em tempo - 15 de junho de 2014

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O comediante para- ense Rominho Braga se inspira na própria vida para montar show de humor, que será apresentado hoje no Teatro Manauara. PLATEIA VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA E ELENCO. ANO XXVI – N.º 8.386 – DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ MÁX.: 33 MÍN.: 23 TEMPO EM MANAUS A obra da norte-americana Vivian Maier tornou-se um dos maiores tesouros foto- gráficos do século 20. 8177-2096 DENÚNCIAS • FLAGRANTES ARENA FERVEU 2X1 AZZURRA Com apoio da maioria da torcida na Arena da Amazô- nia, a Itália venceu a Inglaterra por 2 a 1 na tarde deste sábado. A temperatura girou em torno dos 30ºC neste sábado, com quase 70% de umidade relativa do ar e sen- sação de abafamento. Claudio Marchisio abriu o placar para a Itália e Daniel Sturridge empatou logo depois. Já na etapa complementar, Mario Balotelli marcou o gol da vitória em Manaus. Pódio Jornal da Copa 4 e 5 Com o reforço do ex-presidente FHC, o senador mineiro Aécio Neves foi oficializado neste sábado como candidato do PSDB para a eleição à Presidência. Última Hora A2 PSDB lança Aécio para presidente CONVENÇÃO BATUQUE NA FLORESTA No palco da Fan Fest, o grupo baiano Olodum transformou o domingo num dia de grande agitação, levando mais de 10 mil pessoas à praia da Ponta Negra. Pódio Jornal da Copa 9 Seguidores de religiões de ma- triz afro convivem com o precon- ceito e a violência gerados pela falta de conhecimento e fanatis- mo. Dia a dia C2 e C3 Amazonas é um dos mais preconceituosos RELIGIÕES AFRO RICARDO OLIVEIRA Em tempo de Copa do Mundo, nem só a “ama- relinha” da seleção faz sucesso. A onda é inovar nas camisetas, sem fugir do verde e amarelo. Na Ponta Negra, palco do terceiro dia da Fan Fest, o Olodum levou mais de 10 mil pessoas ao delírio Até “centurião romano” apareceu na torcida da Itália Italianos descobriram adereços e penas dos índios da Amazônia Brasileirinha entra no clima bonachão do italiano ALEXANDRE FONSECA/SEMCOM IONE MORENO RICARDO OLIVEIRA RICARDO OLIVEIRA ALBERTO CÉSAR ARAÚJO A partida pare- cia favorável ao ‘English Team’, mas foi a ‘Azzurra’ quem saiu vitorio- sa com o golaço de Mario Balotelli

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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O comediante para-ense Rominho Braga se

inspira na própria vida para montar show de humor, que será apresentado hoje no Teatro Manauara.

PLATEIA

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA E ELENCO.

ANO XXVI – N.º 8.386 – DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

MÁX.: 33 MÍN.: 23TEMPO EM MANAUS

A obra da norte-americana Vivian Maier tornou-se um dos maiores tesouros foto-gráficos do século 20.

8177-2096DENÚNCIAS • FLAGRANTES

ARENAFERVEU

2X1AZZURRACom apoio da maioria da torcida na Arena da Amazô-

nia, a Itália venceu a Inglaterra por 2 a 1 na tarde deste sábado. A temperatura girou em torno dos 30ºC neste sábado, com quase 70% de umidade relativa do ar e sen-sação de abafamento. Claudio Marchisio abriu o placar para a Itália e Daniel Sturridge empatou logo depois. Já na etapa complementar, Mario Balotelli marcou o gol da vitória em Manaus. Pódio Jornal da Copa 4 e 5

Com o reforço do ex-presidente FHC, o senador mineiro Aécio Neves foi ofi cializado neste sábado como candidato do PSDB para a eleição à Presidência. Última Hora A2

PSDB lançaAécio parapresidente

CONVENÇÃO

BATUQUE NA FLORESTANo palco da Fan Fest, o grupo baiano Olodum transformou o domingo num dia de grande agitação, levando

mais de 10 mil pessoas à praia da Ponta Negra. Pódio Jornal da Copa 9

Seguidores de religiões de ma-triz afro convivem com o precon-ceito e a violência gerados pela falta de conhecimento e fanatis-mo. Dia a dia C2 e C3

Amazonas éum dos maispreconceituosos

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O comediante para-ense Rominho Braga se

inspira na própria vida para montar show de humor, que será apresentado hoje no Teatro Manauara.

PLATEIA

Em tempo de Copa do Mundo, nem só a “ama-relinha” da seleção faz sucesso. A onda é inovar nas camisetas, sem fugir do verde e amarelo.

Na Ponta Negra, palco do terceiro dia da Fan Fest, o Olodum levou mais de 10 mil pessoas ao delírio

Até “centurião romano” apareceu na torcida da ItáliaItalianos descobriram adereços e penas dos índios da AmazôniaBrasileirinha entra no clima bonachão do italiano

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A partida pare-cia favorável ao ‘English Team’, mas foi a ‘Azzurra’ quem saiu vitorio-sa com o golaço de Mario Balotelli

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Candidatura de Aécio Neves é oficializada pelo PSDBAlém dos tucanos PSC, PSTU e PV também realizaram as suas convenções nacionais ontem, apresentando seus candidatos

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu oficialmente o posto de candidato dos tu-

canos à Presidência da Repúbli-ca num discurso com forte tom emocional e duras críticas ao PT e à gestão de Dilma Rousseff. Aécio disse que a gestão petista não tem se mostrado “digna” de atender às demandas da sociedade. Segundo ele, não há mais uma “brisa” de mudança no ambiente político, mas uma “ventania”. ”Um tsunami vai varrer do governo aqueles que não têm se mostrado dignos de atender as demandas da sociedade”, concluiu.

A convenção nacional do partido aconteceu na manhã de ontem, em São Paulo. Os principais nomes do PSDB es-tiveram ao lado de Aécio no evento, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Ge-raldo Alckmin, e seu antecessor no cargo, José Serra.

O presidenciável acusou o PT de ter enganado o povo que o elegeu. “Acreditaram na propaganda de quem dizia de-fender a ética e elegeram um governo que foi protagonista de um dos mais vergonhosos casos de corrupção da nossa história”, afirmou, em referência ao mensalão. O discurso teve uma conotação defensiva. Há mais de uma década o PT acusa o PSDB de ser privatista e não ter sensibilidade social.

Numa resposta a isso, Aécio fez um longo resgate de ações

do governo FHC e disse que foi o tucano quem lançou pedras fundamentais para a criação de programas como o Bolsa Fa-mília. “Nós governamos para as pessoas”, disse, citando a cria-ção dos genéricos, e programas como o Saúde da Família

Pastor e metalúrgicoAlém dos tucanos o Partido

Social Cristão (PSC) homolo-gou ontem, durante convenção nacional, o nome do Pastor Everaldo Dias Pereira como candidato à Presidência da Re-pública. A convenção ocorreu na Assembleia Legislativa de São Paulo, com a presença de 60 delegados, dos quais todos votaram no pastor Everaldo. Durante discurso fez críticas à atual política econômica e tribu-tária e disse que para promover mudanças no país é preciso a existência de um Estado míni-mo. Ele criticou a existência de tantos ministérios (39).

Outro a realizar convenção nacional, o PSTU lançou on-tem oficialmente a candidatu-ra do metalúrgico José Maria de Almeida, o Zé Maria, à Presidência da República. A legenda escolheu a professo-ra e assistente social Cláudia Durans para a candidatura de vice-presidente. Zé Maria cri-ticou a atual gestão da presiden-ta Dilma Rousseff e disse que o país segue sendo governado com base nos interesses das grandes empresas. Segundo ele, o PSTU usará a força dos trabalhadores e dos jovens.

O Partido Verde (PV) definiu ontem o mé-dico e ex-deputado federal Eduardo Jor-ge como candidato da legenda na eleição para presidente da Re-pública, em outubro. A atual vice-prefeita da Bahia, Célia Sacra-mento, também do PV, complementa a chapa como vice.

Segundo Eduardo Jorge, que também foi secretário municipal de Saúde e de Meio Ambiente de São Pau-lo, além de deputado estadual, o PV quer se colocar como opção al-ternativa na disputa.

“O PV é um partido do século 21. Os três parti-dos grandes (PT, PSDB e PSB) ainda estão no século 20. Eles continu-am ligados naquele ve-lho sistema capitalista e socialista, em que a questão do meio am-biente é considerada uma coisa secundária, quando não desprezí-vel”, disse Jorge.

PV escolheEduardo Jorge

Ex-presidente FHC esteve na convenção nacional do PSDB para apoiar a candidatura de Aécio

ORLANDO BRITO/PSDB/MG

Reféns são usados como cordão humano em assalto

Ladrões armados com fu-zis invadiram uma empresa na madrugada de ontem, na cidade de Lindolfo Collor (RS), a aproximadamente 50 quilômetros de Porto Ale-gre, fizeram 15 funcionários reféns e tentaram explodir caixas eletrônicos.

Na ação, funcionários da companhia, a indústria de couro Minuano, foram usados como uma espécie de “cor-dão humano” para evitar uma eventual chegada da polícia. Dentro da fábrica, o alvo dos ladrões eram os caixas eletrô-nicos de um posto bancário do Banco do Brasil.

Ao menos três homens usando toucas renderam o segurança da empresa enquanto um ônibus que levava empregados deixa-va o local.

O grupo obrigou o moto-

rista do ônibus a estacionar o veículo na diagonal na via diante da fábrica e espalhou pregos pela rua, segundo a Brigada Militar.

Os ladrões usaram dinami-te para tentar explodir dois caixas eletrônicos. Os equipa-mentos não chegaram a ser destruídos, mas os bandidos podem ter levado o dinheiro que estava na parte superfi-cial dos caixas.

Os homens fugiram em um carro e ninguém havia sido preso até o final da tarde desse sábado. Não houve feridos.

Os reféns usados como “cordão humano” informa-ram à polícia que os homens portavam fuzis.

Os homens consegui-ram fugir em um Ecos-port e ninguém foi preso até o momento.

RIO GRANDE DO SUL

Bandidos usaram dinamites para tentar arrombar caixas

Clientes ignoram nova avaliaçãoNa disputada praça de ali-

mentação do shopping Cen-ter 3, na avenida Paulista, frequentadores almoçavam na sexta (13) sem reparar nos novos adesivos dos restau-rantes do estabelecimento.

Os banners da Agência Na-cional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que separam 2.075 estabelecimentos de todo o país em três categorias (“A”, “B” e “C”), começaram a apa-recer nos últimos dias.

“Almoço aqui todo dia e não tinha visto a placa”, conta a bancária Denise Silva, 25, prestes a fazer seu pedido no Gendai, de nota “C”.

A letra indica o grau de higiene do estabelecimento e, com isso, o risco de con-taminação da comida. A nota considera, por exemplo, se há controle de temperatura dos alimentos e se estão certos os

procedimentos de limpeza.A avaliação pretende tam-

bém pressionar por melhorias, ao permitir comparações entre estabelecimentos.

Funcionários do Gendai afirmam que, no dia da vis-toria, estavam com menos pessoal e a limpeza atrasou. Ainda assim, dizem que a re-percussão da placa foi quase nula. “Está aí desde a semana passada e ninguém ligou”, diz o subgerente Vinícius.

A rede afirma, em nota, que “já tomou as devidas providências” e ressalta que outras lojas Gendai tiveram “desempenho satisfatório”.

Em Brasília, o novo selo passou desapercebido até por proprietários dos locais fiscalizados e havia dúvi-das entre quem percebeu a letra colada.

“Eu vi (o adesivo) Diz ‘B’,

mas não diz se isso é bom ou ruim”, comenta o geólogo Paulo Guimarães na saída de um café no Distrito Federal.

A nota de cada estabele-cimento é determinada pela somatória dos problemas en-contrados em vistoria.

CritériosTodos os locais que recebe-

ram os selos, com qualquer nota, cumprem os critérios mínimos sanitários para funcionar.

Dessa forma, o cliente não deve pensar que existem ra-tos num restaurante “C”.

“Isso seria risco iminente (à saúde); cabe interdição sem processo”, explica André Go-doy, gerente de alimentos da vigilância sanitária do Distri-to Federal.

“A lista (“C”, “B” e “A”) é dos aprovados: bom, muito bom e excelente”, diz.

HIGIENE

Avaliação nos restaurantes feita pela Anvisa vem passando despercebida por clientes

GIOVANNA CONSENTINI/ARQUIVO EM TEMPO

AGÊNCIA RBS

Vendavalatinge 11cidades

Um vendaval atingiu a região oeste de Santa Catarina na madrugada de ontem e 11 muni-cípios foram atingidos. Além dos destelhamen-tos de casas, houve queda de árvores em dois pontos da Rodovia BR 282, mas o tráfego foi liberado. Conforme a Defesa Civil, o vento chegou a 60 quilôme-tros por hora. O venda-val atingiu os municí-pios de Entre Rios, São Domingos, Ipuaçu, Xan-xerê, Bom Jesus, Ponte Serrada, Ouro Verde e Faxinal dos Guedes.

Em Santa Catarina, 400 mil pessoas foram afetadas pela chuva for-te na última semana. Em torno de 50 mil pessoas ficaram desalojadas e 6 mil, desabrigadas. Duas mortes foram registra-das, uma em Guarami-rim e outra em Mafra.

A Defesa Civil reco-menda que os mora-dores evitem o contato com as águas e não dirijam em lugares ala-gados. Também deve-se evitar transitar em pontilhões e pontes submersas e ter cui-dado com crianças que vivem próximo a rios e ribeirões.

SC

A02 - ÚLTIMA HORA.indd 2 15/6/2014 01:24:34

MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 A3Opinião

Há um ano, no dia 13 de junho, o Movimento Passe Livre fez ecoar a “voz das ruas” contra o aumento de R$ 0,20 na passagem de ônibus. Foi violentamente reprimido, em São Paulo, e o tiro da polícia saiu pela culatra. A voz treplicou em mais de cem cidades do país, agregando novos valores aos R$ 0,20 iniciais: eram exigidas mudanças mais caras aos que estão acostumados a comandar o país por meio de conchavos e negociatas políticas e fi nanceiras nos bastidores. Os três poderes da República sentiram-se acuados e trataram de estabelecer estratégias para estancar o que parecia uma grave sangria.

O movimento foi criticado por não estar ligado a nenhum tipo de organização, por isso seria “anarquista” (o termo que mais se usou): por não possuir uma “programática”, não possuir um líder, isto é, o Movimento Passe Livre era censurado ou patrulhado justamente pelo que tinha de melhor: nenhum compromisso com os partidos que perderam o bonde da história. Com o mesmo cinismo de sempre, os censores do movimento, apresaram-se a anunciar ajustes em suas pautas de comportamento. Nada foi cumprido e o país vai se aproximando de mais uma eleição, desta vez majoritária, com as mesmas normas.

O historiador Voltaire Schilling, lembrou ontem ao “G1”, que as manifestações que se iniciaram em junho de 2013 foram o maior levante da população brasileira desde as diretas- já, movimento que reivindicou eleições presidenciais diretas entre 1983 e 1984. O país, que parecia ter encontrado o Paraíso, descobriu-se descontente. Nos corredores dos palácios do Executivo, do Legislativo e do Judiciário as costuras continuam, no sentido de evitar aquilo que um parlamentar da ditadura de Getúlio Vargas aconselhava: “Vamos fazer as mudanças, antes que o povo as faça”. Só não sabem ou não querem mesmo fazê-las.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para a organização da Arena da Ama-zônia, durante o jogo Itália X Inglaterra. Entrada tranquila, serviço de informações perfeito, colaboradores atentos, banheiros limpos e identifi cação de lugares sem problema. Foi show de bola!

Organização da arena

APLAUSOS VAIAS

Realeza em Minas

Também no dia 24 de junho, o príncipe Harry vai ao Mineirão para assistir à partida entre In-glaterra e Costa Rica, válida pela terceira rodada do Grupo D da Copa do Mundo.

Azarando

Sabrina Sato vai ter a possi-bilidade de fi car frente a frente com o príncipe Harry.

A apresentadora da Record faz parte da seletíssima lista de convidados que participarão do baile que será realizado em ho-menagem ao monarca na sede do consulado britânico, no próximo dia 25 de junho, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.

Então tá, japa!

— Fiquei muito feliz com o convite, mas ainda não con-fi rmei presença, pois a minha agenda de gravação está uma loucura –, afi rma Sabrina, cujo nome foi aprovado pelos repre-sentantes do Palácio de Buckin-gham, na Inglaterra.

Troco

A torcida do Amazonas deu troco ontem ao técnico Roy Hodg-son, da seleção da Inglaterra.

Pivô da polêmica com a capi-tal do Amazonas, criticada pelo clima quente e úmido, Hodgson viu sua seleção ser vaiada toda vez que seus jogadores pegavam na bola.

Italianos

A Itália contou com o apoio da maioria do público em Manaus assim que subiu ao gramado para o aquecimento.

Umidade

A temperatura girou em torno dos 30ºC neste sábado.

Mas isso com quase 70% de umidade relativa do ar e sensação de abafamento.

Estafados

Apesar do jogo ter começado às 18h (hora local), era visível a estafa dos jogadores, tanto italianos quanto ingleses.

O 4º árbitro não suportou o calor e acabou desmaiando.

Italiano gostou

O técnico da seleção italia-na, Cesare Prandelli, colocou um ponto fi nal na boataria de que o gramado da Arena da Amazônia estava prejudicando.

Veredicto

Na noite desta sexta-feira, após conduzir o treino de reco-nhecimento do campo, à véspera da estreia contra a Inglaterra, ele deu seu veredicto.

— O gramado está em boas, eu diria até ótimas condições de jogo – disse Prandelli.

Rede de boatos

Ainda de acordo com Cesare, as informações que a equipe havia recebido sobre o gra-mado da Arena da Amazônia foram as piores.

Mas ele constatou que não eram reais.

— Está em condições de rece-ber um bonito jogo –, declarou o técnico, encerrando as especula-ções sobre o campo.

Belo estádio

Sobre a Arena da Amazônia, o técnico disse que é um estádio muito bonito.

E possibilita uma acolhida mui-to especial pela torcida, porque a arquibancada é muito próxima do campo.

Olodum

Quem pensou que o show do Olodum, na Fifa Fan Fest da Ponta Negra, havia acabado quando começou a partida Itália e Inglaterra, se enganou.

Depois dos 2 a 1 da Azurra, o grupo baiano voltou ao palco para encerrar a festa deste sábado.

Praia, som e telão

Não faltaram elogios à organi-zação da Fan Fest de Manaus.

A cada dia, a Ponta Negra vai mostrando porque tem se torna-do o principal ponto de encontro para quem quer acompanhar os jogos da Copa.

Isto é que é

Principal patrocinadora da Copa do Mundo da Fifa, a Coca–Cola levou um grupo de jornalistas de Manaus à Arena da Amazônia para assistir ao clássico dos cam-peões, Itália e Inglaterra.

A concentração foi no almoço ama-zônico do restaurante Banzeiro.

Rainha

Imensas fi las se formaram, on-tem, no restaurante Banzeiro.

Mais de 70% do púbico eram de Italianos e ingleses. Houve até um sósia da rainha Elizabe-th 2º que chegou para almoçar de vestido clássico, salto, colar e coroa de soberana.

Para os preços praticados dentro da Arena da Amazônia. Água e refrigeran-tes estavam custando R$ 8, enquanto que o copo de cerveja era cobrado o absurdo de R$ 13.

Torcedor explorado

O príncipe Harry estava sim na arena para assistir à derrota de sua seleção.Mas a imprensa local não conseguiu furar o bloqueio do camarote very

Vip da Fifa, montado na Arena da Amazônia.Por alguns momentos, surgiram dúvidas se realmente o filho de Charles

estava mesmo na arena.“Veio-não-veio” foi o que mais se ouviu nas conversas de jornalistas que

estavam na arena.

Alguém viu o príncipe por aí?

[email protected]

Em junho, há um ano

Joaquim Barbosa anunciou apo-sentadoria para tão logo se extinga seu mandato de presidente do Su-premo. Vai fazer falta e deixará um vácuo que parece não ter, entre os que lá fi carão, quem preencha. Se há, ainda não se revelou. Quem sabe, por timidez, ou por medo (quem não tem?), ou mesmo por falta de estofo, já que competência intelectual, por defi nição, ali não deve faltar, embora haja quem já andou tropeçando na caminhada judiciária.

O “Homem” como afetivamen-te nos acostumamos a chamá-lo depois de tantos e tantos anos de só decepções com tantos que receberam o já fatídico título de presidente (ou de presidenta), uniu numa só pessoa qualidades que raramente se juntam, pois o comum é que, quando uma haja, as outras escasseiem, e assim por diante, num infi ndável rodízio.

Mas, dizia eu, no “Homem” se juntaram a boa formação acadê-mica, que até incluiu pós-graduação na França, a coragem abundante e sempre presente e, sobretudo, a honradez e a dignidade que só aparecem quando o caráter se nutre fartamente da moralidade incon-dicional. Como diria Kant, nele a vontade moral se exerce e se rege por imperativos categóricos, que afastam os imperativos hipotéticos, onde a vontade se deixa submeter a condicionamentos e a resultados quase sempre inconfessáveis e, as-sim, deixa de ser moral.

Sua origem já revelada foi na pobreza e, para desmentir a falácia do Lula, chegou onde chegou sem se servir das tais quotas para ne-gros, índios, pobres etc., embora pelo menos duas das condições tenha preenchido: foi pobre e continua a ser negro.

Quando Lula, por uma dessas pe-ças que o Destino costuma pregar e que geralmente servem para fazer

cair as máscaras, decidiu pelo nome de Joaquim Barbosa para preencher vaga aberta no Supremo, fê-lo para enaltecer a si mesmo, para apresen-tar como mérito seu (como se algum nisso houvesse) o fato “nunca antes acontecido na história deste país” de fazer chegar um negro à nossa Suprema Corte.

Não fui eu, mas ele mesmo, Lula, quem declarou que sua opção por Joaquim Barbosa foi ao fi m, deci-dida pelo fato de tratar-se de um negro, categoria até então ausente no Supremo.

Como sempre, prevaleceu o polí-tico que sempre joga para a platéia e não para o time, como seria sua obrigação. Jogou para a platéia e, ao mesmo tempo, achou que teria plantado no Supremo mais um súdi-to pronto a cumprir as suas ordens e atentar aos seus interesses, quando se apresentassem.

Pobre Lula! Exatamente no seu governo haveria de ocorrer o maior escândalo da história política bra-sileira: o Mensalão. Muito justo, por sinal, pois se ele mesmo em tudo que fazia colocava o rótulo do “nunca antes na história deste país”, também em se tratando de falcatrua e escândalo teria que se fazer presente a mesma etiqueta.

Por pura inferência, acredito que o ministro, ciente dos seus próprios méritos e das suas qualidades, nunca se sentiu devedor do seu nomeador, e assim assumiu o cargo para cumprir o dever de jurista e jurisconsulto.

E aí o Destino se intrometeu e veio jogar, por sorteio, precisamente no colo de Joaquim Barbosa essa “jaca mole” chamada mensalão, para que dela fosse o Relator.

Vá com Deus, ministro. Sua apo-sentadoria é legal e justa e, ademais, dá para compreender que sua con-vivência no Supremo não deve estar fácil e mais difícil fi caria, a cada nova nomeação petista.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Bom, enquanto durou

[email protected]

Regi

Pobre Lula! Exatamente no seu go-verno haveria de ocorrer o maior escân-dalo da his-tória política brasileira: o Mensalão. Muito justo, pois se ele mesmo em tudo que fazia coloca-va o rótulo do ‘nunca antes na história deste país’, em se tratando de falcatrua se faria presen-te a mesma etiqueta”

DIVULGAÇÃODIVULGAÇÃO

A03 - OPINIÃO.indd 3 15/6/2014 01:28:59

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

FrasePainelVERA MAGALHÃES

A campanha petista está dividida sobre o tom que Dilma Rousseff deve adotar diante da queda nas pesquisas. A ala liderada pelo ex-ministro Franklin Martins quer que ela antecipe o embate político e assuma um tom ofensivo contra os adversários e a imprensa. Ele argumenta que o Planalto está na defensiva e tem se deixado pautar pela oposição. O marqueteiro João Santana defende que Dilma não deve cair no “bate-boca” e pede paciência até o início da propaganda na TV.

Clima quente Os dois grupos trocaram palavras ríspidas na última reunião no Palácio da Alvorada, dia 2. Segundo partici-pantes, Dilma indicou concordar com a linha sugerida por Santa-na. Ao menos por enquanto.

Nós e eles O presidente do PT, Rui Falcão, atenua as divergên-cias e diz que as comparações com o projeto do PSDB serão inevitáveis. “Vamos mostrar o que nós fi zemos e o que nós faremos.”

Venezuela Os petistas pro-metem não recuar no debate sobre o decreto que cria a po-lítica de participação social. A oposição diz que a medida é “chavista”. O governo rejeita o adjetivo. “Será um teste. Vamos ver quem está de que lado”, desafi a Falcão.

Barrado no baile O senador Armando Monteiro (PTB), candi-dato ao governo de Pernambuco, foi barrado por seguranças da Presidência em seu próprio pré-dio, onde ofereceu jantar a Dilma e Lula na sexta-feira (13).

Libera o doutor O segurança pediu que o porteiro interfonas-se para saber se o parlamentar

podia subir. “A casa dele é aqui...”, respondeu o funcionário.

Esquimó O ex-presidenciável Randolfe Rodrigues afi rma que o PSOL errou ao encampar o discurso contra a Copa. Para ele, não se pode confundir a crítica aos gastos com o futebol. “Isso daria certo no Alasca, não no Brasil”.

Cachimbo da paz O vice-presidente americano, Joe Biden, enviou sinais de que pretende tratar sua visita ao Brasil como um gesto de nor-malização das relações com o país, após as denúncias de espionagem dos EUA.

Eu acendo O Planalto deve ser receptivo ao “namoro”, diz um auxiliar de Dilma. No iní-cio, a aproximação terá uma agenda mais leve. Serão evi-tados temas polêmicos, como disputas comerciais e tensões diplomáticas.

Queixa ao bispo As seis cen-trais sindicais do país fi zeram reclamação contra o Brasil na OIT (Organização Internacio-nal do Trabalho). As entidades protestam contra decisões da Justiça do Trabalho sobre o

direito de greve.

Batalha do Metrô As cen-trais reclamam da concessão de liminares que obrigam os trabalhadores a manter ser-viços considerados essen-ciais ou impedem a realiza-ção de piquetes.

82º senador Parlamentares se dizem impressionados com a presença assídua de Paulo Schmidt, presidente da Ana-matra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), em gabinetes do Se-nado. Seu lobby por benefícios para juízes gera desconforto na Casa.

Eu explico Schmidt alega que as associações de juízes “sem-pre fi zeram interlocução com o Congresso”. Ele sustenta que a Anamatra defende, “além da pauta corporativa, assuntos so-bre a estrutura do Judiciário”.

Tipo exportação Luís Rober-to Barroso, o ministro do STF, foi convidado a falar amanhã em evento das Nações Unidas, em Nova York. Vai abordar a inclusão da justiça como um dos objetivos de desenvolvimen-to do milênio.

Cabo de guerra

Contraponto

Ao cumprimentar as autoridades no palanque de um evento do PT na última sexta-feira (13), no Recife, o ex-presidente Lula fez uma pausa após citar o nome do ministro da Educação, Henrique Paim.– Paim, levanta para todo mundo ver! – pediu o petista, ao microfone.O ministro, que não está entre os integrantes mais altos da Esplanada, se levantou pron-tamente.– Quando você fala “ministro”, as pessoas acham que é um homem grande... Se você fi car sentado, ninguém vai te ver! – brincou Lula.

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Tamanho não é documento

Tiroteio

DO PRESIDENTE DO PT-SP, EMIDIO DE SOUZA, sobre a afi rmação do tucano de que as vaias na abertura da Copa do Mundo mostram uma ‘presidente sitiada’.

Em vez de defender a civilidade e condenar as ofensas a Dilma, Aécio pre-fere pegar carona na deselegância e no preconceito.

A fé e consequentemente a identidade cristã se alimentam da memória. Ter fé é acreditar em eventos salvífi cos que são narrados nas escrituras sagradas e celebrados na liturgia. Fazer memória atualiza o mistério e os que celebram são inseridos no mesmo, apropriando-se dele e sendo por ele envolvidos. Já a fé de Israel é vivida assim e a celebração da Páscoa mantém a unidade entre as gerações no decorrer dos séculos e permite a cada nova geração viver de novo a experiência do Êxodo que é constitutiva da identidade do povo da primeira aliança.

