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Janeiro • Fevereiro Março • Abril 2012 Substituindo o sal nas receitas Gastronomia 14 Agrotóxicos nos alimentos Atualidade 18 Antioxidantes na prevenção do câncer Falando de Nutrição 16 21 Novos planos para diminuir a ingestão da substância pelos brasileiros

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Quadrimestral

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Janeiro • FevereiroMarço • Abril

2012

Substituindo o sal nas receitas

Gastronomia 14

Agrotóxicos nos alimentos

Atualidade 18

Antioxidantesna prevenção

do câncer

Falando de Nutrição 16

21

Novos planos para diminuir a ingestão da substância pelos brasileiros

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Gastronomia

Donos do sabor14

08 Atuação ProfissionalNutrição a favor do tratamento do câncer

Atualidade

Agrotóxicos à mesa18Falando de Nutrição

Antioxidantes são armas de defesa16

11

DE GESTÃOPublicação Quadrimestral do

Conselho Regional de Nutricionistas 6ª Região

Rua Bulhões Marques, 19, sls 801/803 Edf. Zikatz | Boa Vista, Recife/PE | CEP: 50060-050

Fones (81) 3222.1458 / 3222.2495 / 3421.8382 Fax (81) 3421.8308

www.crn6.org.br | [email protected]

DELEGACIAS

• Ceará | Av. Santos Dumont, 1740, sl 613,Aldeota - Fortaleza/CE - CEP: 60150-160 Fone/Fax:(85) 3261.6341 Delegada: Maria Lúcia Barreto Sá• Rio Grande do Norte | R. João Pessoa, 267, sl 707, Edf. Cidade do Natal, Cidade Alta - Natal/RNCEP: 59.025-902Fone/Fax: (84) 3211.8193Delegada: Adriana de Queiroz Xavier• Piauí | R. Des. Pires de Castro, 173, sl 7 Sul-Centro, Teresina/PI - CEP: 64001-390 Fone/Fax: (86) 3222.3028 Delegada: Maria do Rosário Lima Gomes • Paraíba | Av. Dom Pedro I, 361, sl 210Edf. Holanda Center, Centro - João Pessoa/PBFone/Fax: (83) 3241.5621 Delegada: Luciana Maria Martinez Vaz• Alagoas | Av. Moreira e Silva, 547, sl 105 Farol - Maceió/AL - CEP: 57021-500Fone/Fax: (82) 3221.7048 Delegada: Ana Maria Beltrão Rossiter• Maranhão | R. Queóps, 12, sl 401J. Renascença - São Luís/MA - CEP: 65075-800Fone: (98) 3235.3435Delegada: Sueli Ismael O. da Conceição

DIRETORIA DO CRN-6

• Conselheira PresidenteNancy Aguiar• Conselheira Vice PresidentePatrícia Santos• Conselheira SecretáriaIvany Amaral• Conselheiro Tesoureiro Rodrigo Silveira• Efetivos | Ivany C. R. Amaral | Leopoldina de S. Ser-queira | Maria do Rosário P. Spíndola | Maria Dolores G. da Fonte | Marina de Moraes V. Petribu | Nancy de A. Aguiar | Patrícia M. S. Santos | Taciana C. Verçosa | Rodrigo Luis da Silveira• Suplentes | Adriana de Q. Xavier | Ana Glória F. de Araújo | Ana Karina Souza | Edigleide F. Barreto | Flávia Maria de C. Almeida | Larissa de A. Viana | Maria do Rosário L. Gomes | Sebastião de F. Silva |Suzana de C. S. Lins • Comissão de Fiscalização | Ivany C. R. AmaralNancy de A. Aguiar | Maria Dolores G. da FonteMaria do Rosário P. Spíndola• Comissão de Tomada de Contas | Maria do Rosário P. Spíndola | Marina de M. V. Petribu | Leopoldina de S. Sequeira• Comissão de Ética | Patrícia S. Santos | Taciana C. Verçosa | Maria Dolores G. Fonte | Ana Glória F. de Araújo• Comissão de Formação Profissional | Marina de M. V. Petribu | Edigleide F. Barreto | Larissa de A. Viana |Ana Karina Souza | Luciana M. Vaz | Leopoldina de S. Sequeira • Licitação | Maria Dolores G. da Fonte | Flávio C. de Brito | Janusy de F. Silva | Nairton S. da Silva• Comunicação | Nancy de A. Aguiar | Ivany C. R. Amaral | Rodrigo Silveira | Patrícia S. Santos

Jornalista ResponsávelPatrícia Natuska (DRT 3187) Multi Comunicação Corporativawww.multicomunicacao.com

Edição e Textos | Marina Andrade e Patrícia Natuska - Multi Comunicação CorporativaProjeto Gráfico | Multi Comunicação Corporativa Diagramação | Daniele Torres - MultiCapa | Foto de Daniele TorresTiragem | 10.000 exemplares

Nesta primeira edição de 2012, mantemos a pro-

posta de informar os nutricionistas e a sociedade

sobre as mais diversas questões ligadas à alimen-

tação, a partir da abordagem de temas atuais,

despertando interesse tanto dos profissionais da

área quanto do público em geral.

O destaque são as reportagens sobre associa-

ções entre o câncer e os agrotóxicos, assun-

to cada vez mais aprofundado em pesquisas

científicas e que está despertando a atenção da

população, além de relação da doença com a ali-

mentação. Não nos restringimos apenas a aler-

tar para essa relação, como também buscamos

apresentar hábitos alimentares para a prevenção da doença e ressaltar a im-

portância de uma alimentação adequada durante o tratamento, com relatos

de nutricionistas que trabalham diretamente com pacientes oncológicos.

Outro tema abordado nas páginas da revista é a redução do sódio nos ali-

mentos, batalha que está sendo travada pelo Ministério da Saúde, com o

objetivo de estimular a adoção de uma alimentação mais saudável pelos

brasileiros. Sobre o assunto, contamos com esclarecimentos do coordena-

dor-adjunto de Alimentação e Nutrição do ministério, Eduardo Nilson.

Boa leitura!

Nancy AguiarConselheira Presidente

Editorial

0403Entrada

Radar CRN-6 em ação

Em Foco

A meta é reduzir o sódio

Alerta e orientações constantes

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| Julho

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Radar

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a

Com participação do CRN-6, o Fórum dos Conse-

lhos das Profissões de Saúde no Estado de Pernambuco

(FCPS-PE) deu início ao calendário das ações de 2012. O

objetivo do fórum, que foi reativado no ano passado, é

garantir a melhoria dos serviços de saúde oferecidos à

população, a partir da fiscalização conjunta de unidades

hospitalares.

O CRN-6/PB participou de audiências públicas que discu-

tiram acidentes de consumo, que acontecem quando um pro-

duto ou serviço colocado no mercado causa danos à saúde, e a

alimentação escolar saudável na rede privada de ensino, além

de ter sido convidado para articular projetos e fiscalização

conjunta com a Agência Estadual de Vigilância Sanitária, entre

outras atividades. As representantes da delegacia, Luciana Ma-

ria Martinez Vaz (titular) e Raquel Patrícia Ataíde Lima (suplen-

te), tomaram posse no Conselho Municipal de Saúde (CMS) de

João Pessoa.

