edicao 21
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QuadrimestralTRANSCRIPT
Janeiro • FevereiroMarço • Abril
2012
Substituindo o sal nas receitas
Gastronomia 14
Agrotóxicos nos alimentos
Atualidade 18
Antioxidantesna prevenção
do câncer
Falando de Nutrição 16
21
Novos planos para diminuir a ingestão da substância pelos brasileiros
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Gastronomia
Donos do sabor14
08 Atuação ProfissionalNutrição a favor do tratamento do câncer
Atualidade
Agrotóxicos à mesa18Falando de Nutrição
Antioxidantes são armas de defesa16
11
DE GESTÃOPublicação Quadrimestral do
Conselho Regional de Nutricionistas 6ª Região
Rua Bulhões Marques, 19, sls 801/803 Edf. Zikatz | Boa Vista, Recife/PE | CEP: 50060-050
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Jornalista ResponsávelPatrícia Natuska (DRT 3187) Multi Comunicação Corporativawww.multicomunicacao.com
Edição e Textos | Marina Andrade e Patrícia Natuska - Multi Comunicação CorporativaProjeto Gráfico | Multi Comunicação Corporativa Diagramação | Daniele Torres - MultiCapa | Foto de Daniele TorresTiragem | 10.000 exemplares
Nesta primeira edição de 2012, mantemos a pro-
posta de informar os nutricionistas e a sociedade
sobre as mais diversas questões ligadas à alimen-
tação, a partir da abordagem de temas atuais,
despertando interesse tanto dos profissionais da
área quanto do público em geral.
O destaque são as reportagens sobre associa-
ções entre o câncer e os agrotóxicos, assun-
to cada vez mais aprofundado em pesquisas
científicas e que está despertando a atenção da
população, além de relação da doença com a ali-
mentação. Não nos restringimos apenas a aler-
tar para essa relação, como também buscamos
apresentar hábitos alimentares para a prevenção da doença e ressaltar a im-
portância de uma alimentação adequada durante o tratamento, com relatos
de nutricionistas que trabalham diretamente com pacientes oncológicos.
Outro tema abordado nas páginas da revista é a redução do sódio nos ali-
mentos, batalha que está sendo travada pelo Ministério da Saúde, com o
objetivo de estimular a adoção de uma alimentação mais saudável pelos
brasileiros. Sobre o assunto, contamos com esclarecimentos do coordena-
dor-adjunto de Alimentação e Nutrição do ministério, Eduardo Nilson.
Boa leitura!
Nancy AguiarConselheira Presidente
Editorial
0403Entrada
Radar CRN-6 em ação
Em Foco
A meta é reduzir o sódio
Alerta e orientações constantes
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Radar
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Com participação do CRN-6, o Fórum dos Conse-
lhos das Profissões de Saúde no Estado de Pernambuco
(FCPS-PE) deu início ao calendário das ações de 2012. O
objetivo do fórum, que foi reativado no ano passado, é
garantir a melhoria dos serviços de saúde oferecidos à
população, a partir da fiscalização conjunta de unidades
hospitalares.
O CRN-6/PB participou de audiências públicas que discu-
tiram acidentes de consumo, que acontecem quando um pro-
duto ou serviço colocado no mercado causa danos à saúde, e a
alimentação escolar saudável na rede privada de ensino, além
de ter sido convidado para articular projetos e fiscalização
conjunta com a Agência Estadual de Vigilância Sanitária, entre
outras atividades. As representantes da delegacia, Luciana Ma-
ria Martinez Vaz (titular) e Raquel Patrícia Ataíde Lima (suplen-
te), tomaram posse no Conselho Municipal de Saúde (CMS) de
João Pessoa.
Pernambuco
Fórum
Audiências públicas
Alagoas
Saúde nas escolas“Tecendo Redes de Promoção da
Saúde nas escolas Alagoanas” foi o tema
da reunião organizada pela Secretaria
de Saúde do Estado de Alagoas, que
contou com colaborações do CRN6-
-AL. A Delegacia também participou
do Simpósio Alagoano de Nutrição, da
apresentação do Balanço Social do Pro-
grama Mesa Brasil ano 2011 e apresen-
tou o Sistema CFN/CRN aos alunos da
graduação em nutrição da Universidade
Federal de Alagoas.
A Delegacia do CRN-6 no Rio
Grande do Norte contratou mais
um fiscal para atuar no estado,
desde o último mês de janeiro.
Agora, Cláudia Martins de Oliveira
se junta a Cláudia Catarine Costa
para exercer as funções atribuí-
das à fiscalização. De acordo com
a coordenadora da Comissão de
Fiscalização, Roberta Pereira, a
contratação de um novo fiscal
representa tanto a ampliação na
cobertura do Estado, quanto uma
maior abrangência do CRN-6 nes-
se âmbito.
Rio Grande
do Norte
Novo fiscal
Paraíba
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Prestação de contas | 2011
O CRN-6 fechou 2011 inscrevendo 7.702 nutricionistas, 537 técnicos e 2.418 pessoas jurídicas nos sete estados da jurisdição. Confira o balanço completo no quadro abaixo:
CRN-6 em ação
INVESTIMENTOS EM FISCALIZAÇÃO (em R$) Orçada
595.000,00
Realizada
589.818,64
RECEITAS (em R$)
Receitas Correntes
Receitas de Anuidades
Receita Patrimonial
Receitas Diversas
Outras Receitas Correntes
Subtotal
Receitas de Capital
Receitas Totais
Orçada
1.690.000,00
85.000,00
55.000,00
83.000,00
1.913.000,00
20.000,00
1.933.000,00
Arrecadada
1.685.503,19
116.329,75
74.610,54
145.162,26
2.021.605,74
-
2.021.605,74
DESPESAS (em R$)
Despesas Correntes
Pessoal
Despesas Variáveis
Obrigações Patronais
Material de Consumo
Serv. de Terceiros - Pessoa Física
Outros Serv. de Terceiros
Outras despesas correntes
Subtotal Despesas Correntes
Despesas de Capital
Obras e Instalações
Equipamentos e Materiais Permanentes
Aquisição de Imóveis
Subtotal Despesas de Capital
Despesas Totais
Orçada
663.000,00
2.000,00
197.000,00
45.000,00
8.000,00
668.000,00
190.000,00
1.773.000,00
5.000,00
125.000,00
30.000,00
160.000,00
1.933.000,00
Realizada
661.554,78
1.005,47
192.804,20
37.999,16
2.380,95
607.892,35
167.715,00
1.671.351,91
1.699,90
24.407,00
30.000,00
56.106,90
1.727.458,81
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Desempenho 2011
Número de inscritos por estado
N Nutricionistas
T Técnicos
PJ Pessoas Jurídicas
N 770
T 158
PJ 199
N 922
T 1
PJ 241
N 1141
T 7
PJ 327
N 1172
T 117
PJ 436
N 977
T 28
PJ 188
N 781
T 80
PJ 247
N 42
T 7
PJ 9
N 1937
T 139
PJ 771Legendas
Outros
Eventos
Entre os dias 02/05 e 23/07, estarão abertas as inscrições
para o VI Prêmio Emília Aureliano de Alencar Monteiro, que
podem ser realizadas gratuitamente na sede do CRN-6 ou
via Correios, a partir do preenchimento de ficha de inscrição
e entrega do trabalho de acordo com as normas do regula-
mento.
