edição 100 outubro 2014 - tv canaoeste

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Revista Canavieiros - Outubro de 2014 1

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Revista Canavieiros - Outubro de 2014

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Revista Canavieiros - Outubro de 2014

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Revista Canavieiros - Outubro de 2014

3Editorial

A revista de outubro é muito especial para nós, pois chegamos à

centésima edição e podemos afirmar que o sentimento é de dever cumprido, pois desde 2006 o nosso objetivo é levar à você, leitor, as principais notí-cias do setor sucroenergético, através de entrevistas com re-nomados especialistas, cobertu-ra de eventos e artigos técnicos a fim de contribuir com o seu sucesso. A revista foi crescen-do ao longo dos últimos oito anos e, hoje, tem tiragem men-sal de 21 mil e 500 exemplares, abrangendo mais de 60 cidades, sendo distribuída gratuitamente para todos os associados e co-operados, todas as destilarias e usinas, além de empresas e pro-fissionais ligados ao setor que se cadastram no seu site.

A partir de agora iniciamos um novo ciclo, que já vem com um grande desafio. Como mos-

tra nossa matéria de capa, o Departamento de Comunicação iniciou a implantação da TV Canaoeste, uma nova ferramen-ta de comunicação à disposição do produtor rural que possibili-tará ampliar a disseminação da agroindústria canavieira.

O destaque do mês fica por

conta da comemoração dos 30 anos da Usina Viralcool. A maté-ria mostra a trajetória da família Tonielo em terras brasileiras até atingir o estágio atual da usina, que emprega mais de dois mil funcionários e moerá mais de 2,5 milhões de toneladas nesta safra. Destaca ainda as alternati-vas para se aumentar a produção de energia elétrica com o uso da palha e quais são os desafios da agricultura brasileira com a im-plantação do Código Florestal e a reforma tributária.

Atendendo a pedidos, a centésima edição traz tam-

Uma nova fase

Boa leitura!Conselho Editorial

RC

bém uma seleção de artigos técnicos publicados nos últi-mos dois anos. Além da colu-na Caipirinha, assinada pelo Professor Marcos Fava Neves opinam no “Ponto de Vista” Luiz Carlos Corrêa Carvalho e Arnaldo Luiz Corrêa. Já o pes-quisador científico do Institu-to Biológico/APTA/SAA-SP e diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, assina arti-go técnico sobre a produtivi-dade agrícola e a busca pela canavicultura de três dígitos. Também tem entrevista com Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e Orplana.

As notícias do Sistema Co-percana, Canaoeste e Sicoob Cocred, artigos técnicos, as-suntos legais, informações se-toriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidas na revista de outubro.

Expediente:Conselho editoRial:Antonio Eduardo TonieloAugusto César Strini PaixãoClóvis Aparecido VanzellaManoel Carlos de Azevedo OrtolanManoel Sérgio SicchieriOscar Bisson

editoRa:Carla Rossini - MTb 39.788

PRojeto gRáfiCo e diagRamação: Rafael H. Mermejo

equiPe de Redação e fotos:Andréia Vital, Carla Rodrigues, Fernanda Clariano, Igor Savenhago e Rafael H. Mermejo

ComeRCial e PubliCidade:Marília F. Palaveri(16) 3946-3300 - Ramal: [email protected]

imPRessão: São Francisco Gráfica e Editora

Revisão: Lueli Vedovato

tiRagem desta edição: 22.000 exemplares

issn: 1982-1530

A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do

Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários

são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada,

desde que citada a fonte.

endeReço da Redação:A/C Revista Canavieiros

Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008)

[email protected]

www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros

www.facebook.com/RevistaCanavieiros

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

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14 - Ponto de VistaLuiz Carlos Corrêa Carvalho

Diretor da Canaplan Consultoria Técnica e Presidente da ABAG.

- Manoel Ortolan participa de homenagens na 57ª Semana “Luiz de Queiroz”

26 - Notícias Canaoeste

Ano VIII - Edição 100 - Outubro de 2014 - Circulação: Mensal

Índice:

E mais:

Capa - 30Canaoeste lança TV e comemo-

ra 100ª edição da Canavieiros Implantação da tevê corporati-

va e centésima edição da revista marcam uma nova fase do Depar-tamento de Comunicação da Cana-oeste

18 - Notícias Copercana- Cooperados e colaboradores da Copercana conhecem cadeia do amendoim nos EUA- Copercana e Sicoob Cocred apoiam apresentações teatrais sobre cooperativismo- Copercana e Canaoeste participam da 14ª edição do Prêmio Personalidades em Destaque- Copercana realiza a VIII Reunião Técnica do Projeto Amendoim

28 - Notícias Sicoob Cocred- Balancete Mensal

Pontos de Vista.....................página 08

Coluna Caipirinha.....................página 16

Destaques:Produção de bioeletricidade com uso da palha

.....................página 36

8º Grande Encontro de Sobre Va-riedades de Cana-de-Açúcar.

.....................página 38

3º Fórum Nacional de Agronegócios.....................página 40

Gesucro.....................página 42

Viralcool 30 anos.....................página 44

III Simpósio Trabalhista Sindical.....................página 46

Assuntos Legais.....................página 48

Informações Setoriais.....................página 52

Artigos Técnicos:Custo de Produção

.....................página 54

A canavicultura de três dígitos.....................página 56

Acompanhamento da safra.....................página 88

Classificados.....................página 92

Agende-se.....................página 95

Cultura.....................página 98

58 - Artigos Técnicos- Veja uma seleção especial de 15 artigos

publicados nas últimas edições da Canavieiros em comemoração a 100ª edição.

05 - EntrevistaManoel OrtolanPresidente da Canaoeste“O setor tem um potencial enorme para crescer”

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

5Entrevista I

Manoel Ortolan

“O setor tem um potencial enorme para crescer”

Igor Savenhago

O presidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), Manoel Ortolan, é um otimista em relação às possibilidades do setor sucroenergético. Tem convicção de que as ações tomadas pelos empresários para diminuir os efeitos da crise que atinge a produção de cana, açúcar, etanol e energia elétrica – como investimentos em logística, pesquisa e tecnologia –, terão efeitos positivos, mesmo que não sejam a curto prazo.

Uma das apostas dele é que o apoio à pesquisa pode contribuir, significativamente, para o aumento da produtividade e uma consequente redução de custos. Lembra, também, que existe um grande potencial de geração da bioeletricidade a partir do bagaço e da palha, justamente no período seco, em que o País mais precisa.

Em contrapartida, alerta para um possível encolhimento do setor, para o risco de que toda essa pujança perca força se políticas públicas não direcionarem esforços que impulsionem os combus-tíveis alternativos ao petróleo.

Revista Canavieiros: Diante das instabilidades atravessadas pelo se-tor sucroenergético nos últimos anos, quais são suas projeções a curto, mé-dio e longo prazos?

Manoel: Acredito no setor porque ele tem soluções para alguns proble-mas brasileiros. Temos o etanol como solução alternativa ao petróleo. Te-mos a cogeração de energia elétrica através do bagaço e da palha para o período de seca, principalmente. O

açúcar, como alimento energético para o nosso País e para exportação. Uma alcoolquímica que no futuro poderá gerar novos produtos e, com isso, mais riqueza para o País. O setor tem um potencial enorme para cres-cer. Isso é ótimo e anima todos nós!

No curto prazo creio que vamos passar por momentos ainda ruins. Com certeza haverá uma concentração entre os produtores. Muitos estão arrendando suas propriedades. Usinas continuarão

fechando e outras indo para recupera-ção judicial. Em termos de produção, a safra 2015/2016 não deverá ser muito diferente da 2014/2015. O clima tem sido muito desfavorável e, com certeza, o plantio e a soqueira irão refletir isso.

No entanto, a médio prazo, temos boas perspectivas de melhorar a pro-dução. Não só temos boas variedades, novas técnicas de plantio, produção de mudas, novos insumos, fertilizantes, in-seticidas, fungicidas, herbicidas, como também métodos de avaliação de am-bientes de produção, que nos permitem selecionar o que é melhor para cada um para maximizar a produção. Mas tem que haver uma melhora do clima. Não é possível continuar assim.

Em relação ao preço, também é pos-sível termos uma perspectiva de melho-ra, em função da situação da Petrobras, redução de estoques mundiais do açú-car e nossa produção ainda menor do que poderia ser. Mas o bom é olhar para frente, para o futuro, e enxergar o gran-de potencial que temos, as oportunida-des que certamente virão se fizermos a nossa parte e o Governo fizer a dele.

Sabemos que, para o etanol, o mer-cado interno pode crescer ou quase do-brar. Hoje, só São Paulo tem demanda forte do etanol como combustível. Com

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6Entrevista I

redução de ICMS (Imposto sobre Cir-culação de Mercadorias e Serviços), outros Estados também consumirão mais. Estamos trabalhando para isso.

A crise de 2008 e a redução do preço do petróleo tiraram um pouco o foco da importância de melhorarmos o meio am-biente. Com certeza isso volta e o etanol irá ganhar o mundo nessa hora. A pesqui-sa nos ajudará a ganhar competitividade, mais cana, etanol e açúcar por hectare e novos produtos. Atualmente produzimos 7 mil litros de etanol por hectare. Com o etanol 2G, que já está aí, chegaremos a 10 mil, mas o potencial que se vislumbra é de 25 mil litros por hectare.

A cana também responderá às pes-quisas e vamos colher, no futuro, próxi-mo de 110 toneladas por hectare. Isso já seria possível não fosse o clima e uma série de erros que cometemos durante a expansão desenfreada.

Quanto ao Governo, esperamos que haja melhoras para o setor. É preciso trabalharmos para o reconhecimento das externalidades do etanol e, com isso, a volta da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico).

Crédito para pesquisa, cultivo, esto-cagem, investimentos, temos tido, mas é preciso que existam políticas públicas que deem segurança ao empresário para investir.

Revista Canavieiros: Com o crescimento do País e a demanda por energia elétrica, ramo em que o setor sucroenergético tem desponta-

do, não parece inevitável que haja uma retomada?

Manoel: É possível até se levarmos em consideração a situação deste ano, em que tivemos uma seca extrema, que comprometeu, de maneira severa, os re-servatórios, obrigando Governo e em-presas a gastarem mais com energia. O setor sucroenergético tem um potencial enorme de produção, de geração, sobre-tudo na Região Sudeste, que é a maior consumidora. E com investimentos bem menores, porque você não teria o problema da distribuição, uma vez que as usinas dispersas na região Centro--Sul já têm a malha à disposição, estão próximas às redes. Poderíamos oferecer energia no período crítico, que é exa-tamente o período da safra. Há um po-tencial grande a ser explorado. O que é difícil de entender é o Governo não ter dado condições para o setor crescer como já deveria ter crescido.

Revista Canavieiros: Um dos moti-vos para essa desatenção do Governo pode ter sido a descoberta do pré-sal, que, por ter gerado uma euforia, pode ter provocado um desprezo por outras fontes de energia?

Manoel: O pré-sal realmente trouxe uma euforia grande, já que o mundo sempre estará dependente do petróleo. Mas nós teríamos um trunfo muito grande no nosso País, que seria poder contar com combustíveis alternativos e que pudessem colaborar mais com o meio ambiente. Sabemos que há uma preocupação, ou pelo menos havia, com a questão ambiental. Daí, a ênfase no etanol como um caminho alternativo para a redução do aquecimento global. Hoje, o que vemos é que há um foco no petróleo, talvez pelo fato de o Go-verno tentar segurar a inflação contendo o preço da gasolina. Com isso, aquela prioridade que estava se dando ao eta-nol, principalmente pelo lado do meio ambiente, parece que caiu por terra. Houve até, nos anos de 2006, 2007, um apelo muito forte no mundo à produção do etanol. Após a crise, como já disse, parece que esqueceram um pouco do meio ambiente, mas isso vai voltar.

Revista Canavieiros: Recentemen-te, Alan Bojanic, representante, no

Brasil, da FAO (Organização das Na-ções Unidas para Alimentação e Agri-cultura), afirmou que a agricultura brasileira será uma das que mais irão contribuir para atender à demanda por alimentos e energia no mundo nos próximos anos e que, neste cenário, o setor sucroenergético terá papel de destaque. Isso não sinaliza boas pers-pectivas para o setor?

