edição de fevereiro de 2012

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O Recifense www.orecifense.com.br O Jornal do Recife Recife | Pernambuco | Brasil Fevereiro de 2012 | N o 5 Ano 2 | Edição mensal DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.orecifense.com.br ASSINE GRÁTIS (81) 8775.5060 ANUNCIE [email protected] ENVIE SEU ARTIGO < páginas 8 e 9 Via Mangue é promessa de trânsito livre na Zona Sul Foliões fazem a melhor festa < página 10 e 11 CARNAVAL Catadoras de lata têm renda extra < página 12 RECICLAGEM Calçadas em péssimo estado < página 14 COMUNIDADE Respeito ao ciclista é bom < página 7 MOBILIDADE A Mobilidade da inércia < página 2 OPINIÃO Foto: Carlos Oliveira - PCR / Divulgação

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O Recifense, o Jornal do Recife.

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O Recifensew w w . o r e c i f e n s e . c o m . b rO Jornal do Recife

Recife | Pernambuco | BrasilFevereiro de 2012 | No 5 Ano 2 | Edição mensal DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

www.orecifense.com.brASSINE GRÁTIS

(81) 8775.5060ANUNCIE

jornal@oreci fense.com.brENVIE SEU ARTIGO

< páginas 8 e 9

Via Mangue é promessa de trânsito livre na Zona Sul

Foliões fazem a melhor festa < página 10 e 11

CARNAVALCatadoras de lata têm renda extra < página 12

RECICLAGEMCalçadas em péssimo estado < página 14

COMUNIDADERespeito ao ciclista é bom < página 7

MOBILIDADEA Mobilidade da inércia < página 2

OPINIÃO

Foto: Carlos Oliveira - PCR / Divulgação

OPINIÃO Flávio Gimenes - Advogado >>> [email protected]

2 O Recifense www.orecifense.com.br | fevereiro de 2012 | no 5 | ano 22

A preparação física e psicológica é neces-sária a cada manhã

para o rally que enfrenta-mos diariamente na cidade do Recife, seja nas ruas ou calçadas, os obstáculos são os mesmos. Buracos, bura-cos e buracos, sem falar nas vias estreitas e dos carros estacionados sobre o passeio público. Imaginem as dificul-dades dos cadeirantes e dos deficientesvisuaisemcircularpela cidade, até porque não é imaginação, mas uma cruel realidade. Sair de casa exige muita paciência, primeiro é o trânsito, depois a dificuldadeem estacionar o veículo, isso se não chover, porque aí, só com reza forte, pois a cidade vira um verdadeiro caos. A situação daqueles que utilizam o transporte pú-blico não é diferente, filas emaisfilas,ônibus lotadosemar-condicionado, engarrafa-mentos e o total desrespeito com o passageiro.

O táxi está cada vez mais difícil, uma frota de 6 (seis) mil veículos que não atende de forma eficiente apopulação, vide o carnaval deste ano. Muito se fala na pre-paração da cidade para copa do mundo, com obras estrutu-radoras e melhoria na mobili-dade. Mas que mobilidade? A dosautomóveis?Dosônibus?E o pedestre? O ciclista? O deficiente?Perguntasemaisperguntas, infelizmente sem uma resposta conclusiva. O Recife é um verda-deiro circuito de obstáculos, quando chego em casa ficocom vontade de ouvir a mú-sica da vitória, tocada quando um brasileiro ganha uma pro-va de fórmula 1. Se não bastasse o desnivelamento e estreita-mento das calçadas, ainda temococôdecachorro,sen-do importante olhar para fren-te e para o chão, se não... Já o ciclista não tem por onde circular, só se for co-rajoso e enfrentar o trânsito e

dividir as ruas com os veícu-los, pois faltam ciclovias que interliguem os diversos bair-ros da cidade. Osdeficientesfísicossão os verdadeiros heróis, já que enfrentam todo tipo de obstáculo, sem que haja qualquer infraestrutura para atendê-los. De nada adianta projetos que servem apenas como paliativo e não tem a efetiva participação da socie-dade. O cidadão tem o direito de discutir e propor ideias que possam ajudar na melhoria das condições de vida da co-munidade. O problema da mo-bilidade nos grandes centros deve ser objeto de plane-jamento, estudo e de uma ampla discussão com todos os segmentos da sociedade, inclusive a adoção de cam-panhas educativas, visando o melhor aproveitamento dos meios de transporte. Quem entende melhor dos problemas é aquele que convive diariamente com eles

enãootecnocrataqueficaemseu gabinete refrigerado. O grande compositor Chico Science, em sua músi-ca A CIDADE, descreveu na-quela época a real situação.

“E a cidade se apresentaCentro das ambiçõesPara mendigos ou ricosE outras armaçõesColetivos, automóveis,Motos e metrôsTrabalhadores, patrões,Policiais, camelôsA cidade não para

A mobilidade da inércia

DIRETOR DE REDAÇÃOElanoLorenzato[DRT-PE2781][email protected]

DIRETOR EXECUTIVOFlávio [email protected]

CONSULTOR JURÍDICOPedroCampello

REDAÇÃOPenéllopeAquino-RepórterAlex Costa - Fotógrafo

CONTATO REDAÇÃ[email protected]

DEPARTAMENTOCOMERCIALFones: (81) 8775.5060 / [email protected]

PUBLICIDADEMilton Carvalho

REVISÃOFernando Castim

PROJETOGRÁFICOEzato Comunicação

IMPRESSÃOJornal do Commercio

Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião do jornal O Recifense.

O Recifense, o Jornal do RecifePublicadoporELF-EmpresadeComunicaçãoeJornalismoLtda.

Foto: Alex Costa / O Recifense

A cidade só cresceO de cima sobeE o de baixo desceA cidade não paraA cidade só cresceO de cima sobeE o de baixo desce”

Enquanto o PoderPúblico impor soluções semescutar a voz da cidade e en-tender os anseios da popula-ção, viveremos a mobilidade da inércia e continuaremos na rotina de transpor a cada dia os obstáculos do Recife.

