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Camila Vasconcelos dos Santos
EFEITO DO FOCO DE ATENÇÃO NA COORDENAÇÃO MOTORA DA
TAREFA DE SENTADO PARA DE PÉ
Belo Horizonte
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional / UFMG
2017
Camila Vasconcelos dos Santos
EFEITO DO FOCO DE ATENÇÃO NA COORDENAÇÃO MOTORA DA
TAREFA DE SENTADO PARA DE PÉ
Belo Horizonte
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional / UFMG
2017
Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação em Ciências
da Reabilitação da Escola de Educação Física Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências da Reabilitação.
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Teixeira da Fonseca
Orientadora : Prof. Dra. Daniela Virgínia Vaz
S237e
2017
Santos, Camila Vasconcelos dos Efeito do foco de atenção na coordenação motora da tarefa de sentado para de pé. [manuscrito] / Camila Vasconcelos dos Santos – 2017. 68 f., enc.:il. Orientador: Sérgio Teixeira da Fonseca Coorientador: Daniela Virgínia Vaz
Mestrado (dissertação) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
Bibliografia: f. 49-53
1. Biomecânica - Teses. 2. Membros inferiores - Teses. 3. Articulações - Teses. 4. Capacidade motora – Teses. I. Fonseca, Sérgio Teixeira da. II. Vaz, Daniela Virgínia. III. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. IV. Título.
CDU: 796.015 Ficha catalográfica elaborada pela equipe de bibliotecários da Biblioteca da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais.
AGRADECIMENTOS
Gratidão
Primeiramente ao meus amados pais, pelo amor e incentivo
incondicional! Obrigada por fazerem do meu sonho o de vocês, pela
compreensão nos momentos ausentes, pelas palavras de incentivo e por
acreditarem em mim quando nem eu mesma acreditei. Vocês são meu porto
seguro, onde reabasteço minhas energias para seguir em frente.
Ao Rafael, meu querido irmão, pelo carinho nos momentos de
tensão e os puxões de orelha nos momentos de fraqueza. Amo muito você.
À minha cunhada Fabiana, pela alegria sempre contagiante e o
incentivo em minhas fases de total dedicação ao estudo.
À minha família, mola propulsora, que está sempre me incentivando
em cada novo desafio nessa busca para o crescimento profissional e pessoal.
Às minhas avós Marias, estrelas que guiam meu caminho, a historia
de vida de vocês me dão força pra nunca desistir. Vó, sua luta para ter uma
vida funcional e uma velhice saudável, independente e ativa mesmo com a
perna amputada me mostrou que fisioterapia realmente “vale a pena”.
À Virgínia, Humberto e Clarissa, por me permitirem ter uma família
em BH, pelas palavras de incentivo e pelos cuidados nesta jordana do
mestrado. Ví obrigada pela revisão do texto, pelos ensinamentos e pela
amizade. Humberto, vivemos este desafio juntos, obrigada pela força e pelo
estímulo para seguir em frente quando eu achei não conseguiria mais. Cla,
você foi minha válvula de escape dos problemas. Sua presença sempre
carinhosa e amorosa me fortaleceu dia a dia. Obrigada pelas brincadeiras e
pelos momentos de descontração.
Aos meus amigos, obrigada pela alegria proporcionada a cada dia,
pelos momentos de relaxamento para conseguir retornar a rotina com força
total.
À Daniela Moreira, minha irmã de coração, obrigada pela amizade
sempre sincera, pela troca de conhecimento e experiências e pelo grande
suporte nos três meses fora do país.
À Heliane, pelos incansáveis estudos aos domingos e as palavras de
motivação.
À Patrícia e minha mãe, pelas tardes dedicadas a me fazer entender
um pouquinho de álgebra linear. A paciência e o carinho de vocês com certeza
tornaram a matemática bem mais prazerosa.
A Alessandra, Nara, Thalles, Sara, Letícia, Fernanda, Aline e
Sandrinha pelos dias de trabalho dobrados, para que eu pudesse me dedicar a
pesquisa; pelas palavras de motivação e a força para que eu chegasse até o
fim. Cada obstáculo vencido não seria possível sem vocês. Em especial a
Alessandra e a Nara por cuidarem do estúdio com tanto carinho como se fosse
de vocês.
Aos pacientes e alunos, pela compreensão em minhas ausências e
incentivo em sempre buscar novas experiências e conhecimento.
Aos meus queridos amigos da UFMG, presentes que o mestrado me
deu. Vocês alegraram esta trajetória e deixaram o caminho bem mais leve.
À Rejane, Priscila, Bruna, Fabrício e Líria pela disponibilidade e
paciência em passar conhecimento.
Ao Bernardo pela companhia nas coletas de dados e na luta por
conseguir voluntários.
Ao Thales Rezende e à Juliana Ocarino pelas sugestões valiosas
para a minha qualificação!
Aos funcionários da UFMG, que sempre foram prontos e agradáveis
comigo: Marilane e o pessoal do colegiado, o pessoal da T.I., e em especial ao
Délcio, pela disponibilidade e alegria de cada dia.
Aos professores que tive ao longo do mestrado, obrigada pelo
conhecimento transmitido nestes anos de estudo.
A cada um dos voluntários da pesquisa, pela disponibilidade e pela
ajuda em conseguir mais voluntários.
Ao Thales Rezende e ao Herbert Ugrinowitsch pela delicadeza na
defesa. Vocês conseguiram tornar este momento tão tenso em horas de
reflexão e aprendizagem de uma forma tão agradável.
À Juliana Ocarino e ao Rodolfo Benda pela disponibilidade em ser
suplente da banca.
Ao Suvo Mitra, obrigada pela gentileza e recepção na Inglaterra.
Sem dúvida você tornou minha viagem muito mais especial. Obrigada também
pelo conhecimento (de pesquisa e de vida) transmitido e pela paciência.
À Hayley pela disponibilidade e força nos três meses fora.
À Daniela Mattos pelo suporte na implementação da UCM.
À professora Daniela Vaz e ao professor Sérgio Teixeira, que se
tornaram grandes inspirações.
Sérgio cada palavra sua prova que nós temos a profissão mais linda
do mundo.
Dani, o caminho não foi fácil, chegamos ao limite várias vezes, mas
sobrevivemos. Acho que faltam palavras para descrever a gratidão que sinto
por você. Obrigada pela disponibilidade, pela confiança, pela oportunidade em
trabalhar com pesquisa, pelo apoio e o aprendizado ao longo do mestrado
Obrigada pelos puxões de orelha quando necessário, me trazendo de volta pro
caminho correto sempre que eu desviava dele. Obrigada também por me
permitir viver uma das maiores experiências da minha vida- um intercâmbio.
Você é uma grande profissional e sua paixão por ensinar faz toda a diferença
na vida de um estudante. Você me mostrou um lado da vida acadêmica que eu
não conhecia. Obrigada também por cada palavra amiga nas dificuldades
pessoais que enfrentei. “Quando crescer quero ser igual a você!”
E finalmente a Deus, força maior, gratidão eterna por colocar em
minha vida pessoas tão especiais, pela proteção nessa vida de viajante (foram
quilômetros percorridos), por encher meu coração de força e esperança, me
motivando sempre a ir mais longe.
O mestrado foi um divisor de águas na minha vida. Mais que um
crescimento profissional (e olha que cresci muito profissionalmente), após a
experiência do mestrado aprendi a ver o mundo com outros olhos.....
"Dizem que antes de um rio entrar no mar, ele morre de medo. Olha para
trás, para toda a jornada que percorreu, para os cumes, as montanhas,
para o longo caminho sinuoso que trilhou através de florestas e
povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto, que entrar nele nada
mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O
rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na
existência. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente
quando ele entra no oceano é que o medo desaparece, porque apenas
então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas de
tornar-se oceano".
OSHO
RESUMO
A escolha adequada do foco de atenção pode melhorar o desempenho de tarefas motoras. Quando um indivíduo recebe instrução para direcionar sua atenção, o movimento é coordenado para reduzir a variação nas dimensões onde a atenção do indivíduo está direcionada. Diversos estudos mostram benefícios do foco de atenção externo quando comparado ao interno. Os efeitos positivos do foco externo podem estar relacionados a redução da variabilidade nas dimensões do objetivo final da tarefa e ao aumento da variabilidade compensatória em todo o movimento corporal. Assim, o efeito do foco de atenção pode estar relacionado a organização de sinergias motoras. O objetivo deste estudo foi comparar a organização das sinergias motoras, por meio do método Uncontrolled Manifold (UCM), sob os dois diferentes focos de atenção, interno e externo, em uma tarefa de movimento funcional. 27 jovens saudáveis realizaram a tarefa de passar de sentado para de pé estabilizando uma caneca com o membro superior não dominante. Todos os indivíduos realizaram a tarefa sob instrução dos dois focos de atenção- interno e externo. O desempenho da tarefa entre os dois focos de atenção foi comparado através de testes t pareados. Os resultados não mostraram diferença no desempenho dos indivíduos em relação ao foco em três variáveis utilizadas para mensurar o desempenho – consistência do ângulo da caneca, consistência da posição da mão e da caneca. Apesar dos cuidados para que a tarefa fosse desafiante para os indivíduos, ela pode não ter sido suficientemente difícil para trazer a tona os benefícios do foco de atenção externo. Na literatura existem indícios de que as instruções de foco externo são especialmente benéficas quando a tarefa for difícil para o indivíduo. O efeito do foco de atenção apareceu quando a variável de desempenho foi a consistência do ângulo da mão. Os indivíduos mostraram melhor desempenho sob instrução do foco de atenção interno. Este resultado pode ser devido a relação com a instrução específica – manter a mão estável. Alguns estudos mostram redução da variabilidade nas dimensões do movimento que estejam sobre controle atencional. Para analisar as sinergias motoras, foi utilizada uma ANOVA 2x3 -foco de atenção (foco interno e externo) e fase do movimento (fase inicial, média e final) para comparar valores de Vucm, Vort, e índice de sinergia, para cada variável de controle- estabilização do ângulo da mão, estabilização do ângulo da caneca, estabilização da posição da mão, estabilização da posição da caneca. As medidas do UCM descreveram com sucesso a presença de sinergias para estabilizar todas as variáveis de controle escolhidas na tarefa em questão. Porém, o efeito estabilizador para as quatro variáveis de controle foi independente da instrução de foco de atenção. Mesmo com a diferença de desempenho nas condições experimentais, não houve diferença no índice de sinergia. Corroborando com outros autores que mostram ausência de relação direta entre desempenho e força de sinergias. Limitações do método UCM para a tarefa em questão - análise entre tentativas- podem ter influenciado nos resultados. Assim este estudo abre espaço para futuras investigações sobre o efeito do foco de atenção no desempenho e na formação de sinergia motoras em tarefas funcionais.
