embraer 45 anos

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TERÇA-FEIRA, 19 DE AGOSTO DE 2014 CADERNO ESPECIAL O VALE Textos: Chico Pereira e Xandu Alves Edição: Sheila Faria

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Empresa de São José faz 45 anos, coloca seus aviões nos cinco continentes e deixa o mundo um pouco mais brasileiro

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TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014CADERNOESPECIALOVALE

Textos:ChicoPereiraeXanduAlvesEdição:SheilaFaria

2TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014

2 www.ovale.com.br

TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014

3www.ovale.com.br 3

4TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014

4 www.ovale.com.br

especial

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SÃOJOSÉDOSCAMPOS

Após ter enfrentado gran-des dificuldades entre 2009

e 2011, em razão da retraçãodo mercado da aviação mun-dial, abalado pela crise da eco-nomia global, a Embraer, se-diada em São José dos Cam-pos, atravessa uma fase pro-missora, com a recuperaçãode vendas, especialmente nomercado europeu e no norte-americano, que concentra amaioria dos pedidos firmes eordens de opções de compra,conforme avalia o diretor-pre-sidente da companhia, Frederi-co Fleury Curado.

O executivo pontua que,aos 45 anos, a Embraer atraves-sa uma dos momentos maisintensos da sua história. A em-presa acumula novos projetosem todas as suas unidades denegócio: a Embraer AviaçãoComercial, a Embraer Defesae Segurança e a Embraer Avia-ção Executiva.

Ele cita como projetos im-portantes o cargueiro militarKC-390, já em fase de monta-gem de protótipo, sob enco-menda da FAB.

Esse jato, o maior já projeta-do pela companhia, deve fazerseu voo inaugural este ano,possivelmente em outubro.

Curado destaca ainda o Sis-fron (Sistema de Monitoramen-to de Fronteiras), cuja primei-ra etapa desse ambicioso pro-grama do Exército, está sendoimplantado pela Embraer De-fesa & Segurança.

Na aviação comercial, Cura-do destaca a nova família dejatos comerciais os E-Jets E2,que devem entrar em opera-ção gradativamente a partir de2018. Os novos jatos acumu-lam 590 ordens entre comprasfirmes e opcionais.

O executivo também desta-ca a entrada em operação do

novo modelo do jato executi-vo, o Legacy 500, que na sema-na passada recebeu certi-ficação da Anac (Agência Na-cional de Aviação Civil) paravoar em território nacional.

Finalmente, Curado pontuaque a empresa tem feito esfor-ços para assegurar que nãoocorra descontinuidade deprodução, com sucesso.

Abaixo a entrevista concedi-da pelo executivo a OVALE.

O senhor menciona que aempresa vive um dos mo-mentos mais intensos, comprojetos em andamento emtodas unidades de negócio.As dificuldades vivenciadascom a crise mundial da avia-ção registrada em 2009 fo-ramsuperadas?De fato estamos investindo re-cursos significativos em impor-tantes projetos para o futuroda companhia, como a novageração da família E-Jets E2(Embraer 175/190/195), os ja-tos executivos Legacy 500 e450, e também o cargueiro mili-tar KC-390. Temos, ainda, di-versos outros programas demenor escala, mas que igual-mente requerem excelênciatecnológica, recursos financei-ros e foco gerencial.

O mundo claramente aindavive as consequências da crisefinanceira internacional defla-grada em 2009.

O mais importante, entre-tanto, é que a Embraer temconseguido se desenvolver ese aperfeiçoar nesse cenárioadverso, trabalhando forte pa-ra elevar sua produtividade ecompetitividade, servir bemseus clientes e ter saúde econô-mico-financeira para conti-nuar investindo no futuro.

As vendas efetivadas esteano demonstram recupera-ção do mercado aeronáuti-comundial?O mercado de aviação comer-cial vive um bom momento,embora mais concentrado nosaviões de grande porte, maio-res dos que a Embraer fabrica.

Já o mercado de aviaçãoexecutiva ainda não recupe-rou os níveis pré-crise (2008),ao passo que o mercado deDefesa e Segurança tem apre-sentado algumas oportunida-des. Nossas vendas têm permi-tido que a Empresa mantenha-se estável, com pequenocresci-

mento.

Até a entrada em operaçãoda nova família de E-Jets, acarteira de encomendas fir-mes dos jatos comerciais dafamília atual sustenta a em-presa?Esse é um de nossos desafios.À medida que nos aproxima-mos da entrada em serviço dosnovos modelos, fica natural-mente mais difícil vender osmodelos atuais.

Temos empregado enormeesforço e foco para assegurarque não haja descontinuidadede produção, até agora comsucesso. O ano de 2014 deveser similar ao de 2013 e esta-mos trabalhando para repetiressa estabilidade em 2015. Éuma batalha contínua, que te-mos que vencer passo a passo.

A Embraer é uma das maio-res empregadoras da cida-de. Com os novos projetos,existe previsão de expan-sãodevagasemSãoJosé?Nossa maior preocupação,conforme discutido na ques-tão anterior, é preservar os ní-veis de produção e investimen-tos da companhia.

Só podemos pensar em ex-pansão se houver uma signifi-cativa reação do mercado mun-dial e das vendas, o que hojenão é previsível.

Das unidades de negócio, ade Defesacresceu bastante,principalmenteemreceita.O negócio de Defesa e Seguran-ça deve representar cerca de20% do faturamento da Em-braer neste ano, o que é signifi-cativo. Nossa expansão nessemercado demonstra que a es-tratégia de diversificação dacompanhia vem dando certo.

Atualmente, a Embraer De-fesa e Segurança está envolvi-da em programas de grandecomplexidade, como o desen-volvimento do jato de transpor-te militar tático KC-390, a im-plantação do Sistema Integra-do de Monitoramento de Fron-teiras, o Sisfron, a moderniza-ção dos caças AF-1 para a Mari-nha e o desenvolvimento dosatélite geoestacionário, den-tre outros programas. l

kNATURALIDADEOdiretor-presidentedaEm-

braer,FredericoFleuryCurado

énaturaldoRiode Janeiro

kNASCIMENTONasceuem1961

kFORMAÇÃOFormadoemEngenhariaMecâ-

nica-Aeronáuticapelo ITA(Insti-

tutoTecnológicodeAeronáuti-

ca)

kPÓS-GRADUAÇÃOPós-graduadoemComércio

ExteriorpelaFGVeMBAExecu-

tivopelaUSP

kCARREIRAInicioucarreiracomoEngenhei-

rodeProduçãonaPratt&Whit-

neyCanadá,em1984

kNAEMBRAEREntre1985e1994,atuouem

diversasposiçõesgerenciaisna

Embraere,desde1995,passou

a integraraDiretoriadaEmpre-

sa,emseguidaàsua

privatização

kPRESIDÊNCIAFoivice-presidenteExecutivo

paraoMercadodeAviaçãoCo-

mercialde 1988atéassumira

presidência, em2007

CERTIFICADOLegacy500recebesinalverdedaAnacAAnac (AgênciaNacionalde

AviaçãoCivil) certificouo jato

Legacy500paraoperarno

Brasil.Agora,aEmbraeraguar-

daacertificaçãodo jatopelos

EstadosUnidosepelaEuropa.

Aempresaprevêaentregada

primeiraunidadepara setem-

brodesteanoeaexpectativaé

dequeesteanoserãoproduzi-

dosaomenoscincoaeronaves

domodelo.

EXCLUSIVONO COMANDODE UMA GIGANTE, PRESIDENTE DA EMBRAER ANALISA O DESEMPENHO DA EMPRESA

Comcrescimento nas vendas enovos projetos, Embraer vencedesafios e investe no seu futuro

CONSUMOE175consomemenoscombustívelEntrouemoperaçãoesteano

aversãodoE175comredução

deconsumodecombustível

de6,4%.Aredução foialcança-

dacomaotimizaçãodesiste-

mas,derefinamentosaerodi-

nâmicosede introduçãode

umanovapontadeasa.Ome-

norconsumopermitiu custos

operacionaisdaaeronavese-

remmenoresdoqueodocon-

corrente, segundoaempresa.

