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DANIELA SCHIAVO CARDOZO
EFEITO DO TRABALHO NOTURNO NO CONTROLE HORMONAL DA FOME E SACIEDADE
EFFECT OF NIGHT WORK ON THE HORMONAL CONTROL OF HUNGER AND SATIETY
CAMPINAS
2012
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iii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Ciências Médicas
DANIELA SCHIAVO CARDOZO
EFEITO DO TRABALHO NOTURNO NO CONTROLE HORMONAL DA FOME E SACIEDADE
EFFECT OF NIGHT WORK ON THE HORMONAL CONTROL OF HUNGER AND SATIETY
Tese de Doutorado apresentada à Pós-Graduação da Faculdade de Ciências
Médicas da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP para obtenção de título de Doutora em Clínica Médica, na área de concentração Clínica Médica.
ORIENTAÇÃO: Prof. Dr. BRUNO GELONEZE NETO
Doctoral Thesis presented to the Postgraduation of the Faculty of Medical
Sciences, State University of Campinas – UNICAMP to obtain the Doctor degree in Medical Clinic and Medical Clinic concentration area.
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA POR DANIELA SCHIAVO CARDOZO, E ORIENTADA PELO PROF. DR. BRUNO GELONEZE NETO. _______________________ Assinatura do Orientador
CAMPINAS 2012
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Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402
Informações para Biblioteca Digital
Título em inglês: Effect of night shift work on the hormonal control of hunger and satiety. Palavras-chave em inglês:
Shift work
Weight gain
Hunger
Satiety response
Ghrelin
Área de concentração: Clínica Médica
Titulação: Doutora em Clínica Médica
Banca examinadora:
Bruno Geloneze Neto [Orientador] Maria Cristina Foss de Freitas Nina Rosa de Castro Musolino Roberta Soares Lara Cassani Laura Sterian Ward Data da defesa: 11-12-2012
Programa de Pós-Graduação: Clínica Médica
Cardozo, Daniela Schiavo, 1980- C179e Efeito do trabalho noturno no controle hormonal da
fome e saciedade / Daniela Schiavo Cardozo. -- Campinas, SP : [s.n.], 2012.
Orientador : Bruno Geloneze Neto. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Ciências Médicas. 1. Trabalho em turnos. 2. Ganho de peso. 3. Fome.
4. Resposta de saciedade. 5. Grelina. I. Geloneze Neto, Bruno. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.
v
vi
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho
Aos meus pais e irmãos, que me incentivaram;
Ao meu marido, André, que sempre esteve ao
meu lado;
Á minha filha Isabella.
vii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que contribuíram para a realização deste trabalho, em
especial:
Ao Prof Dr Bruno Geloneze Neto, pela orientação e dedicação para conclusão
deste trabalho;
Aos funcionários do Hospital de Clínicas da Unicamp, pelo tempo que
dispuseram para participar da pesquisa;
À equipe do LIMED – GASTROCENTRO - UNICAMP
Aos professores do curso de Pós Graduação, pelos ensinamentos;
À minha família pelo carinho e compreensão.
À FAPESP: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo pelo
apoio financeiro.
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RESUMO
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Devido ao aumento considerável de trabalhadores noturnos é importante o estudo dos
efeitos deste tipo de trabalho na saúde do trabalhador. Estudos atuais demonstram que
trabalhos em turno e noturno favorecem transtornos digestivos relacionados a diferenças no
hábito alimentar, tanto no valor calórico total, como no horário e número de refeições.
Além disso, há aumento dos fatores de risco cardiovasculares, tais como: altos níveis de
triglicérides e colesterol séricos, obesidade abdominal, resistência à insulina e outros
marcadores da síndrome metabólica. Estes fenômenos estão relacionados a um ganho e
redistribuição do peso corporal, em parte atribuível a diferenças no padrão de fome e
saciedade. Trabalhadores do turno noturno podem apresentar perturbação no ritmo
biológico endógeno em função do conflito temporal entre o relógio biológico endógeno e a
estrutura de funcionamento das atividades sociais. Esta dessincronização pode produzir
transtornos intensos e persistentes na fisiologia do sono. Foram selecionados 12
trabalhadoras de turno noturno e 12 do diurno do HC-UNICAMP, com IMC entre 25 e 29.9
(sobrepeso). O objetivo deste trabalho foi comparar uma população trabalhadora de turno
noturno com uma população trabalhadora diurna, em relação a componentes bioquímicos e
antropométricos da síndrome metabólica. Além disso, a caracterização das respostas de
hormônios reguladores da fome e saciedade foi acessada a partir de um teste de refeição
padrão, com dosagens de grelina, (hormônio orexigênico), oxintomodulina, xenina,
glucagon-like peptide 1 (GLP-1) e PYY3-36 (hormônios anorexigênicos). A resistência à
insulina foi avaliada por índices que relacionam a produção de insulina com a curva
glicêmica durante o teste de refeição (Metabolic Clearance Rate, ou índice de Stumvoll).
Estes mesmos voluntários foram avaliados quanto à qualidade de sono, ao cronótipo e ao
estado inflamatório sub-clínico (avaliado pelos níveis circulantes de interleucina 6, TNF-α,
adiponectina e proteína C-reativa). Na avaliação quanto ao cronótipo, a maior proporção de
x
indivíduos indiferentes foram encontrados no grupo do turno noturno. A qualidade de sono
avaliada pelo score de Pittsburgh não demonstrou diferença significante entre os grupos
estudados. Os trabalhadores de turno noturno demonstraram valores maiores para disfunção
diurna, demonstrando sonolência excessiva diurna. O principal achado foi a caracterização
de uma resposta de produção do hormônio orexigênico – grelina – aumentada no período
pós-prandial das voluntárias de trabalho noturno e uma resposta reduzida de xenina (um
hormônio anorexígeno e de fonte estomacal). Assim este fato pode ser responsável pela
mudança do comportamento alimentar e consequente ganho de peso destas trabalhadoras de
turno noturno.
Palavras-Chave: Trabalho em turnos, Ganho de peso, Fome, Resposta de saciedade,
Grelina, Xenina.
xi
ABSTRACT
xii
Due to the considerable increase of night shift workers it is important the study of its
effects on worker health. Recent studies reveal that work in shifts and night shift work
propitiate digestive disorders related to differences in dietary habits, in the total caloric
content, as well as in the timing and number of meals. Moreover, it is noticed an increase in
cardiovascular risk factors such as high levels of triglycerides and cholesterol, and
abdominal obesity, insulin resistance and markers of metabolic syndrome. These
phenomena are related to gain and redistribution of body weight, in part attributable to
changes in the pattern of hunger and satiety. Night shift workers may have endogenous
biological rhythm disturbance as a result of the temporal conflict between the endogenous
biological clock and the functioning structure of social activities. This asynchronization
may produce intense and persistent disorders in sleep physiology. We selected 12 night
shift workers and 12 day workers of the HC-UNICAMP, with BMI between 25 and 29.9
(overweight). The objective of this study was to compare a population of night shift
workers with a daytime working population in relation to anthropometric and biochemical
components of the metabolic syndrome. Besides that, the characterization of the responses
of hormones regulating hunger and satiety was accessed by means of a standard meal test ,
with dosages of ghrelin, oxyntomodulin, xenin, glucagon-like peptide 1 (GLP-1) and
PYY3-36. Insulin resistance was evaluated by indexes relating the production of insulin
during the glycemic test meal (Stumvol index). These same volunteers were evaluated for
the quality of sleep, the chronotype and sub-clinical inflammatory state (assessed by
circulating levels of interleukin-6, TNF-α, adiponectin and protein C-reactive). In the
assessment for the chronotype, the highest proportion of indifferent individuals were found
in the group of night shift. The quality of sleep assessed by pittsburgh score showed no
significant difference between groups. The night shift workers showed higher values for
daytime dysfunction, demonstrating excessive daytime sleepiness. The main finding was
the characterization of a increased response in production of hormone - ghrelin - in the
postprandial period of night shift workers and reduced response of xenina (an anorectic
hormone source and stomach). As a conclusion, this fact may be responsible for the weight
gain observed for those night shift workers.
Key- words: shift work, weight gain, hunger, satiety response, ghrelin, xenin.
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS
ACTH Hormônio Adrenocorticotrópico
AgRP Proteínas Relacionadas ao Agouti
CART Cocaine Amphetamine-Regulated Transcript
DCV Doenças Cardiovasculares
DM2 Diabetes Mellitus Tipo 2
DP Desvio Padrão da Média
DPP IV Enzima dipeptidilpeptidase 4
EP Erro Padrão da Média
GH Hormônio do Crescimento
GIP Polipeptídeo Inibitório gástrico
GLP-1 Glucagon-like Peptide-1
HDL High Density Lipoproteins (Lipoproteínas de Alta Densidade)
IMC Índice de Massa Corporal
mRNA Ácido Ribonucléico Mensageiro
MSH Hormônio Melanócito Estimulante
NPY Neuropeptídeo Y
NSQ Núcleo Supraquiasmático
OXM Oxintomodulina
POMC Pró-Opio Melanocortina
xiv
PRL Prolactina
SM Síndrome Metabólica
SNC Sistema Nervoso Central
SNE Sistema Nervoso Entérico
xv
SUMÁRIO
Pág
RESUMO................................................................................................................... viii
ABSTRACT...............................................................................................................
LISTA DE ABREVIATURAS..................................................................................
xi
xiii
INTRODUÇÃO.........................................................................................................