Manoel: A declaração é corretíssi-ma. Sabemos que, em função do aumen-to da população, teremos que aumentar, significativamente, nos próximos anos, a produção de alimentos e energia. E o Brasil, por ter terras, água, clima, tudo favorecendo, terá que dar a maior contribuição nesse sentido. Mas isso é uma boa perspectiva desde que você tenha, internamente, as condições ne-cessárias. Isso exige investimento, um forte apoio à pesquisa, para promover ganhos de produtividade. O foco maior tem que ser aí, em usar a expansão de área da maneira mais racional possível. Temos muito espaço para fazer crescer a produção por unidade de área, princi-palmente na pecuária, mas também em outros setores. Quando comparamos nossa produção de milho, soja, cana, com outros países, vemos bastante es-paço para desenvolver a produção, au-mentando a produtividade. E isso só se faz com pesquisa. Não tenho dúvidas de que, para o Brasil, o potencial é muito promissor, pelas características do País, mas você precisa, fundamentalmente, do apoio do Governo para traçar as me-tas, os rumos para que isso aconteça.

Revista Canavieiros: Como avalia a pesquisa no País? Está avançando nesta linha?

Manoel: Está avançando sim. O que temos é uma morosidade muito grande, uma burocracia imensa, para que aquilo que a pesquisa pode oferecer, e que já é utilizado em outros países, como é o caso dos transgênicos, possa evoluir no Brasil. A aprovação de produtos para a agricultura aqui é muito demorada. Perde-se muito tempo. Gasta-se muito. Mudanças precisam ser implementadas para que o País possa crescer num rit-mo mais forte, viabilizando a pesquisa e sua aplicação num espaço de tempo mais curto.RC

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8Ponto de Vista I

RC

Por que o eleitor brasileiro adora o biocombustível brasileiro, mas desconhece os traumas do setor?*José Luiz Tejon Megido

José Luiz Tejon Megido

Ao longo dos últimos quatro anos, nos dedicamos a estudar o agro-negócio não mais pelo ponto de

vista do antes e do dentro das porteiras apenas, mas sim pelo olhar perceptivo do consumidor final. Quer dizer, ir além da cadeia produtiva. Confesso que o ex-mi-nistro Roberto Rodrigues tem sido um dos maiores incentivadores dessas pes-quisas, as quais conduzimos no Núcleo de Agronegócio da ESPM, junto com a ABAG. Em todos os estudos que reali-zamos, um deles uma pesquisa “qualita-tiva” com grupos de homens e mulheres do segmento social da classe C, da cida-de de São Paulo; outro um levantamento quantitativo, nas 12 maiores cidades em termos de população do país objetivando levantar a percepção do cidadão urbano, de todas as classe sociais a respeito do agronegócio; e agora, a mais recente, em julho de 2014, outra pesquisa quantita-tiva, batizada de “O eleitor brasileiro e o agronegócio”; uma constante nesses levantamentos tem apontado o “etanol” e o “biodiesel” como nomes mentaliza-dos e decodificados com pontas de “or-gulho nacional”.

Num dos grupos qualitativos com cidadãos da classe C, ouvimos: “o nos-so biodiesel é muito melhor que o de-les”, aí numa relação com os Estados Unidos. Logicamente não teremos da população nenhuma contextualização de tecnologia ou de aprofundamento. O que nos cabe nestes estudos é exa-tamente identificar os níveis “perceptu-ais” desses consumidores finais e elei-tores. Hoje constatamos que a imagem percebida do agronegócio como setor econômico é reconhecida por mais de 90% dos eleitores como sendo de “mui-ta importância para o país”, e ainda de gerador de empregos mesmo nas cida-des. Sobre as dificuldades que o setor enfrenta, também existe percepção, em níveis de 86,4%, que acham as estradas do interior malconservadas, aumentan-do os custos. Outros 86,3% dos eleito-res afirmam que os portos brasileiros são antigos e malgerenciados e por isso prejudicam o agronegócio. Outros 81,2% votariam num candidato que en-tenda de agronegócio.

Agora, sobre o setor específico da cana de açúcar, os índices são da mes-

ma forma positivamente elevados. Sen-do 89,9% dos eleitores consideram que o Brasil precisa usar mais a energia re-novável que vem da agricultura, como o etanol e biodiesel; 86,3% consideram o etanol e o biodiesel importantes para diminuir a poluição. Sendo que 92% afirma ser muito prejudicial à poluição das grandes cidades.

Claro que os estudos revelam tam-bém preocupações e necessidades imensas de ampliação da comunicação e do diálogo com esse cidadão urbano, por exemplo, 89,4% afirmam haver fal-ta de informação sobre o agronegócio no Brasil. Questões como florestas, de-fensivos (conhecidos como agrotóxicos pelo cidadão urbano), reforma agrária, sustentabilidade, transgênicos, orgâni-cos, terras, tributação, seguro, crédito e água, existem vieses e muita super-ficialidade no nível percebido, o que permite usos para comunicar, ou para “manipular” a opinião pública.

Entretanto, ao mesmo tempo em que a imensa maioria dos eleitores tem uma ótima imagem dos biocombustíveis, e os considera um dos pontos de orgulho nacional, por outro lado, quando ques-tionamos qual dos três candidatos mais bem pontuados em julho 2014 (à época ainda o candidato Eduardo Campos), qual das três opções seria aquela que mais defenderia e promoveria os bio-combustíveis no Brasil, a maioria apre-sentou a representante do atual governo como a melhor para o setor. Claro, fala-mos sempre do ponto de vista das per-cepções humanas. E, como o segmento bem domina e conhece em profundida-de os seus dramas e traumas, foi nes-te atual governo que vivemos uma das mais acentuadas crises do ramo, pelos efeitos conhecidos dos preços da gaso-lina e outros impactos de ordem fiscal, tributária e política.

Como temos no Brasil caminhões de diagnósticos e estudos, mas pouca recomendação e ação efetiva, deixo aqui pelo menos três sugestões de atos comunicacionais fundamentais para o segmento sucroalcooleiro.

Elevar o nível de informação sobre os dramas e traumas que o setor vive,

e as implicações das não soluções para o país, e para a qualidade de vida desse cidadão, consumidor e eleitor brasilei-ro. Aprender a falar com a população não apenas dos seus feitos, mas tam-bém elevar a sua consciência sobre suas lutas, buscando aderência da sociedade. Falar com o cidadão, e não esquecer de uma poderosa infantaria urbana, que atua nas bombas dos postos de gasolina.

Desatrelar a famosa relação 70% do biocombustível com a gasolina. O preço será sempre apenas um ingre-diente das estratégias de marketing. Os aspectos de poluição, saúde e qualida-de de vida, bem como independência agroenergética do país, precisam pre-valecer na comunicação do produto para o mercado.

Repaginar o setor, criar um novo look & feel, estabelecer um padrão de design retrofit e num disruptionway. Acionar diagnósticos e governança de redes sociais imediatamente. Atuar do-ravante como protagonista e deixar a “vitimização” para trás.

Por que o cidadão, o eleitor, gosta do nosso biocombustível, mas desconhece as suas dores, e o troca na frígida rela-ção dos 70%? Coisa simples: coisa da arte comunicacional. Sejam bem-vin-dos ao novo governo, seja ele qual for!

*diretor vice-presidente de Comu-nicação do Conselho Científico para a Agricultura Sustentável (CCAS), Diri-ge o Núcleo de Agronegócio da ESPM, Comentarista da Rede Estadão.

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10Ponto de Vista II

Roberto Fava Scare

Fonte: AgroFEA Ribeirão Preto/USP e Uni.Business

Gráfico dos Resultados Gerais ICFSS 1ª Rodada até a 17ª Rodada

AgroFEA Ribeirão Preto acompanha o Índice de Confiança dos Fornecedores do Setor Sucroenergético como Ferramenta para a Tomada de Decisão*Roberto Fava Scare, Fernanda Branco Rodrigues e Beatriz Barison

Desde agosto de 2011, o ICFSS (Índice de Confiança dos For-necedores do Setor Sucroener-

gético) Reed Multiplus/FUNDACE tem como objetivo servir de ferramenta de apoio à tomada de decisão e ser uma fonte de informação sobre expectativas e tendências que contribuam para análi-ses e decisões por parte do empresariado do setor. Gestores confiantes tendem a investir e ampliar a produção para apro-veitar as oportunidades identificadas, gerando um crescimento geral no seg-mento, caso todos os envolvidos estejam preparados. Resultado da parceria entre o Núcleo de Pesquisas em Agronegó-cios da Faculdade de Economia, Admi-nistração e Contabilidade de Ribeirão Preto – AgroFEA Ribeirão Preto, a Reed Multiplus, empresa com amplo destaque na organização de eventos e feiras seto-riais, e da FUNDACE (Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Admi-nistração, Contabilidade e Economia), o índice também visa minimizar perdas, caso uma tendência de retração ou de conservadorismo seja observada.

O ICFSS é construído com base nas respostas obtidas de proprietários e gesto-

res de empresas que fornecem máquinas, equipamentos e serviços para as usinas sucroenergéticas. Seu questionário é apli-cado trimestralmente e abrange empresas localizadas nos polos de metal mecânica de cidades como Piracicaba/SP e Sertão-zinho/SP e fornecedores de serviços es-palhados pelo País, com foco nas empre-sas do Estado de São Paulo devido à sua grande concentração setorial. Entres os fornecedores estão empresas que atuam na fabricação de tanques, reservatórios metálicos, caldeiraria, equipamentos e aparelhos para turbinas, esteiras e moen-das, entre outras indústrias do setor.

O questionário é aplicado trimes-tralmente durante os meses de janeiro, abril, julho e outubro. As entrevistas são realizadas via contato telefônico e via e-mail, com o questionário disponí-vel via Internet. São avaliadas variáveis referentes às condições atuais relativas aos últimos seis meses, e de tendências futuras, que são relativas à expectativa para os próximos seis meses. As variá-veis de Economia Brasileira se referem às expectativas e análises referentes ao desempenho de todos os setores da eco-nomia, bem como reflexos de mudan-

ças nas políticas fiscais e monetá-rias. Enfim, diver-sos aspectos que possam influen-ciar a economia nacional. As vari-áveis do Sistema Agroindus t r ia l Sucroenergético refletem as análi-ses referentes ao desempenho geral do sistema, consi-derando todos os elos de sua cadeia produtiva e a in-fluência de variá-veis externas.

O Setor de Fornecedores do Setor Sucroenergético retrata especificamen-te como os gestores enxergam o setor (elo) do Sistema Agroindustrial Sucro-energético do qual suas empresas fazem parte. As variáveis referentes à Empre-sa retratam especificamente uma análi-se sobre a organização na qual o gestor atua, oferecendo uma visão interna do desempenho das empresas.

O Índice de Confiança dos Forne-cedores do Setor Sucroenergético é um indicador de difusão que varia de 0,00 a 1,00, sendo que os valores aci-ma de 0,50 pontos indicam empresá-rios confiantes.

Conforme demonstra a tabela ao lado, entre 2011 a 2013, a avaliação do Índice sempre revelou resultados positivos em relação à Confiança dos Fornecedores do Setor Sucroener-gético. As avaliações sobre as con-dições atuais se mostravam abaixo dos 0,50 pontos, porém a expectativa dos empresários se mostrava positiva quanto à economia geral, o sistema agroindustrial sucroenergético e o setor de fornecedores de máquinas, equipamentos e serviços influencian-do o índice geral.

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Fonte: AgroFEA Ribeirão Preto/USP

Tabela de resultados das variáveis ICFSS 1ª Rodada até a 17ª Rodada

No início de 2014, as avaliações so-bre as condições atuais e expectativas dos gestores em relação à economia geral, o sistema agroindustrial sucro-energético e o setor de fornecedores se degradaram em decorrência de in-certezas no cenário macroeconômico e de mais um ano de resultados nega-tivos no setor sucroenergético. Nesse contexto de mudanças, todo o sistema agroindustrial foi prejudicado pela fal-

ta de investimentos, principalmente no setor sucroenergético. A crise no setor, que é considerada a mais severa em décadas, causou prejuízo para as usinas que atuam na produção de eta-nol, açúcar e energia elétrica. Diante desse contexto, não restaram boas ex-pectativas aos fornecedores do setor sucroenergético, revelando uma queda histórica no ICFSS, chegando aos 0,42 pontos na última rodada de agosto.

