em tempo - 15 de dezembro de 2013

40
VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 MÁX.: 35 MÍN.: 23 TEMPO EM MANAUS FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. ANO XXVI – N.º 8.208 – DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ HOJE É DOMINGO Para as festas que pipo- cam nesta época, nada me- lhor que investir em looks bonitos, que servem para diversas ocasiões. Imóveis em Miami, um dos principais destinos dos brasileiros, estão na mira dos amazonenses. OS RUSSSOS ESTÃO CHEGANDO DIVULGAÇÃO/HRT A HRT Participações em Petróleo, que vem fazendo prospecções no Amazonas desde 2009, não vai deixar o Amazonas, garantiu em entrevista exclusiva ao EM TEMPO seu diretor-presidente, Nilo Azambuja. Ao invés disso, a companhia decidiu vender uma fatia de 6% à sua parceira russa Rosneſt Oil Company na joint venture da Bacia Sedimentar do Solimões. Agora, a Rosneſt passará a deter 51% do projeto, tornando-se operadora, enquanto a HRT ficará com 49%. Os Contratos definitivos devem ser concluídos até 31 de janeiro de 2014. Economia B4 e B5 MORTE NA ARENA DA AMAZÔNIA Operária que trabalhava na cobertura do estádio caiu de uma altura de 35 metros. Última Hora A2 DENÚNCIAS • FLAGRANTES 8177-2096 Bruno é convidado especial da corrida que marca o encerramento da temporada de 2013 da Stock Car. Pódio E6 A corrida do Milhão tem Bruno Senna Lixo da Copa vai gerar empregos e renda Cerca de 1,8 mil catadores de 23 municípios do Amazonas, vão passar por capacitação para aproveitar os resíduos. Economia B1 Atraso nas obras do linhão de Tucuruí Um atraso nas obras do sistema de transmissão impede que o sistema chegue completamente ao Amazonas. Economia B3 O caixão do primeiro presidente negro da África do Sul foi aplaudido por multidões O corpo de Nelson Mandela chegou ontem a Qunu, onde será enterrado neste domingo. O avião com o caixão deixou a Base Aérea de Pretória por volta de 12h locais (8h no horário de Brasília) e chegou ao aeroporto de Mthatha por volta das 13h30 locais (9h30 em Brasília). De lá, seguiu por cerca de 30 km de carro até Qunu. Última Hora A2 VOLTA PARA CASA APPHOTO RICARDO OLIVEIRA RICARDO OLIVEIRA EXCLUSIVO Em 1930, o quadrinista bel- ga Hergé , criador do Tintim, iniciou a série de histórias dos garotos Quick e Flupk. As tirinhas fizeram sucesso. No coração da flo- resta a HRT Partici- pações em Petróleo está no Amazonas desde 2009. E vai continuar perfurando poços em parceria com a gigante russa Rosneſt Oil Company

Upload: amazonas-em-tempo

Post on 12-Mar-2016

243 views

Category:

Documents


7 download

DESCRIPTION

EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

TRANSCRIPT

Page 1: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

MÁX.: 35 MÍN.: 23TEMPO EM MANAUSFALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700

ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS.

ANO XXVI – N.º 8.208 – DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

HOJE É DOMINGO

Para as festas que pipo-cam nesta época, nada me-lhor que investir em looks bonitos, que servem para diversas ocasiões.

Imóveis em Miami, um dos principais destinos dos brasileiros, estão na mira dos amazonenses.

OS RUSSSOSESTÃO CHEGANDO

DIV

ULG

AÇÃO

/HRT

A HRT Participações em Petróleo, que vem fazendo prospecções no Amazonas desde 2009, não vai deixar o Amazonas, garantiu em entrevista exclusiva ao EM TEMPO seu diretor-presidente, Nilo Azambuja. Ao invés disso, a companhia decidiu vender uma fatia de 6% à sua parceira russa Rosnest Oil Company na joint venture da Bacia Sedimentar do Solimões. Agora, a Rosnest passará a deter 51% do projeto, tornando-se operadora, enquanto a HRT fi cará com 49%. Os Contratos defi nitivos devem ser concluídos até 31 de janeiro de 2014. Economia B4 e B5

MORTE NA ARENA DA AMAZÔNIAOperária que trabalhava na cobertura do estádio caiu de uma altura de 35 metros. Última Hora A2

DENÚNCIAS • FLAGRANTES

8177-2096

Bruno é convidado especial da corrida que marca o encerramento da temporada de 2013 da Stock Car. Pódio E6

A corrida do Milhão tem Bruno Senna

Lixo da Copa vai gerar empregos e renda

Cerca de 1,8 mil catadores de 23 municípios do Amazonas, vão passar por capacitação para aproveitar os resíduos. Economia B1

Atraso nas obras do linhão de Tucuruí

Um atraso nas obras do sistema de transmissão impede que o sistema chegue completamente ao Amazonas. Economia B3

O caixão do primeiro presidente negro da África do Sul foi aplaudido por multidões

O corpo de Nelson Mandela chegou ontem a Qunu, onde será enterrado neste domingo. O avião

com o caixão deixou a Base Aérea de Pretória por volta de 12h locais (8h no horário de Brasília) e chegou ao aeroporto de Mthatha por volta das 13h30 locais (9h30 em Brasília). De lá, seguiu por cerca de 30 km de carro até Qunu. Última Hora A2

VOLTA PARA CASA

APPH

OTO

RICA

RDO

OLI

VEIR

ARI

CARD

O O

LIVE

IRA

DENÚNCIAS • FLAGRANTES

EXCLUSIVO

Em 1930, o quadrinista bel-ga Hergé , criador do Tintim, iniciou a série de histórias dos garotos Quick e Flupk. As tirinhas fi zeram sucesso.

No coração da fl o-resta a HRT Partici-pações em Petróleo está no Amazonas

desde 2009. E vai continuar perfurando

poços em parceria com a gigante russa Rosnest Oil Company

DOMINGO 15_12.indd 3 12/14/2013 12:52:58 PM

Page 2: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Operário morre ao cair da Arena da Amazônia O acidente ocorreu na madrugada de sábado e o operário despencou de uma altura de 35m, morrendo pela manhã

Marcleudo de Melo Ferreira, natural da cidade de Li-moeiro, no norte

do Ceará, que completaria 23 anos hoje, morreu na manhã de ontem após despencar de uma altura de 35 metros no canteiro de obras da Arena da Amazô-nia. O operário trabalhava na instalação de proteção lateral dos refletores do estádio que deverá sediar jogos da Copa do Mundo, em Manaus.

Segundo funcionários da obra, o acidente ocorreu na madrugada de sábado por volta das 4h10, quando o operário caiu em cima de uma cadeira, próximo ao escan-teio no lado direito do estádio e, tendo sido imediatamente socorrido, foi encaminhado ainda com vida ao pronto-socorro 28 de Agosto, na Zona

Centro-Sul da cidade, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu na manhã de ontem. O corpo foi encaminhado às 7h para perícia no Instituto Médico Legal (IML).

Marcleudo Ferreira vivia no alojamento na Lóris Cordovil, 230, casa 2 – bairro Alvo-rada 1, Zona Centro-Oeste e até o fechamento dessa edição não havia compare-cido nenhum familiar para reconhecimento do corpo no IML. Segundo informações, extraoficiais ele não esta-va usando equipamentos de segurança no momento do acidente e trabalhava na sol-da da cobertura. O laudo da investigação será divulgado dentro de 30 dias.

De acordo com a Unidade Gestora do projeto Copa (UGP), visitas e obras no estádio estão

suspensas até amanhã. A empresa Andrade Gu-

tierrez se pronunciou sobre a ocorrência em nota oficial lamentando o fato e comu-nicando que investigará as causas do acidente.

Esse é o segundo acidente com vítima fatal nas obras da Arena da Amazônia. O primei-ro ocorreu em maio, quando Raimundo Nonato Lima da Costa, de 49 anos, morreu em decorrência de um trau-matismo craniano após cair de uma altura estimada de cinco metros. Segundo infor-mações divulgadas na época, pela Polícia Militar, o operário caiu após tentar passar de uma coluna para o andaime.

As obras da arena foram ini-ciadas em novembro de 2010 e a inauguração está programa-da para janeiro de 2014.

Marcleudo caiu de uma altura de 35 metros e o seu corpo ficou estendido sobre as cadeiras

DIV

ULG

AÇÃO

Primeira fase do exame da OAB é neste domingo

Cerca de 120 mil bacharéis em direito e estudantes de todo o país farão a primei-ra fase do exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) hoje. A prova será aplicada às 13h (horário de Brasília), em 165 cidades.

Nesta etapa, os candida-tos terão cinco horas para responder as 80 questões de múltipla escolha, referentes as disciplinas obrigatórias do curso de direito e ao estatuto da Ordem. Apenas quem acertar ao menos 50% da prova (40 questões) será convocado para a segun-da fase do exame, marcada para 9 de fevereiro.

Cada uma das 80 questões pode ser decisiva para o candidato. E o universo de conteúdos abordados é vas-to. Além das disciplinas obri-gatórias do currículo aca-dêmico mínimo dos cursos de direito, entram também Direitos Humanos, Código

do Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente, Direito Ambiental, Direito In-ternacional, Filosofia do Di-reito, Estatuto da Advocacia e da OAB, seu Regulamento Geral e Código de Ética e Disciplina da OAB.

Ainda hoje, será divulgado um gabarito preliminar no site do exame. A lista inicial de aprovados para a segunda fase sairá no próximo dia 26 (a lista definitiva está previs-ta para 17 de janeiro).

Nesta edição, a Ordem inaugura um “sistema de repescagem”. Quem for re-provado na segunda eta-pa, composta por questões dissertativas, não preci-sará fazer a primeira no exame seguinte. Antes, o candidato teria de refazer todo o processo.

A aprovação é obrigatória para obter a inscrição como advogado, segundo o conse-lho Federal da OAB.

.

Funeral de Mandela nopovoado dos ancestrais

O corpo de Nelson Man-dela foi levado ontem à região Eastern Cape, na África do Sul, para um fu-neral de Estado que será oficializado hoje, em sua aldeia natal, depois da despedida do herói anti-apartheid pelo Congresso Nacional Africano (CNA).

Com músicas revolu-cionárias, alguns punhos levantados e tributos ao “camarada Mandela”, o antigo movimento de li-bertação ao qual Mande-la dedicou sua vida dis-se adeus a ele na base aérea de Waterkloof, na capital Pretória.

“Vá bem ‘Tata’, você fez sua parte”, disse o presi-dente sul-africano e líder do CNA, Jacob Zuma, em um elogio no qual usou a palavra em Xhosa para “pai”. Ele recordou a vida de Mandela como um com-batente pela liberdade na luta contra a minoria bran-ca, pela qual passou 27 anos na prisão.

“Sempre vamos lembrar de você”, disse Zuma, antes de gritar o slogan da luta do CNA: “Amandla” (Poder).

A despedida do CNA lide-rada por Zuma, que contou com a presença da viúva de Mandela, Graça Machel, e sua ex-esposa Winnie Ma-dikizela-Mandela, ocorreu depois de nove dias in-tensos de luto e ativida-des fúnebres carregadas de emoção, realizada em Joanesburgo e Pretória.

Isso incluiu três dias de velório em Pretória, de quarta a sexta-feira, no qual mais de 100 mil

pessoas ficaram por ho-ras nas filas para dar o último adeus ao primei-ro presidente negro da África do Sul.

Um dos netos de Man-dela, Mandla, agradeceu aqueles que apareceram para prestar suas home-nagens ao prêmio Nobel da Paz.

“Eu testemunhei seu exército, tenho testemu-nhado o seu povo, tenho testemunhado sul-africa-nos comuns que andaram esta longa caminhada para a liberdade com ele

e posso garantir ao Con-gresso Nacional Africano hoje que o futuro deste país parece brilhante.”

Escoltado por caças, o corpo de Mandela foi leva-do pela força aérea da Áfri-ca do Sul para a sua região de origem Cabo Oriental, de onde seria levado para a casa da família em Qunu, uma aldeia a 700 km ao sul de Joanesburgo.

No local, um funeral de Estado ocorre joje, combi-nando pompa militar e ritos tradicionais de Xhosa aba-Thembu, clã de Mandela.

Zanetti termina o ano com 100% de vitórias

Campeão olímpico no ano passado, o ginasta Arthur Za-netti venceu todas as compe-tições de 2013 na sua espe-cialidade: as argolas.

Depois do título mundial, o brasileiro encerrou as provas de 2013, ontem, com a me-dalha de ouro no aparelho, na Copa Toyota Internacional de ginástica artística, no Japão.

Ele considerou “incrível” sua temporada. “Foi pesada, e eu sabia que seria difícil. Mas deu tudo certo, e acabei o ano com 100% de aprovei-tamento nas argolas. Agora, quero minhas férias mere-cidas”, afirmou. “Nossa, que ano difícil. Mas valeu, dá para dizer que foi perfeito”.

Na cidade de Toyota, em Nagoya, Zanetti consagrou-se com nota 15.875. Meda-lhista de prata, o japonês Koji Yamamuro ficou com 15.625. O alemão Marcel Nguyen, terceiro colocado, teve 15.375 pontos.

“Nas argolas, que eram o mais importante, eu tirei 15.875. Ganhei e fiquei muito feliz com isso”, disse.

No solo, Zanetti termi-nou na quarta posição, com 14.525 pontos, em Toyota. O japonês Kenzo Shirai le-vou a medalha de ouro, com 16.325. Seu compatriota Kohei Uchimura, segundo colocado, somou 15.500. O coreano Eo Jim Park conquis-tou o bronze com 14.800.

“Gostei da minha apre-sentação no solo, foi boa, mas fiquei em quarto porque eram muitos os atletas bons no solo que estavam aqui”, avaliou o atleta paulista.

Terça-feira, ele desembar-cará em São Paulo e participa-rá do Prêmio Brasil Olímpico, do Comitê Olímpico Brasileiro. Melhor ginasta do ano, Za-netti concorre à premiação geral entre os homens com o nadador Cesar Cielo e o velejador Jorge Zarif.

Candidatos terão cinco horas para responder as questões

O campeão Zanetti comemora um ano de vitórias perfeitas

DIV

ULG

ACÃO

DIV

ULG

ACÃO

HOMENAGEMA despedida do CNA liderada por Zuma, que contou com a presença da viúva de Mandela, Graça Machel, e sua ex-es-posa Winnie, ocorreu depois de nove dias de luto e atividades

DIREITODESPEDIDA

CAMPEÃO

É com pesar que a Construtora Andrade Gutierrez informa que por volta das 4h da manhã de hoje, 14/12/2013, o operário Marcleudo de Melo Ferreira, 22 anos, natural de Limoeiro do Norte - CE, funcionário de empresa

subcontratada que presta serviços na montagem da cobertura da Arena da Amazônia, sofreu uma queda de uma altura de cerca de 35 metros, sendo socorrido e levado ao pronto-socorro 28 de Agosto ainda com vida, onde não

resistiu aos ferimentos e morreu nesta manhã.Reiteramos o compromisso assumido com a segurança de todos os funcionários e que uma investigação interna está sendo

feita para apurar as causas do acidente. As medidas legais estão sendo tomadas em conjunto com os órgãos competentes.Lamentamos profundamente o acidente ocorrido e estamos prestando total assistência à família do operário.

Em respeito à memória do mesmo, os trabalhos deste sábado foram interrompidos.

Alessandro Resende AlmeidaComunicação Construtora Andrade Gutierrez S/A

Nota

A02 - ÚLTIMA HORA.indd 2 12/14/2013 1:01:39 PM

Page 3: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 A3Opinião

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG), teve seu projeto de transformação do Bolsa Família em um programa de Estado, aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Aconteceu terça-feira 10. Com isso, corta e apara o discurso dos que já começam a dizer que ele vai acabar com a “distribuição de renda” do Lula... se eleito.

O Bolsa Família, esboçado muito sem querer querendo no governo do tucano de Fernando Henrique Cardoso, ganhou toda a prioridade nos dois mandatos de Lula e não perdeu a posição com Dilma Rousseff . Mas já se sente que é um programa que precisa ser renovado. A “distribuição de renda” nos moldes como foi e está sendo realizada é o típico programa “pós-guerra”, “pós-furacão”, pós-enchente”, “pós-catástrofe”, situações que “não estavam no programa”, e por isso, assumem esse caráter emergencial.

Essa estratégia de “defesa civil” pode ser comparada, reservadas as dimensões, com o programa “Carreta da Mulher”, desenvolvido na administração de Amazonino Mendes, em Manaus, e que fi cou permanente, como se, a cada mês, a cidade tivesse uma enchente acima dos 29 metros acima do nível do mar. O Bolsa Família até hoje encanta o discurso petista e Aécio Neves está promovendo, à maneira mineira, como quem não quer, querendo, uma espécie de reintegração de posse do programa ao domínio tucano. Ao mesmo tempo em que institucionaliza um programa de emergência, que fi caria muito bem, pois já provou que dá certo e segura a audiência, no elenco de ações da Defesa Civil, que sempre é surpreendida por um pós-tudo e é sempre a última a chegar com o socorro de urgência. O que a Defesa Civil costuma fazer é “tomar providência”, depois que o furacão passa e deixa um rastro de prejuízo.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para secretários municipais que, usando o bom senso, decidiram entregar o cargo antes de anunciar suas candidaturas a um cargo político. Tudo de forma civilizada e sem nhem, nhem, nhem....

Secretários candidatos

APLAUSOS VAIAS

Outra vez Aziz

No estado do Amazonas, 84% dos entrevistados apro-vam a maneira de governar de Omar.

Em Pernambuco, esse per-centual de aprovação também é elevado, mas, novamente, Eduardo Campos fi ca abaixo de Omar, com (76%).

Confi a no homem

A confiança da população em seu governador é outro indicador muito importante para sua popularidade.

Mais uma vez, o governador do Amazonas aparece em pri-meiro lugar, com percentual de confi ança de 75% . Empatados em segundo lugar, com 66%, temos o Acre e Pernambuco.

Lanterna

Os governadores com os menores percentuais de aprovação são os do Rio Grande do Norte (13%), Dis-trito Federal (16%) e Amapá (26%).

Tucano em alta

O EM TEMPO teve acesso a uma pesquisa feita pelo PSDB nas capitais de todo o país.

Os dados mostram que aproximadamente 80% consideram positiva a ad-ministração de Arthur Vir-gílio Neto.

Até pro Governo

Em outra parte da pesquisa, 58% dos entrevistados dizem que votariam em Arthur Vir-gílio Neto caso ele saísse do cargo de prefeito para dispu-tar o Governo do Estado.

Mário embarcou

O vereador Mário Frota (PSDB) acaba de embarcar no maior absurdo que se comete contra a biografia de alguém que lutou contra a ditadura.

O livro a que o vereador se refere – “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”, foi assinado por Romeu Tuma Júnior e escrito pelo jornalista Cláudio Julio Tognolli, sob encomenda, com o único objetivo de denegrir a imagem de Lula.

Odeia Lula

Que Mário frota faça críti-cas a Lula é aceitável.

Até que odeie o ex-presi-dente é compreensível. Lula fi cou oito anos na presidência e, nesse período, comete-se erros sim senhor. Até o “santo” FHC os cometeu.

Cabo Anselmo, não!

Mas agora tentar trans-formar o Lula do ABC num mísero “cabo Anselmo” é de doer.

Mário estava lá no auditó-rio da Justiça Milita quando Lula, Jacob Bittar e Chico Mendes foram julgados acu-sados de crime em um comí-cio do Acre.

Memórias de sangue

Mário Frota também viu e leu nas revistas, Lula saindo da cadeia – onde dormia no chão fazendo um casaco de travesseiro –, sendo escolta-do para o enterro de sua mãe, d. Lidu, preso, entre quatro trogloditas que sequer dei-xaram-no que o presidente do sindicato chorasse.

Que tratamento truculento para quem colaborava com a ditadura, hein vereador?

Mão de aluguel

Ninguém a história dos ou-tros desse jeito, como tumi-nha e o vereador Mário Frota estão fazendo.

O jornalista Cláudio Julio Tognolli – que de foto escreveu o livro –, até que se perdoa, porque, como “mão de aluguel” ele está ganhando para escre-ver o que os outros ( que estão pagando), mandaram.

Paixão botafoguense

Botafoguenses apaixona-dos fi zeram uma promessa que prometem cumprir.

Se o Botafogo conseguis-se entrar na Libertadores, viajaria para assistir ao primeiro jogo. Só não es-peram que o desafio seria em Quito, no Peru, contra o Deportivo.

Mesmo assim garantem que vão..

Outra ponte

Empenhado em conseguir aprovação ao projeto de cons-trução da ponte sobre o rio Solimões, o deputado Fran-cisco Souza (PSC) promoveu ontem coleta de assinaturas na avenida Lourenço Braga, Centro de Manaus.

Travessia

De acordo com Souza, a construção da ponte rio Solimões gera um grande anseio.

Principalmente para os mo-radores de Manaquiri, Careiro da Várzea, Careiro Castanho e Autazes.

Para as barraquinhas de guloseimas e restaurantes improvisados, que aos poucos estão voltando para o entorno do Relógio Municipal, voltando a poluir a área.

Bancas no Relógio Municipal

Um fato chama a atenção na pesquisa CNI/Ibope, divulgada nesta sexta-feira.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), é o candidato a Presidência da República em 2014, mas está abaixo de Omar Aziz (PSD). Ele tem 58%, enquanto que o governador do Amazonas disparou como o melhor avaliado, com 74%.

Eduardo Campos comeu poeira

ARQUIVO EM TEMPO RICARDO OLIVEIRA

[email protected]

De olho no Bolsa Família

Consolidou-se a convicção, para não falar crença (que envolve fé), de que o esporte é algo educativo porque desenvolve a colaboração, o espírito de equipe, o respeito a regras e, sobretudo, a consciência de que nem sempre se pode ven-cer, ou seja, a aceitar por vezes a derrota, já que ninguém precisa aprender a suportar a vitória.

Esta é a tese com a qual e pela qual cada vez mais se valorizam e divulgam as práticas esportivas numa febre de exageros que já chegam a incomodar e a enjoar, de tanta repetição. Uma coisa é ouvir ou assistir uma competição, ao vivo, no momento em que ela se realiza, ou conhecer os resul-tados das disputas através dos noticiários. Outra coisa é aturar por dias e dias as observações detalhistas e as minudências sem a mínima importância e com o máximo de enfado.

Há poucos dias, um dos “ana-tidae”, não sei se o Pato ou o Ganso perdeu um pênalti, coisa absolutamente trivial na vida de um jogador de futebol e contei mais de uma semana de comentá-rios, críticas e justifi cativas para todos os gostos.

Mas o âmago da questão, o que realmente pode e precisa ser discutido é saber se o esporte, pelo menos nas modalidades e nas maneiras como ora é vivenciado na sociedade brasileira, ainda man-tém o status de ação educativa com que é amplamente rotulado e propagado nos veículos de co-municação ou se, pelos exageros da supervalorização, o fanatismo está sendo alimentado.

Não faz muito tempo, jovens torcedores do Corinthians viaja-ram à Bolívia e lá mataram um adolescente com um sinalizador, cujo projétil entrou pelo olho da vítima. Parodiando Bilac, ora direis

que foi apenas um acidente, mas qualquer um sabe que aquilo é um instrumento altamente perigoso, ao ser usado em meio às gentes. Ademais, logo que liberado e re-tornado ao Brasil, o mesmo delin-quente logo se envolveu em outro distúrbio. Aliás, a mesma torcida já havia protagonizado chocante espetáculo em Brasília.

Mais recentemente, as turbas vascaínas e atleticanas (do Pa-raná) se confrontaram durante um jogo que deveria se manter como uma disputa esportiva e se transformou num espetáculo de violência, com saldo de fraturas de crânio e outros ocorrências conducentes às UTI.

E não é somente no futebol que a barbárie se instalou e adquiriu capacidade de deseducar e ge-rar delinquentes sociais. Pior que nele é o que ocorre nesse “esporte” que se tornou mania nacional e que, sobretudo, promove a agres-sividade e a truculência. Refi ro-me a essas lutas sem regras e sem ética, frente às quais as pelejas dos gladiadores da Roma antiga pareceriam espetáculos do Balé Bolshoi. Embora usem arremedos de luvas, sem qualquer amortecimento, mostram clara preferência pelos chutes, pelas joelhadas e pelas cotoveladas, sempre a mirar partes especiais, sobretudo a cabeça.

É preciso usar apenas o bom sen-so, o chamado senso comum, sem nenhum esforço de altas refl exões, para inferir que não se trata ver-dadeiramente de um esporte, mas de uma prática de violência e de massacre de outra pessoa. Longe de educar, apenas deseduca e esti-mula a liberação da agressividade. E depois de desligada a TV ou fe-chado o estádio, deslavadamente criticam e lamentam a violência que ora impera na sociedade.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Esporte e educação

[email protected]

Regi

É preciso usar apenas o bom senso, o chamado senso comum, sem nenhum esforço de al-tas refl exões, para inferir que não se trata verda-deiramente de um espor-te, mas de uma prática de violência e de massacre de outra pes-soa. Longe de educar, ape-nas deseduca e estimula a liberação da agressividade”

A03 - OPINIÃO.indd 3 12/14/2013 12:20:02 PM

Page 4: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

FrasePainelVERA MAGALHÃES

Principal cotado para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Josué Gomes da Silva (PMDB) tem a BNDESPar como acionista minoritária de sua empresa, a Coteminas. A holding do BNDES, vinculado à pasta, é detentora de 9,84% das ações da fi rma, segundo dados registrados na Bo-vespa. Atualmente, o titular do ministério, Fernando Pimentel, ocupa a presidência do conselho de administração do banco. Além disso, a Coteminas já recebeu fi nanciamentos do BNDES.

Recordar... Integrantes do governo que defendem a ida de Josué para a pasta já têm a informação em seus radares e lembram que a situação reme-te à de Luiz Fernando Furlan, que se afastou da Sadia para assumir o cargo de ministro no governo Lula.

... é viver Na época, em 2005, ele estava à frente do conse-lho do BNDES quando o banco barrou um pedido de fi nancia-mento apresentado pela Sadia, empresa que havia presidido e que era comandada por seus parentes.

Pressa Alexandre Padilha (Saúde) já fez chegar a Dilma Rousseff que prefere deixar o ministério em janeiro, como estava programado antes de outros ministros começarem movimento para fi car no go-verno até março.

Tô voltando Nos fi ns de se-mana, Padilha e a mulher já se dedicam a empacotar os livros, que estão sendo levados para seu apartamento na rua Ava-nhandava, na Bela Vista, famosa pelas cantinas.

Timing E apesar da resis-

tência de Fernando Pimentel, o PT também trabalha com sua saída do Ministério do Desen-volvimento até o fi m de janeiro para tocar sua candidatura ao governo de Minas.

Migração Sem espaço para ser candidata ao Senado pelo PT catarinense, Ideli Salvatti (Re-lações Institucionais) pode ser transferida na reforma para a Secretaria de Direitos Humanos, no lugar de Maria do Rosário.

Perspectiva Com a iminente decisão do Banco Central ame-ricano de retirar os incentivos para o mercado local, o Planalto já trabalha com a possibilidade de uma intensa volatilidade do dólar a partir de janeiro, podendo afetar os índices de infl ação.

Clima A pressão pública do governo brasileiro sobre a Fran-ça para acelerar o acordo co-mercial entre Mercosul e União Europeia, durante a visita de François Hollande, serviu para criar um “constrangimento cal-culado” entre os dois blocos.

Clima 2 O Brasil fez questão de jogar a responsabilidade de volta para os europeus, que no início do ano criticaram o Merco-

sul pelo atraso da apresentação de propostas para o acordo.

Prova Assim como Dilma, Hollande também sofre críticas de empresários em seu país. Ao receber uma medalha da Fiesp, disse: “Vou mostrar a todo mun-do na França para provar que eu defendo a indústria francesa”.

União O novo presidente do PSOL, Luiz Araújo, vai conversar com dirigentes do PSTU nas próximas semanas para tentar construir uma inédita aliança de esquerda em torno da can-didatura do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) à Presi-dência.

Em casa Pesquisa do PSOL no Amapá, reduto de Randolfe, mostra o socialista em segundo lugar no Estado, com 25% das intenções de voto, atrás de Dil-ma (46%). Aécio Neves (PSDB) tem 10% e Eduardo Campos (PSB), 6%.

Submerso Geraldo Alckmin (PSDB) lança terça-feira o edital de licitação do túnel marítimo que ligará Santos ao Guarujá, uma das obras prioritárias de sua gestão, orçada em R$ 2,4 bilhões.

Confl ito de interesses

Contraponto

Durante discurso na abertura do 5º congresso do PT, em Brasília, na última quinta-feira, Lula falava sobre o que ele classifica como “preconceito” e “medo” de setores do eleitorado que votar no PT.O ex-presidente chamou a atenção para vitória do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em 2012, quando militantes gritaram na plateia:� Lindo!Lula, então, respondeu:� Lindo, né? Ninguém quer saber se ele é lindo! Querem saber se ele é do PT!

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Beleza não põe a mesa

Tiroteio

DO PRESIDENTE DO PT-SP, EMIDIO DE SOUZA, sobre o envio ao STF do inquérito que apura denúncias de corrupção em obras de trem e metrô no governo de SP.

Os tucanos dizem que o Judiciário não age politicamente. Agora que o trem pagador do PSDB chegou ao STF, é hora de provar a tese.

Numa manhã de sol forte, pa-ramos o barco numa pequena comunidade ribeirinha no Ja-purá. Naquela hora, tínhamos pouca esperança de encontrar alguém, pois não avisáramos que faríamos aquela visita. De fato, todos estavam na casa de farinha, menos uma adolescente que ficara tomando conta de sua filhinha, nascida há poucos dias. Pouco mais que uma menina, engravidara de um peixeiro, cujo barco passara dias no porto da comunidade, e depois partira prometendo um dia voltar.

A menina mãe estava sinto-nizando a rádio Educação Ru-ral de Tefé. O programa era o “Manhã Feliz”, transmitido des-de os tempos do Movimento de Educação de Base. Naquele momento, intuí a importância do rádio e da comunicação que cria um espaço de dignidade, de sonho, de abertura dentro de vidas limitadas pela exclusão e pela exploração histórica, tor-nando-se janela para o mundo. Fizemos uma foto que levei para a apresentadora do programa para que ela saudasse aquela ouvinte distante, e um dia ela teve seu nome levado ao ar, deixando de ser anônima.

Quantas noites acompanhei os avisos para o interior. Escu-tando-os, tomava conhecimento das alegrias, das festas de pa-droeiros e torneios de futebol, mas também das mortes, doen-ças, de angústias na busca de pessoas que não davam notícias. Era a vida que entrava pelas ondas sonoras do rádio.

A Rural comemora hoje cin-quenta anos. Ela surgiu para servir à educação a distância. A partir de Tefé, se alfabetizava pelas ondas do rádio, segundo o método de Paulo Freire. Cente-

nas de pessoas tiveram acesso à educação fundamental numa perspectiva de conscientização libertadora e de formação políti-ca. Nas comunidades que foram surgindo formaram-se lideran-ças que mudaram a realidade da região. A rádio evangelizava no sentido pleno de dar senti-do a vida das pessoas, abrindo os horizontes para o Reino do Céu, mas também anunciando a alegre notícia da cidadania e da possibilidade de vida digna na terra.

Informação, formação e en-tretenimento foram sempre as linhas mestras da sua progra-mação. Uma rádio feita por homens e mulheres que veem a comunicação como serviço, a verdade como critério e a vida das pessoas e sua dignidade como valor supremo. A história da Rural, como é carinhosa-mente chamada pelos ouvintes é a história de tantas rádios na Amazônia. Nestes tempos de comunicação global, de mundo virtual, de manipulação, nossas rádios podem continuar a serem espaços de resistência cultural, de valorização de nosso povo e de suas expressões, de comuni-cação verdadeira e honesta.

Parabéns e obrigado a todos que fizeram e fazem a história do rádio. Tem sido um privilégio conviver com estes batalhadores da comunicação que constro-em uma Amazônia para todos. Que as razões de mercado, as artimanhas do poder, o prose-litismo irracional não destruam e nem manipulem as ondas do rádio. Rádio é concessão pú-blica, serviço ao povo, e deve sempre servir ao bem comum, e o bem comum merece o melhor em termos de profissionalismo e competência.

Dom Sérgio Eduardo Castriani [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropo-litano de Manaus

Parabéns e obrigado a todos que fi zeram e fazem a história do rádio. Tem sido um privi-légio conviver com estes batalhadores da comuni-cação que constroem uma Ama-zônia para todos. Que as razões de mercado, as artimanhas do poder, não destruam as ondas do rádio”

Rádio Rural

Olho da [email protected]

Um observatório para detectar possível invasão de objetos voadores não identifi ca-dos? um memorial ao “dedo-duro”, o servidor da ditadura civil-militar, de tão triste lembrança (“Estão vendo isso, crianças? Não imitem, é feio!)? ou simples despojo da erudição de almanaque de gerações passadas, adoradoras de Príapo? Vá entender...