Para a Igreja Católica a memó-ria fundamental, em torno da qual se estrutura e em vista da qual se organiza e vive, é a memória da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Esta memória é a razão da sua existência e ela existe para anunciar este mistério até a volta do Senhor. Segundo os re-latos, sobretudo paulinos, Jesus deixou um sinal desta memória ao abençoar o cálice e o pão na última ceia e ao ordenar a sua Igreja que assim o fi zesse até que voltasse. De geração em geração a Igreja repete o gesto de Jesus. Ele é tão fundamental que em torno dele se organiza toda a sua vida. Os que presidem a Eucaristia são ordenados para tanto. Só participam plenamente dela os que são batizados, isto é, membros inseridos no seu mistério. Há situações objetivas de comportamento que impedem a comunhão e para que esta se restabeleça existe o sacramento da reconciliação.

Não se entende a identidade católica sem a Eucaristia e ser católico é participar da missa e acreditar no que ela representa, mesmo quando por falta de mi-

nistros ou por razões geográfi cas o fi el não pode participar com a frequência desejada. Foi natu-ral que no decorrer da história esta fé fosse se solidifi cando e surgisse na igreja a adoração eucarística que começa quando se guarda o pão consagrado para levá-lo aos doentes e pri-sioneiros bem como para enviá-lo para as comunidades mais distantes em sinal de comunhão. Sem esquecer que a Eucaristia é em primeiro lugar sacramento que faz memória da Páscoa de Jesus e da doação total de sua vida em favor da humanidade e que, por isso mesmo, compro-mete a quem dela participa a seguir os passos do Ressuscita-do, a igreja também adora esta presença real que supera todo entendimento e que exige fé na gratuidade da ação divina que supera toda imaginação e toda racionalidade.

No dia do Corpo e Sangue do Senhor a comunidade sai às ruas e caminha atrás da hóstia con-sagrada para dar testemunho da sua fé na presença real de Jesus na Eucaristia. Poderíamos dizer que das múltiplas procissões e festas que se sucedem ao longo do ano esta é a que marca por excelência a sua identidade. O Brasil é um país de tradição católica e isto explica o feriado, mas é claro que o pluralismo religioso o marca e isto é uma riqueza se soubermos nos respei-tar e admirar a profundidade de cada experiência religiosa. Co-nhecer-nos melhor é o primeiro passo para o amor e o respeito mútuo. Como católico quis par-tilhar este aspecto fundamental de nossa experiência de fé, pois às vezes elementos secundários e não constitutivos são muito mais visíveis.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

De geração em geração a igreja repete o gesto de Jesus. Ele é tão funda-mental que em torno dele se organiza toda a sua vida. Os que presidem a Eucaristia são orde-nados para tanto. Só participam plenamente dela os que são batiza-dos, isto é, membros inseridos no seu mistério”

Memória

Olho da [email protected]

Quem foi à primeira Fan Fest descobriu que o barato sai caro, como esse torcedor que nem chegou a saber o resultado do jogo do Brasil contra Croácia, se por acaso esteve interessado. Não foi o único a formar a nova dupla do sertanejo universitário pós-Copa: Fuleiros do Fuleco (não sem pagar antes os direitos autorais da Fifa)

Eu acho que a instituição Presidência da República, liderada por uma mulher, tem que ser respeitada. Eu vi alguns moleques gritarem no campo e não eram ne-

nhum pobre que estava passando fome, que não tinha escola. Pelo contrário, parecia que comiam demais e

estudavam de menos porque perderam a vergonha e a falta de respeito com nossa presidente

Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, criticou na sexta-feira 13 as vaias direcionadas à presidente Dilma Rousseff du-

rante a abertura da Copa do Mundo, quinta 12, no Itaquerão, em São Paulo. Chamou de moleques os autores dos xingamentos.

DIEGO JANATÃ

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A04 - OPINIÃO.indd 4 15/6/2014 01:31:39

MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 A5Política

Adversários fazem mistério sobre programa de governoPré-candidatos estão montando consultorias em diversos segmentos para captar informações às suas plataformas de campanha

Diante de pesquisas que apontam um elei-torado insatisfeito e com forte desejo de

radicais mudanças na maneira de governar, pré-candidatos ao governo do Amazonas nestas eleições já trabalham estraté-gias para incrementar seus res-pectivos programas de governo e captar o almejado voto da “mudança”. Nessa batalha pela melhor vitrine, a escalação de conselheiros ou a verticalização de ideias são medidas adotadas pelos concorrentes.

Tendo passado por mais de 20 municípios desde janeiro deste ano, as caravanas que tem feito o pré-candidato do PMDB ao go-verno, senador Eduardo Braga, pelo interior foram pensadas para representar muito mais do que uma forma de fortalecer os laços do peemedebista com o eleitorado interiorano, onde desfruta de popularidade. Bati-zadas de “o PMDB ouve você”, as viagens visam captar o má-ximo de propostas do interior e reclamações dos moradores em setores como saúde, educação e infraestrutura.

Para consolidar essas re-clamações e posteriormente transformá-las em braços do plano de governo peemede-bista, Braga já conta com um time de especialistas em cada setor, chamado pelos seus alia-dos de “núcleo de pesquisa”. Essa equipe reúne engenhei-ros, economistas, educadores e conselheiros que trabalham cruzando os dados arrecada-dos no interior com a satisfa-ção do eleitor com a possível proposta do PMDB. Todo esse aparato será, após a finaliza-ção da pesquisa, transformada em propaganda eleitoral nas mãos do marqueteiro Carlos Colonnese, conforme apurado pela reportagem.

Já nas mãos do marqueteiro do governador José Melo (Pros), Raimundo Luedy, estarão dados em fase final de consolidação,

segundo aliados do pré-candi-dato à reeleição. Interlocutores afirmaram que a equipe de Melo trabalha agora no cruzamento dos dados arrecadados a partir de aliados em todos os muni-cípios do Estado. O governador tem uma agenda de viagens ao interior para cumprir nos próximos meses, mas não tem conseguido executá-la.

EstratégiaEncurralada em um cenário

de poucas alternativas de co-ligação, a deputada Rebecca Garcia (PP) tem buscado no reduto de aliados próximos ao presidenciável Aécio Neves (PSDB) a base das propostas que irá apresentar a partir do fim deste mês. Há muito tempo que progressista mantém ne-gociações com o tucano e seus aliados, uma forma de viabilizar nacionalmente a aliança com o PSDB do Amazonas, onde o prefeito e principal lideran-ça da sigla, Arthur Virgílio, se mantém distante.

Rebecca tem carta branca do governador de Minas Gerais (MG), Alberto Pinto Coelho (PP) para acessar dados de projetos de sucesso implantados no Es-tado, forte aliado aos tucanos. Na capital, ela tem contato com a ajuda de um corpo de con-selheiros formado pela cúpula das pastas estaduais de Fi-nanças (Sefaz) e Planejamento (Seplan), além de mestres da Universidade Estadual do Ama-zonas (UEA) e da Faculdade Federal do Amazonas (Ufam).

Segundo Rebecca, há cuida-dos para não revelar o nome desses aliados. “Essas pessoas temem serem perseguidas”. A deputada afirmou ainda que há no Estado muitas controvérsias sobre os dados sociais, pois “são muito maqueados”. “Hoje, não há dados confiáveis no Estado. Nem o governador pode dizer se sabe ou não a real quantidade de analfabetos aqui. Esse é maior problema”, criticou.

No PSB do deputado Mar-celo Ramos, haverá a mesma articulação feita pelo seu pa-lanque nacional, o presiden-ciável Eduardo Campos na dobradinha com a ex-minis-tra e vice na chapa, a ex-se-nadora Marina Silva. Ramos estabeleceu um calendário de encontros programáticos que serão apresentados por meio de debates com cola-boradores e entidades civis organizadas. A apresentação desse pacote será apresen-tada durante a convenção estadual da sigla.

“A mudança começa na elaboração do projeto de governo. No meu caso, ire-mos trocar a velha tática da convenção pela apre-sentação do nosso conte-údo programático, com a participação do povo, maior

interessado em ouvir reais propostas. Não queremos condutas da velha políti-ca”, disse Ramos. Os pré-candidatos Hissa Abrahão (PPS), Chico Preto (PMN) e Henrique Oliveira (SDD) não foram localizados pela reportagem para comentar sobre seus respectivos pro-gramas de governos.

Reuniões para elaborar propostas

TÁTICAAssim como o PSB nacional vem buscan-do informações nos Estados para montar o conteúdo programá-tico de seu candidato presidencial, Marcelo Ramos também ado-tou mesma tática

Marcelo Ramos aposta em sua pré-candidatura ao governo

Pré-candidato à reeleição, o governador José Melo (Pros) se prepara para oficializar sua candidatura nos próximos dias. Interlocutores afirmam que o programa de governo está sendo consolidado

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

Rebecca tem realizado uma série de sondagens para seu projeto

Braga tem realizado sucessivas reuniões no interior do Estado

MICHEL DANTAS/AGECOM

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Lava a Jato: MPF ‘seguiu o dinheiro’ de campanhas

A operação Lava a Jato é produto da estratégia do Ministério Público Federal de adotar o lema “siga o dinhei-ro”, para investigar a origem do fi nanciamento eleitoral. A Lava a Jato pôs na cadeia doleiros que atuam para gran-des partidos, lavando dinheiro sujo da corrupção, e até o ex-diretor da Petrobras Pau-lo Roberto Costa, que a PF acredita ser um “banco cen-tral” de políticos que há anos comandam o Congresso.

Resolvedor-geralInvestigadores acham que

Paulo Roberto Costa seria “re-solvedor-geral” de problemas para fi gurões da política, inclu-sive fi nanciar campanhas.

MapeamentoProcuradores fazem um cru-

zamento de dados para mape-ar negócios obtidos no setor público por fi nanciadores de campanhas eleitorais.

Começa assimNo Brasil, é comum os polí-

ticos compensarem os fi nan-ciadores de suas campanhas garantindo-lhes negócios com o Estado brasileiro.

PrioridadesDe um leitor indignado:

“tantos helicópteros para a segurança da Copa, e quase nenhum para acudir as vítimas das enchentes no PR e SC”.

Bolsa Família: R$ 8,4 bi-lhões na ‘veia’ do eleitor

Em pleno ano de eleição, o governo Dilma distribuiu R$ 8,45 bilhões diretamente a famílias “em condição de pobreza e extrema pobreza”, nos primeiros quatro meses do ano, por meio do Bolsa Família. Em 2010, último ano de governo, o ex-presi-dente Lula destinou R$ 14,4

bilhões ao Bolsa Família. Se continuar no mesmo ritmo, Dilma deve gastar, no seu úl-timo ano de governo, quase o dobro do antecessor.

Ano eleitoralEm 2013, o governo Dilma

gastou R$ 24,8 bilhões com o programa Bolsa Família. Este ano a cifra pode ultrapassar os R$ 27 bilhões.

Dez bi a maisNo primeiro ano de gover-

no Dilma os gastos com o Bolsa Família foram de R$ 17,3 bilhões. Em 2013 gastou R$ 7,5 bilhões a mais.

MonitoramentoA turma do “comitê popular

da Copa” denunciou à Anistia Internacional e à OAB que tem sido monitorada e procurada em casa e no trabalho.

Bateu, levouO deputado Marco Maia

(PT-RS), relator da CPMI da Petrobras, encontrou o colega Fernando Francischini (SDD), que levou uma pizza para a reunião da comissão, e alfi -netou: “Lugar de palhaço é no circo”. O deputado oposicio-nista reagiu na bucha: “E o de ladrão, é na cadeia”.

Missão impossívelMembros da CPMI da Petro-

bras defendem obstrução da votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias para impe-dir o recesso no Congresso e manter na ativa a comis-são de inquérito. Difícil é os partidos aceitarem.

Sem dinheiro no balcãoDeputados do PR dizem

que o ministro César Bor-ges (Transportes) quer a cabeça do diretor-geral do Dnit, mas eles já não têm o mesmo interesse de antes, porque, em ano eleitoral, o órgão fi ca “engessado”.

Nem pensarPré-candidato ao gover-

no do Amazonas, o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB), já avisou ao governo que não vê hipó-tese de oferecer a vaga de vice para o desafeto Alfredo Nascimento (PR-AM).

Jogou a toalhaO senador João Vicente

Claudino (PTB) não aceitou as ponderações feitas pelo ex-presidente Lula em visi-ta ao Piauí, na sexta-feira (13) e manteve a decisão de renunciar à reeleição. A preocupação do PT é que isso fragiliza a candidatu-ra do senador Wellignton Dias ao governo.

Fio da navalhaO senador Benedito Lira

(PP-AL) acha “natural” apoiar Dilma (PT) em Brasí-lia e Eduardo Campos (PSB) em Alagoas. Ele prefere um presidente “comprometido com o Nordeste”.

SoluçãoO tucano Aécio Neves

pressiona os correligioná-rios Simão Jatene e Cássio Cunha Lima para lançar duas candidaturas ao Senado, no Pará e Paraíba. Aécio pre-fere a reeleição de Cícero Lucena e Mário Couto.

Fera feridaAssessores do Planalto se

depararam com o nervosismo da presidente Dilma após as sonoras vaias e xingamen-tos na abertura da Copa. “Ela soltou os cachorros com os assessores e ministros”, conta um deles.

IngratosComentários on-line do jor-

nal “Granma” torceram pela Croácia, no jogo contra o Bra-sil. E dizem preferir Alemanha e Uruguai, na Copa.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

Não consegui unir nem o meu partido em torno da candidatura”

RANDOLFE RODRIGUES (PSOL-AP), que desistiu de se lançar candidato a presidente

PODER SEM PUDOR

Tempo esgotadoO senador Pedro Simon (PMDB-RS) fazia

duras críticas à indicação de Tereza Grossi para a diretoria de fi scalização do Banco Central, quando foi interrompido pelo senador Antônio Carlos Magalhães, o ACM, que presidia a sessão:

- O seu tempo acabou, senador.Simon foi rápido no gatilho,

como sempre:- Eu excedi nove minutos e 22 segundos,

senhor presidente; dona Tereza vai fi car no cargo por 4 anos.

Ela acabaria abatida pelo escândalo dos bancos Marka e Fonte Cidam.

Aécio Neves ofi cializa candidaturaO senador Aécio Neves

(PSDB-MG) assumiu ofi cial-mente neste sábado (14) sua candidatura à Presidência da República. Em seu discurso, apresentou-se como opção para uma “mudança confi á-vel”. Ele escolheu São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, como palco do evento.

Numa crítica à presidente Dilma Rousseff (PT) e num aceno ao mercado, defen-derá uma gestão econômica “fi rme e transparente”.

Aécio decidiu falar de im-

proviso, mas as linhas gerais de seu pronunciamento indi-cam que ele destacará seus compromissos sociais.

Ele deverá garantir a manu-tenção e o “fortalecimento” de programas como o Bolsa Família, numa tentativa de minimizar a exploração do tema pelo PT na campanha.

A convenção contou com pronunciamentos de diversos nomes do partido, incluindo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, principal fi ador da campanha de Aécio,

e o ex-governador de São Paulo José Serra, que por anos foi o principal desafeto de Aécio no PSDB.

O mineiro fez questão de reservar “um espaço nobre” para a fala de Serra na convenção. O ex-governa-dor abordou que o partido precisa estar unido para der-rotar o ciclo petista - que re-presentaria o “atraso” - para inaugurar uma nova era de “confi ança”. Serra enfatizará que a sigla pode contar com ele na caminhada.

ELEIÇÕES

Pré-candidato retirou, anteontem, seu nome da disputa e sugeriu nome do deputado Marcelo Freixo para o cargo

Randolfe, do Psol, desiste de disputar a Presidência

Randolfe disse que enfrentava divisões internas dentro do seu próprio partido, por isso desistiu

DIV

ULG

AÇÃO

Escolhido pelo PSOL para disputar a Presi-dência, o senador Ran-dolfe Rodrigues (AP)

retirou nesta sexta-feira (13) a sua pré-candidatura. Ele diz que tomou a decisão sozinho e agora sugere que o partido lance Marcelo Freixo, depu-tado estadual do Rio, para disputar o Planalto.

O senador não havia pon-tuado em nenhuma pesqui-sa do Datafolha até agora e enfrentava divisões inter-nas no partido. “Temos que fazer uma revisão profunda. A esquerda tinha que ter se renovado depois das manifes-

tações de junho, e isso não foi feito”, afi rmou.

“Nós tínhamos que apresen-tar uma novidade nesta elei-ção. A maior liderança do nosso partido não sou eu, é o Marcelo Freixo. Existe esse sentimento dentro do partido, mas nin-guém tem coragem de falar. Eu resolvi falar”, afi rmou.

Freixo, no entanto, descartou ser o novo candidato do partido à Presidência da República. Ele agradeceu a indicação do senador Randolfe Rodrigues (AP), que desistiu de disputar o Planalto, mas disse que a ideia não faria “sentido algum”.

“Vou apoiar a Luciana Gen-

ro. Agradeço a gentileza dele, mas não faz sentido algum. Tenho outra missão a cumprir no Rio”, afi rmou.

Freixo disse que disputará a reeleição como deputado estadual. Se próximo obje-tivo é concorrer novamen-te à Prefeitura do Rio, em 2016. “Não posso sair do Rio agora e dar um pas-so maior do que as minhas pernas”, disse.

“A decisão de retirar a candidatura foi do Randol-fe. Respeito as razões dele, mas não há crise no partido. Vamos nos unir em torno da Luciana”, concluiu.

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MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 A7Com a palavra

O MP é apo-lítico. Não temos, assim como a Jus-tiça Eleitoral, nenhuma apreciação no que diz respeito à atuação dos governantes. Nossa atri-buição será realizar uma eleição mais limpa possí-vel”

Até o dia 5 de julho essas ações são proibidas, mesmo que subliminar. Mas, vivemos em um país democrá-tico, com liberdade de opinião e muitas vezes as propagan-das vêm de forma sutil”

O procurador eleitoral da República, Ageu Florên-cio da Cunha, é membro do Ministério Público

Federal desde 1997, tendo ofi-ciado como procurador da Repú-blica nos Estados de Roraima e Amazonas. Já atuou como procu-rador-chefe e procurador regio-nal eleitoral na Procuradoria da República em Roraima (PR-RR) e na Procuradoria da República no Amazonas (PR-AM).

Atualmente, é titular do 3º Ofí-cio Criminal na PR-AM e pro-curador regional eleitoral no Amazonas. Ele deve permanecer à frente da função eleitoral no Estado até o final deste ano, e deverá comandar o processo eleitoral de 2014.

De postura imparcial, Ageu de-clarou que o órgão é uma institui-ção apolítica e que para o pleito deste ano espera que tudo ocorra da melhor forma possível. Em en-trevista ao EM TEMPO na semana passada, Ageu falou sobre as expectativas nas eleições deste ano, da divulgação do nome dos políticos fichas-sujas e também da fiscalização da propaganda na internet.

EM TEMPO – Este ano teremos eleições gerais. Como o MPF irá atuar nesse processo?

Ageu Florêncio – O Ministério Público Eleitoral já vem desde o ano passado com uma programa-ção relacionada ao planejamento das nossas atribuições no que diz respeito ao processo eleitoral. Em janeiro de 2013, tivemos três procuradores da República desig-nados como procuradores eleito-rais auxiliares para atuarem com atribuições específicas à questão relacionadas à propaganda, con-dutas vedadas e questões relacio-nadas a representações oriundas da lei 9.504, que é a lei que rege as eleições. Temos também um sistema de órgãos que compõe um corpo que irá trabalhar na fis-calização e no controle do proces-so eleitoral. No que diz respeito ao MPE, temos uma organização composta pelos procuradores da capital, que já estão atuando e efetivando algumas representa-ções de propaganda antecipada. Relacionados a zonas eleitorais, temos não somente os procura-dores da República, mas também os promotores eleitorais, que são indicados pelo Ministério Público Estadual e pelo procurador regio-

nal Eleitoral. Então, nós temos 60 promotores eleitorais em todas as comarcas.

EM TEMPO – Como vai ser a atuação no interior?

AF – Nós temos uma regula-mentação em que os promotores eleitorais permanecem na zona eleitoral fiscalizando e dando ci-ência à procuradoria sobre qual-quer ato em que eles entendam que extrapole a regularidade da campanha. Já tivemos promotor eleitoral que mandou denúncias a respeito de propaganda anteci-pada em alguns municípios, como Maués e Barcelos. Recebemos es-sas denúncias e os procuradores já formularam uma representa-ção e já foram até julgadas. Nesta eleição, todas as representações e reclamações são formuladas pela procuradoria junto ao Tribu-nal Regional Eleitoral (TRE).

EM TEMPO – No interior, existem muitos casos de com-pra de votos. Como a institui-ção vai atuar nesses casos?

AF – A fiscalização não é feita apenas no MP, mas em todos os órgãos que compõem o sistema. Até mesmo a população poderá contribuir. Vamos trabalhar em parceria com a Polícia Federal, que está com um planejamento específico para o pleito deste ano. Temos também a disponibiliza-ção de banners para orientar a população a fazer as denúncias. Daremos atenção a todas as espe-culações que chegarem até nós, para que nem a polícia nem o Ministério Público e nem a Justiça sejam usados por candidatos de maneira dolosa.

EM TEMPO – Quais as prin-cipais irregularidades cometi-das por pré-candidatos?

AF – As propagandas antecipa-das. Até o dia 5 de julho essas ações são proibidas, mesmo que subliminar. Mas vivemos em um país democrático, com liberda-de de opinião e muitas vezes as propagandas vêm de forma sutil. Recebemos também denún-cias de outdoors e distribuição de panfletos.

EM TEMPO – Este ano te-remos a primeira eleição estadual com a autorização da campanha eleitoral na internet. Como será feita essa fiscalização?

AF – A legislação eleitoral permite a propaganda via in-ternet. Mas, posso garantir que essa questão é um dos pontos

fortes do nosso planejamento, mas não vamos adiantar nada agora. Temos situações de ve-dação, como o caso de propa-ganda de internet paga, que é proibido; a compra de endere-ços de destinatários é proibida. Na semana passada realizamos uma reunião com o pessoal da Polícia Federal para traçar essas questões de fiscalização. Tam-bém estamos com a parceria de juízes eleitorais do TRE.

EM TEMPO – Na semana pas-sada foi divulgada a lista dos políticos fichas-sujas do Amazo-nas. O senhor acredita que essa exposição poderá ser favorável ao eleitor na hora de decidir sobre qual candidato votar?

AF – Isso foi altamente posi-tivo. Minha avaliação são que os órgãos que detêm esse tipo de informação de maneira ori-ginária devem dar publicidade. Acho que isso poderá sim in-fluenciar na decisão do eleitor na hora de escolher seu candidato. A informação a respeito de an-tecedentes de eventuais candi-datos vai munir o eleitor para tomar sua decisão.

EM TEMPO- No fim de 2013 o Tribunal Superior Eleitoral apre-sentou uma resolução que tira a autonomia dos MPEs em ins-taurar inquéritos policiais para investigar crimes eleitorais. O que o senhor achou disso?

AF – Esse dispositivo foi de-clarado inconstitucional pelo Su-premo Tribunal Federal. Da nossa parte entendemos que essas ini-ciativas de limitar as atribuições do Ministério Público são inicia-tivas infelizes. Um dos poucos órgãos, se não o único órgão com independência total, limi-tado apenas pela Constituição e as leis, é o MP. Temos autonomia para atuar contra quem quer que seja, do presidente ao verea-dor do interior mais longínquo. Quem perde com essa medida é a sociedade.

EM TEMPO – Como o se-nhor avalia a política do nosso Estado?

AF – O MP é apolítico. Não temos, assim como a Justiça Elei-toral, nenhuma apreciação do que diz respeito à atuação dos go-vernantes. Nossa atribuição será realizar uma eleição mais limpa possível, que realmente expressa a vontade genuína do povo e evi-tar o abuso de poder econômico ou político. Queremos fazer uma eleição igual.

Ageu FLORÊNCIO

‘O MPF É UM órgão apolítico’

A fiscalização não é feita apenas no MP, mas em todos os ór-gãos que compõem o sistema. Até mesmo a população poderá con-tribuir. Vamos traba-lhar em parceria com a Polícia Federal, que está com um planeja-mento específico para o pleito deste ano”

ISABELLA SIQUEIRAEquipe EM TEMPO

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Senado vai ter 44 dias de votação até dezembroPor causa das eleições, casa legislativa desiste de votar em 33 dos 77 dias em que haveria votação até o final deste ano

Para o trabalhador brasileiro, o calen-dário oficial ainda aponta 146 dias úteis

até o final do ano. Mas, para os senadores, há somente 44 dias para votações em 2014. Por causa de jogos da Copa e, principalmente, da campanha eleitoral, o Sena-do reduziu quase à metade o número dos dias que res-tavam para as sessões deli-berativas até dezembro. Dos 77 dias em que poderia haver sessões deliberativas, consi-derando-se apenas as terças, quartas e quintas-feiras, 34 foram riscadas do calendário dos senadores. Nesses dias, suas presenças e ausências não serão contabilizadas, a exemplo do que costuma ocorrer às segundas e sex-tas, quando as sessões tra-dicionalmente são utilizadas apenas para discursos.

De acordo com a previsão repassada pela mesa diretora da casa aos senadores, a Copa só afetará os traba-lhos três vezes: nos dias 12 e 17, por causa dos jogos do Brasil contra a Croácia, em São Paulo, e o México, em Fortaleza; e no dia 26 de junho, quando Portugal e Gana se enfrentam em Bra-sília. Ressalvadas essas da-tas, todas as demais sessões foram canceladas para que os parlamentares se dedi-quem à campanha eleitoral, a deles e a de seus aliados. Os congressistas ainda terão recesso parlamentar, de 18 a 31 de julho. Este ano, 27 vagas do Senado estarão em

jogo. A maioria dos senadores em fim de mandato disputa a reeleição ou outros cargos eletivos. Outros senadores, que ainda têm mais 4 anos de casa, também entrarão na disputa para governos es-taduais e até a Presidência da República, caso de Aécio Neves (PSDB-MG) e Randolfe Rodrigues (Psol-AP).

Embora o primeiro semes-tre legislativo só termine em 17 de julho, pelo calendário do Senado, mais da metade do ano se foi. Isso porque os 44 dias reservados a votação são inferiores aos 50 dias com sessões deliberativas que ficaram para trás. Ou seja, a casa deve chegar ao fi-nal do ano com apenas 94 dias destinados a deliberações. O problema é que dificilmente haverá decisões importantes nas datas marcadas antes das eleições.

Esforço concentradoNa semana passada, fize-

ram o que chamam de “esfor-ço concentrado”, prática que consiste na realização de ses-sões mesmo às segundas e sextas-feiras para votar uma extensa pauta, a fim de que os parlamentares possam faltar nos dias posteriores.

Dos 24 itens incluídos na pauta da casa, 14 foram aprovados e nove ficaram sem deliberação. Um dos itens mais polêmicos apro-vados foi a chamada Lei da Palmada, que pune pais e responsáveis que infligirem castigo físico ou humilharem crianças e adolescentes.

DPE comemora PEC aprovadaAprovada na semana passa-

da no Senado Federal, a Pro-posta de Emenda à Constitui-ção (PEC) das Defensorias, que fixa prazo de 8 anos para os Es-tados instalarem em todas as comarcas defensores públicos, deu novo fôlego à categoria no Amazonas. De acordo com o órgão no Estado, 11 municípios ainda não possuem defensores públicos e com essa nova me-dida a expectativa é que essa defasagem seja sanada.

Para o defensor público ge-ral do Amazonas em exercício, Rafael Vinheiro Monteiro, a aprovação da emenda veio

em boa hora, pois colocou essa obrigação para os Es-tados, sanando assim um problema antigo vivenciado em cidades do interior. Se-gundo Monteiro, antes do concurso público realizado em 2013 em Manaus, não existia nenhum defensor atu-ando nos municípios. “Com esse certame o Amazonas conseguiu se antecipar à me-dida e instalou defensores em quase todas as regiões, mas apesar dos esforços ainda temos regiões que não está abastecida por profissionais da defensoria”.

Segundo levantamento feito pela instituição, cidades como Jutaí, Juruá, Eirunepé, Envira, Silves e Itapiranga são exem-plos de localidades que ainda não tem defensores. “A presen-ça deste profissional no interior é extremamente importante, pois o trabalho do defensor não se restringe apenas à questão judicial e sim a um trabalho de orientação jurídica de defesa dos direitos humanos e até de apoio extra-judicial, e isso ajudará na diminuição de de-mandas ao Judiciário”.

