ediçao nº 1584

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SEXTA-FEIRA, 31 AGOSTO 2012 | Diretor: Paulo Barriga Ano LXXXI, N. o 1584 (II Série) | Preço: 0,90 Alunos de etnia cigana dispersos pelos três agrupamentos de Beja Depois da polémica, crianças acabaram por ser integradas em Mário Beirão, Santiago Maior e Santa Maria pág. 8 JOSÉ FERROLHO JOSÉ FERROLHO JOSÉ SERRANO José Henrique Caeiro O herói que arriscou a vida para salvar duas pessoas pág. 10 Santa Margarida do Sado Viver debaixo do viaduto É em Santa Margarida do Sado que o desconforto pela paragem das obras do IP8 é mais evidente. A meio de construir ficou aquela que seria a nova passagem rodovi- ária sobre o rio Sado. Dezenas de pilares de sustentação erguem-se agora no ar, sem qualquer utilidade. Anunciando o princí- pio do fim do sonho. págs. 4/5 Campo de treino de golfe às portas de Beja Começou por ser uma carolice mas não tar- da deverá abrir ao público o primeiro campo de treino de golfe de Beja. A poucos quiló- metros da cidade, na estrada de Salvada, Lourenço Mestre, fundador do VC Clube, quer desmistificar a ideia de que o golfe é coisa apenas para os ricos. E promover a modalidade junto das escolas. pág. 12 Estão na rua, desde ontem, as Palavras Andarilhas – Encontro dos Aprendizes do Contar. Trata-se de um dos mais antigos e participados encontros nacio- nais em torno da palavra dita. Organizado pela Biblioteca José Saramago, a 12.ª edição das Anda- rilhas decorre no Jardim Público de Beja até ao próximo domingo. Graças ao voluntarismo de todos os participantes. págs. 6/7 As Palavras estão na rua

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Diario do Alentejo

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SEXTA-FEIRA, 31 AGOSTO 2012 | Diretor: Paulo BarrigaAno LXXXI, N.o 1584 (II Série) | Preço: € 0,90

Alunos de etnia cigana dispersos pelos três agrupamentos de Beja

Depois da polémica, crianças acabaram por ser integradas em Mário Beirão, Santiago Maior e Santa Maria

pág. 8

JOSÉ

FER

ROLH

OJO

SÉ F

ERRO

LHO

JOSÉ

SER

RA

NO

José Henrique CaeiroO herói que arriscou a vida para salvar duas pessoas

pág. 10

Santa Margarida do SadoViver debaixo do viadutoÉ em Santa Margarida do Sado que o desconforto pela paragem das obras do IP8 é mais evidente. A meio de construir fi cou aquela que seria a nova passagem rodovi-ária sobre o rio Sado. Dezenas de pilares de sustentação erguem-se agora no ar, sem qualquer utilidade. Anunciando o princí-pio do fi m do sonho. págs. 4/5

Campo de treino de golfe às portas de BejaComeçou por ser uma carolice mas não tar-da deverá abrir ao público o primeiro campo de treino de golfe de Beja. A poucos quiló-metros da cidade, na estrada de Salvada, Lourenço Mestre, fundador do VC Clube, quer desmistifi car a ideia de que o golfe é coisa apenas para os ricos. E promover a modalidade junto das escolas. pág. 12

Estão na rua, desde ontem, as

Palavras Andarilhas – Encontro

dos Aprendizes do Contar.

Trata-se de um dos mais antigos

e participados encontros nacio-

nais em torno da palavra dita.

Organizado pela Biblioteca José

Saramago, a 12.ª edição das Anda-

rilhas decorre no Jardim Público

de Beja até ao próximo domingo.

Graças ao voluntarismo de todos

os participantes. págs. 6/7

As Palavras estão

na rua

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12 EditorialMovimentoPaulo Barriga

Na semana passada nas-

ceu em Beja, de parto es-

pontâneo, um novo movi-

mento de cidadãos. Este, promovido

por gente mais nova, foi dado à luz

no Facebook. E, em menos de nada,

atingiu mais de cinco mil aderen-

tes. A ideia central do grupo cívico,

que até agora ainda não apresen-

tou manifesto, passa pela condena-

ção do abandono das obras nas duas

vias que integram a concessão rodo-

viária do Baixo Alentejo. “Revolta-te

por Beja” é o nome desta ação que

promete passar muito rapidamente

dos “likes” para a rua. O que não é

fácil. Uma coisa é fazer revoluções

com um clique no rato do compu-

tador. Outra é mobilizar gente, em

concreto, para a ação. E os movi-

mentos, os verdadeiros, têm a ver

com isso mesmo: com ação. Mas não

deixa de ser curioso constatar que

em Beja, principalmente desde o úl-

timo mantado da CDU, se sente uma

certa deriva social que, a espaços,

converge em ações concretas. E essa

deriva de massas, de alguma forma

apartidária, muitas vezes apolítica,

tem a ver com esta espécie de orfan-

dade a que a cidade chegou. E que

as pessoas de Beja sentem de forma

muito forte. Ou dolorosa. Parece

perfeitamente aceitável afirmar que

a última eleição para a autarquia

partiu desse desconforto e dessa dis-

ponibilidade para a mudança. Para

o movimento. Nenhum partido ga-

nhou, nem nenhum partido per-

deu a Câmara. Houve sim uma ne-

cessidade transversal de rutura.

Que levou à mudança. E que con-

tinua latente no seu insatisfeito ín-

timo. A bola parece que passou para

o lado das pessoas. Definitivamente.

Isso notou-se plenamente no mo-

vimento “Beja Merece”, que, de al-

guma forma, se esgotou nos com-

boios. Ou mesmo com diferentes

ações de solidariedade que têm

acontecido nos últimos anos. Com

a catástrofe na Madeira, com a pre-

servação do Museu Regional ou até

mesmo com a salvação das aflitas

Palavras Andarilhas. Esta massa in-

satisfeita e insubmissa e incontro-

lável atormenta por certo a esfera

política. E aquilo que antes eram es-

pingardas contadas transformou-se

agora num verdadeiro quebra-cabe-

ças para os partidos tradicionais. Há

quem já tenha percebido a existên-

cia do fenómeno e se prepare para

ir a votos com uma lista de cidadãos

nas Autárquicas de 2013. Mas uma

coisa é perceber a existência do fenó-

meno e outra, completamente dife-

rente, é perceber o fenómeno em si.

O movimento, esse verdadeiro ca-

valo selvagem que parece não dar

mão a ninguém. É necessário ter in-

teligência para o domar. Muita inte-

ligência. Ou como dizia de si próprio

o escritor norte-americano Mark

Twain: “devo ter uma enorme quan-

tidade de inteligência; às vezes até

levo uma semana para a colocar em

movimento”.

O grande dilema das empresas é ter acesso ao crédito. Não há investimentos sem crédito. As empresas com capitais próprios necessitam da alavanca do financiamento para que os seus investimentos sejam melhores. Neste momento as empresas têm o crédito “cortado” e existe muita dificuldade em aceder ao mesmo. É urgente que a banca olhe para a economia e comece a financiar alguns investimentos.

Filipe Pombeiro, presidente do Nerbe/Aebal à Rádio Pax

Romana Rosa

53 anos, professoraPenso que não temos capaci-dade económica para um novo aumento de impostos. Se o agravamento se verificar, a situ-ação ficará muito complicada. Estamos a aproximar-nos do fim do que podemos suportar. Tenho já muitas dificuldades em cortar no que quer que seja. É muito difícil conseguir pa-gar mais. Está tudo caríssimo.

Antónia Mouzinho

47 anos, funcionária da Biblioteca Municipal de BejaNão há condições para su-portar mais impostos. O Governo devia era baixá-los. Para que as empresas consi-gam sobreviver. E não fechem a todo a hora como a gente vê. Pessoalmente, faço uma grande ginástica orçamental todos os meses. Este ano já tive de recorrer à loja social. Para me facultarem os livros es-colares para os meus filhos.

Teresa Ponte

39 anos, arqueólogaAcho péssimo. Penso que a so-lução não está no aumento da receita do Estado, à custa da qualidade de vida dos ci-dadãos. As classes mais al-tas ainda podem ter alguma margem de manobra. Mas a classe média está cada vez mais empobrecida. A conti-nuar por este caminho irá de-saparecer brevemente.

José Baião

44 anos, sociólogoEstá tudo no limite. Uma nova sobrecarga de impos-tos trará grandes dificuldades. Sobretudo a quem tem menos recursos. Vão existir grandes sacrifícios para que se cum-pram os compromissos de cada um. É cada vez mais difí-cil a população pagar a casa, o carro, a luz, a água e todas as outras despesas do dia a dia.

Voz do povo …E se aumentarem novamente os impostos? Inquérito de José Serrano

Vice-versaO crédito é caro e escasso, mas existe para os bons projetos. No entanto esses não abundam. É preciso criar condições para descer o preço do crédito [isto é, os mercados financeiros abrirem-se para os bancos portugueses] e é preciso que a conjuntura macroeconómica favoreça o investimento, são essas as soluções para o aumento da concessão de crédito.

Fonte anónima citada pelo “Diário Económico” após a reunião do ministro Vítor Gaspar com principais banqueiros

Fotonotícia Milho verde. O Alentejo voltou a ser o celeiro da nação. Só que em vez do trigo de sequeiro, a água ajudou a

tingir de verde-milho os campos da região. Em apenas quatro anos, a produção de trigo mole desceu mais de 150 mil toneladas. Sendo que

agora produzimos apenas 38 mil, um terço daquilo que consumimos. Já em relação ao milho, a coisa pia diferente. De uma existência quase

residual desta cultura, o Alentejo passou a disponibilizar mais de 70 mil hectares para a plantação de milho. São os milagres que a água faz.

São as possibilidades que Alqueva traz. E este ano espera-se que a produção possa mesmo atingir mais de um milhão de toneladas de bagos

de milho. É muita fruta. Melhor, muito cereal. PB Foto de José Serrano

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Rede social

O que é o Outplacement?

O outplacement é um serviço busi-ness to business, ou seja, é dirigido às empresas, por forma a ajudar os co-laboradores desvinculados a encon-trar um novo projeto profissional, no menor tempo possível, de uma forma inovadora e diferenciada. Esta solução é muito favorável às empresas por três motivos: os traba-lhadores dispensados recebem um apoio importante para reorienta-rem a sua carreira e regressarem ao mercado de trabalho rapidamente; os trabalhadores que permanecem ficam mais descansados ao verem que a empresa apoia os trabalhado-res no momento da saída; e a em-presa revela responsabilidade social, o que se traduz numa melhor repu-tação. A Transitar é uma empresa especializada em outplacement que oferece aos seus clientes serviços na área de transição de carreira.

Em que consiste o apoio prestado

num serviço de outplacement?

Um processo de outplacement tem início na altura que uma em-presa antecipa reduzir em um ou mais colaboradores a sua força de trabalho. Esta contacta uma em-presa de outplacement e faculta os perfis dos eventuais candida-tos a desvinculação. É elaborada então uma proposta metodológica em função do perfil dos candida-tos que, após a sua desvinculação, recebem o apoio personalizado necessário para a sua recoloca-ção: suporte psicológico, balanço de carreira, criação dum plano de marketing pessoal e execução deste plano (prospeção), prepara-ção das entrevistas, negociação e apoio na integração profissional na nova empresa.

Quem deve solicitar os serviços de

outplacement?

Estas empresas ajudam o traba-lhador desvinculado a reagir face à perda do emprego e acelera o processo de transição através de uma metodologia de marketing pessoal que visa encarar o pro-cesso de transição de carreira de forma natural, assemelhando-o a um projeto empresarial.

Quais os níveis de recolocação de

desempregados no distrito de Beja?

Não dispomos atualmente de da-dos específicos relativos ao dis-trito de Beja. Contudo, a nível na-cional, recolocámos com sucesso 78 por cento dos nossos candida-tos de outplacement no mercado de trabalho em 2011.

Paulo Barriga

4 perguntasa Yves

Turquin Managing Director da Transitar

Semana passada

SEXTA-FEIRA, DIA 24

CUBA BUSCAS POR SUSPEITAS DE TRÁFICO DE DROGA E FURTOS

Quatro homens e uma mulher foram detidos pela GNR por suspeitas de tráfico de droga e furtos, numa operação que envolveu 10 buscas domiciliárias em Cuba (Beja) e em Vila Real de Santo António (Faro).A operação mobilizou perto de 40 militares do Comando Territorial de Beja da GNR. Segundo a GNR, nove buscas decorreram na vila de Cuba, tendo a outra sido realizada em Vila Real de Santo António. Os militares da Guarda apreenderam vários tipos de droga, mais precisamente haxixe, cocaína e heroína, “em pequenas quantidades, que ainda estão a ser apuradas”. Além disso, foram apreendidos à volta de 200 euros supostamente provenientes do tráfico de droga, tendo ainda os militares recuperado alguns dos objetos roubados “nos furtos a residências que são alvo da investigação”.

ALJUSTREL GUIA EMPRESARIAL E COMERCIAL EM PREPARAÇÃO

O município de Aljustrel divulgou que está a criar o Guia Empresarial e Comercial do concelho, como forma de promover e divulgar as empresas e o comércio locais. A autarquia esclarece que, através deste suporte informativo, visa “potenciar e estimular uma cultura de aproximação entre as empresas e a comunidade, dar maior visibilidade a estas entidades e divulgar as suas atividades”. Os empresários e comerciantes têm até dia 10 de setembro para confirmarem se os seus negócios constam da base de dados do município, podendo atualizar, de forma gratuita, a informação que pretendam.

FERREIRA DO ALENTEJO LOJA SOCIAL DÁ 450 QUILOS DE PRODUTOS HORTÍCOLAS

Cerca de 450 quilos de produtos hortícolas, como cebolas, tomates, cenouras, pepinos ou couves, cultivados no projeto inovador MyFarm.com, foram entregues às 201 famílias beneficiárias da Loja Social de Ferreira do Alentejo. Segundo a câmara municipal, os cerca de 450 quilos de legumes foram divididos por cabazes e disponibilizados às famílias carenciadas apoiadas pela Loja Social. Os produtos hortícolas foram oferecidos, pela empresa Agrobeja, através do MyFarm.com, um projeto inspirado no jogo virtual ‘Farmville’, mas com resultados bem reais. Trata-se de uma iniciativa do Instituto Politécnico de Beja (IPB) que permite gerir hortas reais através da Internet.

SEGUNDA-FEIRA, DIA 27

ODEMIRA GNR DETÉM SUSPEITO DE FURTO A RESIDÊNCIA

Um homem, de 34 anos, foi detido pela GNR de Vila Nova de Milfontes, no domingo à noite, por furto numa residência, revelou a força de segurança. O indivíduo “foi surpreendido pelo proprietário” da casa, que o reteve até à chegada dos militares da GNR, tendo agora que ser presente a tribunal.

TERÇA-FEIRA, DIA 28

SERPA PROFISSIONAIS DA GNR SEM FOLGA

A Associação dos Profissionais da Guarda afirma que militares da GNR do Alentejo ficaram metade do mês de agosto a trabalhar sem folgar, uma situação considerada “inadmissível e violadora da lei”. Em comunicado divulgado, a Associação dos Profissionais da Guarda (APG-GNR), na região sul, refere que, em Serpa, a realização da “V Feira Histórica e Tradicional”, obrigou a que os profissionais deixassem de usufruir da sua folga semanal neste fim de semana” para garantir a segurança do evento. No caso do Alentejo, são realçadas “as condições físicas de alguns postos, como é o caso de Serpa, em que os profissionais para fazerem a sua higiene têm que atravessar um pátio enrolados numa toalha, com uma frota automóvel envelhecida e [onde] também escasseiam os efetivos”.

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Andar de bicicleta é muito bom e à noite ainda é melhorEstes são apenas alguns dos muitos participantes do passeio noturno de bicicleta que decorreu ao abrigo do programa Mértola Radical. Um vasto conjunto de iniciativas onde não faltou o parapente ou os desportos náuticos na tapada da Mina.

Hoje a água do mar estava mesmo quentinhaA Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo está a levar a banhos os idosos de todas as localidades do concelho. Este grupo deu um belo mergulho nas águas quentinhas da praia de São Torpes, Sines, e não quis deixar de fixar o momento.

Podes ser mais crescida mas não bailas melhor que euDançarinas do ventre participaram na Feira Histórica e Tradicional que animou Serpa no passado fim de semana. Um encontro que todos os anos leva milhares de visitantes à “cidade branca”. E que este ano evocou a revolução de 1383/1385.

Pronto, este ano já não há mal nem maleita que nos pegueCumpriu-se mais uma vez a ancestral tradição do “banho de 29”, em Sines. Diz o povo que quem mergulhar vestido nas águas da baía, no dia 29 de agosto, fica limpo de todos os males do espírito e do físico para o ano inteiro. E ainda por cima é divertido.

Este moço toca sanfona que se fartaChama-se Kubik, é português, e utiliza instrumentos de fole na produção de composições jazísticas. E esteve em Sines no último sábado, no Festival Sines em Jazz, para mostrar as suas músicas que, afinal, são as suas habilidades.

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Santa Margarida do Sado

Obras da A26 estão paradas junto à localidade

Uma terra à beira da estrada

Os carros continuam a passar ininterruptamente na estrada. Uns atrás dos outros. Apenas

abrandam a velocidade à entrada de Santa Margarida do Sado, a localidade que aprendeu a virar-se para o inte-rior e para o litoral, consoante a neces-sidade. Pertence ao concelho de Ferreira do Alentejo, mas tem fortes ligações a Grândola, até porque pouco mais de 20 quilómetros separam as duas terras.

António Parreira e Avelino Isidro vol-tam as costas ao trânsito que passa na N259/IP8. Não lhes interessa os que atra-vessam a localidade e procuram o sen-tido Beja, Sines, Lisboa, entre tantos ou-tros. Em compensação, admiram o que existe da A26, que entretanto tem os tra-balhos suspensos.

Da aldeia não é difícil avistar os pila-res da nova ponte. Aliás estão ali, à vista de todos, a metros do casario.

“Tudo parado. Tudo por acabar”, diz António, enquanto Avelino responde: “Não se vê por aí movimento. Não se avista ali ninguém a trabalhar”. As má-quinas, segundo os homens, foram leva-das pelos trabalhadores que não volta-ram. Depois veio o anúncio da suspensão das obras e acabaram-se as dúvidas.

“Se for construída, talvez no princí-pio, tire movimento a Santa Margarida do Sado”, considera António, mas rapida-mente acrescenta: “Quem nela andar terá de pagar e não há dinheiro para isso”.

Os carros e os camiões continuam a passar. Quem ousa atravessar a N259 tem de esperar uns minutos. A espera

Santa Margarida do Sado, no concelho de Ferreira do Alentejo, habitou -

-se ao movimento que todos os dias cruza a localidade. Na N259/IP8 não

há tempos mortos. Um corrupio. Junto à terra começaram a erguer-se

as estruturas da A26, mas a obra parou e a autoestrada ficou inacabada.

