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Assessoria de Comunicação UNIDESC Ilustração de Veridiana Scarpelli para o livro ‘O ser e o agir transformador’. CONHEÇA AS HISTÓRIAS DE QUEM PROMOVE A MUDANÇA POR MEIO DA EDUCAÇÃO EDIÇÃO ESPECIAL TRANSFORMADORES EDIÇÃO 30° - ANO 2°/ 2019 WWW.UNIDESC.EDU.BR

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Page 1: EDIÇÃO ESPECIAL TRANSFORMADORES · coordenador e colaborador. O reconhecimento por meio das palavras e ... meio da educação, porque é através dela que o mundo muda. O nosso

Assessoria de Comunicação UNIDESC Ilustração de Veridiana Scarpelli para o livro ‘O ser e o agir transformador’.

CONHEÇA AS HISTÓRIAS DE QUEM PROMOVE A MUDANÇA

POR MEIO DA EDUCAÇÃO

E D I Ç Ã O E S P E C I A L T R A N S F O R M A D O R E S

EDIÇÃO 30° - ANO 2°/ 2019 W

WW

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IDES

C.ED

U.B

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2VIROU NOTÍCIA

trans forma dores

Virou Notícia Unidesc.

DiretoraChristiany Borba

EditoraPriscylla Oliveira

Contato Ascom:

Endereço: Rodovia BR-040 (Acesso à Cidade Ocidental) Jardim Flamboyant - Bloco “C” Sala 01

Telefone: 61 98621-0149

E-mail: [email protected]: www.unidesc.edu.br

EXPEDIENTE

SUPERVISORA DE COMUNICAÇÃO

Christiany Borba

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

Priscylla Oliveira

REVISORA

Cirlene Pereira

PROGRAMAÇÃO VISUAL

Clayton de SouzaElianne Carvalho

ASSISTENTES DE COMUNICAÇÃO

Thiago Rodrigues

ESTAGIÁRIO(A)

Denisy Santos

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3VIROU NOTÍCIA

trans forma dores

Quer Emprego? OPORTUNIDADE DE ESTÁGIOS NO ENTORNO.

Tô no UNIDESC: SIMPÓSIO DE TCC

EDIÇÃO ESPECIAL: TRANSFORMADORES - O PAPEL DO PROFESSOR NA RESSOCIALIZAÇÃO

Epígrafe: VIROU NOTÍCIA TRIGÉSIMA EDIÇÃO

Tô no UNIDESC: PROJETO INTEGRALIZADOR DE RH E MERCADO DE TRABALHO

Tô no UNIDESC: PAINEL DE DANÇA E FOLCLORE.

EDIÇÃO ESPECIAL: TRANSFORMADORES - EDUCAÇÃO PARA CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE

EDIÇÃO ESPECIAL: TRANSFORMADORES - LIBRA MAIS ACESSIBILIDADE É DIREITO

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S U M á r i o

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Chegamos à trigésima edição. O caminho até aqui não foi fácil, mas olhar para tudo que foi construído é gratificante. O número desta edição é 30, mas são incontáveis as vezes que nos cativamos com histórias de vida únicas no ‘’Inspire-

se’’, nos informamos sobre os acontecimentos da instituição com o ‘’Tô no Unidesc’’, descobrimos e adentramos mais naquilo que nem todo mundo conhece no “Você Sabia’’, oferecemos e aprendemos com o ‘’Acadêmico em Foco’’ e também relaxamos com as notícias de lazer do ‘’Da hora Notícias’’, vimos como é a vida após a formação com os nossos ex- alunos no “Egresso em Foco’’ e ficamos ligados no que o mercado de trabalho anda buscando no ‘’Quer Emprego.’’

O Virou Notícia deu voz e visibilidade e deixou registrado muito mais que notícias, mas o orgulho do trabalho de cada professor, coordenador e colaborador. O reconhecimento por meio das palavras e fotografias que ficam registradas nos computadores e mentes de quem as lê.

