empreendedorismo virtual

11

Click here to load reader

Upload: michel-souza

Post on 08-Nov-2015

216 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Os pequenos empreendimentos tradicionalmente ocupam papel relevante na economia brasileira, sendo responsáveis tanto pela geração de renda quanto pela criação de empregos. Por outro lado, a Internet têm se destacado como novo canal de negócios, de forma que o montante relativo ao comércio eletrônico e o número de empresas virtuais têm crescido exponencialmente.

TRANSCRIPT

  • ANAIS DO II EGEPE, p. 367-377, Londrina/PR, Novembro/2001 (ISSN 1518-4382)

    EMPREENDEDORISMO VIRTUAL:CONSIDERAES TERICAS SOBRE A

    INTERFACE DO EMPREENDEDORISMOTRADICIONAL COM A NOVA ECONOMIA

    Ana Lcia Vitale Torkomian (NUEMP/UFSCAR)Alex Takeshita (NUEMP/UFSCAR)

    Rodrigo Maia de Oliveira (UFSCAR)Nocles Alves Pereira Filho (UFSCAR)

    Resumo

    Os pequenos empreendimentos tradicionalmente ocupam papel relevante na economiabrasileira, sendo responsveis tanto pela gerao de renda quanto pela criao de empregos.Por outro lado, a Internet tm se destacado como novo canal de negcios, de forma que omontante relativo ao comrcio eletrnico e o nmero de empresas virtuais tm crescidoexponencialmente. Esta considervel evoluo da chamada nova economia tem despertado ointeresse dos empreendedores, cuja atuao online tm se mostrado mais freqente a cada diaque passa. Sendo assim, este trabalho tem o objetivo de servir como ponto de partida para adiscusso acadmica sobre o tema do empreendedorismo virtual, utilizando uma abordagemessencialmente reflexiva e discursiva sobre os aspectos envolvidos na definio e nascaractersticas do empreendedorismo virtual.

    Introduo

    Devido s mudanas tecnolgicas e scio-econmicas verificadas em escala mundial,cresceu substancialmente, nas ltimas dcadas, a importncia dos pequenos empreendimentoscomo geradores do desenvolvimento econmico face a sua habilidade para inovar, diversificare criar novos empregos.

    Uma medida desta importncia dada pelo SEBRAE (1997) quando cita que, noBrasil, os 4,5 milhes de pequenos negcios so responsveis por 48% da produo nacional(PIB), 59% dos empregos, 42% dos salrios pagos, representando 98% do total das empresasbrasileiras.

    Paralelamente a este cenrio, o crescimento da Internet enquanto fonte geradora derenda e de emprego tem sido considervel. A evoluo do comrcio eletrnico no Brasil temsido bastante acentuada, apresentando um crescimento de 51% no volume de transaes, ques no ano de 2000 movimentou US$ 300 milhes. Este comportamento tambm acompanhado pelo surpreendente crescimento nacional no nmero de registros de domnios

  • Anais do II EGEPE Londrina Paran - 2001 368

    comerciais e na quantidade de internautas conectados. Em maio de 2001 foi superada a marcade 350.000 registros, sendo que o nmero de brasileiros na rede hoje excede a marca de 9,8milhes de pessoas, que o maior contingente da Amrica Latina e o 9o do mundo(MAZZEO et al., 2001).

    Dado que cada registro de domnio representa pelo menos uma nova empresa abertaou o lanamento na Internet de uma empresa j estabelecida e que cada novo usurio da rederepresenta um potencial empresrio virtual, percebe-se que o empreendedorismo j seapresenta de forma significativa na nova economia.

    Este trabalho tem o objetivo de servir como ponto de partida para a discussoacadmica sobre o tema do empreendedorismo virtual, utilizando uma abordagemessencialmente reflexiva e discursiva sobre os aspectos envolvidos na definio e nascaractersticas do empreendedorismo virtual.

    Tal proposta de discusso baseia-se na idia da existncia de uma nova economia,vinculada globalizao de mercados e aliada ao avano da tecnologia, em especial datecnologia de informao e da microeletrnica, que torna possvel a gerao de novosnegcios atravs do aproveitamento de oportunidades associadas ao contexto do mundodigital.

