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Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão – Região Sul Elaboração de conceitos geográficos em estudantes com deficiência visual Ruth Emilia Nogueira Departamento Geociências UFSC [email protected] Gabriela Alexandre Custódio Pós-graduação em Geografia UFSC [email protected] Adriano Henrique Nuernberg Departamento de Psicologia UFSC - [email protected] Stephanie Band Richardson Departamento de Psicologia UFSC - [email protected] Eixo temático: Teoria e Prática da Interdisciplinaridade Resumo Sabe-se que é escassa a literatura a respeito da elaboração do conhecimento formal na presença da deficiência visual, que precisam ser baseadas em práticas educacionais voltadas às reais potencialidades da pessoa cega e em métodos específicos no processo de ensino e aprendizagem que promovam as condições adequadas de acesso ao saber. Neste sentido, no Laboratório de Cartografia Tátil e Escolar da UFSC, criado em 2006, vem sendo desenvolvidas pesquisas com foco no desenvolvimento de recursos didáticos para o ensino da Cartografia e da Geografia para deficientes visuais. Porém, apesar dos conhecimentos adquiridos, ainda não se sabia explicar, à luz da ciência, como os deficientes visuais entendem o espaço geográfico. Desta maneira, no ano de 2010 se propôs no edital de Ciências Sociais do CNPq/MEC/CAPES 02/2010, uma pesquisa conjunta entre pesquisadores da Geografia, Cartografia e Psicologia com o objetivo de investigar o processo de elaboração de conceitos geográficos em deficientes visuais com vistas a construir subsídios teóricos para a produção de materiais cartográficos e princípios pedagógicos com o intuito de possibilitar o acesso ao conhecimento espacial por parte desse grupo social. A pesquisa teve duração de três anos e contou com a participação de três grupos de participantes: crianças, jovens e adultos, com cegueira congênita. Na ausência das barreiras que inviabilizam o acesso ao conhecimento, verificou-se que a cegueira não se mostrou limitante para a compreensão de conteúdos tradicionalmente trabalhados de forma visual. É preciso dizer que esta pesquisa propiciou a realização de uma dissertação de mestrado em Geografia, dois trabalhos de iniciação científica em Psicologia e a aplicação inédita da abordagem da psicologia histórico-cultural na pesquisa em Geografia. Palavras-chave: Interdisciplinaridade, ensino, deficiência visual. 1. Introdução Baseados na realidade de uma sociedade diversa e heterogênea, em que o ensino deve partir das experiências dos alunos, a busca por conduzir um processo de construção do conhecimento que supra as necessidades e as expectativas de todos os sujeitos do contexto escolar deve ser principal prioridade. Dessa forma, a partir das referências advindas do alunado, os educadores devem formular métodos adequados ao processo de mediação do conhecimento, para que possam trazer para a sala de aula os subsídios necessários

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Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão – Região Sul

Elaboração de conceitos geográficos em estudantes com deficiência visual

Ruth Emilia Nogueira

Departamento Geociências UFSC – [email protected]

Gabriela Alexandre Custódio

Pós-graduação em Geografia UFSC – [email protected]

Adriano Henrique Nuernberg

Departamento de Psicologia UFSC - [email protected]

Stephanie Band Richardson

Departamento de Psicologia UFSC - [email protected]

Eixo temático: Teoria e Prática da Interdisciplinaridade

Resumo

Sabe-se que é escassa a literatura a respeito da elaboração do conhecimento formal na presença da deficiência visual,

que precisam ser baseadas em práticas educacionais voltadas às reais potencialidades da pessoa cega e em métodos

específicos no processo de ensino e aprendizagem que promovam as condições adequadas de acesso ao saber. Neste

sentido, no Laboratório de Cartografia Tátil e Escolar da UFSC, criado em 2006, vem sendo desenvolvidas pesquisas

com foco no desenvolvimento de recursos didáticos para o ensino da Cartografia e da Geografia para deficientes

visuais. Porém, apesar dos conhecimentos adquiridos, ainda não se sabia explicar, à luz da ciência, como os

deficientes visuais entendem o espaço geográfico. Desta maneira, no ano de 2010 se propôs no edital de Ciências

Sociais do CNPq/MEC/CAPES 02/2010, uma pesquisa conjunta entre pesquisadores da Geografia, Cartografia e

Psicologia com o objetivo de investigar o processo de elaboração de conceitos geográficos em deficientes visuais com

vistas a construir subsídios teóricos para a produção de materiais cartográficos e princípios pedagógicos com o intuito

de possibilitar o acesso ao conhecimento espacial por parte desse grupo social. A pesquisa teve duração de três anos e

contou com a participação de três grupos de participantes: crianças, jovens e adultos, com cegueira congênita. Na

ausência das barreiras que inviabilizam o acesso ao conhecimento, verificou-se que a cegueira não se mostrou

limitante para a compreensão de conteúdos tradicionalmente trabalhados de forma visual. É preciso dizer que esta

pesquisa propiciou a realização de uma dissertação de mestrado em Geografia, dois trabalhos de iniciação científica

em Psicologia e a aplicação inédita da abordagem da psicologia histórico-cultural na pesquisa em Geografia.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade, ensino, deficiência visual.

