em tempo - 3 de novembro de 2013

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VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 MÁX.: 32 MÍN.: 24 TEMPO EM MANAUS FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO, SALÃO IMOBILIÁRIO E CONCURSOS ANO XXVI – N.º 8.172 – DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ Manauenses aproveita- ram a manhã de sábado, que não registrou ocorrên- cia de chuvas, para prestar homenagens a parentes e amigos no Dia de Finados. Desde o fim da madrugada, os cemitérios já se encontravam lotados de visitantes. A tarde foi marcada por cultos ecumênicos. Última Hora A2 Pódio E5 Clássico FLA X FLU no Maraca BRASILEIRÃO Dia a dia C2 e C3 Rios em estado de alerta POLUIÇÃO DOMINGO PAUL IN MANAUS Nomes como Paul Mc- Cartney (foto), Elton John e Jack Johnson estão co- tados para se apresentar em Manaus, no ano que vem. Já existem, inclusive, datas articuladas para os shows. Plateia D1 Cachorro também é ‘gente’ Exames atestam se- melhanças entre cães e humanos em uma região cerebral que reconhece o prazer. Ilustríssima G3 A moda vai ao mercadão ENSAIO Elenco 19 a 21 Residência inteligente é o que há IMÓVEIS Imobiliário 5 ALEXANDRE FONSECA BR-319 RODOVIA FANTASMA ABERTA NO MEIO DA FLORESTA AMAZÔNICA NA EUFORIA DO “MILAGRE ECONÔMICO” DO GOVER- NO MILITAR, A BR–319 FOI CONCLUÍDA EM 1973, TIRANDO O AMAZONAS DO ISOLAMENTO EM QUE VIVIA, AO LIGAR AS CIDADES DE MANAUS E PORTO VELHO. NA DÉCADA DE 70, A RODOVIA ERA UMA MARAVILHA. MAS, NOS ÚLTIMOS 20 ANOS, FOI ABANDONADA, SENDO DEVORADA PELA EROSÃO E PELO MATO. NA ÚLTIMA SEGUNDA-FEIRA, 28, O EM TEMPO PERCORREU 350 QUILÔMETROS DA ESTRADA E ENCONTROU UMA “RODOVIA FANTASMA”. ÚLTIMA HORA A2 FOTOS: RICARDO OLIVEIRA No cemitério do Tarumã, a movimentação começou desde as 4h SAUDADE Morando no meio do nada, sem opção de comércio, posto de gasolina ou políticas públicas, os colonos que ainda habitam às margens da BR-319 são obrigados a caçar animais silvestres para comer O asfalto sumiu. Na chuva, a BR-319 se torna intransitável Em alguns trechos, a floresta avança no que restou da estrada

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: EM TEMPO - 3 de novembro de 2013

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

MÁX.: 32 MÍN.: 24TEMPO EM MANAUSFALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700

ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO, SALÃO IMOBILIÁRIO E CONCURSOS

ANO XXVI – N.º 8.172 – DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

Manauenses aproveita-ram a manhã de sábado, que não registrou ocorrên-cia de chuvas, para prestar homenagens a parentes e

amigos no Dia de Finados. Desde o fim da madrugada, os cemitérios já se encontravam lotados de visitantes. A tarde foi marcada por cultos ecumênicos. Última Hora A2

Pódio E5

ClássicoFLA X FLU no Maraca

BRASILEIRÃO

Dia a dia C2 e C3

Rios em estado de alerta

POLUIÇÃO

Manauenses aproveita-anhã de sábado,

que não registrou ocorrên-prestar

homenagens a parentes e fim da madrugada, os

tarde

D O M I N G OPAUL INMANAUS

Nomes como Paul Mc-Cartney (foto), Elton John e Jack Johnson estão co-tados para se apresentar em Manaus, no ano que vem. Já existem, inclusive, datas articuladas para os shows. Plateia D1

Cachorro também é ‘gente’

Exames atestam se-melhanças entre cães e humanos em uma região cerebral que reconhece o prazer. Ilustríssima G3

A moda vai ao mercadão

ENSAIO

Elenco 19 a 21

Residência inteligente é o que há

IMÓVEIS

Imobiliário 5

ALEX

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SECA

BR-319RODOVIA FANTASMA

ABERTA NO MEIO DA FLORESTA AMAZÔNICA NA EUFORIA DO “MILAGRE ECONÔMICO” DO GOVER-NO MILITAR, A BR–319 FOI CONCLUÍDA EM 1973, TIRANDO O AMAZONAS DO ISOLAMENTO EM QUE VIVIA, AO LIGAR AS CIDADES DE MANAUS E PORTO VELHO. NA DÉCADA DE 70, A RODOVIA ERA UMA

MARAVILHA. MAS, NOS ÚLTIMOS 20 ANOS, FOI ABANDONADA, SENDO DEVORADA PELA EROSÃO E PELO MATO. NA ÚLTIMA SEGUNDA-FEIRA, 28, O EM TEMPO PERCORREU 350 QUILÔMETROS DA ESTRADA E ENCONTROU UMA “RODOVIA FANTASMA”. ÚLTIMA HORA A2

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No cemitério do Tarumã, a movimentação começou desde as 4h

SAUDADE

Morando no meio do nada, sem opção de comércio, posto de gasolina ou políticas públicas, os colonos que ainda habitam às margens da BR-319 são obrigados a caçar animais silvestres para comer

O asfalto sumiu. Na chuva, a BR-319 se torna intransitável

Em alguns trechos, a fl oresta avança no que restou da estrada

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Page 2: EM TEMPO - 3 de novembro de 2013

A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Finados leva milhares de pessoas aos cemitériosNa data de celebração dos mortos, parentes e amigos reservam um momento para visitar os túmulos e matar a saudade

Na manhã deste sá-bado, trânsito e comércio intensos marcaram mais um

Dia de Finados. No Tarumã, Zona Centro-Oeste, a movi-mentação era grande desde as 4h, momento que as portas do local foram abertas. De acordo com a administração do ce-mitério localizado no bairro, por volta de 200 mil pessoas devem passar por ali.

A dona de casa Deuzimar Barros, 63, foi ao local visitar os túmulos da mãe e do marido. Para ela, a organização do lo-cal estava ótima. “Cheguei aqui cedo e está tudo bem organi-zado este ano. Até o rapaz que cobre os túmulos com areia nos atendeu rápido”, informou.

A satisfação, no entanto, não era consenso. A cozinhei-ra Maria do Socorro Silva, 51, reclamou dos roubos de flores do túmulo da mãe. “Mas todo ano acontece isso. A gente vem aqui, pinta o túmulo, limpa tudo e enfeita, mas tem gente sem coração que rouba as flo-res que colocamos. É sempre assim”, reclamou. O irmão da cozinheira, Paulo José Silva, 57, confirma: “tem gente que

vê as flores novas e pega para vender. É um absurdo, mas não temos nem para quem recla-mar”. Apesar dessas queixas, o tenente Souza Torres, da 19ª CPA Oeste, afirma que não houve graves ocorrências.

Segundo a administração do cemitério, são 7 mil sepulturas no local. Já no Nossa Senhora Aparecida, cemitério localiza-do atrás do Parque de Manaus, são mais de 150 mil, e é para onde a maioria das pessoas que vão até o Tarumã têm seus parentes enterrados.

O trânsito do local não foi in-terditado nem desviado. O flu-xo de veículos, no entanto, era intenso, mas diversas equipes do Instituto Municipal de En-genharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans) co-ordenavam a entrada e saída de carros, cujo acesso à área interna do cemitério se deu pelo primeiro portão e saída pelo segundo.

Outras unidadesNos outros cemitérios da ci-

dade, como o cemitério São Francisco, no Morro da Liber-dade, Zona Sul, do São João Batista, na Zona Centro-Sul, no cemitério Santa Helena, Zona Oeste, o trânsito também ficou intenso, como todos os anos.

No Tarumã, Zona Centro-Oeste, a movimentação era grande desde as 4h, momento que as portas do local foram abertas

ALEXANDRE FONSECA

Próximo a pessoas de di-versas religiões pregando e orando, comerciantes ven-diam bebidas, comida, além de velas, fósforos e arranjos de flores. Dezenas de barra-cas ocupavam a calçada. Um

dos comerciantes é Jailson Andrade, que há 4 anos co-mercializa bebidas no cemi-tério do Tarumã. “Já visitei o túmulo da minha família e agora estou trabalhando. Dá para tirar uns R$ 300 só

nessa data”, afirma.Outra que aproveitava

para complementar a renda familiar era Karla Silva, 23. Grávida, ela dizia não se importar de vender as flores sob o forte sol.

O comércio foi fiscalizado pela Secretária Municipal de Feiras, Mercados, Produção e Abastecimento (Sempab), que revelou que 70 agentes estavam atuando nas adja-cências dos cemitérios.

Movimento intenso favorece o comércio

Ofensiva judicial pró-animais

Universidades do país estão sendo alvo de blit-ze de ativistas, protestos de alunos e até mesmo ações na Justiça pelo fim do uso de animais em atividades acadêmicas.

A ofensiva judicial tem base na Lei Arouca, que es-tabelece regras para o uso científico de animais, e na Lei de Crimes Ambientais, de 1998, que define como crime realizar “experiência dolorosa ou cruel em ani-mal vivo, ainda que para fins didáticos ou científi-cos, quando existirem re-cursos alternativos”.

Um dos casos mais re-centes é o da UFSC (Uni-versidade Federal de San-ta Catarina), que entrou neste mês com recurso na Justiça para retomar a utilização de animais nas aulas de medicina.

A ação partiu do Instituto Abolicionista Animal. “Sou-bemos de casos de animais que recebiam anestesia superficial e acordavam no meio do procedimento”, diz a advogada Danielle Tetü.

O pró-reitor de Pesquisa da UFSC Jamil Assreuy nega e diz que o curso de medicina só emprega ratos, e com anestesia, em alguns casos cães, por exemplo, não são usados há um ano e meio.

Outra universidade que en-frenta ação na Justiça é a UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), que conse-guiu em setembro retomar o uso de animais vivos em aulas, após primeira decisão favorável aos ativistas.

Dilma cobra agilidade nas obrasA menos de um ano das

eleições, a presidente Dilma Rousseff reuniu ontem 15 mi-nistros no Palácio da Alvora-da, sua residência oficial, para checar o andamento de obras e programas e definir estraté-gias para acelerar o que está travado. O objetivo do Palácio do Planalto é agilizar a inaugu-ração de obras consideradas “vitrines” para a campanha à reeleição da petista.

No Twitter, Dilma disse que a reunião “rotineira” era para “discutir cronogramas de entrega de obras fede-rais pelo país”.

“Considero que governar é oferecer à população serviços públicos com cada vez maior qualidade e honrar a confiança em nós depositada. Por isso, reuniões rotineiras como essa são importantes para coorde-nar os esforços dos ministé-rios”, disse a presidente em sua conta na rede social.

No feriado de Finados, os ministros chegaram pouco antes das dez da manhã para a reunião com a presidente.

As ministras Gleisi Hoff-mann (Casa Civil) e Miriam Belchior (Planejamento) co-ordenaram o encontro, do

qual também participaram Paulo Bernardo (Comuni-cações), Alexandre Padilha (Saúde), Aloizio Mercadante (Educação), Edison Lobão (Minas e Energia), Cesar Borges (Transportes), Fran-cisco Teixeira (Integração Nacional) e Tereza Cam-pello (Desenvolvimento So-cial), entre outros.

A equipe de Dilma quer ace-lerar os investimentos, que não estão em ritmo conside-rado satisfatório, o que deve ser usado como munição pela oposição na campanha elei-toral de 2014.

Presidente Dilma reuniu seu “staff” para fazer um balanço das obras visandoa eleição de 2014

ROBERTO STUCKERT FILHO PR

Talibã paquistanês enterra líder e promete vingança

Combatentes do Talibã paquistanês enterraram em segredo, ontem, o líder do grupo depois de ele ser morto por um avião não-tripulado americano. Os militantes ra-pidamente se mobilizaram para substituí-lo e prome-teram uma série de ataques suicidas em represália.

O governo paquistanês classificou a morte de Haki-mullah Mehsud como uma tentativa dos Estados Uni-dos de prejudicar conversas de paz, e alguns políticos exigiram que, em resposta, as linhas de suplemento aos EUA para o Afeganistão se-jam cortadas.

Mehsud, que tinha uma recompensa de US$ 5 mi-lhões pela sua cabeça, e três outras pessoas foram mor-tas na sexta-feira no reduto militante de Miranshah, no noroeste do Paquistão, infor-maram fontes de segurança e membros do grupo.

O veículo de Meshud foi atingido após ele participar de um encontro de líde-res do Talibã. Seu guar-da-costas e o motorista também morreram.

Ele foi secretamente en-terrado nas primeiras ho-ras do sábado, por alguns parceiros de militância, em meio a temores de que o funeral pudesse ser ataca-do novamente por aviões norte-americanos, disse-ram militantes e fontes de segurança.

“Cada gota do sangue de Hakimullah que caiu se tornará um homem-bom-ba”, afirmou Azam Tariq, um porta-voz do Talibã paquistanês. “A América e seus amigos não deveriam ficar felizes, porque nos vingaremos do sangue de nosso mártir”.

O líder Hakimullah Mehsud foi enterrado em segredo

DIVULGAÇÃO

AMEAÇAELEIÇÕESCIÊNCIA

Entre janeiro e setembro deste ano, os investimen-tos do Orçamento da União atingiram R$ 46,5 bilhões, uma alta de 2,9% em re-lação ao mesmo período do ano passado. Enquanto isso, as despesas cresce-ram 13,5%.

Segundo assessores presidenciais, Dilma quer checar como está o anda-mento dos leilões de rodo-vias, aeroportos, portos e ferrovias.

Até o fim do ano, o go-verno planeja leiloar os aeroportos do Galeão (RJ)

e Confins (MG) -no dia 22 de novembro- e licitar mais duas rodovias.

No mês passado, o gover-no fez o leilão do campo de Libra, para exploração de petróleo da área do pré-sal, no qual apenas um consór-cio fez lance, sem ágio.

Novos leilões e mais licitações

PROCURADOMehsud, que tinha uma recompensa de US$ 5 milhões pela sua cabeça, e três outras pessoas foram mortas na sexta-feira no reduto militante de Miranshah, no noroes-te do Paquistão

MELLANIE HASIMOTOEquipe EM TEMPO

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Page 3: EM TEMPO - 3 de novembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 A3Opinião

Ao contrário dos mais de 30 partidos políticos, que disputam pedaços do Estado brasileiro em nome de uma governabilidade jamais conformada, bem diferente da sociedade civil organizada no limite estreito dos próprios guetos corporativos, ainda mais dedicada a rever e fortalecer seus princípios do que as seitas cristãs empenhadas em desenvolver uma “teologia da prosperidade”, que não oferece mais do que um cartão de crédito – uma fórmula de acumulação de bens já desmoralizada desde a segunda metade do século passado –, a Igreja Católica reuniu os pastores do seu rebanho, em Manaus, para sintonizar discurso e prática com o momento conturbado da Amazônia de hoje.

Durante os dias do encontro, logo fi cou defi nido que a Amazônia posta para o Brasil é exatamente essa que vive de pires na mão, pedindo ao governo federal uma bolsa família para a sobrevida da Zona Franca de Manaus e não se envergonha de ouvir repetidos “nãos”, ao mesmo tempo em que não tem a humidade de reconhecer que, nos últimos 50 anos, nada de perene foi construído na Amazônia, muito menos uma consciência política que não esteja vinculada ao lucro imediato do sonho extrativista dos yuppies retardatários, que dominam “grupos políticos”, com a empáfi a dos coronéis de barranco de um passado de que ninguém parece querer se libertar.

Quarenta anos se passaram desde que essa mesma igreja tratou do mesmo assunto, em Santa-rém, amadurecendo-o, entre muitos percalços, para as conclusões de hoje. Não há dúvida de que a retomada humanitária de agora tem a ver com a presença de Francisco, o bispo de Roma, que não manda, dá o exemplo. É o que a Igreja Católica tomou como exemplo, no encontro de Manaus, ciente de que escolheu o caminho mais árduo para reavivar os homens de boa vontade.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), que reverteu a renda do show de Daniel Boa-ventura para a Apae e Casa Vhida.

Fieam solidária

APLAUSOS VAIAS

De zero a cinco

Foram avaliados três se-tores: estádios, mobilidade urbana e aeroportos, com as notas variando entre zero e cinco.

E Manaus foi quem obteve as piores notas.

Nota baixa

A capital amazonense contabilizou apenas cinco pontos.

Dois no estádio, zero no projeto de mobilidade e três no aeroporto.

Injustiça

Não se questiona a mobi-lidade urbana.

Mas com certeza as notas dadas para o aeroporto Edu-ardo Gomes e para a Arena da Amazônia são injustas e não refl etem a realidade.

Arena

Tem mais.Em termos de projeto ar-

quitetônico e de beleza esté-tica não há nenhuma arena no país melhor que a nossa.

Longe e quente

Na outra ponta do ranking, destaque para Belo Horizon-te, que somou 12 pontos e foi a sede mais bem avaliada.

De acordo com o consultor do Sinaenco, Jorge Hori, o resultado não causou sur-presa.

— Manaus apresenta dificuldades logísticas e climáticas.

Perguntar não ofende

Quer dizer então que, antes de Manaus ser escolhida sede da Copa, ninguém sabia que a cidade fi cava longe e que o clima por aqui é quente?

Ranking

Confi ra o ranking e veja se você concorda:

1º - Belo Horizonte (12 pontos); 2º - Fortaleza (11 pontos); 3º - Natal (10 pon-tos); 4º - Rio de Janeiro (10 pontos); 5º - São Paulo (9 pontos); 6º - Recife (9 pon-tos); 7º - Salvador (8 pontos); 8º - Curitiba (8 pontos); 9º - Porto Alegre (7 pontos); 10º - Cuiabá (7 pontos); 11º - Brasília (6 pontos); 12º - Manaus (5 pontos).

Durma com fome

Agora que algumas coi-sas têm de ser melhoradas em Manaus, disso não há dúvidas.

Por exemplo, se alguém qui-ser comer alguma coisa de-pois de 1h, não vai encontrar um restaurante aberto.

Dois turnos

O problema é que a maio-ria dos donos de bares e restaurantes não quer pagar adicional noturno para gar-çons e cozinheiros.

Manter uma segunda tur-ma para substituir quem está saindo eles também não que-rem. Isso reduziria o lucro.

Último romântico

Presente ao Prêmio Qua-lidade Amazonas (PQA), da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fie-am), o vice- governador José Melo (PROS) foi chamado a discursar.

Não só discursou, como pediu à sua mulher que le-vantasse para ouvir uma homenagem. E declamou o poema “Encontro das Águas”, de Quintino Cunha.

Está valendo

Depois da poesia, um jor-nalista resolveu cutucar o vice-governador, que é can-didatíssimo ao governo em 2014.

— Professor, quando co-meça a sua campanha?

— Já começou!

Boa causa

Na noite de sexta-feira, o cantor-ator Daniel Boaven-tura retornou ao palco do Diamond para realizar o show “Uma noite na Broadway”.

A renda foi direcionada à Apae e Casa Vhida.

Eleitorado

Os 32 partidos políticos do Brasil informaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que têm um total de 15.270.234 fi liados.

Esse número correspon-de a 10,8% dos atuais 140.943.293 eleitores do país, segundo dados mais recentes do TSE sobre o eleitorado.

Para lideranças do Sindicato dos Tra-balhadores em Transporte Rodoviário de Manaus (STTRM), que volta e meia vivem ameaçando a população com greve. É a categoria usada com fi ns políticos.

Greve de ônibus

Ninguém quer ser melhor do que ninguém, mas está claro que a mídia do sul maravilha procura, sempre, “avacalhar” Manaus.

Por exemplo: no ranking com a avaliação da preparação das 12 cidades-sede para a Copa do Mundo de 2014, publicado pelo Sindicato Nacional de Arquite-tura e Engenharia (Sinaenco), Manaus foi quem obteve as piores notas.

Agora, se for feita uma avaliação mais criteriosa e justa, vão encontrar cidades em situação bem pior que a nossa.

Ranking mentiroso

GEORGE CURCIO/DIVULGAÇÃO

[email protected]

A igreja, nas pegadas de Francisco

Os Estados modernos, uns mais, outros menos, porque têm plena consciência dos poderes da chamada mídia (que, fiel ao latim, deveria ser media, meios) buscam estabelecer controles sobre os veículos que a com-põem.

Sobre os jornais impressos, certamente porque são os mais antigos, já se cristalizou a pos-tura de repúdio à censura prévia e prevalece uma legislação que dá às pessoas ou instituições atingidas injustamente o direito de acionar os veículos por crimes já previstos na legislação penal: infâmia, calúnia e difamação.

Já no âmbito da mídia eletrôni-ca, rádio e televisão, pelo menos no caso brasileiro, adotou-se o sistema de concessão em que o Estado, como concedente, esta-belece as condições da outorga e reserva para si mesmo o poder de supervisão, fiscalização e até suspensão do concedido.

A priori, qualquer pessoa jurí-dica que detenha a concessão de um canal de rádio ou de televisão tem pleno conhecimento de que esta se deu em caráter precário e sob algumas condições ditadas pelo poder estatal, que pode, ad nutum, cancelá-la.

Dentre as condições que até o puro e simples bom senso há de esperar de um concessionário de um veículo de comunicação de massa que pertence ao próprio Estado, como soem ser rádio e televisão, está a expectativa de que preserve uma linha infor-mativa idônea e comprometida com a verdade e que adote o maior empenho em uma ação voltada para o enriquecimento cultural da sociedade em que se insere.

Sobretudo quando se trata de televisão, que ganha maior força

comunicadora em razão de ser um meio audiovisual, o que o Estado deve esperar e cobrar é que cada veículo se concentre nas funções de bem informar e mais ainda de educar a popu-lação. Até quando produz pro-gramação de entretenimento, é de se esperar que não perca o foco educativo.

Os casos concretos pululam na televisão brasileira. Ao tomar a Rede Globo, por ser a de maior audiência, como exemplo, no atual momento pode ser visto um programa que se propõe ser apenas de entretenimen-to e, entretanto, contribui para aprimorar o gosto musical das pessoas (seu título é “The Voice Brasil”).

Logo a seguir entra um progra-ma que, por seu título (“Amor e Sexo”), sugere apresentar algu-ma informação séria e alguma ação educativa, mas apenas vul-gariza e distorce grotescamen-te o tema, numa achincalhação absurda.

Num país como o Brasil atual, em que ocorre forte contamina-ção política (no pior sentido) em todas as ações governamentais, os verdadeiros e legítimos obje-tivos sociais são rotineiramente negligenciados por quantos as-sumem o poder como um ga-lardão e uma oportunidade de maior prosperidade pessoal.

Políticos e gestores públicos buscam acima de tudo construir uma boa relação com os veículos e com as redes de comunicação para, quem sabe, “tirar uma las-quinha” do poder de divulgação e de formação da opinião pú-blica.

É quando o projeto de cons-trução pessoal toma o lugar do projeto de construção de uma sociedade mais qualificada.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

O poder e a distorção da TV

[email protected]

Charge

Num país como o Brasil atual, em que ocorre forte contaminação política (no pior sentido) em todas as ações gover-namentais, os verdadeiros e legítimos objetivos so-ciais são ro-tineiramente negligencia-dos por quan-tos assumem o poder como um galardão e uma opor-tunidade de maior prosperidade pessoal”

DIVULGAÇÃO

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Page 4: EM TEMPO - 3 de novembro de 2013

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

FrasePainelVERA MAGALHÃES

Na esteira do cancelamento da viagem de Estado que faria aos EUA em outubro e do acordo com a Alemanha para uma ação conjunta contra a espionagem norte-americana, Dilma Rousseff reforçará a guinada em sua política externa. A presidente acertou a primeira visita ofi cial ao Brasil do presidente da China, Xi Jinping, em abril. Assessores do Planalto lembram que foi com Xi que a presidente acertou a entrada das petroleiras chinesas no leilão de Libra, que ocorreu no mês passado.

In loco O detalhamento da agenda de Xi Jinping no Brasil será um dos temas da viagem que o vice-presidente da Re-pública, Michel Temer, fará à China nesta semana.

Para fotos Apesar da movi-mentação de aliados de Aécio Neves para antecipar a for-malização de sua candidatura ao Planalto, o time de José Serra mantém no calendário previsão de evento em março para demonstrar “unidade” do PSDB e dar saída honrosa ao ex-governador.

Cada um... Enquanto isso, Ser-ra continuará viajando pelo país e Aécio manterá suas visitas a São Paulo. O PSDB paulista organiza um ato com o senador mineiro em Bauru, ainda neste mês.

... na sua Geraldo Alckmin, por ora, prefere continuar distante da pré-campanha nacional e articular a própria aliança à reeleição.

Vipões Lula e Dilma serão as estrelas do congresso do PC do B, que acontece dos dias 14 a 16, em São Paulo. O partido fará a troca no comando nacional: depois de

12 anos, Renato Rabelo será substituído pela ex-prefeita de Olinda Luciana Santos.

Vipinho Uma saia-justa cerca a festa do partido co-munista: uma ala do partido quer convidar Eduardo Cam-pos, dada a aliança histórica entre a sigla e o PSB. Outros, porém, temem melindrar a presidente colocando a seu lado na mesa o potencial ad-versário na eleição de 2014.

Quem é vivo... O embai-xador José Viegas Filho é mais um ex-ministro de Lula a engrossar o time de cola-boradores da dupla Eduardo Campos e Marina Silva.

... sempre aparece Viegas, que foi ministro da Defesa no primeiro mandato do petista, participou na semana passada do seminário do PSB e da Rede. Disse que mantém boa relação com Lula, mas atendeu convite dos ex-colegas de Esplanada.

Foto ofi cial Campos e Marina têm canal aberto ainda com Roberto Rodrigues e Luiz Fur-lan, ex-titulares da Agricultura e do Desenvolvimento na gestão petista. O trânsito dos novos

rivais de Dilma com seus antigos colaboradores incomoda Lula.

A jato 1 A Frente Nacional de Prefeitos começou a pressionar o Senado para levar a plenário na terça-feira o projeto que de-fi ne novos indexadores da dívida de Estados e municípios. Antes, no mesmo dia, o texto deve passar por duas comissões.

A jato 2 Prefeitos telefona-ram para pedir pressa ao sena-dor Vital do Rêgo (PMDB-PB), que preside a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que vai avaliar o projeto. Seu redu-to eleitoral, Campina Grande, é um dos municípios benefi ciados pela mudança no indexador.

Vem pra rua A Prefeitura de São Paulo tenta acordo para abrir as 800 vagas do estacio-namento da Assembleia Legis-lativa para os frequentadores do Parque do Ibirapuera aos domingos, quando a entrada de carros é proibida.

Mergulho A Secretaria do Verde também estuda a ins-talação de piscinas de lona e jatos de água nessas áreas de estacionamento aos domingos durante o verão.

Oriente-se

Contraponto

O senador Magno Malta (PR-ES) apareceu alegre na sessão da Comissão de Constitui-ção e Justiça de 16 de outubro, seu aniversário. O parlamentar aproveitou a data para conseguir pequenos privilégios com os colegas.V. Exa. me concede a palavra, em nome do meu aniversário? solicitou o senador ao presidente, brincando.Malta pediu até que um de seus colegas se curvasse um pouco para que pudesse en-xergar um interlocutor.Vou gastar todos os pedidos hoje, porque amanhã...Ainda bem que aniversário é só uma vez por ano, ou ninguém aguentaria! disse Vital do Rêgo (PMDB-PB).

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Soprando velinhas

Tiroteio

DO DEPUTADO ESTADUAL PEDRO TOBIAS (PSDB-SP), sobre os 48 profi ssionais que foram reprovados no Revalida, mas que participarão do Mais Médicos.

Padilha aceita enviar médicos reprovados para o interior. Vão se somar a postos de saúde sem equipamento e sem material.

Me disseram que quando nos sítios arqueológicos são encon-trados vestígios de rituais fúne-bres surge a certeza de que aí viveram seres humanos.

É próprio da humanidade en-terrar ou cremar seus mortos dando assim sentido à vida e reconhecendo que a realidade transcende o espaço e o tempo. Numa última despedida manifes-tamos o que as pessoas são para nós e revelamos quem nós somos e como nos enxergamos.

O drama dos desaparecidos, além de político e institucional, é um drama humano exatamente porque impede às famílias de ri-tualmente se apropriar da morte de seus entes queridos e torná-los finados, os que chegaram ao fim, encerrando a passagem pelo espaço e pelo tempo e pe-netrando na eternidade.

Ontem foi Dia de Finados. Vi-sitamos os cemitérios, lembra-mos os que partiram, sentimos saudades e reconhecemos que nossas raízes buscam sua fonte nas histórias de pessoas que amamos e que nos amaram.

Ter passado é não se submeter à tirania do presente, é reconhe-cer que a vida foi construída e que nós também passaremos e que haverá um futuro sem a nossa presença física. Ao fazer memó-ria dos falecidos nos recusamos a esquecê-los e ao mesmo tempo reconhecemos que a vida é maior que os poucos anos de uma his-tória tão rápida e às vezes tão turbulenta e frustrante.

Para os que acreditam em Cristo a vida não tem fim, mas é transformada. No centro de nossa profissão de fé encontra-se a certeza da ressurreição de Jesus. Crer na ressurreição de Jesus é acreditar que nós também ressuscitamos. Não se

trata somente de afirmar que a alma é imortal, ou que continua a existir em sucessivas reencarna-ções, mas a nossa fé nos diz que ressuscitaremos na carne, isto é com a nossa identidade pessoal e única. E esta identidade pessoal e única é vivida num corpo que deve ser respeitado.

Daí a importância das exéquias onde nos despedimos do corpo de quem conviveu conosco. Daí toda a mística dos cemitérios onde estão os corpos dos que nos antecederam. É por isso que quando corpos são profanados, cemitérios são descuidados, nos sentimos mal, porque é a dignidade humana que é vili-pendiada.

Nós católicos acompanhamos com a nossa oração os que par-tem para a eternidade. Acredi-tamos que aí se dá o encontro definitivo e total com o Mistério, que é Amor infinito. A oração pelos defuntos nos coloca em sintonia com eles e cria a co-munhão dos santos.

Nós que caminhamos juntos na estrada do mundo não esta-mos sozinhos no momento final, único e dramático do encontro com a realidade última da nossa vida.

É bom poder visitar um ce-mitério, melhor ainda quando podemos ali refazer memórias, sentir saudades, renovar a fé na ressurreição. Muitos de nós participamos ontem da Euca-ristia celebrada em cemitérios fazendo memória da morte e ressurreição de Jesus, e colocan-do nesta memória a memória dos nossos entes queridos.

Oxalá nunca sejamos impedi-dos de enterrar nossos mortos, de ritualmente nos apropriarmos de seu fim e de poder chorá-los. Seríamos menos humanos.

Dom Sergio Eduardo [email protected]

Dom Sergio Eduardo Castriani

Dom Sergio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

Nós que caminhamos juntos na estrada do mundo não estamos sozinhos no momento fi nal, único e dramático do encontro com a reali-dade última da nossa vida. É bom poder visitar um cemitério, melhor ain-da quando podemos ali refazer me-mórias, sentir saudades, renovar a fé”

Enterrar os mortos

Olho da [email protected]

Manaus sofreu um processo de depilação em suas ilhargas para receber, inteirinha, uma réplica do Complexo do Alemão, cujo original fi ca no Rio de Janeiro e funciona como centro de treinamento do que existe de pior em uma sociedade que se acredita civil e organizada, mas deixa muito a desejar, segundo os padrões da Fifa.

