educação física inclusiva na escola: um estudo de caso em uma escola particular de serrinha-...
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Raul Carneiro RochaTRANSCRIPT
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA CAMPUS II – ALAGOINHAS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – DEDC
RAUL CARNEIRO ROCHA
EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA NA ESCOLA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA PARTICULAR DE SERRINHA –
BAHIA
ALAGOINHAS 2012
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RAUL CARNEIRO ROCHA
EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA NA ESCOLA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA PARTICULAR DE SERRINHA –
BAHIA Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Licenciatura em Educação Física, sob orientação da professora Esp. Viviane Rocha Viana.
ALAGOINHAS 2012
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Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus, por estar comigo em todos os momentos de minha
vida.
A minha família, pela lição de vida que, sabiamente, prestaram e continuam a
prestar, por sempre saberem daquilo de que necessito mesmo antes de pedir, e
jamais terem me desamparado ficando sempre do meu lado em todos os momentos
da minha vida. A vocês “Família Rocha e Carneiro” a minha eterna gratidão.
Aos meus amigos, que direta ou indiretamente contribuíram para essa conquista, em
especial a família de “Serrinha’s House” (Lucas, Titico, Rodrigo, Bruno (Boquinha),
Emmelyn, Mila, Ayala, Kelly, Iasmine Varla, Géssica e Rogéria) pelo
companheirismo e lealdade, sem vocês não teria suportado esse quatro anos e a
“Galera do mal” (Rodrigo Delicado, Raimundo, André e Helder) que me
acompanharam nessa trajetória acadêmica.
A minha Namorada Kátia, pela paciência e companheirismo sempre me apoiando
nas decisões mais difíceis.
Aos professores que fizeram parte da minha trajetória acadêmica, em especial, a
minha orientadora Viviane, que me deu apoio, atenção e um voto de confiança.
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Dedico este trabalho :
A todas as crianças com síndrome de Down em
especial ao meu querido primo Rafael Rocha
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Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.
(FREIRE, 2003)
O ser torna muitas vezes o que ele próprio acredita que é. Se insisto em repetir para mim mesmo que não posso fazer determinada coisa, é possível que acabe me tornando realmente incapaz de fazê-la. Ao contrario se tenho a convicção de que posso fazê-la certamente adquirirei a capacidade de realizá-la mesmo que não a tenha no começo.
(MAHATMA GANDHI apud SOLER, 2005)
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RESUMO
O presente trabalho trata do componente curricular Educação Física e o processo de inclusão de alunos com síndrome de Down. Tem como problemática o interesse em investigar se as aulas de Educação Física são inclusivas ou excludentes para alunos com necessidades educacionais especiais. Assim como também tem como objetivos identificar que relação esses alunos estabelecem com a escola, quais as dificuldades encontradas pelos alunos e pela escola que os acolhe no ensino regular e ainda verificar se o componente curricular Educação Física na escola regular propicia a inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais, analisando também a freqüência e a participação do educando. Utilizei como lastro teórico os escritos de Soler, Mitller, Paulo Freire, os parâmetros curriculares nacionais para a educação física, também a Lei de Diretrizes e Bases Nº 9394/96 e a Constituição Federal de 1988 que se configuram como documentos que são marco legal ao se tratar da política de inclusão educacional. A metodologia estabelecida foi qualitativa, do tipo estudo de caso. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados o questionário e a observação que permitiu considerar que há de fato uma grande preocupação quanto à infra-estrutura da escola, que há também uma intenção em se adequar melhor para receber pessoas com deficiência, contudo, percebe-se que os profissionais envolvidos no processo de inclusão, apesar da disposição e do desejo de trabalhar com as diferenças de forma adequada, ainda precisam passar por uma melhor qualificação. Além disso, a legislação ainda que seja extremamente favorável ao processo de inclusão de alunos com necessidades especiais em escolas regulares, é notável que muitas crianças com deficiência ainda ficam fora deste contexto escolar, por motivos cada vez mais injustificáveis. Palavras-chave: Educação, Educação física, política de inclusão, síndrome de
Down
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ABSTRACT The present work deal with the discipline of Physical Education and the process of inclusion of students with Down syndrome. Its problem is interest in investigating the physical education classes are inclusive or exclusive for students with special educational needs? As also aims to identify these students establish that relationship with the school, what are the difficulties encountered by students and school that welcomes them into mainstream education and also verify that the discipline in the regular school physical education promotes the inclusion of people with educational needs special, also analyzing the frequency and participation of the student. Used as ballast theoretical writings of Soler, Mitller, Paulo Freire, the national curriculum guidelines for physical education, also the Law of Guidelines and Bases No. 9394/96 and the Federal Constitution of 1988 that are configured as documents that are legal framework when address the educational policy of inclusion. A qualitative methodology was established, the case study. Was used as an instrument of data collection the questionnaire and the observation that allowed us to consider that there is indeed a great concern about the infrastructure of schools, they are increasingly being adapted best to accommodate people with disabilities, however, one realizes that professionals involved in the process of inclusion, despite the willingness and desire to work with differences appropriately, still need to go through better qualification. In addition, the legislation even though it is extremely favorable to the process of inclusion of students with special needs in regular schools, it is remarkable that many children with disabilities are still outside of the school, for reasons more and more unjustifiable.
Keywords: Education, Physical Education, political inclusion, Down syndrome
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LISTA DE SIGLAS
APAE: Associação de pais e amigos excepcionais
FUNDEB: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais de Educação
LDB: Lei de Diretrizes e bases da Educação Brasileira
MEC: Ministério da Educação e Cultura
PCNs: Parâmetros Curriculares Nacionais
PNEs: Pessoas com necessidades especiais
SD: Síndrome de Down
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................9
2. OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL: UMA BREVE
ABORDAGEM CONCEITUAL, HISTÓRICA E LEGAL.............................................13
2.1. O processo de educação e a instituição escolar...............................................14 2.2. Educação especial no Brasil...............................................................................17
3. SÍNDROME DE DOWN: CONHECENDO UM POUCO MAIS.............................21
3.1. Relação educação física e síndrome de Down...............................................24 3.2. Necessidade da formação de professores na perspectiva inclusiva...............26 4. PERCURSO METODOLOGICO...........................................................................28
4.1. Abordagem metodológica................................................................................29 4.2. Tipo de pesquisa..............................................................................................29 4.3. Instrumentos e procedimentos.........................................................................31 4.4. Local e sujeitos................................................................................................32 5. ANÁLISE DE DADOS..........................................................................................33
5.1. Inclusão o que se entende sobre?......................................................................33 5.2. A escola e o processo de inclusão......................................................................34 5.3. O professor e a inclusão do aluno com síndrome de Down nas aulas de educação física...........................................................................................................37 5.4. O aluno com síndrome de Down em relação à escola........................................39 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................42 REFERÊNCIAS..........................................................................................................44 ANEXOS....................................................................................................................46 Anexo A......................................................................................................................47 Anexo B......................................................................................................................48 Anexo C......................................................................................................................50 Anexo D......................................................................................................................51 Anexo E......................................................................................................................52 Anexo F......................................................................................................................53
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1. INTRODUÇÃO
A educação especial no Brasil vem sendo falada desde a década de 1950. A
partir de então medidas vem sendo adotadas no combate a exclusão da pessoa com
deficiência. A promulgação da Constituição Federal que reserva seção específica
para a educação dispõe no Art. 205:
A educação direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988)
Além do artigo 205 da Constituição Federal o art. 208 a referida Constituição
afirma que é dever do Estado a educação especializada às pessoas com
deficiências, preferencialmente na rede regular de ensino.
Outros documentos importantes foram oficializados, sendo o de maior
destaque a Declaração de Salamanca, elaborada em 1994, na cidade de Salamanca
na Espanha. Documento norteador da educação inclusiva é resultado de ações
sociais dos movimentos de direitos humanos nas décadas de 1960 e 1970. Com
essa declaração o conceito de Necessidades Educacionais Especiais (NEE) tornou-
se mais abrangente, incluindo todas as pessoas com dificuldade de participar
efetivamente da escola, por qualquer deficiência temporária ou permanente.
As escolas devem ajustar-se a todas as crianças independentemente das suas condições físicas, sociais, lingüísticas ou outras. Neste conceito devem incluir-se crianças com deficiências ou super-dotadas, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de população imigradas ou nômades, crianças de minoria lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.” (Declaração de Salamanca: UNESCO, 1994)
A inclusão da pessoa com deficiência é percebida como evolução do ser
humano, para educação escolar, uma vez que defende a interação dessa pessoa
com outras “não deficientes”. Essa interação proporciona o desenvolvimento
conjunto de iguais oportunidades para todos e assegura o respeito à diversidade
humana. Apesar de tudo, a pessoa com necessidades especiais (PNE) encontra
diversas barreiras a exemplo da resistência na aceitação das escolas regulares,
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despreparo dos profissionais da educação para o acolhimento dessas pessoas, o
que interfere no avanço das mesmas na vida educacional.
Segundo a discussão trazida por Soler (2005), ele nos diz que: “Não
podemos, e não temos o direito, enquanto educadores de privar uma criança
portadora de necessidades especiais de ter a oportunidade de tentar ser feliz na
escola que desejar”. p.35.
Diante desse pressuposto, o processo de inclusão escolar das PNEs tem
como base teórica também o sócio-interacionismo representado por Vigotsky que
analisa fenômenos da linguagem e do pensamento buscando compreendê-los
dentro do processo sócio-histórico como internalização das atividades socialmente
enraizadas e historicamente desenvolvidas. Assim a relação do mundo conhecido
com o sujeito que o conhece acontece por mediações de sistemas e símbolos
facilitando o processo de ensino e aprendizagem. Esse processo de ensino
aprendizagem tem relação com o processo histórico e social concebido no espaço
escolar.
Historicamente a escola se caracterizou por delimitar a educação como
privilégio de um grupo. Exclusão legitimada pelas políticas públicas. O processo de
democratização das escolas foca o paradoxo inclusão/exclusão na universalização e
acesso do ensino pelos sistemas, porém a exclusão de indivíduos e grupos
considerados fora dos padrões normais continua existindo.
