cosmozine #1, epidermes - lin lima

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epidermes lin lima

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Zine publicado pela galeria Cosmocopa Arte Contemporânea como registro da exposição Epidermes do artista Lin Lima.

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Page 1: Cosmozine #1, Epidermes - Lin Lima

epidermeslin lima

Page 2: Cosmozine #1, Epidermes - Lin Lima

Caminho das Pedras / 2008fotografia (1/5)75,0 X 75,0cm

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de segunda a sexta, das 10 às 19 horassábados, das 10 às 15 horasShopping Cidade CopacabanaRua Siqueira Campos, 143Sl. 32 (galeria) e Sl. 80 (acervo)Copacabana – Rio de JaneiroTel. +55 21 [email protected]

Diretores ArtísticosFelipe Barbosa e Rosana Ricalde

Diretor ExecutivoÁlvaro Figueiredo

Gerente GeralRoberta Alencastro

AtendimentoBruno Monnerat

Acervo e TransporteTeresa Gonçalves

Assuntos GráficosLin Lima

ElencoEdgar OrlainetaFelipe BarbosaGeraldo MarcoliniHugo Houayek Leo AyresLin LimaLouise D.D.Marta NevesMônica Rubinho Murilo MaiaRafael AlonsoRodrigo OliveiraRosana RicaldeSidney Philocreon

A R T E C O N T E M P O R Â N E A

Page 4: Cosmozine #1, Epidermes - Lin Lima

“Nada há de permanecer,exceto a mudança.”

Heráclito (544-480 a.C.)

lin limaepidermes

Page 5: Cosmozine #1, Epidermes - Lin Lima

a simples e evolutiva repetição

É a repetição que, de tanto repetir-se, acaba evoluindo. Incansável, toda hora dizendo a mesma coisa até sugerir algo diferente. A repetição da simplicidade é tudo o que busco atualmente. Se continuarei buscando-a sempre não sei. Prefiro acreditar que haverá mudanças, como Heráclito já disse, há tempos.

Na própria repetição que busco há mudanças que moldam o caráter do que encontro. As primeiras tentativas das escamas visavam fazer todas elas do mesmo tamanho, sem o auxílio de qualquer instrumento. Impossível fugir da rica naturalidade dos gestos. O que procurei fazer a partir de então foi simplesmente seguir o ritmo e os tamanhos sugeridos por eles. Não há mais monotonia no fazer. Não há a possibilidade da igualdade e da mesmice, e os gestos ganham o espaço. Impossível também haver base, horizontais ou verticais, direções certas ou equivocadas. O espaço das ideias é livre. Um dos poucos lugares onde existe, de fato, liberdade. O resto é utopia. Tudo o mais depende de um chão, de referências. As ideias e o pensamento vão aonde querem. A consciência é seu ponto de partida ou, infelizmente, seu limite que, em alguns casos, os atrofia por qualquer motivo. Impossível trazê-las por completo de seu local de origem e, ao tentarmos isso, logo as limitamos ao universo real. Mas sugeri-las é possível e saudável.

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Pele / 2008fotografiadimensões variáveis

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origem das experiênciasO berço das escamas foram as matas, mais precisamente um cipó que, como as cobras, troca de pele quando cresce. Por isso vários desenhos são fei-tos diretamente sobre a madeira, e por isso escamas. Pele solta na mata, extremamente leve e ao sabor dos ventos. Índice de mudança e expansão. Como se assemelhava a um tipo de papel, este veio como evolução natural do estudo do processo, juntamente como as cores, que no início resumia-se ao preto. Depois veio a vontade de expandir o espaço frontal e limitado do suporte, e as escamas fugiram pelas laterais e não mais pararam. O que se vê é parte de um todo que se expande incessantemente, pelo menos enquanto eu tiver condições de trabalhar.

