levantamento do Índice de acidentes de trabalho...
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AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E SAÚDE DO TRABALHO E
SEGURANÇA DO TRABALHO
LEVANTAMENTO DO ÍNDICE DE ACIDENTES DE TRABALHO
ENVOLVENDO QUEIMADURAS EM UMA EMPRESA DO SEGMENTO
DE LATICÍNIOS NO VALE DO JAURÚ
Autor: Regina Sandra de Souza Andreto. Orientador. Prof. Msc. Ieda Maria Brighenti.
MIRASSOL D’OESTE-MT/2013
AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
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CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E SAÚDE DO TRABALHO E
SEGURANÇA DO TRABALHO
LEVANTAMENTO DO ÍNDICE DE ACIDENTES DE TRABALHO
ENVOLVENDO QUEIMADURAS EM UMA EMPRESA DO SEGMENTO
DE LATICÍNIOS NO VALE DO JAURÚ
Autor: Regina Sandra de Souza Andreto. Orientador. Prof. Msc. Ieda Maria Brighenti.
Monografia apresentada ao Curso de especialização em Gestão e Saúde do Trabalho e Segurança do Trabalho como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização.
MIRASSOL D’OESTE-MT/2013 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
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CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E SAÚDE DO TRABALHO E
SEGURANÇA DO TRABALHO
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Regina Sandra de Souza Andreto
__________________________________________________
Orientadora Prof. Msc. Ieda Maria Brighenti.
_____________________ Nota de conceito
MIRASSOL D’OESTE-MT/2013
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Dedico a minha família, ao meu esposo e
aos meus filhos, por sempre me
incentivarem a continuar minha busca
pelo conhecimento e realização
profissional.
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“O risco de acidentes é maior quando nos
acostumamos a conviver com o perigo e
passamos a ignorá-lo”.
Cristina Maria dos Santos Sad.
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AGRADECIMENTOS
À Deus por ter me abençoado durante esses dois anos de estudo, e por ter
me acompanhado em todos os momentos, inclusive nos momentos de dificuldade,
me dando sabedoria e paciência; por tudo isso e muito mais.
A minha família, em especial ao meu esposo e aos meus filhos, que tiveram
paciência, e pela compreensão nos momentos em que estive ausente.
Aos professores que me orientaram e indicaram o caminho, que a partir de
agora estarei trilhando e principalmente por me incentivar a continuar a busca pelo
conhecimento, e a perfeição em minha profissão.
Aos meus amigos e amigas que dividiram tempo e conhecimento comigo ao
longo desses dois anos, pelo companheirismo e amizade.
A Faculdades Cathedral por possibilitar me especializar, e por ser um elo
entre o conhecimento e a busca pela perfeição.
A todos que fizeram parte de minha vida durante esse curso de
especialização, de forma direta ou indireta, muito obrigada.
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RESUMO
Os acidentes de trabalho podem afetar diretamente a qualidade de vida do funcionário e consequentemente afetar a produção e lucratividade de uma empresa, e como o funcionário é o maior patrimônio da empresa que visa crescimento e permanência no mercado empresarial, é importante que o funcionário tenha sua segurança garantida no exercício de suas atividades. Nessa ótica esse trabalho desenvolveu uma pesquisa junto ao: Laticínios Vencedor Indústria e Comércio de Produtos Lácteos Ltda., com o objetivo de investigar o índice de acidentes por queimaduras na referida empresa no ano de 2011. A partir deste estudo, notou-se que todos os setores da empresa devem estar atentos às normas de segurança para evitar acidentes, e que embora a empresa tenha um técnico em segurança do trabalho, é importante que todos os funcionários saibam da importância de desempenharem suas funções de forma segura e com muita atenção de maneira a evitar acidentes, além, é claro, do uso constante dos EPIs. Mostrou que o papel do profissional de saúde especializado em segurança do trabalho dentro e uma empresa é fundamental na realização do primeiro atendimento, já que o atendimento correto pode evitar complicações futuras no quadro clínico do paciente/funcionário. Palavras-chave: Queimaduras - Segurança no trabalho - EPIs.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Tabela de classificação de acordo com a profundidade da
queimadura.........................................................................................................
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Figura 02: Classificação de acordo com a profundidade da lesão.................... 17
Figura 03: Queimadura 1º grau......................................................................... 17
Figura 04: Queimadura de 2º grau.................................................................... 18
Figura 05: Queimadura 3º grau......................................................................... 18
Figura 06: Queimadura elétrica......................................................................... 21
Figura 07: Queimadura causada água-viva...................................................... 21
Figura 08: Queimadura por atrito (queda de moto)........................................... 22
Figura 09: Frostbite – lesão típica de exposição ao frio nas extremidades....... 29
Figura 10: Vestimenta para uso em ambiente de trabalho com baixa
temperatura........................................................................................................
29
Figura 11: Pele lesionada pelo contato da soda cáustica................................. 32
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01: Percentual de funcionários que sofreram alguma queimadura
em 2011..........................................................................................................
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Gráfico 02: Índice de acidentes por queimaduras que geraram atestados.. 36
Gráfico 03: Sexo dos acidentados por queimaduras em 2011...................... 36
Gráfico 04: Percentual de funcionários que sofreram queimaduras por
setor................................................................................................................
37
Gráfico 05: Tipo de produto ou agente responsável pela queimadura......... 38
Gráfico 06: Local afetado pela queimadura................................................... 39
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10
CAPÍTULO I...................................................................................................... 12
1 CONCEITO DE SEGURANÇA DO TRABALHO........................................... 12
1.1 Conceito de queimaduras, suas características, e as implicações na
vida do trabalhador.........................................................................................
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CAPÍTULO II..................................................................................................... 23
2 ACIDENTES DE TRABALHO: CONSEQUÊNCIAS PARA A EMPRESA
CONTRATANTE E IMPLICAÇÕES NA VIDA DO TRABALHADOR...............
23
2.1 Acidentes de trabalho: características preocupantes........................... 25
2.2 Acidentes de trabalho e suas implicações na vida do trabalhador...... 28
2.3 Contextualização histórica da empresa em estudo............................... 33
CAPÍTULO III.................................................................................................... 35
3 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS....................... 35
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 40
BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 42
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INTRODUÇÃO
Desde que se tem conhecimento, a sociedade tem buscado qualidade
de vida em todos os aspectos; principalmente quando se trata das atividades que
tomam maior tempo de vida dos indivíduos, como o trabalho, por exemplo.