1. Introdução

Baseados na realidade de uma sociedade diversa e heterogênea, em que o ensino deve partir das

experiências dos alunos, a busca por conduzir um processo de construção do conhecimento que supra as

necessidades e as expectativas de todos os sujeitos do contexto escolar deve ser principal prioridade. Dessa

forma, a partir das referências advindas do alunado, os educadores devem formular métodos adequados ao

processo de mediação do conhecimento, para que possam trazer para a sala de aula os subsídios necessários

Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão – Região Sul

que auxiliem o desenvolvimento e a autonomia dos estudantes. Na perspectiva da valorização de um saber

contextualizado dentro das propostas de educação inclusiva, a interdisciplinaridade se mostra, cada vez

mais, como uma possibilidade no que diz respeito às práticas realizadas em sala de aula, e também às

pesquisas voltadas ao ensino. Como lembra Fazenda (1993), a real interdisciplinaridade deve ser antes de

tudo uma questão de atitude, que supõe uma postura única, um trabalho conjunto frente aos fatos a serem

analisados, nas mais diversas formas e manifestações do ato de ensinar e aprender.

Buscar conhecimentos acerca de como enfrentar a realidade atual da inclusão de alunos com

deficiência visual na rede de ensino regular do país foi o desafio assumido nesta pesquisa. Para tanto,

conduziu-se os trabalhos buscando compreender como acontece o processo de elaboração de conceitos

geográficos em pessoas com deficiência visual. Dessa forma, esta pesquisa foi conduzida no âmbito do

Laboratório de Cartografia Tátil e Escolar (LabTATE)1, a partir dos conhecimentos advindos da ciência

geográfica, da Cartografia e da Psicologia, em um parceria entre pesquisadores do curso de Geografia

(geógrafos e cartógrafos), do curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do

curso de Geografia (cartógrafos e geógrafos) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O método de investigação considerou a Teoria Histórico Cultural de Vygotski, aplicado em três

grupos distintos de deficientes visuais: crianças em fase de alfabetização, adolescentes cursando o ensino

médio e adultos universitários. Todos com cegueira congênita. Contou-se com a colaboração da Associação

Catarinense para Integração do Cego (ACIC)2, que indicou os participantes da pesquisa e disponibilizou o

espaço físico para a realização das aulas (encontros com os estudantes).

Como referência, esta pesquisa se baseou nas dificuldades (denominadas aqui de barreiras)

enfrentadas pelas pessoas com deficiência visual que as impedem ou dificultam o acesso às informações e ao

conhecimento em uma sociedade constituída a partir de padrões visuais. Barreiras estas, que prejudicam o

direito de ir e vir desse grupo social, em que o acesso à escola em condições de igualdade fica restrito ou é

negado devido à falta de condições mínimas de acessibilidade.

Esta realidade foi fator determinante para a realização desta pesquisa, assim como e as carências de

divulgação de informações reunidas em estudos e pesquisas sobre a elaboração de conceitos em sujeitos com

deficiência. Por outro lado, a colaboração dos sujeitos cegos e o trabalho de uma equipe multidisciplinar

constituíram-se como desafio e um caminho novo na construção de um conhecimento que pode vir a ser

1 O LabTATE – Laboratório de Cartografia Tátil e Escolar é um laboratório voltado para o desenvolvimento de pesquisa e

extensão nas áreas da Cartografia Tátil e Escolar, vinculado ao curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina,

coordenado pela professora Dra Ruth Emília Nogueira.

2 A ACIC desenvolve ações que visam promover a inclusão da pessoa cega, com baixa visão e outras deficiências associadas,

contribuindo para sua efetiva participação na sociedade. Pretende ser uma instituição de referência no apoio educativo,

habilitação, reabilitação integral e profissionalização (ACIC, 2012).

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apropriado por educadores e profissionais da educação básica que buscam superar suas próprias barreiras em

relação ao sujeito cego.

