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EdiJeine Bernardi
Arte: sua importancia na formac;;ao integral do educando
Monografia apresentada para oblenyao do titulode P6s-Gradua~o em Lingua Portuguesa naUniversidade Tuiuti do Parana.Orientadora: lilian D6ria.
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Sumario
Sumario ..1. Introdu~o ..2. Breve Historico do Ensino da Arte no Brasil .3. A criatividade pode ser desenvolvida..4. A importiincia da Arte e do Ensino da Arte ..5. Problemas no ensino da arte nas escolas ...6. Em busca de uma aprendizagem significativa ..6.1. Arte como base da educa9iio ..6.2. Metodologia do Ensino da Arte ..
7. Postura pedagogica do professor ..8. Conclusiio ..
. v.............. 1
..3. 10
..15
..19. 25. 26
. 29......... 36
. 44
Esse nao e um tempo de choro au fatalismo. E um tempodramatico, desafiador, tempo de briga e esperanc;a".
Paulo Freire
Dedico a Hermenegildo e Heleny, meus pais, e aos educadores queamam a crian~ e a arte.
iii
Agrade90,
A Deus, sobretudo, por Ter-me iluminado e concedido muitas gra98s.
A professora orientadora (mestre) Lilian Doria pela dedica<;iio e carinho no
servi90 de orienta~o.
Aos meus familia res e amigos palo apoio e incentivo.
1. Introdu~ao
A Arte e importante dentro da escola par que 0 e primeiro na vida.
Em geral , quando falamos em ensino da Arte, duas tendEmcias se
manifestam: uma propondo exercicios de repeti~ao, ou imita~ao de modelos prontos,
Dutra que trata de atividades auto-estimulantes, mas ambas empobrecem 0 Jegado
artistico do atuno.
Faz-se necessaria resgatar 0 objetivo do ensina da Arte, como aquele que
amplia a sensibilidade, a percep~ao, a reflexao e a imagina~ao do aluno.
Aprende-Ia, envolve faze-la, aprecia-Ia e refleti-Ia.
o principia norteador deste trabalho monogn3fico e mostrar que 0 ensina da
Arte deve ser urn intercambio entre educador e educando para que aprendizagens
significativas acontec;am.
o professor tern papel fundamental nesla pesquisa, pois se sauber observar
as elementos de fantasia e imaginac;ao criadora, eslara aprimorando as habilidades
perspectivas, analiticas e criticas, daqueles que orienta.
Muitos professores, porem, questionam 0 papel da Arte na Educa~ao: Sera
que aquila que se lem ensinado nas aulas de Arte e de fata arte?
Partindo desta indaga~ao, este trabalho procura fazer um breve hist6rico do
Surgimento do ensino da Arte no Brasil, bem como urn levantarnento dos problemas que a
disciplina de Educavao Artistica vern enfrentando desde sua implantac;ao curricular,
apontando alguns eixos norteadores, que se bem desenvolvidos tornarao significativas
a aprendizagem da Arte, pois e fato que aquilo que nao sensibiliza, nao permanece em
n6s.
Deve-se utilizar metodologias que despertem 0 interesse do aluno pela Arte e
que interajam com a reaJidade dele e para tanto, a escola deve colaborar para que os
alunos passem por urn conjunto amplo de experi€mcias de aprender e criar, articulando
percep9iio, imagina9iio, sensibilidade, conhecimento e produ,8o artistica pessoal e
grupa1. A apropriayao do conhecimento ocorre quando instiga-se os alunos a
perceberern com mais clareza 0 que 8 como 8sta S8 trabalhando em arte.
Este trabalho aborda alguns aspectos da Arte-Educa9iio, que talvez venham
esclarecer as duvidas quanta a sua importancia no desenvolvimenta integral do aluno.
2. Breve Hist6rico do Ensino da Arte no Brasil
E oportuno iniciar este trabalho, tendo como respaldo e tomando como base
as ideias expressas nos Parametros Curricula res Nacionais - Arte, vol. 6.
A arte sempre esteve presente na historia e forma9ao da cultura humana. 0
homem que desenhou um bisao numa caverna pre-historica aprendeu de algum modo
a faze-Io e 0 ensinou a alguem que tambem aprendeu. ~Assim, 0 ensino da arte faz
parte do conhecimento que envolve a produ9ilo artistica de determinado grupo, de
acordo com normas e valores estabelecidos nesse meio cultural". P.C.N (1997, p. 21)
A hist6ria do ensino da Arte no Brasil iniciou-se no periodo correspondente ao
estilo Barraco-Jesuitico, com caracteristicas europeias adaptadas as peculiaridades
locais.
Neste periodo, realizararn-se rnontagens teatrais de canMer didatico no
contexto das praticas jesuiticas. Estas concep9iies se constituiram como pratica
incipiente do ensino da arte, pois os padres jesuitas preparavam a popula9ilo indigena
para a materializayao do seu teatro religioso. Pode-se observar que tambsm a musica
foi utilizada como instrurnento no processo de catequese, 0 qual se deu a partir da
utiliza9ilo do Canto Gregoriano.
A inexistencia de escolas de arte, direcionou urn processo de aprendizagern
artistica vinculada as oficinas dos artesoes, as ruas e as instituiyaes religiosas. Foi urn
periodo bastante produtivo que contribuiu para a forma9ilo de uma arte nacional
popular, na qual se destacava 0 processo informal, que naD fazia distinc;ao entre mDsica
erudita e musica popular.
Em 1808, a vinda da familia real para 0 Brasil, decorrente de questees
pollticas instauradas na Europa, fez surgir na colonia urn novo panorama artfstico-
cultural, Este caracterizou-se, sobretudo, pela imposi<;iio dos padrees artisticos
vinculados ao neoc1assicismo.
o estilo neoclassica, apropriado tardiamente da Europa, e incorporado ao
Brasil pelo decreto de 1816, instituido por D. Joao VI, Coube a Missao Artistica
Francesa, administrar a Academia Real de Arte e Ofieios e atraves desta, divulgar a
proposta neoclassica.
Esta foi uma das tendencias pedagogicas na Educa<;iioem arte, pois com a
cria<;iio da Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro, tivemos entre nos a
instalagao oficial do ensina artistico, seguindo as modelos simllares europeus como
afirma FERRAZ & FUSARI ( 1993, p. 27 ) " No Brasil foram importantes os movimentos
cutturais na correlay8o entre arte e educaQ§o desde 0 sEkula XIX. Eventos culturais e
artisticos, como a cria<;iioda Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro e a presenya da
Missao Francesa e de artistas europeus de rename, definiram nesse seculo a formaQBo
de profissionais de arte aD nivel institucional".
A imposiyao do modo de produyao academico e elitista provocou urn
distanciarnento entre a arte e 0 povo. As artes plasticas ganharam urn contorno
neoclassico sendo destinada a elite brasileira.
A musica, que era muito apreciada pela familia real, tendo quase todos os
seus membros 0 domfnio de pelo menos um instrumento musical, recebeu grande
incentivQneste perfodo.
Em 1841, loi criado 0 Conservatorio de Musica da Universidade Federal, e,
em conseqOemciadisso, oficializou-se 0 ensina da musica no Brasil.
Na mesma epoca, 0 ator Joao Caetano publicou 0 primeiro manual para a
formac;ao de atores, introduzindo, assirn, a discussao sobre a necessidade da criac;ao
de alternativas para 0 ensina das tecnicas teatrais.
Tomando p~r base as ideias de BARBOSA (1989), nas primeiras decadas do
seculo estava presente no Brasil a pedagogia tradicional nas aulas de Arte, marcadas
p~r um lado pelas infiuencias liberais que entendiam 0 desenho como linguagem
tecnica, e por Qutro lado pelo positivismo, como prepare para a linguagem cientifica.
A partir de 1920, Icram introduzidas ideias pedagogicas norte-americanas: a
crianc;a era vista como pessoa com caracterlsticas proprias, necessitando, assim, de
investigat;6es acerca de suas potencialidades orgimicas e funcionais antes de S8 detinir
objetivos e metodos pedagogicos.
Com a Semana da Arte Moderna de 1922, surgiu urn novo momento para 0
ensino da Arte no Brasil. A vinda de inlorma90es, sobre os movimentos de arte
moderna como fauvismo, expressionismo, entre Qutros, teve forte influencia na arte
local, motivando urn novo olhar para a produy8o artistica infantil. Estes novos olhares
originaram-se, essencialmente, em Anita Malfatti, em Mario de Andrade, inspirados pelo
auslriaco Franz Cizek. A postura metodol6gica era a da livre-expressao, isto e, no
deixar fazer livremente, dando grande enfase ao espontaneismo infanti!. Afirma
BARBOSA (1989, p. 45) que a nossa primeira grande renova9ao metodol6gica no
campo da Arte-Educa9iio se deve ao movimento da Arte Moderna de 1922 (...). A ideia
da livre-expressao, originada no expressionismo, levou a ideia de que a Arte na
educa~o tern como finalidade principal permitir que a crian<;a expresse seu sentimento
e a ideia de que a Arte nao e enslnada mas expressada"
Entre os anos 20 a 70, as escoias brasileiras viveram outras experiencias no
ambito do ensino e aprendizagem de arte, fortemente sustentadas pela estetica
modernista.
