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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO
EFEITOS DO USO DE PRÓTESES FIXAS SOBRE IMPLANTES
TIPO PROTOCOLO BRANEMARK NA ATIVIDADE
ELETROMIOGRÁFICA
DA MUSCULATURA DA MASTIGAÇÃO
EDMILSON BERSANI
Ribeirão Preto 2008
EDMILSON BERSANI
EFEITOS DO USO DE PRÓTESES FIXAS SOBRE IMPLANTES
TIPO PROTOCOLO BRANEMARK NA ATIVIDADE
ELETROMIOGRÁFICA
DA MUSCULATURA DA MASTIGAÇÃO
Ribeirão Preto 2008
Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Biologia Oral. Orientadora: Profa. Dra. Marisa Semprini
FICHA CATALOGRÁFICA Bersani, Edmilson
Efeitos do uso de próteses fixas sobre implantes tipo Protocolo Branemark na atividade eletromiográfica da musculatura da mastigação. Ribeirão Preto, 2008.
88 p.; 30cm
Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto/USP – Área de concentração: Biologia Oral.
Orientadora: Semprini, Marisa. 1. Prótese Protocolo Branemark. 2. Implante. 3.
Eletromiografia. 4. Músculos masseter e temporal.
CANDIDATO: Edmilson Bersani
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: Efeitos do uso de próteses fixas sobre implantes tipo
Protocolo Branemark na atividade eletromiográfica da musculatura da mastigação.
A comissão julgadora dos trabalhos de defesa da dissertação de mestrado, Faculdade
de Odontologia de Ribeirão Preto (USP) – área de concentração Biologia Oral, em
sessão pública realizada em ………/………/………….. considerou o
candidato…………………………………..
BANCA EXAMINADORA
1. Presidente: Prof(a). Dr(a). …………………………………………………………………………
Instituição………………………………………………………………………………………………………….
Assinatura………………………………………………………………………………………………………….
2. Prof(a) Dr(a). …………………………………………………………………………………………
Instituição………………………………………………………………………………………………………….
Assinatura………………………………………………………………………………………………………….
3. Prof(a) Dr(a). …………………………………………………………………………………………
Instituição………………………………………………………………………………………………………….
Assinatura………………………………………………………………………………………………………….
MENSAGEM
Certa vez alguém me disse:
Grande parte da beleza do oceano reside em sua localização.
Humilde, ele se localiza nas porções mais baixas da terra, de tal maneira,
que possa receber as águas provenientes, das fontes, regatos, riachos e
rios. Assim é construída sua força e imensa grandeza.
A construção do saber também segue esta premissa. Eu acredito.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho e seus frutos à Odontologia.
Ciência, Arte e Profissão, que com sua imensa honra e modéstia emprega
esforços imensuráveis a serviço da saúde e bem estar da humanidade.
A ela agradeço por ensinar-me a ser paciente, ajudar a curar, e sempre
servir.
A ela agradeço por dar sentido à minha existência.
Sim, é imperioso sorrir.
DEDICATÓRIA ESPECIAL
Dedico este trabalho à minha esposa Estela, cândida e firme, sempre
acreditou e incentivou projetos relativos ao desenvolvimento de minha
carreira. Com sua participação tudo se tornou possível. Sua presença
possibilitou realizar meu sonho de aprendizado, concretizado pela luz de
nossos filhos Érica, Lígia e Enzo. Suas presenças elevaram-me à condição
de homem afortunado por Deus.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
À Profa. Dra. Marisa Semprini, minha orientadora que com sua tenacidade,
flexibilidade, complacência e receptividade, de tudo fez para que me sentisse
confortável durante esta jornada. Sua postura de liderança agregadora é lição que
emociona. Seu otimismo e simplicidade encantam. Agradeço por sempre acreditar.
Ao Prof. Dr. Mathias Vitti cuja presença evoca inspiração ao trabalho e resume as
láureas possíveis pelo dever cumprido ao largo de uma vida dedicada ao ensino
pesquisa e retidão.
Obrigado por me permitir observá-lo.
À Profa. Dra. Simone Cecilio Hallak Regalo, minha mentora, amiga, anjo da
guarda. Com ela tudo teve início, seu incentivo abriu um novo universo para minha
carreira. Sua condução facilitou o caminho propiciando suavidade e leveza ao trajeto.
Sua capacidade gestora determinou a chegada segura. Por sua inabalável confiança
e apoio, me senti protegido e guiado em todos os momentos, isso torna natural seu
nome gravado em meu coração.
À C.D. MS. Carla Moreto Santos, que com sua sabedoria, seu trabalho, seu
empenho, tornou-se responsável por orientar e monitorar os momentos mais
estratégicos desta caminhada. Seu despojamento, sua postura e apoio foram
elementos propulsores do desenvolvimento deste trabalho. Sempre disponível,
zelando pelo sucesso da empreita, se tornou inesquecível, espero que minha gratidão
de aluno toque seu coração e que eu possa aplaudir suas muitas conquistas futuras.
À Profa. Dra. Selma Siéssere, por sua acolhida e convívio cortez. Sua participação
neste trabalho reflete o espírito de equipe que graça em seu departamento.
Ao Prof. Dr. Jaime Eduardo Cecílio Hallak pela amizade e colaboração com a
interpretação dos resultados e estatística deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
A Deus por tudo, muito. Sempre mais que mereço.
Aos meus pais Vilma e José, que sempre se esforçaram para ir além do possível.
Que minha gratidão acompanhe as recompensas divinas dedicadas àqueles que não
esmoreceram diante do desafio.
À minha esposa Estelamaris, esteio de nossa família. Sua benevolência permitiu-me
dedicar a este projeto sem sobressaltos. Aplainando o caminho na esperança de que
as lutas fossem coroadas por vitórias, é responsável capaz, por manter viva nossa
família. Obrigado por sua crença.
Aos meus filhos Érica, Lígia e Enzo. Sabedores ou não, eles me proporcionam
freqüentar a grande universidade da vida e a honorável disciplina da paternidade.
Agradeço por sua luz, pelos ensinamentos diários que nosso convívio permite. Sinto-
me agraciado por esta oportunidade.
À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO em especial à FACULDADE DE
ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO/ FORP-USP por seus inegáveis esforços
na busca da excelência de sua missão.
Aos membros da Coordenação do Curso de Pós-graduação em Reabilitação
Oral vigentes em julho de 2008 que me deram a oportunidade de cursar o mestrado
nesta área.
Aos professores credenciados no programa de Pós-graduação em
Reabilitação Oral por seus talentos e sua atuação determinantes, despertando em
meu interior a sensação de completo amparo no processo de aprendizado. Todas as
palavras de gratidão são insuficientes diante do mérito.
Aos Colegas que compartilham os trabalhos no laboratório de eletromiografia Luiz
Gustavo de Sousa, Paulo Batista Vasconcelos, Sandra Valéria Rancan,
Rosaly Facioli Homem de Mello, Lâner Botrel Rosa pela troca de experiências e
colaboração para com as atividades desenvolvidas no laboratório. Nosso convívio
sadio representa união e aceitação. Que todos possam atingir sucesso em seus
projetos.
Aos meus colegas de turma de mestrado que com carinho e respeito me
receberam em seu convívio, contribuindo muito para o meu crescimento. Dividiram
comigo incontáveis momentos bons vividos nesta escola durante o curso.
Às secretárias Regiane C. Tirado Damasceno, Isabel Cristina Galino Sola e
Regiane Moi Sacilotto pela dedicação ao trabalho e prontidão em solucionar os
problemas enfrentados por nós pós-graduandos.
Aos funcionários dos laboratórios da FORP/USP, por sua disposição e auxílio na
elaboração de todos os trabalhos de pesquisa.
Aos meus pacientes particulares que souberam entender minhas ausências e
foram unânimes no incentivo para conclusão deste desafio. Espero retribuí-los com
dedicação e competência.
Às minhas fiéis secretárias e colaboradoras Srtas. Valdirene Dias e Jane Mary
Silvestre Gomes que com suas atitudes e interesse tornaram mais amenas as
dificuldades geradas pelas ausências em nosso ambiente de trabalho. Nelas, nossos
pacientes encontraram amparo no atendimento de suas necessidades. Essa
conquista também pertence a vocês.
Aos Voluntários que com sua participação nesta pesquisa, contribuíram de maneira
decisiva para evolução do conhecimento.
À CD. Heloísa Helena Paula P. Prata, amiga fiel que comigo compartilha
interesses de progresso profissional e de trabalho honrado dedicados aos nossos
pacientes. Seu apoio nesta jornada foi estímulo preponderante diante da tarefa. A
união em torno de nossos ideais e do desejo do melhor para nossas carreiras, é
verdade recíproca e inequívoca. Agradeço por sua lealdade.
A todos aqueles que direta ou indiretamente me incentivaram e
contribuíram para a execução deste trabalho.
Especial gratidão é dedicada ao Instituto Latino Americano de Pesquisa e
Ensino em Odontologia, na pessoa do Prof. Dr. Geninho Thomé, por
disponibilizar sua equipe, instalações e pacientes, sem medir esforços para viabilizar
esta pesquisa. Sua participação evidencia o caminho de interação entre instituições
para profícuo crescimento da pesquisa neste país. Sua visão dos destinos de nossa
profissão e sua atuação para torná-los realidade, já são elementos que constroem a
história da Odontologia em nosso país. Sua amizade nascida imaculada e mantida
pela identidade natural de nossas condutas e ideais ampliou-se ao longo destes
últimos quinze anos. Seu apoio irrestrito e seu trabalho são características marcantes
do líder nato, capaz de agregar em torno de si, aqueles que amam o progresso e o
saber. Que continue a ser a luz, apontando nosso caminho. Obrigado.
SUMÁRIO
pg.
RESUMO........................................................................................................... 12
ABSTRACT........................................................................................................ 13
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14
2. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 19
3. PROPOSIÇÃO............................................................................................... 37
4. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 39
Seleção dos Voluntários ...................................................................... 40
Coleta de Voluntários.......................................................................... 41
Eletromiografia................................................................................... 41
Mastigação Habitual ........................................................................... 44
Análises dos Dados............................................................................. 45
5. RESULTADOS............................................................................................... 46
6. DISCUSSÃO ................................................................................................. 61
7. CONCLUSÕES .............................................................................................. 71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 73
ANEXO ............................................................................................................. 87
RESUMO
BERSANI, E. Efeitos do uso de próteses fixas sobre implantes tipo Protocolo Branemark na atividade eletromiográfica da musculatura da mastigação. 2008. 88 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2008.