Esforço. Para o diretor-presidente da Embraer, Frederico

Fleury Curado, 2014 deve ser similar ao ano de 2013 e a empresa

está trabalhando para repetir essa estabilidade em 2015

Diretor-presidenteda

Embraer,Frederico

FleuryCuradocomenta

osprincipaisprojetos da

companhiaeo sucesso,

conseguidopassoapasso

119jatosforamentreguespela

Embraernoanopassado,

entreaeronaves leves (90)

e jatosdegrandeporte (29)

“Omercadodeaviaçãocomercial vive umbommomento, emboramaisconcentradonosaviões degrandeporte”

“Omercadodeaviaçãoexecutivaaindanãorecuperouos níveispré-crise de 2008”

“Oanode 2014deve sersimilaraode 2013 eestamos trabalhandopara repetir essaestabilidade em2015”

“Nossamaiorpreocupação épreservaros níveis deprodução einvestimentosdacompanhia”

“OnegóciodeDefesa eSegurançadeverepresentar cercade 20%do faturamentodaEmbraerneste ano, o que ésignificativo”

“Nossa expansãonessemercadodemonstraqueaestratégiadediversificaçãodacompanhiavemdandocerto”FREDERICOFLEURYCURADO

DIRETOR-PRESIDENTEDAEMBRAER

PERFIL

CLAUDIOVIEIRA

TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014

5www.ovale.com.br 5

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nositewww.ovale.com.br

SÃOJOSÉDOSCAMPOS

A receita deste ano da Em-braer Defesa e Segurança

deve representar 20% do to-tal do faturamento do grupoEmbraer, que está estimadoentre US$ 6 bilhões a US$ 6,5bilhões. A unidade de negó-cio tem registrado progressi-vo crescimento de vendas.

A Defesa é responsávelpelo ambicioso projeto docargueiro militar KC-390,sob encomenda da FAB (for-ça Aérea Brasileira).

O programa do KC-390 es-tá orçado em US$ 2 bilhões.

Será o maior avião proje-tado pelo grupo Embraer.

Como demonstrativo deque é um projeto importantee viável, a FAB encomendou28 unidades do jato, em con-trato de R$ 7,2 bilhões.

Noentanto, a EmbraerDe-fesa e Segurança tem outrosprogramas importantes emseu portfólio de negócios.

No Brasil, outro projetosignificativo da unidade denegócio é o Sisfron (SistemaIntegrado de Monitoramen-to de Fronteiras).

A Embraer participou dalicitação do Exército pormeio do consórcio Terpro.

A primeira etapa prevê aimplantação do sistema emcerca de 600 km de fronteiraterrestre entre o Mato Gros-so do Sul, Bolívia e Paraguai.

Por intermédio da subsi-

diária Visiona, a Embraer, jun-tamente com a Telebras, é res-ponsável pelo fornecimentodo satélite geoestacionário pa-ra a área de defesa e comunica-ção do governo brasileiro.

A companhia tem tambémcontrato para a modernizaçãode aeronaves da Marinha.

Tucano. Outro projeto ambi-cioso é o fornecimento de Su-per Tucanos para a Força Aé-rea dos Estados Unidos.

Segundo a Embraer, a mon-tagem dos aviões para o pro-grama LAS (Apoio Aéreo Le-ve) segue o cronograma.

Na fábrica localizada na ci-dade de Jacksonville, naFlórida (EUA), seis aeronavesestão em diferentes etapas doprocesso de fabricação.

“A Embraer é uma empresacom alta competênciatecnológica”, disse ExpeditoBastos, especialista em assun-tos militares da UniversidadeFederal de Juiz de Fora (MG).

Receita.De acordocom orela-tório financeiro da empresa re-ferente ao segundo trimestredeste ano, a receita obtida pelaEmbraer Defesa e Segurançaao final do primeiro semestrefoi de R$ 1,7 bilhão.

Esse montante representa25,2% do total da receita al-cançada pela Embraer no pe-ríodo, que foi de R$ 6,8 bilhões,segundo dados do relatório,divulgado no final de julho. l

Omaior. O KC-390, cujo programa está orçado em US$ 2 bilhões, será o maior avião projetado pelo grupo Embraer; a FAB encomendou 28 unidades do jato, em contrato avaliado em R$ 7,2 bilhões

Responsável pelo cargueiromilitarKC-390, omaioraviãoprojetadopelaEmbraer, núcleo já évitrinedecrescimento

“OSuperTucano éumexcelente aviãonasuacategoria.Acreditoquea vendaparaosEstadosUnidospodeabrir novosmercados”EXPEDITOBASTOSESPECIALISTAEMASSUNTOSMILITARES

CONTRATOSAtechvenceduasconcorrênciasAAtech, subsidiáriadaEm-braerDefesaeSegurançaven-ceuduasconcorrências.Aem-presavai fornecersistemasparaaPolíciaFederal emcon-juntocoma israelensePlasan,emcontratodeR$5milhões.Paraa Índia, aAtechvai forne-cer sistemadegerenciamentodetráfegoaéreo, contratoesti-madonovalordecercadeUS$19milhões.

SÃOJOSÉDOSCAMPOS

A Embraer será a empresalíder do programa militar

F-X2 no Brasil.O programa é a compra de

36 caças supersônicos GripenNG, da sueca Saab, para reequi-par a frota da FAB (Força Aé-rea Brasileira).

É um negócio de US$ 4,5bilhões. O contrato da FABcom a Saab vai ser assinadoaté o final deste ano.

O memorando de entendi-mento entre a Embraer e aSaab é para a produção, gestãoda cadeia de suprimentos, de-senvolvimento e engenhariade sistemas do caça.

As empresas também anun-ciaram a intenção de explora-rem conjuntamente o merca-do mundial desse avião, emfase de desenvolvimento.

No Brasil, o caça será mon-tado na unidade de Gavião Pei-xoto, próximo a Araraquara,no interior paulista.

A Saab também vai montar

uma fábrica em São Bernardodo Campo, no ABC paulista.

A Embraer deve integrartambém o grupo de empresasque irá receber a transferênciade tecnologia do caça.

Essa questão ainda está sobanálise e conversações entre aSaab e o Ministério da Defesa,para formatação. l

DIVERSIFICAÇÃO RECEITA DA UNIDADE DE DEFESA E SEGURANÇA VAI CHEGAR A 20%DO FATURAMENTO DA COMPANHIA ESTE ANO

Defesaviranovopolodenegócios

4,5bilhõesdedólaresÉovalordocontratodaFABcomaSaabparaacomprade36caças supersônicosGripenNGnoF-X2

F-X2 NO BRASIL

Embraer lideraprogramamilitardecaçassupersônicos

“AEmbraerDefesaeSegurançaestáenvolvi-daemprojetosdegrande complexidade, co-moo jatomilitar táticoKC-390”FREDERICOFLEURYCURADODIRETOR-PRESIDENTEDAEMBRAER

DIVULGAÇÃO

TEXTUAL

6 TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE20146 www.ovale.com.br

19801972196919681966

Sucesso no mercado. Jato da Embraer na pista da empresa, em São José, e etapas da linha de produção de aviões; os e-jets, estrelas da empresa, detêm atualmente 50% de participação no

mercado e 62% das entregas de jatos para o segmento de aeronaves para até 130 assentos. Atualmente, os jatos comerciais da Embraer operam em 86 companhias aéreas de todos os continentes

ModeloAEmbraer iniciouo

desenvolvimentodeumnovo

modelodeaviãoregional.