Segundo os P.C.N. do ensino da Arte "0 ensino da Arte volta-se para 0
desenvolvimento natural da crianya, centrad a no respeito as suas necessidades e
aspirar;:oes, valorizando suas formas de expressao e de compreensao do mundo"
(1997, p. 26)
As aulas de Desenho e Artes Plasticas assumem cencepr;:oes de can~.termais
expressive, buscando espontaneidade e valorizando 0 crescimento ativo e progressive
do aluno. Os professores da epoca estudam as novas teorias sabre 0 en sino da Arte
divulgadas no Brasil e no exterior, as quais favoreceram 0 rompimento com a rigidez
estatica, marcadamente reprodutivista da escola tradicional.
Ainda no final dos anos 40, surgiu no Brasil, 0 movimento das Escolinhas de
Ensino da Arte reaiizado no Brasil.
Foi idealizado por Augusto Rodrigues, iniciado nos corredores da Biblioteca
Castro Alves, e denominada espontaneamente pelas crian<;as como "Escolinha~
A finalidade deste movimento era de desenvolver a capacidade criadora da
crianya, visando 0 seu desenvolvimento estetico, entretanto, durante muito tempo a
criatividade fel cenfundida com imagina~o.
Eo verdade que essa concep<;iio de Arte na educa<;iio como fungao de
libera<;iio emocionai foi difundida, como ja foi citado, com a cria<;iio da Escolinha de
Arte, como afirma BARBOSA (1989, p. 46) ... "Novas horizontes se abrem para novas
concep90es, e 0 objetivD mais difundido da Arte-Educayao passou a ser , entre n6s, 0
desenvolvimento da capacidade criadora em geral. ,,"
Era necessaria dentro desta concep~o ensinar a ver, a analisar, especular e
investigar. Os professores de Arte sabiam da necessidade de estudar e conhecer a
teoria da percepr;:8o, a criatividade, a antropologia, a sociologia e a estetica.
No inicio dos an os 50, sob a influencia da moderniz898o do teatro brasileiro,
foi criado a Escola de Artes Dramaticas ( EAD) em Sao Paulo, com a fim de
proporcionar a formay8o sistematica do ator, pois anteriormente este tipo de atividade
era informalmente desenvolvida no interior das companhias profissionais
Os anos 60 foram marcados pela livre-8xpressao, param, omitindo a
caracteristica da originalidade pensada par Mario de Andrade. Este pensamento foi
desvirtuado, pois a interferencia do professor como mediador do conteudo era vista
como negativa ao desenvolvimento da criatividade infanti1. Ainda sob esta influencia,
em 1971, com a Lei 5692, 0 ensina da arte em todo 0 territ6rio nacional passa a ser
obrigat6rio. Param, nao havia urna eseela superior que formasse 0 profissional para
ministrar a disciplina. Os unicos professores de artes existentes, eram aqueles
formados pelas Escolinhas de Artes.
Neste ponto e relevante ressaltar a presen"" da pedagogia tecnicista em que
o aluno e 0 professor ocupam posiyao secundarias em favorecimento do sistema
tecnico e da organiza9ao da aula.
Para FERRARI & FUSARI (1993, pp. 32, 33). "Nas aulas de Arte, as
professores enfatizam urn "saber construir "reduzido aos seus aspectos tecnicos e ao
use de materiais diversificades ( sucatas, per exemple ), e um saber exprimir-se
espontanelstico, na majaria dos casos caracterizando poucos compromissos com 0
conhecimento de linguagens artisticas".
Foram, entao, criados os Cursos de Licenciatura curta que, entre outros
agravantes, tinham como caracteristicas a fonnayao polivalente do professor,
capacitando-o a ministrar aulas de artes plasticas, artes cenicas, desenho e musica.
Atualmente, a formagao de professares de artes, no ambito dos cursas universitarios,
prey€! 0 profissional especifico para cada linguagern artistica, a ensina publico demanda
professores polivalentes que trabalham simultaneamente com todas as artes. A
demanda e uma dispersao na pnitica pedagogica, que poderia ser sanada a partir de
uma pnitica integrada de professores de diferentes artes ( interdisciplinariedade). Se a
realidade educacional atual nao permite a pratica interdisciplinar em arte, e mais
coerente que 0 professor concentre a seu campo de conteudas a partir da area de
formayao, apenas transitando de forma cuidadosa e segura nas outras linguagens
artisbcas, para nao fazer de suas aulas meras tentativas superficiais, sem um
aprofundamento consistente.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educa9ao Nacional (1971), sinaliza para que a
arte seja incluida no curriculo escolar com 0 titulo de Educayao Artistica, mas econsiderada atividade educativa e nao disciplina. Os PRNS Arte, apontam que nos
anos 70 os professores passam a atuar em todas as areas artisticas,
independentemente de sua forma9ilo e habilita9ilo, isto fez com que os professores
tivessem que se aprofundar em cada uma das modalidades, 0 que de certa maneira
provocou urn repensar da fungao da arte na escola.
DUARTE JR. (1994, p. 14) escreve que no Brasil 0 termo arte-educa<;iio loi
empregado a partir do advento da Lei 5.692171 pretendendo modernizar a estrutura
educacional, fazendo ressalvas de que a Lei reservava, apenas algumas poucas horas
do curricula para a Arta. ~E a partir de entao multiplicaram-se as cursas superiores para
lorma9ao do arte-educador. Pretendeu-se, assim, que aquilo que jil existia nos
currfculos de forma quase empfrica - as ~aulasde arte" - S8 sistematizassem e
tivessem fundamentac;ao te6rica e filos6fica. "
Nos anos 90, novamente iniciam-se as tramites da LOB nas instancias de
competencia para sua aprovac;ao. A permanemcia ou nac da obrigatoriedade da
disciplina tomeu-se, outra vez, polemica nacional. Devida ao intense movimento dos
professores, de norte a sui do pais, visando mostrar que arte e conhecimento e que
passui um campo teerica especifico, conquistou-se a inclusao, no corpo da lei, da
obrigatoriedade de cada disciplina em todos os nlveis de ensino.
Art. 26 - 20 - 0 ensino da Arte constituira componente curricular obrigat6rio,
nos diversos niveis de educac;ao basica, de forma a promover 0 desenvolvimento
cultural dos alunos ( Lei de Diretrizes e Bases da Educa<;iion° 9394, 1996: 30 ) .
E com este cenilrio que se chegou ao final da decada de 90, mobilizando-se
novas tendencias curriculares em Arte, pensando-se no terceiro milenio. Sao
caracteristicas desse novo marco curricular as reivindicayaes de identificar a area par
Arte e nao mais por Educa<;iioArtistica.
Ressalta-se ainda que 0 encaminhamento pedag6gico artistico tern par
premissa basica a integrayao do fazer artistico, a aprecia«;:a,o da obra de arte e sua
contextualizaya,o hist6rica.
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3. A criatividade pode ser desenvolvida
Sabe-s8 que uma das caracteristicas inerentes dos seres humanos e a
imaginae;ao criativa e quando bern desenvolvida supera limites. A criatividade ja
participa das atividades do homem desde que esse descobriu-se urn ser criador.
Conhecer as definic;6esdadas sobre 0 ate de criar por varios estudiosos do
assunto, nos auxilia a compreender 0 quanta 0 en sine da Arte e significativQ para 0
desenvolvimento integral do aluno.
OSTROWER (1987, p. 9) define assim 0 ate criador: •Criar e, basicamente
formar. E poder dar uma forma a algo novo. [...] 0 ate criador abrange portanto, a
capacidade de compreender, e esta, par sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar e
significar.
KOESTLER (1983, p. 47) ressalta: • 0 ate criativo, ligando duas ou mais
dimens6es da experiencia, torna passivel ao homem atingir uma evoluyao mental mais
complexa, e esse ato criativo e um ato de liberta9Bo, au seja, de superaC§o de habitos
pela originalidade."
Vigotsky, citado por BUORO (1996, p. 86) aborda 0 mesmo assunto dizendo
que" S8 considerarmos que a cria<;Ao consiste no seu verdadeiro sentido psicol6gico
em fazer algo novo, e facil chegar a conclusao de que todos podemos criar em grau
maior ou menor e que a criac;ao e 0 acompanhamento normal e permanente do
desenvolvimento infantil.
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NUNES (1991) pensa que 0 carater afetivo e a capacidade criadora
colocadas em primeiro plano, fazem nascer uma obra de arte que pode expressar uma
magica visao do mundo.
