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ALINE DE FAVERI EFEITOS DA FARINHA DA CASCA DE MARACUJÁ (Passiflora edulis Var. flavicarpa) SOBRE A SÍNDROME METABÓLICA INDUZIDA POR DIETA DE CAFETERIA EM CAMUNDONGOS Itajaí (SC) 2019

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ALINE DE FAVERI

EFEITOS DA FARINHA DA CASCA DE MARACUJÁ

(Passiflora edulis Var. flavicarpa) SOBRE A SÍNDROME

METABÓLICA INDUZIDA POR DIETA DE

CAFETERIA EM CAMUNDONGOS

Itajaí (SC)

2019

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

ALINE DE FAVERI

EFEITOS DA FARINHA DA CASCA DE MARACUJÁ

(Passiflora edulis Var. flavicarpa) SOBRE A SÍNDROME

METABÓLICA INDUZIDA POR DIETA DE

CAFETERIA EM CAMUNDONGOS

Dissertação submetida à Universidade do

Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Orientador: Prof. Dr. José Roberto Santin

Itajaí (SC)

Março de 2019

“Dedico este trabalho a minha família, em especial aos meus pais, irmã e

noivo, e a todos que contribuíram para

minha formação acadêmica”.

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Anísio De Faveri e Rosangela Farias De

Faveri, pela dedicação à minha formação pessoal e profissional, amor e

incentivo;

A minha irmã e aluna do Curso de Biomedicina da UNIVALI, Renata

De Faveri pelo companheirismo e dedicação durante a execução deste

projeto;

Ao meu noivo Rodrigo Escobar, pelo apoio e compreensão nos

momentos de ausência;

Ao meu orientador Prof. Dr. José Roberto Santin, pelos ensinamentos,

paciência e imensurável contribuição à minha formação acadêmica;

A Profª. Drª Nara Lins Meira Quintão pela disponibilidade e

colaboração na execução deste projeto;

A Profª. Drª. Ana Mara de Oliveira Silva e suas alunas, por me receber

na Universidade Federal de Sergipe e proporcionar inestimável contribuição

na realização dos ensaios antioxidantes;

A amiga e nutricionista Marina Jagielski Goss, pelo incentivo à

ingressar no programa de mestrado;

A todos colegas do programa de pós-graduação, em especial as amigas

que levarei do mestrado para a vida, Milena Fronza Broering, Izabel

Bousfield e Roberta Nunes;

Aos membros da banca, que gentilmente aceitaram o convite para

examinarem esta dissertação de mestrado;

A todos os professores e colaboradores do Curso de Pós-Graduação

em Ciências Farmacêuticas da UNIVALI que de alguma forma contribuíram

para a realização deste trabalho;

Ao apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior – Brasil (CAPES, cod. 001).

A todos, meus sinceros agradecimentos!

“Suba o primeiro degrau com fé. Não

é necessário que você veja toda a

escada. Apenas dê o primeiro passo.”

Martin Luther King

EFEITOS DA FARINHA DA CASCA DE MARACUJÁ

(Passiflora edulis Var. flavicarpa) SOBRE A SÍNDROME

METABÓLICA INDUZIDA POR DIETA DE

CAFETERIA EM CAMUNDONGOS

Aline De Faveri

Março/2019

Orientador: José Roberto Santin, Doutor.

Área de Concentração: Produtos naturais e substâncias sintéticas bioativas

Número de Páginas: 112.

Os hábitos alimentares vem mudando continuamente, o qual é um dos fatores mais fortes que explica a obesidade mundial. O aumento na ingestão de produtos processados e ultraprocessados altamente calóricos e com baixo valor nutricional, tem sido relacionado à diversas desordens metabólicas, como a resistência à insulina, obesidade central, alterações no metabolismo lipídico e glicídico e indução de estresse

oxidativo, responsável pelas disfunções características da síndrome metabólica. Em modelos animais, a dieta de cafeteria visa mimetizar estas alterações metabólicas, sendo muito utilizada para estudos de obesidade e síndrome metabólica. Diante da escassez de publicações acerca dos benefícios da farinha da casca do fruto de Passiflora edulis (FCM) e das modificações no padrão alimentar, o presente projeto teve como objetivo avaliar os efeitos da suplementação com farinha da casca de maracujá na ração de camundongos submetidos a dieta de cafeteria, bem como avaliar suas implicações no processo metabólico. Os ensaios FRAP, atividade sequestradora

do NO2 e sistema β Caroteno/Ácido Linoleico foram empregados para determinação da atividade antioxidante da FCM. Camundongos C57BL/6 machos foram divididos em diferentes grupos: 1) controle (ração padrão AIN-93M); 2) Dieta de cafeteria (Dieta hipercalórica) e 3) Dieta de cafeteria acrescida de Farinha de casca de maracujá (FCM) (Dieta hipercalórica + FCM 15%). Os animais receberam os diferentes tratamentos durante 16 semanas. Durante este período, foram avaliados o peso dos animais, consumo de ração e de água. Na última semana foi avaliada a resistência à insulina e tolerância oral a glicose. Ao final do experimento, os animais foram

anestesiados, o sangue foi coletado para avaliação de parâmetros bioquímicos (glicose, insulina, AST, ALT, creatinina, colesterol total e triglicerídeos). O tecido hepático foi coletado para determinação das enzimas antioxidantes e quantificação de lipídios. Os tecidos hepático, pancreático e renal foram submetidos a avaliação histológica. Os dados obtidos demonstraram que a dieta de cafeteria foi capaz de induzir importantes alterações metabólicas como: aumento significativo no índice de adiposidade, glicemia de jejum, colesterol e triglicerídeos séricos e hepáticos, TNF e IL-6, e infiltração de lipídeos no fígado, resistência a insulina e intolerância oral a glicose, hiperplasia das Ilhotas de Langherhans bem como atrofia dos glomérulos

renais. A suplementação com FCM foi capaz de atenuar os efeitos da dieta de

cafeteria, melhorando todos os parâmetros avaliados, seja pela ação de fibras ou devido a presença de compostos bioativos.

Palavras chave: Passiflora edulis. Farinha da casca do maracujá. Dieta de cafeteria.

Síndrome metabólica. Resistência a insulina.

PASSION FRUIT PEEL FLOUR (Passiflora edulis Var.

Flavicarpa) EFFECTS IN METABOLIC SYNDROME

INDUCED BY CAFETERIA DIETIN MICE

Aline De Faveri

March/2019

Professor: José Roberto Santin, Doutor.

Concentration area: Natural products and synthetic bioactive

substances

Number of pages: 112.

Changes in the eating habits are one of the strongest factors that explains obesity worldwide. The higher consumption of processed and ultraprocessed foods, high calorie and with low nutritional value has been related to several metabolic disorders, such as insulin resistance, central obesity, changes in lipid and glucose metabolism and oxidative stress, which is responsible for the characteristic dysfunctions of the metabolic syndrome. In animal models, cafeteria diet aims to mimic these metabolic alterations, being widely used on studies of obesity and metabolic syndrome.

Considering the few publications about the benefits of Passiflora edulis peel flour (PEPF), the aim of this study was to evaluate the effects of the supplementation with PEPF in mice on a cafeteria diet. To determinate the antioxidant activity of PEPF, FRAP assay, NO2 sequestering activity and β Carotene/Linoleic Acid system were used. C57Bl/6 black male mice were divided into different groups: 1) control (fed on a standard AIN-93M diet); 2) Cafeteria diet (Hypercaloric diet) and 3) Cafeteria diet plus Passionfruit Peel Flour (PFPF) (Hypercaloric diet associated to 15% of PEPF). Mice were treated for 16 weeks. During the period, the weight of the animals, food

and water intake were mesuared. In the last week, insulin resistance and glucose tolerance tests were applied. In the end of the experimentation, animals were anesthetized, blood was collected to evaluate biochemical parameters (glucose, insulin, AST, ALT, creatinine, total cholesterol and triglycerides), as well as pancreas, liver and adipose tissues. Liver tissue was also used to determinate the antioxidant enzymes and lipid quantification. Data demonstrated that supplementation with PEPF was able to attenuate metabolic changes induced by cafeteria diet such as: a significant increase in the rate of adiposity, fasting glucose, serum and hepatic concentration of cholesterol, triglycerides, TNF and IL-6, lipid infiltration in the liver, insulin

resistance and oral glucose intolerance, hyperplasia of the Langerhans Islets as well as renal glomerulus atrophy. In conclusion, cafeteria diet induces important metabolic disorders in mice, that were attenuated with PEPF supplementation. This effect could be by the actionpresence of fibers or due to the presence of bioactive compounds presents in the PFPF.

Key-words: Passiflora edulis. Passion fruit peel flour. Cafeteria diet.

Metabolic Syndrome. Insulin resistance.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Principais alterações metabólicas induzidas pela dieta de

cafeteria...........................................................................

42

Figura 2 Plantação de

Maracujá..........................................................................

44

Figura 3 Partes do

maracujá..........................................................................

45

Figura 4 Estrutura química do ζ-caroteno (a), β-caroteno (b), pró-

licopeno (c), β-criptoxantina (d), violaxantina (e)

presentes no maracujá amarelo.......................................

46

Figura 5 Subdivisão dos grupos experimentais de acordo com o

tratamento dietético e cronograma de realização do

experimento.....................................................................

57

Figura 6 Atividade antioxidante do extrato da farinha da casca do

maracujá..........................................................................

66

Figura 7 Percentual de ganho de peso e área sobre a curva dos

diferentes grupos após 16 semanas de

experimentação................................................................

67

Figura 8 Consumo alimentar em gramas e calorias, ganho de peso

por consumo calórico e ingestão hídrica dos diferentes

grupos experimentais.......................................................

68

Figura 9 Perfil glicêmico dos diferentes grupos

experimentais..................................................................

70

Figura 10 Histologia, pesos e área das ilhotas de Langerhans do

pâncreas...........................................................................

72

Figura 11 Colesterol total e triglicerídeos

séricos..............................................................................

73

Figura 12 Parâmetros de tecido adiposo dos diferentes grupos

experimentais..................................................................

75

Figura 13 Análise histológica, peso e concentração de colesterol e

triglicerídeos no fígado....................................................

78

Figura 14 Concentração de IL-6 e TNF no tecido

hepático...........................................................................

79

Figura 15 Parâmetros antioxidantes no fígado dos diferentes

grupos experimentais após o período de intervenção......

80

Figura 16 Perfil renal dos diferentes grupos

experimentais..................................................................

81

Figura 17 Resumo gráfico de resultados da pesquisa....................... 94

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Critérios para diagnóstico de síndrome

metabólica.........................................................................

33

Tabela 2 Teor de nutrientes em cascas in natura de maracujá

amarelo (P. edulis var. flavicarpa) (Gondim et al.,

2005).................................................................................

49

Tabela 3 Teor de cianogênicos na casca do maracujá (in natura)

(Nascimento et al.,2013)...................................................

52

Tabela 4 Informação nutricional da FCM (Passiflora edulis Var.

flavicapa) empregada no presente estudo. Valores

referente a 1 porção do produto (50g = 7 colheres de

sopa)..................................................................................

53

Tabela 5 Concentração das enzimas hepáticas aspartato

aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase

(ALT) no soro dos animais...............................................

76

LISTA DE ABREVIATURAS

ADA - American Dietetic Association

AGEs - Produtos finais de glicação avançada

AGL - Ácidos Graxos Livres

AIN-93M - American Institute of Nutrition (Instituto Americano de Nutrição)

ALT - Alanina Aminotransferase

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AST - Aspartato Aminotransferase

C – Grupo dieta controle

CAF - Grupo Dieta de Cafeteria

CAT – Catalase

CCD - Cromatografia em camada delgada

CEUA - Comitê de Ética no Uso de Animais

CGPCC - Coeficiente de Ganho de Peso por Consumo Calórico

CLAE- Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

CONCEA - Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal

DCV - Doenças Cardiovasculares

DHGNA – Doença hepática gordurosa não alcoólica

DM – Diabetes Mellitus

DRIs - Dietary Reference Intakes (Ingestão dietética de referência)

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ERO - Espécies Reativas de Oxigênio

FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations

(Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura)

FCM – Farinha da Casca do Maracujá

FRAP - Ferric Reducing Antioxidant Power (Poder antioxidante de redução

do ferro)

GLUT – Transportador de glicose 4

GPx - Glutationa Peroxidase

GSH - Glutationa Reduzida

GSSG - Glutationa Oxidada

HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica

HDL - High Density Lipoprotein-cholesterol

HOMA - Homeostatic model assessment (Modelo de Avaliação da

Homeostase)

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDF - International Diabetes Federation (Federação Internacional de

Diabetes)

IG – Índice Glicêmico

IL-1β – Interleucina 1β

IL-6 - Interleucina 6

IRS1 – Insulin Receptor Substrate 1 – Substrato Receptor de Insulina 1

LDL-c - Low Density Lipoprotein-cholesterol (Lipoproteína-Colesterol de

baixa densidade)

NCEP-ATPIII - Third Report of the National Cholesterol Education

Program Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High

Blood Cholesterol in Adults (Terceiro Relatório do Painel de Especialistas do

Programa Nacional de Educação sobre Colesterol na Detecção, Avaliação e

Tratamento de Hipercolesterolemia em Adultos)

NF-kB - Fator Nuclear kB

OMS – Organização Mundial de Saúde

PA – Pressão Arterial

PCR – Proteína C Reativa

RI - Resistência à Insulina

SM – Síndrome metabólica

SOD - Superóxido Dismutase

TG - Triglicerídeos

TLR2 – Toll Like Receptor (Receptor tipo “Toll”)

TNF – Fator de Necrose Tumoral

VIGITEL - Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para

Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

VLDL-c - Very Low Density Lipoprotein-cholesterol (Lipoproteína-

Colesterol de muito baixa densidade)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................ 255

2 OBJETIVOS .................................................................................... 299

2.1 Objetivo Geral ..............................................................................299

2.2 Objetivos Específicos ...................................................................299

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................... 31

3.1 Transição nutricional e suas repercussões ....................................... 31

3.2 Síndrome Metabólica ..................................................................... 32

3.2.1 Dieta de Cafeteria ................................................................... 38

3.3 Maracujá amarelo (Passiflora edulis Var. flavicarpa) ..................... 43

3.3.1 Farinha da Casca do Maracujá amarelo (Passiflora edulis Var.

flavicarpa) ....................................................................................... 47

4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................... 53

4.1 Farinha da casca de maracujá (FCM).............................................. 53

4.1.1 Obtenção do produto ............................................................... 53

4.2 Ensaios in vitro .............................................................................. 51

4.2.1 Obtenção do extrato de FCM ................................................... 53

4.2.1.1 Avaliação do potencial antioxidante da FCM in vitro ............ 54

4.2.1.2 Método FRAP ....................................................................... 54

4.2.1.3 Sistema de cooxidação do β-caroteno/ácido linoléico ............ 54

4.2.1.4 Capacidade antioxidante por eliminação do Óxido Nítrico (NO)

........................................................................................................ 55

4.3 Ensaios in vivo .............................................................................566

4.3.1 Animais ..................................................................................566

4.3.2 Tratamento e parâmetros murinométricos ...............................566

4.3.3 Elaboração das dietas experimentais ......................................577

4.3.4 Consumo energético ...............................................................588

4.3.5 Eficiência Alimentar ...............................................................588

4.3.6 Curva de tolerância oral a glicose e teste de resistência à insulina

..........................................................................................................599

4.3.7 Eutanásia e coleta do material biológico ................................599

4.3.8 Determinação do peso relativo dos órgãos e tecidos ................ 60

4.3.9 Parâmetros bioquímicos no soro .............................................. 60

4.3.10 Avaliação histológica ............................................................ 60

4.3.11 Determinação de lipídeos no fígado ....................................... 61

4.3.12 Marcadores de estresse oxidativo ........................................... 61

4.3.12.1 Preparo dos homogeneizados no tecido hepático ................. 61

4.3.12.2 Atividade antioxidante total do tecido pelo método FRAP .... 62

4.3.12.3 Quantificação de glutationa reduzida (GSH) ........................ 62

4.3.13 Determinação da atividade das enzimas antioxidantes ............ 62

4.3.13.1 Superóxido Dismutase (SOD) .............................................. 62

4.3.13.2 Catalase (CAT) ................................................................... 63

4.3.13.3 Glutationa Peroxidase (GPx) ............................................... 63

4.3.14 Quantificação de proteínas no tecido hepático ........................ 64

4.3.15 Determinação das citocinas inflamatórias no fígado ............... 64

4.4 Análise estatística ........................................................................... 64

5 RESULTADOS .................................................................................. 65

5.1 Avaliação da atividade antioxidante in vitro do extrato hidroalcoólico

obtido a partir da FCM ......................................................................... 65

5.2 Ensaios in vivo ............................................................................... 66

6 DISCUSSÃO ...................................................................................... 83

7 CONCLUSÕES.................................................................................. 95

REFERÊNCIAS ................................................................................... 97

25

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o Brasil, assim como diversos países em

desenvolvimento, passou por mudanças numa acelerada transição

demográfica, epidemiológica e nutricional. As altas taxas de mortalidade

infantil e desnutrição deram lugar a um crescente número de distúrbios

metabólicos e doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes,

hipertensão arterial, hipercolesterolemia, doença hepática gordurosa não

alcóolica, obesidade e, consequentemente, síndrome metabólica (SM), tendo

sua origem na maioria das vezes, na alimentação inadequada (BATISTA

FILHO; BATISTA, 2010; MAYER JR et al., 2018).

As mudanças nas práticas alimentares contemporâneas, principalmente

o aumento do consumo de gorduras, açúcares, alimentos açucarados e ultra

processados, e redução da ingestão de carboidratos complexos e de fibras,

presentes principalmente em alimentos como frutas, verduras e legumes,

contribuem para o acometimento por estas doenças. Este novo padrão

alimentar tornou-se objeto de preocupação das ciências da saúde, uma vez

que, estudos epidemiológicos passaram a demonstrar correlações entre a dieta

e doenças crônicas (COUTINHO; GENTIL; TORAL, 2008; PROENÇA,

2010; GIL-CARDOSO et al., 2017, VIGITEL, 2018).