Gostaríamos de agradecer essa jornada de 30 publicações com uma edição especial: 3 histórias de pessoas que transformam vidas por meio da educação, porque é através dela que o mundo muda.

O nosso jornal irá entrar de férias e voltará com mais conteúdo em fevereiro, junto com a chegada de vocês: veteranos e calouros. Nos vemos lá ;)

Obrigada!

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Ad m i n i s t r a ç ã o , Ciências Contábeis, E n f e r m a g e m , Sistemas de

Informação, Nutrição, Agronomia, Fisioterapia, Farmácia, Educação Física, Medicina Veterinária e Direito foram os cursos que apresentaram seus trabalhos entre TCC’s e Iniciações Científicas.

Foram mais de 50 temáticas envolvidas nas produções de pesquisa da instituição. Maria Silva, auxiliar administrativo do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa (NIP) relata a importância do evento. ‘’Acredito que o Simpósio seja uma das etapas mais importantes do calendário acadêmico, tanto para os alunos, quanto para os professores, pois ocorre uma troca de aprendizado durante todo o semestre e também nos dias das apresentações. O NIP age como um transporte dessa trajetória, guiando os envolvidos e dando o apoio necessário para que esse evento ocorra, além de auxiliar nas tramitações necessárias durante o processo. ’’

Silvia Helena Carvalho e Milena Costa são mãe e filha, respectivamente, e se formaram juntas no curso de Medicina Veterinária, a mãe que iniciou a faculdade para ajudar a filha com dislexia conta que se apaixonou pelo curso. ‘’Em nenhum momento, duvidei da capacidade dela, estive ao lado dela e acabei me apaixonando pelo curso, agora

Evento contou com diversas apresentações

pretendemos ter nosso negócio e continuar nos especializando.’’

No próximo ano, o Simpósio de TCC irá para a sua nona edição, enquanto o Seminário de Iniciação Científica, para a sétima.

POR PRISCYLLA OLIVEIRA

S I M P Ó S I O D E T C C E I N I C I A Ç Ã O C I E N T Í F I C A

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Analisar estratégias, desenvolver e gerenciar planos de carreira de variadas funções são

alguns dos aspectos que fazem parte da profissão de Gestor em Recursos Humanos. Estar apto a trabalhar em prol dos objetivos da organização e do colaborador é uma das principais características deste profissional, assim, se destacar e adentrar a fundo nesse mundo ainda na faculdade torna-se imprescindível. Visando à promoção da prática, do contato direto com as empresas, da troca de conhecimento entre alunos, aconteceu mais uma edição do Projeto Integralizador do curso de Gestão em Recursos Humanos, com a temática de ‘’um papo descontraído sobre as tendências de Recursos Humanos.’’ Os estudantes participaram de debates e mesas redondas que tinham como eixo central as bases que envolvem a profissão: recrutamento e seleção, indicadores de RH, comportamento e cultura organizacional e treinamento e desenvolvimentoPaolla Grieco, professora responsável pela promoção do projeto relata que a atividade é uma forma de explorar a criatividade dos alunos. ‘’A mágica das ideias e o potencial das organizações. Elaborar um projeto é, antes de mais nada, contribuir para a solução de problemas, transformando IDEIAS em AÇÕES junto aos alunos de Recursos humanos.’’A professora ainda relata que a adesão dos alunos foi ‘’super positiva, a interação entre eles, as trocas de

Projeto Integralizador de RH debate mercado de

trabalho

experiências nas mesas redondas e a participação dos gestores foram fantásticas. A organização dos alunos do quarto semestre de RH, pensando em tudo a todo momento do projeto foi ímpar. Participação de todos, projetos desenvolvidos da melhor forma possível, nas normas

da ABNT tudo muito gratificante. É muito amor envolvido na formação desses alunos e a sensação é de dever cumprido.’’

