edição 159

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1 14.DEZ.2012

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Na primeira metade do século passado, antes da ascensão feminina, crimes contra a honra manchavam a história de famílias caxienses. Os criminosos eram absolvidos e as mulheres carregavam a culpa pela violência sofrida

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114.DEZ.2012

2Fotos: 8, 15, 10 e 19: Paulo Pasa/O Caxiense | 7 e 12: Divulgação/O Caxiense

Como turbinar seu panetone

Baixa estatura e alto astral

Quando a violência contra a mulher era uma vergonha. Para elas

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Um passeiosangrento pelo Centro

O talentoda belezanegra

74 anos, alfabetizada e disposta a aprender mais

Vai à praia sem dinheiro?Leve protetor solar e currículo

O “caderno”que os alunos mais gostam

iPhone 5,o top

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GASTRONOMIA ECOZINHA

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Mexer com as paixões dos leitores é sempre uma missão arriscada. Mas, quando um as-sunto domina as rodas de conversa, desponta no cotidiano da cidade, cabe ao jornalismo cumprir esta missão e trazê-lo à pauta. De preferência, com alguma coragem. Foi o que procuramos fazer em nossa última edição, cuja reportagem principal discute o avanço da dupla Gre-Nal e o recuo da dupla Ca-Ju em Caxias do Sul. Sim, a capa era provoca-tiva. Do tipo “ame ou odeie”. Mas a capa é, sempre, apenas um convite. Para que se leia a reportagem.

Capa e reportagem repercutiram muito, es-tadualmente até. Recebemos incontáveis ma-nifestações pelas redes sociais e por e-mail. Algumas impublicáveis (na maioria desses casos, de gente que viu a capa mas não leu a reportagem), outras de apoio. Algumas com razão, outras só com emoção. Como nos dis-seram em mais de um comentário, “metemos o dedo na ferida”. Verdade. É uma das mis-sões do jornalismo, em qualquer lugar. Mas o importante – e quem fez a leitura completa, capa e reportagem, demonstrou ter percebido isso – é que fizemos isso não para machucar, mas para provocar a reflexão. Abaixo, regis-tramos a opinião de alguns leitores:

AINDA TEM PAIXÃO CA-JU NESSA CIDADE!!!! MAS TÁ FICANDO DIFÍCIL!!!!!Leandro Luis Gassen

Parabéns aos meus ex-colegas da revista O Ca-xiense... meteram o dedo na ferida... se ser anti Gre-Nal em qualquer cidade gaúcha é difícil, imagina na maior do interior... mas, havemos de resistir.Rafael Augusto Machado

Caxias já não é mais a mesma cidade. Lá boa parte da população torce para Inter ou Grêmio.

As pessoas saem de suas cidades para trabalhar lá e levam a paixão pela dupla Gre-Nal na mala.Sandro Macedo

Puro FATO, eles lotam as arquibancadas do lado da dupla Gre-Nal quan-do jogam aqui e não vão ao estádio nem mesmo quando seu time está na final... e ainda dizem que estão crescendo no cenário nacional.Sandro de Souza

Acabei de ler, faz sentido, recomendo tanto à PA-PADA quanto aos grenás. Infelizmente a decadên-cia no futebol é uma realidade dos dois times de Caxias do Sul, porém a matéria dá muita ênfase de que Caxias tá virando vermelha e azul, eu sou ANTI GRE-NAL! E sei que tem muitos outros além de mim! E nada de fusão! tão maluuuuuu-cos né ?! --’Marina Pozzer

Tem braço quem fez a capa! E concordo com o dito, a cidade cada vez mais AZUL e vermelhaDuda Trentin

A superioridade da dupla Gre-Nal e seu crescente poder de atração de torcedores em Caxias do Sul são fatos. Valem o debate, conforme se vê acima. E que ele seja saudável. Com emoção, mas sem perder a razão.

Felipe Boff, publisher

Missão: polêMica | DeDo na feriDa | opiniões nas reDes | fatos que valeM o Debate

Rua Os 18 do Forte, 422\1, bairro Lourdes, Caxias do Sul (RS) | 95020-471 | Fone: (54) 3027-5538

[email protected]

Diretor Executivo - PublisherFelipe Boff

Paula Sperb

Diretor AdministrativoLuiz Antônio Boff

Editor-chefe | revista Marcelo Aramis

Editora-chefe | site Carol De Barba

Andrei AndradeDaniela Bittencourt

Gesiele LordesLeonardo PortellaPaulo Pasa

DesignerLuciana Lain

ColaboraGregory Elia Debaco

COMERCIAL

Executiva de contasPita Loss

ASSINATURAS

AtendimentoEloisa HoffmannAssinatura trimestral: R$ 30Assinatura semestral: R$ 60Assinatura anual: R$ 120

fOTO DE CAPAPaulo Pasa/O Caxiense

TIRAGEM5.000 exemplares

AGRADECIMENTOSamburá Casa de Caça e Pesca

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BASTIDORES

por Andrei Andrade

Está sem dinheiro para curtir uma praia nesse verão? Então não perca tem-po. Pegue seu guarda-sol, protetor solar, chinelos e... a carteira de trabalho. Em Arroio do Sal, há um comerciante louco para contratar neste período em que a população da cidade pode chegar a 90 mil habitantes, 10 vezes mais do que no resto do ano. Lojistas da praia mais fre-quentada por caxienses já não sabem o que fazer para conseguir funcionários, tanto para postos fixos quanto para empregos temporários. Estes, especial-mente, viraram raridade em Arroio do Sal. “Quando chega um currículo, caem em cima dele como abelhas no mel”, co-menta uma lojista.

Segundo o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Arroio do Sal, Carlos Alberto Oliveira, tal dificul-dade é visível principalmente em seg-mentos como os de construção civil, su-permercados e atendimento em hotéis, bares e restaurantes, que ficam muio aquecidos durante o verão. “A cidade que tem dois hotéis no inverno, passa a ter 23 no verão. Os 5 restaurantes viram mais de 30. É difícil achar tanta gente para trabalhar”, exemplifica, acrescen-tando que mercados como os de móveis e materiais de construção são alguns que acabam tendo a demanda reduzida na alta temporada – quando os vera-

nistas aproveitam a reforma que fize-ram durante o ano – e não sofrem com a falta de mão de obra. Carlos Alberto acredita que, por Arroio do Sal ser uma praia menos conhecida, adotada para veraneio por um público mais segmen-tado, ela é menos procurada do que ou-tras como Torres e Capão da Canoa, por exemplo. “Quem vem para cá é aquele que trabalhou durante o ano e no verão quer descansar. Não é o público que busca o emprego temporário”, observa.

Devido aos problemas na hora de for-mar a equipe para os próximos meses, um posto com duas unidades na cida-de, contratou imigrantes haitianos para trabalhar como frentistas. Recrutou 3 jovens que moravam em Canoas, na re-gião Metropolitana, que viram a oportu-nidade de morar na praia uma forma de fugir das dificuldades do cotidiano na cidade grande, acentuadas para quem não fala o idioma local. Caso consigam se adaptar, devem permanecer o ano todo. “É complicado falar isso, mas eles são mais interessados e têm muito mais disposição para trabalhar do que quem é daqui”, comenta uma funcionária do departamento de Recursos Humanos da empresa. Buscando evitar olhares pouco acolhedores, os gerentes fazem questão de explicar aos clientes que a empresa recorreu aos imigrantes por falta de op-ção e que, se houvesse interessados, da-ria prioridade a moradores locais.

Proprietária de duas livrarias em Ar-roio do Sal, Aline Valim, de 28 anos, também sofre com a escassez de opções para compor seu quadro de funcioná-rios. As livrarias Acquarela e Arco-Íris, que normalmente precisariam de 3 fun-cionários cada, estão se virando com dois em cada. No ano passado, precisou recorrer à ajuda de um cunhado que mora em Rio Grande. Para esse ano, já colocou até placa na vitrine. “Não há explicação. Os salários não são ruins, a carga horária não é absurda, assinamos a carteira de trabalho também para tem-porários... Talvez a cidade tenha cresci-do muito”, comenta, lembrando que o município foi um dos 10 que mais teve aumento populacional na última déca-da no Estado, segundo o IBGE. Na tar-de em que conversamos com Aline, ela contou que uma loja de departamentos prestes a inaugurar filial na praia circu-lava com um carro de som pelas ruas, anunciando a oportunidade para quem quisesse se juntar à equipe. A dona da livraria também já viu placas de interes-sados em empregar fixadas nas vitrines de farmácias. Um supermercado que anualmente abre uma filial durante a alta temporada, esse ano já desistiu. Se-riam mais de 50 postos criados apenas nessa filial. Para quem só não vai à praia esse ano por falta de grana, fica a dica. Arroio do Sal promete pleno emprego nesse verão.

Sem grana para ir à praia? Vá trabalhar... na praia

Divulgação/O Caxiense

Proteja seu cérebro dos zumbis | cada um com seu comPutador | o iPhone 5 chegou

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Vulcões em erupção, teorias sobre a extinção dos dinossauros, representações de buracos ne-gros feitas com tecidos, estudos sobre a formação das estrelas. Orientados pelo professor Willian Daniel Hahn Schneider, os 24 alunos da 5ª série da Escola Municipal Catulo da Paixão Cearense descobriram, durante o ano letivo de 2012, que a pesquisa científica pode ser dinâmica e divertida.

De abril a junho, eles participaram do projeto Pesquisadores Malucos: Trabalhando o Método Científico, idealizado por Schneider. A intenção era integrar a turma e estimular o interesse pelo aprendizado. Graduado em Ciencias Biológicas,

Schneider, de 23 anos, teve a primeira experi-ência efetiva em sala de aula com a turma 53. Antes, havia feito estágios na área. Formado em Magistério, lembra que a vocação para o ensino veio já na infânica. “Eu sempre soube que queria ser professor”, conta. Hoje, concilia a docência com o trabalho no laboratório de pesquisa da UCS, onde atua desde 2009. Quando começou a lecionar, já tinha a ideia de implantar um pro-jeto em sala de aula. “Não são as respostas que nos movem, são as perguntas, e o método cien-tífico trabalha com isso”, explica. Com o projeto, os próprios alunos elencaram questionamentos e pesquisaram informações, explicações e teo-rias, depois apresentaram os resultados em sala de aula. “O mais legal é que uma pergunta leva à outra, e no decorrer do trabalho eles desco-briram questões que poderiam incentivar novas pesquisas. Um dos objetivos é trabalhar a auto-nomia dos alunos, além da parte científica e me-todológica. Isso eles levam para a vida”, acredita Shcneider. A iniciativa alçou o nome da escola a nível nacional. O projeto foi um dos 40 vencedo-res do 6° Prêmio Professores do Brasil, uma ini-ciativa do Ministério da Educação que reconhece o trabalho de professores do sistema público de ensino.

BOAGENTE

Maluco pela ciência

Paul

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O melhor do iPhone 5TOP5

O novo design de mapas, a principal novidade do iPhone 5, não figura na nossa lista. As falhas do Apple Maps fizeram fiasco no lançamento e estão sendo corrigidas aos poucos, promete a empresa. O xodó começa a ser vendido no Brasil a partir desta sexta (14).

