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Emancipação Política Flores da Cunha Suplemento especial encartado na edição 1317 de 16 de maio de 2014 F lores da Cunha completa 90 anos de emancipação política neste sábado, dia 17. Até 24 de maio uma programação para agradar a todos os públicos e reunir as famílias para celebrar a história de de- senvolvimento será realizada em todo o município. Neste caderno alusivo às nove décadas, O Florense apresenta ‘estrangeiros’ que escolheram fixar residência no municí- pio; o que pensam os jovens florenses; os desafios para o futuro; e o histórico ilustrado com imagens antigas. Boa leitura. E parabéns Flores da Cunha!

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Emancipação PolíticaFlores da Cunha

Suplemento especial encartado na edição 1317

de 16 de maio de 2014

Flores da Cunha completa 90 anos de emancipação política neste sábado, dia 17. Até 24 de maio uma programação para agradar a todos os públicos e reunir as famílias para celebrar a história de de-

senvolvimento será realizada em todo o município. Neste caderno alusivo às nove décadas, O Florense apresenta ‘estrangeiros’ que escolheram fixar residência no municí-pio; o que pensam os jovens florenses; os desafios para o futuro; e o histórico ilustrado com imagens antigas. Boa leitura. E parabéns Flores da Cunha!

ESPECIAL O Florense - 16 de maio de 20142

ExpedienteTextos: Camila Baggio, Danúbia Otobelli, Gesiele Lordes, Larissa Verdi e Mirian Spuldaro / Fotos: arquivo jornal O Florense, Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi, Camila Baggio, Danúbia Otobelli,

Gesiele Lordes, Larissa Verdi e Mirian Spuldaro / Comercialização: Maria Cláudia Alves Barcellos e Tânia Luciana Silveira / Produção de anúncios: Júlio César Muterle e agências / Diagramação: Cássio Pedron e Fabiana Lavoratti / Gerência Comercial: Karin Louise Lorandi / Gerência Administrativa-Financeira: Eliziane Piroli / Gerência de Redação: Andréia Debon / Edição: Fabiano Provin / Direção Executiva: Maria de Lurdes Stuani Fontana / Direção: Carlos Raimundo Paviani.

A programação da Semana do Município 2014, que celebra os 90 anos de emancipação política de Flores da Cunha, começa neste sábado, dia 17, e está bem diversificada. Além das típicas apre-sentações locais, o evento traz como principais atrações o show da dupla Milionário e José Rico e a apresentação do grupo Tholl.

Neste sábado as atividades começam às 16h, no Parque da Vindima Eloy Kunz. Além de shows musicais e de teatro, haverá uma homenagem aos 50 anos da banda Florentina. Às 19h30min ocorre a abertura oficial das comemorações com homenagem aos cidadãos que completam 90 anos

em 2014. A festa prossegue com apresentação da Orquestra de Teutônia e a Noite Cultural Italiana. No domingo acontece o Magnar di Polenta em Mato Perso.

Na quinta, dia 22, às 20h, haverá apresentação do espetáculo Imagem e Sonho, com o grupo Tholl (leia mais na seção Colagem do Caderno de Sábado desta edição). No sábado, dia 24, na Igreja Matriz, haverá Missa Festiva em Talian com homenagem aos ex-prefeitos. No domingo o en-cerramento será com o show da dupla Milionário e José Rico, a partir das 18h – todas as atividades têm entrada franca.

Dia 17, sábadoNoite Cultural Italiana16h – Abertura do evento com o gru-po folclórico Il Passeto e coral Nova Trento.16h30min – 6º Festival de Coros de Canarinhos.18h – Apresentação do Coro Municipal de Flores da Cunha.18h30min – Peça Uma Nova e Moderna História do Galo, com o grupo teatral Fulanos de Tal.19h – Homenagem aos 50 anos da banda Florentina. A prefeitura convida todos os ex-integrantes do grupo a participar da solenidade.19h30min – Abertura oficial das come-morações dos 90 Anos de Emancipação Política de Flores da Cunha. Homena-gem aos cidadãos que completam 90 anos em 2014.20h – Apresentação da Orquestra de Teutônia.21h30min – Baile com o grupo Giro-tondo.Toda a noite: haverá venda de comida Italiana e de bebidas.

Dia 18, domingo10h – Missa em Mato Perso alusiva aos 24 anos do distrito e pelo Magnar di Polenta.11h – Momento cívico com alunos da Escola Antônio de Souza Neto, em Mato Perso.12h – Magnar di Polenta de Mato Per-so – informações pelos telefones (54) 3026.6659 e 3026.6888.14h – Turma da Batatinha, promoção da Secretaria do Desenvolvimento Social.

Dia 22, quinta-feira19h30min – Apresentação da escola de música Master.20h – Apresentação do espetáculo Ima-gem e Sonho, com o grupo Tholl.

Dia 23, sexta-feira18h – Abertura do Dia Estadual do Vinho.19h – Show com Trio Nativo.

Dia 24, sábado18h – Na Igreja Matriz, Missa Festiva em Talian, comemorando os 90 Anos de Emancipação Política e Homenagem aos ex-prefeitos de Flores da Cunha.19h – Show do grupo Camoatin, no Parque da Vindima.

