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EMATER-PR – EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO PARANA Tecnologias Adaptadas para Agricultura Familiar José Xavier de Carvalho Téc. Agropecuário Extensionista Municipal EMATER-PR Município: União da Vitória UNIÃO DA VITÓRIA Novembro/2004

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EMATER-PR – EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL

DO PARANA

Tecnologias Adaptadas para Agricultura Familiar

José Xavier de Carvalho

Téc. Agropecuário

Extensionista Municipal

EMATER-PR

Município: União da Vitória

UNIÃO DA VITÓRIA

Novembro/2004

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APRESENTAÇÃO

A empresa Paranaense de assistência técnica e Extensão rural – EMATER- PR,

tem como missão a melhoria das condições de vida família rural através da

utilização de produtos e processos que provam o desenvolvimento rural integral e

sustentável.

Para o público da agricultura familiar, as tecnologias criadas e/ou adaptadas são

de grande valia, pois essas tecnologias, de produtos ou de processos, respondem

muito bem aos anseios de uma agricultura familiar onde os dois pontos básicos

são : economia e sustentabilidade. É base consensual dos técnicos cientistas e

educadores que trabalham em agricultura familiar, que os fatores internos

compõem a âncora de sustentabilidade desta classe. Visto que estes fatores

concorrem cada vez mais para composição dos custos de produção , flexibilidade

dos processos e sustentabilidade das atividades.

Assim sendo, a criação, adaptação, adequação e divulgação de tecnologias

simples, baratas e eficientes são muito importantes e constituem um patrimônio da

agricultura familiar.

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INTRODUÇÃO É consenso geral de que os pequenos produtores familiares necessitam de se

desenvolverem em tecnologias e processos que os possibilitam um maior grau de

independência e fatores externos sempre foram muito mais acelerados que os

preços dos produtos dos agricultores causando assim uma redução histórica dos

lucros reais, reduzindo poder de competitividade ou exigindo maiores

investimentos.

Assim, estas tecnologias aqui apresentadas têm como objetivo amenizar estes

fatores e contribuir para um maior desenvolvimento de qualidade dos produtos

agropecuários, com idéias simples de fácil acesso, baixo custo e fácil

compreensão.

Cabe aos técnicos e educadores, modifica-las e/ou adaptá-las a realidade onde

atuam.

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OBJETIVOS

Facilitar o trabalho dos agricultores nos processos de produção de hortaliças,

melhorar a qualidade dos produtos hortícolas, baixar os custos de produção,

melhorar a rentabilidade da produção, melhorar a produtividade, melhorar o

escalonamento da produção, propiciar a antecipação de culturas, diminuir riscos

de geadas, maior segurança nos processos produtivos, diminuir a incidência de

pragas e doenças, dispensar equipamentos caros complexos e/ou pouco

acessíveis , propiciar o estimulo a adoção de tecnologias, melhorar o ânimo dos

produtores e melhorar a credibilidade dos extensionistas junto ao produtor. .

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CONTEXTUALIZAÇÃO

Na realidade da agricultura familiar, a atividade e horticultura comercial é de

grande importância para milhares de produtores e como os fatores de produção

estão cada vez mais onerosos, os processos devem ser cada vez mais eficientes,

seguros e baratos para compensar os fatores (de menor domínio interno ),

propiciando assim maior rentabilidade e segurança.

Em nossa região temos observados que fatores naturais como excesso e umidade

e grandes variações na temperatura têm prejudicado bastante os cultivos

protegidos chegando ate mesmo a perdas totais e invernos mais rigorosos.

Assim, uma tecnologia de aquecimento vem sendo perseguida há algum tempo,

até que através de experimentos e observações chegamos a um modelo que se

apresentou eficiente em qualidade, custo e facilidade de manejo . Este modelo já

foi instalado em três propriedades, correspondendo totalmente as expectativas .

Da mesma forma ocorreu com o uso da cebola no processo de união de exames

e introdução de rainhas, processo este que se mostrou eficiente em todos os

aspectos e de uso generalizado pelos apicultores treinados por nós, dispensando

totalmente o uso de complicados sistemas de gaiolas para rainhas e utilização de

jornais com mel e outros métodos menos seguros.

Quanto aos canteiros suspensos, a problemática seria um método ecológico e que

produzisse mudas de qualidade, baixo custo e fácil manejo.