Pernambuco

Fórum

Audiências públicas

Alagoas

Saúde nas escolas“Tecendo Redes de Promoção da

Saúde nas escolas Alagoanas” foi o tema

da reunião organizada pela Secretaria

de Saúde do Estado de Alagoas, que

contou com colaborações do CRN6-

-AL. A Delegacia também participou

do Simpósio Alagoano de Nutrição, da

apresentação do Balanço Social do Pro-

grama Mesa Brasil ano 2011 e apresen-

tou o Sistema CFN/CRN aos alunos da

graduação em nutrição da Universidade

Federal de Alagoas.

A Delegacia do CRN-6 no Rio

Grande do Norte contratou mais

um fiscal para atuar no estado,

desde o último mês de janeiro.

Agora, Cláudia Martins de Oliveira

se junta a Cláudia Catarine Costa

para exercer as funções atribuí-

das à fiscalização. De acordo com

a coordenadora da Comissão de

Fiscalização, Roberta Pereira, a

contratação de um novo fiscal

representa tanto a ampliação na

cobertura do Estado, quanto uma

maior abrangência do CRN-6 nes-

se âmbito.

Rio Grande

do Norte

Novo fiscal

Paraíba

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Prestação de contas | 2011

O CRN-6 fechou 2011 inscrevendo 7.702 nutricionistas, 537 técnicos e 2.418 pessoas jurídicas nos sete estados da jurisdição. Confira o balanço completo no quadro abaixo:

CRN-6 em ação

INVESTIMENTOS EM FISCALIZAÇÃO (em R$) Orçada

595.000,00

Realizada

589.818,64

RECEITAS (em R$)

Receitas Correntes

Receitas de Anuidades

Receita Patrimonial

Receitas Diversas

Outras Receitas Correntes

Subtotal

Receitas de Capital

Receitas Totais

Orçada

1.690.000,00

85.000,00

55.000,00

83.000,00

1.913.000,00

20.000,00

1.933.000,00

Arrecadada

1.685.503,19

116.329,75

74.610,54

145.162,26

2.021.605,74

-

2.021.605,74

DESPESAS (em R$)

Despesas Correntes

Pessoal

Despesas Variáveis

Obrigações Patronais

Material de Consumo

Serv. de Terceiros - Pessoa Física

Outros Serv. de Terceiros

Outras despesas correntes

Subtotal Despesas Correntes

Despesas de Capital

Obras e Instalações

Equipamentos e Materiais Permanentes

Aquisição de Imóveis

Subtotal Despesas de Capital

Despesas Totais

Orçada

663.000,00

2.000,00

197.000,00

45.000,00

8.000,00

668.000,00

190.000,00

1.773.000,00

5.000,00

125.000,00

30.000,00

160.000,00

1.933.000,00

Realizada

661.554,78

1.005,47

192.804,20

37.999,16

2.380,95

607.892,35

167.715,00

1.671.351,91

1.699,90

24.407,00

30.000,00

56.106,90

1.727.458,81

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Maio

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| Julho

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Desempenho 2011

Número de inscritos por estado

N Nutricionistas

T Técnicos

PJ Pessoas Jurídicas

N 770

T 158

PJ 199

N 922

T 1

PJ 241

N 1141

T 7

PJ 327

N 1172

T 117

PJ 436

N 977

T 28

PJ 188

N 781

T 80

PJ 247

N 42

T 7

PJ 9

N 1937

T 139

PJ 771Legendas

Outros

Eventos

Entre os dias 02/05 e 23/07, estarão abertas as inscrições

para o VI Prêmio Emília Aureliano de Alencar Monteiro, que

podem ser realizadas gratuitamente na sede do CRN-6 ou

via Correios, a partir do preenchimento de ficha de inscrição

e entrega do trabalho de acordo com as normas do regula-

mento.

A premiação tem a finalidade de incentivar a produção

científica e o vencedor será anunciado no dia 20 de agosto

de 2012. O trabalho será apresentado no Seminário de Atu-

alização Itinerante, no dia 25 de agosto, no Recife.

Prêmio Emília Aureliano

Na nota sobre o número de ins-critos por estado da Comissão de Fis-calização da Revista deGestão nº 20, o valor referente às Pessoas Jurídicas do estado do Piauí estava desatuali-zado. O número já está correto nesta edição.

Errata

Inscrições iniciam no mês de maio

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rad

a CRN-6 em ação

Propor diretrizes para ações rela-

cionadas à alimentação e nutrição, a

partir da articulação entre o governo

e a sociedade civil. É essa a missão do

Conselho Nacional de Segurança Ali-

mentar e Nutricional (Consea), criado

em 1993, com atuação diretamente

ligada à Presidência da República, a

partir da formulação de políticas e da

definição de orientações para que o

País garanta o direito humano à ali-

mentação.

Bolsa Família, Alimentação Escolar,

Aquisição de Alimentos da Agricultura

Familiar e Vigilância Alimentar e Nutri-

cional são alguns dos programas pro-

postos e acompanhados pelo Consea,

que segue como base as resoluções

da Conferência Nacional de Seguran-

ça Alimentar e Nutricional. O principal

papel do órgão é assessorar e não atu-

ar como gestor ou executor de ações.

“O Consea estimula a sociedade

a participar da formulação, execução

e acompanhamento das políticas de

segurança alimentar e nutricional, e

considera a organização da sociedade

essencial para as conquistas sociais”,

explica a conselheira do Consea-PE,

Leopoldina Sequeira. Embora existam

registros de políticas públicas vol-

tadas para a Segurança Alimentar e

Nutricional desde 1930, é apenas em

1993 que o tema começa a ganhar es-

paço no debate das políticas públicas.

Neste ano, foi criado o Consea

e também produzida uma primeira

proposta de Plano Nacional de Segu-

rança Alimentar e Nutricional. Com a

participação de dois mil delegados,

ocorreu a 1ª Conferência Nacional de

Segurança Alimentar e Nutricional

(CNSAN), em 1994. No ano passado,

foi realizada a IV CNSAN, que trouxe,

entre as muitas propostas, a amplia-

ção dos programas de compra de ali-

mentos diretamente da agricultura fa-

miliar. Como também, o aumento do

teto do valor para comercialização por

agricultor familiar/ano, a construção

de centros de comercialização para

facilitar a logística do transporte de

alimentos da agricultura familiar para

entidades beneficiadas, a proibição

da terceirização da merenda escolar, a

fiscalização quanto ao uso indiscrimi-

nado de agrotóxico e princípios ativos

proibidos na produção de alimentos

e a valorização da produção agroeco-

lógica.

Os Conseas, então, realizam confe-

rências (municipais, estaduais, distrital

e nacional) que são os espaços de

onde saem as deliberações, priorida-

des e diretrizes que são propostas e

articuladas junto às três esferas gover-

Consea a serviço da população

A importância do nutricionista nos espaços políticos voltados para as ações de segurança alimentar e nutricional é uma realidade cada vez mais presente.

Leopoldina Sequeira, conselheira do Consea-PE

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namentais. O CRN-6 atua nos Conseas

e Comseas (municipais) de todos os

estados da jurisdição. A ideia por trás

desses núcleos é tratar de questões

específicas da região relacionadas à

Segurança Alimentar e Nutricional.

De acordo com Leopoldina, o

CRN-6 está inserido nos Conseas esta-

duais como sociedade civil, objetivan-

do sensibilizar e motivar a sociedade e

os Governos Estaduais para a temática

da segurança alimentar e nutricional,

considerando a ótica do direito huma-

no à alimentação adequada. “O CRN-6,

entidade que regulamenta a profissão

do nutricionista, enquanto sociedade

civil, tem papel de extrema importân-

cia. Isso porque, por meio da fiscaliza-

ção do exercício profissional, exerce

sua responsabilidade social quanto

à defesa do bem-estar da população

através da promoção da saúde, da

nutrição e da alimentação saudável

e adequada dos indivíduos, por meio

do exercício profissional competente,

crítico e ético de nutricionistas capaci-

tados e habilitados”, afirma Leopoldi-

na, que atua no órgão como conse-

lheira titular.