O Recifense www.orecifense.com.br | fevereiro de 2012 | no 5 | ano 2 33

GILBRAZ ARAGÃO Professor da Unicap, coordenador do Observatório das Religiões e do Mestrado em Ciências da Religião >>> http://crunicap.blogspot.com >>> [email protected]

COLUNA DE FÉ

Observatório das Religiões

Fazemos parte da Universidade Católi-ca e esperamos por

você em nosso campus, no coração do Recife. Somos pesquisadores do fenôme-no religioso, ajudamos as comunidades cristãs na busca das razões para sua fé, mas seguimos a tradi-ção dos jesuítas de cola-borar com tudo o que leva a humanidade “para frente e para cima”. Por isso es-tamos abertos ao estudo científico das religiões e àmeditação mística sobre os dados das ciências; acolhe-mos e promovemos o mais amplo ecumenismo entre as tradições religiosas que defendem a justiça e a ca-ridade, o mais sincero diá-logo com as pessoas que amam a vida e a liberdade. Nós estamos liga-dos ao Mestrado em Ciên-

cias daReligião daUNICAP,um programa de pós-gradu-ação que já está formando a sua oitava turma, onde estu-da de bispo católico a bruxa da wicca, mães-de-santo e pastores protestantes, pa-dres e professores de reli-gião – todos fascinados pela experiência do sagrado que se vislumbra entre e para além das tradições religiosas. Com esses estudantes a gen-te organiza o Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife: um espaço que começa pela internet (www.unicap.br/observatorio2), com o objetivo de analisar os fatos relacionados aos encontros e desencontros entre as religi-ões no Recife e região, pro-curando promover o diálogo intercultural e inter-religioso. Trata-se de projeto vinculado ao Grupo de Pes-quisa Religiões, Identidades e

Diálogos, onde se desenvol-vem estudos sobre o diálogo entre as religiões, analisando eventos e documentos sob um enfoque transdisciplinar e plurimetodológico, acadêmico e não confessional. Especial destaque é dado à pesquisados processos de educa-ção inter ou trans-religiosa em nossa cultura pluralista, envolvendo também o en-sino religioso: as aulas de religião têm sido oferecidas muito mais como testemu-nho das crenças de quem ensinadoquecomoreflexãosobre uma experiência mul-tifacetada de conhecimento, cujos valores humanizantes precisam ser conscientiza-dos criticamente nas esco-las (http://crunicap.blogspot.com/2011/09/o-que-diz-lei--sobre-ensino-religioso.html). O espaço virtual do Observatório vincula-se en-tão a uma rede de iniciativas presenciais, que promovem e multiplicam o espírito dia-logal para toda a comunida-de recifense e nordestina: o Grupo de Estudos sobre Trandisciplinaridade e Diálo-go entre Culturas e Religiões, com reuniões semanais nas quartas às 17h; os Eventosque procuram fomentar o diálogo, dentre os quais o

Simpósio Internacional de Ciências da Religião, que é trienal (o primeiro tratou do tema “A odisseia continua…” e refletiu sobre os grandesdesafiosprovocadospelode-senvolvimento das ciências e dofenômenodaglobalizaçãopara os estudos das religiões; o segundo Simpósio temati-zou o desafio da pluralidadecultural e pluralismo religio-so, convocandopara a refle-xão sobre “As muitas faces de Deus…”; e o terceiro, em 2010, versou sobre “Religio-sidades populares e multi-culturalismo: intolerâncias, diálogos, interpretações”), e, finalmente, o Fórum Inter--Religioso da UNICAP, quereúne a cada mês lideranças religiosas da região para uma escuta mística da fé do outro. Esse Fórum Inter-Re-ligioso, organizado pelo Ob-servatório desde 2007, articu-la encontros de animadores das tradições religiosas para conhecimento mútuo e exer-cício de tolerância cultural, para a tentativa de uma vene-ração pluralista do sagrado. O que se quer é cultivar tempos destinadosàescutaeàme-ditação sobre as vivências da fé (incluindo as dos gru-pos pós-religiosos). O Fórum realiza um exercício de co-

munhão com os caminhos espirituais alterativos, no silêncio nutrido pela própria religião e cultura, desejando colaborar para uma atitude trans-religiosa que deve se irradiar entre os edu-cadores de Pernambuco. Os encontros são normalmente nas segundas segundas-feiras de cada mês, às 17h, no Auditóriodo CTCH, primeiro andar do Bloco B da Universida-de. Já estão disponíveis os vídeos que preparamos com entrevistas e cele-brações das religiões que participaram do Fórum: Ad-ventistas, Anglicanos, Ba-tistas, Budistas, Católicos, Congregacionais, Espíritas, Exército da Salvação, Fé Ba’hai, Hare Krishnas, Ju-deus, Jurema, Menonitas, Messiânicos, Metodistas, Mórmons, Muçulmanos, Ortodoxos, Presbiterianos,Religião do Eterno, Santo Daime, Tenrikyo, Umbanda, Vale do Amanhecer, Wicca, Xambá, Xangô, Xucuru. Estamos preparan-do também, para cada uma, um conjunto de informações: principais crenças e ritos, história na região e perso-nalidades de referência, en-dereços físicos (no Recife) e endereços virtuais. No site você pode acessar a religião do seu interesse e colaborar acrescentando ou corrigindo dados nos “comentários”. Participe dessa busca poruma espiritualidade dialogal, como instrumento de com-preensãohumanaeserviçoàhumanização.Pois todosostemplos apontam para o céu: seficarmosapenasolhandoos templos perderemos o céu estrelado e o seu além!

Foto: Divulgação

“Em hora tão grave para a Humanidade, por que nós, os que carregamos a responsabilidade de crer em Deus, não nos aliamos? Aliança para quê? Aliança, pacto, para pressionar moralmente nossos amigos, nossos parentes, nossos conhecidos, para que tomem cons-

ciência de situações de injustiça, não se deixem mani-pular, reajam contra todo e qualquer esmagamento de seres humanos. E se trocarmos ecumenismos estreitos por um ecumenismo da dimensão planetária, Deus nos ajudará.Seabrirmosumcréditodeconfiançaaquemamar o ser humano, amando, sem saber, o Criador e

Pai,oSenhorseservirádanossapequenezedonossonada, para fazer maravilhas” (Dom Helder, ao receber

emOslooPrêmioPopulardaPaz,1974).

4 O Recifense www.orecifense.com.br | fevereiro de 2012 | no 5 | ano 24

PAULORUBEMM.COELHO Advogado >>> [email protected]