Uma terra com os olhos postos nas estradas.

Texto Bruna Soares Fotos José Serrano

de tudo. Se o Estado não desse tanto sub-sídio a agricultura continuava a dar”, de-fende. Agora, segundo Emília Ventura, apenas no tempo “da cortiça e da pi-nha” é que alguém “arranja trabalho”, e temporariamente.

A mulher volta a falar da paragem na A26 e adianta: “Agora ainda há aí mais gente desempregada. Não é que traba-lhassem lá muitos, mas com a obra pa-rada, ficaram pior”. A mulher reconhece que a autoestrada servia “a região”, no en-tanto, em sua opinião, muita gente conti-nuaria a optar pela estrada que atravessa Santa Margarida. “As pessoas fogem às portagens”, considera.

À sombra de uma outra árvore, Francisco Umbelino e Silvino Guerreiro matam o tempo, até que a fome aperte e tenham de ir matar o “bicho”. Sentem-se bem em Santa Margarida do Sado e con-tam que muita gente “tem por cá ficado”. Já houve, segundo dizem, mais trabalho na terra, mas isso foi no tempo em que os campos de arroz empregavam muita gente. “Vieram as máquinas e isso aca-bou”, diz Francisco. “Há aí alguma coisa, mas pouco”, completa Silvino.

A hora de almoço chega e com ela re-colhem-se os poucos que se passeiam pe-las ruas. Na estrada, na N259/IP8, conti-nuam a passar os carros. E a A26 repousa, inacabada. À espera de melhores dias. O “Diário do Alentejo” tentou contactar, até ao fecho desta edição, quarta-feira, o pre-sidente da Junta de Freguesia de Figueira dos Cavaleiros, à qual pertence a locali-dade, mas até à data não foi possível.

necessária para que os semáforos façam parar os condutores. António e Avelino continuam sentados com a colheita que trouxeram das suas hortas aos pés. Couves, cebolas e melancia. As galinhas, que alimentam todos os dias, também fo-ram generosas. Para casa, no balde, ainda levam uns ovinhos. “Entretemo-nos as-sim. É uma boa ajuda ao sustento”, diz Avelino Isidro.

Do outro lado da estrada avistam-se os comércios que a ela se abeiraram, em-bora sejam em pouco número. Manuel Maria foi um dos que resolveu inves-tir. “O comércio aqui pouco se desen-volveu. Existe o que existia há 20 anos”. Curiosamente, apesar da crise, há hoje, de acordo com Manuel Maria, “mais gente a parar em Santa Margarida do Sado”. E a explicação, essa, em sua opi-nião, é simples: “Ao longo dos anos au-mentou o número de pessoas que têm in-teresse em deslocar-se para o Alentejo, para o interior”.

A paragem na A26 afetou, porém, o negócio de Manuel Maria. “Os fregueses diminuíram. Nota-se menos movimento por estas paragens. Os trabalhadores

sempre circulavam por aqui e consu-miam. Vinham com frequência”. Mas a A26, afinal, é, para os comerciantes, como se costuma dizer, “um pau de dois bicos”. “Se for construída diminuiria o movi-mento na terra, o que traria menos gente aos estabelecimentos”. O comerciante, contudo, tem esperança na qualidade dos produtos e na rotina dos fregueses. “Julgo que alguns clientes continuariam a pas-sar. Tomaram o hábito de cá vir. Temos produtos nossos, como é o caso dos tor-resmos, empadas, popias e queijadas. São produtos que se vendem muito bem e que agradam às pessoas”.

As nuvens dão lugar ao sol e a hora de almoço aproxima-se. Os carros come-çam a parar. Manuel deixa a conversa e atende ao balcão. Por esta hora, já Emília Ventura, habitante de Santa Margarida do Sado, tem o almoço feito. Descansa à sombra de uma árvore de copa larga. Há mais de 40 anos que conhece este chão. Tomou esta como a sua terra, mas garante que, em muitas coisas, como é o caso do emprego, está pior. “Havia trabalho para todos e hoje não se ganha aqui um tostão. Trabalhei na agricultura, fazia um pouco

Se for construída [A26], talvez no princípio, tire movimento a Santa Margarida do

Sado. Mas quem nela andar terá de pagar e não há dinheiro para isso”.

António Parreira, habitante de Santa Margarida do Sado

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Coudelaria de Santa Margarida

Na região de Santa Margarida do Sado, nomeada-mente no Monte da Sernadinha, existe uma coudela-ria que recebe o nome de Santa Margarida. Fundada em 1983, dedica-se à criação de cavalos Puro Sangue Lusitano. De acordo com o site da coudelaria, “com o objetivo de garantir a qualidade ao mais alto ní-vel, selecionou rigorosamente os reprodutores, tais como Universo, Opus-72 e Spartacus, este último produto da coudelaria”. “O grau de exigência posto na escolha das éguas reprodutoras é de igual nível relativamente aos dos reprodutores masculinos”. A Coudelaria de Santa Margarida continua a somar prémios em diversos concursos.

Património

A Igreja Matriz de Santa Margarida do Sado, do sé-culo X VI, é constituída por nave e capela-mor. Destaca-se pelos elementos romanos funerários que foram encontrados, em forma de pipa, e que atual-mente podem ser apreciados no local.

Zona ribeirinha

Foram vários os arranjos efetuados na zona ribeiri-nha. O espaço ajardinado, com parque infantil e de merendas, proporciona aos habitantes e visitantes zonas de lazer. Este local pretende ainda incentivar ao convívio e, ao mesmo tempo, aproximar as pes-soas da zona ribeirinha. .

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Atual

Não é possível voltar a fazer outras Palavras Andarilhas com este grau de voluntarismo.

Nem seria correto. Por isso, há decisões que têm que sair desta edição e que deverão

ser assumidas por todos os eleitos, também na Assembleia Municipal”.Cristina Taquelim

12.ª edição do encontro arrancou ontem e prolonga-se até domingo

Andarilhas “improváveis” convidam Beja a juntar-se à festa dos contos

Graças a um voluntarismo que dificil-mente voltará a repetir-se, a 12.ª edição das Palavras Andarilhas – Encontro de Aprendizes do Contar, já está no terreno e andará pelo Jardim Público de Beja até domingo, mobilizando perto de 450 participantes. Com uma vertente acadé-mica mais atenta ao leitor adulto, a pro-gramação reserva, além do tradicional Festival de Narração Oral, também ativi-dades de fim de tarde para chamar o pú-blico bejense à tertúlia e à frescura de um espaço verde acabado de reabilitar.

Texto Carla Ferreira Fotos José Ferrolho

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E como não se cansam de repetir os organizadores, o “improvável” acon-teceu mesmo. Apesar da crise fi-

nanceira, que corta as asas a autarquias e cidadãos, da mudança de data, antes mesmo do arranque de mais um ano le-tivo, e até de local, com uma transferência para o Jardim Público da cidade, a 12.ª edi-ção das Palavras Andarilhas – Encontro de Aprendizes do Contar, é já uma reali-dade em Beja desde ontem, quinta-feira, e até domingo, dia 2. E com “uma bomba de programa”, garante Cristina Taquelim, da Biblioteca Municipal de Beja, ainda in-crédula com a “mobilização da cidade em

torno do encontro”, um dos fatores que tor-nou possível a sua realização. Além também, acrescenta, da “grande sustentabilidade” que já alcançou o trabalho da Biblioteca Municipal de Beja, organizadora em par-ceria com a Associação para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja, e de um apoio logístico “total” por parte do mu-nicípio de Beja. Convencida de uma relativa indiferença da cidade face a este evento que, fora de portas, já deu a Beja o epíteto de “ci-dade dos contos”, a técnica confessa que re-cebeu uma “grande lição de humildade” ao ver o Teatro Municipal Pax Julia “cheio” por ocasião do espetáculo de angariação de fun-

dos “Um abraço às Andarilhas”, em julho último. “Foi uma resposta bestial, não es-távamos à espera, e deu-nos um grande ânimo para levar isto adiante”, diz, recor-dando também a solidariedade das peque-nas empresas locais ou mesmo de particula-res, que disponibilizaram as suas casas para acolher alguns dos convidados.

Com tudo isto se esboçou e colocou no terreno um programa que decorre desde ontem e que teve o seu arranque com o anúncio do Prémio Leitura Pública Joaquim Figueira Mestre “Numa cidade acordada, uma biblioteca sem sono”, mais uma a juntar a esta edição de novidades

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várias. O galardão faz jus aos vários ali-cerces em que se tem apoiado a ação da biblioteca bejense e, nesse sentido, es-tabeleceu como primeiros “homenage-ados” a escritora Luísa Ducla Soares, o contador e mediador de leitura Horácio Santos, a investigadora Isabel Cardigos, e o Grupo do Auto de Natal da Freguesia da Trindade, uma “pérola” do património e identidade locais. O quinto distinguido é o ilustrador André Letria, autor que ofe-receu o projeto gráfico do que a partir do ano que vem será a imagem oficial das Palavras Andarilhas.

Um programa, dizíamos, que também resulta de alguns compromissos “a médio prazo” entretanto assumidos pelo equi-pamento bejense e que ficariam por terra caso as Palavras Andarilhas não tives-sem lugar. Um deles é o apoio do Instituto Piaget para a edição de um livro, asso-ciado a um projeto de promoção da lei-tura, cuja candidatura já foi aprovada pela Fundação Calouste Gulbenkian. Este projeto “vai permitir-nos trabalhar as primeiras histórias cantadas da orali-dade mais ancestral com as crianças do concelho. Foi considerado o melhor pro-jeto que apareceu a concurso este ano na Gulbenkian”, refere Cristina Taquelim, lembrando também o apoio da embai-xada do Brasil em Portugal, no âmbito do Ano do Brasil em Portugal, para a vinda a Beja de autores e mediadores de leitura do outro lado do Atlântico. O caso de Marina Colasanti, por exemplo, escritora que conta já com 33 livros no seu percurso, entre poesia, contos e várias obras para o público infantil e infantojuvenil.

Centradas este ano no Jardim Público de Beja, as Palavras Andarilhas deverão che-gar aos 450 participantes, entre inscritos e convidados, como preveem os organizado-res, numa edição que denota algumas infle-xões de filosofia, fruto do próprio trabalho no terreno. “As Andarilhas estão a mudar. Começa a haver uma incursão também no mundo da literatura do adulto. Nos últimos dois anos, a Biblioteca Municipal de Beja

teve que começar a diversificar os seus pú-blicos. Estamos a trabalhar muito com pú-blicos adultos, com públicos com baixas competências leitoras, que não conseguem aguentar, por exemplo, a leitura de um ro-mance mas trabalham muito bem textos de microficção”, justifica a responsável. Além disso, dada a redução da margem de ma-nobra financeira das bibliotecas públicas, há que pensar em apetrechar os respetivos técnicos/mediadores de leitura com instru-mentos de trabalho que lhes permitia to-tal autonomia face aos mais variados públi-cos. “É preciso que o próprio mediador se forme e ele próprio se torne um leitor, caso contrário a rede de leitura pública vai parar, porque as bibliotecas não têm capacidade financeira para trazer quem faça este traba-lho”, acrescenta.

Sair do plano académico, promover a tertúlia informal e chamar à festa também a comunidade bejense são outras das premis-sas desta edição, que tem preparadas várias atividades paralelas, a partir das 18 horas de cada dia do encontro, e também ao longo das manhãs de sábado, amanhã, e de do-mingo. Entre conversas, tertúlias, sessões de contos para pais e filhos, e vários momen-tos de animação no Mercadinho Andarilho, ora protagonizados pelo brasileiro Thomás Bakk (O Senhor dos Cordéis), ora pela Andante Associação Artística (Poesia A la Carte), e outros projetos assentes na pala-vra. “A ideia é que a cidade, a partir das 18 horas, possa vir ao jardim, usufruir daquilo que o jardim tem para oferecer. Não esta-mos a falar do encontro, para os inscritos, mas sim de atividades abertas ao público

em geral”, explica Cristina Taquelim, em jeito de convite.

Ao serão, a partir das 21 e 30 horas e com entrada livre, decorre o Festival de Narração Oral “Eu conto para que tu so-nhes”, que este ano faz desfilar nomes como Paulo Condessa, Horácio Santos, Elsa Serra, Benita Prieto, Bruno Batista, António Fontinha, Rodolfo Castro, Jorge Serafim (hoje, sexta-feira), Cláudia Fonseca e Ana Sofia Paiva, José Craveiro, Carlos Marques, Luís Carmelo, Michael Harvey ou Quico Cadaval (amanhã, sábado). Um lote de con-tadores assíduos das Andarilhas que o pú-blico bejense vai também poder apreciar, num registo mais performativo, em vá-rias sessões extra, que serão pagas a um preço simbólico (dois euros) e que terão lu-gar em auditórios mais pequenos e intimis-tas, nomeadamente a sala estúdio do Teatro Municipal Pax Julia, a Casa da Cultura, e a cave e o auditório da Biblioteca Municipal. Aqui estão também incluídos vários proje-tos teatrais bejenses, como “O primeiro mi-lagre do menino Jesus e outros mistérios bufos”, pelo ator Paulo Duarte (amanhã, sábado, pelas 15 horas, no auditório da bi-blioteca), e “Canta-me um conto”, pela com-panhia Arte Pública (amanhã, pelas 16 ho-ras, na cave da biblioteca). “Durante este ano, uma parte dos grupos de teatro da ci-dade ajudou a biblioteca, generosamente, a manter uma programação, e era justo que as Andarilhas lhes dessem visibilidade para eles poderem ser conhecidos por ou-tras bibliotecas e governar a vida”, justifica Cristina Taquelim.

Solidariedade, voluntarismo, entrea-juda. São estes os grandes emblemas da edição de 2012, que dificilmente poderá repetir este esquema de gestão e funciona-mento, “quase associativo”. “Não é possível voltar a fazer outras Palavras Andarilhas com este grau de voluntarismo. Nem se-ria correto. Por isso, há decisões que têm que sair desta edição e que deverão ser assumidas por todos os eleitos, tam-bém na Assembleia Municipal”, avisa a responsável.

Até domingo, “nos canteiros e recantos do jardim”, decorrem várias atividades paralelas ao Encontro de Aprendizes do Contar, abertas à comunidade be-

jense. Ainda hoje, a partir das 18 horas, Mariana Pacheco vai dinamizar a rubrica “Conversas a Modos de Antigamente”, seguindo-se-lhe a apresentação do livro Ó fala que foste fala – décimas de Joaquim Espadinha, de Conceição Ruivo. “Pessoa e heterónimos” é a proposta de leitura do ator Paulo Duarte para o fim de tarde, à mesma hora em que o brasileiro Thomás Bakk estiver a encarnar o seu “senhor dos Cordéis” no Mercadinho Andarilho. A manhã de sábado, dia 1, será pródiga em atividades para pais e filhos, a partir das 10 ho-

ras, e o único inconveniente é mesmo ter que escolher entre o vasto cardápio. “Fora de cena quem não é de cenas”, uma oficina por Miguel Horta, sessões de contos a cargo de Elsa Serra e da dupla Ana Santos e António Fontinha, ou ainda os “Contos Cantados”, por Ana Sofia Paiva e Carlos Marques, são alguns dos desafios lançados a miúdos e graúdos. Para celebrar os 40 anos de escrita da autora Luísa Ducla Soares, as Palavras Andarilhas dedicam-lhe a última manhã do en-contro, no domingo, com uma sequência de sessões de con-tos e leitura em voz alta de textos da autora, pelos narrado-res e mediadores de leitura presentes, sob o título sugestivo “Luísa na Terra dos Abraços”.

Pela fresca “nos canteiros e recantos do jardim”

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É na quarta-feira, 12 de setembro, que começam as aulas no Agrupamento de Escolas de Santa Maria. Estão matri-culados 1007 alunos naquele que é co-nhecido como o gueto escolar para os alunos de etnia cigana de Beja. Um es-tigma que a diretora do Agrupamento quer ver ultrapassado. Domingas Velez acredita que com trabalho e com proje-tos inovadores, “todas as diferenças se-rão superadas”. Numa escola onde mais de metade dos alunos do 2.º e 3.º ciclos frequentam o ensino artístico. Ou onde o melhor e o pior do ensino bejense andam de mãos dadas. Todos os dias.

Texto Paulo Barriga Foto José Ferrolho

No ano passado, por esta altura, Domingas Velez, que é diretora da Escola de Santa Maria há quase duas

décadas, estava demissionária. Isto porque o grosso dos alunos de etnia cigana que fre-quentava as aulas em instalações provisórias no Regimento de Infantaria de Beja tinha sido encaminhado para a sua escola. Contrariando o acordo firmado entre a Direção Regional de Educação do Alentejo (DREA) e as demais es-colas da cidade que previa a distribuição des-tes alunos, em primeira matrícula, pelos dife-rentes estabelecimentos de ensino.

Mas tal não veio a suceder. Apenas uma dezena dos 79 alunos nessa condição aca-bou por ingressar nos Agrupamentos de Mário Beirão e Santiago Maior. Os res-tante 69, a grande maio-ria com idades desfa-sadas em relação ao ano escolar que fre-quentam, juntaram --se à já considerável comunidade escolar

Santa Maria sem alunos de etnia cigana do bairro das Pedreiras

O melhor e o pior no mesmo mundo

Texto Paulo Barriga Foto José Ferrolho

o ano passado, por esta altura,Domingas Velez, que é diretora daEscola de Santa Maria há quase duas

décadas, estava demissionária. Isto porqueo grosso dos alunos de etnia cigana que fre-quentava as aulas em instalações provisóriasno Regimento de Infantaria de Beja tinha sidoencaminhado para a sua escola. Contrariandoo acordo firmado entre a Direção Regional deEducação do Alentejo (DREA) e as demais es-colas da cidade que previa a distribuição des-tes alunos, em primeira matrícula, pelos dife-rentes estabelecimentos de ensino.

Mas tal não veio a suceder. Apenas umadezena dos 79 alunos nessa condição aca-bou por ingressar nos Agrupamentos de Mário Beirão e Santiago Maior. Os res-tante 69, a grande maio-ria com idades desfa-sadas em relação aoano escolar que fre-quentam, juntaram --se à já considerável comunidade escolar

“não podíamos ter concentrados na mesma escola todos os alunos que à partida estão sinalizados com o insucesso escolar. Não faz sentido que exista numa mesma cidade uma escola nessas condições, quando todos podemos colaborar na integração e no en-sino destes jovens”.

