em tempo - 10 de novembro de 2013

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MÁX.: 32 MÍN.: 22 TEMPO EM MANAUS FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. ANO XXVI – N.º 8.179 – DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ PRÉ-CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, SENADOR AÉCIO NEVES DESAFIA O PRÓPRIO PARTIDO, O PSDB, E DIZ QUE A ZONA FRANCA DE MANAUS É PATRIMÔNIO DO BRASIL E NECESSÁRIA PARA A REGIÃO NORTE. COM A PALAVRA A7 D O M I N G O Colunista de “Época”, “Vogue Brasil”, “GQ Brasil”, Bruno Astuto (foto com Ana Maria Braga) diz ao EM TEMPO que chique é ajudar ao próximo. Elenco 16 e 17 “ZFM É PATRIMÔNIO DO BRASIL” DIVULGAÇÃO ELES ESTÃO DE OLHO NA VAGA DE DESEMBARGADOR DIVULGAÇÃO Estudos internacionais afir- mam que as cápsulas à base de café verde ajudam na redução do peso. Saúde F2 Dia 15, a República completa 124 anos e experimenta a versão tropical do Estado de bem-estar social. Ilus- tríssima G4 E G5 Depois do prédio ter escapado de ser leiloado, Rio Negro chega ao centená- rio, no próximo dia 13, na esperança de dias melhores. Pódio E2 e E3 Cem anos de tradição no futebol RIO NEGRO O progresso tem seu pre- ço e quem paga por isso é o meio ambiente, sacrificado e relegado a segundo plano. Dia a dia C3 a C5 Destruição do paraíso amazônico MEIO AMBIENTE Depois da depressão, a redenção ARLINDO JR. Plateia D1 VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 REPRODUÇÃO RICARDO OLIVEIRA ALEX PAZUELLO A POSSE DE SETE NOVOS DESEMBARGADORES NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO AMAZONAS AINDA ESTÁ SUB JUDICE. MAS, NOS BASTIDORES, AS COSTURAS SOBRE OS NOMES QUE DEVERÃO ASSUMIR JÁ COMEÇARAM. ENTRE OS COTADOS ESTÃO ELCI SIMÕES, JOMAR RICARDO FERNANDES, NÉLIA CAMINHA E FRANCISCO CRUZ. POLÍTICA A5 Goleiro Clóvis Aranha e a tradição da toalha vermelha no Rio Negro Um dos balneários afetados pela rodovia AM-070

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: EM TEMPO - 10 de novembro de 2013

MÁX.: 32 MÍN.: 22TEMPO EM MANAUSFALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700

ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS.

ANO XXVI – N.º 8.179 – DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

PRÉ-CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, SENADOR AÉCIO NEVES DESAFIA O PRÓPRIO PARTIDO, O PSDB, E DIZ QUE A ZONA FRANCA DE MANAUS É PATRIMÔNIO DO BRASIL E NECESSÁRIA PARA A REGIÃO NORTE. COM A PALAVRA A7

D O M I N G O

Colunista de “Época”, “Vogue Brasil”, “GQ Brasil”, Bruno Astuto (foto com Ana Maria Braga) diz ao EM TEMPO que chique é ajudar ao próximo. Elenco 16 e 17

“ZFM É PATRIMÔNIO DO BRASIL”

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AÇÃO

ELES ESTÃO DE OLHO NA VAGA DE DESEMBARGADOR

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ULG

AÇÃO

Estudos internacionais afi r-mam que as cápsulas à base de café verde ajudam na redução do peso. Saúde F2

Dia 15, a República completa 124 anos e experimenta a versão tropical do Estado de bem-estar social. Ilus-tríssima G4 E G5

Depois do prédio ter escapado de ser leiloado, Rio Negro chega ao centená-rio, no próximo dia 13, na esperança de dias melhores. Pódio E2 e E3

Cem anos de tradição no futebol

RIO NEGRO

O progresso tem seu pre-ço e quem paga por isso é o meio ambiente, sacrifi cado e relegado a segundo plano. Dia a dia C3 a C5

Destruição do paraíso amazônico

MEIO AMBIENTE

Depois da depressão, a redenção

ARLINDO JR.

Plateia D1

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

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A POSSE DE SETE NOVOS DESEMBARGADORES NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO AMAZONAS AINDA ESTÁ SUB JUDICE. MAS, NOS BASTIDORES, AS COSTURAS SOBRE OS NOMES QUE DEVERÃO ASSUMIR JÁ COMEÇARAM. ENTRE OS COTADOS ESTÃO ELCI SIMÕES, JOMAR RICARDO FERNANDES, NÉLIA CAMINHA E FRANCISCO CRUZ. POLÍTICA A5

Goleiro Clóvis Aranha e a tradição da toalha vermelha no Rio Negro Um dos balneários afetados pela rodovia AM-070

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Justiça condena Rosinhapor crime de improbidadeA condenação ocorreu por conta de contrato firmado sem licitação durante a gestão de Rosinha à frente do governo do Rio

A ex-governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Ga-rotinho, foi condenada na última sexta-feira

pelo crime de improbidade administrativa. Na decisão, a juíza Simone Lopes da Costa, da 14ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Rio, determinou a suspensão dos direitos políticos de Rosinha por um período de 5 anos. Cabe recurso.

De acordo com o processo, durante a gestão de Rosinha à frente do governo do Rio, um contrato da Secretaria Estadual de Educação com a Fundação Euclides da Cunha foi firmado sem a realização de licitação. A parceria previa a implantação de um programa estadual de informática asso-ciado à educação.

Na sentença, a juíza avalia que não ficou provado que a Fundação Euclides da Cunha providenciou as 254 salas de informática previstas em con-trato. Sobre a participação de Rosinha, a magistrada afirma que sua posição, na época, de governadora de Estado lhe im-punha maior responsabilidade, tanto de fiscalização de seus subordinados quanto de averi-guação dos atos que pratica.

Mais condenadosTambém foram condenados

na mesma decisão o ex-se-cretário de Educação, Claudio Mendonça, que perdeu seus

direitos políticos por 7 anos, e Maria Thereza Lopes Lei-te, que recebeu o mesmo tipo de suspensão por um período de 6 anos.

A Fundação Euclides da Cunha foi condenada a res-sarcir integralmente o prejuízo causado ao governo do Rio e não poderá firmar contratos com o poder público por um período de 5 anos.

Representante de Rosinha, o advogado Thiago Soares de

Godoy informou em nota que a ex-governadora não foi a gestora desse contrato e suas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas, que já a eximiu de qualquer responsa-bilidade sobre esse caso.

Ainda de acordo com o ad-vogado, a ex-governadora considera essa sentença de primeira instância uma perse-guição política. Ele informou que sua cliente vai recorrer da decisão.

Estimativas apontam 1,2mil mortos nas Filipinas

O supertufão Hayan, que atingiu as Filipinas na úl-tima sexta-feira, pode ter deixado até 1,2 mil mor-tos, segundo estimativa da Cruz Vermelha. Os dados oficiais do governo, até o final da manhã de ontem, reconhecem pouco mais de 100 vítimas.

De acordo com a secretá-ria-geral da Cruz Vermelha nas Filipinas, Gwendolyn Pang, entre as localidades mais afetadas pelo su-pertufão estão as regiões costeiras do país. “Do to-tal de vítimas, estimamos que mil pessoas tenham sido mortas em Tacloban e 200 na província de Samar”, disse.

Manila, a capital filipi-na, amanheceu ontem com milhares de soldados nas zonas mais afetadas pelo tufão, que varreu o centro-leste do arquipélago antes de seguir para o Vietnã. Diversas cidades e vilas permaneciam totalmente isoladas, o que faz prever um número mais elevado de vítimas. “Temos infor-mações de que imóveis desabaram, casas foram inundadas e ocorreram deslizamentos de terra”, relatou Pang.

Enquanto a Cruz ver-melha estima milhares de mortos, o tenente do Comando Central da Ma-rinha, Jim Aris Alago, disse que ainda não era possí-vel calcular o número de

vítimas. “Não consegui-mos determinar um nú-mero específico, pois as comunicações ainda estão cortadas”, relatou.

Fenômeno violentoO tufão varreu as pro-

víncias orientais de Leyte e Samar, com ventos de até 315 quilômetros por hora, tornando-se uma dos fenômenos mais vio-

lentos a atingir terra firme da história.

Após passar sobre o cen-tro e o sul das Filipinas, Haiyan seguia sobre o mar do Sul da China em direção ao Vietnã.

O Exército iniciou ontem o envio de aviões C-130 com material de socorro para Tacloban, capital da província de Leyte e com 220 mil habitantes. Um jornalista do canal local GMA relatou a presença de dezenas de corpos nas ruas de Tacloban e em uma igreja.

TUFÃO HAYAN

TOTALDo total de vítimas, projeções indicam a morte de mil pessoas em Tacloban e 200 na província de Sa-mar. As localidades foram atingidas com ventos de até 315 quilômetros por hora

Sete pessoas são presas com drogas em Manaus

A madrugada de ontem foi movimentada para a Polícia Militar. Pelo menos sete pes-soas foram presas por tráfico e porte de drogas, em dife-rentes horários e pontos de capital amazonense.

Segundo a Polícia Militar, por volta da meia-noite, o casal Luciano Barbosa da Silva, 27, e Márcia Cristina Lima dos Santos, 29, foram presos, na avenida Brasil, Zona Oeste, com 33 porções de pasta-base de cocaína, três porções de oxi e uma porção de maconha. Eles foram apresentados no 19º Distrito Integrado de Po-lícia (DIP).

Às 1h24, policiais da 22ª Companhia Interativa Comu-nitária (Cicom) prenderam Hudson de Andrade Ribeiro, 19, que estava com quatro porções, supostamente, de cocaína, três de maconha e

uma de pasta-base. O fato ocorreu no bairro Chapada, Zona Centro-Sul. O infrator foi conduzido ao 12º DIP.

Siama Silva de Souza, 21, e Alan Alves da Silva, 27, foram presos por volta das 1h46 após serem abordados por policiais da 30ª Cicom, que perceberam atitude suspeita. Com Siama foi encontrada 13 trouxinhas, supostamente, de pasta-base de cocaína. Ela informou que comercializa as drogas para Alan, que foi preso em sua casa, na rua 0, no bairro Jorge Teixei-ra, Zona Leste. Os dois foram levados para o 14º DIP.

Também no 14º DIP, foram apresentadas Ana Oliveira da Silva, 34, e Maristela Matias de Sousa, 33, presas na rua do Comércio, bairro Nova Vitória, Zona Leste, com 12 trouxi-nhas de pasta-base e cinco de maconha.

ENTORPECENTES

Mãe queima mão de filho em fogão na Zona Oeste

Uma mulher de 25 anos foi presa em flagrante na noite da última sexta-fei-ra, suspeita de tortura por queimar a mão do próprio filho, uma criança de 8 anos. Após denúncia feita por parentes da acusada, policiais da 20ª Companhia Interativa Comunitária (Ci-com) efetuaram a prisão por volta das 22h na traves-sa Avoante, na comunida-de União da Vitória, bairro Tarumã-Açu, na Zona Oeste de Manaus.

Segundo a mãe, o ges-to teria sido uma puni-ção à criança pelo furto de uma bicicleta. Ques-tionada pelos policiais, a criança contou que a mãe teria colocado a mão dela sobre uma das bocas do fogão que estava acesa. A criança foi encaminhada

para o pronto-socorro da Criança, na Zona Sul, com queimaduras de segundo grau na mão esquerda.

De acordo com o de-legado plantonista da Delegacia Especializada

em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), Rafael Guevara, a sus-peita vai responder pelo crime de tortura, crime inafiançável com pena de 2 a 8 anos.

TORTURA

Entra em vigor quarto fuso horário no país

Começa a valer, neste do-mingo, o quarto fuso horá-rio do território brasileiro. O Acre e algumas regiões do Amazonas terão duas horas de diferença em relação ao fuso oficial de Brasília, fora do horário de verão. Nesta época do ano, porém, a di-ferença é de três horas.

Por quase 90 anos esse foi o fuso do Acre. A mu-dança ocorreu em 2008,

com projeto de lei do então senador e hoje governador do Estado, Tião Viana (PT), que mudou o fuso para ape-nas uma hora em relação a Brasília.

Nas eleições de 2010, no entanto, a população do Estado foi às urnas em referendo sobre o tema de horário, porém, a maioria (56,87%) rejeitou a alteração.

DIFERENÇA

ENVOLVIDOSAlém da ex-governa-dora Rosinha Garoti-nho, que pode recor-rer da setença, foram condenados os ex-se-cretários de Educação do Rio, Claudio Men-donça e Maria There-za Lopes Leite

Rosinha Garotinho teve a suspensão dos direitos políticos por um período de 5 anos, conforme determinação da Justiça

AE

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

MOTIVOA mulher foi denun-ciada pelos próprios familiares, após ter colocado a mão da criança na boca acesa de um fogão. O motivo que a levou a cometer o crime foi uma bicicleta

A suspeita também vai responder por abandono intelectual, porque além da tortura verificada no flagrante, a criança não frequenta a escola desde o início do ano – o crime pode ter pena de 15 a 30 dias de reclusão ou multa a ser decidida pelo juiz –. “Ela justificou que com o trabalho de vendedo-

ra não tem tempo para acompanhar os estudos do menino e alegou que o matricularia na escola no próximo ano”, detalhou o delegado.

Após prestar depoimento na Depca, a mulher foi en-caminhada, na manhã de ontem, para a cadeia públi-ca Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus.

Abandono intelectual

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Page 3: EM TEMPO - 10 de novembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 A3Opinião

De tanto ser chamado assim, o cantor e compositor Roberto Carlos acreditou que era sim, um rei. Nessa condição jamais permitiria a circulação daquela história em que um rei desfi la nu, coberto apenas com o tênue véu da sua desmedida vaidade. Roberto Carlos, entre uma aparição e outra no Natal da Rede Globo, proíbe que se escreva a sua biografi a. Não se sabe o que não se conhece sobre o “rei”, que deseja tanto esconder. Há alguns anos, em uma divulgação científi ca (mais uma) sobre o consumo da maconha, pesquisadores afi rmaram que o uso continuado e por muito tempo da erva danifi ca, irremediavelmente, o cérebro. No mesmo momento, o então ministro da Cultura do governo Lula, Gilberto Gil, declarava que fumara até os 50 anos de idade. A revista “Veja” comentou: “Fumou demais”, remetendo a certa prolixidade (e hermetismo) do discurso do cantor e compositor baiano.

Bom, até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende, hoje, a liberação da maconha e outras drogas, em nome de uma desmilitarização do combate ao tráfi co, em que o Estado gasta mais dinheiro do que na recuperação dos dependentes. Quem sabe não terá fumado “unzinho”, durante o Seminário sobre o Capital, realizado na USP, durante a ditadura? Em uma biografi a, preocuparia mais a FHC o mensalão do PSDB. Nesta semana, o grupo Procure Saber (Roberto e Erasmo Carlos, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Djavan, entre os mais notáveis), liderado pela empresária Paula Lavigne, deu sinais de recuo na sua exigência de autorização para que se escrevam biografi as. Deve ter pesado na consciência de que foi justamente na luta contra a censura que construíram seu sucesso... e reinado. Não precisava, agora, escrever uma página de que se envergonharão em suas biografi as. O rato roeu a rabugice do Roberto.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para o candidato a presidente, Aécio Neves, que saiu em defesa da pror-rogação da Zona Franca de Manaus, mesmo sabendo que vai ser trucidado em São Paulo.

Aécio Neves

APLAUSOS VAIAS

Pero no mucho

Resta saber se o neto de Tan-credo foi mesmo sincero.

Pelo que se sabe, o PSDB – partido visceralmente paulista –, nunca morreu de amores pela Zona Franca. E isso, sem dúvida, é um dos motivos para o prefeito Arthur Neto (PSDB), que sempre defendeu a Zona Franca, ser amado por uns (tucanos) e a pedra no sapato de outros.

Urgência urgentíssima!

O deputado José Ricardo Wen-dling classifi cou como “estra-nha” a celeridade dada à sanção do projeto de lei complementar nº 14/2013 que prevê o aumento do número de desembargado-res de 19 para 26.

A matéria chegou à Assem-bleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) na última quarta-feira (6), foi aprovada na quinta (7) por volta das 14h, e poucas horas depois, na tarde do mesmo dia, já teve a sanção do governo do Estado publicada no Diário Ofi cial do Estado (DOE).

Repasse

Wendling lembrou que, re-centemente, a casa aprovou o aumento no repasse de recurso ao Poder Judiciário equivalente a R$ 24 milhões.

O montante seria destinado para ampliar a estrutura do Judi-ciário no interior do Estado com mais juízes, mais funcionários e com estrutura física.

Imbróglio

Outro ponto que José Ricardo ressaltou é que com o deferi-mento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), concedido ao pedido de suspensão do projeto

de lei complementar, solicita-do pela desembargadora Graça Figueiredo, “cria-se mais um imbróglio nessa matéria”.

Não adiantou

Durante a apreciação fi nal do projeto, os deputados de oposição fi zeram uma sugestão em plenário.

A de que a votação do pro-jeto ocorresse somente após o parecer do CNJ sobre o pedido da desembargadora.

Pergunta cretina

Parece piada, mas não é. Na manhã de quinta-feira,

um comerciante teve seu esta-belecimento assaltado por um bandido armado com uma faca. Passado o momento crítico, o empresário foi a uma delegacia para registrar a ocorrência.

Pergunta cretina 2

Depois de fazer a queixa e adiantar seus dados, a vítima levou um susto diante da soli-citação da escrivã:

— Nome e CPF do assal-tante?

Diante do espanto, a funcio-nária argumentou:

— É que o ladrão, bem que poderia ser o seu vizinho...

Disco furado

Às vezes, uma cidade anda para trás.

Manaus já teve algumas boas lojas no ramo de venda de CDs e discos em geral.

Hoje é uma tristeza só. As mais tradicionais apresentam estoques que dão pena.

Em loja de sebo você encontra coisa melhor.

Fogo de palha

A última a se estabelecer

nesta “Manô dos Mil Contras-tes”, na Livraria Saraiva, come-çou animando e alegrando os discófi los.

Mas parece que já iniciou uma trajetória de decadência. É uma pena.

Milhões de tablets

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) comemorou a conso-lidação da produção de tablets na Zona Franca de Manaus.

Em discurso nesta quinta-feira (7), a comunista garantiu que a produção já passou de 1,7 milhão de unidades este ano.

Alfi netada

Vanessa Grazziotin lembrou que o sucesso da produção de tablets na Zona Franca foi pos-sível graças à isenção tributária defi nida pela Medida Provisória (MP) 534/2011.

— A medida sofreu inúmeras críticas à época, mas que agora mostra seu acerto –, alfi netou.

Mais empregoVanessa lembrou que esse

grande aumento na produção de tablets tem ajudado no aumento do número de empregos e tam-bém na arrecadação do Estado do Amazonas.

Pastelão

Exibido na noite de quinta-feira, 7, em cadeia nacional de rádio e TV, o programa nacional do PR, partido da base aliada do governo, teve momentos de pura sessão pastelão.

Depois que o presidente da legenda, senador Alfredo Nascimento (AM), desejar boa noite exibindo um sorriso que ia de ponta a ponta da orelha, entrou no ar nada menos que Tiririca, que apareceu como “elemento surpresa”.

Para a Amazonas Energia, que não con-segue conter o massacre de apagões que castiga Manaus. Na sexta-feira, foram registradas simplesmente 500 ocorrências em todas as zonas da cidade.

Blecautes constantes

O governador Omar Aziz (PSD) teve dois encontros de peso esta semana.Traçou um tambaqui com o governador de Goiás, Marconi Perillo, e conversou longa-

mente com o senador Aécio Neves. Ambos tucanos.Com isso, Omar demonstra que é um político aberto a todos os diálogos. Não interessa

o partido, ele vai lá, ouve e diz o que pensa. O governador até concordou em ir com Pirillo ver no que o peixe do Araguaia é melhor que o nosso. Com Aécio, ele assegurou o apoio do parlamentar à proposta de prorrogação da Zona Franca de Manaus até 2073.

Omar no ninho tucano

IONE MORENO DIVULGAÇÃO

[email protected]

Quem foi que fumou ‘unzinho’?

Uma antiga lenda árabe fala de um velho criador de ovelhas que um dia foi surpreendido por uma grave doença que atacou precisamente o mais belo e competente de todos os reprodutores do seu rebanho.

Aflito, o homem tratou de imedia-tamente levar o carneiro à aldeia, onde alguém, com ou sem legitimi-dade, fazia o papel de veterinário e nessa condição era procurado por todos os criadores de ovelhas, cabras, camelos, vacas, cavalos e jumentos daquela região, que nessas criaturas de Deus tinha a sua economia sustentada.

Examinado devidamente, o ani-mal foi medicado com unguentos, garrafadas, ervas especiais e le-vado de volta para o seu aprisco, onde deveria esperar a cura.

No dia seguinte, enquanto o bi-cho ainda guardava o devido re-pouso, eis que o seu dono recebeu a notícia, coisa que nunca faltava, como soe acontecer nesses lugare-jos, de que chegara à vila um santo homem, um profeta e guru que, por onde passara, deixara a reputação de eficiente milagreiro.

Temendo perder a chance única, o oportunista criador correu ao vilarejo, levando em sua carro-ça o pobre carneiro que, doente, mais sofria com os solavancos do primitivo veículo. Lá, foram feitas rezas, benzeduras e defumações que deveriam garantir a recupe-ração da saúde do animal.

Findo o ritual, o homem voltou para casa apressado, preocupado com o pôr do sol, a fi m de não perder os horários dos remédios prescri-tos pelo primeiro curandeiro.

Como diziam nossos avós, se-guro morreu de velho, canja de galinha e água benta não fazem mal a ninguém, ou ainda os lati-nos: “quod abundat non nocet” (o que abunda não prejudica), que os franceses traduziram com fe-

licidade para “abondance de biens ne nuit pas” (abundância de bens não prejudica).

A fábula do velho árabe e todas as fórmulas proverbiais a que ela conduziu vieram-me à mente em função das escandalosas denúncias a respeito da espionagem que o go-verno americano, ou a sua agência de segurança, estaria exercendo sobre vários países, até hoje tidos como “amigos” ou aliados.

Que fossem espionados os ini-migos ou, pelo menos, os não alia-dos, seria fato que não suscitaria crítica e nem mesmo espanto. Mas, xeretar a vida daqueles que tradicionalmente se alinham e se-guem, às vezes, à risca, as linhas ditadas por Tio Sam, parece algo inaceitável.

Ora, acontece que o poderoso Tio, hoje encarnado no simpáti-co Obama, como acontece com quantos detenham a força em qualquer plano e dimensão, sem-pre convive com o delírio de que outros estão de olho no seu poder e tudo dariam para usurpá-lo. Então, “seguro morreu de velho” e ele, o Homem e seu Reino, pretendem ultrapassar a medida heroica esta-belecida por Matusalém ou, quem sabe, até sonhar o velho sonho do “Reich de mil anos”. Afinal, pen-sam eles, se temos os meios e os recursos, não custa nada “manter as barbas de molho” e sempre dar uma olhadinha no que os vizinhos estão a fazer, ainda que se afirmem “muy amigos”, como diria o velho Gardelon.

Enquanto isso, o papa e o Vati-cano sequer tomam conhecimento da bisbilhotice americana: “nada temos a esconder”. A propósito, quase esqueci de dizer que, mes-mo cercado e cuidado por todos os lados, o pobre carneiro não conseguiu escapar da Morte, a chamada Iniludível.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo,

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Seguro morreu de velho

[email protected]

Charge

Como diziam nossos avós, seguro mor-reu de velho, canja de ga-linha e água benta não fazem mal a ninguém, ou ainda os latinos: ‘quod abundat non nocet’ (o que abunda não prejudica), que os fran-ceses traduzi-ram com fe-licidade para ‘abondance de biens ne nuit pas’ (abundância de bens não prejudica)”

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Page 4: EM TEMPO - 10 de novembro de 2013

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

FrasePainelVERA MAGALHÃES

Diante de um cenário de deterioração nas contas do governo, o Planalto retomou a articulação para aprovar no Congresso projeto de lei que facilita o cumprimento do superavit primário em 2013. Se a proposta for aprovada, a União não terá de cobrir o valor que Estados e municípios deixarem de economizar para pagar juros da dívida, o que daria um alívio aos cofres do governo central. A meta de superavit para governos estaduais e prefeituras neste ano é de R$ 47,8 bilhões.

Semântica Pela lei atual, a União é obrigada a cobrir o que os Estados e municípios não conseguirem economizar, mas o novo projeto torna a com-pensação facultativa. O projeto entrou na lista de prioridades do Planalto.

Passivo No ano passado, a difi culdade dos governos regio-nais em fazer economia para pagar juros da dívida foi um dos motivos que levaram o governo a fazer manobras contábeis para fechar as contas e considerar como cumprida a meta de su-peravit.

Guinada O secretário do Te-souro, Arno Augustin, disse em junho que o governo cobriria eventual rombo: “Se houver difi -culdade de Estados e municípios em atingir a meta nós iremos cobrir. Essa é a defi nição do governo.”

Vaivém O projeto foi aprova-do na Comissão de Orçamento em 28 de maio, mas fi cou parado por mais de quatro meses. Em 15 de outubro, a proposta chegou a ser incluída na pauta do plenário e, depois, a votação foi transfe-rida para 19 de novembro.

Antispam Será lançado em dezembro o sistema seguro de e-mails do Palácio do Planalto, criado após denúncias de espio-nagem dos EUA no Brasil. Serão os primeiros e-mails do governo operados pelo Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), e não pela Microsost .

Minha casa... Depois da saga pela instalação de água quente, a residência ofi cial do chanceler Luiz Alberto Figueiredo receberá um novo fogão, uma vez que o atual “já esgotou sua vida útil”, segundo edital de licitação.

...melhor A compra inclui ain-da outros dois fornos elétricos e dois aparelhos desumidifi cado-res. A despesa estimada é de R$ 5,6 mil.

Agora Dilma Rousseff vai a Fortaleza na sexta-feira anun-ciar parte dos R$ 50 bilhões prometidos para mobilidade urbana. O governador Cid Go-mes (PROS) é ponta de lança da estratégia de reeleição da presidente no Nordeste, após ter deixado o PSB.

Depois Das oito capitais pre-vistas no pacote de investimen-tos, faltarão apenas Recife e

Belo Horizonte, governadas por prefeitos do partido de Eduardo Campos.

Climão Aliados do governa-dor de Pernambuco acreditam que ele não vai comparecer ao congresso do PC do B, que começa na quinta-feira e terá presença confi rmada de Lula e Dilma.

Climão 2 Após longa dis-cussão sobre a conveniência de chamar o virtual adversário de Dilma, o PC do B enviou o convite, mas o QG de Campos acha que sua presença seria “constrangedora”.

Vai que é sua A interlocuto-res, Geraldo Alckmin afi rmou que acha que Aécio Neves não deve se importar com as movimenta-ções de José Serra e precisa se portar desde já como candidato do partido à Presidência.

Calendas Entre os erros que atribuem a Fernando Haddad, dirigentes petistas listam a exigência de que São Paulo e Palmeiras devolvam os terrenos de seus centros de treinamento. Dizem o anúncio é impopular e inócuo, já que o CT do Palmeiras só será devolvido em 2078.

Afrouxando o nó

Contraponto

Conhecidos por militar em lados opostos no debate sobre a regulamentação da mídia, o presidente do PT, deputado Rui Falcão, e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, deixaram uma cerimônia abraçados.O primeiro é ferrenho defensor da matéria, enquanto Bernardo é criticado internamente por não brigar no governo federal pelos interesses petistas.Ao avistar um grupo de jornalistas, Falcão disse: — Estão vendo? Somos amigos!Bernardo arrematou.— Sim, mas ele está me dizendo o que tenho de fazer.

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Muy amigos

Tiroteio

DE MILTON FLÁVIO, presidente municipal do PSDB-SP, sobre secretário de Haddad ter se dito “surpreso” com acusação contra sócio de sua mulher.

Após Simão Pedro esquecer de encontros com o presidente do Cade, Tatto não lembra que sua mulher foi sócia de auditor investigado”

Adital — O Dia dos Mortos, 2 de novembro, é sempre ocasião para pensarmos na morte. Trata-se de um tema existencial. Não se pode falar da morte de uma maneira exterior a nós mesmos, porque todos nós somos acompanhados por esta realidade que, segundo Freud, é a mais difícil de ser digerida pelo aparelho psíquico humano. Especialmente nossa cultura procura afastá-la, o mais possível, do horizonte, pois ela nega todo seu projeto assentado sobre a vida ma-terial e seu desfrute etsi mors non daretur, como se ela não existisse. No entanto, o sentido que damos à morte é o sentido que nós damos à vida. Se decidimos que a vida se resume entre o nascimento e a morte e esta detém a última palavra, então a morte ganha um sentido, diria, trágico, porque com ela tudo termina no pó cósmico. Mas se interpretarmos a morte como uma invenção da vida, como parte da vida, então não a morte; mas, a vida cons-titui a grande interrogação.

