educação e juventude

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Maria Cristina Hayashi*, Carlos Roberto Hayashi* e Claudia Maria Martinez** 131 A juventude já foi analisada sob diversos pontos de vista, constituindo-se em objeto de estudo sob diferentes perspectivas. Neste artigo apresentamos os resultados de uma pesquisa que objetivou analisar a produção científica sobre os jovens e a juventude no Brasil. As unidades de análise foram teses de doutorado e livre docência e as dissertações de mestrado defendidas em progra- mas de pós-graduação do Brasil, no período entre 1989 e 2006. Adotou-se a abordagem meto- dológica da análise bibliométrica, que permitiu traçar um panorama do estado da arte sobre a temática, além de identificar o perfil dos pesquisadores, os temas e as linhas de pesquisa. Os resultados obtidos apontaram a existência de vigorosa produção científica acadêmica sobre os jovens e a juventude no país, que têm como foco abordagens sociológicas, antropológicas, psico- lógicas, educacionais a partir das quais se analisam as mudanças físicas, psicológicas, compor- tamentais e os impactos ocorridos nesse momento de transição para a vida adulta. Palavras-chave: jovens e juventude, análise bibliométrica, produção científica 1. Aproximações ao tema da juventude na perspectiva dos estudos sobre produção científica Compreender a juventude atual é desvendar o mundo de hoje. Novaes, 2007: 253 A produção científica sobre a juventude no Brasil é bastante representativa e nos últimos anos, tem sido observado um aumento crescente, resultante de um interesse que ultrapassa as fronteiras ESTUDOS SOBRE JOVENS E JUVENTUDE Diferentes percursos refletidos na produção científica brasileira Educação, Sociedade & Culturas, nº 27, 2008, 131-154 * Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de São Carlos (São Carlos – SP/Brasil). ** Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos (São Carlos – SP/Brasil).

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Artigo: educação, curriculo e juventude

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  • Maria Cristina Hayashi*, Carlos Roberto Hayashi* e Claudia Maria Martinez**

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    A juventude j foi analisada sob diversos pontos de vista, constituindo-se em objeto de estudo sobdiferentes perspectivas. Neste artigo apresentamos os resultados de uma pesquisa que objetivouanalisar a produo cientfica sobre os jovens e a juventude no Brasil. As unidades de anliseforam teses de doutorado e livre docncia e as dissertaes de mestrado defendidas em progra-mas de ps-graduao do Brasil, no perodo entre 1989 e 2006. Adotou-se a abordagem meto-dolgica da anlise bibliomtrica, que permitiu traar um panorama do estado da arte sobre atemtica, alm de identificar o perfil dos pesquisadores, os temas e as linhas de pesquisa. Osresultados obtidos apontaram a existncia de vigorosa produo cientfica acadmica sobre osjovens e a juventude no pas, que tm como foco abordagens sociolgicas, antropolgicas, psico-lgicas, educacionais a partir das quais se analisam as mudanas fsicas, psicolgicas, compor-tamentais e os impactos ocorridos nesse momento de transio para a vida adulta.

    Palavras-chave: jovens e juventude, anlise bibliomtrica, produo cientfica

    1. Aproximaes ao tema da juventude na perspectiva dos estudos sobre produo cientfica

    Compreender a juventude atual desvendar o mundo de hoje.Novaes, 2007: 253

    A produo cientfica sobre a juventude no Brasil bastante representativa e nos ltimos anos,tem sido observado um aumento crescente, resultante de um interesse que ultrapassa as fronteiras

    ESTUDOS SOBRE JOVENS E JUVENTUDE

    Diferentes percursos refletidos na produo cientfica brasileira

    Educ

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    * Departamento de Cincia da Informao da Universidade Federal de So Carlos (So Carlos SP/Brasil).** Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de So Carlos (So Carlos SP/Brasil).

  • disciplinares e envolve profissionais, pesquisadores, rgos e instituies pblicos e privados eorganizaes no governamentais.

    Os estudos de Cardoso e Sampaio (1995) e Spsito (2002), que se tornaram referncia paraaqueles que se dedicam ao desenvolvimento de pesquisas com esta temtica, parecem corroboraresta viso, conforme explicitado a seguir, no esforo de sntese dos trabalhos realizados por estasautoras. No entanto, vlido mencionar que tanto os estudos de Cardoso e Sampaio (1995)quanto os de Spsito (2002) analisaram a produo cientfica produzida at ao ano de 1998.

    Cardoso e Sampaio (1995) organizaram uma bibliografia temtica comentada sobre juventudecontextualizada sob uma perspectiva sociolgica. Por meio de um levantamento que envolveu abusca e a descrio, a classificao e a anlise de mais de trezentos livros, artigos e ensaios publi-cados sobre o tema, selecionados entre os estudos clssicos de leitura obrigatria aos estudiososdo tema, de trabalhos exploratrios que mostram possibilidades inovadoras na rea, e da literaturade fico e relatos autobiogrficos, as autoras agruparam esta produo cientfica de acordo comos temas: juventude e educao, juventude e trabalho, cultura jovem, participao social e poltica,situao no Brasil e no mundo.

    Ao assinalarem que o tema da juventude bastante antigo nas cincias sociais em geral, tendose desenvolvido no campo da sociologia da juventude, as autoras referem que o levantamentorealizado permitiu verificar que os trabalhos so bastante desiguais quanto ao timing e alcance desua divulgao, alm de diferirem quanto ao tipo de abordagem e obedecerem a certos modis-mos que costumam permear as cincias sociais (Cardoso & Sampaio, 1995: 13-14).

    Por sua vez, Spsito (2002) coordenou uma pesquisa que identificou, descreveu e analisou387 trabalhos de ps-graduao, cujos focos temticos se concentraram em torno dos eixos te-ricos da Sociologia e Psicologia e que tratavam dos aspectos psicossociais de adolescentes ejovens, juventude e escola; jovens, mundo do trabalho e escola; jovens universitrios; adoles-centes em processo de excluso social; jovens e participao poltica; pesquisa sobre juventudee temas emergentes.

    No mbito do estudo que realizou, Spsito (2002: 8) explicita os caminhos investigativos queforam utilizados para tematizar a juventude e reconhece que a prpria definio do tema juven-tude encerra um problema sociolgico passvel de investigao, na medida em que os critriosque a constituem enquanto sujeitos so histricos e culturais.

    Ao considerar que a juventude uma condio social e, ao mesmo tempo, um tipo de repre-sentao, a autora assinala que os estudos sobre este tema podem ser tambm investigados a par-tir do modo peculiar como construram seu arcabouo terico sobre a condio juvenil. Para rea-lizar este empreendimento, Spsito (2002: 9) lanou mo de uma reviso de literatura de autoresque problematizaram o tema e com base no exame da produo do conhecimento analisou comodeterminado campo de estudos tambm vem constituindo teoricamente o tema juventude comoobjeto de investigao, seus modos de aproximao do fenmeno em questo, seus recortes prin-

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  • cipais e, se possvel, suas relaes com os processos histricos que permitiram a visibilidade dessesegmento na sociedade brasileira nos ltimos anos.