Embora a diretora do Agrupamento de Santa Maria reconheça que “este ano as coi-sas estão melhores. Apesar de alguma re-lutância inicial, acabou por haver com-preensão de todas as partes na aceitação desta distribuição de alunos”. O bairro das Pedreiras pertence agora aos agrupamen-tos de Mário Beirão e de Santiago Maior. Se bem que o grosso dos alunos deste bairro problemático, que já estava em Santa Maria, prossiga ali os seus estudos. “Verificamos também uma mudança no comportamento destes miúdos”, assegura Domingas Velez, “começaram a frequentar mais a escola, em-bora, por vezes, tenham comportamentos desviantes, como os têm as outras crianças. Mas quer as famílias, quer os jovens, estão com uma postura mais assertiva. O que não quer dizer que de um momento para o outro os problemas não possam acontecer”.

No entanto, prossegue, “não deixamos de ter aqui algumas populações mais com-

plicadas, com fraca apetência para a escola. Mas esse é o nosso grande

desafio enquanto prestado-res de serviço público: é

trabalharmos muito e

desenvolvermos projetos para os integrar e para que eles consigam os resultados que os outros conseguem”. Muitos destes alu-nos frequentam a escola porque “é simples-mente uma garantia para as famílias rece-berem o Rendimento Social de Inserção”, reconhece Domingas Velez.

E esta situação não se prende apenas com os alunos de etnia cigana. Também se aplica a muitas famílias do bairro da Esperança e de algumas freguesias rurais. “O meu maior desejo para este ano letivo”, assegura a dire-tora de Santa Maria, “é que todas as crian-ças chegassem alimentadas à escola. Que todas eles tivessem o mínimo essencial que qualquer criança merece e deve ter. Muitas, a única refeição diária que tomam é aqui na escola. Estou a falar no geral, quer na ci-dade, quer nas freguesias rurais. O ano pas-sado, com o acentuar da crise, identificá-mos muitos casos de grandes dificuldades económicas e de pobreza envergonhada”.

Mas este é apenas o lado negro de uma escola que junta o melhor e o pior do uni-verso educativo bejense. É também em Santa Maria que existe um acordo com o Conservatório Regional do Baixo Alentejo para desenvolver estratégias de ensino arti-culado na área da música e da dança. Mais de metade dos alunos ali matriculados no 2.º e 3.º ciclos frequentam o ensino artís-tico. Tiveram que fazer provas de aptidão para prosseguirem esta via de ensino. “É um desafio que vai fazer desenvolver esta cidade na área das artes”, não tem dúvi-das Domingas Velez. “Futuramente, esta ci-dade terá outro dinamismo e outra apetên-cia cultural”.

Sem as polémicas de anos anteriores, as aulas começam a 12 de setembro em Santa Maria. Todos o professores do quadro estão

colocados com componente letiva. E a es-cola está a ser decorada e pre-parada para receber, logo no dia 14, professores e alunos provenientes da Finlândia, Alemanha, Itália, Polónia, Turquia e Reino Unido, ao abrigo do Programa Comenius. Cujo tema cen-tral são as lendas fundadoras dos diferentes países e cida-des envolvidas neste projeto europeu.

“Não podíamos ter concentrados na mesma escola todos os alunos que à partida estão sinalizados com o insucesso escolar. Não faz sentido que exista numa mesma cidade uma escola nessas condições”

cigana de Santa Maria. O que levantou uma onda de protestos por parte da Associação de Pais, que falavam em “guetização da es-cola”, e na demissão da própria diretora.

A área geográfica-pedagógica de Santa Maria contempla as comunidades ciga-nas do bairro da Esperança (Carmo Velho), rua da Lavoura e bairro João Barbeiro. E o acordo firmado entre os agrupamentos be-jenses e a DREA prevê a divisão em par-tes iguais dos alunos originários do bairro das Pedreiras, que se inscrevam pela pri-meira vez no pré-escolar ou se matriculem pela primeira vez no 1.º Ano. O que apenas veio a acontecer no ano letivo que agora está à porta. Domingas Velez fala em “justiça”:

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Beja quer que Tribunal Administrativo e Fiscal fique O município de Beja aprovou uma posição, por unanimidade, em que repudia a eventual transferência para Portel do Tribunal Administrativo e Fiscal da cidade e solicitou uma reunião urgente à ministra da Justiça para esclare-cer esta matéria. O município considera que esta hipótese não deve ser ponderada, nem agora, nem de futuro, exigindo que o Tribunal Administrativo e Fiscal não seja transferido. O município lembra ainda que Beja é a capital de distrito e que tem de contar com este serviço.

O Posto Médico de Canhestros, no concelho de

Ferreira do Alentejo, vai reabrir. A partir do

dia 18 de setembro volta a estar ao serviço da

população. O anúncio foi feito pelo município

de Ferreira do Alentejo, após reunião com a

Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo.

Posto Médico de Canhestros

vai reabrir

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Concentração junta população hoje

Pelos serviços de saúde em SerpaEstá agendada para hoje, sexta-feira, em Serpa, uma concentração pela ma-nutenção dos serviços de saúde no con-celho. O objetivo é dizer não ao encer-ramento do serviço de urgência e sim à instalação do Serviço de Urgência Básico. A Comissão de Utentes da Saúde de Serpa, organizadora da ini-ciativa, espera conseguir contar com a população, à semelhança do que já aconteceu anteriormente.

A Comissão de Utentes da Saúde e Outros Serviços Públicos do Concelho de Serpa está contra o “en-

cerramento do serviço de urgência” e a fa-vor da “instalação do Serviço de Urgência Básico” e, neste sentido, convocou uma con-centração para hoje, sexta-feira, pelas 18 ho-

ras, na praça da República, em Serpa.A Comissão de Utentes da Saúde reivin-

dica o direito à saúde para todos e diz que “não pode aceitar que acabe o serviço de ur-gência no Hospital de Serpa”, defendendo “a instalação em Serpa do Serviço de Urgência Básico (SUB)”. Serviço este que, segundo a comissão, “foi prometido”, mas que “ainda não foi instalado”.

A comissão diz ainda que “é necessária a reposição dos serviços retirados do Hospital de São Paulo, em Serpa, e a manutenção dos existentes”. Até porque, para a Comissão de Utentes de Saúde, “estas revindicações são justas”. “Temos direito a serviços de saúde de proximidade que deem resposta às ne-cessidades da população do concelho”, pode ler-se num comunicado enviado à comuni-cação social.

“A política de saúde que tem vindo a ser executada tem dificultado cada vez mais o acesso da população do concelho aos ser-viços de saúde, nomeadamente o encerra-mento de serviços do Hospital de São Paulo, o aumento das taxas moderadoras e a redu-ção dos transportes não urgentes”, assegura a comissão de utentes, considerando que “esta é uma política de saúde economicista”.

“Só a população, com a sua luta, po-derá alterar esta situação”, defende, espe-rando que “os cidadãos do concelho par-ticipem ativamente nesta iniciativa em defesa da saúde”.

Em declarações ao “Diário do Alentejo”, Palmira Guerreiro, representante da Comissão de Utentes de Serpa, disse que “é preciso não esquecer que, à semelhança do que acontece em muitos concelhos do País,

Serpa tem uma população envelhecida” e que “é preciso ter esta situação em atenção”.

Palmira Guerreiro lembra que “esta é uma questão que a todos diz respeito” e que “a população está preocupada”. “Espero, à semelhança daquilo que já aconteceu no passado, que possamos todos, em con-junto, dar uma resposta firme. É preciso fazermos ouvir a nossa voz e as nossas an-gústias que, infelizmente, neste momento, são muitas”.

Esta, de acordo Palmira Guerreiro, “não é uma luta só de alguns. É uma luta de to-dos, independentemente da idade”. E, neste sentido, depois desta concentração a comis-são vai reunir-se, discutir e agendar novas formas de luta. “Não vamos parar. Temos de lutar pelo que temos direito e o acesso à saúde é um direito de todos, sem exceção”.

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José Henrique Caeiro salvou duas pessoas das chamas

Já não há heróis?

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A meio da tarde do passado dia 22 defla-grou um incêndio no último andar de um prédio do bairro dos Falcões, em

Beja. Uma vela de cheiros terá estado na origem do acidente que apanhou desprevenida uma mulher e um rapaz. As chamas alastraram-se rapidamente e o fumo negro provocou o pânico entre as vítimas e a população que, impotente, assistia ao flagelo. Até que ao local chegou um antigo bombeiro, José Henrique Caeiro, que, com “toda a calma do mundo” conseguiu reti-rar os sinistrados do terceiro andar onde se en-contravam. Os bombeiros chegaram momen-tos depois, para apagar as chamas.

José Henrique Caeiro é um bom cantador de histórias. E agora tem mais uma para con-tar. Uma história onde ele próprio é o herói cen-tral. Embora diga com humildade que “não há heróis. Salvei apenas duas pessoas que estavam numa casa em chamas e isso não faz de mim um herói. Sou apenas um membro da popu-lação de Beja que, numa aflição, conseguiu ser útil. Certamente haveria outras pessoas que fa-riam o mesmo”.

Ou talvez não. José Henrique Caeiro, de 47 anos, funcionário da Câmara Municipal de Beja, foi alertado pela esposa para o “enorme cheiro a queimado que vinha da rua”. Vestiu uma cami-sola e foi “ver o que se passava”. “Quanto lá che-guei já a polícia tinha cortado o trânsito. Foram muito rápidos a acorrer ao local. E eu que moro

a 20 metros do prédio… A primeira coisa que fizeram foi subir as escadas do prédio para ar-rombar a porta, mas isso era impossível, por causa das chamas e do fumo. Fui com eles, mas tivemos que voltar para trás”.

Foi então que “olhei para cima e vejo as pes-soas a pedir socorro. Não me lembrei de mais nada. Estava parado ali perto um carro-grua daqueles que usam nas pinturas dos prédios. Comecei a gritar ao pintor para ele trazer o carro, mas aquilo andava tão devagarinho que tivemos de o empurrar. Mas a máquina não conseguia chegar perto da parede. Tivemos en-tão que desviar três carros que ali estavam esta-cionados, a peso, para o outro lado da rua, para a grua poder encostar. Mas como era muito grande ficou a uma distância de um metro da parede”.

Entretanto, na marquise do terceiro andar onde se encontravam as vítimas, o desespero aumentava. “A senhora estava a ficar intoxicada e já tinha queimaduras e começou a fazer ten-tativas para se atirar da janela. Gritei-lhe para ela ter calma e comecei a subir na grua. Aí pen-sei que era impossível vir lá de cima sem tra-zer as pessoas. Mas quando cheguei perto da janela dei com a existência de um estendal da roupa. O que dificultaria a retirada. Pedi um alicate ao operador da grua e cortei os cabos de aço. E só depois consegui chegar perto da senhora. Coloquei uma perna na parede, para

fazer força, e disse para ela se sentar na janela. Estava toda molhada e coberta de fuligem ne-gra. Estava em pânico. E demorou ainda algum tempo até que ganhasse coragem para se atirar para o meu ombro. Mas lá conseguimos”.

Depois foi a vez do homem. “Foi mais com-plicado. Ele tem uma perna amputada, não a conseguia dobrar para subir para o parapeito da janela. Estava em tronco nu e todo ensopado em suor. Estava cheio de medo. Quando lhe joguei as mãos ele ficou agarrado à janela. Ficámos os dois a baloiçar lá no alto. Mas lá consegui dar-lhe um forte puxão e ele veio todo de lado, com as pernas para o ar. Mas foi o melhor que

consegui fa-zer. Entretanto

chegaram os bombeiros com

a auto e s c a d a . Informei-os que já não

estava ninguém lá em cima”.

As pessoas quei-xam-se na demora da chegada dos bombei-ros. Mas José Henrique Caeiro garante que “o tempo é muito relativo. Não sei quanto demo-rou esta operação. Parece que aquilo se passou tudo num instante. A minha atenção estava toda no salvamento daquelas pessoas e mais nada. Mas uma coisa é certa, fui bombeiro du-rante 13 anos. Tenho lá grandes amigos. E se consegui salvar estas pessoas foi graças à pre-paração que lá tive. Nem sempre os carros estão com a chave na ignição e prontos a andar, mui-tas vezes andam por fora e isto sempre demora algum tempo. Os bombeiros dão sempre o seu melhor, disso não tenho dúvidas”. PB

Não sei quanto demorou esta operação. Parece que

aquilo se passou tudo num instante. A minha atenção

estava toda no salvamento daquelas pessoas e mais

nada. Fui bombeiro durante 13 anos. E se consegui

salvar estas pessoas foi graças à preparação que lá tive.❝

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Roteiro pelo centro histórico de Almodôvar A Câmara Municipal de Almodôvar quer valorizar e dar a conhecer o centro his-tórico da vila e, neste sentido, convida todos os visitantes e interes-sados a percorrerem um roteiro turístico que integra seis monumen-tos. A Igreja Matriz, o Museu Severo Portela, a Igreja da Misericórdia, o Convento de Nossa Senhora da Conceição, a Torre do Relógio e o

Mercado Municipal são as propostas apresentadas pela autarquia. O projeto surgiu da candidatura efetuada pela Câmara Municipal de Almodôvar à Rede Urbana de Património. Para além do catálogo que é oferecido aos visitantes, com explicações sobre os monumentos, há ainda a possibilidade de os forasteiros levarem um tablet, onde po-dem ver um filme sobre cada um dos monumentos.

A Junta de Freguesia de Castro Verde promove até ao dia de hoje,

sexta-feira, passeios direcionados aos seniores aposentados

da freguesia. Este ano, ao todo, cerca de 250 pessoas visitam o

Jardim Zoológico em Lisboa. A iniciativa tem como finalidade

proporcionar um momento de lazer aos participantes e

fomentar o convívio e interação entre as pessoas.

Idosos de Castro Verde

visitam Jardim Zoológico

Feira anima Vale do Poço

A Feira Agropecuária Transfronteiriça de Vale

do Poço volta a realizar-se, entre os dias 7 e 9 de

setembro, e o objetivo do certame continua a ser

o mesmo: promover e dinamizar o mundo rural.

Esta é a 10.ª edição do certame e a localidade que

pertence ao concelho de Mértola e Serpa volta a

juntar locais e forasteiros. “O desaparecimento

do mundo rural poderá ter consequências

dramáticas em regiões do interior onde a

agricultura foi, desde tempos imemoriais, a

base de sustentação das populações”, alerta o

município de Mértola, frisando que o certame

aposta em “inverter este fenómeno”. Vale

do Poço, segundo a autarquia, é “o coração

identitário da Serra de Mértola e Serpa” e o

local onde “se reúnem pastores, produtores

florestais, apicultores e agricultores”, que

aproveitam para conviver e concretizar

negócios. “Esta feira irá tentar reproduzir

um pouco da ambiência que se vive naquele

território”, assegurou a organização do evento à

Lusa. O certame inclui mostras gastronómicas,

debates, música, jogos tradicionais, exposições

de gado e animação variada.

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A GNR identificou 1.824 idosos a vi-verem sozinhos ou isolados no dis-trito de Beja, dos quais 12 em situ-

ações de risco, sobretudo devido a grande isolamento, deficientes condições de habi-tação, estado de saúde e falta de acompa-nhamento.

Através da Operação “Censos Sénior”, que permitiu atualizar os registos de ido-sos residentes nos 14 concelhos do distrito, a GNR sinalizou 1.824 idosos a viverem so-zinhos ou em locais isolados, disse à Lusa o capitão Eduardo Lérias, do Comando Territorial de Beja da GNR.

Deste total, precisou, 12 vivem em situ-ações de risco, devido a quatro variáveis, ou seja, grande isolamento, deficientes condições de habitabilidade das casas, es-tado de saúde e falta de acompanhamento

domiciliário.Segundo o capitão Eduardo Lérias,

Almodôvar é o concelho onde reside a maior parte (902) dos 1.824 idosos sinali-zados, seguindo-se os concelhos de Moura (388), Beja (314), Aljustrel (154) e Odemira (66).

A GNR já reportou as situações de risco às entidades competentes, como a Segurança Social, disse, referindo que, após a sinalização, é necessário continuar a acompanhar e a controlar os casos para “prevenir situações graves para a saúde e a própria vida dos idosos”.

Por isso, frisou, “a GNR tem um con-tacto muito próximo com a Segurança Social”, à qual reporta “as situações que detete e que necessitem de intervenção ur-gente ou de um maior acompanhamento”.

Por outro lado, a GNR, através da Operação “Residência Segura”, a decorrer desde 18 de junho e até 15 de setembro e especificamente dirigida a locais isolados, visita regularmente e acompanha os ido-sos em situações de risco ou consideradas críticas.

Atualmente, há 14 residências sinali-zadas no distrito de Beja, disse Eduardo Lérias, referindo que, após o fim da ope-ração, a GNR vai continuar a acompa-nhar as situações de risco ou consideradas críticas.

Os resultados das ações da GNR di-rigidas aos idosos, como a “Operação Residência Segura” e o programa “Idosos em Segurança”, “têm sido extremamente positivos”, frisou o capitão, apontando dois casos de ajuda a idosos.

GNR levou a cabo operação “Censos Sénior” no distrito de Beja

1.824 idosos sós ou isolados

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Iniciativa

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Futuramente poderá abrir ao público em Beja

Um campo de treino de golfe e muita “carolice”

Lourenço Mestre pratica golfe, é só-cio fundador do VC Clube e sempre teve a vontade de construir um campo de treino. Resolveu fazê-lo na sua proprie-dade e todos os dias o tenta melhorar. Pretende desmistificar a ideia de que o “golfe é um desporto para ricos” e, fu-turamente, quer promover a modalidade junto das escolas. O objetivo final? Abrir o seu campo de treino ao público.

Texto Bruna Soares Fotos José Serrano

Às portas da cidade de Beja, a ca-minho de Salvada, há um Driving Range de caráter particular. Por

outras palavras: há um campo de treino de golfe instalado numa propriedade pri-vada, que futuramente poderá abrir portas ao público.

Lourenço Mestre, proprietário, resolveu erguê-lo na sua exploração agrícola, Vale de Choupos. É praticante da modalidade e sen-tiu a necessidade de ter um espaço onde pu-desse bater umas bolas. Ele, e os seus amigos e companheiros de clube. Sim, na cidade já há um clube de golfe. Trata-se do VC Golfe, que nasceu da vontade de um grupo de ami-gos praticantes e amantes da modalidade. E o nome facilmente surgiu. VC são, nada mais, nada menos, que as iniciais de Vale de Choupos.

“Tinha este desejo e resolvi erguer o Driving Range. Tinha espaço e fui fazendo aos poucos. A partir daqui fundou-se o clube, que conta com 40 sócios, dos quais 25 já são federados”, conta Lourenço Mestre.

O campo de treino instalou-se em dois hectares. “Havia jogadores em Beja, mas poucos. A divulgação desta modalidade era quase inexistente. Comecei a jogar e sem-pre desejei construir um campo de treino. Tive esta ideia já há bastantes anos, mas fui adiando até ao dia que tomei a decisão”, diz o amante da modalidade e também presidente do VC Golfe.