Em termos evolutivos, sabemos que, atingido certo grau elevado de complexidade, ela irrompe como um imperativo cósmico, no dizer do Prê-mio Nobel de biologia Christian de Duve que escreveu uma das mais brilhantes biografi as da vida sob o título Poeira Vital (1984). Mas ele mesmo assevera: podemos descrever as condições de seu surgimento, mas não podemos defi nir o que ela seja. Na minha percepção, a vida não é nem temporal, nem material, nem espiritual. A vida é simplesmente eter-na. Ela se aninha em nós e, passado certo lapso temporal, ela segue seu curso pela eternidade afora. Nós não acabamos na morte. Transformamo-nos pela morte, pois ela representa a porta de ingresso ao mundo que não conhece a morte, onde não há o tempo; mas, só a eternidade.

Consintam-me testemunhar duas experiências pessoais de morte, bem diversas da visão dramática que a

nossa cultura nos legou. Venho da cultura espiritual franciscana. Nos meus quase 30 anos de frade, pude vivenciar a morte como são Francisco a vivenciou. A primeira experiência era aquela que, como frades, fazíamos toda sexta-feira, às 19h30 da noite: “o exercício da boa morte”. Deitava-se na cama com hábito e tudo. Cada um se colocava diante de Deus e fazia um balanço de toda a sua vida, regredindo até onde a memória pudesse alcançar. Colocávamos tudo, à luz de Deus e aí, tranquilamente, refl etíamos sobre o porquê da vida e o porquê dos zigue-zagues deste mundo. No fi nal, alguém recitava em voz alta no corredor o famoso salmo 50 do Miserere no qual o rei Davi suplicava o perdão a Deus de seus pecados. E também se pro-clamavam as consoladoras palavras da epístola de são João: “Se o teu coração te acusa, saiba que Deus é maior do que o teu coração”.

Éramos, assim, educados para uma entrega total, um encontro face a face com a morte diante de Deus. Era um entregar-se confi ante, como quem se sabe na palma da mão de Deus. Depois, íamos alegremente para a recreação, tomar algum refresco, jogar xadrez ou simplesmente conversar. Esse exercí-cio tinha como efeito um sentimento de grande libertação. A morte era vista como a irmã que nos abria a porta para a casa do Pai. A outra experi-ência diz respeito ao dia da morte e do sepultamento de algum confrade. Quando morria alguém, fazia-se festa no convento, com recreação à noite com comes e bebes. O mesmo ocorria depois de seu sepultamento. Todos se reuniam e celebravam a passagem, a páscoa e o natal, o vere dies natalis (o verdadeiro dia do nascimento) do falecido. Pensava-se: ele na vida foi, aos poucos, nascendo e nascendo até acabar de nascer em Deus. Por isso havia festa no céu e na terra. Esse rito é sagrado e celebrado em todos os conventos franciscanos.

Leonardo Boff [email protected]

Leonardo Boff , Teólogo

Na minha percepção, a vida não é nem tempo-ral, nem ma-terial, nem espiritual. A vida é sim-plesmente eterna. Ela se aninha em nós e, passado certo lapso temporal, ela segue seu curso pela eternidade afora”

A transfi guração na morte

Olho da [email protected]

Os casarões antigos de Manaus são alvos de propaganda que descaracterizam a estética de uma cidade. Essa foto foi tirada na rua 10 de Julho, no Centro.

FOTO LEITOR: JOSÉ DA CONCEIÇÃO

Eu levo a secretaria inteira toda. Vai todo mundo comigo. Eu te dei muito dinheiro.

Luiz Alexandre Cardoso de Magalhães, auditor fi scal, em conversa por telefone com Ronilson Bezerra Rodrigues, ex-subsecretário de Finanças e su-

posto chefe da quadrilha que desviou R$ 500 milhões da Prefeitura de São Paulo

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Page 5: EM TEMPO - 10 de novembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 A5Política

Começam a surgir nomes para as vagas no TJAMNomeação dos sete novos membros da corte do Poder Judiciário está sub judice, mas a corrida nos bastidores começou

A posse de sete novos desembargadores na corte do Tribunal de Justiça do Amazonas

(TJAM) ainda está sub judice, pelo menos até sair uma deci-são final do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a respeito de uma ação movida pela desem-bargadora Graça Figueiredo, que pede a anulação da sessão que aprovou o aumento de 19 para 26 integrantes do pleno. Entretanto, nos bastidores, as articulações sobre os nomes que deverão assumir estão a todo vapor.

Das sete vagas aprovadas, cinco serão destinadas ao tribunal na escolha entre os seus 131 juízes que deverão ser selecionados pelo critério de merecimento e de antiguidade; e duas serão destinadas ao quinto constitucional, ou seja, uma vaga para a Ordem dos Advogados do Brasil, seção Amazonas (OAB-AM) e outra para promotores e procurado-res de Justiça, do Ministério Público do Estado (MPE). Esses dois últimos serão escolhidos pelo governador, a partir da lista sêxtupla afunilada pelo TJAM em análise dos nomes enviados pelas entidades, que já apontam seus candidatos.

No caso dos magistrados, a escolha é de responsabilida-de do tribunal. Dos cinco, três deverão ser selecionados pelo critério de merecimento e os outros dois por antiguidade. Pelo critério de tempo de ma-gistratura, já são apontados como principais candidatos os juízes Elci Simões, que é irmão do corregedor-geral do TJAM, o desembargador Yedo Simões; Jomar Ricardo Fernandes e Né-lia Caminha.

De acordo com o presidente da OAB-AM, advogado Alber-to Simonetti Neto, a entidade está esperando somente o ofí-cio de Ari Moutinho solicitando o início do processo de indica-

ção dos nomes. Na Ordem, os 33 conselheiros devem definir se a escolha será por indica-ção do próprio conselho ou dos advogados. Neste último caso, é aberto um edital para

a candidatura. Segundo Simonetti, adian-

tando que não pretende con-correr ao posto, os candidatos precisam comprovar que atuam há pelo menos 10 anos de forma ativa na advocacia, tendo um portfólio de, no mínimo, cinco causas por ano. “Quero deixar claro que esse processo será feito de forma transparente e íntegra pela casa. Iremos dar ampla publicidade à esco-lha”, disse. A respeito da sua candidatura, Simonetti afirmou que escolheu presidir a OAB no Estado e não pretende deixar o cargo.

Nas dependências do MPE-AM, poderão se inscrever ao

posto todos os procuradores e promotores de Justiça com mais de 10 anos de carreira e menos de 65 anos de idade. Concluído o prazo de inscrição, no primeiro dia útil subsequen-te, é realizada a sessão do Conselho Superior do órgão. É feita a votação e de lá serão definidos os nomes que vão compor a lista sêxtupla. No órgão já desponta como mais cotado o procurador-geral de Justiça, Francisco Cruz. Pro-curado pelo EM TEMPO, ele não quis falar sobre a questão. Apesar de cotado, Cruz terá que deixar o posto na procuradoria se quiser, de fato, concorrer ao cargo.

DIVISÃOA divisão das sete novas vagas na corte do TJAM serão cinco para juízes do tribunal, uma para o Ministé-rio Público do Estado (MPE) e outra para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM)

O projeto que aumenta em sete vagas o número de integrantes da corte do Judiciário local, foi apro-vado em sessão tensa e com bate-boca entre de-sembargadores na tarde da última terça-feira e, 48 horas depois, em regime de urgência, foi aprovado pela maioria dos deputados na Assembleia Legislativa do Estado (Aleam) – com 18 votos a 2 - sancionado pelo governador Omar Aziz (PSD) e publicado no Diá-rio Oficial do Estado (DOE) ainda na tarde da última quinta-feira.

Nos bastidores do Poder Judiciário e do Legislativo, comenta-se que a pressa do presidente do tribunal, desembargador Ari Mou-

tinho, em aprovar o au-mento do número da corte seria uma forma de balizar o seu poder na instituição com fins a eleger o seu sucessor no comando do TJAM. Seu mandato expira em junho de 2014 e, con-sequentemente, a posse dos novos membros se-ria ainda em sua gestão. Procurado pela reporta-gem, Moutinho preferiu o silêncio e apenas deve se pronunciar sobre esse imbróglio jurídico após o julgamento do CNJ ao pe-dido de anulação da sessão do dia 5 de novembro.

Aumento teve rápida aprovaçãoTRÂMITEEm apenas 48 horas, o presidente do TJAM, de-sembargador Ari Mouti-nho, conseguiu aprovar o aumento na corte do tribunal, no plenário da Assembleia e, conseguiu a sanção do governador Omar Aziz

O juiz Elci Simões (à dir.) aparece como cotado para uma das sete vagas destinadas ao tribunalO MPE-AM terá direito a uma vaga e um dos cotados é o procurador-geral Francisco Cruz

A juíza Nélia Caminha também aparece como cotada para a vaga pelo critério de tempo de serviçoO juiz Jomar Ricardo Fernandes é apontado como um dos candidatos pelo critério de antiguidade

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

Ari Moutinho (à direita) presidiu a sessão do dia 5, quando foi aprovada as novas vagas

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

ARQUIVO EM TEMPO

ARQUIVO EM TEMPO ARQUIVO EM TEMPO

RAPHAEL ALVES/TJAM

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Page 6: EM TEMPO - 10 de novembro de 2013

A6 Política MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Conforto e alto luxo, a tônica nos três poderesContrário ao discurso de

cortes de gastos, gabinetes do Judiciário, do Legislativo e do Executivo exibem mobiliá-rio moderno, com conforto e até luxo para autoridades. A fi m de manter o alto padrão da decoração, os três poderes devem gastar ainda este ano R$ 1.412.469,44 com vasos ornamentais, sofás e cortinas, televisores de 60 polegadas e até um glamoroso tapete vermelho alugado por conta do contribuinte.

CarrinhoEntre gastos curiosos es-

tão R$ 209 mil reservados ao deslocamento de ministros do Supremo Tribunal Federal no Rio, em carros blindados.

O controladorEm único edital, o Tribunal de

Contas da União prevê gastar R$ 6,1 milhões só na compra de mesas de escritórios, ga-veteiros, armários...

Traseiros bem tratadosReformado em 2010, o Pa-

lácio do Planalto torrou R$ 3 milhões em 150 cadeiras, 102 poltronas, 16 sofás e 54 mesas de designers famosos.

De molhoO Itamaraty pôs na gela-

deira processo administrativo contra Eduardo Sabóia, diplo-mata que deu fuga ao senador boliviano Roger Molina.

Pimentel conduz o PT-MG a inédita unidade

O PT mineiro costura uma unidade inédita, após muitos anos dividido e colecionando derrotas ou sendo obrigado a alianças formais e informais com o PSDB. Agora, apesar da disputa acirrada pelo controle do diretório regional, os petis-tas de Minas Gerais defendem a mesma coisa: a candidatura

do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) ao governo do Estado, por enquanto bem posicionada nas pesquisas.

Quem diriaTanto o deputado Odair

Cunha (MG), ligado a Pimen-tel, quanto Gleide Andrade, do grupo de Patrus Ananias, de-fendem a unidade petista.

Nome forteFiel escudeiro de Michel

Temer, Eliseu Padilha (RS) é um dos notáveis do PMDB que tentarão negociar acordos eleitorais nos Estados.

Divisão O bloco PP-PROS está dividi-

do sobre apoiar o Marco Civil da Internet. O grupo se reunirá semana que vem com o relator, Alessandro Molon.

Vale da SinecuraCom 6 mil e 232 servidores,

o Senado bate em números de funcionários a Petrobras no Rio, com 6.135, e gigantes como o Facebook, com 900 funcionários, e o Twitter, com apenas 500.

Tutti buona genteA PF prendeu em setembro

Valmor Luiz Bordin, gerente de operações da Conab no Paraná. Foi soltou em seguida, mas depois o tribunal cassou-lhe a liberdade provisória e ele voltou para a cadeia.

Agora é ofi cialParceiro dos “Black Bloc”,

o “ativista” Leonardo Morelli mandou ofício ao ministro simpatizante Gilberto Carva-lho anunciando o “Dia de Fúria”, dia 1º. Teve 119 bananas de dinamite apreendidas, em São Paulo. Sua convocação “anti-capitalismo” no Facebook é show de mau português.

Toma lá, dá cáA fi m de impedir a votação

de projetos que impliquem em gastos ao governo, a ministra Ideli Salvatti prometeu liberar emendas a torto e a direito para a base aliada, e até para parlamentares da oposição.

Lavanderia OléLocalizada pela Interpol

no Brasil, uma testemunha poderá abrir o bico sobre o narcotrafi cante espanhol José Antonio Pouso, que “lavou” €15 milhões na Espanha com ex-mulheres brasileiras, diz o jornal “El País”.

Afogado em númerosProcurado ao telefone e e-

mail por dois dias, o Ministério da Justiça não atualiza núme-ros do Pronasci, o programa de Segurança e Cidadania do governo Lula, que prometia bolsa de R$ 400 e 19 mil casas a policiais, 33 mil vagas em prisões e a Escola Superior da PF.

Racha no PTEm crise em Pernambuco,

o grupo do PT ligado ao senador Humberto Costa já aposta na expulsão do presi-dente do partido em Recife, Oscar Barreto, acusado de fazer jogo do governador Eduardo Campos (PSB).

Tudo se copiaConhecido como “Pati-

nhas” na Bahia, o marque-teiro João Santana se ins-pirou nos motes do baiano Roberto Santos, de Joaquim Roriz no DF e Paulo Maluf em São Paulo, criados por Duda Mendonça nos anos 1990, para trombetear que Dilma “fez e fará muito mais”. Nada se cria...

Lendas brasileirasMais duas contribuições

ao vasto almanaque de “assombrações”: corrupto devolver dinheiro e político pedir desculpa pelos erros.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

Eu acho um absurdo paralisar obra no Brasil”

PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF e obras embargadas pelo TCU por suspeita de corrupção

PODER SEM PUDOR

Dupla sertanejaOs deputados Inaldo Leitão

(PL-PB) e Luciano Leitoa (PSB-MA) certa vez es-tavam próximos um do outro, como uma piada à procura de quem a contasse. Encontraram o de-putado Marcelo Ortiz (PV-SP), sempre muito brincalhão:

- Essa é a dupla mais dinâ-mica da casa, Leitão e Leitoa.

Relator aumenta receita de 2014A receita primária líquida

para o Orçamento de 2014 deve aumentar R$ 12,1 bi-lhões, de acordo com o rela-tório da receita à Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA, PLN 9/13) para 2014, entregue na última sexta-feira pelo relator, o senador Eduardo Amorim (PSC-SE).

Na proposta de Orça-mento para 2014 enviada pelo Executivo, a receita primária líquida, que en-globa tudo o que o governo federal arrecada, depois de

descontadas as transferên-cias para os Estados e mu-nicípios, estava estimada em R$ 1,08 trilhão. Com a reestimativa, sobre para R$ 1,092 trilhão.

De acordo com a análise feita por Amorim, o aumen-to de 1,1% deve vir, prin-cipalmente, das chamadas receitas não administra-das – como as decorren-tes de concessões, dividen-dos de empresas estatais e royalties do petróleo, por exemplo.

Os cálculos do relatório foram feitos, segundo Amo-rim, a partir de um aumento na estimativa de infl ação ofi cial (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Am-plo – IPCA) de 5% para 5,9% e de uma diminuição na expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país de 4% para 3,8%. Além disso, a taxada de câmbio média subiu de R$ 2,25 para R$ 2,30, “mais próxima à expectativa do mercado de R$ 2,32”.

ORÇAMENTO

Projeto que destina 20% para afrodescendentes do Planalto deve passar por três comissões diferentes na Câmara

Governo quer cota para negros para uma década

Presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou projeto de cotas para negros na última quarta-feira

Anunciado pela pre-sidente Dilma Rous-seff na quarta-feira, o projeto das cotas

para negros na administração pública federal tem prazo de validade. A proposta original enviada pelo governo ao Con-gresso estabelece o fi m da ação afi rmativa após 10 anos da lei entrar em vigor. Para o Palácio do Planalto, este é o tempo necessário para outros instrumentos previstos no Estatuto da Igualdade Racial terem impacto e permitirem o ingresso de afrodescen-dentes no funcionalismo pela ampla concorrência.

A proposta estabelece que 20% das vagas em um con-curso público serão destina-das a candidatos negros que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no concurso público, “conforme o quesito cor ou raça uti-

lizado pela Fundação Insti-tuto Brasileiro de Geografi a Estatística (IBGE)”. A quan-tidade de oportunidades de-verá ser anunciada no edital da seleção. E, se não houver número sufi ciente de aprova-dos, as vagas que sobrarem serão redistribuídas entre os outros candidatos.

Apesar de prever a cota para negros, a norma estabelece, no artigo 6º, que “esta lei entra em vigor na data de sua publicação e terá vigência pelo prazo de 10 anos”. “Pres-supõe-se que diversas outras ações fomentadas pelo Esta-tuto da Igualdade Racial (algu-mas das quais já implantadas, como é o caso da reserva de vagas em universidades) im-pactarão também no ingresso de negros pela ampla concor-rência, constituindo a reserva de vagas proposta um avanço signifi cativo na efetivação da

igualdade de oportunidades entre as raças”, diz a justifi -cativa da proposta, assinada pela ministra da Igualdade Ra-cial, Luiza Helena de Bairros, e pela secretária-executiva do Ministério do Planejamento, Eva Maria Cella Dal Chiavon.

O projeto chegou no fi m da tarde da última quinta-fei-ra na Câmara. Logo depois, foi distribuído às comissões de Direitos Humanos (CDH), Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP) e Constituição e Justiça (CCJ). No entanto, como tramita em urgência constitucional, os re-latores da proposta em cada colegiado podem apresentar seu parecer direto em plenário. A proposta trancará a pauta da casa a partir de 45 dias.

Na quarta-feira, Dilma fez um apelo ao Congresso para as cotas para o funcionalismo sejam aprovadas.

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MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 A7Com a palavra

O mineiro Aécio Ne-ves nasceu com veia política. Presidente nacional do Partido

da Social Democracia Brasi-leira (PSDB), o senador herdou do avô, Tancredo Neves, um dos políticos de maior nome do país, a vontade de mu-dança. Possível pré-candidato dos tucanos à presidência da República, em 2014, Aécio esteve em Manaus neste fim de semana para participar da homenagem de 35 anos de vida pública do prefeito de Manaus, Arthur Neto, também de seu partido.

Durante passagem por Ma-naus, ele visitou a fábrica da Moto Honda no Polo Industrial de Manaus (PIM), reuniu com lideranças partidárias, co-nheceu o mercado municipal Adolpho Lisboa e o Encontro das Águas, e agradeceu os moradores do bairro Tancre-do Neves, na Zona Leste. Em conversas com a imprensa, evitou falar de sua candida-tura e fez grandes críticas a administração da presidente Dilma Rousseff (PT).

Questionado sobre sua po-sição nas pesquisas eleitorais, onde está atrás de Dilma e da ex-senadora Marina Silva (PSB), foi enfático: “Para a presidente ter uma posição confortável na eleição, ela ti-nha que estar nas pesquisas com muitos pontos superiores aos de hoje. Reafirmo o que disse há dias atrás: ‘Nós temos todas as condições de irmos ao segundo turno e vencermos as eleições’”, comentou.

EM TEMPO – A sua visita a Manaus tem algum pro-pósito político visando à campanha de 2014?

Aécio Neves – Vim para participar da homenagem ao prefeito Arthur Neto, mas é claro que vamos discutir assuntos relacionados ao planejamento da região. O que me faz estar aqui hoje também é a minha crença, de que o Brasil merece muito mais do que está tendo, e isso faremos com muitas conver-sas e organização. Em rela-ção à campanha eleitoral, isso será discutido apenas lá na frente. Mas, as próximas eleições não serão importan-

tes apenas para o PSDB, e sim para todo o país.

EM TEMPO – O TCU sus-pendeu várias obras no país e também o repasse de recursos para algumas cidades, inclusive o Ama-zonas. O senhor acha que isso pode gerar um prejuízo ao Brasil?

AN – Na verdade, acredito que precisamos ter um plane-jamento e capacidade de exe-cução, o que não existe neste governo atual. Hoje, o Brasil é um cemitério de obras inaca-badas, mas não por culpa do TCU e sim desse governo que não fez adequadamente seu planejamento. Não podemos achar natural a paralisação dessas obras, isso para mim é fruto da incapacidade do atual governo, e digo que o apren-dizado do PT no governo do país tem custado muito caro. Os petistas passaram 10 anos demonizando as privatizações e isso têm custado caro. O go-verno não tem o que entregar, e está ocioso com o fim do mandato da presidente.

EM TEMPO – O Amazonas trava uma luta para ga-rantir a extensão da Zona Franca de Manaus. E dentro do PSDB existe uma guerra fiscal entre o Norte e o Sudeste. Como o senhor pretende mediar isso?

AN – Vou falar de forma bem clara e franca. Isso não é uma questão do PSDB, por mais que queiram transformar isso em uma guerra política. O que existe são diferenças de pensamento em termos do que é a Zona Franca. Falo como presidente nacional do partido: A ZFM é o patri-mônio nacional do Brasil, ela é necessária para região, e fundamental para desenvolvi-mento do país. A Zona Franca já está incorporada, ela é um instrumento de conquista da região. Por isso, vamos votar em sua permanência. E mais, queremos que ela se fortaleça e se transporte em um polo exportador importante. Não desprezo a importância da ZFM também na preservação da natureza.

EM TEMPO – Ainda nes-

se campo de discussão, há um atrito entre dois tuca-nos ilustres: o prefeito de Manaus, Arthur Neto e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Como o senhor pretender equili-brar isso?

AN – O partido político é fei-to de pessoas, que nem sem-pre compartilham do mesmo pensamento sobre todos os temas e, temos que respeitar isso. Mas, temos a coragem de chegar até o final com uma posição que seja do partido. E a posição do PSDB, com todo respeito ao governador Alckmin, é de que a ZFM deve ser fortalecida.

EM TEMPO – Em suas visitas ao país, o senhor prometeu lançar uma agen-da do futuro para o Brasil. E para o Amazonas, quais suas propostas?

AN – Essa agenda será lan-çada na primeira quinzena de dezembro, mas não teremos a pretensão de apresentar um programa de governo inaca-bado, seja para o Brasil ou regiões. É necessário apre-sentarmos para discussões da sociedade brasileira aquilo que consideramos essencial no que precisa ocorrer no país, seja no controle da inflação, no campo econômico para retomarmos um crescimen-to maior. Temos que fazer uma agenda da gestão pú-blica, onde o setor privado não seja visto como inimigo do governo. Neste planeja-mento queremos um campo social muito mais que busca o PT, queremos medidas de superação e vamos falar do avanço da infraestrutura na região. Pretendo estar aqui outras vezes para conhecer aqueles que vivem essas ques-tões e com base nisso fazer um levantamento bem mais detalhado no quesito.

EM TEMPO – Nas últi-mas eleições presidenciais, o PSDB não conseguiu bons votos no Amazonas. Como a sigla pretende mudar esse quadro?

AN – Quero fazer isso conversando. Vamos revirar essa página. A população de Manaus tem acompanhado a

credibilidade do prefeito Ar-thur Neto e tenho certeza que podemos surpreender. Vamos fazer um projeto ousado para esta região.

EM TEMPO – O seu nome está sendo cotado para disputar a presidência da República, mas até o mo-mento o partido não ofi-cializou nada. O senhor é candidato?

AN - Eu sou de um Estado, Minas Gerais, onde costuma-mos não colocar a carroça na frente dos bois e costumo dizer que a política é a arte de admi-nistrar o tempo. Se tomarmos uma medida incorreta em um curto espaço de tempo, teremos problemas lá na frente. Estamos hoje no momento de construção da nossa unidade. Vemos hoje, um ânimo que não se via há muito tempo dentro do parti-do, e tenho a plena convicção de que para o bem do Brasil temos que encerrar esse ciclo do PT. Iremos lançar na hora certa um candidato, mas no momento queremos apresentar propostas firmes.

EM TEMPO – Em recen-tes pesquisas eleitorais, a presidente Dilma Rous-seff (PT) tem apresenta-do uma grande vantagem diante do seu nome. Como o senhor pretende mudar esse quadro?

AN – Esses resultados são naturais, porque o que vi-vemos hoje no Brasil é um monólogo, onde somente a presidente Dilma é quem fala. Mas hoje, estamos a um ano de eleição, e teremos outras oportunidades e visitas em Estados. Porém, na maioria das pesquisas, as pessoas não querem votar na atual gestão. Agora é claro, quando se colo-ca o nome da atual presidente e de uma pessoa que nunca concorreu a um pleito nacio-nal, é obvio que tenhamos uma margem. Agora, para ela ter uma posição confortável na eleição, a presidente tinha que estar nas pesquisas com muitos pontos superiores aos de hoje. Reafirmo o que disse há dias atrás: “Nós temos todas as condições de irmos ao segundo turno e vencermos as eleições”.

Aécio NEVES

‘A ZFM É PATRIMÔNIO do Brasil’

Vou falar de forma bem clara e franca. Isso não é uma questão do PSDB, por mais que queiram transformar isso em uma guerra política. Falo como presidente nacio-nal do partido: ‘A ZFM é patrimônio nacional do Brasil, ela é necessária para a região’”

FOTOS: ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

Eu sou de um Estado, Minas Ge-rais, onde costumamos não colocar a carroça na frente dos bois e cos-tumo dizer que política é a arte de administrar o tempo”

Temos a coragem de chegar até o final com uma posição que seja do partido. E a posição do PSDB, com todo o respeito ao governador Alckmin, é de que a ZFM seja fortalecida”

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

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EconomiaCa

dern

o B

[email protected], DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 (92) 3090-1045Economia B4 e B5

Novos negócios necessitam deinvestimentos

DIVULGAÇÃO

Artesãos lucram com o lixoItens como jornais antigos, carcaças de aparelhos eletrônicos, revistas rasgadas e até garrafas quebradas ganham vida em novos produtos desenvolvidos a partir do talento de profi ssionais na arte de transformar ‘restos’ em fonte de renda

Jornais antigos, compu-tador queimado, gar-rafa quebrada, revista rasgada, celular pifado.

Enquanto muitos veem ape-nas a lixeira como destina-ção final destes itens, há quem encontre utilidade e uma alternativa de renda ao transformar lixo em objeto de desejo de muitos con-sumidores, os artesãos dão um novo significado ao que seria jogado fora.

Desde agosto do ano pas-sado, José Denizal de Melo, 41, aderiu à empreitada de transformar resíduos eletrô-nicos em peças decorativas como reproduções de motos e aviões. A atividade teve o start após curso realizado para formação de técnico de informática e eletrônica.

Para exercitar o que era aprendido em sala de aula e testar seus conhecimen-tos, ele começou a acumular peças recolhidas da empre-sa de informática na qual trabalhava como motorista e esperava por uma pro-moção depois do reforço educacional no currículo. Em determinado momento, esses resíduos precisaram ser jogados.

Sem coragem de simples-mente “ensacar” todos os itens e esperar o carro do lixo, Denizal decidiu pôr em prática outra habilidade: a de artesão. Segundo ele, a maior inspiração é por conta do sangue “parintinense”. “É um dom nato. Está no sangue ser artista”, pontua.

A ideia trouxe retorno

instantâneo. Atualmente ele “sobrevive” apenas do lucro dos artefatos vendidos, um percentual de aproxima-damente 80% em cima de cada produto.

Denizal já produziu mais de 110 peças, orçadas de R$ 20 a R$ 450. Os gastos ficam por conta do uso de cola, broca e a compra por quilo de alguns “restos” em empresas de reciclagem.

Os itens demoram de três a cinco dias para ficarem prontos, quando se tratam de réplicas.

Quando são feitas solicitações a crité-rio da sua própria imaginação, esta fabricação de-mora dois dias no máximo. “Eu imagino um carro e faço como pensei na minha men-te. Tipo uma moto do futu-ro mais arro-jada também, essas coisas”, detalha Denizal.

Redes SociaisHoje, ele

possui uma página no F a c e b o o k i n t i t u l a d a “Denizal Arte Eletrônica” , que expõe os produtos. O artista possui peças que rodam por Brasília e outros can-tos do país.

EscoamentoAlém das redes sociais, ar-

tesãos como Denizal contam com o apoio do governo para escoar seus produtos em fei-ras e eventos organizados pela Secretaria de Trabalho e Emprego do Amazonas (Se-

trab-AM). De a c o r d o

com a

gerente de economia soli-dária da secretaria, Socorro Papoula, boa parte dos 85 em-preendimentos solidários lis-tados em Manaus desenvolve arte com a reciclagem.

Segundo Denizal, as feiras e exposições são fundamen-tais para mostrar e vender as peças que fabrica a partir da reciclagem.