2. Alguns referenciais teóricos da pesquisa

Quando se pensou em uma pesquisa com o objetivo de investigar o processo de elaboração de

conceitos geográficos em alunos com deficiência visual como subsídio para a produção de materiais

didáticos táteis e elaboração de princípios pedagógicos de ensino de Geografia e Cartografia para deficientes

visuais, soube-se que este não seria um trabalho de uma única área do conhecimento. Os métodos existentes

em ambas as ciências são para a construção de conceitos a partir de sujeitos ditos “normais”, isto é sem

nenhum tipo deficiência. Porém, ao se buscar conhecimentos da área da Psicologia com intuito de conhecer

sobre as questões da educação de pessoas com deficiência visual no âmbito cognitivo, a teoria de Vygotski

se mostrou referência. Dessa forma, buscou-se no Tomo V da obra do autor - que trata sobre as questões

voltadas a defectologia, e mais especificamente nos textos em que elabora os princípios gerais da educação

de pessoas com deficiência (Vygotski, 1997a, 1997b, 1997d) e naquele em que se dedica ao problema do

desenvolvimento psicológico na presença da cegueira (Vygotski, 1997c) - o aporte teórico necessário para a

realização desta pesquisa . Ao revisar as perspectivas teóricas de seu tempo sobre o desenvolvimento e

educação de cegos, Vygotski (1997c) nega a noção de compensação biológica do tato e da audição em

função da cegueira e coloca o processo de compensação social centrado na capacidade da linguagem superar

as limitações produzidas pela impossibilidade de acesso direto à experiência visual.

Desta maneira, considerou-se que como disciplina, a Geografia tinha o aporte teórico, os conceitos e

os recursos que subsidiariam os trabalhados, mas de que forma esses conceitos deveriam ser abordados?

Como observar o processo de elaboração conceitual em curso durante a investigação? Como elaborar o

material cartográfico necessário na forma de leitura tátil? Para responder essas e outras questões, o

referencial teórico e metodológico da Psicologia foi fundamental, assim como a aprendizagem da

Cartografia Tátil. Da psicologia esperava-se obter conhecimentos dos estudos de Vygotski sobre a formação

de conceitos em pessoas cegas, como também o aporte necessário para a aplicação do método de análise

microgenético para conduzir os procedimentos de análise; da Cartografia, buscou-se os métodos de

elaboração de maquetes e mapas e os elementos que poderiam auxiliar na elaboração de conceitos

geográficos; e a Geografia trouxe os conhecimentos sobre os conceitos escolhidos, a forma de conduzir o

processo de ensino e aprendizagem, e também o método mais indicado para estimular os debates e

discussões dentro de processo de apropriação dos conceitos.

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Como destaca Severino (1998), tanto quanto o agir, também o saber não pode acontecer na

fragmentação: precisa se realizar na perspectiva da totalidade. E isso é válido tanto para as situações de

ensino e também de pesquisa. Dessa forma, o desfio da multiplicidade, expressão da riqueza da

manifestação do mundo em nossa experiência não nos exime da exigência da unidade, garantia da

significação especificamente humana que os indivíduos inauguram.

Nesta perspectiva, esta foi uma pesquisa realizada a partir dos princípios da interdisciplinaridade, que

de acordo com Nissani (1997) é uma prática que combina componentes de duas ou mais disciplinas, na

busca ou criação de novos conhecimentos, operações ou expressões artísticas. A educação interdisciplinar

combina componentes de duas ou mais disciplinas em um único programa de instrução. A teoria

interdisciplinar faz do conhecimento, pesquisa ou educação interdisciplinar o seu objeto principal de estudo.

Esta pesquisa uniu três áreas do conhecimento, com suas particularidades e interfaces com o intuito

de construir novos conhecimentos, ou seja, trouxe para a Geografia conhecimentos sobre as formas de

constituição da mente humana nos processos de aprendizagem e na elaboração e compreensão de mapas e

maquetes táteis. Dessa forma, as três áreas dos conhecimentos colaboraram para a compreensão e elaboração

dos conceitos durante as aulas realizadas, para a elaboração de uma metodologia de trabalho, e também, para

a construção e utilização do ferramental necessário para a construção de um saber significativo no processo

de ensino e aprendizagem de alunos com deficiência visual.

Para Fazenda (1995), a interdisciplinaridade é uma exigência natural e interna das ciências, no

sentido de uma melhor compreensão da realidade que elas nos fazem conhecer. Impõem-se tanto à formação

do homem como às necessidades de ação, principalmente do educador, e completamos, também do

pesquisador.

