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Elaboração do Plano de Manejo do Parque Nacional dos Campos Amazônicos Relatório 2ª Oficina de Pesquisadores - Planejamento – Porto Velho, 7 a 9 de abril de 2009 Ana Rafaela D’Amico – PNCA/ICMBio Laize Pereira Magalhães – PNCA/Instituto Pacto Amazônico

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Elaboração do Plano de Manejo do

Parque Nacional dos Campos Amazônicos

Relatório

2ª Oficina de Pesquisadores - Planejamento –

Porto Velho, 7 a 9 de abril de 2009

Ana Rafaela D’Amico – PNCA/ICMBio

Laize Pereira Magalhães – PNCA/Instituto Pacto Amazônico

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O Processo de elaboração do Plano de Manejo do Parque Nacional dos Campos Amazônicos (PNCA) teve início em 2008, a primeira Oficina de Pesquisadores do Diagnóstico Ambiental ocorreu em junho e a fase de campo do diagnóstico em novembro do mesmo ano. Em fevereiro de 2009 foi realizada a fase de campo do Diagnóstico Socioeconômico. Findadas as fases diagnósticas, teve inicio o processo de planejamento estratégico para o manejo do PNCA, iniciado com a Oficina de Planejamento com Pesquisadores (2ª Oficina de Pesquisadores), realizada de 7 a 9 de abril, em Porto Velho/RO.

A Oficina teve a participação dos pesquisadores envolvidos nos diagnósticos ambiental, socioeconômico e de uso público, a equipe do PNCA, a supervisão do plano de manejo e colaboradores de instituições parceiras (Quadro 1).

Participantes Aline Dal’Maso Ferreira – Avifauna Ana Rafaela D’Amico – Coordenação do PM, Chefe do PNCA/ICMBio Aurelina Viana – Socioeconomia/Consultora Ayslaner Victor Gallo de Oliveira – Vegetação/ICV Beatriz Machado Gomes – Qualidade d’água/UNIR Divina Sueide de Godoi – Ictiofauna/UNEMAT Eloiza Della Justina – Meio Físico/UNIR Erica de Oliveiro Coutinho – Coordenação do PM, PNCA/ICMBio Jane Vasconcelos – Produção dos Encartes/Consultora Laíze Pereira Magalhães - PNCA/Instituto Pacto Amazônico Leandro Alécio dos Santos Abade – Mastofauna Leila Matos – Socioeconomia/Instituto Pacto Amazônico Lilian Letícia Mitiko Hangae – Supervisão do PM/ICMBio,DF Maria Olatz Del Rosário Cases Veja – Colaboração Técnica/GTZ Maurício Silva – Colaboração Técnica/SIPAM Reginaldo Assêncio Machado – Herpetofauna/UFAC Renato Diniz Dumont – PNCA/ICMBio Rosalvo Duarte da Rosa – Ictiofauna/ICV Solange Aparecida Arrolho da Silva – Ictiofauna/UNEMAT Thiago Beraldo – Uso Público/ICMBio,DF Thiago Bortoleto – Colaboração Técnica/SIPAM Quadro 1 – Lista de Participantes da Oficina de Planejamento

Apresentação

Ana Rafaela D’Amico e Lilian Hangae deram as boas vindas aos participantes e explicaram a importância desse momento de planejamento, que trará a visão dos pesquisadores para a definição das ações e estratégias de manejo do Parque Nacional dos Campos Amazônicos, ainda mais considerando a forma de construção do Plano de Manejo em questão, focado nas pressões e ameaças da Unidade e direcionado para um planejamento mais estratégico, objetivo e enxuto.

Apresentaram a programação dos três dias de oficina (Anexo 1) e os objetivos a serem alcançados: nivelamento dos resultados obtidos pelos pesquisadores, definição dos objetivos específicos de manejo e alvos de conservação, definição da missão e visão de futuro do PNCA, identificação das ameaças aos alvos de conservação, definição das ações de manejo prioritárias e elaboração da primeira proposta de zoneamento da Unidade. A seguir teve início a apresentação dos resultados obtidos em campo por cada área temática.

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Resultados dos Diagnósticos

Meio Físico – Msc. Eloiza Della Justina – Universidade Federal de Rondônia/UNIR

Eloiza iniciou sua apresentação demonstrando que os Setores de amostragem definidos para o campo do Diagnóstico Ambiental coincidiram com a divisão dos setores geoambientais da Unidade, definidos a partir do cruzamento dos dados do meio físico, conforme a figura a seguir.

Em relação ao clima, a pesquisadora apresentou os índices pluviométricos dos municípios abrangidos pelo Parque, chamando a atenção para que embora Machadinho D’Oeste apresente a maior pluviosidade do Estado de Rondônia e temperatura média de 24o C, no entanto, Manicoré/AM apresenta pluviosidade ainda maior que Machadinho e temperatura média de 27 a 28o

Quanto a geologia, a pesquisadora apresentou a época das formações geológicas existentes na região do Parque: formação São Romão é a mais antiga e apresenta maior quantidade de clasto

C além de ser o município com maior umidade média, consequentemente a região do Parque que abrange o município de Manicoré tem menor deficiência hídrica do que a abrangida por Machadinho.

Também chamou a atenção para a importância do paleoclima da região na formação do enclave de cerrado, uma vez que devido aos períodos de seca e frio até o final do pleistoceno a região Amazônica apresentava a formação de campos e cerrados e com o aumento da precipitação de cerca de 11.000 anos atrás até o presente, houve a formação e expansão da floresta amazônica, com conseqüente redução do cerrado, restando apenas alguns enclaves em locais de solo mais pobre, como o encontrado no interior e entorno do PNCA.

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(fissuras), consequentemente suporta menor pressão o que pode ser agravada com a instalação de reservatórios de usinas hidrelétricas. Em algumas áreas, como a do rio Machado a formação geológica se apresenta fissural e porosa, o que aumenta o grau de percolação do lençol freático e facilita seu extravasamento em áreas além do reservatório.

O PNCA também abrange a formação Palmeiral, que é mais nova e mais resistente que a São Romão. Também apresenta a formação prosperança, característica pela existência de arenitos.

Quanto a geomorfologia, a pesquisadora colocou que grande parte da Unidade possui solos fracos, com pouco substrato para a mata e grande fragilidade. Na região das serranias (entre o Pito Aceso e a Terra Indígena Igarapé Preto) o solo apresenta maior fertilidade, embora seja frágil. Na área de cerrado o solo é extremamente frágil, arenoso e com grande propensão a erosão e a formação de ravinas nas estradas.

A pesquisadora também apresentou resultados sobre a pedologia e hidrologia da UC, bem como a fragilidade dos ambientes, chamando a atenção para a região da estrada do estanho, onde a abertura de estradas em solo arenoso e frágil tem levado a erosão e formação de ravinas.

Hidrologia - Beatriz Machado Gomes – Universidade Federal de Rondônia/UNIR

A pesquisadora colocou que o mapeamento da vazão dos principais rios do PNCA foi realizado com base em dados coletados pela Agência Nacional de Águas – ANA. A maior vazão dos rios se dá de janeiro a março na seguinte proporção: rio Marmelos e rio Madeirinha até 400 m3, rio Roosevelt e Machado até 4.000 m3, todos pertencentes a bacia do rio Madeira, que apresenta vazão de até 40.000 m3

O pesquisador apresentou a porcentagem de ocorrência de cada fitofisionomia na Unidade, Floresta Ombrófila Densa e Aberta, Savanas ou Cerrados, Formações Pioneiras Aluviais e Campinaranas, semelhantes ao cerrado mas mais úmidas e com espécies características da região amazônica. A região de cerrado é basicamente o enclave cortado pela Estrada do Estanho e as Campinaranas foram encontradas próximo ao rio Roosevelt e o ramal dos Baianos, espécie

. Rio Roosevelt e afluentes apresentaram PH médio de 6. Foi constatado turbidez elevada na foz do igarapé Preto, devido ao garimpo existente no interior da Terra Indígena Igarapé Preto e na foz do igarapé Gavião, no Setor II.

