electra fica bem de luto

Eugene O'Neill (1888-1953)

Mourning Becomes ElectraTrilogia em 13 atos (1931)

Traduo e adaptao resumida por Helder da Rocha 14 de maio de 2004 www.helderdarocha.com.br

Electra Fica Bem de Luto, 1931


O A utorEugene Gladstone O'Neill considerado o maior dramaturgo dos Estados Unidos. Ganhador dos prmios Pulitzer e Nobel de literatura, O'Neill nasceu em Nova York, no dia 16 de outubro de 1888. Seu pai, James O'Neill, era um ator conhecido, famoso por sua atuao em O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas. Durante sua infncia ele viajou bastante com seus pais. Em 1909, partiu em uma expedio de garimpo de ouro na Amrica Central. Posteriormente, como marinheiro, viajou para Buenos Aires, trabalhou em diversas ocupaes diferentes na Argentina e foi pastor de mulas em um barco a vapor para a frica do Sul. De volta aos Estados Unidos, ele trabalhou como jornalista em um jornal de Connecticut at ser acometido pela tuberculose, que obrigou-o a internar-se por vrios meses em um sanatrio, aos 23 anos. Esse acontecimento marcou a sua carreira e, de volta do sanatrio, escreveu sua primeira pea. Casou-se trs vezes e teve trs filhos. Sua vida marcada por vrias tragdias pessoais. A maior parte de suas peas exploram aspectos profundos da psicologia humana em seus dramas e tragdias. Em vida, ganhou trs prmios Pulitzer pelas peas Beyond the Horizon (1920) que muitos consideram um marco no teatro americano , Anna Christie (1921) e Strange Interlude (1928). Em 1936 tornou-se o primeiro dramaturgo americano a receber o prmio Nobel de Literatura. Vrias de suas peas foram produzidas aps a sua morte, como The Iceman Cometh e Long Day's Journey Into Night (Longa Jornada Noite Adentro), autobiogrfica, que ele prprio no permitiu que fosse encenada durante sua vida, e que lhe rendeu o quarto prmio Pulitzer postumamente. O'Neill considerava o dramaturgo sueco August Strindberg sua principal fonte de inspirao dramatrgica. Ele prprio foi modelo para dramaturgos americanos que o sucederam como Tennessee Williams, Arthur Miller e Edward Albee. Eugene O'Neill morreu no dia 27 de novembro de 1953.Eugene ONeill nos anos 40 (fonte: www.eoneill.com).

Helder da Rocha (2004)

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A ObraMourning Becomes Electra (Electra fica bem de luto) considerada uma das obras mais ambiciosas de Eugene O'Neill. Montada em 1931, uma trilogia que consiste de trs peas: The Homecoming (A volta para casa), em quatro atos, The Hunted (O caado), em cinco atos, e The Haunted (Os assombrados), em quatro atos. A realizao da pea dura quase seis horas. A trilogia inspirada na tambm trilogia Orstia, de squilo, transposta para a Nova Inglaterra durante a guerra de secesso dos Estados Unidos. A primeira pea (The Homecoming baseada em Agamemnon, na Orestia) narra o retorno do general Ezra Mannon (Agamemnon, na Orestia) da guerra de secesso (guerra de Tria) para sua manso, onde encontrar sua esposa adltera Christine (Clitemnestra) e sua fiel filha Lavnia (Electra). A segunda pea (The Hunted Coforas) narra o retorno do irmo de Lavnia, Orin (Orestes), e sua partida para vingar a morte do pai. A terceira pea (The Haunted Eumnides) explora os efeitos psicolgicos dos eventos anteriores nas vidas dos sobreviventes. Apesar do paralelo com a trilogia Orestia, a pea de O'Neill noCena da estria no Guild Theatre. Nova York, 1931 (fonte: www.eoneill.com)

guarda semelhanas na estrutura com a tragdia grega. uma obra moderna, profunda, com personagens fortes, bem construdos e momentos de grande dramaticidade. A pea Mourning Becomes Electra foi adaptada para o cinema em 1947 com direo, produo e adaptao de Dudley Nichols com Rosalind Russell como Lavnia, Michael Redgrave como Orin, Raymond Massey como Ezra Mannon, Katina Paxinou como Christine, Leo Genn como Adam e Kirk Douglas como Peter. Este texto contm uma verso resumida da obra, em prosa, para fins de estudo. Foi mantida a estrutura original em 13 atos separados em trs peas.


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Mourning Becomes ElectraGuild TheatreEstria: 26 de outubro, 1931 Diretor: Philip Moeller

Seth Beckwith - Arthur Hughes Amos Ames - Jack Byrne Louisa Amos - Bernice Elliott Minnie Amos - Emily Lorraine Christine Mannon - Alla Nazimova Lavinia Mannon - Alice Brady Peter Niles - Philip Foster Hazel Niles - Mary Arbenz Adam Brant - Thomas Chalmers Ezra Mannon - Lee Baker

Mrs. Josiah Borden - Augusta Durgeon Mrs. Everett Hills - Janet Young Dr. Joseph Blake - Erskin Sanford Josiah Borden - James Bosnell Everett Hills - Oliver Putnam Orin Mannon - Earle Larimore A Chantyman - John Hendricks Abner Small - Erskin Sanford Ira Mackel - Oliver Putnam Joe Silva - Grant Gordon

Fonte: www.eoneil.comHelder da Rocha (2004) 4



Eugene O'Neill

Electra Fica Bem de LutoUma trilogiaParte Um: O Regresso1 Pea em quatro atos Parte Dois: A Caada Pea em cinco atos Parte Trs: Assombraes Pea em quatro atos

A maior parte da ao das trs peas da trilogia ocorre em volta da manso da famlia Mannon, que fica em um subrbio porturio na Nova Inglaterra, nos Estados Unidos. As peas ocorrem ou no vero ou na primavera dos anos de 1865 a 1866.

1 O ttulo da trilogia: Mourning becomes Electra apresenta o verbo to become na forma transitiva, que significa to suit,

to befit, ou seja, adequar-se, favorecer-se, assentar-se, cair bem em, etc. Preferi a traduo Electra fica bem de luto. Outras tradues incluem Electra enlutada (que, na minha opinio, muda o sentido) ou O luto assenta a Electra (que, na minha opinio, torna mais difcil a compreenso). As tradues de lngua espanhola utilizaram El luto le sienta bien a Electra . As peas da trilogia: the Homecoming (a volta para casa) traduzi como O Regresso, the Hunted (o caado) traduzi como A Caada e the Haunted (os assombrados) traduzi como Assombraes. Helder da Rocha (2004) 5



Electra Fica Bem de Luto Parte I

O Regresso

Personagens: Brigadeiro-general EZRA MANNON CHRISTINE, sua esposa LAVNIA, sua filha Capito ADAM BRANT, marinheiro do navio Flying Trades Capito PETER NILES, artilheiro HAZEL NILES, irm de Peter SETH BECKWITH, jardineiro AMOS AMES, LOUISA (esposa de Amos), MINNIE (prima de Louisa), visitantes da manso.

Primeiro AtoParte externa da manso da famlia Mannon na Nova Inglaterra, abril de 1865. O Sol se pe diante da casa da famlia Mannon e as colunas brancas gregas, que caracterizam a fachada, projetam escuras sombras contra as paredes de pedras cinzentas da casa. Ouve-se a voz de um homem cantando uma cantiga que tem o ritmo das ondas do mar. Ele canta Shenandoah. o jardineiro Seth, que, com a permisso de Lavnia, mostra a casa dos Mannon a Amos Ames, sua esposa Louisa e a prima Minnie. Os trs so habitantes da vila. Simples e curiosos, se interessam pela vida dos ricos e reservados Mannon. Atravs das explicaes de Seth para Amos, Louisa e Minnie, ficamos sabendo que Ezra Mannon general no exrcito do general Grant2. Tendo iniciado sua carreira militar como soldado na guerra do Mxico, deixou o servio militar como major e seguiu carreira como juiz. Foi eleito prefeito e, quando a guerra estourou, voltou e foi promovido a general com a vitria de Grant. Ezra bastante popular, mas o povo no gosta de sua esposa, descendente d e franceses e holandeses. Pouco depois, Christine, a esposa de Ezra aparece na varanda. Apesar de ter cerca de 402 Ulysses S. Grant (Hiram Ulysses Grant) era general na guerra civil fiel ao presidente Lincoln. Foi vitorioso na batalha contra o general rebelde Robert Lee em 9 de abril de 1965. Tornou -se presidente dos Estados Unidos em 1869 e governou at 1877. Esta cena da pea se passa no dia da vitria de Grant, o que motiva o regresso do general Ezra Mannon, vitorioso, e de seu filho Orin. Helder da Rocha (2004) 6



anos, ela parece bem mais jovem e veste um sensual vestido verde. Depois de um pequeno intervalo ela deixa a varanda e caminha na direo do j ardim. Em seguida, a porta da manso se abre e aparece Lavnia e pra nos mesmos batentes onde sua me havia estado h pouco. Ela tem 23 anos mas parece bem mais velha. Diferentemente de sua me, ela se veste de maneira pouco atraente e com um vestido preto e comum. Apesar das diferenas, no pode-se deixar de notar a semelhana do seu rosto com o da sua me. Lavnia acaba de chegar de Nova York, ela diz a Seth, que deseja falar -lhe sobre o Capito Brant, que ele acredita estar querendo cortej-la. Mas ele interrompido pela visita do Capito Peter Niles e sua irm Hazel. Hazel a noiva de Orin, irmo de Lavnia, e ela est preocupada pois Orin no escreve para ela h meses. Peter foi mandado de volta por ter sido ferido na guerra e estaria voltando caso a guerra no houvesse terminado. Peter deseja casar -se com Lavnia, mas ela rejeita -o. Ele acha que por causa do Capito Brant que todos acreditam estar cortejando Lavnia. Peter deixa a cena com a chegada de Christine. As duas conversam em um tom irnico. Percebe-se que elas no se do muito bem. No se olham nos olhos. Percebe-se tambm a semelhana extraordinria entre as duas. Christine havia voltado de Nova York supostamente para visitar o pai, mas ela no sabe que Lavnia tambm havia estado l. Christine diz que no caminho havia encontrado o capito Brant e tinha convidado-o para fazer uma visita e ver Lavnia. Christine sai e Lavnia encontra Seth, que tinha uma informao sobre o Capito Brant. Seth pergunta a Lavnia se ela no havia notado a seme lhana entre o Capito Brant e seu pai e depois revela que ele filho de uma enfermeira canadense 3 que havia se casado com seu tio David, expulso da famlia. Ele adotou o nome abreviado de sua me, Marie Brantme. Seth no confirma a histria. Ele admite que pode estar errado e pede que Lavnia tente confirm-la no encontro com Brant. Entra Adam Brant, um jovem forte e bonito, de cabelos escuros e bigode, vestido de forma elegante, um pouco extravagante. Ele se apresenta a Lavnia. A conversa comea de forma amigvel. Eles conversam sobre a guerra e a rendio do general Lee. Depois, o dilogo comea a ficar tenso pois Lavnia passa a falar com uma leve ironia e agir de modo estranho. Brant se aproxima de Lavnia e comea a tentar seduzi -la dizendo que sempre ir lembrar-se3 No original Canuck, que refere-se a canadense francs. O termo depreciativo e revela um preconceito de classe. Helder da Rocha (2004) 7



