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ELEÉSÓoCOMEÇOA eleição de Crivella a prefeitura do Rio é um salto extraordinariopara o projeto politico dos evangélicos. Seu partido. o PRB. agoracomanda mais de 100 cidades. governa uma população de quase10 milhões e dá sentido ao "plano de poder" do bispo Edir Macedo

FUNDADOR E LÍDER máximo daIgreja Universal do Reino de Deus, obispo Edir Macedo, 71 anos, é homemcom um projeto: colocar os evangéli-cos na linha de frente dos destinos dopais. No seu livro Plano de Poder:Deus, os Crislãos e a POlilica, lançadoem 2008, Edir Macedo pontifica:"Nunca, em nenhum tempo da históriado evangelho no Brasil, foi tão oportu-no como agora chamá-los (osevangéli-cos) de forma mais incisiva a partici-parda política nacional". A certa altu-ra, o bispo pergunta: "O que fálta aoscristãos para se estabelecerem politi-camente?". E ele mesmo responde:"Ações bem coordenadas" em prol deum "projeto de nação idealizado porDeus para o Seu povo".

Na ação bem coordenada, Edir Ma-cedo comprou uma rede de televisão, aRecord, que hoje ocupa o segundo lu-gar em audiência e tem na grade pro-gramas da Igreja Universal. Articuloua fundação de um partido politico, o

VITORIA O'prefelto eleito peloPRB comemora o resultado: Quase20 pontos sobre o socialista Freixo

THIAGO PRADO

Partido Republicano Brasileiro (PRB),que saiu das urnas com 105 prefeiturase detém uma bancada de 22 deputadosem Brasilia. O bispo também teve pesono acelerado aumento da bancadaevangélica no Congresso, que reune 86deputados, sendo maior do que muitospartidos políticos. (Um de seus mem-bros, hoje cassado e preso, o deputadoEduardo Cunha, chegou a presidir aCâmara, se bem que sua biografia su-gere que era menos evangélico e maisadepto da teologia da prosperidade.)

Na semana passada, o "projeto denação" de Edir Macedo deu um saltocom a eleição de seu sobrinho, Marce-lo Crivella, 59 anos, a prefeito do Riode Janeiro. É a segunda malor prefei-tura do pais, com um orçameh,ll de 31bilhões de reais - e responde pelomais alto posto executivo já conquis-tado por um militante da Universal.Bispo licenciado da igreja, Crivella foieleito senador em 2002 e já estava deolho em um cargo executivo: disputouquatro vezes antes de conquistar o go-·verno carioca. Cravou quase 20 pon-tos de diferença contra seu adversário,Marcelo Freixo, do PSOL.

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A eleição de Crivella é mais resulta-do da onda conservadora na política doque da fé evangélica. Os quase 35% doeleitorado carioca que o puseram naprefeitura não são todos defensores dospostulados da Igreja Universal. Preferi-ramtê-Io no comando da cidade a umsocialista como Freixo. Foi, nesse as-pecto. uma vitória da direita sobre a es-querda - um retrato do Brasil depoisdo impeachment de Dilma Rousseff edo esfacelamento do PT. Nas urnas, oreflexo dessa postura foi o petismo des-pencar de 630 para 256 prefeituras, o .PSDB disparar de 695 para 803 e o go-vernador tucano de São Paulo, GeraldoAlckmin. despontar como a mais forteliderança política do Brasil hoje (veja li

entrevisca nas Páginas Amarelas).Para chegar aonde chegou, Crivella

desmontou uma certa reserva de QU-

tros evangélicos para com a IgrejaUniversal. Forjou uma aliança inéditacom lideres evangélicos como SilasMalafaia, da Vitória em Cristo, e Val-demiro Santiago, da Mundial do Poderde Deus. Conquistou em torno de 90%dos votos evangélicos do Rio, capitaldo estado menos católico do pais. Aolongo da campanha, Crivella peniten-ciou-se de manifestações preconceituo-sas do passado ("Gays são vitimas deum terrivel mal"). Também evitoulembrar sua posição de intolerânciacom as religiões afro-brasileiras, con-sideradas por ele '·demoniacas". E ain-da fez de tudo para apagar a relaçãocom a Universal, apesarde não dar umpasso sem consultar Mauro Macedo.primo e homem de confiança de EdirMacedo - com quem Crivella diz nãofalar ha dois anos. "Se fizer bom go-verno, Crivella vai tentar a reeleição e,depois, o Planalto", aposta Malafaia.