A possibilidade de melhora ainda não aparece no horizonte, segundo os entrevistados, pois eles aguardam a formação do novo cenário político pós-eleições para definir os novos ru-mos para o setor.

Os resultados e a elaboração dos ín-dices e dos relatórios explicativos são sempre divulgados após o encerramen-to das entrevistas e processamento das análises. A equipe de pesquisadores do AgroFEA é composta por docentes a alunos graduandos da FEA-RP lide-radas pelos professores Roberto Fava Scare - Coordenador, Prof. Dr. Lucia-no Thomé e Castro, Prof. Dr. Marcos Fava Neves e executado pelos pesqui-sadores Fernanda Branco Rodrigues e Beatriz Paro Barison

Para maiores informações e os bole-tins trimestrais, as informações são dis-ponibilizadas no site do AgroFEA, em: <http://www.fearp.usp.br/agrofea>.RC

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12Ponto de Vista III

RC

O que poderia ter sido e não foi?

A política de subsídio à gasolina, adotada pelo atual Governo Fe-deral, foi desastrosa para o setor

sucroenergético e contribuiu para a des-construção de um segmento. Há cinco anos, as estimativas da Archer Consul-ting apontavam que para 2014/2015, dado o crescimento da demanda por etanol hidratado (chegamos a 62% dos veículos flex usando etanol) e o igual-mente sólido crescimento da frota na-cional de veículos leves, chegaríamos a moer no Centro-Sul 720 milhões de toneladas. Este ano, o Centro-Sul deve moer 550 milhões de ton. de cana.

Com a retórica de controlar a infla-ção, o Governo faz com que a estatal do petróleo importe gasolina a um preço muito mais caro do que aquele que colo-ca nos postos – um subsídio que é pago por todos nós, contribuintes, em favor daqueles que são proprietários de carros. De acordo com números da ANP sobre o consumo de combustíveis, no período entre agosto de 2013 e julho de 2014, o consumo total alcançou 54,98 bilhões de litros, dos quais 11,84 bilhões de litros de hidratado, 10,78 bilhões de litros de anidro e 32,36 bilhões de litros de gaso-lina A (antes da mistura). Em um ano, o consumo nacional cresceu 8,70% em relação ao ano anterior, ou seja, 4,4 bi-lhões de litros, 90,6% de etanol.

Nesse ritmo, que coloca o consumo nacional crescendo à taxa média de 6,19% ao ano nos últimos cinco anos, se mantida a tendência, o Brasil vai precisar para o ano safra de 2015/2016 de pelo menos mais 24 milhões de to-neladas de cana. Os números dão conta do caminho que o setor sucroalcooleiro poderia ter galgado não fosse essa polí-tica desastrosa.

Tivéssemos mantido as condições favoráveis, quando o etanol era respon-sável por 54,5% de todo o combustível consumido pela frota nacional (Ciclo

Otto) e com preços ligeiramente ali-nhados com o mercado internacional do petróleo, que fazia o etanol atrativo para o consumidor, o Centro-Sul esta-ria moendo nessa safra corrente 720 milhões de toneladas de cana. Para tal, teríamos mais de 30 novas usinas, in-vestimentos próximos a 30 bilhões de dólares e a geração de mais de 100 mil novos postos de trabalho diretos e in-diretos. Somem-se aí os investimentos que não vieram e o etanol que deixamos de vender no mercado interno e chega-mos à cifra de US$ 50 bilhões. Compa-rando com o potencial que tinha, o setor encolheu pelo menos 20% nesses últi-mos anos, em razão do fechamento de várias unidades industriais e da falta de investimento coibida pela falta de polí-tica energética e pela falta de políticas sérias do Governo atual.

E o maior contrassenso se refere ao discurso pobre de salvar a inflação. O FMI (Fundo Monetário Internacional), em recente relatório, divide os subsí-dios em dois: subsídios antes do im-posto que reduzem o preço da energia para o consumidor a um nível abaixo do preço internacional, em que os gover-nos camuflam os custos via perdas nas empresas estatais (fato que ocorre cla-ramente no Brasil). E o outro subsídio após os impostos, em que se segura o preço da energia a um nível consistente (um mecanismo parecido com a CIDE - Contribuição de Intervenção no Domí-nio Econômico) e ajusta os custos via redução ou aumento do imposto.

Em outro estudo de 2012, feito pelo Fundo, constata-se que o subsídio atin-ge as classes mais pobres da população, ou seja, são elas que pagam a conta indiretamente. O paradoxo consiste na conclusão de que para cada aumento de US$ 0,25 por litro no preço da ga-solina, existe uma diminuição do poder de compra dos mais pobres em 5%. Ou seja, tem-se a impressão que o subsídio

* Arnaldo Luiz Corrêa

Setor sucroalcooleiro contabiliza perdas de R$ 30 bilhões

Arnaldo Luiz Corrêa

à gasolina traz benefícios aos menos favorecidos, mas são eles que pagam a conta por não ter disponíveis serviços que lhes seriam essenciais, pois esse subsídio drena dinheiro do orçamento que poderia ser destinado a outras áreas que trariam mais benefício aos mais po-bres, de forma mais direcionada.

Além disso, no Brasil, o subsídio à gasolina distorce o valor do etanol, cuja paridade é vital para que o consumidor decida pelo combustível. Paralisa o fluxo de investimentos para o setor su-croalcooleiro, que se vê de mãos amar-radas impossibilitado de planejar seu futuro, uma vez que não é dado saber a formação de preços do combustível no País, milhares de empregos são per-didos com várias unidades industriais fechando ou deixam de ser criados pela falta de investimentos que possibilitaria a construção de novas usinas.

*gestor de riscos em commodities agrícolas, especialista no setor sucro-alcooleiro, autor do livro Derivativos

Agrícolas, e diretor da Archer Con-sulting – empresa de assessoria em

mercados de futuros, opções, deriva-tivos e planejamento estratégico para

commodities agrícolas. E-mail: [email protected]

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Revista Canavieiros - Outubro de 2014

14Ponto de Vista VI

Safra canavieira 2015/16: desafios

A história da agricultura canaviei-ra brasileira nos últimos 40 – 50 anos tem sido de grandes transfor-

mações, na produção, diversificação e no comércio, alicerçadas por um desenvol-vimento tecnológico exuberante. Não só se tornou o mais importante exportador mundial, como o faz com clara competiti-vidade em sustentabilidade comprovada.

Ainda antes de terminar a safra 2014/15, no Centro-Sul brasileiro, as atenções do mercado se voltam ao que seria sua próxima safra 2015/16. Quais os cenários ou em qual direção cami-nharia essa safra?

Claro que é muito cedo para uma avaliação com maior profundidade. Afi-nal, tem-se ainda a primavera (2014), o verão e o outono (2015) para formar a cana-de-açúcar que será colhida no ano de 2015. Se tivéssemos projeções mais seguras do clima para o médio prazo, ter-se-ia um pouco mais de clareza.

Toda projeção que se preze tem, em sua base, um banco de dados que seja representativo, um grupo qualificado que saiba considerar os aspectos-chave de avaliação e um comportamento pragmá-tico em relação aos componentes e condi-cionantes da produção da cana-de-açúcar.

Essa avaliação se faz sobre os sinais mais reais e as perspectivas dadas pelos condicionantes de produtividade agrí-cola, dos investimentos em plantio e do uso das tecnologias disponíveis, sob o enfoque técnico, além dos outros aspec-tos como endividamento, dificuldade de acesso ao crédito e considerar as condi-ções medianas do clima, o que por si só é um potencial indutor de erro.

O maior desafio nessa projeção, além dos demais citados, está nas eleições 2014, para o cargo de Presidente do Bra-sil. Afinal, tanto as questões macroeco-nômicas como as relativas às políticas públicas setoriais têm peso expressivo nas ações privadas. Claramente o setor privado busca custos menores, produ-tividades maiores e mercados, mas no

Luiz Carlos Corrêa Carvalho* “A arte da previsão consiste em antecipar o que aconte-cerá e depois explicar o porquê não aconteceu”

Winston Churchill

caso do setor sucroenergético, pelo lado da energia, há uma clara e complexa re-lação com a política energética do país. Enquanto o mercado de açúcar mostra globalmente elevado estoques e baixos preços, o de etanol se vincula aos preços da gasolina e, por “tabela”, cria limites ao mercado de açúcar! Tal ocorre face a intervenção do Governo Federal do Brasil nos preços da gasolina, há muitos anos (desde 2006).

O ano de 2015 carregará, ao mesmo tempo, as mazelas represadas pelo Go-verno Dilma nos campos da macroeco-nomia (juros, câmbio, déficits fiscais e na balança comercial, entre outros), nos preços e subsídios à gasolina e energia elétrica, na pressão de salários desca-sados com produtividade e num certo isolacionismo internacional do Brasil,

A figura no formato do que se chama de uma recuperação W até a safra 2016/17, inclusive, está alicerçada na análise dos componentes e condicionantes da oferta canavieira no Brasil:

a) Componentes:- Clima respondendo por 50% da produtividade;- Variedades, Insumos e Operações Agrícolas pelos outros 50%.b) Condicionantes:Além dos macroaspectos como um processo de concentração voltando, crédito

difícil e endividamento, deve-se considerar outros fatores essenciais:- Planejamento / Área Cultivada / Idade Média do Canavial / Uso de Tecnologia

/ Mercado / Recursos Humanos / Peso da Mecanização / Ambientes de Produção / Preços / Peso da Cana Bis / Peso da Cana Plantio / Renovação do Canavial.

mais interessado em alguns “irmãos” latinos. Carregará, também, as culpas dos anos anteriores, especialmente este ano de 2014. Foi um ano terrível com-binando a avareza do céu, na forma de seca e as inacreditáveis barbeiragens das políticas públicas federais ao setor.

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No percurso do caminho canavieiro, terá a continuidade do percurso do longo vale, que já atravessa, caracterizados por uma curva “W” de oferta de produtos.

São esses os fatores que permitem, ao menos em clima normal, projetar para a safra 2015/16 uma posição de produção em ATRs inferior à safra 2014/15, assim como prospectar mais uma safra à frente nessas mesmas condições.

Como um país de ativos caros, ren-

da baixa e, no setor canavieiro, dívidas altas, as perspectivas na virada para um novo Governo estariam na recondução das políticas públicas anteriores (CIDE - Contribuição de Intervenção no Do-mínio Econômico, gasolina aos preços internacionais, leilões de biomassa energética a preços compensadores), no entanto enfrentando um necessário con-trole de inflação, na volta à meta, com crescimento deprimido e uma pressão da sociedade por dias melhores.

Entre questões claras, o processo de concentração setorial deverá voltar com força, tão logo fiquem claras e transpa-

rentes as ações de políticas públicas ou de intervenções de governo muito reduzidas. A manutenção do “status quo” eliminará investimentos e criará forte pressão por fechamentos de usinas e recuperações judiciais, num setor de endividamento elevado, em ano (2015) onde crédito será o oásis para poucos. A concentração é o oposto da expansão, no curto prazo; a fal-ta de crédito limita a expansão ou o reju-venescimento dos canaviais, implicando em menor produtividade; em ambiente de custos crescentes e preços de açúcar so-mente iniciando recuperação a partir do 2º semestre de 2015, vale olhar a fotogra-fia dos canaviais.

Base do processo e grosso modo, 70% dos custos dos produtos finais, o canavial brasileiro está deixando no seu aprendizado em mecanização, falhas e compactações; no endividamento, difi-culdades de uso de tecnologia via me-nor investimento, claramente pressio-nado pelas dificuldades de crédito. Para atrapalhar ainda mais, o clima seco de 2014 manda herança maldita para 2015, na forma de um canavial envelhecido e menos produtivo.

Mesmo com o retorno das políticas públicas essenciais à produtividade, as limitações da dita herança maldita ainda perdurarão por um tempo. O fato esperado é a manutenção, até 2017, por recuperação da oferta ao nível do que foi em 2013!

Essa moagem diverge radicalmente do que se viu na história mais recente do Brasil Pós-PROÁLCOOL (1ª grande fase de crescimento) e pós-carros flexíveis e preços elevados do petróleo (pós-2004). Naqueles períodos, o crescimento chegava nos dois dígitos anuais. Imaginar a recupe-ração do que foi a oferta em 2013, somente quatro anos depois, era algo impensável na citada segunda fase de crescimento.