A garantia da matrícula da pessoa com deficiência é consolidada na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96 e reafirmada na
resolução nº 2 de 2001 do Conselho Nacional de Educação (CNE). Tais leis não
asseguram a permanência das PNEs na escola regular, uma vez que permite o
encaminhamento das mesmas para o ensino especial ou regular com sala especial
(salas multifuncionais).
O atendimento escolar da PNE deve ser realizado preferencialmente na rede
regular de ensino, em classes comuns apoiados, por serviços especializados,
organizados na própria escola, baseado no pressuposto da igualdade incentivando a
pratica da inclusão e desmistificando a idéia do diferente, que Sung e Silva define
muito bem na citação de Soler (2005, p.33).
O diferente é aquele que não nos deixa esquecer que a insegurança, a provisoriedade e a relatividade fazem parte da nossa condição humana.
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Não é à toa que as pessoas que tem mais dificuldades em aceitar e conviver com essa insegurança da condição humana são as mais intolerantes e agressivas contra os diferentes.
A alternativa mais eficaz para o processo de atendimento das PNEs é a
integração, permanência, progressão e sucesso dessas nas classes regulares de
ensino.
Sempre que não for possível essa integração em função das condições
específicas, oferecer atendimento especializado por meio de parcerias objetivando
diversificar formas e ampliar os serviços de apoio que favorecem a reorganização da
educação para esse público. Assim é importante e urgente a promoção e inclusão
dessas PNEs na escola e nas aulas de Educação Física das Escolas.
Os sistemas educacionais das quatro esferas administrativas: Federal,
Estadual, Municipal e Particular devem operacionalizar com maior esforço os
dispositivos legais de amparo a inclusão das PNEs.
O presente trabalho caracteriza-se a partir de algumas questões importantes
como: a experiência pessoal, uma vez que existe na família uma pessoa com
necessidades educacionais especiais (Síndrome de Down), assim como da
relevância de maior aprofundamento sobre os estudos da inclusão dessas pessoas
nas aulas de Educação Física.
A vivência familiar acima citada trouxe um impacto de grande significado tanto
no âmbito pessoal quanto no profissional, que levaram as observações e análise
referente ao trabalho desenvolvido em uma escola em Serrinha – Bahia e do
profissional de Educação Física envolvidos no processo de inclusão dos PNEs em
suas aulas. Diante deste contexto surge à problemática: As aulas de Educação
Física são inclusivas ou excludentes para alunos com necessidades
educacionais especiais?
Conviver com a diversidade torna o cenário da pessoa com necessidade
especial (PNE) conflituosa nas aulas de educação física, uma vez que é necessário
que as diferenças sejam respeitadas e uma nova concepção de escola, de aluno, de
ensino e de aprendizagem seja entendida.
É evidente que na prática cotidiana alunos com necessidades especiais
inseridos em classes regulares ainda vivem precariamente suas experiências nas
aulas de educação física, as atividades raramente atendem as características de
suas limitações. A partir desta constatação pensamos como objetivos: verificar se a
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disciplina educação física na escola regular propicia a inclusão de pessoas
com necessidades educacionais especiais, analisando a freqüência e a
participação do educando; identificar as relações que estes alunos
estabelecem com a escola; assim como também diagnosticar as dificuldades
encontradas pelos alunos e pela escola que os acolhe no ensino regular.
A pesquisa foi dividida em capítulos assim organizados: no primeiro capítulo
apresentamos uma breve abordagem histórica, conceitual e legal sobre a Educação
Inclusiva no Brasil, em seguida apresentamos uma discussão teórica sobre os
conceitos a cerca da síndrome de Down, relacionando a mesma com a educação
física, assim como também esclarecendo a importância e necessidade da
qualificação profissional, sobretudo na perspectiva inclusiva. No terceiro capítulo
exibimos os caminhos metodológicos utilizados para a realização da pesquisa. Por
fim, apresentamos a análise e discussão dos dados encontrados e as considerações
finais.
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2. OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL: UMA BREVE
ABORDAGEM CONCEITUAL, HISTÓRICA E LEGAL
A palavra inclusão segundo o dicionário Aurélio significa ação ou efeito de
incluir, estado de uma coisa incluída em outra, porém não determina que o ser
incluído seja igual ou semelhante ao qual foi incluído. Assim, ocorre com a interação
social.
A interação social, conforme Sassaki (1997) surge para derrubar a pratica da
exclusão sofrida pelas pessoas com necessidades especiais durante séculos. A
plena integração dessas pessoas acontece pela igualdade de oportunidades e
direitos, resultando num ambiente de convívio menos restrito com oportunidades
iguais para todos, constituindo assim processo de inclusão dinâmico e participativo
em todos os níveis sociais.
Pensar a inclusão é pensar nas pessoas que não possuem as mesmas
oportunidades dentro da sociedade. São elas: idosos, negros, pobres e pessoas
com deficiência, como cadeirantes, deficiente visual, auditivo e mental. Pessoas
essas que são excluídas por não se encontrarem dentro dos padrões exigidos pela
sociedade.
O atendimento das pessoas com necessidades educacionais especiais em
escolas especiais levou a se pensar na inclusão educacional, uma vez que esse
atendimento sofria críticas pelo fato de reduzir ou até mesmo acabar com as
oportunidades de convívio dessas pessoas com a família e a sociedade.
Segundo Mittler (2003, p.21) “A inclusão é uma visão, uma estrada a ser
viajada, mas uma estrada sem fim, com todos os tipos de barreiras e obstáculos,
alguns dos quais estão em nossas mentes e em nossos corações”.
Portanto, considerando o que Mittler (2003) coloca, a inclusão educacional, é
possível conceituá-la como prática pedagógica capaz de educar com sucesso todos
os educandos, formando um paradigma educacional pautado nos direitos humanos
e na indissociabilidade entre igualdade e diferença. Assim o aluno é compreendido
como ser único, singular e social que a partir de sua história de vida se constitui
gradativa e interativamente num ser histórico diferente.
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A integração de pessoas com necessidades educativas especiais (PNEs) em
classes regulares começou na década de 70, momento em que recebiam alguns
serviços educacionais que favoreciam a interação entre o deficiente e o dito “não
deficiente”. Mas foi na década de 80 que o movimento pela educação inclusiva no
Brasil ganhou fôlego e a classe regular torna-se ambiente pedagógico acessível ao
desenvolvimento das PNEs.
Contudo o grande avanço vem com a Constituição Federal de 1988, que
respalda e elege a cidadania e a dignidade da pessoa humana como um dos seus
objetivos fundamentais (art. 1º incisos I e II), a promoção do bem de todos sem
preconceito (art. 3º inciso IV) e garante o direito a igualdade (art. 5º).
Com a garantia de educação para todos, (art. 205) a Constituição Federal visa
o pleno desenvolvimento da pessoa, o seu preparo para a cidadania e sua
qualificação para o trabalho com igualdade de condições, acesso e permanência na
escola. (BRASIL,1988)
O sistema educacional inclusivo no Brasil surgiu com a Declaração Mundial
de Educação para Todos firmada em Jomtien na Tailândia em 1990, porém foi em
1994 que a educação inclusiva teve maior impulso na Conferencia Mundial sobre
Necessidades Educacionais Especiais, realizada na cidade de Salamanca na
Espanha. Tal conferencia transformou a educação inclusiva em proposta para as
escolas de ensino regular, objetivando combater a prática discriminatória e a
promoção da pessoa deficiente na sociedade (SILVA, 2004).
Segundo Góes e Laplane (2007): O discurso educacional em diversos
momentos da história tem se caracterizado por camuflar a realidade. Há uma
contradição no discurso de que na escola todos são iguais, as oportunidades são
iguais para todos e o acesso a educação é garantido a todos os cidadãos. A
mudança de conceito e do horizonte da educação inclusiva foi significativa, pois a
pessoa com deficiência deixa de ser um problema para o sistema educacional, e os
sistemas passam a ter a missão de se adequar para atender de forma satisfatória as
PNEs não apenas inserindo no contexto escolar para dizer que existe, mais sim,
atendendo de fato as expectativas de uma grande parcela da população que fala em
inclusão, mas que ainda discrimina, sobretudo aos deficientes.
2.1. O processo de educação e a instituição escolar
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A Educação é ação exercida para a vida, para o convívio em sociedade; tem
como objetivo o desenvolvimento físico, intelectual e a interação social, cultivando
em cada individuo a construção da autonomia, da criticidade e da emancipação
cidadã no conjunto a que naturalmente o educando em seu particular se destina
como afirma Kant (apud DURKHEIM, S/D, p. 35): “O fim da educação é desenvolver
em cada individuo, toda perfeição que ele seja capaz”.
A educação se destina então a dar conta de satisfazer as necessidades de
cada sujeito individual e coletivamente ao passo que este convive em constantes
relações sociais. Todavia temos sociedades nas quais esse predicado não é
cultivado.
Este fator relaciona-se com fatores histórico-culturais ligados ao processo
educativo escolar, que só tem despertado discussões acerca de espaços
alternativos que dê conta da demanda educacional, as quais não estão sendo
contempladas nos sistemas educacionais escolares.
Na perspectiva Freireana, a prática educativa enquanto prática social em sua
complexidade é compreendida como fenômeno típico da existência “por isso mesmo
é fenômeno típico da existência, por isso mesmo exclusivamente humano” (FREIRE,
2003, p.66).
Daí também é o motivo pelo qual a prática educativa deve ser histórica. A
existência humana não tem o ponto determinante de sua caminhada fechado na
espécie, ao inventar a existência homens e mulheres inventaram ou descobriram a
possibilidade que implica necessariamente a liberdade que não recebera, mas que
tiveram de criar na busca pela educação enquanto direito à liberdade como afirma o
autor (2003, p.70):
O direito e dever de viver a prática educativa em coerência com a nossa opção progressiva, substantivamente democrática, devemos respeitando o direito que têm os educadores de também optar e de apreender a optar, para o que precisamos de liberdade, testemunhar-lhes a liberdade com que optamos (ou obstáculos que tivemos para fazê-lo e jamais tentar sub-repticiamente ou não impor-lhes nossa escolha.
