encontro com a cidade

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ENCONTRO COM A CIDADE NA VÁRZEA DOS RIOS ANHANGABAÚ E TAMANDUATEÍ

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trabalho final de graduação Escola da Cidade - 2010 autor: Julia Valiengo orientador: Fernando Viegas

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ENCONTRO COM A CIDADEN A V Á R Z E A D O S R I O S A N H A N G A B A Ú E T A M A N D U A T E Í

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ENCONTRO COM A CIDADEN A V Á R Z E A D O S R I O S A N H A N G A B A Ú E T A M A N D U A T E Í

E S C O L A D A C I D A D E - F A C U L D A D E D E A R Q U I T E T U R A E U R B A N I S M O

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO - DEZEMBRO DE 2010

J U L I A V A L I E N G O

O R I E N TA D O R : F E R N A N D O V I É G A S

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5

S o n h e i q u e d e u n o j o r n a l

q u e S ã o S ã o P a u l o e S t a v a

C o b e r t a d e á g u a e S a l

P e l a m a i S b r a n C a d a S o n d a S

d e u m m a r d e S a f i r a

n ã o e r a m e n t i r a

e n e m C a r n a v a l

ta m b é m n ã o e r a m i l a g r e

d e S a S t r e e C o l ó g i C o

n e m n a d a i g u a l

e q u a n d o a o n d a b a i x o u

a C i d a d e f i C o u

n o r m a l

S ó q u e d o C h ã o v i n h a a C a l m a

d a l a m a d o m a n g u e

d a a l g a e d a e S t r e l a d o m a r

e a m a r e S i a a C e n d i a

u m a C o i S a a l e g r i a

q u e a e S P u m a d a o n d a

e S P a l h o u P e l o a r

ta m a n h o b a n h o e r a u m b e i j o

d e C h e i r o e d e S e j o

e m C a d a P e S S o a d a q u e l e l u g a r

e n e S S e d i a S a i u n a P r i m e i r a e d i ç ã o

d e t o d o S o S j o r n a i S d o b r a S i l :

S ã o P a u l o R i o

Jo s é Mi g u e l Wi s n i k e Pa u l o ne v e s

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6

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ÍNDICE

0 9 a g r a d e c i M e n t o s

1 1 i n t r o d u ç ã o

1 3 r e v e l a r o r e l e v o

2 1 a r u a c a r l o s d e s o u z a n a z a r é

2 7 s o b r e a s á g u a s

3 3 r i o s e c i d a d e

4 1 c r í t i c a e d e s e J o

5 1 s o b a r u a

6 5 e d . s ã o v i t o e M e r c ú r i o

7 5 r i o , P o n t e e t o r r e

1 0 0 b i b l i o g r a f i a

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AGRADECIMENTOS

aoS arquitetoS e ProfeSSoreS da eSCola da Cidade

Fernando Viégas, José Rollemberg, Pablo Hereñu, César Shundi, Vinícius Andrade, Cristiane Muniz, Fábio

Valentim, José Paulo Gouvêa, Sérgio Sandler, Pedro Telecki, Marcelo Morettin, Guilherme Wisnik, Roberto

Loeb, Luciano Margoto, Luís Mauro Freire, Luís Otávio de Faria, Álvaro Puntoni, Antonio Carlos Barossi e João

Sodré.

aoS entreviStadoS

Pedro Algodoal (Sub-prefeitura da Sé), Sadamu (Convias), Nestor Soares Tupinambá e José Roberto Ribeiro

(Metrô de São Paulo) e Carlos Eduardo Rodrigues (Sabesp).

aoS amigoS arquitetoS

Gaú Manzi, Maria João Figueiredo, João Yamamoto, Lucas Girard, Cecília Góes, Fernando Tulio, Julia Masa-

gão, Clarice Cunha e Henrique Torres.

aoS amigoS artiStaS que também arquitetam

Peetssa, Bruno Risas, Tuca Vieira, Theo Craveiro, Guga Szabzon, Sidola e PC (Rios Invisíveis)

aoS familiareS

Milton Gevertz, Guilherme Valiengo, Irene Gevertz, Marco Antonio Valiengo e Tatiana Valiengo.

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INTRODUÇÃO

Este trabalho surgiu com uma pesquisa sobre a Rua 25 de Março e seu entorno, região que por alguns motivos

passou a atrair minha atenção: primeiramente pela singularidade de sua dinâmica comercial e pela situação

de abandono em que a região se encontra e, posteriormente, pela carga histórica que guarda, que pode ser

contada junto com a própria história da cidade de São Paulo.

Localizada ao pé da colina histórica, às margens do Rio Tamanduateí, a Rua 25 de Março marca a encosta por

onde se realizava a antiga entrada da cidade (em meados dos século XVIII quando ainda era uma vila e seus

rios ainda navegáveis). Desde os primórdios mostrou um forte potencial comercial, sempre movido por imi-

grantes como os sírio-libaneses - pioneiros - e, atualmente, pelos chineses. E não à toa a conhecida Ladeira

Porto Geral possui esse nome: por volta de 1900 localizava-se ali um pequeno porto (o Porto Geral) para o

escoamento de mercadorias que chegavam de barco das fazendas vizinhas. Não muito distante dali estava

também estrategicamente implantado o Mercado Municipal.

Após a transferência da “porta” da cidade para a Estação da Luz (com a construção da estrada de ferro SP

Railway em 1859-1867) este lugar tornou-se as “costas” da cidade. Para exemplificar, basta lembrarmos do que

um dia já foi o Rio Tamanduateí e o Parque Dom Pedro - utilizados de fato como um ambiente de lazer - e a

situação em que se encontram atualmente - um rio poluído margeado por uma grande avenida. Estamos fa-

lando de um não-lugar, engolido pelo crescimento desenfreado da cidade: onde ninguém quer morar e que

morre e ressuscita diariamente, seguindo os horários das atividades comerciais.

No intuito de promover uma maior aproximação com a região escolhida, foi realizada uma experiência de

“corpo solto no espaço” que a priori não procurava nada específico mas que, com a naturalidade de qualquer

deriva, acabou nos trazendo informações preciosas e decisivas para dar continuidade ao trabalho.

esquerda: O Mercado dos Caipiras, c.1900. Cartão Postal. Ed. Malusardi.

direita: O Mercado Velho, c.1900. Cartão postal. Foto de Guilherme Gaensly.