As expectativas que se criam com o Brasil, nessa linha de oferta, são a de recuperação de fato dos preços do açúcar via mercado a partir de 2016 e, assim sendo, a tendência de uma safra bastante alcooleira em 2015/16.

Quem viver, verá!!

*Diretor da Canaplan Consultoria Técnica e Presidente da ABAG. RC

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Como está o nosso agro? Contra-riando a recuperação dos últimos me-ses, em setembro o desempenho das exportações do agro sofreu uma queda. As exportações (US$ 8,30 bilhões), se comparadas com o mesmo período de 2013 (US$ 8,96 bi), diminuíram 7,4%. O saldo na balança do agro de setembro foi de US$ 6,88 bi, uma queda de 9,4% em relação a setembro de 2013.

O valor exportado acumulado no ano (US$ 75,9 bilhões) teve queda de 2,7% quando comparado com o mesmo período de 2013 (US$ 78,0 bilhões). O saldo positivo acumulado no ano foi de US$ 63,2 bilhões (3,2% menor que o mesmo período em 2013). Se conti-nuarmos nesse ritmo, fecharemos 2014 com um montante de US$ 101 bi, atin-gindo a meta dos 100 bi, porém cabe ressaltar que o acumulado de janeiro--setembro de 2013 tivemos uma expor-tação de US$ 78,0 bi e fechamos 2013 com a cifra de US$ 99,9 bilhões.

Os demais produtos brasileiros fora do agro tiveram uma queda de 4,8% nas exportações (US$ 11,9 bi em 2013, para US$ 11,3 bi em 2014), o que levou a participação do agronegócio nas expor-tações brasileiras a alcançar 43%.

O saldo da balança comercial brasi-leira acumulado no ano teve uma boa recuperação em relação a setembro de 2013, saindo de um déficit de US$ -1,8 bilhão para um déficit de US$ 694 mi-lhões, mesmo com a recuperação a si-tuação é não a desejada. Se não fosse o agronegócio, a balança comercial brasi-leira teria um déficit de US$ 64 bilhões acumulados no ano, ou seja, mais uma vez o agro evitou um desastre maior na economia brasileira.

Como está nossa cana? Começam a pipocar as opiniões

sobre a safra 2015/16. Não são boas, por todo o sofrimento que aconteceu com a cana na seca de 2014. Como a rentabilidade ficou muito prejudicada, estima-se que produtores gastaram bem menos em insumos, e na renovação dos canaviais. A safra pode começar mais tarde também, para aproveitar o melhor momento da cana, mesmo que isto se traduza em mais ociosidade do parque agrícola.

A moagem em setembro decepcio-nou, somando quase 69 milhões de toneladas, 11% a menos que setembro de 2013, com produtividade 9% menor. Já o processamento acumulado desde o início da safra está praticamente igual a 2013, com 441,5 milhões de toneladas. Espera-se um total de 545 milhões de toneladas.

PECEGE mais uma vez aponta au-mento de custos de produção e queda de 8% na produtividade. É crise “pra mais de metro”.

Como estão as empresas do setor?Segundo a UNICA, a safra 14/15

deve render às empresas do setor R$ 70 bilhões e o endividamento ficar em R$ 77 bilhões, que corresponde a 110% do faturamento. Em 11 anos, a dívida cresceu 19 vezes. É estarrecedora a informação que 66 empresas, das 390 Usinas, estejam em recuperação judi-cial. Vale lembrar que 44 usinas já fo-ram fechadas, nos levando ao número tradicional de 435 unidades no Brasil.

Como está o açúcar?A Datagro estima que na safra

14/15 a produção mundial será de 170 milhões de toneladas e o consumo de 173,4 milhões. O Brasil deve produzir 35,7 milhões. Segundo a Datagro, os estoques caem de 45,6% para 42,8% do consumo total ao final da safra.

Existe um problema que se torna cada vez mais perigoso, o incêndio dos termi-nais com açúcar. Foram diversos casos nos últimos meses, devido aos maiores volumes de açúcar com menor umidade sendo comercializados. Tanto o VHP quando o VVHP oferecem mais riscos devido à nuvem que se forma com pó de açúcar e qualquer fagulha pode atrapa-lhar, além de serem mais leves. O mais recente destruiu o terminal TEAG, joint venture da Cargill e Biosev.

Este mês falou-se bastante também de riscos de intervenção do Governo em conteúdos de açúcar em muitos pro-dutos, o que seria uma ameaça ao setor.

Também problemas de caixa e ele-vado endividamento das usinas na Índia podem contribuir para acelerar o déficit esperado no mercado mundial de açú-car em 15/16.

Coluna Caipirinha

Marcos Fava Neves

CaipirinhaUma Seca como Nunca Antes Vista na História deste País

Revista Canavieiros - Setembro de 2014

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

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Como está o etanol?Temos que observar este movimento

de queda de preços do petróleo, motiva-do por uma menor taxa de crescimento da economia chinesa e apreensão com o crescimento mundial e por uma maior produção dos EUA. A demanda espera-da para o quarto trimestre, em consumo diário, é de 93,5 milhões de barris, e em julho foi de 93,9 milhões. O fator Estado Islâmico e seus riscos na oferta aparen-temente não está influindo no sentido de amenizar esta queda de preços. Qual será o comportamento da OPEP é uma pergunta de fundamental importância ao setor. Repercutiu estudo de um banco dizendo que a estes preços não é mais necessário um aumento do preço da ga-solina, apenas a volta da CIDE.

Porém, estima-se que desde 2011 (agosto), quando a paridade não foi mais respeitada, a Petrobras tenha perdido quase US$ 12 bilhões. Quando se soma isto às perdas pela CIDE ao etanol (quase US$ 10 bilhões) tem-se uma perda total de US$ 22 bilhões. Estima-se uma perda média de US$ 0,10/litro no período.

É grande a expectativa do mercado sobre o novo Governo e qual o comporta-

mento que será dado ao preço da gasolina. Tudo indica que a política de preços deve flutuar com o mercado internacional. A Petrobras importa cerca de 80 mil barris por dia de gasolina. Interessante que o pe-tróleo mais barato ajuda nas importações da empresa, mas mais do que prejudica na sua rentabilidade no Brasil. Enquan-to isto, o consumo de hidratado, desde o início da safra está agora 5% menor que ano passado até o final de setembro. Algo totalmente sem sentido, pois os preços fi-caram muito baixos todo este tempo para as usinas e caíram ainda mais. Mais uma vez observa-se o problema de distribui-ção do etanol e margens. Perdemos outra vez a chance este ano de interferir positi-vamente nos preços do açúcar com maior consumo de etanol no Brasil.

Em relação à infraestrutura, a boa notícia é que o etanol-duto, que já liga Ribeirão Preto a Paulínia, começa a operar experimentalmente ligando Ri-beirão até Uberaba. Uma obra que no total envolve R$ 7 bilhões e terá 1,3 mil km, podendo transportar 20 bilhões de capacidade por ano. Como costumo di-zer, basta São Paulo, Norte do Paraná e Minas Gerais para acertar toda a ques-tão do consumo de hidratado.

Quem é o homenageado do mês? A coluna Caipirinha todo mês home-

nageia uma pessoa. Neste mês a home-nagem vai para o amigo Alexandre Fi-gliolino, engenheiro agrônomo, grande estudioso e conhecedor do setor.

Haja Limão: o limão vai para a falta de chuva... Que coisa louca, nunca ha-via visto. A nossa sociedade elege neste domingo seu presidente. O leitor está vendo esta coluna após o resultado da eleição e terminei na terça que antece-deu ao domingo. Considero esta eleição a mais importante da nossa história, ex-tremamente equilibrada. Espero que, no momento desta leitura, a sociedade brasileira tenha optado pela mudança. Na minha visão se esgotou o modelo do PT para o Brasil. Mas se a sociedade não optou, que a atual Presidente faça o que prometeu. Vamos acreditar mais uma vez. Tenho a minha consciência tranquila, pois nesta eleição saí da mi-nha zona de conforto totalmente.

Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de

Ribeirão Preto. Em 2013 foi Profes-sor Visitante Internacional da Purdue

University (EUA) RC

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Cooperados e colaboradores da Copercana conhecem cadeia do amendoim nos EUA

Notícias Copercana

Dois colaboradores e cinco produtores de amendoim da Copercana integraram um

grupo de 30 pessoas que viajaram aos Estados Unidos, de 27 de setembro a 4 de outubro, para conhecer a tecnolo-gia aplicada na cultura. O destino foi o Estado da Georgia, responsável por metade da produção norte-americana de amendoim. Lá, os brasileiros visi-taram a universidade local, onde as-sistiram a palestras com professores de diversas áreas, entre elas novas va-riedades, irrigação e controle de pra-gas e doenças. Estiveram também em fazendas para ver de perto o sistema de plantio e colheita, e conheceram empresas de beneficiamento.

Os Estados Unidos produzem cerca de 2,5 milhões de toneladas de amen-doim por ano, dos quais 80% são des-tinados a consumo interno, sob a forma de confeitos ou pasta. Mesmo não sendo os maiores produtores mundiais – título

Igor Savenhago

que pertence a China, com 17 milhões de toneladas/ano –, são referência para os agricultores brasileiros por causa das avançadas técnicas de manejo, que pro-piciam alta produtividade e capacidade de armazenamento por até dois anos. Outro ponto que chamou a atenção da comitiva de cooperados foi que 80% da produção georgiana é irrigada, o que re-duz os riscos de falta de oferta.

A viagem foi patrocinada por duas empresas: MIAC Colombo e Syngen-ta. Para os próximos anos, a proposta é que mais agricultores conheçam o sistema. Segundo o gerente da Una-me - Unidade de Grãos da Copercana, Augusto César Strini Paixão, que fez parte do grupo, a experiência permitiu o contato com informações que podem ser muito bem aproveitadas no Brasil, onde são produzidas anualmente 300 mil toneladas de amendoim.

“Foi uma viagem proveitosa, tanto para os produtores como para a coo-perativa, pois pudemos conhecer os sistemas de recebimento, secagem e in-dustrialização do amendoim produzido, além de obter informações sobre mer-cado. Agradecemos, em nome da dire-toria da Copercana, à MIAC e à Syn-genta, pela ótima oportunidade criada”, afirma Paixão.

O engenheiro agrônomo da Coper-cana Edgard Matrangolo Jr., que tam-bém participou da comitiva, destacou a alta tecnologia adotada nas lavouras norte-americanas e a integração dos produtores com a Universidade da Ge-orgia, que, além de desenvolver pes-

Em viagem patrocinada pelas empresas MiaC Colombo e Syngenta, eles estiveram no Estado da Georgia, que responde por metade da produção norte-americana, onde assistiram a pales-

tras e visitaram fazendas e empresas de beneficiamento

Viagem do grupo ao Estado da Georgia foi patrocinada pelas empresas MIAC Colombo e Syngenta

Fazenda de amendoim no Estado da Georgia: altaprodutividade aliada a moderno sistema de logística

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quisas direcionadas às principais de-mandas das propriedades rurais, presta toda a assistência técnica necessária. “Outro fator relevante é que toda a es-trutura de produção – tratores, planta-deiras, pulverizadores, arrancadores e

colhedeiras –, é muito bem dimensio-nada para cada área de produção”.

Além de Matrangolo e de Paixão, representaram a Copercana Luiz Au-gusto Barbosa do Carmo, que planta

Grupo que representou a Copercana foi composto por sete pessoas: dois funcionários e cinco produtores

Empresas de beneficiamento garantem armazenamento do amendoim por até dois anos e oferta o ano todo

RC

amendoim em Tupaciguara - MG, e quatro produtores da região de Ri-beirão Preto: Roberto Rossetti, João Luiz Benedito Sanches, João Luiz Benedito Sanches Jr. e Alex Danilo Rodrigues.

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Copercana e Sicoob Cocred apoiam apresentações teatrais sobre cooperativismo

Notícias Copercana

Incentivar a cooperação por meio da arte. Foi com música clássica misturada a muito humor que as

crianças da Escola Municipal Elvira Arruda de Sousa, localizada no Jardim Alvorada, em Sertãozinho, SP, aprende-ram os benefícios da colaboração e da realização de ações coletivas nas tarefas cotidianas.