Também, Brandão (1997, p. 7) nos afirma que:
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida como ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber para
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fazer, par ser ou para conviver, todos os dias misturando a vida com a educação.
Dessa forma, além da educação que nos proporcione liberdade de decisões
defendida por Freire, Brandão coloca que ninguém escapa da educação e ela é
concebida em vários espaços em casa, na rua, uma educação que objetiva formar
para a cidadania.
A aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos, isto é,
o processo que gera a conscientização dos indivíduos para a compreensão de seus
interesses do meio social; a capacidade dos indivíduos para o trabalho, por meio da
aprendizagem de habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades; a
aprendizagem e exercício de prática que capacitam os indivíduos a se organizarem
com objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos
cotidianos.
Podemos assim perceber como foco principal da educação, a aprendizagem
que deve se dá por meio da prática social. É a experiência das pessoas em
trabalhos coletivos que gera um aprendizado. Que muitas vezes passa das gerações
mais antigas para as mais novas.
O contexto da vida social, política, econômica e cultural, os espaços do
convívio social, comunitário, na família, nas escolas, nas fábricas, na rua e na
variedade de organizações e instituições sociais, formam um ambiente que produz
efeitos educativos.
Os estudos sobre educação e prática social, educação e trabalho, currículo e
sociedade, educação e reprodução social, currículo explicito e oculto são mostra do
impacto dos elementos informais da educação nos processos educativos individuais.
A prática educativa é um fenômeno constante e universal inerente à vida
social, sendo uma atividade humana real, que se constitui como objetivo de
conhecimento. A educação é um fenômeno social inerente à constituição do homem
e a sociedade, integrante, portanto da vida social, econômica, política e cultural.
Para Saviani (2007), a educação é uma atividade especificamente humana. A
educação na instituição Escolar nasce concomitantemente à divisão da sociedade
em classes, para o autor com “o surgimento da propriedade privada surgiram às
classes, vale dizer, a divisão da sociedade em classes. E é nesse momento que
surge a escola”. Até ai não havia a escola. (SAVIANI, 2007, p. 10).
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O autor coloca um diferencial entre Educação e Educação Escolar, pois no
próprio ato de educar, os homens se educavam e educavam as novas gerações, a
educação escolar que é o conceito que estamos trabalhando na pesquisa é a
institucionalização desse ato de educar, que faz parte de uma cultura humana no
processo histórico e passa para uma instituição chamada escola que segundo o
autor nasce com o surgimento de classe num processo excludente, contrariamente o
nosso trabalho pauta-se na discussão da inclusão em escolas regulares.
2.2. Educação especial no Brasil
No século XIX, brasileiros inspirados em experiências européias e norte
americanas, realizam serviços de atendimento a cegos, surdos, deficientes mentais
e deficientes físicos no Brasil, contudo esse atendimento não se caracteriza
educacional. Em 1824, a Constituição garante direito a educação a todos os
brasileiros, direito esse mantido pelas Constituições de 1934, 1937 e 1947, porém,
só nas décadas de 50 e 60 esse direito começou a ser alvo de preocupação. Assim
foram criadas as Associações de pais e sociedades como a APAE – Associação de
Pais e Amigos dos Excepcionais, a Pestalozzi e outras associações ligadas a essa
área.
Contudo, até 1854 aos portadores de deficiência de qualquer natureza eram
excluídos pela família e pela sociedade, amparados apenas por asilos e instituições
filantrópicas e/ou religiosas.
De 1854 a 1956 surgem algumas escolas especiais particulares com ênfase
no atendimento clínico e especializados, provocando na sociedade uma leve
compreensão de que os deficientes como todos os outros sujeitos tem suas
habilidades, podendo ser inseridos na escola, no mercado de trabalho e no convívio
social como cidadão de direitos. Assim, surgem os primeiros sinais de educação
para esse público, com a fundação de várias instituições a principio pautadas no
assistencialismo.
Posteriormente, entre 1957 e 1993, a partir de discussões políticas como, por
exemplo, a havida na cidade de Salamanca, a educação especial, ganha corpo e se
estabelece como modalidade escolar, assegurada por lei como a LDB, que prevê um
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conjunto de serviços educacionais especializados de apoio complementar a
atividade pedagógica realizada com esses educandos. Com o objetivo de garantir o
acesso e permanência, ou seja, o desenvolvimento do aluno perpassando por todos
os níveis de educação.
Por fim, na década de 1990 a participação do Brasil na Conferência Mundial
sobre Educação para Todos na Tailândia, momento que se configurou como os
primeiros sinais da educação inclusiva. Tal espaço despertou no governo brasileiro a
necessidade de gerenciar a educação especial pela Secretaria de Educação Básica,
Secretaria esta que se responsabiliza pela assistência técnica e financeira,
denominada de Secretaria de Educação Especial (SEESP).
Ainda na década de 1990 a educação especial com base na Declaração de
Salamanca (1994) foi substituída pela concepção de educação inclusiva, que tendo
como principio uma educação para todos, ampliou o conceito de necessidades
especiais e defendeu a inclusão das pessoas com necessidades especiais no
sistema regular de ensino.
Em consonância com essa declaração o Brasil constrói o Sistema
Educacional Inclusivo mediante dispositivos legais, políticos e filosóficos que
possibilitam estabelecer políticas educacionais que asseguram a igualdade de
oportunidades e valorização da diversidade no processo educativo, a exemplo da Lei
de Diretrizes e Base da Educação Nacional nº 9394/96 que dispõe no art. 4º inciso
III sobre o atendimento especializado aos portadores de deficiência
preferencialmente na rede regular de ensino.
É nesse contexto que o desenvolvimento inclusivo assume a centralidade das
políticas públicas, que asseguram as condições de acesso, participação e
aprendizagem de todos os alunos nas escolas regulares em igualdade de condições.
Assim, a educação especial é definida como uma modalidade de ensino transversal
a todos os níveis, etapas e modalidades que disponibiliza recursos e serviços e
realiza o atendimento educacional especializado – AEE de forma complementar ou
suplementar à formação dos alunos público alvo da educação especial. (Nota
Técnica – SEESP/GAB/N 11/2010).
Assim, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
educação Inclusiva (2008), traz como objetivo garantir o acesso, a participação e
aprendizagem dos alunos com deficiência na escola regular, orientando para a
transversalidade da educação especial, o atendimento educacional especializado, a
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continuidade da escolarização a formação de professores, a participação da família
e da comunidade, a acessibilidade e a articulação intersetorial na implementação
das Políticas Públicas.
Dessa forma, considerando a necessidade de realizar adequações
arquitetônicas nas escolas públicas das redes Estaduais, Municipais e Distrito
Federal, com o objetivo de favorecer a igualdade de acesso a as condições de
permanência aos alunos com, ou sem, deficiência, em suas sedes, assegurando o
direito de todos os estudantes de compartilhar os espaços comuns de aprendizagem
e fundamentado na Constituição Federal de 1988 com podemos perceber nas
seguintes linhas:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola.
Também a Lei nº 11.947/2009, no Decreto n 6.571/2008, Decreto nº
6.949/2009 e a Resolução nº 17 de 19 de abril de 2011, do Conselho Deliberativo do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, passa a ser destinado recursos
financeiros de custeio e capital por intermédio das Unidades Executoras Próprias
(UEx), às escolas públicas das redes da Educação Básica, com matrículas de
público alvo da educação especial em classes comuns registradas no censo,
contempladas com salas de recursos multifuncionais no ano de 2009 (Política do
MEC/FNDE) e que integrarão ao programa escola Acessível em 2011 como afirma
o parágrafo 1º do artigo 58 da lei de Diretrizes e Bases da Educação – 93934 de
1996: “§ 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola
regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial”
Esse trabalho foi realizado na instituição particular pela não existência de
alunos com síndrome de Down nas aulas de educação física na rede pública no
município de Serrinha – Ba, porém, os recursos que tais leis prevêem são
destinados à promoção da acessibilidade e inclusão de alunos das instituições
públicas, alvo da educação especial em classes comuns do ensino regular, devendo
ser empregado em aquisição de materiais e bens e/ou contratação de serviços para
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construção e adequação de rampas, alargamento de portas e passagens, instalação
de corrimão, construção e adequação de sanitários para acessibilidade e colocação
de sinalização visual, tátil e sonora, bem como aquisição de cadeiras de rodas,
bebedouros, mobiliários acessíveis e recursos de tecnologia assistida.
É também assegurado legalmente pelo FUNDEB (Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação)
para as escolas públicas com matrícula de pessoas com NEE, tomando por base o
censo do ano anterior, o dobro do valor per capta, para a instituição possibilitando
assim maior investimento em salas multifuncionais, formação continuada de
professores e melhoria no ambiente físico.
Portanto, destaca-se também o disposto na Convenção dos Direitos das
Pessoas com Deficiência (2006), publicada pela Organização das Nações Unidas
(ONU) e promulgada no Brasil por meio do Decreto n 6.949/2009 onde determina no
Art. 24 que o direito das pessoas com deficiência à educação, com base na
igualdade de oportunidades, assegurarão um Sistema Educacional inclusivo em
todos os níveis.
3. SÍNDROME DE DOWN: CONHECENDO UM POUCO MAIS
Segundo Mustacchi, (1990) a síndrome de Down foi a primeira anormalidade
autossômica descrita no homem e constitui a aberração de cromossomo
autossômico mais comumente encontrada. Ocorre uma vez em cada 600
nascimentos e é mais freqüente quando as mães são mais idosas que a média.
É a síndrome genética mais conhecida, sendo responsável por 15% dos
portadores de atraso mental, também conhecida como trissomia do cromossomo 21.
As pessoas com Síndrome de Down apresentam 47 cromossomos em cada célula
em vez de 46, como as demais, este cromossomo extra encontra-se no par 21.