FOTO LEITOR

Porque está em um posto de pedestal acha que pode dizer besteira. Vai ter que esclarecer o que

acontece em um montão de Estados americanos, onde cada um deles, só com a capital, superam a população uruguaia. Ou eles têm dois discursos,

um para o Uruguai e outro para os que são fortes?

José Mujica, presidente do Uruguai, reage às declarações do chefe da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpe-centes da ONU, Raymond Yans, que condenou o país pela legalização da venda e do cultivo da maconha. Os Estados

americanos mencionados são Washington e Colorado.

Norte Editora Ltda. (Fundada em 6/9/87) – CNPJ: 14.228.589/0001-94 End.: Rua Dr. Dalmir Câmara, 623 – São Jorge – CEP: 69.033-070 - Manaus/AM

Os artigos assinados nesta página são de responsabilidade de seus autores e não refl etem necessariamente a opinião do jornal.

CENTRAL DE RELACIONAMENTOAtendimento ao leitor e assinante

ASSINATURA e

[email protected]

CLASSIFICADOS

3211-3700classifi [email protected]

www.emtempo.com.br

[email protected]

REDAÇÃO

[email protected]

CIRCULAÇÃO

3090-1001

3090-1010

@emtempo_online /amazonasemtempo /tvemtempo

Presidente: Otávio Raman NevesDiretor-Executivo: João Bosco Araújo

Diretor de RedaçãoMário [email protected]

Editora-ExecutivaTricia Cabral — MTB [email protected]

Chefe de ReportagemMichele Gouvêa — MTB [email protected]

Diretor AdministrativoLeandro [email protected]

Gerente ComercialGibson Araú[email protected]

EM Tempo OnlineYndira Assayag — MTB [email protected] GRUPO FOLHA DE SÃO PAULO

A04 - OPINIÃO.indd 4 12/14/2013 12:11:23 PM

Page 5: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 A5Política

Aleam e CMM têm gastos milionários em outubroDeputados e vereadores somam R$ 1,21 milhão com uso do ‘cotão’. Maior despesa é relacionada a combustíveis

Poupar não parece ser a palavra de ordem dos parlamentares da Câmara Munici-

pal de Manaus (CMM) e da Assembleia Legislativa do Estado (Aleam). Na soma, as últimas atualizações das duas casas legislativas re-ferentes ao mês de outu-bro, mostram a utilização de R$ 1,21 milhão da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), popu-larmente conhecido como ‘cotão’. Do total, R$ 336,56 mil foram gastos somente com combustíveis.

Por mês, os vereadores ganham uma cota de R$ 14 mil, enquanto os deputados estaduais são beneficiados com uma quantia de R$ 25.697. Conforme previsto pela cota, os gastos podem ser realizados em conta de combustível, produção gráfi-ca, consultoria e até mesmo alimentação. No caso dos parlamentares estaduais, a cota é cumulativa. Desta forma, se o deputado quiser, pode juntar o saldo de R$ 308,36 mil referente aos 12 meses e gastar apenas no final do ano.

No Parlamento estadual, os gastos do décimo mês do ano chegaram a R$ 673,99 mil, representando uma fatia de 55,77% do total contabili-zado nos dois órgãos do Po-der Legislativo instalados na capital amazonense. Destes, o ranking de necessidades consideradas pelos parla-mentares ficou em combus-tível; fretamento aéreo; e

consultoria jurídica.Os gastos na Assembleia

com gasolina representa-ram uma cifra de R$ 148,91 mil. Já as viagens aéreas resultaram em um “saque” de R$ 95,77 mil do ‘cotão’, enquanto as consultorias ju-rídicas foram alvos do ter-ceiro maior gasto, de R$ 44,50 mil.

No mês de outubro, o de-putado que mais fez uso da Ceap foi o ex-presidente da instituição, Ricardo Nicolau (PSD), realizando despesas na ordem de R$ 93,22 mil, devido ao saldo acumulado de R$ 128,68 mil dos meses anteriores. A despeito desse

gasto mensal, o parlamentar registrou um dos maiores saldos disponível referentes ao benefício. Com a soma da verba creditada em ou-tubro, o valor ficou em R$ 61,16 mil.

De acordo com ele, es-tes gastos foram motivados pela divulgação do balanço do exercício da atividade em 2013. “Sou o deputado que menos gastou o Cotão. Neste final de ano fizemos vá-rias ações de divulgação do ano parlamentar em vários

meios de comunicação e fi-zemos visitas em municípios distantes”, detalhou.

Nicolau “perde” apenas para a deputada Conceição Sampaio (PP) no quesito eco-nomia anual. Além de ter ano-tado o menor gasto, dentre os 24 deputados estaduais, com a cota em outubro (R$ 12,64 mil), Conceição dei-xou em outubro uma verba disponível de R$ 369,57 mil por conta da cumulação de um ano para o outro, tan-to que a quantia é 19,85% superior aos R$ 308,36 mil previstos para serem creditados anualmente.

Por sinal, em maio deste ano, a Aleam aprovou Pro-jeto de Resolução que revo-ga o artigo 5º da resolução 509/2011, no qual aponta-va que as cotas destinadas às atividades parlamenta-res, não utilizadas dentro do exercício financeiro cor-respondente, poderiam ser utilizadas até o final do exercício seguinte. No pró-ximo ano, esta possibilidade será descartada.

TranquiloQuem parece que não vai

ter problema com a altera-ção na legislação é o de-putado Adjuto Afonso (PP). Conforme o detalhamento das despesas, o parlamen-tar gastou todo o benefício mensal, deixando a conta “zerada”. Foram feitas des-pesas de R$ 25.708,16, em virtude do saldo anterior de R$ 11,16. Os principais gas-tos foram com consultoria jurídica e locação de móveis e equipamentos, R$ 5 mil em cada item.

LUANA GOMES Especial EM TEMPO

Na Câmara Municipal de Manaus, as despesas do mês conhecido pelo Dia das Crianças ficaram em R$ 534,35 mil. Ao contrário dos deputados estaduais, os vereadores não podem acumular a Cota, mesmo sem usar toda a cifra de R$ 14 mil que tem direito.

Diante desta especificida-

de, vários vereadores não ti-veram receio em usar toda a verba no mês, dentre os quais Alonso Oliveira (PTC), Hiram Nicolau (PSD), Isaac Tayah (PSD), Vilma Queiroz (PTC) e Elias Emanuel (PSB).

Do total de despesas da casa legislativa municipal com o “Cotão” no mês, as compras efetuadas em

postos de combustível contabilizaram um per-centual de 35,12%, apro-ximadamente R$ 187,65 mil. A vereadora Socorro Sampaio (PP) foi quem menos fez uso do bene-fício em outubro, soman-do custos na faixa de R$ 7,92 mil, dos quais R$ 4 mil com gasolina.

Câmara tem cota de R$ 14 mil

RECURSOSCombustível, produ-ção gráfica, consul-toria jurídica são os principais gastos entre os parlamen-tares do Estado no uso da Cota para o Exercício da Ativida-de Parlamentar Os 41 vereadores da Câmara têm direito, por mês, a R$ 14 mil em gastos com o mandato

ROBERVALDO ROCHA/DIRCOM/CMM

Os 24 deputados estaduais recebem, mensalmente, ajuda de custo no valor de R$ 25,6 mil. Até este ano, a cota é cumulativa e, em outubro, quem mais utilizou foi o deputado Ricardo Nicolau

DANILO MELLO/ALEAM

A05 - POLÍTICA.indd 5 12/14/2013 10:56:27 AM

Page 6: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

A6 Política MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Lula deu asilo a Battisti para pagar dívida pessoal

O delegado Romeu Tuma Jr. era secretário Nacional de Justiça, e por isso tes-temunhou os bastidores da decisão do então presidente Lula de proteger o terrorista italiano Cesare Battisti. Em seu livro “Assassinato de Re-putações” (ed. Topbooks, Rio), ele revela que Lula não foi motivado pela ideologia, ao conceder “asilo político” ao criminoso, mas por “dívida de gratidão” com o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh.

Dedicação premiadaO ex-presidente queria re-

tribuir a Greenhalgh as várias defesas que fez dele na Justiça, sem cobrar, e por sua dedica-ção aos interesses do PT.

Sentimento de culpaLula se sentia culpado por

vários reveses do amigo, como a humilhante derrota para Severino Cavalcante na briga pela presidência da Câmara.

Padrinho realSegundo Tuma Jr, Battisti

ganhou asilo porque Greenha-gh pediu e não por infl uência de Tarso Genro, ex-ministro da Justiça. Simples assim.

Assassino cruelCesare Battisti foi condena-

do duas vezes à prisão perpé-tua, na Itália, pelo assassinato de quatro inocentes, a serviço de um grupo terrorista.

Metrô-CE: consórcio en-rolado em escândalos

Sob suspeita no Ministério Público e Tribunal de Contas da União, o consórcio Ceten-co-Acciona assinou contrato de R$ 2,49 bilhões com o governo do Ceará para cons-truir a linha leste do metrô de Fortaleza. Além de não observar pré-requisitos do edital, como experiência, a

Acciona teve dois executivos presos acusados de desviar R$ 150 milhões em suposto esquema no metrô de Aragón, na Espanha.

FiançaA Acciona pagou fi ança de

R$ 32 milhões para soltar os executivos José Jordán e Miguel Ángel Bretón, presos pela Operação Molinos.

AcordoApós pagar fi ança, em se-

tembro, Jordán teve passa-porte liberado para voltar ao Brasil, onde teria negociado as obras do metrô do Ceará.

NovidadeApesar de pareceres con-

trários ao consórcio, a Pro-curadoria-Geral do Ceará diz nunca ter sido questio-nada sobre a legalidade do assunto.

Bancada presidiáriaCom José Dirceu comandan-

do os trabalhos, Delúbio So-ares “tesourando” e Genoino assinando sem ler, em breve teremos novo movimento clandestino: o VIP (Vanguarda Insurgente da Papuda).

DesoléÉ pegadinha do presidente

francês François Hollande o acordo de trabalho de brasi-leiros até 30 anos na França. Disputarão no tapa com os franceses de 15 a 24 anos, que somam 24,6% dos de-sempregados.

NegociaçãoEstão adiantadas as con-

versas na Bahia para compor uma chapa com Geddel Vieira Lima (PMDB) ao governo e, na vice, o ex-senador ACM Júnior, pai do atual prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).

Lição de casaJuiz federal contra o tráfi co

mais famoso do país, Odilon Oliveira sugere ao Conselho Nacional de Justiça o exemplo para outros juízes: fez 77 palestras gratuitas de pre-venção do uso de drogas para 40 mil pessoas em es-colas públicas em todo Mato Grosso do Sul.

Atenção especialO governador e presidenci-

ável Eduardo Campos (PSB) conversou um tempão com o ex-ministro da Integração Fernando Bezerra Coelho, du-rante almoço de Natal com secretários e ex-secretários do governo.

Prata de foraO governo garante preocu-

pação com seca no Nordeste, mas designou dois estrangei-ros para representar o Brasil na convenção da ONU de Combate à Desertifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca: Aldrin Martin Pérez Marin (Nicarágua) e Ignacio Hernan Salcedo (Argentina).

Meio a meioApós meses de briga, o

deputado Júnior Coimbra aceitou dividir o diretório do PMDB-TO com a senadora Kátia Abreu e o ex-gover-nador Marcelo Miranda, que indicarão o vice-presidente estadual do partido.

Questão de tempoAspirante a disputar a Pre-

sidência em 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) se utiliza dos baixos índices da presidente Dilma em 2009 para minimizar, em seus dis-cursos, o mau desempenho nas pesquisas.

Pensando bem......está na hora de exumar

Leonel Brizola, para ver se Lula, além da mãe, também teria pisado o pescoço dele, como dizia o velho caudilho.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

Essa é uma tarefa que tem de ser feita pelo próprio legislador”

MINISTRO GILMAR MENDES (STF), sobre o fi nancia-mento privado de campanhas políticas

PODER SEM PUDOR

Ruim de conversa

Resoluções para combater racismoO Conselho Nacional de

Justiça (CNJ) poderá discutir a inserção de artigos volta-dos ao combate ao racismo em resoluções do órgão que disciplinam os concursos de ingresso na magistratura e a formação de magistrados. Essa possibilidade foi admiti-da na última quinta-feira pelo juiz auxiliar da Presidência do CNJ, Douglas Martins, durante reunião entre as instituições signatárias do Protocolo de Atuação para a Redução de Barreiras de Acesso à Justiça para a Juventude Negra em Situação de Violência.

O juiz Douglas Martins in-formou que levará a propos-ta ao conselheiro Guilherme Calmon, que coordena a par-ticipação do CNJ no conjunto de entidades que assinaram o protocolo em outubro des-te ano. Ainda segundo o juiz, outra proposta a ser levada ao conselheiro trata da inclu-são da temática do combate ao racismo em eventos do CNJ, já programados para o próximo ano, sobre a área da Infância e a Juventude.

“O que nós do CNJ pode-ríamos, naturalmente, é ver um recorte mais direcionado à

questão do racismo, seja nas resoluções, seja nos eventos que estão programados”, fri-sou o magistrado durante a reunião realizada na sede do CNJ, em Brasília/DF. Segundo ele, na próxima reunião do gru-po, marcada para 26 de janeiro, o Conselho deverá apresentar uma proposta concreta às ins-tituições participantes.

O protocolo busca elaborar e ajustar as políticas públicas e adotar outras medidas ad-ministrativas para assegurar o enfrentamento ao racismo e a promoção da igualdade racial da juventude negra brasileira.

CNJ

Integrante do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a ex-corregedora nacional se aposenta na próxima quarta-feira

Ministra Eliana Calmon ingressa no PSB dia 19

Eliana Calmon se prepara para alçar voos em outra area, a da política partidária, em 2014

O partido escolhido pela ministra Eliana Calmon para concor-rer ao Senado foi o

PSB. A cerimônia de fi liação da ministra à legenda acontece às 10h do dia 19 de dezembro, em Salvador, cidade natal da minis-tra. Ela passa a fazer parte dos quadros do PSB um dia depois de se aposentar do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde fi cou por 14 anos.

A fi liação de Eliana ao PSB confi rma expectativas que ron-dam seu nome desde que ela foi corregedora nacional de Justiça (ocupou o cargo entre 2010 e 2012). O partido fará oposição ao PT na corrida presidencial de 2014. O candidato a presidente será Eduardo Campos, governa-dor de Pernambuco. Eliana se fi lia a legenda para fazer parte da chapa da senadora Lídice da Mata, que concorrerá ao gover-no do Estado, hoje ocupado pelo petista Jaques Wagner.

Lídice da Mata é política experiente na Bahia. Era um

quadro importante do PCdoB e, pelo partido, foi prefeita de Salvador. Campos era aliado do PT enquanto estava no governo de Pernambuco, mas decidiu sair candidato a presidente da República, fazendo oposição à reeleição da presidente Dilma Rousseff . Correligionária de Campos, Marina Silva aguarda no futuro a fi liação de Eliana Calmon à Rede, partido que teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

A fi liação de Calmon é aguar-dada há muito tempo. Colegas do STJ contam ouvir dela que tentará o Senado já há qua-se um ano. Recentemente ela passou a adotar um discurso de despedida dentro do tribu-nal e na Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), da qual é diretora. Muitos minis-tros comemoram sua saída do tribunal. Outros reclamam por ela não ter feito questão de esconder dos colegas suas pretensões políticas, mas, em

público, negar que sairia can-didata – ou que deixaria o STJ antes da hora. Enxergavam nisso uma manobra pensada para criar fatos políticos em torno do nome dela.

Eliana Calmon é mais co-nhecida por sua passagem no CNJ do que pelo STJ. Dada a frases de efeito e declarações de repercussão, quando cor-regedora nacional, ela traçou como meta própria acabar com a corrupção no Judiciário. Era o que ela reputava ser o principal problema da Justiça. Em entrevista chegou a dizer que estava à caça dos “bandi-dos escondidos atrás da toga”. No Senado, pelo que se conclui de entrevistas que a ministra já concedeu, ela pretende ser uma interlocutora do Judiciá-rio com o Legislativo. Anali-sa que, depois da cassação do ex-senador Demóstentes Torres, procurador de Justiça em Goiás, esse espaço fi cou vazio. “No Senado, saberia o que fazer”, declarou.

DIV

ULG

AÇÃO

O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) foi um jornalista competente e é intelectual completo, mas nem sempre se sente à vontade em entrevistas. Ele era mi-nistro de Relações Institucionais do governo Lula quando, interpelado por uma repórter, desconversou:

- Fala ali com o Mercadante...- Mas, ministro, ele é muito ruim de

fala...Rebelo mentiu:– Eu sou pior, pode acreditar...

A06 - POLÍTICA.indd 6 12/14/2013 10:57:47 AM

Page 7: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 A7Com a palavra

O presidente da Asso-ciação dos Magis-trados Brasileiros (AMB) e desembar-

gador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), Henrique Nelson Calandra, é o mais novo cidadão do Estado do Amazonas. Na última segun-da-feira, ele recebeu o título na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), proposto pelo deputado esta-dual Arthur Bisneto (PSDB). À frente da AMB, considerada a maior Associação de Magis-trados do mundo, com cerca de 20 mil representados, o homenageado disse que sua administração enfrentou um dos períodos mais crítico da associação, com a mor-te da juíza carioca Patrícia Acioli em agosto de 2011. “Levamos 1,7 mil juízes e promotores à Brasília para defender a criação de novas leis que deem proteção aos magistrados”, informou.

Na opinião de Calandra, a impunidade é resultado de uma lei totalmente desatua-lizada. O magistrado criticou a demora na modificação do Código de Processo Penal e do Código de Processo Civil. “Como fazer Justiça com as leis da década de 40? Hoje, aqueles que formaram uma quadrilha para assassinar a juíza Patrícia Acciolly, com 21 tiros, são punidos com a mesma pena de alguém que roubava o cavalo do meu avô no século passado. A Justiça brasileira se vê mui-tas vezes de mãos atadas”, ressaltou Calandra.

Em entrevista ao EM TEM-PO, Calandra falou também sobre o processo do mensalão e disse que o julgamento foi fruto de uma divergência no meio parlamentar, resultado do uso de armas, de guerras ilícitas, que resultou na con-denação de várias pessoas, e ressaltou que considera lamentável a legislação elei-toral não ter uma regula-mentação clara e precisa no Código Eleitoral.

EM TEMPO – Nascido no

interior do São Paulo seu trabalho está sendo re-conhecido em todo país, inclusive lhe rendendo tí-tulos como esse ofertado pela Aleam. Como recebe esse reconhecimento?

Henrique Calandra – Re-cebo esse título em nome da magistratura brasileira. A AMB completa em 2013, 64 anos de existência e de luta democrática e conseguimos as duras penas motivar o ex-presidente do Senado, José Sarney, a encaminhar para votação do novo Código Penal e do novo Código de Processo Civil, que são ferramentas de trabalho da magistratura. Fico feliz que essa homena-gem ocorre próximo ao dia da Justiça. Trabalho há 55 anos, e como juiz estou há 32. Ser considerado caboclo do Amazonas é uma honra.

EM TEMPO – Nesse perí-odo em que o senhor esteve à frente da AMB, qual foi o momento mais difícil?

HC – Sem dúvida, o mais difícil e também o mais triste foi o dia 11 de agosto de 2011, quando assassinaram com 21 tiros a nossa co-lega juíza Patrícia Accioly. Levamos 1,7 mil juízes e promotores a Brasília para defender a criação de novas leis que deem proteção aos magistrados. Em homena-gem a Patrícia, plantei no hotel onde estive hospedado aqui no Amazonas uma árvore dedicada a ela.

EM TEMPO – Como a AMB trabalhou para resguardar os magistrados para que novos casos como o de Patrícia Accioly não ocor-ressem mais?

NC – Implantamos uma se-cretaria de segurança para os magistrados. Sabemos da necessidade de uma se-gurança mais especializada à classe, principalmente as mulheres. Hoje, temos cin-co juízes assassinados e mais 170 ameaçados. Esse tema precisa ser tratado com inteligência.

EM TEMPO – Outra gran-de dificuldade é a falta de interesse dos magistrados para irem ao interior das regiões. Como a AMB tra-balha essa questão?

HC – Sempre estamos mo-tivando os juízes a perma-necerem em suas comarcas no interior e estamos apre-sentando uma emenda para aquisição de equipamentos de última geração para que a informatização possa chegar em todos os lugares e dar um pouco mais de qualidade no trabalho desses profissionais. Na primeira vez que atuei como juiz foi em uma re-gião longe de casa, foi uma etapa de vida maravilhosa, apesar de ter sido dura. Mas, se pudesse apertar o botão e voltar tudo novamente faria isso sem medo.

EM TEMPO – O que o se-nhor gostaria de ter feito e não conseguiu à frente da AMB?

HC – Temos hoje na magis-tratura 4 mil cadeiras vazias que não conseguimos preen-cher porque não valorizamos o tempo que a pessoa per-manece na carreira. No ano passado, 500 juízes foram em-bora, é difícil fazer Justiça sem recursos humanos. Queremos a aprovação da PEC 63, que reestabelece a valorização por tempo de magistratura e também a PEC 26, que devol-ve para o magistrado novo a paridade e integralidade nos seus subsídios.

EM TEMPO – No Amazo-nas, há um conflito sobre o aumento de vagas para desembargadores. O se-nhor concorda com essa expansão?

HC – Estou acompanhando essa situação e sei que há um conflito, mas acho que não podemos ficar imaginando que tudo tem um interesse oculto. O Amazonas tem uma necessidade muito grande de recursos humanos e não se realiza concurso. Há quase 9 anos não se aumenta a ca-deira de desembargadores.

Este é o maior Estado do Brasil e precisamos respeitar o que o Tribunal de Justiça disse com base em estudos de que há necessidade em aumentar a bancada. O futuro já chegou.

EM TEMPO – Quais seus planos para 2014, depois de sair da presidência da AMB?

HC – Volto para 7º Câmara de Direito Privado no Tribu-nal de Justiça de São Paulo, mas ficarei sempre as ordens para colaborar com os meus colegas no que puder ajudar aquele que irá me suceder.

EM TEMPO – A ministra Eliana Calmon deu uma de-claração polêmica dizendo que os juízes são bandidos de toga. O que o senhor achou dessa acusação?

HC – A ministra deve ser respeitada pelas suas pala-vras e pensamentos. Mas não se pode sair por aí tombre-teando o que não é verdade. Eliana Calmon tem um tom contundente de falar, tanto que a política decidiu abraçá-la levando-a para se filiar e disputar uma vaga no Sena-do. Aquilo que ela disse nos machucou muito, pois leva a uma desconfiança gene-ralizada onde de fato exis-tem alguns que erram, mas não é na quantidade como se apresentou. Segundo le-vantamento, apenas 0,85% dos magistrados são proces-sados por irregularidades e condenados 0,28%, mas isso pode acontecer em qualquer categoria. Não!

EM TEMPO – Estamos passando pelo processo do mensalão. O que o senhor achou do julgamento?

HC - O processo foi fruto de uma divergência no meio par-lamentar e resultado do uso de armas e guerras ilícitas, que resultou na condenação de várias pessoas. Conside-ro lamentável a legislação eleitoral não ter uma regu-lamentação clara e precisa no Código Eleitoral.

Henrique CALANDRA

‘Justiça é MUITO MAIS DO que o juiz’

Sem dúvida, o mais difícil e também o mais triste foi o dia 11 de agosto de 2011, quando assassina-ram com 21 tiros a juíza Patrícia Accioly. Levamos 1,7 mil juízes e promoto-res à Brasília para defen-der a criação de novas leis que deem proteção aos magistrados”

FOTOS: ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

Temos hoje na magis-tratura 4 mil cadeiras va-zias que não conseguimos preencher porque não valorizamos o tempo que a pessoa per-manece na carreira. Em 2012, 500 juízes foram embora”

Implanta-mos uma secretaria de seguran-ça para os magistrados. (...). Hoje, temos cinco juízes as-sassinados e mais 170 ameaçados. Esse tema precisa ser tratado com inteligência”

A07 - POLITICA.indd 5 12/14/2013 11:28:55 AM

Page 8: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

A8 Política MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Contas da Aleam fecham com saldo de R$ 30 miEste superávit vai favorecer o orçamento da casa para 2014 e contribuir para novas obras, como o Centro de Tecnologia

O presidente da As-sembleia Legislativa do Estado (Aleam), deputado Josué Neto

(PSD), comemora o fechamen-to das contas da instituição em 2013 com uma economia de R$ 30 milhões acumulados. O superávit deverá engordar o orçamento da casa legislativa previsto para 2014, que é de R$ 222,8 milhões, represen-tando uma alta de 1,53% rela-ção à Lei Orçamentária deste ano, além de contribuir no financiamento da construção do Centro de Tecnologia em Informação na casa, previsto para o próximo ano.

O sinal azul das contas da Assembleia foi possível ape-sar da execução de gastos não planejados na ordem de R$ 24 milhões neste ano, dos quais R$ 12 milhões (0,2% do Orçamento em vigor) foram repassados ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) e outros R$ 12 milhões finan-ciaram o aumento do núme-ro de servidores na casa. De acordo com Neto, a economia foi possível graças a não exe-cução de obras que estavam previstas na Aleam e também

a não aprovação desordenada de projetos que refletiram em aumento de gastos.

Em 2014, o projeto de cons-trução de uma creche no Par-lamento estadual deverá ser substituído por um projeto para construção de um Centro de Tecnologia e Informação na Aleam. Segundo Neto, a construção da creche poderia pressionar o orçamento inter-no, que não teria condições de manter o local. Ele afirmou que a presidência estuda “outra al-ternativa” para a creche. “Não seria saudável para as contas da casa, manter um local como esse, mas estamos estudan-do outra alternativa para dar conforto aos filhos dos nossos servidores”, afirmou.

De acordo com Neto, a casa trabalha 10% abaixo do teto do limite determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para recursos destinados para pagamento de pessoal e, cujo percentual deve se manter em 2014. “Aumentar nossa folha de pagamento está fora de cogitação em 2014, pois será ano eleitoral. Iremos manter o índice”, declarou. Na execução orçamentária do próximo ano, ele destaca que espera finalizar o mandato na casa com um superávit ainda maior. Josué Neto quer terminar mandato na presidência com superávit maior que o registrado este ano

DIV

ULG

AÇÃO

/ALE

AM

Em 31 de janeiro des-te ano, o ex-presidente da Assembleia Legisla-tiva, deputado Ricardo Nicolau (PSD), inaugu-riou o centro médico e o edifício-garagem da instituição e, desde lá, vem enfrentando pro-blemas na Justiça por conta de um supos-to superfaturamento nas obras.

Nicolau e mais 12 pessoas foram denun-ciados pelo Ministério Público do Estado (MPE) ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) por suposto desvio de R$ 5,5 milhões nos valores da obra do edifício-ga-ragem. Ele conseguiu se livrar de um processo de cassação na Aleam e, no TJAM, a denúncia ainda depende de ser aceita pela corte de Justiça.

Obras são inauguradas este ano

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

A08 - POLÍTICA.indd 6 12/14/2013 10:40:01 AM

Page 9: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

EconomiaCa

dern

o B

[email protected], DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 (92) 3090-1045Economia B4 e B5

Russos irão ex-plorar petróleo no Solimões

RICARDO OLIVEIRA

Projeto vai impulsionar o setor de recicláveis no AMConvênio no valor de R$ 14 milhões vai proporcionar treinamento aos catadores de Manaus e 22 municípios em 2014

Além de gerar expecta-tivas de crescimento para profi ssionais do ramo de turismo, ho-

telaria, comércio e serviços, o ano da Copa do Mundo também deve render bons frutos para os catadores de materiais reciclá-veis do Amazonas. A partir de janeiro de 2014 até o início do mundial futebolístico, 1,8 mil catadores de 23 municípios do Amazonas, incluindo Manaus, vão passar por capacitação para aproveitar melhor o ‘lixo’ da Copa e garantir um aumento de até 50% na renda em 2014.

De acordo com a titular da Se-cretaria de Trabalho do Estado do Amazonas (Setrab), Franci-nete Lima, o ‘Cataforte’, proje-to da secretaria em convênio com o governo federal orçado em R$ 14 milhões vai ensinar catadores de rua a agregar va-lor à matéria-prima – garrafas PET, papelão, plásticos e latas de alumínio – e disponibilizar galpões para o melhoramento dos blocos, mostrar técnicas

de comercialização do produto e de transporte diretamente para as empresas comprado-ras. “A ideia é começar a esta-belecer a cadeia produtiva da reciclagem no Estado”, resume a secretária Francinete.

A principal vantagem do trei-namento, segundo ela, é dar mais autonomia ao catador, que hoje é visto à margem da sociedade, como um subem-pregado. A titular da Setrab explica que o catador recolhe as latinhas de refrigerante, por exemplo, e passa para um atravessador – empresa ou profi ssional intermediário que processa e vende o material em bloco para as empresas de reciclagem, fi cando com 50% dos lucros, em alguns casos.

“O objetivo é criar pólos no Estado para que os grupos de catadores processem o material e eles mesmos vendam o item para as empresas, eliminando esse atravessador e passando a receber integralmente pela comercialização”, defende.

Ano da reciclagemA catadora de material re-

ciclável e presidente da Eco Cooperativa, Irineide Souza de Lima, acredita que a Copa de 2014 será um bom momento para o setor.

“Se a estrutura já estiver pronta com galpões equipados com prensas, balanças, moi-nhos esteiras, caminhões para

a entrega e os trabalhadores aptos, teremos um bom ano para este segmento”, avalia.

Irineide calcula que um cata-dor ganha R$ 0,80 para cada quilo de garrafa PET que recolhe, o equivalente a R$ 80 por tone-lada. “Acontece que em Manaus, 15 catadores da cooperativa

são destinados apenas para o recolhimento desse material e metade do valor fi ca com o atravessador – R$ 40. Ou seja, esse total é dividido por 15 pessoas, fi cando R$ 2,6 para cada um, por tonelada. É muito pouco”, lamenta Irineide.

TransporteOutro fator que deve permi-

tir a recuperação de 50% da renda para os catadores será a entrega de caminhões para as cooperativas no próximo ano. A presidente da Cooperativa de Catadores de Matérias Re-cicláveis do Estado do Ama-zonas (Coopcamare), Alzenira da Silva Araujo, esclarece que sem o veículo adequado, o trabalhador não tem acesso às fábricas para vender o produto para reciclagem.

“No momento, possuímos apenas caminhões sucateados e veículos emprestados pela prefeitura. Com a entrega de veículos novos, a negociação será mais fácil”, projeta Alze-nira, que aguarda a chegada dos caminhões para o primeiro semestre de 2014.

Além do treinamento e estruturação da cadeia pro-dutiva local, um convênio previsto para ser fi rmado entre o governo do Esta-do e o governo federal, na próxima sexta-feira (20), vai iniciar um diagnóstico dos catadores de material reciclável no Amazonas.

Segundo a secretária de Estado do Trabalho, Franci-nete Lima, o Amazonas pos-sui em torno de 8 mil catado-res cadastrados. Entretanto, ela ressalta que o universo é bem superior – em torno de 30 mil trabalhadores.

“O maior problema para o cadastro, é que muitos deles não se admitem ca-tadores e se cadastram como agricultores ou pes-cadores”, ressalta.

Francinete observa ainda que para fazer qualquer investimento mais expres-

sivo em relação a esses trabalhadores são neces-sários dados e números sobre quantos estão em atividade no Amazonas.

“Desta forma, antes de capacitar, precisamos con-vencê-los a se aceitarem catadores e só então mos-trar o caminho da profi ssio-nalização”, complementa a titular da Setrab.

Em junho deste ano os catadores de materiais re-cicláveis foram o centro das discussões durante a 3ª Conferência Municipal de Meio Ambiente, promovida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustenta-bilidade (Semmas). O evento ofereceu oportunidades de negócios aos represen-tantes dos nove grupos de associações e coopera-tivas do setor, presentes na conferência.