Muitos são os fatores que interferem na qualidade de vida dos
trabalhadores, sendo estresse, jornada dupla de trabalho, remuneração incompatível
com a jornada de trabalho e função desempenhada, falta de um efetivo maior de
trabalhadores resultando na sobrecarga dos demais, falta de treinamento para a
realização adequada das atividades, dentre outros.
Como consequência desses fatores tem havido muitos acidentes de
trabalho, comprometendo a saúde do trabalhador, e em alguns casos interferindo na
autoestima e na vida futura do mesmo. Dependendo da natureza do acidente, o
trabalhador fica impossibilitado de dar continuidade à vida como anteriormente,
principalmente quando o acidente compromete algum dos membros, seja superior
ou inferior, limitando as ações que antes eram desempenhadas com naturalidade.
Nesta ótica, este trabalho visa abordar especificamente os acidentes
que envolvem queimaduras, seja ela de 1º, 2º ou 3º graus, pois esse é um tipo de
acidente, que dependendo do grau de comprometimento, pode abalar a autoestima
do trabalhador, e comprometer diretamente sua qualidade de vida, e resultar em
sequelas para todo o restante de sua vida.
Neste contexto, vem à tona a seguinte pergunta: a assistência de
enfermagem aos trabalhadores vítimas de queimaduras na empresa Laticínios
Vencedor Indústria e Comércio de Produtos Lácteos Ltda., pode auxiliar na
recuperação dos mesmos e colaborar com a sua qualidade de vida?
Para tanto, este trabalho monográfico tem como objetivo investigar o
índice de acidentes por queimaduras envolvendo funcionários de uma empresa do
seguimento em laticínios na região do Vale do Jaurú, e despertar a tenção de todos
para a importância de se trabalhar pautado nas normas de segurança, visando evitar
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acidentes de trabalho, com o intuito de colaborar com a qualidade de vida do
trabalhador e com o crescimento da empresa.
Visando compreender os aspectos referentes aos acidentes de
trabalho e especificamente à queimadura, procedeu-se a leitura e análise de
literaturas especializadas no tema proposto, bem como em artigos publicados e
reconhecidos, sendo que para a elaboração do trabalho foram selecionados apenas
os referentes ao tema em questão.
Posteriormente, para coleta de dados foi desenvolvida uma pesquisa
com o Técnico em Segurança do Trabalho da empresa Laticínios Vencedor Indústria
e Comércio de Produtos Lácteos Ltda., no Bairro Industrial na Cidade de São José
dos Quatro Marcos – MT, onde se coletou dados referentes aos acidentes de
trabalho envolvendo queimaduras, ocorridos no período de um ano, sendo que
foram coletados dados registrados entre o dia 01 de janeiro a 31 de dezembro de
2011, e os resultados foram apresentados em forma de gráficos para melhor
compreensão e análise dos mesmos.
Este trabalho monográfico está subdividido dividido em três capítulos.
O primeiro capítulo segurança do trabalho e queimaduras, discorre
sobre os tipos e as características de cada um dos três tipos: 1º, 2º e 3º graus.
O segundo capítulo conceitua os acidentes de trabalho, suas
características e implicações na vida do trabalhador; e histórico da empresa,
apontando data de criação, capacidade de produção, primeira administração, e atual
quadro de funcionários envolvidos no processo de produção da mesma.
O terceiro capítulo apresenta os dados obtidos na pesquisa realizada
na empresa: Laticínios Vencedor Indústria e Comércio de Produtos Lácteos Ltda.; e
por ultimo é apresentada a conclusão.
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CAPÍTULO I
1 CONCEITO DE SEGURANÇA DO TRABALHO
Por décadas houve uma grande preocupação com problemas de saúde
relacionados aos trabalhadores que desempenhavam função em áreas específicas,
onde muitos funcionários desenvolviam determinadas doenças sem saber que era
resultado de seus esforços repetitivos. Outros ainda, contraiam doenças no
ambiente de trabalho, as quais eram resultados de seu contato com outras pessoas
já contagiadas, como no caso de médicos e enfermeiros; e ainda outros, ficavam
impossibilitando de desempenhar suas funções por haver se envolvido em acidentes
dentro do próprio ambiente de trabalho.
Visando amenizar tais problemas, muitos estudos foram desenvolvidos,
e Leis foram criadas com o intuito de prevenir doenças relacionadas ao trabalho,
bem como evitar acidentes durante o a realização das atividades trabalhistas.
Surge então o conceito de Segurança do Trabalho, citado
detalhadamente pela primeira vez, por George Bauer, que em 1956, publicou um
livro, no qual mostrou que algumas doenças podem ser causadas pelo trabalho.
(BITENCOURT e QUELHAS, 2002, p. 01).
Anos se passaram e um relatório no ano de 1831 causou um impacto
no mundo empresarial, já que o relatório afirmou que “homens e mulheres, meninos
e meninas, encontravam-se doentes, deformados, abandonados, uma mostra da
crueldade do homem para com o homem”. (BITENCOURT e QUELHAS, 2002, p.
02).
A partir desse relatório, criou-se em 1833, a primeira legislação para
proteção do trabalhador, e passou-se a exigir a presença de um médico na fábrica,
e, desde então:
Uma série de medidas legislativas são adotadas, devido ao grande desenvolvimento industrial da Grã-Bretanha, visando a proteção do trabalhador, tal como, a criação de um órgão do Ministério do Trabalho, o “Factory Inspectorate”, que visava uma análise de agentes químicos que
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eram prejudiciais à saúde do trabalhador. (BITENCOURT e QUELHAS, 2002, p. 03).
No ano de 1935, fundou-se na cidade de New York (E.UA.), o
"Conselho Inter-Americano de Seguridad", o qual dedicou suas atividades à
prevenção de acidentes de trabalho em toda a América Latina. (BITENCOURT e
QUELHAS, 2002, p. 04).
No ano de 1950, por meio da Comissão conjunta, a Organização
Internacional do Trabalho e a Organização Mundial da Saúde, estabeleceu-se os
objetivos da saúde ocupacional, sendo:
1 - Proteger os Trabalhadores contra qualquer risco à sua saúde, que possa decorrer do seu trabalho ou das condições em que este é realizado. 2 - Contribuir para o ajustamento físico e mental do trabalhador, obtido especialmente pela adaptação do trabalho aos trabalhadores, e pela colocação do trabalho aos trabalhadores, e pela colocação destes em atividades profissionais. 3 - Contribuir para o estabelecimento e a manutenção do mais alto grau possível de bem-estar físico e mental dos trabalhadores. (BITENCOURT e QUELHAS, 2002, p. 04).