RICARDO OLIVEIRA

Somos a favor de manifestações pacífi cas. Mas devemos repudiar integralmente o uso da violên-cia nessas manifestações. Não podemos aceitar pessoas tampando o rosto, destruindo o patri-mônio público e machucando os outros. Essas

pessoas não são democráticas

Dilma Rousseff defende ação unifi cada entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário para combater o

vandalismo em protestos, como as que têm sido protago-nizadas por grupos como os “black blocs”, em entrevista,

ontem, a emissoras de rádio de Salvador (BA).

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Page 5: EM TEMPO - 3 de novembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 A5Política

Modernização das Cartas Magnas a passos lentosA revisão da Constituição do Estado iniciou há um ano e seis meses na Aleam. Na CMM, trabalhos começaram há três meses

A promessa de que seja concluída até a próxi-ma sexta-feira a aná-lise das Propostas de

Emenda a Constituição (PEC) que tratam da revisão da Constituição do Estado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Estado (Aleam) pode dar uma reviravolta na tramitação do projeto, um ano e meio depois de ter sido ins-tituído este trabalho naquela casa legislativa. Por enquanto, a entrega do documento repa-ginado – que estava prevista para o aniversário da cidade, no dia 24 de outubro – mantém prazo não determinado para sua conclusão.

Na Câmara Municipal de Manaus (CMM) – que também revisa a Lei Orgânica do Muni-cípio de Manaus (Lomam) – o andamento dos trabalhos na reformulação da Carta Magna do Estado é um pré-requi-sito para que sejam feitas as adequações na lei maior do município. No Legislativo municipal, o grupo especial foi criado dia 5 de agosto deste ano para revisar a Lomam.

Segundo a presidente da Comissão de Revisão Consti-tucional da Aleam, deputada Conceição Sampaio (PP), o processo depende dos pare-ceres da CCJ sobre as PEC’s. Se este for o caso, o deputado David Almeida (PSD) – que preside o grupo – comenta que até esta sexta-feira devem ser entregues os posicionamen-tos das quatro de nove PEC’s discutidas na CCJ, como a do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal (Sindepol) e do Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil (Sinpol). A propos-

ta concede aos delegados as mesmas garantias dos juízes: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de venci-mentos. “Foram nove PEC’s, mas cinco já voltaram para a Comissão. Quando passa pela CCJ é verificada a admissibi-lidade, a constitucionalidade e a legalidade. Estas propos-tas chegaram a CCJ e agora, quando saírem, voltam para a Comissão de Revisão, que deve finalizar o processo ini-ciado por eles”, destacou.

Apesar das críticas quanto ao “andar” da análise, Almei-da lembra que as propostas chegaram à Comissão de

Constituição e Justiça há três meses. “A Constituição não pode ser do dia para a noite. Como você analisa propostas que realmente vão mudar a Constituição, você tem que discutir, analisar, conversar e ver as discussões. Analisamos mais de 300 projetos e ainda tem a revisão da Constituição. Tem que ter cuidado e o crité-rio da legalidade para que as propostas não fiquem vagas e lá na frente sejam motivos de Adin (Ação Direta de Inconsti-tucionalidade)”, avaliou.

A deputada Conceição Sampaio ressalta que a pri-meira fase para adequar os artigos, até mesmo adequá-

los a realidade da Constitui-ção Federal, foi finalizada, mas seria um gasto a mais publicar a nova versão sem incluir as proposituras ana-lisadas pela CCJ. Por outro lado, ela entende que a co-missão precisa de melhor tempo disponível para a ve-rificação da legalidade, espe-cialmente quando o projeto se refere a algo de extrema importância para a região: a Carta Magna do Estado.

Uma propositura que já recebeu parecer contrário dos membros da CCJ foi a de autoria do deputado Chico Preto (PMN), que estendia o fórum privilegiado dos se-cretários a outras funções de chefia, como chefes da Casa Militar e Civil, coman-dante da polícia, delegado geral, entre outros. O próprio parlamentar – que também é membro da Comissão – vol-tou atrás na proposta.

O presidente da Aleam, deputado Josué Neto (PSD), espera que este processo seja finalizado ainda neste ano de 2013, antes do último dia de atividades parlamen-tares (em 19 de dezembro). De acordo com ele, como a CCJ está com uma pauta extensa, é possível realo-car técnicos jurídicos para dar maior celeridade nesta demanda. Hoje a Comissão conta com quatro técnicos destinados a este serviço.

A proposta de revisão constitucional foi sugerida pelo ex-presidente da casa legislativa, deputado Ricardo Nicolau (PSD), por meio de requerimento aprovado em plenário no dia 8 de maio de 2012. Com base no re-querimento foi criada uma comissão mista, integrada por deputados e juristas.

LUANA GOMESEspecial EM TEMPO

PROPOSTARevisão da Constitui-ção do Estado e da Lei Orgânica do Município de Manaus (Lomam) estão em andamento nas duas casas legis-lativas e a proposta é modernizar as Cartas Magnas do Amazonas

No Legislativo municipal, o presidente da Comissão de Revisão da Loman, vere-ador Alonso Oliveira (PTC), sabe que o processo não será concluído neste ano. Ainda assim, ele asseve-ra que isto não significa atraso por parte do grupo, tendo em vista o grau de sensibilidade da matéria, bem diferente das outras que tramitam na CMM. “Es-tamos tratando da maior lei do nosso município. Eu não posso de maneira nenhuma ser inconsequente e fazer o processo voar dentro da casa, sem ter critérios su-ficientes”, ponderou.

De acordo com ele, embo-ra não tenham sido discu-tidos, já foram analisados entre 250 e 257 artigos da Loman - que possui 446 artigos. Daqui a duas semanas, a expectativa é avançar com pelo menos 50 artigos. Por conta do envolvimento dos vereado-res com o Plano Diretor, ele reconhece a necessidade de um período maior para a discussão do material.

Além disso, também observa que a Câmara depende de decisões da própria Constituição Es-tadual, para garantir o princípio da simetria.

CMM também revisa Lomam

Em torno de cem modifi-cações foram apontadas no relatório final da Comissão de Revisão. A proposta a ser sugerida pela deputada Con-ceição Sampaio é quanto à publicação da Nova Consti-tuição a partir destes ajustes que já foram aprovados pela casa, caso não haja retorno antes do recesso parlamen-tar por parte da CCJ.

Segundo a parlamentar, a publicação apenas com as alterações entregues por ela, pelo relator, deputado Orlando Cidade (PTN) e pelo secretário, juiz Ronnie Frank Stone, já torna a Carta Mag-na do Estado atualizada.

De acordo com Conceição,

o pleito será feito apenas se for verificada a necessidade da CCJ analisar por mais tem-po as PEC’s instauradas.

Uma das mudanças detec-táveis é quanto aos municí-pios do Amazonas. No artigo 12 da Constituição do Esta-do ainda estavam inclusos alguns, como Auatiparaná, Augusto Montenegro, Auxi-liadora, Axinin e Caburi. Con-forme a justificativa, após a decisão da Suprema Corte, o Amazonas ficou politicamen-te dividido em 67 municípios, embora cinco não tenham sido implantados (Belém do Solimões, Bittencourt, Cam-pina do Norte, Messejana do Norte e Tamaniquá).

Cem mudanças na Constituição

A demora na revisão constitucional divide opiniões de advogados. O processo lento não é visto como um ponto negativo pelo advogado Félix Valois. De acordo com ele, a Carta Magna do Estado precisa ser avaliada com seriedade e demandando tempo e revisão, especialmente para não se transfor-mar em um remendo, a exemplo do que ocorre com a Constituição Fe-deral. Em 25 anos de “estrada”, ela contempla uma lista de 73 emendas em seu conteúdo.

Por outro lado, a ad-vogada Maiara Carvalho da Motta avalia que a demora só prejudica o Estado, por contar com leis antigas que há muito tempo não beneficiam os que vivem região. “Pre-cisamos de uma nova Constituição e precisa logo. A Assembleia pre-cisa concluir este proces-so. A falta de celeridade atrapalha. Tem que reu-nir as novas necessida-des para se aplicar às transformações”, desta-cou. Além disso, segundo ela, a análise de forma lenta não impede que existam emendas, até mesmo por conta da so-ciedade estar sempre em busca de modificações.

Especialistas divergem sobre demora

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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Dilma quer começar 2014 com novos ministros

Os ministros do PMDB que disputarão as eleições em 2014 já estão de sobreaviso para começar a encaixotar os pertences. Na contramão do desejo de alguns de perma-necer no cargo até março, a presidente Dilma Rousseff avisou ao vice Michel Temer que pretende começar o ano de 2014 já com o quadro renovado na Esplanada. A petista negociará os cargos em troca de apoio para sua reeleição em 2014.

Lá vem brigaTerceira maior bancada da

base, o PP já está de olho no Ministério da Integração, prometido ao senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).

Nome forteCom o ministro Aloizio Mer-

cadante (Educação) na co-ordenação da campanha de Dilma, Carlos Gabas é o mais forte para a Casa Civil.

Difi culdadesCotado para substituir Ideli

Salvatti na Secretaria de Re-lações Institucionais, Ricardo Berzoini (SP) enfrenta resis-tência até no PT.

Nervos de açoO Tribunal de Contas da

União faz “inspeção extraordi-nária” há dez dias no Tribunal de Justiça do Rio, por ordem da ministra Ana Arraes.

Governo tenta evitar ‘pauta bomba’ de fim de ano

O Planalto negocia com a base aliada para tentar evitar a votação de um combo de projetos que geram aumento de gastos para o governo. A presidente Dilma teme que a proximidade das eleições leve os parlamentares a votar medidas populistas, como a

criação de piso remunerató-rio aos agentes de saúde, o fi m do fator previdenciário e a PEC 300, que prevê piso nacional para policiais mili-tares e bombeiros.

Toda ajuda... A ministra Ideli Salvatti

pediu ajuda aos líderes do PTB, senador Gim Argello (DF), Jovair Arantes (GO) e o presi-dente Benito Gama.

...tem preçoDurante a reunião, os pete-

bistas avisaram que não têm qualquer compromisso com o governo, que até hoje não lhes deu ministério.

Azucrinador-geralAlvaro Dias (PSDB-PR) se

diverte no Senado azucrinan-do a presidente Dilma, agora ameaçando uma CPI da Copa. Ele a chama de “Ô Dilmo”.

Não vai dar certoNo Brasil com 200 milhões

de habitantes, cerca de 26 milhões pagam imposto de renda para sustentar 50 mi-lhões de pessoas no Bolsa Família. Ignora-se como vi-vem 124 milhões, e o futuro dessa equação.

Só falta o narizPara o senador Cícero Lu-

cena (PSDB-PB), “o Congres-so faz papel de palhaço” ao aceitar que o governo vote em outra medida provisória os termos da renegociação da dívida dos agricultores do nordeste, ignorando todo o trabalho realizado por parla-mentares na comissão.

VistoriaApós visitar antiga sede

do DOI-Codi no Rio, as comissões da verdade da Presidência, Câmara e Se-nado farão nova diligência na sexta (8) na base aérea do Galeão, para procurar su-

postas celas subterrâneas.

Contra ‘black blocs’O deputado Esperidião Amin

(PP-SC) protocolou na Comis-são de Constituição Justiça parecer ao projeto de Eduardo Azeredo (PSDB-MG) para do-brar as penas para vândalos, previstas no Código Penal.

Feudo O deputado Esperidião Amin

(SC) acredita ser praticamen-te impossível o PP faturar o Turismo na reforma ministe-rial. “Pelo que escutei na CNBB e no hospital Sírio-Libanês, a vaga é do PMDB”.

PesouO senador Aécio Neves

(PSDB-MG) teme que os vio-lentos ataques dos “black blocs” em São Paulo, enfren-tando o governador tucano Geraldo Alckmin, acabe pre-judicando sua candidatura à Presidência, em 2014.

Falha matemáticaA Fecovinho garante que já

entregou 4,5 milhões de litros dos sucos de uva adquiridos pela Conab, mas a empresa do Ministério da Agricultura menciona 2,9 milhões. Rela-tório aponta que ainda faltam 1,2 milhão de litros a Nova Aliança e 540 mil da Aurora. A Garibaldi já entregou tudo.

Conversa fi adaA bancada do PMDB deci-

diu votar contra a proposta do governo de mandar ins-talar no país os principais data-centers de provedores de conteúdo à internet, sob avaliação de que não impe-dirá a espionagem.

Vendo para crerDilma foi alvo de gozação

por inaugurar pela terceira vez uma via expressa na Bahia. Queria ter certeza da inau-guração, diria o outro.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

“Continuamos com votos muito longos, votos intermináveis”

MINISTRO MARCO AURÉLIO, do STF, sobre a aposta dos corruptos na lentidão da Justiça

PODER SEM PUDOR

Padre é um perigoPolíticos da Bahia contam uma velha história

do interior, ocorrida nos anos 50, quando adversários de um padre candidato a prefeito o ameaçaram de revelar a lista dos fi lhos que ele fez nas redondezas, caso mantivesse a candidatura. Con-fessor das mulheres dos adversários, ele respondeu:

- Meus adversários podem até dizer quem são meus filhos na cidade, mas eu entrego os nomes de todos os que não são filhos deles...

Manteve a candidatura e foi eleito.

Eleitores voltam às urnas hojeMais de 53 mil eleitores de

seis municípios de quatro Es-tados voltam às urnas, neste domingo, para escolher seus prefeitos e vices. No Para-ná, dois municípios realizarão novas eleições: Santa Inês e Inácio Martins. No Rio Gran-de do Sul, os eleitores dos municípios de Maximiliano de Almeida e Dom Feliciano também vão escolher seus representantes.

Em Pernambuco e no Pará apenas os municípios de Água Preta e Palestina do

Pará, respectivamente, terão novos pleitos.

Em todas essas cidades, as eleições de 2012 para prefeito foram anuladas pela Justiça Eleitoral porque o can-didato que recebeu mais de 50% dos votos válidos teve o registro de candidatura indeferido. De acordo com a resolução nº 23.280/2010 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesses casos, as novas eleições devem ser marcadas sempre no primeiro domingo de cada mês, pelos Tribunais

Regionais Eleitorais (TREs).

Novas eleiçõesAo todo, 59 cidades de 19

Estados já realizaram no-vas eleições para prefeito e vice-prefeito desde o início do ano. A maior parte dessas cidades está no Estado de São Paulo, onde ocorreram 11 eleições. Em seguida, vem o Estado do Rio Grande de Sul, que teve nove pleitos. Outras novas eleições ain-da poderão ser convocadas pela Justiça Eleitoral.

SEIS MUNICÍPIOS

Para entidades que representam agentes e peritos, falta de efi ciência da PF resulta no baixo número de condenações

Apenas 4% dos inquéritos viram denúncias do MP

A combinação de freio no Orçamento da Po-lícia Federal, desvios de função e confl itos

internos não resolvidos re-sulta em prejuízos ao comba-te ao tráfi co de drogas e aos crimes do colarinho branco, como a corrupção. “O proble-ma é o contingenciamento do Orçamento”, acrescenta o delegado Marcos Leôncio, presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF).

Mas dinheiro não é o único problema. A Federação Na-cional dos Policiais Federais (Fenapef) contabiliza que só 4% dos inquéritos são con-vertidos em denúncias do Mi-nistério Público, o que, para a entidade, signifi ca ou impu-nidade ou inefi ciência. “Isso prejudica diretamente. Você não tem o pessoal trabalhan-do onde deveria”, comenta o vice-presidente da entidade, Luís Antônio Boudens.

InsatisfaçãoO presidente da Associação

dos Peritos Criminais (APCF), Carlos Antônio de Oliveira, de-monstra insatisfação com a efi ciência das investigações. “A maior parte dos inquéritos na

PF são concluídos de forma que o Ministério Público não conse-gue denunciar e a Justiça não consegue condenar”, critica. Uma das medidas defendidas por ele é reunir apurações de te-mas semelhantes. Numa mes-

ma unidade, vários delegados abrem inquéritos diferentes para apurar, por exemplo, casos de falsifi cação de documentos. “Os casos são pulverizados e acabam arquivados.”

Ditadura e silêncioAs críticas se estendem ao

setor de comunicação da PF. “Ainda somos um órgão muito fechado. O setor de comunica-ção social parece de um órgão da ditadura militar, obrigada sempre a negar informações”, dispara Carlos Antônio.

A assessoria da PF prestou esclarecimentos ao site, mas não comentou as disputas en-tre as categorias profi ssionais da corporação. Também não disse como enfrentar o nú-mero crescente de suicídios entre os policiais ou medidas para melhorar a efi ciência dos inquéritos policiais. Outro as-sunto não explicado pela PF é sobre os eventuais desvios de funções na categoria.

Para o presidente da ADPF, delegado Marcos Leôncio, restrições orçamentárias prejudicam a PF

DIVULGAÇÃO

DEFICIÊNCIAProblemas internos na estrutura da Polícia Federal têm gerado inú-meros prejuízos à cole-tividade, como o com-bate massivo ao tráfi co de drogas e aos crimes do colarinho branco como a corrupção

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Page 7: EM TEMPO - 3 de novembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 A7Com a Palavra

Elas preci-sam saber que a União já conta com políti-cas públicas, em parceria com os go-vernos es-taduais, as prefeituras e os sistemas legais do nosso país, para apoiá-las”

Desde o dia 30 de outubro, o Amazo-nas entrou para a lista de unidades

federativas que aderiram ao programa Mulher, Viver sem Violência, com a assinatura do termo de adesão firma-do pela ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), e por represen-tantes do poder público es-tadual e municipal. À frente do programa, que agora con-templa 12 Estados do país, a ministra abordou pontos significativos em entrevista ao Amazonas Em Tempo, que poderão servir como auxílio na implementação cada vez mais bem sucedida da Lei Maria da Penha (lei federal 11.340, decretada em agos-to de 2006).

Para reforçar as medidas do Pacto Nacional pelo En-frentamento à Violência con-tra as Mulheres, o Mulher, Viver sem Violência oferece serviços públicos de segu-rança, justiça, saúde, assis-tência social, acolhimento, abrigamento e orientação para trabalho, emprego e renda. O objetivo da ini-ciativa é prestar de forma mais rápida o atendimen-to às vítimas da violência de gênero.

Somado às Centrais de Atendimento à Mulher (180), ao Pacto de Enfrentamento à Violência com Estados e Municípios, à indenização regressiva e a várias outras medidas do poder público, o programa federal garan-te uma rede protetiva com integração dos serviços e melhoria no acesso. As Ca-sas das Mulheres do Brasil devem começar a ser cons-truídas a partir do ano que vem, garantindo um passo a mais no fim do cons-trangimento daquelas que denunciam seus agressores e nem sempre encontra-vam estruturas adequadas para atendimento.

EM TEMPO - Pelo que já foi detectado pela Secre-taria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), quais os tipos de violên-cia mais enfrentados pe-las mulheres?

Eleonora Menicucci - Vão desde a violência psicoló-gica à violência física, que pode se transformar em fa-tal quando a mulher é vítima de assassinato. Ainda assim, qualquer forma de violência é uma violência lamentável que deve ser punida. Seja vio-lência sexual, como o estu-pro, ou violência doméstica, muitas vezes realizada pelo marido, namorado, compa-nheiro. Tudo é uma forma de agressão que muitas vezes pode chegar ao assassina-to. A violência psicológica, quando o homem ameaça, humilha a mulher na frente dos filhos ou de qualquer outra pessoa, também é uma situação lamentável, porque mexe com algo que não está explícito, que é o sen-timento da mulher de que ela é inferior.

EM TEMPO - E quem pode ser apontado como o principal vilão nesta história?

EM - Com certeza o maior vilão é o patriacardo, a cul-tura que coloca a mulher como propriedade e posse do homem, seja namorado, companheiro, pai e filho ou até mesmo um agressor desconhecido. Não se pode simplificar a questão da violência estruturada pelas relações de gênero.

EM TEMPO - A Lei Ma-ria da Penha é eficaz na proteção da mulher?

EM - É muito eficaz, pois trouxe à sociedade brasileira demonstração clara de que ainda existem mulheres so-frendo por conta de agres-sões. Ela não só minimizou a violência contra as mulheres como mostrou que dá cadeia e mexe na conta bancária dos agressores, tendo em vista a indenização regressiva, que

os obriga a ressarcir ao Ins-tituto Nacional do Seguro Social (INSS) as indeniza-ções pagas pelo Estado às vítimas ou a seus dependen-tes. Não posso dizer o núme-ro exato, mas sei que a lei contempla mais de três mil medidas protetivas, como a que define que os agressores mantenham uma distância da vítima. Além disso, foram mais de 30 mil presos em flagrantes desde sua imple-mentação, até mesmo com condenações emblemáticas, como no caso do ex-goleiro Bruno (condenado pelo as-sassinato de Eliza Samúdio), do policial militar reformado Mizael Bispo (que pegou 20 anos pelo assassinato de Mércia Nakashima, morta no dia 23 de maio de 2010 em uma represa na cida-de de Nazaré Paulista) e da banda de Salvador, New Hit (no qual nove integran-tes do grupo foram presos sob a suspeita de estupro contra duas adolescentes de 16 anos, após um show realizado em trio elétrico em Ruy Barbosa). São vá-rias situações na qual em menos de 5 anos os suspei-tos foram condenados. Em outros tempos, não haveria uma lei que condenasse.

EM TEMPO - O que as mulheres amazonenses ganham com a implemen-tação do programa?

EM - O programa muda a vida delas. A mulher passa a ter segurança, passa a valer o que sempre valeu, ou seja, ser um sujeito com os mesmos direitos do res-tante da sociedade. E ela vai ter proteção por conta da integração dos serviços dentro do mesmo espaço fí-sico, com a implementação da Casa Mulher do Brasil, que corresponde a Centros Especializados Integrados de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência. Serão nove núcleos de cen-tro especializados em zonas de fronteiras, sendo que já temos três e vamos abrir mais seis.

EM TEMPO - Como as vítimas podem participar do programa?

EM - Elas devem procurar a Casa da Mulher para serem encaminhadas a um dos 87 hospitais de referência que atendem a mulheres vítimas de violência agora. Nós te-mos uma lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT) que torna obrigatório e integral o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) para vítimas de vio-lência sexual, inclusive com métodos contraceptivos.

EM TEMPO - Com a ade-são do Amazonas, sobe para 12 a quantidade de unidades federativas en-volvidas com o Mulher, Vi-ver sem Violência: Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Roraima, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergi-pe. Existe diferenciação do projeto de uma região para a outra?

EM - É um programa bá-sico. Nós temos 26 dos 27 Estados que se interessa-ram em assinar o termo de adesão – apenas Pernam-buco ainda não entrou para esta lista. E o projeto é um só para todas as capitais. Nós entregaremos, sem dú-vida nenhuma, o programa com as diretrizes básicas para os que firmaram o termo. E, a partir daí, eles farão o desenho de como será alocado.

EM TEMPO - Para fi-nalizar, qual o recado a senhora daria às mulheres vítimas de violência de gênero?

EM - Elas precisam saber que a União já conta com po-líticas públicas, em parceria com os governos estaduais, as prefeituras e os siste-mas legais do nosso país, para apoiá-las. Isso prova que elas não estão nesta sozinha, que podem denun-ciar cada vez mais porque já existem políticas públicas para defendê-las.

Eleonora MENICUCCI

‘O maior VILÃO é o PATRIARCADO’

Com certeza o maior vilão é o patriarcado, a cultura que coloca a mulher como proprieda-de e posse do homem, seja namorado, com-panheiro, pai e fi lho ou até mesmo um agres-sor desconhecido. Não se pode simplifi car a questão da violência”

LUANA GOMESEspecial EM TEMPO

O progra-ma muda a vida delas. A mulher passa a ter seguran-ça, passa a valer o que sempre valeu, ou seja, ser um sujeito com os mesmos direitos do restante da sociedade”

FOTOS: TOMÁS FAQUINI

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Page 8: EM TEMPO - 3 de novembro de 2013

A8 Política MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Votações importantes no Senado ficam para terçaProjetos como o do Orçamento Impositivo e o fim do voto secreto devem entrar na pauta do Senado depois de amanhã

Duas propostas de emenda à Constitui-ção – a do orçamen-to impositivo e a que

acaba com todo tipo de voto secreto no Legislativo – devem ser votadas a partir da próxima terça-feira no plenário do Sena-do. O anúncio dessas votações foi feito pelo presidente da casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), na última quarta-feira.

A PEC do Orçamento Im-positivo (PEC 22 A/2000) foi apresentada pelo então sena-dor Antônio Carlos Magalhães (ACM). O texto aprovado na Co-missão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), e que será examinado pelos senadores, prevê que a União ficará obri-gada a liberar o dinheiro das emendas dos parlamentares ao Orçamento federal, até o limite de 1,2% da Receita Corrente Líquida (RCL) da União.

Além disso, a proposta cria uma fonte de financiamento estável para a saúde públi-ca, uma vez que 50% dessas emendas parlamentares serão destinadas ao setor. A expecta-tiva é que essa PEC seja votada, pelo menos em primeiro turno, na terça-feira. No dia seguinte, os senadores devem exami-nar a proposta de emenda à constituição (PEC 43/13) que

acaba com todo tipo de vota-ção secreta na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, nas Assembleias Legislativas estaduais, na Câmara Legisla-tiva do Distrito Federal e nas Câmaras de Vereadores.

Essa votação deve ser mais polêmica, a julgar pelos deba-tes ocorridos na última quarta-feira. Naquela sessão havia a possibilidade de essa proposta ser votada, mas o líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP), pe-diu mais tempo para melhor análise do texto.

O líder tucano considera o fim de todos os votos secretos no Poder Legislativo um “ver-dadeiro suicídio institucional”. O senador Walter Pinheiro (PT-BA), por sua vez, afirmou que a bancada do Partido dos Traba-lhadores apoia “integralmen-te a questão do voto aberto em todas as circunstâncias no parlamento brasileiro”.

O relator da proposta na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Sérgio Souza (PMDB-PR), ad-mite que falta unanimidade quanto ao voto aberto, mas defende que a emenda cons-titucional deva ser votada o quanto antes e lamentou que essa votação já não tenha acontecido na quarta-feira. Senadores adiaram para a próxima terça-feira votações como a PEC do Orçamento Impositivo

Os senadores também podem votar, na próxima semana, a PEC 57A/1999 que pune quem explora trabalho escravo. Se-gundo o texto, comete esse crime quem força outra pessoa a trabalhar mediante coação ou res-trição de liberdade, quem obriga o trabalhador a uma jornada exaustiva, em condições degradan-tes, ou que dificulta sua locomoção por conta de dívidas. A punição é a expropriação da área, tanto rural, quanto urba-na, para fins de reforma agrária ou para progra-mas habitacionais.

Os senadores devem votar também o PL 432/2013, que regula-menta a expropriação das propriedades rurais e urbanas onde se encon-tre trabalho escravo.

Trabalho escravo entra na pauta

ANA VOLPE/SENADO

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Polo cerâmico amazonense a todo vapor

IONE MORENO

Características e práticasde um verdadeiro gestorHabilidade de comunicação, iniciativa e perfi l educador são os pré-requisitos que um “chefe” deve ter para se tornar um líder

Se há algum tempo o autoritarismo era a melhor forma de conduzir uma equipe,

hoje este é considerado o maior pecado de quem assu-me um cargo de chefi a. Com as oscilações no meio empre-sarial, surgiram até mesmo diferenciações das posições de chefe e líder. Para quem deseja ser um bom gestor, dar somente ordens é uma carta “fora do baralho”.

O atual modelo de lideran-ça, que ainda tem a resis-tência de alguns gestores, foi moldado pelas novas re-lações de trabalho, segun-do o gerente da unidade de capacitação empresarial do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empre-sas do Amazonas (Sebrae-AM), Ricardo Rivadavia. “Passou do uso do comando e da força para o modelo do convencimento e adesão a propostas inovadoras e motivadoras”, ressalta.

Rivadavia pontua que o líder moderno não cumpre apenas tarefas, mas supe-ra desafi os, especialmente quando lida com mentes, pes-soas e não mais funções e processos. Muito mais que um diploma de nível supe-rior, o bom gestor precisa ter habilidade de comuni-cação, equilíbrio emocional e perfi l de educador.

O gerente cita como exem-plo Luiza Trajano, do Maga-zine Luíza, que lidera cinco mil lojas e mais de 20 mil colaboradores sem nunca ter ido a uma faculdade. Para ele, as principais características do líder moderno são sua

visibilidade como visionário, capacidade de correr riscos calculados, o fato de ser motivador, inovador, pers-picaz, fl exível com pessoas e fi rmemente comprometido com resultados.

Há tempos no departa-mento de capacitação em-presarial, Rivadavia destaca que a principal mudança do “líder de ontem” e do “líder de hoje” é que liderança não é mais resultado de uma indicação superior, ou seja, se não houver reco-nhecimento deste “dom” por parte do grupo, os resulta-dos finais da equipe serão irrisórios. “Portanto, a nova liderança é primeiramente conquistada, não adquirida por cargo. Nem sempre o chefe é o líder, e os desavisa-dos que ainda insistem nes-te modelo estão fadados ao fracasso”, assevera.

ReconhecimentoPara ter êxito no comando,

o líder não precisa ser o best friend forever (gíria bastante popular da geração atual) de seus funcionários, mas deve priorizar a motivação daqueles que o cercam. Além disso, Rivadavia chamou atenção sobre a necessidade de preservar uma “distância profi ssional”. “No sentido de que suas relações devem ser absolutamente respeitosas e corteses, mas sem perder de foco que essa relação tem um objetivo: alcançar um resultado, que precisa ser vendido como benéfi co para todos”, enumera.

O diretor-executivo da con-sultoria Strategic Advanced, Carlos Rosa, afi rma que a teo-ria remete a três estilos bási-cos de liderança: autocrática,

democrática e liberal. En-tretanto, segundo ele, com o aumento da complexida-de se fez necessário de-senvolver variantes, tais como: liderança visionária e situacional.

Rosa pontuou as princi-pais falhas de quem as-sume um cargo de chefi a: “subestimar a capacidade dos seus liderados, não percebendo seus pontos fortes e fracos, mudar o comportamento (para pior) em função de estar no poder e não liderar por atitudes, mas sim cobrar uma postura e fazer o contrário do que fala.

LUANA GOMESEspecial EM TEMPO

Para o diretor, as princi-pais características de um líder se remetem à capaci-dade de motivar, fazer as pessoas comprarem um so-nho, desenvolver equipes, atingir resultados, atitudes positivas e construtivas, vi-são sistêmica, inteligência emocional e espiritual.

Antes mesmo de pensar que no ganho fi nanceiro, Rosa salientou que um dos maiores retornos da boa liderança é o clima organi-zacional saudável, pessoas motivadas e felizes com que fazem e como fazem, assim como o reconheci-mento do grupo.

Motivar e atitudes positivas

DICAS PARA SER UM BOM GESTOR1. Praticar uma boa governança: com transparência, confi ança

e respeito às legislações.

2. Atuar coletivamente e decidir participativamente.

3. Identifi car, estimular, desenvolver e reconhecer talentos – inclusive os melhores que os seus próprios.

4. Focar sempre em resultados coletivos.

5. Não colocar coisas antes das pessoas; entendendo que o capital fi nanceiro, físico e estrutural da empresa não é nada,

sem o capital intelectual.

6. Liderar por atitudes.

7. Desenvolver a espiritualidade dos liderados, no sentido de estimular valores mais nobres nas relações com o grupo e a ambiência que o cerca (respeito, solidariedade, colaboração,

cortesia, família e religião de cada um).