Os Parametros Curriculares Nacionais dentro da area de Arte (1997, p. 41)
vern trazer novas diretrizes para este ens ina e revelam que:
U A imaginayao criadora permite ao ser humano conceber situay5es, fatos,
idaias e sentimentos que S8 realizam como imagens internas, a partir da manipulayao
da linguagem. E essa capacidade de formar imagens que torna possivel a evolu<;iiodo
homem e do desenvolvimento da crianya; visualizar situ81;fOeS que nao existem, mas
que podem vir a existir, abre 0 acesso a possibilidades que estao alem da experi€mcia
imediata,"
A emo98o e movimento, a imagina(f80 da forma e densidade a experiencia de
perceber, sentir e pensar, criando imagens internas que S8 combinam para representar
essa experiemcia. A faculdade imaginativa esta na raiz de qualquer processo de
conhecimento, seja cientifico, artistica au tecnico. A flexibilidade e 0 atributo
caracteristica da atividade imaginativa, pois e a que permite exercitar inumeras
composic;oes entre imagens, para investigar possibilidades e naa apenas reproduzir
rela~6esconhecidas. Para DUARTE JR (1994, p. 51):
·Criar sup6e a produ<;iio de coisas (sejam objetos ou ideias) ate entao
inexistentes no mundo humano. Sup6e urn ato ande, basicarnente, opera a irnaginac;aa,
esta capacidade fundamental do hornem. Pela imagina9Eio 0 hamem ardena 0 munda
numa estrutura significativa, ja que a linguagem e imagina<;iio se desenvolvem
conjuntamente. Por ela a homem projeta aquila que ainda naa existe, aquila que
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paderia ser, como fruto de seu trabalho. Mesma nos atos simples do cotidiano nossa
imaginal'ao tem a seu papel."
o primeiro objetivo da EduC8y80 Artistica e estimular a imagina~o criadora.
Como diz Vigotsky (1999, p. 325) " Ensinar a ato criador da Arte e impossivel;
entretanto, isto nao signifiea em absoluto, que 0 educador nao pode contribuir para a
sua forma~o e manifestac;ao."
o processo criativo pode ser estimulado com 0 conhecimento que possuir 0
professor, sabre as diversas formas que urna produgao artfstica pode ser estimulada,
como possibilitar a familiariz8980 de alunos com larga variedade de materia is,
ferramentas, equipamentos e tecnicas, estimulando a persistemcia, a paciencia, a auto
critica, a apreciac;ao de obras de arte, que sao qualidades minimas requeridas para
urna atividade ser bem sucedida.
Conhecer a maneira que REVERBEL (1989) define as tral'os essenciais de
criatividade e imprescind[vel para 0 professor de arte desenvolve-Ias.
Elas dizem respeito a sensibilidade aos problemas, isto e, a professor
reconhece 0 aluno criativo pelas sotuc;6es que apresenta a problemas propostos; a
capacidade de adaptac;ao as novas situac;5es; a capacidade de sintetizar e organizar
seus pensamentos; a incrementagao de suas habilidades de analise. REVERBEL
(1989, p. 27) ainda pontua:
~A criam;a e criadora por natureza. Somente podem contestar os que nunca
observaram uma crianga em seus jogos livres ou aqueles que ja estao marcados pela
agao esclerosante de um ambiente opressor. Na crianc;a, como no homem adulto, 0
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espfrito sopra para ende ele quer e como quer, mas sopra. A menDS que 0 adulto 0
sufoque, na sua teimosia de dirigir tudo."
SOUZA (1974) defende que cinco niveis de criatividade podem ser
alcan~dos por urn individuo, pelo exercicio das atividades artisticas. 0 primeiro e a
apreensao, ou seja, 0 nascimento do sentimento de cria9ao; 0 segundo diz respeito a
prepara9ao, 0 momento em que S8 explora, S8 experimenta materia is, tecnicas; e
terceiro a incuba980 ande a ideja a sar trabalhada e elaborada interiormente; 0 quarto
nivel denomina-se iluminayao, ande S8 vivencia 0 momento da descoberta ( "85talo",
~heureca" ) e 0 quinto e a verificagao, sendo a obra apresentada para a aprecia9ao ou
avalia\Oiio. SOUZA (1974, p. 61) ainda define assim um individuo que teve sua
criatividade estimulada.
~O individuo eriador €o, em geral, inteligente, consciente do meio que a cerea,
sabendo ver e sentir as coisas que a rodeiam, e f1uente (tern, sempre, varias ideias), ef1exivel, original, cetico, persistente, bem-humorado e inconformado com a pre-
estabelecido e e autoconfiante."
Muito cuidado deve ter 0 professor para nao tolher ou destruir esta
criatividade do aluno, com irnposi90es de pad roes, rnodelos pouco flexiveis, tecnicas
ultrapassadas, au, com uma disciplina rlgida, pois segundo Ruskin citado por NUNES
(1991, p. 77)" a Arte e, de modo geral, 0 veiculo de ideias que se transmitem gra",s a
certos recursos formais utilizados de maneira adequada, para realyar au dar forya ao
pensamento e que, tornados em si mesmos, sao exteriores ao que a obra significa( ... ) .
A forma e tao s6 0 revestimento acidental de urna ideia, a roupagem sensivel com que
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a imaginag80 obriga 0 artista a exteriorizar 0 seu pensamento, que e tanto mais artistico
quanta mats elevado for." A arte se aprende vlvenciando-8.
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4. A importilncia da Arte e do Ensino da Arte
o ser humano sempre organizou e classificou as fen6menos da natureza
buscando compreender seu lugar no universo e a signific8980 para a vida. Regido pela
necessidade bilsica de ordenayao e espirito humane cria, continua mente,
manifesta,6es simb61icas para expressar as representa,6es de sua cultura.
MUNFORD (1952) afirma que 0 homem encontrou os meios de interiorizar 0
mundo externo e de exteriorizar a seu mundo interno. Atraves da Arte e passivel
materializar todo 0 Jeque de significay6es criados pelo universe imaginario do homem.
A partir do momento em que 0 homem se desprendeu da mais pura
animatidade, e 58 desprendeu porque tratou logo de atribuir significado as eoisas, a
Arte como forma de representayao ou como meio de expressao S8 fez sempre presente
no decorrer da evolu980 da especie humana.
MUNFORD (1952, p. 23) ainda explica que· A Arte representa 0 lado interior
e subjetivo do homem, todas as estruturas simb61icas sao esfof90S para inventar um
vocabulario e uma linguagem atraves da qual 0 homern passa exteriorizar e projetar os
seus estados rna is internos e mais partlcularmente, de forma concreta e publica,
sentimentos e intuic;:6es dos significados e varores da vida."
HEAD (1982) postula a ideia de que a Arte deve ser a base da educa\'ilo. 0
objetivo da educa\'ilo e que 0 homem deve ser educado para chegar a ser 0 que e.
FERRAZ & FUSARI (1996, p. 25) escrevem "0 universe da Arte marca um
tipo particular de conhecimento que exige atenc;:ao especial, on de 0 ser humano produz
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a partir de perguntas fundamentais que desde sempre, loram leitas com rela<;:iio ao seu
lugar no mundo •.
Parte-se, portanto, da premissa que 0 objetivo da Arte e de encorajar 0
desenvolvimento daquilo que e individual em cada ser humane: 0 instinto estetico que
leva a preserva980 da intensidade natural de todas as formas de percep<;ao e
sensac;ao; a coordena<;8o destas formas em relac;ao ao ambiente e a expresseo do
sentimento de uma maneira comunicavel.
A esse respeito escrevem MARTINS, GUERRA & PICOSQUE (1998, p. 13)
~Ensinar Arte significa articular tres campos conceituais: a criac;ao-produ<;ao, a
percep<;:iio-analise e 0 conhecimento da produ<;:iio artistico-estetico da humanidade[ ... ]"
BARBOSA (1989) aponta que um dos papeis da Arte e preparar 0 aluno para
as novos modos de percep9ao, largamente introduzidos pela revoluyao tecnol6gica e
da comunicac;ao de massa e voltar suas preocupa<;oes para a formac;ao de pessoas
capazes de S8 defrontarem com as problemas, que S8 percebam conscientes de sua
realidade humana e social.
Faz-se necessaria que 0 ensina da Arte suscite no aluno 0 desejo de expressar
o mundo mediante a integra<,;ao da educac;ao intelectual, manual e artlstica,
desenvolvendo 0 espirito crltico, 0 senso de observa~o, fazendo~o expressar seus
sentimentos, emo¢es e experiencias nas atividades artisticas.
DUARTE (1994, p. 65) com quem se deve concordar, observa:"A arte, e por
conseguinte, uma maneira de despertar 0 individuo para que este de maior aten<,;ao ao
seu proprio processo de sentir [ ... 1 Atraves da arte pode-se, entao, despertar a aten<;:iio
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de cada urn para sua maneira particular de sentir, sobre a qual S8 elaboram todos os
processos racionais. ~
Volta-s8 para 0 ensina da arte, percebendo esta como essencial ao
desenvolvimento das capacidades do homem. Oemonstra-se que e cada vez maior 0
numero de pessoas que reconhece que a aptidao de aprendizagem difere de uma idade
para Dutra e que essa aptidao para aprender envolve naD 56 a capacidade intelectual
mas tambem fatores sociais, emocionais, perceptuais, fisicos e psicol6gicos.
