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EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA ALUNOS DE PRIMEIRO GRAU. AVALIAÇÃO DE MATERIAL PARA ENSINO E PROFILAXIA DA ESQUISTOSSOMOSE* Virginia T. Schall** Pedro Jurberg** Elizabeth M.Almeida*** Clarice Casz*** Fátima G. Cavalcante*** Silvana Bagno*** SCHALL, V. T. et al. Educação em saúde para alunos de primeiro grau. Avaliação de material para ensino e profilaxia da esquistossomose. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 21:387-404, 1987. RESUMO: Considerando a importância da informação sobre a esquistossomose para alunos de 7 a 15 anos, faixa etária apontada como de alta prevalência em regiões endê- micas e cujos hábitos colaboram para a disseminação da doença, foi elaborado um material de ensino baseado em um texto de conotação literária, o qual foi aplicado em escolas de região considerada foco isolado da doença no Município do Rio de Janeiro (Brasil). Desenvolveu-se uma metodologia de uso do material a ser empregada pelos professores, que resultou eficaz em promover aprendizagem de conceitos e cuidados básicos em relação à esquistossomose. Propõe-se o uso deste processo para outras doenças para- sitárias a serem testadas em áreas caracteristicamente endêmicas. UNITERMOS: Educação em saúde, métodos. Saúde escolar. Esquistossomose, pre- venção e controle. Materiais de ensino. * Trabalho elaborado com auxílio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq Proc. 30.0074/81, 10.0225/84 e PIDE VI) e da Coordenação de Aperfei- çoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES (PADCT/CAPES-PI 246/85). Apresentado na XXXVI Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência SBPC, São Paulo, 1984. **Departamento de Biologia do Instituto Oswaldo Cruz. Caixa Postal 926 — 21040 — Rio de Janeiro, RJ Brasil. *** Laboratório de Comportamento Humano e Animal do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro 20000 — Rio de Janeiro, RJ — Brasil. INTRODUÇÃO Sendo a esquistossomose uma endemia que vem se expandindo no Braisl nos últimos anos, torna-se necessário, em paralelo às pesquisas a ela voltadas, estabelecer medidas sanitárias, médicas e educativas que possam auxiliar seu controle. Estudos sobre essa doença, no Brasil, têm mostrado sua alta prevalência na faixa de 6 a 20 anos de idade (Pellon e Teixeira 31 , 1953; Cotta e Andrade 10 , 1967; Paulini e col. 30 , 1967; Vinha 44 , 1968; Castro-Filho e Silveira 6 , 1979; Coura e col. 12 , 1983) o que também ocorre em outros países, como no Egito (Farooq e Samaan 16 , 1967), na Etiópia (Polderman 35 , 1974) e na Nigéria (Ejezie e Ade-Serrano 15 , 1981), dentre outros. Tal é a importância do segmento infanto-juvenil da população, que a faixa etária de 7 a 14 anos foi adotada como parâmetro operacional para as atividades de controle, onde a prevalência é investigada pe- la SUCAM (Superintendência de Campanhas em Saúde Pública) em nosso país (Castro-Filho e Silveira 6 , 1979). Esta alta prevalência está ligada ao contato com a água que, em geral, é maior entre crian- ças e jovens. Deve-se considerar que, nessa faixa etária, não estão bem consolidados os hábitos de higiene e é grande a freqüência a rios, lagoas, etc., principalmente em áreas me- nos desenvolvidas, onde são poucas as opções de lazer. Estes fatores contribuem para a aqui- sição da doença, como mostram os estudos de índices de transmissão da esquistossomose em crianças de 10 anos ou menos (Pessoa e Amo- rim 34 , 1957; Persigan e col. 33 , 1958; Conceição e Coura 7 , 1978; Meneses e Coura 26 , 1979).

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Page 1: EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA ALUNOS DE PRIMEIRO ......e exercícios para verificar a adequação da lin-guagem, medir a compreensão e a aprendi-zagem. MATERIAL E MÉTODOS Local de Estudo

EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA ALUNOS DE PRIMEIRO GRAU.AVALIAÇÃO DE MATERIAL PARA ENSINO E PROFILAXIA

DA ESQUISTOSSOMOSE*

Virginia T. Schall**Pedro Jurberg**Elizabeth M.Almeida***Clarice Casz***Fátima G. Cavalcante***Silvana Bagno***

SCHALL, V. T. et al. Educação em saúde para alunos de primeiro grau. Avaliação dematerial para ensino e profilaxia da esquistossomose. Rev. Saúde públ., S. Paulo,21:387-404, 1987.

RESUMO: Considerando a importância da informação sobre a esquistossomose paraalunos de 7 a 15 anos, faixa etária apontada como de alta prevalência em regiões endê-micas e cujos hábitos colaboram para a disseminação da doença, foi elaborado ummaterial de ensino baseado em um texto de conotação literária, o qual foi aplicado emescolas de região considerada foco isolado da doença no Município do Rio de Janeiro(Brasil). Desenvolveu-se uma metodologia de uso do material a ser empregada pelosprofessores, que resultou eficaz em promover aprendizagem de conceitos e cuidados básicosem relação à esquistossomose. Propõe-se o uso deste processo para outras doenças para-sitárias a serem testadas em áreas caracteristicamente endêmicas.

UNITERMOS: Educação em saúde, métodos. Saúde escolar. Esquistossomose, pre-venção e controle. Materiais de ensino.

* Trabalho elaborado com auxílio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico (CNPq — Proc. 30.0074/81, 10.0225/84 e PIDE VI) e da Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de Nível Superior — CAPES (PADCT/CAPES-PI 246/85).Apresentado na XXXVI Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência —SBPC, São Paulo, 1984.**Departamento de Biologia do Instituto Oswaldo Cruz. Caixa Postal 926 — 21040 — Rio de Janeiro,RJ — Brasil.

*** Laboratório de Comportamento Humano e Animal do Instituto de Psicologia da Universidade doEstado do Rio de Janeiro — 20000 — Rio de Janeiro, RJ — Brasil.

INTRODUÇÃO

Sendo a esquistossomose uma endemia quevem se expandindo no Braisl nos últimos anos,torna-se necessário, em paralelo às pesquisasa ela voltadas, estabelecer medidas sanitárias,médicas e educativas que possam auxiliar seucontrole.

Estudos sobre essa doença, no Brasil, têmmostrado sua alta prevalência na faixa de 6a 20 anos de idade (Pellon e Teixeira31, 1953;Cotta e Andrade10, 1967; Paulini e col.30, 1967;Vinha44, 1968; Castro-Filho e Silveira6, 1979;Coura e col.12, 1983) o que também ocorreem outros países, como no Egito (Farooq eSamaan16, 1967), na Etiópia (Polderman35,1974) e na Nigéria (Ejezie e Ade-Serrano15,1981), dentre outros. Tal é a importância dosegmento infanto-juvenil da população, que a

faixa etária de 7 a 14 anos foi adotada comoparâmetro operacional para as atividades decontrole, onde a prevalência é investigada pe-la SUCAM (Superintendência de Campanhasem Saúde Pública) em nosso país (Castro-Filhoe Silveira6, 1979).