Palavras-chave : Foco de atenção. Sinergia. Uncontrolled Manifold (UCM).
Sentado para de pé. Variabilidade motora.
ABSTRACT
The suitable choice of attentional focus might improve the performance of motor tasks. When subjects are given instructions on how to focus their attention, movement is coordinated to reduce the variation in dimensions under attention. Several studies have shown the advantages of an external focus of attention compared to an internal focus. The positive effects of an external focus might be related to decreased kinematic variability at the dimension of the task goal with increased compensatory variability of the level of segmental motions. Hence, the effect of attentional focus might be related to a rearrangement of motor synergies. Using UCM method, the aim of the study was to compare synergies for a functional movement task performed under external and internal focus. Twenty-seven healthy young subjects performed a sit-to-stand task holding a cup with the non-dominant upper limb under instructions to stabilize their hands (external focus) or the cup (external focus). Performance was quantified by variability over time of four measures: cup and hand position and cup and hand angle. A paired t test did not detect differences in task performance betwen the two experimental conditions for variability of cup angle, hand position or cup position. External focus effects are greater for difficult tasks. Possibly, the task was not difficult enough to produce external focus benefits. Variability of hand angle was lower in the internal focus condition, indicating benefits of instructions explicitly related to keeping the hand stable. Synergies were quantified with UCM indices. The indices indica used to stabilize all the variable of control in each task individually was successfully described by the measures of UCM A 2x3 ANOVA with attentional focus (internal and external); stage of movement (early, average, final) as repeated measures was used to compare the value of Vucm, Vort and synergy indices for each of four control variables: hand and cup angle, hand and cup position. Synergies were found stabilizing inter-trial variability for all control variables, However, no effects of attentional focus were detected (internal or external), even though performance was best for hand angle with internal focus instructions. These findings support the absence of a direct association between task performance and UCM synergies, quantified based on inter-trial variability. Effects of focus on motor coordination might be found on intra-trial variability over time. This possibility should be investigated in future studies.
Keywords: A ttentional focus. Synergy. Uncontrolled Manifold (UCM).
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Padronização da posição inicial do indivíduo .......................................... 29
Figura 2: Desenhos dos modelos geométricos ..................................................... 32
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Resultado do efeito do foco de atenção no desempenho do indivíduo
......................................................................................................................... 37
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Acidente vascular cerebral: AVC.
Centro de massa: CM.
Direção ântero-posterior: AP.
Direção supero-inferior: SI.
Espaço ortogonal: Vort.
Espaço UCM: Vucm.
Matriz Jacobiana: J.
Sentado para de pé: SDP.
UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais
Uncontrolled manifold: UCM.
Váriaveis de controle: VC.
Variáveis elementares: VE.
Variabilidade do ângulo da caneca: VAC.
Variabilidade do ângulo da mão: VAM.
Variabilidade da posição da caneca: VPC.
Variabilidade da posição da mão: VPM.
PREFÁCIO
Este trabalho foi elaborado de acordo com as normas do Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Reabilitação da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), sendo constituído de 5 partes. A primeira parte consiste na
introdução do tema investigado, apresentando revisão de literatura,
problematização, justificativa, hipótese e objetivos do estudo. A segunda parte
consiste em materiais e métodos utilizados para a realização do estudo,
detalhando todos os procedimentos realizados, redução dos dados por meio da
ferramenta escolhida, o Uncontrolled Manifold (UCM) e a descrição das
análises estatísticas utilizadas. A terceira parte apresenta os resultados
encontrados a partir das análises estatísticas. A quarta parte consiste na
discussão dos resultados, através da apresentação de resultados encontrados
em outros estudos e de argumentos que justifiquem os resultados encontrados
no presente estudo. A quarta parte apresenta a conclusão do presente estudo
baseadas nos resultados e na revisão de literatura estudada para o projeto. O
trabalho é finalizado com as referências e apêndices.
SUMÁRIO
PREFÁCIO ........................................................................................................ 15
1.0 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 18
2.0 MATERIAS E MÉTODO ............................................................................... 26
2.1- Delineamento do estudo ............................................................................ 26
2.2- Amostra ................................................................................................... 26
2.3- Instrumentos ............................................................................................ 26
2.4- Procedimentos ......................................................................................... 27
2.5- Avaliação da tarefa sentado para de pé ..................................................... 27
2.6- Redução de dados ................................................................................... 28
2.7- Análise estatística .................................................................................... 35
3.0 RESULTADOS ........................................................................................... 36
3.1- Efeito foco e desempenho ........................................................................ 36
3.2- Sinergia para estabilização do ângulo da caneca ........................................ 37
3.3- Sinergia para estabilização do ângulo da mão ............................................ 37
3.4- Sinergia para estabilização da posição da mão ........................................... 38
3.5- Sinergia para estabilização da posição da caneca ...................................... 38
4.0 DISCUSSÃO .............................................................................................. 39
4.1- Efeito foco e desempenho ........................................................................ 39
4.1- Efeito do foco de atenção na formação de sinergias motoras pelo UCM .. 43
5.0 CONCLUSÃO ............................................................................................ 47
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 49
APÊNDICE 1 ...................................................................................................... 54
APÊNDICE 2 ...................................................................................................... 58
APÊNDICE 3 ...................................................................................................... 60
APÊNDICE 4 ...................................................................................................... 61
APÊNDICE 5 ...................................................................................................... 62
18
1 INTRODUÇÃO
Uma das características mais fascinantes do comportamento motor
humano é sua capacidade de otimizar o desempenho, em função da intenção
ou atenção do indivíduo na atividade que realiza (WULF et al., 2016; LANDERS
et al., 2005; WULF et al., 2008; PORTER et al., 2010; LOHSE et al., 2010;
ZARGHAMI et al., 2012). Quando uma tarefa é executada, a atenção do
indivíduo pode ser direcionada por dois diferentes focos, o foco de atenção
interno ou o foco de atenção externo (WULF, 2008). O foco interno direciona a
atenção ao movimento do próprio corpo, enquanto o foco externo dirige a
atenção aos objetos com os quais a pessoa interage e aos efeitos da sua ação
no ambiente (WULF, 2008). Controlar o foco de atenção pode ser uma
importante ferramenta para a otimização do desempenho em habilidades
motoras.
A escolha do foco de atenção adequado pode melhorar o
desempenho dos indivíduos quando executam tarefas motoras (WULF et al.,
2008; PORTER et al. 2010; LOHSE et al., 2010; ZARGHAMI et al., 2012). Wulf
et al. (2008) analisaram os efeitos dos dois focos de atenção em uma tarefa de
equilíbrio em pacientes com Parkinson. Ao se equilibrarem em um disco de
borracha, os indivíduos deveriam concentrar-se em minimizar os movimentos
do disco, no caso do foco externo, ou do pé, no caso do foco interno (WULF et
al., 2008). Os resultados mostraram menor oscilação postural quando os
indivíduos receberam as instruções de foco externo (WULF et al., 2008). Porter
et al. (2010) também observaram os efeitos positivos do foco externo na
agilidade de indivíduos saudáveis por meio de uma tarefa de corrida em L com
cones. Para induzir o foco de atenção externo, os indivíduos foram instruídos a
“correr em direção aos cones o mais rápido possível e concentrar-se em
empurrar o chão com a maior força possível” (PORTER et al., 2010). Para
induzir o foco interno, os indivíduos foram instruídos a “mover as pernas o mais
rápido possível e concentrar-se em empurrar os pés com a maior força
possível” (PORTER et al., 2010). Os indivíduos concluíram a tarefa em menos
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tempo, ou seja, com melhor desempenho quando receberam instrução do foco
externo comparado ao foco interno e ausência de instrução de foco (PORTER
et al., 2010). Lohse et al. (2010) observaram o efeito do foco de atenção na
tarefa de atirar dardos. Para o foco interno, os indivíduos deveriam se
concentrar no seu próprio braço (LOHSE et al., 2010). Para o foco externo, os
indivíduos deveriam se concentrar no dardo (LOHSE et al., 2010). Comparado
ao foco interno, os indivíduos apresentaram melhor desempenho com o foco
externo: redução do erro (distância do dardo ao centro do alvo), redução do
tempo de preparação entre os lances e da atividade eletromiográfica do tríceps
braquial (LOHSE et al., 2010). Zarghami et al. (2012) observaram o efeito do
foco de atenção em indivíduos do sexo masculino com pouca experiência no
desempenho de lançamentos de discos (ZARGHAMI et al., 2012). Os
indivíduos foram instruídos a lançar os discos utilizando sua força máxima
(ZARGHAMI et al., 2012). Como instrução de foco interno, os indivíduos foram
solicitados a se concentrar em suas mãos (ZARGHAMI et al., 2012). Como
instrução de foco externo os indivíduos deveriam concentrar no disco
(ZARGHAMI et al., 2012). Ao utilizar o foco externo, os indivíduos conseguiram
lançar os discos em uma maior distância quando comparado ao foco interno
(ZARGHAMI et al., 2012). Os benefícios do foco externo em relação ao interno
são apresentados por diversos estudos para uma grande variedade de tarefas
(WULF et al., 2008; PORTER et al., 2010; LOHSE et al., 2010; ZARGHAMI et
al., 2012).
Os efeitos do foco de atenção aparecem imediatamente após as
instruções de foco, mostrando impacto imediato no desempenho (WULF et al.,
2008; PORTER et al., 2010; LOHSE et al., 2010). Este efeito também provoca
mudanças permanentes, indicando influência na aprendizagem da habilidade
(TOTSIKA e WULF, 2003; WULF et al., 2003). Os benefícios do desempenho
se mantem em testes de retenção – em que indivíduos repetem a mesma
tarefa algum tempo após o fim do treinamento e sem instrução de foco – e de
transferência – em que indivíduos executam versões modificadas da tarefa ou
a executam em novas situações (TOTSIKA e WULF, 2003; WULF et al., 2003).
Um exemplo é o trabalho de Totsika e Wulf (2003), em que os indivíduos
deveriam andar sobre o pedalo. Eles foram instruídos a empurrar o pedal (foco
externo) ou o pé (foco interno) durante a prática (TOTSIKA e WULF, 2003). No
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treino, foram observados os benefícios do foco externo, por meio da diminuição
do tempo gasto para concluir a tarefa (TOTSIKA e WULF, 2003). Um dia após
a prática, os indivíduos repetiram a tarefa sem instrução de foco e em três
diferentes testes de transferência (TOTSIKA e WULF, 2003): pedalar sob
pressão de velocidade, pedalar para trás sob pressão de velocidade e pedalar
para trás sob pressão de velocidade enquanto contavam de trás para frente
(TOTSIKA e WULF, 2003). Os resultados mostraram que o grupo que adotou
um foco externo manteve os melhores resultados, ou seja, cumpriu a tarefa em
um menor tempo, comparado ao grupo de foco interno (TOTSIKA e WULF,
2003). Os benefícios do foco externo na aprendizagem também são
demonstrados pelo estudo de Wulf et al. (2003). Os participantes deveriam se
equilibrar em um estabilómetro segurando um tubo que continha uma bolinha
de tênis (WULF et al., 2003). O tubo deveria permanecer na horizontal para
que a bolinha de tênis permanecesse no centro do tubo (WULF et al., 2003).