8. Ser transparente, verdadeiro e constante em apresentar indi-cadores durante e no fi nal do processo.

9. Trabalhar para a empresa e não na empresa.

10. Vencer a si mesmo, em suas difi culdades e fraquezas, todos os dias.

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Enquanto o Congresso adia a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC-506/2010), que prorroga por 50 anos a Zona Franca de Manaus, por manobra da bancada pau-lista para incluir os benefícios fi scais para Informática por igual período,um fato relevan-te colocou na ordem dia das empresas - que aguardam até 50 meses para ter seu PPB - Processo Produtivo Básico liberado - a consulta jurídica na busca por seus direitos. Não resta alternativa, que não seja a investida ao arcabouço jurídico, para defi nir as regras do jogo que amparam os inves-timentos na Zona Franca de Manaus. O fato relevante é a re-cusa peremptória, por parte do Ministério do Desenvolvimento e de Ciência, Tecnologia e Ino-vação, do PPB de um item a ser produzido no Polo Industrial de Manaus. O item, que será reve-lado tão logo a empresa tome suas providências legais, é um entre as dezenas que aguar-dam manifestação ministerial. Sem critérios explicitados, nem amparo jurídico para a decisão, a recusa pura e simples revelou que o GTPPB, a instância dos ministérios que dá a senten-ça, passa a ser o formulador da política industrial nacional, com status jurídico superior à Carta Magna e à suprema corte deste país. Pode?

Até aqui as entidades que representam as empresas locais,em nome da proativi-dade e nobreza que devem permear as relações, descar-taram a hipótese de recorrer à Justiça para dirimir dúvi-das e equacionar pendências,

atrasos, descasos... A sen-tença de veto de ao PPBvai brecar um empreendimento, com os danos e perdas que isso representa. Em Manaus, diz o decreto-lei 288/67, que criou a ZFM, somente está proibida a fabricação de ar-mas e munições, perfumes, fumo, bebidas alcoólicas e automóveis de passageiros. Para todos os demais pro-dutos, o governo federal, por regulamentação por ele pró-prio estabelecida, tem 120 dias para publicar o PPB e se não o faz, não resta outra saída além de recorrer à jus-tiça. No mais pessimista dos cenários, o juiz dirá que o PPB está aprovado por decurso de prazo. Simples assim! Ele não encontrará em lugar algum do acervo jurídico nacional qualquer penduricalho legal que impeça quem quer que seja o direito de fabricar, no âmbito da Zona Franca de Manaus, qualquer produto.

Do lado de quem estão as entidades quando o PPB de um produto fi ca travado ou, como agora, não foi liberado? A resposta parece óbvia mas não tem sido assim a partir desse axioma legal insofi smá-vel. A mesma pergunta se aplica à Suframa, a agência federal que tem a responsabilidade da distribuição de benefícios fi scais. Até aqui Suframa e entidades buscaram a nego-ciação, temendo que os pingos da legalidade nos is da intran-sigência imperativa resultem em aumento das liberalidades formais, em outras palavras os entraves burocráticos. Este caminho da conversa proativa

não tem prosperado pondo em risco o marco regulatório de uma ZFM que encolhe a cada dia. Os dados de desempenho-estão aí para quem sabe ler.

Essa alternativa da diploma-cia fi scal, e da desregulamen-tação burocrática se revela na indefi nição, por exemplo, do modelo de gestão do Centro de Biotecnologia da Amazônia, que consumiu mais de 120 milhões das empresas instala-das na ZFM, e tantos prejuízos causa há 13 anos pela protela-ção do polo de biotecnologia. Entidades e a própria Suframa, em lugar de descredenciar com o aparato legal o mandonismo do GTPPB, se curvam à decisão de dois burocratas que não adotam a Lei, nem se baseiam em critérios públicos e trans-parentes para proibir empresas no âmbito da ZFM. Melhor seria contestar, com as tábuas da lei, a insensatez de travar por tantos anos um polo de bio-indústria que poderia promover o aproveitamento inteligente e não predatório da biodiversida-de. Quanto à embromação ou veto do PPB, transcorridos os 120 dias por ele próprio esta-belecidos, que se consulte a lei e lhe confi ra o poder dadecisão. Chega do discurso da indig-nação moral, da especulação sobre razões republicanas, ou obscuras, em busca daquilo um direito líquido e certo. Esgota-das as saídas, construídas na mesa de negociação eleitoral, o melhor caminho – como re-comendam sábios juristas es-colados no direito familiar ou empresarial - o mais correto caminho é a lei.

Em agosto último, depois de

esperar mais de 4 anos pela liberação do PPB, o Processo Produtivo Básico que normatiza e habilita o produto para fruição dos incentivos fi scais, a empre-sa de medicamentos Novamed obteve a aprovação do projeto no Conselho de Administração da Suframa, órgão máximo de distribuição dos incentivos na Zona Franca de Manaus. São mais de 50 de prejuízos causados pela demora na liberação do PPB. É curioso lembrar esta é a primeira indústria de fármacos, com capacidade potencial de utilizar a imensidão de recur-sos genéticos da fl oresta. No limite, esta é a base ecológica de que falava o atual ministro do Desenvolvimento, ao cobrar da ZFM outras matrizes econô-micas com agregação de valor e maior competitividade. Outras propostas do setor, incluindo empresas de cosméticos, foca-das em oleaginosas, fi bras e resi-nas com potencialidade comer-cial, desistiram ou capitularam diante do lobby contra a ZFM. A pátria da nutracêutica, de que falava a geógrafa Bertha Becker, ao propor estabelecimentos de produção para as comunidades ribeirinhas amazônicas, esbarra na pátria da burocracia transfor-mada em entidade autotrófi ca. E essa incerteza da insegurança legal, prazos imponderáveis, en-tre outros entraves,interferem na tomada de decisões, de-sestimula a programação dos investidores, embaralha cronogramas, enfi m, compro-mete a defi nição de novos empreendimentos na região.

Defi nido pela lei federal n.º 8.387, de 30 de dezembro de 1991, o PPB foi criado

para substituir a política an-terior que era estabelecida pelo índice nacionalização de componentes, e para reduzir a importação de insumos. O processo fi xa um conjunto mí-nimo de etapas físicas a serem cumpridos pelas empresas que se candidatam a receber in-centivos, e foi estabelecido para gerar maior adensamen-to da cadeia produtiva e agre-gação nacional. Cumpridas as exigências, a empresa inicia a produção daquele bem e só a partir daí passa a usufruir das isenções tributárias. Te-oricamente o PPB cumpre o papel de controlar o número de importação e de exigir níveis crescentes de nacionalização de partes e peças produzidas. Cada produto obrigatoriamen-te tem que cumprir a um PPB, e sua liberação tem passado por critérios técnicos e por pressões dos Estados mais industrializados, temendo a paranoia da fuga de empre-endimentos em direção a Ma-naus. Se os benefícios fi scais da ZFM só são concedidos com o início da fabricação, e sua fruição após a comercializa-ção dos produtos, protelar ou embargara liberação do PPB é espalhar danos, impedir a criação de empregos e renda, evitar a receita pública dos tributos. É essencial recordar que o modelo Zona Franca de Manaus – intrinsecamente ligado ao zelo e guarda do bioma fl orestal - é a política federal de desenvolvimento mais acertada para a Amazô-nia. Com a palavra, a Justiça!

(*) Alfredo é fi lósofo e ensaísta

Alfredo MR Lopes [email protected]

PPB: o embargo ilegal

Alfredo MR Lopes

Filósofo e ensaísta

Do lado de quem estão as entidades quando o PPB de um produto fi ca travado ou, como agora, não foi libe-rado? A res-posta parece óbvia mas não tem sido assim a partir desse axioma legal insofi smável

Antecipar benefício nemsempre é a melhor saídaEspecialistas recomendam cautela para quem solicita o adiantamento do décimo terceiro salário junto aos bancos

Há empregadores que deixam para pagar o décimo terceiro somente no dia 20

de dezembro, último prazo do pagamento imposto pela lei 4.749, de 1965. Diante desta realidade, muitos fun-cionários decidem recorrer a medidas drásticas por não “aguentarem” o tempo de espera e optam pela anteci-pação do benefício por meio das instituições fi nanceiras. Os economistas alertam que esta não é a melhor opção.

Com taxas a partir de 3,09% ao mês, o Bradesco oferece antecipação de até 80% do valor total do décimo ter-ceiro. A alternativa pode ser solicitada até dia 07 des-te mês. No caso específi co dos aposentados que rece-bem até um salário mínimo, a solicitação pode ser feita até dia 22. O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pode ser fi nanciado e incluído no valor da prestação.

No caso do Banco do Bra-sil, a antecipação de mesmo percentual do valor a receber do benefício é destinada aos clientes que recebem salário

creditado em conta-corren-te no banco e com limite de crédito aprovado. A linha não exige garantia e o IOF é fi nanciado automaticamente no valor da prestação. As parcelas do crédito – que fi ca na faixa de R$ 100 a R$ 5 mil – coincidem com o recebimento do benefício ou vencimento do contrato, o que ocorrer primeiro.

Ainda que a medida seja aprazível aos olhos dos “afo-bados”, o membro do Con-selho Federal de Economia (Cofecon), Erilvaldo Lopes, de-talha que é um erro ter pressa em gastar o décimo terceiro, especialmente quando não se trata de um benefício, mas direito do trabalhador. “Só em caso de extrema necessi-dade, pois o banco vai cobrar um ágio sobre o valor. Afi nal, trata-se de um empréstimo, embora com baixíssimo risco para o banco”, considera.

Lopes especifi ca que o tra-balhador deve esperar o prazo e priorizar o décimo terceiro no pagamento de dívidas ou ao menos a amortização; ou realizar investimento em caso de quem não tem dívidas; ou complementar a compra de um bem de consumo que já esteja programado.

O assessor de economia da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas (Fecomércio/AM), José Fernando Pereira, afi rma que, a não ser que o consumidor esteja “atolado em dívidas”, antecipar o dé-cimo terceiro não é um dos melhores recursos, já que o

risco do banco é zero, porque debita o crédito logo que o benefício é depositado. Nes-te caso, só quem perde é o próprio cliente do banco, em virtude dos altos juros.

Segundo ele, uma das ob-servações dos últimos anos é que grande parte do per-centual do décimo terceiro

é aplicada na aquisição de bens de consumos duráveis. Por sinal, estimativa da Câ-mara dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL-Manaus) era que 40% do montante referente ao benefício – que deve ser pago nesta segunda parcela – seria utilizado para quitação de dívidas, enquan-

to o restante refl etiria nas vendas do setor.

Como dica, José Fernan-do considera que uma das melhores estratégias é fazer uma reserva do di-nheiro, abrindo ou inves-tindo em uma caderneta de poupança para evitar futuras “dores de cabeça”.

Mais dicas para evitar recorrer ao “atrativo”

LUANA GOMESEspecial EM TEMPO

REPRODUÇÃO

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Polo cerâmico do Estadocom trabalhos aceleradosA um mês do início do período de chuvas, o setor está produzindo diariamente 400 mil tijolos em Iranduba e Manacapuru

Até a primeira quinzena de dezembro, o polo cerâmico do Estado vai funcionar a todo

vapor. Antes que o período de chuvas se intensifique e o nível do Rio Negro volte a su-bir, impossibilitando a coleta da argila, as 30 fábricas dos municípios de Iranduba e Mana-capuru, trabalham no máximo da capacidade produtiva.

Segundo a Associação de Ce-ramistas do Estado do ama-zonas (Aceram), um milhão de tijolos estão saindo do forno das olarias diariamente, ge-rando um faturamento tam-bém diário de R$ 400 mil ao setor. A presidente da Ace-ram, Irlene Batalha, analisa que, com a produção no topo, a receita do segmento neste ano deve ser 20% maior em relação ao do ano passado.

De acordo com a presidente, com a alta da demanda, o preço do insumo também subiu. No último mês, conforme o sindica-to, o preço do milheiro do tijolo foi reajustado em 8%, sendo vendido atualmente entre R$ 390 e R$ 410. “Com o reajuste, que ocorreu devido à dificuldade de matéria-prima e o bom pe-

ríodo para o setor, esperamos aumento de até 20% sobre o ano anterior”, afirma.

O sócio e gerente da ola-ria Cerama, Geraldo Dutra, avalia o ritmo de produção como bom e diz que os prin-cipais clientes das olarias do polo são as obras residen-ciais do Estado. “As gran-

des obras comerciais e de construtoras expressivas não consomem os tijolos do polo amazonense. O grande consu-midor é aquele que constrói ou reforma sua casa”, diz.

Segundo Dutra, a partir do próximo ano, o setor pode cres-cer ainda mais, pois passará a ser estimulado pelas constru-ções do programa do governo federal Minha Casa Minha Vida no interior do Estado.

SEGMENTOO polo cerâmico de Iranduba e Manacapuru é composto por aproxi-madamente 30 fábricas de pequeno porte que, juntas, empregam cinco mil funcionários diretos e criam em torno de 12 mil empregos indiretos

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

Apesar do bom momento, a falta de licenças pelo Institu-to de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) para extra-ção de matéria prima (argila para a produção e lenha para a queima dos tijolos) pode

impedir o avanço do setor. De acordo com a presidente da Aceram, Irlene Batalha, o es-toque produzido pelo setor vai durar até março de 2014.

O diretor presidente do Ipa-am, Antônio Stroski, informou

que o polo não será prejudica-do por falta de acesso à mão de obra, mas disse que os produtores terão de cumprir as exigências ambientais. Ele disse ainda que os resíduos obtidos das obras da Cidade

Universitária, serão disponibi-lizados ao setor. “Serão de oito mil a 8,9 mil metros cúbicos de lenha disponíveis ao longo da construção, além de toda argila que puder ser retirada da área”, adiantou.

Falta de licenças pode afetar o desempenho

Com a produtividade a todo vapor e as vendas em alta, as olarias, juntas, chegam a faturar até R$ 400 mil por dia

DIEGO JANATÃ/ARQUIVO EM TEMPO

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

HAP VIDA

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B5EconomiaMANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

A população do interior do Amazonas terá mais assis-tência do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) para solicitar o recebimento de benefícios previdenciá-rios. A expectativa do órgão é de que três PREVbarcos – unidades flutuantes móveis voltadas para o atendimen-to e concessão de benefí-cios – estejam em funciona-mento a partir do segundo semestre de 2014.

As embarcações, que juntas somam investimentos – ainda em processo licitatório – de R$ 193 milhões, vão se so-mar a uma unidade flutuante já em atividade no Estado e devem suprir 43 municípios com cem mil atendimentos por ano, a partir de 2014. Com a expansão, as calhas dos rios Juruá, Purus, Japurá, Madei-ra, Médio e Alto Solimões, Baixo Amazonas e rio Negro passam a compor a área de abrangência do serviço, com mais de 20 mil quilômetros de malha fluvial.

De acordo com o gerente da unidade móvel flutuante Ma-naus 1 (PREVbarco), Clizares Santana, o objetivo das novas

unidades é atingir localidades no Estado onde não existem agências e dar mais tempo à população para atendimento junto ao órgão. “Hoje, com apenas um barco, a Previ-dência consegue passar, no máximo, seis dias em cada município. Com o aumento da frota, essa permanência passa para 25 dias, em média,

por localidade”, enfatiza.Segundo Santana, entre

as principais atividades, as equipes das embarcações, compostas por oito pesso-as – seis técnicos do INSS, um assistente social e um médico perito – vão realizar os atendimentos e a con-cessão de benefícios, sendo os principais, o salário-ma-ternidade e a aposentadoria

por tempo de serviço.

Obstáculos Mesmo com o aumento da

frota previsto para o próximo ano, o gerente explica que a cobertura previdenciária do Estado ainda deixa a desejar. O índice do Amazonas é de 7,2% de cobertura contra um índice nacional de 15,4%. “Es-tamos muito abaixo da média. Com os avanços no número de atendimentos, pretendemos alcançar 11% de cobertura nos próximos 5 anos, mas ain-da assim é pouco”, afirma.

Para mudar o quadro, o gestor ressalta que é ne-cessário o auxílio de coo-perativas, sindicatos locais, prefeitura e da Associação Amazonense de Municípios (AAM). “Para conseguir o benefício da aposentadoria, por exemplo, um trabalhador rural vai precisar comprovar o tempo de serviço e como, em geral, esses trabalha-dores são informais, todos esses órgãos podem ajudar a facilitar a captação dos documentos para a conces-são de benefícios. Quanto mais organizado for o mu-nicípio, mais fácil é vencer a burocracia e conceder benefícios”, argumenta.

Amazonas receberá mais três unidades flutuantesEm 2014, o Estado vai ser contemplado com mais três embarcações para atendimento de benefícios previdenciários

Objetivo é chegar a localidades onde não existem agências e melhorar o atendimento à população

EM 2014As embarcações, que juntas somam inves-timentos de R$ 193 milhões, vão se somar a uma unidade flutuante já em atividade no Es-tado e devem suprir 43 municípios com cem mil atendimentos por ano

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

Até outubro deste ano, três expedições com o PREVBar-co foram realizadas aten-dendo 20 municípios. De acordo com dados do INSS, já foram pagos R$ 8,3 mi-lhões em benefícios para 2,9 mil beneficiários no Estado. Em torno de 80% do mon-tante pago foi destinado ao auxílio salário-maternidade com 2,3 mil concessões.

A primeira missão, em janeiro deste ano, que du-rou 93 dias e percorreu os municípios de Boca do Acre, Lábrea, Pauiní, Canutama e Tapauá foi a que registrou melhores resultados com 9,1 mil atendimentos e 1 mil benefícios concedidos.

A segunda, realizada no mês de maio em cinco mu-nicípios do Médio Solimões,

registrou 5,9 mil atendimen-tos com 418 concedidos. Já a expedição ao Alto Solimões finalizada em outubro teve 5 mil atendimentos e 1,2 mil benefícios concedidos. Foram atendidos moradores dos municípios de Alvarães, Uarini, São Paulo de Oliven-ça, Amaturá, Santo Antônio do Içá, Tonantins, Jutaí e Fonte Boa.

Expedições vão a 20 municípios

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Brasil e Alemanha se unem por violação de privacidadeOs dois países vão à ONU contra as recentes denúncias de espionagem de agências de segurança dos Estados Unidos

Brasil e Alemanha evo-caram a Declaração Universal dos Direitos Humanos na proposta

de resolução contra invasão de privacidade entregue nesta semana à Organização das Na-ções Unidas (ONU), em Nova York. Para os dois países, as pessoas devem ter garantidos, no ambiente digital, os mes-mos direitos que têm fora dele. A iniciativa é uma resposta para as ações de espionagem internacional da Agência Na-cional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos.

De acordo com o documen-to, a coleta de informação por meio da interceptação de dados é uma “preocupação crescente”, devido ao ritmo do desenvolvimento tecnoló-gico dos países, que aumenta a capacidade de monitoramento por parte de Estados e empre-sas. As normas internacionais que fundamentam proposta conjunta são o Artigo 12 da Declaração Universal dos Di-reitos Humanos e o Artigo 17 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que mencionam o direito à pri-vacidade, a inviolabilidade de correspondência e a proteção contra ofensas.

No texto apresentado à ONU,

os dois países observam que, apesar da necessidade das medidas de combate ao ter-rorismo, essas práticas devem ser feitas de acordo com o di-reito internacional, os direitos humanos, o direito dos refugia-dos e o direito humanitário.

Brasil e Alemanha pedem, no texto, garantia para proteção

de dados em comunicações digitais; medidas para a ces-sação das violações do direito à privacidade (inclusive, por meio da adequação das le-gislações nacionais); revisão dos procedimentos adotados atualmente; estabelecimento de mecanismos nacionais de supervisão de atividades de espionagem e intensificação da transparência no âmbito das comunicações.

Presidentes do Brasil e da Alemanha evocaram, na ONU, a Declaração Universal dos Direitos Humanos contra invasão americana

AFP

PREOCUPAÇÃODe acordo com o do-cumento, a coleta de informação por meio da interceptação de dados é uma “preo-cupação crescente”, devido ao ritmo do desenvolvimento tec-nológico dos países

A proposta de resolução, que vai tem de passar pela apre-ciação das delegações dos 193 países-membros da ONU, pede ainda que a alta comis-sária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi

Pillay, apresente à Assembleia Geral da ONU, de forma prio-ritária, um relatório preliminar sobre a proteção do direito à privacidade e recomendações a serem consideradas pelos Estados nas próximas sessões

da assembleia - em outubro de 2014 e 2015.

O documento apresenta-do está no contexto das recentes denúncias de espio-nagem feitas pela imprensa internacional por meio de

informações repassadas por Edward Snowden, ex-consul-tor contratado para prestar serviços à Agência Nacio-nal de Segurança (NSA), órgão de segurança do governo norte-americano.

Proposta requer ações severas contra os EUA

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B7MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 País

Inep vai aplicar questionário a faltosos nas provas do Enem

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa-cionais Anísio Teixeira (Inep) vai aplicar um questionário aos candidatos que se ins-creveram, mas não fizeram a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no final de semana passado, com o objetivo de identificar o perfil desses estudantes.

O exame deste ano regis-trou 29% de abstenção. Dos mais de 7,1 milhões de can-didatos inscritos, cerca de 2 milhões não compareceram à prova. O Inep estima um gasto de aproximadamente R$ 58 milhões com impressão de provas e contratação de profissionais que atenderiam a esses estudantes.

A taxa de abstenção man-tém-se constante nas últimas edições, porém à medida que o número total inscrições au-menta, crescem também os gastos com o exame.

O Ministério da Educação

(MEC) estuda medidas para evitar ou repor essas despesas. O questionário servirá para levantar o perfil dos participan-tes ausentes e servirá de base, segundo o Inep, para a elabo-ração de “uma solução estru-turante para reduzir o índice de abstenção no exame”.

CancelamentoO Inep também avalia a pos-

sibilidade de abrir um prazo para que os candidatos cance-lem a inscrição no Enem, antes da impressão das provas.

O presidente do instituto, Luiz Claudio Costa, disse à Agência Brasil que adoção de medidas punitivas para os participantes que faltam sem justificativa dependem de mudanças na le-gislação, como a cobrança em dobro da taxa de inscrição.

As provas do Enem fo-ram aplicadas no último final de semana, nos dias 26 e 27 de outubro, em mais de 1,1 mil cidades.

PESQUISA

Confederação Nacional de Transporte (CNT) admite que, com boas estradas, motoristas reduziriam consumo de combustível

Rodovias bem pavimentadas permitem economia de 5%

Se o pavimento de to-das as rodovias do país tivesse classifi-cação boa ou ótima,

em 2013, seria possível uma economia de até 5% no con-sumo de combustível, o que representa, no caso do óleo di-sesel, 661 milhões de litros (R$ 1,39 bilhão). Também haveria redução da emissão de 1,77 megatonelada de gás carbôni-co. A conclusão é da pesquisa “CNT Rodovias”, apresentada pela Confederação Nacional do Transporte.

A pesquisa feita este ano mostrou que 63,8% da exten-são avaliada apresenta proble-mas ligados a pavimento, sina-lização e geometria da via. Em 2012, o percentual era 62,7%. A CNT percorreu 96.714 quilô-metros de rodovias, o equiva-lente a toda a malha federal pavimentada e às principais rodovias estaduais.

Em relação ao pavimento, foi avaliado se as vias aten-dem a atributos como ca-pacidade de suportar efeitos do mau tempo, resistência da estrutura ao desgaste e esco-amento eficiente das águas (drenagem). A pesquisa apon-tou que 46,9% do total avalia-do apresentam deficiência.

SinalizaçãoSobre a sinalização, a pes-

quisa indica que 67,3% da ex-tensão avaliada apresentam problemas. Segundo a CNT, o resultado é preocupante, porque os sinais de trânsito têm a finalidade essencial de transmitir aos motoristas in-formações e instruções para garantir a movimentação cor-reta e segura dos veículos.

Os dados sobre geometria das vias mostram que 77,9% não estão em padrões sa-tisfatórios. De acordo com a confederação, as caracte-rísticas geométricas da via afetam a habilidade dos mo-toristas em manter o contro-le do veículo e em identificar situações e características perigosas nas vias.

As rodovias concessiona-das são as mais bem ava-liadas pela pesquisa da CNT. Em relação ao estado geral, 84,4% foram classificadas como ótimas ou boas, en-quanto 15,6% ficaram no pa-tamar de regular, ruim ou pés-simo. A análise das rodovias sob gestão pública mostrou que 26,7% são classificadas com condições ótimas ou boas e 73,3% não estão em condições satisfatórias. Em relação ao estado geral, 84,4% foram classificadas como ótimas ou boas, enquanto 15,6% ficaram no patamar de regular

AG/BR

DIVULGAÇÃO

Planos de saúde pagam somente 20,7% das multas

As operadoras de planos de saúde e odontológicos receberam, entre janei-ro a agosto de 2013, R$ 243.356.843,27 em mul-tas. Porém, dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) mostram que somente 20,7% das multas aplicadas são pagas.

A quantidade de multas aplicadas cresceu 390% nos últimos cinco anos, passando de 415 para 2.035, sendo que em 2009 as empresas rece-beram R$ 50.798.090,27 em multas e pagaram somente 15,2% do montante.

De acordo com a ANS, o aumento no número de multas neste ano é resul-tado de um maior rigor no controle e na fiscalização das ações de operadoras de planos de saúde, além da maior procura dos con-sumidores pelos canais de relacionamento da agên-cia e para reclamações.

Só em 2012, a ANS re-cebeu mais de 1 milhão de ligações e a maioria das reclamações é sobre a negativa de cobertura.

Por conta dos serviços ruins que estão sendo prestados, 246 planos de 26 operadoras estão com a comercialização sus-pensa, sendo que desde o ano passado, já foram suspensas a comerciali-zação de 618 planos de saúde de 73 operadoras.

Apesar das classes me-nos favorecidas, com renda familiar mensal de até R$ 1.109, representar apenas 8% do total dos usuários de planos de saúde individuais no Brasil, ela é a maioria entre os novos contratan-tes. Da fatia dos segurados desta faixa da população, mais de 54% contrataram um plano nos últimos três anos, apontou um estudo do Data Popular.

ANS

Inep quer traçar perfil de estudantes que deixam de fazer o Enem

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Força-tarefa americana vai monitorar efeitos climáticosPromessa de campanha do governo de Barack Obama, as mudanças climáticas da Terra são alvo de grupo de estudo

O presidente dos Esta-dos Unidos, Barack Obama, criou por decreto um grupo

de trabalho para assessorar o Governo em relação aos efei-tos das mudanças climáticas, informou a Casa Branca. A formação dessa “força-tare-fa”, composta por oito gover-nadores e líderes de governos locais, é uma continuação do plano de ação para o clima, lan-çado em junho por Obama.

Uma lei para lutar contra as mudanças no clima, promes-sa do presidente durante a campanha eleitoral para seu primeiro mandato em 2008, não foi alcançada no Con-gresso devido à oposição dos legisladores republicanos, que negam a existência de mudan-ças climáticas provocadas por atividades humanas.

Também se opõem a uma norma desse tipo os legisla-dores democratas de estados com importantes receitas pro-cedentes de combustíveis fós-seis, como Virgínia Ocidental (carvão) e Louisiana (petróleo). Por isso, Obama se comprome-teu a agir por decreto, na ten-tativa de reduzir as emissões de gases de efeito estufa no país, seja por meio da formu-lação de normas mais rígidas

para o consumo dos veículos ou para a contaminação do ar por parte das indústrias.

Obama também ordenou às agências do Governo que pro-movessem a preparação das autoridades locais para os efei-tos das mudanças climáticas, dos graves incêndios florestais no oeste do país aos frequentes ciclones na costa atlântica e no Golfo do México.

GestãoIsso implica em ajudar as

comunidades a “atualizar suas normas de construção, ajustar a forma de gestão dos recursos naturais, investir em infraes-truturas mais sólidas e reparar os danos” eventuais, segundo a Presidência. Esta iniciativa do governo democrata foi revelada no mesmo dia da publicação de uma pesquisa de opinião feita pelo Centro Pew sobre Mudan-ças Climáticas, que mostra que 67% dos americanos acredi-tam que há “evidências sólidas” do aquecimento global.

No entanto, esse percentual não mostra uma disparida-de de opiniões entre os de-mocratas e os republicanos: 88% dos aliados do presidente Obama acreditam no aqueci-mento, contra 50% de seus adversários políticos. Obama se comprometeu a agir por decreto, na tentativa de reduzir as emissões de gases de efeito estufa nos Estados Unidos

AFP

União gay em pesquisa do VaticanoLEVANTAMENTO

Jornalistas denunciam na OEA falta de liberdade

ARGENTINA

Em uma audiência na Co-missão Interamericana de Direitos Humanos da Orga-nização dos Estados Ameri-canos (OEA), em Nova York, dois jornalistas argentinos acusaram o governo de Cris-tina Kirchner de cercear a liberdade de imprensa no país. Joaquín Morales Solá, colunista do jornal “La Na-ción” e do canal a cabo TN, do Clarín, e Magdalena Ruiz Guiñazu, apresentadora da Rádio Continental, represen-taram um grupo que inclui ou-tros 5 jornalistas do país.

Solá falou em “represá-lias que se são através da demonização do jornalismo independente”. Segundo o jornalista, o Estado pro-move uma censura indire-ta utilizando-se de diversos meios para difamar os jor-nalistas que têm uma visão crítica ao governo.

Já Magdalena contou um episódio ocorrido há 3 anos

em que foi submetida a “um julgamento ético e popular” na frente da Casa Rosada, no qual foi acusada falsamente de ter sido chefe de imprensa do Ministério da Economia durante a ditadura.

Dois membros do go-verno argentino também participaram da audiên-cia. A embaixadora argen-tina na OEA, Nilda Garré, classificou a exposição dos jornalistas como “a voz das corporações”.

Nesta semana, o Governo ganhou na Justiça uma bata-lha de 4 anos contra o gru-po de mídia Clarín, principal crítico à gestão de Cristina. A Corte Suprema declarou constitucional quatro arti-gos antimonopólio da Lei de Mídia que eram questio-nados pela empresa.

A OEA reconheceu nes-te ano que a Lei de Mídia “representa um importante avanço” na Argentina.

O Vaticano está pedindo que bispos e párocos do mundo todo expressem as opiniões locais sobre casamento ho-mossexual, divórcio e controle da natalidade, numa pesquisa preparatória para um sínodo em 2014 que discutirá a re-ação entre os ensinamentos católicos e a família.

Esse tipo de levantamento é comum antes dos sínodos (reunião geral de bispos), mas esse questionário em especial demonstra uma maior sensi-bilidade com questões outrora consideradas tabu, como a maneira pela qual a Igreja pode incluir crianças adotadas por casais homossexuais.

O questionário foi enviado aos bispos em 18 de outu-bro, acompanhado de uma carta do arcebispo Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do sínodo. A carta e o questio-nário foram divulgados esta semana no site da publicação National Catholic Reporter, e tiveram seu teor confirmado

pela Santa Sé. “Preocupações que eram inauditas até alguns anos atrás surgiram hoje como resultado de diversas situa-ções, da prática disseminada da coabitação (...) às uniões entre pessoas do mesmo sexo que, não raramente, são auto-rizadas a adotarem crianças”, diz um prólogo da pesquisa.

MudançasA pesquisa não necessaria-

mente prenuncia uma mudan-ça na doutrina da Igreja Cató-lica a respeito do casamento homossexual ou do controle da natalidade, mas ela é mais um sinal de que o papa Fran-cisco quer se aproximar dos católicos comuns em questões relacionadas à família con-temporânea.

