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CESA CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA GESTORES DO SISTEMA ESTADUAL DE AGRICULTURA ELIANA VARGAS PRUDENCIO REVELINI AVALIAÇÃO DO PROGRAMA MATA CILIAR NA MICROBACIA RIBEIRÃO LARANJA DOCE - MUNICÍPIO DE BORRAZÓPOLIS/PR: A PERCEPÇÃO DOS AGRICULTORES Londrina 2011

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CESA – CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA GESTORES DO

SISTEMA ESTADUAL DE AGRICULTURA

ELIANA VARGAS PRUDENCIO REVELINI

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA MATA CILIAR NA MICROBACIA RIBEIRÃO LARANJA DOCE - MUNICÍPIO DE

BORRAZÓPOLIS/PR: A PERCEPÇÃO DOS AGRICULTORES

Londrina 2011

ELIANA VARGAS PRUDENCIO REVELINI

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA MATA CILIAR NA MICROBACIA RIBEIRÃO LARANJA DOCE - MUNICÍPIO DE

BORRAZÓPOLIS/PR: A PERCEPÇÃO DOS AGRICULTORES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura, do Departamento de Administração da UEL, como requisito final para obtenção do título de Especialista. Orientador: Prof. Dr. Benilson Borinelli

Londrina

2011

ELIANA VARGAS PRUDENCIO REVELINI

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA MATA CILIAR NA MICROBACIA RIBEIRÃO LARANJA DOCE - MUNICÍPIO DE

BORRAZÓPOLIS/PR: A PERCEPÇÃO DOS AGRICULTORES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Administração da Universidade Estadual de Londrina. Orientador: Prof. Dr. Benilson Borinelli

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________ Prof. Dr. Benilson Borinelli

Universidade Estadual de Londrina

_________________________________ Profª. Dra. Irene Domenes Zapparoli Universidade Estadual de Londrina _________________________________ Profª. Ms. Ana Cláudia Duarte Pinheiro Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 30 de maio de 2011

REVELINI , Eliana Vargas Prudencio. Avaliação do Programa Mata Ciliar na Microbacia Ribeirão Laranja Doce – Município de Borrazópolis/Pr: a percepção dos agricultores. 2011, 64 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2011.

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo avaliar o Programa Mata Ciliar na percepção dos proprietários atingidos pelo referido programa na região da microbacia Ribeirão Laranja Doce, situada no município de Borrazópolis, Paraná, Brasil, no período de 2006 a 2010. Para isso foi realizada uma pesquisa bibliográfica referente ao tema, ou seja, a mata ciliar, seus aspectos legais, definição e a implantação do programa no estado do Paraná. A pesquisa realizada junto aos agricultores mostrou que houve uma obrigatoriedade na implantação do programa na microbacia por parte da Promotoria Pública, mesmo assim os produtores mostraram ter consciência no que se refere à importância da mata ciliar para a proteção de rios e nascentes. A maioria dos agricultores entrevistados consideram que o Programa Mata Ciliar teve bons resultados. Conclui-se que o Programa apresentou resultados satisfatórios devido a parceria estabelecida entre a Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agropecuária e Desenvolvimento Econômico (SEMADE) de Borrazópolis, Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER). A instalação do viveiro municipal oportunizou a distribuição de mudas de árvores nativas gratuitas aos agricultores. Por fim, ficou evidente a necessidade de que haja continuidade da política pública para uma maior adesão por parte dos agricultores do município, através da divulgação, conscientização, orientação técnica, esclarecimentos sobre a legislação ambiental, visando a recomposição das matas e, consequentemente a proteção das águas.

Palavras-chave: Mata Ciliar; Agricultores; Borrazópolis; Política Pública.

REVELINI, Eliana Vargas Prudencio. Program Evaluation in the Riparian Forest Watershed Ribeirão Laranja Doce – town of Borrazópolis/Pr: the perception of farmers. 2011, 63 f. Completion of Course Paper (Specialization in Public Administration for Managers of the State System of Agriculture) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2011.

ABSTRACT

This paper aims to evaluate the Program Riparian Forest in the perception of the owners affected by that programmer in the region of watershed Ribeirão Laranja Doce, in the town of Borrazópolis, Paraná, Brazil, in the period 2006 to 2010. For this was held a bibliographic search for the topic, which means, the riparian forest, its legal aspects, definition and deployment of the program in the State of Paraná. The search conducted among farmers showed that there was a requirement in the implementation of the programmer in the watershed by the Public Prosecutor's Office, even so the producers showed awareness regarding the importance of riparian forest for protection of rivers and springs. The majority of farmers interviewed consider that the Riparian Forest Programmer has had nice results. It is concluded that the program presented satisfactory results because the partnership established between the Municipal Administration and Municipal Department of the environment, Agriculture and economic development (SEMADE) Borrazópolis, (Ambient Institute of Paraná-IAP), Office of technical assistance and rural extension (EMATER). The installation of municipal nursery provided an opportunity the distribution of free native tree seedlings to farmers. Finally, it was evident the need that there is continuity of public policy for greater accession by farmers of the town, through the dissemination, awareness, technical guidance, clarification on the environmental legislation, aiming at the rearrangement of the forests and, consequently the protection of waters. Word-keys: Riparian Forest; Farmers; Borrazópolis; Public Policy.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

1.1 Problema da pesquisa ......................................................................................... 14

1.2 Objetivos ............................................................................................................. 14

1.2.1 Geral................................................................................................................. 15

1.2.2 Específicos ....................................................................................................... 15

1.3 Justificativa .......................................................................................................... 15

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 16

2.1 Política Pública e Política Ambiental ................................................................... 16

2.1.1 Política Pública ................................................................................................. 16

2.1.2 Avaliação de Políticas Públicas ........................................................................ 18

2.1.3 Política Ambiental ............................................................................................. 19

2.1.4 Política de Conservação de Florestas .............................................................. 21

2.1.5 Política de criação e recuperação de mata ciliar .............................................. 21

2.2 Mata Ciliar ........................................................................................................... 22

2.2.1 Definição .......................................................................................................... 22

2.2.2 Função ............................................................................................................. 23

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 25

3.1 Classificação da pesquisa ................................................................................... 25

3.2 População e amostra .......................................................................................... 26

3.3 Instrumento de coleta de dados .......................................................................... 26

3.4 Análise de dados ................................................................................................. 26

3.5 Limites da pesquisa ............................................................................................. 26

4. O PROGRAMA MATA CILIAR NO ESTADO DO PARANÁ ................................ 27

4.1 Definição ............................................................................................................. 27

4.2 Propostas ............................................................................................................ 29

4.3 Restauração ........................................................................................................ 30

4.4 Principais métodos ou sistemas de recuperação de mata ciliar .......................... 30

4.5 Avanços ............................................................................................................... 31

4.6 Integração entre Programas de Governo ............................................................ 31

4.7 Repovoamento de rios ........................................................................................ 32

4.8 Paraná Biodiversidade ........................................................................................ 32

4.9 Força Verde ......................................................................................................... 32

4.10 Resultados Gerais do Programa Mata Ciliar de 2003 a 2010 ........................... 33

5 PROGRAMA MATA CILIAR NA MICROBACIA RIBEIRÃO LARANJA DOCE .... 34

5.1 Caracterização do município de Borrazópolis ..................................................... 34

5.2 Impactos ambientais e mata ciliar ....................................................................... 36

5.3 Identificação da microbacia ................................................................................. 36

5.4 Atividades realizadas na microbacia ................................................................... 37

5.5 Captação de água na microbacia ........................................................................ 38

5.6 O Programa no município .................................................................................... 39

5.7 Informações sobre o viveiro de mudas..................................................................39

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................41

6.1 Classificação dos agricultores ..............................................................................41

6.2 Grau de conhecimento do Programa Mata Ciliar..................................................42

6.3 Consciência dos agricultores................................................................................43

6.4 Adesão ao Programa............................................................................................44

6.5 Razões para a adesão ao Programa....................................................................45

6.6 Forma de adesão ao Programa............................................................................46

6.7 Situação das mudas.............................................................................................47

6.8 Recebimento de orientação técnica.....................................................................48

6.9 Pontos positivos do Programa.............................................................................49

6.10 Pontos negativos do Programa..........................................................................50

6.11 Avaliação do Programa......................................................................................51

6.12 Sugestões para melhorar o Programa Mata Ciliar.............................................52

7 CONCLUSÃO..........................................................................................................53

REFERÊNCIAS..........................................................................................................54

APÊNDICE ................................................................................................................57

Apêndice A – Questionário aplicado aos agricultores................................................58

ANEXOS....................................................................................................................60

Anexo A – Espécies florestais nativas do Paraná......................................................61

Anexo B – Termo de Compromisso de Preservação Ambiental................................63

12

1 INTRODUÇÃO

Ao longo de toda a história brasileira, proprietários rurais sempre fizeram

uso intenso da terra disponível em suas propriedades. Se, de um lado, tal utilização

permitiu a prática da agricultura e a promoção do desenvolvimento sócioeconômico

em diferentes regiões do país, muitas vezes a atividade produtiva agrícola causou

danos ambientais sem que o fato fosse imediatamente percebido. Dessa forma

constituiu-se, ao longo do tempo, um imenso “Passivo Ambiental” que, na

atualidade, precisa ser recuperado (RODRIGUES; GANDOLFI, 1993, p. 4-15).

A utilização dos recursos naturais pelo ser humano, nunca foi tão

questionada como neste momento. O meio científico tem se esforçado em estudar

formas de recuperação de ecossistemas degradados pelos homens para a

manutenção de todas as formas de vida existentes no planeta Terra (ALVARENGA;

BOTELHO; PEREIRA, 2006, p. 360-372).

Ações de recuperação ambiental são necessárias se não por outras

razões, mas porque a legislação assim determina. O proprietário rural está

legalmente obrigado a recompor os solos e os ecossistemas degradados em suas

terras. Há situações, no entanto, em que ações de recuperação ambiental são uma

prioridade. Esse é o caso da recomposição, em cada propriedade rural, das florestas

e demais formas de vegetação natural de preservação permanente localizadas nas

Áreas de Preservação Permanente (APPs), bem como da vegetação natural que

deveria ser mantida no que a Lei denomina “Reserva Legal” (RL). Assim, sempre

que não mais existia, mesmo que apenas parcialmente, a vegetação natural que

deveria cobrir as APPs e a RL, diz-se que aquela é uma área degradada. Nesses

casos, impõe-se obrigatoriamente a recuperação da vegetação com vistas à

recuperação do ecossistema e de suas funções ambientais (GALVÃO; PORFÍRIO-

SILVA, 2005,).