O objetivo final, porém, é mais abrangente.

Texto Bruna Soares Fotos José Serrano

s portas da cidade de Beja, a ca-minho de Salvada, há um Driving Range de caráter particular. Por

outras palavras: há um campo de treinode golfe instalado numa propriedade pri-vada, que futuramente poderá abrir portasao público.

Lourenço Mestre, proprietário, resolveuerguê-lo na sua exploração agrícola, Vale deChoupos. É praticante da modalidade e sen-tiu a necessidade de ter um espaço onde pu-desse bater umas bolas. Ele, e os seus amigose companheiros de clube. Sim, na cidade jáhá um clube de golfe. Trata-se do VC Golfe,que nasceu da vontade de um grupo de ami-gos praticantes e amantes da modalidade.E o nome facilmente surgiu. VC são, nadamais, nada menos, que as iniciais de Vale deChoupos.

“Tinha este desejo e resolvi erguer oDriving Range. Tinha espaço e fui fazendoaos poucos. A partir daqui fundou-se o clube,que conta com 40 sócios, dos quais 25 já são federados”, conta Lourenço Mestre.

“Divulgar a modalidade junto das camadas mais jovens da cidade e do distrito”. “Ainda não está aberto ao público, mas acabam por reunir-se aqui os amigos”, afirma Lourenço Mestre.

O praticante, no fundo, pretende também “desmistificar a ideia de que o golfe é uma modalidade elitista”. “É preciso perder-se a imagem que foi formada sobre esta modali-dade. Todos pensam que este é um desporto muito caro e apenas ao alcance dos mais ri-cos. Mas o golfe não tem nada a ver com isso”, garante.

Lourenço Mestre posiciona-se na zona dos tapetes. Ajeita a bola, retira um taco e exe-cuta o movimento na perfeição. Suavemente dá uma tacada na bola, que alcança a linha dos 75 metros. Usasse ele outro taco e facil-mente poderia chegar aos 200.

Lourenço participa em vários torneios. É jogador federado e sócio fundador do VC Golfe. “O clube, para já, organiza torneios, promove a modalidade e incentiva as cama-das mais jovens a iniciarem-se na prática do golfe”, adianta.

O VC Golfe foi criado por escritura pú-blica em fevereiro de 2012, tendo sido aceite como Sócio Efetivo da Federação Portuguesa de Golfe em março do mesmo ano. É, assim, um clube muito recente. Mas Lourenço Mestre garante: “Já conseguimos captar gente. Há gente interessada em abra-çar esta modalidade. Há, inclusive, sócios de outros clubes que nos procuram e que es-tão interessados em pertencer ao VC Golfe.

Organizamos torneios que agradam às pessoas. Identificam-se com

a nossa maneira de estar na modalidade e isso cativa-as”. Mas onde organiza o clube estes torneios? Quando se quer mesmo um cenário de jogo procura-se um campo de golfe. “Temos protocolos com dois ou três campos. Vamos desde o Algarve à zona de Troia”, conta.

O investimento no Driving Range tem fi-cado por sua conta. “Já está muita coisa feita, mas é preciso mais. Vai-se fazendo, consoante as possibilidades. Não está relvado, mas tem um prado. Faz-se de acordo com o que se pode. Mas julgo que está uma coisa muito agradá-vel e simpática, que no futuro poderá melho-rar”. Até porque, futuramente, o objetivo “é promover a modalidade junto das escolas”. E Lourenço pensa abrir o espaço ao público.

“O Alentejo tem muito potencial para a prática desta modalidade, mas infelizmente as coisas não estão fáceis no que ao investi-mento diz respeito. Estavam previstos vá-rios campos, até pela perspetiva de água de Alqueva”, lembra, acrescentando: “Só os grandes grupos têm possibilidades para fa-zer um campo de golfe. É necessário um in-vestimento muito grande. Envolve muita gente, manutenção. E se não estiver ligado à hotelaria é difícil”.

Lourenço Mestre contenta-se com o seu campo de treinos, que diz ter “sido feito à base de muita carolice”. “Falta aqui ainda muita coisa. O verão é muito severo. Não é uma coisa de luxo, porque o luxo é caro. Poderá ser um espaço de convívio muito agradável em torno desta modalidade. Com professores para ensinarem os miúdos, entre outras coisas”.

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OpiniãoUm mau escritor talentosoRuy Ventura Poeta e ensaista

Ao ver, há poucas semanas, um texto de José Saramago no enun-ciado da prova final de Língua Portuguesa de 6.º ano, recordei um saboroso e muito vertical artigo do filósofo e poeta Paulo Tunhas sobre um ensaio de João Pedro George em torno dos livros de Margarida Rebelo Pinto (p. 43 do n.º 14 da revista “Atlântico”).

A dada altura, afirma (e com razão, a meu ver):“[...] Cheguei à conclusão que Saramago é um mau escri-

tor talentoso, uma espécie vulgar. Palavroso, moralista, sem ponta de ironia. Uma opinião, apesar de tudo, ligeiramente melhor do que aquela para a qual, na minha ignorância, eu tendia naturalmente. Leva-se suficientemente a sério para não se entediar a meio da escrita dos livros, e isso permite-lhe um certo élan, naturalmente interdito a espíritos mais volá-teis ou simplesmente mais lúcidos.”

Como a memória tem coisas que ninguém entende, en-quanto lia estas frases recordei uma crónica do crítico e en-saísta Fernando Venâncio, onde – delicada e ironicamente – punha a nu os espanholismos desnecessários que enxameiam as obras do romancista, não como recursos estilísticos, o que seria normal, mas como pés que resvalam para a poça, como descuidos que um bom revisor nunca deveria permitir.

Sobre o homem-Saramago reencontrei ainda um artigo de José do Carmo Francisco intitulado: “Será José Saramago um fotógrafo de Estaline? (Crónica para os olhos tristes de Maria Belmira)”, vindo a lume no n.º 29 de suplemento “Fanal” do jornal “O Distrito de Portalegre” (22/11/2002):

“[...] O mesmo José Saramago que um dia recebeu um enormíssimo ramo de flores numa homenagem promovida por uma Câmara Municipal no Alentejo e não quis voltar para Lisboa sem primeiro passar pelo Lavre para entregar o ramo à tua mãe para que o destino final daquelas flores fosse a campa do teu irmão João, foi o mesmo que resolveu apagar o nome do teu pai, da tua mãe, da tua irmã e de várias mui-tas outras pessoas da primeira página do livro Levantado do Chão. E isto mesmo depois de ter assegurado por escrito e por extenso – Sem eles não teria sido escrito este livro.

[...] [Este texto] é no fundo um texto de descoberta, de re-volta e de repúdio por uma situação de morte civil só com-parável à ação dos fotógrafos de Estaline que faziam desapa-recer das fotografias várias pessoas inconvenientes e que, só anos depois se viria a saber, não deveriam ter estado ao lado do ‘grande líder’. [...]

[...] [Isto] para ir lembrar o ano de 1976 quando tinhas ape-nas quinze anos de idade e um escritor quase desconhecido entrou pela porta da casa dos teus pais para escrever um livro (Levantado do Chão) e para, muitos anos depois, de modo to-talmente inesperado e (para mim) injusto, vir fechar a pri-meira página desse livro a quem lhe tinha aberto as portas da sua casa e do seu coração.”

A pouco e pouco o pano vai caindo. E, não fossem influ-ências de vária ordem – que nada têm que ver com a arte e a literatura, mas com manobras relacionadas com dinheiro e com jogos políticos e pessoais –, mais cairia ainda… Há cada vez mais homens e mulheres que concordam com as palavras do poeta polaco C. Milosz (galardoado justamente com o pré-mio Nobel). No momento em que Saramago recebia a distin-ção sueca, não teve papas na língua e quebrou o unanimismo acrítico, afirmando que o autor de Memorial do Convento não passava de “um escritor de segunda ordem”. Fosse o grande

escritor polaco português e chamar-lhe-ia, talvez, com Paulo Tunhas, “um mau escritor talentoso”. Eu encontraria outros adjetivos, mas aqueles que se apresentam são suficientes para qualificar quem viveu e quem escreveu naquele ser humano.

Ser famoso, como se deveria saber, é bem diferente de ser importante. E não basta receber o prémio que mais dinheiro oferece para se ser um escritor, um artista, inovador e um ser humano exemplar. Como diz um velho provérbio, nem tudo o que luz é oiro – e às vezes nem prata é.

Um poeta não morre!Ana Paula Figueira Docente do ensino superior

No dia 12 de Agosto Miguel Torga teria feito 105 anos. Não me apercebi de qualquer men-ção ao facto, nem na comuni-cação social nacional – preo-cupada com o acidente entre o Luisão e o árbitro alemão, Christian Fischer, no jogo par-ticular entre o Dusseldorf e o Benfica – nem nas redes so-

ciais. Talvez a desatenção tenha sido minha… ou será que Portugal – o país que Torga amou profundamente – e os Portugueses (ou a sua maioria) de tanto serem bombardeados com incidentes insólitos, ridículos, fugazes, já perderam defi-nitivamente a noção de Pátria e a Memória? Presumo que Os Bichos e Os Contos da Montanha ainda façam parte das lei-turas recomendadas pelo Plano Nacional de Leitura…

Despertei para a escrita de Torga quando li, pela pri-meira vez, Os Bichos, recomendado no meu 7.º ano de es-colaridade. A partir daí fui descobrindo, no princípio ainda orientada pelos professores do secundário e depois já por iniciativa pessoal, a vastíssima obra deste escritor, poeta e médico, que nos deixou um legado admirável. Nascido Adolfo Correia da Rocha, a partir de 1934, com a publica-ção da Terceira Voz o poeta inventa-se como Miguel Torga: Miguel, por admiração pelos humanistas Miguel Ângelo, Miguel de Cervantes e Miguel Unamuno; Torga, em reve-rência a um arbusto, selvagem, cujo valor e resistência está na raiz. Assim, este seu nome, carregado de simbolismo, adivinhava o humanismo telúrico e a fidelidade às raízes que atravessam toda a obra, representativa de vários géne-ros literários. Quero destacar a escrita diarística e o seu pio-neirismo em Portugal, tendo registado cerca de sessenta anos da sua vida. Ler o seu Diário – estendal de dúvidas e gemidos - é um exercício de encontro com a sua visão do mundo, com o homem insubmisso, inquieto, indignado, recto, sincero, com receios e interrogações, que defende ve-ementemente, a autenticidade... Num mundo onde acha que nunca será compreendido. Escreve no dia 4 de Abril de 1991: “Todos me censuram a única virtude que realmente tenho: ser idêntico a mim próprio desde que nasci. Diferente dos mais, não por presunção, mas por condição. Tudo o que digo e faço causa engulhos. Não coincido com a lógica comum, com os hábitos comuns, com os lugares-comuns. Não sei respeitar as aparências”. Recebeu vários prémios literários, de entre os quais, o Prémio Camões em 1989. Na altura afir-mou que os seus leitores mereciam-no! Foi proposto duas vezes para o Prémio Nobel da Literatura. Não lhe foi atri-buído… Não teve de ser! Recusou sempre “(…) descer à de-gradação de untar os ferrolhos enferrujados das portas do triunfo. A [sua] fome não [era] de fama, mas de eternidade” (16 de Abril de 1989). Da eternidade que se pode conquistar através da escrita. “Escrever é, como todos os que o homem pratica, um acto inútil. As palavras estão gastas e já foi tudo dito. Pode ter, contudo, algum sentido se nenhuma paixão

ou vaidade ou sofisma empurrar a caneta”. (7 de Março de 1992) Mas também é “ (…) um acto ontológico, que compro-mete perpetuamente quem o pratica. Que nenhum outro implica tanta responsabilidade e tanto risco, pois que ainda hoje a humanidade tem no banco dos réus quantos se aba-lançaram a pegar na pena em nome dela. E também não há honra maior nem maior dignidade do que pertencer ao rol desses penitentes à espera do veredicto de cada geração”. (19 de Março de 1992)

Numa altura em que abundam autores que “fazem pi-ruetas no palco intelectual”, que recorrem incessantemente a fórmulas de escrita facilitadoras de vendas, legitimados por outros que “afirmam que eles caem de pé”, apenas por-que lhes é útil “vender” e difundir essa mensagem, há que distinguir “o trigo do joio” e não esquecer de lembrar (a to-dos) a “prestável voz fraterna” de Miguel Torga e de mais um punhado de escritores portugueses. Defensores incan-sáveis “(…) do amor, da verdade e da liberdade, a tríade ben-dita que justifica a passagem de qualquer homem por este mundo”. Mesmo que seja apenas no dia do seu aniversário. É que… Um poeta não morre!

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico

O verão e as FestasManuel António do Rosário Padre

O verão é o período do ano mais profusamente fértil em Festas, para todos os gostos e expressões. As razões po-demos decerto encontrá-las no regresso temporário dos portugueses da diáspora, no acréscimo de turistas em solo luso, e, é óbvio, nas férias.

Como o tema é demasiado vasto, limitar-me-ei a traçar apenas algumas pinceladas, a par-tir da minha pena de cristão atento à realidade circundante.

Muitas das nossas Festas têm frequentemente na base, qual “cabeça de cartaz”, um Santo Padroeiro, que acaba por ser, no geral, um ilustre desconhecido. Nos programas, é evidente o sincretismo, e é tal a mistura entre o cristão e o pagão, que se torna tarefa hercúlea a destrinça de frontei-ras. Este fenómeno não pode ser nem ignorado, nem com-batido, antes constitui um desafio a que a Igreja deve res-ponder, sob pena de perder mais um púlpito de onde pode, à semelhança de S. Paulo no Areópago de Atenas, falar às multidões de hoje.

O fenómeno não é, por isso, novo, pois o Cristianismo teve ao longo dos seus dois mil anos de história de se adaptar e enfrentar muitos e diversificados cenários nos Continentes e Povos onde se foi implantando. A resposta passou pela in-culturação da fé, objetivo sempre desejado embora nem sempre atingido com sucesso.

Mas, voltemos ao nosso País. As Festas constituem uma ocasião soberana para congregar pessoas e comunidades, fortalecer sinergias, fomentar a sã competição, gerar di-namismos de vitalidade e de empreendedorismo, criar ri-queza, preservar tradições e expressões de identidade, se-mear a esperança e combater as crises. Para a Igreja elas constituem ainda um desafio, a que podemos justamente incluir no âmbito da Nova Evangelização.

Por tudo isto, é desejável que reine um clima de diálogo e entendimento construtivo entre as comissões que promo-vem estes festejos e as Paróquias, pois as pessoas que se pre-tende atingir são, na maior parte dos casos, as mesmas. Se assim for, todos beneficiamos.

Em menos de uma semana conseguiu juntar mais de cinco mil apoiantes no Facebook, o novo grupo de intervenção cívica

“REVOLTA-TE POR BEJA”. Um movimento informal de cidadãos, que faz questão de deixar as bandeirolas partidárias à porta dos debates, e cuja principal motivação se prende com a revolta pelo abandono das obras da concessão rodoviária do Baixo Alentejo. Falta agora passar das palavras aos atos.PB

Amigos embora esteja afastado da minha cidade há uma dezena de anos, não deixo de pre-ocupar-me. Tenho pena que tanto investimento feito ou prometido esteja esquecido. É de louvar esta iniciativa levada a cabo por gente da minha terra e da minha geração. É isto que a nossa cidade precisa, pessoas ativas. É importante também salientar que na luta pelos inte-resses da nossa cidade não há cores partidárias. A única coisa que nos une é sermos bejenses. Antes de sermos de algum partido, fação ou religião, nascemos bejenses e é pela nossa ci-dade que devemos lutar. Ricardo Balsinha, no grupo Revolta-te por Beja, 27 de agosto de 2012

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Uma cartae um poemaDelmiro Pacheco Amora

Sou natural da nossa linda cidade de Beja, desde 1932, nascido na rua 1.° de dezembro, no n.° 31, que hoje já não existe por ter sido anexado a outra habitação, que ficam bem pertinho do famoso Arco das Portas de Moura. Aí vivi até aos meus 12 anitos por ter saído com o meu que-rido pai para a Póvoa de Santa Iria, onde estive até 1948, situação criada pelo encerramento da fábrica de moa-gem junto à estação onde o meu pai trabalhava e voltou a trabalhar até se reformar. A partir desta data, 1948, tra-balhei na construção civil como, por exemplo, no novo quartel de Infantaria 3, já como pedreiro, com apenas 17 anos; na Caixa Geral de Depósitos, onde executei todo o trabalho da cantaria (pedras) que estão à vista no edi-fício às Portas de Mértola; tendo também feito a mon-tagem da estátua da Nossa Senhora no largo do Carmo. Trabalhos que muito orgulho me dão e por ter sido reco-nhecido por tal feito fui convidado para concorrer para fiscal de obras da Caixa Geral de Depósitos em Lisboa, onde estive nove anos como chefe de equipa, tendo sa-ído a meu pedido em 1971, já com alvará de empreiteiro de obras públicas, e que mantive até 2004 com boas no-tas por onde executei, dezenas e dezenas de obras, que posso justificar com muitas cartas abonatórias que te-nho na minha posse! Tudo isto para dizer o quê?

Para dizer que adorei a homenagem que o nosso “Diário do Alentejo” fez ao grande empresário sr. Leonel Cameirinha, senhor que todos os bejenses conhecem e que é realmente um grande bejense pelo que daqui dou os meus parabéns ao nosso jornal porque reconhece os feitos dos bejenses e mostra o seu orgulho publicando es-ses factos, o que no meu caso muito me satisfez! Ficando mesmo muito contente!

No entanto, como leitor do nosso jornal também me sinto orgulhoso por muitos outros bejenses, que desen-volvem as suas atividades noutras áreas, e muitos de-les também começaram do nada, como é o meu caso e de tantos outros que estarão espalhados por todo o uni-verso, o nos orgulha a todos, especialmente aqueles que com o seu trabalho vão chegando a bom porto, como foi o meu caso, assunto de que um dia se poderá falar.

Hoje, para já, e se for possível, gostaria de ver publi-cada no nosso jornal uma das quadras que fiz relativas a um ponto de história do meu passado (…).

Assim desejando as maiores felicidades para o pro-gresso do nosso jornal me despeço com os meus cumpri-mentos a todos os trabalhadores desse maravilhoso jor-nal que o é!

“Diário do Alentejo” – parabéns a todos voz, mais uma vez!

Esta é Minha

MoteSou apenas aquilo que souE mais não precisei de serE nunca ninguém me contestouPor a minha vida bem resolver

1.ª décimaComo operário fui cumpridorNo desempenho da minha profissãoTendo sempre muita atençãoEm tudo o que fazia, e lhe dar valorMesmo sem ser engenheiro ou doutorDei boas provas como pivotCom muita vontade e algum domE bastante vontade em vencerMuito trabalhei para algo merecerEu sou apenas aquilo que sou!