(SOLER, 2005, p.68)
21
Conforme informações apontadas por 1autores que pesquisam a síndrome de
Down (SD) esta que foi descrita em 1866 por John Langdon Down, que acabou
sendo batizada com seu nome. Ele foi o primeiro a descrever as características de
uma criança com (SD), no entanto ela foi identificada pela primeira vez pelo
geneticista francês Jérôme Lejeune em 1958.
A síndrome de Down pode se apresentar de três formas, como define
Mustacchi, (1990) a seguir:
Trissomia 21 simples:
É a alteração genética mais comum, ocorre em aproximadamente 95% dos
casos onde apresentam três cromossomos 21 independentes, a causa é a não
disjunção cromossômica durante a meiose.
Mosaico
O mosaico origina-se nas primeiras divisões de uma célula-ovo, resultando
também da não disjunção cromossômica, dois ou mais tipos de células, podendo ser
conseqüente à perda de uma cromátide de célula trissômica. Ocorre em
aproximadamente 2% dos casos.
Translocação
Caracteriza-se pela transferência de fragmento cromossômico ou de todo um
cromossomo para outro, podendo resultar em um cromossomo que possua a maior
parte do material genético dos dois inicialmente envolvidos. Em geral o cromossomo
21 extra adere a um novo par normalmente o 14 e sua ocorrência é em
aproximadamente 3% dos casos.
Em geral a identificação da pessoa com (SD) acontece na ocasião do
nascimento, ou logo após, com base na combinação de características físicas,
1 Fundação Síndrome de Down http://www.fsdown.org.br/. Acessado em fevereiro de 2012.
22
algumas delas descritas adiante por Soler (2005): Os olhos apresentam-se com
pálpebras estreitas e levemente oblíquas;
A cabeça, geralmente, é menor e a parte posterior levemente achatada;
A boca é pequena e geralmente se mantém aberta;
As orelhas são geralmente pequenas e de implantação baixa;
As mãos são curtas e largas;
A musculatura de maneira geral, flácida (hipotonia muscular);
A criança com SD pode apresentar algumas ou todas essas características,
porém, ela também parecerá com seus pais, pois herdam os genes destes. Segundo
algumas 2leituras realizadas, pode-se perceber que a única característica em comum
a todos é o déficit intelectual, ainda de acordo com o site cerca de 50% das crianças
com síndrome de Down apresentam problemas cardíacos, em alguns casos graves,
chegando a ser necessária cirurgia nos primeiros anos de vida.
A comprovação da SD no indivíduo acontece por meio do exame genético: O
cariótipo, que permite confirmar a presença de um cromossomo extra no par 21.
Cromossomo este proveniente de um erro na divisão do material genético no
embrião. Esta divisão modifica definitivamente o desenvolvimento embrionário do
bebe.
É importante ressaltar que não existem graus de SD, as diferenças de
desenvolvimento acontecem por conta das diferenças individuais, (herança genética,
educação, meio ambiente).
Geralmente o desenvolvimento da criança com SD ocorre de maneira muito
parecida com a da criança sem esse comprometimento. De certo atingirão as etapas
embora em ritmo lento, é importante que o tempo da criança seja respeitado.
Os limites impostos aos indivíduos, desde seu nascimento, envolvendo principalmente, as áreas de aprendizado e sociabilidade não devem ser rigorosos e imperativos a ponto de preocupar os familiares de portadores de síndrome de Down. Devem ser flexíveis até o ponto em que não se
2 Pesquisa realizada em http://www.fsdown.org.br/. Acessada em fevereiro de 2012.
23
prejudique a integridade do indivíduo que necessita de estimulação constante para promover sua adesão ao ambiente em que vive. (MUSTACCHI, 1990,p.21)
Contudo, a criança com esse comprometimento possui algumas limitações do
ponto de vista educacional e social, mas dependendo do potencial genético e de
como ela é estimulada no meio onde vive qualquer criança pode desenvolver suas
habilidades e potencialidades sem serem estereotipadas, como crianças inferiores
ou mesmo incapazes.
No Brasil um conjunto de normas assegura a proteção para pessoas que tem
síndrome de Down: direito à educação e também com a condição de oportunidades
de desenvolvimento iguais. A constituição federal de 1988 no seu artigo 208
determina que “o dever do estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino”.
O Conselho Nacional de Educação na Resolução nº 2/2001 defende que as
escolas regulares recebam em suas classes alunos com deficiência para promover a
inclusão social, admitindo ainda salas especiais temporárias para crianças e
adolescentes. A Lei de Diretrizes de Bases da Educação (LDB) nº 9.394/96
estabelece a divisão do ensino regular e especial admitindo a possibilidade de ser
substituída do regular pelo especial.
Dessa forma, o cumprimento adequado dessas leis representa um grande
avanço para a cidadania das pessoas com deficiência ou baixa mobilidade,
permitindo o acesso à escola, saúde, trabalho, lazer, cultura, e que esses sejam
elementos cada vez mais presentes na vida destas pessoas.
Autores com Paulo Freire (1996) na discussão sobre o processo de
aprendizagem e formação defendem que a relação professor aluno e aluno
professor, aluno e aluno, a partir do conjunto de experiências trazidas e vivenciadas
na comunidade e trazidas para o ambiente escolar, a troca das experiências
vivenciadas pelos educandos pode configurar uma excelente maneira pela qual um
aluno possa aprender com o outro. Brandão (1997) diz que ninguém escapa da
educação é ela acontece na prática vivenciada seja no espaço escolar ou na
comunidade que as crianças vivem, dessa forma as experiências entre diferentes
vivencias é um legado rico e diversificado que vem contribuindo sobremaneira para
ressignificar s conteúdos em sala de aula.
24
Os PCNs, especificamente o de Educação Física nos mostra que:
Não existe homem sem cultura, mesmo que não saiba ler, escrever e fazer contas. Pode-se dizer que o homem é biologicamente incompleto; não sobreviveria sozinho sem a participação das pessoas e do grupo que o geraram (BRASIL,1998, p. 27).
Então diante dos pressupostos que os autores colocam o diferencial da
inclusão em classes regulares é a aprendizagem que as diferenças proporciona, a
aprendizagem entre diversas culturas, o intercambio escolar entre as vivencias que
cada educando traz diferentemente de sua comunidade seja ele um aluno dito
normal ou um aluno com necessidade especial, eles, na troca de experiências
juntamente com os conteúdos trabalhados em sala de aula, ressignificam a
aprendizagem, garantindo o desenvolvimento integral da criança. Colocar todos os
educandos com necessidades especiais juntos sem uma preocupação com seu
direito de aprender não garante seu desenvolvimento enquanto cidadão que tem o
direito garantido como reza as leis educacionais
3.1. Relação Educação Física e síndrome de Down
Uma das grandes vantagens do componente curricular Educação Física na
escola é o fato dele poder trabalhar com o movimento e o corpo do educando. Sua
possibilidade dinâmica de atrair o estudante para a aula se dá pelo seu diferencial
em relação às demais disciplinas, pois o momento prático no trabalho com
atividades, fazendo com que o estudante interaja melhor com os conteúdos
trabalhados na disciplina. Proporcionando também, uma melhor interação entre os
educandos nas suas diversas vivencias. Proposta que se tornam cada vez mais
comum e necessária no âmbito escolar, já que, as escolas devem se preparar cada
vez melhor para atender um público que necessita de uma educação especial.
Tratando-se de alunos com síndrome de Down, as atividades propostas nas
aulas de Educação física devem sempre contribuir para que o aluno tenha um
melhor aproveitamento das tarefas, seu desenvolvimento depende muito disso. É
importante que haja uma aproximação da criança, estabelecendo uma relação de
confiança com o professor e principalmente com os colegas de classe.
25
Uma das maneiras mais eficientes para o trato com pessoas com síndrome
de Down está diretamente associada ao reconhecimento da deficiência e de suas
limitações por parte dos envolvidos. O processo de desenvolvimento é considerado
lento, porém quanto mais cedo se inicia os estímulos, melhor. No que se refere à
estimulação precoce Mustacchi (1990, p. 86), diz:
A estimulação precoce é uma serie de exercícios que visa a desenvolver as capacidades da criança de acordo com a fase do desenvolvimento que ela se encontra. O desenvolvimento global da criança depende muito do ambiente em que vive, devendo ser tranqüilo, fornecendo a criança estímulos variados, realizados diariamente sempre com o envolvimento da família.
Para Soler (2005), comparados a uma criança “normal” o desenvolvimento
motor da criança com síndrome de Down é inferior, a tarefa principal do educador
consiste em intervir inicialmente dentro das possibilidades da criança com o
propósito de deixá-las mais confiantes e seguras de seus movimentos, ampliando as
exigências com o passar do tempo tendo em vista que elas se desenvolvem num
ritmo mais lento que as demais
Hoje muito se fala sobre a importância da prática de atividades psicomotoras
no processo de desenvolvimento das crianças principalmente aquelas com síndrome
de Down.
Schwartzman (1999) citado por Voivodic (2004) diz que a 3hipotonia muscular
presente na maioria dos casos de síndrome de Down é o principal motivo para que o
desenvolvimento motor da criança ocorra de forma mais tardia que as demais e que
isso interfere no desenvolvimento de outros aspectos, pois a partir da exploração de
ambiente que a criança constrói o seu desenvolvimento de mundo. (Voivodic, 2004,
p.43).
A educação física tem grande contribuição quanto ao desenvolvimento
desses aspectos tomando como referência a variedade de conteúdos e
possibilidades. Conteúdos que quando trabalhados de forma lúdica proporcionam
uma motivação extra à criança, facilitando o processo de ensino aprendizagem não
somente da criança com síndrome de Down, mas, a todos que ali estão. Além disso,
as escolas devem se preparar melhor com formação profissional de qualidade,
3 Hipotonia muscular: diminuição do estado fisiológico da tensão muscular: ou seja, contratilidade muscular
reduzida. (MUSTACCHI, 1990)
26
adequar à estrutura física da escola, utilizar em seu planejamento atividades
multidisciplinares, utilizando de tudo isso em prol do melhoramento das condições
necessárias para uma escola inclusiva.