“No Brasil, a primeira lei contra acidentes surgiu em 1919, e impunha
regulamentos prevencionistas ao setor ferroviário, já que, nessa época,
empreendimentos industriais de vulto eram praticamente inexistentes”.
(BITENCOURT e QUELHAS, 2002, p. 04).
“No setor privado, em 1941 é fundada a ABPA (Associação Brasileira
para Prevenção de Acidentes), por um grupo de pioneiros, sob patrocínio de
algumas empresas”. (BITENCOURT e QUELHAS, 2002, p. 05).
No ano de 1978, especificamente no dia 08 de junho foi criada a
Portaria no 3.214, a qual aprovou as Normas Regulamentadoras - NR, referentes a
Segurança e Medicina do Trabalho, que obrigou as empresas o seu cumprimento.
(BITENCOURT e QUELHAS, 2002, p. 06).
As referidas normas abordam vários problemas relacionados ao
ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador; tendo como alvo todos os tipos de
acidentes de trabalho.
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Porém, é importante que se entenda o que é considerado um acidente
de trabalho. De acordo com a Lei:
Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária. (AEP, 2004, p. 05).
A citação acima fala de lesão corporal e perturbação funcional, para
tanto se faz necessário entender também o que é lesão corporal, sendo que
considera-se lesão corporal: “qualquer dano produzido no corpo humano, seja ele
leve, como, por exemplo, um corte no dedo, ou grave, como a perda de um
membro”. (AEP, 2004, p. 05).
Quanto à perturbação funcional: “é o prejuízo do funcionamento de
qualquer órgão ou sentido. Por exemplo, a perda da visão, provocada por uma
pancada na cabeça, caracteriza uma perturbação funcional”. (AEP, 2004, p. 05).
Há também uma diferença entre doença profissional e doença do
trabalho, se do que:
Doenças profissionais são aquelas que são adquiridas na sequência do exercício do trabalho em si. Doenças do trabalho são aquelas decorrentes das condições especiais em que o trabalho é realizado. Ambas são consideradas como acidentes do trabalho, quando delas decorrer a incapacidade para o trabalho. (AEP, 2004, p. 05).
Especificando melhor as incapacidades, existem três tipos de
incapacidades, que são: incapacidade temporária, incapacidade parcial e
permanente e incapacidade total e permanente.
A incapacidade temporária é a perda da capacidade para o trabalho por um período limitado de tempo, após o qual o trabalhador retorna às suas atividades normais. A incapacidade parcial e permanente é a diminuição, por toda vida, da capacidade física total para o trabalho. É o que acontece, por exemplo, quando ocorre a perda de um dedo ou de uma vista. Incapacidade total e permanente é a
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invalidez incurável para o trabalho. (AEP, 2004, p. 07).
Nota-se que a segurança do trabalho é muito importante, já que com o
comprometimento de um funcionários, uma série de fatores estará diretamente
ligada ao funcionamento da empresa, e ao bem estar dos contratados.
Dentre os acidentes de trabalho, pode-se citar a queimadura, a qual
pode comprometer seriamente a vida de um indivíduo, seja ela de primeiro, segundo
ou terceiro graus, os quais serão abordados a seguir.
1.1 Conceito de queimaduras, suas características, e as implicações na vida do
trabalhador
“Queimadura é um trauma de grande complexidade, de difícil
tratamento, multidisciplinar, com alta taxa de morbidade e mortalidade em todo o
mundo, afetando mais de um milhão de pacientes ao ano, [...]” (GRAGNANI e
FERREIRA, 2009, p. 92).
De acordo com o conceito de alguns autores:
Queimaduras são lesões dos tecidos orgânicos em decorrência de trauma de origem térmica resultante da exposição ou contato com chamas, líquidos quentes, superfícies quentes, eletricidade, frio, substâncias químicas, radiação, atrito ou fricção. (PICCOLO, et al., 2008, p. 03).
“As queimaduras constituem, nas diferentes idades, a terceira causa de
morte por trauma e a segunda em menores de quatro anos”. (COSTA et al., 1999, p.
01).
Dentre os fatores que dificultam o processo de recuperação e pode até
mesmo levar à morte, estão: baixa idade, lesão inalatória ou respiratória, extensão e
profundidade da lesão, demora e falhas no primeiro atendimento médico podem
resultar no aumento da mortalidade das vítimas de queimaduras (COSTA, et al.,
1999, p. 01).
As queimaduras são classificadas em 1º, 2º, 3º e 4º graus, de acordo
com o grau de comprometimento da camada da pele (figura 01).
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Figura 01: Tabela de classificação de acordo com a profundidade da queimadura.
Fonte: Piccoli, 2008, p. 03.
De maneira geral, as queimaduras são definidas por como:
Queimaduras de espessura parcial superficial são aquelas de primeiro grau e/ou de segundo grau superficial; Queimaduras de espessura parcial profunda são aquelas de segundo grau profundo; Queimaduras de espessura total são aquelas de terceiro grau. (PICCOLI, 2008, p. 04).
Figura 02: Classificação de acordo com a profundidade da lesão.
1º Grau 2º Grau 3º Grau
Fonte: Pinheiro, 2008.
A queimadura de 4º grau, está relacionada aos acidentes com
eletricidade. “Envolve a completa destruição de todos os tecidos, desde a epiderme
até o tecido ósseo subjacente” (COELHO, MOURA e KARILMA, 2008, p. 01).
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A queimadura de 1º grau apresenta “Pele integra, muito dolorosas,
secas, avermelhadas, ficam pálidas a digito pressão e não formam bolhas” (figura
03) (PINHEIRO, 2008, p. 01).
Figura 03: Queimadura 1º grau.
Fonte: Pinheiro, 2008.
Além das queimaduras com líquidos quentes, esse tipo de queimadura
também está relacionada com a permanência prolongada do individuo ao sol.
“A atividade mais relacionada à ocorrência dessas queimaduras graves
é o banho de sol, recurso adotado para bronzear a pele. Áreas anatômicas que
recebem maior dose de radiação ultravioleta são as mais frequentes de
queimaduras [...]”. (SOUZA, FISCHER e SOUZA, 2004, p. 589).