dela quando pensar nas ilhas abenoadas que encontrou em suas viagens. Depois tenta segurar a sua mo mas ela, j irritada com a sua falsidade, grita: No me toque! No se atreva! Seu mentiroso! Seu! E continua: Mas seria tolice esperar qualquer coisa alm de mentiras de romantismo barato de um filho de uma baixa enfermeira canadense. Adam Brant enfurece-se com o insulto a sua me: Nenhum Mannon pode insult-la enquanto eu... E assim Lavnia confirma a autenticidade da his tria contada por Seth. Brant revela que sua nica vergonha seu imundo sangue Mannon e revela: Aposto que [seu pai] nunca contou que o seu av, Abe Mannon, assim como o seu irmo amaram a minha me! Lavnia no acredita. Adam prossegue explicando que: os Mannon roubaram o meu pai, que arruinado, passou a beber e, covarde como todos os Mannon, passou a ter vergonha de mim e de minha me. Uma noite, ele chegou e bateu nela. Eu o acertei na cabea. Minha me implorou para que eu perdoasse o meu pai, mas eu nunca o fiz. Um dia, ele apareceu morto enforcado em uma fazenda. Aos dezessete anos, Adam deixou sua me e foi navegar pelos mares. De volta a Nova York, encontrou-a morrendo de fome e doena. No sabendo onde me encontrar , disse Adam, ela abandonou sua ltima gota de orgulho e escreveu a seu pai por um emprstimo. Ele nunca respondeu. E eu cheguei tarde demais. Ela morreu em meus braos. Ele [seu pai] poderia t-la salvado, mas ele deliberadamente deixou que ela morresse! Ele to cu lpado de sua morte quanto qualquer um dos que ele enviou para a forca quando era juiz! Lavnia responde: Ela seu nico meio de vingana contra meu pai, no ? Brant no entende: Ela? Ela quem? Voc saber em breve diz Lavnia, e depois , vai deixando a varanda.


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Segundo AtoEscritrio de Ezra Mannon dentro da manso. O mveis do escritrio so antigos, de estilo colonial. No fundo, direita, h uma porta que leva ao corredor. Na parede, direita h uma pintura de George Washington la deado por retratos menores de Alexander Hamilton e John Marshall. No fundo, ao centro, h uma lareira. esquerda da lareira, uma estante cheia de livros de direito. Acima da lareira, em uma moldura simples, h um grande retrato de Ezra Mannon, pintado h dez anos, em trajes de juiz. impossvel no perceber a semelhana dos seus traos com os de Adam Brant. esquerda h duas janelas. Entre elas uma escrivaninha e, do lado esquerdo, ao centro, h uma grande mesa com uma cadeira de braos de cada lado. O S ol se pe do lado de fora. Lavnia vista diante da mesa. Olha fixamente para o retrato do pai e pe a sua mo sobre a dele e diz pobre pai. Entra Christine, irritada por ter sido chamada ao encontro com Lavnia. Lavnia diz: Suponho que Annie lhe disse que sa para visitar Hazel e Peter enquanto voc estava fora. Sim, responde Christine. No verdade. Ento, para onde voc foi? , pergunta Christine. Para Nova York! responde Lavnia em tom de acusao. Eu a segui e vi quando voc se encontrou com Brant! Christine tenta se defender da acusao mas para cada explicao, Lavnia tem uma informao que a desmente. Finalmente, Christine cede e assume o relacionamento. Explica que o casamento com Ezra j estava morto h anos. Lavnia desespera-se ao ouvir a confisso da me. Grita com ela: Ento voc sempre detestou o pai! No, eu o amei antes. Antes de casar-me com ele. Mas o casamento logo transformou seu romance em... nojo Ento eu nasci do seu nojo! Sempre achei que isto fosse verdade! lamenta Lavnia. E as duas discutem. Falam sobre como a me odiava a filha e amava o filho, Orin, irmoHelder da Rocha (2004) 9



de Lavnia. Lavnia acusa a me de incentivar o pai a ir a guerra mas fazer de tudo para que o filho no fosse. J Christine acusa Lavnia de incentivar a viagem do irmo. Christine diz que jamais teria se apaixonado por Adam Brant se Orin no tivesse partido para a guerra. Lavnia revela que ele no a ama. Quer apenas vingar -se do seu pai. filho daquela enfermeira que foi expulsa de casa! Mas Christine j conhece toda a histria. Lavnia revela que no deseja contar ao pai o que sabe, pois teme pelo seu corao, mas deixa claro que se ela o fizer, ser a desgraa de Christine. Mas ela depois expe suas condies: Eu no contarei, desde que voc desista de Brant e nunca mais o veja. E prometa ser uma esposa fiel ao pai e corrigir o mal que fez a ele. Christine sorri na inocncia da filha, e a acusa de, na verdade, querer Alan Brant para ela. Ela responde Suponha, ento, que eu fuja com Adam! Onde estar o seu pai e o nome da famlia depois desse escndalo? E da se eu cair em desgraa? Eu teria o homem que eu amo, pelo menos! No por muito tempo , retruca Lavnia. O pai usaria toda a sua influncia para tirar o comando que Brant possui sobre o seu cargueiro e iria coloc -lo em uma lista negra para que nunca mais conseguisse nada. E o pai nunca iria divorci -la. Voc nunca iria poder casar. No esquea que voc cinco anos mais velha que ele! Christine perde o controle: Seu demnio! Coisinha cruel! mas logo se recompe. Aceita as condies de Lavnia. Ainda acredita que Lavnia tem uma queda por Adam e aproveita para informa-la de que foi ela quem o instrura para flertar com a filha. Era para diminuir a desconfiana. Lavnia promete ficar de olho em Christine. Avisa que Brant est do lado de fora e ordena que ela mande-o embora e diga que ele nunca mais volte. Ela voltar em meia -hora e, se ele ainda estiver l, ameaa escrever para o pai: Nem vou esperar que ele chegue em casa! Christine chama Adam. Ele entra no escritrio e senta-se no lugar de Ezra, como se fosse o prprio. Ela conta tudo a ele e ele relembra quando se conheceram: Lembro-me da noite em que fomos introduzidos e eu ouvi aqu ele nome: Sra Ezra Mannon! Por Deus, como eu a odiei por ser dele. Pensei, por Deus, eu a tomarei dele e isto


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ser a minha parte da vingana! E do dio surgiu o amor! No estranho? Adam promete a Christine que jamais deixar que Mannon a leve de volta. Falam sobre a esperana de que o general fosse morto na guerra, mas ele acabou sendo vitorioso, mas Christine no acha que tudo est perdido. Christine fala do problema do corao. Ela falou com o mdico de Ezra e toda a cidade j sabe que ele sofre do corao. Ela pesquisou sobre o assunto e descobriu uma droga que poderia causar-lhe um ataque cardaco, e que ningum desconfiaria. Ela passa o papel para Adam para que ele procure o medicamento e envie para ela. Brant indaga a Christine como que ela vai fazer para envenen-lo. Ele est tomando remdio , ela responde. Eu darei a ele seu remdio. Brant est inseguro e demora a aceitar a idia, mas Christine lentamente o convence, apelando para o amor de sua me e humilhando-o com sua descendncia dos Mannon. Ele protesta: Veneno! o truque de um covarde! Voc no disse que queria mat -lo?, indaga Christine. Sim, mas eu pelo menos daria-lhe uma chance de defesa!, responde Adam. E ele? Ele deu uma chance a sua me? ela completa. Com esse argumento, ele finalmente aceita o pacto, e parte. Mesmo cenrio do primeiro ato, parte externa da manso, noite, uma semana depois. A casa iluminada pela luz de uma meia lua. Lavnia senta -se no alto das escadas da varanda. Ouve-se a voz de Seth, que canta Shenadooah como no incio do primeiro ato. Ele est bbado e Lavnia o repreende. Ele defende-se. Diz que da primeira vez foi em comemorao rendio de Lee s tropas de Grant. Agora, ele bebe em luto pelo presidente que fora assassinado 4. E completa A terceira vez ser quando seu pai chegar! Lavnia acredita que o pai chegar naquela noite. Seth, bbado, revela a Lavnia que Marie Brantme era muito bonita, livre e alegre. Todos gostavam dela, inclusive o pai de Lavni a.4 Abraham Lincoln fora assassinado no dia 16 de abril, sexta -feira da paixo, daquele ano (1865) no teatro Ford em Washington, pelo ator John Wilkes Booth que acreditara, ao mat -lo, estar ajudando aos estados do Sul. Helder da Rocha (2004) 11