16
OBJETIVOS...............................................................................................................
40
CAPÍTULO.................................................................................................................
DISCUSSÃO................................................................................................................
CONCLUSÕES...........................................................................................................
REFERÊNCIAS..........................................................................................................
42
48
52
55
ANEXO........................................................................................................................
APÊNDICE..................................................................................................................
65
67
16
INTRODUÇÃO
17
1. Cronobiologia
A cronobiologia é uma ciência que estuda as características temporais da
matéria viva e traz a compreensão dos fenômenos biológicos, entre eles o sono, a noção de
sua temporalidade e ritmicidade (1). Permite a percepção da diferença fisiológica e
comportamental dos organismos vivos que reagem de maneira diferente a um mesmo
estímulo aplicado em diferentes momentos das 24 horas do dia (2).
Atualmente sabe-se que diversos níveis de organização dos seres vivos
apresentam osciladores endógenos, que são mecanismos de marcação de tempo, e são
capazes de gerar ciclos funcionais, e independentes das variações ambientais, pois
continuam a se manifestar mesmo na ausência destes estímulos (3,4).
Os ritmos biológicos endógenos permitem aos organismos anteciparem-se às
mudanças ambientais. Por exemplo; no ciclo sono-vigília, observa-se que a melatonina esta
presente em altos níveis no plasma durante a noite, sendo que durante o dia os seus níveis
plasmáticos são quase nulos. Podemos verificar também que a temperatura corporal e os
níveis de cortisol aumentam no período da manhã antecipando o despertar do indivíduo (4).
No hipotálamo anterior existem estruturas anatômicas denominadas de núcleos
supraquiasmáticos (NSQ) que são responsáveis pela sincronização entre a temporalidade
externa e a organização temporal interna, representando assim o relógio biológico (5). As
células dos NSQ transmitem informações rítmicas foto-sincronizadas para os núcleos
hipotalâmicos adjacentes responsáveis pela periodicidade de secreção hormonal, ingestão
de alimentos, secreção de melatonina e variações de temperatura (6).
18
Por outro lado, recentemente, foram descobertos os genes relógio, definidos
como genes cujos produtos protéicos são necessários para a geração e regulação dos ritmos
circadianos nas células individuais e por todo o organismo (7). A expressão desses genes já
foi identificada em vários tecidos periféricos: como retina, coração, pulmão e fígado, além
do NSQ e da glândula pineal (8,9).
O ritmo biológico com período entre 20 e 28 horas, chama-se circadiano, o
ritmo ultradiano tem período menor de 20 horas e o ritmo infradiano tem período maior de
28 horas (10,11).
De todos os ritmos biológicos circadianos, o mais proeminente é o ciclo sono-
vigília, pois passamos entre um quarto e um terço de nossas vidas dormindo, e desde muito
cedo adquirimos a expectativa de dormir e acordar (12).
Na ausência de ciclo claro-escuro o NSQ apresenta um ritmo com um período
espontâneo (t) de cerca de 33.5 horas. Os feixes retino-hipotalâmicos permitem que o ciclo
claro-escuro arraste o NSQ para um período sincronizado (t) de 24 horas.
Os ritmos circadianos das funções mantêm relações precisas entre si e também
com as variações temporais ambientais, ou seja, são sincronizados (1). Existem fatores
ambientais capazes de arrastar os ritmos biológicos impondo a eles seu período de
funcionamento. São os denominados “zeitgebers”(sincronizadores externos ou indicadores
de tempo), que determinam o importante processo de sincronização da periodicidade dos
ritmos internos às 24 horas do dia (13-15).
19
Um dos mais importantes “zeitgbers” é o fenômeno claro-escuro. Para o
homem, os fatores sociais como os horários do funcionamento dos serviços, das escolas e
as atividades com a família, representam os “zeitgebers” mais importantes.
2- Trabalho em Turnos e Noturno
Trabalho em turno foi definido por Maurice (16) como “continuidade da
produção e uma quebra da continuidade no trabalho realizado pelo trabalhador”
Os esquemas de trabalho em turno do ponto de vista do trabalhador são
divididos segundo Fischer (17): 1- Turno fixo: os trabalhadores têm horário fixo diurno ou
noturno de trabalho; 2-Turno alternante ou em rodízio: os trabalhadores são escalados para
trabalhar em um horário determinado por dias, semana, quinzena ou mês, e após este
período o horário é alterado. Este turno se subdivide em: alternância lenta, quando o horário
de trabalho modifica a cada semana, quinzena ou mês; alternância rápida, o horário de
trabalho modifica a cada um, dois ou três dias; rodízio direto, o trabalhador modifica seu
horário sempre na mesma ordem: matutino, vespertino e noturno; rodízio inverso,
o trabalhador modifica seu horário na ordem inversa do relógio, ou seja, noturno,
vespertino e matutino; 3-Turno irregular: o início e o final da jornada de trabalho não
obedecem a um esquema predeterminado.
O trabalho em turnos é um esquema de trabalho que impede a realização adequada
do processo de arrastamento ( processo de alinhamento dos períodos dos ritmos por fatores
externos ao relógio). Este efeito é proporcional por quanto tempo o sujeito venha a ser
submetido a este tipo de trabalho (15).
20
Para Chaves (18) "o trabalhador noturno não tem, em absoluto, seu ritmo
circadiano invertido ou ampliado, mas sim, desestruturado, uma vez que, dadas as
características do horário do turno, não são todas as noites que o trabalhador permanece
acordado, assim como não são todos os dias que ele dorme: além disso, mesmo que a alteração
temporal fosse completa, ou mesmo incompleta, mas constante, não seria possível abolir os
demais sincronizadores externos aos quais está sujeito em decorrência de seu convívio social".
O trabalho em turnos e noturno parece ser responsável por distúrbios fisiológicos e
psicossociais, demonstrando ser uma perversa forma de organização temporal do trabalho,
constituindo seus sintomas imediatos e de longo prazo, numa verdadeira síndrome da má-
adaptação ao trabalho em turnos (19).
2.1 Consequências da mudança do ciclo sono-vigília no trabalho em turno e noturno.
O trabalhador em turno e noturno apresenta dificuldade de adaptação ao horário
não usual de trabalho. Tal situação impõe aos trabalhadores profundas repercussões à saúde
e à sua vida social. Este sistema de organização do trabalho faz com que os ritmos humanos
sejam alterados, tendo consequências diretas nos sistemas orgânicos e no ciclo sono-vigília
(20).
Os seres humanos são diurnos, ou seja ativos durante o período do dia e durante
a noite, apresentam uma maior disposição para o repouso ou período de sono (21). Porém,
na sociedade atual, devido à necessidade do funcionamento dos trabalhos em turno e
noturno e às atividades sociais, os indivíduos ficam sucetíveis a alterações não só no
organismo, como também propensos a terem problemas na vida social. (22).
21
Quando uma pessoa troca o dia pela noite, e passa a dormir de dia, os ritmos
biológicos (o de temperatura, por exemplo) não se modificam instantaneamente, o que leva
à chamada dessincronização interna. Isso se manifesta quando a pessoa tenta dormir de dia,
mas na verdade se sente alerta, pois seu corpo esta se preparando para a vigília. Assim
estudos demontram que trabalhadores de turno noturno apresentam a duração de sono mais
curta e de pior qualidade, e que este défict não é compensado nos tempos livres. Além da
dessincronização interna, outros fatores contribuem para isso, abrangendo desde o ambiente
físico onde o sono se realiza, até os compromissos socialmente definidos que condicionam
o dia a dia (22).
2.2 Propenção para a obesidade nos trabalhadores de turno
A obesidade é uma das mais importantes doenças da modernidade, aumentando
consideravelmente o risco de outras enfermidades, como o diabetes mellitus do tipo 2
(DM2), aterosclerose, a hipertensão arterial sistêmica, as dislipidemias, entre outras
patologias (23,24,25). Sabe-se ainda que a obesidade está relacionada com vários
problemas de saúde, entre eles, alterações cardiovasculares, endócrinas e metabólicas.
Vários mecanismos patofisiológicos associados a fatores ambientais e genéticos
estão envolvidos no desequilíbrio energético que gera a obesidade. A gênese e a
manutenção da obesidade é determinada por mecanismos distintos tais como: a disfunção
na regulação hipotalâmica e periférica no controle da fome e saciedade, mudanças na
composição dietética, e vida sedentária. Existe uma grande complexidade na origem e
22
participação destes mecanismos, o que contribui para a cronicidade, a difícil condução
terapêutica, e por fim, à alta taxa de recidiva desta doença.
Trabalhadores noturnos podem apresentar efeitos adversos no metabolismo e no
peso corporal, devido ao ritmo circadiano afetado e aos hábitos alimentares alterados (26).
Em seu estudo Niedhammer et al. relacionaram a exposição ao trabalho noturno
com a incidência de sobrepeso e ganho de peso em enfermeiras hospitalares que se se
dividiam em 4 grupos: turno fixo diurno; turno rodiziante que incluía os turnos matutino e
vespertino; turno rodiziante que incluía o turno matutino, vespertino e noturno e turno fixo
noturno no período de 1980 a 1990. Concluíram que havia uma relação causal entre
exposição ao trabalho noturno e obesidade, e esta associação aumentou em função do
avanço da idade e do tempo de serviço. Estes autores também encontraram que, após um
período de 5 anos, o ganho de massa corporal era mais freqüente entre as enfermeiras que
trabalhavam à noite em relação às que trabalhavam durante o dia (26).
