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ELABORAÇÃO DE AÇÃO DE PREVENÇÃO DE QUEIMADURAS PARA PAIS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL GIMENIZ-PASCHOAL, Sandra Regina – UNESP Marília [email protected] MONTEIRO, Victor Bath Pereira Nunes- UNESP Marília [email protected] VILAS BÔAS, Bruna – UNESP Marília [email protected] KEPPLER, Maria Aparecida Brandão Bonadio - UNESP Marília - UNIVEM Marília [email protected] SILVA, Adilson Gonçalves – UNESP Marília [email protected] PASQUALINI, Elaine – UNESP Marília - FATEC Ourinhos [email protected] Eixo Temático: Educação e Saúde Agência Financiadora: Pró- Reitoria de Extensão da UNESP (PROEX) e Fundo de Pesquisa da Faculdade de Filosofia e Ciências – Campus de Marília Resumo As queimaduras infantis são responsáveis por atendimentos e internações hospitalares, causando mortes e danos diversos às crianças, aos seus familiares e à comunidade. As ações voltadas à prevenção de queimaduras são um dos caminhos mais creditados para a diminuição da ocorrência destes acidentes e os Ministérios de Educação e da Saúde têm indicado a necessidade destas ações, sendo a escola um local para ocorrerem e as famílias dos alunos um alvo importante. Entretanto, são escassos os subsídios para realizar ações desta natureza O objetivo desse estudo foi elaborar uma ação de prevenção de queimaduras para pais de alunos do ensino fundamental. Foram realizadas reuniões para discussão e definição da estratégia pelos membros do Grupo de Pesquisa Educação e Acidentes (EDACI). Como resultado, obteve-se uma ação que consistiu na montagem de um ambiente simulado de cozinha e de área de serviço de uma casa, com a colocação de cartazes, a entrega de folders com ilustrações similares às dos cartazes e a aplicação de um questionário antes e após a ação educativa com os pais dos alunos. Concluiu-se que ação elaborada apresenta viabilidade de ser realizada na escola, por incluir materiais que estão disponíveis, e facilidade de ser acompanhada pelos pais dos alunos. Palavras-chave: Prevenção de queimaduras. Pais. Alunos. Ensino fundamental.

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ELABORAÇÃO DE AÇÃO DE PREVENÇÃO DE QUEIMADURAS

PARA PAIS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

GIMENIZ-PASCHOAL, Sandra Regina – UNESP Marília

[email protected]

MONTEIRO, Victor Bath Pereira Nunes- UNESP Marília [email protected]

VILAS BÔAS, Bruna – UNESP Marília

[email protected]

KEPPLER, Maria Aparecida Brandão Bonadio - UNESP Marília - UNIVEM Marília [email protected]

SILVA, Adilson Gonçalves – UNESP Marília

[email protected]

PASQUALINI, Elaine – UNESP Marília - FATEC Ourinhos [email protected]

Eixo Temático: Educação e Saúde

Agência Financiadora: Pró- Reitoria de Extensão da UNESP (PROEX) e Fundo de Pesquisa da Faculdade de Filosofia e Ciências – Campus de Marília

Resumo As queimaduras infantis são responsáveis por atendimentos e internações hospitalares, causando mortes e danos diversos às crianças, aos seus familiares e à comunidade. As ações voltadas à prevenção de queimaduras são um dos caminhos mais creditados para a diminuição da ocorrência destes acidentes e os Ministérios de Educação e da Saúde têm indicado a necessidade destas ações, sendo a escola um local para ocorrerem e as famílias dos alunos um alvo importante. Entretanto, são escassos os subsídios para realizar ações desta natureza O objetivo desse estudo foi elaborar uma ação de prevenção de queimaduras para pais de alunos do ensino fundamental. Foram realizadas reuniões para discussão e definição da estratégia pelos membros do Grupo de Pesquisa Educação e Acidentes (EDACI). Como resultado, obteve-se uma ação que consistiu na montagem de um ambiente simulado de cozinha e de área de serviço de uma casa, com a colocação de cartazes, a entrega de folders com ilustrações similares às dos cartazes e a aplicação de um questionário antes e após a ação educativa com os pais dos alunos. Concluiu-se que ação elaborada apresenta viabilidade de ser realizada na escola, por incluir materiais que estão disponíveis, e facilidade de ser acompanhada pelos pais dos alunos. Palavras-chave: Prevenção de queimaduras. Pais. Alunos. Ensino fundamental.