Em entrevista publicada em setembro, o pontífice disse que a Igreja deveria deixar de lado sua obsessão contra o aborto, a contracepção e a homos-sexualidade, para se tornar mais misericordiosa. Relatório será apresentado em reunião episcopal no ano que vem

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 (92) 3090-1041

Assédio moral, um fl agelo

Dia a dia C4 e C5

DIVULGAÇÃO

Escola Verde se destaca e vira referência no AMRio Preto da Eva possui hoje três projetos na sua única escola estadual, fi nanciados pela Fapeam com apoio do Inpa

Colocar a mão na terra, manuse-ar sementes e mudas de hor-

taliças, aprender sobre o processo de germina-ção, a importância de minhocas, composição de adubo e desenvolver valores relacionados às questões ambientais se tornaram rotina na vida dos jovens participantes do Programa Ciência na Escola (PCE), no municí-pio de Rio Preto da Eva, município distante 80 quilômetros de Manaus.

Idealizado pela mestra em Agricultura no Trópico Úmido do programa de pós-graduação do Institu-to Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) Bianca Galúcio, em par-ceria com a coordenadora Francisca Pereira, o tema Escola Verde: educação com os pés na terra tem como objetivo despertar os alunos para a vocação científi ca com temas de interesse próprio como a merenda escolar, uma vez que os produtos cul-tivados sem agrotóxicos enriquecem a alimentação na escola. “O objetivo é o despertar científi co, pro-porcionar a visão sobre o que é ciência e pesquisa, mostrar que essa ciência está perto deles, no dia a dia”, ressaltou Galúcio.

Famoso por ser a ter-ra da laranja e detentor de famosos cafés regio-nais, o município vem se destacando também na educação. O tema Escola Verde: educação com os pés na terra foi o primei-ro abordado pelos alunos de ensino fundamental e médio da cidade, isso quase dez anos atrás. De lá pra cá muitos alunos já passaram por essa es-cola, entre eles os pais, amigos e demais fami-

liares dos estudantes que aprovaram e apoiaram a iniciativa. Quando ques-tionada sobre o número de alunos e voluntários que já passaram pelo projeto, a coordenadora Francisca Pereira responde, enfáti-ca: “mais de 500”.

Apesar de o município possuir três temas apro-vados, o diferencial está na união entre jovens e coordenadores que tem como assunto central a horta orgânica da esco-la Rio Preto da Eva. São 15 bolsistas e mais de 40 voluntários que jun-tos pesquisam, investem

e aprendem mais sobre como construir uma hor-ta e a importância de comer alimentos sau-dáveis tanto na escola quanto em casa.

Os jovens conseguiram transpor os muros da es-cola e virar referência em qualidade de vida e ali-mentação saudável. Reali-zaram ofi cinas e palestras sobre reaproveitamento de alimentos e técnicas de elaboração de receitas saudáveis para merenda escolar. Mas não foram apenas os jovens que vi-raram referência, a ideia que tem como líder a pro-fessora Francisca, passou a ser cobiçada também nas escolas municipais e hoje está presente nas 10 escolas da prefeitura.

HISTÓRIAO tema Escola Ver-de: educação com os pés na terra foi o primeiro aborda-do pelos alunos de ensino fundamental e médio da cidade, isso quase 10 anos atrás

Participando pela se-gunda vez do Escola Verde, o estudante Luan Viana começou como voluntário e conta a importância do projeto para a educação escolar e sua experiên-cia na participação. “No início eu não sabia nem regar, tenho planta em casa, mas elas sempre morriam e eu não sabia o motivo. Participei dos cur-sos e hoje eu sei para que servem os fertilizantes, o melhor jeito de plantar. Ajudar os outros e pas-sar o conhecimento que eu aprendi com o Escola Verde está sendo muito bom, eu consigo trans-mitir o que eu aprendo”,

descreve Viana. O professor de biologia

Mateus Gonçalves apro-vou pela primeira vez o projeto Minhocultura e Compostagem, traba-lhando com os demais coordenadores a Horta Orgânica da escola es-tadual Rio Preto da Eva. Apesar de ser o primeiro ano coordenando proje-tos, o professor da rede pública já teve o seu primeiro contato com o PCE anos atrás. “Tive a satisfação de ter um fi lho bolsista do PCE ainda na primeira edição do Escola Verde aqui no município, hoje ele é estudante de gastronomia”, disse.

Um novo meio de aprendizado

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AÇÃO

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C2 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

DIANTE DO TRONO

Nossa bacia hidrográfica em perigoEmbarcações do Amazonas jogam por ano mais de 13 milhões de toneladas de resíduos sanitários nos rios. O problema é achar a melhor forma de tratar esses dejetos que poluem constantemente nossas águas, principalmente vindos das embarcações no Estado

Atualmente circulam na bacia hidrográfica do Amazonas 120 mil embarcações, segun-

do estatísticas da Agência Nacional de Transportes Aqua-viários (Antaq), divulgadas em agosto de 2013, sendo que cerca de 3 mil delas são de uso comercial e transportam cargas e passageiros, realizan-

do o deslocamento fluvial de aproximadamente 9 milhões de pessoas por ano. E o des-tino dos resíduos sanitários produzidos por essas embar-cações, sem qualquer tipo de tratamento, são os rios.

A Agência Nacional de Vi-gilância Sanitária (Anvisa) possui regulamentos próprios para tratar do assunto como a Resolução da Diretoria Co-legiada (RDC) nº 72, de 29 de dezembro de 2009, que diz

em seu artigo 66: “É proibida a liberação de efluentes sani-tários não tratados, oriundos de embarcações, em áreas dos portos de controle sanitário ou suas áreas de fundeio”. Entre-tanto, a mesma lei ainda não obriga as embarcações que fazem o transporte dentro e fora do Estado.

“A RDC nº 72 nos dá um prazo de três anos, a contar da sua nova edição (publicada em 2012), para que possa-

mos normatizar esta situa-ção”, afirma o coordenador substituto da Anvisa, Ozéias Reis da Costa.

Os efluentes sanitá-rios representam peri-go à saúde pública e ao meio ambiente e exigem maiores cuidados no seu acon-dicionamento, transporte, tratamento e destino final.

O engenheiro Roberto Lavor estuda o assunto há três anos e alerta que, por ano, são

despejadas cerca de 4.050 to-neladas de fezes e 13 milhões de litros de urina nos rios do Amazonas, com mais de 450 microbactérias conhecidas.

Para a adequação, as em-barcações devem ter tanques de retenção ou tanques de tratamento - um problema para o coordenador, pois além dos espaços físicos que esses tanques demandariam, há a questão da própria consti-tuição de sua estrutura. “No

Amazonas, 66,1 por cento das embarcações ainda são de madeira, e a implantação des-ses tanques, em alguns casos, interferiria na flutuação da embarcação”, afirma Lavor.

Existem no mercado vários tipos de tanques de trata-mento, o mais utilizado são os biodigestores, que possibi-litam o tratamento de detritos, fezes e urina, ao preço de R$ 5 mil. O mercado disponibiliza vários modelos.

ADRIANA PIMENTELEspecial EM TEMPOENTENDA

RelatoriaUtem nostra-vo, nintiamquam etidiu macia vis hilici con-dium in senatum opor-sul vit L. Marteris. Es res vid consu imponlo ctant, Cat nonfica voli-ca nos re in nenterum pulos bon viverfVales

DIVULGAÇÃO

Barcos na região portuária de Manaus: constituição da estrutura das embarcações é um dos obstáculos para a implantação de sistemas de tratamento adequado para os efluentes sanitários

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C3Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Nossa bacia hidrográfi ca em perigoO Amazonas é a região

com a maior bacia fl uvial do mundo, com mais de 7 mil afl uentes e 25 mil qui-lômetros de vias navegáveis. Hoje, apenas 5% dos bar-cos possui um sistema de tanque de efl uentes. “É um número muito baixo para a quantidade de barcos que circulam no Estado”, afi rma o coordenador da Anvisa, Ozéias Costa. “Vejo que já melhoramos muito as condições sanitárias den-tro das embarcações, mas sei que ainda há muito a fazer”, constata.

De acordo com a proprie-tária de barcos recreio que fazem rota para o interior do Estado, Greicy Fernan-des, o maior problema é a falta de estrutura nos portos do interior. “Mui-tas vezes não temos nem energia. Quem irá coletar (os resíduos)”, explica.

A Anvisa determina que coleta, transporte e descarte dos resíduos devem ser exe-

cutados obrigatoriamente “por empresas prestadoras de serviços devidamente cadastradas, credenciadas e licenciadas pelo órgão ambiental competente, com autorização específi ca para o descarte dos resíduos”. Porém, segundo o coorde-nador, temos poucas em-presas que são certifi cadas para essa prática.

A legislação ambiental brasileira determina que os terminais portuários devem possuir os meios adequa-dos para o recebimento e tratamento dos diversos tipos de resíduos e para o combate à poluição.

Em termos ambientais, com o tratamento dos re-síduos sanitários, as águas dos nossos rios estariam mais limpas. “Esse é um problema que envolve a saúde, além de promover uma alternativa técnica para os impactos ambientais”, esclarece o engenheiro Roberto Lavor.

Avanços lentos no tratamento

A junção de urina e fezes jogadas nos rios sem ne-nhum tratamento através das embarcações é uma fonte de contaminação em escala crescente. Os efl uentes sanitários contém a presença de organismos causadores de doenças. A prevalência de infecção é um espelho da situação de higiene insalubre das águas, que podem, em alguns ca-sos, serem crônicas.

A água contaminada é a causa de 80% dos casos de diarreia no Brasil e segunda de morte de crianças de até 5 anos no mundo

As tribos indígenas das

etnias localizadas nas pro-ximidades de Benjamim Constant, no Alto Solimões e no Alto Rio Negro, bem como a etnia Ianomâmi, localizada na divisa do Amazonas com Roraima, possuem elevados índices de doenças infectoconta-giosas, que aumentam o nível de mortalidade da população indígena atra-vés da contaminação dos rios. Mas não apenas as populações indígenas e ribeirinhas são afetadas com este problema, a das cidades também sofre com a degradação provocada por esse ato.

Grandes riscos para a saúde

Entenda algumas denominações

embarcações, plata-formas e afins, cujo responsável é pessoa física ou jurídica, de direito público ou priva-do, direta ou indireta-mente demandante de serviço de retirada de resíduos em instalação portuária brasileira.

Gerador de resíduos:

pessoa jurídica, de di-reito público ou priva-do, habilitada perante os órgãos competen-tes, credenciada pela autoridade controla-dora para a prestação de serviços de retirada de resíduos de embar-cações em instalação portuária brasileira.

Empresa coletora de resíduos:

resíduos sólidos, semis-sólidos ou pastosos, e líquidos gerados duran-te a operação normal da embarcação, tais como água delastro suja, água oleosa de porão, mistura óleos.

Resíduos de embarcação:

consiste na guarda tem-porária dos recipientescontendo os resíduos já acondicionados, em local próximo aos pon-tos de geração,visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento e aperfeiçoar o desloca-mento entre os pontos geradores e o ponto des-tinado à apresentação para coleta externa.

Armazenamento temporário:

IONE MORENO

DIVULGAÇÃO

No movimento constante de barcos nos rios ama-zônicos, a quantidade de poluição por dejetos chega a ser assustadora

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 C5

Perversidade dentro dos gabinetesEm 2012, 145 ações sobre assédio moral chegaram ao Ministério Público do Trabalho no Amazonas. Este ano, foram 116, mas o número pode ser muito maior

A cada 20 dias, um bancário vítima de assédio moral come-te suicídio no país,

segundo pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB). Além dos trabalhadores do setor fi nanceiro, também é comum a perseguição no am-biente de trabalho de acordo com denúncias do Ministé-rio Público do Trabalho no Amazonas (MPT 11ª Região) entre funcionários de telema-rketing e da rede de supermer-cados no Amazonas.

Cresceu em 130% o nú-mero das denúncias feitas ao MPT no Amazonas, que envolvem maus-tratos no ambiente de trabalho. Em 2012, foram 145 proces-sos, e de janeiro a outubro deste ano, 116, envolvendo 2.349 trabalhadores.

Momentos de intensa inse-gurança, nervosismo e des-respeito foram vividos pelo publicitário Jeremias Burzo, 26, na sua primeira experi-ência como profissional. “O chefe impedia que saísse-mos do trabalho no término do expediente, mesmo se já tivéssemos terminado nos-sas tarefas. Tínhamos que

ficar até quando ele achasse necessário. Se não gostava de alguma coisa, gritava e nos insultava com todos os palavrões que conhecia, e isso acontecia sempre. Pa-lavras de incentivo ou pelo menos uma ‘bom-dia’ eram raríssimos. Já a cobrança não era pouca. Fazia-nos sentir incapaz e nos amea-çava demitir todo o tempo, e dizia que tinha muitos ami-gos que adorariam ocupar

minha vaga”, afirmou.Resistir a toda aquela ten-

são seria sinônimo de com-petência, pois, para alguns profi ssionais, pessoas fracas que não aguentariam aqui-lo não apresentam o perfi l necessário para a profi ssão e são facilmente descarta-das. “Alguns colegas diziam

que era assim mesmo, que vida de agência era puxada e que só os ‘fortes sobrevivem’. Pessoas de outros setores percebiam o jeito abusivo com o qual ele tratava os subalternos, diziam que era injusto, que eu não poderia aceitar ser tratado daquele jeito, mas em outros momen-tos estavam confraternizan-do com ele. Nunca entendi isso, porque o meu chefe não destratava somente a mim, mas até pessoas de outros setores. No fi nal das contas, aguentei quieto e não fi z nada”, revelou.

Os problemas do trabalho se refletiram na vida pessoal do publicitário, que estendeu a “desarmonia” da empresa para casa. “Evitei o contato com meus amigos, parei de sair, de fazer coisas que gostava. Minha atenção era voltada só para a agência. Quando era ‘sacaneado’ des-contava tudo na minha fa-mília e na minha namorada. Entrei em depressão, mas não procurei ajuda, contei somente com o carinho dos poucos amigos que restaram e da minha namorada. Hoje ele não é mais meu chefe, mas o que restou foi um imenso desgosto pela profis-são que escolhi”, lamentou.

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

PERIGOSOs problemas no tra-balho se refl etiram na vida pessoal do publi-citário Jeremias Burzo, que estendeu a “de-sarmonia” do trabalho para casa, evitando até contato com os amigos

Casos de abuso de poder não se restringem somen-te ao setor privado. Dentro das repartições públicas há também relatos de falta de respeito entre os ser-vidores. O servidor público Gurgel (nome fi ctício), 37, já testemunhou relações pre-dadoras. “Nunca fui vítima de assédio moral, mas já testemunhei situações em que colegas passaram por verdadeiras ‘saias justas’. O problema todo começa porque pessoas sem prepa-ração e sem capacidade de liderança assumem postos de chefi a. Isso acontece em todos os cantos, tanto na iniciativa privada quanto no

serviço público, geralmente por apadrinhamento ou ami-zade. É um problema gerado pela própria empresa. Sem-pre é uma pessoa autoritá-ria, que quer ter razão em tudo mesmo sem ter funda-mentos, impõe seu ponto de vista até com grosseria e até nem admite o sucesso de ou-tros colegas ou que alguém tenha conhecimento maior que o seu”, apontou.

Para ele, pessoas que se aproveitam da condição de chefe para humilhar outras são na verdade carentes habilidades e competên-cia. “Infelizmente, pessoas assim estão ocupando es-ses cargos sem ter compe-

tência para isso e usam o assédio moral para obter respeito. Meus colegas agiam com medo sempre de represálias do chefe. O resultado era um clima pés-simo para a organização, falta total de incentivo, e o “líder” só cobrava e nunca colaborava com nada. Ele nunca conseguiu respei-to de ninguém. Hoje não está mais nessa função de chefia na repartição, mas chegou a humilhar e até difamar seus subalternos. Poderia até ser processa-do. No final das contas, o responsável pelo assédio não tem nenhum tipo de competência”, atestou.

Refúgio para a incompetência

A submissão ao assédio moral provoca efeitos destruidores sobre a mente da pessoa afetada

Em 2012, o Ministério Pú-blico do Trabalho no Amazo-nas (MPT 11ª Região) teve 145 procedimentos autua-dos e neste ano já foram 116 no Amazonas. Contudo, a procuradora do MPT e a coordenadora regional da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Elimina-ção da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), Fabíola Salmito, acredita que esses números não retratam a realidade, uma vez que denunciar ainda é tarefa muito difícil, pois o trabalhador tem receio de represália e até mesmo de perder o emprego.

Ela explicou que assédio moral ocorre quando se de-senvolve no ambiente de trabalho uma relação não sadia de exclusão, discri-minação e desvalorização do trabalhador. “O assédio não pode ser considera-do uma conduta isolada, e sim reiterada, uma vez que envolve a fi gura do assediador e do assediado. Acontece também quando o assediador exige tarefas impossíveis, uma meta fora

razoável e a pessoa passa a se sentir culpada, mas não é. O assediado passa a se sentir inútil, desvalorizado. Mas para ser considerado assedio, tem que ser inse-rido na rotina, acontecer rotineiramente de forma repetitiva”, afi rmou.

E por vezes essas cobran-ças podem ser feitas de maneira áspera com tom

abusivo na voz. “Cada um tem um jeito de falar, claro que existe uma média razoá-vel, mas tem gente que por natureza já tem tom abusi-vo, mas não está querendo assediar. Já existem pes-soas educadas, mas que assediam”, analisou.

Segundo a procuradora, a conduta é mais presen-te dentro de organizações que possuem estruturas hierárquicas. “Embora seja possível acontecer entre pessoas do mesmo patamar hierárquico, ocorre com mais frequên cia entre superior e cargo inferior. Como os che-fes estão para ditar normas fi ca mais propício, pois não atentam que estão lidan-do com pessoas. Você pode ser chefe sem destratar ninguém”, apontou.

Desmotivação, insegu-rança, baixa autoestima, depressão, alcoolismo e até mesmo suicídio podem ser observados em pessoas que sofrem perseguição no am-biente de trabalho. “O traba-lho que é visto como algo que dignifi ca a pessoa humana, mas o assediado passa a ver o contrário. O ambiente de trabalho fi ca hostil, não há prazer em ir trabalhar e os danos psicológicos são eleva-dos porque a pessoa se sente excluída, inútil e os próprios colegas distanciam-se por-que acham que se mantive-rem a amizade podem sofrer assédio também”, relatou.

Número pequeno de denúncias

RESULTADOSDesmotivação, insegu-rança, baixa autoesti-ma, depressão, alco-olismo e até mesmo suicídio podem ser observados em pesso-as que sofrem perse-guição no ambiente do trabalho

Na última semana, foi realizada na sede do MPT a campanha nacional “As-sédio moral em estabeleci-mentos bancários”. Foram reunidos representantes do Banco do Brasil, Banco da Amazônia, HSBC, Bra-desco, Santander e Itaú, além do Sindicato dos Ban-cários e associados, para discutir a forma de com-bate a essa relação preda-dora que se desenvolve no ambiente de trabalho.

Estudos realizados pela Confederação Nacional dos

Trabalhadores no Ramo Fi-nanceiro (Contraf), em âm-bito nacional, revelam que o assédio moral atinge 66% dos bancários. Por isso, foi escolhido o setor bancário por conta da quantidade de ocorrências que envolvem a categoria, que refl etem no numero de inquéritos civis instaurados e ações ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho.

Para esclarecer os prejuízos trazidos com o assédio, foi entregue aos participantes a cartilha “Assédio moral em

estabelecimentos bancários”. Em 2012, o MPT rece-

beu 145 processos. Des-tes, 51 continuam ativos ou em acompanhamento, 9 foram firmados ter-mos de ajuste de condu-ta e foram beneficiados 1.022 trabalhadores. Já de janeiro a outubro de 2013 foram 116 proces-sos autuados, dos quais 73 permanecem ativos e um foi firmado termo de ajuste de conduta. Neste ano já foram beneficiadas 2.349 pessoas.

Cartilha esclarece prejuízos

Contudo, um dos grandes problemas é comprovar o assédio porque, segundo a procuradora, muitas ve-zes a conduta ocorre entre assediador e assediado e não existe nenhuma tes-temunha. “Se o assédio acontece por e-mail, é pre-ciso guardar o e-mail, não procurar ficar sozinho com

o assediador, registrar o assédio e os colegas de trabalho terem a sensi-bilidade em, percebendo, depois ajudar como teste-munha e colaborando com justiça”, apontou.

Reportada a denúncia ao MPT, é feita uma ação contra a empresa, por ser responsável pelos atos dos

empregados. Apesar de a ação ser contra a empresa, ela se reflete no autor. “A sanção vai de acordo com o código de ética, que pode ir desde uma advertência até suspensão e rescisão do contrato de trabalho por justa causa, pela pessoa não agir dentro da legali-dade”, assegurou.

Difi culdades em comprovar o ato

Charge retrata com humor a situação enfrentada pelas vítimas do assédio moral no trabalho

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 C5

Perversidade dentro dos gabinetesEm 2012, 145 ações sobre assédio moral chegaram ao Ministério Público do Trabalho no Amazonas. Este ano, foram 116, mas o número pode ser muito maior

A cada 20 dias, um bancário vítima de assédio moral come-te suicídio no país,

segundo pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB). Além dos trabalhadores do setor fi nanceiro, também é comum a perseguição no am-biente de trabalho de acordo com denúncias do Ministé-rio Público do Trabalho no Amazonas (MPT 11ª Região) entre funcionários de telema-rketing e da rede de supermer-cados no Amazonas.

Cresceu em 130% o nú-mero das denúncias feitas ao MPT no Amazonas, que envolvem maus-tratos no ambiente de trabalho. Em 2012, foram 145 proces-sos, e de janeiro a outubro deste ano, 116, envolvendo 2.349 trabalhadores.

Momentos de intensa inse-gurança, nervosismo e des-respeito foram vividos pelo publicitário Jeremias Burzo, 26, na sua primeira experi-ência como profissional. “O chefe impedia que saísse-mos do trabalho no término do expediente, mesmo se já tivéssemos terminado nos-sas tarefas. Tínhamos que

ficar até quando ele achasse necessário. Se não gostava de alguma coisa, gritava e nos insultava com todos os palavrões que conhecia, e isso acontecia sempre. Pa-lavras de incentivo ou pelo menos uma ‘bom-dia’ eram raríssimos. Já a cobrança não era pouca. Fazia-nos sentir incapaz e nos amea-çava demitir todo o tempo, e dizia que tinha muitos ami-gos que adorariam ocupar

minha vaga”, afirmou.Resistir a toda aquela ten-

são seria sinônimo de com-petência, pois, para alguns profi ssionais, pessoas fracas que não aguentariam aqui-lo não apresentam o perfi l necessário para a profi ssão e são facilmente descarta-das. “Alguns colegas diziam

que era assim mesmo, que vida de agência era puxada e que só os ‘fortes sobrevivem’. Pessoas de outros setores percebiam o jeito abusivo com o qual ele tratava os subalternos, diziam que era injusto, que eu não poderia aceitar ser tratado daquele jeito, mas em outros momen-tos estavam confraternizan-do com ele. Nunca entendi isso, porque o meu chefe não destratava somente a mim, mas até pessoas de outros setores. No fi nal das contas, aguentei quieto e não fi z nada”, revelou.

Os problemas do trabalho se refletiram na vida pessoal do publicitário, que estendeu a “desarmonia” da empresa para casa. “Evitei o contato com meus amigos, parei de sair, de fazer coisas que gostava. Minha atenção era voltada só para a agência. Quando era ‘sacaneado’ des-contava tudo na minha fa-mília e na minha namorada. Entrei em depressão, mas não procurei ajuda, contei somente com o carinho dos poucos amigos que restaram e da minha namorada. Hoje ele não é mais meu chefe, mas o que restou foi um imenso desgosto pela profis-são que escolhi”, lamentou.

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

PERIGOSOs problemas no tra-balho se refl etiram na vida pessoal do publi-citário Jeremias Burzo, que estendeu a “de-sarmonia” do trabalho para casa, evitando até contato com os amigos

Casos de abuso de poder não se restringem somen-te ao setor privado. Dentro das repartições públicas há também relatos de falta de respeito entre os ser-vidores. O servidor público Gurgel (nome fi ctício), 37, já testemunhou relações pre-dadoras. “Nunca fui vítima de assédio moral, mas já testemunhei situações em que colegas passaram por verdadeiras ‘saias justas’. O problema todo começa porque pessoas sem prepa-ração e sem capacidade de liderança assumem postos de chefi a. Isso acontece em todos os cantos, tanto na iniciativa privada quanto no

serviço público, geralmente por apadrinhamento ou ami-zade. É um problema gerado pela própria empresa. Sem-pre é uma pessoa autoritá-ria, que quer ter razão em tudo mesmo sem ter funda-mentos, impõe seu ponto de vista até com grosseria e até nem admite o sucesso de ou-tros colegas ou que alguém tenha conhecimento maior que o seu”, apontou.

Para ele, pessoas que se aproveitam da condição de chefe para humilhar outras são na verdade carentes habilidades e competên-cia. “Infelizmente, pessoas assim estão ocupando es-ses cargos sem ter compe-

tência para isso e usam o assédio moral para obter respeito. Meus colegas agiam com medo sempre de represálias do chefe. O resultado era um clima pés-simo para a organização, falta total de incentivo, e o “líder” só cobrava e nunca colaborava com nada. Ele nunca conseguiu respei-to de ninguém. Hoje não está mais nessa função de chefia na repartição, mas chegou a humilhar e até difamar seus subalternos. Poderia até ser processa-do. No final das contas, o responsável pelo assédio não tem nenhum tipo de competência”, atestou.

Refúgio para a incompetência

A submissão ao assédio moral provoca efeitos destruidores sobre a mente da pessoa afetada

Em 2012, o Ministério Pú-blico do Trabalho no Amazo-nas (MPT 11ª Região) teve 145 procedimentos autua-dos e neste ano já foram 116 no Amazonas. Contudo, a procuradora do MPT e a coordenadora regional da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Elimina-ção da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), Fabíola Salmito, acredita que esses números não retratam a realidade, uma vez que denunciar ainda é tarefa muito difícil, pois o trabalhador tem receio de represália e até mesmo de perder o emprego.

Ela explicou que assédio moral ocorre quando se de-senvolve no ambiente de trabalho uma relação não sadia de exclusão, discri-minação e desvalorização do trabalhador. “O assédio não pode ser considera-do uma conduta isolada, e sim reiterada, uma vez que envolve a fi gura do assediador e do assediado. Acontece também quando o assediador exige tarefas impossíveis, uma meta fora

razoável e a pessoa passa a se sentir culpada, mas não é. O assediado passa a se sentir inútil, desvalorizado. Mas para ser considerado assedio, tem que ser inse-rido na rotina, acontecer rotineiramente de forma repetitiva”, afi rmou.

E por vezes essas cobran-ças podem ser feitas de maneira áspera com tom

abusivo na voz. “Cada um tem um jeito de falar, claro que existe uma média razoá-vel, mas tem gente que por natureza já tem tom abusi-vo, mas não está querendo assediar. Já existem pes-soas educadas, mas que assediam”, analisou.

Segundo a procuradora, a conduta é mais presen-te dentro de organizações que possuem estruturas hierárquicas. “Embora seja possível acontecer entre pessoas do mesmo patamar hierárquico, ocorre com mais frequên cia entre superior e cargo inferior. Como os che-fes estão para ditar normas fi ca mais propício, pois não atentam que estão lidan-do com pessoas. Você pode ser chefe sem destratar ninguém”, apontou.

Desmotivação, insegu-rança, baixa autoestima, depressão, alcoolismo e até mesmo suicídio podem ser observados em pessoas que sofrem perseguição no am-biente de trabalho. “O traba-lho que é visto como algo que dignifi ca a pessoa humana, mas o assediado passa a ver o contrário. O ambiente de trabalho fi ca hostil, não há prazer em ir trabalhar e os danos psicológicos são eleva-dos porque a pessoa se sente excluída, inútil e os próprios colegas distanciam-se por-que acham que se mantive-rem a amizade podem sofrer assédio também”, relatou.

Número pequeno de denúncias

RESULTADOSDesmotivação, insegu-rança, baixa autoesti-ma, depressão, alco-olismo e até mesmo suicídio podem ser observados em pesso-as que sofrem perse-guição no ambiente do trabalho

Na última semana, foi realizada na sede do MPT a campanha nacional “As-sédio moral em estabeleci-mentos bancários”. Foram reunidos representantes do Banco do Brasil, Banco da Amazônia, HSBC, Bra-desco, Santander e Itaú, além do Sindicato dos Ban-cários e associados, para discutir a forma de com-bate a essa relação preda-dora que se desenvolve no ambiente de trabalho.

Estudos realizados pela Confederação Nacional dos

Trabalhadores no Ramo Fi-nanceiro (Contraf), em âm-bito nacional, revelam que o assédio moral atinge 66% dos bancários. Por isso, foi escolhido o setor bancário por conta da quantidade de ocorrências que envolvem a categoria, que refl etem no numero de inquéritos civis instaurados e ações ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho.

Para esclarecer os prejuízos trazidos com o assédio, foi entregue aos participantes a cartilha “Assédio moral em

estabelecimentos bancários”. Em 2012, o MPT rece-

beu 145 processos. Des-tes, 51 continuam ativos ou em acompanhamento, 9 foram firmados ter-mos de ajuste de condu-ta e foram beneficiados 1.022 trabalhadores. Já de janeiro a outubro de 2013 foram 116 proces-sos autuados, dos quais 73 permanecem ativos e um foi firmado termo de ajuste de conduta. Neste ano já foram beneficiadas 2.349 pessoas.

Cartilha esclarece prejuízos

Contudo, um dos grandes problemas é comprovar o assédio porque, segundo a procuradora, muitas ve-zes a conduta ocorre entre assediador e assediado e não existe nenhuma tes-temunha. “Se o assédio acontece por e-mail, é pre-ciso guardar o e-mail, não procurar ficar sozinho com

o assediador, registrar o assédio e os colegas de trabalho terem a sensi-bilidade em, percebendo, depois ajudar como teste-munha e colaborando com justiça”, apontou.

Reportada a denúncia ao MPT, é feita uma ação contra a empresa, por ser responsável pelos atos dos

empregados. Apesar de a ação ser contra a empresa, ela se reflete no autor. “A sanção vai de acordo com o código de ética, que pode ir desde uma advertência até suspensão e rescisão do contrato de trabalho por justa causa, pela pessoa não agir dentro da legali-dade”, assegurou.

Difi culdades em comprovar o ato

Charge retrata com humor a situação enfrentada pelas vítimas do assédio moral no trabalho

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

CABOTAGEM

Empresa do sistema de transporte coletivo capacita motoristas e cobradores para o atendimento a passageiros portadores de limitações físicas ou com mobilidade reduzida na busca de eliminar problemas com esses usuários

Investindo na acessibilidade aos ônibus

É lei federal. Até 2014, o sistema de transporte coletivo deve se tor-nar acessível a todos

que tenham dificuldades de locomoção. Visando se ade-quar à legislação e melhorar o desempenho dos colabora-dores no atendimento a cadei-rantes, a empresa Expresso Coroado, de forma pioneira, vem realizando o “Curso de Capacitação de Motoristas e Cobradores no Atendimento a Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida”.

A lei nº 10.098/2000 deter-mina normas e critérios para promover a acessibilidade das pessoas portadoras de de-ficiência ou com mobilidade reduzida. Por conta disso, não apenas os veículos, mas tam-bém pontos de parada, termi-nais e o sistema viário devem ser adequados para garantir a livre circulação. Um desafio que vem sendo encarado por empresários do sistema de transporte coletivo.