Os valores para temperatura obtidos para o setor I foram acima do comumente encontrado. Para o rio Roosevelt o valor médio foi de 31,23 ± 0,31 ºC, para os demais igarapés, os valores variaram de 25,55±0,18 a 32,21±0,08 ºC. Este fato não foi observado nos outros setores, sendo, portanto possível considerar uma característica para a área, que envolve fatores ainda não conhecidos, (ou não levantados nesta expedição). A possibilidade de defeito no equipamento não pode ser totalmente desconsiderada.

Os locais amostrados indicam preservação natural, sendo que os rios e igarapés não registram ainda a ação antrópica. Mas considerando que a área física do Parque Nacional é descontínua, e está nas proximidades da estrada Transamazônica, as ações de monitoramento devem ser permanentes e incluir ampla divulgação para promover ações de cidadania de respeito e cuidados na preservação do parque.

Vegetação – Ayslaner Gallo, Instituto Centro de Vida/ICV

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característica dessa formação é o liquem Cladonia viridis, em alguns locais menos desenvolvidos devido a características do solo. Formações de campinaranas também foram encontradas nas áreas de transição entre o cerrado e a floresta, onde há maior umidade devido a presença de umidade proporcionada pela mata.

Ayslaner apresentou um histórico dos focos de calor e áreas queimadas no enclave de cerrado de 1973 a 2008, sobrepondo as áreas queimadas ano a ano e demonstrando que aquelas áreas que ficaram menos sujeitas ao fogo apresentaram maior avanço da floresta sobre o cerrado, e nos locais com maior incidência de queimadas a permanência das áreas abertas, demonstrando a clara interferência do fator fogo na formação e principalmente, manutenção da área de cerrado. Portanto, a formação do cerrado trata-se se uma soma de fatores: clima (atual e passado), solo, umidade e fogo.

O pesquisador também apresentou espécies importantes e possíveis espécies novas e com ampliação de área de ocorrência.

Ictiofauna – Solange A. A. da Silva, Divina Sueide de Godói e Rosalvo D. da Rosa

Os pesquisadores apresentaram os métodos utilizados na amostragem de campo e os tipos de ambientes amostrados. O Setor que apresentou maior comprometimento foi o III, com interrupção e assoreamento dos corpos hídricos, além da maioria das matas de galeria estarem degradadas na área ocupada no interior do Parque, também conhecida como Ramal do Pito Aceso.

Também foi apresentado o quantitativo de espécies coletadas, onde destacou-se que a maioria dos peixes encontrados apresentaram tamanho inferior a 10 centímetros de comprimento. Durante o levantamento de campo realizado foram coletados 980 exemplares, pertencentes a 188 espécies de peixes. Foram identificadas 165 espécies, ficando 23 táxons em processo de identificação por especialistas em ictiologia. Os táxons identificados estão distribuídos em 96 gêneros, 31 famílias e 8 ordens

O setor III foi o que apresentou menor riqueza de toda a região com 38 espécies, porém deve-se considerar que os ambientes pertencentes a este setor apresentam alto grau de antropização dos pequenos corpos d’água, o que influencia diretamente na riqueza das espécies de pequenos porte. Já o setor V foi o mais rico, com 73 espécies, o que pode ser explicado pela grande quantidade de pequenos corpos d’água e disponibilidade de habitats, o que agrega uma série de espécies de pequeno porte.

Os resultados apontam que a área do PARNA Campos Amazônicos apresenta enorme potencial científico e se destaca pela sua fauna. As regiões ligadas ao setor I e V podem funcionar como uma fonte procriadora de várias espécies de peixes de valor comercial que migram ao longo dos rios e atravessam suas cachoeiras e corredeiras, incluindo vários grandes siluriformes e peixes de escama.

O grau de espécies exclusivas nas coletas foi alto, aproximadamente 37,8% do total de espécies coletadas ocorreram em apenas um único setor. Neste aspecto, os setores V e IV apresentam as maiores proporções de espécies de peixes que não foram coletadas em outros setores.

Os pesquisadores também apresentaram um comparativo quanto ao número de espécies coletadas entre o PNCA (165), a Reserva Biológica do Jaru (217) e o Parque Nacional do Juruena

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(127). Também demonstraram que a curva de coleta de espécimes do PNCA ainda está em ascensão.

Em relação as pressões constatou-se alto índice de pesca em corredeiras e cachoeiras, como as dos rios Roosevelt, Manicoré e Machado, fator preocupante uma vez que essas áreas são utilizadas como berçários pela ictiofauna.

Outro fator relevante é o fluxo de migração diferenciado na bacia do rio Machado, onde algumas espécies descem o rio para desova no rio Madeira, movimento contrário à usual “piracema”. Nesta bacia também foi encontrado o maior número de espécies ornamentais, principalmente nos afluentes de pequeno porte do rio Machado.

Quanto às recomendações, destacou-se a importância do monitoramento de metais pesados nos igarapés ao longo da estrada do Estanho, a necessidade da proibição da pesca esportiva no rio Roosevelt bem como de sua incorporação nos limites da Unidade.

Recomenda-se realizar um mapeamento dos pesque-pagues, criadouros de alevinos e represas de engorda de peixes nas propriedades do entorno e região para haver um controle efetivo sobre essas atividades, evitando a contaminação biológica ou potencial continuidade no caso da existência.

A região foco do estudo deve ser intensamente monitorada e todas as atividades humanas fiscalizadas, pois a diversidade íctica levantada na área de estudo pode ser afetada gravemente por estas atividades.

Os indicadores de qualidade da ictiofauna levantados, podem ser inicialmente utilizados, mas deverão ser melhorados através de um estudo mais detalhado, com amostragens padronizadas e regulares espacial e temporalmente, para poder, desta forma, detectar possíveis tendências da diminuição da abundância (através da CPUE média) ou aumento da pressão pesqueira (através do tamanho médio dos exemplares de cada espécie) ao longo do tempo.

Herpetofauna – Paulo Bernarde e Reginaldo Machado – Universidade Federal do Acre/UFAC

Reginaldo Machado iniciou sua apresentação falando sobre a metodologia do Diagnóstico Ambiental utilizada em campo a qual embora não vise o levantamento de espécies foi considerada adequada para a identificação e discussão dos problemas e ameaças sobre a UC, bem como, para apresentarem sugestões de manejo.

Durante os 20 dias de campo, foram registradas 91 espécies, sendo 51 de anfíbios e 40 de répteis. A estimativa de espécies de répteis e anfíbios para o PNCA é de 250 devido principalmente a diversidade de habitas existentes, enquanto a estimativa para a Reserva Biológica do Jaru é de 180.

Em termos de conservação, mais de 85% das UA estão em condições entre boa à excelente, sendo que as UA com nível de conservação muito bom e excelente representam mais da metade das áreas avaliadas. As UA apresentam diferentes níveis de conservação bem distribuídos entre os setores avaliados.

Não foram registradas espécies ameaçadas de extinção pela lista oficial do IBAMA de 2003. Várias espécies registradas de anuros, lagartos e serpentes são de caráter estenóico, algumas ocorrendo

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apenas dentro de florestas, outras somente dentro de campo e savana natural e isso denota a importância do PNCA, na manutenção dessas populações. Devido à antropização de algumas áreas, algumas espécies podem, provavelmente, ser extintas localmente. Dentre essas, salienta-se aqui a presença de nove (09) espécies relativamente pouco conhecidas do ponto de vista bioecológico e zoogeográfico ou sub-amostradas na Amazônia, especificamente nestes enclaves de cerrado: Rhinella gr. granulosa, Dendropsophus sp., Scinax fuscomarginatus, Leptodactylus labyrinthicus, Hoplocercus spinosus, Oxyrhopus rhombifer, Philodryas sp., Pseudoboa nigra e Bothrops matogrossensis.

Como recomendação dos pesquisadores, uma atenção especial deve ser dedicada aos crocodilianos e quelônios que são espécies cinegéticas e, por isso, afetadas por pressões antrópicas (e.g., destruição dos habitats, caça, coleta de ovos, etc.). Os tipos de ambientes utilizados pelas espécies como abrigo, forrageio e reprodução devem ser levantados, bem como estimativas populacionais para evidenciar o status, principalmente nas bacias dos rios Roosevelt e Machado.