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Introdução

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o acidente é definido

como todo acontecimento fortuito que implica em uma lesão reconhecível, constituindo-

se atualmente como importante problema pediátrico e de saúde pública, em razão de sua

incidência e danos à população (SOUZA; BARROSO, 1999).

Em meados da década de 80, o acidente era considerado cientificamente como

evento danoso que independia da vontade do sujeito, sendo provocado por forças

externas e ocasionando à vítima comprometimentos quer sejam físicos ou mentais.

Atualmente, este conceito tem evoluído e com isso, perdendo sua conotação de

imprevisibilidade, representando um evento previsível e prevenível (BRASIL, 2000).

Para Iunes (1997), os acidentes estão entre as principais causas de internações

hospitalares na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo responsáveis por gastos

consideráveis do governo federal. O autor aponta que há uma estimativa de que

aproximadamente 287 milhões de reais são gastos anualmente em consequência das

hospitalizações decorrentes dos acidentes.

Souza e Barroso (1999) realizaram um estudo com o objetivo de apresentar uma

revisão dos acidentes ocorridos com crianças. Foram realizadas pesquisas bibliográficas

e documentais para coleta dos dados. As autoras constataram que os acidentes são

frequentes tanto no Brasil quanto em outros países, merecendo atenção específica com

uma abordagem preventiva. Desse modo, é de suma importância o envolvimento de

profissionais de diferentes áreas do conhecimento, com o intuito de orientar pais,

responsáveis e crianças para a compreensão dos riscos do ambiente que os envolvem, de

modo a ter subsídios para evitá-los.

Neste sentido, outros estudos vêm demonstrando a importância da realização de

ações educativas para prevenção de acidentes infantis, visto que a prevenção é uma

aliada no que se refere à diminuição dos acidentes (PEREIRA, 2007; GONSALES,

2008; CARVALHO, 2008; OLIVEIRA, 2008; VILAS BOAS, 2010).

A Lei nº 9394/96, que institui as leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB),

determina que a educação é dever da família e do Estado, sendo inspirada nos princípios

de liberdade e de solidariedade humana, bem como tendo por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando (BRASIL, 1996).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam que o aluno deve conhecer

atitudes que possam modificar seu contexto e cotidiano, provocando assim a motivação

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para o auto cuidado. Deste modo, o aluno deve ter acesso ao conhecimento de atitudes

favoráveis e desfavoráveis à sua saúde, possibilitando a adoção de decisões relativas à

saúde individual e coletiva (BRASIL, 1997).

O Decreto nº 6.286, promulgado em 5 de dezembro de 2007, institui no âmbito

dos Ministérios da Educação e da Saúde, o Programa Saúde na Escola (PSE), cujo

objetivo é contribuir para a formação integral dos estudantes matriculados na rede

pública de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à

saúde, estabelecendo como uma de suas metas a redução da morbimortalidade por

acidentes e/ou violência (BRASIL, 2007).

Para Marcondes (1972), uma educação em saúde na escola implica a

preocupação com a formação de atitudes e valores que levam o aluno a práticas que

conduzem à saúde. Essa educação deveria, portanto, estar presente em todos os aspectos

da vida do escolar, integrando-se à uma educação global.

Valente (2009) afirma que para que haja segurança é impreterível haver

prevenção e antecipação quanto aos riscos de acidentes. Assim sendo, percebe-se a

relevância de uma educação cujos enfoques estejam voltados para a transmissão de

conceitos sobre práticas de prevenção, que se relacionam a antecipar consequências de

uma ação.

Sena, Ricas e Viana (2008) destacam que a atuação da família e da escola quanto

à prevenção de acidentes infantis é muito importante pela intensidade de sua presença

na vida das crianças, tanto afetivamente quanto pela relação de cuidado e de autoridade

que exercem com a mesma.