A premiação tem a finalidade de incentivar a produção
científica e o vencedor será anunciado no dia 20 de agosto
de 2012. O trabalho será apresentado no Seminário de Atu-
alização Itinerante, no dia 25 de agosto, no Recife.
Prêmio Emília Aureliano
Na nota sobre o número de ins-critos por estado da Comissão de Fis-calização da Revista deGestão nº 20, o valor referente às Pessoas Jurídicas do estado do Piauí estava desatuali-zado. O número já está correto nesta edição.
Errata
Inscrições iniciam no mês de maio
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a CRN-6 em ação
Propor diretrizes para ações rela-
cionadas à alimentação e nutrição, a
partir da articulação entre o governo
e a sociedade civil. É essa a missão do
Conselho Nacional de Segurança Ali-
mentar e Nutricional (Consea), criado
em 1993, com atuação diretamente
ligada à Presidência da República, a
partir da formulação de políticas e da
definição de orientações para que o
País garanta o direito humano à ali-
mentação.
Bolsa Família, Alimentação Escolar,
Aquisição de Alimentos da Agricultura
Familiar e Vigilância Alimentar e Nutri-
cional são alguns dos programas pro-
postos e acompanhados pelo Consea,
que segue como base as resoluções
da Conferência Nacional de Seguran-
ça Alimentar e Nutricional. O principal
papel do órgão é assessorar e não atu-
ar como gestor ou executor de ações.
“O Consea estimula a sociedade
a participar da formulação, execução
e acompanhamento das políticas de
segurança alimentar e nutricional, e
considera a organização da sociedade
essencial para as conquistas sociais”,
explica a conselheira do Consea-PE,
Leopoldina Sequeira. Embora existam
registros de políticas públicas vol-
tadas para a Segurança Alimentar e
Nutricional desde 1930, é apenas em
1993 que o tema começa a ganhar es-
paço no debate das políticas públicas.
Neste ano, foi criado o Consea
e também produzida uma primeira
proposta de Plano Nacional de Segu-
rança Alimentar e Nutricional. Com a
participação de dois mil delegados,
ocorreu a 1ª Conferência Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional
(CNSAN), em 1994. No ano passado,
foi realizada a IV CNSAN, que trouxe,
entre as muitas propostas, a amplia-
ção dos programas de compra de ali-
mentos diretamente da agricultura fa-
miliar. Como também, o aumento do
teto do valor para comercialização por
agricultor familiar/ano, a construção
de centros de comercialização para
facilitar a logística do transporte de
alimentos da agricultura familiar para
entidades beneficiadas, a proibição
da terceirização da merenda escolar, a
fiscalização quanto ao uso indiscrimi-
nado de agrotóxico e princípios ativos
proibidos na produção de alimentos
e a valorização da produção agroeco-
lógica.
Os Conseas, então, realizam confe-
rências (municipais, estaduais, distrital
e nacional) que são os espaços de
onde saem as deliberações, priorida-
des e diretrizes que são propostas e
articuladas junto às três esferas gover-
Consea a serviço da população
A importância do nutricionista nos espaços políticos voltados para as ações de segurança alimentar e nutricional é uma realidade cada vez mais presente.
Leopoldina Sequeira, conselheira do Consea-PE
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namentais. O CRN-6 atua nos Conseas
e Comseas (municipais) de todos os
estados da jurisdição. A ideia por trás
desses núcleos é tratar de questões
específicas da região relacionadas à
Segurança Alimentar e Nutricional.
De acordo com Leopoldina, o
CRN-6 está inserido nos Conseas esta-
duais como sociedade civil, objetivan-
do sensibilizar e motivar a sociedade e
os Governos Estaduais para a temática
da segurança alimentar e nutricional,
considerando a ótica do direito huma-
no à alimentação adequada. “O CRN-6,
entidade que regulamenta a profissão
do nutricionista, enquanto sociedade
civil, tem papel de extrema importân-
cia. Isso porque, por meio da fiscaliza-
ção do exercício profissional, exerce
sua responsabilidade social quanto
à defesa do bem-estar da população
através da promoção da saúde, da
nutrição e da alimentação saudável
e adequada dos indivíduos, por meio
do exercício profissional competente,
crítico e ético de nutricionistas capaci-
tados e habilitados”, afirma Leopoldi-
na, que atua no órgão como conse-
lheira titular.
O assento do CRN-6 no Consea-
-PE, que é vinculado diretamente ao
Governo do Estado a partir da Secre-
taria de Agricultura e Reforma Agrária,
também conta com a presença da
nutricionista Ana Glória Araújo, na
função de suplente. Juntas, elas parti-
cipam das reuniões plenárias do Con-
sea, que acontecem uma vez por mês,
acompanhando e manifestando suas
opiniões sobre os assuntos colocados
em discussão, além de encaminhar as
decisões e os compromissos assumi-
dos pelo CRN-6.
Quando designadas, as nutricio-
nistas também participam de Confe-
rências e Seminários voltados ao tema
da Segurança Alimentar e Nutricional.
“Pessoalmente, atendendo solicita-
ção do Governo Estadual, em parceria
com o Cecan NE I/UFPE, coordenei o
trabalho de campo de um levanta-
mento sobre insegurança alimentar:
Avaliação da (In) Segurança Alimentar
nas Regiões de Desenvolvimento do
Estado de Pernambuco, desenvolvi-
do em 48 municípios, em 2011”, conta
Leopoldina.
Para a conselheira, a importância
da participação do nutricionista nos
espaços políticos voltados para as
ações de segurança alimentar e nutri-
cional é uma realidade cada vez mais
presente. “Considerando que a segu-
rança alimentar e nutricional integra
um conjunto de direitos que definem
a qualidade de vida e pressupõe o fim
da exclusão social, é papel do Estado,
por meio do diagnóstico da insegu-
rança alimentar, definir políticas pú-
blicas que visem garantir o direito à
alimentação e à segurança alimentar”,
finaliza Leopoldina.