Na região de cerrado frisaram a importância do controle do uso do solo para manter processos reprodutivos de anfíbios que utilizam os capões de mata entre os campos. Também foram registradas espécies muito ligadas à microhábitats o que os relaciona com a história geológica de evolução da floresta.

Segundo Reginaldo, torna-se necessária a implementação de programas de pesquisa básica e aplicada, onde informações ecológicas de interesse para a conservação devem ser buscadas. Sempre a biologia básica dos organismos serve como ferramenta para a tomada de decisões.

Desta forma é importante que ações de acompanhamento ou monitoramento de diferentes aspectos do meio biológico (e.g., espécies invasoras e pressão de caça e pesca, regeneração florestal) e físico (e.g., qualidade da água e do solo), sejam implementadas. Estas servirão como indicadoras das modificações ambientais esperadas com cada ação.

Recomendaram a ampliação do Parque e o fechamento da Estrada do Estanho, considerando estudos realizados no Canadá que demonstram como as estradas interrompem o fluxo gênico de répteis.

Avifauna – Aline Dal’Maso

Aline chamou a atenção para a falta de trabalhos registrando a avifauna da região, e para o elevado número de endemismos no interflúvio Madeira/Tapajós, especialmente pela diversidade de ambientes presentes.

Foram registradas em campo 332 espécies, mas é esperado para a área um número muito maior quando considerados os dados secundários, embora estes apresentem alguns problemas, como o registro de espécies exclusivas de mata atlântica nessa região. Foram registradas muitas espécies típicas do cerrado do Brasil Central.

No Setor I foi constatada elevada pressão de caça e a existência de espécies mais sensíveis. Os pesquisadores também constataram uma possível interferência da utilização de “playback” pelos observadores de aves que utilizam a região do rio Roosevelt atraídos pela diversidade de espécies e pelas facilidades da Pousada Roosevelt, os maiores impactos se dão na época reprodutiva, por

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provocar interferência na disputa por territórios e por fêmeas, sendo recomendado a não utilização desse método nesse período.

No Setor II destacou-se o mosaico de ambientes, refletido na heterogeneidade de aves registradas, foi também o que apresentou a maior ocupação de espécies tolerantes a ambientes antropizados, que muitas vezes expandem sua distribuição acompanhando o desmatamento. Um importante registro em pequena área de encrave de cerrado neste setor, foi Neothraupis fasciata, espécie endêmica de cerrado e considerada quase ameaçada, parecendo ser o primeiro registro da espécie para a região amazônica.

As Unidades Amostrais do setor III foram caracterizadas por apresentarem muitas espécies de ambientes florestais e que exploram também ambientes abertos, demonstrando uma característica secundária dos ambientes amostrados, e habitas degradados ao redor destes. Nas estradas do “km 180”, muitas espécies de ambiente aberto e que se adaptam bem à perturbação humana foram registradas.

A maioria das espécies registradas no setor IV, Estrada do Estanho são predominantemente espécies de ambientes abertos (campos, campinaranas, cerrado) e que suportam perturbações antrópicas. Muitas espécies típicas ou exclusivas de cerrados do Brasil central foram registradas, o que destaca a região como muito importante para pesquisas que envolvam genética de populações, por se tratar de uma área isolada em relação a outras formações semelhantes. Destaque especial também para o elevado número de espécies registradas e pouco conhecidas para esta região da amazônia, sendo necessário estudos mais detalhados em toda a região, importantes para uma revisão na distribuição destas espécies.

A região do Rio Machado, designado setor V, apresenta uma avifauna típica de ambientes florestados, como matas de terra firme, matas de igapó e matas ripárias, sendo que poucas espécies se adaptam a ambientes alterados.

Aline destacou sua surpresa quanto a configuração dos limites do parque, porque seus limites deixaram de fora a principal porção dos campos que – teoricamente – ele deveria preservar. Uma grande extensão de ambiente campestre não protegida pela UC encontra-se a oeste desta, e seus gestores devem considerar a sugestão de tentar anexar essa porção.

Mastofauna – Leandro Abade

Segundo Leandro, o PNCA apresenta uma composição faunística relevante e que indica um grau de conservação considerável, mas que está sujeito a pressões antrópicas diretas e indiretas que podem comprometer a sobrevivência e viabilidade das espécies a longo prazo.

Foram registradas ao longo do estudo 45 espécies de mamíferos terrestres de médio e grande porte. Até o momento, esse é o maior valor de riqueza encontrado para mastofauna em comparação com outros estudos realizados em UC de Rondônia.

A maior preocupação quanto à zona de amortecimento do PNCA é sua FRAGMENTAÇÃO

A área do enclave de cerrado cortada pela Estrada do Estanho apresenta baixa ocupação o que facilita a presença da mastofauna de médio e grande porte na área.

. Santo Antônio do Matupi, Três Fronteiras, Estrada do Estanho entre Três Fronteiras e o Bodocó apresentam grande pressão de desmatamento, o que aumenta a fragmentação de habitats e tende a isolar o PNCA.

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Leando explana que de acordo Peres (2005) os limites da UC não seguem as recomendações do que se entende como área e conectividae mínima para a conservação a longo prazo, principalmente pela fragmentação em três partes devido a exclusão da faixa de 5 km de cada lado da Estrada do Estanho. Portanto, atenção especial deve ser dada a essa área, para evitar maiores danos à biodiversidade caso haja grande ocupação humana nessa região

Todas as unidades amostrais analisadas foram propícias à presença de comunidade de mamíferos de médio e grande porte, apesar de não ter ocorrido registro de espécies em todas as trilhas percorridas.

Número de espécies observadas por área:

• Pousada Rio Roosevelt (Setor I), com 24 espécies,

• Área de cerrado (Setor IV), com 18 espécies,

• Fazenda do Marcos (Setor II), com 14 espécies,

• Tabajara (Setor V), com 12 espécies,

• Pito Aceso (Setor III), com 6 espécies.

Foram observadas diferenças no número de espécies entre áreas mais e menos conservadas. Áreas mais impactadas apresentaram um menor número de espécies em todos os táxons.

Espécies indicadoras de qualidade do habitat foram encontradas apenas em regiões com relativo grau de conservação, sendo primatas e carnívoros as que apresentaram distribuição mais restrita.

A área do Rio Roosevelt e do cerrado foram as que apresentaram maior riqueza de espécies consideradas especiais.

Entre as 45 espécies registradas, 22 estão sob algum grau de ameaça de acordo com MMA/IUCN (2008), ou apresentam características que as destacam como importantes para a conservação e manutenção da diversidade e equilíbrio da cadeia trófica no PNCA.

Socioeconomia – Aurelina Viana

A pesquisadora apresentou as comunidades envolvidas no relatório, a metodologia, baseada no Diagnóstico Rápido Participativo, utilizada e o foco do trabalho.

Também apresentou um quadro com as oportunidades, obstáculos e ameaças das comunidades em relação ao Parque, conforme segue:

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A pesquisadora também recomendou o monitoramento do fluxo de uso da região, especialmente do Guatá, que tende a se tornar um novo Santo Antônio do Matupi, devido ao seu processo de crescimento acelerado.

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Uso Público – Thiago Beraldo

O Pesquisador apresentou os objetivos de seu trabalho Elaborar um inventário das pousadas existentes no entorno da unidade, dos agentes econômicos (trade) e dos atrativos; Análisar os impactos positivos e negativos existentes e possíveis relacionados ao tipo de atividade; Avaliar das modalidades de visitação e estruturas receptivas existentes considerando a situação de manejo em que se encontra o parque; Propor regulamentações para as atividades e estruturas, além de estudos específicos.

Resultados Durante visita a campo e conversa com a equipe de pesquisadores, moradores e interessados foram identificados inicialmente 21 atrativos, sendo 9 no Parque Nacional dos Campos Amazônicos e 12 na sua Zona de Amortecimento (ZA). Destes que se encontram na ZA, 4 estão situados na área do PNCA, em ambas as margens do rio Roosevelt, todos os atrativos estão relacionados com as Pousadas para pesca-esportiva existentes no entorno do Parque. Os atrativos estão distribuídos por regiões conforme segue na Tabela abaixo:

Pousada Rio Roosevelt

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Pousada Rancho Roosevelt Pousada Ecológica Rio Machado

O quadro a seguir apresenta uma comparação entre as pousadas situadas no entorno do PNCA.