ESPAÇO CONSUMIDOR

O consumidor e a garantia

O comércio anda tão aquecido no Brasil que uma

das palavras mais ouvidas no momento é Recall, que significa “chamar de vol-ta”. Utiliza-se a expressão quando um produto fabrica-do apresenta algum tipo de defeito e o fabricante pede que o consumidor retorne com o bem adquirido para que se faça algum reparo. Quem mais utiliza este pro-cedimento são as fábricas de automóveis. Recente-mente uma grande monta-dora que atua também no mercado brasileiro comu-nicou um Recall de um de seus modelos, chegando a aproximadamente 450.000 veículos em todo o mundo. O tema é interes-sante e nos remete a outro ainda mais oportuno, que tem desdobramentos des-conhecidos pela maioria dos consumidores, que é

a garantia dos produtos, que podem ter previsão legal ou contratual. A garantia legal é aquelafixadapeloCódigodeDefesa do Consumidor, que para bens não duráveis é de 30 dias e 90 dias para bens duráveis, ambos contados a partir da aquisição. Não se pode esquecer que muitos produtos são comercializados com garantias que superam os prazos mencionados e caso não haja previsão con-tratual em sentido contrário, a garantia total é a soma do prazo legal mais o contratual. Além do prazo de garantia, o consumidor tem direito, segundo o CDC, de ver resolvido o problema apresentado pelo produto em até 30 dias. Caso o fornece-dor não efetue o reparo no prazo citado, cabe ao consu-midor uma de três escolhas: 1- Devolução do dinheiro pago, devidamente corrigido; 2- Troca do produto; 3- Des-

conto no preço. Atualmente a escolha tem recaído, em maior número, na troca do produto e na maioria das vezes, por desconheci-mento do consumidor com relação as outras opções. Caso muito comum é com relação aos auto-móveis, que a cada ano se enchem de instrumentos eletrônicoseapresentamomesmo defeito reiteradas vezes, fazendo com que seus proprietários fiquemprivados de seu uso por longos períodos. Por faltade conhecimento o con-sumidor imagina que cada vez que o defeito aparece a concessionária terá mais 30 para realizar o serviço, mas este entendimento é equi-vocado. Caso o veículo seja entregue antes dos 30 dias, não terá o fornecedor outra oportunidade de realizar o reparo, podendo o consu-midor fazer uso de uma das três opções já comentadas. Para se cercar deprovas que possibilitem a escolha das alternativas pre-vistas no CDC, é preciso que o consumidor peça sempre a Ordem de Serviço, em qual-quer circunstância, e neste documento deve constar a data, horário, descrição do defeito e sempre que possí-vel o tempo previsto para a realização do reparo. Com esta documentação, o con-sumidor poderá em caso de reiterados problemas com o bem adquirido, ajuizar ação para ter devolvido o valor pago, devidamente corrigido, e em alguns casos, até ser in-denizado pelos danos mate-riais e morais que porventura venha a sofrer. Fica aí a dica.

N o próximo dia 08 de março, Dia In-ternacional da Mu-

lher, a enfermeira e poetisa Valéria Saraiva irá lançar o livro Lírios, Tulipas e Es-corpiões,às19hna livrariaPotyLivros. No conteúdo, fru-to de uma compilação de poesias ao longo de sua trajetória literária a poetisa divide o seu livro em três tempos, quando ela mes-ma a define como as prin-cipais fases de sua matu-ridade poética: Medievais, Modernas e Ensaios. A autora aborda vá-rias temáticas, como roman-tismo, problemas ambientais e política e, é claro, em tom de poesia desaba suas insa-tisfações contra o descaso da preservação ambiental, como em Lembranças do Cabo (Seu primeiro PrêmioLiterário), ou mesmo contra os poderosos, de acordo com Os Donos do Mundo,

outra poesia um tanto áci-da, cuja fisgada semelhante a do aracnídeo não deixa dúvidas ao leitor quanto ao “escorpião” no título da obra. Mas, como nem tudo é veneno, Valéria também reserva flores para o públi-co, presenteada em poesias de suas fases mais românti-cas, como em “Lado a Lado e Sempre”. “Publicar Lírios, Tu-lipas e Escorpiões nesse momento é a realização de um sonho de uma vida in-teira. Vendo esse trabalho, espero que o leitor entenda um pouco da minha história e do meu relacionamento com a poesia, como também encontrem em alguns mo-mentos os lírios, as tulipas e os escorpiões no enredo da minha obra”, afirma. A livraria Poty Li-vros fica na Rua do Ria-chuelo, 202, Boa Vista, ao lado da Faculdade de Di-reito do Recife. Outras informações, acessem ao blog da poetisa no: www.tempoliteral.blogs-pot.com ou pelo email: [email protected].

Jovem poetisa lança livro no Dia da MulherPorNelsonSampaioJúnior Especial para O Recifense >>> [email protected]

Fotos: Divulgação

O Recifense www.orecifense.com.br | fevereiro de 2012 | no 5 | ano 2 55

EusouLindembergFigueiredoAnselmo,RepórterFotográfico.LanceiumolharsobreoRecifenaépocadosfestejosdemomoeviumcarnavalmultifa-cetado.Umamultidãotomandoàsruasdacidadecomsuasfantasias,sorrisoscontagiantesemuitacriatividade.E“quandoofrevocomeçaparecequeo mundo já vai se acabar, quem cai no passo não quer mais parar...”

O Recife que eu vejo

PARTICIPE!Envie seu artigo com no máximo 15 linhas sobre o Recife que você vê e fotos (máximo 10) com cinco mega pixel de qualidade com nome completo,

para o e-mail: [email protected]. O texto tem que ser em fonte Times ou Arial, tamanho 12, espaçamento simples.

TEXTO E FOTOS: LINDEMBERG FIGUEIREDO ANSELMO |RepórterFotográfico-DRT-PE4.614| >>> [email protected]

6 O Recifense www.orecifense.com.br | fevereiro de 2012 | no 5 | ano 26

CARLOS BAYMA Médico em Urologia e Psicossomática >>> [email protected] >>> www.drbayma.com

SAÚDE E BELEZA

Paixões, drogas ou chocolates

lizantes, analgésicos, etc. Essas substâncias - ou seus princípios ativos - desenca-deiam a liberação de NTs que inundam o cérebro em maior ou menor quantidade e por maior ou menor tem-po, resultando na sensação de bem-estar, segurança e plenitude (nem sempre ver-dadeiras). Também se pode viciar em esportes radicais, academias de ginástica e outras coisas do gênero. O mecanismo é o mesmo. Mas há uma questão quefogeumpoucoàregra,todavia faz parte da mesma raiz. São as paixões. Mais especificamente as paixões cujos sentimentos ditos amorosos estão envolvidos. Surge, então, uma questão mais que pertinente e não menos intrigante: você se apaixona por uma pessoa, ou seja, por sua essência?