(TOLEDO, 2004)

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REVELAR O RELEVO

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REVELAR O RELEVO

Quando caminha-se pela Rua 25 de Março nem sempre é perceptível o fato de que ela está marcando o final

de uma encosta, assim como na Rua Florêncio de Abreu nem sempre é claro que se está no ponto mais alto

da colina histórica. As construções ao longo de toda a via acabam por disfarçar o relevo existente (formam, in-

clusive, um novo desenho de relevo), sendo quase inexistentes as brechas que o revelam, como por exemplo

o barranco dos fundos do Páteo do Colégio, que apesar de ter sofrido algumas modificações, é um talude de

aterro de alguma forma referente à morfologia supostamente original.

Encontramos, porém, situações muito bonitas, típicas de ambientes como este de transição entre cidade alta

e cidade baixa, que denunciam tal geografia mas que também podem passar desapercebidas, já que o foco de

quem por ali caminha geralmente é outro. São casos de ruas que passam sobre ou sob as outras, através de

pontes ou túneis, escadarias que cruzam quarteirões, ladeiras acentuadas, etc. Foram identificadas situações

como:

1. Rua Florêncio de Abreu (em ponte) sobre a Rua Dr. Carlos de Souza Nazaré;

2. Rua 25 de Março (em túnel) sob Avenida Rangel Pestana;

3. Beco do Pinto (escadaria) ligação do topo da colina até a várzea;

4. Ladeira General Carneiro sob Rua Boa Vista (em ponte).

Se compararmos com as situações encontradas na descida para o Vale do Anhangabaú, percebemos que ali

as possibilidades de transposição são mais numerosas. São elas:

5. Ladeira da Memória;

6. Galeria Prestes Maia;

7. Praça Ramos;

8. escadaria Conde Prates;

9. Avenida São João;

10. Estação São Bento do Metrô;

11. Estação Anhangabaú do metrô.

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1

3

2

4 Fotos: JV, 2010.

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Apesar da ocupação a oeste do Rio Anhangabaú ter sido posterior (apenas no século XIX a cidade ultrapassou

os limites do Vale do Anhangabaú, que era uma plantação de chá), ali a preocupação com projetos de trans-

posição de níveis foi bem maior. Este torna-se mais um dado que comprova a realidade de esquecimento na

qual se encontra a várzea a leste da colina histórica há muito tempo.

Dentre os exemplos acima citados, nos chamou atenção especialmente o caso da ponte da Florêncio de

Abreu, passando por cima da Rua Dr. Carlos de Souza Nazaré. Percebemos que esta rua comunica diretamen-

te os vales dos Rios Tamanduateí e Anhangabaú, praticamente em nível, umas das únicas situações de ligação

entre os vales em que não é necessário cruzar a colina histórica; há apenas um leve desnível, já que as cotas

dos rios diferem em cerca de seis metros.

Topografia da área central da cidade de São Paulo. (AB’SABER, Aziz Nacib, 2004).

rua dr. CarloS de Souza nazaré

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Analisando a sobreposição do mapa de ruas da cidade com o mapa de hidrografia da mesma é que foi possí-

vel entender o que realmente acontecia ali. A Rua Dr. Carlos de Souza Nazaré encontra-se exatamente sobre

o braço do Rio Anhangabaú que deságua no Tamanduateí e marca o fim da colina histórica.

Na imagem da maquete, vemos os dois vales com a colina ao meio, os viadutos do Chá e Santa Ifigênia, o

trecho da Rua Florêncio de Abreu em ponte (em preto) e o bico formado pela união dos rios:

rua dr. CarloS de Souza nazaré

A

A

B

B

rio

an

han

gab

rio

ta

ma

nd

ua

teí

CORTE AA

CORTE BB

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Desta maneira, entende-se os viadutos do Chá, Santa Ifigênia e a ponte da Florêncio de Abreu como um con-

junto de transposições aéreas sobre o Rio Anhangabaú.

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A RUA DR. CARLOS DE SOUZA NAZARÉ

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A RUA DR. CARLOS DE SOUZA NAZARÉ

Neste conjunto de mapas podemos perceber que a área em questão demorou para ser ocupada. Vemos

também que o caminho do rio canalizado segue exatamente o antigo desenho natural do rio e o fato curioso

de que a rua construída ali já se chamou um dia Rua Anhangabaú. Em 1979 teve seu nome alterado para Rua

Dr. Carlos de Souza Nazareth.

1. Mapa da Cidade de São Paulo e seus Su-búrbios (C.A. Bresser, entre 1810 e 1840);

2. Planta da Cidade de São Paulo (C.A. Bresser, 1841);

3. Mapa da Imperial Cidade de São Paulo (Carlos Rath, 1855);

4. Mapa da Capital da Província de São Paulo (Francisco de Albuquerque e Jules

Martin, 1877).fonte: Mapas IV Centenário (fotos: Tuca Vieira)

5. Mappa Topographico do Municipio de São Paulo (Sara Brasil, 1930);

6. Mapa dos rios canalizados (fonte: Sabesp)

1 (entre 1810 e 1840)

6 hoje5 (1930)

2 (1841) 3 (1855) 4 (1877)

CÓRR

EGO

ANHA

NGAB

AU

RIO

TAM

ANDU

ATEÍ

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Hoje em dia, a única pista clara que temos de que a foz do rio Anhangabaú acontece nesse local é a saída da

galeria de concreto chegando no Rio Tamanduateí:

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Esta área também nos chamou a atenção pelo fato da rua acabar bem ao lado do Mercado Municipal marcan-

do, definitivamente, um eixo histórico muito importante como a antiga entrada da cidade.

Ao longo da Rua Dr. Carlos de Souza Nazaré encontram-se edifícios históricos bem conservados, outros le-

vemente descaracterizados e também aqueles que não preservaram nenhuma característica original a não

ser suas estruturas. Muitos casarões antigos foram transformados em estacionamentos, com uma estrutura

metálica reforçando os pisos superiores de assoalho.

