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www.nossoclinico.com.br ISSN 1808-7191 A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO Indexação Qualis ANO 20 - Nº 119 - SET/OUT 2017 ENCARTE: Clínica de Marketing COLUNAS: Dicas do Laboratório Nutrição Animal Medicina Felina Fisioterapia Terapia Celular InfoPet Cardiologia Comportamento Empresarial Med. Tradicional Chinesa Leishmaniose Endocrinologia Centro de Estética Conhecimento Compartilhado Odontologia Oftalmologia Bem-Estar Animal Neurologia CADERNO ESPECIAL “Cirurgia Reconstrutiva” • Mucopolissacaridose canina: relato de oito casos • Células-Tronco Mesenquimais (CTMs) no tratamento de fenda palatina em gato: relato de caso • Pênfigo Foliáceo em um felino: relato de caso • Levantamento de Dirofilariose canina em Paulínia, Jaguariúna e Engenheiro Coelho, região metropolitana de Campinas • Seminoma testicular unilateral em coelho: relato de caso em canino com queimadura extensa em canino com queimadura extensa

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www.nossoclinico.com.br

ISSN 1808-7191 A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO

Indexação Qualis

ANO 20 - Nº 119 - SET/OUT 2017

ENCARTE:Clínica de Marketing

COLUNAS: Dicas do Laboratório• Nutrição Animal • Medicina Felina

• Fisioterapia • Terapia Celular • InfoPet • Cardiologia • Comportamento Empresarial• Med. Tradicional Chinesa • Leishmaniose

• Endocrinologia • Centro de Estética• Conhecimento Compartilhado• Odontologia • Oftalmologia

• Bem-Estar Animal• Neurologia

CADERNO ESPECIAL“Cirurgia

Reconstrutiva”

• Mucopolissacaridose canina: relato de oito casos• Células-Tronco Mesenquimais (CTMs) notratamento de fenda palatina em gato: relato de caso• Pênfigo Foliáceo em um felino: relato de caso• Levantamento de Dirofilariose canina em Paulínia,Jaguariúna e Engenheiro Coelho, região metropolitanade Campinas • Seminoma testicular unilateral emcoelho: relato de caso

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REVISTA NOSSO CLÍNICO(ISSN 1808-7191)é uma publicação bimestral daEditoraTroféu Ltda.

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NOTAS:a) As opiniões de articulistas e entrevista-dos não representam necessariamente, opensamento de NOSSO CLÍNICO.b) Os anúncios comerciais e informes pu-blicitários são de inteira responsabilidadedos anunciantes.

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Fábio F. Ribeiro ManhosoHomeopatia e Med. Vet. (UNIMAR)[email protected]

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Fernando Antônio Bretas VianaOftalmologia e [email protected]

Flávia Borges SaadNutrição de Pet (UFLA)[email protected]

Flávia R.R. MazzoCardiologia Clínica (Provet)[email protected]

Herbert Lima CorrêaOdontovet - [email protected]

A importância da Medicina Veterinária, na saúde humanaEsta edição faz destaque à comemoração do Dia do Veterinário. Comemoração que

é justa homenagem a uma profissão de fundamental importância social pela, contribui-ção que dá para as pessoas, seja cuidando dos animais de companhia, seja atuando naprodução das diversas proteínas de origem animal. Destaque-se, ainda, a valiosa contri-buição para a prevenção e controle de zoonoses. O Médico-Veterinário equipara-se aomédico de pessoas, na medida da importância que a medicina veterinária também impactapositivamente na saúde humana.

Medicina veterinária é ciência aplicada a serviço das espécies animais, incluindohumanos;

Medicina veterinária é saúde animal;Medicina veterinária é alimento proteico de qualidade;Medicina veterinária é controle das zoonoses,Medicina veterinária é convivência saudável entre pessoas e seus pets;Medicina veterinária é tudo pois, na adequada medida, da saúde animal depende a

saúde dos humanos.A medicina veterinário é motivo de orgulho nacional pela competência e dedicação

dos profissionais.Precisamos dar publicidade fazendo com que a sociedade saiba da importância do

Médico-Veterinário.A Revista Nosso Clínico saúda todos os Médicos-Veterinários. Parabéns!

Os editores

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MEDICINA VETERINÁRIA PARA ANIMAIS DE COMPANHIA

S U M Á R I O ANO 20 - N° 119 - SETEMBRO / OUTUBRO 2017

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A revista Nosso Clínico tem sua publicação bimestral,com trabalhos de pesquisa, artigos clínicos e revisão de lite-ratura destinados aos Médicos Veterinários, estudantes e pro-fissionais de áreas afins. Além de atualizações, notas e infor-mações, cartas ao editor e editoriais.

Todos os trabalhos devem ser inéditos e não podem sersubmetidos simultaneamente para avaliação em outros peri-ódicos, sendo que nenhum dos autores será remunerado.

Os artigos terão seus direitos autorais resguardados aEditora que em qualquer situação, agirá como detentora dosmesmos, inclusive os de tradução em todos os países signa-tários da Convenção Pan-americana e da Convenção Inter-nacional sobre os Direitos Autorais.

Os trabalhos não aceitos, bem como seus anexos, nãoserão devolvidos aos autores.

Artigos científicos inéditos, revisões de literatura e rela-tos de caso enviados à redação serão avaliados pela equipeeditorial. Em face do parecer inicial, o material é encaminha-do aos consultores científicos. A equipe decidirá sobre a con-veniência da publicação, de forma integral ou parcial, enca-minhando ao autor, sugestões e possíveis correções.

Para esta primeira avaliação, devem ser enviados pela internet([email protected]) arquivo de texto no formato.doc ou .rtf com o trabalho e imagens digitalizadas no formato.jpg. No caso dos autores não possuírem imagens digitalizadas,cópias das imagens acompanhadas da identificação de proprieda-de e autor, deverão ser enviadas via correio ao departamento deredação. Os autores devem enviar a identificação com endere-ço, telefone e e-mail para contatos.

Os artigos de todas as categorias devem ser acompanhadosde versão em língua inglêsa e espanhola de: título, resumo (com600 a 800 caracteres) e unitermos (de 3 a 6). No caso do materialser totalmente enviado pelo correio devem ser necessariamenteenviados, além da apresentação impressa, uma cópia em disquetede 3,5’’ ou CD-rom.

Imagens, tabelas, gráficos e ilustrações não podem em hipó-tese alguma ser proveniente de literatura, mesmo que indicado afonte. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo;e quando cedida por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acom-panhadas de autorização para a publicação.

As referências bibliográficas serão indicadas ao longo do tex-to apenas por números sobrescritos ao final da citação, que cor-

responderão à listagem ao final do artigo em ordem alfabética,evitando citações de autores e datas. A apresentação das referên-cias ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT. Emrelação aos princípios éticos da experimentação animal, os auto-res deverão considerar as normas do Colégio Brasileiro de Experi-mentação Animal.

Deve ser enviado pelo correio, à editora, um certificado deresponsabilidade assinado pelo menos por um dos autores, con-tendo o título original do trabalho, nome de todos os autores assi-natura e data. O certificado deve ser redigido conforme o modeloabaixo:

“Certificamos que o artigo enviado a Revista Nosso Clínico éum trabalho original, não tendo sido publicado em outras revis-tas, quer no formato impresso, quer por meios eletrônicos, e con-cordamos com os direitos autorais da revista sobre o mesmo ecom as normas para publicação descritas. Responsabilizamo-nosquanto às informações contidas no artigo, assim como em rela-ção às questões éticas.”