Apenas duas operadoras anunciaram o preço: a Vivo informou que o aparelho custará R$ 1.450, no plano pós-pago. A Tim anunciou a pré-venda do smartphone em seu site, com preço inicial de R$ 2.699, sem informar o pla-no. Quando ele chegar, baixe o aplicativo O CAXIENSE e aproveite o brinquedinho.

Alta definiçãoA tela tem 326 pixels por polegada e passa a ter tela de retina

maior do que o iPhone 4S. Segundo a fabricante, os jogos e as imagens são vistas com mais nitidez, além de dar destaque aos vídeos em alta definição. A tela aumentou, mas o aparelho manteve a mesma largura.

VelocidadeO chip A6 garante rapidez – com o do-bro da velocidade do

chip anterior – fazendo com que os aplicativos, as páginas carregadas e os anexos dos e-mails apareçam no mesmo

momento do toque na tela.

Bateria duradouraUma das maiores reclamações dos usuários do iPhone

era em relação a duração da bateria do aparelho. Com a nova versão, o chip A6 se une com o novo sistema, o iOS 6, e passam a ser mais econômi-cos. A bateria tem capacidade para até 7 horas de navegação celular, 8 horas de conversa-ção e até 10 horas de reprodu-ção de vídeos.

Foto panorâmicaUm dos hobbies pre-diletos dos usuários do iPhone é tirar

fotos. A Apple aperfeiçoou a câmera iSight e conta com novos recursos. O principal deles é a foto panorâmica, que com movimentação suave, consegue fotos de até 240 graus, com resolução de até 28 megapixels. Além disso, a captura de fotos ficou 40% mais rápida.

RedeO novo aparelho é compatível com a maioria das redes disponíveis mundial-

mente, como HSPA, HSPA+ e DC-HSDPA. A conectividade sem fio de 802.11n em duas bandas também acelerou o Wi-Fi para até 150 Mbps2.

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Fotos: Paulo Pasa/O Caxiense

Os mortos têm fome de diversãopor Daniela Bittencourt

A menina de vestido rosa de bolinhas subiu ao topo da escadaria. Pequena e magra, dentro da roupa de tecido flui-do, cabelos castanhos compridos e rosto pálido, aparentava menos do que seus 26 anos. As manchas vermelho-sangue ao redor da boca, no pescoço e entre os seios – onde estava cravado um objeto parecido com um garfo - destoavam da figura delicada.

Eram quase 16:15 quando ela ergueu os braços e pediu atenção para o bando de jovens – entre eles, algumas crian-ças – que aguardava o sinal, tomando a escadaria do Parque dos Macaquinhos, na rua Alfredo Chaves. Pontuou duas regras: não sujar as vitrines e não intera-gir com as pessoas – o que, se tratando de zumbis, significa distribuir mordidas (norma quebrada por um menino de 6 anos que tascou uma dentada na mão de um Papai Noel). Arrematou a fala com um brado: “Andem devagar, afinal, vo-cês estão mortos!” E foi seguida por ur-ros de resposta. Virou-se de costas para o bando, tomou um gole de um líquido vermelho e partiu para a avenida Julio de Castilhos, seguida por quase 300 pessoas fantasiadas de mortos-vivos. Iniciava-se a VI Zombie Walk de Ca-xias do Sul, no sábado (8), exatamente 5 anos após a primeira, quando a organi-zadora Cíntia Dutra (a menina de ves-tido rosa) trazia para a cidade o movi-mento que já pipocava em outros cantos do mundo e que consiste, basicamente, em se vestir como morto-vivo (roupas velhas e rasgadas, olheiras, manchas de sangue, andar cambaleante e gemidos moribundos) e percorrer, em grupo, o trajeto previamente combinado.

Levando garrafinhas cheias de sangue artificial – que mata a fome zumbi, mas não a sede humana (ao final da marcha, uma menina convidaria a amiga para tomar um refrigerante: “Preciso beber algo que não seja sangue”) – o grupo rumou para o Centro. Pareciam, de fato, mortos-vivos, com suas maquia-gens feitas de xarope de milho, corante, batom, esmalte, pó facial e até aimido de milho; embora houvesse também os menos realistas – como o Hulk zumbi ou a garota que sustentava um buraco de bala no peito sem qualquer outro vestígio de sangue. O segredo da inter-pretação, lembrou um deles, é ser “sem noção”: “a gente só quer perseguir a ví-tima. Tem que estar focado na alimen-tação”, explicou Maicon Almeida, de 24 anos, que participa desde a segunda edição. A maioria parecia saber os pré-requisitos para ser um bom zumbi. Da-niel Cattaneo Pedroso, de 22 anos, era um dos mais convincentes. Mantinha o andar rijo, mas vacilante, típico dos errantes, e os braços esticados para a frente, prestes a atacar um humano de-savisado, além de exibir uma enorme ferida aberta no crânio. Ele garante que a atuação melhorou com a experiência, graças a filmes, séries e jogos de terror. A caracterização teve ajuda da namora-da, Sabrina da Silva Ramos, de 21 anos, que, apesar do desconforto, exibia satis-feita uma maquiagem que lhe tapava o olho direito. “Vamos ver se vou resistir até o final. Mas vale tudo para ficar bo-nita”, brincou.

Entre as meninas, aliás, a aparência era cuidadosamente planejada para chocar, mas sem deixar de lado a vai-dade. Os personagens variavam: en-fermeiras, noivas, góticas ou colegiais.

Muitas apelavam para o short jeans ou a meia arrastão para dar um toque sexy à produção. Mesmo coberta de sangue falso, a novata Thais Rejane da Silva não saiu para o trajeto sem antes dar uma boa escovada no cabelo. No dia em que completava 24 anos, até poderia comemorar fantasiada de zumbi. Mas que fosse uma zumbi arrumadinha. A amiga, Claudia Beulk, de 24 anos, em sua terceira Zombie Walk, ajudava com a maquiagem. “Vim uma vez e depois comecei a arrastar todo mundo que co-nheço. Espero o ano inteiro por isso”, disse antes da saída: “Este ano vai ser muito legal porque tem muita gente na praça (Dante Alighieri)”, vibrou.

Não só na praça. Todo o Centro estava lotado de consumidores que aproveita-vam o sábado de compras. Desavisados, muitos se assustavam com a multidão estranha que gemia e gritava. Jesus foi invocacado várias vezes, especialmente por senhoras que, abismadas, não en-tendiam o significado das figuras esfar-rapadas pintadas de vermelho. Alguns pais tapavam os olhos dos filhos, princi-palmente os de colo. Outros, incentiva-vam e davam risada. Muitos trocavam de calçada. Adolescentes paravam para fotografar, enquanto poucos critica-vam aquilo que achavam “ridículo” e “idiota”. Já na volta do trajeto, quando o grupo subia a Sinimbu em direção ao camelódromo, Cíntia, a líder zumbi, precisou chamar a atenção, aos gritos, de um pequeno grupo de mortos-vivos que invadia o corredor de ônibus. Intri-gada, uma mulher perguntou a um dos integrantes: “Isso é um protesto contra quem anda na pista?”. Não era um pro-testo, e o alerta de Cíntia entregava o paradoxo: ninguém ali queria morrer.

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Tainá Oliveira Teixeira |

Cristiane da Silva dos Santos |Carina de Oliveira dos Santos |Cláudia Ohana de Carvalho |Elisa Jaél de Souza |

Giordânia Silva de Cândido | Ingrid Laisa Moraes |

Foto

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Cachos naturais, talento e beleza

por Gesiele Lordes

Com um sorriso simpático, maquia-gem impecável sobre a pele morena, cabelo rastafári e colares que imitavam o marfim, a jovem de 23 anos realmen-te parecia uma africana. Assim que ela iniciou a sua apresentação artística, o público, que já havia se encantado com a desenvoltura de palco, ficou admirado com a voz da moça. “Não deixa o sam-ba morrer. Não deixa o samba acabar”, cantava, ajoelhada em frente aos jura-dos separados dela por mesas de plás-tico. Aquele palco, na Casa das Ofici-nas da Estação Férrea, também era, na de sábado (8), a passarela para outras 6 meninas que, assim como Carina de Oliveira dos Santos, não tinham apenas beleza, mas talento para mostrar.

Esta foi apenas a primeira de diver-sas apresentações que iriam levar um pouco das origens negras ao público – cerca de 150 pessoas que se mostravam tocadas pelo espetáculo. Eram raros os rostos brancos entre os espectadores e poucos eram aqueles que não acom-panhavam as canções ou balançavam o corpo no compasso da música. Foi a

parte mais esperada por quem assistia e a mais trabalhosa para as candidatas, que precisaram elaborar algo inédito a fim de somar pontos no concurso que elege a Mais Bela Negra de Caxias do Sul.

Sem uma estrutura como a escolha das soberanas da Festa da Uva ou da Mais Bela Comunitária, as garotas se viravam como podiam para fazer bo-nito. Atrás da cortina preta que cortava o palco pela metade e deixava um pe-queno espaço para o desfile, as meninas eram orientadas pela Mais Bela Negra da edição anterior, Janaína Paim Mar-tins, de 26 anos, representante da União de Associações de Bairros (UAB). As normas de passarela ensaiadas não prevaleceram na hora do desfile. Com mãos na cintura ou abanando às peque-nas torcidas na plateia, e até passos de ré, as garotas pareciam bem à vontade diante dos jurados. Nem mesmo pa-drões típicos dos concursos de beleza estavam em evidência ali. A beleza na-tural era o que predominava. Chapinha e escova eram exceção de uma única candidata. Enquanto o (rápido) desfile acontecia, a plateia ia ganhando expres-

são. Aos poucos, surgiam as faixas de TNT preso em cabos de vassouras, os pompons feitos com jornais e revistas e os papéis picados. Do lado de fora, o Sol se punha e o movimento no Largo da Estação Férrea aumentava. E ainda havia vagas de sobra no estacionamento do local, quando o resultado foi divul-gado pelo corpo de jurados.

A intérprete de Alcione não entrou para a corte, mas será representada pelo trio vencedor. Giordânia Silva de Cân-dido, do Loteamento Vitória, que dan-çou ao som de Madagascar, do Olodum, e Ingrid Laisa Moraes, representante da Farmácia Panvel, que dançou Waka Waka, foram eleitas princesas. A rainha da noite foi Tainá Oliveira Teixeira, de 17 anos. Assim como sua antecessora, Tainá representa a UAB. Eleita a Des-taque Comunitária na escolha da Mais Bela Comunitária 2010 , Tainá tem a experiência de quem conhece bem a co-munidade que representa: dentro e fora da passarela. Na sua performance, ao som de uma batucada, Tainá despia-se de um tecido branco que cobria o ves-tido laranja. No final, desamarrava uma mordaça preta e gritava: “liberdade!”.

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por Daniela Bittencourt

Foi após um casamento, 10 filhos e muitos anos longe dos bancos escolares que Iná Marcelino de Camargo, de 74 anos, decidiu ingressar na sala de aula. Ela e outros 66 alunos receberam o di-ploma pelo programa Brasil Alfabetizado no último sábado (8), na Secretaria da Educação. Iná conta que, antes de fre-quentar as aulas realizadas na Associação Caxiense de Auxílio aos Necessitados (Scan), já conhecia um pouco das letras, mas “ainda fugiam algumas”. Durante a infância vivida no 8° distrito, então município de Vacaria, frequentar a escola era um luxo. “A gente morava no sítio, muito longe, e meus pais contrataram uma senhora para nos dar aula. Depois ela casou, foi embora e nunca mais”, lembra. A vida seguiu seu curso natural: Iná casou, se mudou para Caxias, teve filhos, fez um curso de costura e teve que conciliar a educação dos filhos com o sustento da casa – o marido, alcóolatra, não ajudava muito.