Foto: Arquivo PessoalOu se apaixona pelos atri-butos dessa pessoa? Ou, ainda, se apaixona pelos atributos que pensa existi-rem nessa pessoa (e que geralmente nem existem)? Ficam, a partir daí, várias questões no ar, como, por exemplo: por que exis-tem pessoas que se apai-xonam tantas vezes e com tamanha intensidade? Não é raro encontrar pessoas com esse comportamento. Elas sempre estão encontrando a pessoa de sua vida, mas que, uma vez conquistada, perdem o interesse e dão seguimento a outra busca frenética por sua mais nova “cara metade” ou “alma gê-mea”. Ninguém é metade para procurar a outra ban-da; todos são inteiros e apenas compartilham suas vidas com outras pesso-as em função de objetivos e afinidades, permeadas

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Não importa qual seu vício, sua mania. Se é mui-

to ou pouco prejudicial. Ou se a dependência traz até benefícios, mesmo que secundários. A verdade é que você não se vicia em nada além de seus pró-prios neurotransmissores (noradrenalina, seroto-nina, dopamina, encefa-linas, endorfinas, etc.). E esse fato é explicável. Os neurotrans-missores (NTs) são subs-tâncias fundamentais para o funcionamento do

cérebro. São necessárias porque as células nervosas não se tocam fisicamen-te e os NTs fazem o papel de mensageiros para que o impulso nervoso prossiga até seu destino e promo-va o efeito desejado (quer seja movimento, pensamen-to, sensação ou emoção). Portanto, em umaanálise menos romântica, você se vicia em suas pró-prias “drogas” e não em álcool, nicotina, THC (ma-conha), cocaína, heroína, haxixe, LSD, metanfetami-nas, chocolates, tranqui-

Fotos: Reprodução da Internet por respeito e confiança. Sendo assim, fi-cam as suspeitas de que esses distúrbios nada mais são do que a busca por emoções que deem lampe-jos de felicidade e aliviem um pouco o desajuste que seres dessa natureza, os humanos, experimentam. Saúde é –basicamen-te – equilíbrio emocional. O resto é consequência. E equilíbrio emocional, muitas vezes, precisa ser trabalhado e conquistado. Pode ser difícil,mas a re-compensa é impagável.

O Recifense www.orecifense.com.br | fevereiro de 2012 | no 5 | ano 2 77

Por Penéllope Aquino Fotos: Alex Costa

Todo mundo pensa que pedalar é fácil. Mas, fazer isso nas vias pú-

blicas de grande movimento exigi muito mais que só em-purrar os pedais para baixo alternadamente. O ciclista Rogério Leite que o diga, to-dos os dias ele tenta ajustar sua pedalada com a série de dificuldades que encontra aolongo do caminho.

Rogério Leite é quí-mico industrial, Doutorando em Ciências de Materiais pela UniversidadeFederaldePer-nambuco(UFPE)ecriadordoblog Pedalando e Olhando.Começou a pedalar quan-do ainda era jovem e agora adotou a bicicleta como meio de transporte. Rogério é um cicloativista, pessoas que de-fendem os direitos dos ciclis-tas no uso da via pública, em busca de melhores condições para pedalar, e quase sempre pode ser encontrado em gru-pos de bicicletada e em reuni-ões sobre mobilidade urbana. “Quando eu morei aqui, até os 26 anos, eu pe-dalavamuito.Passei20anosmorando em Salvador e quan-

do voltei comprei a bicicleta pra sair com os amigos que já pedalavam aqui no Recife. Era uma maneira de reativar as amizades. Meus amigos começaram a sair em grupos e comecei a me engajar. Dai passei a enxergar no dia a dia a problemática da mobilidade do Recife e a quantidade de espaço público que é dedica-do ao carro”, contou o ciclista. O aumento da frota de veículos, nas últimas dé-cadas, veio a incrementar a mobilidade urbana. O sistema viário, porém, já não compor-ta a grande quantidade de ve-ículos. Rogério acredita que “o problema do Recife não é a falta de espaço, nem de ave-nida, tão pouco de via pública, o que existe é um excesso de carros.” “As pessoas pergun-tam por que temos um excesso de veículos? É simples: porque o sistema de transporte público não presta. Você anda abafado e espera mais de 40 minutos numa parada de ônibus. Osônibusandam ‘aoDeusdará’.Se você não tem um transporte público de qualidade as pesso-as terminam usando o carro”, completou Leite. Pedalando e obser-vando a cidade onde mora, Rogério faz uma análise dos sistemas cicloviários que estão surgindo com este conjunto de obras da Copa de 2014 e das pistas já existentes. “Quando falaram da Via Mangue e da ciclovia que vão construir, eu achei uma beleza. Mas, quan-do vi o projeto me questionei sobre onde ela começaria. A re-gião não te ciclovia de alimen-tação. Fizeram a reforma do

viaduto Temudo e não puseram a ciclovia e não tem calçada pra você atravessar. Será que uma pessoa a pé não pode querer atravessar o viaduto? O projeto não tem ciclovia de recepção e dá a impressão de que vai co-meçar no nada e terminar em lugar nenhum. É outra ciclovia fantasia, uma ciclovia de lazer.” Um caminho que Ro-gério utiliza com frequência parairaUFPEéodaAvenidaCaxangá. Segundo ele, um dos argumentos que já escu-tou para explicação de um nú-mero tão reduzido de ciclovias é o fato de não ter um grande número de ciclistas para uti-lizar as vias. “Não tem fluxo?Vá pra Avenida Caxangá com o cruzamento da BR 101, pare cinco minutos e conte. Não é um grande fluxo,mas a cadasinal passa de 10 a 12 ciclistas. A Avenida Norte e a Caxangá são muito utilizada por ciclistas. E a gente vive aquele clássico dilema, não tem estrutura por-que dizem que não tem ciclista e não tem ciclista por falta de estrutura”, questionou. A ciclovia da Avenida Boa Viagem possui 1,14Km de extensão e é uma das mais utilizadas pelos ciclistas para a prática do lazer e bem-estar

físico.Paraoblogueiro,aideiade fazê-la com angulações, em vez de um projeto de pista reta, provoca alguns inconve-nientes. “Você tem na Avenida Boa Viagem a maior ciclovia em zigue-zague do planeta. Não é confortável. Você ficatentado a pedalar depressa porque parece uma pista de corrida de carro. Você vê a meninada se divertindo com esses obstáculos”, explicou. Em épocas de ra-cionalização do tráfego e de incentivo a transportes não poluidores, não se pode pen-sar na ciclovia somente como lugar de lazer, mas como alter-nativa de trânsito. “A gente se pergunta o que realmente está sendo feito para a mobilidade. PorqueamobilidadenoRecifeé como um elefante balançado pelo rabo. Você segura o rabo do elefante, o que correspon-de a 10% da população que utiliza o carro para se mover, e balança os outros 90% que usaônibus,andaapéeutilizabicicleta. A coisa toda é feita paraobalançardorabo.Oôni-bus é ruim, as vias pra bicicleta são ruins, o pessoal não res-peita e vem todo um conjunto de problemática”, reclamou Rogério.

Respeito é bom e todo ciclista merece Para incentivar o usodo transporte mais econômicoefazerotrânsitoficarmaisde-mocrático é preciso preparar a cidade e também os motoristas. A esperança que move o pedal de Rogério talvez seja a mesma de muitos outros ciclistas, “o que atenderia melhor a sociedade seriam sistemas de transporte público que funcionassem e passassem a mensagem para o usuário: deixe seu carro em casa! O sistema é bom, o siste-ma funciona”, concluiu Leite.