Historicamente a total perda da dentição prejudica o desempenho funcional da
população. Preocupada com esta realidade a Odontologia criou métodos de
reabilitação destes indivíduos desdentados. Entre eles, destacam-se as Próteses
Totais Removíveis, que apesar de amplamente utilizadas, ainda não representam o
ideal de reabilitação bucal. Com o aparecimento dos implantes dentais propostos por
Bränemark, a associação entre próteses totais mandibulares e implantes instalados
na região anterior da mandíbula tornou possível um novo conceito de tratamento do
desdentado, provendo-o de aparato protético fixado aos implantes por meio de
parafusos. Estudos longitudinais multicentricos validaram este conceito terapêutico,
porém avaliações objetivas sobre sua influência no sistema estomatognático são
necessárias. O protocolo Branemark otimiza a capacidade cinestésica dos indivíduos
desdentados, anteriormente prejudicada. O método científico capaz de suportar esta
constatação é a eletromiografia de superfície. Amplamente empregada em outros
seguimentos da medicina, a eletromiografia foi utilizada neste estudo para avaliar um
protocolo de simulações funcionais, tais como: repouso, trituração de alimentos com
diferentes texturas, movimentos mandibulares, projetado para comparação entre
indivíduos adultos dentados (grupo controle) e indivíduos reabilitados por Protocolo
Branemark. Concluiu-se que o uso de Protocolo Branemark gerou um equilíbrio da
atividade eletromiográfica dos músculos testados durante a manutenção das
posições posturais e propiciou padrões de contração eletromiográfica semelhantes
aos padrões desenvolvidos pelos indivíduos dentados na mastigação
ABSTRACT
BERSANI, E. Using fixed prosthesis on implants Branemark Protocol: the effects over the masticatory musculature’s electromyographic activity. 2008. 88 f. Dissertation (Masters) - Ribeirão Preto Dental School, University of São Paulo, Ribeirão Preto, 2008. Historically a total loss of teeth impairs the functional performance of the affected
population. Concerned about this reality, the Dentistry has created rehabilitation
methods for those toothless individuals. Among the most popular methods is the
Fully Removable Prosthesis, which although widely used, does not represent the
ideal of a buccal rehabilitation. Subsequently to the dental implants proposed by
Bränemark, the association between the fully mandibular prosthesis and mandibular
anterior area implants, enabled a new concept of treatment for the toothless,
providing them with a prosthetic apparatus attached to implanted fixations.
Longitudinal multicentered studies validated this therapeutical concept, but objective
evaluations are made necessary, especially on their influence on the stomatognatic
system. The Branemark protocol optimizes the previously harmed kinesthetic
capacity of the toothless. The scientific method that can support this is the
electromyography of the surface. Largely used in other segments of medicine, the
electromyography has been used in this study to evaluate a protocol of functional
simulations, such as: relaxation, triturating of foods with different textures, jaw
movements, to compare adults with natural teeth (controlled group) and individuals
rehabilitated by the Branemark Protocol. In conclusion, the use of Branemark
Protocol generated equilibrium of the electromyography activity of the tested
muscles during the postural positions and propitiated electromyographyc contraction
standards similar to the standards developed by normally toothed individuals during
chewing.
1. INTRODUÇÃO
Introdução 15
A transição da condição de indivíduo dentado para desdentado implica em
fortes adaptações fisiológicas, funcionais e especialmente psicológicas, onde a
diminuição da auto-estima torna-se circunstância freqüentemente observada nestes
indivíduos. A perda dental determina alterações substanciais no sistema mastigatório,
as quais afetam o osso, a mucosa bucal e a função muscular. Os arcos dentais
apresentam estruturas especificamente destinadas ao alojamento e manutenção dos
dentes, possibilitando a execução de suas funções.
A deterioração do sistema estomatognático, iniciada com agressões à
anatomia dos elementos dentais, evolui e atinge as bases ósseas. Quando avulsões
dentais são indicadas para eliminação de patologias localizadas, o osso alveolar
tende a sofrer reabsorção, com pequena neoformação óssea, ocasionando
desequilíbrio. A mucosa apresenta número reduzido de receptores, diminuindo assim,
o número de impulsos aferentes, o que influencia conseqüentemente o controle e a
atividade muscular, além de alterações relacionadas com a articulação
temporomandibular. Estes eventos determinam importantes alterações funcionais
resultando no aparecimento de fatores limitantes da manutenção da normalidade do
sistema estomatognático. Referências anatômicas alteradas, aliadas à dificuldade da
técnica restauradora, naturalmente evidenciam quão difícil pode ser a reabilitação
oral (PIANCINO et al., 2005).
Diversos autores consideram indivíduos desdentados verdadeiros inválidos
bucais, mutilados e de maneira semelhante aos indivíduos portadores de próteses
totais, possuem capacidades funcionais mastigatórias reduzidas, quando comparados
com indivíduos dentados naturais (CARLSSON, 1984; PIANCINO et al., 2005).
Introdução 16
Perdas dentais associadas a extensas reabsorções ósseas dos processos
alveolares e das cristas dos rebordos residuais reduzidas, aliadas as condições das
próteses totais utilizadas foram avaliadas por vários trabalhos (MANLY; VITON, 1951;
SANTOS, 2005).
Tornou-se consenso que o tratamento com próteses totais tem seus limites
estabelecidos como satisfatório ou adequado, quando fatores como perdas ósseas
estão presentes. Em contrapartida, o interesse pelo estudo da osseointegração
estimulou pesquisas que comprovaram sua eficácia, com altas taxas de sucesso.
Mais ainda, importantes benefícios dos implantes como a capacidade da transmissão
de estímulos funcionais às bases ósseas e conseqüente manutenção dos processos
fisiológicos de remodelação evitando a indesejável perda óssea, o que contribui
significativamente para manutenção do sistema estomatognático foram observados.
As dificuldades funcionais e limitações sociais apresentadas pelos indivíduos
portadores de próteses totais poderiam ser minimizadas com a aplicação das bem
sucedidas evidências do conceito de osseointegração em suas diferentes
modalidades (BRÄNEMARK et al., 1987).
Preocupados com esta realidade, Bränemark e colaboradores introduziram na
década de 60, um conceito de tratamento dedicado àqueles indivíduos intitulados
mutilados dentais ou inválidos orais. Tratava-se de uma prótese fixa parafusada
sobre implantes (fixações) introduzidos no endósteo. Utilizando uma técnica cirúrgica
com trauma controlado instalavam-se cinco implantes na região anterior da
mandíbula, entre as emergências dos forames mentuais. Os implantes eram
mantidos subgengivais por quatro meses. Após este período, nova cirurgia gengival
era executada com a finalidade de expor os implantes e sobre eles, instalar os
Introdução 17
componentes protéticos intermediários (abutments), conferindo aos mesmos a
capacidade de sustentação a uma prótese fixa, confeccionada a partir de uma
estrutura metálica, que se estendia além dos forames mentuais, e sobre a qual eram
prensados dentes de resina acrílica. Na maxila, o indivíduo continuava sendo
portador de uma prótese total. Esta técnica foi denominada de protocolo Branemark.
Este tipo de reabilitação foi avaliado por meio de estudos prospectivos
longitudinais multicêntricos, e apresentou expressivas taxas de sucesso ao longo de
trinta anos de seguimento, comprovando ser possível contemplar os indivíduos
reabilitados com a reposição de referências alteradas, tais como dimensão vertical de
oclusão, relação cêntrica, suporte muscular e principalmente, capacitando os
indivíduos ao exercício da função mastigatória, tendo em vista que, a efetiva
retenção e estabilidade do aparelho protético possibilitam ciclos mastigatórios
reprodutíveis em trajetórias previsíveis para o sistema neuromotor dos indivíduos
avaliados (BRÄNEMARK et al., 1980).
Na prática clínica, os pacientes apresentam com este tipo de reabilitação,
oclusão estabilizada gerando considerável melhora na atividade muscular e nos
movimentos mandibulares. Como resultado, este conceito de tratamento, teve sua
indicação ampliada a fim de melhorar a satisfação e conforto mastigatório de
indivíduos totalmente desdentados (KARKASIS et al., 2002).
A aplicação de extensa reabilitação oral para indivíduos mutilados pode
influenciar a atividade muscular e também outras estruturas, tendo em vista que o
órgão reabilitado é parte integrante de um sistema, cuja função mastigatória normal
necessita de harmoniosa interação entre as diferentes estruturas que o formam
(ROSEMBAUER et al., 2001).
Introdução 18
Um eficiente recurso diagnóstico para análise das implicações determinadas
pelas reabilitações protéticas implanto-suportadas, muito utilizado atualmente, é a
eletromiografia de superfície (EMG). Trata-se de recurso de pesquisa utilizado na
avaliação, detecção e registro dos potenciais elétricos das fibras musculares
esqueléticas (SULLIVAN; SCHMITZ, 1993). Por meio da eletromiografia é possível
saber como e quando um músculo é ativado e ainda determinar como a coordenação
do movimento de diferentes músculos envolvidos no processo de mastigação é
estabelecida. Desta forma, torna-se importante o estudo da atividade muscular pré e
pós reabilitação protética, para comprovar a devolução da eficiência mastigatória do
sistema, anteriormente prejudicada e ainda nessas condições o estudo
eletromiográfico da variação das contrações dos músculos masseter e temporal
podem oferecer subsídios complementares sobre o mecanismo neurofisiológicos que
orientam as atividades do sistema mastigatório.
Estes dados irão permitir melhor diagnóstico e prognóstico do tratamento de
reabilitação protética dos indivíduos mutilados dentais, pois baseiam-se em
evidências de pesquisa e trazem como conseqüência adequadas condições morfo-
fisiológicas, na auto-estima, nos relacionamentos sociais e conseqüentemente na
qualidade de vida destes indivíduos tratados.
2. REVISÃO DA LITERATURA
Revisão da Literatura 20
O termo “implantar”, do latim implantare, plantare in, foi encontrado pela
primeira vez na tradução anônima das obras do filósofo Alexandrino Orígenes por
volta de 185 - 254 a.C. (MATTAR; LIMA, 2008).
A perda da dentição é uma característica da existência humana, não sendo
surpreendente o fato da história da substituição dental ser tão antiga (PADOVAN et
al., 2008). Descobertas antropológicas na Europa, no Oriente e na América Central
têm indicado que a tentativa de reposição de dentes perdidos usando materiais
homólogos ou aloplásticos, tais como dentes de animais ou humanos, ossos
esculpidos, peças de marfim e madrepérola, remontam um passado muito antigo
(ARNAUDOW; GERLICHS, 1972; CARNEIRO, 1999).
Civilizações sul-americanas e povos do Egito antigo já experimentavam o
reimplante de dentes perdidos com marfim ou madeira, esculpidos manualmente.