Estudos com modelos animais de obesidade são relatados, porém,

muitos não reproduzem a ingestão de alimentos regularmente consumidos

por humanos. Com o objetivo de compreender o perfil nutricional atual,

mimetizar seus efeitos a longo prazo, e proporcionar o entendimento da

fisiologia do organismo, têm sido empregadas as chamadas dietas de cafeteria

(FAGUNDES; TAHA, 2004; DAMATTA, 2010; GIL-CARDOSO et al.,

2017).

A dieta de cafeteria consiste em oferecer um aporte calórico elevado,

por meio do aumento dos carboidratos e/ou lipídeos presentes na

alimentação, assemelhando-se, portanto, aos hábitos alimentares modernos.

Por esta analogia, este tipo de dieta vem sendo utilizada em muitas pesquisas

relacionadas à obesidade e distúrbios metabólicos (NASCIMENTO et al.,

2008; GIL-CARDOSO et al., 2017). Alimentos como chocolate, amendoim,

biscoito, bacon, leite condensado, bolo, refrigerante e entre outros, podem

compor essa dieta (LOUZADA et al., 2013).

Autores apontam que esta dieta, administrada em ratos, promove um

padrão alimentar hiperfágico e hipercalórico, com rápido ganho de peso, e

26

aumento da massa de tecido adiposo, intolerância à glicose, resistência à

insulina e hiperinsulinemia (ESTADELLA et al., 2004; SAMPEY et al.,

2011; GOULARTE; FERREIRA; SANVITTO, 2012; BALLESTRERI;

MARCON; TAVARES1, 2015), podendo induzir o desenvolvimento de

distúrbios metabólicos, não apenas por intermédio de desequilíbrios entre a

distribuição dos macro nutrientes, como também, ao tipo de carboidratos e

gorduras consumidas, e não ao valor energético atribuído a estes nutrientes

(PAWLAK; KUSHNER; LUDWIG, 2004).

Em contrapartida estudos epidemiológicos demonstram que, dietas ricas

em frutas e vegetais parecem ter efeito protetor, podendo reduzir a incidência

de síndrome metabólica, sendo estes efeitos atribuídos sobretudo pela

presença de fibras nestes alimentos. Como um nutriente essencial, as fibras

têm apresentado um papel crucial na manutenção da saúde, com ações de

prevenção e proteção para várias doenças humanas, sendo complementares

no tratamento de diversas doenças relacionadas a alimentação como a

diabetes mellitus (DM), dislipidemias e obesidade (MATTOS; MARTINS,

2000; BERNAUD; RODRIGUES, 2013; SLAVIN, 2013; ZHANG et al.,

2016).

Neste contexto, visando a prevenção e tratamento destas desordens

metabólicas, a utilização de compostos bioativos derivados de produtos

naturais estão ganhando cada vez mais destaque, uma vez que podem

proporcionar a melhora da saúde, além de apresentarem baixa toxicidade e

poucos efeitos adversos. O uso do gênero Passiflora, e suas aplicações na

farmacologia, já é bem descrito na literatura em estudos clínicos e

experimentais, sendo atribuídos efeitos sedativos, antiespasmódico e

ansiolítico às folhas, e atividade antioxidante à polpa (DHAWAN;

DHAWAN; SHARMA, 2004) além da grande quantidade de fibras

alimentares, principalmente as solúveis como a pectina, presentes na casca

do maracujá (YAPO; KOFFI, 2006; GOSS et al., 2018).

Tendo em vista a influência do comportamento alimentar sobre o

acometimento da população por doenças crônicas e distúrbios metabólicos,

e, sendo muitos mecanismos fisiopatológicos interligados entre si, se faz

necessário estudos que abranjam os aspectos relacionados ao surgimento

desses quadros clínicos. É possível que o sucesso desse modelo se dê devido

ao fato de se assemelhar a forma como a obesidade é adquirida pela

população humana, podendo assim reproduzir suas causas e consequências.

27

Assim, o objetivo do presente projeto foi avaliar os efeitos metabólicos

da suplementação com farinha da casca de maracujá sobre a síndrome

metabólica induzida por dieta de cafeteria em camundongos.

28

29

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar os efeitos da farinha da casca de maracujá (Passiflora edulis

Var. Flavicarpa) sobre a síndrome metabólica induzida por dieta de cafeteria

em camundongos.

2.2 Objetivos Específicos

a) Avaliar o potencial antioxidante da farinha de casca de P. edulis Var.

flavicarpa;

b) Avaliar o efeito da incorporação de farinha de casca de P. edulis

Var. flavicarpa na síndrome metabólica induzida por dieta de

cafeteria sobre:

Parâmetros de consumo alimentar, energético e hídrico dos animais;

Parâmetros murinométricos;

Tolerância oral a glicose e resistência à insulina;

Marcadores bioquímicos: perfil lipídico, glicemia, insulina, função

renal, enzimas hepáticas;

Capacidade antioxidante (enzimas, FRAP) no tecido hepático dos

diferentes grupos experimentais;

Concentração das citocinas inflamatórias no tecido hepático (TNF e

IL- 6);

Morfologia dos diferentes tecidos (fígado, pâncreas, rins e tecido

adiposo).

30

31

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Transição nutricional e suas repercussões

A obesidade é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS)

pelo índice de massa corporal acima de 30 kg/m2, podendo ser desencadeada

por diversos fatores. A elevação do índice de massa corporal é o maior fator

de risco para complicações que incluem o diabetes, doenças cardiovasculares,

doenças do trato gastrointestinal e câncer (WHO, 2015; BORTOLIN et al.,

2018).

Em 2014, segundo dados da OMS, mais de 1,9 bilhão da população

mundial de adultos, apresentavam excesso de peso. Dentre estes indivíduos,

mais de 600 milhões estavam obesos. Estes dados sugerem que, naquele ano,

aproximadamente 13% da população mundial adulta estava obesa e 39%

estava com sobrepeso, evidenciando que a prevalência mundial de obesidade

duplicou entre os anos de 1980 e 2014 (WHO, 2015).

A prevalência de obesidade tem aumentado em taxas alarmantes. Dados

preocupantes vem de estudos bem recentes que mostram que mais de 90%

dos adultos dos EUA, Nova Zelândia, Grécia e Islândia são “overfat”, um

novo termo que se refere a um acúmulo excessivo de gordura corporal que se

torna suficiente para prejudicar a saúde (MAFFETONE; RIVERA-

DOMINGUEZ; LAURSEN, 2017). Essa taxa extremamente alta é explicada

pelo fato de pessoas com peso normal, mas que tenham uma proporção de

gordura suficiente para prejudicar a saúde entram na conta, mostrando que o

problema de excesso de gordura é bem maior do que se imagina.

No Brasil, a prevalência de sobrepeso e obesidade é elevada. Segundo

levantamento da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para

Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico - Vigitel (2018), realizada em

todas as capitais brasileiras entre fevereiro e dezembro de 2016, uma em cada

cinco pessoas no País está acima do peso. A prevalência de obesidade passou

de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016, e de excesso de peso também

cresceu, passou de 42,6% para 53,8% em 10 anos.

Ainda segundo a pesquisa, dados demonstram, que este crescimento

pode ter colaborado para o aumento da prevalência de doenças crônicas,

como diabetes e hipertensão. O diagnóstico médico de diabetes passou de

5,5% em 2006, para 8,9% em 2016. Já o de hipertensão, no mesmo período,

32

saiu de 22,5% para 25,7%. E em ambos os casos, o diagnóstico é mais

prevalente em mulheres (VIGITEL, 2018).

As causas da obesidade na população são múltiplas e complexas. O

sedentarismo e a mudança nos hábitos alimentares têm sido apontados como

os dois principais fatores por trás desta epidemia global (DAVIS;

PLAISANCE; ALLISON, 2018). Estudos epidemiológicos apontam que o

hábito alimentar dos indivíduos vem sofrendo importantes mudanças, o que

indica ser um dos fatores mais relevantes que explicam a obesidade mundial.

Uma destas modificações, é o tipo de macronutriente ingerido. Consome-se

cada vez mais produtos processados contendo açúcar refinado, xarope de

milho, óleos refinados, sal (sódio). Outra mudança, é o consumo de alimentos

ultra processados, o qual vem aumentando progressivamente, como por

exemplo, alimentos pré-cozidos, biscoitos recheados, salgadinhos, todos com

alta densidade calórica e baixo valor nutricional (BORTOLIN et al., 2018).

Concomitante a isso, observa-se a redução da ingestão de frutas, verduras e

legumes, consequentemente de fibras, vitaminas e minerais, além de

compostos bioativos e substâncias antioxidantes. De um modo geral, as

mudanças nos hábitos alimentares são cada vez mais em direção ao aumento

no consumo calórico, que, a longo prazo, pode estar relacionado com a

epidemia global de obesidade.

Porém, este acúmulo excessivo de gordura corporal traz prejuízos ao

organismo, podendo desencadear “co-morbidades”, como hipertensão,

dislipidemia, diabetes, doença hepática gordurosa, doenças cardiovasculares

e a resistência à insulina (RI), todas condições metabólicas que compreendem

a síndrome metabólica, sendo a última, a que parece ser comum e

correlacionar-se com todas outras.

3.2 Síndrome Metabólica

O conceito da síndrome metabólica existe há pelo menos 90 anos. Foi

descrita pela primeira vez na década de 1920 por Kylin, um médico sueco,

conceituando-a como uma condição metabólica resultante do agrupamento

de fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV), como a hipertensão

arterial sistêmica (HAS) e hiperglicemia. Em 1947, Vague correlacionou-a

também com a obesidade andróide, caracterizada pela adiposidade corporal

central, fenômeno comumente associado a anormalidades metabólicas

33

associadas à DM tipo 2 (KYLIN, 1923; CAMERON; SHAW; ZIMMET,

2004; ECKEL; GRUNDY; ZIMMET, 2005).

Em 1988, Reaven descreveu a síndrome metabólica como uma série de

anormalidades metabólicas e hemodinâmicas, comumente presentes no

indivíduo obeso (MOTTILLO, 2010). Mais tarde, ao final da década de 1990,

a Organização Mundial da Saúde estabeleceu o termo unificado de síndrome

metabólica, para o conjunto de fatores de risco para DCV, tais como a

obesidade, hiperglicemia, HAS e dislipidemia, visando caracterizar uma

possível predisposição para complicações do aparelho circulatório, como

insuficiência cardíaca, doença arterial coronária, infarto agudo do miocárdio

e acidente vascular encefálico. Em 2001, o “Third Report of the National

Cholesterol Education Program Expert Panel on Detection, Evaluation, and

Treatment of High Blood Cholesterol in Adults” (NCEP-ATPIII) definiu

critérios clínicos e laboratoriais para o diagnóstico de síndrome metabólica.

Posteriormente, a “International Diabetes Federation” redefiniu alguns

critérios, enfatizando a importância da obesidade abdominal central, e

considerando valores distintos de acordo com o grupo racial do indivíduo

(NAKAZONE et al., 2007).

Para fins de diagnóstico, a I Diretriz Brasileira no Diagnóstico e

Tratamento da Síndrome Metabólica adotou os critérios do NCEP-ATPIII

(do inglês, National Cholesterol Education Program - Adult Treatment Panel

III) como referência para a população brasileira devido sua simplicidade,

definindo o diagnóstico da síndrome metabólica como a presença de três ou

mais critérios dentre os 5 estabelecidos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIA, 2005) (Tabela 1).

Tabela 1. Critérios para diagnóstico de síndrome metabólica.

Componentes Valores de referência

Circunferência da cintura Homens > 102 cm

Mulheres > 88 cm

Pressão arterial PAD ≥ 130 e/ou PAS ≥85 mmHg

Glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL

Triglicerídeos ≥ 150 mg/dL

HDL-colesterol Homens < 40 mg/dL

Mulheres < 50mg/dL

Fonte: National Cholesterol Education Program (2002). Legenda: NCEP-ATPIII- National Cholesterol Education Program -Adult Treatment Panel III. PAD: Pressão

34

Arterial Diastólica. PAS: Pressão Arterial Sistólica. HDL-colesterol: Lipoproteína de alta densidade (do inglês, High density lipoprotein).

No entanto, considerando as evidências, e relacionando a conexão entre

obesidade central e risco de DCV e síndrome metabólica, a International

Diabetes Federation (IDF) publicou em 2005 um novo critério, propondo a

redução nos valores de referência de circunferência abdominal para ≥94 cm

e ≥80cm para homens e para mulheres, respectivamente (ALBERTI, 2006),

uma vez que os estudos demonstram que o aumento do risco, está diretamente

e progressivamente associado ao aumento da circunferência da cintura

(SABOYA et al., 2016).

Além destas disfunções metabólicas, a literatura discute a relação da

resistência à insulina na fisiopatologia da síndrome metabólica, uma vez que

até 70% dos indivíduos acometidos apresentam RI, sugerindo assim, uma

menor sensibilidade à ação deste hormônio (FORD, 2005; MAYER JR,

2018). Atualmente, vem sendo descrita como fator de ligação entre a

adiposidade central, intolerância à glicose, HAS, dislipidemia, distúrbios da

coagulação, hiperuricemia e microalbuminúria, comorbidades integrantes da

síndrome metabólica, desempenhando um papel importante na sua

patogênese (RIBEIRO FILHO, 2006; SABOYA et al., 2016, RANASINGHE

et al., 2017).

A RI é uma condição complexa, definida como um estado de menor

resposta metabólica a níveis circulantes de insulina em tecido periféricos

(músculo, fígado e tecido adiposo), sistema nervoso central e células beta-

pancreáticas. Também é definida por uma menor capacidade de supressão da

gliconeogênese hepática (CZECH, 2017), tendo relação direta com a

adiposidade e com a alta prevalência de obesidade central (LOPES, 2005). O

fígado e tecido adiposo branco, também se tornam menos sensíveis às suas

ações metabólicas, promovendo alteração nas concentrações séricas de

glicose, podendo evoluir para DM tipo 2 (CHAWLA; NGUYEN; GOH,

2011).

A insulina é um hormônio anabólico, tendo sua sinalização iniciada

com sua ligação a um receptor específico da membrana, uma proteína com

atividade quinase intrínseca, denominada receptor de insulina. A ativação do

receptor de insulina resulta na fosforilação do substrato receptor de insulina

(IRS) 1 e 2 em tirosina, criando sítios de ligação para uma outra proteína

citosólica, denominada fosfatidilinositol 3-quinase (PI3k), que quando

35

ativada aumenta a fosforilação em serina da proteína quinase B (Akt) e isso

permite o transporte da glicose no músculo e no tecido adiposo, através da

translocação do transportador de glicose (GLUT4) para a membrana,

permitindo a captação da glicose (VÁZQUEZ-JIMÉNEZ et al., 2017).

Na obesidade ocorrem alterações em diversos pontos da via de

transdução do sinal de insulina. Ocorre redução na concentração e atividade

quinase do receptor de insulina, na concentração e fosforilação dos IRS 1 e

2, na atividade PI3k, na translocação dos GLUT´s e na atividade de enzimas

intramusculares, consequentemente isso atenua a captação da glicose nos

tecidos insulino-dependentes (FOSTER; KLIP, 2000).

A existência de uma relação entre a adiposidade e a resistência à

insulina já está bem esclarecida, contudo ainda não se pode afirmar com

exatidão se a resistência à insulina é um fator promotor ou uma consequência

do ganho de tecido adiposo (LOPES, 2005). O entendimento da estrutura e

funcionalidade do tecido adiposo vem sendo aprimorado ao longo dos anos.

Atualmente, além de um depósito de lipídeos, este tecido já é reconhecido

como um órgão, com diversas funcionalidades autócrinas e parácrinas,

implicações no sistema endócrino, e em processos metabólicos,

principalmente em processos inflamatórios (TRAYHURN; WOOD, 2004;

GOLLISCH et al., 2009).

Outros fatores também devem ser considerados na patogênese da

síndrome metabólica, como a ativação crônica do sistema imunológico,

distúrbios do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, alteração da ação dos

hormônios glicocorticoides, estresse crônico e fatores genéticos que possam

estar envolvidos. E ainda, a contribuição das citocinas, hormônios, e outras

moléculas sintetizadas e secretadas pelos adipócitos, são relacionadas a

síndrome metabólica (FORD, 2005; PICON et al., 2006).

Com o acúmulo de gordura corporal, os adipócitos secretam maiores

concentrações de Fator de Necrose Tumoral (TNF) e Interleucina 6 (IL-6),

que são antagonistas à ação da insulina. O TNF favorece a fosforilação em

serina do substrato do receptor da insulina-1 (IRS1). O IRS1 fosforilado em

serina não é capaz de ativar fosfatidilinositol 3 quinase (PI3-q) o que resulta

em transporte diminuído de glicose, o que tem sido associado ao aumento da

resistência à insulina (CAMPOS et al., 2006; FURUKAWA et al., 2017).

O NF-kB também é um fator que possui relação com o surgimento e

manutenção da inflamação na síndrome metabólica, já que, quando ativado

36

no adipócito, leva a produção de citocinas pró-inflamatórias, e como

consequência, irá contribuir para a resistência à insulina (LIMA et al., 2012).

Em condições normais, a insulina participa da regulação do

metabolismo lipídico por meio de várias ações, todavia, em indivíduos com

síndrome metabólica essa ação não é observada, favorecendo as

dislipidemias. A dislipidemia presente na síndrome metabólica é chamada de

aterogênica e consiste em três irregularidades lipídicas: hipertrigliceridemia,

HDL-c diminuído, do inglês High Density Lipoprotein-cholesterol, e valores

do LDL-c, do inglês Low Density Lipoprotein-cholesterol, entre a

normalidade e leve a moderada elevação (GUIMARÃES, 2006).

Esse fenômeno está relacionado a resistência à insulina, na qual, devido

ao menor metabolismo das VLDL-c (Very Low Density Lipoprotein-

cholesterol), decorrente da hiperinsulinemia, a concentração plasmática de

triglicerídeos (TG) se eleva, ao mesmo tempo em que a de HDL-c sofre

decréscimo, promovendo o aumento do nível de VLDL-c, redução dos níveis

e do tamanho da HDL-c e aumento de partículas de LDL-c, as quais são ricas

em apolipoproteína B (GUIMARÃES, 2006; OLIVEIRA et al., 2004).