Avaliação levará a melhorias

O treinamento dará mais autonomia aos catadores de Manaus e dos 22 municípios participantes, diminuindo o acesso deles aos atravessadores que lucram 50% em cima do material coletado

POTENCIALEm agosto de 2012, a Associação Brasileira dos Fabricantes de La-tas de Alta Reciclagem (Abralatas) promoveu seminários em quatro subsedes da Copa, para mostrar o poten-cial dos catadores

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

RICA

RDO

OLI

VEIR

A

B01 - ECONOMIA.indd 1 12/13/2013 10:41:40 PM

Page 10: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Sob a batuta do cientista ítalo-baré, Ennio Candotti, e com o suporte do pelotão de choque científico e gerencial do Inpa, na última quinta-fei-ra, 12 de dezembro, o Musa, Museu Botânico da Amazô-nia, virou notícia, ao abrigar a solenidade de inauguração da exposição Peixe-Gente, mais a exposição de novos laboratórios e a ampliação do Orquidário Experimental. À luz das necessidades, é tímida, ainda, porém extre-mamente promissora, a mo-bilização de pesquisadores, jornalistas, empresários, poder público, e de muitas excursões escolares, para prestigiar e fazer crescer essa iniciativa extraordinária que o museu representa. Uma agitação gratificante, a um tempo científica e poética, “um destino está em nossas mãos”, que nos compete fazer avançar no desafio da urgen-te consolidação. Um sonho que se materializa e se cha-ma Museu Botânico Adolpho Ducke. O local foi escolhido cuidadosamente, e precedido de décadas de observação do bioma, pelo botânico que empresta o nome e o legado ao Museu. Ducke é italiano e decididamente visionário no sentido renascentista de voltar à Natureza em seu esplendor e radicalidade. Aquela reserva biológica é a

síntese biótica da Amazônia, transformada no maior mu-seu a céu aberto da Terra. . É importante pontuar que ela pertence ao Inpa, o generoso provedor de saberes e fazeres amazônicos, uma instituição que está presente sempre e quando estão em jogo o destino, conhecimento e uso do bioma florestal.

Surgido, nos anos 50 do pós-guerra, para se contra-por à ocupação internacional travestida de Instituto da Hi-leia Amazônica, seu impulso original foi inventariar o acer-vo florístico e faunístico ama-zônico, um desafio já anota-do e ensaiado nos esforços históricos de João Barbosa Rodrigues, na última década da monarquia brasileira. Ao propor a reserva, durante a instalação do Inpa, em 1952, Ducke estava fincando novos pilares institucionais do Mu-seu Botânico, já ensaiado por Rodrigues, ainda no período monárquico, por insistência da Princesa Isabel e do Conde D’Eu. Eles vieram ao Amazo-nas, precisamente à calha do Rio Negro, no alvorecer do Império, empurrados pela descrição fascinante e se-dutora das Viagens Filosófi-cas de Alexandre Rodrigues Ferreira, na virada do século 18. A República não enten-deu a iniciativa e inibiu seu florescimento. Daí a satis-

fação de sua retomad a no novo milênio.

Quem visita a Inglaterra e se permite conhecer o Museu Botânico de Kew Gardens, nos arredores londrinos, onde os ingleses seleciona-ram e melhoraram as semen-tes da Hevea brasiliensis, antes de plantá-las em seus domínios asiáticos, vai co-nhecer a façanha de Richard Spruce, que carregou, sem pagar royalties, antes das sementes, para o tal museu, mais de 30 mil plantas, uma infinidade de mapas e milha-res de sementes, entre elas toda a coleção de orquídeas, do majestoso acervo da Rai-nha que Kew Gardens conser-va. Há mais de 100 anos que os ingleses se deram conta das vantagens robustas na relação entre botânica, pes-quisa, economia e mercado. O professor Ozório Fonseca, que dedicou 40 anos da pró-pria vida à pesquisa dentro do INPA, relata uma histó-ria de penúria financeira e olhar displicente para esta relação entre bioprospecção e mercado desde sempre. Ele rememora um levanta-mento feito e m 1997 pelo Protocolo de Integração das Universidades da Amazônia Legal (Piual): “Havia na oca-sião 1 (um) doutor/pesqui-sador para cada 1.000.000 de hectares. Isso significa

que, para cada um, caberia a tarefa de pesquisar 28.600 hectares durante os 35 anos de sua vida profissional ati-va, ou seja, 78 hectares a cada 24 horas, sem direito aos intervalos para alimen-tação, repouso, domingos, feriados, férias.”

Conhecer para conservar e saber usar. Esta já era a premissa das andanças amazônicas de Barbosa Ro-drigues, quando percorreu os afluentes do Amazonas entre 1872 e 1874, obser-vando, coletando e fazendo anotações sobre a utilização da flora local na medicina, na culinária e na habitação, bem como os nomes pe-los quais as plantas eram conhecidas. O botânico co-lecionou também artefatos indígenas, fósseis, fez ano-tações sobre as línguas lo-cais e muito mais. Retornou à Amazônia em 1883, quando foi designado pelo governo imperial para implantar e dirigir o Museu Botânico do Amazonas, em Manaus, até seu fechamento em 1890. De volta ao Rio de Janeiro, com a proclamação da República, foi nomeado, em 1892, di-retor do Jardim Botânico da capital federal, para onde havia despachado muitas das espécies coletadas no Amazonas, especial mente bromélias e orquídeas.

Hoje, em Manaus, com o Museu em fase de expan-são e reconhecimento, os estudantes têm a oportuni-dade de formar uma nova consciência, adquirir novas condutas em relação à flo-resta. Aprender a amá-la em suas manifestações de plena exuberância, suas coleções de palmeiras, helicônias e aráceas, seu viveiro de or-quídeas e bromélias, árvores com 500 anos de idade, bor-boletas, macacos, preguiças, enfim, um acervo de espécies trazidas do interior da Reser-va e de diferentes regiões da Amazônia. Adicionalmen-te, com apoio da prefeitura, governo do Estado, demais parceiros públicos e priva-dos, a biblioteca, o anfitea-tro, o pavilhão e a tenda para exposições e um viveiro com mudas para doação, comple-tam os atrativos e abrem aos jovens as janelas fulguran-tes do conhecimento e do compromisso. Programas de educação ambiental, jogos, oficinas de arte e sessões de contação de história e pla netário são oferecidos aos grupos e escolas que agendam visita. Um pro-grama, uma proposta, uma plataforma de mobilização e conquista de um novo pa-tamar urbano, educacional e cívico de que precisamos. É só avançar e avançar!

Alfredo MR Lopes [email protected]

Alfredo MR Lopes

Filósofo e ensaistaSão Paulo

À luz das ne-cessidades, é tímida, ainda, porém ex-tremamente promissora, a mobiliza-ção de pes-quisadores, jornalistas, empresários, poder público, e de muitas excursões escolares, para presti-giar e fazer crescer essa iniciativa extraordinária que o Museu representa.

Musa, o museu e o sonho amazônico

Classificados virtuais se destacam no mercado Perfis nas redes sociais são opções para quem procura emprego ou está em busca de contratar novos profissionais

Em um mundo cada vez mais “online”, classifi-cados virtuais de em-pregos passaram a

ser uma alternativa bastante procurada pelos internautas. Na corrente participam tanto empresas à procura de novos profissionais quanto candida-tos interessados em ingres-sar no mercado de trabalho. No Facebook – líder isolado na lista de redes sociais mais vi-sitadas em outubro (75,30% dos acessos), conforme pes-quisa realizada pelo Experian Marketing Services –, perfis e grupos foram criados somen-te para a oferta de vagas.

A acadêmica de Adminis-tração, Carolina Viana, 19, é uma das responsáveis por uma página na rede social que divulga as necessidades do mercado, o “Portal de vagas e estágios”. A ideia surgiu quan-do ela integrou a equipe de uma empresa iniciante, com necessidade de contratar, na ocasião 29 funcionários.

Carolina comenta que a rede social permite uma cir-culação rápida das ofertas e sem qualquer acréscimo nos custos da empresa. Como a sua página pessoal envolvia amigos que já estavam em-pregados, ela resolveu criar o “portal”, que em uma semana recebeu mais de 100 curti-das. De acordo com ela, por conta do final de período da

faculdade é difícil realizar a manutenção, mas pelo menos duas vezes ao dia novida-des são inseridas na página, cujo principal interessado é o público jovem. “Pelo que se percebi, o público do grupo está mais na faixa de 19 a 25 anos, à procura do primei-ro emprego. Por isso, tento sempre colocar vagas que não exigem muita experiên-

cia, que só requerem ensino médio e informática básica”, pontua, além de ressaltar que também foi por meio de uma página na rede social que con-seguiu seu segundo estágio no setor de compras, há dois anos, em uma clínica.

O universitário Adriano Pinto da Silva, 24, também conseguiu o segundo empre-go após à procura nestes classificados virtuais, como auxiliar de produção em uma empresa do Distrito Indus-trial destinada à produção de televisores. Embora tenha passado apenas dois meses

no emprego, por conta do conflito com os estudos – ele está no segundo período da faculdade de Administração –, Silva mantém a participa-ção nas páginas, à “caça” de novas vagas com as quais se identifique, como assistente administrativo.

A exemplo da vida real, a rede social conta com muitas pessoas prontas para tirar vantagem alheia. Diante des-ta realidade e na tentativa de combater os perfis falsos, quem administra os grupos nas redes sociais também se depara com a tarefa de fiscalizar as informações que divulga, para garantir a cre-dibilidade do processo.

Junto à outra parceira, o analista de sistemas, Reinan Salazar, 37, gerencia o gru-po “Empregos em Manaus” desde março de 2011, com quase 100 mil membros. Além das ofertas, o “Empregos em Manaus” disponibiliza mode-los de currículos e cursos de qualificação quando são 100% gratuitos. “Sempre que sur-ge algum programa federal, estadual, municipal ou ainda filantrópico, nós divulgamos”, ressalta. Em média, por dia, o grupo recebe pouco mais de 80 ofertas de vaga, sendo a segunda e a sexta-feira os dias com a maior demanda por parte das empresas. Devido ao alcance de público, os gestores de Recursos Humanos tratam diretamente com os adminis-tradores para ofertar vagas.

VAGASAtentas à nova realida-de social, as empresas também apostam na ideia de procurar fun-cionários por meio das redes sociais, checando currículos nos ambien-tes virtuais, para as vagas oferecidas

LUANA GOMESEspecial EM TEMPO

B02 - ECONOMIA.indd 2 12/13/2013 10:34:25 PM

Page 11: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Atraso nas subestações comprometem o linhão As obras atrasadas inviabilizam a transmissão de energia do sistema do linhão de Tucuruí para Manaus e região

A integração ao Sistema Interligado Nacional (SIN) parecia ser a so-lução para os proble-

mas de energia enfrentados pelos consumidores amazo-nenses, mas os seus “frutos” ainda não estão maduros para serem colhidos. Tanto o con-sórcio Manaus Transmissora de Energia (formado pelas empresas Chesf, Eletronorte e da espanhola Abengoa) quanto a Eletrobras Amazonas Energia S/A registram atraso nas obras necessárias para conectar o sis-tema de transmissão do linhão de Tucuruí ao Estado. Manaus e os municípios de Iranduba, Presidente Figueiredo e Ma-nacapuru estão integrados ao sistema elétrico nacional desde 9 de julho. Mas, as subestações ainda não foram concluídas, o que impede de receber a energia do linhão – que conta com 3,35 mil torres, com pelo menos 295 metros de altura – e transmiti-la aos municípios.

Em julho de 2012, tanto o diretor técnico da Manaus Transmissora, Paulo Sérgio de Oliveira quanto o presidente da Eletrobras Amazonas Ener-gia, Marcos Aurélio Madureira

– ao receberem comitiva da Assembleia Legislativa do Esta-do do Amazonas (ALEAM) para acompanhar in loco as obras de adequação da rede de energia elétrica –, garantiram que as mesmas deveriam ser concluí-das até o fim daquele ano.

Conforme informações da Amazonas Energia, por meio de sua assessoria, a empresa ficou responsável pela obras que possibilitam a transmissão da energia que chega pelo linhão de Tucuruí para as cidades já co-nectadas - Manaus e região.

“A primeira conexão da linha de transmissão: Balbina-Ma-naus com a linha de transmissão Tucuruí já foi realizada em julho. Além dessas linhas, já foi con-cluída a subestação Cachoeira Grande (138 kV). Estão em obras as subestações: Jorge Teixeira, Mutirão e Compensa”.

O engenheiro eletricista e diretor do Centro de Desenvol-vimento Energético Amazôni-co (CDEAM), Rubem Rodrigues Souza acompanha os projetos relacionados à energia no Ama-zonas. Para ele, as obras rela-cionadas às subestações estão claramente atrasadas. “Não adianta ter o dobro de energia com o linhão, se eu não tenho como entregar, como fazê-la chegar aos consumidores”.

Linhão de Tucuruí conta com 3,35 mil torres, que levarão energia à capital e outros três munícipios

DIV

ULG

AÇÃO

A despeito dos problemas que resultaram no atraso do linhão, envolvendo uma sé-rie de burocracias, o profes-sor de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Rubem Ro-drigues Souza, comenta que as justificativas não cabem

aos projetos relacionados às subestações. Isto porque são empreendimentos em área urbana, que não contam com as mesmas dificuldades logís-ticas, como transposição de rio. “São empresas diferentes, com recursos diferentes. O que seria desejado é que es-

sas obras fossem concluídas simultaneamente”, ressalta. Vale lembrar que, a instalação do linhão completou aproxi-madamente cinco anos, a con-tar do processo de licitação à conexão. Por sinal, o período representou um atraso de pelo menos três anos.

Atrasos não são justificáveis

Para o presidente do Sindicato dos Urbanitá-rios do Amazonas, Edney Martins, a Eletrobras tem terceirizado demais os seus serviços e, não tem acompanhado o andamento das obras. Segundo ele, o quadro próprio de funcionários da empresa tem expe-riência suficiente para “tocar a obra e o empre-endimento”. Ele ressalta que uma das principais preocupações é quanto ao grupo que será res-ponsável pela operação do linhão e pela ma-nutenção. Além disso, os trabalhadores estão desconfortáveis quanto a mudança societária da companhia que passa por um processo de des-verticalização, por conta da integração ao siste-ma elétrico nacional.

Terceirização prejudica trabalhos

LUANA GOMESEspecial EM TEMPO

B03 - ECONOMIA.indd 3 12/13/2013 10:35:41 PM

Page 12: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 B5

Nilo Chagas de Azambuja Filho é o diretor-pre-sidente da HRT. Ele substituiu Milton Franke, empossado em 13 de maio no lugar de Márcio Rocha Mello. O executivo continua ocupando, ainda, a diretoria técnica da companhia. É um

dos fundadores da HRT e teve um papel significativo na implementação da estratégia da companhia.O diretor-presidente tem 30 anos de experiência na Petrobras,

atuou como diretor do Setor de Estratigrafia do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) e como gerente da Divisão de Exploração. Na entrevista exclusiva ao EM TEMPO, Nilo Azambuja garante que a HRT não vai sair de Manaus, mas confirmou que a companhia russa Rosnest aumentou em 6% sua participação no projeto Solimões, tornando-se a opera-dora do projeto. Também confirma que a parceria da HRT e Rosnest ainda “não alcançou sucesso na descoberta comercial de óleo, o que continuará sendo um desafio importante para o futuro”.Veja a entrevista:

“A HRT não vai sair do Amazonas”

OS RUSSOS ESTÃO CHEGANDO Empresa russa Rosnest Oil Company compra parte da HRT e vem explorar petróleo na bacia do Solimões

Quem atravessa a ponte Rio Negro em direção à re-gião metropolitana

vai observar que do lado es-querdo, em um terreno cer-cado por uma tela de arame, estão arrumados criteriosa-mente várias estruturas de ferro, aço e máquinas. Se o observador tiver a curiosi-dade de reduzir a velocidade do carro vai obsevar que em uma pequena placa fixada nos lotes de equipamentos está escrito a sigla HRT. É isso mesmo, o material per-tence à HRT Participações em Petróleo, famosa empresa que vem fazendo prospec-ções no Amazonas desde ju-lho de 2009.

Mas por que o material está amontoado no local? Es-ses equipamentos estariam chegando ou sendo despa-chados para outros campos petrolíferos? O comentário mais forte dava conta que a HRT Participações em Petró-leo estaria deixando o Ama-zonas depois de enfrentar problemas porque não achou petróleo na Bacia Sedimen-tar do Solimões. Este é o principal motivo para que a empresa criada por Márcio Rocha Mello esteja venden-do uma fatia de 6% à sua parceira russa Rosnest Oil Company na joint venture da Bacia Sedimentar do So-limões. Com isso, a Rosnest passará a deter 51% do pro-jeto, tornando-se operadora, enquanto a HRT ficará com 49%. Os contratos definiti-vos devem ser concluídos até 31 de janeiro de 2014.

As partes também teriam acordado que a Rosnest e a HRT irão continuar as

atividades exploratórias no Solimões. O equipamento encontrado ao lado da pon-te faz parte do acordo. São quatro sondas de perfuração heli-transportáveis, que per-tenciam à HRT e que foram vendidas para o grupo russo. O valor da transação não foi divulgado, mas isto significa dizer que os russos estão chegando ao Amazonas para produzir petróleo, já que a HRT esbarrou na principal dificuldade para retirar o pe-tróleo do Solimões: a falta de logística, principalmente no período da seca dos rios.

Esta semana, o novo dire-tor-presidente da HRT O&G

Exploração e Produção de Petróleo Ltda., subsidiária in-tegral da HRT Participações em Petróleo S.A., Nilo Azam-buja, confirmou a negociação com os russos, mas negou, em entrevista exclusiva ao EM TEMPO, que a empresa esteja saindo do Amazonas, ou que não tenha sido encon-trado petróleo no Solimões.

— A HRT não está deixando o Amazonas. Após a execução de um extenso programa de investimentos, chegou a hora de analisar as lições apren-didas, rever procedimentos e construir um programa de trabalho para o futuro –, disse o executivo.

Nilo Azambuja anunciou também que a Rosnest, de-

pois de aumentar em 6%, sua participação no projeto Soli-mões e tornar-se operadora do projeto, vai desenvolver um novo projeto em conjunto com a HRT.

— A partir deste novo con-texto, as companhias estão desenvolvendo em conjunto um novo plano estratégico cujos pontos principais in-cluem um programa de ex-ploração para 2014-2015 e o desenvolvimento de uma análise econômica das des-cobertas de gás natural, um passo importante para o pro-jeto de monetização do gás já descoberto.

Criada em 2008, logo de-pois de Eike Batista fundar a OGX, em 2007, a HRT nasceu sob o signo da ousadia de Márcio Mello, um experien-te geólogo que trabalhou na Petrobras durante 24 anos e que prometeu produzir petró-leo na Amazônia. Em pouco tempo, a HRT e a OGX se tornaram as duas maiores empresas privadas de petró-leo brasileiras.

Até ano passado, a HRT deteve 55% de participação em 21 blocos na Bacia do So-limões. Em 2009, logo depois de sua criação, a empresa ga-rantia que seus blocos no So-limões tinham potencial entre quatro e seis bilhões de barris de óleo leve e de 283 bilhões a 566 bilhões de metros cúbicos de gás. O diretor–presidente não revela o valor dos inves-timentos feitos na Bacia do Solimões, limitando-se a falar que a “HRT e seus parceiros já investiram muitas cente-nas de milhões de dólares na campanha de exploração do Solimões nestes últimos três anos”. Mas, extraoficialmente, calcula-se que esses investi-mentos já ultrapassam a cifra de R$ 1 bilhão.

O primeiro sintoma de que algo estava errado com a HRT ocorreu em maio deste ano, quando o então CEO da empresa, Márcio Rocha Mello, renunciou ao cargo, em uma carta-surpresa que enviou ao Conselho de Ad-ministração. “Eu renuncio à posição de executivo-chefe da HRT, a companhia que eu orgulhosamente construí nos últimos três anos, com uma equipe dedicada de profis-sionais competentes, foca-da no objetivo de construir uma das maiores empresas independentes de petróleo e gás do Brasil. Eu renuncio ao cargo de CEO, mas nunca à HRT. Eu continuo no con-selho administrativo, contri-buindo com a companhia no cumprimento dos objetivos”, disse Márcio Mello na carta que entregou ao conselho da

HRT. No entanto, ele não ex-plica os motivos para tomar a decisão.

Ao EM TEMPO, o atual pre-sidente, Nilo Azambuja, asse-gurou que o fundador da com-panhia segue suas atividades na empresa como membro do Conselho de Administra-ção, “mesmo tendo deixado a presidência da HRT em maio deste ano”, mas também não explica o que levou Mello a dei-xar a presidência do Conselho de Administração e a própria presidência da HRT.

Mas, nos bastidores e no meio da imprensa, uma onda de comentários dão conta de que o executivo – que era comparado a Eike Batista por sua “ambição e ousadia” –, vinha sendo pressionado pelos acionistas majoritários depois do fiasco nas prospec-ções da Bacia do Solimões

e do fiasco nas explorações na Namíbia, onde a HRT só encontrou um poço seco.

De acordo com “O Globo”, em seu caderno de Economia, “o problema central é que Márcio Mello havia prometido que em fins de 2011 a com-panhia começaria a produzir cinco mil barris de petróleo na Amazônia. Perfurados até o momento 11 poços, a HRT só encontrou algumas jazidas de gás natural, difí-ceis de serem monetizadas devido à localização”.

Disse ainda o jornal que os resultados prometidos na exploração no Solimões, que culminou com outro poço seco na Namíbia, deixaram os acio-nistas majoritários — fundos de investimentos americanos e canadenses — em “pé de guerra” , forçando a saída de Márcio Mello. (MA)

O que derrubou Márcio Melo

MÁRIO ADOLFOEquipe EM TEMPO

EM TEMPO – O que existe de concreto na in-formação de que a HRT Participações em Petróleo está deixando o Amazo-nas?

Nilo Azambuja – A HRT não está saindo do Amazo-nas. Após a execução de um extenso programa de inves-timentos, chegou a hora de analisar as lições aprendi-das, rever procedimentos e construir um programa de trabalho para o futuro.

EM TEMPO – É verdade

que, após as prospecções, a companhia não encon-trou petróleo e por isso estaria vendendo suas ações à empresa russa Rosnest?

NA – Não é verdade. Fato relevante divulgado em 22 de novembro informou que a Rosnest pretende aumentar, em 6%, sua participação no projeto Solimões, tornando-se operadora do projeto. A partir deste novo contexto, as companhias estão desen-volvendo em conjunto um novo plano estratégico cujos pontos principais incluem um programa de exploração para 2014-2015 e o desen-volvimento de uma análise econômica das descobertas de gás natural, um passo importante para o projeto de monetização do gás já desco-berto. É fato, finalmente, que

a parceria da HRT e Rosnest ainda não alcançou sucesso na descoberta comercial de óleo, o que continuará sendo um desafio importante para o futuro.

EM TEMPO – Como fun-

cionará essa parceria. A partir de agora os russos detêm a maior cota. Isto significa dizer que a Ros-nest é a operadora?

NA – A Rosnest pretende se tornar a operadora do pro-jeto e as negociações entre as empresas se encaminham nesta direção. Esse fato se tornará realidade quando a ANP aprovar a transferência da concessão, o que se espe-ra vir a ocorrer no primeiro semestre de 2014.

EM TEMPO – Há quan-

to tempo a HRT está no Amazonas?

NA – A HRT está no Ama-zonas desde julho de 2009, quando adquiriu 51% de 21 blocos exploratórios da empresa Petra Energia, que adquiriu esses blocos em ro-dada de licitações, conduzida pela ANP.

EM TEMPO – O que foi

feito até agora, pela HRT, em relação à busca pelo petróleo do Amazonas?

NA – Desde 2009, rea-lizamos uma reavaliação dos estudos geológicos e

geofísicos conduzidos ante-riormente pela Petrobras e Petra, reprocessamos os da-dos existentes e adquirimos cerca de 5 mil quilômetros de sísmica 2D e perfuramos 11 poços, 7 dos quais foram importantes descobertas de gás natural. Conseguimos construir uma importante infraestrutura operacional da bacia, introduzimos inova-ções na logística e na perfu-ração dos poços, melhorando nossa performance e, desta forma, reduzindo tempo e custos da perfuração.

EM TEMPO – Quantas

sondas vocês conseguiram manter no Amazonas?

NA – A HRT chegou a operar com quatro sondas e atual-mente possui duas sondas na área dos blocos. A HRT possui, adicionalmente, qua-tro sondas helitransportadas que estão em Manaus e que foram construídas para o de-senvolvimento de potências descobertas.

EM TEMPO – É viável a

exploração do petróleo no Amazonas ou a empresa brasileira está passando um “abacaxi” para as mãos dos russos?

NA – Nossa relação com a Rosnest é de parceria e estamos juntos no desen-volvimento desse projeto,

que reputamos importante. O histórico das atividades de exploração e produção de gás natural e petróleo na Amazônia, especialmente na Bacia do Solimões, de-monstra que se trata de uma bacia importante no cenário nacional.

EM TEMPO – A maior

dificuldade para explorar petróleo no Amazonas é a logística?

NA – Sim, a logística cons-titui um desafio importan-te nas atividades em selva, como é o caso. A Amazônia demanda um planejamento mais minucioso devido as variações climáticas, com pe-ríodos de cheia e de seca, que se bem planejados podem trazer benefícios para cada tipo de atividade.

EM TEMPO – Por que o

senhor diz que a qualidade de nosso petróleo rivaliza com o petróleo árabe?

NA – O petróleo desco-berto na Bacia do Solimões é do tipo leve, semelhante à classificação do tipo Brent, que tem sido importado pelo nosso país. Esse petróleo possui alto valor de mercado e é um dos melhores existen-tes no Brasil.

EM TEMPO – Onde está

o grosso do petróleo na

região? Nas bacias sedi-mentares do Solimões ou outras áreas também têm potencial?

NA – A região amazôni-ca possui várias bacias com potencial petrolífero, exem-plo da Bacia do Acre, que teve blocos leiloados na 12ª Rodada, assim como a deno-minada Bacia do Amazonas, cuja extensão é muito gran-de. Estimamos que muitas áreas inexploradas no pre-sente serão exploradas no futuro.

EM TEMPO – Qual o valor

do investimento que a HRT já fez no Amazonas?

NA – A HRT e seus parcei-ros já investiram muitas cen-tenas de milhões de dólares na campanha de exploração do Solimões nestes últimos três anos.

EM TEMPO – Quantos

homens a indústria de pe-tróleo já chegou a empre-gar no Amazonas?

NA – Diretamente chegou a empregar mais de 600 pesso-as e indiretamente milhares de pessoas. Devido a região de selva, as atividades exigem um número maior de empre-gados – uma equipe sísmica chega a utilizar 800 empre-gados. Vale a pena mencionar que tais empregados são ad-mitidos localmente, nos mu-nicípios em que a empresa

atua, com recolhimento local de impostos.

EM TEMPO – A Rosnest

e a HRT irão continuar as atividades explorató-rias no Solimões. Ou só os russos continuarão a exploração?

NA – As empresas são parceiras no desenvolvimen-to do projeto Solimões e am-bas continuarão investindo no projeto.

EM TEMPO – O Márcio

Mello ainda é o presidente da HRT? É verdade que ele não quer mais investir o que investiu no Amazo-nas porque até o momento não conseguiu recuperar o dinheiro investido?

NA – O doutor Márcio Mello segue suas atividades na empresa como membro do Conselho de Administração da companhia, mas deixou a presidência da HRT em maio deste ano.

EM TEMPO – Que destino

será dado ao equipamento importado que se encontra numa área ao lado da ponte Rio Negro?

NA – São quatro sondas trazidas da China para serem utilizadas na Amazônia. E, como explicamos, a decisão das empresas é continuar investindo no projeto Soli-mões.

Gigante Rosnest busca explorar petróleo em solo amazonense

A sucursal brasileira da gigante russa do petróleo, Rosnest Oil Company, che-gou a um acordo com a HRT sobre a aquisição de um pacote de participação adicional de 6%, passando a controlar 51% no projeto Solimões. Mesmo tornando-se a operadora da emprei-tada, faz questão de manter a parceria com a HRT.

Para continuar o sonho

de encontrar petróleo em solo amazônico, as duas pe-troleiras terão que assinar os acordos até o final de janeiro de 2014. Além dis-so, a compra só será con-cretizada após aprovação final da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombus-tíveis (ANP). Para continuar perfurando poços no Ama-zonas, a Rosnest já adquiriu quatro unidades móveis de

perfuração da HRT.A parceria parece ter feito

bem para ambas as partes. A Rosnest divulgou que está satisfeita em expandir sua presença “em um projeto tão promissor como o Solimões” e aguardava uma coopera-ção frutífera e mutuamente benéfica com a HRT.

Os executivos da HRT informaram que a empre-sa estava determinada a

avançar a cooperação com a Rosneft para desenvol-ver e rentabilizar os recur-sos do projeto.

O projeto Solimões con-siste em 21 áreas de ex-ploração na Bacia do Rio Solimões, afluente do Ama-zonas. Uma participação de 45% no projeto, de acordo com os consultores, equiva-le a reservas de 789 milhões de barris de petróleo. Ao lado da ponte Rio Negro, as sondas de perfuração da HRT

RIC

AR

DO

OLI

VEI

RA

OPERAÇÕESA HRT chegou a pos-suir uma participação de 55% em 21 blocos exploratórios na Bacia de Solimões, além de operar dez blocos na costa da Namíbia

FOTO

S: D

IVU

LGAÇ

ÃO

A HRT está no Amazonas desde 2009, mas até o momento não encontrou petróleo, somente gás. Prospecções vão continuar, desta vez em parceria com a petroleira russa Rosnest Oil Company

Geólogo Márcio Mello chegou a ser comparado ao empresário Eike Batista, por sua ousadia

Nilo Azambuja Filho, CEO da petroleira HRT, afasta qualquer ameaça de crise e esbanja otimismo

B04 e B05 - ECONOMIA.indd 4-5 12/13/2013 10:51:07 PM

Page 13: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 B5

Nilo Chagas de Azambuja Filho é o diretor-pre-sidente da HRT. Ele substituiu Milton Franke, empossado em 13 de maio no lugar de Márcio Rocha Mello. O executivo continua ocupando, ainda, a diretoria técnica da companhia. É um

dos fundadores da HRT e teve um papel significativo na implementação da estratégia da companhia.O diretor-presidente tem 30 anos de experiência na Petrobras,

atuou como diretor do Setor de Estratigrafia do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) e como gerente da Divisão de Exploração. Na entrevista exclusiva ao EM TEMPO, Nilo Azambuja garante que a HRT não vai sair de Manaus, mas confirmou que a companhia russa Rosnest aumentou em 6% sua participação no projeto Solimões, tornando-se a opera-dora do projeto. Também confirma que a parceria da HRT e Rosnest ainda “não alcançou sucesso na descoberta comercial de óleo, o que continuará sendo um desafio importante para o futuro”.Veja a entrevista:

“A HRT não vai sair do Amazonas”

OS RUSSOS ESTÃO CHEGANDO Empresa russa Rosnest Oil Company compra parte da HRT e vem explorar petróleo na bacia do Solimões

Quem atravessa a ponte Rio Negro em direção à re-gião metropolitana

vai observar que do lado es-querdo, em um terreno cer-cado por uma tela de arame, estão arrumados criteriosa-mente várias estruturas de ferro, aço e máquinas. Se o observador tiver a curiosi-dade de reduzir a velocidade do carro vai obsevar que em uma pequena placa fixada nos lotes de equipamentos está escrito a sigla HRT. É isso mesmo, o material per-tence à HRT Participações em Petróleo, famosa empresa que vem fazendo prospec-ções no Amazonas desde ju-lho de 2009.

Mas por que o material está amontoado no local? Es-ses equipamentos estariam chegando ou sendo despa-chados para outros campos petrolíferos? O comentário mais forte dava conta que a HRT Participações em Petró-leo estaria deixando o Ama-zonas depois de enfrentar problemas porque não achou petróleo na Bacia Sedimen-tar do Solimões. Este é o principal motivo para que a empresa criada por Márcio Rocha Mello esteja venden-do uma fatia de 6% à sua parceira russa Rosnest Oil Company na joint venture da Bacia Sedimentar do So-limões. Com isso, a Rosnest passará a deter 51% do pro-jeto, tornando-se operadora, enquanto a HRT ficará com 49%. Os contratos definiti-vos devem ser concluídos até 31 de janeiro de 2014.

As partes também teriam acordado que a Rosnest e a HRT irão continuar as

atividades exploratórias no Solimões. O equipamento encontrado ao lado da pon-te faz parte do acordo. São quatro sondas de perfuração heli-transportáveis, que per-tenciam à HRT e que foram vendidas para o grupo russo. O valor da transação não foi divulgado, mas isto significa dizer que os russos estão chegando ao Amazonas para produzir petróleo, já que a HRT esbarrou na principal dificuldade para retirar o pe-tróleo do Solimões: a falta de logística, principalmente no período da seca dos rios.

Esta semana, o novo dire-tor-presidente da HRT O&G

Exploração e Produção de Petróleo Ltda., subsidiária in-tegral da HRT Participações em Petróleo S.A., Nilo Azam-buja, confirmou a negociação com os russos, mas negou, em entrevista exclusiva ao EM TEMPO, que a empresa esteja saindo do Amazonas, ou que não tenha sido encon-trado petróleo no Solimões.

— A HRT não está deixando o Amazonas. Após a execução de um extenso programa de investimentos, chegou a hora de analisar as lições apren-didas, rever procedimentos e construir um programa de trabalho para o futuro –, disse o executivo.

Nilo Azambuja anunciou também que a Rosnest, de-

pois de aumentar em 6%, sua participação no projeto Soli-mões e tornar-se operadora do projeto, vai desenvolver um novo projeto em conjunto com a HRT.