    A maioria dos artigos e trabalhos que abordam o assunto do empreendedorismo virtualno se encontra nos anais de congressos cientficos ou nas pginas de revistas cientficasindexadas, reconhecidas como principais meios de difuso do conhecimento dentro dosistema da cincia contempornea. Em geral, os textos que trazem relatos de empreendedoresvirtuais, so artigos jornalsticos comuns, em revistas de circulao em massa, publicadas poreditoras comerciais cujo foco baseia-se no jornalismo tradicional, sem vnculo com ametodologia cientifica.

    Dessa forma, a argumentao apresentada neste trabalho busca gerar uma discussosobre o empreendedorismo virtual, atravs da estruturao de conceitos e caractersticas quepossam vir a ser estudadas, no futuro, com base em uma determinada metodologia cientfica.

    Em consonncia com a natureza da discusso desenvolvida neste artigo, a metodologiautilizada apresenta-se desprovida de um apoio exclusivo e rigoroso sobre a documentaoemprica e bibliogrfica, sendo denominada como ensaio terico. De acordo comSALVADOR (1971) o ensaio terico concebido como um estudo bem desenvolvido,formal, discursivo e concludente.

    As principais caractersticas deste tipo de trabalho so a exposio lgica e reflexiva ea argumentao rigorosa com algum nvel de interpretao e julgamento pessoal. Alm dissono ensaio terico h uma maior liberdade por parte do autor no sentido de defenderdeterminada posio ou idia (SEVERINO, 1996).

    O fato de que este tipo de metodologia ser comumente encontrado em teses de livre-decncia e doutoramento, onde o rigor e a maturidade do autor so caractersticas comuns,no exclui sua utilizao em artigos com carter menos ambicioso. Na verdade, como ditoanteriormente, a escolha da metodologia no formato de um ensaio terico para este trabalho,est intimamente associada natureza do assunto abordado, sendo ainda escassa a existnciade trabalhos que tratem de discutir o tema do empreendedorismo virtual com o rigor cientficocomum aos outros formatos metodolgicos.

  • Anais do II EGEPE Londrina Paran - 2001 369

    O Empreendedorismo Tradicional

    O empreendedorismo um campo de pesquisa bastante amplo e cuja importncia temcrescido gradativamente ao longo dos anos. O empreendedorismo tido como umcomportamento ou um processo para se iniciar e desenvolver um negcio ou um conjunto deatividades, com resultados positivos. , portanto, a criao de valor atravs dodesenvolvimento de uma organizao.

    Acredita-se que o empreendedor seja o "motor da economia", um agente de mudanas.Muito se tem escrito a respeito, e cada autor oferece uma variada definio para o termo. Oeconomista austraco SCHUMPETER (1982), por exemplo, definiu o empreendedor como umagente do processo de destruio criativa, ou seja, o empreendedor se caracteriza por suacapacidade de introduzir novos produtos e servios, criando novas formas de organizao,novos mtodos de produo e abertura de novos mercados. Para BYGRAVE (1984),Empreendedor algum que percebe uma oportunidade e cria uma organizao paraaproveit-la e para DEGEN (1989), ser empreendedor significa ter, acima de tudo, anecessidade de realizar coisas novas, pr em prtica idias prprias, ter caractersticas depersonalidade e comportamento que nem sempre so fceis de se encontrar.

    Atravs de pesquisas feitas em todo o mundo sabe-se que o empreendedor um sersocial, produto do meio em que habita (poca e lugar), e ainda um fenmeno regional, ouseja, o perfil do empreendedor pode variar de lugar para lugar. No entanto, presume-se queessas pessoas possuem perfil e aptides comuns, tais como:

    ter perseverana e tenacidade; considerar o fracasso como um outro resultado qualquer. O empreendedor aprende

    com os resultados negativos, com os prprios erros;

    saber fixar metas e alcan-las. Lutar contra padres impostos. Diferenciar-se. Ter acapacidade de ocupar um intervalo no ocupado por outros no mercado, descobrirnichos;

    ter forte intuio; aceitar o dinheiro como uma das medidas do seu desempenho; tecer "redes de relaes" (contatos, amizades) criteriosas, utilizadas intensamente

    como suporte para alcanar os seus objetivos;

    conhecer muito bem o ramo em que atua; traduzir seus pensamentos em aes; definir o que deve aprender para realizar suas vises. Ser pr-ativo diante daquilo que

    deve saber: primeiramente define o que quer, aonde quer chegar, depois busca oconhecimento que lhe permitir atingir o objetivo. Preocupa-se em aprender aaprender, porque sabe que no seu dia-a-dia ser submetido a situaes que exigemconstante aprendizado de conhecimentos que no esto nos livros. O empreendedor um fixador de metas;

