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Wilson Barbosa de Almeida Filho R.A. n° 002200400044 – 10° Semestre EMPREGO DA MISTURA SOLO-CIMENTO EM BASES E SUB-BASES DE PAVIMENTOS Itatiba/SP 2008

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Wilson Barbosa de Almeida Filho

R.A. n° 002200400044 – 10° Semestre

EMPREGO DA MISTURA SOLO-CIMENTO EM BASES E

SUB-BASES DE PAVIMENTOS

Itatiba/SP

2008

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Wilson Barbosa de Almeida Filho

R.A. n° 002200400044 – 10° Semestre

EMPREGO DA MISTURA SOLO-CIMENTO EM BASES E

SUB-BASES DE PAVIMENTOS

Monografia apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil da Universidade São Francisco, sob a orientação do Mestre e Professor Ribamar de Jesus Gomes, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação.

Itatiba/SP

2008

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ALMEIDA, Wilson Barbosa Filho . “Emprego da mistura solo-cimento em bases e sub-

bases de pavimentos”. Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado na

Universidade São Francisco em 10 de Dezembro de 2008 pela banca examinadora constituída

pelos professores:

Professor Mestre Ribamar de Jesus Gomes USF – Orientador Professor Adão Marques Batista USF – Examinador Professor André Bartholomeu USF - Examinador

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Aos Professores

È com imenso prazer que escrevo estas poucas palavras agradecendo por tudo que vocês

significaram pra mim nestes anos de convivência, pois todo nosso aprendizado não teria

fundamentos sem a peça mais importante que é simplesmente o Professor.

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AGRADECIMENTOS

Chegou à reta final dos estudos, alegria por formar em uma profissão de respeito, mas

com aperto no coração, por deixar para trás lugares e pessoas que significam muito, como os

professores, mestres e doutores com quem passamos a maior parte do tempo. A realização

desta monografia tem um significado especial, pois meu orientador o grande professor e

mestre Ribamar de Jesus Gomes que foi responsável por matérias realmente espetaculares que

eram de meu interesse, por isso muito obrigado.

Aos meus colegas Clayton, Luis Henrique, Fernando, Carlos Eduardo, Wendel, Gabriel,

Saulo, Rafael, Marcos, Hernani e Leonardo que me apoiaram por todos os caminhos e que na

verdade não são apenas colegas, são uma outra família que sempre serão lembrados com

muito carinho.

Aos meus pais, que são os responsáveis por eu estar onde estou hoje, pessoas que não

existem palavras para agradecê-los.

Ao grande Hélio Maeda, motorista da condução que eu vinha pra faculdade até o ano

passado, e que me aturava nas bagunças de todos os dias.

E por fim ao grande responsável pela nossa vida, “Deus”, pois sem ele nada é possível,

em todos os momentos tanto na alegria quanto nos momentos de aflição ele sempre está

presente.

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“Se você acha que a educação custa caro, experimente a ignorância.”

(Tércio Pacitti)

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SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

RESUMO

ABSTRACT

1 – INTRODUÇÃO 13

2 – OBJETIVO ________________________ 14

3 – JUSTIFICATIVA 14

4 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 15

4.1 – Melhoria do solo_________________________________________ 15

4.2 – Bases de solo-cimento___________ 15

4.3 – Estabilização de solos com cimento__________________________ 16

4.4 – Influência do solo-cimento nas propriedades físicas do material____ 16

4.5 – Utilização de solo-cimento em camadas de pavimentos___________ 17

4.6 – Dosagem_______________________________________________ 18

4.7 – Processo de construção____________________________________ 19

4.7.1 – Mistura no próprio local da obra_____________________ 19

4.7.2 – Mistura com usinas_______________________________ 22

4.8 – Compactação____________________________________________ 23

4.9 – Retração e Fissuração_____________________________________ 23

4.9.1 – Fissura por dessecação superficial____________________ 23

4.9.2 – Fissura por retração volumétrica_____________________ 23

4.9.3 – Fissura por fadiga_________________________________ 24

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5 – CONCLUSÃO_________________________________________________ 26

6 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA______________________________________ 27

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LISTA DE FIGURAS

Figura. 4.1 – Esquema para distribuição do cimento. Senço (1979-1980).

Figura 4.2 – Distribuição do cimento nos locais determinados. Bauru (2008).

Figura 4.3 – Espalhando cimento sobre o solo. Bauru (2008).

Figura 4.4 – Preparação da base. Bauru (2008).