Outros estudos têm mostrado que a obesidade tende a ocorrer mais
frequentemente em indivíduos que trabalham em turnos do que nos que trabalham em
horário comercial (26-30). Knutson et al., observaram um índice de massa corporal (IMC)
significantemente maior entre trabalhadores em turnos rodiziantes, cujo esquema de
trabalho incluía manhã, tarde e noite, quando comparados aos trabalhadores diurnos (31).
Parkes investigou se o tempo de exposição ao trabalho em turno e idade, tinham
relação com IMC entre trabalhadores em turno. Foram estudados dois tipos de turno: o turno do
dia que compreendia os horários das 07h00 às 19h00 e o turno rotativo dia e noite, sete turnos
dia e sete turnos noite (19h00 às 07h00). Concluíram que nos trabalhadores em turno diurno, a
idade influiu significativamente no IMC, enquanto o tempo em turno não apresentou influência
23
significante. Já nos trabalhadores do turno rotativo, dia e noite, a exposição ao trabalho
apresentou maior influência no IMC, em comparação com a idade (32).
No entanto, outros poucos estudos têm indicado que a massa corporal e o IMC
não se relacionam com o trabalho em turnos. Um estudo de Nakamura et al. encontrou um
IMC semelhante em trabalhadores em turnos e indivíduos que trabalhavam em horários
convencionais, mas a quantidade de tecido adiposo na região central foi maior em
trabalhadores em turnos, indicando um maior risco cardiometabólico (34).
Assim, a partir destes estudos científicos parece existir uma forte associação
entre o trabalho em turno noturno e a obesidade.
2.3 Impacto sobre o metabolismo da glicose e para o desenvolvimento do diabetes
mellitus tipo 2 (DM2).
O DM2 pode apresentar graus variados de resistência à insulina e na capacidade
de secreção de insulina pelas células beta pancreáticas. A hiperglicemia característica do
diabetes é o resultado do déficit de captação da glicose pelos tecidos sensíveis à insulina –
músculo e tecido adiposo, do aumento de produção hepática de glicose (gliconeogênese) e
da diminuição da massa de célula beta que leva à diminuição da capacidade de secreção de
insulina pela célula beta.
A resistência à insulina pode estar associada com diabetes tipo 2, obesidade,
inatividade física, predisposição genética e envelhecimento. É caracterizada por uma
habilidade diminuída da insulina em agir nos tecidos periféricos tais como músculo
esquelético e tecido adiposo e uma falência da insulina em inibir a liberação hepática de
24
glicose. Em consequência da menor captação de glicose, torna-se necessária uma maior
produção de insulina pelo pâncreas, resultando em maiores concentrações de insulina
circulantes. (34).
A secreção de insulina pela célula beta após a refeição é facilitada por uma
série de hormônios peptídeos gastrointestinais, incluindo o GIP (glucose-dependent
insulinotropic peptide) e o GLP-1 (glucagon-like peptide-1). Existem os hormônios
moduladores da secreção de insulina como o glucagon, glicocorticóides, GH e os
hormônios sexuais. A célula beta é inervada por fibras simpáticas e parassimpáticas e a
secreção de insulina é estimulada por fibras do nervo vago e inibida por fibras dos nervos
simpáticos. A glicose é a principal substância envolvida na liberação de insulina. O efeito
da glicose sobre a célula beta é dose-dependente. Após uma administração oral de glicose,
observa-se uma resposta secretória insulínica (efeito incretínico), que é resultado da
liberação de peptídeos intestinais que aumentam a sensibilidade da célula beta à glicose. A
insulina é liberada em duas fases, um pico que dura de 3 a 7 minutos, seguido por um
aumento mais lento e duradouro (35).
A resistência à insulina pode desencadear o DM2 e, por outro lado, indivíduos
diabéticos apresentam diversos graus de resistência à insulina (36). Alguns estudos atuais
têm associado o trabalho em turnos ao aumento da prevalência de DM2 e a resistência à
insulina. Suwazono et al. investigaram, em um estudo longitudinal durante um período de
10 anos, a maior incidência de DM2 em trabalhadores em turnos rodiziantes que incluía o
turno noturno quando comparados aos trabalhadores diurnos. Este estudo mostrou que os
trabalhadores rodiziantes tiveram um fator de risco independente para o DM2 (37).
25
Morikawa et al. analisaram o risco de DM2 em 2860 homens em uma fábrica
de acessórios para vestuário no Japão por 8 anos. Eles encontraram um aumento
significativo do risco desta doença para os dois sistemas de turnos de trabalho (38).
Koller et al. avaliaram 300 funcionários de uma refinaria austríaca, tendo
observado que a prevalência de DM2 era de 3,5% em trabalhadores em turnos e 1,5% em
trabalhadores diurnos (39). Kawachi et al. conduziram um estudo sobre o trabalho em
turnos com enfermeiras. A prevalência de DM2 em pessoas da mesma idade foi maior com
o aumento da exposição do tempo de trabalho em turnos. Para quem nunca trabalhou em
turnos, a prevalência foi de 3,5%; 1–2 anos, 3,2%; 3–5 anos, 3,5%; 6–9 anos, 4,4%; 10–14
anos, 5,0%; ≥15 anos, 5,6% (40). Um estudo realizado por Nagaya et al. demonstrou a
relação entre marcadores de resistência à insulina e trabalho em turnos. Os resultados
mostraram que os marcadores de resistência à insulina eram maiores em trabalhadores em
turnos do que em trabalhadores diurnos na faixa etária superior a 50 anos (41).
As evidências científicas mencionadas indicam que o trabalho em turnos,
principalmente o noturno parece exercer um importante impacto sobre as variáveis
metabólicas, as quais apresentam maior fator de risco para o DM2.
2.4. Impacto sobre o risco cardiovascular e sobre a doença cardiovascular
Nakamura et al. estudaram os riscos de doenças coronárias entre trabalhadores
de turno (dois e três turnos rotativos) e trabalhadores diurnos. Para isto investigaram e
compararam os valores de: colesterol total, triglicérides, pressão sanguínea e dados
26
antropométricos (circunferência abdominal e do quadril, IMC e dobra cutânea), concluindo
que a população de três turnos rotativos de trabalho tem maior risco de doenças coronárias,
risco caracterizado por alto nível de colesterol e tendência a obesidade central (gordura
localizada no abdômen e vísceras, podendo ser avaliada pela circunferência da cintura e
também pela relação cintura-quadril (33).
Romon et al. compararam trabalhadores de turno (manhã, tarde e noite) com
trabalhadores diurnos quanto à concentração de colesterol total, triglicérides, colesterol
HDL, dieta alimentar durante três dias, hábitos de fumar e IMC. Os resultados mostraram
que houve diferença significativa somente no nível de triglicérides, independente dos
hábitos alimentares, demonstrando que o trabalho em turno pode influenciar o metabolismo
de triglicérides, independentemente da alimentação e da presença de obesidade (42).
Alfredsson et al. estudaram 334 casos de infarto no miocárdio e 882 indivíduos
que compuseram um grupo controle. Os resultados demonstraram que o trabalho em turnos
esteve associado ao infarto no miocárdio. Um estudo de coorte com 394 trabalhadores em
turnos e 110 trabalhadores diurnos de uma fábrica de papel demonstrou existir uma
resposta dose-dependente entre anos de trabalho em turnos e DCV (44). No entanto, não foi
possível ajustar a amostra para potenciais variáveis de confusão devido a população de
estudo ser pequena (43).
Kawachi et al. acompanharam 79.000 enfermeiras por 4 anos no Nurse’s Health
Study e também mostraram uma correlação entre anos de trabalho em turnos e DCV. Os
resultados foram controlados para as variáveis: tabagismo, IMC, hipertensão, DM2,
hipercolesterolemia, ingestão de álcool e nível de atividade física (45).
27
Um estudo em uma coorte de mais de um milhão de homens avaliou o risco
relativo de um trabalhador em turnos apresentar DCV. Os resultados mostraram que os
indivíduos que trabalhavam à noite ou que iniciavam o período de trabalho muito cedo (as
6:00h), em comparação com os que trabalhavam durante o dia, tinham maior risco de DCV
(46).
Tenkanen et al. acompanharam uma coorte de 1804 trabalhadores industriais no
Helsinki Heart Study. Quando os trabalhadores foram ajustados pela idade, o risco relativo
para DCV foi de 1,5 (95% IC = 1,1–2,1). Depois de ajustar fatores relacionados ao estilo de
vida, como pressão arterial e lipídeos séricos, o risco relativo foi de 1,4 (95% IC = 1,0–1,9)
(47).
Por outro lado, um estudo de mortalidade conduzido por Taylor & Pocock (48)
incluiu 8603 trabalhadores do gênero masculino de 10 empresas britânicas. Eles foram
acompanhados no período de doze anos. Os autores concluíram que não houve associação
entre trabalho em turnos e mortalidade por DCV.
Conforme descrito anteriormente, pode-se afirmar que existe uma relação
relevante entre trabalho em turnos e doenças cardiovasculares.
2.5. Síndrome metabólica e trabalho em turnos
De acordo com o National Cholesterol Education Program (49), a Síndrome
Metabólica (SM) é caracterizada pela presença de 3 ou mais das seguintes condições:
obesidade abdominal (circunferência da cintura > 88 cm para mulheres e > 102 cm para os
homens), hipertrigliceridemia (> 150 mm/dl), baixo HDL (< 50mg/dl para mulheres e < 40
28
mg/dl para homens), hipertensão arterial (Pressão Arterial Sistólica >130 mmHg ou
Diastólica > 85 mmHg ou em uso de anti-hipertensivo) e glicose de jejum > 110 mg/dl.