Siqueira (1995) defende a ideia de que a interdisciplinaridade aparece como uma nova forma de

institucionalizar a produção do conhecimento nos espaços da pesquisa, na articulação de novos paradigmas

curriculares e na comunicação do processo perceber as várias disciplinas; nas determinações do domínio das

investigações, na constituição das linguagens partilhadas, na pluralidade dos saberes, nas trocas de

experiências e nos modos de realização de parcerias.

Com parcerias, esta pesquisa mostrou como as diferentes áreas do conhecimento tendem a se

complementar, não como sobreposição, mas como complementação de saberes e conhecimentos, numa

relação dialética de construção e reconstrução, nos contexto em que se realizam. Como destaca Frigotto

(2008), a necessidade da interdisciplinaridade na produção do conhecimento funda-se no caráter dialético da

realidade social que é, ao mesmo tempo, una e diversa e na natureza intersubjetiva de sua apreensão, que nos

impõe distinguir os limites reais dos sujeitos que investigam e dos objetos investigados.

Considerando que o objetivo desta pesquisa era estudar como acontece o processo de elaboração de

conceitos de ordem espacial da ciência geográfica e outras subcategorias, em situações específicas de aula,

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era preciso considerar um método de análise do processo ainda não aplicado à Geografia. Dessa forma,

aplicou-se aos estudos geográficos o método de análise microgenético, utilizado nos estudos em Psicologia

para analisar o processo de elaboração dos conceitos a partir dos detalhes presentes nas enunciações que

ocorrem nos momentos de interação entre os grupos de pesquisares e pesquisados.

Como referência para a análise dos episódios com os grupos pesquisados, baseados em Cavalcanti

(2006), adotou-se uma postura voltada à ação docente centrada na construção dos conceitos pelos alunos

com base nas experiências cotidianas como parâmetros no processo de conhecimento. Segundo a autora, é

do confronto da dimensão do vivido com o concebido socialmente – os conceitos científicos – que se tem a

possibilidade da reelaboração e a maior compreensão do vivido, pela internalização consciente do

concebido. Levar em conta o vivido dos alunos implica aprender os próprios conhecimentos prévios e as

experiências em relação ao assunto estudado, o que pode vir a estimular a construção do conhecimento de

forma contextualizada, a partir de referências próximas à realidade de cada estudante.

Para que fosse possível e viável a realização de uma pesquisa interdisciplinar, baseada na união de

conhecimentos de áreas distintas do conhecimento, foram necessários encontros e reuniões para a exposição

dos conhecimentos específicos entre os pesquisadores, fazer leitura de bibliografias especializadas, para

depois discutir como seriam conduzidos os encontros (aulas) com os grupos participantes e a melhor forma

de analisar o material coletado.

Sobre o conhecimento interdisciplinar, Fazenda (1993) esclarece que este deve se realizar na lógica

da descoberta, em uma abertura recíproca, na comunicação entre domínios do saber, em uma fecundação

mútua e não se basear no formalismo que neutraliza todas as significações e possibilidades. Dessa forma,

considera-se a interdisciplinaridade como elo desta pesquisa, que buscou na socialização dos saberes

individuais das disciplinas envolvidas e nos conceitos do cotidiano trazidos pelos alunos o caminho para a

construção de conhecimentos elaborados por e a partir da coletividade.

3. Metodologia da pesquisa

Com intuito de desenvolver uma pesquisa com perfil interdisciplinar, ou seja, com a reunião de áreas

distintas do conhecimento, como a Geografia, a Cartografia e Psicologia, elegeu-se um método de trabalho

que atendesse à lógica da investigação, ou seja, uma pesquisa baseada na troca recíproca de comunicação

entre áreas distintas do conhecimento. Dessa forma, tomando como base os pressupostos da Teoria

Histórico Cultural de Vygotski, averiguou-se como ocorre o processo de elaboração de conceitos

geográficos em alunos com deficiência visual congênita. Para tanto, o foco de análise se baseou no processo

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de mediação semiótica3 construído na relação dos alunos com a professora e deles entre si. Assim sendo, foi

aplicada uma metodologia baseada em aulas realizadas em situações artificiais de ensino e aprendizagem4,

com a participação de grupos voluntários.