Esta alta prevalência está ligada ao contatocom a água que, em geral, é maior entre crian-ças e jovens. Deve-se considerar que, nessafaixa etária, não estão bem consolidados oshábitos de higiene e é grande a freqüência arios, lagoas, etc., principalmente em áreas me-nos desenvolvidas, onde são poucas as opçõesde lazer. Estes fatores contribuem para a aqui-sição da doença, como mostram os estudos deíndices de transmissão da esquistossomose emcrianças de 10 anos ou menos (Pessoa e Amo-rim34, 1957; Persigan e col.33, 1958; Conceiçãoe Coura7, 1978; Meneses e Coura26, 1979).

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Além disso, os portadores de esquistossomosenesta faixa etária são grandes eliminadores deovos do Schistosoma mansoni, muitas vezessobrepondo as taxas de adultos (Rey38, 1956;Katz e col.19,20, 1978, 1980 e Costa e col.9,1980). Desta forma, tanto os hábitos quanto afisiologia contribuem para que as criançasparticipem ativamente na manutenção do ciclode transmissão da doença. Castro-Filho e Sil-veira6 (1979) mostraram que no tratamentocoletivo de uma população, 80% dos casospersistentes são de menores de 14 anos e, nes-sa faixa, constata-se que, dos 90% de cura45 dias após a medicação, ocorre um decrés-cimo para 40%, 365 dias depois.

Considerando que um grande número decrianças e jovens freqüenta hoje alguma escolade primeiro grau, ressalta-se a ausência de in-formação sistemática adequada sobre a doen-ça nas séries de primeira a quinta. Esta evi-dência foi observada ao se analisar o documen-to: "Apoio a Elaboração do Currículo Pleno— Bases para o ensino de primeiro grau —Ciências, 1980"*. Embora o programa conte-nha em sua introdução a afirmativa de que a"Saúde e a Ecologia" sejam as "linhas mestrasde trabalho", verificou-se que a subárea deno-minada "Defesa da Saúde" representa apenas11% dos itens gerais de Ciências. Apenas na6a série é incluído o ensino de doenças para-sitárias, não se levando em conta que faixasetárias menores (7 a 12 anos) estão vulneráveisà aquisição de tais moléstias, porque além deestarem sujeitos a condições socioeconômicasprecárias, faltam-lhes informações adequadas.Além disso, não se registra nenhuma atençãoespecífica para o ensino sobre doenças quesão endêmicas na circunvizinhança de certasescolas. Isto foi comprovado em entrevistascom professores de primeira a quarta sériesdo primeiro grau de escolas situadas em áreasconsideradas focos isolados da esquistossomoseno Rio de Janeiro, como o Alto da Boa Vistae Jacarepaguá. Muitos dos professores não pos-suíam conhecimentos básicos sobre a doençae desconheciam a sua prevalência naquelasáreas.

Outro fato observado está na carência demateriais didáticos específicos sobre a doença,que possam dinamizar e motivar o ensino, ge-rando maior interesse e participação dos alunos.

Quanto à esquistossomose, a educação sa-nitária se justifica, em paralelo às demais me-didas (controle dos vetores e trematódeos, sa-

neamento, tratamento médico da populaçãoinfectada, entre outr , pois como se temenfatizado, esta doenç o se deve apenas àpermanência dos caramujos e pessoas doentes,mas aos hábitos, costumes e tradições das po-pulações que favorecem sua disseminação atra-vés da poluição fecal do solo e das águas usa-das para diversos fins, como banho, lavagemde roupa, lazer, pesca, etc. Salienta-se aindao fato de a doença provocar sintomas tole-ráveis pelo indivíduo e não representar amea-ça fatal de morte a curto prazo, o que nãogera, no mesmo, atitudes de evitá-la. Green17

(1982) aponta 3 fatores que influenciam ocomportamento relativo à saúde por interven-ção educacional como: fatores de predisposi-ção (conhecimentos, atitudes, opiniões, cren-ças e percepções, cabendo à educação apontaras inconstâncias nos valores e erros na percep-ção da realidade); fatores de capacitação (ha-bilidades e outros recursos requeridos peloaprendiz para levar adiante a ação, quandomotivado); fatores de reforçamento (recom-pensas sociais advindas da mudança compor-tamental).

Neste sentido, desenvolveu-se um materialeducativo que atingisse os fatores de predis-posição, o qual foi testado quanto à sua efi-ciência em provocar mudanças conceituais,esclarecendo sobre atitudes incorretas e apon-tando alternativas preventivas. O material edu-cativo desenvolvido visa oferecer às criançasnoções básicas sobre esquistossomose como:— papel das fezes na contaminação do soloe das águas; — que a doença é adquirida emambientes aquáticos onde exista o caramujohospedeiro; — que esta limita a capacidadede aprender e trabalhar; — que tem cura,mas pode ser readquirida através de novoscontatos; — reforçar comportamentos alterna-tivos para evitar a doença, incentivando adivulgação do conhecimento à comunidade eparticipação em medidas profiláticas.

O exemplo de asseio ambiental como, usarlocais distantes das águas e cobrir as fezesquando eliminadas em ambiente natural, aoinvés de sugerir sair em busca de um banheiro,no caso da criança que brinca longe de casa,é uma forma de oferecer uma alternativa quenão cause conflito em relação aos padrões decomportamento já estabelecidos, como reco-menda Knutson21 (1953). Como apontam Cou-tinho e Pimont13 (1981), o fracasso na educaçãosanitária deve-se à "inoperância do conheci-mento adquirido em termos de modificação

* Documento elaborado pela Secretaria de Educação da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, RJ.Dados inéditos.

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de práticas de vida muito antigas e sedimen-tadas, como as que implicam em riscos decontaminação (banho de rio, pesca, etc. .)".A "mensagem" neste caso, parecerá "sem uso"porque os indivíduos não têm alternativassubstitutas para os seus hábitos.

Além do conteúdo da mensagem transmi-tida pelo material, procurou-se testar a suaadequação à faixa etária a que se destina,quanto à linguagem e ilustrações, atendendoao que define Oliveira28 (1979) sobre os ma-teriais ou meios instrucionais, que devem ser"instrumentos físicos que possibilitem a trans-missão de estímulos necessários à aprendiza-gem, visando reforçar orientações e facilitaro processo ensino/aprendizagem". Portanto,sua adequação tem suma importância para quese alcance as metas ou objetivos pretendidos.