Figura. 4.5 – Usina de Solo-Cimento. Senço (1979-1980)

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DESOL. - Departamento de Solo-Cimento

ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland.

TON. – Tonelada

MG – Minas Gerais

SP – São Paulo

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ALMEIDA, Wilson Barbosa Filho. Emprego da Mistura Solo-Cimento em Bases e Sub-Bases de Pavimentos. 2008. Monografia (Projeto de Pesquisa) – Curso de Engenharia Civil da Unidade Acadêmica da Área de Ciências Exatas da Universidade São Francisco, Itatiba.

RESUMO Os pavimentos com base ou sub-base de solo-cimento são empregados no Brasil desde

o ano de 1939, quando foi construída a estrada que liga as cidades de Caxambu MG e Areias

SP. A composição do solo-cimento nada mais é que um material resultante da mistura

homogênea, compactada e curada de solo, cimento e água que resulta em um material com

boa resistência a compressão, bom índice de impermeabilidade, baixa retração do material,

alta durabilidade e baixo custo inicial. Na mistura, a maior parte é solo, o cimento representa

uma pequena porcentagem, tudo estabelecido de acordo com estudos do local onde esta

técnica será empregada chegando num resultado suficiente para estabilizá-lo e conferir com a

resistência desejada. Neste trabalho será apresentado alguns lugares do Brasil onde foi

empregado essa técnica.

PALAVRAS-CHAVE: Solo, Cimento e reforço.

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ABSTRACT

The pavements with base or soil-cement sub-base are used in Brazil since the year of 1939,

when it was built the road that ties Caxambu MG cities and Areias SP. The composition of the

soil-cement is nothing else that a material resultant of the homogeneous mixture, compacted

and cured of soil, cement and water that results in a material with good resistance the

compression, good index of impermeability, low retract of the material, high durability and

low cost initial. In the mixture, most is soil, the cement he enters in the amount from 5% to

10%, everything established in agreement with studies of the place where this technique will

be used arriving in an enough result to stabilize it and to check with the wanted resistance. In

this work it will be presented some places of the Brazil where that technique was used.

Key word: Soil, cement and reinforcement.

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1 - INTRODUÇÃO

As estradas exercem importante papel no desenvolvimento econômico e social de um

país. No Brasil, o transporte rodoviário é considerado a principal via de integração do país,

fundamental no escoamento da produção industrial e agrícola brasileira.

Com o aumento dos custos dos materiais de construção, com a redução da

disponibilidade de materiais naturais e novas exigências e limitações impostas na construção

de pavimentos rodoviários e aeroviários, é imperativo que os engenheiros e pesquisadores

busquem materiais que possam desenvolver boa “performance” com custo relativamente

baixo.

O solo, quando tratado com cimento, tem demonstrado aumento significativo de

resistência e rigidez quando comparado ao solo original, o que o torna um material de

construção com potencial para várias aplicações: fundações superficiais, proteção de taludes,

e principalmente quando aplicado como base ou sub-base de pavimentos. Entretanto, a sua

grande fragilidade e fissuração excessiva têm, muitas vezes, desmotivado o uso deste material

em pavimentos e, quando empregado, tem-se estipulado critérios de projeto muito

conservativos. O que ocorre é que a porção inferior de uma camada artificialmente cimentada

executada sobre um solo menos resistente está, invariavelmente, submetida a tensões, o que

pode provocar o seu deterioramento pelo surgimento de trincas de tração. Além disso,

observa-se que, se a rigidez da mistura cimentada for muito elevada (como nos casos em que

se utilizam altos teores de cimento) ou se as condições de cura não forem adequadas, deve-se

esperar a formação de trincas transversais de retração na camada cimentada imediatamente

após a construção.

O surgimento de trincas, sejam elas de tração ou retração, representam à perda da

capacidade de suporte da camada cimentada e as cargas solicitantes, que deveriam ser

absorvidas pelo solo estabilizado, são transferidas para o solo subjacente e as deformações

plásticas neste são inevitáveis bem como a reflexão de trincas de tração ou retração para

revestimento betuminoso.

Neste trabalho será citado algumas obras brasileiras com esta técnica de estabilização.

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2 - OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo através de uma revisão bibliográfica apresentar o

conhecimento adquirido no emprego da mistura de solo-cimento na estabilização de bases e

sub-bases de pavimentos.

3 - JUSTIFICATIVA

O trabalho foi realizado pra obter mais conhecimento sobre o assunto conhecendo assim

suas particularidades para que seja feita a prevenção de problemas que possam afetar a

desempenho do sistema.

