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  • Mensageiro | Maio 2014 3

    Maio2014 Leia nesta edioMens aGeiRo LUteRano | ano 97 | n 1.191

    33

    05 mensagem do presidente

    06 adorao e louvor

    08 estudo da lllb

    09 em foco

    10 reflexo

    11 capa

    14 500 anos da reforma

    17 reao do leitor

    22 educao teolgica

    24 igreja e liderana

    31 origem das palavras

    32 a importncia da famlia

    34 virando a pgina

    18jelb 44 CongressoNacional daJELB

    26

    perfil pastoral

    O pastor que a IELB est formando 20

    Tempo de acolher e integrar

    desafios para a igreja

    Misso na frica 29

    Em maro de 2013, a IELB assinou um acordo

    de cooperao com a organizao americana

    Bethesda Lutheran Communities. O objetivo a conscientizao da Igreja no Brasil e a elaborao de

    estratgias para que pessoas com deficincias intelectuais e de desenvolvimento sejam

    mais integradas em nossas congregaes.

    Vnculo afetivo, a base da estrutura familiar!

    valores da vida

  • Mensageiro Luterano | www.mensageiroluterano.com.br

    Filiada associao de editores cristos (asec) EndErEo av. so Pedro, 633, Bairro so Geraldo, ceP 90230-120, Porto alegre, rsFonE/Fax (51) 3272 3456SitE www.editoraconcordia.com.brtwittEr twitter.com/edconcordia FacEbook facebook.com/concordiaeditora Email [email protected] [email protected]

    dirEtoria ExEcutiva Mario tailr de almeida (presidente), leonerio Faller, Nilo Wachholz, Nilson Krick e rubens Jos ogg GErEntE Nilson Krick - [email protected] FinancEiro Joel Weber - [email protected] Editor Nilo Wachholz - [email protected] comiSSo Editorial adilson schnke, Beatriz raymann, leopoldo Heimann, Nilo Wachholz, Nilson Krick e rubens Jos ogg

    4 Mensageiro | Maio 2014

    ConcrdiaE d i t o r a

    EndErEo rua cel. lucas de oliveira, 894Bairro Montserrat, ceP 90440-010 Porto alegre, rs, BrasilFonE (51) 3332 2111 / Fax: (51) 3332 8145SitE www.ielb.org.brtwittEr twitter.com/ielB_BrasilE-mail [email protected]

    dirEtoria nacional 2010/2014 prESidEntE egon Kopereck 1 vicE-prESidEntE arnildo schneider 2 vicE-prESidEntE Geraldo Walmir schler SEcrEtrio rubens Jos ogg tESourEiro renato Bauermann A IELB cr, confessa e ensina que os livros cannicos das Escrituras Sagradas, do Antigo e do Novo Testamento, so a Palavra infalvel revelada por Deus e aceita, como exposio correta dessa Palavra, os livros simblicos da Igreja Evanglica Luterana, reunidos no Livro de Concrdia do ano 1580.

    IGREJA EVANGLICA LUTERANA DO BRASIL

    | ao leitor |

    Nilo WachholzEditor-Redator | [email protected] | [email protected]

    iSSn 1679-0243

    rgo oficial da igreja evanglica luterana do Brasil (ielB) de periodicidade mensal (exceto janeiro e fevereiro - edio nica). registrado sob n 249, livro M, n 1, em dezembro de 1935, no registro de ttulos e documentos do rio de Janeiro, conforme o decreto-lei de imprensa n 24776 de 14/07/1934.

    projEto E produo GrFica editora concrdia ltda.rEdao [email protected] Nilo Wachholz - Mtb 42140/sP aSSiStEntE Editorial Bettina schnke Genter - Mtb 15047/rs rEviSo Mnica Hoffmann teichmann jornaliSta-diaGramador leandro da rosa camaratta dESiGnEr christian schnke colaboradorES FixoS Bruno ries, carlos W. Winterle, clvis Vitor Gedrat, Marcos schmidt, Mona liza Fuhrmann, rosemarie K. lange, Vitor radnz, Waldyr HoffmanndEpartamEnto comErcial Nilson Krick (gerente), Gilberto ellwanger, lianete schneider de souza, Marcelo de azambuja aSSinaturaS Gilberto ellwangerloGStica Jorge de oliveira e luciano de azambuja

    aSSinatura no braSil anual r$ 65,00; Bianual r$ 115,00 aSSinatura para outroS paSES anual Us$ 52,00; Bianual Us$ 100,00

    tiraGEm dESta Edio 10 mil exemplares

    A Redao reserva-se o direito de publicar ou no o material enviado, bem como edit-lo para fins de publicao. Matrias assinadas no expressam necessariamente a opinio da Redao ou da Administrao Nacional da IELB. O contedo do Mensageiro pode ser reproduzido, mencionados o autor e a fonte.

    CAPA: F5 DIGITAL | IMAGEM: ISTOCKPHOTOO amor de Deus a nica resposta

    Quando escrevo estas palavras que abrem mais uma edio do nosso Mensageiro Lute-rano, estamos na Semana Santa. Portanto, no contexto da vivncia do amor em sua plenitude e da celebrao da vida que dura para sempre. Afinal, foi (e ) atravs do sofrimento, morte e ressurreio do nosso Salvador Jesus Cristo, que Deus nos livrou (e livra) do poder da morte e nos d a certeza da ressurreio para a vida feliz e eterna no cu.

    Paralelamente celebrao do evento salvfico da Pscoa, neste ano, gachos e bra-sileiros esto chocados com mais um terrvel crime praticado alguns dias atrs. Trata-se do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, morador de Trs Passos, RS. De acordo com as primeiras investigaes, ele teria sido morto pela sua madrasta e uma amiga desta. E, se-gundo as autoridades policiais que tratam das investigaes, o prprio pai teria participao no crime, ainda que indiretamente. Por isso, preventivamente, os trs esto presos neste

    momento: o pai, a madrasta e a amiga do casal.Alm de toda crueldade deste crime,

    acrescente-se a isso a frieza das pessoas do Poder Judicirio, que (segundo informaes, foi procurado pelo prprio menino, pedindo ajuda para morar com outra famlia) tratou do conflito que havia no relacionamento pai, filho e madrasta. E que, pela letra fria da lei, simplesmente decidiu que os trs deveriam continuar vivendo juntos. Registrando-se, ainda, que a me do menino teria se suicida-do h 4 anos, no consultrio do seu prprio marido, pai de Bernardo. Pelo menos, isso que a imprensa divulga como concluso das investigaes poca.

    Fao este registro para relembrar como o ser humano, todos ns, somos contraditrios, falhos, pecadores. No caso acima, o pai m-dico, a madrasta enfermeira e me. Ambos se habilitaram para cuidar de outras pessoas, em especial das enfermas, mas no consegui-ram cuidar das suas prprias enfermidades.

    Assim aconte-ce com todos ns diante de Deus e do prximo, em maior ou menor medida, com mais ou menos consequncias para esta vida. Por isso, Deus, em seu grande amor, para nos livrar das consequncias eternas dos nossos erros e pecados, colocou as nossas enfermidades sobre o seu Filho Jesus, na cruz do Calvrio. E para o nosso alvio, ele bradou em alta voz: Est consumado!. Tudo estava feito para, na ma-nh da Pscoa, o anjo anunciar: Ele no est mais aqui, mas ressuscitou, como havia dito!

    Amigos leitores, a diferena em nossa vida e em nossos relacionamentos a Palavra de Deus; sem ela, no h amor, afeto, perdo e acolhimento que supere as nossas crises e nossos conflitos, pessoais ou familiares, emo-cionais ou espirituais. O amor de Deus a nica resposta para ns e para o nosso prximo! m

  • FOTO: LuAnA LEMKE/ AC IELb

    Mensageiro | Maio 2014 5

    Egon KopereckPastor Presidente da IELB| [email protected]

    | mensagem do presidente |

    Pastor Presidente da IELB| [email protected]

    Nosso Seminrio ficou maior e melhor

    N o dia em que escrevo esta mensagem, em nosso Se-minrio Concrdia aconte-ce a dedicao e a entrega das chaves de mais 14 apartamentos cons-trudos com muito amor, sacrifcio e dedi-cao para que alunos casados, candidatos ao ministrio pastoral, tivessem um lugar adequado para morar, estudar e se preparar para ingressar na equipe de pastores da IELB. Esse trabalho, realizado pela Igreja, me mostrou e me ensinou algumas verdades:

    1) como Deus foi e bondoso conosco, permitindo construirmos 24 apartamentos com nossos recursos e esforo;

    2) que potencial tem nossa querida IELB quando desafiada e chamada para o traba-lho, doao e ofertas;

    3) podemos ir muito mais longe do que imaginamos, s parar de olhar por cima do muro, para aquilo que vem e pode vir de fora, do exterior, e comear a valorizar o que temos em casa, em nosso ptio, em nossa Igreja.

    Quando a Diretoria Nacional desafiou os lderes da Liga de Leigos Luteranos do Brasil (LLLB) a assumirem a metade dos custos da segunda parte da construo, foi um susto,

    afinal, no eram R$ 100, nem R$ 10 mil que se pedia. Eram R$ 450 mil, e os leigos abraaram a causa com muito amor, alegria e determinao; e no apenas chegaram ao desafio proposto, como o ultrapassaram. Com isso, o nosso Seminrio, tambm em sua estrutura fsica, ficou maior e ainda melhor. Deus seja louvado. Que maravilha!

    NOVOs dEsafIOs J EstO a

    Novos desafios esto sendo colocados. Reforma dos prdios do Seminrio, onde residem os estudantes solteiros. Misso em Moambique, que est muito difcil de se concretizar, mas no desistimos, pois a causa no nossa e nem para anunciar o nosso nome, mas, sim, levar Cristo para Todos e, por isso, vamos em frente. Igrejas sendo construdas, bolsas de estudo sendo ofertadas em nosso Seminrio, misses sendo patrocinadas, cursos de liderana sendo oferecidos, enfim, dizemos com o profeta Neemias: Grande e extensa a obra (Ne 4.19). No final, como nessa obra no Seminrio, tambm precisamos nos cur-var e humildemente dizer e reconhecer: Por

    intermdio do nosso Deus que fizemos essa obra (Ne 6.16).

    Deus tem nos abenoado muito. O que ele fez por ns, pela nossa salvao, no h dinheiro que pague. A nica resposta que podemos dar dizer: Com tudo que somos e temos, a ti nos sagramos Senhor (Hinrio Luterano 308 hino oficial da LSLB). E, ento, dedicar nosso tempo, nossos dons, nossos bens, nossa vida quele que tudo fez por ns e nos deu tudo por amor, o nosso Salvador Jesus.

    CONVENO NaCIONaLQuando essa edio do Mensageiro Lu-

    terano comear a circular, a 61 Conveno Nacional da Igreja Evanglica Luterana do Brasil estar iniciando. Deus permita que esse evento venha a se transformar em mais bnos para o engrandecimento do Reino de Deus entre ns e em toda parte.

    Nossa gratido a todos os participantes. Nossa gratido a toda Igreja pelo apoio, incentivo e carinho. Nosso louvor, honra e glria a Deus, ao nico que merece todo o reconhecimento e exaltao.

    Deus queira que todos ns, seus filhos, seu povo, possamos confessar, dizer e viver: No morrerei, antes viverei e contarei as obras do Senhor (Sl 118.17).