Objetivou-se, portanto, neste trabalho, me-dir a eficácia do material quanto ao seu papelde motivar a criança, mobilizando a sua aten-ção sobre o assunto focalizado, de transmitircorretamente as informações através de umalinguagem acessível à compreensão infantil ede permitir uma assimilação mais duradourados novos conhecimentos através de atividadesextra-curriculares. Para tal, foi utilizada a téc-nica de observação de comportamento dos alu-nos da amostra submetida ao teste, atividadese exercícios para verificar a adequação da lin-guagem, medir a compreensão e a aprendi-zagem.

MATERIAL E MÉTODOS

Local de Estudo e Amostra

O projeto foi executado no Alto da BoaVista, área considerada foco isolado da esquis-tossomose na cidade do Rio de Janeiro (Courae col.11, 1970; Paes e col.29, 1970; Schall ecol.41, 1985), em três escolas da Rede Muni-cipal de Ensino. As escolas testadas, designa-das como JSA, MM e MV, estão situadas nas

imediações de riachos e hortas irrigadas, ondesão encontrados caramujos da espécie Biom-phalaria tenagophila (Mapa detalhado da re-gião em Schall e col.41, 1985).

O material foi testado em uma amostra de231 escolares, de 3a a 5a séries do primeirograu (Tabela 1), sendo quatro turmas de 3a

série, três de 4a e duas de 5a. A faixa etáriavariou de 8 a 15 anos, supondo-se adequadaao tipo de texto aplicado.

Nas Escolas JSA e MV a amostra foi sub-dividida em dois grupos, sendo 3 classes sub-metidas ao material de controle e 3 (equiva-lentes quanto à série e características geraisdos alunos, como aproveitamento acadêmico,classe socioeconômica, idade e local de mora-dia, como condições de padronização das va-riáveis da amostra) submetidas ao materialexperimental. Nas 3 classes da Escola MM foitestado apenas o material experimental.

Participaram da pesquisa 8 professores, cujocomportamento foi observado durante a apli-cação dos materiais em sala de aula, para quese pudesse avaliar características como: formade aplicação, conhecimento demonstrado, re-cursos didáticos, motivação, controle de tur-ma, observações estas que poderiam influir nosresultados, atuando como variáveis interve-nientes no processo.

Material

Foram utilizados os seguintes materiais:a. Uma ficha de entrevista, para obtenção

de dados da amostra de escolares refe-rentes à situação socioeconômica, carac-terísticas da habitação, conceito de saú-de, hábitos de higiene e conhecimentoprévio sobre a esquistossomose.

b. Um texto infantil denominado "O Fei-tiço da Lagoa"*, escrito por Schall40,1982, ilustrado por J. R. Mac Cord, foi

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utilizado como material experimental.O texto em verso (do tipo cordel) con-ta a história de um menino sadio queadquire a esquistossomose ao entrar emuma lagoa a convite de amigos, o queprovoca mudanças em sua vida. Levadoao médico, esclarecido sobre a doença(que pensa ser um feitiço) e curado,retorna à escola, transmite os conheci-mentos e propõe divulgação na cidadee reivindicação de melhoria nas condi-ções da lagoa (Fig. 1).

c. Folheto instrutivo sobre a esquistosso-mose da SUCAM (Fig. 2a-b), foi utili-lizado como material de controle.

d. Materiais adicionais: — Folha padrãocom reprodução reduzida das ilustra-ções da história, para avaliar a retençãodo enredo, nas turmas experimentais;— Suplemento de trabalho — (série di-versificada de exercícios do tipo com-pletar palavras cruzadas e outros, paraavaliação da aprendizagem nas turmasexperimentais e controle); — Modelo docaramujo transmissor da doença pararecortar e montar por colagem; — Ilus-trações do texto ampliadas, afixadas emcartolina, para uso do professor ao apre-sentar a história; — Folheto de instru-ção sobre método de aplicação para osprofessores das turmas experimentais ede controle.

e. Material para exame de fezes da amos-tra: frascos plásticos para coleta de fe-zes e fichas de resultado do exame.

Procedimentos

O plano geral de pesquisa baseou-se no mo-delo de Solomon (Matheson e col.25, 1970 —Tabela 2) adequado aos estudos nos quais énecessário obter uma medida anterior (pré--teste) ao tratamento experimental, o que podefuncionar como uma variável independente emsi e alterar os resultados, já que os alunosentrevistados anteriormente podem ficar maisatentos às aulas sobre o assunto e apresenta-rem melhor rendimento. Desta forma, doisterços da amostra (sorteados aleatoriamente)foram subdivididos em 4 grupos, sendo 2 decontrole e 2 experimentais e dentre estes, ape-nas um submetido a entrevista anterior (pré--teste) e todos os 4 à entrevista posterior (pós--teste). Tanto os alunos do grupo de controle

quanto os do grupo experimental provinhamdas mesmas séries, e com características geraissemelhantes (faixa etária, classe social, rendi-mento escolar, bairro de origem). Portanto, aamostragem foi por emparelhamento no pri-meiro estágio. No segundo estágio, para es-colher os alunos a serem entrevistados, utili-zou-se de uma amostragem aleatória simples,através de sorteio por computador.

Seguindo tal orientação, o trabalho foi rea-lizado em três etapas, sendo:

1a etapa: Aplicação da entrevista anteriorem um terço da amostra (Grupo I), totalizan-do 79 escolares, escolhidos por uma tabelade números aleatórios, após listagem de todosos indivíduos das turmas experimentais e decontrole.

Os entrevistadores foram previamente trei-nados para homogeneizar a maneira de seproceder a entrevista, que foi realizada orale individualmente. A entrevista constou de 22questões relacionadas à habitação, estruturafamiliar, atividades extra-escolares, conceito desaúde, cuidados em relação à saúde, reconhe-cimento do caramujo hospedeiro e conheci-mento sobre a esquistossomose. As questõessobre habitação foram feitas após solicitaçãodo desenho da própria casa do aluno. Diantedo desenho, o entrevistador solicitava que oaluno indicasse os cômodos (número e tipo,por exemplo: uma sala, dois quartos, etc.).Por último perguntava-se pelo banheiro, se eradentro ou fora de casa ou se não havia. Sobreas atividades extra-escolares era investigado otipo de atividade que o aluno fazia fora dohorário da escola, como trabalhos ou brinca-deiras. Quanto à saúde foram feitas três ques-tões: 1) o que é saúde para você, 2) comomantém ou cuida de sua saúde, 3) o que fazpara evitar adoecer. Também foi perguntadosobre o hábito de tomar banho ou nadar emáguas de ambientes naturais e quais os mo-tivos para tal. Para o reconhecimento do cara-mujo hospedeiro, eram apresentados ao alunodois exemplares de Biomphalaria tenagoghila(o hospedeiro intermediário da esquistossomo-se na região) em uma placa de petri comalgodão umidecido. Diante do animal, pergun-tava-se ao aluno se já o havia visto, em quelocais, se ele podia causar algum mal e quetipo de doenças. Sobre a esquistossomose, per-guntava-se: "Você sabe o que é esquistosso-mose?" Além das questões, o entrevistador

* O texto "O Feitiço da Lagoa" já está publicado pela Edições Antares, Rio de Janeiro, 1986, inte-grando a coleção "Ciranda da Saúde", financiada pelo PADCT/CAPES — Subprograma Educa-ção para a Ciência.