De autoria dos deputados Mauro Benevides (PMDB-CE),

Alessandro Molon (PT-RJ) e An-dré Moura (PSC-SE), a PEC de-termina também que o número de defensores deverá ser pro-porcional à demanda efetiva pelo serviço e à respectiva po-pulação abrangida. Durante o prazo de 8 anos, os defensores deverão trabalhar, prioritaria-mente, nas regiões com maio-res índices de exclusão social e de grande concentração de ha-bitantes. A proposta também amplia a definição de Defen-soria Pública na Constituição, classificando-a como institui-ção permanente e instrumento do regime democrático.PEC vai favorecer extensão de defensores ao interior do AM

DIV

ULG

AÇÃO DEFENSORES

No ano passado, o Senado realizou 126 sessões convo-cadas para votações. Ape-sar de não haver eleições, os senadores faltaram mais do que no ano anterior, quando houve disputa eleitoral nos

municípios. Conforme mos-trou a revista “Congresso em Foco”, os senadores acu-mularam 1.803 ausências em 2013. Número superior às 1.524 assinaladas em 2012. Ou seja, nem mes-

mo os protestos que cer-caram e tomaram o prédio do Congresso Nacional e ruas e avenidas país afora reduziram o índice de fal-tas na casa. As presenças são cobradas apenas nas

sessões deliberativas.A Câmara informou

que ainda não definiu o calendário das sessões deliberativas dos próxi-mos dias, muito menos dos próximos meses.

Parlamentares faltaram mais em 2013

DIV

ULG

AÇÃO

Senadores terão calendário especial até o fim de 2014 devido a um ano atípico, por conta dos jogos da Copa e das eleições

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EconomiaCa

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[email protected], DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 (92) 3090-1045Economia B4 e B5

Vendedores ‘lucram’ com o poder público

DIEGO JANATÃ

Água de coco é boa, mas fi ca mais cara no verãoProduto que há pouco tempo era comercializado a R$ 1 em algumas bancas de Manaus, hoje é vendido na média de R$ 5

De olho no grande fl uxo de turista que visita a cidade nesta época do ano, vendedores

elevaram o preço da água de coco vendida em Manaus. O valor cobrado custa, em média, R$ 5, na capital ama-zonense, mas há situações que a cobrança chega R$ 10.

Pesquisa do EM TEMPO nos principais pontos de venda de Manaus ouviu vendedores que projetam para os próximos dias um aumento ainda mais expressivo no preço, que pode chegar a R$ 7 nas bancas.

De acordo com o autônomo Wanderley Vital de Lima, 40, proprietário do “Frutão da 8”, localizado na rua 8, bairro Alvorada 1, Zona Oeste, a ideia é aproveitar o volume de turistas que começam a che-gar na cidade durante evento mundial. “Os preços devem aumentar algo em torno de R$ 2. Uma Copa do Mundo não acontece todo dia. Temos que aproveitar que os turistas não estão acostumados com o ca-lor de Manaus para alavancar as vendas”, comentou.

Os preços praticados hoje estão entre R$ 3 e R$ 5. Mas, dependendo do local e do horário, os consumidores que desejarem apreciar os benefícios do fruto podem ter que desembolsar até R$ 10. Como é o caso de um primo de Wanderley, que se-gundo ele, trabalha na área da Ponta Negra, e que duran-te a madrugada cobra caro pelo coco. “Acredite, ele tem freguesia e já conseguiu até comprar um carrão do ano, além do casarão que cons-truiu só com a venda de água de coco”, comenta.

O comerciante que vende a água de coco gelada, no

copo, hoje R$ 3, e a natural a

R$ 2,50 deverá aumentar os valores para R$ 4 e R$ 3 respectivamente. Ele, que há 30 anos sustenta a famí-lia com a atividade, desde a época que trabalhou na famosa praia carioca de Co-pacabana, no Rio de Janeiro, explicou que a manipulação da água de coco não é tarefa simples e caso seja feita da maneira errada, pode afetar a lucratividade e pôr a saúde dos clientes em risco.

CentroNo centro de Manaus, o fru-

to também é encontrado com preços que se assemelham aos praticados no restante da cidade. Localizado na rua Ferreira Pena, em frente a praça da Saudade, a lancho-nete comandada por Kleber Cesar, 22, oferece a unidade gelada por R$ 4.

O vendedor também prevê aumento no período, ele diz que

tem um bom lucro com a comer-cialização do coco, que compra do produtor a unidade por R$ 1,80. “Vendemos em média 40 unidades, como trabalhamos com outros produtos, é uma boa margem de lucro”, frisa.

Ponta NegraPonto turístico dos mais co-

nhecidos da cidade, o parque Ponta Negra possui espaço para pelo menos 20 vendedo-

res que competem na venda do produto. Para a vendedora Aldivânia de Aguiar, 15, que ajuda a família a vender no local, a expectativa é boa para o período.

Na banca, a fa-mília dela ven-de aproximada-mente 100 cocos

por dia, a água de coco custa R$ 5.

A Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), por meio de consulta ao Instituto Agropecuário e Florestal do Amazonas (Idam), informa que, em 2013, foram produzidas 2,7 mil toneladas de coco, em 567 hectares de terras do Amazonas. Conforme in-formações da Sepror, 561 agricultores trabalham no plantio do fruto por meio do assessoramento técni-co da secretaria.

No total, segundo os dados do Idam, a pro-dução do Estado al-cançou aproximada-mente 5,9 milhões de unidades do fruto. Os municípios que fi guram entre os maiores produtores de coco, segundo o instituto, são Carei-

ro, Careiro da Várzea, Manaus, Itacoatiara e

Presidente Figueiredo. De acordo com infor-

mações da Superintendên-cia da Zona Franca de Ma-naus (Suframa), o plantio do coco ocupava até o ano de 2006, uma área de 173,5 hectares do Amazonas. A expectativa da Superinten-dência era que o número passasse para 389,6 hec-tares no ano de 2007.

Na época, a produção anual do fruto chegava a 475 mil, com expecta-tiva de expansão para 1,8 milhão de coco.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Suframa para a obtenção de dados mais recentes, mas foi informada que “os dados disponíveis no site da Suframa são os mais atualizados, tendo em vis-ta que o setor responsável ainda está realizando le-vantamentos mais atuais sobre o setor agropecuário, mas necessita integrar no-vos servidores para dar ce-leridade a este processo”.

Idam dá apoio ao cultivo local

O comerciante que vende a água de coco gelada, no

copo, hoje R$ 3, e a natural a

Ponta NegraPonto turístico dos mais co-

nhecidos da cidade, o parque Ponta Negra possui espaço para pelo menos 20 vendedo-

res que competem na venda do produto. Para a vendedora Aldivânia de Aguiar, 15, que ajuda a família a vender no local, a expectativa é boa para o período.

Na banca, a fa-mília dela ven-de aproximada-mente 100 cocos

por dia, a água de coco custa R$ 5.

A Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), por meio de consulta ao Instituto Agropecuário e Florestal do Amazonas (Idam), informa que, em 2013, foram produzidas 2,7 mil toneladas de coco, em 567 hectares de terras do Amazonas. Conforme in-formações da Sepror, 561 agricultores trabalham no plantio do fruto por meio do assessoramento técni-co da secretaria.

No total, segundo os dados do Idam, a pro-dução do Estado al-cançou aproximada-mente 5,9 milhões de unidades do fruto. Os municípios que fi guram entre os maiores produtores de coco, segundo o instituto, são Carei-

ro, Careiro da Várzea, Manaus, Itacoatiara e

Presidente Figueiredo. De acordo com infor-

Idam dá apoio ao cultivo local

Calor forte da região “empurra” as pessoas para o consumo da água do coco que, além de saborosa, é importante hidratante

Produção de coco chegou a R$ 2,7 mil toneladas no Amazonas

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Para saber se vale comprar a água de coco, basta o clien-

te observar se o fruto possui algum tipo de ferimento

na sua casca

Wanderley Lima, vendedor de coco

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO

B01 - ECONOMIA.indd 1 13/6/2014 23:03:52

B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

O Nokia Lumia 2520 (foto), primeiro tablet da linha Nokia Lumia, acaba de chegar ao mercado brasileiro. O modelo com tela Corning Gorilla Glass 2 full HD de 10,1 polegadas roda sistema operacional Windows RT 8.1 e oferece diferenciais como conexão 4G, câmera com lentes Zeiss de 6.7 megapixels e recurso para carregamento rápido de bateria. Entre as configurações, também se destacam o processador Quad-core Snapdragon 800 de 2,2 GHz e os 32 GB de memória interna, expansíveis para mais 32 GB com cartão de memória.

∞ O tablet da Nokia

PÁGINADIGITAL [[email protected]]Tricia Cabral

Bits &bytes

>>>> Como espécie de preparação para o lançamento de “Halo 5: Guardians”, novo capítulo da série de tiro espacial e uma das marcas mais fa-mosas da Microsoft, a companhia americana anunciou o lançamento da “Master Chief Col-lection” (foto), um paco-te contendo os quatro títulos da franquia em um disco.

>>>> A Telltale Ga-mes revelou no seu blog oficial que vai lançar as duas temporadas de “The Walking Dead” e “The Wolf Among Us” também para Plays-tation 4 e Xbox One. Os três games ain-da não têm datas de lançamento definidas, mas estão previstos para chegar aos no-vos consoles no final deste ano. Além disso, a segunda temporada de “The Walking Dead” e “The Wolf Among Us” para Playstation 3 e Xbox 360 serão também lançadas em disco.

>>>> O Facebook é a rede social mais popular no mundo. No Brasil, em segundo lu-gar, mesmo havendo uma disputa acirrada, está o Linkedin. De acordo com o levan-tamento “2014 Brazil Digital Future in Fo-cus”, da empresa de consultoria digital Comscore, o Linkedin ultrapassou o Twitter e se tornou a segun-da rede mais acessada do país.

>>>> A indústria ci-nematográfica pediu autorização às auto-ridades da aviação americanas para usar drones (aeronaves controladas à distân-cia) em sets de filma-gens. Segundo a revista “Hollywood Reporter”, embora o uso das ae-ronaves seja limitado a questões militares, a Administração da Avia-ção Federal considera autorizar o pedido, com propósitos artísticos. “Bora” ver!

>>>> Quem pega no sono enquanto vai de casa para o trabalho ou adora dormir no ôni-bus e no trem, agora terá um auxiliar para não perder o ponto de descida no transpor-te público. O Google adicionou ao servi-ço do Now uma fer-ramenta que funcio-na como um alarme para acordar o usuá-rio quando ele chega num ponto específico do trajeto.

A Asus anunciou o lan-çamento de um dispositivo híbrido de notebook, tablet e smartphone equipado com os sistemas operacio-nais Android 4.4 KitKat e Windows 8.1. Chamado de Transformer Book V (foto), o produto é capaz de fun-cionar em até cinco formas diferentes. O notebook tem 4 Gbytes de memória RAM e 128 Gbytes de espaço para armazenamento inter-no, tela de 12,5 polegadas HD IPS e teclado qwerty

com touchpad. Tem mais: o usuário pode

alternar entre Android e o Windows 8 instantane-amente por meio de um botão de hardware. Basta destacar o teclado para o aparelho se transformar em um tablet que também roda os dois sistemas operacio-nais e possui as mesmas especifi cações técnicas. Já o smartphone é equipado apenas com Android. Só não se sabe ainda o preço do “brinquedo”.

∞ Três em um

O aplicativo de mensagens Viber atingiu a marca de cem milhões de usuários ativos no mundo. Até hoje, a empresa só havia divulgado dados referentes ao número de contas cadastradas do serviço – cerca de 400 milhões –, o que não representava a quanti-dade de pessoas que realmente utiliza o aplicativo. A Viber anuncia ainda o lançamento de uma nova versão da ferramenta para desktop.

∞ Dá-lhe Viber

O Nokia Lumia 2520 (foto), primeiro tablet da linha Nokia Lumia, acaba de chegar ao mercado brasileiro. O modelo com tela Corning Gorilla Glass 2 full HD de 10,1 polegadas roda sistema operacional Windows RT 8.1 e oferece diferenciais como conexão 4G, câmera com lentes Zeiss de 6.7 megapixels e recurso para carregamento rápido de bateria. Entre as configurações, também se destacam o processador Quad-core Snapdragon 800 de 2,2 GHz e os 32 GB de memória interna, expansíveis

>>>>é a rede social mais popular no mundo. No Brasil, em segundo lu-gar, mesmo havendo gar, mesmo havendo uma disputa acirrada, está o Linkedin. De acordo com o levan-tamento “2014 Brazil Digital Future in Fo-cus”, da empresa de consultoria digital Comscore, o Linkedin ultrapassou o Twitter e se tornou a segun-da rede mais acessada do país.

>>>>nematográfica pediu autorização às auto-ridades da aviação americanas para usar drones (aeronaves controladas à distân-cia) em sets de filma-

tiro espacial e uma das marcas mais fa-mosas da Microsoft, a companhia americana anunciou o lançamento da “Master Chief Col-lection” (foto), um paco-te contendo os quatro títulos da franquia em um disco.

>>mes revelou no seu blog oficial que vai lançar as duas temporadas de “The Walking Dead” e “The Wolf Among Us” também para Plays-tation 4 e Xbox One. Os três games ain-da não têm datas de lançamento definidas, mas estão previstos para chegar aos no-vos consoles no final deste ano. Além disso,

para armazenamento inter-no, tela de 12,5 polegadas HD IPS e teclado qwerty

apenas com Android. Só não se sabe ainda o preço do “brinquedo”.

Nos fi nados anos 90 quem nunca sonhou em ter um StarTac (foto)? Revolucionário para a época, o design seduziu milhares de usuários de celulares e a Motorola – que reinava quase absoluta – nem imaginava que um tal de Steve Jobs mudaria o conceito de telefone celular poucos anos mais tarde. Pois bem. O “inovador” StarTac mostrava no display sinal, bateria, hora e data, além de pesar 88 gramas, ou seja, era “o cara”. Tempos depois acabou esquecido em alguma gaveta sem o enterro digno que merecia.

∞ Túnel do tempo

A empresa de entretenimento interativo Kabam anunciou uma parceria com o estúdio de cinema Lionsgate para fazer um game para dispo-sitivos móveis baseado em “Jogos Vorazes”. A Kabam é especializada em games gratuitos para smartphones e tablets. “Com a parceria com o Lionsgate, a Kabam fará um game tão divertido de jogar quanto é assistir ao fi lme”, diz Kent Wakeford, chefe de operações da Kabam. No game, os usuários farão o papel de membros do “distrito”, em que deverão criar alianças para se libertar, seguindo o espírito da história original. Que venha!

∞ Jogos Vorazes nos dispositivos móveis

original. Que venha!

1. Let’s ParkÉ um guia de estacionamentos que

pode ser muito útil nas grandes ci-dades. Ele informa onde estão os estacionamentos próximos, quanto cobra cada um, seu horário de fun-cionamento e outros detalhes.

2. Wise Drinking3. INFO Notícias4. Mamãe e Bebê5. Swarm6. Colab7. TagLife

∞ Novidades em apps para IOS e Android

cionamento e outros detalhes.

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Meta do governo brasileiro é a de eliminar totalmente o trabalho infantil no país até 2020

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O Ministério do Tra-balho e Emprego (MTE) possui um plano para realizar

várias ações de combate à ex-ploração do trabalho infantil em todo o país, inclusive no Estado do Amazonas.

Lançado no último dia 22 de maio, o plano poderá pro-vocar forte impacto na redu-ção do trabalho infantil no Brasil. “O protagonismo do MTE é fundamental para o combate ao trabalho infan-til, mas precisamos atingir a meta de erradicá-lo até 2020. O compromisso do Brasil se materializa em várias ações realizadas entre o governo Fe-deral, instituições públicas e privadas. Entre nossas ações, está o Plano de Combate à Informalidade”, afirmou o mi-nistro Manoel Dias.

Uma das estratégias do plano é a maior cobertura urbana e rural, por meio da interiorização das ações fis-cais da inspeção do trabalho, trazendo presença fiscal em estabelecimentos de micro e pequeno porte situados nas periferias dos grandes cen-tros urbanos e nos pequenos municípios do interior.

Nesses locais, a informa-lidade chega a atingir mais de 90% dos trabalhadores com relação de emprego e concentram, coinciden-temente, os maiores focos de trabalho irregular de crianças e adolescentes.

Para Manoel Dias, “ao con-centrar esforços no combate à informalidade, com maior pre-sença dos auditores-fiscais do trabalho nos locais com grande incidência de empre-go informal, o MTE pretende afastar crianças e adolescen-tes do trabalho proibido”.

InformalidadeO plano do governo fede-

ral visa também formalizar o vínculo de cerca de 17 mi-lhões de empregados no país e afastar do trabalho irregu-lar a parcela de crianças e adolescentes que trabalham com vínculo empregatício nos focos de informalidade.

Em comemoração ao Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, celebrado no últi-mo dia 12 pela Organização Internacional do Trabalho

(OIT), e o Dia Nacional, insti-tuído pela lei Nº 11.542/07, o MTE reforçou o compro-misso em erradicar o traba-lho infantil até 2020.

MTE assume compromisso

Plano de ação será adotado para erradicar a exploração do emprego de mão de obra de adolescentes e crianças

Governo intensifica luta contra trabalho infantil

Segundo a Pesquisa Nacional de Dados por Amostra de Domicí-lios (PNAD 2012), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca (IBGE), há no Brasil mais de 3,5 milhões de crianças e adolescentes com idades entre cinco e 17 anos em situa-ção de trabalho, gran-de parte em atividades insalubres, perigosas e penosas que os expõem a riscos. O número foi reduzido nos últimos 10 anos, em especial, em função das políticas de assistência social e transferência de renda implementadas pelo go-verno federal.

O MTE acredita que pode acelerar essa re-dução através de po-líticas de inspeção do trabalho voltadas para as regiões de maior in-cidência do problema.

‘Exército’ de pequenos trabalhadores

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 B5EconomiaMANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Autônomos fazem a alegria de servidores Comerciantes informais têm acesso aos corredores de órgãos públicos onde vendem doces, salgados e acessórios pessoais

Algumas fi guras são carimbadas e conhe-cidas por servidores públicos dentro das

instituições por estarem pre-sentes na hora que mais se pre-cisa. É quando aperta a fome, hora antes do almoço, que eles aparecem pelos corredores do poderes com um picolé da massa ou uma boa variedade de salgados e doces.

Na Câmara Municipal de Manaus (CMM), existe uma “personalidade” famosa por vender picolés e adoçar a ten-são dos funcionários todos os dias de plenário. Aposentado e pai de oito fi lhos, Antônio Bra-ga, 73, natural do município de Fonte Boa (a 602 quilômetros de Manaus), desembarcou no porto da capital aos 10 anos de idade e depois seguiu direto para a cidade de Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus), onde trabalhou por mais de 15 anos na agricultura.

“Vim para capital por conta da enchente histórica de 1953. Muitas pessoas da minha cida-de vieram para Manaus e resol-vi fazer o mesmo para tentar a sorte”, recorda Antônio. Apesar de ter chegado muito novo, não faltava vontade a ele de conseguir um emprego. Com

18 anos casou-se com dona Altina Braga, sua companheira até os dias de hoje.

Querido pelos servidores da CMM, Antônio conta que há mais de 15 anos trabalha com a venda picolés no Par-lamento Municipal e exerce a função com muito orgulho e disposição. Com o produ-to comercializado nos mais diversos sabores a R$ 1, ele

diz que chega a faturar, por dia, até R$ 60.

De acordo com o aposenta-do, o lucro com a venda dos picolés é o que mais ajuda nas despesas da família, uma vez que, o valor que ganha do benefício da aposentadoria dá apenas para pagar as contas. “O dinheiro do benefício só da para pagar as contas de água e luz. Por isso continuarei vendendo picolés até quando

Deus permitir”, afi rma.O casal Rosemary Deside-

reo, 38, e Júlio Chaves, 54, são outros bons exemplos de trabalhadores do comércio informal que fazem a ale-gria pela boca de servidores de órgãos públicos. Há mais de 1 ano, os dois percorrem os corredores do Tribunal de Justiça do Estado do Amazo-nas (TJ-AM), Fórum Ministro Enok Reis, com duas caixas térmicas recheadas dos mais diversos tipos de quitutes.

Com formação de cozinheira profi ssional feita no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), a nordesti-na, que nasceu em Recife (PE) e se criou em Natal (RN), disse que veio para Manaus para ganhar dinheiro. “Eu vendo sanduíche, salada, suco, almo-ço sob encomenda e até kits especiais alusivos às datas comemorativas”, enumera.

Segundo a cozinheira, o fa-turamento não deixa a dese-jar, uma vez que, é com ele que sustenta a fi lha e paga as contas. Com produtos que variam entre R$ 3 a R$ 15, dona Rose destaca o bolo caseiro como um dos alimen-tos preferidos dos servidores do Poder Judiciário, os quais, ela afi rma, chegam a comprar para levar e comer em casa nos fi nais de semana.

ANDRÉ TOBIASEquipe EM TEMPO

ESPAÇOSA Assembleia Legis-lativa do Estado do Amazonas (ALE-AM) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE) tam-bém são espaços onde comerciantes informais vendem alimentos e entre outros acessórios

alegria de servidores O aposentadoAntônio Braga faz a festa com picolé da massa naCâmara Municipal

Dona Rosemary e o marido Júlio Chaves chegam ao Fórum Henok Reis por volta das 8h30 e quando alcançam o segundo andar do prédio, o estoque de doces e salgados das caixas térmicas está quase no fi m

DIEGO JANATÃ

O presidente do Conse-lho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), Marcus Evangelista, explica que esse tipo de comércio é considerado trabalho informal. Se-gundo ele, a depender do segmento, os ganhos podem ser bons, uma vez que os trabalhadores não têm funcionários e custos fi xos. “Ele mesmo é o comprador e o vende-dor. Se souber formular preços e conquistar uma clientela fi el, o serviço pode se tornar ainda mais rentável”, ponderou.

Evangelista avalia que esse tipo de comér-cio é uma alternativa viável àquelas pessoas que têm difi culdades de se estabelecer em em-prego fi xo ou não corres-pondem aos requisitos exigidos pelo mercado de trabalho. Contudo, o economista conside-ra como ponto negativo sobre as pessoas que se submetem a esse mode-lo de comércio informal a falta de segurança.

Alternativa ao mercado de trabalho

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 B5EconomiaMANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Autônomos fazem a alegria de servidores Comerciantes informais têm acesso aos corredores de órgãos públicos onde vendem doces, salgados e acessórios pessoais

Algumas fi guras são carimbadas e conhe-cidas por servidores públicos dentro das

instituições por estarem pre-sentes na hora que mais se pre-cisa. É quando aperta a fome, hora antes do almoço, que eles aparecem pelos corredores do poderes com um picolé da massa ou uma boa variedade de salgados e doces.

Na Câmara Municipal de Manaus (CMM), existe uma “personalidade” famosa por vender picolés e adoçar a ten-são dos funcionários todos os dias de plenário. Aposentado e pai de oito fi lhos, Antônio Bra-ga, 73, natural do município de Fonte Boa (a 602 quilômetros de Manaus), desembarcou no porto da capital aos 10 anos de idade e depois seguiu direto para a cidade de Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus), onde trabalhou por mais de 15 anos na agricultura.

“Vim para capital por conta da enchente histórica de 1953. Muitas pessoas da minha cida-de vieram para Manaus e resol-vi fazer o mesmo para tentar a sorte”, recorda Antônio. Apesar de ter chegado muito novo, não faltava vontade a ele de conseguir um emprego. Com

18 anos casou-se com dona Altina Braga, sua companheira até os dias de hoje.

Querido pelos servidores da CMM, Antônio conta que há mais de 15 anos trabalha com a venda picolés no Par-lamento Municipal e exerce a função com muito orgulho e disposição. Com o produ-to comercializado nos mais diversos sabores a R$ 1, ele

diz que chega a faturar, por dia, até R$ 60.

De acordo com o aposenta-do, o lucro com a venda dos picolés é o que mais ajuda nas despesas da família, uma vez que, o valor que ganha do benefício da aposentadoria dá apenas para pagar as contas. “O dinheiro do benefício só da para pagar as contas de água e luz. Por isso continuarei vendendo picolés até quando

Deus permitir”, afi rma.O casal Rosemary Deside-

reo, 38, e Júlio Chaves, 54, são outros bons exemplos de trabalhadores do comércio informal que fazem a ale-gria pela boca de servidores de órgãos públicos. Há mais de 1 ano, os dois percorrem os corredores do Tribunal de Justiça do Estado do Amazo-nas (TJ-AM), Fórum Ministro Enok Reis, com duas caixas térmicas recheadas dos mais diversos tipos de quitutes.

Com formação de cozinheira profi ssional feita no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), a nordesti-na, que nasceu em Recife (PE) e se criou em Natal (RN), disse que veio para Manaus para ganhar dinheiro. “Eu vendo sanduíche, salada, suco, almo-ço sob encomenda e até kits especiais alusivos às datas comemorativas”, enumera.

Segundo a cozinheira, o fa-turamento não deixa a dese-jar, uma vez que, é com ele que sustenta a fi lha e paga as contas. Com produtos que variam entre R$ 3 a R$ 15, dona Rose destaca o bolo caseiro como um dos alimen-tos preferidos dos servidores do Poder Judiciário, os quais, ela afi rma, chegam a comprar para levar e comer em casa nos fi nais de semana.

ANDRÉ TOBIASEquipe EM TEMPO

ESPAÇOSA Assembleia Legis-lativa do Estado do Amazonas (ALE-AM) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE) tam-bém são espaços onde comerciantes informais vendem alimentos e entre outros acessórios

alegria de servidores O aposentadoAntônio Braga faz a festa com picolé da massa naCâmara Municipal

Dona Rosemary e o marido Júlio Chaves chegam ao Fórum Henok Reis por volta das 8h30 e quando alcançam o segundo andar do prédio, o estoque de doces e salgados das caixas térmicas está quase no fi m

DIEGO JANATÃ

O presidente do Conse-lho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), Marcus Evangelista, explica que esse tipo de comércio é considerado trabalho informal. Se-gundo ele, a depender do segmento, os ganhos podem ser bons, uma vez que os trabalhadores não têm funcionários e custos fi xos. “Ele mesmo é o comprador e o vende-dor. Se souber formular preços e conquistar uma clientela fi el, o serviço pode se tornar ainda mais rentável”, ponderou.

Evangelista avalia que esse tipo de comér-cio é uma alternativa viável àquelas pessoas que têm difi culdades de se estabelecer em em-prego fi xo ou não corres-pondem aos requisitos exigidos pelo mercado de trabalho. Contudo, o economista conside-ra como ponto negativo sobre as pessoas que se submetem a esse mode-lo de comércio informal a falta de segurança.

Alternativa ao mercado de trabalho

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Aceita denúncia contra 4º suspeitoMais um suspeito de envol-

vimento na morte do menino Bernardo Boldrini, no interior gaúcho, vai responder pelo cri-me na Justiça.

Na sexta-feira (13), um juiz da cidade de Três Passos aceitou a denúncia (acusação formal) contra Evandro Wir-ganowicz, irmão da assistente social Edelvânia Wirganowicz, que está presa sob suspeita de envolvimento no assassinato.

Bernardo, de 11 anos, foi morto no início de abril no município de Frederico Wes-tphalen. O corpo foi achado enterrado em um matagal dez dias depois do desaparecimen-to. Foram presos na ocasião o pai do garoto, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugolini, e

a assistente social.O juiz Marcos Agostini diz

que há indícios de que Evandro sabia do assassinato e ajudou a abrir a cova onde o corpo foi achado. O magistrado ci-tou os depoimentos de duas testemunhas.

Ele também determinou a prisão preventiva de Evan-dro, que já estava detido temporariamente.

A reportagem não conseguiu localizar o advogado dele para comentar o assunto.

Os outros três acusados também estão presos. O pai de Bernardo nega participa-ção no crime.

De acordo com o inquéri-to policial, Edelvânia, Lean-dro e Graciele planejaram e

executaram o assassinato de Bernardo. A participação de Evandro foi aferida no de-correr da investigação, após testemunhas terem indicado sua presença nas redondezas do local do crime à época de sua execução. Na sua decisão,

o juiz cita estes depoimentos como indícios para aceitar a denúncia do MP.

DesaparecimentoBernardo desapareceu no

dia 4 de abril, em Três Passos. Seu corpo foi encontrado no dia 14 de abril, em Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico, enterrado às margens do rio Mico. Na mesma noite, Leandro, Graciele e Edelvânia foram presos pela suspeita de envolvimento no crime. De acordo com a investigação po-licial, Bernardo foi colocado em um carro no dia 4 de abril para ser levado à cidade vizinha para um passeio; durante a viagem, o menino foi dopado e morto com uma droga anestésica.Bernardo Boldrini foi morto e enterrado em uma cova rasa

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O CASO BERNARDO

DENÚNCIANa sexta-feira (13), um juiz da cidade de Três Passos aceitou a denún-cia (acusação formal) contra Evandro Wirga-nowicz, irmão da assis-tente social Edelvânia Wirganowicz, que está presa como suspeita

‘Abismo na educação ainda separa Brasil e países ricos’Estudo diz que o brasileiro trabalha muito e no final produz pouco, pois é pouco instruído: seu suor não agrega muito à economia

O brasileiro trabalha mais do que a média dos habitantes dos países ricos, mas é

mais pobre do que todos. A explicação: o brasileiro trabalha, trabalha e no final produz pouco, pois é pouco instruído. Ou seja, seu suor não agrega muito à economia. Um novo estudo da OCDE, espécie de clube dos paí-ses ricos, mostra que, apesar do zum-zum-zum “Brasil potência” da última década, o Brasil ain-da tem muito chão a percorrer antes de se comparar com o primeiro mundo.