Segundo FERREIRA DIAS (2004, p. 1-9), a eliminação de florestas trouxe

vários problemas ambientais como a redução da biodiversidade animal e vegetal,

mudanças climáticas, erosão do solo, assoreamento e poluição dos cursos de água.

Atualmente, a humanidade tem questionado de maneira muito veemente

como está sendo feita a utilização dos recursos naturais. Tanto no meio científico

como entre a população civil, é crescente a idéia de conservação e recuperação dos

13

ecossistemas onde vive o homem, os quais vêm sendo modificado de maneira

negativa causando inúmeros prejuízos ao meio ambiente.

Neste contexto, podemos ainda incluir as matas ciliares, que passaram e

têm passado por um processo intenso de ocupação. Segundo Odum e Wellcomme

apud (RODRIGUES, 2001), elas são responsáveis pela proteção das águas, uma

vez que servem de obstáculo para os resíduos que são arrastados pelas

enxurradas, servindo desta forma como filtragem de substâncias indesejáveis. Além

disso, os rios e os lagos que tem a sua volta uma mata ciliar, possuem águas mais

límpidas e também com baixa concentração de elementos químicos.

Os programas de recuperação de matas ciliares têm dado especial

atenção ao uso de espécies nativas da região na recomposição da cobertura

vegetal. Dentre as vantagens de se utilizar as espécies nativas, podemos citar, a

contribuição para a conservação da biodiversidade regional, protegendo ou

expandindo as fontes naturais de diversidade genética da flora em questão e da

fauna a ela associada, podendo também representar importantes vantagens

técnicas e econômicas devido a proximidade de propágulos, facilidade de

aclimatação e perpetuação das espécies (OLIVEIRA-FILHO, 1994, p.64-72).

Com a finalidade de minimizar a degradação ambiental, a Secretaria do

Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA), no ano de 2003 criou o Programa Mata

Ciliar, como política de recomposição de matas ciliares. O programa tem como

objetivo promover a recuperação e a preservação da vegetação das margens dos

corpos de água e das nascentes de rios existentes no Estado do Paraná.

O presente trabalho, refere-se a uma avaliação do Programa Mata Ciliar

no município de Borrazópolis, na área de captação de água da microbacia Ribeirão

Laranja Doce.

O período de avaliação refere-se aos anos de 2006 a 2010, onde os

trabalhos foram mais efetivos, após a instalação do viveiro municipal, que ocorreu

em parceria com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Prefeitura Municipal e a

atuação conjunta do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural

(EMATER) e Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agropecuária e

Desenvolvimento Econômico (SEMADE) de Borrazópolis, atendendo todas as

comunidades rurais.

Diante do exposto, o Programa Mata Ciliar é uma meta do governo do

Estado do Paraná, para todos os municípios e considerando as suas vertentes para

14

a recuperação da vegetação, serão abordados todos os aspectos da importância do

mesmo, analisando o nível de conscientização do agricultor, número de produtores

envolvidos dentro das vertentes do programa, produção e destinação de mudas.

1.1 Problema da pesquisa

Partindo do ponto de vista que a água é um elemento vital para a

sobrevivência humana e também dos animais, é imprescindível que se tenha um

maior cuidado com as matas ciliares, porque elas desempenham importantes

funções para a manutenção de um padrão de qualidade de um bem cada vez mais

poluído e contaminado. As matas ciliares também são imprescindíveis para a

sobrevivência e desenvolvimento de várias espécies tanto da fauna quanto da flora

que habitam esses ambientes, sendo algumas espécies endêmicas.

O processo de recuperação de matas ciliares depende do grau de

degradação do ambiente. Em algumas situações, técnicas simples podem ser

implementadas para a recuperação, inclusive, havendo áreas em que a própria

dinâmica do ecossistema é auto-suficiente para a regeneração natural. No Brasil são

raros os ambientes considerados irremediavelmente degradados ou irrecuperáveis

pela dinâmica natural da vegetação. O que varia é o tempo necessário para a

regeneração. Desta forma, a avaliação das causas da degradação e o grau de

comprometimento do meio, são cruciais para o desenvolvimento da metodologia

adequada para a recuperação.

1.2 Objetivos

1.2.1 Geral

Avaliar o Programa Mata Ciliar na percepção dos proprietários atingidos

pelo referido programa na região da microbacia Ribeirão Laranja Doce, situada no

município de Borrazópolis.

1.2.2 Específicos

15

Verificar quantos agricultores aderiram ao Programa Mata Ciliar,

na microbacia Ribeirão Laranja Doce.

Identificar os avanços decorrentes da implantação do Programa

Mata Ciliar na microbacia Ribeirão Laranja Doce.

Identificar os limites do Programa na microbacia.

1.3 Justificativa

A questão ambiental deve ser tratada de forma global mesmo em

municípios como o da aplicação do programa, onde atualmente há

aproximadamente 7.877 habitantes, sendo 5.809 na zona urbana e 2.069 na zona

rural (IBGE, 2010).

Num município em que tão poucos habitantes residem principalmente na

zona rural mesmo sendo essencialmente agrícola é necessário que a educação

volte-se para a questão ambiental mesmo porque o tema não limita situações ou

quantidade, pois abrange todos os habitantes do mundo atual.

Observando-se a realidade do município relacionada aos problemas

ambientais, que atingem os principais mananciais de água que abastecem os

córregos e rios da região, é necessário que seja verificado como aconteceu a

implantação do Programa Mata Ciliar no município, bem como a opinião dos

agricultores que aderiram ao programa.

Este trabalho de pesquisa visa registrar como os agricultores da área

pesquisada agiram com relação a implantação do Programa, a atuação dos

profissionais parceiros da política pública e os resultados obtidos.

É importante frisar que o presente trabalho, é de relevante importância

por se tratar da avaliação de um Programa, na qual através da constatação de

dados e opiniões permitirá ao Estado as devidas inovações e ajustes na implantação

das ações de política pública, voltadas às questões da preservação e da aplicação

das leis referentes as áreas de preservação permanente.

16

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 POLÍTICA PÚBLICA E POLÍTICA AMBIENTAL

2.1.1 Política Pública

Política pública pode ser compreendida como uma linha de ação coletiva,

que concretiza direitos sociais declarados e garantidos em lei (CUNHA; CUNHA,

2000). Portanto, política pública é a forma de efetivar os direitos da sociedade,

possibilitando a esta que intervenha na realidade social.

As políticas públicas, depois de formuladas, desdobram-se em planos,

programas, projetos e pesquisas, o que as torna concretas quando aplicadas. Pode-

se dizer que a política pública é o principal instrumento utilizado para coordenar

programas e ações públicas. SOUZA (2006, p. 20-45) faz as seguintes

considerações:

• A política pública permite distinguir entre o que o governo pretende fazer e o que, de fato, faz. • A política pública envolve vários atores e níveis de decisão. • A política pública é abrangente e não se limita a leis e regras. • A política pública é uma ação intencional, com objetivos a serem alcançados. • A política pública, embora tenha impactos a curto prazo, é uma ação de longo prazo.

A política pública envolve processos de implementação, execução e

avaliação.

As políticas públicas, desde a formulação até a avaliação, nunca estão a

cargo de somente um agente e não ocorrem no âmbito de uma única organização,

mas sim de várias organizações (SILVA; MELO, 2000). As políticas públicas são, em

geral, elaboradas, executadas e fiscalizadas nos planos municipal, estadual e

federal. O Estado, em cada um dos três níveis de governo, é o principal responsável

por garantir as políticas públicas.

O papel da sociedade civil é participar da elaboração e da gestão destas

políticas, principalmente por meio dos conselhos municipais, estaduais e nacionais.

A sociedade civil também as controla, avaliando os objetivos, processos e

resultados. Além disso, ela pode participar na execução de algumas políticas

17

públicas por meio de convênios com o poder público, mas as diretrizes e os critérios

devem ser definidos publicamente, muitas vezes por meio de editais.

É importante lembrar que as políticas são elaboradas por pessoas ou

grupos que possuem valores, conhecimentos, interesses e modos diversos de

enxergar o mundo. Devemos olhar as políticas públicas como resultados das

disputas entre atores distintos e, para que elas realmente garantam direitos,

precisam sempre ser acompanhadas e debatidas pela maior diversidade de atores

sociais, com suas distintas necessidades e visões de mundo.

Existem duas maneiras para participar da construção de políticas

públicas:

• Participação restrita ou instrumental: caracterizada por ter relação com

um projeto específico e ser mais focalizada espacialmente (em um bairro ou região).

Geralmente está estruturada em torno de políticas que têm objetivos pontuais ou

setoriais ligados à oferta de equipamentos e serviços públicos (SOUZA, 2001, p. 84-

97) e;

• Participação ampliada ou neocorporativa: referente à definição de

diretrizes gerais para as políticas públicas setoriais, tais como a política de saúde, a

política de educação, os programas municipais, o plano diretor e a elaboração do

orçamento municipal. Essa modalidade de participação, em geral, ocorre pela

participação nos conselhos (SOUZA, 2001, p. 84-97).

O avanço da participação ampliada (conselhos) permite a discussão de

vários interesses reunidos. Este processo gera maiores possibilidades de

negociação, de criação de consensos e de políticas mais democráticas, pois leva em

conta os interesses de diversos grupos sociais.

As políticas públicas influenciam a vida de uma coletividade e, por isso,

seu processo de construção pode contar com a participação de diversos atores

sociais, em vários níveis. Para que uma política pública obtenha sucesso é

necessário que ela seja formulada com a participação efetiva da sociedade. A

construção participativa das políticas públicas deve ocorrer em cinco fases que são:

1) a identificação de um problema a ser resolvido ou um conjunto de

direitos a serem efetivados, a partir de um diagnóstico do problema (diferenças

regionais e setoriais, etc);

2) a formulação de um plano de ação, com metas para enfrentar o

problema;

18

3) a legitimação da proposta, decisão e escolha das ações prioritárias

com obtenção de comprometimentos, participação de grupos de interesse e apoios;

4) a implementação da proposta por meio de leis e procedimentos

administrativos com vistas à obtenção de metas definidas no processo de

formulação;

5) a avaliação dos resultados alcançados visando a correções, a

adaptações e a adequações.

Esta fase é importante para aprimorar a política pública formulada.