Sabre a importancia do ensino da Arte LOWENFELD (1970, p. 19) escreve:
"As manifesta90es artisticas, iniciadas nos primeiros anos de vida, podem signifiear
para nassos filhos a diferen~ que existe entre individuos adaptados e felizes e Qutros,
que apesar de toda a capacidade, continuam, as vezes, desequilibrados e encontram
dificuldades em suas relac;oes com 0 proprio ambiente"
Sabe-se que pelos processes afetivos que mobiliza, a Arte pode ser urn
poderoso auxiliar para 0 enriquecimento do processo de aprendizagem dos demais
conteudos cognitivos escolares. Fazer arte e pensar sobre 0 trabalho artistico que se
realiza, podem garantir ao aluno uma situay80 de aprendizagem conectada com os
valores e os modes de produyao artfstica nos meios socioculturais.
As premissas contidas nos peN de Arte-Volume 6, procuram divulgar que
aprender arte e desenvolver progressivamente a compreensao daquilo que e ensinado
garantindo ao aluna a liberdade de imaginar e edificar propastas artisticas pessoais au
grupais com base em intenyoes proprias.
A Arte-Educac;ao, vista como um processo de desenvolvimento da
criatividade da sensibilidade estetica, que visa a expressao, livre de preconceitos e
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condicionamentos, que objetiva a expansao das possibilidades do aluno, na cria<;:iio de
imagens, na inventividade de novas formas, na habilidade de manipulac;.ao de materia is,
percebe que a instrumentag80 do aluno atende a urn rico processo de aprendizagem, e
e fun<;:iio da institui,ao escolar criar mecanismos que permitam uma pedagogia tam bern
voltada para a instrumentac;.ao. Estes processos 56 podem levar a compreensao,
respeitando a individualidade de cada urn, em cada nfvel de desenvolvimento,
enriquecendo sua relar;8.o sabre arte, como objetivo de conhecimento.
Esta visao de Arte-Educa<;:iio tambem e considerada por DUARTE JR (1994,
p.73)
"Por isso, na arte-educa<;:iio, 0 que importa nao e 0 produto final obtido; nao e
a produ<;:iio de boas obras de arte. Antes, a atenyao deve recair sobre 0 processo de
cria<;:8o. 0 processo pelo qual 0 educando deve etaborar seus proprios sentidos em
rela<;:iio ao mundo a sua volta. A finalidade da arte-educa<;:iio deve ser, sempre, 0
desenvolvimento de urna consciencia estatica ...
o trabalho como arte tern ainda uma amplitude limitada na educayao, mas hi!
possibilidades dessa 8<;:80 educativa ser quantitativa e qualitativamente bem-feita.
Seria interessante terminar este capitulo com urn pensamento de TOLSTOI,
citado por Vigotsky (1999, p. 303) "Eo nessa capacidade dos homens para se deixarem
contagiar pelos sentimentos dos Qutros homens que se baseia a atividade da arte ~.
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5. Problemas no ensina da arte nas escolas
A situayao caotica em que S8 encontra a ensina da Arte nas escolas, edecorrente dos condicionamentos hist6rico-sociais que aD lango dos tempos vern S8
apresentando em nossa realidade.
A chegada dos portugueses que tinham como objetivo explorar as riquezas
aqui existentes, fez com que analisassemos nossa identidade cultural. A influencia
europeia, a extensaa das culturas nativas, a miscigenaty80 cultural conduziu-nos a
copila9iio da arte, deixando no esquecimento nossos reais valores culturais.
DUARTE JR (1994, p. 77) sobre este fato escreve: " Historicamente sempre
tivemos aqui a educa~ao do colonizador, isto e, aquela que despreza as condic;oes
especificas da terra e procura impor a visao de mundo que interessa as minorias
dominantes. [ ... J copi,\Vamos ( e copiamos ) modelos de "desenvolvimento" baseados
em experiemcias de outras culturas ...~
Outra questao que deve ser considerada diz respeito ao fata de que 0 ensino
e a aprendizagem estao centrados na propria arte, como urn sistema de conhecimento
especifico, na atividade da constru9ao artfstica e na aprecia9aO do conhecimento da
historia da arte. Um ensino de arte voltado para a arte solicita a presen98 da arte, e
neste ponto encontramo-nos diante de urn paradoxo. Os recursos destinados a escola,
e neste caso as publicas, nao sao suficientes para cobrir todas as despesas que a
escola teria se fosse atender as necessidades de um ensino de boa qualidade. LEI DE
DIRETRIZES E BASES n.o 9424196 (BRASIL, 1997).
20
Arte-educa~o naD devia significar a mera inclusao da Educayao Artistica nos
curriculos escolares, pois como se mante~m a atua! estrutura compartimentada de
nassas escolas, a arte ali se torna apenas urna disciplina a mais entre as Qutras, parem
a realidade distoa e muito do que seria a verdadeira pratica desta disciplina;
desenvolver no individuo urna educayao voltada as Artes.
PORCHER (1982 p. 25), cenclui assim sobre 0 porque da Educa9aOArtistica.
"A Educa,ao Artistica propoe-se a criar nos individuos nao tanto aptidoes artisticas
especificas, mas sobretudo urn desenvolvimento global da personalidade, atraves de
formas rna is diversificadas e complementares passiveis de atividades expressivas,
criativas e sensibilizadoras. ~
A aprendizagem que envolve a arte de modo gera!, vern sempre acrescentar
em muito ao desenvolvimento integral da crianc;a que se encontra no ensina
fundamental.
LOWEFELD (1976, p. 71) quanto a importtmcia das aulas de Arte escreve: "
As aulas de Arte sao certamente uma ben9ao para as crian<;as, ista e, quando aquelas
sao bem dirigidas, e as crian9as tem toda a liberdade para se expressarem de acordo
com sua propria personalidade"
PARSONS (1992) observou que as artes ocupam um lugar nitidamente
marginal nos currlculos escolares, e raramente sao consideradas iguais OU tao
impartantes quanta as outras disciplinas. E de modo geral sabe-se menos sobre 0
ensino de qualquer outra disciplina escolar.
21
BARBOSA (1989, p. 95) ressalta que "a qualidade de ensino e enormemente
influenclada pela sala de aula, como esparyo e como atmosfera, pelos recursos
materia is disponiveis [... 1 m
Uma Dutra questao apontada por FUSARI & FERRAZ (1995) e a lalta de
constantes propostas pedag6gicas mais realistas e mais progressistas que aproxime os
estudantes do 1egado cultural e artistico da humanidade, permitindo, assim. que ten ham
conhecimento dos aspectos mais significativQs de nossa cultura, em suas diversas
manifestar;:oes.
LUCK (1994) postula que os materiais em artes plasticas sao escassos,
caras, e portanto de diHeil acesso ao professor e ao aluno, au mesmo para professores
que trabalham mais especificamente com musica, teatro ou danya, as dificuldades saO
praticamente as mesmas. Aham disso, os alunos em sua grande maioria, nao
frequentam museus, galerias, exposir;:oes, nem teatro au concertos, seja de musica
erudita ou popular.
o ensina da arte disp6e de uma carga muito inferior das Qutras disciplinas.
Quanto a questao do tempo de durayao da aula de Arte CAMARGO (1994, p. 20)
afirma que: ~ Na auseneia de urn projeto educacional que leve em conta a criatividade
em todas as areas do curriculo 0 que se podera desenvolver e urn tipo especifico de
criatividade. Se nao ha espayo na escola para a criatividade em todas as areas do
curriculo, dificilmente, em urna ou duas horas sernanais, a crian9CI vai se tornar criativa
nas aulas de educa~o artistica.M
Como enlatiza BARBOSA (1991), a imagem e imprescindivel em sala de
aula, e preciso ensinar " arte atraves da arte, irnagern atraves da imagern ". Para a
22
autera a arte-educayao na escola e a forma9f!io estatica dos individuos. E a educayao
estatica possibilita aos alunos urna leitura de suas produ90es e das dos Qutros, de
imagem e de seu ambiente.
Considerando-se as quest5es expostas anteriormente, faz-s8 necessaria
resgatar que a Arte tern como prerrogativa, a capacidade de despertar no individuo,
maior aten9ao em seu proprio processo de sentir, ser e agir. Ela S8 constitui no estimulo
permanente a imagina920, a, fantasia, aos sonhos ut6picos, a que nos levarn a lutar na
perspectiv8 de torna-Ios realidades possiveis, pois segundo 0 poeta frances Lamartini,
citado por DUARTE JR (1994). " As utopias sao verdades permanentes" Por essa
vertente utopica, a arte S8 constitui entao, num elemento pedagogico fundamental ao
hom em, favorecendo·o urnmelhor desenvolvimento cognitiv~.