Aqui, apenas 43% dos adultos entre 25 e 64 anos possuem o equivalente ao diploma de ensi-no médio. É muito menos do que a média da OCDE (75%). É bem menos do que o nosso vizinho Chile (72%).

A tristeza é que a situação não está melhorando muito: entre os jovens de 25 a 34 anos, apenas 57% terminaram o segundo grau, contra 82% na comparação internacional.

Além disso, o país é o que tem o pior desempenho no Pisa, o exame internacional que com-para o desempenho acadêmico de alunos de 15 anos, entre os 36 países analisados pela OCDE. A nota média brasileira é 406, menor do que a média da OCDE (497) e muito atrás da elite mundial, como Finlândia (529) e Japão (538).

Apesar de ser, dos 36 países avaliados, o que tem a pior renda per capita, o Brasil fica em 11º

no número de trabalhadores com jornadas semanais de mais de 50 horas (11% do total).

Falta qualidadeOu seja, não é uma ques-

tão de quantidade de jornada de trabalho, mas de qualidade. (Vale lembrar que, apesar de ser a sétima maior economia em valores absolutos, em valores per capita e contando todos os países, o Brasil fica apenas com o 79º lugar.)

O Brasil tem ainda a penúltima pior expectativa de vida (73 anos, contra 80 na média da OCDE; ganha apenas da Rússia) e os piores indi-cadores de segurança pública.

Os dados fazem parte do estu-do “Índice para uma vida melhor”, que compara as diferentes nações. A edição 2014 foi lançada nesta segunda-feira.

Apesar de tudo isso, chama a atenção que o país tem a 13ª me-lhor taxa de satisfação com a vida. Muito melhor do que a Espanha e a Alemanha.

DISTANTEEstudo da OCDE, espécie de clube dos países ri-cos, mostra que, apesar do zunzunzum “Brasil potência” da última dé-cada, o Brasil ainda tem muito chão a percorrer antes de se comparar com o primeiro mundo

No Brasil, apenas 43% dos adultos entre 25 e 64 anos possuem o diploma de ensino médio

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“Muitos países latino-americanos têm níveis elevados de satisfação com a vida. As causas seguem sendo muito de-batidas. Pode ter relação com o modo como as pessoas expressam suas emoções e sentimentos ou sobre como se rela-cionam”, afirma Anthony Gooch, diretor de comu-nicação da OCDE.

Um brasileiro traba-lha por ano, em média, mais horas do que um francês, italiano, suíço, alemão, norueguês, di-namarquês ou belga.

Apesar disso, produz cerca de um quarto do que produz um traba-lhador desses países. A avaliação é da Orga-nização Internacional do Trabalho (OIT), que fez uma radiografia do mercado de trabalho e aponta a estagnação da produtividade do brasileiro nos últimos 20 anos, enquanto o resto do mundo obser-vou um aumento.

Europeus trabalham bem menos

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B7MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 País

Ação faz parte da campanha mundial da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com o apoio da Prefeitura do Rio

Desenho humano marca luta contra a exploração infantil

Cerca de mil pessoas formaram o desenho de um cata-vento na praia de Botafogo,

Zona Sul do Rio, símbolo de combate ao trabalho infantil em todo o mundo. A ação faz parte da campanha mundial da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e recebeu o apoio da Prefeitura do Rio e de várias instituições que desenvolvem trabalhos sociais com crianças e adolescentes.

A coordenadora do Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (Ipec) da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Maria Cláudia Falcão, explicou que o Brasil foi escolhido para sediar a campa-nha por ser o anfitrião da Copa da Mundo. “É um momento es-pecial, pois temos grande quan-tidade de turistas aqui. E, por uma coincidência muito grande, o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil é dia 12 de junho, dia da abertura da Copa, então antecipamos a campanha para chamar a atenção para esse problema que acontece em todo o mundo”, comentou ela.

Maria explicou que a ideia do cata-vento como luta contra a exploração de crianças sur-giu a partir de uma campanha

da OIT do Brasil que acabou sendo adotada pelos demais países. “É um brinquedo, o mo-vimento dele gera energia que simboliza nossa luta contra o trabalho infantil e, além dis-so, esse cata-vento tem cinco cores que representam a di-versidade de raça, de gênero e todos os continentes”.

O estudante Pedro Gabriel Ro-

drigues Duarte, 14 anos, foi um dos voluntários que ajudaram a criar a forma do cata-vento. Para ele, nenhuma criança deve-ria trabalhar sem antes comple-tar os estudos. “A criança deixa de fazer o presente dela para trabalhar antecipadamente e acaba lá na frente não tendo base nos estudos nem um bom emprego”, comentou ele.

Mil pessoas formaram, na praia de Botafogo, o símbolo de luta contra a exploração infantil

FOTOS: REPRODUÇÃO

APOIOA ação faz parte da campanha mundial da Organização Interna-cional do Trabalho e recebeu o apoio da Prefeitura do Rio e de várias instituições que desenvolvem trabalhos sociais com crianças

De acordo com a Pes-quisa Nacional por Amos-tra por Domicílios (Pnad) de 2012, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ha-via no Brasil 3,5 milhões crianças entre 5 anos e 17 anos em situação de trabalho infantil. A legis-lação brasileira permite o trabalho de adolescentes maiores de 16 anos ou a partir dos 14 anos, em situação de aprendiz.

“O problema no Brasil é que mais de 80% das crianças que trabalham têm mais de 14 anos, mas a maioria não está trabalhando de maneira formalizada. Precisamos de um esforço maior para que essas crianças possam ser inseridas no mercado de trabalho”, ex-plicou a coordenadora.

Adolescentes trabalham informalmente

De acordo com a pesquisa do Pnad, 80% dos adolescentes não trabalham de maneira formalizada

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Onda de violência no Iraquemostra força de extremistasMilitantes de grupo ligado à Al Qaeda controlam cada vez mais regiões no norte e no oeste deixando o governo impotente

Pela primeira vez, militan-tes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) estão patrulhan-

do uma metrópole iraquiana. Depois de intensos combates, os radicais conquistaram esta semana a província de Nínive, incluindo a capital da província, Mossul. Além disso, unidades da organização, que é ligada à Al Qaeda, entraram nas províncias de Salaheddine e Kirkuk.

Um ataque à cidade de Baiji, ao sul da região de Salaheddine, pode ser rechaçado pelas tropas do governo. Desde o começo do ano, a bandeira negra do EIIL tremula na província de Al-Anbar, ao oeste. Também na vizinha Síria, o grupo conquistou um largo território. O objetivo é a criação de um Estado entre o Mediterrâneo e o Iraque, em que reine uma interpretação rigoro-sa da sharia, a lei islâmica.

Segundo Falko Walde, espe-cialista em Iraque da Fundação Friedrich Naumann, o avanço em Mossul foi uma surpresa para o governo em Bagdá. O ataque, no entanto, afirma o especialista, não surgiu do nada e há uma série de razões para o ganho de força dos radicais.

Primeiro, o grupo atuante no Iraque e na Síria se beneficia da fronteira porosa entre os dois Estados. “Assim é possí-vel movimentar combatentes”, afirma Walde. Além disso, após as recentes eleições, há uma morosidade no processo de for-mação de governo em Bagdá. “O suposto homem forte do Iraque, o primeiro-ministro Nuri al-Ma-liki, teme em não conseguir mais um mandato. Existe um vácuo de poder”, explica.

Entre etniasO conflito entre a minoria

sunita e a maioria xiita no Iraque garante ao EIIL um in-fluxo especial de apoiadores. Muitos sunitas se sentem pre-judicados pelo governo xiita em Bagdá. De acordo com Walde, isso implica um terreno fértil para o EIIL, que tem como alvo a desestabilização de cidades sunitas. “Eles realmente se es-pecializaram em incitar e se aproveitar de tumultos”, afir-ma o funcionário da Fundação Friedrich Naumann.

Aparentemente, os guerri-

lheiros do EIIL perseguem uma tática multifacetada. O grupo está profundamente enraiza-do em Mossul, diz Aymenn Jawad al-Tamini, do think tank americano Fórum do Oriente Médio. Ali, todos os meses, há centenas de ataques do EIIL, e isso, segundo ele, tem desgastado cada vez mais as forças de segurança. Além dis-so, o EIIL construiu uma base financeira sólida na região, por meio do contrabando de petróleo e da extorsão, e con-seguiu trazer outras milícias sunitas para o seu lado.

OCUPAÇÃOUm ataque à cidade de Baiji, ao sul da região de Salaheddine, pode ser rechaçado pelas tropas do governo. Desde o começo do ano, a bandeira negra do EIIL tremula na província de Al-Anbar, ao oeste

Em Al-Anbar, milícias tribais sunitas, cujo motivo não é a instalação de uma teocracia, também simpatizam com os guerrilheiros do EIIL. Eles estão unidos pelo ódio ao governo em Bagdá. O ataque a Mosul mos-trou claramente que, na esteira do EIIL, outras unidades de combate perseguem os seus objetivos, afirmou o especia-

lista em extremismo Al-Tamini. “Está claro que isso é usado por outros grupos como o exército da seita religiosa Naqshbandi.” Entre outros, pertencem a esse exército membros do regime Baath do ditador Saddam Hus-sein, deposto em 2003. Até mesmo grupos da região de Kirkuk entraram no mesmo barco, disse Al-Tamini.

O EIIL foi criado a partir do Estado Islâmico do Iraque, li-derado pelo jihadista Abu Bakr al-Bagdadi. Em 2012, al-Bag-dadi se envolveu na guerra civil na vizinha Síria e estabeleceu ali a islâmica Frente Al-Nusra. Mas a aliança não durou mui-to tempo. Enquanto a Frente Al-Nusra luta hoje na Síria em nome da rede terrorista

Al Qaeda, o EIIL opera na Síria e no Iraque de forma independente. Em abril último, as suas unidades avançaram até Abu Ghraib, nas proximi-dades de Bagdá. Os membros do EIIL são temidos pela sua crueldade. Por esse motivo, no norte do Iraque, cerca de meio milhão de pessoas estão agora em fuga.

Milícias estão unidas pelo ódio ao governo

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Insurgentes, que antes eram rivais, agora se unem com a missão de combater e derrubar o governo iraquiano pós-americanos

À procura de israelenses sumidosForças israelenses estão em

busca de três adolescentes judeus que desapareceram na Cisjordânia na noite do último final de semana, informaram as forças militares. Enquanto a mídia especula sobre o se-questro dos três jovens colonos, um grande número de soldados israelenses vasculhou o campo em torno da cidade de He-bron, conduzindo buscas casa por casa nos vilarejos vizinhos e bloqueando estradas.

A mídia local disse que os três adolescentes foram vistos pela última vez tentando pe-

gar carona para casa na saída de um seminário religioso no assentamento judeu de Gush Etzion, ao norte de Hebron. “As forças estão conduzindo uma ampla operação para localizar os indivíduos”, declarou a fonte militar em um comunicado.

O primeiro-ministro israe-lense, Benjamin Netanyahu, convocou uma reunião espe-cial com ministros da Segu-rança e disse em comunica-do que Israel responsabiliza o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pela segurança dos três.

Mas Adnan al-Dmairi, porta-voz dos serviços de segurança palestinos na Cisjordânia, rejei-tou a crítica de Israel.

“Três colonos estão desapa-recidos, por que é culpa da Au-toridade Palestina. Não temos nada a ver com o assunto. Se um desastre natural atingir Israel, seríamos responsáveis. Isso é insano e inaceitável, não temos conhecimento disso”, afirmou.

Os militares não deram os nomes dos adolescentes, mas o jornal “Haaretz” rela-tou que dois deles têm 16 anos e um tem 19.

CISJORDÂNIA

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Carro queimado supostamente relacionado ao desaparecimento de três jovens judeus na Cisjordânia

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 (92) 3090-1041

Projeto cria Hospital do Idoso

Dia a Dia C4 e C5

DIEGO JANATÃ

Banda larga via fibra ótica chega a IrandubaRede Estadual de Comunicação - Trecho Coari-Manaus, resultou na implantação da estrutura de telecomunicação

Com a banda larga via wi-fi , estudantes se reúnem após as aulas, na praça dos Três Poderes para navegar nas redes sociais e baixar aplicativos diversos, conforme revela o estudante Eduardo Santos

A internet de qualidade via rede de fi bra óti-ca já é uma realidade para o município de

Iranduba - a 25 quilômetros de Manaus -, onde o gover-no do Amazonas inaugurou a Rede Estadual de Comunica-ção – Trecho Coari-Manaus. O projeto consiste em implantar infraestrutura de telecomuni-cação, por meio de fi bra ótica e rádios. Na praça dos Três Poderes, a mais popular de Iranduba, a população já conta com internet sem fi o, via wi-fi , com até 2 mega.

O projeto recebeu investi-mento de R$ 9,016 milhões e foi idealizado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tec-nologia e Inovação (Secti) e tem o apoio das Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz); Educação e Qualidade de Ensi-no (Seduc); Segurança Pública (SSP); Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Fundação de Amparo à Pesquisa do Es-tado do Amazonas (Fapeam); Centro de Educação Tecnoló-gica do Amazonas (Cetam); e Processamento de Dados do Amazonas (Prodam).

De acordo com o secretá-rio de Ciência e Tecnologia do Estado, Odenildo Sena, a proposta começou a ser de-senhada desde 2010 com a política de estimular o desen-volvimento desses municípios. “Hoje, o desenvolvimento de um município vem na esteira

da internet. Essa infraestru-tura de fi bra ótica vai atrair investidores e vai infl uenciar na melhoria dos serviços de educação, saúde e segurança pública, que demandam sis-temas informatizados e para isso precisam de internet de qualidade”, destaca.

O diretor presidente da Pro-dam, Tiago Monteiro de Paiva, explica que este é apenas o primeiro dos sete municípios localizados na rota do gasodu-

to que recebe a internet banda larga. “O próximo município benefi ciado será Manacapuru. E a nossa previsão é que até o fi m deste ano, Coari, Codajás, Anori, Anamã e Caapiranga também possam contar com internet gratuita de alta qua-lidade”, ressalta o titular da Prodam.

Para o mototaxista Ander-son Rodrigues, 28, a internet disponibilizada gratuitamente na praça dosTrês Poderes tem

ajudado a sua rotina de traba-lho. “Muitos clientes mandam mensagem pra gente pelo WhatsApp e agora, com essa internet na praça, as mensa-gens chegam mais rápido. Está bem melhor que o serviço da operadora”, opina Rodrigues.

Já o estudante Eduardo San-tos, 16, prefere utilizar o sinal para navegar pela internet. “A gente tem vindo aqui para a praça depois das aulas e aproveitamos para baixar apli-cativos e navegar nas redes sociais”, diz.

Benefícios A Rede Estadual de Comu-

nicação – Trecho Coari-Manaus também vai proporcionar agi-lidade nos serviços oferecidos pelos postos do Pronto de Aten-dimento ao Cidadão (PACs), entre eles a emissão de docu-mentos; atração de novos inves-timentos; geração de emprego e renda; emissão de nota fi scal eletrônica; interligação do pro-grama Ronda no Bairro com sis-temas de vigilância e emissão de boletim de ocorrência (BO) eletrônico; integração de hos-pitais e prontos atendimentos; utilização de novas tecnologias para videoconferências; tele-medicina; controle de estoque de medicamentos; prontuários on-line; e também a integração de escolas e universidade a outras instituições de pesquisa; e formação de professores e ensino a distância.

TRABALHOSO trabalho de insta-lação da internet foi coordenado pela Secti com apoio técnico da Prodam, cujos técnicos coordenaram as obras de “iluminação das fi -bras” que já existiam na tubulação do gasoduto

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Internet banda larga facilitou a comunicação do mototaxista Anderson com os clientes

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C2 Dia a dia

Seguidores de religiões de matriz afro convivem com o preconceito violento gerado pela falta de conhecimento das raízes e pelo fanatismo. Amazonas é apontado como um dos Estados mais preconceituosos do Brasil

A liberdade de esco-lher e professar cren-ça religiosa, seja qual for sua matriz, é

garantida pela Constituição brasileira. Contudo, basta um devoto do candomblé, umbanda ou qualquer re-ligião afro-brasileira ousar sair na rua trajando rou-pas ou adereços utilizados durante as cerimônias, que a intolerância toma propor-ções surpreendentes e a tal civilidade cai por terra.

Afirmar a identidade reli-giosa por meio do vestuário, costume tão corriqueiro en-tre os mulçumanos, deman-da grande coragem entre os devotos das religiões de raiz afro, que chegam a ser vítimas de ofensas, agres-sões físicas e até mesmo assassinato. A perseguição é situação velha conhecida da Yalorixá Janaína Bandei-ra, 40, de Oyá de Ile Ase Oyá Leke. “Visto-me quando a causa exige. Mas, se eu sair na rua assim, sou destrata-da, ofendida e tanto como você, sou civil, tenho profis-

são, filhos. Eu e pai André fomos destratados porque fomos tomar uma água de coco. Num calor deste e você não poder entrar num recinto para beber uma água, por-que sua roupa é diferente, é injusto”, lamentou.

Ela nasceu no Rio de Ja-neiro, mas mora há 32 anos em Manaus, onde iniciou seu interesse pelo culto religio-so. Janaína é de Oyá, a deusa dos fenômenos climáticos, uma das mais poderosas divindades do candomblé. “Eu sou de Oyá, o orixá que representa o elemento fogo, o ar, que traz as sementes para que germinem, que leva as chuvas, que traz muitas coisas boas”, explicou.

‘Maus bocados’Durante o período de ado-

ção da religião, a estudante de fisioterapia, passou por “maus bocados”, somente por ter se identificado com uma das religiões mais an-tigas do país, professadas pelos negros africanos que, assim como o europeu e o indígena, colonizaram o Bra-sil. “Por não ter carro, ando muito de táxi, tenho ponte

de safena, não posso nem andar muito. Mas já houve ocasiões de ficar no meio da rua. Eu era cliente da em-presa de táxi, e o motorista não nos deixou entrar porque estávamos vestidas assim. A discriminação bota sua vida em risco”, repudiou.

Dez anos se passaram do incidente, e a situação em nada mudou. “Ainda hoje, se você for pedir um táxi, tem que explicar que é para um candomblecista, porque se vem outro motorista que não aceite, ele não deixa você entrar”, afirmou.

Aos 17 anos de idade, quando frequentava a es-cola, a sacerdotisa Janaí-na lembra que teve um dos adornos, de uso necessário para seguir compromisso re-ligioso, quase arrancado por uma inspetora que chegou a buscar um bisturi para cortá-lo. Para ela, a perseguição às mulheres da religião é maior. “Nós passamos mais cons-trangimento que os homens, até porque nossos paramen-tos e colares, são maiores, as batas chamam atenção, há ocasião em que somos ofendidas”, disse.

O movimento passa por ataques por conta da falta de conhecimento que estimula o preconceito

A intolerância e preconcei-to são motivados por ausên-cia total de conhecimento, a começar pelo hábito pejora-tivo de se referir aos devotos das religiões de matriz afro como “macumbeiros”. A sa-cerdotisa explicou que ma-cumba é um instrumento de percussão utilizado durante as cerimônias. “Confundem candomblé e umbanda com satanismo. E, são coisas di-ferentes. Nós cultuamos as divindades da natureza. Com a facilidade de adquirir infor-mações, por meio da inter-net, era para a realidade ser diferente. As pessoas hoje estudam mais, mas parece que tem menos conhecimen-to”, lamentou.

Janaína ressaltou que o preconceito contra os negros e contra os seguidores das religiões afro é comum em todo o país, porém no Ama-zonas ela toma proporções inimagináveis. E a má fama que a capital conquistou entre os devotos de religiões afro-

brasileiras é reconhecida em todo o território nacional. “Em Manaus há muita intolerân-cia. O Amazonas é o Estado que conheço que tem mais recriminação com a religião. Em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo os sacerdotes de outras religiões, padres, pas-tores, fazem missa em con-junto conosco”, ressaltou.

A perseguição sofrida por Janaína durante a adoles-cência na escola e por onde ela passava parece ter sido herdada pelos filhos da sa-cerdotisa. “Concluí o ensino médio no ano passado e sofri bullying na questão da religião. Vários amigos aceitam, mas sempre tem uma turminha que fica na chacota”, explicou o filho da yalorixá, Ogan Jeffe Serra de Logun, 18.

Ele se lembra da incompre-ensão de parte dos colegas na escola, quando ele preci-sava trajar algum adereço. “Uma vez tinha feito obri-gações e a gente usa uma

espécie de proteção que são aquelas trancinhas de palha, e eu tinha que usar. Então, uma pessoa viu e começou (a agressão). Nossa religião é uma coisa tão pura, assim como católico e o evangélico que também de certa forma cultuam as divindades da natureza. Não tem nada de aberrador”, analisou.

Tolerante, o jovem disse que toda vez que ouvia algum insulto tentava deixar por me-nos, ou repassava a situação para algum professor ou para a direção. “Fica aquela coisa chata e ainda entra a questão da cor. As pessoas falam é ‘macumbeiro e ainda é ne-gro’. Tenho uma irmã mais nova que sofreu muito com isso. Não dou muita bola, tinha meu círculo de amizade, amigos católicos e evangé-licos que me aceitavam. Eu ficava na minha, não parava para ‘bater boca’, avisava ao professor para tomar pro-videncia e não dava muita moral”, apontou.

Mais estudo e menos conhecimento das pessoas

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

DIVULGAÇÃO

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

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MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 C3

Em várias regiões do país há coexis-tência de religiões

Integrantes do mo-vimento no Amazo-nas: luta constante

A perseguição contra os fi éis de religiões de matriz afro não se limita a insul-tos, chacotas, cuspidas ou agressões físicas. Alguns chegam a ser assassina-dos. O caso mais recente de que se há notícia foi do pai de santo Rafael Medeiros, 28, esfaqueado na noite de 3 de maio deste ano, em uma residência na rua 93, núcleo 11, bairro Cidade Nova, Zona Norte.

Medeiros estava em fé-rias em Manaus, visitan-do amigos, quando tentou apartar um desentendi-mento religioso entre duas vizinhas, uma protestante e outra candomblecista. “Isso acontece muito. Assim que cheguei a Manaus, o pai de santo Navarro foi assassi-nado. Depois dele já houve vários degolados, com o membro colocado na boca. Pessoas já apanharam na rua porque eram da religião. Quando vão bater num pa-dre ou pastor?”, questionou a mãe Janaína.

Após a morte do pai de santo Medeiros, criou-se enorme comoção contra a intolerância entre os devotos. “Isso acontece

muito. Quantas vezes fui à escola ou peguei meus fi lhos chorando porque era candomblecista! Isto não é desonra, nós não matamos, não roubamos, não somos trafi cantes. Nós temos op-ção religiosa, a maioria é pai de família. Somos seres humanos, merecemos res-peito, mas a questão da intolerância está demais”, denunciou Janaína.

UniãoEm uma tentativa de unir

os devotos de religiões afro contra o desrespeito, pela desinformação a favor da luta pelo direito das mulhe-res de terreiros a melhores condições de vida, foi criado no dia 1º de junho de 2014, a associação União das Ekejis do Estado do Amazonas.

Existem cerca de 4 mil ekejis distribuídas em mais de mil barracões de santo em Manaus. Elas – também conhecidas como ajoiês, makotas, cambo-nas, guias, ponsilês - cum-prem papel fundamental durante as cerimônias re-ligiosas, pois dão suporte aos trabalhos desenvolvi-dos dentro das casas.

Perseguições ao extremo

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO DIVULGAÇÃO

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 C5

Uma importante responsabilidadeDuas emendas apresentadas à Lei de Diretrizes Orçamentárias trazem a proposta de creches e hospital do idoso em Manaus como incentivo à uma política inovadora

A velhice é a última eta-pa do processo de de-senvolvimento huma-no, fase onde o idoso

apresenta transformações em seus aspectos biológicos, psi-cológicos, sociais e na saúde. No Amazonas, essa parte da população cresceu nos últimos 10 anos e aponta em torno de 110 mil cidadãos acima de 65 anos, segundo dados do Insti-tuto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE).

Esse quadro urbanístico trou-xe à política municipal o clamor pela atenção às necessidades do idoso em Manaus, desafi os que são enfrentados visando assegurar o acolhimento e pro-moção da autonomia.

O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Crian-ça, Adolescentes e Idosos da Câmera Municipal de Manaus (CMM) e vereador, Elias Ema-nuel (PSB), conseguiu emplacar duas emendas voltadas à saú-de e a relação social do ido-so, ambas apresentadas à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e que deverão constar na composição da elaboração do orçamento municipal do próximo ano e também para a atualização do Plano Plurianual

2014 -2017. Elias Emanuel so-licitou a inclusão das emendas nº. 19 e 20 à LDO em que pede preferência nos projetos da Secretaria Municipal de Infra-estrutura e Habitação (Semin-fh) para a construção de uma creche em cada zona da cidade e um hospital, instituições que favorecerão os idosos.

O projeto elucida que ambas as instituições sejam dotadas de médicos especialistas, ge-rontólogos, psicólogos e assis-tentes sociais. O vereador frisa que dar atenção a essa causa é um ato político que envolve a participação dos gestores e da sociedade civil. “Garantir o direi-to do idoso é nosso papel como cidadão e profi ssional, e obter conhecimento das difi culdades que a pessoa idosa vivencia no seu cotidiano”, comenta sobre a justifi cava das emendas.

PrioridadesO vereador salienta que as

duas emendas apresentadas deverão constar como priori-dades na composição da Lei Orçamentária Anual (LOA) para o exercício fi nanceiro municipal de 2015. A fundamentalização da iniciativa é levar o bem-estar à população idosa de Manaus. “Na verdade, daqui a 40 anos a população de idosos será maior que as populações de crianças e

adolescentes juntas, segundo dados do IBGE. Se o poder pú-blico não pensar em políticas públicas, vai na contramão da história. Quando faço isso, penso no meu amanhã e no meu compromisso com a cau-sa dos idosos”, diz.

Contudo, a cidade conta ape-nas com dois Institutos de Longa Permanência para o Idoso (Ilpi): a Fundação Dr. Thomas e o abrigo São Vicente de Paulo, onde as vagas são limitadas. Sobre isto, o vereador apresen-tou como solução a atividade capacitada do cuidador de ido-sos, apontada como serviço es-sencial às famílias com anciões. O vereador acredita que essa parte da população tem neces-sidade de participação efetiva no seio familiar. “Temos hoje uma população expressiva de idosos na cidade de Manaus. A maioria está dentro das famí-lias. Se compararmos os idosos abandonados que moram com suas famílias e os que vivem na Fundação Dr. Thomas, o número é irrisório”, afi rma. “Por isso tem que se popularizar e capacitar a função do cuidador. São profi s-sionais cada vez mais essenciais para as famílias que têm idosos em casa. O convívio com a fa-mília tem que ser cultivado de forma a não institucionalizar o idoso”, acrescenta.

Projetos podem me-lhorar a qualidade de vida dos idosos

REPRODUÇÃO MARINHO RAMOS/SEMCOM

Sobre concretizar a pro-jeto, o vereador diz que a proposta busca ser sólida ao benefi ciar prioritariamente as áreas da cidade onde há demanda. “Não se pode alimentar a ilusão de que nós teremos um hospital em cada zona da cidade. Quanto à creche para o idoso, temos que perceber onde a neces-sidade é mais prioritária e a partir daí começar a im-plantação”, informa.

Elias Emanuel esclarece que o implemento de polí-ticas voltadas à população idosa resulta na diminuição do abandono e na qualidade de vida, e a proposta do hospital do idoso qualifi cado com profi ssionais em geron-tologia melhorará o auxilio à saúde destes que carecem de cuidados especiais. “Isso fará com que essa popula-ção fi que menos relegada ao abandono”, explica.

O parlamentar salienta que o projeto tem que ser previsto pela prefeitura den-tro do orçamento, e a sua expectativa é que já venham carimbadas as rubricas para a execução em 2015. “Ca-berá à sociedade se mobi-lizar para que a prefeitura concretize estas propostas”, explica Emanuel.

ManifestoA Fundação Doutor Tho-

mas (FDT), engajada em alertar a população sobre os números de violência sofrida por idosos na cida-de realiza neste domingo a caminhada “Respeito à pessoa idosa na saúde e no transporte”, alusiva à jornada pelo Combate à Violência contra o Idoso, em três zonas da cidade: Leste, Sul e Oeste.

