editorial só o bem resolve! · artur schopenhauer, niestche, albert camus, sartre entre outros,...

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A dogmática cultura religiosa criou enganos e perigos para a sociedade humana. Fala-se em Deus, em misericórdia e no bem, como se o mal não existisse e as trevas fossem mentiras que a ninguém ameaçam. Se Deus socorresse as pessoas como propagam, se sua misericórdia estivesse ao alcance de qualquer um, suas sábias leis seriam derrogadas. A concessão da misericórdia se dá de acordo com os méritos de cada um. Só as pesso- as fanatizadas ou espiritualmente mí- opes não percebem que o mal cresce avassaladoramente, porque o bem necessita com urgência ser mais atu- ante. De que adiantam páginas e discur- sos inflamados falarem no bem oculto e silencioso, que constrói mais do que o mal destrói, se todas as estatísticas humanas provam o contrário? O número de abortos cresce, a criminalidade está sem controle, a Aids virou epidemia, a sexualidade desenfreada corrói a moral, os lares desfazem-se, as guerras regionais multiplicam-se, a corrup- ção grassa, a inveja é artigo de uso diário até pelos religiosos... Foi deformada visão imposta pelas religiões seculares e limitadas que relegou a plano secundário, à inércia espiritual homens e mulheres valoro- sos, dando às trevas as armas e os meios de levarem o pranto a todos os quadrantes e baterem com relativa facilidade as acanhadas ações do amor. Este estado de alma levou ao desânimo seres inteligentíssimos como Artur Schopenhauer, Niestche, Albert Camus, Sartre entre outros, fazendo- os crer que a infelicidade é permanente e que as pessoas estão condenadas a rolarem eternamente a encosta de padecimentos inenarráveis. Os religiosos de todos os tempos falam no bem, gritam o bem, exaltam o bem, escrevem sobre o bem, dizem-se algemados a ele, mas não abrem mão do autoritarismo, do despeito que marginaliza companheiros úteis, do conforto excessivo, das conveniências pessoais, dos estreitos pontos de vis- ta, do apego ao dinheiro, da preguiça mental... Que bem é esse? É pura falácia! A implantação do bem real e definitivo na Terra começa com a nossa reforma íntima, sem visível aparência. As trevas só serão vencidas para sempre quando houver o conheci- mento racional das Leis de Deus e a firme convicção de aplicá-lo em nossas próprias vidas, ensinando os outros a fazerem o mesmo. Só o bem consciente e sincero pode reter o avanço das trevas. Editorial Só o bem resolve! 3 Janeiro/abril - 2013

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Page 1: Editorial Só o bem resolve! · Artur Schopenhauer, Niestche, Albert Camus, Sartre entre outros, fazendo-os crer que a infelicidade é permanente e que as pessoas estão condenadas

3 Janeiro/abril - 2013

A dogmática cultura religiosa criou enganos e perigos para a sociedade humana. Fala-se em Deus, em misericórdia e no bem, como se o mal não existisse e as trevas fossem mentiras que a ninguém ameaçam. Se Deus socorresse as pessoas como propagam, se sua misericórdia estivesse ao alcance de qualquer um, suas sábias leis seriam derrogadas. A concessão da misericórdia se dá de acordo com os méritos de cada um. Só as pesso-as fanatizadas ou espiritualmente mí-opes não percebem que o mal cresce avassaladoramente, porque o bem necessita com urgência ser mais atu-ante.

De que adiantam páginas e discur-sos inflamados falarem no bem oculto e silencioso, que constrói mais do que o mal destrói, se todas as estatísticas humanas provam o contrário? O número de abortos cresce, a criminalidade está sem controle, a Aids virou epidemia, a sexualidade desenfreada corrói a moral, os lares desfazem-se, as guerras regionais multiplicam-se, a corrup-ção grassa, a inveja é artigo de uso diário até pelos religiosos...

Foi deformada visão imposta pelas religiões seculares e limitadas que relegou a plano secundário, à inércia espiritual homens e mulheres valoro-sos, dando às trevas as armas e os meios de levarem o pranto a todos os quadrantes e baterem com relativa facilidade as acanhadas ações do amor.

Este estado de alma levou ao desânimo seres inteligentíssimos como Artur Schopenhauer, Niestche, Albert Camus, Sartre entre outros, fazendo-os crer que a infelicidade é permanente e que as pessoas estão condenadas a rolarem eternamente a encosta de padecimentos inenarráveis.

Os religiosos de todos os tempos falam no bem, gritam o bem, exaltam o bem, escrevem sobre o bem, dizem-se algemados a ele, mas não abrem mão do autoritarismo, do despeito que marginaliza companheiros úteis, do conforto excessivo, das conveniências pessoais, dos estreitos pontos de vis-ta, do apego ao dinheiro, da preguiça mental...

Que bem é esse? É pura falácia!A implantação do bem real e definitivo na Terra começa com a nossa

reforma íntima, sem visível aparência. As trevas só serão vencidas para sempre quando houver o conheci-

mento racional das Leis de Deus e a firme convicção de aplicá-lo em nossas próprias vidas, ensinando os outros a fazerem o mesmo.

Só o bem consciente e sincero pode reter o avanço das trevas.

Editorial

Só o bem resolve!

3 Janeiro/abril - 2013

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4 Janeiro/abril - 2013

Diante das dúvidas sobre o tema cremação, O ESPÍRITA publica abaixo esclarecedora mensagem de autoria do extraordinário Humberto de Cam-pos (Irmão X):

(...) O problema da cremação do corpo, realmente, deveria merecer mais demorado estudo nos gabinetes legislativos.

Há muito caminho por andar, antes que o homem comum se beneficie com a verdadeira morte.

A cessação dos movimentos do cor-po nem sempre é o fim do expressivo transe.