Rua DR. CaRloS De Souza NazaRé

Rio

aN

ha

Ng

ab

Rio

Ta

ma

ND

ua

Teí

meRCaDo muNiCiPal

eD. São ViTo e meRCúRio

TeaTRo muNiCiPal

eD. CoPaN

Pq. Dom PeDRo

PaTeo Do

Colégio

PáTio Do PaRi

TeRmiNal De ôNibuS Pq. Dom PeDRo

PiNaCoTeCa Do eSTaDo

Pq. Da

luz

eSTação Da luz

eSTação Julio PReSTeS

liNha féRRea SaNToS-JuNDiaí

laRgo São beNTo

laRgo São fRaNCiSCo

Pça. PaTRiaRCa

liNha 3 meTRô

liN

ha

1 m

eT

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maPa de uSoS maPa de gabaritoS

residencial 1 pavimento

comercial até 3 pavimentos

misto até 5 pavimentos

até 10 pavimentos

17 pavimentos

A primeira vontade que tivemos foi a de reforçar essa bonita ligação entre os vales, fazendo revelar-se, de

alguma maneira, esta água subterrânea e esta situação geográfica. Como premissa de projeto desejamos um

caminho que possa nos contar a história da região, revelando seus elementos de maior riqueza: o relevo, a

água e o mercado.

iimagens da Rua Dr. Carlos de Souza Nazaré, 2010.

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SOBRE AS ÁGUAS

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SOBRE AS ÁGUAS

Encontrar este caminho do rio foi de fato como descobrir um tesouro dentro da cidade.

Conversando com muitos colegas estudantes e arquitetos percebemos que muitos também ignoravam este

fato. Muitos sabiam da localização do rio, mas não exatamente onde era sua foz. Começamos a pensar então

que qualquer outra pessoa menos informada poderia passar a vida inteira cruzando o Vale do Anhangabaú

sem nunca saber da existência daquele rio ali.

Acredito que essa ignorância não se deva única e exclusivamente à falta de informação da população, mas

em grande peso pela falta de vestígios dessa natureza escondida. Fato é que existem pequenas pistas que

podem ainda nos revelar a existência dessas águas subterrâneas mas muitas delas já foram apagadas pelo

crescimento da cidade. Ainda é possível, com muito esforço, suspeitar da localização desses caminhos quan-

do observamos a geografia da cidade ou nos deparamos com um “tampão” da prefeitura com as inscrições

“PMSP ÁGUAS PLUVIAIS” ou mesmo uma grelha incrustada no asfalto revelando o som e odor dos córregos.

Se não temos esse tipo de informação, essas pistas sempre nos passarão desapercebidas.

Nas imagens a seguir vemos a grelha comum em locais por onde passam os córregos (muitas vezes é possível

enxergar a água corrente) e o “tampão” com a inscrição da prefeitura, que não raramente acaba sendo cober-

to pelos eventuais recapeamentos do asfalto das ruas.

A seguir vemos um exemplo típico de situação urbana com córregos na cidade de São Paulo. Ao descer a Rua

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Artur de Azevedo desde a Rua Oscar Freire em direção ao bairro de Pinheiros, percebe-se um declive acentu-

ado até a Rua Lisboa,quando fica plana, e volta a subir bruscamente até a Avenida Henrique Schaummann.

O terreno que acabamos de descrever é o de um vale por onde passa um córrego (Rua Paulo Gontijo de Car-

valho). Por isso a solução da rua em ponte. Neste caso, existe uma associação que preserva a área, cuidando

dos jardins que margeiam o córrego (canalizado) para amenizar a impermeabilização do solo. Esta deveria ser

uma condição para qualquer via que comporta um corpo d’água em seu subsolo, mas no entanto, não é o

tipo de solução que se costuma ver por aí.

Rua Arthur Azevedo em ponte sobre a Rua Paulo Gontijo de Carvalho, 2010.

Canteiros com jardim instalados pela Asso-ciação dos Amigos Pontilhão Arthur Aze-vedo

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Em conversa realizada com o arquiteto José Paulo Gouvêa sobre sua dissertação de mestrado intitulada “Cida-

de do mapa : a produção do espaço de São Paulo através de suas representações cartográficas “, deparamo-

nos com o fato de que sempre houve um imenso descaso da cidade em relação aos seus rios, antes mesmo

do Plano de Avenidas de 1930. Em sua pesquisa, o autor, a partir da leitura de mapas que representavam a

cidade de São Paulo, confirma que, na maioria dos casos, os rios não eram retratados com muita importância,

como se não fossem elementos realmente pertencentes à cidade. “Não significa que não existiam mapas dos

rios, ainda porque existiam diversos mapas dos rios, isoladamente. Significa que nos mapas em que o tema era

a cidade, os rios, de maneira geral, apareciam como um item secundário, exceto em mapas de esgoto, como

esse de 1896 (abaixo). Na minha visão, baseado em Lefèvre, posso afirmar que ao representar os rios, não

como um recurso natural a ser vivido, mas como um equipamento da rede de esgotos, aos poucos, foi essa

característica dos rios que esteve presente e foi se afirmando ao longo da história da cidade”, diz Gouvea.

Desde a canalização dos rios, quando já não havia mais a possibilidade de navegação, não se pensava o rio

como um recurso natural a ser aproveitado ou mesmo como simples elemento paisagístico. Nos mapas,

limitavam-se a serem representados apenas até os limites das plantas, com seus desenhos interrompidos.

Apareciam apenas como uma forma de referência.

O Plano De Avenidas de Prestes Maia veio como a comprovação mais drástica deste descaso. E tomar esta

decisão não deve ter sido muito difícil: a cidade crescia rapidamente, os rios já estavam poluídos e a indústria

de automóveis evoluía como um vírus. Por que não ocupar as várzeas dos rios para a implantação das novas

avenidas? O Plano parecia perfeito, mas em pouco tempo a cidade começou a sentir os seus efeitos. De um

Planta da Cidade de São Paulo - Trabalhos projectados realisados pela Commissão de

Saneamento, 1896.

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lado, a melhoria na mobilidade e novas possibilidades de expansão. Do outro, o incontrolável problema das

inundações - ainda pior com a diminuição das margens vegetadas - do qual somos vítimas até hoje. Não à

toa a cidade ainda investe em obras para amenizar os problemas de drenagem, como por exemplo a cons-

trução de reservatórios de amortecimento de cheias, popularmente conhecidos como “piscinões”. O primeiro

inaugurado na cidade foi em 1992 sob a praça Charles Muller no Pacaembu. “Este reservatório introduziu um

novo conceito de drenagem urbana, o da sustentabilidade das bacias quanto ao amortecimento das cheias,

evitando seu impacto a jusante”(Oseki e Estevam, 2006).

Desde 2005, o projeto para a construção de dois “piscinões” - um na Praça 14 Bis e outro no Terminal Bandeira

Inundações dos Rios Sacacura (Av. Nove de Julho) e Anhangabaú nos anos 80 e 00, respectivamente. (fonte: Convias).