Obs.: Os mesmos artigos serão avaliados pelo conselho téc-nico e caso aceitos, serão publicados com aviso prévio ao autor,para aprovação e correção da diagramação por esta enviado.

Normas para Publicação de Artigos na Revista Nosso Clínico

Nosso Clínico. - - vol. 1, n.1 (1998) - . -- São Paulo : Editora Troféu,1998 -il. : 21 cm

Bimestral.Resumos em inglês, espanhol e português.ISSN 1808-7191.

1998 - 2008, 1-112017, 20 (n.119 - set/out 2017)

1. Veterinária. 2. Clínica de pequenos animais. 3. Animais silvestres.4. Animais selvagens.

Para mais informações visite:www.arcabrasil.org.br

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Créditos Fotos Capa: HospitalVeterinário Universitário da UFSMCréditos Fotos Destaque:Arquivo pessoal dos Autores

NOSSO ENDEREÇO ELETRÔNICOHome page: www.nossoclinico.com.brRedação: [email protected]/Administração: [email protected]/Eventos: [email protected]: [email protected]

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Células-Tronco Mesenquimais (CTMs) no tratamento defenda palatina em gato: relato de caso

Mucopolissacaridose canina: relato deoito casos

Analgesia em canino com queimaduraextensa

Pênfigo foliáceo em um felino:relato de caso

Levantamento de Dirofilariose caninaem Paulínia, Jaguariúna e Engenheiro Coelho, Regiãometropolitana de Campinas

Seminoma unilateral em coelho: relato de caso

CADERNO ESPECIAL DE CIRURGIA RECONSTRUTIVA:1) Retalho de padrão Subdérmico Tubular em membrotorácico de cão: relato de caso2) Utilização do retalho de padrão axial toracolateral etubular subdérmico no reparo de defeito após ressecçãode Higroma Bilateral em cotovelo de cão: relato de caso

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“Mesenchymal Stem Cells (MSCs) for cleft palate in a cat: a case report”

“Células Madre Mesenquimales (CMMs) para el tratamiento en un paciente felinocon paladar hendido: reporte de caso”

Células-Tronco Mesenquimais (CTMs)no tratamento de fenda palatina em gato:

relato de caso

M.V. Elisângela Perez deFreitas*Equipe Odontovet -Unidade CampinasMestre em Cirurgia pelaFMVZ-UNESP-BotucatuDoutora em Cirurgia [email protected]

M.V. Herbert Lima CorrêaEquipe Odontovet -Unidade CALE JundiaíMestre em Cirurgia [email protected]

* Autora para correspondência

RESUMO: A fenda palatina é um defeito no palato duro que permite a comunicação oronasal causando diversos problemasao paciente como engasgos, espirros e tosse ao ingerir líquidos, além de secreção nasal e pneumonia por aspiração. Otratamento é desafiador devido à chance de deiscência da sutura causada por tensão, pressão no flap pelos movimentosrespiratórios e da língua e ausência de suporte ósseo do septo nasal e/ou das conchas nasais sob o retalho mucoperiostal.A terapia celular tem sido muito estudada na última década e é um promissor tratamento na reparação de tecidoscomprometidos, por diminuir o processo inflamatório e estimular a regeneração tecidual. Este relato de caso descrevea aplicação de células tronco mesenquimais (CTMs) em fenda palatina em paciente da espécie felina sem a realizaçãode cirurgia reconstrutiva, com resultado bem sucedido.Unitermos: Defeito em palato duro, medicina regenerativa, terapia celular, felinos

ABSTRACT: The cleft palate is a defect in the hard palate allowing oronasal communication. Clinical signs may includechoking, sneezing and coughing when patients swallow liquids. Nasal discharge may be persistent and purulent whichcan cause aspiration pneumonia. Palatal oronasal fistulae are often a challenge to surgeons due to pressure differencescaused by respiratory and tongue movements which can lead to suture dehiscence. The absence of nasal septum bonemass under the mucoperiosteal flap increases tension in the suture. Over the past decade, cell therapy has been studiedin veterinary science providing a promising and modern treatment to repair compromised tissue by decreasing theinflammatory process and stimulating tissue regeneration. This case report describes a successful outcome of applyingmesenchymal stem cells (MSCs) in a cleft palate of a feline patient without reconstructive surgery.Keywords: defect in the hard palate, regenerative medicine, cell therapy, felines

RESUMEN: El paladar hendido es un defecto en el paladar duro que permite la comunicación oronasal causandodiversos problemas al paciente como atragantamientos, estornudos y tos al ingerir líquidos, además de secreción nasaly neumonía por aspiración. El tratamiento es retador debido al riesgo de dehiscencia de la sutura causada por tensión,presión en el colgajo por los movimientos respiratórios y de la lengua, y por ausencia de soporte óseo del septo nasal y/o de las conchas nasales bajo el colgajo mucoperiosteal. La terapia celular ha sido muy estudiada en la última década yes un tratamiento promissório en la reparación de tejidos comprometidos, ya que reduce el proceso inflamatorio yestimula la regeneración tisular. Este reporte de caso describe la aplicación de células madre mesenquimales en unpaciente felino con paladar hendido sin realizar cirugía reconstructiva, con buen resultado.Palabras clave: defecto del paladar duro, medicina regenerativa, terapia celular, felinos

IntroduçãoA fenda palatina é uma condição patológica oral

que afeta muito a saúde e a longevidade de peque-nos animais e requer tratamento cirúrgico, que mui-tas vezes constitui um desafio para o cirurgião1. Fís-tula oronasal central pode ocorrer devido à trauma(acidente automobilístico, choque elétrico, corpoestranho, acidentes com armas de fogo, ingestão desubstâncias químicas ou mordidas) ou pode estarrelacionada à defeito palatino congênito, além dascomplicações pós cirurgia reparadora da fenda pa-latina resultando em aumento da fistula1,2.As fendas de palato duro congênitas são mais co-muns e os sinais clínicos frequentemente observa-dos em filhotes são drenagem de leite pelas narinasao mamar, engasgos, tosse, espirros ao se alimentar,infecção do trato respiratório como rinite, laringo-traqueíte e pneumonia por aspiração3. O sucesso dotratamento cirúrgico depende de um diagnóstico pre-ciso do problema através de exame clínico da cavi-

dade oral e radiografias. O principal objetivo do ci-rurgião é a reconstrução da anatomia normal por meioda oclusão do assoalho nasal através de flaps muco-gengivais ou mucoperiostais palatino, de acordo coma localização da fenda. O abundante suprimento desangue da cavidade oral e a cicatrização rápida per-mite que o retalho seja bem tolerado pelo paciente4.No entanto, diversos problemas podem ser observa-dos, como lesões nas artérias palatinas comprome-tendo a vascularização, quando há excesso de ten-são na linha de sutura causando o estrangulamentodo retalho mucoperiostal, movimentação da linha desutura por causa dos movimentos da língua e ausên-cia de suporte ósseo nasal sob a sutura do flap3. Otecido disponível para cirurgia reconstrutiva é bas-tante limitado no palate duro, fazendo o defeito re-fratário às técnicas de reparação convencional, alémdisso atividades fisiológicas como engolir, respirare espirrar provocam diferentes pressões na regiãodo palato desestabilizando o flap1.

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Células-Tronco Mesenquimais (CTMs)Células tronco mesenquimais (CTMs) constituem uma tera-

pia promissora para doenças inflamatórias imunomediadas devi-do as suas propriedades imunomoduladoras (respostas imuneshumorais e celulares) e não inflamatórias, uma vez que escapamdo sistema imunológico ao produzir fatores solúveis indutores ouinibidores do sistema imune (moléculas anti-inflamatórias)5,6,7. Aterapia regenerativa permite que os tecidos com doenças infla-matórias promovam sua própria regeneração, pois acredita-se queas CTMs estejam envolvidas no crescimento, cicatrização de fe-ridas e reparo tecidual. As CTMs também possuem potente efei-tos terapêuticos no sistema muscular esquelético e no tecido peri-odontal5.