Consea Pernambuco
TITULAR Leopoldina Sequeira
SUPLENTE Ana Glória Araújo
Comsea Caruaru
EFETIVA Adriana Negromonte
SUPLENTE Vanessa dos Santos
Consea Paraíba
TITULAR Luciana Martinez
Comsea João Pessoa
PRESIDENTE Vernayde Maria
Consea Rio Grande do Norte
TITULAR Cláudia Alves
SUPLENTE Fernanda Pinto
Comsea Fortaleza
TITULAR Maria Lúcia Sá
Comsea Piauí
TITULAR Maria do Perpétuo Fonseca
SUPLENTE Maria do Rosário Gomes
Comsea Imperatriz
TITULAR Jaisane Santos
SUPLENTE Marluce Alves
Consea Alagoas
TITULAR Ana Maria Beltrão
do CRN-6Representações
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Nutrição a favor do tratamento do câncer
Cada vez mais, nutricionistas têm
atuado na assistência de pacientes
oncológicos. Com a incidência cres-
cente do câncer, os serviços têm sido
ampliados nos hospitais para tratar
a doença. Esta realidade tem atraído
profissionais de nutrição para o seg-
mento, que vem se desenvolvendo no
País com iniciativas como o Congres-
so Brasileiro de Nutrição Oncológica,
realizado a cada dois anos, reunindo
cerca de mil nutricionistas, e a Jornada
Nutricional Oncológica no Brasil, que
passa por vários Estados.
De acordo com o chefe de nutri-
ção do Instituto Nacional de Câncer
(INCA), Nivaldo Pinho, a criação
de uma rede de atenção e assistência
nutricional ao paciente com câncer
tem sido discutida no Brasil. “Temos
discutido melhores condutas para o
tratamento. Nos últimos cinco anos,
construímos duas edições do Congres-
so Brasileiro de Nutrição Oncológica
com recomendações de melhores prá-
ticas, porque é preciso cada vez mais
saber tratar o câncer. Esses documen-
tos estão disponíveis na íntegra no
site do INCA e na biblioteca virtual do
Ministério da Saúde”, afirma.
Pinho ressalta que a instituição
oferece residência multidisciplinar,
incluindo nutrição, além de cursos de
aperfeiçoamento na área e também
de capacitação, abordando teoria e
prática para instituições que deseja-
rem se inscrever. Há 20 anos no INCA,
o nutricionista chefia uma equipe
formada por 32 profissionais, respon-
sáveis por assistir 210 pacientes, tanto
internos, quanto ambulatoriais.
Os estudos apontam que um pa-
ciente bem nutrido responde melhor
ao tratamento do câncer. Os diversos
cuidados com a alimentação possi-
bilitam avanços como o resgate do
estado nutricional, a redução e até
suspensão do tratamento da doença, a
diminuição do tempo de internação e
também dos custos e, claro, dos riscos
de desnutrição.
“A localização e o tempo da do-
ença determinam a condução do
tratamento. Estamos investigando de
que forma podemos reduzir a taxa de
complicação dos tumores gástricos
durante o pós-operatório e também
criar um inquérito nacional para ava-
liar o estado nutricional dos pacientes
com câncer para prover as políticas
públicas de ferramentas úteis”, explica
Nivaldo. De acordo com a nutricio-
nista Isabel Leal, que trabalha há
oito anos no Hospital do Câncer de
Pernambuco, o acompanhamento se
dá de acordo com a fase em que se
encontra o paciente. Uma triagem nu-
tricional é realizada quando o paciente
é interno para saber se há risco nutri-
cional ou algum grau de desnutrição.
Só então são prescritos suplementos
ou dieta completa, conforme o caso.
Há também o acompanhamento pré-
-cirúrgico, de acordo com a equipe
médica, e o pós-cirúrgico, durante o
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Entrevista com Fábio Gomes, nutricionista do Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro,
sobre o trabalho realizado no INCA para prevenção do câncer e a relação dos agrotóxicos e o câncer.
Revista deGestão (RG) - Como é o
trabalho desenvolvido no Instituto
Nacional de Câncer (INCA) - RJ?
Fábio Gomes (FG) - No INCA, tra-
balhamos com assistência e políticas
públicas que estimulem hábitos ali-
mentares que previnam o câncer. São
promovidas capacitações com profis-
sionais sobre as relações entre a nutri-
ção e o câncer. Frequentemente, esses
profissionais prestam esclarecimen-
tos sobre outras doenças, enquanto o
câncer continua sendo menos abor-
dado por eles. Mas, da mesma forma
que medidas como a redução no
consumo de gorduras podem preve-
nir doenças do coração, há alimentos
que são capazes de prevenir o câncer,
quando consumidos em maiores ou
menores proporções.
RG - Qual a importância dos cuidados
com a alimentação no tratamento do
câncer?
FG – O trabalho não tem foco nos
pacientes oncológicos. Na verdade,
é direcionado aos que estão fora dos
hospitais, objetivando diminuir o con-
tingente desses pacientes, a partir da
prevenção.
RG - De que forma, então, a alimenta-
ção pode ajudar na prevenção?
FG - Um bom exemplo é duran-
te a preparação de carnes, frangos e
peixes. Quando esses alimentos são
fritos ou preparados na chapa, há a
formação de componentes cancerí-
genos, que alteram células saudáveis
e aumentam a incidência de câncer
de estômago e de intestino. Isto é
decorrente das temperaturas altíssi-
mas e o contato direto com suportes
de preparação. Incentivamos a opção
por esses alimentos cozidos ou assa-
dos no forno. As carnes processadas
e embutidas, como as mortadelas
e salsichas, também correspondem
a alimentos de risco. Elas possuem
conservantes que, em contato com o
estômago, se transformam em subs-
tâncias cancerígenas, agredindo-o e
aumentando as chances de ocasionar
um câncer. Além desses alimentos,
temos os mecanismos de defesa e
proteção de certas substâncias. Com-
postos quimiopreventivos estão larga-
mente presentes em frutas, legumes e
verduras, por isso recomendamos que
as pessoas os consumam mais. A pre-
venção funciona assim: o câncer co-
meça quando dá defeito numa célula,
que passa a se multiplicar sem parar,
originando um tumor. O organismo
tem capacidade para consertar esses
defeitos e, com a ajuda de compostos
existentes nas frutas e hortaliças, isso
é feito de forma mais rápida.
RG - Quanto à associação entre os
agrotóxicos e o câncer, como avalia os
avanços dessas pesquisas no Brasil?
tratamento da quimioterapia e ou ra-
dioterapia.
“Procura-se atender às necessi-
dades nutricionais respeitando os
hábitos alimentares e a faixa etária de
cada paciente. Por exemplo, durante a
quimioterapia, as crianças e os idosos
não conseguem se alimentar com pra-
ticamente nenhum tipo de alimento”,
afirma. Segundo Isabel, a hidratação
oral é indicada, principalmente, duran-
te a quimioterapia.
São inúmeras as alterações recor-
rentes do tratamento e da doença: dor
e dificuldade para engolir e mastigar.
A irradiação na cabeça e no pesco-
ço provoca a destruição também dos
tecidos vizinhos ao tumor. “Tudo isso
compromete os processos de absor-
ção e digestão dos alimentos. Quan-
do os tumores estão em órgãos como
o abdômen, pélvis ou pâncreas, por
exemplo, alterações são provocadas
no metabolismo, o que reduz o esta-
do nutricional do paciente”, completa
Nivaldo.Nivaldo Pinho,
chefe de nutrição do INCA
Temos discutido melhores
condutas para o tratamento.