Trata-se de um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco
cardiovascular, usualmente relacionados à deposição central de gordura e à resistência à
insulina, devendo ser destacada a sua importância do ponto de vista epidemiológico,
responsável pelo aumento da mortalidade cardiovascular estimada em 2,5 vezes (50).
Estudos atuais têm relacionado o trabalho em turnos a SM, pois conforme
citado anteriormente, trabalhadores em turnos apresentam maior predisposição para o
desenvolvimento de dislipidemias, DM2 e obesidade.
Analisando eventuais relações entre trabalho em turno e alterações metabólicas,
Karlsson et al. compararam marcadores da síndrome metabólica (triglicérides, colesterol
HDL, hipertensão, IMC – índice de massa corporal e tolerância à glicose) entre
trabalhadores de turnos e trabalhadores diurnos que participavam de um programa de
prevenção à doença cardiovascular e diabetes na cidade de Vasterbotten, no norte da
Suécia. A obesidade e as altas concentrações de triglicerídeos persistiram depois que os
fatores de risco foram ajustados para a idade, nível sócio-econômico, com uma razão de
chance de 1,4 para a obesidade e 1,1 para hipertrigliceridemia. O risco relativo para
mulheres que trabalhavam no esquema de turnos para a ocorrência de um, dois ou três
problemas metabólicos foi de 1,06, 1,20, e 1,71, respectivamente. Este estudo mostrou um
importante risco metabólico de obesidade, elevada concentração de triglicérides e baixa
concentração de colesterol HDL, mais comum em trabalhadores de turno do que em
trabalhadores do diurno (29).
29
A partir das evidências, parece existir uma forte relação entre trabalho em
turnos e SM.
3. O controle neuroendócrino da ingestão alimentar
O hipotálamo é uma estrutura do SNC que tem papel fundamental na
homeostase energética. Neste não existem áreas totalmente independentes e sim um
conjunto de circuitos neuronais relacionados.
A homeostase energética é regulada primariamente pelos SNC e SNE. Este
sistema regulatório integra um conjunto de sinais neuroendócrinos sensíveis ao estado
metabólico e à ingestão do indivíduo (51,52).
Os sinais neuroendócrinos são compostos por neuromoduladores da fome e do
apetite, pelos fatores gastrointestinais e pelos fatores adipocitários.
Este sistema regulatório da ingestão alimentar e do gasto energético, composto
por sinais periféricos e fatores centrais, na verdade, consiste de um permanente diálogo
entre o cérebro e os tecidos periféricos, incluindo o tecido adiposo, pâncreas, fígado e
músculos (53).
No núcleo arqueado existem dois grupos de neuropeptídeos que atuam no
controle da fome e do apetite. O grupo formado pelos neuropeptídeos orexígenos, que é
formado pelo neuropeptídeo Y (NPY) e a proteína relacionada à agouti (AgRP), e o grupo
composto pelos neuropeptídeos anorexígenos que compreendem o hormonio estimulador
de alfamelanócito (MSH) e o transcrito regulado pela cocaína e anfetamina (CART).
30
3.1.Neuropeptídeos orexígenos
O NPY é sintetizado principalmente no núcleo arqueado. Os neurônios
produtores desse neuropeptídeo se projetam também para o núcleo paraventricular. Neste
existem muitos receptores de leptina. Assim níveis séricos de insulina e leptina reduzidos(
perda de peso corporal) ativa neurônios do núcleo arqueado liberando mais NPY. A grelina
potencializa a produção de NPY, aumentando a ingesta alimentar, diminuindo o gasto
energético e aumentando o peso corporal (54-56).
A AgRP é expressa no núcleo arqueado do hipotálamo, é um neuropeptídeo
orexígeno que sua super expressão leva à obesidade em camundongos. Sua produção é
influenciada pelos níveis séricos de leptina e insulina. A leptina inibe a expressão do gene
AgRP (54,57).
3.2.Neuropeptídeos anorexígenos
A pró-ópio-melacortina (POMC), após clivagens gera o hormonio
adrenocorticotrófico, a β-endorfina e o MSH. A POMC é expressa em vários locais do
organismo como SNC, hipófise e sistema imunológico. No SNC a POMC é sintetizada por
neurônios adjacentes àqueles que produzem o NPY no núcleo arqueado (58,59).
A presença de hipoleptinemia ocasiona a síntese dos orexígenos NPY e AgRP que
são antagonistas e por isso reduzem a síntese de POMC e consequentemente de MSH. Os
31
níveis séricos de leptina estimulam a produção de NPY/AgRP e a inibição de POMC/MSH, e a
longo prazo regula a ingestão alimentar na via hipotalâmica (54).
O RNAm do CART foi descoberto em 1995, está localizado no núcleo
paraventricular do hipotálamo. É expresso no núcleo arqueado do hipotálamo e é estimulado
pelos neuropeotídeos POMC/MSH e inibido por NPY/AgRP (60).
3.3 Antagonismo entre os neuropeptídeos orexígenos e anorexígenos
O sistema homeostático é caracterizado por uma rede neuronal hipotalâmica, bem
como seus neuropeptídeos transmissores, que juntamente com os novos peptídeos circulantes,
enviam sinais para o cérebro sobre a situação energética corporal e, dessa forma, controlam o
balanço energético (61,62).
Os mecanismos dos neuropeptídeos orexígenos e anorexígenos são antagônicos,
interagindo entre si e com os sinais periféricos (leptina, hormônios gastrointestinais, insulina).
As informações periféricas (aferentes) chegam no núcleo hipotalâmico, as quais são
processadas e é enviada uma resposta adequada (eferente), ou seja, a homeostase energética
requer um controle primário do sistema nervoso central (SNC) em resposta às mudanças nos
estoques de energia periféricos. Tais alterações devem ocorrer nos dois lados da equação do
balanço energético (ingestão e gasto) e devem persistir até a chegada ao ponto de equilíbrio
(63).
Os neuromoduladores do apetite são a base de um modelo no qual a leptina e
outras substâncias como insulina e peptídeos gastrointestinais exercem efeitos regulatórios
sobre os neuropeptídeos NPY/AgRP e de outro lado os POMC/MSH e CART (figura 1).
32
Figura 1. Eventos anorexígenos produzidos pela leptina.
Fonte: Schwartz MW, Baskin DG, Bukowski TR, Kuijper JL, Foster D, Lasser G, Prunkard
DE, Porte D Jr, Woods SC, Seeley RJ, Weigle DS.Specificity of leptinaction on elevated blood
glucose levels and hypothalamic NPY gene expression in ob/ob mice. Diabetes. 1996;45:531-
5.(64)
O núcleo hipotalâmico paraventricular recebe sinais de peptídeos gastrointestinais
relacionados á regulação da fome e saciedade, os quais atuam em receptores dos nervos
autônomos e principalmente do nervo vago.
Neste âmbito, serão descritos os principais peptídeos gastrintestinais:
33
3.4 Grelina
A grelina é um peptídeo composto por 28 aminoácidos, sintetizado no estômago.
Foi identificado no estômago do rato, em 1999, por Kojima et al., (65). O nome grelina origina-
se da palavra ghre, que na linguagem Proto-Indo-Européia é correspondente à palavra inglesa
grow, que em português significa crescimento. Uma das principais funções desse peptídeo é o
estímulo a secreção do hormônio do crescimento (GH) (66). A grelina foi inicialmente isolada
da mucosa oxíntica do estômago, sendo produzida, predominantemente, pelas células Gr do
trato gastrointestinal. É também produzida em menores quantidades no SNC, rins, placenta e
coração (65).
A grelina é um peptídeo orexígeno, produzido no estômago que estimula o apetite e
aumenta a ingestão alimentar, induzindo o ganho de peso. Participa também como mediadora
fisiológica de crescimento, pois aumenta a liberação do hormônio de crescimento (GH). Os
níveis da grelina no plasma aumentam antes das refeições e reduzem pós prandial, indicando
assim um importante papel na iniciação das refeições (67).
Assim podemos concluir o papel da grelina como sinalizadora dos centros
hipotalâmicos que regulam a ingestão alimentar e o balanço energético a curto prazo (68).
Estudos demontraram que a grelina estimula o início da refeição, pois os níveis circulantes de
grelina encontram-se aumentados durante o jejum prolongado e nos períodos que antecedem as
refeições. Imediatamente após as refeições ou administração intravenosa de glicose observa-se
uma queda dos níveis séricos de grelina (69).
A grelina quando produzida pelo estômago, atravessa a barreira hematoencefálica,
e no SNC aumenta os níveis dos neuropeptídeos orexígenos (NPY e AgRP) que vão estimular a
34
ingestão alimentar. A hiperglicemia pós-prandial e a hiperinsulinemia exercem um feedback
negativo, suprimindo a produção de grelina (70).
Diversas evidências recentes têm postulado que a grelina apresenta outras
propriedades, tais quais: 1) desempenha atividades hipotalâmicas que resultam em estímulo de
prolactina (PRL) e secreção do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH); 2) influencia
negativamente o eixo hipófise-gonadal, tanto em nível central como periférico; 3) influencia o
sono e o comportamento; 4) controla a motilidade gástrica e a secreção ácida; e 5) modula a
função exócrina e endócrina pancreática e altera as concentrações de glicose sanguíneas (Figura
2) (66).