    Weisheimer (2005) realizou um mapeamento do conhecimento produzido no pas sobre juven-tude rural no perodo 1990 a 2004, e identificou 50 trabalhos produzidos sob esta temtica, distri-budos entre 27 artigos, 3 livros, 2 teses de doutorado e 18 dissertaes de mestrado. Ao compul-sar estes trabalhos o autor classificou-os em quatro categorias: a) juventude e educao rural; b)juventude, identidades e aes coletivas; c) juventude rural e insero no trabalho; e d) juventudee reproduo social na agricultura familiar. O autor ainda identificou cinco abordagens utilizadasnas definies conceituais sobre a juventude rural: faixa etria; ciclo da vida; gerao; cultura oumodo de vida; e representao social. Weisheimer (2005: 27) conclui o estudo enfatizando queapesar de ainda ser numericamente pequena a produo acadmica sobre os jovens rurais, estasuscita uma profcua discusso terica e elucida diversas questes relativas ao seu modo de ser ede viver os processos sociais que se desenvolvem nos espaos caracterizados como rurais.

    Camarano (2006) organizou uma alentada coletnea de estudos que buscou analisar a juven-tude luz do seu processo de transio para a vida adulta, buscando contextualizar o que espe-cfico do jovem e o que transversal a outras fases do ciclo da vida (Camarano, 2006: 15). Assim,reuniu um conjunto de autores que se dedicaram a refletir sobre os processos que levam os indi-vduos a abandonarem a dependncia infantil e adquirirem responsabilidades e autonomias de umcidado adulto, conforme refere Lazo (2007: 15). A resposta questo principal do livro, transiopara a vida adulta ou vida adulta em transio?, requer, na viso de Camarano (2006: 16) discutirquestes como: os problemas que os jovens de hoje enfrentam no seu processo de transioso inerentes ao processo de transio para a vida adulta? As mudanas por que passa a socie-dade brasileira foram generalizadas para toda a populao ou afetaram de forma diferenciada osjovens? Se sim, de que forma? O que diferencia o jovem no enfrentamento dessas mudanas emrelao aos demais segmentos?.

    Segundo Camarano (2006: 16), a premissa que norteou a organizao da obra bastante aceitena literatura, ou seja, a de que o estudo da transio para a vida adulta no pode estar limitadoapenas transio escola-trabalho. Para a autora, entender a passagem para a vida adulta requera anlise da emergncia dos novos estilos de vida e das maneiras diferenciadas de entrar na faseadulta, bem como a considerao do processo de formao das novas famlias, embora se admitatambm a necessidade da incorporao das perspectivas biogrfica e subjetiva nas anlises dosprocessos de emancipao do jovem. No entanto, a obra centrou-se na anlise das dimenses ins-titucionais desse processo: escola, trabalho, famlia e constituio do domiclio e est organizadaem trs grandes temas: o primeiro, sobre as transies ao longo do ciclo da vida; o segundo, sobreos processos que levam transio; e o ltimo aborda as transies negadas ou no-transies.

    Mais recentemente, a coletnea organizada por Fvero, Spsito, Carrano e Novaes (2007)trouxe luz importantes contribuies de autores que em fins da dcada de 1990 refletiram sobre

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    a temtica da juventude na contemporaneidade e sobre o modo de ser jovem, bem como apre-senta novos estudos, produzidos na primeira dcada do sculo XXI, que enfocam o jovem comosujeito social, as culturas juvenis e as polticas pblicas de juventude no Brasil. Alguns destes tex-tos j haviam sido publicados em 1997 na Revista Brasileira de Educao, em um nmero tem-tico sobre juventude.

    Como se viu at aqui, a pesquisa acadmica brasileira tem proporcionado inmeras reflexessobre os jovens e a juventude, por meio de estudos de anlise da produo cientfica sobre atemtica. Este esforo de metanlise do conhecimento cientfico, no entanto, no encontra simila-ridade nos estudos acadmicos portugueses, pois, at onde foi possvel verificar, no se localizounenhum estudo com esta perspectiva. Embora no relacionados anlise da produo cientficasobre jovens e juventude, so dignos de nota os estudos de Pais (2001) e Guerreiro e Abrantes(2007), pesquisadores portugueses que se dedicam a estudar os jovens e a juventude sob diferen-tes abordagens. A produo cientfica destes autores so referncias no rol da produo cientficaportuguesa e brasileira recente sobre as transies para a vida adulta, motivo pelo qual so enfo-cados a seguir, ainda que brevemente, com o intuito de enriquecer as perspectivas tericas sobreesta temtica.

    O estudo de Pais (2001) refere-se a uma investigao sobre jovens, suas trajetrias de vida ehorizontes de futuro, destacando a precariedade de emprego e as formas mltiplas de trabalhosprecrios enquanto formas inventivas e estratgias de sobrevivncia exercidas pelos jovens noslimites do legal e do ilegal, do legtimo e do ilegtimo, do formal e do informal. Realizado comjovens portugueses, em sua maioria prxima aos trinta anos, este de cunho etnogrfico e biogr-fico. Parece revelar, na viso de Dal Molin (2006: 384), que nesta idade

    as temporalidades entrecruzam-se, a adolescncia ainda parece prxima, pois ainda o futuro incerto, e asinfluncias paternas e sociais parecem ambivalentes, ora muito prximas e repressoras, ora muito distantes:prostitutas universitrias, arrumadores de carros, jovens que vivem intensamente a busca por trabalhos mlti-plos (ganchos e biscates), em setores da economia informal, empregos sem contrato, e at mesmo os que bus-cam na poltica alguma maneira de construir a vida.

    Por sua vez, Guerreiro e Abrantes (2007) buscam em seu estudo identificar as principaismodalidades de passagem condio de adultos que caracterizam os jovens portugueses, asexpectativas e preocupaes que sentem acerca do emprego, e como pensam articular vida pro-fissional e vida pessoal. Alm disso, estabelecem comparaes com os resultados obtidos emoutros pases envolvidos em estudos similares, dando conta das particularidades e semelhanasencontradas entre a populao jovem do nosso pas face s dos seus pares europeus (ibidem: 6).Os principais aspectos abordados referem-se s desigualdades de gnero observadas nos pro-cessos de transio e os apoios do Estado, das entidades empregadoras e da prpria famlia problemtica da articulao entre trabalho e vida familiar. Ao comentar a primeira edio da

  • obra de Guerreiro e Abrantes, publicada em 2004, Pimenta (2005: 382) assinala que os autoresexploram a complexidade das experincias biogrficas das jovens geraes, num mundo decrescentes desigualdades e acentuao de clivagens sociais. Em sua viso, os autores apresen-tam uma agenda de pesquisa que integra metodologias diferentes com o intuito de reconstituiralgumas das tendncias que caracterizam as transies para a vida adulta, o que certamente ser-vir de inspirao para os pesquisadores brasileiros que se interessam pelo processo de tornar--se adulto hoje.

    Percebe-se, portanto, que as produes cientficas sobre juventude se enriquecem a partir defertilizaes cruzadas e do dilogo entre a sociologia, a antropologia, a cincia poltica, a demo-grafia, o direito, o servio social, a economia, a sade e a educao. Isto possibilita situar asmudanas e transies que afetam os jovens no campo educacional, o trabalho e desemprego, dasexualidade, da estrutura familiar, das questes ticas e de gnero.

    Alm disto, pode supor-se que este dilogo entre as diferentes reas de conhecimento paraestudar o tema da juventude pode ser fortalecido a partir de outras abordagens.

    Uma delas a perspectiva dos estudos da ecologia do desenvolvimento humano deBronfenbrenner (1996), que estabelece a relao entre as caractersticas do ser humano ativo emdesenvolvimento com seus respectivos contextos, entendidos como ambientes dinmicos emconstantes transformaes.