De forma simplificada, a hipertrigliceridemia observada no indivíduo

com síndrome metabólica, pode ser atribuída ao aumento da síntese de

apolipoproteína C-III (APO c-III), que interfere na ação da lipoproteína

lipase, envolvida no processo de hidrólise dos TG da partícula de VLDL-c.

Na cascata do metabolismo endógeno das lipoproteínas, a ação das lipases,

também sobre as VLDL-c, cria remanescentes mais aterogênicos. A alta

concentração de APO c-III interfere na captação de remanescentes de VLDL-

c pelos receptores de LDL-c nas células hepáticas, gerando aumento de TG

na circulação. Ademais, a APO c-III liga-se ao receptor do tipo Toll (TLR2),

um mediador pró-inflamatório que intensifica o processo aterosclerótico

(GRUNDY et al., 2004).

Corroborando, autores demonstraram que os ácidos graxos saturados de

cadeia longa, são os lipídeos mais nocivos no que tange acúmulo de massa

adiposa. Nesse estudo, os pesquisadores verificaram que essas moléculas

ligam-se aos receptores do tipo Toll (TLR2 e TLR4) das micróglias, células

protetoras do hipotálamo, estimulando a produção de citocinas pró-

inflamatórias (TNF, IL-1β e IL-6) e, consequentemente, a destruição dos

neurônios responsáveis pelo controle do apetite e da termogênese

(MILANSKI et al., 2009), demonstrando a importante participação do

sistema imune e hormonal na gênese da síndrome metabólica.

37

Outros eventos também podem ser observados no quadro de síndrome

metabólica, tais como aumento da aderência de células mononucleares,

diminuição da vasodilatação endotélio-dependente, secreção aumentada de

citocinas pró-inflamatórias como proteína C reativa (PCR), IL-6 e IL-1,

elevadas concentrações séricas de ácido úrico e microalbuminúria

(MOZAFFARIAN et al., 2004; GOMES et al., 2010; FURUKAWA et al.,

2017).

Não incluso nos critérios de diagnóstico, mas característica nesta

síndrome é a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), a qual é

considerada a manifestação hepática da síndrome (LONARDO, 1999;

MUSSO et al., 2008; YKI-JÄRVINEN, 2014). A DHGNA corresponde ao

acúmulo anormal de lipídeos nos hepatócitos, e engloba um espectro de

doenças hepáticas crônicas na ausência de uso excessivo de álcool. Estima-

se que a DHGNA afete cerca de 1 bilhão de indivíduos em todo o mundo

(LOOMBA; SANYAL, 2013).

A resistência à insulina também está diretamente correlacionada a

DHGNA (MAVROGIANNAKI; MIGDALIS, 2013). Conforme

mencionado, o efeito antilipolítico da insulina está diminuído, favorecendo a

síntese hepática de triglicerídeos. Além disso, quando há dificuldade na

sinalização celular de insulina, ocorre aumento na liberação de ácidos graxos

livres do tecido adiposo, os quais podem se depositar no tecido adiposo

subcutâneo sob a forma de gordura ectópica ou em órgãos como o coração e

o fígado (GAGGINI et al., 2013).

Sabe-se que, em resposta à resistência tecidual provocada pela gordura

excessiva, a secreção de insulina é aumentada, culminando em

hiperinsulinemia. Estudos sugerem que a hiperinsulinemia, poderia elevar a

pressão arterial, por meio da ativação do sistema nervoso simpático, do

comprometimento da vasodilatação periférica, da maior resposta a

angiotensina e do aumento da reabsorção renal de sódio e água, com

consequente aumento de volume sanguíneo (BARROSO; ABREU;

FRANCISCHETTI, 2002). A HAS está relacionada com alterações

funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (rins, coração, encéfalo e vasos

sanguíneos) e, portanto, a um maior risco de acidentes cardiovasculares

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). A associação da

síndrome metabólica com a DCV atua aumentando a mortalidade geral em

aproximadamente 1,5 vezes e a mortalidade cardiovascular em cerca de 2

vezes (LAKKA et al., 2002; MOTTILLO, 2010).

38

A prevalência da síndrome metabólica é alarmante, e está aumentando

à nível mundial, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento

(ALBERTI et al., 2009). Estudos apontam que nas últimas décadas, a

incidência aumentou progressivamente, estimando uma prevalência de até

23,7%, de acordo com os critérios ATP III, em um estudo realizado nos EUA

com uma amostra de 8.814 adultos (FORD; GILES; DIETZ, 2002; SABOYA

et al., 2016).

Dados epidemiológicos demonstram que de 20 à 25% da população

mundial adulta apresenta síndrome metabólica (KASSI et al., 2011) sendo

um indicador de risco de vida a longo prazo (MAMIKUTTY et al., 2014).

Este rápido aumento tem sido acompanhado pela crescente epidemia de DM,

HAS, DCV e obesidade (RANASINGHE et al., 2017), a qual vem crescendo

em proporções epidêmicas em todo o mundo, aumentando a predisposição

para todas as causas específicas ou não de morbidade e mortalidade (WHO,

2011).

Apesar dos avanços na compreensão e tratamento, a síndrome

metabólica é um importante problema de saúde pública (SABOYA et al.,

2016). Predisposição genética, idade, estilo de vida e perfil socioeconômico

podem estar envolvidos no desenvolvimento desta condição metabólica

(CORNIER et al., 2008; RANASINGHE et al., 2017), todavia, observa-se

que um dos principais fatores que contribuem para o seu desenvolvimento,

são dietas ricas em carboidratos e gorduras (MAMIKUTTY et al., 2014). O

aumento do consumo de gorduras, principalmente saturadas, açúcar, sódio,

alimentos refinados e redução da ingestão diária de carboidratos complexos

e de fibras, vem sendo o novo padrão dietético da população, sendo este, não

saudável, e um importante gatilho desencadeador dos quadros de obesidade

e síndrome metabólica (CARVALHO; ALFENAS, 2008).

3.2.1 Dieta de Cafeteria

Alimentos ultraprocessados, são componentes cada vez mais

frequentes na alimentação diária da população. Por serem industrializados,

apresentam uma alta densidade energética, em função da presença de altos

teores de açúcares, sódio, gorduras saturadas e trans, além de um teor de

fibras diminuído, tendo impacto negativo na qualidade da alimentação. Esse

perfil alimentar tem um grande impacto à saúde, podendo ser responsável por

39

comprometer o balanço energético do organismo, favorecendo o acúmulo de

gordura, contribuindo para a instalação e perpetuação de quadros de DCV,

DM, HAS, obesidade e câncer (LOUZADA et al., 2015).

Assemelhando-se aos hábitos alimentares da sociedade ocidental,

estudos com animais têm sido realizados, utilizando as chamadas dietas de

cafeteria, que consistem em oferecer um aporte calórico elevado, por meio

do aumento dos carboidratos e/ou lipídeos presentes na alimentação. Este

desequilíbrio dos macro nutrientes é induzido através da inclusão de

alimentos comuns à população humana na dieta dos animais, entretanto, não

há um protocolo que padronize este tipo de dieta, e assim os autores podem

optar pelos alimentos hipercalóricos que desejarem utilizar em sua pesquisa.

Alimentos como chocolate, amendoim, bacon, leite condensado, bolo, patê,

refrigerante e outros podem compor essa dieta (LOUZADA et al., 2013).

A composição da dieta de cafeteria empregada no estudo, será uma

dieta hipercalórica (normoproteica e hiperlipídica) proposta por Estadella et

al. (2004), a qual consiste na associação da dieta AIN-93 M com alimentos

hipercalóricos, ricos em carboidratos e lipídeos, sendo: amendoim, chocolate

ao leite e biscoito de maisena. Estes autores têm seu modelo reproduzido em

diversos estudos, com bons resultados na indução da síndrome metabólica em

modelos animais (EGUCHI et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2011;

BALLESTRERI; MARCON, TAVARES, 2015).

Sampey e colaboradores (2011) demonstraram que o modelo de indução

da síndrome metabólica por meio de dietas de cafeteria, parece ser o melhor

modelo, por sua robustez, refletindo a fisiopatologia da doença de forma mais

próxima a condição a qual é adquirida pela população humana, tornando esse

modelo viável, podendo contribuir nos progressos de compreensão da

etiologia, patogenia e intervenções terapêuticas da síndrome metabólica.

Outros autores também reforçam que a utilização deste tipo dieta em animais

mostra-se eficiente para o estudo da fisiopatologia das complicações

associadas à obesidade, como é o caso das doenças cardiovasculares e, mais

especificamente, da função endotelial, visto que é o modelo mais próximo da

gênese da obesidade em humanos (ROSINI; SILVA; MORAES, 2012).

Autores demonstram que essa dieta, induz o desenvolvimento de

distúrbios metabólicos envolvidos na gênese da síndrome metabólica, como

alteração do metabolismo da glicose, hiperglicemia, adiposidade, DHGNA,

alterações do perfil lipídico e resistência à insulina (EGUCHI et al., 2008;

CASTELL-AUVI et al., 2012; ANDRADE et al., 2013; BALLESTRERI;

40

MARCON; TAVARES1, 2015) não só por intermédio de desequilíbrios entre

a distribuição dos macro nutrientes, como também, devido a qualidade do

carboidrato consumido, não apenas pelo seu valor energético a ele atribuído.

Ressalva-se o papel do índice glicêmico (IG), ou seja, a capacidade que o

carboidrato contido em um alimento tem em aumentar a glicemia, o que

parece exercer maior influência sobre o surgimento de doenças metabólicas

como a resistência à insulina, tanto em modelos experimentais como em

humanos (PAWLAK; KUSHNER; LUDWIG, 2004; SAMPEY et al., 2011).

A resistência à insulina pode ser desencadeada por consumo crônico de

dietas ricas em gorduras. Estas dietas elevam os ácidos graxos livres (AGL)

circulantes fornecidos pelo tecido adiposo na lipólise. No meio intracelular,

os AGL exercem ação inibitória na secreção de insulina pelas células b-

pancreáticas e efeitos sistêmicos sobre a sensibilidade à insulina na utilização

periférica da glicose, referidos como lipotoxicidade (GAUR et al., 2014).

Esta condição está associada a produção de espécies reativas de oxigênio

(ERO), a diminuição do sistema de defesa antioxidante endógeno e aumento

do estresse oxidativo, que resulta em hiperinsulinemia compensatória,

hiperglicemia e armazenamento de lipídeos no tecido adiposo (STYSKAL et

al., 2012).

A produção de radicais livres consiste em um processo contínuo e

fisiológico, associado a importantes funções metabólicas como a

transferência de elétrons em células aeróbicas, especialmente pela cadeia

transportadora de elétrons mitocondrial (LAMBETH; EISH, 2014). Porém, a

produção contínua de radicais livres precisa ser balanceada por mecanismos

de defesa antioxidante. Portanto, o estresse oxidativo resulta em um

desequilíbrio entre a formação de ERO e a competência antioxidante

endógena, como forma de combater o excedente de radicais livres. Os

radicais livres em excesso podem provocar oxidação de biomoléculas com

consequente perda de suas funções biológicas e/ou desequilíbrio

homeostático, o que causa um dano oxidativo potencial contra células e

tecidos (SABITHA et al., 2014). As enzimas antioxidantes endógenas,

associadas aos antioxidantes provenientes da dieta são capazes de minimizar

essa desordem metabólica e, consequentemente, o desenvolvimento de dano

celular (MIGLIO et al., 2014).

O acúmulo de lípideos tóxicos em tecidos não adiposos é associado a

resistência à insulina. Ao mesmo tempo, o aumento da demanda de insulina

promove uma compensação das células beta, que envolve aumento da função

41

do pâncreas e/ou aumento da massa celular. Assim, a resistência à insulina

pode levar a DM tipo 2, concomitante com a condução da falha das células

beta. Avaliando a função pancreática após 17 semanas de tratamento com

dieta de cafeteria, estudos demonstraram um estado pré-diabético like em

animais, com acúmulo ectópico de lipídeos no pâncreas, conteúdo de insulina

e expressão gênica elevadas, condição de hiperinsulinemia, e ainda, sinais

iniciais de apoptose no pâncres (CASTELL-AUVI et al., 2012).

Outro achado é a correlação dos níveis aumentados de triglicerídeos por

este tipo de dieta, com a redução da função endotelial. Rosini, Silva e Moraes

(2012) apresentam em sua revisão que, em modelo de obesidade, os estudos

mostram que o consumo de dieta enriquecida de gorduras e sacarose por três

dias e 12 semanas provoca diminuição tempo-dependente da resposta a

agentes vasodilatadores com ação mediada pelo endotélio (carbacol) ou ação

direta sobre o músculo liso vascular (nitroprussiato de sódio) em artéria

mesentérica de ratos Wistar, mostrando que reduções na função endotelial

podem estar mais relacionadas com os níveis aumentados de triglicerídeos.

Todos estes achados comprovam os efeitos sistêmicos deletérios das

dietas de cafeteria, reforçando a importância de estudar mecanismos

envolvidos na síndrome metabólica. A figura 1 ilustra as principais

alterações metabólicas induzidas pela dieta de cafeteria.

42

Figura 1. Principais alterações metabólicas induzidas pela dieta de cafeteria.

Fonte: o autor.

As frutas e os vegetais, fazem parte do grupo de alimentos mais

importantes no controle do peso e prevenção de doenças. O consumo

adequado deste grupo de alimentos, tem sido associado com risco diminuído

para o acometimento por doenças crônicas, incluindo a síndrome metabólica.

Porém, o padrão dietético atual da população, é caracterizado pelo consumo

insuficiente de frutas, verduras e legumes. A OMS estima que

aproximadamente 2,7 milhões de mortes por ano em todo mundo podem ser

atribuídas a esse consumo inadequado, estando entre os dez principais fatores

de risco para a carga total global de doença em todo o mundo. A Organização

das Nações Unidas sobre Alimentos e Agricultura (Food and Agriculture

Organization of the United Nations - FAO) e a OMS recomendam um

consumo mínimo de frutas, verduras e legumes de 400 g/dia ou o equivalente

a cinco porções desses alimentos (WHO, 2011), ressaltando a importância da

inclusão deste grupo de alimentos a alimentação diária, bem como de

produtos à base destes alimentos.

43

3.3 Maracujá amarelo (P. edulis Var. flavicarpa)

Maracujá é uma denominação geral dada ao fruto e à planta de várias

espécies do gênero Passiflora. O nome maracujá é de origem tupi-guarani e

significa ”alimento que se toma de sorvo” ou “alimento em forma de cuia”,

uma referência a sua forma após cortado transversalmente. As primeiras

referências às plantas do gênero Passiflora foram feitas no século 16,

incluindo sua citação na obra Tratado descritivo do Brasil, de 1587, na qual

o português Gabriel Soares de Sousa fez referência ao maracujá, como uma

planta exótica com múltiplas potencialidades alimentares, ornamentais e

medicinais (EMBRAPA, 2016).

Apesar de pouco usual no Brasil, outra designação é "fruto-da-paixão"

que tem origem na correlação da morfologia da sua flor chamada "flor-da-

paixão", fazendo alusão aos símbolos da Paixão de Cristo. Em 1610, o

historiador italiano Giacomo Bosio associou as estruturas das flores, da

gavinha e das folhas do maracujazeiro com vários elementos da paixão

(crucificação) de Jesus Cristo, o que foi publicado na obra La trionfante e

gloriosa croce, ou a triunfante e gloriosa cruz. Entre tais associações, os três

pistilos representam a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), os

três estiletes representam os cravos usados na crucificação, as cinco anteras

representam as cinco chagas de Cristo; os filamentos da corona representam

a coroa de espinhos; as gavinhas os chicotes, e as folhas, as lanças dos

soldados que açoitaram Jesus Cristo. Essa associação da Paixão de Cristo às

estruturas das flores do maracujá deu origem ao nome do gênero Passiflora,

vindo do latim passio (Paixão) e floris (flor) de forma que o maracujá também

é conhecido como Flor da Paixão. Em inglês o fruto é conhecido como

“passion fruit”, ou fruto da paixão (EMBRAPA, 2016).

Segundo a mesma publicação da Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (2016), as espécies de maracujazeiro são plantas trepadeiras

herbáceas ou lenhosas, podendo atingir de 5 m a 10 m de comprimento,

conforme demonstra a figura 2. Dependendo da espécie, as folhas, flores e

frutos apresentam vários formatos, cores e tamanhos. Estima-se que o gênero

Passiflora é composto por mais de 500 espécies diferentes, das quais mais de

150 são nativas do Brasil, considerado um dos maiores centros de

diversidade. A cada ano, novas espécies de maracujá têm sido identificadas e

descritas no País (EMBRAPA, 2016). As espécies desse gênero são bem

distribuídas em clima temperado, quente e regiões tropicais. O Instituto

44

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2012) apresenta dados que

demonstram que a produção anual de maracujá equivale a 923 mil toneladas,

com destaque para as regiões produtoras nordeste e sudeste, sendo o Brasil o

maior produtor mundial de maracujá, e também o maior consumidor,

chegando a atingir aproximadamente 1 milhão de toneladas por ano, sendo

uma das principais frutas do consumo rotineiro da população brasileira.

Figura 2. Plantação de Maracujá.

Fonte: Banco de Imagens da Embrapa, 2015 (https://www.embrapa.br/busca-de-

imagens/-/midia/2572001/plantacao-de-maracuja).

O maracujá do tipo Passiflora edulis flavicarpa, conhecido como

maracujá azedo ou amarelo, é formado de pedúnculo, epicarpo (a casca

amarela mais exterior), mesocarpo (a parte branca da casca também

denominada albedo), endocarpo ou polpa (que contém o arilo carnoso) e as

sementes (NASCIMENTO et al., 2013) representado na figura 3. É o mais

produzido e comercializado representando 95% dos pomares, valorizado

quanto a produção devido ao seu melhor rendimento. Seu cultivo está

basicamente voltado para a indústria de sucos e polpas (ZERAIK et al., 2010;

NASCIMENTO et al., 2013).