De acordo com o coordena-dor de treinamento da Expres-so Coroado, Carlos Alberto, a ideia surgiu depois de uma análise da Lei e em virtude dos índices de reclamações, por conta do mau atendimento

de alguns funcionários, que deixavam a desejar na hora de lidar com deficientes.

“Nosso diretor executivo, preocupado com o bem estar dessas pessoas, teve a ideia de realizar esse curso para mos-trar como se deve proceder em casos como esses. Para isso convidamos uma pessoa que é portadora de deficiência para

ministrar a palestra e passar algumas orientações. Nosso objetivo é dar conforto e bom atendimento para os nossos usuários, principalmente para essas pessoas que precisam de um cuidado a mais”, informa.

Segundo o coordenador, todos os 500 funcionários da empresa, entre motoris-tas e cobradores, estão re-

cebendo treinamento teórico e prático. No final do curso, ganham um bottom identi-ficando que eles receberam o treinamento para atender pessoas com deficiência.

“Para que isso não ficas-se apenas na sala de aula, levamos os colaboradores à rua e colocamos em algum deles uma venda nos olhos, simulando uma deficiência visual, e outros em cadei-ra de rodas, simulando uma deficiência física. Tudo isso para eles sentirem na própria pele algumas dificuldades dessas pessoas que neces-sitam de um atendimen-to especial, e poder melhor atendê-los”, destaca.

DiálogoPara o presidente do Cen-

tro de Vida Independente (CVI), Ronaldo André Bra-sil, que ministrou a pales-tra para os colaboradores, a melhor forma de todos se entenderem é através do diálogo. Os motoristas e as pessoas com deficiência tem direitos e deveres e todos precisam está em sin-tonia para que ninguém saia prejudicado, e o deficiente tenha um bom serviço.

LEGISLAÇÃOA lei 10.098/2000 estabelece normas e critérios para promover a acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida até 2014 em todo o sistema de transporte coletivo

“Neste curso não vamos abordar só a dificuldade dos deficientes, e sim a dificul-dade que todos têm. O mo-torista e o cobrador tem um ponto de vista da situação do deficiente, e o deficiente tem outro ponto de vista em relação aos colaboradores

do transporte, então preci-samos dialogar e chegar a um consenso, em que todos temos direitos e deveres”, informa Ronaldo Brasil.

ConhecimentoSegundo Ronaldo, para

evitar possíveis transtor-

nos entre as partes, to-dos dever ter o conheci-mento da lei. “Os direitos dos deficientes surgiu por meio de legislação, e não deve ser executado ape-nas por boa vontade, mas também pelo cumprimento de uma lei”, finaliza.

Profissionais com nova visão

Problemas de acesso a portadores de limitações físicas começam com a própria estrutura

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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Investindo na acessibilidade aos ônibusFOTOS: DIVULGAÇÃO

Cadeirante palestra para funcionários da empre-sa: maior aproximação

entre usuários especiais e trabalhadores

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[email protected], DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 (92) 3090-1042 Plateia 3

Ponto de Equilíbrio lança DVD

DIVULGAÇÃO

Conhecido nos quatro cantos do mundo, o cantor, compositor e também sur-fi sta Jack Johnson está na programação dos maiores festivais de música. O ar-tista se aproximou mais da música aos 17 anos, quando ao participar de uma com-petição de surfe, sofreu um acidente que o deixou 90 dias parado. Durante esse período, começou a com-por infl uenciado por ídolos como Bob Marley.

Foi estudar cinema na Ca-lifórnia aos 18 anos, não queria ser um profi ssional do surfe, por isso optou pelo cinema, ideia que lhe rendeu um documentário (“Thicker

than water”), dirigido por ele mesmo, gravado a partir de uma aventura ao redor do mundo com amigos. O material ganhou o título de Documentário do Ano pela revista “Surfer”.

Jack Johnson ainda fez mais dois documentários, ambos também sobre surf: “A Broken Down Melody” e “September Sessions”. Ele mesmo compôs as trilhas sonoras dos fi lmes. Incenti-vado por amigos como Ben Harper que o indicou para uma grande gravadora, ele gravou seu primeiro CD, “Brushfi re Fairytales” em 2001 e, a partir daí, ganhou grande notoriedade a nível

mundial, e por esse motivo Harper é também consi-derado como o “padrinho” dele. Em 2003, lançou seu segundo CD, “On And On”. Em 2005, Johnson alcan-çou o topo de sua carreira com o lançamento de seu terceiro CD, “In Between Dreams”, no qual conquis-tou o 2° lugar no Top 200 da revista “Billboard”.

“In Between Dreams” e todos os discos posteriores foram gravados não mais pela Universal Records, mas pela sua própria gra-vadora, a Brushfi re Recor-ds gravando CDs de vários amigos como Matt Costa, G.Love e Ben Harper.

Surf Music com Jack Johnson

Cantor quer cantar no Teatro Amazonas, segundo a empresária Bete Dezembro

Amazonas na rota de artistas internacionais

Após o anúncio da possível vinda de Elton John para Manaus, a Fábrica de Eventos afi rma que já “sonda” Paul McCartney e Jack Johnson

A Arena da Amazônia poderá ter, em sua abertura, a presença do cantor britânico El-

ton John. A data “bloqueada” – como a Fábrica de Eventos faz questão de ressaltar – é 21 de fevereiro de 2014. Porém, outros dois nomes também já estão sendo sondados pela mesma produtora para possí-vel apresentações na cidade: Jack Johnson e o ex-Beatle Paul McCartney, conforme informa Bete Dezembro, responsável pela empresa.

Segundo a empresária ambos os artistas se mos-traram interessados em apresentar sua série de su-cessos na capital do Ama-zonas. “O Jack Johnson, por exemplo, fi cou encantado com o Teatro Amazonas e o Encontro das Águas. Já o Paul McCartney tem muito interesse pela Amazônia. Então, nada mais justo do que tentar, em parceria com grandes patrocinadores, a vinda dos dois para a nossa cidade”, explica. Vale ressal-tar que a Fábrica de Eventos foi responsável pela vinda para o Estado de grandes nomes do rock com The Whi-te Stripes em 2005 e do Iron Maiden em 2009.

Para Bete esse fl uxo maior na vinda de grandes artistas internacionais para Manaus se deve a Copa do Mundo de 2014 e, consequentemen-te, a abertura da Arena da Amazônia. “Com esse evento

a Região Norte ganha uma maior projeção mundial e, juntamente com isso, des-perta o interesse desses no-mes. Aliás, a capital cresceu muito desde a vinda do Iron Maiden e nada mais justo do que suprir essa deman-da”, co-menta.

Porém, tais apre-sentações só serão possíveis com o investimen-to de apoiadores e patrocinadores. “É pre-ciso que as empresas e o próprio governo enten-dam que é muito bacana agregar uma marca em apresentações de grande porte. Assim como acontece nos festivais como o Rock in Rio, por exemplo, sabemos que o retorno é garantido. Caso contrário, não haveria investimento. Queremos que as pessoas tomem consciên-cia disso”, diz.

Outro ponto crucial é o staff e estrutura necessária para os shows. “Já demos o ponta pé inicial na aquisição de iluminação e sonorização de alta qualidade. Muitas vezes os números usados triplicam ao comumente empregado em apresenta-ções nacionais. ão basta vende ingresso, é preciso oferecer um serviço de qua-lidade. E isso, a Fábrica já faz”, fi naliza.

Outro nome que promete movimentar a cidade, caso este venha a se apresentar na capital do Amazonas, é o ex-Beatle Paul Mc Cartney. O artista alcançou fama mundial como membro da banda de rock britânica The Beatles, com John Lennon, Ringo Starr e George Har-rison. Lennon e McCartney foram uma das mais in-fl uentes e bem-sucedidas parcerias musicais de to-

dos os tempos, escre-vendo as canções mais populares da história do rock. Após a dissolução dos Beatles em 1970, McCartney lançou-se em uma carreira solo de sucessos, for-mou uma banda com sua primei-ra mulher Lin-da McCartney, os Wings. Ele também tra-

balhou com m ú s i c a c láss ica , eletrônica e trilhas sonoras.

Paul Mc-Cartney é o canho-

to e baixista mais famoso da história do rock, embora também toque outros ins-trumentos, como bateria, piano, guitarra e teclado. É considerado como um dos mais ricos músicos de todos os tempos.

Foi eleito, em 2008, o 11º melhor cantor de to-dos os tempos pela revista “Rolling Stone”. Fora seu

trabalho musical, McCart-ney advoga em favor dos direitos dos animais, con-tra o uso de minas terres-tres, a favor da comida vegetariana e a favor da educação musical.

Em 1997 foi publicada a biografi a intitulada “Many Years From Now”, autori-zada pelo músico e escrita pelo britânico Barry Miles.

Ex-Beatle quer vir à Amazôniaa Região Norte ganha uma maior projeção mundial e, juntamente com isso, des-perta o interesse desses no-mes. Aliás, a capital cresceu muito desde a vinda do Iron Maiden e nada mais justo do que suprir essa deman-da”, co-menta.

Porém, tais apre-sentações só serão possíveis com o investimen-to de apoiadores e patrocinadores. “É pre-to de apoiadores e patrocinadores. “É pre-to de apoiadores e

ciso que as empresas e o próprio governo enten-dam que é muito bacana agregar uma marca em apresentações de grande porte. Assim como acontece nos festivais como o Rock in Rio, por exemplo, sabemos que o retorno é garantido. Caso contrário, não haveria investimento. Queremos que as pessoas tomem consciên-cia disso”, diz.

Outro ponto crucial é o staff e estrutura necessária para os shows. “Já demos o ponta pé inicial na aquisição de iluminação e sonorização de alta qualidade. Muitas vezes os números usados triplicam ao comumente empregado em apresenta-ções nacionais. ão basta vende ingresso, é preciso oferecer um serviço de qua-lidade. E isso, a Fábrica já faz”, fi naliza.

Outro nome que promete movimentar a cidade, caso este venha a se apresentar na capital do Amazonas, é o ex-Beatle Paul Mc Cartney. O artista alcançou fama mundial como membro da banda de rock britânica The Beatles, com John Lennon, Ringo Starr e George Har-rison. Lennon e McCartney foram uma das mais in-fl uentes e bem-sucedidas parcerias musicais de to-

dos os tempos, escre-vendo as canções mais populares da história do rock. Após a dissolução dos Beatles em 1970, McCartney lançou-se em uma carreira solo de sucessos, for-mou uma banda com sua primei-ra mulher Lin-da McCartney, os Wings. Ele também tra-

balhou com m ú s i c a c láss ica , eletrônica e trilhas sonoras.

Cartney é

Ex-Beatle quer vir à Amazônia

Este ano, Paul McCartney fez shows em Belo Horizonte, Goiânia e Fortaleza

FOTOS: DIVULGAÇÃO

A Arena da Amazônia poderá ter, em sua abertura, o cantor Elton John, no dia 21 de fevereiro de 2014. Já o ex-Beatle Paul McCartney tem interesse em fazer um show na cidade

MUNDIALAtualmente, Paul Mc-Cartney é o canho-to e baixista mais famoso da história do rock, embora também toque ou-tros instrumentos, como bateria, piano, guitarra e teclado

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D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

>> Três queridas tro-cando de idade neste do-mingo: Rose Becil, Raquel Dobriner e Carol Frota.

>> Entra na última se-mana de exibição a se-gunda etapa da 1ª Mostra Pan-Amazônica de Arte, que reúne obras de ar-tistas plásticos de toda a Amazônia Ocidental. A Mostra se encerra no dia 9, está em exposição na MS CASA.

>> Cumprimentadís-sima ontem pelo seu aniversário, a querida Elizangela Silva.

>> Monica de Luna e José Loureiro estão con-vidando para o seu noiva-do, no dia 8, no salão de festas do Acquarelle.

>> Amanhã é a vez de cumprimentar Higino Souza Netto e Rui Franco de Sá, ambos aniversa-riando na segunda-feira.

>> No próximo sábado, na Glam, a festa Diva X Diva Halloween Edition. O promoter Rafael Fro-ner assina a ferveção.

>> No almoço de sexta no Chez Charufe, em me-sas diferentes, Cristiano e Alessandra Brandão, Nel-sinho Martins e as irmãs Zeina e Leila Nasser.

>> Marcelo Coelho está circulando em Or-lando, Estados Unidos.

>> Vitrine

. O evento da semana será na próxima quin-ta-feira, inaugurando o novo espaço de eventos da cidade, o ‘Casa das Artes’.

. O Parque das La-ranjeiras estará movi-mentadíssimo na data com a palestra confir-mada do top colunista da Vogue Brasil Bruno Astuto, exposição das joias do estrelado jo-alheiro Ara Vartanian, além de outros itens très chics.

. A festa é uma par-ceria de Angela Bulbol de Lima, Cris Topdijian, Gisele Maranhão e Pat Ruiz.

>> Très chic

. Será no dia 6 de dezem-bro, no Diamond Convention Center, a festa de fim de ano desta coluna, em clima temático.

. Noite Portuguesa, que apresentará um festival de delícias no dinner de buffet com pratos do país do fado. A noitada chic reunirá o socie-ty AAA de Manaus nesta fes-ta que terá a apresentação de uma dança portuguesa e o sorteio de dois bilhetes para Lisboa no novo voo da TAP, via Paradise Turismo. Festa animadíssima para ver e ser visto. Agendem.

>> Festão

. Seguindo a tradição de todos os anos, o presidente da Fieam, Antonio Silva, por meio do de-partamento de assistência à média e pequena indústria e do Programa Qualidade Ama-zonas, orquestrou mais uma edição do Qualishow.

. O evento homenageia or-ganizações que se destacaram com suas atuações especiais durante o ano, reunindo pode-rosos dos setores de indústria, comércio e serviço. Um festão e tanto, no Diamond, na última quinta-feira.

>> Qualishow

Cleide Avelino, Norma Silva, Célia Villas-Boas, Valde-nice Garcia e Célia Simões

O vice-governador José Melo e o presidente da Fieam, Antonio Silva, no Qualishow

Douglas Mousse, Marcelo Limae Nelson Azevedo

Hissa e Amanda Abrahão

O vice-governador José Melo e sua Edileine

Júlio Verne e Helena

do Carmo Ribeiro

Célia Villas-Boase Wilson Périco

FOTOS: MAURO SMITH

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D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

A banda de reggae Ponto de Equilíbrio é uma das mais pro-eminentes do seg-

mento no Brasil. O grupo está com novo álbum no mercado fonográfico. Trata-se do DVD “Juntos somos fortes”, gravado em junho de 2012, no palco do Circo Voador, no Rio de Janeiro. De acordo com o baterista da banda carioca, nascida em Vila Isabel, Lucas Kastrup, em entrevista ao EM TEMPO, a obra reúne sucessos de toda a história do grupo e uma música inédita.

Ainda não há previsão, mas o artista, em nome da ban-da, revela que gostariam de voltar a tocar em Manaus o quanto antes. A banda é formada, ainda, por Pedro Caetano (contrabaixo), Tia-go Caetano (teclados), Már-cio Sampaio (guitarra), Hélio Bentes (voz), André Sam-paio (guitarra) e Marcelo Campos (percussão).

EM TEMPO – O que você destaca como a princi-pal característica desse DVD?

Lucas Kastrup – Nosso primeiro DVD traz o regis-tro de nossa performance ao vivo em um show gravado em

nossa cidade, no palco do Cir-co Voador. Traz clássicos da banda, com novos arranjos, músicos convidados, além da participação especial de Marcelo D2 e Laurinho, de O Rappa. Também conta com videoclipes que também tra-zem participações especiais do quarteto jamaicano The Congos, do Don Carlos, além do making of e um docu-mentário curta-metragem “Liberdade em Neves”, pro-duzido pela própria banda. Em breve estaremos dispo-nibilizando em CD e também em Blu-Ray.

EM TEMPO – Tiveram al-gum contratempo no cro-nograma de produção? É um álbum independente. É melhor gerenciar a car-reira sem interferência de gravadoras?

LK – Tivemos que aprender na prática como a produ-ção e pós-produção de um DVD envolve uma série de detalhes, mas a vantagem de se envolver em todo o processo faz com que a gente possa assinar nossa obra de forma única. Já passamos por gravadoras e, estando ou não com algumas delas, nossa prioridade é decidir nosso caminho artístico com autenticidade.

EM TEMPO – Alguma

música inédita contida no DVD?

LK – Sim. A canção “Estar com você”, uma composição do nosso guitarrista Márcio Sampaio e parceria do vo-calista Helio Bentes. É uma música de amor que fala do cotidiano de um casal e da saudade e retorno ao lar.

EM TEMPO – Muitos artistas reclamam que o país, embora rico cultural-mente, ainda está distan-te do cenário ideal em ter-

mos, sobretudo, de apoios e patrocínios. Vocês têm problemas com isso?

LK – É um cenário de muita luta. Viver de música no Brasil é uma batalha, mas no nosso caso a internet acaba sendo uma ferramenta importante. Mais do que contar com o apoio de instituições públi-cas ou privadas, temos ao

nosso lado a parceria de um público sempre crescente e diversifi cado.

EM TEMPO – Quais são os próximos passos do grupo?

LK – Em 2013 e 2014 estaremos em turnê com o lançamento do DVD, mas já entrando em estúdio para es-boçar novos trabalhos musi-cais. Temos muitas músicas ainda inéditas e a vontade de produzir coisas novas.

EM TEMPO – Alguma previsão de retorno para cá?

LK – Pretendemos voltar o quanto antes, para essa terra tão rica culturalmente e mágica por natureza.

EM TEMPO – O que lem-bram de Manaus e do pú-blico da cidade?

LK – Guardamos a lem-brança de um povo amoroso. Vale mencionar que um grupo (de fãs) de Manaus esteve presente na gravação de nos-so DVD, no Rio. Conversamos um pouco com eles e nos dis-seram que a ida foi por terra, durante dias entre ônibus e caronas de carro. Grande presença dessas pessoas e a bandeira do Amazonas que levaram fi cou registrada no vídeo, em vários momentos da gravação.

Ponto DE EQUILÍBRIO

‘Nossa prioridade É DECIDIR NOSSO caminho artístico’

Guardamos a lembran-ça de um povo amoro-so. Vale mencionar que um grupo (de fãs) de Manaus esteve presente na gravação de nosso DVD, no Rio. Conver-samos um pouco com eles e nos disseram que a ida foi por terra, du-rante dias entre ônibus e caronas de carro”

É um cená-rio de muita luta. Viver de música no Brasil é uma batalha, mas no nosso caso a inter-net acaba sendo uma ferramenta importante”

DIVULGAÇÃO

SUCESSOSO novo álbum traz registro de show gra-vado em meados do ano passado, no palco do Circo Voador, no Rio de Janeiro. A obra reúne sucessos de toda a história do grupo e uma música inédita

GUSTAV CERVINKAEquipe EM TEMPO

Festival distribuirá R$191 milO 10º Amazonas Film Fes-

tival (AFF) começou na últi-ma sexta-feira e segue até o dia 6. Há quatro mostras competitivas divididas em: Internacional de Longa-Me-tragem, Curta-Metragem – Brasil, Curta-Metragem – Amazonas, Curta-Metragem

– Amazonas - Projeto Jovem Cidadão. O evento contará ainda com 13 outras mostras, com uma grade de 129 fi lmes, que serão exibidos gratuita-mente em diversas partes da cidade e do interior, durante a programação do festival, que é realizado pelo governo do

Estado do Amazonas.O AFF é um dos eventos

de cinema mais importantes do Brasil e que nesta edição oferecerá R$ 191 mil distri-buídos às quatro categorias, dos quais R$ 64 mil para as mostras e R$ 127 mil para o VIII Concurso Amazonas de

Roteiro Inédito para Produ-ção de Filme de Curta-me-tragem Digital.

Prestigiado internacional-mente, o AFF reunirá pro-duções da Alemanha, Itália, Espanha, Filipinas, Inglaterra, além de EUA, Índia, França, Afeganistão e Brasil.

AFF

10º AMAZONAS FILM FESTIVAL Programação de DomingoLocal: Teatro Amazonas

15h15 - Faroeste - Um Autêntico Western (curta-metragem)15h45- Metro Manila (longa metragem)

18h30 – Curtas-metragens: Verdade Nua e Crua Artistas – um espetáculo urbano

Um minuto de brasilidade Eles podem Voltar

E as crianças continuam cantando Watyama

20h - Curtas-metragens: Strip Solidão Quinto Andar

20h30 – Longa-metragem: Il Futuro (O futuro)O longa metragem “Il Futuro” será exibido hoje

DIVULGAÇÃO

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Page 28: EM TEMPO - 3 de novembro de 2013

D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Dez anos da revolução no cinema chamada ‘Matrix’

RESENHA

PERFIL

Augusto Severo, é músico

Uma das mais repre-sentativas trilogias da modernidade acaba de completar

10 anos de encerramento. “Matrix”, “Matrix Reloaded” e “Matrix Revolution” come-moraram nesse novembro de 2013 a data de lançamento do último filme, que encerrou de vez o arco psico-tecno-filosófico mais marcante da geração 2000.

Ainda que criado proposi-talmente como uma trilogia, e que tenha navegado ini-cialmente como uma típica produção Hollywoodiana, “Matrix” re-vo-lu-ci-o-nou o conceito de cinema, do rotei-ro à estética, passando pela evolução tecnológica que per-mitiu a idealização do filme. O “Bullet-Time” (efeito especial eternizado por Neo caindo em

câmera lenta, desviando de balas), se tornou uma referên-cia pop das mais abrangentes, e a própria tecnologia virou tendência obrigatória em tudo que se sucedeu depois do fil-me, fossem outros filmes, cli-pes musicais ou várias outras mídias visuais.

Além da trilogia, o cená-rio teve a complementação de nove curtas de animação, compilados na série “Anima-trix”, que desenrolava outros elementos da história princi-pal. Foram também lançados dois games, o “Enter the Ma-trix”, que corria paralelamente à história do segundo filme,e mais tarde o “Path of Neo”, que amplificava ainda mais a his-tória toda, pelo ponto de vis-ta do seu protagonista, Neo. Uma série de quadrinhos foi lançada nos Estados Unidos, e vários contos feitos por fãs também se popularizaram.

Mesmo que tenha sido pre-

viamente tachado de filme de “Ação/ficção-Científica”, “Matrix” era muito mais que apenas isso. A trilogia pos-suía profunda carga filosófi-ca, proporcionava o choque de realidades, questiona-mentos, questionamentos e, questionamentos... “Matrix” se tornou uma paixão mun-dial sobre enfrentamento dos cotidianos: o longa abordava tantas coisas que o simples fato de falar sobre o filme era praticamente proporcionar o melhor de uma conversa de bar com os amigos (falando de coisas profundas e prazei-rosas) e ainda assim encon-trar-seantenado com todo o viés de modernidade vigente. Aliás, não me lembro de outro filme da geração 2000 que tenha se popularizado tanto no boca-a-boca quanto este: as pessoas íam ao cinema, assistiam ao filme e comenta-vam depois: “Cara, já assistiu

‘Matrix’? Mano, você tem que ver, não dá pra definir!” e todo mundo que via comen-tava, e levava mais gente a assistir, e tudo isso antes do whatsapp e da popularização das redes sociais.

Por ser uma obra contempo-rânea com alta carga de ter-minologia moderna e científi-ca, Inevitavelmente existiam aqueles que não conseguiram assimilar bem o filme, geran-do controvérsias de todos os tipos sobre a real intenção dos irmãos Wachowski (os diretores e idealizadores). “Matrix” provava indireta-mente que ainda havia pes-soas presas em suas formas pessoais (e antiquadas) de percepção do mundo.

Se você não assistiu, as-sista. Se você assistiu e não entendeu,assista de novo. Se já assistiu e gostou, comemo-re: “Matrix” transformou tudo ao seu redor, inclusive você.

Ainda que criado pro-positalmente como uma trilogia, e que tenha navegado inicialmen-te como uma típica produção hollywoodia-na, “Matrix” re-vo-lu-ci-o-nou o conceito de cinema”

AUGUSTO SEVERO*Especial EM TEMPO

Samba & Cevada anima o domingoO Lappa Bar (Vieiralves) re-

cebe hoje, a partir das 15h, mais uma edição do já tradi-cional projeto “Escritório do Samba”, que busca resgatar as grandes rodas de samba da cidade. Entre as atrações estão as bandas Samba & Ce-vada, Nosso Caso e o talento da cantora Tayna Pimentel. Além disso, a casa conta com

a transmissão ao vivo dos jo-gos do Campeonato Brasileiro para aqueles que não dispen-sam as competições.

Segundo Rodrigo Azevedo, que está há um ano a fren-te do projeto “Escritório do Samba” – há três meses sendo realizado no Lappa – contará nesta semana com o retorno da banda Samba & Cevada.

“Eles foram os responsáveis pela inauguração do projeto no local e agora retornam. Na verdade, eles são um grupo com um público fiel e isso nos chama bastante atenção. Onde você anuncia que eles serão atração, a casa lota. Então, nada mais justo do que estarem conosco neste momento”, explica.

‘ESCRITÓRIO’

SERVIÇO“ESCRITÓRIO DO SAMBA”

Quando:

Onde:Quanto:

Todos os domingos, a partir das 15hLappa Bar R$ 25, por pessoa

A banda Samba & Cevada inagurou o projeto “Escritório do Samba”, no Lappa

DIVULGAÇÃO

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Page 29: EM TEMPO - 3 de novembro de 2013

D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV Tudo Cauã Reymond, o ladrão de coração

A série “Amores Roubados”, em reta fi nal de gravações, será exibida na Globo em janeiro. Só não se sabe ainda como serão os trabalhos da sua promoção, por causa de todo notici-ário que ainda envolve os protago-nistas Isis Valverde e Cauã Reymond. São dez capítulos. Curioso é que o personagem do Cauã é o Don Juan Leandro, que tem uma forte queda por mulheres casadas. É descrito como um ladrão de coração.

Estão funcionando oficial-mente, desde a última sexta-feira, os escritórios do A&E no Brasil. Os canais History Channel, E! e Bio, além do próprio A&E, irão apresentar novidades em breve nas suas programações

Ficamos assim. Mas ama-nhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

Bate–Rebate• Rubens Barrichello será

o focalizado deste domingo, 21h15, no programa “Gran-des Nomes”, do Multishow.

• A propósito do Multishow, Fábio Porchat é o jurado convidado do 5º episódio do “Prêmio Multishow de Humor”, nesta segunda, às 22h30.

• A reformulação na pro-gramação da Rede TV! está prevista para acontecer em março do ano que vem...

• ... Necessários cálculos serão realizados até lá para saber se poderá haver uma redução nos horários ven-didos...

• ... Hoje, cerca de 40% da grade está comprometi-da com igrejas e outros do gênero.

Perfi lDepois de duas produções

às 11 da noite - “O Astro” e “Gabriela”, Humberto Martins agora vai aparecer na novela “Em Família”, próxima das 21 horas na Globo.

Virgilio, o personagem, é um artista popular que trabalha com esculturas em madeira. Ele se casa com Helena (Julia Lemmertz), o grande amor da sua vida, e terá como grande rival Laerte, papel de Gabriel Braga Nunes.

Onda gigante Na segunda-feira, o campeão

mundial e protagonista da série “Desejar Profundo” do Canal Off , Carlos Burle, surfou uma onda de aproximadamente 36 metros na Praia do Norte, em Portugal.

Burle acredita que pode ter ultrapassado o recorde mundial de 24 metros do americano Garrett McNamara, conquista-do em janeiro deste ano no mesmo local.

A propósito Sabe-se que vários progra-

mas da televisão brasileira e de outros países já se interessaram em exibir o feito do campeão Burle.

Mas o certo mesmo, pelo menos até agora, é que as ima-gens estarão na 4ª temporada do programa que estreia no primeiro semestre de 2014.

Titular Christiane Pelajo reassume sua

posição na bancada do “Jornal da Globo” na próxima terça-feira.

Poliana Abrita, sua substituta no período, segue no posto até esta segunda-feira, formando dupla com William Waack.

Rotina Diego Guebel, do Artístico e

Programação da Band, é bastante cuidadoso com os seus exercícios. Quando está aqui ou na Argentina é sempre a mesma coisa.

Todos os dias, não importa a hora que vai dormir, ele acorda às 5 da manhã para correr e jogar tênis pelo menos três vezes por semana. Está em forma.

Pronto socorroRaul Gil deu um susto na sua últi-

ma gravação no SBT. Na véspera, comeu o que não devia e passou mal durante o programa.

Ficou cerca de duas horas no ambulatório da emissora toman-do soro. No fi m, restabelecido, foi terminar seu trabalho.

Um pelo outro

A partir de hoje, depois do “Fan-tástico”, substituindo “Revenge”, a Globo passa a apresentar o “Sai de Baixo”, regravado e já exibido no Viva.

Aliás, foi uma produção fei-ta especialmente para aquela emissora.

Novo Vídeo Show Vinicius Valverde não vai inte-

grar a nova fase do “Vídeo Show” na Globo, idealizada pelo diretor Ricardo Waddington, no ar a partir de 18 de novembro.

A saída do repórter já era es-perada, até em função dos seus laços com o Boninho.

Jaqueline também saiO novo “Vídeo Show”, do Zeca

Camargo, continuará com Ota-viano Costa, Dani Monteiro e Marcela Monteiro, mas também não terá Jaqueline Silva, além do Vinícius.

Existe a possibilidade da entra-da de mais dois apresentadores-repórteres, mas isto passará a depender do desenvolvimento do programa.

Só no galope A televisão continua bem

distante, praticamente de-saparecida, dos planos da Ana Paula Arosio.

Vivendo no interior de São Paulo, ela se dedica à vida no campo e ao hi-pismo, inclusive se saindo com destaque em algumas competições.

DIVULGAÇÃO/GLOBO

Felicidade é tema de novela Em “Além do Horizonte’’,

novela das sete global que estreia amanhã, um trio de aventureiros terá de passar por vários desafios na mata para encontrar parentes que resolveram fugir em busca da felicidade.

A trama, com moldes bem diferentes para o horário, é encarada como um grande de-safi o para os autores Marcos Bernstein e Carlos Gregório, além do diretor Ricardo Wa-ddington. “A proposta de aven-tura, algo totalmente novo na TV, foi o que mais me atraiu. É uma nova perspectiva de história. A novela terá muito romance, humor e um universo todo inventado por nós’’, des-creve o diretor.

A história começa com o

drama de Lili (Juliana Paiva). Logo no primeiro capítulo, ela descobre, por meio de uma carta, que seu pai, Luis Carlos (Antônio Calloni), que ela acre-ditava estar morto, está vivo. Então, disposta a descobrir o seu paradeiro, coloca na ca-beça que nada poderá detê-la em sua busca. “Nessa carta, o pai dela conta que foi atrás da felicidade. Mas que felicidade será essa, tão forte, a ponto de um homem abrir mão de acompanhar o crescimento de uma fi lha? Esses valores vão ser levantados a todo momento pela novela. Então, por meio de enigmas, ela vai descobrindo pistas que devem levá-la até o local onde ele mora’’, conta Juliana.

Logo de cara, a tal carta faz

com que o caminho da jovem se cruze com o de William (Thiago Rodrigues), um garoto que também sofre com o desa-parecimento do irmão, Marlon (Rodrigo Simas). Em comum, eles têm Tereza (Carolina Fer-raz), tia do garoto e amante do pai de Lili. Mais tarde, quem aparece para embarcar com o casal nessa aventura é Rafa (Vinicius Tardio), cuja namorada, Paulinha (Christiana Ubach), pre-feriu largar tudo para, também, ir embora misteriosamente.