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TÔ NO UNIDESC

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A dança pode r e p r e s e n t a r questões sociais, religiosas, rituais ou culturais de

um país, a ginástica, por meio de exercícios especializados, visa a fortificar e dar maior elasticidade ao corpo, já o folclore representa o que o Brasil é: um povo miscigenado e que possui diversas manifestações culturais em suas regiões.

Tendo em vista a importância

de se valorizar a cultura brasileira, desmistificar a visão de que o Educador Físico fica somente na academia e enfatizar as narrativas do corpo, os estudantes do curso de Educação Física mostraram suas habilidades por meio da música. Os ritmos escolhidos foram catira, chula, fandango, hip hop,dança contemporânea, balé contemporâneo, ritmo afro-brasileiro, xote, salsa, tango. Foi apresentada também aginástica rítmica.

Para Cléber Vinícius, o momento é engrandecedor pois aborda a diversidade do curso e promove também a interação entre os alunos. ‘’Muitas pessoas acreditam que o educador físico é somente aquele personal na academia, mas misturando a cultura brasileira e essa movimentação do corpo nós podemos mostrar que a área é bem mais ampla, além de estarmos juntos ensaiando e convivendo sem ser dentro da sala de aula.’’

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TÔ NO UNIDESC

PAINEL DE DANÇA, GINÁSTICA E FOLCLORE ENALTECE E PROMOVE A CULTURA

E S T U D A N T E S D E E D U C A Ç Ã O F Í S I C A A B O R D A R A M R I T M O S Q U E F O R A M D E S D E C A T I R A A T É O B A L É C O N T E M P O R Â N E O

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TÔ NO UNIDESC

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Celas e salas de aula: o papel do professor na ressocialização

Edição especial transformadores

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É citando Paulo Freire que a primeira personagem da série ‘’Transformadores’’ fala sobre educação, uma frase que parece casar perfeitamente com a pro-posta deste especial. “Educação não transforma o mundo. Edu-cação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.’’

É uma sala pequena, cercada de decorações natalinas, papéis e um computador que abraçam uma mente e feitos grandiosos. Bren-da Cariello de Oliveira José possui um currículo extenso, é adminis-tradora, gestora de pessoas, pe-dagoga, especialista em gestão de pessoas por competência, MBA em gestão pública, docência em Ensino Superior e recém-aprova-da em um mestrado em gestão de trabalho. No Unidesc, é coordena-dora da Empresa Júnior e profes-sora nos cursos de Administração e Ciências Contábeis.

Em 2016 o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) lançou di-versos editais, entre eles estava o ‘’Mulheres Mil’’, cujo objetivo é o empoderamento feminino por meio da capacitação profissional. Brenda foi aprovada em primei-ro lugar para ministrar aulas nas disciplinas de Recursos Humanos nos cursos de logística, manicu-re, recepcionista e serigrafia, mas a surpresa ainda estava por vir, as aulas seriam para detentas da penitenciária feminina do Distri-to Federal, mais conhecida como ‘’Colmeia.’’ ‘’A priori, eu fiquei re-ceosa, era um ambiente diferen-te, mas professor dá aula em qual-quer lugar, na praça, na igreja.. qualquer lugar.’’

A Brenda, que veio lá de minas, vendeu cachorro quente na por-ta do Unidesc e não completou o curso de Direito por questões fi-nanceiras jamais imaginaria que estaria ali, dentro de uma cela com uma responsabilidade enor-me em suas mãos: a de comparti-lhar conhecimento com as deten-

tas, mas a Brenda de hoje não só acredita, como fez.

‘’Uma pessoa iluminada a ilu-minar a estrada escura dos desi-ludidos e que não se esquece dos oprimidos e encarcerados.’’