A elaboração de políticas públicas deve ser acompanhada pela sociedade

civil: na identificação, na formulação, na legitimação e na avaliação. Durante a fase

de implementação, o papel desempenhado pela sociedade é reduzido, embora ela

deva acompanhá-la de perto para garantir que o que será implementado é de fato o

que foi decidido. Na fase de implementação surgem conflitos, resistências e

rejeições, em face das quais a política pode sofrer significativas modificações, em

um processo simultâneo de formulação, implementação e avaliação. Portanto, o

sentido da democracia é a participação do cidadão em todas as fases do processo

de uma política pública, não somente por meio de voto em eleições (FURB, 2009)

2.1.2 Avaliação de Políticas Públicas

Nas últimas décadas a avaliação de políticas e programas

governamentais assumiu grande relevância para as funções de planejamento e

gestão governamentais. A despeito da existência de experiências anteriores, o

interesse pela avaliação tomou grande impulso com a modernização da

Administração Pública.

A avaliação pode subsidiar: o planejamento e formulação das

intervenções governamentais, o acompanhamento de sua implementação, suas

reformulações e ajustes, assim como as decisões sobre a manutenção ou

interrupção das ações. É um instrumento importante para a melhoria da eficiência do

gasto público, da qualidade da gestão e do controle sobre a efetividade da ação do

Estado, bem como para a divulgação de resultados de governo.

Além do caráter de mensuração objetiva de resultados, a avaliação possui

também aspectos qualitativos, constituindo-se em um julgamento sobre o valor das

intervenções governamentais por parte dos avaliadores internos ou externos, bem

19

como por parte dos usuários ou beneficiários. A decisão de aplicar recursos públicos

em uma ação pressupõe a atribuição de valor e legitimidade aos seus objetivos, e a

avaliação deve verificar o cumprimento das metas estabelecidas.

Para ALA -HARJA e HELGASON (2000), a avaliação de programas é um

mecanismo de melhoria do processo de tomada de decisões. Embora não se

destine a resolver ou substituir juízos subjetivos, a avaliação permite ao governante

um certo conhecimento dos resultados de um dado programa, informação que pode

ser utilizada para melhorar a concepção ou implementação de um programa, para

fundamentar decisões e para melhorar a prestação de contas sobre políticas e

programas públicos. Segundo estes autores, as principais metas da avaliação

seriam: a melhoria do processo de tomada de decisão, a alocação apropriada de

recursos e a responsabilidade para o parlamento e os cidadãos.

Segundo SILVA (1999), o motivo mais imediato do interesse pela

avaliação de atividades de governo seria a preocupação com a efetividade, isto é,

com a aferição dos resultados esperados e não-esperados alcançados pela

implementação dos programas. O segundo motivo seria o de entender o processo

pelo qual os programas alcançaram ou não esses resultados, analisando a dinâmica

da intervenção estatal e os problemas concretos advindos da implementação.

Outros motivos relevantes seriam a aprendizagem organizacional das instituições

públicas sobre suas atividades, a tomada de decisão sobre a continuidade ou não

dos programas e, ainda, a transparência, qualidade e accountability na gestão dos

recursos públicos (responsabilização dos gestores por decisões e ações

implementadas).Assim, as questões imediatas e centrais a serem respondidas pelos

estudos de avaliação seriam: Em que medida os objetivos propostos na formulação

do programa são ou foram alcançados na implementação? Como o programa

funciona e quais os motivos que levam ou levaram a atingir ou não os resultados?

(SILVA, 1999, p.38 e SILVA, 2002, p.15). A partir dessas questões gerais, os

estudos podem responder tópicos mais específicos, relacionados às informações

para o processo decisório e aprendizagem organizacional.

2.1.3 Política Ambiental

20

MELLO (2008, p.1) conceitua a política ambiental como “um modelo de

administração adotado por um governo ou empresa para se relacionar com o meio

ambiente e os recursos naturais”.

No Brasil, até 1980, o conjunto de leis ambientais existentes não se

preocupava em proteger o meio ambiente de forma específica e global, dele

cuidando de maneira diluída e mesmo causal, e na exata medida de atender sua

exploração pelo homem.

A capacidade de atuação na área ambiental baseia-se na idéia de

responsabilidades compartilhadas entre União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, além da relação desses com os diversos setores da sociedade.

Essa concepção, conforme documento disponibilizado pelo Ministério do

Meio Ambiente, tem origem na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe

sobre a Política Nacional de Meio Ambiente. Esta lei, além de estabelecer conceitos,

princípios, objetivos, instrumentos, mecanismos de aplicação e de formulação,

institui o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). Entretanto, é a

Constituição Federal de 1988, que dispõe sobre o meio ambiente de forma inédita e

abrangente, estabeleceu atribuições na competência legislativa e na competência

comum administrativa dos entes federados.

A regulamentação dessas competências dos entes federados, prevista no

artigo 23 da Constituição, encontra-se em processo legislativo na Câmara Federal.

Diante disso, em Nota Técnica expedida na data de 28 de junho de 2010, pelo

Ministério Público Federal acerca do substitutivo ao Projeto de Lei nº 1.876/1999,

destinado a proferir parecer sobre o referido Projeto de Lei, que altera o atual Código

Florestal, Lei nº 4.771/65, em relação a flexibilização das normas atualmente

vigentes acerca das áreas de preservação permanente, conclui que:

O conjunto das modificações propostas e analisadas nessa Nota Técnica contrariam frontalmente as disposições constitucionais que tratam das obrigações do Poder Público para dar efetividade ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e, se aprovadas pelo Congresso Nacional, colocarão em risco não somente o equilíbrio, mas o bem estar da população, especialmente de sua parcela mais desprovida de recursos. (NOTA TÉCNICA, 2010,p. 9)

Essas mudanças são consideradas danosas por organizações

socioambientalistas, como o Instituto Centro de Vida (ICV), que prefere não falar em

reforma do Código, mas em retrocesso. “Reformamos as coisas para melhorá-las.

21

Neste caso, as alterações comprometem o capital natural que representam as

florestas e isentam de multas aqueles que desmataram ilegalmente, transferindo o

ônus para a sociedade”, afirma João Andrade, coordenador do Programa

Governança Florestal do ICV. E vai além: “Essa proposta de Código Florestal

colocada pelo deputado Aldo Rebelo, não representa uma oportunidade de reforma,

traz uma visão ultrapassada, de curto prazo, que vai ter que ser revista quando os

impactos ambientais passarem a representar custos cada vez mais altos a

sociedade. O problema é que, no futuro, o dano pode ser irreversível”, argumenta.

A lei hoje protege no mínimo 30 metros de extensão (em Mato Grosso

são 50 m) a partir das margens dos rios, encostas íngremes, topos de morro e

restingas. Quem desmatou é obrigado a recompor as matas.

A proposta aprovada pela comissão: a faixa mínima nas margens dos rios

passa a ser de 15 metros. Topos de morro e áreas com altitude superior a 1.800

metros deixam de ser protegidas. Veredas passam a ser consideradas APP‟s. As

demais áreas, embora continuem sendo formalmente protegidas, podem ser

ocupadas por plantações, pastagens ou construções, caso tenham sido desmatadas

até 2008 e sejam consideradas pelos governos estaduais como áreas consolidadas.

2.1.4 Política de Conservação de Florestas

Da mesma forma que as florestas e demais formas de preservação

permanente, a Reserva Florestal Legal decorre de normas legais que limitam o

direito de propriedade. A Reserva Legal dos arts 16 e 44 do Código Florestal incide

somente sobre o domínio privado ao passo que as Áreas de Preservação

Permanente incidem sobre o domínio privado público (Lei 4.771/65 e Lei 5.197/67).

Também a constituição brasileira em seu art. 225, § 1º, III da CR/88.

2.1.5 Política de criação e recuperação de mata ciliar

A mata ciliar é uma área de preservação permanente, que segundo o

Código Florestal (Lei nº 4.771/65) deve-se manter intocada, e caso esteja degradada

deve-se prever a imediata recuperação. Essa lei já existe há 45 anos, mas nem

sempre foi cumprida.

22

2.2 MATA CILIAR

2.2.1 Definição

A denominação mata ciliar surgiu com Bezerra dos Santos (1975) e teve a

sua consagração com Leitão Filho (1982).

As matas ciliares estão relacionadas no art. 2º da Lei nº 4.771/65

(BRASIL, 2000), que abrange como áreas de preservação permanente as florestas e

demais formas de vegetação existentes ao redor dos rios, lagos, nascentes, lagoas

e reservatórios, especificando, na maioria das situações, a dimensão mínima da

faixa marginal que deve ser preservada. Essa faixa poderá variar de 30m a 600m,

dependendo da largura dos cursos de água. No caso das nascentes, mesmo que

intermitentes, o raio mínimo de vegetação deverá ser de 50m. Para as lagoas e

reservatórios, naturais ou artificiais, situados em áreas rurais, a largura mínima

deverá ser de 50m, para aqueles com área de inundação de até 20 há, e de 100m

para os demais. Em áreas urbanas deverá ser de 30m.

A proteção dessas áreas foi reafirmada na Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, na medida que esta lei tem como fundamento o fato de que a água, embora reconhecida como um recurso natural renovável, é um recurso de domínio público; a referenda lei objetiva, portanto, assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de quantidade adequados aos respectivos usos, e a prevenção e a defesa contra eventos decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. (GASPARINO et al.,2001)

É sabido que grande parte das matas ciliares foi derrubada: algumas,

depois da promulgação da proibição legal imposta pelo Código Florestal, Lei Federal

4.771/65; outras antes desta promulgação. A promulgação do Código Florestal, em

15 de setembro de 1965, serve de marco entre as derrubadas legais e as ilegais.

Segundo Muller (1998, p 185) “a mata ciliar é o conjunto de árvores,

arbustos, capins, cipós e flores que crescem nas margens dos rios, lagos e

nascentes onde ocorrem, as matas ciliares são consideradas áreas de preservação

permanente.” As áreas de preservação permanente são áreas de grande

importância ecológica e social, que tem como função preservar recursos hídricos, a

paisagem, a estabilidade geológica, ou seja, os estudos das origens, formação e

23

sucessivas transformações e evoluções do globo terrestre, portanto, cuidando da

mata ciliar estamos garantindo a sobrevivência das gerações presente e futura.