45

Figura 3. Partes do maracujá.

Fonte: Adaptada de Banco de Imagens da Embrapa, 2016

(https://www.embrapa.br/busca-de-imagens/-/midia/2823002/maracuja-brs-sol-do-

cerrado-brs-sc1)

As propriedades medicinais e funcionais do fruto maracujá são

conhecidas mundialmente. É uma planta bastante estudada, tendo seus efeitos

elucidados na literatura (EMBRAPA, 2016). A cor amarela intensa do suco

de maracujá deve-se aos pigmentos carotenóides. Mercadante, Britton e

Rodriguez-Amaya (1998) identificaram por meio de técnicas

espectroscópicas (EM, UV-Vis, RMN 1H e 13C) e cromatográficas (CCD e

CLAE-cromatografia líquida de alta eficiência) treze carotenoides do

maracujá amarelo: ζ-caroteno (principal carotenoide), fitoeno, fitoflueno,

neurosporeno, β-caroteno, licopeno, pró-licopeno, monoepóxi-β-caroteno, β-

46

criptoxantina, β-citraurina, anteraxantina, violaxantina e neoxantina. O

principal papel dos carotenoides na dieta humana é de serem precursores de

vitamina A. Poucos carotenoides possuem esta atividade vitamínica, que é

atribuída à estrutura retinóide (com anel β-ionona). O β-caroteno é o que

possui maior atividade como provitamina A, podendo atuar como

antioxidantes na prevenção do câncer, catarata, arteriosclerose e processos de

envelhecimento em geral (ZERAIK et al., 2010).

Figura 4. Estrutura química do ζ-caroteno (a), β-caroteno (b), pró-licopeno

(c), β-criptoxantina (d), violaxantina (e) presentes no maracujá amarelo.

Fonte: Wondracek e colaboradores, 2012.

Já os flavonoides encontrados nos frutos das espécies de Passiflora,

são principalmente do tipo C-glicosídeos. Os flavonoides apresentam vários

efeitos biológicos e farmacológicos, incluindo atividade antibacteriana,

antiviral, anti-inflamatória, antialérgica e vasodilatadora. Além disso, estas

substâncias inibem a peroxidação lipídica e reduzem o risco de doenças

47

cardiovasculares, efeitos estes relacionados à sua atividade antioxidante,

caracterizada pela capacidade de sequestrar radicais livres em organismos

vivos (ZERAIK et al., 2010).

São atribuídos efeitos sedativos, antiespasmódico e ansiolítico às folhas

do maracujá, confirmados em experimentos em animais (DHAWAN;

DHAWAN; SHARMA, 2004). Já a polpa apresenta em sua composição

elevado teor de carotenoides (15,36 a 27,14 mg/g), compostos como a

provitamina A, ácido ascórbico, assim como flavonoides e alcaloides,

responsáveis por uma importante atividade antioxidante (SILVA;

MERCADANTE, 2002; DHAWAN; DHAWAN; SHARMA, 2004;

CAZARIN et al., 2014). E as sementes são ricas em ácidos poliinsaturados

como os ω-3 e ω-6 (ZERAIK et al., 2010).

Na casca do fruto encontram-se cianidina-3-O-glicosídeo,

quercetina-3-O-glicosídeo e ácido edúlico, além de pectina, a qual

corresponde a 19,1% de sua composição (YAPO; KOFFI, 2006). Apesar de

apresentar ações farmacológicas e de interesse nutricional, ainda são poucos

os estudos existentes com enfoque sobre os constituintes químicos das

diversas partes dos frutos do maracujá. Destaca-se que, a casca e semente

do maracujá, subprodutos da indústria de alimentos, sendo que mais de 75%

deste resíduo poderia ser transformado em ingredientes com propriedades

bioativas para promoção de saúde (MARTINEZ et al., 2012; CAZARIN et

al., 2014).

3.3.1 Farinha da Casca do Maracujá amarelo (P. edulis Var. flavicarpa)

Cerca de 52% da composição mássica do fruto maracujá é constituída

pela casca (CAZARIN et. al., 2014). Nas indústrias alimentícias, menos de

30% do peso do maracujá é aproveitado, sendo descartados cerca de 60 à 70%

o que constitui a maior parte do peso do fruto. O destino dos resíduos vegetais

representa um crescente problema, devido ao aumento da produção a cada

ano (MELETTI, 2011) tornando-se tema de pesquisa a busca do uso desses

resíduos no desenvolvimento de produtos de maior valor agregado como, por

exemplo, farinhas com alto teor de fibras (NASCIMENTO et al., 2013).

As fibras alimentares são definidas como a porção de hidrato de carbono

comestível das plantas, resistentes à digestão enzimática, são constituídas por

fibras solúveis (pectinas) e insolúveis (lignina). Como um nutriente essencial,

48

as fibras têm apresentado um papel crucial na manutenção da saúde, com

ações de prevenção e proteção para várias doenças humanas (MATTOS;

MARTINS, 2000; BERNAUD; RODRIGUES, 2013; SLAVIN, 2013;

ZHANG et al., 2016).

Segundo recomendações da OMS, o consumo de fibras acima de 25

gramas ao dia está associado à prevenção de doenças crônicas. Já a American

Dietetic Association (ADA) indica um consumo diário de 14 g de fibras por

1000 kcal, ou 25 g para mulheres e 38 g para homens adultos. As Dietary

Reference Intakes (DRIs) recomendam um consumo médio de 30 g/dia de

fibra total para adultos sadios (INSTITUTE OF MEDICINE, FOOD AND

NUTRITION BOARD, 2002).

O consumo humano das fibras dietéticas promove diversos efeitos

fisiológicos benéficos, dentre os quais pode-se citar o retardo no

esvaziamento gástrico e, por conseguinte, reduzir a velocidade de absorção

dos carboidratos e liberação dos nutrientes para a circulação, reduzindo o pico

hiperglicêmico pós-prandial imediato (SANTOS, 2013), auxiliando na

prevenção e tratamento do DM e síndrome metabólica.

Outro efeito da ingestão de fibras é o aumento do volume e da

viscosidade fecal, estimulando os movimentos peristálticos do intestino, e,

consequentemente, melhorando o trânsito intestinal, o que diminui o tempo

de contato de substâncias potencialmente carcinogênicas com a mucosa

(CAZARIN et al., 2014).

A metabolização ou fermentação das fibras pelo microbioma no

intestino grosso geram como produtos finais os ácidos graxos de cadeia curta,

que promovem diversos efeitos benéficos ao indivíduo. O efeito das fibras

nas doenças metabólicas e inflamatórias, parecem ter associação com os

ácidos graxos de cadeia curta, particularmente o propionatato e butirato.

Estudos sugerem que os ácidos graxos de cadeia curta reduzem a inflamação

de baixo grau observada na obesidade (GALISTEO et al., 2008; TOPPING,

2001).

A casca do maracujá é rica em fibras, sendo composta pelo flavedo, que

corresponde à camada externa de coloração verde a amarela, rica em fibras

insolúveis e o albedo, que corresponde à camada interna branca, que é rica

em fibra solúvel, em especial a pectina, com pequenas quantidades de

mucilagens (JANEBRO et al., 2008).

Ademais, a casca do maracujá é também rica em niacina (vitamina B3),

ferro, cálcio e fósforo (Tabela 2) (GONDIM et al., 2005).

49

Tabela 2. Teor de nutrientes em cascas in natura de maracujá amarelo (P.

edulis Var. flavicarpa) (Gondim et al., 2005).

Parâmetros Quantidade em 100g de cascas

Umidade 87,64g

Cinzas 0,57g

Lipídeos 0,01g

Proteínas 0,67g

Fibras 4,33g

Carboidratos 6,78g

Calorias 29,91kcal

Cálcio 44,51mg

Ferro 0,89mg

Sódio 43,77mg

Magnésio 27,82mg

Zinco 0,32mg

Cobre 0,04mg

Potássio 178,40mg

Fonte: GONDIM, J. A. M.; MOURA, M. F. V.; DANTAS, A. S.; MEDEIROS, R. L. S.; SANTOS, K. M. Composição centesimal e de minerais em cascas de frutas. Cien Tecnol Aliment, v. 25, p. 825-827, 2005.

Além disso, a casca do maracujá P. edulis apresenta em sua

composição compostos fenólicos. Em geral, o teor de polifenóis neste tipo de

subproduto mostra-se superior ao encontrado na porção comestível ou polpa

dos frutos, possivelmente porque os polifenóis são metabólitos secundários

dos vegetais, os quais estão geralmente envolvidos na defesa contra a

radiação ultravioleta ou a agressão por agentes patogênicos. Os compostos

fenólicos vitexina, isovitexina, isoorientina e apigenina, foram previamente

encontrados na casca do maracujá de distintas espécies, sendo atribuído um

potencial efeito anti-inflamatório (ZERAIK et al., 2011; ZERAIK et al.,

2012; CAZARIN et al., 2014).

Bahadoran, Mirmiran e Azizi (2013) em seu artigo de revisão baseado

em estudos in vitro e de modelos animais e humanos, afirmam que os

polifenóis de vegetais modulam o metabolismo de carboidratos e lipídeos.

Além disso, atenuam a hiperglicemia, dislipidemia e resistência à insulina,

50

melhoram o metabolismo do tecido adiposo, aliviam vias de sinalização

sensíveis ao estresse oxidativo e processo inflamatórios.

As fibras alimentares presentes na casca do maracujá (P. edulis Var.

flavicapa), representam 19,1% de sua composição, formam géis em meio

aquoso cuja consistência viscosa altera o tempo de esvaziamento gástrico,

aumentam a saciedade e retardam o tempo de absorção de carboidratos

simples. Este gel é capaz de formar complexos com os sais biliares

aumentando a excreção de colesterol, podendo a farinha ser usada no

tratamento dietoterápico de diversas doenças (YAPO; KOFFI, 2006; GOSS

et al., 2018).

Para analisar o efeito da farinha na redução do colesterol, pesquisadores

avaliaram o efeito da suplementação de 30g da farinha da casca de maracujá

por 60 dias por 19 mulheres hipercolesterolêmicas. Após o período de

intervenção, foi observada uma redução estatisticamente significante nos

níveis colesterol total e colesterol LDL, porém não houve alteração dos

valores de colesterol HDL (RAMOS et al., 2007).

Janebro et al. (2008) realizaram um estudo para avaliar o efeito do

consumo regular de farinha da casca de maracujá amarelo sobre a glicemia

em jejum de indivíduos saudáveis e com diabetes. Após 60 dias de

suplementação da dieta desses indivíduos com 30g da farinha da casca de

maracujá, obtida do albedo e do flavedo (casca), a qual correspondia a 17,4g

de fibras totais, sendo 6,3 g de fibras solúveis e 11,1g de fibra insolúvel, para

ser ingerida ao longo do dia juntamente com os alimentos, demonstrou uma

diminuição significativa dos valores de glicemia do grupo teste em relação

ao grupo controle, após a suplementação.

Corroborando, Queiroz e colaboradores (2012) também avaliaram o

efeito da suplementação de 30g de farinha da casca do maracujá em 43

indivíduos diabéticos por 60 dias, e evidenciou-se que o consumo desta

farinha pode ajudar no tratamento coadjuvante do controle glicêmico, com

diminuição significativa na glicemia de jejum, hemoglobina glicada, índice

HOMA IR e aumento no índice HOMA.

Embora os estudos apresentem resultados promissores, os

pesquisadores referem que, em decorrência ao forte sabor residual e

distúrbios gastrointestinais provocados pelo uso da farinha, alguns

voluntários tendem a interromper sua participação nas pesquisas (RAMOS et

al., 2007; COQUEIRO; PEREIRA; GALANTE, 2016).

51

O aproveitamento de resíduos vegetais como fonte de fibras alimentares

por meio de sua incorporação como ingrediente em produtos alimentícios tem

grande potencial de viabilidade do ponto de vista nutricional, econômico e

também ecológico. Porém, o produto final deve proporcionar segurança

toxicológica para o consumidor. Apesar de produtos à base de plantas sejam

geralmente considerados seguros, sua toxicidade não deve ser descartada

(NASCIMENTO et al., 2013). A casca do maracujá possui compostos

considerados altamente tóxicos, que são os glicosídeos cianogênicos,

presentes em quantidades significativas em todas as partes da P. edulis, como

no albedo e polpa do fruto (MEDEIROS et al., 2009; MELETTI, 2011).

O ácido cianídrico é um líquido volátil e incolor, considerado uma das

substâncias mais tóxicas existentes. Normalmente está associado a um

aldeído ou uma cetona e a um ou mais açucares, formando compostos

denominados glicosídeos cianogênicos. Embora seja considerado um sistema

próprio de defesa das plantas, quando ocorre rompimento do tecido vegetal,

há um desdobramento de reações enzimáticas entre os glicosídeos até o ácido

cianídrico. Na corrente sanguínea, este ácido libera íon cianeto, o qual se liga

ao citocromo mitocondrial da hemoglobina. Esse processo é altamente tóxico

e acarreta em asfixia celular que, dependendo do teor de cianeto no sangue,

pode levar à morte (NASCIMENTO et al., 2013).

Medeiros e colaboradores (2009) avaliaram a segurança do uso da

farinha do maracujá-amarelo (P. edulis var. flavicarpa) como complemento

alimentar, através de ensaios toxicológicos clínicos de fase 1 em 36

voluntários saudáveis. O protocolo consistiu na administração de 10g da

farinha três vezes ao dia, totalizando 30g ao dia, durante 8 semanas. Os

resultados da pesquisa não evidenciaram sinais de toxicidade nos diversos

órgãos e sistemas avaliados, assim, os autores concluíram que a

administração, na dose preconizada, mostrou-se segura, sem apresentar

alterações que pudessem comprometer seu uso como alimento com

propriedade de saúde. Entretanto, não é possível afirmar a ausência de efeitos

tóxicos com a administração crônica, uma vez que o estudo apresentou

duração de somente oito semanas (COQUEIRO; PEREIRA; GALANTE,

2016).

Alguns estudos quantificaram o teor de cianogênicos na casca do

maracujá, conforme demonstra a tabela 3.

52

Tabela 3. Teor de cianogênicos na casca do maracujá (P. edulis var.

Flavicarpa) in natura (Nascimento et al.,2013).

Teor de cianogênicos

(mg/kg)

Referências Metodologias de analise

65,00 – 594,00 Spencer e

Seigles (1983)

Hidrólise enzimática e

colorimetria

286,00 Chassagne et

al. (1996)

Cromatografia gasosa com

espectofotometria de massa

117,00 Matsuura

(2005)

Hidrólise ácida e colorimetria

784,00* Leoro (2007) Colorimetria

74-67 – 231,67 Gliciléia

Inácio (2011)

Hidrólise ácida e colorimetria

*Farinha da Casca do maracujá

Fonte: NASCIMENTO, E. M. G. C.; ASCHERI, J. L. R.; CARVALHO, C. W. P.; GALDEANO, M. C. Benefícios e perigos do aproveitamento da casca de maracujá (Passiflora edulis) como ingrediente na produção de alimentos. Rev Inst Adolfo

Lutz, v. 72, n. 1, p. 1-9, 2013.

Considerando que o processo de trituração não é capaz de atenuar os

níveis de glicosídeos cianogênicos presentes na casca do fruto, novos estudos

são necessários para elucidar a segurança da sua administração crônica

(COQUEIRO; PEREIRA; GALANTE, 2016). A literatura apresenta diversas

publicações de novos produtos alimentícios sendo desenvolvidos com a casca

de maracujá, porém poucos consideraram a quantificação dos cianogênicos

residuais, o que destaca-se como um importante teste a ser avaliado nos

estudos (NASCIMENTO et al., 2013).

53

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Farinha da casca de maracujá (FCM)

4.1.1 Obtenção do produto

A FCM (P. edulis Var. flavicapa) industrializada e embalada, foi

adquirida no comércio local da cidade de Balneário Camboriú – Santa

Catarina no mês de abril de 2017, e armazenada sob refrigeração à 4 ºC. Os

dados nutricionais encontram-se na tabela 4.

Tabela 4. Informação nutricional da FCM (P. edulis Var. flavicapa)

empregada no presente estudo. Valores referente a 1 porção do produto (50g

= 7 colheres de sopa).

Quantidade por porção %VD*

Valor energético 67kcal = 281kJ 3%

Carboidratos 13g 4%

Proteínas 3g 4%

Gorduras totais 0g 0%

Gorduras saturadas 0g 0%

Gorduras trans 0g **

Fibra alimentar 29g 117%

Sódio 41mg 2%

*% Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2.000kcal ou

8.400kJ.

** Valor Diário não estabelecido.

Fonte: o autor.

4.2 Ensaios in vitro

4.2.1 Obtenção do extrato de FCM

O material vegetal foi submetido a extração em solvente

hidroalcoólico. Este material foi pesado e depositado em recipiente de vidro

com adição de solução hidroalcoólica a 70% na proporção de 1:3 do pó, como

líquido extrator. A mistura resultante permaneceu em maceração estática por

54

7 dias, passando pelo processo de filtração para obtenção do extrato bruto. O

extrato bruto foi concentrado em evaporador rotativo sob pressão reduzida,

com temperatura entre 55 ºC e 60 ºC, para eliminação total do solvente

(CECHINEL-FILHO; YUNES, 1998).

4.2.1.1 Avaliação do potencial antioxidante da FCM in vitro

Para a determinação da atividade antioxidante da FCM, foram

realizados os métodos FRAP, sistema de cooxidação β-caroteno/ácido

linoleico e atividade antioxidante por eliminação do Óxido Nítrico a partir do

extrato obtido.