Com base nessa perspectiva, Pereira et al (2007) afirmam que o compromisso

com a prevenção de acidentes com crianças tem de ser encarado de uma maneira

responsável, contínua e envolvendo todos os profissionais que se dedicam à formação

desse pequeno ser em formação. Assim sendo, as abordagens e comportamentos

preventivos deveriam ser iniciados no âmbito familiar e ser extensivos ao contexto

escolar, devendo promover a participação da criança e de seus responsáveis.

De modo geral, percebe-se que a parceria entre educação e saúde consiste em

importante instrumento a favor da redução das taxas de morbimortalidade, entretanto, a

despeito do que se preconiza em leis e decretos oficiais, a temática dos acidentes

infantis ainda é pouco abordada no contexto educacional.

Neste sentido, acredita-se ser julga-se necessário o envolvimento de todos os

profissionais das áreas da saúde e da educação, estando estes cientes de no exercício de

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suas responsabilidades e compromissos, atuando de forma conjunta para ampliar as

possibilidades de obter resultados mais amplos e positivos, com o objetivo de propiciar

melhoras quanto à qualidade de vida da nossa população.

Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi elaborar e descrever uma ação

educativa sobre prevenção de queimaduras destinada a pais de alunos do ensino

fundamental.

Método

Este trabalho é parte do projeto AEPAI (Ações Educativas para Prevenção de

Acidentes Infantis: levantamento de subsídios, elaboração de estratégias, aplicação e

avaliação), iniciado a partir do Edital 024/2004 do CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico) em parceria com o Ministério da Saúde. A

elaboração da ação educativa foi realizada por membros do Grupo de Pesquisa

Educação e Acidentes (EDACI) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita

Filho, Campus de Marília, graduandos das áreas da saúde e da educação e mestrandos e

doutorandos da educação.

Materiais e instrumentos

Caixas de papelão de diferentes tamanhos, um fogão, caixa de fósforos, panelas

com cabo, travessa utilizada para preparo de alimentos, mesa pequena, uma toalha curta,

eletrodomésticos, tábua e ferro de passar roupas. Computador, Software Adobe

Illustrator, programa para a construção e edição de vetores, impressora colorida HP

multifuncional e papel tamanho A4.

Procedimentos

Foram realizadas reuniões entre os membros do Grupo de Pesquisa EDACI, a

fim de decidir qual seria a melhor estratégia a ser utilizada na ação educativa. Como já

haviam trabalhos anteriores realizados no Grupo que envolviam a temática de

prevenção de queimaduras com o uso de questionário e folheto educativo (GIMENIZ-

PASCHOAl, NASCIMENTO, PEREIRA, CARVALHO, 2007), entrevistas e folders

(GIMENIZ-PASCHOAL, PEREIRA, NASCIMENTO, 2009) e teatro de fantoches

(GIMENIZ-PASCHOAL et al, 2010), depois de levantar algumas possibilidades, como

palestras e materiais escritos, por exemplo, optou-se pela simulação de um ambiente da

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cozinha e da área de serviço de uma casa, locais da residência que concentram inúmeros

riscos.

Essa estratégia foi escolhida em função das vantagens que apresenta em relação

às demais. As palestras em escolas muitas vezes não são freqüentadas pelos pais pelo

fato de serem, em certa medida, demoradas. Os materiais escritos requerem uma

habilidade mínima de leitura, a qual nem sempre a população dispõe.

Assim, uma visita guiada com demonstração de fatores de risco e de prevenção

de queimaduras em ambiente que simula a realidade de uma casa mostrou-se como a

alternativa mais adequada. Além de ser uma proposta diferenciada, se comparada com

os recursos tradicionais, tem a vantagem de ser rápida e não exigir grandes habilidades

de leitura. Vale lembrar, ainda, que se trata de uma ação inclusiva, pois mesmo

responsáveis portadores de necessidades especiais visuais e/ou auditivas poderiam

acompanhar as orientações preventivas dessa proposta.

Para elaboração do roteiro de visita, os pesquisadores realizaram revisão

bibliográfica com o objetivo de identificar os principais fatores de risco de prevenção

envolvidos nos acidentes por queimaduras. Foi desenvolvido e submetido a juízes

experientes em pesquisa na temática de acidentes um roteiro de orientações com os

principais tipos de acidentes com queimaduras. Para cada situação de risco demonstrada

era sugerido o seu oposto, isto é, uma estratégia de prevenção.