São áreas protegidas por lei, desde 1965 (Lei 4.771/65), quando foi

instituído o Código Florestal, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função

ambiental de preservar os recursos hídricos, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger

o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

O nome mata ciliar vem de cílios, assim como os cílios que protegem os olhos, mata ciliar protege os rios, lagos e nascentes. De outra forma, cobre e protege o solo deixando-o fofo, fazendo com que funcione como uma espécie de esponja, absorvendo a água das chuvas. Quando chove, ao invés da chuva ir direto para o rio, acaba penetrando na terra, evitando as enxurradas e regulando o ciclo da água. Com suas raízes, a mata ciliar evita a erosão e retém partículas de solo e materiais diversos que com a chuva acabariam assoreando o leito dos rios (IAP, 2007).

As matas ciliares são formações florestais às margens de ambientes

aquáticos, constituem um ambiente complexo com condições mesoclimáticas

distintas, atribuídas as temperaturas mais amenas e a maior umidade atmosférica

desse local. As relações desempenhadas entre o ambiente aquático e o vegetal

terrestre que margeia os cursos de água fazem com que diversos autores

considerem inúmeras denominações, caracterizações e funções para esta

vegetação (CARVALHO, 1996).

De acordo com MARTINS (2001) e RODRIGUES (2000) as formações

florestais localizadas ao longo dos rios e no entorno de nascentes, lagos e

reservatórios são denominadas na literatura como floresta ou mata ciliar, mata de

galeria, floresta beiradeira, floresta ripária, floresta ribeirinha e floresta paludosa,

mas para efeitos de recuperação e legislação, o termo mata ciliar tem sido

empregado para defini-la de forma genérica.

2.2.2 Função

As formações ciliares têm o papel de promover a estabilidade das

comunidades florísticas e faunísticas em suas diferentes biotas e funciona como

filtro de escoamento superficial tanto pela densidade de sua copa, como pelo

material da serapilheira, recupera as nascentes garantindo água em qualidade e

quantidade e melhora as condições hidrológicas do solo (BORGES, 1995). Possui

24

também as funções de contenção dos processos erosivos; manutenção da

biodiversidade; garantir a existência da fauna ictiológica aumentando o estoque de

pescados.

A mata ciliar destaca-se por sua riqueza, diversidade genética e pelo seu

papel na proteção dos recursos hídricos edáficos, fauna silvestre e aquática

(RIBEIRO, 1998).

Com o objetivo de verificar a influência de remanescentes de vegetação

ciliar e da ação antrópica na qualidade da água Donadio et al. (2005) estudaram

quatro nascentes, sendo duas com a presença de vegetação natural remanescente

e duas com predominância de atividades agrícolas e concluíram que a presença de

remanescentes de vegetação de mata ciliar auxilia na proteção dos recursos

hídricos.

Uma propriedade rural faz parte de uma paisagem onde estão as outras

propriedades, rios, morros, florestas, estradas, culturas, etc. O que acontece nessa

paisagem, com a terra, o rio, a floresta, etc. vai afetar os produtores rurais, suas

famílias, seus sítios e fazendas. Por sua vez, o que ocorre em uma propriedade rural

afeta os outros sítios e as fazendas dessa paisagem. Essa paisagem é a microbacia.

Uma bacia hidrográfica corresponde à área drenada por um rio. Um

exemplo é o Rio Ivaí e seus afluentes. Já a microbacia é uma bacia menor, também

drenada por ribeirões, riachos, córregos e seus tributários.

Na área da microbacia, toda a água da chuva que cai na superfície da

terra sobre os espigões escorre para o mesmo curso d‟ água. É isso que faz com

que tudo na microbacia esteja interligado e seja interdependente: a água, o solo, as

florestas, a agricultura e as pessoas que moram e trabalham nela.

É por isso que o Programa Mata Ciliar do Estado do Paraná, coordenado

pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA) e executado pelo

IAP, EMATER em parceria com os municípios, têm a microbacia como unidade de

planejamento e intervenção, pois nela acontece uma interação muito grande dos

recursos naturais (água, solo, floresta e animais) entre si e com os produtores rurais.

Assim, o Governo do Estado do Paraná apóia e estimula os agricultores e suas

famílias a adotarem práticas de conservação do solo e da água e de preservação e

restauração das matas ciliares, sempre de maneira integrada e participativa.

25

3 METODOLOGIA

3.1 Classificação da pesquisa

O trabalho corresponde a uma pesquisa exploratória, onde se busca

realizar uma avaliação do Programa Mata Ciliar na microbacia Ribeirão Laranja

Doce no município de Borrazópolis.

Para Oliveira (1999, p.134) “a pesquisa exploratória da ênfase à

descoberta de práticas ou diretrizes que precisam modificar-se e na elaboração de

alternativas que possam ser substituídas”.

Devido à característica, será utilizado o método de pesquisa bibliográfica

em livros, dissertações, monografias, artigos científicos, publicações em jornais e

revistas, internet e outros materiais similares que sejam relevantes para o sucesso

da pesquisa.

Segundo Andrade (2007, p. 25) “a pesquisa bibliográfica é habilidade

fundamental nos cursos de graduação, uma vez que constitui o primeiro passo para

todas as atividades acadêmicas”

Paralelamente à pesquisa bibliográfica será realizada a pesquisa de

campo que segundo Lakatos e Marconi (2006, p.188) “é aquela utilizada com o

objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para

o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou

ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles”.

Para a realização da avaliação será realizada uma coleta de dados . A

coleta de dados possibilita o estudo de caso que de acordo com Fachin (2003, p.42)

“é um método caracterizado por ser um estudo intensivo e que leva em

consideração, principalmente, a compreensão, como um todo, do assunto

investigado”.

O estudo envolve também a aplicação de um estudo de caso por ser a

metodologia que permite conciliar os conceitos estudados com a prática dos

mesmos. Para Martins e Lintz (2007, p.23):

[...] trata-se de uma técnica de pesquisa cujo objetivo é o estudo de uma unidade que se analisa profunda e intensamente. Considera a unidade social estudada em sua totalidade, seja, um individuo, uma família, uma instituição, uma empresa, ou uma comunidade, com o objetivo de compreende-los em seus próprios termos.dedica-se aos estudos intensivos do passado, presente e de interações ambientais de uma unidade social.

26

3.2 População e amostra

A população a ser considerada para a pesquisa era de 55 produtores, no

entanto foram encontrados apenas 50, visto que alguns proprietários das terras não

residem mais na propriedade.

3.3 Instrumento de Coleta de Dados

O instrumento para coleta de dados foi um questionário (apêndice).

3.4 Análise de Dados

Os dados são apresentados em gráficos e foram analisados utilizando-se

estatística descritiva.

3.5 Limites da pesquisa

A pesquisa através de questionário foi realizada no período de 11 a 30 de

outubro de 2010 e pode apresentar limitações de caráter científico, devido a que dos

cinqüenta e cinco agricultores que possuem propriedades na referida área, cinco

não foram encontrados, por não residirem no município.

27

4. O PROGRAMA MATA CILIAR NO ESTADO DO PARANÁ

4.1 Definição

Mata ciliar, é a formação vegetal nas margens dos rios, córregos, lagos,

represas e nascentes, Também é conhecida como mata de galeria, mata de várzea,

vegetação ou floresta ripária. Considerada pelo Código Florestal Federal, como

“área de preservação permanente”, com diversas funções ambientais, devendo

respeitar uma extensão específica de acordo com a largura dos rios, lagos, represas

e nascentes.

O governo do Paraná realiza há vários anos um importante trabalho de

recuperação da vegetação às margens dos rios: o Programa Mata Ciliar.

Figura 1 – Programa Mata Ciliar

Fonte: www.mataciliar.pr.gov.br

O Programa Estadual de Mata Ciliar teve início em 2003 com uma meta

ousada de plantar 90 milhões de árvores para recomposição da vegetação que

protege às margens dos principais rios do estado, bacias hidrográficas, mananciais

de abastecimento público, Unidades de Conservação (UC), reservatórios de usinas

hidrelétricas e bacias dos rios que integram os corredores.

28

São duas as principais vertentes com as quais o Programa Mata Ciliar

trabalha: a primeira é a recomposição da mata ciliar através do plantio de mudas de

espécies nativas, e a segunda, é o abandono de áreas para que a vegetação se

recomponha naturalmente. Isso só é possível através dos incentivos, da gestão

compartilhada, da assistência técnica, da capacitação de pessoal e da fiscalização.

O Programa é coordenado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e

Recursos Hídricos (SEMA) e é executado em parceria com os Municípios, as

Secretarias da Agricultura e Abastecimento, do Planejamento e Coordenação Geral.

Assim, o trabalho em campo é desenvolvido principalmente na zona rural, com os

agricultores, e é realizado por mais de 500 técnicos que atuam em mais de 300

entidades parceiras, nos escritórios do Instituto Paranaense de Assistência Técnica

e Extensão Rural (EMATER), em Cooperativas Agropecuárias e no Instituto

Ambiental do Paraná (IAP). Os agricultores recebem orientação sobre as técnicas de

plantio, espécies nativas indicadas para cada região, formas de isolamento da área

no entorno dos rios e construção de cercas para evitar a entrada de animais.

Na escolha de espécies a serem plantadas em áreas ciliares, é imprescindível levar em consideração a variação de umidade do solo nas margens dos cursos d‟água. Para as áreas permanentemente encharcadas, recomenda-se espécies adaptadas a estes ambientes como aquelas típicas de florestas de brejo. Para os diques, são indicados espécies com capacidade de sobrevivência em condições de inundações temporárias. Já para as áreas livres de inundação, como as mais altas do terreno e as marginais ao curso d‟água, porém compondo barrancos elevados, recomenda-se espécies adaptadas a solos bem drenados (IAP, 2007).

Dessa forma, com os viveiros estruturados para a produção e destinação

das mudas, os proprietários das áreas degradadas cadastram-se recebendo as

mudas e orientação ao reflorestamento.

O Programa também incentiva isolamento de áreas de matas ciliares

degradadas. Trata-se de uma proposta inovadora concretizada no ano de 2007,

onde o Programa repassa arame para que os Municípios conveniados forneçam

aos proprietários e estes isolem as áreas do acesso do gado possibilitando

que as mudas plantadas ou a vegetação nativa se desenvolvam. Salienta-

se a importância dos tratos culturais que são dedicados ás mudas pelos silvicultores

cadastrados.

29

O abandono de áreas para regeneração natural é tão importante quanto

o plantio de mudas, uma vez que a vegetação nativa pode servir como banco de

sementes assegurando assim a qualidade genética destas novas florestas.