Os indivíduos realizaram dois dias de treinos recebendo instruções de foco
(WULF et al., 2003). Os participantes deveriam concentrar-se em suas mãos
(foco interno) ou no tubo (foco externo) (WULF et al., 2003). No terceiro dia,
realizaram o teste de retenção (tarefa idêntica sem instrução de foco) e de
transferência (a tarefa sem o tubo) (WULF et al., 2003). Os resultados
mostraram menor oscilação postural e menor índice de erro (desvio da bola às
extremidades do tubo) para o grupo do foco de atenção externo comparado ao
interno (WULF et al., 2003). Todos esses estudos confirmam que manter um
foco de atenção externo pode ser uma maneira eficaz de otimizar tanto o
desempenho (WULF et al., 2008; PORTER et al., 2010; LOHSE et al., 2010;
ZARGHAMI et al., 2012) quanto a aprendizagem de habilidades motoras
(TOTSIKA e WULF, 2003; WULF et al., 2003).
Apesar dos inúmeros estudos que documentam os efeitos do foco
de atenção no nível de resultados de tarefas motoras, poucos investigaram os
efeitos do foco na organização dos movimentos subjacentes a estes
resultados. Possivelmente, os efeitos positivos do foco externo estão
relacionados à mudanças no nível da coordenação. (HOSSNER e
EHRLENSPIEL, 2010; LOHSE et al., 2010; LOHSE e SHERWOOD, 2012).
Lohse et al. (2010) propuseram a hipótese de que a atenção pode reduzir a
variabilidade nos aspectos da tarefa que estiverem sob seu foco. Assim, se a
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atenção é direcionada aos segmentos corporais dos participantes da tarefa
(foco interno), há redução de variabilidade do movimento destes segmentos
(HOSSNER e EHRLENSPIEL, 2010; LOHSE et al., 2010; LOHSE e
SHERWOOD, 2012). Por outro lado, se a atenção é direcionada aos objetos
que o indivíduo manipula ou aos efeitos da sua ação no meio ambiente (foco
externo), há redução de variabilidade do movimento do objeto ou da sua ação
no meio ambiente, ou seja, uma estabilização do desempenho (LOHSE et al.,
2010; LOHSE e SHERWOOD, 2012). Por exemplo, quando se atira um dardo,
manter a atenção no braço (foco interno) reduz a variabilidade dos movimentos
do braço e manter atenção no voo do dardo (foco externo) reduz a variabilidade
do movimento do dardo. Um aspecto importante desta hipótese é a predição
que o foco interno pode restringir a variabilidade dos movimentos segmentares,
quanto o foco externo pode enriquecer esta variabilidade. A variabilidade
segmentar aumentada pode ser explorada em benefício do objetivo da tarefa
(HOSSNER e EHRLENSPIEL, 2010; LOHSE et al., 2010). Neste caso, com
foco externo, os movimentos segmentares seriam combinados e compensados
entre si de maneira flexível para estabilizar o desempenho final. Caso essa
especulação esteja correta, e o foco de atenção realmente interfira na
coordenação dos movimentos, seus efeitos devem ser detectáveis na
organização de sinergias motoras.
O termo sinergia motora diz respeito a um estilo de organização em
um sistema de múltiplos elementos, em particular, o sistema
neuromusculoesquelético, no contexto da produção de movimentos (LATASH
et al., 2002; LATASH et al., 2007; LATASH, 2008). O sistema sinérgico
apresenta três caraterísticas, o compartilhamento, a compensação de erro e a
dependência da tarefa (LATASH, 2008). O compartilhamento é caracterizado
pelo trabalho conjunto dos elementos: há uma divisão de funções entre eles
para alcançar o resultado final da tarefa (LATASH, 2008). A compensação de
erro é caracterizada pela capacidade dos elementos de se reorganizarem
(LATASH, 2008) de tal maneira que, caso algum elemento introduza um erro
que possa afetar o resultado final da tarefa, os outros elementos alteram sua
configuração para minimizar este erro e garantir o desempenho satisfatório
(LATASH et al., 2002; LATASH, 2008). A dependência da tarefa se refere ao
propósito funcional de uma sinergia: ela é sempre organizada para permitir
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desempenho estável e flexível em tarefas motoras específicas (LATASH,
2008). Assim, ao se organizarem em sinergia, os elementos do sistema
neuromusculoesquelético cooperam entre si, ajustando-se a modificações
externas e internas, permitindo que o movimento seja coordenado e que o
desempenho seja adequado (LATASH et al., 2007). A tarefa de atirar com uma
arma fornece um bom exemplo de organização sinérgica. Para que o indivíduo
tenha sucesso na tarefa, ou seja, consiga acertar o alvo, é necessário um ótimo
posicionamento do cano da arma no espaço. O posicionamento do cano da
arma no espaço depende do posicionamento de várias articulações do corpo.
Caso alguma articulação produza um movimento exagerado, como por
exemplo uma abdução excessiva do ombro, o desempenho pode ser
comprometido. Porém, com uma organização motora sinérgica, outros
elementos, como por exemplo o cotovelo, podem compensar a abdução,
produzindo maior extensão e reorientando o posicionamento adequado da
arma no espaço, garantindo o desempenho satisfatório. Esta tarefa, portanto,
ilustra as três características da sinergia: compartilhamento – participação de
todas as articulações; compensação de erro – o erro produzido por uma
articulação é compensado com a reorganização das outras articulações para
garantir o desempenho; e a dependência da tarefa – toda a organização se dá
para garantir que o objetivo funcional da tarefa seja alcançado.
Para investigar a organização de sinergias foi desenvolvido o
método Uncontrolled Manifold (UCM) (SCHOLZ e SCHONER, 1999; LATASH
et al., 2002; SCHOLZ et al., 2000; LATASH et al., 2001; SCHOLZ et al., 2003;
LATASH et al., 2007). O método envolve a análise da variabilidade dos
elementos que contribuem para uma determinada tarefa motora (SCHOLZ e
SCHONER, 1999, LATASH et al., 2007; LATASH et al., 2008). Tomando como
exemplo, novamente, a tarefa de atirar, é possível distinguir, através do UCM,
as combinações de variações articulares do ombro, do cotovelo, do antebraço
e do punho que não afetam daquelas que afetam o desempenho na tarefa. A
análise divide as variâncias dos elementos em dois espaços matemáticos, o
espaço do Uncontrolled Manifold (Vucm) e o espaço ortogonal (Vort) (SCHOLZ e
SCHONER, 1999; LATASH et al., 2007; LATASH, 2008). Vucm é a variância
dentro do espaço de combinações que não afetam a posição final do projétil no
alvo, ou seja, as variações que ocorrem dentro deste espaço compensam-se
23
mutuamente de forma a manter o desempenho estável. Este espaço é
chamado de Uncontrolled, ou “não controlado” porque os valores articulares
presentes neste espaço teriam liberdade para variar sem afetar o desempenho
na tarefa em questão, mantendo-o, portanto, estável (SCHOLZ e SCHONER,
1999; LATASH et al., 2002; LATASH, 2008; LATASH et al., 2007). O espaço de
projeções que contém variância que afetam a posição do projétil no alvo está
fora do UCM e é chamado de espaço ortogonal à UCM (Vort) (SCHOLZ e
SCHONER, 1999; LATASH et al., 2002; LATASH, 2008). Nas variações
externas ao UCM não há compensações mútuas de elementos de forma a
preservar o objetivo da tarefa (SCHOLZ e SCHONER, 1999; LATASH, 2008).
Para a análise de sinergias por meio do método UCM, são definidas
variáveis elementares (VE) e variáveis de controle (VC). Variáveis elementares
são configurações do sistema neuromusculoesquelético que podem ser
alteradas independentemente umas das outras, ou seja, representam
elementos que possam ter alteração de sua configuração sem interferência na
configuração dos outros (LATASH et al., 2007; LATASH, 2008). É comum tratar
ângulos articulares como variáveis elementares. Por exemplo, os ângulos
articulares do ombro, do cotovelo, do antebraço e do punho seriam VEs na
tarefa de atirar, pois quando a configuração de uma destas articulações é
modificada, não necessariamente as outras também precisam se modificar. Já
as VC são as variáveis cuja estabilização é importante para alcançar sucesso
no objetivo final da tarefa (LATASH et al., 2007, LATASH, 2008). Na tarefa de
atirar uma possível VC seria a orientação final do cano da arma. A análise de
UCM é baseada na hipótese de que as VEs se organizam em uma sinergia
para estabilizar a VC (LATASH et al., 2002; LATASH et al., 2007; LATASH,
2008). Os resultados da análise permitem verificar se a hipótese se sustenta,
ou seja, se de fato se formou uma sinergia para estabilizar a VC escolhida,
bem como caracterizar os atributos desta sinergia.
A mensuração da variabilidade das VEs no decorrer de várias
repetições da tarefa é utilizada para caracterizar a presença e a força de uma
sinergia (LATASH et al., 2007; LATASH, 2008). Para isso, a variação das VEs
é classificada em variação que pertence ao Vucm e variação que ocorre no
espaço exterior ao Vucm, o Vort (LATASH et al., 2007). Se a maior proporção da
variação das VEs ocorre fora do Vucm, isso indica que a variação das VEs não
24
está ocorrendo de maneira a estabilizar a variável de controle, e que portanto
uma sinergia não foi formada para a VC em questão (SCHOLZ e SCHONER,
1999; LATASH, 2008). Por outro lado, se a maior parte da variação ocorre
dentro do Vucm, isso indica a formação de uma sinergia, pois existe
compensação mútua de erro e um comportamento cooperativo entre elementos
do sistema neuromuscular para estabilizar a VC (SCHOLZ e SCHONER, 1999;
LATASH, 2008). Para mensurar a força de uma sinergia, é calculada a razão
entre os valores de variação das variáveis elementares dentro e fora do UCM.
Quanto maior for esta razão, mais forte é a sinergia (LATASH et al., 2002), pois
há, proporcionalmente, mais variação no Vucm comparado ao Vort.