35
Figura 2. Principais funções da grelina. Fonte: Van der Lely AJ, Tschop M, Heiman ML, Ghigo E. Biological, physiological,
pathophysiological, and pharmacological aspects of ghrelin. Endocr Ver. 2004; 25(3):426-57.
(66).
3.5 Peptídeo YY (PYY3-36)
Secretado pelas células L de todo o intestino, mas principalmente da porção distal:
íleo e colon, proporcionalmente à quantidade de calorias ingeridas (71). Age no núcleo
arqueado do hipotálamo, através da inibição do neuropeptídeo Y (NPY) e consequente
desinibição da pró-opiomelanocortina (72). A forma predominante na circulação é PYY 3-36, é
36
uma forma truncada de 34 aminoácidos, formada a partir da clivagem de um resíduo N-terminal
do PYY pela dipeptil-peptidase IV (DPP – IV) (73). O PYY atinge um platô 1 a 2 horas pós
ingestão e seu pico é influenciado não somente pela quantidade calórica, mas também pela
composição alimentar, sendo maior o estímulo da gordura. A liberação deste hormônio
acontece mesmo antes do alimento atingir as porções mais distais do intestino, possivelmente
por um reflexo do nervo vago (74). Quando administrado a indivíduos em jejum na fase pré-
prandial, há uma redução de 33% na ingestão alimentar (72).
Imediatamente após a alimentação, os níveis plasmáticos de PYY3-36 aumentam,
inibindo a ingestão alimentar. Pesquisas demonstraram que PYY3-36 inibe a ingestão
alimentar e reduz o ganho de peso em muitas espécies (69).
Pode-se sugerir que a obesidade é um estado de deficiência de PYY3-36, pois este
apresenta com os níveis basais mais baixos e com a resposta pós prandial reduzida (75).
3.6 GLP-1 e Oxintomodulina
A oxintomodulina (OXM) e o GLP-1 são produtos do gene do pré-glucagon, que é
expresso no sistema nervoso central, no intestino e pâncreas. Estes peptídeos são liberados com
o estímulo de ingestão alimentar proporcionalmente à quantidade de calorias consumidas (74).
Estudos demontraram que a administração de oxintomodulina em roedores e
humanos reduziram o consumo energético. Na administração deste peptídeo em humanos
obesos e com sobrepeso, observou-se uma significante redução no peso corporal de 2,3 kg por
um período de 4 semanas, enquanto que o grupo placebo reduziu 0,5kg (76).
37
A OXM é um peptídeo identificado como um supressor da ingestão alimentar a
curto prazo. Este peptídeo é secretado na porção distal do intestino e parece agir diretamente
nos centros hipotalâmicos para diminuir o apetite, diminuir a ingestão calórica e diminuir os
níveis séricos de grelina (69). A OXM é liberada após a ingestão alimentar e proporcionalmente
ao conteúdo calórico, sinalizando ingesta para os circuitos regulatórios do apetite no cérebro
(77). A OXM exerce efeitos periféricos no retardo do esvaziamento gástrico e no pâncreas
endócrino, suprimindo a secreção de insulina e glucagon.
O GLP-1 é rapidamente secretado após alimentação, de maneira proporcional à
ingesta calórica (78). É secretado na forma GLP-1 (7-36)NH2, enquanto o restante é secretado
como GLP-1 (7-37), ambos bioativos, interagem com receptores específicos nas células ß
pancreáticas, trato gastro-intestinal e sistema nervoso central. O GLP-1 circulante é
rapidamente clivado pela enzima dipeptil-peptidase IV (DPP IV) em GLP-1 (9-36)NH2,
supostamente inativo e cujo clearance é mais demorado que a degradação do GLP-1 (7-
36)NH2, sendo portanto a forma mais presente no plasma no estado pós prandial. (79).
Este peptídeo tem efeito sacietógeno e possivelmente influencia o peso corpóreo a
longo prazo (74). Evidências sugerem que a secreção e a resposta ao estímulo alimentar de
GLP-1 estão reduzidas em obesos (80) e que a perda de peso pode ou não normalizar estes
níveis (74,81). Além do papel no controle da fome, o GLP-1 também aumenta a secreção de
insulina (glicose e dose-dependente), por estimular a expressão do gene da insulina e por
potencializar todos os passos da biossíntese, além do seu efeito anti-apoptótico sobre as células
beta. Há ainda redução da motilidade gástrica, da secreção ácido-gástrica e da secreção de
glucagon (82).
38
3.7 Xenina
A Xenina é um peptídeo composto por 25 aminoácidos encontrados na mucosa
gastrica humana. O nível plasmático de xenina aumenta significantemente após a ingestão
alimentar, estimulando a secreção pancreática exócrina (83). Alguns estudos mostraram que a
xenina pode ser encontrada em outros locais do organismo, tais como: fígado, coração, cérebro
e pulmão, no entanto os efeitos biológicos específicos da xenina nestes orgãos são
desconhecidos (84).
A neurotensina está estruturalmente relacionada com a Xenina. As atividades
biológicas destes péptidos são semelhantes, a Xenina induz a secreção exócrina pancreática e
estimula a motilidade intestinal. No intestino, interage com o receptor da neurotensina (85).
Estudos demonstraram que a xenina tem função sacietógena, conforme
demonstrada em estudos de sua ação no hipotálamo. A localização da xenina no hipotálamo
sugere um papel importante na regulação do comportamento alimentar (86).
Investigando o efeito da administração intracerebroventricular da
xenina sobre a ingestão de alimentos em ratos em jejum, observou-se a redução da ingesta
alimentar (86).
Similar a outros hormônios sacietógenos, os níveis de xenina aumentam após as
refeições, sugerindo assim que a xenina possa regular a ingestão alimentar como um fator
sacietógeno (87)
Observa-se que trabalhadores de turno noturno podem apresentar alterações
relevantes na saúde, na vida social e familiar. Assim a importância de estudar estes
39
trabalhadores, e principalmente a fisiopatologia, para assim caracterizá-los e, se necessário,
orientá-los quanto a medidas preventivas relacionadas ao risco metabólico e cardiovascular.
40
OBJETIVOS
41
2.1 - Objetivo Geral
Comparar um grupo de trabalhadores de turno noturno com um grupo de
trabalhadores de turno diurno em relação aos marcadores da síndrome metabólica,
marcadores inflamatórios, adipocitocinas e hormônios envolvidos no controle da fome e
saciedade.
2.2 - Objetivos Específicos
- Caracterizar a resposta de orexinas e anorexinas endógenas a um teste de
refeição padrão em trabalhadores do turno noturno e do diurno.
- Comparar a secreção de orexinas e anorexinas endógenas entre os
trabalhadores de turno noturno e diurno.
- Avaliar a resistência à insulina através de métodos basais (HOMA) e
dinâmicos derivados do teste de refeição padrão.
- Determinar se as alterações de peso corporal estão relacionadas com a
alimentação ou com hormônios envolvidos na regulação da fome e saciedade.
- Avaliar o estado inflamatório subclínico pelas dosagens de interleucina 6,
TNF-α, adiponectina e Proteína C reativa, entre os trabalhadores de turno
noturno e diurno.
- Caracterizar os marcadores da síndrome metabólica nos trabalhadores dos dois
grupos citados anteriormente.
- Avaliar a qualidade de sono e cronótipo dos trabalhadores de turno noturno e
diurno.
42
CAPÍTULO
Clinical Endocrinology (2013) 79, 807–811
O R I G I N A L A R T I C L E
doi: 10.1111/cen.12114
Appetite-regulating hormones from the upper gut: disrupted
control of xenin and ghrelin in night workers
Daniela Schiavo-Cardozo, Marcelo M. O. Lima, Jose Carlos Pareja and Bruno Geloneze
Laboratory of Investigation in Metabolism and Diabetes (LIMED)/Gastrocentro, State University of Campinas (UNICAMP),
Campinas, S~ao Paulo, Brazil
(Received 26 September 2012; returned for revision 9 November
Abstract
Objective Shift work is associated with circadian rhythm disor-
der, impaired sleep and behavioural changes, including eating
habits, predisposing to obesity and metabolic dysfunctions. It
involves a neuro-hormonal dysregulation of appetite towards
positive energy balance, including increased ghrelin and
decreased leptin, but little is known about other hormones, such
as xenin, derived from the upper gut (like ghrelin), and lower
gut hormones. Our objective was to compare night workers with
day workers in relation to appetite-regulating hormones and
other metabolic parameters.
Design Cross-sectional, observational study.
Participants Twenty-four overweight women, divided into
night shift workers (n = 12) and day shift workers (n = 12).
Measurements BMI, waist circumference, fat mass percentage;
diet composition; Pittsburgh Sleep Quality Index; lipids; adipo-
kines; meal tolerance test curves of glucose, insulin, ghrelin,
PYY3-36, oxyntomodulin, xenin, GLP-1; insulin sensitivity
(Stumvoll index).
Results Night workers, as compared with day workers, had
greater body fat mass percentage and tendency to greater waist
circumference despite similar BMI; greater energy intake;
impaired sleep; lower insulin sensitivity; increased triglycerides
and tendency to increased C-reactive protein; similar levels of
leptin and other adipokines. Night workers had a blunted post-
meal suppression of ghrelin (AUCi0–60 min 19.4 ±139.9 vs -141.9± 9.0
ng/ml-60 min, P < 0.01); blunted rise of xenin (AUC0–180 min
8690.9±2988.2 vs 28 504.4 ± 20 308Á3 pg/ ml . 180 min,P < 0.01)
and similar curves of PYY3-36, oxynto-modulin and GPL-1.