    O modelo proposto por Bronfenbrenner (1996) integra as caractersticas biolgicas e sociais(pessoa), as mudanas que foram ocorrendo ao longo da vida (processo), as caractersticas fsicas,polticas, econmicas, culturais, etc., dos ambientes (contexto) e os eventos de ordem biolgica esociocultural que tiveram impacto na vida da pessoa (tempo). Esses elementos constituem o para-digma bioecolgico.

    Alm disto, como referem Aznar-Farias e Oliveira-Monteiro (2006), a Teoria Ecolgica doDesenvolvimento Humano de Bronfenbrenner (1996) uma referncia terica importante e tem-seapresentado como uma opo inovadora para o trato dos desafios tericos e metodolgicos pre-sentes nos estudos de muitos dos problemas que atingem crianas e jovens brasileiros que se rela-cionam com a violncia e a delinqncia, bem como em estudos sobre o desenvolvimento dejovens em territrios chamados de risco.

    Assim, ao integrar as experincias humanas objetivas e subjetivas, as dimenses individuais esociais de um determinado momento scio-histrico, a perspectiva terica de Bronfenbrenner(1996) tambm parece adequada s anlises desta complexa temtica dos jovens e da juventude,ao considerar que o desenvolvimento ocorre no interior de um conjunto de dimenses biopsicos-sociais nas quais cada sujeito de organiza e d sentido sua estrutura de existncia. Deste pontode vista, este enquadramento conceitual oferece avanos para o entendimento e a possibilidadede preveno e interveno no desenvolvimento sadio de crianas e jovens considerados emsituao de vulnerabilidade, por exemplo.

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  • Em reforo a esta viso, Aznar-Farias e Oliveira-Monteiro (2006) tambm enfatizam que aabordagem ecolgica do desenvolvimento humano tem sido adotada em inmeras pesquisas acadmicas realizadas no Brasil sobre sade e desenvolvimento na infncia e adolescncia, motivopelo qual se acredita que esta perspectiva terica pode oferecer importantes contribuies para oentendimento de questes relacionadas ao crescimento e desenvolvimento bio-psico-socioculturaldos adolescentes e jovens, possibilitando sua liberdade, favorecendo seu reconhecimento comosujeito de sua histria pessoal e social.

    Neste breve panorama do tema juventude na perspectiva dos estudos sobre produo cient-fica no Brasil procurou-se focalizar estudos que, por meio do debate entre diferentes disciplinas,tm permitido verificar como as desigualdades sociais so produzidas e reproduzidas na transiopara a vida adulta. Neste contexto, estas investigaes tambm favorecem o avano do conheci-mento neste campo dos estudos sobre a juventude.

    2. Marco terico e antecedentes investigativos

    Assim como o fez Estevo (2006: 12), no se pretende neste artigo discorrer sobre os limitestemporais do perodo da vida conhecido como juventude, nem realizar um inventrio de suasdefinies e caractersticas, haja vista que na literatura sociolgica especfica estes aspectos tmsido suficientemente abordados. Entretanto, isto implica apresentar, ainda que brevemente, o quadroconceitual mobilizado, o qual j foi delineado no tpico anterior a partir da contribuio de autoresque ao sistematizarem em seus trabalhos a produo cientfica sobre a temtica, tambm oferece-ram aportes tericos que consideramos fundamentais para a compreenso da condio dos jovense da juventude.

    Isto posto, do ponto de vista da fundamentao terica partiu-se do entendimento de que acategoria juventude abrange diferentes concepes e suas definies so constitudas por critrioshistricos e culturais. Assim, concordamos com Pais (1993) quando afirma que a juventude umacategoria socialmente construda e, portanto, sujeita a modificar-se ao longo do tempo.

    A viso de Dayrell (2007: 58) de que a juventude parte de um processo mais amplo deconstituio de sujeitos, mas que tem suas especificidades que marcam a vida de cada um, tam-bm foi incorporada na perspectiva terica deste estudo. Sob este ponto de vista, concorda-secom a viso do autor de que a juventude constitui um momento determinado, mas que no sereduz a uma passagem, assumindo uma importncia em si mesma. Todo esse processo influen-ciado pelo meio social concreto no qual se desenvolve e pela qualidade das trocas que este pro-porciona (Dayrell, 2007: 158).

    Tambm compartilhamos com Peralva (2007) o entendimento de que a juventude , aomesmo tempo, uma condio social e um tipo de representao. Nesta direo, a viso de autores

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  • que se dedicaram ao estudo da temtica sobre a juventude, entre eles Pais (1993), Melucci (1997),Peralva (1997), Abramo (1997), Dayrell (2007), Spsito (2002), Spsito e Carrano (2007). Novaes(2007), Freitas (2005), Estevo (2006) e Guerreiro e Abrantes (2007) tambm forneceram subsdiostericos relevantes que foram incorporados no presente artigo. Estes autores, conforme mencionaSouza (2004: 51), trazem um novo significado para os estudos sobre a juventude, colocando osjovens como protagonistas de um tempo de possibilidades e que rompem com a idia de grupohomogneo com caractersticas comuns a uma idade, ao mesmo tempo em que falam em juven-tudes, buscando construir uma noo de juventude pela tica da diversidade, pois o lugar e o tra-balho no definem mais a identidade dos indivduos.

    Com relao aos antecedentes investigativos, o presente artigo insere-se no mbito dos estu-dos de anlise da produo cientfica realizadas pelos autores no interior de grupos de pesquisada Universidade Federal de So Carlos, cadastrados no Diretrio de Grupos de Pesquisa noBrasil/CNPq1. Pretende-se contribuir para a reflexo sobre os conhecimentos que enfocam os dife-rentes percursos e transies que situam jovens entre instituies e projetos de vida e, ao mesmotempo, almeja-se traar um panorama do que est sendo pesquisado sobre esta temtica nombito das pesquisas realizadas em programas de ps-graduao brasileiros.

    vlido mencionar, alm disto, que a utilizao da anlise da produo cientfica sob a pers-pectiva da abordagem bibliomtrica j foi realizada em diferentes pesquisas desenvolvidas pelosautores deste artigo, em estudos que trataram das competncias para realizar anlise bibliomtrica(Hayashi et al., 2005) e investigaram temticas como a educao jesutica no mundo colonial ib-rico-portugus, com destaque para: o Brasil colonial (Hayashi, Hayashi & Silva, 2007; Hayashi,Hayashi, Silva & Lima: 2007); a Histria da educao (Hayashi et al., 2008); o estado da arte sobreeducao especial na interface educao e sade; (Hayashi, Silva, Pizzani & Hayashi, 2007;Pizzani, Silva & Hayashi, 2008; Silva & Hayashi, 2008; Pizzani, Hayashi, Martinez & Machado,2008); a educao fsica (Sacardo & Hayahi, 2007); e a fonoaudiologia (Bello & Hayashi, 2008).