Em março de 2012, Iná soube da nova turma de alfabetização na Scan. “Me disseram que iria ter a turma e eu pensei: não estou fazendo nada mesmo”, conta ela, que trabalha à noite como acompa-nhante de idosos e durante o dia cuida da casa que divide com um dos filhos

e um neto. Mesmo já tendo contato com o alfabeto na infância, Iná garante que as primeiras aulas também foram importantes. “Eu queria aprender mais, porque quando ia escrever me faltavam letras. E aprendi. A professora passou o ABC porque tinha muitos colegas que não sabiam. Depois ela foi passando as palavras...”, recorda. O processo de aprendizado incluiu leituras em sala de aula, escrita e equações matemáticas, por exemplo, de acordo com a formação ofe-recida aos professores que participaram do projeto. Iná conta que faltou poucas aulas. Quando tinha que ir ao médico em Porto Alegre, dava algum jeito de recuperar o conteúdo. Agora que lê, Iná desafia os números. “As contas de ‘mais’ eu faço, mas as de ‘menos’ eu apanho”, ri.

Familiarizada com as letras, Iná se sen-te mais segura e independente. “Como tenho que dar remédio para a pessoa de que cuido, já consigo ler o que está escrito nas caxinhas. Antes era ela quem me ajudava”, exemplifica. Na manhã do dia 8 de dezembro, a cerimônia simples de formatura representou uma grande conquista: Iná recebeu o diploma de, enfim, alfabetizada.

O encontro foi o encerramento do programa, mas não do contato com o mundo das letras: “Ainda quero aprender mais”, garante Iná.

O primeiro diploma de Iná

Iná Marcelino de Camargo |Paulo Pasa/O Caxiense

CAMPUS

Última chance

WWW.ANHANGUERA.COM 3223-3910 | WWW.UCS.BR 3218-2800 | WWW.FTEC.COM.BR 0800-6060606

Ranking caxienseAs instituições caxienses foram muito bem avaliadas

pelo Índice Geral dos Cursos (IGC), divulgado pelo Mi-nistério da Educação (MEC). O índice é referente a 2011 e avaliou 2.136 instituições. Com nota 4, considerada satisfatória, a FAL e a Ftec lideram o ranking caxiense. Em seguida aparecem 4 instituições, com nota 3: UCS, Faculdade Fátima, FSG e Anglo-Americano.Com nota 2, está a Faculdade Inovação (FAI). A Faculdade Anhan-guera ficou de fora da lista por não atender alguns crité-rios exigidos pelo MEC.

Novidade na UCS

Oportunidade

Será inaugurado neste sábado (11), uma filial do escri-tório do Project Management Institute (PMI), na Univer-sidade de Caxias do Sul. Segundo o diretor de interiori-zação doPMI, André Voltolini , a instalação do escritório poderá trazer a Caxias o MBA Internacional em Geren-ciamento de Projetos, a partir de abril de 2013. O evento ocorre às 11:00, no bloco 71, da Cidade Universitária.

No domingo (16) e na segunda (17), Anhan-guera e Ftec realizam os últimos vestibulares de verão em Caxias. Com 14 cursos de graduação, a Anhanguera realiza a prova no domingo (16), às 9:30. As inscrições podem ser feitas até sexta (14) na unidade em Caxias e até o sábado (15) pela in-ternet. A Ftec dispõe de 22 cursos de graduação. A prova ocorre na segunda (17), às 19:00.

O Programa Ciência Sem Fronteiras, do Go-verno Federal, que incentiva e financia oportuni-dades de intercâmbios acadêmicos e científicos, recebe até o dia 14 de janeiro, inscrições para bolsas de estudos no Exterior. O programa ofe-rece Bolsa Graduação para Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Coreia do Sul, Holan-da, Reino Unido, Espanha, França, Hungria, Ja-pão, Suécia e Portugal. Os estudantes que forem selecionados serão beneficiados com o auxílio moradia no Exterior, bolsa mensal, pagamento de taxas acadêmicas, entre outras despesas.

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Escola Municipal Caldas Júnior |Divulgação/O Caxiense

Caderno, lápis, borracha e computador por Leonardo Portella

A Escola Municipal Caldas Júnior não é uma escola comum. Em cada sala de aula, um armário especial guarda peque-nos aparelhos tecnológicos que motivam os estudos de cerca de 500 alunos matri-culados na instituição, que fica no bair-ro Petrópolis, em Caxias. Há dois anos, a escola foi contemplada pelo programa Um Computador por Aluno (UCA), do Ministério da Educação (MEC).

Desde o ato da matrícula, os pais dos alunos já assinam um termo de respon-sabilidade pelo laptop que o filho rece-be. Por segurança, os alunos não levam o equipamento para casa, a pedido dos pais. Segundo a coordenadora da UCA na escola, a professora Rejane Bueno Moré, os computadores não substitu-íram os tradicionais cadernos e livros. “Um complementa o outro, não foi des-cartado nada. Eles aprendem escrevendo do quadro e quando o professor tem uma ideia diferente, eles podem contar com os laptops. Esses dias uma profe estava nos contando que surgiu uma dúvida na sala e os próprios alunos pediram para pegar o laptop e pesquisar”, conta ela.

As atividades nos computadores são planejadas conforme as séries. Para os pequenos, da Educação Infantil até ao 6º ano (antiga 5ª série), a professora regente da turma, uma coordenadora pedagógi-ca e Rejane planejam as atividades. Do 7º ano até a 8ª série, os professores de cada disciplina analisam com a coordenação pedagógica de que forma serão utilizados os aparelhos. Em dois dias da semana,

normalmente na quinta e na sexta-feira, as crianças da Educação Infantil, com idade média de 5 anos, já aprendem a manusear o laptop. “Quando nós vamos trabalhar com os jogos, a gente diz ‘Pes-soal, vão na régua e cliquem no pinguim’. E assim, eles conseguem ligar o aparelho sozinhos e acessar o aplicativo que abre o jogo na tela do laptop. É de pensar que tem adultos que ainda não sabem ligar um computador...”, conta. A régua que Rejane se refere é uma barra de opções no canto esquerdo da tela do laptop. As funções do aparelho são todas adaptadas para qualquer necessidade do aluno. “A gente consegue fazer um trabalho bem bacana com a gurizada. O que eles não conseguem resolver no próprio laptop (os aparelhos não têm entrada para CD e DVD, por exemplo), a gente dá um jei-to e vem no laboratório”, conta Rejane, responsável também pelo laboratório de informática da escola, que conta com ou-tros 20 computadores.

Para as turmas iniciais, o laptop é útil para aprender matemática. Com jogos educativos disponíveis, muitos com pa-tentes custeadas pelo programa federal, eles conseguem ter uma noção das ope-rações. Para os maiores, das turmas de 6ª a 8ª série, joguinhos educativos não são ferramentas que estimulam. O foco é outro. Eles já conseguem pesquisar na internet e montar apresentações de slides em sala de aula. Um dos projetos que es-tava sendo montado durante a visita da reportagem à escola era sobre a Floresta Amazônica. Breves textos, fotos e efeitos ajudam a ilustrar o conteúdo preparado

pelo aluno para ser apresentado à tur-ma. “É um aprendizado de ambas partes. São jovens que não têm medo de errar e acabam descobrindo coisas novas a cada oportunidade”, destaca.

Não pense que os estudantes da Caldas Júnior não burlam as regras. Os laptops contam com rede de internet (também fornecida pelo programa) e, consequen-temente, podem ter acesso às redes so-ciais. “A gente conversa, faz toda uma explicação para eles, dizendo que o nos-so foco não é nesses sites de relaciona-mento, mas mesmo assim, eles acessam”, conta Rejane. Porém, as redes sociais não serão banidas do ensino. E os professores tentam aproveitar o inevitável de forma útil. Rejane conta que está aprendendo sobre um novo programa – comparti-lhado por outros professores de esco-las da Serra Gaúcha que participam do UCA – apresentado em um seminário na Universidade de Caxias do Sul (UCS), em novembro deste ano. O software cria uma sala de aula virtual. “É o professor que administra, que coordena o ambien-te. Ali, ele pode interagir com os alunos, postar questões, tirar dúvidas”, explica.

Para Rejane, não é possível dizer se o computador melhorou a qualidade do ensino praticado pela escola, mas con-sidera uma ferramenta importante no dia a dia de sala de aula. “O estímulo aos estudos vêm de casa. Muitos estudiosos não conseguiram medir se existe evolu-ção no ensino através da tecnologia. Mas é um aprendizado constante, onde se aprende a perguntar, analisar, relacionar. Isso é o que importa”, afirma.

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Está confirmado para este sábado (15), às 11:00, o anúncio oficial do secretariado de Alceu Barbosa Velho (PDT). Será no Hotel Samuara, onde os eleitos do futuro prefeito, após apresentados, também assistirão a duas palestras – com o consultor Márcio Mancio e com o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Cezar Miola. São 18 secretarias, mais a Procuradoria. Até quinta (13), apenas uma tinha dono confirmado: a de Esporte e Lazer, a ser ocupada pelo vereador eleito Washington (PDT) – à direita na foto, já em reunião sobre a mobilização local para a Copa do Mundo.

Para acompanhar o anúncio do secretariado no sábado, acesse www.ocaxiense.com.br.

Anúncio do secretariado

A semana foi de despedidas na Câmara de Vereado-res. Na terça (11), quem ocupou a tribuna foi Marcos Daneluz (PT), que concorreu a prefeito. Suplente de deputado, Daneluz assumirá uma cadeira na Assem-bleia Legislativa em 2013. Na quarta (12) foi a vez de Vinicius Ribeiro (PDT) que, embora reeleito para a Câmara, também ocupará uma vaga na Assembleia, saindo da suplência em função de resultados das elei-ções municipais. Por último, também na quarta, a despedida que não houve, de Geni Peteffi (PMDB). Prefeita em exercício na ausência de Sartori, ela não retorna ao Legislativo para encerrar seu mandato – pediu licença para tratamento de saúde.

Adversários políticos na Câmara de Ve-readores, com o PDT na situação e o PT na oposição, Vinicius Ribeiro e Marcos Da-neluz agora estarão juntos na base do go-vernador Tarso Genro (PT) na Assembleia Legislativa. Possivelmente, com algumas ressalvas, como indicou Vinicius em seu pronunciamento: “Antes de ser deputado da base do governo, serei deputado da base de Caxias do Sul, porque minhas origens são o meu destino”. Por aqui, Daneluz também fi-cou conhecido por se desgarrar de seu blo-co na votação de algumas matérias.

Despedidas na Câmara Aliados na Assembleia

Queda no IPC

Do Vêneto para cá

Sindilojas em NY

Nova direção

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) medido pela Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (Ipes) teve redução de 0,39% em novembro. Para dezembro, a tendência indicada pela série histórica é de alta, mas no ano passado houve queda. Que se repita.