A princípio, a escolha pela realização de um trabalho pedagógico fora do contexto escolar e realizado

apenas com grupos específicos de alunos pode parecer incoerente com uma pesquisa que busca trazer os

princípios da inclusão educacional e que rejeita a segregação de grupos homogêneos. No entanto, de acordo

com a metodologia proposta, esta pesquisa foi conduzida em uma situação experimental com o intuito de

buscar evidências de um processo em construção, que se refere à elaboração de conceitos geográficos por

alunos cegos congênitos. Dessa forma, esta é uma pesquisa que utiliza o método genérico experimental de

Vygotski, o qual não é um modelo ou uma proposta de intervenção, mas uma proposta de investigação. Na

realidade, a opção pelo método em questão possibilitou estruturar uma situação de aprendizagem para

investigar o processo de formação de conceitos, e com isto, oferecer subsídios que possam ser aplicados em

ambientes escolares inclusivos.

Com os objetivos de pesquisa definidos, os trabalhos tiveram sequência com a organização das

atividades e a definição do público alvo participante. Para tanto, elegeu-se pessoas com deficiência visual

congênita, que foram organizadas em três grupos distintos: crianças em fase de alfabetização, adolescentes

concluintes da educação básica e adultos universitários, todos frequentadores da ACIC. Após o

planejamento e organização das atividades, finalizou-se o período de preparação com a elaboração dos

planos de aula e a confecção do material didático de apoio.

Fez parte do período de preparação das aulas a escolha dos conteúdos e dos conceitos que seriam

trabalhados nos momentos de aprendizagem. Essa foi uma das etapas da organização da pesquisa que exigiu

mais cuidado e atenção dos pesquisadores, pois os conteúdos escolhidos deveriam proporcionar aos alunos

relacionarem os saberes trazidos do cotidiano com os saberes científicos em discussão nas aulas. Dessa

forma, foram escolhidos conteúdos distintos para serem trabalhados com os diferentes grupos. Com as

crianças e adolescentes, buscaram-se conceitos geográficos que utilizassem como referência o espaço

próximo dos alunos, ou seja, que remetessem ao lugar de vivência dos participantes da pesquisa. E com os

adultos foram trabalhados conceitos mais complexos, que exigem um maior grau de abstração.

Com as crianças foram trabalhados noções básicas de orientação corporal, lateralidade, vizinhança,

caminho da casa até a escola, que foram apresentados como o objetivo de introduzir conceitos relacionados

ao espaço próximo de vivência dos alunos e também as primeiras noções de Cartografia. Para o trabalho

com os adolescentes foram escolhidos os conceitos de urbano e de rural, que estão diretamente relacionados

3 Medição semiótica é a medição social, onde os meios técnicos e semióticos ( a palavra, por exemplo) são sociais

(CAVALCANTI, 2005)

4 As situações artificiais de ensino e aprendizagem se constituem em momentos vivenciados fora do ambiente escolar.

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com a realidade e ao espaço vivido dos participantes dessa etapa. Além do urbano e do rural, foram

escolhidos outros conceitos relacionados ao tema, com destaque para conceitos de cidade e município e para

os aspectos físicos da cidade de Florianópolis. Optou-se também em trabalhar com noções básicas de

Cartografia, como simbologia, legenda, escala e algumas formas de representação do espaço, por se

acreditar que para compreender o espaço em que se vive o aluno precisa saber ler e reconhecer as

representações deste espaço.

Com o grupo dos adultos universitários foram trabalhados alguns dos conceitos-chave da Geografia,

como: espaço, região, paisagem e lugar, por serem conceitos que exigem um alto grau de abstração e

generalização na elaboração de uma rede conceitual.

Os momentos de aprendizagem contaram com a participação dos grupos de participantes cegos e de

uma professora (pesquisadora do projeto) que realizou as intervenções didáticas e preparou as estratégias

para a condução das aulas. Foram organizados alguns encontros, que variaram de grupo para grupo: com os

adolescentes foram realizados seis aulas com duração de aproximadamente 60 minutos; com as crianças

foram realizados quatro encontros, também de 60 minutos aproximadamente; e com os adultos, foi realizado

um único encontro de quatro horas duração. Todas as aulas ocorreram na ACIC, instituição que ofereceu o

aporte físico para a realização das intervenções e indicou os participantes para as aulas.

Como procedimento metodológico para análise dos momentos de interação entre os alunos e a

professora durante as aulas, foi aplicada a análise microgenética. Conforme Góes (2000 p. 9):

A análise microgenética consiste em uma forma de construção de dados que requer

atenção aos detalhes e o recorte de episódios interativos5, sendo o exame orientado

para o funcionamento dos sujeitos focais, as relações interativas e as condições

sociais da situação, resultando num relato minucioso dos acontecimentos.

Nesta abordagem metodológica são valorizados os detalhes, em que o diferencial da análise não está

na obtenção e mensuração de resultados, mas sim, em observar como acontece o processo em formação.

Segundo Meira (1994), a abordagem microgenética examina em detalhes as mudanças sutis nas relações

entres os agentes do processo e suas ações.