    Em Cristo, saudaes fraternas! m

  • | adorao e louvor |

    A Palavra imutvel num mundo mutvelQuando Jesus estava expondo a parbola da figueira e advertindo sobre a necessidade de estarmos vigilantes para a sua segunda vinda, afirmou: Passar o cu e a terra, porm as minhas palavras no passaro (Mt 24.35). Portanto, a profecia de Jesus que sua Palavra ficar imutvel. O mundo haver de passar, pois ser destrudo; mas a Palavra de Jesus ficar a mesma, para sempre.Ns vivemos esta profecia de Jesus. Somos salvos confiando nas mesmas palavras e promessas dele. Mas o mundo, quanta mudana! No conseguimos nem imaginar a realidade do mundo no tempo de Jesus em contraste com o progresso, as facilidades e as invenes que modificaram a vida da humanidade at os tempos de hoje.

    a PaLaVra IMutVEL NOs CuLtOs

    Ns temos muito a agradecer a Deus, pois continuamos a ouvir a sua Palavra imutvel em nossos cultos, mesmo que o mundo tenha sofrido constantes mutaes. Talvez possamos ser confrontados com perguntas como: Vocs no vo rever a Bblia e atualizar seus significados? O mundo j mudou tanto, como que vocs no veem que necessrio adaptar a mensagem bblica para o mundo de hoje?

    A palavra imutvel num mundo mut-vel teve suas lutas desde o incio da Igreja Crist. Logo surgiram falsos mestres que queriam mudar a Palavra de Deus ou o seu sentido. Por isso surgiram os Credos: o Apostlico, o Niceno e o Atanasiano. Eles surgiram na Igreja para dar resposta a dou-trinas errneas e para firmar os cristos na doutrina pura da Palavra de Deus. Por isso, no final do Credo Atanasiano, confessamos: Esta a verdadeira f crist. Aquele que no crer com firmeza e fidelidade, no po-der ser salvo. Quando ns, hoje, dizemos estes Credos, estamos nos unindo Igreja de todos os tempos confessando que cremos

    na Palavra imutvel num mundo mutvel.Algo semelhante aos Credos aconteceu

    com a liturgia da Igreja. O que hoje chamamos de liturgia histrica a herana de culto e de f da Igreja que, reunida em torno da Palavra e dos Sacramentos do Batismo e da Santa Ceia, passou a ter uma Ordem de Culto que distinguiu a Igreja Crist de outras prticas no crists. Por isso, a liturgia histrica serve de testemunho concreto da palavra imutvel num mundo mutvel.

    Alm da liturgia histrica, a Igreja produ-ziu tambm um enorme repertrio de cantos congregacionais, os hinos. E esta produo continua em nossos dias. Quando cantamos um hino produzido nos dias de hoje, expres-samos aquilo que alguns salmos apontam: Cantai ao Senhor um cntico novo, porque ele tem feito maravilhas (Sl 98.1). Quando cantamos um hino produzido no passado, unimo-nos Igreja de todos os tempos e ex-pressamos que temos a mesma f que toda a Igreja tem, no mesmo Salvador para os povos, de todas as naes e para todas as pocas.

    Ainda podemos inserir neste contexto histrico, no qual a Palavra est envolvida, as vestes litrgicas e os templos onde nos

    FOTO

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    EDITO

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    nCr

    DIA

    6 Mensageiro | Maio 2014

  • A Palavra imutvel num mundo mutvel

    Redao: Agradecemos ao professor Raul Blum pelas dezenas de textos que escreveu e que foram publicadas neste espao. A partir da prxima edio, o professor Vilson Scholz vai assumir esta tarefa! Obrigado a todos! Deus seja louvado!

    plesmente por segui-la, sem refletir sobre seu contedo. Alis, precisamos estar conscientes de que a liturgia histrica j sofreu inmeras revises e adaptaes locais para que fosse executvel pelo povo daquela localidade ou pas. As tradues da Bblia sofrem constantes revises para que a sua mensagem retrate o que realmente foi escrito originalmente.

    Criatividade faz parte do culto a Deus. Mesmo no uso da liturgia histrica, novos hinos, banners, coros bem preparados, msica bem executada, teatro e artes em geral podem e devem ser utilizados. O que se denomina atualmente de culto contemporneo tambm tem espao para criatividade, pois necess-rio que tudo seja to bem estruturado que o contedo da Palavra de Deus, trazido para o mundo de hoje, esteja em concordncia com aquilo que Deus nos quer transmitir e no com aquilo que ns gostaramos de dizer ou fazer.

    Seja com a liturgia histrica ou uma ordem de culto contempornea, precisamos utilizar nossos dons e nossa criatividade para que o culto no seja algo que fazemos como uma obrigao, mas algo no qual Deus tem a nos dizer uma mensagem de esperana, de f e de salvao.

    Uma palavra aos msicos das nossas igrejas. Estes tm uma tarefa importante para o culto. Deles depende a conduo do canto congregacional, do canto coral ou de um solo. Se usarem seus dons com humildade, dedica-o e como servos da Palavra, a congregao, o pastor, a diretoria e os prprios msicos tero um ambiente de paz e de alegria, alm do privilgio de louvar a Deus com uma s f e a mesma esperana.

    Deus nos conceda sua graa para receber-mos sua Palavra e Sacramentos para o perdo de nossos pecados e o privilgio de louv-lo com cnticos, oraes e ofertas. O mundo est em constante mutao, mas a Palavra imut-vel de Deus a nica, em todos os tempos, que pode nos dar perdo, vida e salvao.

    reunimos. As vestes litrgicas (basicamente a alba e a estola) do pastor so elementos visveis de costumes antigos que nos mos-tram a Palavra imutvel num mundo em mutao. Combinam com as vestes do pastor as vestes (paramentos) do altar, plpito e ambo (plpito para as leituras bblicas). As cores da estola que o pastor veste esto nos paramentos. Tambm os templos (igrejas) que construmos tm caractersticas antigas que expressam a Palavra imutvel num mundo em mutao. No interior dos templos, diante da congregao, h um altar, smbolo da pre-sena de Deus que nos d a Palavra imutvel num mundo mutvel. As cores, as vestes do pastor, o altar e mesmo o templo so ele-mentos visveis para o culto e nos ensinam pelos olhos, pois ao vermos estes elementos, somos lembrados de suas finalidades.

    NOssO dEsafIO: PaLaVra IMutVEL x MuNdO MutVELQuando Lutero foi solicitado a elaborar

    a Missa Alem, deixou escrito no incio do prefcio: Antes de mais nada, quero ter soli-citado de forma muito amvel, tambm pelo amor de Deus, a todos aqueles que chegarem a ver esta nossa ordem do culto, ou desejam segui-la que, de modo algum, faam dela uma lei compulsria, nem comprometam ou pren-dam a conscincia de ningum, mas faam uso da liberdade crist segundo o seu agrado, como, onde, quando e por quanto tempo as circunstncias o reclamem e exijam. Precisamos notar que Lutero fez revises da missa histrica tanto em sua Missa Latina quanto em sua Missa Alem. Lutero no fez

    mudanas radicais e nem mesmo obrigou algum a seguir suas revises nas ordens de culto.

    Seguindo a prudncia que Lutero nos mostra, temos que nos perguntar antes de fazer mudanas no culto:

    Que queremos dizer quando no usamos os Credos histricos?

    Que queremos dizer quando no usamos a liturgia histrica?

    Que queremos di-zer quando no usamos os hinos histricos ou

    Seja utilizando a liturgia histrica ou uma ordem de culto contempornea

    precisamos utilizar nossos dons e nossa criatividade para que o culto no seja algo que fazemos como

    uma obrigao, mas algo no qual Deus tem a nos dizer uma mensagem

    de esperana, de f e de salvao.

    quando deixamos de lado o Hinrio Luterano? Que queremos mostrar quando no

    usamos as vestimentas litrgicas?Se deixarmos toda a tradio de lado, ser

    que ainda estamos vivenciando e ensinando a continuidade da mesma f atravs dos tem-pos? No estamos, com isso, mostrando que o mais importante nossa habilidade em fazer sempre coisas novas e que o passado no interessa, pois temos que viver o presente?

    Seguindo tambm a prudncia que Lutero nos mostra, temos que nos perguntar antes de no querer admitir mudanas no culto:

    Por que os Salmos nos instigam a cantar a Deus um cntico novo? (Sl 33.3, 96.1, 98.1)

    Por que no queremos aproveitar os

    dons musicais e poticos de nossos tempos, que tambm so dons que Deus concede sua Igreja, assim como concedeu no passado?

    Por que queremos transformar em lei uma ordem de culto que apenas meio de conduzir o povo a ouvir a Palavra e a respon-der com louvores?

    PrudNCIa Na atItudE Para COM O CuLtO

    Uma atitude luterana para com o culto sempre de prudncia. Radicalizaes pro-vocam reaes e insatisfaes. Se quisermos sempre mudanas, ignorando nossas heran-as, estaremos em busca constante de novida-des e no nos firmaremos em nada. Por outro lado, se no admitimos mudanas, corremos o risco de seguir uma ordem de culto sim-

    m

    Mensageiro | Maio 2014 7

    Raul Blum | Professor de Teologia Prtica do Seminrio Concrdia,

    So Leopoldo, RS. Membro da Comisso de Culto da IELB.

  • | estudo da lllb |

    Os grandes homens da Bblia

    maRtinho CaRlos FaCh | Pastor Conselheiro da LLLB

    Pedro: um servo impulsivo, mas fiel

    m

    P edro a forma grega da pala-vra aramaica Cefas (Jo 1.42), que quer dizer rocha; o nome que Jesus deu a Simo quando este compareceu pela primeira vez a sua presena, levado pelo seu irmo Andr.

    Simo Pedro e Andr eram filhos de Joo (Jo 1.42); juntos, exerciam a profisso de pescadores no mar da Galileia. Simo Pedro teria nascido em Betsaida, mas morava em Cafarnaum e, segundo relatos bblicos, era casado (Mt 8.14-15; 1Co 9.5).

    As primeiras palavras de Jesus a Simo Pe-dro foram: [...] Vinde aps mim [...] (Mc 1.17), quando Jesus o chamou, com seu irmo An-dr, para serem seus discpulos; e as ltimas palavras foram: [...] Quanto a ti, segue-me (Jo 21.22). O apstolo Pedro, embora algumas vezes tenha tropeado, nunca abandonou esses desafios que Jesus lhe props.

    Quando Jesus entrou na vida de Pedro, este simples pescador tornou-se um novo homem, com novos objetivos e novas prio-ridades. Com temperamento impulsivo, muitas vezes no agia com a firmeza e segurana de uma rocha, no entanto, com humildade reconhecia suas falhas e buscava o perdo de Jesus.

    Pedro foi o grande lder dos discpulos de Jesus; com Joo e Tiago, teve o privilgio de participar de momentos especiais da vida de Cristo, como o episdio da transfigurao (Mt 17.1-8).

    A vida deste apstolo apresenta trs fa-ses muito distintas. A primeira foi o perodo de aprendizagem, quando na convivncia intensa com Cristo, durante trs anos, aprendeu a conhecer-se a si mesmo e a seu Mestre. A segunda fase foi o perodo em que liderou a Igreja de Jerusalm, conforme registro nos primeiros captulos de Atos. E a terceira fase compreendeu o servio humil-de no reino de Cristo, quando se esmerou no

    trabalho de expandir a igreja e desapareceu das pginas da histria. A partir da, a Igreja de Jerusalm liderada por Tiago, e Paulo inicia o seu trabalho missionrio.