Dia 25, domingo16h – Show com Balanço Fandanguei-ro. 18h – Show com as ‘Vozes de Ouro do Brasil’, Milionário e José Rico.

Eventos Paralelos: - Dias 9, 10 e 11 e 16, 17 e 18: 7º Aberto de Tênis de Flores da Cunha no Cemel e na Sociedade Recreativa Aquarius.- Jogos finais do Campeonato de Futebol Sete Masculino e Feminino, no Estádio Municipal- Dia 15, às 19h – Premiação do concurso 'Como Vejo Meu Município', na Câmara de Vereadores.- Dia 16 – Jantar da Liga Feminina de Combate ao Câncer, no salão paro-quial.- Dia 16, às 19h – Apresentação da Escola 1º de Maio e, às 20h, inauguração da qua-dra de esportes do mesmo colégio.- Dia 18 – Magnar di Polenta, em Mato Perso.- Dia 17, às 11h – Inauguração do trecho de asfalto em Santa Bárbara.- Dia 24, às 11h – Inauguração do trecho de asfalto na Zona dos Cavalli.- Dia 24, às 15h – Inauguração da Acade-mia ao Ar Livre no bairro União.- Dias 22 a 25 – Expo Nacional de Trans-portes, no Parque da Vindima.- Dia 25 – Gincana do Jeep Clube de Flores da Cunha.- Dia 31, às 11h – Inauguração do trecho de asfalto na Estrada das Indústrias (des-vio do pedágio).- Dia 31, às 20h – Apresentação do Guri de Uruguaiana no Parque da Vindima.

Fonte: Prefeitura de Flores da Cunha.

Programação diversificada

Milionário e José Rico.

Grupo Girotondo. Orquestra de Teutônia.

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DIVULGAÇÃO

O Florense - 16 de maio de 2014 3ESPECIAL

Por opção ou destino, a verdade é que Flores da Cunha não para de acolher muitas pessoas a cada ano. Atrativo pela riqueza e oportuni-dades o município vai se tornando um berço de diferentes culturas. A família de Milton Luiz Corlassoli, 43 anos, é um exemplo.

Natural de Espumoso, no Noro-este do Estado, ainda jovem Milton saiu do interior para trabalhar na cidade vizinha de Não-Me-Toque, onde conheceu a esposa Liara Inês Doelber, 43 anos. Milton trabalhava na indústria gráfica e no trabalho recebeu uma proposta para traba-lhar em uma empresa do mesmo ramo, em Flores da Cunha. “Eu nunca tinha ouvido falar de Flo-res, mas mesmo assim decidi vir

conhecer a cidade e a empresa”, conta Milton.

Em pouco tempo ele veio com Liara e o filho pequeno, Guilherme, hoje com 14 anos, deixando os fa-miliares e amigos a 300 quilômetros de distância para começar uma nova etapa da vida. E deu certo: a família mora em Flores há mais de 10 anos, comprou casa própria e aqui nasceu a caçula Juliana, sete anos, que é legitimamente florense.

Vindos de uma região colonizada por holandeses e alemães, ao chegar a uma cidade com traços fortes da cultura italiana a adaptação foi ocorrendo aos poucos. “Fomos muito bem acolhidos pela cidade e pelas pessoas, mas no início sen-timos as diferenças culturais, até

na comida, no sotaque. Hoje nos sentimos parte da cidade”, destaca Liara.

Milton acredita fazer parte de uma cidade em expansão e cheia de possibilidades. “É ideal para viver por ainda manter caracterís-ticas de cidade pequena e também por contar com a proximidade de grandes centros, como Caxias do Sul, onde tem tudo que podemos vir a precisar”, destaca.

Estabelecida em Flores, a família Corlassoli acredita ter feito uma es-colha acertada e hoje consideram-se florenses de coração. “Viemos só com a certeza do trabalho e aca-bamos criando vínculos. Hoje esta é nossa cidade e o nosso futuro”, cita Milton.

Fã do inverno, a capixaba Myrian de Souza dos Santos, 46 anos, não teve dificuldades para encarar a estação mais fria do ano em Flores da Cunha, depois de passar uma década sob as baixíssimas tempe-raturas da Itália. Há pouco mais de dois anos na Terra do Galo, ela acredita ter encontrado a cidade ideal para se estabelecer, sem perder a rotina de viagens à Europa e ao Espírito Santo.

Na cidade próspera por causa da produção de uva e vinho, Myrian encontrou espaço para um tipo de negócio que já faz sucesso na Itália: a reciclagem de lãs. Seu trabalho aqui é coletar e selecio-nar os resíduos das empresas de confecções e enviá-los para o país europeu, onde seu marido, o italiano Luidi Nanniciti, lidera o empreendimento responsável pela transformação em uma nova

matéria-prima. Se fosse considerar apenas a

logística de trabalho – já que as coletas são feitas em outras cidades gaúchas –, Myrian não teria esco-lhido Flores como lar, mas acabou atraída pelo ambiente acolhedor e por pessoas que lhe ajudaram a tocar esta nova etapa da vida. “En-contrei um ‘familião’ aqui”, diz. E se alguém perguntar o que mais gostou até agora na cidade, ela res-ponde com simpatia: "o menarosto saboreado em Otávio Rocha."