- foi engavetado pelo então prefeito José Serra. No início deste ano, o atual prefeito Gilberto Kassab anunciou

a retomada do projeto, mas até hoje permanece no papel e não há previsão para o início da obra.

Não sei se é possível chamar isso de sorte, mas de todos os rios que foram canalizados, ainda podemos obser-

var aqueles que não foram tamponados, como o Rio Pinheiros, Tietê, Tamanduateí, etc. Estes rios, porém, são

tão maltratados, engolidos pelas grandes avenidas que os margeiam e sufocados pelo lixo adicionado que, ao

meu ver, quase já não podem mais ser chamados de rios.

Penso que assim como uma criança que nasce no interior do país e num determinado momento da sua vida

deve descer a serra para conhecer e entender o que é o mar, as gerações futuras de paulistanos deverão sair

da cidade para entender o que significa um rio. Aprenderão na escola sobre os rios de São Paulo assim como

minha geração ouviu falar dos bondes elétricos. A diferença é que os bondes evoluíram - e continuam ser-

vindo a cidade - e os rios estão morrendo. Acredito que exista uma possibilidade de reversão deste quadro a

partir do momento em que haja uma política para isso, e é sobre este pensamento que o presente trabalho

vai se debruçar.

Page 33: encontro com a cidade

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RIOS E CIDADE

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RIOS E CIDADE

Tendo em vista o desejo de discutir a questão dos rios urbanos, e sendo esta urbanidade a cidade de São Pau-

lo, seria imprescindível falar sobre a situação atual dos nossos corpos d’água, ou seja, de sua poluição e, por

consequência, do sistema de coleta e tratamento de esgoto.

A Região Metropolitana de São Paulo está quase totalmente inserida dentro dos limites da Bacia Hidrográfica

do Alto Tietê, que pode ser considerada uma daquelas com menor disponibilidade hídrica por habitante do

Brasil. Isso se deve principalmente pelo intenso processo de industrialização e urbanização pelo qual a cidade

passou, resultando na poluição da maioria dos seus corpos d’água e também dos mananciais de abastecimen-

to de água como Guarapiranga e Billings. (ISA, 2010). Portanto, apesar da abundância de água em seu terreno,

a RMSP necessita importar água de outras regiões do Estado de São Paulo e Minas Gerais para abastecer seus

habitantes (processo conhecido como “Sistema Cantareira”, um dos maiores do mundo).

Mapa da bacia hidrográfica do Tietê com mancha urbana relativa a década de 80.

(fonte: DAEE, 1982)

Page 36: encontro com a cidade

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PoPulação urbana atendida Por Coleta e Por tratamento de eSgotoS na rmSP, muniCíPio de São Paulo e de-maiS muniCíPioS. (SniS, 2006):

* as companhias de saneamento não informam o total de população com esgotos tratados - apenas coletados. A população com tratamento de esgoto foi estimada considerando-se a população com coleta e a relação entre volumes tratados e co-

letados de esgoto.

volumeS de eSgoto Coletado e tratado na rmSP, muniCíPio de São Paulo e demaiS muniCíPioS. (SniS, 2006):

Fonte tabelas: (ISA, 2010)

O principal motivo da poluição dos rios da Grande São Paulo é (e sempre foi) o despejo de efluentes domés-

ticos sem tratamento. Isso acontece porque apesar de haver coleta de esgotos, parte da cidade ainda não é

atendida por este sistema e a porcentagem de esgoto coletado que é destinada ao tratamento ainda é muito

pequena (menos da metade). Ou seja, diariamente nossos rios são alimentados por litros e litros de esgoto,

através de ligações clandestinas.

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PoPulação atendia Por Coleta de eSgoto:

Fonte: (ISA, 2010)

Page 38: encontro com a cidade

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PoPulação atendia Por tratamento de eSgoto:

Fonte: (ISA, 2010)

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Em 2007, a Sabesp em parceria com o governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura de São Paulo lança-

ram o Programa Córrego Limpo, que tem como objetivo a despoluição dos córregos da cidade através do

encaminhamento do esgoto para estações de tratamento. Segundo a Sabesp, até 2009 foram entregues 42

córregos, sendo 28 totalmente despoluídos e 14 com os principais trechos recuperados. A meta até 2010 era

a de totalizar o número de 100 córregos. Até julho de 2010 foram despoluídos 65 cursos d’água. São eles:

zona norte: Água Preta, Buraco da Onça, Carandiru-Carajás, Charles de Gaulle, Biquinha, Flor de Maio, Hor-

to Florestal – Ciclovia, Ipesp, Jardim Elisa Maria, Horto Florestal – Pedra Branca, Lago Parque Toronto, Novo

Mundo, Tenente Rocha, Vale do Saber, Da Rua Águas de Prata, Da Rua Alfredo Soncini, Da Rua Carandaí –

Alambari, Recanto dos Humildes, Ribeirão Tremembe – Afluente e Vila Aurora.

zona Sul: Cemitério Campo Grande, Invernada, Iporanga – Esmeralda, Kagohara – Itupu, Parque Severo Go-

mes, Parque do Cordeiro, Rio das Pedras - Acima da linha férrea CPTM, Tanquinho – Matilde Nassar Curi,

Tanquinho – Emily Dickinson, Lago da Aclimação – Pedra Azul, Sapateiro – Lago do Ibirapuera, Afluente da

Av. Nova Arcádia, Castelo, Cemitério de Congonhas, Da Rua Jaime de Oliveira Souza e Parque Jardim Her-

culano.

zona leSte: Cipoaba, Rodrigo de Lucena, Venda Velha, Armênio Soares, Cruzeiro do Sul (trecho da nascen-

te), Franquinho (Aricá Mirim, Franquinho (Esperantina), Itapegica/ Mongaguá (trecho da nascente), Limoeiro

(Garagem), Ponte Rasa (Sonho Gaúcho), Rincão (André Francisco) e José Lagrange, Bartolomeu Ferrari, Da

Rua Macela do Campo, Jardim Pedra Branca - Afluente dos Cunhas, Mandy, Parque da Consciência Negra e

Parque Primavera.

zona oeSte: Caxingui, José de Araújo Ribeiro, Nascente do Sapé, Vila Hamburguesa, Boaçava, Corujas - Ave-

nida Corujas até Rua Romeu Perroti, Corveta Camacuã, Nascente do Continental, USP, Alto de Pinheiros e

Bellini.