LUANA GOMESEspecial EM TEMPO

Denizal já produziu mais de 110 peças, orçadas de R$ 20 a R$ 450. Os gastos ficam por conta do uso de cola, broca e a compra por quilo de alguns “restos” em empresas de reciclagem.

Os itens demoram de três a cinco dias para ficarem prontos, quando se tratam

Quando são feitas solicitações a crité-rio da sua própria imaginação, esta

um carro e faço como pensei na minha men-te. Tipo uma moto do futu-ro mais arro-jada também, essas coisas”, detalha Denizal.

Redes Sociais

pela Secretaria de Trabalho e Emprego do Amazonas (Se-

trab-AM). De a c o r d o

com a

Segundo Denizal, as feiras e exposições são fundamen-tais para mostrar e vender as peças que fabrica a partir da reciclagem.

A artesã Rosemira Araújo Rocha, 37, começou a in-vestir na arte sustentável depois de largar o emprego no Distrito Industrial como reserva de produção em uma fábrica de eletroeletrônicos. Para “ocupar o tempo e não fi car à toa”, ela participou de curso no Serviço Social do Comércio (Sesc) para criar bolsas de garrafa PET.

A partir daí, já somam sete anos em que produz bol-sas, borboletas para parede, peças para papel higiênico, entre outros itens, todos co-tados de R$ 10 a R$ 70. “Nas vendas em feiras avulsas, retiro em média de 50% a 60% de lucro em cima de cada item”, revela.

Atualmente, ao menos 3,3 mil toneladas de lixo são jo-gadas diariamente no Ama-zonas, conforme o Panorama dos Resíduos Sólidos no Bra-

sil, realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Há 5 anos, Cleone dos San-tos, 42, fabrica produtos a partir de papelão, jornal e garrafas de vidro. O car-ro-chefe são os oratórios (igrejas feitas em papelão) ao preço de R$ 150.

O interesse surgiu após um curso de produção de fl ores artifi ciais. “Foi daí que co-mecei a criar diversidade de peças”, frisa ao relatar que os itens podem ser adquiridos a partir de R$ 10.

A chegada do fi m de ano acendeu a “luz de esperan-ça” da artesã, que espera receber número elevado de pedidos para oratórios e presépios. Cleone participa de feiras em espaço aberto como a da Aparecida e a da Cachoeirinha.

Bolsa PET e presépio de papelão

Denizal produz itens a partir de resíduos eletrônicos

Com o fi m do ano, Cleone espera aumentar vendas de oratórios “reciclados”

O lixo descartado pela população é aproveitado por artesãos manauenses que criam variados produtos, em especial de decoração, para tirar o próprio sustento ou incrementar salário mensal da famíliaAL

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Um Seminário sobre a Amazônia – Cenários, Pioneiros e Utopias – debateu Novas Matrizes Econômicas, nesta sexta-feira, no encerramento da Semana da Faculdade de Economia, Administração da USP, Universidade de São Paulo-FEA-USP. O evento se insere ainda nas atividades do programa de Pós-Graduação sobre Pioneirismo Brasileiro, daquela instituição, sobre a batuta do prof. Dr. Jacques Marcovitch, que já dirigiu a renomada academia e está ajudando a reduzir essa distân-cia vesga entre economia e academia. E a reduzir, também, a distância entre dois estados que tem história, presente e perspectivas de extraordinária cumplicidade e colaboração. Amazonas e São Paulo interagem no contexto maior da história do desenvolvimento nacional e integração regional, dessa vez, poré m, através de seus pioneiros. Na pauta dos debates, a lembrança e as lições de Isaac Sabbá, Samuel Benchimol, Petronio Pinheiro, Cosme Ferreira, Antônio Simões, Mário Guerreiro, Moyses Israel, estre outros, que cavam o próprio espaço de prestígio com seu legado empreendedor, na galeria nacional de pioneiros que fazem a história do país.

O curioso nessa incursão da memória do pioneirismo é que ela revisita justamente o estado que recebeu, na consolidação do Ciclo do Café, a migração de investimentos que deixaram a Amazônia com a debacle do Ciclo da Borracha há cem anos. Ninguém fala disso. Nada mais oportuno recordar para justifi car essa brasilidade cúmplice que se impõe e que pode tornar-se mais ainda robusta. É ainda curioso lembrar que esta relação, há bem pouco tempo, antes da economia brasileira abrir-se à globalização, relatava uma intimidade proveitosa entre os dois mercados. Para cada dólar importado para a indústria da Zona Franca, três dólares eram adquiridos da indústria paulista. Essa contabilidade foi turvada com a invasão do fator chinês, mas revelou grandes ganhos e evidentes probab ilidades. O evento é uma sequencia da Mostra de Pioneiros do Brasil e o Estado do Amazonas, que chegou a Manaus há um ano e se deparou com uma história de empreendedorismo que os livros de História do Brasil ignoram. O foco inicial da Mostra era Samuel Bechamol, que já integra a biblioteca dos Pionei-ros, como o empreendedor que adotou a dialética do fazer e saber, nos seus empreendimentos bem sucedidos e vasta obra acadêmica, com mais de 115 títulos. Contemporâneos de Benchimol, os demais pioneiros ajudam a desenhar uma paisagem de luta e resistência para consolidar a brasilidade e pressionar pela integração nacional.

No encerramento da Mostra, em Manaus - que ocorreu de junho a agosto deste ano, e reuniu milhares de pessoas, sobre-tudo estudantes - um grande debate aproximou 35 instituições públicas, entidades de classe e empresas regionais para abordar as lições do Pioneirismo e Futuro da Economia Regional, sob a coordenação da Federação e Centro da Indústria do Estado do Amazonas, em agosto 2013. Ali estavam reunidas as intuições, propostas e expectativas dos que vivem a Amazônia e dos que a ela se achegam. E foram exatamente as recomendações contidas neste encontro, o gancho de abertura para apresentar o tema deste Seminário Amazônia – Cenários, Pioneiros e Utopia, a cargo do professor Jaques Marcovitch. Daí também a opção de prioriza r o debate sobre os resultados do estudo do Fundo Amazônia: Evolução Recente e Perspectivas, reali-zado no âmbito do pela própria FEA/USP. Afi nal, este Fundo disponibilizado pela Noruega, BNDES e Petrobras, não tem avançado em seus objetivos de conter a depredação ambiental e promover alternativas de desenvolvimento e prosperidade. A distância do Planalto e sua comprovada limitação para entender e gerir a Amazônia explicam o paradigma quelônio de distribuição destes recursos.

Como não poderia deixar de ser, num misto de homenagem e divulgação de intuições preciosas e geniais, o evento, ao debater Novas Matrizes Econômicas, sob a batuta de Silvio Crestana, que já dirigiu a EMBRAPA, e mostrou a amplitude de possibilidades de bionegócios para a fl oresta, resgata o projeto

para a Amazônia no Século XXI, coordenado pela professora Bertha Becker em 2009, no âmbito do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). A aquicultura, o grande de opor-tunidades e de alternativas de distribuição de riqueza. Estas recomendações, curiosamente, são o roteiro base escolhido para nortear a parceria de pesquisa com fomento entre o INPA e a AFEAM, a agência de fomento das cadeias produ-tivas do Amazonas, iniciada logo após o encontro de agosto em Manaus. E essa é a premissa básica que permeia e deve permear o conjunto de iniciativas pioneiras dessa aproximação institucional e estratégica entre Amazona e São Paulo.

Sempre focado no papel e nas lições dos Pioneiros, aqueles que se afi rmam a partir das adversidades, de momentos de turbulência e incertezas, o Seminário elegeu uma empresa, entre muitas que emergem desse grande dilema amazônico entre desenvolvimento e sustentabilidade, a Beraca, que con-cebe pioneirismo na perspectiva dos bioempreendedores e sinaliza com o buriti, a árvore da vida, como carro chefe de sua proposta de reinventar a Amazônia pela biotecnologia . Sob a coordenação de Thiago A. Terada, os resultados do Programa de Valorização da Biodiversidade, gerenciado desde 2000 junto às comunidades locais, demonstram que é absolutamente factível compatibilizar o desenvolvimento regional da Amazônia em sintonia com o zelo da fl oresta tropical. Outras tantas empresas com foco na biodiversidade amazônica já se haviam articulado no Encontro após a Mostra dos Pioneiros, de agosto., além das empresas encubadas pelo INPA, praticamente todas focadas em inovação e biotecnologia. Ninguém duvida que este é o caminho dos arranjos produtivos da fl oresta.

Utopias, a intuição que se antecipa, é a síntese da apre-sentação sobre os pioneiros. Resgatá-los signifi ca apresentar alguns pressupostos da visão amazônica do pioneirismo, e das utopias que decorrem de suas lições. Na recuperação da trajetória do livro, lançado ao fi nal do debate, apresentei as linhas mestras que sustentam a obra – fruto do levantamento histórico feito para o projeto Pioneiros e Empreendedores do Brasil - que versa sobre as ações empreendedoras de enfren-tamento que se seguiram à quebra do Ciclo da Borracha e os avanços conquistados pelos pioneiros da Amazônia, suas lições e intuições. A utopia de que fala o texto, longe de signifi car a pirotecnia d e manter a fl oresta em pé a qualquer custo, postula manter erguida a dignidade das pessoas que habitam o beiradão amazônico, ludibriadas com bolsas de compensação fantasiosa em nome da intocabilidade desumana. A utopia remete a um horizonte que está presente em ações a um projeto para a região amazônica. Uma região que aspira ao respeito às suas especifi cidades, importância de sua diversi-dade e grandeza do seu potencial. São propostas fundadas em novas politicas publicas que abrangem o médio e longo prazo, transcendem os mandatos e superam o imediatismo eleitoral. Elas reclamam a educação e o conhecimento para promover a dimensão humanista na condução de saberes para formar e reter talentos e propiciar caminhos. Uma nova economia fl orestal que recorre à tecnologia da inovação para viabilizar a segurança alimentar, energética e de saúde, e a reestrutu-ração das cadeias produtivas com o pleno aproveitamento das bioengenharias e da bioinformática. O debate, portanto, ao aproximar duas unidades emblemáticas da federação, precisa retomar as ações bem sucedidas e as que estão em curso, aproximar Universidades, especialmente USP e UEA, trabalhar em redes de articulação e interatividade cívica, ética, científi ca e focada na integração e inovacao inteligente da promoção humana e social amazônica.

Alfredo MR Lopes [email protected]

Alfredo MR Lopes Filósofo e consultor ambiental

Amazonas em São Paulo, a sinergia inadiável!Relatório mostra que países como a África do Sul, última sede do evento, foram benefi ciados pelo torneio mundial

Copa do Mundo deixa um legado de progresso

Expectativa é que Copa traga desenvolvimento ao Brasil em áreas como a de infraestrutura

Desde que a África do Sul sediou a Copa do Mundo FIFA 2010, o esporte passou a ser

visto como importante catali-sador para o desenvolvimento de infraestrutura e mobiliza-ção social. De acordo com o relatório nacional da Copa, pu-blicado em 2012, os resultados do evento são duradouros e benéfi cos para o país-sede.

Como exemplo, o investi-mento de aproximadamente US$ 1,1 bilhão na construção e reforma de 10 estádios, além de criar opções para eventos esportivos de alto padrão no país, gerou 66 mil empregos e US$ 750 milhões em rendi-mentos. Outro investimento, em transportes, totalizado em quase US$ 1.7 bilhão também melhorou o ambiente do país, com aeroportos, portos, estra-das e ferrovias. Tais melhorias geraram um grande número

de empregos e instalações de padrão mundial, que são capa-zes de sediar grandes eventos, como a Copa Africana de Na-ções de 2013.

Planos de investimento tam-bém nasceram após a Copa do Mundo, em 2013 um novo investimento de US$ 83 bi-lhões foi anunciado para infra-estrutura. O ambicioso Plano Nacional de Infraestrutura introduziu o controle nacio-nal e central da construção de represas, estradas, pontes, usinas, escolas, hospitais, duas novas universidades e outras construções que transformam o cenário do país, e tem um im-pacto profundo nas vidas dos cidadãos. 18 grandes projetos estratégicos de infraestrutu-ra foram identifi cados como prioridade dentro do Plano, es-pecialmente os direcionados aos 23 distritos mais pobres do país, garantindo o acesso

à água potável, eletricidade e saneamento básico, mudando positivamente a vida de quase 19 milhões de pessoas.

O programa de investimento na construção de portos, estra-das, ferrovias e usinas elétricas também contribuiu com o cres-cimento econômico, fazendo o país mais competitivo no mercado internacional. Para o governo sul-africano fi rmar o crescimento nacional, provi-denciar trabalho decente para toda a população e melhorar a prosperidade do país, esse tipo de plano é essencial.

Aumentar o investimento em infraestrutura tem im-pacto econômico signifi ca-tivo e positivo, aumentanto os rendimentos do país, in-serindo pessoas no mercado de trabalho e melhorando a competitividade da África do Sul e sua posição no cenário econômico internacional.

IONE MORENO

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Instagram vira sucesso de vendas instantâneasRede social de postagem de fotos se tornou vitrine para ‘lojistas virtuais’ venderem produtos e serviços pela internet

O Instagram – rede de postagem instan-tânea de fotos pela internet –, desponta

como um grande aliado para o comércio virtual em Manaus. Ao invés dos registros das baladas, passeios turísticos ou do próprio cotidiano, os usuários aprovei-tam a plataforma para vender objetos novos ou usados, trans-formando a ferramenta em uma verdadeira loja “on-line”.

Além da praticidade, a adesão ao Instagram foi uma forma en-contrada pelos lojistas virtuais para escapar dos altos custos de aluguel e da manutenção que um empreendimento exige.

Há quase um ano, as irmãs Rebeca Oliveira e Andrea Bar-bosa largaram a psicologia para se dedicar em tempo integral à produção e venda de doces e salgados exclusivamente via Instagram. Andrea conta que o negócio começou de forma tradicional. “Vendíamos briga-deiros em repartições públicas e depois passamos a oferecer bolos e empadas diferentes, como as de queijo coalho com tucumã. A demanda foi crescen-do e os amigos sugeriram que tirássemos fotos dos quitutes

e publicássemos no Instagram. Deu certo”, comemora.

As irmãs criaram uma página no Facebook, uma conta no Instagram e batizaram a loja de “Doce com amor Ateliê”. A página do Facebook não surtiu tanto efeito, mas com a publi-cação de fotos no aplicativo, em uma semana, as pequenas encomendas viraram grandes

pedidos para festas. “A iniciativa fez toda a diferença porque o Instagram nos deu rapidez e retorno imediato. As pesso-as olham as fotos, entram em contato pelo telefone ou Whats App e, em minutos, o negócio está fechado. Como entrega-mos em casa, a comodidade para o cliente ficou garantida”, comenta Andrea.

As empresárias calculam que,

entre janeiro e outubro deste ano, somam 1,3 mil seguidores no aplicativo, com uma média de 25 encomendas por semana. Com o sucesso e renda que chega a R$ 3,5 mil por mês, Andrea e Rebeca pensam em abrir uma loja para vender as gu-loseimas. “Não tínhamos capital para investir em um local porque implicaria gastos como aluguel, conta de água, luz, telefone e salários de funcionários. Agora, amadurecemos a ideia. Se o plano se concretizar, não pre-tendemos deixar o Instagram de lado”, avisa Andrea.

Roupas O apelo da venda instantânea

também conquistou Thayane Miranda, 23, que ao engravidar, ela se viu com grande quanti-dade de roupas e sapatos que não serviriam mais.

Por sugestão do marido e da sobrinha, abriu uma conta no Instagram exclusiva para vender os itens usados e em alguns meses passou a comer-cializar novas peças de vestuá-rio na loja virtual “Bonequinha de Luxo”. “Hoje, a média é de 15 entregas por dia na casa das clientes e vendo até para outros Estados. O Instagram é eficaz e não pretendo deixá-lo de lado”, complementa.

Andrea e Rebeca abandonaram a psicologia para comercializar doces e salgados no Instagram

ALEX

AND

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SECA

MERCADOÉ possível encontrar no Instagram vendedores de produtos diversos como roupas, comidas, calçados, roupinhas para bebê, cosméticos e até acessórios para cachor-ros, criando um leque de grande de opções

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

A dona da loja virtual En-chanté Moda Feminina que vende roupas e acessórios femininos, Thaís Pires, foi mais além. Após observar o “boom” de lojas exclusivas pela internet na cidade, ela resolveu promover misto de brechó e bazar para reunir os lojistas virtuais, tanto de produtos novos quanto de

itens de segunda mão.Ela conta que a ideia surgiu

depois que foi “barrada” de participar de grandes bazares de Manaus por não possuir uma loja propriamente dita. “Foi quando surgiu o It brechó bazar”, frisa.

A primeira edição do “It” foi realizada no dia 21 de se-tembro com 37 participantes.

O segundo evento deste tipo está marcado para o dia 30 de novembro no Adrianópolis Apart Hotel e já conta com 36 inscritos.

“A procura é tanta que pro-gramamos uma edição es-pecial em dezembro. Se der certo, para o próximo ano, a proposta é fazer um bazar por mês”, projeta Thaís Pires.

Bazar e brechós são promovidos

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 B5

Outros dois projetos que aguardam capital de giro têm o mesmo objetivo: promover soluções para a indústria local.

Um deles é o do coor-denador do programa de engenharia de produção da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Waltair Machado. O professor e só-cio da Inove Solutions vai levar para o salão, a ideia de produzir, em Manaus, dis-plays de LCD para televiso-res e monitores de vídeo. “Hoje, 100% dos displays usados na fabricação des-ses produtos nas fábricas de Manaus são importados e representam 50% do cus-to de fabricação do produ-to final. Temos tecnologia pronta para fabricar os itens

aqui e barateá-los em até 40%, podendo futuramen-te tornar os produtos mais baratos ao consumidor”, ex-plica Waltair.

Entretanto, o projeto já aprovado no Conselho de Desenvolvimento da Ama-zônia (Codam) que prevê a produção 300 mil telas no terceiro ano de atividade e geração de 70 novos postos de trabalho, encontra difi-culdades para sair do papel. “Vamos buscar um aporte de R$ 5 milhões para custear um prédio e a adaptação do ambiente produtivo, além da compra de equipamentos necessários”, detalha.

Oportunidades O salão de negócios

criativos, que será reali-

zado durante a 7ª Feira Internacional da Amazônia (Fiam 2013), no período de 27 a 30 de novembro, em Manaus, será a grande

oportunidade para os em-preendedores conseguirem obter financimanto para seus respectivos projetos.

Segundo a coordenação do evento, o objetivo do salão é aproximar empre-endedores com propostas de negócios inovadoras aos investidores, viabilizando a transferência de capi-tal para empreendimentos que aliem rentabilidade e impactos positivos ao de-senvolvimento regional.

EncontrosAs quatro propostas se-

lecionadas passarão por dois momentos: o primeiro consiste numa apresenta-ção de 15 minutos de cada proposta para todos os in-vestidores e o segundo é um encontro individual dos in-vestidores com os empreen-dedores cujos projetos lhes trouxeram interesse.

Displays de LCD ‘made in Amazonas’

O criativo bom negócioCom ideias inovadoras, empreendedores locais criaram projetos inéditos como o dirigível que transporta cargas e querem agora tirar do papel seus planos que vão gerar emprego e renda para a região

Com boas ideias na ca-beça, empreendedores manauenses “arrega-çam as mangas” para

tirar seus projetos do papel que, além de criativos, podem ser lucrativos para os investidores que apostarem nesses novos planos no futuro. No fim de novembro, quatro grupos de pe-quenos e micro empresários de Manaus vão participar do salão de negócios criativos durante a Feira Internacional da Amazônia (Fiam) em busca de financia-mento. Se a ideia “pegar”, o sonho do negócio inovador pode virar realidade.

Encabeçada por três pesqui-sadores do Instituto de Pesqui-sas da Amazônia (Inpa), o grupo “Amazônia Socioambiental” es-pera ansioso pela oportunidade de “vender” seu projeto, que é inédito na cidade: criar um escri-tório de elaboração de projetos e gerenciamento de empreendi-mentos sociais e ambientais. “A proposta do escritório é escre-ver um projeto completo para facilitar a capitação do recurso e gerenciar o andamento da atividade para que os produtos previstos sejam entregues no prazo e com qualidade”, es-clarece o diretor executivo da empresa e mestre formado pelo Inpa, Diego Brandão.

Com sete projetos elaborados e R$ 1,5 milhão em recursos previstos nos primeiros cinco meses de atividade, o diretor-executivo, Camilo Pedrollo, e a gerente do projeto, Caroline Lara, querem dar um passo além. A novidade, que busca financiamento no salão da Fiam, é provar aos empresários lo-cais interessados no aspecto socioambiental que investir nos “pequenos” pode auxiliar a eco-nomia regional e agregar valor à marca da empresa.

Conforme explica Brandão, empresas investem em um úni-co evento como uma palestra ou um dia de educação ambiental para se mostrarem preocupa-das com o meio ambiente. “Às vezes, uma empresa chega a gastar 20 mil em um evento isolado e a ideia de que ela é preocupada com a questão não é fixada.”, conta o diretor.

A solução proposta é que os empresários invistam de fato nesses projetos e, à médio pra-zo, possam associar o sucesso dos microempreendedores ao seu negócio, provando ser en-gajados na questão. “Com o projeto aprovado, garantimos um retorno de investimento de até 20 vezes mais em relação à quantia aplicada inicialmente e todos saem ganhando. Com essa ideia, esperamos atrair interessados no salão”, pon-tua Brandão.

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

Produção local de display de LCD para televisores e monitores de vídeo vai baratear pela metade os custos do insumoNovos empreendedores vão “vender” seus projetos durante o salão da Fiam para buscar financiamento do empresariado

A arquiteta e design, Mo-nique Bastos, desenvolveu uma novidade para o ramo de entretenimento da capi-tal amazonense: uma rede de cafés com o tema “jogos de tabuleiro”.

Com um prédio alugado e a equipe já montada, ela busca agora financiamen-to para colocar em prática o sonho antigo que surgiu em função da falta de op-ções de lazer em Manaus após uma roda de conver-sas com os amigos. “A ideia é concretizar uma rede de cafés temáticos, servindo além de bebidas e aperiti-vos, um acervo diferencia-do de jogos de tabuleiro. Quase todas as pessoas gostam de jogar, por este

motivo, apostamos nesse nicho inédito na cidade. Vamos disponibilizar ainda profissionais para ensinar as regras dos jogos”, de-talha animada.

ExpansãoCom o capital obtido, Mo-

nique pretende abrir uma rede batizada de Ludotheka com 30 unidades pelo país, sendo a primeira delas em Manaus. Depois, ela preten-de estender o projeto para os países da América Lati-na. “A seleção para a feira deixou a equipe confiante de que o negócio é inovador e viável. Esperamos que os investidores presentes pensem da mesma forma”, afirmar a arquiteta.

Rede de café e jogos temáticosO empreendedor Stefan

Keppler aposta em solu-ções logísticas para bene-ficiar o parque fabril local. O plano dele é fabricar e comercializar balões diri-gíveis de hidrogênio para o transporte de cargas, como insumos da indústria, em baixas altitudes. “Caso a ideia vingue, o balão pode virar um novo modal de logística, só que em três dimensões” ressalta.

A empresa Cargo Lister visa se fixar em Iranduba para produzir os balões e iniciar os trabalhos com transporte de cargas como tijolos produzidos no mu-nicípio para Manaus. “No período em que a estrada fica ruim para o transporte,

o balão pode ser alternativa para permitir o fluxo da en-trega do produto” relata.

Transporte O plano, segundo o em-

presário, é estender a ca-pacidade de atendimento para empresas do polo in-dustrial local, transportan-do cargas entre as fábricas como forma de aliviar o tráfego de carretas pelas ruas da capital e no futuro transportar até 60 tonela-das em produtos para o sul e sudeste do país. “Para alçar voo, o projeto preci-sa de investimento maciço orçado em US$ 3 bilhões para os próximos 3 anos. É esse capital que vamos buscar”, comenta.

Dirigível beneficiará indústria

DIFICULDADESIdeias boas existem, porém, o principal em-pecilho para que novos projetos deixem de serem rascunhos e pas-sem a realidade é a falta de recursos, que podem ser obtidos por meio de investidores

FOTOS: REPRODUÇÃO

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 B5

Outros dois projetos que aguardam capital de giro têm o mesmo objetivo: promover soluções para a indústria local.

Um deles é o do coor-denador do programa de engenharia de produção da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Waltair Machado. O professor e só-cio da Inove Solutions vai levar para o salão, a ideia de produzir, em Manaus, dis-plays de LCD para televiso-res e monitores de vídeo. “Hoje, 100% dos displays usados na fabricação des-ses produtos nas fábricas de Manaus são importados e representam 50% do cus-to de fabricação do produ-to final. Temos tecnologia pronta para fabricar os itens

aqui e barateá-los em até 40%, podendo futuramen-te tornar os produtos mais baratos ao consumidor”, ex-plica Waltair.

Entretanto, o projeto já aprovado no Conselho de Desenvolvimento da Ama-zônia (Codam) que prevê a produção 300 mil telas no terceiro ano de atividade e geração de 70 novos postos de trabalho, encontra difi-culdades para sair do papel. “Vamos buscar um aporte de R$ 5 milhões para custear um prédio e a adaptação do ambiente produtivo, além da compra de equipamentos necessários”, detalha.

Oportunidades O salão de negócios

criativos, que será reali-

zado durante a 7ª Feira Internacional da Amazônia (Fiam 2013), no período de 27 a 30 de novembro, em Manaus, será a grande

oportunidade para os em-preendedores conseguirem obter financimanto para seus respectivos projetos.

Segundo a coordenação do evento, o objetivo do salão é aproximar empre-endedores com propostas de negócios inovadoras aos investidores, viabilizando a transferência de capi-tal para empreendimentos que aliem rentabilidade e impactos positivos ao de-senvolvimento regional.

EncontrosAs quatro propostas se-

lecionadas passarão por dois momentos: o primeiro consiste numa apresenta-ção de 15 minutos de cada proposta para todos os in-vestidores e o segundo é um encontro individual dos in-vestidores com os empreen-dedores cujos projetos lhes trouxeram interesse.

Displays de LCD ‘made in Amazonas’

O criativo bom negócioCom ideias inovadoras, empreendedores locais criaram projetos inéditos como o dirigível que transporta cargas e querem agora tirar do papel seus planos que vão gerar emprego e renda para a região

Com boas ideias na ca-beça, empreendedores manauenses “arrega-çam as mangas” para

tirar seus projetos do papel que, além de criativos, podem ser lucrativos para os investidores que apostarem nesses novos planos no futuro. No fim de novembro, quatro grupos de pe-quenos e micro empresários de Manaus vão participar do salão de negócios criativos durante a Feira Internacional da Amazônia (Fiam) em busca de financia-mento. Se a ideia “pegar”, o sonho do negócio inovador pode virar realidade.

Encabeçada por três pesqui-sadores do Instituto de Pesqui-sas da Amazônia (Inpa), o grupo “Amazônia Socioambiental” es-pera ansioso pela oportunidade de “vender” seu projeto, que é inédito na cidade: criar um escri-tório de elaboração de projetos e gerenciamento de empreendi-mentos sociais e ambientais. “A proposta do escritório é escre-ver um projeto completo para facilitar a capitação do recurso e gerenciar o andamento da atividade para que os produtos previstos sejam entregues no prazo e com qualidade”, es-clarece o diretor executivo da empresa e mestre formado pelo Inpa, Diego Brandão.

Com sete projetos elaborados e R$ 1,5 milhão em recursos previstos nos primeiros cinco meses de atividade, o diretor-executivo, Camilo Pedrollo, e a gerente do projeto, Caroline Lara, querem dar um passo além. A novidade, que busca financiamento no salão da Fiam, é provar aos empresários lo-cais interessados no aspecto socioambiental que investir nos “pequenos” pode auxiliar a eco-nomia regional e agregar valor à marca da empresa.

Conforme explica Brandão, empresas investem em um úni-co evento como uma palestra ou um dia de educação ambiental para se mostrarem preocupa-das com o meio ambiente. “Às vezes, uma empresa chega a gastar 20 mil em um evento isolado e a ideia de que ela é preocupada com a questão não é fixada.”, conta o diretor.

A solução proposta é que os empresários invistam de fato nesses projetos e, à médio pra-zo, possam associar o sucesso dos microempreendedores ao seu negócio, provando ser en-gajados na questão. “Com o projeto aprovado, garantimos um retorno de investimento de até 20 vezes mais em relação à quantia aplicada inicialmente e todos saem ganhando. Com essa ideia, esperamos atrair interessados no salão”, pon-tua Brandão.

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

Produção local de display de LCD para televisores e monitores de vídeo vai baratear pela metade os custos do insumoNovos empreendedores vão “vender” seus projetos durante o salão da Fiam para buscar financiamento do empresariado

A arquiteta e design, Mo-nique Bastos, desenvolveu uma novidade para o ramo de entretenimento da capi-tal amazonense: uma rede de cafés com o tema “jogos de tabuleiro”.