SurgiriaoturboéliceBrasília,

parausoemlinhasregionais.

Antesaempresadesenvolveuo

TucanoparaaFAB

SÃOJOSÉDOSCAMPOS

Em setembro do ano passa-do, a Embraer, entregou o

jato comercial de número1.000, produzidonas suas insta-lações industriais de São Josédos Campos.

O marco foi considerado in-vejável e uma demonstraçãodo grande sucesso da sua linhade aeronaves para a aviaçãocomercial, carro-chefe de ven-das e receitas da companhia.

Os jatos da família Embraer170/195para atender o segmen-to de 70 a 130 assentos sãosucesso mundial. Até junhodeste ano, as entregas soma-ram 1.041 unidades dos jatos.

Com essa família de aerona-ves, a Embraer se tornou aterceira maior fabricante dejatos do mundo, atrás apenasdas gigantes Boeing, dos Esta-dos Unidos, e da companhiaeuropeia Airbus.

À ocasião da entrega do mi-lésimo jato, o diretor-presiden-te da Embraer, Frederico Fleu-ry Curado, afirmou em nota“este é realmente um marconotável, quando considera-mos que entregamos mais de1.000 aviões em dez anos”.

Participação. A aviação co-mercial responde atualmentepor cerca de 50% do total dareceita da companhia. Para es-te ano, a previsão da Embraeré obter uma receita de US$ 6bilhões a US$ 6,5 bilhões.

Segundo dados da empresa,os E-Jets detêm atualmente

50% de participação no merca-do e 62% das entregas de jatospara o segmento de aeronavespara até 130 assentos.

Atualmente, os jatos comer-ciais da Embraer operam em86 companhias aéreas de 57países em praticamente todosos continentes.

Com um índice médio deconclusão de missão de 99,9%e a realização de sete milhõesde ciclos de voo, a frota deE-Jets ultrapassou a marca de10 milhões de horas voadas,transportando mais de 460 mi-lhões de passageiros.

Alémda confiabilidade com-provada, os E-Jets possuemuma rede global de suporte eserviços ao cliente estrategica-mente localizada, que inclui 34centros de serviços de manu-tenção (MRO) em todo o mun-do, sendo 11 autorizados e 23independentes.

Carteira. A carteira de enco-mendas firmes dos jatos daatual família em operação so-ma 240 unidades, segundo da-dos do relatório financeiro dosegundo trimestre deste ano.

São 167 unidades do E-Jets175, 62 pedidos do modelo 190e 11 do E-Jets 195.

O modelo E-190 é o que con-centra maior número de entre-gas em total de 508 unidades.

A seguir vem o E-175, com211, o E-170 com 188 e o E-195,com 134 entregas.

Competência. O economistaMarcos Barbieri, professor daFaculdade de Ciências Aplica-das, da Unicamp (Universida-de Estadual de Campinas), ava-lia que a Embraer consolidou asua presença no cenário mun-dial da aviação.

“Basta olhar a presença daempresa no cenário da aviaçãomundial para verificar que aEmbraer é uma das mais res-peitadas”, disse o especialistaem economia aeronáutica.

Barbieri afirma que, apesardo mercado da aviação aindaestar se recuperando lenta-mente da crise vivenciada en-tre 2009 e 2010, a Embraer temconseguido efetivar vendas.

“Isto é resultado dos exce-lentes produtos que a empresaoferece”, afirmou.

O economista destaca queos aviões da Embraer conquis-taram o mercado no segmentoda aviação regional pela altatecnologia, desempenho e cus-tos mais baixos que os da con-corrência.

“Sem dúvida, os aviões dafabricante brasileira são muitoapreciados pelas companhiasaéreas”, disse.

Para o presidente da ACI

(Associação Comercial e In-dustrial de São José dos Cam-pos), Felipe Cury, a Embraer éum “orgulho para São José dosCampos e para o Brasil”.

“Sinônimo de competência,tecnologia e criatividade”, afir-mou o dirigente.

Executiva. No segmento daaviação executiva, a Embraertambém tem obtido bons resul-tados, embora o mercado ain-da esteja desaquecido em rela-ção ao período pré-crise de2008, segundo dirigentes daempresa.

Pelos dados da companhia,mais de 780 jatos executivosproduzidos pela empresavoam no mundo todo.

Somente no Brasil, mais de160 jatos executivos estão emoperação.

No ano passado a empresateveum participação de merca-do de 17,6% em termos de en-tregas de jatos executivos emtodo o mundo.

A companhia entregou 90jatos leves e 29 jatos grandes.

Para este ano, a expectativaé entregar de 80 a 90 jatosexecutivos leves e de 25 a 30grandes, que deverão geraruma receita de US$ 1,5 bilhão aUS$ 1,7 bilhão. No primeirosemestre deste ano foram en-tregues 49 jatos. l

VendasAEmbraeranunciouas

primeirasvendasdo

Bandeirantepara transporte

comercialdepassageiros.

Ocorreuovoo inaugural ea

aeronaverecebeusua

certificaçãoemdezembro

1.041jatosforamentreguesatéjunhopelaEmbraerparaaaviaçãocomercial desdeaprimeiraentrega, em2004

FundaçãoNodia19deagostoocorreua

fundaçãodaEmbraer.Oplano

originalpreviaaconstruçãode

umhangarparaproduzirduas

aeronavesBandeirantepor

mês, comcercade500

empregados

SÃOJOSÉDOSCAMPOS

Em junho do ano passado, aEmbraer lançou oficialmen-

te a segunda geração de jatoscomerciais.

Denominada de E-Jets E2,os novos jatos devem entrarem serviço a partir de 2018.

A família é composta portrês novos aviões – E175-E2,E190-E2 e E195-E2.

O E190-E2 deverá entrar emserviço no primeiro semestre

de2018. O E195-E2 está progra-mado para entrar em serviçoem 2019 e o E175-E2 em 2020.

Desde o lançamento, a se-gunda geração de jato já acu-mula 590 ordens entre pedidosfirmes e opções, segundo a di-reção da empresa.

A aplicação de tecnologiasavançadas para motores, asase aviônicos diferencia osE-Jets E2 por fornecer às com-panhias aéreas o máximo emganhos de eficiência, manten-

do a referência com os E-Jetsatuais.

A combinação de uma novaasa aerodinamicamente avan-çada --de formato único, commaior alongamento--, e o apri-moramento de sistemas eaviônicos, e motores de altodesempenho resultarão em re-duções de dois dígitos no con-sumo de combustível, nasemissões, ruído e custo de ma-nutenção e aumento na dispo-nibilidade das aeronaves. l

MODELOS

OutrasaeronavesfizeramsucessoAo longodasuahistória, aEm-

braerprojetoue fabricouvá-

riosmodelos. Paraaáreade

Defesa,projetouoTucanoe

depoisoSuperTucano.Para

aviaçãocomercial, o segundo

modelodesucessodacompa-

nhia foioBrasília.Umavião

turboélicepressurizado,para

30passageiros,que fezgran-

desucessonadécadade1980,

nas linhasregionais.

508unidadesdoE-Jet 190 foramentreguespelacompanhia,omodelomaisvendidoatéomomento

240pedidosfirmesde jatosparaaaviaçãocomercial éo totaldeunidadesdacarteiradeencomendas

3,4bilhõesdereaiséototal da receitaobtidapelaEmbraernoprimeirosemestredesteanocomaaviaçãocomercial

PIONEIRA

XingufoioprimeiroprojetoOaviãoXingu foi aprimeiro

aeronave totalmenteprojeta-

dae fabricadapelaEmbraer.O

primeirovooocorreuemoutu-

brode1976.Emjunhode

2014,oEMB121, denominação

técnicadaaeronave, comple-

tou30anosdeoperaçõesna

ForçaAéreaenaMarinhaFran-

cesa.Foiutilizadoatéopresen-

temomentopara treinarmais

de1.900cadetes franceses.