A ideia sempre foi de se chegar a algo de simples execução. Uma fotografia simples, um desenho simples, uma ação simples. Não me apego a máquinas ou a projetos gigantescos que necessitam de muita gente e tecnologia en-volvida. No silêncio das matas encontro o que preciso. Um silêncio simples, porém rico. Os melhores trabalhos surgem quando consigo “entrar” no local escolhido. Pode durar um minuto, uma hora ou um dia. Quando entro por alguma fres-ta, encontro um motivo que é prontamente realizado, independente de sua pertinência artística, conceitual. Às vezes é apenas o início de algum outro

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trabalho, outras vezes é pura vontade de ação. Noutras fico de fora, com o pensamento quase bloqueado. Quando não consigo entrar, apenas observo longamente o máximo que acontece ao meu redor, para assimilar o ambiente que de alguma forma rejeitou-me ou não quis se mostrar por completo.

Faço parte da mesma evolução que molda o espaço ao meu redor. Nele pro-curo ser agente de forma constante, seja pulando de pedra em pedra, absor-vendo seu silêncio, ou simplesmente assimilando cada sensação oferecida. Quando nada disso é possível, volto para o meu canto e desenho.

Lisergia nº03 / 2008-2010 fotografia (1/10)30,0 X 40,0cm

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Dueto nº1 / 2011caneta acrílica sobre

compensado naval de cedro1,60 X 2,20m

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Page 11: Cosmozine #1, Epidermes - Lin Lima

Dueto nº2 (tríptico) / 2011caneta acrílica

sobre papel0,60 X 1,26m

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Possibilidades / 2010fotografia (3/5)42 X 64cm

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a escrita da peleSer um humano é produzir o traço de sua ausência sobre a parede

do mundo e se constituir como sujeito que não se verá como um objeto entre os outros, mas que, vendo o outro, dá-lhe a ver o que poderão partilhar:

os signos, os traços, os gestos de acolhida e de afastamento

Marie-José MondzainHomo spectator

Nas sombras de uma caverna, à luz do fogo, ele marca a superfície rochosa. Estende o braço, toca a epiderme da parede, sopra, pela boca, o pigmento sobre sua própria mão e a retira. Os traços desenham a mão ausente. Ele vê, naqueles contornos, a primeira imagem de si. Nesse gesto fundador, o animal bípede faz-se humano. Ele é, a um só tempo, produtor e objeto da imagem, autor e espectador de sua humanidade, inscrevendo-a em um tempo que lhe sobreviverá. Aquele homem é “o primeiro espectador, isto é, aquele que entra na história que ele irá inscrever, contar, partilhar”, dirá Mondzain. “As imagens e os homens nascem juntos”, conclui.

Quantos mitos, fábulas e narrativas da gênese do homem ou da arte, cercam o enigma dos traços, dos signos, da imagem? Quantos interrogam, nesses relatos de fundação, a aparição do homem? Na criação desses signos e traços, nas gêneses do visível e da imagem, o que constitui imaginária e simbolicamente

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a humanidade? Poetas e filósofos, profetas e teólogos, em todas as culturas, não cessariam de decantá-las: Plínio veria em Dibutades apaixonada — que delimita com carvão na parede o contorno da sombra do amado que logo partiria a fim de conjurar sua ausência futura — a origem do desenho; Moisés escreveria nas tábuas de pedra os mandamentos ditados pela Voz invisível; Verônica fixaria no sudário os contornos do Deus que se fez visível em seu fi-lho; Bataille veria nos desenhos rupestres de Lascaux, o nascimento do homem como Homo ludens; Mondzain, como Homo spectator.

Talvez sejam interrogações como essas que Lin Lima implicitamente se coloca ao buscar a origem de sua experiência como artista, o “berço de seus dese-nhos”, o relato de sua própria fundação. E ele a localiza nas matas, em seu silêncio úmido experimentado na pele, na observação das crostas das árvo-res, das escamas dos animais, na fecundidade e na metamorfose de troncos e raízes, nos fluxos e rumos imprevistos de ramos e águas.

Grutas, paredes, mãos, linhas e gestos. Ao desenho, foi atribuído o princípio da razão, o pensamento e a especulação das coisas e do mundo. Ao esboço, o imediato da intuição. Aos traços e rabiscos, as anotações e escritas voláteis do que nos escapa, o inacabado, o transitório. E, claro, ao longo do século 20, as concepções e usos do desenho passaram por diversas transformações, expansões, transbordamentos.