No próximo mês seu marido deve se mudar para Flores, onde o casal aguarda a entrega de um apartamento, como ela faz questão de destacar: “Grande para reunir a família”, o que inclui pelo menos a sogra e os dois filhos de Myrian: Natália, 21 anos, e Paulo, 24 anos. “Aqui é um lugar bom de viver”, afirma.

Florenses de coração

Guilherme, Liara, Milton e Juliana: “Fomos muito bem acolhidos”.

Um bom lugar para viverMyriam e o gato Cabeça-chata: "cidade tem ambiente acolhedor."

ESPECIAL O Florense - 16 de maio de 20144

1- Trânsito na área centralNota-se que a cidade está crescendo quando a área central

começa a apresentar sinais de que precisa se adequar a nova realidade e se desenvolver de forma saudável. Para o prefeito Lídio Scortegagna, o Plano de Mobilidade Urbana prevê algumas mudanças como a mão única de vias e a duplicação da Avenida 25 de Julho. “É um sonho muito grande, mas que, no meu ponto de vista, é inviável no sentido do alto custo de investimento, falando aqui somente da Avenida 25 de Julho, com duplicação, ciclovia, entre outras melhorias. Infelizmente temos como limitador a questão do recurso”, adverte.

O prefeito destaca que a prefeitura trabalha em um projeto diferenciado principalmente na ampliação da Avenida, em toda a sua extensão. Nele está prevista a retirada dos canteiros centrais. “Quando falamos em mobilidade o objetivo é criar espaços. No futuro, vamos ter mais trânsito, mais veículos e devemos pensar em abrir ruas e não fechar. Tanto que abrimos diversas vias pela cidade com o objetivo de dar mobilidade e rapidez ao trânsito. Ainda temos outras ideias para amenizar o fluxo de veículos no Centro da cidade, disponibilizando outras rotas aos moradores”, planeja.

Está prevista a instalação de novas sinaleiras em três pontos: na Avenida 25 de Júlio com a Júlio de Castilhos (cruzamento do Vermelhão); na Rua Borges de Medeiros com a John Kennedy (Clube Independente) e na Borges com a Rua Heitor Curra. “Esses equipamentos já estão em processo de licitação”, complementa.

2- RodoviáriaO local ideal para a Estação Rodoviária de Flores da Cunha

é uma discussão que passou por diversas administrações. A prefeitura chegou a iniciar um estudo sobre a viabilidade de transferir o espaço da área central, resolvendo problemas como o tráfego de veículos e estacionamento, mas o estudo não teve andamento. Para o prefeito Lídio, pensar em um lu-gar ideal é difícil, levando em consideração a real necessidade da população. “Por mais que se façam estudos, temos que considerar que a Rodoviária é um bem público, mas que tem um administrador, é uma concessão. Primeiramente é preciso conversar com a comunidade e com o administrador, envolver as partes para ver qual o melhor caminho”, acredita.

O projeto previa remover a rodoviária do Centro e utilizar o transporte público também para ir até ela. “Mas e o cus-to?”, questiona. “Se o local atual não é o ideal? A Rodoviária funciona ali há 50 anos. Mas não temos um posicionamento claro quando se fala em Rodoviária, pois tudo é questão de

infraestrutura que entra na mobilidade”, pondera.

3- Meio ambienteSeparar o lixo, economizar água e buscar meios de transpor-

te sustentáveis. Cada vez mais o meio ambiente ganha espaço nas conversas quando se fala em futuro. Em Flores da Cunha o Conselho Municipal de Meio Ambiente aprovou a liberação de recursos para uma nova campanha de conscientização na separação do lixo seletivo e orgânico. A ação deve começar nas escolas. “A problemática do meio ambiente é nítida, não só em Flores da Cunha, mas em todos os municípios. Estamos ampliando o número de contêineres e em alguns pontos críticos fizemos uma estrutura maior para facilitar na separação do lixo. Infelizmente vejo como solução aplicar a lei com multas, mexer no bolso dos contribuintes, assim se ‘educa’ mais fácil”, lamenta o prefeito.

O município enfrenta a falta de preocupação de muitos moradores que ainda não adquiriram hábitos conscientes. “O principal problema que temos é na separação do lixo. A coleta tem funcionado de fato, não se mistura lixo. Tudo está regrado e esperamos que com mais essa campanha seja alcançada uma maior conscientização”, projeta.

4- SaneamentoFlores da Cunha tem contrato com a Companhia Rio-

grandense de Saneamento (Corsan) para a construção do complexo de esgotamento sanitário pelo sistema misto pro-gressivo. O acordo, que prevê 10 anos para a obra da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Lagoa Bela, foi assinado em 2011, porém, até hoje nem a área foi adquirida. “Antes mesmo de assumir participei de uma reunião para definir o local onde seria instalada a subestação. Até porque o projeto já estaria pronto para a sua execução. Delimitamos uma área e a prefeitura decretou utilidade pública. Porém, quase um ano depois a Corsan nos chamou porque tiveram problemas nos valores para compra da área”, explica Lídio.