O túmulo é uma passagem especial, a cujas portas muitos dormem, por tem-po indeterminado, criando forças para atravessá-las com o precioso valor.

Morrer não é libertar-se facilmente.Para quem varou a existência na

Terra, entre abstinências e sacrifícios, a arte de dizer adeus é alguma coisa da felicidade ansiosamente sabore-ada pelo espírito, mas para o comum dos mortais, afeitos aos “comes e be-bes” de cada dia, para os senhores da posse física, para os campeões de conforto material e para os exemplares felizes do prazer humano, na mocidade ou na madureza, a cadaverização não é serviço de algumas horas. Demanda tempo, esforço, auxílio e boa vontade.

Por trás da máscara mortuária, mui-tas vezes, esconde-se a alma inquieta e dolorida, sob estranhas indagações, na vigília torturada ou no sono repleto de angústia.

Para semelhantes viajores da gran-de jornada, a cremação imediata do comboio fisiológico será pesadelo ter-

rível e doloroso.Eis porque, se pudéssemos, pedirí-

amos tempo para os mortos.Se a Lei Divina fornece um prazo

de nove meses para que a alma possa renascer no mundo com a dignidade necessária, e se a legislação humana já favorece os empregados com o be-nefício do aviso prévio, por que razão o morto deve ser reduzido à cinza com a carne ainda quente?

Sabemos que há cadáveres, dos quais, enquanto na Terra, estimaríamos a urgente separação, entretanto, que mal poderá trazer aos vivos o defunto inofensivo, sem qualquer personalida-de nos cartórios?

Não seria justo conferir pelo menos três dias de preparação e refazimento ao peregrino das sombras para a de-sistência voluntária dos enigmas que o afligem na retaguarda?

Acreditamos que ainda existe bastan-te solo no Brasil e admitimos, por isso, que não necessitamos copiar apressa-damente costumes em pleno desacordo com a nossa feição espiritual.

Meditando na pungente situação dos recém-desencarnados, observo quão longe vai o tempo em que os mor-tos eram embalados com a doce frase latina: - Requiescat in pace.

Não basta agora o enterro pacífico! É imprescindível a apressada desin-tegração dos despojos! E se a lei não for suavizada, com as setenta e duas horas de repouso e compaixão para os desencarnados, na laje fria de algum necrotério acolhedor, resta aos mortos a esperança de que os saltitantes con-selheiros da cremação de hoje sejam amanhã igualmente torreados.

Livro “Escultores de Almas”, trecho do cap. 17, Irmão X / Chico Xavier.

O problema da cremação

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5 Janeiro/abril - 2013

Presença de Emmanuel/Chico XavierPresença de Emmanuel/Chico Xavier

Emmanuel

Livro “Caminho, Verdade e Vida”, Emmanuel/Chico Xavier, cap .45 – FEB.

O gosto de conversar retamente e as palestras edificantes caracterizam as relações de legítimo amor fraternal. As almas que se compreendem, nesse ou naquele setor da atividade comum, estimam as conversações afetuosas e sábias, como escrínios vivos de Deus, que permutam, entre si, os valores mais preciosos. A palavra precede todos os movimentos nobres da vida. Tece os ideais do amor, estimula a parte divina, desdobra a civiliza-ção, organiza famílias e povos. Jesus legou o Evangelho ao mundo, conversando. E quan-tos atingem mais elevado plano de manifestação, prezam a pales-tra amorosa e esclarecedora. Pela perda do gosto de conversar com alguém, pode o homem avaliar se está caindo ou se o amigo estaciona em desvios inesperados. Todavia, além dos que se conservam em posição de su-perioridade, existem aqueles que desfiguram o dom sagrado do

verbo, compelindo-o às maiores torpezas. São os amantes do ridículo, da zombaria, dos falsos costumes. A palavra, porém, é dádiva tão san-ta que, ainda aí, revela aos ouvintes corretos a qualidade do espírito que a insulta e desfigura, colocando-o, imediatamente, no baixo lugar que lhe compete nos quadros da vida. Conversar é possibilidade sublime. Não relaxes, pois, essa concessão do Altíssimo, porque pela tua conversação serás conhecido.

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graças aos que a ouvem.” - Paulo (Efésios, 4:29)

ConversarConversar

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6 Janeiro/abril - 2013

Rui Barbosa, Joaquim Manoel de Macedo, Afonso Celso, Joaquim Nabuco, Saldanha Marinho, Bittencourt Sampaio e muitos outros foram seus colegas de Parla-mento.

O estilo, a coragem, a franqueza, a vivacidade in-telectual, a cultura, fizeram dele um exemplo de homem público que honrou o Parlamento e a Nação.

Na sua primeira legislatura, que se iniciou em 4 de junho de 1867, embora ainda tão distante da data em que se fixaria como espírita, Bezerra afirmava: “o equi-líbrio entre o progresso material e o aperfeiçoamento moral constitui a verdadeira ordem social e é também a condição essencial a toda a Nação”.

Bittencourt Sampaio viera a ser seu companheiro de Doutrina e de reuniões espíritas. Ele é o autor da le-tra do Hino Acadêmico da Faculdade de Direito de São Paulo, que foi musicado por Carlos Gomes.

Dizia Bezerra de Menezes: “O médico verdadeiro é isto: não tem o direito de aceitar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que, sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura”.

Bezerra de MenezesEstudos FilosóficosFreitas Nobre CURIOSIDADES

Bezerra de Menezes

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7 Janeiro/abril - 2013

Bezerra de Menezes

Como político, pregou o munici-palismo, assim desabafando sua angús-tia pelo abandono em que foram rele-gadas as comunas, dizendo: “tu, meu querido Brasil, tens andando sem leme e sem bússola, precisamente porque nunca tiveste, e tão cedo terá, em sua verdadeira base, a municipalidade”.