‘’Um ambiente hostil e car-regado de energia pesada, de fato.’’ É assim que ela definiu o seu primeiro dia no local. Bren-da dentro da cela, a carcereira do lado de fora mexendo no celular, olhos curiosos dividiam-se em meio ao espaço completamente fechado, é ali que aquelas mu-lheres começariam a ter algo que nem mesmo o cárcere poderia lhes tirar: o conhecimento. Mas antes é preciso conhecer a histó-ria delas, entender o porquê de estarem ali, Brenda conta que a maioria estava presa por tráfico de drogas, majoritariamente in-fluenciadas pelos companheiros, mas que também havia casos de homicídio.

Para participar das aulas, as detentas precisavam ter um bom comportamento. ‘’É muito difícil para quem sai do presídio encon-trar algo aqui do lado de fora, não existem políticas públicas para quem está ali dentro e nem aqui.’’

Autoestima, liderança, espiri-tualidade, mercado de trabalho e outras temáticas começaram a fazer parte da rotina do presídio. Um dos casos mais especiais para a professora é de uma mulher de cerca de 60 anos. No passado ha-via se apaixonado e se envolvido com um rapaz mais novo e entra-do para o mundo do tráfico, dona de um restaurante, viu todas as suas conquistas irem embora, da liberdade ao seu próprio sus-tento. Não havia um dia em que ela não planejasse matar esse rapaz quando saísse. ‘’Depois das minhas aulas, ela entendeu que não vale a pena, que Deus existe e que ela não iria sujar as mãos dela novamente, não iria pagar o mal com o mal, isso pra mim já

vale.’’

Primeiro caso de extradição no Brasil

O primeiro caso de uma pessoa nascida no Brasil e extraditada pelo país após perder a naciona-lidade, aconteceu em 2016. Cláu-dia Cristina Sobral, foi presa dia 20 de abril em Brasília, depois de ser acusada de matar o marido, o piloto americano da força aérea, Karl Hoering, em Ohio, Estados Unidos.

Em lados diferentes, mas no mesmo presídio, Brenda sentiria a ira de Cláudia ao saber que se-ria extraditada e pagaria pelo seu crime de acordo com a lei ameri-cana.

A professora narra que, por já estar imersa naquela sala e por todo respeito que as mulheres ti-nham por ela, existiam momen-tos em que ela até esquecia que estava em uma prisão. ‘’Eu esque-ci que eu estava na penitenciária.Para entrar lá, eu não podia levar celular, notebook, tinha que criar mil coisas para dar uma aula mais didática e, nesse dia, eu estava tranquilamente ministrando aula para um cela grande, 40 detentas.’’

No pavilhão 7, local em que as presas denominadas ‘’mais peri-gosas’’ ficam, foram necessários somente 2 sinais para que Brenda percebesse que algo não estava certo. Do lado de fora, a carce-reira já não estava mais lá, de re-pente toca um sino estrondoso. As presas se levantam rapidamente das cadeiras e misturam suas vo-zes com o toque alto da música de alerta ‘’Rebelião! Rebelião! Briga! Briga!’’.

Brenda sem entender, mas com o pulso firme de uma professora, grita: TODO MUNDO SENTADO AGORA! No corredor, a agente penitenciária volta e pede que a professora saia imediatamente do local. Brenda é trancada em uma cela. Dessa vez sem as alunas, sem

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seu material, sem conhecimento. ‘’Eu fiquei presa, literalmente, sem saber o que estava acontecen-do. Ouvi muito barulho, sons de violência mesmo. Chegaram poli-ciais homens e se ouvia o barulho de murros, socos… depois daquilo fiquei 3 dias de cama, doente.’’

Depois do ocorrido, Brenda pensou em não voltar mais, mas o desejo de transformar foi maior. ‘’Eu acredito muito que é através da educação que nós consegui-mos transformar. Muitas delas não tiveram oportunidade porque são vítimas, sim, do sistema.’’

Transformação social e cartas

O Brasil tem taxa de aprisiona-mento superior a muitos países do mundo, de acordo com uma pesquisa feita pelo G1, existem 335 pessoas encarceradas a cada 100 mil.