E a escola nesse processo esta contribuindo para este desenvolvimento?
FUSARI & FERRAZ (1992) ressaltam que a escola tem 0 papel fundamental
de criar projetos que viabilizem oportunidades aos individuos, durante a tempo e no
espac;o escclar, a assimilac;iio da heran9a cultural da humanidade de forma mais
completa possive1, a produc;aoartfstica como linguagem e expressao de sua cultura e
estes projetos devern ser usados como urn ponto de partida e referemcia para toda
pratica escolar.
Percebe-se, no entanto, que hoje a esccla se caracteriza pela imposic;iio de
verdades jii prontas, as quais os educandos devem submeter-se. Nao hii espa90 para
que cada um elabore a sua visao do mundo, expresse seus sentimentos a partir de sua
situac;iio existenciai. 0 aluno e subestimado em sua capacidade de elaborac;iio e de
criac;iio.
23
Para LUCK (1994, p. 6) "observam-se nas escolas brasileiras, de um lado,
professores sem prepara980 para leeionar Arte-educ8<;ao, desconhecedores do
processo criativo e de Qutro, profissionais form ados pelas universidades que S8 limitam
a trabalhar na linha da auto-expresseo, do espontaneismo. ~
LUCK (1994) ainda pontua que ha necessidade de um plano que vise
melhorar a qualidade de ensina. Afirma que ista corresponderia a uma mel haria
instantanea da qualidade de vida, uma vez que possibilitaria ao aluno uma melhoria da
sua viseD global do mundo e de si mesmo no mundo, 0 que permitiria 0
enfraquecimento da qualidade e a supera<;ilo do sentido de fragmenta<;ilo.
o ensina de arte realizado nas escolas brasileiras restringe-se a desenvolver
a criatividacte, e esta deve estar presente em todas as areas do conhecimento, nao
sendo assim objetivo exclusivo da arte-educa<;ilo. Nas palavras de BARBOSA (1991, p.
67 ) " 0 que a arte na escola principalmente pretende e formar 0 conhecedor, 0 fruidor,
decodificador da obra de arte" ( ... ) " a escola seria a institui<;ilo publica que pode tornar
o acesso a arte passivel para a vasta maiaria dos estudantes de nossa nac;aon.
Segundo estudos de autores como MARTINS, PICOSQUE e GUERRA (1998)
quanta mais apreciamos obras de arte mais nos sensibilizamos par elas, pois vivemos
nurn rnundo de irnagens. Estamos permanentemente iendo, produzindo e
decodificando-as. Quanta mais as pessoas entram em contato com a forma arHstica,
mais se aprofunda nessa linguagem.
E fundamental para os alunos compreenderem arte com a freqOencia que
visitam galerias, museus.
FUSARI & FERRAZ (1992, p.75) vao mais alem quando sinalizam:
24
"Mas os problemas nao sao apenas a falta de preparo do professor, a
negligencia da sociedade em rela~o a cultura, ou a falta de consciencia da escola
acerca do potencial pedagogico da obra de arte. Antecedendo a estas quest6es, cabe a
pergunta: tera a eseela realmente conquistado hoje 0 acesso a obra de arte?
Aparentemente avanc;amos alguns passos em rela~o a conquista do aceSSQ ao nossa
patrimonio artistico cultural a hist6ria nos mostra que a arte, como a cultura
considerada como erudita, sempre teve na sociedade de classes uma conotaC;80
aristocratica, para desfrute e lazer das elites·.
Inumeras leituras permitem definir a arte-educar;§o e como deveria ser
aplicada como veiculo educacional. Sabe-s8 que seu objetivo e instigar, propiciar
situa¢es para despertar a criatividade , a sensibilidade e a ousadia. Apesar de toda as
questoes arroladas, oportunidades devem ser propiciadas para que 0 distanciamento
entre discurso e pratica seja menDS significativa. Nos anais do Primeiro Semina rio
Nacional sobre 0 Papel da Arte no Processo de Socializa9aO,Educa,ao da erian"" e
do Jovem discutiram-se as dificuldades que cercam a discipiina de Educa980 artistica,
seja a falta de dominio dos conteudos por parte dos professores, falta de material
necessario para desenvolver determinados conteudos, espa90s inadequados para
estimular tais habilidades.
25
6. Em busca de uma aprendizagem significativa
Falar em aprendizagem e questionar 0 saber pelo "56" saber. 0 que
decoramos au simplesmente copiamos mecanicamente nao fica em nos e portanto nao
faz parte de nossa experiencia.
Para se campreender uma aprendizagem significativa e necessaria partir-se
de alguns pressupostos.
SCHMITZ (1982, p. 53) afirma:"A aprendizagem representa naa apenas uma
atividade, mas uma certa permanencia, embora naD definitiva, pois e caracteristica da
vida humana, e com isso da aprendizagem, modificar-se continuamente, pela aquisiyao
de novos conhecimentos, atitudes, habitos, valores, vivencias e realiz890es. Embora a
aprendizagem tenha urn certa elemento definitiv~, ela S8 caracteriza mais pela
disposir;ijo nova que S8 cria para continuar a aprender. Pela verdadeira aprendizagem 0
homem se torna cada vez mais consciente de si mesmo, e por essa razao, sente
necessidade de seguir aprendendo·
REVER BEL (1989, p. 20) assim define:
UA aprendizagem das atividades de expressao artistica fundamenta-se no
bin6mia espontaneidade-tecnica. Tendo adquirido um certa dominio das tecnicas de
expressaa, 0 aluno fara curso delas na medida em que 0 auxiliam a expressar e a
comunicar aos outros pensamentos, sentimentos e sensa90es. Nessa etapa de
aprendizagem, 0 aluno busca sem cessar um equilibrio entre sua espantaneidade e a
tecnica, entre a expressao do eu e a conhecimento do outra~.
26
De acordo com BENETTI (1996, p. 58) " Toda educayao-aprendizagem
aponta para a compreensao de nossa ferramenta, que somas nos mesmas, e para a
grande materia sobre a qual trabalhamos todos os dias da vida: 0 mundo, a realidade
social, 0 pais em que vamos crescer e lutar com as olhos no sucesson.
Diante destas vis6es a aprendizagem representa uma a980 do homem sabre
o homem. A questao que se coloca e se a arte possui condic;iies de atingir e guiar a
praxis educacional concreta e cotidiana. Significa questionar a possibilidade da
educa~o artistica como uma praxis transformadora em todos as campos da vida.
6.1. Arte como base da educa,ao
Nac e passivel fazer uma reflexao sabre a arte na educayao, sem S8 refletir
sobre a pr6pria educayao.
A raiz da educayao como disse FREIRE (1983, p. 30) est'; em que 0 homem"
pode descobrir-se como urn ser inacabado, que esta em constante busca".
Portanto, a educacyao, impliea uma busca realizada pela propria pessoa
humana. Quando ela compreende sua realidade, pode transforma-Ia e com seu
trabalho criar um modo pr6prio de agir.
READ (1982, p. 167) enfatiza que "0 objetivo geral da educayao e 0 de
encorajar 0 desenvolvimento daquilo que e individual em cada ser humano,
harmonizando simultaneamente a individualidade assim induzida com a vida orgfmica
do grupo social a que 0 individuo pertence".
27
Neste sentido, compreende-se que a Arte na educac;ao precisa ter como
finalidade contribuir para 0 maior conhecimento do homem e do mundo e propiciar uma
relar;ao mais consciente da pessoa no mundo e para a vida contribuindo assim, na
forma980 de individuos mais criticos e criativos.
SUORO (1996, p. 33) ratifica este pensamento quando diz "Ao expressar-se
par meio da arte, 0 alune manifesta seus desejos, expressa seus sentimentos, expoe
enfim sua personalidade. livre de julgamentos, seu subconsciente encontra espac;o
para S8 conhecer, relacionar, crescer dentro de um contexto que 0 anteeede e narteia
sua conduta~.
Educar pela arte e ensinar aver e a Quvir criticamente, a tamar um
posicionamento critico diante da vida. MAYER (1976, p. 32) define educa,ao como"
processo ou efeito da capacidade fisiea, intelectual ou moral da crian98 e do ser
humane em geral, visando a sua melhor integrac;ao individual e social. ..
SOUZA (1974) sinaliza que um dos objetivos das atividades artisticas na
escola e cooperar com a educa~o do individuo, pois e um veiculo para liberac;6es de
tens5es e conflitos.
Eo oportuno relembrar, que nas primeiras decadas deste seculo, 0 sistema de
ensina preocupou-se multo mais em transmltir conhecimento do que produzir a saber e
a escota na~ estava acessivel a todas. Com a institucionalizayao da arte, atraves da Lei
5692/71, que tornou obrigatoria a aula de Educa,ao Artistica e que os professores
buscaram orientac;ao para desenvolver a seu trabatho, mesmo assim, passou a imperar
a transmissao de urna visao pragmatica do mundo e que acabou mais uma vez,
sufocando a criatividade do educando.