Segundo o pesquisador o entorno do PNCA na região dos rios Roosevelt e Machado possui um grande potencial para a atividade de pesca-esportiva. Levando em consideração que o leito do rio que atravessa a área não é considerado UC, mas sim zona de amortecimento (ZA), esse segmento turístico pode desenvolver um relacionamento saudável com a unidade

desde que seja manejado e obedeça algumas regras para que a atividade seja condizente com os princípios de conservação.

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O pesquisador recomenda que as Pousadas divulguem para os turistas o Manual Pesque e Solte – Informações Gerais e Procedimentos Práticos - IBAMA/06 com dicas para reduzir o estresse do peixe elaborado pelo Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais – CEPTA/IBAMA, objetivando o aumento da sobrevivência dos exemplares de peixes. A observação de aves ou birdwatching é outra atividade praticada no entorno e interior do PNCA. Consiste na identificação de aves através de observação do exemplar ou do seu canto. Em trabalho de campo realizado na Pousada Rio Roosevelt foi entrevistado informalmente o guia Edson Endrigo especialista em observação de aves – que descreveu o PNCA como um excelente lugar na Amazônia para a prática da atividade. O pesquisador também faz uma série de recomendações sobre a estrutura e destinação de resíduos sólidos das Pousadas, conforme consta em seu relatório.

Definição dos objetivos específicos e alvos de conservação

Os pesquisadores foram divididos em três grupos fauna, vegetação e meio físico, e socioeconomia e uso publico para discutirem e apresentarem na forma de targetas sugestões de objetívos específicos e alvos de conservação para o PNCA dentro de sua área de atuação.

Os objetivos apresentados foram agrupados em “formações fitofisionômicas (estrutura)”, “ambientes naturais (funções ecológicas)”, “espécies” e “Própositos sócio-cultural-econômico no contexto regional”. O resultado final foi discutido e validado em plenária, conforme a tabela a seguir.

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Tabela 1 – Objetivos específicos e Alvos de Conservação do Parque Nacional dos Campos Amazônicos

Objetivos específicos Alvos de conservação

Formações fito-fisionômicas (estruturas)

Proteção das áreas de FOD e FOA por proporcionarem ambiente propício para manutenção das populações de grandes carnívoros, apresentarem grande

riqueza de primatas e espécies especiais como Atelocynus microtis (cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas) e Mustela sp. (doninha)

Florestas Ombrófilas Densa e Aberta e seus sistemas ecológicos

- 1-

Garantir a integridade da FOD e FOA e seus sistemas ecológicos mantendo ambientes de reprodução diversos para anfíbios e répteis e o contínuo necessário

para o fluxo gênico das espécies florestais e bloqueando a entrada de espécies de ambientes abertos por ação antrópica nas áreas abertas naturais do PNCA

Proteção dos ambientes florestais, para garantir populações de aves em caráter de descrição (especialmente ao longo do rio Roosevelt), bem como, espécies endêmicas do interflúvio Madeira-Tapajós e de topo de cadeia, como Harpia

harpyja Proteção das formações florestais no interior do enclave de cerrado, por

proporcionarem ambientes únicos para muitas espécies de herpetofauna e garantirem o fluxo gênico para as espécies florestais e manterem o isolamento

daquelas de áreas abertas

Enclave de cerrado e sistemas associados

- 2-

Proteção da integridade e complexidade das áreas de cerrado, por manterem recursos hídricos próprios para reprodução de anfíbios de área aberta e

ambientes para inúmeras espécies de répteis características deste ambiente Proteção do enclave de cerrado, e manter seu isolamento, para proteger espécies

de aves típicas de cerrado e endêmicas, com pouquíssimos registros para a Amazônia

Proteção das espécies típicas de cerrado, como Blastocerus dicothomus (cervo-do-pantanal) e Ozotocerus dichotomus

Proteção das áreas de campinaranas, por serem ambientes únicos e apresentarem espécies de aves típicas do Brasil central, em condição de

isolamento, e espécie ameaçada e endêmica do cerrado Neothraupis fasciata Campinaranas e sistemas associados - 3 - Proteger a formação de campinarana próxima ao ramal dos Baianos por

apresentar peculiaridade na fisionomia e composição florística (Bhonetia sp.) Proteger a formação de campinarana na margem do rio Roosevelt, por apresentar

pecularidade na fisionomia e composição florística e espécies especiais

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(Lagenocarpus sp., Mauritiella sp.) Proteger áreas de écotono entre floresta e cerrado Ecótonos entre florestas e áreas

abertas naturais - 4 -

Proteger áreas de écotono entre floresta e campinaranas

Ambientes Naturais (funções

ecológicas)

Proteger áreas de reprodução de grandes bagres peixes, como cachoeiras e corredeiras, especialmente ao longo do rio Roosevelt

Sistemas Fluviais (cachoeiras, corredeiras, nascentes, e ambientes

sujeitos a pulso de inundação - 5 -

Proteção de nascentes dos rios Branco, Macacos, Manicoré e de afluentes dos rios Machado, Roosevelt e Guaribas, por serem locais de reprodução e

alimentação de peixes de pequenos porte (ornamentais) Manter ambientes ao longo dos rios Machado e Roosevelt, expostos a “pulsos de inundação” que proporcionam ambientes de reprodução para várias espécies de

anfíbios Proteção de ambientes aquáticos, especialmente os rios Machado e Roosevelt,

que garantam a manutenção de populações de mamíferos semi-aquáticos, como Mustela sp. (doninha), Pteronura brasiliensis (ariranha) e Lontra longicaudis

(lontra) Proteção dos bancos de areia às margens dos rios da Unidade, por serem

ambientes únicos para reprodução de quelônios e áreas de termorregulação de crocodilianos

Bancos de areia nas margens dos grandes rios

- 6 - Proteção de matas de igapós e matas ribeirinhas, especialmente ao longo dos

rios Machado e Roosevelt, por apresentarem grande diversidade de espécies de aves, bem como espécies endêmicas (Sakesphorus luctuosus, Psophia viridis e

Hypocnemoides maculicauda)

Mata Ciliar - 7 -

Proteção de barreiros, por apresentarem item indispensável na dieta de mamíferos e diversidade de espécies

Barreiros - 8 -

Espécies

Proteger as populações da palmeira sub-andina Chellyocaphus cf. chuco

Foram consideradas como integrantes dos sistemas ecológicos de Floresta

Ombrófila Densa e Aberta, campinarana e cerrado

Proteger a população da possível nova espécie de palmeira Syagrus sp. Proteger a população da possível nova espécie de buritirana Mauritiella sp.

Proteger espécies vegetais especiais como x,x,x,x listar de acordo com relatório, com destaque para palmeiras e cactácea

Proteção de populações de espécies tipas de cerrado do Brasil central que se encontram nos enclaves de campinaranas e cerrado do PNCA, e que

possivelmente são populações isoladas (ex. Neothraupis fasciata, Melanopareia torquata, Brotogeris chiriri, Saltator atricolis)

Proteger espécies vegetais típicas de cerrado do Brasil central, e que

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possivelmente são populações isoladas (Palicoyrea rígida, Antonia ovata, entre outras)

Proteger as populações de mamíferos raros como Atelocynus microtis (cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas), Mustela sp. (doninha), Speothos venaticus (cachorro-

vinagre), característicos de cerrado, como Blastoceurs dichotomus (cervo-do-pantanal) e Ozotocerus bezoarticus (veado-campeiro), endêmicos, como Mico

manicorensis e predadores de topo de cadeia como Panthera onca (onça-pintada) e Puma concolor (puma)

Própositos sócio-cultural-econômico no

contexto regional

Contribuir para o desenvolvimento sustentável integrado na região da Amazônia Meridional