O Programa iniciou-se com uma lista de 300 córregos a serem tratados, sendo a maioria córregos não tam-

ponados. Completada a fase dos primeiros 100 córregos despoluídos, haverá uma reunião que decidirá a lista

dos próximos 100. Por enquanto, não há notícia de que o córrego Anhangabaú esteja incluído nessa lista,

primeiramente por estar totalmente tamponado - o que dificulta o processo - e, principalmente por conta de

muitos dos seus pontos de visitação estarem ocultos ou obstruídos.

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Córregos despoluídos de 2007 a 2009 (fonte: Sabesp)

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CRÍTICA E DESEJO

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CRÍTICA E DESEJO

Conto retirado do livro “Cidades Invisíveis” (Ítalo Calvino, 1972). Tradução: Diogo Mai-nardi para edição da Cia. das Letras (1990).

Ignoro se Armila é dessa maneira por ser inacabada ou demolida, se por trás dela existe um feitiço ou um

mero capricho. O fato é que não há paredes, nem telhados, nem pavimentos: não há nada que faça com que

se pareça com uma cidade, exceto os encanamentos de água, que sobem verticalmente nos lugares em que

deveria haver casas e ramificam-se onde deveria haver andares: uma floresta de tubos que terminam em tor-

neiras, chuveiros, sifões, registros. A céu aberto, alvejam lavabos ou banheiras ou outras peças de mármore,

como frutas tardias que permanecem penduradas nos galhos. Dir-se-ia que os encanadores concluíram o seu

trabalho e foram embora antes da chegada dos pedreiros; ou então as suas instalações, indestrutíveis, haviam

resistido a uma catástrofe, terremoto ou corrosão de cupins.

Abandonada antes ou depois de ser habitada, não se pode dizer que Armila seja deserta. A qualquer hora

do dia, levantando os olhos através dos encanamentos, não é raro entrever uma ou mais jovens mulheres,

esbeltas, de estatura não elevada, estendidas ao sol dentro das banheiras, arqueadas debaixo dos chuveiros

suspensos no vazio, fazendo abluções, ou que se enxugam, ou que se perfumam, ou que penteiam os longos

cabelos diante do espelho. Ao sol, brilham os filetes de água despejados pelos chuveiros, os jatos das tornei-

ras, os jorros, os borrifos, a espuma nas esponjas.

A explicação a que cheguei é a seguinte: os cursos de água canalizados nos encanamentos de Armila ainda

permanecem sob o domínio de ninfas e náiades. Habituadas a percorrer as veias subterrâneas, encontram

facilidade em avançar pelo novo reino aquático, irromper nas fontes, descobrir novos espelhos, novos jogos,

novas maneiras de desfrutar a água. Pode ser que a invasão delas tenha afastado os homens, ou pode ser que

Armila tenha sido construída pelos homens como oferta para cativar a benevolência das ninfas ofendidas pela

violação das águas. Seja como for, agora parecem contentes, essas moças: cantam de manhã.

ítalo Calvino

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Pensando no crescimento e nas transformações desenfreadas sofridas pela cidade de São Paulo nas últimas

décadas, principalmente em detrimento do espaço ocupado pelos automóveis - e fazendo com que cada vez

mais os nossos rios se tornassem invisíveis - e na maneira pela qual as informações descritas no presente tra-

balho nos atingiram emocionalmente, é que desenvolvemos este projeto de intervenção urbana denominado

RIOS INVISÍVEIS:

A intervenção tem como principal objetivo revelar a situação atual dos nossos rios urbanos e, no caso do Rio

Anhangabaú especificamente, evidenciar a interessante situação de “encontro dos rios”, que poderia ser tão

bonita se tivesse sido preservada.

Litros de uma solução à base de água, cal e anilina comestível de pigmento azul serão despejados ao longo da

Rua Dr. Carlos de Souza Nazaré, simulando o caminho invisível do corpo d’água canalizado. Uma vez tingida,

a rua torna-se uma obra de arte em que o espectador encontra-se nela inserida, e não diante dela. Os tran-

seuntes passarão a ter uma nova companhia, que representa a natureza perdida, e os automóveis passarão a

transitar “submersos”.

A ação será registrada através de imagens captadas por vídeo e fotografias a partir do nível da rua, assim como

vistas aéreas realizadas através de um helicópetero, no intuito de obter a dimensão total do projeto.

Vale ressaltar que a solução proposta para o tingimento da rua não é tóxica, já que é feita por compostos

orgânicos (portanto, biodegradáveis) e que a obra é efêmera, pois a própria água das chuvas tratará de lavar a

rua, que em pouco tempo retornará à sua situação habitual.

Simulação da Rua Dr. Carlos de Souza Nazaré (foto tomada da Rua Florêncio de Abreu em direção à Avenida Prestes Maia) após a intervenção e Simulação da foto aérea após a intervenção: 700 metros de rua tingidos.

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De uns tempos pra cá, a questão da presença e ausência dos rios passou a despertar o interesse de alguns

artistas. Para citar mais alguns exemplos deste ano, temos o recém instalado trabalho do mexicano Hector

Zamora intitulado “Errante”. A instalação, que ficará exposta por mais de um mês sobre um trecho do Rio Ta-

manduateí faz parte do projeto “Margem” organizado pelo Itaú Cultural com curadoria do arquiteto Guilherme

Wisnik, cujo objetivo é trabalhar temas decisivos como urbanismo, meio ambiente e marginalização social.

Trata-se de uma espécie de jardim suspenso sobre o Rio, com cerca de nove árvores - de espécies diferentes -

ancoradas por cabos de aço. “Errante” significa “equívoco” ou “que anda ao acaso”, e segundo o autor da obra,

“tem algo de irônico com as árvores em situação suspensa, que poderia sair do controle, mas que não, está

no lugar. Não se trata de um embelezamento do local, mas de uma reação ao contexto”. (Estado, outubro

de 2010).

“Errante” de Hector Zamora. (fotos: Gui-lherme Wisnik, 2010).

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Outro exemplo é o “Manifesto Capivara” do grupo de artistas da Casa da Lapa que faz parte do projeto “O Céu

nos Observa” do artista Daniel Lima, cujo objetivo era registrar diversas intervenções urbanas a serem realiza-

das ao mesmo dia e hora através de uma foto aérea. O Manifesto trata da invasão da cidade sobre as margens

dos rios e de como os seus sobreviventes - as capivaras - tentam agora voltar para seu habitat natural. O grupo

conta que foram registrados diversos casos em que esses animais foram vistos em proximidades de rios de

cidades do interior como Piracicaba, Campinas, Sorocaba, Jundiaí, assim como na Capital (rios Tietê e Pinhei-

ros) em que foram catalogadas cerca de 30 capivaras. Tem como objetivo a demarcação de seu território, o

que significa também demarcar os rios de São Paulo: a região do Pacaembu foi a primeira.