VooNodia22deoutubrode1968

ocorreuoprimeirovoodo

protótipodoBandeirante,

construídonoCTA,pintadonas

coresdaForçaAéreaBrasileira.

Oaviãofoiprojetoparaatender

aaviaçãoregional

CLAUDIOVIEIRA

1,5bilhãodereaiséototal da receitaqueacompanhiaobtevecomentregasparaaaviaçãoexecutivaesteano

18,1bilhõesdedólareséototaldacarteiradepedidos fir-mesdaEmbraer, segundo informaorelatório financei-rodaempresa referenteaosegundotrimestrede2014

InícioNasciaoprojeto IPD-6504,no

CTA,primeiradesignaçãodo

queviriaaseroavião

Bandeirante,primeiromodelo

produzidoemescalaseriada

pelaempresa.Amontagem

teve inícioem1966

PONTO FUTURO

Novageraçãode jatos é lançada

CLAUDIOVIEIRA

Jatodenúmero 1.000 foi

entreguenoanopassado,

cravandoummarco

importanteparao

crescimentodaempresa

fundadaemSãoJosé

DIVULGAÇÃO

Galeria

CIFRA

“Éummarconotável,quando consideramosqueentregamosmais de 1.000aeronaves emmenos dedezanos”FREDERICOFLEURYCURADO

DIRETOR-PRESIDENTEDAEMPRESA

POROCASIÃODAENTREGADO

MILÉSIMOJATOCOMERCIAL

“AEmbraer é umorgulhoparaSãoJosédosCampos e paraoBrasil”

“Éumaempresa quedemonstra competência eprodutosde altatecnologia”FELIPECURY

PRESIDENTEDAACI

“AEmbraer conquistouseu espaçono cenáriointernacionaldaaviaçãopor causados seus bonsprodutos”

“OsaviõesproduzidospelaEmbraerconquistaramascompanhias aéreas”

“A fabricante brasileira jádemonstrou tercompetência e tecnologiae está bemadiante de suasconcorrentes”MARCOSBARBIERI

PROFESSORDAUNICAMP

FATOSQUEMARCARAMAHISTÓRIA

A EMPRESAHOJE EMBRAER SE TORNA A 3ªMAIOR FABRICANTE DE JATOS DOMUNDO, ATRÁS DA BOEING E AIRBUS

Reconhecidos nomercado,aviões brasileiros voamem57países de todos os continentes

CRONO

TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014

7www.ovale.com.br 7

20131989 2009200420001994

LançamentoNesteano,aEmbraeranunciaa

suanovaversãode jatos

comerciais,denominadode

E-JetsE2.Aempresaprevêa

entradaemoperaçãodanova

geraçãodeaeronavesapartir

de2018

NovacriseRetraçãodomercadomundial

daaviação,provocadaporuma

crisenaeconomiaglobal, levaa

Embraerademitir4.270

trabalhadores.Omercadosó

dariasinaisderecuperaçãoa

partirde2011

EntregaEmmarço,oEmbraer170, jato

comercialda famíliadeE-Jets

170/195entraemoperação

comercialnaEuropa.Também

nesteanoentrariaem

operaçãonosEstadosUnidos

pelaUSAirways

MercadoNesteano,aempresa lançao

programaLegacy,aeronave

baseadanaplataformaERJ135,

queéomarcodaentradada

Embraernomercadoda

aviaçãoexecutiva.Foio

primeiromodelo

MEIOAMBIENTE

Empresa incentivaaçõessustentáveisAEmbraer criouprogramasam-

bientaisque tambémenvolvem

seus funcionários. Entreeles, a

coletaseletiva, implantadaem

1988.Aempresadisponibiliza

recipientes identificadosepinta-

dosparaacoletadetodoresí-

duogerado,podendoserde fi-

braereciclável. Tambémcriou

programaderecursosnaturais,

comumacomissão internapara

conservaçãodeenergiaeágua.

PROGRAMA

‘BoaIdeia’ fez26anosemjunhoLançadoem1988,oprograma

Boa Ideia incentivaos funcioná-

riosasugeriremprojetosque

possamcolaborar comaempre-

saemváriossetores. Segundoa

empresa, foram implantados

maisde53mil ideiasdos funcio-

nários.Somentenoanopassado

foram13.070sugestõesapresen-

tadas.Otimizaçãodearmazena-

mentodepalletsemumcontai-

neréumadelas.

SÃOJOSÉDOSCAMPOS

O grupo Embraer empregacerca de 19 mil pessoas de

20 nacionalidades somadas to-das as unidades da empresa aoredor do planeta.

Os dados estão disponibili-zados no site da empresa nainternet.

A estimativa do Sindicatodos Metalúrgicos é que, somen-te em São José dos Campos, acompanhia emprega em tornode 14 mil pessoas.

O pico de empregos gera-dos pela fabricante desde 2001aconteceu em 2007, quando ogrupo chegou a empregar qua-se 25 mil pessoas.

Em 2009, com a retração domercado da aviação mundialem razão da crise na economiaglobal, a Embraer reduziu oseu quadro de pessoal, com a

demissão de 4.200 emprega-dos no país e no exterior.

No Brasil, a maior parte dosdemitidos eram da sede dacompanhia, em São José.

Recuperação. Até 2011, o nú-mero de empregados permane-ceu estável, de cerca de 18 milpessoas. Em 2012, conformerevela o site da companhia,houve pequena recuperaçãode vagas.

No ano passado tambémhouve pequeno crescimento, omesmo ocorrendo este ano.

O vaivém no quadro de fun-cionários é normal em umaempresa, apontam economis-tas e depende muito do com-portamento do mercado.

No caso do segmento aero-náutico, a situação é peculiarporque o mercado da aviação,quando entra em crise, levatempo para se recuperar.

“É um mercado mais sensí-vel, que leva mais tempo doque outros segmentos. Até porcausa do tipo do produto”, dis-se o economista Marcos Bar-bieri, professor da Unicamp.

Para o diretor do Ciesp(Centro das Indústrias do Esta-do de São Paulo), em São Josédos Campos, Almir Fernan-des, como líder do segmentoaeronáutico no Brasil, a Em-braer é fomentadora de empre-gos diretos e indiretos. l

PrivatizaçãoEmdezembro,aEmbraer foi

privatizada.Oprocesso teve

inícioem1992.As instituições

CiaBozanoSimonsen,

WassensteinePerela

adquiriramaparticipação

majoritariadaempresa

Empregos. Equipe em linha de produção da Embraer, que é

fomentadora de empregos diretos e indiretos no Vale do Paraíba

JatoAempresa iniciao

desenvolvimentodoEMB145

(depoisnomeadoERJ145)o

primeiroaviãoa jatoproduzido

pelaEmbraer. Foioprecursor

daatual famíliade jatos

comerciaisdaempresa

Totaldevagasgeradas

pela empresanas

unidadesnoBrasil e no

exterior registrou

crescimentoapós 2011 e se

mantématéeste ano

CIFRA

MUNDOEMBRAER

Equipe jásoma 19milpessoas, de20 países

53mil ideiasesugestões já foramimplantadaspelaem-presa,apartirdoprogramacriadopara incentivarosfuncionáriosacolaborarcomagestãoda indústria

CLÁUDIOVIEIRA/OVALE

8TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014

8 www.ovale.com.br

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SÃOJOSÉDOSCAMPOS

Em dezembro deste ano,mais exatamente no dia 7, a

Embraer completará 20 anosde privatização.

A mudança de formação daempresa é considerada por es-pecialistas e ex- dirigentes daempresa como o marco divisore a “salvação” da Embraer.

