educação nos mosteiros

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4) EDUCAÇÃO NOS MOSTEIROS O processo de educação na Idade Média era responsabilidade da Igreja. Existiam nesse período medieval escolas que funcionavam anexas às catedrais ou a escolas monásticas que funcionavam nos mosteiros, nesse contexto, a Igreja assumiu a tarefa de disseminar a educação e a cultura no medievo e o seu papel foi preponderante para o nosso legado educacional contemporâneo. A escola no período medieval era dirigida por um cônego, ao qual se dava o nome de scholarius ou scholasticus. Os professores eram clérigos de ordens menores e lecionavam as chamadas sete artes liberais: gramática, retórica, lógica, aritmética, geografia, astronomia e música, que mais tarde constituíram o currriculum de muitas universidades. A integração dos diversos aspectos da vida humana no universo da religião, que asseguram a finalidade das acções e a bondade dos actos no contexto cristão - a unidade do pensamento medieval - é simbolizada na sacralização da diversidade de actividades que o monge deve cumprir, sendo formalizada nos seus conjuntos edificados, os mosteiros. No sentido medieval do termo, os mosteiros serão paradigmas do belo, do perfeito: a finalidade sagrada de todos os seus espaços, e de todos os seus elementos, assumem de forma ímpar a ideia transcendente do belo medieval como causa da obra realizada. Por serem determinados por uma regra, uma norma, que transcende a obra feita, à qual a finalidade litúrgica confere sentido e significado divino - o princípio neoplatónico da revelação de um bem a priori - são sínteses perfeitas da dualidade quadro do saber teórico e inteligência prática medievais;

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fala sobre a educação para os alunos interessados.

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4) EDUCAO NOS MOSTEIROS O processo de educao na Idade Mdia era responsabilidade daIgreja. Existiam nesse perodo medieval escolas que funcionavam anexas s catedrais ou a escolas monsticas que funcionavam nos mosteiros, nesse contexto, a Igreja assumiu a tarefa de disseminar a educao e a cultura no medievo e o seu papel foi preponderante para o nosso legado educacional contemporneo. A escola no perodo medieval era dirigida por um cnego, ao qual se dava o nome descholarius ou scholasticus. Os professores eram clrigos de ordens menores e lecionavam as chamadassete artes liberais:gramtica, retrica, lgica, aritmtica, geografia, astronomia e msica, que mais tarde constituram o currriculum de muitas universidades. A integrao dos diversos aspectos da vida humana no universo da religio, que asseguram a finalidade das aces e a bondade dos actos no contexto cristo - a unidade do pensamento medieval - simbolizada na sacralizao da diversidade de actividades que o monge deve cumprir, sendo formalizada nos seus conjuntos edificados, os mosteiros.No sentido medieval do termo, os mosteiros sero paradigmas do belo, do perfeito: a finalidade sagrada de todos os seus espaos, e de todos os seus elementos, assumem de forma mpar a ideia transcendente do belo medieval como causa da obra realizada. Por serem determinados por uma regra, uma norma, que transcende a obra feita, qual a finalidade litrgica confere sentido e significado divino - o princpio neoplatnico da revelao de um bem a priori - so snteses perfeitas da dualidade quadro do saber terico e inteligncia prtica medievais; relacionando a utilidade das formas e legitimando o deleite dos sentidos.Na poca, s os monges o poderiam fazer; "guardies" do saber e dos cnones sagrados, e por desgnio os construtores mais produtivos da idade medieval, s os monges integravam no seu mister as duas faces do saber medieval - o conhecimento e a prtica: ora e labora.O carcter unificador da determinao da vida monstica transformava o monge em smbolo da concepo medieval de sociedade, a cristandade, e os mosteiros no modelo construdo desse virtuosismo divino100; um modelo de total significado e significncia: na forma do edifcio e no carcter litrgico da decorao, mas tambm no saber sagrado que encerra nos seus muros, o saber que rene e justifica a sociedade medieval. Um saber quase to transcendente como a revelao da grandiosidade de Deus nas coisas criadas; um saber recolhido, tratado e guardado que se torna evidente e consequente para o homem medieval pelo simples reconhecimento da sua existncia no interior das paredes do Mosteiro. "Suporte da mensagem, o templo afirma-se slido, imutvel, simbolicamente eterno, frequentemente inexpugnvel, atraindo a ateno dos crentes para a sua massa ptrea (...)" (in Histria da Arte Portuguesa, 1995, Jorge Rodrigues, p. 201).5) A Pedagogia Escolstica conjunto de doutrinas filosficas e teolgicas desenvolvidas em escolas eclesisticas e universidades da Europa entre o sculo XI e o Renascimento. Caracteriza-se pela tentativa de conciliar a f crist com a razo, representada pelos princpios da filosofia clssica grega, em especial os ensinamentos de Plato e Aristteles. Desenvolve-se a partir da filosofia patrstica (elaborada pelos padres da Igreja Catlica), que faz a primeira aproximao entre o cristianismo e uma forma racional de organizar a f e seus princpios, baseada no platonismo. Com a escolstica, a filosofia medieval continua ligada religio, uma vez que so as questes teolgicas que suscitam a discusso filosfica. Um dos principais pensadores escolsticos So Toms de Aquino (1224/25?-1274).6) No tramitar da Idade Mdia, uma grande parte da populao no tinha acesso ao conhecimento, nem mesmo o bsico que ler e escrever, e no tinha nenhuma perspectiva na vida de reter tais conhecimentos.O que ocorria neste perodo o que ocorre nos dias atuais, as disparidades financeiras e de oportunidades. Na Idade Mdia ler e escrever eram privilgio de uma estreita parcela da populao composta por integrantes da igreja e comerciantes. As primeiras escolas medievais se instalavam e eram regidas pelas igrejas e mosteiros, a partir do sculo XII, houve uma conscientizao acerca da educao, pois a formao se fazia importante no comrcio, que utilizava a escrita e o clculo, e nesse mesmo perodo surgiram escolas fora da igreja.As universidades tiveram incio no sculo XIII, como um tipo de associao de professores e alunos que se unia para questionar as autoridades, a universidade da Frana surgiu a partir de uma associao de professores e a da Itlia foi composta por alunos.As universidades da Idade Mdia permitiam dentro de suas dependncias o livre pensamento e ideologias, nesta poca existia faculdade de artes, medicina, direito e teologia, todas as aulas eram ministradas em latim assim como grande parte das obras escritas. No sculo XI desenvolveu-se uma literatura variada: A poesia pica (falava sobre heris e honra), a poesia amorosa (falava de amor e admirao mulher) e Romance (guerra, aventura e amor). No campo da filosofia, os principais eram Santo Agostinho e So Toms de Aquino, o primeiro defendia a razo e o mundo espiritual como superior e o segundo afirmava que o homem no devia se apoiar na religio.7) Para acontecer o ensino na idade mdia precisava-se de uma autorizao, essa era cedida pelos bispos e pelos diretores das escolas eclesisticas que, com medo de perderem a influncia, dificultavam ao mximo essa concesso. Reagindo contra essas limitaes, professores e alunos organizaram-se em associaes denominadasuniversitas, que mais tarde originou a palavrauniversidades.As universidades eram compostas porquatro divisesoufaculdades. A faculdade deArtesera o lugar onde a educao acontecia de forma mais geral, as faculdades deDireito, Medicina e Teologiatrabalhavam o conhecimento de forma mais especfica. Os diretores das faculdades eram chamados dedecanose eleitos pelos professores; odecanoda Faculdade de Artes erao reitore representava oficialmente a universidade.