No dia 13 de outubro, em come-moração ao Dia das Crianças, os 360 alunos da escola, divididos em duas turmas – uma de manhã e outra à tarde – assistiram ao espetáculo teatral “Dois por Quatro”, da Companhia Esparrama, de São Paulo. As apresentações, que integram o projeto Mosaico na Estra-da, do Sescoop - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo, contaram com apoio da Copercana e da Sicoob Co-cred, que ofereceram a cada aluno uma sacolinha educativa, alusiva à preserva-ção do meio ambiente e que continha salgadinho, minibolo e refrigerante.

A peça, que tem duração de 50 mi-nutos, conta a saga de dois palhaços que disputam a regência de um quar-teto de cordas.

Igor Savenhago

O espetáculo “Dois por Quatro”, da companhia paulistana Esparrama, divertiu as crianças da Escola Municipal Elvira arruda de Sousa, em Sertãozinho, buscando despertar

para a importância de ações colaborativas

Ao longo de toda a história, a dupla discute sobre quem tem mais compe-tência para assumir o posto de maestro. Até que percebem que podem atuar em parceria e que, só assim, poderão garan-tir que a orquestra toque em harmonia.

No palco, os atores Kléber Brianez e Ranieri Guerra dão vida aos palhaços Nerdolino e Batatinha, respectivamen-te. Com bastante desenvoltura, intera-gem a todo tempo com a plateia, para alegria dos estudantes. “Em muitos lu-gares onde a gente se apresenta, algu-mas crianças nunca viram um palhaço de perto. Então, é uma grande responsa-bilidade. Você fala ‘nossa, que bom que está sendo legal, que bom que vai gerar um eco interessante’”, afirma Brianez.

Para Guerra, o Rani, como é carinho-samente conhecido no grupo, a magia do palhaço vai além da diversão. É um instrumento de conquista. “É um tipo de humor que anda cada vez mais sumido da televisão. A gente já não vê mais. O que a gente vê é um humor muito depre-ciativo, que é o rir do outro, do peque-no, do feio, do gordo, do sem dente. O palhaço não faz isso. Ele chama para si a inadequação e fala pra gente ‘olha só, como nós, seres humanos, somos assim. Simples e, muitas vezes, desajeitados’”.

As doses de humor da peça ajudam a tirar um pouco da seriedade do univer-so da música clássica. É o que acredita Wellington Oliveira, um dos membros da orquestra, formada pelos também músicos Manoela, Eliézer e Érica. “A proposta é essa: a gente tem um quar-teto de cordas, mas tem dois atores, que são palhaços, que entram um pouco mais no universo da criança, transfor-mando a situação numa brincadeira”.

A Companhia Esparrama é uma das 120 cadastradas pelo Sescoop-SP. Elas se revezam nas apresentações promovi-das em todo o Estado, que só neste ano de 2014 devem chegar a 83. O analista

Ranieri (esq.) e Kléber se preparam para dar vida aos palhaços Nerdolino e Batatinha

Quarteto de cordas faz os últimos ajustes do palco antes do início da peça

Wellington Oliveira, ao fundo, diz que humor insere peça no universo infantil

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de projetos culturais do serviço, Flávio Bassetti, explica que a proposta é ensi-nar de maneira descontraída. “O projeto Mosaico na Estrada foi feito justamente pra gente atingir o público infantil, falar um pouco sobre cooperação, sobre coo-perativismo, o que é cooperar, e para a criançada entender de uma forma mais lúdica, dinâmica, sem ficar aquela coisa meio pedante, que a gente faz em pales-tras”.

Tempo integralA Escola Elvira Arruda de Sousa

atende crianças do Ensino Fundamen-tal, sendo a única instituição de ensino municipal em Sertãozinho a funcionar em período integral. De manhã, os es-tudantes frequentam aulas regulares e, à tarde, participam de projetos, como alfabetização tecnológica, linguagens, produção textual, matemática lúdica, coral, fanfarra e cineclube.

A diretora Luciana Fernandes Am-brosio afirma que iniciativas culturais, como o teatro, agregam valor ao con-teúdo trabalhado em sala de aula. “Para

Personagens disputam quem deve assumir o posto de maestro da orquestra

Ao final da peça, os palhaços percebem que podem trabalhar em parceria

Batatinha se transforma em Madame Batata para tentar iludir Nerdolino

Espetáculo é interativo: a todo tempo abre espaço para a participação das crianças

RC

nós, é de extrema importância, porque é uma oportunidade que a escola oferece para as crianças da comunidade, para que elas tenham esse contato com a cul-tura”. Ela classifica como uma “aliança perfeita” a integração da música clás-sica com o humor. “A peça conseguiu trabalhar os conceitos de uma maneira agradável. As crianças aqui da escola têm aulas de musicalização e os palha-ços trouxeram vida a esse conteúdo. Foi perceptível como as crianças gostaram, como elas amaram”.

As palavras de Luciana são comprova-das pelas dos alunos Késia Cristina Jar-dim Soares e Jean Paulo, ambos de nove anos e que frequentam o 4º ano. A me-nina diz que sempre teve curiosidade em aprender música e que o teatro foi mais uma oportunidade. Já Jean declara que a maior lição está relacionada à conside-ração pelo próximo. “Você deve sempre fazer alguma coisa para ajudar, mas, antes disso, deve perguntar se a pessoa quer ou precisa de ajuda”. Sem dúvida, uma lição de que cooperar é, também, respeitar as vontades do outro.

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Copercana e Canaoeste participam da 14ª edição do Prêmio Personalidades em Destaque

No dia 25 de setembro aconteceu no espaço Seasons, em Sertão-zinho-SP, a 14ª edição do Prê-

mio Personalidades em Destaque que reconheceu e homenageou empreende-dores, reunindo executivos, empresas, organizações e personalidades locais que se destacaram em seus empreen-dimentos na indústria e no comércio nas categorias: nova geração de em-preendedores; geração que teve grande crescimento nos últimos anos e geração tradicional de empreendedores.

Na ocasião também receberam ho-menagens a ex-prefeita de Sertãozinho, Maria Neli Mussa Tonielo, representa-da pela sua filha Cláudia Tonielo e o presidente do Garevi, o pastor Vander-lei de Oliveira, por terem se destacado pelos trabalhos realizados pela cidade de Sertãozinho.

Estiveram presentes o presidente da Copercana e da Sicoob Cocred, Antô-nio Eduardo Tonielo, o presidente da Canaoeste e da Orplana, Manoel Orto-lan, o prefeito de Sertãozinho, José Al-berto Gimenez, o presidente da Câmara Municipal de Sertãozinho, Rogério Ma-grini dos Santos, o presidente do CEI-SE Br, Antonio Eduardo Tonielo Filho,

Fernanda Clariano

antônio Eduardo Tonielo e Manoel Ortolan foram homenageados

o presidente da ACIS (Associação Co-mercial e Industrial de Sertãozinho), Geraldo José Zanadrea, o presidente do Grupo Amarelinha, Antônio de Lima Silva, vereadores e empreendedores.

Paraninfo no evento, Antonio Edu-ardo Tonielo discursou sobre a impor-tância do evento e falou com confiança sobre uma possível mudança no setor que vem atravessando um momento difícil. “É uma grande satisfação po-der participar como paraninfo neste evento e poder entregar essa honra-ria aos empresários do futuro. Vejo a nova geração de empreendedores com muita alegria e sei que eles irão con-tribuir muito, pois o Brasil não pode parar. Estamos atravessando uma fase difícil, muito complicada, mas tenho certeza que o povo de Sertãozinho é um povo que acredita, que enfrenta as dificuldades. Sei que estas dificuldades estão chegando ao fim. Já está na hora

de vermos uma melhora porque o nos-so setor vem sendo muito sacrificado. Temos as eleições aí e qualquer resul-tado que aconteça, qualquer um que for escolhido para exercer o Governo, precisa pensar na situação das nossas empresas, não é apenas a indústria sucroalcooleira, as indústrias de um modo geral no País estão atravessando uma fase difícil. Por isso temos que ter confiança e eu acredito que chegou a hora de começarmos a fazer as coisas funcionarem, porque acredito que che-gou a hora da virada”, disse Tonielo.

Na oportunidade, o anfitrião e jorna-lista Alex Ramos foi agraciado com o título de cidadão Sertanezino.

O evento também serviu de palco para o anúncio da volta da empresa ZA-NINI à cidade e contou com a presença do presidente Dario Gaeta e de repre-sentantes da diretoria.

14ª edição do Prêmio Personalidades em Destaque que reconheceu e homenageou empreendedores

Antonio Eduardo Tonielo e Manoel Ortolan também receberam homenagem

Maria Neli Mussa Tonielo, ex-prefeita de Sertãozinho, recebeu homenagem e foi representada

pela sua filha Cláudia Tonielo RC

Notícias Copercana

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Copercana realiza a VIII Reunião Técnica do Projeto Amendoim

No dia 17 de setembro, a Uname (Unidade de Grãos da Coper-cana), realizou no auditório da

Canaoeste em Sertãozinho – SP, a VIII Reunião Técnica do Projeto Amendoim e reuniu diretores da cooperativa, pro-dutores, cooperados, equipes técnicas e as empresas Syngenta e Chemtura Agro Solutions.

A reunião foi coordenada pelo ge-rente da Uname, Augusto César Strini Paixão. “Estamos praticamente inician-do o plantio do amendoim e realizamos essa reunião porque toda a informação se faz importante neste momento. Ire-mos abordar desde o início do plantio, a compra e disponibilidade da semente, novas tecnologias, área de plantio, pre-ços, enfim, todas as informações que o produtor necessita”, disse Paixão.

O gerente da Unidade de Grãos ainda falou sobre expectativas para a produ-ção do amendoim. Tivemos uma queda muito grande na produção de amen-doim, esperávamos uma safra com 2,5 milhões de sacas e acabamos colhendo 1,8 milhão, perdemos em torno de 27% da produção esperada. Para este ano resta a nós esquecermos, porque foi um ano ruim, os preços não estão compen-sando a queda da produção. Esperamos que para o próximo ano a gente consiga recuperar este ano de 2014 e a expecta-tiva é bem melhor. Estamos buscando novos mercados que valorizem mais o nosso produto para 2015”.

Presente no evento, o presidente da Copercana e da Sicoob Cocred, Anto-nio Eduardo Tonielo, em sua explana-ção pontuou a seca como um dos prin-cipais fatores para a perda da qualidade da produção. “Este ano não vai nos dei-xar muita saudade, pois além de uma colheita problemática, com sol e seca,

Fernanda Clariano

Profissionais da área de amendoim apresentaram números e trocaram informações com produtores durante a reunião

tivemos ainda problemas com preço e qualidade. Quando se tem qualidade ruim, o preço consequentemente é ruim e o mercado também acaba sendo ruim. Mas isso não está acontecendo apenas com o amendoim, estamos enfrentando problemas com o açúcar. Com a seca, todo mundo achou que o açúcar iria disparar e ele despencou, por isso pre-cisamos ficar atentos e trabalhar com muita cautela, pois não temos nenhuma segurança governamental, diferente de outros países”, afirmou Tonielo.

As estratégias de manejo de aduba-ção para a cultura do amendoim foram apresentadas pelo engenheiro agrô-nomo e pesquisador da Apta Regional Ribeirão Preto, Dr. Denizart Bolonhe-zi, que abordou uma análise crítica dos caminhos necessários para o planeja-mento da adubação de amendoim no contexto da cana crua. “Nos últimos 20 anos, o amendoim passou por duas fa-ses de mudanças drásticas. A primeira, com a introdução de cultivares rasteiros e a mecanização completa da lavoura e, a segunda, uma preocupação grande no processamento e na recepção des-se produto. Nesse avanço tecnológico,

percebemos que a preocupação com a fertilização, com os programas de nu-trição e adubação do amendoim ficaram um tanto quanto paralisados ou desa-tualizados. O que tento passar aos pro-dutores é que o planejamento da adu-bação do amendoim tem que estar em consonância com a realidade da cultura hoje. As tabelas de adubação, todas as programações de práticas visando à fer-tilização do amendoim, foram geradas numa época em que se cultivava genó-tipos de porte ereto e de ciclo precoce, patamares de produtividade bem infe-riores aos que se obtêm hoje. Por isso,

Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana e da Sicoob Cocred, fez a abertura do evento

Augusto César Strini Paixão,gerente da Uname

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há necessidade de se ajustar uma pro-posta de planejamento de nutrição para o amendoim adequada com o potencial produtivo dos cultivares rasteiros hoje. Nessa reunião, pretendo levá-los a pen-sar em como fazer um planejamento de adubação correto, mostrar a importân-cia de se preocuparem com os aspectos nutricionais no contexto do amendoim em reforma de cana crua, que isso im-plica tanto na eficiência da prática da calagem, da fosfatagem e da aplicação de gesso”, pontuou Bolonhezi.