O assento do CRN-6 no Consea-

-PE, que é vinculado diretamente ao

Governo do Estado a partir da Secre-

taria de Agricultura e Reforma Agrária,

também conta com a presença da

nutricionista Ana Glória Araújo, na

função de suplente. Juntas, elas parti-

cipam das reuniões plenárias do Con-

sea, que acontecem uma vez por mês,

acompanhando e manifestando suas

opiniões sobre os assuntos colocados

em discussão, além de encaminhar as

decisões e os compromissos assumi-

dos pelo CRN-6.

Quando designadas, as nutricio-

nistas também participam de Confe-

rências e Seminários voltados ao tema

da Segurança Alimentar e Nutricional.

“Pessoalmente, atendendo solicita-

ção do Governo Estadual, em parceria

com o Cecan NE I/UFPE, coordenei o

trabalho de campo de um levanta-

mento sobre insegurança alimentar:

Avaliação da (In) Segurança Alimentar

nas Regiões de Desenvolvimento do

Estado de Pernambuco, desenvolvi-

do em 48 municípios, em 2011”, conta

Leopoldina.

Para a conselheira, a importância

da participação do nutricionista nos

espaços políticos voltados para as

ações de segurança alimentar e nutri-

cional é uma realidade cada vez mais

presente. “Considerando que a segu-

rança alimentar e nutricional integra

um conjunto de direitos que definem

a qualidade de vida e pressupõe o fim

da exclusão social, é papel do Estado,

por meio do diagnóstico da insegu-

rança alimentar, definir políticas pú-

blicas que visem garantir o direito à

alimentação e à segurança alimentar”,

finaliza Leopoldina.

Consea Pernambuco

TITULAR Leopoldina Sequeira

SUPLENTE Ana Glória Araújo

Comsea Caruaru

EFETIVA Adriana Negromonte

SUPLENTE Vanessa dos Santos

Consea Paraíba

TITULAR Luciana Martinez

Comsea João Pessoa

PRESIDENTE Vernayde Maria

Consea Rio Grande do Norte

TITULAR Cláudia Alves

SUPLENTE Fernanda Pinto

Comsea Fortaleza

TITULAR Maria Lúcia Sá

Comsea Piauí

TITULAR Maria do Perpétuo Fonseca

SUPLENTE Maria do Rosário Gomes

Comsea Imperatriz

TITULAR Jaisane Santos

SUPLENTE Marluce Alves

Consea Alagoas

TITULAR Ana Maria Beltrão

do CRN-6Representações

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Nutrição a favor do tratamento do câncer

Cada vez mais, nutricionistas têm

atuado na assistência de pacientes

oncológicos. Com a incidência cres-

cente do câncer, os serviços têm sido

ampliados nos hospitais para tratar

a doença. Esta realidade tem atraído

profissionais de nutrição para o seg-

mento, que vem se desenvolvendo no

País com iniciativas como o Congres-

so Brasileiro de Nutrição Oncológica,

realizado a cada dois anos, reunindo

cerca de mil nutricionistas, e a Jornada

Nutricional Oncológica no Brasil, que

passa por vários Estados.

De acordo com o chefe de nutri-

ção do Instituto Nacional de Câncer

(INCA), Nivaldo Pinho, a criação

de uma rede de atenção e assistência

nutricional ao paciente com câncer

tem sido discutida no Brasil. “Temos

discutido melhores condutas para o

tratamento. Nos últimos cinco anos,

construímos duas edições do Congres-

so Brasileiro de Nutrição Oncológica

com recomendações de melhores prá-

ticas, porque é preciso cada vez mais

saber tratar o câncer. Esses documen-

tos estão disponíveis na íntegra no

site do INCA e na biblioteca virtual do

Ministério da Saúde”, afirma.

Pinho ressalta que a instituição

oferece residência multidisciplinar,

incluindo nutrição, além de cursos de

aperfeiçoamento na área e também

de capacitação, abordando teoria e

prática para instituições que deseja-

rem se inscrever. Há 20 anos no INCA,

o nutricionista chefia uma equipe

formada por 32 profissionais, respon-

sáveis por assistir 210 pacientes, tanto

internos, quanto ambulatoriais.

Os estudos apontam que um pa-

ciente bem nutrido responde melhor

ao tratamento do câncer. Os diversos

cuidados com a alimentação possi-

bilitam avanços como o resgate do

estado nutricional, a redução e até

suspensão do tratamento da doença, a

diminuição do tempo de internação e

também dos custos e, claro, dos riscos

de desnutrição.

“A localização e o tempo da do-

ença determinam a condução do

tratamento. Estamos investigando de

que forma podemos reduzir a taxa de

complicação dos tumores gástricos

durante o pós-operatório e também

criar um inquérito nacional para ava-

liar o estado nutricional dos pacientes

com câncer para prover as políticas

públicas de ferramentas úteis”, explica

Nivaldo. De acordo com a nutricio-

nista Isabel Leal, que trabalha há

oito anos no Hospital do Câncer de

Pernambuco, o acompanhamento se

dá de acordo com a fase em que se

encontra o paciente. Uma triagem nu-

tricional é realizada quando o paciente

é interno para saber se há risco nutri-

cional ou algum grau de desnutrição.

Só então são prescritos suplementos

ou dieta completa, conforme o caso.

Há também o acompanhamento pré-

-cirúrgico, de acordo com a equipe

médica, e o pós-cirúrgico, durante o

Atu

ação

Pro

fiss

iona

l

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Entrevista com Fábio Gomes, nutricionista do Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro,

sobre o trabalho realizado no INCA para prevenção do câncer e a relação dos agrotóxicos e o câncer.

Revista deGestão (RG) - Como é o

trabalho desenvolvido no Instituto

Nacional de Câncer (INCA) - RJ?

Fábio Gomes (FG) - No INCA, tra-

balhamos com assistência e políticas

públicas que estimulem hábitos ali-

mentares que previnam o câncer. São

promovidas capacitações com profis-

sionais sobre as relações entre a nutri-

ção e o câncer. Frequentemente, esses

profissionais prestam esclarecimen-

tos sobre outras doenças, enquanto o

câncer continua sendo menos abor-

dado por eles. Mas, da mesma forma

que medidas como a redução no

consumo de gorduras podem preve-

nir doenças do coração, há alimentos

que são capazes de prevenir o câncer,

quando consumidos em maiores ou

menores proporções.

RG - Qual a importância dos cuidados

com a alimentação no tratamento do

câncer?

FG – O trabalho não tem foco nos

pacientes oncológicos. Na verdade,

é direcionado aos que estão fora dos

hospitais, objetivando diminuir o con-

tingente desses pacientes, a partir da

prevenção.

RG - De que forma, então, a alimenta-

ção pode ajudar na prevenção?