Manter a conectividade para garantir a proteção do Mosaico da Amazônia

Meridional - 9 -

Propiciar experiências de visitação em ambientes naturais dos rios Roosevelt, Machado e enclave de cerrado do PNCA

Manter a conectividade para garantir a proteção do Mosaico da Amazônia Meridional

Sensibilizar a população do entorno quanto a importância dos sistemas de cerrado e campo

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Visão de Futuro para a Unidade

Metodologia utilizada para a construção das propostas de visão de futuro do PNCA:

Em duplas, um contou ao outro o seu sonho para o Parque Nacional dos Campos Amazônicos, e um anotou os “elementos” do sonho do outro. A dupla formulou uma frase com os elementos dos dois sonhos. Não foi necessário considerar todos os elementos dos sonhos, podendo juntar elementos, resumir, englobar, etc. Após a construção das frases os participantes foram divididos em três grupos e com os elementos das frases elaboraram uma visão de futuro para o PNCA em cada grupo, resultando em três propostas a serem consolidadas:

“O Parque Nacional dos Campos Amazônicos é unidade integradora da Amazônia Meridional e permite a conservação da biodiversidade através do desenvolvimento de ações educativa, sociais e político econômicas que possibilitam a sustentabilidade das comunidades envolvidas”

“Parque Nacional dos Campos Amazônicos unificado e implementado compondo o bloco de conservação da Amazônia Meridional, garantindo o funcionamento dos sistemas ecológicos, em harmonia com o entorno e promovendo a religação homem-natureza”

“O Parque Nacional dos Campos Amazônicos garante, através de organização sistematizada, proteção e integridade às florestas e ao enclave de cerrado, que compõem sua beleza cênica, apoiada pelas comunidades do entorno para manutenção da vida”

Definição das ameaças, estratégias e ações de manejo

As ameaças indicadas pelos pesquisadores em seus relatórios foram revisadas pela plenária e posteriormente priorizadas pelos participantes conforme o grau de comprometimento dos ecossitesmas do Parque que as ameaças indicadas podem causar. Cada pesquisador elegeu as três ameaças que, segundo análise pessoal, deveriam sofrer ações de manejo com mais urgência.

Em plenária foram definidos quais alvos de conservação cada ameaça poderia afetar e posteriormente as ações de manejo e pesquisas indicadas nos relatórios de cada pesquisador foram reavaliadas em plenárias e divididas conforme a ameaça que visam controlar.

O quadro a seguir apresenta as ameaças identificadas com os respectivos alvos afetados e ações de manejo e pesquisas indicadas. As ameaças estão ordenadas conforme sua importância para o comprometimento de ecossistemas do PNCA.

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Tabela 2 – Ameaças e alvos de conservação afetados e respectivas ações de manejo, pesquisa e monitoramento para o Parque Nacional dos Campos Amazônicos

Importância da ameaça Ameaça Alvos

afetados Prioridade

da ação Ação de manejo, pesquisa e monitoramento

9

Alteração e destruição dos

habitats naturais para formação de

pastagens/agricultura agravada pela característica

fragmentada dos limites da Unidade

FOD e FOA , Cerrado,

Campinarana, Sistemas Fluviais,

Ecótonos, Mata ciliar e

Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

14 Implantação de infra-estruturas de apoio e fiscalização (aproveitar estruturas já existes) – AÇÃO INDICADA PARA TODO O BLOCO DE AMEAÇAS

12 Fazer com que o PNCA seja um contínuo ambiental, garantindo os processos bio-ecológicos dentro e fora dos seus limites

7 Reavaliar os limites buscando uma configuração menos fragmentada

7 Acionamento de medidas judiciais cabíveis (extração irregular de madeira, uso indiscriminado do fogo, Alteração de áreas naturais)

7 Desenvolvimento de campanhas de sensibilização com a população do entorno – AÇÃO INDICADA PARA TODO O BLOCO DE AMEAÇAS

6 Monitoramento, fiscalização e se necessário, proibição das atividades impactantes

desenvolvidas no entorno do Parque – AÇÃO INDICADA PARA TODO O BLOCO DE AMEAÇAS

6 Recuperação de áreas degradadas permitindo a sucessão ecológica natural (floresta e cerrado)

5 Fiscalização in loco para controle da extração irregular de madeira, uso indiscriminado do fogo, alteração de áreas naturais

3 Preservação de seus ambientes frágeis, por meio do zoneamento da unidade 3 Fiscalização contra desmatamentos e retirada de madeira 3 Cooperação com a Polícia federal para fiscalização do PNCA

2 Recuperação de áreas degradadas (erradicação de gramíneas exóticas, retirada do rebanho bovino e recomposição vegetacional)

- Recuperação dos capões de mata no enclave de savana

- Regulamentar o tráfego de veículos na estrada do Estanho (campanhas para o controle de velocidade e cuidado com os animais)

Pesquisa e monitoramento

10 Monitoramento do avanço de atividades agrícolas e pecuárias na zona de amortecimento

2 Monitoramento de diferentes aspectos do meio biológico (espécies invasoras e

pressão de caça e pesca, regeneração florestal) e físico (qialidade da água e do solo) – AÇÃO INDICADA PARA TODO O BLOCO DE AMEAÇAS

1 Acompanhamento das áreas abertas nos limites de abrangência do PNCA, no que tange o monitoramento das espécies sinantrópicas (ex. Ameiva ameiva, Crotophaga

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ani)

- Monitoramento da distribuição de espécies exóticas de aves no PNCA e sua zona de amortecimento

8

Possibilidade de implantação de

hidrelétricas nos rios Machado e Roosevelt

FOD e FOA , Cerrado,

Campinarana, Sistemas Fluviais,

Ecótonos, Barreiros, Mata ciliar, Bancos de

Areia e Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

Ações de manejo

11 As atividades ligadas à gestão do parque devem ser estendidas a área total das bacias hidrográficas (Roosevelt, Guariba e Machado, nascentes do rio Manicoré,

Branco e Igarapé Preto) 6 Formação de comitê Técnico-científico 5 Formação de Comitê de Bacias

5 Convencimento das autoridades quanto à importância ecológica dos locais de barramento

4 Acompanhamento dos processos de licenciamento dos barramentos Pesquisa e monitoramento 9 Impacto real causado pela implantação de hidrelétricas 4 Confirmação da ocorrência, ecologia e status populacional de doninha Mustela sp. 3 Diversidade, genética, ecologia e distribuição da ictiofauna 2 Identificar onde estão os bancos de reprodução e ninhais de quelônios

- Status populacional, aspectos ecológicos e distribuição de lontras e ariranhas nos rios Roosevelt e Machado e o impacto de possíveis barramentos sobre essas espécies

6

Atividades agrícolas e pecuárias no

parque e na Zona de Amortecimento,

desmatamento de APP para uso agropecuário e

acesso do gado ao leito dos rios,

contaminação por agrotóxicos

FOD e FOA , Cerrado,

Campinarana, Sistemas Fluviais,

Ecótonos, Mata ciliar e

Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

Ações de manejo

9 Orientar o uso das propriedades rurais do entorno para a manutenção/formação de

corredores ecológicos

7 Integrar o PNCA no Mosaico da Amazônia Meridional

6 Fiscalização intensa nas áreas de agricultura e pecuária próximas de nascentes dos principais rios que cortam o parque

6 Apoiar o desenvolvimento socioeconômico do entorno estimulando atividades sustentáveis (turismo comunitário, manejo agrosilvopastoril, manejo florestal)

4 Recuperação de áreas degradadas, em especial matas ciliares, com espécies nativas 4 Estabelecimento de protocolos de uso da zona de amortecimento 4 Estabelecimento de condicionantes para a autorização de PMFS no entorno 3 Proibição do uso de agrotóxicos e limitações no uso do solo na ZA

2 Integração de ações de manejo entre o PNCA e TIs Tenharim Marmelos e Igarapé-Preto

2 Identificar áreas com restrição à realização de PMFS no entorno

2 Encerramento das atividades de desflorestamento e estímulo ao processo de recuperação das áreas degradadas no Pito Aceso

1 Restrições quanto à criação de animais domésticos e manutenção de animais

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silvestres em cativeiro na ZA