O Sindilojas Jovem enviará comitiva à NRF Big Show, apontada como maior feira mundial do setor varejista, em janeiro de 2013. Na volta do evento, rea-lizado em Nova York, o grupo organizará 3 workshops para repassar as experiências adquiridas aos demais associados do Sindilojas.

Toma posse nesta sexta (14) à noite a nova direção da CDL. Davenir Darci Dreher assume a presidência no lugar de Paulo Magnani.

O Simecs voltou a receber, na semana que passou, italianos interessados em estabelecer parcerias comer-ciais com a indústria local. Ao todo, vieram para cá 12 empresários da região do Vêneto.

PlENARIO

Luiz

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Cax

iens

e

R$ 15,6 bilhoes

foi o Produto Interno Bruto de Caxias do Sul em 2010, conforme dados oficiais divul-

gados pelo IBGE na quarta (12). Com isso, a cidade tem o

34ºPIB do país. No Rio Grande Sul, segue atrás

de Porto Alegre e Canoas.Proporcionalmente, Caxias participa com

0,42%do PIB nacional. O PIB indica a soma das

riquezas produzidas por um país, Estado ou cidade no período de um ano.

1414

1514.DEZ.2012

Documentos mostram que, enquanto lutavam pela emancipação e igualdade, mulheres eram vítimas de crimes dos quais eram responsabilizadas, mesmo que indiretamente

por Daniela Bittencourt

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algumas horas. Transtornado, o pai achou que o filho era negro – cor de pele impossível para um filho de dois brancos. Então seria o filho ilegítimo para o qual sua primeira esposa, já falecida, havia lhe alertado em sonho. Indignado, o marido ameaçou: “Me enganastes a primeira vez. A primeira vez eu te perdoei”, enquan-to a esposa buscava convencê-lo de que o ciúmes não tinha fundamento e que ela nunca havia lhe traído. Na tentativa de acalmá-lo, a parteira lhe explicava o absurdo de suas ideias e lhe mostrava o bebê: o recém-nascido era branco. Arre-pendido, o marido se ajoelhou ao lado do leito da esposa e lhe pediu perdão.

Ao ouvir alguém chegando, a partei-ra saiu do quarto. Reconheceu o pai da moça, que fora ver o primeiro neto. Ao recebê-lo, pediu que aguardasse um mo-mento na cozinha, antes de entrar no quarto do casal. Foi neste momento que ouviram o barulho. Um tiro. Depois mais dois. Correram para o quarto. O marido apontava para si mesmo um revólver Colt calibre 32. Ainda deitada sobre a cama, a esposa tinha 3 manchas de sangue.

O assassinato, ocorrido em Caxias do Sul em 6 de janeiro de 1932, é um dos casos que estão sendo analisados pelas professoras de História Luiza Horn Iotti e Daysi Lange Albeche para a pesquisa His-tória e Poder: discursos e práticas de gêne-ro no judiciário de Caxias do Sul – 1900 a 1950. Ele é parte do acervo de mais de 40 mil documentos que, vindos da 1ª Vara Cível de Caxias do Sul, foram entregues à UCS em 2003 para a formação do Cen-tro de Memória Regional do Judiciário (CMRJU). O acervo contém processos, atas, pareceres e outros documentos dos anos de 1822 a 2003, que guardam uma parte rica da história do poder judiciário caxiense.

Doutora em História e diretora do

Instituto Memória Histórica e Cultural da Universidade de Caxias do Sul, Luiza conta que, em 2003, ao receber os docu-mentos, percebeu que muitos deles con-tinham registros envolvendo questões de gênero. Ou seja, era comum se depa-rar com algum crime contra mulheres, principalmente defloramento, sedução, estupro e homicídios passionais. A recor-rência dos crimes levou a historiadora a produzir, em parceria com o professor e mestre em História Fabrício Romani Go-mes, o artigo A paixão como atenuante: crimes passionais em Caxias do Sul nos anos 1930, onde relacionou casos de ho-micídios contra mulheres e a penalização dos criminosos. “Localizamos processos típicos de homens que matavam mu-lheres e depois eram libertados pelo júri porque diziam ter agido em um momen-to intempestivo”, conta Luiza. Agora, a historiadora se debruça novamente sobre o tema, abrangendo também outros tipos de crimes cometidos contra mulheres, trazendo à tona o período entre 1900 e 1950 em Caxias. O objetivo da pesquisa, que teve início no começo de 2012 e deve ser finalizada no término de 2013, é des-mistificar a ideia de família ideal que se tem da região, conta Luiza. “A gente teve vários problemas e não existe família per-feita. Como outras regiões, a nossa tam-bém teve uma série de casos de investiga-ção de paternidade, separação – que era horrível para a época. Isso parece uma coisa velada na nossa história, e quere-mos trazer à luz essa parte da história de Caxias”, explica. Para isso, a historiadora convidou a professora Daysi, mestre em História, para trabalhar junto na pesqui-sa, buscando processos onde as mulheres aparecessem como vítimas e também como transgressoras. Não era incomum, aliás, as mulheres entrarem com uma queixa de defloramento ou estupro con-

tra o namorado e, durante o processo, passarem da posição de vítima para o papel de ré, conta Daysi: “O rapaz apre-senta testemunhas dizendo que ele não foi o primeiro namorado, leva homens para testemunharem a favor do culpado, dizendo que ela quis ter relações”.

Na Caxias do começo do século XX, o desenvolvimento econômico e a urbani-zação – principalmente após a constru-ção da Estrada de Ferro que ligava Caxias a Porto Alegre, em 1910; da instalação da energia elétrica, em 1913 e do surgi-mento de indústrias, mais forte próximo a 1920 – trouxeram também mudanças de comportamento da sociedade. Este é um dos motivos que justificam a esco-lha do período para a pesquisa, lembra Luiza. “Também é um período que está distante de nós e as regras e a sociedade eram muitos rígidas em relação à mulher. Depois de 50, vai haver uma certa libe-ração”, argumenta. Para Daysi, este ajus-te no papel da mulher, que caminhava para maior libertação no período, acaba fortalecendo a tentativa de controle por parte dos homens. “Nesta época, a socie-dade está se modernizando, está entran-do a televisão, o cinema, o consumo, e ao mesmo tempo a formação de uma classe trabalhadora, o desenvolvimento da in-dústria. Nós deixamos de ser aqueles nú-cleos mais provincianos, estamos passan-do por esse processo de modernização acelerado, e tenta-se criar um código em que cada vez se controle mais a mulher e se impeça que ela saia daquele reduto de mãe, esposa, criadora de filhos”, observa.

É neste contexto que os crimes acon-tecem. Por estar em sua fase inicial, a pesquisa ainda não delimita números de casos. Não é possível precisar quantos aconteceram. Mas, de acordo com Lui-za, já é possível destacar os tipos mais recorrentes: os que envolvem o ato sexu

Deitada sobre a cama, a mulher fazia força. Auxiliada pela parteira, ten-tava dar à luz o primeiro filho. O marido, 43 anos de idade – 21 a mais do que a esposa – assistia ao parto e tentava confortá-la da dor com palavras de incen-tivo. Quando o bebê nasceu, chamou atenção do pai pela cor arroxeada do ros-tinho, provavelmente em função do longo trabalho de parto, que já durava

1714.DEZ.2012

18

al, seguidos por homicídios, geralmen-te motivados por ciúmes, adultério ou suposição de adultério. A historiadora documentalista Elizete Carmen Ferrari Balbinot, que trabalha junto ao arqui-vo do CMRJU, também tem tratado do tema em sua dissertação de mestrado em História. Sob o título Moral e sedução: o discurso do judiciário nos processos de defloramento na Comarca de Caxias do Sul – 1900 a 1950. Elizete destaca que, durante sua investigação, um ponto lhe chamou a atenção: dois Códigos Penais regem a avaliação dos processos. No de 1980, o crime que o homem comete ao tirar a virgindade de uma moça menor de idade – mesmo com o consentimento dela –, oferecendo em contrapartida pro-messas de casamento, é definido como defloramento, desde que a jovem tenha entre 16 e 21 anos. Já o Código de 1940 muda a denominação do crime para se-dução e reduz a menoridade para 14 a 18 anos. O curioso é que, nos casos avalia-dos sob o Código de 1940, o juiz tende a ser mais condescendente com o réu, ao contrário daqueles avaliados sob o Có-digo de 1980, em que, segundo Elizete, o juiz costuma condená-lo, embora ele seja posteriormente absolvido pelo júri popular. Diferença de posicionamento justificada pela necessidade de abafar a libertação feminina, lembra Daysi. “Nas mudanças de comportamentos ocorri-das, enfocava-se a excessiva liberdade da mulher moderna como um dos efeitos daninhos da modernização”.

A dominação masculina sobre as mu-lheres é histórica e, de alguma forma, acaba sendo materializada por tais cri-mes. A típica história da jovem que, que-rendo provar seu amor acabava cedendo à vontade sexual do namorado ou noivo – normalmente conhecido dos seus pais, frequentador da sua casa e tido como de boa índole – e depois era abandonada por ele, pode não ser abertamente con-tada para as gerações futuras, mas com certeza manchou a história de muitas famílias, levando pais indignados à de-legacia e aos tribunais na tentativa de re-cuperar a honra de sua filha, colocando o deflorador na cadeia. Mas a desigualda-de de privilégios entre os gêneros muitas vezes se impunha durante o processo, e frequentemente, mesmo sendo sen-tenciado como culpado pelo juiz, o cri-minoso era absolvido pelo júri popular – composto sempre por homens. Como no caso em que o marido matou a espo-sa por achar que o bebê era negro. Em-bora tenha tentado dar cabo da própria

vida, ele se recuperou no hospital e, após exames mentais que confirmaram sua sanidade durante o ato, foi considerado culpado pelo juiz. Ao apelar da decisão, foi levado a julgamento popular, onde os jurados absolveram-no por agir “em estado de completa privação dos senti-dos”, de acordo com a sentença. Para as mulheres que levavam adiante um pro-cesso contra seus companheiros, enfren-tar o julgamento da sociedade requeria coragem. Não bastava relatar o crime e comprovar, por laudos médicos, o des-virginamento. Era preciso provar que ela era uma moça direita. Em alguns casos, se a situação não se invertia, passando ela a transgressora da moral por ter cedi-do ao noivo, a vítima acabava por retirar a queixa. Foi o que aconteceu com um caso de 1928, quando, ao sair para um passeio de carro com o futuro noivo – ele já havia alegado aos pais e amigos o de-sejo de casar com a moça – a jovem foi levada a um bosque, distante 2 quilôme-tros de Caxias. Lá, teve sua primeira rela-ção sexual. O pai da jovem, desconfiado, meses depois confirmou o acontecido, prestou queixa contra o noivo. O rapaz reiterou a intenção de casar. No dia do matrimônio, horas antes da cerimônia, os 3 aguardavam o padre para que o ca-sal se confessasse. Alegando necessidade de ir ao banheiro, o rapaz se afastou dos futuros sogro e esposa. Nunca mais foi visto. A menina retirou a queixa e anu-lou o processo.

