encontro com a verdade - perse · foto, nome, idade, trajetos que costuma fazer, tudo. leve para...

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1 Encontro com a verdade [...] A plateia estava boquiaberta. A noite era linda. O Teatro Real estava impecável. Madri era impecável. E no palco, ela esbanjava delicadeza, elegância e sentimentos a cada Adágio. Os movimentos eram perfeitos e repletos de vivacidade. O seu balé emocionava. Ela era capaz de paralisar a todos em um simples Cambré [...]. *** - E então Senhor Gomes, como estão as pesquisas e investigações sobre o contrabando? Não vi mais notícias a respeito. - Tudo resolvido, Senhor! Temos uma boa equipe trabalhando nisso! Começarão a agir em breve. - Sob o comando de qual dos seus homens? Se colocar o agente Abreu no esquema, vai demorar, hein!

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Page 1: Encontro com a verdade - PerSe · Foto, nome, idade, trajetos que costuma fazer, tudo. Leve para casa e leia com muita atenção. ... falhar! Diana pegou o envelope com as informações

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Encontro com a verdade

[...] A plateia estava boquiaberta. A noite era linda. O

Teatro Real estava impecável. Madri era impecável. E no palco,

ela esbanjava delicadeza, elegância e sentimentos a cada

Adágio. Os movimentos eram perfeitos e repletos de

vivacidade. O seu balé emocionava. Ela era capaz de paralisar

a todos em um simples Cambré [...].

***

- E então Senhor Gomes, como estão as pesquisas e

investigações sobre o contrabando? Não vi mais notícias a

respeito.

- Tudo resolvido, Senhor! Temos uma boa equipe

trabalhando nisso! Começarão a agir em breve.

- Sob o comando de qual dos seus homens? Se colocar

o agente Abreu no esquema, vai demorar, hein!

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- Nada disso, Senhor Vitor. Aceita um café?! A

propósito, Walter Abreu não trabalha mais conosco, nem

agente é mais. Aposentou-se!

- Hmmm... Entendo! Não, obrigado. Mas qual dos

homens, então? Renato? Pablo? Já sei! Agente Figueira?!

- O agente Figueira trabalha no planejamento tático.

Manda fazer, não faz. Sinceramente, ultimamente só vejo

pessoas aptas a mandar...

- Isso foi para mim, Senhor Gomes?

- De modo algum, Senhor Vitor! - engolindo o riso

irônico, continuou – Temos um profissional extremamente

capacitado cuidando do caso. Agente Gouveia. Não há com

que se preocupar. É o melhor no que faz. Honras de melhor

estratégia, melhor investigação, 100% dos casos solucionados

até hoje. Foi designado pelo Ministério da Justiça. Trabalhava

no setor de Inteligência da PF e agora está conosco na

repressão ao tráfico internacional de drogas. Tem a melhor

mira que já vi por aqui, e uma força que passa totalmente

despercebida.

O telefone toca. Senhor Gomes atende e com meio

sorriso, diz:

- Sim, sim, Maria. Peça para entrar!

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- Com licença, Senhor Gomes, aproveitei que estava

passando por aqui e resolvi deixar-lhe os documentos que

prometi.

Vitor Alcântara paralisou. Ela andava com uma graça

desmedida, como se caminhasse sobre nuvens. Salto alto, Saia

justa, decote ousado, mas decente, cabelos loiros, longos e

ondulados, olhos grandes e profundamente verdes, pele

bronzeada, levemente maquiada, boca carnuda, aparência

angelical e um perfume incomparável. Altura mediada, magra

e linda. Essa era a reação que provocava nas pessoas:

PARALISÁ-LAS.

Depois de alguns instantes...

- Ora, ora, Gomes, vejo que andou aperfeiçoando seu

quadro de secretárias. Se soubesse que tinha essa formosura

escondida teria aceitado o café. Prazer, Vitor Alcântara –

levantando a mão que, por alguns segundos, pairou sozinha no

ar.

- É, hmm, Senhor Vitor, esta é Diana, quero dizer,

Agente Diana Gouveia.

A mão voltou devagar e constrangida para o bolso.

- Go-Gouveia? Agente Gouveia?

- Bom dia, senhores. Diana! Diana já está ótimo, por

favor – e retornando ao outro - Aproveitei a folga para por a

papelada em dia, Senhor Gomes. Podemos começar amanhã!

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Não imaginei que estivesse ocupado. Desculpem-me

interrompê-los. Já vou indo.