    Pedro sabia que seria martirizado, pois o prprio Cristo lhe havia dito abertamente que seria morto (Jo 21.15-22). Os escritores antigos testificam que ele sofreu martrio aproximadamente na mesma poca que Paulo, nas perseguies de Nero. Orgines, um dos pais da Igreja, diz que Pedro sentiu--se indigno de ser morto como o seu Mestre e, por isso, pediu para ser crucificado de cabea para baixo.

    dEstaquEs Na VIda dE PEdrO

    Tornou-se um lder reconhecido entre os discpulos de Jesus; estava entre os trs mais prximos do Mestre;

    foi a primeira grande expresso do Evangelho, durante e depois do Pentecostes;

    provavelmente conheceu Mar-cos e deu-lhe informaes que foram registradas no Evangelho deste;

    escreveu duas epstolas (1 e 2 Pedro). O estilo literrio destas cartas prova que Pedro, apesar de no pos-suir a cultura de Paulo (At 4.13), era homem prtico, que sabia transmitir em poucas palavras uma obra-prima de sabedoria e edificao;

    realizou milagres: curou um coxo na porta do Templo (At 3.1-10); curou um paraltico (At 9.32-35); ressuscitou Dorcas (At 9.36-43).

    fraquEzas E ErrOs Muitas vezes falava sem pensar,

    mostrando-se impulsivo e impetuoso; durante o julgamento de Jesus, negou

    trs vezes que o conhecia;

    mais tarde, Pedro considerou muito difcil tratar com igualdade os gentios e os judeus convertidos ao cristianismo.

    LIEs dE VIda O entusiasmo deve unir-se f e ao

    conhecimento para no se extinguir; a fidelidade de Deus compensa as

    nossas maiores infidelidades; melhor ser um seguidor que erra,

    s vezes, do que algum que, por medo de errar, no serve ao Senhor.

    VErsCuLO-ChaVETambm eu te digo que tu s Pedro, e

    sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno no prevalecero contra ela (Mt 16.18).

    8 Mensageiro | Maio 2014

  • Os 50 anos do regime militar

    A IELB sempre manteve uma postura de neutralidade na poltica, atitude regida pelos prprios estatutos, que di-zem: Em obedincia ao princpio bblico da separao entre Igreja e Estado, tanto a IELB como as congregaes no se envolvero em questes de poltica partidria. Neste carter, ela no apoiou nem combateu o regime mili-tar que derrubou o presidente Joo Goulart. Diferentemente dos membros da IELB, que podem expressar individualmente sua von-tade poltica e envolver-se na vida pblica. O golpe militar no Brasil, lembrado de forma to intensa nestes 50 anos de histria, no entanto, a oportunidade de refletir em nossa ao como igreja e como cidados cristos, sobre-tudo quando hoje se percebe as mesmas ou piores injustias sociais. At porque torturas, assassinatos, perseguies e outras arbitrarie-dades dos anos de chumbo esto presentes em outros moldes, mesmo numa democracia. Diante disto, qual o papel da igreja e do cris-to na sociedade e na poltica em situaes de injustia e opresso dos governantes?

    Uma pergunta parecida foi feita a Jesus pelos fariseus quando lhe deram uma moe-da com a estampa do imperador: "Devemos

    pagar impostos?". Se respondesse "paguem", Jesus estaria concordando com a ditadura opressiva dos romanos, e se respondesse "no paguem", o Senhor seria enquadrado como revolucionrio e preso pelo imprio. "Deem

    ao imperador o que do imperador e a Deus o que de Deus". Jesus foi curto e grosso. Ou, melhor dizen-do, ele no deu grandes explicaes. Quem sabe, porque "futebol, poltica e religio no se discute". Geralmente estes assuntos envolvem paixo, radica-lismo, brigas e no levam a nada. Se o futebol ldico, a poltica ordeira e a re-ligio centrada no amor de Cristo, isto no precisa

    de discusso. Basta brincar, administrar e testemunhar a f. Mas quando estas coisas envolvem interesses radicais, egosmo e in-sensatez, ento acontece o que hoje vemos no futebol, na poltica e na religio.

    Quanto pergunta, o apstolo Paulo foi conclusivo: "Paguem todos os seus impostos e respeitem e honrem todas as autoridades" (Rm 13.7). Ao mesmo tempo, afirmou: "Quando as autoridades cumprem os seus deveres, elas esto a servio de Deus" (Rm 13.6). Os deveres do governo, basicamente, so a justia social, o respeito aos direitos civis, o compromisso com a dignidade humana. Por isso, a advertncia bblica: "Quando o governo justo, o pas tem segurana; mas, quando o governo cobra im-postos demais, a nao acaba na desgraa" (Pv 29.4). O profeta Ams, em qualquer situao de opresso poltica, serve de referncia funo social e poltica da igreja: Vocs exploram os pobres e cobram impostos injustos das suas colheitas [...] Vocs maltratam as pessoas honestas [...] Procurem fazer o que certo e no o que errado, para que vocs vivam. claro e notrio que, na tarefa de ser luz do mundo e sal da terra, a Igreja e o cristo tm a obrigao de denunciar as injustias sociais sem a necessidade

    Se o futebol ldico, a poltica ordeira e a religio centrada no

    amor de Cristo, isto no precisa de discusso.

    Basta brincar, administrar e testemunhar a f. Mas

    quando estas coisas envolvem interesses radicais, egosmo e insensatez, ento

    acontece o que hoje vemos no futebol, na poltica e

    na religio.

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    Mensageiro | Maio 2014 9

    Marcos SchmidtPastor em Novo Hamburgo, RS| [email protected]

    | em foco |

  • de empunhar bandeiras ideolgicas. Evidentemente que muito melhor tam-

    bm para o cristo viver num regime demo-crtico, como acontece hoje no Brasil. Pesquisa recente mostra que a maioria dos brasileiros acredita que hoje h mais corrupo do que no tempo do regime militar, mesmo assim no deseja a volta da ditadura. bem mais fcil manter a ordem civil por um "AI 5" ato constitucional que deu plenos poderes ditato-riais ao governo militar no lugar do governo democrtico. Alguns at pensam que "bom era naquele tempo" quando no havia tanta cor-rupo e impunidade. Lembro, no entanto, que o meu tio, o pastor Davi Flor, foi intimado pelos militares porque reclamou dos buracos nas ruas da sua cidade. Se hoje nossas reclamaes no so atendidas pelos governantes e se h decepo com a poltica, preciso recusar os atalhos e seguir o caminho da ordem democrtica.

    Algo parecido acontece na vida crist quan-do Paulo escreve que "Cristo nos libertou para que sejamos realmente livres" (Gl 5.1). Havia um perigo iminente que o apstolo chama de ou-tro evangelho, uma ditadura religiosa na igreja da Galcia com certas regras para algum ser um bom cristo. Paulo sabia o que era viver sob a tortura da lei no tempo do seu radicalismo farisaico. Ele foi o prprio carrasco: Era to fantico que persegui a igreja (Fp 3.6). Por isto as palavras: Continuem firmes como pessoas livres e no se tornem escravos novamente (Gl 5.1) ao tratar da f em Jesus que faz a pessoa experimentar a alegria da liberdade nos direitos e deveres do amor ao prximo.

    E se poltica e religio so pratos que no se misturam e por isto tanta indigesto no atual cenrio da poltica brasileira , cabe a ns, cristos da IELB, sermos mais atuantes naquilo que Deus espera de ns. Sobretudo quando nossa f luterana se fundamenta na liberdade crist, to defendida pelo apstolo que escre-veu: Agora, o mais importante que vivam de acordo com o evangelho de Cristo [...] (Fp 1.27). Aqui Paulo usa o termo grego politeuste para "viver", como que dizendo "vivam politi-camente de acordo com o evangelho". Sem dvida, temos muito a oferecer para uma nao que busca a ordem civil, as boas relaes, a estrutura familiar, o trabalho, a honestidade, o respeito s autoridades estas coisas bsicas de uma sociedade. Somos sal da terra e no podemos nos tornar inspidos.

    M uito tem se falado sobre qualificaes de pecados, pois no conhecimento popu-lar existe a ideia que alguns pecados so mais graves do que outros. No entanto, analisando teologicamente, vemos que a Bblia toda fala de pecados, sem qualific-los de mais graves ou menos graves. Isso no minimiza o pecado, nem mesmo permite que se continue pecan-do. Todavia o que quero compartilhar aquilo que muitas vezes feito sem ao menos se dar conta.

    As pessoas, muitas vezes, cometem pecados que so verdadeiras aberraes, e muitos deles nem so percebidos. E em meio a isso esto tambm os cristos. Agora, por que uns pecados so qualitati-vamente mais horrendos do que outros?

    Na mentalidade humana sempre hou-ve e sempre haver alguns pecados que primeira vista parecero verdadeiras aberraes, mas com o passar do tempo parece que so aceitos e esquecidos. Porm Deus no se esquece deles, assim como no classifica pecados. Pecado, na viso humana, como moda, uma hora est em alta e outra hora parece que nem existiu um dia. E assim como a moda, tambm muitos pecados que foram classificados no passado como horrendos, voltam na atualidade com toda a fora, como se fossem os piores da humanidade.

    Um dos pecados que passa imper-ceptvel o pecado contra o oitavo man-damento: No dirs falso testemunho contra o teu prximo. Qualquer pessoa, crist ou no, comete esse pecado de uma maneira to contnua que parece algo natural. Como dito antes, Deus no classifica os pecados em maiores ou menores, e assim como qualquer outro, esse tambm considerado por Deus uma afronta.

    O apstolo Tiago bem enftico quando trata desse pecado, dizendo:

    Pecadinho e pecado

    Ora, a lngua fogo; mundo de ini-quidade; a lngua est situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e no s pe em chamas toda a carreira da existncia humana, como tambm posta ela mesma em chamas pelo inferno (Tg 3.6). Um peque-no membro do corpo que, mal usado, no s destri a vida daquele que o faz, mas tambm daqueles que sofrem calnias nas rodas de conversa.

    Deus sabia do estrago que pode ser feito na vida tanto daquele que faz fo-foca como daquele que sofre as conse-quncias, por isso deixou registrado em sua Lei, bem como em toda a sua palavra. Lutero, ao explicar o oitavo mandamen-to, diz que devemos desculpar o nosso prximo, falar bem dele e interpretar tudo da melhor maneira. Lutero toca na ferida quando fala no apenas o que no deve ser feito, a partir desse mandamen-to, mas o que devemos fazer em favor do nosso prximo. Primeiramente, perdo--lo, pois sabemos quo falhos somos e que camos constantemente nos mais diversos pecados. Na verdade, essa a chave para um bom relacionamento e para o testemunho da vida crist.

    Esse pecado um dos que trago para a reflexo. E o cuidado que precisamos ter quando qualificamos ou quantifi-camos os pecados, pois muitos esto na origem de qualquer conversa ou fofoca. Todo pecado deve ser tratado pastoralmente, sem julgamento e sem base em conversas ou boatos que no so comprovados. E depois de reconhe-cido e confessado, deve ser perdoado e esquecido, assim como Deus faz com cada um quando recebe a absolvio.

    GaBRiel Boldt | Seminrio ConcrdiaSo Leopoldo, RS

    | reflexo |

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    10 Mensageiro | Maio 2014

    | em foco |

  • A importncia da confessionalidade nos dias de hojePertencer a uma Igreja Crist, que confessional e fundamentada unicamente na Palavra de Deus, de extrema relevncia e precisa ser proclamado no mundo de hoje e, de forma muito particular, em nosso pas. A verdade da confessionalidade em um nico Salvador ou aquilo que constitui a identidade crist precisa brilhar, pois [...] a f vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por meio da pregao a respeito de Cristo (Rm 10.17). Com isso, atravs da f, a pessoa tem uma nova identidade, passando a fazer parte do povo de Deus. Por isso, convm lanarmos um olhar mais demorado e perspicaz a essa questo e sua atualidade.

    A buscA pelA identidAde

    A busca pela identidade e, mais ainda, pela afirmao desta identidade, move um grande contingente de profissionais nos tempos atuais. Isso possvel perceber facilmente em diversas reas e situaes: a) as empresas, indstrias e centros co-merciais buscam posicionar-se no mercado com suas marcas e valores; b) os centros de fomento pesquisa e tecnologia, os espaos acadmicos, as diversas reas de cincias e conhecimento precisam afirmar sua identidade e genealogia; bem como, tam-bm, c) na vida profissional, onde a busca

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    Mensageiro | Maio 2014 11

  • pelo sucesso e pela fama pessoal move as indstrias da comunicao e do entreteni-mento na promoo e criao de dolos, cones e gurus. Essa uma realidade do mundo contemporneo que ainda tende a se desenvolver muito. Com certeza, os meios de comunicao com os profissionais da publicidade, da propaganda, do marketing apresentaro ainda muitos avanos no futuro prximo, sempre aliados s ltimas fronteiras tecnolgicas.