    A anlise bibliomtrica da produo cientfica de reas ou temticas um recurso utilizadopor pesquisadores de diversas reas de conhecimento para mapear campos de estudo, realizarestados da arte e produzir indicadores da produo cientfica, haja vista, por exemplo, os estudosna rea de comunicao realizados por Vanz (2002); na rea de Administrao, os realizados porCaldas e Tinoco (2004) e Vieira e Fischer (2005); na rea da Sade, os de Chiroque Solano, Rudy

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    1 No grupo de pesquisa Conhecimento cientfico e produo cientfica, os autores vinculam-se linha Anlise da produ-o cientfica em educao que desenvolve estudos sobre as dimenses quantitativa e qualitativa da produo cientficaem diferentes contextos e reas de conhecimento. No grupo Promoo do desenvolvimento infantil no contexto da vidafamiliar e da escola vinculam-se linha de pesquisa Anlise bibliomtrica e meta-anlise do conhecimento na interfacesade-educao, que objetiva identificar, analisar e avaliar a produo cientfica nas reas de sade e educao por meioda aplicao de mtodos bibliomtricos e de meta-anlise do conhecimento cientfico para avaliao quantitativa e quali-tativa de pesquisas de interface. Para acesso aos grupos consultar http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/.

  • Richard e Medina Valdivia (2003) e de Urbizagstegui Alvarado (2006), na rea de Cincia daInformao, por Kobashi, Santos e Carvalho (2006).

    Os estudos bibliomtricos tm por objeto o tratamento e a anlise quantitativa das publicaescientficas; formam parte dos estudos sociais da cincia e entre suas principais aplicaes se encon-tra a rea de poltica cientfica. Conforme Rostaing (1997), a bibliometria permite estabelecer relaese anlises a partir de contagens estatsticas de publicaes ou de elementos extrados dessas publica-es e tem por objetivo medir as produes (output) da pesquisa cientfica e tecnolgica, por meiode dados originados no somente da literatura cientfica, mas tambm das patentes. Esses estudoscomplementam, de maneira eficaz, as opinies e os juzos emitidos pelos especialistas de cada rea,proporcionando ferramentas teis e objetivas nos processos de avaliao dos resultados da atividadecientfica. A bibliometria pode ser aplicada em campos diversos, entre eles: a) na histria das cin-cias, para traar a evoluo das disciplinas; b) nas cincias sociais, para descobrir as motivaes e asredes de pesquisadores; c) na documentao, para recenseamento de publicaes cientficas; d) napoltica cientfica, para fornecer indicadores de produtividade e de qualidade cientfica e tecnolgica,tendo em vista a avaliao dos esforos em pesquisa e desenvolvimento. Na viso de Okubo (1997),as abordagens bibliomtricas que permitem descrever a cincia por meio de seus resultados repou-sam sobre a idia de que o essencial da pesquisa cientfica a produo de conhecimentos e que aliteratura cientfica a sua manifestao constitutiva. De uma forma geral, o princpio da bibliometria analisar a atividade cientfica ou tcnica pelo estudo quantitativo das publicaes e o seu principalobjetivo o desenvolvimento de indicadores cada vez mais confiveis. Os indicadores podem serdefinidos como os parmetros utilizados nos processos de avaliao de qualquer atividade.

    No entanto, o uso da bibliometria no acontece sem problemas ou questionamentos. Ela podeno ser eficaz e apresentar algumas desvantagens, entre as quais: tempo; custo; erro na coleta dedados; publicaes e prticas de citaes variadas que tornam difceis as comparaes; propensos autocitaes pelos cientistas e grupos de pesquisa; suposio de que qualidade e utilidadeesto ligadas s citaes. Arajo (2006) faz uma crtica quanto ao uso da bibliometria ao afirmarque ela aplicada para observar o comportamento da literatura do conhecimento registrado, ouseja, das publicaes. Neste aspecto, como nem tudo o que produzido publicado, as medidasbibliomtricas no so suficientes para avaliar a produo cientfica da universidade em seu todo,como o caso das dissertaes de mestrado, por exemplo. Esta crtica, porm, no pode servlida em todos os casos, j que a anlise bibliomtrica de teses e dissertaes vem sendo reali-zada com mais freqncia nos ltimos tempos, facilitada pela existncia das bibliotecas digitaisque permitem o acesso a esses trabalhos acadmicos na ntegra (full text) ou em partes (abstract).Mesmo assim, a utilizao dos mtodos bibliomtricos vantajosa no que diz respeito aos seguin-tes aspectos: na contribuio s avaliaes de pesquisa na universidade; na avaliao de gruposda mesma rea; na avaliao da contribuio de pesquisadores para determinada rea; na classifi-cao entre instituies, entre outros.

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  • Na pesquisa realizada utilizmos os mtodos quantitativos e qualitativos. Embora a anlisebibliomtrica seja associada cincia da cincia e a seu positivismo, tendo em vista o papel essen-cial que as ferramentas matemticas e as estatsticas representam neste contexto, no entanto, elase funda em anlises qualitativas como as que foram desenvolvidas pelas correntes mais recentesda antropologia ou da histria social das cincias. As estatsticas no constituem um fim em si,mas so mobilizadas para analisar a dimenso coletiva da atividade de pesquisa e o processodinmico da construo de conhecimentos (Silva, 2004). De acordo com Kobashi, Santos eCarvalho (2006: 3), um conhecimento qualitativo no elimina a quantidade, mas procura-se tomara medida como meio para compreender e explicar, de modo a quebrar a clivagem entre o modoquantitativo e o modo qualitativo de analisar objetos.

    Os trabalhos que aplicam os mtodos bibliomtricos geralmente alinham-se a outros referen-ciais e mtodos para enriquecer suas propostas de anlise. Mesmo a bibliometria sendo baseadana aplicao de mtodos quantitativos, no consegue fugir dos mtodos qualitativos de anlise. Aanlise est presente desde o momento da escolha dos campos de informao para o relaciona-mento entre os dados. O resultado obtido da anlise reflete o conhecimento do pesquisadorsobre o assunto a ser pesquisado. Por isso, ao obter os indicadores bibliomtricos, necessriocontextualiz-los, explor-los e analis-los. Este procedimento exige o conhecimento prvio doobjeto de pesquisa.

    3. Percurso metodolgico

    As principais etapas metodolgicas adotadas neste estudo so descritas a seguir. O ponto departida foi identificar teses e dissertaes sobre jovens e juventude nos seguintes bancos de tesese dissertaes disponveis na Internet:

    1. Biblioteca Digital de Teses e Dissertaes (BDTD) do Instituto Brasileiro de InformaoCientfica e Tecnolgica (IBICT)2, que se constitui em um catlogo nacional de teses e dis-sertaes em texto integral e referencial provenientes das instituies de ensino superior,possibilitando uma forma nica de busca e acesso a estes documentos;

    2. Banco de Teses da CAPES3, que faculta acesso aos resumos de teses e dissertaes defendi-das junto a programas de ps-graduao do pas, a partir de 1987. As informaes so for-necidas diretamente CAPES pelos programas de ps-graduao, que se responsabilizampela veracidade dos dados;

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    2 Disponvel em http://bdtd.ibict.br/.3 Disponvel em http://www.capes.gov.br/capes/portal/conteudo/10/Banco_Teses.htm.

  • 3. Portal Domnio Pblico4, constitudo de um ambiente virtual que permite a coleta, a inte-grao, a preservao e o compartilhamento de conhecimentos, composto por obras quese encontram em domnio pblico ou que contam com a devida licena por parte dos titu-lares dos direitos autorais pendentes. Permite o acesso ao texto completo de teses e disser-taes defendidas em programas de ps-graduao no pas e de obras em vrias reas deconhecimento.