- Obrigado, Agente Diana, não precisava se preocupar.

Aproveite, é sua folga! Você tem trabalhado demais

ultimamente! Aproveitando a oportunidade, gostaria de

apresentar-lhe Vitor Alcântara, correspondente do Comando

Nacional da Coordenação Geral de Polícia de Entorpecentes

(CGPRE), sediada em Brasília. Veio ver se já havíamos

designado algum agente para o caso.

- Prazer em conhecê-lo, Senhor Alcântara. Não se

preocupe que o caso está em boas mãos. Se precisar de algo,

estaremos à disposição para informar à Coordenação os

detalhes da investigação. E a propósito, repassarei seus elogios

à nossa secretária Maria.

Senhor Alcântara ruborizou. Gomes achou graça.

Na saída, já na antessala do chefe, Diana dirigiu-se à

Maria, secretária da unidade da DRE. Uma senhora de uns 40

anos, sempre muito bem humorada.

- Dona Maria, leve um cafezinho ao Senhor Alcântara,

por favor. O mais amargo que puder!

- Pois não, Senhorita Diana. Amargo? Mas por quê? É

muito doce a nossa visita? - com seu sorriso sempre simpático.

- Sim. Um velho daqueles bem xaropes!

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- Haha! - gargalhou Maria - Pode deixar comigo,

querida!

- Até mais, Maria.

- Até, Diana. Tenha um bom dia!

Ao sair da unidade, Diana resolveu aproveitar sua folga

para as compras. Depois de tantos plantões e treinamentos no

último mês, este era um dia que deveria ser aproveitado.

***

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“[...] Somos meigas e enérgicas ao mesmo tempo, o que perturba e fascina os que nos rodeiam”.

Martha Medeiros

No supermercado, encheu o carrinho de comida

natural. Vegetariana, só comia saladas, verduras e frutos do

mar. Adorava cozinhar, mas nem sempre tinha tempo. Fazia

quase todas as refeições na rua. Quando podia, preparava seu

próprio banquete natureba. Era sozinha, mas não abria mão de

uma mesa bem posta, com direito a taça de vinho e velas.

Enquanto saía do supermercado, cheia de sacolas,

esbarrou em um homem de quase dois metros cuja força fez

suas compras caírem esparramadas ao chão.

- Droga! Droga! Droga!

- Nossa! Três vezes droga? - Uma voz de homem, forte

e rouca, retrucou-lhe.

Sem olhar a quem lhe falava, respondeu:

- Dez vezes droga! Não olha por onde anda?

- Eu olho! E você? Não olha nem em quem esbarra?

***

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Bufando, parou de recolher suas compras e olhou pra

cima. Demorou a encontrar o rosto, de tão grande que era

aquele homem.

- Ô grandalhão, não vai me ajudar com as compras?

- Claro! Desculpe! - Agachou-se e começou a ajudá-la.

Colocou sua câmera pendurada no pescoço e juntou tudo

rapidinho. - Onde está seu carro?

- Não precisa levar até meu carro. Já fez sua parte,

obrigada.

- Nossa! Você é sempre assim tão simpática?

- Não, na maioria das vezes sou um pouco mais

grosseira.

Os dois tiveram que rir ao mesmo tempo. O som da voz

e principalmente da risada dele eram muito bons de ouvir.

Quase uma melodia. Ele era um monstro cheio de músculos,

mas tinha uma beleza singela, encantadora e deliciosa de se

admirar. Olhos castanhos e cabelos curtos, da mesma cor. Uma

boca linda. E então ela ficou o encarando enquanto concluía

seus pensamentos.

- E então, “Miss Simpatia”, vai me dizer onde está seu

carro?

- Ali, atrás da placa E.

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E seguiram em silêncio pelo estacionamento. Pela

primeira vez, Diana sentiu-se um tanto quanto constrangida na

presença de alguém. Isso não era nada comum.

- Como você se chama?

- Oi?

- Como você se chama? Não quero ter que te chamar

de Miss outra vez.

- Ah, é Diana.

- Diana... Lindo nome. O meu é Miguel, já que

perguntou - sorriu. - Miguel Balletho.

- Balletho? - abriu um sorriso enorme que deixou

Miguel desconcertado.

- Qual é a graça?

- Não. Nenhuma. Achei legal seu sobrenome!

- Ok. Vou fingir que acredito na sua explicação, mas só

por conta deste sorriso lindo que não parece ser da mesma

garota que costuma dizer três vezes droga. Você devia sorrir

sempre.