4.2.1.2 Método FRAP

A determinação do poder antioxidante de redução do ferro (FRAP),

do inglês (ferric reducing antioxidant power), a qual consiste da capacidade

dos fenóis em reduzir o Fe3+ em Fe2+, foi primeiramente descrita por Benzie

e Strain (1996) e modificada por Pulido e colaboradores (2000). Em triplicata,

9 μL do extrato bruto da FCM ou solução Trolox, foram adicionados a 27 μL

de água destilada e 270 μL de solução FRAP em uma placa de 96 poços. A

solução FRAP foi preparada no momento do seu uso, a qual consiste em 10

mL de Tampão Acetato pH 3.6 0,3 mM, 1,0 mL de TPTZ 10mM em HCl 40

mM e 1,0 mL de Cloreto Férrico 20 mM. As amostras foram incubadas à

37°C, por 30 minutos e a leitura realizada a 595 nm, utilizando

espectrofotômetro de microplacas Sinergy (Biotek). O sulfato ferroso

(FeSO4) foi utilizado como padrão, e utilizado para fins de cálculo do poder

de redução do extrato. Os resultados foram expressos em µM de equivalentes

de sulfato ferroso produzido.

4.2.1.3 Sistema de cooxidação do β-caroteno/ácido linoléico

A capacidade antioxidante do extrato foi avaliada em sistema modelo

de cooxidação de substratos: β-caroteno/ácido linoleico por radicais de

peróxido. O método foi originalmente descrito por Marco (1968), e

posteriormente modificado por Miller (1971). Em triplicata, 10 μL do extrato

bruto de FCM, água ou solução Trolox (padrão) foram adicionados em uma

placa de 96 poços. Paralelamente, foram dissolvidos 2,0 mg de β-caroteno

55

em 1,0 mL de clorofórmio. Para o preparo da solução reativa, foram

homogeneizados em um Erlenmeyer 150 µL desta mistura resultante, 50 µL

de ácido linoléico, 200 µL de Tween 80 e 500 µL de clorofórmio. Logo após,

a mistura foi submetida à completa evaporação do clorofórmio sob

nitrogênio. Adicionou-se a esta mistura isenta de clorofórmio, cerca de 25

mL de água destilada previamente saturada com oxigênio e agitou-se

vigorosamente durante 30 min. Imediatamente, foram transferidos 240 µL da

solução reativa para a placa, para mensuração da absorbância do tempo zero

em 470 nm, utilizando espectrofotômetro de microplacas Sinergy (Biotek). O

sistema de emulsão foi incubado a 50 ºC por 2 horas para acelerar as reações

de oxidação e iniciar o descoramento do β-caroteno, sendo a leitura da

absorbância final realizada após 120 min. Todas as determinações foram

acompanhadas de um controle sem antioxidante. Os resultados foram

expressos em percentual de proteção da oxidação. O decaimento da densidade

ótica do controle (Absinicial – Absfinal) foi considerado como 100% de oxidação

(MILLER, 1971; MOREIRA; MANCINI-FILHO, 2004). A partir desta

relação, o decréscimo na leitura da absorbância das amostras foi

correlacionado com o controle, estabelecendo desta forma, o percentual de

proteção da oxidação das amostras pela equação:

% de proteção da oxidação = 100 – [(Abs amostra x 100)/ Abs controle]

4.2.1.4 Capacidade antioxidante por eliminação do Óxido Nítrico (NO)

Seguindo o método de avaliação descrito por Griess (1879),

modificado por Basu e Hazra (2006), este consiste em determinar a ação

sequestradora do íon NO2-, por meio dos nitritos que são quantificados

espectrofotometricamente pela reação com o Reagente de Griess

(sulfanilamida à 2% + cloridrato de N-(naftil)etilenodiamina, à 0,2%). Em

uma microplaca de 96 poços, o meio reacional consistiu em 50 μL do extrato

de FCM ou solução Trolox, adicionados de 50 μL de nitroprussiato de sódio

20 mM em tampão fosfato (pH 7,4) e incubados a 37°C por 1 hora.

Posteriormente, 100 μL do reagente de Griess foi acrescido e a absorbância

mensurada em espectrofotômetro a 540 nm. Uma curva padrão de nitrito de

sódio foi construída, e os resultados foram expressos como μmol de nitrito

produzido/L.

56

4.3 Ensaios in vivo

4.3.1 Animais

A amostra foi composta de 30 camundongos da espécie Black,

linhagem C57BL/6, machos, adultos jovens com idade entre 2 a 3 meses, com

peso médio de 25 a 35 gramas, provenientes do Biotério da Universidade do

Vale do Itajaí. Os animais foram mantidos em condições normais de biotério,

com ciclo de luz, temperatura e umidade controlados, bem como acesso a

alimento e água ad libitum. Todos os procedimentos foram realizados de

acordo com os princípios éticos de experimentação animal recomendados

pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA),

e de acordo com a Lei nº 11.794 de 2008 da Constituição Federal. No que

tange a questões éticas, o projeto foi submetido para apreciação do Comitê

de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade do Vale do Itajaí, e

aprovado sob o parecer nº016/17 (Anexo I).

4.3.2 Tratamento e parâmetros murinométricos

Para o ensaio biológico, com duração de 16 semanas (112 dias), os

animais foram distribuídos em blocos ao acaso, em três grupos de 10 animais,

divididos de acordo com a dieta e tratamento ofertado: grupo dieta controle

(C); grupo dieta de cafeteria (CAF); grupo dieta de cafeteria acrescida de 15%

de FCM. Durante o período, foi realizado o controle semanal do consumo

alimentar, hídrico e peso corporal dos animais (Figura 4).

57

Figura 5. Subdivisão dos grupos experimentais de acordo com o tratamento

dietético e cronograma de realização do experimento.

Fonte: o autor.

4.3.3 Elaboração das dietas experimentais

A dieta adotada na pesquisa para o grupo controle (C), seguiu as

recomendações do Instituto Americano de Nutrição para uma dieta de

manutenção de ratos adultos (AIN-93M) (REEVES; NIELSEN; FAHEY,

1993). Para elaboração da dieta de cafeteria, ofertada para os grupos tratados

(CAF e FCM) foram associados à dieta AIN-93 alimentos hipercalóricos,

ricos em carboidratos e lipídeos, sendo: amendoim moído, chocolate em pó e

biscoito de maisena triturado, nas proporções de 3:2:2:1, previamente

padronizada por Estadella et al. (2004) e analisada por Oliveira et al. (2011).

Destaca-se que, ao grupo tratado, foram acrescidos 15% da FCM à dieta de

cafeteria.

No preparo das dietas experimentais, os ingredientes foram pesados

em balança (Gehaka®) com capacidade de 4 kg e sensibilidade de 0,001g.

Após a pesagem dos ingredientes de cada dieta, os mesmos foram

58

homogeneizados, e a mistura umedecida com água destilada para modelagem

manual. As diferentes dietas experimentais foram mantidas em estufa com

circulação de ar a 50 ºC por 48 horas para secagem, e permaneceram

armazenadas em recipientes plásticos, herméticos, sob refrigeração (4 ºC)

durante todo o período experimental.

4.3.4 Consumo energético

Com base na informação nutricional fornecida pelos fabricantes dos

produtos (amendoim, chocolate, biscoito maizena e FCM), foram calculados

o valor energético por grama de dieta, e ao final do experimento foi calculada

a média de calorias consumidas por animal. Adotou-se os valores de 4

(quatro) calorias por grama de carboidratos e proteínas e 9 (nove) calorias por

grama de lipídeos.

4.3.5 Eficiência Alimentar

A eficiência alimentar foi avaliada segundo Nery et al. (2011). A

capacidade do animal em converter energia alimentar consumida em peso

corporal, se dá através do Coeficiente de Ganho de Peso por Consumo

Calórico (CGPCC). Durante o experimento os animais foram pesados e

mensurada a ingesta calórica para cada grupo. O CGPCC é a relação entre o

ganho de peso por quantidade de calorias do alimento ingerido.

𝐶𝐺𝑃𝐶𝐶 = (𝑃𝐹 − 𝑃𝐼)

𝐾𝑐𝑎𝑙

PF: peso final em gramas do animal durante o período de acompanhamento

PI: peso corporal do animal no início do experimento em gramas

Kcal: valor calórico da dieta ingerida.

59

4.3.6 Curva de tolerância oral a glicose e teste de resistência à insulina

Após o período de intervenção, os animais foram submetidos aos testes

para determinação da tolerância oral a glicose e resistência à insulina,

segundo as recomendações de Wang e Liao (2012). Os animais foram

submetidos a um período de jejum de seis horas para ambos experimentos,

entre as 07:00 e 13:00 horas, uma vez que murinos são ativos no ciclo escuro,

sendo o horário escolhido mais fisiológico quando comparado comparados a

humanos.

Para realização da curva de tolerância oral a glicose, após o período de

jejum, foi mensurada a glicemia capilar basal (tempo 0) através de uma

pequena incisura na cauda para coleta do sangue, sendo imediatamente após

administrado glicose por via oral (2 g/kg), e, mensurada a glicemia nos

tempos 30, 60, 90 e 120 minutos. Os níveis de glicose foram mensurados com

glicosímetro (ACCU-CHEK Active) em cada tempo, sendo os resultados

apresentados em forma de curva.

Para o teste de resistência à insulina em outro momento, o mesmo

protocolo de jejum foi adotado, e em seguida, foi mensurada a glicemia

capilar basal (tempo 0), e administrou-se por via intraperitoneal insulina

humana na concentração de 2 U/kg. Posteriormente, a glicemia capilar foi

mensurada nos tempos 30, 60, 90 e 120 minutos, sendo os resultados

apresentados em forma de curva.

4.3.7 Eutanásia e coleta do material biológico

Ao final das 16 semanas, os animais receberam anestésicos via

intraperitoneal para completa sedação antes do procedimento de eutanásia,

sendo administrados uma associação de 80 mg/kg de quetamina e 8 mg/kg de

xilazina. Foi realizada a coleta de sangue circulante através da veia braquial,

e posteriormente, foi realizado o deslocamento cervical. Para retirada dos

órgãos, a cavidade abdominal foi aberta, seguida da dissecação do tecido

adiposo das regiões mesentérica, retroperitoneal, e epididimal. A soma do

peso das três gorduras forneceu o total de gordura visceral. Fígado, pâncreas

e rins também foram coletados para análise morfológica e realização de

ensaios in vitro.

60

4.3.8 Determinação do peso relativo dos órgãos e tecidos

Os órgãos e tecidos foram imediatamente pesados após removidos, em

balança (Gehaka®) com precisão de 0,005 gramas. Os valores foram

expressos em percentual obtidos através do seguinte cálculo:

𝑷𝒆𝒔𝒐 𝒓𝒆𝒍𝒂𝒕𝒊𝒗𝒐 (%) = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑜𝑢 ó𝑟𝑔ã𝑜 𝑋 100

𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑖𝑚𝑎𝑙

4.3.9 Parâmetros bioquímicos no soro

O sangue coletado dos animais submetidos as diferentes intervenções,

foi utilizado para determinação da glicose, perfil lipídico: colesterol total,

HDL colesterol, LDL colesterol, triglicerídeos; creatinina; enzimas

hepáticas: fosfatase alcalina, aspartato aminotransferase (AST), alanina

aminotransferase (ALT), os quais foram avaliados por meio de kits

enzimáticos específicos. A insulina foi dosada por meio de

eletroquimioluminescência.

4.3.10 Avaliação histológica

Amostras biológicas de fígado, tecido adiposo, rins e pâncreas dos

animais, foram fixados em solução de formol, onde ficaram imersos por 24

horas, e após este período, imergidos em uma solução de álcool a 70%.

Posteriormente, os órgãos foram emblocados em parafina e cortados (7 μm

de espessura) em micrótomo de maneira semi-seriada. As lâminas obtidas

segundo esse processo foram submetidas à coloração por hematoxilina-

eosina para análise morfológica. Foram tomadas microfotografias dos cortes histológicos utilizando

microscópio óptico Olympus CBA®. Para análise do pâncreas foram

capturadas 15 imagens para cada grupo experimental utilizando-se objetiva

de 10x. Para análise dos rins, foram capturadas 20 imagens para cada grupo

experimental, utilizando-se uma objetiva de 10x. As análises das imagens

foram determinadas com auxílio do software Image J® que quantificou as

áreas das respectivas unidades funcionais de cada tecido (RASBAND, 2014).

Os resultados foram expressos em micrometros/campo. Para o tecido

adiposo, foram capturadas 10 imagens de cada grupo experimental

61

utilizando-se a objetiva de 10x, e as imagens analisadas com auxílio do

software Adiposoft®.

4.3.11 Determinação de lipídeos no fígado

Foi utilizado o método de extração proposto por FOLCH et al. (1957)

para extração da fração lipídica no fígado dos animais. Neste método, 100

mg de fígado foram triturados e homogeinizados em disruptor de tecidos

durante 3 minutos com 1900 μL de solução clorofórmio-metanol 2:1. Depois

deste procedimento, o material triturado foi adicionado de 400 μL de metanol.

Este material foi então centrifugado a 3.000 rpm, durante 10 minutos. O

sobrenadante foi transferido para outro tubo e adicionado de 800 μL de

clorofórmio e 640 μL de solução NaCl a 0,73%. Após este procedimento,

houve nova centrifugação a 3.000 rpm durante 10 minutos. Desta vez,

descartou-se o sobrenadante e o precipitado foi lavado por três vezes com a

solução de Folch (3% de clorofórmio, 48% de metanol, 47% de água, 2% de

NaCl 0,2%). Os extratos lipídicos foram secos em estufa a 37 ºC. O extrato

lipídico seco foi ressuspenso com 1 mL de isopropanol e procedeu-se a

determinação de colesterol total e triglicerídeos utilizando kit enzimático.

4.3.12 Marcadores de estresse oxidativo

Para averiguação do estresse oxidativo no tecido hepático, foram

empregadas metodologias: método de FRAP e quantificação da glutationa

reduzida (GSH), ambas descritas a seguir.

4.3.12.1 Preparo dos homogeneizados no tecido hepático

Fragmentos do fígado foram homogeneizados com tampão fosfato de

potássio 0,1 M pH 7,0, igual a três vezes o valor absoluto da massa da amostra

em homogeneizador rotativo de tecidos. O homogeneizado foi centrifugado

a 13.000 rotações por minuto à temperatura de 4 ºC por 30 minutos. Em

seguida, o sobrenadante foi coletado, obtendo-se a fração citosólica para a

determinação da atividade antioxidante do tecido: FRAP e GSH; além da

determinação das enzimas antioxidantes: SOD, CAT e GPx.

62

4.3.12.2 Atividade antioxidante total do tecido pelo método FRAP

Seguiu-se a metodologia descrita no sub item 4.2.1.2, com algumas

modificações. A reação se deu com 9 µL de cada homogeneizado de fígado,

27 µL de água destilada e 270 µL do reagente FRAP. Os resultados foram

expressos em µmol de Fe2SO4/mg de proteína.

4.3.12.3 Quantificação de glutationa reduzida (GSH)

O ensaio foi realizado de acordo com o protocolo descrito por Tietze

(1969). Os homogeinatos de fígado foram ressuspensos numa solução de

EDTA em TCA 5%. Posteriormente, foram centrifugados a 17000g, a 2 ºC

por 15 min, e coletou-se o sobrenadante. Em microplacas, foram adicionados

270 µL de tampão fosfato pH 8,0 e 20 µL do sobrenadante contendo GSH.

Em seguida, adicionou-se 10 µL de 5’5 ditiobis-22 ácido nitrobenzoico

10mM (DTNB), depois de 15 minutos a absorbância foi lida em

espectofotômetro a 412 nm. A concentração de GSH foi quantificada

utilizando curva padrão de GSH sintética e os resultados, expressos em µmol

de GSH/mg de tecido.

4.3.13 Determinação da atividade das enzimas antioxidantes

As atividades das enzimas antioxidantes foram determinadas

conforme as metodologias descritas nas próximas subseções.

4.3.13.1 Superóxido Dismutase (SOD)

A atividade da SOD citoplasmática foi avaliada de acordo com a

metodologia de McCord e Fridovich (1969), que verifica a produção dos

ânios peróxidos produzidos pela xantina oxidase em presença de xantina. O

volume da xantina oxidase utilizado na reação foi determinado em um

branco, na ausência de SOD, obtendo-se uma variação na absorbância, a 550

nm, entre 0,0250 e 0,0300/min. O meio de reação foi composto por citocromo

c 100 μM diluído em H2O mQ, xantina 500 μM, EDTA 1 mM e KCN 200

μM em tampão fosfato de potássio 0,05 M pH 7,8. Em duplicata, 250 μL do

meio de reação foi pipetado em uma placa de 96 poços, sendo adicionados

xantina oxidase (volume encontrado no branco) e 15 μL da fração citosólica

63

do tecido. Os resultados foram expressos em U/mg de proteína. Entendeu-se

por uma unidade (U) a atividade da enzima que que promoveu 50% de

inibição da reação da xantina a 25 ºC em pH 7,8.

4.3.13.2 Catalase (CAT)

A CAT propicia a oxidação do peróxido de hidrogênio a H2Oe O2. A

metodologia empregada foi descrita por Beutler (1975), a qual quantifica a

velocidade de decomposição do peróxido de hidrogênio pela enzima,

mediante o decréscimo da densidade óptica a 230 nm à 37 ºC. O meio de

reação foi composto de H2O2 10mM (10 μL de peridrol 30% em 10mL de

H2O mQ) e tampão Tris HCl 1M EDTA 5 mM pH8,0. Para a reação, foi

utilizada a diluição de 10 μL do homogeneizado adicionados a 2990 μL do

meio. Em duplicata, 250 μL do meio de reação foi pipetado em uma placa de

96 poços, sendo adicionado 10 μL das amostras (frações citosólicas), e

incubadas a 37 ºC para realizada a leitura da absorbância a cada minuto

durante 6 minutos. Os resultados foram expressos em U/mg de proteína.

Uma unidade (U) da catalase correspondeu a atividade da enzima que

realizou a hidrólise de 1 μmol de H2O2 por minuto a 37 ºC em pH 8,0.