Nas queimaduras de 2º grau ocorre a “Formação de bolhas e rotura da
pele , muito dolorosas, úmidas, avermelhadas. Nas queimaduras de 2º grau mais
profundas, as lesões não ficam pálidas a digito pressão” (figura 04) (PINHEIRO,
2008, p. 01).
Figura 04: Queimadura de 2º grau.
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Fonte: Pinheiro, 2008.
Nas queimaduras de 3º grau, ocorre a “Destruição das camadas
superficiais da pele indo até camadas mais profundas, são indolores e a aparência
varia de lesões esbranquiçadas a lesões escuras. A pele é seca e inelástica” (figura
05) (PINHEIRO, 2008, p. 01).
Figura 05: Queimadura 3º grau.
Fonte: Pinheiro, 2008. As queimaduras podem ser ocasionadas por diversos fatores, os quais
“Podem ser causadas por lesões térmicas, químicas, elétricas e radiações”. (COSTA
et al., 1999, p. 01).
Comumente as queimaduras térmicas estão relacionadas à
escaldadura, ou seja contato direto com água, óleo, outro liquido ou vapor em
temperatura elevada, e também à temperaturas muito baixas, como o contato
demorado com elementos com temperatura muito baixa.
“As lesões térmicas produzidas por escaldadura são as mais comuns,
especialmente em menores de 5 anos”. (COSTA, et al., 1999, p. 01).
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No entanto há muitas empresas que utilizam água fervente durante a
produção, e até mesmo durante o processo de limpeza, além da utilização de vapor
de água quente. Como resultado no uso inadequado ou descuidado desses agentes,
além de fatores relacionados à jornada de trabalho, ocorrem acidentes envolvendo
queimaduras.
Falando sobre os acidentes de trabalho, de acordo com alguns autores:
A jornada de trabalho no século atual apesar de mais curta, é realizada de forma mais intensa, potencializando o risco de lesões e acidentes graves, principalmente em pequenas empresas, que para se manterem acabam por precarizar as condições de trabalho. (ANTONIOLLI et al., 2011, p. 376).
Com relação às queimaduras por produtos químicos, dentre os mais
frequentes estão: a amônia anidra, ácidos, soda caustica, dentre outros, sendo que
muitos são os relatos de acidentes envolvendo esses produtos.
A amônia por exemplo está presente nas tubulações das torres de
resfriamento amplamente utilizadas nas indústrias, as quais são responsáveis por
resfriar a água usada no processo de produção onde há a necessidade de
resfriamento rápido de produtos, como nos setores de produção de queijo
mussarela, e outros produtos no seguimento laticínio.
A amônia é um produto que causa ressecamento dos olhos,
compromete a respiração e dependendo do tempo de exposição, pode haver um
comprometimento muito sério do sistema respiratório.
“A exposição ao gás Amônia Anidra (AA) é potencialmente perigosa à
vida, pois pode afetar gravemente o sistema respiratório”. (FELIX e CARDOSO,
2004, p. 123).
O contato com a amônia “Acontece, [...] durante as instalações de
refrigeradores, onde é bastante usada”. (CRUZ e FONSECA, 2009, p. 112).
Os autores supracitados afirmam ainda que:
As lesões causadas por queimaduras químicas são um desafio para os médicos, devido à baixa frequência de admissões hospitalares por esse tipo de acidente e, consequentemente, pouca experiência nessa área na unidade de queimados (CRUZ e FONSECA 2009, p. 112).
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No que diz respeito à queimadura elétrica, essa não acontece com
muita frequência, no entanto é uma das mais perigosas, pois pode deixar sequelas
significativas.
Muitos indivíduos ao terem contato com a eletricidade sem a devida
proteção, caso não venham a óbito no momento do contato, podem sofre sérias
queimaduras pelo corpo.
“A queimadura elétrica é menos frequente, porém causa lesões de
extrema gravidade, mutilações e óbito”. (COSTA, et al., 1999, p. 01).
Este tipo de queimadura ocorre normalmente em resultado do contato com a eletricidade. Haverá uma ferida de entrada, que estará carbonizada e deprimida. Onde a eletricidade deixou o corpo, haverá também uma ferida de saída, que normalmente exibe bordas explosivas. Se a ocorrente foi forte o suficiente, também poderão ocorrer fraturas do osso subjacente (COELHO, MOURA e KARILMA, 2008, p. 01). (figuras 06 a e b).
Figura 06: Queimadura elétrica.
A B
Fonte: Reyner, 2009.
Quanto à queimadura por radiação, essa é menos frequente pois se
trata de queimaduras resultantes do contato do indivíduo com a radiação alfa, a qual
não penetra no organismo, porém, causa queimaduras na pele (JUSTE e
MENICONI, 2011, p. 01).
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Também há as queimaduras biológicas, que podem ocorrer por meio
do contato com “animais e plantas, como o látex, a água-viva e a urtiga”, (VARELLA
s/d, p. 01), (figura 07).
Figura 07: Queimadura causada água-viva.
Fonte: STEINER, 2009, p. 01.
Há também as “queimaduras por atrito (figura 08) podem ocorrer de
diversas formas e são muito comuns em pessoas que caem de moto. O atrito causa
calor, além de uma abrasão na pele [...]” (ZAMARIAN JUNIOR, 2012, p. 01).
Figura 08: Queimadura por atrito (queda de moto).
Fonte: Mello et al., 2010, p. 356.
É importante ressaltar que todo e qualquer tipo de queimadura deve
ser acompanhada de perto por um profissional, pois dependendo da queimadura, é
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necessário cuidados especiais, e a automedicação não é incentivada, pois cada
caso exige um cuidado específico, e deve ser realizado por quem está preparado
para realizar qualquer tipo de procedimento necessário.
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CAPÍTULO II
2 ACIDENTES DE TRABALHO: CONSEQUÊNCIAS PARA A EMPRESA
CONTRATANTE E IMPLICAÇÕES NA VIDA DO TRABALHADOR
Os acidentes de trabalho tem sido um dos grandes problemas
enfrentados no segmento industrial, devido ao comprometimento do processo
produtivo, e consequentemente a redução da lucratividade devido à ausência do
funcionário no posto de trabalho, fato que é conhecimento no mundo empresarial
como absenteísmo.
“O termo absenteísmo originou-se da palavra absentismo, que por sua
vez deriva do latim absens - ausente, de ab + esse” (MALTEZ, 2009, p. 01).