O caminho para uma educação física inclusiva, assim como para uma escola inclusiva, é longo e cheio de desafios, que só conseguiremos vencer se jogarmos todos num único time, harmonizando os conflitos e tentando em equipe alcançar os objetivos. O primeiro passo é enxergar a atual paisagem e tentar aos poucos modificá-la. (SOLER, 2005, p13)
Ao mesmo tempo em que a educação física pode contribuir para a inclusão
de pessoas com síndrome de Down em suas aulas. É preciso ter o cuidado com a
possibilidade de exclusão e frustração. Tratando-se de pessoas com deficiência é
comum acontecer o contrário do planejado, o profissional de educação precisa estar
preparados para saber lidar com essas situações que nem sempre tem os efeitos de
incluir, entretanto motivar sempre vai ter um valor significativo no processo de
aprendizagem dos alunos com síndrome de Down.
3.2. Necessidade da formação de professores na perspectiva inclusiva
A formação do Profissional que irá estar em contato direto com criança e
principalmente crianças com necessidades especiais no processo de educar é de
suma importância e foco dos debates contemporâneos nos cenários educacionais. A
formação continua não só contribui com os processos formativos como também
define o perfil do Profissional que irá lidar diariamente com questões adversas na
sala de aula.
Segundo a LDB Lei 9394/96 no seu artigo 61 diz que:
Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos
objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características
de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos:
I- a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a
capacitação em serviço;
II- aproveitamento da formação e experiências anteriores em
instituições de ensino e outras atividades;
27
Podemos perceber que a própria Lei de Diretrizes e Bases da educação
brasileira traz a importância da formação continuada do docente para atuar como
profissional que atenda os objetivos dos diferentes níveis, associando teoria e
prática para que assim a aprendizagem do educando principalmente quando ele
necessite de uma educação especial que atenda suas necessidades seja garantida.
A garantia da formação continuada definirá o perfil do profissional que estará
lidando diretamente com educados com síndrome de Down matriculados nas salas
de aula regular do ensino, até porque o perfil desse professor na condução de suas
aulas contribuirá para a garantia do direito de aprender, do direito ao
desenvolvimento integral da criança com síndrome de Down.
A sala de aula então deve ser um ambiente formador, segundo Castro e
Carvalho:
A sala de aula pode ainda ser considerada um espaço privilegiado de aprendizagem nas sociedades avançadas em que dominam as novas tecnologias de comunicação e informação? Hoje, as informações estão facilmente disponíveis. De fato, defrontamo-nos com muito mais dados do que nossa capacidade para entendê-los e gerenciá-los. Sentimos falta, muitas vezes, de referencias teóricos e metodológicos para mapeá-los e dar-lhes significado. A sala de aula pode ser esse espaço formador para o aluno. Espaço em que ele aprende a pensar, elaborar e expressar melhor suas idéias e a ressignificar suas concepções (2001, p. 125).
Castro e Carvalho além de definirem o espaço da sala de aula como um
espaço que deve ser formador para o educando elas defendem que o professor
também pode ser formado a partir das perspectivas da sala de aula observe, “A sala
de aula pode ser também um espaço formador para o professor. A formação inicial
não pode dar conta da variedade e da complexidade de situações com as quais o
futuro professore se defrontará (2001, p.125)”.
A formação do profissional docente que os autores colocam se dá
necessariamente pelo fato das complexas situações que tais profissionais vão lidar
na sala de aula a inclusão é uma delas. Tratar da inclusão requer um perfil
profissional ainda mais preparado para com diversas situações para atender as
necessidades especiais desses educandos na garantia que eles têm o direito de
aprender, de se desenvolver como todo educando tem, ao se matricular numa
instituição de ensino publica ou particular.
28
Especificamente a pesquisa lidará com um profissional de licenciatura
especifica que é o professor de educação física. Que segundo Heringer e Figueiredo
no texto: Prática de formação continuada em Educação Física, defendem a partir de
uma experiência numa escola municipal, que o profissional de Educação Física deve
estar sempre em formação continuada para que assim ele possa atender às
necessidades do educando quando trata do seu desenvolvimento integral.
4. PERCURSO METODOLÓGICO
O ato de pesquisar tem em si descobertas, como nos diz Demo (2002, p. 11)
“o processo de pesquisa está sempre cercado de ritos especiais”. E, na Academia, o
ato de pesquisar está inerentemente ligado a cientificidade, e a depender do que se
pretende com a pesquisa, esta pode ganhar caráter sociológico, político e
educacional agindo assim, para a transformação desses agentes da sociedade.
Neste capítulo será apresentada a metodologia utilizada para o
desenvolvimento da pesquisa que tem como tema: Educação Física inclusiva na
escola: um estudo de caso em uma escola privada em Serrinha – Bahia, tendo como
objetivos de pesquisa: verificar se a disciplina educação física na escola regular
propicia a inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais (síndrome
de Down), analisando a freqüência e a participação do educando, assim como
também identificar que relação esses alunos estabelecem com a escola; e
diagnosticar as dificuldades encontradas pelos alunos e pela escola que os acolhe
no ensino regular.
Partindo dessa premissa, foi necessário para o êxito deste estudo, definir, o
método a ser empregado a este trabalho, tendo em vista que uma vez escolhida, a
metodologia norteará os caminhos a serem seguidos durante o percurso de estudo.
Dessa forma, a presente pesquisa caracteriza-se como um estudo qualitativo,
este que apresenta a tentativa de se explicar em profundidade o significado e as
características do resultado das informações obtidas através de questões abertas, e
observação sem mensuração quantitativa de característica ou comportamento.
4.1 A abordagem metodológica
29
A intenção com esta pesquisa está especificamente relacionada aos
processos educativos de inclusão na disciplina de Educação física e suas questões
mais ligadas à sociedade, por isso, a opção foi pela abordagem qualitativa.
Dessa forma a pesquisa apresenta relevância em torno de discussão da
temática, a qual teve a pretensão de investigar a inserção no meio inclusivo de
crianças com síndrome de Down nas aulas de Educação física, o que no cerne da
pesquisa só nos apontou a necessidade da metodologia qualitativa.
Oliveira (2007, p. 37) vê a abordagem qualitativa ou pesquisa qualitativa como
sendo “um processo de reflexão e análise técnica para compreensão detalhada do
objeto de estudo em seu contexto histórico e /ou segundo sua estruturação”. Esse
processo implica em estudos segundo a literatura pertinentes ao tema, observações,
aplicação de questionário, entrevista e análise de dados, que deve ser apresentado
de forma descrita segundo Oliveira (2007, p. 38):
Na pesquisa de abordagem qualitativa todos os fatos e fenômenos são significativos e relevantes, e são trabalhados através das principais técnicas: entrevista, observações, análise de conteúdo, estudo de caso e estudo etnográfico.
Por conta dessa definição acerca da pesquisa ou abordagem qualitativa é que
foi escolhida esta trajetória tendo em vista que a pesquisa além de possuir um cunho
social, procurou se apropriar dos mínimos detalhes para assim chegar às suas
considerações.
4.2 O tipo de pesquisa
O tipo de pesquisa utilizado foi então o Estudo de Caso que segundo Yin
citado por Oliveira (2007, p. 55) facilita a compreensão de fenômenos sociais
complexos em geral aplica-se com mais frequência às áreas das ciências humanas
e sociais, destacando-se a psicologia, a sociologia, a ciência política, a economia e a
administração.
Gil (1991) caracteriza o estudo de caso como um estudo profundo e
exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e
30
detalhado conhecimento. Para o autor a maior utilidade do estudo de caso é
verificada nas pesquisas exploratórias.
A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é recomendável nas fases iniciais de uma investigação sobre temas complexos, para a construção e hipóteses ou reformulação do problema. Também se aplica com pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é suficientemente conhecido a ponto de ser enquadrado em determinado tipo ideal. (GIL, 1991, p. 59)
André (2005) baseado na idéias de autores como Merriam (1988) diz que o
estudo de caso apresenta quatro características: (1) a particularidade que o estudo
de caso focaliza uma situação, um programa, um fenômeno; (2) descrição significa
que o produto final de um estudo de caso é uma descrição “densa” do fenômeno em
estudo. Por discrição densa entende-se uma descrição completa e literal da situação
investigada; (3) Heurística significa que o estudo de caso ilumina a compreensão do
leitor sobre o fenômeno estudado. Podem revelar a descoberta de novos
significados, entender a experiência do leitor ou confirmar o já conhecido e (4)
Indução significa que em grande parte, os estudos de caso se baseiam na lógica
indutiva.
Stake citado por André (2005, p.18) diz que o “estudo de caso é estudo da
particularidade e da complexidade de um caso singular, levando a entender sua
atividade dentro de importantes circunstancias”.
A especificidade deste Estudo de Caso está centrada no nosso objeto de
estudo, que foi às aulas de educação física para crianças com Down em uma escola
privada, situada no município de Serrinha – Ba, o qual se constitui num dos casos
dentre os demais nas aulas de educação física oferecidas no âmbito escolar. Com
625 alunos matriculados, 3 alunos possuem a síndrome de Down e apenas 01
participa das aulas de Educação física.
Logo, percebe-se que o Estudo de Caso é utilizado para atender aos
objetivos preestabelecidos pelos pesquisadores (as), como sendo um estudo
aprofundado a fim de buscar fundamentos e explicações para determinado fato ou
fenômeno da realidade empírica.
Este tipo de instrumento segundo Oliveira (2007) permite qualificar os dados
obtidos por meio de informações coletadas através de questionários, entrevistas,
observações.
31
O procedimento visa buscar informações autênticas para se explicar em
profundidade o significado e as características de cada contexto em que encontra o
objeto de pesquisa. Os dados podem ser obtidos através de uma pesquisa
bibliográfica, entrevista, questionário e todo o instrumento que se faz necessário
para a obtenção de informações.
