de países que consomem mais

energia, resultado da globalização dos investimentos econômicos.

b) um desequilíbrio no acesso à energia entre países do antigo bloco socialista, devido ao controle imposto pelo FMI.

c) um desequilíbrio no consumo energético gerado pelas diferenças tecnológicas e de renda entre países do mundo.

d) uma concentração de países com baixo consumo energético na África, graças à migração populacional das áreas rurais.

e) um desequilíbrio no consumo energético entre países europeus, em razão de investimentos realizados em países periféricos.

Compreendendo as Habilidades– Interpretar diferentes representações gráfi cas e cartográfi cas dos espaços geográfi cos.– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográfi cos.

C-2

C-6

H-6

H-27

08.

Petróleo

Carvão

Gás natural

Combustíveis renováveis

Nuclear

Hidrelétrica

Outros

35

Consumo energético mundial, no ano de 2001

3025201510

(%)

(%)

50

Fonte: www.iea.org

Sobre a exploração e utilização dos recursos energéticos na atualidade, é correto afi rmar que:

a) nos dias de hoje, os recursos menos utilizados estão distribuídos de maneira homogênea pelo mundo, tais como o carvão e o petróleo.

b) as grandes reservas de combustíveis fósseis estão concentradas em estruturas geológicas recentes, por isso o seu uso é predominante.

c) a variedade na utilização de diferentes tipos de energia indica os custos extremamente reduzidos em relação às suas obtenções.

d) os recursos energéticos mais usados nos dias de hoje estão distribuídos de forma desigual pelo mundo e os custos para sua obtenção também são diferenciados.

e) apesar de o petróleo ocupar posição de destaque em termos de consumo e exploração, o gráfi co em análise indica o crescimento do consumo da eletricidade proveniente das hidrelétricas.

Compreendendo as Habilidades– Identifi car os signifi cados histórico-geográfi cos das relações de poder

entre as nações.– Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no

processo de territorialização da produção.

C-2

C-4

H-7

H-17

09. O MUNDO COMO FÁBULA, COMO

PERVERSIDADE E COMO POSSIBILIDADE

Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. Haveria nisto um paradoxo pedindo uma explicação? De um lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, das quais um dos frutos são os novos materiais artifi ciais que autorizam a precisão e a intencionalidade. De outro lado, há, também, referência obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria, a começar pela própria velocidade.

Todos esses, porém, são dados de um mundo físico fabricado pelo homem, cuja utilização, aliás, permite que o mundo se torne esse mundo confuso e confusamente percebido.

De fato, se desejamos escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 17-18.

A ideia da “globalização como fábula”, destacada no texto acima, torna-se ainda mais expressiva, se levamos em conta certas defi nições de “fábula”, apresentadas no dicionário: mitologia, lenda, narração de coisas imaginárias. Não resta dúvida de que se lida com a imagem de um mundo cada vez mais interconectado, mas de forma alguma “sem fronteiras”. Essa imagem, difundida nos tempos atuais, encontra seu principal fundamento no aspecto:a) político, com o triunfo de regimes democráticos em

continentes inteiros.b) socioeconômico, com a redução das desigualdades entre

os povos da Terra.c) sanitário, com o êxito alcançado na prevenção das

panepidemias.d) fi nanceiro, com a intensa circulação de capitais em nível

planetário.e) cultural, com a crescente unificação das crenças

religiosas no mundo.

Page 16: ENEM EM FASCÍCULOS - 2012 9 - projetomedicina.com.br · e palestinos, bem como dos confl itos que o antecederam na esfera regional, desde a conturbada criação do estado judeu

Enem em fascículos 2012

16 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Compreendendo a Habilidade– Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que

determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

C-4H-19

10. Leia atentamente o fragmento de texto a seguir. Trata-se de uma entrevista com o sociólogo Zigmunt Bauman.

–– Poderia falar mais amplamente sobre os riscos da modernidade?