FG - Um bom exemplo é duran-

te a preparação de carnes, frangos e

peixes. Quando esses alimentos são

fritos ou preparados na chapa, há a

formação de componentes cancerí-

genos, que alteram células saudáveis

e aumentam a incidência de câncer

de estômago e de intestino. Isto é

decorrente das temperaturas altíssi-

mas e o contato direto com suportes

de preparação. Incentivamos a opção

por esses alimentos cozidos ou assa-

dos no forno. As carnes processadas

e embutidas, como as mortadelas

e salsichas, também correspondem

a alimentos de risco. Elas possuem

conservantes que, em contato com o

estômago, se transformam em subs-

tâncias cancerígenas, agredindo-o e

aumentando as chances de ocasionar

um câncer. Além desses alimentos,

temos os mecanismos de defesa e

proteção de certas substâncias. Com-

postos quimiopreventivos estão larga-

mente presentes em frutas, legumes e

verduras, por isso recomendamos que

as pessoas os consumam mais. A pre-

venção funciona assim: o câncer co-

meça quando dá defeito numa célula,

que passa a se multiplicar sem parar,

originando um tumor. O organismo

tem capacidade para consertar esses

defeitos e, com a ajuda de compostos

existentes nas frutas e hortaliças, isso

é feito de forma mais rápida.

RG - Quanto à associação entre os

agrotóxicos e o câncer, como avalia os

avanços dessas pesquisas no Brasil?

tratamento da quimioterapia e ou ra-

dioterapia.

“Procura-se atender às necessi-

dades nutricionais respeitando os

hábitos alimentares e a faixa etária de

cada paciente. Por exemplo, durante a

quimioterapia, as crianças e os idosos

não conseguem se alimentar com pra-

ticamente nenhum tipo de alimento”,

afirma. Segundo Isabel, a hidratação

oral é indicada, principalmente, duran-

te a quimioterapia.

São inúmeras as alterações recor-

rentes do tratamento e da doença: dor

e dificuldade para engolir e mastigar.

A irradiação na cabeça e no pesco-

ço provoca a destruição também dos

tecidos vizinhos ao tumor. “Tudo isso

compromete os processos de absor-

ção e digestão dos alimentos. Quan-

do os tumores estão em órgãos como

o abdômen, pélvis ou pâncreas, por

exemplo, alterações são provocadas

no metabolismo, o que reduz o esta-

do nutricional do paciente”, completa

Nivaldo.Nivaldo Pinho,

chefe de nutrição do INCA

Temos discutido melhores

condutas para o tratamento.

É preciso cada vez mais saber tratar o câncer.

Entrevista

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FG - O maior avanço nesse campo

é a relação entre os agrotóxicos e o

câncer quando há o contato direto

com esses produtos, como é o caso

dos trabalhadores rurais e de suas fa-

mílias, por exemplo. Quanto a isso já

há bastante evidência científica, inclu-

sive relacionada a vários tipos de cân-

cer. Existem também diversos estudos

acerca dos resíduos agrotóxicos que

ficam nos alimentos e são ingeridos.

Essa realidade não está mensurada,

mas não significa que não seja real.

A Alemanha e o Japão, por exemplo,

têm feito comparações entre frutas e

verduras cultivadas com e sem agro-

tóxicos. Resultados mostraram que

alimentos sem agrotóxicos apresenta-

ram maior concentração de vitaminas,

além de compostos anticancerígenos.

RG - Como a vigilância no Brasil tem

atuado para alertar a população sobre

10

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estão

o perigo oferecido pelos agrotóxicos?

FG - No INCA, temos estimulado o

consumo de alimentos sem agrotó-

xicos. A Agência Nacional de Vigilân-

cia Sanitária (Anvisa) tem contribuído

para essa campanha ao publicar anu-

almente o Programa de Análise de Re-

síduos de Agrotóxicos nos Alimentos.

Embora os produtores rurais recla-

mem, alegando alarde e prejuízo aos

negócios, essa é uma medida positiva.

Contribui para que os consumidores

prestem atenção, já que pouco sabem

da origem dos alimentos adquiridos, e

também estimula os próprios produ-

tores a melhorarem os produtos. As-

sim, a Anvisa tem desempenhado um

papel fundamental, pressionando a

ponta da cadeia produtiva. Um gran-

de problema hoje é controle do uso

do agrotóxico no Brasil, decorrente da

dimensão territorial e legislação do

país. Nossa tecnologia de avaliação de

uso desses produtos data de 50 anos,

o que resulta na utilização de fórmu-

las que já foram banidas em diver-

sos países. Nos últimos anos, o Brasil

saltou da terceira posição para a pri-

meira no consumo desses produtos.

Os produtores acabam cultivando de

modo mais seguro os alimentos que

seguem para exportação e negligen-

ciando os que abastecem o consumo

doméstico.

RG - Existem estados mais protegidos

no País, por contar com vigilâncias

mais atuantes?

FG – Existem estados mais organi-

zados que outros. O programa de Per-

nambuco é referência no País, através

da Agência Pernambucana de Vigilân-

cia Sanitária, que mantém um fórum

e atua em conjunto com o Ministério

Público e o poder público no combate

ao uso dos agrotóxicos. Tive a oportu-

nidade de participar desse fórum, du-

rante um seminário no Recife, e esta-

mos construindo um inspirado nessa

experiência no Rio de Janeiro. Para os

que militam por essa causa, Pernam-

buco é um exemplo bem sucedido.

RG - Que importância os alimentos

orgânicos têm ganhado no Brasil?

FG - Não há no Brasil pesquisa so-

bre o consumo de alimentos orgâni-

cos. Embora esse público consumidor

não seja tão robusto, tem existido um

reconhecimento em relação ao poten-

cial saudável desses produtos. Dizem

que são mais caros. Porém, quanto

maior o consumo, maior a demanda e,

consequentemente, seu barateamen-

to. Também há quem diga que são

mais saborosos, mas o que pode-se

provar cientificamente é que os orgâ-

nicos possuem maior concentração

de vitaminas e minerais. Assim, são

aliados na prevenção do câncer.

RG - Você acredita que os brasileiros

têm tido mais cuidado na alimentação?

FG - Esse é um processo que está

avançando. As pessoas podem não

estar mudando seus hábitos alimen-

tares, mas reconhecem os benefícios

e os malefícios de cada um deles.

Trabalhamos para construir essa visão

de alimentação saudável e mobilizar a

sociedade.

Atu

ação

Pro

fiss

iona

l

Resultados mostraram que alimentos sem agrotóxicos apresentaram maior concentração de vitaminas, além de

compostos anticancerígenos.Fábio Gomes, nutricionista

Nutrição a favor do tratamento do câncer

Page 11: edicao 21

Maio

| Junho

| Julho

| Agosto

| 2012

11

limite. Estes fatos podem ser parcial-

mente explicados pelo aumento e

preferência do consumo de alimentos

industrializados dessa idade.

Na lista dos alimentos que passa-

ram a ser encarados com cautela pela

população após as medidas, apare-

cem, primeiramente, os temperos à

base de sal, seguidos pelo pão francês

(que, apesar de não ter elevado teor

de sódio, é um alimento altamente

consumido pela população) e, então,

por categorias como produtos cárne-

os, biscoitos, produtos lácteos, caldos

e molhos, margarina, refeições pron-

tas, cereais matinais e maionese.

A campanha de combate ao sódio

também chamou atenção pelo fato

dele estar presente no sal de cozinha

(representando 40% de sua composi-

ção), e o seu excesso no organismo já

ter sido apontado por diversos estu-

dos como possível causa de obesi-

dade e de doenças crônicas como

hipertensão, problemas cardíacos, de

colesterol e de rins.