Há outros autores que afirmam que ela também tem origem francesa,
afirmam que a palavra absenteísmo derivada do Francês absentéisme, significa
“pessoa que falta ao trabalho”, e segundo os autores pode ser por inúmeros motivos,
e enfatizam que pode ser por causas propositais ou por motivos que fogem à
vontade do trabalhador, como nos casos de doenças, óbitos de um ente querido,
etc. (MACIEL et al., 2011, p. 03).
Esse termo foi usado inicialmente para se referir a proprietários rurais
que deixavam suas propriedades e se mudavam para as cidades mais próximas.
Acredita-se também que “esse termo originou-se da palavra
‘absentismo’ aplicado aos proprietários rurais que abandonavam o campo para viver
na cidade”. Os autores ainda ressaltam que no período industrial, esse termo foi
aplicado aos trabalhadores que faltavam ao serviço (PENATTI, ZAGO e QUELHAS,
2006, p. 01).
Há também alguns autores que afirmam que:
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Absenteísmo, também denominado ausentismo e absentismo, é a ausência do trabalho, em princípio sem uma razão que a justifique, como doença, comprovadas ou não, crônicas ou eventuais; motivos familiares; dificuldades de transporte; falta de motivação em virtude de supervisão inadequada. (LACOMBE, 2005, p. 258).
De acordo com estudiosos, o absenteísmo pode ser dividido em duas
categorias: absenteísmo voluntário e absenteísmo involuntário, conceituados a
seguir, sendo que:
O absenteísmo voluntário é caracterizado pelas ausências programadas, ou seja, aquelas ausências previstas, como férias e folgas. Já o absenteísmo involuntário é aquele caracterizado pelas ausências que não foram programadas, ou seja, as faltas não previstas que na maioria das vezes são caracterizadas por problemas de saúde ou problemas pessoais (MALLADA, 2007, apud AGUIAR e OLIVEIRA, 2009, p. 97).
Outro tipo de ausência do trabalho, que também é considerado por
alguns autores como absenteísmo, que diz respeito ao trabalhador que embora
esteja fisicamente no ambiente de trabalho, não produz como deveria por estar
disperso, ou seja, está com o pensamento concentrado em outra coisa que não diz
respeito às suas funções dentro da organização, e segundo o autor, esse fato
caracteriza-se por ausência mental. Essa atitude pode estar relacionada com o
desejo de se afastar do ambiente desagradável de trabalho, e essa dispersão mental
pode interferir na produção e acarretar baixa produtividade (MALLADA, 2007, apud
AGUIAR e OLIVEIRA, 2009, p. 97).
Dentre as diversas causas do absenteísmo, as mais frequentes são:
As enfermidades, que em certos casos, chegam a ocupar até 50% nas listas das causas; Doenças ocupacionais que minimizam a produção; Às horas de trabalho também contribuem para elevar o índice de absenteísmo, pois, os funcionários que trabalham além da sua carga horária em atividades repetitivas, são mais propensos a adquirirem as doenças ocupacionais;
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(JUCIUS, 1979, apud AGUIAR e OLIVEIRA, 2009, p. 98).
No caso de ausência por afastamento, por doenças, o funcionário
deverá solicitar do médico que lhe prestou o atendimento, um atestado que
comprove a veracidade do fato, e que apresente o motivo pelo qual o funcionário
faltou ao trabalho. Além de indicar a necessidade do afastamento do funcionário de
suas atividades na organização por alguns dias, o atestado tem como objetivo a
recuperação do estado de saúde do paciente, neste caso o funcionário.
O absenteísmo é um fator de “desperdício e perdas tanto para as
organizações como para as pessoas envolvidas”, já que se um funcionário falta, os
demais que se apresentam para o trabalho, ficam sobrecarregados de tarefas e a
qualidade e quantidade de produção ficam comprometidas (CHIAVENATO, 2009, p.
150 e 151).
O absenteísmo tem preocupado as organizações, pois: “[...] gera
atrasos no andamento dos trabalhos, sobrecarrega os trabalhadores que estão
presentes, afeta significativamente a produtividade e consequentemente, diminui a
qualidade de serviços prestados aos seus clientes” (AGUIAR e OLIVEIRA, 2009, p.
96).
Ainda falando sobre as consequências do absenteísmo para uma
organização é importante ressaltar que “seu efeito é negativo, onde a ausência dos
trabalhadores diminui a produção, reflete nos indicadores de qualidade de forma
negativa e como consequência repercute diretamente na economia” (PENATTI,
ZAGO e QUELHAS, 2006, p. 02).
Agora que a ausência do funcionário já foi conceituada, é importante
discorrer sobre os acidentes de trabalho ou acidentes ocupacionais no Brasil, e as
consequências dos mesmos na vida do trabalhador.
2.1 Acidentes de trabalho: características preocupantes
Os acidente de trabalho são um grave problema de saúde pública, pois
compromete a vida do trabalhador, que normalmente está em idade produtiva, assim
reduz o número de indivíduos contribuindo com o crescimento do país e
27
compromete não apenas a produção da empresa onde o trabalhador exerce
atividades, mas também indiretamente interfere na produção geral do país.
É importante ressaltar que:
Acidentes de trabalho se constituem em problema de saúde pública em todo o mundo, por serem potencialmente fatais, incapacitantes e acometerem, em especial, pessoas jovens e em idade produtiva, o que acarreta grandes consequências sociais e econômicas. (SANTANA et al., 2003, p. 482).
Muitas são as definições a respeito do acidente de trabalho, porém de
acordo com a Legislação Brasileira, o acidente de trabalho é definido pelo Decreto nº
611/92 de 21 de julho de 1992, no Art. 139 como o acidente que:
[...] ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou ainda, pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária (BRASIL, 1992, p. 01).
As doenças profissionais são aquelas resultantes do exercício do
trabalho, e a doença do trabalho é resultante das condições especiais em que o
trabalho é realizado. Afirmam ainda que, ambos os tipos de doença são
consideradas como acidentes do trabalho, quando em decorrência delas houver a
incapacitação do profissional. (ARAÚJO e GOSLING, 2008, p. 86).
Alguns tipos de acidentes causam o afastamento do trabalhador e
interfere no processo de produção da empresa interferindo diretamente na
lucratividade da mesma. Os acidentes de trabalho que comprometem a vida do
trabalhador, também são aqueles que ocorrem no trajeto de ida ou volta do trabalho,
e um percentual muito elevado desses acidentes resulta no afastamento do trabalho
por mais de 15 dias.