Pela primeira vez, Diana não soube lidar com um elogio

e logo foi se esquivando. Ficou séria de vez.

- Ok. Preciso ir. Obrigada pela ajuda, Miguel.

- Ei, espera! Eu sou novo aqui, não conheço muito bem

a cidade. Você poderia me ajudar! Não quer sair para jantar,

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beber alguma coisa? Jogar conversa fora? Você nem me disse

seu sobrenome, sua profissão, seu... Telefone...

- Só Diana. Miss. E vai sonhando - bateu a porta do

carro.

- Haha! – gargalhou - De nada, Miss Só Diana! - cruzou

os braços e ficou olhando ela acelerar o carro e sumir no

estacionamento.

***

Diana deu um pulo na cama. Era madrugada.

Ficou chocada quando se deu conta de que seu sonho

havia mudado de contexto. Nem Madri, nem Teatro Real.

Apenas Miguel. Miguel e seus músculos. O homem lindo com

quem havia topado no estacionamento do supermercado. O

homem alto da voz rouca deliciosa e de um charme

indiscutível.

- Tá maluca, garota? Não é hora para isso! Foco! - falou

consigo mesma olhando-se no espelho do banheiro. Lavou o

rosto e voltou para a cama. Teria um longo dia ao amanhecer.

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***

- Diana, que bom que você chegou cedo. Temos

novidades no caso.

- Bom dia, Senhor Gomes. Estou a postos! – sentou-se

a mesa do chefe.

- Temos os principais dados do suspeito. A operação

mudou o foco. O suspeito está de passagem no Rio de Janeiro,

só que disfarçado. Achamos que ele é o mandante da

quadrilha. Você terá que ser a "ponta de lança" na operação,

Diana. Não tenho ninguém melhor. Aqui está toda a descrição

do suspeito. Foto, nome, idade, trajetos que costuma fazer,

tudo. Leve para casa e leia com muita atenção. Você terá que

entrar na vida dele disfarçada. Não compareça mais à unidade.

Não faça nada que deixe suspeitas. Se precisar comprar

materiais, use este cartão. Compre tudo o que precisar. Monte

sua estratégia. Se precisar de pessoal, ligue para o Assis. Entre

em contato conosco somente quando estiver com as provas

em mãos. É a operação de nossas vidas, Diana. Não podemos

falhar!

Diana pegou o envelope com as informações e,

triunfante, olhou fixamente para o Senhor Gomes:

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- Pode deixar comigo, chefe! – esse era o entusiasmo

de sua vida: Trabalhar. Lutar pela justiça. Era o que lhe dava

sensação de vida. A sensação mais próxima da felicidade que

ela conhecia.

Deixou a unidade da DRE em um segundo.

Já no trânsito a caminho de casa, parada em um sinal,

presenciou um assalto à mão armada a sua frente, logo na

esquina. O assaltante estava com a arma calçada nas costas de

uma senhora, a conduzindo a passos largos, provavelmente até

o Banco a uns dez metros dali. Ninguém na rua percebia a

situação, mas Diana estava treinada para isso. Via além daquilo

que as pessoas normais viam. Pegou sua arma no guarda-

volumes e desceu do carro sem nem pensar. Mirou no

calcanhar do homem e acertou em cheio. Sua mira era

impecável. Enquanto ele cambaleou e levou a mão até o pé,

Diana deu um só golpe e, girando a perna com destreza, atirou

o revólver do meliante ao chão. A senhora, até então tida

como refém, começou a chorar e a rezar ao mesmo tempo.

Algo que nem dava para se entender. As pessoas da rua

começaram a se aproximar para ajudá-la. O homem, então

ferido, correu mancando enquanto Diana recolhia a arma caída

no chão. Ela deixou ele se afastar até um beco, e quando teve

certeza de que a senhora estava bem, foi atrás do rapaz.

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Entrando no beco, percebeu que ele não estava só.

Havia outros dois homens com ele.

- É ela. Essa é a vagabunda que estragou tudo. Vadia!

Os dois se aproximaram.

- Não acredito, Pirata! Você deixou essa formosura te

assustar?! – disse um deles.

- “Peraí, peraí”, cara. Que gata é essa? – colocando o

braço em frente ao comparsa - Deixa que eu cuido dela!