Seu projeto regulamentando o serviço do empregado doméstico data de 27 de julho de 1883, e já àquela época concedia o aviso prévio de 30 dias...

Denunciou e reclamou provi-dência, há mais de um século, contra a poluição da Guanabara, o seu favela-mento, e a necessidade de mais rigoro-sa fiscalização da qualidade sanitária da carne, uma das primeiras reclamações parlamentares – senão a primeira for-malizada - em defesa do consumidor.

BEZERRA DESABAFA

“Eu acreditava que a política era uma coisa séria, que a administração era uma coisa grave, que a Consti-tuição e as leis do Império eram uma coisa sagrada. Tendo, porém, visto aqui o nobre presidente do Conselho fazer sobre todas essas coisas, tan-to romance, que tenho minhas ideias transtornadas.”

Bittencourt Sampaio

Rui Barbosa

Freitas Nobre

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8 Janeiro/abril - 2013

Então, um homem lhe disseDo meio da multidão

Para que todos ouvissem:- Mestre, dizei a meu irmão

Para que divida comigoA herança que nos ficou...

Mas Jesus lhe disse,E ele, atento, escutou:

- Quem me estabeleceu,Ó homem, para vos julgar;

Ou para que esses bensEu vos possa partilhar?

Depois, afinal, lhe disse,Expressando a Sua madureza:

-Tende cuidado em vos guardar De toda essa avareza,

Porque em qualquer abundância Que o homem esteja, agora, Sua vida independe dos bens

Que ele possua na hora...

E lhe contou em seguidaA parábola do avarento

Para que pudesse entenderO alcance do Seu pensamento:

- Havia um homem ricoCujas terras haviam produzido

Muito, extraordinariamente,E ele pensava absorvido:

- Como é que eu farei,Pois que não tenho lugarPara colocar o que colhi

E os meus bens preservar?

- Eis - disse ele, afinal:- O que agora farei:

Derrubarei os meus celeirosE maiores os construirei,

E neles eu colocareiToda minha colheita

E todos os meus bensDe uma só feita,

E à minha alma direi:Minha alma, tu tens,

Para vários anos,Reservados muitos bens;

Repousa, come, bebeE te regala, somente.

Mas Deus a esse homemDisse, prontamente:

- És um grande insensato;Tua alma vai retornar

Exatamente nesta noite... E continuou a falar:

- E para quem seráO que amontoastes?...

É como se Ele dissesse:“Nisso, não pensastes!”

- É isso o que aconteceÀquele que tesouros seusAmontoa para si mesmo

E não é rico perante Deus.

(Lucas, 12:13-21)

Parábola doavarento

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9 Janeiro/abril - 2013

ATUALIDADE DO PENSAMENTO ESPÍRITAMédium: Divaldo Pereira Franco

Pergunta 1:

Vianna de Carvalhoresponde

Como identificar o artista verdadeiro? O legítimo portador da beleza caracteriza-se pelo conte-údo da mensagem que expressa, enriquecendo a Humanidade com paz, com inspiração e engrandecimento moral, fazendo que, através da sua manifestação de arte, as pessoas se encontrem e confraternizem, respeitando-se umas às outras, sem os apelos às paixões perturbadoras que induzem à violência, ao sexo desvaira-do, aos tormentos que desgovernam as emoções com predomi-nância das sensações. O artista real é missionário de Deus como co-criador junto à Humanidade. A sua contribuição permanece edificando, mesmo quando ele morre, e não raro, pela qualidade e profundidade do conteúdo da sua inspiração, que antecipa o futuro, não é reco-nhecido como gênio, senão depois da sua morte.

A arte, como lazer, de forma geral traz algum bene-fício às pessoas? São inegáveis os benefícios que a arte proporciona às pes-soas, particularmente em forma de lazer e de terapia, porquan-to, não somente o trabalho é essencial ao crescimento espiritual como também o repouso, a meditação, o encontro consigo mes-mo. Nesses momentos, qualquer manifestação de arte ajuda no processo de elevação e libertação do pensamento, conduzindo-o aos cenários agradáveis da alegria, da paz, da plenificação.

Pergunta 2:

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10 Janeiro/abril - 2013

CURIOSIDADESQUE EDIFICA MLivro “Da alma humana”, Antônio J. Freire /

Editora FEB.

A obra acima é das melhores, no entanto, das menos lidas, no gênero. Transporta um conteúdo substancioso de conhecimentos curiosos e interessantes que podem, se lida, ampliar os limites da nossa cultura espírita. Vejamos: analisando os sistemas humanos religiosos, iniciáticos, filo-sóficos, esotéricos, secretistas, o autor fez uma coleta das variedades e confusas denominações que o perispírito ou corpo espiritual tem recebido em todos os séculos, como:

MANO-MAYA-KOSHA...................................... VEDANTAKAMA-RUPA................................ BUDISMO ESOTÉRICOKHA..................................................................EGITOROUACH..........................................CABALA HEBRAICAÍMAGO.................................TRADICIONALISMO LATINOEIDÔLON..............................TRADICIONALISMO GREGOKHI.....................................TRADICIONALISMO CHINÊSCARNE SUTIL DA ALMA................................PITÁGORASCORPO SUTIL E ETÉREO............................ARISTÓTELESCORPO FLUÍDICO...........................................LEIBNITZEVESTRUM.................................................PARACELSODUPLO........................................................L. RENOUR

Livro “Allan Kardec”, Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, vol. III / Editora FEB.