Agora, a Corsan trabalha para a escolha de uma nova área, além de reavaliar o projeto desenvolvido na época. Com isso, não existem datas para que o projeto tenha andamento. “Esta-mos cobrando agilidade neste processo”, diz Scortegagna.

5- Crescimento populacionalPara ordenar o crescimento do município, Flores da Cunha

conta com o Plano Diretor. De acordo com o prefeito Lídio Scortegagna, a cidade apresenta um crescimento em diversas direções. “A região do desvio do pedágio se mostra uma

área industrial, mas isso não impede que vá ter habitações também. A região de Nova Roma e Monte Bérico é uma fatia onde será mais explorada a questão habitacional. O conceito de que o plano piloto de Brasília era o ideial já não é mais visto na prática, com os hotéis de um lado, do outro lado as residências, na outra ponta o comércio e assim por diante. Em países desenvolvidos é perfeitamente natural e normal que no meio rural, ou de residências, se agregue a habitação e a indústria”, exemplifica Scortegagna.

Segundo o prefeito, o município tem uma vasta potenciali-dade de crescimento para todas as regiões e, para isso, deve definir as áreas de captação e zoneamento das águas. Trabalho que a ser feito com a Corsan. Para ele, Flores da Cunha deve propiciar um crescimento de forma ordenada e controlada, por isso uma série de mudanças estão sendo avaliadas para o Plano Diretor, com o objetivo de facilitar e auxiliar nesse crescimento sob o amparo da lei.

6- AgriculturaA permanência do jovem na agricultura e o desenvolvi-

mento da zona rural criam alguns questionamentos quando falamos em crescimento. Cada vez mais jovens deixam a propriedade dos pais e buscam o sustendo longe da terra. Com essa e outras desmotivações, os agricultores diminuem suas produções, o que, consequentemente, faz com que esse setor primário perca força. Em Flores da Cunha a prefeitura, por meio da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, criou o projeto Jovem na Zona Rural. Uma série de atividades que buscam incentivar o trabalho na colônia. “É importante mantermos uma economia forte na questão do interior e da agricultura. Para fazer com que o jovem permaneça no interior temos que oferecer condições e hoje o município oferece as mais variadas, principalmente na questão de subsídios. Esse projeto nas escolas do interior também é um incentivo, mostrando a importância deste jovem investir na propriedade dos pais”, valoriza.

7- TurismoDe acordo com dados da Secretaria de Turismo, Indústria,

Comércio e Serviços, Flores da Cunha recebe anualmente mais de 150 mil visitantes. O número aponta o turismo com uma interessante área para investimento, mas que ainda precisa ser incentivado no comércio e serviços. “A adminis-tração tem promovido feiras e divulgações, mas a comuni-dade também precisa despertar junto com o poder público. Nós temos algumas deficiências históricas em relação aos

Os 10 desafios de Flores da CunhaFlores da Cunha cresce. Aumenta em número de

habitantes, se desenvolve economicamente e se torna cada vez mais um destino para turistas e uma casa para quem procura um pouco de tranquilidade que a cidade ‘pequena’ ainda pode oferecer. Porém, com todas essas

mudanças ao longo dos anos muitos são os reflexos. Em comemoração aos 90 anos de emancipação política de Flores da Cunha o jornal O Florense elencou 10 desa-fios que o município precisa pensar para seu futuro. O prefeito Lídio Scortegagna foi convidado para falar sobre

esses gargalos. Na manhã chuvosa da última terça-feira, dia 13, antes de partir rumo à Porto Alegre para uma homenagem da Assembleia Legislativa ao aniversário do município, Lídio recebeu O Florense. Confira as principais opiniões.

O Florense - 16 de maio de 2014 5ESPECIAL

serviços, como, por exemplo, a alimentação em horários diferenciados. O poder público precisa trabalhar e mostrar para a comunidade a importância do turismo”, acredita o prefeito. “Já evoluímos bastante”, constata.

8- CulturaO tão sonhado Centro de Cultura de Flores da Cunha está

em obras. Enquanto o espaço que vai incentivar apresenta-ções e ações culturais ainda não fica pronto, Flores da Cunha busca valorizar os espaços que tem – o Parque da Vindima Eloy Kunz e o São José. A Secretaria de Turismo, Indústria, Comércio e Serviços trabalha em projetos com o objetivo de solicitar recursos para a reforma das áreas. As melhorias devem ser feitas antes da programação da Festa Nacional da Vindima de 2015. “Nosso município é muito carente nessa questão da cultura, mas temos também um paradigma que é a participação dos florenses. No ano passado fizemos várias promoções e sentimos uma boa aceitação a participação. É importante mantermos os investimentos e começarmos a juntar todos os setores. Certamente temos um potencial cultural muito grande”, acredita o prefeito.