“Manifesto Capivara”, Casa da Lapa, 2010.

Outro artista que se destaca nesta temática dos “rios invisíveis” é José Augusto Amaro Capela, o Zezão. Há

cerca de 10 anos ele vem deixando sua marca pela cidade de São Paulo através do grafite, buscando sempre

locais inesperados e de difícil acesso. Ficou conhecido pelos grafites que realizou dentro de galerias de esgo-

to ou córregos canalizados e pelas consequentes histórias que trouxe à tona como a de alguns personagens

que habitavam essa estranha dimensão. Estes trabalhos são inacessíveis ao público, a não ser que alguém

venha a se aventurar também pelos subterrâneos da cidade ou quando registros em vídeo os fotografias são

trazidos para exposições. Logo, sua arte deixa de ser apenas a do grafite podendo ser classificada também

como intervenção urbana, site specific, instalação, etc. Zezão encontrou este mundo escondido debaixo dos

nossos pés, o que nos faz pensar também o quão absurda e inimaginável é a grandeza dos bastidores da nossa

metrópole. Segundo o Departamento de Controle de Uso de Vias Públicas (Convias), estima-se que existam

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110 mil quilômetros de rede de infra-estrutura urbana no subsolo de São Paulo, onde mais de 30 empresas

prestadoras de serviços executam obras nas vias públicas. Cerca de 13 mil quilômetros correspondem á rede

de esgoto e 1,5 mil quilômetros ás galerias de águas pluviais.

Intervenções do artista Zezão.

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Imagem retirada do livro “A água no olhar da história” / Secretaria do Meio Ambien-te; [texto, projeto e pesquisa Dora Shellard Corrêa, Zuleika M. F. Alvim]. - São Paulo: A Secretaria, 1999.

Dentro desde processo, o desejo que surge é o de revelar o desenho dessas águas para a cidade. O desejo de

poder compartilhar essas pequenas descobertas que, na realidade, fazem parte de um sistema muito grande,

que caminha invisível o tempo todo sob o nossos pés.

Ficou comum ao passarmos por dentro de um longo túnel dentro da cidade, vermos placas que indicam por

onde estamos passando. Na teoria, o motorista não necessita dessa informação. Ele sabe onde o túnel come-

ça e onde ele acaba e estas informações bastam para seguir seu caminho. No entanto, a idéia de que se está

caminhando sob um parque conhecido ou mesmo um rio é muito feliz, pois aproxima o cidadão da dinâmica

de funcionamento da sua cidade, sua infra-estrutura e espacialidade de maneira estimulante.

Com base nesta idéia é que nos perguntamos porque não existe esse mesmo tipo de sinalização para informar

sobre o que caminhamos e não apenas sob. Não seria interessante poder identificar na superfície da cidade

por onde passam por exemplo as galerias do metrô? Por onde passam as galerias dos córregos e por onde já

passaram os rios? Não acredito que esse pensamento seja mero entusiasmo de arquitetos e urbanistas. Não

se trata de elementos específicos àquilo que estudamos, e sim, que pertencem - ou deveriam pertencer - a

todos aqueles que vivem na cidade.

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Na cidade alemã de Berlim, por exemplo, é possível identificar nas ruas por onde passava o antigo muro que

dividia a cidade nos lados oriental e ocidental. É uma marca sutil no piso da cidade, diferenciada pelo uso de

um outro tipo de pedra, formando uma linha, exatamente sobre o desenho do muro histórico. Afirmo que

intervenções como essas são essenciais para o resgate e conservação da história das cidades, garantindo a

“presença” destes elementos para as gerações futuras.

Desta maneira, e voltando ao caso da Rua Carlos de Souza Nazaré sobre o Rio Anhangabaú é que pretendo

trabalhar as possíveis formar de trazer essa realidade à tona. Um projeto para essa rua especificamente, mas

que poderia ser pensado para qualquer outra via sobre córrego dentro da cidade, em que pequenas interven-

ções tragam de maneira lúdica e eficiente a questão dos rios urbanos acima dos subterrâneos da cidade.

Imagens da cidade de Berlim: pedras mar-cam o antigo desenho do muro. (fotos:

google images)

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SOB A RUA

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SOB A RUA

No intuito de revelar à cidade o que acontece sob a rua é que proponho algumas intervenções ao longo de

toda a Rua Dr. Carlos de Souza Nazaré. A primeira, mais simbólica, não faz contato direto com a água mas

pode ser percebida a metros de distância.

A proposta é a re-pavimentação da via, substituindo o asfalto por uma pista de concreto. Assim, seria possível

resgatar os acessos à galeria coberto pelas sucessivas camadas de asfalto e permitindo a necessária manuten-

ção da mesma. Outro motivo para o uso do novo material é que a pista, de tonalidade mais clara, poderia ser

pintada de branco, com as sinalizações em preto, justamente o oposto do original. Ficaria, portanto, perceptí-

vel para quem anda a pé ou de carro o fato daquela via abrigar o rio. Este modelo de rua tornar-se-ia padrão e

haveria então, um momento em que toda a população paulistana teria a consciência de que toda e qualquer

via branca com faixas em preto significaria um rio. Funcionaria como a placa que diz: “você está passando

sobre o Rio Anhangabaú”.

A segunda proposta aproxima mais o transeunte da água e é percebida somente na escala do pedestre. Trata-

se de uma ligação direta do corpo d’água com o pedestre por vias auditivas e olfativas através de um largo

tubo de ferro conectando a galeria de água até a superfície da rua, com uma saída voltada para a calçada.

O pedestre ao passar próximo da entrada do tubo poderá ouvir o som do rio correndo e também sentir seu

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cheiro. Acompanhando a peça deve haver uma sinalização indicando o nome do rio e uma imagem da área

em questão, anterior à canalização do rio, como resgate da memória.

Outra intervenção importante seria a criação de canteiros com jardins ao longo de toda a via, resgatando

parte da permeabilidade do solo, tão importante em áreas de várzea. A via que hoje tem cerca de 12 metros

de largura poderia perder uma de suas pistas para o alargamento de um dos lados das calçadas, viabilizando a

criação dos canteiros. Os jardins também funcionariam como filtros naturais, em que toda a água acumulada

seria armazenada e bombeada para o uso dos edifícios.