“É interessante saber que não apenas na França a espiritualidade esteve intimamente entrosada com a nave-gação aérea por meio de aparelhos mais pesados do que o ar. Nos Estados Unidos da América, os espíritos já antes de 10 Janeiro/abril - 2013

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11 Janeiro/abril - 2013

1856 profetizavam por intermédio de Andrew Jackson Da-vis, o aparecimento de veículos aéreos movidos por uma força motora de na-tureza explosiva. E

aqui no Brasil, pelo médium Ernesto Castro de Silveiras (SP), era recebida, em 30 de julho de 1876, do espírito de Estevão Montgolfier, uma profética mensagem, extraordi-nária em todos os seus termos, falando claramente acerca do “portentoso pássaro mecânico” que, mediante “estu-pendo motor”, “percorrerá o espaço, conduzindo em suas soberbas asas os homens de vários continentes”. Prognos-ticava, ainda, a referida mensagem, que a navegação aérea não seria um sonho, mas “brilhante realidade” dentro em breve, e que o Brasil estava fadado a “demonstrar a força dessa grandiosa máquina aérea”. Santos Dumont (pintura) tinha, àquela época, três anos de idade...

Livro “Cartas e Crônicas”, trecho do cap. 28 “Kar-dec e Napoleão”, Irmão X / Chico Xavier / FEB.

“Napoleão, contudo, converten-do celestes concessões em aventuras sanguinolentas, foi apressadamente situado, por determinação do Alto, na solidão curativa de Santa Helena, onde esperou a morte, enquanto Allan Kardec, apagando a própria grandeza, na humildade de um mestre-escola, muita vez atormentado e desiludido, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina missão que trazia à Terra, inaugurando a era espírita-cristã, que, gradativamente, será considerada em todos os quadrantes do orbe como a sublime renascença da luz para o mundo inteiro.”

11 Janeiro/abril - 2013

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12 Janeiro/abril - 2013

O melindre – filho do orgu-lho – propele a criatura a situ-ar-se acima do bem de todos. É a vaidade que se contrapõe ao interesse geral.

Assim, quando o espírita se melindra, julga-se mais importante que o Espiritismo e pretende-se melhor que a própria tarefa libertadora em que se consola e esclare-ce.

O melindre gera a prevenção negati-va, agravando pro-blemas e acentuan-do dificuldades, ao invés de aboli-los. Essa alergia moral demonstra má von-tade e transpira in-coerência, estabe-lecendo moléstias obscuras nos tecidos sutis da alma.

Evitemos tal sen-sibilidade de porce-lana, que não tem razão de ser.

Basta ligeira observação para encontrá-la a cada passo:

É o diretor que tem a sua

proposição refugada e se sente desprestigiado, não mais com-parecendo às assembleias.

O médium advertido cons-trutivamente pelo condutor da sessão, quanto à própria edu-

cação mediúnica, e que se ressente, fu-gindo às reuniões.

O comentarista admoestado frater-nalmente para abai-xar o volume da voz e que se amua na inutilidade.

O colaborador do jornal que vê o artigo recusado pela reda-ção e que se supõe menosprezado, en-cerrando atividades na imprensa.

A cooperadora da assistência social esquecida, na passa-gem de seu aniver-sário, e se mostra ferida, caindo na in-diferença.

O servidor do templo que foi, cer-

ta vez, preterido na compo-sição da mesa orientadora da ação espiritual e se desgosta

O FILHO DO ORGULHO

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13 Janeiro/abril - 2013

por sentir-se infantilmente in-juriado.

O doador de alguns donati-vos cujo nome foi omitido nas citações do agradecimento e surge magoado, esquivando-se à nova cooperação.

O pai relembrado pela pro-fessora das aulas de moral cris-tã, com respeito ao comporta-mento do filho, e que por isso se suscetibiliza, cortando o comparecimento da criança.

O jovem aconselhado pelo irmão amadurecido e que se descontenta, rebelando-se contra o aviso da experiência.

A pessoa que se sente de-satendida ao procurar o com-panheiro de cuja cooperação necessita, nos horários em que esse mesmo companheiro, por sua vez, necessita trabalhar a fim de prover a própria subsis-tência.

O amigo que não se viu satis-feito ante a conduta do colega, na instituição, e deserta, revol-tado, englobando todos os de-mais em franca reprodução, in-capaz de reconhecer que essa é a hora de auxílio mais amplo.

O espírita que se nega ao concurso fraterno somente prejudica a si mesmo.

Devemos perdoar e esque-cer se quisermos colaborar e

servir.A rigor, sob as bençãos da

Doutrina Espírita, quem pode dizer que ajuda alguém? Somos sempre auxiliados.

Ninguém vai a um templo doutrinário para dar, primeira-mente. Todos nós aí compare-cemos para receber, antes de mais nada, sejam quais forem as circunstâncias.

Fujamos à condição de sen-sitivas humanas, convictos de que a honra reside na tranqui-lidade da consciência, sustenta-da pelo dever cumprido.

Com a humildade não há o melindre que piora aquele que sente, sem melhorar a nin-guém.

Cabe-nos ouvir a consciên-cia e segui-la, recordando que a suscetibilidade de alguém sem-pre surgirá no caminho, alguém que precisa de nossas preces, conquanto curtas ou aparente-mente desnecessárias.

E para terminar, meu irmão, imagine se um dia Jesus se me-lindrasse com os nossos inces-santes desacertos...

Livro: O Espírito da VerdadeCapítulo: 36

Autor: Cairbar SchutelMédiuns: Chico Xavier e Waldo Vieira

Editora: FEB

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14 Janeiro/abril - 2013

ConhecimentosDoutrinários

Baseada na literatura espírita consagrada por Allan Kardec, Léon Denis, Bezerra de Menezes, Bittencourt Sampaio, Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos, Joanna de

Ângelis, Yvonne A. Pereira, Cairbar Schutel, Vianna de Carvalho entre outros.

Assinale a opção correta e confirao resultado na página 24:

1. Em 21 de janeiro de 1883, surgiu um importante instrumento de divulgação da Doutrina Espírita, que completou neste ano seu 130º aniversário. Qual foi?