Outro tipo utilizado foi à pesquisa bibliográfica, pois ela é uma modalidade de
estudo e análise de documentos de domínio científico tais como livros,
enciclopédias, periódicos, ensaios, artigo cientifico dentre outras fontes. Pode-se
afirmar que grande parte de estudos exploratórios fazem parte desse tipo de
pesquisa e apresenta como principal vantagem um estudo direto em fontes
cientificas, sem precisar recorrer diretamente aos fatos. A pesquisa bibliográfica é
imprescindível para realização de estudos históricos como foi feito nesta pesquisa.
A pesquisa bibliográfica é capaz de fornecer dados atuais e relevantes
relacionado com o tema. A principal finalidade para a utilização desse tipo de
pesquisa foi o poder que este tipo de pesquisa tem de possibilitar ao pesquisador
um contato direto com obras, artigos ou documentos que tratam do tema em estudo.
4.3 Instrumentos e procedimentos
Com o intuito de alcançar informações inerentes aos objetivos explicitados
para a realização desta pesquisa, foi necessária a escolha de instrumentos como o
questionário aberto e a observação em campo sendo realizada no mês de fevereiro
e março com observação a 4 aulas de educação física.
Tratando-se de observação Gil (1994), enfatiza que: “a observação nada mais
é que o uso dos sentidos com vistas a adquirir os conhecimentos necessários para o
cotidiano” (p.104). Nesse sentido, é uma técnica necessária ao mundo acadêmico e
profissional, pois contribui para o processo de construção do conhecimento. É a
partir da observação que se conhece e compreende pessoas, coisas,
acontecimentos e situações que são possíveis de registrar e analisar fatos e
fenômenos.
Assim, os instrumentos utilizados para a realização da pesquisa de campo,
têm o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um
32
problema, para o qual se procura uma resposta, ou ainda, descobrir novos
fenômenos ou as relações entres eles.
4.4 O local e os sujeitos
Esta pesquisa foi desenvolvida entre os meses de fevereiro e março de 2012,
com os sujeitos que se caracterizam o corpo docente/pedagógico e discente de um
colégio particular em Serrinha – Bahia, com 625 alunos matriculados entre estes 3
alunos com síndrome de Down e 01 deles participa das aulas de Educação física, a
Escola é situada no Bairro da Vaquejada do Município de Serrinha – Bahia. Os
sujeitos colaboradores com a pesquisa tiveram seus nomes substituídos por letras
do alfabeto para terem sua identidade preservada, como por exemplo: a diretora foi
chamada nesta pesquisa de sujeito D; A coordenadora pedagógica que é formada
em pedagogia e chamada na pesquisa de sujeito C; 1 professor de Educação física
que é bacharel em Educação Física, na pesquisa é o sujeito P e 1 criança com
síndrome de Down observada durante sua permanência na escola e que participa
das aulas de Educação Física no referido Colégio.
5. ANÁLISE DE DADOS
33
Neste capítulo, procuramos apresentar os dados da pesquisa, reflexões e
análise sobre eles, sempre reportando-nos ao referencial teórico apresentado
anteriormente, este capítulo também terá como embasamento os passos
metodológicos também já explicitados.
As informações coletadas através dos instrumentos foram exímios condutores
aos objetivos traçados pela pesquisa, esses dados refletem o perfil do lócus
estudado e a trajetória dos sujeitos pesquisados.
Diante disso, foi organizada a análise das informações em blocos e
categorias.
5.1. Inclusão o que se entende sobre?
Para perceber o que os sujeitos pesquisados entendem sobre o conceito de
inclusão lancei a pergunta: Para você o que significa inclusão?
Sujeito D: É a valorização da diversidade. É saber conviver, é contribuir para um mundo de oportunidades reais para todos.
Sujeito C: Permitir o acesso a escola a crianças portadoras de necessidades especiais bem como a sociedade, oportunizando a ela os conhecimentos e socialização. Sujeito P: A inclusão é um processo no qual o professor vai desenvolver
o seu trabalho em um determinado local, com um publico diverso.
Percebemos que os sujeitos mesmo de forma simplificada entendem o que é
inclusão, sabem que na escola o processo de inclusão é trabalhar com as diferenças
respeitando-as. Pode ser citado na década de 1990 que a educação especial com
base na Declaração de Salamanca (1994) foi substituída pela concepção de
educação inclusiva, tendo como principio uma educação para todos, ampliando o
conceito de necessidades especiais e a inclusão das pessoas com necessidades
especiais no sistema regular de ensino como afirma Mazzota (1996).
Segundo Mittler (2003, p.21) “A inclusão é uma visão, uma estrada a ser
viajada, mas uma estrada sem fim, com todos os tipos de barreiras e obstáculos,
alguns dos quais estão em nossas mentes e em nossos corações”.
34
Perguntamos também a esse respeito ao profissional de educação física:
Você encontra apoio pedagógico para atender os alunos com síndrome de
Down?
Sujeito P: Sim. A coordenação da escola dá o apoio material para que
possua materiais adequados para ser trabalhado com o mesmo.
Embora a coordenação dê apoio material, só isso não basta, a escola deve
estar preparada para a inclusão de fato o que é de direito, nas observações em
lócus ficou notório que a escola só agrega no seu quadro crianças com Síndrome de
Down, nenhuma criança com qualquer outra necessidade educacional especial foi
percebida na escola. Pude observar que a criança com síndrome de Down passou
as aulas de educação física que foram observadas, brincando sozinha sem a
mínima intervenção do professor ou da coordenadora da escola e os colegas a
ignoram como se não notassem a sua presença.
5.2. A escola e o processo de inclusão:
É de suma importância quando se trata do processo de inclusão sabermos:
que perspectiva é dada pela escola para a inclusão de alunos com síndrome de
Down? Pois a partir de tal questionamento podemos identificar se de fato a escola é
inclusiva ou só integra a criança, colocando a criança no ambiente escolar sem se
importar com seu desenvolvimento ou a relação social que manterá com os demais
estudantes, sobre este aspecto obtive as seguintes respostas:
Sujeito D: A escola busca de maneira gradativa privilegiar uma educação inclusiva, compreendendo a necessidade de uma reorganização do projeto pedagógico que atenda às necessidades do indivíduo em sua essência.
Sujeito C: torná-los indivíduos capazes de interagir com a sociedade, assim como a aprendizagem inclusiva.
35
Sujeito P: Não sei as escolas públicas, mas as escolas particulares estão
abraçando esses alunos com o objetivo de passar ao mesmo uma boa
educação com respeito e visando o seu futuro.
Entretanto, não percebi com as observações que a escola proporciona ao
estudante com síndrome de Down a perspectiva de se sentir incluído muito menos
de se sentir sujeito e se relacionar com os demais estudantes, a criança é
matriculada, mas sua participação é restrita nas aulas, não sendo ofertada uma
educação igualitária que contribua para sua formação como de direito.
Entendo que a prática educativa deve ser um fenômeno constante e universal
inerente à vida social, sendo uma atividade humana real, que se constitui como
objetivo de conhecimento. A educação é um fenômeno social essencial à
constituição do homem e a sociedade, integrante, portanto da vida social,
econômica, política e cultural.
Diante do exposto precisamos saber se os profissionais passam por algum
tipo de formação que os preparem para lidar com a educação inclusiva.
Sujeito D: Sim. Através de cursos oferecidos por instituições públicas e privadas, Jornadas Pedagógicas, Seminários, Palestras etc.
Perguntei qual a atuação do diretor escolar quando se trata da educação
inclusiva: no que ele pode influenciar? Como você vê a participação/ação de: diretor,
coordenador, professores e pais no processo de inclusão?
Sujeito D: O movimento de inclusão está atrelado à construção de uma sociedade democrática, na qual todos nós educadores estamos envolvidos e devemos estar dispostos a exercitar a aceitação e o reconhecimento das diferenças.
Em se tratando do processo de inclusão percebemos que as respostas
demonstram que os sujeitos entendem e sabem qual deve ser a postura da escola e
dos profissionais que estão envolvidos diretamente com a prática educativa, como
diz a constituição: a educação é direito de todos indistintamente.
36
Segundo a Constituição Federal que reserva seção específica para a
educação dispõe no Art. 205:
A educação direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Precisei ainda perguntar com o intuito de perceber qual a postura da escola em
relação ao aluno com síndrome de Down: Qual a atuação do coordenador
pedagógico quando se trata da educação inclusiva no que ele pode influenciar.
Sujeito C: Levar os alunos a perceber a necessidade de convivência bem como a construção de atitudes menos discriminatórias e mais cooperativas, humanas e solidárias e a transformação da comunidade escolar levando a turma a perceber a necessidade de acolher a todos sem distinção de raça, ou credo, construindo assim uma sociedade justa para todos.
Também se faz importante perceber quais as dificuldades que a escola tem ao
acolher no ensino regular crianças com necessidades especiais, principalmente nas
aulas de educação física, a respeito de tal questionamento o sujeito responde:
Sujeito C: A escola atual não está preparada para receber alunos com necessidades especiais. No nosso caso se fez necessário, adaptação do plano pedagógico, bem como mudanças de estratégias do planejamento nas aulas de educação física tornando-as agradáveis, despertando interesse da criança
Percebi com as observações que a escola no seu aspecto físico apresenta
condições para atender o aluno com deficiência, possui rampas, banheiros
adaptados, porém nos aspectos políticos pedagógicos, principalmente o que se
refere às aulas de educação física foi percebido que a criança se relaciona de forma
muito vaga com os outros colegas e com o professor da disciplina no momento das
aulas de educação física, portanto seu desenvolvimento é comprometido. Mustacchi
(1990, p. 86), diz:
37
A estimulação precoce é uma serie de exercícios que visa a desenvolver as capacidades da criança de acordo com a fase do desenvolvimento que ela se encontra. O desenvolvimento global da criança depende muito do ambiente em que vive, devendo ser tranqüilo, fornecendo a criança estímulos variados, realizados diariamente sempre com o envolvimento da família.
O que apresenta o autor deveria ser vivenciado na escola pela criança com
síndrome de Down, pois sua relação com o professor e com seus colegas, as
experiências trocadas irão sem dúvidas contribuir para estímulos de sociabilidade e
cada vez mais a garantia do desenvolvimento integral da criança.