Terceiro Ato



Lavnia no acredita nesta parte da histria. Acha que Seth est bbado e manda -o embora. Christine aparece na porta e dirige-se varanda onde est Lavnia. Assim que chega j comea a discutir com a filha. Pergunta porque a filha no se casa com Peter . Lavnia responde que no vai se casar com ningum, pois tem deveres com seu pai. Enquanto discutem, uma pessoa se aproxima das duas. Mannon, que finalmente voltara para casa. Lavnia grita de felicidade e corre para abra-lo. Christine segue e, depois, o cumprimenta, formalmente. Ele presta ateno em Christine. Acha-a diferente. Mudada. Mais bonita. Ela agradece os elogios, mas em um tom um pouco irnico. Christine pergunta por Orin. Ezra revela que ele foi ferido. Christine perde a calma Eu sabia! Eu sabia quando voc o forou a participar de sua guerra horrvel! No precisa segurar a notcia. Orin est morto, no ? No responde Mannon, e explica como aconteceu. Orin est hispitalizado. Foi ferido na cabea e passou a agir como se foss e uma criana, chamando pela me. Lavnia pergunta ao pai sobre seu corao. Mannon desconversa. Diz -se timo. Fala que a dor insuportvel e que o mdico deu ordens para evitar emoes muito fortes. Christine acha o cansado e chama para a cama, mas Lav nia protesta. Diz que tem muito a falar-lhe. Sobre o Capito Brant. Christine consegue se safar antecipando que o Capito Brant o ltimo pretendente da filha. Lavnia se defende dizendo que s sara com ele uma vez e isto foi antes de descobrir que ele era um mulherengo. Ela explicou que ele flertava at com a me e que isto era motivo de fofocas pela cidade. Me e filha comeam a discutir, mas Ezra irrita -se e pede que parem. Lavnia entra e deixa os dois a ss. Christine pergunta a Mannon: Sente-se, Ezra. e depois Agora diga-me. De que que desconfias de mim? Mannon demonstra surpresa com a pergunta mas Christine insiste. Diz que sentiu a sua desconfiana deste o momento em que ele chegou. Mannon pede que ele se acalma, mas quer que ela explique a histria de Brant. Christine ento explica que o encontrou na casa do pai, e que o pai dela, por algum motivo, simpatizara com ele. Ela lembra que o pai dela esteve doente. Mannon se compadece, e pede desculpas por ter sido injusto. Ele ento comea a agir de forma carinhosa com Christine. Diz Eu sonhava em voltar para casa para v -la, Cristina. Voc est linda. Mais que nunca.


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Eu no a reconheo. Est mais jovem. Pareo um velho ao seu lado. E aproxima-se de Christine, afagando seus cabelos. Christine no consegue manter a calma e o repele violentamente, mas depois pede desculpas. Diz que est nervosa e cansada. Ezra tenta falar com Christine. Conta como a guerra fez com que visse a vida com outros olhos e tivesse desejo de voltar para casa, p ara a sua famlia. Conta que o casamento no ia bem e ele sentira que ela queria que ele fosse a guerra. Achava que ela o detestava. E ele foi, torcendo para que isto acontecesse mesmo. Que ele morresse na guerra. Ele confessa que tudo o que ele fez na vida, desde a sua profisso de juiz at a de prefeito, foi para deix -la em paz j que no podia ter o que mais desejava na vida, que era o seu amor. No final, deixa claro que precisa fazer com que ela o ame agora. Christine fica impaciente e sugere que tar de e que hora de entrar. Antes de entrarem, Lavnia aparece mais uma vez, e se desespera quando a me entra com o pai. Lamenta para si que o pai ainda d ateno me. Ela quer contar tudo ao pai e grita por ele. Ele abre a janela do quarto e pergunta o que houve. Lavnia responde Eu... eu esqueci de dizer boa noite, pai. Meu Deus ele diz. Mas depois, aliviado, diz boa noite filha e fecha a janela. Lavnia permanece olhando para o alto, triste e mostrando um leve desespero.

Quarto AtoQuarto do casal Mannon, de madrugada. No quarto no casal Mannon h uma cama no fundo, ao centro. esquerda h um criado mudo com uma vela. esquerda do criado mudo h uma porta que leva ao quarto de Christine. A porta est aberta. Na parede esquerda h dua s janelas. esquerda, na frente, h uma mesinha com um abajur e uma cadeira. Na parede direita est a porta que leva ao hall. O quarto est s escuras. Christine lentamente se levanta e tenta sair, sorrateiramente da cama. Caminha na ponta dos ps at a mesa, e pe um vestido que estava sobre a cadeira. Ela fica atenta a qualquer rudo que venha da cama. De repente, uma voz: Christine Mannon. Christine se assusta e responde: Sim?Helder da Rocha (2004) 13



Mannon pergunta se no est prximo do amanhecer. Depois, indaga porque est to assustada. Ela confessa que no tinha conseguido dormir. Ele tambm no. Mannon acha melhor acender a luz e conversar. Christine acha que no uma boa idia. Eles comeam a discutir. Mannon acha que h algo errado. Lavnia passou a noit e acordada at as duas da manh. Ele ouviu os passos dela. Mannon acha que Christine espera algo acontecer. Ele fala Eu no sei [o que ]. Esta casa no minha casa. Este no meu quarto nem minha cama. Eles esto vazios, esperando que algum se mude para c! E voc no minha esposa! Voc est esperando alguma coisa! O que seria? A morte. Para libert-la. diz Mannon. Mannon inicia uma discusso. Christine, nervosa, confessa o nojo que sente dele. Ele fica furioso, mas depois, como se temesse pelo corao, pede calma. Mas tarde. Christine est decidida a cont-lo a verdade: Eu menti sobre tudo. Eu menti sobre o Capito Brant. Ele filho de Marie Brantme. E fui eu que ele veio ver, no Lavnia! Eu fiz com que ele viesse! Mannon fica enfurecido: Voc se atreveu! Voc! O filho daquela...! Sim, eu me atrevi! grita Christine, e declara o seu amor pelo Capito. Mannon, alterado, tenta se levantar da cama Sua... sua puta! Eu te mato! mas de repente ele cai, e geme, com uma dor forte do lado esquerdo. Rpido! Meu remdio! ele grita. Christine finge preocupao e pergunta a ele onde est. Enquanto isto, ela corre para seu quarto e volta com uma pequena caixa, e tira um comprimido da mesma. Entrega a Mannon um copo de gua e o comprimido. Ele o toma e bebe a gua. De repente, ele suspira Esse no ... no o meu remdio! Christine se afasta, com a caixa na mo, procurando um lugar para escond -la. Socorro, Vinnie! grita Mannon. Lavnia entra assustada. Christine explica:


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Seu pai acaba de ter um ataque. Pai! grita Lavnia. Ele est desmaiado! Christine tenta se livrar da filha: No. Ele est bem agora! Deixe-o dormir. No seu ltimo suspiro, Mannon sussura para a filha Ela culpada ... no remdio! e morre. Lavnia pergunta a me porque o pai apontou para ela. Porque ela disse que ela era culpada. Christine conta que dissera a ele que Adam era o seu amante. Lavnia chora: Voc disse isto a ele quando sabia do seu corao! Voc fez de propsito! Voc o matou! No, replicou Christine , a culpa foi sua por ter levantado as suspeitas. Ele me forou a contar! Lavnia segura a me com fora e grita: Ouve! Olha pra mim! Ele disse 'no remdio!' O que isto quer dizer ? Christine tenta esconder o veneno nas suas costas e diz No sei. Lavnia no acredita. A me sente-se fraca e desmaia. Quando cai, a caixa escapa de suas mos. Lavnia olha para a caixa e tem a certeza do crime. Corre para o homem morto, o abraa e chora: Pai! No me deixe s! Volte para mim! Diga -me o que fazer!


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Electra Fica Bem de Luto Parte II

A Caada

Personagens: CHRISTINE, viva de Ezra Mannon LAVNIA (VINNIE), sua filha ORIN, seu filho, primeiro tenente da infantaria Capito ADAM BRANT HAZEL NILES PETER, irmo de Hazel JOSIAH BORDEN, gerente da transportadora EMMA, sua esposa EVERETT HILLS, ministro da Igreja Congregacional SUA ESPOSA DOUTOR JOSEPH BLAKE CANTOR SETH, jardineiro

Exterior da manso dos Mannon uma noite de lua dois dias depois do assassinato de Ezra Mannon. A casa tem um aspecto sombrio, acentuado pela luz da Lua. Todas as janelas esto fechadas. Uma coroa de flores est posta junto coluna esquerda dos degraus. Outra coroa est na porta. Ouvem-se vozes do interior da casa. A porta da frente abre-se e saem Josiah Borden, gerente da transportadora e sua esposa, Everett Hills, ministro da igreja Congregacional e sua esposa, e o doutor Joseph Blake, o mdico da famlia. Todos dizem Boa Noite Sra. Mannon e dirigem-se s escadas quando a porta se fecha. Os homens param no alto dos batentes para acender cigarros enquanto que as mulheres descem. O primeiro dilogo que ouvimos entre a Sra. Borden e a Sra. Hills. Comentam sobre o funeral e sobre as aparncias de Christine e Lavnia. Atravs delas ficamos sabendo que Lavnia pegou o trem com Peter para se encontrar com Orin, e que antes de partir ela tivera uma discusso com a me que insistira que Peter fosse junto. Lavnia queria ir sozinha. Pouco depois, os homens descem e juntam-se s mulheres. Comentam sobre sua morte. O mdico,Helder da Rocha (2004) 16

Primeiro Ato



Dr. Blake, no tem dvidas que ele sofrera uma angina. Depois que as mulheres e o ministro se afastam um pouco mais, Blake confidencia a Borden que ele acha que Mannon morreu por te r feito amor com a mulher depois da chegada: Ela uma mulher muito bonita e ele estava fora por muito tempo. o natural entre homem e mulher; mas no o tratamento que eu recomendaria em caso de angina. Ele deveria ter se precavido, mas bem ele era humano. Depois que eles partem, Christine sai da casa, pra um pouco no alto dos batentes e depois desce para a entrada. Pouco depois, Hazel Niles sai da casa e pra no alto dos degraus onde estava antes Christine. Hazel conversa com Christine. Num certo momento, Christine pergunta: Voc ama Orin, no mesmo? Hazel hesita em responder. Christine sempre foi hostil ao relacionamento entre ela e Orin, mas desta vez ela est diferente. Insiste: Eu quero que ele case-se com voc. Insinua que Lavnia extremamente possessiva com Orin e far tudo para impedir que os dois se casem. Hazel estranha pois nunca havia percebido essa atitude em Lavnia. Christine comea a lamentar a situao da famlia Mannon quase esquecendo -se que Hazel est presente, como se estivesse delirando. Depois, ela entra em casa e Hazel a segue. Algum tempo depois aparecem, direita, Orin Mannon, Lavnia e Peter. notvel a sua semelhana com Adam Brant e Ezra Mannon. Ele usa uma atadura na cabea no alto da testa. Quando Orin chega diante da casa ele fica decepcionado porque a me no est esperando por ele. Lavnia sugere a Peter que entre na frente pois ela quer conversar a ss com Orin um pouco. Peter sai. Lavnia est um pouco decepcionada por Orin porque ele no aparenta demonstrar suficiente pesar pela morte do pai. Orin defende-se dizendo que ainda estava sob o efeito endurecedor da guerra, e pede que Lavnia o compreenda. Orin pergunta a Lavnia sobre o Capito Brant, que ela mencionara em suas cartas. Lavnia no expl ica mas adverte a Orin que no acredite nas mentiras que sua me ir cont -lo. Orin irrita-se com a hiptese que sua me mentiria para ele. Lavnia no tem tempo para se explicar. Christine aparece, irritada, porque Peter no avisou que haviam chegado.