De acordo com a Sociedade Internacional de Terapia Celu-lar (ISCT) células humanas são definidas como células troncomesenquimais (CTMs) quando obedecem aos seguintes critéri-os: as células tem que se conectar com células do tecido doente,deve ser positiva para alguns marcadores (CD90, CD105, CD73)e negativa para outros (CD45, CD34, CD14, CD19 e MHC-II) eapresentar a habilidade para se diferenciar em células mesodér-micas originais como os osteoblastos, condroblastos e adipóci-tos5,6. Tecido adiposo e medula óssea de adultos são as duas fon-tes de células tronco mesenquimais (CTMs) mais comumente uti-lizadas para aplicações musculoesqueléticas. Para o uso práticode células tronco em medicina regenerativa, estas devem estarclaramente caracterizadas, disponíveis em quantidades suficien-tes, colhidas por procedimentos minimamente invasivos, isola-das e cultivadas facilmente6.

Em estudo realizado com nove gatos apresentando comple-xo gengivite estomatite felina, duas injeções intravenosa de CTMsautóloga foram administradas com intervalo de 30 dias entre asaplicações. Do total, sete gatos completaram o estudo, cinco res-ponderam ao tratamento e dois não apresentaram melhora. Nosgatos que apresentaram remissão dos sintomas ou melhora signi-ficativa do processo inflamatório, observou-se diminuição da leu-cocitose, diminuição de citotoxinas e diminuição das lesões orais7.

Relato de CasoUm gato, sem raça definida, macho, castrado, 6 anos de ida-

de aproximadamente, peso = 5,6 kg, foi atendido no ODONTO-VET - Unidade Campinas para avaliação odontológica. A propri-etária relatou que adotou o felino ainda filhote com histórico deatropelamento. Ela não soube precisar se a fenda palatina era decor-rente deste acidente ou se era má formação congênita. Por causada comunicação oro-nasal, o gato apresentava espirros ao ingerirágua ou alimentos pastosos, além de secreção mucopurulenta nasnarinas e frequentemente era medicado com antibióticos.

A proprietária refere também que aos oito meses de vida, opaciente foi submetido à cirurgia reconstrutiva do palato duro,pela técnica de retalho mucoperiostal, porém sem sucesso, poisocorreu deiscência da sutura e aumento no tamanho da fenda pa-latina com piora no quadro clínico do paciente. Desde então, hámais de cinco anos que o paciente apresenta pneumonias recor-rentes, sendo tratado clinicamente com antibióticos e algumasvezes, associado a anti-inflamatórios.

Ainda que o gato apresentasse desconforto por causa dosespirros, secreção nasal e pneumonias esporádicas, ele se alimen-tava normalmente, o peso se mantinha o mesmo, e atualmentenão fazia uso de nenhuma medicação. O objetivo dos proprietári-os ao procurar o serviço de odontologia veterinária era tratar o

dente canino superior direito que apresentava fratura de coroacom aumento de volume na região gengival ao redor da raiz den-tal. Perguntados sobre a possibilidade de fazer a cirurgia paratratar a fenda palatina, os proprietários foram contrários ao pro-cedimento, pois acreditavam na possibilidade de aumento no ta-manho do defeito.

Foi oferecido a possibilidade da terapia celular com aplica-ção de células-tronco mesenquimais (CTMs) no local do defeitodo palato duro, a fim de estimular a reparação tecidual e conse-quente fechamento da fenda. Os proprietários foram alertados dapossibilidade de insucesso, porque nenhuma técnica cirúrgica deretalho mucoperiostal seria feita. O tratamento consistiria em in-jetar CTMs alogênica na mucosa da fenda palatina.

Ao exame físico inicial, o paciente estava alerta e com aus-cultação pulmonar e sinais vitais normais. Ao exame odontológi-co específico, apresentava doença periodontal moderada, comfratura de coroa e exposição de polpa em ambos os caninos damaxila e reabsorção dentária em canino inferior esquerdo. Foivisualizado fenda palatina com as seguintes características: es-treita em largura (0,1 cm) e aproximadamente 1,5 cm de compri-mento em terço caudal do palato duro (Figura 1).

O paciente foi sedado com 0,05 mg/kg de acepromazina,0,2 mg/kg de midazolam e 4 mg/kg de meperidina, por via intra-muscular para medicação pré-anestésica. A anestesia foi induzi-da com 1 mg/kg de cetamina e 1 mg/kg de propofol, por via intra-venosa e a manutenção com oxigênio e isoflurano (1-2%). Solu-ção eletrolítica via intravenosa foi administrada (0,5 mL/kg/h)durante o procedimento. Feito bloqueio anestésico local no ramomaxilar do nervo trigêmeo com lidocaína e bupivacaína. Injeçãointravenosa de 5 mg/kg de enrofloxacina foi feita após 10 minu-tos de procedimento e analgesia no pós-operatório imediato foi0,1 mg/kg de meloxican (0,2%) e 25 mg/kg de dipirona, via sub-cutânea.

Figura 1: Fotografia mostrando fenda palatina em terço distal de pa-lato duro com aproximadamente 0,1 cm de largura e 1,5 cm de com-primento. Observar fratura de coroa nos caninos maxilares, acúmulode cálculos e presença de gengivite

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Figura 2: Radiografia oclusal intraoral da maxila de gato mostrou maioropacidade da cavidade nasal direita com discreta perda de defini-ção das conchas nasais e septo nasal delgado no terço distal damaxila

Figura 3: Fotografia do palato duro durante injeção de células-tron-co mesenquimais (CTMs) nas bordas da fenda palatina

Figura 4: Fotografia da sutura da fenda palatina com fio de naylon 4-0,pontos simples separados e nós voltados para cavidade nasal

Figura 5: Fotografia do palato duro mostrou boa cicatrização do de-feito no palato, uma semana após a injeção de CTMs

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Feita radiografia oclusal intraoral da maxila que mostroumaior opacidade da cavidade nasal direita com discreta perdados detalhes das conchas nasais e septo nasal delgado em porçãodistal da maxila (Figura 2).

Os dentes comprometidos foram tratados, mas as técnicasnão serão abordadas por não ser o objetivo deste trabalho.

As bordas da fenda palatina foram debridadas e reavivadascom uso de lâmina de bisturi para provocar sangramento local.Na sequência foi feita a aplicação de 1 mL das células troncomesenquimais (CTMs) alogênicas distribuído em quantidadesiguais ao longo das bordas da fenda palatina (Figura 3). Paraevitar o extravasamento e perda das CTMs, foi feita sutura de

aproximação das bordas com uso de fio de naylon 4-0, pontossimples separados, com os nós voltados para cavidade nasal afim de evitar desconforto para o paciente (Figura 4).

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Discussão e ConclusãoO tratamento de fenda palatina muitas vezes constitui um

desafio para o cirurgião porque o tecido disponível para a re-construção do palato duro é limitado, a ausência de suporte ósseo

sob o retalho mucoperiostal permite maior pressão no flap devi-do à movimentação da língua e a tensão na sutura são fatores quecontribuem para o insucesso do tratamento cirúrgico1,3.

A medicina regenerativa é uma terapia com uso de células-tronco mesenquimais (CTMs) que atuam como indutores ou ini-bidores do sistema imune, com ação anti-inflamatória, diminuin-do a morte celular e restabelecendo a função dos tecidos acome-tidos e sua regeneração5,6.