No mundo evangélico, existem ospentecostais e os não pentecostais. Osnão pentecostais são formados porcorrentes tradicionais, como batistas,

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o G-4 EVANGÉLICOOs fundadores das Igrejas

pentecostals que mais detêm poderno Brasil cruzaram seu caminhocom o onipresente bispo Macedo

Edlr Macedo. n anos. IgrejaUnIversal do ReIno de Deus

Sua Igreja. presente em todos oscontinentes, estendeu-se pelos

mercados editortal e de música gosRElI.é dona da segunda maior emIssora deTV do paIS. a Record. e ainda tem umpãrtldo para cnamar de seu. o PRB.

com 21 parlamentares

R.R. Soares. 68 anos. IgrejaInternacional da Graça de Deus

Cofundador da Universal. rompeu comMacedo depois que ele ganhou a

liderança da Igreja. em 1980. Nunca foiIncomodado em seu projeto de

expansao porque sua esposa é irma do"'bISpo.Tomou-se o maIor comprador

de horários da TV brasileira

Vatdemlro Santiago, 53 anos.Igreja Mundial do Poder de DeusTambém egresso da Universal. foi

perseguido por Macedo quando criousua denomlnaçao. Perdeu espaço nasTVs e até chorou diante das clImeras.em 2012. pedindo contribuIções para

arrecadar 30 milhOes de reais econtinuar a pregar na telinha

SlIas Malatala. 58 anos.Assemblela de Deus Vitória em Cristo

Em sua carreira-solo. mudou depatamar nos anos 1990 ao sair emdefesa ferrenha de Macedo. que naocaslao estava preso. Há temPos osdoIs nao se falãm. por divergências

Ideológicas e comerciais

luteranos, metodistas, presbiterianos.Entre os pentecostais, também ha umramo mais clássico, constituido pordenominações como Assembleia deDeus e Igreja do Evangelho Quadran-gular. Os neopentecostais são os maisjovens, e é nesse grupo que estão aUniversal, a Internacional da Graça deDeus, a Sara Nossa Terra e outras igre·jas criadas da década de 70 para ca.Elas são as mais ativas na politica edão o tom ideológico da militância:são adeptas do conservadorismo mo·raJ e do liberalismoeconõmico.

Os evangélicos agora estão maisunidos em torno do seu projeto político.Segundo o bispo Robson Rodovalho, lí-der da Sara Nossa Terra e presidente daConfederação de Pastores do Brasil.nesta eleição, pela primeira vez, 202candidatos a prefeito, vice-prefeito e ve-reador foram monitorados e assessora·dos - 92 foram eleitos. Na Câmara dosDeputados, a meta é que, na eJeição de2018, a bancada evangélica quase do-bre, chegando a 150. Nos termos de ho-je, eJa seria bem mais numerosa do quea maior bancada, a dos ruralistas, com109. Já o "projeto de nação" do bispoEdir Macedo, afora o aspecto moral eeconõmico dos neopentecostais, e umenigma que nem seu livro esclarece.

Como militantes de qualquer outrafé, os evangélicos têm todo o direito departicipar da politica, desde que res-peitem o principio constitucional doEstado laico.,Na ditadura militar, osneopentecostais eiziam que "crentenão é político". Na democracia, come·çaram a participar e adotaram, paraefeito eleitoral. o mote "irmão vota emirmão". Assim comoos católicos abri·ral1l uma picada na militância de es·querda com a Teologia da Libertação,não há nenhum problema em que osneopentecostais abram sua vereda dedireita com a TeoJogia da Prosperida-de. Ê saudavel, porém, que dois aspec-

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A RELIGIÃO NA pOllTICAA Assemblela Constituinte marcou o primeiro esforço concentrado dasdenomlnaçoes evangélicas para eleger uma bancada no Congresso.