A prefeitura participou, em maio, da assinatura da reestru-turação da Escola de Gastronomia UCS-Icif. O Parque da Vindima também ganhou um servidor fixo para manutenção e cuidados do espaço. “Temos de manter a estrutura. O Par-que foi construído há muitos anos e nunca foi restaurado ou melhorado”, aponta Lídio.

9- Educação Umas das áreas que vem se destacando em Flores da

Cunha, a educação evolui segundo dados do Índice de De-senvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011. O estudo apontou avanços nas séries iniciais dos ensinos municipal e estadual e nas turmas finais da rede local. Os investimentos continuam, inclusive com o início do turno integral na Escola Leonel de Moura Brizola, considerado um marco. “De tudo

que fiz nessa administração o que mais encanta é ver o turno integral em funcionamento. A comunidade o recebeu bem e os alunos contam com atividades durante todo o dia. Mas, para ampliar esse serviço, esbarramos na falta de estrutura física. Estamos investindo nisto para ampliar a entrada de crianças a partir dos quatro anos nas escolas normais, como pede a lei”, destaca o prefeito (foto ao lado).

O transporte escolar também recebe investimento no município. Em 2013 foram investidos R$ 3 milhões para alunos desde a educação infantil até o nível universitário. “É nisso que precisamos investir, na educação dos jovens. Esse sim é um investimento, pois estamos investindo diretamente nas pessoas. O conhecimento e a educação ninguém tira delas”, valoriza.

O município busca ainda resolver o problema de falta de vagas para a educação infantil. A Creche Municipal Irmã Tarcísia atende a 120 crianças, e a Secretaria da Educação, Cultura e Desporto compra mais 350 vagas em estabeleci-mentos particulares do município. A nova estrutura de ensino, que está em obras no bairro São José, deverá disponibilizar mais 112 vagas para turno integral ou 224 para meio turno. Mas mesmo assim a demanda não será atendida totalmen-te. “Por isso estamos investindo nas escolas para que elas possam atender as crianças com menos idade e essas vagas diminuam. Atendemos a partir dos quatro anos na Escola Tancredo Neves e na Leonel a partir dos cinco anos”, explica o prefeito.

10- Segurança As dificuldades na segurança pública não são exclusividades

de Flores da Cunha, que sofre pela falta de estrutura e efetivo mi-litar. Neste ano o Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro) foi reestruturado com o objetivo de ser mais atuante nas questões da segurança do município. “Quando assumimos buscamos informações sobre o Gabinete de Gestão Integrada do Município (GGIM), um órgão estratégico de planejamento

técnico, para fortalecer e modificar a estrutura de como estava sendo conduzida a segurança pública. Mas, com o novo modelo de Consepro, que conta com uma participação mais ampla da comunidade, não faria sentido criarmos um novo mecanismo”, aponta Scortegagna.

De acordo com o prefeito, Flores da Cunha está buscando junto ao governo do Estado uma parceria para instituir o Poli-ciamento Comunitário, além do incremento do auxilio moradia aos servidores da Brigada Militar (BM). “Conseguimos a libe-ração do governo e recebemos uma viatura e temos as câmaras de monitoramento que ativamos neste ano”, enumera. Está em discussão ainda a instalação de postos policiais em localidades como São Gotardo.

ESPECIAL O Florense - 16 de maio de 20146

Eles são o futuro de FloresOs jovens são o futuro da nação.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número total de jovens entre 15 e 29 anos no país supera os 50 milhões, um quarto da população brasileira. Por aqui, a proporção é a mesma. Dados

do Perfil Socioeconômico 2013 mos-tram que Flores da Cunha, que até 2011 tinha 27.322 habitantes, conta-biliza 6.827 pessoas nessa faixa etária, 25% da população. Destes, 3.482 são homens e 3.345 são mulheres.

Na semana em que o município

completa 90 anos de emancipação política, o jornal O Florense reu-niu representantes dessa parcela da sociedade para saber o que eles pensam sobre a cidade onde vivem e quais investimentos esperam que sejam feitos no futuro. Para eles,

as áreas prioritárias são saúde, cul-tura, esportes e turismo, educação e economia.

A maioria deles nasceu e foi criada em Flores da Cunha, assim como seus pais. Têm entre 14 e 17 anos e são estudantes do 1º e 2º anos

do ensino médio das escolas São Rafael e Frei Caneca. Apesar da pouca idade, conhecem e são bem informados sobre a realidade do local onde vivem. Confira os pontos positivos e negativos da cidade na visão destes jovens.

O estudante do 1º ano da Es-cola São Rafael, Filipe Antônio Brogriatto, 14 anos, considera Flores da Cunha uma cidade muito boa para se morar. Para ele, a proximidade com Caxias do Sul é outro ponto positivo. “Temos serviços públicos de qualidade, como saúde e edu-cação. Por aqui ainda temos a chance de sair na rua à noite, andar de bicicleta sem se preo-cupar. Penso que se eu tiver fi-lhos, irei criá-los aqui”, afirma o jovem florense, destacando, porém, que faltam investimen-tos em cultura.