No caso apresentado, o paciente já havia sido submetido aotratamento cirúrgico, com resultado insatisfatório e por isso op-tou-se pela aplicação de células-tronco mesenquimais (CTMs)alogências, provenientes de doadores sadios, descongeladas doBanco de Células do laboratório de Terapia Celular Omics® Bio-tecnologia. O laboratório garante de 10 a 20 milhões de CTMsem cada dose oferecida para aplicação. Estas células são cultiva-das e caracterizadas de acordo com a recomendação da Socieda-de Internacional de Terapia Celular (ISCT).

Novos estudos são necessários para comprovar que as CTMsforam as responsáveis por estimular o tecido mucoperiostal dopalato duro a se regenerar após a sutura do defeito, uma vez quehouve debridamento das bordas e o sangramento em si pode tersido suficiente para promover a cicatrização. Porém, o fato dopaciente já ter sido submetido à reconstrução cirúrgica enquantofilhote, idade em que a cicatrização é mais rápida, e durante ainjeção de CTMs não ter sido praticadas incisões de relaxamentoa fim de diminuir a tensão na sutura corroboram para acreditar-mos que sem a utilização da medicina regenerativa, o tratamentopoderia não ter sido bem sucedido.

Agradecimento: Omics® Biotecnologia - Laboratório de terapia celularwww.omicsbiotecnologia.com.br

Referências

1. WETERING, A.V.; CALDWELL, L.; LOMAN, S.; et al. Repair of palatal oronasal fistulae usingan auricular cartilage graft. J. Vet Dent., v.27, n.2, p.128-131, 2010.

2. ROCHA, L.; BECKMAN, B. Soft palate advancement flap for palatal oronasal fistulae. J. VetDent., v.27, n.2, p.132-133, 2010.

3. NELSON, A.W. Sistema respiratório superior. In: SLATTER, Manual de Cirurgia de PequenosAnimais, v.1, p.884-935, 1995.

4. LUSKIN, I.R. Reconstruction of oral defects using mucogingival pedicle flaps. Clin Tech SmallAnim Pract., v.15, n.4, p.251-259, 2000.

5. CEUSTERS, J.; LEJEUNE, J.-PH.; SANDERSEN, C. et al. From skeletal muscle to stem cells:an innovative and minimally-invasive process for multiple species. Sci Rep., v.7, n.1, p.1-9, 2017.

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Figura 6: Fotografia do palato duro após um mês da aplicação deCTMs, mostrando a regeneração e fechamento da fenda palatina.......................................................................................................................

OD

ON

TOV

ET

O paciente retornou uma semana após a aplicação de CTMse os proprietários relataram que ele passou bem no pós-operató-rio, não demostrou incômodo com os pontos na cavidade oral enão apresentou mais espirros ao ingerir água ou alimentação pas-tosa. A secreção nasal purulenta desapareceu e o pouco de secre-ção que apresentou tinha aspecto seroso. O exame físico do pala-to mostrou boa cicatrização e ausência de espaço na região dafenda palatina (Figura 5).

Um mês após o procedimento o paciente retornou sem si-nais de secreção nasal, proprietários negaram a ocorrência de es-pirros e, ao exame físico, apresentou completa cicatrização dafenda palatina (Figura 6).

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“Mucopolysaccharidosis in dogs: reportof eight cases”

“Mucopolisacaridosis canina: informe deocho casos”

Bruna M.P. Coelho Silva ([email protected])M.V., especialização em clínica médica do Serviço de ClínicaMédica do Hosp. Veterinário da Fac. de Med. Vet. eZootecnia da Univ. de São Paulo (FMVZ/USP)

Maria Luisa Franchini ([email protected])Médica veterinária autônoma

Silvana Maria Unruh ([email protected])M.V., Mestre e Chefe de Seção Técnica em Radiologia doHOVET - FMVZ/USP. Atuação no Serviço de Diagnóstico porImagem do Depto. de Cirurgia da FMVZ/USP

Daionety Aparecida Pereira ([email protected])Mestre em Clínica Veterinária pela USP; Mestre emAcupuntura Bioenergética pela Univ. de Yunnan,Coordenadora do curso de Acupuntura Veterinária daANCLIVEPA-SP; Clínica Autônoma

Paulo Cesar Maiorka ([email protected])Prof. Associado da FMVZ-USP. Experiência na área dePatologia Animal e Experimental

Khadine Kazue Kanayama ([email protected])M.V. Especialização em clínica médica do Serviço de ClínicaMédica do Hosp. Veterinário da Fac. de Medicina Veterináriae Zootecnia da Univ. de São Paulo (FMVZ/USP)

Cínthia Ribas Martorelli* ([email protected])Mestre e Dra. em Ciências no Programa de ClínicaVeterinária pela Fac. de Med. Vet. e Zootecnia da Univ. deSão Paulo (FMVZ/USP)

Márcia Mery Kogika ([email protected])Profa. associada do Depto. de Clínica Médica (VCM) da Fac.de Med. Vet. e Zootecnia da Univ. de São Paulo (FMVZ/USP)

* Autora para correspondência

canina: relato de oito casos

RESUMO: Mucopolissacaridoses são doenças hereditárias caracterizadas peladeficiência de enzimas que degradam as glicosaminoglicanas (GAGs): ácidohialurônico, sulfato de condroitina, sulfato de dermatina, queratan sulfato e heparina,sendo que estas se acumulam nos lisossomos de células ósseas, cartilagens esinóvias. São descritos sete tipos de mucopolissacaridoses. As manifestaçõesclínicas incluem hepatoesplenomegalia, opacificação de córnea, alteraçõescardiovasculares, edema de articulações, alterações neurológicas e má formaçõesna face. A detecção de grânulos de Alder Reily nos leucócitos, além de deformidadesósseas bem como o comprometimento do fechamento de discos epifisários,observados ao exame radiográfico, e o aumento de GAGs na urina confirmam odiagnóstico. O objetivo deste trabalho foi relatar oito casos de cães commucopolissacaridose e alertar sobre este diagnóstico diferencial.Unitermos: cães, glicosaminoglicanas, deformidade, ossos, cartilagem

ABSTRACT: Mucopolysaccharidoses are hereditary disorders characterized by adeficiency of enzymes which degrade glycosaminoglycans (GAGs): hyaluronic acid,chondroitin sulphate, dermatinsulphate, keratansulphate and heparin, and theyaccumulate in lysosomes of bone cells, cartilage and synovium. There are seventypes of mucopolysaccharidosis. Clinical signs include hepatosplenomegaly, cornealopacification, cardiovascular abnormalities, edema of joints, neurological disordersand malformations of the face. The detection of Alder Reily granules in leukocytes,and bone deformities as well as radiographic findings of defect on closing epiphysealdiscs, and increase of GAGs in urine confirm the diagnosis. The aim of this studywas to report eight cases of dogs with mucopolysaccharidosis, and warn of thisdifferential diagnosis.Keywords: canine, glycosaminoglycans, deformity, bones, cartilage