    Em conformidade com Hayashi et al. (2005), para a utilizao das metodologias bibliomtricasso necessrias habilidades e competncias que podem ser traduzidas nas seguintes etapas: recor-rer ao referencial terico para elaborar categorias de anlise; estabelecer relacionamentos entre osdados obtidos; construir indicadores dos resultados obtidos; elaborar trabalhos cientficos (artigos,livros, comunicaes etc.) para divulgao e disseminao dos resultados; submeter os resultados crtica externa. De acordo com esta viso, a aplicao da bibliometria na anlise de dissertaese teses sobre jovens e juventude foi desenvolvida conforme as etapas descritas a seguir.

    1. Conhecimento do contexto de produo da informao baseado no levantamento biblio-grfico e reviso de literatura sobre o tema jovens e juventude foram estabelecidas asseguintes expresses de busca para consulta aos bancos de dados: juventude; jovens;transio para a vida adulta; jovens e vida adulta; trajetria de jovens. Estas expressesde busca constituram-se em categorias de anlise da produo cientfica e para cada umadelas foi atribudo um conceito com base no referencial terico.

    2. Operaes de acesso, busca, avaliao e seleo para a recuperao das informaesrelevantes nas Bibliotecas Digitais de Teses e Dissertaes foi necessrio o domnio dasdiferentes ferramentas para pesquisa na Internet (sites, ferramentas de busca e bases dedados); manusear a linguagem documentria para estabelecer estratgias de busca deinformaes; refinar os dados obtidos para avaliao das informaes; estabelecer critriospara selecionar e recuperar as informaes relevantes em conformidade com o objetivoproposto.

    3. Ferramentas automatizadas para reformatao e importao de dados a formatao dosdados tem como finalidade eliminar todos os campos que no sero analisados, assim comoretirar sinais e termos desnecessrios dos registros, limpando a base de trabalho. Apesar deexistirem softwares especficos para a formatao dos dados, como o caso do Infotrans,optmos por utilizar algumas ferramentas do Microsoft Word para esta finalidade, j que onmero de dados recuperados permitia que esta limpeza dos registros fosse realizada atra-vs deste recurso. Na seqncia, com os dados j no formato bibliomtrico desejado, foi uti-

    140

    4 Disponvel em http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp.

  • lizado o software Vantage Point. Os dados obtidos foram transportados para o MicrosoftExcel para elaborao de tabelas e grficos que permitem melhor visualizao dos resultados.

    4. Busca do referencial terico-metodolgico aps obter os resultados, recorremos ao refe-rencial terico para a elaborao de categorias de anlise. Neste momento, foi possvelestabelecer relacionamento entre os dados e construir os indicadores bibliomtricos. Osseguintes aspectos foram analisados: ano de produo; nvel de ps-graduao (mestrado,doutorado, livre-docncia); vinculao institucional dos pesquisadores (autores e orientado-res); reas de conhecimento e temticas abordadas.

    4. Os achados da pesquisa

    Apresentamos, a seguir, os resultados da anlise bibliomtrica realizada. Foram recuperados 84 trabalhos, entre teses de livre-docncia, teses de doutorado e dissertaes de mestrado queabarcam o perodo entre 1989 e 2006. Todos eles atenderam ao critrio principal da pesquisa que o de enfocarem a temtica sobre jovens e juventude.

    141

    FIGURA 1

    Distribuio das teses e dissertaes disponveis nas bibliotecas digitais por ano

    25

    20

    15

    10

    5

    0

    1989 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

    Fre

    qu

    nci

    a

    Ano

    1 1 1 11

    5

    5

    7

    9

    10

    14

    23

    21

    3

    Os resultados da Figura 1 no apresentam distribuio uniforme, evidenciando pouca variaoat 1998. Em 1999 h um aumento significativo no nmero de trabalhos, acompanhado, no anoseguinte, de uma queda. A partir de 2000 at 2006 verifica-se um crescimento expressivo, ano a

  • ano. Este perodo foi responsvel por 83,3% do total de trabalhos. Pode supor-se que este incre-mento no nmero de teses e dissertaes sobre jovens e juventude esteja relacionado com fatorescomo: a ampliao dos espaos de discusso sobre os direitos das crianas e adolescentes no pascom repercusses no ambiente cientfico e acadmico; a formulao e implantao de polticaspblicas voltadas para crianas e jovens; o papel da sociedade e do Estado na execuo e monito-ramente de polticas para as crianas e adolescentes; o fortalecimento da participao cidad nosespaos de deliberao polticas pblicas com vistas promoo da igualdade e valorizao dadiversidade de gnero, raa, etnia, deficincia e orientao sexual. Este conjunto de fatores podeter originado problemas de pesquisa a serem investigados no mbito cientfico e acadmico.

    Do total de 84 trabalhos pesquisados, observou-se que 60 so dissertaes de mestrado(71,4%), 23 so teses de doutorado (27,4%) e um tese de livre-docncia (1,2%). A tese de livre--docncia foi defendida no ano de 1996 na Faculdade de Educao da USP, por Jerusa Vieira deGomes, sob o ttulo Famlia, escola, trabalho: construindo desigualdades e identidades subalter-nas. A autora analisou trs conjuntos de dados, que de certa forma ajudaram a compreender a tra-jetria de vida e de trabalho de jovens pobres, produtos e potenciais vtimas de excluso social. Oprimeiro refere-se ao estudo longitudinal da socializao de um grupo de adolescentes e de jovensem sua transio da famlia escola e ao trabalho. O segundo refere-se s informaes sobreesses mesmos aspectos, colhidas junto a estudantes de uma escola pblica. O terceiro trata doscritrios de seleo e admisso de operrios por uma empresa localizada na regio. As conclusesda autora sinalizam para a importncia do grupo domstico e a relevncia dos grupos de iguais,de pares, medida que o crculo social se amplia, a partir de adolescncia (Gomes, 1997: 62).

    A distribuio dos trabalhos por nvel teses de doutorado e livre-docncia e dissertaes demestrado demonstra tambm que a temtica jovens e juventude mais pesquisada no nvel demestrado que no doutorado.

    Considera-se o argumento de Saviani (2007: 185) de que convencionalmente a dissertao demestrado se constitui em um trabalho relativamente simples, expresso num texto logicamente arti-culado, ou, como se diz em linguagem corrente, que tem comeo, meio e fim, dando conta de umdeterminado tema. De acordo com este autor, alm disto, deve-se levar em conta que a disserta-o se distingue de tese de doutorado, j que tese significa posio, sugerindo que a defesa deuma tese a defesa de uma posio diante de determinado problema, e que a tese pressupe,em conseqncia, os requisitos de autonomia intelectual e de originalidade, j que estas so con-dies para que algum possa expressar uma posio prpria sobre determinado assunto e quetais requisitos no so necessariamente exigidos no caso do mestrado. Desta perspectiva pode-mos inferir que o nvel de aprofundamento das temticas dos jovens e da juventude menor nasdissertaes de mestrado em relao ao das teses de doutorado.

    Quanto s instituies de nvel superior em que estas teses e dissertaes foram defendidas,identificaram-se 29 instituies, conforme aponta a Figura 2.

    142

  • A maior concentrao de trabalhos est na USP (13), representando 15,5% do total, seguida daUFRGS, com 7 trabalhos (8,3%). A UNICAMP, UFRJ e UFC aparecem com 6 trabalhos cada (repre-sentando 21,4% do total), enquanto que a UERJ e PUC-SP comparecem com 5 cada, ou seja, 11,9%do total. A UFPB/Joo Pessoa e a UFMG totalizam cada uma 4 trabalhos, o que significou 9,5% emrelao ao total, enquanto que UFSC, UFBA e ENCE Escola Nacional de Cincias Estatsticas comparecem com 3 trabalhos cada, ou seja, 10,7% do total. Estas instituies foram seguidas pelaUnesp/Araraquara e pela PUC-MG, com 2 trabalhos cada, ou seja, 4,8% total. As 15 demais insti-tuies apresentaram apenas 1 trabalho cada, representando 17,9% do total.