A força de uma sinergia pode afetar o desempenho. Quanto mais
forte for uma sinergia, maior será a proporção de variação do tipo cooperativo,
com elementos do sistema neuromusculoesquelético corrigindo-se mutuamente
para manter o desempenho satisfatório. Uma sinergia forte pode proteger o
desempenho contra erros internos e variações contextuais (LATASH et al.,
2007). Visto que o foco de atenção externo produz melhor desempenho em
tarefas motoras (WULF et al., 2008; LOHSE et al., 2010; PORTER et al. 2010;
ZARGHAMI et al., 2012), e supondo que este efeito esteja relacionado ao efeito
da atenção sobre a variabilidade motora (LOHSE e SHERWOOD, 2012;
LOHSE et al., 2010; HOSSNER e EHRLENSPIEL, 2010), é adequado supor
que os efeitos do foco de atenção se manifestem na força de sinergias.
Especificamente, um foco de atenção externo poderia produzir sinergias
caracterizadas como mais fortes pelo método UCM.
O objetivo deste estudo foi comparar a organização das sinergias
motoras, por meio do método UCM, sob focos de atenção interno e externo em
uma tarefa de movimento funcional. A hipótese desta investigação foi de que a
sinergia observada sob instruções de foco externo apresentaria,
proporcionalmente, mais variação das VEs no UCM do que no espaço
ortogonal, comparado ao foco interno. O foco externo também produziria
melhor desempenho da tarefa do que o foco interno.
Compreender como o foco externo pode influenciar a coordenação
motora e o desempenho pode ser relevante para profissionais da clínica de
fisioterapia. A partir dos resultados deste estudo, é possível iniciar
25
investigações para determinar se instruções dadas aos pacientes sobre o foco
de sua atenção de fato são capazes de afetar a força de sinergias motoras.
Estratégias terapêuticas capazes de afetar sinergias motoras podem ser
aplicáveis na elaboração de métodos para o treinamento de movimentos
funcionais na reabilitação.
Para avançar na compreensão da organização das sinergias que
dão suporte a movimentos funcionais, este estudo utilizou como tarefa
experimental o movimento de passar de sentado para de pé (SDP) segurando
uma caneca durante o movimento. Esta é uma tarefa comum e muito relevante
para as atividades diárias dos pacientes em reabilitação (SCHOLZ e BRANDT,
1997; JANSSEN et al., 2002; DALL e KERR, 2010). O SDP associado à
estabilização manual de objetos representa uma demanda de coordenação
refinada por causa da rápida transferência de uma ampla base de apoio para
uma posição de estabilidade reduzida sob os pés (SCHOLZ e BRANDT, 1997).
As VEs disponíveis para esta tarefa, tais como ângulos articulares do tornozelo,
do joelho, do quadril, da pelve-lombar, da lombar-torácica, da esternoclavicular,
do ombro, do cotovelo, do punho e da mão-caneca podem ser organizadas
para estabilizar VCs candidatas, como a variabilidade da posição da mão
(VPM), variabilidade da posição da caneca (VPC), variabilidade do ângulo da
mão (VAM) e a variabilidade do ângulo da caneca (VAC). Estas variáveis de
controle estão diretamente relacionadas com as instruções para manter o foco
de atenção interno (no corpo) ou externo (no objeto) (LOHSE e SHERWOOD,
2012). Compreender como o foco de atenção afeta a coordenação do
movimento SDP poderá ajudar a desenvolver intervenções de reabilitação para
essa tarefa.
26
2 MATERIAIS E MÉTODO
2.1 Delineamento do estudo
Neste estudo as coletas dos dados foram feitas, para cada
participante, em uma única sessão experimental. Nesta sessão, a tarefa de
passar de sentado para de pé (SDP) segurando uma caneca com o membro
superior não dominante foi realizada com dois diferentes focos de atenção, o
foco interno e o foco externo.
O estudo foi desenvolvido no Instituto de Estudos Avançados
Transdisciplinares (IEAT) no prédio de Fisioterapia da Escola de Educação
Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG).
2.2 Amostra
O presente estudo contou com uma amostra de conveniência
composta por jovens saudáveis entre 18 e 30 anos e destros. Não foram
incluídos no estudo indivíduos portadores de qualquer doença que afete a
função motora; que apresentem dor nos braços, nas pernas e/ou deficiências
músculo esqueléticas que afetem o desempenho da tarefa sentado para de pé
(GREVE et al., 2013). Os indivíduos foram recrutados através de divulgação
em sites, salas de aula e parcerias com outros projetos da universidade. Este
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Minas Gerais com o protocolo 1.410.515.
2.3 Instrumentos
27
Para a coleta de dados foi utilizado um sistema de análise
tridimensional do movimento, um banco regulável, um painel com um alvo
visual e uma caneca. A coleta de dados da tarefa SDP foi avaliada por meio de
um sistema de análise de movimento tridimensional (Codamotion, Charnwood
Dynamics, Rothley, Inglaterra). O sistema possui três unidades de captura e
marcadores ativos. O banco foi feito exclusivamente para o projeto com a
armação de ferro, o assento de madeira redondo e regulagem de altura. O
painel ficou a 1 metro e 45 cm à frente do posicionamento do banco e foi
utilizado para posicionar um alvo visual, cuja altura foi proporcional à altura de
cada participante. A caneca ficou vazia, pois o líquido poderia distrair o
participante e dificultar a diferenciação entre as condições de foco interno e
externo.
2.4 Procedimentos
Os participantes foram informados de todos os procedimentos do
estudo e sobre os critérios de inclusão e exclusão. Concordando em participar,
os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
(APÊNDICE-1). Em seguida responderam a um questionário sobre dados
pessoais (APÊNDICE-2). Em seguida, as medidas de estatura e massa
corporal foram registradas. Estudos mostram que as diferenças entre os focos
de atenção são mais relevantes em tarefas mais difíceis (LANDERS et al.,
2005; WULF et al., 2007; WULF et al., 2008). Por isso, o examinador mediu o
comprimento da perna (da cabeça da fíbula até o chão) e regulou a altura do
banco em 80% deste valor. Além disso, cada participante segurou a caneca
com a mão esquerda, sendo esta sua mão não-dominante. Um alvo visual foi
posicionado em frente ao participante na altura de seus olhos antes do início da
coleta.
2.5 Avaliação da tarefa sentado para de pé
28
Para registro do movimento, foram posicionadas estrategicamente
três câmeras na área de coleta, para uma ótima visualização de todos os
marcadores ativos. Foram colocados, sobre o chão, três marcadores dispostos
em L, para criação de coordenadas do laboratório.
O modelo geométrico utilizado para este estudo foi criado no
programa Odin, baseado em SCHOLZ e SCHONER (1999). Nos segmentos da
perna esquerda, da coxa esquerda, do braço esquerdo e do antebraço
esquerdo foram utilizados os clusters (agrupamentos) de rastreamento do
próprio Codamotion. Nos segmentos da cabeça, do tronco, da mão e na
caneca foram acoplados marcadores ativos, afixados com fita dupla-face.
Foram criadas, ainda, marcas virtuais na articulação do ombro, do cotovelo, do
punho, do quadril, do joelho e do tornozelo para determinar o comprimento de
cada segmento.
Os clusters dos membros foram posicionados na região lateral de
cada segmento. Os marcadores ativos do tronco foram posicionados no
processo espinhoso de C7, T12 e L5. Os marcadores ativos da mão foram
posicionados na base do segundo e quinto metacarpo e no meio da falange do
terceiro metacarpo. Para formar o segmento da cabeça, os marcadores ativos
foram posicionados na parte lateral da orelha (na linha do processo mastoide) e
no osso temporal (na linha do olho esquerdo). Na caneca os marcadores
formaram um triângulo na parte lateral. Como referência anatômica para
criação de marcas virtuais foram utilizados o centro da articulação do ombro, o
epicôndilo lateral do úmero, o osso capitato, o trocânter maior do fêmur, a linha
articular entre a tíbia e a fíbula e maléolo lateral (SCHOLZ e SCHONER, 1999;
SCHOLZ et al., 2001; GREVE et al., 2013).
O participante se manteve descalço e em posição ortostática
confortável. Um mesmo examinador, através da palpação, identificou as
proeminências ósseas e marcou a pele do indivíduo. A posição das referências
anatômicas foi informada digitalmente ao sistema a partir da aplicação do
protocolo Calibrated Anatomical System Technique (CAPOZZO et al., 1995). O
programa Codamotion Pointer definiu a posição de cada um destes pontos
dentro do sistema de coordenadas globais (CAPOZZO et al., 1995). Após estes
procedimentos, o modelo foi criado no software.
29
Para realização da coleta, o indivíduo se sentou no banco,
segurando uma caneca de porcelana que ficou apoiada sobre sua coxa. As
posições dos pés (ver fig1), do quadril (ver fig 2) e da caneca sobre a coxa (ver
figs 3 e 4) foram marcadas para padronizar a posição inicial.
Figura 1- Padronização da posição inicial do indivíduo
(A) Padronização da posição inicial dos pés dos indivíduos. (B) Padronização da posição inicial do quadril dos indivíduos. (C) Marca utilizada para padronizar a posição da caneca. (D) Padronização da posição inicial da caneca dos indivíduos.
O indivíduo recebeu esclarecimentos sobre os objetivos do estudo e
instruções por escrito (APÊNDICE 2). Em seguida foi iniciada a coleta com
instruções explícitas para os diferentes focos de atenção, em dois blocos de 20
repetições da tarefa, sendo um bloco para foco interno e outro para foco
externo. A ordem dos blocos foi alternada para cada participante. A cada
intervalo de 10 repetições, os indivíduos preencheram um formulário do quão
bem eles foram capazes de seguir as instruções de foco (APÊNDICE 2). Na
30
mudança de um bloco de foco para o outro, o participante leu novas instruções
(APÊNDICE 4).
Para induzir o foco de atenção interno os voluntários receberam a
seguinte instrução: “Por favor, levante-se olhando para o alvo à frente. Comece
quando eu disser ‘vai’. Por favor, concentre-se mentalmente em manter sua
mão estável. Então, pense em sua mão ao levantar-se” (WULF et al., 2016;
QUERFURTH et al., 2016). Uma instrução simples de reforço foi dada antes de
cada repetição: “Por favor, lembre-se de se concentrar mentalmente em manter
sua mão estável”. Para induzir o foco externo, a instrução foi: “Por favor,
levante-se olhando para o alvo à frente. Comece quando eu disser ‘vai’. Por
favor, se concentre mentalmente em manter a caneca estável. Então, pense na
caneca ao levantar-se” (WULF et al., 2016; QUERFURTH et al., 2016). Antes
de cada repetição, também houve instrução de reforço: “Por favor, lembre-se
de se concentrar mentalmente em manter a caneca estável”.