“Já foi observado que a relação

Presente na composição quími-

ca de grande parte dos principais

alimentos que compõem a mesa dos

brasileiros, o sódio se transformou

em inimigo da dieta diária de muitas

pessoas. Desde que o Ministério da

Saúde anunciou medidas para reduzir

o consumo do sódio no País, ainda no

ano passado, sua ingestão passou a

ser vista com preocupação.

As medidas tomadas pelo Ministé-

rio foram impulsionadas pela consta-

tação de que a média populacional de

ingestão de sódio no Brasil ultrapassa

3.200 miligramas por dia, quando o

recomendado pelos órgãos nacionais

e internacionais de saúde é 2.200mg/

dia. Os números foram revelados pela

Pesquisa de Orçamentos Familiares

do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE).

De acordo com a pesquisa, mais

de 81% dos meninos e de 77% das

meninas, todos com idade entre 10 e

13 anos, ingeriram mais sódio do que

o valor máximo tolerável e 10% con-

sumiram mais do que o dobro desse

entre o aumento da pressão arterial e

o avanço da idade é maior em popu-

lações com alta ingestão de sal. Povos

que consomem dieta com reduzido

conteúdo deste item têm menor pre-

valência de hipertensão e a pressão

arterial não se eleva com a idade”,

aponta a nutricionista Sandra Marinho.

Entre os índios Yanomami, que

registram baixa ingestão de sal, não

foram observados casos de hiper-

tensão arterial, por exemplo. Quan-

to à população urbana brasileira, foi

identificada maior ingestão de sal nos

níveis socioeconômicos mais baixos.

Entretanto, também é observado o

aumento do índice de consumo de

sódio no país em todas as faixas etá-

rias, de acordo com Sandra. “Os dados

demonstram que as médias do con-

sumo diário de sódio, por classe de

idade, está acima do limite esperado

em 90% dos indivíduos. E se olharmos

os 10% que consomem mais, veremos

que o mínimo de consumo de sódio

já é o dobro da recomendação diária”,

Em

Foc

o

Ministério da Saúde traça planos para diminuir a ingestão da substância pelos brasileiros

A meta é reduzir o sódio

Page 12: edicao 21

Revi

sta d

eG

estão

12

Em

Foc

o

afirma.

O coordenador-adjunto de Ali-

mentação e Nutrição do Ministério da

Saúde, Eduardo Nilson, aponta

que, caso a população brasileira, hoje,

consumisse individualmente menos

de 5g de sal ao dia (equivalentes a

2000mg de sódio), haveria redução de

15% nas mortes por acidentes vascu-

lares cerebrais e de 10% nos infartos,

além de livrar 1,5 milhões de pesso-

as do uso de medicamentos para o

tratamento da hipertensão. “Além

disso, o risco atribuível ao consumo

excessivo de sódio para a ocorrência

de AVC é de 60% a 70%, de insufici-

ência é de 50%, de ataque cardíaco

é de 25% e de problemas renais é de

20%, o que reforça o impacto que a

redução em seu consumo terá sobre

o adoecimento e as mortes por estas

causas, incluindo os custos sociais e

econômicos que representam, tanto

para os gastos do setor saúde, dentro

e fora do SUS, como para a produtivi-

dade geral da população, mas, acima

de tudo, o que a redução contribuirá

em termos de promoção de uma vida

mais saudável à população”, afirma.

De acordo com ele, os riscos desse

consumo apresentam-se em todas as

idades, mas vale a pena destacá-los

nas crianças e idosos. Isto porque, nas

primeiras, vem se acentuando a ocor-

rência de doenças crônicas associadas

à alimentação, incluindo-se a hiper-

tensão arterial e o diabetes. Nos últi-

mos, a prevalência das doenças crô-

nicas é maior, portanto, é frequente a

necessidade de reduzir os limites de

ingestão de nutrientes como o sódio.

Para combater essa realidade,

foram assinados acordos voluntários

entre o governo e associações da in-

dústria para a redução do sódio em

alguns alimentos, no ano passado.

Com os pactos, ficou acertado que a

Associação Brasileira das Indústrias

de Alimentação (Abia), a Associação

Brasileira das Indústrias de Massas Ali-

mentícias (Abima), a Associação Bra-

sileira da Indústria de Trigo (Abitrigo)

e a Associação Brasileira da Indústria

de Panificação e Confeitaria (Abip),

por exemplo, serão monitoradas

pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (Anvisa), órgão que poderá

denunciá-las caso as metas de redu-

ção não sejam respeitadas, embora

não possua prescrição para multá-las

ou puni-las.

O objetivo do Ministério da Saú-

de é, até 2014, retirar dos mercados

brasileiros 1634 toneladas de sódio.

“Essa estimativa, calculada pela Abia,

com quem o Ministério da Saúde

assinou os termos de compromis-

so para a redução do sódio, refere-

-se somente às três categorias com

reduções pactuadas em abril de 2011

(massas instantâneas, pães de forma e

bisnaguinhas). Portanto, haverá uma

quantidade ainda maior de sódio que

deverá ser retirada a partir dos demais

produtos que foram alvo da última

pactuação (assinada em dezembro de

2011) e dos outros produtos prioritá-

rios que deverão ser pactuados ainda

no primeiro semestre de 2012”, com-

pleta Nilson.

É importante ressaltar que as ne-

cessidades diárias de sódio podem

variar muito, principalmente, quan-

do relacionadas a atletas e indivíduos

que realizam atividades físicas com

Pão Francês

Redução de 648mg para 586mg/100g, 2,5% ao ano até 2014

Batatas fritas e palha

Redução de 720mg para 529mg/100g, 5% ao ano até 2016

Salgadinhos de milho

Redução de 1.288mg para 747mg/100g, 8,5% ao ano até 2016

Bolos prontos

Redução de 463mg para 204 até 332mg/100g, 7,5% a 8% ao ano até 2014

Misturas para bolos

Redução de 586mg para 334mg/100g (aerados) e 250g/100g (cremosos), 8 a 8,5% ao ano até 2016

Maionese

Redução de 1.567mg para 1.052mg/100g, 9,5% ao ano até 2014

Biscoitos

Redução de 1.220mg para 699mg/100g (salgados), 490mg para 359mg/100g (doces) e 600mg para 265mg/100g (doces recheados); 7,5 a 19,5% ao ano até 2014

Redução de sódio nos alimentos

Empresas tem até 2016 para se adequar

OS PROdutOS

Page 13: edicao 21

Maio

| Junho

| Julho

| Agosto

| 2012

13

2,5% ao anoaté 2014

redução de

regularidade. Isto porque essas pes-

soas perdem sódio através do suor,

o que não acontece com aqueles

que são sedentários. Nestes últimos,

a principal via de perda de sódio é a

urina. “Há a necessidade de montar

estratégias múltiplas com o propósito

de levar as informações sobre os ris-

cos do consumo excessivo às pessoas.

Além da produção de campanhas e

materiais informativos, o Ministério da

Saúde vem desenvolvendo ações edu-

cativas nos ambientes de trabalho, e

particularmente, nas escolas e equi-

pamentos sociais (reforçando as ações

de educação alimentar e nutricional) e

também capacitando profissionais de

saúde para dar orientações à popula-

ção. Uma parceria com a Associação

Brasileira de Supermercados está sen-

do planejada para a realização de uma

campanha voltada aos consumidores

e aos trabalhadores do setor sobre os

riscos do consumo excessivo de sódio

e maneiras de reduzir essa ingestão”,

finaliza Nilson.

orientando indústrias e padarias a

produzirem produtos com menores

teores de sódio, sem afetar as carac-

terísticas físicas e sabor do produto e

levando os benefícios da redução do

sódio aos consumidores.