O ato público tem parceria com o Fórum Permanente do Idoso e os conselhos mu-nicipal e estadual do idoso e demais órgãos municipais e estaduais responsáveis pela política do idoso. Na Zona Leste, a concentra-ção será na avenida Grande Circular. Os demais são a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), na Cacho-eirinha, e a sede do Gover-no do Estado, na avenida Brasil, Compensa. Todas as caminhadas iniciam às 7h.

O objetivo é alertar a po-pulação sobre os números de casos de violência sofri-da por idosos em Manaus e motivar a sociedade a lutar para combater e denunciar essa prática. Conforme re-gistros da Delegacia Espe-cializada de Crimes contra o Idoso, em média, cinco idosos sofrem algum tipo de violência por dia em Ma-naus. Nos quatro primeiros meses deste ano, houve um total de 648 denúncias.

“É comum ouvirmos ca-sos de discriminação contra o idoso, seja no ônibus, na rua ou em órgãos públicos. A discriminação é uma vio-lência e é responsável pelo maior número de ocorrên-cias registradas na Delega-cia do Idoso em Manaus. Há também casos de ameaça, perturbação, lesão corpo-ral, maus-tratos, abandono e negligência, entre outros. Por isso é importante a população saber quais os tipos de violência, como de-nunciar e para onde ligar. Disponibilizamos o número 165 pela FDT, mas também tem o Disque 100”, afi r-mou a diretora-presidente da Fundação Dr.Thomas, Martha Moutinho Cruz.

Benefícios para as demandas

DIEGO JANATÃ/ARQUIVO EM TEMPO

Elias Emanuel, autor das emendas: cabe à sociedade cobrar

DENY CÂNCIOEspecial para o EM TEMPO

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 C5

Uma importante responsabilidadeDuas emendas apresentadas à Lei de Diretrizes Orçamentárias trazem a proposta de creches e hospital do idoso em Manaus como incentivo à uma política inovadora

A velhice é a última eta-pa do processo de de-senvolvimento huma-no, fase onde o idoso

apresenta transformações em seus aspectos biológicos, psi-cológicos, sociais e na saúde. No Amazonas, essa parte da população cresceu nos últimos 10 anos e aponta em torno de 110 mil cidadãos acima de 65 anos, segundo dados do Insti-tuto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE).

Esse quadro urbanístico trou-xe à política municipal o clamor pela atenção às necessidades do idoso em Manaus, desafi os que são enfrentados visando assegurar o acolhimento e pro-moção da autonomia.

O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Crian-ça, Adolescentes e Idosos da Câmera Municipal de Manaus (CMM) e vereador, Elias Ema-nuel (PSB), conseguiu emplacar duas emendas voltadas à saú-de e a relação social do ido-so, ambas apresentadas à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e que deverão constar na composição da elaboração do orçamento municipal do próximo ano e também para a atualização do Plano Plurianual

2014 -2017. Elias Emanuel so-licitou a inclusão das emendas nº. 19 e 20 à LDO em que pede preferência nos projetos da Secretaria Municipal de Infra-estrutura e Habitação (Semin-fh) para a construção de uma creche em cada zona da cidade e um hospital, instituições que favorecerão os idosos.

O projeto elucida que ambas as instituições sejam dotadas de médicos especialistas, ge-rontólogos, psicólogos e assis-tentes sociais. O vereador frisa que dar atenção a essa causa é um ato político que envolve a participação dos gestores e da sociedade civil. “Garantir o direi-to do idoso é nosso papel como cidadão e profi ssional, e obter conhecimento das difi culdades que a pessoa idosa vivencia no seu cotidiano”, comenta sobre a justifi cava das emendas.

PrioridadesO vereador salienta que as

duas emendas apresentadas deverão constar como priori-dades na composição da Lei Orçamentária Anual (LOA) para o exercício fi nanceiro municipal de 2015. A fundamentalização da iniciativa é levar o bem-estar à população idosa de Manaus. “Na verdade, daqui a 40 anos a população de idosos será maior que as populações de crianças e

adolescentes juntas, segundo dados do IBGE. Se o poder pú-blico não pensar em políticas públicas, vai na contramão da história. Quando faço isso, penso no meu amanhã e no meu compromisso com a cau-sa dos idosos”, diz.

Contudo, a cidade conta ape-nas com dois Institutos de Longa Permanência para o Idoso (Ilpi): a Fundação Dr. Thomas e o abrigo São Vicente de Paulo, onde as vagas são limitadas. Sobre isto, o vereador apresen-tou como solução a atividade capacitada do cuidador de ido-sos, apontada como serviço es-sencial às famílias com anciões. O vereador acredita que essa parte da população tem neces-sidade de participação efetiva no seio familiar. “Temos hoje uma população expressiva de idosos na cidade de Manaus. A maioria está dentro das famí-lias. Se compararmos os idosos abandonados que moram com suas famílias e os que vivem na Fundação Dr. Thomas, o número é irrisório”, afi rma. “Por isso tem que se popularizar e capacitar a função do cuidador. São profi s-sionais cada vez mais essenciais para as famílias que têm idosos em casa. O convívio com a fa-mília tem que ser cultivado de forma a não institucionalizar o idoso”, acrescenta.

Projetos podem me-lhorar a qualidade de vida dos idosos

REPRODUÇÃO MARINHO RAMOS/SEMCOM

Sobre concretizar a pro-jeto, o vereador diz que a proposta busca ser sólida ao benefi ciar prioritariamente as áreas da cidade onde há demanda. “Não se pode alimentar a ilusão de que nós teremos um hospital em cada zona da cidade. Quanto à creche para o idoso, temos que perceber onde a neces-sidade é mais prioritária e a partir daí começar a im-plantação”, informa.

Elias Emanuel esclarece que o implemento de polí-ticas voltadas à população idosa resulta na diminuição do abandono e na qualidade de vida, e a proposta do hospital do idoso qualifi cado com profi ssionais em geron-tologia melhorará o auxilio à saúde destes que carecem de cuidados especiais. “Isso fará com que essa popula-ção fi que menos relegada ao abandono”, explica.

O parlamentar salienta que o projeto tem que ser previsto pela prefeitura den-tro do orçamento, e a sua expectativa é que já venham carimbadas as rubricas para a execução em 2015. “Ca-berá à sociedade se mobi-lizar para que a prefeitura concretize estas propostas”, explica Emanuel.

ManifestoA Fundação Doutor Tho-

mas (FDT), engajada em alertar a população sobre os números de violência sofrida por idosos na cida-de realiza neste domingo a caminhada “Respeito à pessoa idosa na saúde e no transporte”, alusiva à jornada pelo Combate à Violência contra o Idoso, em três zonas da cidade: Leste, Sul e Oeste.

O ato público tem parceria com o Fórum Permanente do Idoso e os conselhos mu-nicipal e estadual do idoso e demais órgãos municipais e estaduais responsáveis pela política do idoso. Na Zona Leste, a concentra-ção será na avenida Grande Circular. Os demais são a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), na Cacho-eirinha, e a sede do Gover-no do Estado, na avenida Brasil, Compensa. Todas as caminhadas iniciam às 7h.

O objetivo é alertar a po-pulação sobre os números de casos de violência sofri-da por idosos em Manaus e motivar a sociedade a lutar para combater e denunciar essa prática. Conforme re-gistros da Delegacia Espe-cializada de Crimes contra o Idoso, em média, cinco idosos sofrem algum tipo de violência por dia em Ma-naus. Nos quatro primeiros meses deste ano, houve um total de 648 denúncias.

“É comum ouvirmos ca-sos de discriminação contra o idoso, seja no ônibus, na rua ou em órgãos públicos. A discriminação é uma vio-lência e é responsável pelo maior número de ocorrên-cias registradas na Delega-cia do Idoso em Manaus. Há também casos de ameaça, perturbação, lesão corpo-ral, maus-tratos, abandono e negligência, entre outros. Por isso é importante a população saber quais os tipos de violência, como de-nunciar e para onde ligar. Disponibilizamos o número 165 pela FDT, mas também tem o Disque 100”, afi r-mou a diretora-presidente da Fundação Dr.Thomas, Martha Moutinho Cruz.

Benefícios para as demandas

DIEGO JANATÃ/ARQUIVO EM TEMPO

Elias Emanuel, autor das emendas: cabe à sociedade cobrar

DENY CÂNCIOEspecial para o EM TEMPO

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

FCecon conclui seleção de pesquisadores para o PaicLista contendo o nome dos acadêmicos das áreas de saúde, cujos projetos foram aprovados, será divulgada no site da instituição na próxima semana. Parceria com a Fapeam viabiliza o financiamento dos projetos selecionados no programa

A Fundação Centro de Controle de Onco-logia do Estado do Amazonas (FCecon)

selecionou, na última semana, os 40 acadêmicos que farão parte da edição 2014/2015 do Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic - FCecon), que conta com a participação da Fundação de Amparo à Pes-quisa do Amazonas (Fapeam). A lista com os nomes será divulgada na próxima semana, no site da instituição www.fcecon.am.gov.br.

As pesquisas, todas rela-cionadas à área oncológica, começam a ser desenvolvidas a partir de agosto deste ano, um mês após a conclusão dos trabalhos da turma inserida no programa em 2013.

Com esta edição, o Paic-FCecon chega a marca de 111 acadêmicos que ingressaram no meio científico na institui-ção a partir do programa.

A expectativa, conforme informações da diretoria de ensino e pesquisa da FCecon, é que o número

de bolsistas nesta edição seja ampliado para 47, uma vez que serão solicitadas as concessões de outras sete bolsas à Fapeam.

O programa contará com apoio de 21 orientadores, entre mestres e doutores que atuam na FCecon, hoje

considerada a unidade de referência no tratamento do câncer em toda a Amazônia Ocidental.

Conforme informações da diretoria de ensino e pesquisa, as pesquisas terão a duração de um ano e, com a conclusão,

a expectativa é que os artigos gerados sejam publicados em revistas científicas de grande circulação no meio, além de apresentados em congressos relacionados à oncologia.

IniciaçãoIniciado em 2011 na FCecon,

a partir de uma iniciativa da diretoria de ensino e pesqui-sa da instituição, o Paic visa apoiar, com recursos finan-ceiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação inte-ressados no desenvolvimento de pesquisas na fundação.

A partir dele, os universitá-rios das diversas áreas, como medicina e enfermagem, po-dem ter contato direto com a atividade científica.

Entre os temas pesquisas-dos na FCecon estão os rela-cionados às áreas da urologia, mastologia, ginecologia, en-fermagem, entre outros.

A ideia, conforme Kátia Tor-res, é que, no futuro, os resulta-dos obtidos com as pesquisas auxiliem na melhoria da aten-ção ao paciente oncológico.

O edital para o processo seletivo de bolsistas para o Paic-FCecon 2014/2015 foi lançado em abril. Ao in-gressarem no programa, os acadêmicos contemplados terão um ano para desen-volverem as pesquisas, pas-sando por uma avaliação parcial após seis meses e a final no último mês da pes-quisa. As avaliações serão feitas por doutores convi-dados, que deverão compor a banca de no mínimo três e no máximo cinco membros, conforme o edital.

A FCecon investiu, a partir da Fapeam, fonte fomen-tadora de pesquisas no Estado, mais de R$ 3 mi-

lhões em projetos da área científica, nos últimos 4 anos, além de cerca de R$ 1,5 milhão proveniente da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A evolu-ção dos projetos, no decor-rer dos anos, veio acom-panhada do aumento dos recursos investidos.

Exemplo disso é que, em 2011, a FCecon investiu em Ensino e Pesquisa, por meio da Fapeam, cerca de R$ 30,3 mil. No ano seguinte, foram R$ 433,3 mil e, em 2013, foi registrado um salto nos investimentos, totalizando R$ 992,7 mil – R$ 600 mil destinados ao início da implantação da

primeira Sala Inteligente Oncológica com tecnologia de ponta da Região Norte, a ser utilizada durante a re-alização de cirurgias mini-mamente invasivas dentro de várias especialidades da medicina.

Nos primeiros meses des-te ano, a FCecon já con-tabilizava R$ 3,1 milhões em investimentos liberados pela Fapeam e pela UEA, para a implantação da Sala Inteligente, além de R$ 192 mil aprovados pela Fapeam, exclusivamente, para o fi-nanciamento das bolsas do Paic-FCecon 2014/2015, uma média de R$ 16 mil ao mês para as pesquisas.

Investimento ao longo dos anos

Mais de 20 orientadores, entre doutores e mestres, estarão atuando no programa da FCecon As pesquisas terão a duração de um ano e os artigos serão publicados em revistas científicas

FOTOS: DIVULGAÇÃO

AVALIAÇÃOAs avaliações dos projetos serão feitas por doutores convi-dados, que deverão compor a banca de no mínimo três e no má-ximo cinco membros, conforme determina o edital

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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Parceria viabiliza mutirões oftalmológicos nos PACs

Parceria entre Susam, Ouvidoria-Geral do Estado e o Instituto de Pesquisa e Assistência Ost almológica da Amazônia (Ipoam) resultará em três dias de mutirões

Nos dias 21 e 28 de junho e também 5 de julho, o gover-no do Amazonas

realizará um mutirão para atendimento ost almológico gratuito para a população das zonas Norte, Oeste e Leste. A ação segue a orien-tação do governador José de Melo de aumentar a oferta de serviços na área de saúde e é uma parceria da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Ouvidoria-Geral do Estado e o Instituto de Pesquisa e Assistência Ost almológica da Amazônia (Ipoam).

O projeto vai acontecer nos postos do Pronto Aten-dimento ao Cidadão (PAC) dos bairros Compensa, Cidade Nova e São José, onde serão disponibilizados os seguintes serviços: consultas, exames, encaminhamentos para pro-cedimentos cirúrgicos e do-ação de óculos.

O programa vai acontecer durante três sábados, sem-pre das 8h às 13h, com a se-guinte programação: dia 21 de junho – PAC Cidade Nova (avenida Noel Nutels, 1.350, Cidade Nova 1, Zona Norte),

dia 28 de junho – PAC Com-pensa (avenida Brasil, 1.325, Compensa 1, Zona Oeste), dia 5 de julho – PAC São José (avenida Cosme Ferrei-ra, 4.605, Uai Shopping, São José 1, Zona Leste).

As consultas devem ser agendadas por meio do Disk

Cidadão pelo número 0800 286 2300 a partir de amanhã, segunda-feira (16).

ProcuraA Ouvidora-Geral do Esta-

do, Zanele Teixeira, explica que os PACs têm registrado alta demanda na procura pelo agendamento de consultas ost almológicas. Daí surgiu a

proposta da realização de mu-tirões, conforme orientação do governador José Melo.

“Queremos facilitar o acesso da população a todo e qualquer serviço e essa parceria vai ajudar a suprir essa demanda. Serão novas consultas, além das que acon-tecem conforme o cronogra-ma semanal de cada posto”, informa Zanele.

Exames e encaminhamentos cirúrgicos serão alguns dos serviços oferecidos durante as ações

ROBERTO CARLOS/AGECOM

SERVIÇOSConsultas, exames, encaminhamentos para procedimentos cirúrgi-cos e doação de óculos serão os serviços ofe-recidos durante os três dias de mutirão, nos PACs das zonas Norte, Leste e Oeste

ProgramaçãoDia 21 de junho

PAC Cidade Nova (avenida Noel Nutels, 1.350, Cidade Nova 1, Zona Norte

Dia 28 de junho PAC Compensa avenida Brasil, 1.325, Compensa 1, Zona Oeste

Dia 5 de julho PAC São José avenida Cosme Ferreira, 4.605, Uai Shopping, São José 1, Zona Leste.

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

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MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1010

3 Pelos olhos de Vivian MaierA melhor fotógrafa secreta do mundo. Págs. 4 e 5

2 Cinco poemas em tempos sem pazA imaginação de Miklós Radnóti. Pág. 3

1

4

José Patrício com seus botõesE outras 8 indicações culturais. Pág. 2

5 Do arquivo de Jocy de Oliveira

Gigante de açúcar invade fábricaDiário de Nova York. Pág. 6

Rio de Janeiro, 1985. Pág. 7

Capaautorretrato deVivian Maier(detalhe)

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G2 MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Ilustríssima SemanaO MELHOR DA CULTURA EM 9 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

BIOFILIACampanha ambientalista da cantora islandesa Björk en-tra no currículo das escolas escandinavas RUANDA - 20 ANOSHistórias de vítimas de estupro durante genocídio

CÁSSIO VASCONCELLOSFotógrafo relata como encon-trou o pátio de ônibus retra-tado acima

>>folha.com/ilustrissima

ELEANOR CATTON, 28, escritora neozelandesa, tornou-se, em 2013, a mais jovem vencedora do Man Booker Prize.

EMILIO FRAIA, 32, é autor do romance “O Verão do Chibo” (Alfaguara), com Vanessa Barbara, e da graphic novel “Campo em Branco” (Companhia das Letras), com DW Ribatski.

GEOFF DYER, 56, escritor britânico, é autor de “O Instante Contínuo - Uma História Particular da Fotografi a” (Companhia das Letras).

MIKLÓS RADNÓTI (1909-44), poeta húngaro, morto pela polícia nazista.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

VIVIAN MAIER/DIVULGAÇÃO

CURSO | EXISTENCIALISMOO professor de fi losofi a da USP

Franklin Leopoldo e Silva ministra três aulas sobre os existencialistas franceses. Cada encontro será de-dicado a um deles: a liberdade em Jean-Paul Sartre, o absurdo em Albert Camus e a totalidade em Maurice Merleau-Ponty.

Casa do Saber | tel. (11) 3707-8900 | R$ 435 | seg., às 20, a partir de 23/6

“Pátio de Ônibus Usados, São Paulo. Coordenadas Geo-

gráfi cas: 23°39’47’’ S 46°43’39’’W”, de Cássio

Vasconcellos

PAULO SCHILLER, 61, psicanalista e tradutor, é autor de “A Vertigemda Imortalidade” (Companhia das Letras).

SÉRGIO SISTER, 65, é artista plástico.

JOCY DE OLIVEIRA, 78, é compositora e pianista. Lança o livro “Diálogo com Cartas” (Sesi-SP), sua correspondência inédita com grandes músicos do século 20, em 29/7, no Oi Futuro Flamengo, no Rio.

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES, 57, é jornalista da Folha em Nova York.

VIVIAN MAIER (1926-2009), babá americana cuja obra fotográfi ca era desconhecida em vida.

MÚSICA | CORALO Coro Mirim do Coral da Cidade e

a Orquestra Acadêmica de São Paulo se apresentam hoje na Catedral Me-tropolitana Ortodoxa de São Paulo. No programa, “Magnifi cat-Alleluia” (1958), de Heitor Villa-Lobos e “Cântico Universal” (2013), de Luciano Camar-go, regente e diretor do coral.

r. Vergueiro, 1.515 | 16h | grátis

EXPOSIÇÃO | JOSÉ PATRÍCIOO artista recifense apresenta obras feitas de objetos

comuns do dia a dia organizados segundo padrões. São trabalhos de séries como “Afi nidades Cromáticas”, em que utiliza combinações matemáticas para ordenar botões e quebra-cabeças, e “Ars Combinatoria”, de mosaicos feitos com peças de dominó.

Nara Roesler | tel. (11) 3063-2344 | seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h | grátis | até 20/7

FOTOGRAFIA | VALDIR CRUZ“Cronotopos” exibe 20 imagens em grandes

dimensões feitas pelo fotógrafo paranaense nos últimos 18 anos. A mostra tem lugar na fi lial paulistana da galeria Bolsa de Arte, de Porto Alegre, inaugurada no mês de abril, em Pinheiros.

Bolsa de Arte | tel. (11) 3097-9673 | seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 18h | grátis | até 12/7

EXPOSIÇÃO | CÁSSIO VASCONCELOS“Aéreas do Brasil” traz 25 fotos feitas

do céu, 10 das quais em painéis de grande escala. Um livro homônimo, com texto do jornalista Xavier Bartaburu, reúne vasta amostra do trabalho que o fotógrafo pro-duz desde 1996, como um ensaio inédito sobre o Carnaval paulistano de 2014.

Paço das Artes | tel. (11) 3814-4832 | ter. a sex., das 10h às 19h; sáb. e dom., das 12h30 às 17h30 | grátis | até 22/6

Bei | R$ 120 | 236 págs.

POESIA | SAM SHEPARDMarcelo Montenegro e Bruna Beber

se reúnem nesta segunda (16) para ler trechos de “Crônicas de Motel”, do escritor norte-americano --versos como “as pessoas aqui/ se tornaram/ as pessoas/ que estão fi ngindo ser”. O encontro é parte do projeto “Poesia de Segunda”, sob curadoria de Fabrí-cio Corsaletti, colunista da Folha.

Clube das Artes | tel. (11) 3567-4988 | 20h | grátis

EVENTO | BLOOMSDAY“Ulysses”, de James Joyce, narra as errâncias de Leopold Bloom ao longo de

um dia, 16 de junho de 1904, data celebrada anualmente mundo afora. Em São Paulo, nesta segunda, uma caminhada pontuada por cenas da peça “Ulisses Molly Bloom “” Dançando para Adiar”, da Cia. Estrela D’Alva de Teatro, vai da Casa Guilherme de Almeida, no Pacaembu, ao Finnegan’s Pub, em Pinheiros, onde serão lidos trechos da obra do autor irlandês.

Casa Guilherme de Almeida | tel. (11) 3673-1883 | 17h | grátis

LIVRO | BÉLA GUTTMANNO sociólogo e jornalista alemão Detlev Claussen, que foi aluno de Adorno

em Frankfurt, escreve a biografi a do húngaro que é uma lenda do futebol. Guttmann (1900-81) foi jogador e técnico, quando ganhou duas vezes a Liga dos Campeões comandando o Benfi ca, além de ter treinado o São Paulo.

trad. Daniel Martineschen e Alexandre Fernandez Vaz Estação Liberdade | R$ 39 | 176 págs.

DVD | BENTO fi lme de 1997 é a versão

para o cinema da peça ho-mônima de Martin Sherman que, em 1979, estreou em Londres com Ian McKellen no papel principal. Max, vi-vido aqui por Clive Owen, é mandado ao campo de concentração de Dachau du-rante o nazismo por ser gay, mas se fi nge de judeu para tentar sobreviver.

Classicline | R$ 29,90

1“Afinidades Cromáticas XV”

(2013), de José Patrício

CÁSSIO VASCONCELLOS/DIVULGAÇÃO

ROBSON LEMOS/DIVULGAÇÃO

G02 - ILUSTRISSIMA.indd 2 13/6/2014 23:50:44

G3MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

2Cinco poemas de guerra

Imaginação

Cartões-postais

1Da Bulgária, a palavra espessa e

selvagem dos canhões se derrama,

MIKLÓS RADNÓTITRADUÇÃO PAULO SCHILLERILUSTRAÇÃO SÉRGIO SISTER

PROSA, POESIA E TRADUÇÃO

RESUMOO poeta húngaro Miklós Radnóti (1909-44) foi enviado ao campo de concentração de Bor, na atual Sérvia, durante a Segunda Guerra Mundial. Quando os nazistas recu-aram, Radnóti e outros foram obrigados a voltar para a Hungria em uma das marchas forçadas, durante a qual ele foi executado. Os textos acima foram encontra-dos em um caderno de notas no bolso de seu casaco quando o corpo foi exumado de uma vala comum e reunidos por sua viúva, Fanni Gyarma-ti (1912-2014).

pisoteia o dorso da montanha, depois hesita e cai,

se atropelam homens, animais, carroças e pensamentos,

o caminho se detém gemente, o céu cacheado desliza.

Você está sempre comigo na con-fusão incessante,

no fundo da minha consciência você brilha eterna imóvel

e muda, como o anjo que contem-pla o extermínio,

ou o verme fúnebre que devora a árvore apodrecida.

30 de agosto de 1944. entre as montanhas

2A nove quilômetros daqui ardemrolos de feno e casas,e à margem dos pastos sentados

mudoscamponeses horrorizados sorvem

cachimbos.Aqui ainda pregueia a água a pe-

quenina pastora que pisa no lagoe bebem nuvens sobre a água

debruçadas as ovelhas felpudas.cservenka, 6 de outubro de 1944

3Da boca dos bois escorre saliva

sangrenta,os homens todos urinam sangue,a companhia se detém em novelos

malcheirosos selvagens.Acima de nós sopra a morte tre-

menda. (1)

mohács, 24 de outubro de 1944

4Desabei a seu lado, seu corpo

se viroue já estava teso, como corda,

quando se rompe.Tiro na nuca. – Assim será também

o seu fi m, –sussurrei para mim mesmo, – con-

tinue deitado sereno.A paciência agora desabrocha em

morte. –Der springt noch auf, – ouvi acima

de mim.No meu ouvido secava sangue

misturado a lama. (2)szentkirályszabadja, 31 de outubro

de 1944

Notas do tradutor1- A palavra “companhia”, aci-

ma, também signifi ca “século” em húngaro.

2- O companheiro morto era um violinista. A expressão em alemão signifi ca algo com “ele ainda se debate”.

Marcha ForçadaLouco quem da terra morto se

levanta e de novo se arrasta,e com a dor do nômade movi-

menta tornozelos e joelhos,e ainda assim se põe a caminho,

como se alçado por asas,e as valas o chamam em vão,

não tem coragem de fi car,

e se você perguntar, por que não? talvez ele responda

que a mulher espera por ele e uma morte mais bonita, mais sábia.

Embora o crédulo esteja louco, porque lá sobre os lares

há muito apenas voam cinzasa parede da casa desabou, o

pé de ameixa se partiu,e de medo é tormentosa a noite

da terra natal.Oh, se eu pudesse acreditar:

que não é apenas no coração que eu levo

tudo que ainda vale a pena, e que existe uma casa à qual voltar;

se ainda existisse! e como em outros tempos na antiga varanda fresca

zumbisse a colmeia da paz, enquanto resfriava a geleia de ameixa,

e o silêncio do fi nal de verão se banhasse ao sol nos jardins sonolentos,

em meio à folhagem frutas pendessem nuas,

e Fanni me esperaria loira dian-te da cerca vermelha

e lentamente escreveria som-bra a lenta manhã, –

mas talvez ainda possa aconte-cer! A Lua está tão redonda!

Não prossiga, amigo, grite co-migo! e vou me levantar!

Bor, 1944, 15 de setembro.

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G4 MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 G5

Fotografi aRESUMODescoberta por aci-dente, a obra da nor-te-americana Vivian Maier tornou-se um dos maiores tesou-ros fotográfi cos do século 20. As 100 mil fotos que a babá fez anonimamente só fo-ram valorizadas após sua morte, em 2009, e viraram tema de fi lmes e livros, como “Vivian Maier: Uma Fotógrafa de Rua”, que sai no Brasil.

3Uma vida revelada

Em 2007, John Maloof, um corretor de imóveis e histo-riador ocasional de 26 anos, andava atrás de material ico-nográfi co para a elaboração de um livro sobre Portage Park, bairro onde vivia, em Chicago. O volume serviria para promover a região, “colocá-la no mapa imobiliário da cidade”. Na épo-ca, John também presidia uma certa Associação de Preserva-ção Histórica do Setor Noroeste de Chicago, e passava parte de seus dias tragado por antiquá-rios, leilões de tralhas, feiras, mercados de pulgas, aquilo tudo que o artista belga Francis Alÿs apelidou de “buracos negros da memória coletiva”.

Certo dia, na modesta casa de leilões e venda de “móveis vintage, objetos para casa, arte e antiguidades” RPN (ini-ciais dos donos Roger, Paul e Nancy), John esbarrou numa caixa atulhada de velhos nega-tivos e fotografi as, uma coleção de imagens urbanas dos anos 1960. Sem saber muito bem se aquilo poderia ou não ser útil a sua pesquisa, deu um lance de US$ 400 (cerca de R$ 890) e arrematou o lote: 30 mil ne-gativos, 1.600 rolos de fi lmes não revelados.

Foi para casa, abriu o pacote. As imagens nada tinham a ver com a vizinhança sobre a qual estava interessado – acabou não utilizando uma foto sequer no projeto do livro. Ficaram na caixa, num armário, por quase um ano.

Nesse ponto, como num da-queles contos de Maupassant em que depois de uma breve introdução o narrador diz aos ouvintes (quase sempre no fi nal de um jantar): “Vou lhes apre-sentar o caso mais inquietante que jamais encontrei”, John Ma-loof nos fala de Vivian Maier. Pri-meiro, assim, apenas um nome, num envelope, em meio a rolos de fi lme. Na época, Maloof não sabia praticamente nada sobre

EMILIO FRAIAFOTOGRAFIA VIVIAN MAIER

A descoberta do tesouro Vivian Maier

fotografi a, mas quando decidiu olhar de perto o que tinha em mãos (e era muita coisa), fi -cou impressionado. Estava ali, diante dele, um riquíssimo pa-norama social de Nova York e Chicago nos anos 1950 e 1960, um olhar cheio de empatia so-bre crianças e mulheres, a vida de gente simples, a experiência dos afro-americanos na cidade, bêbados, vagabundos, a face de

mármore de nobres senhoras vestidas com pompa, uma freira na sombra, um homem caído e centenas de autorretratos.