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Orin enche-se de jbilo ao ver a me. Corre para abra -la. Ela retribui o abrao e o beija. Ele comenta Me! Por Deus, como bom v-la. Mas, voc est diferente! O que aconteceu? Eu? Diferente? responde Christine. Acho que no. Espero que no. ; tenta mudar de assunto, tocando na atadura na sua cabea Di muito? Meu querido, como voc deve ter sofrido e o beija. Depois convida-o a entrar Vamos entrar. H algum mais esperando v-lo. Os dois viram-se para a porta. Lavnia, que est ao p da escada, diz Lembre-se, Orin! A me e a filha trocam olhares de dio. Orin olha para a me com desconfiana. Ela diz a ele: Entre, meu filho, est frio e o guia para dentro de casa, mas no o segue. Christine fecha a porta e volta-se para Lavnia, irritada Ela decide deixar claro que no adianta Lavnia contar nada a Orin pois ela j tem uma explicao para tudo. O doutor Blake j confirmou que a morte de Ezra foi por ataque cardaco. Somente Christine fala. Lavnia s olha para ela sem dizer nada. Christine reclama que est sentindo falta do remdio que toma para dormir. Estava com ele quando desmaiou. Lavnia no responde. Ela, visvelmente irritada com o silncio da filha, eleva o tom e continua, insinuando que a filha provavelmente acha que ela envenenou Ezra. Eu sei o que voc espera: quer contar a Orin suas mentiras e fazer com que ele procure a polcia! No isto que voc tem planejado nesses ltimos dias? Lavnia no responde. Christine se desespera Responda-me quando eu falar com voc! O que voc est tramando? O que voc vai fazer? Me diga! Lavnia continua em silncio. Christine afasta -se dela impaciente. Enquanto isto, ouve-se Orin chamando Me, onde est voc? Ento ela volta e entra na casa, dizendo docemente Estou aqui, querido!

Segundo AtoSala de estar dentro da casa na seqncia do primeiro ato. A sala parecida com o escritrio mas maior. esquerda, na frente, h uma porta queHelder da Rocha (2004) 18



leva sala de jantar. Atrs, esquerda, h uma mesa de parede e cadeir a e uma escrivaninha e cadeira. Na parede dos fundos, ao centro, h uma porta para o hall e escadas. direita est uma lareira ladeada por duas janelas. Retratos dos ancestrais decoram as paredes. No centro esquerdo da sala, na frente, h uma mesa com dua s cadeiras. H outra cadeira ao centro, na frente, e um sof direita, na frente, virado para a esquerda. A cena comea no momento em que a outra termina. Hazel est sentada na cadeira ao centro, na frente. Peter est sentado no sof direita. Do hall ou ve-se Orin chamando Me, onde voc est? como no fechamento do ato precedente. Hazel e Peter conversam sobre Orin e Christine. Orin e Christine entram em cena conversando. Orin pergunta me, desconfiado, o que ela fazia do lado de fora. Ela desconvers a dizendo que precisava de ar puro. Peter e Hazel entram na conversa e tentam convencer os dois (Orin e Christine) a descansar. Orin comea a fazer uns comentrios que deixam Christine incomodada. Tudo est mudado de uma forma estranha esta casa, Vinnie, voc, eu tudo menos o pai. Ele o mesmo e sempre ser aqui o mesmo! No acha isto, me? Lavnia aparece na porta da sala. Ela entra mas no participa da conversa. Fica observando Christine e Orin. Orin continua fazendo comentrios desagradveis sobre a guerra e falando de morte, que deixa desconfortvel sua me e tambm Hazel. Finalmente, Lavnia, em tom autoritrio, chama Orin: Orin! Venha ver o pai! Sim, senhor! ele reage, como se estivesse ainda na guerra. No! Espere! reage Christine para Lavnia, com rancor, Ser que seu irmo no pode descansar sequer um minuto? Claro, me interfere Orin, voc antes de tudo! Lavnia desiste, mas antes de voltar ao hall adverte: Tudo bem. S no esquea o que eu disse, Orin. Christine desespera-se. Hazel e Peter percebem a tenso e, pouco vontade, decidem que j hora de ir. Christine convida Hazel para aparecer mais vezes. Diz Voc far mais bem a Orin que qualquer pessoa, Hazel. Orin estranha a atitude da me, que sempre for a hostil a Hazel. Peter e Hazel partem.


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Sem olhar para a me, Orin comenta: Por que de repente voc se encantou com Hazel? Voc nunca pensava muito nela. Nem queria que eu sasse com ela. Eu era egosta. Era ciumenta, tambm, eu confesso. Mas tudo o que quero sua felicidade, filho. Eu sei o quanto voc gosta de Hazel... Isto era s para fazer voc ter cimes interrompe Orin, Mas agora voc uma viva. No faz uma hora que eu cheguei e voc j est tentando me casar! Voc deve estar muito ansiosa para se livrar de mim de novo! Por que? Christine tenta convencer Orin da solido que ela sentiu sem ele, mas ele lembra que ela s mandou duas cartas. Ela protesta Mas eu escrevi muito mais! Devem ter se extraviado... Eu recebi todas as cartas de Hazel e de Vinnie interrompe Orin, e no resiste: Quem esse capito Brant que tem procurado voc? Christine j esperava pela pergunta, e emenda: Procurado a mim? Vinnie, voc quer dizer, no ? e tenta convenc-lo que tudo inveno de Lavnia que contara a mesma histria para o pai. Ezra, explica Christine, no levou muito a srio. Inicialmente Orin custa a acreditar que a irm inventaria tais mentiras, mas Christine o convence que ela fazia isto por ter cimes dela em relao ao pai: Ela do seu pai! Voc parte de mim! explica Christine. Sim! Eu tambm sinto isto, me! responde Orin. Ela prossegue explicando que Ezra tambm tinha cimes de Orin: Ele o odiava porque ele sabia que eu o a mava mais que qualquer coisa neste mundo!. Orin finalmente confessa: Eu direi-lhe a verdade, me! Eu no vou fingir que eu sinto pela morte dele! Mas Orin volta a perguntar sobre Brant. Christine explica que isto tambm arte de Lavnia, que teria se apaixonado por Brant. Brant estava se aproximando da famlia com segundas intenes, explica. Tinha interesse em usar a influncia da famlia para conseguir um navio melhor. Christine teria descoberto o plano e impedido que ele aparecesse outra vez. Sobre a histria que ela estava tendo um caso com o capito, Christine explica a Orin que Lavnia a seguiu para Nova York para espion -la e teria visto quando ela se encontrou com um


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homem, que no era Brant mas o Sr. Lamar, amigo da famlia. O pior de tudo explica Christine que Vinnie suspeita que eu envenenei o seu pai! Orin fica horrorizado. Ele afirma que, se isto for verdade, Lavnia deveria ser internada. Christine explica: Ela achou um remdio que eu tomo para dormir, mas ela to louca que tenho certeza que ela pensa... e agarra-se a Orin, dizendo como teme Lavnia e que ele acredite nas mentiras dela volte-se contra ela. Orin assegura que isto nunca vai acontecer. Ele diz: No interessa o que voc fez, eu a amo mais que qualquer coisa neste mundo e... Christine interrompe-o para abra-lo e beij-lo, mas ele continua: Me! fala, olhando-a nos olhos, eu poderia perdoar qualquer coisa qualquer coisa na minha me menos aquilo aquilo sobre Brant! Por Deus, eu a mostraria ento que eu no aprendera a matar por nada! Orin acalma-se. Christine est nervosa. Ele pergunta: Voc realmente queria que eu voltasse, me? e explica como ficara louco com sua ausncia. Eu queria desertar e fugir para casa ou ento morrer! Encosta a cabea no joelho da me, e conta Eu tinha os mais belos sonhos com voc. Eu sonhava que eu estava nas ilhas do mar austral. E no havia mais ningum l exceto eu e voc. Porm eu nunca a vi, s senti sua presena em todo o lugar. O quebrar das ondas era a sua voz. O cu tinha a cor dos seus olhos. A areia morna era como sua pele. A ilha inteira era voc. Era a ilha mais bela do mundo to bela como voc, me! Christine lamenta: Oh, se voc nunca tivesse ido embora! Mas eu voltei! Tudo est bem agora, no est? Eu nunca vou deix -la novamente. Eu no quero Hazel ou ningum. Voc minha nica garota! Lavnia aparece e surpreende os dois. Christine pergunta: O que voc quer? Voc no vem ver o pai, Orin? ela pergunta. Irritado, Orin se levanta:


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T bem. Eu vou agora! Passa por Lavnia e bate a porta atrs dele. Christine fala com Lavnia: V em frente e conte a Orin o que voc quiser! e informa que j contou tudo a ele, sobre as mentiras da sua viagem a No va York. Lavnia s escuta. Ela continua: V em frente! Tente convenc-lo da minha maldade! Ele me ama! Ele odiava seu pai! Ele est feliz que ele est morto! Mesmo se ele soubesse que eu o matei ele me protegeria. Lavnia ouve, depois deixa a sala. C hristine treme com medo do que Orin poderia fazer se descobrisse Adam.