Entre as recomendações do

guia, está a utilização de balanças

pelas padarias para pesar a quanti-

dade de sódio e dos demais ingre-

dientes do pão francês, de modo a

evitar o exagero na proporção de

algum deles. Segundo a Anvisa, não

é possível fazer uma redução supe-

rior a 10% na adição de sódio nesse

alimento, por conta da função que o

sal tem em sua consistência.

Além do pão francês, outros pro-

dutos também ganharão guias de

boas práticas com as orientações da

Anvisa. É provável que seja trabalha-

do, em breve, o setor de produção

de refeições, que envolve restauran-

tes e food services, com o objetivo

de promover o uso racional de sal e

temperos à base de sal nas prepara-

ções, desde o arroz e o feijão até as

carnes, tendo em vista que a alimen-

tação fora do domicílio tem crescido

bastante na população.

PãO FRANCêS

De todos os alimentos que

sofreram o alarde do Ministério da

Saúde em relação ao teor de sódio,

o que mais chamou a atenção dos

brasileiros foi, sem dúvida, o pão

francês. Diariamente na mesa das

famílias, seja no café da manhã ou

no jantar, ele virou o centro das

atenções das discussões.

“Todos os impactos trabalhados

para a redução do consumo de só-

dio baseiam-se nos padrões atuais

de consumo e, no caso particular

do pão francês, não seria necessária

a redução do consumo individu-

al, quando o alimento em si não é

consumido em excesso e se insere

em uma dieta rica e equilibrada.

Em função do seu grau de consu-

mo pela população, o pão é um dos

mais importantes veículos para a

política de fortificação de farinhas

com ferro e ácido fólico, com vistas

a contribuir para a prevenção da

anemia e dos distúrbios de forma-

ção do tubo neural”, afirma Nilson.

A meta do Governo Federal é,

até 2014, reduzir em 10% o nível da

substância adicionada ao pão fran-

cês que, atualmente, é de 320mg.

Para perseguir esse objetivo, a An-

visa lançou o Guia de Boas Práticas

Nutricionais para o Pão Francês,

Eduardo Nilson

Há a necessidade de montar estra-tégias múltiplas

para informar sobre os riscos do

consumo excessivo (do sódio).

Page 14: edicao 21

14

Gas

tron

omia

Durante a preparação de uma

refeição ou mesmo depois que ela

é servida, os brasileiros habituaram-

-se a tratar o sal como o ingrediente

responsável por dar sabor às comidas.

Não raro as pessoas disparam à beira

do fogão ou da mesa: “Coloca mais sal

para dar gosto!”, e não economizam

ao despejar o conteúdo do saleiro no

prato.

Esse hábito alimentar foi trans-

formado em números e os resultados

alardearam as instituições de saú-

de no País. De acordo com dados da

Agência Nacional de Vigilância Sani-

tária (Anvisa), atualmente, o brasileiro

consome, em média, 12g de sal por

dia, quando o recomendado pela Or-

ganização Mundial da Saúde (OMS) é

de 5g. Ou seja, estamos consumindo

mais que o dobro do recomendado.

Ainda segundo o órgão, a redução

do consumo de sal para 5g por dia

diminuiria em 10% a pressão arterial

da população brasileira, em 15% os

óbitos por acidente vascular cerebral

e em 10% nos óbitos por infarto. Com

essa redução, 1,5 milhão de brasilei-

ros não precisaria de medicação para

hipertensão e a expectativa de vida

dos hipertensos seria aumentada em

até quatro anos.

É importante saber que o sal que

costumamos colocar na preparação

dos nossos pratos é o cloreto de sódio

(NaCl). Como cerca de 40% de sua

constituição é sódio, o sal torna-se

fonte em potencial dessa substân-

cia na alimentação dos brasileiros.

O grande problema é que o sódio

(Na) já está presente nos alimentos,

naturalmente, por fazer parte de sua

composição química e o seu excesso

contribui para a ocorrência da hiper-

tensão arterial, por exemplo.

O caminho mais seguro para cui-

dar da saúde, então, é buscar alter-

nativas para substituir o sal na nossa

alimentação diária. “No caso dos ali-

mentos industrializados que podem

conter sódio em excesso, é importan-

te que o consumidor aprenda a ler

as informações contidas nas embala-

gens. Os condimentos e especiarias

naturais são excelentes opções para

substituí-lo. Realçam o sabor, aroma

e a aparência dos alimentos, além de

melhorarem a digestão e funcionarem

como fontes de vitaminas, minerais

e nutrientes antioxidantes”, explica a

nutricionista Sandra Marinho.

Alecrim, louro, manjericão, oré-

gano, salsas e pimentas são alguns

dos temperos que aparecem com

frequência na mesa dos brasileiros e

que podem substituir muito bem o sal

na hora de dar gosto aos alimentos.

Cada um apresenta particularidades

quanto ao sabor, aroma e benefícios à

saúde. O alecrim, por exemplo, auxilia

na digestão ao mesmo tempo em que

funciona como erva aromática.

Pimentas também são boas op-

ções para condimentar os pratos,

sendo presença bastante comum na

14

Revi

sta d

eG

estão

donos do

saborDiversos temperos podem substituir o sal na hora de dar gosto aos alimentos

Page 15: edicao 21

15

culinária mexicana. Elas são fontes de

substâncias antioxidantes, além de

acelerarem o metabolismo, o que au-

menta o gasto calórico. Louro, açafrão,

manjericão e salsa são outras alter-

nativas que também podem ajudar

a driblar o sal. Esta última é fonte de

bioflavonóides e monoterpenos, duas

substâncias anticancerígenas.

Para quem não consegue fugir do

hábito de temperar as comidas com

sal, é possível optar pela versão light.

A vantagem é que ela possui menor

teor de sódio na composição. “A ado-

ção de um estilo saudável de vida é

fundamental no tratamento e preven-

ção da hipertensão arterial. Assim, a

diminuição no consumo de sódio na

alimentação pode levar a uma redu-

ção da pressão arterial e, consequen-

temente, também do risco cardiovas-

cular”, finaliza a nutricionista.

Além de proporcionar um sabor agradá-vel, deixa o prato mais colorido. É fonte de curcumina, um potente antioxidante.

Com sabor adocicado e pi-cante, pode ser utilizado em pratos doces, salgados e su-cos. Utilizado contra enjôos e dores de cabeça, é um ali-mento termogênico, capaz de aumentar a temperatura do corpo e gerar mais gasto de energia.

É muito utilizado em sopas e feijão.

Desidratada ou fresca, confere aos pratos um sabor

leve e agradável. Possui grandes quantidades de bioflavonóides e

monoterpenos, substâncias anticancerígenas.

Usadas para condimentar vários

pratos quentes no Brasil e no México. São fontes

de capsaicina, que é uma substância antioxidante.

Também aceleram o metabolismo,

aumentando o gasto calórico.

Pode ser utilizado no preparo de assados (porco), marinadas, molhos e chutneys.

Fontes de alicina e gama-glu-tamilcisteína, de ação antio-xidante, fortalecem o sistema imunológico e funcionam como temperos básicos para todos os pratos.

Ingredientes:20g de alecrim desidratado

20g de manjericão desidratado

20g de orégano desidratado

20g de sal marinho

Modo de preparo:Bater todos os ingredientes no

liquidificador. Armazenar em um

recipiente de vidro e utilizar como

substituto do sal em qualquer ali-

mento. Rendimento: 15 porções.