Resolveu ir atrás daquela que provavelmente seria a autora das fotos. Vasculhou a internet. Nenhuma referência no Google, nada no Flickr, Twitter, Face-book. Ao mesmo tempo em que tentava encontrar pistas – sem sucesso –, surpreendia-se cada

vez mais com a qualidade do material. Passou a escanear os negativos e criou um blog. Seu interesse por fotografi a também crescia. Fez cursos, leu livros, passou tardes indolentes assistindo à série “Os Gênios da Fotografi a”, na BBC.

Em 2009, em mais uma de suas monótonas e periódicas varreduras em sites de buscas, algo enfi m surgiu: um brevís-

simo obituário, no “Chicago Tribune”, do dia 23 de abril daquele ano. Uma nota sim-ples, que dizia apenas: “Vivian Dorothea Maier, francesa de origem e moradora de Chicago nos últimos 50 anos, faleceu em paz na segunda-feira. Foi uma segunda mãe para John, Lane e Matthew. Sua mente aberta tocou a todos que a conheceram. Sempre pronta a

dar sua opinião, um conselho, uma ajuda”.

A partir disso, Maloof desco-briu que John, Lane e Matthew eram irmãos e fi lhos de uma família para quem a senhorita Maier havia trabalhado por 17 anos, os Gensburg. E descobriu também que, durante 40 anos, entre Nova York, Los Angeles e Chicago, Vivian Maier fora babá. Nascida em Nova York em 1926, fi lha de pai austría-co e mãe francesa, separados quando Vivian ainda era bebê, mudou-se para uma pequena cidade na França, Saint-Julien-en-Champsaur, onde passou a maior parte da infância e da adolescência. Foi lá que, em 1949, começou a fotografar, com uma Kodak Brownie, uma câmera amadora rudimentar. Não se sabe exatamente como desenvolveu essa aptidão. Al-guns dizem que foi infl uenciada pela lembrança de uma amiga de sua mãe, a retratista Jeanne

Bertrand, que conhecera peque-na, ainda nos Estados Unidos. Em 1951, aos 25 anos, voltou para Nova York. Foi quando co-meçou a trabalhar como babá – e a fotografar, compulsiva-mente, o que fez até o fi m de sua vida.

RevelaçãoEm outubro de 2009, en-

quanto ia desvendando essas e outras pegadas, John postou o link de seu blog sobre Maier num grupo de discussão do Flickr chamado Hardcore Stre-et Photography. Na postagem, perguntava: “O que devo fazer com essa tralha toda? Consi-deram esse trabalho digno de uma exposição, de um livro? Ou esse tipo de coisa surge o tempo todo, assim, do nada? Qualquer ajuda é bem-vinda”.

Em menos de 24 horas, Maloof recebeu mais de 200 respostas. Algumas, como a assinada pela alcunha Film Noir Anti-Hero, questionavam se aquilo não seria um “hoax”, um boato virtual: “Será que alguém não saiu por aí tirando fotos de pessoas vestidas com roupas dos anos 40 a fi m de publicar na internet e dar o crédito para alguém que já morreu?”. Mas a maioria das mensagens (a postagem no fórum chegou a ter 752 res-postas) era de relatos absolu-tamente emocionados com as imagens de Maier.

“Seus rolos de fi lme não são uma sequência de cliques. Vivian não era nada impulsiva, era cuidadosa a cada registro. Raramente tirava três ou qua-tro ‘takes’ da mesma cena”, comenta John Maloof, em entrevista por telefone para a Folha. Sem perder tempo, John foi atrás dos outros lo-tes com o nome de Maier do mesmo leilão em que havia adquirido a primeira caixa. Ar-rematou praticamente tudo. Sua coleção, hoje, tem quase 150 mil negativos (boa parte ainda não escaneada), além de mais de 3.000 fotos impres-sas, centenas de rolos ainda não revelados e fi lmes de 8 mm gravados por ela. Nada disso veio à tona durante a vida de Maier, que, até onde se sabe, jamais mostrou a alguém seu trabalho.

Neste mês, com o lançamen-to no Brasil de “Vivian Maier: Uma Fotógrafa de Rua” [Au-têntica, 136 págs., R$ 108], editado por John Maloof, com prefácio de Geoff Dyer (leia ao lado), talvez possamos adivi-nhar algo mais sobre a vida secreta da babá-fotógrafa, cuja obra não raro vem sendo colocada ao lado de mestres como Diane Arbus, Walker Evans, Garry Winogrand e Ro-bert Frank.

Dois outros livros foram publicados recentemente nos Estados Unidos e po-dem aprofundar o olhar sobre seu legado: “Vivian Maier: Out of Shadows” [CityFiles Press, 288 págs., US$ 60], biografi a escrita por Richard Cahan e Michael Williams; e “Vivian Maier: Self-Portraits” [ed. po-werHouse Books, 120 págs., US$ 50], organizado por Ma-loof com Elizabeth Avedon. Para o fi m de 2014, Maloof promete um novo volume de inéditas.

Uma exposição com as fo-tografi as já passou por mais de dez países, incluindo Ale-manha, Inglaterra e França, e nos próximos meses deve chegar à Bélgica e à Suécia. Dois documentários, “Finding Vivian Maier”, dirigido pelo pró-prio Maloof em parceria com Charlie Siskel, e “The Vivian Maier Mistery”, produzido pela BBC e dirigido por Jill Nicholls, aterrissaram recentemente nos cinemas e na TV.

ExposiçãoO reconhecimento crítico

despontou já em 2011, na ocasião da primeira exposição individual de Maier, organizada por Maloof, em Chicago. “Trata-se de uma das fotógrafas de rua mais argutas dos Estados Unidos”, escreveu David W. Dun-lap, em extenso artigo no “New York Times”.

“As paisagens urbanas da se-nhorita Maier conseguem cap-tar ao mesmo tempo a forte marca local e os momentos paradoxais que dão à cidade o seu pulso”, diz o articulista. “As pessoas em seus frames são vulneráveis, nobres, derrotadas, orgulhosas, frágeis, ternas e, não raro, bem cômicas”.

Apesar disso, Maloof viu portas de instituições como o MoMA e a Tate Modern se fe-charem. “Eles não consideram as fotos como visão do artista se não forem impressas pelo próprio artista”, lamenta.

Para o crítico e curador Ru-bens Fernandes Junior, o fato de nos anos 50 Maier fotografar com uma Rolleifl ex, formato médio 6 x 6 cm – mais tarde ela usaria as Rolleifl ex 3.5T, 3.5F, 2.8C, uma Leica IIIc, além das Ihagee Exakta, Zeiss Contarex, entre outras – já é um indício de sua exigência em relação à qualidade da imagem. “Sig-nifi ca também, arrisco dizer, que ela provavelmente estava observando os fotógrafos do período”, diz.

A grande referência da época, chama a atenção Fernandes Junior, é a exposição de Edward Steichen, no MoMA, “The Family of Man” (1955), que se tornou um marco do imaginário do pós-Guerra. Embora existam poucos indícios nesse sentido, o crítico acredita que ela estava atenta ao mundo dos museus, para a produção de fotógrafos como Dorothea Lange, Eugene Smith, Irving Penn, Lisette Model, e às revistas como “Life”, “Time” e “Paris Match”.

“Há em suas fotos um olhar terno, generoso, que busca in-cessantemente o diálogo. Sua

composição nem sempre é ób-via, e sua luz é muito trabalhada, o que denota um amplo conhe-cimento do ofício”, comenta ele. “O que me espanta é sua atitude de nunca ter batalhado pela publicação ou exibição de suas fotografi as. Seria muito rigorosa com ela mesma?”

FilmeEssa é uma das questões

em “Finding Vivian Maier”. Para a realização do fi lme, o ex-corretor de imóveis e atual guardião do espólio de Maier entrevistou cerca de 90 pessoas, entre remanescen-tes das famílias em que ela trabalhara como babá e gente que a conhecera na França durante a juventude, além de críticos e especialistas.

A partir dos depoimentos, descobrimos que, ao se apo-sentar, Maier estocou seus pertences em vários guar-da-móveis da cidade. Com o passar dos anos, parou de pagar o aluguel, e suas coi-sas fi caram esquecidas. Foi assim que boa parte de seu material fotográfi co foi parar nas mãos de leiloeiros.

Nos depósitos, prestes a serem jogados fora, Maloof encontrou chapéus, câmeras, ingressos, um par de sapatos vermelhos, cartas, itinerários de viagem, milhares de dóla-res em cheques do governo não descontados, um grava-dor, uma infi nidade de recor-tes de jornais diligentemente organizados em pastas – boa parte deles sobre crimes ocor-ridos na cidade.

Maloof conta que Vivian nunca casou, não teve fi lhos nem tinha amigos próximos. Revelava seus rolos de fi lmes num banheiro que tinha na casa dos seus patrões. No do-cumentário, ela é lembrada como uma mulher “intransi-gente, mas brincalhona, infi -nitamente curiosa ainda que reservada e, algumas vezes, cruel”. Vestia-se de “maneira antiga, costumava mentir so-bre seu local de nascimento,

e nas lojas de material foto-gráfi co apresentava-se sem-pre com um nome diferente”. Um conhecido recorda ter lhe perguntado do que vivia. “Sou uma espécie de espiã”, foi a resposta.

Em 1958, fez uma viagem de quase três meses pelas Américas Central e do Sul, passando por Bogotá, Quito, Santiago, Montevidéu, Bue-nos Aires, São Paulo, Rio e pela Amazônia. Maloof diz que há uma profusão de ima-gens destas andanças, mas que ainda estão sendo esca-neadas e avaliadas. Em 1959, perambulou ainda por Euro-pa, Oriente Médio e Ásia.

Em recente artigo publicado no blog da revista “The New Yorker”, a jornalista e roteiris-ta Rose Lichter-Marck diz que Maier “desafi a nossas ideias de como uma pessoa, um artista e, especialmente, uma mulher deveria ser” – ainda mais se pensarmos nos Estados Unidos dos anos 1950, principal cená-rio das andanças da fotógrafa. Para Lichter-Marck, ao con-trário do que o documentário sugere, ao buscar motivações psicológicas e de trauma para a trajetória da fotógrafa, a impressão é de que Maier “era alguém bastante livre, que gos-tava de estar à margem, e que viveu a vida que quis viver”.

Uma possível chave para sua obra talvez esteja em seus au-torretratos, tirados em frente a vitrines, espelhos, vidros de carro. E sobretudo naqueles numerosos cliques em que Vi-vian registra a própria som-bra. Num verso de “Folhas de Relva”, Walt Whitman se pergunta: “Será que alguém, quando eu morrer e sumir, escreverá a minha história?/ Como se alguém pudesse sa-ber alguma coisa”.

Em 2008, Vivian escorregou e bateu a cabeça num pedaço de gelo, no centro de Chicago. Acabou não conseguindo se recuperar da queda e morreu em 2009, numa casa de re-pouso, aos 83 anos.

De tempos em tempos, acontece de descobrimos que um escritor que per-maneceu inédito em vida morreu deixando uma ver-dadeira uma obra-prima. “Uma Confraria de Tolos”, de John Kennedy Toole, é um exemplo disso – e de como o termo “obra-prima” é empregado quase como uma compensação para o atraso lamentável. No mun-do da fotografi a, essa his-tória se repete em variadas versões. Há fotógrafos que acumulam um conjunto de obras e depois desapare-cem. Às vezes, eles chegam a desfrutar de alguma fama e notoriedade (E.O. Hoppé, Ida Kar) antes de sucum-birem a uma obscuridade da qual só emergem pos-tumamente.

Há aqueles que alcan-çaram reconhecimento em círculos fotográfi cos (William Gedney) e, em se-guida, desapareceram até do radar de seus pares. Ocasionalmente, o trabalho é descoberto a tempo de o fotógrafo colher reconheci-mento tardio. Se Lartigue foi o grande exemplo dis-so, então Miroslav Tichý ilustra uma síndrome mais estranha, pela qual a des-coberta vem tão tarde que a ovação parece póstuma, mesmo se o artista ainda está vivo. E há outros, como E.J. Bellocq, de quem quase nada se sabia até depois de sua morte.

Vivian Maier representa um caso extremo de des-coberta póstuma: aquele de alguém que existe uni-camente nas coisas que viu. Maier não só era to-talmente desconhecida no mundo da fotografi a como ninguém parecia nem se-quer saber que ela tirava fotos. Embora isso pareça inglório, talvez até cruel – um sintoma ou efeito colateral do fato de que ela nunca se casou nem teve fi -lhos e, aparentemente, não tinha amigos próximos –, também diz algo sobre o po-tencial insondável de todo ser humano. Como escre-ve Wislawa Szymborska, ao mencionar Homero em seu poema “Census”: “Ninguém sabe o que ele faz em seu tempo livre”.

Isso nos chama a atenção para uma remota possibili-dade, ou melhor, para duas versões similares de um fato possível. Primeiro, que uma das pessoas que Maier retratou na rua possa ter sido, como ela, um fotógra-fo reservado, perseguindo o mesmo hobby com igual obsessão. Segundo, que, se procurarmos com afi nco, poderemos encontrar Maier em imagens registradas na rua por algum dos famosos fotógrafos de cuja obra, por vezes, a dela se aproxima.

As várias cenas retrata-das por Maier que trazem à lembrança o trabalho de Lisette Model, Helen Levitt (tanto em preto e branco quanto em cores), Diane Ar-bus, André Kertész e Walker Evans, entre outros, levan-tam questões sobre quanto ela conhecia a história des-ses fotógrafos ou, de forma mais genérica, a história do meio.

Será que ela tirava cer-tas fotos porque, conscien-

temente ou não, elas se assemelhavam a uma ou outra imagem que vira em

exposições ou em revistas? Ou seria apenas coincidên-cia (essa “ciência à espera de ser descoberta”, como observa um dos persona-gens de Don DeLillo em “Libra”)? Talvez, também, seja propício inverter a questão e perguntar: será que reagimos tão pronta-mente a suas fotos porque conhecemos o trabalho de Model e outros e identifi -camos seus fantasmas na obra de Maier?

De qualquer maneira, há que manter certo distan-ciamento crítico. Passado o inevitável alarido, destina-do a atrair toda a atenção que uma descoberta como a de Vivian Maier merece, é necessário que não se exagere o valor da obra a fi m de lhe conferir a qua-lidade de milagre. Maier contribui de forma impor-tante ao cânone da foto-grafi a de rua; algumas de suas imagens são extraor-dinárias. Mas, deixando de lado a qualidade, o atraso da descoberta da produção de Maier signifi ca que ela não desempenhou um papel na forma como vemos o mundo como fez o trabalho de Diane Arbus (mesmo se Maier parece ter abordado temas arbusianos antes até de Arbus).

Ela se conforma como eco visual, uma série de ecos que servem adequa-damente ao propósito de questionar os modos como, em fotografi a – mais do que em qualquer outro meio – identidade e estilo se es-tabelecem e se defi nem.

Um aspecto da obra de Maier se relaciona, de for-ma particularmente reve-ladora, ao seu estilo e à sua condição. Muitos de seus retratos de mulheres mostram personagens con-fi nadas pela história – sua indumentária é a expres-são disso – entre os papéis estritamente limitados dos anos 1950 e as liberdades frequentemente frustra-das da década de 1960 em diante.

Maier ganhava a vida como a típica personagem da fi cção vitoriana, a babá (ou governanta): uma es-tranha cujo acesso privile-giado à vida doméstica não permite desenvolver outro dom que não o da obser-vação. No caso de Maier, é como se uma sensibili-dade fi namente moldada e nitidamente produzida por tais circunstâncias, expres-sadas à perfeição por suas roupas, o chapéu desaba-do e o casaco de sempre, ganhasse a liberdade de espreitar, discreta, as ruas de Chicago e Nova York.

É inevitável se comover com a atração que pareciam exercer sobre ela as senho-ras de idade, representações proféticas de seu próprio destino: mulheres solitárias, de aparência excêntrica, en-voltas em sobretudos, abri-gando o segredo de uma vida inteira, intuído pela capaci-dade da câmera de, por um instante, perscrutá-lo.

Nota: Esta é uma versão adaptada do prefácio de “Vi-vian Maier: Uma Fotógrafa de Rua” (Autêntica), traduzi-do por Eduardo Soares.

Alguém que só existe nas coisas que viu

GEOFF DYER

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G4 MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014 G5

Fotografi aRESUMODescoberta por aci-dente, a obra da nor-te-americana Vivian Maier tornou-se um dos maiores tesou-ros fotográfi cos do século 20. As 100 mil fotos que a babá fez anonimamente só fo-ram valorizadas após sua morte, em 2009, e viraram tema de fi lmes e livros, como “Vivian Maier: Uma Fotógrafa de Rua”, que sai no Brasil.

3Uma vida revelada

Em 2007, John Maloof, um corretor de imóveis e histo-riador ocasional de 26 anos, andava atrás de material ico-nográfi co para a elaboração de um livro sobre Portage Park, bairro onde vivia, em Chicago. O volume serviria para promover a região, “colocá-la no mapa imobiliário da cidade”. Na épo-ca, John também presidia uma certa Associação de Preserva-ção Histórica do Setor Noroeste de Chicago, e passava parte de seus dias tragado por antiquá-rios, leilões de tralhas, feiras, mercados de pulgas, aquilo tudo que o artista belga Francis Alÿs apelidou de “buracos negros da memória coletiva”.

Certo dia, na modesta casa de leilões e venda de “móveis vintage, objetos para casa, arte e antiguidades” RPN (ini-ciais dos donos Roger, Paul e Nancy), John esbarrou numa caixa atulhada de velhos nega-tivos e fotografi as, uma coleção de imagens urbanas dos anos 1960. Sem saber muito bem se aquilo poderia ou não ser útil a sua pesquisa, deu um lance de US$ 400 (cerca de R$ 890) e arrematou o lote: 30 mil ne-gativos, 1.600 rolos de fi lmes não revelados.

Foi para casa, abriu o pacote. As imagens nada tinham a ver com a vizinhança sobre a qual estava interessado – acabou não utilizando uma foto sequer no projeto do livro. Ficaram na caixa, num armário, por quase um ano.

Nesse ponto, como num da-queles contos de Maupassant em que depois de uma breve introdução o narrador diz aos ouvintes (quase sempre no fi nal de um jantar): “Vou lhes apre-sentar o caso mais inquietante que jamais encontrei”, John Ma-loof nos fala de Vivian Maier. Pri-meiro, assim, apenas um nome, num envelope, em meio a rolos de fi lme. Na época, Maloof não sabia praticamente nada sobre

EMILIO FRAIAFOTOGRAFIA VIVIAN MAIER

A descoberta do tesouro Vivian Maier

fotografi a, mas quando decidiu olhar de perto o que tinha em mãos (e era muita coisa), fi -cou impressionado. Estava ali, diante dele, um riquíssimo pa-norama social de Nova York e Chicago nos anos 1950 e 1960, um olhar cheio de empatia so-bre crianças e mulheres, a vida de gente simples, a experiência dos afro-americanos na cidade, bêbados, vagabundos, a face de

mármore de nobres senhoras vestidas com pompa, uma freira na sombra, um homem caído e centenas de autorretratos.

Resolveu ir atrás daquela que provavelmente seria a autora das fotos. Vasculhou a internet. Nenhuma referência no Google, nada no Flickr, Twitter, Face-book. Ao mesmo tempo em que tentava encontrar pistas – sem sucesso –, surpreendia-se cada

vez mais com a qualidade do material. Passou a escanear os negativos e criou um blog. Seu interesse por fotografi a também crescia. Fez cursos, leu livros, passou tardes indolentes assistindo à série “Os Gênios da Fotografi a”, na BBC.

Em 2009, em mais uma de suas monótonas e periódicas varreduras em sites de buscas, algo enfi m surgiu: um brevís-

simo obituário, no “Chicago Tribune”, do dia 23 de abril daquele ano. Uma nota sim-ples, que dizia apenas: “Vivian Dorothea Maier, francesa de origem e moradora de Chicago nos últimos 50 anos, faleceu em paz na segunda-feira. Foi uma segunda mãe para John, Lane e Matthew. Sua mente aberta tocou a todos que a conheceram. Sempre pronta a

dar sua opinião, um conselho, uma ajuda”.

A partir disso, Maloof desco-briu que John, Lane e Matthew eram irmãos e fi lhos de uma família para quem a senhorita Maier havia trabalhado por 17 anos, os Gensburg. E descobriu também que, durante 40 anos, entre Nova York, Los Angeles e Chicago, Vivian Maier fora babá. Nascida em Nova York em 1926, fi lha de pai austría-co e mãe francesa, separados quando Vivian ainda era bebê, mudou-se para uma pequena cidade na França, Saint-Julien-en-Champsaur, onde passou a maior parte da infância e da adolescência. Foi lá que, em 1949, começou a fotografar, com uma Kodak Brownie, uma câmera amadora rudimentar. Não se sabe exatamente como desenvolveu essa aptidão. Al-guns dizem que foi infl uenciada pela lembrança de uma amiga de sua mãe, a retratista Jeanne

Bertrand, que conhecera peque-na, ainda nos Estados Unidos. Em 1951, aos 25 anos, voltou para Nova York. Foi quando co-meçou a trabalhar como babá – e a fotografar, compulsiva-mente, o que fez até o fi m de sua vida.

RevelaçãoEm outubro de 2009, en-

quanto ia desvendando essas e outras pegadas, John postou o link de seu blog sobre Maier num grupo de discussão do Flickr chamado Hardcore Stre-et Photography. Na postagem, perguntava: “O que devo fazer com essa tralha toda? Consi-deram esse trabalho digno de uma exposição, de um livro? Ou esse tipo de coisa surge o tempo todo, assim, do nada? Qualquer ajuda é bem-vinda”.

Em menos de 24 horas, Maloof recebeu mais de 200 respostas. Algumas, como a assinada pela alcunha Film Noir Anti-Hero, questionavam se aquilo não seria um “hoax”, um boato virtual: “Será que alguém não saiu por aí tirando fotos de pessoas vestidas com roupas dos anos 40 a fi m de publicar na internet e dar o crédito para alguém que já morreu?”. Mas a maioria das mensagens (a postagem no fórum chegou a ter 752 res-postas) era de relatos absolu-tamente emocionados com as imagens de Maier.

“Seus rolos de fi lme não são uma sequência de cliques. Vivian não era nada impulsiva, era cuidadosa a cada registro. Raramente tirava três ou qua-tro ‘takes’ da mesma cena”, comenta John Maloof, em entrevista por telefone para a Folha. Sem perder tempo, John foi atrás dos outros lo-tes com o nome de Maier do mesmo leilão em que havia adquirido a primeira caixa. Ar-rematou praticamente tudo. Sua coleção, hoje, tem quase 150 mil negativos (boa parte ainda não escaneada), além de mais de 3.000 fotos impres-sas, centenas de rolos ainda não revelados e fi lmes de 8 mm gravados por ela. Nada disso veio à tona durante a vida de Maier, que, até onde se sabe, jamais mostrou a alguém seu trabalho.

Neste mês, com o lançamen-to no Brasil de “Vivian Maier: Uma Fotógrafa de Rua” [Au-têntica, 136 págs., R$ 108], editado por John Maloof, com prefácio de Geoff Dyer (leia ao lado), talvez possamos adivi-nhar algo mais sobre a vida secreta da babá-fotógrafa, cuja obra não raro vem sendo colocada ao lado de mestres como Diane Arbus, Walker Evans, Garry Winogrand e Ro-bert Frank.

Dois outros livros foram publicados recentemente nos Estados Unidos e po-dem aprofundar o olhar sobre seu legado: “Vivian Maier: Out of Shadows” [CityFiles Press, 288 págs., US$ 60], biografi a escrita por Richard Cahan e Michael Williams; e “Vivian Maier: Self-Portraits” [ed. po-werHouse Books, 120 págs., US$ 50], organizado por Ma-loof com Elizabeth Avedon. Para o fi m de 2014, Maloof promete um novo volume de inéditas.

Uma exposição com as fo-tografi as já passou por mais de dez países, incluindo Ale-manha, Inglaterra e França, e nos próximos meses deve chegar à Bélgica e à Suécia. Dois documentários, “Finding Vivian Maier”, dirigido pelo pró-prio Maloof em parceria com Charlie Siskel, e “The Vivian Maier Mistery”, produzido pela BBC e dirigido por Jill Nicholls, aterrissaram recentemente nos cinemas e na TV.

ExposiçãoO reconhecimento crítico

despontou já em 2011, na ocasião da primeira exposição individual de Maier, organizada por Maloof, em Chicago. “Trata-se de uma das fotógrafas de rua mais argutas dos Estados Unidos”, escreveu David W. Dun-lap, em extenso artigo no “New York Times”.

“As paisagens urbanas da se-nhorita Maier conseguem cap-tar ao mesmo tempo a forte marca local e os momentos paradoxais que dão à cidade o seu pulso”, diz o articulista. “As pessoas em seus frames são vulneráveis, nobres, derrotadas, orgulhosas, frágeis, ternas e, não raro, bem cômicas”.

Apesar disso, Maloof viu portas de instituições como o MoMA e a Tate Modern se fe-charem. “Eles não consideram as fotos como visão do artista se não forem impressas pelo próprio artista”, lamenta.

Para o crítico e curador Ru-bens Fernandes Junior, o fato de nos anos 50 Maier fotografar com uma Rolleifl ex, formato médio 6 x 6 cm – mais tarde ela usaria as Rolleifl ex 3.5T, 3.5F, 2.8C, uma Leica IIIc, além das Ihagee Exakta, Zeiss Contarex, entre outras – já é um indício de sua exigência em relação à qualidade da imagem. “Sig-nifi ca também, arrisco dizer, que ela provavelmente estava observando os fotógrafos do período”, diz.

A grande referência da época, chama a atenção Fernandes Junior, é a exposição de Edward Steichen, no MoMA, “The Family of Man” (1955), que se tornou um marco do imaginário do pós-Guerra. Embora existam poucos indícios nesse sentido, o crítico acredita que ela estava atenta ao mundo dos museus, para a produção de fotógrafos como Dorothea Lange, Eugene Smith, Irving Penn, Lisette Model, e às revistas como “Life”, “Time” e “Paris Match”.

“Há em suas fotos um olhar terno, generoso, que busca in-cessantemente o diálogo. Sua

composição nem sempre é ób-via, e sua luz é muito trabalhada, o que denota um amplo conhe-cimento do ofício”, comenta ele. “O que me espanta é sua atitude de nunca ter batalhado pela publicação ou exibição de suas fotografi as. Seria muito rigorosa com ela mesma?”

FilmeEssa é uma das questões

em “Finding Vivian Maier”. Para a realização do fi lme, o ex-corretor de imóveis e atual guardião do espólio de Maier entrevistou cerca de 90 pessoas, entre remanescen-tes das famílias em que ela trabalhara como babá e gente que a conhecera na França durante a juventude, além de críticos e especialistas.

A partir dos depoimentos, descobrimos que, ao se apo-sentar, Maier estocou seus pertences em vários guar-da-móveis da cidade. Com o passar dos anos, parou de pagar o aluguel, e suas coi-sas fi caram esquecidas. Foi assim que boa parte de seu material fotográfi co foi parar nas mãos de leiloeiros.

Nos depósitos, prestes a serem jogados fora, Maloof encontrou chapéus, câmeras, ingressos, um par de sapatos vermelhos, cartas, itinerários de viagem, milhares de dóla-res em cheques do governo não descontados, um grava-dor, uma infi nidade de recor-tes de jornais diligentemente organizados em pastas – boa parte deles sobre crimes ocor-ridos na cidade.

Maloof conta que Vivian nunca casou, não teve fi lhos nem tinha amigos próximos. Revelava seus rolos de fi lmes num banheiro que tinha na casa dos seus patrões. No do-cumentário, ela é lembrada como uma mulher “intransi-gente, mas brincalhona, infi -nitamente curiosa ainda que reservada e, algumas vezes, cruel”. Vestia-se de “maneira antiga, costumava mentir so-bre seu local de nascimento,

e nas lojas de material foto-gráfi co apresentava-se sem-pre com um nome diferente”. Um conhecido recorda ter lhe perguntado do que vivia. “Sou uma espécie de espiã”, foi a resposta.