Revista Reformador Jornal O Clarim Revista Espírita Revista Presença Espírita

2. Em que livro Emmanuel, por meio da mediunidade de Chico Xavier (pintura abaixo), traz, em um de seus capítulos, elucidações a respeito da negação de Pedro?

Pão Nosso Caminho, Verdade e Vida Há dois mil anos Fonte Viva

3. Podemos afirmar com base em “O Livro dos Espíritos”, que a guerra é resultado do(a):

busca do progresso social. sentimento patriótico e de proteção cultural. predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual. a firmação dos povos e a necessidade de estabilidade social.

Verificaçãode

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15 Janeiro/abril - 2013

4. “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” é uma frase pronunciada por:

Pedro. Paulo. João. João Batista.

5. O lago da Palestina, cenário de muitas pregações de Jesus, é também conhecido pelos seguintes nomes:

Genesaré, Tiberíades e Mar da Galiléia. Tiberíades, Mar da Galiléia e Jordão. Genesaré, Tiberíades e Eufrates. Mar da Galiléia, Eufrates e Genesaré.

6. Qual o mais importante dos 7 centros de força?

O cerebral ou frontal O cardíaco O coronário O esplênico

7. Quais foram os 3 apóstolos de Jesus que assistiram o fenômeno da transfiguração no Monte Tabor?

Pedro, Bartolomeu e Tiago. Tiago, João e André. João, Mateus e Pedro. Pedro, João e Tiago.

8. A “Besta Apocalíptica”, que recebeu o número 666, foi antevista por:

Nostradamus. Isaías. Jeremias. João.

9. De toda a belíssima história do Cristianismo quem foi o seu primeiro e grande mártir?

Jesus Cristo Dimas Estêvão Paulo

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16 Janeiro/abril - 2013

“No exame das causas da loucura, en-tre individualidades, sejam encarnadas, sejam ausentes da carne, a ignorância quanto à con-duta sexual é dos fatores mais decisivos.

A incompreensão humana dessa maté-ria equivale à silenciosa guerra de extermínio e de perturbação, que ultrapassa, de muito, as devastações da peste referidas na história da Humanidade. Vocês sabem que só a epidemia de bubões, no século VI de nossa era, chamada ‘peste de Justiniano’, eliminou quase cinquenta milhões de pessoas na Europa e na Ásia... Pois esse número expressivo constitui bagatela, comparado com os milhões de almas que as angústias do sexo dilaceram todos os dias.”

“No Mundo Maior”, trecho do cap. 11 - André Luiz/Chico Xavier/FEB.

Em 18 de abril 1857, raiou para o mundo a era espírita. Nele se cumpria a promessa do Consolador. O Livro dos Espíritos é o código de uma nova fase da evolução e um divisor na história do pensamento hu-mano. Não é um livro comum, que se pode ler de um dia para o outro e depois esquecer num canto da estante. Ele é o arcabouço da Codifica-ção. Nosso dever é estudá-lo e meditá-lo, lendo-o e relendo-o constan-temente. Ele é a pedra fundamental da Doutrina Espírita, o seu marco inicial. O Espiritismo surgiu com ele e com ele se propagou, com ele se impôs e vem se consolidando no mundo. Por meio deste livro, Kardec, sob o olhar magnânimo de Jesus, deu publicidade à Verdade. O Velho Testamento é a síntese da antiguidade, o Novo Testa-mento é a síntese do mundo greco-romano-judaico, o Livro dos Espíritos é a porta para o mundo moderno.

O livro dos livros - 156 anos

Sexo

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17 Janeiro/abril - 2013

“...Fala-vos humilde com-panheira que ainda sofre, depois de aflitiva tragédia no suicídio, alguém que conhece de perto a responsabilidade na queda a que se arrojou, infeliz. O pensamento delituoso é assim como um fruto apodrecido que colocamos na casa de nossa mente. (...) Jovem caprichosa, contrariada em meus impulsos afetivos, acariciei a ideia da fuga, menoscabando todos os favores que a Providência Divina me concedera à estrada primaveril. Acalentei a ideia do suicídio com volúpia e, com isso, através dela, fortaleci as ligações deploráveis com os desafetos de meu pas-sado, que falava mais alto no presente. Refletia no suicídio com a expectação de quem se encami-nhava para uma porta libertadora, tentando, inutilmente, fugir de mim mesma. E, nesse passo desacertado, todas as cadeias do meu pre-térito se reconstituíram, religando-me às trevas interiores, até que numa noite de supremo infortúnio empunhei a taça fatídica que me liquidaria a existência na carne. (...) ...na penumbra do quarto, rostos sinistros se materializaram de leve e braços hirsutos me rodearam. Vozes inesquecíveis e cavernosas infundiram-me estranho pa-vor, exclamando: - ‘É preciso beber’. (...) Senti-me desequilibrada e, embora sustentasse a consciência do meu gesto, sorvi, quase sem querer, a poção com que meu corpo se rendeu ao sepulcro. Em verdade, eu era obsidiada... Sofria a perseguição de adversários, residentes na sombra, mas perseguição que eu mesma sustentei com a minha desídia e ociosidade mental. (...) Em razão disso, padeci, depois do túmulo, todas as humilha-ções que podem rebaixar a mulher indefesa... Agora, que se me refazem as energias, recebi a graça de acordar nos amigos encarnados a noção de ‘responsabilidade’ e ‘consciência’, no campo das imagens que nós mesmos criamos e alimentamos...”

“Vozes do Grande Além”, Hilda, psicografia de Chico Xavier, p. 164-166, 4.º Ed. FEB.

SUICÍDIO EOBSESSÃO

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18 Janeiro/abril - 2013

Extraídas da obra “Palavras de Emmanuel”, autor Emmanuel, psicografia Chico Xavier.