Conclusion Compared with day workers within the same BMI
range, night workers presented a disrupted control of ghrelin
and xenin, associated with behavioural changes in diet and sleep
and increased adiposity and related metabolic alterations.
Correspondence: Daniela Schiavo-Cardozo, LIMED/Gastrocentro, R.
Carlos Chagas, 420, Cidade Universitaria, UNICAMP, Campinas (SP), Brazil. 13081-970. Tel.: +55-19-3251-8589; Fax: +55-19-3212-0793;
E-mail: [email protected].
© 2012 John Wiley & Sons Ltd
43
2012; accepted 24 October 2012)
Introduction
Shift work is defined as work primarily outside normal daytime
working hours.1The proportion of shift workers is estimated
about 10–20% of the working force in industrialized countries.1,2
Although it is required to optimize productivity and competitiv-
ity in several services and industries, shift work seems to be det-
rimental for health and predisposes to weight gain, abdominal
obesity and metabolic dysfunctions (insulin resistance, hyperten-
sion, dyslipidaemia, ischaemic disease) compared with day
work.2-4
Many pathophysiological pathways have been described, such
as circadian rhythm disorder, social disruption, behavioural
changes (diet, physical activity) and impaired sleep.5Shift work-
ers have altered eating habits, a higher energy intake and an
increased consumption of saturated fat and foods with a high
glycaemic index.2,5
Furthermore, environmental stimuli and metabolic stress
related to changes in the chronobiological rhythms affect the
neuro-hormonal regulation of appetite and, therefore, energy
balance. Such regulation is mediated by central mechanisms
that interact with hypothalamic inhibitory stimuli of appetite
from the adipose tissue (leptin), lower gut (PYY3-36, oxynto-
modulin, glucagon-like peptide 1-GLP-1) and upper gut (the
novel peptide xenin) and positive stimuli from the upper gut
(ghrelin).6–8 Circulating concentrations of ghrelin rise during
fasting and fall rapidly after a meal, while the anorexigenic
gastrointestinal hormones have an opposite pattern.6–8 Circu-
lating leptin is also influenced by meal intake, with a mini-
mum in the morning, increasing levels throughout the day
and a maximum at night.8Xenin, like ghrelin, is produced in
the upper gut, mainly in the stomach and also in the duode-
num, but by different enteroendocrine cells, the K-cells.9Xenin
increases in response to meals and has increased circulating
levels in obesity.10Its satiety effect has been demonstrated in
animals7and it also increases insulin secretion in animals and
humans.7,11
807
808 D. Schiavo-Cardozo et al.
Sleep disturbances and shift work have been associated with a hor-
monal profile towards a positive energy balance, showing increased
ghrelin and decreased leptin,8but little is known about the interac-
tion of the other gastrointestinal hormones in these conditions.
The objective of this research was to compare night workers with
day workers in relation to the dynamic profile of hormones regu-
lating appetite, as well as metabolic syndrome and inflammatory
markers, body composition, diet composition and sleep quality.
Methods
This cross-sectional study was conducted at the Laboratory of
Investigation in Metabolism and Diabetes (LIMED), at the State
University of Campinas (UNICAMP), after approval by the
Institutional Ethics Review Board. The study included two
groups according to fixed shift work: night workers (n = 12)
and day workers (n = 12). Night workers worked from 7 pm to
7 am. Day workers had conventional hours for work (business
hours) as well as for meals and sleep and served as control. Vol-
unteers were invited among cleaning service employees at the
hospital of UNICAMP, and provided written informed consent
before participation. Inclusion criteria were: female gender; aged
20–40 years; overweight [body mass index (BMI) 25–29.9 kg/
m2]; stable weight (variation < 5%) within the last three
months; sedentarism; having worked in the same fixed shift in
the last two years. Exclusion criteria were: known or suspected
pregnancy; diabetes; smoking; use of lipid-lowering drugs or sys-
temic corticosteroids within the last three months; diagnosed or
suspected psychiatric disorder or use of psychotropic drugs.
All evaluations were taken in the morning after a sleep night
and 12-h overnight fast, out of the menstrual period.
Anthropometrics and body composition
Anthropometrics included height, weight, BMI [weight divided
by height squared (kg/m2)] and waist circumference, above right
upper iliac crest. Body composition (body fat and lean masses)
was estimated by electric bioimpedance (Biodynamics Model
310, Biodynamics Corp., Seattle, WA).
Diet composition
The subjects completed a 24-h food record, kept on three alter-
nate days, one being a weekend day. Food intake was described
in household portions and by meals. The same dietician pro-
vided a standard food diary, filling instructions and entered the
record data in the software Dietpro 5.1i (A. S. Sistemas, Vicßosa,
MG, Brazil) for analysis of the mean three-day total energy
intake and macronutrients composition (lipids, proteins, carbo-
hydrates).
Sleep quality
Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI), adapted and validated
for Brazil,12was applied. This self-administered questionnaire
assesses quality of sleep during the previous month and contains
nineteen self-rated questions yielding seven components: subjec-
tive sleep quality; sleep latency; sleep duration; sleep efficiency;
sleep disturbances; use of sleep medications and daytime dys-
function. Each component is scored from 0 to 3, yielding a glo-
bal PSQI score between 0 and 21, with higher scores indicating
lower quality of sleep. A global PSQI score >5 indicates that a
person is a “poor sleeper”, having severe difficulties in at least
two areas or moderate difficulties in more than three areas.
Meal tolerance test
Subjects were submitted to standard meal tolerance test (MTT),
based on a mixed meal containing 515 kcal (41Á8% fat, 40Á7%
carbohydrate, 17Á5% protein). The test was performed in the
morning after a sleep night and 12-h overnight fast for both
groups. The meal was eaten within 10 min. Meal start was con-
sidered time zero. Blood samples were drawn at times À60, À30,
0, 15, 30, 45, 60, 90, 120, 150 and 180 min for analysis of glucose,
insulin, ghrelin, xenin, PYY 3-36, oxyntomodulin and GLP-1.
The area under the curve (AUC) of each parameter was calcu-
lated by the trapezoidal method. The incremental AUC (AUCi)
was calculated as total AUC minus the area under the basal value.
Blood analysis
Glucose was assayed by glucose oxidase method. Blood samples
were collected in tubes with EDTA.K3 plus aprotinin for ghrelin,
PYY3-36, oxyntomodulin and xenin, and in tubes with
EDTA.K3 plus Sigma diprotin A for GLP-1. Serum samples were
stored in a freezer at À80°C for posterior analysis of insulin
(ELISA, Bayer Corp., Tarrytown, NY); total ghrelin, PYY 3-36,
oxyntomodulin (ELISA, Phoenix Pharmaceuticals, Inc., Burlin-
game, CA); xenin (xenin-25) (RIA, Phoenix Pharmaceuticals,
Inc., Burlingame, CA); GLP-1 (Millipore Corp., St.Charles,
MO); adiponectin, leptin, tumour necrosis factor-a (TNF-a),
interleukin-6 (IL-6) and ultra-sensitive C-reactive protein (us-
CRP) (ELISA, R&D Systems Inc., Minneapolis, MN). Total cho-
lesterol, LDL-cholesterol, HDL-cholesterol and triglycerides were
immediately analysed using standard methods.
Insulin sensitivity
Insulin sensitivity (IS) was estimated by two methods:1Homeo-
static Model Assessment (HOMA-IR) [glucose (mmol/l) Insulin
(lU/ml) / 22,5],13for which higher values represent lower IS,
and2Stumvoll Index (ISIStumvoll),
14 calculated from BMI and
MTT values of glucose and insulin: [0.22-(0.0032 BMI)-
(0.0000645 2-h insulin (pmol/l)]- [0.0037 90-min glucose
(mmol/l)]. ISIStumvoll corresponds to the metabolic clearance rate
of glucose; higher values represent higher IS.
Statistics
SPSS v16.0 (SPSS Inc., Chicago, IL) was used for statistical
analysis. Data are presented as mean and standard deviation
(mean ± SD). Comparisons between groups were obtained by
© 2012 John Wiley & Sons Ltd
44 Clinical Endocrinology (2013), 79, 807–811
Mann–Whitney test and, for MTT curves, also by the general
linear model for repeated measures. Statistical significance was
assumed if P < 0.05.
Xenin and ghrelin in night workers 809
Table 1. Clinical, behavioural and metabolic profiles of day workers and
night workers
Results
Variables
Age (years)
Weight (kg)
Day workers
35.7 ± 5.5
70.23 ± 5.23
Night workers P
37.2 ± 4.9 0.29
72.32 ± 3.49 0.21
The clinical, behavioural and metabolic profiles of the groups are presented in Table 1. The groups had similar age, weight
Body mass index (kg/m2) 27.35 ± 1.12
Waist circumference (cm) 91.67 ± 4.15
28.27 ± 1.24 0.10
94.86 ± 3.70 0.06
and BMI (within overweight range). Despite that, night workers Body fat mass (%) 32.40 ± 3.68 36.49 ± 3.61 0.01
had greater body fat mass percentage than day workers and
tended to have a greater waist circumference (not statistically
significant).
Night workers had higher mean intake of total energy, carbo-
hydrates and lipids. The mean PSQI score was similar between
groups; however, more subjects had scores >5 (were considered
“poor sleepers”) among night workers (n = 6/12) than among
day workers (n = 3/12). Furthermore, night workers had less
sleep hours and higher (worse) scores in two components of
PSQI, sleep duration and diurnal dysfunction.