Compreender essa técnica que pode auxiliar na tomada de decisões para viabilizar a

execução de pavimentos em locais onde o solo apresenta baixa capacidade de suporte de

carga, principalmente quando à dificuldades na importação de materiais mais competentes

para a construção da base.

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4 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 - MELHORIA DO SOLO

Entende-se por melhoria ou reforço de solo a utilização de processos físicos e/ou

químicos, visando à melhora das propriedades mecânicas dos solos.

Vargas (1977) define como estabilização de solos, o processo pelo qual se confere

ao solo uma maior resistência às cargas ou à erosão, por meio de compactação, da

correção da granulometria e da sua plasticidade ou da adição de substâncias que lhe

confiram uma coesão proveniente da cimentação ou aglutinação de suas partículas.

4.2 - BASES DE SOLO-CIMENTO

Solo-cimento é resultado da mistura de solo, água e cimento, formando uma base

rígida que é mais resistente e durável comparando-se com bases sem este tipo de

tratamento, mas para esse método funcionar é preciso levar em consideração o tipo de

solo, a qualidade da água, dosagem de cimento, compactação do material e a maneira da

execução dos processos. Este reforço de base é feito em locais carentes de jazidas de

solo bom, uma base bem executada tem geralmente vida útil superior a 20 anos. (Senço,

1979-1980)

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4.3 - ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS COM CIMENTO

Distinção dos termos solo estabilizado e solo melhorado em função do grau de

alteração nas propriedades do material. Solo estabilizado consiste na mistura de solo e

aditivo com características de durabilidade e resistência que permitam seu emprego

como base de pavimento rodoviário, e solo melhorado consiste na mistura que, embora

experimentem alteração em suas propriedades mecânicas, não apresentam, devido ao

baixo teor de aditivo, características suficientes para uso como base.

4.4 - INFLUÊNCIA DO SOLO-CIMENTO NAS

PROPRIEDADES FÍSICAS DO MATERIAL

Com base nos estudos realizados pelo Departamento de Solo-Cimento (DESOL)

da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), a adição de cimento ao solo

natural provoca certas alterações nas suas propriedades físicas. A adição de pequenos

teores de cimento não modifica a granulometria dos solos arenosos, porém tem forte

influência nos materiais finos; tanto à quantidade de aglomerante quanto o tempo de

cura tem grande importância para os solos melhorados com cimento. Os solos finos

demonstram grande sensibilidade, tanto ao aumento de teor de cimento quanto ao tempo

de mistura solta, enquanto que, para solos arenosos, as primeiras horas já são suficientes

para fixar os valores definitivos dos limites físicos, não ocorrendo grandes mudanças

em relação a estes índices quando se eleva a participação do cimento na mistura; a

adição de cimento Portland aos solos, independe da quantidade e do tempo de cura,

confere uma grande estabilidade volumétrica. (PITTA, 1984).

O maior ou menor grau e velocidade de modificação das propriedades do solo

dependerão das características específicas do solo, do teor de aditivo, da quantidade de

água, do tipo e grau de compactação, do tipo e do tempo de cura, do grau de

pulverização e, no caso de solos argilosos, da eficiência da mistura.

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4.5 - UTILIZAÇÃO DE SOLO-CIMENTO EM CAMADAS DE

PAVIMENTO

A primeira construção controlada de solo-cimento foi uma rodovia construída em

1935 perto de Johnsonville, South Carolina, como um projeto corporativo da Portland

Cement Association, Public Roads Administration e o South Carolina State Highway

Departament. (MACHADO, 1978). Esta rodovia está ainda dando condições

satisfatórias de tráfego. A partir desta data, muitos milhões de metros quadrados de

rodovias e aeroportos têm sido construídos e estão em serviço.

A experiência brasileira em pavimentos de solo-cimento data de 1942, quando

foram executados dois trechos em caráter experimental: aeroporto de Petrolina e a

estrada Caxambu – Areias. (Machado, 1978).

No estado do Rio Grande do Sul, a construção de pavimentos com camadas

estabilizadas de solo remonta à década de 50, quando foi executado um trecho de 29 km

de extensão na BR-116, entre Porto Alegre e São Leopoldo. Os pavimentos com base de

solo-cimento totalizam quase oitocentos quilômetros, aos quais se acrescentam outros

25 km com solo melhorado com cimento.