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registrava observações sobre a aparência, lim-peza e desembaraço do aluno.

A entrevista era iniciada por um "rapport"para amenizar atitudes de timidez ou inibiçãodo aluno. Depois, procedia-se às questões, ano-tando-se as respostas em uma folha de ofíciodividida verticalmente ao meio. As respostaseram anotadas do lado esquerdo do papel. Dolado direito eram registradas as perguntas fei-tas pelos alunos e a resposta dada pelo entre-vistador, para avaliar as possíveis variaçõesno padrão de entrevista estabelecido ou neces-sidade de mudança da estrutura de algumaquestão.

Nesta etapa também foi realizado o levan-tamento croposcópico de toda a amostra, paraavaliar a prevalência da esquistossomose e deoutras parasitoses intestinais nesses escolares,cujos resultados foram descritos por Schall ecol.41 (1985). Os escolares positivos foram en-caminhados ao Posto de Saúde do local, paratratamento.

2a etapa: Aplicação da história nas turmasexperimentais e do folheto da SUCAM nasturmas de controle: Toda a amostra foi subme-tida a um dos tratamentos (experimentais oucontrole).

Na Escola JSA os professores aplicaram osmateriais segundo métodos próprios. O métodoque resultou mais eficaz na turma experimen-tal foi recomendado aos professores da EscolaMM, onde só se aplicou a história.

Na Escola MV, o mesmo professor aplicouo tratamento experimental para uma turma econtrole para outra, portanto, a sua atuaçãopermitiu equalizar esta outra fonte de variação,sendo, portanto, este professor controle de simesmo.

Nesta etapa foram realizadas sessões de ob-servação de comportamento dos professores e

alunos em sala de aula para acompanhamentodas atividades nas turmas experimentais e decontrole. O método de observação, o catálogode categorias comportamentais desenvolvidos eos resultados foram descritos (Schall e col.*,1987).

3a etapa: Aplicação da entrevista posterior.

A entrevista posterior foi aplicada 6 mesesapós a 2a etapa (semestre seguinte), aos mes-mos escolares entrevistados na 1a etapa (Gru-po I), totalizando 70 alunos, sendo 9 a menosdo que naquela fase, devido à evasão escolar(Tabela 1 — Grupo I).

Nessa etapa foram repetidas as questões daentrevista anterior relativas ao conhecimentodo caramujo transmissor e sobre a esquistos-somose, e foram incluídas outras sobre ava-liação geral da história ou folheto. Outro sub-grupo da amostra, quantitativamente seme-lhante ao anterior (Tabela 1 — Grupo II),totalizando 72 alunos, foi selecionado aleato-riamente e submetido apenas à entrevista pos-terior, utilizando-se o questionário completo eas demais questões de avaliação do material.Como previsto pelo planejamento experimen-tal (Modelo de Solomon25 — Tabela 2) os da-dos dessa amostra foram comparados aos da-dos da amostra entrevistada anteriormente afim de verificar se a entrevista anterior pode-ria ter funcionado como variável intervenienteno processo de aprendizagem. Esta amostra(Grupo II) funcionou como controle da amos-tra entrevistada "antes e depois".

Metodologia de Análise

Os dados relativos às entrevistas, exercícios,redações, outras atividades relacionadas aostextos utilizados, e derivados de observação

* Trabalho realizado por V. T. Schall; P. Jurberg; F. G. Cavalcante; S. Bagno; E. M. Almeida; C. Casz,intitulado "A observação de comportamento como auxílio à avaliação de um programa de educa-ção sanitária em implantação". Dados inéditos.

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de comportamento de professores e alunos, fo-ram sumarizados em tabelas e gráficos. Otratamento estatístico envolveu a prova deMcNemar (Siegel43, 1977) para a significânciade mudanças, aplicável a planejamentos do ti-po "antes e depois", em que o indivíduo éutilizado como seu próprio controle. Esta pro-va foi aplicada às questões da entrevista, daamostra submetida à entrevista anterior e pos-terior para medir a significância das mudançasde conhecimento provocadas pelo materialtestado.

A comparação estatística dos dados entre aamostra 1 e 2 foi avaliada pelo teste de x2

(qui-quadrado) para 2 grupos independentes(Tabela de Contigência).

As cartas e redações, feitas pelos alunosapós a segunda etapa, foram analisadas segun-do Lefrève22 (1980) através de critérios tipo-lógicos descritivos.

RESULTADOS

Dados Gerais da Amostra

Em geral, as crianças entrevistadas perten-ciam a famílias de nível socioeconômico baixo,constatado pelas profissões dos pais, dos quais61,7% se distribuíam entre operários, comer-ciários e serventes, outros 10,3%, em biscatesdiversos, não estando disponíveis os dados de28,0% dos pais. Quanto a profissão das mães,59,8% eram domésticas e o restante subdi-vidia-se entre comerciárias, operárias e auxi-liares de enfermagem, cabeleireiras, etc. O le-vantamento sobre número de filhos, por fa-mília, revelou que 63,3% tem de 1 a 4 filhos,31,6% de 5 a 8 e 5,1% de 9 a 12.

Análise das Entrevistas

Foram analisadas no presente trabalho ape-nas as questões de entrevista diretamente rela-cionadas ao conhecimento sobre a esquistos-somose. Uma destas questões investiga sobreo hábito de banho em ambientes naturais. Aanálise das respostas do Grupo I, a esta ques-tão (I), entre a entrevista anterior e posteriorrevelou mudança significativa de opinião nasturmas experimentais e de controle (Teste deMcNemar — Tabela 3). Constatou-se um gran-de número de escolares (41%-turmas experi-mentais e 57%-turmas controle) que antes res-pondeu sim, e passou a responder não após aaplicação do material instrucional. Portanto,na entrevista posterior, verificou-se que maisde 80% dos alunos diziam não tomar banhoem lagoas ou rios (Tabela 4), não se obser-vando diferença significativa entre as respostasdos Grupos I e II, tanto nas turmas experi-mentais quanto nas de controle teste qui-qua-drado — Tabela 4).