“Pode consultar a le-gislação do trânsito! O ciclista está abai-

xo apenas do pedestre. A prefe-rência é nossa e temos que ser respeitados.” Rogério está certo. Muitos se esquecem de que este importante meio de transporte, de zero emissão, é também um veículo, regido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). De acordo com o Artigo 29 do CTB, quem anda de bici-cleta no trânsito tem prioridade sobre motos e carros. Ameaçar ciclistas é considerado uma in-fração gravíssima, e quem des-respeitar pode até perder o seu direito de dirigir (art. 170). Outra infração gra-ve é colar na traseira de uma bicicleta ou apertá-la contra a calçada (art. 192), assim como estacionar em uma ciclovia (art.181). Deixar de guardar a distância lateral de 1,5 me-tros ao passar ou ultrapassar bicicleta é admitida como uma infração média (art. 201).

Direitos garantidos

8 O Recifense www.orecifense.com.br | fevereiro de 2012 | no 5 | ano 28

Por Penéllope Aquino Fotos: Alex Costa

A Via Mangue foi mais uma obra que entrou no rol dos grandes

empreendimentos para Copa de 2014, com um orçamento previsto em R$ 433,2 milhões. O projeto que promete desa-fogar o trânsito da Zona Sul foi desenvolvido pela gestão municipal em parceria com o Governo Federal, e con-templa ações de saneamen-to, habitação e urbanização. Pelo projeto, a viaexpressa terá 4,75 km de extensão, sem semáforos e com velocidade média de 60

quilômetrosporhora.Oviáriopretende melhorar a fluidezdo trânsito da Zona Sul, in-tegrando a via com as mar-ginais dos canais de Setúbal e do Jordão, possibilitando o acesso das ruas existentes para o atendimento local dos bairros de Boa Viagem, do Pina e de Brasília Teimosa. O plano de ação ainda pretende implantar o Parque Ecológico EstaçãoRádio Pina, visando o lazer,atividades culturais, educa-cionais e o turismo para a população, além de fomen-tar o desenvolvimento de umnovopoloeconômico, tu-rístico, cultural e ambiental.

A presidente da Empresa de Urbanização do Recife (URB), Débora Mendes, ex-plicou que a Via Mangue “é um empreendimento que vai melhorar a questão da mobi-lidade da Zona Sul. O projeto

possui três eixos: o da mobi-lidade, que é o maior apelo da população por melhoria no trânsito; o eixo social, que é reassentar as famílias do entorno da região dos manguezais e o eixo am-biental, que visa preservar o ecossistema do mangue”. Com relação à mo-bilidade, Débora contabiliza o andamento da obra em cinco frentes de serviço. O complexo elevado da Antô-nio Falcão e a travessia da bacia do Pina, no EncantaMoça, já estão em obras. Outra intervenção do corre-dor é realizada no bairro do Cabanga, onde está sendo

feito o prolongamento do Via-duto Capitão Temudo. A nova via ligará o viaduto à PontePauloGuerra.As fundaçõespara o alargamento dessa ponte que será conectada com a alça estaiada tam-bém já está em execução. Além das faixas para veículos, a Via Man-gue terá calçadas e uma ciclovia com extensão de 3,5 km contemplando obras de acessibilidade para defi-cientes e idosos. Em aten-ção aos questionamentos de alguns ciclistas sobre a ausência de calçada e ci-clovia no viaduto Capitão Temudo, Débora Mendes considerou que “o viaduto é um projeto antigo e não foi contemplado com pas-sagem de pedestre. Mas, isso é uma coisa que já está sendo estudada, tan-to pra ciclovia, quanto para pedestre. Não é uma coisa que está sendo esquecida”. Segundo a pre-sidente, “a Via Mangue é uma proposta moderna e a prefeitura já vem ado-tando ciclovias em seus novos projetos. Atendendo a um grande apelo da po-pulação, toda extensão da Via Mangue terá ciclovia”. O projeto de cons-trução da Via Mangue foi inúmeras vezes analisado pelo Ministério Público dePernambuco (MPPE), a fimde apontar a necessidade do cumprimentoàlegislaçãoqueprotege o bioma manguezal.

Via Mangue é promessa de trânsito livre na Zona SulFoto: Carlos Oliveira - PCR / Divulgação

O Recifense www.orecifense.com.br | fevereiro de 2012 | no 5 | ano 2 99

O promotor de Justiça, André Silvani, do Centro de Apoio OperacionalasPromotoriasdoMeio Ambiente esteve presente em todas essas discursões e falou como o projeto tem con-seguido alcançar um equilíbrio entre promover a mobilidade e preservar o meio ambiente. “São dois desafios enormes,mas,oqueoMinistérioPúbli-co procurou fazer com as em-presas envolvidas e a própria prefeitura foi buscar medidas para preservar o meio am-biente, principalmente o man-guezal, que é um ecossistema sensível”, explicou Silvani. O MPPE conseguiucom que o traçado da via recu-asse 50 metros no trecho que passapeloaeroclube,noPina,zona sul do Recife, possibili-tando a permanência de uma faixa maior para preservação do manguezal. “Nas nossas discursões nós colocamos uma série de sugestões que foram acatadas e inclusive hoje fazem partedofinanciamentoambien-tal da Via Mangue”, ressaltou. Débora Mendes co-mentou que “a questão am-

biental é muito importante e foi observada no projeto. As pes-soas acham que vai degradar o ecossistema, mas degradando estava quando as famílias es-tavam vivendo no entorno”. A Via Mangue margeará o Man-guezal do Pina, uma área depreservação que estava sendo desgastada por dejetos de es-goto e ocupação desordenada. André Silvani lembrou ainda que o papel doMMPEvai muito além de lançar pro-postas de adequação. Segun-doele,opapelfiscalizatórioéfundamental. “Temos acompa-nhadoerecentementefizemosuma reunião com os promoto-res que atuam na área de meio ambiente e urbanismo e trata-mos sobre o direcionamento das fiscalizações por partedo Ministério Público paraprocedimento de inspeções no local das obras”, afirmou. Quanto ao foco social Débora diz que “estão sendo reassentadas mil famílias, que viviam em condições subu-manas. E com experiências adquiridas com projetos ante-riores, essas pessoas serão

Via Mangue é promessa de trânsito livre na Zona SulFoto: Carlos Oliveira - PCR / Divulgação

colocadas próximas das suas antigas moradias”. Ainda de acordo com a presidente da URB, “os habitacionais que serão oferecidos para essas pessoas possuem um dife-rencial. Foram construídos quiosques para as pessoas que tinham comércio poder continuar seus trabalhos”. No habitacional Via Mangue 1, há 10 blocos dividi-dos em 32 apartamentos que receberão famílias das comuni-dades Combinado, Beira-Rio e Pantanal.Osnovosmoradorespoderão desfrutar de um espa-ço externo arborizado com 10 boxes comerciais, campo de futebol, centro comunitário, guarita, parque infantil e es-tacionamento com 78 vagas. O Via Mangue 2 é um pouco maior em extensão, mas possui o mesmo número de apartamentos. Na sua área externa serão disponibilizados 12 boxes comerciais e 89 va-gas de estacionamento, além de outros espaços de lazer. O Via 2 comportará as famílias das favelasdaXuxa,Paraísoe Deus nos Acuda.