O estado de São Paulo, precursor no Brasil do uso desta tecnologia, apresenta

cerca de vinte mil quilômetros entre base e sub-base de solo estabilizado com cimento.

A rodovia Castelo Branco tem como estrutura de seu pavimento sub-base de solo com

8% de cimento em volume e base com 10% ambas com 15 cm de espessura. (Senço,

1995).

O solo-cimento possui muitas vantagens quando aplicado como base de

pavimentos semi-rigidos: é resistente e econômico, minimiza pressões no subleito, é

pouco deformável quando submetido a carregamentos e não perde resistência na

presença de água. Entretanto, é necessário que se leve em consideração o aspecto da

reflexão de trincas no revestimento betuminoso, fator este que tem desmotivado o uso

deste tipo de material em pavimentação.

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4.6 - DOSAGEM

O primeiro requisito para se obter uma base de solo-cimento com características

adequadas quanto ao comportamento sob a ação do tráfego é a utilização de um teor

conveniente de cimento portland misturado com o solo pulverizado. Outro requisito é

que a mistura seja feita com teor ótimo de umidade, produzindo uma mistura que, antes

da hidratação do cimento, possa ser devidamente compactada, atingindo a densidade

exigida. (Senço, 1979-1980)

Dessa forma, verifica-se que a dosagem da mistura solo-cimento-água deverá, a

partir da escolha do solo, determinar os teores ótimos dos outros dois materiais –

cimento e água – fornecendo, ao construtor, os dados necessários para o cálculo das

quantidades, e as especificações visando à obtenção de uma base dentro das normas do

projeto.

O solo, que constitui a maior porção da mistura solo-cimento, pode ser composto

de material que se apresente nas condições que realmente o identificam como

comumente é conhecido, como também pode se apresentar como uma mistura de

pedregulho, areia, silte e argila. Na verdade, qualquer material que apresente bons

resultados nos ensaios específicos para as misturas solo-cimento pode ser utilizado para

a base.

Num exame genérico, pode-se dizer que solos de boa qualidade podem adquirir

resistência elevada, com baixos teores de cimento. Por outro lado, a dosagem e a

execução baseiam-se e podem ser controladas com razoável eficiência, o que nem

sempre ocorre com alguns tipos de bases de pavimentos, dando assim ao engenheiro,

relativa tranqüilidade no que concerne aos métodos empregados.

Em nosso meio não se tem dado grande ênfase a estabilização de solos argilosos

com cimento, preferindo-se a utilização de solos arenosos, o que representa uma dupla

vantagem: a melhor qualidade das bases obtidas, e a facilidade de dosagem e execução.

Nas regiões onde predominam solos de má qualidade, outros tipos de base têm sido

preferidos.

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Assim, pode-se resumir a dosagem do solo-cimento ao chamado Método

Simplificado, o qual é recomendado para solos arenosos.

Impõem-se, para sua utilização, os seguintes requisitos:

• O solo deve ter, no máximo, 50% de silte + argila;

• Menos de 20% de argila;

• Não deve ter porcentagens significativas de matéria orgânica e

impurezas.

4.7 - PROCESSO DE CONSTRUÇÃO

Existem dois métodos de construção da base de solo cimento que serão discutidas

a seguir.

4.7.1 – Mistura no próprio local da obra

Senço (1979-1980) afirma que mistura no local ainda é o método de mistura ainda

muito utilizado. Nos primórdios da execução do solo cimento dava-se especial ênfase a

utilização, quando possível, do solo da própria pista. No entanto, aos poucos, foi-se

verificando que a importação de solo melhor satisfazia às exigências do serviço, pois

com a utilização do material da própria pista implica na destruição da compactação já

alcançada através da passagem de tráfego, às vezes por muitos anos, a variação de solos

encontrados ao longo do trecho e o desgaste dos maquinários na escarificação da base.

O processo consiste basicamente em importar um solo de uma caixa de empréstimo boa,

sendo colocado em camadas uniformes ao longo do trecho, distribui o cimento na

quantidade específica e inicia-se a misturação do solo + cimento, contendo apenas a

umidade natural dos materiais, após a homogeneização adiciona-se água para se obter a

umidade perfeita para que seja feita a compactação. Na fig. 4.1 pode se ver o esquema

de distribuição do cimento numa pista.

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Figura. 4.1 – Esquema para distribuição do cimento.

Senço (1979-1980)

As figuras 4.2 a 4.4 apresentam as etapas de execução de uma base estabilizada

com solo-cimento utilizando o Método de mistura no próprio local na cidade de Bauru –

SP.