No espaço técnico, empresas par-ceiras apresentaram seus produtos que estão disponíveis no mercado para a cultura do amendoim. A Syngenta, atra-vés do representante técnico de vendas, Edemilson Marzochin, apresentou o Elatus, um produto lançado este ano para a cultura da soja e que já foi regis-trado para a cultura do amendoim e a Chentura Agro Solutions, representada pelo técnico de vendas, Ricardo Fonse-ca Lindenberg, trouxe os produtos Vita-vax e Dimilin 80 WG.

O professor coordenador do PPG em Agronomia (produção vegetal) FCAV/UNESP – Jaboticabal – Departamento de Engenharia Rural, dr. Rouverson Pe-reira da Silva, fez uma apresentação so-bre Inovações Tecnológicas na Colheita Mecanizada do Amendoim e, de acordo com ele, a inovação tecnológica é fun-damental para que o produtor possa se manter firme nos seus negócios tendo ganhos positivos. “Quem não entrar nessa nova era da inovação tecnológica vai ficar perdido, vai sair do mercado. A agricultura de precisão entra no pacote

de inovações tecnológicas, pois permite que o produtor tenha um ganho maior, possa gerenciar melhor a sua proprieda-de e racionalizar melhor o uso dos in-sumos e essa é a grande vantagem. Ra-cionalizando os insumos, ele (produtor) consegue aumentar a eficiência tanto de aplicação como de rendimento das máquinas. Isso vai resultar em ganhos positivos - em lucros, fazendo com que produtor possa vir a ter uma rentabili-dade maior”, disse Silva.

As análises de mercado mundial fo-ram abordadas pelo gerente administra-tivo financeiro da CAP Agroindustrial, Luis Eduardo Godoy, que apresentou um histórico da produção, analisando dados de 2005 até a estimativa de 2014, em relação à área, produção, produti-vidade, além dos principais mercados como Europa e China e as perspectivas futuras para o mercado brasileiro de amendoim. “Para este ano temos uma perspectiva de aumento principalmen-te da produção americana na faixa de 19%. E da Argentina na faixa de 22%. Teoricamente este será um ano de gran-de volume no mercado internacional de amendoim”, afirmou Godoy.

Eduardo Cândido Marçal, do de-partamento comercial da CAP Agroin-dustrial, fez uma análise de mercado interno, onde explanou a importância do amendoim, o espaço que ele vem ganhando e a participação da Coperca-na nesse mercado. Além disso, Eduardo também abordou preço e perspectivas para o futuro, onde afirmou que “atu-almente os preços estão baixos com a perspectiva de um aumento no mês de setembro para frente”.

A engenheira agrônoma Nádia Strini Paixão Batista discorreu sobre o ren-dimento de amendoim e o que isso in-fluencia. “Devido à seca no campo, o grão não granou e tivemos uma queda de grãos graúdos de aproximadamente duas mil toneladas nesta safra, e esses grãos refletem no valor agregado maior no mercado. Com isso deixamos de fa-turar. Além disso, os grãos estão mais miúdos e não temos um produto na in-dústria que é a “banda”, resultante da quebra do grão graúdo. Para o ano que

Dr. Denizart Bolonhezi, engenheiro agrônomo e pesquisador da

Apta Regional Ribeirão Preto

vem, como estamos com um déficit de produção, esperamos que a safra seja melhor para que possamos suprir essa falta de produtividade que tivemos este ano”, afirmou Nádia.

O pesquisador do IAC – na área de melhoramento genético do amen-doim, dr. Ignácio José de Godoy, e produtores da região marcaram pre-sença no encontro.

“A interação das empresas com os produtores precisa ser frequente. O dia a dia mostra que há a necessidade de reciclagem, de treinamentos e, em mui-tos casos, isso não existe. Essa reunião técnica que a Copercana realiza é uma iniciativa excelente e com certeza man-tém o produtor bem informado, enfim, reciclado. Eu acredito que a informação é a base, o produtor também é um pro-fissional, e precisa estar bem informado quando vai à roça fazer o seu plantio. Este ano, em função do clima que es-tamos vivendo com a estiagem prolon-gada, é difícil falar das expectativas em relação à cultura do amendoim, mas se for fazer uma análise de mercado, ele é bastante favorável para o amendoim. Eu tenho a impressão que o que esta-mos passando em termos de prejuízo para essa safra tem que ser encarado como fato temporário, isso vai ser com certeza superado nos próximos anos”, disse, com otimismo, Godoy.

“Sempre participo e acho que esses encontros são importantes porque te-mos a oportunidade de adquirir novas experiências e podemos colocá-las em prática a cada safra. Além disso, o que aprendemos sempre contribui para me-lhorarmos nossa produtividade e tam-bém o poder aquisitivo”, disse João Paulo Cestari, produtor de Barretos

“É muito bom poder estar presente e ficar por dentro das coisas que es-tão acontecendo na cultura do amen-doim. Estamos passando por algumas dificuldades na parte da lavoura, mas esses encontros são bons para poder-mos saber o que fazer para melhorar a produtividade e como trabalhar a lavoura”, afirmou Marcelo Lucenti, produtor de Ibitiúva RC

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Manoel Ortolan participa de homenagens na 57ª Semana “Luiz de Queiroz”

Notícias Canaoeste

Assessoria de Comunicação da Canaoeste

Na ocasião, o presidente da Canaoeste e Orplana recebeu um quadro alusivo a Medalha “Fernando Costa” na área de Cooperativismo

No dia 11 de outubro, o presi-dente da Canaoeste e Orplana, Manoel Ortolan, participou

da Sessão Solene de Encerramento da 57ª Semana “Luiz de Queiroz”, reali-zada na USP-ESALQ, em Piracicaba. Na ocasião foram homenageados ex--alunos das turmas quinquenais de En-genharia Agronômica, Engenharia Flo-restal, Economia Doméstica, Ciências dos Alimentos, Ciências Biológicas, Ciências Econômicas e Gestão Am-biental. Comemoram seu ano jubilar de formatura as turmas de 1936-1940-1944-1949-1954-1959-1964-1969-1974-1979-1984-1989-1994-1999-2004-2009.

Integraram a mesa de autoridades a secretária de Agricultura e Abasteci-mento do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi, o deputado federal An-tonio Carlos Mendes Thame, o diretor da ESALQ, José Vicente Caixeta Filho, e o ex-aluno mais velho da instituição, engenheiro agrônomo Fernando Pente-ado Cardoso, da turma de 1936.

Também foram homenageados com uma placa pelos aniversários a AN-DEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal) pelos 40 anos; SPG (Serviço de Pós-Graduação) da ESALQ pelos 50 anos; ainda pelos 50 anos serão ho-menageadas as repúblicas Arado, Gato Preto e Poko Loko; AEASP (Associa-ção dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo) pelos 70 anos; CREA-SP (Conselho Regional de En-genharia e Agronomia do Estado de São Paulo) pelos 80 anos; USP (Uni-versidade de São Paulo) pelos 80 anos; SRB (Sociedade Rural Brasileira) pe-los 95 anos; revista Scientia Agríco-la pelos 70 anos; o ex-aluno Fernan-do Penteado Cardoso pelos seus 100 anos de idade e 78 anos de formatura; CALQ” (Centro Acadêmico “Luiz de Queiroz) pelos 105 anos.

Em 17 de setembro de 2014, a AEASP (Associação dos Engenheiros Agrôno-mos do Estado de São Paulo) divulgou a lista de engenheiros agrônomos que serão homenageados durante a 43ª Edição da Deusa Ceres. Entre aqueles que recebe-rão o Prêmio Deusa Ceres, em abril de 2015, encontram-se egressos da ESALQ. São eles Luiz Carlos Sayão Ferreira Lima (engenheiro agrônomo do Ano), Sylmar Denucci (Medalha “Fernando Costa” - área de assistência técnica e extensão rural), Manoel Ortolan (Medalha “Fer-nando Costa” - área de cooperativismo), Sinval Silveira Neto (Medalha “Fernando Costa” - área de ensino) e José Osmar Lo-renzi (Medalha “Fernando Costa” - área de pesquisa). Pelo fato desses egressos serem selecionados para receberem os prêmios instituídos pela AEASP, todos foram homenageados durante a cerimô-nia de congraçamento da 57ª Semana Luiz de Queiroz.

Os pesquisadores que foram agra-ciados com o Prêmio Fundação Bunge 2014 em Ciências Agrárias e Artes, em 22 de setembro de 2014, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, também foram homenageados. São eles Hiroshi Noda (Vida e Obra) e Fernando Dini Andreote (Juventude).

O diretor da ESALQ, José Vicente Caixeta Filho, ressaltou que o dia era de festa, de memórias e de uma série de justas homenagens. “É um momento de congraçamento que envolve gerações diversas e tenho certeza que o exem-plo dos mais sêniores é inspiração para a nossa geração, que busca contribuir para ambientes cada vez mais sustentá-veis”, disse.

O presidente da Adealq (Associação dos Ex-alunos da ESALQ), Antony Hil-grove Monti Sewell, agradeceu a pre-sença de todos os ex-alunos representa-dos pela associação.

A secretária Mônika Bergamaschi, honorária da turma de formandos de 1965, transmitiu mensagem do gover-nador Geraldo Alckmin, que se orgulha da ESALQ. Agradeceu pela parceria e pela acolhida. Desde 1996, o gabinete da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento é transferido à insti-tuição durante a Semana Luiz de Quei-roz. “O setor continua fazendo a dife-rença no crescimento do país, graças ao trabalho de cada um que aqui está, cada um que nos representa Brasil afo-ra”, afirmou.

Centenário, o engenheiro agrônomo Fernando Penteado Cardoso afirmou ser um privilegiado por poder comemo-rar 78 anos da formatura e participar, todos os anos, da Semana Luiz de Quei-roz. Apresentou, com orgulho, números que mostram a grandiosidade do agro-negócio brasileiro, “possível graças aos feitos dos produtores, com agrônomos e população”.

Mendes Thame, deputado federal, fez a entrega da homenagem ao Manoel Ortolan

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Balancete Mensal - (prazos segregados)Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do

Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados)- Agosto/2014 - “valores em milhares de reais” - Setembro/2014 - “valores em milhares de reais”

Notícias Sicoob Cocred

Sertãozinho/SP, 31 de Agosto de 2014.

Sertãozinho/SP, 30 de Setembro de 2014

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30Reportagem de Capa

Como dizia Aberlado Barbosa, o Chacrinha, quem não se comu-nica se estrumbica. Mais de três

décadas depois, o jargão usado pelo velho guerreiro ainda continua atual. Afinal, a boa comunicação é essencial em qualquer fase da vida, seja ela pessoal ou empresa-rial. Atento a este princípio, a Canaoeste vem investindo em sua comunicação, buscando, assim, levar aos seus colabora-dores e associados e aos interessados no agronegócio informações que permeiam a cadeia produtiva da cana-de-açúcar.

Prova desse empenho, em contribuir

com a disseminação de conteúdo re-levante, é que a entidade junto com a Copercana e Sicoob Cocred comemora neste mês a centésima edição da Re-vista Canavieiros. Criada há oito anos para preencher uma lacuna no acesso ao conhecimento setorial, a revista tem ti-ragem mensal de 21 mil e 500 exempla-res e abrange mais de 60 cidades, tendo como os maiores focos de distribuição o Estado de São Paulo - região de Ri-beirão Preto - e Minas Gerais, onde as filiais do sistema estão instaladas. Com

Implantação da tevê corporativa e centésima edição da revista marcam uma nova fase do Departamento de Comunicação da Canaoeste

Andréia Vital

Canaoeste lança TV e comemora 100ª edição da Canavieiros

um público-alvo selecionado, como produtores rurais, empresas e profissio-nais ligados ao setor sucroenergético, a revista é distribuída gratuitamente para todos os associados e cooperados, todas as destilarias e usinas, além de empre-sas e profissionais ligados ao setor que se cadastram no seu site.