Fonte: Bruna Murta – nutricionista

da rede Mundo Verde

*A receita retirada do site da loja Mundo Verde: http://www.mundoverde.com.br/Molhos/Receita/2011/05/10/Sal-de-ervas/

Sal de ervas

Anota aí!M

aio

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| Julho

| Agosto

| 2012

15

alecrim

louro

curcuma (açafrão)

gengibre

alho e cebola

cravo da índia

Utilizado em diversos pratos, dá um toque especial em molhos de

tomate, tortas e saladas.

manjericão

salsa

pimentas

Erva aromática, combina com legu-mes, sopas, arroz e omeletes,

perfumando o prato e a cozinha. Também auxilia na digestão.

Dá um toque especial a mo-lhos, omeletes, saladas e pra-tos que contenham tomates.

orégano

Page 16: edicao 21

Eles são reconhecidos como po-

tentes agentes quimiopreventivos no

nosso organismo. Capazes de reduzir

o risco de câncer a partir da inibição

dos danos oxidativos no DNA, os mi-

cronutrientes antioxidantes estão ao

alcance de todos. Podem ser encon-

trados em diversos alimentos, como

frutas (acerola, caju e goiaba, por

exemplo), vegetais (como cenoura,

tomate e milho), além de estarem

presentes em amendoins, amêndoas

e outros.

Vitaminas lipossolúveis (A, E e

betacaroteno), hidrossolúveis (C e do

complexo B), além dos oligoelemen-

tos (zinco, cobre, selênio, magné-

sio, etc) são os principais nutrientes

antioxidantes. Além de atuarem na

prevenção do câncer, eles tornam-se

importantes por também exercerem

um poderoso combate a outras doen-

ças degenerativas, como as cardiovas-

culares e as cataratas.

Essas substâncias químicas são

chamadas de antioxidantes por cau-

sa da forma como agem no corpo,

atrasando ou inibindo as taxas de

oxidação, a partir da neutralização

dos radicais livres. Até mesmo quando

estão presentes em baixas concentra-

ções no organismo, eles conseguem

manter essa capacidade de proteger

os tecidos, células, DNA, proteínas e

demais componentes do corpo das

substâncias que o danificam.

Por isso, a atuação desses micro-

nutrientes é tão louvada pelos estu-

diosos, que destacam o papel deles

para equilibrar a produção de radicais

livres e os mecanismos de defesa an-

tioxidante. Quando esse equilíbrio

não é alcançado no organismo, é que

acontece o estresse oxidativo. “A defi-

ciência desses micronutrientes no or-

ganismo pode contribuir para danos

e modificações oxidativas do DNA, au-

mentando o risco de desenvolvimen-

to de câncer”, afirma Marina.

Uma dieta balanceada, com boas

quantidades de frutas e vegetais, en-

tão, é a melhor maneira de se obter

os nutrientes antioxidantes. Solúveis

em gordura, vitaminas como a A, E

e betacaroteno, são transportadas

pelo sistema linfático para diferentes

partes do corpo, sendo armazenadas

em maior quantidade no corpo que

as hidrossolúveis. Já os oligoelemen-

tos, embora necessários em pequena

quantidade no organismo, permane-

Antioxidantes são armas de defesa

Marina Petribu,

nutricionista

O impacto benéfico desses micronutrientes

pode representar uma melhora

da expectativa de vida.

Fala

ndo

de

Nut

riçã

o

16

Revi

sta d

eG

estão

Page 17: edicao 21

cem indispensáveis, por não serem

sintetizados de forma autônoma.

Porém, infelizmente, essa recei-

ta nutricional não tem sido seguida

pela população no Brasil. De acordo

com dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), mais de

90% das pessoas no País consomem

menos frutas, legumes e verduras do

que o recomendado pelo Ministério

da Saúde.

Na cartilha intitulada Alimentação

saudável para todos: siga os dez pas-

sos, o órgão indica que o ideal é comer

diariamente pelo menos três porções

de legumes e verduras, como parte

das refeições, e três porções ou mais

de frutas nas sobremesas e lanches.

Quem opta por uma dieta balanceada

como essa, caminha em direção a uma

vida prolongada. A maior parte da

população brasileira, entretanto, tem

caminhado na contramão e acaba se

privando de benefícios como esse.

“Até o momento, não foi confir-

mado pela literatura se a ingestão de

antioxidantes pode diminuir a pro-

gressão do envelhecimento, prolon-

gando o tempo máximo de vida. No

entanto, o impacto benéfico desses

micronutrientes sobre doenças de-

generativas associadas ao envelheci-

mento pode representar uma melho-

ra da expectativa de vida”, explica a

nutricionista Marina Petribu.

CÂNCERAs relações entre o câncer e

os processos de oxidação no or-

ganismo estão bastante interliga-

das. “O processo carcinogênico é

caracterizado por um estado oxi-

dativo crônico, especialmente na

etapa de promoção. Além disso,

a fase de iniciação está associada

com dano irreversível no material

genético da célula, muitas vezes

devido ao ataque de radicais li-

vres”, completa Marina.

De acordo com artigos pu-

blicados na Revista Brasileira de

Cancerologia, vinculada ao Insti-

tuto Nacional de Câncer, o trata-

mento de pacientes oncológicos

torna-se diferenciado quando alia

nutrientes antioxidantes a drogas

antineoplásicas. Entre os bene-

fícios apontados por estudiosos,

está uma menor incidência dos

efeitos colaterais, por exemplo,

possibilitada pela oferta das vi-

taminas A, E e C, principalmente,

e, em alguns casos, do selênio e

zinco. A ingestão de quantidades

mais elevadas de vitaminas na

forma de suplementos, porém,

não é indicada como estratégia

para a prevenção de câncer.

PRINCIPAIS NUTRIENTES ANTIOXIDANTES

17

Fontes:(1) Paul & Southgate (1978); Whitney & Rolfes (1999).

(2) Azoubel et al. (1998); Pinheiro et al. (2001).(3) Godoy & Rodriguez-Amaya (1994), Mangels et al. (1993)

Vitamina E(1)

Oléo de Girassol

Margarinas

Amêndoa

Gérmen de trigo

Amendoim

Vitamina C(2)

Frutas

Acerola

Caju

Goiaba

Laranja (suco)

Vegetais

Brócolis

Couve

Couve-flor

Tomate

Carotenóides(3)

Vegetais

Couve

Espinafre

Cenoura

Abóbora

Tomate

Brócolis

Milho

Piqui

Frutas

Buriti

Goiaba vermelha

Pitanga

Manga

Mamão

Pêssego

48,7

25,0

20,0

11,0

8,0

1.369

219

218

54

113

92

82

23

26.600

14.300

11.760

8.400

3.720

3.100

880

610

48.880

6.212

1.640

1.300

859

651

Quantidade

Quantidade

Quantidade

(mg/100g)

(mg/100g)

(μg/100g)

(α-tocoferol)

Vitaminas hidrossolúveis

Vitaminas lipossolúveis

Oligoelementos

Vitaminas A, E e betacaroteno

Vitaminas C e do complexo B

Zinco, cobre, selênio, magnésio

===

Maio

| Junho

| Julho

| Agosto

| 2012

17

Page 18: edicao 21

(

No final do ano passado, a Agên-

cia Nacional de Vigilância Sanitária

(Anvisa) alertou os brasileiros para a

presença de agrotóxicos inadequados

em diversos alimentos que compõem

a mesa da população. Com base na

avaliação de amostras, o órgão cons-

tatou o uso de substâncias não au-

torizadas por produtores rurais, que

podem acarretar doenças como de-

pressão, câncer e infertilidade.