A investigação dos motivos para banhar-seou não em ambientes naturais permitiu veri-ficar que entre os alunos que responderamsim, a maioria (acima de 50%) o fazia pormotivos de lazer ("para refrescar quando estácalor". ., etc.), outros (cerca de 17%) pormotivos sociais (convite de amigos), ou pornecessidade (acima de 15%), estes justificandoa ausência de banheiro ou água encanada emcasa. Os motivos dados para as respostas ne-gativas (não banhar-se em ambiente natural —Tabela 5), referem-se a proibição (dos pais ouresponsáveis); consciência do perigo quanto apoluição, sujeira ou transmissão de doenças,(que aumentou no grupo I, após a aplicaçãodo material instrucional) e justificativas passi-

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vas como "não gosta", "não tem costume","não existe local apropriado próximo de casa",motivos esses que são menos referidos na entre-vista posterior em relação à entrevista anterior(Tabela 5).

Quanto às questões sobre o reconhecimentodo caramujo exibido ao vivo a cada aluno, ese o mesmo poderia causar algum mal, verifi-cou-se, na entrevista anterior, que 51,0% e57,1% dos alunos das turmas experimentais econtroles respectivamente, afirmavam conhe-cer o animal e 69,4% (experimental) e 42,8%(controle) achavam que causaria algum mal.Já na entrevista posterior, 81,6% (experimen-tal) e 71,4% (controle) da amostra reconheciao animal e 87,7% (experimental) e 95,0%(controle) afirmava que o mesmo causava al-

gum mal. Não se observou, para as duas ques-tões, diferenças significativas entre os gruposI e II*, tanto nas turmas de controle e experi-mentais (teste de qui-quadrado, Tabela 4). Amudança de respostas, entre a entrevista an-terior e posterior, foi significativa para a ques-tão II (teste de McNemar — Tabela 5) nasturmas experimentais, sendo as respostas insu-ficientes para tratamento estatístico nas turmasde controle. Para a questão III, tal mudançafoi significativa tanto para as experimentaisquanto controles (Tabela 3).

Dos alunos que responderam já conheceremo caramujo, na entrevista anterior, 68% apon-tou locais que não correspondem ao "habi-tat" do animal, como "perto de casa" (36%)e "ambientes terrestres" (32%). Já na entre-

* Grupo I (alunos sorteados aleatoriamente e submetidos a entrevista anterior e posterior).Grupo II (alunos sorteados aleatoriamente, quantitativa e qualitativamente equivalentes aos do Grupo I,

submetidos apenas à entrevista posterior).

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vista posterior, o local mais citado foi relativoa "ambientes aquáticos", sendo 64% (GrupoI) e 52% (Grupo II — Tabela 6).

Quanto à questão III, observou-se que gran-de parte dos alunos (54,1%), na entrevistaanterior, não sabia que tipo de mal poderiacausar o caramujo, 9,5% o associavam atransmissão de vermes e/ou micróbios e33,8% a doenças incorretas e apenas 2,7%a transmissão de esquistossomose (Tabela 7).Na entrevista posterior, tanto para o Grupo Iquanto o II, ocorreu mudança considerável nasrespostas, 73,5% dos alunos passaram a asso-ciar o animal à transmissão de doenças, e des-tas, 22,4% à esquistossomose (Tabela 7).

Ao se investigar o conhecimento que os alu-nos tinham da esquistossomose, apenas 16%(turmas experimentais) e 18% (turmas contro-les) responderam afirmativamente, na entrevis-ta anterior. Analisando-se a mudança de res-postas entre a entrevista anterior e posterior(Grupo I), verificou-se mudança significativanas turmas experimentais (teste de McNemar,Tabela 3), em que 36% que antes responderamnão saber, passaram a fazê-lo. Já nas turmas

de controle, registrou-se que apenas 14,3%dos alunos mudaram de opinião, e as respostasforam numericamente insuficientes para trata-mento estatístico.

Analisando-se as alternativas dadas pelosalunos à palavra "xistosomose", verificou-sena entrevista anterior que 62,5% referiram-sea uma doença, sem especificar sintomas ourelacionando sintomas incorretos, o que naentrevista posterior decresce para 35,5% noGrupo I e 47,6% no Grupo II (Tabela 8).Quanto à identificação da doença com sinto-mas corretos, não se registrou tal alternativana entrevista anterior, entretanto, após a apli-cação do material, verificou-se 45,2% para oGrupo I e 16,7% para o Grupo II nesta cate-goria (Tabela 8).

Ao final da entrevista posterior, foi solici-tado aos alunos um relato sobre o que haviamaprendido sobre a história (experimental) e ofolheto (controle). Estes relatos foram avalia-dos considerando-se os seguintes níveis: NívelI: Mais de 80% do conteúdo transmitido,quando se mencionava pelo menos cinco itensdentre os seis referidos a seguir: 1) sintomas

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da doença; 2) hábitos que levam à contami-nação de si e do meio; 3) características docaramujo transmissor; 4) tipo de exame paradetectar a doença; 5) tratamento e 6) medi-das sanitárias. Nível 2: Entre 55 a 75% doconteúdo acima mencionado (pelo menos qua-tro itens); Nível 3: 50% do conteúdo trans-mitido (três itens); Nível 4: Distorção do con-teúdo, onde eram relacionados conteúdos in-corretos e fantasias, como permanecer asso-ciando a doença ao feitiço, ou outras; Nível 5:Esquecimento do conteúdo.

Os resultados estão sumarizados na Tabela9, para os Grupos I e II, turmas experimentaise de controle.

O somatório dos níveis 1, 2 e 3, que abran-gem mais de 50% do conteúdo corretamentetransmitido, revelou que para as turmas expe-

rimentais corresponde a 79,2% (Grupo I) e73,6% (Grupo II), portanto, a maioria mos-trou boa retenção da história. Para as turmasde controle o somatório correspondeu a 43,8%(Grupo I) e 62,5% (Grupo II), o que repre-senta pelo menos cerca de metade dos alunoscom boa retenção. Verificou-se maiores per-centuais de distorção e esquecimento do con-teúdo nas turmas de controle em relação àsexperimentais (Tabela 9). Não se observou di-ferença significativa para os valores da amos-tra experimental, entre os Grupos I e II (testequi-quadrado — Tabela 9).