Entre números exorbitantes, existe uma parcela da população que trabalha em prol da ressocia-lização. Vieram muitos antes de Brenda e espera-se que venham outros depois. ‘’É um trabalho que me engrandeceu muito como pes-soa e me fez pensar que legal que existiram pessoas que pensaram em projetos assim.’’

Mais de 500 mulheres já par-ticiparam das aulas de Brenda, ela conta que a adesão vai muito além da didática, é questão de hu-manidade. ‘’As disciplinas mexem muito com quem são elas, até elas mesmo me falam que elas não sa-biam que tinham aquelas qualida-des, muitas me dizem que passa-ram a se enxergar. ‘’

O reconhecimento foi tanto que mal acabava uma turma, já haviam outras. Famosa por pro-porcionar a aula da saudade, a professora trouxe de volta não só

a autoestima, mas sabores, me-mórias. ‘’Na aula da saudade eu levo comida, som, muitas dizem que estão há mais de 9 anos sem comer um pastel. Quando esta-mos nessa aula, todo o presídio fica em silêncio para ouvir. Isso causou um movimento que até mesmo as mulheres que não se comportavam bem passaram a se comportar para poder participar das aulas.’’

O letramento, alfabetização, a educação… esse combinar de palavras transmite muito. É por meio de cartas que as detentas de-monstram sua gratidão a profes-sora.

Confira alguns trechos:

J. ‘’Gostaria de lhe dizer que foi um imenso prazer ter lhe conhe-cido e poder ter tido a oportunida-de de receber um pouco dos seus conhecimentos, quero que saiba que suas palavras e seus ensina-mentos foram e serão muito im-portantes para minha vida e que desejo muito em breve poder lhe encontrar do outro lado desta mu-ralha.’’

M. ‘’[...] Sua vinda a esse lugar nos faz acreditar no novo recome-ço de vida. Sei que minha vida mu-dou depois que te conheci, você me fez ver que é possível tudo aquilo que sonhamos conquistar com coragem e força é só acredi-tar e correr atrás. Sua vinda a esse lugar mudou e muda os nossos sentimentos e aumenta a vontade de crescer e não desistir de dias melhores para o nosso crescimen-to familiar e profissional.’’

K. ‘’Obrigada por tudo prof Ca-riello! Estou com seu nome e vou entrar no seu face, a qualquer hora estou saindo e não quero perder o contato com a senhora não, tá?.’’

A. ‘’ [...] Saiba que eu gosto mui-toooooo de você, com certeza em breve vou estar longe das grades e desse sofrimento e vamos ter a oportunidade de nos reencontrar, Deus já está preparando a minha vitória.’’

M. ‘’Quando você chegou aqui muitas de nós estávamos com a nossa auto-estima em baixa, não existia mais o prazer com a vida, só dor e sofrimento, eu estava por um fio, mas a senhora me mos-trou que somos capazes de mudar a nossa história.’’

“O professor é um transforma-dor de pessoas. É um professor de todas as profissões. Eu já fiz muito processo seletivo para professor e eu sempre falava que nós quere-mos professor com títulos, pois é importante para o MEC, mas nós queremos também professores encantadores, que além da teo-ria, façam os nossos alunos terem sonhos e perspectivas.’’ Encerra Brenda.

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É possível acreditar que alguém pode ser considerado ‘’inedu-cável’’ por não ou-

vir? Até o século XV, sim. Muitos e muitos anos depois, a luta para a acessibilidade da comunidade surda e com deficiência auditiva continua, foi somente em 2002 que a língua de sinais (LIBRAS) foi ofi-cialmente reconhecida como uma língua brasileira e a assegurou ao surdos o direito à uma educação bilíngue.