2.ª décimaFiz a tropa com muito boa genteQue cumpri com todo o empenhoOuvindo elogios pelo meu desempenhoDo comandante e do meu tenenteFacto que tenho bem presenteQuando às perguntas soube responderDando origem no que veio a acontecerE que na minha vida tudo veio mudarIndo para a carreira de tiro o tempo acabarE mais não precisei de ser

3.ª décimaDepois da tropa, a minha profissãoTendo executado obras com criatividadeMelhorando muito e ganhando posiçãoMostrando a minha vocação e habilidadeDesenvolvendo o meu saber com paixãoJá com bastante confiança no que souO meu avanço técnico muito avançouSentindo muita confiança no que faziaAssim ia seguindo o meu caminho e, diziaNunca, nunca ninguém me contestou!

4.ª décimaDepois, fiscal de obras a empreiteiroOnde fiz um percurso muito bonitoÉ na realidade o que hoje sintoTendo sido um patrão e companheiroCom alegria em tudo o que fazia, mas serenoCom toda a garra do meu querer Empregando toda a minha vontade e saberPelo que me considero bastante realizadoE razoavelmente bem compensadoPor a minha vida bem resolver.

Há 50 anosO silênciodos habitantesdo romântico planeta Lua...

Numa das últimas edições de agosto de 1962, um articulista então ha-bitual nas páginas do “Diário do

Alentejo” e que assinava com as iniciais M.A.S. comentava na primeira página um ar-tigo saído no “Diário de Notícias”, de Lisboa, sobre a conquista da Lua. Isto, sublinhe-se, nove anos antes do astronauta norte-ameri-cano Neil Armstrong – desaparecido há dias – ter pisado pela primeira vez o solo da Lua:

“(...) O sr. Camilo Chautemps faz consi-derações vagas sobre a ‘conquista da Lua’, a propósito da recente proeza realizada pe-los cosmonautas russos major Nicolaev e te-nente-coronel Popovitch.

Na verdade, bastante vagas e ligeiras são as considerações do sr. Camilo Chautemps. Quando lemos o título da sua carta, ‘A con-quista da Lua’, tivemos a impressão de que o ilustre articulista internacional, bem re-lacionado com os meios oficiais dos Estados Unidos, ia fazer alguma revelação concreta sobre a Lua e o modo de vida física e social dos seus habitantes ou acerca dos objetivos dos cientistas quanto aos projetos de chegada e desembarque de cosmonautas naquele ro-mântico planeta.

Pura ilusão! Na sua ‘carta’, o sr. Camilo Chautemps não adianta uma palavra e até diz muito menos do que já temos lido acerca de viagens á Lua, apesar de se mostrar muito informado quando afirma: ‘Sabe-se em que consiste essa viagem de exploração, e não se ignora que para a levar a cabo serão necessá-rios três homens, dois deles destinados a des-cer no satélite e o terceiro a ficar a bordo da nave espacial, a fim de ajudar depois os outros dois a reembarcar’.

Mas afinal o que pensam os cientistas que os cosmonautas poderão fazer na Lua? Qual o fim concreto dessa missão ousada? Que ideia se pode fazer do silêncio dos ‘habitantes da Lua’, em face das tentativas dos cientistas da Terra?

De nada disto nos fala o sr. Camilo Chautemps. Mas em compensação diz-nos que uma alta entidade científica americana tem a convicção de que ‘os americanos serão os primeiros a chegar á Lua’ – convicção de que não partilha o sr. Camilo Chautemps, por verificar que os russos vão mais avançados nessa matéria, dispondo de mais sólido ape-trechamento. Todavia, não deixa de manifes-tar o seu desejo de que o êxito final (da con-quista da Lua) pertença aos países ocidentais, a fim de ser utilizado em fins pacíficos.

(...) Mas, infelizmente, não temos espe-ranças de que a paz nos possa vir da Lua. Se os homens não têm conseguido a paz na Terra, como podemos esperar que façam a pacifica-ção através da Lua?

Mais uma grande ilusão!...”.

Carlos Lopes Pereira

Na passada semana, em cima do fecho da edição do “DA”, incluímos uma fotonotícia de um incêndio que deflagrou num

apartamento do bairro dos Falcões, em Beja. Elaborado na fervura do acontecimento, o texto não reportou todos os pormenores do acidente. Principalmente o facto de um simples cidadão, JOSÉ HENRIQUE CAEIRO, ter salvo as duas vítimas do fogo, antes da chegada dos bombeiros ao local. Um verdadeiro herói! PB

Como se quer recuperar a economia, desinvestindo? Há qualquer coisa que não bate certo nesta decisão [de parar as obras do IP2 e IP8]! Mais um tiro nos pés que vem contribuir para o aumento da taxa de desem-prego e retardar o desenvolvimento do País e da região Alentejo em particular. E vai ser o rastilho para a decisão final sobre o aeroporto! José Manuel Mestre, no grupo Revolta-te por Beja, 23 de agosto de 2012

Enquanto não acabar a guerra PCP-PS e agora pelos vistos também com a participação do PSD, nunca se conse-guirá nada de relevante para a cidade, seja a A26, as ligações ferroviárias diretas a Lisboa, seja o que for. Nuno Zarcos, no grupo Revolta-te por Beja, 27 de agosto de 2012

Uma carta Esta é Minha

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Haja saúde ambiental Alergias

Coordenação Raquel Santos e Rogério Nunes Texto Ana Machado e Stephanie Gouveia Desenho Patrícia Correia

Projeto de educação para a saúde no âmbito do curso de Saúde Ambiental do IPBeja

OH BECAS, ESTÁS A

LARGAR MUITO PÊLO!

DEIXA A DONA

SACUDIR O TAPETE.

MÃE, É MELHOR ASPIRARES O TAPETE!

É NELE QUE ESTÃO ALOJADOS

OS ÁCAROS PREJUDICIAIS PARA A SAÚDE.

TENS RAZÃO.

ASPIRAR A CASA

É O MELHOR.

A VASSOURA

SÓ LEVANTA PÓ.

SABES QUE O PAI TEM RINITE ALÉRGICA

E O PÓ DA CASA SÓ PIORA

O SEU ESTADO DE SAÚDE.

TENS QUE TER

MAIS CUIDADO!

SIM FILHO, VOU

AREJAR BEM A

CASA E UTILIZAR

UM PANO HÚMIDO

PARA LIMPAR O PÓ,

SUBSTITUINDO

ASSIM O

ESPANADOR.

MUITO BEM MÃE!

VOU ABRIR A JANELA

DO MEU QUARTO

PARA AREJAR

TAMBÉM.

COM AS ALERGIAS

NÃO SE BRINCA!

Cartas ao diretorAs árvores morrem de péEx-plátano do pátio

do Mercado Municipal, Beja

Vivi durante anos asfixiado com todo o meu tronco dentro desta maldita barraca, a gar-ganta apertada com plástico e toda a minha pele cravejada com pregos ferrugentos, dila-cerando a minha pobre carne. O bandido do carcereiro (louceiro) nunca me perguntou se me sentia bem ou se teria sede. Resumindo: morri asfixiado e à sede no meio de tantas panelas e potes de barro. Julgo que ninguém comunicou no vosso jornal a minha morte. Como todas as árvores, morri de pé, e como cheguei ao fim do meu martírio, peço-lhe encarecidamente: anuncie-me no vosso jor-nal e peça às caridosas pessoas para me ti-rarem do suplício em que tantos anos vivi.

O Correio do Marquês – IIIManuel Dias Horta, Beja

Cidadão de Beja:– Vou-me embora! Vou partir!– Vou para onde vim. Que donde, não

sei!Percorri o teu país, meu antigo reino.

Muito observei, mas pouco vi. Deduzo que ainda não resolveram a crise de…valores.

De passagem para a minha querida Vila Real de Santo António parei na tua cidade. Fui abordado por várias pessoas que deseja-vam apresentar as suas queixas. Expliquei--lhes que não era provedor de nada, nem de ninguém. No entanto, na câmara estão uns senhores e umas senhoras, com os ordena-dos em dia, cuja missão é exatamente aten-derem os munícipes e resolverem os seus problemas. Pelo bizarro de algumas das queixas, ou pela sua premência, aqui deixo registo:

Existem na rua Soveral Rodrigues umas árvores, de cujas folhas e f lores se extrai a tília, remédio para enxaquecas, malazen-gas e também para os nervos. Naquela rua colhiam folhas e f lores, não só moradores, como os que vinham de fora. Pois bem, che-garam lá uns senhores da câmara e limpa-ram as árvores até ao ponto a partir do qual já não há braço que permita colher o pre-paro para o famoso remédio.

Na rua General Humberto Delgado, o forte raizedo das frondosas árvores está a levantar as calçadas, a partir lancis e a pe-netrar pelos quintais dos moradores, onde destrói lajes e entope canalizações. Pelo menos previnam os praticantes de footing que o pavimento é impróprio para aquela prática.

E o velhinho estádio Flávio Santos!? Agora, com portas e portões escancarados, de noite e de dia. Local atrativo para a prá-tica a de certos atos, que pudicos e purita-nos não só refutam como entendem haver locais mais adequados para o efeito.

Mais te informo que para rebater o suez ataque que o tonto do Camilo me moveu (devia andar em crise de paixões ou desi-lusões) nomeei o sr. Latino Coelho, o sr, Ramalho Ortigão e a sr.ª Agustina Bessa Luís.

E mais não digo, por enquanto…

Desertificaçãodo AlentejoJosé António Dias, Saboia

Tudo se vai decidindo para o que parece ser um plano de desertificação das aldeias do nosso pobre Alentejo, provocado pelas ca-lamitosas decisões dos nossos governantes, que paulatinamente vão destruindo a quali-dade de vida que nelas existia.

O que está acontecendo às localidades fora da periferia do litoral, onde esta situa-ção está posta em marcha, é uma evidência que já não pode ser posta em causa.

Assim nas localidades, de Pereiras-Gare e Amoreiras-Gare, ao concelho de Odemira já se decretou o encerramento das suas escolas,

esta primeira a funcionar sem interrupção desde 1937, e a segunda pouco depois, estas escolas foram criadas numa época em que os iluminados de agora chamavam de ignorân-cia, agora paradoxalmente, deixam a funcio-nar o jardim de infância e deslocam os alu-nos alguns de tenra idade para mais de 13 quilómetros de distância.

Ali longe do convívio dos seus familia-res e vizinhos, ficam vulneráveis a todos os perigos, que esta época agora chamada de luzes lhes oferece.

Disse o Ministro que nenhuma escola fecharia sem o beneplácito dos presidentes de câmara, assim temos que convir que in-teresses pessoais ou políticos se tenham an-tecipado, porque de outra maneira não de-via acontecer.

Mas ainda assim o programa para a de-sertificação e destruição destas aldeias, onde tudo vai sendo tirado, já passou pelo fecho das estações ferroviárias e com a con-sequente abolição recente das paragens dos comboios. Era este o único meio de trans-porte com o mundo exterior, que a maio-ria das pessoas tinham, também aqui o Ministro disse que ninguém ficaria sem transportes.

Durante 97 anos sempre o comboio foi o nosso meio de transporte porque passa precisamente pelo meio destas localida-des. Agora a CP alegando fatores financei-ros suprimiu as paragens, passando agora os comboios aqui a silvar que até nos parece provocatória.

Para fazer crer que não perdemos tudo, foram criadas paragens nos comboios de longo curso em Saboia e Funcheira com o beneplácito das câmaras, porém por verifi-cações feitas sabe-se que em Saboia 90 por cento da utilização dos comboios é feita com pessoas de Pereiras, Luzianes e Amoreiras, porque Saboia e Santa Clara sempre pouco o utilizaram.

Somos obrigados a nos deslocarmos a dez quilómetros de distância, porque não temos outro meio de transporte. Será que as paragens em Pereiras, Luzianes e Amoreiras, davam prejuízo à CP? Ou não será os milhares que viajam diariamente nas linhas suburbanas que não pagam bi-lhete e que a CP não evita, para não falar em outros casos de má gestão.

Porque será que as câmaras se re-gozijaram com as paragens em Saboia e Funcheira, e não pugnaram para a sua cria-ção nas outras estações.

Nós só somos conhecidos quando preci-sam do nosso voto, ou quando nas reparti-ções públicas se recolhem os impostos.

Não compreendemos porque seres hu-manos que nos governam decidem fazer isto a outros seres humanos, sabemos sim, que somos abandonados, enganados du-rante um tempo, durante um determinado tempo, mas durante todo o tempo não.

Rangel e território – uma saudação!José Carlos Albino Messejana

Serve esta carta para, vivamente, me con-gratular com o Artigo de Paulo Rangel, no “Público” de 24/07/2012, intitulado – “D. Dinis sabia e nós não devemos ignorar”.

Satisfação redobrada por vir de um de-putado europeu da maioria parlamentar atualmente no poder, que suporta Governo e que ignora ou combate qualquer visão so-bre o território.

Cito, apenas, duas passagens. “A distri-buição geográfica tem de obedecer a uma visão do país, a um desígnio territorial da comunidade política”. E, “desde então (D. Barroso) fez esquecer a dimensão transver-sal da política do território… mas não há, nem pode haver, uma Reforma do Estado sem um sólido e estabilizado pensamento territorial”.

Expressando o meu total acordo com o artigo, questiono se o atual Governo, no-meadamente a ministra Cristas e o “coorde-nador político governamental” dr. Relvas, quer prosseguir estas “sábias ideias”, ou, pelo contrário, fará “ouvidos de mercador”.

A bem do País e das suas gentes, espere-mos que se acorde para uma “política de ter-ritório” e se enterre políticas avulsas, desco-ordenadas, setorialistas e economicistas.

Parabéns Deputado Paulo Rangel!

O programa é vasto, variado e de qualidade assinalável. Este fim de semana decorre em Beja mais uma edição das PALAVRAS

ANDARILHAS. Descapitalizado e sem a firmeza financeira de outros tempos, o grande encontro da palavra dita decorre este ano sob o signo do voluntarismo, da solidariedade e da boa vontade. O “DA” está com as Palavras Andarilhas e esta é apenas uma singela homenagem aos incansáveis e criativos trabalhadores da Biblioteca de Beja. PB

Afinal os Alentejanos são ativos. Temos uma certa fama de sermos lentos. Tudo aparência. Como diz o provérbio “As aparências iludem”. Estou a gostar do dinamismo [do movimento revolta-te por Beja]. Assim é que tem que ser, lutar pelo sítio que ocupamos. Estava enganada, afinal ainda há jovens dinamizadores, com garra e com espírito de luta. Bem Hajam. Lutem, para terem um amanhã melhor, para vós e para os vossos filhos. Portugal fez uma revolução para nos livrarmos de um ditador. Afinal, passados 35 anos, temos o mesmo peso, aliás pior. Emília Rafael, no grupo Revolta-te por Beja, 25 de agosto de 2012

Isolados mas não resignados… Vim para cá [Beja]em 2002 e gos-tei tanto que fiquei. É pena certas mentes mesquinhas que querem continuar a fechar a cidade (…) mas curiosamente renegam as tra-dições que são o sangue desta terra. Eduardo Pândega, no grupo Revolta-te por Beja, 26 de agosto de 2012

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Fotorreportagem

16 São as imagens da desolação. Por indicação governamental pararam mais uma

vez as obras na A26. O que levou ao lay-off na empresa construtora, a Tecnovia.

E à criação de uma gigantesca e cara serpente de terra e de escombros. Sem

qualquer utilidade. Entre Beja e Sines. Texto PB Fotos José Ferrolho

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Campeonato Nacional da 3.ª Divisão com oito equipas alentejanas na Série F

3.ª Divisão na hora da despedida...

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Desporto

A presente edição do Campeonato Nacional da 3.ª Divisão abre as portas na tarde do próximo domingo, a partir das 17 horas. Será o ano do tudo (subida ao Campeonato Nacional de Seniores) ou nada (despromoção aos distritais).

Texto e fotos Firmino Paixão

São oito equipas alentejanas (quatro do distrito de Beja). Um número in-vulgar que não recordamos de ter al-

guma vez acontecido. A prova terá seis sé-ries, cinco do continente e uma dos Açores e, no final da época (CO n.º 376 da FPF), “so-bem ao Campeonato Nacional de Seniores os dois primeiros classificados de cada série” e, inversamente, “descem aos Campeonatos Distritais os clubes classificados do 3.º ao 12.º lugares de cada série”. Depois, o Nacional da 3ª Divisão sairá de cena. Até lá as quatro equi-pas filiadas na AFBeja vão esgrimir os seus ar-gumentos e, no final, acertam-se as contas. Castrense e Vasco da Gama protagonizam o primeiro derby da temporada, o Moura recebe o Sesimbra e o Aljustrelense viaja para Monte Trigo. Otimismo não falta, mais ou menos mo-derado, os investimentos estão feitos, vamos então esperar pela avaliação final. Até lá ficam as primeiras ideias dos respetivos técnicos.

“Espero um jogo muito difícil”

Joaquim Mendes

Moura Atlético Clube

“O campeonato é a competi-ção em que

vamos estar mais centra-dos; o Sesimbra tem uma equipa muito jovem; é um clube que tem um mercado

muito abrangente, uma margem de esco-lha muito diversificada e jovens com muita qualidade. Espero um jogo difícil, aliás, es-peramos dificuldades com todas as equi-pas que vamos defrontar neste campeonato, desde o primeiro apito do árbitro até ao fi-nal de cada jogo temos que estar sempre ao melhor nível, sempre nos limites, para ter-mos sucesso e sermos superiores ao adver-sário”.

“Que seja um bom espetáculo”

Francisco Fernandes

Futebol Clube Castrense

“Será um bom início de cam-peonato. Nós

queremos ganhar, mas é agradável ficar na histó-ria do Vasco da Gama da Vidigueira esta estreia

num campeonato nacional jogando com o Castrense, esse registo será sempre recor-dado ao longo dos anos. Queremos vencer para iniciarmos o campeonato da melhor forma, espero que seja um bom jogo, com muito público, estamos em presença de dois clubes da região e será agradável termos muita gente na bola. E já agora, que seja um bom espetáculo de promoção do futebol”.

“Não entraremos derrotados”

Fernando Piçarra

Vasco da Gama da Vidigueira

“É sempre agra-dável iniciar-mos com uma

equipa da região, neste caso com o campeão dis-trital da última tempo-

rada. Quanto mais equipas existirem aqui da região a disputar provas nacionais me-lhor será. É pena que isto dure apenas uma época, mas é o que temos. Daremos o nosso melhor, iremos com o pensamento na vitó-ria, mas os jogos não se ganham antes de começarem. Vamos respeitar o adversário, sabemos que O Castrense tem uma equipa com muito valor, mas não entraremos der-rotados”.