28
Cabe, entao, resgatar 0 pensamento de CROSS (1983, p. 25) a respeito do
tipo de personalidade que a longo prazo, pretende produzir nas pessoas a Educayao
Artistica: "Urna pessoa "artisticamente educada" tera de acreditar que a arte e urn
elemento importante na sua vida e na continuac;ao da vida da comunidade. Devera
saber sentir, aceitar que a resposta estetica e urna atitude tao valida em relaC;8o a
experiencia quanta aos outros mod os incentivados em sua educac;ao - 0 matematico, 0
historica, 0 cientifico, etc."
Eo este tambem 0 pensamento de FERRAZ & FUSARI (1992) enfatizando a
ideia de que atraves da arte pade-se contribuir para 0 desenvolvimento de urn saber
basico sobre modos de conhecimento do mundo, pelas crianyas, por meio das
constrw;oes e interac;6es, comunicac;6es esteticas e artisticas das mesmas.
De acordo com SUORO (1996, p. 33) percebe-se a verdadeira importancia
desta area dentro do curriculo escolar. "Eo nesse sentido que podemos vislumbrar toda a
importancia que a compreensao da Arte pode ter no ensino escolar. [...] Alem do
desenvolvimento da imaginac;ao criadora e da percepc;ao, destaca-se como questao de
importante reflexao a possibilidade de 0 professor contribuir afetiva e cognitivamente
para °desenvolvimento da expressao da crian~a".
Nesta linha de raciocinio, objetiva-se entao, salientar algumas orienta~6es
didaticas no que se referem as atividades educativas junto aos alunos nos
conhecimentos artisticos e esteticos.
29
6.2. Metedelegia de Ensine da Arte
Metoda e uma palavra de origem grega que se comp6e de meta (com ou
para) e edos (caminhe) e que significa preceder de alguma maneira para se chegar ate
urn determinado tim.
A metodologia estuda as metod os, as caminhos, as maneiras que levam a
comunicar au transmitir conhecimentos numa determinada disciplina. A prova que urn
metoda esta dando certo e 0 maior au menor sucesso que esta se obtendo com ele.
Nesta perspectiva a escola tern como func;:ao oferecer condic;:6es tecnicas e
estruturais aos alunos, para que possam compreender toda a 9ama de inter-relac;:6es
que envolvem 0 conhecimento artistico vinculando-o a metodologias eficazes.
FERRAZ (1996) entende que e ensine da Arte nae pede se reduzir ae simples
repasse de inferma90es verbalizadas, lineares e fundamentadas na linguagem verbal
ou escrita. A atividade artistica envolve urn conjunto de diferentes tipos de
conhecimento: reflexiv~, analitico e imaginativo, que permitem a cria~ao de diferentes
significayoes, exercitando fundamentalmente a constante possibilidade de
transformay80 do ser humano.
o que se pretende nas aulas de arte, e a interay80 da crianya com a campo
da arte e a seu cantata direto com ela. Essa interay80, de acordo com as Parametres
Curriculares Nacionais - Arte (1997), envolve: as diversas experiencias de fazer e fruir
as formas artisticas; instrumentar as alunos com pesquisa de materias e tecnicas;
estabelecer conversas em que estas formas adquiram significados e refletir a arte como
cultura. Esta conduta devera conduzir a aluno a fazer e conhecer Arte propiciando
30
conhecimentos especificos sabre sua relacao com 0 mundo, desenvolvendo
potencialidades como percep\,ao, observa\,ao, imagina\,ao e sensibilidade que
inevitavelrnente contribuirao para uma aprendizagem significativa dos centeudos das
outras disciplinas do curricula.
Diante destas questoes, deseja-se que durante sua escolaridade, 0 aluno
vivencie 0 cantata com 0 maior numero de obras de arte. Para isso 0 ensina da arte
deve contemplar tres eixos norteadores; a prodUiyao, a fruicao e a reflexao. Vale a pena
explicar cada urn destes eixos.
Uma obra artistica pode coisas diferentes para cada ser, dependendo de
suas experiencias pessoais.
Quando uma crianc;a olha urn pintor e sua pintura, ela assume ai, a papel de
fruidor, que percebe, contempla e interage com a obra. Seja na forma alegorica, na
formulac;ao critica, na descoberta das cores, au na percepc;ao da sua mais pura poesia,
a obra de Arte ganha significado com a frui\,ao. Esta e portanto, individual. A emo\,ao, a
sensac;ao e a pensar que a fruic;ao nos provoca, permite-nos recriar uma obra artistica.
Nesse processo de conhecimento artistico, a aprecia~ao estetica e
fundamental, pois ninguem fica passivel diante de urn quadro de Picasso. Esta
habilidade de apreciar;ao pode ser desenvolvida no aluno se 0 professor, enquanto
mediador, privilegiar 0 maximo de contato com obras de arte e seus artistas. A partir
dai, 0 aluno esta pronto para produzir.
A prOdUIY80 artistica e reveladora do universe interior, criadas pela
imaginalYao, percep~ao,pensamento e memoria. Cada um de nos combinando estes
31
fatores lemos e representamos 0 mundo a nossa maneira, utilizando farmas, cores,
pesquisa de materiais e tecnicas, recursos e habilidades pessoais.
Na prodUl;:ao artistica estao presentes habilidades de relacionar e solucionar
quest6es propostas pela organiz89ao de imagens que tara a aluno visualizar alem de
suas experiencias imediatas.
o professor deve estar atento ao tato de que 0 alune vive intensamente sua
leitura do mundo.Depoisque ele descobre seus propriossignos, a produ,ao da crian,a
e dominada pelo desejo de anotar tudo. Gardner, citado por PICOSQUE (1998)
denomina esse movimento de notacional.
Ha necessidade de que toda produ,ao artistica ganhe um sentido e que
possa tornar-se mais rica ainda com a reflexao sabre ela.
Sabe-se que toda a linguagem artistica e um modo de refletir - reflexao
freflexo - seu estar no mundo. Quando 0 aluno trabalha essa linguagem seus
sentimentos atuam juntos, valorizando as momentos anteriores: as de frui9ao e
produ,ao.
A reflexao e a fusao entre 0 pensamento e 0 sentimento que possibilitam dar
significados as caisas produzidas, ista e, tarnar conscientes nassas atos de criac;ao e os
melhararmos constantemente.
Uma propasta metodologica que contemple esses eixos precisa ter como
enfoques principais as atividades de observac;:ao, analise, criatividade e expressao.
Prover as crian,as de um lugar proprio onde trabalhar, estimulando nelas 0
espirito de respeito, constitui-se em urn dos aspectos importantes na pnitica
32
pedagogica. Nesta visao a sala de aula precisa ser urn retrato de ensinar e aprender
arte.
Segundo as propostas dos Parametros Curriculares Nacionais do ensino da
Arte, mais que urn espac;o fisico a sal a de aula precisa se tarnar acolhedora. E preciso
preparar 0 ceniuio da sala para a aula de arte. Havendo possibilidade deve-se usar urn
espa~o especifico e adequa-Io para 0 trabalho com diferentes linguagens artisticas. Tal
concepc;ao diz respeito a: uma criac;ao estetica do ambiente par parte do professor,
incluindo nesta "decora~ao" trabalhos de seus alunos; a funcionalidade deste espa~o de
trabalho tendo sempre a possibilidade de novos remanejamentos na disposi~ao de
materiais, objetos de trabalho de acordo com 0 planejamento au andamento das aulas.
MARTINS, PSICOSQUE & GUERRA (1998,p.145) no que se refere ao espa~o
fisico afirmam "[...J a sala de aula e 0 lugar onde 0 professor e seu grupo de
aprendizes habitam, po is imprimem nela as marcas do convivio da vida pedag6gica. Em
verdade, toda sala de aula e retrato de uma historia pedagogica construida numa
concepc;ao de educay3o. A cada dia de aula, no encontro do professor e alunos, 0
retrato da sala vai se esbo~ando:
E imprescindivel formar urn acervo que possa fomentar a produc;ao e leitura
com reprodw;6es de obras de arte visuais, musicais, (cd's, videos, instrumentos
musicais, livros) para que 0 conhecer a arte possa ser trabalhado.
Sabe-se que urn born planejamento tambem precisa contemplar 0 acesso dos
alunos a varias obras de arte, abrindo urn canal de sensibilidade que se estabelece no
contato do artista e do espectador para que se desenvolva a percepc;ao estetica da
obra de arte.
33
PORCHER (1982, pag.45) alerta que "0 contato direto com as obras, sua
frequentaC;:8oregular e intensa, sao a principal e 0 melhor caminho de sensibiliz89ao, a
unico verdadeiro meio de acesso ao dominic de c6digos, a alimento par excelencia do
sentimento de lamiliaridade".