Terceiro AtoEscritrio de Ezra Mannon dentro da casa na seqncia do segundo ato. O caixo de Ezra Mannon est posto no centro do escritrio. Orin est em p ao lado do caixo. Orin fala com o pai morto. Quando Lavnia entra ele est terminando de dizer Voc nunca quis me conhecer em vida mas eu realmente acho que poderemos ser amigos agora que voc est morto! Lavnia entra e fecha a porta com a chave. Orin conta que, na guerra, em todo homem que ele matava ele via o rosto do pai ou o dele. Eu tinha a estranha sensao que guerra significava matar a mesma pessoa vrias vezes. Depois diz a Lavnia que ela estar perdendo tempo se for falar contra a me. Ele j sabe das mentiras que ela inventou. Lavnia tenta se defender. Diz que pode conseguir provas da infidelidade da me. Orin duvida. Lavnia insiste. Ameaa ir polcia. Mostra o remdio que encontrou no dia da morte de Ezra, mas Orin sabe, atravs de Christine, que a quilo s o remdio que ela toma para dormir. Mas Lavnia insiste: [Antes de morrer] ele me disse 'ela culpada!' Orin no se convence. Chama Lavnia de luntica. Toma o remdio da mo dela e pe no bolso do casaco. Lavnia tenta falar do Capito B rant, mas Orin tambm j sabe que quem a me encontrou foi o Sr. Lamar. Lavnia continua insistindo:Helder da Rocha (2004) 22



Ela entrou no quarto dele! Eu segui os dois at o segundo andar. Eu ouvi quando ela disse para ele 'Eu te amo, Adam' Ela estava bejiando -o Orin enfurece-se. Agarra a irm e pe Lavnia de joelhos. Exige que ela confesse que tudo mentira... ou que prove. s o que Lavnia quer. Uma chance para provar a sua acusao. Pergunta a Orin: Quando eu o fizer [provar a acusao], voc me ajudar a punir os assassinos do pai? Orin, irado responde: Eu mato aquele bastardo! Mas depois, mais calmo: Mas voc no provou nada ainda. Voc tem que provar! Christine aparece do outro lado da porta que est trancada. Ela quer entrar. Eles se calam. Lavnia pede: No deixe ela saber que voc suspeita dela. Faa de conta que eu estou louca, como ela queria. Antes que Orin abra a porta, Lavnia tira o remdio do bolso de Orin e pe sobre o corao de Ezra e diz a ele: Preste ateno quando ela vir isto se voc quiser provas! Imagino que voc esteve contando suas mentiras vis, sua... comea Christine. Ela est louca, me. interrompe Orin. No lhe disse? Eu sei que ela est tramando alguma coisa louca! Ela ameaou ir polcia? Lembre-se que seu pai no iria querer escndalo ele precisa descansar em paz. Depois ela olha para o morto e fala com ele. De repente, percebe a caixa de veneno sobre o corao. Assusta-se e se afasta com um grito, e fica olhando para ela com culpa e medo. Me, pelo amor de Deus, se acalme! diz Orin, e olha para a me que est como em transe. Voc minha ilha perdida, no me? ele diz meio desesperanoso e sai do quarto com olhar triste. Lavnia finalmente tira a caixa de cima do caixo. Christ ine encara Lavnia que a acusa: Foi Brant que lhe arranjou isto, no foi? Remdio para dormir, no ? No, no, no! protesta Christine. Lavnia pega o remdio e sai do quarto. Christine encara o morto e implora: Ezra! No deixe que ela faa mal a Adam! Eu sou a nica culpada! No deixe Orin...!


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e pra, como se lesse uma resposta no rosto do morto. Assombrada, com os olhos fixos no caixo, d uns passos para trs e sai correndo pela porta.

Popa do navio Flying Trades em um cais na zona leste de Boston duas noites depois. V-se a popa de um navio cargueiro ancorado a um cais. O cho do cais est na frente. A lateral do navio tem cerca de trs metros de altura em relao ao cais. Na popa, acima, esquerda v-se a direo. esquerda o quarto de navegao e a entrada para as escadas que levam cabine. extrema esquerda v -se parte da vela central. Ouve-se ao longe algum cantando Shenadooah em tom desafinado. Um cantor bbado que tenta dormir, perto de um armazm no cais, levanta-se irritado com o que ouve. Corujas so cantores de pera perto desse cantor. Eu vou ensin -lo como cantar Shenadooah! E ele canta os primeiros versos em uma boa voz, mas desiste logo. Est muito bbado. Comea a gritar e falar sozinho. Pouco depois, desce do navio Adam Brant, armado com uma pistola. Est escuro e ele pergunta: Quem est a? O cantor se levanta e se apresenta. Brant desculpa -se. Justifica a arma pois tem havido muitos assaltos. O cantor confirma e conta vrias histrias de assaltos, inclusive com mortes. Depois torna-se inconveniente e aproveita para pedir emprego. Brant tenta se livrar dele. Ele continua onde est. Comenta sobre a morte de Abraham Lincoln e Ezra Mannon. Brant d uma esmola e o homem vai embora. Pouco depois, surge na escurido, uma mulher entre o navio e o armazm. Christine. Quem ?, pergunta Adam. Adam! Ele a instrui para subir no navio e os dois aparecem no convs da proa. Eles se abraam. Christine explica que Lavnia sabe de tudo. Adam, assust ado, pergunta como ela chegou l. Ser que ela no a seguiu? Christine garante que no. Ela e Orin saram para visitar os primos. Eles saram pela manh. Ela tem pouco tempo. Brant a chama para a cabine. Os dois descem asHelder da Rocha (2004) 24

Quarto Ato



escadas e desaparecem dentro da cabine. Orin e Lavnia aparecem. Cuidadosamente aproximam-se pela esquerda. A cena escurece, sugerindo a passagem de vrios minutos. Quando a luz volta, parte do navio foi removida para revelar o interior da cabine. Numa mesa esto sentados Brant e Christine. Ela est concluindo sua histria sobre o assassinato e os eventos que se seguiram. No convs acima, Orin e Lavnia escutam a conversa. Christine fala: Quando ele estava morrendo ele apontou para mim e disse a ela que eu era culpada! E depois ela achou o veneno... Pelo amor de Deus, por que voc no... interrompe Brant. Eu desmaiei... ela continua. Os dois planejam escapar. No pode ser no Flying Trades pois ele no partir em menos de um ms. Adam planeja como poderia embarcar em outro navio. Ele est contrariado, mas diz que abandonaria tudo para ficar com Christine. Ela o conforta: Voc tem a mim, Adam! Voc tem a mim! E seremos felizes assim que estivermos a salvo nas suas ilhas abenoadas! e depois, com um arrepio, comenta estranho, Orin estava me falando dessas ilhas. Christine precisa partir e os dois se despedem, Enquanto isto, Orin est impaciente. Ele tem as provas que procurava e no quer perder tempo. Lavnia impede que ele v e lembra que ele havia prometido no perder a cabea. Ele est furioso: Eu ouvi ela pedir a ele para beij -la! Eu a ouvi avis -lo contra mim! E a minha ilha sobre a qual eu contei a ela que era eu e ela ela quer ir para l com ele! Brant volta para o navio. Ao entrar na cabine, Orin entra atrs dele e atira duas vezes. Adam morre. Lavnia e Orin ento tentam simular um assalto, levando valores e revirando a cabine. Lavnia pra e encara o morto. Diz para ele: Como pde voc amar tanto aquela venha vil! Mas voc est morto. Term inou! Que Deus ache perdo para os seus pecados. Que a alma de Adam Mannon, nosso primo, descanse em paz. Que descanse no inferno, voc quer dizer interrompe Orin, que ouve o final da orao. Depois da pilhagem, jogam os valores no mar e fogem.


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Quinto AtoMesmo cenrio que o primeiro ato Parte externa da manso Mannon na noite do dia seguinte. Christine caminha de um lado para outro na entrada da casa diante do prtico, passando da luz do luar s sombras dos pinheiros, indo e voltando. Ela est muito tensa. V algum se aproximando e dirige-se at a entrada para encontr-la. Hazel. Christine reclama que estava sentindo -se s e triste. Ela pergunta se ela ou Peter tm alguma notcia de Orin e Vinnie. Christine no entende porque os dois no chegaram em casa ainda. Hazel oferece -se para passar a noite com Christine e faz -la companhia e ento deixa-a para ir em casa avisar me que vai dormir fora. Logo depois da partida de Hazel entram Orin e Lavnia. Christine pergunta: Vocs passaram este tempo todo na casa dos Bradfords? No fomos visitar os Bradfords! responde Orin. Vocs no foram para Blackridge? No responde Orin pegamos o trem para Blackridge mas decidimos continuar no trem e ir at Boston. Christine reage assustada Boston? Finalmente, Orin conta tudo: Achamos que voc aproveitaria a chance de termos ido para Blackridge para escapar. Ns a seguimos quando voc chamou seu amante na cabine. Christine protesta, mas Orin continua: Seu amante! No minta! Voc j mentiu o suficiente, me. Eu estava no convs escutando! O que voc faria se me descobrisse, me? Teria feito com que seu amante me matasse? Eu ouvi quando voc o advertiu sobre mim! Mas seu aviso foi em vo! Christine engasga-se: O que? O que houve? Eu o matei! disse Orin. Christine desespera-se: Eu sabia! No Orin, voc s est me dizendo isto para me punir, no ? Voc no mataria...