Para Eduarda Longhi, 15 anos, que cursa o 2º ano na São Rafael, o povo florense é uma das maiores referências da cidade. A estudante acredita que a educação que se tem por aqui é diferente de outras cidades. Entretanto, apesar dos elogios lançados, a jovem menciona carências do município. “Flo-res da Cunha é uma cidade boa para se morar. Mas acho que é preciso investir em saúde. Os postos e o hospital estão su-perlotados”, opina. “Acho que precisamos urgente de melho-rias na área da saúde”, completa a colega de escola, Carolina Sonda Gazzi, 15 anos.

“Deveria ter mais interesse pela área dos esportes e mais investimentos no Estádio Muni-cipal Homero Soldatelli. Acho que todas as áreas são importan-tes, mas essa também precisa de

atenção”, destaca Gabriel Luiz Pedron, 16 anos, estudante do 2º ano da São Rafael. Ele afirma gostar muito de morar em Flores da Cunha e que espera que a cida-de não perca suas características de interior.

A estudante Vitória Sonda Ga-zzi, 15 anos, lembra também que Flores da Cunha, por deter o título de Maior Produtor de Vinhos do Brasil, deve continuar investindo na qualidade dos frutos e dos vi-nhos. “Não adianta nada termos o título de maiores produtores se não tivermos qualidade. Os produtores precisam continuar investindo nisso, para que nossos vinhos se destaquem ainda mais no merca-do”, pontua ela.

Eriel Giotti, 16 anos, da Escola Frei Caneca, frisa que gosta de mo-rar em Flores por ser uma cidade rica, que oferece diversas oportu-nidades para a população. Porém, o jovem critica a falta de investi-mentos em entretenimento.

Aliás, a falta de investimentos em cultura foi uma das princi-pais questões levantadas pelos estudantes, de ambas as escolas. “Faltam projetos atrativos para os adolescentes, como na músi-ca e de leitura”, cita Ana Paula Dedea, 16 anos, da Frei Caneca. “Não tem um cinema ou um teatro. Então, ficamos meio perdidos, sem ter o que fazer”, continua Mayara Ferreira, 15 anos, que há três anos veio de Santiago (Vale do Jaguari) para Flores com a família.Estudantes reuniram-se na frente da Igreja Matriz após convite do jornal O Florense.

Mas, o que eles pensam?

Filipe Antônio Brogriatto, 14 anos

“Flores da Cunha tem tudo para crescer e, por isso, precisa investir mais em saúde, educa-ção e turismo. Um exemplo é a cidade de Gramado, que tem praticamente a mesma população que Flores e no Natal e na Páscoa recebe 500 mil visitantes. Penso que investir nisso é algo que trará de-senvolvimento para Flores.”

O Florense - 16 de maio de 2014 7ESPECIAL

Guilherme Fontana, 16 anos“Espero que Flores da Cunha conti-

nue crescendo, tanto economicamen-te, quanto em população, mas sem

perder o charme de cidade pequena, calma e boa de morar.”

Gabriel Luiz Pedron, 16 anos“Espero que Flores da Cunha

continue sendo esse local tran-quilo e bom para se viver. Tam-bém espero que se faça mais investimentos nos esportes.”

Ana Paula Dedea, 16 anos“Espero que a cidade continue em de-

senvolvimento e que faça mais projetos de entretenimento para os jovens.”

Mayara Ferreira, 15 anos“Espero que Flores continue crescendo e se desenvolvendo cada vez mais, que tenha mais coisas para os jovens fazer.”

Eduarda Longhi, 15 anos“Espero que Flores não cresça muito para que continue sendo

uma cidade calma. Também es-pero que valorizem mais a cultura, como a música, o teatro e a arte.”

Carolina Sonda Gazzi, 15 anos“Espero que Flores da Cunha cres-ça cada vez mais, tanto na cultura, quanto na economia e que as em-presas de Flores se desenvolvam

sem perder a nossa história.”

Eriel Giotti, 16 anos“Espero que Flores da Cunha cresça na área da saúde e que continue valorizando os produto-res, o vinho e a uva.”

Julia Pedroso Mascarello, 16 anos“Espero que Flores da Cunha continue

crescendo, mas que não perca suas raízes, sua história. É muito importante preservar isso, pois é a maneira dos jo-vens conhecerem seus antepassados.”

Andrielle Galiotto, 17 anos“Espero que Flores da Cunha possa evoluir mais na educação, na saúde e trazer mais opções culturais para os jovens, como arte, teatro e música.”

Vitória Sonda Gazzi, 15 anos“Espero que dia após dia continuemos cres-cendo e investindo em educação, saúde e na preservação do meio ambiente para que possamos ter um futuro melhor.”

O Florense - 16 de maio de 2014 9ESPECIAL

Seguindo o processo de mu-danças, em 1939, a Vila Flores da Cunha, foi elevada a categoria de cidade pelo governo do Estado. E, em 1947, foi eleito o primeiro prefeito de forma democrática, Pedro Rossi.