— A partir deste novo con-texto, as companhias estão desenvolvendo em conjunto um novo plano estratégico cujos pontos principais in-cluem um programa de ex-ploração para 2014-2015 e o desenvolvimento de uma análise econômica das des-cobertas de gás natural, um passo importante para o pro-jeto de monetização do gás já descoberto.

Criada em 2008, logo de-pois de Eike Batista fundar a OGX, em 2007, a HRT nasceu sob o signo da ousadia de Márcio Mello, um experien-te geólogo que trabalhou na Petrobras durante 24 anos e que prometeu produzir petró-leo na Amazônia. Em pouco tempo, a HRT e a OGX se tornaram as duas maiores empresas privadas de petró-leo brasileiras.

Até ano passado, a HRT deteve 55% de participação em 21 blocos na Bacia do So-limões. Em 2009, logo depois de sua criação, a empresa ga-rantia que seus blocos no So-limões tinham potencial entre quatro e seis bilhões de barris de óleo leve e de 283 bilhões a 566 bilhões de metros cúbicos de gás. O diretor–presidente não revela o valor dos inves-timentos feitos na Bacia do Solimões, limitando-se a falar que a “HRT e seus parceiros já investiram muitas cente-nas de milhões de dólares na campanha de exploração do Solimões nestes últimos três anos”. Mas, extraoficialmente, calcula-se que esses investi-mentos já ultrapassam a cifra de R$ 1 bilhão.

O primeiro sintoma de que algo estava errado com a HRT ocorreu em maio deste ano, quando o então CEO da empresa, Márcio Rocha Mello, renunciou ao cargo, em uma carta-surpresa que enviou ao Conselho de Ad-ministração. “Eu renuncio à posição de executivo-chefe da HRT, a companhia que eu orgulhosamente construí nos últimos três anos, com uma equipe dedicada de profis-sionais competentes, foca-da no objetivo de construir uma das maiores empresas independentes de petróleo e gás do Brasil. Eu renuncio ao cargo de CEO, mas nunca à HRT. Eu continuo no con-selho administrativo, contri-buindo com a companhia no cumprimento dos objetivos”, disse Márcio Mello na carta que entregou ao conselho da

HRT. No entanto, ele não ex-plica os motivos para tomar a decisão.

Ao EM TEMPO, o atual pre-sidente, Nilo Azambuja, asse-gurou que o fundador da com-panhia segue suas atividades na empresa como membro do Conselho de Administra-ção, “mesmo tendo deixado a presidência da HRT em maio deste ano”, mas também não explica o que levou Mello a dei-xar a presidência do Conselho de Administração e a própria presidência da HRT.

Mas, nos bastidores e no meio da imprensa, uma onda de comentários dão conta de que o executivo – que era comparado a Eike Batista por sua “ambição e ousadia” –, vinha sendo pressionado pelos acionistas majoritários depois do fiasco nas prospec-ções da Bacia do Solimões

e do fiasco nas explorações na Namíbia, onde a HRT só encontrou um poço seco.

De acordo com “O Globo”, em seu caderno de Economia, “o problema central é que Márcio Mello havia prometido que em fins de 2011 a com-panhia começaria a produzir cinco mil barris de petróleo na Amazônia. Perfurados até o momento 11 poços, a HRT só encontrou algumas jazidas de gás natural, difí-ceis de serem monetizadas devido à localização”.

Disse ainda o jornal que os resultados prometidos na exploração no Solimões, que culminou com outro poço seco na Namíbia, deixaram os acio-nistas majoritários — fundos de investimentos americanos e canadenses — em “pé de guerra” , forçando a saída de Márcio Mello. (MA)

O que derrubou Márcio Melo

MÁRIO ADOLFOEquipe EM TEMPO

EM TEMPO – O que existe de concreto na in-formação de que a HRT Participações em Petróleo está deixando o Amazo-nas?

Nilo Azambuja – A HRT não está saindo do Amazo-nas. Após a execução de um extenso programa de inves-timentos, chegou a hora de analisar as lições aprendi-das, rever procedimentos e construir um programa de trabalho para o futuro.

EM TEMPO – É verdade

que, após as prospecções, a companhia não encon-trou petróleo e por isso estaria vendendo suas ações à empresa russa Rosnest?

NA – Não é verdade. Fato relevante divulgado em 22 de novembro informou que a Rosnest pretende aumentar, em 6%, sua participação no projeto Solimões, tornando-se operadora do projeto. A partir deste novo contexto, as companhias estão desen-volvendo em conjunto um novo plano estratégico cujos pontos principais incluem um programa de exploração para 2014-2015 e o desen-volvimento de uma análise econômica das descobertas de gás natural, um passo importante para o projeto de monetização do gás já desco-berto. É fato, finalmente, que

a parceria da HRT e Rosnest ainda não alcançou sucesso na descoberta comercial de óleo, o que continuará sendo um desafio importante para o futuro.

EM TEMPO – Como fun-

cionará essa parceria. A partir de agora os russos detêm a maior cota. Isto significa dizer que a Ros-nest é a operadora?

NA – A Rosnest pretende se tornar a operadora do pro-jeto e as negociações entre as empresas se encaminham nesta direção. Esse fato se tornará realidade quando a ANP aprovar a transferência da concessão, o que se espe-ra vir a ocorrer no primeiro semestre de 2014.

EM TEMPO – Há quan-

to tempo a HRT está no Amazonas?

NA – A HRT está no Ama-zonas desde julho de 2009, quando adquiriu 51% de 21 blocos exploratórios da empresa Petra Energia, que adquiriu esses blocos em ro-dada de licitações, conduzida pela ANP.

EM TEMPO – O que foi

feito até agora, pela HRT, em relação à busca pelo petróleo do Amazonas?

NA – Desde 2009, rea-lizamos uma reavaliação dos estudos geológicos e

geofísicos conduzidos ante-riormente pela Petrobras e Petra, reprocessamos os da-dos existentes e adquirimos cerca de 5 mil quilômetros de sísmica 2D e perfuramos 11 poços, 7 dos quais foram importantes descobertas de gás natural. Conseguimos construir uma importante infraestrutura operacional da bacia, introduzimos inova-ções na logística e na perfu-ração dos poços, melhorando nossa performance e, desta forma, reduzindo tempo e custos da perfuração.

EM TEMPO – Quantas

sondas vocês conseguiram manter no Amazonas?

NA – A HRT chegou a operar com quatro sondas e atual-mente possui duas sondas na área dos blocos. A HRT possui, adicionalmente, qua-tro sondas helitransportadas que estão em Manaus e que foram construídas para o de-senvolvimento de potências descobertas.

EM TEMPO – É viável a

exploração do petróleo no Amazonas ou a empresa brasileira está passando um “abacaxi” para as mãos dos russos?

NA – Nossa relação com a Rosnest é de parceria e estamos juntos no desen-volvimento desse projeto,

que reputamos importante. O histórico das atividades de exploração e produção de gás natural e petróleo na Amazônia, especialmente na Bacia do Solimões, de-monstra que se trata de uma bacia importante no cenário nacional.

EM TEMPO – A maior

dificuldade para explorar petróleo no Amazonas é a logística?

NA – Sim, a logística cons-titui um desafio importan-te nas atividades em selva, como é o caso. A Amazônia demanda um planejamento mais minucioso devido as variações climáticas, com pe-ríodos de cheia e de seca, que se bem planejados podem trazer benefícios para cada tipo de atividade.

EM TEMPO – Por que o

senhor diz que a qualidade de nosso petróleo rivaliza com o petróleo árabe?

NA – O petróleo desco-berto na Bacia do Solimões é do tipo leve, semelhante à classificação do tipo Brent, que tem sido importado pelo nosso país. Esse petróleo possui alto valor de mercado e é um dos melhores existen-tes no Brasil.

EM TEMPO – Onde está

o grosso do petróleo na

região? Nas bacias sedi-mentares do Solimões ou outras áreas também têm potencial?

NA – A região amazôni-ca possui várias bacias com potencial petrolífero, exem-plo da Bacia do Acre, que teve blocos leiloados na 12ª Rodada, assim como a deno-minada Bacia do Amazonas, cuja extensão é muito gran-de. Estimamos que muitas áreas inexploradas no pre-sente serão exploradas no futuro.

EM TEMPO – Qual o valor

do investimento que a HRT já fez no Amazonas?

NA – A HRT e seus parcei-ros já investiram muitas cen-tenas de milhões de dólares na campanha de exploração do Solimões nestes últimos três anos.

EM TEMPO – Quantos

homens a indústria de pe-tróleo já chegou a empre-gar no Amazonas?

NA – Diretamente chegou a empregar mais de 600 pesso-as e indiretamente milhares de pessoas. Devido a região de selva, as atividades exigem um número maior de empre-gados – uma equipe sísmica chega a utilizar 800 empre-gados. Vale a pena mencionar que tais empregados são ad-mitidos localmente, nos mu-nicípios em que a empresa

atua, com recolhimento local de impostos.

EM TEMPO – A Rosnest

e a HRT irão continuar as atividades explorató-rias no Solimões. Ou só os russos continuarão a exploração?

NA – As empresas são parceiras no desenvolvimen-to do projeto Solimões e am-bas continuarão investindo no projeto.

EM TEMPO – O Márcio

Mello ainda é o presidente da HRT? É verdade que ele não quer mais investir o que investiu no Amazo-nas porque até o momento não conseguiu recuperar o dinheiro investido?

NA – O doutor Márcio Mello segue suas atividades na empresa como membro do Conselho de Administração da companhia, mas deixou a presidência da HRT em maio deste ano.

EM TEMPO – Que destino

será dado ao equipamento importado que se encontra numa área ao lado da ponte Rio Negro?

NA – São quatro sondas trazidas da China para serem utilizadas na Amazônia. E, como explicamos, a decisão das empresas é continuar investindo no projeto Soli-mões.

Gigante Rosnest busca explorar petróleo em solo amazonense

A sucursal brasileira da gigante russa do petróleo, Rosnest Oil Company, che-gou a um acordo com a HRT sobre a aquisição de um pacote de participação adicional de 6%, passando a controlar 51% no projeto Solimões. Mesmo tornando-se a operadora da emprei-tada, faz questão de manter a parceria com a HRT.

Para continuar o sonho

de encontrar petróleo em solo amazônico, as duas pe-troleiras terão que assinar os acordos até o final de janeiro de 2014. Além dis-so, a compra só será con-cretizada após aprovação final da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombus-tíveis (ANP). Para continuar perfurando poços no Ama-zonas, a Rosnest já adquiriu quatro unidades móveis de

perfuração da HRT.A parceria parece ter feito

bem para ambas as partes. A Rosnest divulgou que está satisfeita em expandir sua presença “em um projeto tão promissor como o Solimões” e aguardava uma coopera-ção frutífera e mutuamente benéfica com a HRT.

Os executivos da HRT informaram que a empre-sa estava determinada a

avançar a cooperação com a Rosneft para desenvol-ver e rentabilizar os recur-sos do projeto.

O projeto Solimões con-siste em 21 áreas de ex-ploração na Bacia do Rio Solimões, afluente do Ama-zonas. Uma participação de 45% no projeto, de acordo com os consultores, equiva-le a reservas de 789 milhões de barris de petróleo. Ao lado da ponte Rio Negro, as sondas de perfuração da HRT

RIC

AR

DO

OLI

VEI

RA

OPERAÇÕESA HRT chegou a pos-suir uma participação de 55% em 21 blocos exploratórios na Bacia de Solimões, além de operar dez blocos na costa da Namíbia

FOTO

S: D

IVU

LGAÇ

ÃO

A HRT está no Amazonas desde 2009, mas até o momento não encontrou petróleo, somente gás. Prospecções vão continuar, desta vez em parceria com a petroleira russa Rosnest Oil Company

Geólogo Márcio Mello chegou a ser comparado ao empresário Eike Batista, por sua ousadia

Nilo Azambuja Filho, CEO da petroleira HRT, afasta qualquer ameaça de crise e esbanja otimismo

B04 e B05 - ECONOMIA.indd 4-5 12/13/2013 10:51:07 PM

Page 14: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

B6 País MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

O ex-cacique, Lindomar Terena (no centro) vive em constante ameaça em razão da luta indígena pela retomada dos 36 mil hectares do seu povo no Mato Grosso do Sul

Um amplo e inédito le-vantamento mostra que mais de 2 mil pessoas estão juradas de mor-

te por testemunhar e denunciar violações de direitos humanos ou, simplesmente, exercer seu dever funcional em todo o Brasil. Reportagem de capa da oitava edição da Revista Congresso em Foco revela que pelo menos 2.034 cidadãos brasileiros estão incluídos em algum dos três pro-gramas de proteção a pessoas ameaçadas de morte, mantidos pelo governo federal em parceria com governos estaduais.

São crianças e adolescentes, vítimas e testemunhas de crimes e defensores de direitos huma-nos (aí incluídos desde lideranças agrárias, índios, quilombolas e sem-teto até promotores e juí-zes) que recorreram à proteção do Estado para não morrer. Vivem como exilados dentro do seu próprio país. Mas o número de ameaçados é maior. A reporta-gem “Jurados de morte: os novos exilados” reúne outros levanta-mentos de entidades como o Conselho Nacional de Justiça, a Comissão Pastoral da Terra e a Associação Brasileira de Emisso-ras de Rádio e Televisão (Abert), que apontam a existência de 200 magistrados, 295 lideran-ças agrárias e pelo menos oito jornalistas ameaçados de morte. Desses, apenas uma parte man-tida sob sigilo está inserida nos programas de proteção.

A reportagem inclui um mapa inédito com a distribuição geográ-fica desses brasileiros jurados de morte. Traz relatos de uma dezena de pessoas, como o pescador Ale-xandre Anderson, que contam sua luta e como aprenderam a convi-ver com ameaças e atentados.

ABR

Brasil tem mais de duas mil pessoas juradas de morteRevista revela o mapa das ameaças de morte no Brasil. Mais de 2 mil pessoas estão incluídas em programa de proteção

‘Cadeia aqui não é para bandido’O ex-cacique Lindomar

Terena está na linha de frente dos conflitos entre indígenas e fazendeiros em Mato Grosso do Sul, Estado onde foram assassinados 37 dos 60 índios mortos ano passado no país. Um dos principais líderes do povo terena na luta pela reto-

mada dos 36 mil hectares da reserva Cachoeirinha, no norte do estado, Lindomar foi incluído no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos após receber várias ameaças.

O processo de demarca-ção da terra está suspenso e aguarda decisão do Supremo

Tribunal Federal (STF) des-de 2010. O imóvel pertence à família do ex-governador Pedro Pedrossian, já falecido. Lindomar conta que, no ano passado, ele, um advogado e outras três lideranças indí-genas foram perseguidos por cerca de 20 homens armados, distribuídos em seis caminho-

netes, numa reserva indígena na região do Pantanal. As ameaças telefônicas também são constantes.

Em maio de 2010, cerca de 800 terenas foram expulsos pela Polícia Federal durante a desapropriação de uma terra, em meio a armas, bombas de gás lacrimogêneo e cães. Para

ele, o fim das ameaças só depende do governo federal. “É só o governo assumir a responsabilidade de demar-car as terras indígenas. Aí acaba a insegurança jurídica para ambas as partes.” Lindo-mar Terena também defende multa pesada para conter os conflitos no campo.

Piora no Ideb pode gerar puniçãoPrefeitos de cidades que re-

gistrarem piora nos índices de qualidade da educação podem ficar inelegíveis por 5 anos caso seja aprovada a Lei de Responsabilidade Educacio-nal, cujo texto deve ser apre-sentado na Câmara Federal. O não cumprimento do gasto mínimo de investimento na área e de critérios sobre infra-estrutura também poderão ser enquadrados na legislação.

O debate sobre responsa-bilidade educacional ganhou força recentemente. Embora

haja previsão legal para a oferta de um ensino de quali-dade, a inovação que aparece agora é a de determinar quais serão as punições. Segundo especialistas, depois de dé-cadas de esforço voltado para universalização do acesso, é imprescindível criar mecanis-mos para cobrar qualidade. No Senado, o texto do Plano Nacional de Educação (PNE), que pode ir a Plenário ganhou trecho que fala da responsabi-lidade de gestores em caso de não cumprimento das metas.

IdebJá o texto que deve ser

apresentado na Câmara es-tipula o Índice de Desenvol-vimento da Educação Básica (Ideb) como critério - o que divide opiniões. “Nenhum prefeito poderá permitir o retrocesso até atingir a meta do PNE”, diz o relator, de-putado Raul Henry (PMDB-PE). “Temos uma péssima realidade da educação, e as vítimas não percebem que são vítimas porque não há pressão pela qualidade.”

Quase mil municípios, que representam 17% do total, apresentaram retrocesso no Ideb 2011 no último ciclo do ensino fundamental. O projeto não prevê metas para o ensino médio, uma vez que no nessa fase o índice é por amostra.

O projeto destaca ainda uma série de parâmetros a serem alcançados, que vão da existência de plano de carreira docente e respeito à Lei do Piso até o atendimen-to de padrões construtivos das escolas. Ideb é o principal índice que mede a capacidade dos alunos

AE PREFEITOS

B06 - PAÍS.indd 6 12/13/2013 10:37:25 PM

Page 15: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

B7MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 País

B07 - PUBLICIDADE.indd 7 12/13/2013 10:38:05 PM

Page 16: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Exército isola vila onde Mandela será enterradoVilarejo onde o ex-presidente Nelson Mandela nasceu será o cenário de seu enterro hoje com grande aparato militar

O pequeno vilarejo de Qunu, a 900 quilô-metros de distância de Johannesburgo,

virou oficialmente uma zona militar. Os pouco mais de 200 habitantes têm dividido espaço nos últimos dias com uma estrutura jamais vista. Na sexta-feira, 13, homens do exército desembarcaram de mais de 20 ônibus e cercaram o perímetro do local onde hoje será enterrado o ex-presiden-te Nelson Mandela.

A tranquilidade do local, acos-tumada apenas aos sons de ca-bras e ovelhas que são tocadas pelos moradores, foi abalada ainda com a chegada de helicóp-teros que fazem uma espécie de varredura aérea na tentativa de evitar qualquer brecha no esquema de segurança. Neste final de semana, a operação ganhará o reforço de caças Gri-pen da Força Aérea sul-africana. Os jatos são os mesmos que a sueca Saab tenta vender ao Brasil há alguns anos.

Por volta das 13h (horá-rio de Brasília) da sexta-fei-ra, houve o primeiro ensaio para o enterro. Dezenas de tanques, motos e patrulhas policiais saíram da cidade de Mthatha em direção a Qunu, a 35 quilômetros de distância.

Canhões foram disparados já como prenúncio das honras de chefe de Estado que Mandela receberá em seu enterro.

TransladoHoje, a operação ganha uma

nova proporção. O corpo do ex-presidente será transportado do Union Buildings, sede do gover-no sul-africano e onde foi velado

nos últimos três dias, para a base aérea de Waterkloof, em Pretória, onde receberá a home-nagem de mil membros do ANC (Congresso Nacional Africano, na sigla em inglês), o partido pelo qual se elegeu.

A viúva de Mandela, Graça Machel, e 10 anciãos do clã Thembu do povo xhosa, ao qual pertence o ex-líder sul-africano, acompanharão o cortejo até a

casa da família em Qunu. Man-dla Mandela, neto mais velho do ex-presidente e o responsável por ficar ao lado de seu corpo durante o velório, será respon-sável por dizer a Mandela que ele “chegou a casa”. Os parentes farão então uma vigília durante o resto do dia.

CerimôniaAinda hoje, uma tenda bran-

ca com capacidade para 5 mil pessoas e que foi construí-da exatamente sobre o local onde Mandela será enterrado, receberá alguns chefes de Estado que participarão da cerimônia fúnebre. O príncipe Charles e o rei de Lesoto estão entre os convidados. Entre os líderes internacionais que confirmaram presença, estão o vice-presidente do Irã, Mo-hammad Shariatmadari; o da Nicarágua, Omar Acevedo.

O enterro não será televisio-nado a pedido da família. Ain-da assim, cerca de 4 mil jor-nalistas foram credenciados para acompanhar os últimos momentos de Mandela. Uma estrutura foi montada para abrigar a imprensa dentro do Museu Nelson Mandela, no alto de uma colina com vista para a tenda onde o ex-líder será sepultado. Exército sul-africano se dirige para o vilarejo de Qunu, a 900 quilômetros de Johannesburgo

AP/PHOTO

FORÇA AÉREANeste final de sema-na, a operação ganha-rá o reforço de caças Gripen da Força Aérea sul-africana. Os jatos são os mesmos que a sueca Saab tenta vender ao Brasil há alguns anos

B08 - MUNDO.indd 8 12/13/2013 10:40:48 PM

Page 17: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

Dia a diaCade

rno

C

[email protected], DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 (92) 3090-1041

Histórias curiosas da Justiça

Dia a dia C8

RAPHAEL ALVES/TJAM

Onda de ‘boataria’ toma conta das redes sociaisEpisódios recentes mostram que fatos divulgados nas redes sociais permanecem questionáveis e ainda são compartilhados

Informações que circulam pela internet, nas redes sociais, deixam de ter veracidade questionada e acabam se transformando em ondas de boatos que geram forte repercussão na web

Nos últimos dias tem circulado pelas redes sociais da internet e aplicativos uma série

de boatos sem identifi cação so-bre crimes em Manaus, onde se afi rma que presos benefi ciados pelo mutirão carcerário realiza-do pelo Conselho Nacional de Justiça e pelo indulto de Natal estariam realizando assaltos.

Os boatos, que antigamente eram passados de boca em boca pelas mesquinhas “bi-lhardeiras” e “bilhardeiros” que não tinham “mais o que fazer”, nesta época de tecnologia pro-liferam pela internet. Todos os dias, e-mails e informações nas redes sociais divulgam situa-ções falsas, algumas graves, em especial quando diz respei-to à segurança das pessoas.

Outra característica dos bo-atos online é a referência a fontes falsas. Para a analista de mídia Lúcia Gonçalves, nesses ambientes todos os frutos de iniciativas pessoais desafi am o bom senso e aguçam a descon-fi ança. “A internet, infelizmente ou felizmente, é um ambiente

onde se pode fi car no anoni-mato”, afi rma Lúcia. Entretanto, os boatos geralmente contam historias alarmantes e falsas que sensibilizam o usuário.

A disseminação dos boa-tos também decorre da falta de cuidado dos internautas. “Muita gente só lê o título e já compartilha. Alguns sites de

humor chegam a brincar com isso e colocam conteúdo sem nexo no corpo do texto. Mesmo assim as pessoas replicam”, disse a analista.

Ela cita como exemplo o boato sobre o fi m do Bolsa Família, que levou milhares de benefi ciários às agências da Caixa Econômi-ca Federal. Os rumores sobre

o fi m do programa geraram tumultos em pontos de saque de ao menos 12 Estados entre 18 e 19 de maio deste ano. Por conta da propagação indevida, a presidente Dilma Roussef teve que fazer um pronunciamento esclarecendo a população da inverdade da informação e em seu pronunciamento classifi cou como “desumano e criminoso” o autor dos boatos. Entretanto, ao fi m de dois meses de investiga-ção, a Polícia Federal concluiu que o boato “foi espontâneo”, não havendo como responsabi-lizar uma pessoa ou um grupo pelo incidente.

Segundo ela, no caso dos boatos da semana passada sobre a onda de violência em Manaus – com supostos tiro-teiros em shopping centers - o alvo da maior parte das falsas informações foi o governo e o poder judiciário.

Um grande problema desses crimes de calúnia nas redes sociais é que na maioria das vezes não há como comprovar idoneidade de que o crime tenha sido realmente praticado e que a pessoa investigada, ou indicada pela vítima, tenha agido com culpa ou mesmo dolo.

ADRIANA PIMENTELEspecial para o EM TEMPO

FONTESOutra característica dos boatos on-line é a referência a fontes falsas. Para a analista de mídia Lúcia Gonçal-ves, nesses ambientes todos os frutos de iniciativas pessoais desafi am o bom senso

ION

E M

ORE

NO

No caso da boataria sobre a Bolsa Família, a Caixa Econômica Federal informou que, após boatos sobre a suspensão do pro-grama, foram efetuados cerca de 900 mil saques de benefícios, que contabi-lizaram R$ 152 milhões.

No Amazonas, com in-

tuito de esclarecer e acal-mar a população, o juiz da Vara de Execuções Penais da Comarca de Manaus, Luís Carlos Valois, ex-plicou nas redes sociais a diferença entre esses o indulto de Natal – a cujos benefi ciados se atribuíram os crimes ocorridos e “es-

palhados” no mundo virtual – e a saída temporária – benefício para apenados do regime semiaberto. A boataria chegou a ponto de que até hoje há quem compartilhe informações equivocadas, criando uma teia de “terrorismo virtual” sem precedentes.

Boatos obtêm alcance nacional

Esta semana, o juiz Luís Carlos Valois teve que esclarecer equívocos por causa de boatos

RAPH

AEL

ALVE

S/TJ

AM

C01 - DIA A DIA.indd 1 13/12/2013 22:15:55

Page 18: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

C2 Dia a dia

Multas ‘estranhas’ causam irritaçãoMotoristas devem fi car atentos para multas registradas em vias por onde nunca passaram. O processo de contestação pode se tornar uma tremenda dor de cabeça

Ao estudar a legisla-ção de trânsito para a retirada da cartei-ra de habilitação, o

motorista é informado que o descumprimento da lei pode gerar multas altas ou até mesmo a perda de pontos ou perda da carteira. Por causa disso, o cuidado para seguir as regras deve ser maior, mas há casos em que motoristas acabam sendo surpreendidos por multas registradas em lu-gares pelos quais não passou ou quando mantiveram o car-ro guardado na garagem.

Foi o que aconteceu com o autônomo José Luiz Cordeiro da Fonseca, 41. No último dia 23 de setembro, ele recebeu em casa um aviso de multa registrada no cruzamento das avenidas Kako Cami-nha e Constantino Nery por avançar o sinal vermelho. O fato é que, no dia e horário lançados no documento, Luiz estava atendendo em sua casa uma cliente.

“Quando chegou, fi quei surpreso e pensei que ago-ra o Manaustrans (Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização de Trânsito) es-tava sorteando multa para

nos extorquir, mas de qual-quer forma fui recorrer e meu pedido foi negado”, relatou Fonseca. Quase um mês após ser notifi cado, o autônomo foi buscar sua fi lha na escola próxima de sua casa, no Morro da Liberdade, e na volta viu um carro com as caracterís-ticas idênticas ao seu e com a mesma placa – um indício de clonagem.

“Estávamos andando a pé, quando minha fi lha avistou um carro com a placa igual ao do nosso, inclusive cor e modelo. Fiquei sem saber o que fazer e resolvi procurar uma delega-cia mais próxima para buscar orientação”, contou.

Fonseca, ao chegar à de-legacia, foi orientado a re-gistrar um Boletim de Ocor-rência (BO) sobre a suposta

clonagem de seu veículo. Por causa disso, lembrou-se da multa recebida no mês an-terior e resolveu procurar o Departamento Estadual de Trânsito (Detran- AM).

“Levei toda a documentação e também o BO, juntamente com declaração da escola da minha fi lha, ao Manaustrans e tive meu pedido de retirada da multa indeferido. Apresentei-os na Jari (Junta Administra-tiva de Recursos de Infração), no Detran, e eles me disseram que não iriam fazer nada e que eu tinha que achar o carro clonado. Estava disposto até a trocar a placa do meu ve-ículo para não correr o risco e perder minha habilitação por conta de vagabundos que clonam placas para fazer ban-didagem”, desabafou. A multa acabou sendo paga, no valor de R$ 191,54.

O Manaustrans informou que indeferiu o pedido porque o relato verbal do condutor no BO sobre a suposta existência do clone não é considerada consistente para contestar multa. É necessário que a polícia apreenda o veículo ir-regular para comprovar a exis-tência do clone. Outra prova é o radar fl agrar (fotografar) o veículo clonado cometendo uma infração.

SURPRESAO autônomo Luiz Fonse-ca recebeu em casa um aviso de multa registra-da no cruzamento das avenidas Kako Caminha e Constantino Nery por avançar o sinal verme-lho em dia e horário em que estava em casa

Além de fazer a denúncia de clonagem de placa de ve-ículo na polícia, é importante que o condutor prejudicado faça a denúncia também no Detran, pois o Batalhão de

Trânsito fi ca avisado para fazer a apreensão.

Todo condutor autuado tem direito de contestar a autuação, recorrendo às instâncias disponíveis.

O Manaustrans mantém fiscalização constante em todas as áreas da cidade, inclusive com operações reforçadas neste período do ano.

Prejudicado deve procurar Detran

Manaustrans garante fazer fi scalizações intensas em vários pontos da capital amazonense

Multas podem ser contestadas em vários níveis quando motorista se sente injustiçado

REIN

ALD

O O

KITA

/ARQ

UIV

O E

M T

EMPO

HU

DSO

N F

ON

SECA

/ARQ

UIV

O E

M T

EMPO

ISABELLE VALOISEquipe EM TEMPO

Agente coloca multa em veículo estacionado em local impróprio: infração é a se-gunda em quantidade de re-gistros, de janeiro até o mês passado, segundo balanço do Manaustrans sobre tipos de multas aplicadas em 2013

C02 E 03 - DIA A DIA.indd 4 13/12/2013 22:27:29

Page 19: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 C3

Multas ‘estranhas’ causam irritação

O Manaustrans infor-mou que as multas mais frequentes no período de janeiro até o mês de no-vembro passado foram, em primeiro lugar, o ex-cesso de velocidade, no qual os motoristas supe-raram a marca máxima permitida em até 20%. Em segundo lugar, está o estacionamento em lo-cal e hora proibidos, e em terceiro, parar em passeio público.

Nesse período, foram anotadas 60.977 multas

por tráfego acima da velo-cidade permitida, 19.963 por estacionamento proi-bido e 12.798 por parada em passeio público.

O instituto informou que algumas multas são registradas com as foto-grafias das “corujinhas”, que comprovam a placa, cor e outros detalhes do carro. Mas há casos em que o próprio agente de trânsito observa o não cumprimento da lei e tem o poder de multar o con-dutor infrator.

Excesso de velocidade lidera

“Corujinhas” podem comprovar as irregularidades

DIE

GO

JAN

ATÃ/

ARQ

UIV

O E

M T

EMPO

REIN

ALD

O O

KITA

/ARQ

UIV

O E

M T

EMPO

C02 E 03 - DIA A DIA.indd 5 13/12/2013 22:28:07

Page 20: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

C4 Dia a dia

Caos na enfermagem no EstadoDéficit de profissionais, constatado pelo Coren, é resultado, entre outros fatores, da falta de condições de trabalho e salários baixos que levam os trabalhadores a se desdobrarem, deixando até de usufruírem de folgas após plantões

Levantamento realizado pelo Conselho Regio-nal de Enfermagem do Amazonas (Coren-AM)

aponta que o Amazonas possui um déficit de 60% de profissio-nais de enfermagem. O órgão fiscalizou 18 unidades de saúde de alta e média complexidade da capital, e verificou que a maioria das instituições tra-balha com um número inferior de profissionais e ao que pre-coniza a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Todavia, a resolução 293/2004 do Conselho Federal determina a quantidade certa de profissionais de enferma-gem dentro das unidades de saúde, que varia de acordo com o número de leitos e a classificação de risco dos pa-cientes. Um exemplo é que dentro de uma UTI o número de profissionais é maior do que em uma unidade de clinica cirúrgica, já que o risco desse paciente é menor.

Em alguns locais não há nem enfermeiros formados, os cha-mados “falsos profissionais”. “A maioria das unidades de saúde não apresentou um cálculo ade-quado”, afirma o presidente do conselho David Lopes.

No Amazonas há mais de 30 mil profissionais de enferma-gem, sendo 11,47% de auxilia-res de enfermagem, 67,85% de técnicos de enfermagem e 20,67% de enfermeiros, se-gundo o Coren-AM. O Estado abriga 11 universidades que possuem o curso de enferma-gem e mais outras 30 esco-las de educação profissional regulamentadas, inclusive o

Centro de Educação Tecno-lógica do Amazonas (Cetam), de gestão pública.

Atualmente, o Estado tem mais de 1,5 mil profissionais titularizados especialistas em UTI, maternidade, urgência e emergência para atender a população com qualidade de excelência. “Todos os dias re-cebemos novos inscritos, tanto da capital quanto do interior,

então a questão não é falta de profissional capacitado”, explica o presidente. Para ele, uma das principais causas é a falta de gestão.

“É necessário realizar mais concursos públicos, assim 70% dos profissionais de en-fermagem seriam concursa-dos, nos últimos 10 anos”, enfatiza Lopes. Atualmente, as instituições tanto públicas quanto privadas, terceirizam o serviço, o que deixa mais elevados os custos e muitas vezes não possuem profissio-nais regulamentados.