É preciso cada vez mais saber tratar o câncer.
Entrevista
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FG - O maior avanço nesse campo
é a relação entre os agrotóxicos e o
câncer quando há o contato direto
com esses produtos, como é o caso
dos trabalhadores rurais e de suas fa-
mílias, por exemplo. Quanto a isso já
há bastante evidência científica, inclu-
sive relacionada a vários tipos de cân-
cer. Existem também diversos estudos
acerca dos resíduos agrotóxicos que
ficam nos alimentos e são ingeridos.
Essa realidade não está mensurada,
mas não significa que não seja real.
A Alemanha e o Japão, por exemplo,
têm feito comparações entre frutas e
verduras cultivadas com e sem agro-
tóxicos. Resultados mostraram que
alimentos sem agrotóxicos apresenta-
ram maior concentração de vitaminas,
além de compostos anticancerígenos.
RG - Como a vigilância no Brasil tem
atuado para alertar a população sobre
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o perigo oferecido pelos agrotóxicos?
FG - No INCA, temos estimulado o
consumo de alimentos sem agrotó-
xicos. A Agência Nacional de Vigilân-
cia Sanitária (Anvisa) tem contribuído
para essa campanha ao publicar anu-
almente o Programa de Análise de Re-
síduos de Agrotóxicos nos Alimentos.
Embora os produtores rurais recla-
mem, alegando alarde e prejuízo aos
negócios, essa é uma medida positiva.
Contribui para que os consumidores
prestem atenção, já que pouco sabem
da origem dos alimentos adquiridos, e
também estimula os próprios produ-
tores a melhorarem os produtos. As-
sim, a Anvisa tem desempenhado um
papel fundamental, pressionando a
ponta da cadeia produtiva. Um gran-
de problema hoje é controle do uso
do agrotóxico no Brasil, decorrente da
dimensão territorial e legislação do
país. Nossa tecnologia de avaliação de
uso desses produtos data de 50 anos,
o que resulta na utilização de fórmu-
las que já foram banidas em diver-
sos países. Nos últimos anos, o Brasil
saltou da terceira posição para a pri-
meira no consumo desses produtos.
Os produtores acabam cultivando de
modo mais seguro os alimentos que
seguem para exportação e negligen-
ciando os que abastecem o consumo
doméstico.
RG - Existem estados mais protegidos
no País, por contar com vigilâncias
mais atuantes?
FG – Existem estados mais organi-
zados que outros. O programa de Per-
nambuco é referência no País, através
da Agência Pernambucana de Vigilân-
cia Sanitária, que mantém um fórum
e atua em conjunto com o Ministério
Público e o poder público no combate
ao uso dos agrotóxicos. Tive a oportu-
nidade de participar desse fórum, du-
rante um seminário no Recife, e esta-
mos construindo um inspirado nessa
experiência no Rio de Janeiro. Para os
que militam por essa causa, Pernam-
buco é um exemplo bem sucedido.
RG - Que importância os alimentos
orgânicos têm ganhado no Brasil?
FG - Não há no Brasil pesquisa so-
bre o consumo de alimentos orgâni-
cos. Embora esse público consumidor
não seja tão robusto, tem existido um
reconhecimento em relação ao poten-
cial saudável desses produtos. Dizem
que são mais caros. Porém, quanto
maior o consumo, maior a demanda e,
consequentemente, seu barateamen-
to. Também há quem diga que são
mais saborosos, mas o que pode-se
provar cientificamente é que os orgâ-
nicos possuem maior concentração
de vitaminas e minerais. Assim, são
aliados na prevenção do câncer.
RG - Você acredita que os brasileiros
têm tido mais cuidado na alimentação?
FG - Esse é um processo que está
avançando. As pessoas podem não
estar mudando seus hábitos alimen-
tares, mas reconhecem os benefícios
e os malefícios de cada um deles.
Trabalhamos para construir essa visão
de alimentação saudável e mobilizar a
sociedade.
Atu
ação
Pro
fiss
iona
l
Resultados mostraram que alimentos sem agrotóxicos apresentaram maior concentração de vitaminas, além de
compostos anticancerígenos.Fábio Gomes, nutricionista
Nutrição a favor do tratamento do câncer
Maio
| Junho
| Julho
| Agosto
| 2012
11
limite. Estes fatos podem ser parcial-
mente explicados pelo aumento e
preferência do consumo de alimentos
industrializados dessa idade.
Na lista dos alimentos que passa-
ram a ser encarados com cautela pela
população após as medidas, apare-
cem, primeiramente, os temperos à
base de sal, seguidos pelo pão francês
(que, apesar de não ter elevado teor
de sódio, é um alimento altamente
consumido pela população) e, então,
por categorias como produtos cárne-
os, biscoitos, produtos lácteos, caldos
e molhos, margarina, refeições pron-
tas, cereais matinais e maionese.
A campanha de combate ao sódio
também chamou atenção pelo fato
dele estar presente no sal de cozinha
(representando 40% de sua composi-
ção), e o seu excesso no organismo já
ter sido apontado por diversos estu-
dos como possível causa de obesi-
dade e de doenças crônicas como
hipertensão, problemas cardíacos, de
colesterol e de rins.
“Já foi observado que a relação
Presente na composição quími-
ca de grande parte dos principais
alimentos que compõem a mesa dos
brasileiros, o sódio se transformou
em inimigo da dieta diária de muitas
pessoas. Desde que o Ministério da
Saúde anunciou medidas para reduzir
o consumo do sódio no País, ainda no
ano passado, sua ingestão passou a
ser vista com preocupação.
As medidas tomadas pelo Ministé-
rio foram impulsionadas pela consta-
tação de que a média populacional de
ingestão de sódio no Brasil ultrapassa
3.200 miligramas por dia, quando o
recomendado pelos órgãos nacionais
e internacionais de saúde é 2.200mg/
dia. Os números foram revelados pela
Pesquisa de Orçamentos Familiares
do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
De acordo com a pesquisa, mais
de 81% dos meninos e de 77% das
meninas, todos com idade entre 10 e
13 anos, ingeriram mais sódio do que
o valor máximo tolerável e 10% con-
sumiram mais do que o dobro desse
entre o aumento da pressão arterial e
o avanço da idade é maior em popu-
lações com alta ingestão de sal. Povos
que consomem dieta com reduzido
conteúdo deste item têm menor pre-
valência de hipertensão e a pressão
arterial não se eleva com a idade”,
aponta a nutricionista Sandra Marinho.
Entre os índios Yanomami, que
registram baixa ingestão de sal, não
foram observados casos de hiper-
tensão arterial, por exemplo. Quan-
to à população urbana brasileira, foi
identificada maior ingestão de sal nos
níveis socioeconômicos mais baixos.