E por fim, para imortalizar o encontro dos rios Anhangabaú e Tamanduateí, no momento de sua confluência,

proponho que o corpo d’água venha à superfície: uma grande praça d’água, de frente para o Mercado Muni-

cipal marcando o fim da rua, a foz de um rio. Ocuparia toda a quadra que hoje é conformada pelas avenidas

Mercúrio, do Estado e a R. Dr. Carlos de Souza Nazaré e que abriga em sua maioria edificações de baixo valor

arquitetônico e de poucos pavimentos.

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R. Dr. Carlos de Souza Nazaré: seção transversal existente

seção tranversal proposta (alargamento da calçada à direita e implantação de canteiros permeáveis

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C

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RUA DR. CARLOS DE SOUZA NAZARÉesc 1:2000

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CORTE DDesc 1:750

CORTE CCesc 1:750

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Uma vez determinada esta relação do Mercado com a praça d’água, começamos a sentir a necessidade de

partir para o outro lado da Avenida do Estado, investigando os outros terrenos com frente para o Rio e possi-

bilidades para prolongar o projeto.

A idéia era a implantação de uma torre que servisse de mirante para a situação local: a colina histórica, as

várzeas dos rios e a antiga porta de entrada da cidade. Além de entendermos que somente de uma altura

muito grande é que tais características podem ser percebidas, a imagem de uma torre naquele lugar tão plano

agradava muito.

Foi então que olhamos para o lado e percebemos que a torre que desejávamos já existia.

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EDIFÍCIOS SÃO VITO E MERCÚRIO

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EDIFÍCIOS SÃO VITO E MERCÚRIO

Elementos de destaque na paisagem, os edifícios mais altos da região ocupam uma quadra inteira que faz

frente para a Avenida do Estado. Apesar de serem geminados, foram construídos em épocas diferentes, mas

ambos inseridos no contexto da arquitetura moderna que dominava a cidade nos anos 50: “ brises soleils, co-

bogós, janela em todo o vão da parede, teto coroado com elementos decorativos fazem destes edifícios um

mostruário das possibilidades da linguagem em voga na década de 50”. (SAMPAIO, 2002.)

Construídos e incorporados pela Construtora Zarzur & Kogan eles formam um único conjunto mas com cla-

ras diferenças em relação ao tratamento de fachadas e de soluções de projeto.

O Edifício Mercúrio foi projetado originalmente para apenas 4 pavimentos destinados ao comércio e habita-

ção. Com a contratação da construtora teve seu projeto alterado tendo sido aprovado para ser um hotel com

24 pavimentos. Foi construído entre os anos 1953 e 1954.

O Edifício São Vito havia sido aprovado para 17 pavimentos. Em 1954, já com sua construção em andamento,

sofreu um pedido de alteração de suas plantas no intuito de transformar os dois edifícios num único conjun-

to de 25 pavimentos. Abrigariam 16 lojas, 19 salas para escritórios, 414 apartamentos e um hotel. Na prática,

nunca houve essa junção. O projeto sofreu diversas alterações, inclusive em relação ao número de quitinetes

por andar, diminuindo drásticamente a área útil de cada apartamento. Há registros também de que ao fim da

obra, em 1959, haviam sido construídos dois andares a mais do que o aprovado, que a espessura das paredes

era menor do que a exigida, que havia falta de iluminação natural nos corredores e que os elevadores eram

insuficientes para o número de moradores. Com 27 andares e 690 apartamentos e uma média de 25 aparta-

mentos por andar, é possível então entender um dos motivos pelo qual o edifício atingiu tão rapidamente sua

deterioração.

Nesta planta vemos a disposição dos apar-tamentos nos dois edifícios. A opção de apartamentos mais amplos com dois am-

bientes para o São Vito não foi adotada.

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fotos: Julia Masagão, 2008.

Claramente em pior situação do que o Edifício Mercúrio, por muito tempo o Edifício São Vito não recebeu

nenhum tipo de manutenção e era totalmente habitado por famílias de baixa renda. Em 2003, apenas um

terço dos apartamentos estavam ocupados por seus proprietários sendo 30% deles por apenas 1 pessoa.

(fonte: Diagonal Urbana Ed. São Vito - Diagnóstico Integrado e Participativo. Habi Centro - Procentro, 2003).

Em agosto deste mesmo ano foi decretado de interesse social e em 2004, na gestão da então prefeita Marta

Suplicy teve iniciado seu processo de desapropriação.

Optou-se pela reforma e readequação do edifício sob coordenação da COHAB e tendo os arquitetos Roberto

Loeb e Luis Capote como arquitetos contratados por licitação para desenvolver o projeto. A idéia era reduzir

o número de apartamentos por andar, separando o edifício em dois blocos de 200 unidades cada (35m2 a

60m2) com acessos independentes e 2 elevadores para cada um. Estavam também previstos uma creche e

um restaurante na cobertura, e um telecentro e escola técnica de gastronomia no térreo ( o orçamento da

obra estava previsto para 16 milhões de reais). Este projeto foi selecionado para representar o Brasil na Bienal

de Veneza de 2004.

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Pojeto de reforma para o Edifício São Vito: arquitetos Roberto Loeb+Luis Capote,

2003 a 2005.

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Com a mudança de gestão na Prefeitura de São Paulo em 2005, José Serra declara que em nova avaliação o

valor da reforma foi considerado muito alto, optando-se, portanto, pela demolição do conjunto, votada pelo

Conselho de Habitação. Um estudo para impacto da demolição dos dois prédios mostrou que ao ser reali-

zada, produziria uma montanha de entulho do tamanho de um prédio de oito andares. Segundo a Prefeitura,

o entulho seria reaproveitado na construção de um dique no Jd. Romano (ZL) e na pavimentação de ruas na

periferia.

Em julho de 2010, a Defensoria Pública do Estado, o Instituto Pólis, o Centro Gaspar Garcia de Direitos Huma-

nos e a Associação dos Moradores Viva São Vito, depois de muita discussão, conseguiram uma liminar para

barrar a demolição dos dois edifícios. Nesta data, as edificações das duas quadras laterais ao conjunto já ha-

viam sido demolidas. Em setembro de 2010, a Prefeitura instala uma placa no local com a seguinte inscrição:

“Revitalização do Parque Dom Pedro II - Execução da demolição dos Edifícios São Vito e Mercúrio inclusive

reciclagem do entulho”, orçada em 4 milhões de reais e com prazo de execução para 150 dias.