  • Anais do II EGEPE Londrina Paran - 2001 370

    O processo de criao de uma empresa se d por inmeros motivos, dentre eles, pelodesejo de se desenvolver algo que traga benefcios, tanto para a sociedade quanto para oprprio empreendedor. Porm, atravs da identificao de oportunidades que se inicia oprocesso de desenvolvimento do negcio. Para isto, necessrio que o empreendedor saibaavaliar os riscos e os potenciais de crescimento e lucro. Antes de prosseguir com aimplantao do negcio, o futuro empreendedor, segundo DEGEN (1989), deve verificar seso satisfeitos os cinco pr-requisitos:

    conceito do negcio: idia central sobre a qual o empreendimento estar baseado,incluindo por exemplo, a rea de atuao do negcio;

    conhecimento: conhecer tambm o ambiente externo do novo empreendimento, talcomo os concorrentes, os produtos substitutos, os clientes e os fornecedores;

    contatos: conhecer pessoas certas que possam colaborar no desenvolvimento donegcio;

    recursos: verificar a disponibilidade de recursos como pessoas, capital, instalaes,etc.;

    encomendas: existncia de demanda para sustentar a empresa.De acordo com DEGEN (1989), a resposta positiva para todos os cincos pr-requisitos

    indica que o futuro empreendedor tem todas as condies para iniciar um novoempreendimento com grandes chances de sucesso.

    Depois de reconhecida a oportunidade e criado o conceito do produto ou servio,deve-se redigir um Plano de Negcios (PN). O PN um documento que serve para oempresrio planificar o projeto que pretende levar adiante. No uma tarefa fcil redigi-lo, ea maioria dos livros sobre empreendedorismo costuma dedicar vrios captulos a esse tpico.

    O PN no possui uma forma padro, porm alguns itens so comuns e importantes deserem destacados, pois para qualquer tipo de plano, eles devem ser seguidos:

    deve ser sucinto, dentro de 25 a 30 pginas; deve conter informaes relevantes e de qualidade; deve ser capaz de proporcionar ao leitor uma viso geral do projeto, abordando com

    equilbrio as partes referentes ao marketing, produo, finanas, etc e,

    deve possuir uma boa redao.

    A Nova Economia

    Atualmente, muito se fala na chamada nova economia. Alguns acham que se trataapenas de uma moda, algo passageiro. Outros j acreditam que ela veio para ficar, paratransformar a forma de administrar uma empresa, para quebrar paradigmas, mudandoconceitos h muito estabelecidos.

  • Anais do II EGEPE Londrina Paran - 2001 371

    Assim como engenheiros, profissionais de logstica, marketing, recursos humanos ediversos outros, o empreendedor tambm encontra na nova economia diversas oportunidadesde atuao, o que tornam necessrias algumas consideraes acerca do tema, para um melhorentendimento daquilo que, neste trabalho, se convencionou chamar de empreendedorismovirtual.

    A nova economia nada mais do que o uso da Internet como um canal de negcios,como fonte geradora de divisas para uma empresa, o que feito atravs de comrcioeletrnico (CE). Segundo TURBAN et al. (2000), CE o processo de compra e venda outroca de produtos, servios e informaes, via redes de computadores. Os principais tipos decomrcio eletrnico so:

    Business-to-Business (B2B): constituem as transaes efetuadas entre pessoasjurdicas;

    Business-to-Consumer (B2C): so vendas de varejo para consumidores individuais,ou, em outras palavras, so vendas de uma pessoa jurdica para uma pessoa fsica;

    Consumer-to-Consumer (C2C): nesta categoria o consumidor vende diretamente aoutros consumidores. Um exemplo so os chamados leiles on-line.

    A maioria das pessoas atualmente, ao tratar de comrcio eletrnico, aborda o CE B2C.Neste sentido, importante ressaltar que o B2C no a modalidade mais lucrativa das trsanteriormente mencionadas. Estima-se que o potencial das negociaes business-to-businessseja 100 vezes maior que do comrcio business-to-consumer (CONHAIN, 1998).