4.2 Propostas

Como proposta social, o Programa Mata Ciliar trabalha em parceria com

as Secretarias da Criança e da Juventude, do Emprego e da Promoção Social, de

Educação, de Justiça e Cidadania, de Estado e da Ciência, Tecnologia e Ensino

Superior e a Associação Regional de Casas Familiares Rurais do Sul do Brasil

(ARCAFAR SUL) em programas de inclusão social relacionadas às ações do

Programa Mata Ciliar. Menores infratores, alunos de 15 Colégios Agrícolas

Estaduais, da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (APAES), Federação

das APAES, do Centro de Ressocialização de Londrina e presos do sistema

penitenciário estão trabalhando na produção de mudas em viveiros cedidos pelo

Programa.

Instituições públicas e privadas e Organizações Não-Governamentais

(ONGs), nacionais e internacionais como por exemplo a ONG Preservação, Instituto

Alfredo kaefer, Fundação Weiss Scarpa, Associação de Moradores Agricultores e

Pecuária do Rio D'Areia, IVAICANA Agropecuária, USACIGA – Açúcar, Álcool e

Energia Elétrica também assinaram termos de cooperação com o Programa Mata

Ciliar.

A ONG The Nature Conservancy (TNC) é parceria na produção de mudas

em viveiros regionais do IAP e em atividades de monitoramento e plantio. “O Paraná

já se destaca dos demais estados por apresentar resultados concretos – mais de

80.126.279 árvores plantadas – que podem ser utilizados como exemplo” afirmou

Miguel Calmon, representante da TNC.

A assinatura de convênios com as Cooperativas como a Cooperativa

Agroindustrial de Cascavel (COOPAVEL), Cooperativa Agrária de Guarapuava,

Cooperativa Agroindustrial Vale do Ivaí (COOPERVAL), Cooperativa Agrária e

Agroindustrial (COCARI), Cooperativa Agroindustrial (COCAMAR), Cooperativa

Agrícola Regional de Produtores de Cana (COOPCANA), Cooperativa Agroindustrial

do Noroeste Paranaense (COPAGRA), Cooperativa Agroindustrial dos Produtores

30

de Cana de Rondon (COOCAROL), já proporcionou a adesão de mais de 25 mil

produtores rurais, associados às cooperativas para recomposição da mata ciliar.

Já a Cooperativa Agroindustrial COCAMAR mantém, há anos, um bonito

trabalho em parceria com o governo do Estado, na área ambiental. De acordo com o

presidente da COCAMAR, Luiz Lourenço, a cooperativa conhece a sua

responsabilidade no esforço pela conscientização dos produtores para a questão

das matas ciliares e que as autoridades da área ambiental têm participado junto,

sempre com entusiasmo. ” Somos uma das primeiras cooperativas a implantar uma

gerência para cuidar exclusivamente do meio ambiente. O plantio de 5 milhões de

árvores, recentemente, foi algo que ficará na história “, afirmou o presidente, Luiz

Lourenço.

4.3 Restauração

As formações ciliares têm o papel de promover a estabilidade das

comunidades florísticas e faunísticas em suas diferentes biotas e funciona como

filtro de escoamento superficial tanto pela densidade de sua copa, como pelo

material da serapilheira, recupera as nascentes garantindo água em qualidade e

quantidade e melhora as condições hidrológicas do solo (BORGES, 1995).

A restauração de formações ciliares, tem possibilidades ampliadas,

quando inseridas no contexto de bacia hidrográfica, ressaltando a questão hídrica, o

uso adequado dos solos agrícolas do entorno e da prórpia área a ser recuperada, a

preservação da interligação de remanescentes naturais, a proteção de nascentes e

de olhos d'água (RODRIGUES & GANDOLFI, 1996).

A escolha adequada das espécies é um aspecto fundamental para a

implantação de programas de restauração de mata ciliar. Considerando a

adaptabilidade diferencial das espécies para cada condição ambiental identificada

na faixa ciliar, que vão apresentar particularidades nas diferentes regiões

fitogeográficas (SILVA et al.,1998).

4.4 Principais métodos ou sistemas de recuperação de Mata Ciliar

1. é fundamental o isolamento da área de animais de qualquer espécie

pois as mudas são facilmente dizimadas pelo gado, porcos, galinhas etc.

31

2. se houver capim ou outra vegetação rasteira é recomendado o

coroamento do local onde será plantada a muda, com a enxada. Se não houver

controle do mato as mudas podem morrer ou não se desenvolver por faltada d‟água,

luz e nutrientes.

3. A orientação técnica para o plantio deve ser buscada junto a EMATER

Paraná. O plantio correto acarretará economia de tempo e dinheiro. A

recomendação geral é o plantio de mudas de espécies pioneiras e secundárias

tolerantes ao sol e de crescimento rápido e com um espaçamento de dois metros

entre linhas por dois metros entre covas. Existem outras alternativas de plantio em

faixas, em ilhas e também quando houver bastante vegetação nativa nas

imediações, pode ser feito o simples abandono da área.

4.5 Avanços

Desde o início do Programa, a Secretaria do Meio Ambiente já

proporcionou o abandono para a regeneração natural de 10 mil hectares de áreas

próximas às margens dos rios. Através do apoio e incentivo do Programa Mata Ciliar

e Programa Biodiversidade, foram implantado 3,5 quilômetros de cercas.

Todas as propriedades inseridas no Programa são cadastradas pelo IAP,

Municípios, EMATER e demais entidades parceiras. Além disso, o Tribunal de

Contas está monitorando os resultados do Programa e tem auferido a adequada

versão dos recusros públicos nela aplicados.

“Foi criado o „Casdastro do Silvicultor‟ e o sistema de gerenciamento de

resultados online para que pudéssemos ter o controle sempre atualizado da

destinação de mudas aos beneficiários do Programa. O cadastro é feito com

documentos pessoais, do imóvel, endereço do imóvel e em muitos casos a

localização geográfica do imóvel mediante latitude e longitude fornecidas pelo

Sistema de Posicionamento Global (GPS). Estes subsídios facilitam enormemente o

trabalho da auditoria do Tribunal de Contas, que faz a fiscalização do plantio e

produção de mudas”, explicou o diretor de Desenvolvimento Florestal do IAP, Paulo

Roberto Caçola.

4.6 Integração entre Programas de Governo

32

O Programa Mata Ciliar está diretamente ligado a outras ações que vem

sendo desenvolvidas pelo Governo do Paraná, com o objetivo de recuperar a

cobertura vegetal do Estado – um dos grandes objetivos da área ambiental e que

depende da transversalidade e das parcerias incentivadas pelo programa otimizando

assim, resultados em benefício da população paranaense.

4.7 Repovoamento de rios

O Programa Mata Ciliar beneficia diretamente o Programa de

Repovoamento de Rios e, consequentemente, toda a população que vive

diretamente e indiretamente da pesca amadora e profissional. A recuperação das

matas ciliares permite que se desenvolvam espécies nativas de peixes mantendo

não só a biodiversidade, mas propiciando um incremento sustentado da produção

pesqueira.

4.8 Paraná Biodiversidade

Outro Programa que tem seus resultados interligados ao Programa Mata

Ciliar é o Programa Paraná Biodiversidade, que tem como meta a recuperação da

biodiversidade através da formação dos “corredores de biodiversidade” ou

“corredores ecológicos”.

Estes corredores estão sendo formados através da conexão de

remanescentes florestais – áreas de preservação permanente (matas ciliares,

encostas e topos de morros), reservas legais, parques, reservas particulares do

patrimônio natural (RPPN), estações ecológicas, entre outras.

As áreas prioritárias para o desenvolvimento das ações são os corredores

Caiuá-Ilha Grande, Iguaçú-Paraná e Araucária, abrangendo regiões distintas ao

longo dos rios Iguaçú e Paraná, envolvendo 63 municípios onde a cobertura florestal

apresenta a recuperação de 89.100 há no período de 2002 a 2006.

4.9 Força Verde

Outro programa que também está interligado ao Mata Ciliar é o Força

Verde, criado com o objetivo de integrar a atuação do IAP e do Batalhão da Polícia

33

Florestal para intensificar o patrulhamento do Meio Ambiente e Unidades de

Conservação do Estado. Entre as principais funções dos 900 integrantes da Força

Verde está a fiscalização periódica das propriedades que ainda não iniciaram a

recomposição da mata ciliar e também, das que receberam as mudas ou cercas

entregues pelo Programa Mata Ciliar. Um cadastro preenchido pelos produtores ao

retirar os benefícios, serve de base para o monitoramento intensivo do

desenvolvimento da vegetação e cumprimento da lei.

4.10 Resultados Gerais do Programa Mata Ciliar de 2003 a 2010

Tabela 1: Resultado do Programa Mata Ciliar de 2003 a 2010

Ações realizadas Plantio de Mudas 113.890.798 * Semeadura no Campo 32.654,00 ha Construção de Cerca 5.051,47 Km Abandono de áreas para regeneração natural 23.825,76 ha Beneficiados 133.822 pessoas em todo o

Estado do Paraná * O índice de sobrevivência das mudas em campo é de 55% e foi obtido através de vistorias de 58 áreas totalizando 158.000 mudas. Fonte: http://www.mataciliar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6

Na Tabela 1, está demonstrado o resultado geral do Programa Mata Ciliar

no Estado, nos anos de 2003 a 2010.

Segundo Helton Damin da Silva, Chefe Geral da Embrapa Floresta, em

Documentos 196 – ISSN 1517 – 526X – Junho, 2010:

Este trabalho retrata o esforço desenvolvido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, que visa à proteção das APPs associadas aos recursos hídricos. A primeira etapa, que previa o plantio de 100 milhões de mudas, foi cumprida em 2009. Entretanto, existe a necessidade de ampliação do programa, em função do sucesso atingido e, também, de outras áreas que precisam ser recuperadas com a tecnologia empregada.Destaca-se que a execução deste trabalho contou com a parceria de diversas instituições do Estado do Paraná, como o Instituto Emater, universidades, colégios agrícolas, cooperativas e empresas da iniciativa privada, Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e produtores rurais.Neste contexto, a Embrapa Florestas orgulha-se de fazer parte deste esforço e considera o Programa Mata Ciliar um modelo de preservação ambiental.O desafio agora é disseminar os conhecimentos aqui gerados,transferindo-os como modelo para outras regiões, biomas e estados.