4.3.13.3 Glutationa Peroxidase (GPx)

A atividade da GPx na fração citosólica foi determinada pela

metodologia padronizada por Sies (1979). Este método fundamenta-se na

aferição do decaimento da densidade óptica, a 340 nm, promovido pela

oxidação do NADPH a 30 ºC durante a redução da glutationa oxidada

(GSSG) catalisada pela glutationa redutase. O meio de reação continha

glutationa 1 mM, GR 0,1 U/mL, NADPH 20 mM, EDTA 5 mM pH 7,0 e

tampão fosfato de potássio 0,1 M pH 7,0. Em duplicata, 250 μL deste meio

de reação foi pipetado em uma placa de 96 poços, sendo adicionado 10 μL

das amostras (frações citosólicas) e 5 μL de t-butil 0,5 mM em H2O mQ, e

incubadas a 30 ºC para a leitura da absorbância a cada minuto durante 6

minutos. Os resultados foram expressos em U/mg de proteína.

Uma unidade (U) da enzima foi definida como atividade da enzima

que oxidou 1 μmol de NADPH por minuto a 30 ºC em pH 7,0.

64

4.3.14 Quantificação de proteínas no tecido hepático

A determinação do conteúdo de proteínas presente no tecido hepático

foi realizada segundo o método de Bradford (1985). Uma curva padrão de

proteína com solução padrão de albumina foi adotada.

4.3.15 Determinação das citocinas inflamatórias no fígado

Fragmentos do fígado foram homogeneizados com uma solução

tampão PBS para ELISA pH 7,2, igual a cinco vezes o valor absoluto da

massa da amostra em homogeneizador rotativo de tecidos. O homogeneizado

foi centrifugado a 6.900 rotações por minuto à temperatura de 4 ºC por 10

minutos. Em seguida, o sobrenadante foi coletado, para a determinação da

concentração das citocinas inflamatórias: TNF e IL-6. Ambas foram

determinadas pelo método de ELISA de acordo com as instruções do

fabricante (P&D System).

4.4 Análise estatística

Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média

(E.P.M.) e analisados estatisticamente pela análise de variância com

comparações múltiplas (ANOVA) e, quando necessário, utilizado como pós

teste o teste de Tukey ou teste t. Os dados foram analisados no programa

GraphPad Prism 5, admitindo como significativo p < 0,05.

65

5 RESULTADOS

5.1 Avaliação da atividade antioxidante in vitro do extrato hidroalcoólico

obtido a partir da FCM

Os dados apresentados na figura 6 demonstram os resultados in vitro

do extrato de FCM evidenciando seu potencial na redução do ferro por meio

do método FRAP nas maiores concentrações de extrato (300 e 1000 μg/mL).

O extrato hidroalcoólico de FCM promoveu proteção do β-caroteno/ácido

linoleico na concentração de 1000 μg/mL e também apresentou capacidade

de sequestro do NO nas concentrações de 30 à 1000 μg/mL.

Juntos, estes dados demonstram que o extrato de FCM apresenta

atividade antioxidante, a qual pode auxiliar na modulação dos radicais livres

e estresse oxidativo, ambos envolvidos em doenças metabólicas.

66

Figura 6. Atividade antioxidante do extrato da farinha da casca do maracujá.

A) Resultados do ensaio FRAP do extrato da FCM; B) Capacidade antioxidante do extrato por sequestro do NO2; C) Resultados do ensaio sistema β Caroteno/Ácido Linoleico. Valores expressam a média ± e.p.m. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguido do pós-teste de Tukey. * p <0,05 vs. grupo sistema

empregado.

5.2 Ensaios in vivo

Os experimentos realizados in vivo evidenciaram que a dieta de

cafeteria administrada pelo período de 16 semanas promoveu importantes

alterações no metabolismo lipídico e glicídico, mimetizando um perfil

semelhante a síndrome metabólica.

O ganho de peso foi acompanhado semanalmente. Os dados obtidos

estão apresentados na figura 7. Animais do grupo CAF não apresentaram

diferenças no ganho de peso em relação à dieta controle ao final das 16

semanas de experimento. No entanto, o grupo que consumiu a dieta de

cafeteria acrescida de FCM apresentou ganho de peso inferior ao grupo CAF,

conforme pode ser visualizado na figura 7A e 7B.

67

Figura 7. Percentual de ganho de peso e área sobre a curva dos diferentes

grupos após 16 semanas de experimentação.

0 2 4 6 8 10 12 14 160

10

20

30

Controle CAF CAF+PEPF

Semanas

ga

nh

o d

e p

eso

(%

)

Controle CAF CAF+FCM0

100

200

300

**

AS

C

ga

nh

o d

e p

eso

(%

)

A) B)

A) Valores de percentual de ganho de peso (%); B) Área sobre a curva (ASC) do %

de ganho de peso após 16 semanas. Valores expressam a média ± e.p.m. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguido do pós-teste de Tukey. ** p <0,01 vs. grupo cafeteria.

Ao final do período de intervenção, dados de consumo alimentar,

ingestão calórica e hídrica foram expressos em gráficos bem como o cálculo

da eficiência alimentar, conforme apresentado na figura 8.

A partir dos dados obtidos é possível observar menor consumo

alimentar nos grupos CAF e CAF+FCM (Figura 8A). Porém, quando

avaliado o valor calórico das dietas, observa-se maior ingestão calórica dos

mesmos grupos quando comparados ao grupo controle (Figura 8B). Este

achado se dá pelo fato da dieta de cafeteria, empregada nos grupos CAF e

CAF+FCM ser nutricionalmente desbalanceada, apresentando proporções de

carboidratos e gorduras maiores do que a dieta controle, consequentemente,

possui maior valor calórico. A eficiência alimentar, verificada por meio do

ganho de peso por consumo calórico averigua a capacidade do animal em

converter energia alimentar consumida em peso corporal. Os dados obtidos a

partir deste parâmetro demonstram que o grupo CAF+FCM apresentou

menor eficiência alimentar quando comparado ao grupo CAF. Com relação a

ingestão hídrica, não houve diferença entre os grupos durante todo o período

de experimento (Figura 8D).

68

Figura 8. Consumo alimentar em gramas e calorias, ganho de peso por

consumo calórico e ingestão hídrica dos diferentes grupos experimentais.

Controle CAF CAF+FCM0

1

2

3

4

##

Co

nsu

mo

Ali

men

tar

(g/d

ia)

Controle CAF CAF+FCM0

5

10

15

Co

nsu

mo

En

ergét

ico

(Kca

l/d

ia)

Controle CAF CAF+FCM0.0

0.5

1.0

1.5

*##

Gan

ho

de

Pes

o p

or

Co

nsu

mo

Caló

rico

Controle CAF CAF+FCM0

2

4

6

Inges

tão

híd

rica

(ml/

dia

)

A) B)

C) D)

A) Consumo alimentar por animal em gramas; B) Consumo calórico por animal em

calorias (Kcal); C) Ganho de peso por consumo calórico dos diferentes grupos experimentais; D) Ingestão hídrica por animal em mililitros. Valores expressam a média ± e.p.m. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguido do pós-teste de Tukey. * p <0,05 vs. grupo cafeteria. ## p <0,001 vs. grupo controle.

Na continuidade do experimento, foi avaliado o perfil glicêmico dos

animais dos diferentes grupos. Os dados apresentados na figura 9

demonstram os resultados de glicemia e insulina plasmática, teste de

tolerância oral a glicose e de resistência à insulina após o período de

intervenção dos diferentes grupos tratados. A partir dos dados obtidos é

possível verificar aumento significativo da glicemia de jejum e da insulina

plasmática dos animais que receberam a dieta CAF quando comparados aos

demais grupos (Figura 9A e 9B). Animais que receberam suplementação com

FCM não apresentaram elevação da glicemia de jejum e da insulina

plasmática (Figura 9A e 9B).

Com relação ao teste de tolerância oral a glicose, observa-se no grupo

CAF um aumento da glicemia em todos os tempos, o que evidencia uma

69

tendência a intolerância à glicose neste grupo quando comparado ao grupo

controle (Figura 9C e 9D). Animais provenientes do grupo CAF+FCM

apresentaram resultados de concentração de glicemia inferiores em todos os

tempos avaliados (Figura 9C), apresentando redução global no valor de

glicemia (Figura 9D). Estes dados corroboram a afirmativa de que a dieta de

cafeteria gera alterações no metabolismo glicídico, alterando o

comportamento da glicemia após a administração de uma dose de 2 mg/kg de

peso de glicose por via oral.

Após a observação do perfil glicêmico, foi realizado ensaio de

resistência à insulina, com intuito de observar o perfil insulinêmico dos

animais. O ensaio de resistência à insulina, demonstra o comportamento do

hormônio após a administração intraperitoneal. Os dados obtidos

demonstram que o grupo CAF apresenta maiores concentrações de glicose

em todos os tempos avaliados, quando comparados ao grupo controle

conforme pode ser visualizado na figura 9E e F. Estes dados demonstram que

neste modelo, o grupo CAF desenvolveu resistência a insulina, enquanto o

grupo tratado com FCM e o grupo controle apresentaram comportamento

glicêmico esperado em resposta à administração de insulina exógena (Figura

9E e 9F).

70

Figura 9. Perfil glicêmico e insulinêmico dos diferentes grupos

experimentais.

Controle CAF CAF+FCM0

50

100

150

200

250 #

*

Gli

cose

em

jej

um

(m

g/d

L)

Controle CAF CAF+FCM0

400

800

1200

##

**

Insu

lin

a (

pg

/mL

)

0 30 60 90 120120

150

180

210

240

Controle CAF CAF+FCM

Tempo (minutos)

Tes

te d

e T

ole

rân

cia

Ora

l a

Gli

cose

Gli

cose

(m

g/d

L)

Controle CAF CAF+FCM0

200

400

600

800

1000

#

AS

C

Tes

te d

e T

ole

rân

cia

Ora

l a

Gli

cose

0 30 60 90 1200

50

100

150

200

250

Controle CAF CAF+FCM

Tempo (minutos)

Tes

te d

e R

esis

tên

cia

à I

nsu

lin

a

Gli

cose

(m

g/d

L)

Controle CAF CAF+FCM0

250

500

750

#

AS

C

Tes

te d

e R

esis

tên

cia

à I

nsu

lin

a

A) B)

C) D)

E) F)

A) Glicemia de jejum dos diferentes grupos experimentais ao final do experimento; B) Concentração de insulina plasmática; C) Teste de tolerância oral a glicose; D) Área

sobre a curva do teste de tolerância oral a glicose; E) Teste de resistência a insulina; F) Área sobre a curva do teste de resistência a insulina. Valores expressam a média ± e.p.m. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguido do pós-teste de Tukey. * p <0,05 e ** < 0,01 vs. grupo cafeteria e # < 0,05 e ## < 0,01 vs. grupo controle.

71

Adicionalmente, foram realizadas análises histológicas no tecido

pancreático, com o intuito de observar a morfologia do tecido, em especial

das ilhotas de Langerhans, que são as unidades funcionais deste órgão,

responsáveis pela produção de insulina. Os dados obtidos na avaliação

histológica (Figura 10A) demonstram um aumento no diâmetro das ilhotas

de Langerhans do grupo CAF, quando comparados aos grupos controle e

CAF+FCM. Esta hiperplasia foi confirmada pelo do cálculo de área das

ilhotas de Langerhans no pâncreas, onde foi possível observar aumento das

ilhotas de animais do grupo CAF quando comparado a animais do grupo

controle (Figura 10B). Estas alterações não foram evidenciadas no grupo

CAF+FCM, como apresentado na figura 10A e B. Com relação ao peso

absoluto e relativo, não foram observadas diferenças significativas (Figura 10

C e D).

72

Figura 10. Histologia, pesos e área das ilhotas de Langerhans do pâncreas.

Controle CAF CAF+FCM0

5000

10000

15000

20000

25000

###

***

Áre

a C

alc

ula

da

das

Ilh

ota

s d

e L

an

ger

han

s (

M²)

Controle CAF CAF+FCM0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

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o a

bso

luto

do

pân

crea

s (m

g)

Controle CAF CAF+FCM0.0

0.2

0.4

0.6

Pes

o r

elati

vo

do

Pân

crea

s (%

)

A)

B)

C) D)

A) Cortes histológicos do pâncreas no aumento de 100x; B) Área calculada das ilhotas de Langerhans; C) Peso do pâncreas; D) Peso relativo do pâncreas. Valores expressam a média ± e.p.m. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguido do pós-teste de Tukey. *** p <0,001 vs. grupo cafeteria. ### p <0,001 vs. grupo controle.

Dando sequência aos experimentos, após averiguação do perfil

glicêmico, foi avaliado o perfil lipídico dos animais. Os dados das

concentrações séricas de colesterol e triglicerídeos dos diferentes grupos

experimentais são apresentadas na figura 11. A partir dos dados é possível

verificar que a dieta de cafeteria induziu aumento significativo nas

concentrações de colesterol e triglicerídeos séricos quando comparados aos

grupos controle e CAF+FCM.

73

Figura 11. Colesterol total e triglicerídeos séricos.

Controle CAF CAF+FCM0

50

100

150

**##

Co

lest

ero

l to

tal

séri

co (

md

/dL

)

Controle CAF CAF+FCM0

20

40

60

80

100***

###

Tri

gli

cerí

deo

s sé

rico

s (m

g/d

L)

A) B)

A) Concentração de colesterol total dos diferentes grupos experimentais; B) Concentração sérica de triglicerídeos. Valores expressam a média ± e.p.m. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguido do pós-teste de Tukey. ** p <0,01

e *** p <0,0001 vs. grupo cafeteria. ## p <0,01 e ### p <0,001 vs. grupo controle.

O tecido adiposo tem como função primordial o armazenamento de

gorduras, servindo como reserva energética do organismo. Neste contexto,

diversas análises foram realizadas utilizando o tecido adiposo total e

epididimal. A partir dos dados obtidos é possível verificar que animais do

grupo CAF apresentam maior quantidade de tecido adiposo epididimal, sendo

o peso relativo significativamente maior que o grupo controle (Figura 12),

mesmo não apresentando ganho de peso corporal expressivo (Figura 7).

Animais do grupo CAF+FCM não apresentaram alterações significativas no

peso absoluto e relativo, conforme pode ser visualizado na figura 12 A-D.

Com base nos pesos do tecido adiposo total, foi realizado o cálculo do

índice de adiposidade, o qual considera a soma do tecido adiposo total e o

peso corporal ao final do experimento. A partir desta análise é possível

destacar um maior índice de adiposidade em animais provenientes do grupo

CAF (Figura 12E). Animais do grupo CAF+FCM apresentam índice de

adiposidade semelhante ao grupo controle (Figura 12E).

Corroborando os dados anteriores, a análise histológica do tecido

adiposo demonstrou aumento no tamanho dos adipócitos em animais do

grupo CAF (figura 12G), quando comparado a animais do grupo controle,

indicando hipertrofia dos adipócitos. Este aumento no tamanho dos

adipócitos, foi constatado e confirmado por meio de análise computacional

da área destas células. Os dados obtidos a partir desta análise demonstram

74

que animais do grupo CAF apresentam aumento da área de adipócitos,

quando comparado a animais controle (Figura 12F). Não foram observadas

alterações significativas no tamanho de adipócitos de animais do grupo FCM

(Figura 12F e G).

75

Figura 12. Parâmetros de tecido adiposo dos diferentes grupos

experimentais.

Controle CAF CAF+FCM0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

Pes

o a

bso

luto

do

teci

do

ad

ipo

so a

bd

om

inal

(mg)

Controle CAF CAF+FCM0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

Pes

o r

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vo

do

teci

do

ad

ipo

so a

bd

om

inal

(%)

Controle CAF CAF+FCM0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

Pes

o a

bso

luto

do

teci

do

ad

ipo

so e

pid

idim

al

(mg)

Controle CAF CAF+FCM0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

Pes

o r

elati

vo

do

teci

do

ad

ipo

so e

pid

idim

al

(%)

Controle CAF CAF+FCM0

1

2

3

4

*

#

Índ

ice

de

Ad

ipo

sid

ad

e (%

)

Controle CAF CAF+FCM0

5000

10000

15000

20000

#

*

Áre

a C

alc

ula

da

de

Ad

ipóci

tos

(M

²)

Control CAF CAF+PEPF

A) B)

C) D)

E) F)

G)

76

A) Peso absoluto do tecido adiposo abdominal; B) Peso relativo do tecido adiposo abdominal; C) Peso absoluto do tecido adiposo epididimal; D) Peso relativo do tecido adiposo epididimal; E) Índice de adiposidade calculado; F) Cortes histológicos do

tecido adiposo no aumento de 100x; G) Área calculada dos adipócitos. Valores expressam a média ± e.p.m. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguido do pós-teste de Tukey. * p <0,05 vs. grupo cafeteria. # p <0,05 vs. grupo controle.

A dieta de cafeteria ocasionou aumento da concentração de colesterol

e triglicerídeos séricos, como exposto anteriormente (figura 11). Esta

alteração no metabolismo de lipídeos, pode induzir disfunções no fígado,

relacionadas ao aumento de enzimas hepáticas, como aspartato

aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT). Neste contexto,

análises para avaliação do perfil hepático foram realizadas.

Dados obtidos no presente estudo, demonstram que a dieta de cafeteria

nas condições estudadas não ocasiona alterações significativas na

determinação de AST e ALT. Animais que receberam suplementação com

FCM, apresentaram redução significativa de AST e ALT (Tabela 5).

Tabela 5. Concentração das enzimas hepáticas aspartato aminotransferase

(AST) e alanina aminotransferase (ALT) no soro dos animais.

Grupos AST ALT

Controle 63,28±1,19U/L 22,4±0,67U/L

CAF 72,87±4,06U/L 21,33±1,05U/L

CAF+FCM 52,2±0,96U/L* 18,2±0,73U/L*

Valores expressam a média ± e.p.m. A análise estatística foi realizada utilizando

ANOVA seguido do pós-teste de Tukey. * p <0,05 vs. grupo cafeteria.

Apesar do padrão normal das enzimas hepáticas (Tabela 4), os dados

obtidos na análise histológica do tecido hepático demonstraram que a dieta

de cafeteria provoca importantes alterações no tecido hepático, apresentando

áreas de esteatose hepática multifocal, relacionada com aumento no infiltrado

de lipídeos (Figura 13A) e, sem evidências da mesma anormalidade no grupo

FCM. Com relação aos dados de peso absoluto e relativo do fígado, não

houver diferenças significativas entre os grupos (Figura 13B e C).