Como técnica recorrente para o registro dos episódios analisados à luz da análise microgenética,

empregou-se a videografia como recurso que permite observar e analisar os momentos de interação do grupo

focal com mais atenção aos detalhes, o que não seria possível apenas com as observações e os registros

descritivos realizados no momento do desenvolvimento das atividades. Para Wiles, et. al. (2005) prestar a

atenção não só no conteúdo do discurso, mas também nos gestos, nas emoções e expressões do pesquisado é

5 Um episódio interativo é definido pela atividade conjunta, desenvolvida na esfera motora e/ou através de produções vocais, por

dois ou mais sujeitos (CORDEIRO, 2000).

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muito importante e significativo para o resultado final da investigação. Minúcias que podem ser registradas

com o uso da videografia, o que torna o registro mais próximo do momento em que ocorreram. Meira (1994)

destaca que a videografia, ou o registro em vídeo de atividades humanas, pode ser considerada uma

ferramenta ímpar para a investigação microgenética de processos psicológicos complexos, pois permite

resgatar a densidade das ações comunicativas e gestuais.

Dos momentos vivenciados no processo de aquisição/construção dos conceitos geográficos pelos

grupos todos foram registrados em vídeo para que na sequência pudessem ser analisados.

O momento final de investigação ocorreu na forma de entrevista e foi pensado para ser um período

de socialização das impressões sobre o que foi realizado durante o processo de intervenção. Nesta

oportunidade, foi possível conhecer com mais profundidade as características individuais dos participantes

além de verificar as opiniões individuais sobre as práticas realizadas. Essa etapa de investigação não foi

realizada com o grupo das crianças.

Cabe lembrar que uma das prioridades da pesquisa foi estabelecer com os grupos pesquisados uma

relação de confiança, que pudesse criar um ambiente agradável para todos os envolvidos no processo. Como

pesquisadores, é preciso sempre partir da premissa que a participação e a manutenção do grupo de uma

pesquisa só ocorrem da forma desejada, se o trabalho for realizado de forma agradável e que desperte o

interesse de todos. Dessa forma, a escolha do método, das técnicas e dos recursos pode significar o sucesso

ou o fracasso de uma investigação devem ser vistos com cuidado, pois deles depende a realização de uma

pesquisa e consequentemente a obtenção de resultados.

4. Resultados e discussões

Em um processo de pesquisa que buscou a construção de uma saber científico contextualizado, a

junção entre os saberes de forma interdisciplinar foi um procedimento necessário, tanto no nível da pesquisa

teórica, quanto nas práticas desenvolvidas com os grupos. Nesse sentido, para observar e compreender o

processo de elaboração conceitual em estudantes com deficiência visual, mais do que apenas conhecer os

conceitos, a professora precisou conhecer os mecanismos de apropriação desses conceitos, tendo em vista

que a construção de um novo conceito, a partir dos conhecimentos trazidos pelos alunos, pode se tornar

difícil e confuso para muitos educandos. Durante a realização das aulas, essa foi uma dificuldade presente,

observada principalmente quando abordados os conceitos de cidade e município com o grupo de

adolescentes, momento que exigiu dos alunos e da professora o esforço que o exercício da ressignificação e

da internalização de novos conceitos requer. Da mesma forma, os momentos de tensão, que fazem parte do

processo de elaboração conceitual, também foram marcantes na aula realizada com os adultos,

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especificamente quando se trabalhou o conceito paisagem, devido às dificuldades do grupo de participantes

em compreender e abstrair a definição de um conceito com referências basicamente visuais.

As influências ambientais no desenvolvimento do indivíduo cego também foram marcantes e

puderam ser observadas durante a realização das etapas do projeto, ocorridas em Florianópolis, que é

referência deste estudo, e no Rio de Janeiro6. Enquanto na etapa de Florianópolis, o processo de construção

dos conceitos cumpriu todos os estágios do processo de apropriação de novos conhecimentos, a partir dos

referencias científicos que eram desconhecidos pelos alunos, na etapa do Rio de Janeiro, observou-se que os

conceitos trabalhados já estavam internalizados e que os alunos conheciam todas as referências científicas

trazidas, não demonstrando qualquer dificuldade em compreender o que foi apresentado.

De acordo com os resultados obtidos em Florianópolis e a partir das primeiras impressões e análises

realizadas com os dados coletados no Rio de Janeiro, observou-se que as expressivas diferenças entre as

duas etapas confirmam o diferencial de desenvolvimento do indivíduo cego. Distinções que estão pautadas

nas características individuais, nas experiências vividas por cada um e não propriamente na deficiência, visto

que os resultados refletem experiências de vida distintas e estímulos sociais diferenciados.