    Se, alm disto, agregarmos a distribuio das instituies por regies do Brasil, verifica-se quea maioria das 29 instituies se encontra nas regies Sul (S) e Sudeste (SE) do pas conforme mos-tra o Quadro 1.

    Os dados do Quadro 1 revelam que 21 instituies, representando 72,4% do total, so respon-sveis por 66 (78,6%) trabalhos. Em seguida comparecem as regies Nordeste (NE), com 6 (20,6%)instituies e 16 (19%) trabalhos, e as regies Norte (N) e Centro-Oeste (CO), com 1 (3,4%) insti-tuio e 1 (1,2%) trabalho cada.

    Esta distribuio confirma os achados de Hayashi et al. (2008) que, ao analisarem a produocientfica sobre as temticas educao jesutica em teses e dissertaes no pas e sobre histriada educao na biblioteca eletrnica Scielo, constataram que a regio Sudeste e Sul concentram o

    143

    FIGURA 2

    Distribuio das teses e dissertaes por instituio14

    12

    10

    8

    6

    4

    2

    0

    PUC-

    GO

    UFP

    AUFP

    EUFR

    NUFS

    EUFS

    MURN

    ERGS

    FOC

    PUC-

    RJUFE

    SUFF

    UFS

    Car

    UFV

    UFV

    UM

    ESP

    PUC-

    MG

    Une

    sp/A

    rUFB

    AUFS

    CEN

    CEUFP

    B/JP

    UFM

    GPU

    C-SP

    UER

    JUFC

    UEF

    RJUni

    cam

    pUFR

    GS

    USP

    Fre

    qu

    nci

    a

    Instituies

    1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12 2

    3 3 3

    4 4

    5 5

    6 6 6

    7

    13

  • maior nmero de pesquisadores da rea, devido, principalmente, ao expressivo nmero de pro-gramas de ps-graduao do pas, repetindo, portanto, a distribuio da ps-graduao nacionalque altamente concentrada nestas regies.

    Com relao distribuio dos orientadores das 84 teses e dissertaes, os resultados da pes-quisa apontaram que 71 pesquisadores foram responsveis pela orientao destes trabalhos.Constatou-se ainda que Marlia Spsito (USP), Janice Tirelli Sousa (UFSC), Irlys Firmo Barreira(UFC) orientaram 3 trabalhos cada um. Em seguida, comparecem com a orientao de 2 trabalhosIracema Guimares (UFBA), Lcia Emlia Bruno (USP), Luiz Oliveira Gonalves (PUC-MG), LuizNeves Flores (UERJ), Maria Alice Nogueira (UFMG) e Maria Luiza Heiborn (UERJ). Juntos, estes 9orientadores orientaram 21 trabalhos. Os demais orientadores dos 62 trabalhos foram responsveispor apenas uma orientao cada.

    Outro aspecto importante que a anlise bibliomtrica das teses e dissertaes sobre jovens ejuventude revelou foi que, dentre os 84 trabalhos analisados, foram identificados 6 pesquisadoresque ao darem continuidade nas suas pesquisas permaneceram com foco na temtica da juven-tude, embora em alguns casos tenha havido mudana de orientador e instituio, como possvelobservar no Quadro 2.

    Destaca-se no Quadro 2 que 5 pesquisadores permaneceram na rea de Educao e apenas 1migrou para a rea de Sociologia.

    Compulsando os trabalhos realizados pelos 6 pesquisadores que deram continuidade a pes-quisa na temtica jovens e juventude, conforme apontado no Quadro 2, verificou-se que o focoda pesquisa de Almeida (1996) foi poltica cultural e as identidades coletivas juvenis no subrbio,por meio de um estudo de caso sobre a cidade de Diadema-SP. Esta temtica do jovem no espaourbano volta a ser pesquisada por Albuquerque (2006) no seu estudo de doutorado intitulado Nasondas do surfe: Estilos de vida, territorializao e experimentao juvenil no espao urbano.

    144

    Instituio Trabalhos Regio

    PUC-GO 1 CO

    UFMA 1 N

    UFPE (1); UFRN (1); UFSE (1); UFBA (3); UFPB/Joo Pessoa (4); UFC (6) 16 NE

    USM (1); UNIJU (1); UFSC (3); UFRGS (7) 12 S

    UMESP (1), UFV (1); UFU (1), UFSCar (1); UFF (1); UFES (1); PUC-RJ (1); Fiocruz (1);

    UNESP/Araraquara (2); PUC-MG (2);ENCE (3); UFMG (4); UERJ (1); PUC-SP (5); UNICAMP (6); 54 SE

    UFRJ (6);USP (13)

    Total 84

    QUADRO 1

    Distribuio dos trabalhos por instituio e regio

  • Por sua vez, Astigarraga (1997), a partir de uma abordagem etnogrfica, investigou em sua dis-sertao de mestrado o fenmeno social urbano contemporneo denominado meninos de rua,tendo como tema central a descrio do movimento que ocorre entre o ingresso dos meninos aprojetos governamentais de atendimento at ao retorno destes s ruas. No mbito do doutorado,Astigarraga (2006) tem como tema central a formao tcnico-profissional para a juventude. Aautora adotou a abordagem multireferencial executada por meio de uma pesquisa bibliogrfica decarter histrico e da pesquisa qualitativa com enfoque etnogrfico e etnometodolgico. O obje-tivo do trabalho foi compreender, a partir do processo formativo profissional em uma oficina--escola e do significado atribudo a ele pelos jovens aprendizes, a possibilidade de incluso dosjovens em uma perspectiva real de trabalho. Os resultados obtidos apontaram certa ambigidadeno processo de institucionalizao dos jovens pobres, pois segundo a autora, a oficina-escolabusca o desculturamento em situao de risco psicossocial, viabilizando uma oportunidade deformao profissional. Em sua viso, alguns jovens se ajustam a esse processo, outros se ajustamem parte, enquanto outros analisam criticamente o contexto e sinalizam outra perspectiva de for-mao tanto geral quanto tcnico-profissionalizante.

    A dissertao de Fonseca (1995) tambm adotou a abordagem etnogrfica ao alinhavar as his-trias de vida adolescentes que trabalham como carregadores em um entreposto hortifrutigran-jeiro. Por sua vez, na pesquisa de doutorado, Fonseca (2006) aponta as desigualdades sociais aque esto submetidos jovens que so precocemente levados a produzirem sua sobrevivncia no

    145

    Autores Nvel Orientadores Instituio/rea Data de defesa

    Elmir de Almeida

    Andrea Abreu Astigarraga

    Laura Souza Fonseca

    Isaurora Martins de Freitas

    cio Antonio Portes

    Maria Clarisse Vieira

    Carmen Vidigal Moraes

    Marlia Pontes Spsito

    Ana Elisabeth Miranda

    Maria Nobre Damasceno

    Nilton Bueno Fischer

    Gaudencio Frigotto

    Irlys Firmo Barreira

    Maria Alice Nogueira

    Selva E. G. Fonseca

    Lencio Gomes Soares

    M

    D

    M

    D

    M

    D

    M

    D

    M

    D

    M

    D

    USP/Educao

    UFC/Educao

    UFRGS/Educao

    UFF/Educao

    UFC/Sociologia

    UFMG/Educao

    UFU/Educao

    UFMG/Educao

    1996

    2001

    1997

    2002

    1995

    2006

    2000

    2006

    1993

    2001

    1999

    2006

    QUADRO 2

    Permanncia dos autores na temtica jovens e juventude

  • mundo da rua ou do trabalho precrio. Para a autora, esta desigualdade dificulta movimentos decombate ao fenmeno e acentua a perda da potencialidade ontolgica dessa forma de trabalho,alm de produzir prticas polticas conjunturais que no combatem efetivamente a questo dasdesigualdades sociais.