2.6 Redução dos dados
Os dados obtidos pelo sistema foram importados para o MATLAB
para análise através do método Uncontrolled Manifold (UCM). Primeiramente,
os dados das trajetórias dos marcadores foram filtrados com um filtro passa-
baixo do tipo Butterworth de quarta ordem, com frequência de corte de 6Hz
(SCHOLZ et al., 2001; GREVE et al., 2013). Perdas de até 20 quadros nas
séries temporais dos dados foram interpolados. Foram calculados os ângulos
articulares do tornozelo, do joelho, do quadril, da coluna lombar, da coluna
torácica, da cervical, da atlanto-occipital, da esternoclavicular, do ombro, do
cotovelo, do punho, da mão em relação a caneca, da mão em relação a
horizontal e da caneca em relação a horizontal no plano sagital. Através das
posições dos segmentos da perna, da coxa, da pelve, do tronco inferior, do
tronco superior, da cervical, da cabeça, da clavícula, do braço, do antebraço,
da mão e da caneca foram calculados os comprimentos segmentares e os
ângulos articulares no plano sagital. Foram também calculados a posição do
centro de massa (CM), da mão e da caneca e os ângulos articulares da mão e
da caneca ao longo do movimento. As posições do CM nos eixos y e z são
dadas pela fórmula:
31
em que m é a massa de cada segmento, os números são referentes a cada segmento do corpo e y/z são as coordenadas da posição do centro de massa de cada um dos segmentos (RAMALHO e TEODORO). Y representa a direção ântero-posterior (AP) e Z a direção supero-inferior (SI).
Em seguida, a partir da análise visual dos dados, foram
padronizados o início e fim do movimento para determinar o período de cada
tentativa. O início do movimento foi caracterizado pelo aumento da velocidade
da coordenada horizontal do CM em direção a seu pico (SCHOLZ e
SCHONER, 1999). O final do movimento foi determinado pelo final da redução
da velocidade da coordenada vertical do CM em direção à sua estabilização.
Após determinado o início e o fim do movimento de SDP, cada teste foi
normalizado pelo tempo de movimento. Este período do movimento foi dividido
em três fases: fase preparatória (1-30%), fase de levantar (31-60%) e fase de
extensão (61-100%) (GREVE et al., 2013).
A implementação da análise de UCM (SCHOLZ e SCHONER, 1999;
LATASH et al., 2007) foi executada em 5 passos apresentados em seguida:
1) Seleção das variáveis elementares (VE). As VEs do presente
estudo foram os ângulos articulares do tornozelo, do joelho, do quadril, da
pelve-lombar, da lombar-torácica, da cervical, da atlanto-occipital, da
esternoclavicular, do ombro, do cotovelo, do punho (SCHOLZ e SCHONER,
1999; GREVE et al., 2013) e da mão em relação ao caneca no plano sagital,
calculados através dos dados de posição dos marcadores do sistema de
análise de movimento.
32
2) Seleção das variáveis de controle (VC). Foram tratadas como VCs
a posição linear da mão e da caneca e o ângulo da mão e da caneca em
relação à horizontal ao longo do movimento. Como as instruções de foco de
atenção se referem especificamente à estabilização horizontal da mão e da
caneca, é provável que as sinergias motoras se organizem para estabilizar as
posições lineares e angulações desses segmentos.
3) Criação de um modelo geométrico: Um modelo geométrico
conecta as VEs a cada VC. Assim um modelo geométrico foi criado para cada
VC da tarefa em Y e Z (APÊNDICE-4) e em cada instante da tarefa (SCHOLZ e
SCHONER, 1999; SCHOLZ et al., 2001). O modelo geométrico representa as
conexões de acordo com a forma, tamanho e posição das VE em relação a VC.
Figura 2- Modelo geométrico
Mão Caneca
Modelo geométrico criado para conectar as VE a cada VC, em que 1 é o ângulo articular do tornozelo, 2 do joelho, 3 do quadril, 4 da pelve-lombar, 5 da lombar-torácica, 6 da esternoclavicular, 7 do ombro, 8 do cotovelo, 9 do punho, 10 ângulos formados entre a mão e a caneca. Os círculos azuis são os posicionamentos e ou angulações da VC correspondente ao modelo geométrico.
4) Definição da matriz jacobiana. A partir do modelo geométrico foi
calculada a matriz jacobiana (J) para relacionar as mudanças nas VEs que
refletem em mudanças na VC. J é definida pelas derivadas parciais (taxa de
variação) do modelo geométrico informando o quanto um movimento de uma
33
VE reflete na mudança VC, enquanto as outras VEs se mantêm constantes
(SCHOLZ e SCHONER, 1999; SCHOLZ et al., 2001; LATASH, 2008). Por
exemplo:
� �
����������
� ���� � �����
…������������
� ����� � ������
…������� �����
J é a matriz jacobiana. ����� é a variação da VC escolhida em relação a cada VE. Y é a direção
antero superior. Z é a direção supero inferior. são os ângulos articulares (VE). Os números se referem a cada ângulo articular- VE do modelo geométrico. Foi determinada uma matriz jacobiana para cada modelo geométrico.
Definida a matriz Jacobiana foi calculado seu espaço nulo. O espaço
nulo representa todas as possíveis combinações das VEs que levam ao
mesmo valor da VC escolhida (SCHOLZ e SCHONER, 1999; SCHOLZ et al.,
2001; LATASH, 2008). Assim, o espaço nulo é definido pelas configurações
destas VEs que não interferem na VC, e este conjunto de valores formam os
vetores de base, ε. O subespaço UCM foi então definido pela aproximação
linear do espaço nulo da matriz jacobiana. Para o calculo do espaço nulo,
foram calculadas as configurações de referências da articulação em cada
instante do movimento. As configurações de referências são os valores médio
de cada VE no decorrer de todas as repetições da tarefa. Assim o espaço nulo
é definido pela formula: (LATASH et al., 2008; HSU e SCHOLZ, 2012).
Em que ε são os vetores de base do espaço nulo em cada instante do movimento e é configuração de referência das articulações, ou seja a média da posição articular entre as várias repetições da tarefa, sendo i o instante do movimento (SCHOLZ et al., 2000; HSU e SCHOLZ, 2012).
34
5) Divisão da variabilidade em Vucm e Vort. Finalmente, foram
calculadas as projeções das VE para a UCM e para o seu complemento
ortogonal (Vucm e Vort, respectivamente) entre as repetições da tarefa. A matriz
menos a configuração de referência de cada articulação ��� � ̅�� em cada
instante do movimento para cada tentativa define as projeções das VE no
espaço UCM e no espaço ortogonal (HSU e SCHOLZ, 2012).
� !�� � ̅" � ∥ Em que Θ‖ é a projeção do vetor de desvio de cada VE no espaço nulo Θ ┴ é a projeção do
vetor de desvio de cada VE no espaço ortogonal. é configuração de referência das articulações. $ são os vetores de base.
Foi calculada a variância total de cada articulação no Vucm e no Vort
(SCHOLZ et al., 2000).
Onde ∑ é a somatória do desvio entre os ângulos obtidos com a linearização do UCM ao quadrado, n é o número total variáveis elementares, d é o número de graus de liberdade que a tarefa necessita para ser executada e N é o número de repetições da tarefa.
Foi observado em qual subespaço (Vucm e Vort) houve maior
variabilidade das VEs. Segundo a hipótese desta investigação, a sinergia
observada sob instruções de foco externo apresentaria, proporcionalmente,
mais variação das VEs no UCM do que no espaço ortogonal, comparado ao
foco interno. Para cada indivíduo e condição experimental em cada VC, foram
calculados índices de sinergia dados pela fórmula:
35
Í&'()* '* +(&*,-(. = �/01 − �234
�/01 + �234
Foram obtidas médias para cada grupo (foco interno e foco
externo).
Para caracterização do desempenho do indivíduo na tarefa foram
calculados a média e o desvio-padrão das variáveis posição e angulação da
mão e da caneca ao longo do movimento. O desvio padrão foi utilizado para
informar sobre a estabilidade do desempenho do indivíduo durante a tarefa.
2.7 Análise estatística
A análise investigou os efeitos do foco da atenção na força das
sinergias motoras em jovens. O SPSS foi utilizado para as análises. Em todas
as análises o nível de significância foi estabelecido em α<, 0,05.
A amostra foi caracterizada em relação à média e desvio padrão de
idade, altura, peso e capacidade de concentração. O sexo foi descrito com
contagem de frequência.
O desempenho nos dois diferentes focos de atenção foi quantificado
pela consistência do ângulo da mão e da caneca e a consistência da posição
da mão e da caneca. A consistência foi definida pelo desvio padrão da média
ao longo do tempo em cada tentativa da tarefa. O desempenho da tarefa entre
os dois focos de atenção foi comparado através de testes t pareados.
Para comparar o índice de sinergia entre condições foi utilizado uma
ANOVA 2x3 - foco de atenção (foco interno e externo) e fase do movimento
(fase inicial, média e final) para comparar valores de Vucm, Vort, e índice de
sinergia, para cada variável de controle. Esperava-se que a razão entre Vucm e
Vort fosse maior com o foco de atenção externo comparado ao foco interno.
36
3 RESULTADOS
Trinta e dois adultos jovens participaram do estudo. Destes, 1
solicitou que a coleta fosse interrompida devido ao cansaço. Perdas de
rastreamento levaram a exclusão dos dados de outros 4 participantes. Assim,
27 foram incluídos na amostra final.
Os participantes apresentaram média de idade de 23,54 anos (±
3,24 anos); média de altura de 1,68 metros (± 0,084 metros) e peso médio de
64 quilogramas (± 12,29 quilogramas). A nota média de capacidade de
concentração para o foco externo foi de 8,43 (± 1,38) e para o foco interno foi
de 8,14 (± 1,50). Dezenove participantes eram do sexo feminino (69,23%) e
oito do sexo masculino (30,77%). Quinze participantes iniciaram a tarefa
recebendo as instruções do foco externo (55,55%) e doze de foco interno
(44,44%).
3.1 Efeito do foco no desempenho
As variáveis utilizadas para mensurar o desempenho - consistência
do ângulo da mão e da caneca e a consistência da posição da mão e da
caneca - foram comparadas para cada foco de atenção com testes t pareados.
Os testes t pareados mostraram efeito significativo apenas na VAM (p= 0,012)
(ver tabela 1), indicando melhores resultados para a estabilização (redução da
variabilidade) do ângulo da mão quando os indivíduos foram instruídos a
concentrar-se na mão (foco interno).
37
Tabela 1- Resultado do efeito do foco de atenção no desempenho do indivíduo
Variável de desempenho Efeito do foco de atenção
Ângulo da mão 0,012 *
Ângulo da caneca 0,168
Posição da mão 0,268
Posição da caneca 0,111
*p≤0,05
3.2 Sinergia para estabilização do ângulo da caneca
Na Vucm, houve diferença significativa apenas entre as fases do
movimento (p<0,0001), sem diferença significativa em razão do foco de
atenção (p= 0,376) e da interação fase x foco (p=0,595). Na Vort, houve
significância no fator fases (p<0,0001), sem efeitos de foco de atenção (p=
0,648) e de interação fase x foco (p=0,259). No índice da sinergia, não houve
diferença em razão do foco de atenção (p= 0,473), das fases de movimento
(p=0,507) ou da interação fase x foco (p=0,301).