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Orin lana o jornal nas mos dela e mostra a histria. A polcia suspeita que Adam fora morto por piratas. Christine chora intensamente. Orin protesta: 'Me, no chore. Por que sofrer por esse bastardo? Eu sei que foi ele que planejou a morte do pai! Voc jamais seria capaz de fazer isto! Ele a usou para se vingar! Christine chora mais alto. Orin grita com intensidade: Me! Pare de chorar assim! Voc ainda est sob a influncia dele, mas vai esquecer. Eu farei com que esqueas ele. Eu a farei feliz. Christine parou de chorar, mas fica calada, olhando para o nada. Orin desespera -se: Me! Por que voc no me ouve? Voc vai sempre am -lo? Voc agora me odeia? Me! Responde! Diz que me perdoa! Lavnia repreende Orin e manda-o para dentro de casa. Ele entra. Lavnia dirige -se a Christine: Me, o que voc vai fazer agora? Voc pode viver! Viver! responde Christine em tom irnico como se fosse um insulto. Solta uma gargalhada e corre para dentro de casa. Lavnia diz a si prpria: a justia. H um breve silncio e ouve-se, na distncia, a cantiga Shenandoah, cantada por Seth. De repente, ouve-se um estampido. Foi uma pistola. Depois ouve -se um grito terrvel. o grito de Orin, do escritrio. Ele chega e encontra o corpo da me cado e inconsciente. Corre para Lavnia, enlouquecido: Vinnie! A me atirou nela mesma a pistola do pai chame um mdico! Mas logo depois, angustiado, ele diz: No. tarde. Ela est morta. Por que ela fez isto, Vinnie? e em tom autoacusatrio Fui eu! Fui eu quem levou ela a fazer isto. Ela no pde me perdoar. Por que eu tive que me gabar de t-lo matado? Por que? Lavnia tenta acalmar o irmo, mas intil. Ele no aceita. Ele chora amargamente. Seth est do lado de fora. Ele pergunta a Vinnie se ela ouvira um tiro. Ela responde: Eu quero que vs ao Doutor Blake. Diga a ele que a m e se matou durante uma depresso extrema por causa da morte do pai. Seth sai e Lavnia entra na casa.


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Electra Fica Bem de Luto

AssombraesPersonagens: LAVNIA MANNON ORIN, seu irmo PETER NILES HAZEL, sua irm SETH AMOS AMES IRA MACKEL JOE SILVA ABNER SMALL

Parte III

Primeiro AtoParte externa da manso da famlia Mannon incio de noite do vero de 1866. Todas as janelas da casa esto fechadas. A casa est desocupada. Diante dela cinco homens bbados: Amos Ames, Ira Mackel, Joe Silva, Abner Small e o jardineiro Seth. Eles conversam e cantam. Em um certo momento eles comeam a falar e contar piadas sobre os fantasmas da famlia Mannon. Small acha graa das histrias de Seth sobre os fantasmas. Fantasmas no existem, diz ele. Seth tambm no acredita em fantasmas, mas decidiu pregar uma pea em Small e aposta dez dlares e um galo de licor que Small no conseguir ficar l dentro, no escuro, at a Lua nascer, s dez horas 5. Silva aceita a aposta e todos entram. Conversam sobre fantasmas. Ficam pouco tempo. Logo saem e apenas Small permanece l dentro. Do lado de for a continuam com a conversa de bbado, rindo e discutindo. Peter e Hazel surpreendem Seth que esconde a garrafa de bebida no jardim. Peter informa-o que Lavnia e Orin acabam de chegar em Nova York. A conversa interrompida quando a porta da casa aberta e Small sai de dentro correndo, apavorado. Ele grita Deus do

5 Nos meses de vero, na regio da Nova Inglaterra, os dias so bem mais longos que as noites devido latitude (40 N). O Sol se pe pouco antes das 9 horas da noite e a claridade permanece por mais tempo que nas regies perdo do Equador. Helder da Rocha (2004) 28



cu! Ou os ouvi correndo atrs de mim! Peter pergunta o que est havendo e Seth, meio envergonhado, explica. Seth dispensa os amigos. Hazel o repreende. Peter explica que Vinnie pediu que eles abrissem a casa para limpar. Ele quer fazer isto noite pois os dois chegaro no dia seguinte. Hazel fica meio assustada com a histria dos fantasmas e acha que a energia da casa muito carregada. Sente arrepios. Ela e Peter conversam sobre Orin e Lavnia, e sobre a viagem que fizeram. Ficamos sabendo que Lavnia levou o irmo em uma viagem para o Oriente para ajud -lo a esquecer todos os problemas pelo qual passaram. Peter e Hazel encontram Seth, que j voltara, e os trs entram na casa. Pouco depois vemos Lavnia chegando na casa. Ela est diferente. No est mais plida e esqueltica e agora veste um vestido verde e sensual. Lembra a me. Orin est atrs, mas ele hesita em se aproximar da casa. Lavnia o chama. Ele aparenta estar bem mais velho. Agora usa uma barba e parece-se mais ainda com o pai. Ele recusa -se a olhar para a casa. Lavnia ordena: Por que voc no olha para a casa? Tem medo? Orin! Eu quero que voc olhe agora! Voc est me ouvindo? Obediente, Orin responde: Sim, Vinnie. e vira o rosto e olha para a casa. E ento? Voc no v nenhum fantasma, v? pergunta Lavnia. No. responde Orin. porque no h nenhum. Diga-me que no h nenhum fantasma, Orin! Sim! responde Orin obedientemente. Seguem para a entrada da casa. Antes de entrarem, Orin pra nos degraus e aponta: Foi aqui ela a ltima vez que eu a vi viva. tudo passado e est terminado comanda Lavnia Os mortos nos esqueceram. Ns os esquecemos. Venha! e os dois entram na casa. Termina a primeira cena do primeiro ato. Na cena seguinte vemos a sala de estar da manso Mannon. Peter acendeu velas e lanterna, mas a casa est cheia de sombras e com aparncia fantasmagrica. Lavnia aparece e todos olham para ela. Por que vocs todos me olham assim? ela pergunta. Percebe que Orin no entrou e grita: Orin! O que voc est fazendo a! Venha c! e Orin aparece na porta da sala,


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assustado. O que foi? pergunta ela. Eu tinha certeza que ela estaria l no escritrio esperando por mim, mas ela no estava! Ela no est em lugar nenhum! Ela se foi para sempre! Ela nunca ir me perdoar! Lavnia repreende Orin e pede que ele acalme-se e sente-se. Ele olha para Lavnia de forma estranha e observa: Voc no imagina o quanto voc est parecida com a me, Vinnie. Lavnia estranha que Orin tenha ficado esquisito novamente. Ele estava bom desde que haviam deixado as ilhas. Ela s havia concordado em voltar para casa porque ele dissera que estava tudo bem. Ela pergunta o que houve e ele responde: Eu tinha que tir-la daquela ilha! Era meu dever de irmo. Se ficasse mais tempo l... Eu no sei do que voc est falando. Eu fui por sua causa. responde Lavnia. Sim, mas depois... comea Orin, sendo bruscamente interrompido por Lavnia que muda rapidamente de assunto. Ela quer que Orin aproveite e enfrente todos os seus fantasmas imediatamente e faz vrias perguntas: Quem matou o pai? Brant responde Orin. Quem matou o pai? insiste Lavnia Responda-me! "A me estava sob influncia dele... Isto uma mentira! grita Lavnia Voc sabe a verdade! Ela era uma assassina e uma adltera, no era? Diga Orin! Orin finalmente concorda: Sim. Lavnia continua provocando Orin com outras verdades, at que ela consegue controlar o irmo. Orin obedece e confirma as verses da irm. Quando Peter entra na sala e v Lavnia, inicialmente se assusta pensando que se trata do fantasma de Christine. Finalmente, a reconhece quando ela o chama e fala como ela est mudada. Ela explica que haviam decidido ficar em Nova York para passar a noite mas no final acharam melhor voltar logo para casa. Lavnia trata Peter com afeio, mas Peter aind a parece tem-la. Pergunta por Orin. Lavnia chama-o e ele vem lentamente falar com Peter.


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Orin comenta para Peter: Voc a perguntou por que ela roubou as cores da me? Eu no consigo ver ainda e no creio que ela prpria saiba. Mas provar ser por uma estranha razo. Lavnia faz um sinal para Peter no lev -lo a srio. Orin continua: E ela tornou-se romntica. Influncia das ilhas, no Vinnie? Vocs estiveram nas ilhas? pergunta Peter, surpreso. Sim. responde Orin Passamos um ms, mas elas acabaram tornando-se as ilhas de Vinnie, no as minhas. As mulheres nuas me deixaram enojado. Acho que tenho demais dos Mannon para ser capaz de tornar-me um pago. Mas voc deveria ter visto Vinnie com os homens... Lavnia, indignada, o int errompe, mas ele continua falando ... e depois ela se apaixonou pelos homens da ilha... Lavnia tenta agir com naturalidade, como se tudo fosse inveno causada pela loucura de Orin, at que sugere que ele v procurar Hazel. Ele aceita. Ela arruma seu s cabelos e roupa como se fosse sua me. Orin sai. Sem Orin, Lavnia aproveita para cortejar Peter. Ela conta que sentira saudades dele e que lembrava-se dele ao ver os homens da ilha. Peter fica feliz com a nova Vinnie, alegre e atenciosa. Ela conta sobre as ilhas, e como as ilhas a ajudaram a esquecer a morte. Fala da areia quente, do mar, dos nativos nus e inocentes. Depois abraa Peter: Oh, Peter, segure-me prximo de voc! Quero sentir amor! Amor todo belo! e o beija apaixonadamente. Ns nos casaremos em breve, no casaremos? E nos mudaremos para bem longe. Vamos criar nossa prpria ilha no continente... Mas eu esqueci Orin. O que tem Orin? pergunta Peter. No posso deix-lo at que ele esteja bem de novo. Enquanto eles se beijam, Orin e Hazel aparecem de surpresa e os assustam. Cumprimentam-se, mas Lavnia fica pouco vontade com os atos estranhos de Orin.