“Percebemos a necessidade de se ter uma ferramenta que atendesse à carência

de informação de nossos associados, ao mesmo tempo, essa demanda existia com relação ao nosso próprio colaborador. As-sim nasceu a Revista Canavieiros como também o Informativo da Canaoeste e o Cred Notícias (informativo direcionado aos colaboradores), para atender a essa lacuna”, explica a gestora de comuni-cação da Canaoeste e Copercana, Carla Rossini, ressaltando que é um orgulho chegar à centésima edição, lembrando

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que o caminho trilhado até aqui foi ár-duo, mas gratificante. “Como tudo evo-lui, agora partimos para um novo desafio, o da implantação da TV Canaoeste, que chega num momento especial, justamente quando comemoramos um marco da Ca-navieiros”, constata a jornalista.

Para o presidente da Canaoeste, Ma-noel Ortolan, a TV corporativa é muito importante, porque agiliza e facilita a comunicação com os produtores, quer sejam da Copercana, da Canaoeste ou da Cooperativa de Crédito. “Com a nova fer-ramenta nós vamos poder veicular mais informações, nos aproximando mais dos interesses e das necessidades dos pro-dutores, pois vamos procurar concentrar nesta TV assuntos que possam ser de interesse de todos, não só notícias, mas também informações sobre cotações, economia, legislação e desenvolvimento de tecnologia”, conta Ortolan, lembrando que nos dias atuais, a velocidade com que essas informações chegam aos associados é essencial. “Nós estamos tendo o maior cuidado para estruturar de uma maneira eficiente, a TV Canaoeste para que ela cumpra com seu papel e perpetue. Há uma organização por trás disso, tem um investimento, então estamos procurando da melhor forma possível iniciar este tra-balho e eu acredito muito neste projeto, que só tende a crescer”.

De acordo com Ortolan, a nova fer-ramenta também ajudará a difundir o conhecimento sobre o setor sucroener-gético. “Embora seja um veículo restrito de um segmento, eu acredito que a tevê possa contribuir para a disseminação de informações, como, por exemplo, as

vantagens do etanol, o desenvolvimento de emprego e de renda que o setor pro-porciona, etc. Além disso, as matérias poderão ser acessadas em nossos sites, facebook, twitter e youtube, então eu acho que vamos conseguir ter um alcan-ce maior em função dessa novidade que é a TV Canaoeste”, disse entusiasmado.

Já sobre a Canavieiros, o presidente da Canaoeste é enfático ao afirmar que a revista representa muito para o setor e é muito útil ao associado, já que o dei-xa a par do que acontece no segmento. “Nós já tivemos várias iniciativas frus-tradas que começam e param por falta de equipe e de organização, e o nosso Departamento de Comunicação veio se estruturando ao longo do tempo, se organizando melhor e está fazendo um bom trabalho”, disse ele, argumentando que a centésima edição da revista é uma prova disso. “Este departamento está

consolidado, a nossa revista está conso-lidada, mas não é só a revista, existem os boletins internos, e é neste sentido, de crescer, de melhorar que nasceu a ideia da TV Canaoeste, que eu espero que tenha o mesmo sucesso da Revis-ta Canavieiros e, como tal, se consoli-de como um instrumento útil ao nosso associado”, alegou, concluindo “É um passo importante, arrojado que a Cana-oeste está tomando, mas estamos fazen-do isso conscientes de que existe um departamento hoje que trabalha de uma maneira forte para que as coisas cami-nhem bem na área de comunicação”.

De acordo com o professor titular de planejamento estratégico e cadeias alimentares da FEA-RP/USP, Marcos Fava Neves, uma política de comunica-ção bem planejada é muito importante para o setor sucroenergético. “É fun-damental, pois com isso os produtores ficam antenados no que está acontecen-do, podem melhorar suas decisões es-tratégicas e operacionais. É mais uma fonte para ajudar nas ações coletivas entre os produtores, tão necessárias para a retomada do setor”.

Neves é colunista da Canavieiros e traz todos os meses, na coluna Caipiri-nha, os principais fatos econômicos que cercam o segmento canavieiro. Para ele, a chegada do veículo na centésima edição é motivo de orgulho. “A Revista Canaviei-ros se consolida como uma das principais fontes de informação e reflexão sobre o setor de cana no Brasil, cumprindo uma função econômica, ambiental e social”.

Entrevista com Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste para a TV durante a Fenasucro 2014

Investindo na comunicaçãoAo fazer o balanço sobre os oito

anos da Canavieiros, o assessor das diretorias do Sistema, Manoel Sérgio Sicchieri, enfatiza que a revista cum-priu seu papel ao levar o conhecimento e aproximar as entidades e seus públi-cos-alvos. “A revista passou a ser refe-rência, tanto que cresceu muito nestes últimos anos”.

Sicchieri destaca também a impor-tância de se ter um departamento tão atuante, que pode contribuir para o de-senvolvimento da empresa. Portanto, nada mais natural do que se investir em novas ferramentas de comunicação, Manoel Sérgio Sicchieri,

assessor das diretorias

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como a TV Canaoeste, afinal, lembra ele, as pesquisas mostram que as pes-soas retêm 70% das informações que veem contra 30% do que ouvem e re-gistram 20% das mensagens escritas divulgadas em meios impressos.

De acordo com o superintendente da Canaoeste, Luiz Carlos Tasso Júnior, o projeto da TV Canaoeste vem sendo trabalhado há cerca de um ano e meio. “A TV Canaoeste está nascendo com o propósito de levar informação através de novas tecnologias aos nossos associados, além disso, transparecer de uma maneira muito clara e objetiva o que a associa-ção tem feito pelo associado. Isso num primeiro momento, na segunda etapa, queremos a expansão dessa tevê, com mais conteúdo, desmistificando infor-mações sobre o meio sucroenergético e também para contribuir para que o nosso associado mais produtivo, competitivo, ajudando-o a aumentar a sua produtivi-dade e sobrevivência neste mercado da cana-de-açúcar”, disse Tasso.

Inicialmente o canal vem apresen-tando matérias sobre o dia-a-dia do Sistema Copercana, Canaoeste e Si-coob Cocred. “No caso da Canaoeste, mostrando a extensão rural, atuação dos nossos agrônomos e como o associado pode buscar informações. Já sobre a Copercana, a programação traz a cober-tura de feiras e eventos realizados pela cooperativa. No caso do Sicoob Cocred, a tevê vai apresentar a gama de produ-tos oferecidos dentro da cooperativa de crédito, como formas de aplicação, o LCA, a poupança, entrevistas com nos-

sos gerentes, com gerentes de contas, a apresentação dos custeios agrícolas, do crédito rural, do investimento, enfim, a gama de produtos que a gente oferece ao nosso associado e cooperado”, expli-cou o superintendente.

Na primeira fase, a TV corporativa estará em 14 filiais da Canaoeste. O projeto tem recurso inicial de R$ 30 mil, que é destinado à adaptação do Departamento de Comunicação para a compra de equipamentos e treinamento de equipe. “Estamos dando oportunida-de aos nossos colaboradores, de fazerem treinamentos, curso e, assim, nós mes-mos, de maneira caseira, mas com pro-fissionais de excelência, estamos fazen-do toda a parte de gravação, entrevistas, edição e apresentação e é lógico que isso não nascerá de um dia para o outro, mas contamos com suporte de uma equipe especializada que nos dá uma assistên-cia e treinamento”, diz o superintenden-te, explicando que a Canaoeste já conta com jornalistas que dividem funções para o sucesso do projeto. Atualmente, a equipe de comunicação é formada por jornalistas com experiência no agrone-gócio, como Andréia Vital, Carla Ro-drigues, Fernanda Clariano e Igor Sa-venhago, pelo fotógrafo, diagramador e futuro cinegrafista Rafael Mermejo e comercial, Marília Palaveri. Também conta com a expertise da empresa Ví-deo Ativo, com o cinegrafista Breno

A visualização dos meios de comu-nicação do Sistema ganha cada vez mais espaço. Para se ter uma ideia, as visitas mensais no site da Copercana chegam a 10 mil; as da Canavieiros a 8.500 e as da Canaoeste a 4.300 por mês. Já o facebook, na semana de 17 a 23 de outubro, alcançou mais de 11 mil pessoas, tendo atualmente sete mil curtidas na página da revista, sendo destes 1.200 conquistadas neste perío-do, significando 22,7% a mais do que na semana anterior. “A possibilidade de se comunicar com diversas pessoas, em

diferentes locais, em tempo real, é uma realidade que não pode ser desprezada, afinal as mídias sociais fazem a cabeça de diversas gerações”, explica Carla. “Foi um caminho natural a ser trilhado pelo departamento neste sentido de se investir também na comunicação on--line, com cobertura de eventos e in-serção de notícias nos sites, oferecendo aos nossos leitores um flash do que eles poderão ler em nossa revista”, conta a jornalista, afirmando que esse acesso deverá ser ampliado com a expansão da TV Canaoeste.

Luiz Carlos Tasso Júnior, superintendente da Canaoeste

José Eduardo de Melo Wiezel, produtor de cana-de-açúcar

Eduardo de Araújo e da revisora de tex-tos, Lueli Vedovato, todos coordenados pela jornalista Carla Rossini.

A iniciativa já tem recebido elo-gios e foi aprovada por José Eduardo de Melo Wiezel, produtor de cana-de--açúcar da região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. “A TV corpora-tiva possibilitará uma maior interação com as pessoas, além de conteúdos relevantes que agregarão novidades e conhecimentos aos telespectadores”, afirmou Wiezel, contando que é assí-duo leitor da Canavieiros, considerada uma fonte de pesquisa e de conheci-mento sobre o setor sucroenergético.

Presença na mídia cresce a cada dia

Reportagem de Capa

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Para o coordenador de Comunica-ção e Marketing da UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), Rogério Mian, a TV corporativa se soma a ou-tras importantes ferramentas de comu-nicação, que visam diminuir a lacuna entre as corporações e seus públicos. Mian coordena a TV UDOP conside-rada a primeira emissora de Web TV do setor sucroenergético, criada para difundir a bioenergia. “A TV UDOP foi fundada em novembro de 2006, portanto, completa neste ano 8 anos de fundação. Sua programação contem-pla matérias pontuais sobre eventos e assuntos do interesse do setor da bio-energia; bem como o Quadro Profis-sões, que mostra quais são as funções existentes no setor da bioenergia e as pessoas que fazem deste setor referên-cia no Brasil e no mundo; e também as séries especiais, chamadas webséries, com reportagens aprofundadas sobre diversos temas, como a crise do setor,

Marcos Fava Neves durante entrevista para a TV UDOP na Fenasucro 2014

Exemplos bem-sucedidos TV Corporativa éuma tendência

Para Angelo Sartre, jornalista, espe-cializado em marketing e com mestrado em sociologia, com ampla experiência em comunicação organizacional, as or-ganizações estão reinventando a comu-nicação interna na busca de engajamen-to e produtividade. “Esse novo cenário é uma consequência das mudanças do mercado (avanço da tecnologia), mu-dança no perfil dos profissionais (gera-ção “Y”) e, até mesmo, no processo de comunicação em rede”.

De acordo com ele, as formas tradi-cionais de comunicação não se esgota-ram, mas o processo de comunicação está com novos nichos e exige diferen-tes estratégias em busca da conquista do público-alvo. “Assim, o ambiente corporativo segue a mesma dinâmi-ca e precisa se adequar ao novo perfil do público interno”. Sartre é também pesquisador na área de comunicação corporativa e organizacional, além de acompanhar os processos de instalação de canais corporativos como a webrá-dio do Hospital do Câncer de Barretos e a TV Corporativa da Concessionária de Rodovias Viapar (Paraná).

O jornalista acredita que a TV cor-porativa é uma estratégia que está se consolidando e a tendência é ganhar mais força nos próximos anos. “Atu-almente, temos grandes exemplos de sucesso como a “TV Luiza”, criada em dezembro de 2005, “TV Sabó”, “TV Ambev”, criada em 1998, ou a “TV do Hospital Santa Catarina”, de São Paulo que foi uma das pioneiras nesse segmento”, exemplifica o jornalista, acrescentando que atualmente estima--se que existam mais de 500 empresas com TV ou rádio corporativa. “A pers-pectiva é que esses canais tenham um crescimento, médio, de 20% ao ano, o que representa duplicar esse volume no período de cinco anos”.