Todas essas pessoas fazem parte de uma comunidade de nome Grupo, cujos integran-tes largaram suas vidas para experimentar algo novo, ines-perado e sem problemas para resolver, em uma pequena co-munidade distante.

‘ALÉM DO HORIZONTE’

A história começa com o drama de Lili (Juliana Paiva) que será fi lha de Flávia Alessandra

DIVULGAÇÃO

Juntos, Lili, William e Rafa deixam a família de lado e partem para um caminho longo, em plena Amazônia, a fi m de encontrar seus fami-liares desaparecidos. Dessa relação a três, um roman-ce logo surgirá. “William e Lili são muito diferentes um do outro e começam se estranhando. Enquanto ele é do subúrbio, ela é uma patricinha da zona sul do Rio. Mas eles vão se envol-vendo aos poucos’’, revela Thiago Rodrigues. Segundo Juliana, a possibilidade de Rafa também brigar pelo amor da mocinha não pode ser descartada.

“Acho que essa histó-ria dará um belo triângulo amoroso. Rafa não verá a namorada por um bom tem-po e estará carente. Não sei

até que ponto a convivência poderá mexer com esses me-ninos’’, comenta a atriz.

A vida na selva, no entanto, não será fácil. Entre brigas, discussões e romances, o trio encontrará alguns percalços durante a trajetória. “Eles vão ter de sobreviver na mata com pouca coisa nas mochi-las. Mas eu acredito que a amizade cada vez mais forte entre eles fará com que se unam contra tudo, inclusive contra a Besta’’, conta o ator Vinicius Tardio, referindo-se a um esquisito e misterioso monstro, que dará as caras na fl oresta e aterrorizará os personagens.

Com o passar do tempo, o trio, enfi m, chegará à comu-nidade -local escolhido por seus familiares para viver. O ator Antônio Calloni, que, na

história, será um dos líderes do Grupo, conta o que ele tem de tão especial.

“Essa comunidade cientifi -co-fi losófi ca fi ca no meio da fl oresta, e seus moradores chegaram até lá por estarem cansados de suas vidas. Eles buscam a felicidade a todo custo e estão, inclusive, cons-truindo uma máquina para produzi-la. Essa é a parte mais fi ccional da trama e que vai de encontro ao pensa-mento comum das pessoas que sempre querem achar uma solução mágica para a alegria. Na trama, isso será possível’’, descreve Calloni.

Não estranhe se come-çar a perceber muitas se-melhanças entre “Além do Horizonte’’ e o seriado ame-ricano “Lost’’ (2004-2010), em que sobreviventes de

um acidente aéreo fi cam perdidos e sobrevivendo com difi culdade em um lo-cal distante de tudo.

“Além de “Lost’, os fi lmes “A Praia’ (1999), “A Vila’ (2004) e “Horizonte Perdido’ (1973), que mostram histórias em ambientes isolados, servi-ram de inspiração. Em to-dos esses fi lmes há pessoas que vão em busca de um ideal comum e que têm de deixar para trás valores e conceitos. Elas tomam ati-tudes radicais e abandonam tudo’’, comenta o autor Car-los Gregório.

Para os atores, a expectativa de poder contar uma história tão misteriosa é ótima. “Eu, que adoro fazer parte desse universo de aventura, estou adorando esse novo desafi o”, diz Rodrigo Simas.

Vida na selva será explorada na trama

Thiago Rodrigues vai viver o jovem Willian na novela

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Page 30: EM TEMPO - 3 de novembro de 2013

D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Programação de TV3h05 Jornal da Semana Sbt 4h Igreja Universal 5h Pesca Alternativa6h Brasil Caminhoneiro6h30 Aventura Selvagem7h30 Vrum8h Sorteio Amazonas da Sorte 9h Domingo Legal 13h Eliana17h Roda A Roda Jequiti17h45 Sorteio da Telesena18h Programa Silvio Santos22h De Frente Com Gabi23h True Blood0h Divisão Criminal/ The Closer1h Cidade Do Crime// Southland2h20 Big Bang3h Igreja Universal

SBTGLOBO3h50 Santa Missa em Seu Lar

4h50 Amazônia Rural

5h30 Pequenas Empresas, Grandes

Negócios

6h00 Globo Rural

6h55 Auto Esporte

7h30 Esporte Espetacular

09h00 Fórmula 1: Grande Prêmio de

Abu Dhabi.

10h25 Temperatura Máxima: Homem-

Aranha 2.

12h20 Esquenta

14h Futebol 2013h Campeonato Brasi-

leiro - Goiás x Botafogo.

16h Domingão do Faustão

18h45 Fantástico

21h10 Sai de baixo

22h40 Domingo Maior:

0h20 Sessão de Gala:

1h50 Corujão I

3h35 Festival de Desenhos

3h45 Bíblia Em Foco4h Santo Culto Em Seu Lar4h30 Desenhos Bíblicos7h Desenhos Bíblicos8h Amazonas Da Sorte 9h Record Kids 10h30 Tudo A Ver13h15 O Melhor Do Brasil 17h30 Domingo Espetacular 21h Tela Máxima - Charlotte Gray - Paixão Sem Fronteiras23h15 Programação Iurd

RECORD

BAND

4h Igreja Mundial

4h50 Popeye

5h Local

8h30 Mackenzie Em Movimento

8h45 Infomercial – Polishop

9h45 Verdade E Vida

10h Irmão Caminhoneiro

10h05 Pé Na Estrada

10h30 Minuto Do Futebol

10h35 Copa Petrobras De Marcas

11h30 De Olho No Futebol

11h35 Band Esporte Clube

13h Golh O Grande Momento Do Futebol

13h30 Futebol 2013 - Ao Vivo

15h50 Terceiro Tempo

18h Oscar – Desenho

18h10 Caçadora De Relíquias

19h Só Risos

21h Pânico Na Band

0h Canal Livre

1h Minuto Do Futebol

1h40 Show Business - Reapresentação

2h15 Igreja Mundial

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 O momento exige alguns sacrifícios novos, mas positivos, de modo a fomentar o crescimento espiritual. Você se reúne a novos grupos e pessoas e isso traz novo sentido.

TOURO - 20/4 a 20/5 Sua participação no ambiente social e com os amigos traz um novo sentido para sua vida, a qual funcionará mais em função e em acordo com os grupos dos quais faz parte.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 O sentido de sua vocação se amplia e se engrandece. Seus dons e talentos servem a causas maiores. Não trabalhe apenas em função de ambições particulares.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Sua religiosidade está mais forte e exige ser desenvolvida. Is sentimentos devocionais são mais fortes. Você almeja um grau superior de união com tudo e com todos.

LEÃO - 23/7 a 22/8 A percepção do sentido da vida se amplia e você penetra em reinos antes desconhecidos. Há um sentido maior em tudo o que é vivido por você com as outras pessoas.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Você se dedica às outras pessoas com um profundo sentimento de devoção e cuidado. Seus relacionamentos passam a ser orienta-dos por sentimentos muito além da razão.

LIBRA - 23/9 a 22/10 Seu trabalho é ajudar as pessoas, a lhes con-fortar e dar esperança. Exerça esse trabalho mais do que nunca. Os tempos pedem você viver sua espiritualidade desta maneira.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 O sentido do amor se amplia até sua má-xima expansão. Você é chamado ao amor incondicional, ao amor que transcende os desejos egoístas e particulares.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 O sentido de família se amplia até abarcar todas as pessoas que seus sentimentos alcancem. Sua noção de identidade pró-pria vai a camadas mais profundas de si mesmo.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Sua mente se abre a captar percepções e imagens das alturas mais elevadas à mente e ao sentimento humano. Você passa a comunicar ideias maiores do que você mesmo.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 A utilização de seus recursos materiais é redefinida por motivos maiores do que sua vontade pessoal. O sentido de caridade e de serviço dispõe de seus recursos.

PEIXES - 19/2 a 20/3 Sua essência começa a se revelar com maior clareza. É mais fácil o contato com aspectos de sua espiritualidade e mediunidade. Você se apercebe de mais dimensões.

CruzadinhasCinemaPRÉ-ESTREIA

Capitão Phillips. EUA. 14 anos. Richard Phillips (Tom Hanks) é um coman-dante naval experiente, que aceita trabalhar com uma nova equipe na missão de entregar mercadorias e alimentos para o povo somaliano. Logo no início do trajeto, ele recebe a mensagem de que piratas têm atuado com frequência nos mares por onde devem passar. A situação não demora a se concretizar, quando dois barcos chegam perto do cargueiro, com oito somalianos armados, exigindo todo o dinheiro a bordo. Uma estratégia inicial faz com que os agressores recuem, apenas para retornar no dia seguinte. Embora Phillips utilize todos os procedimentos possíveis para dispersar os inimigos, eles conseguem subir à bordo, ameaçando a vida de todos. Quando pensa ter conseguido negociar com os piratas, o comandante é levado como refém em um pequeno bote. Começa uma longa e tensa negociação entre os sequestradores e os serviços especiais americanos, para tentar salvar o capitão antes que seja tarde. Cinépolis 10 – 22h15 (leg/somente sexta-feira e sábado). Cinemais Millennium – 21h45 (leg/somente sexta-feira e sábado). Cinemais Plaza – 21h25 (dub/somente sexta-feira e sábado).

REPRODUÇÃO

Thor: O Mundo Sombrio. EUA. 10 anos. Cinépolis 10 – 13h15, 16h15, 19h10 (leg/diariamente). Playart 8 – 18h20, 20h40 (leg/diariamente). 23h (leg/somente sexta-feira e sábado). Cine-mark 3 – 12h20, 15h (dub/diariamente). Cinemais Millennium – 14h50, 17h10, 19h30, 21h50 (leg/diariamente).

Meu passado me condena: BRA. 12 anos. Cinépolis 7 – 13h20, 14h15, 15h45, 17h, 18h15, 19h30, 20h50, 22h (diariamente). Playart 5 – 13h10, 13h11, 15h15, 15h16, 17h20, 17h21, 19h25, 19h26, 21h30, 21h31 (diaria-mente). 23h35, 23h36 (somente sexta-feira e sábado), 11h30(somente sá-bado e domingo), 14h, 16h30, 19h10, 21h50 (diariamente). Cinemais Millen-nium – 14h30, 16h50, 19h10, 21h30 (diariamente). Cinemais Plaza – 15h,

17h10, 19h30, 21h50 (diariamente).

Gravidade: EUA. 12 anos. Ciné-polis 1 – 14h05, 17h10, 20h, 22h20 (3D/leg/diariamente). Playart 10 – 13h15, 15h10, 17h05, 19h, 20h55 (leg/diariamente), 22h50 (leg/somen-te sexta-feira e sábado).

Serra Pelada: BRA. 14 anos. Ciné-polis 2 – 13h10, 16h10, 19h05, 21h50 (diariamente). Playart 2 – 19h, 21h10 (diariamente), 23h20 (somente sexta-feira e sábado). Cinemark 5 – 12h10, 14h40, 17h10, 19h40, 22h20 (diaria-mente). Cinemais Millennium – 15h10, 17h20, 19h40 (diariamente), 21h45 (somente sexta-feira e sábado.

Tá Chovendo Hambúrguer 2: EUA. Livre. Cinépolis 3 – 12h40 (dub/dia-

riamente). Playart 8 – 13h10, 15h10, 17h10 (dub/diariamente). Cinemark 2 – 11h20 (dub/somente sábado e domin-go), 13h40, 16h, 18h30, 20h50 (dub/dia-riamente). Cinemais Millennium – 14h20, 16h20 (dub/diariamente). Cinemais Pla-za – 14h35, 16h40 (dub/diariamente).

Os Suspeitos: EUA. 12 anos. Cinépolis 3 – 15h05, 18h10, 21h10 (leg/diariamente). Playart 9 – 12h40, 15h30 (leg/diariamente). Playart 8 – 12h40, 15h30 (leg/diariamente), 18h40, 21h35 (dub/diariamente).

Mato Sem Cachorro: BRA. 12 anos. Playart 2 – 14h10, 16h35 (diaria-mente). Cinenark 4 – 11h10 (somente sábado e domingo), 13h50, 19h20 (diariamente). Cinemais Millennium – 18h40, 21h10 (diariamente).

Silent Hill: Revelação: FRA/CAN. 16 anos. Playart 9 – 19h10, 21h10 (leg/diariamente), 23h10 (leg/so-mente sexta-feira e sábado).

Riddick 3: EUA. 16 anos. Ci-nemark 3 – 17h40, 20h20 (dub/diariamente), 23h20 (dub/somente sexta-feira e sábado). Cinemais Plaza – 14h, 16h20, 18h45, 21h20 (dia-riamente).

Rota de Fuga. EUA. 14 anos. Cinemais Plaza – 14h20, 16h45, 19h (dub/diariamente), 21h25 (exceto sexta-feira e sábado).

Invocação do Mal: EUA. 14 anos. Cinemais Plaza – 14h30, 16h50, 19h10, 21h30 (dub/diariamente).

CONTINUAÇÕES

O Conselheiro do Crime: EUA. 16 anos. Thor (Chris Hemsworth) e Jane Foster (Natalie Portman) terão que se adaptar a nova dinâmica intergalática, causada pela ausência de Odin (Anthony Hopkins). A trama será passada nos Nove Mundos presentes na mitologia nórdica. A direção será de Alan Taylor (Game of Thrones), que assumiu a função após a desistência de Patty Jenkins, que abandonou o barco alegando divergências criativas. Cinépolis 4 – 13h, 13h30, 14h45, 18h, 18h30, 19h45 (dub/diariamente), 15h30, 16h, 17h15, 20h45, 21h15, 22h30 (leg/diariamente), 14h, 19h, (3D/dub/diariamente), 16h30, 21h45 (3D/leg/diariamente). Playart 1 – 12h20, 14h30, 16h40, 18h50 (3D/dub/diariamente), 21h (3D/leg/diariamente), 14h, 14h01, 16h10, 16h11, 18h20, 18h21, 20h30, 20h31 (dub/diariamente), 12h40, 14h50, 17h, 19h10, 21h20 (leg/diariamente), 23h31 (leg/somente sexta-feira e sábado). Cinamark 1 – 13h, 13h30, 15h40, 16h10, 18h20, 18h50, 21h, 21h30 (dub/diariamente), 23h50 (Dub/somente sexta-feira e sábado), 16h40, 22h10 (3D/leg/diariamente), 11h00 (dub/somente sábado e domingo), 12h30, 15h10, 17h50, 20h30 (3D/dub/diariamente), 23h10(3D/dub/somente sexta-feira e sábado). Cinemais Millennium – 14h10, 14h40, 17h00, 18h50, 19h20, 21h40 (3D/dub/diariamente), 16h30, 21h20 (3D/leg/diariamente), 13h40, 16h, 18h20, 20h40 (dub/diariamente), 15h30, 17h40, 19h50, 22h (leg/diariamente). Cinemais Plaza – 13h20, 14h10, 15h30, 17h40, 19h50, 22h (dub/diariamente), 14h40, 16h30, 17h, 18h50, 19h20, 21h10, 21h40 (3D/dub/diariamente).

“Sai de Baixo” volta ao ar na noite de domingo da Globo

DIVULGAÇÃO

REDE V5:00 Igreja Internacional da Graça7:00 TV Kids8:00 Educação em Foco9:00 A Voz do Servidor9:30 TV Shopping Manaus

10:00 Repórter Cidadão11:00 Em Circuito12:30 Sábado Total16:15 Good News16:45 Plantão 24h17:45 Amaury Jr. Show18:45 Rede TV! News19:30 TV Kids20:00 Amor e Fé20:30 Te Peguei na TV20:45 Luta Tribal21:45 Mega Senha23:15 Teste de Fidelidade1:00 Igreja Internacional da Graça

ESTREIA

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

A presidente do Fundo de Promoção Social e pri-meira-dama, Nejmi Jomaa Aziz, veste a camisa da qualidade de vida das famílias amazonenses. Nesta semana, ela fez a alegria de feirantes da cidade de Manacapuru com a entrega de materiais que vão auxiliá-los nas suas vendas naquele município

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

UNIMED

ZENILDE CASTELO BRANCO, FRANK ABRAHIM, CAROL FRO-TA, GLAUCIO COELHO E FRANK LIMA ESTÃO TROCANDO DE IDA-DE HOJE. OS CUMPRIMENTOS DA COLUNA.

REPETINDO A DOSAGEM DE SU-CESSO: A CHIQUE GIZELLA BOLOG-NESE PILOTARÁ MAIS UM CURSO DE ETIQUETA SOCIAL, COM PARTI-CIPAÇÃO DE EDINHO SERRÃO COM AULAS DE PONTA-PLANTA-CALCA-NHAR, NO PRÓXIMO DIA 13. OS INGRESSOS ESTÃO NA BOBSTORE, DO VIEIRALVES.

O LAPPA BAR RECEBE HOJE, A PARTIR DAS 15H, MAIS UMA EDIÇÃO DO JÁ TRADICIONAL PROJETO “ESCRITÓRIO DO SAM-BA”, QUE BUSCA RESGATAR AS GRANDES RODAS DE SAMBA DA CIDADE. ENTRE AS ATRAÇÕES ESTÃO AS BANDAS SAMBA & CEVADA, NOSSO CASO E O TALENTO DA CANTORA TAINA PIMENTEL.

O MULTIMÍDIA THÉO ALVES FE-CHOU UMA PARCERIA COM A M1 EVENTOS. DONO DE UMA VASTA EXPERIÊNCIA EM EVENTOS COM BEBIDA LIBERADA, THÉO É O RES-PONSÁVEL PELO BAR DO MANAUS SUMMER FEST, QUE ACONTECERÁ NOS PRÓXIMOS DIAS 9 E 10, NA PRAIA DO TROPICAL HOTEL.

A NOVO MUNDO CONVIDA

PARA CONFERIR O JANTAR DE LANÇAMENTO DAS LOJAS DA

GRIFE EM MANAUS, NO PRÓ-XIMO DIA 6, NO DULCILA DA PONTA NEGRA, ÀS 20H.

O DOUTOR-CARIOCA LEONAR-DO BIAR PILOTARÁ UM WORKSHOP ABORDANDO O TEMA “SISTEMA DE ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL DAS OBRIGAÇÕES FICAIS, PREVIDENCIÁ-RIAS E TRABALHISTAS”. A ENTRADA É GRÁTIS E ACONTECE NO AUDITÓ-RIO DA PGE, DAS 8H ÀS 12H, NO PRÓXIMO DIA 12.

A ATUANTE SECRETÁRIA DA SEJEL, ALESSANDRA CAMPÊ-LO, PREFERIU CUMPRIR AGEN-DA CONCORRIDA DE TRABALHO NO ESPORTE AMAZONENSE, DO QUE SESSÃO PARABÉNS EM COMEMORAÇÃO AO SEU NIVER ANTEONTEM.

DIA 17 DE DEZEMBRO TEM JAN-TAR DE INAUGURAÇÃO DA PRAÇA DOS AMIGOS, A ANTIGA LAJE QUE ESTÁ UMA CHIQUERIA SÓ POR SINAL, DO QUERIDO PEDRINHO AGUIAR NO ENDEREÇO DO SÃO JORGE. A NOITE SERÁ EM CLIMA PRÉ-NATAL SEGUIDO DE CELEBRAÇÃO DO NIVER DO ANFITRIÃO.

A 2ª MEIA MARATONA DO AMAZONAS ACONTECERÁ NO PRÓXIMO DIA 30, SENDO PRO-MOVIDA PELA ADMINISTRAÇÃO AZIZ EM PARCERIA COM A FEDE-RAÇÃO DE ATLETISMO DO ESTA-DO DO AMAZONAS. A LARGADA ESTÁ PREVISTA PARA 17H, EM FRENTE DA SEDE PALACIANA.

::::: Sala de Espera

A Aleam aprovou, por una-nimidade, durante a semana, o projeto de lei nº 349/2013, que altera o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração dos servidores da Seduc. As alte-rações trazem benefícios sa-lariais para a carreira de cerca de 30 mil funcionários públicos estaduais da educação, incluin-do professores e servidores da área administrativa, como merendeiras e motoristas. Para o governador Omar Aziz, a aprovação do novo PCCR é uma conquista dos servidores e um ganho para a política educacional do Estado. Não há desenvolvimento se não tivermos uma educação forte e comprometida e o caminho é esse: incentivar aqueles que levam o conhecimento a todas as gerações, destacou.

::::: Grande conquista

O encerramento da primeira edição do projeto da Equador Petróleo, Nossa Energia Move a Amazônia, já tem data para acontecer. Será no dia 7 de dezembro na praia da Ponta Negra e contará com ativida-des que vão do esporte a músi-ca. A celebração está marcada para as 15h, com uma corrida de cinco quilômetros e o show da banda Detonautas. Os in-teressados para participar da corrida devem ir ao www.as-sessorcor.com.br e pagar uma taxa de R$ 45, valor que será revertido para a aquisição do kit corrida. A premiação total é de R$ 25 mil aos vencedores.

::::: Festão daqueles

Com a assinatura do artista Rui Machado na logomarca da feijoadíssima. A Fundação Doutor Thomas está a todo vapor com os preparativos da festança solidária em prol da melhor idade da instituição. Quando? No próximo dia 9, no Parque do Idoso, a partir das 12h. No menu musical: o vaivém dos artistas da cena interessante cultural da cidade. As camisetas-convites já estão circulando.

::::: T-Shirt transada

O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), com apoio da Pro-dam, realizará em Manaus, no próximo dia 14, minicurso gratuito sobre IPv6, novo protocolo para o endereçamento na internet. As inscrições para o minicur-so podem ser realizadas pelo endereço cursos.ceptro.br/evento/41. O evento é realizado todos os anos e nesta edição tem como tema “Desafi os da Qualidade e Segurança da Informação”.

::::: Tecnológico

A presidente do Fundo de Promoção Social e pri-meira-dama, Nejmi Jomaa Aziz, veste a camisa da qualidade de vida das famílias amazonenses. Nesta semana, ela fez a alegria de feirantes da cidade de Manacapuru com a entrega de materiais que vão auxiliá-los nas suas vendas naquele município

A Aleam aprovou, por una-nimidade, durante a semana, o projeto de lei nº 349/2013, que altera o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração dos

lariais para a carreira de cerca de 30 mil funcionários públicos estaduais da educação, incluin-do professores e servidores da área administrativa, como merendeiras e motoristas. Para o governador Omar Aziz, a aprovação do novo PCCR é uma conquista dos servidores e um ganho para a política educacional do Estado. Não há desenvolvimento se não tivermos uma educação forte e comprometida e o caminho é esse: incentivar aqueles que levam o conhecimento a todas

Casal dos mais queri-dos da coluna, Jorginho Pereira e Mirian Laredo, na divertida festa de aniversário dele no en-dereço da Ponta Negra

HERICK PEREIRA

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), com apoio da Pro-dam, realizará em Manaus, no próximo dia 14, minicurso gratuito sobre IPv6, novo protocolo para o endereçamento na internet. As inscrições para o minicur- Na sessão parabéns da bam-

bina-neta Gizella, Graziela e Francisco Nogueira nos do-mínios do salão de festas do Walderez Simões

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MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 [email protected] (92) 3090-1010

3 Tim-tim, Marcel! O centenário de uma catedral literária. Pág. 4

2 A um passo da humanidade Pela neurociência, Totó também pode ser gente. Pág. 3

1 As cédulas de Cildo Meireles E outras 8 indicações culturais. Pág. 2

CapaIlustração de Guazzelli

4 Por um longo tempo, deitei cedo A imaginação de Marcel Proust. Pág. 5

6 Do arquivo de Fabio Massari Rio de Janeiro, 1996. Pág. 7

5 Diário de BerlimGoethe e a vida como obra de arte. Pág. 6

7 Só é rei quem não perde a realeza Dos males da privacidade Pág. 8

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G2 MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

Ilustríssima CiênciaO MELHOR DA SEMANA EM 9 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

A BIBLIOTECADE RAQUELA colunista do Painel das Letras e repórter da “Ilustríssima” co-menta o mercado editorial

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

MIX BRASILImagens de alguns fi lmes em exibição no festival

>>folha.com/ilustrissima

ALEXANDRE RODRIGUES, 46, é jornalista e escri-tor, autor de “Veja se Você Responde Essa Pergunta” (Não Editora).

CLARA ALLAIN, 56, é tradutora.ELOAR GUAZZELLI, 51, é ilustrador.FABIO MASSARI, 49, é jornalista, autor de “Mondo

Massari - Entrevistas, Resenhas, Divagações & ETC” (Edições Ideal).

GREGORY BERNS, professor de neuroeconomia na Universidade Emory, autor de “How Dogs Love Us” (como os cães nos amam, New Harvest). Publicou ori-ginalmente no “New York Times” os resultados de sua

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

CULT

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EXPOSIÇÃO | CÃES SEM PLUMAS A mostra na galeria Nara Roesler,

que tem os desvalidos como tema, se encerra no sábado (9) com deba-te, às 11h, entre o curador Moacir dos Anjos, o professor da Unicamp Márcio Seligmann-Silva e alguns dos artistas, como Paulo Bruscky. Um dos destaques da coletiva, cujo título alude ao poema de João Ca-bral de Melo Neto, é Cildo Meireles, que reeditou seu “Projeto Cédula” (1970-76) com a frase “Cadê Ama-rildo?” nas notas, em vez de “Quem matou Herzog?”.

De seg. a sex., de 10h às 19h; sáb., de 11h às 15h

O vão do Masp, porLina Bo Bardi

pesquisa com cães.HELOISA STARLING, 55, é professora titular

de história na UFMG.LILIA MORITZ SCHWARCZ, 55, é professora

titular de antropologia da USP.MARCEL PROUST (1871-1922), escritor fran-

cês, autor de “À Procura do Tempo Perdido”.MARIO SERGIO CONTI, 58, autor de “Notícias

do Planalto” (Companhia das Letras), é repórter da “piauí” e colunista de “O Globo”. Está traduzindo “À Procura do Tempo Perdido”.

RAFAEL CAMPOS ROCHA, 43, é ilustrador, autor de “Deus, Essa Gostosa” (Quadrinhos na Cia.).

RAPHAEL BORDALLO PINHEIRO (1846-1905), ilustrador e ceramista português.

SILVIA BITTENCOURT, 47, jornalista, é autora de “A Cozinha Venenosa - Um Jornal contra Hitler” (Três Estrelas).

LIVRO | MÁRIO DE ANDRADE Maria Augusta Fonseca, professora

do departamento de teoria literária da USP, sintetiza, em volume da série Por Que Ler a vida e a obra do escritor modernista (1893-1945). Garimpando toda a vasta produção do autor (da prosa, contos e poesias às cartas, artigos de jornal e confe-rências), o livro destaca a atualidade de seu pensamento para compreen-der a história do Brasil.

Globo Livros | R$ 29,90 | 248 págs.

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REVISTA | SERROTE #15 A publicação do Instituto Moreira

Salles traz especial sobre as manifes-tações, com análises do fi lósofo Ruy Fausto, da jornalista Carla Rodrigues e do psicanalista Tales Ab’Sáber e compi-lação de palavras de ordem, cartazes e manchetes feita pelo editor Paulo Werne-ck, curador da Flip 2014. Destaque ainda para o texto vencedor do 2º Prêmio de Ensaísmo Serrote, de Francesco Perotta-Bosch, sobre o fascínio do músico John Cage pelo vão do Masp

R$ 37,50 | 240 págs.

TEATRO | GRUPO TAPA O grupo leva aos palcos “De Um ou

de Nenhum”, do escritor italiano Luigi Pirandello (1867-1936). Com dire-ção de Eduardo Tolentino de Araújo, a peça versa sobre um triângulo amoroso entre dois amigos e uma prostituta e apresenta temas centrais na obra do Nobel de Literatura de 1934: falsas aparências e crises de identidade.

Teatro de Arena Eugênio Kusnet | de qui. a dom., às 21h até 17/11 | R$ 20 | 14 anos

LIVROS | POESIA FRANCESAA Ateliê Editorial lança cole-

tâneas bilíngues de dois no-mes centrais da poesia fran-cesa. Nos versos de “Gérard de Nerval: Cinquenta Poemas”, o poeta (1808-1855) concilia a expansão e o esgotamento das formas clássicas. Já “Frag-mentos do Narciso e Outros Poemas” atesta o rigor formal de Paul Valéry (1871-1945) ao tratar de temas como paixão, natureza e conhecimento.

“Gérard de Nerval: Cin-quenta Poemas” | trad. Mau-ro Gama | R$ 60 | 148 págs.

“Fragmentos do Narciso e Outros Poemas” | trad. Júlio Castañon Guimarães | R$ 40 | 130 págs.

LIVRO | CONTOS DA CANTUÁRIA As histórias de cavalaria e alegorias morais de Geo-

ff rey Chaucer, publicadas pela primeira vez em 1475, são uma das bases da literatura ocidental. Esta nova edição tem ensaio do crítico Harold Bloom e mais de 300 notas explicativas.

trad. José Francisco Botelho | Penguin/ Compa-nhia das Letras | R$ 54 | 680 págs.

LIVRO | JOHN LENNON, YOKO ONO & EU Jonathan Cott, jornalista da revista “Rolling Stone”, apresenta as versões completas de

todas as suas entrevistas com John e Yoko – a primeira em 1968, a última apenas três dias antes do assassinato do cantor, em dezembro de 1980 –, além de imagens raras. As conversas compõem um retrato vívido e por vezes inusitado de um dos casais mais notórios do século 20.

trad. Claudio Carina | Zahar | R$ 39,90 | 232 págs.

POP

CINEMA | CINEPIANO O pianista Tony Berchmans inter-

preta suas composições durante a projeção de três comédias mudas: “Cops” (1922), de Edward F. Cline e Buster Keaton; “Vida de Cachorro” (1918), de Charles Chaplin; e “O Grande Negócio” (1929), de James W. Horne e Leo McCarey, com o Gordo e o Magro.

Galeria Olido | hoje, às 18h Centro Cultural da Penha |

quinta | dia 7 | às 20h

FESTIVAL | MIX BRASIL Com cinema, teatro, música e literatura,

o festival de diversidade sexual chega a sua 21ª edição. Na abertura em São Paulo, na quinta (7), será exibido “Interior. Leather Bar.”, misto de fi cção e documentário, com cenas de sexo reais, dirigido pelo ator James Franco e pelo cineasta Travis Mathews – re-leitura de “Parceiros da Noite” (1980), em que Al Pacino é um policial que se infi ltra em boates gays.

Em São Paulo: de 7/11 a 17/11 | No Rio: de 14/11 a 21/11 | www.mixbrasil.org.br

INSTITUTO LINA BO E P.M. BARDI/ DIVULGAÇÃO

‘Inserção em Circuitos Ideológico - Projeto Cédula’, de Cildo Meireles

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G3MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

3Cachorro também é ser humano

Ciência

GREGORY BERNS TRADUÇÃO CLARA ALLAIN

As emoções caninas postas em exame

RESUMOExames de ressonân-cia magnética atestam semelhanças entre cães e humanos quanto ao funcionamento do caudado, região cerebral que reconhece o pra-zer. A constatação de emoções parecidas leva pesquisador a defender que animais têm uma “humanidade” limitada e que deveríamos rever o tratamento dado a eles.

Há dois anos meus colegas e eu treinamos cães para fi carem num aparelho de ressonância mag-nética – totalmente despertos e sem estarem amarrados ou presos de nenhuma forma. Nossa meta é determinar como funcionam os

cérebros dos cães e, o que é ainda mais importante, o que eles pensam de nós, humanos.