Segundo funcionários que trabalhavam no local, a demolição não ocorreria por método de implosão pois

havia o perigo de danificação dos vitrais do Mercado Municipal e entupimento do canal do Tamanduateí. O

processo - já iniciado - é o de “desmontagem” dos edifícios, manualmente, através de marretas; serão demo-

lidos inicialmente todas as lajes e fechamentos, e em seguida, a estrutura, retirando suas peças de cima para

baixo.

Em 1999 o arquiteto holandês Rem Koolhaas, a convite do Arte Cidade, propôs uma intervenção no Edifício

São VIto, já enxergando nele uma discussão sobre as condições de habitação na cidade e as potencialidades

de renovação urbana em larga escala.

Tratava-se da instalação de um elevador de alta tecnologia conectando o térreo à cobertura do prédio. Sua

idéia era refletir sobre a possibilidade de renovação do edifício e sua conexão com a área urbana:

“O acesso facilitado pode permitir o florescimento de outras atividades e levar a outras formas de ocupação

da edificação, abrindo oportunidades que possam ser aproveitadas pelos habitantes do imóvel. Uma reconfi-

guração que se dá através da dinâmica urbana.” (Arte Cidade).

Identificando-se com a crítica de Koolhaas é que enxergamos nos edifícios São Vito e Mercúrio a possibilidade

de criar-se uma condição em que se prove que através de novos moldes arquitetônicos e urbanísticos a cida-

de se transforme, integrando-se, definitivamente, ao formato das grandes metrópoles munidais.

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Proposta de intervenção no Edifício São Vito, Rem Koolhaas para o Arte CIdade,

1999.

A imagem desse esqueleto - com o edifício demolido - de grande porte localizado muito próximo da conflu-

ência dos rios, juntamente com a vontade de projetar uma torre/mirante para a área central da cidade fizeram

com que tomássemos a decisão de comprarmos essa briga: defender sua permanência, fazendo uma nova

proposta de reforma para os edifícios.

A Avenida do Estado, uma peça de grande escala dentro de São Paulo, instalada na larga várzea do Tamandu-

ateí abriga, nesta região, construções muito tímidas, que não condizem com a escala do local. Acredito e de-

fendo a permanência dos Edifícios São Vito e Mercúrio por fazerem este justo contraponto. Sua implantação

e escala são ao meu ver muito adequadas para este lugar e não faria sentido derrubá-los apenas para “acabar

com o grande símbolo da decadência do centro de São Paulo”. Tal decisão é higienista e medrosa, e na época

em que foi tomada, não havia sequer um estudo ou planejamento de contrapartida para a área.

O problema não é manter o edifício em si, mas, manter sua função original de habitação num local como este.

Enquanto a cidade não começar a se preocupar em tornar a região menos hostil, com planos que priorizem

também os seus habitantes, não há possibilidade deste edifício voltar a ser o endereço de centenas de famílias.

Tendo em vista a idéia de que em pouco tempo o edifício estará apenas com a sua estrutura à vista - condi-

ção perfeita para uma nova intervenção - proponho sua readequação total. O edifício ganharia novos usos e

receberia, evidentemente, em seu topo, o tão desejado mirante.

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>foto tomada a partir do terraço do Edifício São Vito (fonte: Roberto Loeb Arquitetura) e croqui simulando a vista para o encontro

dos rios.

demolição:

em processo de demolição permanência proposta

demolido área a ser incorporada no projeto

< fotos: JV, julho de 2010 (esquerda) e se-tembro de 2010 (direita).

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A oeste do Rio Tamanduateí vemos numa mescla de geografia natural com as edificações, a colina histórica.

Ao leste, vemos a várzea com suas edificações de pequeno porte e, em destaque, os edifícios São Vito e Mer-

cúrio. Neste projeto, enxergamos o conjunto como um morro artificial em contraponto ao morro natural à

sua frente. Para tanto, se faz necessário um desenho que nos permita “alcançá-lo”, para aos poucos se chegar

ao topo. A idéia é que um conjunto de rampas faça uma agradável transição da cota da rua para a cota +8m,

a qual chamamos de térreo superior, em que aconteceria o principal acesso ao edifício. A coincidência des-

ta cota com a do mezanino do Mercado Municipal torna inegável a possibilidade de conexão entre os dois

edifícios, conformando definitivamente o conjunto de rio, ponte e torre como importantes equipamentos

públicos para a cidade.

situação rampa proposta

rampa e conexão propostas

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RIO, PONTE E TORRE

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RIO, PONTE E TORRE

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78 i m p l a n t a ç ã oe s c 1 : 2 5 0

B

B

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D

D

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implantaçãoesc 1:750

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A proposta de reforma dos edifícios São Vito e Mercúrio tem como objetivo a união dos dois edifícios no seu

interior - tendo em vista a coincidência dos níveis de suas lajes - assim como na fachada, com um tratamento

que lhe conceda uma unidade; a requalificação de seus espaços internos e a implantação de novas torres de

circulação vertical. O conjunto ganhará pés direitos mais amplos e novos vazios, promovendo maior leveza

e transparência ao edifício. Como um desdobramento da rua, abrigará praças públicas verticais com jardins,

equipamentos públicos diversos e um hotel.

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planta original dos edifícios

a demolir

proposta

circulação vertical original

Ed. Mercúrio Ed. São Vito

circulação vertical proposta

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COTA 0m

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AVENIDA MERCÚRIO

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COTA 8m

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cota 20 _ mídia e leituraesc 1:250

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cota 26 _ jardim e saguão do hotelesc 1:250

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cota 26 _ jardim e saguão do hotelesc 1:500

cota 23 _ mídia e leituraesc 1:500

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cota 17 _ mídia e leituraesc 1:250

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cota 26 _ jardim e saguão do hotelesc 1:500

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cota 71 _ casa de banhosesc 1:250

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cota 85 _ salão da cidadeesc 1:250

cota 85 _ salão da cidadeesc 1:500

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Nesta maquete vemos o conjunto de pon-tes sobre o córrego Anhangabaú e os mi-rantes da cidade.

PaTeo

Do Colégio ToRRe Do baNeSPa

miRaNTe Do Vale

eD. São ViTo e meRCúRio

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vista do alto do edifício em direção à colina histórica - em des-taque os edifícios do Banespa e Mirante do Vale

foto tomada a partir do terraço do Edifício São Vito (foto: Almeida Rocha para A Folha

de São Paulo, novembro/2010)

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