    Pode-se concluir, ento, que o CE o protagonista da nova economia. Assim,conforme TURBAN et al. (2000), um aspecto bastante importante enumerar suas vantagens,as quais no esto restritas apenas s empresas que o utilizam, estendendo-se tambm aosconsumidores, conforme pode ser observado abaixo:

    para as organizaes: melhores servios oferecidos ao consumidor, simplificao deprocessos, eliminao de papel, aumento de produtividade, reduo de custos,possibilidade de novas parcerias, presena global, maior flexibilidade, melhoria naimagem corporativa e possibilidade de criao de negcios altamente especializados;

    para os consumidores: possibilidade de fazer compras praticamente de qualquer lugare a qualquer momento; aumento da variedade de produtos possveis de se escolher;reduo no preo das mercadorias comercializadas online, em funo de competiocada vez maior; possibilidade de entrega rpida (no caso de produtos digitais);disponibilidade quase imediata de informaes relevantes e detalhadas; e possibilidadede interao com outros consumidores, nas chamadas comunidades eletrnicas, asquais permitem, entre outras coisas, o compartilhamento de idias e experincias;

    Da mesma maneira que o CE possui vantagens, ele tambm apresenta desvantagens,cujo conhecimento valorizado, pelo empreendedor, na busca de minimizar seus impactos.Os problemas do CE podem ser de natureza tcnica e no tcnica. As principais limitaestcnicas so (TURBAN et al., 2000):

  • Anais do II EGEPE Londrina Paran - 2001 372

    falta de segurana, de confiabilidade, de padres e, em alguns casos, de protocolos decomunicao;

    infra-estrutura de telecomunicaes insuficiente; dificuldades para integrar a Internet e softwares de CE aos aplicativos e bancos de

    dados j existentes nas empresas;

    rpida obsolescncia de softwares e hardwares em geral;e incompatibilidade de muitos aplicativos de CE com diferentes hardwares.

    Quanto s limitaes no-tcnicas, por sua vez, pode-se considerar como sendo asmais importantes (TURBAN et al., 2000):

    segurana e privacidade: existe grande dificuldade em convencer os clientes de queeles esto transacionando com estas duas caractersticas;

    falta de confiana ou resistncia do usurio: muitos deles no acreditam em umvendedor que no seja humanamente real, no confiando tambm em transaes feitassem papel e com dinheiro eletrnico. Isto torna a transio de lojas tradicionais paravirtuais, bastante difcil;

    possibilidade de quebra das relaes humanas; quantidade muitas vezes insuficiente de compradores e vendedores, tornando

    determinados mercados eletrnicos no-rentveis ou pouco lucrativos;

    facilidade de acesso Internet restrita s camadas mais ricas da populao.No menos importante lembrar que o comrcio eletrnico possui vrias dimenses.

    Uma correta compreenso de cada uma destas dimenses leva o empreendedor a entender umpouco melhor as dificuldades de se atuar na Internet. A figura 1 ajuda a compreender oraciocnio ora exposto.

  • Anais do II EGEPE Londrina Paran - 2001 373

    Figura 1. As dimenses do comrcio eletrnico.Fonte: adaptado de TURBAN et al. (2000).

    Como pode ser observado, CE puro aquele em que o produto, o processo e o agentede entrega so virtuais. O extremo oposto chamado de comrcio tradicional. Tudo aquiloque no se enquadra nestas duas categorias, considerado comrcio eletrnico parcial. Dessaforma, comprar CDs via Internet no pode ser considerado CE puro. Embora o processo sejavirtual, o agente de entrega e o produto so fsicos. Por outro lado, adquirir online umsoftware, sendo que o download feito imediatamente aps o pagamento, constitui CE puro.O processo e o produto so digitais, e o download faz com que o agente de entrega tambm oseja.