–– Uma das características do que chamo de “modernidade sólida” era que as maiores ameaças para a existência humana eram muito mais óbvias. Os perigos eram reais, palpáveis, e não havia muito mistério sobre o que fazer para neutralizá-los ou, ao menos, aliviá-los. Era óbvio, por exemplo, que alimento, e só alimento, era o remédio para a fome.

Os riscos de hoje são de outra ordem, não se pode sentir ou tocar muitos deles, apesar de estarmos todos expostos, em algum grau, a suas consequências. Não podemos, por exemplo, cheirar, ouvir, ver ou tocar as condições climáticas que gradativamente, mas sem trégua, estão se deteriorando. O mesmo acontece com os níveis de radiação e de poluição, a diminuição das matérias-primas e das fontes de energia não renováveis e os processos de globalização sem controle político ou ético, que solapam as bases de nossa existência e sobrecarregam a vida dos indivíduos com um grau de incerteza e ansiedade sem precedentes.

Diferentemente dos perigos antigos, os riscos que envolvem a condição humana no mundo das dependências globais podem não só deixar de ser notados, mas também deixar de ser minimizados mesmo quando notados. As ações necessárias para exterminar ou limitar os riscos podem ser desviadas das verdadeiras fontes do perigo e canalizadas para alvos errados. Quando a complexidade da situação é descartada, fi ca fácil apontar para aquilo que está mais à mão como causa das incertezas e das ansiedades modernas. Veja, por exemplo, o caso das manifestações contra imigrantes que ocorrem na Europa. Vistos como “o inimigo” próximo, eles são apontados como os culpados pelas frustrações da sociedade, como aqueles que põem obstáculos aos projetos de vida dos demais cidadãos. A noção de “solicitante de asilo” adquire, assim, uma conotação negativa, ao mesmo tempo em que as leis que regem a imigração e a naturalização se tornam mais restritivas, e a promessa de construção de “centros de detenção” para estrangeiros confere vantagens eleitorais a plataformas políticas.

Para confrontar sua condição existencial e enfrentar seus desafi os, a humanidade precisa se colocar acima dos dados da experiência a que tem acesso como indivíduo. Ou seja, a percepção individual, para ser ampliada, necessita da assistência de intérpretes munidos com dados não amplamente disponíveis à experiência individual. E a Sociologia, como parte integrante desse processo interpretativo – um processo que, cumpre lembrar, está em andamento e é permanentemente inconclusivo –, constitui um empenho constante para ampliar os horizontes cognitivos dos indivíduos e uma voz potencialmente poderosa nesse diálogo sem fi m com a condição humana.

PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia. Entrevista com Zigmunt Bauman. Tempo soc. [online]. 2004

Sobre as questões ambientais na contemporaneidade, assinale a alternativa incorreta.a) Uma das consequências humanas da globalização pode

ser associada ao agravamento da questão ambiental.b) O desenvolvimento do capitalismo demonstra que os

índices de industrialização são diretamente proporcionais aos índices de poluição, em termos absolutos.

c) O estímulo ao consumo de produtos recicláveis pode ser considerado uma estratégia do capitalismo contemporâneo para manter os índices de consumo elevados.

d) Embora as questões climáticas tenham se agravado por conta da globalização e do desenvolvimento do capitalismo, elas não podem ser consideradas uma categoria relevante para a compreensão da sociedade contemporânea.

e) As questões ambientais e climáticas são uma espécie de “inimigo invisível” que caracteriza a modernidade contemporânea (“modernidade líquida”).

GABARITOS

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01 02 03 04 05 06

a b e e b b

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

01 02 03 04 05

c a b b e

06 07 08 09 10

d c d d d

ExpedienteDiretor-Superintendente: Tales de Sá Cavalcante Diretora Pedagógica: Hilda PriscoDiretora Controller: Dayse TavaresSupervisão Pedagógica: Marcelo PenaGerente do FBEscolas: Fernanda DenardinGerente Gráfi co: Andréa Menescal

Coordenador Gráfi co: Sebastião PereiraProjeto Gráfi co: Joel Rodrigues e Franklin BiovanniEditoração Eletrônica: Erbínio RodriguesIlustrações: Diogo LoureiroRevisão: Tony Sales

OSG.: 62864/12