RESUMEN: Mucopolisacaridosiss on transtornos hereditarios caracterizados poruna deficiencia de enzimas que degradan glicosaminoglicanos (GAGs): ácidohialurónico, sulfato de condroitina, sulfato de dermatina, sulfato de queratano yheparina, y se acumulan en los lisosomas de las células de hueso, cartílago y lamembrana sinovial. Se describen siete tipos de mucopolisacaridosis. Lasmanifestaciones clínicas incluyen hepatoesplenomegalia, opacificación corneal,cambios cardiovasculares, edema de las articulaciones, trastornos neurológicos ymalformaciones en la cara. La detección de gránulos Alder Reily en leucocitos, ydeformidad de los huesos, así como los discos epifisarias de cierre y signosradiológicos y la acumulación de GAGs en la orina a confirmar el diagnóstico. Elobjetivo de estudio es reportar ocho casos de perros con mucopolisacaridosis,advertir de este diagnóstico diferencial.Palabras clave: perros, glicosaminoglicanos, deformidad, huesos, cartílago

SERVIÇO DE LABORATÓRIO CLÍNICO DO HOVET - FMVZ/USP

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IntroduçãoAs mucopolissacaridoses (MPS) são doenças caracteriza-

das pelo acúmulo de mucopolissacarídeos ou glicosaminoglica-nos (GAGs) em diversos órgãos, sendo uma condição rara e deorigem genética2,6. As glicosaminoglicanas constituem parte dotecido conjuntivo e na dependência da deficiência enzimática, ocatabolismo de sulfato de dermatina, heparan, queratan e sulfatode condroitina podem estar diminuídos16. Os compostos normal-mente degradados por estas enzimas acumulam-se no meio intra-celular e interferem com a função celular, causando manifesta-ções clínicas características, progressivas e multissistêmicas6,16.Assim, a apresentação clínica da mucopolissacaridose é variávele pode apresentar alterações respiratórias, cardíacas, esqueléti-cas, oculares e neurológicas3.

De acordo com estudos em humanos, a frequência de MPSvaria entre 1,9 a 4,5 para cada 100.000 nascimentos. No Brasil, areal frequência em humanos não é conhecida16, entretanto sabe-se da existência de 11 doenças que promovem acúmulo lisosso-mal distintas13. As manifestações clínicas são observadas até osdois anos de idade e o diagnóstico geralmente é realizado entre 3e 8 anos. A consanguinidade é relatada em 21% dos casos16.

Existem vários tipos de mucopolissacaridoses descritas emgatos (tipos I, VI, VII) e em cães (tipos I, II, III a, IIIb, VI e VII),entretanto a presença e a gravidade das anormalidades esqueléti-cas são diferentes6. A MPS do tipo I ocorre nos gatos domésticosde pelo curto, a MPS II já foi diagnosticada em cães da raça la-brador6 e a MPS tipo VI ou síndrome de Maroteaux-Lamy foidescrita em 1963 pelo Dr. Pierre Maroteaux e Dr. Maurice Lamyem cães, a qual é determinada pelas mutações no gene arilsulfata-se B (ASB),e as mutações patológicas desse gene resultam ematividade reduzida ou ausente da enzima ASB15. A MPS do tipoIV ocorre em gatos siameses1,6, gatos domésticos de pelo curto elongo e seus cruzamentos e em cães de várias raças6.

Na MPS, a enzima responsável pela degradação das glico-saminoglicanas, presentes principalmente nos ossos e cartilagens,encontra-se funcionalmente ausente, o que acarreta no desenvol-vimento de anormalidades esqueléticas e de maior excreção uri-nária de glicosaminoglicanas11.

A inflamação é um aspecto importante dessas doenças queocorre secundariamente ao acúmulo de GAGs. Como parte dacascata da inflamação, o fator de necrose tumoral e as outras ci-tocinas inflamatórias são liberados pelos condrócitos que culmi-na em apoptose; além disso, metaloproteinases da matriz são li-beradas e contribuem para destruição óssea e articular13.

A MPS do tipo I ocorre devido à diminuição da alfa L-idu-ronidase. Já na MPS do tipo II, a atividade de iduronatosulfataseencontra-se deficiente, enquanto que na MPS do tipo VI a ASBdiminuída causa o acúmulo intracelular e aumento da excreçãourinária de sulfato de dermatina e, por fim, a MPS tipo VII écaracterizada pela deficiência de beta glucuronidase6,5.

Os animais com MPS podem apresentar diferentes manifes-tações clínicas, sendo progressivas e com envolvimento multis-sistêmico. Em comparação, nos seres humanos com MPS, é ob-servado retardo no crescimento em 43% dos casos16, fato tam-bém observado nos animais1.

As principais manifestações clínicas incluem anormalida-des ósseas e articulares graves13, contraturas articulares, retardono desenvolvimento, características faciais típicas, hepatoesple-nomegalia e as extremidades distais dos membros desenvolvemformato de garras, entretanto a manifestação clínica irá variar de

acordo com o tipo de MPS16. Dispneia, secreção nasal, otite mé-dia e opacidade de córnea são outras anormalidades que podemser observadas15. Osteopenia associada a outras lesões ósseas tam-bém tem sido observada em alguns tipos de MPS13.

O diagnóstico de mucopolissacaridose deve ser embasadoem achados clínicos e na determinação das enzimas específicasenvolvidas, o qual pode ser obtido por meio de análises bioquí-micas de enzimas encontradas em diferentes locais tais como lá-grimas, leucócitos, células amnióticas ou fibroblastos cultivados,e dos níveis urinários elevados de GAGs2.

Existem diferentes métodos para a quantificação e identifi-cação das GAGs urinárias, entretanto o método mais adequado éa eletroforese em gel de agarose1,17,18. Por meio do exame citoló-gico do esfregaço sanguíneo pode ser observado grânulos cito-plasmáticos metacromáticos nos neutrófilos, como os grânulosde Alder Reily (Figura 1) no citoplasma dos leucócitos do san-gue periférico1,6,11, sendo estes mais evidentes nas MPS VI e VII,e não tão distintos na MPs I, como também a redução da ativida-de da ASB nos leucócitos6.

Figura 1: Grânulos de Alder Reily no citoplasma de leucócito do san-gue periférico, característicos de acúmulo de mucopolissacárides(Serviço de Laboratório Clínico do HOVET - FMVZ/USP)........................................................................................................................

No exame radiográfico podem-se observar alterações no es-queleto, caracterizada pela displasia epifisária em ossos longos eem extremidades dos corpos vertebrais. Nota-se o retardo da mi-neralização óssea das cartilagens dos discos epifisários, menorossificação das epífises com opacidades heterogêneas e deformi-dades com redução da conformação óssea. Os corpos vertebraistem aspecto cuboide e são menores que o normal. A maxila podeestar mais curta que o normal. A doença articular degenerativaprogressiva ocorre como resultado do retardo da ossificação e assubluxações ou luxações ocorrem devido ao remodelamento ós-seo incongruente. No exame radiográfico pode-se observar ou-tras alterações, tais como osteopenia generalizada, exostos e efu-são vertebral (Figura 2).

É importante salientar que cães em crescimento com doençaesquelética podem também apresentar um pequeno aumento daconcentração de sulfato de condroitina na urina que ocorre devido

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ao crescimento e remodelação óssea17,18. Para confirmar o diag-nóstico, deve-se analisara enzima (detecção de baixa atividadede uma enzima lisossomal e concorrente aumento da atividade deoutras na via metabólica) ou verifica-se mutação, caso seja co-nhecida a raça do animal17,12.

Em estudo prévio foi descrito que o líquido sinovial podeser considerado um importante biomarcador nas MPS, pois vári-as moléculas inflamatórias nele contidas serviriam para monito-rar e indicar o estado dos ossos e articulações dos afetados, poisnão é definido ou diretamente relacionado que a concentraçãourinária de GAGs corresponda ao estado dos ossos, articulações,cérebro e outros órgãos acometidos13.