3.3 Sinergia para estabilização do ângulo da mão
Na Vucm, houve diferença significativa apenas entre as fases do
movimento (p<0,0001), sem diferença significativa em razão do foco de
atenção (p=0,876) e da interação fase x foco (p=0,356). Na Vort, houve
significância no fator fases (p=0,031), sem efeitos de foco de atenção (p=
0,191) e de interação fase x foco (p=0,645). No índice da sinergia, houve
diferença significativa apenas entre as fases do movimento (p<0,0001), sem
diferença em razão do foco de atenção (p= 0,297) e da interação fase x foco
(p=0,922).
38
3.4 Sinergia para estabilização da posição da mão
Na Vucm, houve diferença significativa apenas entre as fases do
movimento (p<0,0001), sem diferença significativa em razão do foco de
atenção (p=0,785) e da interação fase x foco (p=0,425). Na Vort, houve
significância no fator fases (p<0,0001), sem efeitos de foco de atenção (p=
0,689) e de interação fase x foco (p=0,963). No índice da sinergia, houve
diferença significativa apenas entre as fases do movimento (p=0,049), sem
diferença em razão do foco de atenção (p=0,945) e da interação fase x foco
(p=0,619).
3.5 Sinergia para estabilização da posição da caneca
Na Vucm, houve diferença significativa apenas entre as fases do
movimento (p<0,0001), sem diferença significativa em razão do foco de
atenção (p=0,372) e da interação fase x foco (p=0,607). Na Vort, houve
significância no fator fases (p<0,0001), sem efeitos de foco de atenção (p=
0,982) e de interação fase x foco (p=0,834). No índice da sinergia, houve
diferença significativa apenas entre as fases do movimento (p<0,0001), sem
diferença em razão do foco de atenção (p=0,962) e da interação fase x foco
(p=0,776).
39
4 DISCUSSÃO
Este estudo investigou diferenças de desempenho e de organização
de sinergias na tarefa de sentado para de pé realizada com diferentes focos de
atenção. A hipótese refletia a expectativa que indivíduos apresentariam melhor
desempenho sob instruções de foco externo comparado ao interno (WULF,
2008; LOSHE et al., 2010; PORTER et al,. 2010; ZARGHAMI et al., 2012).
Além disso, havia expectativa de que o foco de a atenção afetaria a
variabilidade motora.
Neste estudo, uma vez que as instruções solicitavam manter a mão
ou a caneca estável, o desempenho foi mensurado pela variabilidade da
posição e do ângulo da mão e da caneca ao longo do tempo. Esperava-se que
as instruções de foco tivessem efeito diferencial nestas medidas de
estabilidade de desempenho. Um benefício de desempenho no foco externo
seria produzido por sinergias, segundo a perspectiva do UCM, mais fortes.
Assim, a hipótese do estudo era que sob instruções de foco externo haveria
maior variação das variáveis elementares na UCM do que no espaço ortogonal
em relação ao foco interno.
4.1 Efeito do foco de atenção no desempenho
É necessário salientar que os efeitos esperados do foco de atenção
não foram reproduzidos neste experimento. Ou seja, os indivíduos não
apresentaram melhor desempenho sob foco de atenção externo quando
comparado ao interno. Outros estudos também mostraram ausência de efeito
do foco de atenção (KAL et al.,2015; WULF, 2008; LANDERS et al., 2016 e
WORMS, 2017). Kal et al. (2015) não encontraram benefícios de foco externo
em pacientes que sofreram acidente vascular cerebral (AVC) em uma tarefa
simples de flexão e extensão de joelho na posição assentada. Wulf (2008)
também não encontrou diferenças significativas entre os focos de atenção em
40
uma tarefa de equilíbrio sobre um disco de borracha em indivíduos altamente
treinados em acrobacias. Landers et al. (2016) analisaram os efeitos do
treinamento de equilíbrio com foco interno e externo em pacientes com
Parkinson e não encontraram diferenças significativas entre os grupos. Worms
(2017) também não encontrou diferenças significativas de desempenho em
idosos saudáveis em uma tarefa de caminhada em esteira utilizando os dois
focos de atenção. Pode-se argumentar que o que estes estudos tem em
comum é um baixo nível de dificuldade das tarefas analisadas para a
população estudada.
Na literatura existem indícios de que as instruções de foco externo
são especialmente benéficas quando a tarefa for difícil o suficiente para o
indivíduo (LANDERS et al., 2005; WULF et al., 2007). Landers et al. (2005)
observaram os efeitos do foco de atenção em pacientes com diagnóstico de
Parkinson em três tarefas que envolviam o equilíbrio. Os indivíduos deveriam
permanecer parados sobre retângulos de papel com os olhos abertos; com os
olhos fechados; ou com os olhos abertos porém em uma superfície que
inclinava (LANDERS et al., 2005). Os benefícios do foco de atenção externo
apareceram apenas na terceira condição, quando o desafio para manter-se em
pé era maior (LANDERS et al., 2005). Além disso, os benefícios do foco de
atenção externo foram encontrados apenas para os indivíduos com um
histórico de queda – sendo que para estes indivíduos a tarefa de equilíbrio se
torna mais desafiadora (LANDERS et al., 2005). Wulf et al. (2007) observaram
os efeitos do foco de atenção em dois experimentos de equilíbrio em indivíduos
saudáveis. No primeiro, os indivíduos deveriam permanecer tão estáveis
quanto conseguissem sobre uma superfície sólida e sobre uma espuma. No
segundo experimento, os indivíduos deveriam equilibrar em um disco de
borracha. Os benefícios do foco externo foram significativos apenas na tarefa
do segundo experimento – equilibrar no disco. Os resultados destes estudos
sugerem que os benefícios foco de atenção externo aparecem quando a tarefa
é desafiadora para o indivíduo.
A ligação entre os efeitos do foco externo e o grau de dificuldade
pode estar relacionada à demanda de coordenação motora (LANDERS et al.,
2005; WULF et al., 2007). Tarefas relativamente difíceis podem requerer que
41
os indivíduos interfiram conscientemente em processos que, em tarefas fáceis,
já estão automatizados (LANDERS et al., 2005; WULF et al., 2007). O foco
externo parece inibir esta intervenção e facilitar o uso de processos
automáticos (MCNEVIN et al., 2003, KAL et al., 2013), ou seja, o indivíduo
realiza a tarefa sem pensar naquilo que está executando. A execução da
habilidade mais automática é mais avançada da aprendizagem motora (FITTS
e POSNER, 1967). Esta fase é caracterizada por maior consistência e sucesso
na execução das tarefas. Além disso, o foco de atenção externo proporciona a
execução de movimentos mais fluentes e regulares (KAL et. al, 2013) indicando
uma organização mais eficiente e econômica do sistema neuromuscular
(ZACHRY et al., 2005; LOSHE et al., 2010;). Possivelmente, se uma tarefa não
é desafiadora e o indivíduo já realiza movimentos fluentes e regulares, o foco
externo pode não proporcionar vantagens adicionais.
A tarefa de passar de sentado para de pé é uma tarefa comum na
vida diária. Estima-se que uma pessoa se levanta aproximadamente 60 vezes
por dia (DALL e KERR, 2010). Por isso, duas estratégias foram utilizadas na
tentativa de aumentar a dificuldade da tarefa neste estudo: os voluntários se
assentaram em um assento baixo e, além disso, utilizaram a mão não
dominante para segurar a caneca. Apesar dos cuidados para que a tarefa fosse
desafiadora, é possível que ela não tenha sido suficientemente difícil para
trazer à tona os efeitos positivos do foco de atenção externo. Assim o
desempenho da tarefa não diferiu nas duas condições de foco de atenção,
interno e externo, obtendo-se valores similares de variabilidade do ângulo da
caneca, da posição da mão e da posição da caneca.
O presente estudo encontrou diferenças entre as condições de foco
em apenas uma das variáveis. Em conflito com a maioria dos achados da
literatura, foram encontrados efeitos positivos do foco de atenção interno na
estabilização da mão. Resultados similares foram encontrados apenas em dois
estudos (RIENHOFF et al., 2014 e OLIVEIRA et al., 2015). Rienhoff et al.
(2014) compararam os efeitos do foco de atenção em indivíduos praticantes de
basquete em três diferentes níveis de habilidade - experts, avançados e
iniciantes. Para manipular os focos de atenção, os participantes foram
instruídos a concentrar-se em suas mãos –foco interno- ou na bola – foco
42
externo, ou não receberam nenhuma instrução de foco. Resultados mostraram
melhor desempenho (número de acertos na cesta) na instrução de foco interno
ou sem instrução de foco. O estudo de Oliveira et al. (2015) compararam os
efeitos do foco de atenção em crianças durante uma tarefa de agilidade em L.
No foco de atenção externo, os indivíduos deveriam focar nos cones e
“impulsionar o chão com o pé” durante a corrida (OLIVEIRA et al., 2015). Como
instrução de foco interno, os indivíduos deveriam “focar no movimento das
pernas e pés durante a execução do teste” (OLIVEIRA et al., 2015). As
crianças concluíram a tarefa em um menor tempo quando receberam instrução
do foco interno comparado ao externo (OLIVEIRA et al., 2015).
Neste estudo, o efeito positivo do foco interno apareceu quando o
desempenho foi mensurado pela variabilidade do ângulo da mão. Este efeito
pode ter vindo à tona devido a relação com a instrução específica – manter a
mão estável. Alguns estudos mostram redução da variabilidade nas dimensões
do movimento que estejam sob o controle atencional. (LOHSE e SHERWOOD,
2012; LOHSE et al., 2010). Zentgraf e Munzert (2009) também mostraram
essa relação em uma tarefa de malabarismo com bolas. Como instrução do
foco de atenção interno, os indivíduos deveriam concentrar em seus braços e
mãos, realizando o movimento prioritariamente com os antebraços
(ZENTGRAF e MUNZERT, 2009) e mantendo o resto do corpo quieto. Como
instrução do foco de atenção externo os indivíduos deveriam concentrar nas
bolas, que deveriam ser lançadas diretamente pra cima e atingir a mesma
altura (ZENTGRAF e MUNZERT, 2009). Os resultados mostraram menor
deslocamento dos cotovelos no foco de atenção interno e maior
homogeneidade nas alturas das bolas para o foco de atenção externo
(ZENTGRAF e MUNZERT, 2009). Assim, o uso do foco de atenção pode
mudar aspectos específicos do desempenho relacionados à instrução.