Para complementar as orientações, foram elaborados cartazes, que também

foram avaliados por juízes, os quais ficariam no próprio local, e folders com figuras

similares às dos cartazes impressas.

Foi elaborado um pequeno questionário para investigar os conhecimentos dos

participantes antes e após as orientações. Além dos aspectos de risco e de prevenção, foi

incluído um item que não tem relação com os referidos aspectos, com o intuito de

diminuir possíveis vieses do instrumento. Dessa forma, se poderia aferir com um pouco

mais de precisão os conhecimentos prévios dos pais. Seguindo o mesmo padrão de

adequação dos materiais, foi enviado para avaliação de juízes.

A visita guiada foi simulada como membros do Grupo de Pesquisa, a fim de

verificar o tempo necessário para a realização da ação.

Resultados e discussão

Roteiro de orientação aos responsáveis por crianças durante visitação do cenário

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- Bom dia/ Boa tarde/ Boa noite

- Vocês têm alguma idéia de qual seria nosso objetivo com essa casa? O que

gostaríamos de mostrar para vocês?

[esperar alguns segundos para ver se alguém se manifesta]

- Estamos aqui hoje para trocar algumas informações com vocês que são

responsáveis por crianças a respeito da prevenção de acidentes infantis, especificamente

de queimadura. Serão alguns minutos que poderão ajudar na proteção de suas crianças.

- Vamos mostrar alguns exemplos de como podemos deixar nossa casa mais

segura quanto aos riscos para esses acidentes, na cozinha e na área de serviço.

- Neste ambiente, a cozinha, o que vocês conseguem perceber de proteção para a

ocorrência da queimadura?

[esperar alguns segundos para ver se alguém se manifesta]

Neste ambiente, a cozinha, o que podemos observar para a segurança de nossas

crianças?

1. Em relação às queimaduras, devemos deixar os cabos das panelas virados para

dentro do fogão, além de cozinhar, sempre que possível nas bocas de trás do fogão.

Assim, evitamos que as crianças alcancem as panelas e derramem líquidos quentes

sobre si, o que provoca queimaduras muitas vezes graves. Além disso, deve-se evitar

cozinhar com crianças no colo, pois elas podem inclinar o corpo em direção à panela

provocando, dessa maneira, queimadura.

[nesse momento, mostrar como devem ficar as panelas, colocando-as nas bocas

traseiras do fogão e com o cabo virado para o lado de dentro do fogão]

2. Também devemos colocar panelas, pratos com líquidos e alimentos quentes

no centro da mesa e evitar o uso de toalhas compridas, pois as crianças podem puxá-las

e, conseqüentemente, entornar o conteúdo quente em cima delas.

[nesse momento, mostrar como devem estar as panelas, pratos com líquidos e

alimentos quentes e sinalizar a importância do uso de toalhas curtas]

3. Os eletrodomésticos, como gril elétrico, forno elétrico, cafeteira,

liquidificador, sanduicheiras, etc. devem ser manuseados somente pelos adultos longe

das crianças.

[nesse momento, mostrar os eletrodomésticos]

4. As tomadas elétricas e interruptores também oferecem perigo. Devemos

sempre mantê-los encapados.

[nesse momento, mostrar as tomadas e interruptores encapados]

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- Já aqui na área de serviço, o que vocês conseguem perceber de risco para a

ocorrência da queimadura? [esperar alguns segundos para ver se alguém se manifesta]

1. A recomendação é sempre manter os produtos inflamáveis que provocam

queimaduras, como álcool, querosene, fósforo, longe do alcance das crianças e de

preferência em um armário trancado, guardando a chave em local seguro.

[nesse momento mostrar os produtos e trancar o armário]

2. Quando for passar roupa, não deixe as crianças brincarem ou passarem perto.

Além disso, é muito importante deixar o ferro esfriar em local que a criança não tenha

acesso, nem mesmo visual, pois ela pode tentar pegar de alguma maneira.