Total energy intake
(kcal/day)
Protein intake (g/day)
Carbohydrate intake
(g/day)
Lipid intake (g/day)
Pittsburgh
Questionnaire scores
Global PSQI score
Subjective sleep quality
Sleep latency
Sleep duration
1623.00 ±±317.83 2043.00 ± 315.88 0.006
75.67 ± 20.25 81.51 ± 13.15 0.514
217.74 ± 64Á64 281.26 ± 65.37 0.045
50.39 ± 12.47 65.76 ± 23.38 0.039
4.58 ± 1.72 5.66 ± 1.55 0.12
1.16 ± 0.71 1.08 ± 0.66 0.79
0.75 ± 0.62 0.66 ± 0.77 0.71
0.83 ± 0.57 0.66 ± 0.49 0.03 Night workers had lower insulin sensitivity (as measured by Sleep efficiency 0 0 1.00
ISIStumvoll); higher levels of triglycerides; a tendency to higher Sleep disturbances 0.83 ± 0Á57 0.66 ± 0.49 0.59
usCRP and similar levels of leptin and other adipokines (adipo- Use of sleep medications 0 0 1.00
nectin, TNF-a, IL-6). Daytime dysfunction
Sleep hours (h) 1.00 ± 0.95
8.0 ± 0.7
1.75 ± 0.45 0.02
7.0 ± 0.5 0.03
The MTT curves of the appetite-regulating hormones are presented in Fig. 1. Night workers had blunted post-meal
suppression of ghrelin, represented by higher AUCi0–60 min
(19.4±139.9 vs -141.9 ± 9.0 ng/ml 60 min, P < 0.01) and
greater per cent basal-nadir decrease (-57 ± 19% vs -36 ± 17,
P < 0.05). Night workers also had a blunted post-meal rise in xe-
nin, represented by lower values of AUC0–180 min (8690.9 ±2988.2
vs 28 504.4 ± 20 308.3 pg/ml 180 min,P < 0.01), post-meal
peak (60.8 ± 27.5 vs 212.4 ± 170.3 pg/ml, P < 0.01) and mean
xenin during MTT (37.8 ± 12.8 vs 115.6 ± 83.3 pg/ml,
Total cholesterol
(mg/dl)
LDL (mg/dl)
HDL (mg/dl)
Triglycerides (mg/dl)
usCRP (mg/dl)
Leptin (ng/ml)
Adiponectin (ug/ml)
TNF-a (pg/ml)
IL-6 (pg/ml)
Fasting glucose (mg/dl)
160.08 ± 33.81 182.5 ± 36.81 0.14
98.50 ± 24.03 102.83 ± 26.99 0.81
50.41 ± 12.82 44.58 ± 9.39 0.28
89.33 ± 49.79 170.33 ± 140Á00 0.04
0.27 ± 0.23 0.48 ± 0.27 0.06
27.53 ± 14.62 34.29 ± 23.53 0.75
3.67 ± 0.60 3.01 ± 1.15 0.08
13.23 ± 23.01 7.36 ± 9.79 0.69
2.27 ± 1.83 2.36 ± 1.03 0.27
88.11 ± 5.82 88.63 ± 13.47 0.84
P < 0.01). The curves of PYY3-36, oxyntomodulin and GLP-1
were similar between groups. The comparisons of hormone curves
between groups were confirmed using the general linear model for
Fasting insulin (mU/l)
HOMA-IR
ISIStumvoll
8.56 ± 4.11
1.87 ± 0.92
10.87 ± 0.35
9.67 ± 5.57 0.93
2.18 ± 1.33 0.71
10.23 ± 0.37 0.001
repeated measures (P < 0.05 for both ghrelin and xenin).
Discussion
Overweight, female night workers had an appetite-stimulating
profile of upper gut hormones, represented by a blunted post-
prandial suppression of ghrelin (an orexigenic hormone) and a
blunted postprandial rise of xenin (an anorexigenic hormone),
as compared with day workers matched to age, gender and BMI.
Other features of these night workers included increased total
body and abdominal adiposity, lower insulin sensitivity and
related alterations in lipids and adipokines.
The blunted postprandial suppression of ghrelin observed is in
accordance with previous studies that found increased ghrelin lev-
els in conditions of impaired sleep15–17 and in night workers.18
One novelty of this study is the description of an impairment
of xenin physiology in a clinical context. The satiety and meta-
bolic effects of xenin are described in animals.7However, little is
known about its role in humans.10,11 The importance of xenin is
reinforced by the finding of physiologically concordant altera-
© 2012 John Wiley & Sons Ltd
Clinical Endocrinology (2013), 79, 807–811 45
Data are presented as mean Æ SD.
Mann–Whitney test (significance at P < 0.05).
PSQI, Pittsburgh Sleep Quality Index; TNF-a, tumour necrosis factor a; IL-6, interleukin 6; HOMA-IR, Homeostatic model assessment of insulin
resistance; ISIStumvoll, Stumvoll index of insulin sensitivity.
tions in these two upper gut hormones, suggesting that they
interact in the entero-hypothalamic axis.
Peripheral appetite-regulating systems, including gut hor-
mones, are modulated by circadian rhythm and sleep–awake
homeostasis through sympathetic and parasympathetic nervous
activity and hypothalamic control of pituitary hormones.8Night
work affects sleep quality and disrupts that homeostasis, which
may explain the disrupted control of xenin and ghrelin secretion.
It is possible that this appetite-stimulating profile contributes
to the increased total body adiposity (fat mass percentage) and
abdominal adiposity (waist circumference) in night workers
through higher intake of total energy intake, lipids and carbohy-
drates. As expected for these features, night workers had lower
810 D. Schiavo-Cardozo et al.
(a)
(c)
(d)
(b)
(e)
Fig. 1 Meal tolerance test curves of (A) ghrelin, (B) xenin, (C) PYY 3-36, (D) oxyntomodulin and (E) GLP-1 in day workers (DW) and night workers
(NW). The dots in the curves illustrate median values. Night workers had a blunted post-meal suppression of ghrelin (higher AUCi0–60 min) and a
blunted post-meal rise of xenin (lower AUC0–180 min). The curves of PYY 3-36, oxyntomodulin and GLP-1 were similar between groups. Mann–
Whitney test (significance at P < 0.05).
insulin sensitivity and increased triglycerides and tended to have
increased usCRP, an inflammatory marker.
Alternatively, the disrupted control of xenin and ghrelin could
relate to the increased adiposity itself rather than to shift work.
Lower levels of ghrelin are found in obesity and increase after
weight loss, except for that induced by Roux-en-Y gastric bypass
(RYGBP), in which ghrelin further decreases to a lowest level, as
an effect of the upper gut exclusion.19High levels of xenin were
associated with obesity grade III and improved after RYGBP.10
However, a causal role for obesity in this case is not proven
because xenin could be affected by the upper gut exclusion itself,
like ghrelin. We attempted to limit the potential effect of obesity
by matching groups by BMI within overweight range, even
though night workers yet had increased body fat percentage.
Lower leptin levels have been related to shift work and
impaired sleep in some studies,15,16 but not all.17,20 We found a
lack of difference in leptin levels even though night workers
showed greater body fat mass. One possible explanation for this
finding is that the absolute difference in body fat mass could
not be enough to affect the circulating levels of leptin. Alterna-
tively, night workers could have inappropriately lower levels of
leptin (relatively to fat mass) associated with neuro-hormonal
dysregulation secondary to shift work.
PYY3-36, oxyntomodulin and GLP-1 were not different in the
current study as well. As far as we are aware, our data on PYY3-
36 and oxyntomodulin relating to shift work or sleep disorders
are novel in the literature. GLP-1 was not affected in a previous
study of simulated shift work.21
Our study has a few limitations, none of which affects the
results. First, we did not evaluate 24-h hormonal profiles. On
the other hand, a dynamic hormonal profile was provided by
the MTT. Second, total ghrelin was assayed rather than its
active, acylated form. Nevertheless, most of the physiology of
ghrelin has been defined based on the assay of total ghrelin.
Third, our results are preliminary and it was not established
whether night shift affected body composition through the
upper gut hormones or these hormones were influenced by body
composition and related metabolic profile (these latter two, in
turn, could have been affected by the increased energy intake
through factors other than upper gut hormones).
Night workers presented a disrupted control of ghrelin and
xenin, associated with behavioural changes in diet and sleep
and increased adiposity and related metabolic alterations, com-
pared with day workers within the same BMI range. However,
it is not clear whether these hormones have a causative or cor-
relative role. Regardless of the physiopathological paths
involved, shift workers should be evaluated for metabolic
parameters and receive advice for lifestyle behaviour such as
diet and sleep.
Acknowledgements
This study was funded by Fundacß~ao de Apoio a Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP), Brazil. The present study was
funded by Fundacao de Apoio a Pesquisa do Estado de Sao
Paulo (FAPESP), Sao Paulo, Brazil.
Conflict of interest
The authors disclose no conflict of interest.
© 2012 John Wiley & Sons Ltd
46 Clinical Endocrinology (2013), 79, 807–811
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48
DISCUSSÃO
49
Os trabalhadores noturnos, do sexo feminino, com sobrepeso, apresentaram um
perfil estimulante do apetite, representado por uma leve supressão pós-prandial de grelina
(um hormônio orexígeno) e uma elevação atunuada pós-prandial de xenina (um hormônio
anorexígeno), em comparação com os trabalhadores diurnos pareados com idade, sexo e
IMC. Outras características desses trabalhadores noturnos incluem o aumento da
adiposidade abdominal, menor sensibilidade à insulina e alterações relacionados as
adipocitocinas.