Entretanto, também é observado o
aumento do índice de consumo de
sódio no país em todas as faixas etá-
rias, de acordo com Sandra. “Os dados
demonstram que as médias do con-
sumo diário de sódio, por classe de
idade, está acima do limite esperado
em 90% dos indivíduos. E se olharmos
os 10% que consomem mais, veremos
que o mínimo de consumo de sódio
já é o dobro da recomendação diária”,
Em
Foc
o
Ministério da Saúde traça planos para diminuir a ingestão da substância pelos brasileiros
A meta é reduzir o sódio
Revi
sta d
eG
estão
12
Em
Foc
o
afirma.
O coordenador-adjunto de Ali-
mentação e Nutrição do Ministério da
Saúde, Eduardo Nilson, aponta
que, caso a população brasileira, hoje,
consumisse individualmente menos
de 5g de sal ao dia (equivalentes a
2000mg de sódio), haveria redução de
15% nas mortes por acidentes vascu-
lares cerebrais e de 10% nos infartos,
além de livrar 1,5 milhões de pesso-
as do uso de medicamentos para o
tratamento da hipertensão. “Além
disso, o risco atribuível ao consumo
excessivo de sódio para a ocorrência
de AVC é de 60% a 70%, de insufici-
ência é de 50%, de ataque cardíaco
é de 25% e de problemas renais é de
20%, o que reforça o impacto que a
redução em seu consumo terá sobre
o adoecimento e as mortes por estas
causas, incluindo os custos sociais e
econômicos que representam, tanto
para os gastos do setor saúde, dentro
e fora do SUS, como para a produtivi-
dade geral da população, mas, acima
de tudo, o que a redução contribuirá
em termos de promoção de uma vida
mais saudável à população”, afirma.
De acordo com ele, os riscos desse
consumo apresentam-se em todas as
idades, mas vale a pena destacá-los
nas crianças e idosos. Isto porque, nas
primeiras, vem se acentuando a ocor-
rência de doenças crônicas associadas
à alimentação, incluindo-se a hiper-
tensão arterial e o diabetes. Nos últi-
mos, a prevalência das doenças crô-
nicas é maior, portanto, é frequente a
necessidade de reduzir os limites de
ingestão de nutrientes como o sódio.
Para combater essa realidade,
foram assinados acordos voluntários
entre o governo e associações da in-
dústria para a redução do sódio em
alguns alimentos, no ano passado.
Com os pactos, ficou acertado que a
Associação Brasileira das Indústrias
de Alimentação (Abia), a Associação
Brasileira das Indústrias de Massas Ali-
mentícias (Abima), a Associação Bra-
sileira da Indústria de Trigo (Abitrigo)
e a Associação Brasileira da Indústria
de Panificação e Confeitaria (Abip),
por exemplo, serão monitoradas
pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), órgão que poderá
denunciá-las caso as metas de redu-
ção não sejam respeitadas, embora
não possua prescrição para multá-las
ou puni-las.
O objetivo do Ministério da Saú-
de é, até 2014, retirar dos mercados
brasileiros 1634 toneladas de sódio.
“Essa estimativa, calculada pela Abia,
com quem o Ministério da Saúde
assinou os termos de compromis-
so para a redução do sódio, refere-
-se somente às três categorias com
reduções pactuadas em abril de 2011
(massas instantâneas, pães de forma e
bisnaguinhas). Portanto, haverá uma
quantidade ainda maior de sódio que
deverá ser retirada a partir dos demais
produtos que foram alvo da última
pactuação (assinada em dezembro de
2011) e dos outros produtos prioritá-
rios que deverão ser pactuados ainda
no primeiro semestre de 2012”, com-
pleta Nilson.
É importante ressaltar que as ne-
cessidades diárias de sódio podem
variar muito, principalmente, quan-
do relacionadas a atletas e indivíduos
que realizam atividades físicas com
Pão Francês
Redução de 648mg para 586mg/100g, 2,5% ao ano até 2014
Batatas fritas e palha
Redução de 720mg para 529mg/100g, 5% ao ano até 2016
Salgadinhos de milho
Redução de 1.288mg para 747mg/100g, 8,5% ao ano até 2016
Bolos prontos
Redução de 463mg para 204 até 332mg/100g, 7,5% a 8% ao ano até 2014
Misturas para bolos
Redução de 586mg para 334mg/100g (aerados) e 250g/100g (cremosos), 8 a 8,5% ao ano até 2016
Maionese
Redução de 1.567mg para 1.052mg/100g, 9,5% ao ano até 2014
Biscoitos
Redução de 1.220mg para 699mg/100g (salgados), 490mg para 359mg/100g (doces) e 600mg para 265mg/100g (doces recheados); 7,5 a 19,5% ao ano até 2014
Redução de sódio nos alimentos
Empresas tem até 2016 para se adequar
OS PROdutOS
Maio
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| Julho
| Agosto
| 2012
13
2,5% ao anoaté 2014
redução de
regularidade. Isto porque essas pes-
soas perdem sódio através do suor,
o que não acontece com aqueles
que são sedentários. Nestes últimos,
a principal via de perda de sódio é a
urina. “Há a necessidade de montar
estratégias múltiplas com o propósito
de levar as informações sobre os ris-
cos do consumo excessivo às pessoas.
Além da produção de campanhas e
materiais informativos, o Ministério da
Saúde vem desenvolvendo ações edu-
cativas nos ambientes de trabalho, e
particularmente, nas escolas e equi-
pamentos sociais (reforçando as ações
de educação alimentar e nutricional) e
também capacitando profissionais de
saúde para dar orientações à popula-
ção. Uma parceria com a Associação
Brasileira de Supermercados está sen-
do planejada para a realização de uma
campanha voltada aos consumidores
e aos trabalhadores do setor sobre os
riscos do consumo excessivo de sódio
e maneiras de reduzir essa ingestão”,
finaliza Nilson.
orientando indústrias e padarias a
produzirem produtos com menores
teores de sódio, sem afetar as carac-
terísticas físicas e sabor do produto e
levando os benefícios da redução do
sódio aos consumidores.
Entre as recomendações do
guia, está a utilização de balanças
pelas padarias para pesar a quanti-
dade de sódio e dos demais ingre-
dientes do pão francês, de modo a
evitar o exagero na proporção de
algum deles. Segundo a Anvisa, não
é possível fazer uma redução supe-
rior a 10% na adição de sódio nesse
alimento, por conta da função que o
sal tem em sua consistência.
Além do pão francês, outros pro-
dutos também ganharão guias de
boas práticas com as orientações da
Anvisa. É provável que seja trabalha-
do, em breve, o setor de produção
de refeições, que envolve restauran-
tes e food services, com o objetivo
de promover o uso racional de sal e
temperos à base de sal nas prepara-
ções, desde o arroz e o feijão até as
carnes, tendo em vista que a alimen-
tação fora do domicílio tem crescido
bastante na população.
PãO FRANCêS
De todos os alimentos que
sofreram o alarde do Ministério da
Saúde em relação ao teor de sódio,
o que mais chamou a atenção dos
brasileiros foi, sem dúvida, o pão
francês. Diariamente na mesa das
famílias, seja no café da manhã ou
no jantar, ele virou o centro das
atenções das discussões.