Com um prédio alugado e a equipe já montada, ela busca agora financiamen-to para colocar em prática o sonho antigo que surgiu em função da falta de op-ções de lazer em Manaus após uma roda de conver-sas com os amigos. “A ideia é concretizar uma rede de cafés temáticos, servindo além de bebidas e aperiti-vos, um acervo diferencia-do de jogos de tabuleiro. Quase todas as pessoas gostam de jogar, por este

motivo, apostamos nesse nicho inédito na cidade. Vamos disponibilizar ainda profissionais para ensinar as regras dos jogos”, de-talha animada.

ExpansãoCom o capital obtido, Mo-

nique pretende abrir uma rede batizada de Ludotheka com 30 unidades pelo país, sendo a primeira delas em Manaus. Depois, ela preten-de estender o projeto para os países da América Lati-na. “A seleção para a feira deixou a equipe confiante de que o negócio é inovador e viável. Esperamos que os investidores presentes pensem da mesma forma”, afirmar a arquiteta.

Rede de café e jogos temáticosO empreendedor Stefan

Keppler aposta em solu-ções logísticas para bene-ficiar o parque fabril local. O plano dele é fabricar e comercializar balões diri-gíveis de hidrogênio para o transporte de cargas, como insumos da indústria, em baixas altitudes. “Caso a ideia vingue, o balão pode virar um novo modal de logística, só que em três dimensões” ressalta.

A empresa Cargo Lister visa se fixar em Iranduba para produzir os balões e iniciar os trabalhos com transporte de cargas como tijolos produzidos no mu-nicípio para Manaus. “No período em que a estrada fica ruim para o transporte,

o balão pode ser alternativa para permitir o fluxo da en-trega do produto” relata.

Transporte O plano, segundo o em-

presário, é estender a ca-pacidade de atendimento para empresas do polo in-dustrial local, transportan-do cargas entre as fábricas como forma de aliviar o tráfego de carretas pelas ruas da capital e no futuro transportar até 60 tonela-das em produtos para o sul e sudeste do país. “Para alçar voo, o projeto preci-sa de investimento maciço orçado em US$ 3 bilhões para os próximos 3 anos. É esse capital que vamos buscar”, comenta.

Dirigível beneficiará indústria

DIFICULDADESIdeias boas existem, porém, o principal em-pecilho para que novos projetos deixem de serem rascunhos e pas-sem a realidade é a falta de recursos, que podem ser obtidos por meio de investidores

FOTOS: REPRODUÇÃO

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Espionagem da Abin não secompara aos casos dos EUAPara o embaixador Rubens Barbosa, episódio não deverá causar complicações diplomáticas para governo brasileiro

A revelação sobre ações de espionagem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)

contra diplomatas estrangei-ros não pode ser comparada, tanto em escala, quanto em natureza, ao esquema glo-bal de vigilância organizado pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), recentemente revelada pelo ex-agente da CIA Edward Snowden. A opinião é do em-baixador brasileiro Rubens Barbosa, que também acre-dita que o caso não deverá causar incômodo diplomático ao Itamaraty.

Para ele, o episódio se justi-fica como um caso de seguran-ça nacional, versão defendi-da oficialmente pelo governo brasileiro. Os procedimentos realizados pela agência tam-bém foram normais, já que, em alguns casos, investigavam a possibilidade de espionagem em território nacional. “Em um dos casos, envolvendo diplo-matas iranianos (a “Operação Xá”), a reportagem afirma que a ação teria sido realizada a pedido de outro país. Isso mostra apenas um entrosa-mento grande entre essas agências de segurança, que possuem acordos bilaterais

para casos como lavagem de dinheiro, por exemplo. Trata-se de um acompanhamento não ostensivo, é uma prática muito usual”, explicou.

Estados UnidosJá o escândalo que revelou a

rede organizada pela NSA para espionar diversos países e al-guns de seus líderes, de acordo com Barbosa, “atingiu um nível em que não se esperava chegar, surpreendendo a todos”.

“Snowden era analista de uma agência de inteligência, saiu dela portando dados e di-vulgou informações envolven-do diversos países, envolvendo até o monitoramento de chefes de Estado. A escala é bem di-ferente, a natureza é diferente. Agora, em ambos os casos, é tudo espionagem”, lembra.

Uma das consequências do escândalo envolvendo a NSA é que alguns países foram obrigados a reconhecer que estão vulneráveis. “Por essa razão se discute agora um novo código de conduta, com o objetivo de deixar essas ações dentro de limites. Mas, estes não chegarão a ser divulga-dos”, e só daqui a alguns anos será possível saber se ele foi de fato respeitado, acredita o diplomata.

Segundo o embaixador Rubens Barbosa, prática de espionagem da Abin é usual e difere da investigação a chefes de Estado

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Para Barbosa, a dificul-dade nessa negociação é que, enquanto alguns paí-ses (Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) compartilham as mesmas in-formações porque oferecem

total cooperação aos Esta-dos Unidos em matéria de política externa e segurança, outros como França, Brasil e Alemanha nunca atingiram o mesmo status, porque têm políticas independentes”.

“Grampos”Novos documentos vaza-

dos por Snowden mostram que, em colaboração com o serviço secreto britânico, Alemanha, França, Espanha e Suécia também espiona-

ram comunicações online e telefônicas, afirmou o jornal britânico “The Guardian”. A revelação vem depois da des-coberta de espionagem dos EUA contra a chanceler alemã Angela Merkel.

Políticas independentes dificultam diálogos

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B7MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 País

Mapa da Violência descreve que, a cada 100 mil jovens, entre 14 e 25 anos, 53,4 foram assassinados, em 2011

Violência contra os jovens cresceu 326,1% no BrasilA violência contra os

jovens brasileiros au-mentou nas últimas três décadas de acor-

do com o Mapa da Violência 2013: Homicídio e Juventu-de no Brasil, publicado nes-ta semana pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), com dados do Sub-sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Minis-tério da Saúde. Entre 1980 e 2011, as mortes não naturais e violentas de jovens – como acidentes, homicídio ou sui-cídio – cresceram 207,9%. Se forem considerados só os homicídios, o aumento chega a 326,1%. Do total de 46.920 mortes na faixa etária de 14 a 25 anos, em 2011, 63,4% tive-ram causas violentas (aciden-tes de trânsito, homicídio ou suicídio). Na década de 1980, o percentual era 30,2%.

“Hoje, com grande pesar, vemos que os motivos ainda existem e subsistem, apesar de reconhecer os avanços realiza-dos em diversas áreas. Contudo, são avanços ainda insuficientes diante da magnitude do proble-ma”, conclui o estudo.

O homicídio é a principal causa de mortes não naturais e vio-lentas entre os jovens. A cada

100 mil jovens, 53,4 assassina-dos, em 2011. Os crimes foram praticados contra pessoas entre 14 e 25 anos. Os acidentes com algum tipo de meio de transpor-te, como carros ou motos, foram responsáveis por 27,7 mortes no mesmo ano.

Segundo o mapa, o aumento da violência entre pessoas dessa faixa etária demonstra a omis-

são da sociedade e do poder público em relação aos jovens, especialmente os que moram nos chamados polos de concen-tração de mortes, no interior de estados mais desenvolvidos; em zonas periféricas, de fronteira e de turismo predatório; em áreas com domínio territorial de qua-drilhas, milícias ou de tráfico de drogas; e no arco do desmata-

mento na Amazônia que envolve os estados do Acre, Amazonas, de Rondônia, Mato Grosso, do Pará, Tocantins e Maranhão.

OmissãoDe acordo com o estudo, a par-

tir “do esquecimento e da omis-são passa-se, de forma fácil, à condenação” o que representa “só um pequeno passo para a repressão e punição”. O autor do mapa, Julio Jacobo Waiselfisz, explicou à Agência Brasil que a transição da década de 1980 para a de 1990 causou mudan-ças no modelo de crescimento nacional, com uma descentra-lização econômica que não foi acompanhada pelo aparato es-tatal, especialmente o de segu-rança pública. O deslocamento dos interesses econômicos das grandes cidades para outros centros gerou a interiorização e a periferização da violência, áreas não preparadas para lidar com os problemas.

“O malandro não é otário, não vai atacar um banco bem protegido, no centro da cidade. Ele vai aonde a segurança está atrasada e deficiente, gerando um novo desenho da violência. Não foi uma migração mera-mente física, mas de estruturas”, destacou Waiselfisz. Jovens são, segundo os dados do Mapa da Violência, o principal alvo da onda de violência no país

REPRODUCAO

MORTESDo total de 46.920 mortes na faixa etá-ria de 14 a 25 anos, em 2011, 63,4% tive-ram causas violentas (acidentes de trânsito, homicídio ou suicídio). Na década de 1980, o percentual era 30,2%

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Reator na usina nuclear de Bushehr, no Irã, é uma das preocupações das potênciais mundiais

O presidente dos Esta-dos Unidos, Barack Obama, telefonou ao primeiro-ministro is-

raelense, Benjamin Netanyahu, para discutir as negociações in-ternacionais sobre o programa nuclear do Irã, afirmou a Casa Branca em comunicado.

“O presidente forneceu ao primeiro-ministro uma atuali-zação sobre as negociações em Genebra e reafirmou seu forte compromisso em evitar que o Irã obtenha uma arma nuclear, que é o objetivo das negociações em andamento”, disse a Casa Branca. “Os dois concordaram em permanecer em contato so-bre essa questão”.

Netanyahu já manifestou ser contra a negociação. Numa decisão de última hora, ministros do Exterior do Rei-no Unido, França, Alemanha e Estados Unidos chegaram a Genebra para as negocia-ções sobre o polêmico pro-grama nuclear. Com a ida dos chanceleres a Genebra, onde representantes de seis potên-cias mundiais estão reunidos com autoridades iranianas, cresceu a expectativa por um acordo. Mas o consenso deve sair nos próximos dias, de acordo com o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, que espera que o resultado seja de “longa duração”.

ONU começa vacinação contra poliomelite na Síria

Num esforço para ten-tar impedir a dissemina-ção da poliomelite, mais de 20 milhões de crian-ças serão vacinadas na Síria e em países vizinhos contra a doença conta-giosa. O primeiro surto de pólio desde 1999 na Síria já provocou para-lisia em dez crianças e representa um risco para centenas de milhares de outras na região, segun-do a OMS.

“O surto não apenas é uma tragédia para as crianças, é também um alarme urgente, e uma oportunidade cru-cial para alcançar todas as crianças na idade de imunização, onde quer que estejam”, disse o chefe da área de pólio da Unicef, Peter Crowley,

em comunicado.No Líbano, onde vi-

vem mais de 800 mil refugiados, em 400 as-sentamentos informais, a meta é vacinar 750 mil pessoas.

“O plano de vacinação no Líbano é ir de casa em casa, barraca por bar-raca “disse Annamaria Laurini, representante da Unicef no país.

No acampamento de al-Omariya no Vale de Bekaa, mais de 300 crianças foram vacina-das nesta sexta-feira. Em uma tentativa de au-mentar a conscientiza-ção para a campanha, as crianças, com os dedos pintados de roxo, grita-vam palavras de ordem encorajando os pais a vacinar seus filhos.

SURTO

Pelo menos 20 milhões de crianças serão imunizadas

AFP

AE

Presidentes dos dois países trocam informações para uma série de articulações que visam o enfraquecimento da ideia dos iranianos em programa nuclear

Programa nuclear iraniano em debate por EUA e Israel

Num dos poucos detalhes divulgados sobre as reuniões, o negociador Majid Takht-Ra-vanchi contou que seu país pediu às potências que consi-derem reduzir em uma primeira fase as sanções bancárias e ao petróleo. Com a economia estrangulada pelas sanções, a medida permitiria um alívio ao país. O Ocidente suspeita que o

Irã esteja tentando desenvolver armas nucleares e, por isso, a comunidade internacional im-pôs punições à República Is-lâmica, que insiste no caráter pacífico das suas atividades.

Contudo, o clima de extremo otimismo após um longo dia de encontros e conversas entre representantes do Irã e dos cinco membros permanentes

do Conselho de Segurança da ONU, e os avanços na negocia-ção sobre o programa nuclear do país, fizeram com que o secretário de Estado america-no, John Kerry, decidisse inter-romper sua viagem ao Oriente Médio para ir pessoalmente a Genebra conversar com o chanceler iraniano, Moham-mad Javad Zarif.

Fim dos desembargos econômicos

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 (92) 3090-1041

Insetos são usados em investigações

Dia a dia C8

DIVULGAÇÃO

Os heróis do voluntariadoCriado há dois anos, o Grupo de Amigos Voluntários Independentes do Amazonas (Gaviam) vem crescendo no auxílio a atividades de resgate, tornando-se grande parceiro na defesa civil em situações de socorro aos cidadãos amazonenses

Somente nos primeiros dias de novembro, nos quais o Instituto Na-cional de Meteorologia

(Inmet) registrou o aumento de precipitações, caracterís-tica comum na transição do período seco para o chuvoso, a Defesa Civil atendeu a 58 ocorrências na cidade. Desmo-ronamentos de barranco, queda de árvores sobre residências e fi ação elétrica, alagação, risco de desabamento de casas e até mesmo resgate de crianças e adolescentes perdidas na fl o-resta vêm mobilizando equipes socorristas dos bombeiros, Po-lícia Militar e Defesa Civil nas últimas semanas.

A exemplo disso, na passa-da, o que começou como uma inocente brincadeira terminou reunindo equipes de resgate, polícia e inclusive biólogos e moradores do bairro Nova Ci-dade, Zona Leste, numa busca que durou cerca de 24 horas. Tudo porque três crianças e cinco adolescentes trocaram a tarde na escola por um banho no igarapé da reserva Adolpho Duke e acabaram por se per-der na mata. Acompanhando de perto toda a ação, cinco integrantes do Grupo de Amigos Voluntários Independentes do Amazonas (Gaviam) oferece-ram suporte às equipes e, mais tarde aos desaparecidos.

Fabiano Melo, Andriele Souza, Andre Nascimento, Denis Men-des e Elder Bernardes fi zeram parte do grupo que foi formado em 2011 por amigos que - co-movidos com as difi culdades enfrentadas pela população, principalmente durante a épo-ca das chuvas - optaram por substituir o lazer do fi m de semana e interferir nessa rea-lidade. Apaixonados por esporte de aventura, cães e pela fl oresta, os 12 amigos, que atuam nas mais diversas áreas, resolveram reunir conhecimentos e partir

para ação, montando um grupo de busca e salvamento.

No início eram 12 pessoas, entre bombeiros civis, ex-mili-tares, biólogo, engenheiro am-biental, profi ssionais da área de saúde e de segurança e que tinham em comum o amor pelo voluntariado. “Começou como um hobby. No fi m de semana juntava os amigos num sítio pra acampar e praticar espor-te de aventura. Daí, pensamos em fazer um negócio que pos-sa fomentar e ajudar outras pessoas”, lembrou a presiden-te do grupo, a administradora Suzy Arruda, 27.

Nesse mesmo período, os amigos já realizavam trabalhos voluntários, ainda de manei-ra tímida, fazendo doações de

alimentos e roupas e levando orientações sobre sustentabi-lidade, conservação do meio ambiente e saúde - com enfoque a prevenção de doenças sexual-mente transmissíveis e higiene - pelo menos duas vezes por ano, em municípios próximos.

Como a maioria dos inte-grantes eram bombeiros civis, a princípio o grupo direcionou para atividades de busca e salvamento, com auxílio dos cães farejadores. “Admiramos o trabalho da PM com os cães e começamos a fazer cursos, conseguimos parceria para trazer gente de fora para dar treinamento. A ideia era atuar na busca e salvamento com cães, mas acabou puxando várias frentes”, salientou.

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

GÊNESEApaixonados por es-porte de aventura, cães e pela fl oresta, os 12 amigos, que atuam nas mais diversas áre-as, resolveram reunir conhecimentos e partir para ação, montando um grupo de busca

Além de busca e salva-mento, os membros são capacitados para atuar em parceria dos cães farejadores, no combate e prevenção de incên-dio, resgate de animais, sobrevivência, primeiros socorros e várias outras áreas, além de promover palestras sobre meio am-biente, sustentabilidade e saúde. Tudo, certifi cado por meio de cursos e treinamentos feitos em parceria com a Polícia Militar, o Batalhão de Policiamento Ambiental, a Defesa Civil, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Corpo de Bombeiros, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Susten-tabilidade (Semmas) e as Forças Armadas. “A gen-te é certifi cado por eles para executar as tarefas e não estamos fazendo porque gosta e deu na cabeça”, assegurou.

De 12, em 2011, o grupo saltou para 20 voluntários diretos e 10 indiretos, entre veteri-nários, psicólogos, en-fermeiros, psicólogos e militares que arranjam um espaço livre, após o trabalho e os estudos para ajudar aos órgãos que possuem insufi ciên-cia de contingente. “O efetivo é carente. Ima-gina se a Polícia Militar não tivesse tantos cães quanto o efetivo que de-veria ter em Manaus. O custo é alto”, apontou.

Busca, salvamento e prevenção

Com cerca de um ano de trabalho efetivo, a presidente Suzy Arruda aponta o reco-nhecimento do grupo em meio aos órgãos públicos. “A satis-fação é grande de perceber que os órgãos têm visto a gen-te de maneira diferente. Tanto que tem nos ofertado vagas dos cursos que fornecem para a equipe deles, pensando que no futuro eles podem contar

com a gente”, afi rmou.O grupo conta com ajuda de

amigos na compra de material e fardamento e não é remu-nerado para desempenhar as atividades. Eles ressaltaram o apoio da empresa B.A. Elétri-ca, que doou o fardamento e alguns materiais. O ponto de encontro dos voluntários foi cedido pela Semmas. Apesar das difi culdades, eles pensam

em expandir ainda mais a atuação. “Nós nunca pensa-mos que fossemos ganhar essa dimensão, mas hoje a gente vê muito mais na frente. Conseguimos ver um grupo maior, mais estrutu-rado, com sede própria, via-turas, pessoas trabalhando ‘full time’”, desejou.

(Continua na pág. C2)

Uma nova visão do trabalhoSimulação de acidente com participação do grupo: atuação em diversas atividades

No episódio dos jovens perdidos na reserva Duke, Gaviam teve participação de destaque

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Atuação do Gaviam chega também à questão am-biental

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C2 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Uma paixão pela aventuraA partir do treinamento de cães, o Gaviam iniciou um processo de crescimento que o colocou no caminho do reconhecimento de sua importância no auxílio ao cidadão

A paixão dos amigos pelos caninos prati-camente norteou a atuação do Gaviam.

O grupo treinou quatro cães, que ficam com seus donos os membros do próprio gru-po. “Foi comprovado que cães têm maior rendimen-to quando ficam com dono, pela afetividade. Há casos nos canis que quando troca-se de cuidador, tem cão que morre”, explicou Arruda.

Entre os queridinhos do Gaviam está o rastreador brasileiro de um ano e seis meses, Beethoven, que vem sendo treinado e já auxilia nas buscas. “Hoje ele vem evoluindo bem, e de 0 a 10, posso dizer que ele está no nível 8. Para mim em espe-cial, ver o cão trabalhando, compreender que ele pode en-contrar alguém perdido, salvar uma vida é muito bom. O cão não ganha nada, para ele é uma brincadeira, mas é muito legal ver o trabalho deles, não tem chuva nem sol eles estão lá”, apontou.

Contudo, treinar e tratar de cães farejadores requer tempo e boa dose de investimento. Segundo Suzy, cada cão custa uma média de R$ 500 mensais, arcado pelos próprios voluntá-rios. “O custo é alto. É como se fosse um filho”, disse.

A utilização dos animais oportunizou o grupo uma aproximação e parceria com

a ONG Proteção, Adoção e Tratamento Animal (Pata). “Eles acharam nosso trabalho legal e nos chamaram para que nós ajudássemos a fazer conscientização com popula-ção. Estamos unindo forças para trabalhar políticas públi-cas voltadas à fauna, flora e

eventos institucionais”, disse. Juntos eles já realizaram a

terceira edição das “cãomi-nhadas”, ação de proteção ambiental e o primeiro desfi-le de cães sem raça definida. “Pretendemos fazer o circuito de aventura de animais em 2014”, adiantou.

VoluntariadoHá dois anos disponibi-

lizando o tempo livre para o voluntariado, Suzy Arruda define a ação de todos os integrantes como um trabalho de renúncia. “A gente costuma dizer que o Gaviam é a união de muitas coisas e renúncia de tantas outras. É unir ami-zade, carinho, paixão pelo o que a gente faz e renunciar família, lazer”, pontuou.

Ela é formada em admi-nistração e trabalha na área de logística. No Gaviam, Ar-ruda articula treinamentos, cursos e parceiros, gere a parte de comunicação e re-solve outras pendências que possam aparecer. “Como te-nho flexibilidade com relação a tempo, acabo conseguin-do gerir e dar resposta que o grupo precisa”, disse.

ATUAÇÃOA paixão dos amigos pelos caninos prati-camente norteou a atuação do Gaviam.O grupo treinou qua-tro cães, que ficam com seus donos os membros do próprio grupo

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

Os integrantes do Gaviam em ação durante treinamentos

Seja nos dias de sol, ou chu-va, os voluntários arranjam um tempo, durante a escala de folga para prestar socor-ro. O vigilante Denis Mendes, 28, afirmou que a partir do momento que tem folga do serviço, fica à disposição do grupo. Além de poder ajudar as pessoas, Mendes revelou que as tarefas desempenha-das no grupo significam a oportunidade de realizar um antigo sonho de adolescente. “Nós homens temos aquele

pensamento em viver aven-turas iguais aos atores, tipo o Rambo. E isso é tipo um sonho que está sendo realizado. É muito bom ajudar. Sempre falo que minha recompensa não vem do homem, mas vem de Deus e virá no tempo certo. A Amazônia precisa de gente com boa vontade”, afirmou.

Não há tempo ruim para o vigilante Manuel Marques, 41, que mesmo resfriado, ficou à disposição do gru-po na última quinta-feira (7)

por conta da chuva que atin-giu alguns pontos da cida-de. “A gente trabalha todos os dias para que possamos ajudar as pessoas da me-lhor forma possível, fazendo bastante curso, estudando e treinando bastante”, disse.

A experiência de partici-par do grupo transformou as prioridades do voluntário. “Eu pensava em sempre acam-par nos domingos, hoje já penso diferente, a coisa é mais séria”, afirmou.

Sob chuva, sol e até doenças

A colaboração do grupo vai até mesmo o socorro nos casos de acidentes naturais

A preocupação com o meio ambiente é uma das características dos voluntários do Gaviam Treinamento de cães do Gaviam: animais levam auxílio importante às atividades dos membros

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C3Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Progresso x natureza Depois da construção da ponte Rio Negro, há dois anos, a região de Iranduba e Manacapuru colhe os impactos acelerados com a duplicação, agora, da rodovia AM-070, com o meio ambiente tentando resistir ao desenvolvimento

Dois anos depois de sua inauguração, a suntuosidade dos 3.595 metros de

comprimento da ponte Rio Negro, além de caracterizar um novo monumento da ar-quitetura amazônica, enco-bre situações resultantes da integração da Região Metro-politana de Manaus (RMM). Quatro anos de construção e bilhões de reais trouxeram desenvolvimento gradual na outra margem do rio e, na esteira, impactos principal-mente ambientais na natu-reza amazônica.

Esta semana, em uma visi-ta aos balneários localizados ao longo da rodovia AM-070 (Manaus-Macacapuru), atu-almente em obras de duplica-ção, a equipe do EM TEMPO constatou de perto essa série de impactos e como a nature-za sobrevive – e aqueles que dela geraram um negócio de lazer cuja procura aumentou com a facilidade do acesso.

Logo ao atravessar para

o lado da região de Iran-duba, nos deparamos com várias áreas prontas para receber grandiosos empre-endimentos imobiliários – uma visão em diferente da anterior, quando a tra-vessia era feita somente por meio de balsas.

Vários loteamentos e con-juntos habitacionais estão sendo construidos e ofereci-dos, exercendo forte pressão sobre os recursos naturais, como a retirada da vegeta-ção, exploração madeireira e ocupação irregular das mar-gens dos cursos d’água. De acordo com o Instituto de Proteção Ambiental do Ama-zonas (Ipaam), com a ponte Rio Negro, o eixo rodoviário composto pelas rodovias AM-070 e AM-352 (Manacapa-ru-Novo Airão), passa a ser uma das frentes de priori-dade no controle ambiental do órgão. “Empreendedores também querem se insta-lar nestas áreas. O controle ambiental sobre eles e os usuários é inadiável”, afir-ma o presidente do Ipaam , Antonio Ademir Stroski.

As medidas estão sendo tomadas, mas não na velo-cidade do desenvolvimento. Próximo ao entroncamento com a rodovia AM-353, está sendo instalada uma base de fiscalização com alojamen-tos e toda a infraestrutura para abrigar os analistas ambientais do Ipaam.

O Estudo de Impacto Am-biental e o Relatório de Im-pactos no Meio Ambiente (EIA-Rima) levou somente três meses para mapear uma área de 9,5 milhões de quilômetros quadrados, e considerou que os efeitos seriam sentidos a apenas cinco quilômetros da obra. A realidade é ou-tra, pois as consequências chegam mais longe.

No estudo foi constata-do que quatro espécies de peixes da região ainda não haviam sido catalogadas. O temor é de que todos esses patrimônios naturais corram o risco de sucumbir à ocupa-ção desordenada da margem direita do rio Negro.

(Continua nas páginas C4 e C5)

Máquinas em ação na duplicação da rodovia AM-070: impactos ambientais ao longo das obras

Na floresta cortada pela rodovia, ainda é possível encontrar a natureza intacta e sublime

ADRIANA PIMENTEL Especial para o EM TEMPO

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 C5

Uma luta pela naturezaSobrevivendo aos danos causados pelo progresso, proprietários de balneários amargam aumento de problemas decorrentes da falta de conscientização ambiental

Outra questão que preocupa muito os moradores e comerciantes do

outro lado do rio Negro é a duplicação da rodovia AM-070. Os balneários às margens da estrada estão sendo desapropriados e in-denizados para a ampliação da via estadual.

Em alguns desses bal-neários, as obras já foram iniciadas, e os proprietários indenizados, como é o caso do Balneário Nascente, no quilômetro 14, do comercian-te Roberto Duarte de Lima, 73, que recebeu a quantia de R$ 50 mil, e agora se encontra em uma situação delicada, pois desde o início das obras a água de seu balneário está turva. “A água não está mais como antes, fi ca represada. Estou bastan-te preocupado, pois me sinto abandonado. Esse balneário é meu sustento. Acabei com meus tanques de alevinos”, relata Roberto.

Mais à frente, no quilôme-tro 25, encontramos o Bal-neário Ecológico, que possui mais de 80 mil alevinos. O balneário também irá sofrer mudanças com a duplicação da rodovia. Segundo o pro-prietário Edson Barros, as obras só irão começar em março de 2014, causando danos. “Na época da Copa

do Mundo o meu balneário ainda estará desativado, por conta das obras”, afi rma o proprietário com receio.

ComércioA partir da chegada de mais

pessoas, surge a necessida-de de maior oferta de servi-ços como comércios, postos de gasolina, infraestrutura urbana, coleta, tratamento e disposição fi nal adequada de resíduos, oferta de água tratada, coleta e tratamento de esgoto sanitário e tudo isso leva a transformações ambientais.

Chegando à Cachoeira do Castanho, situada no quilô-metro 22 da rodovia AM- 70, nos deparamos com uma bela paisagem com água limpa e gelada, ao fundo um barulho relaxante das águas sobre as pedras.

À primeira vista o local não parece muito bonito, cheio de barracas improvisadas de madeiras e lonas. Estavam apenas pessoas que traba-lhavam ali, de longe avista-mos um senhor que carregava suas melancias e as colocava em uma canoa de madeira, uma verdadeira “dança de equilíbrio”. Morador do lugar há 43 anos, Antônio Pinto Lei-te é comerciante na região, proprietário de uma barraca que vende comidas e bebidas no fi nal de semana. Nos dias úteis, Antônio vende em áre-as vizinhas algumas frutas cultivadas na região.

ADRIANA PIMENTELEspecial para o EM TEMPO

Antônio Pinto Leite conta que a comunidade antes da construção da ponte era for-mada por apenas 50 famílias, mas esse número triplicou depois da inauguração. Atu-almente, a comunidade vive do comércio. Cerca de 3 mil pessoas frequentam o balne-ário nos fi nais de semana.

As condições de vida das pessoas melhoraram bas-tante. Entretanto, quando o comerciante foi questionado sobre a pesca e a caça na região, logo foi dizendo: “Aqui não tem mais caça, é muito difícil eu encontrar algum ani-mal. Os bichos que achamos são arraias e cobras. Até

os peixes estão escassos”, afi rma Antônio Leite.