Após observações em escala mínima , chegamos a um modelo eficiente baseado

em irrigação por absorção por inundação intermitente dando um tempo para

umidecimento e outro para a respiração das raízes propiciando um ótimo

desenvolvimento e sanidade das plantas, visto que o colo da planta permanece

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com baixa umidade podendo inclusive fazer uso da fertirrigação e controle da

temperatura do substrato, dependendo da necessidade e criatividade de cada

produtor.

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MATERIAIS E MÉTODOS Cada tecnologia terá materiais e métodos de acordo com sua natureza e

especificamente, como segue:

1. Uso de cebola (Allium cepa ) para unir exames e introduzir rainhas de abelhas (Apis mellifera L.).

Materiais: cebola, bobes para cabelo e rolhas de cortiça.

Métodos:

1) União de exames: Após decido quais exames a serem unidos, retira-se a

rainha indesejável e coloca-se uma cebola picada espalhada sobre os

caixilhos do ninho e no alvado de cada exame a ser unido, coloca-se a

tampa e reduz-se o alvado em uns 90%. Espera por 10 minutos e inicia-se

a união dos exames. As abelhas aceitarão o processo tranqüilamente e

farão a limpeza dos pedaços de cebola.

2) Introdução de rainhas: coloca-se a rainha recebida ou retirada de núcleo

e/ou enxame num bobe para cabelo, tampe as duas extremidades do bobe

com rolhas de cortiça, coloque numa pequena caixa ou no bolso contendo

um pouco de cebola picada. Após 10 minutos, introduzi-la no alvado da

colmeia orfanada (a qual já esteja com cebola há 10 minutos ).

2. Produção de mudas de hortaliças e outras, em canteiros suspensos. Materiais: Lona plástica impermeável, tábuas forro ou chapas de compensado de 10 mm de

espessura, tábuas de 1 x 4”, pregos (12 x 12 e 15 x 17), caibros 2 x 2”, torrinhas

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de madeira de 1 x 1 cm, 1 metro de cano PVC de ¾”, 1 registro para água PVC

¾”, flange ¾” para caixa de água e um balde ou tambor de 50 litros ou mais. Os

suportes para mudas poderão se bandejas, tubetes, laminados, garrafas

pets(cortando ao meio e fundo perfurado), saquinhos de plásticos, copos, etc., de

acordo com a escolha do produtor e/ou tipo de cultura a plantar.

Método:

Dentro de um abrigo ou estufa de produção de hortaliças, ou numa estufa

específica para este fim ( o que aconselhamos ),instala-se tablado ou jirau nas

seguintes medidas: Altura do chão 1 metro, largura 1,4 m (para duas bandejas

transversais ) e altura de 10 cm nas laterais. O comprimento fica a escolha do

produtor, porém não devendo ser maior que 5 metros ( capacidade 28 bandejas )

com um único dreno ou capacidade de 10 metros de comprimento, (capacidade 56

bandejas) com utilização de 2 drenos (um em cada extremidade ). O tablado deve

ter 1% de inclinação para o(s) dreno(s) para escorrimento de água. O produtor

pode optar pela inclinação lateral do jirau a 1% bastando então um único dreno e

comprimento variado.

Embaixo do jirau, no dreno, colocar uma vasilha plástica para receber água de

drenagem. Atenção: esta vasilha deve ter capacidade para receber todo o volume

de água que foi colocado no tablado das bandejas para não transbordar e

aumentar a umidade. O segredo é manter o local o mais enxuto possível. Para isto

é bom que a vasilha seja com tampa perfurada para passagem do dreno. Para

melhor qualidade das mudas, toda área da estufa deve ser drenada, local

ensolarado, nível de mínimo 30 cm acima das adjacências, o chão forrado com

maravilha ou serragem seca e instalar exautores para controlar o excesso de

umidade ou adotar um bom sistema de manejo de cortinas. Outro ponto

importante para evitar doenças é preencher a camada superior das células das

bandejas ou postes com areia branca de construção ou casca de arroz moída e

seca. Isto aumenta a luminosidade, diminui a umidade do colo das plantas e

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perturba a mobilização de pragas. Obs.: é aconselhável usar tela branca fina nas

paredes das estufas como prevenção de insetos.

Se a opção for ecológica, sugerimos o seguinte substrato para as bandejas:

subsolo de mato 4 partes; composto peneirado 4 partes: casca de madeira

carbonizada 1 parte; casca de arroz carbonizada 1 parte.