Historicamente, a libertação da mu-lher ainda é recente e está em desen-volvimento. Para Luiza, a mudança de ideologia é um processo lento e depende não só do papel assumido pelas mulhe-res, mas da visão dos homens sobre este papel. “Acho que mudou o posição da mulher na sociedade, hoje ela tem uma posição de comando, mais liberal. Mas alguns homens ainda não assimilaram isso muito bem. E estes homens que não conseguiram acompanhar esta evolução da mulher tendem, em alguns momen-tos, a se tornar violentos”, explica. Daysi lembra que, apesar da evolução da le-gislação, ainda há muito a ser mudado. “O Código Penal de 1890 dizia que não eram criminosos os que se acham em privação de sentidos e inteligência no ato de cometer um crime. Hoje, apesar da lei não deixar impune a prática de tal ato, às vezes observa-se que a sociedade culturalmente acredita, compreende e ou aceita ainda essas atitudes”. Posicio-namento que só pode ser modificado a partir da transformação de cada um.

“Como outras regiões, a nossa

também teve uma série de casos

de investigação de paternidade, separação – que

era horrível para a época. Isso parece uma coisa velada na nossa história, e queremos trazer

à luz essa parte da história de

Caxias”, explica Luiza Iotti

1914.DEZ.2012

PeQUeNOS, mAS Só POR fORA

Nícolas e Siderlei Campos de Camargo |Paulo Pasa/O Caxiense

Como os anões se adaptam no mundo dos grandes, que não se esforça para adaptar-se a eles

Já faz mais de um ano, mas parece que foi ontem que a cobradora de ônibus Si-derlei Campos de Camargo, de 34 anos, recebeu de seu obstetra a notícia que es-perou ansiosamente durante 8 meses. Os ossos da coluna vertebral e os membros superiores e inferiores de Nícolas, o filho que carregava na barriga, tinham tama-

nhos proporcionais. A notícia dava a cer-teza de que ele não nasceria anão, como a mãe. Naquele dia 13 de junho, Nícolas foi o maior bebê nascido no hospital Fáti-ma, com 50 centímetros e 3,280 kg. Para Siderlei, saber que o filho estaria livre das dificuldades que o cotidiano reserva para uma pessoa de estatura abaixo da média

era motivo de alívio e alegria. Não que ela reclame da vida que leva. Só acha que as pessoas hoje discriminam mais do que a geração que a viu criança. E que a cidade, cada vez maior, ainda não está preparada para atender a sua deficiência.

É só depois de conseguir fazer com que Nícolas, agora com 1 ano e 6 meses,

por Andrei Andrade

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pare de correr desajeitadamente pelo pátio, que Siderlei consegue abrir o portão para a reportagem de O CA-XIENSE. Na casa onde mora com o filho e o marido, Roberto, no bairro Vitória, a simpática anã mostra que leva uma vida de dar inveja a muita gente grande, literalmente. Natural de Capanema, uma pequena cida-de de 18 mil habitantes no sudoeste do Paraná, Siderlei mudou-se para Caxias há 22 anos, com os pais e as duas irmãs. Foi a única da família que teve nanismo. Parou de crescer aos 6 anos, com 1,20 m. O bom humor e a espontaneidade que qualquer um que já tenha pego o ônibus na sua presen-ça (ela era cobradora da Visate) pode facilmente perceber, ela atribui à for-ma como os pais a criaram, sempre com otimismo e sem se sentir vítima por suas limitações. “Desde pequena, meu pai dizia que eu ia ter que sair de casa e ganhar a vida trabalhando que nem as minhas irmãs. Não era pra es-perar que fosse fácil”, conta.

Bem articulada, Siderlei reclama da falta de acessibilidade para deficientes em Caxias do Sul (no Brasil, o nanis-mo é considerado deficiência física desde 2004). Cita como exemplo a di-ficuldade em pegar elevador. Sozinha, é praticamente impossível alcançar nos botões. Queria praticar natação, mas não encontra piscinas adequa-das para o seu tamanho. Na acade-mia, são poucos os aparelhos que ela consegue usar. Na UCS, onde cursa o 5° semestre de Psicologia, sofre com a falta de banheiros adaptados. “Eles colocam bebedouros baixos, mas isso é o de menos. Eu precisava de uma pia e de um vaso sanitário apropriados. Para beber água eu pos-so comprar uma garrafinha”, reclama. A forma que encontrou de amenizar esse problema foi deixar uma cadeira em um banheiro do 2° piso do blo-co onde estuda. Mas como algumas aulas são no 1° piso, às vezes precisa sair correndo para chegar a tempo no banheiro. O mais recente desafio que Siderlei encarou foi o de aprender a dirigir. Para isso, ela e o marido pre-cisaram comprar um carro e adaptá-lo às suas necessidades, colocando prolongador de pedais. Segundo ela, nenhum dos Centros de Formação de Condutores de Caxias possui veícu-los prontos para atender anões. Mas já tendo resolvido esse problema, nos próximos dias deve iniciar as aulas

práticas na autoescola. Medo de diri-gir? Nenhum. Se o medo fizesse parte da sua personalidade, certamente não teria aceitado o convite para dançar no bailão em que ela e o futuro mari-do se conheceram, há 11 anos.

A casa de Siderlei tem poucas di-ferenças em relação a uma moradia pessoas de estatura normal. Embora a pia e o armário da cozinha pareçam um pouco menores do que o habitual, ela garante que já veio assim da loja. No banheiro, uma pia mais próxima do chão fica ao lado de uma de tama-nho normal, utilizada pelo marido. O vaso sanitário também é mais baixo, mas compartilhado. Fora isso, apenas a cama do casal teve os pés cortados. Para todo o resto, ela recorre a algu-mas pequenas cadeiras, que deixa nos cômodos onde circula mais. Em cima delas pode pilotar o fogão, ligar o forno micro-ondas, alcançar as ga-vetas mais altas dos armários, manter objetos perigosos fora do alcance do filho. Os aparelhos eletrônicos nunca foram problema, pois ela comanda por controle remoto, como qualquer um. O mais trabalhoso mesmo pare-ce ser cuidar do pequeno e inquieto Nícolas, mas ela não reclama. Sabe que o desafio de educar o filho para aceitar a mãe deficiente e conviver com a discriminação lá fora vai exigir um preparo gigante. “Eu só sou as-sim porque meus pais me ensinaram a encarar a vida, mas não sei se vou conseguir passar isso para o meu fi-lho. Parece que hoje é mais difícil do que era antes, as pessoas discriminam ainda mais. A gente sabe que ele vai crescer ouvindo piadinhas, mas te-mos que preparar ele pra encarar que a mãe é anã e que ele ama a mãe dele. Não tem outro jeito.”

Igual a toda boa mãe, o filho é o amor maior da vida de Siderlei. A prova é que apenas quando fala sobre uma experiência ruim nos primeiros meses como mãe que a futura psicó-loga perde o sorriso que quase nunca deixa escapar do rosto. Não poder ter amamentado o bebê, por não conse-guir segurá-lo em seus braços curtos, foi o maior trauma que já viveu. “Eu tinha bastante leite, jorrava mesmo, mas não conseguia amamentar, por-que ele era muito grande. As pessoas achavam que eu não queria, mas cla-ro que não era isso. Eu não conseguia. Como era junho e fazia muito frio, ele ficava todo enrolado, por isso fi-

“A gente sabe que ele vai

crescer ouvindo piadinhas,

mas temos que preparar ele pra

encarar que a mãe é anã e que

ele ama a mãe dele. Não tem

outro jeito” , conta Siderlei sobre o

filho

A família de Siderlei |Acervo Pessoal de Siderlei Campos de

Camargo/O Caxiense

2114.DEZ.2012

Rafael Velho e Silva |Paulo Pasa/O Caxiense

cava mais difícil ainda. Sofri muito, e só mesmo quando secou o leite, parece que como um milagre para eu não enlouque-cer, que consegui parar de chorar”, lem-bra. Hoje livre de qualquer trauma, Si-derlei não vê a hora de voltar a trabalhar. Planeja voltar para a Visate em fevereiro. A formatura em Psicologia ainda está longe – deve demorar uns 3 anos – mas já se imagina auxiliando os mais pobres, trabalhando em postos de saúde. Não quer saber de ter uma clínica particular.

A colocação no mercado de trabalho é um problema menor para os anões do que para portadores de qualquer outra deficiência. Segundo o gerente regional do Ministério do Trabalho e Emprego, Vanius João de Araújo Corte, é comum as empresas darem preferência aos anões na hora de preencher suas vagas reser-vadas. “Por serem deficientes que não têm problemas cognitivos ou de coor-denação, que praticamente não exigem adaptações, eles encontram resistência menor. Para cadeirantes e deficientes vi-suais e auditivos é bem mais difícil”, ava-lia. Ainda segundo Vanius, tão impor-tante quanto arrumar um emprego, é o deficiente se sentir acolhido. “Não basta

ter um emprego, eles precisam estar em um lugar onde se sintam bem e confian-tes”, comenta.

Uma vida ativa, feliz e próxima de pessoas que saibam conviver com as di-ferenças é um sonho que vai se tornan-do realidade para Rafael Velho e Silva, de 25 anos. Desde os 12 anos medindo 1,36cm, o funcionário da Randon dri-bla a desconfiança que muitos ainda demonstram no primeiro contato com um anão com simpatia, buscando atrair e não afastar. Ser bom de papo ajuda. “As pessoas se espantam quando veem um anão, mas é só a primeira impressão, de-pois vira algo normal. Quando noto que alguém está cochichando sobre minha altura, normalmente eu mesmo inicio um diálogo. Sou bastante extrovertido e gosto de fazer amizades”, comenta.

Rafael mora no bairro São Luiz, com os pais e um irmão. Não tem namorada, pois acha que primeiro deve investir no trabalho e nos estudos, que já tomam bastante seu tempo. Frequenta um cur-so de usinagem no Senai e no próximo inverno pretende fazer vestibular para Administração de Empresas. Considera-se uma pessoa feliz e sem deficiência, destacando que sua altura não é tão

abaixo assim do normal. Sequer preci-sou adaptar os móveis de casa. O jovem que entrou para a Randon através de um projeto de inclusão social, há dois anos, diz que conseguir emprego nunca foi um problema. Agora, só quer se qualificar para atingir postos mais significativos.

O cotidiano de Rafael não difere da vida que leva um jovem adulto qualquer. Gosta de acampar, pescar com os ami-gos, ir à praia. Também joga futebol, mas ultimamente não tem tido tempo. Con-fessa que está um pouco enferrujado. Religioso, mas “sem fanatismos”, como faz questão de ressaltar, afirma que se sente bem em meio aos fiéis da igreja evangélica que frequenta 3 vezes por se-mana. No dia a dia em meios aos gran-des, Rafael comenta que o único proble-ma é quando, eventualmente, alguém se abaixa para falar com ele. “Acontece de vez em quando, a pessoa se inclina para chegar mais perto, como se eu não pu-desse ouvi-las, mas já me acostumei”, conta. Assim como a cobradora Siderlei, Rafael vê a vida de uma posição maior do que sua baixa estatura parece per-mitir e o desconhecimento de quem os vê do alto sugere. Ser anão não é difícil. Não quando se pensa grande.