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Foliões fazem do Carnaval do Por Penéllope Aquino Fotos: Alex Costa

O hino desse carnaval foi um dos tantos sucessos do poeta e

compositor Getúlio Cavalcan-ti, Último Regresso. Os versos: “É lindo ver o dia amanhecer, ouvir ao longe pastorinhas mil, dizendo bem, que o Re-cife tem, o carnaval melhor do meu Brasil” foram cantados repetidas vezes pelos qua-tro cantos da cidade, e fize-ram jus a realidade da festa. Os ecos da folia puderam ser ouvidos cinco dias antes do período oficialda folia momesca. A am-pliação da programação da semana pré-carnavalesca permitiu que o Recife tives-se uma festa ainda mais linda, com mais atrações, e muitas doses de alegria. No Marco Zero foi onde a festa começou e termi-nou,pelomenosoficialmente.Na sexta-feira, que antecedeu ao sábado de Zé Pereira, achave da cidade foi entregue ao Rei Momo como manda a tradição. O percursionista Naná Vasconcelos coman-dou a abertura do Carnaval, que reuniu batuqueiros de 10 Nações de Maracatu para re-verenciar o frevo. O Coral Voz Nagô,oAfoxéOmonilêOgun-já, Caboclinhos e PassistasdeFrevoderamotoquefinalao momento de consolidação de um carnaval multicultural. No frontstage mais cobiçado do Carnaval pas-saram grandes nomes da música nacional, como Lulu

Santos,Pitty,Lenine,Lirinha,Otto, Karina Buhr, Karynna Spinelli, Beth Carvalho, Fun-do De Quintal, Eddie, Seu Jorge, Nação Zumbi e Elba Ramalho. Sem contar com Alceu Valença, que ao lado do artista plástico Zé Claudio formou a dupla de homena-geados do Carnaval 2012. No Sábado de Zé Pereiracercadedoismilhõesde pessoas confirmaram oque todo bom pernambuca-no já sabe. O melhor amigo do folião é mesmo o Galo da Madrugada. O desfile domaior bloco do mundo cele-brou este ano o centenário de Luiz Gonzaga, com o tema “Galo, Frevo e Folião: Ho-menagem ao Rei do Baião”. Foram cerca de nove horas e 4,5 km de alegria, frevo e fantasias. Nem a chuva con-seguiu ofuscar o brilho desse dia. Aliás, nessa festa todos eramprotagonistas,figurantesó a chuva que molhou mais do que atrapalhou. Ninguém arredou o pé do chão e vibrou muito com todos os trios elé-tricos que fizeram o desfile. Os polos descentra-lizados deram passos largos este ano e se consolidaram com um sucesso incontes-tável. De fato, o folião tem todapropriedadeparaafirmarque o Carnaval do Recife é o maior e mais descentraliza-do do mundo. Os bairros de Alto José do Pinho, Bombado Hemetério, Brasília Tei-mosa, Casa Amarela, Chão de Estrelas, Ibura, Jardim SãoPaulo,NovaDescobertae Várzea foram contempla-

dos com uma excelente pro-gramação que comportaram atrações locais e nacionais. Afinal, a comunidade não éapenas um lugar no espaço, é um local de diversidade, de experiência, de discursão da produção musical e, prin-cipalmente, as que represen-tam à arte de Pernambuco. Agridoce, Criolo, Gabi Amarantos, Marcelo Jeneci, Siba, Quanta Ladeira, quem não os conhecia passou a co-nhecer. O Carnaval deste ano foi a consagração para muitos nomes e novos projetos da cena musical. O público ova-cionou os artistas e cantou a pluralidade de sons num

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Recife o melhor do Brasil

mosaico de ritmos e estilos. A 17ª edição do Fes-tival Rec Beat repercutiu po-sitivamente e caiu no gosto do folião. Com apresenta-ções explosivas que lotaram o Polo Mangue, o Rec Beatfoi combustível puro para público nenhum desanimar. Os alternativos entornaram boas doses de psicodelis-mo musical e fizeram des-ta edição uma das melho-res dos últimos carnavais. O toque das alfaias, agogôseabêsditaramaca-dência da segunda-feira de carnaval, no PoloAfro,mon-tado no Pátio do Terço, nobairro de São José. À meia-

-noite os tambores silencia-ram e as luzes se apagaram em reverência aos ancestrais africanos, coroando a tradi-cional Noite dos Tambores Silenciosos. Várias nações de Maracatu exaltaram a cultura e a beleza do povo negro. Como no Carnaval do Recife cabem todos os ritmos, osambanãopoderiaficardefora. O sambódromo da Capi-tal do Frevo foi instalado na Av. Nossa Senhora do Carmo, no Polo das Agremiações.Mais de 200 agremiações en-tre bois, ursos, troças, clubes de frevo, escolas de samba, clubes de bonecos, maraca-tu de baque solto e de baque virado, caboclinhos e blocos de pau e corda passaram por este corredor. Mas, quem foi às arquibancadas aguardavamesmopelodesfiledasesco-las de samba, que a cada ano tem emocionado com a gran-deza de suas apresentações. Se no Rio de Janeiro Luiz Gonzaga foi a inspiração da campeã do Carnaval, Uni-dos da Tijuca, aqui no Recife não poderia ser diferente. Semelhanças com a escola cariocaàparte,aEscolaGi-gante do Samba, do bairro de Água Fria, levou 3.000passistas para avenida e con-quistou o pentacampeonato. Entre outros vence-dores do grupo especial, des-taque para os “Banhistas do Pina”, vencedor na categoria“Grupo de pau e corda”. A primeira colocação na moda-lidade “Baque Virado” foi para o “Maracatu Estrela Brilhante” e no “Baque Solto”, “Leão de Ouro”. O caboclinho “Tupy”