O Amazonas investe hoje 28% de seus tributos em saú-de pública , mais do que os 12% previstos na Constitui-ção, porém mesmo assim, por suas dimensões territoriais, tem muitas dificuldades. “Uma campanha de vacinação no Es-tado de São Paulo não gasta o mesmo valor que Amazonas”, relata a professora da Fiocruz, Raquel Navarro.

Outro problema é que a qua-lidade e condições de trabalho dos profissionais de enferma-gem tem sido alvo de especu-lação. Os profissionais geral-mente trabalham em duas ou três empresas em sistema de plantão (12 horas de trabalho por 36 de folga), devido aos baixos salários.

DEMANDANo Amazonas há mais de 30 mil profissionais de enfermagem, sendo 11,47% de auxilia-res de enfermagem, 67,85% de técnicos de enfermagem e 20,67% de enfermeiros, segun-do o Coren-AM

Enfermeiras em manifestação em hospital da capital: quadro de profissionais está defasado

ALB

ERTO

CÉS

AR A

RAÚ

JO/A

RQU

IVO

EM

TEM

POADRIANA PIMENTELEspecial para o EM TEMPO

C04 E 05 - DIA A DIA.indd 4 13/12/2013 22:31:34

Page 21: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 C5

Caos na enfermagem no EstadoNa área de enfermagem,

há casos de profissionais que ganham um salário mí-nimo para executar ativida-des que envolvem a vida de um paciente. Todavia, cerca de 80% da assistência à saúde é realizada por eles, que permanecem 24 horas na instituição.

As condições precárias de trabalho às quais estão submetidos os profissio-nais de enfermagem estão

comprometendo o atendi-mento e, por consequência, colocando em risco a vida dos pacientes.

Pela lei, há diferenças en-tre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Apenas o primeiro pode prescrever cuidados e é sempre o chefe da equipe, enquanto os demais po-dem executar os serviços, sempre sob a supervisão do enfermeiro. Cada equi-

pe deve ter um enfermeiro, e deve haver sempre um profissional desta catego-ria à disposição 24 horas por dia.

Os sindicatos têm a fun-ção de preocupar-se com as condições de trabalho e com a qualidade da for-mação e a congregação da classe, enquanto as asso-ciações e o Conselho têm a função de fiscalizar o exer-cício da profissão.

Sobrecarga de trabalho é grande

Alunos de enfermagem em aula prática: condições precárias de trabalho afetam categoria

O Coren-AM possui um programa , “Enfermagem Legal”, instituído em 2012 para verificar dentro das instituições se há profissio-nais irregulares ou ilegais , realizando o afastamento imediato quando necessá-rio. Muitas vezes esses pro-fissionais, na prática ilegal da profissão, podem causar

sérios danos à saúde ou até mesmo levar um paciente a óbito.

Os Ministérios Públicos Estadual e Federal têm sido bastante atuantes junto com o Conselho, no intuito de solucionar os problemas que a categoria de enfer-magem enfrenta.

Para o presidente do Co-

ren- AM, é importante dar mais atenção para a cate-goria, senão quem respon-derá por isso será a socie-dade com o atendimento precário. “Economizar para contratar as pessoas, eco-nomizar para dar um salário digno, vai ter um reflexo direto no ser humano”, fi-naliza David.

Programa verifica irregularidadeO exercício da profissão é verificado pelo Coren-AM pelo programa “Enfermagem Legal”

ALB

ERTO

CÉS

AR A

RAÚ

JO/A

RQU

IVO

EM

TEM

PO

DIV

ULG

AÇÃO

DIV

ULG

AÇÃO

C04 E 05 - DIA A DIA.indd 5 13/12/2013 22:32:26

Page 22: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

C6 Dia a dia

Pós-graduação classe ‘A’Os programas em Botânica, Entomologia e Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia melhoram conceito na avaliação da Capes e os dois últimos são considerados de alto nível e de padrão de qualidade internacional

O programa de pós-graduação em Botânica subiu de 3 para 4 no conceito da Capes. O programa de Ciências de Florestas Tropicais recebeu nota 5, só para citar alguns exemplos do desempenho

Dos nove programas de pós-graduação que o Instituto Na-cional de Pesquisas

da Amazônia (Inpa/MCTI) oferece, oito obtiveram nota 4 ou superior na avaliação trienal 2013 stricto sensu divulgada esta semana pela Coordenação de Aperfeiço-amento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Desses, três cursos subiram de ní-vel. As notas vão de 1 a 7, sendo que 6 e 7 equivalem a um padrão de qualidade de nível internacional.

O maior destaque foi para o Programa de Pós-Gradua-ção em Ecologia que obteve nota 6, aumentando em um ponto seu desempenho em relação a última avaliação feita em 2010, assim como o Programa de Entomologia que subiu de 4 para 5 na avaliação da Capes.

O programa de pós-gradu-ação em Botânica subiu de 3 para 4 no conceito da Capes. O programa de Ciências de Florestas Tropicais recebeu nota 5. Os programas Bio-

logia de Água Doce e Pesca Interior, Genética, Conser-vação e Biologia Evolutiva e o de Clima e Ambiente per-maneceram com nota 4. Já os programas Agricultura de Trópico Úmido e o mestrado profissional em Gestão de Áreas Protegidas da Ama-zônia, curso criado recente-mente em 2010, receberam nota 3.

Para o diretor substituto do Inpa, Estevão Monteiro de Paula, o resultado da ava-liação da Capes representa o esforço institucional para formar mão-de-obra qualifi-cada na região. “É o resul-tado do trabalho que o Inpa vem desenvolvendo ao longo dos últimos oito anos para melhorar a qualidade de en-sino nos seus cursos de pós-graduação. É uma vitória de todos. Destaque para o curso de nível 6 do programa em Ecologia que está entre um dos mais bem avaliados do Brasil”, afirmou.

Avaliação trienalA avaliação trienal da Ca-

pes avaliou 5.082 cursos de mestrado e doutorado de todo o país. O processo con-siderou todas as informa-ções prestadas pelos cursos durante os anos de 2010, 2011 e 2012.

A avaliação da pós-gradu-ação stricto sensu é realiza-

da pela Capes desde o ano de 1976.

Ao longo de quase 40 anos, se consolidou como instru-mento de grande importân-cia para o Sistema Nacional de Pós-Graduação e para o fomento, tanto por parte das agências brasileiras, vários

setores governamentais e não governamentais, bem como dos organismos in-ternacionais.

BasesSegundo a Capes, as ins-

tituições são avaliadas com base nos professores, alu-nos, teses e dissertações; produção intelectual. Além disso, os cursos são avalia-dos também pela inserção social e diferenciais de alta qualificação e desempenho de forte liderança nacional.

As notas vão de 1 a 7. Os cursos com notas 1 e 2 representam desempenho fraco ou abaixo do padrão e podem perder o credencia-mento pela Capes. A nota 3 equivale ao padrão mínimo, a nota 4 representa bom desempenho, já a pontuação 5 revela alto nível de de-sempenho e é considerada maior nota para cursos só com mestrados. Por sua vez as notas 6 e 7 são para de-sempenho equivalente aos centros de ensino e pesquisa internacionais.

DESTAQUEO maior destaque foi para o programa de pós-graduação em ecologia que obteve nota 6, aumentando em um ponto seu de-sempenho em relação à última avaliação feita em 2010

O Inpa já formou mais de 1,8 mil pesquisadores que contribuíram e ainda contribuem com traba-lhos que auxiliam a con-servação e preservação da região amazônica. Tra-balhar na floresta ama-zônica como laboratório natural é um dos pontos que atraem graduados de várias partes do país a fazer os Programas de Pós-Graduação do Inpa e se manterem na região. Em 2013, os programas de pós-graduação do Inpa completaram 40 anos, desde a criação do pro-grama de Botânica em 1973.

“O que mais atrai os alunos é a região ama-zônica e o Inpa por ser a referência mundial em biologia tropical. O Inpa capacita os estudantes

tendo a Amazônia como o seu laboratório natural, oferecendo a ampla pos-sibilidade de qualificação

em várias linhas de pes-quisa sobre biodiversida-de, que é um dos focos do Instituto”, explica a coor-denadora de capacitação (COCP) do Inpa, Beatriz Ronchi Teles.

Laboratório atrai graduados

ATRATIVOTrabalhar na Flores-ta Amazônica como laboratório natural é um dos pontos que atraem graduados de várias partes do país a fazer os programas de pós-graduação do Inpa

DAN

IEL

JORD

ANO

/IN

PA

C06 E 07 - DIA A DIA.indd 4 13/12/2013 23:25:54

Page 23: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 C7

Pós-graduação classe ‘A’De acordo com a coor-

denadora, o Parque Tecno-lógico é um ambiente es-pecializado e cooperativo que promove e oportuniza a cultura da inovação e do empreendedorismo entre empresas e instituições de pesquisa, estimulando novos negócios, a criação de Spin off (empresa que nasce de outra organização/empresa e seus criadores continuam na direção e na administra-ção), spin-out (empresa que surge de uma outra orga-nização/empresa, mas seus criadores não são majoritá-rios e não exercem controle gerencial) e Startups (em-presas jovens e inovadoras de qualquer segmento de atividade que desenvolve um modelo de negócio rentável) por meio da Incubadora. “Isso possibilita de forma efetiva a interação de uma instituição pública com o setor produti-

vo e com resultados econô-micos e sociais, sobretudo, na geração emprego e renda para a região”, frisa.

Rosangela Bentes de-monstra um otimismo em relação à proposta contem-plada que, segundo ela, visa um compromisso do Inpa com a região amazônica na geração de resultados de pesquisas científica e tec-nológica e a consequente transformação desse conhe-cimento em produtos inova-dores. “Além de articular essa ação de viabilizar o parque, por meio do estudo que será realizado, é a certeza de construir um ambiente para geração de negócios e pro-dutos inovadores”, ressalta a coordenadora da Ceti.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Tecnológi-co do MCTI, Álvaro Prata, em 2013, foram aplicados cerca de R$ 672 milhões.

Um ambiente especializado

O Inpa foi contemplado com aporte financeiro do Mi-nistério da Ciência, Tecnolo-gia e Inovação (MCTI) para a elaboração de Estudo de Via-bilidade Técnica e Econômica (EVTE) para a construção do primeiro Parque Tecnológico no Amazonas. Os recursos serão repassados por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e in-

vestimentos do próprio Inpa na ordem de R$ 300 mil.

Para o diretor substituto do Inpa, Estevão Monteiro de Paula, “esses recursos públi-cos devem ser bem aplicados, tendo em vista que é um investimento relativamente caro quando se trata de im-plantar um parque tecnoló-gico, e o Inpa vai realizar os estudos de viabilidade para ver se é viável ou não para

depois fazer tomada de de-cisão”.

A coordenadora de Exten-são de Tecnológica e Inova-ção (Ceti), Rosangela Ben-tes, explica que a proposta contemplada pelo Inpa visa realizar inicialmente o estudo para viabilizar a implantação do Parque Tecnológico em todos os seus aspectos para futura operacionalização, ali-nhada à política do Governo

Federal para o crescimento, a competitividade e a Inovação Tecnológica. “Bem como a estratégia de ação da região e parceiros na valorização do que mais temos de valioso, que é a biodiversidade, utili-zando-a de forma sustentável e agregando o conhecimento científico e tecnológico de forma competitiva para o mercado com a marca Ama-zônia”, ressalta Bentes.

Parque tecnológico terá verba do MCTI

Investimentos no Inpa irão melhorar seu desempenho

Segundo o diretor do Inpa, Estevão Monteiro de Paula (em primeiro plano), instituto vai realizar estudos de viabilidade

DIV

ULG

AÇÃO

RICA

RDO

OLI

VEIR

A/AR

QU

IVO

EM

TEM

PO

DAN

IEL

JORD

ANO

/IN

PA

C06 E 07 - DIA A DIA.indd 5 13/12/2013 22:42:24

Page 24: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Perdão teve espaço na Semana de ConciliaçãoDois casos em Parintins, no início do mês, mostram como situações inesperadas surgem no trabalho do Poder Judiciário

Na Semana Nacional de Conciliação rea-lizada no Tribunal de Justiça do Amazonas

(TJAM), houve espaço para ocorrências bastante inco-muns. Realizada para resolver diversas pendengas judiciárias em todas as áreas, a campanha registrou duas situações, no mínimo, interessantes.

Em Parintins, município a 369 quilômetros da capital ama-zonenses, décadas de disputa entre duas mulheres de cerca de 60 anos, pelo coração de um senhor, terminou na justiça. Sem sucesso, elas resolveram transferir para as mãos do juiz, o veredito: Afinal de contas, já era tempo de saber com quem o Don Juan da ilha iria ficar. “Duas senhoras idosas brigavam por causa de um senhor. Todos os dias elas discutiam, uma ia à casa da outra perturbar. Ele es-tava em uma posição cômoda, queriam que eu definisse, mas dependia dele”, afirmou o juiz titular do juizado civil e criminal de Parintins, Audrin Henrique Rodrigues, que também atua na 1ª Vara.

Inserido de uma hora para outra em situação inusitada,

o juiz tentou explicar ao triân-gulo que esse tipo de decisão não poderia sofrer interferên-cia da justiça. “Expliquei que, na verdade, a justiça não se prestava a esse papel. O juiz acaba sendo conciliador, psi-cólogo, assistente social. Falei que elas eram senhoras muito simpáticas, distintas e não es-tavam habituadas a vir nesse ambiente e que eu não poderia definir com que ele iria ficar, quem tinha que definir era ele”, afirmou o juiz.

Sem ouvir do juiz o veredicto que esperavam, as enamora-das voltaram para casa frus-tradas, mas com a promessa de que não iriam mais guerrear pelo amado. “Resolveram que uma não iria importunar a outra, e o cidadão terá que decidir com quem vai ficar. Isso mostra que muitas pes-soas não sabem ainda o papel do juiz, que nesses casos vira um psicólogo”, apontou.

No município de Parintins foram realizados mais de 150 acordos na Semana de Conci-liação. Outro caso impactante foi de uma garotinha atrope-lada na calçada em 2007. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu. A mãe entrou com ação de reparação por danos morais e materiais.

Semana Nacional de Conciliação de 2013 revelou episódios curiosos, como os que aconteceram na comarca de Parintins

RAPH

AEL

ALVE

S/TJ

AM

“O condutor ofereceu R$ 2 mil e para minha surpresa, depois de muita discussão, a mãe o perdoou e disse que não queria mais levar adiante, porque iria fazer mal, ela disse ‘eu te perdoo’

e eles choraram. Eu inclusi-ve fiquei muito emocionado. Tem horas que o juiz fica tomado, é ser humano. Mas o processo criminal fica pen-dente”, disse.

O juiz lembrou que na época

do acidente, houve comoção geral da população, resultan-do até na criação de uma lei municipal, a Lei Ana Vitória. “A casa da criança virou um ponto de oração. A intenção da lei era inibir que pessoas

dirigissem veículos alcooliza-das”, disse.

Em Parintins, as concilia-ções foram feitas numa es-cola, e também promovidas ações para chamar atenção da população da cidade.

‘Tem hora que o juiz fica emocionado’

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

C08 - DIA A DIA.indd 8 13/12/2013 22:39:24

Page 25: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

PlateiaCa

dern

o D

[email protected], DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 (92) 3090-1042 Plateia 3

Entrevista com Evandro Mesquita

DIVULGAÇÃO

‘Gloriosa’ fábrica de soluçõesHá mais de 10 anos, a Central Técnica de Produção da Secretaria de Estado da Cultura cria e recria os cenários e fi gurinos dos espetáculos, em especial do Concerto de Natal

GUSTAV CERVINKAEquipe EM TEMPO

Natural de Parintins, Jander Lemos é destaque nos bastidores

Aproximadamente 90% de todo o material cênico utilizado durante o Concerto de Natal é reaproveitado do ano anterior

Entre 200 e 300 pessoas, da Central Técnica de Produção, estão mobilizadas para as produções técnicas de “Glorioso”

Cerca de 70% da de-

manda de produção gerada p e l o

“Glorioso” já está concluída pela CTP. Entre as peças que estão em fase de aca-bamento estão alegorias de elefantes, que serão usa-dos para encenar caravanas. “Eles surgirão de vários pon-tos do largo São Sebastião. Os artistas vão passar bem próximo do público nesse momento. São necessá-

rias cinco pessoas para

movimentar cada elefante. Alguns devem sair das proxi-midades da Galeria do Largo e outros da Casa JG Araújo. Tudo fi ca escondido até a hora de sua entrada”, revela Apolo. Outros elementos se-melhantes estão sendo ma-nipulados nos ensaios, como os cavalos, burrinhos etc.

Também estão em con-cepção manjedouras, que são feitas de encaixe de peças para facilitar a mon-tagem e desmontagem em cena. Para cenários e obje-tos, muitas vezes são usa-dos tecidos diversos para compor visual e textura adequado, de acordo com a demanda dos cenógrafos do espetáculo. “Eles man-dam para nós o que que-rem. A gente manda uma contra-amostra, que é o que pudemos chegar ao mais

próximo, porque, às vezes, existem em outros países produtos que só precisam ser aplicados, porque já vem prontos. Aqui, a gente preci-sa compensar com pintura e outras técnicas criativas para chegar onde se deseja”, explica Apolo Muniz.

Segundo o secretário de Estado da Cultura, Robério Braga, nenhum dos quatro palcos que receberão o “Glo-rioso” terá momento ocioso. Com isso, o volume de produ-ção aumentou, porque todas as cenas serão rebatidas, tanto na estrutura da rua Ta-pajós, quanto nos palcos das ruas José Clemente e 10 de Julho e da avenida Eduardo Ribeiro. “O desafi o é juntar tudo e fazer funcionar, por-que a produção de peças e cenários, de certa forma, nada mais assusta”.

Espetáculo de Natal com 70% concluído

Marcos Apolo é o diretor técnico do Concerto de Natal

DIE

GO

JAN

ATÃ

Cenários, fi gurinos, acessórios e efeitos especiais. Essas são as principais áreas

de atuação da chamada Central Técnica de Produção da Secretaria de Estado da Cultura (CTP/SEC). Prestes a ser realizado o concerto “Glo-rioso – O desejo de Natal” (dia 25, às 19h, nas vias adja-centes do Teatro Amazonas), o setor está totalmente vol-tado para os últimos ajustes do espetáculo.

De acordo com o diretor técnico do Concerto de Na-tal, Marcos Apolo Muniz, o trabalho desenvolvido para fazer acontecer o espetácu-lo requer muita criatividade para conceber elementos materiais renovados a partir de estruturas já existentes. “O objetivo do espaço é oti-mizar recursos. Tudo o que é utilizado no Concerto de Natal vem para cá. No ano seguinte, a gente aproveita 90%. Se não isso, a gente usa como base para outros fi ns. Uma estrela-guia criada para um espetáculo de 4 anos atrás, desta vez será usada em um outro contexto, por exemplo”, diz.

Entre 200 e 300 pessoas estão mobilizadas para as produções técnicas para o “Glorioso”. Contudo, de uma forma geral, essa quantida-de de profi ssionais envolvida nos trabalhos de produção da SEC depende da deman-da de cada realização. Os eventos que mais requisi-tam mãos de obra da CTP são o Festival Amazonas de Ópera (FAO) e o Concerto de Natal. “São pelo menos qua-tro meses dedicados para o FAO e uns três para o Concerto”, avalia Apolo.

Armações de metal, acaba-mento, pintura, revestimen-to, criação de mecanismos de movimentação de peças,

seja para

facilitar o deslocamento em cena, seja para funcionar como alegoria de escolas de samba ou do Festival Folcló-rico de Parintins, entre outros recursos, tudo é feito na CTP, sobretudo por artistas de Parintins. “Os artistas que es-tão aqui são os que fazem os movimentos dessas alego-rias do festival de Parintins. É uma mão de obra que depois é exportada para esses eixos, São Paulo e Rio de Janeiro”, descreve o diretor.

Segundo Apolo, o grande diferencial entre o que se faz pela CTP e o que é feito para o boi ou para o Carnaval é a vida útil do material. “Nos primeiros, trabalha-se com algo para durar o tempo do desfi le ou da apresentação e que possa ser aproveitado”.

IntercâmbioOs artistas trazem a ex-

periência do curral e dos sambódromos e adquirem o know-how de cenógrafos do mundo inteiro – Inglaterra, França, Alemanha e agora os EUA, devido a parceria da SEC com a empresa norte-americana Hardrive Produções – com técnicas mais voltadas para o teatro. “As pessoas de fora res-peitam muito o que se faz aqui, porque eles trazem a necessidade deles para os cenários, como um rascu-nho, praticamente. E tudo é resolvido. Até mesmo pela questão de adaptar os recur-sos que se tem em Manaus”, diz o diretor.

Todos os artistas recru-tados são comandados por Jander Lemos, que é natural de Parintins, arquiteto e que atua como cenotécnico há 12 anos. “É uma emoção indes-critível participar disso tudo, de saber que tem sua con-tribuição ali, ganhando vida, mesmo sem ver o espetáculo como um todo, como um espectador, porque temos que fazer tudo funcionar”,

afi rma Lemos.

D01 - PLATEIA.indd 1 13/12/2013 23:40:36

Page 26: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Fernando Coelho Jr.

Plateia

[email protected] - www.conteudochic.com.br

. A querida dona Magnólia Figuei-redo ganhou festa de aniversário, no Village, reunindo a família e os amigos.

. O local escolhido para o evento foi o restaurante Villa-

ge, que serviu de cenário perfeito para o lanche cheio de charme, com nomes do society de Manaus, levan-do os cumprimentos para a aniversariante, nome especial da ala tradicio-nal da cidade.

>> Chá das cinco

. A coluna vai esquentar a temporada de fi m de ano da cidade, com o pré-rèveillon do Lappa, na noite do próximo dia 27.

. A festa reunirá toda a turma descolada da cidade, em noite happening, com o pal-co da casa fervendo com a cantora Taina Pimentel, o grupo Calçada e a bateria de escola de samba no fi nal para sacudir a noite. O evento é coordenado pelo núcleo de festas “Conteúdo Chic”, que iniciará uma série de eventos destinados à turma descolada da cidade. Agendem!

>> Balada descolada

>> Viva Omar!

O governador Omar Aziz é apontado pelo Ibope como o melhor go-vernador do país, um orgulho para nós! Omar, grande administrador público, fi gura humana fantástica. A altíssima aprovação comprova a satisfação do Amazonas com sua excelente administração. Viva!

O procura-dor-geral de

Justiça do Amazonas,

Francisco Cruz, homenageado

com a Medalha de Ouro Cidade de Manaus, e o

presidente da Câmara Muni-

cipal de Ma-naus, vereador Bosco Saraiva, na sessão sole-ne no plenário Adriano Jorge

. O governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS) e do Instituto de Proteção Ambiental do Ama-zonas (Ipaam), assinou, em Brasília, acordo importante na área ambiental.

. Trata-se do acordo de cooperação técnica para a gestão fl orestal com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), que visa a gestão dos recursos fl orestais, disponibilizando ao Ipaam o Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinafl or).

>> Gestão de fl orestas. O casal Omar e

Nejmi Aziz estão de parabéns. O reconhe-cimento de melhor go-vernador do Brasil pela pesquisa do Ibope, en-comendada pela Con-federação Nacional da Indústria (CNI), é fruto de um trabalho cheio de compromisso com o povo. Aplausos.

>> Recognição

Fátima Roman

A querida dona Magnó-lia Figueiredo, homena-geada pelo seu aniver-sário, no Village

César Bandiera e Graça FigueiredoGraça Figueiredo e sua mãe, a aniversariante dona Magnólia

MAURO SMITH

TIAGO CORREIA

D02 - PLATEIA.indd 2 13/12/2013 23:24:36

Page 27: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Uma relação de 30 anos atravessa tempestades e maremo-tos e dias maravi-lhosos... O importante é nosso amor pela música e pela es-trada que nos mantêm vivos e com muito prazer de colocar nossa banda nos palcos da vida”

Uma das bandas nacionais mais carismáticas, Blitz, comemorou recentemen-te a edição de um DVD

de 30 anos de música. Gravado há exatos 12 meses (16/12/2012) na praia de Ipanema, o álbum reúne mais do que faixas antológicas, cujas letras estão na memória co-letiva de um público heterogêneo, não somente a turma que viveu intensamente os anos 1980.

No show de 30 anos, 30 mil pes-soas compareceram à celebração, que inclui no setlist obras como “We-ekend”, “Você Não Soube Me Amar” (cujo compacto vendeu mais de um milhão de cópias, em 1982), “Beth Frígida”, “Geme Geme” e “Dois Passos do Paraíso”, hinos da banda. O DVD traz, ainda, participações especiais de Rodrigo Sha, Ivo Meireles e a bateria Surdo Um da Mangueira. O produto recebe o selo de distribuição da Universal Music, mas o resultado é decorrente de uma pareceria entre o canal Multishow, que transmitiu o evento ao vivo, a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Riotur.

O fundador e vocalista do gru-po, Evandro Mesquita, conversou com o EM TEMPO sobre a che-gada do CD e DVD MultiShow Re-gistro BLITZ 30 anos Ipanema nas lojas de todo o país.

EM TEMPO – As comemora-ções dos 30 anos de Blitz já aconteceram em 2012. Contudo, o DVD veio agora. Uma turnê já está montada para 2014? Manaus está inclusa?

Evandro Mesquita – Esse é o mais completo DVD que gravamos, no lugar onde nascemos, na praia de Ipane-ma, no Circo Voador. Caprichamos, fizemos toda a produção, edição de imagens e mixagem. Esse DVD tem a nossa verdadeira cara e é o registro definitivo da nossa história. Claro que Manaus estará na nossa turnê.

EM TEMPO – Em verdade, Blitz tem algumas passagens pela ca-pital amazonense. O que você carrega de lembranças da cidade de Manaus?

EM – Desde os videocassetes na época da Zona Franca, até a costela de tambaqui e esqui nas águas do rio Negro. Os hotéis Ariaú e Tropical, os Yanomami, o Teatro Amazonas e os grandes shows que fizemos por aí.

EM TEMPO – O que faz com que o repertório “oitentista” da Blitz continue sendo tão amado?

EM – Música boa não tem prazo de validade.

EM TEMPO – A Blitz tem a característica de ser uma banda animada, com letras divertidas em sua maioria. Já houve algum momento na história do grupo em que esse perfil esteve ameaçado, isto é, de repente se tornar uma legítima banda de rock, tanto com letras de amor e amenidades quanto mais “revoltadas”?

EM – Uma relação de 30 anos atravessa tempestades e maremotos e dias maravilhosos... O importante é nosso amor pela música e pela estrada que nos mantém vivos e com muito prazer de colocar nossa banda nos palcos da vida sem se importar

muito com rótulos.

EM TEMPO – Em 30 anos per-correndo os palcos pelo Brasil, o que você observou de mais signi-ficativo na cultura do país?

EM – Que ela é rica, diversifica-da, desde as manifestações tradi-cionais até a contemporânea com sua mistura de informações daqui e lá de fora.

EM TEMPO – E como anda o lado compositor da Blitz? Vem algo totalmente inédito em 2014?

EM – Já está no forno e estamos querendo muito lançar em julho de 2014 um CD de inéditas com o que estamos compondo agora.

EM TEMPO – O que deixou mais saudade nesses 30 anos de banda?

EM – Não tenho saudades. Tenho orgulho da nossa trajetória.

EM TEMPO – O que jamais de-veria ter acontecido na banda nesse tempo?

EM – O que aconteceu tinha que ter acontecido e estamos mais fortes e experientes com uma formação quase que perfeita há vários anos

EM TEMPO – É padrão dizer que não há fórmula ou segredo para o sucesso. Mas cada artista de sucesso tem no seu caminho um ponto que foi a chave para esse êxito. Qual é o cerne dessa questão no caso da Blitz?

EM – O amor pela arte e a ho-nestidade e dedicação ao nosso tra-balho, sempre com muito prazer de estar em qualquer palco.

Evandro MESQUITA

‘Música boa NÃO TEM prazo de VALIDADE’

(Lembro) desde os vi-deocassetes na época da zona franca, até a costela de tambaqui e esqui nas águas do rio Negro”

GUSTAV CERVINKA Equipe EM TEMPO

FOTOS: DIVULGAÇÃO

D03 - PLATEIA.indd 3 13/12/2013 23:26:14

Page 28: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

RESENHA

PERFIL

Rafael Froner blogueiro e

produtor cultural

Em plena sexta-feira 13 todos os filmes de terror e qualquer gato preto ficaram de

lado devido a um dos maiores acontecimentos músicais dos últimos anos: o lançamento surpresa do novo disco da diva Beyoncé. Sem aviso, sem promoção, sem vazamentos. Assim: do nada.

Indo contra todo esquema de divulgação publicitária uti-lizado por artistas músicais durante todos os tempos, Beyoncé optou por manter se-gredo sobre as faixas, clipes, sessões fotográficas e tudo mais que envolve a produção de um disco.

Algumas músicas como “Grown Woman”, “Bown Down” e “XO” já tinham che-gado aos nossos ouvidos por meio de campanhas publi-citárias e vazamentos na internet, mas em nenhum momento recebemos da diva um alerta sobre o possível lançamento de um novo ál-bum. Ao contrário, o disco era visto como “impossível de ver a luz do dia”.

Outras divas concorrentes, como Lady Gaga, Katy Perry, Britney Spears e até as nova-tas na batalha de divas Miley Cyrus, Taylor Swist e Demi Lovato estão realizando gran-

des promoções de seus recen-tes álbuns. Todos envolvendo “vazamentos indesejáveis” das faixas, videoclipes caríssimos e muitas performances em sho-ws e televisão. Porque será que Beyoncé resolveu contrariar todos da indústria?

Em declaração oficial, Beyoncé afirmou que não queria gerar alarde sobre o novo disco, queria lançar quando estivesse pronto. Ainda disse que visualiza suas músicas com imagens, sensações e lembranças da infância, por isso quis en-tregar aos fãs um material visual, com todas as músicas tendo videoclipes.

O disco e os clipes foram pro-duzidos durante a turnê da can-tora “The Mrs. Carter Show”, que teve passagem recente pelo Brasil – vale destacar o cli-pe de “Blue” (música feita para a filha dela com o rapper Jay-Z), que mostra cenas no Brasil, especialmente em Trancoso, na Bahia – lugar preferido da cantora em nosso País.

O álbum promete bons hits e muitas batidas, já conhecidas no repertório da diva. Beyoncé soa mais segura neste disco, nos proporcionando uma ex-periência sensorial diferente com esta união de áudio e vídeo. Em “Ghost” é possível

se impressionar as imagens glamorosas da cantora em câ-mera lenda e a luz de stroble, em “XO” é possível começar a gostar do novo e polêmico corte de cabelo dela. A coreo-grafia fica ainda mais divertida em “Flawless”. A diva volta nos anos 80 em sonoridade e até de patins em “Blow” e ainda deu tempo de sensualizar e nos presentear com “Haunted”, uma nítida inspiração no vídeo proibido de Madonna, “Justify my love”, de 1990.

Estes são alguns dos clipes da “experiência Beyoncé”, que oferece diversos gostos e mui-ta beleza e sensualidade.

Já consigo imaginar Beyoncé na manhã de sexta-feira, rindo da cara de todos e super feliz em saber que o dia mal tinha chegado ao meio e ela era a grande notícia – existe até mesmo o boato que a revista “Time” já se arrependeu em es-colher o Papa Francisco como “Pessoa do ano”.

A última sexta-feira 13 do ano de 2013 será lembrada por muitos anos como uma das maiores surpresas do mundo musical, bem longe de filmes de terror e gatos pretos. Confira todos os vídeos, fotos e mais detalhes do quinto álbum de Beyoncé no portal Pelamordi (www.pelamordi.com).

Beyoncé surpreende o mundo na última sexta-feira 13 do ano

D04 - PLATEIA.indd 4 13/12/2013 23:27:33

Page 29: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV TudoComandoA jornalista Vanessa Ri-

che comandará um novo programa no Sportv na temporada de 2014.

Só o lançamento não está defi nido, porque o formato ainda recebe atenções da própria apresentadora e da direção do canal.

Nova programação A Fox vai exibir neste

domingo, 10 da noite, um chamadão com as princi-pais novidades dos seus canais para a temporada do ano que vem.

Dentre elas, o Na-tGeo Repórter, que será apresentado por Domingos Meirelles.

Jogo aberto (Foto cré-

dito Divulgação) O zagueiro Lúcio, afas-

tado do São Paulo, con-cedeu uma entrevista exclusiva ao “Esporte Es-petacular” que será exibida neste domingo.

Em Brasília, ao repór-ter Régis Rösing, o joga-dor conta que vive a pior etapa da carreira e que se sente humilhado.

Situação difícilÉ bastante complicada a

situação do Luciano Faccioli na Band.

O que se sabe é que ele ainda tem contrato na casa,

mas fi cará sem programa a partir da estreia do novo jornal da manhã. E que não estaria disposto, por exem-plo, a abrir mão da condição de apresentador e voltar a ser repórter, por exemplo.