Mas na quietude da floresta, Lin (essa “pequena floresta” em chinês, avisa-nos) está distante das produções grandiosas e cenográficas, da opressão do espe-táculo, ou das antigas ou novas querelas. Como aquela em que por séculos debateu-se a primazia da cor ou do desenho na pintura. A liberdade necessita da solidão dos dias imersos. Ele escava, contorna, risca, na pele do mundo,

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ausências e isolamentos. A epiderme do mundo, dos seres e das coisas que o habitam, é essa superfície opaca que resiste a ser penetrada: é esse limite de atrito e inscrição, de distâncias e repulsas, de toques e contatos. As epidermes possuem a sensibilidade confusa das bordas e dos limites.

Sobre o papel, a madeira, a parede de tijolos, a grelha de “escamas” (como as chama), laboriosamente traçadas, cria ocos e expansões: abraça a superfície com seus tentáculos, ramifica-se além dos limites. O gesto que desenha e designa os destinos imprevistos desse contato e atrito é paciente e obstinado. Segue o ritmo das chegadas e partidas, das faltas e das escutas, das respira-ções e dos passos. Segue a obsessão das repetições para, quem sabe, inscre-ver em algum momento sua própria aparição, o traço de sua ausência, a escrita de sua existência. O horizonte (do mundo, da obra e de si) é a pele.

Marisa Flórido Cesar

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Desenhos sobre paredesdimensões variáveis

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Rendas (série branca) / 2011caneta acrílicasobre madeira

45 X 50cm

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Onça / 2008fotografia (1/10)30 X 40cm

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LIN LIMACambuci-RJ - 1976Vive e trabalha em Niteró[email protected]

Formação:- Bacharelado em pintura - Universidade Federal do Rio de Janeiro - 2002/2008;- Especialização em Direção de Arte - Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-RJ) - 2006;

Individuais:

2011 Projeto Escamas - Centro Cultural Banco do Nordeste - Sousa-PB.Epidermes - Cosmocopa Arte Contemporânea - Rio de Janeiro;

Coletivas:

2011 A Água e seu papel - Caza Arte Contemporânea, Rio de Janeiro;Geração Eletrônica - Oi Futuro Ipanema, Rio de Janeiro;Rio Nova Arte: As Jovens Galerias de Arte Cariocas - Galeria de Arte do BNDES, RJ;Acervo Transparente - Cosmocopa Arte Contemporânea, RJ;BAB - Bienal Anual de Búzios, Armação de Búzios,RJ;

2010 Até 2011 - Cosmocopa Arte Contemporânea - Rio de Janeiro;Coletiva com os artistas representados - Cosmocopa Arte Contemporânea - Rio de Janeiro; Salve São Jorge - Espaço Imaginário - Rio de Janeiro;

2009 300 da Glória - 300 da Glória Arte Contemporânea - Rio de Janeiro;Em Obra - Espaço Imaginário - Rio de Janeiro;Salve São Jorge - Espaço Imaginário - Rio de Janeiro;Grupo Revista - Teatro Odisséia - Rio de Janeiro;

2008 Capitu - intervenções de 100 artistas pela cidade do Rio de Janeiro;EBA NOW - Coletiva de estudantes - UFRJ - Ilha do Fundão, Rio de Janeiro;

2005 Universidarte XIII - Universidade Estácio de Sá - Rio de Janeiro.

Agradecimentos:

Dianne M. Machado, Marisa Flórido, Felipe Barbosa, Rosana Ricalde, Alvaro Figueiredo, Roberta De Alencastro Guimarães, Bruno Monnerat, Nikollas Ramos e Copy House, Domingos Naime, Ivonne Gajardo, Gilson Antunes (Campus Fiocruz Mata Atlântica) e Nina Alexandrisky.

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Shopping Cidade CopacabanaRua Siqueira Campos, 143 –SL 32 (galeria) e SL 80 (acervo)

Copacabana – Rio de JaneiroTel. 0055 21 2236-4670 – [email protected]

A R T E C O N T E M P O R Â N E A