Outro exemplo são os etruscos que, há 2.500 anos, substituíam dentes perdidos por
dentes formados a partir de ossos bovinos (SULLIVAN, 2001). Também foram
encontrados, em escavações Maias, pedaços de conchas esculpidas, semelhantes a
incisivos inferiores. A presença de tártaro na face lingual, bem como exames
radiográficos, evidenciaram a utilização dos implantes em vida (CARNEIRO, 1999;
OLIVEIRA, 2006).
Por volta de 1100, Alabucassim foi supostamente o primeiro a indicar
retransplante e implantação de dentes sugerindo que estes eram procedimentos
médicos aceitáveis para repor dentes perdidos (ARNAUDOW; GERLICHS, 1972). Este
método foi comumente utilizado por séculos, em especial no século 18 onde se
tornou moda na França e Inglaterra. Indivíduos de classes sociais mais altas
pagavam para remover dentes de indivíduos jovens e transplantá-los. Devido às altas
Revisão da Literatura 21
taxas de insucessos, perigo de transmissão de doenças como tuberculose e sífilis,
estes procedimentos caíram em descrédito (SPIEKERMANN, 1995).
O conceito de implante com materiais diferentes do osso, com finalidade de
reconstrução e estabilização protética, foi introduzido em 1560, quando placas de
ouro foram utilizadas para reparo de defeitos de fenda palatina (PETERS; JACKSON,
1974). Atualmente o termo Implantação é definido como a transferência de tecido
não vivo para um sistema biológico (SPIEKERMANN, 1995).
Com o desenvolvimento das Ciências Naturais nos séculos 18 e 19 e a
transferência do conhecimento científico para a área odontológica, novamente
numerosas tentativas de repor dentes perdidos foram propostas. Vários autores
propuseram diferentes materiais como borracha, ouro, porcelana, marfim,
desenhados com formas semelhantes às raízes dentais e aplicados em alvéolos
artificialmente criados (CRAWFORD, 1989a e 1989b). Merecido destaque deve ser
conferido a Maggiolo, que em 1807, instalou o primeiro implante no endósteo
utilizando o ouro como material (BOBBIO, 1984). Desde então, implantes foram
feitos de diversos materiais e formas, mas sempre apresentavam problemas, devido
à falta de biocompatibilidade (FERREIRA et al., 2007). A aparente razão para estas
tentativas era puramente estética, já que esforços para restabelecimento da função
mastigatória foram infrutíferos.
Perry, em 1888, recomendava que a conexão do implante com os tecidos
duros deveria apresentar grande estabilidade no período inicial de cicatrização.
Hartmann foi o primeiro autor a expandir a indicação de implantes, para além de
perdas unitárias. Em 1891 ele propôs que dentaduras poderiam ser fixadas a
implantes aloplásticos em forma de raiz dental por meio de parafusos, entretanto,
Revisão da Literatura 22
um grande número de fracassos com implantes em forma de raiz levaram
rapidamente sua técnica ao desuso (ROCHA, 1996).
Em 1901, Edwin J. Greenfield apresentou o primeiro registro de patente de
um implante, em Kansas, EUA, confeccionado em irídio e platina. Porém, estava
destinado ao fracasso, tendo em vista que o material utilizado não era biocompatível
(EMBACHER FILHO, 1993). Em 1913, este mesmo pesquisador, idealizou um
desenho de implante para recuperar estética e função, que serviu de base para
criação do atual implante STRAUMANN. Kauffer propôs o uso de implantes
espiralados em 1915, para resolver demandas funcionais de desdentados parciais
(BOBBIO, 1984).
Um importante marco no desenvolvimento da Implantodontia ocorreu em
1937 com a publicação dos trabalhos de Venable e Stock, que fizeram análises
eletrolíticas de metais puros e ligas envolvidas nos processos de implantações em
tecidos vivos. Estes trabalhos foram úteis para a compreensão dos insucessos
ocorridos até então. Os autores relacionaram os fracassos com a instabilidade
química dos metais e ligas determinadas pela corrosão. A partir desta constatação,
vários estudos foram conduzidos para se determinar a biocompatibilidade dos
materiais e seu comportamento biomecânico no osso, que culminaram com o
aprimoramento do desenho dos implantes baseados em princípios científicos mais
consagrados. Os autores propuseram um implante com corpo rosqueável,
semelhante a um parafuso de madeira. Também introduziram uma liga de cromo
cobalto molibidênio, batizada de vitálio.
Ainda em 1937, Venable e Stock colocaram os primeiros implantes bucais com
sucesso na Universidade de Harvard. Estes autores testaram uma série de implantes
Revisão da Literatura 23
desta liga em animais e seres humanos. Estes implantes foram colocados
imediatamente após a extração de um dente e nenhuma complicação ou reações
pós-operatórias foram registradas. Secções histológicas dos implantes revelaram
notável tolerância tecidual para os implantes vitallium. Eles seguiram alguns dos seus
pacientes com sucesso por mais de quinze anos.
Salvatore Formiggini (1942) apresentou um modelo de implante endósseo e
implantou no alvéolo um elemento metálico, biocompatível, em forma de parafuso
com espirais, imaginando que esse tecido ficaria mais aderido ao osso.
Utilizando a liga vitálio, Gustav Dahl, introduziu em 1943, a técnica dos
implantes sub-periósteos (justa-ósseos), os quais não atingiam a região endosteal,
sendo considerados implantes de superfície. Tratava-se de estruturas esculpidas
sobre modelos de gesso, obtidos por moldagens diretas do rebordo ósseo, que uma
vez fundidas eram instaladas justapostas ao osso basal com o intuito de apoiar
dentaduras fixadas sobre estas estruturas. Porém elas apresentavam a formação de
tecido conjuntivo fibroso encapsulado ao seu redor. Apesar do aprimoramento da
técnica, a instabilidade das próteses sobre estes implantes determinou falta de
previsibilidade de resultados, tornando sua aplicação invalidada (SERSON, 1985).
Importantes problemas relacionados a recessões gengivais, e conseqüente
exposição de espirais decorrentes de reabsorções ósseas alveolares, baixa
estabilidade primária, bem como haste-núcleo protético reduzidos, foram observadas
no acompanhamento dos implantes do tipo parafuso helicoidal, indicado para
implantações imediatas, apresentado por Formiggini em 1947. Estes implantes
sofreram modificações com Rafael Cherchève (1962), que confeccionou as espirais
mais próximas entre si, aumentou o comprimento da haste do implante e aumentou
Revisão da Literatura 24
sua espessura. Cherchève desenhou também o implante espiral de hélices duplas e,
criou brocas especiais para a confecção precisa do alvéolo artificial e instrumental
próprio para a instalação do implante no osso, conseguindo estabilidade inicial nunca
conseguida em um implante dental (CARNEIRO, 1999).
Significativa contribuição ao desenvolvimento dos implantes foi proporcionada
por Muratori (1969) que atualizou os princípios originais de Formiggini e criou o
implante transalveolar, cuja instalação era feita além dos limites do alvéolo.
Foi proposto por Scialon (1962), na França, o uso de implantes agulhados em
tântalo que instalados sob arranjo tripoidal, serviam para apoio de próteses com
vários desenhos. Tal implante exigia amplos conhecimentos de Anatomia, Fisiologia,
Prótese, Biomecânica, Gnatologia e Radiologia. Sua instalação requeria técnica
simplificada e precisa (SPIEKERMANN, 1995).
Outro implante de aplicação simplificada em estágio único de instalação foi
proposto por Linkow (1969). Tratava-se de implantes em forma de placas ou lâminas
inseridas no endósteo, que possuíam “postes” verticais transmucosos sobre os quais
as próteses eram instaladas. Apresentava em sua composição cromo, níquel e
vanádio. Segundo Hobo et al. (1997) a técnica tornou-se bastante popular, porém
apresentou vários problemas, entre eles rápida reabsorção óssea e inflamação do
tecido mole adjacente. As taxas de sucesso em acompanhamento de 5 anos
chegavam apenas a 55%. Por fim, Albrektsson et al. 1981, afirmaram que implantes
laminados não apresentavam sucesso clínico desejado.
Em 1974, Tramonte introduziu um novo conceito de parafuso auto-rosqueante
que apresentavam espirais com amplo diâmetro, aumentando assim a área da
superfície de apoio e contato ósseo. Dando seqüência a esses avanços, Garbaccio
Revisão da Literatura 25
(1983), introduziu novo parafuso auto-rosqueante com a parte apical perfurante e
roscas soberbas, diametralmente opostas e reduzidas com finalidade de travamento
na cortical óssea, introduzindo o conceito de bicorticalismo, ou seja, a estabilização
do implante em duas corticais ósseas, o que representou incremento na estabilidade
primária dos implantes. Era um implante de aplicação versátil especialmente
dedicado às áreas de reduzido espaço interdental.
Outra interessante vertente de pesquisa está relacionada com o emprego do
carbono vítreo para implantações com a finalidade de melhorar a biocompatibilidade.
Produzido com 99,9% de carbono puro com invólucro de aço inoxidável, ele foi
utilizado largamente para reposição unitária adaptando-se o implante em alvéolo
dental original. Apesar de inerte e biocompatível, as cerâmicas são consideradas
friáveis e sob forças oclusais excessivas podem tornar-se problemáticas. Formas
cristalinas especiais foram desenvolvidas para aumentar a dureza e ainda hoje
continuam sendo estudadas, com intenção de tornar rotineira sua aplicação
(KAWAHARA, 1980; MCKINNEY et al., 1984; KOTH et al., 1986).
Também foram avaliados implantes de cristal de safira para suporte de
próteses fixas no arco inferior. A aplicação do implante de cristal de safira no arco
superior não está suportada por estudos. Kawahara (1980) observou que os
implantes eram bem tolerados pelos tecidos moles. Estudando a interface do epitélio
da boca e do implante de safira sob alta magnificação, McKinney (1984) concluiu que
esta união era muito similar à encontrada na dentição natural. A partir desta
constatação o implante de safira foi considerado como “selante biológico” para o
tecido mole (ALBREKTSSON et al., 1986).
Revisão da Literatura 26
Outros trabalhos mostraram que a interface osso/implante evidenciou algumas
áreas de união com tecido conjuntivo fibroso (FUKUYAMA et al., 1986) e sendo
assim, não ocorre total osseointegração. Este fato impede sua utilização em próteses
fixas parciais. Apesar disso Koth et al. (1983, 1986) publicaram que a taxa de
sucesso era de aproximadamente 90% enquanto Albrektsson (1986) afirmou que em
acompanhamentos prospectivos de quinze anos o índice de sucesso estabilizou-se
entre 70 e 80%.