- Agora estão aprontando em plena luz do dia também,

meninos? Vocês não aprendem mesmo! E estão audaciosos,

hein! – Diana falou e parou.

- A gente não tem hora, gostosura. Só não curtimos

que atrapalhem nossos planos. A gata vai ter que nos pagar o

prejuízo – e foi aproximando-se de Diana, pronto para agarrá-

la. Foi quando ela deu um pulo e com uma das pernas acertou

um chute bem no nariz do rapaz que, no impacto, deu alguns

passos para trás antes de cair de bunda no chão. O outro, que

estava mais atrás, se pronunciou:

- Caraca! O que foi isso? Levanta, cara! Não dá bobeira!

- Ah não! – com ironia, lamentou Diana - Olhem, eu até

podia deixar passar; mas sabem como é, vocês quebraram o

salto do meu Ferragamo novo! Isso não pode ficar assim...

Diana pegou o telefone e deu as coordenadas a

alguém. Nenhum dos três tinha para onde correr.

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Antes mesmo que pudessem pensar, ouviram as

sirenes, e já não havia tempo para mais nada. Os carros da

polícia encostaram e levaram os três malandros presos em

flagrante. Os infelizes eram fugitivos. Há meses vinham

aprontando pela região.

Diana entregou o revólver resgatado ao colega da PF e

voltou ao sinal para buscar o carro, descalça.

Já na rua, encontrou uma confusão tremenda. Pessoas

discutindo e buzinas absurdas. Com a confusão, um motorista

distraiu-se olhando para o lado e bateu na traseira de um dos

carros à frente. O dono do carro batido enlouquecera com a

situação.

- Não quero nem saber. Você é um barbeiro. Isso que

você é, seu desgraçado, motorista de uma figa! – e colocava o

dedo na cara do outro.

- O senhor me desculpe. Vou pagar o prejuízo – dizia

um senhor de meia idade, já tremendo.

- Só pode ter comprado essa carteira, seu merda!

Diana interviu.

- Acalme-se, moço. O senhor aqui já pediu desculpas e

disse que vai arcar com o pre... – foi interrompida.

- Cala a boca, garota. Não se meta na nossa conversa.

Vá tirar seu carro da pista que eu vi muito bem que foi você

que o deixou ali.

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- Eu tive que deixar o carro para socorrer a senhora do

outro lado da rua, mas ele está perto do meio fio e com o

alerta ligado. Foi uma emergência. E o senhor não me mande

calar a boca ou serei obrigada a tomar providências – com a

voz mais calma do que de costume.

- Eu mando calar a boca de quem eu quiser. Quero ver

quem vai me impedir – e partiu para cima de Diana.

Ela já se colocava de prontidão para dar-lhe um golpe e

dar voz de prisão, quando, repentinamente, o encrenqueiro

levou um soco que surgiu bruscamente por trás de Diana. Um

soco único. Certeiro. Derrubou o cara de uma só vez e o deixou

desmaiado, caído no meio da rua.

- Mas o que é isso? – olhou para trás - Miguel? O que

você faz aqui? Por que você fez isso?

- O desgraçado mereceu!

E todos da rua aplaudiram. Glorificaram Miguel.

Motoristas, pedestres, todos se sentiram vingados por ele.

- Eu estava resolvendo a situação. Agora temos um

cara agredido, caído no chão. Você ficou maluco?

- Você está brincando? O cara partiu pra cima de você!

- Eu sei me defender muito bem sozinha.

- Será que você não podia simplesmente me

agradecer?

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- Agradecer? Por ter perdido a razão para um infeliz

desses com testemunhas por toda a parte? Acho que não!

- Caramba! Mulheres são difíceis, mas as cariocas são

especialmente impossíveis!

- Sem gracinhas! Agora me ajude a tirá-lo daqui, ou vai

ser atropelado.

Os dois retiraram o encrenqueiro para a calçada e logo

o colega de Diana chegou preocupado.

- Diana, o que está acontecendo?

- Leva ele, Assis. Vai precisar de um bom curativo. O

resto ele explica quando acordar.

- Ok!

E Diana foi dirigindo-se ao seu carro.

- Hei, Diana, quem é seu amigo?

- Colega de trabalho.

- E o que ele fazia aqui?

- O mesmo que você, talvez.

- Hei, Diana, espera! Será que você pode me dar uma

carona?

- E você não tem carro, Miguel? O ponto de táxi é logo

ali!

- Quer dizer que eu salvo a sua vida e você sequer pode

me dar uma carona?