“Pelo menos 46% dos acidentes, incluídos as doenças ocupacionais e
os ocorridos no trajeto de ida e volta para casa, resultam em afastamento do
trabalho por mais de 15 dias, incapacidade permanente e morte”. (D’ÂNGELO 2011,
p. 01).
28
Após os 15 dias de afastamento, caso haja a necessidade de continuar
afastado, as empresas contratantes não arcam com o pagamento dos demais dias,
já que o trabalhador passa a receber do INSS – Instituto Nacional do Seguro Social.
A autora supracitada ainda afirma que: As empresas arcam com o
salário dos primeiros 15 dias de afastamento (a partir do 16º dia, é o INSS que paga)
[...] (D’ANGELO, 2011, p. 01).
Segundo estudos o Brasil tem gasto um valor extremamente elevado
com acidentes de trabalho, e gasta: “4% de seu PIB (Produto Interno Bruto) – o
equivalente a R$ 32 bilhões – com despesas relacionadas a acidentes de trabalho
por ano: são indenizações pagas pela Previdência Social, custos em saúde, perda
de produtividade, entre outros” (BRASIL, 2007, p. 01).
“Segundo o INSS, do valor total de gastos, cerca de R$ 8 bilhões
correspondem a benefícios acidentários e aposentadorias especiais” (BRASIL, 2007,
p. 01).
Por conta da empresa ficam os “[...] custos com interrupção do
trabalho, substituição e treinamento de mão de obra, dano em maquinário, atraso
em cronograma de entrega, multas, aumento da contribuição do seguro de acidente
e pagamento de indenizações” (D’ÂNGELO, 2011, p. 01).
Além desses aspectos referentes aos responsáveis por cobrir das
despesas, é importante ressaltar que quando há a morte do trabalhador os danos
podem ser muito maiores, pois a família pode ficar a mercê da sorte, caso o chefe
da família venha a óbito.
De acordo com D’Ângelo (2011, p. 02),
Quando há morte, é imensurável o dano material provocado, sem contar o psicológico, decorrente da dor da perda e da falta que a pessoa fará para o desenvolvimento do núcleo familiar. Muitas vezes, o trabalhador que perde a vida é o chefe do lar, que se desestrutura. O futuro dos filhos fica comprometido.
Os acidentes de trabalho são sempre um problema, tanto para o
trabalhador, quanto para a família, e para os cofres públicos que acaba por arcar
com as despesas referentes ao seguro social do acidentado. Porém é importante
29
que se apresente as causas dos acidentes, já que elas acontecem por diversos
motivos.
2.2 Acidentes de trabalho e suas implicações na vida do trabalhador
Os acidentes de trabalho podem ser resultado de vários fatores, dentre
eles: ambiente muito frio ou muito quente, ou com ruídos excedendo os limites, ou
que exijam movimentos repetitivos, ou que necessitem da utilização de materiais
químicos, ou agentes que poderão resultar em algum dano ou acidente ao
trabalhador.
Com relação aos trabalhos que envolvem ambiente de trabalho com
baixa temperatura, a predisposição para acidentes é muito maior, pois a baixa
temperatura compromete a habilidade manual, e:
É comprovada a maior incidência de acidentes de trabalho realizados em ambientes onde a temperatura é igual ou inferior a 15 °C em virtude da diminuição da sensibilidade dos dedos e flexibilidade das juntas. (GALLOIS, 2002, p. 22).
Segundo o autor supracitado, dentre os mais diversos problemas de
saúde resultantes de ambientes com baixa temperatura, destacam-se resfriamento,
predisposição para doenças de vias respiratórias, agravamento de doenças
reumáticas, piora da angina do peito, agravamento de doenças vasculares
periféricas pré-existentes, além de outras complicações que surgem nas
extremidades como as ulcerações, com surgimento de feridas, bolhas, rachaduras e
necrose dos tecidos (GALLOIS, 2002, p. 22 e 23) (figura 01).
Figura 09: Frostbite – lesão típica de exposição ao frio nas extremidades.
Fonte: Gallois, 2002, p. 24.
30
Alguns tipos de acidente podem ser evitados caso o uso dos EPIs
sejam efetivos, no caso de ambientes com temperaturas muito baixas o
recomendado é que se usem roupas térmicas (figura 10).
Figura 10: Vestimenta para uso em ambiente de trabalho com baixa temperatura.
Fonte: Gallois, 2002, p. 66.
Com relação a temperaturas elevadas, “O aumento do calor pode levar
a: ativação das glândulas sudoríparas aumentado o intercâmbio de calor por
mudança do suor do estado líquido para vapor”. (CATAI, 2009, p. 18).
O autor ressalta que caso esse estado persista, e não se consiga
manter a temperatura em torno de 37ºC pode ocorrer:
A) Desidratação; B) Cãibras de calor devido à redução da quantidade de água e de sais minerais no organismo; C) Choque térmico; D) Exaustão ao calor, resultando na queda da pressão; (CATAI, 2009, p. 18).
Nota-se que tão perigoso quanto às temperaturas baixas, são as
temperaturas elevadas, pois baseado na citação acima, percebe-se que a saúde do
trabalhador pode estar seriamente comprometida, e resultar até mesmo em
acidentes no trabalho.
Outro tipo de acidente de trabalho está relacionado aos ruídos, pois
dependendo do tipo de trabalho, dos ruídos que envolvem a produção, bem como o
31
tempo de permanência do trabalhador em meio aos ruídos podem resultar em danos
permanentes.
o ruído se caracteriza por um som ou uma mistura complexa de
diversos sons, podendo causar a sensação de desconforto, e é medido numa escala
logarítmica, em uma unidade chamada decibel (dB) e quando muito elevado pode
afetar, física e psicologicamente a pessoa exposta, podendo causar lesões
irreversíveis ao trabalhador. (IIDA, 1990, p. 465).
“A permanência em locais de trabalho que apresentam níveis de ruído
de 85 a 90 dB oferece grande risco, que se acentua em dependência da frequência
dos sons e do tempo de permanência nessa situação”. (ALVES, et al., 2002, p.482).
É importante ressaltar o comprometimento da saúde de trabalhadores
que exercem atividades que exigem movimentos repetitivos, os quais podem resultar
em LER – Lesão por Esforço Repetitivo e DORT - Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho.
A literatura mostra que a LER/DORT tem representado importante
fração do conjunto dos adoecimentos relacionados com o trabalhador (BARBOSA, et
al., 2007, p. 04).