Agora, depois de treinar e fazer exames de ressonância magnética em uma dúzia de cães, minha única conclusão inescapável é esta: os cães também são pessoas.

Como os cães não falam, os cien-tistas deduzem seus pensamentos a partir de observações comporta-mentais. É arriscado. Não é possível perguntar a um cão por que ele faz alguma coisa. E não é possível lhe perguntar como se sente.

A possibilidade de trazer à tona emoções animais assusta muitos cientistas. Afi nal, a utilização de animais em pesquisas é um grande negócio. Era fácil evitar as pergun-tas difíceis sobre as percepções sensoriais e as emoções dos ani-mais, porque essas perguntas não tinham resposta possível.

Até agora. Com o exame direto dos cérebros

dos animais, passando ao largo das limitações do behaviorismo, a ressonância magnética nos revela o estado interno dos cães. O exame é realizado em espaços confi nados e ruidosos. As pessoas não gostam do procedimento, durante o qual é preciso fi car totalmente imóvel.

A prática veterinária convencio-

nal reza que é preciso anestesiar animais para que não se movam enquanto passam pela ressonân-cia. Mas não é possível estudar a função cerebral de um animal anestesiado – ao menos não quan-to a elementos interessantes como percepção ou emoção.

Desde o início, tratamos os cães como pessoas. O dono de cada cão assinava um termo de consenti-mento baseado no modelo usado para procedimentos em crianças. Ressaltávamos que a participação era voluntária e que o cão tinha o direito de abandonar o estudo.

Usamos apenas métodos de treinamento positivos. Nada de sedação ou cintos. Se o cachorro não quisesse fi car no aparelho de ressonância, podia sair, como qual-quer voluntário humano.

Minha cadela Callie foi a primeira. Resgatada de um abrigo de animais, Callie era uma cadela magra, mista de terrier, uma raça conhecida como “feist” – independente, corajosa – nos Apalaches, a região do leste dos EUA de onde ela vem.

Fiel às suas origens, Callie preferia caçar esquilos e coelhos no quintal a fi car aconchegada no meu colo. Sua curiosidade natural provavelmente foi o motivo para ela ter ido parar num abrigo, mas também o que fazia fácil treiná-la.

Com a ajuda de meu amigo Mark Spivak, treinador de cães, comecei a ensinar Callie a entrar num simu-lador de aparelho de ressonância magnética que construí na sala de minha casa. Callie aprendeu a subir degraus e a entrar num tubo, a co-locar sua cabeça sobre um apoio de queixo e a fi car totalmente imóvel por períodos de até 30 segundos. Também precisou aprender a usar protetores de orelhas para resguar-dar sua audição dos ruídos de 95 decibéis feitos pelo aparelho.

Após meses de treinamento, algu-mas tentativas e erros no aparelho de ressonância real, fomos recom-pensados com os primeiros mapas de atividade cerebral.

Nos primeiros ensaios, medimos sua resposta cerebral a dois sinais feitos com as mãos no aparelho. Nos ensaios posteriores, ainda não publicados, determinamos que re-giões do cérebro dela distinguem cheiros de cães e humanos conhe-cidos e desconhecidos.

Em pouco tempo a comunidade fi cou sabendo de nosso esforço para determinar o que os cachor-ros pensam. Em um ano tínhamos reunido uma equipe de uma dú-zia de cães preparados para fazer ressonância magnética.

SemelhançaEstamos apenas começando a

responder às perguntas básicas sobre o cérebro canino, mas não podemos ignorar a semelhança notável entre cães e humanos na estrutura e no funcionamento de uma região cerebral chave: o nú-cleo caudado.

Rico em receptores de dopa-mina, o caudado se localiza en-tre o tronco encefálico e o córtex. Nos humanos, desempenha papel crucial na antecipação de coisas que nos dão prazer, como comida, amor e dinheiro.

Mas será que podemos virar essa associação de trás para diante e deduzir o que uma pessoa está pensando pela simples medição da atividade do caudado?

Devido à enorme complexidade das interligações entre as diferen-tes partes do cérebro, geralmente não é possível associar uma função cognitiva ou emoção isolada a uma única região cerebral.

É possível, porém, que o caudado represente uma exceção. Partes es-pecífi cas do caudado se destacam porque, diante de um grande nú-mero de coisas que dão prazer aos humanos, elas se ativam de forma consistente. A ativação do caudado, sob as circunstâncias apropriadas, é capaz de prever nossas prefe-rências de comida, música e até mesmo beleza.

No caso dos cães, descobrimos

que a atividade no caudado aumen-tava em resposta a sinais das mãos que indicavam comida. O caudado também se ativava diante do cheiro de humanos conhecidos.

Em ensaios preliminares, ele se ativava diante do retorno do dono que tivesse momentaneamente saído das vistas do animal. Essas descobertas provam que os cachor-ros nos amam?

Não exatamente, mas muitas das mesmas coisas que ativam o cau-dado humano, coisas associadas a emoções positivas, também ativam o caudado canino. Os neurocien-tistas chamam a isso homologia funcional, e pode constituir um in-dicativo de emoções caninas.

A capacidade de sentir emoções positivas, como amor e apego, signi-fi caria que os cães possuem um nível de percepção sensorial comparável ao de uma criança.

Por muito tempo, cães foram tratados como propriedade huma-na. Embora leis estaduais e a Lei do Bem-Estar Animal, de 1966, tenham exigido que se destine um tratamento melhor aos bichos, elas consolidaram a visão de que os animais são coisas – objetos dos quais se poderia dispor, desde que tomado o cuidado razoável para minimizar seu sofrimento.

Mas agora, ao usar a ressonância magnética para afastar as limita-ções do behaviorismo, não podemos mais fazer vista grossa para as evidências. Os cães, e provavelmen-te muitos outros animais também (especialmente os primatas com parentesco mais estreito conosco), parecem ter emoções, exatamente como nós temos. Isso signifi ca que precisamos rever o tratamento que damos a eles.

HumanidadeUma opção é reconhecer uma

espécie de “humanidade” limita-da dos animais que demonstram evidências neurobiológicas de emoções positivas. Muitos grupos de resgate já usam esse rótulo

de “guardião” para descrever os humanos que cuidam de animais, vinculando o humano a seu prote-gido por meio da responsabilidade implícita de cuidar dele.

Aquele que deixe de atuar como bom guardião corre o risco de ter seu cão encaminhado para outro protetor. Mas não existem leis que tratem animais como pupilos ou protegidos, de modo que os diferen-tes grupos de resgate que operam segundo o modelo da guarda care-cem de bases legais para proteger os interesses dos animais.

Se déssemos mais um passo adiante e concedêssemos aos cães os direitos que acompa-nham a condição humana, eles ganhariam proteção adicional contra a exploração.

A criação de cães sob condições desumanas para fi nalidade de lucro rápido, o uso de cães em laborató-rios e as corridas de cães seriam proibidos, pois violariam os direitos básicos de autodeterminação de uma pessoa.

Creio que a sociedade ainda está a muitos anos de distância de con-siderar cães como pessoas. Contudo decisões recentes da Suprema Cor-te levaram em conta descobertas da ciência neurológica que abrem essa possibilidade.

Em dois casos, o tribunal decidiu que infratores menores de idade não poderiam ser sentenciados à prisão perpétua sem a possibilidade de liberdade condicional. Em suas decisões, a corte citou evidências obtidas em exames de imagem cerebral a fi m de atestar que o cérebro humano não está maduro na adolescência.

Embora esses exemplos não guardem relação com a percepção sensorial dos cães, os juízes abriram a porta para o recurso à neuroci-ência nos tribunais. Quem sabe um dia vejamos um caso judicial em que os direitos de um cão sejam defendidos com base em exames de imagem cerebral.

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G4 MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 G5

Literatura

RESUMOA série Primeiríssi-ma Mão, em que a “Ilustríssima” adianta trechos de lançamen-tos vindouros, traz o início do primeiro tomo de “À Procura do Tempo Perdido”. “Do Lado de Swann”, cujo centenário se comple-ta no dia 14, ganha nova tradução para o português, a sair pela Penguin/ Companhia das Letras em 2014.

4A pedra fundamental

No próximo dia 14, será o centenário da chegada às li-vrarias parisienses de “Do Lado de Swann”, o primeiro dos sete tomos de “À Procura do Tem-po Perdido”, de Marcel Proust. Multidões não sairão às ruas para, mascaradas com o bi-godinho do romancista, fazer vigília no Ritz, onde ele pe-dia um frango inteiro, cerve-ja e inúmeras xícaras de café quando escrevia o seu livro.

Apenas alguns, em Londres, no Cairo, em Tóquio ou numa padaria nas Perdizes, brinda-rão à memória do grande ar-tista. Foi ele quem aclarou as intermitências do coração, a mecânica dupla da memória, a força paralisante do hábito, a engrenagem da sociedade cujo fl uido é medo e engano, a matéria dúctil do tempo que se perde e é dado aos seus leitores reencontrar.

Datado? Sem dúvida; vive-se na história. Mas, enquanto a enferrujada geringonça burgue-sa continuar a ranger e a moer mulheres e homens aos milhões, lá estará “À Procura do Tempo Perdido”. Para compreender o que se nos passa nos dias de solidão de amor, o romance entre Swann e Odette.

Para analisar a política ao redor, a reação dos distintos ao caso Dreyfus. Para entrever o que de bom pode vir depois do ciclo do capital, uma so-nata no salão da Duquesa de Guermantes. Com conhaque barato num copo ordinário: tim-tim, Marcel!

Quatro editores se recusaram a publicar “Do Lado de Swann”. Havia motivos mundanos para tanto. Proust era tido como diletante. Não tinha profi ssão, nunca trabalhara, vivia em fes-tas, herdara o equivalente a dezenas de milhões de reais com a morte dos pais. Publi-cara a suas custas um livro

Há cem anos, nascia a catedral de Proust

MARIO SERGIO CONTI ILUSTRAÇÃO GUAZZELLI

ilustrado, crônicas de janta-res de grã-fi nos e traduções do caótico John Ruskin.

Ritmo vegetalHouve também razões lite-

rárias. Ninguém entendeu o livro, a combinação de análi-se e narração, o desenvolvi-mento em ritmo vegetal, as mudanças cubistas de assunto de um capítulo para o outro, os hiatos abissais no enredo. Mas Proust sabia o que estava escrevendo. Quer dizer, tinha uma noção incerta do que fa-zia: imaginava que escrevia um romance em dois livros. Depois viraram três, foram para cinco e acabaram em sete.

O mais famoso dos vetos à publicação foi o de André Gide. Proust sempre se quei-xou de que a “Nouvelle Revue Française”, onde o autor de “O Imoralista” era editor, nem abrira o pacote com o origi-nal datilografado de “Swann”. Mas Gide leu, sim, trechos do livro e estranhou sobremanei-ra algumas imagens proustia-nas, como as “vértebras” que apareciam na testa de uma personagem, a tia Léonie.

Proust acabou pagando para que uma nova editora, a de Bernard Grasset, o publicasse. Lentamente, o livro seguiu seu curso, o de amealhar espanto e admiração até se tornar uma obra-prima do modernismo. Gide veio a ler “Swann” inteiro. Escreveu então uma carta a Proust dizendo que a sua recu-sa inicial fora um dos maiores erros que cometera na vida. O rascunho da carta será leiloado no próximo dia 26, e a Sotheby’s avalia que ele será arrematado por 150 mil euros.

O trecho traduzido a se-guir é o comecinho de “Do Lado de Swann”.

Nele, o narrador descreve o lusco-fusco entre insônia e sono, entre sono e sonho, entre sonho e realidade. Ao mesmo tempo, vai relembrando diversos dos quartos onde dormiu ao longo dos anos. O passado e o presen-te se condensam naquilo que ele escreve: “Um homem que dorme mantém em círculo ao seu redor o fi o das horas, a ordem dos anos e dos mundos”.

Proust comparou “Tempo Perdido” a uma catedral e a uma sinfonia. É útil ter essas metáforas em mente ao iniciar a sua leitura. A estranheza que se experimenta não advém da difi culdade do estilo do escritor, perfeitamente compreensível. É que a leitura da abertura do romance corresponde a ver uma catedral bem de perto. Ou a ouvir apenas os primeiros acordes da protofonia de uma peça musical majestosa.

Só com o recuo em relação à igreja, só com o desenvolvi-mento da sinfonia – para que se possa contemplá-las na sua inteireza, do começo ao fi m – é possível captar a inteligência do romance em plenitude. O espaço e o tempo precisam agir para que Proust viva.

Imaginação

RESUMOA série Primeiríssima Mão, em que a “Ilus-tríssima” adianta os principais lançamen-tos vindouros, traz o início do primeiro tomo de “À Procura do Tempo Perdido”, assim rebatizado na nova tradução para o português. Ini-ciada há cem anos pelo francês Marcel Proust, a obra é um dos monumentos da literatura universal.

5Quartos da minha vida

Por um longo tempo, deitei cedo. Às vezes, mal apagada a vela, meus olhos se fechavam tão depressa que não tinha tem-po de me dizer: “Adormeço.” E, uma meia hora depois, o pen-samento de que era tempo de procurar dormir me despertava; queria pousar o volume que acreditava ainda ter nas mãos e assoprar a luz; não cessara de fazer refl exões dormindo sobre o que acabara de ler, mas essas refl exões haviam tomado um rumo um tanto particular; pare-cia-me que era de mim mesmo que o livro falava: uma igreja, um quarteto, a rivalidade de Francisco I e Carlos V. Essa cren-ça sobrevivia durante alguns segundos ao meu despertar; ela não chocava a minha razão, mas pesava como escamas sobre meus olhos e os impedia de perceber que a vela não estava mais acesa. Depois ela come-çava a me parecer ininteligível, como os pensamentos de uma existência anterior depois da metempsicose; o assunto do livro se destacava de mim, eu estava livre para me deter nele ou não; logo recobrava a visão e fi cava atônito de estar imer-so numa obscuridade, suave e repousante para os meus olhos, mas talvez ainda mais para o meu espírito, ao qual ela apa-recia como uma coisa sem cau-sa, incompreensível, como uma coisa verdadeiramente obscura. Eu me perguntava que horas poderiam ser; escutava o silvo dos trens que, marcando as distâncias como o canto mais ou menos afastado de um pás-saro na fl oresta, me descrevia a extensão do campo deserto onde o viajante se apressa em direção à próxima estação; e o pequeno caminho que percorre fi cará gravado na sua lembran-ça pela excitação que ele deve aos lugares novos, aos atos ina-bituais, às conversas recentes e

A reviravolta total nos mundos fora de órbita

MARCEL PROUSTI TRADUÇÃO MARIO SERGIO CONTI

às despedidas sob a lâmpada estrangeira que ainda o seguem no silêncio da noite, e à doçura próxima do regresso.

Encostava suavemente mi-nhas faces nas belas faces do travesseiro que, cheias e fres-cas, são como as faces da nossa infância. Riscava um fósforo para olhar meu relógio. Logo meia-noite. É quando o doente que fora obrigado a partir em viagem e a dormir num hotel desconhecido, despertado por uma crise, se alegra ao perceber sob a porta um raio do dia. Que felicidade, já é de manhã! Num instante os criados estarão de pé, poderá tocar a campainha, virão lhe prestar socorro. A espe-rança de ser aliviado lhe dá co-ragem para sofrer. Agora mes-mo achou que ouvia passos; os passos se aproximam e depois se afastam. E o raio do dia que estava sob a porta desapareceu. É meia-noite; acabam de apagar o gás; o último criado partiu e será preciso passar a noite toda a sofrer sem remédio.

Readormecia, e às vezes só despertava por breves instan-tes, o tempo de escutar os es-talos orgânicos das madeiras, de abrir os olhos para fi xar o caleidoscópio da obscuridade e, graças a um brilho momentâneo de consciência, de experimentar o sono no qual estavam mer-gulhados os móveis, o quarto, o todo do qual eu era apenas uma pequena parte e a cuja insensibilidade voltava rapida-mente a me agregar. Ou en-tão, dormindo, havia regressado sem esforço a uma época para sempre passada de minha vida primitiva e reencontrado alguns dos meus terrores infantis, como o de que meu tio-avô me puxasse pelos cachos de cabelo, e que se dissipara no dia – data para mim de uma nova era – em que os tinham cortado. Havia esquecido esse acontecimento durante o meu sono, e reencon-trava a sua lembrança assim que conseguia acordar para escapar às mãos de meu tio-avô, mas por precaução envolvia com-pletamente a cabeça com meu travesseiro antes de retornar ao mundo dos sonhos.

Às vezes, como Eva nasceu de uma costela de Adão, uma mulher nascia durante o meu sonho de uma falsa posição de minha coxa. Formada pelo prazer que eu estava a ponto de experimentar, imaginava que era ela quem o oferecia. Meu corpo, que sentia no dela o meu próprio calor, tentava juntar-se a ela, e eu acordava. O restante dos humanos me parecia bem distante diante dessa mulher que eu havia abandonado há apenas alguns momentos; mi-nha face ainda estava quente do seu beijo, meu corpo dolorido pelo peso do seu. Se, como acon-tecia algumas vezes, ela tinha os traços de uma mulher que conhecera na vida, iria me de-dicar inteiramente a esse objeti-vo: reencontrá-la, como aqueles que partem em viagem para ver com os próprios olhos uma cidade desejada e imaginam que se pode experimentar numa realidade o encanto do sonho.

Pouco a pouco a lembrança dela se esvanecia, eu esquecia a moça, fi lha de meu sonho.

Um homem que dorme man-tém em círculo ao seu redor o fi o das horas, a ordem dos anos e dos mundos. Ele os consulta por instinto ao acordar e neles lê num segundo o ponto da terra que ocupa, o tempo que correu até despertar; mas a sua ordem pode se embaralhar, se romper. Se de madrugada, após uma insônia, o sono o surpreende durante a leitura numa postu-ra demasiado diferente da que dorme habitualmente, basta o seu braço erguido para deter e fazer o sol recuar, e no primeiro minuto do seu despertar ele não saberá mais as horas, achará que acaba de se deitar. Se ador-mecer numa posição ainda mais insólita e inabitual, por exemplo, numa poltrona depois de jantar, então a reviravolta será total nos mundos fora de órbita, a poltrona mágica o fará viajar a toda velocidade no tempo e no espaço, e no momento de abrir as pálpebras achará que está deitado alguns meses an-tes, noutra região. Mas bastava que, em minha própria cama, meu sono fosse profundo e des-contraísse inteiramente o meu espírito para que este perdesse o mapa do lugar onde havia dor-mido e, quando eu acordava no meio da noite, como ignorasse onde me encontrava, nem se-quer soubesse num primeiro ins-tante quem eu era; tinha apenas, na sua simplicidade original, o sentido da existência tal como ele pode fremir no fundo de um animal; estava mais despido que o homem das cavernas; mas então a lembrança – não ainda do lugar onde estava, mas de alguns onde morara e poderia estar – vinha a mim como um socorro do alto para me retirar do vácuo de onde não poderia sair sozinho; em um segundo passava por séculos de civiliza-ção, e a imagem confusamente entrevista de lâmpadas a que-rosene, e depois de colarinhos de gola rebatida, recompunha pouco a pouco os traços origi-nais do meu eu.

Talvez a imobilidade das coi-sas ao nosso redor nos seja imposta pela nossa certeza de que são mesmo elas, e não ou-tras, pela imobilidade de nosso pensamento diante delas. O fato é que, quando acordava assim, com meu espírito se agitando para tentar saber, sem conse-guir, onde estava eu, tudo girava em torno de mim no escuro, as coisas, as regiões, os anos. Meu corpo, entorpecido demais para se mexer, procurava, segundo a forma do seu cansaço, discernir a posição dos seus membros para daí deduzir a direção da parede, o lugar dos móveis, para reconstruir e nomear a moradia onde se achava. Sua memória, a memória de suas costelas, de seus joelhos, de seus ombros, lhe apresentava sucessivamen-te vários dos quartos onde havia dormido, enquanto ao seu redor as paredes imóveis, mudando de lugar segundo a forma do cômodo imaginado, turbilhona-vam nas trevas. E antes mesmo

que o meu pensamento, que hesitava na soleira dos tempos e das formas, tivesse aproximado as circunstâncias e identifi cado o cômodo, ele – meu corpo – re-cordava para cada quarto o tipo de cama, o lugar das portas, o lado para que davam as janelas, a existência de um corredor, e isso junto com o que pensara ao adormecer e que reencontrava ao acordar. O lado anquilosado de meu corpo, procurando adi-vinhar sua orientação, imagina-va-se, por exemplo, estirado ao longo da parede numa grande cama de dossel, e eu logo me dizia: “Ora, acabei dormindo antes que mamãe tenha vindo me dar boa-noite”; eu estava no campo, na casa do meu avô, morto havia muitos anos, e meu corpo, o lado sobre o qual eu repousava, fi éis guardiães de um passado que meu espírito não deveria jamais esquecer, me recordavam a chama da luminária de cristal da Boêmia, em forma de urna, suspendida no teto por pequenas correntes, a lareira de mármore de Siena no meu quarto de dormir em Combray, na casa de meus avós, em dias distantes que naquele momento eu imaginava atuais, sem deles formar uma imagem exata, e voltaria a ver melhor dali a pouco, quando de fato tivesse acordado.

Depois renascia a lembrança de uma nova atitude; a parede fugia noutra direção: eu estava no meu quarto na casa de Ma-dame de Saint-Loup, no campo; meu Deus! são pelo menos dez horas, devem ter terminado de jantar! Devo ter prolongado de-mais a sesta que faço todos os fi nais de tarde ao voltar de meu passeio com Madame de Saint-Loup, antes de vestir minha casaca. Pois muitos anos se passaram desde Combray, quando, nos nossos regressos mais atrasados, eram os refl e-xos vermelhos do poente que eu via nos vitrais de minha janela. É outro tipo de vida que se leva em Tansonville, na casa de Madame de Saint-Loup, outro tipo de prazer que encontro ao sair apenas à noite, percorrendo ao luar esses caminhos onde antigamente brincava ao sol; e o quarto onde terei ador-mecido em vez de me vestir para o jantar, de longe o vejo ao regressarmos, atravessado pelo fogo da lâmpada, único farol na noite.

Essas evocações rodopiantes e confusas nunca duravam que alguns segundos; muitas vezes, minha breve incerteza do lugar onde me encontrava não distin-guia melhor umas das outras as diversas suposições da qual ela era feita, assim como não iso-lamos, vendo um cavalo correr, as posições sucessivas que nos mostra o cinescópio. Mas eu tinha revisto ora um, ora outro, os quartos que havia habitado na minha vida, e acabava por me recordar de todos eles nos lon-gos devaneios que se seguiam ao meu despertar; quartos de inverno onde, quando se está deitado, aconchega-se a cabeça num ninho que se tece com as coisas mais disparatadas: um

canto do travesseiro, a parte de cima do cobertor, uma ponta de xale, a beira da cama e um número do “Débats Roses”, que acabamos por cimentar com a técnica dos pássaros, calcando-as indefi nidamente; onde num tempo glacial o prazer que se saboreia é o de se sentir separa-do do exterior (como a andorinha do mar cujo ninho fi ca ao fun-do de um subterrâneo no calor da terra), e onde, com o fogo mantido a noite toda na lareira, se dorme num grande manto de ar quente e esfumaçado, atravessado pelos lampejos de brasas que se reavivam, espécie de alcova impalpável, de caver-na cálida escavada no seio do próprio quarto, zona ardente e móvel nos seus contornos tér-micos, arejada por sopros que nos refrescam o rosto e provêm dos cantos, de partes vizinhas à janela ou afastadas do fogo, e que esfriaram – de verão onde se gosta de se estar unido à noite morna, onde o luar apoiado nos postigos entreabertos joga até o pé da cama sua escada encantada, onde se dorme qua-se ao ar livre como o pássaro embalado pela brisa na ponta de um raio de luz – às vezes o quarto estilo Luís XVI, tão ale-gre que nem na primeira noite nele me sentira muito infeliz, e onde as pequenas colunas que sustentavam levemente o teto se afastavam com tanta graça para mostrar e reservar o lugar da cama; às vezes, ao contrário, era um quarto pequeno e de pé-direito tão alto, escavado em forma de uma pirâmide da altura de dois andares e par-cialmente revestido de mogno, onde desde o primeiro segundo eu fi cara moralmente intoxi-cado pelo cheiro desconheci-do do patchuli, convencido da hostilidade das cortinas roxas e da insolente indiferença do pêndulo tagarelando alto como se eu não estivesse ali – onde um estranho e impiedoso es-pelho de pés quadrangulares, barrando obliquamente um dos cantos do cômodo, escavava à força na suave plenitude de meu campo visual de costume um lugar imprevisto; onde meu pensamento, esforçando-se du-rante horas por se deslocar, por se expandir para o alto, a fi m de tomar exatamente a forma do quarto e preencher até em cima o seu gigantesco funil, passava noites bem duras enquanto es-tava estendido na minha cama, os olhos erguidos, o ouvido an-sioso, as narinas desobedientes, o coração palpitante: até que o hábito tivesse mudado a cor das cortinas, calado o pêndulo, ensinado a piedade ao espelho oblíquo e cruel, dissimulado ou expulso totalmente o cheiro de patchuli, e diminuído sensivel-mente a altura aparente do teto. O hábito! criada hábil mas va-garosa, que começa por deixar nosso espírito sofrer durante semanas numa instalação pro-visória; mas o qual, apesar de tudo, é bem feliz de encontrar, pois sem o hábito, e reduzido a seus próprios meios, nosso espí-rito seria impotente para tornar um aposento habitável.

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G4 MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 G5

Literatura

RESUMOA série Primeiríssi-ma Mão, em que a “Ilustríssima” adianta trechos de lançamen-tos vindouros, traz o início do primeiro tomo de “À Procura do Tempo Perdido”. “Do Lado de Swann”, cujo centenário se comple-ta no dia 14, ganha nova tradução para o português, a sair pela Penguin/ Companhia das Letras em 2014.

4A pedra fundamental

No próximo dia 14, será o centenário da chegada às li-vrarias parisienses de “Do Lado de Swann”, o primeiro dos sete tomos de “À Procura do Tem-po Perdido”, de Marcel Proust. Multidões não sairão às ruas para, mascaradas com o bi-godinho do romancista, fazer vigília no Ritz, onde ele pe-dia um frango inteiro, cerve-ja e inúmeras xícaras de café quando escrevia o seu livro.

Apenas alguns, em Londres, no Cairo, em Tóquio ou numa padaria nas Perdizes, brinda-rão à memória do grande ar-tista. Foi ele quem aclarou as intermitências do coração, a mecânica dupla da memória, a força paralisante do hábito, a engrenagem da sociedade cujo fl uido é medo e engano, a matéria dúctil do tempo que se perde e é dado aos seus leitores reencontrar.

Datado? Sem dúvida; vive-se na história. Mas, enquanto a enferrujada geringonça burgue-sa continuar a ranger e a moer mulheres e homens aos milhões, lá estará “À Procura do Tempo Perdido”. Para compreender o que se nos passa nos dias de solidão de amor, o romance entre Swann e Odette.

Para analisar a política ao redor, a reação dos distintos ao caso Dreyfus. Para entrever o que de bom pode vir depois do ciclo do capital, uma so-nata no salão da Duquesa de Guermantes. Com conhaque barato num copo ordinário: tim-tim, Marcel!

Quatro editores se recusaram a publicar “Do Lado de Swann”. Havia motivos mundanos para tanto. Proust era tido como diletante. Não tinha profi ssão, nunca trabalhara, vivia em fes-tas, herdara o equivalente a dezenas de milhões de reais com a morte dos pais. Publi-cara a suas custas um livro

Há cem anos, nascia a catedral de Proust

MARIO SERGIO CONTI ILUSTRAÇÃO GUAZZELLI

ilustrado, crônicas de janta-res de grã-fi nos e traduções do caótico John Ruskin.

Ritmo vegetalHouve também razões lite-

rárias. Ninguém entendeu o livro, a combinação de análi-se e narração, o desenvolvi-mento em ritmo vegetal, as mudanças cubistas de assunto de um capítulo para o outro, os hiatos abissais no enredo. Mas Proust sabia o que estava escrevendo. Quer dizer, tinha uma noção incerta do que fa-zia: imaginava que escrevia um romance em dois livros. Depois viraram três, foram para cinco e acabaram em sete.

O mais famoso dos vetos à publicação foi o de André Gide. Proust sempre se quei-xou de que a “Nouvelle Revue Française”, onde o autor de “O Imoralista” era editor, nem abrira o pacote com o origi-nal datilografado de “Swann”. Mas Gide leu, sim, trechos do livro e estranhou sobremanei-ra algumas imagens proustia-nas, como as “vértebras” que apareciam na testa de uma personagem, a tia Léonie.

Proust acabou pagando para que uma nova editora, a de Bernard Grasset, o publicasse. Lentamente, o livro seguiu seu curso, o de amealhar espanto e admiração até se tornar uma obra-prima do modernismo. Gide veio a ler “Swann” inteiro. Escreveu então uma carta a Proust dizendo que a sua recu-sa inicial fora um dos maiores erros que cometera na vida. O rascunho da carta será leiloado no próximo dia 26, e a Sotheby’s avalia que ele será arrematado por 150 mil euros.

O trecho traduzido a se-guir é o comecinho de “Do Lado de Swann”.

Nele, o narrador descreve o lusco-fusco entre insônia e sono, entre sono e sonho, entre sonho e realidade. Ao mesmo tempo, vai relembrando diversos dos quartos onde dormiu ao longo dos anos. O passado e o presen-te se condensam naquilo que ele escreve: “Um homem que dorme mantém em círculo ao seu redor o fi o das horas, a ordem dos anos e dos mundos”.

Proust comparou “Tempo Perdido” a uma catedral e a uma sinfonia. É útil ter essas metáforas em mente ao iniciar a sua leitura. A estranheza que se experimenta não advém da difi culdade do estilo do escritor, perfeitamente compreensível. É que a leitura da abertura do romance corresponde a ver uma catedral bem de perto. Ou a ouvir apenas os primeiros acordes da protofonia de uma peça musical majestosa.

Só com o recuo em relação à igreja, só com o desenvolvi-mento da sinfonia – para que se possa contemplá-las na sua inteireza, do começo ao fi m – é possível captar a inteligência do romance em plenitude. O espaço e o tempo precisam agir para que Proust viva.

Imaginação

RESUMOA série Primeiríssima Mão, em que a “Ilus-tríssima” adianta os principais lançamen-tos vindouros, traz o início do primeiro tomo de “À Procura do Tempo Perdido”, assim rebatizado na nova tradução para o português. Ini-ciada há cem anos pelo francês Marcel Proust, a obra é um dos monumentos da literatura universal.

5Quartos da minha vida

Por um longo tempo, deitei cedo. Às vezes, mal apagada a vela, meus olhos se fechavam tão depressa que não tinha tem-po de me dizer: “Adormeço.” E, uma meia hora depois, o pen-samento de que era tempo de procurar dormir me despertava; queria pousar o volume que acreditava ainda ter nas mãos e assoprar a luz; não cessara de fazer refl exões dormindo sobre o que acabara de ler, mas essas refl exões haviam tomado um rumo um tanto particular; pare-cia-me que era de mim mesmo que o livro falava: uma igreja, um quarteto, a rivalidade de Francisco I e Carlos V. Essa cren-ça sobrevivia durante alguns segundos ao meu despertar; ela não chocava a minha razão, mas pesava como escamas sobre meus olhos e os impedia de perceber que a vela não estava mais acesa. Depois ela come-çava a me parecer ininteligível, como os pensamentos de uma existência anterior depois da metempsicose; o assunto do livro se destacava de mim, eu estava livre para me deter nele ou não; logo recobrava a visão e fi cava atônito de estar imer-so numa obscuridade, suave e repousante para os meus olhos, mas talvez ainda mais para o meu espírito, ao qual ela apa-recia como uma coisa sem cau-sa, incompreensível, como uma coisa verdadeiramente obscura. Eu me perguntava que horas poderiam ser; escutava o silvo dos trens que, marcando as distâncias como o canto mais ou menos afastado de um pás-saro na fl oresta, me descrevia a extensão do campo deserto onde o viajante se apressa em direção à próxima estação; e o pequeno caminho que percorre fi cará gravado na sua lembran-ça pela excitação que ele deve aos lugares novos, aos atos ina-bituais, às conversas recentes e

A reviravolta total nos mundos fora de órbita

MARCEL PROUSTI TRADUÇÃO MARIO SERGIO CONTI

às despedidas sob a lâmpada estrangeira que ainda o seguem no silêncio da noite, e à doçura próxima do regresso.