e os índios “Tabajaras” ven-ceram nos seus grupos. Nos segmentos “Clube de Bone-co” e “Clube de Frevo”, quem levou foi o “Tadeu no Frevo” e “Bola de Ouro, respectiva-mente.A troça “TôChegandoAgora”, o urso “Cangaça de Água Fria” e o “Boi Faceiro”também foram premiados como primeiros colocados. Em números, o Car-naval não chegou a ser um sucesso absoluto, no que tan-ge as estatísticas sociais. No entanto, os crimes violentos letais e Intencionais pratica-dos no Recife registraram uma queda de 36,8%, somando 12 homicídios contra 19 no ano de 2011. Já os crimes contra patrimônio,comoroubosefur-tos, tiveram acréscimo de 8%, ampliando para 425 ocorrên-ciasemfocosoficiaisdefolia.No Recife, 612 ônibus foramalvo de ataques de vândalos, segundo dados do Grande Re-cife Consórcio de Transporte. Já para o turismo da cidade, os números fo-ram positivos. Recife recebeu 710 mil visitantes, aumentan-do em 20 mil, em relação ao ano passado. Com um inves-timento de R$ 32 milhões, o Carnaval Multicultural do Recife aqueceu a economia local e gerou R$ 595 milhões de acréscimo econômico. Com toda essa mis-tura característica de cores, ritmos, idades, nacionalidades e tradições, o Carnaval fez a alegria de milhares de foliões tornando-o inesquecível. Reci-fe se fantasiou, sorriu, dançou, cortejou, aplaudiu, pediu bis e fez o Carnaval melhor do nos-so Brasil. Muitos dizem que o ano começou agora e talvez esse já seja um bom momen-to para começar a pensar no Carnaval de 2013.

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ONG Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas). Ambas trabalham pela educa-ção ambiental e a promoção do desenvolvimento sustentável por meio da inclusão, possibili-tando o exercício da cidadania.

O diretor executivo da Amape, Sérgio Nascimento, falou sobre a parceira com a ONG brasiliense. “Desde 2010, nós temos o apoio da Abralatas que nos dá o recurso pra ofe-recer uma bolsa alimentação e fardamento aos catadores. Esteano,especificamente,nóstrabalhamos com as mulhe-res catadoras para que no dia internacional da mulher elas possam ser homenageadas. É

Catadoras de latinha: renda extra garantida no carnaval

uma oportunidade das pessoas conhecerem essas mulheres que trabalham para sociedade, enquanto todo mundo brinca”, explicou. Ao final do carnavalcada catadora chegou a re-ceber R$ 500,00 dependo da quantidade de latinhas recolhida, proporcionando uma boa complementação de renda. “A gente entende que o carnaval é a possibilidade do 13º salário dos catadores. Um momento em que eles conse-guem, num curto espaço de tempo, uma quantidade gran-de de material que tem valor agregado, que é a latinha de alumínio”, considerou o dire-tor executivo da Amape.

A catadora, Naldeci Xavier, há sete anos come-çou a ganhar dinheiro reco-lhendo materiais recicláveis nas ruas. Hoje, ela trabalha no escritório de um centro de reciclagem. “De catado-ra passei a ser quase uma contadora trabalhando no escritório. A reciclagem mudou a minha vida, me dando forças para lutar. Já havia perdido as esperan-ças, achava que com certa idade as portas do mercado de trabalho estariam fecha-das e não teria de onde tirar o sustento. De repente me vi fazendo um bem para o meio ambiente, ao mesmo tempo em que ganhava di-nheiro”, contou. O trabalho do cata-dor não é fácil, mas para quem gosta do que faz o prazer é garantido. “Eu me sinto feliz e realizada, porque foi através da re-ciclagem que eu voltei a estudar e terminar meus estudos pra ser o que eu sou hoje. E o incentivo que a Amape nos oferece ajuda a praticarmos uma recicla-gem consciente e melhorar as condições de vida”, co-mentou Naldeci.

Catadora há dez anos, Rosicleide Maria Reis, foi uma das mulheres contempladas com o pro-jeto e aprovou a ação da Amape. “Nós trabalhamos de forma segura, com hora certa pra ir e voltar. Conse-gui ajudar meu marido a pa-gar as despesas da casa”, contou. Catadores são víti-mas de preconceito a todo o momento por parte da so-ciedade e não tem a devida atenção do poder público. São atores da cadeia pro-dutiva da reciclagem, que participam da realização de um serviço público, já que esses materiais coletados por eles vão evitar o acu-mulo de lixo. “As pessoas não conseguem enxergar o ca-tador, nem no dia a dia, nem durante o carnaval. A festa é importante, enaltece uma cultura secular, mas ao mesmo tempo precisa ser mais sustentável, ter cuida-do com o lixo que produz e com o impacto ao meio am-biente. O catador é um dos atores que ajudam a esse impacto ser menor”, desta-ca Sérgio Nascimento. Se por um lado não temos como não produzir lixo, por outro é possível contar com esses trabalha-dores para ajudar a diminuir o impacto ambiental provo-cado por ele. E o respeito é o mínimo que pode ser ofe-recido a esses catadores, que debaixo de sol ou chu-va, estão sempre prontos para trabalhar e contribuir para o meio ambiente.

Por Penéllope Aquino Fotos: Alex Costa

Enquanto muitos se di-vertiram, outros apro-veitaram o carnaval

para garantir uma renda ex-tra. Foi o caso dos catadores de latinha que durante a folia de momo se espremeram pe-las ruas da cidade em busca do precioso metal. Além de aumentar a renda da família com a venda de latas para a reciclagem, os catadores aju-daram a manter o corredor da folia mais limpo. Com o compromisso de criar um sistema operacio-nal para dar suporte a esses trabalhadores no período car-navalesco, a Associação Meio Ambiente,PreservareEducar(Amape) ofereceu a um grupo de mulheres catadoras mais conforto em seu trabalho. A Amape disponibilizou meio de transporte para deixar as cata-doras nos polos de folia, ajuda de custo para alimentação e um kit de trabalho contendo camisa e boné. A ação foi coordenada pela Amape, com o apoio da

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Cinema: um legado chamado Francois Truffaut

Não é possível falar de cinema sem to-car na França. Bem

como, não é possível falar do

movimento Nouvelle Vague (a nova onda) sem mencio-nar o gênio cinematográficoFrançois Truffaut. Verdadeiro ícone da sétima arte, no últi-mo dia 6 de fevereiro o mun-do relembrou os 80 anos de seu nascimento. E não é àtoa, embora fosse apenas mais um jovem “rebelde” para a sua época, bem como a sua obra mais famosa “Os incompreendidos (1959)”, ele causou ruptura com a antiga “ordem”, e ainda deixou um novo conceito de contar uma história nas telas. Abertamente contrário ao luxuoso modelo hollywoo-diano, a cartilha truffautiana era muitosimples,seusfilmeseramde baixo orçamento, e as loca-ções eram quase sempre fora