    Ao se usar a Internet como forma de realizao de negcios, trabalha-se, por definio,em empresas virtuais, mesmo que estas estejam atreladas a organizaes consolidadas fora dagrande rede. Sendo assim, segundo MAZZEO et al. (2001), os principais aspectos a seremconsiderados em uma empresa virtual so:

    natureza do site: para a realizao de CE, existem as lojas virtuais, que praticam CEB2C (como o Submarino, as Lojas Americanas e outros) ou B2B (como o Banco doBrasil e a Dell Computers, por exemplo). Existem tambm os sites de leiles online,como o Arremate e o Lokau, destinados realizao de CE C2C. Destacam-se aindaas cooperativas ou grupos de compradores, que so sites criados para unir internautasque possuam interesse comum em adquirir determinado bem ou servio. Esta unioacaba por reduzir os preos pagos, uma vez que as compras so efetuadas em volumesmaiores. A formao de pools ou grupos de agricultores, que se unem para comprarfertilizantes e agrotxicos um exemplo tpico desta natureza de site. E, por ltimo,existem os sites de informao, cuja receita proveniente de propaganda online e doacesso as informaes disponveis. Enquadram-se nesta categoria os sites de notcias eos de educao distncia;

    pblico alvo: escolhida a natureza do site, mostra-se importante a determinao de seupblico alvo. Tal escolha pode ser definida, por exemplo, por segmentos (indstria,

  • Anais do II EGEPE Londrina Paran - 2001 374

    comrcio, instituies pblicas, etc.), por grandes reas (engenharia, economia,medicina, direito e outras), por faixa etria (pblico jovem, terceira idade), porpreferncias (colecionadores, amantes de culinria, por exemplo) e assim por diante;

    contedo: este o momento de se detalhar o que deve possuir o site. Para cadaproduto, informaes como preo, dados tcnicos, garantias, prazos de entrega,assistncia tcnica e telefone (ou e-mail) para esclarecimento de dvidas devem estardisponveis aos clientes. Esta a fase tambm de preocupaes tcnicas no sentido dadeterminao do design do site, da tecnologia empregada para o mesmo e de questesrelacionadas propriedade intelectual (como o registro de patentes considerando aestruturao e o j referido design);

    domnio e hospedagem: domnio o nome que o site possuir na Internet(www.seunegocio.com.br). Deve ser um nome fcil de lembrar. importante verificarse o domnio pretendido j no est sendo usado, o que pode ser feito consultando-se owww.registro.br. importante verificar ainda, junto ao Instituto Nacional dePropriedade Intelectual (www.inpi.gov.br), se a marca que se pretende utilizar estdisponvel para registro. Esta tambm a etapa em que so tomadas decises sobre ahospedagem do site. Para a escolha do provedor, alm do preo de hospedagem,aspectos como tecnologias disponveis, espao oferecido para o site e serviosadicionais como contas de e-mail devem ser considerados. Deve-se ter especialcuidado com os provedores gratuitos, pois estes no oferecem garantias acerca docorreto e contnuo funcionamento do site;

    preo: os produtos e servios adquiridos via Internet so, de uma forma geral, maisbaratos que os seus similares no mercado convencional, uma vez que no existenecessidade de se manter grandes estoques e de se utilizar um grande nmero defuncionrios. Para se entender mais claramente este aspecto, no se pode esquecer dovalor agregado que a Internet propicia, como a comodidade. Comprar produtosperecveis ou de limpeza via comrcio eletrnico pode resultar em pagamento demontante superior ao que seria gasto em um caixa de supermercado. No entanto, seforem considerados os custos com deslocamento at o ponto de venda (gasolina,tempo de trnsito, estacionamento, entre outros) e o tempo perdido para a realizaoda compra, percebe-se o CE apresenta preos potencialmente menores do que o uso daloja convencional;

    formas de pagamento: as mais utilizadas so boleto bancrio, carto de crdito,depsito bancrio e pagamento contra-entrega.

    Discusso e Consideraes Finais

    A Internet, como palco da nova economia e o empreendedor, como um dos atoresprincipais da chamada economia tradicional, possuem algumas caractersticas em comum,algumas semelhanas que rapidamente estimularam a aproximao entre esses dois agentes,resultando em uma gama de oportunidades que se mostra mais vasta e diversa a cada dia.

    O empreendedor possui caractersticas que o qualificam como uma pessoa dinmica,perseverante e disposta a enfrentar desafios. E a Internet, por sua vez, conhecida por ser um

  • Anais do II EGEPE Londrina Paran - 2001 375

    ambiente mutante, onde tudo se transforma com extrema rapidez. Padres deixam de existir etecnologias tornam-se obsoletas da noite para o dia, literalmente. Os riscos, as dificuldades, aturbulncia e a possibilidade de sucesso fazem com que o empreendedor se interesse bastantepor esse novo canal de negcios, por essa nova maneira de obteno de lucros que aInternet.