O tratamento de suporte deve ser baseado na melhora doestado geral, por meio do suporte nutricional, fisioterapia e pre-venção ou tratamento das complicações clínicas tal como a insu-ficiência respiratória15,17. Devido à característica progressiva daMPS, intervenções terapêuticas devem ser instituídas precoce-mente12,13,14,17.

Assim, para as doenças de acúmulo lisossomal, as princi-pais estratégias de tratamento incluem (1) terapia de reposiçãoenzimática, (2) transplante heterólogo de órgãos ou células e (3)transferências de genes somáticos6,14-16. Para isso, modelos ani-mais têm sido utilizados para estudo de tais técnicas8,17. Os estu-dos de reposição enzimática têm sido realizados nos animais aco-metidos utilizando-se a aL iduronidase recombinante humana. Ainjeção intravenosa da enzima purificada em três cães filhotesque apresentavam a afecção por mais de 13 meses, e resultou emmelhora do acúmulo lisossomal no fígado, baço e glomérulos re-nais. Entretanto, não houve melhora quanto ao acúmulo de GAGno tecido cerebral. Além disso, todos os cães desenvolveram an-ticorpos ativadores do complemento contra a proteína humana4.

Nos felinos, a terapia de reposição enzimática com N acetil-galactosamina 4 sulfatase tem sido recomendada como terapiapara as MPs VI e I, e os animais acometidos que foram tratados

semanalmente desde o nascimento apresentaram redução na con-centração de GAGs urinárias, como também melhora no acúmu-lo lisossomal no coração, aorta, pele, fígado e células perivascu-lares do cérebro, ainda, observou-se, também, melhora na mobi-lidade da coluna cervical e menor compressão da medula espi-nhal14.

Embora a terapia de reposição enzimática seja possível deser indicada para os diferentes tipos de mucopolissacaridoses,esta tem efeito limitado nos ossos e nas articulações, sendo queainda é sugerido o tratamento associado com anti-inflamatóriosisolados ou, ainda, associados com enzimas e terapia genética.Fármacos antinecrose, os quais inibem o fator de necrose tumo-ral (TNF) parecem ter efeito benéfico nos diferentes tipos dessasafecções13.

O método mais comum de transplante de células tronco he-matopoiéticas é o transplante de medula óssea, entretanto váriosfatores devem ser considerados tais como o tipo de doença, idadedo receptor na ocasião do transplante, genótipo do doador e doreceptor e o grau de doença clínica no momento do transplante12.Ainda, podem ocorrer reações adversas14,15. Na MPS I em gatos,observou-se que o tratamento melhorou a mobilidade, deformi-dades esqueléticas e o dismorfismo facial; também houve aumentoda atividade da iduronidase no fígado e no baço, redução do acú-mulo de gangliosídeos no cérebro, fígado, rim e miocárdio. Já naMPS do tipo VI, o transplante de medula óssea minimizou aslesões ósseas e articulares, bem como a diminuição da excreçãourinária de GAGs14.

Deformidades esqueléticas não progressivas podem ser ob-servadas em animais com mais de 9 meses de idade em que oprocedimento cirúrgico para descompressão pode melhorar oquadro neurológico14.

Em relação a terapia gênica, a transferência de genes somá-ticos envolve a inserção do DNA de células com produção deenzimas normais em células doentes, promovendo uma fonte deenzimas normais para as células12. A terapia gênica decorrente douso de células tronco hematopoiéticas oferece diversas vantagens,mas ainda com base teórica, sobre outros métodos. Estes incluema produção regulada, em longo prazo in vivo, de uma grande va-riedade de agentes terapêuticos derivados do DNA, integradospermanentemente no genoma das células com vida longa, alémda capacidade para proliferação extensa e diferenciação4.

Na medicina veterinária, a terapia gênica, por meio da ad-ministração intravenosa de vetores retrovirais, com o intuito detransferir o DNA das células da beta glucuronidase canina noscães neonatos com MPS tipo VII, mostrou melhora no cresci-mento, nas anormalidades ósseas e articulares e esses animaisrecuperaram parcialmente ou totalmente a locomoção, observan-do-se também importante diminuição de acúmulo de GAGsnosneurônios14, 17.

Em um estudo realizado com gato como modelo de estudo,a resposta à terapia foi mais eficiente quando iniciada logo nonascimento, pois dessa maneira não ocorreu formação de anti-corpos. Além disso, esses animais apresentaram alterações arti-culares progressivas e degenerativas7. Em estudo prévio com cãofoi induzido mucopolissacaridose, de modo experimental, o qualfoi tratado por meio da reposição da enzima á-L-iduronidase nadose de 0,58 mg/kg semanalmente por um período máximo de 81semanas, e a alta dose de reposição enzimática resultou em nor-malização do estoque lisossomal no fígado, baço, pulmão, rins,sinóvia e miocárdio. Nesse animal também houve normalização

Figura 2: Alterações radiográficas (osteopenia, incongruência arti-cular úmer-radio-ulnar, perda da relação rádio-cárpica e ulno-cárpi-ca direita) compatíveis com diagnóstico de mucopolissacaridose emcão (caso 5, Serviço de Diagnóstico por Imagem do HOVET - FMVZ/USP).........................................................................................................................

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• Eletroforese em gel de agarose: Detectado grande quantidadede sulfato de dermatina.• Tratamento: Prescrita terapia de suporte.• Observação: Óbito após 6 meses do diagnóstico.

CASO 2

• Identificação: Cão macho, sem raça definida com 2 anos deidade.• Informações obtidas na anamnese e no exame físico: Animalencontrado abandonado com características fenotípicas de mu-copolissacaridose tais como prognatismo, opacidade de córnea,nanismo, gargolismo, tamanho maior da cabeça sendo este des-proporcional em relação ao corpo, dificuldade de se manter emestação e deformidades articulares (Figura 4).

Figura 3: Ao exame radiográfico foi observado coluna cifo-lordóticae agenesia de 13a costela esquerda (caso 3, Serviço de Diagnósticopor Imagem do HOVET - FMVZ/USP).......................................................................................................................

Figura 4: Cão jovem com características físicas compatíveis com di-agnóstico de mucopolissacaridose, tais como gargolismo, progna-tismo, nanismo, tamanho da cabeça maior em relação ao corpo edeformidade articulares (caso 2, Serviço de Clínica Médica de Peque-nos Animais do HOVET - FMVZ/USP)

dos níveis cerebrais de glicosaminoglicanas, desta forma essasobservações mostraram que o tratamento precoce por meio dareposição enzimática pode ter bons resultados9.

A remissão das manifestações clínicas neurológicas decor-rentes do acúmulo lisossomal requer a investigação de melhoresmétodos de distribuição das enzimas funcionais no cérebro e, paraessa finalidade, os métodos para aumentar a ação das enzimaslisossomais ou mesmo a terapia genética com vetores com o in-tuito de ultrapassar a barreira hematoencefálica têm sido estuda-dos e desenvolvidos, fato que também pode ser aplicado a outrasdoenças neurológicas hereditárias14.

O prognóstico depende da idade em que iniciaram as mani-festações clínicas, como também da progressão da doença e domomento da instituição terapêutica. Ou seja, quanto mais tardioo diagnóstico e instituição da reposição enzimática, mais gravesserão as sequelas e prognóstico. Em seres humanos quanto maiora excreção urinária de GAGs, pior o prognóstico e mais grave adoença15.

O genótipo dos portadores suspeitos pode ser determinadopelo teste genético molecular e pela identificação de descenden-tes acometidos pela doença18. Para reduzir o número de animaisacometidos, faz-se necessário o reconhecimento das manifesta-ções clínicas e da predisposição racial, além da conscientizaçãodos proprietários e dos criadores sobre a reprodução de animaisdoentes, assim animais heterozigotos com potencial para a muta-ção não devem participar da reprodução para prevenir a perpetu-ação da doença18.