Por outro lado...Já se sabe que neste seu

novo jornal das manhãs, a direção da Bandeirantes pretende promover a uni-fi cação de todos os seus veículos - rádio e TV.

Apenas a Bandeirantes AM é que, neste primeiro momento, não será envol-vida no meio disso.

Outra questãoLevando em consideração

todas as conversas sobre o projeto e os pilotos grava-dos nos últimos dias, até com certa facilidade se conclui que a ideia é de-senvolver um informativo na mesma linha da rádio BandNews FM.

Existe o desejo, in-clusive, de contar com a participação especial de alguns nomes conheci-dos, casos do José Simão e Ricardo Boechat.

Sai da cova A Globo exibe nesta próxi-

ma terça, 17, o último episó-dio do “Pé na cova”, mas com sinal verde para pelo me-nos mais uma temporada no ano que vem.

Além da audiência, as boas críticas endereçadas ao programa também cola-boraram para sua sequência na grade.

Recomendação Tanto na Globo aberta

quanto nos seus canais pa-gos, há uma orientação para que seus profi ssionais não levem para o ar, durante pro-gramas ao vivo, assuntos particulares tratados nos bastidores. E isso também inclui certas brincadeiras.

Algo que, fatalmente, deve levar todos a se lembrar do episódio Galvão x Renato Maurício Prado.

Fim de ano A cantora Thaeme e a

apresentadora Faa Morena no especial de fi m de ano do programa “Ritmo Brasil”, que a Rede TV! exibe dia 29, às 18h15.

Também participam Hugo Pena e Gabriel, Fernando e Sorocaba, e Israel Novaes.

Bate-rebate• O Fox Sports está acertan-

do também a contratação do narrador Otávio Muniz.

• A Bandeirantes mandou o repórter Fernando Fernandes para acompanhar o Mundial de Clubes no Marrocos...

• ... Além dos programas es-portivos, ele tem feito matérias para os diversos telejornais.

• A Rede TV! e a produtora Fremantle fecharam um novo acordo para a transmissão do “Mega Senha”.

• O programa, comandado por Marcelo de Carvalho nas noites de sábado, agora, está garantido na grade da emissora até dezembro de 2014.

• O formato, de acor-do com o vice da Rede TV!, terá algumas novidades na próxima temporada.

Copa do Mundo mexe com a Globo

O Globo Esporte - São Paulo está preparando várias séries especiais para exibição a partir de janeiro. É o caso, por exemplo, de “Narradores”, que irá movimentar uma grande parte da sua equipe de repórteres. O plano é enviar todos eles para a Argentina, Espanha, Itália, Portugal e México, além de outros países. A novidade nisso é que outros setores da emissora, como o jornalis-mo de forma natural, mas também o artístico, por meio de alguns dos seus nomes mais importantes.

REDE TV!

O tiebrake (etapa de de-sempate) tem se tornado um grande vilão nas transmissões do vôlei pela televisão. Mesmo nos canais esportivos, sempre atrapalha tudo.

Conforme ele avança, mui-to diretor entra em deses-pero, porque, além do pro-blema da entrega de horário com atraso, há uma questão também sobre o satélite, sobre o que foi combinado e não se cumpriu.

Mas, como dizem, vo-leibol não é futebol, não tem hora para acabar. E o tênis é ainda pior.

C’est fi ni

Tenho me debruçado, nos últimos meses, a refl etir sobre a vida e história política de um dos persona-gens centrais da política no século 20: Margaret Tatcher. Primeiro por se tratar de uma personagem da minha infância, assim como Gorba-tchev, a queda do muro de Berlim e José Sarney. Esperava a hora dos desenhos animados na televisão, e de tanta ansiedade, acabava tendo que assistir aos telejornais que os precediam. Com o tempo acabei fi cando fascinado com todas aque-las histórias, histórias de guerra, Perestroika, Glasnost, redemocra-tização do Brasil, neoliberalismo e tantas outras.

Mas Margaret Tatcher, dentre os diversos assuntos tratados nas re-des, sempre exerceu em mim grande fascínio. Eu gostava de ver aquela mulher elegante, cabelo impecável, bem vestida, levemente simpática, num universo predominantemente masculino, que é o da política. O que me impressionava, nas entrevistas e matérias que via, era a força, o poder de decisão, e os comentários dos repórteres sobre sua postu-ra, sempre fi rme e, lembro, para alguns, desumana - coisa com a qual eu não simpatizava.

Agora, passados um pouco mais de duas décadas em que deixou o cargo de Primeira-Ministra na Inglaterra e, ainda, pela sua morte, com afi nco tenho pesquisado em vídeos, bio-grafi as, artigos políticos a respeito de Tatcher e sua política.

Tatcher é conhecida como a pioneira na aplicação da política neoliberal no mundo. Pertencente ao Partido Conservador, Tatcher defendia o livre mercado, as priva-tizações de estatais, o subjugo dos sindicatos (que eram a ponta de lança dos movimentos anarquistas na Inglaterra e, segundo pesquisas da época, rejeitada por boa parte da população inglesa) e o corte de

gastos do Estado.Mas pensando bem, uma perso-

nalidade como a de Maggy (como era chamada “carinhosamente” pela imprensa”) não seria visto com bons olhos no cenário político brasileiro, sequer teria respaldo para. Acontece que a formação política brasileira foi assentada sobre valores políti-cos tradicionalmente de origem no Brasil rural, raiz de nosso populismo, como por exemplo, a compra de votos, a política do pão e circo, a espoliação das classes baixas e a democracia indireta.

As tomadas de decisão, precisas e intransponíveis de Tatcher, gera-riam em nosso país um redemoinho na política nacional que não sobrevi-veria dois dias. Imagine um homem como Fernando Henrique Cardoso - que engendrou uma política pri-vatização das estatais - , açoitando sindicatos, subjugando a CUT e o MST e cortando , digamos, o Bolsa Família da população? Pois é.

Tatcher fez parecido: quando Ministra da Educação cortou a entrega de leite para as crianças das creches inglesas, e acabou se sensibilizando com isso, não escon-dendo que “chegou a escorrer uma lágrima” de seu rosto. Mas não vol-tou atrás, afi nal, os preceitos que a guiaram eram também os de seu partido, o citado Conservador.

Maggy, falecida este ano, teve sua infl uência, hoje, ultrapassa-da por outra grande líder: Angela Merkel. Claro que Merkel entendeu bem a lição e soube lidar com a mão esquerda e a mão direita do Estado, assim como controlar os ânimos sociais e econômicos da Alemanha no século 21.

Em síntese, hoje Margaret Tatcher ainda exerce fascínio. A ‘dama de ferro” ainda é re-ferência de mulher elegante e vaidosa, mas fi rme em seus propósitos e convicções.

Márcio BrazE-mail: [email protected]

Marcio Brazator, diretor,

cientista social e membro do Con-

selho Municipal de Política Cultural.

Margareth Tatcher é conhecida como a pioneira na aplicação da política neoliberal no mundo. Pertencente ao Partido Conservado”

Tatcher: O espírito do capitalismo

D05 - PLATEIA.indd 7 13/12/2013 23:34:38

Page 30: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Programação de TV

03:15h Jornal da Semana Sbt

04:00h Igreja Universal

05:00h Pesca Alternativa

06:00h Brasil Caminhoneiro

06:30h Aventura Selvagem

07:30h Vrum

08:00h Sorteio Amazonas da Sorte

(Local)

09:00h Domingo Legal

13:00h Eliana

17:00h Roda A Roda Jequiti

17:45h Sorteio da Telesena

18:00h Programa Silvio Santos

22:00h De Frente Com Gabi

23:00h Série: True Blood

00:00h Série: Divisão Criminal/ The

Closer

01:00h Série: Cidade do Crime//

Southland

02:20h Big Bang

03:00h Igreja Universal

SBT

3H55 SANTA MISSA EM SEU LAR4H55 AMAZÔNIA RURAL5H25 PEQUENAS EMPRESAS, GRANDES NEGÓCIOS6H GLOBO RURAL6H55 AUTO ESPORTE7H30 ESPORTE ESPETACULAR – (STOCK CAR - AO VIVO).10H40 TEMPERATURA MÁXIMA12H50 FESTIVAL PROMESSAS 13H55 DIVERTICS 15H DOMINGÃO DO FAUSTÃO18H55 FANTÁSTICO21H25 JUNTO E MISTURADO 22H DOMINGO MAIOR 23H50 SESSÃO DE GALA1H35 CORUJÃO3H15 FESTIVAL DE DESENHOS

3h45 BÍBLIA EM FOCO4h SANTO CULTO EM SEU LAR4h30 DESENHOS BÍBLICOS7h DESENHOS BÍBLICOS8h AMAZONAS DA SORTE 9h RECORD KIDS 10h DOMINGO DA GENTE 13h15 O MELHOR DO BRASIL 17h30 DOMINGO ESPETACULAR 21h Especial Final de Ano 22:15 Tela máxima 23h10 PROGRAMAÇÃO IURD

RECORD

04:00 – POPEYE05:30 – SANTA MISSA NO SEU LAR06:30 – SABADÃO DO BAIANO07:00 – CONEXÃO CARGAS08:30 – DESENHO08:30 – MACKENZIE EM MOVIMENTO08:45 – INFOMERCIAL – Polishop

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 Um dia para ter uma visão sem ilusões a respeito de si mesmo, e também de senti-mentos e afeições. Pode ser desconcertante, mas você se perceberá com mais clareza.

TOURO - 20/4 a 20/5 Sua relação com o prazer sensual precisa ser transformada e refi nada. A manutenção de seus princípios deve impedir algo que lhe agrada, mas lhe faz mal.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Seus desejos afetivos podem ser negados por situações duras e impositivas. As relações sociais e as amizades sofrem por isso algum tipo de baque ou mesmo uma perda.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Momento para olhar de perto os aspectos mais difíceis e confl ituosos em sua profi ssão. As ilusões que pudesse estar alimentando no trabalho serão transfi guradas.

LEÃO - 23/7 a 22/8 A realidade imediata impõe os caminhos do dia. O cultivo de pensamentos agradáveis, mas talvez superfi ciais, será interrompido bruscamente por urgências práticas.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Sentimentos fortes tendem a invadir, pertur-bar e mudar a sempre frágil harmonia das relações afetivas. Pode haver uma decepção consigo mesmo ou com a pessoa amada.

LIBRA - 23/9 a 22/10 O momento requer uma revisão das relações afetivas e do modo como confi a nas pessoas. É preciso não se empolgar superfi cialmente, para evitar mais desilusões ainda.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Vênus em confl ito com Plutão, seu regente, indica mudança forçada e imprescindível no trabalho e na lida com conforto e hábitos de saúde. Cuide bem das outras pessoas.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Tendência a viver fortes confl itos no amor, em seus sentimentos e com a pessoa amada. Você sonhou errado e agora a realidade lhe co-bra voltar ao que faz sentido de verdade.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Possível rejeição ao que tentem lhe trazer de bom e agradável. Sua insatisfação ou angústia perturba o clima emocional a sua volta, e em especial em seu lar.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Momento para aprender sobre o amor e so-bre a maneira de se aproximar das pessoas. Algum impedimento exige refi nar e ampliar o uso da sensibilidade nas relações.

PEIXES - 19/2 a 20/3 As situações exigem dispor de suas coi-sas de modo mais impessoal O gosto por certos bens materiais é contrariado frontalmente, exigindo rever o apego que mantém com eles.

CruzadinhasCinemaESTREIA

O Hobbit – A Desolação de Smaug: Segundo fi lme da trilogia de adap-tação da obra-prima The Hobbit, de J.R.R. Tolkien, “O Hobbit: A Desolação de Smaug” dá continuidade à aventura de Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) em sua épica jornada com o Mago Gandalf (Ian McKellen) e treze Anões, liderados por Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage), para o Reino dos Anões de Erebor. Cinemark 1 – 12h50, 16h30, 20h (dub/diariamente), 23h30 (dub/somente sexta-feira e sábado), Cinemark 6 – 21h50 (3D/leg/diariamente), 11h30, 14h50, 18h30 (3D/dub/diariamente), Cinemark 7 - 22h30 (3D/dub/diariamente), 12h10, 15h40, 19h10 (3D/dub/diariamente); Cinépolis 1 – 13h05, 16h40, 20h45 (3D/leg/diariamente); Cinépolis 4 – 17h (3D/leg/diariamente), 13h30, 20h30 (3D/dub/diariamente), Cinépolis 5 – 11h (3D/leg/somente sexta-feira e sábado), 14h30, 18h, 21h30 (3D/leg/diaria-mente); Playarte 1 – 14h10, 17h20 (3D/dub/diariamente), 0h01 (3d/leg/so-mente sexta-feira), 20h30 (3D/leg/diariamente), 23h40 (3D/leg/somente sexta-feira e sábado); Playarte 5 – 12h10, 15h20, 18h30 (dub/diariamente), 21h40 (dub/somente sexta-feira e sábado); Playarte 6 – 18h31 (dub/dia-riamente), 21h41 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 7 – 13h30, 16h40, 19h50 (leg/diariamente), 23h (leg/somente sexta-feira e sábado); Cinemais Millennium – 14h40, 17h50, 21h (3D/dub/diariamente); 15h20, 18h30, 21h40 (3D/leg/diariamente), 15h30, 17h40, 19h50, 22h (dub/dia-riamente); Cinemais Plaza – 14h40, 17h50, 21h (dub/diariamente), 15h20, 18h30, 21h40 (3D/leg/diariamente), 14h, 17h, 20h (dub/diariamente).

Linha de Frente: EUA. 16 anos. Cinépolis 10 – 13h45 (leg/diaria-mente).

Carrie, a Estranha: EUA. 16 anos. Cinemark 5 – 14h20, 16h50, 19h20, 21h40 (dub/diariamente); Cinépolis 10 – 16h10, 21h10 (leg/diariamente); Playarte 4 – 13h10, 15h15, 17h20, 19h25, 21h30 (dub/diariamente), 23h35 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinemais Mil-lennium – 15h30, 17h40, 19h50, 22h (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 15h30, 17h40, 19h50, 22h (leg/diariamente).

Como Não Perder Essa Mu-lher: EUA. 16 anos. Cinemark 2 – 14h10, 18h50 (dub/diariamente), 23h40 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis 2 – 22h05 (leg/diariamente); Playarte 10 – 13h10, 15h05 (dub/diariamente).

Última Viagem à Vegas: EUA. 12 anos. Cinemark 2 – 11h40, 16h20, 21h10 (dub/diariamente); Cinépolis 2 – 17h05 (leg/diariamente), Ciné-polis 10 – 18h35 (leg/diariamente); Playarte 2 – 13h50, 16h, 18h10, 20h20 (dub/diariamente), 22h30 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinemais Millennium – 15h10, 17h30, 19h40, 21h50 (leg/diariamente); Ci-nemais Plaza – 15h10, 17h30, 19h40, 21h50 (leg/diariamente).

Crô: BRA. 12 anos. Cinemark 8 – 11h, 13h, 15h, 17h30, 19h40, 22h20 (diariamente); Cinépolis 2 – 14h10, 19h45 (diariamente); Cinépolis 9 – 13h15, 15h20, 17h30, 19h35, 22h (diariamente); Playarte 3 – 13h30, 15h25, 17h20, 19h15, 21h10 (diaria-mente), 23h05 (somente sexta-feira e sábado); Cinemais Millennium – 15h, 17h20, 19h20, 21h20 (diariamente);

Cinemais Plaza – 14h, 15h, 17h20, 19h20, 21h20 (diariamente).

Um Time Show de Bola: ARG/ESP. Livre. Cinemark 4 – 15h20, 17h50 (dub/diariamente), Cinemark 5 – 11h50 (dub/diariamente); Cinépolis 6 – 13h (dub/diariamente).

Vovô Sem Vergonha: EUA. 14 anos. Cinépolis 7 – 14h15, 16h30, 19h15, 21h45 (leg/diariamente); Playarte 10 – 17h, 19h, 21h (leg/diariamente), 23h (leg/somente sex-ta-feira e sábado); Cinemais Millen-nium – 14h30, 16h50, 19h, 21h10 (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 14h30, 16h50, 19h, 21h10 (leg/diariamente).

Jogos Vorazes – Em Chamas: EUA. 14 anos. Cinemark 3 – 15h50, 19h, 22h10 (dub/diariamente); Ci-népolis 6 – 15h35, 18h50, 22h15 (leg/diariamente); Playarte 9 – 17h50,

20h50 (dub/diariamente), 23h45 (leg/somente sexta-feira e sábado); Ci-nemais Millennium – 14h50, 18h40, 21h30 (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 14h50, 18h40, 21h30 (dub/diariamente).

Bons de Bico: EUA. Livre. Cine-mark 3 – 11h15, 13h30 (dub/diaria-mente); Playarte 6 – 12h30, 14h30, 16h30 (dub/diariamente).

Thor 2 – O Mundo Sombrio: EUA. 10 anos. Cinemark 4 – 12h40, 20h20 (dub/diariamente), 23h (dub/somen-te sexta-feira e sábado); Playarte 9 – 13h, 15h25 (dub/diariamente).

Meu Passado Me Condena: BRA. 12 anos. Playarte 8 – 12h50, 14h55, 17h (diariamente).

Sobrenatural – Capítulo 2: EUA. 14 anos. Playarte 8 – 19h05, 21h15 (dub/diariamente), 23h25 (dub/so-mente sexta-feira e sábado).

CONTINUAÇÕES

REPRODUÇÃO

O “Festival Promessas” será apresentado hoje, na Globo

BAND

09:45 – VERDADE E VIDA10:00 – PÉ NA ESTRADA10:30 – MINUTO DO FUTEBOL - boletim10:35 – PORSCHE CUP11:30 – DE OLHO NO FUTEBOL - boletim 11:35 – BAND ESPORTE CLUBE 13:00 – GOL O GRANDE MOMENTO DO FUTEBOL13:30 – TORNEIO INTERNACIONAL DE FUTEBOL FEMININO – ao vivo Brasil X Escócia15:50 – TERCEIRO TEMPO18:00 – OSCAR - desenho18:10 – AS CAÇADORAS DE RELÍQUIAS 19:00 – SÓ RISOS I20:00 – SÓ RISOS II21:00 – PÂNICO NA BAND00:00 – CANAL LIVRE01:00 – MINUTO DO FUTEBOL – boletim01:05 – ALEX DENERIAZ01:40 – SHOW BUSINESS-Reapresen-tação02:30 – IGREJA UNIVERSAL

GLOBO

D06 - PLATEIA.indd 6 13/12/2013 23:36:10

Page 31: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

A segunda edição da “Medalha de Mérito Imaculada Conceição” foi pura emoção. Seis personalidades foram agraciadas pela Associação Amigos da Catedral com a honraria: Jornal EM TEMPO, José Nasser, coral João Gomes Júnior, dom Luiz Soares Vieira, dom Mario Pasqualotto e “in memoriam” Umberto Calderaro Filho. Logo após todos puderam brindar o mérito no museu sa-cro com comidinhas à base de folheados e doces gla-cê. Uma chiqueria!

::::: Homenagem religiosa

Dona de um alto-astral ímpar e de coração idem, a superanfi triã Marlene Ituassú no divertidíssimo almoço de confraterniza-ção no chique endereço da Morada do Sol

O empreendedor Zeca Nascimento com a festejada aniversariante da temporada, dona Magnólia Figuei-

redo na sessão parabéns dela no Village

A primeira-dama Nejmi Jomaa Aziz foi homenageada pela 13a turma de formandos de me-dicina da Univer-sidade Nilton Lins, em reconhecimento pelo relevante tra-balho social desen-volvido em nosso Estado

@hotmail.com - www.jandervieira.com.br

A meritíssima Andréa Medeiros com o ministro Ricardo Lewan-dowski no almo-ço de confrater-nização no Clube dos Magistrados

Foi uma grande confraternização: jornalistas, apre-sentadores, blogueiros, fotógrafos e afins da comuni-cação local reunidos no Emporium Roma, assinado pela Moto Honda da Amazônia. Destaque para o carinho e respeito da empresa para os que fazem a notícia no Amazonas. Tudo perfeito da comida as bebidas pas-sando pelo serviço de excelência do lugar.

::::: Encontro de letrinhasOs competentes Ari Mota e Cristina Oliveira com Paulo Takenchi

O anfi trião Mário Okubu emoldurado por Francisca Viana e Keite Garcia

E não é que o fi lme “A Flo-resta de Jonathan”, do diretor amazonense Sérgio Andrade está pela segunda semana consecutiva em cartaz em uma grande rede de exibição num shopping da cidade? É um grande feito para um público acostumado apenas com o cir-cuito comercial. Muito bem.

::::: Cartaz

A loja Jaqueline Chagas é pura novidade internacional. A coleção da Brumani acaba de desabar nas vitrines da joalheria do Manauara Shopping, vindas pessoalmente pelas mãos do diretor da grife, Marcelo Brunner. Aliás, as preciosidades seguirão em janeiro para Dubai. As irresistíveis joias são de enlouquecer, as fi nas estão em polvorosas.

::::: Vitrine chique

Aconteceu ontem, o lançamento da coleta de assinaturas da ponte Rio Solimões. O evento realizado pela Comissão de Turismo e Empreendedorismo da Aleam, foi presidida pelo deputado Francisco Souza (PSC). A construção da ponte Rio Solimões gera um grande anseio, principalmente, para os moradores de Manaquiri, Careiro da Várzea, Careiro Castanho, Autazes entre outras comunidades da região. O objetivo é conseguir o maior número de assinaturas em prol da construção sobre o rio Solimões.

::::: Coleta de assinaturas

Em uma conhecida cidade do interior do Estado, esquenta a briga pelo controle político do município. Segundo fontes fi dedignas, a luta agora é pelo réveillon. Enquanto uns vão de gravações homéricas de DVD, outros vão de atração nacional de graça na praça para esvaziar a iniciativa do opositor. Oremos.

::::: Disputa

Não é só em Manaus que o Detran-AM deve estar atento as tragédias de trânsito que tanto marcam as festas de fi m de ano. Em municípios como Maués, Parintins e Itaco-atiara, só para citar alguns, o povo de motocicleta dirige loucamente sem a menor prudência. Fica a dica.

::::: Atenção

Encomendada pela Con-federação Nacional da Indústria saiu anteontem, uma Pesquisa do Ibope, onde aponta a administra-ção Aziz coma a melhor avaliação entre os demais Estados do Brasil. O per-centual dos eleitores que consideram o governo como “ótimo” ou “bom” é de 74%. Considerando a aprovação pessoal dos governadores, Omar Aziz também tem o maior percentual, de 84%. Eduardo Campos, de Per-nambuco, aparece com 76%. Rosalba Ciarlini, do Rio Grande do Norte, tem 13% de aprovação e Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, 16%. Aplausos de pé!

::::: Avaliação positiva

A festa comandada pela coluna que iria acontecer amanhã mudou de data. Ficará para dar as boas-vindas ao skindô carnava-lesco da cidade em janeiro. O lugar continuará o mes-mo, digo, no Zefi nha Bis-trô, com uma feijoadíssima para os amigos da coluna. Ah! Com a organização e o respeito aos sobreno-mados que compram seu passaporte para se esbal-darem na alegria. Se é que você me entende...

::::: Mudança de data

Daniel Sodré, Francisca Vale, Phelippe Daou e Lica Sampaio estão trocando de idade hoje. Os cumprimen-tos da coluna.

O solidário Wernher Bo-telho vai celebrar seu niver, no próximo dia 18, a partir das 21h, na República Real. O aniversariante dispensou os presentes e pede que os convidados levem brinquedos, que serão doados a crianças menos afortunadas da city.

Ao que parece alguns produtores de eventos manjados de fi m de ano re-solveram não dar as caras nesse 2013 que se vai. Ain-da bem, porque realmente não dá mais para aguentar o “mais do mesmo sempre” no circuito de shows da cidade. Oremos para que se renovem em 2014.

Tudo bem que o técnico inglês exagerou, mas não tem como não perguntar a São Pedro: onde está o clima nu-blado e chuvoso que marca os dezembros aqui pelos lados da barelândia? Pela fé!

A presidente do institu-to “Acontecer”, Rosange-la Fernandes, realiza rifa para ajudar no tratamento de crianças portadoras de paralisia cerebral. O tra-balho sensível precisa ter continuidade em 2014 e a sua colaboração é funda-mental. Não se esqueça, é Natal. Ligue para 9130-1113 e faça sua parte.

Nada de festões mirabo-lantes, muito comuns entre as amigas. Lucia Assis optou por uma comemoração intimista em seu niver de 30 aninhos, no próximo dia 27, no endereço chique do Tarumã.

Na próxima terça-fei-ra, o R2 Universo Cul-tural, será palco do “It Fashion Dat”, que é aber-to ao público e reunirá mais de 50 blogueiras, grifes de moda badala-das da cidade e alguns profi ssionais para deba-ter novidades em produ-tos de beleza, dicas de saúde, cuidados com o corpo, inspirações para looks e muito mais.

::::: Sala de espera

MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Júnior, dom Luiz Soares Vieira, dom Mario Pasqualotto e “in memoriam” Umberto Calderaro Filho. Logo após todos puderam brindar o mérito no museu sa-cro com comidinhas à base de folheados e doces gla-cê. Uma chiqueria!

Desembargadora Lia Mendonça, dom Sergio Castriani, arcebispo de Manaus, e o diretor administrativo do Grupo Ra-man Neves, o executivo Leandro Nunes

Os que-ridos Carmen e Ricardo Silva

FOTO

S: M

ANO

EL N

ETTO

ERIC

K PE

REIR

A

D07 - PLATEIA.indd 7 13/12/2013 23:30:47

Page 32: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Clima de Natal nos shoppings O clima de Natal será uma

das marcas do show de Ketlen Nascimento, hoje, no Manaus Plaza. A cantora amazonense adianta que irá proporcionar momentos especiais à plateia, interpretando canções como ‘Então é Natal’, ‘Bate do Sino’, dentre outras que fazem parte da seleção musical. A arista deixará sua marca pessoal na apresentação, que também contará com canções auto-rais e composições de outros artistas da região. Serão pres-tigiados nomes como Chico da Silva, Cileno, Candinho e Inês e Celdo Braga.

A coordenadora de Marke-ting do Plaza, Daniela Ramos,

frisa que a programação de Natal do centro de compras segue até dia 23 de dezem-bro e contará, também, com apresentações de corais da Igreja João Bosco e da Igreja de Jesus Cristo, além de shows temáticos de outros artistas da terrinha como Cileno. A proposta, segundo ela, é criar o ambiente de magia que esse período requer, em clima de muita descontração, especial-mente dedicado à família

Teatro Hoje, Millennium Shopping

dará início à sua programação especial de Natal, a partir das 16h, com a participação de ar-

tistas da Companhia de Teatro Metamorfose, que realizarão uma fanfarra pelos corredores do centro de compras.

. Palhaços, fadas, duendes e o próprio Papai Noel chama-rão os clientes para partici-parem das brincadeiras, que se estenderão até as 20h. Os artistas encenarão teatro, cantarão músicas natalinas e contarão histórias infantis. A Companhia Metamorfose fará a animação dos clientes de sexta-feira a domingo, durante todos os finais de semana de dezembro.O shopping vai rea-lizar sorteios, campanha soli-dária, shows musicais gratuitos e atrações natalinas.

GRATUITO

Sambistafaz show na cidade

O cantor paulista-no Sombrinha será a grande atração do primeiro aniver-sário do Lappa Bar, no próximo sábado, dia 21 de dezembro, a partir do meio-dia. Além dele, o evento terá como convida-da a ex-panicat e DJ Aryane Steinkopf e as bandas Calçada do Samba, Fuzarca, Três É Demais e os DJs Fer-nando Araújo e Daniel Brito. Outro atrativo é a tradicional feijoa-da que neste dia será liberada e a inaugu-ração de uma nova área externa do local. Os ingressos já estão à venda e podem ser adquiridos no local.

Fundador do Grupo Fundo de Quintal e compositor de gran-des sucessos, Som-brinha é considera-do pela crítica e no mundo do samba, um grande ícone da Músi-ca Popular Brasileira (MPB). Natural de São Vicente, Sombrinha cresceu em um am-biente musical, seu pai organizava rodas de choro em sua casa. Logo após, fez suces-so no Brasil.

DIA 21

Os pacotes para festas e hotéis para o Réveillon já estão à venda para eventos na Ponta Negra

Pacotes e ingressos para Réveillon estão à venda

O hotel Park Suites Manaus, localiza-do às margens do rio Negro, na Pon-

ta Negra, está oferecendo tarifa diferenciada e jantar especial como opções para o Réveillon, no dia 31.

O jantar começará às 20h com repertório musical sob o comando da cantora ama-zonense Ketlen Nascimento, fazendo um show com voz e violão. O cardápio da ceia terá entradas, pratos principais e sobremesas. Destaque para as receitas de ratatoulle de legumes, pirarucu ao molho de camarão, pernil à Califórnia, supreme de frango ao molho de champangner e medalhão de filé ao molho de Sálvio.

A ceia especial do réveillon será vendida, separadamen-te da tarifa de hospedagem, ao valor de R$ 380 por pes-soa. Crianças até sete anos não pagam e, a partir, desta idade até os 12 anos deverão pagar metade do valor, ou seja, R$ 190.

Já as tarifas de hospedagem estão sendo oferecidas a par-tir de R$ 365 para suíte “Supe-rior Single” e R$ 405 para suíte “Superior Duplo”. Também há opções para suítes no formato “Luxo” e “Premium”. Informa-ções mais detalhadas sobre o Park Suites somente pelo

telefone 3306-4500.No Diamond Convention

Center, no dia 31 de dezembro, a partir das 22h, haverá o

“Viva la vida” que contará com três ambientes e open bar até 6h, tanto na pista quanto na área VIP. Na ocasião, não será cobrada taxa de rolha e, durante toda a noite, haverá promoções como três Scarloff Ice por R$ 10.

No “Stage Peace by Hei-neken”, as bandas Critical Age e Casulo dividirão o palco para fazer o público dançar ao som de rock’n’roll e reggae.

No “Stage Love” terá Ases do Pagode, Adriano Arcanjo, Luis Eduardo Dornellas e a bateria da Aparecida . Já os fãs das pistas de dança poderão se esbaldar na boate que será montada no espaço “Ciroc Music”, com o comando dos DJs Kleber Romão, Sandro Souza e Geraldinho.

Os ingressos já estão dis-poníveis no site Ingresse.com por R$ 60 (pista - 1º lote), que oferece água, cer-veja, refrigerante, caipirinha e caipirosca liberados até 6h. Os passaportes de VIP, também com bebida libe-rada, estão à venda por R$ 120 (masculino - 1º lote) e R$ 90 (feminino - 1º lote) e podem ser parcelados até seis vezes no cartão.

Também terá o “Réveillon 2014 da Seven”, com a apre-sentação dos DJs alemão Phonique e do paulista Dio-go Acccioly. O evento será realizado no dia 31, no Dul-cila Centro de Convenções, localizado na Ponta Negra.

O valor do ingresso para pista é R$ 70 para homens e R$ 40 para mulheres. A área VIP é R$ 180 masculino e R$ 100 feminino, com acesso ao open bar de whisky, vo-dka, cerveja, refrigerante e água, de meia noite até às

3h. Todos os valores são referentes ao primeiro lote. A venda será pelo site www.ingresse.com.br.

A grande atração do ré-veillon, o DJ Phonique, vai trazer para Manaus um set list especial,

‘Virada’ com música eletrônica

A grande atração do Réveillon da Seven, realizado no Ducila, será o DJ Phonique

DIV

ULG

AÇÃO

D08 - PLATEIA.indd 8 13/12/2013 23:38:09

Page 33: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 [email protected] (92) 3090-1010

3 Do arquivo de Luiz Fernando CarvalhoFazenda Acauã, Paraíba, 1991. Pág. 6

2 A batalha de Belo MonteUm gigante de R$ 30 bilhões se ergue na Amazônia. Págs. 4 e 5

1

4

Os meninos traquinas de HergéE outras 8 indicações culturais. Pág. 2

A verdade, essa relíquia perdidaA busca de Husserl pela essência. Pág. 8

CapaDesenho a carvão deNuno Ramos

G01 - ILUSTRISSIMA.indd 1 14/12/2013 01:00:22

Page 34: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

G2 MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

Ilustríssima SemanaO MELHORA DA CULTURA EM 9 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

A BIBLIOTECADE RAQUELA colunista do Painel das Letras e repórter da “Ilustríssima” co-menta o mercado editorial

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

HERGÉTrecho de animação inspi-rada em tirinhas do criador de Tintim

>>folha.com/ilustrissima

ALVARO COSTA E SILVA, o Marechal, 50, é jornalista.

CÉSAR BENJAMIN, 59, é editor da Contraponto.

CLAUDIUS CECCON, 76, é arquiteto e cartunista.

DIMMI AMORA, 39, é repórter da Folha.

ELEONORA DE LUCENA, 56, é repórter especial da Folha.

LALO DE ALMEIDA, 43, é repórter-fotográfi co.