77

A maior deposição de lipídeos no tecido hepático foi determinada, e

os resultados obtidos demonstraram aumento de colesterol e triglicerídeos no

tecido hepático no grupo CAF quando comparado ao grupo controle,

corroborando assim com os dados histológicos (13A). O grupo tratado com

FCM não apresentou aumento na infiltração de triglicerídeos quando

comparado ao grupo controle, conforme demonstrado na figura 13.

78

Figura 13. Análise histológica, peso e concentração de colesterol e

triglicerídeos no fígado.

Controle CAF CAF+FCM0.0

0.5

1.0

1.5

Pes

o a

bso

luto

do

fíg

ad

o (

mg)

Controle CAF CAF+FCM0.000

0.002

0.004

0.006

Pes

o r

elati

vo

do

fíg

ad

o (

%)

Controle CAF CAF+FCM0

10

20

30

40#

*

Co

lest

ero

l H

epáti

co (

mg/d

L)

Controle CAF CAF+FCM0

50

100

150

200

250

#

*

Tri

gli

cerí

deo

s H

epáti

cos

(mg/d

L)

A)

B) C)

D) E)

A) Cortes histológicos do fígado nos aumentos de 100 e 400x; B) Peso absoluto do fígado; C) Peso relativo do fígado; D) Concentração de colesterol no fígado; E) Concentração de triglicerídeos no fígado. Valores expressam a média ± e.p.m. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguido do pós-teste de Tukey. * p <0,05 vs. grupo cafeteria. # p <0,05 vs. grupo controle.

79

As alterações na morfologia do tecido hepático, associado a um

aumento na infiltração de lipídeos, pode ocasionar no tecido hepático a

indução de um processo inflamatório. Neste contexto, foram avaliadas as

concentrações de IL-6 e TNF, no tecido hepático. Os dados obtidos nesta

avaliação demonstraram que a dieta de cafeteria após 16 semanas promoveu

aumento nos níveis de IL-6 no tecido hepático (Figura 14). Animais do grupo

CAF+FCM apresentaram alterações significativas nos níveis de IL-6 (Figura

14).

Figura 14. Concentração de IL-6 e TNF no tecido hepático.

Controle CAF CAF+FCM0

5000

10000

15000

20000

25000

TF

N (

pg/m

g d

e t

eci

do

)

Controle CAF CAF+FCM0

200

400

600

800

*

#

IL-6

(p

g/m

g d

e t

eci

do

)

A) B)

a) Concentração de interleucina 6 no homogeinato de fígado dos diferentes grupos experimentais; b) Concentração de fator de necrose tumoral no homogeinato de fígado. Valores expressam a média ± e.p.m. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguido do pós-teste de Tukey. * p <0,05 vs. grupo cafeteria. # p <0,01 vs. grupo controle.

Além disso, foi realizada avaliação de FRAP, GSH, SOD, CAT e GPx

no fígado. Os dados obtidos demonstram que a dieta de cafeteria não foi

capaz de modificar significativamente nenhum dos parâmetros avaliados

(Figura 15A-E).

80

Figura 15. Parâmetros antioxidantes no fígado dos diferentes grupos

experimentais após o período de intervenção.

Controle CAF CAF+FCM0

5000

10000

15000

FR

AP

do

Fíg

ad

o

(m

M/m

g d

e p

rote

ína)

Controle CAF CAF+FCM0

1000

2000

3000

4000

GS

H

(mM

/mg d

e p

rote

ína)

Controle CAF CAF+FCM0

500

1000

1500

SO

D

(U/m

g d

e p

rote

ína)

Controle CAF CAF+FCM0

500

1000

1500

2000

CA

T

(U/m

g d

e p

rote

ína)

Controle CAF CAF+FCM0

2

4

6

GP

x

(U/m

g d

e p

rote

ína)

A) B)

C) D)

E)

A) FRAP do fígado; B) GSH; C) SOD; D) CAT; E) GPx. Valores expressam a média

± e.p.m. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguido do pós-teste de

Tukey.

Adicionalmente também foram realizadas avaliação da função renal

dos animais submetidos ao experimento. Os rins são órgãos filtradores do

sistema urinário, tendo como unidades funcionais os glomérulos renais. A

figura 16 apresenta as lâminas histológicas do tecido renal, onde foram

observadas alterações morfológicas deste órgão. É possível perceber discreta

atrofia dos glomérulos renais (Figura 16A), constatada e confirmada por meio

81

do cálculo das áreas destas unidades funcionais dos rins (Figura 16B). Ainda,

os animais do grupo CAF+FCM não apresentam alterações morfológicas e

bioquímicas evidentes para os parâmetros renais.

Figura 16. Perfil renal dos diferentes grupos experimentais.

Controle CAF CAF+FCM0

500

1000

1500

2000

2500

***###

Áre

a c

alc

ula

da

do

s glo

méru

los

ren

ais

(

m)

Controle CAF CAF+FCM0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5 *

Cre

ati

nin

a s

éri

ca (

mg/d

L)

Controle CAF CAF+FCM0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

**

Peso

ab

solu

to d

os

rin

s (m

g)

Controle CAF CAF+FCM0.0

0.5

1.0

1.5

**

Peso

rela

tivo

do

s ri

ns

(%)

A)

B) C)

D) E)

A) Cortes histológicos dos rins dos diferentes grupos experimentais no aumento de

100x; B) Área calculada dos glomérulos renais; C) Concentração sérica de creatinina;

D) Peso absoluto dos rins; E) Peso relativo dos rins. Valores expressam a média ±

e.p.m. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguido do pós-teste de

82

Tukey. * p <0,05, ** p <0,01 e *** p <0,001 vs. grupo cafeteria. ### p <0,001 vs.

grupo controle.

83

6 DISCUSSÃO

O maracujá está entre os frutos mais produzidos e consumidos no

Brasil, e seu principal resíduo, a sua casca, além da grande quantidade de

fibras, é rica em compostos fenólicos que apresentam propriedades

funcionais, como antioxidante, podendo desta forma desempenhar papel

importante na saúde (GOSS et al., 2018). Destaca-se que em geral, o teor de

polifenóis mostra-se superior na casca dos frutos do que na sua porção

comestível ou polpa (TEHRANIFAR et al., 2011), salientado a possibilidade

de utilização da FCM como um alimento funcional para o tratamento de

doenças metabólicas.

No estudo de Goss et al. (2018), foram identificados os compostos

fenólicos como compostos majoritários deste material vegetal, sendo assim,

foi elaborado um extrato hidroalcoólico (70%) para avaliação in vitro dos

efeitos antioxidantes. Neste contexto, segundo Silva (2012), as metodologias

para determinação da capacidade antioxidante são numerosas e podem estar

sujeitas a interferências, além de se basearem em fundamentos diversos.

Assim, a atividade antioxidante de extratos e frações pode ser determinada

por diversos métodos em diferentes sistemas: lipídico e aquoso. No entanto,

as metodologias mais utilizadas estão normalmente relacionadas com os

mecanismos antioxidantes que os compostos podem apresentar. Dessa forma,

preconizou-se a utilização de três técnicas, já que nenhum ensaio utilizado

isoladamente para determinar a capacidade antioxidante irá refletir

exatamente a “capacidade antioxidante total” de uma amostra. A capacidade antioxidante do extrato hidroalcoólico de FCM pela

redução do ferro férrico à ferroso foi avaliado por meio do método FRAP,

sendo este efeito dose dependente. O ensaio FRAP (ferric reducing

antioxidant power) (BENZIE; STRAIN, 1996) é baseado na capacidade dos

fenóis em reduzir o Fe3+ em Fe2+. Quando isto ocorre, na presença de 2,4,6-

tripiridil-s-triazina (TPTZ), a redução é acompanhada pela formação de um

complexo corado com Fe2+. Apesar de ser um método relativamente simples,

é muito utilizado, podendo ser aplicado não somente para estudos da

atividade antioxidante em extratos de alimentos, mas também, para o estudo

da eficiência antioxidante de substâncias puras, órgãos e tecidos (PULIDO;

BRAVO; SAURA-CALIXTO, 2000).

Outra metodologia empregada na determinação do potencial

antioxidante do extrato da FCM foi a determinação da ação sequestradora do

84

íon NO2, baseada na reação com o reagente de Griess, na qual o nitrito reage

com a sulfanilamida em meio ácido (RAMOS; CAVALHEIRO;

CAVALHEIRO, 2006). Neste ensaio, o extrato hidroalcoólico de FCM

apresentou atividade sequestradora do íon NO2 nas concentrações de 30 à

1000 μg/mL.

Outro método distinto, o sistema β Caroteno/Ácido Linoleico tem

como função avaliar a capacidade de um antioxidante inibir a peroxidação do

ácido linoleico a radicais livres, os quais são responsáveis pela descoloração

do β-caroteno. O β-caroteno é extremamente sensível à oxidação mediada por

radicais livres, podendo os antioxidantes doar átomos de hidrogênio para

eliminar os radicais e impedir a descoloração de carotenoides (SILVA, 2012).

Utilizando este modelo, foi possível verificar que o extrato de FCM apresenta

capacidade de inibir a peroxidação do ácido linoleico somente na

concentração de 1000 μg/mL.

Juntos, os resultados demonstram que a FCM apresenta atividade

antioxidante, a qual pode auxiliar na modulação dos radicais livres e estresse

oxidativo. Ainda, os dados obtidos corroboram com dados recentes

publicados por Goss et al. (2018), que demonstraram o efeito antioxidante do

extrato hidroalcoólico de FCM utilizando o método DPPH. No mesmo

trabalho, os autores reportam a presença de flavonoides e compostos

fenólicos, sendo identificados o ácido cafeico e a isoorientina no extrato

hidroalcoólico de FCM. Além destes, outros compostos fenólicos como a

vitexina, isovitexina, isoorientina e apigenina também já foram reportados

em extratos obtidos a partir da casca do maracujá. A estes compostos, têm

sido atribuídos efeitos anti-inflamatório (ZERAIK et al., 2011; ZERAIK et

al., 2012) anti-hipertensivo (LEWIS et al., 2013) e antioxidante (CAZARIN

et al., 2014).

A presença de flavonoides e compostos fenólicos identificados na

farinha da casca do maracujá, pode ser a razão pela qual lhe é conferida

atividade antioxidante. As substâncias antioxidantes possuem papel

importante na saúde, visto que há correlação positiva entre a prevenção de

doenças crônicas e o consumo de vegetais e frutas, as quais naturalmente

contém substâncias antioxidantes (CAZARIN et. al., 2014).

Por outro lado, o hábito alimentar dos seres humanos vem mudando

continuamente, o qual é um dos fatores mais fortes que explica a epidemia

mundial de obesidade. Atualmente, se consome cada vez menos alimentos

frescos e in natura como frutas e vegetais, em contrapartida, vem aumentando

85

o consumo de alimentos processados e ultraprocessados, como biscoitos,

salgadinhos, bolos, alimentos pré-cozidos, etc., os quais são altamente

calóricos, com baixo valor nutricional, ricos em açúcar refinado, xarope de

milho e óleos refinados (BARRETT et al., 2016). De um modo geral, as

mudanças nos hábitos alimentares são cada vez mais direcionadas ao

aumento no consumo de calorias.

Nos estudos experimentais em animais, vários modelos de dietas

indutoras de obesidade e síndrome metabólica tem sido utilizadas para

estudar a etiologia destas doenças, com o objetivo de obter melhor

compreensão dos mecanismos moleculares e possíveis tratamentos. Destaca-

se que as dietas de cafeteria são modelos muito relevantes de indução de

síndrome metabólica e obesidade, por abrangerem alimentos palatáveis e de

alta densidade energética, uma vez que as metodologias costumam empregar

alimentos consumidos pela sociedade ocidental, diretamente relacionados à

obesidade em humanos (LOUZADA et al., 2013; NEIA et al., 2018).

A dieta de cafeteria, empregada neste estudo, é caracterizada pela alta

densidade calórico energética, com elevadas quantidades de carboidratos e

gorduras, sendo responsáveis por aumentar a massa de tecido adiposo e

induzir a obesidade. Além disso, a dieta de cafeteria é acompanhada de

importantes alterações funcionais e metabólicas que vão muito além da

deposição de gordura corporal (OLIVEIRA, 2015). A alta ingestão de

gorduras e açúcares, promovida por meio desta dieta, são oxidados,

produzindo substâncias tóxicas, tais como produtos finais de glicação

avançada (AGEs), gerando desequilíbrio do sistema redox, associado à

inflamação de baixo grau e ao estresse oxidativo, bem como disfunções

metabólicas e danos inflamatórios em diversos órgãos (IANTORNO et al.,

2014; NAVARRO et al., 2016).

No presente estudo, conforme esperado, a dieta de cafeteria foi capaz

de induzir desordens no metabolismo glicídico e lipídico, nos tecidos

adiposo, hepático, pancreático e renal. Os resultados obtidos são similares a

condição de síndrome metabólica, segundo parâmetros preconizados pelo

NCEP ATP III, demonstrando a eficácia do modelo testado na indução da

síndrome metabólica em animais. Outros estudos que empregaram a mesma

metodologia de dieta de cafeteria padronizada também obtiveram resultados

semelhantes (ESTADELLA et al., 2004; SAMPEY et al., 2011; HIGA et al.,

2014; BALLESTRERI et al., 2015; SOARES et al., 2017).

86

Além das alterações “esperadas” causadas pela dieta de cafeteria na

indução da síndrome metabólica e obesidade, como: aumento da adiposidade

visceral, hiperinsulinemia, intolerância à glicose, dislipidemia com níveis

séricos de triglicerídeos elevados e redução do HDL-colesterol (GOMEZ-

SMITH, 2016), doença hepática gordurosa não alcoólica (PARAFATI et al.,

2015), entre outras alterações, estudos recentes em animais, que também

empregaram esta metodologia, demonstram outros prejuízos causados pela

exposição a dietas de cafeteria, destacando-se: elevados níveis plasmáticos

de produtos tóxicos como os AGEs (NAVARRO et al., 2016); o aumento da

resposta metabólica ao estresse oxidativo e danos oxidativos no DNA, no

plasma e principais tecidos envolvidos na defesa antioxidante (MELLOUK

et al., 2016); danos no coração (fibrose perivascular coronária e esteatose),

nos rins (inflamação intersticial crónica e esclerose glomerular) e no fígado

(fígado, fibrose portal, apoptose e esteatose) (ZEENI et al., 2015); alteração

na expressão dos genes envolvidos na permeabilidade intestinal, estresse

oxidativo e inflamação intestinal (GIL-CARDOSO et al., 2017); o aumento

da ansiedade, prejuízos na aprendizagem espacial, memória e na neurogênese

(FERREIRA, et. al., 2018); alterações neurobiológicas, incluindo alterações

neuroplásticas e funcionais, ativação da microglia e neuroinflamação

(GUTIÉRREZ-MARTOS et al., 2018); alterações morfológicas e

moleculares associadas à hiperplasia uterina associada a carcinogênese

endometrial (GASTIAZORO et al., 2018); entre outros.

Todavia, as dietas de cafeteria podem apresentar desvantagens.

Autores criticam a reprodutibilidade deste modelo, pelo fato de não ser um

protocolo padronizado. De maneira geral, cada pesquisador faz sua própria

composição de alimentos industrializados, de acordo com a realidade de sua

região, como por exemplo: salgadinhos tipo chips, biscoitos recheados, bolos,

salame, bacon, batata frita, queijo, chocolates, refrigerantes a base de cola,

etc. Outra desvantagem, são as deficiências nutricionais que podem ser

causadas, de nutrientes como proteínas, vitaminas e minerais, uma vez que

alimentos industrializados são pobres nestes nutrientes. Estas deficiências

nutricionais podem interferir positiva ou negativamente com os resultados

das pesquisas. E ainda, por apresentar vários aditivos alimentares que não

estariam presentes nas rações padrão de manutenção dos animais, sendo:

corantes, flavorizantes, conservantes, emulsificantes, que podem gerar outras

alterações no organismo, dificultando a interpretação dos resultados

(BORTOLIN et al., 2017). Desta forma, ressalta-se a importância do cuidado

87

na escolha da metodologia empregada neste tipo de modelo de indução de

síndrome metabólica, bem como a seleção dos estudos que seguiram

metodologias semelhantes a adotada, para fins de comparação dos resultados

obtidos.

Um resultado importante, foi com relação ao ganho de peso. No

presente estudo, animais que consumiram a dieta CAF, não ganharam peso

em relação a dieta controle, porém, o grupo que recebeu FCM apresentou

menor ganho de peso quando comparado aos demais grupos. Assim como os

resultados obtidos neste experimento, outros autores também demonstraram

a ineficiência da dieta de cafeteria em induzir ganho de peso expressivo

(MUNTZEL et al., 2012; HIGA et al., 2014; MARQUES et al., 2015;

BORTOLIN et al. 2017).

Apesar de alguns estudos apresentarem resultados significativos na

avaliação deste parâmetro (ESTADELLA et al., 2004; SAMPEY et al., 2011;

BALLESTRERI et al., 2015; DALBY et al., 2017; SOARES et al., 2017)

destaca-se o viés da não padronização das metodologias de dieta de cafeteria,

o que pode gerar resultados de ganho de peso diferentes conforme a escolha

dos alimentos (BORTOLIN et al., 2017).

Segundos os mesmos autores, essa diferença também pode se dar

devido a escolha da dieta do grupo controle. Existem duas dietas comumente

utilizadas como controle, uma destas é uma ração padrão feita a base de grãos

(produtos não refinados) (conhecido em inglês como Standard Chow,

Unpurified Diet ou Grain-based Diet). A outra, é uma ração com baixo

conteúdo de gordura feita com produtos refinados, geralmente contendo a

mesma base nutricional da dieta obesogênica utilizada (conhecida em inglês

como refined low-fat diet – rLFD). As rações purificadas são feitas com

ingredientes refinados tais como caseína, proteína isolada de soja, amido de

milho, sacarose, celulose e óleos refinados, os quais contém um nutriente

principal e pouquíssimo de outros nutrientes e não-nutrientes. Diferente de

rações padrão a base de grãos, as quais são compostas, geralmente, por três

grãos integrais: milho, aveia e trigo, podendo incluir ainda farelo de alfafa,

ração para peixe, levedura de cerveja, conservantes, e um adicional de

vitaminas e minerais que, na maioria dos casos, não leva em consideração o

que já está presente nos grãos integrais acrescentados (BORTOLIN et al.,

2017; DALBY et al., 2017; PELLIZZON; RICCI, 2018).