Todas as vertentes de pesquisa, de técnicas e de materiais anteriormente
relatadas representam significativo valor histórico, referendando a incessante busca
por soluções para as demandas funcionais e estéticas dos seres humanos. Fica claro,
portanto, que muitas abordagens diferentes foram experimentadas, com resultados
divergentes, refletindo efervescência científica em torno do tema.
Todo este contexto contribuiu para que a Moderna Implantodontia pudesse
existir que aconteceu após a publicação dos trabalhos do Professor Per Ingvar
Bränemark, executados no Instituto de Biotecnologia Aplicada em Gottemburgo,
Suécia. Seus trabalhos foram dedicados à compreensão da microcirculação
sanguínea e regeneração óssea em medula de coelhos. Iniciados em meados de
1952 e publicados em 1969, estes estudos permitiram a descoberta da capacidade
do osso vivo, estruturado e organizado, de tolerar a presença de elemento
aloplástico em seu interior. Bränemark encontrou união direta, forte e estável entre
osso e uma câmara de titânio inserida cirurgicamente em tíbia de coelho. O termo
osseointegração foi criado para descrever esta união estável. Esta câmara permitia
seu acoplamento a um microscópio, de tal modo, que fenômenos cicatriciais
puderam ser avaliados em diferentes momentos, no mesmo indivíduo, “in vivo”. Ao
Revisão da Literatura 27
término desses experimentos, sucessivas tentativas de remoção da câmara,
demonstraram ser necessário o emprego de grande força para separá-la da base
óssea. Esta ocorrência alertou que tal achado poderia ser utilizado como dispositivo
de ancoragem óssea direta na terapia ortopédica de reposição protética de membros
superiores e inferiores (BRÄNEMARK et al., 1987).
Novos trabalhos foram realizados, usando como modelo experimental o
ambiente bucal de cães, com a finalidade de confirmar se estes dispositivos aplicados
em situações de grande exigência de carga e stress funcional apresentariam
resistência satisfatória. Os resultados apontaram absoluta similaridade com os
tecidos adjacentes aos implantes aplicados em coelhos. Notou-se também grande
semelhança ao epitélio juncional de humanos, além de confirmar a capacidade de
resistir às exigentes demandas oclusais dos animais estudados. Estudos
subseqüentes repetiram o modelo pesquisado em cães, agora em humanos, e a
região anatômica escolhida por apresentar baixa morbidade, exigências funcionais
importantes, e com elevada condição de acompanhamento científico, além de grande
benefício social, foi a cavidade da boca. Bränemark e seu grupo consideravam os
portadores de próteses totais, portadores de rebordos ósseos atróficos, como sendo
verdadeiros “mutilados” ou ”inválidos orais”. Estes pacientes foram eleitos para essa
nova etapa do trabalho. Foi desenvolvido um sistema de implantes batizado de
Branemark System, cuja aplicação foi normatizada sob um rígido protocolo de
utilização, visando a reprodutibilidade de resultados, sedimentando a técnica. A fase
inicial de aplicação ocorreu de 1965 até meados de 1968. A segunda etapa, também
chamada de desenvolvimento, ocorreu de 1968 até 1971, e por fim a fase de
produção e aprimoramento, de 1971 até os dias atuais.
Revisão da Literatura 28
Orientações originais foram categóricas ao postular que o implante de titânio
em forma de parafuso, cilíndrico, de superfície lisa, dotado de um hexágono externo
em sua plataforma, deveria ser instalado na base óssea, após incisão correta,
afastamento atraumático dos tecidos, em condições estéreis, sob baixa velocidade e
sob profusa irrigação salina, a fim de preservar a vitalidade do osso adjacente ao
sítio de instalação eleito. Também se recomendava que os implantes
permanecessem sepultados abaixo do tecido gengival, isentos de esforços, por um
período de três a seis meses de acordo com a região. Num segundo estágio, nova
cirurgia permitia a exposição do implante ao ambiente bucal e sua utilização por
meio de próteses construídas com revestimentos oclusais em acrílico nesta
oportunidade, qualificando as duas etapas distintas da terapia. Durante o intervalo
entre as fases, o paciente utilizava algum dispositivo temporário que no caso dos
desdentados totais era a própria prótese, acrescida em sua base, de revestimento
acrílico resiliente, atenuando assim as cargas sobre a região operada. Este protocolo
atendeu inúmeros pacientes em todo mundo, porém outros pacientes consideravam
muito longo o período de espera e questionavam o protocolo original, no sentido de
abreviar o tempo de tratamento (BRÄNEMARK, 1983).
A instalação precoce das próteses sobre os implantes era considerada
importante fator de risco para a perda dos implantes, e isso determinou a rigidez do
protocolo. Justificava-se que a carga prematura sobre os implantes poderia
determinar micromovimentos levando o organismo a criar uma rede de tecido fibroso
em torno do implante, o que impediria sua osseointegração (KAPPUR, 1980;
BRÄNEMARK, 1983). A segunda justificativa para não carregamento do implante era
que o osso necrótico das margens dos leitos preparados não teria condições de
Revisão da Literatura 29
absorver as cargas e deveria ser primeiramente substituído por osso novo (ADEL,
1981; KAPPUR, 1980). Outros trabalhos consideravam que o rápido remodelamento
da camada do osso necrótico diminuiria sua resistência às cargas dissipadas na
interface osso-implante. Este protocolo original é considerado um dos tratamentos
com maior índice de sucesso, 98% para cirurgia e 97% para as próteses instaladas
em acompanhamentos longitudinais, comprovados por farta documentação científica
(ADEL, 1981; JENT, 1991; JENDRESEN et al., 1995).
Por outro lado, indivíduos portadores de prótese totais cujos rebordos
encontram-se severamente reabsorvidos sofrem com a dificuldade de estabilizar
estes aparatos e não raras vezes apresentam compressões de terminações nervosas,
tornadas superficiais pela extensa reabsorção dos processos alveolares. Desordens e
transtornos articulares, além de razões culturais e convívio social, caracterizam a
necessidade de reabilitar estes indivíduos com maior rapidez. Devido ao exposto
tratamentos alternativos que considerassem a instalação de próteses fixas na fase de
cicatrização passaram a ser considerados. Em 1990, Schnitman publicou trabalho
relatando acompanhamento de dez indivíduos que se recusaram a utilizar próteses
temporárias removíveis e por isso, receberam maior número de implantes com
intuito de que alguns desses fossem utilizados para estabilização das próteses
temporárias e que ao final do período cicatricial, mesmo se estes implantes se
encontrassem fracassados, os outros que permaneceram submersos seriam
suficientes para elaboração das próteses finais. Foram instalados sessenta e três
implantes Nobel Biocare – Gottemburgo com cumprimento variável entre 7 a 15 mm.
Destes, vinte e oito foram carregados imediatamente e considerados como implantes
provisórios, favorecendo o período de cicatrização daqueles implantes submersos. De
Revisão da Literatura 30
maneira surpreendente, ao início da segunda etapa cirúrgica boa parte destes
implantes encontrava-se sem mobilidade e puderam ser utilizados nas restaurações
finais (85.7%). A conclusão deste trabalho foi de que implantes podem osseointegrar
mesmo em carga, desde que haja boa quantidade de osso cortical e que se evite a
micro-movimentação durante o período de cicatrização. Considerando que
independente da técnica escolhida, o fato de devolver aos indivíduos mutilados
condições funcionais adequadas, convívio e reintegração social, além de parâmetros
estéticos plenamente satisfatórios, deve ser motivo de grande júbilo para toda
Odontologia. Entretanto, estes resultados devem ser registrados por método
cientificamente comprovado.
A análise e diagnóstico da função muscular têm sido avaliados por diversas
metodologias, dentre elas, a eletromiografia (EMG), que há mais de sessenta anos,
foi utilizada pela primeira vez na Odontologia por Moyers, seu pioneiro, em 1949. A
EMG trabalha baseada na determinação de presença e registro da atividade elétrica
do tecido muscular esquelético, o que permite identificar e descrever a função das
unidades motoras por meio dos modelos de ativação muscular, a amplitude elétrica
de ativação e as freqüências que constituem o registro eletromiográfico. A
eletromiografia cinesiológica, para análise da função muscular, tem aplicação em
muitas áreas da saúde, tais como a Odontologia, Medicina, Fisioterapia e
Fonoaudiologia, que podem incluir o exame eletromiográfico de superfície como
exame auxiliar para facilitar diagnósticos e estabelecer prognósticos mais cuidadosos
dos casos.
A importante afirmação de que o homem só pode produzir trabalho ou atuar
sobre o meio ambiente por meio de seus músculos, válido para todo trabalho físico,
Revisão da Literatura 31
inclusive para as chamadas “atividades intelectuais”, que seriam o falar e o escrever
exigindo o emprego apurado de determinados grupos musculares, foi de Schimidt
em 1979. A contração muscular acontece por meio das muitas fibras musculares
estimuladas de forma não simultânea pela fibra nervosa motora, o que formará uma
unidade motora. A estimulação das unidades motoras pode ser registrada por meio
do eletromiógrafo, que demarca uma derivação celular do potencial do músculo e
pode ser usado como meio de diagnóstico de doenças musculares, tais como
miastenia (debilidade muscular), miotonia (espasmos musculares tônicos) e
paralisias.
Segundo Gibbs et al. (1984) a atividade eletromiográfica máxima do músculo
masseter, ocorre durante a posição de intercuspidação máxima e em oclusão
cêntrica.
Jankelson (1990) verificou que o nível da atividade muscular no repouso,
controlado por eletromiógrafo, é um método valioso para examinar a posição
fisiológica do sistema estomatognático. Em músculos hipertônicos observa-se
atividade elétrica elevada na condição de repouso, assim o restabelecimento de uma
oclusão nessa condição muscular levaria as alterações existentes a uma condição
permanente. Relatou ainda, que a melhor escolha para monitoramento da atividade
geral, no músculo temporal em sua porção anterior e no músculo masseter, é o
eletrodo de superfície, já que há uma predominância de tipos mistos de fibras com
distribuição variada nas diversas partes dos músculos elevadores da mandíbula.
Altmann (1990) observou que o tônus muscular tem profunda relação com
posturas bucais incorretas, podendo encontrar-se nessas situações hipotonia para
músculos elevadores da mandíbula, língua, lábios e bochechas.
Revisão da Literatura 32
Cooper et al., em 1991, relataram ser útil o registro eletromiográfico para
documentar mudanças na função muscular antes e após tratamentos, evidenciando-
se a eficácia, ou não, da terapia.
Palomari et al. (1996) verificaram em indivíduos com oclusão clinicamente
normal e maloclusão classe I de ANGLE que o músculo masseter nas porções
superior, mediana e inferior apresentaram menor atividade na maioria dos
movimentos mandibulares para os indivíduos com maloclusão classe I, do que para
os indivíduos de oclusão normal.