LUIZ FERNANDO CARVALHO, 53, é cineasta. Dirigiu, entre outros, o fi lme “Lavoura Arcaica” (2001) e o especial

“Alexandre e Outros Heróis”, que a Globo exibe nesta quarta (dia 18), às 22h20.

MARCELO LEITE, 56, repórter especial da Folha, é autor de livros como “Promessas do Genoma” (ed. Unesp). Coordenou o projeto Tudo Sobre Belo Monte.

MORRIS KACHANI, 44, é repórter especial da Folha.

NUNO RAMOS, 53, é artista plástico e escritor, autor de livros como “Ó” e “Junco” (ambos pela Iluminuras). Inaugura a exposição “Anjo e Boneco” no MON de Curitiba nesta terça (dia 17).

RODRIGO MACHADO, 33, é repórter do “TV Folha”.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

PEDRO BLANCO

PERIÓDICO | REVISTA USPO dossiê desta 98ª edição aborda a memória,

analisada tanto do ponto de vista fisiológico quanto cultural. Iván Izquierdo, professor de neurologia da PUC-RS, e seus colaboradores exploram os processos de formação das me-mórias de curta e longa duração . Já Paulo Endo, professor do Instituto de Psicologia da USP, examina a relação do luto com o esquecimento. Outro destaque é o texto dos pesquisadores da UFRN Sidarta Ribeiro e Wilfredo Blanco Figuerola sobre como o sono consolida a memória.

R$ 20 | 168 págs.

Quick (de verme-lho) e Flupk em desenho de Hergé

LIVRO | ADÉLIA PRADO“Miserere”, coletânea inédita da poeta minei-

ra, revisita os aspectos místicos e religiosos centrais de sua produção. Os 38 poemas do livro são lampejos sobre lembranças da infân-cia, a morte e a transcendência da alma.

Record | R$ 25 | 96 págs.

LIVRO | HAROLD BLOOMEm 1973, o crítico literário americano pu-

blicou “A Angústia da Influência”, célebre estudo sobre os papéis desempenhados pela competição e inveja na criação literária. Bloom revisita e amplia sua análise em “A Anatomia da Influência”, no qual abarca e correlaciona autores dos últimos 400 anos. Neste ambi-cioso novo trabalho, o autor esquadrinha o cânone ocidental por meio dos conceitos de emulação, mimese e traição.

trad. Renata Telles e Ivo Korytowski | Objetiva | R$ 49,90 | 462 págs.

CINEMA | YASUJIRO OZUO diretor japonês, morto há 50 anos, é tema

de mostra no Museu da Imagem e do Som. Ozu retratou as transformações sociais de seus país por meio das relações familiares e dos pequenos fatos do cotidiano, flagrados em tom discreto, por câmera quase sempre imóvel, que fez com que sua arte fosse cha-mada de anticinema. O ciclo inclui clássicos como “Filho Único” (1936) .

de qua. (dia 18) a dom. (dia 22) | grátis (retirar ingresso com uma hora de ante-cedência) | www.mis-sp.org.br

LIVRO | IVAN TURGUÊNIEVEmbora mais conhecido no Ocidente por seus

romances, especialmente “Pais e Filhos” (1862), Turguêniev (1818-83), foi também um dos gran-des contistas da literatura russa. As 25 histórias de “Memórias de um Caçador” (1852) compõem um abrangente painel das contradições políticas e sociais da Rússia do século 19.

trad. Irineu Franco Perpetuo | Editora 34R$ 59 | 488 págs.

LIVRO | PAULO MARIOTTIPor dez anos, o ilustrador registrou, munido

apenas de caneta esferográfica azul e papel Canson, cenas e personagens anônimos do Rio. Os desenhos, como o desta esquina do Leblon, ganham as páginas do livro “Aqui - Crônicas Cariocas”, mosaico afetuoso e delicado da capital fluminense.

Bei | R$ 75 | 120 págs.

DEBATE | SESC_VIDEOBRASILO Festival de Arte Contemporânea Sesc_Vi-

deobrasil promove o encontro “Estranha-mento Zero: o Vídeo entre o Cinema e as Artes Visuais”, com os cineastas Kiko Goifman e Cao Guimarães e a ensaísta e professora de comunicação da UFRJ Ivana Bentes. A mediação é de Eduardo de Jesus, curador do evento.

Galeria Pivô - SP | qua. (dia 18), às 20h | grátis

HQ | HERGÉEm 1930, o quadrinista belga

(1907-83), criador de Tintim, ini-ciou a série de histórias dos ga-rotos Quick e Flupke. As tirinhas fizeram sucesso e seriam depois lançadas, em versão colorida, em 11 álbuns avulsos, entre 1949 e 1969. O primeiro deles é publicado agora no Brasil. Nos quadrinhos, ambientados nas ruas de Bruxelas, Hergé exibe traços semelhantes aos do intrépido repórter que o consagraria.

‘As Diabruras de Quick e Flu-pke’ trad. André Telles | Globo Livros R$ 39,90 | 184 págs.

1

LIVROS | ALICE MUNROEm 1930, o quadrinista belga (1907-83), criador de Tintim,

iniciou a série de histórias dos garotos Quick e Flupke. As tirinhas fizeram sucesso e seriam depois lançadas, em versão colorida, em 11 álbuns avulsos, entre 1949 e 1969. O primeiro deles é publicado agora no Brasil. Nos quadrinhos, ambien-tados nas ruas de Bruxelas, Hergé exibe traços semelhantes aos do intrépido repórter que o consagraria.

‘As Diabruras de Quick e Flupke’ trad. André Telles | Globo Livros R$ 39,90 | 184 págs.

Da esq. para a dir., Rodrigo Machado, Lalo de Almeida e Marcelo Leite, no rio Xingu

G02 - ILUSTRISSIMA.indd 2 14/12/2013 01:01:43

Page 35: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

G3MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

G03 - PUBLICIDADE.indd 5 14/12/2013 01:01:58

Page 36: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

G4 MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 G5

RESUMOEste é o primeiro capítu-lo de “A Batalha de Belo Monte”, que inaugura a série digital Tudo Sobre, no site da Folha. Além desta descrição da obra, outras quatro partes, disponíveis on-line, abordam os impactos na Volta Grande do Xingu, o caos em Altamira, a situação dos índios e as décadas de polêmica em torno da hidrelétrica.

A explosão às 6h da manhã arranca uma camada de 9 m de espessura do bloco de mig-matito numa área de 750 m que já foi a morada de árvores centenárias na zona rural de Altamira e Vitória do Xingu (PA). Assentada a poeira, resta uma montanha de fragmentos dessa rocha dura, aparentada com o granito. À meia-noite, nem um pedregulho estará mais ali.

Duas escavadeiras se posicio-nam lado a lado, a 50 m uma da outra. Cinco levantamentos de cada uma e, em menos de três minutos, enche-se uma carreta com 32 toneladas de pedras. Sai um caminhão, encosta ou-tro. Em 20 minutos, partem 18 caçambas cheias. Não há um segundo de descanso.

O ritmo frenético de homens e máquinas marca a construção de um canal de 20 km de compri-mento, para dar passagem aos 14 milhões de litros de água por segundo desviados do rio Xingu – vazão quase 140 vezes maior que a do canal de transposição do São Francisco – que vão mo-vimentar as turbinas da terceira maior hidrelétrica do mundo, e também uma das mais contro-versas: Belo Monte, da empresa Norte Energia S.A.

Quando estiver funcionando a toda força, a usina poderá produzir até 11.233 megawat-ts (MW) de eletricidade. Uma capacidade instalada sufi ciente para iluminar as casas de pelo menos 18 milhões de pessoas e fi car atrás só da hidrelétrica chinesa Três Gargantas (22.720 MW) e da paraguaio-brasileira Itaipu (14 mil MW).

Segundo a Empresa de Pes-quisa Energética (EPE), do Mi-nistério de Minas e Energia, o Brasil precisa acrescentar 6.350 MW anuais de geração elétrica, até 2022, ao seu parque atual de 121 mil MW (70% produzidos por hidrelétricas). Se pudesse produzir a toda carga o ano inteiro, Belo Monte garantiria quase um quinto da eletrici-dade adicional de que o país vai precisar – mas isso só tem chance de ocorrer em quatro meses do ano.

A maior parte da capacidade de geração (11 mil MW) da nova usina fi cará instalada na casa de força principal, junto da antiga vila de Belo Monte do Pontal, cuja obra já avançou 47%.

A barragem propriamente dita, contudo, fi cará 60 km rio acima, do outro lado da Volta Grande do Xingu, no sítio Pi-mental, pouco depois do ponto em que o canal captará água para encher os 130 km do re-servatório intermediário. Junto ao vertedouro da barragem de Pimental, seis turbinas poderão produzir até 233 MW na casa de força auxiliar.

MARCELO LEITEDIMMI AMORAMORRIS KACHANILALO DE ALMEIDARODRIGO MACHADOILUSTRAÇÃO NUNO RAMOS

As dúvidas e o gigantismo dos números que erguem Belo Monte

TEMPOCom um custo inicial estimado em R$ 30 bilhões, a hidrelétrica de Belo Monte tem prazo apertado para começar a produzir energia: só 44 meses. Na usina Itaipu foram 120 meses

Tudo sobre Belo Monte

O pico de 11.233 MW só poderá ser alcançado entre fe-vereiro e maio, quando o Xingu atinge suas vazões máximas. Nos outros meses, as turbi-nas serão progressivamente desligadas. Entre altos e bai-xos, espera-se que Belo Monte garanta uma média de 4.571 MW, ou apenas 41% de sua capacidade instalada.

“Para começar a gerar, isso tudo tem de estar concluído”, diz a engenheira civil Roberta Martinelli Pimentel Pereira, 35, apontando para o canal onde poderiam acomodar-se facilmente 60 caminhões lado a lado.

Belo Monte precisa começar a produzir energia em fevereiro de 2015, com o funcionamento da primeira turbina da casa de força auxiliar, mas isso vai atrasar uns três meses. Depois, de março de 2016 até janeiro de 2019, entram em linha as 18 turbinas da casa de força principal. Nesse caso, nada pode atrasar.

Na realidade, a Norte Energia trabalha com a hipótese de an-tecipar a montagem das turbi-nas principais, a partir da quarta ou quinta máquina, de modo a que todas estejam em operação antes do prazo contratual – o que trará ganhos consideráveis para o empreendedor.

No presente, o maior desafi o de Roberta Pereira é domar as águas dos igarapés que cor-tam o curso do grande canal e completar, ainda em dezem-bro, a ensecadeira – espécie de barragem provisória, para manter a construção isolada do rio Xingu. A engenheira miúda comanda 7.000 empregados e tem 12 anos “no trecho”, como se refere às grandes obras de infraestrutura por que passou. A ensecadeira já tem fundações prontas, e a maior parte do aterro já alcançou a cota de se-gurança contra cheias, 95 m.

Belo Monte fervilha 24 horas por dia, dois anos e meio após o início ofi cial de sua constru-ção, em junho de 2011. Com um custo estimado em R$ 30 bilhões, o prazo para começar a produzir energia é apertado: só 44 meses. Em Itaipu foram 120 meses; a previsão para a hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira (RO), era de 52 meses, mas a usina começou a gerar energia nove meses antes disso.

ClímaxAs obras de Belo Monte atin-

giram o clímax em outubro, com 25 mil trabalhadores (87% deles homens). Três quartos dos mais de 5.600 municípios brasileiros têm população menor que esse exército de operários.

De cidades bem menores que os canteiros da usina vieram João, José, Antônio, Pedro e Jo-aquim (que pedem para não ter seus verdadeiros nomes revelados).

Sentados domingo à tarde na calçada da av. João Rodrigues, em Altamira, os cinco bebem vodca com soda. Chegaram há pouco mais de um mês e já pensam em ir embora. Belo Monte foi para eles uma de-cepção. “Nosso salário, em vista de outros Estados, tá aqui”, diz João, com o dedo indicador perto

3O controvertido colosso do Xingu

do chão.João não é barrageiro de

primeira campanha. Em 2011, trabalhou na usina de Santo Antônio, no rio Madeira. Diz que lá sua renda mensal fi cava entre R$ 1.700 e R$ 1.800. Em Belo Monte, o primeiro salário não passou de R$ 1.200.

O teto de dez horas extras semanais negociado entre o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) e o Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Pe-sada do Pará) impede os ope-rários confi nados nos canteiros de trabalhar mais que 54 horas por semana – e, portanto, de aumentar o pagamento.

Mais de dois terços dos tra-balhadores vêm de fora de Altamira. O isolamento da fa-mília é agravado pelo fato de nos canteiros só haver sinal da operadora Oi, que tem entre seus controladores a Andrade Gutierrez, líder das empreiteiras do CCBM (que conta ainda com Odebrecht e Camargo Corrêa).

Quem tem celular de outras redes pena para falar com a mulher e os fi lhos. Os mais

persistentes descobriram vestí-gios de sinal no morro da caixa d’água perto do alojamento de Pimental, onde podem ser vistos usando aparelhos amarrados em estacas fi ncadas no chão.

Segundo pesquisa Datafolha com 246 trabalhadores da obra entrevistados em Altamira, a maioria é de casados (51%), dos quais só 40% têm mulher ou marido vivendo na cidade. Dois entre três trabalham em Belo Monte há menos de um ano e pelo menos a metade não pre-tende fi car, só veio em busca do emprego (38% já trabalharam em outras barragens).

Os alojamentos têm dormi-tórios para no máximo quatro pessoas, com ar-condicionado, banheiro interno e água quente. Dezenas de quartos compõem os “condomínios”, em cada um dos quais só se entra com o crachá magnético correspon-dente. No pátio interno entre os condomínios, os quartos são isolados por alambrados.

As opções de lazer são ver TV, ir à academia, jogar sinuca, dominó ou pebolim. Há espaço para cultos religiosos e aulas

de informática. Um cinema com 200 lugares está para ser inau-gurado. De acordo com o Data-folha, 57% dos trabalhadores da usina moram nos alojamentos dos canteiros. A maioria aprova conforto (89% de ótimo e bom) e limpeza (84%) do local, assim como sua organização (71%) e as opções de lazer (70%). Só a qualidade da alimentação divi-de opiniões: 45% de ótimo/bom contra 45% de regular.

PrazoGreves de trabalhadores

(como a que parou toda a obra

no fi nal de novembro, por me-lhor remuneração), protestos de índios, paralisações determina-das pela Justiça e problemas com licenças ambientais podem forçar a Norte Energia a atrasar o início da geração. Pelo con-trato assinado com a União, a multa por descumprimento do prazo pode chegar a 2% do faturamento anual.

A Norte Energia ainda teria de comprar de outras empresas a energia que não entregar, ao custo diário de até R$ 1 milhão por turbina não acionada, de-pendendo do preço da energia na época. Esse prejuízo acabaria assumido pelos contribuintes, pois, apesar de planejado como empreendimento privado, Belo Monte no fundo é estatal – não é à toa que a Força Nacional de Segurança participa da vigilân-cia na obra.

Em 2010, quando a Norte Energia venceu o leilão para construir Belo Monte, o grupo era pouco mais que um aglo-merado de empresas médias de construção civil e energia (Bertin, Queiroz Galvão, J. Malu-celli, Cetenco, Galvão Engenha-

DISPUTAO diretor de obras Antonio Kelson recor-da sua reação, após a Norte vencer no leilão um consórcio favori-to: ‘O Piauí ganhou a guerra com os Esta-dos Unidos. Agora tem de ocupar’

ria, Mendes Júnior e Serveng) com estatais lideradas pela Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco).

Desde então, sua composição evoluiu para uma associação entre as estatais e fundos de pensão, que contratou para to-car a obra civil boa parte das empreiteiras perdedoras do lei-lão, agora reunidas no CCBM.

Antonio Kelson Elias Filho, 55, é o diretor de obras da Nor-te Energia. Com seu sotaque mineiro, modos diretos e voz poderosa, Kelson é o próprio comandante-em-chefe da me-gaconstrução. Distribui ordens o tempo todo, pessoalmente e por telefone.

Ao recordar sua reação após a vitória no leilão sobre um con-sórcio dado como favorito, Kel-son deixa claro qual era o estado de espírito da tropa improvisada ao assumir o domínio sobre Belo Monte: “O Piauí ganhou a guerra com os Estados Unidos. Agora tem de ocupar”.

Tudo em Belo Monte é co-lossal. O canal de 20 km sob o comando da engenheira Rober-ta Pereira tem no mínimo 200 m de largura no fundo e pode ultrapassar 300 m na borda superior dos taludes. A água alcançará uma profundidade de 22 m, o equivalente a um prédio de sete andares. A barragem em Pimental terá 8 km. O coração da usina, em Belo Monte, vai abrigar 18 turbinas de 5 m de altura e 8,5 m de diâmetro em nichos escavados na rocha viva, com altura equivalente a 45 andares.

O gerador movimentado pela turbina tem 22 m de diâmetro e precisa ser levado aos pedaços até a região, pela impossibi-lidade de transportá-lo numa peça só.

Sete dessas unidades gerado-ras começaram a ser montadas neste mês na fábrica da Alstom em Taubaté (SP), a mais de 2.300 km de Altamira.

A fi nalização da roda da tur-

bina exige soldar três tipos de peças: o cubo (roda menor), fundido na Coreia do Sul; a cinta (roda maior), produzida na China; e as pás fabricadas em Piracicaba pela empresa brasileira Dedini.

Ao contrário do gerador, a roda segue inteira – 320 tone-ladas de aço inoxidável – para o Pará. Cada viagem deve tomar de três a quatro meses, de carreta até Santos, depois de navio até Belém e, por fi m, de balsa até o porto construído em Belo Monte. Só o contrato da Alstom, fi rma de origem fran-cesa envolta em escândalos que lidera o consórcio para fabricar 14 das 18 unidades geradoras, vale R$ 1,3 bilhão.

Ela entregará a primeira tur-bina para geração no início de 2016, na casa de força principal do sítio Belo Monte. Os outros quatro conjuntos de turbina e gerador estão sendo fabricados em Suape (PE) pela Impsa, multinacional argenti-na contratada separadamente pela Norte Energia.

LogísticaA logística da construção não

tem sido fácil. A rodovia Tran-samazônica, aberta na década de 1970, ainda tem trechos não asfaltados nos 906 km que separam Altamira da capital do Estado, Belém, os quais se tornam intransitáveis no pe-ríodo de chuvas, de dezembro a junho.

A construção de 270 km de acessos da Transamazônica até os canteiros permitiu au-mentar o ritmo das obras. Em 2011, quando ela começou, um caminhão levava quatro ou cinco horas para ir da rodovia ao sítio Pimental. Agora, leva 40 minutos.

Em julho de 2011, protestos fecharam a Transamazônica. Para alimentar os empregados, foi necessário fretar dois aviões, ao custo total de R$ 80 mil, que foram buscar em Belém tone-ladas de arroz e outros víveres. Quando a carga chegou, havia comida só para três dias de alimentação.

A rubrica transporte repre-

senta em torno de 8% do custo total do projeto Belo Monte. “Se tivéssemos a Transamazô-nica asfaltada, teríamos uma economia de R$ 200 milhões, dos R$ 800 milhões já gastos com transporte”, calcula Marcos Sordi, diretor administrativo do CCBM. Na avaliação do consór-cio, ao fi nal deste ano cerca de metade de toda a obra civil de Belo Monte estará realizada. Na barragem do rio Xingu, a parte que precisa fi car pronta em 2014 para acionar as tur-binas na casa de força auxiliar de Pimental, as obras devem chegar a 47%. Os engenheiros afi rmam que tudo está dentro do cronograma.

PedraO migmatito é um dos gran-

des segredos de Belo Monte. A abundância e a dureza da rocha permitiram aos enge-nheiros, após dez meses de testes, alterar o projeto original: em lugar de revestir o leito do canal com concreto, optaram por cobri-lo com pedra britada – pedregulhos de até 20 cm. Isso vai economizar 1 milhão de m de concreto e R$ 200 milhões no custo da obra, além de encurtar de 27 para 16 meses o tempo de construção do canal.

As pedras, porém, formam uma superfície mais rugosa que o concreto, o que faz com que a água avance do rio para o reser-vatório com velocidade menor, pelo atrito. E a velocidade da água é fundamental na geração da energia, para garantir que o volume adequado seja aboca-nhado pelas turbinas.

O princípio do funcionamento de uma hidrelétrica é que um grande volume de água desça o mais rapidamente possível do ponto mais alto para o mais baixo, a fi m de girar turbinas que vão acionar os geradores.

A energia é produzida pelo movimento circular de um rotor com enrolamento de cobre no interior de outro circuito imóvel do mesmo metal (o estator) – exatamente o inverso do pro-cesso de um motor elétrico, que consome eletricidade para produzir movimento, enquanto o gerador converte a energia mecânica em elétrica.

Para compensar a perda de velocidade da água no canal revestido com pedras, foi ne-cessário “alargar o cano”, ou seja, aumentar sua seção (em 35%). São mais árvores para

LOCALPara os altamiren-ses, a usina por ora só trouxe quedas de energia. A rede elétri-ca, com fios e trans-formadores das déca-das de 1970 e 1980, não suporta o aumen-to do consumo

retirar, migmatito para explodir, escavadeiras para levantar e caminhões para transportar.

Kelson afi rma que foi tudo calculado para o balanço entre receita e despesa ser positi-vo. “Não brinca. Se chegar à conclusão de que é negativo, melhor não mudar”, diz o diretor de obras.

A Norte Energia não tem margem para errar nas contas. Mesmo com 35 anos de estudos sobre o empreendimento, o TCU (Tribunal de Contas da União) apontou, antes da licitação de 2010, que o projeto de Belo Monte implicava “elevado nível de incerteza, incompatível com o porte da obra”.

O orçamento do projeto estimado pelo governo foi considerado por empresas interessadas insufi ciente para construir a usina, pagar suas despesas e gerar um retorno por volta de 6% ao ano sobre o capital investido.

Quem disputa a concessão de uma hidrelétrica tem como prin-cipal fonte de receita a venda de energia para o sistema interli-gado nacional. No caso de Belo Monte, o governo estimou em 2008 que uma tarifa de R$ 83 por MWh (megawatt-hora) se-ria sufi ciente para cobrir todos os custos e dar lucro. Venceria quem oferecesse a menor tarifa. Quando há disputa, a empresa precisa oferecer um desconto sobre essa tarifa – desde que as simulações indiquem que ela pode ganhar mais com a comercialização de energia, ter um lucro menor ou fazer uma obra a custo mais baixo que o previsto.

Por outro lado, se a obra sair mais cara que o orçado pela vencedora do leilão, ou se a usina não gerar energia na quantida-de e no prazo previstos, é ela quem arca com o prejuízo.

“O que vale para o consu-midor é o preço fi nal. O que consideramos nas nossas hipó-teses é irrelevante”, diz Maurí-cio Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Planejamento Energético), estatal responsá-vel por defi nir os parâmetros dos editais da licitação.

SuspeitaEm abril de 2010, a Norte

Energia venceu a concorrên-cia pela concessão de Belo Monte oferecendo um valor 6% menor (R$ 78) que o preço de referência. O custo da obra estimado pela Norte Energia, contudo, era 30% superior ao máximo previsto pelo governo. Para o mercado, não parecia possível recuperar o investi-mento com a tarifa oferecida. Uma decisão da Eletrobras tomada meses depois do leilão reforçou essa suspeita.

A Eletrobras, holding estatal que controla a Chesf, fi rmou um contrato com a Norte Energia para comprar, por R$ 130 o MWh, a energia excedente que Belo Monte puder vender no mercado. Esse preço da eletri-cidade extra, vendida no mer-

cado livre, varia diariamente e, na média dos últimos dez anos, fi cou em R$ 79. Portanto, a estatal-mãe deu uma bela ajuda à fi lha, que a usou para convencer o BNDES a liberar um empréstimo subsidiado de R$ 22,5 bilhões.

“A isso se dá o nome de energia limpa e barata”, ironiza Célio Bermann, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP. Para o especialista, Belo Monte está acima da média mundial de US$ 1.000 por MW instalado e vai ocasionar des-pesas para o contribuinte com os subsídios implícitos no fi nan-ciamento e na comercialização da energia.

A Norte Energia depende ain-da do Ibama para saber, de fato, quanto Belo Monte vai produzir de eletricidade. Por contrato, ela precisa gerar 4.571 MW em média, ao longo de cada ano (meros 41% de sua capacidade instalada), sendo que 70% des-sa energia garantida vai para o sistema integrado.

Como o reservatório que ali-mentará a casa de força prin-cipal é relativamente pequeno, a água que for reservada no período de cheia não bastará para gerar nem 10% da capa-cidade quando chegar o auge da seca. Uma das condições do Ibama para dar a licença de operação da usina é que o rio Xingu precisa de uma vazão mínima nas cheias para manter em boa saúde os ecossistemas na Volta Grande, abaixo da bar-ragem de Pimental.

Belo Monte tem, no entan-to, um atributo que pesou na decisão de seguir em frente com a sua construção: poderá gerar energia em abundância nos períodos do ano em que as usinas hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste, principais re-giões produtoras, operam com restrições para não esgotar seus reservatórios.

Em 2012, foi necessário gerar 14,3 mil MW em média, ao mês, acionando usinas térmicas, o que custou ao país R$ 12 bilhões a mais que a geração hidre-létrica. Para os altamirenses, a eletricidade de Belo Monte ainda é uma fi cção. Por ora, a usina só lhes trouxe segui-das interrupções de energia. A rede elétrica de distribuição, com seus fi os e transforma-dores das décadas de 1970 e 1980, não suporta o aumento do consumo.

No verão amazônico, quan-do as temperaturas quase não baixam dos 35’C, os clientes em busca de sistemas de ar-condicionado não podem ser atendidos na Climatech, por-que os aparelhos da loja não funcionam, e o local se trans-forma numa estufa. “Estamos fazendo a maior usina do Brasil e não temos energia”, lamen-ta Evaldo André, 33, dono da empresa, que deve a própria prosperidade de seu empre-endimento a Belo Monte: em dois anos a fi rma passou de 5 para 25 funcionários.

A primeira visita à obra de Belo Monte aconteceu de-baixo d’água. Chovia como só chove na Amazônia, em março, e foi preciso amas-sar muito barro para fazer o reconhecimento do ter-reno nos três canteiros de construção, separados por dezenas de quilômetros.

Ficou evidente que um só repórter, em poucos dias, não daria conta de abarcar todos os aspectos do empre-endimento controverso, que

enfrenta resistências desde os anos 1980. Planejou-se enviar quatro ou cinco jor-nalistas à área, em agosto (estação seca), por duas se-manas. Uma decisão acerta-da. Com o Xingu mais baixo, a transparência de suas águas revelou toda a majestade do rio que margeia duas dezenas de terras indígenas em seus cerca de 2.700 km.

Em paralelo, aprofunda-vam-se as pesquisas para produzir os infográfi cos so-bre a intrincada engenharia da usina.

Na Volta Grande, agora ameaçada pela barragem, o Xingu se espraia por uma enormidade de canais lím-pidos. Ali vicejam os acaris, família de peixes ornamen-tais que está na base da so-brevivência de muitos índios e ribeirinhos.

O contraste com Altami-ra, rio acima, é chocante. A cidade viu sua população aumentar pelo menos 40% em dois anos. “Caos” é a palavra que mais se ouve – no trânsito, na violência, nas obras de saneamento

que rasgam as ruas da noite para o dia. Isso para não falar do despreparo do po-der público em mitigar os previsíveis impactos sociais do empreendimento.

O resultado de quase dez meses de trabalho, no qual se envolveram de uma maneira ou de outra 15 jornalistas, aparece hoje na série Tudo Sobre, do site da Folha. Uma extensa reportagem acom-panhada de gráfi cos dinâmi-cos, vídeos e fotos para mos-trar todas as facetas da maior obra em curso no país.

Reportagem consumiu dez mesesMARCELO LEITE

G04 E G05 - ILUSTRISSIMA.indd 4-5 14/12/2013 01:03:01

Page 37: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

G4 MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 G5

RESUMOEste é o primeiro capítu-lo de “A Batalha de Belo Monte”, que inaugura a série digital Tudo Sobre, no site da Folha. Além desta descrição da obra, outras quatro partes, disponíveis on-line, abordam os impactos na Volta Grande do Xingu, o caos em Altamira, a situação dos índios e as décadas de polêmica em torno da hidrelétrica.

A explosão às 6h da manhã arranca uma camada de 9 m de espessura do bloco de mig-matito numa área de 750 m que já foi a morada de árvores centenárias na zona rural de Altamira e Vitória do Xingu (PA). Assentada a poeira, resta uma montanha de fragmentos dessa rocha dura, aparentada com o granito. À meia-noite, nem um pedregulho estará mais ali.

Duas escavadeiras se posicio-nam lado a lado, a 50 m uma da outra. Cinco levantamentos de cada uma e, em menos de três minutos, enche-se uma carreta com 32 toneladas de pedras. Sai um caminhão, encosta ou-tro. Em 20 minutos, partem 18 caçambas cheias. Não há um segundo de descanso.

O ritmo frenético de homens e máquinas marca a construção de um canal de 20 km de compri-mento, para dar passagem aos 14 milhões de litros de água por segundo desviados do rio Xingu – vazão quase 140 vezes maior que a do canal de transposição do São Francisco – que vão mo-vimentar as turbinas da terceira maior hidrelétrica do mundo, e também uma das mais contro-versas: Belo Monte, da empresa Norte Energia S.A.

Quando estiver funcionando a toda força, a usina poderá produzir até 11.233 megawat-ts (MW) de eletricidade. Uma capacidade instalada sufi ciente para iluminar as casas de pelo menos 18 milhões de pessoas e fi car atrás só da hidrelétrica chinesa Três Gargantas (22.720 MW) e da paraguaio-brasileira Itaipu (14 mil MW).

Segundo a Empresa de Pes-quisa Energética (EPE), do Mi-nistério de Minas e Energia, o Brasil precisa acrescentar 6.350 MW anuais de geração elétrica, até 2022, ao seu parque atual de 121 mil MW (70% produzidos por hidrelétricas). Se pudesse produzir a toda carga o ano inteiro, Belo Monte garantiria quase um quinto da eletrici-dade adicional de que o país vai precisar – mas isso só tem chance de ocorrer em quatro meses do ano.

A maior parte da capacidade de geração (11 mil MW) da nova usina fi cará instalada na casa de força principal, junto da antiga vila de Belo Monte do Pontal, cuja obra já avançou 47%.

A barragem propriamente dita, contudo, fi cará 60 km rio acima, do outro lado da Volta Grande do Xingu, no sítio Pi-mental, pouco depois do ponto em que o canal captará água para encher os 130 km do re-servatório intermediário. Junto ao vertedouro da barragem de Pimental, seis turbinas poderão produzir até 233 MW na casa de força auxiliar.

MARCELO LEITEDIMMI AMORAMORRIS KACHANILALO DE ALMEIDARODRIGO MACHADOILUSTRAÇÃO NUNO RAMOS

As dúvidas e o gigantismo dos números que erguem Belo Monte

TEMPOCom um custo inicial estimado em R$ 30 bilhões, a hidrelétrica de Belo Monte tem prazo apertado para começar a produzir energia: só 44 meses. Na usina Itaipu foram 120 meses

Tudo sobre Belo Monte

O pico de 11.233 MW só poderá ser alcançado entre fe-vereiro e maio, quando o Xingu atinge suas vazões máximas. Nos outros meses, as turbi-nas serão progressivamente desligadas. Entre altos e bai-xos, espera-se que Belo Monte garanta uma média de 4.571 MW, ou apenas 41% de sua capacidade instalada.

“Para começar a gerar, isso tudo tem de estar concluído”, diz a engenheira civil Roberta Martinelli Pimentel Pereira, 35, apontando para o canal onde poderiam acomodar-se facilmente 60 caminhões lado a lado.

Belo Monte precisa começar a produzir energia em fevereiro de 2015, com o funcionamento da primeira turbina da casa de força auxiliar, mas isso vai atrasar uns três meses. Depois, de março de 2016 até janeiro de 2019, entram em linha as 18 turbinas da casa de força principal. Nesse caso, nada pode atrasar.

Na realidade, a Norte Energia trabalha com a hipótese de an-tecipar a montagem das turbi-nas principais, a partir da quarta ou quinta máquina, de modo a que todas estejam em operação antes do prazo contratual – o que trará ganhos consideráveis para o empreendedor.

No presente, o maior desafi o de Roberta Pereira é domar as águas dos igarapés que cor-tam o curso do grande canal e completar, ainda em dezem-bro, a ensecadeira – espécie de barragem provisória, para manter a construção isolada do rio Xingu. A engenheira miúda comanda 7.000 empregados e tem 12 anos “no trecho”, como se refere às grandes obras de infraestrutura por que passou. A ensecadeira já tem fundações prontas, e a maior parte do aterro já alcançou a cota de se-gurança contra cheias, 95 m.