“Com o pensamento na vitória”

Carlos Piteira

Mineiro Aljustrelense

“O Monte Trigo regressa aos campeonatos

na cionais e começa a prova perante o seu público. Será um adversário muito difí-cil, mas este campeonato

não irá ter jogos fáceis. Estamos a preparar as coisas de forma a que essas dificuldades sejam atenuadas, mas iremos para Monte Trigo com uma postura muito séria, muito rigorosa, respeitando muito o nosso adver-sário, que tem jogadores muitos experien-tes, com muitas passagens pela 3.ª Divisão, mas quando entrarmos em campo o nosso pensamento só pode estar na vitória”.

Calendário da 1.ª jornada do Campeonato Nacional da 3.ª Divisão (2/9/2012, 17 horas): Ju ven tude-Reguengos; Lagoa-Lagos; Monte Trigo-Aljustrelense; Castrense-Vasco da Ga ma; Moura-Sesimbra; União de Montemor-Lu sitano VRSA.

3.ª Divisão Valdemar Mané, um dos reforços com que o Vasco da Gama se apresentará no domingo em Castro Verde

Campeonato Nacional de Juvenis (2.ª jornada): Beira

Mar de Almada-Despertar, 3-2; Imortal-V.Setúbal, 0-1;

Odemirense-Louletano, 0-1; Lusitano de Évora-Estoril, 3-1;

Oeiras-Cova da Piedade, 1-0. Líder: V.Setúbal, 6 pontos. 6.º

Odemirense, 1. 10.º Despertar, 0. Próxima jornada (9/9):

V.Setúbal-Odemirense; Despertar-Cova da Piedade.

Despertar Sporting

Clube perdeu em Almada

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Uma abertura oficial da época desportiva pouco promete-dora para três das quatro equi-pas que participaram no arran-que da Taça de Portugal. Só o Vasco da Gama descobriu o ca-minho para a 2.ª eliminatória.

Vasco da Gama qualificado para a 2.ª eliminatória da Taça de Portugal

Uma Taça com Vidigueira de honra

Taça de Portugal (1.ª Eliminatória) Resultados das equipas alentejanas: Oriental-Juventude de Évora, 2-1; União de Montemor-Oliveira de Frades, 1-0; Aljustrelense-Atlético de Reguengos, 0-1; Sacavenense-Monte Trigo, 3-0; Barreiro(Açores)-Moura, 1-0; Vasco da Gama Vidigueira-Caçadores de Taipas, 3-2; Castrense-Elétrico de Ponte Sôr, 0-2.

Conduz-nos a máquina do tempo ao encontro de verões agrestes, onde os jogos a contar para a primeira eliminatória da Taça de Portugal não davam tréguas aos jovens jogadores entregues ao sucesso. Lembro os inícios das épocas desportivas. Os seus princípios, tal como agora, eram vocacionados para a campanha de uma competição fértil em surpresas. Recordo que a condição física não era a melhor. Porém, a nossa juventude conseguia engendrar forças que permitiam uma entrega total. Vinham, depois, as vitórias saborosas, algumas inesperadas, que levavam os nossos zénites ao rubro. No passado domingo, 26, revivi momentos que continuam a marcar um mapa, já esfarrapado, mas cujo mata-borrão jamais ousará apagar os caminhos outrora trilhados. Numa viagem à terra de Baco, assisti ao desafio entre o Vasco da Gama da Vidigueira e o Caçadores de Taipas e deparei-me com a vitória (3-2) da equipa alentejana. Aliás, o desfecho foi justo e assume a particularidade da equipa de Fernando Piçarra ser o único conjunto da AF Beja a alcançar tamanho feito nesta caminhada inicial das competições nacionais, época 2012/2013. A curiosidade ganha uma outra dimensão quando centramos atenções na derradeira metodologia implementada, agora, pela FPF na nova conjetura global da III divisão, levando a endossar convites aos segundos classificados regionais. Assim, com a nega do Milfontes, coube ao conjunto da Vidigueira aceitar e preparar-se para levar de vencido tamanho arrojo. E a verdade é que os comandados de Piçarra lograram seguir em frente na Taça de Portugal, deixando, numa opinião pessoal, uma boa imagem perante o seu público que satisfez a curiosidade com o evoluir da equipa sobre o magnífico sintético, uma infraestrutura enriquecida pela disponibilidade autárquica, e que deixou os vidigueirenses em êxtase. Que a taça seja, afinal, um bom prenuncio para o campeonato que se avizinha.

Taça

José Saúde

Portugal, com uma equipa cons-truída à pressa e sem tempo de organizar a sua pré-temporada (o que fará em plena competição) e que perante um adversário de peso, manifestamente superior em termos de recursos despor-

tivos, consegue o estatuto de so-brevivente do futebol bejense na Taça de Portugal? Só pode ser um Vidigueira de honra! O Vasco da Gama mandou para casa a for-mação dos Caçadores de Taipas, com uma vitória sofrida, mas bem construída, tangencial, mas justa. Numa tarde em que brilha-ram os “Zés” (José Cláudio, José Feio e José Navas) que marcaram os três golos alentejanos.

A primeira equipa a entrar em competição foi o Moura, face à antecipação do jogo que realizou nos Açores, com a formação do Barreiro. Julgava-se que os mou-renses pudessem regressar vito-riosos, em face dos bons argu-mentos que ostentam para esta temporada. Mas com isso não se ganham jogos e o Moura, per-dendo por uma bola a zero, em Angra, deixou o heroísmo para os açorianos e regressou a casa afastado da competição.

Jogando em casa, o Castrense desejava entrar com o pé direito nesta campanha desportiva, e ti-nha pela frente uma equipa do mesmo escalão, mas que ainda há pouco tempo rodava em pa-tamar superior, onde ganhou consistência (apesar da juven-tude) para saber aguardar pe-los erros alheios e vencer a par-tida. Sabemos como Francisco Fernandes desvaloriza esta com-petição, dita de festa do futebol português para os mais modes-tos, mas ganha sempre por clu-bes maiores. Ainda assim, a jo-gar no seu terreno, o Castrense tinha por obrigação vencer.

Outro tanto se dirá do que aconteceu em Aljustrel, entre dois conjuntos da mesma re-gião, os locais à procura de no-vos rumos e os visitantes, re-centemente despromovidos da segunda divisão. Um golo favo-rável aos visitantes, misturado com críticas dos mineiros à arbi-tragem, marcou a diferença e de-cidiu a eliminatória. O Vasco da Gama ficará a conhecer o pró-ximo adversário no dia de hoje (o sorteio está marcado para as 15 e 30 horas).

Texto e fotos Firmino Paixão

Que dizer de um clube que, já em tempo de “lavar dos cestos”, foi “vindi-

mado” para participar nas provas nacionais, 3.ª Divisão e Taça de

Taça de Portugal Luís Soudo, do Vasco da Gama, em luta pela posse da bola

Taça de Portugal O defesa Vítor Rolim protege a bola mas o Castrense não evitou a derrota

A 1.ª Jornada do Campeonato Nacional de

Juniores (2ª Divisão) disputa-se amanhã

(17 horas) com o seguinte quadro de jogos:

Louletano-Oeiras; Olímpico do Montijo-Farense;

Lusitano de Évora-Barreirense; Moura-Beira

Mar de Almada; Atlético-Lusitano VRSA.

Juniores do Moura AC

jogam em casa

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Manter os bons resultados com um in-vestimento reduzido, preconiza Amílcar Pereira, presidente da Juventude Desportiva das Neves (JDN), clube que tem atenuado as dificuldades com os sucessos desportivos.

Texto e foto Firmino Paixão

O histórico dirigente deste clube na freguesia das Neves sublinha a in-tervenção social da JDN, elogia o

papel dos técnicos e atletas, num quadro em que o clube se obriga a reduzir o orçamento e a movimentar menos atletas. Ainda assim, a época passada foi bem sucedida: cinco atletas na ribalta, com 11 medalhas con-quistadas. O dirigente revelou que na atual conjuntura, com todas as dificuldades ine-rentes e com tão poucas verbas para apoiar estes atletas “foi quase uma época invulgar no contexto em que estamos. Foi quase um milagre o que estes cinco atletas consegui-ram fazer na última temporada”.

Um pouco longe do fulgor do passado mas

teimando em manter bons resultados?

Juventude Desportiva das Neves sobrevive à crise com bons resultados

Fazer muito tendo tão poucoSempre estivemos no desporto para propor-cionarmos prática desportiva à juventude, de-pois, tentando obter resultados de bom nível que projetassem o clube. Mas sempre degrau a degrau, sem forçarmos muito e em conso-nância com a filosofia dos nossos técnicos. Como a conjuntura entretanto mudou, de há uns anos para cá, temos reduzido despesas e reduzido o nosso fulgor, mas os sucessos des-portivos mantêm-se porque ainda temos um lote de atletas com um bom nível e bem en-quadrados tecnicamente.

Sem comprometerem o prestígio da JDN no

atletismo regional?

Fomos durante muitos anos o clube mais re-presentativo, com melhores resultados e mais títulos. Agora já não é bem assim, há outro equilíbrio, porque nós fomos quase obriga-dos a baixar um pouco a fasquia e os nossos índices desportivos, devido a este quadro de falta de apoios e de patrocínios, numa con-juntura a que tivemos que nos adaptar. E esse foi o passo certo, caso contrário já teríamos acabado.

Dificilmente o Grande Prémios das Neves

será reposto no calendário?

Mantendo-se o atual quadro económico não

será fácil. Qualquer prova com os índices que a nossa atingiu já era um investimento ele-vado. Baixámos o valor dos prémios, mesmo assim a despesa mantinha-se elevada. Só vol-taremos a organizá-la com o financiamento garantido, mas hoje não existem apoios para estas atividades pontuais como acontecia no passado. O Grande Prémio foi organizado du-rante 20 anos consecutivos e foi com muita pena nossa que o retirámos do calendário.

A JDN tem a particularidade de recrutar nas

instituições de apoio social à juventude…

É um trabalho invulgar e não é apoiado nem reconhecido. Sempre tivemos esse papel, sem-pre trabalhámos com miúdos da Casa Pia, da Casa do Estudante e agora com miúdas da Fundação Manuel Geraldo. É muito bom ver-mos jovens com problemas a nível social a sin-grar no desporto, como, por exemplo, a Sara Inácio e a Elsa Patriarca, miúdas da Fundação que estão a conseguir resultados brilhantes a nível nacional e que um dia poderão ser gran-des atletas. É um trabalho gratificante.

Liliane Abreu, Sara Inácio, Elsa Patriarca,

Diogo Luz, Catarina Breu, são os vossos atle-

tas de eleição?

Esses foram os atletas que mais se destacaram

na última época. O Diogo Luz conseguiu sete medalhas a nível nacional, um atleta que deu um grande salto mercê de um traba-lho sustentado em cinco ou seis anos de atle-tismo. Os outros atletas também. São quatro Juvenis, só a Liliane é que é Sub/23, e todos podem ainda dar muito à modalidade. Assim eles mantenham a dedicação e nós tenhamos condições para os levar aos campeonatos na-cionais. Tenho que sublinhar o papel dos trei-nadores, Jorge Aniceto e José Silveira, funda-mentais neste processo, são pessoas a quem o clube deve muito.

Que perspetivas para a próxima época?

Vamos reduzir ainda mais as despesas, tentar manter esta qualidade com o mínimo de atle-tas. Tentaremos repetir o sucesso da última época, não será fácil, esta foi singular, os atle-tas estiveram muito bem. Manteremos esta fi-losofia de obter resultados gastando o mínimo possível. Mas a ambição será sempre grande.

Menos apoios equivalem a mais dificuldades?

O nosso orçamento na época anterior era de 20 000 euros, na próxima será de 12 500, o que é isso? Nem dá para o gasóleo, ao preço a que ele está! Estamos a reduzir tudo, é tudo gerido ao mínimo e é assim que temos que fazer por-que no atletismo não temos receitas. Os resul-tados são conseguidos graças ao voluntariado e é nessa base que tentamos que os atletas se-jam bem sucedidos e que o clube se projete a

nível nacional.

Acredita na rápida recuperação da

Pista Fernando Mamede?

Todos os dias luto por isso. É um processo que se arrasta há qua-tro anos, não sei até quando, fi-caria muito feliz de voltar a ter em Beja uma pista em condi-ções, mas não vejo que nos

próximos tempos isso aconteça.

A Associação Regional vai es-

tar em eleições. É o tempo

de saber quem apoia

quem?

O nosso clube nunca teve pretensões em estar na Associação. Sempre apoi-ámos quem lá esteve, to-dos eles fizeram um bom papel, umas vezes me-lhor outras menos bem, mas todos cumpriram. Certamente que a solu-ção que será encontrada será uma lista que apoia-remos e com a qual estare-mos sempre. Apoiaremos quem avançar.

O Selecionador da Federação de Canoagem da Rússia, Vladimir

Parsenovich, esteve esta semana em Mina de São Domingos e

Mértola, numa visita de avaliação às condições oferecidas pelo

Centro de Estágio do Clube Náutico local, para a eventualidade das

equipas nacionais daquele país ali poderem preparar o próximo

ciclo olímpico, tendo em vista os Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.

Canoagem russa no

Náutico de Mértola

Torneio José António Castilho O torneio que a rádio Castrense organiza no início de cada época desportiva distrital passará este ano a designar-se Torneio de Futebol José António Castilho, numa homenagem póstuma àquele antigo colaborador da emissora local. A compe-tição está marcada para 8 e 9 de setembro, com a participação do Castrense, Aljustrelense, Almodôvar e São Marcos.

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É no Cais da Planície que embarcam to-dos os sonhos do João Roque, um jovem bejense, no vigor dos seus 21 anos, fei-tos em maio último, que nos próximos dias estará na Polónia a competir no Mundial de Kayak Polo.

Texto e foto Firmino Paixão

Pagaiando aqui, pagaiando ali, mas sempre ancorado à Associação Juvenil Pagaia Sul e através do desporto, João

Roque está a sair do anonimato e do marasmo que invariavelmente condena a juventude das terras mais interiores. É um jovem desportista bem sucedido, não deixou que a apatia gene-ralizada na sociedade destes tempos lhe sen-tenciasse o futuro. Lutou com as armas que tinha, as competências que lhe são reconheci-das pelas instâncias superiores da modalidade que abraçou e através da qual vai projetando a Pagaia Sul, associação bejense que lhe permi-tiu este impulso para múltiplas vivências. Está no kayak polo há apenas quatro anos, e a sua presença em provas internacionais já é interes-sante. Primeiro num torneio na cidade alemã de Essen, em 2011 no Europeu de Madrid, e agora a gerir as emoções de uma convocatória para o Seleção Nacional de Seniores que, entre os dias 5 e 9 de setembro próximo, disputará o Campeonato do Mundo desta modalidade, na cidade polaca de Poznan.

E quem é o João Roque? O seu percurso des-portivo começou naturalmente pelo futebol: “Joguei durante quatro épocas no Despertar Sporting Clube, em Juvenil e Júnior, duas épo-cas no distrital e duas no nacional, fui cam-peão distrital nos dois escalões”. No plano aca-démico, “fiz o 12.º ano na área da hotelaria mas optei, para já, por não seguir esse caminho”. A opção pela hotelaria, refere o atleta, não foi nem sonho, nem vocação: “Foi o que surgiu no

Pagaia Sul de Beja com atleta

no Mundial de kayak

Um bejense na elite

do kayak polo

momento e gostei da área e segui por aí durante cinco anos, porque o meu verdadeiro sonho era ser futebolista profissional, mas essa ideia des-vaneceu-se quando comecei a estudar hotelaria. Entretanto, quando jogava futebol, descobri o kayak polo, que mais tarde passou a ser a minha modalidade de eleição”. O abandono do futebol, depois dois títulos, tem uma história que o João quis partilhar: “Tive um pequeno problema de

saúde e prescreveram-me um medicamento a que era alérgico e essa incompatibilidade pro-vocou um incidente que podia ter sido grave; deixei de ver, perdia as forças e desfalecia”. O jovem confessou que fazia muito desporto, gi-násio, futebol, kayak e, a conselho médico, op-tou apenas por uma das atividades:“Deixei o futebol, escolhi o kayak polo, era o que eu gos-tava mais”. Há males que vêm por bem, não é João? “Foi uma opção feliz, cada vez gosto mais da modalidade e estou com bons resultados, re-feriu o atleta, explicando que começou a prati-car kayak polo através de um ateliê de de verão na Associação Juvenil Arruaça: “Eu, o Pedro Mestre e o Sandro Guerreiro, hoje todos atletas da Associação Pagaia Sul (APS)”.

Quando soube desta convocatória “re-agi com uma felicidade tremenda”. Surpresa? “Talvez não, pelo trabalho que tenho feito, con-fesso que estava um pouco à espera que pudesse acontecer. Existiu alguma indecisão quanto à minha inclusão na equipa Sub/21, ou na equipa Sénior, porque se lesionou um dos melhores jo-gadores Sub/21, mas deram-me os parabéns e disseram-me que o meu lugar era na Seleção de Seniores. Fiquei muito feliz por isso, é um passo enorme na minha carreira de atleta, mas tam-bém uma responsabilidade maior”, sustenta o atleta. Mas fica também a certeza de que na co-mitiva se vai falar alentejano porque ao bejense João Roque vai juntar-se o atleta Bruno Leitão

que representa o Fronteirense, ambos na equipa principal. Para eles algo será diferente no fu-turo, pelo menos a constatação de integrarem o grupo de elite entre os cerca de 150 atletas que a modalidade tem em Portugal.

“Vou lá fora aprender e depois transpor-tar esses ensinamentos à minha equipa para que possamos melhorar os nossos resulta-dos”, confidenciou João Roque sem esquecer: “A Associação vai ajudar-me comparticipando com algumas despesas, outras seremos nós a suportar, na verdade, parece mal termos que pagar para representarmos a Seleção do nosso país, mas como temos amor à camisola, não po-demos olhar para trás. São oportunidades úni-cas” compreende o atleta, sublinhando que “por causa dos Jogos Olímpicos a Federação está com algumas dificuldades, então cada atleta tem que ajudar”. O Pedro Mestre e o Sandro Guerreiro, atletas que integraram os estágio, eram poten-ciais presenças no Mundial, mas, explicou João Roque, “eles estão sem material, é uma modali-dade cara, tenho um barco que me custou 600 euros e que teve que ser pago com o meu suor”. O jovem fez questão ainda de realçar o que disse ser “o apoio fantástico da direção da APS, fle-xibilizando os seus compromissos profissionais no Cais da Planície, onde trabalha atualmente”. Porque afinal, o Associação Pagaia Sul é o seu clube mas, também, a âncora profissional que o prende ao Cais da Planície.