“Todos os impactos trabalhados
para a redução do consumo de só-
dio baseiam-se nos padrões atuais
de consumo e, no caso particular
do pão francês, não seria necessária
a redução do consumo individu-
al, quando o alimento em si não é
consumido em excesso e se insere
em uma dieta rica e equilibrada.
Em função do seu grau de consu-
mo pela população, o pão é um dos
mais importantes veículos para a
política de fortificação de farinhas
com ferro e ácido fólico, com vistas
a contribuir para a prevenção da
anemia e dos distúrbios de forma-
ção do tubo neural”, afirma Nilson.
A meta do Governo Federal é,
até 2014, reduzir em 10% o nível da
substância adicionada ao pão fran-
cês que, atualmente, é de 320mg.
Para perseguir esse objetivo, a An-
visa lançou o Guia de Boas Práticas
Nutricionais para o Pão Francês,
Eduardo Nilson
Há a necessidade de montar estra-tégias múltiplas
para informar sobre os riscos do
consumo excessivo (do sódio).
14
Gas
tron
omia
Durante a preparação de uma
refeição ou mesmo depois que ela
é servida, os brasileiros habituaram-
-se a tratar o sal como o ingrediente
responsável por dar sabor às comidas.
Não raro as pessoas disparam à beira
do fogão ou da mesa: “Coloca mais sal
para dar gosto!”, e não economizam
ao despejar o conteúdo do saleiro no
prato.
Esse hábito alimentar foi trans-
formado em números e os resultados
alardearam as instituições de saú-
de no País. De acordo com dados da
Agência Nacional de Vigilância Sani-
tária (Anvisa), atualmente, o brasileiro
consome, em média, 12g de sal por
dia, quando o recomendado pela Or-
ganização Mundial da Saúde (OMS) é
de 5g. Ou seja, estamos consumindo
mais que o dobro do recomendado.
Ainda segundo o órgão, a redução
do consumo de sal para 5g por dia
diminuiria em 10% a pressão arterial
da população brasileira, em 15% os
óbitos por acidente vascular cerebral
e em 10% nos óbitos por infarto. Com
essa redução, 1,5 milhão de brasilei-
ros não precisaria de medicação para
hipertensão e a expectativa de vida
dos hipertensos seria aumentada em
até quatro anos.
É importante saber que o sal que
costumamos colocar na preparação
dos nossos pratos é o cloreto de sódio
(NaCl). Como cerca de 40% de sua
constituição é sódio, o sal torna-se
fonte em potencial dessa substân-
cia na alimentação dos brasileiros.
O grande problema é que o sódio
(Na) já está presente nos alimentos,
naturalmente, por fazer parte de sua
composição química e o seu excesso
contribui para a ocorrência da hiper-
tensão arterial, por exemplo.
O caminho mais seguro para cui-
dar da saúde, então, é buscar alter-
nativas para substituir o sal na nossa
alimentação diária. “No caso dos ali-
mentos industrializados que podem
conter sódio em excesso, é importan-
te que o consumidor aprenda a ler
as informações contidas nas embala-
gens. Os condimentos e especiarias
naturais são excelentes opções para
substituí-lo. Realçam o sabor, aroma
e a aparência dos alimentos, além de
melhorarem a digestão e funcionarem
como fontes de vitaminas, minerais
e nutrientes antioxidantes”, explica a
nutricionista Sandra Marinho.
Alecrim, louro, manjericão, oré-
gano, salsas e pimentas são alguns
dos temperos que aparecem com
frequência na mesa dos brasileiros e
que podem substituir muito bem o sal
na hora de dar gosto aos alimentos.
Cada um apresenta particularidades
quanto ao sabor, aroma e benefícios à
saúde. O alecrim, por exemplo, auxilia
na digestão ao mesmo tempo em que
funciona como erva aromática.
Pimentas também são boas op-
ções para condimentar os pratos,
sendo presença bastante comum na
14
Revi
sta d
eG
estão
donos do
saborDiversos temperos podem substituir o sal na hora de dar gosto aos alimentos
15
culinária mexicana. Elas são fontes de
substâncias antioxidantes, além de
acelerarem o metabolismo, o que au-
menta o gasto calórico. Louro, açafrão,
manjericão e salsa são outras alter-
nativas que também podem ajudar
a driblar o sal. Esta última é fonte de
bioflavonóides e monoterpenos, duas
substâncias anticancerígenas.
Para quem não consegue fugir do
hábito de temperar as comidas com
sal, é possível optar pela versão light.
A vantagem é que ela possui menor
teor de sódio na composição. “A ado-
ção de um estilo saudável de vida é
fundamental no tratamento e preven-
ção da hipertensão arterial. Assim, a
diminuição no consumo de sódio na
alimentação pode levar a uma redu-
ção da pressão arterial e, consequen-
temente, também do risco cardiovas-
cular”, finaliza a nutricionista.
Além de proporcionar um sabor agradá-vel, deixa o prato mais colorido. É fonte de curcumina, um potente antioxidante.
Com sabor adocicado e pi-cante, pode ser utilizado em pratos doces, salgados e su-cos. Utilizado contra enjôos e dores de cabeça, é um ali-mento termogênico, capaz de aumentar a temperatura do corpo e gerar mais gasto de energia.
É muito utilizado em sopas e feijão.
Desidratada ou fresca, confere aos pratos um sabor
leve e agradável. Possui grandes quantidades de bioflavonóides e
monoterpenos, substâncias anticancerígenas.
Usadas para condimentar vários
pratos quentes no Brasil e no México. São fontes
de capsaicina, que é uma substância antioxidante.
Também aceleram o metabolismo,
aumentando o gasto calórico.
Pode ser utilizado no preparo de assados (porco), marinadas, molhos e chutneys.
Fontes de alicina e gama-glu-tamilcisteína, de ação antio-xidante, fortalecem o sistema imunológico e funcionam como temperos básicos para todos os pratos.
Ingredientes:20g de alecrim desidratado
20g de manjericão desidratado
20g de orégano desidratado
20g de sal marinho
Modo de preparo:Bater todos os ingredientes no
liquidificador. Armazenar em um
recipiente de vidro e utilizar como
substituto do sal em qualquer ali-
mento. Rendimento: 15 porções.
Fonte: Bruna Murta – nutricionista
da rede Mundo Verde
*A receita retirada do site da loja Mundo Verde: http://www.mundoverde.com.br/Molhos/Receita/2011/05/10/Sal-de-ervas/
Sal de ervas
Anota aí!M
aio
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| Julho
| Agosto
| 2012
15
alecrim
louro
curcuma (açafrão)
gengibre
alho e cebola
cravo da índia
Utilizado em diversos pratos, dá um toque especial em molhos de
tomate, tortas e saladas.
manjericão
salsa
pimentas
Erva aromática, combina com legu-mes, sopas, arroz e omeletes,
perfumando o prato e a cozinha. Também auxilia na digestão.