    A buscA pelo posicionAmento no mercAdo

    Tudo isso para marcar uma position, um posicionamento; ou seja: como um grupo ou empresa se apresenta no e para o mundo--mercado. Para os especialistas dos campos da gesto e da administrao, esse desafio constitui um elemento impulsionador na busca de estratgias eficazes para se apre-sentarem de forma convincente e alicerada aos seus mercados.

    A buscA pelo posicionAmento pessoAl

    J no campo pessoal, temos uma reali-dade em que, cada vez mais, o ser humano tem se tornado mais consumidor e menos pessoa. Interessante que Thornstein Vebler, j em 1899, dizia que muitas pessoas com-pram as coisas no por precisarem delas, mas para exibir riqueza e status. Ao pensar seriamente sobre o que est por trs do posicionamento pessoal hoje em dia (ou: a confisso de vida das pessoas), veremos que h uma forte influncia econmica ligada indstria do consumo e da aparncia.

    Inclusive j h um delito que qualifica-do como roubo de ostentao, em que pessoas se apropriam de objetos de marca para poderem ter maior visibilidade e os-tentao pessoal. Ou seja: o ser humano se encontra numa situao vulnervel e perdida, sentindo profundamente o seu afastamento de Deus e de sua Palavra. A criatura est longe do seu Criador.

    A buscA pelo posicionAmento religioso

    A situao descrita acima em relao ao mercado e s pessoas no diferente da crise em que se encontram as religies hoje. Inclusive, isso toma propores nunca antes vistas, quando religio e mercado se misturam, levando muitas organiza-es religiosas contemporneas a serem identificadas como verdadeiros mercados religiosos, supermercados da f. Isso traz recordao a urgncia urgentssima de um imperativo dado Igreja Crist, Igreja Evanglica Luterana do Brasil (IELB), comunidade local, a todo cristo sincero e verdadeiro: [...] pregai o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15).

    um AlertA importAnte

    Esta palavra de Jesus registrada pelo evangelista Marcos utilizada de modo di-verso e com resultados absolutamente opos-tos salvao ou perdio se seguirmos a interpretao confessional bblica ou se seguirmos as interpretaes apresentadas por teologias que se aculturaram e ado-taram o esprito contemporneo. Para isso ser compreensvel, basta fazer a seguinte

    diferenciao: (a) a teologia crist percebe o clima cultural existente na atualidade e responde proclamando a verdade crist, nos vrios contextos, a partir da Palavra de Deus; (b) no outro polo, encontramos teo-logias desconstrutivas muitas dizendo--se crists! , as quais seguem uma lgica muito prpria encontrada em todas as teorias subjetivistas da atualidade, ou seja, o olhar ditado do ser humano para Deus e no de Deus para o ser humano, tornando a pregao do Evangelho mais uma teoria social ou poltica e vinculando-a unicamente a uma pregao moral.

    A confessionAlidAde nos diAs de hoje

    A est a importncia da confessiona-lidade nos dias de hoje. A Igreja precisa efetivamente fundamentar-se na Palavra de Deus e ter como primordial tarefa a proclamao desta Palavra. Em contrrio, perde a sua identidade e a razo de existir, pois a confessionalidade s sustentada na Palavra de Deus como nica norma de f. E como tal, este o testemunho pblico de que a Igreja permanece nos caminhos do Senhor.

    A Igreja Crist, conforme o Credo Apos-tlico, a comunho dos santos. Esses santos so todas aquelas pessoas que tem como confisso de f que h um s Senhor, uma s f, um s batismo (Ef 4.5). Assim sendo, a Igreja Crist no uma construo humana, um prdio ou uma organizao dirigida por pessoas, mas , isto sim, o Reino onde Deus soberano e reina de forma absoluta. Esta distino e identidade precisa estar clara e no pode deixar margens para divagaes filosficas, ou seja: a igreja o Reino de Cristo, distinto do reino do diabo (Apologia da Confisso, Da Igreja).

    A aceitao da sua condio existencial de pecador (Rm 5.12), da sua identidade de inimigo de Deus, precisa acontecer no corao e na mente de todas as pessoas mediante a pregao da Lei de Deus. Esta Lei tem o objetivo de mostrar a real situao em que a pessoa se encontra e apontar o que deve ser feito. A Lei de Deus castiga e condena a pessoa, porque faz com que esta tenha noo de sua real situao, ou seja: a pessoa no tem absolutamente nenhuma condio de ser perdoada por suas prprias

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    A est a importncia da confessionalidade nos dias de hoje. A Igreja precisa efetivamente fundamentar--se na palavra de Deus e ter como primordial tarefa a proclamao desta Palavra. Em contrrio, perde a sua identidade e a razo de existir, pois a confessionalidade s sustentada na Palavra de Deus como nica norma de f. E como tal, este o testemunho pblico de que a Igreja permanece nos caminhos do Senhor.

    12 Mensageiro | Maio 2014

  • foras e capacidades. Por esse motivo, no a Lei que acolhe e integra algum na Igreja Crist, na Igreja de Cristo. Isso Paulo demonstrou de forma magistral ao escrever: visto que ningum ser justificado diante dele por obras da lei, em razo de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado (Rm 3.20).

    pertencer igrejA crist Ato divino

    Pertencer Igreja Crist um ato da graciosa bondade de Deus. Ou seja: Por-que, como, pela desobedincia de um s homem, muitos se tornaram pecadores, assim tambm, por meio da obedincia de um s, muitos se tornaro justos (Rm 5.19).

    Assim, so integrantes da Igreja Crist todas as pessoas que creem no Evange-lho, ou seja, que sabem que sua salvao foi conquistada atravs da morte de Jesus Cristo, o Salvador, que perdoou completa-mente toda a sua dvida diante da justia divina. Pertencer Igreja Crist somente pela f verdadeira no Deus verdadeiro. Na liturgia do Batismo, isso est bem presente na pergunta endereada aos padrinhos e que mostra a importncia de escolhermos padrinhos cristos: nessa f que quereis que a criana seja batizada?.

    A Igreja Crist no tem uma estrutura fsica, diretoria ou qualquer forma de gover-no poltico. No h uma pessoa que possa ser apontada como o representante oficial da Igreja. Mas antes de voltar para junto do Pai, Jesus Cristo deu uma ordem: [...] Ide por todo mundo e pregai o Evangelho [...] (Mc 16.15). Todas as pessoas que se tornaram filhos de Deus por meio do Evangelho so membros da Igreja Crist e receberam a ordem de Cristo de ir e pregar, testemunhar, confessar que Jesus Cristo o Senhor.

    A IELB, que congrega e rene pessoas de diversos lugares e regies do Brasil e de outros pases, faz parte da Igreja de Cristo,

    a Igreja Crist. A prova disso est no fato de que a IELB tem sua identidade funda-mentada na confisso pblica de que: Jesus Cristo o nico Salvador e nele devemos ter a nossa f; a salvao por graa de Deus, sem nenhum mrito de nossa parte; e somente a Escritura Sagrada a Palavra de Deus. No entanto, a IELB e as comunida-des locais somente sero Igreja Crist se permanecerem nesta f que alimentada pela Palavra e pelos Sacramentos. Isso constitui um alerta importante de Deus a todos ns: Aquele, pois, que pensa estar em p veja que no caia (1Co 10.12) e tambm: Vs, pois, amados, prevenidos como estais de antemo, acautelai-vos; no suceda que, arrastados pelo erro desses in-subordinados, descaiais da vossa prpria fir-meza (2Pe 3.17). A confessionalidade crist no , primordialmente, uma pregao de condenao dos outros, mas , antes, sim, um testemunho, um anunciar da Palavra de Deus na sua integralidade.

    cAir dA f no confessAr mAis A cristo como o sAlvAdor

    Pedro, ao escrever em sua Epstola: Vs, porm, sois raa eleita, sacerdcio real, nao santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pe 2.9), est nos lembrando de nossa vocao de sacerdotes de Deus para confessarmos a f crist diante de todos os outros que ainda no ouviram falar da salvao.

    A IELB tem sua identidade fundamentada na confisso pblica de que: Jesus Cristo o nico Salvador e nele devemos ter a nossa f; a salvao por graa de Deus sem nenhum mrito de nossa parte; e somente a Escritura Sagrada a Palavra de Deus.

    Em nossos dias, o nome de Cristo em-pregado para mil utilidades. Reinos mer-cantis so construdos em nome de Deus, shows de dolos da f levam milhares de pessoas a momentos de xtase teatral e sonoro, o nome de Cristo invocado para mostrar o poder de determinado lder carismtico, e assim vemos que o nome de Deus utilizado, muitas vezes, de forma v e destituda de qualquer respeito. Por isso, exatamente neste mundo que toma o nome de Deus em vo, h uma importante lacuna para todo e qualquer cristo confessar que somente Jesus Cristo o Senhor.

    A mensagem do Deus vivo que enviou seu Filho para salvar o mundo precisa ser encarada com seriedade e comprometimen-to por todos os cristos, pois faz parte de seu sacerdcio. Deve ser motivo de dedica-o exclusiva e comprometimento acima de qualquer outro por parte dos sacerdotes que foram investidos por Deus com o ministrio da pregao e com a tarefa de ensinar e orientar o povo de Deus. Como IELB, somos Igreja de Cristo e precisamos ocupar os ca-minhos e os espaos onde existem lacunas na proclamao do amor de Deus. Em outras palavras, precisamos ter certeza e viver a confessionalidade nos dias de hoje!

    Por isso, vamos cantar e viver: E ns que conhecemos brilhante luz da f, nas trevas deixaremos aquele que no cr? Sem mais demora vamos falar-lhe do perdo que por Jesus gozamos: a eterna salvao [...] Seu nome proclamado a toda a gerao traz ao desventurado a paz e a redeno. A terra consagrada ao nome de Jesus ser abenoada, andando em sua luz (Hinrio Luterano 330.3,4). Que Deus abenoe e guarde sua Igreja nesta tarefa!

    Clvis v. GedRat | Pastor e professor,So Leopoldo, RS

    [email protected]

    A confessionalidade crist no , primordialmente, uma pregao de condenao dos outros, mas , antes, sim, um testemunho, um anunciar da Palavra de Deus na sua integralidade.

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    Mensageiro | Maio 2014 13

  • | 500 anos da reforma |

    Ns somos salvos pela f, nica e exclusivamente por causa dos mritos de Jesus Cristo, sem quaisquer obras ou contribuies de nossa parte. A salvao gratuita! Essa verdade abalou os alicerces da Igreja e da sociedade no sculo XVI.

    Q uando o monge e profes-sor de teologia Martinho Lutero (1483-1546) afixou as suas famosas 95 teses na porta da igreja do castelo, na cidade alem de Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517, ele certamente no fazia ideia da re-voluo que o seu gesto iria desencadear. Lutero era telogo e queria, com as suas teses, abrir um debate acad-mico sobre o poder e a eficcia das indulgncias, isto , sobre a possibi-lidade de se comprar com dinheiro o perdo dos pecados. Mas as suas palavras caram como uma bomba no centro da Igreja, da sociedade e da poltica do incio do sculo XVI, na Alemanha.