Neste contexto, Nunes e Lomônaco (2010) lembram que o desenvolvimento cognitivo do cego é

peculiar de cada indivíduo, assim como é em todo vidente, o que justifica pensar que o desenvolvimento da

pessoa com cegueira está muito mais relacionado a questões socioculturais (meio social, condição

econômica, influência cultural etc.) do que unicamente com a cegueira.

Como base para a condução e análise do processo de elaboração conceitual, utilizou-se duas

categorias distintas: os conceitos cotidianos e os científicos, que na concepção da Psicologia, especialmente

nos estudos de Vygotski, são a base para a construção dos conhecimentos de forma significativa e

contextualizada. Neste processo, as relações feitas a partir das representações cotidianas e científicas dos

conceitos discutidos foram o caminho que conduziu o processo de elaboração conceitual com os três grupos

pesquisados, mas de forma distinta. Com as crianças, o nível cotidiano no processo de elaboração foi

predominante durante as intervenções, tendo em vista que a referências concretas e práticas são muito

presentes e marcantes para essa faixa etária. Com o grupo de adolescentes esse foi um processo relacional,

ou seja, para conduzir a compreensão do conceito científico a referência cotidiana foi necessária. Já com os

adultos, os conceitos ficaram no nível mais abstrato, com definições basicamente de cunho científico e as

referências cotidianas foram utilizadas eventualmente, apenas quando necessário.

6 Como já foi mencionado anteriormente, a etapa do Rio de Janeiro fez parte deste projeto. Os episódios realizados no Rio de Janeiro

foram utilizados como exemplo por terem sido realizados no mesmo padrão aplicado em Florianópolis, seguindo também os requisitos

utilizados para a formação do grupo participante, que lá foi realizado apenas com os adolescentes, com a utilização dos mesmos recursos

e conteúdos.

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No exemplo a seguir, simulou-se a rede conceitual estruturada pelo grupo de adolescentes a partir

dos saberes científicos e cotidianos, observada nas enunciações dos alunos sobre os conceitos de cidade e de

município feitas durante as aulas.

Cabe lembrar que em um processo em que as referências trazidas pelos alunos são tão significativas,

para grupos constituídos apenas por alunos cegos é preciso destacar que os referenciais utilizados devem ser

outros. Diferentemente das aulas tradicionais em que a referência visual é predominante, o ensino pensado

para deficientes visuais deve priorizar outras formas de perceber e representar o mundo, como informações

táteis ou sonoras, que devem ser mais exploradas para atender a um alunado que se torna cada vez mais

heterogêneo. O referencial trazido pelo aluno cego para a sala de aula será baseado nas experiências que são

percebidas por ele por vias que não são visuais. O tato, a audição, o olfato, o sistema cinestésico, também a

linguagem como produto das relações sociais, oferecem ao deficiente visual inúmeras informações sobre o

mundo, que devem ser consideradas nas metodologias de ensino ao fazer parte dos conteúdos e do contexto

escolar.

Como destacam Nunes e Lomônaco (2010), ao considerar as particularidades da cegueira, o

professor que tem em classe um aluno cego estará mais apto a compreender que a cegueira é, dentre tantas

outras condições, mais um motivo que constitui o sujeito. Da mesma forma, é inegável que tal condição

impõe limitações ao processo de aprendizagem e ao desenvolvimento como um todo, mas uma vez que as

informações do mundo chegam por diferentes e variadas vias, o indivíduo cego apresenta tantas

possibilidades de se desenvolver quanto um vidente.

Nos estudos de Vygotski (1997a, 1997b, 1997c), também se encontra referência sobre a defesa da

integridade, da potencialidade cognitiva do cego, que precisa de condições favoráveis para que seja

desenvolvida de forma plena e sem nenhum prejuízo. A ideia de compensação da cegueira por outros

Fig. 1– Representação da rede conceitual elaborada a partir dos conceitos de cidade

e de município

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sentidos é desmistificada pelo autor ao defender que o único caminho possível para superação da cegueira é

mediante a interação social, construída na relação com o outro pela linguagem.

Dentro desta proposta, além de buscar conhecer o processo de elaboração conceitual em alunos

cegos, buscou-se também comprovar que com a aplicação de um método específico, de práticas e materiais

didáticos adequados, todo aluno cego possui potencialidade para se desenvolver plenamente. Pois, acredita-

se que o que pode fazer a diferença no processo de aprendizagem do deficiente visual são as condições

favoráveis oferecidas pelo meio.