Belo Monte fervilha 24 horas por dia, dois anos e meio após o início ofi cial de sua constru-ção, em junho de 2011. Com um custo estimado em R$ 30 bilhões, o prazo para começar a produzir energia é apertado: só 44 meses. Em Itaipu foram 120 meses; a previsão para a hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira (RO), era de 52 meses, mas a usina começou a gerar energia nove meses antes disso.

ClímaxAs obras de Belo Monte atin-

giram o clímax em outubro, com 25 mil trabalhadores (87% deles homens). Três quartos dos mais de 5.600 municípios brasileiros têm população menor que esse exército de operários.

De cidades bem menores que os canteiros da usina vieram João, José, Antônio, Pedro e Jo-aquim (que pedem para não ter seus verdadeiros nomes revelados).

Sentados domingo à tarde na calçada da av. João Rodrigues, em Altamira, os cinco bebem vodca com soda. Chegaram há pouco mais de um mês e já pensam em ir embora. Belo Monte foi para eles uma de-cepção. “Nosso salário, em vista de outros Estados, tá aqui”, diz João, com o dedo indicador perto

3O controvertido colosso do Xingu

do chão.João não é barrageiro de

primeira campanha. Em 2011, trabalhou na usina de Santo Antônio, no rio Madeira. Diz que lá sua renda mensal fi cava entre R$ 1.700 e R$ 1.800. Em Belo Monte, o primeiro salário não passou de R$ 1.200.

O teto de dez horas extras semanais negociado entre o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) e o Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Pe-sada do Pará) impede os ope-rários confi nados nos canteiros de trabalhar mais que 54 horas por semana – e, portanto, de aumentar o pagamento.

Mais de dois terços dos tra-balhadores vêm de fora de Altamira. O isolamento da fa-mília é agravado pelo fato de nos canteiros só haver sinal da operadora Oi, que tem entre seus controladores a Andrade Gutierrez, líder das empreiteiras do CCBM (que conta ainda com Odebrecht e Camargo Corrêa).

Quem tem celular de outras redes pena para falar com a mulher e os fi lhos. Os mais

persistentes descobriram vestí-gios de sinal no morro da caixa d’água perto do alojamento de Pimental, onde podem ser vistos usando aparelhos amarrados em estacas fi ncadas no chão.

Segundo pesquisa Datafolha com 246 trabalhadores da obra entrevistados em Altamira, a maioria é de casados (51%), dos quais só 40% têm mulher ou marido vivendo na cidade. Dois entre três trabalham em Belo Monte há menos de um ano e pelo menos a metade não pre-tende fi car, só veio em busca do emprego (38% já trabalharam em outras barragens).

Os alojamentos têm dormi-tórios para no máximo quatro pessoas, com ar-condicionado, banheiro interno e água quente. Dezenas de quartos compõem os “condomínios”, em cada um dos quais só se entra com o crachá magnético correspon-dente. No pátio interno entre os condomínios, os quartos são isolados por alambrados.

As opções de lazer são ver TV, ir à academia, jogar sinuca, dominó ou pebolim. Há espaço para cultos religiosos e aulas

de informática. Um cinema com 200 lugares está para ser inau-gurado. De acordo com o Data-folha, 57% dos trabalhadores da usina moram nos alojamentos dos canteiros. A maioria aprova conforto (89% de ótimo e bom) e limpeza (84%) do local, assim como sua organização (71%) e as opções de lazer (70%). Só a qualidade da alimentação divi-de opiniões: 45% de ótimo/bom contra 45% de regular.

PrazoGreves de trabalhadores

(como a que parou toda a obra

no fi nal de novembro, por me-lhor remuneração), protestos de índios, paralisações determina-das pela Justiça e problemas com licenças ambientais podem forçar a Norte Energia a atrasar o início da geração. Pelo con-trato assinado com a União, a multa por descumprimento do prazo pode chegar a 2% do faturamento anual.

A Norte Energia ainda teria de comprar de outras empresas a energia que não entregar, ao custo diário de até R$ 1 milhão por turbina não acionada, de-pendendo do preço da energia na época. Esse prejuízo acabaria assumido pelos contribuintes, pois, apesar de planejado como empreendimento privado, Belo Monte no fundo é estatal – não é à toa que a Força Nacional de Segurança participa da vigilân-cia na obra.

Em 2010, quando a Norte Energia venceu o leilão para construir Belo Monte, o grupo era pouco mais que um aglo-merado de empresas médias de construção civil e energia (Bertin, Queiroz Galvão, J. Malu-celli, Cetenco, Galvão Engenha-

DISPUTAO diretor de obras Antonio Kelson recor-da sua reação, após a Norte vencer no leilão um consórcio favori-to: ‘O Piauí ganhou a guerra com os Esta-dos Unidos. Agora tem de ocupar’

ria, Mendes Júnior e Serveng) com estatais lideradas pela Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco).

Desde então, sua composição evoluiu para uma associação entre as estatais e fundos de pensão, que contratou para to-car a obra civil boa parte das empreiteiras perdedoras do lei-lão, agora reunidas no CCBM.

Antonio Kelson Elias Filho, 55, é o diretor de obras da Nor-te Energia. Com seu sotaque mineiro, modos diretos e voz poderosa, Kelson é o próprio comandante-em-chefe da me-gaconstrução. Distribui ordens o tempo todo, pessoalmente e por telefone.

Ao recordar sua reação após a vitória no leilão sobre um con-sórcio dado como favorito, Kel-son deixa claro qual era o estado de espírito da tropa improvisada ao assumir o domínio sobre Belo Monte: “O Piauí ganhou a guerra com os Estados Unidos. Agora tem de ocupar”.

Tudo em Belo Monte é co-lossal. O canal de 20 km sob o comando da engenheira Rober-ta Pereira tem no mínimo 200 m de largura no fundo e pode ultrapassar 300 m na borda superior dos taludes. A água alcançará uma profundidade de 22 m, o equivalente a um prédio de sete andares. A barragem em Pimental terá 8 km. O coração da usina, em Belo Monte, vai abrigar 18 turbinas de 5 m de altura e 8,5 m de diâmetro em nichos escavados na rocha viva, com altura equivalente a 45 andares.

O gerador movimentado pela turbina tem 22 m de diâmetro e precisa ser levado aos pedaços até a região, pela impossibi-lidade de transportá-lo numa peça só.

Sete dessas unidades gerado-ras começaram a ser montadas neste mês na fábrica da Alstom em Taubaté (SP), a mais de 2.300 km de Altamira.

A fi nalização da roda da tur-

bina exige soldar três tipos de peças: o cubo (roda menor), fundido na Coreia do Sul; a cinta (roda maior), produzida na China; e as pás fabricadas em Piracicaba pela empresa brasileira Dedini.

Ao contrário do gerador, a roda segue inteira – 320 tone-ladas de aço inoxidável – para o Pará. Cada viagem deve tomar de três a quatro meses, de carreta até Santos, depois de navio até Belém e, por fi m, de balsa até o porto construído em Belo Monte. Só o contrato da Alstom, fi rma de origem fran-cesa envolta em escândalos que lidera o consórcio para fabricar 14 das 18 unidades geradoras, vale R$ 1,3 bilhão.

Ela entregará a primeira tur-bina para geração no início de 2016, na casa de força principal do sítio Belo Monte. Os outros quatro conjuntos de turbina e gerador estão sendo fabricados em Suape (PE) pela Impsa, multinacional argenti-na contratada separadamente pela Norte Energia.

LogísticaA logística da construção não

tem sido fácil. A rodovia Tran-samazônica, aberta na década de 1970, ainda tem trechos não asfaltados nos 906 km que separam Altamira da capital do Estado, Belém, os quais se tornam intransitáveis no pe-ríodo de chuvas, de dezembro a junho.

A construção de 270 km de acessos da Transamazônica até os canteiros permitiu au-mentar o ritmo das obras. Em 2011, quando ela começou, um caminhão levava quatro ou cinco horas para ir da rodovia ao sítio Pimental. Agora, leva 40 minutos.

Em julho de 2011, protestos fecharam a Transamazônica. Para alimentar os empregados, foi necessário fretar dois aviões, ao custo total de R$ 80 mil, que foram buscar em Belém tone-ladas de arroz e outros víveres. Quando a carga chegou, havia comida só para três dias de alimentação.

A rubrica transporte repre-

senta em torno de 8% do custo total do projeto Belo Monte. “Se tivéssemos a Transamazô-nica asfaltada, teríamos uma economia de R$ 200 milhões, dos R$ 800 milhões já gastos com transporte”, calcula Marcos Sordi, diretor administrativo do CCBM. Na avaliação do consór-cio, ao fi nal deste ano cerca de metade de toda a obra civil de Belo Monte estará realizada. Na barragem do rio Xingu, a parte que precisa fi car pronta em 2014 para acionar as tur-binas na casa de força auxiliar de Pimental, as obras devem chegar a 47%. Os engenheiros afi rmam que tudo está dentro do cronograma.

PedraO migmatito é um dos gran-

des segredos de Belo Monte. A abundância e a dureza da rocha permitiram aos enge-nheiros, após dez meses de testes, alterar o projeto original: em lugar de revestir o leito do canal com concreto, optaram por cobri-lo com pedra britada – pedregulhos de até 20 cm. Isso vai economizar 1 milhão de m de concreto e R$ 200 milhões no custo da obra, além de encurtar de 27 para 16 meses o tempo de construção do canal.

As pedras, porém, formam uma superfície mais rugosa que o concreto, o que faz com que a água avance do rio para o reser-vatório com velocidade menor, pelo atrito. E a velocidade da água é fundamental na geração da energia, para garantir que o volume adequado seja aboca-nhado pelas turbinas.

O princípio do funcionamento de uma hidrelétrica é que um grande volume de água desça o mais rapidamente possível do ponto mais alto para o mais baixo, a fi m de girar turbinas que vão acionar os geradores.

A energia é produzida pelo movimento circular de um rotor com enrolamento de cobre no interior de outro circuito imóvel do mesmo metal (o estator) – exatamente o inverso do pro-cesso de um motor elétrico, que consome eletricidade para produzir movimento, enquanto o gerador converte a energia mecânica em elétrica.

Para compensar a perda de velocidade da água no canal revestido com pedras, foi ne-cessário “alargar o cano”, ou seja, aumentar sua seção (em 35%). São mais árvores para

LOCALPara os altamiren-ses, a usina por ora só trouxe quedas de energia. A rede elétri-ca, com fios e trans-formadores das déca-das de 1970 e 1980, não suporta o aumen-to do consumo

retirar, migmatito para explodir, escavadeiras para levantar e caminhões para transportar.

Kelson afi rma que foi tudo calculado para o balanço entre receita e despesa ser positi-vo. “Não brinca. Se chegar à conclusão de que é negativo, melhor não mudar”, diz o diretor de obras.

A Norte Energia não tem margem para errar nas contas. Mesmo com 35 anos de estudos sobre o empreendimento, o TCU (Tribunal de Contas da União) apontou, antes da licitação de 2010, que o projeto de Belo Monte implicava “elevado nível de incerteza, incompatível com o porte da obra”.

O orçamento do projeto estimado pelo governo foi considerado por empresas interessadas insufi ciente para construir a usina, pagar suas despesas e gerar um retorno por volta de 6% ao ano sobre o capital investido.

Quem disputa a concessão de uma hidrelétrica tem como prin-cipal fonte de receita a venda de energia para o sistema interli-gado nacional. No caso de Belo Monte, o governo estimou em 2008 que uma tarifa de R$ 83 por MWh (megawatt-hora) se-ria sufi ciente para cobrir todos os custos e dar lucro. Venceria quem oferecesse a menor tarifa. Quando há disputa, a empresa precisa oferecer um desconto sobre essa tarifa – desde que as simulações indiquem que ela pode ganhar mais com a comercialização de energia, ter um lucro menor ou fazer uma obra a custo mais baixo que o previsto.

Por outro lado, se a obra sair mais cara que o orçado pela vencedora do leilão, ou se a usina não gerar energia na quantida-de e no prazo previstos, é ela quem arca com o prejuízo.

“O que vale para o consu-midor é o preço fi nal. O que consideramos nas nossas hipó-teses é irrelevante”, diz Maurí-cio Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Planejamento Energético), estatal responsá-vel por defi nir os parâmetros dos editais da licitação.

SuspeitaEm abril de 2010, a Norte

Energia venceu a concorrên-cia pela concessão de Belo Monte oferecendo um valor 6% menor (R$ 78) que o preço de referência. O custo da obra estimado pela Norte Energia, contudo, era 30% superior ao máximo previsto pelo governo. Para o mercado, não parecia possível recuperar o investi-mento com a tarifa oferecida. Uma decisão da Eletrobras tomada meses depois do leilão reforçou essa suspeita.

A Eletrobras, holding estatal que controla a Chesf, fi rmou um contrato com a Norte Energia para comprar, por R$ 130 o MWh, a energia excedente que Belo Monte puder vender no mercado. Esse preço da eletri-cidade extra, vendida no mer-

cado livre, varia diariamente e, na média dos últimos dez anos, fi cou em R$ 79. Portanto, a estatal-mãe deu uma bela ajuda à fi lha, que a usou para convencer o BNDES a liberar um empréstimo subsidiado de R$ 22,5 bilhões.

“A isso se dá o nome de energia limpa e barata”, ironiza Célio Bermann, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP. Para o especialista, Belo Monte está acima da média mundial de US$ 1.000 por MW instalado e vai ocasionar des-pesas para o contribuinte com os subsídios implícitos no fi nan-ciamento e na comercialização da energia.

A Norte Energia depende ain-da do Ibama para saber, de fato, quanto Belo Monte vai produzir de eletricidade. Por contrato, ela precisa gerar 4.571 MW em média, ao longo de cada ano (meros 41% de sua capacidade instalada), sendo que 70% des-sa energia garantida vai para o sistema integrado.

Como o reservatório que ali-mentará a casa de força prin-cipal é relativamente pequeno, a água que for reservada no período de cheia não bastará para gerar nem 10% da capa-cidade quando chegar o auge da seca. Uma das condições do Ibama para dar a licença de operação da usina é que o rio Xingu precisa de uma vazão mínima nas cheias para manter em boa saúde os ecossistemas na Volta Grande, abaixo da bar-ragem de Pimental.

Belo Monte tem, no entan-to, um atributo que pesou na decisão de seguir em frente com a sua construção: poderá gerar energia em abundância nos períodos do ano em que as usinas hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste, principais re-giões produtoras, operam com restrições para não esgotar seus reservatórios.

Em 2012, foi necessário gerar 14,3 mil MW em média, ao mês, acionando usinas térmicas, o que custou ao país R$ 12 bilhões a mais que a geração hidre-létrica. Para os altamirenses, a eletricidade de Belo Monte ainda é uma fi cção. Por ora, a usina só lhes trouxe segui-das interrupções de energia. A rede elétrica de distribuição, com seus fi os e transforma-dores das décadas de 1970 e 1980, não suporta o aumento do consumo.

No verão amazônico, quan-do as temperaturas quase não baixam dos 35’C, os clientes em busca de sistemas de ar-condicionado não podem ser atendidos na Climatech, por-que os aparelhos da loja não funcionam, e o local se trans-forma numa estufa. “Estamos fazendo a maior usina do Brasil e não temos energia”, lamen-ta Evaldo André, 33, dono da empresa, que deve a própria prosperidade de seu empre-endimento a Belo Monte: em dois anos a fi rma passou de 5 para 25 funcionários.

A primeira visita à obra de Belo Monte aconteceu de-baixo d’água. Chovia como só chove na Amazônia, em março, e foi preciso amas-sar muito barro para fazer o reconhecimento do ter-reno nos três canteiros de construção, separados por dezenas de quilômetros.

Ficou evidente que um só repórter, em poucos dias, não daria conta de abarcar todos os aspectos do empre-endimento controverso, que

enfrenta resistências desde os anos 1980. Planejou-se enviar quatro ou cinco jor-nalistas à área, em agosto (estação seca), por duas se-manas. Uma decisão acerta-da. Com o Xingu mais baixo, a transparência de suas águas revelou toda a majestade do rio que margeia duas dezenas de terras indígenas em seus cerca de 2.700 km.

Em paralelo, aprofunda-vam-se as pesquisas para produzir os infográfi cos so-bre a intrincada engenharia da usina.

Na Volta Grande, agora ameaçada pela barragem, o Xingu se espraia por uma enormidade de canais lím-pidos. Ali vicejam os acaris, família de peixes ornamen-tais que está na base da so-brevivência de muitos índios e ribeirinhos.

O contraste com Altami-ra, rio acima, é chocante. A cidade viu sua população aumentar pelo menos 40% em dois anos. “Caos” é a palavra que mais se ouve – no trânsito, na violência, nas obras de saneamento

que rasgam as ruas da noite para o dia. Isso para não falar do despreparo do po-der público em mitigar os previsíveis impactos sociais do empreendimento.

O resultado de quase dez meses de trabalho, no qual se envolveram de uma maneira ou de outra 15 jornalistas, aparece hoje na série Tudo Sobre, do site da Folha. Uma extensa reportagem acom-panhada de gráfi cos dinâmi-cos, vídeos e fotos para mos-trar todas as facetas da maior obra em curso no país.

Reportagem consumiu dez mesesMARCELO LEITE

G04 E G05 - ILUSTRISSIMA.indd 4-5 14/12/2013 01:03:01

Page 38: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

G6 MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

3

Fazenda Acauã, sertão da Paraíba, 1991

De mãos dadas

Arquivo AbertoMEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

Desde menino minha ligação com o sertão foi visceral, um conjunto de impressões e sen-timentos muitas vezes estimu-lados por mim mesmo, já que minha mãe, Glicia Carvalho, que perdi logo na primeira infância, era sertaneja.

Dentro de mim, o sertão cor-responde a um espaço onde o mítico e o real convivem de mãos dadas. Nas escavações em busca da imagem mais ní-tida da mãe, recorri, adulto, a uma infi nidade de pesquisas, que me ajudaram também, e fundamentalmente, na constru-ção da imagem de um país.

Eram curiosidades que da-vam conta de um mundo. Qual o folguedo popular preferido? Qual a música? A comida? Os livros? Foi assim que, pela primeira vez, ouvi um tio meu dizer “Graciliano Ramos”. Ano-tei o nome, li os livros.

No fi m dos anos 1930, quando acabava “Vidas Secas”, Graci-liano concluiu o primeiro livro que daria origem a “Alexandre e Outros Heróis”. O escritor teve, no entanto, o cuidado de adver-tir: “As histórias de Alexandre não são originais, pertencem ao folclore do Nordeste, e é possível que algumas tenham sido escritas”.

Mais que uma criação li-terária, as histórias encerra-riam um valor de observação antropológica. O fi ccionista empreendera trabalho de es-crevinhador das histórias ouvi-das no sertão. Seria Graciliano Ramos, neste caso, simples in-termediário sem discernimen-to? Onde estará o escritor em “Alexandre e Outros Heróis”? Com sua presença “mascara-da”, ele está em tudo.

Pergunto-me quando o li pela primeira vez. Folheei as primei-ras páginas do meu exemplar em busca de alguma informa-ção e reencontro em garran-

chos quase ilegíveis o seguinte registro: “Lá vou eu em busca do meu passado. Lá vou eu à cata de meus heróis”. E a data: 04 de fevereiro de 1991.

A primeira leitura me surgiu na memória e, ao me enveredar pela lembrança, uma fi gura foi se formando, enquanto eu me dizia: mas este “mentiroso”, esse “mascarado” eu conheço! Já me sentei à sua volta para ouvir histórias. Essa máscara alquímica que mescla palhaço e rei, eu sei de quem é!

Em 1991 estávamos, Ariano Suassuna e eu, cruzando o ser-tão paraibano rumo à fazenda Acauã, onde ele passou parte da infância.

A viagem era um misto de aventura e aula, por isso não seria exagero dizer que estava adentrando o sertão pelas mãos de Ariano. Eu perguntava sobre a diferença entre um cabra e um jagunço e ouvia aquela resposta de três horas, que incluía geo-logia, culinária, música, cordel

– e, claro, a diferença.Assim que chegamos à fazen-

da e após cumprimentar, um a um, todos os que ali estavam, pediu para rever a casa, que já não era de sua família. Revisitou os cômodos e a capela. Seus olhos reconheciam os espaços, buscando a antiga disposição da mobília, perdida sob o jogo de sombra e luz que compunha, com as paredes grossas, um ar de convento medieval.

Depois pediu que o levas-sem para ver o rio. Fomos caminhando pelo meio de um espinheiro até alcançarmos aquele leito seco.

Ariano parou, e eu, um pouco mais atrás. Ficamos um bom tempo assim, cercados pelo silêncio: ele, imóvel diante daquela cicatriz na carne do chão. Até que, exatamente acima dele, veio sobrevoar um gavião. “Eu sabia que vocês não abandonariam um serta-nejo”, disse ele, com alegria de menino.

Nos despedimos e partimos. Avistada do carro, a fazenda Acauã e os acenos de seus camponeses iam desapare-cendo na distância.

De repente, Ariano pediu que o motorista parasse. Atravessando a poeira va-garosa que ainda repousava no ar, largou alguns passos em direção ao velho castelo. A poeira cedeu, defi nindo a cruz da capela, o telhado e as janelas.

O olhar do escritor en-contrara ainda uma vez sua Acauã de menino. Suas pernas avançaram mais um passo na direção da miragem, mas ele logo estancou. Caiu novamen-te naquele silêncio, cortado agora – pude ver! – por uma golfada que lhe invadiu o pei-to. Vieram as lágrimas. Com voz embargada, Ariano girou o corpo e disse: “Agora podemos ir. Pronto!”. E, secando o sal do rosto, ainda pude ouvir: “Desculpe esse velho bobo”.

LUIZ FERNANDO CARVALHO

Fazenda Acauã, onde Ariano Suas-suna passou parte de sua infância

MAN

UEL

DAN

TAS

VILA

R/AC

ERVO

PES

SOAL

G06 - ILUSTRISSIMA.indd 6 14/12/2013 01:03:32

Page 39: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

G7MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013 G

G07 - PUBLICIDADE.indd 7 14/12/2013 01:05:42

Page 40: EM TEMPO - 15 de dezembro de 2013

G8 MANAUS, DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013

4

Husserl em busca da verdade absoluta

A essência das coisas

Filosofi a

Múltiplas formas de rela-tivismo somavam-se, no fi m do século 19, para ques-tionar as possibilidades de produzirmos conhecimento objetivo e verdadeiro. Não só as percepções diretas, ba-seadas nas sensações, eram vistas com desconfi ança mas também até mesmo as ver-dades matemáticas.

Sua certeza aparente, di-zia-se, decorria do fato de serem tautologias vazias, que nada informam sobre o mun-

CÉSAR BENJAMIN

RESUMOEm fi ns do século 19, a busca por um conhecimento objetivo e universal era ques-tionada por diversos grupos. Contrário a essa tendência, Ed-mund Husserl erigiu um novo método de investigação fi losófi -co, a fenomenologia, ao propor um retorno “às coisas”, livre das teorias anteriores, para alcançar a certe-za transcendental.

do. Considerava-se que todo raciocínio dedutivo continha um vício, pois as conclusões estavam sempre embutidas nas suas premissas. Impossi-bilitados de alcançar as fontes últimas de qualquer certeza, deveríamos considerar o co-nhecimento como um con-junto de instruções práticas, úteis à vida, mas incapazes de nos dizer como o mundo, de fato, é.

O sensacionismo, teoria do fi lósofo austríaco Ernst Mach (1838-1916), afi rmava que a busca do conhecimento era apenas um tipo de conduta da espécie humana, voltado para nos ajustar melhor ao ambien-te; o conceito de verdade era uma relíquia metafísica que a ciência deveria substituir pelo conceito de “aceitabilidade”.

Os adeptos do psicologismo pretendiam redefi nir o estatu-to da lógica, considerando-a apenas uma descrição abstra-ta – baseada no costume e em certos hábitos de economia mental – de fatos psicoló-gicos empíricos; ela deveria ser parte da psicologia, não da fi losofi a.

Positivistas e pragmatistas só viam fatos e relações entre fatos. Para eles, a validade das ciências naturais depen-dia fundamentalmente de sua efi cácia, ou seja, sua capaci-dade de fazer previsões sobre fenômenos que aparecem no tempo e no espaço. A fi loso-fi a era vista como tributária dos resultados das ciências

positivas. Todos esses mo-vimentos convergiam para a ideia de que pode existir conhecimento, mas não uma teoria do conhecimento au-torizada a reivindicar, legi-timamente, universalidade e objetividade.

CeticismoAo destruir as bases de todo

conhecimento seguro, as di-ferentes formas de ceticismo ameaçavam destituir a cultu-ra ocidental de sua posição singular. O fi lósofo alemão Edmund Husserl (1859-1938) compreendeu a gravidade dis-so: a busca de certezas e o estabelecimento de verdades eram parte essencial da mi-lenar cultura europeia e fonte de sua universalidade.

Matemático de formação, considerava especialmente perigoso interpretar a lógica a partir de categorias psico-lógicas, pois as leis da lógica são universais e necessárias, enquanto a psicologia é uma ciência empírica, que deduz suas leis por indução.

Para restaurar a validade absoluta da verdade, Husserl concebeu um programa radi-cal. Precisava encontrar um fundamento transcendental para a certeza e desenvolver um método voltado para des-cobrir as estruturas necessá-rias do mundo.

Buscou um recomeço da fi -losofi a, ao modo cartesiano, para lançar as bases de um conhecimento cuja validade

não dependesse da psicolo-gia, dos fatos empíricos, da espécie humana e nem mes-mo da existência do mun-do, tal como o vemos. Isso exigia alterar o lugar que a fi losofi a ocupava. Estávamos acostumados a outorgar às ciências a tarefa de conhecer a realidade, cabendo à fi loso-fi a refl etir sobre esse conhe-cimento. Assim, a atividade fi losófi ca havia se afastado das coisas, restringindo-se a examinar o conhecimento que tínhamos delas.

Husserl viu que a nova fi loso-fi a primeira que tinha em men-te – que, por ser primeira, não podia ter pressupostos – teria de “retornar às coisas”, elimi-nando os diversos estratos de sentido que as teorias haviam depositado sobre elas.

É certo que a quantidade sempre crescente de fatos, teorias, hipóteses e classi-fi cações nos permite prever melhor certos acontecimen-tos e aumenta nosso poder sobre a natureza, mas isso, ele dizia, não nos ajuda a compreender o mundo: as ci-ências medem as coisas sem conhecer o que medem. “Co-nhecer formas objetivas de construção de corpos físicos ou químicos e fazer previsões de acordo com isso – nada disso explica coisa alguma, mas precisa de explicação”.

PercepçãoA certeza só pode ser obtida

se conseguirmos eliminar a distância entre a percepção e as coisas, bem como a ne-cessidade, dela decorrente, de construir uma ponte entre ambas. Conhecimento certo, seguro de si, deve ser conhe-cimento imediato, sem que entre o ato de conhecer e o seu conteúdo seja necessária alguma mediação.

Uma certeza que exige me-diações não é mais certeza. E a necessidade de transmiti-la destrói sua imediaticidade, pois tudo o que entra no campo da comunicação humana é incerto, questionável e frágil. As ciências, tal como as co-nhecemos – conhecimentos indiretos e comunicáveis por natureza –, são incapazes de nos prover tal certeza.

Husserl viu que para “al-cançar as coisas” precisa-mos partir de uma intuição na qual elas se revelem diretamente à consciência, sem distorções. Tal intuição precisa cumprir duas condi-ções: (a) ser independente de um “eu” particular; (b) não se ater a fatos contingen-tes, mas buscar verdades universais, revelando suas conexões necessárias.

Descartes duvidou de tudo para livrar-se de toda dúvi-da. Conservou apenas o ego substancial, o único lugar que resistia à dúvida hiperbólica. Husserl seguiu o mesmo cami-nho, colocando em suspenso a existência do mundo, mas deu um passo adiante.

Não se deteve no ego carte-siano, a substância pensante. Considerou que o caminho

da certeza exigia a elimina-ção também desse ego e a construção ideal de um ego transcendental, um recipien-te vazio onde os fenômenos simplesmente aparecem.

O caminho para isso passa-va pela “epoché”, a suspensão do juízo, especialmente sobre o que nos dizem as doutrinas fi losófi cas e as ciências. “Eu” e “mundo” fi cam em suspenso, colocados entre parênteses. Não recusamos a existência deles, nem sequer duvidamos dela, mas a deixamos proviso-riamente de lado para que só reste o puro fenômeno, aquele que não pertence a uma pes-soa empírica nem representa um objeto real.

Nem as doutrinas fi losófi -cas nem os resultados das ciências nem as crenças da “atitude natural” são pontos de partida indubitáveis, aque-les que Husserl buscava para reconstruir a fi losofi a como ciência rigorosa. Só a consci-ência resiste à “epoché”. Ela é, pois, o resíduo fenomeno-lógico imediatamente eviden-te. Mas consciência é sempre consciência de algo.

A esse traço, que diferencia o psíquico e o físico, Husserl denomina intencionalidade. Os modos típicos como as coisas e os fatos aparecem na consciência são os univer-sais que a consciência intui quando a ela se apresentam os fenômenos. Ao prescindir dos aspectos empíricos e das preocupações que nos ligam aos fenômenos, purifi cando o campo da consciência, pode-mos buscar a intuição das es-sências, operação necessária no caminho para a certeza.

RadicalHusserl encontrou o ponto de

partida radical, que buscava, no domínio do absolutamente dado, do fenômeno puro, aqui-lo que se oferece diante de nós em qualquer das formas da nossa experiência. Era preciso deixar que o “olho do espírito” se dirigisse livremente às coi-sas para reconquistá-las com confi ança profunda, captando em visão imediata o seu con-teúdo ideal.

Em vez de valorizar as duas maneiras bem conhecidas de aproximar-se do mundo – a intuição sensível, mas vaga e imprecisa, e a construção intelectual rigorosa, mas hi-potética –, ele nos mostrou um outro tipo de intuição, a intuição categórica. Ela não é um processo de abstração que tenha como ponto de partida um dado fenômeno. É uma experiência direta dos univer-sais que se revelam a nós com irresistível evidência.

Diferentemente do que nos diz o senso comum, o indivi-dual chega à consciência pe-las mãos do universal. Nossa consciência só pode captar um fato (uma cor, um som) se captou sua essência.

Não partimos dos fatos e fazemos uma abstração para conhecer tais essên-cias. Ao contrário: só pode-mos compreender fatos se

já captamos uma essência que os torna compreensíveis e comparáveis. Reconhecemos uma essência comum – uma “essência de som” – quando ouvimos qualquer som. Sem esse reconhecimento, não po-deríamos identifi cá-lo.

A fenomenologia pretende ser a ciência das essências, não dos fatos. Seu objeto são os universais que a consciên-cia intui a partir dos fenôme-nos. Husserl chamou “redução fenomenológica” a operação mental que converte a intuição individual (que nos dá esta rosa, esta cadeira, objetos que existem no tempo e no espa-ço, em constante mutação) em intuição eidética (que nos dá as essências, imutáveis e eternas, de rosa e cadeira). O objetivo é construir um co-nhecimento que independa de sujeitos defi nidos.

O que permanece depois da redução são os conteúdos dos fenômenos, que apare-cem no ego transcendental, aquele recipiente desprovido das propriedades dos sujeitos psicológicos e que é o sujeito do conhecimento puro.

A fenomenologia foi a corrente fi losófi ca mais re-novadora do século 20. Re-presentou o início de uma nova época na fi losofi a, algo parecido com o que foi o sis-tema cartesiano a partir do século 17 e o kantiano a partir do 18. A Descartes segue-se uma época cartesiana, a Kant, uma época kantiana, em que os debates passam a se dar em torno dos temas propostos por esses pioneiros. Husserl ocupa posição semelhante. Sua enorme infl uência con-trasta com uma personalida-de silenciosa e retirada. Viveu obcecado pelos problemas úl-timos dos quais depende o desenvolvimento do espírito, fi xando-se neles com tenaci-dade exemplar.

Morreu solitário na Alema-nha em 1938. De ascendência judaica, ele havia sido afas-tado do mundo acadêmico pelos nazistas e proibido de deixar o país. Depois de sua morte, o franciscano belga Herman Leo van Breda (1911-74) conseguiu salvar seus manuscritos inéditos – bem mais numerosos que a obra publicada –, levando-os para a Universidade de Louvain, onde estão até hoje.

A obra de Husserl vem sen-do publicada gradativamente. Em 1954, como volume seis da Husserliana, veio à luz a versão defi nitiva de “A Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcenden-tal”, que fi nalmente chega ao Brasil em tradução competen-te de Diogo Falcão Ferrer [Fo-rense Universitária, R$ 107, 456 págs.].

Na verdade, é de uma am-pla crise espiritual e exis-tencial, não só das ciências e nem só da Europa, mas de toda humanidade, que o livro trata, pois a crise nos fundamentos das ciências é também uma crise da fi loso-fi a e da subjetividade.

G08 - ILUSTRISSIMA.indd 8 14/12/2013 01:04:18