Os proprietários e comer-ciantes proíbem a entrada de alimentos e bebidas den-tro das praias e balneários, pois alegam que as pessoas produzem lixo sem nenhum tipo de preocupação com o meio ambiente. “Somos nós que coletamos toda a sujeira e mantemos tudo aqui limpo e em ordem para que as pessoas venham desfrutar”, enfatiza Maria de Lurdes da Silva, proprietária de um fl u-tuante localizado às margens da cachoeira.

Na praia do Açutuba, na altura do quilômetro 28, o

cenário não é diferente. Logo na entrada avistamos uma placa que proíbe a entra-da de comida e bebida. A praia tem um fl uxo intenso de visitantes - cerca de 5 mil pessoas no fi nal de se-mana - e barcos recreios também levam turistas para visitar o cenário.

Segundo o Ipaam, os bal-neários são de responsabili-dades dos órgãos ambientais municipais, porém existem debilidades no controle am-biental, por isso está entre as medidas do órgão parcerias com as prefeituras para pro-gramas de monitoramento dos balneários.

População triplicou após ponte

Nem sempre a construção signifi ca desenvolvimento, principalmente quando se trata de uma região que possui extraordinária beleza cênica, que ainda conserva paisagens naturais pouco alteradas, verdadeiros pa-raísos ecológicos marcados pela exuberância da fl ores-ta amazônica. Entretanto, uma região isolada demo-grafi camente e com uma imensidão de espécies em sua biodiversidade pre-

cisa de cautela ao iniciar grandes construções.

A 60 quilômetros de Ma-naus ainda podemos en-contrar meninos pescando às margens do rio Ariaú de forma artesanal, com arco e fl echa. Alguns são cabo-clos, outros são os índios saterê-mawê que moram na aldeia. Eles caçam, plantam, pescam, coletam e produzem os instrumentos necessários para suas atividades. Um lugar de preservação, onde

se encontram uma fauna di-versifi cada: cobras, jacarés e tartarugas de várias espécies – um encontro com o jacaré é visto como algo cotidiano.

O município de Iranduba possui 101.474 quilômetros quadrados e é o município amazonense com maior nú-mero de sítios arqueológi-cos registrados, com mais de cem descobertos até o momento. E é todo esse potencial que está à mercê do progresso crescente.

A arte do arco e fl echa na mata

A vida bucólica na região tenta se manter mesmo com a proximidade da exploração dos recursos Roberto Duarte de Lima em seu balneário, afetado pela rodovia: prejuízos nos seus negócios

Em toda a extensão da rodovia AM-070, balneários intocados aguardam intervenção das obras

Na praia do Açutuba, o aumento do fl uxo de visitantes gerou medidas para manter a limpeza

Antônio Pinto Leite e sua preciosa carga: escassez de peixes

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 C5

Uma luta pela naturezaSobrevivendo aos danos causados pelo progresso, proprietários de balneários amargam aumento de problemas decorrentes da falta de conscientização ambiental

Outra questão que preocupa muito os moradores e comerciantes do

outro lado do rio Negro é a duplicação da rodovia AM-070. Os balneários às margens da estrada estão sendo desapropriados e in-denizados para a ampliação da via estadual.

Em alguns desses bal-neários, as obras já foram iniciadas, e os proprietários indenizados, como é o caso do Balneário Nascente, no quilômetro 14, do comercian-te Roberto Duarte de Lima, 73, que recebeu a quantia de R$ 50 mil, e agora se encontra em uma situação delicada, pois desde o início das obras a água de seu balneário está turva. “A água não está mais como antes, fi ca represada. Estou bastan-te preocupado, pois me sinto abandonado. Esse balneário é meu sustento. Acabei com meus tanques de alevinos”, relata Roberto.

Mais à frente, no quilôme-tro 25, encontramos o Bal-neário Ecológico, que possui mais de 80 mil alevinos. O balneário também irá sofrer mudanças com a duplicação da rodovia. Segundo o pro-prietário Edson Barros, as obras só irão começar em março de 2014, causando danos. “Na época da Copa

do Mundo o meu balneário ainda estará desativado, por conta das obras”, afi rma o proprietário com receio.

ComércioA partir da chegada de mais

pessoas, surge a necessida-de de maior oferta de servi-ços como comércios, postos de gasolina, infraestrutura urbana, coleta, tratamento e disposição fi nal adequada de resíduos, oferta de água tratada, coleta e tratamento de esgoto sanitário e tudo isso leva a transformações ambientais.

Chegando à Cachoeira do Castanho, situada no quilô-metro 22 da rodovia AM- 70, nos deparamos com uma bela paisagem com água limpa e gelada, ao fundo um barulho relaxante das águas sobre as pedras.

À primeira vista o local não parece muito bonito, cheio de barracas improvisadas de madeiras e lonas. Estavam apenas pessoas que traba-lhavam ali, de longe avista-mos um senhor que carregava suas melancias e as colocava em uma canoa de madeira, uma verdadeira “dança de equilíbrio”. Morador do lugar há 43 anos, Antônio Pinto Lei-te é comerciante na região, proprietário de uma barraca que vende comidas e bebidas no fi nal de semana. Nos dias úteis, Antônio vende em áre-as vizinhas algumas frutas cultivadas na região.

ADRIANA PIMENTELEspecial para o EM TEMPO

Antônio Pinto Leite conta que a comunidade antes da construção da ponte era for-mada por apenas 50 famílias, mas esse número triplicou depois da inauguração. Atu-almente, a comunidade vive do comércio. Cerca de 3 mil pessoas frequentam o balne-ário nos fi nais de semana.

As condições de vida das pessoas melhoraram bas-tante. Entretanto, quando o comerciante foi questionado sobre a pesca e a caça na região, logo foi dizendo: “Aqui não tem mais caça, é muito difícil eu encontrar algum ani-mal. Os bichos que achamos são arraias e cobras. Até

os peixes estão escassos”, afi rma Antônio Leite.

Os proprietários e comer-ciantes proíbem a entrada de alimentos e bebidas den-tro das praias e balneários, pois alegam que as pessoas produzem lixo sem nenhum tipo de preocupação com o meio ambiente. “Somos nós que coletamos toda a sujeira e mantemos tudo aqui limpo e em ordem para que as pessoas venham desfrutar”, enfatiza Maria de Lurdes da Silva, proprietária de um fl u-tuante localizado às margens da cachoeira.

Na praia do Açutuba, na altura do quilômetro 28, o

cenário não é diferente. Logo na entrada avistamos uma placa que proíbe a entra-da de comida e bebida. A praia tem um fl uxo intenso de visitantes - cerca de 5 mil pessoas no fi nal de se-mana - e barcos recreios também levam turistas para visitar o cenário.

Segundo o Ipaam, os bal-neários são de responsabili-dades dos órgãos ambientais municipais, porém existem debilidades no controle am-biental, por isso está entre as medidas do órgão parcerias com as prefeituras para pro-gramas de monitoramento dos balneários.

População triplicou após ponte

Nem sempre a construção signifi ca desenvolvimento, principalmente quando se trata de uma região que possui extraordinária beleza cênica, que ainda conserva paisagens naturais pouco alteradas, verdadeiros pa-raísos ecológicos marcados pela exuberância da fl ores-ta amazônica. Entretanto, uma região isolada demo-grafi camente e com uma imensidão de espécies em sua biodiversidade pre-

cisa de cautela ao iniciar grandes construções.

A 60 quilômetros de Ma-naus ainda podemos en-contrar meninos pescando às margens do rio Ariaú de forma artesanal, com arco e fl echa. Alguns são cabo-clos, outros são os índios saterê-mawê que moram na aldeia. Eles caçam, plantam, pescam, coletam e produzem os instrumentos necessários para suas atividades. Um lugar de preservação, onde

se encontram uma fauna di-versifi cada: cobras, jacarés e tartarugas de várias espécies – um encontro com o jacaré é visto como algo cotidiano.

O município de Iranduba possui 101.474 quilômetros quadrados e é o município amazonense com maior nú-mero de sítios arqueológi-cos registrados, com mais de cem descobertos até o momento. E é todo esse potencial que está à mercê do progresso crescente.

A arte do arco e fl echa na mata

A vida bucólica na região tenta se manter mesmo com a proximidade da exploração dos recursos Roberto Duarte de Lima em seu balneário, afetado pela rodovia: prejuízos nos seus negócios

Em toda a extensão da rodovia AM-070, balneários intocados aguardam intervenção das obras

Na praia do Açutuba, o aumento do fl uxo de visitantes gerou medidas para manter a limpeza

Antônio Pinto Leite e sua preciosa carga: escassez de peixes

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Predadores do tráfegoEstudo divulgado pelo Sinetram aponta que o trânsito já caótico de Manaus piora cada vez mais com a ação constante do transporte clandestino em todas as zonas da cidade, o que ainda contribui para o aumento das tarifas

Engarrafamentos por todos os lados pas-saram a ser a rotina dos manauenses há

alguns anos. A compra de carros tem crescido cada vez mais, inversamente proporcio-nal à modernização do siste-ma viário, resultando nesse caos aparentemente difícil de controlar. Agora o transporte clandestino que vem sendo praticado na capital começa a dar sua parcela de colaboração nesse inferno sobre rodas.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passagei-ros do Estado do Amazonas (Sinetram) realizou recen-temente um estudo com o objetivo de mostrar para a população que o transporte clandestino, além de perigo-so, colabora no aumento do valor da tarifa dos ônibus, pois retira os passageiros do sistema convencional.

Conforme o estudo, aproxi-madamente 290 mil passagei-ros diariamente são retirados do sistema de transporte con-vencional e passam a utilizar os meios de transporte irregu-lares. Foi revelado que na cida-de existem aproximadamente 700 veículos irregulares que realizam esse serviço.

Além dos clandestinos, ainda estão inclusos os exe-cutivos, kombis, vans e até mesmo ônibus nessa confu-são de tráfego. De acordo com a tabela fornecida do estudo, os 210 alternativos transportam 115 mil usuá-rios por dia. Os executivos - 424 carros - por dia trans-portam 169,6 mil passageiros, enquanto as kombis, vans e ônibus transportam 12,6 mil pessoas, e os mototaxistas – cerca de 15 mil na cida-de - transportam um número de pessoa incalculável.

O presidente do Sinetram, Algacir Gurgacz, explicou que, além de transportar pessoas

de forma irregular, esse sis-tema também traz prejuízos para o sistema convencional, pois tirando passageiros dos coletivos, além de colaborar para a majoração da tarifa, também não oferece a mínima segurança aos usuários.

“Os meios de transporte clandestinos são os predado-res do sistema convencional. Além de não oferecerem o menor conforto, eles acabam atrapalhando o tráfego dos

demais veículos, pois param em qualquer lugar, às vezes até causando acidentes. Esse tipo de serviço é o que muitas vezes faz aumentar a tarifa, porque as empresas têm um cálculo das despesas. Eles tirando nossos passageiros acabam comprometendo os custos”, destaca Gurgacz.

Outro ponto apontado pelo presidente do Sinetram é a falta de compromisso que as cooperativas têm com seus trabalhadores, pois eles não têm a carteira assina-da e muitas vezes não pos-suem qualificação para saber lidar com os usuários.

“As cooperativas não assi-nam a carteira de trabalho para não ter compromisso com seus trabalhadores. Pe-gam qualquer pessoa para dirigir os veículos, e não dão treinamento para estas pes-soas, isso é um perigo. Já as empresas só trabalham com profissionais capacitados”, alerta o presidente.

A Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) informou que há processos de fisca-lização, quando são feitas as abordagens em veículos descaracterizados para não chamar a atenção dos infratores. “Quando iden-tificamos um veículo com suspeita de estar fazen-do transporte clandestino, acompanhamos e o veí-culo é apreendido”, infor-mou a superintendência por meio de nota.

Para o proprietá-rio retirar esse veículo é necessário pagar as taxas de guincho, par-queamento e multa de 31 UFMs (R$ 2.313).

De acordo com a SMTU, as fiscalizações precisam

ter o apoio da Polícia Mi-litar e/ou da Guarda Mu-nicipal pelo fato de haver muitos casos de ameaças e agressões aos fiscais da própria superintendência.

DadosCom base nas fiscali-

zações, desde janeiro a setembro foram 181 ve-ículos apreendidos por estarem realizando trans-porte ilegal. Ainda na nota, a SMTU informou que o tipo de veículo que é apreendido com mais frequência são kombis, mas há também muitos casos de pessoas que fa-zem transporte de passa-geiros em carros particu-lares, alguns até mesmo caracterizados como táxi.

Fiscalização e até ameaçasISABELLE VALOISEquipe EM TEMPO

DIEGO JANATÃ/ARQUIVO EM TEMPO

Os meios de trans-porte clandestinos são os predadores do sistema con-vencional e não

oferecem o menor conforto

Algacir Gurgacz, presidente do Sinetram

Trânsito congestionado em avenida de Manaus: quadro que tende a piorar cada vez mais com a invasão frequente dos meios de transporte clandestinos que colocam em risco os passageiros

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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Coleção de Invertebrados do Inpa vai a São PauloMais de 90 espécies de insetos foram fornecidas pela Coleção de Invertebrados do Inpa para representar nossa biodiversidade

Pertencentes a Coleção de Invertebrados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazô-

nia (Inpa/MCTI), 99 exempla-res de insetos preservados das mais variadas formas, cores e hábitos, serão destaque da exposição “Amazônia Mundi”, que terá início no dia 29 de novembro no Serviço Social do Comércio (Sesc) - Itaquera, em São Paulo (SP). A exposição terá a duração de 17 meses com encerramento em 2015.

“O objetivo da exposição é sensibilizar o público para ques-tões voltadas ao meio ambien-te, em especial a Amazônia. O Sesc espera 240 mil pessoas, em especial escolas, ao longo dos 17 meses de mostra”, afir-ma Anna Claúdia Agazzi, uma das organizadoras do evento.

As espécies pertencentes a Coleção de Invertebrados do Inpa em exposição servirão para chamar atenção sobre a biodiversidade amazônica e sua preservação. “A exposição desperta curiosidade e fará com que as pessoas conheçam mais a Amazônia. Os insetos ainda sofrem um preconceito e mostrar as pessoas como eles são, fornecer esse conhecimen-to, pode fazer diminuir esse

preconceito e despertar o inte-resse nesses animais”, explica Márcio de Oliveira, curador de invertebrados do Inpa.

Dentre os 99 indivíduos que irá representar a biodiversida-de dos insetos, estão a bor-boleta azul (Morpho adonis), a borboleta coruja (Caligo sp), o bicho pau (Phasmatodea), o besouro serra pau (Calli-

pognon armillatus), o maior besouro do mundo (Titanus giganteus), a jequitiranaboia (Fulgora lanternaria), tucan-deira (Paraponera sp), saúva (Atta sp), além de variadas es-pécies de abelhas (Apidae).

A exposição“Amazônia Mundi” é um

evento artístico e educacio-

nal que apresenta as princi-pais questões existentes no imaginário humano sobre a “Grande Floresta Amazô-nica” e ao mesmo tempo, informa quanto a situa-ção atual da região e sua importância para o planeta.

A mostra é gratuita e será um espaço de mil metros quadrados de experiência sensorial e interativa. Nas instalações do evento haverá Vila Amazônica e Barracão Comunitário; do Imaginário à Realidade: Amazônia Senso-rial; Ciência e Biodiversidade; 100 Anos da Queda da Bor-racha; A Amazônia e o Clima; Desvendar... Revelar - os mitos e as festas populares; Amazô-nia e o Futuro: Crie Futuros; Galeria Amazônia: exposições temporárias e Cine Ama-zônia: mostra de filmes com temática da região.

O Sesc Itaquera fica loca-lizado na avenida Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, 1.000, Itaquera, na cidade de São Paulo (SP). A organização está por conta da Farte Arte, que organiza exposições sobre a Amazônia em diversos lugares do mundo (Paris, Suíça, Alemanha, China, entre outros) desde 2002.

FINALIDADEAs espécies perten-centes a Coleção de Invertebrados do Inpa em exposição na ca-pital paulista servirão para chamar atenção sobre a biodiversida-de amazônica e sua preservação

O bicho pau, de nome científico Phasmatodea, será um dos “itens” expostos em São Paulo

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Outras áreas da Ento-mologia já estavam em andamento ao longo dos anos e faziam parte da grade curricular do Pro-grama, como a entomolo-gia médica, entomologia agrícola e a taxonomia. “A biologia hoje é uma das áreas mais importantes para o futuro. É claro que ela não vem sozinha, ela vem acompanhada das tecnologias, como as engenharias, e nisso tudo a biologia pode ser uma ferramenta que se juntando a outras áreas pode alcançar o objetivo de ter biólogos atuando dentro da biologia do fu-turo”, destacou Ruth.

AtividadesO Puxirum contou

com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e participação de cerca de 120 estudantes e 30 pro-fessores e palestrantes.

Área de importância para o futuro

Os pequenos investigadoresEstudos com insetos para auxiliar polícia e médicos legistas na elucidação de crimes aumentam na região amazônica, com a Entomologia Forense, pela qual é possivel obter informações sobre o horário de uma morte, por exemplo

Usar insetos para au-xiliar a polícia e os médicos legistas a elucidarem crimes é

uma das áreas da Entomolo-gia que avançam na Amazô-nia. A Entomologia Forense ajuda, por exemplo, peritos criminais a determinarem o tempo entre a morte de uma pessoa e a descober-ta do corpo (intervalo pós-morte), saber se o corpo foi removido ou se houve uso de veneno e de drogas.

De acordo com a pesqui-sadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI), Ruth Keppler, a determinação do tempo de intervalo pós-morte pode ser feita por meio da utiliza-ção de insetos associados à decomposição de cadáveres. “Isso já vem sendo utilizado por órgãos públicos do Ama-zonas e é uma resposta das nossas pesquisas para apli-cações em laudos criminais”, disse Keppler.

No corpo em decomposi-ção são encontrados vários insetos. Os mais comuns são as moscas varejeiras (família Calliphoridae) e os besou-ros, que colonizam o material orgânico, onde desenvolvem suas crias. As moscas va-rejeiras são as primeiras a colonizar um corpo após a morte, na maioria das vezes em questão de horas. So-

mente quando o corpo está ressecado é que os besouros entram no processo.

A Entomologia Forense é uma área em expansão na região, especialmente nos trabalhos acadêmicos e científicos, e foi uma das temáticas discutidas durante o 5º Puxirum Entomológico, realizado de 4 a 6 de novem-bro pelo Programa de Pós-Graduação em Entomologia

do Inpa (PPG-ENT/ Inpa). O nome Puxirum é uma pala-vra é Nheengatu que significa união de esforços em prol de um algo em comum.

O objetivo principal do evento é aproximar os alunos da graduação dos estudantes da pós-graduação, mostrar os trabalhos desenvolvidos dentro do Instituto na área da Entomologia, além de discutir os desafios e avanços nesta área do conhecimento.

EXEMPLODe acordo com a pesquisadora do Inpa, Ruth Keppler, a deter-minação do tempo de intervalo pós-morte pode ser feita por meio da utilização de insetos associados à decompo-sição de cadáveres

A Entomologia Forense utiliza o estudo dos insetos para descobrir fatos relacionados a crimes

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Memórias de Álvaro Maia

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É a primeira vez que con-fesso isso para alguém. Achei que estava aca-bado, que realmente não pres-tava. Fiquei muito mal, entrei em depressão. Parei de fazer sho-ws, deixei de cantar, deixei minha carreira de lado”

Nem bem assumiu a presidência do Boi Caprichoso e Joilto Azedo já realizou

mudanças que balançaram as estruturas de torcedores e, principalmente, dos artis-tas ligados ao bumbá azul e branco. Dentre elas, a troca de função de Júnior Paulain - que até então ocupava o cargo de apresentador – para amo do boi, a volta da ex-porta-estandarte Karyne Medeiros como sinhazinha da fazenda e talvez a maior mudança de todas: a volta de Arlindo Jr. como apresentador.

Em entrevista ao EM TEM-PO, Arlindo – que está no seu terceiro mandato como vere-ador – afi rma que o convite foi feito em um dia e aceito na mesma hora, que fi cou em depressão 4 anos após seu afastamento do bumbá, ressalta que é amigo sim da ex-presidente do boi Márcia Baranda (mesmo que alguns achem o contrário) e que está preparado para defender o item que, por muitos anos, fi cou sob o seu comando.

EM TEMPO – Você fez uma aparição surpresa durante a apresentação do Capri-choso no Festival Foclóri-co de Parintins este ano. Aquele foi o momento no qual pensou que era a hora de voltar?

Arlindo Jr. – Esse sentimen-to surgiu primeiramente quan-do participei da gravação do DVD ofi cial do Caprichoso, no curral Zeca Xibelão, em Parin-tins. E se consolidou com a mi-nha aparição no bumbódromo. Foi uma loucura! As pessoas sempre me perguntavam por que tinha saído, me afastado... Apenas sei que é chegada a hora do meu retorno. Voltei porque amo minha galera e amo meu boi.

EM TEMPO – Como foi feito o convite pelo atu-al presidente do boi Joilto Azedo?

AJ – Fui procurado no último domingo, dia 3 e na mesma hora aceitei. Foi tudo muito rá-pido, não teve uma história ou negociação. A minha história é de amor com o Capricho-so, não dinheiro como muitos acham. Somente sentimento e estou muito feliz.

EM TEMPO – Como se

deu seu afastamento do boi em 2007?

AJ – Sou um soldado do Caprichoso e sempre que pre-cisarem de mim estarei lá. Algumas pessoas quiseram me tirar, não foi apenas uma. Aliás, a associação folclórica, de fato, nada tem a ver com isso. Muitos que passaram por lá não pensam na agremiação, somente no poder.

EM TEMPO – E como foi esse período sabático?

AJ – É a primeira vez que confesso isso para alguém. Achei que estava acabado, que realmente não presta-va. Fiquei muito mal, entrei em depressão. Parei de fazer shows, deixei de cantar, deixei minha carreira de lado. Não fi z mais nada. Depois de algum tempo a galera do Caprichoso começou a me cobrar sobre isso. Porém, passei 3 ou 4 anos nessa situação. Só fazia dois eventos por ano: uma no Carnaboi e outra no Boi Ma-naus. Foi quando decidi voltar à ativa. Gravei um CD, meu primeiro DVD, meu segundo DVD e as coisas começaram a engrenar novamente.

EM TEMPO – E durante todo esse tempo você ainda ia ao festival?

AJ – Sempre! Nunca deixei de ver o Caprichoso na arena. As primeiras vezes foram horríveis. Era uma explosão de sentimen-tos. Chorava muito todas as vezes que via a apresentação. Minha esposa, inclusive, dizia: “Para com isso! Já chega!”. Mas não conseguia ver tudo aquilo e não estar participando como sempre participei.

EM TEMPO – Como é sua relação com a ex-presiden-te Márcia Baranda?

AJ – Muita boa. Somos ami-gos. Aliás, sempre fomos! Não tenho nada contra ela.

EM TEMPO – Você voltou

a ocupar uma função que foi sua, mas até então era do Jr. Paulain. Agora ele será o amo do boi. Como fi cou a relação de vocês?

AJ – Tenho ele (Jr.) como um fi lho. Fui a primeira pessoa a levá-lo para dentro da arena para cantar, se apresentar. No futuro ele poderá ser sim um grande apresentador. O que aconteceu foi que colo-caram ele na cova dos leões. Era muito novo, imaturo. Mas tenho a certeza que ele ainda

dará muitas alegrias para o Caprichoso. E tenho convic-ção que a diretoria atual fez o correto.

EM TEMPO – Durante

muito tempo você e David Assayag (já foi levanta-dor do Garantido) foram rivais. Agora, vocês jogam no mesmo time. Como é essa relação?

AJ – É bem melhor! So-mos amigos e acredito que será ótimo tê-lo ao meu lado defendendo um item tão im-portante. Na verdade, sempre foi um sonho tanto do Garan-tido, quanto do Caprichoso ver essa dobradinha. Sempre quiseram ver dois artistas de certa magnitude juntos. Final-mente conseguiram.

EM TEMPO – Você é ve-reador em Manaus e com a proximidade do festival a sua agenda certamente fi cará complicada. Como fará para manter esse con-tato direto com a associa-ção folclórica?

AJ – Hoje em dia existe a internet e com ela uma série de ferramentas como WhatsA-pp, Skype e tantas outras que permitem fazer conferências. Vai ser muito mais fácil do que era no passado. Sem falar que boa parte das decisões do boi são tomadas em Manaus, por pessoas que moram na capital. Porém, terei o fi nal de semana livre para ir até Parintins e fazer tudo o que for necessário.

EM TEMPO – Qual sua lei-

tura sobre o Caprichoso?AJ – Ele sempre foi um boi

diferente. Não se pode tentar fazer com que o Caprichoso seja igual o Garantido. Cada um pensa de uma maneira e nós temos que fazer o nos-so. O Caprichoso sempre foi inovador e muitas vezes até chocava as pessoas. Fomos os únicos a fazer uma Amazônia Quater-nár ia , u m a C a t e -dral Verde... Precisamos c o n t i n u a r com esse pensamento, ir para as ino-vações e essa diretoria pensa dessa forma. Junto com Joilto vem uma série de artistas competentes e que vão en-trar cheios de vontade para ganhar o tricampeonato. E vale ressaltar que o contrário

(Garantido) estava muito aco-modado, já sabia qual seria a técnica do nosso boi. Agora, isso vai mudar.

EM TEMPO – De uns anos para cá, o que se percebeu é que os bois viraram um grande comercial. Como você analisa isso?

AJ – De fato virou sim um grande comércio, um cabi-de de empregos. O amor e a paixão foram deixados de lado. Cabe a essa nova dire-toria resgatar o orgulho de ser Caprichoso, de estar ali por querer. Sem isso nada vai funcionar. É torcer e se sentir vitorioso mesmo que se perca. Afi nal de contas, a vitória é consequência de um bom trabalho. É preciso saber que o dinheiro deve ser gasto na arena e não fora dela. Não podemos acabar com essa festa, a cidade de Parintins não pode perder isso.

EM TEMPO – Com a sua

volta as críticas são ine-vitáveis. Está preparado para elas?

AJ – Nem Jesus Cristo agra-dou a todos. Mas hoje, Graças a Deus, eu voltei. Mas voltei por ser uma unanimidade. Se tivesse havido um “racha” para a minha volta, jamais teria aceitado o convite. Minha fun-ção é dar meu sangue pelo Caprichoso e fazer dele um boi campeão. Quero mostrar que venho com garra e força, fazendo aquilo que sempre fi z de melhor. Estou prepa-rado para as críticas, mas so-mente me i n t e r e s s o pelas cons-trutivas.

A minha história é de amor com o Capricho-so, não dinheiro como muitos acham. Somente sentimento e estou muito feliz”

BRUNO MAZIERI Especial EM TEMPO

‘Entrei em depressão QUANDO SAÍ do Caprichoso ’

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[email protected], DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 (92) 3090-

Arlindo JR.

capital. Porém, terei o fi nal de semana livre para ir até Parintins e fazer tudo o que for necessário.

EM TEMPO – Qual sua lei-tura sobre o Caprichoso?

Ele sempre foi um boi diferente. Não se pode tentar fazer com que o Caprichoso seja igual o Garantido. Cada um pensa de uma maneira e nós temos que fazer o nos-so. O Caprichoso sempre foi inovador e muitas vezes até chocava as pessoas. Fomos os únicos a fazer uma Amazônia

dral Verde... Precisamos c o n t i n u a r com esse pensamento, ir para as ino-vações e essa diretoria pensa dessa forma. Junto com Joilto vem uma série de artistas competentes e que vão en-trar cheios de vontade para ganhar o tricampeonato. E vale ressaltar que o contrário

boi campeão. Quero mostrar que venho com garra e força, fazendo aquilo que sempre fi z de melhor. Estou prepa-rado para as críticas, mas so-mente me i n t e r e s s o pelas cons-trutivas.

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D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Fernando Coelho Jr.

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[email protected] - www.conteudochic.com.br

FOTOS: DIVULGAÇÃO

. A abertura do novo espaço de eventos da cidade – a Casa das Artes – reuniu time de mulheres AAA, em tarde que juntou moda + atitude + arte.

. O local elegante estreou com exposição das joias do designer paulista Ara Vartanian, palestra do colunista da Vogue, Bruno Astuto, sobre moda, desfi le de modelos da coleção ‘Bizantina’ de Dolce & Gabbana e exposição de quadros do artista plástico amazonense Rui Machado.

. A tarde foi um congestionamento de mulheres bonitas e sofi sticadas.

>> Lulus chics

. A SKN Incorporadora mo-vimentou a rua Salvador, na quinta-feira à noite, no lan-çamento do Soberane, o novo empreendimento que reúne residence, work e mall.

. O belo estande apresenta espaços decorados do empre-edimento assinado por equipe de criação estreladíssima de São Paulo, entre eles, os arqui-tetos da Afl alo & Gasperini, a decoradora Fernanda Leite e o paisagista Benedito Abbud. Nota 10! Tudo isso no ‘cora-ção’ de Adrianópolis.