Utilizando sinais, gestos e movimentos que substituem a co-municação por meio de sons, a li-bras possui a sua própria gramáti-ca e léxico, assim como cada povo que desenvolveu seu idioma oral, cada comunidade tem sua própria língua de sinais.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE), ’’9,8 milhões de bra-sileiros possuem deficiência au-ditiva, o que representa 5,2% da

Libras: mais que

acessibilidade,

é direito.

população. Deste total 2,6 milhões são surdos e 7,2 milhões apre-sentam grande dificuldade para ouvir.’’ É importante questionar: onde estão os surdos e deficientes auditivos nas universidades? nas escolas?

Cláudia de Andrade Cambuí, natural de Luziânia, Goiás, é um dos nomes que vem fazendo his-tória e transformação por meio da educação. Sua vida acadêmica se iniciou no ano de 1997 como pro-fessora das séries iniciais, na oca-sião tinha o Magistério. Em 2003, cursou Pedagogia na Universida-de Estadual de Goiás (UEG) e Ciên-cias Biológicas na Universidade de Brasília (UnB). Em 2007 fez espe-cialização em Educação Especial com Especialização em Educação Inclusiva. Fez ainda a especiali-zação em Libras. Possui diversos cursos de formação continuada, em Libras, e em outras áreas da educação. É também Técnica em Multimeios Didáticos pelo Institu-to Federal de Educação,Ciência e Tecnologia de Goiás.

Edição especialtransformadores

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Professora aqui no Unidesc, Cláudia conta como a língua de sinais cruzou o seu caminho. ‘’A Li-bras entrou na minha vida por dois motivos principais: o encantamen-to, em meados de 2005, me deparei com uma comunidade de surdos na UNB, foi um experiência ímpar; ob-servar aquelas mãos que falavam, conversavam e sobretudo me alu-cinavam, até então, não tinha tido contato com um número tão expres-sivo de surdos. Na ocasião, acontecia um vestibular de Letras Libras e era direcionado para essa comunidade. Nesse dia, fui realizar uma avaliação de Biologia, mas a única coisa que vinha em mente eram as fabulosas mãos que realmente encantavam… rsr..tive dificuldade de realizar a pro-va. Em 2003 fiz os níveis: básico, In-termediário, intermediário Avança-do e Avançado. A minha experiência com aluno surdo foi no mesmo ano de 2005, onde havia uma professora

intérprete que acompanhava um aluno surdo, na ocasião eu era a professora regente, na 1° série do En-sino Fundamental (séries iniciais). Sala com cerca de 44 alunos, o que trazia muitas inquietações...a partir daí iniciei um laboratório com Li-bras, com vários cursos, e principal-mente, de contato, de trabalho efeti-vo, desde então, continuo o trabalho com surdos e deficientes auditivos.’’

Mãos que falam

Cláudia diz ter se encantado com as mãos que falam, hoje a lín-gua de sinais está tão presente em sua vida que é intrínseca ao seu ser. ‘’ Um fato corriqueiro que causa estra-nheza nas pessoas de meu convívio é o uso constante da libras. Tornei-me uma pessoa essencialmente bilín-güe... A Libras passou a fazer parte do meu cotidiano, não consigo des-vinculá-la... Já fui acusada de que-rer forçar as pessoas a aprenderem

libras rsr.. por esse motivo, prefiro a “condenação”.’’

E destaca: ser intérprete e professora é um desafio duplo. ‘’É um tanto desafiador, até porque os usuários (surdos e deficientes au-ditivos) utilizam outra língua (di-ferente da sociedade vigente, da comunidade de ouvintes) para se comunicarem. O que torna o sujei-to surdo com algumas característi-cas que o diferencia de outras defi-ciências. Podemos assim analisar: Qual outra deficiência que utiliza uma língua própria com estruturas gramaticais próprias? Somente a li-bras. É uma língua viva como outra qualquer, portanto, sofre variações linguísticas e está em um ritmo fre-nético de construção e reconstru-ção, o que torna realmente desafia-dor o trabalho com surdo, exigindo do intérprete muita dedicação, pes-quisa, um verdadeiro laboratório de ensino e aprendizagem.’’