Os anos subsequentes trouxeram o avanço estrutural e econômico para o município. Foi construído o prédio da antiga prefeitura (hoje Museu e Arquivo Histórico) em 1945; o campanário onde foram instalados os cinco sinos franceses em 1949; o ginásio São Rafael em 1957; e o Hospital Nossa Senhora de Fátima em 1958. As coopera-tivas vinícolas traziam o sustento econômico. Em 1966 o município produzia 37 mil toneladas de uva, tinha 169 cantinas rurais, 25 canti-nas isoladas, 18 postos de vinifica-ção e 26 cantinas centrais.

Nesse contexto, surgiram mo-vimentos culturais como a Festa Nacional da Vindima (Fenavin-dima), a celebração de Corpus Christi com a confecção de tapetes de serragem colorida e o Vindima da Canção Popular, festival de músicas autorais.

Na década de 1970 Flores pas-sou a ser mais urbana e ocorreu uma grande leva de migrações do interior para a cidade. A população dobrou na área urbana em relação à década passada. Nos anos de 1980 as melhorias na infraestrutura

continuaram com a abertura de estradas e asfaltamento de vias, im-plantação da rede elétrica em todo o município e de centrais telefônicas e a aprovação do Código de Obras, que proibiu a construção de prédios com mais de quatro andares, o que favoreceu o crescimento horizontal da arquitetura do município.

Em 1991 a cidade ganhou mais um distrito: Mato Perso, que até então integrava o 3º distrito, Otávio Rocha. E, no ano seguinte, o dis-trito de Nova Pádua emancipou-se. Com a emancipação, Flores perdeu 27% do território, 20% da produ-ção primária, 13% da população, 3% do valor adicionado e cerca de 6% da receita total.

Hoje, Flores da Cunha ostenta o título de maior produtor de vinhos e também o maior produtor de uvas do Brasil (devido à emancipação de Pinto Bandeira de Bento Gonçalves). Tem ainda os títulos de segundo polo moveleiro do Estado e primeiro produtor de bebidas alcoólicas do Rio Grande do Sul. Sua economia é diversificada com um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de R$ 662.304 em 2010 e um total de empresas estimado em 2.175. Isso corresponde a uma empresa para cada 12 habitantes. Sua população é de quase 29 mil pessoas segundo a estimativa populacional de 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Tempo de mudanças

Flores da Cunha em númerosPopulação (2013) 28.739 habitantesEleitores (2014) 23.593Frota (abril de 2014) 20.286 veículosPIB (2011) R$ 749.508 mil PIB per capita (2011) R$ 27.363,31Exportações (2013) US$ 30,5 milhõesImportações (2013) US$ 30,2 milhõesNúmero de empresas (2012) 2.175Área plantada de uvas (2013) 5.036 hectaresProdução de uvas (2012) 94.281 toneladas

Início da construção do campanário, em 1946. Na foto, alguns dos construtores: João De Bastiani (Nani Fermo), Fausto Vezzaro, Benjamin Vezzaro, José Marine Umberto Menegati. O trabalhos eram coordenados

por João De Bastiani e Frei Eugênio.

ESPECIAL O Florense - 16 de maio de 20148

As dificuldades de viver na Europa do Século 19 deram início ao povoamento de Flores da Cunha. Foram os imi-grantes italianos, que passando fome num país mergulhado pela miséria e pela crise econômica, chegaram ao Brasil em 1876 e começaram a povoar a Vila de Nova Trento. Oriundos principalmente do Vêneto, do Piemonte e da Lombardia, os imigrantes atravessaram o Oceano Atlântico em navios a vapor, chegaram a São Sebastião do Caí e a pé subiram a Serra por diferentes caminhos. Primeiramente foram alojados em barracões, até a demarcação de seus lotes. Muitos deles foram deslocados para três principais colônias: Dona Isabel

(hoje Bento Gonçalves), Cond’Eu (hoje Garibaldi) e Caxias. Essa última era constituída de 17 léguas quadradas, cuja área se estendia até às margens do Rio das Antas. Foi na 15ª légua da Colônia Caxias, que em 1876 se estabeleceram as primeiras famílias.

Tão logo se instalaram fundaram dois povoados: São Pedro, onde hoje situa-se a sede do município, e São José, localizado onde hoje está o bairro Colina de Flores. Entretanto, devido à falta de água e a questões políticas, os moradores do povoado de São José se mudaram para o de São Pedro.

Com a união dos moradores e a junção dos dois povoa-

dos os imigrantes decidiram dar um nome à localidade que lembrasse a terra natal. Muitos nomes foram sugeridos. Até que um dia apareceu pendurado no alto de um pinheiro uma tábua com o nome de Nova Trento escrito a carvão. Para não contrariar a sugestão a alcunha foi mantida. E a vila foi assim denominada.

No ano de 1890 a Colônia Caxias foi elevada a município e Nova Trento nomeado como 2º distrito da nova cidade. Nova Pádua ficou como 4º distrito. Nova Trento permaneceu assim até 17 de maio de 1924, quando conseguiu sua autonomia política, sendo elevado a município.