1 Envolvimento com órgãos como SEBRAE, Secretarias de Turismo, Agricultura, Meio

Ambiente entre outros, na discussão de alternativas sustentáveis para a população do entorno

1 Divulgar e disseminar práticas apropriadas de uso e manejo dos recursos naturais 1 Estimular a aplicação do manejo florestal adequado aos recursos florestais da região

- Encerramento das atividades de alteração da vegetação original na estrada do Estanho

- Incentivar o resgate e valorização histórico cultural de Tabajara, Três Fronteiras, Rodovia do Estanho, Rio Roosevelt e Bela Vista do rio Guaribas

Pesquisa e monitoramento 12 Efeitos da fragmentação e isolamento do parque sobre a fauna 8 Realizar inventários acumulativos da flora nativa da unidade 6 Monitoramento de espécies indicadoras

4 Status populacional, aspectos ecológicos e distribuição de onça-pintada e onça-parda no PNCA e região e o problema de predação de animais domésticos

3 Estudo sobre os capões de mata no enclave de savana (expansão ou retração?) 2 Estudos sobre as comunidades de anfíbios anuros, lagartos e de serpentes 1 Levantamento da comunidade de primatas do PNCA 1 Levantamento da comunidade de pequenos mamíferos no PNCA 1 Levantamentos complementares da avifauna - Inventariamento completo da herpetofauna

- Monitoramento e estudo dos habitats utilizados pelos crocodilianos e quelônios aquáticos

- Levantamento da comunidade de felinos de pequeno e médio porte do PNCA - Levantamento da comunidade de quirópteros do PNCA

6 Garimpos ilegais

FOD e FOA, Cerrado, Sistemas Fluviais,

Ecótonos, Mata Ciliar,

Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

Ações de Manejo 4 Controle da abertura de estradas no cerrado

2 Proibição da utilização de mercúrio na mineração e o lançamento direto de efluentes industriais e urbanos não tratados nos corpos d’água

- Intensificação da identificação dos limites da Unidade Pesquisa e Monitoramento

10 Monitoramento constante da rede hidrográfica do Parque (quanto à contaminação dos recursos hídricos)

6 Monitoramento da qualidade da água e da ictiofauna 3 Monitoramento dos efeitos do garimpo - Monitoramento da qualidade da água em diferentes pontos dos rios Machado e

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Roosevelt e seus afluentes

6 Uso indiscriminado do fogo na área de

savana

Cerrado, Campinaranas,

Ecótonos e Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

Ações de Manejo 10 Desenvolvimento e implantação de programas de combate a incêndio

8 Contratação de pessoal da região como guardas-parque e para auxiliar nos serviços de manutenção do PNCA

2 Instalação de placas educativas e de alerta nas vias de acesso ao parque sobre o risco de incêndio

2 Capacitação e Informação dos funcionários para apoio ao monitoramento da UC

1 Criação de um banco de dados com informações de focos de incêndios e áreas mais suscetíveis ao fogo

1 Elaborar um plano contingencial para incêndios em áreas específicas da unidade 1 Criação e treinamento de brigadas contra incêndios

1 Manejo e alternativas ao fogo com TI Tenharim Marmelos, Santa Maria e Rodovia do Estanho

- Educação ambiental da população lindeira em relação ao uso do fogo Pesquisa e monitoramento

10 Desenvolver e executar programa de pesquisa sobre incêndios

5 Avaliar a regeneração natural pós-fogo, em pastagem, capoeira e mata recém-derrubada

5 Caça clandestina e

de subsistência, coleta de animais

para adornos

FOD e FOA , Cerrado,

Campinarana, Ecótonos, Barreiros, Mata ciliar, Bancos de

Areia e Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

Ações de manejo 12 Controle da caça e pesca ilegal Pesquisa e monitoramento

10 Monitorar as atividades humanas locais (caça e coleta de ovos de quelônios)

4 Status populacional, aspectos ecológicos e distribuição de Blastocerus dichotomus cervo-do-pantanal e Ozotocerus bezoarticus veado-campeiro no PNCA

1 Avaliação do impacto da caça nas áreas de extração mineral e madeireira, terras indígenas e comunidades tradicionais limítrofes ao PNCA

- Monitoramento da caça clandestina

- Monitoramento de espécies de alto potencial cinegético

4

Exploração dos recursos pesqueiros

(pesca esportiva, predatória e

artesanal nos rios Roosevelt e Machado)

Sistemas Fluviais, Mata

Ciliar e Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

Ações de manejo 13 Normatização da pesca esportiva

10 Corredeiras, cachoeiras, entradas de igarapés, lagoas e nascentes devem ser alvo prioritário para fiscalização e aplicação das leis de pesca

7 Fiscalização, monitoramento e, se necessário, proibição de piscicultura com espécies exóticas e alóctones

7 Capacitação dos guias para melhores práticas da pesca esportiva

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6 Definição de épocas e locais para realização da pesca esportiva

3 Comunicar na venda do pacote de turismo qual a tralha recomendada para realização da pesca esportiva com mínimo impacto

2 Implementação de regras para pesca esportiva de acordo com o manual do CEPTA - Instalação de postos de fiscalização e controle no rio Roosevelt e Machado - Proibição de atividades que possam introduzir peixes exóticos ou alóctones

- Veicular vídeo sobre pesque-e-solte do CEPTA/IBAMA para usuários e disponibilização do manual para as pousadas

- Elaborar cartaz com as dicas para reduzir o estresse dos peixes - Realizar mapeamento criterioso das pisciculturas e criatórios de peixes no entorno

- Proibir a pesca em todas as modalidades, nos rios Roosevelt, Branco, Madeirinha e Machado, especialmente nos locais de reprodução

- Desativação das pousadas com função de pesca esportiva dentro do parque Pesquisa e monitoramento

13 Avaliação da capacidade de suporte do rio para a atividade de pesca esportiva 13 Monitoramento das atividades de pesca ao longo dos rios Roosevelt e Machado 7 Avaliação da sobrevivência dos espécimes pescados ao retornarem ao ambiente

natural - Avaliação da pesca esportiva e amadora na região do PNCA e entorno

1 Introdução de

espécies vegetais exóticas

FOD, FOA, Cerrado,

Ecótonos e Mata Ciliar

Ações de manejo - Elaborar plano de erradicação de espécies vegetais exóticas

- Estabelecer normas e acordos através de termos de ajuste de conduta para o controle de espécies exóticas

- Eliminar as espécies exóticas, animais e vegetais, no interior da UC

Visitação desordenada

FOD, FOA, Sistemas Fluviais,

Barreiros, Bancos de

Areia e Mata Ciliar

Ações de manejo

5 Realizar ações de conscientização e informação para os usuários das pousadas no rio

Roosevelt, sobre o PNCA e com atenção ao uso dos barreiros e a aproximação das onças naquela região

3 Elaborar identidade visual do PNCA 2 Implementar trilha de interpretação ambiental com placas durante o percurso 1 Instituir grupos regionais de prestação de serviços de uso público

1 Todos os guias devem receber o curso de capacitação com conteúdo mínimo desejável

- Estímulo ao ecoturismo - Elaborar projeto de sinalização com foco no uso público e conduta consciente - Cadastramento de todos os guias atuantes na UC e ZA - Exigir o cadastramento das operadoras de rafting na ABETA

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- Recomendar a contratação de seguro para a prática de rafting - Exigir guias certificados para a realização de rafting

- Implantação de programas de atividades sustentáveis, visando agregar a população direta e indiretamente envolvida com o parque

- Estimular o desenvolvimento da cultura regional através do preparo de pratos típicos, da divulgação e venda de artesanato

Pesquisa e monitoramento 11 Capacidade de carga de ambientes mais frágeis (campos)

4 Avaliação do potencial de turismo de aventura para a área, como descida de corredeiras, rafting e snorkel

Presença de lixo, trânsito de veículos, uso do fogo, uso de recursos naturais na construção de infra-estrutura, introdução de espécies exóticas devido a presença de pousadas no entorno

FOD e FOA, Sistemas

Fluviais e Mata Ciliar

Ações de manejo 6 Normatização das estruturas dos estabelecimentos de hospedagem 5 Monitoramento das pousadas (retirada do lixo, atividades turísticas e de manutenção)