Pimentão, morango e pepino en-

cabeçaram a lista dos dez alimentos

com mais amostras contaminadas por

resíduos de agrotóxicos divulgada

pela Anvisa. De acordo com o relató-

rio da agência reguladora, os resulta-

dos insatisfatórios devido à utilização

de agrotóxicos não autorizados são

causados por dois tipos de irregulari-

dades: a primeira está relacionada à

aplicação de um agrotóxico não auto-

rizado para determinada cultura, mas

cujo produto está registrado no Brasil

e com uso permitido para outras cul-

turas; e a outra porque foi aplicado

um agrotóxico banido no Brasil, sem

uso permitido em nenhuma cultura.

O alarde da Anvisa se baseou na

análise de 2.488 amostras de alimen-

tos, realizada em 2010, que apontou o

índice de 28% de resultados insatisfa-

tórios para a presença de resíduos dos

produtos. Deste total, 605 amostras, o

que representa 24,3% do total, esta-

vam contaminadas com agrotóxicos

não autorizados.

Os números relacionados ao

índice de resíduos de agrotóxicos

no pimentão chamaram bastante a

atenção dos brasileiros, já que quase

92% das amostras foram identificadas

como contaminadas. Além disso, fo-

ram encontrados sete tipos diferentes

de agrotóxicos irregulares em suas

amostras, de acordo com o relatório

da Anvisa. Quanto ao morango e ao

pepino, a contaminação foi registrada

em 63% e 57%, respectivamente.

Entre os agrotóxicos que foram

analisados pela Anvisa, o endossulfan

foi apontado como extremamente

tóxico, por estar associado a proble-

mas reprodutivos e endócrinos em

trabalhadores rurais e na população

em geral. Por isso, sua comercialização

será banida a partir de 31 de julho de

2013. Antes disso, o produto já vinha

enfrentando uma campanha a favor

de sua retirada do mercado mundial.

Outro agrotóxico que também

vem sendo combatido pelo Governo

Federal é o aldicarbe (inseticida autori-

zado para uso em café, cana-de-açúcar

e citros). Para conscientizar os traba-

lhadores rurais, a Anvisa distribuiu

uma cartilha contendo informações

sobre como evitar intoxicações por

essas substâncias químicas, recomen-

dações que devem ser observadas na

compra dos produtos, além de esclare-

cimentos sobre como transportar, uti-

lizar, guardar e descartar agrotóxicos.

De acordo com o último levan-

tamento do Sistema Nacional de

Informações Tóxico - Farmacológicas

Lista com os dez alimentos com mais amostras contaminadas

com resíduos de agrotóxicos

Os dez +

1º 2º 3º 4º 5ºpimentão morango pepino cenoura alface

Fonte | Pesquisa Anvisa

Fonte | Pesquisa Anvisa

Pimentão, morango e pepino

encabeçaram a lista dos

alimentos com mais amostras contaminadas.

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Agrotóxicos à mesaPesquisa da Anvisa releva novos dados sobre a presença dessas substâncias nos alimentos

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Imagens | sxc.hu

Page 19: edicao 21

da Fundação Oswaldo Cruz, foram re-

gistrados 11.641 casos de intoxicação

por agrotóxicos no Brasil, em 2009,

com 188 óbitos. Dados das indústrias

de agrotóxicos apontam que, desde

2008, o Brasil assumiu o posto de

maior consumidor de agrotóxicos em

todo mundo, com um mercado que

movimentou mais de US$ 7 bilhões,

naquele ano.

PARACriado desde 2001, o Programa de

Análise de Resíduos de Agrotóxicos em

Alimentos (PARA) nasceu com a missão

de se lançar em pesquisas relacionadas

ao tema. Com a finalidade prática de

diagnosticar a situação dos resíduos

de agrotóxicos em diversas culturas do

País, o PARA era formado, inicialmen-

te, pelos Estados de Pernambuco, São

Paulo, Paraná e Minas Gerais.

Ano a ano, novos estados foram

aderindo ao programa que, hoje, está

presente em todo Brasil. Além disso,

a lista de alimentos que passam pelos

testes do PARA só têm crescido, in-

cluindo desde batata inglesa, cenou-

ra, banana, laranja a pimentão, alface,

feijão e arroz, por exemplo. Entre os

laboratórios que analisam ou já anali-

saram as amostras coletadas pelos es-

tados que integram o programa, estão

o Instituto de Tecnologia de Pernam-

buco (ITEP/PE), os LACENs (Laborató-

rios Centrais de Saúde Pública) e o Ins-

tituto Adolfo Lutz (IAL), que recebem

as amostras embaladas e encaminha-

das via sedex.

“O PARA é um programa que mo-

bilizou toda a cadeia envolvida: pro-

dutores, distribuidores, comerciantes,

cooperados, sindicatos da categoria,

agrônomos e consumidores. Fazemos

rastreabilidade para a localização do

produtor, por isso, durante a concep-

ção do programa, optamos por cole-

tar as amostras nos supermercados

das grandes redes. Assim, obtemos

notas fiscais que indicam a origem do

produtor, favorecendo a rastreabili-

dade e a responsabilização pelo risco

sanitário”, explica a conselheira do

CRN-6 e coordenadora do programa

em Pernambuco, Rosário Spín-dola.

A Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (Anvisa) é responsável pela

coordenação geral do programa, que

reúne as equipes estaduais duas vezes

por ano para traçar diretrizes e avaliar

resultados. Essas equipes são compos-

tas por, no mínimo, quatro membros,

divididos nas funções de responsá-

vel administrativo, responsável pela

amostragem e coletores de amostras.

Neste ano, as atividades do PARA

tiveram início no final de janeiro, com

a coleta das culturas de laranja, ce-

noura e abacaxi durante dez semanas,

em todo o Brasil. Uma transportadora

foi contratada pela Anvisa para forne-

cer as caixas de papelão para embalar

as amostras e também pegá-las em

cada Estado e, posteriormente, enviá-

-las ao Laboratório Eurofins/SP.

PERNAMBUCO“Em PE, foi criado um progra-

ma paralelo ao PARA nacional,

o qual chamamos de Progra-

ma de Análise de Resíduos de

Agrotóxicos em Hortifrutíco-

las (PARINHA) e que se tornou

modelo no País, saindo do diag-

nóstico para a ação fiscal. Tem a

mesma metodologia, com o di-

ferencial de realizar ações fiscais

que autuam as empresas que

usam agrotóxicos não autoriza-

dos para aquela determinada

cultura ou apresentam laudos de

análises com resultados insatis-

fatórios, pela detecção de resídu-

os acima do LMR (Limite Máximo

de Resíduos)”, explica Rosário.

Coordenado pela Agência

Pernambucana de Vigilância Sa-

nitária (Apevisa), o PARINHA/PE

começou em 2003 e tem apoio

do Ministério Público de Pernam-

buco (MPPE), além de se basear

no Termo de Ajustamento de

Conduta (TAC) que, ao ser assi-

nado pelas empresas, prevê mul-

tas em caso de descumprimento

das cláusulas estabelecidas.

Maio

| Junho

| Julho

| Agosto

| 2012

196º 7º 8º 9º 10ºabacaxi beterraba couve mamão tomate

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