Ilustração: Nelson Sampaio / Divulgação

PorNelsonSampaioJúniorJornalista e pesquisador Especial para O Recifense >>> [email protected]

dos estúdios. É muito comum emsuasfilmagensaapariçãode cafés, nighclubs, ruas, vielas e, sobretudo, seus frequenta-dores. No ponto de vista da narrativa predominavam a voz over(vozoculta)eoflashback(lembrança do passado), como em Jules e Jim (1962). No re-sultado, surge um material bem variado, com maior número de planos e lugares que beiram não só ao experimentalismo, bem como ao documentário e a ficção, características estasmarcantes de sua personalida-de fílmica. Mais de cinquenta anos depois de sua obra auto-biográfica, citada no início dotexto, a influência de Truffautem nossa cinematografia ébastante atual, sobretudo nos

filmes pernambucanos como:Cinema, Aspirina e Urubus (2005), de Marcelo Gomes e; Viajo porque preciso, volto por-que te amo (2011), do mesmo diretor. Em ambas películas percebe-se nitidamente a in-fluência do diretor francês noponto de vista das locações, Gomes escolheu o sertão nor-destino como pano de fundo, e no segundo longa, também ocorre a voz over na pessoa do geólogo viajante (protago-nista), ao qual nunca aparece. Truffaut também é influenciador de outros reali-zadores conhecidos daqui, a exemplo dos cineastas Kléber Mendonça (O som ao redor – 2012), Marcelo Lordello (Eles voltam -2012) e Leonardo Lac-ca (Ela morava na frente do

cinema – 2011), entre outros, com o tipo de enquadramen-to, sempre solto porém nunca desconectado do foco da per-sonagem, num ar quase psica-nalítico. Estes fatores deixam no cineasta sua inconfundível e proposital assinatura, poste-riormente conhecida pelo ter-mo cinema do autor. No final da vida, ocineasta chegou a iniciar sua autobiografia. Mas, já en-fermo, reclamava de fortes dores de cabeça. Não con-seguiu finalizá-la em funçãode ter sido hospitalizado, fa-leceu em Neuilly, França, no dia 21 de outubro de 1984. Contudo, suas ideias ainda vivem e com seguidores e lu-gar garantidos na história do cinema mundial.

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KARLA TINTO >>> [email protected]

ESPAÇO COMUNIDADE Calçadas em péssimo estado: pedestres do Recife clamam por acessibilidade

Em um momento que tanto se fala em mobilidade

urbana e acessibilidade, olhamos para os passeios públicos do Recife e refle-timos se o poder público vê as calçadas como parte integrante no processo de infraestrutura mínima ne-cessária, para garantir o deslocamento das pessoas. Em torno de toda discussão sobre mobili-dade urbana, reiteradas na mídia, vemos que a maior preocupação é vol-tada para as vias públicas de tráfego de veículos. É inegável, toda-via, que todos nós somos pedestres em algum mo-mento, pois teremos que re-alizar algum percurso a pé, mesmo para o motorista ha-bitual, quer pela falta de es-tacionamentos suficientesnos estabelecimentos co-merciais, quer pelas distan-cias destes ao ponto onde se pretende ir, quer para atividades cotidianas, quer pelo simples prazer de ca-minhar em sua própria rua. Nossas calçadas nãoatendemàsexigênciasde acessibilidade de acordo com as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e não são necessários grandes esforços para constatar que as calçadas do Recife não garantem aos pedestres a segurança mínima para se deslocar,principalmenteàs

pessoas que possuem algum tipodedificuldadedelocomo-ção, tais como idosos, porta-dores de necessidades espe-ciais, gestantes, entre outros. A situação de nossas calçadas é tão vergonhosa que beira ao absurdo ainda não terem sido tomadas me-didas mais efetivas para so-lucionar a situação. Delicado se tratar de acessibilidade aosmeiosdetransporteeàsedificaçõesquandoaspesso-as com mobilidade reduzida não têm como utilizar o meio de acesso que é a calçada. As discussões em torno das obras de constru-ção e manutenção das calça-das deve, necessariamente, ser tratada com a urgência que o caso concreto requer, pois é inconcebível que não se leve à pauta de melho-ria da mobilidade e aces-sibilidade justamente onde

o pedestre deve transitar. E nesta discussão é importante que se identifiquea responsabilidade pela efe-tividade desta providência, visto que o poder público mu-nicipal transferiu a sua res-ponsabilidade da construção, adequação e manutenção das calçadas, ao particular. Inobstante a exis-tência da Lei municipal nº 16.292/97, que regulamenta as edificações urbanas noRecife, cuja Seção IV do Ca-pítulo II, inserida pela Lei no. 16.890/03, que trata sobre os passeios públicos – cal-çadas – não vemos como justificar a responsabilizaçãodo proprietário de cada imó-vel pela execução da obra. A Lei Federal 10.098/00, em seu artigo 3º estabelece que: “O planeja-mento e a urbanização das vias públicas, dos parques

e dos espaços de uso públi-co deverão ser concebidos e executados de forma a torná--lo acessíveis para as pesso-as portadoras de deficiênciaou com mobilidade reduzida.” Tem-se que bem pú-blico é aquele de uso do povo, destinadoaumfimpúblicoepodem ser utilizados por to-dos. Logo, consideramos que a responsabilidade da cons-trução e manutenção das cal-çadas é da administração pu-blica municipal, não podendo ser imputada ao particular, to-davia, apesar de acreditar na possibilidade de uma parceria com incentivos e parâmetros bemdefinidos,estaéumaso-lução que deve ser viabilizada mediante diálogo e consenso. Imputar ao proprietá-rio do lote a responsabilidade pela manutenção das calça-das é ilegítimo e arbitrário, pois a calçada não faz parte

do terreno que se possa dispor e sim da via pública. Afora isto, a ABNT, através da NBR (Norma Brasileira) 9.050/04, re-gulamenta os critérios e parâmetros técnicos que devem ser observados com vistas a assegurar a adequada acessibilidade a edificações, mobiliário,espaços e equipamentos urbanos. São critérios tão técnicos e complexos que imaginar que serão cum-pridos por cada um dos particulares é tão utópico quanto imaginar que o ad-ministrador municipal pode-rá fiscalizar o total cumpri-mento de tais exigências. Inclusive, a referi-da norma é tão minuciosa em seus critérios técnicos que estabelece até o tipo de piso a ser utilizado nas calçadas,afimdeserade-quadoàspessoasportado-ras de deficiência visual,por exemplo. Logo, a uni-formização somente será possível se tal intervenção for feita exclusivamen-te pelo órgão municipal. Há de ser respon-sabilidade do poder público construí-las e mantê-las em perfeitas condições de uso. Vejo como inócua a iniciativa de se transferir esta responsabilidade para o particular, mesmo através de lei, posto ser ilegítima do ponto de vista jurídico e ina-dequada do ponto de vista da uniformidade de padrão.

Foto: Reprodução do site: doidadejogarpedra.blogspot.com

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16 O Recifense www.orecifense.com.br | fevereiro de 2012 | no 5 | ano 2