5.3. O professor e a inclusão do aluno com síndrome de Down nas aulas de
educação física.
Para percebermos qual a relação do aluno com SD nas aulas de Educação
Física, se ele se sente incluído e/ou se relaciona com os colegas, se o componente
curricular contribui para o processo de desenvolvimento do aluno, perguntei aos
sujeitos sobre a importância do componente curricular educação física no processo
de desenvolvimento do aluno com SD.
Sujeito C: Com as aulas de educação física a criança pode receber inúmeros benefícios, tais como, senso de realização, consciência corporal, desafios físicos e mentais, melhoria da auto-estima, participação na comunidade, sensação de pertencer ao grupo e o mais importante, diversão. Sujeito P: Ela pode se relacionar com os colegas nas aulas práticas com as brincadeiras e não se sentir diferente dos outros colegas.
Posteriormente se a disciplina educação física propicia a inclusão de pessoas
com necessidades educacionais especiais? Quais as metodologias utilizadas com
as crianças com síndrome de Down?
38
Sujeito C: Sim, como respondi na questão anterior, as atividades físicas faz com que a criança tenha oportunidade de descobrir áreas de interesse e destreza de forma prazerosa e positiva.
Sujeito P: Essa aluna que possui síndrome, claro que ela fica mais
afastada, mas daí o professor incentiva, conversa, realiza brincadeiras
com ela, para que nunca ela pense que por ela ser assim que ela vai
estar excluída da turma e das brincadeiras desenvolvidas em aula.
Embora os sujeitos colaboradores da pesquisa tenha respondido que a
disciplina de Educação Física tem contribuído com o desenvolvimento da criança
com síndrome de Down, que os professores intervêm pedagogicamente quando
sente a criança afastada dos colegas, percebi com as observações que a criança
com síndrome de Down nas aulas de educação física fica afastada das demais
pessoas do grupo, questiona-se então se essa prática é constante, se as escolas
que tem em suas aulas de educação física criança com Down estão realmente
preparadas para lidar com as necessidades especiais do educando com Down,
segundo a Declaração de Salamanca trazida na pesquisa a pratica escolar deveria
ser inclusiva e a escola deveria se ajustar a realidade e necessidade do educando:
As escolas devem ajustar-se a todas as crianças independentemente das suas condições físicas, sociais, lingüísticas ou outras. Neste conceito devem incluir-se crianças com deficiências ou super-dotadas, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de população imigradas ou nômades, crianças de minoria lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.” (Declaração de Salamanca: UNESCO, 1994).
A Declaração de Salamanca é um importante documento que define de fato
os avanços que as escolas deveriam ter em relação à Educação Inclusiva que é um
direito instituído ainda na Lei de Diretrizes e Base da Educação Brasileira e na
constituição Federal de 1988, diferentemente do que foi observado na escola na
qual fiz a minha pesquisa que o professor afirma que as aulas de educação física
contribuem com o desenvolvimento integral da criança com síndrome Down, e que
proporciona a inclusão da mesma, porém na prática percebi que ainda está muito
distante da inclusão de fato e de direito como merece a aluna com síndrome de
Down que freqüenta as aulas de educação física na escola.
39
5.4. O aluno com síndrome de Down em relação à escola
Que relação o aluno com síndrome de Down estabelece com a escola? Foi a
pergunta direcionada à coordenadora para percebermos como se sente a criança
com síndrome de Down na escola pesquisada.
Sujeito C: desenvolve a capacidade de realização de atividades diárias bem como socialização, desenvolvimento cidadão, independência social.
O professor aponta em sua resposta a necessidade que a escola tem de fazer
com que os alunos com necessidades especiais possam interagir com as demais
crianças. A interação social, conforme Sassaki (1997) surge para derrubar a pratica
da exclusão sofrida pelas pessoas com necessidades especiais durante séculos. A
plena integração dessas pessoas acontece pela igualdade de oportunidades e
direitos, resultando num ambiente de convívio menos restrito com oportunidades
iguais para todos, constituindo assim processo de inclusão dinâmico e participativo
em todos os níveis sociais.
Questionei na intenção de relacionar as respostas dos sujeitos entrevistados
com as observações feitas: Quais as maiores dificuldades de aprendizagem
encontradas pelas crianças com síndrome de Down? Já que foi perceptível que não
há interação com a criança com síndrome de Down nas aulas de Educação Física
nem com as demais crianças e/ou com o professor, sobre esses aspectos os
sujeitos responderam que:
Sujeito P: Acho que não possui dificuldade nenhuma, tendo uma boa
equipe de professores para acompanhar e uma boa turma.
Fiz alguns questionamentos com o objetivo de entender porque a prática
observada se dissocia tanto das repostas dadas aos sujeitos, como pode ser
observado a seguir:
40
1- A aluna com síndrome de Down tem maior interesse em quais atividades?
Quais fatores a distrai?
Sujeito P: Brincadeira com bolas, bambolê, petecas, etc.,
colegas correndo em quadra, fazendo cestas ou gol.
2- Como reage a frustrações? Os colegas sabem sobre a síndrome de Down?
Qual a relação dos colegas com a criança?
Sujeito P: Caso tenha algum problema (frustração), ela se sente magoada e tenta se isolar. Sim e compreendem e ajudam a colega. A relação dos colegas com a criança é ótima.
3- Quais as maiores dificuldades encontradas pelos alunos da turma?
Sujeito P: Mais crianças com síndrome em escolas, com certeza o seu
desenvolvimento seria muito mais rápido e divertido.
4- Quais as qualidades que você vê em seu aluno?
Sujeito P: Ela é uma aluna muito educada, inteligente e obediente nas atividades realizadas pelo professor.
Percebi então que o profissional até tenta que sua prática seja diferente em
relação à aluna com síndrome Down, quer ver qualidades e entende as dificuldades
que a criança com Down tem no dia-a-dia da escola e mais, que a criança poderia
interagir muito mais se tivessem outros colegas com síndrome de Down, porém,
quando a escolas opta por uma política de educação inclusiva, deve se entender
que a inclusão está entre os diferentes, como coloquei anteriormente, pensar a
inclusão é pensar nas pessoas que não possuem as mesmas oportunidades dentro
da sociedade. São elas: idosos, negros, pobres e pessoas com deficiência, como
41
cadeirantes, deficiente visual, auditivo e mental. Pessoas essas que são excluídas
por não se encontrarem dentro dos padrões exigidos pela sociedade.
Para Soler (2005, p.33).
O diferente é aquele que não nos deixa esquecer que a insegurança, a provisoriedade e a relatividade fazem parte da nossa condição humana. Não é à toa que as pessoas que tem mais dificuldades em aceitar e conviver com essa insegurança da condição humana são as mais intolerantes e agressivas contra os diferentes.
Ser respeitada em suas diferenças e se sentir incluída ao freqüentar a escola,
as aulas de educação física são direitos que a aluna observada tem, que por vezes
a escola que foi lócus da pesquisa negou, seja porque no seu cotidiano corriqueiro a
escola não percebe que as diferenças devem ser tratadas como igual no direito que
o aluno tem que aprender, ou porque a escola matricula uma criança com síndrome
de Down, mas não esta preparada ainda em relação ao debate sobre a política de
inclusão educacional, uma vez que, a aluna com SD freqüenta as aulas, sobretudo
as de educação física e não é motivada a participar das atividades junto aos colegas
da turma.
42
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve com objetivo verificar se a disciplina educação física na
escola regular propicia a inclusão de pessoas com necessidades educacionais
especiais, analisando a participação do educando. Para isso usou-se de um
referencial teórico que trouxesse o processo histórico de inclusão, os caminhos que
essa discussão percorreu no Brasil que foi caracterizada no primeiro capitulo desse
trabalho.
Dessa forma o trabalho monográfico obteve olhares acerca do trabalho do
profissional, professor de Educação física que tem em sua turma, uma aluna com
necessidades especiais (síndrome de Down). O olhar sobre a escola regular em
relação à política de inclusão tornou-se uma necessidade, tendo em vista que a
relação entre o que reza as Leis educacionais como a LDB 9394/96 no capítulo que
dá tratamento a inclusão e o que diz a Constituição Federal de 1988 a educação é
direito de todos indistintamente, não garante de fato que o diferente seja aceito nos
âmbitos da sala de aula.
O reconhecimento das diferenças defendendo que ela dá sentido ao processo
de aprendizagem na troca de experiências entre os sujeitos que compõem a
comunidade escolar tornou-se cada vez mais na contemporaneidade uma
necessidade e uma obrigatoriedade, pois a escola, ou seja, a gestão escolar deve
entender que o ato de aprender é direito intransferível do aluno, seja ele homem,
mulher, branco, negro, magro, gordo, com necessidades especiais, cada um tem
uma carga cultural e uma vivencia em comunidade, em sua localidade que pode
contribuir para a aprendizagem do outro e a escola contemporânea deve contribuir
com esse aspecto na apresentação de seus conteúdos programáticos.
Embora a educação inclusiva seja bastante discutida na atualidade com o
intuito de promover o respeito às diversidades humanas e a fim de atingir o dever de
proporcionar oportunidades a todos, muitos questionamentos e conceitos ainda
precisam ser ajustados para que a perspectiva da inclusão tenha efeitos relevantes
na prática.
Existe, de fato, uma grande preocupação quanto à infra-estrutura da escola,
elas esta se adequando cada vez melhor para receber pessoas com deficiência,
contudo, percebe-se que os profissionais envolvidos no processo de inclusão,
43
apesar da disposição e do desejo de trabalhar com as diferenças de forma
adequada, ainda precisam passar por uma melhor qualificação.
A legislação ainda que seja extremamente favorável ao processo de inclusão
de alunos com necessidades especiais em escolas regulares, é notório que muitas
crianças com deficiência ainda ficam fora deste contexto escolar, por motivos cada
vez mais injustificáveis.
As crianças têm o direito de aprender e a escola não pode ser reprodutora da
exclusão, a escola precisa postar-se como um espaço que garanta a aprendizagem
coletiva fazendo com que a comunidade escolar entenda que seus sujeitos são
diferentes e possui vivências diferentes, embora as diferenças devam ser
reconhecidas no processo de aprendizagem, a inclusão de fato acontecerá na
medida que as pessoas sejam encaradas como pessoas.