Compreende DUARTE JR (1994, p.66) que "[...J os sentimentos se refinam
pel a convivencia com as simbolos da arte. 0 contata com obras de arte conduz a
familiaridade com as simbolos do sentimenta, propiciando 0 seu aprimoramento ".
Dutra questao que diz respeito aDs objetivos do ensine da arte sao as
resultados dos trabalhos que loram desenvolvidos durante 0 ana letivo. Estes trabalhos
deveriam ser expostos para tada comunidade, ate porque a propria comunidade deveria
refletir sabre as resultados destes trabalhos, criando assim, 0 habito da apreciac;:ao
artistica e mesmo 0 juizo estetico e critieD, para contribuir na formac;:ao do saber
estetice, seja des discentes ou mesmo de toda a comunidade. E preciso que a escola
oferec;a condic;6es estruturais, em que 0 aluno e a comunidade tenham contato com
trabalhos artisticos e obras de arte.
Nessa perspectiva, uma aprendizagem em arte s6 e significativa, quando 0
objetivo do conhecimento e a pr6pria arte.
Ha necessidade de buscar tambem elementos dispaniveis que contribuam
para 0 enriquecimento da aprendizagem artistica, elementos como imagens e textos
que falem sabre a vida de artistas, revistas, videos, fitas para audio, levantamento das
manifestac;6es artisticas da comunidade enriquecendo assim a vivencia do aluno com
este mundo da arte.
34
Constatada essa importancia as autoras FUSARI & FERRAZ (1992, p. 80)
ainda esclarecem "[...1 videos, reproduc;oes, slides e as fotografias sao importantes
recursos pedag6gicos para iniciar a alfabetizaC;80 estetica e para preparar as sentidos e
o intelecto do aluno, munindo-Q de todos as conhecimentos historicos e esteticos".
Uma das modalidades que contemplam a interaC;c30do ensina da arte com as
outras disciplinas do curricula e a trabalho com projetos, que caracteriza-se par ser uma
proposta que favorece a produ9ao do saber.
Assim confirmam as autoras MARTINS, PICOSQUE & GUERRA (1998, p.
158 ) "[ ..] mais do que uma tecnica ou uma estrategia sujeita a regras predeterminadas,
as projetos refietem uma atitude pedagogica fundamentada numa concep9ao de
educac;ao que valoriza a construc;ao do conhecimento. E uma Dutra forma de planejar 0
ensinar I aprender arte ".
Segundo os Parametros Curriculares (1997) os professores e alunos devem
eleger os assuntos a serem pesquisados e os relacionarem com as demais disciplinas
curriculares seguindo alguns criterios; as assuntos a serem desenvolvidos devem ser
eleitos em parceria com alunos que devem participar ativamente de todo a processo de
pesquisa; coleta de materia is; seminarios au debates que possibilitem os alunos
estabelecerem relac;:6es de verossemelhanc;:a com as temas abordados, sendo que
estes assuntos devem culminar ao final do projeto com algum produto concreto de todo
a trabalho realizado, como a confecc;:ao de um livro de arte.
Basicamente com este estudo concluiu-se que metodos bans sao aqueles
que pensam a aluno e a processo de ensino-aprendizagem de formas diferentes,
dinamicas, significativas. Cada metoda sera sempre recriado pelo professor, que na sua
35
pratica e teoria tra9a as suas OP90esmetodol6gicas. E portanto, uma figura muito
importante neste processo e a arte s6 exercera a sua fun9ao educativa dependendo da
competEmcia, da formattao e da sensibilidade do educador.
Acrescenta BENETTI (1996, p. 51) com muita propriedade: "0 vinculo que
une 0 educador e a materia-vida, toda a vida e nada mais que a vida. A vida como
projeto futuro, como possibilidades de realiza9ao, como profissao, como trabalho, como
amor."
36
7. Postura pedag6gica do professor
LOWENFELD (1970) sustenta que a educa,ao artistica como parte essencial
do processo educativo pode significar a diferen,a entre um indivlduo criador e flexlvel e
urn Dutro que nao tenha capacidade para aplicar a que aprendeu. Nota que, nurn
sistema educacional bern equilibrado, em que 0 desenvolvimento do ser total e real~ado
eo pensamento igualmente desenvolvido, oeasiona urna perfeita interat;8.o do individuo
com a mundo, a fim de que ele possa desabrochar tada a sua capacidade criadora em
potencial.
o sistema de ensina, como esta, vern desprezando as atividades praticas
inviabilizando a realizac;ao de urn ensina de arte que privilegie urna postura critica aapreciac;8.o estetica e if expressividade.
o ensino da Arte no Brasil, que s6 a partir de 1971 passou a ser disciplina
obrigatoria nos curriculos escolares, encontrou urna situac;ao pouco favoravel para a
seu pleno desenvolvimento, pois no inicio nao haviam cursos de formac;:ao de
professores nesta area sendo que os primeiros a trabalharem com a Educac;:ao Artistica
vieram de outras disciplinas.
Desde, entao, estudiosos vem procurando caminhos novos para as praticas
educativas nesta area.
Vale retomar os estudos feitos por FUSARI & FERRAZ (1993) a respeito das
tend€mcias pedag6gicas na educac;:ao em arte.
Professores que seguiram a " Pedagogia Tradicional " encaminharam sua
pratica em alividades de repetic;:6es e fixac;:Oes. Visa ram exercilar a parte motora, a
37
memorizac;:ao sendo que a relac;ao professor-atuno era autoritaria e as atividades
propostas eram verdades prontas.
A denominada " Pedagogia Nova" deu enfase a expressao, contradizendo as
pn3ticas anteriores. Neste ponto ja tivemos avan<;os, pais a preocupac;:ao era com 0
metoda e 0 interesse do aluno, valorizando-se aspectos afetivos.
Sabe-se que as primeiros professores que se forma ram receberam esta
tendencia. DUARTE JR ( 1976, p. 70 ) ressalta que' Um professor formado nos moldes
escola-novista aD entrar para 0 mercado de trabalho, espera encontrar na escola uma
assessoria aplicada it educac;:ao e, ainda, uma biblioteca munida com boas obras,
laboratorio, material didatico abundante e variado, salas de aulas adaptadas as
necessidades da disciplina, material de suporte tecnico. No entanto, a que ele en contra
e uma sala super lotada, um quadro negro, giz, biblioteca com livros de pouca utilidade
et geralmente nenhum material didatico."
A "Pedagogia Tecnicista" pos 0 aluno e 0 professor em segundo plano, 0
principal era a organizac;:ao da aula e os elementos tecnicos aplicados. 0 "saber
construir" sem 0 compromisso estetico, foi 0 enfatizado.
Diante deste quadro que influenciou muitas praticas metodologicas pergunta-
se: Como deve agir 0 professor de arte?
FERRAZ & FUSARI (1992, p. 49) respondem com muita propriedade.
"Os estudantes tem direito de contar com professores que estudem e saibam
arte vinculada a vida pessoal, regional, nacional e internacional. Ao mesmo tempo, 0
professor de arte precisa saber 0 alcance de sua a9ao profissional, ou seja, saber que
pode concorrer para que seus alunos tambem elaborem uma cultura estetica e artistica
38
que expresse com clareza a sua vida na sociedade. 0 professor de arte e urn dos
responsaveis pelo sucesso desse processo transformador, ao ajudar as alunos a
melhorarem suas sensibilidades e saberes praticos e te6ricos em arte. Encontrar urna
maneira de organizar a trabalho de educac;ao eseelar que contribua nesse rumo e urn
desafio para 0 colelivo dos professores compromissados em conseguir escolas de
melhor qualidade para toda a popula,ao. "
Definindo urn processo de ensina e aprendizagem, fundamental em qualquer
educa,ao, VIGOTSKY (1979) estabelece uma rela,ao entre aquele que aprende e
aquele que ensina. Nesta conceP98o a professor visualiza 0 nivel cognitiv~ do aluno e
encontra meiDs para ele construir seu conhecimento. Para este estudioso, a professor
tern papel relevante neste processo, pais precisa interferir na zona de desenvolvimento
proximal do aluno provocando progressos que neste nao ocorreriam espontaneamente.
Seus estudos revelam que 0 cerebro possui uma enarme plasticidade e que qualquer
conceito pode ser moldado ao longo da vida de urn individuo, portanto 0 professor deve
ser uma presen~a atuante, que provoca, media, observa e atende a cada aluno
estimulanda-o e animando-o em suas descobertas.
Porem, alguns professores acreditam carregar um pesado fardo, pois veem
sua disciplina rebaixada a meras "aulas especiais" au que sua disciplina ocupa uma
hierarquia inferior e com isso esquecem da impartante tarefa do desenvolvimento da
imagina~aocriadora de seus alunas, desmotivando-se.
LOWEFELD (1970, p. 78) pontua que: "Assim no ensino artistico, urn mau
professor e pior do que se nao houver professor algum."