    De um lado, havia uma Igreja medieval todo-poderosa que controlava a vida dos cidados e, o que pior, explorava-os finan-ceiramente por meio das indulgncias. Com o dinheiro arrecadado, muitos clrigos se en-riqueciam, sendo que alguns deles tambm eram prncipes, misturando de uma forma catastrfica os poderes civil e eclesistico. O imenso poder dos clrigos e dos assim chamados territrios eclesisticos (territrios

    governados por um bispo ou abade) era, por sua vez, visto pelos demais prncipes e conselhos das cidades como um empecilho para a sua expanso econmica e territorial.

    sEr quE fIz O NECEssrIO Para sEr saLVO?

    O problema maior, entretanto, atingia a f das pessoas. A Igreja e a teologia tinham se desenvolvido de uma forma tal que o Evan-gelho de Jesus Cristo estava praticamente esquecido. O Deus que se pregava era um Deus exigente, cobrador, terrvel nos seus jul-gamentos. Os sofrimentos eternos do inferno e temporrios do suposto purgatrio eram pintados nas cores mais vivas e aterradoras possveis. Claro que se pregava a redeno por meio de Jesus Cristo, mas se enfatizava junto a isso a necessidade de se fazer boas obras que agradassem a Deus, contribuindo, assim, para a salvao pessoal. A pergunta fatal era: ser que fiz o necessrio para ser salvo? Uma forma de mitigar um pouco essa dvida existencial era comprar as j mencio-nadas indulgncias. Um bom negcio para aqueles que as vendiam.

    Essa curta exposio nos ajuda a enten-der por que Lutero fez sucesso. A poca estava madura para reformas na Igreja e na sociedade, s faltava uma personalidade forte, com as qualidades suficientes para ser um reformador. Tudo se encaixou (ou tudo foi encaixado por Deus...) quando o monge e professor de teologia de Wittenberg apare-ceu em cena e, ainda por cima, foi protegido pelo prncipe eleitor da Saxnia. A partir de sua crtica inicial s indulgncias, Lutero redescobriu a verdadeira mensagem do Evangelho de Jesus Cristo: ns somos salvos

    pela f, nica e exclusivamente por causa dos mritos de Jesus Cristo, sem quaisquer obras ou contribuies de nossa parte. A salvao gratuita! Essa verdade aba-lou os alicerces da Igreja e da sociedade no sculo XVI. O que Lutero queria era reformar a Igreja, fazer com que ela voltasse pu-reza do Evangelho, mas a maior parte no se deixou re-formar, de modo q u e s u rg i u uma nova Igreja, a Igre-ja Luterana.

    Reforma Luterana na Alemanha

    A igreja Frauenkirche, em Dresden, com monumento de Lutero em frente

    14 Mensageiro | Maio 2014

  • Os 500 aNOs da rEfOrMa Na

    aLEMaNhaEssa descoberta,

    essa revoluo do Evangelho, teve in-cio h quase meio

    milnio. Em 2017 estaremos come-

    morando, em todo o mundo, onde a Igreja Luterana est espalhada, os 500 anos da Reforma. Mas como a Alemanha, o pas onde tudo teve incio, est se preparando para esse evento?

    Primeiramente, preciso levar em con-siderao que nesses 500 anos muita coisa aconteceu. A reforma que Lutero iniciou inspirou outros reformadores que, entre-tanto, divergiram dele em alguns assuntos teolgicos, como Zunglio e Calvino. A partir deles surgiram outras igrejas evanglicas. Houve guerras entre evanglicos e catlicos e entre evanglicos entre si. Evanglicos foram

    perseguidos por evanglicos. Na Europa, surgiram movimentos como o Iluminismo e o Pietismo,

    que negavam a importncia de dogmas na Igreja, dizendo que o mais importante era a

    razo ou o sentir da f no corao. No sculo XIX, o rei da Prssia decretou a unio entre reformados

    e luteranos, o que gerou perseguies e divises. Foi da que

    surgiu a nossa Igreja, a Igreja Evanglica Lu-terana Independente. E ainda h o sculo XX, que presenciou a maior catstrofe produzida por seres humanos em toda a histria da Europa: a Segunda Guerra Mundial, o Holo-causto e o fato de que, por causa de tudo isso, muitas pessoas se distanciaram da Igreja ou se tornaram at mesmo suas inimigas.

    O quE sOBrOu dE tudO IssO? Na Alemanha de hoje, somente 65%

    da populao se confessam como cristos. Estes, por sua vez, esto divididos meio a meio entre catlicos e evanglicos, sendo que esses evanglicos vo desde os mem-bros das igrejas estaduais (prefiro o termo igreja estadual e no estatal, porque o ltimo d a impresso de que as igrejas pertencem ao Estado, o que no verdade; o termo alemo Landeskirche refere-se origem histrica territorial da respectiva igreja) at s Testemunhas de Jeov. Como comemorar a Reforma Luterana depois de tudo o que aconteceu e em meio a essa diversidade toda?

    a COMEMOraO E Os dEsafIOs da IgrEJa

    As igrejas evanglicas estaduais, reu-nidas na EKD, a Igreja Evanglica na Ale-manha, no so todas luteranas, algumas

    O maior desafio para as igrejas, hoje, que, enquanto h 500 anos,

    na Alemanha, os assuntos Deus, f, salvao e

    at mesmo igreja tinham um valor existencial para as pessoas, hoje

    eles esto margem das preocupaes da maioria dos membros das igrejas tradicionais, sem falar

    dos cerca de 35% da populao alem que se confessa sem religio.

    FOTO: KArL HErMAnn GOTTFrIED AuEL

    Mensageiro | Maio 2014 15

  • so reformadas, outras so unidas. Deste modo, a Reforma vem sendo comemorada como um projeto evanglico conjunto e ecumnico. Em 2008 iniciou-se o Decnio de Lutero com festividades temticas que culminaro no ano de 2017 em Wittenberg (www.luther2017.de). O tema do ano de 2014 , por exemplo, Reforma e Poltica. Como a nossa Igreja, a SELK (Igreja Evanglica Luterana Independente), no est associada EKD por motivos doutrinrios, iniciou um decnio prprio, intitulado Mirando 2017 (www.blickpunkt-2017.de). O tema em 2014 A Igreja. Aqui j se v uma diferena: enquanto os temas da EKD procuram relevncia na sociedade e na poltica, os temas da SELK procuram aprofun-dar reflexes teolgicas.

    O maior desafio para as igrejas, hoje, que, enquanto h 500 anos, na Alemanha, os assuntos Deus, f, salvao e at mesmo Igreja tinham um valor existencial para as pessoas, hoje eles esto margem das preocupaes da maioria dos membros das igrejas tradicionais, sem falar dos cerca de 35% da populao alem que se confessa sem religio. H 500 anos, todos, pra-ticamente sem exceo, perguntavam-se: Deus vai ter misericrdia de mim? Ser que serei salvo? A resposta afir-mativa de Lutero, baseada no Evangelho de Jesus Cristo, s podia mesmo ter gerado uma revoluo. Hoje em dia, a esmaga-dora maioria dos alemes e europeus no faz mais esse tipo de pergunta, e muitos no sabem nem quem Deus, muito menos quem Jesus Cristo. As questes

    existenciais hoje em dia so muito mais diversificadas, incluindo desde a salvao dos ursos polares at s novas funes da ltima verso do smartphone. Claro que no podemos generalizar, mas fato que, hoje em dia, as perguntas relativas f em Jesus Cristo so feitas por uma minoria decrescente. Diante dessas circunstncias, Lutero no est mais entre aqueles que fazem sucesso.

    OPOrtuNIdadEs Para as IgrEJas

    No obstante, creio que as festividades dos 500 anos da Reforma tambm trazem

    Martinho Lutero

    | 500 anos da reforma |

    oportunidades para as igrejas. Uma delas , exatamente, aproveitar a chance para falar a um pblico maior do que aquele dos cultos dominicais sobre assuntos es-quecidos: Deus, f, salvao. No se pode deixar de falar disso quando se fala de Lutero, pois esses eram os seus assuntos. Alm disso, creio que essas festividades so, tambm, para as igrejas evanglicas da Alemanha, uma oportunidade para re-fletir sobre si mesmas e sobre aquilo que fizeram com a herana de Lutero. Ser que o Reformador concordaria com tudo aquilo que fizemos nesses 500 anos, com tudo aquilo que estamos fazendo hoje?

    Acima de tudo, entretanto, creio que os 500 anos da Reforma esto nos dando oportunidade para refletir sobre aquilo que Lutero disse diante do Imperador alemo e dos prncipes e clrigos na Dieta de Worms, em 1521: Eu estou aqui, eu no posso de outra maneira, que Deus me ajude. 500 anos depois, ns tambm estamos aqui e no podemos agir de outra maneira, a no ser pregar o Evangelho de Jesus Cristo, sejam quais forem as circunstncias que nos rodeiam, porque o Evangelho o poder de Deus para a salvao de todo aquele que cr (Rm 1.16).

    GilBeRto da silva | Doutor e professor de Histria da Igreja na Faculdade de Teologia da Igreja Evanglica Luterana Independente

    (SELK) em Oberursel, [email protected]

    FOTO: ArquIvO EDITOrA COnCrDIA

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    16 Mensageiro | Maio 2014

  • | reao do leitor |

    LeigOsUm gigante acordando?

    david KaRnopp | Pastor emVacaria, RS

    S ou assinante do Mensageiro Luterano desde 1977, com todas as edies anualmente encadernadas, pois, alm de pastor, tambm sou encadernador. Nem sempre consegui ler todas as edies. Li a ltima revista (abril de 2014), e um as-pecto me chamou ateno: h sete textos assinados por leigos e, diga-se, muito bem fundamentados. So eles os autores: Or-lando Eller; Carlos R. Zimmermann; Fbio Leandro Rods Ferreira; Ricardo Goerl; Dcio Dalke e Neldo Karnopp. Este ltimo meu irmo. J faz muito tempo que os leigos

    leigos bem informados lhes apresentam.Na minha memria consta que havia

    ainda outro artigo publicado em algum Mensageiro sob o ttulo: Leigos: um gi-gante adormecido. Procurei, mas no o encontrei. Suspeito que seja coisa de memria falsa. Por outro lado, se no foi publicado, algum j disse isso.

    Voltando edio de abril deste ano e vendo sete textos assinados por leigos, deu-me coceira nos dedos e me vi impul-sionado a fazer algumas perguntas: Ser que estamos finalmente aproveitando este manancial? Ser que o gigante est acordando? No sou o dono das respos-tas. Apenas me alegro quando vejo leigos escrevendo coisas bonitas, profundas e interessantes para a vida da igreja.

    A propsito da minha coceira nos de-dos, aproveito para fazer outras perguntas: Ser que podemos dar mais algumas cutu-cadas neste gigante chamado leigos? Podemos sugar mais deste manancial? Certamente, sim. Se o sentimento de in-ferioridade nunca teve espao na igreja, hoje menos ainda. Temos uma mina de ouro que pode ser explorada bem mais. Temos um manancial do qual ainda pode-mos beber muito.

    Muitos leigos bem que poderiam estu-dar Teologia, no precisando necessaria-mente tornarem-se pastores. A ULBRA, por exemplo, oferece um curso em Teologia por EAD. O Seminrio Concrdia tambm ofe-rece cursos para leigos. Leigos poderiam estudar matrias afins como Histria da Teologia, Histria do Pensamento Cristo, Doutrina, Bblia e lnguas originais.

    E vale lembrar que a histria do lute-ranismo ganhou consistncia graas a um leigo que no se rendeu ao sentimento de inferioridade: Filipe Melanchthon.

    vm ocupando espao no Mensageiro. Mas s agora o fato me chamou ateno. Talvez pela quantidade de textos assinados por eles. Podemos no concordar com tudo o que dizem, mas eles sabem o que esto dizendo. E esto muito bem informados.