A LER/DORT é atualmente considerada como um problema de saúde
pública, já que está presente nas mais diversas profissões. De acordo com alguns
autores a LER/DORT é resultado do mau uso dos membros superiores, “É uma
patologia de difícil diagnóstico e tratamento, apresentando um alto índice de
recidiva” (ARAÚJO e PAULA, 2003, p. 01).
Ainda falando sobre as partes acometidas pela doença,
A L.E.R. atinge os tendões, músculos, nervos, ligamentos, podendo comprometer os membros superiores, a região escapular, pescoço e provocando paralisação de movimentos dos dedos, mãos, braços, como também a perda de sustentação. Ela se apresenta sob diversas formas, dentre elas a tendinite, tenossinovite, epicondilite, bursite, cisto sinovial, sinovite, miocite, cervicagial. (MENESES, 2007, p. 02).
Na maioria desses casos, as dores são constantes e causam muito
sofrimento ao trabalhador, sendo que as queixas mais comuns do portador de
LER/DORT são:
32
Dor localizada, irradiada ou generalizada, Desconforto, Fadiga, Sensação de peso, Formigamento, Dormência, Sensação de diminuição de força, Inchaço, Enrijecimento muscular, Choques nos membros e Falta de firmeza nas mãos. Nos casos mais crônicos e graves, pode ocorrer: Sudorese excessiva nas mãos e Alodínea (sensação de dor como resposta a estímulos não nocivos em pele normal) (LIRA, 2012, p. 01).
Com relação aos produtos químicos, destacam-se os produtos ácidos,
e cáusticos, que são alguns dos produtos químicos utilizados em indústrias, já que
os ácidos são utilizados em processos de análises físico-química e microbiológica de
produtos, além de serem utilizados em alguns processos de limpeza. Os produtos
cáusticos também são largamente utilizados em processos de limpeza em indústrias,
inclusive as alimentícias.
Os ácidos são um dos grandes responsáveis por queimaduras, e “o
ácido clorídrico dentre ele é um dos mais comuns, sendo responsável por boa parte
dos pacientes que necessitam internação devido à queimadura por ácidos”. (LYRA
et al., 2008, p. 99).
Há também a soda cáustica (NaOH – hidróxido de sódio), que
[...] nas condições ambiente, um sólido branco bastante higroscópico (absorve a água presente no ar). Caracteriza-se por ser uma base de Arrhenius muito forte, portanto, é utilizada para neutralizar ácidos fortes ou tornar rapidamente alcalino um meio reacional, mesmo em poucas concentrações. (LIRA, 2012, p. 01).
A soda cáustica pode ser apresentada no estado líquido ou sólido (em
forma de escamas), e a solução da mesma pode causar lesões graves (figura 11).
Figura 11: Pele lesionada pelo contato da soda cáustica.
Fonte: Lira, 2012, p. 01.
33
Outros tipos de acidentes envolvendo queimaduras, podem ser
resultado do contato com agentes que apresentem temperaturas altas, como água
quente ou vapor da mesma; porém, as queimaduras especificamente, serão melhor
conceituadas e apresentadas no capítulo seguinte.
2.3 Contextualização histórica da empresa em estudo
A empresa de nome: Laticínios Vencedor Indústria e Comércio de
Produtos Lácteos Ltda., está localizada na Rodovia MT 175, quilômetro 35, no Bairro
Industrial, São José dos Quatro Marcos – MT.
O início das atividades data de outubro de 2.000, processando
aproximadamente 50 mil litros de leite ao dia, sendo que eram produzidos queijo
Mussarela e manteiga. O primeiro Gerente foi o Sr. Mauro Santana que
respondia tanto na Administração quanto na Indústria, sendo que posteriormente a
empresa foi administrada por outros profissionais.
Ao longo dos anos a empresa cresceu e se consolidou, e, além do
queijo mussarela e manteiga, passou a produzir o queijo cheddar, queijo prato,
queijo parmesão, queijo coalho, leite em pó, soro de leite em pó, leite condensado, e
leite longa vida, processando atualmente cerca de180 mil litros de leite por dia.
A referida empresa é administrada atualmente pelo Senhor Elizeu
Francisco dos Santos, juntamente com um Gerente Industrial, e um Gerente de
Política Leiteira.
Atualmente a empresa conta com o número de 169 funcionários, sendo
que os mesmos estão distribuídos em dezessete setores, sendo os setores: um
escritório, um almoxarifado, recepção e descarga, pasteurizador, três laboratórios de
análises físico-químicas e microbiológicas, queijaria, manteiga, salga e secagem,
embalagem, concentração, fracionamento e envase de soro e leite em pó, leite liga
vida e leite condensado, expedição, pátio e cozinha, caldeira, sala de máquinas,
manutenção, tratamento de afluentes e efluentes, e vigias.
A referida empresa se preocupa com a preservação do meio ambiente
e por esse motivo tem investido um valor elevado no tratamento afluentes e
efluentes, de maneira que impacto sobre o meio ambiente seja o mínimo possível,
agindo de forma sustentável.
34
A empresa Laticínios Vencedor Indústria e Comércio de Produtos
Lácteos Ltda., tem em sua administração um Gerente Administrativo, um Gerente
Industrial, e um Gerente de Política Leiteira; e tem atualmente 169 funcionários
registrados.
Os funcionários estão distribuídos da seguinte forma: 10 funcionários
no escritório; 03 no almoxarifado; 13 na recepção e descarga; 06 no pasteurizador;
18 nos laboratórios de análises físico-químicas e microbiológicas; 18 na queijaria; 03
no setor de manteiga; 05 no setor de salga e secagem; 07 no setor de embalagem;
16 na concentração, fracionamento e envase de soro e leite em pó; 18 no setor de
leite longa vida e leite condensado; 10 na expedição; 06 no pátio e cozinha; 10 na
caldeira; 04 na sala de máquinas; 06 na manutenção; 08 no tratamento de afluentes
e efluentes; 08 como vigias.
35
CAPÍTULO III
3 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Esta pesquisa foi desenvolvida na empresa Laticínios Vencedor
Indústria e Comércio de Produtos Lácteos Ltda., junto ao Técnico em Segurança do
Trabalho, o qual forneceu dados referentes aos acidentes de trabalho envolvendo
queimaduras, ocorridos no período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2011.
No ano de 2011, a referida empresa contava com um efetivo de 169
funcionários, distribuídos na secretaria da empresa, na fábrica de queijo, de leite
condensado, leite longa vida, leite em pó, e soro de leite em pó.
Constatou-se que 11,68% dos trabalhadores sofreram algum tipo de
queimadura durante o referido ano (gráfico 01).