Dalby e colaboradores (2017) observaram que animais que consomem

uma rLFD (empregada neste trabalho) ganham bem mais peso do que os

88

animais que consomem uma ração padrão baseada em grãos. Reforça-se a

grande diferença entre estes tipos de dietas, e por tal diferença na composição,

apesar de comum, torna-se impossível autores compararem e tirar conclusões

sobre as diferenças fenotípicas conduzidas por dietas completamente

diferentes (BORTOLIN et al., 2017).

Com relação ao consumo alimentar dos grupos experimentais, foi

observada diferença no consumo de ração dos grupos CAF e FCM quando

comparados o grupo controle, entretanto, não houve diferença no valor

calórico consumido ao dia entre os grupos. Quanto a ingestão hídrica, animais

que receberam a dieta CAF ingeriram menor quantidade de água quando

comparado ao grupo FCM.

Apesar do parâmetro ganho de peso do grupo CAF não ter sido

expressivo neste estudo, quando avaliada a eficiência alimentar através do

ganho de peso por consumo calórico, cálculo proposto por Nery et al. (2011)

para relacionar o ganho de peso com o valor calórico ingerido, observou-se

que o grupo cafeteria apresentou maior ganho de peso quando comparado ao

grupo FCM. Sabe-se que as fibras solúveis como a pectina, presentes na

FCM, apresentam alta capacidade em reter água e diminuir a absorção de

macronutrientes, principalmente ácidos graxos no intestino (CATALANI et

al., 2003), mecanismo que pode explicar o menor ganho de peso do grupo

FCM.

Ademais, a dieta de cafeteria ocasionou desordens metabólicas

importantes. Quanto aos parâmetros bioquímicos, foi observado no grupo

CAF intolerância oral a glicose, resistência a ação da insulina, maiores

concentrações de glicose em jejum, colesterol e triglicerídeos séricos.

Todavia, o grupo que recebeu a suplementação com a FCM, não apresentou

estas alterações metabólicas, atenuando os efeitos da exposição a dieta de

cafeteria, o que demonstra um efeito protetor a estes animais no modelo de

dieta de cafeteria.

Outros autores, que também estudaram o modelo de dieta de cafeteria

por período de tempo semelhante, obtiveram resultados parecidos. Sampey et

al. (2011) observaram que animais que receberam dieta de cafeteria por 15

semanas, apresentaram hiperglicemia, hiperinsulinemia, intolerância a

glicose, e severas alterações nos tecidos hepático e adiposo. Ballestreri et al.

(2015) constataram após 120 dias de intervenção com dieta de cafeteria,

aumento significativo nos níveis de glicemia, e triglicerídeos. Castell-Auvı et

al., (2012) observaram que a administração de dieta de cafeteria por 17

89

semanas mimetizou um estado pré-diabético, com aumento da glicemia e

secreção de insulina pelo pâncreas. Contudo, destaca-se que estudos com

período mais curtos de intervenção apresentam resultados idênticos. Dalby et

al. (2017) após 8 semanas de dieta de cafeteria constataram intolerância oral

a glicose, e Soares et al. (2017), após o mesmo período de 8 semanas

observaram concentrações aumentadas de glicose, colesterol e triglicerídeos.

Corroborando aos parâmetros bioquímicos, foram evidenciadas

alterações na morfologia das ilhotas de Langerhans do pâncreas dos animais

do grupo CAF, evidenciando hiperplasia destas células. Esta alteração no

tecido pancreático foi observada por Gao, Ma e Lio (2015) após

administração de dieta hiperlipídica por 12 semanas. Os autores sugerem que

a resistência à insulina e hiperglicemia também apresentada no estudo em

questão, desencadeou a aumento do volume celular das ilhotas pancreáticas,

mimetizando estágios iniciais da patogênese do DM tipo 2.

Estudos com a FCM demonstraram sua ação hipoglicemiante, tanto

em modelos animais (LIMA et al., 2012) quanto em pacientes com

diagnóstico de diabetes ou hiperglicemia (JANEBRO et al., 2008).

Outrossim, a FCM apresenta efeitos no metabolismo lipídico. Estudo de

pouco mais de 8 semanas com ratos diabéticos, verificou o efeito da

suplementação de 15 e 30% de FCM sob os parâmetros metabólicos,

demostrando redução nos níveis séricos de triglicerídeos em ambos os grupos

suplementados com a farinha (CORRÊA et al., 2014).

Os efeitos da FCM também são evidenciados em ensaios com

humanos, na melhora do metabolismo lipídico e glicídico, melhorando a

resistência a insulina de pacientes diabéticos tipo 2 (QUEIROZ et. al., 2012),

na redução do colesterol total e LDL em pacientes hipercolesterolêmicas

(RAMOS et al. 2007) e também na redução dos triglicerídeos e aumento do

colesterol HDL em pacientes portadores de diabetes tipo 2 (JANEBRO et al.,

2008).

Estes resultados podem estar relacionados ao efeito das fibras

presentes nesse alimento, principalmente a pectina. A hidratação da fibra

ocorre pela adsorção de água à sua superfície ou pela incorporação ao

interstício macromolecular. Na mucosa intestinal, há formação de uma

camada viscosa (gel) que altera a difusão e absorção de nutrientes. Em função

dessa maior viscosidade do conteúdo entérico, efeitos críticos regulam a

resposta metabólica à carga de nutrientes, como por exemplo, o decréscimo

na absorção de carboidratos pelo organismo, mecanismo que pode explicar

90

sua ação hipoglicemiante (MEDEIROS et al., 2009). Além disso, esse gel é

capaz de formar complexos com sais biliares, aumentando a excreção de

colesterol, podendo ser útil na prevenção e tratamento de doenças

metabólicas como: dislipidemias, DM tipo 2 e obesidade (SALLES;

BROCH; CARDOSO, 2004).

O aumento excessivo do tecido adiposo (hipertrofia e hiperplasia) é a

principal característica da obesidade. No presente estudo, observou-se

aumento da massa de tecido adiposo abdominal e epididimal dos animais do

grupo CAF, bem como no índice de adiposidade deste grupo, o que não foi

evidenciado nos animais que receberam a dieta acrescida de FCM. Nos

achados histológicos, foi evidenciada hipertrofia dos adipócitos no grupo

CAF. Animais tratados com a FCM apresentaram resultados semelhantes aos

animais do grupo controle.

No que tange ao aumento da gordura corporal, Sampey et al. (2011)

compararam o efeito da dieta de cafeteria e uma dieta rica em gordura na

indução da síndrome metabólica em ratos. Os autores demonstraram que a

dieta de cafeteria induziu um aumento de gordura epididimal. E ainda, estudo

conduzido por Navarro et al. (2016) em sua investigação sobre os efeitos da

dieta de cafeteria, observaram que animais submetidos a esta dieta

apresentaram índice de adiposidade significativamente maior em comparação

com animais do grupo controle, após a 6ª semana de experimento.

As anormalidades no tecido adiposo parecem estar diretamente

relacionadas a condição de resistência a insulina. O tecido adiposo já foi

considerado um tecido inerte servindo principalmente como estocagem de

energia. Porém, atualmente sabe-se que ele é metabolicamente ativo, grande

fonte geradora de citocinas pró e anti-inflamatórias, conhecidas como

adipocinas, tais como TNF, IL-6, leptina, resistina e adiponectina. Sabe-se

que na obesidade há um desequilíbrio entre estas adipocinas, levando ao

favorecimento de um estado pró-inflamatório. Por esse motivo, a obesidade

está associada a um quadro pró-inflamatório crônico de baixo grau, o qual

pode levar a uma série de disfunções metabólicas (LEE et al., 2013; GAO;

MA; LIU, 2015; GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 2017).

Adipócitos hipertrofiados são menos responsivos à insulina, secretam

mais leptina, citocinas pró-inflamatórias e menos adiponectina, reproduzindo

um eterno estado inflamatório crônico, com repercussões no centro de

saciedade cerebral, aumentando o apetite e sustentando a resistência a

91

insulina e síndrome metabólica (GUSTAFSON et al, 2015; PAN; MYERS,

2018).

Este quadro pró-inflamatório crônico pode levar a um desequilíbrio

redox conhecido como estresse oxidativo, contribuindo para as disfunções

metabólicas associadas à obesidade. Adicionalmente, o estresse oxidativo

pode levar a danos celulares ou teciduais e disparar uma resposta

inflamatória, configurando um ciclo vicioso (BONDIA-PONS et al., 2012).

A inflamação crônica e o estresse oxidativo são duas importantes condições

para o desenvolvimento de síndrome metabólica, bem como de muitas

doenças degenerativas, como por exemplo DM tipo 2, doenças

cardiovasculares e hepatopatias, as quais tem seu aparecimento favorecido

pela obesidade (GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 2017; BORTOLIN et al.,

2018).

Alterações no metabolismo dos ácidos graxos pode originar acúmulo

inapropriado de lipídeos no músculo e no fígado, prejudicando,

consequentemente suas funções (DEFRONZO, 2010). Neste modelo de

indução de síndrome metabólica através da dieta de cafeteria, o fígado parece

ser o órgão mais prejudicado pela dieta CAF. Nos achados histológicos pôde-

se verificar áreas de esteatose hepática multifocal, compatível com DHGNA,

acúmulo de colesterol e triglicerídeos no fígado, indicando que a

administração de dieta de cafeteria favorece o desenvolvimento de

anormalidades no tecido intra-hepático, com aumento de IL-6 e tendência de

elevação do TNF, mesmo sem alterações nas transaminases hepáticas,

conforme constatado neste estudo. Esse acúmulo de lipídeos hepáticos está

diretamente relacionado ao desenvolvimento de esteatose hepática e, quando

associado à FCM parece não causar tal dano.

A DHGNA é reconhecida como a manifestação hepática da síndrome

metabólica, acredita-se que assim como no tecido adiposo a DHGNA

promove uma resposta inflamatória do tipo Th1, onde as células de Kupffer

podem ser polarizadas para um fenótipo pró-inflamatório, o que contribui

com a resistência a insulina. As células de Kupffer são os macrófagos

residentes no tecido hepático, e a principal fonte de citocinas inflamatórias

no fígado. Diversos autores consolidam a teoria de que a ativação destas

células é necessária na indução da resistência a insulina hepática (KREMER

et al., 2006; LANTHIER et al., 2010; SAMPEY et al., 2011). Esta ativação

diminui a concentração ou fosforilação dos substratos de receptor de insulina,

IRS 1 e 2 e atividade da PI3K através da fosforilação em serina, translocando

92

menos o GLUT-4 e perpetuando a resistência insulínica (LANTHIER et al.,

2010).

Os mesmos autores demonstram que em resposta a alimentação com

alto teor de gordura, a sobrecarga lipídica hepática, os metabólitos lipídicos

e os mediadores pró-inflamatórios alteram a sensibilidade à insulina hepática,

consolidando que as alterações metabólicas e inflamatórias ocorrem

primeiramente no fígado, e posteriormente nos tecidos periféricos, sendo a

resistência a insulina hepática crucial para o desenvolvimento da DHGNA.

Segundo Lazo et al. (2013), o diagnóstico de DHGNA pode ser feito

mesmo com valores normais de transaminases, utilizando a presença de

infiltrado lipídico no fígado. Os autores referem que a mensuração das

enzimas pode potencialmente subestimar muitos casos da doença, já que a

definição para a presença de esteatose hepática é baseada em exames de

imagem, como a ultrassonografia (análise do quadrante hepático avaliado) ou

por meio de biópsia do tecido hepático. Todavia, estudos mostram correlação

positiva entre os níveis aumentados de insulina e ALT com risco de

desenvolvimento de esteatose hepática não alcoólica.

No entanto, até o presente momento, a associação dos níveis séricos

de ALT e AST com a incidência de síndrome metabólica não foi confirmada

em estudos transversais (ELIZONDO-MONTEMAYOR et al., 2014). Um

estudo de coorte demonstra associação entre os níveis de ALT e a incidência

tanto de síndrome metabólica e DM num período de vinte anos de

acompanhamento. Porém os autores advertem que os níveis de ALT dentro

dos parâmetros normais também podem estar associados com resultados

adversos à saúde, já que podem apresentar alterações histológicas de

DHGNA (GOESSLING et al., 2008). Autores reforçam que associação entre

os valores de ALT e a síndrome metabólica e DM são consistentes, com o

fato de que ALT é uma enzima altamente específica do fígado, já que se

encontra limitada a um componente citosólico de hepatócitos (KEW, 2000).

Por outro lado, AST é menos discriminativa ao tecido hepático, uma vez que

se encontra aumentada também por dano no coração, músculo esquelético,

rins, cérebro, pâncreas e eritrócitos (GOESSLING et al., 2008).

Além do mais, a administração de dieta de cafeteria induziu aumento

nos níveis hepáticos de IL-6, reforçando a evidência de dano hepático. A IL-

6 é uma citocina pró-inflamatória que é elevada em pacientes com DHGNA.

Neste contexto, os níveis de IL-6 indicam claramente a intensidade da lesão

do hepatócito (THIESEN et al., 2018). Juntos, o aumento nas concentrações

93

de TNF e IL-6 reforçam o grau de dano hepático provocado pela dieta CAF,

e atenuado pela dieta acrescida de FCM.

A DHGNA é a causa mais comum de enfermidade crônica do fígado

em todo o mundo (VERNON; BARANOVA; YOUNOSSI, 2011). É definida

pelo acúmulo de gordura (>5%) nas células hepáticas, sem ingestão excessiva

de álcool ou originário de outras causas de doença hepática como fatores

autoimunes, hepatotoxicidade por uso de drogas ou hepatites virais. O

espectro histológico da DHGNA alinha-se a partir de uma simples esteatose

à esteatohepatite não alcoólica, fibrose hepática, cirrose (CHALASANI et al.,

2012) e ainda está associada ao desenvolvimento de carcinoma hepatocelular.

Essa doença parece afetar aproximadamente 30% da população de países

ocidentais, especialmente em pacientes com síndrome metabólica, obesidade

e diabetes tipo 2. A DHGNA é considerada um fator de risco independente

para o desenvolvimento de doença cardiovascular e as evidências suportam

sua relação também como causa do desenvolvimento de doença renal crônica

(LOOMBA; SANYAL, 2013).

No presente estudo, foram evidenciadas alterações no tecido e

marcadores renais. Animais do grupo CAF apresentaram discreta atrofia dos

glomérulos renais, menor área destas células e peso do órgão, igualmente,

maiores concentrações séricas de creatinina. Em contrapartida, o grupo FCM

não demonstrou as mesmas alterações, apresentando resultados semelhantes

ao grupo controle.

Segundo Navarro e colaboradores (2016), os mecanismos pelos quais

a obesidade predispõe as pessoas a danos renais são desconhecidos,

entretanto, sabe-se que esta condição provoca aumento da inflamação e lesão

no tecido renal, principalmente causadas pelo estresse oxidativo. Os mesmos

autores não observaram alterações estruturais nos rins após a administração

de dieta CAF por 6 semanas, porém, observaram aumento de citocinas

inflamatórias nos rins e níveis plasmáticos de AGEs elevados.

Os resultados apresentados indicam que o uso da FCM traz efeitos

positivos em animais com síndrome metabólica induzida por dieta de

cafeteria, podendo ser utilizado como estratégia no tratamento da obesidade

e síndrome metabólica.

Medeiros et al. (2009) com o objetivo de avaliar, não somente o efeito

terapêutico, mas também o potencial tóxico da FCM, submeteram indivíduos

saudáveis a 10 g do produto três vezes ao dia, totalizando 30g durante oito

semanas. O tratamento promoveu redução significativa na glicemia e peso

94

corporal (2% de redução) dos indivíduos, e constatou que o seu uso foi bem

tolerado pelos voluntários, não sendo relatadas reações adversas ou sinais de

toxicidade que pudessem comprometer sua utilização como alimento com

propriedade de saúde, nesta dosagem e período experimental.

Embora os resultados com humanos sejam interessantes no tratamento

de doenças metabólicas como o diabetes e hipercolesterolemia, reforça-se a

necessidade de estudos mais aprofundados que visem avaliar seu efeito

toxicológico, bem como o teor de substâncias designadas glicosídeos

cianogênicos, que são tóxicos e apresentam-se em quantidades significativas

em todas as partes da Passiflora edulis (COQUEIRO; PEREIRA;

GALANTE, 2016).

Figura 17. Resumo gráfico de resultados da pesquisa.

Fonte: o autor.

95

7 CONCLUSÕES

Os achados do presente trabalho demonstram que a dieta de cafeteria

é um modelo robusto para estudar os efeitos da Síndrome Metabólica,

gerando importantes alterações após o período de 16 semanas, tais alterações

que tem seu início a partir da resistência à insulina e um processo de

deposição de gorduras, tendo o fígado e pâncreas como principais órgãos

comprometidos.

Animais tratados com FCM apresentaram diminuição nos parâmetros

que estabelecem e caracterizam a Síndrome Metabólica, principalmente o

quadro de resistência à insulina, tolerância a glicose, deposição de gordura

corporal e acúmulo de lipídeos no fígado, bem como parâmetros

pancreáticos e renais. Desta forma, a FCM pode ser estabelecida como uma

fonte importante de fibras e metabólitos secundários que ajudam a evitar os

danos ocasionados pelo consumo da dieta de cafeteria. Tendo em vista a

necessidade de encontrar novas alternativas capazes de melhorar a saúde e

qualidade de vida da população, além de considerar que a FCM se constitui

de um resíduo agroindustrial, apresentando baixo custo e pouca

industrialização, destaca-se seu potencial uso como coadjuvante nas doenças

metabólicas. Novos estudos acerca dos benefícios desse produto necessitam

ser realizados a fim de definir dose ideal por dia, assim como, outras formas

de consumo.

96

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