Dá um toque especial a mo-lhos, omeletes, saladas e pra-tos que contenham tomates.
orégano
Eles são reconhecidos como po-
tentes agentes quimiopreventivos no
nosso organismo. Capazes de reduzir
o risco de câncer a partir da inibição
dos danos oxidativos no DNA, os mi-
cronutrientes antioxidantes estão ao
alcance de todos. Podem ser encon-
trados em diversos alimentos, como
frutas (acerola, caju e goiaba, por
exemplo), vegetais (como cenoura,
tomate e milho), além de estarem
presentes em amendoins, amêndoas
e outros.
Vitaminas lipossolúveis (A, E e
betacaroteno), hidrossolúveis (C e do
complexo B), além dos oligoelemen-
tos (zinco, cobre, selênio, magné-
sio, etc) são os principais nutrientes
antioxidantes. Além de atuarem na
prevenção do câncer, eles tornam-se
importantes por também exercerem
um poderoso combate a outras doen-
ças degenerativas, como as cardiovas-
culares e as cataratas.
Essas substâncias químicas são
chamadas de antioxidantes por cau-
sa da forma como agem no corpo,
atrasando ou inibindo as taxas de
oxidação, a partir da neutralização
dos radicais livres. Até mesmo quando
estão presentes em baixas concentra-
ções no organismo, eles conseguem
manter essa capacidade de proteger
os tecidos, células, DNA, proteínas e
demais componentes do corpo das
substâncias que o danificam.
Por isso, a atuação desses micro-
nutrientes é tão louvada pelos estu-
diosos, que destacam o papel deles
para equilibrar a produção de radicais
livres e os mecanismos de defesa an-
tioxidante. Quando esse equilíbrio
não é alcançado no organismo, é que
acontece o estresse oxidativo. “A defi-
ciência desses micronutrientes no or-
ganismo pode contribuir para danos
e modificações oxidativas do DNA, au-
mentando o risco de desenvolvimen-
to de câncer”, afirma Marina.
Uma dieta balanceada, com boas
quantidades de frutas e vegetais, en-
tão, é a melhor maneira de se obter
os nutrientes antioxidantes. Solúveis
em gordura, vitaminas como a A, E
e betacaroteno, são transportadas
pelo sistema linfático para diferentes
partes do corpo, sendo armazenadas
em maior quantidade no corpo que
as hidrossolúveis. Já os oligoelemen-
tos, embora necessários em pequena
quantidade no organismo, permane-
Antioxidantes são armas de defesa
Marina Petribu,
nutricionista
O impacto benéfico desses micronutrientes
pode representar uma melhora
da expectativa de vida.
Fala
ndo
de
Nut
riçã
o
16
Revi
sta d
eG
estão
cem indispensáveis, por não serem
sintetizados de forma autônoma.
Porém, infelizmente, essa recei-
ta nutricional não tem sido seguida
pela população no Brasil. De acordo
com dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), mais de
90% das pessoas no País consomem
menos frutas, legumes e verduras do
que o recomendado pelo Ministério
da Saúde.
Na cartilha intitulada Alimentação
saudável para todos: siga os dez pas-
sos, o órgão indica que o ideal é comer
diariamente pelo menos três porções
de legumes e verduras, como parte
das refeições, e três porções ou mais
de frutas nas sobremesas e lanches.
Quem opta por uma dieta balanceada
como essa, caminha em direção a uma
vida prolongada. A maior parte da
população brasileira, entretanto, tem
caminhado na contramão e acaba se
privando de benefícios como esse.
“Até o momento, não foi confir-
mado pela literatura se a ingestão de
antioxidantes pode diminuir a pro-
gressão do envelhecimento, prolon-
gando o tempo máximo de vida. No
entanto, o impacto benéfico desses
micronutrientes sobre doenças de-
generativas associadas ao envelheci-
mento pode representar uma melho-
ra da expectativa de vida”, explica a
nutricionista Marina Petribu.
CÂNCERAs relações entre o câncer e
os processos de oxidação no or-
ganismo estão bastante interliga-
das. “O processo carcinogênico é
caracterizado por um estado oxi-
dativo crônico, especialmente na
etapa de promoção. Além disso,
a fase de iniciação está associada
com dano irreversível no material
genético da célula, muitas vezes
devido ao ataque de radicais li-
vres”, completa Marina.
De acordo com artigos pu-
blicados na Revista Brasileira de
Cancerologia, vinculada ao Insti-
tuto Nacional de Câncer, o trata-
mento de pacientes oncológicos
torna-se diferenciado quando alia
nutrientes antioxidantes a drogas
antineoplásicas. Entre os bene-
fícios apontados por estudiosos,
está uma menor incidência dos
efeitos colaterais, por exemplo,
possibilitada pela oferta das vi-
taminas A, E e C, principalmente,
e, em alguns casos, do selênio e
zinco. A ingestão de quantidades
mais elevadas de vitaminas na
forma de suplementos, porém,
não é indicada como estratégia
para a prevenção de câncer.
PRINCIPAIS NUTRIENTES ANTIOXIDANTES
17
Fontes:(1) Paul & Southgate (1978); Whitney & Rolfes (1999).
(2) Azoubel et al. (1998); Pinheiro et al. (2001).(3) Godoy & Rodriguez-Amaya (1994), Mangels et al. (1993)
Vitamina E(1)
Oléo de Girassol
Margarinas
Amêndoa
Gérmen de trigo
Amendoim
Vitamina C(2)
Frutas
Acerola
Caju
Goiaba
Laranja (suco)
Vegetais
Brócolis
Couve
Couve-flor
Tomate
Carotenóides(3)
Vegetais
Couve
Espinafre
Cenoura
Abóbora
Tomate
Brócolis
Milho
Piqui
Frutas
Buriti
Goiaba vermelha
Pitanga
Manga
Mamão
Pêssego
48,7
25,0
20,0
11,0
8,0
1.369
219
218
54
113
92
82
23
26.600
14.300
11.760
8.400
3.720
3.100
880
610
48.880
6.212
1.640
1.300
859
651
Quantidade
Quantidade
Quantidade
(mg/100g)
(mg/100g)
(μg/100g)
(α-tocoferol)
Vitaminas hidrossolúveis
Vitaminas lipossolúveis
Oligoelementos
Vitaminas A, E e betacaroteno
Vitaminas C e do complexo B
Zinco, cobre, selênio, magnésio
===
Maio
| Junho
| Julho
| Agosto
| 2012
17
(
No final do ano passado, a Agên-
cia Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) alertou os brasileiros para a
presença de agrotóxicos inadequados
em diversos alimentos que compõem
a mesa da população. Com base na
avaliação de amostras, o órgão cons-
tatou o uso de substâncias não au-
torizadas por produtores rurais, que
podem acarretar doenças como de-
pressão, câncer e infertilidade.