    Revendo meus mensageiros encader-nados, deparei-me com um artigo publi-cado no Mensageiro Luterano de agosto de 1986, p.12, sob o ttulo Leigos, este manancial ainda inaproveitado assinado pelo pastor Alaor Gths dos Santos. O ainda do ttulo parece ser uma referncia a um outro um artigo publicado 17 anos antes no Lar Cristo de 1969, p. 71, sob o

    ttulo: Leigos, este manancial inapro-veitado. Ambos os artigos lamentam o pouco envolvi-mento do homem luterano nas ativi-dades da igreja. O artigo do Lar Cris-to de 1969 diz que um dos principais motivos que im-pedem os leigos de trabalhar como evangelistas o sentimento de in-

    ferioridade.Este sentimento nunca se justificou.

    O prprio artigo argumenta que [...] esquecem-se de que a converso obra do Esprito Santo [...] e que [...] basta expor com toda simplicidade a obra de Cristo [...]. Curiosamente , tambm, a partir do final da dcada de sessenta que o pastor lentamente deixou de ser o nico "estudado" na congregao. Hoje h muitos leigos com elevado conhecimento em muitas reas, principalmente naquelas de interesse da igreja: Teologia, Bblia e Histria. A bem da verdade, hoje muitos pastores passam sufoco por questes que

    m

    Mensageiro | Maio 2014 17

  • Qual a origem da vida? Qual o propsito em viver? As pessoas buscam as respostas para essas perguntas em todos os lugares possveis, tendo como ferramentas de pesquisa sua prpria inteligncia e a inteligncia alheia, organizada nas diversas cincias. Mas, e se voc precisasse dedicar sua vida a uma pessoa, quem seria?

    A grande questo da humanidade no adiar o fim de sua existncia, mas sim vencer a morte (Ec 8.6-7). E ns temos o registro sobre um homem que afirmou ter a soluo para essa questo. Ele morreu, e ao terceiro dia ressuscitou. A ressurreio de Jesus o fato que sustenta o Cristianismo. Se Jesus est vivo, o Cristianismo est vivo!

    No 44 Congresso Nacional da JELB, queremos convidar voc a descobrir o que significa essa nova vida, que transformada por Jesus! Esperamos que voc se junte a milhares de jovens de todo o Brasil, e declare: VIVO POR JESUS!

  • 20 A 25 DE JANEIRO DE 2015CACOAL - RONDNIAwww.jelb.org.br/congressao

    "J no sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim (Gl 2.20).

  • | perfil pastoral |

    O pastor que a IELB est formandoO Departamento de Ensino da IELB (DE) fez uma avaliao do curso de Teologia da nossa Igreja, a partir da viso de pastores formados de 2001 a 2010, que cursaram currculos mais atuais e que, em sua maioria, tiveram a experincia de estudar no Seminrio Concrdia e na ULBRA simultaneamente. Achamos importante compartilhar alguns dados com os leitores do Mensageiro Luterano, quando a IELB est s portas de comemorar 110 anos como organizao eclesistica.

    U ma das grandes temticas sempre em foco nas discus-ses do Departamento de Ensino da Igreja Evanglica Luterana do Brasil a formao inicial e continuada de nossos pastores. Especifi-camente, nosso curso de Teologia recebe um olhar especial por sua nobre misso de formar os pastores que semearam, semeiam e semearo a Palavra de Deus em terras brasileiras e estrangeiras.

    Dentro dessa perspectiva, o DE decidiu fazer uma avaliao do curso de Teologia da IELB, a partir da viso de pastores formados de 2001 a 2010, que cursaram currculos mais atuais e vivenciaram, em sua maio-ria, a experincia de estudar no Seminrio

    Concrdia e na ULBRA simultaneamente. Cerca de 250 pastores foram convidados a responder a um questionrio composto por 10 questes, distribudas em trs grandes eixos temticos: reas da Teologia nas quais se sentem mais seguros/preparados; reas da Teologia nas quais se sentem menos seguros/preparados; o perfil do pastor que a IELB est formando e o perfil do pastor que a IELB necessita. Ao final, eles tambm tiveram a oportunidade de sugerir tpicos e/ou disciplinas que deveriam ser oferecidas no curso de Teologia.

    Cem pastores responderam ao questio-nrio; tal nmero, apesar de significativo estatisticamente (40% do total da amostra), no correspondeu a nossa expectativa ini-

    cial, pois pensamos no questionrio como uma forma de oportunizar aos pastores par-ticipantes um momento de reflexo sobre sua formao, o que nem sempre possvel no dia a dia da prtica pastoral.

    Apresentaremos agora, as principais ca-tegorias de respostas referentes aos dois pri-meiros eixos temticos, que foram analisadas a partir de um modelo de anlise estatstica por ns elaborado. Cabe ressaltar que nas questes 1, 3 e 4, alguns pastores destacaram mais do que uma rea da Teologia ou discipli-na, logo, o nmero total de respostas maior que 100; tambm, nas demais questes s apresentaremos as categorias de respostas mais significativas, logo, o nmero total de respostas menor que 100.

    FOTO

    : LEA

    nDrO

    r. CA

    MArA

    TTA

    20 Mensageiro | Maio 2014

  • 1) Quais so as Reas da teoloGia nas Quais voC se sente mais seGuRo/pRepaRado? Prtica (96), incluindo Homiltica/Pregao, Aconselhamento, Litrgica, Misso/Evangelizao, Educao/Ensino e Msica Sistemtica (44), incluindo Dogmtica, Doutrina, Confisses e tica Exegtica (24), incluindo Bblia Histrica (14)

    2) poR Qu? Devido boa preparao e didtica dos professores (51) Professores bem preparados e proporcionando formas diferentes de aprendizado. Devido boa formao obtida no Seminrio e/ou na ULBRA (47)Acredito que a formao do Seminrio juntamente com a ULBRA d timo subsdio para que cada pastor possa dar continuidade aos seus prprios estudos, para o crescimento prprio e do Reino.

    3) Quais FoRam as disCiplinas CuRsadas no CuRso de teoloGia Que ContRiBuRam paRa isso? Homiltica (39) Sistemtica (39) Exegese (29) Aconselhamento Pastoral (23) Confisses Luteranas (17) Missiologia (17) Histria (14) Pr-Estgios (12)

    4) Quais so as Reas da teoloGia nas Quais voC se sente menos seGuRo/pRepaRado? Prtica (56), incluindo Misso/Evangelizao e Msica.No me sinto menos seguro, mas acho que na Teologia Prtica temos muito que crescer, principalmente na

    misso e evangelismo. Exegtica (24), incluindo Lnguas Bblicas. Talvez na questo das lnguas originais da Bblia esteja a minha maior insegurana. Histrica (14) Sistemtica (11)

    5) poR Qu? Professores/Disciplinas (12).Professores recm-chegados ao Seminrio que no tinham experincia na rea ensinada. Outras matrias no foram aprofundadas suficientemente ou at no faziam parte do currculo. Falta de aptido pessoal para certas reas (10).Me sinto menos preparado em msica, pois questo de dom. No Seminrio, dei prioridade s outras cadeiras. Facilita quando os alunos passam por essa preparao antes de ingressarem no curso de teologia. Questes pessoais (10). Com certeza, devido minha falta de interesse no tempo de estudos. Se tivesse me interessado mais, teria mais facilidade hoje. Falta de tempo para os estudos no dia a dia (9).Pouca concentrao e muito cansao pela correria necessria para o cumprimento das muitas programaes. Falta tempo para estudo e dedicao para melhor desempenhar o trabalho.

    6) o Que voC tem Feito paRa melhoR se pRepaRaR nessas Reas? Literatura (35), incluindo consultas a sites e recursos eletrnicos disponveis.Tenho lido sobre os assuntos e a partir disso tenho entendido melhor a histria e, em consequncia, a rea de sistemtica. Assuntos que antes pareciam sem nenhuma relevncia, agora

    fazem sentido. Participao em cursos de mestrado, aperfeioamento e conferncias (19).Tenho buscado estudo atravs do seminrio no mestrado e aproveitado todos os cursos de aperfeioamento. Todos ns precisamos de conhecimento e este conhecimento com a graa de Deus nos oferecido pela IELB. Ajuda de colegas mais experientes (11).Lendo livros sobre misso. Mas o que tem me ajudado observar os pastores mais experientes e colher opinies e conselhos de diferentes colegas sobre o assunto. Estudo pessoal nas reas com maior lacuna na formao (11).Tenho me empenhado e estudado, tanto que hoje j domino um instrumento musical e conheo vrios hinos.

    apontamentos da pesQuisa

    Chama a ateno nesse conjunto de respostas que a rea de Teologia Prtica a mais destacada como aquela na qual os pastores afirmaram se sentir mais e, ao mesmo tem-po, menos seguros/preparados! Uma das razes pode residir no fato de que, indicando um melhor preparo dos pastores nessa rea, houve uma con-centrao das respostas em Homiltica/Pregao e Acon-

    selhamento; entretanto, indicando um pior preparo dos pastores nessa rea, houve uma concentrao das respostas em Misso/Evangelizao e Msica.

    Por fim, destacamos uma fala que parece sintetizar uma crtica resignada no que se refere ao perfil do pastor que a IELB est formando:

    Penso que o formando sai um bom/timo telogo, mas um pouco distante do que seria um pastor do sculo XXI. A prtica e a formao continuada lhe daro o que precisar para exercer a Teologia (o pastorado).

    Essa crtica, entretanto, revela a importncia de concebermos a formao de nossos pastores como um processo contnuo, que se inicia no Seminrio, mas que somente na prtica pastoral galga nveis de maturao e desenvolvimento vocacional necessrios para que a Teologia Luterana faa, de fato, a diferena neste mundo!

    Na sequncia desta matria, apresentaremos uma comparao entre o perfil do pastor que a IELB est formando e o perfil do pastor que a IELB necessita, bem como destacaremos as sugestes feitas pelos pastores de tpicos e/ou disciplinas a serem oferecidas no curso de Teologia.

    FRedeRiCo Reis | Professor e coordenador do Departamento de Ensino da IELB

    Chama a ateno nesse conjunto

    de respostas que a rea de Teologia

    Prtica a mais destacada como

    aquela na qual os pastores afirmaram

    se sentir mais e, ao mesmo tempo, menos seguros/

    preparados!

    m

    Mensageiro | Maio 2014 21

  • Todos so substituveis, menos um

    Em todos os lugares e situaes se fala em substituir. Numa partida de futebol, no quadro de funcionrios da empresa. At h substituio de provas. E nada mais verda-deiro. Todos so substituveis.

    Algumas vezes no gostamos de subs-tituir ou da substituio. Como ficaria isso, ento? Ficaria assim: poderamos continuar aqui com Abel, com No, com Abrao, com Moiss, com Elias, com a viva de Sarepta, com Daniel, com Maria e Jos, com Pedro e Joo, com Paulo, com Lutero, com meus pais, com meus professores do Seminrio.

    Eu gostaria muito que eles continuas-sem aqui. Gostaria muito de conversar com eles, com todos eles. Um dia agendaria com um; no outro dia, com outro. Que riqueza teramos!

    Mas todos foram substitudos. E foram substitudos por Deus. Quem faz isso Deus. E para o bem. Tanto para aqueles que so substitudos, como para aqueles que Deus preparou para substitu-los. Deus colocou limites, tanto para a vida como para o tem-po do trabalho.

    Tambm na Provedoria do Seminrio haver substituio. E, certamente, para o bem. Tambm isso vem de Deus.

    uM s NO POdE sEr suBstItudO

    Quando dizemos no ttulo: Todos so substituveis, menos um, estamos falando de Deus. Ai daquele que substitui a Deus. Isso seria trocar o Deus verdadeiro por um deus falso. Isso idolatria. Esse seria o pecado dos pecados. No primeiro dos Mandamentos, Deus j disse: Eu sou o Senhor teu Deus. No ters outros deuses diante de mim. Atravs de Isa-as, o profeta, Deus disse ao seu povo: Eu sou o Senhor, este o meu nome: a minha glria, pois, no a darei a outrem, nem a minha honra s imagens de escultura (Is 42.8).