34

5 PROGRAMA MATA CILIAR NA MICROBACIA RIBEIRÃO LARANJA DOCE

5.1 Caracterização do município de Borrazópolis

O município de Borrazópolis, criado através da lei número 790 de 14 de

dezembro de 1952 oriundo do desmembramento do município de Apucarana, está

localizado na região Norte Central do Estado do Paraná. A sede do município está

localizada na latitude 23º 56‟ 28” S, longitude 51º 35‟ 15” W e altitude de 770 m.

Figura 2 - Localização do Município de Borrazópolis, Paraná, Brasil

Fonte: IPARDES, 2010

No período de 1948, a região onde está localizado o município de

Borrazópolis, anteriormente denominada de Catugi, recebia os primeiros safristas

que penetravam na mata virgem. No curto espaço de apenas dezoito meses, num

esforço pujante, a Companhia Colonizadora Rio Bom transformou a mata virgem em

uma cidade com serrarias, hotéis, farmácias, casas comerciais etc. O nome dado ao

município foi uma homenagem a um dos primeiros proprietários da gleba da região e

incentivador do progresso da mesma, Dr. Francisco Borraz.

As terras chamadas de Gleba Rio Bom incluíam as terras da região das

atuais cidades de Rio Bom, Borrazópolis e Distrito de Santo Antonio do Palmital e

Guararema. Estas terras divididas em 4 glebas. A área de terra Rio Bom onde se

fundou o município de Borrazópolis compreendia 40.000 alqueires de terra que

pertenciam ao distrito de Faxinal de São Sebastião, município de Tibagi.

35

Em 14 de novembro de 1951 através da lei estadual estava autorizada a

emancipação, desmembrando-se de Apucarana. A emancipação do município

ocorreu em 1952, quando eram empossados o primeiro prefeito e sua câmara de

vereadores. Quando emancipado recebeu o nome de Catugi, possuía uma área de

443Km². Mas em 1954 a cidade deixa de se chamar Catugi, voltando a denominar-

se Borrazópolis conforme determinava a lei.

Borrazópolis era um município essencialmente agrícola. Logo no início da

colonização implantou-se a lavoura de café que foi destaque até a década de 70.

Essa cultura atraiu famílias de todos os lados e estados diferentes que para cá

vieram, gerando muitos empregos e abundante mão-de-obra e gerando uma

excelente arrecadação para o município. Além da mão-de-obra no cultivo, se

instalaram na cidade várias máquinas de beneficiamento de produtos, gerando um

bom número de empregos, logo após surgindo outras culturas como o arroz, o feijão

e o milho.

5.2 Impactos ambientais e mata ciliar

Segundo dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agropecuária

e Desenvolvimento Econômico de Borrazópolis (SEMADE), Plano Diretor – Aspectos

Agrossilvipastoris, escrito por Izzo (2010,p.3):

“O município de Borrazópolis tem na agricultura a sua principal fonte de

emprego e é o setor que movimenta toda a economia municipal. O modelo de

tecnologia adotado pela grande maioria dos agricultores tem sido o de agricultura

convencional e transgênica, sendo que existem apenas sete produtores orgânicos

no município. Portanto o impacto causado com o uso de agrotóxico é intenso. Além

do dano causado ao meio ambiente com o uso de agrotóxico, outro fator importante

é o uso de insumos sem seguir as recomendações técnicas, ainda sendo a minoria

dos agricultores existe aqueles que utilizam produtos sem seguir a orientação

técnica e acabam trazendo impacto econômico as lavoras vizinhas. Pode-se

destacar como exemplo a utilização do herbicida 2,4.D na dessecação de lavouras

e/ou pastagem, quando mal aplicados geram deriva e esta causa grande danos nas

lavouras de café, feijão, mamão, abacate, e hortaliças. Outro fator importante que

deve ser abordado é o transito de tratores com pulverizadores “sujos” de agrotóxicos

pelas ruas da cidade; este fato vem sofrendo reclamações por parte da comunidade

36

sempre que inicia a época de controle de pragas e doenças nas lavouras; os

agricultores se defendem dizendo que se faz necessário o trânsito de tratores na

cidade pelos perigos de deixarem os maquinários na zona rural, principalmente por

causa dos roubos.

O município de Borrazópolis é constituído por solos muito argilosos e

férteis. As propriedades rurais em sua maioria possuem “curvas de nível” e/ou

terraços para manter a conservação do solo, outra tecnologia amplamente utilizada

em quase 100% das propriedades é o plantio direto, essa tecnologia muito tem

contribuído com a conservação do solo. Porém existem muitos casos onde a

propriedade através das próprias curvas de níveis canalizam a água para a

propriedade vizinha e/ou para estrada rural, com isso nas divisas de duas

propriedades acabam se formando erosão, e na estrada rural causa grande prejuízo

pois forma “valetas”, retira o cascalho, entopem as caixas do sistema de coleta de

águas da estrada entre outros danos. Portanto existem alguns problemas de erosão

na zona rural bem evidenciados.

A mata ciliar nas margens dos rios encontram-se de forma muito variada.

Devido a estrutura fundiária ser predominantemente pequenas propriedades e pela

questão de conservação da mata ciliar estar intimamente relacionada com a

consciência de cada agricultor, o que se encontra são, propriedades muito bem

preservadas e logo ao lado produtores plantando na beira do rio. Nota-se que com o

aumento da discussão do código florestal, com trabalho de conscientização dos

agricultores e com a fiscalização, as margens dos rios melhoraram muito de 2005

para cá, um exemplo é a bacia do Rio Laranja Doce que abastece a cidade. O

município possui em parceria com IAP um viveiro de mudas nativas que fornece

mudas sem custo aos agricultores, isso muito tem ajudado na recuperação das

matas ciliares do município, mas ainda muito tem que avançar”.

5.3 Identificação da Microbacia Ribeirão Laranja Doce

Segundo dados de Projetos efetuados pela EMATER entre os anos de

1987 e 1994:

A microbacia localiza-se na região sul do município, latitude 23º 47‟,

longitute 52º 56‟, abrangendo as comunidades dos bairros Laranja Doce, Três

Placas e Carpinteiros. A área total da microbacia é de aproximadamente 5.737,4 há.

37

Os tipos predominantes de solos na microbacia são: terra roxa estruturada (Ter-3)

91%: latossolo roxo (LHe-1) 6% e solos litólicos (Re-10) 1%. Existem áreas de

topografia acentuada, porém predomina o relevo ondulado. Existe na área da

microbacia cerca de 130 propriedades, com predomínio de pequenas propriedades,

havendo algumas médias e poucas grandes. Predominava as culturas de feijão,

milho, algodão, soja, trigo e café.

5.4 Atividades realizadas na microbacia

No ano de 1987 houve, através do Programa Paraná Rural, as definições

das microbacias, iniciando-se assim, o trabalho de Manejo Integrado de Solos e

Água nos municípios do Estado do Paraná. Através de levantamentos, diagnósticos

e planos de ação, as metas foram planejadas.

Entre os anos de 1987 e 1993, através dos Programas Paraná Rural e

Programa de Manejo Integrado de Solos e Água (PMISA) , a referida microbacia

recebeu diversos benefícios comunitários. Dentre eles, serviços de terraceamento

mecânico, adequação de estradas, abastecedouros comunitários, proteção de

fontes, aquisição de implementos agrícolas, mudas de árvores para reflorestamento

e calcário.

No ano de 1998, através do Projeto de Reflorestamento, formou-se uma

comissão representada pela EMATER, IAP, SANEPAR, Prefeitura Municipal, Escola

Estadual José de Anchieta - Ensino de 2º Grau e agricultores para tentar recompor a

mata ciliar da microbacia Ribeirão Laranja Doce, especialmente área da captação de

água.

Em matéria postada pela Folha de Londrina em 07 de novembro de 1998,

temos: “Campanha de preservação envolve 200 estudantes, foram plantadas cerca

de 4000 mudas de árvores nativas em dez propriedades, além de promover um

arrastão para a retirada de sujeiras e embalagens de agrotóxicos”.

Em 2006 retomou-se o trabalho de proteção e recuperação da mata ciliar

do rio que abastece a cidade, Rio Laranja Doce; 53 proprietários de imóveis

banhados por este rio foram convocados a participar de uma reunião. Nesta reunião

estavam presentes a Promotoria Pública, IAP, SANEPAR, EMATER, Prefeitura e

demais participantes da sociedade. Após os relatos sobre legislação, importância da

mata ciliar na proteção da água, qualidade da água, importância da água na saúde

38

humana entre outros assuntos relacionados ao tema, os agricultores então

começaram a recuperar a mata ciliar de suas propriedades, hoje, aproximadamente

80% das propriedades estão com cercas e mudas nativas plantadas.

5.5 Captação de água

A dinâmica de deslocamento as águas superficiais são frequentemente

renovadas em sua massa enquanto que as subterrâneas podem ter séculos de

acumulação em seu aquífero, pois sua renovação é muito mais lenta pelas

dificuldades óbvias, principalmente nas camadas mais profundas. O homem possui

dois tipos de fontes para seu abastecimento que são as águas superficiais (rios,

lagos, canais, etc.) e subterrâneas (lençóis subterrâneos). Efetivamente essas fontes

não estão sempre separadas. Em seu deslocamento pela crosta terrestre a água

que em determinado local é superficial pode ser subterrânea em uma próxima etapa

e até voltar a ser superficial posteriormente.

A captação tem por finalidade criar condições para que a água seja

retirada do manancial abastecedor em quantidade capaz de atender o consumo e

em qualidade tal que dispense tratamentos ou os reduza ao mínimo possível. É,

portanto, a unidade de extremidade de montante do sistema.

Chama-se de manancial abastecedor a fonte de onde se retira a água

com condições sanitárias adequadas e vazão suficiente para atender a demanda.

No caso da existência de mais de um manancial, a escolha é feita considerando-se

não só a quantidade e a qualidade mas, também, o aspecto econômico, pois nem

sempre o que custa inicialmente menos é o que convém, já que o custo maior pode

implicar em custo de operação e manutenção menor.

Na escolha de manancial, também deve-se levar em consideração o

consumo atual provável, bem como a previsão de crescimento da comunidade e a

capacidade ou não de o manancial satisfazer a este consumo. Todo e qualquer

sistema é projetado para servir, por certo espaço de tempo, denominado período de

projeto. Estes reservatórios podem dos seguintes tipos: superficiais (rios e lagos),

subterrâneos (fontes naturais, galerias filtrantes, poços) e águas pluviais (superfícies

preparadas).Embora, como citado anteriormente, os mananciais de superfície

pareçam de mais fácil utilização, as águas subterrâneas são aproveitadas desde a

antigüidade. Egípcios e chineses já eram peritos na escavação do solo com a

39

finalidade exclusiva de obterem água, a mais de 2000 anos antes de Cristo. A

própria Bíblia Sagrada do Cristianismo revela fatos como o bíblico poço de José, no

Egito, com cerca de 90 metros de profundidade cavado na rocha, e o gesto de

Moisés criando uma fonte na rocha.