Em 1958, fez uma viagem de quase três meses pelas Américas Central e do Sul, passando por Bogotá, Quito, Santiago, Montevidéu, Bue-nos Aires, São Paulo, Rio e pela Amazônia. Maloof diz que há uma profusão de ima-gens destas andanças, mas que ainda estão sendo esca-neadas e avaliadas. Em 1959, perambulou ainda por Euro-pa, Oriente Médio e Ásia.

Em recente artigo publicado no blog da revista “The New Yorker”, a jornalista e roteiris-ta Rose Lichter-Marck diz que Maier “desafi a nossas ideias de como uma pessoa, um artista e, especialmente, uma mulher deveria ser” – ainda mais se pensarmos nos Estados Unidos dos anos 1950, principal cená-rio das andanças da fotógrafa. Para Lichter-Marck, ao con-trário do que o documentário sugere, ao buscar motivações psicológicas e de trauma para a trajetória da fotógrafa, a impressão é de que Maier “era alguém bastante livre, que gos-tava de estar à margem, e que viveu a vida que quis viver”.

Uma possível chave para sua obra talvez esteja em seus au-torretratos, tirados em frente a vitrines, espelhos, vidros de carro. E sobretudo naqueles numerosos cliques em que Vi-vian registra a própria som-bra. Num verso de “Folhas de Relva”, Walt Whitman se pergunta: “Será que alguém, quando eu morrer e sumir, escreverá a minha história?/ Como se alguém pudesse sa-ber alguma coisa”.

Em 2008, Vivian escorregou e bateu a cabeça num pedaço de gelo, no centro de Chicago. Acabou não conseguindo se recuperar da queda e morreu em 2009, numa casa de re-pouso, aos 83 anos.

De tempos em tempos, acontece de descobrimos que um escritor que per-maneceu inédito em vida morreu deixando uma ver-dadeira uma obra-prima. “Uma Confraria de Tolos”, de John Kennedy Toole, é um exemplo disso – e de como o termo “obra-prima” é empregado quase como uma compensação para o atraso lamentável. No mun-do da fotografi a, essa his-tória se repete em variadas versões. Há fotógrafos que acumulam um conjunto de obras e depois desapare-cem. Às vezes, eles chegam a desfrutar de alguma fama e notoriedade (E.O. Hoppé, Ida Kar) antes de sucum-birem a uma obscuridade da qual só emergem pos-tumamente.

Há aqueles que alcan-çaram reconhecimento em círculos fotográfi cos (William Gedney) e, em se-guida, desapareceram até do radar de seus pares. Ocasionalmente, o trabalho é descoberto a tempo de o fotógrafo colher reconheci-mento tardio. Se Lartigue foi o grande exemplo dis-so, então Miroslav Tichý ilustra uma síndrome mais estranha, pela qual a des-coberta vem tão tarde que a ovação parece póstuma, mesmo se o artista ainda está vivo. E há outros, como E.J. Bellocq, de quem quase nada se sabia até depois de sua morte.

Vivian Maier representa um caso extremo de des-coberta póstuma: aquele de alguém que existe uni-camente nas coisas que viu. Maier não só era to-talmente desconhecida no mundo da fotografi a como ninguém parecia nem se-quer saber que ela tirava fotos. Embora isso pareça inglório, talvez até cruel – um sintoma ou efeito colateral do fato de que ela nunca se casou nem teve fi -lhos e, aparentemente, não tinha amigos próximos –, também diz algo sobre o po-tencial insondável de todo ser humano. Como escre-ve Wislawa Szymborska, ao mencionar Homero em seu poema “Census”: “Ninguém sabe o que ele faz em seu tempo livre”.

Isso nos chama a atenção para uma remota possibili-dade, ou melhor, para duas versões similares de um fato possível. Primeiro, que uma das pessoas que Maier retratou na rua possa ter sido, como ela, um fotógra-fo reservado, perseguindo o mesmo hobby com igual obsessão. Segundo, que, se procurarmos com afi nco, poderemos encontrar Maier em imagens registradas na rua por algum dos famosos fotógrafos de cuja obra, por vezes, a dela se aproxima.

As várias cenas retrata-das por Maier que trazem à lembrança o trabalho de Lisette Model, Helen Levitt (tanto em preto e branco quanto em cores), Diane Ar-bus, André Kertész e Walker Evans, entre outros, levan-tam questões sobre quanto ela conhecia a história des-ses fotógrafos ou, de forma mais genérica, a história do meio.

Será que ela tirava cer-tas fotos porque, conscien-

temente ou não, elas se assemelhavam a uma ou outra imagem que vira em

exposições ou em revistas? Ou seria apenas coincidên-cia (essa “ciência à espera de ser descoberta”, como observa um dos persona-gens de Don DeLillo em “Libra”)? Talvez, também, seja propício inverter a questão e perguntar: será que reagimos tão pronta-mente a suas fotos porque conhecemos o trabalho de Model e outros e identifi -camos seus fantasmas na obra de Maier?

De qualquer maneira, há que manter certo distan-ciamento crítico. Passado o inevitável alarido, destina-do a atrair toda a atenção que uma descoberta como a de Vivian Maier merece, é necessário que não se exagere o valor da obra a fi m de lhe conferir a qua-lidade de milagre. Maier contribui de forma impor-tante ao cânone da foto-grafi a de rua; algumas de suas imagens são extraor-dinárias. Mas, deixando de lado a qualidade, o atraso da descoberta da produção de Maier signifi ca que ela não desempenhou um papel na forma como vemos o mundo como fez o trabalho de Diane Arbus (mesmo se Maier parece ter abordado temas arbusianos antes até de Arbus).

Ela se conforma como eco visual, uma série de ecos que servem adequa-damente ao propósito de questionar os modos como, em fotografi a – mais do que em qualquer outro meio – identidade e estilo se es-tabelecem e se defi nem.

Um aspecto da obra de Maier se relaciona, de for-ma particularmente reve-ladora, ao seu estilo e à sua condição. Muitos de seus retratos de mulheres mostram personagens con-fi nadas pela história – sua indumentária é a expres-são disso – entre os papéis estritamente limitados dos anos 1950 e as liberdades frequentemente frustra-das da década de 1960 em diante.

Maier ganhava a vida como a típica personagem da fi cção vitoriana, a babá (ou governanta): uma es-tranha cujo acesso privile-giado à vida doméstica não permite desenvolver outro dom que não o da obser-vação. No caso de Maier, é como se uma sensibili-dade fi namente moldada e nitidamente produzida por tais circunstâncias, expres-sadas à perfeição por suas roupas, o chapéu desaba-do e o casaco de sempre, ganhasse a liberdade de espreitar, discreta, as ruas de Chicago e Nova York.

É inevitável se comover com a atração que pareciam exercer sobre ela as senho-ras de idade, representações proféticas de seu próprio destino: mulheres solitárias, de aparência excêntrica, en-voltas em sobretudos, abri-gando o segredo de uma vida inteira, intuído pela capaci-dade da câmera de, por um instante, perscrutá-lo.

Nota: Esta é uma versão adaptada do prefácio de “Vi-vian Maier: Uma Fotógrafa de Rua” (Autêntica), traduzi-do por Eduardo Soares.

Alguém que só existe nas coisas que viu

GEOFF DYER

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Como os imóveis, o futebol está em alta

Efeito dominó

Diário de Nova YorkO MAPA DA CULTURA

Uma longa fi la se forma nos fi ns de semana à porta da Domino Sugar, uma an-tiga refi naria de açúcar, no bairro do Brooklyn, próxima à ponte de Williamsburg. A marca Domino é uma das mais conhecidas dos Es-tados Unidos e continua a ser vendida nas prateleiras dos supermercados, mas as antigas instalações – que por volta de 1870 proces-savam metade do açúcar consumido no país– foram desativadas em 2004.

Um grupo adquiriu o com-plexo – muito bonito, com chaminés e a característica arquitetura de tijolinhos – e vai erguer na área mais um conjunto de prédios mo-derninhos com vista para Manhattan.

A sede principal foi pre-servada como “landmark”

MARCOS AUGUSTO GONÇALVESda cidade, mas a destruição de outras edifi cações da planta original e o avan-ço imobiliário despertaram protestos. Criou-se então um movimento chamado Save Domino (salvem a Do-mino), que pretende deter o projeto atual e substituí-lo por outro.

Até o dia 6 de julho, a Domino Sugar recebe mui-tos visitantes nos fi ns de semana para ver uma ins-talação de Kara Walker, ar-tista americana de 44 anos, negra, cuja obra tematiza a situação dos afro-america-nos em seu país.

A obra principal é uma esfi nge com feições carica-turais de uma mulher negra, erguida dentro da fábrica. A escultura, colossal, foi feita com toneladas de açúcar, doadas pela própria Domi-no. A esfi nge, toda branca,

tem provocado polêmicas.

Gentrifi caçãoOs esforços do movimen-

to Save Domino para barrar os espigões parecem fada-dos ao fracasso, pois os pré-dios já foram aprovados e vão subir. O novo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que assumiu em janeiro, defen-deu durante sua campanha a ampliação da oferta de residências com custos mo-derados, numa cidade em que a elevação dos preços dos imóveis e aluguéis tem expulsado muita gente para longe, num processo contí-nuo de gentrifi cação.

Uma maneira de alcançar esse objetivo, já praticada desde antes da posse do democrata, é impor condi-ções para a aprovação dos projetos de novos prédios.

No caso dos edifícios da

Domino Sugar, a imobiliária terá de oferecer 700 das 2.200 unidades com alu-guel a preços abaixo dos de mercado. Em contraparti-da, poderá construir acima do gabarito – chegando a 55 andares.

O empreendimento é mais um a ocupar as mar-gens do East River, que deixa para trás seu passado industrial. Edifícios espe-lhados já tomaram conta de boa parte da orla de Williamsburg, um bairro que há anos reunia imi-grantes poloneses e passou a ser procurado por artis-tas, músicos, fotógrafos. A velha história: a vizinhan-ça tornou-se um “point”, atraiu a classe média, e os preços estão em alta.

Processo semelhante vem ocorrendo no Queens e em outros lugares do Brooklyn,

como Bushwick e Red Hook. E também no Harlem.

World cupAmericanos sabem que

são os melhores em muita coisa, mas não no futebol. Algum interesse pelo “soc-cer” existe mesmo assim e parece ter aumentado des-de que os Estados Unidos foram sede da Copa, em 1994. A seleção do país participa regularmente dos Mundiais, e eles sabem que o futebol é o esporte mais popular do mundo. Nova York, com um terço de his-pânicos em sua população, e mais um punhado de árabes, asiáticos e imigrantes do Leste Europeu, se preparou para a festa.

Além de bares decorados com bandeirinhas fazerem promoções para atrair gen-te interessada em acom-

panhar os jogos pela TV, a mídia tem dado bastan-te destaque à competição este ano.

Arte brasileiraDepois da temporada de

inauguração de exposições de artistas brasileiros na cidade – que aconteceu entre abril e maio, com a retrospectiva de Lygia Clark no MoMA ocupando o centro das atenções –, o Gugge-nheim recebe a partir deste fi m de semana uma grande mostra de arte contemporâ-nea latino-americana.

Com curadoria de Pablo León de la Barra, “Under the Same Sun” (sob o mes-mo Sol) reúne 37 artistas. Entre eles, os brasileiros Erika Verzutti, Rivane Neu-enschwander, Tamar Gui-marães, Jonathas de Andra-de e Adriano Costa.

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5 Xadrez com John Cage

Arquivo AbertoMEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

Rio de Janeiro, 1985

Em 1985, John Cage (1912-92) esteve pela última vez no Brasil, convidado pela Bienal de São Paulo e por mim, para assistir no Rio de Janeiro à estreia mundial de sua peça para piano “ASLSP” – que tive a honra de executar.

Antes de viajar para o Rio, Cage havia estado em São Paulo. Ele nos contaria de-pois o fi asco da empreitada para conseguir um hotel com fogão e comida macrobiótica – além de suas primeiras impressões no destino.

“Ao chegar a São Paulo, levaram-me a um concer-to sem pé nem cabeça de um homem barbudo, com longos cabelos brancos, to-cando uma música que doía nos ouvidos de tão forte, e após esse desastre ainda me arrastaram para comer uma comida preta chamada feijoada!” – mais tarde des-cobri que o barbudo era o compositor e músico popular Hermeto Pascoal.

JOCY DE OLIVEIRA

Chegando ao Rio de Janei-ro, ele passou vários dias em nosso sítio em Guaratiba e, sendo macrobiótico, costu-mava ensinar à cozinheira suas receitas especiais – ain-da exigindo que usássemos somente panelas de ferro.

Nós estávamos habitua-dos a uma dieta integral e orgânica e, além disso, não abdicávamos de um peixe fresco, pescado pela manhã, comprado diretamente do pescador, o que é delicioso. Cage passou a incrementar sua comida macrobiótica com o peixe.

Em nossa casa, o colchão em que ele dormia – assenta-do nas antigas camas estilo dona Maria – era de crina de cavalo. Assim, semanas depois, ao voltar para Nova York, ele me ligou e disse sem preâmbulos: “Comprei o colchão”.

Ele havia feito uma ver-dadeira pesquisa por toda a cidade para conseguir outro colchão de crina, que aparen-temente era excelente para sua artrite, assim como para a do coreógrafo Merce Cun-ningham (1919-2009), seu companheiro.

Para a vinda de Cage, or-

ganizei na Sala Cecília Mei-reles, na capital fl uminense, um grande concerto de suas obras, com a participação de outros músicos brasileiros tocando em dez pianos es-palhados pelo teatro – além do principal motivo de sua vinda, a estreia de “ASLSP” (“As Slow as Possible”), para piano solo, a meu cargo.

Eu continuava a estudar a peça em casa, enquanto ele ia fazer caminhadas e catar conchinhas em frente ao sí-tio, na praia da Restinga da Marambaia.

Além disso, passava os dias jogando xadrez com meu companheiro, Fredrik, que um dia perguntou a Cage quem tinha sido seu profes-sor no jogo. Ele respondeu: “Bobby”. Quem? – perguntou de volta Fredrik. “Ora, Bob Fischer”¦” – campeão mun-dial de xadrez. Parece que Cage jogava como vivia e compunha – sempre deixan-do margem ao acaso.

O concerto me deu enorme trabalho, mas ele continuava a jogar xadrez sem se abalar com nada.

“As Slow as Possible” é uma peça para piano que pode durar alguns minutos ou

anos, como diz o título – “o mais lento possível”... O título também se refere a “Sost morning, city! Lsp!” (mansa manhã, urbe minha! Lbs!, na tradução brasileira de Donal-do Schüler), a primeira excla-mação no último parágrafo

do livro “Finnegans Wake”, de James Joyce.

Quando Cage deixou o Rio, já no aeroporto, ao despedir-se de mim, disse: “Eu nun-ca tinha ouvido essa peça... Acho que muitas de minhas peças vão morrer comigo,

mas creio que essa é uma das que sobreviverão”. Será que ele se desviava do efêmero e começava a refl etir sobre o perene? Isso me leva a pensar em resgatar nossas histórias para que se entrelacem e teçam nossa memória.

Jocy de Oliveira (esq.) e Luciana Villas-Boas observam partida entre John Cage e Fredrik Kirsebom

ACERVO PESSOAL

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Espaço Fave-la traz ‘Opção Sonora’

DIVULGAÇÃO

‘Era tudo brincadeira’

Previsões sobre o re-sultado dos jogos da Copa do Mundo Fifa e o futuro político do Bra-sil de um jeitinho bem exagerado e quase que impossível de acontecer fazem parte do show de humor da companhia de teatro amazonense Cês em Cena. O grupo pro-mete causar muitas gar-galhadas no público que vai prestigiar o humoris-ta Rominho Braga.

Dois dos cinco atores do grupo, Danilo Reis e Antônio Carlos Júnior, contam a história de Pai Rolinha, um pai de santo escrachado e in-trometido que tem a mis-são de adivinhar quem vai levantar o troféu da Copa e ganhar as elei-ções para a presidên-cia do Brasil. “Quando recebemos o convite foi com a proposta de promover um intercâm-bio cultural entre Ama-zonas e Pará, por isso, acreditamos que essa experiência será váli-da para mostrarmos o quanto o humor do

norte tem qualidade”, afirma Junior.

Há 2 anos atuando, a Cês em cena, também conta com os atores Mi-khael Rocha, Elis Mari-nheiro e Guta Rodrigues. A companhia conquistou no ano passado o prê-mio Mirian Muniz de

Teatro que apoia proje-tos artísticos de teatro, com o espetáculo X-Ca-boquinhos, Fuleragem Mode On, desde 2012 em cartaz com pausas para atualização. A tem-porada 2014 do show vai iniciar no próximo dia 21, igualmente no Teatro Manauara.

Companhia local em cena

PREVISÃOTexto de comédia do grupo de teatro amazonense Cês em Cena traz revela-ções para o futuro da Copa do Mundo e para as próximas eleições presiden-ciais

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Espaço Fave-la traz ‘Opção Sonora’

‘Era tudo brincadeira’

Previsões sobre o re-sultado dos jogos da

norte tem qualidade”, afirma Junior.

Companhia local em cena

Companhia Cês em Cena também faz apresentação cômica

Rominho é um dos novos potenciais da comédia

FOTO

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Se inspirar na própria vida para montar um show de comédia é a proposta do ator e roteirista paraense

Rominho Braga, 24, que já utiliza a perda do próprio dedo anelar, quan-do ainda era criança, no nome do espetáculo, “Toquinho – um descon-certo musical”. O monólogo entrela-çado com piadas, música e diálogo com o público, acontece hoje, às 20h, no Teatro Manauara.

Durante a apresentação, o co-mediante vai contar situações que já passou como o relacionamento com a noiva e quando foi vítima de bullying na época de escola. “Acredito que rir de si mesmo faz a vida fi car mais leve. Se levar muito a sério deixa as coisas muito pesa-das, por isso, me inspirei no meu cotidiano e acredito que muitas pessoas vão se identifi car com as histórias”, relata.

Outros temas como o compor-tamento das mães, que segundo ele, é igual no mundo inteiro, a

famosa TPM (Tensão pré-mens-trual), discussão de relação entre casais e claro o mundial de fu-tebol que está acontecendo no Brasil, também, serão abordados no stand up comedy.

Quanto à rixa que existe entre amazonenses e paraenses, ele já foi avisado e preparou um rap especial sobre o tema. “Vou abrir o show com uma música que tem tudo a ver com essa rivalidade que, na minha visão, é mais forte no lado do Amazonas”, opina o artista que tem uma parte da família manauense.

Morando há 1 ano em São Paulo, Rominho almeja ser reconhecido pelo seu trabalho a alcançar o tão sonhado lugar entre as estrelas do humor. No ramo há 6 anos, já emplacou várias participações em programas em nível nacional como o The Noite com Danilo Gentili, A Praça é Nossa, Tudo é Possível, Raul Gil, entre outros. “Mostrei que tenho talento e isso me rendeu uma vaga de roteirista na MTV e um convite

para me apresentar semanalmente no Comedians Club de São Paulo com o grupo Em Pé na Rede, do qual faço parte”, informa.

O comediante não tem um ídolo em especial, mas admira os artistas que estão no topo do sucesso como Danilo Gentili, Marcelo Adnet, Fábio Porchat e Tatá Werneck. “Apesar de serem jovens, já batalharam muito para estar em evidência. Tive a oportunidade de conhecer alguns pessoalmente e inclusive o próprio Gentili me aconselhou a seguir em frente na carreira”, comenta.

Nas andanças pelos estúdios de televisão, Rominho disse que em nenhum momento se sentiu hostili-zado por ser do norte do Brasil. “Ao contrário, eu recebia muita atenção e respondia às perguntas sacanas numa boa, como por exemplo, se as pessoas andavam peladas como índios ou se animais passavam a todo momento pelas ruas . Para mim, era tudo brincadeira”, conclui o comediante.

Comediante paraense, com carreira nacional, chega a Manaus para apresentar piadas do cotidiano e fazer rir de si próprio, em única sessão, no Teatro Manauara

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Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

. A Festa dos Namorados deste ano, no Diamond Convention Center reuniu elenco VIP da cidade, em noite pra lá de produzida e cheia de charme, numa homenagem à temporada de Copa, onde Manaus é uma das cidades-sede. A festa faz parte do calendário anual de eventos organizados por esta coluna, que tem feito festas especiais que estão marcadas na história social da cidade, graças a participação da bonita sociedade local, que sempre se faz presente em nossos eventos.

. O Diamond foi lindamente vestido com as cores do Brasil, com ambientação sensacional assinada pelo Bandeirão, que realmente dá um toque especial nas festas de Manaus. A noi-tada iniciou com show do megabacana grupo ‘Samba & Cevada’ que deu um toque carioca ao evento com sambinhas, trata-se de uma nova banda onde todos os integrantes usam branco e colocam uma linda imagem de São Jorge em todos os shows! De se aplaudir de pé! O DJ Alexandre Prata sacudiu a turma presente, em seguida, com seu set-list chic.

. Capítulo à parte para o cardápio brasileiro apresentado pelo Diamond, com iguarias divinas. Festa alto astral que agitou a cidade no inicio da temporada de Copa.

>> Festa society com clima brasileiro

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

. O cantor Gustav Cervinka se apresenta em duas noites especiais na Usina Chaminé.

. A primeira noite será hoje, com o show ‘Paraíso Utópico’; a segunda, no dia 27.

. ‘Paraíso Utópico’ leva o nome de uma das músicas que compõem o álbum ‘765’, que tem o objetivo de (re)apresentar essas obras do disco, todas de autoria de Gustav. Imperdível.

>> Palco. O cantor Gustav Cervinka se apresenta em duas

noites especiais na Usina Chaminé.

Palco

MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

. A Festa dos Namorados deste ano, no Diamond Convention Center reuniu elenco VIP da

Graça e Rosedilson Assis

Ari e Lourdinha Moutinho, a linda Marthinha e Clóvis Cruz Jr

Silvia Tuma, Lupercínio de Sá Nogueira e Cleide Avelino

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Fernando Coelho Jr.

Marcia e Serginho Martins

Neto e Cybele Marroca, Andréa e Mansur Aziz

Marcelo e Ju-liana Ramos

Airton e Ra-quel Claudino

Milcia e Nilio PortelaSandro e Larissa e Alberto Martins

Beth e Ju-nior Dabela

Renata Pi e Ari Neto, Andréa e Ari Moutinho Filho, Felipe Moutinho e Jaqueline Rodrigues

Festa alto astral que agitou a cidade no inicio da temporada de Copa.

Renata Pi e Ari Neto, Andréa e Ari Moutinho Filho, Felipe Moutinho e Jaqueline Rodrigues

Orsine Jr. e Kari-na Medeiros

Helen e José Ansel-mo Garcia

Adriana Cordei-ro e Vitor Liuzzi

Florence e Jorge Ayub

César e Jeny Ituassú

Moisa e Char-les Guerreiro

Giulieta e Paulo Carvalho

Gracinha e Fre-derico Amim

Jeff erson Cunha, Lucia Viana e Eduardo Batista

Marilia Zuazo e Murad Aziz

Guto Oliveira e Lene Araújo

Sérgio e Virna Lins

Elcy e Deu-za Simões

Protázio e Re-becca Garcia

Charles e Julia-na Garcia

Túlio e Suza-na Mêne

Valdenice Garcia e Nilson Coronin

Kryste Anne e Carlos Edson

Waltinho Oliva Pinto

A bela Ro-siane Lima

Natasha e Ra-fael Fiedler

Carol Carvalho e Rodrigo Santos

Edson e Mi-chele Cunha

Leandro e Camila Lins

Juliana e Wellington

Lins Jr

Jean e Fernanda

Mendonça

FOTOS: MAURO SMITH

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D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Copa inspira exposiçõesAs artes visuais, como a fotografia, são algumas das manifestações culturais que mais vêm se influenciando pela movimentação provocada pela realização dos jogos da Copa do Mundo 2014, especialmente as partidas em Manaus

O clima da Copa do Mundo também contagiou o mundo das artes visuais em

Manaus. Desde ontem a ex-posição coletiva No Mundo da Bola, reúne obras de nove artistas plásticos e dois fotó-grafos que retratam a vida do amazonense a partir do tema do mundial de futebol.

A exposição acontece até o dia 30 de agosto na Casa das Artes, localizada na rua José Cle-mente, 564 Centro, próximo ao Teatro Amazonas em horários distintos. Até o dia 29 de junho, todos os dias, das 9h às 19h; de 30 de junho a 13 de julho, de terça-feira a domingo das 13h às 21h e de 14 de julho a 30 de agosto das 17h às 21h.

A entrada é gratuita.O fotógrafo Lula Sampaio, por

exemplo, se inspirou nas frutas, fauna e até nas ruas de Manaus, especialmente enfeitadas para a Copa, para as imagens. O acervo é composto por ima-gens desde o ano 2000. “Abiu, bacuri, limão, banana pacovã, variadas espécies de pimenta, araras e outros animais foram clicados de um jeito muito es-pecial, mas sempre colocando em evidência a gente simples de Manaus”, diz Sampaio.

A exposição conta com obras dos artistas plásticos Francimar Barbosa, Homero Amazona, Eli Bacelar, Noleto, Theo Braga, Sarvia Quara e MariosBell, além de instalações montadas por Nicecleide Panjoja e Nonata da Silva. O fotógrafo Carlos Na-varro, também, possui imagens expostas na casa.

Lula Sampaio, que possui no currículo outras 21 exposições, inclusive uma que está aberta ao público no Manauara Shopping, intitulada “Amazônia é show! Manaus é Brasil”, também, bus-cou nas cores verde e amarela motivos para retratar o cotidia-no amazonense, principalmente dos ribeirinhos.

Ali, até o dia 10 de julho, as imagens estarão expostas nas portas automáticas, totens e banners gigantes. Todas com legendas no idioma das oito seleções que vão jogar na Arena da Amazônia, Ingla-terra, Itália, Portugal, Suíça, Honduras Camarões, Croácia e Estados Unidos.

Segundo o fotógrafo, alguns painéis representarão o Amazo-nas no dia 26 de julho na Galeria Nacional em São Paulo e em setembro no Rio de Janeiro.

RENATA FÉLIXEspecial EM TEMPO

Ruas com ornamentações alusivas à Copa do Mundo refletiram no trabalho de Lula Sampaio Cores da bandeira brasileira denotam o espírito competitivo que invade o cotidiano popular

FOTOS: LULA SAMPAIO

Música para todos os públicosGRATUITO

Shows de estilos variados e com entrada gratuita com-põem a programação musical de hoje do projeto cultural para o período da Copa “Amazonas de Todas as Artes”, do governo do Estado. Em “Quatro Can-tos”, Ellen Mendonça, Mirian Abad, Daniela Nascimento e Lívia Mendes vão interpretar samba e bossa nova no Pala-cete Provincial (praça Helio-doro Balbi, Centro), às 18h. “Chega de Saudade”, “Água de Beber” e “Canta Brasil” são algumas das composi-ções do repertório.

No Centro Cultural Usina Chaminé (avenida Louren-ço da Silva Braga, Manaus Moderna, Centro), a atração é o show “Paraíso Utópico”, do cantor Gustav Cervinka, a partir de 18h. O repertó-rio autoral, com influências

de pop/rock e um pouco de hard rock, é composto por canções próprias como “Desconforto”, “Descanse em Paz” e “Bárbara”.

Reflexões sobre o cenário político, relacionamentos e até o nascimento de um filho (“À Sua Chegada”) fazem parte do universo temático das mú-sicas selecionadas.

O show resgata músicas do álbum “765”, lançado pelo grupo homônimo em 2009, e que estará à venda no local. Os guitarristas Elias Ferreira, Ra-onny Oliveira, o baixista Ediel Castro e o baterista Tiago Guelfi integram a banda de apoio. “Paraíso Utópico” tam-bém será apresentado dia 27, às 18h, no mesmo local.

No parque Jéfferson Péres, às 18h30, o projeto de música instrumental Miqueias Pinhei-

ro Group toca clássicos da bossa nova e da música ama-zonense. Acompanhado pelo saxofonista Leonildo Araújo e pelo baterista Aírton Sil-va, o baixista vai executar “Wave”, “Garota de Ipanema” (Tom Jobim) e “Deixe Meu Sax Entrar” (Teixeira de Manaus). “Também incluímos no reper-tório ‘Brasileirinho’, de Waldir Azevedo, pensando no público estrangeiro que estará na ci-dade”, explica Miqueias.

O trio, formado há 3 anos, registra passagens pelo Festi-val Amazonas Jazz em 2010 e 2011, além do Festival Ama-zonas de Música em 2012. O grupo tem apresentações marcadas também para os dias 26/6, 5/7 (praça Heliodo-ro Balbi), 26 e 28/6(Heliodoro Balbi e Antônio Bittencourt), sempre às 18h30.