De lá para cão o número de Integrantes quase triplicou

eEVANGÉUCOS NA CÃMARA ...

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I font",Oõ>an""""roInterslndicalde

AssessoriaPãrlamentar(Disp}e Ricardo MarillflO •...,.,..,#' #' ~'"

·0..•E SUA REPRESENTAÇAo POR ESTADO

(porcentual de 'deputados evangélicos em relaçao ao totall

Fonte: JosIJEustàquioDinJz.demógrafo da Ence/lBGE. com base

em dados do DepartamentoInrerslndicaldeAssessorla

ParlBmemar (OiapJ

tos sejam respeitados: a laicidade doEstado, que é a melhor garantia da li·berdade de praticar qualquer religiãoou nenhuma religião, e a diversidadebrasileira, essência do que se chama debrasilidade e a melhor expressão donosso espírito democrático.

Como prereito do Rio, Crivella serávigiado com lupa nos próximos quatroanos, até porque o estado já passou pelaexperiência do clientelismo religiosopraticado por quem raz política com aBíblia na mão. Quando governou o Rio,entre 1998e 2002, Anthony Garotinhodelegou às igrejasevangélicas o creden·ciamento dos beneficiários do seu prin-cipal programa social, o Cheque Cida-dão. Também favoreceu rádios e veícu-losde comunicação gospel com genero-sas verbas publicitárias. VEJA apurouque, para mostrar seu compromissocom o Estado laico,Crivella planeja re-gularizar o alvará de runcionamento decentros espiritas no Rio. Depoisde elei-to, rez questão de declarar que vai "go-vernar para todos", Afirma um aliado:"Não é do interesse de Crivella no mo-mento razer da cidade um quintal daUniversal". O que preocupa nessa afir-mação é a expressão "no momento".

Ter um bispo na prereitura do Riomove a Universal várias casas il rrenteno que parece ser um dos poucos obje-tivos claros de seu plano de poder: ga-nhar o reconhecimento de que o reba-nho evangélico não é uma fatia secun-dária, esnobada pela elii~o.litica e ca-tólica. "A política dá aos evAngélicosacesso aos gabinetes do poder e legiti-midade", avalia o sociólogo RicardoMariano, autor de Sociologia do NOlloPelllecoslalismo no Brasil. Igualmentese pode contar com uma rorte guinadaconservadora em questões como abor-to e casamento gay, que, no entanto,não são assuntos da esrera municipal.

O próprio Crivella já mencionououtro beneplácito do poder: racilitar o

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EXCESSOS Os "Gladiadores do Altar" e o chute na santa, em 1995: nenhuma igreja faz tanto barulho quanto a Universal

que poderia ser chamado de diploma-cia da evangelização. A VEJA, disseque pastores jamais conseguem vistode trabalho em países como Índia,Cuba e China. Um evangélico no Pla-nalto, explicou, poderia pressionar pormudanças. "Se fizermos um presiden-te, não necessariamente eu, vamos en-trar no mundo inteiro. Liberdade reli-giosa tem que ser bandeira política",elaborou o bispo, que, no passado, ata-cou com virulência outros credos. AUniversal é a igreja mais internaciona-lizada dos neopentecostais.

A demografia trabalha a favor daagenda política dos parceiros de Cri-vella. O número de fiéis das igrejasevangélicas não para de crescer ha dé-cadas, enquanto o de católicos só cai.

Nos anos 1980, a' proporção era de89% de católicos e apenas 6% de evan-gélicos. Hoje, os católicos diminuíramseu rebanho para 64% da população;os evangélicos saltaram para 22%. Umaprojeção do demógrafo José EustaquioDiniz mostra que, mantido esse ritmo,o Brasil, o maior pais católico do mun-do, será majoritariamente evangélicoem 2040, "É uma transição raríssima,mas que deve ocorrer, mais cedo oumais tarde, na maior parte da AméricaLatina. Na Guatemala,já aconteceu",observa Diniz.