Sobre a importância do pro-fessor, ela é direta, há uma coleti-vidade que faz o individual funcio-nar. ‘’Acredito que nós professores, na função de Intérpretes Educacio-nais somos peças fundamentais do processo, especificamente, com o trabalho com o surdo, a nossa pre-sença é crucial, pois estabelecemos a conexão do surdo com o mundo acadêmico, mas é relevante salien-tar que somos uma peça, importan-te? Sim! Mas o quebra- cabeças é composto de várias peças, não me-nos importantes como: professores, metodologia, recursos pedagógicos, sistema, família, etc.’’

Com a sua missão de contri-buir com o desenvolvimento da região, formando profissionais ca-pacitados a buscar e desenvolver o conhecimento, conscientes de sua responsabilidade social e de seu po-tencial transformador de realidade,

o Unidesc é pioneiro na região quan-do o assunto é inclusão com pessoas com deficiência. ‘’Abriu as portas para esse público que encontra difi-culdade de cursar o ensino superior, por falta de acessibilidade, oportuni-dade que o Unidesc nos oferece e que é gratificante, aqui se consolida um laboratório de aprendizagem. Mui-tas descobertas, pesquisas se desen-volvem no fazer pedagógico.’’

Acompanhando na instituição um surdo no curso de Educação Físi-ca, Cláudia conta que nas proximida-des só tem o conhecimento de uma surda formada na área. ‘’Isso exige um nível avançado de pesquisa, cada aula um universo a ser mergulhado, os sinais (em português, palavras) de muitas disciplinas não tem, assim se faz necessário a construção desses sinais com surdo.’’

Afetividade

‘’Vocação é um termo deriva-do do verbo no latim “vocare” que significa “chamar”. É uma inclina-ção, uma tendência ou habilidade que leva o indivíduo a exercer uma determinada carreira ou profissão’’ é essa palavra que Cláudia busca de-finir quem trabalha com interpreta-ção em libras: vocação. Mas não só ela: empatia, respeito, afetividade, comprometimento, dedicação… ser professor é mais que verbo, adjetivo, substantivos, didática, é ser huma-no.

“É um trabalho que envolve, essencialmente, a efetividade, não há como não se envolver com esses alunos, eles representam uma mino-ria, no sentido de serem poucos de serem poucos dentro de uma socie-dade vigente de ouvintes, nós intér-pretes especificamente somos a voz deles, nós estabelecemos o elo da comunicação, a ponte que nos inter-ligam ao conhecimento, aos pares, professores, colegas…’’ finaliza.

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Fundado em Março de 2018 por um grupo de seis amigos, o Projeto Cross surge da necessidade de ajudar a solucionar alguns problemas visíveis na região e tem por objetivo auxiliar crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade, de forma a minimizar as desigualdades sociais e atuar como foco na formação integral, centrando-se, principalmente, na construção de um bom caráter (mesmo não possuindo um padrão que defina o que é ter um bom caráter).

O grupo desenvolve atividades que buscam reforçar os valores familiares, morais, sociais e pessoais, entendendo o aluno não apenas como uma pessoa, mas como um agente de transformação. O Projeto foi iniciado com 17 alunos, hoje conta com a presença de mais de 40 alunos, com uma faixa etária de 06 a 17 anos.

O Projeto funciona como

um mini quartel, não sendo tão rígido e maçante. Busca incentivar a criatividade, o espírito de corpo, a responsabilidade, tudo isso através de pequenas palestras e muitas brincadeiras. Ensinam-se também ordem unida, respeito ao próximo, honra aos compromissos. O aluno possui uma perspectiva de crescimento. No Projeto Cross, é utilizado como base o sistema militar e dentro deste sistema há patentes/cargos.