>> Soberane

. Será no dia 6 de dezembro, no Diamond, a festa de fi m de ano desta coluna, comemorando 29 anos de atuação no colunismo social da cidade. E a festa será portuguesa!

. O dinner será um festival de gastronomia lusa com delícias da Terrinha.

. Além de tudo, terá a apresentação de uma dança portuguesa e o sorteio de dois bilhetes para Lisboa no novo voo da TAP no ano que vem. O society de Manaus estará em peso no evento. Agendem.

>> LusaO colunista da Vogue, Bruno Astuto, e Ângela Bulbol de Lima, na inauguração da Casa das Artes

Ane Cameli e Florence Ayub

MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Alessandra Brandão, de YSL

, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

A primeira-dama Nejmi Aziz na festa de abertura da Casa das Artes, que movi-mentou o time feminino da cidade, na quinta-feira

Renatinha Braga Alves, de Dolce & Gabbana

Patricia Ruiz e Cris Topdjian

Valdenice Garcia

Hildebrando Janã Neto

O diretor da SKN, Eduar-

do Han, no lançamento

do Soberone

Young Han, Douglas Ono e George Barros

Tetê Figuei-redo, Israel

Santos e Rossana

Figueiredo

Durante congresso promovido pelo Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon), em Gramado, Gabriela Bandeira de Melo Lins de Albuquerque re-cebeu o prêmio de melhor Dissertação de Mestrado em Estruturas, do ano de 2013. Aplausos!

Cristiane e Jorge Sotto Mayor

Lene e Pedro

Ferreira

Roberto Carvalho e Jorge Roldão

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Fernando Coelho Jr.Deborah Camely

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D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

‘Canção de fé e esperança”90 anos - Álvaro Maia São passadas exata-

mente nove décadas da oratória e peça po-ética literária do sécu-

lo passado mais inspirada dos anos 20. Foi em novembro de 1923. O jovem poeta Álvaro Maia de 30 anos, faz esse discurso na autêntica cate-dral civil de Manaus, o Teatro Amazonas. Portas abertas à grande festa cívica ali se en-contravam o que de melhor havia na intelectualidade, na cultura e na política da época. Naquela noite, comemorava-se o primeiro centenário da adesão do Amazonas à Inde-pendência do Brasil. Álvaro Maia falou em nome da mo-cidade Amazonense. Gravou em perenidade uma página antológica. Mesmo hoje, 90 anos depois, ainda pode ser compreendida pela atualida-de em muito de seus aspectos, principalmente sociais. Afi nal, para os das gerações poste-riores, o que signifi ca esse manifesto magnífi co através de amazonidade do qual o público fi cou galvanizado no Teatro Amazonas? Um povo dito ético e que honra suas raízes e seus vultos heróicos e históricos é um povo que vence os obstáculos porque segue os moldes de ancestralidade no que concerne a sentimentos benéfi cos e humanitários. E um povo sadio é feito de so-nhos. De sonhos e utopias. A serem cumpridas. E quanto a este nosso vulto histórico da nossa “Canção de Fé e Espe-rança”, Álvaro Maia, persistirá no silêncio das bibliotecas e na memória de uns poucos? Com o intuito de Resguardar o Canto... tomei a decisão junto com Academia Amazo-nense de Letras do Amazonas neste novembro, dedicar um dia festivo em louvor aos 90 anos do manifesto superla-tivo e insuperável do século 20. E aqui deste espaço dar

continuidade a esse mérito histórico de Álvaro Maia quan-do desenhava àquela época o futuro da terra como caminho de superação, integração e redenção social e cívica. Urge resguardar o canto...

Canção de fé... atual Tão atual é a Canção de Fé...

que dias o general do exército (do comando Militar do Ama-zonas) general Eduardo Villas Boas em entrevista ao jornal “Estado de S. Paulo” afi rmava que a Amazônia é como uma colônia do Brasil. Diria eu, um apêndice a ser tolerado por seu caráter exótico. Uma espécie de clube social a ser exibido em folders e outros tipos de marketing em feiras mundiais de turismo. Aqui apresentam a fl oresta imensa e misteriosa... Ali, aldeias indígenas e suas culturas mágicas... E a fauna e a fl ora em biodiversidade imensu-rável expostas a turistas ávidos pelo diferente: hotéis de selva a proliferar para os famosos e notáveis do mundo, bendizerem a terra farta e sacrossanta. Isso sem olhar o outro lado do muro: seus habitantes e os ribeirinhos, expostos a carência de educa-ção, saúde, moradia, saneamen-to básico, isolados da civilização etc. e etecetera. As palavras de Canção de Fé... possuem três princípios: união, mais igual-dade, mais brasilidade. Álvaro Maia mesmo depois, já gover-nador do estado do Amazonas estaria de mão atadas para ad-ministrar um estado claudican-te para não dizer paralítico em sua economia. Precisava de um “Levanta-te e anda” só surgido em 1967 quando o projeto do deputado do Amazonas, Pereira da Silva foi posto em prática pelo governo Castelo Branco. A implantação da Zona Franca de Manaus foi a ressureição econômica de um Estado que Ál-varo Maia em sua sensibilidade poética cantava em 1923.

Carmen Novoa SilvaE-mail: [email protected]

Carmen Novoa Silva

é membro da Aca-demia Amazonense

de Letras

Em 1991 o então pre-feito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, sob horas de grande inspiração mandou erguer o “Memorial Álva-ro Maia”. A inauguração obteve da mídia regional inúmeras reportagens his-tóricas e atuais tudo com grande repercussão nos meios sociais e intelectu-ais da terra amazonense. Todos exaltavam a ideia da preservação do legado da-quele que chamavam de “O Cabeleira” e o “Tuxaua” e principalmente de “Prínci-pe dos Poetas”. Era imortal da Academia Amazonense de Letras.

O memorial foi dotado de vasto acervo. Objetos pes-soais, fotografi as, livros. Esse patrimônio literário e biográfi co foi doado por amigos pessoais do poe-ta. Livros autografados por ele. Fotos assinadas e ofertadas a amigos.

Local Foi construído no antigo

balneário do Parque 10 de Novembro. O igarapé já aterrado devido a poluição das águas. Nada mais su-gestivo e simbólico já que o dia 10 de novembro de 1937 era a data da inau-guração do Estado Novo de Getúlio Vargas. Álvaro Maia fazia assim sua ho-menagem como interven-tor do Estado à época. O bairro Parque 10 leva como herança a data dessa nossa história republicana. Onde funcionava a sede social e festiva foi adap-tada para a instalação do “Memorial” em 1991.

Resgate do cântico destruído “O Memorial” se encontra

na atualidade totalmente destroçado: sem telhas, pa-redes dilapidadas à marreta. E o mato viçoso serpentean-do por entre os escombros. As colunas intactas porque foram confeccionadas em tempos não descartáveis. O acervo precioso teve como destino os caminhos arteiros de Mefi stófeles. Lugar não sabido e ignotu.

Todas as cidades do mun-do tem seus vultos históricos, seus poetas – maiores, suas fi guras queridas. A casa de “Chico Chavier”, a de Cora Coralina, a do “Padim Cícero”, a de Juscelino Kubitschek, a casa de madeira de Abraham Lincoln... Isso é a impressão digital de um povo. Única. Para destruí-la, somente com a aquiescência deste. Principalmente quando feito com verba pública, pulveriza-da por egos incultos e mes-quinhos. Os que possuem genuíno compromisso com Manaus pedem o retorno do pássaro solitário (Salmo 101). Aquele cujo canto ecoa há 90 anos de fé e esperança e palavras que ainda hoje poderiam ser proferidas por permanecerem vivas. Seu texto – poema, servirá para conhecimento da atual gera-ção e também para estudos, análise da personalidade e do poder criativo do super-lativo poeta das terras de Humaitá. Vejo nas ruínas do Parque 10 a vontade imensa de uns poucos, em jogar sal em nossas memórias. Para que aí nada mais germine e nada mais cresça...

Memorial Álvaro Maia

O atual bairro Parque 10 de Novembro ainda como balneário na época que foi inaugurado por Álvaro Maia Parte interna do Memorial Álvaro Maia onde se vê seu acervo

Álvaro Maia fez seu discurso no Teatro Amazonas

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D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

RESENHA

PERFIL

César Augusto, é jornalista, editor do DIA A DIA e cinéfilo

Eventualmente, no meio cine-matográf ico , estilos “adorme-

cidos” são resgatados em novas produções. Foi assim que Eli Roth resga-tou o “gore” com “O alber-gue” (Hostel), em 2005, e sua sequência de 2007. E, de algum modo, o cineasta ainda trouxe o velho discurso um tanto quanto moralista que relaciona sexo e perversão à punição na história de jo-vens mochileiros que, na busca por prazeres inconfessáveis e aventuras sexuais ilimitadas, se deparam com uma estra-nha organização cujo obje-tivo é satisfazer o sadismo alheio com torturas afligidas aos desventurados rapazes e moças, em um espetáculo de violência que termina sempre na morte da vítima.

É assim que os norte-ameri-canos Paxton (Jay Hernandez) e Josh (Dereck Richardson) e o islandês Oli (Eythor Gud-jonson) são seduzidos pela ideia de garotas fáceis e sexo sem limites em uma pequena cidade da Eslováquia, onde co-nhecem um albergue indicado para Paxton por um viajante, para onde são levados por três “recrutadores”. Nos pri-

meiros dias, há muita diversão e garotas fáceis, até que Oli desaparece com uma das jovens hospedadas. Em busca do amigo, descobrem que os hóspedes são seques-trados e levados a um edifício onde acontece um comércio sádico: pessoas ricas pagam para torturar e matar lenta-mente os jovens hospedados no albergue, em um festival de sadismo e morte que acaba envolvendo os dois rapazes.

O filme não poupa cenas bizarras de mutilações e vio-lência. Em um dos momentos mais bárbaros, Paxton se es-conde em meio aos cadáveres de outras vítimas e testemu-nha o destino dado aos cor-pos, que são esquartejados e queimados em uma fornalha. Mas a trama gira em torno dos jovens e sua luta para escapar do edifício, enquanto que a sequência amplia a situ-ação quando coloca o foco nos

agresso-res. Nessa segunda parte,

vemos o que aconteceu com Paxton no final do primeiro filme e conhecemos as novas candidatas às torturas, as estudantes Beth (Laura Ger-man), Lorna (Heather Mata-razzo) e Witney (Bijou Philips), convencidas em Roma a ir ao mesmo albergue por Axelle (Vera Jordanova), amiga dos primeiros “recrutadores” que foram alvo da vingança do rapaz sobrevivente. Sem sa-ber, acabam tendo suas vidas leiloadas por ricaços sádicos, como Todd (Richard Burgi) e Stuart (Roger Bart), para quem as motivações vão da pura adrenalina à vingança virtual contra uma esposa opressora.

Enquanto Beth mantém-se distante do assédio dos ho-mens – e até de Axelle -, Witney é a desvairada insaciável, e Lorna, a jovem tola e virgem – esta, ao ceder aos encantos de um eslovaco, é a primeira

vítima da fábrica de morte, em uma sequência horripilante na qual é amarrada de cabeça para baixo e mutilada por uma “cliente” que se banha em seu sangue. Ou seja, é a melhor evidência da relação sexo e punição do primeiro filme.

Ao contrário do primeiro fil-me, cujo final já é de se esperar, a sequência tem uma revira-volta muito interessante com inversão de papéis – quase uma banalização da natureza perversa humana oculta nas aparências. Por isso conside-ro a continuação superior ao original, ao fugir das situações previsíveis.

Uma terceira sequência, sem Eli Roth na direção, foi feita alguns anos depois, di-retamente para DVD. As duas partes de “O albergue” me-xem com os nervos e não são indicadas para quem se impressiona facilmente. O “gore” voltou em grande for-ma. Quem aprecia o estilo não se decepciona.

Em duas partes, “O albergue” é um resgate do estilo “gore”, de sangria desatada, que marcou o cinema de terror nas décadas de 1980 e 1990”

CÉSAR AUGUSTO*Equipe EM TEMPO

Serginho Queiroz faz show hojeO projeto Arte no Parque,

desenvolvido pela Prefeitura de Manaus, por meio da Se-cretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) e Fundação Muni-cipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), apre-senta hoje, a partir das 10h, no Parque do Mindu, o show do cantor amazonense Ser-ginho Queiroz.

Esta é a quarta edição do projeto, que acontece todo pri-meiro domingo de cada mês no anfiteatro do Parque Municipal do Mindu, no Parque 10, com a proposta de levar atividades artísticas e culturais para a unidade de conservação como mais uma opção de lazer e entretenimento para os fre-quentadores. Nesta edição, o projeto acontece excepcio-nalmente no segundo domin-

go do mês, dia 10, devido à realização do Dia D de Luta contra os Resíduos Sólidos, no último dia 3.

CarreiraDono de uma voz límpida

e um canto forte, Serginho Queiroz lançou recentemente o CD Serginho Queiroz – Perfil para marcar os 20 anos de carreira profissional. O dis-co traz uma coletânea dos seus trabalhos com canções de compositores regionais e nacionais. Vencedor da edi-ção do Festival de Calouros do Sesc realizada em 1994, Serginho conta que gosta de cantar desde a infância. No repertório da apresentação, composições de Paulo Mari-nho e Gonzaga Blantz, Eliana Printes, Adonai Barreto, Celdo Braga e Osmar Oliveira, Adria-

na Calcanhoto, Zé Ramalho e Caetano Veloso.

Em 1999, Serginho Queiroz venceu o Festival Universitá-rio de Música como melhor intérprete. No ano 2000, além de ficar em terceiro lugar do Festival da Canção de Itacoa-tiara, gravou seu primeiro CD ao vivo no Teatro Amazonas através do projeto Valores da Terra da Fundação Municipal de Cultura Villa Lobos, intitu-lado “Essa Voz Que Canta Em Mim”, com repertório constru-ído a partir das composições mais conhecidas dos compo-sitores amazonenses. Este CD foi selecionado pelo premio TIM da Música Brasileira, disco que mereceu menção honrosa do júri. O segundo CD “A Montanha e A Chuva”, que foi lançado em 2004, com repertório de MPB.

PROJETO

Premiado e destaque na noite local, o cantor participa do projeto Arte no Parque

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Sexo, violência e muito sangue

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Page 29: EM TEMPO - 10 de novembro de 2013

D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV Tudo Autoras negam redução de novela

Apesar de “Joia Rara”, novela das seis da Globo, receber uma boa con-ceituação da crítica, a sua audiência ainda não corresponde a expectativa. O Ibope, desde a sua estreia, continua dando sustos. Preocupa. DIzem até que a novela corre sério risco de ser encurtada.

Bem, se alguém tomou essa deci-são, esqueceu de avisar as autoras Duca Rachid e Thelma Guedes. Mas elas dizem que nada mudou.

O IETV - Instituto de Estudos de Televisão - vai realizar, pela 9ª vez, o Festival Internacional de Televisão - FITV, entre 11 e 14 de novembro, no Oi Futuro Ipanema, Rio. O envento é considerado o maior acontecimento do gênero na América Latina.

Então é isso. Tchau!

C’est fi ni

Bate–Rebate• A madrugada também en-

trou em questão na direção da Bandeirantes...

• ... As opiniões estão bem divididas quanto ao horário que será ocupado pelas igrejas do Valdomiro e Edir Macedo...

• ... Alguns entendem que eles devem se dividir entre 3 e 6 da manhã, enquanto outros acham que o ideal é das 2 às 6...

• ... No meio de tudo existe a questão do dinheiro. O que está pesando é essa horinha a mais ou a menos e a quantidade que entrará ou deixará de entrar no caixa.

• Naldo Benny também estará no projeto do “Sai do Chão”, da Globo, no começo do ano que vem.

• O Viva chama atenção para o próximo “Damas da TV” com Susana Vieira. No programa, como sempre, ela não econo-miza nas palavras...

• ... E ela traça um paralelo interessante sobre as novelas de ontem e de hoje. No ar, quarta-feira, às 21 horas. Vai concorrer com “Amor à Vida”.

Tudo na mesmaA Bandeirantes não está

programando a exibição de nenhum especial em de-zembro.

A ordem que já existe é continuar com a grade normal. A exceção aten-derá pelo nome de Danilo Gentili na passagem do ano. E só.

Inferno astral Passaram a ser uma

raridade as festas de ani-versário nas novelas. Di-ficilmente se vê alguém

apagando velinhas.Tudo isso para dizer que a

do César, Antônio Fagundes, em “Amor à Vida” deve estar próxima. Está num inferno astral daqueles. Já faz vários capítulos que não dá nada certo com ele. É uma notícia ruim atrás da outra.

BBBA estreia do novo “Big

Brother” está entre 7 e 14 de janeiro. A Globo ain-da não anuncia de forma oficial.

Internamente, no entan-

to os trabalhos indicam para o dia 7, a primeira terça-feira do mês.

LançamentoOs programas da rádio

Bandeirantes, “Na Geral”, do Beto Hora, Lélio Teixei-ra e José Paulo da Glória, e o “Esporte em Debate”, Leandro Quesada e Alexan-dre Praetzel, irão transmi-tir o lançamento do livro do Milton Neves.

Será amanhã, a partir das 19 horas, no Centro de Convenções Frei Caneca.

O dramaturgo e jornalista pa-raense Benjamin Lima se muda definitivamente de Manaus para o Rio de Janeiro em 1919 em busca de tratamento. Sua doença, tabes dorsalis, oriun-da de uma sífilis mal curada, se agravara. Esta mudança de ares pode ser entendida como uma espécie de resistência ao “açoite da morte” – agora, ao que parece, agindo de forma incisiva sobre ele – haja vista a urgência em se transferir bruscamente para a capital do país à procura de tratamento. É justamente neste momento de dor e angústia que Benjamin Lima escreve a sua primeira peça teatral e, portanto, se torna um autor dramático.

Sérgio Miceli nos sugere que, muitas vezes, a conversão a carreira de escritor pode muito bem ser explicada por aspectos pessoais ligados, por exemplo, a doenças. O que se pretende dizer é que não é exatamente a doença que transforma Ben-jamin Lima em escritor, e sim, as condições de vida que ela impõe. Tonteira, cansaço físico, e a difi culdade de fi car em pé, por exemplo, são alguns dos sin-tomas provocados pela Tabes Dorsalis, portanto, o ingresso na carreira intelectual/literária é feito em resposta as difi culda-des de Benjamin Lima em enfren-tar atividades que demandassem grande esforço físico.

Como no faz crer alguns re-latos de seus contemporâneos, a ideia de ídolo, exemplo de vida, de homem aguerrido, de um intelectual que “Viveu toda a sua vida – vida de sofrimento físico sem pausa – para a úni-ca alegria: a alegria de ler e escrever ultrapassa os limites dos comentários fraternos e

transparece em sua drama-turgia. A incessante luta de Benjamin Lima contra a doença incutiu em suas peças teatrais temas como traição e vingança, elegias à razão e à eloquên-cia, já que as vinganças são sempre muito bem planejadas e executadas, convertendo-se em atos positivos em favor dos heróis.

Em “A revolta do ídolo”, Car-los Edmundo, escritor, 29 anos, está prestes a receber um prê-mio literário por seu último livro. No entanto, esta notícia gera um sentimento de culpa, melancolia, transformando-o num homem “taciturno”, de-pressivo. É então que nos é revelada uma carta escrita pelo seu irmão, Mário Edmundo, e que justifica o motivo de tal sentimento: Mário havia co-metido suicídio motivado pela infelicidade de ver em Carlos Edmundo o artista que nun-ca conseguira ter sido. Para completar, Carlos fica sabendo por Juvenal, “agente de infor-mações secretas”, da traição de sua mulher com Cláudio e, a partir daí, maquina uma vingança que se consuma no terceiro ato: escreve um livro de baixa qualidade, impresso em outra gráfica, e o põe na livraria de nome Daniel. Man-da distribuir um boletim cujo conteúdo informava a todos que o verdadeiro literato, na verdade, era seu irmão, Mário Edmundo, de quem havia rou-bado os originais das obras e mandado editar com seu nome. A intenção de Carlos era provo-car um sentimento de vergonha na esposa adúltera, fazendo-a ser apontada por todos como a mulher de um “pobre de espírito, um cretino”.

Márcio BrazE-mail: [email protected]

Márcio Braz*ator, diretor, membro

do Núcleo de Antropo-logia Visual da Ufam (Navi) e do Conselho Municipal de Política

Cultural

Sérgio Miceli nos sugere que, mui-tas vezes, a conversão a carreira de escritor pode mui-to bem ser explicada por aspec-tos pessoais ligados, por exemplo, a doenças”

A dramaturgia de Benjamin Lima - 1

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FLAVIO RICCO

Band marca data para Galisteu

A estreia do reality “Quem quer casar com meu fi lho?”, na Bandei-rantes, com Adriane Galisteu, está confi r-mada para o dia 6 de janeiro, às 22h30. Será exibido nas férias do “CQC”.

O programa está na prateleira da emissora há algum tempo e cor-reu até o risco de não ser apresentado.

Mulheres para falar de futebol

‘ESPORTE ESPETACULAR’

A análise dos melhores lances da rodada do futebol ganharão um olhar feminino a partir deste domingo, no “Esporte Espetacular’’ (Glo-bo). A jornalista Fernanda Gentil, a atriz Christine Fer-nandes, a escritora Thalita Rebouças e a apresenta-dora Glenda Kozlowski vão se reunir em um bate-papo descontraído no quadro “Bolsa Redonda’’.

“Não queremos falar de futebol como os homens falam. A mulher sempre analisa o lado mais emo-cional da partida’’, comen-ta Christine.

O quadro também preten-de explicar algumas regras do esporte para o teles-

pectador. “A ideia é ajudar as mulheres a entender do assunto. Mas isso não impe-de que os homens também aprendam. Muitos deles têm vergonha de assumir que não sabem de futebol’’, diz Fernanda Gentil.

Do grupo, Thalita Re-bouças é a única que não entende do esporte. “Mi-nha dúvida pode ser a da telespectadora, que poderá interagir com o programa pela internet.’’

Segundo Glenda Kozlo-wski, a reunião das mu-lheres vai render outros assuntos. “A gente fala bastante, então, assuntos familiares e até dicas de beleza vão se misturar aos gols da rodada’’, descreve a apresentadora.

No quadro, elas ainda vão eleger o jogador mais bo-nito no “As Minas Piram’’ e mostrar imagens divertidas dos jogos no “Ah, Gente, que Fofo’’ e no “Só que Não’’.

Na foto, Thalita Rebouças, Fernanda Gentil, Christiane Fernandes e Glenda Kozlowski

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COMENTÁRIOSAs convidadas pouco entendem de futebol, mas a ideia é ter bate-papo descontra-ído no quadro “Bolsa Redonda’’ para falar do esporte, além de outros assuntos como família

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D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Programação de TV

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 Bom momento para pagar o preço necessário - em dinheiro, tempo ou esforço - para solu-cionar antigos problemas. Um momento de alívio, satisfação e reequilíbrio pessoal.

TOURO - 20/4 a 20/5 Bom momento para valer-se de recursos materiais para se desvencilhar de pequenos problemas. Use o que tem de melhor para cuidar da saúde e corrigir defi ciências.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 As barreiras encontradas para o desenvolvi-mento profi ssional são superadas de modo particularmente feliz. Ideias criativas darão novo colorido ao trabalho.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Boa fase para os estudos, atividades intelectu-ais e culturais. Novos projetos e ideias criativas são bem vindos. Mas há mais por acontecer, antes que a situação se defi na.

LEÃO - 23/7 a 22/8 Bom momento para desenvolver o trabalho, por meio da participação ou apoio de outras pessoas. Pode haver mais recursos disponíveis. Os resultados ajudam a resolver dívidas.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Momento estimulante para as relações hu-manas, a cooperação e a relação a dois. As novas ideias devem ser trabalhadas em conjunto para se ter o melhor resultado.

LIBRA - 23/9 a 22/10 Mercúrio e Júpiter indicam melhor condição no trabalho e nas fi nanças. Você pode contar com facilidades vindas de outras pessoas ou situações. A saúde e o humor são positivos.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 A expressão dos sentimentos amorosos está positivamente estimulada. Momento para dar vazão ao romantismo e à imaginação cria-tiva, valendo-se da boa habilidade mental.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 A rotina em sua casa e os cuidados fami-liares estão hoje beneficiados. Momento para ser criativo nestes assuntos, abrindo as portas para melhorias significativas.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Grande momento na comunicação afetiva. A expressão dos sentimentos resultará em momentos felizes junto às pessoas queridas. Inspiração artística, poética e pictórica.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Os negócios estão benefi ciados pelo bom aspecto do dia. Facilidade para comerciar e fazer acordos vantajosos para ambos os lados. Momento para fortalecer o patrimônio.

PEIXES - 19/2 a 20/3 A conversa com bons conselheiros é uma ma-neira positiva de compreender melhor o que se passa consigo mesmo. Será sufi ciente para delinear em linhas gerais a direção futura.

CruzadinhasCinemaESTREIA

Bons de Bico: EUA. Livre. Nessa hilária comédia para todas as idades, é obcecado por uma missão: salvar todos os perus do planeta. Já Reggie é engraçado, inteligente e geralmente tem medo de tudo! Juntos, esse dois perus, formarão uma dupla inusitada que terá que colocar de lado suas diferenças, viajar no tempo, mudar os rumos da história e impedir que os perus se tornem o prato tradicional do Natal. Cinemark 4 – 12h30, 14h50, 19h50 (3D/dub/diariamente), Cinemark 5 - 11h20 (dub/exceto sexta-feira), 13h50, 16h10, 18h30, 20h50 (dub/diariamente); Cinépolis 3 – 12h50, 15h20, 18h30, 21h35 (dub/diariamente), Cinépolis 4 – 12h30, 14h50, 17h, 20h (3D/dub/diariamente); Playarte 8 – 12h40, 14h40, 16h40, 18h40 (dub/diariamente), Playarte 9 – 13h40, 15h40, 17h40, 19h40, 21h40 (dub/dia-riamente), 23h40 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Thor 2 – O Mundo Sombrio: EUA. 10 anos. Cinemark 1 – 12h50, 15h30, 18h10, 21h (dub/diariamente), 23h50 (dub/exceto domingo), Cinemark 4 – 17h10, 22h10 (3D/dub/diariamen-te), Cinemark 6 – 11h (dub/exceto sexta-feira), 13h20, 16h, 18h40, 21h30 (dub/diariamente), Cinemark 7 – 12h, 14h40, 17h30, 20h20 (3D/dub/diariamente), 23 (3D/dub/exceto domingo); Cinépolis 1 – 16h25, 22h5 (3D/dub/diariamente), 13h35, 19h15 (3D/leg/diariamente), Cinépolis 5 – 14h, 19h10 (3D/dub/diariamente), 16h35, 22h10 (3D, leg/diariamente); Cinépo-lis 8 – 14h30, 17h10, 19h45, 22h20 (dub/diariamente), Cinépolis 9 – 13h15,

16h, 18h45, 21h20 (leg/diariamente); Playarte 1 – 12h, 14h15, 16h30, 18h45 (3D/dub/diariamente), 21h (3D/leg/dia-riamente), 23h15 (3D/leg/somente sex-ta-feira e sábado); Playarte 5 – 13h, 15h30, 18h, 20h30 (dub/diariamente), 23h (dub/somente sexta-feira e sába-do), Playarte 6 – 13h01, 15h31, 18h01, 20h31 (dub/diariamente), 23h01 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playar-te 7 – 13h50, 16h20, 18h50, 21h20 (leg/diariamente), 23h40 (leg/somente sexta-feira e sábado).

Tá Chovendo Hambúrguer 2: EUA. Livre. Cinemark 3 – 12h40, 15h, 17h20, 19h40, 22h (dub/dia-

riamente); Playarte 4 – 13h, 15h, 17h (dub/diariamente).

Meu Passado Me Condena: BRA. 12 anos. Cinemark 8 – 11h30 (exce-to sexta-feira), 14h, 16h30, 19h10, 21h50 (diariamente); Cinépolis 7 – 13h, 15h35, 18h10, 20h40 (dia-riamente); Cinépolis 10 – 14h15, 16h50, 19h20, 21h50 (diariamen-te); Playarte 3 – 12h50, 14h55, 17h, 19h05, 21h10 (diariamente), 23h15 (somente sexta-feira e sá-bado), Playarte 4 – 19h06, 21h11 (diariamente), 23h16 (somente sex-ta-feira e sábado).

Gravidade: EUA. 12 anos. Cinépo-

lis 4 – 22h30 (3D/leg/diariamente); Playarte 2 – 17h40, 19h35, 21h30 (leg/diariamente), 23h25 (leg/so-mente sexta-feira e sábado).

Serra Pelada: BRA. 14 anos. Cinépolis 6 – 16h15, 22h (diaria-mente).