Ainda há muito que fazer para se alcançar uma educação física inclusiva,
para isso as aulas devem propiciar aos alunos através das atividades, momentos
construtivos e ao mesmo tempo prazerosos, possibilitando uma atitude de respeito,
aceitação e solidariedade entre todos do grupo, onde essas pessoas não se sintam
apenas incluídas e sim integradas com o grupo o qual fazem parte.
44
REFERÊNCIAS ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Estudo de caso e avaliação educacional. Brasília: Líder Livro Editora, 2005. ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS: Federação Nacional das APAES. Disponível em: < http://www.apaebrasil.org.br BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, 1997. BRASIL. Constituição (1988). Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal. 1988. ________.Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- Lei 9.394/1996, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, MEC, 1996. ________.Parâmetros Curriculares Nacionais/Adaptações Curriculares. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial.. Brasília: MEC, 1997 _________. Declaração de Salamanca e Linhas de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Ministério da Justiça. Brasília: CORDE, 1997 __________. Parâmetros Curriculares Nacionais: adaptações curriculares. Brasil. ____________Parâmetros curriculares nacionais : Educação Física / Secretaria de Educação Fundamental. . Brasília : MEC /SEF, 1998. _________. Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas. Ministério da Educação, Brasília: MEC 2007. DEMO, Pedro. Pesquisa: princípios científico e educativo. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2002. DURKHEM, Émile. A educação como processo socializador função homogeneizadora e função diferenciadora. In: PEREIRA e FORACCHI. Educação e sociedade . São Paulo: Nacional. S/D.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio ilustrado. Curitiba: Positivo, 2008.
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_____________.Política e educação: ensaio. 7 ed. São Paulo, Corte, 2003
45
FUNDAÇÃO SÍNDROME DE DOWN: disponível em < site: http://www.fsdown.org.br/. Acessado em de fevereiro de 2012.
GIL, Antônio Carlos, 1946- Como elaborar projetos de pesquisas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991
GÓES, Maria Cecília Rafael De, e LAPLANE, Adriana Frisman de, Políticas e práticas de educação inclusiva. – 2.ed – Campinas, SP, Autores associados, 2007.- (Coleção educação contemporânea)
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para que?. 7 ed. São Paulo, Cortez, 2004 MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. 1818-1883. Manifesto do partido comunista; tradução de Sueli Tomazzini Barros Cassal, Porto Alegre: L&PM, 2001. MAZZOTTA, Marcos Jose da Silveira, Educação Especial no Brasil Historia e Políticas Publicas, São Paulo, Cortez, 1996. MEC (LEGISLAÇÃO) disponível em> http://www.mec.gov.br/seesp/legislacao.shtm.
MITTLER, Peter. Educação inclusiva: Contextos sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003.
OLIVEIRA, Maria Marly. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. SAVIANI, Dermeval. Os desafios da Educação pública na Sociedade de classes. In: ORSO, Paulino José (org.) Educação sociedade de classes e reforma Universitária. Campinas, SP: Autores Associados,2007. SILVA, A. P. S.; ROSSETTI-FERREIRA, M. C. Desafios atuais da educação infantil e da qualificação de seus profissionais: onde o discurso e a prática se encontram? Disponível: www.anped.org.br. SOLER, Reinaldo, Educação física inclusiva: em busca de uma escola plural / Reinaldo Soler. – Rio de Janeiro: Sprint, 2005.
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
______________. Formação social da mente. São Paulo: Martins fontes, 1994.
46
ANEXOS
Anexo A
47
FICHA DE ACOMPANHAMENTO
Prezado (a) Senhor (a)
Para a realização dessa pesquisa é necessário obter algumas informações sobre “O
processo de inclusão do aluno com síndrome de Down nas aulas de educação física
na escola”, para tal solicito a sua colaboração respondendo as questões abaixo.
Nome da Escola/Colégio: ________________________________________
Bairro: _____________________________
Rede publica Municipal ( ) Rede publica Estadual ( ) privada ( )
Nº. de alunos matriculados: ___________
1. Existem alunos com síndrome de Down matriculados? Sim ( ) Não ( )
2. Nº. de alunos com síndrome de Down matriculados: ______
3. Os alunos com síndrome de Down participam das aulas de Ed. Física? Sim (
)Não ( )
4. Caso a resposta acima for NÃO, explique o motivo.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________
5. Nº. de alunos com síndrome de Down nas aulas de Ed. Física: ______
Anexo B
48
Roteiro de observação
1- ESTRUTURA
Há rampas de acesso?
Sim ( ) Não ( )
Obs:________________________________________________________________
Os banheiros são adaptados
Sim ( ) Não ( )
Obs:________________________________________________________________
Os espaços reservados às aulas de educação física oferecem segurança ao aluno
com necessidades especiais?
Sim ( ) Não ( )
Obs:________________________________________________________________
2. PEDAGÓGICO
O projeto político pedagógico da escola atende a perspectiva da educação
inclusiva?
Sim ( ) Não ( )
Obs:________________________________________________________________
Os profissionais de educação da escola estão preparados para lidar com a inclusão?
Sim ( ) Não ( )
Obs:________________________________________________________________
49
A ação didática do professor contribui para o desenvolvimento do educando com
síndrome de Down?
Sim ( ) Não ( )
Obs:________________________________________________________________
3- A CRIANÇA
Como a criança se relaciona com os colegas?
Obs:________________________________________________________________
Como se apresenta na relação com o professor de educação física?
Obs:________________________________________________________________
Como a criança se comporta durante as atividades na aula de educação física?
Obs:________________________________________________________________
50
Anexo C
Diretor (a) escolar
Prezado (a) Senhor (a)
Para a realização dessa pesquisa é necessário obter algumas informações sobre “O processo de inclusão do aluno com síndrome de Down nas aulas de educação física na escola”, para tal solicito a sua colaboração respondendo as questões abaixo.
1. Fale um pouco sobre você e a profissão.
2. Para você o que significa inclusão?
3. Que perspectiva é dada pela escola para a inclusão de alunos com síndrome
de Down?
4. Qual a atuação do diretor escolar quando se trata da educação inclusiva: no
que ele pode influenciar?
5. Como você vê a participação/ação de: diretor, coordenador, professores e
pais no processo de inclusão?
6. Os profissionais passam por algum tipo de formação que os preparem para
lhe dar com a educação inclusiva?
7. A escola possui professores e/ou recursos especializados para atender a
crianças com síndrome de Down?
Respostas
51
Anexo D
Coordenador (a) pedagógico
Prezado (a) Senhor (a)
Para a realização dessa pesquisa é necessário obter algumas informações sobre “O processo de inclusão do aluno com síndrome de Down nas aulas de educação física na escola”, para tal solicito a sua colaboração respondendo as questões abaixo.
1. Fale um pouco sobre você e a profissão.
2. Para você o que significa inclusão?
3. Que perspectiva é dada pela escola para a inclusão de alunos com síndrome
de Down?
4. Qual a atuação do coordenado pedagógico quando se trata da educação
inclusiva/ no que ele pode influenciar?
5. Quais as dificuldades que a escola tem ao acolher no ensino regular crianças
com necessidades especiais, principalmente nas aulas de educação física?
6. Qual a importância da disciplina Educação física no processo de
desenvolvimento do Down?
7. A disciplina Educação física propicia a inclusão de pessoas com
necessidades educacionais especiais?
8. Que relação o aluno com síndrome de Down estabelece com a escola?
Respostas
52
Anexo E
Professor (a) da Disciplina Educação física
Prezado (a) Senhor (a)
Para a realização dessa pesquisa é necessário obter algumas informações sobre “O processo de inclusão do aluno com síndrome de Down nas aulas de educação física na escola”, para tal solicito a sua colaboração respondendo as questões abaixo.
1. Fale um pouco sobre você e sua profissão.
2. Para você o que significa inclusão?
3. Que perspectiva é dada pela escola para a inclusão de alunos com síndrome de
Down?
4. Você encontra apoio pedagógico para atender os alunos com síndrome de
Down?
5. Quais as metodologias utilizadas com as crianças com síndrome de Down?
6. Quais as maiores dificuldades de aprendizagem encontradas pelas crianças com
síndrome de Down?
7. O aluno com síndrome de Down tem maior interesse em atividades envolvendo:
8. Qual o tempo de permanência em uma atividade?
9. Quais fatores os distraem?
10. Como o aluno se comunica? Ele tem boa oralidade?
11. Como reage a frustrações?
12. Tem autonomia em atividades da vida diária? Movimenta-se pela escola e se
alimenta com autonomia?
13. Tem iniciativas?
14. Compreende as atividades?
15. Os colegas sabem sobre a síndrome de Down?
16. Qual a relação dos colegas com a criança?
17. Como você avalia a freqüência e a participação do educando com necessidades
especiais?
18. Quais a maiores dificuldades encontradas pelos alunos?
19. Quais as qualidades que você vê em seu aluno?
Respostas
53
Anexo F
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
CAMPUS II – ALAGOINHAS DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – DEDC
Termo de Consentimento
Eu, Raul Carneiro Rocha estudante do curso de Licenciatura em Educação Física na
Universidade do Estado da Bahia – UNEB Campus II, estou em processo de
conclusão de curso na realização do trabalho monográfico. Trata-se de um estudo
sobre o processo de inclusão do aluno com síndrome de Down nas aulas de
educação física na escola regular, no município de Serrinha – Bahia. Para tal
pesquisa é necessário intervenção na instituição, com observação das atividades
realizadas pelo grupo e realização de questionários com o corpo docente,
comprometendo-me com o sigilo com relação ao nome e imagens do (s) sujeito (s).
Aceito participar da pesquisa ( ) Não aceito participar da pesquisa ( )
_________________________________________________________ Raul Carneiro Rocha
________________________________________________________
Assinatura do (a) Diretor (a) do Colégio
ALAGOINHAS 2012