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Figura 4.2 – Distribuição do cimento nos locais determinados.

http://www.94fm.com.br/secretaria_de_obras_inicia_pavimenta_o_de_ruas_de_terra_d

o_jardim_contorno. (2008).

Figura 4.3 - Espalhando cimento sobre o solo.

http://www.94fm.com.br/ruas_de_terra_s_o_pavimentadas_no_jd_progresso. (2008).

Figura 4.4 – Preparação da base.

http://www.bauru.sp.gov.br/prefeitura/pmb.php?cat=21&action=ler&news_id=139&aca

o=cat. (2008).

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4.7.2 – Mistura com Usinas

Na usinagem, utilizam-se grandes estabilizadoras de 200 a 600 ton, sendo que os

materiais (solo, cimento, água) são introduzidos num misturador, nas proporções

convenientes e por entradas independentes, caindo à mistura pronta em basculantes que

a transportam para a pista. O solo-cimento usinado vai gradativamente substituindo o

processo de execução com mistura no local.

As usinas de solo-cimento podem ser instaladas dentro da própria jazida de solo, o

que reduz os custos a um mínimo, devido à redução do transporte inicial. Depois de

usinada a mistura é levada até a pista e distribuída em camadas uniformes para que seja

feita a compactação igual à realizada no caso do solo misturado no local.

No Brasil já estão em uso as estabilizadoras. É evidentemente um processo mais

avançado de execução, reduzindo-se ao mínimo os fatores que podem impedir a

obtenção de homogeneização e compactação adequada. Na fig. 4.5 pode-se ver o

esquema de uma usina de solo-cimento.

Figura. 4.5 – Usina de Solo-Cimento.

Senço (1979-1980)

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4.8 - COMPACTAÇÃO

Compactação é o processo pelo qual uma massa de solo, constituída de partículas

sólidas, ar e água, é reduzida em volume pela aplicação de carga, tal como rolamento,

socamento e vibração. A compactação envolve expulsão de ar do sistema sem

significativa mudança na quantidade de água da massa do solo. Consequentemente, o

teor de umidade do solo é normalmente o mesmo para um solo no estado fofo e, após a

compactação, no estado denso. (PITTA, 1984).

A compactação de um solo visa o melhoramento de suas características, não só

quanto à resistência, mas também, em relação à permeabilidade, compressibilidade,

absorção d’água e, principalmente, estabilidade.

Cada solo possui uma característica própria de peso específico aparente seco

versus teor de umidade para uma determinada energia de compactação. Há uma

umidade ótima para a qual resultam valores de densidade e resistência máxima sendo

igual para o solo-cimento.

4.9 - RETRAÇÃO E FISSURAÇÃO

Podem ser observados em camadas tratadas com cimento três tipos de fissuras:

4.9.1 - Fissuras por dessecação superficial

Surgem normalmente nas primeiras idades, são de pouca largura e profundidade e

aparecem distribuídas de forma mais ou menos uniforme na superfície da camada, são

causadas pela rápida perda de umidade da camada superficial e fortemente influenciadas

pelas condições de cura nas primeiras idades;

4.9.2 - Fissuras por retração volumétrica

São fissuras de maior envergadura que as anteriormente citadas, são causadas pela

interação entre o solo, o cimento Portland e água. Aparecem normalmente, durante o

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processo de cura do solo-cimento. As maiorias das trincas de retração em camadas de

materiais granulares cimentadas se desenvolvem em um curto período de tempo após

sua construção e têm como causas principais as condições climáticas adversas, as

características da mistura e deficiência no processo de construção e cura;

4.9.3 - Fissura por fadiga

Ao contrário das demais, iniciam e tem sua propagação na parte inferior da

camada. Está associada a um processo progressivo de mudança interna do material

quando o mesmo é submetido a repetições de tensões, seja por variação de temperatura

ou por ação das cargas externas. A ocorrência de ruptura por fadiga se desenvolve em

duas etapas: numa primeira fase, ocorre o fissuramento, resultante da quebra da

cimentação entre as partículas, e, na segunda, a sua propagação. O termo fadiga está

sempre associado à deterioração sob carregamento repetido que leva ao fissuramento e,

algumas vezes, ao colapso dos componentes estruturais.

A retração é um fenômeno natural do solo-cimento e evidencia que o cimento está

produzindo um enrijecimento da camada, com aumento significante das resistências a

tração e à flexão.