Fundada sob os idos do regi-me militar, a empresa era con-trolada pelo governo federal,por intermédio da Aeronáuti-ca, para atender as necessida-des da Força Aérea.

Entretanto, a partir do finaldos anos de 1980, a empresacomeçou a enfrentar dificulda-des financeiras em função docenário adverso da economiamundial, em crise.

Em 1992, mergulhada emuma séria crise financeira, aEmbraer teve que demitir ereduziu drasticamente o qua-dro de pessoal, com mais de3.000 demissões.

O engenheiro Ozires Silva,um dos fundadores da compa-nhiae seu superintendente des-de a criação em 1969 e até1986, conduziu o processo deprivatização. Para ele, a vendada Embraer foi crucial para asobrevivência da empresa e doprojeto da indústria aeronáuti-ca nacional.

Antes de ser privatizada, aEmbraer estava à beira da fa-lência. Os novos controlado-res acionários passaram entãoa ser os fundos de pensão Pre-vi e Sistel (20% cada), a Cia.Bozano, Simonsen (20%), alémde um grupo de investidorescom participação acionáriamenor (total de 20%), compos-to pela Dassault, EADS, Snec-ma e Thales Group.

Salto.Na avaliação de Expedi-to Bastos, especialista em as-suntos militares da Universida-de Federal de Juiz de Fora

(MG), a privatização possibili-tou um “salto de qualidade”.

“Ela passou a ter liberdadepara procurar parceiros estra-tégicos no mercado internacio-nal e a desenvolver novos pro-dutos. Foi fundamental para acompanhia”, declarou.

Para o diretor regional doCiesp (Centro das Indústriasdo Estado de São Paulo), emSão José, Almir Fernandes, sea Embraer permanecesse umaestatal, “jamais ela seria o queé hoje. Sem dúvida, a priva-tização foi um marco importan-te para a empresa”, disse. l

MUDANÇAEmpresaalterasociedadeem2006Emjaneirode2006,aempre-

saanunciouumplanode

reestruturaçãosocietária, se-

gundoaqualopoder

decisórioseriapulverizado

entre todososacionistas,pois

todososportadoresdeações

daempresanaBovespa te-

riamdireitoavoto.Em2010,a

empresa teveonomealterado

peloseuConselhodeAdminis-

traçãoparaEmbraerS.A.

MERCADOEmpresaapostounojatoERJ145Apósaprivatização,aEm-

braerapostounoprojetodo

jatoERJ 145,oprimeirodessa

categoriaproduzidopelaem-

presa.OERJ 145foiumaaero-

naveconcebidaparaacompa-

nhara tendênciamundialna

aviaçãoregionalnaépoca,

queeradeutilizaraviõesde

maiorporte, compropulsãoa

jato.Eleprecedeuanova famí-

liade jatosdaempresa.

6,8bilhõesdereais foia receita líquidaobtidapelaEm-braernoprimeirosemestredesteano, conformerela-tório financeirodacompanhia

777milhõesdereaisfoio lucro líquidoobtidopelaEmbraernoanopassado, conformebalançofinanceiro

“Aprivatização foi asalvaçãoda empresa”OZIRESSILVA

EX-SUPERINTENDENTEDAEMPRESA

“Foi omarcomaisimportante na históriadaEmbraer”

“Comaprivatização,aempresapodeprocurarparceirosestratégicosedesenvolvernovosprodutos”

“A empresapassoua seradministradapor gruposque levaramacompanhiaaolharmais paraomercadodaaviação civil”

“Senão tivesse sidoleiloada, a empresa teriafechado”EXPEDITOBASTOS

ESPECIALISTADAUFJF

“Foi ummomentoimportanteparaacompanhia, que estavaàbeirada falência”

“AEmbraer foi salvagraçasao trabalho eempenhodo engenheiroOzires Silva, quecomandouoprocesso deprivatização”ALMIRFERNANDES

DIRETORDOCIESPEMSÃOJOSÉ

kCOMEÇOOprimeiroprojetodeaerona-

ve fabricadopelaEmbraer,o

Bandeirante, começouno

CTA,atualDCTA

kANOUmgrupodeengenheiros tra-

balhounoprojeto IPD(Institu-

todePesquisaeDesenvolvi-

mento), entre 1965e1968

kVOOOprimeiroprotótipodoBan-

deirantevoouemoutubrode

1968

kPROJETOSAo longodasuahistória, aEm-

braerdesenvolveuoutrospro-

jetoscomodoaviãoagrícola

Ipanema,oXingu,oBrasília,

entreoutros

kCRISENofinal dosanosde1980a

empresacomeçouaenfrentar

crise financeiraqueseagrava-

rianosanosseguintes

kDEMISSÃOEm1992, aempresapromo-

veuumademissãoemmassa

kPROCESSOAindaem1992, teve inícioo

processodeprivatizaçãoda

empresa

kLEILÃOOleilãodaEmbraeraconteceu

nodia7dedezembrode1994

naBovespaBolsadeValores

deSãoPaulo

kREESTRUTURAÇÃOApósavenda, aempresapas-

souporumareestruturaçãoe

lançouaaeronaveERJ 145,o

primeiroaviãocomercial a

jatodaempresa

Martelo. Ao centro, o engenheiro Ozires Silva, fundador da Embraer, no momento em que a

então estatal foi privatizada, na Bolsa de Valores de São Paulo, no dia 7 de dezembro de 1994

Depoisdo leilão,Embraer

deixoudedependerdo

governoepodeprocurar

parceiros internacionais

para fazernovosprodutos

edisputar omercado

SÃOJOSÉDOSCAMPOS

A Embraer surgiu de umesforço pioneiro de um gru-

po de engenheiros do CTA,atual DCTA, em São José dosCampos, na década de 1960.

Entre os integrantes do gru-po estavam o engenheiro Ozi-

res Silva, que liderou o projetodo avião Bandeirante, que setornaria o primeiro avião fabri-cado comercialmente pela Em-braer, e Ozílio Silva, que mor-reu em março deste ano.

Entre 1965 e 1968, o grupodesenvolveu o projeto do IPD(Instituto de Pesquisa e Desen-

volvimento) 6504, a primeiradesignação do que viria a ser oavião Bandeirante.

A aeronave foi construídanas instalações do à épocaCTA, mas não havia previsãode produção comercial.

À época, a intenção eracriar um avião de passageiros

para incentivar a aviação regio-nal no Brasil.

Em 1968, mais precisamen-te no dia 22 de outubro, ocor-reu o voo do protótipo do Ban-deirante. No ano seguinte, ogoverno federal decidiu criar aEmbraer para fomentar a pro-dução seriada do Bandeirante.

Além desse modelo, a em-presa foi contratada pelo go-verno brasileiro para produziro jato de treinamento avança-do Xavante, sob licença da ita-liana Aermacchi.

Também seria desenvolvi-do o planador Urupema e oavião agrícola Ipanema. l

CIFRA

AHORADAVIRADA CRIADA COMO ESTATAL, EMBRAER ESTAVAMERGULHADA EM CRISE EM 1994

Privatização, ocorrida há 20anos, foi o ‘divisor de águas’ daempresa, dizemespecialistas

TÚNEL DO TEMPO

Esforçodepioneirosgerou lançamentodoBandeirante

SAIBAMAIS

MARTELOOleilãodaEmbraeraconteceunodia7dedezembrode1994nasededaBolsadeValo-resdeSãoPaulo

ARQUIVO/EMBRAER

TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014

9www.ovale.com.br 9

10TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014

10 www.ovale.com.br

Em 19 de agosto de1969, há 45 anos, foisancionado o decre-to-lei 770 que autori-

zou a criação de uma novasociedade de economia mista,nos termos do decreto-lei 200,da reforma administrativa daUnião Federal. Uma iniciativaque poderia contribuir para co-locar o Brasil entre os grandesfabricantes de aviões em todoo mundo. Nascia a Embraer!Um sonho de poucos, de al-guns que lutarampara materia-lizar algo aspirado por muitospioneiros, desde o voo de Al-berto Santos Dumont, com seu14-Bis, na França em 1906.