O local de captação da água para Borrazópolis fica situado no bairro

Laranja Doce. O corpo hídrico é o córrego Laranja Doce. As condições gerais são

parciais, há pontos protegidos e também não protegidos.

A captação é feita por duas bombas de alto recalque, sendo a produção

diária é de 85 m3/h. A Média diária é de 16 e 17H/D.

Pode-se verificar que a captação diária para o município de Borrazópolis

é alta, justificando assim a importância da mata ciliar para o Ribeirão que abastece a

cidade.

5.6 O Programa no município

O Programa Mata Ciliar no Município de Borrazópolis foi implantado no

ano de 2006 com a instalação do Viveiro Municipal de mudas nativas.

5.7 Informações sobre o viveiro de mudas

Em Relatório emitido em 04 de agosto de 2010, (IZZO, 2010, p.1,2),

Chefe de Divisão de Resíduos Sólidos, frisa:

“O viveiro é mantido no Município desde o ano de 2006, através do termo de convênio entre SEMA, IAP, SEAB, EMATER e Prefeitura de Borrazópolis. Todo material de estrutura, irrigação, tubetes, tela, substrato, adubo e sementes são de responsabilidade do Estado (Programa Mata Ciliar), ficando apenas a mão-de-obra para produção de mudas a cargo do município. No convênio o município se compromete a produzir e distribuir 50 mil mudas nativas por ano. O quadro demonstrativo abaixo mostra os anos e a quantidade de mudas produzidas e distribuídas”.

40

Tabela 2: Produção de mudas no viveiro municipal para o Programa Mata Ciliar –

anos 2006 a 2010

ANO Mudas produzidas e distribuídas

2006 43.134

2007 40.495

2008 32.964

2009 15.087

2010 6.824

Fonte: Semade (2010, p.3)

Na Tabela 2, pode-se notar o grande declínio na produção e distribuição

de mudas nativas no município de Borrazópolis. Talvez a explicação para tal fato

seja a falta de divulgação das mudas disponíveis no viveiro, aliado a falta de mudas

e também a mudança da legislação que deixaram os agricultores no período de

espera.

Segundo Izzo (2010, p.3): “Precisamos com urgência que estas mudas

sejam produzidas aqui no viveiro, pois o Estado está cumprindo sua parte, dando

suporte com adubo, substrato e sementes e o município não cumpre sua parte que é

a produção das mudas, por falta de funcionários.”

41

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Classificação dos agricultores

Gráfico 1: Classificação dos agricultores

Fonte: Dados da pesquisa (out.2010)

Para se conhecer a realidade da área pesquisada convencionou-se

classificar os agricultores com relação às suas áreas. A referida área conta com 55

propriedades.

Pode-se observar (Gráfico 1), que a grande maioria é de pequenos

agricultores, ou seja, 83,63% são pequenos, 7,27% são médios e 9,09% são

considerados grandes.

O módulo fiscal serve de parâmetro para classificação do imóvel rural

quanto ao tamanho, na forma da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993.

Pequena Propriedade - o imóvel rural de área compreendida entre 1

(um) e 4 (quatro) módulos fiscais.

Média Propriedade - o imóvel rural de área superior a 4 (quatro) e até

15 (quinze) módulos fiscais.

Serve também de parâmetro para definir os beneficiários do Pronaf

(pequenos agricultores de economia familiar, proprietários, meeiros, posseiros,

parceiros ou arrendatários de até quatro módulos fiscais).

42

6.2 Grau de conhecimento do Programa Mata Ciliar

Gráfico 2: Grau de conhecimento do Programa Mata Ciliar

Fonte: Dados da pesquisa (out.2010)

A primeira questão direta feita aos agricultores buscou saber se os

mesmos tinham ou têm conhecimento acerca do Programa Mata Ciliar.

Pode-se verificar (Gráfico 2), que uma pequena parte dos agricultores não

foi encontrada, ou seja, apenas 9,05%, visto que os mesmos não residem no

município e suas propriedades são administradas por pessoas que não souberam

informar. Dos entrevistados, 27,17% dos agricultores não conheceram o Programa

Mata Ciliar e 63,64% conheceram.

É importante que os agricultores conheçam o programa, pois de acordo

com Cheida (2005, p.1) “estaremos mostrando a real necessidade da recomposição

da cobertura florestal do Estado e ainda que o trabalho para produção de mudas

pode ser um bom nicho de mercado e exige qualificação como qualquer outra

profissão”.

Conhecer o programa, não apenas aderir a ele, é conhecê-lo e saber de

seus reais objetivos.

43

6.3 Consciência dos agricultores

88% (44)

12% (6)

Agricultores que temconciência da importância

da mata ciliar

Agricultores que não temconciência da importância

da mata ciliar

Gráfico 3: Consciência com relação à importância da mata ciliar

Fonte: Dados da pesquisa (out.2010)

O questionamento verificou se os agricultores possuem consciência da

importância da Mata Ciliar.

Verifica-se (Gráfico 3), que a grande maioria possui consciência da

importância da mata ciliar, pois, dos 50 entrevistados, 88% afirmaram ter

consciência e apenas 12% demonstrou não ter a consciência da importância.

A Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo (2002, p.5) coloca que:

As matas ciliares são fundamentais para o equilíbrio ambiental. Recuperá-las pode significar benefícios muito significativos sob vários aspectos. Em escala local e regional, protegem a água e o solo, oferecem abrigo e sustento à fauna e funcionam como barreira reduzindo a propagação de pragas e doenças nas culturas agrícolas. Em escala global, as florestas em crescimento fixam carbono e contribuem para a redução dos gases de efeito estufa.

A consciência da importância da mata ciliar pode estar vinculada ao

conhecimento dos benefícios trazidos por ela.

44

6.4 Adesão ao Programa

Gráfico 4: Adesão ao Programa Mata Ciliar

Fonte: Dados da pesquisa (out.2010)

A terceira questão direta procurou saber se os agricultores da microbacia

aderiram ao Programa Mata Ciliar.

Dos 50 agricultores entrevistados, 90% aderiram ao programa, enquanto

apenas 10% não aderiram.

Estes dados constantes (Gráfico 4), comprovam que os proprietários

estão preocupados com a recomposição da mata ciliar, que de acordo com a

legislação vigente, o prazo de adequação das propriedades rurais expira no ano de

2018.

45

6.5 Razões para a adesão ao Programa

Gráfico 5: Razões para a adesão ao Programa Mata Ciliar

Fonte: Dados da pesquisa (out. 2010)

A adesão ao programa, (Gráfico 5), foi realizada em sua maioria, ou seja

64,44% porque os produtores assinaram um Termo de Compromisso de

Preservação Ambiental diante da Promotoria Pública. E, 35,55% aderiram porque

receberam orientação técnica quanto a lei e aos procedimentos colocando-os em

prática, não havendo necessidade de assinar o termo.

Nesta área da microbacia, está instalada a unidade de captação de água

para o município, administrada pela SANEPAR. Portanto, sendo de interesse que a

mesma seja preservada, gerando mais atenção e interesse por parte da ação

municipal intervindo com a ação jurídica, na observância da lei.

A Lei 4.771/65

artigo 22 - A União diretamente, através do órgão executivo específico, ou

convênio com os estados e municípios, fiscalizará a aplicação das normas deste

Código, podendo, para tanto, criar serviços indispensáveis.

46

6.6 Forma de adesão ao Programa

Gráfico 6: Formas de adesão ao Programa Mata Ciliar

Fonte: Dados da pesquisa (out.2010)

A forma de adesão ao Programa, (Gráfico 6), demonstra, que 64,44%

aderiram ao plantar as mudas na área de mata ciliar, enquanto 35,55% preferiram

abandonar a área para regeneração natural. Visto serem duas as vertentes com as

quais o Programa Mata Ciliar trabalha: recomposição da mata ciliar através do

plantio de mudas de espécies nativas, e a segunda, o abandono de áreas para que

a vegetação se recomponha de forma natural.

O abandono de áreas para regeneração natural é tão importante quanto o

plantio de mudas, uma vez que a vegetação nativa pode servir como banco de

sementes assegurando assim a qualidade genética destas novas florestas.

Para Lorenzi (2002, p.17) é importante preservar as matas ciliares para:

Reter/filtrar resíduos de agroquímicos evitando a poluição dos cursos d‟água.

Proteger contra o assoreamento dos rios e evitar enchentes.

Formar corredores para a biodiversidade.

Recuperar a biodiversidade nos rios e áreas ciliares.

Conservar o solo.

Auxiliar no controle biológico das pragas.

Equilibrar o clima.

Melhorar a qualidade do ar, água e solo.

Manter a harmonia da paisagem.

Melhorar a qualidade de vida.

47

6.7 Situação das mudas entregues

Gráfico 7 : Situação das mudas entregues aos produtores

Fonte: Dados da pesquisa (out.2010)

Pode-se observar que 70% da mudas entregues aos agricultores

vingaram, enquanto 20% não tiveram um desenvolvimento normal e, apenas 10%

morreram devido à geada (Gráfico 7).

As mudas são produzidas através de sementes de espécies

recomendadas para a região e, dependendo dos corretos procedimentos de plantio,

condução e também do clima estas terão desenvolvimento satisfatório ou não.

Constatou-se com a pesquisa, que as mudas recebidas pelos

beneficiários do Programa, foram de boa qualidade, de acordo com a percepção dos

agricultores que confirmaram a boa formação das raízes e parte aérea, dado

importante para um bom desenvolvimento da planta após o plantio.

48

6.8 Recebimento de orientação técnica

58,62% (17)20,68% (6)

20,68% (6)

Agricultores quereceberam orientações

técnica

Agricultores quereceberam parcialmente

Agricultores que nãoreceberam orientação

técnica

Gráfico 8: Recebimento de orientação técnica

Fonte: Dados da pesquisa (out.2010)

Quando questionados a respeito da orientação técnica para o plantio das

mudas, 58,62% agricultores responderam que receberam a devida orientação,

20,68% responderam que receberam uma orientação parcial e 20,68% que não

receberam qualquer tipo de orientação (Gráfico 8).