90 anos de muita históriaA trajetória da vila de Nova Trento até a maior produtora de vinhos do Brasil: Flores da Cunha

Na década de 1910 Nova Trento pros-perava com as próprias pernas e as de-pendências políticas e econômicas ao município-mãe causavam um certo descon-forto aos moradores. Foi nesse clima que se iniciaram alguns movimentos a favor do desmembramento da vila. Porém, essa briga só terminaria em 1924, quando o governador Borges de Medeiros, em troca de favores políticos, elevou o distrito a cidade. Nova Trento tornou-se o 73º muni-cípio do Rio Grande do Sul, tendo ganhado também o 4º distrito de Caxias, ou seja, Nova Pádua. Seu primeiro intendente foi o capitão Joaquim Mascarello, que tomou

posse em 24 de maio daquele ano – é por isso que a Semana do Município é sempre comemorada de 17 a 24 de maio.

Em 1935 uma das mudanças mais signifi-cativas de Nova Trento foi a troca de nome. A história gerou polêmica, virou música no Vindima da Canção Popular (festival realizado das décadas de 1970 a 1990) e se tornou um divisor de águas.

As engrenagens para a mudança de nome da cidade iniciaram ainda em 1931, quando os nova-trentinos começaram a sonhar com o apito do trem, ou seja, a instalação de um ramal férreo ligando Caxias ao município. Por motivos políticos, a negociação seguiu

até 1935, quando numa última cartada para trazer o trem, o prefeito Heitor Curra trocou o nome da cidade para Flores da Cunha, em homenagem ao general e go-vernador do Estado, José Antônio Flores da Cunha. Para decepção de todos, a estratégia não funcionou e o sonho do trem nunca se tornou realidade, ainda mais quando a rota da BR-116 foi desviada para São Marcos, em vez de contemplar Flores da Cunha e Antônio Prado.

A emancipação

Joaquim Mascarello, primeiro

intendente.

O Florense - 16 de maio de 2014 11ESPECIAL

Fatos em Fotos

Construção da Igreja

Matriz no início do

Século 20.

Em setembro de 1974 o Hospital Nossa Senhora

de Fátima inaugurou as

novas instalações.

Vista da cidade na década de

1970.

Máquinas trabalham no asfaltamento da RS-28 (atualmente ERS-122), que liga Flores da Cunha a Caxias do Sul, em outubro de 1974.

Foto da confecção dos tapetes do

Corpus Christi em 1968.

Anos após a emancipação do município iniciou a construção da Praça da

Bandeira, em 1930.

ESPECIAL O Florense - 16 de maio de 201410

Terra do GaloA história de Flores está intrise-

camente ligada a história do galo. A quem afirme que ela nunca ocorreu e que foi apenas invenção dos caxien-ses por causa do desmembramento da vila de Nova Trento, outros juram que é verdade e que um mágico realmente ‘enganou’ os munícipes. Entre o sim e o não, a história do galo virou lenda e se tornou símbolo da cidade.

A versão mais conhecida data da década de 1930 e conta que certo dia um mágico muito esperto chegou a então Nova Trento chamando a população para um show de mágica considerado ‘extraordinário’. Ele faria um galo cantar após cortar-lhe a cabeça para depois colocá-la nova-mente no lugar. Dezenas de pessoas compareceram ao local para assistir ao show. Inclusive autoridades mu-nicipais, como o intendente e o dele-gado da época, que teriam subido no palco para segurar a cabeça do galo, enquanto o mágico a cortava.

Logo após decepar a cabeça da ave o mágico teria pedido um minuto para sair, pois buscaria a poção mágica para que o animal voltasse a cantar. Enquanto a plateia esperava ansiosa a conclusão da mágica o esperto ilu-sionista teria fugido da cidade com o dinheiro de espetáculo e deixado o povo esperando. O que aconteceu depois ninguém sabe.

O fato é que o episódio, verdadeiro ou não, se espalhou pela região e tornou-se um contrangimento por-que nenhum florense falava sobre o assunto. O ‘galo da vergonha’ irritava os habitantes que precisavam ouvir de moradores de Caxias do Sul, Far-roupilha e Bento Gonçalves piadas como: “Olha o galo” e imitavam o canto da ave, batendo as asas. Isso era motivo de muitas brigas e dis-cussões.

Passados muitos anos e com o objetivo de reverter o estigma nega-tivo, na década de 1960 o florense Eloy Kunz começou a produzir um uísque denominado Cockland, que em inglês quer dizer ‘Terra do Galo’, e nomeou um hotel da cidade como Pousada do Galo Vermelho. Depois vieram as bebidas Redcock, Oldcock e San’galo – produtos divulgados em todo o Brasil.

A proposta acabou dando certo e os florenses passaram por cima do cons-trangimento e transformaram a situa-ção embaraçosa numa brincadeira. A história foi usada para elevar o galo como símbolo da cidade. Em 1992 uma campanha corroborou para isso e o galo foi escolhido como símbolo de Flores da Cunha. Hoje, ele tem um monumento no Parque da Vindima e também é nome de loja, de empresa e símbolo de indústrias.

Vista do prédio da empresa de Eloy Kunz.

Monumento que identifica o município como a Terra do Galo, em alusão à história que teria acontecido na década de 1930.