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o professor precisa saber no que 0 ensine da arte esta colaborando para a
formaIYc30 de urn individuo capaz de novas criac;oes e linguagens, modificador de
valores e que as resultados deste trabalho devem contribuir para que novos
profissionais que esta.o ingressando na area educacional, tarnem contato com esta
realidade, e contribuam com novas propostas.
E valido afirmar que a afetividade deve permear a relayao do professor e seu
aluno. Somente ista torn a a aprendizagem de qualquer assunto efetiva.
o pensamento de BENETTI (1996, p. 54) a este respeito e 0 seguinte: "0
vinculo que une 0 educador ao educando e a materia-viva, ted a a vida e nada mais que
a vida.[ ...J A vida como como projeto futuro, como possibilidade de realizayao, como
profissao, como trabalho, como amor ."
Eo certo que 56 ensina Arte quem a conhece com profundidade. BARBOSA
tern a seguinte visao com relac;ao ao professor de arte: "Os professores de Arte
precisam, em primeiro lugar, de validos conhecimentos te6ricos acerca das teorias da
Arte-Educayao e de urn modo de pensar acerca da Arte, que possa ajuda-Ios a definir
as atividades na escola e a arte na sociedade moderna, sua fun9ao e praticidade."
Eo na falta de conhecimentos que reside a falha do professor de Arte, quando
deixa de desenvolver as potencialidades de seus alunos, tais como sensibilidade,
percepyao, criatividade, expressao corporal, 0 espirito critico, a desinibiyao anulando
deste modo, qualquer expressao criativa que pudesse ocorrer com a orienta~aodele.
LOWEFELD (1970, p. 78) escreve afirmando que: "Urn professor quando
procura motivar 0 aluno deve conhece-l0 bem." Prossegue ainda, expondo que toda a
atividade de acompanhamento feita pelo professor necessita de muita sensibilidade,
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paciencia, disponibilidade, facilidade de comunica9ao e aptidao para descobrir as
necessidades de seus alunos.
Urna das posturas basicas do professor e no que se refere ao momento de
cria9ao. A interven9ao neste instante do trabalho de seu aluno deve ser delicada, sem
desaprova~6es ou criticas inoportunas. Dar total liberdade para esta crialtc30 e iniciar 0
aluno no universe da arte, fazendo com que ele, por si proprio, erie seu processo de
constru9ao de ideias e passe a nao esperar pelas propostas prontas de qualquer
educador.
Ainda sobre a busca de posturas pedag6gicas adequadas, a Revista Escola
(1999) publicou em seus diversos artigos sobre educa9iio, relatos de experiencias que
obtiveram sucesso na area do ensina em Arte. Propostas de professores que
contemplaram projetos interdisciplinares, que participaram efetivamente da exposi9aO
de trabalhos artisticos dos alunos e que pesquisaram com as alunos a biografia e obra
de artistas contemporaneos.
Um destes relatos publicados na mencionada revista e feito por FERREIRA
(1999, p. 9) que vivenciou com seus alunos 0 projeto "0 homem e seu habitat",
pontuando que "um professor de Arte deve estar preparado para a cada momenta de
sua aula, retirar, de pequenos instantes ou acasos, motivQs para despertar 0 interesse
e a criatividade do aluno. A sensibilidade e a olhar critico sao desenvolvidos a partir da
observaltao criativa e da problematiza~ao do que se vive e se experimenta, seja em
sala de aula au na vida de cada um. Nao pode interessar ao aluno alga que nao parta
de sua vivencia. A visao do aluno sabre a mundo e a ponte que a professor de Artes vai
usar para mostrar-lhe outros mundos."
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A ideia de ensinar Arte diretamente na fonte com visitas programadas aos
museus e galerias adquire mais for,a cam a relata de TOLEDO (1999, p. 39). Afirma ele
que: "E clara que aulas de Arte padem ser dadas em classe. Mas na museu elas ficam
mais ricas. Uma visita pode ilustrar as assuntos tratados em classe e a aula pode
refon;ar as canceitos tratados na visita ...
SOUZA (1974, p. 58) abarda a mesma questaa enfatizanda: "Quanda um
professor reconhece 0 valor da atividade artistica, procura capitalizar suas
potencialidades com uma efetiva experiencia educativ8."
Eo impartante, salientar que qualquer propasta pedagogica, au metadalogica
adotada devera valorizar a expressao artistic8. Ao professor destina-se cada vez mais 0
papel relevante daquele que ensina fazer, fazenda.
o que nos transmite essencialmente as Parametros Curriculares de Arte
(1997) e que em primeira lugar, a professar e a abservada das inten,oes de seus
alunos, com que materia is desejam utilizar, que conhecimentos previos possuem de
Arte e a partir dal planejar as aulas atendenda tadas as necessidades.
Neste sentida CROSS (1983, p. 109) ressalta:
"Urn professor de arte realmente capaz ensinara sua disciplina de modo
"artistico". 0 seu planejarnento do curriculo, sua pratica da sala de aulas e seus
processos de avalia~ao refietirao os valores do seu enfoque especial. 0 equilibrio
adequado entre as capacidades pedag6gicas e praticas pode nao ser constante; pode
variar, principalmente ern rela~aoa idade das crian~asque e estao sendo ensinadas.
As menores necessitam de professores compreensivos e razoavelmente bern
preparados, que nao precisem ter inclina~6esartisticas especiais.
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A maior parte des seus ensinamentos se tara atraves de exemplos; esperar-
se-a dele que mostre aos alunos mais sofisticados e ambiciosos exatamente como se
fazem as coisas, a que pode incluir uma quantidade de processos alta mente tecnicos. n
o professor de Arte e urn dos responsaveis par tode processo de
aprendizagem vivenciado pelos alunos, e co-responsavel pelo seu sucesso, par isso eimprescindivel que encontre uma maneira tal de organizar seu trabalho e ajudar seus
alunos a melhorarem sua sensibilidade artistica.
Para isso, podera antes de suas aulas ser urn pesquisador de novas tecnicas
e materiais para fornecer uma maior diversidade de atividades; urn apreciador de obras
de arte servindo de exemplo para e5sa sensibiliza~ao e estudo de obras artisticas; um
criador de espa~os favoraveis para as cria~oes de seus alunos, enfim, um professor
engajado com os demais num trabalho interdisciplinar.
Durante 0 processo de aprendizagem ele deve ser 0 incentivador das
produ~oes individuais ou grupais; 0 estimulador do olhar critico dos alunos quanto a
observa~ao de trabalhos proprios ou de artistas conhecidos; a proporcionador de um
clima hidico e estimulante para a continuidade criativa de seus alunos, acolhendo
sugestoes e materiais trazidos pelos mesmos; a descobridor de novas propostas que
respeitem a faixa eta ria de grupo e a elaborador de projetos que traga significado ao
que esta sendo ensinado.
Apos a decorrer de suas aulas, devera ainda ser a imaginador de novas
passos para a continuidade de seu trabalho.
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REVERBEL (1989, p. 34) colabora neste sentido afirmando: "0 professor tern
que contar com urn vasto repert6rio de atividades, criadas em fun(:8o dos interesses e
necessidades dos alunos e adequadas as diferentes faixas etarias."
E proprio terminar estas reflexoes sabre a importancia do professor na
educa~ao da Arte com as palavras de BUORO ( 1996, p. 148).
MNossa visao de ensino de Arte nao contempla nern urn ensino dirigido e
estruturado sobre model os prontos, nem a liberdade completa do aluno, sem nenhuma
a(:80 do professor .. a maneira de se ensinar Arte liga-se diretamente a visao de Arte
como linguagem, formada de elementos proprios, que estruturam seu discurso."
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8. Conclusao
A finalidade da Arte e enriquecer 0 conhecimento individual e incentivar a
atender e aplaudir a mundo fantastico da imagina~aoe do sensivel.
Para essa aventura acontecer procurou-se mostrar a relevancia do papel do
professor, que e urn mediador, entre a Arte e 0 aprendiz, que promove entre eles urn
encontro rico, instigante e sensivel, que naD deve perder de vista as intent;:5es de
despertar 0 prazer de conhecer, compreender e refletir sobre a obra artistica de
observat;:8o; possibilitar aDs alunos 0 acesso a estas obras para que desenvolvam
atitudes de observa~ao; percep~ao, julgamento e conhecimento da produ~ao do artista
e suas solu.yoes expressivas; instigar a imagina980 criadora no exercicio de cada
pensamento que se concretiza.
Este estudo tambem evidenciou que 0 trabalho com os alunos no
desenvolvimento de habitos, atitudes e manifestat;:oes pode ser enriquecida com 0
ensina de atividades artisticas.
Uma questao importante levantada na presente analise diz respeito a fun~ao
essencial do ensina da Arte: fruir, produzir e refletir, pais naD se pode tratar a Arte como
c6pia da natureza ou de modelos pre-estabelecidos.
A Educa~ao atraves da arte e importante para que 0 aluno se apropie desse
conhecimentb, aprendendo a refletir e a aprender. 1550 demonstra a sua importancia
fundamental no processo de desenvolvimento do individuo.
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