A orientação técnica é realizada pela EMATER do município e pelos

técnicos das entidades conveniadas.

Esta orientação é relativamente entendida pelos agricultores que a

recebem de diversas formas. Vale frisar que dependendo do grau de interesse,

conhecimento e consciência do agricultor, ela é colocada em prática.

49

6.9 Pontos positivos do programa

Gráfico 9: Pontos positivos do Programa Mata Ciliar

Fonte: Dados da pesquisa (out.2010)

Esta questão não foi analisada em porcentagem e sim por número de

repetição de respostas (Gráfico 9).

Todos os produtores entrevistados consideram que a instalação do viveiro

municipal é um ponto positivo para o Programa.

O repasse de mudas gratuito facilitou muito para a ação de plantio por

parte dos agricultores, visto que, em alguns municípios isso não acontece.

Consta ainda declarações relevantes de alguns agricultores com

referência as pontos positivos, como: aumento de água nas nascentes, aumento de

pássaros na região, surgimento de alguns animais e de aumento de chuvas.

50

6.10 Pontos negativos do Programa

Gráfico 10: Pontos negativos do Programa Mata Ciliar

Fonte: Dados da pesquisa(out.2010)

Quanto aos pontos negativos do Programa, destaca-se a falta de mais

orientação técnica (Gráfico 10), isso pode ser decorrente da falta de continuidade na

avaliação do Programa, seria uma das fases da implantação da política pública que

não foi concretizada, apesar de que o próprio Programa não terminou e também não

se sabe se vai ter continuidade na atual gestão.

Quando se fala que o Programa necessitaria de mais divulgação deve-se

considerar que houve uma grande divulgação, quando foi implantado, sendo que

depois, apenas órgãos ligados ao Programa continuaram a falar do assunto.

A necessidade de continuidade de produção de mudas pelo viveiro

municipal é também um destaque relevante, que deve ser considerado e cobrado da

administração municipal.

51

6.11 Avaliação do Programa

Gráfico 11: Avaliação do Programa Mata Ciliar

Fonte: Dados da pesquisa (out.2010)

Quando questionados a fazerem uma avaliação geral do Programa Mata

Ciliar, 64,44% colocaram que o programa teve bons resultados, enquanto 17,78

consideraram que os resultados foram parciais e, também 17,78% consideraram que

não teve bons resultados (Gráfico11).

A pesquisa demonstra que os agricultores se sentem responsáveis pela

recomposição da mata ciliar, entendem que a obrigação de preservar é de todos.

Meireles, Silva e Martins (2004) citam que a responsabilidade pelo meio ambiente é

dever de todos e não apenas um função do governo. É necessário trabalhar a

educação ambiental com toda a população do município.

52

6.12 Sugestões para melhorar o Programa

38

2520

12

10

10 5

Mais profissionais paraassistência técnica

Maior divulgação do Programado Governo

Mais fiscalização pelo Governo

Condições para maior produçãode mudas

Não Responderam

Mais subsidios/recursos para amicrobacia

Pagamento pela proteção daágua

Gráfico 12: Sugestões para a melhorar o Programa

Fonte: Dados da pesquisa (out.2010)

Nesta questão não foi aplicada a porcentagem e sim colocada em número

de repetição de sugestões, ficando da seguinte forma (Gráfico 12):

38 – mais profissionais para assistência técnica;

25 – maior divulgação do programa de governo;

20 – mais fiscalização pelo governo;

12 – maior produção de mudas;

10 – mais subsídios/recursos para a microbacia;

10 – não responderam;

05 – pagamento pela proteção da água.

Diante dos resultados da pesquisa mostrada através dos gráficos, deste

capítulo do trabalho, pode-se concluir que os agricultores da área em questão, tem

uma boa visão da necessidade de preservação e recuperação das matas ciliares,

mas precisam ser acompanhados com mais informações, esclarecimentos sobre as

leis ambientais e apoio de políticas públicas.

53

7 CONCLUSÃO

Após a realização da pesquisa e da avaliação do Programa Mata Ciliar no

município de Borrazópolis, algumas considerações devem ser feitas, principalmente

no que se refere às respostas que os produtores deram no questionário. Pode-se

observar claramente que uma grande maioria vê a importância da recuperação da

mata ciliar. Interessante destacar que a consciência a respeito das questões

relacionadas ao meio ambiente vem crescendo muito, talvez pelo fato de que muitas

campanhas e programas são veiculados com tal objetivo.

Algumas falhas observadas no Programa são decorrentes da falta de

informação técnica que deveria ser contínua, pois, os agricultores teriam maior êxito

em seu trabalho se houvesse uma continuidade de informações e também um

replantio nas mudas que não vingaram.

Pode-se também observar que mesmo os agricultores que aderiram ao

Programa, não utilizaram a metragem correta especificada na Lei. Há uma

concordância em relação à importância da mata ciliar, mas os produtores

consideram que a metragem nem sempre é a mesma que eles querem utilizar para

o replantio ou isolamento.

Mesmo sem informações de documentos definitivos o IAP considera que

houve uma melhora na recuperação da mata ciliar, na área da captação de água

que abastece o município de Borrazópolis. Também os produtores têm a

consciência de que houve evolução na recuperação das matas.

Diante do que foi exposto e da pesquisa realizada junto aos agricultores,

verifica-se a importância da continuidade do programa, da divulgação, da orientação

técnica, bem como a fiscalização e valorização por parte do governo e das entidades

municipais na luta pela preservação do ambiente e, consequentemente da água.

É necessário um maior investimento na educação ambiental em trabalhos

de conscientização efetiva em todos os setores, principalmente em escolas com

crianças e jovens.

54

REFERÊNCIAS

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56

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57

APÊNDICE

58

ESCOLA DE GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA GESTORES DO SISTEMA ESTADUAL DE AGRICULTURA

Este questionário faz parte de uma pesquisa realizada para o Trabalho Final do Curso de Especialização em Gestão e Administração Pública para Gestores do Sistema de Agricultura – UEL – Londrina, com o objetivo de avaliar o Programa Mata Ciliar na Microbacia Ribeirão Laranja Doce, localizada no município de Borrazópolis-Pr. 1. Qual a área da sua propriedade? ___________________________________________________________________ 2. Conhece o Programa Mata Ciliar? ( ) Sim ( ) Não 3. Tem consciência da importância da mata ciliar? ( ) Sim ( ) Não 4. Aderiu ao Programa Mata Ciliar? ( ) Sim ( ) Não 5. Por que aderiu ao Programa? ( ) por causa da Promotoria ( ) porque recebeu orientação técnica 6. Realizou o plantio das mudas recebidas? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente ( ) abandonou a área 7. Das mudas plantadas quantas vingaram (%) em sua propriedade? _________________________________________________________________ 8. Recebeu orientação técnica para o plantio? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente 9. Na sua opinião, quais os pontos positivos e negativos do Programa? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 10. Na sua opinião, quais foram os pontos negativos do Programa?

59

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11. Considera que o Programa teve bons resultados na sua região? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente Por que:_____________________________________________________________ 12. O que poderia ser feito pelo governo para melhorar os resultados do Programa Mata Ciliar na região? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

60

ANEXOS

61

Espécies Florestais Nativas do Paraná

Nome Vulgar Nome Científico Açoita Cavalo Luehea divaricata Aleluia Senna multijuga Amendoim-Bravo Pterogyne nitens Angico do Cerrado Anadenanthera falcata Angico -Vermelho Anadenanthera macrocarpa Angico-Branco Anadenanthera colubrina Araça Psidium cattleianum Araribá amarelo Centrolobium microchaete Araruva Centrolobium tomentosum Araticum Cagão Annona cacans Araucaria Araucaria angustifolia Aroeira Pimenteira/Vermelha Schinus terebinthifolius Baguaçu Talauma ovata Bracatinga Argentina Mimosa scabrella var. aspericarpa Bracatinga C. Mourão Mimosa flocculosa Bracatinga Comum Mimosa scabrella Cambará Gochnatia polymorpha Canafístula Peltophorum dubium Canela amarela Nectandra lanceolata Canela guaicá Ocotea puberula Canjarana Cabralea canjerana Capixingui Croton floribundus Capororoca Rapanea sp. Cedro/Cedro rosa Cedrela fissilis Corticeira Erythrina spp Crindeúva Trema micrantha Embaúbas Cecropia spp Erva mate Ilex paraguariensis Farinha seca Albizia niopoides Feijão Cru Lonchocarpus muehlbergianus Fumeiro Bravo Solanum sp. Guaiuvira Patogonula americana Guanandi Calofillum sp Guapuruvu Schizolobium parahyba Guarantã Esenbeckia leiocarpa Guaricica Vochysia bifalcata Guaritá Astronium graveolens Gurucaia Parapiptadenia rigida Ingá Inga uruguensis Jacatirão-açu Miconia cinnamomifolia Jaracatiá Jacaratia spinosa Jenipapo Genipa americana Jequetibá Cariniana estrellensis Juqueri Mimosa regneli Leiteiro Peschiera fuchsiaefolia Louro branco Bastardiopsis densiflora Louro Pardo Cordia trichotoma

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Mandiocão Didimopanax morototoni Maricá Mimosa bimucronata Mutambo Guazuma ulmifolia Paineira Chorisia speciosa Palmito Euterpe edulis Pata-de-Vaca/Bauhinia Branca Bauhinia forficata Pau d' alho Gallesia gorarema Pau ferro Caesalpinia ferrea var. leyostachia Pau Jacaré Piptadenia gonoacantha Pau-de-gaiola Aegiphylla sellowiana Pau-de-sangue Croton celtidifolius Pau-de-viola Cytarexylum myrianthum Pau-Marfim Balfourodendron riedelianum Peroba Aspidosperma polyneuron Pessegueiro Bravo Prunus sellowii Pinheiro bravo Podocarpus lambertii Pitanga Eugenia uniflora Quaresmeira Rosa Tibouchina sellowiana Salseiro Salix humboldtiana Sangra-d'água Croton urucurana Sarandi Calliandra selloi Sobrasil Colubrina glandulosa Timbaúva/Orelha de Negro Enterolobium contortisiliquum Uvaia Eugenia pyriformis Vassourão Branco Piptocarpha angustifolia Vassourão Preto Vernonia discolor Fonte: http://www.mataciliar.pr.gov.br/modules/conteudo/php?Conteudo=9 acesso em 17/01/2010

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