Encostava suavemente mi-nhas faces nas belas faces do travesseiro que, cheias e fres-cas, são como as faces da nossa infância. Riscava um fósforo para olhar meu relógio. Logo meia-noite. É quando o doente que fora obrigado a partir em viagem e a dormir num hotel desconhecido, despertado por uma crise, se alegra ao perceber sob a porta um raio do dia. Que felicidade, já é de manhã! Num instante os criados estarão de pé, poderá tocar a campainha, virão lhe prestar socorro. A espe-rança de ser aliviado lhe dá co-ragem para sofrer. Agora mes-mo achou que ouvia passos; os passos se aproximam e depois se afastam. E o raio do dia que estava sob a porta desapareceu. É meia-noite; acabam de apagar o gás; o último criado partiu e será preciso passar a noite toda a sofrer sem remédio.

Readormecia, e às vezes só despertava por breves instan-tes, o tempo de escutar os es-talos orgânicos das madeiras, de abrir os olhos para fi xar o caleidoscópio da obscuridade e, graças a um brilho momentâneo de consciência, de experimentar o sono no qual estavam mer-gulhados os móveis, o quarto, o todo do qual eu era apenas uma pequena parte e a cuja insensibilidade voltava rapida-mente a me agregar. Ou en-tão, dormindo, havia regressado sem esforço a uma época para sempre passada de minha vida primitiva e reencontrado alguns dos meus terrores infantis, como o de que meu tio-avô me puxasse pelos cachos de cabelo, e que se dissipara no dia – data para mim de uma nova era – em que os tinham cortado. Havia esquecido esse acontecimento durante o meu sono, e reencon-trava a sua lembrança assim que conseguia acordar para escapar às mãos de meu tio-avô, mas por precaução envolvia com-pletamente a cabeça com meu travesseiro antes de retornar ao mundo dos sonhos.

Às vezes, como Eva nasceu de uma costela de Adão, uma mulher nascia durante o meu sonho de uma falsa posição de minha coxa. Formada pelo prazer que eu estava a ponto de experimentar, imaginava que era ela quem o oferecia. Meu corpo, que sentia no dela o meu próprio calor, tentava juntar-se a ela, e eu acordava. O restante dos humanos me parecia bem distante diante dessa mulher que eu havia abandonado há apenas alguns momentos; mi-nha face ainda estava quente do seu beijo, meu corpo dolorido pelo peso do seu. Se, como acon-tecia algumas vezes, ela tinha os traços de uma mulher que conhecera na vida, iria me de-dicar inteiramente a esse objeti-vo: reencontrá-la, como aqueles que partem em viagem para ver com os próprios olhos uma cidade desejada e imaginam que se pode experimentar numa realidade o encanto do sonho.

Pouco a pouco a lembrança dela se esvanecia, eu esquecia a moça, fi lha de meu sonho.

Um homem que dorme man-tém em círculo ao seu redor o fi o das horas, a ordem dos anos e dos mundos. Ele os consulta por instinto ao acordar e neles lê num segundo o ponto da terra que ocupa, o tempo que correu até despertar; mas a sua ordem pode se embaralhar, se romper. Se de madrugada, após uma insônia, o sono o surpreende durante a leitura numa postu-ra demasiado diferente da que dorme habitualmente, basta o seu braço erguido para deter e fazer o sol recuar, e no primeiro minuto do seu despertar ele não saberá mais as horas, achará que acaba de se deitar. Se ador-mecer numa posição ainda mais insólita e inabitual, por exemplo, numa poltrona depois de jantar, então a reviravolta será total nos mundos fora de órbita, a poltrona mágica o fará viajar a toda velocidade no tempo e no espaço, e no momento de abrir as pálpebras achará que está deitado alguns meses an-tes, noutra região. Mas bastava que, em minha própria cama, meu sono fosse profundo e des-contraísse inteiramente o meu espírito para que este perdesse o mapa do lugar onde havia dor-mido e, quando eu acordava no meio da noite, como ignorasse onde me encontrava, nem se-quer soubesse num primeiro ins-tante quem eu era; tinha apenas, na sua simplicidade original, o sentido da existência tal como ele pode fremir no fundo de um animal; estava mais despido que o homem das cavernas; mas então a lembrança – não ainda do lugar onde estava, mas de alguns onde morara e poderia estar – vinha a mim como um socorro do alto para me retirar do vácuo de onde não poderia sair sozinho; em um segundo passava por séculos de civiliza-ção, e a imagem confusamente entrevista de lâmpadas a que-rosene, e depois de colarinhos de gola rebatida, recompunha pouco a pouco os traços origi-nais do meu eu.

Talvez a imobilidade das coi-sas ao nosso redor nos seja imposta pela nossa certeza de que são mesmo elas, e não ou-tras, pela imobilidade de nosso pensamento diante delas. O fato é que, quando acordava assim, com meu espírito se agitando para tentar saber, sem conse-guir, onde estava eu, tudo girava em torno de mim no escuro, as coisas, as regiões, os anos. Meu corpo, entorpecido demais para se mexer, procurava, segundo a forma do seu cansaço, discernir a posição dos seus membros para daí deduzir a direção da parede, o lugar dos móveis, para reconstruir e nomear a moradia onde se achava. Sua memória, a memória de suas costelas, de seus joelhos, de seus ombros, lhe apresentava sucessivamen-te vários dos quartos onde havia dormido, enquanto ao seu redor as paredes imóveis, mudando de lugar segundo a forma do cômodo imaginado, turbilhona-vam nas trevas. E antes mesmo

que o meu pensamento, que hesitava na soleira dos tempos e das formas, tivesse aproximado as circunstâncias e identifi cado o cômodo, ele – meu corpo – re-cordava para cada quarto o tipo de cama, o lugar das portas, o lado para que davam as janelas, a existência de um corredor, e isso junto com o que pensara ao adormecer e que reencontrava ao acordar. O lado anquilosado de meu corpo, procurando adi-vinhar sua orientação, imagina-va-se, por exemplo, estirado ao longo da parede numa grande cama de dossel, e eu logo me dizia: “Ora, acabei dormindo antes que mamãe tenha vindo me dar boa-noite”; eu estava no campo, na casa do meu avô, morto havia muitos anos, e meu corpo, o lado sobre o qual eu repousava, fi éis guardiães de um passado que meu espírito não deveria jamais esquecer, me recordavam a chama da luminária de cristal da Boêmia, em forma de urna, suspendida no teto por pequenas correntes, a lareira de mármore de Siena no meu quarto de dormir em Combray, na casa de meus avós, em dias distantes que naquele momento eu imaginava atuais, sem deles formar uma imagem exata, e voltaria a ver melhor dali a pouco, quando de fato tivesse acordado.

Depois renascia a lembrança de uma nova atitude; a parede fugia noutra direção: eu estava no meu quarto na casa de Ma-dame de Saint-Loup, no campo; meu Deus! são pelo menos dez horas, devem ter terminado de jantar! Devo ter prolongado de-mais a sesta que faço todos os fi nais de tarde ao voltar de meu passeio com Madame de Saint-Loup, antes de vestir minha casaca. Pois muitos anos se passaram desde Combray, quando, nos nossos regressos mais atrasados, eram os refl e-xos vermelhos do poente que eu via nos vitrais de minha janela. É outro tipo de vida que se leva em Tansonville, na casa de Madame de Saint-Loup, outro tipo de prazer que encontro ao sair apenas à noite, percorrendo ao luar esses caminhos onde antigamente brincava ao sol; e o quarto onde terei ador-mecido em vez de me vestir para o jantar, de longe o vejo ao regressarmos, atravessado pelo fogo da lâmpada, único farol na noite.

Essas evocações rodopiantes e confusas nunca duravam que alguns segundos; muitas vezes, minha breve incerteza do lugar onde me encontrava não distin-guia melhor umas das outras as diversas suposições da qual ela era feita, assim como não iso-lamos, vendo um cavalo correr, as posições sucessivas que nos mostra o cinescópio. Mas eu tinha revisto ora um, ora outro, os quartos que havia habitado na minha vida, e acabava por me recordar de todos eles nos lon-gos devaneios que se seguiam ao meu despertar; quartos de inverno onde, quando se está deitado, aconchega-se a cabeça num ninho que se tece com as coisas mais disparatadas: um

canto do travesseiro, a parte de cima do cobertor, uma ponta de xale, a beira da cama e um número do “Débats Roses”, que acabamos por cimentar com a técnica dos pássaros, calcando-as indefi nidamente; onde num tempo glacial o prazer que se saboreia é o de se sentir separa-do do exterior (como a andorinha do mar cujo ninho fi ca ao fun-do de um subterrâneo no calor da terra), e onde, com o fogo mantido a noite toda na lareira, se dorme num grande manto de ar quente e esfumaçado, atravessado pelos lampejos de brasas que se reavivam, espécie de alcova impalpável, de caver-na cálida escavada no seio do próprio quarto, zona ardente e móvel nos seus contornos tér-micos, arejada por sopros que nos refrescam o rosto e provêm dos cantos, de partes vizinhas à janela ou afastadas do fogo, e que esfriaram – de verão onde se gosta de se estar unido à noite morna, onde o luar apoiado nos postigos entreabertos joga até o pé da cama sua escada encantada, onde se dorme qua-se ao ar livre como o pássaro embalado pela brisa na ponta de um raio de luz – às vezes o quarto estilo Luís XVI, tão ale-gre que nem na primeira noite nele me sentira muito infeliz, e onde as pequenas colunas que sustentavam levemente o teto se afastavam com tanta graça para mostrar e reservar o lugar da cama; às vezes, ao contrário, era um quarto pequeno e de pé-direito tão alto, escavado em forma de uma pirâmide da altura de dois andares e par-cialmente revestido de mogno, onde desde o primeiro segundo eu fi cara moralmente intoxi-cado pelo cheiro desconheci-do do patchuli, convencido da hostilidade das cortinas roxas e da insolente indiferença do pêndulo tagarelando alto como se eu não estivesse ali – onde um estranho e impiedoso es-pelho de pés quadrangulares, barrando obliquamente um dos cantos do cômodo, escavava à força na suave plenitude de meu campo visual de costume um lugar imprevisto; onde meu pensamento, esforçando-se du-rante horas por se deslocar, por se expandir para o alto, a fi m de tomar exatamente a forma do quarto e preencher até em cima o seu gigantesco funil, passava noites bem duras enquanto es-tava estendido na minha cama, os olhos erguidos, o ouvido an-sioso, as narinas desobedientes, o coração palpitante: até que o hábito tivesse mudado a cor das cortinas, calado o pêndulo, ensinado a piedade ao espelho oblíquo e cruel, dissimulado ou expulso totalmente o cheiro de patchuli, e diminuído sensivel-mente a altura aparente do teto. O hábito! criada hábil mas va-garosa, que começa por deixar nosso espírito sofrer durante semanas numa instalação pro-visória; mas o qual, apesar de tudo, é bem feliz de encontrar, pois sem o hábito, e reduzido a seus próprios meios, nosso espí-rito seria impotente para tornar um aposento habitável.

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G6 MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

6

O autodidata que rasgava livros ruins

Adeus a um crítico furioso

Diário de Berlim O MAPA DA CULTURA

VIEW 360

SILVIA BITTENCOURT

S A ALEMANHA perdeu Mar-cel Reich-Ranicki, 93, o seu maior crítico literário. Ele foi chefe do caderno cultural do jornal “Frankfurter Allgemei-ne Zeitung” (FAZ), estrela do programa televisivo “Das Li-terarische Quartett” (quarteto literário) e editor do cânone da literatura alemã.

Reich-Ranicki popularizou a crítica de livros na Alemanha com seu jeito claro e direto de falar e escrever. Seus textos eram oásis dentro do empola-do jornal alemão. Dizia que a função da crítica era animar o público para a literatura.

Judeu nascido na Polônia, passou sua juventude em Ber-lim, onde logo descobriu sua paixão pela literatura alemã. Frente à perseguição nazis-ta, porém, foi obrigado a deixar a cidade em 1938. Passou cinco anos no gue-to de Varsóvia – experiên-cia narrada na autobiografi a “Mein Leben” (Minha Vida, de 1999), que vendeu mais de 1 milhão de exemplares.

Costumava lembrar que nunca fi zera um curso uni-versitário. Proibido pelos na-zistas de estudar, foi um au-todidata. Suas críticas eram

afi adas e temidas. Entrou em confl ito até mesmo com monstros sagrados da lite-ratura alemã, como Martin Walser e Günter Grass.

Famosa é a capa da revista “Spiegel”, de agosto de 1995, na qual uma fotomontagem mostra um Reich-Ranicki co-lérico, rasgando ao meio o livro de Grass “Um Campo Vasto” (publicado no Brasil pela Record). Chamou-o na ocasião de “prosa sem valor, monótona e ilegível”.

Jubileu A editora Steidl está come-

morando os 50 anos de “Anos de Cão”, de Günter Grass, Nobel em 1999. O livro faz parte da sua chamada “Trilogia de Danzig”, que também reúne “O Tambor”, publicado origi-nalmente em 1959, e “Gato e Rato” (1961).

“Anos de Cão” conta a his-tória do século 20 a partir da perspectiva de três narra-dores. O “leitmotiv” é um ca-chorro, Pluto, o pastor alemão de Hitler. E o palco é Danzig, a cidade natal de Grass (hoje Gdansk, na Polônia).

Grass diz considerar esta obra “mais rica” do ponto de vista estilístico e literário do que o romance “O Tambor”, que acabou se tornando mais famoso por causa do fi lme de Volker Schlöndorff , premiado com o Oscar de melhor fi lme

estrangeiro em 1980. Além de lançar uma edição

comemorativa de “Anos de Cão”, encadernada em teci-do e trazendo 130 gravuras feitas pelo próprio autor, a Steidl também está prepa-rando uma exposição para o fi nal de novembro, em Lübeck, cidade atual de Grass. Ali está localizada a Günter-Grass-Haus (www.grass-haus.de), um museu com seus desenhos, esculturas e os originais de sua obra literária.

Prêmio A escritora húngaro-alemã

Térezia Mora, de Berlim, acaba de ganhar o mais importante prêmio literário da Alemanha, o da Bolsa do Comércio de Livros. Sua obra “Das Ungeheuer” (O Monstro) foi considerada o melhor romance do ano.

Parte do livro lembra um “road movie”. Traz a história de Darius Kopp, que depois de meses trancafi ado num apar-tamento sai à procura de um lugar para jogar as cinzas da mulher, Flora, que suicidou.

A narrativa tem uma forma original. Uma linha horizontal corre ao longo do romance de quase 700 páginas: acima da linha, um narrador conta a busca feita por Darius Kopp e como ele descobre o diário de Flora; embaixo estão as anotações de Flora, apon-tando para a depressão que devorava a mulher.

GoetheUm livro de 750 páginas

está na lista de best-sellers na Alemanha: a biografi a “Goethe “’ Kunstwerk des Lebens” ( a vida como obra de arte), de Rüdiger Safranski.

O título já indica que essa biografi a se centra menos nos livros e mais na vida intensa de Goethe (1749-1832), au-tor de “Fausto” e “Os Sofri-mentos do Jovem Werther”, entre muitas outras obras: a infância em Frankfurt, os estudos em Leipzig e Estras-burgo, a ida para Weimar, a temporada na Itália.

“Ele não foi apenas um gran-de escritor, mas também um mestre da vida”, diz Safranski, que vem apresentando sua obra pelo país.

Queridinho das mulheres, Goethe vivia apaixonado. Circulava entre políticos, artistas e cientistas. Até Na-poleão Bonaparte recebeu-o para um café da manhã, em outubro de 1808.

Safranski é um dos maio-res biógrafos da Alemanha. Também retratou Schope-nhauer, Nietzsche, E. T. A. Hoffmann e Schiller.

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7 Mil vezes obrigado, Lou Reed

Arquivo AbertoMEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

Rio de Janeiro, 1996

É bem possível que, de muitas entrevistas difíceis que tive, a que tentei fazer com Lou Reed seja a pior e a mais famosa.

Nesse momento de absoluta tris-teza (alguém tinha pensado que um cara como Lou Reed podia simplesmente morrer?), quando a parte da nossa vida trilhada por sua música passa acelerada diante dos nossos olhos marejados de blues, me parece oportuno, diria inescapável, revisitar esse encon-tro e, de algum jeito, promover uma espécie de acerto de contas.

Não me entenda mal, leitor: essa entrevista televisiva (para a MTV Brasil) com o músico nova-iorquino, que aconteceu em setembro de 1996, às vés-peras de suas primeiras apre-sentações no Brasil (The Hooky Wooky Tour), não deu mesmo bom resultado jornalístico.

Imagino que nem o mais hábil dos editores teria sido capaz de salvar o material e se virar com a dinâmica trincada, com a elo-quência quase sombria da nossa conversa. E é bom que tenha sido

assim: o clima instável, as dificul-dades específicas desse encontro acabam por validá-lo: não queria que tivesse sido de outro jeito.

Tudo ia bem no começo. Depois das rápidas formalidades de apre-sentação, nos instalamos no set armado à beira da piscina do hotel Sheraton, no Rio de Janeiro. Tudo testado e pronto para a ação.

Como eu tinha acabado de as-sistir a uma bela apresentação no festival suíço Paleo, em boa parte da área próxima ao palco reser-vada aos fotógrafos, arrisquei de cara umas considerações impres-sionistas sobre sua relação com o público, sobre a cumplicidade que ele conseguia estabelecer nes-sas ocasiões grandiosas. Pareceu agradar. Apesar da sisudez, pensei que tudo estava tranquilo e que teríamos uma boa conversa.

Mas aí veio a ruptura. Percebi na hora o vacilo que alterou ine-lutavelmente o andamento dos trabalhos: a pergunta sobre as bio-grafias, ou melhor, a pergunta com referência pontual a uma biogra-fia e ainda uma certa insistência no assunto das biografias e a ele, Lou Reed, como biografado. Mea culpa, mea velvetiana culpa!

Não tinha mais volta. Foi mínima a alteração em sua linguagem corporal: intensificou-se apenas o movimento sinistro de alisar o curativo que exibia sobre as veias do braço esquerdo. Mas o olhar” O que era intenso e mirava bem no alvo dos meus olhos desde o início transformou-se num objeto perfurocortante e me atravessou como uma flecha. Ou, mais de acordo, como uma espada de samurai.

Fui em frente, deixando claro que acusara o golpe, reconhecia, e até falamos mais um tempi-nho: Zappa, guitarras, o legado. Mas realmente já era. Senhor do tempo, Lou Reed devolveu a cada duas perguntas um monossílabo – técnica para lá de pragmática de enxugamento das atividades, basicamente porque, para o en-trevistador, cada segundo passa a valer por uma eternidade e meia e, nessas horas, o que você mais quer é que tudo acabe logo.

Encerramos com um forte aper-to de mão e nos despedimos.

Passados alguns minutos, en-quanto eu e a equipe nos prepará-vamos para bater em retirada, vi Lou caminhar em minha direção.

Com um leve cutucão no ombro e algo parecido com um sorriso, puxou conversa. Foi logo expli-cando, por linhas nada tortas, o motivo do mau humor: detestava biografias. Ironicamente, ele me fez perceber que eu devia saber da sua insatisfação pesada e decla-rada. Eu sabia e sei, Lou. Só pode ter sido o tal do “imponderável” das entrevistas que resolveu se meter no meu caminho.

Proseamos por mais alguns ins-tantes e, antes de ir embora, Lou viu, entre as minhas coisas desar-rumadas, um CD do maravilhoso “Berlin”. O disco estava ali para o caso de surgir um clima bom para um autógrafo. Ele então pegou o CD, disse que era um de seus prediletos e escreveu uma dedi-catória. Comentei algo sobre as criancinhas chorando no álbum, e ele sorriu antes de partir. Na capa, escreveu “thanks!”. Eu respondo: mil vezes obrigado, Lou Reed.

P.S.: Em defesa da empreitada televisiva, registro que colocamos a entrevista no ar quase em estado bruto – a sabedoria minimalista do mestre e o sofrimento do en-trevistador, sem maquiagem.

FABIO MASSARI

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G8 MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

No Brasil, a vida privada ocupa ainda hoje o papel de nossa princi-pal referência. A interpretação mais frequente desse fenômeno aposta na ideia de que a ancoragem no privado é sinal de maturidade de-mocrática. O suposto é que essa expansão democrática se sustenta em direitos e, uma vez que os direi-tos são respeitados, não há motivo para maior preocupação.

Tal abordagem converge com o fortalecimento da ideia do indivíduo como personagem de si mesmo e

tem sido recorrente para explicar tanto a importância que atribuí-mos a certa escrita autorreferen-cial quanto para sustentar o argu-mento de que só quem viu, sentiu e experimentou pode registrar a verdade dos fatos vividos.

Visto pela perspectiva do mundo privado, cada um de nós seria, ao mesmo tempo, autor e editor de uma escrita de si: apenas o indivíduo – e sua memória – seria capaz de orde-nar, rearranjar e signifi car o trajeto de uma vida no suporte de um texto e disso criar uma narrativa; e apenas ele, que conhece a autenticidade de suas ações e emoções, estaria autorizado a expressá-las para si e para os demais.

Contudo entre as quatro paredes da vida privada se perde muito. Refugiados na intimidade, os indi-víduos desfrutam o privilégio de ter seu pequeno mundo só para si; mas falta-lhes uma forma específi ca de convivência que se defi ne pela pre-sença do outro e pela possibilidade de ser confrontado com suas opiniões. E porque lhes falta, acima de tudo, a liberdade do falar uns com os outros e uns contra os outros, uma única versão acaba por servir como padrão de verdade, seja para medir a própria vida, seja para pensar a sociedade ou narrar a história do país.

Foi preciso um jovem modernista, indeciso entre a crítica literária e a historiografi a, escrevendo sob o impacto das transformações da Era Vargas, para argumentar que, no Brasil, a complexa rede de relações pessoais e privadas comanda a socia-bilidade dos brasileiros na cena públi-ca. Mais do que isso: esse comando não traduz a potencialidade de uma

esfera privada bem defi nida; ao con-trário, torna evidente que, entre nós, público e privado nunca existiram plenamente; ou melhor, variam em função da situação, do contexto, do status e até do momento.

Em fi ns de 1930, esse jovem mo-dernista, Sérgio Buarque de Holan-da, então com 28 anos, voltou ao Brasil, depois de uma temporada na Alemanha enviando reportagens para “O Jornal”.

Em Berlim, Sérgio acompanhou a agitação política da República de Weimar e o crescimento do parti-do nacional-socialista, assistiu sem nenhuma regularidade a aulas de história na universidade, traduziu legendas de fi lmes para ganhar uns trocados – entre eles “O Anjo Azul”, de Sternberg, com Marlene Dietri-ch – e caiu na farra. Não se sabe bem como, ainda arrumou tempo para escrever: trouxe, na mala, o esboço de um ensaio intitulado “Teoria da América”, com cerca de 400 páginas manuscritas.

O ensaio sobreviveu, mas alte-rado pelo impacto da moderniza-ção do país nos anos 30, trocou de enfoque e foi publicado como livro, em 1936. “Raízes do Brasil”, o livro, nasceu cercado de mal-en-tendidos e de muita polêmica e se transformou numa obra decisiva de interpretação histórica e de análi-se sobre os dilemas irresolutos daformação social brasileira.

CordialidadeQuase 80 anos depois, “Raízes do

Brasil” ainda oferece um instrumen-tal crítico para entender o país. O livro diagnostica na cordialidade o traço defi nidor da nossa cultura e, no

seu agente mais famoso – o homem cordial –, um risco para a construção da vida democrática.

Dominado pelo coração, mobiliza-do pelo fundo emotivo de seus afetos, o homem cordial é uma anomalia política por sua particular compreen-são do mundo público, contaminada, desde o início, pela compulsão que ele sente de estender seus direitos indivi-duais sobre esse mundo, fazendo dele um mero apêndice, o prolongamento de seus interesses particulares e de suas relações pessoais.

Habituado a transpor quase natu-ralmente a lógica do mundo privado à cena pública, o homem cordial é um personagem inquietante: ele só con-segue viver em uma “pólis” caricata, que se coloca a serviço da proteção narcísica dos cidadãos e se mantém desperta por conta do imediatismo emocional de seus membros.

“Raízes do Brasil” traz um alerta contra o apego aos “valores da personalidade” cultivados pelo ho-mem cordial e contra a maneira como esses valores incidem sobre as diversas instâncias do Estado, dos partidos políticos, das instituições do mundo público. Essa insistência na manutenção de práticas próprias ao privado sobre o que é comum a todos quem sabe signifi que dar continuida-de a certa forma de sociabilidade da escravidão que sobreviveu alterada no clientelismo rural e resistiu à urbanização, quando a classifi cação hierárquica manteve-se sustentada por fortes laços pessoais. Seria a cordialidade, talvez, a singularida-de da nossa colonização ibérica, marcada por vínculos pessoais, que tornam fl uidas delimitações e di-ferenças entre esferas públicas e privadas de atuação.

Essa fl uidez impede ao homem cordial adquirir a necessária con-dição de abstração para sustentar a ideia de que a democracia não é só um regime político mas uma forma de sociedade, cujo princípio normativo está na noção de que pessoas obrigadas a obedecer às leis devem ter igual direito, a despeito das diferenças entre elas.

A mesma fl uidez o impede de aceitar o catálogo republicano das liberdades irredutíveis e o leva a relativizar as diferenças que separam sua cena privada e o mundo públi-co, para assegurar seus interesses particulares, solicitar privilégios e prover a censura.

Biografi asCom tudo isso, Sérgio Buarque

talvez se espantasse com a maneira como o homem cordial reapare-ceu na agenda do dia, disposto a marcar o debate sobre o tema das biografi as e a reivindicar para suas demandas e desejos individuais o amparo da lei. Naturalmente, seus pontos de vista são emanados dire-tamente do mundo privado: o papel de vítima assumido pelo homem cordial no debate não deixa de ser uma escolha vantajosa. A per-petuação desse papel mantém os termos imaginários de uma injus-tiça cometida entre indivíduos; já o desejo de compensação, sobretudo monetária, não busca a transforma-ção das condições que produziram o prejuízo, mas a garantia de que ele possa benefi ciar-se dessas con-dições, sempre como vítima.

Com um ponto de vista vindo da privacidade, o homem cordial defende ser mais seguro para todos aceitar a premissa de que existe uma oposição entre o mundo pú-blico e a vida privada e que essa oposição equivale à diferença entre o que deve ser conhecido e o que deve ser ocultado. A premissa é

mais do que duvidosa. As duas esferas – o espaço íntimo,

o mundo comum – somente podem subsistir sob a forma de coexistência. Mais do que isso: a defi nição do público e do privado é, na verdade, o desenho de uma fronteira dentro da qual se abrigam, conectam e se desenrolam dimensões diferentes de nossas vidas. Privado e público só se defi nem um em relação ao outro.

Não é difícil perceber, dentro dessa fronteira, os modos como se fl exiona o privado. Historiadoras que somos, vamos a um exemplo retirado da nossa história.

Um rei sabidamente, e até hoje, não tem escapatória: sabe que é sempre, e desde que nasce, fi gura pública. Seu casamento é um con-trato de Estado; sua morte é sempre anunciada por uma nova vida; os fi lhos são antes de mais nada her-deiros; e seus diários íntimos não passam de peças públicas.

Pedro 2º, por exemplo, ciente de sua condição, guardou para si o que queria preservar e permitiu a exposição, e até utilizou-se dela, quando devia e queria. Ele era visto por todos, todos falavam dele e nem sempre falavam bem. A sátira da época fez de Pedro 2º objeto permanente: suas pernas fi nas, sua voz estridente, aguda demais para sua altura, maior do que a da média dos brasileiros, tudo foi motivo para chacota de cartunistas como Angelo Agostini.

E o que dizer do chargista Raphael Bordallo Pinheiro? O português, pou-co após a espinhosa promulgação da Lei do Ventre Livre, em 1871, publicou uma brochura em que ri-dicularizava a mania de movimento do imperador (que não parava de viajar) e debochava da lei polêmica: “No Razilb, seu rei é tão bom que libertou os fi lhos na barriga (mas não as mães, que por certo não fi caram nada satisfeitas)”.

Não se trata de apresentar um personagem excepcional; d. Pedro apenas sabia que algumas pessoas – como os monarcas, os artistas,

os cientistas, as celebridades, os políticos – têm um pacto com o público. Só é rei quem não perde a realeza; sejam reis monarcas, reis do futebol, reis momos do Carnaval e reis da canção.

Uma biografi a é a evidência mais elementar da profunda co-nexão entre as esferas pública e privada – somente quando estão articuladas essas esferas conse-guem compor o tecido de uma vida, tornando-a real para sempre.

Escrever sobre uma vida implica interrogar o que os episódios de um destino pessoal têm a dizer sobre as coisas públicas, sobre o mundo e o tempo em que vivemos. E a tarefa de julgar, dizia Hannah Arendt, não é prerrogativa do biógrafo nem do biografado: é privilégio dos outros. Na composição da biografi a ca-bem os grandes tipos, os homens públicos, as celebridades; cabem igualmente personagens miúdos, quase anônimos. Em todos os ca-sos, porém, não cabe tarefa fácil: é muito difícil reconstituir o tempo que inspirou o gesto.

É preciso calçar os sapatos do mor-to, na defi nição preciosa de Evaldo Cabral, para penetrar num tempo que não é o seu, abrir portas que não lhe pertencem, sentir com sentimentos de outras pessoas e tentar compreen-der a trajetória de uma vida no tempo que lhe foi dado viver; as intervenções que protagonizou no mundo público de sua época com os recursos de que dispunha; a disposição de viver segundo as exigências desse tempo, e não de acordo com as exigências do nosso tempo.

O historiador anda sempre às voltas com a linha difusa entre resgatar a experiência dos que vi-veram os fatos, reconhecer nessa experiência seu caráter quebradiço e inconcluso, interpelar seu sentido. Por isso, a biografi a é um gênero da historiografi a e é essencial para compreendermos os brasileiros que fomos e os que deveríamos ou po-deríamos ser. Essa história é pública e ao público pertence.

Ensaio

RESUMO‘Raízes do Brasil’, publicado por Sérgio Buarque de Holanda há quase 80 anos, diag-nosticou na cordialida-de a rede de relações privadas que comanda a cena pública do país. O homem cordial, sím-bolo da fl uidez entre as duas esferas, reapare-ce no debate sobre as biografi as ao reivindi-car para seus desejos o amparo da lei.

HELOISA STARLINGLILIA MORITZ SCHWARCZ ILUSTRAÇÃO RAPHAELBORDALLO PINHEIRO

8 Medos privadosem lugares públicosHomem cordial assombra biografi as

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