    A temtica da pesquisa de mestrado de Freitas (2000) foi a arte enquanto instrumento para aconstruo da cidadania. O trabalho realizado constituiu-se em uma tentativa de discutir a utiliza-o poltico-pedaggica da arte como mediadora do processo de converso cidadania de crian-as e adolescentes da periferia de Fortaleza (Cear). A autora recorre ao conceito de habitus talcomo empregado por Bourdieu, para responder seguinte questo: que conseqncia a educaopara a cidadania provoca em termos de mudanas de comportamento e de incorporao, porparte dos alunos, de novas disposies do habitus? Posteriormente, Freitas (2006) retoma a mesmatemtica no nvel do doutorado, desta vez para compreender de que forma as experincias desocializao entendidas como incorporao das disposies do habitus se instalam e repercu-tem na vida dos indivduos, constituindo, inclusive, possibilidades de no reproduo da condiosocial de origem destes.

    Ainda no campo da educao, a dissertao de mestrado de Portes (1993) teve como objetode estudo o universitrio proveniente de classes populares e sua relao com a escola e a fam-lia. A pesquisa reconstruiu as trajetrias escolares percorridas pelos sujeitos da pesquisa e asestratgias empreendidas por eles e suas famlias. O autor d continuidade a esta temtica napesquisa de doutorado (Portes, 2001), desta vez objetivando compreender a trajetria escolar eas vivncias universitrias de um grupo de estudantes pobres que tiveram acesso, atravs do ves-tibular, a carreiras altamente seletivas na Universidade Federal de Minas Gerais. O autor privile-giou na construo do objeto de pesquisa trs momentos substantivos: a dimenso histrica, areconstruo e a anlise das trajetrias investigadas e a experincia universitria de cinco jovenspobres no decorrer de dois anos.

    O tema das polticas de educao de jovens e adultos no contexto do desenvolvimento capita-lista brasileiro foi investigado na dissertao de mestrado de Vieira (1999), a partir de uma pes-quisa que focalizou as experincias ocorridas no municpio de Uberlndia (MG) durante os anos1980 e 1990. O estudo aponta a educao de jovens e adultos como um direito social, constitutivoda cidadania moderna, mostrando a importncia da induo do governo federal no desenvolvi-mento deste campo educativo no Brasil. No mbito da pesquisa de doutorado, Vieira (2006) buscacompreender as contribuies do legado da educao popular rea de educao de jovensadultos (EJA) no Brasil, por meio da anlise das trajetrias pessoais e profissionais de cinco educa-dores, cujos percursos foram marcados pelo envolvimento em experincias ocorridas a partir doiderio construdo em torno da educao popular, gestado no incio dos anos 1960. Os resultadosda pesquisa apontam o modo como as trajetrias desses educadores foram construdas, marcadaspela militncia poltica e pedaggica na rea. Na viso da autora, os percursos destes cinco educa-

    146

  • dores mostram a fecundidade da histria da EJA, construda nas fronteiras entre as iniciativas dosmovimentos sociais e das instituies governamentais. Estes percursos tambm sinalizam o quantoessa rea se encontra marcada pela tentativa de superao das diferentes formas de discriminaoe excluso existentes na sociedade, e indicam como legados da educao popular: a) o sentidoampliado da EJA; b) a referncia ao pensamento de Paulo Freire; c) o dilogo como atitude essen-cial na relao entre educadores e educandos; d) o respeito ao saber popular como ponto de par-tida na ao educativa; e) a dimenso poltica da educao, hoje expressa como direito de todos auma educao de qualidade.

    Aps este rpido panorama sobre as pesquisas realizadas pelos autores que deram continui-dade em suas pesquisas investigao sobre a temtica dos jovens e juventude, vejamos agoracomo se configura a distribuio dos 84 trabalhos analisados nos programas de ps-graduao.

    A distribuio das 84 dissertaes e teses por programas de ps-graduao revelou que amaioria est vinculada a programas da rea de educao (33 trabalhos), conforme dados daFigura 3.

    147

    FIGURA 3

    Distribuio das teses e dissertaes por programas de ps-graduao

    Educao

    Sociologia

    Cincias Sociais

    Antropologia

    Servio Social

    Psicologia

    Sade Colectiva

    Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais

    Histria

    Letras Clssicas

    Educao nas Cincias

    Extenso Rural

    Educao Fsica

    Economia Domstica

    Cincias da Religio

    Cincia Poltica

    33

    16

    7

    5

    4

    4

    3

    3

    2

    1

    1

    1

    1

    1

    1

    1

    Pro

    gram

    as d

    e P

    s-

    Gra

    du

    ao

    Frequncia

    0 5 10 15 20 25 30 35

  • A Figura 3 tambm permite observar que 16 trabalhos foram defendidos em programa de ps--graduao em Sociologia. Os demais distriburam nas Cincias Sociais (7), Antropologia (5),Servio Social (4), Psicologia (4), Sade Coletiva (3), Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais (3)e Histria (2). Por sua vez, os programas de ps-graduao em Letras Clssicas, Extenso Rural,Educao nas Cincias, Educao Fsica, Economia Domstica, Cincias da Religio e CinciaPoltica contaram com apenas um trabalho cada.

    Alm disto, tambm foi possvel identificar que no interior dos programas de ps-graduaodiversas linhas de pesquisa desenvolvem estudos sobre a temtica jovens e juventude. O Quadro 3permite visualizar a distribuio destas temticas em 18 programas de ps-graduao.

    148

    Programas

    de ps-graduaoLinhas de pesquisa

    Antropologia Social

    Cincia Poltica

    Cincias da Religio

    Cincias Sociais

    Economia Domstica

    Educao

    Educao nas Cincias

    Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais

    Extenso Rural

    Histria

    Histria Social

    Letras Clssicas

    Psicologia e PsicologiaSocial

    Sade Coletiva

    Servio Social

    Sociologia Sociologia eAntropologiaSociologia Poltica

    antropologia da poltica; antropologia das formas expressivas; sexualidade, gnero e corpo

    poltica comparada: Estado, partidos, comportamento poltico e cultura poltica

    instituies e movimentos religiosos

    culturas e identidades; mudanas sociais e movimentos sociais; produo simblica e cultura; rela-es internacionais; trabalho, subjetividade e condies de vida

    famlia, polticas pblicas e avaliao de programas e projetos sociaiseducao e diversidade; ao coletiva, cidadania e educao; cotidiano e cultura escolar; cultura, cur-rculo e sociedade; currculo

    educao e classes populares; educao e trabalho; educao, cotidiano e diferena cultural; educa-o, currculo e ensino; escola e cultura: perspectiva das cincias sociais; Estado, sociedade e educa-o; formao de educadores; movimentos sociais, educao popular e escola; o mundo do trabalho ea formao humana; polticas de formao; saberes e prticas escolares; sociedade, cultura e educao

    pedagogia e instituies da educao

    dinmica populacional, condies de vida e polticas pblicas

    organizao social rural

    poltica e sociedade

    histria da cultura

    discurso terico greco-latino

    linguagem, imaginrio e prticas; subjetividade, cultura e prticas clnicas; prticas culturais, comuni-dade e instituio; trabalho, sade e subjetividade

    determinao e controle de endemias; gnero, sexualidade e sade

    processos participativos e organizativos; questo social, relaes de poder e cultura; servio social,poder local e movimentos sociais

    cidade, movimentos sociais e prticas culturais; cidade, poder e movimentos sociais; classes e movi-mentos sociais; cultura poltica, dominao e identidades coletivas; estudos da diferena; sociologiacontempornea; sociologia da cultura; sociologia urbana, poltica e do trabalho; sociologia da cultura,simbolismo e linguagem objetiva; geraes, gnero, etnia e educao