Análise das Redações Livres e Cartas, dosExercícios e Redações com Auxílio deFiguras

Através da classificação de Lefrève21 (1980)foram quantificados os textos com mensagem

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negativa (onde se apontam os comportamentosque devem ser evitados); com mensagem mista(que relacionam os comportamentos a seremevitados e as alternativas corretas, do tipo "nãofaça isso, faça aquilo"); e com mensagem po-sitiva (apenas os comportamentos corretos sãoapontados). Os resultados mostraram que70,9% dos textos das turmas experimentais e48,8% das turmas de controle emitem men-sagens negativas (o que deve ser evitado), taiscomo: "não tomar banho em rio contaminado,não defecar a céu aberto, ..."). Para as men-sagens de conteúdo misto, foram encontradas25,5% (experimental) e 43,9% (controles)(Fig. 3), e para as de conteúdo positivo, 7,3%(controles) e 3,6% (experimentais). Verificou--se também que, no total, 57,1% das mensa-gens são de cunho didático e, dentre estas,71% provêm das quintas séries e 29,0% daterceira série. Tal atividade não foi realizadanas 4a séries. Pode-se concluir, portanto, queos conceitos de prevenção e ações corretas fi-caram contrabalançadas no controle (folheto),e na experimental (história) houve mais ênfasena prevenção.

Analisando-se os exercícios realizados apósa aplicação da história ou folheto, verificou-se

que, para as turmas de controle, o que chamoumais atenção quanto à esquistossomose foi sa-ber que na fase mais grave desta, o doentetem o baço e fígado aumentados, podendoapresentar "barriga d'água" (28,9%) e que, oscaramujos que parecem inofensivos podem sertransmissores da doença (31,1%), respostas es-tas que totalizaram 60% das alternativas es-colhidas pelos alunos.

Nas turmas experimentais, o que mais cha-mou atenção foi a imagem do gato que temhigiene (47,9%), como, também, descobrirque o feitiço não era real, que o problemaestava "nos bichinhos que ao sair dos cara-mujos causavam doença nas pessoas" (35,4%).Estas alternativas totalizaram 83,3% das res-postas dos alunos. Ainda nessas turmas foisolicitado aos alunos sugestões para ajudar omenino da história na luta contra a doença.As idéias sugeridas pelos alunos foram "botaruma placa no rio onde ele se banha", "faria omesmo que Maneco fez", "avisaria a delegaciapara pôr um guarda tomando conta da lagoae pediria ajuda para fazer uma piscina de águacorrente", "levaria o caramujo na casa daspessoas e explicaria o mal que faz", "montaria

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uma escola onde mostrem os bichos", "con-versaria com as pessoas que entram na lagoa","não lavaria roupas em águas paradas", "pe-diria a todos que ajudassem a acabar com essadoença". As mensagens transmitidas pelos alu-nos após lerem a história foram do tipo: "nãodevemos tomar banho em águas paradas e lu-gares desconhecidos", "eu não conhecia e agra-deço por vocês me explicarem — às vezes euposso estar com essa doença e não saber","devemos fazer fossa em casa", "não fazerfezes em rios e lagoas", "faça como o gato","todos devem ser iguais ao Maneco se esti-verem com a doença", "não lavar roupas enem tomar banho em rios e lagoas".

Nas turmas de controle foi investigado so-bre o que os alunos achavam quanto ao quepodia ser feito para prevenir a doença. Asrespostas obtidas foram: "não ter contato, to-mar banho, lavar roupa, etc.. . , em água quepossa estar contaminada" (41,2%), "evitar po-luir o meio com fezes" (15,3%), "beber sóágua limpa (filtrada ou fervida)" (8,2%), "terhábitos higiênicos" (7,1%), "só tomar banhoem águas limpas ou correntes" (5,9%), "ir aoposto de saúde" (3,5%); 18,7% dos alunosnão responderam.

Foi solicitado às turmas experimentais dasescolas JSA e MM, recontarem a história emuma folha de papel ofício onde foram impres-sas reduzidas as 9 ilustrações do texto "O Fei-tiço da Lagoa". Adjacente a cada ilustraçãohavia espaço para os alunos escreverem o quehaviam memorizado do texto. Estas redaçõescom auxílio de figuras foram analisadas quan-to ao conteúdo, avaliadas em três níveis (1 —boa compreensão; 2 — regular e 3 — semcompreensão) e quanto à linguagem, avaliadapela escrita, com cópia do texto ou por versãoprópria. Tal análise mostrou que, no total,60,0% dos alunos tiveram compreensão boaou regular e 40,0% não foram capazes derecontar adequadamente a história, enquantoque 67,7% escreveram com versão própria e32,3% copiaram o texto. Entretanto, obser-vou-se uma variabilidade de resultados (Ta-bela 10) entre as turmas, como, entre a 3Ae 4B da JSA (Tabela 10), em que, na primeirasérie, 78,3% dos alunos tiveram compreensãoboa ou regular e 91,4% escreveram com ver-são própria, já na segunda apenas 55,0% de-monstraram compreensão e 55,0% escreveramcom versão própria. Também na MM, obser-vou-se tal discrepância, sendo o desempenhoda turma 3B bem menos eficiente do que daturma 3A e principalmente da 4A (Tabela 10).

Análise do Comportamento de Professores eAlunos Observados Durante a Fase de Testedos Materiais

A utilização do material experimental (his-tória) e de controle (folheto) foi acompanhadapela equipe de pesquisadores através de obser-vação do comportamento dos docentes e alu-nos durante as atividades em classe. A meto-dologia de observação adotada baseou-se emHutt e Hutt18 (1974).

A observação teve por objetivos avaliar odesempenho do professor e interesse da turma,os quais poderiam funcionar como variáveisintervenientes no processo de teste e seremresponsáveis pelos resultados independente dequal fosse o material. Além disso, tencionava--se verificar a motivação e envolvimento dosalunos em relação aos materiais e a maneiramais eficiente do professor explorá-los. Umobservador registrava continuamente o com-

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portamento do professor e dois outros regis-travam por intervalo de tempo o de alunosescolhidos aletoriamente na sala de aula.

A análise de todo o registro comportamen-tal permitiu elaborar um católogo de categoriascomportamentais detalhado para avaliar a efi-ciência do professor, a interação com os alu-nos e a participação e interesse destes — oque pode ser útil a outras pesquisas de testesde materiais instrucionais. O repertório com-portamental dos alunos incluiu 31 categoriasde conteúdo verbal emitido, subdivididos em:dúvidas; solicitações; declarações sobre a ati-vidade acadêmica ou extra acadêmica; quanti-ficação dos períodos de conversa sem conteú-dos registrados; contato, e outras. Inclui tam-bém outras categorias referentes a movimentose posturas como: olhar atento; olhar disperso;atividade motora, dirigida, ou paralela, oudispersiva. O comportamento do professor foidescrito em 44 categorias de conteúdo verbalsubdivididos em: explicar; orientar; motivar;advertir e questões alheias a atividade acadê-mica. Também foi quantificada a explanaçãoverbal total do professor, os recursos didáticosutilizados, o comportamento dispersivo e aintervenção verbal do observador, o que, noconjunto, permitiu avaliar a eficiência do pro-fessor. Todas as categorias foram definidasoperacionalmente e as de conteúdo verbalexemplificadas. A descrição completa do catá-logo se encontra em Schall e col.41 (1985).