A Universal não é a maior entre asigréjas~vangélicas brasileiras, nemmesmo se comparada às outras'do ra-mo pentecostal, de longe o que maiscresce. A campeã Assembleia de Deus

tem seis vezes mais fiéis (12 milhões).Mas a Universal é a mais barulhenta,a que mais arrecada e, também, amais plasticamente politica - insisteno que da certo, ca i fora do que pegamal. Recentemente fez marchar peloscorredores de um templo tropas emuniforme militár, \Jf!!izadas de "Gla-diadores do Altar". Diante do espantode quem viu na marcha a criação deum braço militar da igreja, a Universalapressou-se em dizer que era apenasum "grupo jovem de evangelízação".Em 1995, o bispo Sérgio Von Helderferiu a sensibilidade católica ao chutaruma imagem de Nossa Senhora Apa-recida na Record, no dia da santa. Foi.enviado para missões em outros pai-ses para arrefecer os ânimos.

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Desde a fundação, em 1977, a Uni-versal colecionou rivais no segmentodas igrejas puxadas por pastores popque rizeram fama na televisão, comoMalafaia, Santiago e R.R. Soares. Aolado de Edir Macedo, eles são hoje asvozes mais potentes do movimentoevangélico, uma espécie de G-4 pente-costal. "A Universal é malvista pelasdemais, mas, como o nome indica, éambiciosa, não vê fronteiras. Nestaeleição, seu partido, o PRB, buscoualianças e fez de tudo para apagar a pe-cha religiosa", diz o sociólogo Mariano.

O PRB foi criado em 2005, depoisque a derrocada do Partido Liberal(PL) no escândalo do mensalâo crioua necessidade de uma nova sigla nabase do governo Lula para abrigaraliados. Orientados pelo chefe, depu-tados da Universal pulverizados emvárias legendas aderiram ao PRB,que passou a concentrar os candida-tos da igreja e hoje é dominado porbispos licenciados - Crivella inclusi-ve. Tudo de acordo com O projeto de

A DATA DA VIRADA

Edir Macedo, que em seu livro ressal-ta: "A potencialidade numérica dosevangélicos como eleitores pode deci-dir qualquer pleito eletivo, tanto no.Legislativo quanto no Executivo, emqualquer que seja o escalão".

O PRB foi Iiel aliado dos governospetistas, mas pulou fora com o avan-ço da Lava-Jato. Apoiou o impeach-ment de Oilma e hoje comanda o Mi-nistério da lndtistria, Comércio Exte-rior e Serviços de Michel Temer. "Au-mentamos a nossa interlocução como empresariado e isso nos ajuda napolitica. Somos pragmáticos, a favorde resultados práticos", declara o mi-nistro (e bispo licenciado) Marcos Pe-reira, também presidente nacional doPRB. Na eleiçâo deste ano, o partidoelegeu 31% mais prefeitos (de oitentapara 105) e 33% mais vereadores (de1207 para 1608). Para 2018, projetachegar a quarenta deputados, empla-car quatro ou cinco senadores (hojesó tem Crivella) e estrear em gover-nos estaduáis. Nào se define como

}.~.... 89% CATÓLICOS

Em menos de 25 anos, o maior pafs catOlico do mundo deve se tornar majoritariamente evangélico.Acompanhe a projeçao do avanço (em porcentual da populaçao)

Quem é quemnorebenho

~.....

~?..