Segundo AtoO escritrio uma noite um ms depois. Orin est sentado na cadeira do pai esquerda da mesa, escrevendo sob a luz de uma lmpada. Uma pilha de manuscritos est do seu lado direito. Ele est absorvido no seu trabalho.Helder da Rocha (2004) 31



Parece mais velho. Veste preto. Ele sorri ao terminar uma pgina. Coloca a folha na pilha e olha para o retrato do pai, e pergunta: A verdade, toda a verdade e nada alm da verdade! isto que est ordenando, no pai? Ouve-se uma batida na porta. Lavnia. A porta est trancada. Ele guarda os manuscritos numa gaveta e escolhe um livro qualquer da estante, e deixa aberto sobre a mesa para par ecer que estava lendo. Destrava a porta. Lavnia entra e o olha desconfiada Por que voc trancou a porta? O que voc estava fazendo? Orin explica que estava lendo, mas isto no convence a irm. um livro de direito do pai. Orin diz que est estudando direito, Lavnia ainda no acredita mas no fala mais sobre o assunto. Orin questiona porque ela nunca o deixa a ss com Hazel. Lavnia explica que teme que ele tenha um dos seus delrios e resolva contar tudo que sabe. Mas exatamente o que ele quer, diz: confessar. a coisa que mais aterroriza Lavnia. Ele fala de morte, do pai e da me e demonstra ter ainda amor pela me. Lavnia no se contm: Como voc pode ainda amar aquela mulher vil quando voc sabe que tudo o que ela queria era deix-lo e casar-se com aquele... Sim interrompe Orin em tom acusador exatamente como voc est agora esquematizando para me deixar e casar -se com Peter! Mas, por Deus, voc no vai conseguir! Voc vai parar com seus truques quando souber o que estou escre vendo! Lavnia assusta-se com a revelao de que Orin est escrevendo alguma coisa. Quer saber o que . A histria da nossa famlia responde Orin. Ele revela que a maior parte do que escrevera sobre Lavnia o criminoso mais interessante da faml ia! Depois tortura Lavnia ao falar dos homens que ela cortejou na viagem para as ilhas: o capito do navio, que lembrava Brant, e fez com que ela decidisse deixar o luto. Volta a insinuar que ela sempre quis Brant para ela (outro capito de navio), e continua Que paraso foram as ilhas para voc, hein? Todos aqueles homens bonitos olhando para voc! Foi quando voc finalmente ficou bonita, como a me! Voc sabia que todos eles lhe desejavam, no sabia? Especialmente Avahanni! Voc assistia ele olhando atravs de suas roupas, deixando -a nua! E voc o queria!


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No! grita Lavnia. No minta! O que voc fez naquela noite em que eu fiquei doente? Eu s dei-lhe um beijo de boa noite. responde Lavnia. E foi s isso? ironiza Orin. Lavnia perde a pacincia, e grita E se no foi? No sou sua propriedade! Tenho o direito de amar! Orin, enfurecido, agarra-a pela garganta Sua sua puta! Eu a mato! depois, como se passasse por uma transformao, solta -a, e diz mais suave No. Voc est mentindo, no ? Pelo amor de Deus diga-me que voc est mentindo! Sim. Era uma mentira. Como voc pde acreditar, Orin? Vamos esquecer tudo isto! Orin concorda, satisfeito Eu acredito em voc sobre Avahanni. Eu nunca suspeitei, ou eu o teria matado. E a voc tambm! Mas voc culpada na sua mente, mesmo assim! Pare com isto! Eu no agento mais! grita Lavnia. E Orin sussura, com um ar de louco: Ento por que voc no me mata? Eu a ajudarei a planej -la, como planejamos a morte de Brant, para que ningum desconfie de voc! No v que agora eu estou no lugar do pai e voc a me? E se eu morrer misteriosamente de um ataque cardaco? Lavnia tapa os ouvidos com as mos e grita Pelo amor de Deus, cale a boca! Me deixe em paz! Me deixe em paz! Mas Orin ameaa dizendo que sabe que ela est planejando alguma coisa. Eu no irei suportar que voc me deixe para se casar com Peter! avisa Orin, e ameaa entregar a confisso a Peter caso ela tenta casar -se com ele, ou, caso ele morra. Lavnia desaba e chora. Orin volta ao normal e tenta confort -la dizendo suavemente: No chore! Os danados no choram. Mas pouco depois, transforma-se. Senta-se na cadeira do pai e grita para a irm: V embora, por favor! Eu quero ficar sozinho para terminar meu trabalho. Ainda chorando, Lavnia busca a porta e sai. Orin tranca -a, abre a gaveta, tira o manuscrito e volta a escrever.


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Terceiro AtoSala de estar na seqncia do segundo ato. Duas velas queimam sobre a lareira e h uma l amparina sobre a mesa. Lavnia entra na sala. Vai at a mesa e aumenta a intensidade da lamparina. Ela est muito tensa. Fala sozinha No agento! Por que ele insiste em colocar a morte na minha cabea? Oh Deus! Sabes que eu amo Orin! Mostre como poderei salv-lo. No suportarei outra morte! Ela ouve um rudo. Acalma-se e faz de conta que est lendo. Seth. Ele chama Lavnia para resolver um problema com a empregada. Ela sai. Pouco depois, toca a campainha. Seth j est de volta e abre a porta para Peter, que acaba de chegar com Hazel. Peter pergunta por Lavnia. Seth informa-o que ela est ocupada no momento mas voltar logo. Peter avisa que ele ir ter que sair em breve pois tem uma reunio, mas estar de volta em aproximadamente meia hora. Hazel comenta, com um arrepio: Eu odeio esta casa. Se no fosse por Orin. Ele est ficando pior. Mant -lo aqui a pior coisa que Vinnie poderia fazer. Peter comenta que intil. Lavnia no solta Orin. Hazel lembra que ela nunca sai de perto dele; nunca deixa os dois a ss. Ouve-se um rudo no hall. Orin. Ele olha em volta e no v Lavnia. Depois, dirige -se at eles e os sadam. Peter tem que sair para a sua reunio e despede-se. Orin pede para Hazel esperar por ele pois ele precisa falar com ela a ss. El e corre e desaparece no hall, mas depois volta com um grande envelope lacrado. Pede que ela o guarde em um lugar seguro. Hazel quer saber o que . Voc deve prometer nunca abri-lo a no ser que algo acontea comigo ou se ela tentar casar-se com Peter. Um dia antes do casamento eu quero que Peter leia o que est a dentro. pede Orin. Voc no quer que ela se case com Peter? surpreende-se Hazel. No! Ela no pode ter felicidade! Ela tem que ser punida! E olhe, Hazel! Voc no deve amar-me mais. Preocupada, Hazel convida Orin para se afastar um pouco da casa e passar o dia com ela e seus pais. Orin no acha possvel. Lavnia jamais deixaria que ele fosse. A conversa Helder da Rocha (2004) 34



interrompida com a entrada de Lavnia. Ela pergunta por Peter e Hazel informa que ele teve que sair mas volta logo. Vira -se para Orin e diz: Pensei que voc estivesse no escritrio Eu j terminei o que tinha que fazer. ele responde. Lavnia fica insegura. Hazel tambm. Lavnia percebe o envelope e pergunta se os dois esto escondendo algo. Orin nega e aproveita para explicar que Hazel o convidou para passar o dia na casa dela. Lavnia responde, preocupada e ressentida: muita bondade sua. Eu sei que a sua inteno das melhores. Mas ele no pode ir Hazel irrita-se: Por que no? Orin tem idade e pode ir aonde ele bem entender! Orin, sentindo-se superior, desautoriza Lavnia. Lavnia irrita -se com Hazel e manda que ela v cuidar do que dela. As duas tem uma discusso. No seu descontrole, Hazel esquece -se de esconder o envelope. Orin percebe e grita: Hazel! Lavnia percebe quando ela esconde o envelope, mas no entende do que se trata. Orin lembra a Hazel que ela havia dito que estava de sada. Ela entende o sinal e dirige -se para a porta. Eu tenho que ir diz Hazel a Orin. Eu esperarei por voc amanh. Lavnia pe-se entre Hazel e a porta e pergunta: O que que voc est escondendo atrs de voc, Hazel? Hazel cala-se. Ela pergunta ento a Orin: Voc deu a ela o que voc escreveu? Ele hesita em silncio. Ela grita, alterada: Responda-me! Isto problema meu! E da se eu dei? grita Orin de volta. Seu traidor! Seu covarde! grita Lavnia. Depois vira -se para Hazel e ordena Me d isto a! Hazel ofende-se Como ousa falar comigo assim! e tenta ir embora, mas Lavnia no deixa, impedindo que ela chegue perto da porta. Orin! Mande ela me dar o envelope! No!


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Lavnia ento muda de estratgia: Orin. Voc sabe que eu amo voc! Faa Hazel desistir e eu farei qualquer coisa, qualquer coisa que voc quiser! Srio? Sim. ela responde. Orin sorri. Depois dirige-se a Hazel sem tirar os olhos de Lavnia, e pede Hazel, d para mim. Hazel entrega o pacote para Orin e despede-se. Ela ignora Lavnia. O rin diz que ela no precisa esperar por ele no dia seguinte pois ele no ir. Hazel deixa a casa chorando. Assim que Hazel sai, Orin entrega o envelope a Lavnia: Aqui! Voc est ciente que a promessa que voc fez significa desistir de Peter? E nunca mais v-lo? Sim. responde Lavnia, tensa. Orin ainda duvida de Lavnia. Acha que ela no ir manter a promessa to fcil. Acha que ela no est reagindo como se sentisse o que deveria sentir por ele. Ele se aproxima dela e fala: H ocasies em que voc no parece ser a minha irm, nem minha me, mas alguma estranha com o mesmo cabelo bonito. e acaricia os cabelos dela, ao que ela se afasta violentamente. Talvez voc seja Marie Brantme. Hein? E voc diz que no h fantasmas nesta casa? Lavnia apavora-se: Pelo amor de Deus, Orin! No! Voc est louco! Voc no pode estar querendo... De que outra forma poderia eu ter certeza que voc no iria me deixar? Eu tenho que ter alguma certeza ou ficarei louco! Vinnie! Cala -se por um instante e continua: Pelo amor de Deus, Vinnie, vamos agora confessar e pagar a pena pela morte da me! No, seu covarde. No h o que confessar! S houve justia! Orin olha para os retratos na parede e diz como se falasse para eles: Esto vendo? Ela mais difcil de quebrar que eu! Vocs tero que assombr -la por toda a vida! Lavnia tem um surto de ira: Eu te odeio! Eu queria que voc estivesse morto! Voc muito vil para viver! Voc se mataria se no fosse um covarde! e chora histericamente. A reao de Lavnia faz com que Orin de repente mude de expresso:


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Vinnie! Outro ato de justia? Voc quer me levar ao suicdio? e depois, fascinado, fala para si Sim! Isto seria a justia! Agora voc a me! Ela fala atravs de voc! Sim! o caminho da paz; para minha ilha perdida. A morte uma Ilha da Paz tambm! A me vai estar l esperando por mim! Depois, ansioso, fala com os mortos Me! Sabe o que farei depois? Eu ficarei de joelhos e pedirei seu perdo e direi... Ele pra. Sua boa fica co nvulsiva como se tivesse tomado veneno, e continua Eu direi: estou feliz que voc achou o amor, me: voc e Adam! Comea a rir Voc me ouviu, me? Voc est em casa agora! Voc me chama! Voc est esperando para me levar para casa! Orin levanta-se e dirige-se porta. Lavnia corre e o abraa No! Orin! No! Ele a afasta, irritado. Sai do meio! A me est esperando! No caminho at a porta ele encontra Peter. Desculpe-me entrar assim. diz Peter Onde est Hazel? Ela foi para casa. responde Orin, e se afasta: Com licena. Eu vou aqui no escritrio limpar minha pistola. Est enferrujada. Venha Peter. Voc pode fazer companhia a Vinnie. Ele sai pela porta. Lavnia ainda grita Orin! e a porta se fecha. Ela abraa -se a Peter e fala: Segure-me, Peter! Nada importa a no ser o amor, no ? O amor vem antes. Ela fala sem parar, atnita. Enquanto fala, faz um movimento para tapar os ouvidos com as mos. Peter estranha a excitao de Lavnia. Pergunta se ele deve ir toma r a pistola de Orin, pois perigoso ele manipul-la naquele estado. Lavnia no responde. Continua falando como se no tivesse ouvido o que ele disse: No seria maravilhoso, quando nos casarmos e tivermos uma casa com um jardim e rvores... e prossegue falando mais alto como se fosse gritar, sempre querendo tapar os ouvidos. Finalmente, ouve-se um tiro. Meu Deus! O que foi isto? grita Peter, e corre para o hall. Lavnia no se move. Diz baixinho Orin! Perdoe-me! e mecanicamente esconde o


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envelope numa gaveta e a tranca. Olha para a parede e comea a falar com os retratos: Por que voc me olham desse jeito? Agora estou cheia de vocs, ouviram? Eu viverei apesar de vocs! Ela levanta-se e caminha para o quarto.

Quarto AtoIgual ao primeiro ato parte externa da manso Mannon final de tarde trs dias depois. Seth surge lentamente na entrada da casa pela direita, frente. Ele est com uma tesoura de cortar grama, mascando tabaco e cantando, como sempre, Shenadooah. Aparenta ver algo e depois, comenta para si mesmo L est ela colhendo flores de novo! Eu achei que ela ia parar quando o funeral terminasse. No vai sobrar uma no meu jardim! Lavnia aparece pela esquerda. Mais uma vez ela aparece abatida. Vestida de luto, parece mais plida. Ela est carregando flores e diz a Seth: Pegue estas, Seth, e d para Hannah. Eu quero a casa cheia de flores. Peter est vindo e eu quero tudo bonito e alegre. Seth obedece e conversa com ela um pouco. Diz: No tente morar aqui, Vinnie! Case-se com Peter e v embora! Eu vou casar-me com ele! E vou embora e esquecerei esta casa e tudo o que aconteceu nela. Seth diz a Lavnia que Hazel est vindo na direo da casa. Lavnia fica assustada. Pensa em entrar na casa mas depois fica e pede que S eth v dar uma volta. Hazel pra e olha para Lavnia, que pergunta: O que voc quer? No vai demorar muito para eu dizer o que eu vim dizer -lhe Vinnie. Eu sei que mentira essa histria de Orin ter se matado acidentalmente. Eu sei que eu no posso provar mas eu sei que voc o levou a isto. ela responde, depois descontrola -se e comea a chorar, e diz Desculpe, eu no vim falar sobre Orin. Lavnia, mais calma: Por que voc veio? sobre Peter!


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Voc deixe Peter e eu em paz! responde Lavnia agressivamente. No! Voc no vai se casar com Peter e destruir a vida dele! Oh Vinnie, seja justa com Peter! Considere a sua felicidade se voc realmente o ama! J comeou! Ele j est se tornando infeliz por sua causa! Mentira! Ontem ele brigou com nossa me. Ele nunca havia feito isto antes! Voc fez com que ele mudasse. Ele deixou nossa casa e passou a noite no hotel. Minha me est com o corao partido. S o que faz chorar! Por favor, Vinnie! No! E Hazel continua perguntando se ela no tem medo de levar Peter a fazer o que Orin fez, se um dia ele descobrisse a verdade. Lavnia torna -se violenta: Que verdade, sua tola? Voc me deixe em paz, ouviu? V embora ou eu pego a pistola de Orin e mato voc! V embora! ela grita e fecha os olhos. Tudo bem concorda Hazel, controlada e calma Eu irei. Mas voc pelo menos deve uma coisa a Peter: deix-lo ler o que havia naquele envelope. Orin pedira que eu mostrasse a ele antes do seu casamento. Eu disse isto a Peter, Vinnie. Ainda sem abrir os olhos, Lavnia fala, tremendo, como para si mesmo Os mortos! Por que os mortos no morrem! Hazel percebe que Peter se aproxima e vai embora. Peter chega lentamente. Quando v Lavnia, muda de atitude e a cumprimenta alegremente: Ol Vinnie! Lavnia ainda est tensa. De olhos fechados ela pergunta se Peter ir am -la e se far tudo para faz-la esquecer. Ele promete que assim que casarem iro para longe, bem longe daquela cidade. Ele diz: Eu detesto esta cidade e todos que vivem nela! Lavnia abre os olhos e olha para Peter atnita. Nunca vi voc falando desse jeito, Peter! O que houve? Voc brigou com sua me e sua irm por causa de mim? Foi isto? Como que voc sabe? Hazel esteve aqui e me contou tudo.


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Aquela tola! Por que ela faria isto? Ela no quer que eu me case com voc. Peter fica irritado ao saber do que sua irm fizera, mas tranqiliza Lavnia dizendo que sua me e sua irm tero que se acostumar com a idia dos dois juntos depois que se casarem. M as Lavnia comea a ficar insegura e a fazer perguntas estranhas. Pergunta se ele est desconfiando dela. Pergunta se ele est curioso em saber o que Orin escrevera. Peter assegura que no, e irrita-se com a suposio. Lavnia continua insegura. Desesperad a, ela pede: Eu quero me casar agora, Peter! Eu tenho medo! Voc se casaria comigo hoje a noite? Desnorteado e pego de surpresa, Peter fica sem saber o que dizer. Depois, tenta argumentar que seria desrespeito ao luto, por Orin. Diz que no entende porque Lavnia tem tanto medo. Haveria algo que Orin escrevera que poderia impedir o casamento? Lavnia solta um riso selvagem, e diz: Os mortos, Peter! Eles sempre fariam qualquer coisa para nos impedir! Peter fica sem jeito: Do que voc est falando, Vinnie? Voc me faz pensar que havia algo... Lavnia reage, desesperada No! Nada! e abraa-o forte No pense nisso agora. Quero um pouquinho de felicidade, apesar dos mortos. Desespera -se mais e implora selvagem Peter! Por que devemos esperar pelo casamento? Quero um momento de alegria de amor! Quero agora! Voc no pode ser simples e puro? Esquecer o pecado e v que todo amor belo? e ela o beija, em paixo desesperada Beije-me! Me abrace forte! Queira me! Queira me tanto que mataria algum para me ter! Eu fiz isto... por voc! e j quase histrica, tremendo Queira me! Leve me, Adam! Ela, de repente percebe que chamara Peter de Adam, e depois solta um riso idiota: Mas porque eu lhe chamei de Adam? Eu nunca ouvi esse nome a ntes a no ser na Bblia... mas depois, fatalmente, desistindo Sempre os mortos entre ns. No adianta tentar mais. Peter est chocado com a loucura de Lavnia. Ele diz: Voc est falando como se estivesse louca, Vinnie! Mas voc no assim. No posso casar-me com voc Peter. Voc no deve mais me ver. V para casa. Faa


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as pazes com Hazel e com a sua me. Ame outra pessoa. O amor no permitido a mim. Os mortos so fortes demais. Voc enlouqueceu, Vinnie? O que fez voc mudar tanto? O que foi que Orin escreveu? Eu tenho o direito de saber, no tenho? Tinha alguma coisa a ver com aquele nativo? Lavnia inicialmente irrita-se e reage Peter, no ouse... mas, pouco depois, descobre que uma forma de resolver tudo e confessa: Tudo bem. Se voc precisa saber! No mentirei mais! Orin suspeitou que eu tivesse me entregue a ele. E era verdade! Peter se afasta dela horrorizado: Vinnie! Voc enlouqueceu! No acredito! Voc no poderia! Por que no? Eu o queria! Eu queria aprender am or com ele amor que no fosse um pecado! E eu consegui! Ele me teve! Eu fui sua mulher! Como se tivesse levado um tapa no rosto, Peter olha para ela com horror, com amargura e raiva: Ento minha me e Hazel tinham razo sobre voc. No me surpreendo que Orin tenha se matado! Deus! Eu s espero que voc seja punida! depois vira-se e parte. Lavnia assiste a partida. Depois, como se acordasse, corre atrs dele gritando Peter! mentira! Eu no... Mas a pra, volta e diz em um tom vazio, como se para si prpria Adeus, Peter. Seth aparece, como sempre, cantando. Lavnia toma parte da letra da msica e troca o seu sentido: Eu no estou partindo, Seth. Eu estou presa aqui para sempre aos Mannon mortos! Seth, assustado, segura-a pelo brao: No entre a, Vinnie! Ela tranquiliza-o dizendo que no vai seguir o destino da me e de Orin. Decide que vai morar sozinha junto com os mortos. Quer que as janelas sejam lacradas com tbuas e pregos para que a luz do Sol nunca entre. Com uma voz tenebrosa e um riso cruel, pronuncia: Eu sou a ltima Mannon. Eu tenho que punir a mim mesma! Viver sozinha com os


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mortos um pior ato de justia que a morte ou a priso! Eu nunca sairei para ver quem quer que seja. Viverei com os mortos e deixarei que el es me atormentem at que a maldio seja paga e o ltimo Mannon morra. Seth age como se estivesse entendendo, e depois diz Eu no ouvi uma palavra do que voc disse, Vinnie. Eu estava distrado procurando por minha tesoura. V ento agora fechar as venezianas e lacre-as com pregos. ela ordena, e diga a Hannah que jogue fora todas as flores. Seth obedece. Vai at a janela da direita e fecha -a com um estrondo. Como se isto fosse um comando, Lavnia vira-se e marcha at a casa, entra e bate a por ta atrs dela.


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electra fica bem de luto

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