Algumas das categorias de conteúdo verbalse basearam em descrição de Marturano24

(1984). Como afirma essa autora, é de grandeimportância a influência do professor sobre oaluno nas séries iniciais de escolarização, favo-recendo ou não a sua aprendizagem. A quan-tificação e a análise estatística das categoriasde cada professor em paralelo à de sua res-pectiva turma, denotou a importância da boaapresentação e exploração do material, o quefoi proporcional à aprendizagem na maioriados casos.

Como citado no item b deste artigo, o pro-fessor da turma 3A (escola JSA) tendo sidoo mais eficiente entre 8 estudados, resultou naturma de maior percentual de conteúdo apren-dido. Entretanto, sendo o professor da turma4B, o menos eficiente dos 8 observados, o nívelde aprendizagem de sua turma, avaliada 6meses depois, foi superior ao das turmas tes-tadas com o material de controle (folheto), oque ressalta a qualidade do material experi-

mental (história) de motivar para o conheci-mento, apesar, até certo ponto, da aptidão doprofessor.

Reestruturação do Material e PropostaEducativa mais Ampla

Algumas das atividades realizadas permiti-ram avaliar as partes da história que forambem memorizadas e aquelas que não eramimprescindíveis à compreensão. Como o textoera bastante longo, sofreu um corte seletivotornando o conteúdo mais objetivo e adequadoà faixa etária a que se destina. Resta aindatestar ilustrações diferentes ou até aproveitarilustrações das próprias crianças para comporo livreto. Foi desenvolvido também um guiade leitura para o professor, contendo sugestõesde como melhor aproveitar o texto e realizaratividades posteriores como dramatizações, re-dações, excursões de campo e replicação deexperiências científicas, o que auxilia na me-morização sobre a doença.

Do trabalho surgiram várias propostas, algu-mas das quais pretendemos testar, com a rea-lização de uma "semana da saúde" aprovei-tando a experiência bem sucedida das "Feirasde Ciências". Nesta semana, professores ealunos se reuniriam para expor materiais ex-plicativos, desenvolver atividades de demons-tração dos problemas de saúde da região àcomunidade, convidar conferencistas, realizardramatizações, replicações de experiências ci-entíficas relacionadas aos temas, no sentido dedivulgar o conhecimento às famílias e sedi-mentá-lo nas crianças.

Concursos de redações ou outros poderiamampliar a motivação. Livros como os de Bam-berger4 (1977), Rodari39 (1982), Cunha14

(1983), Milanesi27 (1983), Resende37 (1983) eZilberman45 (1981), dentre outros, sugerem ati-vidades interessantes que poderiam ser adap-tadas a área de saúde, tal como a realizaçãode um juri simulado sobre uma doença, emque especialistas ou estudantes preparados te-cem acusações e defesas em torno do assunto.

Outra sugestão que poderia ser de grandeutilidade seria a criação de uma "ciranda desaúde" baseada no modelo das bibliotecas dotipo "Ciranda de Livros"* cujo sistema vemsendo altamente enriquecedor na área da lite-ratura infantil. Sistema semelhante poderia serdesenvolvido como uma forma de se ler nasescolas um material básico sobre diversas

* Projeto desenvolvido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), pela FundaçãoRoberto Marinho e a Hoechst do Brasil.

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doenças. O encarte plástico conteria exempla-res de histórias sobre as doenças, modelosartificiais com características reais idênticasaos animais transmissores, cartões com dese-nho dos parasitas sob lente de aumento, ma-nual para o professor com sugestões de meto-dologia, cartazes explicativos, reprodução am-pliada de figuras do texto e retratos de pes-soas doentes ressaltando os sintomas. Cadaescola poderia contar com um ou dois dessesencartes, os quais poderiam ser utilizados portodos os professores num sistema de rodízio.Adequações regionais podem ser feitas, hajavista que existem, como para a esquistosso-mose, outros textos disponíveis para aprovei-tamento como o aqui sugerido. Podemos citarcomo exemplo a revista em quadrinho "A festaagora é nossa"1 (1977); Schistosoma o vermedo terror (Silva42, 1975), típica literatura decordel e o "Almanaque da Xistose"2 (1985).

Este sistema poderia ser aplicado a outrasdoenças, como por exemplo, para a doença deChagas, sobre a qual refere-se a história "OVampiro da Noite" (Almeida3, 1978) destina-da a crianças. Estes são exemplos que pode-riam servir de estímulo a criação específicapara outras doenças, o que tornaria mais sis-temático, interessante e lúdico, o ensino sobredoenças parasitárias nas escolas de primeirograu.

DISCUSSÃO

Verificou-se, através das entrevistas, queocorreu mudança significativa de conhecimen-to quanto a aspectos da transmissão, sintomase caracterização da esquistossomose. Entretan-to, a mudança significativa verificada quantoà questão sobre a atitude de banhar-se em riosou águas de outros ambientes naturais nãopode ser interpretada como um indicador demudança de hábito, mas apenas como um ín-dice de aumento de consciência do risco querepresentam tais ambientes para a aquisiçãoda doença. Seria simplista pensar que as crian-ças que antes diziam ter tal hábito, e 6 mesesapós a aprendizagem, passaram a dizer "não",realmente mudaram de atitude. Pode-se ima-ginar que a continuidade do processo educa-tivo e a consolidação de tal conscientizaçãopoderá até conduzir a uma mudança de há-bitos, o que, entretanto, não esteve ao alcancedesta etapa do trabalho.

Quanto ao reconhecimento do molusco ve-tor da esquistossomose, verificou-se uma apren-dizagem maior entre os alunos que viram umexemplar real do animal. Alunos que apenasviram desenhos do molusco vetor, continua-

ram a associar a doença com qualquer espéciede caramujo ou "caracol", até mesmo terrestresou marinhos, sem adquirir uma noção discri-minada do tamanho e características morfoló-gicas típicas da espécie vetora.

Essa evidência nos leva a discutir a eficiên-cia do ensino através de esquemas e modelosdesenhados que não transmitem aos alunoselementos de discriminação na aprendizagem,mas levam a generalização do conteúdo, de-correndo daí concepções errôneas do tipo:"qualquer molusco transmite doenças". Paraa faixa etária estudada é de grande necessidadeum ensino, o mais concreto possível, com usode materiais que facilitem a discriminação.Isso alertou também quanto às característicasdo parasito (miracídio e cercária) que, emtodos os materiais educativos sobre esquistos-somose, são representados em tamanhos muitomaiores do que os reais, o que induz nascrianças noções incorretas, mesmo que verbal-mente se chame atenção sobre tal deficiênciados desenhos. A aprendizagem visual exerceuma memorização muito marcante e quantomais se aproximar da realidade, tanto melhor.Desenhar lentes de aumento em torno do de-senho das formas jovens do parasito pode serum recurso adequado, que melhora a noçãode tamanho dos animais. Ao especialista podeparecer pouco provável que uma criança, ob-servando um ambiente aquático, procure alicercárias, que, pelos desenhos, imagina seremdo tamanho de peixinhos, mas tal fato ocorrecom freqüência.