Os alunos são incentivados

a crescerem e a alcançarem essas novas patentes e tudo isso acontece com base em seus esforços. Há ainda os broches que ajudam a motivar cada aluno a ser uma pessoa melhor. Entre os broches destacam-se os broches de Educado (dado ao aluno

Edição especial

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que cumprimenta os outros com Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite, Com Licença, Obrigado, Por Favor), Amigo da Natureza (que não joga lixo no chão e coleta o lixo se o ver, que ajuda os animais, etc), Pontual (dado ao aluno que é pontual com os horários) e Criativo (concedido a todos que buscam ser criativo, saírem da zona de conforto, ainda que não consigam se expressar bem). O projeto conta com muitos outros broches e todas têm a mesma finalidade: incentivar cada aluno a ser melhor.

Educação e a escolha da Pedagogia

Francisco conta que escolheu Pedagogia justamente por conta do projeto. ‘’Observei a necessidade de aprofundar-me dentro das áreas que envolviam o Projeto e que seriam necessárias para o desenvolvimento integral do mesmo. Ao pesquisar, encontrei a Pedagogia que me atraiu devido a todo o estudo e trabalho dentro da área da educação, que era e é um dos principais focos do Cross. Como prova disso, tenho colocado em prática cada novo aprendizado adquirido e, todos nós, professores e colaboradores do Projeto, temos percebido o quão benéfico e potencializador tem sido essa relação entre o estudado em sala e o aplicado no Projeto. Tenho empenhado todos os meus esforços em ampliar a rede de apoio que o Projeto Cross oferece aos seus alunos, buscando assim alcançar mais crianças e adolescentes através de uma educação de qualidade e transformadora. Intenciono que cada um dos alunos tenha contato com a

educação, como eu tive.’’

O futuro professor conta que essa valorização da educação veio desde cedo: com sua família. ‘’Lembro-me, de que minha mãe não me deixava faltar um dia de aula (quando chovia, ela colocava sacolas plásticas em meus pés para não molhar o sapato e me levava à escola, muitas vezes, em suas costas), pois ela entendia que através da educação eu poderia ter uma vida melhor do que a que ela havia tido no interior do Maranhão. Assim, cresci com esse prazer em estudar objetivando a transformação da minha vida.’’

E continua. ‘’Em 2018 entendi algo mais profundo ainda: “a educação pode transformar não apenas a minha vida, mas até mesmo o bairro onde moro ou até o mundo”. Esse pensamento foi ampliado pelo que disse Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”.

Depois de ser transformado pela educação, busco levar essa transformação, essa ampliação de visão, liberdade, ou como disse Rubens Alves: “Escolas que são asas existem para dar aos pássaros (alunos) coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.” E o Cross apresenta-se como um desses ambientes no qual o aluno é motivado através da educação a ir além, a transformar-

se e transformar. Finalizo com uma poderosa frase de Nelson Mandela… “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” (Nelson Mandela).

Não foi só a vida de Francisco que foi transformada por meio da educação, a de Lucas, um de seus alunos também. Confira um trecho de uma carta que ele escreveu falando sobre o projeto:

‘’Não posso simplesmente falar de como o projeto Cross mudou uma coisa na minha vida, mas sim de como esse projeto me ajudou a melhorar como pessoa, filho, estudante e amigo. A cada quarta e sábado, saímos com um novo aprendizado, seja em palestras ou brincadeiras dinâmicas. Com o Cross comecei a me entender e a entender outras pessoas com as quais eu convivo, então posso dizer que sim, o Cross mudou minha vida em vários aspectos. Nesse projeto conheci pessoas que pretendo levar para a vida e até mesmo os meus amigos que entraram junto comigo graças ao Cross me aproximei mais deles. Os instrutores, as pessoas que fizeram o Cross existir nos incentivaram a ser melhores, nos ensinam a ter responsabilidade e muito mais. Com certeza, eu vou levar cada ensinamento que aprendi, se me perguntarem se eu me arrependo de ter participado, a resposta vai ser não.’’

Educação para crianças em situação de vulnerabilidade: conheça o trabalho do Francisco Jhonnatan, estudante de Pedagogia

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