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PlATEIA

por Gregory Elia Debaco

Os resquícios da cultura punk DIY (do it yourself ou, em bom português, faça você mesmo) existentes em Caxias do Sul puderam ser vistos, sentidos e vivenciados na última tarde de sábado (8), na Dicanto Park (uma das maio-res pistas indoor de BMX existentes hoje no Brasil). Com o fim do mundo se aproximando, estava mais do que na hora de lançar a potente bomba sonora de acordes sujos e distorcidos do bom e velho punk rock. A banda escolhida: Os Replicantes, claro. Com 28 anos de es-trada, os irmãos Cláudio e Heron Heinz, Cléber Andrade e a vocalista Júlia Barth (sem Wander Wilder e sem Carlos Ger-base, caso você tenha parado em 1984, na primeira formação da banda) foram os eleitos para dar ao público uma expe-riência inesquecível, de muita gritaria e barulho.

Marcado para as 16:20, o evento atra-

sou (charme clássico) e começou aí pelas 18:00. Duas novas bandas punks de Caxias do Sul abriram os trabalhos. Anomalia Social e os Bombarderos Sui-cidas iniciaram o que viria a ser uma gigante e constante roda punk. Com a noite se aproximando, os punk rockers ansiavam pelos Replicantes. Gritos se ouviam, braços se erguiam, e corpos se movimentavam. O show havia começa-do, a roda punk persistia e aumentava de tamanho. Júlia Barth liderou o show que durou quase duas horas e cantou clássi-cos como Surfista Calhorda, Choque, A Verdadeira Corrida Espacial, Ele Quer Ser Punk... e como não poderia deixar de ser, Festa Punk, gravada em 1987.

Com o anúncio do fim do show, o público (suado, ralado e completamen-te extasiado) gritou “mais um” (outro clássico) e a demanda foi atendida. Os Replicantes tocaram mais duas músicas, se despediram novamente, acenderam alguns crivos e foram para o camarim.

A roda punk havia acabado, mas a fes-ta não. Durou até perto da meia-noite. No clima de “faça você mesmo”, 10 kg de carne foram gentilmente doados pela organização e foram devidamente con-sumidos pelos Replicantes e sobreviven-tes que resistiram até aquela hora.

A cena underground punk hardco-re de Caxias do Sul existe. Esta mesma cena cultural deixa um bando de gente feliz, que se empurra pra cá e pra lá em uma dança que ainda é mal interpreta-da. A cena punk de Caxias está se (re)moldando e nomes como Miguelito, Lidi, Guili, Maffei, Carlo e Panda devem ser mencionados. E, para finalizar, cito a frase de uma das páginas do Acesso Público #1 (fanzine punk, distribuído de graça no evento, que conta com uma entrevista dos Replicantes) como incen-tivo a toda e qualquer pessoa que real-mente quer ver o punk rock no seu de-vido lugar: o punk não tá morto, quem tá morto é tu.

Uma tarde punk antes do fim do mundo

Roda punk embalada por Replicantes |Cristiano Soares Lemos, Divulgação/O Caxiense

1 hobbit, 13 anões e 1 dragão | Coreografias premiadas do ballet margô | Jair rodrigues Canta suCessos

2314.DEZ.2012

CINE

* Qualquer alteração nos horários e filmes em cartaz é de respon-sabilidade dos cinemas.

Com Martin FreemAn. Ian mcKellen. De Peter JAcKson.

OS PeNeTRASEduardo Sterblitch (loiro e

mais gordinho) e Marcelo Ad-net (a mesma cara de sempre) se passam, respectivamente, por um ator internacional e um representante da Warner (distribuidora do filme, que coincidência) para conseguir penetrar em uma badalada fes-ta de Réveillon. Que pode até ser badalada, mas não deve ser tãoooo animada assim, tendo Susana Vieira e Stepan Ner-cessian como convidados. De Andrucha Waddington. 3ª se-mana.

Gnc 14:30-16:40-18:50-20:50 cinépolis 13:30-15:40-17:50-20:00 14 1:47

O HOBBIT: UmA JORNADA INeSPeRADAO tão esperado primeiro filme da trilogia que se passa 60 anos antes de O Senhor dos Anéis final-

mente chega aos cinema, para a alegria dos fãs, que têm promovido até encontros sobre o universo criada por Tolkien. Convidado por Gandalf, o cinzento, Bibo Bolseiro segue para uma jornada épica com mais 13 anões e outras figuras para recuperar o Reino dos Anões de Erebor do temido dragão Smaug. Durante o percurso, encontra Gollum e seu precioso anel. Não estranhe se encon-trar alguém vestido de hobbit na sala de cinema.

cinépolis 3D 11:00 (somente sÁB. e Dom.) -13:40-18:15-20:50 | 3D 14:40-17:15-21:50 | 12:00-15:30-19:10-22:30 (somente seX. e sÁB.) Gnc 3D 14:15 | 3D 17:45-21:15 | 13:30-17:00-20:30 | 14:00-17:30-21:00 12 2:49

LAUReNCe ANY WAYSA dualidade da existência e – por que não – do amor estão con-

templados no longa canadense. Até os nomes do casal principal expressam ambiguidade. Laurence, o homem, não consegue mais esconder sua vontade de se transformar em mulher. Fred, sua na-morada, garante que ficará ao lado dele. Promessa de muitos con-flitos, alguns gritos, diversas lágrimas e um tanto de amor no filme que fecha a exibição 2012 do Ordovás, que depois entra em férias.

orDoVÁs seX. 19:30. sÁB. e Dom. 20:00 12 2:40

Melvil poUpAnUD. Suzzanne clément. De Xavier DolAn.

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A SOmBRA DO INImIGOO detetive Alex Cross é chamado para investigar um caso

de tortura e assassinato. Só que o criminoso não é um qual-quer: como o próprio alega, infligir dor é parte crucial de sua verdadeira vocação. No jogo de gato e rato, Cross pode perder aquilo que mais ama: a família. Baseado no livro de James Pat-terson. 2ª semana.

Gnc 15:00cinépolis 16:30 14 1:41

ATÉ QUe A SORTe NOS SePAReTino (Leandro Hassum) consegue gastar os R$ 100 milhões que

havia ganhado na loteria. Só que, quando vai contar a notícia à esposa Jane (Danielle Winits), descobre que ela está grávida do terceiro filho do casal e não pode sofrer emoções fortes. Agora ele precisa sustentar o alto padrão de vida, mas sem grana. Típica comédia para desopilar que, a julgar pela escassez de horário, deve estar perdendo o efeito. Porque, né, 11 semanas em cartaz. De Roberto Santucci.

Gnc 13:00 12 1:44

A ORIGem DOS GUARDIÕeSA eterna luta do bem contra o mal traz, desta vez, Papai

Noel, Coelho da Páscoa e Fada do Dente, entre outros seres encantados, unidos contra o temível Bicho Papão, que quer espalhar o medo pela Terra. Destaque para a aparência mo-deninha dos personagens, com direito a Papai Noel tatuado.

Gnc 3D 13:10-15:15-17:20 cinépolis 3D 12:50-15:10-17:30-19:50-22:10

L 1:37A SAGA CRePÚSCULO: AmANHeCeR PARTe 2 - O fINALO último filme da saga vampiresca mais amada e odiada resiste

bravamente nos cinemas, mesmo contando tudo aquilo que os fãs já sabem: Bella se transforma em vampira e tem uma filha de nome bizarro com Edward, Jacob continua sentindo muito calor para usar camiseta, os Cullen bonzinhos vencem os Volturi malvados e todos vivem felizes para sempre. Pelo menos até a próxima aventura lite-rária de Stephenie Meyer ser adaptada para o cinema. Com Kristen Stewart. Robert Pattinson. De Bill Codon. 5ª semana.

Gnc 16:50-19:20 22:00 21:50 19:45 cinépolis 14:00 19:00 21:40 12 1:57

Com Tyler perry. Matthew FoX. De Rob cohen.

De Peter rAmsey.

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+ SHOWS

MUSICA

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Rock para todosUma parceria do Vagão Classic com a produtora musical Demo Tape, de Ca-

xias do Sul, resulta no encontro de algumas das principais bandas da cena ro-queira da cidade, além dos convidados especiais da banda Viralata Rex, de São Paulo. O Demo Tape Music Festival se divide em 4 dias, entre quinta (13) e domingo (16).

● seX. (14). Ampex (foto), Bob shut, Descartes e slow Bricker. r$ 15 e r$ 12.00:30. Vagão● sÁB. (15): Dones primata, ligante Anfetamínico, open e Viralata rex. r$ 15 e r$ 12. 00:30.Vagão● Dom. (16): elixir inc., pá Virada, torvo e Vagabundos iluminados. entrada franca. 15:00. parque dos macaquinhos

SeXTA-feIRA (14)

five Kicks 22:00. R$ 10. Bier HausDj Gui Boratto 23:00. R$ 20 a R$ 40. HavanaSambeabá 23:00. R$ 20 e R$ 10. Boteco 13elvis e Os Costellos 22:30. R$ 18 e R$ 12. Mississippi Banda Acervo 20:30. Gratuito. Zarabatanaevânio e Gaita 23:00. R$ 8 e R$ 6. PaiolGordini Blues Band 23:30. R$ 5. Cachaçaria Saraumaicon Rodrigues + Grupo magnitude 22:00. R$ 20. Portal Bowling

SÁBADO (15)

Hardrockers 22:00. R$ 10. Bier HausDj Jaime Rocha – festa anos 80 23:00. R$ 15 a R$ 25. HavanaJoão Villaverde e filhos de Yê 23:30. R$ 20 e R$ 10. Boteco 13Ana Jardim e Pietro ferretti 23:00. R$ 5. Cachaçaria SarauGrupo Pátria e Querência 21:00. R$ 6 e R$ 8. PaiolRetrô Hits de 2012 com Dj maku Sinhorelli 23:30. R$ 25. Nox VersusAgenda ed + A4 23:00. R$ 20 e R$ 15. Buku’s AnexoDeivid Wallauer + melody 23:00. R$ 20. Portal BowlingBarracuda Project – Lan-çamento do CD 20:30. Entrada franca. Te-atro do Ordovás

Quarteto fantástico

O último show do Ordovás #sóquenão

O palco do Mississippi Delta Blues Bar já está acostumado a receber grandes nomes do blues nacional e internacional. Mas dessa vez serão 4 de uma vez só. O encontro Ases da Guitarra reúne nada menos que os porto-alegrenses Solon Fishbone e Fer-nando Noronha, o paulista Netto Rockfeller e o argentino Danny Vincent. Haja palhetas!

QUA (19). 22:00. r$ 25 e r$ 15. mississippi

O que você faria, se só te restasse esse dia? Lazaro Nascimento (violão), Nino Henz (baixo), Gabriel Lopes (piano), Marquinhos (percussão) e Marcelinho Sil-va (percussão) já sabem: vão celebrar a véspera do Fim do Mundo #sóquenão em cima do palco. O show ainda terá participação dos cantores Rafael De Boni Duarte, Ana Jardim e Tatiéli Buenno. O repertório é variado, com instrumental, poesias musicadas, canções e música autoral.