    QUADRO 3

    Distribuio dos programas de ps-graduao e linhas de pesquisa

  • Os resultados do Quadro 3 apontam que h diversos olhares sobre um mesmo objeto, o quese reflete no estudo das temticas jovens e juventude, sobressaindo-se, no entanto, as perspecti-vas da Educao e da Sociologia.

    Alm disto, foi possvel investigar, por meio do agrupamento das 220 palavras-chave atribudaspelos autores aos 84 trabalhados analisados, que as temticas abordadas se desdobram em 80 sub-temas (Quadro 4). Ressalte-se que o nmero mdio de palavras-chave por trabalho foi de trs eque, alm disto, a mesma palavra-chave pode ter sido atribuda a mais de um trabalho.

    149

    Subtemas Frequncias

    1. Juventude (contempornea, e escola, e polticas pblicas, rural, universitria)

    2. Jovens (pobres, rural, assentado, universitrio, de grupos populares urbanos, desfavorecidos institucio-

    nalizados, e adultos, policiais)

    3. Trabalho (precoce, infanto-juvenil, educao e polticas pblicas)

    4. Identidades (juvenis, poltica, coletiva); sociabilidade (juvenil), cada um com freqncia = 9

    5. Trajetrias juvenis (de jovens, escolares)

    6. Educao (e trabalho, de jovens e adultos, especial)

    7. Cultura (de rua, popular, juvenis); transio para a vida adulta, cada um com freqncia = 6

    8. Polticas pblicas; prticas (juvenis, de jovens, pedaggicas), cada um com frequncia = 5

    9. Formao profissional

    10. Adolescncia; arte (arte educao, artes liberais); condio juvenil (de vida); gnero; msica; organi-

    zao (social, poltica); poltica (cultural, educacional, sociais), cada um com freqncia = 3

    11. Demografia da famlia; drogas; escola; gravidez; histria oral e de vida; integrao; sexualidade; sociologia

    da educao; sociologia da juventude; vida acadmica; violncia; cada um com freqncia = 2

    Outros subtemas oriundos de 50 palavras-chave com freqncia = 1

    Total

    QUADRO 4

    Subtemas abordados nas teses e dissertaes sobre jovens e juventude

    40

    18

    10

    18

    8

    7

    12

    10

    4

    21

    22

    50

    220

    Os dados do Quadro 4 permitem verificar que os subtemas derivados das palavras-chavejuventude e jovens foram os mais pesquisados, de acordo com o nmero de indicaes res-pectivamente 40 e 18, representando 27,2% do total , o que vem confirmar a eficcia destes ter-mos para a busca e recuperao de trabalhos nos bancos de dados de teses e dissertaes digitaiscompulsados. O desdobramento destes subtemas permite compreender sob quais aspectos osjovens e juventude so estudados nas dissertaes e teses. Em contrapartida, outros 50 subtemasreceberam apenas uma indicao cada, o que sugere uma possvel pulverizao de temas entre osestudos sobre jovens e juventude.

  • 6. Consideraes finais

    Por meio deste estudo bibliomtrico foi possvel verificar que existe uma qualificada pesquisaacadmica brasileira, desenvolvida nos diversos programas de ps-graduao do pas, situada noperodo entre 1989 e 2006, e dedicada ao estudo da temtica jovens e juventude. O estudo dossubtemas afetos temtica investigada permitiu verificar que a produo de conhecimento nestecampo, no mbito dos estudos ps-graduados no Brasil, expressiva.

    Isto posto, considera-se que os 84 trabalhos analisados abrem inmeras veredas para o estudodesta temtica, e que a partir de diferentes enfoques e quadros interpretativos deixam transparecerabordagens tericas e metodolgicas relevantes para o avano do conhecimento sobre os jovens ejuventude, evidenciando que esta temtica no pode ser pautada por uma nica perspectiva analtica.

    Notou-se tambm que as abordagens no campo da Educao e das Cincias Sociais incluindo Sociologia, Antropologia e Cincia Poltica so majoritrias, indicando que as contri-buies destas reas de conhecimento para a anlise e interpretao da temtica dos jovens ejuventude so bastante importantes. Observou-se uma presena tmida de estudos vinculados Psicologia e Servio Social e em menor escala, s reas de Sade Coletiva e Histria, os quais,poderiam contribuir com aportes tericos relevantes para a compreenso dos aspectos psicolgi-cos relacionados aos jovens e juventude, bem como sobre a situao de risco e vulnerabilidade aque esto sujeitos na sociedade atual.

    A rea de Histria tambm poderia contribuir para a compreenso das trajetrias dos jovens ejuventude, por meio de abordagens historiogrficas voltadas para o resgate destas trajetrias epercursos juvenis. Tambm vlido ressaltar a presena das Cincias da Religio, representadapor apenas um trabalho (Teixeira, 2006) que investigou um grupo de jovens de uma comunidadeparoquial, com base no entendimento de que a religio fornecedora de sentido e o grupo,como mediador entre o sujeito e a realidade mais ampla e como espao de aprendizagem e for-mao de protagonistas (ibidem: 7).

    Outro aspecto a ser assinalado refere-se ao tema jovens no mundo rural que esteve sub--representado entre os 84 trabalhos analisados, uma vez que apenas 3 (3,6%) deles (Spanevello,2003; Castro, 2005; Oliveira, 2006) abordaram a juventude rural em suas pesquisas. Considerandoos dados do Censo Demogrfico Brasileiro de 2000, que apontou que h 34.081.330 de jovenscom 14 a 24 anos de idade, dos quais 18% residem no meio rural, pode perceber-se, como refereWeisheimer (2005: 8), a situao de invisibilidade a que est sujeito esse segmento da populaoe que se configura numa das expresses mais cruis de excluso social, uma vez que dessa formaesses jovens no se tornam sujeitos de direitos sociais e alvos de polticas pblicas, inviabilizandoo rompimento da prpria condio de excluso.

    At last but not least, vlido mencionar que o presente passvel de revises e atualizaes,isto , no se esgota aqui. Antes constitui-se em um ponto de partida para que a pesquisa sobre o

    150

  • significado e alcance da temtica jovens e juventude presentes na produo cientfica brasileiraseja complementada com novos olhares e perspectivas.

    Contacto: Centro de Educao e Cincias Humanas, Departamento de Cincia da Informao, UniversidadeFederal de So Carlos, Rodovia Washington Luis, Km 235, 13.565-905 So Carlos SP, Brasil

    E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]

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