1 Utilização de fossa séptica ou outro sistema mais avançado de destinação de resíduos

- Que as pousadas incentivem a produção e o extrativismo de matérias primas na localidade

- Elaborar proposta de diversificação da matriz energética para diminuir o consumo de combustível fóssil

- Estabelecer regras e normas quanto à destinação de resíduos, fontes de energia e utilização de águas pelas pousadas

Pesquisa e monitoramento

13 Monitoramento de atividades de ecoturismo (excesso de visitação, afugentamento de fauna)

- Estudo do potencial da unidade para a implantação de Arvorismo como opção de atividade ecoturística

Atividades de ecoturismo –

Birdwatching devido ao uso intenso de

playback

FOD, FOA e Mata Ciliar

Ações de manejo Treinamento de guias de “birdwatching” Controlar atividades de “birdwatching” Pesquisa e monitoramento

5 Grau de impacto, medidas mitigadoras, locais possíveis de visitação e as épocas do ano adequadas para o birdwatching

Semi-domesticação de animais silvestres

(colocação de sal nos barreiros e ceva

de jacarés)

FOD, FOA e Barreiros

Pesquisa e monitoramento

- Monitoramento de conflitos entre animais silvestres e domésticos no entorno da unidade

- Avaliação das condições epidemiológicas das populações de mamíferos silvestres

expostas ao contato íntimo com animais domésticos e avaliação do risco potencial de transmissão entre as espécies

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- Importância ecológica dos barreiros naturais de áreas úmidas do PNCA na

manutenção das comunidades de ungulados e a interferência causada pela adição de sal

1

Abertura de estradas facilitando o acesso à UC e Tráfego de

veículos automotores em locais de solos

frágeis (campos/areais)

FOD e FOA , Cerrado,

Campinarana, Sistemas Fluviais,

Ecótonos, Mata ciliar,

Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

Ações de manejo - Proibição do trânsito de veículos na trilha dos veados - Controlar e amenizar os efeitos das estradas na trilha dos Veados e Areial

- Controle da abertura de estradas no Areial

Ameaças que não apresentaram ação correspondente Pesquisas que não apresentaram ameaça correspondente

4

Possibilidade de ampliação da Terra Indígena Tenharim Igarapé-Preto sobre

o PNCA

FOD e FOA , Cerrado, Sistemas Fluviais,

Barreiros, Bancos de areia, Mata

ciliar, Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

Avaliar o motivo do baixo número de registros de quelônios visíveis ao longo dos rios Roosevelt e Machado (natural ou efeito de ação antrópica?)

4

Plano de Manejo Florestal Sustentável em áreas próximas

ao Cerrado e às Campinaranas

Cerrado, Campinarana,

Ecótonos, Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

Variabilidade genética das populações das espécies da avifauna de especial interesse para a conservação

3 Interrupção dos ambientes aquáticos

FOD e FOA , Cerrado,

Campinarana, Sistemas

Confirmação da ocorrência, ecologia e status populacional de cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas Atelocynus microtis

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Fluviais, Ecótonos, Barreiros, Mata ciliar, Bancos de

Areia e Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

3 Retirada seletiva ilegal de madeira

FOD e FOA, Mata Ciliar e

Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

Confirmação de ocorrência, status populacional, aspectos ecológicos e distribuição do cachorro-do-mato-vinagre Speothos venaticus

2 Destruição dos

capões de mata na área do cerrado

Cerrado, Campinarana,

Sistemas fluviais,

Ecótonos, Mata Ciliar e

Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

Avaliação genética da população de Cebus apella com variação morfológica (orelhudos) (nova sub-espécie?)

2 Presença de animais domésticos na ZA e

interior do PNCA

FOD e FOA , Cerrado,

Campinarana, Ecótonos, Barreiros, Mata ciliar, Bancos de

Areia

Status populacional, aspectos ecológicos e distribuição do Mico manicorensis

1 Queimadas para a

substituição da vegetação nativa

FOD e FOA , Cerrado,

Campinarana, Ecótonos, Mata ciliar,

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Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

1 Lançamento de lixo e

esgoto in natura diretamente nos corpos d’água

Cerrado, Sistemas

Fluviais e Mata Ciliar

1

Coleta de castanha pelos indígenas da TI

Tenharim Igarapé-Preto no interior do

PNCA

FOD e FOA

1 Abate de grandes

felinos em retaliação a ataques de

rebanhos

FOD e FOA , Cerrado,

Campinarana, Ecótonos,

Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

1 Pistas de pouso

clandestinas (tráfico de drogas e animais)

Cerrado

1 Extração irregular de

produtos não-madeireiros

FOD e FOA , Cerrado,

Campinarana, Ecótonos,

Mata ciliar, e Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

Compactação do

solo por maquinários pesados

Cerrado, Sistemas

Fluviais, Mata ciliar

Presença de moradores no Pito

FOD e FOA , Cerrado,

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Aceso – interior do PNCA

Campinarana, Sistemas Fluviais,

Ecótonos, Mata ciliar

Invasão da Unidade

para estabelecimento de posses/fazendas

FOD e FOA , Sistemas Fluviais,

Ecótonos, Mata ciliar

Introdução de espécies de fauna exóticas (abelhas

européias/africanas, canário)

FOD e FOA

Atropelamento de

fauna na estrada do estanho

Cerrado

Utilização de recursos naturais do

PNCA pela comunidade Bela

Vista do rio Guraibas

FOD, FOA e Mata Ciliar

Efeito de borda e

compactação do solo em trilhas de uso

público

FOD e FOA

Pesquisa para garimpo

FOD e FOA , Cerrado, Sistemas Fluviais,

Ecótonos, Mata ciliar, e

Conectividade do Mosaico da

Amazônia Meridional

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Tabela 3 – Ações gerenciais gerais propostas para o Parque Nacional dos Campos Amazônicos

Prioridade

Ações Gerenciais Gerais

11 Ampliação ou redefinição dos limites do parque (abranger totalmente os campos amazônicos na divisa AM, RO e MT)

8 Divulgar ao meio científico e acadêmico as necessidades de pesquisa na unidade 7 Instituir sistema de informações geográficas 6 Instalação de postos de fiscalização e controle 5 Articulação institucional visando a regularização fundiária da região 3 Capacitação de lideranças “simpáticas” à UC e ao uso sustentável 2 Capacitação técnica de funcionários para o uso de técnicas de SIG e Sensoriamento Remoto 2 Estimular e apoiar o fortalecimento da organização comunitária 1 Promoção de campanhas públicas de orientação ao público em geral e de programas

específicos sobre educação ambiental na rede de ensino 1 Monitoramento remoto (extração irregular de madeira, uso indiscriminado do fogo, Alteração

de áreas naturais) 1 Capacitação técnica de funcionários da unidade em técnicas de direção off road e mecânica

básica Implantação de centros de visitantes e administração Educação ambiental junto às populações lindeiras visando à conservação da região e

compreensão das finalidades do parque

Zoneamento da Unidade

Para elaborar a primeira proposta de zoneamento do PNCA, os pesquisadores foram dividos em três grupos de trabalho: (1) vegetação, meio físico e qualidade d’água; (2) ictiofauna, herpetofauna, avifauna e mastofauna; (3) uso público e socioeconômia.

Para basear as discussões dos grupos foi apresentada a categorização dos ambientes realizada pelos pesquisadores e consolidada, obtendo uma categorização média para cada Unidade Amostral. A média final foi obtida considerando as pontuações do meio físico, vegetação e uma média das categorizações da fauna terrestre. A pontuação de ictiofauna foi considerada de forma independente uma vez que a maioria das Unidades Amostrais analisas por este grupo não coincidem com as Unidades Amostrais terrestres.

Os diversos ambientes foram classificados em relação às suas condições de preservação, integridade e riqueza de espécies, para cada tema estudado em: 1= Péssimo; 2= Regular 3= Bom; 4= Muito Bom; 5= Excelente. Para melhor visualização foram atribuídas cores para cada categoria. As diversas categorias foram representadas pelas seguintes cores:

1 Péssimo Vermelho

2 Regular Rosa Magenta

3 Bom Amarelo

4 Muito Bom Verde

5 Excelente Azul

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O quadro abaixo apresenta as categorizações de cada tema pesquisado (exceto ictiofauna) e a classificação média de cada Unidade Amostral.