Liu et al. (1999) registraram índices de oclusão e atividade eletromiográfica
dos músculos mastigadores em indivíduos portadores de disfunção
temporomandibular, e compararam com registros de indivíduos assintomáticos. Pelos
resultados encontrados, os músculos elevadores da mandíbula de indivíduos com
disfunção temporomandibular apresentam-se hipertônicos e com baixa eficiência
funcional, entrando rapidamente em fadiga após pouco tempo de atividade, e menos
relaxados após o encerramento da atividade. Não há proporcionalidade entre os
valores de registro eletromiográfico e severidade da dor, porém quanto menor a
capacidade de movimentação mandibular, maior a hipertonia muscular e menor o
esforço funcional. Os autores concluíram que indivíduos portadores de disfunções
temporomandibulares sintomáticos, podem ter adaptação funcional na atividade dos
músculos mastigadores e oclusão alteradas.
HERMENS et al., 1999 publicou o projeto SENIAM (European
Recommendations for Surface Electromyography), com o estabelecimento de regras
para a utilização da eletromiografia de superfície entre os pesquisadores
internacionais. As diretrizes permitiram aos pesquisadores passar a comparar
Revisão da Literatura 33
diferentes trabalhos e trocar informações. Utilizada já pela maioria dos pesquisadores
em eletromiografia, padronizou o tipo de eletrodo, seu tamanho e material, as
configurações, os locais de captação do sinal, as formas de processamento, o tipo de
filtro, e outros (MERLETTI, 1999; HERMENS, 1999).
Pinho et al. (2000) analisando indivíduos portadores de disfunções
temporomandibulares, verificaram leve aumento na tonicidade basal, com redução
na capacidade para apertamento e inibição disfuncional na porção anterior do
músculo temporal direito, durante o movimento da mandíbula para o lado direito.
Na tentativa de correlacionar a oclusão e a atividade eletromiográfica, Ferrario
et al. (2002) avaliaram a atividade eletromiográfica dos músculos mastigadores com
o número de contatos oclusais em indivíduos jovens. Relataram que alterações na
superfície oclusal podem alterar o desempenho dos músculos mastigadores, pela
observação de que nos indivíduos com poucos contatos oclusais houve menor
atividade eletromiográfica.
Santos et al. (2003) avaliaram a atividade eletromiográfica do músculo
orbicular da boca em indivíduos desdentados antes e após receberem próteses totais
e detectaram que nesta situação ocorreu hiperatividade muscular peribucal quando
comparada com a situação de uso de próteses totais, o que demonstra que a
eletromiografia é um método científico capaz de auxiliar os cirurgiões dentistas no
diagnóstico e acompanhamento de várias condições de saúde bucal insatisfatórias.
Regalo et al. (2003) realizaram importante estudo, com uso da
eletromiografia, com indivíduos surdos em comparação a indivíduos sem deficiência
auditiva, analisando o músculo orbicular da boca, em seus fascículos superior e
inferior. Em condições clínicas de sucção, sopro, projeção e compressão labial, assim
Revisão da Literatura 34
como na emissão do fonema plosivo “PA”, os indivíduos surdos mostraram
hiperatividade muscular.
Landulpho et al. (2004) verificaram a efetividade da terapia oclusal com placas
em indivíduos portadores de disfunções temporomandibulares por meio da
eletromiografia dos músculos masseter e temporal na posição de repouso
mandibular. Os resultados mostraram que ocorreu diminuição da atividade
eletromiográfica do músculo temporal na posição de repouso.
Em 2005, Regalo et al. avaliaram o músculo orbicular da boca em diferentes
condições clínicas funcionais, como sopro, sucção, projeção e compressão labial em
indivíduos surdos oralistas (que utilizam a fala) e ouvintes e verificaram que os
indivíduos surdos apresentaram maior atividade eletromiográfica para este músculo
do que os indivíduos ouvintes, nestas condições clínicas.
Regalo et al. (2006a) avaliaram a posição de repouso mandibular em
indivíduos surdos e ouvintes controles e verificaram que os indivíduos surdos
apresentam maior atividade eletromiográfica durante o repouso mandibular do que
indivíduos ouvintes controles.
Regalo et al. (2006b) analisaram a musculatura mastigatória dos surdos,
verificando por meio da eletromiografia, a atividade dos músculos masseter e
temporal em atividades clínicas como apertamento dental, abertura e fechamento da
boca, lateralidade, protrusão e insuflação da bochecha. Os resultados mostraram que
ambos os músculos era menor a atividade da musculatura mastigatória quando
comparados com indivíduos ouvintes controles.
Ao comparar a atividade muscular entre indivíduos saudáveis e portadores da
Síndrome de Eagle, Siéssere et al., em 2006, observaram pela análise
Revisão da Literatura 35
eletromiográfica dos músculos masseter e temporal, hiperatividade muscular para os
indivíduos portadores da síndrome.
Trabalhos mais recentes visaram estabelecer a importância da eletromiografia
em uso clínico para diagnóstico e tratamento de disfunção temporomandibular. Em
2006, Klasser e Okeson discutiram fatores técnicos e biológicos que influenciariam a
confiabilidade, a validade, a sensibilidade e a especificidade do exame de
eletromiografia como um procedimento diagnóstico e de tratamento, na forma de
biofeedback eletromiográfico.
Zuccolotto et al. em 2007, analisaram indivíduos desdentados totais, antes e
após a instalação e utilização de próteses totais com pistas deslizantes de Nóbilo. Os
músculos masseter e temporal em postura de repouso tiveram sua atividade
eletromiográfica registrada, e em todos os indivíduos verificou-se alívio da dor e da
fadiga muscular após a utilização das próteses com as pistas deslizantes. Assim,
concluiu-se que estes dispositivos levaram a desprogramação da musculatura,
deixando o sistema estomatognático em equilíbrio, e possibilitando a indicação de
seu uso antes de se confeccionar próteses totais em indivíduos portadores de
disfunção temporomandibular.
Em 2008, Ries et al. fizeram estudo para analisar a simetria da atividade
eletromiográfica dos músculos masseter, temporal e esternocleidomastóideo em
voluntários divididos em grupo controle e grupo com disfunção temporomandibular.
Registros de eletromiografia de superfície foram realizados durante as posições de
repouso mandibular, de máxima intercuspidação e durante a mastigação. As
atividades simétricas dos músculos temporal, masseter e esternocleidomastóideo
Revisão da Literatura 36
foram menores no grupo com disfunção temporomandibular em comparação ao
grupo controle.
Atualmente, a eletromiografia de superfície tem sido muito mais do que um
elemento complementar para o estudo anatômico, fisiológico e neurofisiológico do
sistema músculo-esquelético, adquirindo cada vez mais caráter diagnóstico,
considerando ser de fácil aplicação, não produz desconforto ao indivíduo e não
interfere na fisiologia local da musculatura. Grande parte dos estudos considerados
neste trabalho tem como base de análise comparações entre indivíduos dentados
completos e reabilitados tornando possível o estudo das alterações na atividade
muscular de acordo com fatores de variação tais como tipo de reabilitação,
alimentação, classificação da oclusão, músculos analisados entre outros fatores.
3. PROPOSIÇÃO
Proposição 38
O objetivo deste trabalho foi analisar por meio da atividade eletromiográfica
os músculos masseter e temporal considerando indivíduos reabilitados por meio de
próteses fixas inferiores sobre implantes osseointegrados tipo Protocolo Branemark e
indivíduos dentados completos, pareados sujeito a sujeito nas condições clínicas
posturais de repouso, protrusão, lateralidade direita e esquerda, contração voluntária
máxima e de mastigação habitual de alimentos de várias texturas.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais e Métodos 40
Seleção dos Voluntários
Participaram deste estudo 56 voluntários, divididos em dois grupos:
Grupo I – formado por 27 voluntários (19 mulheres e 8 homens), oriundos do Instituto
Latino Americano de Pesquisa em Odontologia – Curitiba-PR (ILAPEO), Classe I de
ANGLE, com idade entre 46 a 85 anos, usuários de prótese total superior
confeccionadas segundo os conceitos idealizados por Engelmeier (1996) e próteses fixas
sobre implantes (Protocolo Branemark inferior) realizados 6 meses pós-cirúrgico. As
próteses inferiores tipo Protocolo Branemark se fixaram sobre 5 implantes na região
inter-forames mentuais. As guias de desoclusão eram em grupo bilateralmente
balanceadas, e fatores como dimensão vertical de oclusão, dimensão vertical de repouso
e relação cêntrica foram avaliados por métodos propostos por Misch (2000). Os
indivíduos eram respiradores nasais e com ausência de patologias dentais, sem dores
bucofaciais e disfunções musculares e nenhuma evidência de outras patologias
neurológicas e articulares, dados estes baseados na história médica e exame clínico.
Grupo II – formado por 27 voluntários dentados (19 feminino e 8 masculino)
selecionados de consultórios particulares de Ribeirão Preto com idade entre 45–82
anos, pareados sujeito a sujeito com o Grupo I. Como critério principal de inclusão
neste grupo, os voluntários apresentaram dentição permanente, com tolerância de
perda de 2 elementos dentais, excluindo os 3º molares. As ausências deveriam ter
sido reabilitadas por próteses fixas ou corrigidas por fechamento do espaço por meio
de tratamento ortodôntico. O exame clínico periodontal e da articulação
temporomandibular revelou condições de saúde bucal adequada.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto (processo n° 2006.1.241.58.7), Universidade de São
Materiais e Métodos 41
Paulo, de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Anexo A)
e todos os voluntários assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para
sua participação.
Coleta de voluntários
Eletromiografia
Os exames eletromiográficos foram executados no Laboratório de
Eletromiografia e Diagnóstico Oclusal Computadorizado “Prof. Dr. Mathias Vitti” do
Departamento de Morfologia, Estomatologia e Fisiologia da Faculdade de Odontologia
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e realizados com o auxílio de um
eletromiógrafo Myosystem Br-1 portátil acoplado a um notebook. Para o registro
eletromiográfico foram utilizados cinco canais do sistema Myosystem BR-1
DataHominis Ltda (Uberlândia, MG, Brasil) (Figura 1), com aquisição simultânea,
aterramento comum a todos canais, filtros de baixa passagem de 10 Hz a 5KHz;
impedância de entrada dos canais de 10 GΩ em modo diferencial, 12 bites de faixa
de resolução dinâmica, faixa de amplitude -10V a +10V e freqüência de amostragem
por canal de 2KHz. Para visualização e processamento dos sinais foi utilizado o
programa Myosystem I versão 3.5 (Uberlândia, MG, Brasil) que também permitiu,
após a digitalização, que os sinais fossem analogicamente amplificados com um
ganho de 1000x, filtrados por um filtro passa-banda de 0,01-1,5kHz e amostrados
por uma placa conversora A/D de 12 bites com freqüência de aquisição de 2 kHz.