“A luta em família é problema fundamental da redenção do homem na Terra. Como seremos benfeitores de cem ou mil pessoas, se ainda

não aprendemos a servir cinco ou dez criaturas? Esta é indagação ló-gica que se estende a todos os discípulos sinceros do Cristianismo.”

“A queixa é um vício imperceptível que distrai pessoasbem-intencionadas da execução do dever justo.”

“Não estamos na obra do mundo para aniquilar o que é imperfeito,mas para completar o que se encontra inacabado.”

“A fortuna suprema do homem é a paz da consciênciapelo dever cumprido.”

“A experiência é necessária como chave bendita que descerraas portas da compreensão.”

“Não basta fazer do Cristo Jesus o benfeitor que cura e protege. É indispensável transformá-lo em padrão permanente da vida,

por exemplo e modelo de cada dia.”

“O servidor sincero do Cristo fala pouco e constrói, cada vez mais, com o Senhor, no divino silêncio do espírito... Vai e serve.”

“O Espiritismo é, acima de tudo, o processo libertador das consciên-cias, a fim de que a visão do homem alcance horizontes mais altos.”

“Quantas enfermidades pomposamente batizadas pela ciência médi-ca não passam de estados vibratórios da mente em desequilíbrio?”

“Quem se equilibra no conhecimento é o apoiodaquele que oscila na ignorância.”

“A maioria não pretende ouvir o Senhor e, sim, falar ao Senhor, qual se Jesus desempenhasse simples função de pajem subordinado aos

caprichos de cada um.”

meditaçãoFrases que merecem

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19 Janeiro/abril - 2013

Pergunta:

A moderna pedagogia defen-de a educação por meio de es-timulação positiva, explorando o lado bom do educador. Até mes-mo na domesticação de animais selvagens o amor produz melho-res resultados do que o espan-camento.

Jesus não incorreu em erro ao sugerir o “atire a primeira pe-dra”? Resposta:

Em todos os seus atos, Jesus foi o amor por excelência. As re-ligiões cristãs, sem exceção, o chamam de “Mestre Divino” e o Espiritismo acrescenta ser Ele perfeito, o guia e modelo para toda a Humanidade.

No episódio da “mulher adúl-tera”, somente anotado por João (8:1-11), a passagem é explícita, não há como contestar. Merecem consideração as circunstâncias em que o fato se deu.

O apedrejamento era uma prática legal entre os judeus. A lei da “castidade e do casamen-to”, insensata e cruel, está pres-crita no livro de Moisés (Deute-ronômio 22:21) e Jesus buscou respeitá-la, embora dela discor-dasse frontalmente.

Tribuna Livre O ESPÍRITA responde

Não foram poucas as passa-gens anotadas pelos evangelistas em que o Cristo prega o perdão e a tolerância ante os crimes prati-cados pela ignorância humana.

O Mestre foi extremamente hábil no trato dessas questões vividas pelo fanatismo farisaico, a fim de que pudesse obter o melhor resultado, abrindo flan-cos na consciência endurecida da época.

Caso Jesus tivesse contradi-tado a lei de Moisés, insurgindo-se contra a legalidade do ape-drejamento, não teria impedido o sacrifício da infeliz irmã prostitu-ída e ainda agravaria a situação, incorrendo em outra falta que poderia levá-lo também à morte, como aconteceu mais tarde com o pregador Estevão.

A pedagogia moderna defen-de, com acerto, que a educação bem sucedida não se obtém na mera aplicação de regras rígidas, mas as adequa às conveniências do educando, sem dispensar os condicionamentos culturais do meio em que se vive.

Graças à sabedoria do Se-nhor, o Seu Evangelho penetrou em todos os povos da Terra como o orvalho da matina, que, após o calor tórrido da tarde, suaviza as folhagens ressequidas de um jardim.

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20 Janeiro/abril - 2013

Praticar o Evangelho, sim! Ganhar dinheiro à custa da mensagem do Cristo, nunca!

É justo transformar um templo reli-gioso em uma agência mercantil? Em uma espécie de núcleo financeiro lu-crativo? Será que Deus consente tal procedimento? Foi isso o que nos en-sinou Jesus?

Viver o Evangelho, sim! Ganhar dinheiro à custa da mensagem do Cristo, nunca! Até porque nada é tão ilegítimo para um cristão que o exercí-cio da mercantilagem do Evangelho. É deprimente identificarmos “religiosos” (ressalvando-se as exceções) que se postam quais “missionários” do Cris-to, com evidente desprezo ao código sublime do amor ao próximo. Tais lí-deres distinguem-se pelo verbalismo descomedido, comentam tediosos os mais variados assuntos, inobstante não chegarem a qualquer arremate de raciocínio. Exaltam as emoções infelizes da arrogância entre os seus seguidores, cumulando-os de alusões faustosas embora vazias de sentido.

O Cristo advertiu em vários seg-mentos do Evangelho sobre os evan-gelizadores oportunistas, comparan-do-os a “lobos em pele de cordeiros”. A lógica humana é dilacerada diante da exploração da fé. Não há como emu-decer perante os que se valem das re-des de televisão, jornais, livros, inter-net e rádios para pregar o Evangelho em “nome de Deus”, deslumbrando os seguidores afirmando que a clemência do Pai somente pode ser obtida atra-vés da doação de dinheiro.

O que assistimos presentemente são reedições das ardilosas vendas

de indulgências, matriz da Reforma Protestante. Mas, se alguém surge dizendo-se “apóstolo” do Cristo, des-confiemos da sua sanidade mental, pois na realidade o que tem surgido são “mercenários” e não missionários do Mestre. Tais pregadores exaltam a ignorância com altas doses de sober-ba e se alardeiam guias e evangelis-tas. Há muitos falsos cristos e falsos profetas representados por filosofias, doutrinas, seitas e religiões mercan-tilistas que escravizam os homens e exploram a boa fé das pessoas que sofrem.