Gráfico 01: Percentual de funcionários que sofreram alguma queimadura em 2011.
Fonte: ANDRETO, 2012.
36
Constatou-se que dos 11,68% que sofreram acidentes envolvendo
queimaduras no ano de 2011, apenas 39,14% necessitaram de atestado, ou seja, os
demais acidentes apresentaram baixa gravidade (gráfico 02).
Gráfico 02: Índice de acidentes por queimaduras que geraram atestados.
Fonte: ANDRETO, 2012.
Do total dos acidentados, 17,40% eram do sexo feminino e 82,60% do
sexo masculino (gráfico 03).
Gráfico 03: Sexo dos acidentados por queimaduras em 2011.
Fonte: ANDRETO, 2012.
37
Dentre os funcionários que sofreram acidentes envolvendo
queimaduras, a maioria foi do setor queijaria, totalizando 39,15%, seguido de
13,00% dos laboratórios da analise físico-química e microbiológicas, 8,70% do setor
de produção de manteiga, 8,70% do setor de produção do leite longa vida, 8,70% da
salmoura, 8,70% da manutenção, 4,35% da embalagem, 4,35% da plataforma e
4,35% do setor de leite em pó.
Gráfico 04: Percentual de funcionários que sofreram queimaduras por setor.
Fonte: ANDRETO, 2012.
É importante ressaltar que o setor queijaria que contabilizou o maior
índice de acidentes envolvendo queimaduras, é um dos que mais trabalha com água
em temperatura elevada, a qual é necessária no processo de filagem da massa do
queijo mussarela, sem a qual não é possível a produção do referido produto.
Também deve-se ressaltar que o segundo índice de acidentes
apontado foi nos laboratórios de análise físico-química e microbiológicas, locais
onde a utilização de ácido sulfúrico e ácido clorídrico é constante nos processos de
análise dos produtos fabricados, tanto durante o processo de desenvolvimento do
produto, quanto depois de acabados.
Outro fator que deve ser ressaltado é a utilização de soluções em
temperatura elevada nos laboratórios, o que contribuiu com os índices apontados no
gráfico acima.
38
As queimaduras térmicas foram as mais frequentes nos acidentes, e
água quente ocupa o primeiro lugar no índice dos acidentes por queimaduras na
empresa no ano de 2011, totalizando 30,40%, seguido de 26,10% de queimaduras
por vapor de água quente.
Em seguida vêm os acidentes químicos com soda cáustica e ácidos,
sendo que 26,10% foram causados pelo contato com solução alcalina, e 17,40% por
ácidos (gráfico 05).
Gráfico 05: Tipo de produto ou agente responsável pela queimadura.
Fonte: ANDRETO, 2012.
A pesquisa apontou que em 28,00% dos casos, a parte afetada pelo
acidente foi os braços dos funcionários, na maioria dos casos no setor queijaria,
onde os acidentes foram todos por vapor; no entanto também ocorreram acidentes
com do setor embalagem por meio de água quente; do setor manutenção ocorreu
por contato com vapor; e do laboratório por ácido sulfúrico (gráfico 06).
Ainda explorando os dados do gráfico 06, 20,00% dos acidentes
ocorridos atingiram os olhos, sendo que desses funcionários acidentados, parte era
da queijaria e se queimou com soda cáustica e ácido; da salmoura com soda
cáustica; e dos laboratórios por água quente; 16,00% rosto sendo funcionários do
setor manteiga que se queimou com ácido; do setor de produção do leite longa vida,
da manutenção e da queijaria que se acidentaram com soda cáustica; e 16,00%
barriga, onde todos se queimaram com água quente, sendo que foram funcionários
39
do setores de produção do leite longa vida, leite em pó, plataforma e manteiga;
12,00% acidentou as mãos, sendo que foram funcionários do laboratório, o qual se
queimou com ácido sulfúrico, e da salmoura que se queimou com vapor; e por ultimo
8,0% de acidente que afetaram as pernas dos funcionários, sendo do setor queijaria
e leite em pó, onde em ambos os casos o acidente foi causado por água quente
(gráfico 06).
Gráfico 06: Local afetado pela queimadura.
Fonte: ANDRETO, 2012.
Percebeu-se com base tanto no estudo literário quanto na pesquisa a
campo o quão importante é a prevenção de acidentes, e como esses acidentes
podem afetar as pessoas, comprometendo seu desempenho tanto na vida
profissional quanto na visa social, etc.
40
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir desse estudo evidenciou-se que a segurança do trabalho é
muito importante, tanto para a empresa contratante, quanto para o contratado.
Quando a empresa oferece condições de segurança para o trabalhador, o
investimento feito em palestras e treinamentos é revertido em mão de obra
qualificada e constante, e quando o trabalhador recebe as condições favoráveis para
o trabalho seguro, trabalha mais motivado, desempenha melhor suas funções e
contribui com o crescimento da organização.
Os acidentes de trabalho podem afetar diretamente a qualidade de vida
do funcionário e consequentemente afetar a produção e lucratividade de uma
empresa, e como o funcionário é o maior patrimônio da empresa que visa
crescimento e permanência no mercado empresarial, é importante que o funcionário
tenha sua segurança garantida no exercício de suas atividades.
A partir deste estudo, notou-se que todos os setores da empresa
devem estar atentos às normas de segurança para evitar acidentes, e que embora a
empresa tenha um técnico em segurança do trabalho, é importante que todos os
funcionários saibam da importância de desempenharem suas funções de forma
segura e com muita atenção de maneira a evitar acidentes, além, é claro, do uso
constante dos EPIs.
Acredita-se que este trabalho tenha alcançado seus objetivos de pois
investigou o índice de acidentes por queimaduras envolvendo funcionários da
empresa: Laticínios Vencedor Industria e Comércio de Produtos Lácteos Ltda.,
apontou os tipos de queimaduras e setores onde os acidentes ocorrera, de maneira
que assim, os esforços poderão ser concentrados nesses setores visando reduzir os
índices de acidentes.
A realização deste trabalho também colaborou com meu crescimento
profissional, possibilitando-me vivenciar uma experiência significativa em mais uma
41
fase de minha vida, na qual busco especializar-me, e me mostrou que o papel do
profissional de saúde especializado em segurança do trabalho dentro e uma
empresa é fundamental na realização do primeiro atendimento, já que o atendimento
correto pode evitar complicações futuras no quadro clínico do paciente/funcionário.
42
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