Eletrodos ativos diferenciais de superfície (duas barras de cloreto de prata, de
10 mm de comprimento por 2 mm de largura, afastadas em 10 mm, com impedância
Materiais e Métodos 42
de entrada de 10GΩ e taxa de rejeição do modo comum de 130dB a 60Hz) (Figura
2), foram usados neste estudo. A pele da região de colocação dos eletrodos foi limpa
com álcool e tricotomia foi realizada quando necessária. Os eletrodos ativos
diferenciais foram posicionados sobre a pele na região do ventre dos músculos
masseteres direito e esquerdo, e sobre a pele na região da porção anterior dos
músculos temporais direito e esquerdo. A posição dos eletrodos foi determinada
seguindo as recomendações de Cram et al. (1998) que preconizam o teste de função
muscular, e foram fixados por esparadrapos adesivos com a maior extensão das
barras em sentido perpendicular à direção das fibras musculares. Um eletrodo
circular de aço inoxidável (três centímetros de diâmetro) também foi usado como
eletrodo de referência (eletrodo terra) (Figura 3), fixado sobre a pele da região do
osso frontal (Figura 4).
Figura 1. Myosystem – BR1 – DataHominis
Tecnologia Ltda.
Materiais e Métodos 43
Figura 2. Eletrodos ativos de superfície.
Figura 3. Eletrodo circular de aço inoxidável
(referência terra).
Figura 4: Posicionamento dos eletrodos ativos sobre as regiões dos músculos temporal (A) e masseter (B).
A
B
Materiais e Métodos 44
Os sinais eletromiográficos foram coletados durante o repouso e nas
condições clínicas de protrusão, lateralidade direita e esquerda e contração
voluntária máxima, com os voluntários sentados confortavelmente em uma cadeira
(tipo escritório), com os braços junto ao corpo e as mãos apoiadas sobre as coxas.
Inicialmente, registrou-se durante 10 segundos o Repouso (RP), estando o
indivíduo bem relaxado. Em seguida, os indivíduos foram instruídos a apertarem seus
dentes com força máxima durante 4 segundos para que fosse registrado a contração
voluntária máxima, dado utilizado como fator de normalização de toda a coleta
eletromiográfica. O indivíduo foi submetido a movimentos de lateralidade esquerda
(LE) e direita (LD) e protrusão (PR), posições que foram mantidas durante 10
segundos.
Mastigação Habitual
Os testes de mastigação habitual foram feitos com três produtos que variavam
em suas propriedades visco-elásticas. Os alimentos foram adquiridos junto aos
fabricantes, para que fossem do mesmo lote, não possuindo qualquer tipo de
variação quanto à consistência. Os alimentos escolhidos foram:
,Amendoim tipo japonês Mendorato® (Santa Helena, Ribeiro Preto, SP ٭
Brasil) que foi classificado como alimento de consistência dura. Os
indivíduos receberam 5 unidades de amendoim para serem mastigados de
uma só vez.
,Barra de cereal Nutry® (Nutrimental S/A, São José dos Pinhais, PR, Brasil) ٭
classificado como alimento de consistência intermediária. Os indivíduos
receberam 1/3 da barra para ser mastigada de uma só vez.
Materiais e Métodos 45
Chocolate BIS® (Lacta S/A, Curitiba, PR, Brasil), que possui característica ٭
de menor consistência, sendo considerado alimento macio. O indivíduo
recebeu 2/3 do biscoito para ser mastigado de uma só vez.
Os ciclos mastigatórios habituais foram avaliados durante 10 segundos, onde
inicialmente realizou-se a mastigação de amendoim tipo japonês (AM), seguido pela
mastigação de Nutry® (NU) e terminando pela mastigação de BIS® (BI) (mastigações
habituais). Para reduzir a fadiga, os voluntários podiam falar, beber ou repousar
entre cada análise e sinalizavam quando estavam prontos para uma próxima
avaliação, com intervalos mínimos de 2 minutos entre as coletas. Todos os indivíduos
receberam treinamento prévio antes de executarem as condições clínicas.
Análises dos Dados
Os valores da raiz quadrada média (RMS) dos sinais coletados foram digitados
em tabelas montadas em Planilha Excel e foram normalizados pelos valores de
amplitude eletromiográfica obtidos no apertamento dental durante a contração
voluntária máxima por quatro segundos. Os dados foram comparados por meio do
teste t. A análise estatística foi realizada utilizando o software SPSS versão 12.0
(Chicago, IL).
5. RESULTADOS
Resultados 47
CONDIÇÃO CLÍNICA DE REPOUSO
Durante a condição de repouso, notou-se atividade eletromiográfica maior nos
indivíduos do Grupo I-Protocolo (portadores de próteses tipo Protocolo Branemark)
quando comparada com a atividade dos indivíduos do Grupo II-dentados (Gráfico 1)
com significância estatística para os músculos masseter direito (MD) e temporal
esquerdo (TE) (Tabela 1).
Nos indivíduos dentados ocorreu um equilíbrio das atividades dos músculos
masseter e temporal em repouso (Gráfico 1). Verificou-se pequena hiperatividade
dos músculos temporais durante a manutenção de repouso quando comparado aos
músculos masseteres dos indivíduos portadores de próteses Protocolo, resultados
que podem ser avaliados no Gráfico 1.
Gráfico 1. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) dos músculos masseter direito (MD) e esquerdo (ME), temporal direito (TD) e esquerdo (TE) nos dois grupos analisados.
* significante ao nível de 5% (p≤ 0,05) e ** ao nível de 1% (p≤ 0,01)
Repouso
00,050,1
0,150,2
0,250,3
0,35
MD ME TD TE
Músculos
Valo
res
Méd
ios
(RM
S)
ProtocoloDentados
* **
Resultados 48
Tabela 1. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) coletados durante
a condição clínica de Repouso para os dois grupos analisados. Dados
estatisticamente significativos para p<0,05 e p<0,01 (teste t).
Regiões Grupos de
Indivíduos Nº Média teste t
Grupo I-Protocolo 27 0,23 Masseter Direito
Grupo II-Dentados 27 0,13
0,05
Grupo I-Protocolo 27 0,20 Masseter Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 0,19 0,64
Grupo I-Protocolo 27 0,22 Temporal Direito
Grupo II-Dentados 27 0,16 0,34
Grupo I-Protocolo 27 0,27 Temporal Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 0,13 0,01
Resultados 49
CONDIÇÃO CLÍNICA DE PROTRUSÃO
A atividade clínica de protrusão revelou maior atividade eletromiográfica dos
músculos testados nos indivíduos do Grupo I-Protocolo (portadores de próteses tipo
Protocolo Branemark) quando comparada com o Grupo II-dentados (Gráfico 2).
Os músculos masseteres (MD e ME) desempenharam maior atividade
eletromiográfica que os músculos temporais (TD e TE) tanto nos portadores de
Protocolo Branemark como nos dentados. Houve significância estatística ao nível de
5% quando se analisou a comparação entre os grupos no músculo temporal
esquerdo (Tabela 2).
Gráfico 2. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) dos músculos masseter direito (MD) e esquerdo (ME), temporal direito (TD) e esquerdo (TE) nos dois grupos analisados. * significante ao nível de 5% (p≤ 0,05)
Protrusão
0
0,2
0,4
0,6
0,8
MD ME TD TEMúsculos
Valo
res
Méd
ios
(RM
S)
ProtocoloDentados*
Resultados 50
Tabela 2. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) coletados durante
a condição clínica de Protrusão para os dois grupos analisados. Dados
estatisticamente significativos para p<0,05 e p<0,01 (teste t).
Regiões Grupos de
Indivíduos Nº Média teste t
Grupo I-Protocolo 27 0,50 Masseter Direito
Grupo II-Dentados 27 0,29
0,07
Grupo I-Protocolo 27 0,46 Masseter Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 0,26 0,08
Grupo I-Protocolo 27 0,26 Temporal Direito
Grupo II-Dentados 27 0,15 0,11
Grupo I-Protocolo 27 0,29 Temporal Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 0,15 0,02
Resultados 51
CONDIÇÃO CLÍNICA DE LATERALIDADE DIREITA
Na análise da atividade clínica de lateralidade direita observou-se menor
atividade eletromiográfica em todos os músculos analisados nos indivíduos do Grupo
I-protocolo quando comparada com a atividade dos músculos de indivíduos do Grupo
II-dentados (Gráfico 3), sendo os dados estatisticamente significantes para todas as
comparações, p<0,01 (Tabela 3). Verificou-se nos dois grupos analisados a correta
atuação do padrão de ativação muscular para exercer a atividade de lateralidade
direita.
Gráfico 3. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) dos músculos masseter direito (MD) e esquerdo (ME), temporal direito (TD) e esquerdo (TE) nos dois grupos analisados. * significante ao nível de 5% (p≤ 0,05)
Lateralidade Direita
0
0,2
0,4
0,6
0,8
MD ME TD TE
Músculos
Valo
res
méd
ios
(RM
S)
ProtocoloDentados
**
**
Resultados 52
Tabela 3. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) coletados durante
a condição clínica de Lateralidade Direita para os dois grupos analisados. Dados
estatisticamente significativos para p<0,05 (teste t).
Regiões Grupos de
Indivíduos Nº Média teste t
Grupo I-Protocolo 27 0,34 Masseter Direito
Grupo II-Dentados 27 0,15
0,03
Grupo I-Protocolo 27 0,50 Masseter Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 0,24 0,03
Grupo I-Protocolo 27 0,31 Temporal Direito
Grupo II-Dentados 27 0,20 0,04
Grupo I-Protocolo 27 0,25 Temporal Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 0,13 0,03
Resultados 53
CONDIÇÃO CLÍNICA DE LATERALIDADE ESQUERDA
Na análise da atividade clínica de lateralidade esquerda observou-se maior
atividade eletromiográfica em todos os músculos analisados nos indivíduos do Grupo
I-protocolo quando comparada com a atividade dos músculos de indivíduos do Grupo
II-dentados (Gráfico 4), sendo os dados estatisticamente significantes para p<0,01 e
p<0,05 (Tabela 4). Verifica-se nos indivíduos dentados um equilíbrio na ativação dos
músculos masseteres e temporais.
Gráfico 4. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) dos músculos masseter direito (MD) e esquerdo (ME), temporal direito (TD) e esquerdo (TE) nos dois grupos analisados. * significante ao nível de 5% (p≤ 0,05) ** significante ao nível de 1% (p≤ 0,01)
***
Resultados 54
Tabela 4. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) coletados durante
a condição clínica de Lateralidade Esquerda para os dois grupos analisados. Dados
estatisticamente significativos para p<0,05 e p<0,01 (teste t).