A leve supressão da grelina pós-prandial observada, está de acordo com estudos
anteriores que encontraram aumento dos níveis de grelina em condições de privação de
sono (88-90) e em trabalhadores noturnos (91).
Uma novidade deste estudo é a descrição de uma deficiência de xenina
fisiologica em um contexto clínico. Os efeitos metabólicos da saciedade da xenina são
descritos em animais (86). No entanto, pouco se sabe sobre o seu papel em seres humanos
(92,93). A importância da xenina é reforçada pela verificação de alterações
fisiologicamente concordantes nos dois hormonios intestinais altos, o que sugere que eles
interagem no hipotálamo.
Sistemas periféricos reguladores do apetite, incluindo hormônios intestinais, são
modulados pelo ritmo circadiano e pela homeostase do ciclo sono-vigília através da
atividade nervosa simpática e parassimpática, além do controle hipotalâmico pelos
hormônios hipofisários (94). O trabalho noturno afeta a qualidade do sono, a qual rompe
com esta homeostase. O que pode explicar este desequilíbrio são as alterações na secreção
de xenina e grelina.
É possível que este perfil estimulante do apetite contribui para o aumento da
adiposidade corporal total (percentual de gordura) e adiposidade abdominal (circunferência
da cintura) em trabalhadores noturnos, através de uma maior ingestão total de energia,
lipídios e carboidratos. Como esperado, os trabalhadores noturnos apresentaram menor
sensibilidade à insulina, aumento de triglicérides e tendem a ter maior PCR (um marcador
inflamatório).
50
Como alternativa, as diferenças encontradas nos níveis de xenina e grelina
poderia se relacionar com o aumento da adiposidade, em vez do tipo de trabalho em turno
noturno.
Baixos níveis de grelina são encontradas em obesos e após a perda de peso, os
níveis de grelina aumentam, exceto para a cirurgia Roux-en-Y bypass gástrico (RYGBP),
em que grelina diminui o nível, ainda mais baixo, como um efeito da exclusão do intestino
superior (95 ). Altos níveis de xenin foram associados à obesidade grau III que melhoraram
após RYGBP (92). No entanto, um papel causal para a obesidade, neste caso, não está
provado porque xenin poderiam ser afetados pela exclusão intestino superior em si, como a
grelina. Nós tentamos limitar o potencial efeito da obesidade, combinando grupos de IMC
na faixa de sobrepeso, mesmo que os trabalhadores noturnos ainda apresentavam maior
percentual de gordura corporal.
Níveis reduzidos de leptina têm sido relacionados com trabalho em turnos e
privação de sono em alguns estudos (88, 89), mas não todos. (90, 96) Não encontramos
diferença nos níveis de leptina, embora os trabalhadores noturnos mostraram maior massa
de gordura corporal. Uma possível explicação para este achado é que a diferença absoluta
da massa de gordura corporal pode não ser suficiente para afetar os níveis circulantes de
leptina. Como alternativa, os trabalhadores noturnos poderiam apresentar níveis mais
baixos de leptina inadequadamente (relativamente à massa de gordura) associados à
desregulação neuro-hormonal secundária ao trabalho por turnos.
PYY3-36, oxintomodulina e GLP-1 não foram diferentes neste estudo. Tanto
quanto sabemos, nossos dados sobre PYY3-36 e oxintomodulina relativas à jornada de
trabalho ou distúrbios do sono são novos na literatura. GLP-1 não demonstrou diferença em
um estudo com trabalhadores em turnos simulados (97).
Nosso estudo apresentou algumas limitações, nenhuma das quais afeta os
resultados. Primeiro, não avaliamos os perfis hormonais ao longo de 24horas. Por outro
lado, um perfil hormonal dinâmico foi fornecido pelo MTT. A grelina total foi analisada,
em vez de sua forma ativa, acilado. No entanto, a maior parte da fisiologia da grelina tem
sido definida com base no ensaio de grelina total. Em terceiro lugar, nossos resultados são
preliminares e não foi estabelecido se o trabalho em turno noturno afeta a composição
51
corporal através dos hormônios intestinais superiores ou se esses hormônios foram
influenciados pela composição corporal e perfil metabólico (estes dois últimos, por sua
vez, poderia ter sido afetada pelo aumento da ingestão calórica através de outros factores de
hormônios intestinais superiores).
Os trabalhadores noturnos apresentaram adiposidade abdominal e alterações
metabólicas em comparação com os trabalhadores diurnos, dentro da mesma faixa de IMC.
Este perfil está associado a mudanças comportamentais na alimentação, no sono e na
regulação dos hormonios envolvidos no controle da fome (grelina e xenina), embora não
seja claro se esses hormônios têm um papel causal ou correlativa. Independentemente dos
caminhos fisiopatológicos envolvidos, trabalhadores por turnos devem ser avaliados para os
parâmetros metabólicos e receber conselhos de comportamento estilo de vida como dieta e
sono.
52
CONCLUSÕES
53
Com o estudo do cronótipo observou-se uma maior proporcão de indivíduos
indiferentes no grupo do turno noturno, ou seja, um tipo de cronótipo mais flexível, que
facilita a adaptação dos trabalhadores aos horários impostos pela rotina diária. No grupo
diurno, a maior parte era de indivíduos moderamente matutino, e apenas um indivíduo com
este cronótipo no grupo do noturno, provavelmente pela dificuldade de adaptação deste
cronótipo ao horário de trabalho.
A ingestão energética foi significantemente maior no grupo dos trabalhadores
noturnos em relação ao diurno. Quanto aos macronutrientes os trabalhadores de turno
noturno apresentaram valores significantemente maiores para ingestão de carboidratos e
ingestão de lipídios. Talvez pelas diferenças comportamentais principalmente nos
trabalhadores noturnos, os quais ingerem maior quantidade de energia proveniente das
gorduras e das mudanças nos hábitos alimentares
A qualidade de sono avaliada pelo score de pittsburgh não demonstrou
diferença significante entre os grupos estudados. No estudo dos componentes do
questionário foi observado valores maiores para a duração de sono e disfunção diurna. Com
a rotina do sono modificada, a relação temporal do ciclo vigília-sono é perturbada, o que
pode levar a redução do tempo de sono.
O principal achado foi a caracterização de uma resposta de produção do
hormônio orexigênico – grelina – aumentada no período pós-prandial das voluntárias de
trabalho noturno e uma resposta reduzida de xenina (um hormônio anorexígeno e de fonte
estomacal). Estudos demontram que os hormônios grelina, pyy 3-36 e provavelmente a
xenina, são controlados pelo sistema nervoso central, podendo sofrer alterações devido à
estímulos ambientais ou estresse metabólico. Assim este fato pode ser responsável pelo
ganho de peso destas trabalhadoras de turno noturno e conseqüente modificação do risco
cardiometabólico. Por outro lado, as diferenças encontradas na sensibilidade à insulina
(índice de Stumvoll) são esperadas, uma vez que o grupo de turno noturno tem maiores
índices de adiposidade.
54
É importante a continuidade de estudos nesta área, pela necessidade de orientar
estes trabalhadores quanto a medidas preventivas relacionadas ao risco metabólico e
cardiovascular.
55
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65
ANEXO
66
REGISTRO ALIMENTAR DE TRÊS DIAS
Gostaria que você informasse todos os alimentos e bebidas que ingerir durante o dia, da hora de acordar até a hora de dormir. Lembre-se de anotar tudo, inclusive o que consumir fora de casa, mesmo balas, chicletes, lanches, café, refrigerante etc. Por favor, use as medidas de colher, copo, prato, para indicar a quantidade.
ALIMENTO QUANTIDADE HORÁRIO LOCAL
Nome: _______________________________________________________________
Data: ____/____/________ Dia da semana: ________________
67
APÊNDICE
68
Gráfico 1. Distribuição percentual dos escores de cronótipo entre os grupos turno noturno e
grupo diurno.*p=0,03 teste qui-quadrado de independência.
Avaliando uma possível correlação entre valor calorico total ingerido e a duração de sono
pelo teste de Spearman tivemos uma correlação positiva (p=0,02), ou seja quanto maior a
caloria ingerida diariamente menor a quantidade de sono. Estudos indicam que a redução
no tempo de sono pode levar a hiperfagia e obesidade, incluindo alterações
cardiovasculares. Observou-se também uma correlação positiva entre triglicerides e escore
de Pittsburgh (p=0,01) e cintura e escore de Pittsburgh (p=0,03) pelo teste de
Spearman.(tabela 1)
0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%
grupo turnonoturno
grupo diurno
*
*
*
indiferente
moderadamentevespertino
moderadamentematutino
69
TABELA 1 – COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO LINEAR DE SPEARMAN, NÍVEL
DE SIGNIFICÂNCIA ENTRE VARIÁVEIS BIOQUÍMICAS E ESCORE DE
PITTSBURGH.
PSQI
n=24
R p
Colesterol total 0,18 0,38
Porcentagem gordura corporal 0,10 0,62
Cintura 0,43 0,03*
HDL -0,24 0,24
LDL 0,33 0,10
TG 0,47 0,01*
PCR 0,16 0,44
Adiponectina -0,16 0,43
TNFα 0,26 0,21
Interleucina6 0,35 0,08
*Spearman p<0,05