Setor Nº UA

Trilha

Nome Trilha

Identifica ção

Meio Físico

Vege tação

Fauna Média Fauna

Classificação Média

Her peto Avi Masto

I - Pousada Roosevelt

1 A Pousada

I-A1 4 3 4 3 3 3 3

2 A I-A2 4 3 3 3 3 3 3

3 B Ouro I-B3 4 4 4 5 4 4

4 C Ronca I-C4 3 3 4 4 5 4 3

5 D Igarapé Preto

I-D5 3 3 4 4 4 4 3

6 D I-D6 4 4 4 4 4 4

7 E EPE -

direita I-E7 4 4 4 4 5

4 4

8 F EPE -

esquerda I-F8 4 5 4 5

4 4

9 G Barreiro

I-G9 4 5 3 5 4 4

10 G I-G10 4 4 5 5 4

50 PI Base do Morcego PI-50

4 4 5 5 4

51 PI Antiga

colocação PI-51 4 4

4

52 PI Base

Madeirinha PI-52 4 4 4

II - Fazenda Marcos

11 I Lagoa II-I11 4 4 3 4 3 4

12 J

Cerrado

II-J12 4 4 5 4 4 4 4

13 J II-J13 5 5 5 4 4 4 5

14 J II-J14 5 5 5 4 4 4 5

15 H Fazenda II-H15 2 2 1 3 1 2 2

16 K Areial II-K16 3 3 4 4 3 4 3

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17 K II-K17 3 3 5 4 3 4 3

18 K II-K18 4 4 5 4 3 4 4

III - Ramal do Pito Aceso

19 L Ramal dos

Baianos

III-L19 4 4 4 3 3 3 4

20 L III-L20 4 4 4 3 3 3 4

21 M Serrinha

III-M21 2 3 1 3 1 2 2

22 M III-M22 2 3 1 3 1 2 2

23 N Pito

Aceso III-N23 2 3 2 3 2

2 2

IV - Estrada do Estanho

24 O

Guedes

IV-O24 3 3 5 3 4 3

25 O IV-O25 4 3 3 5 3 4 4

26 O IV-O26 3 2 3 5 2 3 3

27 P

Veados

IV-P27 3 4 3 5 5 4 4

28 P IV-P28 3 5 4 5 5 5 4

29 P IV-P29 3 4 3 5 5 4 4

30 P IV-P30 4 4 4 5 5 5 4

31 P IV-P31 3 3 4 5 5 5 4

53 Q

Lagoa

IV-P53 3 3 5 5 3 4 3

32 Q IV-Q32 3 3 5 3 4 3

33 Q IV-Q33 3 3 5 4 4 3

34 R

Encontro dos Rios

IV-R34 3 3 3 4 3 3 3

35 R IV-R35 4 4 3 4 3 3 4

36 R IV-R36 4 4 2 4 1 2 3

37 R IV-R37 3 3 2 2 3

38 S

Igarapé Taboca

IV-S38 2 4 4 4 3 4 3

39 S IV-S39 3 3 4 4 3 4 3

40 S IV-S40 3 3 4 4 3 4 3

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V - Tabajara

41 T

Cutia

V-T41 4 5 4 3 4 4 4

42 T V-T42 4 5 4 3 4 4 4

43 V-T43 4 5 4 4 4 4

44 U PMFS

V-U44 5 5 4 3 5 4 5

45 U V-U45 4 4 3 3 4 3 4

46 V Alagamento

V-U46 4 4 4 5 4 4

47 V V-V47 4 5 4 5 4 4

48 X Igarapé Preto

V-X48 4 4 5 4 5 5 4

49 X V-X49 4 5 5 4 5 5 5

Para subsidiar os trabalhos cada grupo recebeu um mapa base do PNCA, com imagem de satélite, polígonos de desmatamento, localização das trilhas e Unidades Amostrais, a categorização média dos pontos terrestres e a categorização dos pontos de ictiofauna. Outros mapas da UC estavam disponíveis para apoio (distribuição da vegetação, geomorfologia, solos, geologia e hidrográfico).

A primeira parte do trabalho foi a definição de áreas prioritárias para conservação, pesquisa, educação ambiental e uso público no interior do Parque e a idicação de áreas prioritárias de atuação no entorno da UC. Os grupos desenharam polígonos para cada área considerada como prioritária em papel vegetal, baseados nos mapas e informações obtidas nos diagnósticos de campo. Os grupos apresentaram em plenárias as áreas propostas e os critérios utilizados para a escolha destas.

Com a sobreposição dos polígonos das áreas propostas para cada atividade (conservação, pesquisa, educação ambiental, uso público) e com discussões em plenárias, foi elaborado um mapa único de áreas prioritárias. Baseados nesse mapa e nos critérios para definição dos polígonos, foi elaborado pela plenária a primeira proposta de zoneamento do PNCA, conforme mapa abaixo.

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Figura 1 – Primeira proposta de Zoneamento do Parque Nacional dos Campos Amazônicos

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Descrição geral da delimitação das Zonas do PNCA: Bloco Rio Machado Zona Intangível 1 Parte do enclave e cerrado e ecótonos com relevo relictual Zona Extensiva 1 Buffer de X km (a definir pela equipe de planejamento) ao longo do rio Machado mais parte da área de cerrado no limite do PNCA Ressalva: áreas de nascente, visitação apenas pontual Zona de Recuperação 1 Invasões APROMAR Zona Primitiva 1 Restante do Bloco (ZP 1a e ZP 1b) Bloco Igarapé Taboca Zona de Recuperação 2 áreas alteradas ao longo da estrada de acesso ao garimpo (3 km) Zona Primitiva 2 Restante do bloco Bloco Ecótono Zona Intangível 2 Área de campinarana, ecótonos entre campinarana, floresta e cerrado, serras e nascentes do rio Machadinho Zona de Ocupação Temporária Pito Aceso Zona de Recuperação 3 Áreas abandonadas no Pito Aceso Zona de Recuperação 4 Desmates abandonados Zona de Uso Extensivo 2 Limite do PNCA com floresta e campinarana Uso para educação ambiental Zona Primitiva 3 Restante do Bloco (ZP 3a, ZP 3b, ZP 3c) Bloco Roosevelt/Guariba Zona Intangível 3 Área de Floresta Ombrófila Densa entre o rio Roosevelt e rio Guaribas Zona Extensiva 3 Buffer de 3 km ao longo do rio Roosevelt, estreitada para 1 km próximo a campinarana

Ressalvas: - Avaliar áreas de uso nas margens do rio Roosevelt pelas pousadas (apoite de embarcações e realização de fogueiras);

- Uso da lagoa dos jacarés - Uso do barreiro do morcego - Responsabilizar as pousadas quanto à segurança dos visistantes - Normatização do uso das trilhas (estruturas) - Avaliar locais para acampamento - Fechamento das bases da pousada Zona Primitiva 4 Restante do Bloco Nomenclatura proposta para as Zonas: Zonas Intangíveis – ZI ZI 1 – Bloco Machado ZI 2 – Bloco Ecótono ZI 3 – Bloco Roosevelt/Guariba Zonas Primitivas – ZP ZP 1 – Bloco Machado ZP 1a –

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ZP 1b – ZP 2 – Bloco Taboca ZP 3 – Bloco Ecótono ZP 3a - ZP 3b – ZP 3c – ZP 4 – Bloco Roosevelt/Guariba Zonas de Uso Extensivo – ZEx ZEx 1 – rio Machado ZEx 2 – Ramal dos Baianos ZEx 3 – rio Roosevelt ZEx 4 – Capelinha Zonas de Recuperação - ZR ZR 1 – Invasão APROMAR ZR 2 – Cerrado limite TI Igarapé Preto ZR 3 – Pito Aceso ZR 4 – Ecótono Zona de Ocupação Temporária – ZOP ZOP – Pito Aceso