Regiões Grupos de
Indivíduos Nº Média teste t
Grupo I-Protocolo 27 0,41 Masseter Direito
Grupo II-Dentados 27 0,24
0,13
Grupo I-Protocolo 27 0,25 Masseter Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 0,21 0,41
Grupo I-Protocolo 27 0,23 Temporal Direito
Grupo II-Dentados 27 0,13 0,05
Grupo I-Protocolo 27 0,36 Temporal Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 0,19 0,01
Resultados 55
CONDIÇÃO CLÍNICA DE MASTIGAÇÃO DE AMENDOINS
Durante a condição clínica de Mastigação de Amendoins, alimento considerado
de consistência mastigatória dura foi observado que os indivíduos dentados
apresentaram maior atividade eletromiográfica em todos os quatro músculos
analisados. Em ambos os grupos ocorreram maior ativação dos músculos masseteres
comparados com os músculos temporais, o que evidencia um padrão mastigatório
normalizado.
Gráfico 5. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) dos músculos masseter direito (MD) e esquerdo (ME), temporal direito (TD) e esquerdo (TE) nos dois grupos analisados.
Resultados 56
Tabela 5. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) coletados durante
a condição clínica de Mastigação de Amendoim para os dois grupos analisados. Os
dados não foram estatisticamente significantes (teste t).
Regiões Grupos de
Indivíduos Nº Média teste t
Grupo I-Protocolo 27 0,83 Masseter Direito
Grupo II-Dentados 27 1,27
0,29
Grupo I-Protocolo 27 0,86 Masseter Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 1,78 0,21
Grupo I-Protocolo 27 0,50 Temporal Direito
Grupo II-Dentados 27 1,12 0,32
Grupo I-Protocolo 27 0,87 Temporal Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 1,85 0,18
Resultados 57
CONDIÇÃO CLÍNICA DE MASTIGAÇÃO DE NUTRY
Durante a condição clínica de Mastigação de Nutry, alimento considerado de
consistência mastigatória intermediária em relação à dureza foi observado que os
indivíduos dentados (Grupo II) apresentaram maior atividade eletromiográfica em
todos os quatro músculos analisados. Novamente, em ambos os grupos ocorreram
maior ativação dos músculos masseteres comparados com os músculos temporais, o
que evidencia um padrão mastigatório adequado. Os indivíduos dentados
apresentaram de forma marcante uma atividade eletromiográfica maior dos
músculos masseteres.
Gráfico 6. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) dos músculos masseter direito (MD) e esquerdo (ME), temporal direito (TD) e esquerdo (TE) nos dois grupos analisados.
Resultados 58
Tabela 6. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) coletados durante
a condição clínica de Mastigação de Nutry para os dois grupos analisados. Os dados
não foram estatisticamente significantes (teste t).
Regiões Grupos de
Indivíduos Nº Média teste t
Grupo I-Protocolo 27 1,24 Masseter Direito
Grupo II-Dentados 27 1,82
0,18
Grupo I-Protocolo 27 1,30 Masseter Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 3,16 0,21
Grupo I-Protocolo 27 1,02 Temporal Direito
Grupo II-Dentados 27 1,33 0,24
Grupo I-Protocolo 27 1,12 Temporal Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 1,56 0,22
Resultados 59
CONDIÇÃO CLÍNICA DE MASTIGAÇÃO DE CHOCOLATE BIS
Durante a condição clínica de Mastigação de Bis, foi observado que os
indivíduos dentados apresentaram maior atividade eletromiográfica em todos os
quatro músculos analisados. Como o chocolate Bis é um alimento considerado de
consistência mastigatória macia, de fácil mastigação, a diferença entre os valores dos
indivíduos dos dois grupos é muito pequena. Em ambos os grupos ocorreram maior
ativação dos músculos masseteres comparados com os músculos temporais, o que
evidencia padrão mastigatório adequado.
Gráfico 7. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) dos músculos masseter direito (MD) e esquerdo (ME), temporal direito (TD) e esquerdo (TE) nos dois grupos analisados.
Resultados 60
Tabela 7. Valores médios eletromiográficos normalizados (RMS) coletados durante
a condição clínica de Mastigação de Bis para os dois grupos analisados. Os dados
não foram estatisticamente significantes (teste t).
Regiões Grupos de
Indivíduos Nº Média Teste t
Grupo I-Protocolo 27 0,91 Masseter Direito
Grupo II-Dentados 27 1,23
0,26
Grupo I-Protocolo 27 0,94 Masseter Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 1,88 0,31
Grupo I-Protocolo 27 0,83 Temporal Direito
Grupo II-Dentados 27 0,93 0,53
Grupo I-Protocolo 27 0,88 Temporal Esquerdo
Grupo II-Dentados 27 1,15 0,33
6. DISCUSSÃO
Discussão 62
A história da implantodontia tem mostrado que são cada vez maiores os
índices de sucessos e longevidades de próteses sobre implantes quando se respeita
os aspectos biológicos das estruturas envolvidas (GUERRIERI; MIGUEL, 1992).
Nestes últimos 20 anos, nesta especialidade, também, temos assistido a expansão
das indicações de casos clínicos para este tipo de tratamento, o que a torna uma
técnica de reabilitação dental indispensável para a Odontologia do século XXI.
Avanços nos estudos proporcionam desenvolvimento de tecnologia para a
indústria fabricante de implantes, que por sua vez têm possibilitado a confecção dos
mesmos com maior capacidade de osseointegração, e assim, proporcionando grande
aumento na utilização de implantes para a reabilitação funcional e estética de
indivíduos em diversas situações clínicas (BRÄNEMARK et al., 1987).
Os resultados dos procedimentos utilizados na reabilitação protética da
cavidade da boca incidem, por exemplo, na atividade da musculatura mastigatória,
tendo em vista que o sistema estomatognático é formado por um conjunto de
estruturas que agem harmoniosamente durante a função da mastigação (SIMÕES,
1979; HARPER et al., 1997; KARKAZIS; KOSSIONI, 1997). Desta forma, é de
fundamental importância o estudo da atividade da musculatura mastigatória quando
se faz uso de reabilitações protéticas, com o objetivo de buscar principalmente e
particularmente a eficiência comprovada da reabilitação proposta. A estabilização da
oclusão gerada pelo uso de próteses suportadas por implantes osseointegrados pode
evidenciar considerável modificação da atividade muscular e dos movimentos
mandibulares (SANTOS, 2005).
A eletromiografia é sem dúvida alguma uma metodologia que tem contribuído
para a compreensão do desempenho da musculatura mastigatória na deglutição,
Discussão 63
oclusão, mastigação e fala, como verificamos nos trabalhos de Tulley (1953),
Cadenat et al. (1973), Vitti et al. (1975), Lowe e Johnston (1979), Tosello et al.
(1998), Regalo et al. (2003), Santos (2005), Galo et al. (2006), Zucolotto et al.
(2007). A análise eletromiográfica é um método de avaliação e de acompanhamento
das alterações promovidas no sistema muscular do aparelho estomatognático
(REGALO et al., 2003; SANTOS, 2005).
Neste trabalho utilizamos a análise eletromiográfica como instrumento para a
avaliação do desempenho da atividade muscular mastigatória em indivíduos
submetidos ao tratamento com o uso do protocolo Branemark inferior e em
indivíduos dentados completos, considerando a avaliação do padrão de atividade
eletromiográfica dos músculos masseteres e temporais nas condições clínicas de
repouso, protrusão, lateralidade direita e esquerda, e na mastigação de alimentos de
consistência dura, intermediária e macia.
Os resultados desta pesquisa revelam que a análise eletromiográfica
normalizada foi fundamental para avaliar o desempenho da atividade dos músculos
masseteres e temporais nas diferentes condições clínicas. A normalização dos dados
eletromiográficos foi executada segundo as regras internacionais propostas pelo
SENIAM que relataram a necessidade da normalização dos dados eletromiográficos
para estudos com comparação de dados entre diferentes músculos ou grupos
musculares de um mesmo indivíduo ou de indivíduos diferentes e entre os mesmos
músculos de diferentes indivíduos, visto que tornam os valores absolutos do registro
(amplitude e/ou tempo) em porcentagens de um valor de referência. É uma tentativa
de reduzir as diferenças entre os diferentes registros de um mesmo indivíduo, ou de
indivíduos diferentes de forma a tornar a interpretação dos dados reprodutível. A
Discussão 64
variabilidade do sinal eletromiográfico em registros de eletrodos de superfície está
relacionada à instrumentação e a fatores individuais, tais como a composição das
fibras e impedância dos tecidos. Comparações entre indivíduos sem normalização dos
dados, em geral, são excluídos dos trabalhos encontrados na literatura científica,
com base nas diferenças individuais da gordura subcutânea, geometria muscular e
outras variáveis (REGALO et al., 2008). Diversos autores utilizaram a contração
isométrica voluntária máxima para a normalização do sinal eletromiográfico
(SODEBERG; COOK, 1984; WINTER, 1984; BAO et al., 1995; MATHIASSEN et al.,
1995). Sendo assim, neste trabalho, todos os indivíduos executaram a contração
voluntária máxima durante o apertamento dental por quatro segundos.
A análise da atividade eletromiográfica dos músculos masseteres e temporais
torna-se cada vez mais útil ao protesista, por contribuir para o conhecimento do
desempenho destes músculos em situação de repouso mandibular, nos movimentos
dos reflexos reguladores e nas mudanças do padrão muscular. O repouso mandibular
é mantido por propriedades viscoelásticas dos músculos e tendões que
contrabalançam a gravidade (VOUDOURIS; KUFTINIC, 2000), fixando a mandíbula
suspensa involuntariamente por coordenação recíproca dos músculos da mastigação
e músculos abaixadores da mandíbula, com os dentes superiores e inferiores
levemente afastados, na posição considerada neutra da mandíbula (CARR, 1991;
VOUDOURIS; KUFTINIC, 2000; REGALO et al., 2006a).
Na condição clínica de repouso a atividade eletromiográfica deve ser mínima
ou ausente, com os músculos espontaneamente relaxados (VITTI; BASMAJIAN,
1975; CARR, 1991), ou seja, não deveriam ocorrer contrações de unidades motoras
(THOMPSON, 1981). Durante o repouso, os baixos níveis de atividade tônica dos
Discussão 65
músculos mastigatórios são controlados por receptores sensoriais constituintes do
sistema nervoso central. Qualquer alteração no equilíbrio do sistema
estomatognático causaria mudanças na tensão muscular observada no repouso
(HARPER et al., 1997), fato este verificado nos resultados desta pesquisa onde os
indivíduos portadores do protocolo Branemark apresentaram maior atividade
eletromiográfica que os indivíduos dentados. Este resultado era esperado, tendo em
vista que na maioria das vezes os indivíduos portadores de próteses apresentam
elevada atividade eletromiográfica durante a condição clínica de repouso (SANTOS,
2005). De acordo com Liu et al. (1999) e Pinho et al. (2000), a atividade
eletromiográfica dos músculos da mastigação em repouso é maior nos indivíduos
com disfunções do sistema estomatognático quando comparada com indivíduos
saudáveis, o que indica aumento do tônus basal da musculatura.