Jesus, há dois mil anos, repreen-deu: “Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração. Porém, vós a tendes transformado em covil de la-drões”1. Hoje, discorrem sobre as es-crituras numa maníaca exaltação do Cristo, atrelam suas prédicas à moeda de troca, onde quem for mais generoso (mão aberta) e destinar maior quantia em dinheiro terá maior benefício “ce-lestial”. Os desprevenidos seguidores nutrem-se da “fé cega” que lhes é infli-gida por meio de discursos abrasados e encenações de pseudo-exorcismos, onde o que de fato ocorre são catar-ses anímicas e/ou “incorporações” de obsessores que se deleitam diante dos patéticos e deprimentes espetáculos.

E como se não bastasse, comercia-lizam-se os mais singulares amuletos quais “potes com água do Rio Jordão”; “frascos de perfumes e óleos com cheiro de Jesus”; “pedras do templo onde Jesus pregou”; “caixinhas con-

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Jorge Hessen - DF

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21 Janeiro/abril - 2013

tendo porção de areia pisada por Je-sus”; “fragmentos de madeira da cruz do Calvário”; “lotes, casas e mansões no céu”. É evidente que um santuário religioso não pode ser análogo à loja comercial onde se negociam merca-dorias com Deus. Será que desco-nhecem que o templo cristão é local para meditações e cogitações sobre os desacertos e diligências para me-lhoria de comportamento de cada um de nós?

O que dizer dos “evangelistas” de grandes plateias que cobram fortunas para pregar, que alimentam através da eloquência verbal a idolatria da sua personalidade? São vendilhões mo-dernos e profissionais do Evangelho que execram trabalhar, abominam o argumento de que o Cristo convidou-nos a carregar nossas “cruzes”, gran-jear “o pão” com o “suor” de nosso tra-balho, e que só granjearemos o “Reino dos Céus”, isto é, a paz de espírito, se fizermos ao semelhante o que deseja-mos a nós mesmos. Sim! “Ai de vós, condutores de cegos, pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, ou pela oferta, este faz certo. Insensa-tos e cegos! Pois qual é maior: a ofer-ta, o ouro, ou o templo de Deus?”2.

A única moeda que o Criador aco-lhe como câmbio é o amor ao próximo. Todavia, infelizmente, boa parte do legado religioso que se transfere para as atuais gerações tange à cobiça, ao encanto dos sentidos físicos, à con-quista de poder a todo custo, cedendo cancha à brutalidade e à confusão. O fanatismo que vem sendo desenvolvi-do em torno do misticismo decrépito, investido para amealhar recursos mo-netários, visando patrocinar a “saúde” daqueles que mais prontamente a

21 Janeiro/abril - 2013

possam comprar a peso de ouro, tem oferecido ambiente ao materialismo e ao utilitarismo em que as pessoas de-leitam-se, afastadas da misericórdia, da solidariedade, da fraternidade, ante o desafio da autêntica experiência do amor ao próximo, conforme vivido por Jesus.

Paulo escreveu: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o con-tentamento. Porque nada temos trazi-do para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos con-tentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em mui-tas concupiscências insensatas e per-niciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormenta-ram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão”3.

Por essas muitas razões é fácil perceber que presentemente os au-tênticos adeptos do Evangelho ainda formam pequenino grupo muito seme-lhante ao período das dolorosas expe-riências dos três primeiros séculos de disseminação da mensagem do Cristo nos domínios de César.

Referências:1(Mateus, 21:12 e 13).

2(Mateus, 23:16).3(1 Timóteo 6:6-11).

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22 Janeiro/abril - 2013

“Nem Deus afunda”Com esta orgulhosa e arrogante

manchete, os jornais londrinos anun-ciam a viagem inaugural do Titanic, o maior transatlântico da época, com cerca de 270 metros de comprimen-to e 28 metros de largura. Centenas de suítes luxuosamente decoradas e requintes jamais visto, salas de jogos, cinemas, ginásio, jardins sus-pensos, piscinas, fazem o “dolce far niente” dos milionários passageiros que lotam suas dependências com capacidade máxima para aproxima-damente 3.500 pessoas.

No mês de abril de 1912, porto de Southampton, zarpa o “insub-mersível” com destino a Nova Ior-que/EUA. Com insopitável vaidade, o comandante Edward Smith fala da considerável fortuna gasta no “ina-fundável” gigante dos mares, honra e glória da indústria naval inglesa. A Inglaterra exulta de júbilo com o bó-lido de 46 mil toneladas que lhe dá a supremacia técnica sobre os demais países do Planeta.

No dia 14 de abril do mesmo ano, às 23h e 40min, um grito es-tarrecedor rasga o silêncio da noite

fria: “Icerberg à proa” ... dá-se um estrondo e n s u r d e c e -dor, rasga-se o casco e a água gelada penetra irrefreável, as-sustadora, com violência homi-cida.

Após 2h e 40min de pâni-

co, plena madrugada, o Titanic afun-da. Das 2.223 pessoas a bordo 1.503 morreram. Horas depois os sobre-viventes começam a ser recolhidos abatidos e desesperados.

“Sócrates e Platão, pre-cursores da ideia cristã e

do Espiritismo”

“Sócrates, como o Cristo, nada escreveu, ou, pelo menos, nenhum escrito deixou. Como o Cristo, teve a morte dos criminosos, vítima do fanatismo, por haver atacado as crenças e colocado a virtude real acima da hipocrisia e do simulacro das formas; por haver, numa palavra, combatido os preconceitos religio-sos. Do mesmo modo que Jesus, a quem os fariseus acusavam de estar corrompendo o povo com os ensina-mentos que lhe ministrava, também foi ele acusado, pelos fariseus do seu tempo, visto que sempre os houve em todas as épocas, por proclamar o dogma da unidade de Deus, da imortalidade da alma e da vida futu-ra. Assim como a Doutrina de Jesus, só a conhecemos pelo que escreve-ram seus discípulos, da de Sócrates só temos conhecimento pelos escri-tos de seu discípulo Platão.”