Mirian Abad é uma das vozes da programação musical com acesso gratuito do fim de semana

MILENA DI CASTRO/DIVULGAÇÃO

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D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Estúdio investe em heróis da DCA Waner Bros. prepara uma

nova leva de filmes de super-heróis da editora DC Comics, entre eles longas sobre a Mu-lher Maravilha e a Liga da Justiça. Os estúdios preten-dem assim fazer frente à rival Disney, atual dona da Marvel, responsável pelos quadrinhos do “Homem-Aranha” e do “X-Men”, entre outros.

De acordo com o site Nikki-finke, sete filmes baseados em uma variedade de personagens dos quadrinhos serão lançados entre 2016 e 2018, alguns deles juntando mais de um super-he-rói – tal como fez a Marvel pela primeira vez em 2012, com o blockbuster “Os Vingadores”.

O primeiro deles, “Batman versus Superman: Dawn of Justice”, chega às salas em maio de 2016, sendo segui-do por longas sobre Shazam e Sandman previstos para

julho e dezembro do mesmo ano, respectivamente.

O filme “A Liga da Justiça”, sequência de “Batman versus Superman” acrescentada pela Mulher Maravilha, está pre-visto para 2017, assim como um longa com os personagens Flash e Lanterna Verde. O filme sobre a Mulher Maravilha está planejado para julho de 2017, e “O Homem de Aço 2”, estre-lando Henry Cavill no papel do Super-Homem, é previsto para maio de 2018.

O anúncio oficial será feito no maior evento sobre cultura pop do mundo, o Comic-Con, que acontece neste ano em julho, em San Diego, Califórnia.

CINEMA

O Homem de Aço vivido por Henry Cavill voltará a ser visto em dois filmes, o primeiro em 2016

DIVULGAÇÃO

Futebol é tema de dois documentários em mostraO projeto ‘Cinefoot’ continua hoje com a exibição dos filmes ‘Três no Tri’ e ‘Zico na Rede’, no Cine Teatro Guarany

A programação do “Cine-foot Tour 2014” conti-nua hoje, com as exi-bições dos filmes “Três

no Tri” e “Zico na Rede”, no Cine Teatro Guarany (avenida Sete de Setembro, 1.546, Vila Ninita – prédio anexo ao Centro Cultu-ral Palácio Rio Negro), a partir de 18h. O projeto é uma mostra de produções audiovisuais sobre futebol que foi idealizado pelo produtor independente Antônio Leal. Esta é a quinta edição do “Cinefoot”, que é apresentado nas cinco cidades-sede da Copa do Mundo da Fifa.

Em Manaus, onde o proje-to faz parte da iniciativa do governo estadual “Amazonas de Todas as Artes”, e teve iní-cio na última sexta-feira. As sessões acontecem no Centro Cultural Povos da Amazônia, no Cine Teatro Guarany e no Centro Cultural Palácio da Justiça. O acesso para toda a programação, que vai até 11 de julho, é gratuito.

“Três no Tri” (2013) é um do-cumentário de 15 minutos do jornalista, crítico de cinema e cineasta Eduardo Souza Lima, o “Zé José”. A produção conta a história da foto esportiva

mais publicada no mundo e de seu autor. É imagem do jogador Pelé, com Tostão e Jairzinho atrás dele, pulando e dando socos no ar após o gol da virada durante uma partida da seleção brasileira na Copa do Mundo do México, em 1970. O momento foi registrado pelo fotógrafo Orlando Abrunhosa, da revista “Manchete”.

Também do gênero do-cumentário, “Zico na Rede” (2008), de Paulo Roscio, nar-ra ao longo de uma hora de duração a carreira do jogador Zico, o “Galinho”. O filme exibe imagens do acervo pessoal do atleta, considerado o maior ar-tilheiro do Maracanã. O roteiro conta ainda com depoimentos de vários jogadores, além de registrar a última entrevista do radialista Celso Garcia, morto em 2008, responsável por levar Zico ao Flamengo.

Amanhã, o destaque do projeto “Cinefoot” é “Bahêa Minha Vida – O Filme” (2011), no Cine Teatro Guarany, às 18h. O longa de Márcio Caval-canti aborda a paixão da tor-cida do Esporte Clube Bahia e busca respostas para o porquê de tanto amor.

Entre os próximos des-taques do “Cinefoot” estão duas produções amazonen-ses que promovem um resga-te de momentos importantes do esporte no Estado: “Vival-dão – O Colosso do Norte”, de Zeudi Souza (dia 27/6, no Cine Teatro Guarany, às 18h), e “Manaos, Futebol no Amazonas”, de Chicão Fill

(dia 3/7, no Centro Cultural Povos da Amazônia, antiga Bola da Suframa, às 11h).

“Sentia um pouco de culpa pelo fato de ainda não conhe-cer o estádio Vivaldo Lima (atualmente Arena da Ama-zônia). No documentário, ten-tei realizar uma abordagem mais intimista, por meio de depoimentos de personalida-

des do futebol amazonense”, explica Zeudi. Entre os fatos curiosos relatados no curta, destaca-se a invasão promo-vida por torcedores na data de inauguração do estádio, em 5 de abril de 1970.

Já o filme de Chicão Fill baseia-se em pesquisas his-tóricas para mostrar a impor-tância do esporte na socie-

dade manauense. Partindo da Grécia do século 18, o registro chega às elites inglesas, cuja influência foi decisiva na for-mação dos clubes locais.

Outras informações sobre a programação do “Cinefoot” podem ser acessadas por meio dos sites www.facebook.com/culturadoamazonas e www.cultura.am.gov.br.

Produção local resgata memória do esporte

História da foto de Orlando Abrunhosa tirada na Copa do Mundo do México, em 1970, é contada em “Três no Tri”

LISTAO site Nikkifinke noti-ciou que, entre 2016 e 2018, sete longas base-ados em personagens de quadrinhos deve-rão ser lançados pela Warner. Anúncio oficial será feito durante o Comic-Con, em julho

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D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

WZ

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV Tudo História e título tem tudo a ver

Titular da próxima novela das nove, Aguinaldo Silva, explica a ori-gem de “Império”, título defi nitivo da sua novela, que estreia dia 21 de julho, e já foi devidamente re-gistrado pela Globo:

“É o nome da rede internacional de joalherias do comendador José Alfredo Medeiros, o personagem de Alexandre Nero. Esta rede de joalhe-rias é um ‘Império’ familiar”.

Todos consideram mui-to difícil a TV Globo abrir mão da Liga dos Campeões, mesmo porque os resultados oferecidos, principalmente os jogos finais, de uns anos para cá, foram bem interes-santes.

Mas os seus direitos de exi-bição valem só até a próxima edição, que será disputada a partir de agosto.

Ficamos assim. Mas amanhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

Bate–Rebate• Humberto Martins preten-

de se dedicar mais ao cinema, após “Em Família”...

• Ele participa das fi lmagens do longa de ação “Esquadrão Antissequestro”, no Rio, e só aguarda o fi m da novela para fechar contrato com outras produções.

• Programa da produtora Dogs Can Fly, “Histórias Extraor-dinárias”, estreia dia 22 de julho, às 22h30, no Nat Geo...

• Série documental de oito episódios, vai mostrar a trajetó-ria de brasileiros com problemas físicos graves, e suas histórias de superação.

• Reconhecidamente uma grande atriz, Tainá Muller, a Marina, começou “Em Família” como um de seus destaques. No ataque o tempo todo...

• Mas, já faz algum tempo, nada acontece para sua per-sonagem - vai do nada para lugar nenhum.

Próximas atrações Muito em breve, a Globo

terá duas produções ambien-tadas em São Paulo.

A primeira, “Alto Astral”, escrita por Daniel Ortiz com supervisão de Silvio de Abreu, substituta de “Geração Bra-sil”, com estreia em novem-bro, vai se passar numa ci-dade fi ctícia chamada Nova Alvorada, de médio porte, do interior de São Paulo.

Próximas atrações 2Enquanto a outra, “Lady

Marizete”, do Alcides Noguei-ra e Mario Teixeira, com lan-çamento em abril de 2015, terá suas principais ações na favela de Paraisópolis.

Tatá Werneck já foi anun-ciada como protagonistada história.

Havelange em sérieO Canal Brasil vai estre-

ar na quinta-feira, 21h30, uma série de 4 episódios sobre a trajetória de João Havelange, o cartola mais poderoso do esporte mun-dial no século 20, desde sua participação até a influência decisiva nos principais mo-mentos do futebol em mais de cinco décadas.

É um trabalho de Ernesto Rodrigues.

Veio assistir a abertura Ruth Arnold, diretora de

marketing da Team, empresa responsável pela venda de di-reitos da Champions League, veio ao Brasil especialmente para assistir ao jogo

de abertura da Copa do

Mundo, Brasil e Croácia,na quinta-feira.

Antes fez questão de visi-tar e se reunir com executi-vos das principais redes detelevisão do país.

JULIANA COUTINHO/DIVULGAÇÃO MULTISHOW

Com alguma repercussão, o artigo an-terior buscou elucidar aspectos precisos a respeito da “venda” de um único modelo de cultura para estrangeiros durante a Copa sob a alegação de que o boi bum-bá é “nossa cultura e somente ela nos identifi ca”. Cabe dizer inicialmente que máximas como esta além de desrespei-tosas são absolutamente intransigentes e irresponsáveis, afi nal, quem somos o “nós” dito por aí a altos brados?

Com o intuito de vencermos a eta-pa do regionalismo, processo pelo qual muitas culturas já ultrapassaram e hoje são autênticas aprenderam a reconhe-cer o seu passado e suas dinâmicas de transformação, cumpre-nos esclarecer, para não sermos repetitivos, um pouco mais sobre esta questão reproduzindo, em parte, um artigo escrito nesta coluna há alguns meses atrás.

O processo de formação das políti-cas públicas para a cultura no âmbito do Estado do Amazonas está inserido em um universo ainda muito recente, de um pouco mais de uma década, marco creditado à criação, no contexto da administração do então Governador Amazonino Mendes, da Secretaria de Estado de Cultura, em 1997, responsável também pelo turismo e desporto.

Até então, a pasta de cultura consistia numa espécie de Gabinete Civil dos en-jeitados, nomeando artistas de renome, sobretudo escritores, a cargos importan-tes do executivo e ainda, uma espécie de balcão assistencialista onde o artista tornava-se um pedinte a quem o Estado fornecia algumas migalhas, como foi o caso do pintor Hanneman Bacelar que confi denciava aos amigos sua frustação diante desta condição.

Em pouco tempo e sob a batuta pre-cisa de Robério Braga, inúmeros Corpos Artísticos e Festivais foram criados, opor-tunizando a bailarinos e jovens músicos o ingresso em fi larmônicas e corpos de dança, assim como o lançamento de obras e documentos raros, fac-similados, sobre os vários aspectos da história regional.

Ainda que seja possível reivindicar a

revisão de algumas ações, existe agora um modelo de gestão, com objetivos claros e passíveis, por isso mesmo, de críticas. Se antes as análises conjun-turais sobre as políticas públicas para a cultura no Estado estavam condi-cionadas a ausências de perspectivas, atualmente já existe um material sólido, construído ao longo destes anos, para revisar, criticar, louvar ou questionar.

Esta digressão cumpre seu objetivo ao buscar retratar a tentativa do Estado de se desprender das amarras do oportunismo exótico onde a exposição do boi bumbá ao estrangeiro já foi confundido com to-dos os tipos de práticas (ditas por vários representantes de órgãos internacionais e agências). Um deles, recentemente, confi -denciou a um conhecido escritor, o porque insistimos em explorar o turismo sexual por meio de fi gurantes travestidos de “índios” que não encontram nenhum similar na tradição da cultura brasileira?

De forma alguma estamos sugerindo que o boi não é determinante para a construção de nossa identidade, mas, de fato, esta não a determina, ela não é fulcral em nosso processo de formação social. Assim como o boi, outras ex-pressões artísticas também reivindicam sua valorização no sistema burocrático regional, e são muitas as atividades que ganham em importância e história.

O Festival Amazonas de Ópera (FAO) é uma destas ações, o que acontece é que parte das críticas ao festival são cercadas de diagnósticos regionalistas, e o regionalismo como sabemos é irmão-gêmeo do preconceito e da política de guetos. O regionalismo foi criado por críticos e analistas do sudeste do país com o intuito de explicar o “fenômeno” criativo e renovador da literatura bra-sileira nos anos de 1930, cujo princípio era o seguinte: se um paulista escrevesse sobre o cotidiano de um grupo de bur-gueses em Higienópolis, era considerado escritor brasileiro, mas Raquel de Queiroz e Guimarães Rosa, “escritores da reali-dade do sertão nordestino”, receberam a pecha de regionalistas.

Márcio Braz E-mail: [email protected]

CMárcio Braz ator, diretor,

cientista social e membro do Con-

selho Municipal de Política Cultural.

O regiona-lismo foi criado por críticos e analistas do sudeste do país com o intuito de explicar o “fenômeno” criativo e renovador da literatura brasileira na década de 1930”

Um complexo de enjeitados

MÁRIO ADOLFO

REGI

ELVIS

GILMAL

JULIANA COUTINHO/DIVULGAÇÃO MULTISHOW

Tá láIntegrante do grupo Porta dos Fundos, Julia Rabello, está confirma-da na segunda tempo-rada do “Vai que cola”, que estreia dia 1º de setembro no Multishow.Ela volta como Jaque-line, ex-namorada de Valdo (Paulo Gustavo).

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D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Programação de TV

5h – Jornal da Semana6h – Igreja Universal7h – Brasil Caminhoneiro7h30 – Planeta Turismo8h30 – Vrum9h – Sorteio Amazonas dá Sorte (Local)10h – Domingo Legal 14h – Eliana18h – Roda A Roda Jequiti18h45 – Sorteio da Telesena19h – Programa Silvio Santos23h – De Frente com Gabi0h – Nikita1h – Alvo Humano2h – Cult3h20 – Big Bang4h – Igreja Universal

SBT GLOBO

BAND

4h55 – Santa Missa5h55 – Amazônia Rural6h25 – Pequenas Empresas, Gran-des Negócios7h – Globo Rural7h55 – Auto Esporte8h30 – Esporte Espetacular 12h – Copa do Mundo – Suíça X Equador14h – Esquenta15h – Copa do Mundo – França X Honduras17h – Domingão do Faustão18h – Copa Do Mundo – Argentina X Bósnia-herzegovina20h – Fantástico22h25 – Superstar23h35 – Domingo Maior – Carga Explosiva 31h20 – Sessão De Gala – Matado-res de Velhinhas3h05 – Hawaii Five-04h50 – Festival de Desenhos

6h – Santo Culto em Seu Lar6h30 – Desenhos Bíblicos9h – Amazonas dá Sorte

RECORD

5h – Power Rangers – Mighty Morphin

6h – Popeye

6h30 – Santa Missa no Seu Lar

7h30 – Sabadão do Baiano

8h – Power Rangers + Popeye

9h30 – Popeye

9h45 – Informercial – Polishop

10h45 – Irmão Caminhoneiro – Boletim

10h20 – Pé na Estrada – Boletim

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 Um dia rico de encontros, conversas e ativi-dade intelectual e artística. Seus sentimentos são tocados de modo especial, ainda mais a partir do meio da tarde.

TOURO - 20/4 a 20/5 Muitos negócios e atividades produtivas podem ser combinados e acertados neste dia. Você pode fi rmar alianças e contratos com pessoas que lhe são especiais.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 A Lua minguando mostra ser tempo de fazer um balanço do que foi renovado, assentando melhor tudo aquilo de novo que está entrando em sua vida. Disposição amorosa plena.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Grande sensibilidade, mas voltada à intimidade mais do que à expressão social ampla. É tempo de terminar as tarefas difíceis que começou - mesmo que esteja sem ânimo.

LEÃO - 23/7 a 22/8 Momento socialmente intenso, com encontros e com um espirituoso convívio com amigos. Os grandes planos e sonhos podem ser agora fi rmados de modo defi nitivo por você.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Momento delicioso na vida profi ssional. Con-vívio prazenteiro com pessoas amigas no trabalho e, ao mesmo tempo, consolidação das boas conquistas das últimas semanas.

LIBRA - 23/9 a 22/10 Momento de ideias inspiradas, dando con-tinuidade à disposição de ontem. O amor continua fortemente estimulado - com um novo futuro se revelando ainda mais.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 A intimidade amorosa continua sendo um elemento fundamental. É preciso ter a confi ança para se abrir à pessoa amada; e esta se conquista, primeiro se abrindo um pouco mais.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Os encontros, parcerias e o relacionamen-to a dois estão plenamente favorecidos. Agora, já poderá colher um pouco dos frutos que a vida lhe permitirá colher de agora em diante.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 As relações de cotidiano tendem a ser di-vertidas e promissoras. Alguém lhe encanta em especial, seja no convívio de trabalho ou mesmo no âmbito pessoal e afetivo.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 O amor em todas as suas formas conti-nua bem estimulado. Tudo o que estava prometido para ontem, hoje tende a se tornar ainda mais realidade concreta.

PEIXES - 19/2 a 20/3 Momento de harmonia especial no ambiente familiar. Aproveite para relaxar - e não ape-nas descansar, mas realmente se soltar por completo num ambiente aconchegante.

Cruzadinhas

10h45 – Verdade e Vida

11h – Band na Copa

11h30 – Copa do Mundo – Suíça X

Equador

14h – Band na Copa

14h30 – Copa do Mundo – França X

Honduras

17h – Band na Copa

17h30 – Copa do Mundo – Argentina X

Bósnia

20h – Só Risos

21h – Pânico na Band

0h – Band na Copa

0h30 – Canal Livre

1h30 – Show Business – Reapresentação

2h20 – Diário da Copa

2h45 – Copa do Mundo – Compacto

3h – Igreja Universal

10h – Atendimento Show de Bola

11h – Domingo Show

15h15 – Hora do Faro

19h20 – Domingo Espetacular

23h15 – Spartacus – Episódio Final

0h15 – A Nova Super Máquina

1h15 – Programação IURD

“Carga Explosiva 3”, com Jason Statham, no “Domingo Maior”

DIVULGAÇÃO

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

Cresce e ganha corpo a campanha de apoio à peque-na Sofi a. Nas redes sociais a família da menina de apenas cinco meses já conseguiu ar-recadar boa parte do dinhei-ro para que o bebê faça a cirurgia nos EUA. Claro que o procedimento custa uma fortuna e ainda falta muito, tanto que o Brasil abraçou a causa. Em Manaus, um grupo solidário resolveu fazer pedá-gios, que estão programados para acontecer nos próximos dias 21 e 22, respectivamente, no parque dos Bilhares, às 17h, e na feira da Eduardo Ribeiro e largo São Sebastião, às 9h. Vamos engrossar esse coro!

Solidariedade

Torcer para o Brasil é necessário em tempos de Copa do Mundo, mas não há necessidade do exagero no trân-sito que se viu na última quinta-feira. Gente sem noção que corria a mil por hora dando um verdadeiro show de falta de educação. O pior é que mesmo que o aparato policial estivesse de prontidão, não se pode fazer nada quando meio mundo resolveu surtar nas ruas da cidade. A questão é de consciência mesmo. Pela fé!

Exagero

Decepcionante a ce-rimônia de abertura da Copa do Mundo. Um evento chinfrim sem graça, orquestrado por dois coreógrafos es-trangeiros que deram um show de desconhe-cimento sobre o Bra-sil. Em blogs e textos críticos Brasil afora, o festival de Parintins e o talento dos amazonen-ses foi citado como pa-râmetro para o evento de abertura. Com tanta referência é bom que os dois bois façam bonito e segurem a peteca nos três dias de festival. Nada de alegorias mal acabadas e fantasias caindo na arena duran-te as apresentações, viu? E tenho dito!

Fraca

O deselegante técni-co da seleção inglesa pode até ter reclamado do calor e exagerado quanto à presença e o tamanho dos mosqui-tos na Amazônia, mas os turistas ingleses es-tão adorando Manaus. A cidade vem encan-tando os visitantes que estão descobrindo o elo histórico da capital do Amazonas com a In-glaterra, afinal foram os ingleses que cons-truíram as galerias do Centro e o porto da antiga cidade da bor-racha. Perfeito.

Sorry

Virou uma verda-deira febre positiva decorar as ruas de Manaus nas cores verde e amarelo. A competição entre os bairros Morro da Liberdade, Praça 14 de Janeiro e Alvo-rada virou tema de reportagens nacio-nais. Tudo porque as comunidades se uniram para fazer bonito durante os jogos da Copa. A iniciativa é muito válida porque as ruas decoradas vi-raram verdadeiras atrações para os visitantes. É assim que se faz a dife-rença. Criatividade popular é tudo.

Febre

sito que se viu na última quinta-feira. Gente sem noção que corria a mil por hora dando um verdadeiro show de falta de educação. O pior é que mesmo que o aparato policial estivesse de prontidão, não se pode fazer nada quando meio mundo resolveu surtar nas ruas da cidade. A questão é de consciência mesmo. Pela fé!

O deselegante técni-co da seleção inglesa pode até ter reclamado do calor e exagerado quanto à presença e o tamanho dos mosqui-tos na Amazônia, mas os turistas ingleses es-tão adorando Manaus. A cidade vem encan-tando os visitantes que estão descobrindo o elo histórico da capital do Amazonas com a In-glaterra, afinal foram os ingleses que cons-truíram as galerias do Centro e o porto da antiga cidade da bor-racha. Perfeito.

Sorry

visitantes. É assim que se faz a dife-rença. Criatividade popular é tudo.

, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

Jander Vieirajandervieira

Cresce e ganha corpo a campanha de apoio à peque-na Sofi a. Nas redes sociais a família da menina de apenas cinco meses já conseguiu ar-recadar boa parte do dinhei-ro para que o bebê faça a cirurgia nos EUA. Claro que o procedimento custa uma fortuna e ainda falta muito, tanto que o Brasil abraçou a causa. Em Manaus, um grupo solidário resolveu fazer pedá-gios, que estão programados para acontecer nos próximos dias 21 e 22, respectivamente, no parque dos Bilhares, às 17h, e na feira da Eduardo Ribeiro e largo São Sebastião, às 9h. Vamos engrossar esse coro!

Solidariedade

Torcer para o Brasil é necessário em tempos de Copa do Mundo, mas não há necessidade do exagero no trân-sito que se viu na última quinta-feira. Gente sem noção que corria a mil por hora dando um verdadeiro show de falta de educação. O pior é que mesmo que o aparato policial estivesse de prontidão, não se pode fazer nada quando meio mundo resolveu surtar nas ruas da cidade. A questão é de consciência mesmo. Pela fé!

Exagero

Adriana Cordeiro

também foi conferir as novidades das joias grifadas de Jack Chagas

Denize Santana e Vânia Nunes formando dupla alto-astral durante o coquetel de joias icôni-casBrumani na joalheria Jaqueline Chagas

Celles Borges e Carla Frota com a anfi trião Ja-queline Chagas no encontro de quilates da bada-lada joalheria do Manauara Shopping

A macérrima Márcia Mar-tins levando sua elegância para desfi lar em noite de lançamento da joalheria Jaque-line Chagas

FOTOS: JANDER VIEIRA

Com seu estilo inconfundí-vel, Harumi Tsuji surge es-fuziante nos domínios das novidades de FauseHaten, no Manauara Shopping

Dupla de embolada faz cinco showsA dupla pernambucana Caju

e Castanha estará em Manaus a partir de amanhã para apre-sentar cinco shows da turnê “Embolando”. A entrada para todos os dias será gratuita e a produção local é da Artcena, com apoio cultural do Ideia Musical e realização do Minis-tério da Cultura (MinC).

Amanhã, o show de embo-lada de improviso estará no palco do Centro de Convivên-cia da Família Madalena Arce Daou (avenida Brasil, 1.335, Santo Antônio), às 20h30. Depois, será apresentado na praça Heliodoro Balbi (Centro, dia 18, às 20h), no Centro de Convivência do Idoso (rua Wilkens de Matos, s/nº, bairro Aparecida, dia 19, às 18h), na Praça Antônio Bittencourt (a

popular Praça do Congresso, Centro, dia 20, às 18h) e no Teatro Américo Alvarez (rua Ramos Ferreira, 1.572, Centro, dia 21, às 19h30).

Há 40 anos que Caju e Cas-tanha representam a cultura popular nordestina e brasilei-ra por meio da embolada de improviso – em que é preciso saber cantar e rimar. Já gra-varam 27 discos, dois DVDs e conquistaram quatro Discos de Ouro. A lista de prêmios inclui ainda um Grammy La-tino e quatro prêmios Tim de Música Brasileira.

A dupla já trabalhou com vários artistas nacionais, en-tre eles Lenine, Elba Ramalho e Jair Rodrigues. Os parcei-ros musicais também foram personagens principais do

curta-metragem “Caju e Cas-tanha contra o Encouraçado Titanic”, de Walter Salles e Daniela Thomaz. E suas per-formances se adaptam a pra-ças do Recife, Rio de Janeiro ou São Paulo e a palcos de eventos como o Rock in Rio, São João de Caruaru, Lollapa-looza, Montreux e Cannes.

Caju e Castanha costumam investir em coprodução e em participações especiais com artistas de todas as verten-tes da música. Suas embo-ladas são misturadas com forró, cordel, coco, ciranda, MPB, rock, brega e até mú-sica eletrônica e o hip hop. Alguns “rappers”, inclusive, chegam a dizer em tom de brincadeira que a embolada é o “pai do rap”.

MÚSICA

Pernambucanos Caju e Castanha apresentam-se em cinco locais da cidade a partir de amanhã

MARCOS HERMES/DIVULGAÇÃO

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D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Atividades do projeto “Opção Sonora”, organizado pelo movimento Espaço Favela, trazem propostas de integração social, em Manaus

Opção deconhecimento Um espaço fi xo para

servir de ponto de en-contro entre grupos e simpatizantes do hip

hop em Manaus, além de vitrine para o público conhecer os artis-tas do segmento, é a proposta do projeto Opção Sonora, pro-movido pelo movimento Espaço Favela. O encontro cultural vai acontecer todos os domingos, das 14h às 21h, na escola Euro Idiomas (avenida Darcy Vargas, 734, bairro Chapada, Zona Sul). O ingresso para homens custa R$ 5 e mulher não paga.

O coordenador do projeto, MC Fino, revela que o evento é único em Manaus e tem o objetivo de agregar à cultura outros estilos musicais e artísticos, por isso o nome “Opção Sonora”. “Hip hop é pura troca de informações. Por isso, há o respeito pela diversidade e abre as portas para outros gêneros artísticos e musicais para ampliar e trocar experiências”, explica.

A festa vai contar com a apre-sentação dos DJs Fino, Saci, Mayer e Messias Mak, grupo Humilde Crew, American MCs e a participação especial do MC Sonic, integrante do grupo de rap Tarja Pretta.

Segundo Fino, em Manaus, os grupos ativos do hip hop, que somam aproximadamente 30, estão com o propósito de mudar a cena cultural do movimento e o primeiro passo é acabar com o preconceito para fortalecer a autoestima dos participantes, e mostrar por meio desses encon-tros que o movimento tem bas-tante conteúdo e qualidade.

Para intensifi car as atividades culturais do movimento, uma ofi ci-

na de hip hop é realizada durante a semana com atividades de grafi te, música, dança e um novo elemento que, de acordo com o MC, faz toda a diferença: o conhecimento.

“Mostramos que estudar e se informar são o caminho para quem almeja o sucesso e quer se integrar no meio. Hip hop é comunicação e o conhecimento é fundamental para passar o recado na hora de compor uma música, um grafi te; entender o corpo para desenvol-ver uma coreografi a com estilo; conhecer as diferentes texturas e tipos de tintas ideais para a grafi -tagem, manusear com destreza os equipamentos de DJ, fazem parte do processo”, enumera Fino.

Ouvir outros gêneros musicais como MPB e samba por meio de grandes artistas como Clara Nunes, Chico Buarque e Caetano Veloso e fazer rodadas de leituras sobre o tema cultura, fazem parte da ofi cina que é gratuita e funcio-na de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h e das 14h às 17h, na avenida Eduardo Ribeiro, Centro, edifício Palácio do Comércio, sala 1.807. O local foi cedido por um empresário (J. Castro Imóveis) que se sensibilizou com o projeto e resolveu colaborar.

Para fortalecer a ação e enten-der melhor os anseios do jovem que busca no hip hop uma al-ternativa cultural, são realizadas visitas periódicas aos pais dos participantes menores de idade (13 a 17 anos). O intuito é de conhecer o ambiente em que vive o jovem que procura o projeto ou que os pais acabam levando até o grupo. “Às vezes, a pessoa é revol-tada, violenta e para entendermos o problema vamos até a família. Isso fortalece nosso trabalho e mostra que, apesar de sermos marginalizados, não somos ban-didos”, explica o MC.

Atividades do projeto “Opção

conhecimentocultural

RENATA FÉLIXEspecial EM TEMPO

Organizado-res incenti-vam a busca por infor-mações

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