Relato de Casos em CãesDescreve-se oito casos que foram atendidos no Serviço de

Clínica Médica de Pequenos Animais do Depto. de Clínica Mé-dica / Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterináriae Zootecnia da Universidade de São Paulo (Hovet - FMVZ/USP).

CASO 1

• Identificação: Cão macho, sem raça definida com 2 anos deidade.• Informações obtidas na anamnese e no exame físico: Opaci-dade de córnea bilateral há 6 meses, dispneia e secreção nasalserosa bilateral há um ano e meio, desproporção entre cabeça ecorpo que se manifestou desde o nascimento. Não foi coletadoinformação sobre antecedentes familiares. Locomoção alterada,impotência de membros pélvicos, nanismo, prognatismo, opaci-dade de córnea bilateral, aumento de volume de consistência maciaem articulações úmero-rádio ulnares, rádio-cárpicas, tíbio-társi-cas e metatarso-falangeanas.• Exame radiográfico: Retenção de discos epifisários em ossoslongos e coluna vertebral, com redução de conformação óssea deepífises. Coluna vertebral cifo-lordótica (Figura 3). Agenesia de13º costela esquerda. Desvio medial das patelas. Aumento devolume de partes moles junto às articulações úmero-rádio-ulna-res, rádio-cárpicas, tíbio-társicas e metatarso-falangeanas. Aspectogloboso da silhueta cardíaca. Pequena quantidade de radiopaci-dade água pleural junto ao ápice cardíaco. Diâmetro traqueal com-patível com hipoplasia de traquéia de grau discreto a moderado.Maxila discretamente mais curta.• Exame ecocardiográfico: Insuficiência aórtica.• Hemograma: Neutrófilos e linfócitos com grânulos intracito-plasmáticos sugestivos de acúmulo de mucopolissacárides (in-clusões de Alder Reily).

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• Hemograma: Encontro das inclusões de Alder Reily em leucó-citos.• Determinação de GAG urinário pelo método de Jong modi-ficado: Grande excreção de mucopolissacárides.• Observação: Realizada eutanásia devido às más condições clí-nicas.

CASO 3

• Identificação: Cão macho, sem raça definida com 3 meses deidade.• Informações obtidas na anamnese e no exame físico: Difi-culdade deambulatória há 12 dias com piora progressiva, cabeça,tronco e membros torácicos desproporcionais e sem demais alte-rações em outros sistemas. Nega consanguinidade dos pais e avós.Aumento de volume flutuante em articulação úmero-rádio ulnar,dimorfismo facial, prognatismo e desvio lateral de membros to-rácicos.• Exames radiográficos: Em ossos do crânio, nota-se pequenodesalinhamento de oclusão dentária entre maxilas e mandíbulas.Deformidade de corpos vertebrais e esterno com retenção de car-tilagem nas epífises, alteração morfológica subcondral das arti-culações úmero-rádio-ulnares e dos carpos. Discreto alargamen-to dos discos epifisários dos rádio-ulnas e úmeros Aumento devolume de partes moles em extremidade distal dos membros to-rácicos (Figura 5).• Hemograma: Discreta trombocitopenia e todos os leucócitosapresentaram granulações sugestivas de mucopolissacaridose (in-clusões de Alder Reily).• Exame oftalmológico: Opacificação discreta da córnea alémde conjuntivite bilateral.• Tratamento: Expectativa, mas o animal não mais retornou.

Figura 5: Cão jovem com deformidades articulares compatíveis comdiagnóstico de mucopolissacaridose (caso 3, Serviço de Clínica Médi-ca de Pequenos Animais do HOVET - FMVZ/USP)........................................................................................................................

CASO 4

• Identificação: Cão fêmea, sem raça definida com 1 ano e 6meses de idade.• Informações obtidas na anamnese e no exame físico: Desdeo nascimento apresenta desproporção entre cabeça e corpo, compiora progressiva. Filhote de endocruzamento, com pais e irmãosfenotipicamente normais. Há 1 mês não se locomove e há 1 diaapresenta-se ofegante. Constatado desproporção entre cabeça emembros, prognatismo e deformidades em articulações carpo-radiais, coluna cervical, torácica e lombar.• Exame radiográfico: Malformação do esterno com estreita-mento da cavidade torácica. Evidencia-se opacificação de cam-pos pulmonares em hemitórax esquerdo. Dificuldade de avalia-ção da silhueta cardíaca. Em relação ao sistema esquelético, nota-se que diversos discos epifisários, tanto de ossos que formam acoluna vertebral como dos membros locomotores, encontram-seabertos com redução da conformação óssea das epífises. Eviden-cia-se ainda a presença de desvios cifo-lordóticos em coluna ver-tebral. Em articulações dos carpos e tarsos observa-se aumentode volume de partes moles, com perda de definição da conforma-ção óssea habitual e opacidades hetorogêneas de ossos carpianose tarsianos.• Hemograma: Discreta anemia e neutrófilos, monócitos e linfó-citos com granulações de Alder Reily, compatíveis com acúmulode mucopolissacárides.• Tratamento: Terapia de suporte e o animal não retornou.

CASO 5

• Identificação: Cão macho, sem raça definida com 6 meses deidade.• Informações obtidas na anamnese e no exame físico: Animalfoi encontrado com aproximadamente 3 meses de idade. Impo-tência funcional e paralisia dos quatro membros há uma semana.Apresentava sensibilidade dolorosa generalizada e desvio de ca-beça para a esquerda. Observou-se que o animal não apresentavadesenvolvimento adequado com suspeita de nanismo, como tam-bém não se mantinha em estação e ao exame de membros toráci-cos apresentava paralisia flácida, atrofia, aumento de volume dearticulação úmero-rádio-ulnar direita com crepitação e sensibili-dade, mobilidade anormal da articulação tíbio-társica bilateral eao exame de membros pélvicos apresentava paralisia, aumentode volume da articulação fêmoro-tíbio-patelar direita com mobi-lidade anormal, crepitação e sensibilidade e mobilidade anormalna articulação tíbio-társica.• Exame radiográfico: Deformidade óssea generalizada, redu-ção da conformação óssea das vértebras e acentuado retardo daossificação das epífises da coluna vertebral, evidente incongru-ência articular úmero-rádio-ulnar bilateral, perda da relação arti-cular rádio-cárpica direita e aumento de volume de partes molesintra-articular com perda parcial da relação fêmoro-tíbio-patelarbilateral.• Hemograma: Anemia e leucocitose por neutrofilia com desvioà esquerda e presença de granulações de Alder Reily, compatí-veis com acúmulo de mucopolissacárides.• Tratamento: Terapia de suporte e o animal não retornou.

Caso 6

• Identificação: Cão macho, Shih Tzu com 10 meses de idade.

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mes laboratoriais, tais como hemograma, perfil hepático e renal,glicemia, creatinina quinase e exame de urina (todos sem altera-ções).

DesenvolvimentoAs mucopolissacaridose são doenças genéticas caracteriza-

das pela ausência de enzimas que degradam os mucopolissácari-des levando a deposição destas substâncias em lisossomos teci-duais, o que acarreta em alterações funcionais de diversos siste-mas, bem como alterações fenotípicas condizentes com a enzimadeficiente. Em geral, estes pacientes apresentam baixa expectati-va de vida, sendo o diagnóstico realizado em animais jovens e namedicina humana, em crianças2,6. Da mesma forma, que foi ob-servado no presente estudo em que todos os animais eram jovens(idade variando de 3 meses a 2 anos de idade).