Os cursos oferecidos eram emlatime com isso exigia-se do estudante muito empenho e dedicao. O estudo das sete artes liberais era dividido em dois ciclos:o trivium e o quadrivium. O primeiro compreendia a gramtica, a retrica e a lgica; o segundo compunha-se do estudo da aritmtica, geografia, astronomia e msica. Conforme o grau de afinidade, distribuam-se ento os estudantes pelos cursos de Direito, Medicina e Teologia. Os estudantes viviam em um ritmo frentico e as calorosas discusses com a populao eram rotineiras. De uma forma geral os estudantes eram de origem humilde e muitos viviam internos em colgios ou internatos que contavam com rgidas formas disciplinadoras estudantis. Com o tempo esses colgios passaram a constituir campos de estudos autnomos, sendo que alguns deles ainda existem, e so renomados mundialmente, como os deOxford, Cambridgee o deSorbonne, fundado em 1257 por Rogrio de Sorbon, na Frana.

Algumas dessas universidades recebiam da Igreja catlica o ttulo deStudium Generale, que indicava que este era um instituto de excelncia internacional; estes eram considerados os locais de ensino mais prestigiados do continente. Acadmicos de um Studium Generale eram encorajados dar cursos em outros institutos por toda a Europa, bem como a partilhar documentos. Isso iniciou a cultura de intercmbio presente ainda hoje nas universidades Europias.

8) A metodologia de ensino baseava-se na leitura de textos e na exposio de ideias feitas pelos professores. As aulas muitas vezes eram animadas quando os debates entre mestres e alunos eram travados em pblico, discutiam sobre um tema determinado, essas aulas foram denominadas descholastica disputattio. Esse processo de estudo foi muito usado por So Toms De Aquino e foi chamado deescolstica. Aescolsticateve seu apogeu no sculo XIII, o mtodo proporcionou a criao de diversas Universidades por toda a Europa, como as deParis, Oxford, Cambridge, Salerno, Bolonha, Npoles, Roma, Pdua, Praga, Lisboae assim por diante. Sendo que a Universidade de Bolonha ficou clebre por sua faculdade de Direito e Salerno, por sua faculdade de Medicina.O quadro de estudos das Universidades medievais foi constitudo pelas disciplinas tradicionais das Artes e pelas faculdades de Teologia, de Direito civil (romano), Decreto (Direito cannico) e Medicina, mas para a existncia de uma Universidade no era necessrio que nela se ensinassem todos estes saberes, pois o conceito de Universidade radicava na noo de unidade corporativa de mestres e de estudantes e no no da expresso e cultivo da totalidade das cincias. De incio, verdadeiramente completa, somente o foi a de Paris, singularizando-se algumas das demais pelo cultivo especializado de uma faculdade, como a de Bolonha pelo do Direito e a de Montpellier pelo da Medicina, ou de umas disciplinas, como a de Oxford, onde as matrias cientficas do quadrvio tiveram mais cultores e maior desenvolvimento do que nas Universidades do Continente, que, em regra, continuaram a tradio do predomnio do cultivo das matrias do trvio.