O Conselheiro do Crime: EUA. 16 anos. Cinépolis 6 – 13h30, 19h (leg/diariamente); Playarte 2 – 13h, 15h20 (leg/diariamente).

Silent Hill - Revelação: EUA. 16 anos. Playarte 8 – 20h40 (leg/diaria-mente), 22h45 (leg/somente sexta-feira e sábado).

CONTINUAÇÕES

Capitão Phillips: EUA. 14 anos. Capitão Phillips é uma aná-lise complexa do sequestro do cargueiro norte-ameri-cano, Maersk Alabama, em 2009, por uma tripulação de piratas somalis. Por meio das objetivas especiais do diretor Paul Greengrass, é ao mesmo tempo um thriller emocionante e um retrato complexo dos vastos efeitos da globalização. O fi lme se concentra na relação que se estabelece entre o comandante do Alabama, o capitão Richard Phillips (o vencedor de dois Oscars, Tom Hanks), e o comandante pirata somali, Muse (Barkhad Abdi), que o toma como refém. Phillips e Muse se veem numa rota de colisão irreversível quando Muse e a sua tri-pulação tomam por alvo a embarcação desarmada de Philips. No impasse que se segue, 235 quilômetros ao largo da costa da Somália, ambos os homens se verão à mercê de forças que fogem ao seu controle. Cinemark 2 – 12h10, 15h10, 18h, 21h10 (dub/diariamente); Cinépolis 2 – 14h35, 17h40, 20h50 (leg/diariamente); Playarte 10 – 12h50, 15h30, 18h10, 20h50 (leg/diariamente), 23h30 (leg/somente sexta-feira e sábado).

ESTREIAREPRODUÇÃO

DIVULGAÇÃO

Programação de TV

3H05jornal da semana SBT

4H igreja universal

5Hpesca alternativa

6H brasil caminhoneiro

6H30 aventura selvagem

7H30vrum

8H sorteio amazonas da sorte

9Hdomingo legal

13H eliana

17Hroda a roda jequiti

17H45 sorteio da telesena

18H programa silvio santos

22H de frente com gabi

23Htrue blood

0Hdivisão criminal/ the closer

1Hcidade do crime// southland

2H20 big bang

3H igreja universal

SBTGLOBO3H50 santa missa em seu lar

4H50 amazônia rural

5H30 pequenas empresas, grandes negócios

6H00 globo rural

6H55 auto esporte

7H30 esporte espetacular

10H30 temperatura máxima

13H10 esquenta

15H futebol 2013h campeonato brasileiro

17H domingão do faustão

18H45 fantástico

21H10 sai de baixo

22H40 domingo maior:

0H20 sessão de gala:

1H50 corujão i

3H35 festival de desenhos

3H45bíblia em foco

4Hsanto culto em seu lar

4H30desenhos bíblicos

7Hdesenhos bíblicos

8Hamazonas da sorte

9Hrecord kids

10Hdomingo da gente

13H15o melhor do brasil

17H30domingo espetacular

21Htela máxima

23H15programação iurd

RECORD

BAND

4H igreja mundial4H50 popeye5H local8H30 mackenzie em movimento 8H45 infomercial – polishop9H45 verdade e vidaRegina Casé comanda o “Esquenta”, hoje, na TV Globo

DIVULGAÇÃO 10H irmão caminhoneiro

10H05 pé na estrada

10H30 minuto do futebol

10H35 copa petrobras de marcas

11H30 de olho no futebol

11H35 band esporte clube

13H golh o grande momento do futebol

13H30 futebol 2013 - ao vivo

15H50 terceiro tempo

18H oscar – desenho

18H10 caçadora de relíquias

19H só risos

21H pânico na band

0H canal livre

1H minuto do futebol

1H40 show business - reapresentação

2H15 igreja mundial

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

A tradicional decoração de Natal do Amazonas Shopping foi inaugurada, com a presença do Papai Noel, que ganhou toque mágico especial a partir de uma parceria com a Coca-Cola. Com a temática “O Natal em família acontece no Amazonas Shopping”, a decoração conta com vários personagens tradicionais da época, como os ursos polares, boneco de neve e rena. A novidade fi ca por conta da interatividade, já que os personagens são animatrônicos (com movimentos que parecem reais) e se espalham por espaços lúdicos de paradas obrigatórias para o público.

::::: Ho ho ho

FOTOS: JANDER VIEIRA

Foto 1

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Foto 8

Foto 9

Foto 10

Lino Chíxaro e Paula Soares estão trocando de idade hoje. Os cum-primentos da coluna.

Monica Santaella abre os portões da casa do Parque 10 para celebrar seu aniversário reunindo a família e os amigos mais chegados.

O viaduto Ayrton Senna, localizado en-tre as avenidas Má-rio Ypiranga e Djalma Batista (em frente a Unip), foi o escolhido pelo projeto Arte e Juventude nas Ruas para receber grafites de 12 artistas locais que estão colorindo o espaço com pinturas abordando temáticas regionais.

Em família, a desem-bargadora Marinildes Mendonça de Lima ga-nhou ontem sessão para-béns intimista, no endere-ço da Ponta Negra.

A linda Maria Caroli-na Assi Alencar vai ga-nhar sessão début do tipo moderna e chique no próximo dia 29, no Dulcila da Ponta Negra. Merci pelo convite.

No dia 19, o Ceros Res-taurante vai comandar al-moço dos mais concorri-dos para celebrar seus 19 anos de sucesso.

::::: Sala de Espera

A solenidade que marcou a inauguração das lojas Novo Mundo em Manaus foi um sucesso. O evento que congestionou a loja da Autaz-Mirim, em frente ao shopping Grande Circular contou com a presença do diretor-presidente da rede, Carlos Luciano Martins Ribeiro, dos governadores do Amazonas, Omar Aziz, e de Goiás, Marconi Perillo, além dos principais diretores da empresa, que possui mais de seis mil trabalhadores diretos e 200 lojas espalhadas pelo Brasil. Aplausos!

::::: AterrissagemAmanhã, na chique Adega do Cas-

telinho, o grupo Top Internacional reúne os amantes do bom uísque para uma noite de degustação. Tra-ta-se do lançamento dos single malts da Distilerry Glenfi lddich, às 18h30, com presença do expert Christiano Protti – o embaixador da marca no Brasil.

::::: Puro malte

Com festa surpresa pilotada pela mulher Elma, o deputado Souza ganhou jantar no La Parrilla. Noite que reuniu amigos, colaboradores, sua adorável família e o

espírito de Deus, creia. O aniversariante é daquelas pessoas que transpiram o bem, é querido, conquistou respeito e admiração da classe política e cativa público por

ser um verdadeiro amigo – raro nos dias de hoje.

::::: Viva, Souza!

MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Com festa surpresa pilotada pela mulher Elma, o deputado Souza ganhou jantar no La Parrilla. Noite que reuniu amigos, colaboradores, sua adorável família e o

espírito de Deus, creia. O aniversariante é daquelas pessoas que transpiram o bem, é querido, conquistou respeito e admiração da classe política e cativa público por

Elma e o deputado Francisco

Souza

Pla

Com festa surpresa pilotada pela mulher Elma, o deputado Souza ganhou jantar

espírito de Deus, creia. O aniversariante é daquelas pessoas que transpiram o bem,

Vereador Amaury Co-lares e sua Valdeth

Giuliane Souza e o

bambino Keven

O aniversariante e seus fi éis escudeiros: Rafael Cantuário, Elaine Santiago, Alessandra Moraes e Fernando Guima-rães, da nova e competente safra de jornalista da cidade

Marco Antônio e sua Keula e o di-vertido Kalebe

A linda família do festejado aniversariante

Cléo, Jo-nathas e Anderson Vieira

O com-petente advogado Eduardo Ribeiro

Suely Batista e Francisco Honorato

A cantora gospel Jorgi-na Batista

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D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

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MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 [email protected] (92) 3090-1010

3 Estado de bem-estar tropicalArrecadação e gasto postos na balança. Págs. 4 e 5

2 Mora na fi siologia Por que ‘pemedebismo’ rima com ‘lulismo’. Pág. 3

1 Quem matou JFK? E outras indicações culturais. Pág. 2

Do arquivo de Antonio Silvio Lefèvre

4 Diário de WashingtonNo país da piada política pronta. Pág. 6

5 China, 1966. Pág. 7

CapaIlustração com carimbosde Andrés Sandoval

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G2 MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

Ilustríssima Semana O MELHOR DA CULTURA EM 13 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

QUADRINHOSConfi ra imagens da HQ de Dio-go Bercito, correspondente da Folha em Jerusalém

A BIBLIOTECADE RAQUELA colunista do Painel das Letras e repórter da “Ilustríssima” co-menta o mercado editorial

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

>>folha.com/ilustrissima

André Sandoval, 39, artista plástico e ilustrador.

Antonio Silvio Silvio Lefèvre, 70, é sociólogo, editor e livreiro. Interpretou o personagem Pedrinho na primeira adaptação do ‘Sítio do Pica-Pau Amarelo’ para a TV, em 1952, na Tupi.

Charles Bernstein, 63, poeta americano públicou no Brasil ‘Histórias da Guerra: Poemas e Ensaios’ (Martin Fontes).

Claudius Ceccon, 75, é arquiteto e cartunista.

Elisa Von Randow, 38, é designer e ilustradora.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

ARQUIVO PESSOAL

EXPOSIÇÃO | ALDO BONADEIA galeria Almeida e Dale

homenageia os 40 anos de morte do pintor (1906-74), que se completam em ja-neiro, com mostra de 30 de suas obras. Em conjunto, os trabalhos ilustram a pes-quisa plástica que norteou a trajetória de Bonadei, da feição quase acadêmica do início ao pioneirismo no de-senvolvimento da arte abs-trata no Brasil.

de seg. a sex., de 9h às 19h; sáb., de 10h às 13h | grátis | até 6/12

Fernando Rodrigues, 50, é repórter especial da Folha na Sucursal de Brasília.

Gustavo Patu, 43, é repórter especial da Folha na Sucursal de Brasília.

Marcelo Coelho, 54, é articulista da Folha.

Mario Kano, 48, é editor-adjunto de Arte da Folha.

Raul Juste Lores, 38, é correspondente da Folha em Washington.

Régis Bonvicino, 58, poeta é autor, entre outros, de ‘Estado Crítico’ (Hedra).

HQ | REMYO jornalista Diogo Bercito,

correspondente da Folha em Jerusalém, e a ilustrado-ra Julia Bax contam a história de um garoto com bronquite asmática que, ao morrer, se depara com um gato falante que habitava seu pulmão. O gibi é uma produção inde-pendente da dupla.

R$ 25 | 60 págs. | lan-çamento na quarta (13), durante o FIQ (Festival In-ternacional de Quadrinhos), em Belo Horizonte

‘Dia e Noite’, pintura de

Bonadei

LIVRO | VINTE CENTAVOSAs manifestações lideradas pelo Movimento Pas-

se Livre que resultaram na revogação do aumento de 20 centavos das passagens de transporte pú-blico em São Paulo são o tema do livro. O trabalho analisa a atuação do poder público, da imprensa, dos partidos e da polícia durante os protestos.

de Elena Judensnaider, Luciana Lima, Mar-celo Pomar e Pablo Ortellado | Veneta | R$ 29,90 | 240 págs.

CINEMA | TATUAGEMO primeiro longa de ficção dirigido por Hilton La-

cerda enfoca a relação amorosa entre o diretor de um grupo teatral e um jovem militar no Recife dos anos 1970. Política e sexo (em certos momentos beirando o explícito) se fundem no filme, que ganha relevo pela direção precisa de Lacerda e pelo ótimo elenco, com destaque para Irandhir Santos , no papel do líder da trupe.

estreia nacional na sexta (15)

5OLHARES PARA

KENNEDY

Um dos momentos mais co-nhecidos da história dos EUA, o assassinato do presidente John Fitzgerald Kennedy completa 50 anos no próximo dia 22. A efeméride inspirou uma série de lançamentos. A pedido da Ilustríssima, Carlos Eduardo Lins da Silva, editor da versão brasileira da “Columbia Journalism Review”, selecionou o melhor do que já se produziu, em fi lme, livro e música, sobre JFK.

1 - ‘JFK – A Pergunta que Não Quer Calar’ (1991; em DVD por R$ 19,90): o fi lme de Oliver Stone sobre as dúvidas a respeito do assassinato é o mais popular e infl uente produto cultural sobre JFK.

2 - ‘O Herói do PT-109’ (1963): lançado quatro meses antes do assassinato, com Cliff Robertson no papel de Kennedy, este fi lme ajudou a reforçar a mitologia do presidente ao mostrar seu heroísmo na Segunda Guerra Mundial.

3 - ‘Uma Vida Inacabada – John F. Kennedy 1917-1963’ (2004; Ber-trand, Portugal; R$ 44,30): o livro de Robert Dallek é a melhor biografi a de Kennedy já publicada.

4 - ‘Mil Dias – John Fitzgerald Kennedy na Casa Branca’ (1966; Civilização Brasileira): o mais im-portante relato do governo JFK foi escrito pelo historiador, e também assessor do presidente, Arthur M. Schlesinger Jr.

5 - ‘Abraham, Martin and John’ (1968): canção de Dick Holler, imor-talizada na versão de Ray Charles, é a homenagem mais famosa em música ao presidente.

1LIVRO | ANATOMIA DE UM ASSASSINATOEm livro recém-lançado nos EUA,

Philip Shenon, repórter do “New York Times” por 20 anos, escarafuncha os bastidores da investigação do crime e traz à tona aspectos pouco conhecidos da morte do presidente. Com base em depoimentos inéditos, descreve uma complexa teia de pistas falsas, con-chavos e tentativas de encobrir o caso, por vezes tão mirabolantes quanto um romance policial.

trad. George Schlesinger, Jairo Arco e Flexa, Pedro Maia Soares e Pedro Sette-Câmara | Companhia das Le-tras | R$ 64,50 | 688 págs.

LIVRO | OS ÚLTIMOS DIAS DE JOHN F. KENNEDYO livro tem escopo mais amplo do

que dá a entender seu título, e retra-ta os pontos-chave das intensas vida e carreira política do 35º presidente americano. Trabalho a quatro mãos do apresentador de TV e comentarista Bill O’Reilly e do escritor Martin Dugard, o livro, lançado em 2012 nos EUA, já vendeu 2 milhões de exemplares e foi publicado em mais de 20 países.

trad. Otávio Albuquerque e Jana-ína Marcoantonio L&PM | R$ 39,90 | 336 págs.

LIVRO | STEPHEN KINGOs mistérios que cercam a morte

de Kennedy eram um tema à procura do mestre da literatura de terror. No romance ‘Novembro de 63’, um profes-sor de 35 anos é transportado para o passado com a missão de impedir o assassinato do presidente. Munido de farta pesquisa sobre o cenário político e cultural dos anos 1960, King faz do eterno desejo de modificar o passado uma fábula de horror.

trad. Beatriz Medina Suma das Le-tras | R$ 79,90 | 736 págs.

JFK e Jacqueline, em desfi le pelas ruas de Dallas, pouco antes de o presidente ser morto

DIVULGAÇÃO

WALT SISCO/COPYRIGHT BETTMANN/CORBIS/ ASSOCIATED PRESS

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G3MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

2Os ‘ismos’ e o poder

Especial República

Na abertura de “Imobilismo em Movimento - Da Abertura Democrática ao Governo Dil-ma” [Companhia das Letras, R$ 36, 208 págs.], Marcos Nobre diz que o livro é dedicado “às

MARCELO COELHO

CRÍTICA

Da luta à representação de classes

RESUMOMarcos Nobre, pro-fessor de fi losofi a da Unicamp, sintetiza a política brasileira a partir da ideia de “pemedebismo”, que designa a fi siologia e a resistência aos movimentos sociais. O conceito poderia ser empregado à recom-posição do PT a partir da vitória de Lula, tema do professor de ciência política da USP André Singer.

Revoltas [de Junho de 2013]”. Assim mesmo, com maiúsculas: as Revoltas de Junho. Há outras maiúsculas subentendidas no ensaio analítico deste professor de fi losofi a da Unicamp e ex-colunista da Folha.

Mereceria maiúsculas, por exemplo, o conceito que fun-damenta toda a avaliação de Nobre a respeito do funciona-mento político brasileiro. Trata-se do que ele chama de “peme-debismo”, algo mais amplo e insidioso do que o mero “pee-medebismo”, com dois “E”.

Marcos Nobre não faz refe-rência apenas ao conjunto de práticas e discursos do velho PMDB; praticamente todos os partidos se incluem nessa en-tidade, cujos intuitos e estrata-gemas justifi cariam, a rigor, que Nobre empregasse a caixa-alta: o Pemedebismo.

Estamos diante de “uma cul-tura política que se estabeleceu nos anos 1980 e que, mesmo se modifi cando ao longo do tempo, estruturou e blindou o sistema político contra as for-ças sociais de transformação”. Embora o livro de Nobre seja, no geral, muito legível e inte-ressante, vale prestar atenção

nessa frase, algo enrolada. Uma “cultura política” blinda

o “sistema político”? Uma coisa estaria agindo sobre a outra? Qual das duas? Ou seria o “sis-tema” que cria uma “cultura”?

Poderíamos entender o “pe-medebismo” como um conjun-to de fenômenos conhecidos: fi siologia, fraqueza partidária, resistência aos movimentos sociais. Mas quais as causas, as origens, os porquês desse fenômeno? Ou esse fenômeno é causa e origem de tudo?

Por mais antiquado que possa parecer, não conheço modo me-lhor para explicar essa “blinda-gem” do que o recurso a concei-tos de inspiração marxista, algo que o livro tende a evitar.

Se não quisermos dar às clas-ses sociais o papel de agentes, de responsáveis pelo surgimen-to do “pemedebismo”, seria preciso provar que o “pemede-bismo” sufocou não apenas as reivindicações da esquerda mas também as do empresariado industrial, do agronegócio, dos banqueiros. Será?

Mas, quando se afi rma que uma “cultura política” fechou o caminho para reivindicações sociais, pressupõe-se que os se-

tores fi nanceiro, agroexporta-dor e industrial, provavelmente nessa ordem, andaram levando a melhor.

Em vez de apontar para esses setores, o que talvez lhe vales-se a crítica de maniqueísmo, Marcos Nobre prefere atribuir ao “Pemedebismo” o papel de personagem principal de seu drama. Do lado oposto, sufoca-da durante 20 anos, mas renas-cida com as Revoltas de Junho, estaria a “Voz das Ruas”.

Só que acabamos em outro maniqueísmo, afi nal, e um bo-cado mais vago; ironicamente, o esquema de “Imobilismo em Movimento” lembra a retóri-ca do velho PMDB (o bom, o peemedebista com dois “E”) no tempo das lutas “do povo” contra o “regime”.

Tudo corre o risco de pare-cer reclamação de torcedor: se nosso time perdeu, o re-sultado não é legítimo. Como, no jogo da democratização, os movimentos sociais foram derrotados, eis um sinal de que o sistema político não é democrático o sufi ciente.

Não deixa de ser verdade. Há pouca participação popu-lar, muitos parlamentares se

voltam apenas para o enrique-cimento pessoal, campanhas custam caríssimo, a manipula-ção dos marqueteiros substitui qualquer debate.

Lembro que as próprias clas-ses dominantes estão longe de se sentir satisfeitas com seus políticos; no mínimo, desejariam que estes cobrassem menos pelo serviço. Pode ser que seus interesses não estejam sendo atendidos plenamente; mas isso não quer dizer que não estejam sendo atendidos.

ReconstruçãoEstas críticas pontuais ao livro

de Marcos Nobre não fazem justiça ao conjunto, que é prin-cipalmente uma reconstrução histórica tão aguda quanto apaixonada das principais de-cisões de governo nos últimos 20 anos no Brasil.

As teses básicas, e alguns trechos literais, de “Imobilismo em Movimento” são retomadas em “Choque de Democracia” [Breve Companhia, R$ 4,99 ], breve livro eletrônico que Mar-cos Nobre escreveu em pleno entusiasmo com as manifes-tações de junho.

Entusiasmo e apaixonamen-

to são coisas admiravelmente expurgadas de “Os Sentidos do Lulismo - Reforma Gradual e Pacto Conservador” [Com-panhia das Letras, R$ 29,50, 280 págs.], do cientista políti-co e colunista da Folha André Singer. Ex-porta-voz da Presi-dência no primeiro mandato de Lula, Singer é capaz de analisar “a frio” a atuação dos petistas no poder. A principal tese do livro, demonstrada com estatísticas eleitorais na dose certa, já é bastante conhecida a esta altura.

Desde a democratização, a política brasileira teve uma característica curiosa: quanto menor a sua renda, mais o eleitor votava nos candidatos de direi-ta. A simpatia pela esquerda, e pelo PT em geral, sempre foi maior nos setores mais instru-ídos, mais urbanizados e mais ricos da sociedade.

Uma recomposição, entre-tanto, ocorreu a partir da vitória de Lula em 2002. As políticas de aumento do salário mínimo, de Bolsa Família e crédito con-signado tiveram o condão de “popularizar”, pela primeira vez, a base eleitoral do metalúrgico de São Bernardo.

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Page 36: EM TEMPO - 10 de novembro de 2013

G4 MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 G5

Especial RepúblicaREPORTAGEM

RESUMONo dia 15, a Repúbli-ca brasileira chega aos 124 anos e ex-perimenta a versão tropical do Estado de bem-estar social. Desigualdade e po-breza diminuem no jovem país, mas a um alto custo: apesar de a carga tributária consumir mais de um terço da renda nacio-nal, o Estado é defi ci-tário, e o crescimento econômico, anêmico.

3Toma cá, dá lá

“A expansão do gasto pú-blico na área das políticas sociais clássicas constitui uma exigência mínima de uma sociedade democráti-ca”, sentenciava o histórico programa partidário.

Não se tratava de um do-cumento do PT, ainda jovem naquele fi nal de 1982. Inti-tulado “Esperança e Mudan-ça” – antecipando em duas décadas e meia os lemas do americano Barack Obama – e apresentado como “uma proposta de governo para o Brasil”, o texto foi publicado na “Revista do PMDB”.

Inspirado pelas experiências da social-democracia europeia e pela crise da ditadura mili-tar, o partido lançava a pedra fundamental do que viria a ser a principal obra da história re-cente da República brasileira: a versão tropical do Estado de bem-estar social.

A explosão da dívida externa havia sepultado o crescimen-to econômico vendido como milagroso pelos militares, e uma bandeira caía no colo dos adversários do regime: era hora de enfrentar, por meio da ação social do poder público, a escandalosa desigualdade entre ricos e pobres.

É curioso que, enquanto ganhava impulso no Brasil, o ideário social-democrata se enfraquecia na Europa. Cinco anos antes fora dado à luz o ma-nifesto “A Correta Abordagem da Economia”, do Partido Con-servador britânico, que consa-grava o que se convencionou chamar de neoliberalismo.

O panfl eto apresentava o diagnóstico e a agenda que seriam aplicados por Mar-garet Thatcher: os excessos

do gasto público exigiam im-postos extorsivos, inibiam a ambição individual e paralisa-vam a economia; deveriam ser corrigidos com privatização e livre mercado.

Depois que o PMDB passou de maior partido de oposição a maior partido governista da redemocratização, ideias ne-oliberais e social-democratas nativas travaram o maior de muitos duelos na elaboração da Constituição de 1988. As primeiras se abrigavam em um bloco parlamentar heterogê-neo apelidado pejorativamen-te de “Centrão”; as segundas já haviam batizado um partido, o PSDB, dissidência da nave-mãe peemedebista.

Ingovernável“Carta deixa país ingover-

nável, diz Sarney”, foi a man-chete da Folha em 27 de julho de 88, com o relato de um pronunciamento dramático do então presidente em ca-deia de rádio e TV, no qual se antevia uma “brutal explosão de gastos públicos”.

No começo do mês, o jornal havia noticiado que, com as imposições constitucionais, as despesas da Previdência pode-riam saltar para Cz$ 1,6 trilhão – volume de cruzados, moeda da época, equivalente a 4% do Produto Interno Bruto.

Líder do PSDB no Senado, Fernando Henrique Cardoso respondia que os benefícios aprovados eram “o mínimo”. Já presidente da República, tentou inutilmente conter os gastos previdenciários, que hoje rondam a casa de 7% do PIB.

Entre os direitos estabele-cidos na Carta, estava o piso de um salário mínimo para os benefícios, inclusive para trabalhadores rurais que nun-ca contribuíram; assistência a idosos e defi cientes de baixa renda; e acesso universal aos serviços públicos de saúde.

Suécia“Vamos discutir o tamanho

do Estado? É um bom debate”, dizia o secretário da Receita Federal. “Na Suécia, a carga [tributária] é de 50%, e o Es-tado oferece tudo; nos Estados Unidos, a carga é menor, e o cidadão paga tudo; no Brasil, há essa desigualdade de renda”.

O ano era 2007, e Jorge Rachid, um dos principais tec-nocratas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, tenta-va convencer uma comissão de deputados a prorrogar a CPMF. A Contribuição Provi-sória sobre Movimentação Financeira, ou “imposto do cheque”, havia sido criada em caráter temporário para fi nan-ciar a saúde – e àquela altura era destinada também à Pre-vidência e à assistência.

A máquina de arrecadar e a máquina de gastar

O argumento se valia do fascínio exercido na classe po-lítica nacional pelo modelo do “Estado que oferece tudo”, cujo exemplo mais lembrado é o sueco. O país escandinavo é um dos poucos no planeta capazes de fazer parecer modesta a carga brasileira de impostos e contribuições sociais. Se lá os cidadãos entregam metade de sua renda ao governo, aqui a conta fi ca pouco acima de um terço.

As receitas e despesas pú-blicas no Brasil são quase

incomparáveis, se considera-dos os parâmetros do mundo emergente.

Como exemplo, podemos nos limitar ao peso que têm, em di-ferentes economias, os progra-mas de proteção social – nome dado a mecanismos de inclusão social e de combate à pobreza, como o Bolsa Família.

Na modelar Suécia, estima-se que os gastos em proteção social consumam 21,5% do PIB. No Brasil, a parcela é de 12,5%. Os EUA, contraexemplo de Rachid, colocam na área 9,2%. E o México gasta só 2,8% do PIB no setor.

Na história do Brasil repu-blicano, é notável o salto dos gastos públicos dos anos 1990 para cá. A carga não passava de 10% do PIB no início da República; um século depois, estava na casa dos 25%; em pouco mais de uma década dividida entre os governos FHC e Lula, saltou para 35%.

Hiperinfl açãoEm seus primeiros anos, o

Estado de bem-estar tropical foi diluído em uma hiperinfl ação

que corroía o valor dos benefí-cios, o que permitia ao governo fechar suas contas. Depois que o Plano Real civilizou a alta dos preços, os impostos subiram.

Temores neoliberais e espe-ranças social-democratas se confi rmaram: a economia não reencontrou o caminho do cres-cimento acelerado e duradouro, mas a concentração de renda fi nalmente entrou em trajetória de queda.

Tensões se acumulam entre os dois polos ideológicos à me-dida que os movimentos políti-

cos oscilam entre um e outro. Tucanos e petistas, em meio a acusações, elevaram gastos e privatizaram, criaram progra-mas sociais e elevaram os juros para conter a infl ação.

O Bolsa Família é um exem-plo de vitória discreta do pen-samento liberal que defende ações focadas nos mais mi-seráveis em vez das políticas sociais clássicas preconizadas no documento do PMDB.

Uma das responsáveis pelo manifesto, a mais tarde petista Maria da Conceição Tavares, chamou de “débeis mentais” os economistas da Fazenda do primeiro mandato de Lula que defenderam a focalização do gasto social.

A agenda social do PT, ao chegar ao Planalto, era am-biciosa e incluía a ampliação das políticas universais e da reforma agrária; sua principal marca, porém, acabou sendo a opção mais barata.

O debate nos meios políti-co e acadêmico em torno dos programas mais decisivos para a redução da pobreza e da desigualdade segue ainda hoje.

GUSTAVO PATU INFOGRAFIA MARIO KANNO ILUSTRAÇÃO ANDRÉS SANDOVAL

Dilma Rousseff , com menos di-nheiro à disposição que Lula, optou por privilegiar educação e Bolsa Família.

TolerânciaEm 2007, aprovada pela Câ-

mara, a CPMF não conseguiu os necessários três quintos do Se-nado e foi extinta. Para Samuel Pessôa, professor de economia e colunista da Folha, a derrota sinalizou que a tolerância da sociedade ao aumento da carga tributária não é infi nita.

Nos anos seguintes, as des-

pesas públicas e o bem-estar social se mantiveram em alta graças a um já esgotado ci-clo de prosperidade mundial que favoreceu o país, escreve Pessôa em “O Contrato Social da Redemocratização e seus Limites”, publicado há um ano. Em entrevista, Pessôa opinou que o próximo governo pode ser obrigado a lidar com uma re-pactuação desse contrato, seja com a revisão da política de valorização do salário mínimo, seja com uma nova rodada de alta de impostos.