Em relação às manifestações clínicas, condizente com a li-teratura4, a presença de gargolismo é frequente nos pacientes comMPS. O termo gargolismo é utilizado para descrever a presençade fácies gargólica, caracterizada por cabeça grande, fácies gro-tesca, mão de garra, deformidade dos membros e pele espessa.No presente trabalho, 37,5% dos cães apresentaram gargolismo,75% dos animais apresentaram deformidade articular e em 62,5%dos casos for observado prognatismo.

Complicações oftálmicas como opacidade da córnea, hiper-tensão ocular e glaucoma podem ocorrerem pacientes com mu-copolissacaridose, e a retinopatia é frequentemente descrita nospacientes humanos4. Diferentemente do que foi observado noscasos clínicos relatados, apenas 25% dos pacientes apresentaramopacidade de córnea.

Segundo estudos prévios7,9, os pacientes portadores de mu-copolissacaridoses geralmente apresentam diferentes alteraçõesósseas, tais como displasia epifisária generalizada, malformaçãodos corpos vertebrais, luxação ou subluxação e hipoplasia do pro-cesso odontóide, e no atinente aos oito cães relatados, observou-se que todos apresentavam pelo menos um tipo de alteração ós-sea no exame radiográfico10,18.

Quanto ao diagnóstico dos casos clínicos em questão, este

Figura 6: Cão jovem com deformidades articulares, prognatismo, atro-fia de membros torácicos e pélvicos compatíveis com diagnósticode mucopolissacaridose (caso 8, Serviço de Clínica Médica de Peque-nos Animais do HOVET - FMVZ/USP).......................................................................................................................

• Informações obtidas na anamnese e no exame físico: Rigidezcervical há 1 mês após banho. Desde então apresenta ataxia, mem-bros pélvicos com marcha cruzada e rígida, não permanecia emestação e sensibilidade em região cervical e em membros toráci-cos. Tetraparalisia flácida, sensibilidade em opistótono e propri-ocepção diminuída em todos os membros.• Exame radiográfico: Malformação da coluna vertebral apre-sentando retenção dos discos epifisários, vértebras de aspectoscuboides, alargamento do canal medular e perda de definição dasfacetas articulares dos corpos vertebrais toracolombares, radio-pacidade óssea heterogênea em canal medular dos ossos longosdos membros torácicos e pélvicos. Alargamento das fossas doolécrano e acetabulares. Diminuição das interlinhas radiográfi-cas em carpos e tarsos. Aumento global da silhueta cardíaca comdesvio dorsal da traqueia. Retenção de cartilagem costocondralgeneralizada.• Hemograma: Sem alterações e não foram observadas as granu-lações de Alder Reily.• Tratamento: Suporte com analgésicos e com quadro estáveldesde o diagnóstico por três meses.

CASO 7

• Identificação: Cão macho, sem raça definida com 3 meses deidade.• Informações obtidas na anamnese e no exame físico: Impo-tência funcional dos membros torácicos desde os quinze dias deidade e o irmão da mesma ninhada apresenta alterações seme-lhantes. Secreção nasal bilateral de aspecto seroso, aumento devolume em articulações úmero-rádio-ulnares e com presença deluxação na articulação úmero-rádio-ulnar esquerda.• Exame radiográfico: Retardo na mineralização óssea e redu-ção da conformação óssea generalizada das epífises dos ossoslongos e da coluna vertebral e aumento de volume de partes mo-les junto às articulações dos carpos e úmero-rádio-ulnares. Perdada relação articular úmero-rádio-ulnar esquerda. Discreto encur-vamento das diáfises dos metacarpos bilaterais.• Hemograma: Células com granulações de Alder Reily, sugesti-vos de acúmulo de mucopolissacárides.• Observação: Houve acentuada piora clínica do animal e o pro-prietário optou pela eutanásia.• Necrópsia: Avaliação microscópica: múltiplos focos contendovacuolização de fibras miocárdicas, vacuolização das células dasparedes dos vasos, no fígado encontrou-se degeneração vacuolarmicrogoticular difusa e cérebro com vacuolização intracitoplas-mática dos neurônios difusa, associada a neuronofagia e gliose.• Moléstia principal: Vacuolização intracitoplasmática neuro-nal.

CASO 8

• Identificação: Cão, fêmea, Dobermann com 7 meses de idade.• Informações obtidas na anamnese e no exame físico: Menoranimal da ninhada, tremores musculares constatado aos 3 mesese que evoluiu para impotência funcional dos 4 membros, as arti-culações encontravam-se aumentadas de volume, os ruídos respi-ratórios aumentados desde o nascimento, prognatismo, opacida-de unilateral de córnea, sopro sistólico grau II/IV em foco demitral, propagação de ruídos laringo-traqueais em campos pul-monares, atrofia de musculatura de membros torácicos e pélvicos(Figura 6). Não foi observado alterações nos resultados dos exa-

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foi firmado com base em alterações obtidas por meio dos dadosde anamnese, do exame físico, de exame laboratorial, como ohemograma, e exames radiográficos. Ainda, a determinação deGAG urinária pelo método de Jong modificado foi possível deser realizado em apenas dois casos, pois é uma técnica de difícilacesso na rotina, bem como a determinação do GAG na urina eda enzima a qual é deficiente na MPS9,10. Nos oito casos analisa-dos, não foram realizados exames radiográficos, apenas do caso2 e 8, nos demais os exames incluíam principalmente as regiõesde coluna vertebral e ossos longos, nos quais demonstraram oretardo da mineralização óssea dos discos epifisários e reduçãoda conformação óssea das epífises, luxações e aumento de volu-me articulares.

As limitações do tratamento estão relacionadas a demora dediagnóstico e ao fato da doença ser progressiva, ou seja, mesmoque se possa repor a enzima deficiente, não há cura, apenas ocontrole do processo e a não reversão das lesões já ocorridas. Emseres humanos há poucos anos houve a possibilidade e o acesso amedicação, ou seja, de administrar a enzima deficiente, porémem animais o acesso a terapia ainda não é disponível. Logo, namedicina veterinária, atualmente as opções de terapia são limita-das9,18 ocasionando um mau prognóstico e baixa expectativa devida. Os cães do presente relato foram submetidos a tratamentode suporte como de acordo com estudos prévios1. Em animais, otratamento para mucopolissacaridose ainda é inconsistente, porcausa da raridade da doença, da heterogenicidade fenotípica edas opções terapêuticas limitadas10.

Faz-se muito importante em humanos o aconselhamento ge-nético e na veterinária, a orientação ao proprietário quanto a afastaro paciente e seus familiares da reprodução.

Considerações FinaisOptamos por realizar esta publicação pelo fato de ainda não

termos dados de literatura veterinária no Brasil relacionados àsmucopolissacaridoses. Salientamos a importância dos clínicos te-rem conhecimento da existência da doença, saber reconhecê-lapor meio das informações obtidas na anamnese e nos achados deexame físico e dos exames complementares. Ainda, o reconheci-mento desta afecção faz-se necessário para realização de diag-nóstico precoce e posterior tratamento, associado a conscientiza-ção do proprietário a respeito do prognóstico e orientações quan-to à reprodução, pois tais animais devem ser afastados da repro-dução. Dessa forma, esforços maiores ainda são necessários paradiagnóstico preciso, e, depois de firmado, perspectivas quanto atratamento.

Agradecimentos: M.V. Luis Octávio L. Vasquez pelo auxílio na determina-ção do GAG e Prof. Dr. Franklin de Almeida Sterman (in memorian) pelacolaboração na análise das imagens radiográficas.

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