[nesse momento mostrar a tábua de passar roupa e o ferro]

- Esperamos que vocês tenham aprendido um pouco sobre como deixar vossas

casas mais seguras, buscando a prevenção dos acidentes infantis, principalmente de

queimaduras na cozinha e na área de serviço.

- Agradecemos pela atenção e pela participação de vocês.

Cartazes (ilustrações também impressas em folders).

Figura 1 – Cartazes mostrando situações seguras: panela no fogão com o cabo para trás e recipiente com alimento quente colocado no centro da mesa.

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Figura 2 – Cartazes mostrando situações seguras: eletrodoméstico sendo manipulado por pessoa adulta e produtos inflamáveis guardados em armário trancado e fora do alcance de crianças..

Figura 3 – Cartazes mostrando situações não seguras: criança perto de pessoa que usa o ferro de passar roupas e criança perto de pessoa que assa alimentos na churrasqueira.

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Figura 4 – Cartaz mostrando situação não segura: crianças perto de fogão com alimento sendo preparado.

Questionário

1) Sobre a ocorrência de queimaduras, classifique as situações abaixo de acordo

com sua opinião, preenchendo os parênteses com: (R) para a situação que apresenta RISCO, (P) para PREVENÇÃO, (SR) para a situação SEM RELAÇÃO (com queimadura) e (N) se NÃO souber. ( ) Preparo de alimentos nas bocas da frente do fogão.

( ) Cozinhar em fogão com cinco bocas.

( ) Manter produtos inflamáveis como álcool e querosene, longe do alcance das crianças, de preferência em um armário trancado.

( ) Deixar panelas quentes no centro da mesa.

( ) Cozinhar com criança no colo. ( ) Cabo da panela virado para dentro do fogão.

( ) Cozinhar com avental. ( ) Passar roupa próxima à criança.

( ) Cobrir a mesa com toalhas curtas. ( ) Aparelhos elétricos ao alcance de crianças.

Obteve-se uma ação que consistiu na montagem de um ambiente simulado de

cozinha e de área de serviço de uma casa, com a colocação de cartazes, a entrega de

folders com ilustrações similares às dos cartazes e a aplicação de um questionário antes

e após a ação educativa com os pais dos alunos.

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A partir das simulações realizadas com os membros do grupo de pesquisa,

concluiu-se que a atividade demanda em média sete minutos para sua realização, o que

demonstra sua viabilidade, por tomar pouco tempo e esforço dos participantes.

Gimeniz-Paschoal (1998) demonstrou em sua tese de doutorado que ações educativas,

ainda que rápidas, podem mudar comportamentos de risco dos responsáveis pelas

crianças e fazer com que eles adotem medidas de proteção.

Além disso, a ação proposta envolve poucos gastos, uma vez que,

provavelmente, toda escola dispõe de boa parte dos materiais descritos no método.

Sugere-se, ainda, como alternativa, que se faça na escola a mesma atividade utilizando,

em lugar dos objetos reais, materiais recicláveis, como papelão, plásticos, garrafas, etc.

para montagem do ambiente da cozinha. Essa atividade poderia inclusive fazer parte de

um projeto da disciplina de Artes.

Sugere-se que essa ação seja testada no contexto escolar, bem como, se possível,

que seja feito o acompanhamento das ocorrências de acidentes com as crianças. Isso

pode ser feito tanto em pesquisa com os pais, como nos prontuários dos postos de saúde.

Tem sido uma das prescrições das políticas públicas, derivadas dos Ministérios da

Saúde e da Educação, a de estabelecer parcerias a fim de reduzir os ainda elevados

índices de acidentes domésticos envolvendo crianças.

Conclusão

Considerando-se os objetivos deste trabalho, concluiu-se que a ação educativa

proposta é viável para ser realizada com pais de alunos do ensino fundamental,

facilitando a inserção da temática sobre prevenção de acidentes por queimaduras no

contexto escolar.

Seria sugestivo realizar o acompanhamento dos resultados das ações por meio de

pesquisas que verificassem conhecimentos dos pais decorrido algum tempo da

realização da ação, bem como verificar se outros resultados positivos seriam

observados em termos de diminuição dos riscos para queimaduras nas residências dos

escolares.

REFERÊNCIAS

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