Outro ponto observado refere-se às mensa-gens solicitadas aos alunos que aprenderamatravés da história (turmas experimentais) eaqueles que usaram os folhetos da SUCAM(turmas de controle), quanto às providênciasque tomariam em relação a doença. Verificou--se que as mensagens dos primeiros são maiscriativas, envolvendo atitudes de comunicaçãoe sociabilização como os exemplos citados noitem C dos resultados. Já as mensagens dasturmas de controle caracterizam-se por reco-mendações memorizadas do tipo "não fazerisso, fazer aquilo", expressas na própria lin-guagem do folheto. É necessário que tais cui-dados estejam bem estabelecidos, entretanto,a dimensão social de ação que é motivada pelahistória é um avanço importante no sentidode mobilização de atitudes dos alunos.

Por outro lado, sendo o objetivo principaldeste trabalho desenvolver um material edu-cativo sobre uma doença, isto nos remete àquestão da educação para a saúde, a qual, porsua vez, está vinculada à questão da educação

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escolar no Brasil. Reflete-se na educação paraa saúde toda a problemática da educação, que,nas escolas públicas necessita ser repensadacomo um todo mediante a deteriorização pro-gressiva que historicamente se processou, frutoda situação socioeconômica-política do país.

O quadro que atualmente encontramos estábem representado pela recente pesquisa Gal-lup* que mostra as altas taxas de abandonoescolar no Brasil. Esta pesquisa revelou que"de cada 100 brasileiros que atingem a idadeescolar, 74 ingressam na primeira série doprimeiro grau (para 26 faltam escolas ou vagasdisponíveis), apenas 12 chegam ao final doprimeiro grau, 8 chegam à primeira série dosegundo grau e destes apenas a metade concluios 3 anos de duração do curso".

Quanto aos programas de educação para asaúde, os mais elaborados estão restritos aescolas secundárias alcançando assim uma pe-quena percentagem da população em idadeescolar. Torna-se necessário e mesmo indispen-sável, desenvolver materiais e métodos que sedestinem às primeiras séries do primeiro graude forma a ampliar o alcance da educaçãopara a saúde.

No primeiro grau, o programa de educaçãoem saúde está inserido no currículo de Ciên-cias das Secretarias de Educação. O trabalhode Carraher e col.5 (1985) com professores deprimeiro grau, de escolas públicas em Recife,demonstrou que relativamente "pouco tempopor semana é efetivamente utilizado para o en-sino de ciências (cerca de 2h 30 min. oficial-mente, que são reduzidas por problemas dotipo: atraso ou falta do professor e atividadesdispersivas destes)". Além disso, em nenhumadas escolas os alunos compravam os livros deciências, não havia tarefa de observação cien-tífica, e apenas transmissão de informaçõestécnicas, crendo os profissionais que aprenderé memorizar. Outro agravante é o fato de se-rem os programas de ensino feitos pelos pró-prios professores que apenas copiam os índicesdos livros adotados. Os professores queremcumprir o programa ao invés de fazer um pro-grama. Os AA. reforçam a necessidade de sealterar os programas "substituindo conteúdosa serem transmitidos" por "atividades a seremdesenvolvidas". Tal mudança é difícil porqueo professor depende dos textos adotados e,portanto, um projeto que vise melhorar o en-sino de ciências e mais especificamente, da

saúde, precisa oferecer textos alternativos eorientar os professores sobre a sua utilização,textos estes que devem ser pesquisados quantoà sua adequação e eficácia. É preciso levar emconta que, em geral, nas escolas públicas, assalas de aula estão sempre lotadas e os pro-fessores sobrecarregados de trabalho, motivopelo qual os materiais devem ser simples, prá-ticos e relacionados a questões locais, de talforma que possam ser usados sem causar-lhesacréscimo de trabalho. O sucesso na imple-mentação de um programa de educação de-pende de como os professores são treinadose do apoio que recebem na introdução do novomaterial.

Como exemplo, na implementação de pro-gramas de educação populacional, em lugarescomo Baltimore (EUA) e Filipinas, os materiaisdidáticos mais bem sucedidos mostram seraqueles cuja preparação contou com a ajudados próprios professores (Populations Re-ports36, 1982).

Tais programas devem estabelecer comuni-cação estreita com a comunidade onde a escolaestá inserida, trazendo-a para participar ativa-mente dos programas de saúde da comunidade,como recomenda Marcondes23 (1972).

A proposta contida no presente trabalho éuma semente que pode alcançar desenvolvi-mento, uma vez que busca soluções para vá-rios problemas como: atingir maior contingen-te de crianças, sendo os materiais destinadosàs primeiras séries do primeiro grau, e distri-buídos em encartes para uso coletivo nas es-colas, desobrigando o aluno de adquiri-los,oferecer um manual de instrução ao professorque o estimula a desenvolver atividades usan-do a sua própria criatividade e sugerir açõesintegradas com a comunidade local.

AGRADECIMENTOS

A Maurício Carvalho de Vasconcellos e Bra-ni Rozemberg pela colaboração na fase finaldo trabalho e a Ricardo Lourenço-de-Oliveirae Marli Maria Lima pela leitura crítica dotexto. Às diretoras das escolas investigadas:professoras Maria Cristina Burgos Ribeiro, Ma-ria Coeli S. M. Pontes e Luce Diegues, pelacolaboração. Agradecem especialmente à pro-fessora Lygia Lyrio da Cunha cuja aptidão ecriatividade acrescentaram muito a este tra-balho.

* Revista "Veja", 9 de outubro de 1985.

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ABSTRACT: Considering the importance of information about schistosomiasis forstudents 7-15 years old, age groups at risk of exposure to the disease and whose habitscontribute to its spread, a brochure based on a literary text was elaborated and appliedin schools situated within an isolated focus of the disease in Rio de Janeiro, Brazil. Amethod to make use of the material to be employed by the teachers was successful inthe learning of concepts and primary care of schistosomiasis. The use of this method isproposed also in relation to other parasitic diseases to be applied in characteristicallyendemic areas.

UNITERMS: Health education, methods. School health. Schistosomiasis, preventionand control. Teaching materials.

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Recebido para publicação em: 22 /5/1986Aprovado para publicação em: 12/11/1986