“Vou lá fora aprender e depois transportar esses ensinamentos à minha equipa para que possamos melhorar os nossos resultados”, confidenciou João Roque

Gala dos Campeões A Gala da Associação de Atletismo de Beja, para a habitual distinção dos campeões da época desportiva 2011/2012, realiza-se no próximo dia 8 de setembro, pelas 15 e 30 horas, no Clube de Sargentos da Força Aérea, na cidade de Beja

Realizam-se hoje na sede da Associação

de Futebol de Beja, pelas 20 e 30 horas, os

sorteios das provas regulares (campeonatos

de seniores, juniores, juvenis e iniciados

e taças de seniores, juniores e juvenis)

organizadas por aquele organismo.

O Conselho Regional de Arbitragem

da AF Beja promove ao longo do dia

de amanhã um conjunto de ações de

formação e avaliação (com provas físicas

e testes teóricos), dirigidas aos árbitros

e observadores do seu quadro distrital.

Sorteios da AF Beja

realizam-se hoje

Formação e avaliação de árbitros

em Beja

Maratona de Pesca Desportiva O Clube Bejense dos Amadores de Pesca Desportiva organiza amanhã, na concessão de Pesca da Barragem de Santa Clara do Louredo (Boavista), uma prova denominada “Maratona à Americana” (seis horas consecuti-vas de pesca). A concentração está marcada para as 6 e 30 horas na sede do clube.

Kayak polo O bejense João Roque (Pagaia Sul) integra a Seleção Nacional que disputará o mundial em Poznan, Polónia

Diário do Alentejo31 agosto 2012

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Pélvico

Reabilitação

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Diário do Alentejo31 agosto 2012

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Dr.ª Dulce Rocha Nunespsiquiatria e saúde mentalDr. Daniel Barrocaspsicologia clínicaDr.ª Maria João Póvoaspsicologia educacionalDr.ª Silvia Reisterapia da falaTerapeuta Vera Baião

Terapeuta Fábio Apolináriocirurgia vascularDr.ª Helena Manso

Dr.ª Nídia AbreupodologiaDr. Joaquim Godinho

medicina dentária Dr. Jaime Capela (implantologia)

Dr. António Albuquerqueprótese dentáriaTéc. Ana João Godinho cirurgia maxilo-facialDr. Luís Loureiro

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psicomotricidade|apoio pedagógicoTerapeuta Helena Louro

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Diário do Alentejo31 agosto 2012

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Diário do Alentejo n.º 1584 de 31/08/2012 1.ª Publicação

PEDRO BRANDÃO

Agente de Execução

C.P. 3877

ANÚNCIOTribunal Judicial de Cuba – Secção ÚnicaAcção ExecutivaProcesso n.° 22/09.6TBCUBExequente: Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Guadiana Interior, CRLExecutados: Maria Catarina Calhau Carraça Santos e outros.

FAZEM-SE SABER que nos autos acima identifi cados se encontra designado o dia 19 de Setembro de 2012, pelas 14:30 horas, no Tribunal acima identifi cado, para abertura de propostas que sejam entregues até esse momento na Secretaria do mesmo, pelos interessados na compra do seguinte bem:

Prédio Urbano, propriedade total, sito na Praça da República, em Vila Alva, em cuja matriz se acha inscrito sob o artigo 453, descrito na Conser-vatória do Registo Predial de Cuba sob a fi cha 1163/20030530, Vila Alva.

O bem pertence aos Executados:JOAQUIM ANTÓNIO ESTEVENS DOS SANTOS, NIF: 120899921 e

MARIA CATARINA CALHAU CARRAÇA DOS SANTOS, NIF: 184243491VALOR BASE: 67.500,00 €Será aceite a proposta de melhor preço acima do valor de 47.250,00€,

correspondente a 70% do Valor Base.Nos termos do artigo 897° n.° 1 do CPC, os proponentes devem

juntar à sua proposta, como caução, cheque visado à ordem do agente de execução, no montante correspondente a 20% do valor base do bem, ou garantia bancária, no mesmo valor.

É Fiel Depositário que o mostrará a pedido o executado Joaquim António Estevens dos Santos, residente na Rua Afonso Costa, n.° 7, em Vila Alva.

O Agente de Execução, Céd Prof. 3877 Pedro Brandão

ASSINATURA

Praceta Rainha D. Leonor, Nº 1 – Apartado 70 - 7801-953 BEJA • Tel 284 310 164 • E-mail [email protected]

Redacção: Tel 284 310 165 • E-mail [email protected]

Desejo assinar o Diário do Alentejo, com início em _______________, na modalidade que abaixo assinalo:

Assinatura Anual (52 edições): País: 28,62 € Estrangeiro: 30,32 €

Assinatura Semestral (26 edições): País: 19,08 € Estrangeiro: 20,21 €

Envio Cheque/Vale Nº___________________ do Banco _____________________________________

Efectuei Transferência Bancária para o NIB 0010 00001832 8230002 78 no dia ___________________ Nome _______________________________________________________________________________

Morada ______________________________________________________________________________

Localidade ___________________________________________________________________________

Código Postal ________________________________________________________________________

Nº Contribuinte ________________________Telefone / Telemóvel ______________________________

Data de Nascimento __________________________________ Profissão _________________________

*A assinatura será renovada automaticamente, salvo vontade expressa em contrário* Cheques ou Vales Postais deverão ser emitidos a:

AMBAAL – Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral

Diário do Alentejo31 agosto 2012

necrologia diversos 25

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Beja

MISSA E

AGRADECIMENTO

Engrácia Maria

Caldeira Guerra

7º Dia de Eterna Saudade

Sua irmã, cunhado, sobrinhos

e restante família na impos-

sibilidade de o fazer individu-

almente vêm por este meio

agradecer a todas as pessoas

que acompanharam a sua ente

querida à sua última morada

ou que de qualquer forma

manifestaram o seu pesar e

participam que será celebrada

missa pelo seu eterno descan-

so no dia 01.09.2012, sábado

pelas 18.30 horas na Igreja do

Carmo em Beja, agradecendo

desde já a todas as pessoas

que nela participem.

PENEDO GORDO

†. Faleceu a Exma. Senhora D. EMÍLIA FERREIRA MARTINHO GUERREIRO, de 68 Anos, natural de Santiago Maior - Beja, casada com o Exmo. Sr. João Afonso Guerreiro. O funeral a cargo desta Agência, realizou-se no passado dia 24, de Casa Mortuária do Penedo Gordo, para o cemitério local.

VALE DE AÇOR

†. Faleceu a Exma. Senhora D. ANGELINA BÁRBARA, de 80 anos, natural de Alcaria Ruiva - Mértola, casada com o Exmo. Sr. António Silvestre Sousa. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 24, de Igreja de Vale de Açor de Cima, para o cemitério de Vale de Açor. .

SANTA VITÓRIA

†. Faleceu a Exma. Senhora D. ELISA VITÓRIA, de 90 anos, natural de Santa Vitória - Beja, viúva. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 26, da Casa Mortuária de Santa Vitória, para o cemitério local.

BEJA

†. Faleceu a Exma. Senhora D. MARGARIDA PEREIRA AURÉLIO ALVES LEAL, de 99 anos, natural de Vila Blanca - Sevilha, viúva. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 26, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

BEJA / SANTO ALEIXO DA RESTAURAÇÃO

†. Faleceu a Exma. Senhora D. ENGRÁCIA MARIA CALDEIRA GUERRA, de 65 anos, natural de Santo Aleixo da Restauração - Moura, solteira. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 27, da Casa Mortuária de Santo Aleixo da Restauração, para o cemitério local.

BEJA

†. Faleceu a Exma. Senhora D. FRANCISCA PACHECO DO RIO PEDRO FLORES, de 80 anos, natural de Raposeira - Vila do Bispo, viúva. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 27, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

BEJA

†. Faleceu o Exmo. Senhor SR. JOSÉ MARIA GONÇALVES, de 67 anos, natural de Abela - Santiago do Cacém, casado com a Exma. Sra. D. Maria de Fátima dos Reis Regageles. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 29, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

Às famílias enlutadas apresentamos as nossas mais sinceras

condolências.

Consulte esta secção em www.funerariapax-julia.pt

Rua da Cadeia Velha, 16-22 - 7800-143 BEJA Telefone: 284311300 * Telefax: 284311309

www.funerariapaxjulia.pt E-mail: [email protected]

Funerais – Cremações – Trasladações - Exumações – Artigos Religiosos

Diário do Alentejo31 agosto 2012

26

28 000É o número de leitores que todas as semanas lê o “Diário do Alentejo” na sua versão papel.

No facebook, todos os dias, mais de 4 000 leitores seguem a atualidade

regional na página do “DA”

www.diariodoalentejo.pt facebook.com/diariodoalentejo

Diár

io d

o Al

ente

jo

Corr

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lent

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A Pl

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Fonte: Marktest. Relatório de resultados da imprensa regional no período compreendido entre abril de 2010 e março de 2011

Diá

rio d

o A

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gost

o 20

12

27O XII encontro das Palavras Andarilhas está mesmo à porta e se por um lado há

atividades direcionadas a um público especifico, também as famílias e os mais

pequenos não ficaram esquecidos. O melhor é consultar o programa em http://

www.palavrasandarilhas.org/ para veres a oferta disponível. O cartaz deste ano

foi feitó por Susa Monteiro que entre outros projetos colabora com o “Diário do

Alentejo”.

Temos Palavras Andarilhaspara o fim

de semana

Dica da semanaTodas as dicas publicadas nesta secção pretendem não só dar-te a conhecer o trabalho de alguns artistas plásticos, ilustradores ou pessoas ligadas à arte que de uma forma ou outra podem enriquecer o teu conhecimento. Hoje é a vez de Chloé Fleury, uma ilustradora francesa que se apaixonou pelos Estados Unidos aos dez anos e é em São Francisco que desenvolve o seu trabalho quase todo tridimensional feito com cartolinas coloridas que se desdobram em personagens e cenários absolutamente fantásticos. Podes seguir o seu trabalho em http://www.chloefleury.com/ ou através do blog http://blog.chloefleury.com/

Pais

A páginas tantas ...Já todos conhecem o clássico “Cinderela” do francês Charles Perrault, publicado pela primeira vez em 1697. No entanto em 1983 e pelas mãos do ilustrador Roberto Innocenti recebeu uma nova abordagem. Cenários hiperrealistas que se desenrolam nos loucos anos 20 dão a esta personagem uma nova vida. Publicado agora em Portugal pelas mãos da editora Gato na Lua. Traduzido para português, tens também deste autor “Uma canção de Natal”, de Charles Dickens editado pela Kalandraka. Vale a pena rever estes clássicos fantasticamente reinventados.

À solta

Um simples ovo estrelado, mas cheio de imaginação. Para conseguir que a gema fique no sítio desejado o truque é pôr primeiro a clara e quando esta começar a ficar um pouco mais branca colocar a gema. www.cutefoodforkids.com

Com pasta de papel podes criar inúmeras personagens. Hoje deixamos-te uma ideia do site “Pinta la Luna” http://pintalaluna.blogspot.com.es/

Se ainda andas pela praia este jogo é o indicado. Podes fazer dentro do teu balde de praia, mas também podes limitar um espaço na areia onde vais esconder os teus tesouros, mas atenção, o melhor é escolheres objetos que se se perderem não sintas assim tanta falta. É que às vezes a areia prega partidas.

Jogo

Diá

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gost

o 20

12

Boa vidaComer Costeletas de sardinhas panadas

Ingredientes:12 sardinhas frescas,3 ovos,q.b. de sal fino,4 dentes de alho picados,Sumo de 2 limões,q.b. de pão ralado.

Confeção:Retiram-se as cabeças às sardinhas, abrem-se no sen-tido do comprimento pelo lado da barriga e tira-se a espinha.Apara-se as pontas da bar-riga com a faca.Temperam-se com sal, sumo de limão e alho picado.Ficam a marinar durante uma hora.Passam-se por ovo batido e pão ralado e fritam-se em óleo quente.Retire-as e coloque sobre papel absorvente.Sirva com um arroz de to-mate e salada mista a seu gosto.Bom apetite…

António Nobre Chefe executivo de cozinha – Hotéis M’AR De AR, Évora

LetrasA coisa à volta do teu pescoço

Os dois primeiros livros da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie – A cor do hibisco (Commonwealth Writers’ Prize 2005) e Meio sol amarelo (Orange

Prize 2007) – impuseram-na como uma escritora afri-cana brilhante. Fizeram-na ainda figurar na lista da New Yorker dos 20 escritores, com menos de 40 anos, a seguir.

A coisa à volta do teu pescoço reúne 12 histórias que denotam as qualidades de contadora de Adichie mas que sobretudo se impõem pela fuga ao artificia-lismo e pela sensibilidade com que a escritora aborda realidades que conhece bem.

Adichie cresceu em Nsukka, uma cidade univer-sitária do sudeste da Nigéria, tendo emigrado com 19 anos para os EUA, onde estudou. A experiência de deslocamento, o seu conhecimento quer da realidade dos gangs de adolescentes quer das lutas políticas e religiosas no seu país e a importância dada à condi-ção da mulher, entrosados com o seu talento para a escrita e a elegância da composição, dão verdade às suas histórias.

“Cela um” é uma história sobre como a indulgên-cia com que os universitários nigerianos educam os filhos os despoja de uma moral. A redenção chega, por via do amor, mas a crítica social fica impressa logo no conto que abre o livro. Essa crítica vai surgindo, aqui e ali, assumida e com elegância - como a evocação, em “Imitação”, do modo como os ingleses se apossaram das placas de bronze do Benim.

A insegurança feminina, agudizada pela precarie-dade da condição de imigrante, a perda da intimidade entre companheiros e os laços entre mulheres – que se reconhecem para além das opções religiosas e da con-dição social (“Uma experiência privada”) – sustentam os contos, emersivos e às vezes comoventes.

Maria do Carmo Piçarra

FilateliaO pão na história de Portugal (XIII)

A nossa história está cheia de episódios ligados ao pão. Alguns já se encontram filatelizados.

O nosso rei, D. Sancho I (1154/1211), o “Povoador”, ao estabelecer medidas que visavam a ocupação do território con-quistado por seu pai, também teve como objetivo o incremento da agricultura, pois já por essa época os cereais para o fabrico de pão não abundavam por aqui.

Lenda, ou realidade, a história pátria fala-nos de alguns epi-sódios ligados ao pão, nomeadamente o Milagre das Rosas, atri-buído à Rainha Isabel, esposa de D. Dinis e mais tarde canoni-zada. E a Deu-la-Deu, durante o cerco a Monção.

Segundo os relatos que chegaram até nós, a rainha Isabel ti-nha por hábito ajudar os pobres, mas escondia do rei tal ativi-dade. Certo dia ao ser por ele indagada sobre o que transportava

no regaço, ela, abrindo-o, res-pondeu “são rosas, Senhor”; de imediato o pão que aí le-vava para os pobres transfor-mou-se em rosas.

Da ardilosa Deu-la-Deu, esposa de Vasco Gomes de Abreu, capitão-mor da praça de Monção, estando o ma-rido ausente e a praça si-tiada (1369) pelo exército de Fernando II, durante a pri-meira das três guerras contra Castela (1369/1371) e, quando a fome já assolava os sitiados, ela, conhecedora do desânimo que também já grassava, de-vido à fome, nos sitiadores, manda reunir toda a farinha existente na praça, fazer pães e atirá-los pelas ameias ao ad-versário dizendo-lhes que ha-veria mais se o desejassem. Tal feito desmoralizou os cas-telhanos que de seguida le-vantaram o cerco à praça.

Pa r a obst a r à e sc a s-sez de produtos agrícolas,

que af ligia o reino e que era comum a toda a Europa, o rei D. Fernando (1345/1383) tomou medidas para tentar resolver a si-tuação. Mandou publicar a Lei das Sesmarias (1375) pela qual se pretendia, através de diversas imposições, fixar os trabalhado-res rurais nas regiões onde habitavam e obrigar os proprietários de terras a cultivá-las.

Anos mais tarde (1385) sobressai a Padeira de Aljubarrota. Segundo a tradição, na guerra que o rei de Castela nos moveu por se achar com direito a ocupar o trono português, vago pela morte de D. Fernando, a portuguesa D. Brites de Almeida, que ficou na história como a Padeira de Aljubarrota, na batalha que se desenrolou nas cercanias desta localidade, terá manejado a pá do seu forno com tal perícia, que à sua conta pôs fora de com-bate a meia dúzia de castelhanos que a importunaram.

A falta de cereais também, século e meio depois, foi uma das razões para o início da expansão ultramarina portuguesa, com a ocupação do norte de África, no reinado de D. João I.

Ilustração: Afinsa 429 e carimbo de Monção de 15/08/2007.. (continua)

Geada de Sousa

Chimamanda Ngozi AdichieD. Quixote224 págs15,90 euros

28 A Gogo é uma cadela adulta, de porte médio. Foi recolhida da rua com uma

ninhada. Os filhos foram entretanto adotados e a Gogo ainda espera pela sua

oportunidade para sair do canil. É muito meiga com as pessoas e também muito

tolerante e sociável com outros cães. Já está esterilizada e desparasitada. Será

vacinada antes da adoção. Venham conhecê-la ao Cantinho dos Animais de Beja.

Contactos: 962432844; [email protected]

Diário do Alentejo31 agosto 2012

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12King Mokadi

animam pátio das Oficinas

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Fim de semana

Trazendo a música trad-folk para as pistas de dança do meio urbano, com um

som que gostam de apelidar de “turbo-trad”, os King Mokadi, para ver hoje, a

partir das 22 horas, no pátio do espaço Oficinas, em Aljustrel, reinterpretam a

música tradicional, criando novas sonoridades a partir de arranjos europeus,

árabes e africanos. King Mokadi é um grupo fundado por músicos e amigos

pertencentes à cena musical lisboeta, sendo a sua música o reflexo das origens

diversificadas dos seus elementos: África, América, Portugal e Europa.

Percursos de Verão passam por Santa Maria Entre as quatro freguesias urbanas da cidade de Beja, Santa Maria é a do Nascente.

“O sol nasce e percorre-a até à praça da República e ao Museu Rainha D. Leonor,

passando pela sua igreja, considerada a mais antiga da cidade”. É esta experiência,

conduzida por Marta Páscoa, que o ciclo Percursos de Verão – Beja com História,

promovido pelo município local, propõe para o fim da tarde de hoje, sexta-

feira, com encontro marcado para as 18 horas, no Terreirinho das Peças. A visita

guiada, que requere inscrição, tem o preço de sete euros, e desafia os interessados

a ver a cidade “com outros olhos, na calma das tardes longas e já mornas”.

Concentração Motard em VidigueiraArranca hoje, sexta-feira, a 14.ª Concentração Motard de Vidigueira, organizada

pelo grupo motard local, que se prolonga até domingo, dia 2. Aproveitando a

iniciativa, o Núcleo de Voluntariado do concelho promove uma campanha alimentar,

denominada Banco Solidário, que desafia os participantes da concentração a

contribuir através da compra de vales, “para ajudar quem mais precisa”, sendo que

cada vale está associado a um produto alimentar. Também associada ao evento,

mantém-se patente até 9 de setembro, no posto de turismo local, a exposição

“Sobre rodas em terras de Vasco da Gama”, com material fornecido pelo grupo

motard pretendendo mostrar todas as fases e alterações por que passaram,

quer o grupo, quer a própria concentração, ao longo das suas existências.