A ofensiva do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, pela elevação do IPTU pode funcionar como balão de ensaio para a segunda opção, “se ele não se machucar muito”, espe-cula o pesquisador da Fundação Getulio Vargas (RJ).

Previsões de que o apara-to de proteção social levará a um colapso das contas públicas têm sido contestadas por estu-diosos como Eduardo Fagnani, da Unicamp.

“O projeto inspirado nos va-lores do Estado de bem-estar social foi progressivamente

tensionado de 1990 em dian-te. Abriu-se um novo ciclo de contrarreformas antagônicas à cidadania social recém-con-quistada”, escreveu em artigo para a revista petista “Teoria e Debate”.

A argumentação seguida por Fagnani identifi ca os juros pagos aos credores da dívida pública, entre os mais altos do mundo, como a real ameaça à estabilidade fi scal e a origem de interesses contrários à ex-pansão da seguridade.

O mais novo embate se dá em torno das transformações demográfi cas do país. Um lado calcula que o envelhecimento da população levará à mul-tiplicação das já generosas despesas com aposentados; o outro atribui à recuperação da economia o papel de produzir a receita necessária.

Debate econômico à parte, a política da redemocratização ensina que, se pode tornar o país ingovernável, a expansão do gasto social tem sido a garantia da governabilidade – mais ou menos como uma aliança com o PMDB.

Municípios são novas estrelas da federação

Odorico Paraguaçu vestia o paletó às pressas quando recebia um telefonema do go-vernador. Mas se a novela “O Bem-Amado” (1973) se passas-se hoje, o prefeito de Sucupira talvez não se mostrasse tão reverente: estaria acostumado a tratar diretamente com a Pre-sidência da República de assun-tos relativos a creches, postos de saúde e Bolsa Família. Até o célebre cemitério que pretendia inaugurar poderia receber ver-bas de algum convênio com o governo federal.

Prefeitos com mais verbas e poderes são a mais recente ino-vação do federalismo brasileiro, cuja história se confunde com a da República. Em contrapar-tida, os Estados se encontram enfraquecidos.

“As Províncias do Brasil, reu-

nidas pelo laço da Federação, fi cam constituindo os Estados Unidos do Brasil”, estabelecia o segundo artigo do decreto número 1 de 1889, o inaugural da era republicana.

Sob óbvia inspiração da bem-sucedida experiência nor-te-americana, procurava-se le-var a sério a ideia de Estados autônomos para formular as próprias leis e cuidar de sua administração, a ponto de seus governantes serem chamados inicialmente de presidentes.

Um século depois, o Brasil seria mais original, ao decidir alçar também os municípios à categoria de entes federativos, em um modelo inédito de au-tonomia local. Na prática, as cidades ganharam um Execu-tivo, um Legislativo e o fi m da tutela dos Estados. Em termos ainda mais concretos, houve uma multiplicação do núme-ro de prefeituras e câmaras municipais, mais atribuições e mais recursos.

Segundo levantamento do economista José Roberto Afon-so, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, desde a Cons-tituição de 1988, os municípios elevaram de 13,3% para 18,5%

sua participação nas re-ceitas públicas do país – via arrecadação própria e repasses obrigatórios feitos pelas instâncias estadual e federal. No mesmo período, a fatia dos Estados no bolo tri-butário caiu de 26,6% para 24,6%.

Nessas contas não entram as crescentes verbas transferidas vo-luntariamente da União e dos Estados para os mu-nicípios. “Cada vez mais há uma ponte direta entre

governo federal e governos lo-cais, sem envolver os Estados; em federações tradicionais, isso é impossível ou proibido”, obser-va Afonso.

GuerraSe a lógica federativa supõe

a cooperação entre seus entes para promover políticas públi-cas e desenvolvimento econô-mico, há algo de anormal na experiência brasileira. Basta dizer que o principal tema de discussão entre os governado-res do país é a guerra fi scal: a disputa entre os Estados pela atração de investimentos por meio de incentivos tributários.

Sem conseguir chegar a um acordo em torno de uma polí-tica que deprime sua capaci-dade de arrecadar, os Estados acumulam outros contenciosos, como a repartição dos tributos arrecadados pela União e das receitas esperadas com o pe-tróleo do pré-sal.

“O que quebrou os Estados foi a crise dos anos 1990”, diz o cientista político Antonio Lassance, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Naquela década, o endivida-mento excessivo dos governos estaduais foi solucionado por um socorro fi nanceiro federal. Desde então, os Estados são devedores da União e preci-sam se submeter às exigências da credora. Novas dívidas, por exemplo, com o sinal verde do Tesouro Nacional.

O poder e a autonomia dos Estados oscilaram ao longo da história republicana. O papel centralizador da União foi exer-cido de maneira mais notória em dois períodos autoritários, o Estado Novo de Getúlio Vargas e a ditadura militar.

Para Fernando Rezende, pesquisador da FGV, vive-se hoje no Brasil, pela primeira vez, um momento de centrali-zação com democracia, ainda que o espírito da Constituição tenha sido o de radicalizar a descentralização.

Segundo seu raciocínio, a mesma crise orçamentária dos anos 90 forçou o governo federal a reforçar suas recei-tas a fi m de cumprir as metas fi scais impostas pelo Fundo Monetário Internacional.

Para tanto, os tributos esco-lhidos foram aqueles que não são repartidos com os Estados e municípios, em especial as contribuições destinadas a sustentar a rede de progra-mas de proteção social.

Enquanto interrompia o espalhamento de receitas, a União passou também a en-cabeçar a defi nição de políti-cas públicas – “uma série de decisões que vão amarrando as mãos dos administradores estaduais e municipais”, nas palavras de Rezende.

O Bolsa Família, por exem-plo, tem gestão compartilhada, na teoria, pelas três esferas de governo; todas as regras do programa, no entanto, são defi nidas em Brasília.

GUSTAVO PATU

O PMDB lançava a pedra fundamental

da principal obra da história recente da República: a versão tropical do Estado

de bem-estar social

Temores neolibe-rais e esperanças socialdemocratas se confirmaram: o país não reencon-trou o crescimento

duradouro

A redemocratização ensina que, se pode tornar o país ingo-vernável, a expan-

são do gasto social tem sido a garantia da governabilidade

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G4 MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 G5

Especial RepúblicaREPORTAGEM

RESUMONo dia 15, a Repúbli-ca brasileira chega aos 124 anos e ex-perimenta a versão tropical do Estado de bem-estar social. Desigualdade e po-breza diminuem no jovem país, mas a um alto custo: apesar de a carga tributária consumir mais de um terço da renda nacio-nal, o Estado é defi ci-tário, e o crescimento econômico, anêmico.

3Toma cá, dá lá

“A expansão do gasto pú-blico na área das políticas sociais clássicas constitui uma exigência mínima de uma sociedade democráti-ca”, sentenciava o histórico programa partidário.

Não se tratava de um do-cumento do PT, ainda jovem naquele fi nal de 1982. Inti-tulado “Esperança e Mudan-ça” – antecipando em duas décadas e meia os lemas do americano Barack Obama – e apresentado como “uma proposta de governo para o Brasil”, o texto foi publicado na “Revista do PMDB”.

Inspirado pelas experiências da social-democracia europeia e pela crise da ditadura mili-tar, o partido lançava a pedra fundamental do que viria a ser a principal obra da história re-cente da República brasileira: a versão tropical do Estado de bem-estar social.

A explosão da dívida externa havia sepultado o crescimen-to econômico vendido como milagroso pelos militares, e uma bandeira caía no colo dos adversários do regime: era hora de enfrentar, por meio da ação social do poder público, a escandalosa desigualdade entre ricos e pobres.

É curioso que, enquanto ganhava impulso no Brasil, o ideário social-democrata se enfraquecia na Europa. Cinco anos antes fora dado à luz o ma-nifesto “A Correta Abordagem da Economia”, do Partido Con-servador britânico, que consa-grava o que se convencionou chamar de neoliberalismo.

O panfl eto apresentava o diagnóstico e a agenda que seriam aplicados por Mar-garet Thatcher: os excessos

do gasto público exigiam im-postos extorsivos, inibiam a ambição individual e paralisa-vam a economia; deveriam ser corrigidos com privatização e livre mercado.

Depois que o PMDB passou de maior partido de oposição a maior partido governista da redemocratização, ideias ne-oliberais e social-democratas nativas travaram o maior de muitos duelos na elaboração da Constituição de 1988. As primeiras se abrigavam em um bloco parlamentar heterogê-neo apelidado pejorativamen-te de “Centrão”; as segundas já haviam batizado um partido, o PSDB, dissidência da nave-mãe peemedebista.

Ingovernável“Carta deixa país ingover-

nável, diz Sarney”, foi a man-chete da Folha em 27 de julho de 88, com o relato de um pronunciamento dramático do então presidente em ca-deia de rádio e TV, no qual se antevia uma “brutal explosão de gastos públicos”.

No começo do mês, o jornal havia noticiado que, com as imposições constitucionais, as despesas da Previdência pode-riam saltar para Cz$ 1,6 trilhão – volume de cruzados, moeda da época, equivalente a 4% do Produto Interno Bruto.

Líder do PSDB no Senado, Fernando Henrique Cardoso respondia que os benefícios aprovados eram “o mínimo”. Já presidente da República, tentou inutilmente conter os gastos previdenciários, que hoje rondam a casa de 7% do PIB.

Entre os direitos estabele-cidos na Carta, estava o piso de um salário mínimo para os benefícios, inclusive para trabalhadores rurais que nun-ca contribuíram; assistência a idosos e defi cientes de baixa renda; e acesso universal aos serviços públicos de saúde.

Suécia“Vamos discutir o tamanho

do Estado? É um bom debate”, dizia o secretário da Receita Federal. “Na Suécia, a carga [tributária] é de 50%, e o Es-tado oferece tudo; nos Estados Unidos, a carga é menor, e o cidadão paga tudo; no Brasil, há essa desigualdade de renda”.

O ano era 2007, e Jorge Rachid, um dos principais tec-nocratas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, tenta-va convencer uma comissão de deputados a prorrogar a CPMF. A Contribuição Provi-sória sobre Movimentação Financeira, ou “imposto do cheque”, havia sido criada em caráter temporário para fi nan-ciar a saúde – e àquela altura era destinada também à Pre-vidência e à assistência.

A máquina de arrecadar e a máquina de gastar

O argumento se valia do fascínio exercido na classe po-lítica nacional pelo modelo do “Estado que oferece tudo”, cujo exemplo mais lembrado é o sueco. O país escandinavo é um dos poucos no planeta capazes de fazer parecer modesta a carga brasileira de impostos e contribuições sociais. Se lá os cidadãos entregam metade de sua renda ao governo, aqui a conta fi ca pouco acima de um terço.

As receitas e despesas pú-blicas no Brasil são quase

incomparáveis, se considera-dos os parâmetros do mundo emergente.

Como exemplo, podemos nos limitar ao peso que têm, em di-ferentes economias, os progra-mas de proteção social – nome dado a mecanismos de inclusão social e de combate à pobreza, como o Bolsa Família.

Na modelar Suécia, estima-se que os gastos em proteção social consumam 21,5% do PIB. No Brasil, a parcela é de 12,5%. Os EUA, contraexemplo de Rachid, colocam na área 9,2%. E o México gasta só 2,8% do PIB no setor.

Na história do Brasil repu-blicano, é notável o salto dos gastos públicos dos anos 1990 para cá. A carga não passava de 10% do PIB no início da República; um século depois, estava na casa dos 25%; em pouco mais de uma década dividida entre os governos FHC e Lula, saltou para 35%.

Hiperinfl açãoEm seus primeiros anos, o

Estado de bem-estar tropical foi diluído em uma hiperinfl ação

que corroía o valor dos benefí-cios, o que permitia ao governo fechar suas contas. Depois que o Plano Real civilizou a alta dos preços, os impostos subiram.

Temores neoliberais e espe-ranças social-democratas se confi rmaram: a economia não reencontrou o caminho do cres-cimento acelerado e duradouro, mas a concentração de renda fi nalmente entrou em trajetória de queda.

Tensões se acumulam entre os dois polos ideológicos à me-dida que os movimentos políti-

cos oscilam entre um e outro. Tucanos e petistas, em meio a acusações, elevaram gastos e privatizaram, criaram progra-mas sociais e elevaram os juros para conter a infl ação.

O Bolsa Família é um exem-plo de vitória discreta do pen-samento liberal que defende ações focadas nos mais mi-seráveis em vez das políticas sociais clássicas preconizadas no documento do PMDB.

Uma das responsáveis pelo manifesto, a mais tarde petista Maria da Conceição Tavares, chamou de “débeis mentais” os economistas da Fazenda do primeiro mandato de Lula que defenderam a focalização do gasto social.

A agenda social do PT, ao chegar ao Planalto, era am-biciosa e incluía a ampliação das políticas universais e da reforma agrária; sua principal marca, porém, acabou sendo a opção mais barata.

O debate nos meios políti-co e acadêmico em torno dos programas mais decisivos para a redução da pobreza e da desigualdade segue ainda hoje.

GUSTAVO PATU INFOGRAFIA MARIO KANNO ILUSTRAÇÃO ANDRÉS SANDOVAL

Dilma Rousseff , com menos di-nheiro à disposição que Lula, optou por privilegiar educação e Bolsa Família.

TolerânciaEm 2007, aprovada pela Câ-

mara, a CPMF não conseguiu os necessários três quintos do Se-nado e foi extinta. Para Samuel Pessôa, professor de economia e colunista da Folha, a derrota sinalizou que a tolerância da sociedade ao aumento da carga tributária não é infi nita.

Nos anos seguintes, as des-

pesas públicas e o bem-estar social se mantiveram em alta graças a um já esgotado ci-clo de prosperidade mundial que favoreceu o país, escreve Pessôa em “O Contrato Social da Redemocratização e seus Limites”, publicado há um ano. Em entrevista, Pessôa opinou que o próximo governo pode ser obrigado a lidar com uma re-pactuação desse contrato, seja com a revisão da política de valorização do salário mínimo, seja com uma nova rodada de alta de impostos.

A ofensiva do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, pela elevação do IPTU pode funcionar como balão de ensaio para a segunda opção, “se ele não se machucar muito”, espe-cula o pesquisador da Fundação Getulio Vargas (RJ).

Previsões de que o apara-to de proteção social levará a um colapso das contas públicas têm sido contestadas por estu-diosos como Eduardo Fagnani, da Unicamp.

“O projeto inspirado nos va-lores do Estado de bem-estar social foi progressivamente

tensionado de 1990 em dian-te. Abriu-se um novo ciclo de contrarreformas antagônicas à cidadania social recém-con-quistada”, escreveu em artigo para a revista petista “Teoria e Debate”.

A argumentação seguida por Fagnani identifi ca os juros pagos aos credores da dívida pública, entre os mais altos do mundo, como a real ameaça à estabilidade fi scal e a origem de interesses contrários à ex-pansão da seguridade.

O mais novo embate se dá em torno das transformações demográfi cas do país. Um lado calcula que o envelhecimento da população levará à mul-tiplicação das já generosas despesas com aposentados; o outro atribui à recuperação da economia o papel de produzir a receita necessária.

Debate econômico à parte, a política da redemocratização ensina que, se pode tornar o país ingovernável, a expansão do gasto social tem sido a garantia da governabilidade – mais ou menos como uma aliança com o PMDB.

Municípios são novas estrelas da federação

Odorico Paraguaçu vestia o paletó às pressas quando recebia um telefonema do go-vernador. Mas se a novela “O Bem-Amado” (1973) se passas-se hoje, o prefeito de Sucupira talvez não se mostrasse tão reverente: estaria acostumado a tratar diretamente com a Pre-sidência da República de assun-tos relativos a creches, postos de saúde e Bolsa Família. Até o célebre cemitério que pretendia inaugurar poderia receber ver-bas de algum convênio com o governo federal.

Prefeitos com mais verbas e poderes são a mais recente ino-vação do federalismo brasileiro, cuja história se confunde com a da República. Em contrapar-tida, os Estados se encontram enfraquecidos.

“As Províncias do Brasil, reu-

nidas pelo laço da Federação, fi cam constituindo os Estados Unidos do Brasil”, estabelecia o segundo artigo do decreto número 1 de 1889, o inaugural da era republicana.

Sob óbvia inspiração da bem-sucedida experiência nor-te-americana, procurava-se le-var a sério a ideia de Estados autônomos para formular as próprias leis e cuidar de sua administração, a ponto de seus governantes serem chamados inicialmente de presidentes.

Um século depois, o Brasil seria mais original, ao decidir alçar também os municípios à categoria de entes federativos, em um modelo inédito de au-tonomia local. Na prática, as cidades ganharam um Execu-tivo, um Legislativo e o fi m da tutela dos Estados. Em termos ainda mais concretos, houve uma multiplicação do núme-ro de prefeituras e câmaras municipais, mais atribuições e mais recursos.

Segundo levantamento do economista José Roberto Afon-so, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, desde a Cons-tituição de 1988, os municípios elevaram de 13,3% para 18,5%

sua participação nas re-ceitas públicas do país – via arrecadação própria e repasses obrigatórios feitos pelas instâncias estadual e federal. No mesmo período, a fatia dos Estados no bolo tri-butário caiu de 26,6% para 24,6%.

Nessas contas não entram as crescentes verbas transferidas vo-luntariamente da União e dos Estados para os mu-nicípios. “Cada vez mais há uma ponte direta entre

governo federal e governos lo-cais, sem envolver os Estados; em federações tradicionais, isso é impossível ou proibido”, obser-va Afonso.

GuerraSe a lógica federativa supõe

a cooperação entre seus entes para promover políticas públi-cas e desenvolvimento econô-mico, há algo de anormal na experiência brasileira. Basta dizer que o principal tema de discussão entre os governado-res do país é a guerra fi scal: a disputa entre os Estados pela atração de investimentos por meio de incentivos tributários.

Sem conseguir chegar a um acordo em torno de uma polí-tica que deprime sua capaci-dade de arrecadar, os Estados acumulam outros contenciosos, como a repartição dos tributos arrecadados pela União e das receitas esperadas com o pe-tróleo do pré-sal.

“O que quebrou os Estados foi a crise dos anos 1990”, diz o cientista político Antonio Lassance, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Naquela década, o endivida-mento excessivo dos governos estaduais foi solucionado por um socorro fi nanceiro federal. Desde então, os Estados são devedores da União e preci-sam se submeter às exigências da credora. Novas dívidas, por exemplo, com o sinal verde do Tesouro Nacional.

O poder e a autonomia dos Estados oscilaram ao longo da história republicana. O papel centralizador da União foi exer-cido de maneira mais notória em dois períodos autoritários, o Estado Novo de Getúlio Vargas e a ditadura militar.

Para Fernando Rezende, pesquisador da FGV, vive-se hoje no Brasil, pela primeira vez, um momento de centrali-zação com democracia, ainda que o espírito da Constituição tenha sido o de radicalizar a descentralização.

Segundo seu raciocínio, a mesma crise orçamentária dos anos 90 forçou o governo federal a reforçar suas recei-tas a fi m de cumprir as metas fi scais impostas pelo Fundo Monetário Internacional.

Para tanto, os tributos esco-lhidos foram aqueles que não são repartidos com os Estados e municípios, em especial as contribuições destinadas a sustentar a rede de progra-mas de proteção social.

Enquanto interrompia o espalhamento de receitas, a União passou também a en-cabeçar a defi nição de políti-cas públicas – “uma série de decisões que vão amarrando as mãos dos administradores estaduais e municipais”, nas palavras de Rezende.

O Bolsa Família, por exem-plo, tem gestão compartilhada, na teoria, pelas três esferas de governo; todas as regras do programa, no entanto, são defi nidas em Brasília.

GUSTAVO PATU

O PMDB lançava a pedra fundamental

da principal obra da história recente da República: a versão tropical do Estado

de bem-estar social

Temores neolibe-rais e esperanças socialdemocratas se confirmaram: o país não reencon-trou o crescimento

duradouro

A redemocratização ensina que, se pode tornar o país ingo-vernável, a expan-

são do gasto social tem sido a garantia da governabilidade

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G6 MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013

4

Humoristas dominam debate público nos EUA

Política é coisa séria?

Diário de Washington O MAPA DA CULTURA

As manhãs de domingo são o horário favorito da TV americana para tratar de política. Todos os gran-des canais abertos (e os principais da TV paga) têm mesas- redondas com de-putados, ministros, comen-taristas e lobistas.

A tradição, criada em 1947 com o “Meet the Press”, o programa mais antigo em atividade nos EUA, está ameaçada. Audi-ências têm caído, o público, envelhecido, e os convi-dados, com seus cabelos acaju e ternos acima do tamanho, se repetem por todos os canais.

Em contraponto, a políti-ca tem ganho terreno em outros horários da grade. Desde o início deste ano, duas das maiores audiências entre os “talks shows” de fi m da noite são de comediantes que tratam quase exclusiva-mente do tema.

Jon Stewart, com o pro-

grama “The Daily Show”, e Stephen Colbert (“The Col-bert Report”) são líderes entre o público de 18 a 49 anos. As duas atrações, do canal pago Comedy Cen-tral, têm deixado para trás fi guras históricas como David Letterman e Jay Leno, das grandes redes abertas CBS e NBC. Mas a maior sensação atual na TV americana, em termos de política, se chama Bill Maher. O militante ate-ísta comanda o progra-ma “Real Time with Bill Maher”, que vai ao ar nas noites de sexta-feira na HBO norte-americana.

A atração já recebeu fi gu-ras distintas como o escritor Salman Rushdie e o cientista Richard Dawkins, o jorna-lista Glenn Greenwald e o cineasta Oliver Stone.

Maher, também produtor da série “Vice” (que andou levando os Harlem Globe-trotters à Coreia do Norte), faz barulho defendendo po-sições como o fi m do em-bargo a Cuba e ironizando

o juiz da Corte Suprema que disse que o diabo exis-te. Seus monólogos ao fi nal do programa, chamados de “new rules”, se tornaram imperdíveis para o público que, para se informar sobre o poder, trocou os políticos pelos humoristas.

Fusão latina Quem não sofre com perda

de público e tem fi las de políticos querendo apare-cer em seus programas é a Univision, rede famosa pela programação em espanhol.

Mas, como a imigração latino-americana encolheu nos últimos anos, o grupo tem cobiçado a geração de fi lhos de migrantes já nas-cidos nos EUA e que têm no inglês seu primeiro idioma.

Em parceria com a rede ABC, a Univision criou re-centemente um canal para esse grupo, pretendendo, de quebra, atrair uma fatia do público jovem em geral, que anda deixando a TV aberta. Lançado há duas semanas, o “Fusion” já chega a 20 mi-

lhões de lares americanos.

O céu é o limite A capital dos EUA tem

atraído milhares de jovens que cresceram nos subúr-bios vizinhos de Maryland e Virginia, mas que pre-tendem morar em áreas centrais, mais agitadas e caminháveis.

O problema é um só: espaço. As cidades-dormi-tório possuem 5 milhões de habitantes, enquanto em Washington só há 650 mil pessoas.

Com isso, o metro qua-drado encareceu muito, e o governo quer mudar uma das características históri-cas da cidade: o limite de altura das construções.

Desde 1910, a legislação determina que a altura dos prédios não ultrapasse a largura das ruas e aveni-das. Com poucas exceções, os edifícios em ruas secun-dárias não superam os 27 metros de altura (9 andares) e, em avenidas, 40 metros (13). A lei foi criada depois

da inauguração do polêmico (e pavoroso) Hotel Cairo, de 1894, que tem 50 metros. A prefeitura pretende aumen-tar o limite em 25%, mas só o Congresso americano pode aprovar a mudança.

Fluxo e refl uxoDepois que protestos pela

morte de Martin Luther King, em 1968, provocaram a des-truição de bairros inteiros da cidade, a capital assistiu a um êxodo da população branca para os subúrbios, e diversas áreas centrais se tornaram de maioria negra.

O retorno dos jovens dos subúrbios brancos para áre-as centrais está mudando a composição étnica de Wa-shington. Logan Circle, por exemplo, que tinha maioria negra, tornou-se terreno de restaurantes caros, gays e de juventude branca. No contra-fl uxo, muitas famílias negras e latinas estão migrando para os subúrbios. A proporção de negros na cidade, que em 1980 chegou a ser de 70%, hoje é de 49,5%.

RAUL JUSTE LORES

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G7MANAUS, DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 G

5 Viagens às terras do nunca mais

Arquivo Aberto MEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

China, 1966

Em 1964, ano do golpe mi-litar, levado pela generosidade e ingenuidade juvenis a fazer bobagens, eu, um estudante de medicina na USP, fui parar no Tiradentes – presídio por onde mais tarde passaria a futura presidente Dilma Rousseff – e acabei exilado em Paris.

A experiência de estar ali naquele momento se revelaria extremamente enriquecedora. Não apenas por ter-me permiti-do estudar na Sorbonne e morar com o “pai adotivo” Antonio Candido (então lecionando lá), mas por ter vivido a revolta que partiu de Paris em maio de 68 para contaminar o mundo.

Nada, porém, foi mais en-riquecedor do que as viagens que pude fazer, a partir de Paris, para destinos ao leste de Berlim, nada recomendados a qualquer brasileiro que temesse fi car com a “fi cha suja”.

A mais emocionante de todas foi a mais extrema: com jovens de vários países, sendo eu o único brasileiro, fui à China. Era agosto de 1966 quando deixa-mos Paris de trem e chegamos a Moscou.

O confl ito sino-soviético estava no auge e, enquanto visitávamos a cidade, acredi-tamos ter sido seguidos por agentes da KGB, desconfi ados de que fôssemos espiões a serviço dos chineses.

Ao longo de uma semana viajando de trem, vimos com-boios militares repletos de

armas, em plena guerra do Vietnã. Recebidos como heróis pelos chineses – afi nal, poucos ocidentais iam até lá –, no primeiro dia fomos conhecer a Universidade de Pequim.

Qual não foi a nossa sur-presa ao chegar lá e dar de cara com uma manifestação de estudantes, incompreensí-vel para nós. Nossos guias, estupefatos, não conseguiam nos explicar o que acontecia.

À noite nos levaram para jantar num restaurante de es-pecialidades do sul da China. Mal havíamos comido o primei-ro prato quando uma multidão enfurecida começou a gritar na porta. Um dos guias foi conversar com eles e, ao voltar, nos explicou:

“São discípulos do presidente Mao Tse-tung e vieram aqui para fechar este restaurante, símbolo de privilégios burgue-ses. Em respeito aos camaradas estrangeiros, porém, esperarão que terminemos o jantar.” Sem esquecer a sobremesa, saímos depressa de lá – bem a tempo de vê-los entrar e quebrar tudo.

Nos dias seguintes, cenas es-tranhas se desenrolaram, tanto em Pequim quanto em Xangai: desfi les pelas ruas, com pesso-as acorrentadas e com chapéus de bruxa, sendo insultadas e torturadas pelos jovens mani-festantes de fi tas vermelhas nos braços.

Eram os guardas da Grande Revolução Cultural Proletária, desencadeada então pelo pre-sidente Mao, cujo livrinho ver-melho de ensinamentos eles ostentavam como pequenas bíblias. “O presidente Mao vai lhes explicar tudo pessoalmen-te”, nos anunciou com orgulho

o guia-chefe, marcando nossa visita ao Grande Timoneiro para o dia seguinte.

Ao chegarmos à Cidade Proi-bida, que abrigava a sede do governo, nos informaram de que o encontro com Mao não seria possível. Fomos recebi-dos por Chen Yi, ministro do Exterior, intelectual que falava francês correntemente.

Chen Yi explicou-nos então que a Revolução Cultural havia sido posta em marcha por Mao para combater o perigo revisio-nista e o risco da restauração do capitalismo na China.

O ministro aproveitou para nos informar que havíamos sido convidados pelos cama-radas vietnamitas a visitar os subterrâneos de sua guerra – assim poderíamos dar teste-munho ao mundo de sua luta contra o imperialismo ianque.

Para nossa sorte, na véspera da visita programada, houve intensos bombardeios ameri-canos nos locais aos quais nos destinávamos. Os chineses, por precaução, resolveram cancelar o “passeio”.

Não fosse isso eu talvez não estivesse aqui para contar essa história, ou a história da deposição de Chen Yi, e depois a da prisão de Jiang Qing, mulher de Mao, e a do fi m da Revolução Cultural, com a vitória do capitalismo (de Estado) na China.

Mas tudo isso aconteceria vários anos depois, quando nós, testemunhas do momen-to histórico, já tínhamos per-dido, havia tempo, as nossas ilusões esquerdistas. O que sobrou foi o relato das viagens de um estudante sonhador às terras do nunca mais.

ANTONIO SILVIO LEFÈVRE

ARQUIVO PESSOAL

Antonio Silvio Lefèvre, em Paris, durante manifestações de maio de 1968

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