Irrigação: no início, após a semeadura, cobrir as bandejas com saco de

aninhagem, ou colocar uma bandeja sobre a outra cobrindo somente a última, até

o início da germinação. Retirar a cobertura no início da emergência. Irrigar até

flutuar, colocando água até 1 cm das bordas do tablado (bandejão) e observar o

tempo de absorção (em torno de 30 minutos) e abrir o dreno para escoar,

deixando-o aberto.

Usa- se de uma a duas vezes ao dia, dependendo da temperatura e do substrato.

Uma vez por semana, usa- se super magro a 1% e urina de vaca a 10%.

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3. Aquecimento em estufas agrícolas pelo uso da serragem Materiais:

Tambor de lata capacidade 200 litros, uma tampa de lata com saída para chaminé,

2 joelhos para chaminé 4" (dependendo de tamanho da estufa ), 1 chapéu (ou

galo ) pata chaminé, 2 metros de compensado de 5 a 10 mm. 50 m de arame liso

n.º 16, termômetro de máximas/ mínimas, serragem e 2 varas de 1,5 de

comprimento por 5cm de diâmetro.

Método:

Abre-se a tampa do tambor e faz-se uma tampa maior, (que ajuste por fora ) do

tambor com 10 cm de beiral (ver desenho ). No centro desta tampa, faz-se uma

abertura do diâmetro da chaminé usada e solda-se ali uma luva de zinco de uns

20 cm. Coloca-se ali o joelho ou curva de chaminé.

Numa das extremidades da estufa ou abrigo, fixa-se na parte mais alta (próximo a

cumeeira ) as chapas de compensado (1 por dentro e outra por fora do plástico ) e

faz-se um furo para a passagem da chaminé ( deve ficar um pouco folgado para

evitar incendiar). Faz-se um furo de 5 cm de diâmetro na lateral do fundo do

tambor. Coloca-se o tambor na extremidade oposta da saída da chaminé a uma

distância de 20% do comprimento da estufa(ou seja: estufa de 20 m de

comprimento = 4 m de distância da parede ou cortina ).

O tambor pode ficar no solo ou sobre uns tijolos. Fixa-se a chaminé ligando a

tambor até a saída, de forma ascendente (bem inclinada para boa comunicação

do ar ). A chaminé fica suspensa no rumo da cumeeira e fixada pelos arames

amarrados de 1 a 1 metro .

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Introduz-se no furo do fundo do tambor umas das varas até o centro de mesmo e

a outra vara coloca-se de pé no centro do tambor até o fundo. Em seguida, com

uma pessoa dentro do tambor, vá enchendo-o de serragem e socando com os

pés.

Preencher até 10 cm da boca. Se a serragem estiver seca, irriga-se a superfície

com uns litros de água, retira-se as varas (dentro formar um canal comunicante ).

Com um chumaço de pano embebido em diesel, coloca-se fogo no fundo do furo

central, tapa o tambor e conecta-se a chaminé, a regulagem do calor e da

velocidade da queima se faz pela colocação de um regulador de ar na entrada do

furo lateral inferior.

O termômetro é usado para observar as variações de temperatura de um período

e/ou avaliar a temperatura desejada para cada tipo de cultura.

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CONSIDERAÇÕES GERAIS

A problemática do desenvolvimento não pode ser enfocada ou centrada somente

na questão tecnológica, pois sabe-se hoje que o acervo técnico e o nível de

informações da humanidade são suficientes para coloca-la em um patamar bem

superior aos níveis de IDH observados hoje em todo o mundo. Isto ocorre, ao

nosso ver devido problemas de comunicação e solidariedade humana.

Hoje há em consenso entre grandes pensadores, que necessitamos mudar o

enfoque de competição para cooperação, para que haja melhorias reais dos níveis

de desenvolvimento humano. Assim sendo, pequenas idéias e tecnologias como

estas poderão contribuir em muito, para a melhoria das condições de vida de

todos nós.

Neste sentido, liberamos para quem deseje, multiplicar e divulgar, por qualquer

meio este trabalho, desde que seja citada a fonte.

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CONCLUSÃO

Como a trabalho da Extensão Rural não pode ficar alheio a dinâmica social e

tecnológica, a procura, criação e divulgação de novas formas de trabalho ou

tecnologias adaptadas a cada realidade geográfica e epocal, torna-se grande

importância para o nosso trabalho.

Assim, cremos que as adaptações de muitas idéias, nossas e dos agricultores,

amadurecidas na prática, podem ser bom entendidas e bem divulgadas, servir de

subsídios e apoio para o trabalho e desenvolvimento das famílias rurais.

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