Adelaide Ferreira na Semana Cultural de Salvada A decorrer desde sábado, 25, a Semana Cultural de Salvada cumpre

hoje, sexta-feira, um dos seus momentos mais altos. Pelas 22 horas, a

cantora veterana Adelaide Ferreira sobe ao palco do Cine Monumental,

inaugurando mais uma noite de festa que prossegue com a Salvada

White Night, animada pelos DJ Frederico Barata e Tape. Amanhã,

sábado, para encerrar, o lugar de Vale de Rossins recebe, a partir

das 19 horas, um arraial popular cujos animadores de serviço são

o grupo coral Vozes do Alentejo e o duo musical Sónia e Paulo.

Entre hoje e segunda, dia 3

Feira de Cuba homenageia

Ricardo Landum

É mais uma vez em torno das atividades económicas lo-cais, gastronomia, espetáculos e vários tipos de anima-ção que Cuba cumpre, a partir de hoje, sexta-feira, mais

uma feira anual, este ano a comemorar o seu 79.º aniversário. O certame, que se prolonga até segunda-feira, dia 3, mantém a componente de feira tradicional mas a esta acrescenta-lhe, mais uma vez, novas formas de promoção dos produtos regio-nais, como é o caso do pão alentejano, rei da 13.ª Festa do Nosso Pão. Local de encontro privilegiado, a Feira Anual de Cuba re-ceberá amanhã, sábado, a 15.ª edição do Convívio-Almoço dos Cubenses Não Residentes, organizado pelo Núcleo dos Amigos da Cuba (NAC) e pelo município local. “É notório o movimento que se regista nos dias do evento e mesmo nos que o antecedem em todo o concelho de Cuba, com as repercussões que tal mo-vimento provoca na dinamização do comércio local, nome-adamente na hotelaria e restauração, fator determinante em alturas de maior constrangimento económico”, lembra a au-tarquia.

Antes deste encontro, pelas 12 horas, decorre uma homena-gem a Ricardo Landum, um cubense não residente que muito se tem destacado como músico, autor e compositor, assinando alguns dos maiores êxitos da que se convencionou chamar “música pimba”, os casos de “Afinal Havia Outra”, “Comunhão de Bens”, “Depois de Ti Mais Nada”, “Coisinha Sexy”, “Mãe Querida, Mãe Querida” ou “Já Não Sou Bebé”. A concentra-ção é junto ao Monumento ao Cante Alentejano, numa ceri-mónia em que será descerrada a placa toponímica da nova rua Ricardo Landum e na qual participam a Banda da Sociedade Filarmónica Cubense 1.º de Dezembro, os grupos corais Os Ceifeiros de Cuba e Flores do Alentejo, além de vários artistas nacionais que se associaram ao tributo, como Tony Carreira, Mickael Carreira, José Malhoa, Toy, Rebecca, Ana Ritta, Graciano Saga e José Reza, entre outros, confirma o municí-pio. Nessa mesma noite, pelas 22 e 30 horas, David Antunes & The Midnight Band protagonizam um espetáculo de homena-gem ao compositor cubense, e Mickael Carreira (na foto) fará o mesmo no domingo, dia 2, à mesma hora.

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facebook.com/naoconfirmonemdesminto

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estamos

no facebook!

(sim, prezado leitor, passe

por lÁ que tambÉm gostamos

de vÍdeos com gatos a tocar piano)

Na semana passada atingimos as 50 edições da “Não confirmo, nem desminto”, facto que não passou despercebido aos mercados financeiros e ao autor desta página. Posso avançar que a festa foi rija: houve uma noite de regada com uma palete de panachés e 250 gramas de mortadela com azeitonas. Mas o melhor estava para vir: ultrapassámos os 300 seguidores na nossa página do Facebook, o que me levou a fazer parapente ves-tido apenas com uma tanga de leopardo – enfim, o habitual. Aproveito para agradecer aos nossos seguidores e lanço o apelo aos amigos deste jor-nal no Facebook para que se juntem a nós. A nossa página tem notícias frescas, as melhores fotomontagens, a previsão do tempo para Santo Amador e tremoços depois das 18 horas. Apareçam.

Tubarão avistado em Vila Nova de Milfontes prefere praias daquela zona, pois “os alentejanos têm a melhor chicha”

Foi avistado um tubarão de metro e meio

nas praias das Furnas e da Franquia, em Vila

Nova de Milfontes, o que provocou algum

sobressalto naquela zona. Apesar disso, a

calma imperou e os nadadores-salvadores

pediram aos banhistas que se retirassem

da água, o que fizeram rapidamente, à ex-

ceção daqueles que ostentavam queimadu-

ras de 2.º grau devido à exposição solar pro-

longada. Ao que apurámos, tratava-se de

um tubarão ainda adolescente que andaria

a vaguear pela zona porque “os alentejanos

têm a melhor chicha”, como nos explicou…

o próprio tubarão: “Ya, looool, nunca pen-

sei, tipo, haver tanta notícia sobre mim. Só

ando por aqui por conselho da minha mãe.

Ela disse-me que era melhor vir aqui porque

a chicha dos alentejanos é muito mais sa-

borosa do que na generalidade das praias.

Parece que têm mais bifidus, proteínas e as-

sim… E o raio da velha, tipo, tinha razão…

Eu passava a vida no Algarve e posso-te di-

zer que as bifas são como a fruta no hiper-

mercado: tipo, por fora têm muito bom as-

peto, mas depois vai-se a ver e sabem a

esferovite. Looooolada!”.

CRIAÇÃO DE PRAIA EM QUINTOS ABRE CAMINHO PARA A MARINA DE

BALEIZÃO A intenção de criar uma zona de lazer de caráter flu-

vial perto das azenhas de Quintos está a despertar grande inte-

resse junto dos banhistas alentejanos. É que, para além da praia

da Mina de S. Domingos, da praia de Messejana e de um tanque da

roupa em Alfundão, são poucos os destinos com água que podem

ser visitados pelos veraneantes. Na zona de Quintos já começou a

ser colocada areia fina, e são cada vez mais os curiosos que acor-

rem ao local: “Foi uma grande ideia!” – afirmou Lúcio Sem Pé, ba-

nhista com boias da Winx. – “A água dá-me quase pelos joelhos, é

a loucura! É um sítio ótimo para desportos radicais como o kitesurf

ou a batalha naval! Estamos também a organizar o campeonato

de saltos para a água – ganha quem tiver menos fraturas expos-

tas!”. Mas a criação desta praia parece ser apenas o início, já que,

segundo apurámos, a abertura de um canal de rega do Alqueva

para aquela região poderá vir a criar outras oportunidades num

futuro próximo: fonte da autarquia garantiu-nos já estarem na

calha a criação de uma marina em Baleizão, o renascimento da

Beja Aquática, nas Neves, e o establecimento de um porto de re-

creio em Vila Azedo.

FUTEBOL: CLUBES QUE DESISTIRAM DOS CAMPEONATOS REGIONAIS

ESTÃO A ORGANIZAR UMA LIGA DE SUBBUTEO As dificuldades fi-

nanceiras estão a afastar os clubes dos campeonatos regionais

de futebol. Podemos avançar que, neste momento, graças à falta

de apoios, os clubes não conseguem sequer pagar aos jogadores

em sandes mistas e coca-cola do LIDL. “É uma situação aflitiva”,

declarou um dirigente desportivo. “Nem sequer conseguíamos ir

buscar os jogadores a casa. Eles tinham de ir a pé até aos treinos,

mesmo os que moravam a 30 km. Ora, quando lá chegavam, já

iam tão cansados que não conseguiam treinar. Depois ainda vol-

tar para trás, com as cãibras…”, acrescentou. Mas o bichinho do

futebol ainda mexe com os dirigentes, adeptos e atletas que, se-

gundo consta, se preparam para organizar uma liga regional de

Subbuteo. Ao que apurámos, será um campeonato com duas vol-

tas, havendo a possibilidade de os jogos terem a lotação máxima

de seis espectadores, serem policiados por cães pisteiros da GNR,

e terem serviço de catering – diversas roulottes da região já se dis-

ponibilizaram para fornecer mini-bifanas e mini-cachorros-quen-

tes. A Liga será transmitida nos canais Sport TV e Sexy Hot.

Última

hora

Ecce Homo do Museu Regional de Beja exige restauro por octogerária espanhola porque também quer os seus 15 minutos de fama

Inquérito Segundo o relatório de qualidade da água do último trimestre, a água de Beja tem qualidade acima da média nacional. Concorda?

FÁBIO H2O, 36 ANOS

Tipo do caraças e Dj em casamentos

É evidente que tem! As pessoas passam a vida a queixar-se

da qualidade da água mas nem fazem ideia da sorte que têm.

Experimentem morar ao pé do rio Trancão e logo veem o que é mau

cheiro e achigãs com três cabeças. A água de Beja faz muito bem

aos meus dentes – como é que acha que os mantenho tão brancos?

Graças à água! Tem um calcário que faz milagres. Agora posso can-

didatar-me a um emprego com futuro. Basta sorrir e estou auto-

maticamente habilitado a trabalhar como feixe de luz num farol.

TATIANA EVIAN, 43 ANOS

Pessoa que viu o filme “A Lagoa Azul” 12489 vezes

Gosto muito da minha cidade, mas a água é um bocadinho intra-

gável. A água é tão dura que, quando faço um guisado, em vez de

meter um caldo de carne, tenho de usar uma pastilha de Calgon…

E quando tomo banho, limpo-me com a toalha e raspo-me com

pedra-pomes para retirar os restos de calcário. Cá em casa só se

bebe água do garrafão, ou de um poço mesmo ao lado da mina de

Aljustrel… A água vem um bocadinho suja, mas dá para fazer um

arroz de coentros espetacular.

MATILDE EVAPORAÇÃO, 26 ANOS

Pessoa que acha que o sabonete é uma conspiração capitalista para

nos fazer gastar dinheiro

Usar água? Mas para quê, man? Para acabar com todos os recur-

sos que a mãe natureza nos oferece? Para quê, quando há alter-

nativas tão boas? Eu, por exemplo, não tomo banho desde o 7.º

ano… Limpo-me com folhas de amoreira e saliva do meu golden

retriever – sabiam que a boca de um cão é 100 vezes mais limpa

do que a boca do homem? Aquilo é praticamente um desinfetante.

Portanto, não gastem água. E não abusem de outros recursos como

o ar – respirem só quando fizer falta, ‘tá?

Nº 1584 (II Série) | 31 agosto 2012

RIbanho POR LUCA

FUNDADO A 1/6/1932 POR CARLOS DAS DORES MARQUES E MANUEL ANTÓNIO ENGANA PROPRIEDADE DA AMBAAL – ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS DO BAIXO

ALENTEJO E ALENTEJO LITORAL | Presidente do Conselho Directivo José Maria Pós-de-Mina | Praceta Rainha D. Leonor, 1 – 7800-431 BEJA | Publicidade e

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da Redacção Alberto Franco, Aníbal Fernandes, Carlos Júlio, Firmino Paixão, Marco Monteiro Cândido Provedor do Leitor João Mário Caldeira | Colunistas Aníbal

Coutinho, António Almodôvar, António Branco, António Nobre, Carlos Lopes Pereira, Constantino Piçarra, Francisco Pratas, Geada de Sousa, José Saúde, Rute Reimão

Opinião Ana Paula Figueira, Bruno Ferreira, Cristina Taquelim, Daniel Mantinhas, Filipe Pombeiro, Francisco Marques, João Machado, João Madeira, José Manuel Basso,

Luís Afonso, Luís Covas Lima, Luís Pedro Nunes, Manuel António do Rosário, Marcos Aguiar, Maria Graça Carvalho, Martinho Marques, Nuno Figueiredo | Publicidade

e assinaturas Ana Neves | Paginação Antónia Bernardo, Aurora Correia, Cláudia Serafim | DTP/Informática Miguel Medalha | Projecto Gráfico Alémtudo, Design e Comunicação

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www.diariodoalentejo.pt

Hoje, sexta-feira, último dia do mês de agosto, o sol deverá brilhar em toda a região. A temperatura vai oscilar entre os 18 e os 34 graus centígrados. Amanhã, sábado, o céu estará limpo e no domingo também não são esperadas nuvens.

“Revolta-te por Beja”Da Internet para a estrada

“Revolta-te por Beja” é o nome de um novo

movimento cívico que, em menos de uma semana,

conseguiu mais de cinco mil aderentes no Facebook.

Trata-se de uma página de debate cujo principal

objetivo de discussão se prende com a interrupção

das obras nas duas estradas que integram a

concessão rodoviária do Baixo Alentejo: o IP2, entre

Castro Verde e Évora, e o IP8, entre Beja e Sines.

Lançado pelo designer e empresário bejense Pedro

do Rosário, este grupo pretende em breve passar

das palavras aos atos. Ainda sem ter propriamente

um manifesto explícito, Pedro do Rosário afirma

que “o interesse principal do grupo se prende com

a injustiça e a falta de lógica que está por detrás da

paragem das obras em duas estradas fundamentais

para o desenvolvimento da região. Não é lógico

parar a meio uma autoestrada que já está tão

avançada como esta. Quanto é que isto já custou?

Quanto vai custar retomar as obras no futuro?

Quem vai pagar a fatura?”, questiona um dos líderes

do movimento. Entretanto, na última segunda-

feira, vários aderentes do “Revolta-te por Beja”

fizeram a primeira reunião formal do grupo, fora

do Facebook, e resolveram concertar “para breve e

em data ainda a anunciar uma intervenção social

de grande impacto mediático, que ponha o País todo

a olhar para esta triste realidade”, revelou Pedro do

Rosário. A avaliar pelos comentários e propostas

que têm sido deixados na página do grupo no

Facebook, não será de estranhar que se adivinhe uma

marcha lenta até às obras da autoestrada, a criação

de uma portagem virtual na rotunda de Lisboa

ou até mesmo a oferta de limonadas em troca de

assinaturas da petição que “em breve será publicada

pelo movimento e posteriormente entregue a todas

as instituições e entidades com responsabilidades

políticas nesta situação”. É que para Pedro do Rosário

trata-se, de facto, de “uma questão de vontade

política. Estamos sempre a ficar para traz nas opções

que são tomadas pelos nossos governantes e isso não

aceitamos. Seja quem for que estiver no Governo.

Aliás, o nosso movimento é cívico, não tem nada a

ver com partidos e não queremos misturar política

partidária no assunto. Todos podem participar, mas

têm que deixar os cartões e as simpatias partidárias à

porta”, acrescenta Pedro do Rosário.

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Pacifista, Luís Torres guarda uma poderosa arma para mudar o mundo. Ou, pelo menos, por ins-

tantes, para afastar o medo e abrir um sorriso no coração dos seus espetadores - nas ruas, em teatros, nos hospitais. “O nariz de palhaço é um bálsamo para to-das as injustiças”, acredita este andaluz, de Cádis, que procurou Odemira para ser pai e que assume a tarefa de seu em-baixador por onde a arte o leva. Ou seja, por todo o mundo.

Da tradição conhecemos o palhaço po-

bre e o palhaço rico. Mas o José Luís as-

sume-se como um palhaço ativista. O

que é exatamente?

Dentro da tradição identifico-me com o palhaço pobre (Augusto). O termo “ati-vista” uso-o para mostrar que a nossa linguagem é útil para a sociedade em que vivemos. Os meus espetáculos têm um conteúdo que pode levar a alguma mudança social, e, quando é necessário, denuncio injustiças que vivemos no dia a dia. O nariz de palhaço é um bálsamo para todas as injustiças, uma arma que nunca gera violência, mas sim amor, fraternidade.

Nasceu em Cádis, passou por Sevilha e

Lisboa, e reside agora no concelho de

Odemira. O que o trouxe até aqui?

Resido no concelho de Odemira há 10 anos, numa linda aldeia chamada Troviscais. O que me levou a viver aqui foi a vontade de ser pai e de criar o meu bebé num meio rural, fora da confusão da cidade. Como viajante pelo mundo, em muitos festivais de Teatro de Rua (em mais de 200 cidades de 35 países), levo sempre o nome de Odemira onde vou. Mesmo sendo “espanholito”, a

José Torres

37 anos, natural de Cádis, Espanha

Estudou Trabalho Social, em Sevilha, Artes Circenses, no Chapitô, em Lisboa, e reside há uma década no concelho de Odemira, do qual tem sido um embaixador entusiasta pelas mais de 200 cidades de todo o mundo onde já atuou. “Pai, palhaço, freelancer, formador, encenador, assistente social, palhaço hospitalar e desdramatizador profissional” - é assim que se define quando lhe pedem rótulos. Presidente e diretor artístico da Associação Remédios do Riso, atualmente a realizar visitas regulares no Hospital do Espírito Santo, em Évora, foi também já premiado em diversos festivais internacionais. Um trabalho em várias frentes que pode ser visitado em http://www.enano-free-artist.com.

costela alentejana não há quem ma tire. Costumo dizer que sou o Palhaço do Alentejo (de interesse turístico interna-cional). Desde há sete anos que, no verão, rejeito convites do estrangeiro para rea-lizar espetáculos de rua em diversas po-voações turísticas do concelho. E é incrí-vel como as pessoas, ano após ano, vêm à procura dos shows do Palhaço Enano, que são parte do programa de verão de mui-tos turistas e emigrantes portugueses.

Qual o seu entendimento pessoal acerca

da missão do palhaço no mundo?

O palhaço tem muito que dizer na so-ciedade atual e sobretudo o que mos-trar. Nesta vida sobram as palavras (so-bretudo dos políticos) e faltam os atos. Sinto que tenho a “obrigação” de mos-trar às pessoas que tudo é mais fá-cil do que parece, que nos querem me-ter medo, por interesse, que a felicidade não a dá o dinheiro, mas sim ter o co-ração e os braços abertos para o pró-ximo. Que vida só há uma e não pode-mos viver em desagrado, mas sim em paz e harmonia, respeitando sempre a mãe terra.

O que distingue a rua dos outros palcos

onde atua?

É o palco mais difícil e desafiante, daí que sejam poucos os que se atrevem a lá estar. Implica muita imprevisibilidade, situa-ções de improviso; não existe um palco que separe o artista do público, é tudo mais perto, olhos nos olhos. Temos que transformar a rua no nosso palco e tentar fazer com que as pessoas parem o ritmo da sua vida para poder apreciar o espetá-culo. Eu chamo-lhe o Teatro da Liberdade – as pessoas não estão habituadas a dar e a ter essa liberdade. Carla Ferreira

Espanhol, José Torres vive há 10 anos no concelho de Odemira

Enano, o palhaço ativista

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