..............)5.7%

Fonte: Jos~ EusrllQulO Dlnll. demografo da Ence;IBGE. com base tIOS censos demograflcos

39.8%

igrejas pentecostais.As maiores sao

Assembleia de Deus.Congregaç~oCrist~doBrasil e Igreja Universal

do Reino de Deus

Dos

42~3'milhõesde brasileir~fs que sedeclaram evangélicos.

cerca de60%frequentam as

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2014 Macedo (de barbal na abertura do templo: o alto escalão foi la

MINHA IGREJA É MAIOR QUE A SUAQuem nao levava o bispo Edir Macedoa sério deve ter mudado de ideia dian-te da foto acima. Na cérimOnia deinauguração do monumental Templode Salomão. em 2014. em São Paulo.Macedo recepcionou o comando doBrasil de então. Estavam la a presi-dente Dllma Rousseff. seu vice. MI-chel Temer. o governador paulistaGeraldo Alckmin e o do Rio de Janeiro.Luiz Fernando Pezao. todos prestan-do deferência ao essencial papel dosevangélicos nas disputas politicas.Templos espetaculares se tomaram amanifestação fisica da expansãoevangélica no mundo. Nesses espa-ços. Que acomodam os milhares defiéis que antes se reuniam em está-dios e locais públicos. o culto é umshow de luzes. som, efeitos especiaise imagens grandiloquentes. ·0 objeti-vo émostrar poder", resume MarceloPires. ex-bispo da Universal.

O Templo de Salomão. que tam-bém serve de moradia ao bispo EdlrMacedo. é a maior casa religiosa doBrasil. A.obra consumiu 685 ml-

IhOes de reais. acomoda lO 000pessoas e ocupa 35000 metrosQuadrados - Quatro vezes mais doQue o segundo maior. o SantuárioNacional de Aparecida. Tem pedrasimportadas da Cisjordãnia. ilumina-ção com 10 000 lâmpadas de LEDeesteira rolante para agilizar o depó-sito das oferendas. E a joia da redede 6 500 templos da Universal. maslogo tera um competidor em Curiti-ba. sede de um megatemplo orçadoem 415 mllhOes de reais.

No setor das grandiOsas edifica-ções. outras denominações osten-tam troféus. A Internacional da Graçade Deus. de R.R. Soares. esta cons-truindo uma igreja de 29000 metrosquadrados em São Paulo. com sltepara acompanhar a obra ao vivo. AMundial do Poder de Deus. de Valde-miro Santiago, tem dois templosenormes. no Rio e em São Paulo. AVitória em Cristo. de Silas Malafaia.inveStilJ'30 milhões de reais em umacatedral evangélica carioca. O céu éo limite na rivalidade neopentecostal.

"partido da Universal". "Temos re-presentantes de todos os segmentosda sociedade", defende-se Pereira.

Foi na Assembleia Constituinte,em 1988, que os evangélicos inicia-ram o esforço concentrado para ga-nhar relevância politica, motivadospelo temor de que a nova Carta privi-legiasse a Igreja Católica e adotasseposições mais seculares em relação atemas como aborto e consumo dedrogas. Elegeram 32 deputados; hojetêm 86. Embora com certas divergên-cias no púlpito, o bloco dos bispos epastores marcha unido quando se tra-ta da isenção de tributos para igrejas eda regulação da construção de tem-plos. Sua força e sua presença na poli-tica dependem da expansão continuado rebanho, alimentada pelo espaçona televisâo.

"Percebemos que, para falar com agrande massa, era preciso ter a televisãonas nossas mãos", diz o bispo Rodova-lho. danada rede Gênesis de TV. Atual-mente, o mercado de compra de hora-rios em canais para a exibição de pro-gramas religiosos gira em torno de 1 bi-lhão de reais por ano. Explica Rodova-lho: "Conseguimos espaço devido à ne-cessidade de caixa de algumas emisso-ras". Diante das câmeras, os pastores sedesdobram: pregam, oram, vendemprodutos e dizem operar milagres. Foijustamente na TV, no programa Falaque Eu Te Escu/o, produzido pela Uni-versal e exibido na madrugada na Re-cord, que Crivella de sua primeira en-trevista depois de eleito. Manteve o tomsuave e conciliador dos últimos temposaté quando atacou "a midia inimiga". Eouviu de seu entrevistador, o bispo Mar-cia Carotti, que o futuro dos evangélicosé promissor. "Somos igual a omelete.Quanto mais bate, mais cresce.".

Colaboraram Cecnia Rino. LuisaBustamante e Maria Clara Vieira

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