    No apenas bom ouvir que proibido substituir a Deus. tambm a melhor notcia, de que no precisamos substituir a Deus, em-bora muitos o estejam fazendo. Deus nosso Deus ontem, hoje e para sempre.

    Jesus, o enviado do Pai como Messias, em-bora tenha vindo e depois dito: Vou para o Pai, continua conosco. Eis que estou convosco todos os dias. Ele no foi substitudo, porque o mesmo: ontem, hoje e para sempre.

    O mesmo Deus ser o Deus da Provedoria do Seminrio Concrdia.

    Benjamin jandt

    Pastor Benjamin Jandt

    seminrio inicia ano letivo com 30 novos alunos

    Eram 19h, mas ainda havia sol, vero quente, dia 9 de fevereiro, no auditrio do Centro Educacional Concrdia, de So Leopoldo, RS, quando teve incio o culto de abertura do ano letivo de 2014 do Seminrio Concrdia. O ano letivo iniciou mais cedo, acompanhando o calendrio da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), onde os alunos do Seminrio cursam o Bacharelado em Teologia. Participaram do culto cerca de 350 pessoas, incluindo professores, alunos, representantes da Diretoria da IELB e das Ligas de Servas e de Leigos e membros das congregaes da regio.

    A liturgia foi dirigida pelo professor Vilson Scholz, que utilizou a Ordem de Culto Principal II em linguagem contem-pornea. O pregador foi o vice-diretor do Seminrio, professor Gerson Linden, que baseou sua mensagem em 1Corntios 2.1-16, destacando os versculos 1 e 2: "Eu, irmos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, no o fiz com ostentao de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vs, seno a Jesus Cristo e este crucificado". O professor Linden enfatizou aos presentes qual o foco dos mensageiros do Evangelho: Jesus Cristo, o crucificado.

    Destacamos dois motivos especiais de gratido a Deus: pelos 30 novos alu-nos que ingressaram no primeiro ano teolgico e pela entrega de um cheque, ao Seminrio, de R$ 100 mil, pelo pre-sidente da Liga de Leigos Luteranos do Brasil (LLLB), Luiz Salimo Uhlig, para o trmino dos 14 novos apartamentos para alunos casados.

    Ao final, os novos alunos e suas fa-mlias foram apresentados e acolhidos, recebendo as boas-vindas de toda a fa-mlia concordiana. Na certeza de que o Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado, nosso nico salvador e o companhei-ro fiel, iniciamos o ano de estudos e trabalhos.

    FOTO: rEPrODuO PrOGrAMA CPT

    22 Mensageiro | Maio 2014

    | educao teolgica |

  • Frum uLBrA de TeoLogiA e SimpSio

    inTernAcionAL de miSSo

    Tema: "Onde est o teu irmo? Um DNA dos que se afastam!"

    Versculo-base: [...] Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as

    buscarei. (Ez 34.11)

    Data: 1 e 2 de outubro de 2014Local: ULBRA - Campus Canoas, RS

    Investimento: R$ 100,00

    Mais informaes: [email protected]

    Todos so substituveis, menos um

    seminrio inicia ano letivo com 30 novos alunos

    Momento em que um dos conselheiros, pastor Martinho Fach, e o presidente da LLLB, Luiz Salimo Uhlig, entregam um cheque ao vice-diretor, Gerson Linden, para dar continuidade obra dos apartamentos.

    entrega de 14 apartamentosEm 4 de abril ocorreu a entrega dos 14

    apartamentos do novo prdio residencial do Seminrio Concrdia, em So Leopoldo, RS. A solenidade contou com a presena do presidente da IELB, pastor Egon Kopereck, do vice-presidente, pastor Arnildo Schneider, do tesoureiro, Renato Bauermann, do diretor do Seminrio, pastor Leonerio Faller, do diretor do Colgio Luterano Concrdia, de So Leo-poldo, pastor Rony Marquardt, do presidente da Liga de Leigos Luteranos do Brasil (LLLB), Luiz Salimo Uhlig, do ex-presidente da LLLB, Oldemar Rohloff, de estudantes e demais convidados.

    A obra foi dividida em duas etapas, sendo que na primeira foram entregues dez aparta-mentos em 2012. Os apartamentos so de um, dois e trs dormitrios, beneficiando cerca de 70 pessoas. A primeira etapa foi desenvolvida com recursos de imveis da IELB. A segunda, alm desses recursos, contou com a doao de 509 cotas (de R$ 1.000 cada) da LLLB. A IELB desafiou os leigos a abraarem esta causa, e eles no s alcanaram o objetivo como o ultrapassaram, destacou o presidente da IELB.

    Iniciada na gesto de Oldemar (2010-2013), a campanha da venda de cotas para luteranos agora ter novo objetivo: reformar o alojamento dos alunos solteiros do Seminrio.

    O pastor Leonerio acrescentou que o prin-cipal motivo da construo dessas moradias o zelo da Igreja pela misso de Deus. o marco do amor de Deus pela Igreja e misso de preparar obreiros fiis.

    Em seguida, o coral do Seminrio entoou o hino Para altos montes ergo na aflio"; o pastor Leonerio fez a entrega das chaves para os novos moradores e, junto com o pas-tor Kopereck, descerrou a fita inaugural. Por fim, os convidados brindaram a conquista.

    luana lemKe | Assessora de Comunicao da IELB

    FOTOS: LuAnA LEMKE/ AC IELb

    Mensageiro | Maio 2014 23

  • Lderes que a Igreja precisa

    Jesus precisa ser nosso modelo se quiser-mos liderar bem. Todos os atributos que podem dignificar a liderana de algum encontramos em Jesus; seja no trato com as pessoas, na hu-mildade, no servir (que era a sua misso), na fora e coragem com que motivava os seus lide-rados/discpulos. Nele, e s nele, encontramos todas as virtudes de que as Escrituras falam.

    Para ser um lder significativo na Igreja, preciso reconhecer a importncia deste lder

    perfeito, Jesus Cris-to, como inspirao para todas as aes de liderana. Para ser o lder que Deus deseja para a sua Igreja.

    desejo do Se-nhor da Igreja que, aqui no mundo, ela seja liderada por pessoas capacitadas e treinadas, que pre-

    encham determinadas qualidades. Aplica-se a todos os lderes na Igreja o que est registrado nas cartas pastorais de Paulo a Timteo e Tito.

    Est muito claro que a Igreja precisa de pessoas guiadas pelo Esprito Santo, cujas vi-das sejam exemplo de dedicao e de servio.

    Ningum jamais conseguiu formar uma equipe como o grupo de discpulos. Da simplicidade de pescadores da Galileia para lderes que fizeram a diferena no mundo.

    S e voc pensa em lder modelo, ento no tem como no pensar em Jesus. Esse bom!, costu-ma dizer Daniel Godri, pois de 12 homens simples, ele tirou o mximo, fez deles lderes que transformaram o mundo.

    JEsus fOI O MaIOr ExEMPLO dE LIdEraNa

    Jesus virou a pirmide, e, a partir dele, ser lder aquele que serve, que no est no topo, nem no centro, mas, sim, na ponta de baixo. E que demonstra, pelo exemplo, como se faz. o maior lder de todos os tempos.

    FOTOS: ArquIvO PEM/ IELb

    24 Mensageiro | Maio 2014

    | igreja e liderana |

  • Jesus disse: ide fazei discpulos, no membros

    Esta frase est cada vez mais sendo dita dentro da IELB. Embora num primeiro momento possa parecer bonita, para mim causa um desconforto, poderia dizer, at, indignao. No tenho conhecimento teo-lgico para fazer um comentrio acadmico sobre o assunto; o meu conhecimento prtico, de mais de 40 anos sendo membro de uma comunidade luterana.

    Na minha opinio, membro e discpulo so a mesma coisa. No concordo com a ideia de separar os dois, colocando os mem-bros numa outra categoria. Digo, com muito orgulho, que muitas vezes vi membros com sua dedicao, com o seu trabalho e com suas ofertas, manterem o trabalho de sua parquia. Quantas vezes, no final do ms, vi alguns membros fazerem uma oferta a mais

    CaRlos alBeRto BoBsin |Campo Bom, RS

    para juntar dinheiro a fim de pagar o salrio do pastor ou alguma dvida da parquia. Sinto-me membro da Igreja, corpo de Cristo, a cabea, e me sinto tambm discpulo deste Cristo, nosso Salvador e Mestre.

    Se os membros no trazem mais discpu-los para a igreja, talvez seja por falta de en-sino e preparo. Ou tambm pelo comodismo de alguns membros, que acham que esto pagando o pastor para fazer o trabalho.

    Ouvi tambm alguns pastores dizerem que o que importa pregar o Evangelho, se entram pessoas para igreja ou no, isto no importa. Novamente uma frase de efeito muito bonita, mas se no entrar ningum para a igreja, como vamos manter o trabalho?

    No estou, de forma alguma, querendo

    Seminrio de Liderana uma boa iniciativa da IELB, por relembrar a cada um de ns o nosso papel na igreja e que isso um movimento

    nacional; assim fazemos parte de um snodo, e isso

    motivador.

    Queria muito que a IELB promovesse mais

    encontros para que possamos ser cada

    dia mais preparados e capacitados.

    Desejo as mais ricas bnos de Deus nesse

    maravilhoso trabalho. Com certeza, devemos a cada dia mais pr o joelho no cho,

    estudar mais a Palavra e sempre pensar assim: Eis-

    me aqui, envia-me a mim.

    causar polmica, estou apenas, humilde-mente, expressando meu sentimento em relao a algumas frases ditas.

    Temos que estar preparados para rece-ber os visitantes em nossas parquias e, em-bora a nossa liturgia seja rica e maravilhosa, temos que estar abertos e receptivos a novas formas de culto, sem abrir mo da nossa doutrina, mas adequando-nos s diversas realidades. Penso, sinceramente, que temos muito que aprender, temos muito trabalho em levar CRISTO PARA TODOS.

    E seria maravilhoso se grande parte deste TODOS fossem membros da nossa IELB e discpulos de JESUS.

    adilson deRly sChnKe | Coordenador nacional do PEM

    O maior lder aquele que reconhece sua pequenez, extrai fora de sua humildade e ex-perincia da sua fragilidade (Augusto Cury).

    dE quE LdErEs a IgrEJa PrECIsa?

    Comprometidos com o planejamento da IELB. Apaixonados pelas instituies e pro-gramas (escola dominical, PEM, AESI, FAPI, Hora Luterana, Anel, ligas auxiliares, etc). Homens e mulheres que tenham um corao consagrado e conformado com os propsitos

    de Deus. Que dedicam os seus dons de forma que fique evidente que esto convencidos de que Deus os escolheu e chamou para serem os lderes de que a Igreja precisa.

    Oremos sempre para que Deus nos conceda tais lderes e capacite a todos para cumprirmos a misso que Deus determinou, levando Cristo Para Todos!

    Com uma liderana assim, que temos na IELB, conseguimos realizar um Seminrio de Liderana em cada distrito. Foram 60 ao todo, com mais de 5 mil participaes. Lderes que, pelas suas manifestaes, determinaram uma agenda que precisa ser

    replicada, por iniciativa de cada distrito, dando continuidade ao processo.

    O Conselho Diretor determinou, para 2014, seis Encontros Regionais de Coordenadores do PEM (ERPEM). Destes, dois j foram realizados (Carazinho, RS, e Belm, PA). Esta iniciativa quer buscar e motivar os coordenadores dis-tritais para que sejam os principais pilares na educao continuada em cada distrito. m

    Mensageiro | Maio 2014 25

    | do leitor |

  • | o desafio da incluso |

    Tempo de acolher e integrar!S egundo estatsticas oficiais do IBGE (Censo 2010), o Bra-sil possui 2.611.536 pessoas com deficincia mental. Isto

    representa 1,36% da populao recense-ada. Porm, esse nmero pode ser maior se considerarmos a tendncia de algumas famlias de no declarar a existncia de pessoas com deficincia em seus lares.