QUi. (20). 21:30. Gratuito. ordovás

26

O Natal vem vindo......e as atrações do Brilha Caxias seguem esquentando (ainda mais) o clima para

a chegada do Papai Noel. Destaque para a participação mais do que especial de Jair Rodrigues no concerto da Orquestra Unisinos Anchieta. Com sua voz po-tente ejeito descontraído, Jair irá cantar clássicos da música brasileira como Chão de Estrela, Coisinha do Pai e Romaria. Confira os espetáculos da programação desta semana:

● sÁB (15). 20:00. concerto da orquestra Unisinos Anchieta com Jair rodrigues (foto). entrada franca. parque dos macaquinhos● QUA. (19) e QUi (20). 20:30. espetáculo noite encantada. Janelas do clube Juvenil

DOmINGO (16)

Pagode Junior + Sandro e Santoro 21:00. R$ 20. Portal BowlingDomingueira Zarabatana 16:00. Gratuito. Zarabatana

SeGUNDA-feIRA (17)

flávio Ozelame Trio 21:30. R$ 12 e R$ 8. Mississippi

TeRÇA-feIRA (18)

maurício Santos 21:30. Gratuito. Boteco 13Carlos Garbin e fher Costa 22:00 R$ 12 e R$ 8. Mississippi

QUARTA-feIRA (19)

mateus e fabiano 23:00. R$ 10 e R$ 5. Boteco 13Jhonatan e Carlos 21:00. Gratuito. Paiol Junk Box 22:00. R$ 10. Bier Haus

QUINTA-feIRA (20)

fher Costa e Trio 22:00. R$ 10. Bier HausBanda A4 23:30. R$ 10 e R$ 5. Boteco 13Cristiano Quevedo e erlon Péricles + Grupo macuco 22:00. R$ 15 e R$ 5. Paiol (tradicionalista)Duda Velasquez 22:00. R$ 15 e 10. Mississippi

+ SHOWS

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Depois do blues e do jazz, o soulA dançante black music dos anos 60, 70 e 80 inspiram a festa Black Soul-te-se,

que ocorre na Level. James Brown, Etta James, Ray Charles e Tim Maia já confir-maram presença. O que prova que não morreram. O som fica por conta dos dj’s Marcos Kligman, Ana Lang e Igor Ribeiro.

seX. (14). 23:30. r$ 12. level

2714.DEZ.2012

PALCO 30 anos de Ballet margô

OS OLHOS De VIVIResultado da imersão na

vida de uma mulher que vive nas ruas, pesquisa de Zica Sto-ckmans para a pós-graduação em Corpo e Cultura: Ensino e Criação, O Torto e o Seu Duplo impressiona pela fidelidade da interpretação à personagem real. Zica vive em um mun-do paralelo, fala, xinga, sofre e sonha como a garota das ruas. E talvez a arte consiga chocar mais do que a vida. Porque no teatro a plateia vê a mesma personagem das ruas, mas não pode fechar o vidro do carro, atravessar a rua, desviar o olhar.

sÁB. (15) e Dom. (16). r$ 20 e r$ 10. seG. (17) r$ 5

(grupos pré-agendados). casa de teatro.

16 0:45

O Ballet Margô encerra a seu festival de fim de ano, dividido em 3 sessões, com cerca de 90 bailarinos em cena. No primeiro ato, com 15 coreografias, as turmas infantis agi-tam os pais na plateia, independentemente da performance. O segundo ato apresenta 25 coreografias de balé clássico, clássico de repertório, dança contemporânea, dança de rua e jazz. Além das coreografias premiadas durante o ano em concursos, a escola apre-senta remontagem de coreografias impor-tantes dos 30 anos do Ballet Margô Brusa.

seX. (14). 20:00. r$ 18. teatro municipal.

L 1:45

Palhaços de grife

mistura de personalidades

encontro na praça, depois teatro

No Romeu e Julieta do respeitado grupo Gal-pão, de Minas Gerais, o casal de Shakespeare vive no sertão mineiro de Guimarães Rosa. Com na-riz de palhaço, os apaixonados ainda ganham a estética do circo-teatro. Com direção de Gabriel Villela, o espetáculo é uma realização da Sala de Ensaio, de Caxias, em parceria com a prefeitura, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conforme Davi de Souza, um dos realizadores do projeto, esta será a última apresentação do espetáculo no Brasil. Romeu e Julieta palhaços já foram vistos por mais de 200 mil pessoas no mundo todo. A peça atingiu seu ápice nos anos 90, sendo apre-sentada no Shakespeare Globe Theatre, em Lon-dres.

sÁB. (15). 19:30. Gratuito. estacionamento da

prefeitura. L 1:30

Hitler, Walt Disney, Joana d’Arc, Leonardo da Vinci, Madonna e outras personalidades se encontram no palco, representados por 180 bailarinos do Endança Jazz & Cia. Com coreografias de jazz, hip-hop, contemporâneo, ballet e street jazz, sob a direção de Cris Dall’Agno e Lisa Susin, o espetáculo Personas reflete a marca dos traços individuais na composição da história da humanidade.

Dom. (16) e seG (17). 20:30. r$ 30. Ucs teatro. L 2:00

Na I Mostra Anual do Teatro do Encontro, o grupo contempla o público com 3 espetá-culos. Sob orientação da professora e atriz Tefa Polidoro e assistência de Roberto Ribeiro, os artistas Ana Paula Radaelli, Bianca Zampieri, Carina Zillio, Gabriela Valer, Gleyson Dias, João Bastos, Luana Nascimento, Maria Velho, Naomi Luana, Natália Quadros, Ra-faela Giacomelli, Roberta Schimidt, Roberto Ribeiro e Willian Fiuza encenam O fabuloso caso de Amigdal Town (que ocorre na praça Dante Alighieri e é gratuito), A Feia e Da sujeira viemos e para lá retornaremos.

QUi. (20). 17:00. r$ 5. teatro municipal. L 3:00 D

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ARTE

Leveza, movimento e cores vibrantes são as propostas da parceria dos artistas plásticos Giovana Mazzochi e Marcos Clasen – tradicional como o show do Roberto Carlos no fim do ano – para os dias de 2013. Nesta edição do Calendário com Arte, os artistas deixaram a temática de lado e possibi-litaram que cada obra fluisse, seguindo seu caminho próprio e resultado em 14 trabalhos em pastéis e aquarelas - um para cada mês de 2013 e dois extras.

A fluir

Giovana Mazzochi e Marcos Clasen. SEG.-SÁB. 8:00-20:00. Sesc

Bem-vindo, 2013

O tradicional festival Gala Dora Ballet, apresentado no último fim de semana, levou ao palco do São Carlos 41 co-reografias. O melhor de Dora prendeu a atenção do público por mais de duas horas de es-petáculo, com excelentes core-ografias como Fênix, solo que deu à Jaquelyne Barbieri o prê-mio Revelação e a indicação de Melhor Bailarina do Sul em Dança; Coppélia, solo de Ma-theus Nadal, Esmeralda, solo de Camila Mendes Vargas e Sylvia, com solo de Ana Paula Zucolotto, os 3 bailarinos in-dicados ao prêmio máximo do Sul em Dança; Fusion, de pas de deux de Elisa Grigoletto e Elvis Barbieri e Toy Story, este com a maior contribuição de Erik Fragoso Ramos, o único menino na categoria infantil, na motivação dos aplausos. Quem assistiu o Gala 2011, guardava os aplausos mais in-tensos para o final.

Márcia Rezende Fabião foi a responsável pela coreografia que superou o encerramen-to da edição anterior do Gala Dora Ballet. Com saltos e mo-vimentos vigorosos do início ao fim da apresentação, os bailarinos dançaram o melhor da noite. O título Apoteose, especial para o festival, será trocado e a coreografia deverá ser participar dos concursos no ano que vem. Certamente não voltará sem prêmios. Már-cia simplifica a receita que im-pressionou a plateia. “Montei a coreografia baseada no que cada um sabia fazer melhor. E ficaram empolgados, ensaia-ram muito.” Em um mês de ensaio, nascia a grande pro-messa da escola para 2013.

40 + 1

O final (começo)

CAMARIMMarcelo araMis

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Bakna Girl Fghta Fsh. SEG.-SEX. 9:00-19:00. SÁB. 15:00-19:00. Ordovás

Capelinhas: memória e fé Coletiva. TER.-SÁB. 9:00-17:00. Museu Municipal

monumentos de uma trajetória Bruno Segalla. SEG.-SEX. 9:00-12:00 14:00-17:30. Instituto Bruno Segalla

New York Fghta Fsh. SEG.-SEX. 9:00-19:00 SÁB. 9:00-12:00. Ipam

Para dislexia digito 34753942 Coletiva. SEG.-SEX. 9:00-19:00 SÁB. 15:00-19:00. Ordovás

Releituras Tatiana Cavagnolli e Carla Es-teves. SEG.-SEX. 9:00-19:00 SÁB. 15:00-19:00. Ordovás

UCS 45 anosHomenagem Desenhada Coletiva. A partir de TER. (4). SEG.-SEX. 8:30-18:00. SÁB. 10:00-16:00. Galeria Municipal

2914.DEZ.2012

A

carol De BarBa

Recentemente, o Greenpeace acusou a marca Zara (do grupo têxtil Inditex, maior varejista de moda do mundo) de utilizar pro-dutos químicos tóxicos em suas roupas que prejudicam o meio ambiente desde a fabricação até o momento da lavagem, na sua casa. O grupo lançou uma peti-ção – que, até quarta (12), tinha 337.492 assinaturas – para que a gigante desintoxique sua cadeia. Em resposta, a Zara assumiu o compromisso de despoluir sua moda. A Inditex publicou na in-ternet o plano, que inclui a exi-gência para que pelo menos 20 fornecedores comecem a divulgar os dados sobre poluição até o final de março de 2013 e pelo menos mais 100 até o final do ano. Mar-tin Hojsik, coordenador da Cam-panha Detox do Greenpeace In-ternacional, diz tudo: “Se a maior varejista de moda do mundo pode mudar, não há desculpa para que as outras marcas não limpem suas cadeias de produção”.

A Yang injetou cor nos novos modelos do Verão 2013. A cole-ção Summer Fashion tem peças que não são usadas apenas por baixo da roupa, em tons cítricos e fluo, como amarelo, laranja, rosa e verde. Os novos corseletes, é claro, também trazem os benefícios da fibra Yang, que massageia a pele e mantém resultados de redução de medidas com alta compressão.

moda da discórdia

Cor no modelador

LEgENdADuração Classificação Avaliação ★ 5 ★ Cinema e TeatroDublado/Original em português Legendado Ação. Animação. Artes.Circenses. Aventura. Bonecos. Comédia. Documentário.Drama. Fantasia. Ficção.Científica. Infantil. Musical. Policial. Romance. Suspense. Terror.

músicaBlues. Coral. Eletrônica. Erudita. Folclórica. Funk. Hip.hop Indie. Jazz. Metal. MPB. Pagode. Pop. Reggae. Rock. Samba. Sertanejo. Tango. Tradicionalista

DançaClássico. Contemporânea. Flamenco. Folclore. Forró. Jazz. Dança.do.Ventre. Hip.hop Salão.

ArtesAcervo. Desenho. Diversas Escultura. Fotografia. Grafite. Gravura. Instalação Pintura.