Foi realizado um estudo sobre fissuração em camada de base, tratada com

cimento, propondo equações matemáticas na tentativa de modelar, de forma eficiente,

fatores como largura e espaçamento entre fissuras, concluiu-se o espaçamento entre

fissuras é influenciado pelo coeficiente de atrito entre a camada estudada e a camada

inferior, pela tensão elástica última e pelo peso específico do material. Para largura das

fissuras, os fatores mais importantes são o coeficiente de atrito, o peso específico do

material, a espessura da camada e o módulo de elasticidade.

Segundo Pitta (1985), a retração dos solos argilosos tratados com cimento é mais

lenta que em solos granulares, ou seja, estes atingem a estabilidade volumétrica logo nas

primeiras idades, aqueles seguem retraindo-se por mais tempo. Quanto maior a fração

argilosa de um solo, tanto mais será a sua tendência a retração, o tipo de argila também

tem influência. Um dos fatores mais influentes na retração do solo cimento é o conteúdo

de água no momento da compactação, e para a obtenção da menor retração total, a

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compactação deveria ser efetuada pouco abaixo da umidade ótima, bem como a energia

de compactação poderia ser efetuada pouco acima do usual.

A redução da retração volumétrica e consequentemente, da fissuração, podem ser

alcançadas minimizando-se a retração por secagem nas camadas de solo-cimento. A

proteção da superfície e o controle de cura são fundamentais para este fim.

Quando se faz a dosagem de solo-cimento, é importante que se tenha em mente a

relação entre rigidez (proporcional ao teor de cimento) e o padrão de fissuração; a

superdosagem não produz materiais semi-rígidos, mas sim, materiais semelhantes ao

concreto. Como conseqüência disso, a perda de um padrão de fissuração clássico do

solo-cimento, ou seja, abertura de pequena luz e pequeno espaçamento entre si. As

trincas tornam-se de grande abertura e de grande distância entre uma e outra, deixando

de existir a necessária transferência de carga na região da trinca.

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5 - CONCLUSÃO

O assunto abordado serviu para se obter um melhor conhecimento sobre bases

executadas com solo cimento que tem certas vantagens como, por exemplo, uma base

com boa resistência, uniformidade e facilidade para ser executada.

Vários cuidados durante e após a execução, devem ser tomados como ter uma boa

cura para evitar patologias do tipo retração ou fissuração ocasionando perda na

resistência e diminuição da vida útil do pavimento que é muito importante.

A fase da execução que deve ter maior cuidado é a cura do solo-cimento,

mantendo sempre na umidade certa através de um bom acompanhamento técnico, uma

irrigação na medida certa antes de receber a pavimentação e até mesmo uma opção que

chama a atenção, a cobertura da base com capim até a finalização dos serviços.

Embora a solução solo-cimento seja uma alternativa tecnicamente viável nos

casos em que haja dificuldade de importar materiais de boa qualidade para camadas de

reforço de pavimento, diante das vantagens e desvantagens apresentadas, pode-se

concluir que se trata de uma opção que deve ser comparada com outras técnicas

disponíveis, principalmente devido à sazonalidade de preços do principal insumo

utilizado o cimento. Também as fissurações que podem surgir em decorrência da

retração do cimento, é um outro fator que necessita de estudos mais profundos visando

o aprimoramento dessas técnicas de reforço.

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6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MACHADO, C. F. D. Estabilização de solo típico regional visando sua utilização

como base de pavimentos. Porto Alegre, 1978. Dissertação (Mestrado em Engenharia) –

CPGEC/UFRGS. 68p.

PITTA M. R. Retração de solo-cimento. São Paulo, 1985. ABCP, 63p.

PITTA M. R. Dimensionamento de pavimentos com camadas estabilizadas com

cimento. São Paulo, 1984. ABCP, 77p.

Prefeitura Municipal de Bauru. Disponível em:

http://www.bauru.sp.gov.br/prefeitura/pmb.php?cat=21&action=ler&news_id=139&aca

o=cat. Acesso: 2008.

REDATOR. Notícias da cidade de Bauru. Disponível em:

http://www.94fm.com.br/secretaria_de_obras_inicia_pavimenta_o_de_ruas_de_terra_d

o_jardim_contorno. Acesso: 01 de março de 2008.

REDATOR. Notícias da cidade de Bauru. Disponível em:

http://www.94fm.com.br/ruas_de_terra_s_o_pavimentadas_no_jd_progresso. Acesso:

27 de abril de 2008.

SENÇO, W. Pavimentação. 1979-1980, v. 1, p. 197-223.