O efeito dos focos de atenção também pode sofrer influência das
preferências e capacidades de imaginar movimentos. Sakurada et al. (2015)
discutem que uma ótima estratégia de atenção depende da capacidade
individual de produzir imagens mentais, cenestésicas ou visuais. Indivíduos
com dominância de cenestésica mostram melhor desempenho sob foco
interno, e aqueles com dominância visual mostraram melhor desempenho sob
43
foco externo (SAKURADA et al., 2015). O estudo de Sakurada et al. (2017)
apresentou melhores resultados de precisão do movimento sob a condição de
foco interno em pacientes com dominância cenestésica do que em pacientes
com dominância visual. Tais preferencias podem ter influenciado os resultados
deste estudo, e devem ser investigadas no futuro.
4.2 Efeito do foco de atenção na formação de sinergias motoras pelo UCM
O estudo teve como principal objetivo investigar o efeito do foco de
atenção na força das sinergias motoras. A ferramenta de análise utilizada foi o
UCM. Esta ferramenta fornece uma base para compreender como os graus de
liberdade redundantes se organizam para estabilizar possíveis variáveis de
controle (SCHOLZ e SCHONER, 1999). Os abundantes graus de liberdade do
corpo permitem diferentes combinações que produzem o mesmo resultado
(LATASH et al,. 2002; REISMAN e SCHOLZ, 2003). No decorrer das
repetições da tarefa, o corpo utiliza dessa variedade de combinações de
movimentos segmentares que garantem o desempenho estável da tarefa
(LATASH, 2008). O conceito do UCM ajuda a diferenciar as variáveis mais
controladas das menos controladas para a tarefa (SCHOLZ e SCHONER,
1999).
Neste estudo, as medidas do UCM descreveram com sucesso a
presença de sinergias para estabilizar todas as variáveis de controle escolhidas
na tarefa em questão. Os resultados para as quatro variáveis de controle
fornecem uma indicação da importância dessas variáveis para a tarefa. Passar
de sentado para de pé representa um desafio de coordenação, em razão da
rápida transferência de uma ampla base de apoio para uma posição de
estabilidade reduzida sob os pés (WULF e PRINZ, 2001). O desafio da tarefa
foi ampliado devido ao controle manual de um objeto com membro superior não
dominante e ao banco baixo. Os resultados indicaram que as combinações das
variáveis elementares - ângulos articulares neste experimento - estabilizaram o
ângulo da caneca, da mão e a posição da mão e da caneca no espaço. A
44
comparação dos resultados em diferentes condições experimentais -foco
interno e foco externo- foi feita para investigar se o foco de atenção está
relacionado com a formação de sinergias motoras.
O efeito estabilizador para as quatro variáveis de controle foi
independente da instrução de foco de atenção. Estes resultados são contrários
à hipótese do estudo. Era esperado que o foco externo levasse a um melhor
desempenho da tarefa e subsequentemente formação de sinergias mais fortes
quando comparado ao foco interno. Porém, no presente estudo, o efeito do
foco de atenção apareceu apenas em uma variável e o foco interno apresentou
melhores resultados de desempenho. Mesmo com a diferença de desempenho
nas condições experimentais, não houve diferença no índice de sinergia. Assim
o presente estudo indica que o foco de atenção pode ter efeitos no
desempenho sem afetar diretamente a força de sinergias.
Estudos anteriores indicam ausência de relação direta entre
desempenho e força de sinergia (DOMKIN et al., 2002, REISMAN e SCHOLZ,
2003, DOMKIN et al., 2005, WU et al., 2013, FALAKI et al., 2016). Domkin et al.
(2002) estudaram a aprendizagem de uma tarefa rápida segurando um
ponteiro. Após três dias de prática, os indivíduos mostraram maior precisão e
menor tempo de movimento -melhora do desempenho- e as sinergias
tornaram-se mais fracas. Reisman e Scholz (2003) estudaram uma tarefa de
alcance em dois grupos. Um de pacientes com diagnóstico de acidente
vascular cerebral (AVC) e outro com pessoas saudáveis (REISMAN e
SCHOLZ, 2003). Os grupos apresentaram desempenhos diferentes
(velocidades de movimentos e variação da trajetória da mão) e índices de
sinergias semelhantes. Domkin et al. (2005), usaram a tarefa de apontar com
dois braços em uma população de jovens saudáveis do sexo feminino. Com a
prática o desempenho melhorou (indivíduos se tornaram mais precisos) e o
índice de sinergias se manteve. Wu et al. (2013), em uma tarefa de força
máxima de preensão, compararam os índices de sinergias e as medidas de
desempenho em dois grupos -jovens e idosos- após um tempo de treino e em
uma tarefa de transferência. O desempenho na tarefa de transferência
melhorou, enquanto o índice de sinergia para esta tarefa se manteve (WU et
al., 2013). Falaki et al. (2016) analisaram os índices de sinergia em pacientes
45
com diagnóstico de Parkinson (sem sintomas clínicos de instabilidade) e
comparam com adultos saudáveis. Os resultados do estudo mostraram
desempenho similar (medido pelo deslocamento do centro de pressão) em
ambos os grupos e diferença nos índices de sinergias (FALAKI et al., 2016).
Neste sentido, o presente estudo investigou independentemente os efeitos do
foco tanto no desempenho quanto na organização de sinergias, com resultados
que corroboram com trabalhos anteriores.
A força de uma sinergia é determinada pela razão Vucm / Vort. As
combinações das VE existentes na Vort levam a alterações no desempenho
(LATASH et al., 2007). Ao contrário, as combinações das VE existentes na Vucm
não interferem no desempenho da tarefa (LATASH et al., 2007). Assim,
alterações na Vucm - aumento ou diminuição - sem alterações na Vort, podem
causar impacto no índice de sinergia sem necessariamente alterar o
desempenho do indivíduo.
Independente do desempenho do indivíduo, esperava-se encontrar
sinergias mais fortes quando o indivíduo estivesse sob instrução do foco de
atenção externo. Segundo Lohse e Sherwood (2012) quando o indivíduo adota
o foco externo, os movimentos são coordenados para reduzir a variabilidade
nas dimensões do objetivo final da tarefa – neste caso em particular, a caneca.
Além disso, o foco externo enriquece a variabilidade dos movimentos
segmentares. Assim, a variabilidade compensatória pode ser explorada de
forma mais eficaz por todo o movimento a fim de garantir o desempenho
adequado dos indivíduos (HOSSNER e EHRLENSPIEL, 2010). Esperava-se
que este resultado viesse a tona através do aumento da Vucm, resultando em
formação de sinergias mais fortes. O presente estudo não revelou o resultado
esperado talvez por limitações do método UCM para a tarefa em particular.
A ferramenta UCM analisa a formação de sinergias para estabilizar
variáveis de controle hipotéticas. A variabilidade pode ser mensurada ao longo
do tempo de movimento ou entre tentativas do movimento. O método UCM é
baseado na análise de variabilidade entre tentativas. Assim, a referência para a
variável de controle é obtida através da média entre repetições e considera-se
a variação das posições articulares ao redor da suas médias entre repetições.
46
Além disso, assume-se que o corpo se organiza para repetir, entre tentativas,
estados posturais a cada momento do movimento. Os resultados não
revelaram diferença no índice de sinergia calculado com base na variância
entre repetições para estabilizar as diferentes variáveis de controle. É possível
que o efeito do foco de atenção esteja relacionado mudanças de coordenação
ao longo do tempo.
47
5 CONCLUSÃO
Os efeitos esperados do foco de atenção não foram reproduzidos
neste experimento. Ou seja, os indivíduos não apresentaram melhor
desempenho sob foco de atenção externo quando comparado ao interno em
três variáveis utilizadas para mensurar o desempenho – variabilidade do ângulo
da caneca, variabilidade da posição da mão e da caneca. Sugere-se que a
tarefa não foi desafiante o suficiente para trazer a tona os benefícios do foco de
atenção externo, visto que na literatura existem indícios de que as instruções
de foco externo são especialmente benéficas quando a tarefa for difícil o
suficiente para o indivíduo (LANDERS et al., 2005; WULF et al., 2007). O efeito
do foco de atenção apareceu quando a variável de desempenho foi a
variabilidade do ângulo da mão. Em conflito com a maioria dos achados na
literatura e com a hipótese preliminar do estudo, os indivíduos mostram melhor
desempenho sob instrução do foco de atenção interno. Este efeito pode ter
sido revelado devido a relação com a instrução específica – manter a mão
estável. Alguns estudos mostram redução da variabilidade nas dimensões do
movimento que estejam sobre controle atencional.
Neste estudo, as medidas do UCM descreveram com sucesso a
presença de sinergias para estabilizar todas as variáveis de controle escolhidas
na tarefa em questão. O efeito estabilizador para as quatro variáveis de
controle foi independente da instrução de foco de atenção. Mesmo com a
diferença de desempenho nas condições experimentais, não houve diferença
no índice de sinergia. Esse resultado corrobora com outros autores que
mostram ausência de relação direta entre desempenho e força de sinergias.
O presente estudo não revelou o resultado esperado do efeito do
foco de atenção na formação de sinergias motoras. O efeito do foco de atenção
na coordenação talvez seja revelado por medidas de variabilidade ao longo do
tempo e não entre repetições.
Futuros estudos poderiam utilizar maior nível de dificuldade para
investigar os efeitos do foco de atenção. Além disso, tarefas em que seja
48
possível mensurar a organização de variáveis elementares ao longo do tempo
podem trazer diferentes resultados sobre a relação do foco de atenção com a
formação de sinergias motoras. Assim, este estudo abre portas para futuras
investigações a fim de aprofundar no entendimento do efeito do foco de
atenção sobre a coordenação do movimento.
49
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54
APÊNDICE 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Projeto de pesquisa: Formação de sinergias durante o
aprendizado motor
Você está sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa
que visa contribuir para um melhor entendimento do processo de
aprendizagem motora e para a posterior aplicação desse conhecimento no
desenvolvimento de intervenções de reabilitação mais eficazes. Sua
participação é inteiramente voluntária. Caso aceite participar, você poderá
interromper sua participação a qualquer momento que desejar.
O objetivo da pesquisa será analisar a evolução do desempenho e
das características dinâmicas da organização do movimento durante o
processo de aprendizagem de uma tarefa de equilíbrio
Antes de autorizar sua participação neste Projeto de Pesquisa é
necessário que você leia atentamente e compreenda as explicações sobre os
procedimentos, a estimativa do tempo de sua permanência no estudo, seus
direitos, assim como os benefícios, riscos e desconfortos da pesquisa.
Caso você aceite participar, irá submeter-se aos seguintes
procedimentos:
55
1. Coleta dos seus dados demográficos (dados pessoais,
idade, peso e altura) e responderá perguntas sobre possível histórico de
lesões e/ou patologias neuromusculares e musculoesqueléticas.
2. Após a entrevista, você receberá instruções sobre uma
tarefa de passar de sentado para de pé enquanto segura uma caneca
com água com sua mão dominante. Você deverá executar a tarefa da
maneira que o faria normalmente, no dia-a-dia. Serão feitas 45
repetições do movimento de levantar de sentado para de pé.