ENdERE OSCiNEMAS:CINÉPOLIS. AV. RIO BRANCO,425, SÃO PELEGRINO. 3022-6700. SEG.QUA.QUI. R$ 12 (MATINE), R$ 14 (NOITE), R$ 22 (3D). TER. R$ 7, R$ 11 (3D). SEX.SÁB.DOM. R$ 16 (MA-TINE E NOITE), R$ 22 (3D). MEIA-ENTRADA: CRIANÇAS ATÉ 12 ANOS, IDOSOS (ACIMA DE 60) E ESTUDANTES, MEDIANTE APRESENTAÇÃO DE CARTEIRINHA. | GNC. RSC 453 - kM 3,5 - SHOPPING IGUATEMI. 3289-9292. SEG. QUA. QUI.: R$ 14 (INTEIRA), R$ 11 (MOVIE CLUB) R$ 7 (MEIA). TER: R$ 6,50. SEX. SAB. DOM. FEr. R$ 16 (INTEIRA). R$ 13 (MOVIE CLUB) R$ 8 (MEIA). SALA 3D: R$ 22 (INTEIRA). R$ 11 (MEIA) R$ 19 (MOVIE CLUB) | OrDOVÁS. LUIz ANTUNES, 312. PANAzzOLO. 3901-1316. R$ 5 (INTEIRA). R$ 2 (MEIA) |

MÚSiCA:ARiSTOS. AV. JúLIO DE CASTILHOS, 1677, CENTRO 3221-2679 | BIEr HAUS. TRONCA, 3.068. RIO BRANCO. 3221-6769 | BOTECO 13. DR. AUGUSTO PESTANA, S/N°, LAR-GO DA ESTAÇÃO FÉRREA, SÃO PELEGRINO. 3221-4513 | CACHAÇArIA SArAU. CORONEL FLORES, 749. ESTAÇÃO FÉRREA. 3419-4348 | LEVEL CULT. CORONEL FLORES, 789. 3223-0004. | OLIMPO MUSIC. PERIMETRAL BRUNO SEGALLA, 11655, SÃO LEOPOLDO. 3213-4601 | MiSSiSSippi. CORONEL FLORES, 810, SÃO PELEGRI-NO. MOINHO DA ESTAÇÃO. 3028-6149 | NOX VErSUS. DARCy zAPAROLI, 111. VILAG-GIO IGUATEMI. 8401-5673 | pAiOL. FLORA MAGNABOSCO, 306. 3213-1774 | PArQUE DOS MACAQUINHOS. RUAS DOUTOR MONTAURI, DOM JOSÉ BARÉA, DA VINDIMA E ALFREDO CHAVES. ExPOSIÇÃO | VAGÃO CLASSIC. JúLIO DE CASTILHOS, 1343. CENTRO. 3223-0616 | ZArABATANA. LUIz ANTUNES, 312. PANAz zOLO. 3228-9046

TEATROS:TEATrO MUNICIPAL. DOUTOR MONTAURy, 1333. CENTRO. 3221-3697 | CASA DE TE-ATrO: RUA OLAVO BILAC, 300. SÃO PELEGRINO. 3221-3130

GALERiAS:CAMPUS 8. ROD. RS 122, kM 69 S/Nº. 3289-9000 | FArMÁCIA DO IPAM. DOM JOSÉ BAREA, 2202, ExPOSIÇÃO. 4009.3150 | GALErIA MUNICIPAL. DR. MON-TAURy, 1333, CENTRO, 3215-4301 | INSTITUTO BrUNO SEGALLA. R. ANDRADE NEVES, 603. CENTRO. 3027-6243 | MUSEU MUNICIPAL. VISCONDE DE PELOTAS, 586. CENTRO. 3221-2423 | OrDOVÁS. LUIz ANTUNES, 312. PANAz zOLO. 3901-1316 | SESC. MOREIRA CÉSAR, 2462. PIO x. 3221-5233 |

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O melhor do Natal

Panetone Recheado com Sorvete

Panetone Trufado

Panetone tradicional

Os supermercados já estão tomados por cai-xas e latas do mais tradicional pão do Natal: o panetone. A tradicional mistura de ingredientes com frutas cristalizadas ganhou novos acompa-nhantes. Desde então, os panetones com choco-late ganharam adeptos. Porém, a imaginação foi além e unidades com sorvete e ainda mais cho-colate foram sendo criadas por padarias e con-feitarias pelo mundo.

O CAXIENSE traz o passo a passo para fazer 3 diferentes tipos de panetone na sua casa.

GASTRONOMIAE COZINHA

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inGreDientes:- 1 panetone- 10 colheres de sopa de sorvete de chocolate- 1 lata de creme de leite- 1 tablete de chocolate ao leite

moDo De prepAro:Corte uma fatia da parte inferior do panetone

e, com as mãos, retire uma boa quantia da parte interna do doce (sem furar a casca). Em uma ti-gela, misture a massa retirada com o sorvete de chocolate e preencha o panetone com a mistura e recoloque a fatia cortada. Leve ao freezer. Der-reta o chocolate em barra e misture com o creme de leite e distribua esse creme sobre o panetone e decore a gosto. Dica: deixe o sorvete na geladeira algum tempo antes de misturá-lo com o paneto-ne para que fique cremoso.

inGreDientes:- 1 panetone

recheio:- 500 gramas de chocolate ao leite- 1 lata de creme de leite- 3 gotas de essência de baunilha

calda:- 1 xícara de chá de água- 1 xícara de chá de açúcar- 2 unidades de cravo-da-índia- 1 unidade de canela em pau

moDo De prepAro:Corte o panetone em rodelas de

aproximadamente 2 dedos e reser-ve.

recheio:Para a trufa, aqueça em banho-

maria o creme de leite sem deixá-lo ferver. Acrescente o chocolate picado com a baunilha. Misture bem até atingir uma mistura ho-mogênea. Leve à geladeira.

calda:Misture todos os ingredientes da

calda e leve ao fogo até atingir uma consistência de calda. Regue todas as fatias do panetone com a calda e recheie cada camada com a trufa. Por último, cubra todo o panetone também com a trufa. Enfeite com raspas de chocolate, frutas cristali-zadas, cerejas e nozes.

inGreDientes:- 3 colheres de chá de fermento bio-lógico seco- 500 gramas de farinha de trigo- 6 colheres de sopa de açúcar- 1 colher de chá de sal- 2 colheres de sopa de manteiga- 2 colheres de sopa de gordura vege-tal hidrogenada- 1 xícara de leite- 3 ovos- 1 colher de chá de essência de pa-netone- 200 gramas de frutas cristalizadas- 100 gramas de uvas-passas sem se-mente- Manteiga para untar- Farinha para polvilhar- Gema para pincelar

moDo De prepAro:Misture o fermento com um pou-

co de farinha, água e açúcar. Cubra e deixe descansar por 15 minutos. Em um recipiente grande, junte todos os outros ingredientes, inclusive o fer-mento, exceto as frutas cristalizadas e as passas. Misture tudo e bata até levantar bolhas. Se precisar, misture mais farinha. Cubra com um pano e deixe crescer por 40 minutos. Depois, junte as frutas cristalizadas e as uvas-passas, misturando bem. Coloque numa forma para panetone, untada e enfarinhada. Deixe descansar por 30 minutos. Enquanto isso, preaque-ça o forno quente, a 220ºC. Faça um corte em formato de cruz no alto do panetone, pincele com gema e leve ao forno quente por cerca de 40 a 50 minutos.

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Bolso

Reforço

Novidade gastronômicaReceitas para incrementar as ceias de Natal e Ano Novo

A vONTAdE dE COMERPeru Sopa de Frutas Gelada“O peru é o carro-chefe. Mas pra acompanhar, a farofa tem que ser especial. Digo duas opções: uma mais simples com calabresa ou uma com ervas, preparada com azeite de oliva, nozes e alho poró”

“Serve como entrada e tem um significado especial. Na receita vai manga, melão, manjericão, que são cozinhados com vinho branco. Quando a sopa fica pronta, ela fica amarela e é ótima para o final do ano, porque o amarelo remete ao dinheiro”

SECOS E MOlHAdOS

Em uma frigideira, frite 150g de alho picado em 700 ml de azeite até ficar dourado. Adicione 5 cebolas roxas e 5 cebolas brancas e deixe saltear. Em seguida, coloque 4kg de bacalhau fresco (sem as espinhas centrais) e frite por aproximadamente 5 minutos.

Acrescente 2 pimentões verdes, 2 vermelhos e 2 amarelos e abafe por mais 5 minutos. Coloque 300g de alcaparras, 400 g de azeitonas pretas e um pouco mais de azeite para hidratar os vegetais e o peixe. Finalize com 7 tomates picados, salsinha fresca, sal e pimenta do reino a gosto. Ponha um pouco mais de azeite e sirva.

Ferva pelo menos 2 litros de água e reserve. Em uma panela, adicione 60 ml de óleo, 200 gramas de cebola, 80 gramas de alho, sal e 5 folhas de louro. Em seguida, coloque 2 kg de arroz e o dobro do volume que ele formar de água. Deixe cozinhar até que fique al dente.

Em outra panela, cozinhe 300 gramas de ervilha fresca e 400 gramas de vagem, 1 pimentão vermelho, 1 pimentão verde, 1 pimentão amarelo e 400 gramas de cenoura em cubos até que fiquem macios. Misture delicadamente com o arroz até envolver todos os ingredientes. Finalize com salsinha e cebolinha frescas a gosto.

BAcAlhAU Gomes De sÁ Arroz à GreGA para 10 pessoas | Fácil | 1:00 para 10 pessoas

Misture 1 colher de chá de açúcar, 1 pitada de canela em pó, 1 pitada de pimenta caiena em pó, 1 colher de sopa de azeite e ½ xícara de chá de nozes picadas. Leve ao fogo, mexendo sempre, por 5 minutos. Reserve enquanto faz o molho. Para isso, você precisará refogar 1 pêra picada em uma panela com 1 colher de sopa de azeite. Retire e bata no liquidificador com 1 colher de sopa de mel, 1 pitada de noz-moscada, 1 pote de iogurte e mais 1 colher de sopa de azeite. Reserve e vamos à montagem da salada. Arrume 2 xícaras de chá de folhas verdes em uma saladeira. Por cima, coloque 2 pêras bem lavadas, cortadas em fatias, com a casca, e passada no limão (para não escurecer). Salpique com as nozes condimentadas e 100 gramas de queijo de cabra esfarelado. Regue com o molho na hora de servir.

sAlADA De pêrAs e nozes para 4 pessoas | Fácil | 0:30

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por Jaqueline Zattera, empresária do ramo alimentício

De acordo com pesquisa realizada pela revista O CA-XIENSE, em 3 supermercados do Centro de Caxias do Sul, o panetone é o item mais caro da ceia de Natal. A delícia natalina tem preço médio de R$ 36,90 e chega a custar mais que itens indispensáveis na ceia de Na-tal, como o chester, com preço médio de R$ 21,90.

O comitê do Sabor Express, da Express Restaurante, ga-nha um novo membro: o chef Charlie Tecchio. O comitê é formado por um grupo de profissionais voltados a apri-morar o preparo dos alimentos servidos nos restaurantes da Express. O investimento em profissionais da culinária é um dos focos da empresa, que pre-tende estar entre as 150 melho-res para se trabalhar no país, em 2014.

Com um menu inspirado em diferentes culinárias e uma arquitetura com ampla visão para o Moinho da Estação, a Mulino Cozinha Contempo-rânea foi inaugurada na últi-ma terça-feira (11), no bairro São Pelegrino. Coordenado pelo chef e sommelier Rodrigo Eberle Ferreira e pela empre-sária Kelly Frey, o espaço tem área total de 200m² e comporta até 50 pessoas. O local ainda conta com espaço Kids, proje-tado para o conforto e diversão das crianças.

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