    Percebe-se, dessa forma, que um empreendedor, ao atuar online, carrega consigo nos o esprito empreendedor, mas tambm requisitos essenciais aos profissionais da novaeconomia. Ele se situa, ento, na interface (pouco explorada) destas duas reas de pesquisa,possuindo caractersticas inerentes a ambas.

    Neste sentido, uma das caractersticas que merece destaque, est relacionada dificuldade em se definir o que empreendedorismo virtual. Existem diversas definies parao empreendedorismo tradicional, as quais, apesar de possurem similaridades, nem sempre soconvergentes. O mesmo se aplica Internet e ao comrcio eletrnico. Muitas vezes, nem oprprio termo em questo consensual. Internet, Web, Net, ou simplesmente redepodem ser utilizados para uma referncia mesma coisa. De maneira anloga, de se esperarque o assunto ora abordado possa ser referenciado, em outros lugares e situaes, dediferentes formas e com diferentes definies atribudas. Assim, empreendedorismo online,webempreendedorismo, e-empreendedorismo, cyberempreendedorismo e outros podem seraquilo que aqui se denomina empreendedorismo virtual.

    Um empreendedor deve conhecer a rea em que atua. Da mesma maneira, oconhecimento de tecnologia (principalmente de software e hardware) essencial para osucesso na nova economia. No existe a necessidade em ser um especialista, um analista desistemas, por exemplo. Mas, aspectos como funcionalidades, custos, benefcios e problemasdas principais tecnologias utilizadas so importantes. Fica difcil imaginar um empreendedorvirtual de sucesso que no saiba adquirir computadores, que no conhea o funcionamento deprovedores e que no saiba a lgica de construo de um site.

    A idia de contratar algum que entenda do assunto aparenta ser interessante, mas nocostuma levar aos resultados esperados. No entender de tecnologia significa muitas vezesfazer com que o empreendedor virtual inicie um negcio com a cara de seu programador, poiseste escolheu os recursos que melhor lhe convieram na confeco e/ou hospedagem do site.Um programador com pouca experincia em softwares livres, por exemplo, pode fazer comque o empreendedor que o contratou gaste elevadas somas em softwares licenciados, sendoque para o site em questo um sistema Linux resolveria satisfatoriamente todas as demandasde maneira menos onerosa.

    Alm disso, em muitas situaes, o analfabetismo tecnolgico pode levar oempreendedor virtual a perder oportunidades, a no colocar em prtica suas habilidades, a noexercitar seu esprito empreendedor. Torna-se difcil vender os espaos de publicidade de umsite se so desconhecidos os significados de termos como page-views, por exemplo.Atividades de marketing como pesquisa de mercado e propaganda tornam-se obstculosconsiderveis para aqueles que desconhecem o funcionamento das listas de discusso, dosbanners, dos webrings, dos mecanismos de busca e de outras peculiaridades da Internet.

    Nota-se que o conhecimento tecnolgico significativo para o sucesso na novaeconomia. No entanto, importante ressaltar que um empreendedor virtual de sucesso devebuscar o equilbrio. Conhecer pouco de tecnologia ruim. Mas, por outro lado, ser um

  • Anais do II EGEPE Londrina Paran - 2001 376

    especialista no assunto e saber muito pouco acerca do produto ou servio a sercomercializado, tambm prejudicial.

    Observando-se novamente a figura 1 e considerando-se que em boa parte dos casos ocomrcio eletrnico praticado no puro, pode-se concluir que as dimenses agente deentrega e/ou produto deste comrcio esto assentadas na economia tradicional. Soma-se aisso o fato de que para se possuir um site necessria a abertura de uma empresa (com CNPJe todas as demais exigncias legais) e percebe-se que a nova economia est profundamenterelacionada com a economia tradicional, o que constitui indicativo de que um empreendedor,ao trabalhar via Internet, tambm dever ter as preocupaes pertinentes s empresas de tijoloe cimento.

    A idia, ento, que os aspectos da economia tradicional no podem ser esquecidospelo empreendedor virtual. O pagamento de impostos, a contratao de funcionrios, afabricao de produtos de qualidade e muitas outras responsabilidades, que se encontram forada Internet, so fatores-chave para o sucesso de um empreendimento virtual.