Riscos e desconfortos: Há risco de cansaço durante a realização
da tarefa. No entanto, você poderá descansar sempre que desejar
Privacidade: Para assegurar anonimato e confidencialidade das
informações obtidas, você receberá um número de identificação ao entrar no
estudo e seu nome nunca será revelado em nenhuma situação. Qualquer
dúvida ou questionamento será atendido pelos responsáveis da pesquisa. Se
desejar, você será informado (a) sobre os resultados e andamento da
pesquisa, mesmo que isso implique na retirada do seu consentimento. Quando
os resultados desta pesquisa forem divulgados em qualquer evento ou revista
científica, seus dados não serão identificados, pois serão apresentados sob
forma de estatísticas.
Benefícios: Apesar de esse estudo não envolver benefício individual
direto para os participantes, os resultados contribuirão para um maior
entendimento do processo de organização da coordenação motora durante a
aprendizagem. As informações obtidas poderão ser usadas para elaboração de
intervenções de reabilitação mais eficazes.
Recusa ou abandono: Sua participação neste estudo é
inteiramente voluntária, e você é livre para se recusar a participar ou
56
abandonar o estudo a qualquer momento, sem qualquer prejuízo. Você não
terá nenhum gasto financeiro nem lhe será paga nenhuma remuneração.
Para obter informações adicionais
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o
endereço do pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto
e sua participação, agora ou a qualquer momento. Caso você venha a sofrer
uma reação adversa ou danos relacionados ao estudo, ou tenha mais
perguntas sobre o estudo, por favor, ligue para Dra. Daniela Virgínia Vaz, no
telefone (31) 3409-4790 ou Fisioterapeuta Renan Alves Resende no telefone
(31) 92073391.
Se você tiver perguntas com relação a seus direitos como
participante deste estudo clínico, você também poderá contatar o Comitê de
Ética em Pesquisa (COEP) no endereço Av. Pres. Antônio Carlos, 6627,
Unidade Administrativa II, 2o. andar, Sala 2005 - Belo Horizonte - MG - Telefax:
3409-4592 - e-mail: [email protected]
Pesquisadores: Profa. Daniela Virgínia Vaz (Responsável)
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Departamento de Fisioterapia
Endereço : Av. Antônio Carlos, 6627
Cep: 31270-901• Belo Horizonte - MG
Telefax: (31) 3409-4781
57
Depois de ter lido as informações acima, se for de sua vontade
participar deste estudo, por favor, preencha o consentimento abaixo. No final
deste documento
Consentimento
Declaro que li e entendi a informação contida acima, sendo que
minhas dúvidas foram satisfatoriamente respondidas. Este formulário esta
sendo assinado voluntariamente por mim, indicando meu consentimento em
participar do estudo.
Belo Horizonte ______ de ____________________ de 2016
_____________________________________________
Participante
______________________________________________
Pesquisador
58
APÊNDICE 2
Formulário de informações de participantes.
Código do participante: _______
Sua idade:____________
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Mão dominante: ( ) Mão direita ( ) Mão esquerda
Nos últimos seis meses, você teve alguma das seguintes
condições de saúde?
Doença neurológica que afeta o movimento ( )
sim ( ) não
Dor na perna ou no braço ( ) sim ( ) não
Deficiências ósseas ou musculares
que afetam o movimento ( ) sim ( ) não
Medo de cair ( ) sim ( ) não
Alguma queda ( ) sim ( ) não
Quão bem você foi capaz de seguir instruções nas últimas 10
repetições?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Insuficiente Excelente
59
Quão bem você foi capaz de seguir instruções nas últimas 10
repetições?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Insuficiente Excelente
Quão bem você foi capaz de seguir instruções nas últimas 10
repetições?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Insuficiente Excelente
Quão bem você foi capaz de seguir instruções nas últimas 10
repetições?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Insuficiente Excelente
60
APÊNDICE 3
Nós estamos interessados em entender uma melhor forma de ajudar
pacientes de reabilitação. Um aspecto importante da terapia está relacionada
com as instruções dadas aos pacientes, em particular no que diz respeito ao
que eles devem prestar atenção quando realizam um movimento. Nas
próximas repetições da tarefa sentado para de pé, você será solicitado a se
concentrar em um aspecto particular do movimento. Por favor, tente o melhor
que pode para dirigir o seu foco mental, de acordo com as instruções que você
receber.
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APÊNDICE 4
Lembre-se que estamos interessados em entender qual a melhor
forma de ajudar pacientes de reabilitação em relação a onde devem dirigir sua
atenção durante os seus movimentos. Agora você vai receber instruções
diferentes de atenção. Por favor, tente o melhor que pode para dirigir o seu
foco mental, de acordo com as instruções que você receber.
62
APÊNDICE 5
A- Modelo geométrico para a posição da mão no espaço.
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;� × cos��� � ⋯
; × cos�� � � � ⋯
;� × cos�� � � �� � ⋯
;A × cos�� � � � � A� � ⋯
;B × cos�� � � � � A � B� � ⋯
;C × cos�� � � � � A � B � C� � ⋯
;D × cos�� � � � � A � B � C � D� � ⋯
;E × cos�� � � � � A � B � C � D � E� � ⋯
;F × cos�� � � � � A � B � C � D � E � F�.
em que l1 é o comprimento do segmento da perna, l2 é o comprimento do segmento da coxa, l3 é o comprimento do segmento da pelve (trocanter até L5), l4 é o comprimento do segmento do tronco inferior (L5 até T12), l5 é o comprimento do segmento do tronco superior (T12 até C7), l6 é o comprimento do segmento da clavícula (C7 até ombro), l7 é o comprimento do segmento do braço, l8 é o comprimento do segmento do antebraço e l9 é o comprimento do segmento da mão. � movimento angular do tornozelo, movimento angular do joelho, � movimento angular do quadril, A movimento angular da lombar, B movimento angular torácica, C movimento angular esternoclavicular, D movimento angular do ombro, E movimento angular do cotovelo e F movimento angular do punho.
63
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;� × sen��� � ⋯
; × sen�� � � � ⋯
;� × sen�� � � �� � ⋯
;A × sen�� � � � � A� � ⋯
;B × sen�� � � � � A � B� � ⋯
;C × sen�� � � � � A � B � C� � ⋯
;D × sen�� � � � � A � B � C � D� � ⋯
;E × sen�� � � � � A � B � C � D � E� �⋯
;F × sen�� � � � � A � B � C � D � E � F�.
em que l1 é o comprimento do segmento da perna, l2 é o comprimento do segmento da coxa, l3 é o comprimento do segmento da pelve (trocanter até L5), l4 é o comprimento do segmento do tronco inferior (L5 até T12), l5 é o comprimento do segmento do tronco superior (T12 até C7), l6 é o comprimento do segmento da clavícula (C7 até ombro), l7 é o comprimento do segmento do braço, l8 é o comprimento do segmento do antebraço e l9 é o comprimento do segmento da mão. � movimento angular do tornozelo, movimento angular do joelho, � movimento angular do quadril, A movimento angular da lombar, B movimento angular torácica, C movimento angular esternoclavicular, D movimento angular do ombro, E movimento angular do cotovelo e F movimento angular do punho.
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B- Modelo geométrico para a posição da caneca no espaço.
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;� × cos��� � ⋯
; × cos�� � � � ⋯
;� × cos�� � � �� � ⋯
;A × cos�� � � � � A� � ⋯
;B × cos�� � � � � A � B� � ⋯
;C × cos�� � � � � A � B � C� � ⋯
;D × cos�� � � � � A � B � C � D� � ⋯
;E × cos�� � � � � A � B � C � D � E� � ⋯
;F × cos�� � � � � A � B � C � D � E � F� � ⋯
;�� × cos�� � � � � A � B � C � D � E � F � ���.
em que l1 é o comprimento do segmento da perna, l2 é o comprimento do segmento da coxa, l3 é o comprimento do segmento da pelve (trocanter até L5), l4 é o comprimento do segmento do tronco inferior (L5 até T12), l5 é o comprimento do segmento do tronco superior (T12 até C7), l6 é o comprimento do segmento da clavícula (C7 até ombro), l7 é o comprimento do segmento do braço, l8 é o comprimento do segmento do antebraço, l9 é o comprimento do segmento da mão e l10 é o comprimento da caneca. � movimento angular do tornozelo, movimento angular do joelho, � movimento angular do quadril, A movimento angular da lombar, B movimento angular torácica, C movimento angular esternoclavicular, D movimento angular do ombro, E movimento angular do cotovelo, F movimento angular do punho e�� movimento angular mão-caneca.
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;� × sen��� � ⋯
; × sen�� � � � ⋯
;� × sen�� � � �� � ⋯
;A × sen�� � � � � A� � ⋯
;B × sen�� � � � � A � B� � ⋯
;C × sen�� � � � � A � B � C� � ⋯
;D × sen�� � � � � A � B � C � D� � ⋯
;E × sen�� � � � � A � B � C � D � E� �⋯
;F × sen�� � � � � A � B � C � D � E � F� � ⋯
;�� × sen�� � � � � A � B � C � D � E � F � ���.
em que l1 é o comprimento do segmento da perna, l2 é o comprimento do segmento da coxa, l3 é o comprimento do segmento da pelve (trocanter até L5), l4 é o comprimento do segmento do tronco inferior (L5 até T12), l5 é o comprimento do segmento do tronco superior (T12 até C7), l6 é o comprimento do segmento da clavícula (C7 até ombro), l7 é o comprimento do segmento do braço, l8 é o comprimento do segmento do antebraço, l9 é o comprimento do segmento da mão e l10 é o comprimento da caneca. � movimento angular do tornozelo, movimento angular do joelho, � movimento angular do quadril, A movimento angular da lombar, B movimento angular torácica, C movimento angular esternoclavicular, D movimento angular do ombro, E movimento angular do cotovelo, F movimento angular do punho e�� movimento angular mão-caneca.
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C- Modelo geométrico para o ângulo da mão (em relação a horizontal).
NãO = � + + � + A + B + C + D + E + F
em que � movimento angular do tornozelo, movimento angular do joelho, � movimento angular do quadril, A movimento angular da lombar, B movimento angular torácica, C movimento angular esternoclavicular, D movimento angular do ombro, E movimento angular do cotovelo e F movimento angular do punho.
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D- Modelo geométrico para o ângulo da caneca (em relação a
horizontal).
Â&-Q;O ).&*). = � + + � + A + B + C + D + E + F + ��
em que � movimento angular do tornozelo, movimento angular do joelho, � movimento angular do quadril, A movimento angular da lombar, B movimento angular torácica, C movimento angular esternoclavicular, D movimento angular do ombro, E movimento angular do cotovelo, F movimento angular do punho e �� movimento angular da mão em relação a caneca.