Não eram muitos os queacreditaram naqueles sonhos.Será impossível relembrar to-dos que deram de si para que omomento de hoje possa servivido. Mas aqueles que vive-ram suas noites trabalhando,pensando, discutindo e deci-dindo, para traçar novos cami-nhos, sabem quem são e quemerecem ser lembrados.

Destacam-se na lista o ge-nial e visionário brigadeiro Ca-simiro Montenegro Filho, cria-dor do CTA, então Centro Téc-nico de Aeronáutica, e do ITA,escola que, formando enge-

nheiros, transformou tudo emrealidade. Em 1966, entra emcena outro lutador, o brigadei-ro Paulo Victor da Silva, dire-tor do CTA, que contribuiu pa-ra garantir a continuidade doprojetoe construçãodo primei-ro protótipo do Bandeirante,no qual poucos acreditaram.

Assim não foi com poucaemoção que, na madrugadafria de 22 de outubro de 1968, onosso primeiro avião correuna pista e saiu do chão em SãoJosé.Na linha de frente, pionei-ros e suas famílias, vendo nos-so trabalho decolar, com lágri-mas nos olhos e sorrisos noslábios, confiantes, sem saberque estavam vencendo.

Hoje, a Embraer gera rique-zas e oportunidades para mi-lhares de pessoas. Leva a ima-gemmoderna e inquieta daque-les que, todos os dias, se dedi-cam em construir o futuro.Não é fácil ficarmos inertesquando se comemora queaviões aqui concebidos e fabri-cados sejam vendidos a quase50 países, servindo passagei-ros de mais de 90 nações nos 5continentes. Cabe refletir so-bre o sucesso e sobre o quecontinuar a fazer para come-morar novos resultados.

No mundo moderno, inteli-gente e global, com a competi-ção de todos os lados, pareceser justo que reflexões possamser feitas. E o mais que pode-mos fazer para continuar como entusiasmo e a determina-ção que hoje parecem nos fal-tar. Crescentemente estamossendo dominados por milha-res de produtos criados no ex-terior e comprados por brasi-leiros. Podemos resumir algu-mas teses que não são opiniõessoltas nem expressões de pre-ferências políticas. São o resul-tado de observações e pensa-mentos de dezenas de anossobre a distribuição do poderno mundo e sobre as possibili-dades que nosso país tem paracrescer, preservando cultura eforma de viver.

Nossa indústria aeronáuti-ca nasceu da educação e deuma cultura organizacional,baseadas nos esforços gover-namentais de um lado e naimaginação privada do outro.Uma soma de vetores para odesenvolvimento, governo esociedade, mais do que vivosno mundo de hoje, vencendonospaíses mais longínquos.To-davia, notam-se forças que ten-demdiluir a vontade e a sobera-

nia dos povos. Não foram elasque deram origem ao sucessodanossa construção aeronáuti-ca. Contudo, parecem que es-tão engajadas em conspirarcontra nossos esforços paracrescer e desenvolver, colo-cando governantes longe dosgovernados, minando nossademocracia. Democracia quenos coloca entre os 11 paísesque estão em real paz no mun-do. Tudo isso importa e nosimpõe razões para conservaros nossos modos de vida, co-mo conservamos a proprieda-de intelectual e as marcas dosaviões que aqui fabricamos.

Todos estamos convenci-dos de que dependemos demanter nossas forças vivas daconfiança em nossa vocaçãopara, unidos, lutarmos e edu-carmosnossa população, capa-citando-a para competir nomundo inteligenteno qual vive-mos. E sabemos que isso de-pende de nós, do esforço decada um para preparar melhornossas crianças, pois, com osmais competentes cidadãos,aderindo ao nosso modo devida, possamos garantir a esta-bilidade de um país pacífico eque acredita no trabalho e nosucesso!

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DEOLHONO FUTURO

Arealidade émaior queo sonho

“Hoje, aEmbraer gerariquezas e oportunidadesparamilhares depessoas.Levaa imagemmoderna einquietadaqueles que,todosos dias, se dedicamemconstruir o futuro”

SÃOJOSÉDOSCAMPOS

Líder da indústria aero-náutica brasileira, a Em-

braer fomentou a criação deum polo aeronáutico na Re-gião Metropolitana do Valedo Paraíba para atender assuas necessidades.

De acordo com cadastroda Anac (Agência Nacionalda Aviação Civil), ao menos27 empresas da região sãofornecedoras da empresa.

O grupo fornece os maisvariados serviços e produtoscomo peças de usinagem eaté interiores de aviões.

Pelos dados da Anac, dototal de fornecedoras, 21 em-presas estão instaladas emSão José dos Campos.

Há fornecedores tambémem Jambeiro, Cruzeiro, Jaca-reí e em Taubaté.

O Sindicato dos Meta-lúrgicos de São José dosCampos estima que a cadeiade fornecedores da Embraerno município emprega cercade 2.600 pessoas.

Já na avaliação do sindica-to, o número de trabalhado-res da Embraer em São Josédos Campos gira em tornode 14 mil.

Empresas. Entre as empre-sas fornecedoras estão a La-tecoere do Brasil Ind. Aero-náutica Ltda., em Jacareí, e aThyssenkrupp Autômata In-dústria de Peças Ltda., emTaubaté.

Instaladas em São Josédos Campos estão a Winns-tal Indústria e ComércioLtda., Sobraer-Sonaca Brasi-leira Aeronáutica, AeronovaAeroespace do Brasil Ltda.,

Sopeçaero-Sobraer Peças Ae-ronáuticas Ltda., entre outras.

Importância. Para EovaldoRodrigues, diretor da Alltec In-dústria de Componentes emMateriais Compostos Ltda., deSão José dos Campos, a Em-braer responde por pelo me-nos 50% das encomendas fei-tas à empresa.

“Trabalhamos com a Em-braer há 19 anos. Ela é muitoimportante para nós”, afirmouo executivo.

AAlltec emprega 210 funcio-nários e parte deles está vincu-lada com serviços prestadospara a fabricante de aviões.

“Além do apoio aos fornece-dores, a Embraer repassa tec-nologia e conhecimento, orien-ta. Acho que ela é fundamentalpara a cidade”, afirmou.

Para a gerente administrati-va da Status Usinagem Mecâni-ca Ltda., Evelyn Ribeiro, a Em-braer representa papel impor-tante nos negócios da empre-sa. “Trabalhamos com a Em-braer há 15 anos e emprega-mos 100 funcionários. Pelo me-nos 60% graças aos serviçosque prestamos para a indús-tria”, disse a gerente.

Diretor regional do Ciesp(Centro das Indústrias do Esta-do de São Paulo), em São José,Almir Fernandes afirmou quea Embraer tem papel importan-te na geração de renda e empre-go na região.

SegundoAlmir, enquanto se-tores da indústria enfrentamdificuldades e retração de em-prego, como o automotivo, osetor aeronáutico permaneceestável. “Se não está contratan-do, pelo menos não está demi-tindo”, disse. l

OZIRESSILVAéengenheiroaeronáuticoe [email protected]

27empresas

dasão fornecedorasdaEmbraernaRegiãoMetropolitanadoValedoParaíba, segundoaAnac

SÃOJOSÉDOSCAMPOS

A Embraer firmou acordocom o BNDES (Banco Na-

cional de DesenvolvimentoEconômico e Social) e Finep(Financiadora de Projetos) e aDesenvolve São Paulo (Agên-cia de Desenvolvimento do Es-tado de São Paulo) para a cria-ção de um Fundo de Investi-mento em Participações Ae-roespacial.