    Feitas todas as consideraes anteriores, julga-se possvel a sugesto de uma definiopara o termos empreendedorismo e empreendedor virtual, sem a pretenso, no entanto, deestar propondo um conceito completo e muito menos definitivo. Espera-se que o debatesurgido em torno de alguns pontos controversos aqui levantados venha contribuir para aampliao e o aprofundamento das contribuies presentes neste trabalho.

    Sendo assim, entende-se por empreendedorismo virtual a propagao doempreendedorismo na nova economia, com o uso da Internet e de comrcio eletrnico.Constitui-se um nicho formado pela interseco dos estudos voltados nova economia e aoempreendedorismo tradicional, cujo desenvolvimento requer a colaborao de pesquisadoresde ambas as reas.

    J o empreendedor virtual, por sua vez, aquele que possui todas as j mencionadascaractersticas do empreendedor tradicional somadas necessidade do conhecimentotecnolgico.

    Ao abordar o empreendedorismo virtual, o estudo do processo de criao de negciossurge como conseqncia natural. No entanto, a escolha deste caminho requer a utilizao dedados e informaes que no foram coletados em funo da abordagem fundamentalmentereflexiva e terica utilizada, e que tambm no se encontram disponveis na literatura. Sendoassim, espera-se que trabalhos futuros possam ser desenvolvidos de maneira a preencher estalacuna.

    A importncia da nova economia aliada relevncia do empreendedor fazem doempreendedorismo virtual uma rea bastante promissora, e que encontra-se atualmente emestgio embrionrio no que diz respeito atuao de universidades, institutos de pesquisa emesmo de outras instituies relacionadas.

    A dificuldade em se trabalhar simultaneamente com duas reas de conhecimentomostra que o estudo isolado do empreendedorismo e da nova economia no so suficientespara a produo de pesquisas significativas acerca do empreendedorismo virtual.

    Alm da pesquisa, o ensino tambm deve ser considerado como ferramenta de grandeimportncia no desenvolvimento do tema aqui discutido. E, novamente, aplica-se a lgica da

  • Anais do II EGEPE Londrina Paran - 2001 377

    necessria integrao entre a nova economia e o empreendedorismo. A extrema agilidade danova economia exige aes mais rpidas da academia no sentido de se incorporar sala deaula aquilo que vm ocorrendo na prtica. No Brasil, raros so os lugares onde o ensino deassuntos como o comrcio eletrnico est sistematizado, o que, quando ocorre, estnormalmente voltado aos cursos de ps-graduao latu sensu, como os MBAs, por exemplo .

    E, no menos importante, lembrar que um empenho no sentido de amenizar asdeficincias, ora levantadas em ensino e pesquisa, tambm resultaro em uma extensouniversitria mais capacitada para contribuir efetivamente com o desenvolvimento doempreendedorismo virtual. Vertentes da extenso, como a cooperao universidade-empresa,sairiam fortalecidas destas mudanas, resultando em ganhos tanto para o setor produtivoquanto para a academia.

    ________________________________REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BYGRAVE, W. D. The Portable MBA in Entrepreneurship. John Wiley & Sons, 1997.

    CONHAIM, W. W. E-Commerce. Link-Up, vol. 15, p. 8-10. mar/abril, 1998.

    DEGEN, R. J. O Empreendedor-Fundamentos da iniciativa empresarial. So Paulo:McGraw, 1989.

    MAZZEO, L. M.; PANTOJA S. M. S.; SANTOS R. F. Internet comercial Conceitos,estatsticas, aspectos legais. Braslia: Ministrio da Cincia e Tecnologia. Secretaria dePoltica de Informtica; 2001.

    SALVADOR, A. D. Mtodos e tcnicas da pesquisa bibliogrfica; elaborao e relatriode estudos cientficos. 2 ed. rev. amp. Porto Alegre : Sulina Editora. 1971. 236 p.

    SCHUMPETER, J. A Teoria do desenvolvimento econmico. So Paulo: Abril Cultural,1982.

    SEBRAE, Pequena empresa: a riqueza e o poder das naes. So Paulo: Sebrae, 1997.

    SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho cientfico. 20 ed. rev. amp. So Paulo: Cortez,1996.

    TURBAN, E.; LEE, J.; KING, D.; CHUNG, H. M. Electronic commerce: a managerialperspective. 1st ed. New Jersey: Prentice-Hall, 2000.