Na estimativa dos saberes, a Teologia detinha o primado, assim na hierarquia dos conhecimentos como no valor formativo. Durante largo tempo, a Universidade de Paris foi a nica universidade onde se professaram publicamente os estudos teolgicos, a fim de impedir a manifestao e a divulgao de concees herticas, ensinando-se, no entanto, a Teologia nas aulas interiores das escolas monsticas, de frequncia reservada. Assim, em Portugal, foi no sculo XV, na reitoria do Infante D. Henrique, que se introduziu o ensino da Teologia no quadro docente da Universidade portuguesa, ento situada em Lisboa.

As disciplinas das artes liberais, que constituram a Faculdade de Artes, serviam de introduo ao estudo das restantes Faculdades, correspondendo, de certo modo, funo predominante do atual ensino secundrio.

Normalmente, esta Faculdade era frequentada durante sete anos, por escolares que, em regra, se matriculavam pelos doze anos de idade, e cujo objetivo predominante era a obteno do grau de Mestre em Artes, depois de alcanado o de Bacharel.

A feio geral e propedutica das disciplinas das Artes, consideradas como fundamento indispensvel aos estudos das outras Faculdades, especialmente de Teologia, determinou que ela fosse a mais frequentada de todas. Assim, em Paris, em 1280, o seu quadro docente era constitudo por cento e vinte mestres regentes, ao passo que o das outras Faculdades reunidas no ia alm de trinta. Daqui, o problema da organizao dos escolares para efeitos administrativos e representativos na vida da corporao universitria, tanto mais que as Universidades de maior fama eram verdadeiramente internacionais, pela conceo tico-religiosa da funo da Cincia, pela diversidade do pas de origem dos seus mestres e alunos, e, principalmente, pela validade universal dos graus que conferiam, a qual constitui a caracterstica da instituio universitria medieval (jus ubique docendi).9) Acavalaria medievalfoi uma instituiofeudal formada por cavaleiros nobres, sendo reconhecidos por todos os ideais de coragem e imponnciaassociadosa eles, principalmente pela literatura. Dentro da cavalaria haviam os cavaleiros de fato (os miles), homens que eram obrigados a se recrutarem (os lanas), os escudeiros, selecionados por ordens religiosas e os cavaleiros da espora dourada (homens ricos, porm sem ttulos de nobreza). Tais cavaleiros eram regidos pelo Cdigo da Cavalaria, que foi um sistema de moral, onde explicitava que os cavaleiros deveriam defender aqueles que no tinham capacidade de se proteger, como vivas, crianas e idosos. Alm disso, todos os cavaleiros deveriam ser homens aptos a lutarem em guerras, da Idade Mdia, quando fossem convocados. No era necessrio apenas serem fortes, mas tambm, os cavaleiros deveriam ser extremamente disciplinados, alm de lhes ser permitido dizer apenas a verdade em todas as ocasies. Alm disso, eram jurados deprotegera honra de todos da Cavalaria e da Igreja, sempre obedecendo a hierarquia de comando, e jamais podendo recusar o desafio de um semelhante. Essencialmente, um cavaleiro da Cavalaria era um militar cristo. Especificamente, as regras do Cdigo da Cavalaria podiam ser resumidas em alguns "mandamentos":

1. Acreditar nos ensinamentos da Igreja e observar todas as direes que a Igreja mostrar;

2. Defender a Igreja;

3. Respeitare defender todos os indefesos.

4. Amar o seu pas.

5. No recuar diante de um inimigo: Um covarde, apenas, poderia desencorajar um exrcito inteiro.

6. Mesmo se os cavaleiros soubesse que a morte estava prxima, deveriam morrer lutando do que demonstrar fraqueza.

7. No mostrar misericrdia para com os infiis, e no hesitar em participar dos conflitos contra eles.

8. Desempenhar todas as tarefas acordo com as leis de Deus.

9. Nunca mentir ou desdizer uma s palavra. Sinceridade e honra foram duas das caractersticas mais importantes de cavaleiros de cavalaria.

10. Demonstrar generosidade com todos.

11. Sempre, e qualquer lugar, ser certo e bondoso.