Segundo Arita (2000) a condição de repouso mandibular tem sido
constantemente utilizada como parâmetro clínico para análise oclusal em casos de
próteses, implantes, cirurgias ortognáticas e desordens temporomandibulares.
Trenouth (2000) verificou que o sistema estomatognático permanece a maior parte
do tempo em repouso, sendo que a atividade funcional ocorre em somente 12% do
tempo total diário. Carr (1991) constatou que na condição clínica de repouso
mandibular, os músculos que se inserem na mandíbula devem estar naturalmente
relaxados.
Vários autores, como Sgobbi de Faria e Bérzin (1998), Arita (2000) e Regalo et
al. (2006a) consideram a eletromiografia um método adequado para avaliar a
posição de repouso mandibular, observando sempre a necessidade de manter de
forma correta a postura do paciente e particularmente da cabeça e, assim como um
Discussão 66
ambiente calmo e silencioso durante o exame eletromiográfico, protocolo este que
foi executado na coleta de dados dos exames eletromiográficos nesta e nas demais
condições clínicas, desta pesquisa.
Baseados nos conceitos de ativação muscular neuroanatômica para a
movimentação lateral da mandíbula, sabe-se que na condição clínica de lateralidade
deve ocorrer maior atividade eletromiográfica do músculo temporal do lado em que
está ocorrendo à excursão da mandíbula (lado de trabalho), enquanto que para o
músculo masseter, o lado mais ativado é o contra-lateral (KRAUS et al., 1994). Este
dado foi observado nos resultados deste trabalho, nos dois grupos analisados sendo
que no Grupo I-Protocolo a tendência dos padrões de contração muscular foram
semelhantes aos do Grupo II-Dentados.
Com relação às condições clínicas de protrusão e lateralidade (direita e
esquerda), os indivíduos do Grupo I-Protocolo apresentaram maior atividade
eletromiográfica nos quatro músculos analisados e em todas as condições clínicas
propostas. Na protrusão, verificou-se nos dois grupos analisados o padrão de
contração eletromiográfica esperado para a manutenção desta postura que consiste
em maior ativação da musculatura massetérica quando comparada com a atividade
da musculatura temporal. O uso do protocolo Branemark proporcionou a adequação
da atividade muscular equivalente aos níveis de atividade eletromiográfica do Grupo
II-Dentados, apesar da atividade eletromiográfica ser bem maior nos usuários do
Protocolo.
Durante a manutenção das posições posturais nos indivíduos portadores de
Protocolo quando comparados com os indivíduos dentados houve equilíbrio dos
Discussão 67
músculos masseter e temporal, o que faz o Grupo I-Protocolo se aproximar do tipo
de relacionamento muscular em equilíbrio desenvolvido pelo Grupo II-Dentados.
Os músculos temporais do grupo dos dentados e dos portadores de Protocolo
revelaram atividade menor que a dos masseteres em todas as situações clínicas
propostas, situação esta esperada para indivíduos que apresentam atividade do
sistema estomatognático adequado.
O fato dos indivíduos portadores de protocolo Branemark apresentarem maior
atividade eletromiográfica durante o repouso e nos movimentos de lateralidades
(direita e esquerda) e protrusão, quando comparada com a atividade desenvolvida
pelos indivíduos dentados nas mesmas situações clínicas, poderia ser um indício da
dificuldade encontrada pelos indivíduos do Grupo I-Protocolo ocasionada pelo uso
consorciado de protocolo Branemark e das próteses superiores para executarem as
mesmas funções posturais que os indivíduos dentados, apesar do equilíbrio muscular
ser semelhante entre os dois grupos na execução das funções propostas. O aumento
da atividade eletromiográfica sugere estímulo da musculatura massetérica e temporal
dos indivíduos portadores de protocolo Branemark para conseguirem manter as
posições posturais.
A mastigação é uma das funções mais importantes desenvolvidas pelo sistema
estomatognático, mecanismo motor neurofisiológico do Homem complexo,
sofisticado e crítico considerado o primeiro passo do processo digestório
(ORCHARDSON; CADDEN, 1998). Durante todo o processo mastigatório observa-se
atividade neuromuscular integrada, que ocorre simultaneamente com a contração
sincrônica dos músculos responsáveis pela elevação, abaixamento, lateralidade e
protrusão da mandíbula (MOYERS, 1991). A manutenção da estabilidade dos arcos e
Discussão 68
da oclusão dental promovem o estímulo funcional do periodonto, músculos e
articulações temporomandibular aspectos fundamentais para a mastigação (MOLINA,
1989; VAN DER BILT, 2002).
No presente estudo, a atividade muscular durante a mastigação manteve
padrão de normalidade, os masseteres mostraram-se mais ativos que os temporais
nos dois grupos analisados. Isto se deve às características morfológicas e funcionais
destes músculos. O masseter é um músculo potente, com função de força, atuando
ativamente no processo mastigatório, enquanto o músculo temporal é mais veloz,
sendo o primeiro a se contrair no movimento de elevação da mandíbula,
coordenando o movimento como posicionador mandibular e atuando com menor
intensidade durante a mastigação (HARPER et al., 1997). Verificou-se, entretanto,
que os indivíduos do Grupo I apresentaram menor atividade eletromiográfica,
quando comparado com os indivíduos do Grupo II, resultados também encontrados
por Slagter et al. (1993) onde indivíduos usuários de próteses totais apresentaram
atividade diminuída na mastigação. Entretanto Karkasis (2002) observou a ocorrência
da ativação de mecano-receptores presentes no periósteo e terminações nervosas do
tecido ósseo quando se recebe o implante dental, fato que poderia aumentar a
eficiência mastigatória e a atividade eletromiográfica do músculo.
Isto pode ocorrer tendo em vista que os movimentos mastigatórios ocorrem
devido à inter-relação entre vários órgãos do sistema estomatognático,
propriocepção, centros cerebrais e função oclusal. Qualquer mudança nas
informações da oclusão, articulação temporomandibular ou músculos mastigatórios
podem levar a alteração do padrão de movimentos mastigatórios e sua eficiência
(OKESON, 2000; KIM et al., 2001). Segundo Miyauchi et al., 1989, entre os fatores
Discussão 69
capazes de influenciar o movimento mastigatório, a oclusão é um dos mais
importantes.
Estudos realizados por Fontijn-Tekamp et al. (2001) revelam que em 88% dos
indivíduos portadores de próteses totais relataram sintomatologia dolorosa na
mandíbula durante a mastigação habitual e somente 13% ou menos dos indivíduos
portadores de overdentures sobre implantes relataram dor no processo mandibular
durante a mastigação. Concluíram que o uso de implantes mandibulares para o
suporte de próteses permite aumento na força e a diminuição dos sintomas
dolorosos na região mandibular, ou seja, observa-se melhor desempenho funcional
quando se utilizam implantes.
Os resultados relatados no estudo desenvolvido por Fontijn-Tekamp et al.
(2001) podem ser causa para a baixa atividade eletromiográfica dos músculos da
mastigação gerada pelos indivíduos portadores de Protocolo, testados no presente
trabalho, quando comparada com a atividade desenvolvida pelos indivíduos dentados
durante a mastigação. Os indivíduos portadores de Protocolo analisados no presente
estudo usavam prótese total convencional no arco superior, fator que diminui o
desempenho funcional do indivíduo pela instabilidade e desconforto, características
inerentes a este tipo de reabilitação.
FONTJN-TEKAMP et al. (2000) afirma que o desempenho da musculatura
mastigatória de indivíduos portadores de próteses (totais e overdenture) é menor
quando comparado com o desempenho desta musculatura em dentados, resultados
encontrados no presente estudo.
Feine et al. (1994) e Ferrario et al. (2004) verificaram atividade
eletromiográfica menor para indivíduos portadores de overdentures quando
Discussão 70
comparada com a atividade desenvolvida por dentados durante a mastigação. Este
resultado também pode ser relacionado com as diferenças da inervação sensitiva de
estruturas bucais existentes entre indivíduos reabilitados com próteses totais e
dentados (Garret et al., 1995). As funções táteis promovidas por implantes são
diferentes das promovidas por dentição natural (Ferrario et al., 2004), e também por
estes motivos os indivíduos dentados têm melhor desempenho durante movimentos
mastigatórios.
A atividade mastigatória de indivíduos portadores de overdentures e indivíduos
com próteses totais foi analisada eletromiograficamente por Chen et al. (2002) que
encontraram atividade preponderante do músculo temporal em relação à atividade
do músculo masseter desenvolvida durante a mastigação, resultados discordantes
desta pesquisa. Estes achados enfatizam a excelente capacidade de devolver aos
indivíduos portadores de protocolo atividade muscular similar aos padrões dos
indivíduos dentados, fato creditado a excepcional retenção e estabilidade
proporcionada por este aparato protético.
A atuação da musculatura da mastigação em diferentes tipos de reabilitações
protéticas é influenciada por inúmeros fatores, sendo que muitos deles não estão
totalmente estabelecidos. Assim, salienta-se a necessidade da realização de estudos
futuros que enfoquem padrões morfológicos faciais diferentes, comparação entre
idade, sexo, estudos longitudinais para o controle da atividade muscular e função
mastigatória.
7. CONCLUSÕES
Conclusões 72
De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que:
Nos indivíduos portadores de prótese sobre implante tipo Protocolo Branemark,
quando comparada aos indivíduos dentados, observou-se:
1. maior atividade eletromiográfica dos músculos masseteres e temporais
durante as atividades de manutenção de postura (repouso,
lateralidades esquerda e direita e protrusão),
2. menor atividade eletromiográfica dos músculos dos masseteres e
temporais durante as atividades de mastigação habitual e
3. equilíbrio da atividade eletromiográfica entre os lados direito e
esquerdo dos músculos analisados durante a manutenção das posições
posturais e padrões de contração eletromiográfica semelhantes aos
desenvolvidos pelos indivíduos dentados durante as atividades de
mastigação habitual, evidenciando a importância da indicação de
próteses tipo protocolo Branemark.
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ANEXO
Anexo 88
ANEXO A – Carta de aprovação do Comitê de Ética