    Nos ltimos anos, foram aprovadas leis e normas visando o bem-estar e a incluso social de pessoas com deficincia. No en-tanto, a falta de polticas pblicas consis-tentes e financiamento estatal impedem avanos significativos.

    Se considerarmos o percentual esta-tstico brasileiro, podemos pressupor que, entre os 240 mil membros da IELB, existam 3.264 pessoas com deficincia mental. Um nmero expressivo! Apesar disso, no temos uma rede de apoio ou um projeto amplo voltado para as necessidades dessas pessoas.

    Diante desta realidade, em maro de 2013, a IELB assinou um acordo de coo-perao com uma organizao americana chamada Bethesda Lutheran Communities (Comunidades Luteranas Betesda). O obje-tivo a conscientizao da Igreja no Brasil e a elaborao de estratgias para que

    pessoas com deficincias intelectuais e de desenvolvimento sejam mais integradas em nossas congregaes.

    a VIsIta No perodo de 11 de setembro a 2 de

    outubro de 2013, os pastores Fernando Garske, Mrio Lehenbauer e Mrio Sontag estiveram nos Estados Unidos conhecendo as Comunidades Luteranas Betesda. Vi-venciaram na prtica o resultado de mais de 100 anos de trabalho dedicado junto a pessoas com deficincia. Dentre os inme-ros projetos visitados, destaca-se o Casas na Comunidade. So casas de famlia, em bairros residenciais, onde moram de quatro a seis adultos com deficincias intelectuais ou de desenvolvimento. A ideia que vivam da forma mais autnoma possvel. Suas ne-cessidades, no entanto, so atendidas por funcionrios treinados para dar o suporte necessrio. O grande foco destes cuidadores, alm de suprir as necessidades, descobrir e incentivar os talentos e as habilidades dos moradores da casa.

    BELOs ExEMPLOs

    Esta visita tambm foi marcada por grandes exemplos do que pode ser feito. Tais como a casa na rvore no campus de

    o Que Betesda?Bethesda Lutheran Communities

    uma organizao americana lder no apoio e servio a pessoas

    com deficincias intelectuais e de desenvolvimento. Atualmente

    atende diretamente cerca de 1.800 pessoas com programas

    de emprego, vida comunitria e servios residenciais. Mais de 3.600

    indivduos so atendidos pelo servio de Ensino Religioso. Betesda

    atua em oito pases, servindo 680 pessoas e suas famlias.

    Watertown, acessvel para crianas deficien-tes, o empenho dos professores de Educao Fsica da Concordia University, de Portland, no desenvolvimento de jogos adaptados, o acolhimento das pessoas com deficincia nas atividades das igrejas luteranas em Denver, o trabalho consagrado de jovens que realizam retiros com pessoas com defi-cincia no Centro de Retiros da Betesda, em Indianpolis, onde nos chamou a ateno a imagem de uma jovem ajoelhando-se diante de sua companheira (cada jovem acompa-nha uma pessoa com deficincia no retiro) para olh-la nos olhos e louvar com ela o Salvador Jesus.

    FOTO

    : Arq

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    EDITO

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    nCr

    DIA

    26 Mensageiro | Maio 2014

  • Durante o perodo [citado] visitei (com meus colegas brasileiros) mais de cinco locais diferentes de atuao da Bethesda Lutheran Communities. Em todos os locais, as experincias foram emocionalmente im-pactantes, mas a que mais me impactou foi no Retiro SonRise. O lema do SonRise Retreat Center : Equipando a Igreja para minis-trar com pessoas com deficincia intelectual e de desenvolvimento. Estranhei o lema, como ministrar com e no ministrar para? Mas logo entendi o motivo.

    Naquele fim de se-mana, participamos do retiro de 11 pessoas com deficincia inte-lectual e de desenvol-vimento. Cada pessoa com deficincia tinha um acompanhante voluntrio (jovens de comunidades prxi-mas e universitrios). Devido severidade da deficincia destas pessoas, cada uma ne-cessitava da presena do seu acompanhante durante 24 horas, pois necessitavam de auxlio na higiene, no vestir e na locomoo;

    Momentos e imagens que nos servem de exemplo e nos animam! Como o tra-balho sem igual da misso luterana na Repblica Dominicana, que quer mudar, pelo Evangelho, uma realidade na qual pessoas com deficincias intelectuais e de desenvolvimento ainda sofrem preconcei-to e extremo abandono.

    CONsCIENtIzar E agIr!Certamente a parceria firmada entre a

    IELB e as Comunidades Luteranas Betesda auxiliar muito na conscientizao de nossas comunidades locais para que, como corpo de Cristo, possamos integrar pes-soas com deficincia no uso dos meios da graa e na vida congregacional. Sabemos, pela Bblia, que pessoas tm diferentes habilidades e dons, bem como dificul-dades e limitaes. Isto coloca diante de ns o desafio de auxiliar uns aos outros, dedicando-nos ao prximo com nossos dons e habilidades, compreendendo e minimizando suas limitaes. O que tem sido feito? O que podemos fazer? Estas so perguntas que nos desafiam e nos impulsionam para a ao!

    FeRnando ellwanGeR GaRsKe | Pastor Capelo do Colgio Concrdia

    So Leopoldo, RS

    Em algumas partes da Amrica Latina, crianas que nasceram com alguma deficincia de desenvolvimento no

    recebem nome nem so batizadas. Em algumas partes da frica, so banidas e confinadas em comunidades separadas

    (como colnias de leprosos). Em grandes partes da sia, uma pessoa com uma deficincia de desenvolvimento (e sua

    famlia) considerada como tendo um carma ruim, talvez devido a aes numa vida anterior, e sua famlia fica

    desacreditada por causa da deficincia. Na ndia, eles podem ser considerados intocveis. Na China, devido poltica

    de ter apenas um filho, crianas com deficincias so frequentemente

    jogadas por cima do muro.dR. jaCK pReus

    em quase tudo. Foi um retiro maravilhoso, com muita ao! Terminado o retiro par-ticipei da reunio dos voluntrios para a avaliao. Pensei que agora viria o momento das reclamaes e dos problemas; mas para minha surpresa, no ouvi uma reclamao sequer. TODOS, sem exceo, relataram como foram abenoados pelas pessoas

    que acompanharam. Todos aprenderam algo importante para suas vidas naquele fim de semana. Uma volunt-ria, que acompanhou uma cadeirante, em todos os momentos em conjunto colocava-se de joelhos diante de sua companheira. Esta voluntria falou na reu-nio: Ela me ensinou

    a olhar o mundo numa nova perspectiva, e vou agradecer a Deus o resto da minha vida pela oportunidade que ela me deu!. Os testemunhos eram semelhantes: todos rece-beram muito mais do que deram. E alguns desses voluntrios eram apenas meninos de 14 anos de idade... Depois dessa reunio,

    Pessoas com deficincia so batizadas e escolhidas

    por Jesus, tm Jesus em suas vidas e receberam

    os dons do Esprito Santo que so dados a todos os

    cristos.

    Testemunhar com!

    FOTOS: ArquIvO EDITOrA COnCrDIA

    Mensageiro | Maio 2014 27

  • Oportunidade de valor inestimvel

    pessoas Com deFiCinCia tamBm pReCisam de:

    - Convvio social e comunitrio;- uma identidade individual;

    - novas possibilidades e desafios;- oportunidades para trabalhar;- melhores condies de sade;

    - melhores condies de vida das famlias.

    entendi o lema: ministrar com e no para!Pessoas com deficincia so batizadas

    e escolhidas por Jesus (cf. Lc 14.21-24), tm Jesus em suas vidas e receberam os dons do Esprito Santo que so dados a todos os cristos (Gl 5.22 e 23). Um pastor que trabalha neste local afirmou: Todos os que trabalham aqui, voluntrios ou no, expe-rimentaram o testemunho de pessoas com deficincia em suas vidas, e eu trabalho aqui porque a minha vida foi profundamen-te transformada atravs do testemunho de uma pessoa com deficincia!.

    Eu agradeo a Deus pela oportunidade que me deu de ouvir e sentir tambm em minha vida o testemunho destas pessoas, e quero continuar ministrando com elas pelo resto da minha vida.

    E o bom que todos podem participar deste servio de testemunhar com pessoas com deficincia, atuando na defesa e na promoo da vida delas. muito motiva-dor poder trabalhar na IELB, uma igreja que tem como viso ser confessional, que vai ao encontro de todos, que inclui no seu testemunho tambm o testemunho das pessoas com deficincia.

    maRio lehenBaueR | Pastor e Assessor de Ao Social da IELB

    A oportunidade de conhecer o trabalho que a Bethesda realiza foi de valor inestim-vel para mim. Ver pessoas com deficincias das mais diversas, com menos ou mais gravidade, sendo valorizadas e tratadas com dignidade, causou um impacto muito grande em mim.

    O pessoal da Bethesda insiste muito em dizer que no trabalham para pessoas com deficincia, mas sim com pessoas com deficincia. Isso faz uma grande diferena. As pessoas com deficincia fazem parte do trabalho. lhes dada a oportunidade de participar com suas habilidades. Essas pes-soas so igualmente importantes no Corpo de Cristo, a Igreja. So respeitadas em seus sentimentos e em suas preferncias (como qualquer outra pessoa).

    Essa experincia chamou a minha aten-o para o muito que precisa ser feito para mudar a viso que se tem sobre pessoas as-sim. Tivemos a oportunidade de visitar um trabalho que a Bethesda realiza na Amrica Central. Ali vimos pessoas com deficincia vivendo em situaes totalmente desuma-nas. Isso nos alertou para o fato de que, em muitos lugares do mundo, essas pessoas ainda so desconsideradas, marginalizadas, se no descartadas. Tambm aqui entre ns, sem dvida, h muito o que fazer. Que bom que a Bethesda quer ser nossa parceira nessa misso!

    maRio sonntaG | Pastor e Capelo Hospitalar em Canoas, RS

    | o desafio da incluso |

    Atividade de msica e dana com voluntrios no SonRise Retreat Center, em Indiana, EUA.

    Da esquerda para direita:Dr. Jack Preus vice-presidente executivo de Mission Advancement; Mrio Lenhenbauer; Fernando Garske; Dr. John E. Bauer, presidente do Bethesda Lutheran Communities; e Mrio Sonntag.

    28 Mensageiro | Maio 2014

    m

  • | desafios para a igreja |

    FOTO: ArquIvO PESSOAL AnDr PLAMEr

    Mensageiro | Maio 2014 29

    frica, o que me faz pensar alm do oceano?

    N as ltimas edies do Mensageiro Luterano, te-mos lido muito a respeito das misses luteranas em Angola e Moambique, na frica. Ambas tem sido alvo da ao da IELB tanto na formao teolgica e na distribuio de literatura como tambm no repasse de recursos vindos de campanhas especficas para esta finalidade. Apesar do acordo fir-mado entre a IELB e as igrejas luteranas de Angola e Moambique ser algo recente, so cada vez mais frequentes as oportunidades pelas quais podemos auxiliar estes nossos irmos na caminhada de f. Fica, ento, a pergunta: frica, o que me faz pensar alm do oceano?

    dIfICuLdadEs E OPOrtuNIdadEs

    Angola e Moambique so dois pases onde as desigualdades sociais so muito grandes. Em ambos, o que reina a pobre-za, pessoas desprovidas de bens, vivendo em situaes muito difceis, com parcos recursos para sobreviver, dependentes, muitas vezes, de aes governamentais ou de mecanismos internacionais para conti-nuar lutando