Pimentão, morango e pepino en-
cabeçaram a lista dos dez alimentos
com mais amostras contaminadas por
resíduos de agrotóxicos divulgada
pela Anvisa. De acordo com o relató-
rio da agência reguladora, os resulta-
dos insatisfatórios devido à utilização
de agrotóxicos não autorizados são
causados por dois tipos de irregulari-
dades: a primeira está relacionada à
aplicação de um agrotóxico não auto-
rizado para determinada cultura, mas
cujo produto está registrado no Brasil
e com uso permitido para outras cul-
turas; e a outra porque foi aplicado
um agrotóxico banido no Brasil, sem
uso permitido em nenhuma cultura.
O alarde da Anvisa se baseou na
análise de 2.488 amostras de alimen-
tos, realizada em 2010, que apontou o
índice de 28% de resultados insatisfa-
tórios para a presença de resíduos dos
produtos. Deste total, 605 amostras, o
que representa 24,3% do total, esta-
vam contaminadas com agrotóxicos
não autorizados.
Os números relacionados ao
índice de resíduos de agrotóxicos
no pimentão chamaram bastante a
atenção dos brasileiros, já que quase
92% das amostras foram identificadas
como contaminadas. Além disso, fo-
ram encontrados sete tipos diferentes
de agrotóxicos irregulares em suas
amostras, de acordo com o relatório
da Anvisa. Quanto ao morango e ao
pepino, a contaminação foi registrada
em 63% e 57%, respectivamente.
Entre os agrotóxicos que foram
analisados pela Anvisa, o endossulfan
foi apontado como extremamente
tóxico, por estar associado a proble-
mas reprodutivos e endócrinos em
trabalhadores rurais e na população
em geral. Por isso, sua comercialização
será banida a partir de 31 de julho de
2013. Antes disso, o produto já vinha
enfrentando uma campanha a favor
de sua retirada do mercado mundial.
Outro agrotóxico que também
vem sendo combatido pelo Governo
Federal é o aldicarbe (inseticida autori-
zado para uso em café, cana-de-açúcar
e citros). Para conscientizar os traba-
lhadores rurais, a Anvisa distribuiu
uma cartilha contendo informações
sobre como evitar intoxicações por
essas substâncias químicas, recomen-
dações que devem ser observadas na
compra dos produtos, além de esclare-
cimentos sobre como transportar, uti-
lizar, guardar e descartar agrotóxicos.
De acordo com o último levan-
tamento do Sistema Nacional de
Informações Tóxico - Farmacológicas
Lista com os dez alimentos com mais amostras contaminadas
com resíduos de agrotóxicos
Os dez +
1º 2º 3º 4º 5ºpimentão morango pepino cenoura alface
Fonte | Pesquisa Anvisa
Fonte | Pesquisa Anvisa
Pimentão, morango e pepino
encabeçaram a lista dos
alimentos com mais amostras contaminadas.
Atu
alid
ade
Agrotóxicos à mesaPesquisa da Anvisa releva novos dados sobre a presença dessas substâncias nos alimentos
18
Revi
sta d
eG
estão
(
Imagens | sxc.hu
da Fundação Oswaldo Cruz, foram re-
gistrados 11.641 casos de intoxicação
por agrotóxicos no Brasil, em 2009,
com 188 óbitos. Dados das indústrias
de agrotóxicos apontam que, desde
2008, o Brasil assumiu o posto de
maior consumidor de agrotóxicos em
todo mundo, com um mercado que
movimentou mais de US$ 7 bilhões,
naquele ano.
PARACriado desde 2001, o Programa de
Análise de Resíduos de Agrotóxicos em
Alimentos (PARA) nasceu com a missão
de se lançar em pesquisas relacionadas
ao tema. Com a finalidade prática de
diagnosticar a situação dos resíduos
de agrotóxicos em diversas culturas do
País, o PARA era formado, inicialmen-
te, pelos Estados de Pernambuco, São
Paulo, Paraná e Minas Gerais.
Ano a ano, novos estados foram
aderindo ao programa que, hoje, está
presente em todo Brasil. Além disso,
a lista de alimentos que passam pelos
testes do PARA só têm crescido, in-
cluindo desde batata inglesa, cenou-
ra, banana, laranja a pimentão, alface,
feijão e arroz, por exemplo. Entre os
laboratórios que analisam ou já anali-
saram as amostras coletadas pelos es-
tados que integram o programa, estão
o Instituto de Tecnologia de Pernam-
buco (ITEP/PE), os LACENs (Laborató-
rios Centrais de Saúde Pública) e o Ins-
tituto Adolfo Lutz (IAL), que recebem
as amostras embaladas e encaminha-
das via sedex.
“O PARA é um programa que mo-
bilizou toda a cadeia envolvida: pro-
dutores, distribuidores, comerciantes,
cooperados, sindicatos da categoria,
agrônomos e consumidores. Fazemos
rastreabilidade para a localização do
produtor, por isso, durante a concep-
ção do programa, optamos por cole-
tar as amostras nos supermercados
das grandes redes. Assim, obtemos
notas fiscais que indicam a origem do
produtor, favorecendo a rastreabili-
dade e a responsabilização pelo risco
sanitário”, explica a conselheira do
CRN-6 e coordenadora do programa
em Pernambuco, Rosário Spín-dola.
A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) é responsável pela
coordenação geral do programa, que
reúne as equipes estaduais duas vezes
por ano para traçar diretrizes e avaliar
resultados. Essas equipes são compos-
tas por, no mínimo, quatro membros,
divididos nas funções de responsá-
vel administrativo, responsável pela
amostragem e coletores de amostras.
Neste ano, as atividades do PARA
tiveram início no final de janeiro, com
a coleta das culturas de laranja, ce-
noura e abacaxi durante dez semanas,
em todo o Brasil. Uma transportadora
foi contratada pela Anvisa para forne-
cer as caixas de papelão para embalar
as amostras e também pegá-las em
cada Estado e, posteriormente, enviá-
-las ao Laboratório Eurofins/SP.
PERNAMBUCO“Em PE, foi criado um progra-
ma paralelo ao PARA nacional,
o qual chamamos de Progra-
ma de Análise de Resíduos de
Agrotóxicos em Hortifrutíco-
las (PARINHA) e que se tornou
modelo no País, saindo do diag-
nóstico para a ação fiscal. Tem a
mesma metodologia, com o di-
ferencial de realizar ações fiscais
que autuam as empresas que
usam agrotóxicos não autoriza-
dos para aquela determinada
cultura ou apresentam laudos de
análises com resultados insatis-
fatórios, pela detecção de resídu-
os acima do LMR (Limite Máximo
de Resíduos)”, explica Rosário.
Coordenado pela Agência
Pernambucana de Vigilância Sa-
nitária (Apevisa), o PARINHA/PE
começou em 2003 e tem apoio
do Ministério Público de Pernam-
buco (MPPE), além de se basear
no Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC) que, ao ser assi-
nado pelas empresas, prevê mul-
tas em caso de descumprimento
das cláusulas estabelecidas.
Maio
| Junho
| Julho
| Agosto
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196º 7º 8º 9º 10ºabacaxi beterraba couve mamão tomate
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