Durante a pesquisa, para atender as especificidades do publico alvo, foi utilizado uma gama de

materiais e recursos didáticos adaptados para a versão tátil com o objetivo de sair do nível puramente

abstrato - que explicações basicamente verbais podem representar - e superar as barreiras informacionais

impostas por métodos e recursos constituídos por referências visuais. Nas práticas realizadas com o grupo

das crianças, a utilização dos recursos didáticos adaptados foi fundamental e indispensável, tendo em vista a

necessidade de se trabalhar os conteúdos e os conceitos da forma mais concreta possível, o que só foi

possível com a utilização dos recursos didáticos adaptados.

Das experiências vivenciadas na pesquisa, verificou-se que o uso dos recursos didáticos específicos,

como os mapas, as maquetes e os outros materiais foram indispensáveis e representativos à condução do

processo de investigação, tendo em vista a facilidade que os participantes tiveram de acessar e compreender

as informações contidas nos materiais utilizados. O mesmo argumento é apresentado por Nunes e Lomônaco

(2010) ao enfatizarem que sem o acesso a materiais adaptados (materiais em relevo, recursos sonoros) em

situação de aprendizagem, restringe-se uma ampla possibilidade de conhecimento do mundo para o

deficiente visual.

Dessa forma, a partir dos resultados da pesquisa, verificou-se que garantidas as condições ideais de

acessibilidade, o deficientes visuais, sem nenhuma outra deficiência associada, possuem condições plenas de

se desenvolver, pois a deficiência só se efetiva quando as condições de acesso não são devidamente

oferecidas e respeitadas.

5. Considerações Finais

Quando se propôs desenvolver uma pesquisa que não servisse como um modelo didático-

pedagógico, mas sim como uma ferramenta de investigação, a busca por subsídios que pudessem contribuir

significativamente ao ensino de Geografia para alunos com deficiência visual tornou-se o principal objetivo.

Para isso, buscou-se na interdisciplinaridade, ou seja, no trabalho conjunto entre três áreas do conhecimento:

a Geografia, a Cartografia e a Psicologia o caminho desta pesquisa.

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Dessa forma, diante do desafio de se pensar o ensino de Geografia para estudantes com deficiência

visual - sendo esta uma disciplina que possui como repertório uma quantidade significativa de conceitos

baseados em referências visuais - foi necessário se pensar a Geografia como uma ciência reflexível, aberta a

adaptações. Nesse sentido, percebeu-se a emergência da ciência geográfica em compreender e incorporar

novas propostas à pesquisa e ao ensino, como forma de enriquecer e diversificar o próprio repertório, a partir

de outros enfoques. Como ocorreu com os conhecimentos advindos da Psicologia, com a Teoria Histórico

Cultural de Vygotski, e com os conhecimentos advindos da Cartografia Tátil, apresentados nos estudos de

Jobson (1999); Perkins (2002); Nogueira (2009), (2010), (2011); Almeida (2011).

Dessa forma, a proposta de integrar áreas distintas do conhecimento, como a Geografia, a Psicologia

e a Cartografia, em um trabalho interdisciplinar confirmou a importância da socialização dos saberes para a

construção de um saber uno, que precisou superar as barreiras impostas pelas disciplinas como forma para

conduzir a construção de uma saber realmente significativo para todos.

Como resultado da investigação, pode-se observar que com as adaptações necessárias e com o

engajamento dos setores envolvidos e responsáveis pela educação básica do país, todo o aluno com

restrições visuais, das mais brandas às mais severas, possui condições plenas de frequentar uma sala de aula

regular. Para tanto, as iniciativas voltadas à efetivação da educação inclusiva devem superar os movimentos

baseados em ações pontuais e beneficentes, para que sejam encaradas como uma necessidade urgente e

assumidas por todas as esferas da sociedade.

Contudo, salienta-se que não se fala aqui da necessidade de algumas pessoas, mas de centenas de

milhares de cidadãos os quais precisam ser reconhecidos na alteridade, como seres humanos únicos que

possuem direitos e deveres que devem ser exercidos, como o acesso a uma educação de qualidade, pensada

para todos.

Como análise final do processo de pesquisa, considera-se que esse foi um processo marcado por

desafios e conquistas, como todo processo de ensino e aprendizagem precisa ser. Diante das dificuldades

enfrentadas, o auxílio dos alunos foi o diferencial dessa investigação, que teve na diversidade e

heterogeneidade dos grupos envolvidos a base para que o processo ocorresse tanto na relação dos alunos

com a professora, como também dos estudantes entre si.

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