A intenção é fortalecer ascadeias produtivas Aeroespa-

cial, Aeronáutica e de Defesa.O patrimônio inicial de R$

131,3 milhões do FIP está dis-tribuído por cinco quotistas: aBNDESPAR (empresa de parti-cipações acionárias do BN-DES), a Embraer, Finep, comR$ 40 milhões cada uma, e aDesenvolve SP, com 10 mi-lhões. Os R$ 1,3 milhão restan-tes foram aportados pela Port-bank, que será a gestora doFundo de Investimento.

O acordo para a criação doFIP foi assinado em maio. O

Fundo irá oferecer apoio àspequenas e médias empresasde base tecnológica desses se-tores.

O Fundo, tipicamente de ca-pital empreendedor (venturecapital), será destinado a em-presas inovadoras de pequenoe médio porte (com faturamen-to bruto de até R$ 200 milhões/ano) em todo o territórionacio-nal, informa o BNDES.

A gestora do fundo tem se-de em São Paulo, onde podeser procurada. l

Cadeiade indústriasque fornecepeçasparaaEmbraerempregacercade2.600pessoasnoVale, amaioria emSãoJosé

“AEmbraer é fundamental paraacida-de.Gerarenda e emprego e fomentaopoloaeronáuticoda região”ALMIRFERNANDES

DIRETORDOCIESP

EFEITO COLATERAL SOMENTE NA REGIÃO, PELOMENOS 27 EMPRESAS TÊM PRODUÇÃO DIRETAMENTE LIGADA À EMBRAER

Grupo alavanca fornecedores

2.600pessoas

estãoempregadasnacadeiaprodutivadaEmbraer, segundoestimativadosindicato

OziresSilva

Cadeia produtiva. Hangar da Embraer, na fábrica de São José; empresa é responsável por alimentar a cadeia produtiva

do setor aeronáutico da região, com encomendas específicas a fornecedores e transferência de tecnologia para empresas do Vale

APOIO

Acordofomentacadeiaprodutiva

“Trabalhamos comaEmbraer há 19anos eaempresa é responsávelporpelomenos 50%dosnossospedidos”EOVALDORODRIGUES

DIRETORDAALLTECEspecial

TEXTUAL

CLÁUDIOVIEIRA

TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014

11www.ovale.com.br 11

Os 45 anos de funda-

ção da Embraer

merecemsercome-

morados por todos

os brasileiros, principalmente

pelos funcionários, fornecedo-

res e instituições quecontribuí-

ram para torná-la um exemplo

de sucesso empresarial, numa

das mais avançadas e competi-

tivas indústrias do mundo, a

aeronáutica.

No decorrer da sua história,

a Embraer tornou-se um caso

atípico e singular de sucesso,

não apenas no âmbito nacio-

nal, mas também internacio-

nal. A Embraer é a única gran-

de empresa brasileira de alta

tecnologia que conseguiu al-

cançar uma posição de desta-

que no mercado internacional.

No âmbito da indústria aero-

náutica mundial, é a única em-

presaestabelecida fora dos paí-

ses desenvolvidos a estar en-

tre as líderes globais.

Apesar da singularidade do

caso da Embraer, dada pelas

particularidades da indústria

em que atua e do contexto his-

tórico em que ocorreu sua evo-

lução, devemos refletir, ainda

que de maneira breve, sobre

algumas competências que

possibilitaram o seu êxito.

A primeira competência

que salta aos olhos ao se falar

sobre o sucesso da Embraer é

a sua capacitação técnica, pois

sem ela de nada adiantariam as

outras competências construí-

das pela empresa. O alicerce

desta competência foi o Cen-

tro Técnico de Aeronáutica,

fundado na década de 1940,

com o objetivo capacitar o Bra-

sil nas tecnologias aeroespa-

ciais. A Embraer nasceu deste

esforço de desenvolvimento

de tecnologia própria e, desde

o início, teve o mérito de defi-

nir claramente o seu core busi-

ness, cujas atividades se con-

centraram no domínio das tec-

nologias-chaves que determi-

nam o avião como um produto

final. Neste sentido, ao longo

dos diferentes projetos, a Em-

braer foi se constituindo como

uma empresa de concepção,

integração e montagem final

de aeronaves, se concentran-

do no vértice superior da ca-

deia produtiva aeronáutica.

Competência esta vem sendo

expandida para áreas correla-

tas, no caso, defesa e espacial.

Além dessa extraordinária

competência técnica, ao longo

dos seus 45 anos, que permitiu

avançar do Bandeirante aos

E-Jets, destacam-se outras

três competências que tam-

bém foram determinantes.

Uma segunda competência

que se evidencia é o elevado

padrãode governança conquis-

tado pela Embraer. Apesar dos

avanços das primeiras déca-

das, foi a privatização que libe-

rou a empresa das restrições

impostas a uma estatal, permi-

tindo que ela se concentrasse

no mercado e nos resultados

financeiros, sem, entretanto,

abandonar a excelência

tecnológica que havia caracte-

rizado sua trajetória empresa-

rial. Os posteriores avanços na

governança empresarial fize-

ram da Embraer a única gran-

de empresa brasileira de capi-

talpulverizado, além de preser-

var o controle nacional.

Outra importante compe-

tência desenvolvida pela Em-

braer é a sua capacidade estra-

tégica de aproveitar e criar

oportunidades de mercado.

De um lado, a visão estratégica

que permite monitorar e inter-

pretar mudanças tecnológicas

e concorrenciais dos merca-

dos e, de outro, uma gestão

estratégica que possibilita

adaptar a capacidade interna

da empresa de maneira ágil e

flexível para responder e apro-

veitar essas mudanças.

Umaquarta competênciaes-

tratégica da Embraer está na

suaatuação global. Aparticipa-

ção no mercado internacional

sempre foi um objetivo almeja-

do pela empresa. Desde a déca-

da de 1980, a maior parte da

receita da empresa vem do ex-

terior, fazendo dela uma das

grandes exportadoras brasilei-

ras. Neste início do século 21, a

Embraer vem aprofundando

esse processo de internaciona-

lização com a criação de subsi-

diárias no exterior, se consti-

tuindo numa “multinacional

verde-amarela”, capaz de fazer

frente aos grandes conglome-

rados estrangeiros.

Esseconjunto de competên-

cias construído pela Embraer

ao longo da sua história é resul-

tadode dois elementos singula-

res. Primeiro, a excepcional

capacidade de aprendizagem

da empresa, que buscou avan-

çar, não apenas com seus acer-

tos, mas, principalmente, com

seus erros. Segundo, o fato de-

la ser constituída, ao longo de

toda sua história, por profissio-

nais que preservaram a capaci-

dade de sonhar e de realizar

dos seus fundadores.