Trecho da Introdução de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Allan Kardec, FEB.

22 Janeiro/abril - 2013

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23 Janeiro/abril - 2013

Sete dias em outro mundoO Dr. Eben Alexandre III, neurocirurgião do Brigham & Women

Hospital e da Harvard Medical School, em Boston, Estados Unidos, lançou no segundo semestre de 2012 o livro (foto) “Uma prova do céu: a jornada de um neurocirurgião à vida após a morte”. Conta a experiência que vivenciou durante uma semana em estado de coma profundo decorrente de uma forma rara de meningite bacteriana. Em estado vegetativo e com poucas chances de se recuperar, abriu os olhos no sétimo dia. Fala na primeira pessoa: “Enquanto meu corpo estava em coma, minha consciência via-jou para outra dimensão do universo que eu nunca sonhei que existisse. É um novo mundo onde somos muito mais do que nos-sos cérebros e corpos e a morte não é o fim da consciência”. Tendo sido um médico que por mais de 25 anos manteve o ceticis-mo frente aos testemunhos de Experiência de Quase Morte – EQM de seus pacientes, pondera que “Os principais argumentos contra as EQM sugerem que elas são re-sultado do mau funcionamento do córtex (região do cérebro). No meu caso, ele não estava funcionando. Isso está documentado por exames neurológicos”. Ele não acreditava nesse fenômeno: “Para mim, sempre houve boas explicações científicas para essas viagens fora do corpo descritas por pessoas que haviam escapado da morte”. (ISTOÉ – 22/10/2012).

O extraordinário dessa experiência da consciência fora do corpo é que partiu de um neurocirurgião respeitado na comunidade médica americana. É o cientista realizando a leitura da experiência do lado de dentro do fenômeno, por ele mesmo, sem o relato de pacientes, leigos em medicina. Ele pôde associar o sólido conhecimento que tem do funcionamento do cérebro com as leituras mentais que regis-trou nos dias em que esteve em coma, e compreender, meses depois de muito refletir, que a consciência continua depois da morte. Viu situações e sentiu emoções completamente diferentes do que jamais

Notícia comentada

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24 Janeiro/abril - 2013

imaginou quando esteve em algum dos planos espirituais. A questão 71 de “O Livro dos Espíritos” esclarece que a inteli-

gência e a matéria são independentes. É também afirmado nesse livro que a existência dos espíritos não tem fim (Q. 83); que a vida do espírito é eterna, a do corpo transitória e passageira (Q. 153); que a inteligência é um atributo, que tanto mais livremente se manifesta no espírito, quanto menos entraves tenha que vencer (Q. 237). Ou seja, a consciência é um atributo do espírito e nunca uma função cerebral.

O cérebro é o complexo instrumento material de que o espírito se utiliza, quando encarnado, por meio do perispírito que a ele se liga, para interagir com a realidade densa da matéria e realizar as experiências de aprendizado e refazimento necessárias ao seu de-senvolvimento. A consciência, que é a mente espiritual desperta, é quem comanda o cérebro e nunca o contrário.

As EQM’s estão auxiliando, pela prova testemunhal, a demons-trar a continuidade da vida após a morte, com a constatação de rea-lidades não originadas no cérebro, mas por ele registradas na forma de memórias, o que vem a corroborar com o que a Humanidade já sabe há milênios e a Doutrina Espírita veio revelar com proficiência: o espírito é que é a sede da consciência e não o cérebro, logo ter consciência após a morte é consequência da vida que continua: o espírito imortal!

RespostasVerificação de conhecimentos doutrináriosPáginas 14 e 15

Q.1 - Revista ReformadorQ.2 - Caminho, Verdade e Vida

Q.3 - predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual.Q.4 - Paulo.

Q.5 - Genesaré, Tiberíades e Mar da Galiléia.Q.6 - O coronário

Q.7 - Pedro, João e TiagoQ.8 - João.

Q.9 - Estêvão

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25 Janeiro/abril - 2013

Carta ao atual e futuroASSINANTE MANTENEDOR

Querido(a) irmão(ã),A revista O ESPÍRITA, fundada em 3 de outubro de 1978,

jamais deixou de circular em seus 34 anos de existência.Sempre com dificuldades, levou para todo o Brasil a mensagem

consoladora do Espiritismo Cristão, com a pureza e a beleza propostas por nossos benfeitores sob a égide de Jesus Cristo.

Cabe colocar, que muitas casas espíritas carentes, mormente no interior, onde há enorme falta de material de divulgação, estão recebendo gratuitamente O ESPÍRITA. Por esta razão, solicitamos à sua nobre consciência, que contribua anualmente com um valor sugerido de R$ 15,00 (quinze reais), ou mediante colaboração espontânea acima deste valor, para que possamos custear as três edições da revista (abril/agosto/dezembro), as postagens dos exemplares que serão remetidos em seu nome e a distribuição gratuita para centenas de instituições espíritas.

Ao enviar sua parcela de contribuição, você viabilizará a continuação deste trabalho e apoiará os editores, que lutam com denodo para manterem erguida a bandeira da Nova Fé, e que arcam com grande parte dos custos desta produção, sem nada receberem pelos serviços prestados.

Que não nos falte a sensibilidade espiritualizada, entendendo que a luta pela vitória do bem é da responsabilidade de todos.

Contribua com a divulgação da Doutrina Espírita.Preencha o formulário no verso.

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26 Janeiro/abril - 2013

Mudança de endereço deve ser informada à REVISTA.