DEOLHONOMERCADO

Entre as líderes globais

“Noâmbito da indústriaaeronáuticamundial, aEmbraer é aúnicaempresa estabelecida foradospaíses desenvolvidosa estar entre as líderesglobais”

MARCOSJOSÉBARBIERI

FERREIRA

professordaFaculdadede

CiênciasAplicadasdaUnicampe

especialistaemindústria

aeronáutica

MarcosJoséBarbieriFerreira

CIFRA 2050éoano limiteparaa indústriadeaviaçãocortaraemis-sãodeCO2em50%,segundocompromissoassumidopelasempresas líderesdomercado

Especial

12TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014

12 www.ovale.com.br

Modernidade. Teste no CRV (Centro de Realidade Virtual

da Embraer), cujos produtos são reconhecidos mundialmente

780jatosexecutivos fabricadospelaEmbraeremSãoJo-sé,pelomenos,voamemtodoomundo, cercade160unidadessomenteemterritóriobrasileiro

A sede. Vista parcial da sede da Embraer, em São José, uma das

maiores empresas da região, com cerca de 19 mil empregados

TADEUGOMES/DIVULGAÇÃO/EMBRAER

Os produtos. Na sede de São José dos Campos estão a montagem dos jatos para a aviação comercial e executiva. Em Botucatu, é feita a montagem

de montagem da área de Defesa e Segurança e demais serviços para esse segmento. A empresa também tem unidades na China, em Portugal

CIFRA

ARQUIVO/OVALE

TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014

13www.ovale.com.br 13

Dia a dia. Funcionário confere pelo computador o desempenhode peças de aeronave em hangar da fábrica instalada em S. José

Detalhes. Técnico acompanha detalhes da montagem básicados componentes da ‘barriga’ de um avião, na sede da Embraer

Nas alturas. Jato da Embraer, o E-Jet 190 é um dos modelos mais vendidos da companhia, que até o momento já entregou 508unidades para empresas de todo o mundo; nova geração de jatos foi lançada em junho e deve entrar em operação a partir de 2018

montagem do avião agrícola Ipanema e Gavião Peixoto sedia a linhaPortugal e nos Estados Unidos, e escritórios em países da Ásia e da Europa

CLAUDIOVIEIRA ARQUIVO/OVALE

22%cresceuosegmentodaaviaçãocomercialnosegundotrimestrede2014emrelaçãoaomesmoperíodode2013, com55,2%departicipaçãonototaldasreceitas

CIFRA

CLAUDIOVIEIRACLAUDIOVIEIRA

14TERÇA-FEIRA, 19DEAGOSTODE2014

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No Parque. Danilo dos Santos em frente ao Bandeirante do Parque Santos Dumont; desde pequeno ele se encanta com aviões e gosta de vê-los pousando e decolando. Seu sonho é pilotar um deles

SÃOJOSÉDOSCAMPOS

Talento, obstinação e amorcriaram asas e escreveram

o nome de São José dos Cam-pos nos céus do mundo. Aqui,em terra, a paixão por aviõesmovimenta o sonho de milha-res de pessoas. Para elas, voaré como viver. É riscar com ogiz da imaginação a imensidãoazul do planeta.

“É nóis na pista”, brinca oengenheiro e colecionadorCélio Moura, 59 anos, apaixo-nado confesso por aviões porcausa da Embraer. “Segui deperto os passos da empresa,embora nunca tenha trabalha-

do nela”. Ele morou em SãoJosé por 45 anos, até 2010,quando se aposentou e seguiupara Minas Gerais.

Na casa onde mora preci-sou erguer um cômodo no quin-tal para guardar os milhares delivros, revistas e miniaturas deaviões que coleciona, muitosdeles réplicas de aeronaves daEmbraer.

Carreira. Desde pequeno, Da-nilo Romão dos Santos, 19anos, encantava-se comaviões. Seu pai o levava paravê-los pousando e decolandonos aeroportos de Guarulhos eSão José. Não deu outra. Orapaz escolheu voar como pro-fissão. Faz atualmente faculda-de de manutenção de aerona-ves, na Fatec de São José, con-cluiu o curso de piloto de heli-

cóptero e almeja graduar-seem pilotagem de aviões. O so-nho dele é pilotar para empre-sas do ramo petrolífero.

“Fui a muitas feiras na sededa Embraer. Quem mora emSão José e na região respira

aviação. As pessoas acompa-nham aviação no Vale, de umjeito ou de outro, por causa daEmbraer e dos militares. Estána raiz da nossa região”.

Construtor. Depois da Em-braer, ninguém mais construiu

os aviões da fabricante comoDavid Leite, 62 anos. Tambémex-funcionário da companhia,ele se tornou um especialistaem fabricar maquetes.

Os primeiros modelos fo-ram aviões da empresa, no fi-nal dos anos 1970, quando aEmbraer era o principal clien-te de Leite. Com o passar dotempo, os pedidos foram au-mentando e, em 1980, a maiorparte dos cômodos de sua casaestavam sendo utilizados nafabricação de maquetes.

Hoje, ele constrói uma mé-dia de 500 maquetes por mês,de todos os tipos, não sóaviões, mas é das aeronavesque ele guarda um carinho es-pecial. Já fez modelos de maisde um metro de altura e, desdeo ano 2000, para surpresa demuitos, fabrica a maquete do

KC-390, cargueiro militar queestá sendo projetado pela Em-braer.

“Cada país que a empresamostrava a aeronave pedia al-guns ajustes, e eu fazia as ma-quetes, que eram secretas”,conta o artesão. Para ele, as-sim como a Embraer, o que oalimenta a continuar no negó-cio é o desafio. “Gosto de ma-quetes desafiadoras, que esti-mulem a minha criatividade”.

Entre os clientes de Leite,estão aficionados por aviõesde várias partes do Brasil, mui-tos deles colecionadores demaquetes. “Há pessoas emCuritiba e no Rio de Janeirocom mais de 2.000 maquetesque fiz. Eles vêm aqui e com-pram de montes. Perguntam oque ainda não tenho e levam asnovidades”, afirma Leite. l

500maquetespormês fabrica, emmédia,oartesãoDavidLeite, deJacareí; aEmbraerfoiaprimeira cliente, em78

“Muita coisa inovadoraaindavai vir poraí. Eucontinuomuitointeressadona tecnologiadessa indústria, que já éumorgulhonacional. AEmbraerainda está emascensão”DARCIOCAMPOS

ENGENHEIRO

“Aspessoas perguntamcomo foimorarna terradoavião, comoSão JosédosCampos é conhecidaemoutrosmunicípios. Eunãonasci na cidade,masaadotei e fui adotadoporela.Tenhoorgulhodaqueles aviões cruzandoo céu todosos dias”CÉLIOMOURA

COLECIONADOR

CLAUDIOVIEIRA

SÃOJOSÉDOSCAMPOS

Poucaspessoas têma habili-dade que Darcio Campos,

62 anos, cultivou durante mui-tos anos: conhecer o modelode um avião pelo barulho doseu motor.

Após 40 anos de serviçosprestados à Embraer e apaixo-nado por aeronaves desdecriança, Campos tornou-se umespecialista. Quando estava naativa, conhecia os aviões pelo‘ronco dos motores’.

“Cada avião tem um baru-lho característico, por causada turbina e dos motores. Eusabia reconhecê-los com osolhos fechados”, conta.

Engenheiro aposentado,Campos não deixou de culti-

var a paixão pelas asas. Moran-do na região sul de São José,ele consegue ver a pista doaeroporto da janela do seuapartamento.

“Vejo aviões pousando eabro um site que traz todos osvoos comerciais do mundo,em tempo real. É meu passa-tempo localizar aqueles quepassam por São José.”

Após cumprir o serviço mili-tar obrigatório no DCTA, con-seguiu uma vaga na recém-cria-da Embraer. Trabalhou na em-presa de 1972 a 2011, aposen-tando-se como engenheiro desuporte ao cliente.

Para ele, após 45 anos dehistória, a Embraer continuacomo os seus aviões: subindoem direção ao futuro. l

CIFRA 1.700aviõesemminiatura temoadvogadoSérgioGonçal-ves,quepretendecriarumaespéciedemuseu;aviõescomerciaisemilitares formam95%dacoleção

NASASAS DAPAIXÃO AVIÕES DA EMBRAER CRUZAMO CÉUDE SÃO JOSÉ E ENCANTAMOSMORADORES

EmbaladapelaEmbraer,cidadetemamorporavião

TALENTO

Morador identificaavião pelo barulho

PAIXÃOEmSãoJosé,emrazãodaEmbraer, apaixãoporaeronavesconta-giaacidade,batizadade ‘capitaldoavião’

Alguns fazemmaquetes, outrospassamhorasnapista: vale tudoparasaborearapaixãopelaaviação