De acordo com o especialista, a TV

Corporativa é um canal de comunica-ção importante na estratégia de comu-nicação segmentada, mas é preciso ter um planejamento adequado para que o

a bioeletricidade e a segunda geração do etanol”, conta o jornalista.

O projeto trouxe muitos benefícios para a entidade, afirma Mian. “Atra-vés da TV UDOP, a Agência UDOP de Notícias agregou valor a seu conteúdo e atingiu novo público cativo, que tem promovido nossos vídeos a recordes sucessivos de visualizações, o que traz inúmeros benefícios ao setor, dentro do propósito da UDOP de trabalhar a imagem institucional do setor da bioe-nergia”. Mas para chegar ao que é hoje, foi preciso superar diversos obstáculos. “Podemos enumerar vários desafios, dentre eles o de criar um público para vídeos na internet, uma vez que em 2006 as usinas, nosso principal público--alvo, tinham sérias restrições sobre a veiculação de vídeos em suas redes, o que representou um dos grandes para-digmas a serem rompidos”, diz.

Segundo o jornalista, até hoje en-frentam desafios diários para criar ma-terial jornalístico que chame a atenção dos seus expectadores e promovam a difusão das ideias e conceitos sobre o setor sucroenergético. “Queremos mos-trar para nosso público interno e para a sociedade quais são os propósitos e a contribuição de nosso segmento, traba-lho árduo se considerarmos os séculos de passivo ambiental e social de nosso setor, que hoje prima pela sustentabili-dade do negócio”.

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34Reportagem de Capa

conteúdo desperte o interesse do públi-co e alcance os objetivos da empresa. Tem como vantagem a proximidade e a fácil identificação, já que se trata de um conteúdo exclusivo e direcionado aos interesses do público-alvo. “A des-vantagem é o custo de implantação e manutenção, o que depende muito do projeto e do uso do canal de comuni-cação. No entanto, algumas empresas deixam de investir por não ter uma

visão do resultado intangível desse processo de comunicação”, diz Sartre, ressaltando que quando se consegue implantar uma política de comunica-ção eficiente, as despesas com a im-plantação passam a ser um investimen-to estratégico de relevância.

Sobre o lançamento da TV corpo-

rativa da Canaoeste, o especialista as-segura “Considerando a tradição e o

histórico da Canaoeste e Copercana, tenho certeza que a TV corporativa será uma ferramenta excelente, já que as entidades terão como interagir com os associados e produzir conteúdo exclusivo que atendam aos interesses dos produtores”, diz ele, lembran-do que a dinâmica de uma televisão permite o acesso rápido e com uma velocidade maior do que os veículos tradicionais como, por exemplo, as produções impressas. “No setor agrí-cola de nossa região, tenho certeza que a TV corporativa da Canaoeste e Copercana será uma ação de referên-cia para outras empresas e entidades do agronegócio e um ganho muito re-levante para os associados”.

Opinião compartilhada com o jorna-lista André Rezende, diretor do Núcleo da Notícia Comunicação Corporativa e especialista em planejamento, implan-tação e gestão de conteúdo informativo em produções de TV corporativa. “É uma excelente iniciativa da Canaoeste, que vai ampliar seus canais de comu-nicação. Uma instituição que busca a melhoria de suas relações por meio da comunicação com certeza, aumenta sua produtividade, mantém seu capital humano engajado e agrega ainda mais valor à sociedade”.

Angelo Sartre, jornalista, especializado em marketing e com mestrado em sociologia

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36Destaque I

Setor discute aumento da produção de bioeletricidade com uso da palha

Alternativas para aumentar a produção de energia elétrica a partir da cana-de-açúcar estive-

ram em debate no IV Seminário de Bio-eletricidade promovido pelo CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Se-tor Sucroenergético e Biocombustíveis) e pela UNICA – (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), no Centro Empresa-rial Zanini, em Sertãzinho, no último dia 9 de outubro. Um dos destaques foi a necessidade de adaptações nos equipamentos para que as usinas apro-veitem, principalmente, o potencial da palha da cana como combustível, que, misturada ao bagaço, pode alavancar a eficiência das turbinas e o faturamento das unidades produtoras.

Dados da própria UNICA mostram que as oportunidades de crescimento nes-se setor são imensas. Das pouco mais de 400 usinas existentes no país, apenas cer-ca de 40% vendem excedentes de energia elétrica. As outras, segundo o presidente do CEISE Br, Antonio Eduardo Tonie-lo Filho, que abriu o evento juntamente com Zilmar José de Souza, gerente em Bioeletricidade da Unica, perderam a oportunidade de, num passado recente, investir no produto que ele já considera o mais importante do setor. “Falo que a energia está em primeiro numa usina, e não mais em terceiro, atrás de açúcar e etanol. Além de controlar todo o siste-ma industrial, é algo que a gente nem vê. A gente produz e já vai embora. De-pois é só faturar para receber”.

Em 2012, o setor sucroenergético foi responsável pela produção de 3% do total de energia elétrica consumida no território nacional. Até 2020, a previsão é ampliar essa participação para 18%, incremento que visa atender à deman-da brasileira, que, até lá, deve subir, aproximadamente, 4% ao ano. Com as

Seminário promovido pelo CEiSE Br e pela UNiCa destacou potencial do combustível, que, misturado ao bagaço, pode aumentar a eficiência das usinas e a participação do

setor sucroenergético na matriz energética brasileira

sucessivas crises de abastecimento de água enfrentadas nos últimos anos, a oferta de energia, segundo especialis-tas, estará amparada em fontes como os ventos e a (eólica) e a biomassa.

Para não perder essas chances, que parecem únicas na história da cana-de--açúcar no Brasil, as usinas precisam fazer, rapidamente, adequações nos par-ques industriais. O alerta é de José Cam-panari Neto, diretor da MCE Engenharia e Sistemas, o primeiro a palestrar duran-te o seminário. Durante a apresentação “Eficiência Energética e Avanços Tec-nológicos nas Plantas Industriais com Resultados no Aumento da Geração de Energia”, ele deu ênfase, entre os assun-tos abordados, ao aproveitamento da pa-lha da cana para cogeração de energia. Segundo o executivo, além de aumentar a eficiência do processo, este combustí-vel, acrescido ao bagaço, contribui para diminuir as dores de cabeça causadas pelo aparecimento, após a adoção da colheita mecanizada nos canaviais, do enxofre e do cloro nas caldeiras, subs-tâncias altamente corrosivas. “Nos últi-mos anos, a qualidade do bagaço piorou muito e a tendência é piorar ainda mais. A biomassa que temos hoje já não per-mite caldeiras de alto rendimento”.

Uma das medidas para minimizar ou neutralizar o enxofre é implantar caldeiras de baixo rendimento ou as de leito fluidizado. Já o cloro está na ma-téria verde que vai com a matéria-prima para a indústria. Como ele é extrema-mente volátil, deixar a palha secar no campo para usar na cogeração de ener-gia praticamente soluciona o problema. Campanari aproveitou para exempli-ficar o ganho em eficiência energética nesse caso. Considerando um canavial que produz 90 toneladas por hectare, o volume gerado de palha será de 18 to-neladas. Aproveitando-se um terço des-se material e misturando ao bagaço, na proporção de 33%, a produção de eletri-cidade será 70% maior, convertendo em lucro extra de R$ 1072,70 por hectare. “Imaginem quanto de energia nós esta-mos perdendo só com a palha”.

MuLTiCOMbusTíveisPor isso, na visão dele, as caldeiras

devem estar preparadas para receber di-versos combustíveis, não só bagaço. “A usina pode estar numa região com dispo-nibilidade de outros resíduos, como palha de amendoim, casquinha de caroço de al-godão e por aí vai”. Campanari lembrou, porém, que não adianta somente reformar o parque industrial se a quantidade de va-

Igor Savenhago

Da esq. para dir., Campanari, Campos, Castro, Tonielo Filho e Zilmar José de Souza compuseram a mesa

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

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Próximo leilão a-5 foi debatido

Tonielo Filho afirmou que algumas usinas perderam oportunidade de apostar na

produção de eletricidade

Coquetel, antes do início das palestras, reuniu autoridades e interessados no mercado de bioeletricidade

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por consumida na fabricação de açúcar e etanol continuar alta. “Essa deve ser a principal preocupação. Não dá mais para utilizar 500 kg de vapor por tonelada de cana, como era antigamente. Temos usi-nas que já usam 380 kg e algumas que já fizeram a solicitação para 340 kg”.

Outras propostas apresentadas pelo diretor da MCE para aumento da efi-ciência foram maior eletrificação dos acionamentos mecânicos, substituindo turbinas simples estágio por motores elétricos, otimização e/ou substituição de caldeiras, manutenção periódica do isolamento térmico de tubulações e equipamentos, atenção ao sistema de drenagem e recuperação de condensa-dos, seleção criteriosa de acionamen-tos, bombas, ventiladores e moinhos, avaliação do balanço hídrico e de siste-mas de reutilização da água e aplicação de trocadores de calor regenerativos.

Alguns desses temas voltaram a ser discutidos na segunda palestra, “Maxi-mizando Resultados com Tecnologias Integradas para Cogeração”, do gerente de vendas de tecnologias da Siemens, Márcio Campos. Ele explicou que a im-plantação do ciclo regenerativo consis-te em agregar aquecedores que permi-tem uma água mais quente na caldeira. O resultado é o aumento da geração de calor ou a diminuição de combustível, o que possibilita, nas duas situações, mais produção de bioeletricidade. Uma unidade que gera 28 MW em 85 dias tem, com isso, potencial para saltar a 42 MW, o que representaria otimização de R$ 6 milhões em apenas um ano. “Im-

portante dizer que o custo para melho-rar o rendimento corresponde a menos de 5% da receita obtida com a venda de energia exportada”.

Aumentar a eficiência energética depende, segundo ele, de uma análi-se criteriosa das condições da usina. Campos afirma que o salto depende do entendimento das necessidades do pro-cesso, da análise do potencial de com-bustível, de estudos de balanço térmi-co e da definição das melhores opções em conjunto com a usina.

CRise HídRiCaO seminário foi encerrado com Ales-

sandro Castro, sócio da Studio Energia Consultoria e Desenvolvimento, que falou sobre a crise hídrica atravessada pelo País e a necessidade de investi-mentos em outras fontes energéticas para que haja condições de garantir a oferta de eletricidade.

Ele expôs essa preocupação apresen-tando dados da ENA (Energia Natural Afluente), índice que mede a vazão das bacias hidrográficas transformada em energia. De 1931 a 2014, o SIN (Siste-ma Interligado Nacional) registrou, de janeiro a setembro deste ano, o seu 11º pior resultado. Considerando apenas a região Sudeste, o ENA medido foi o 7º pior da história. Já o Nordeste teve o índice mais baixo em todos esses 84 anos. Cenário que exige novos direcio-namentos quando o assunto é produção

Um dos assuntos em pauta durante o seminário foi o próximo leilão de ener-gia A-5, marcado para o dia 28 de no-vembro, para o qual foram cadastrados 32 projetos que têm a biomassa como fonte, totalizando 1917 MW, o que re-presenta 4% da oferta de eletricidade cadastrada.

O preço teto previsto para o leilão subiu 37% em relação ao anterior, o que, na opinião de Zilmar de Souza, é um avanço, mas não ainda o suficiente para estimular a reforma das usinas e uma maior participação do setor sucro-energético. Ele cobra que a remuneração

e distribuição de energia elétrica. “Esta-mos observando, nos períodos úmidos, cada vez menos chuvas. Diante disso, é preciso se atentar para o fato de que o setor sucroenergético atinge o ápice de geração de energia nos períodos se-cos, complementar àquela proveniente dos recursos hídricos e que, representa, portanto, um ganho ao sistema”.

Estimativas de empresas especializa-das nesse mercado indicam que o con-sumo de eletricidade no Brasil agora em 2014 chegará a 66,6 GW. Para 2015, a previsão é atingir 67,7 GW e, em 2016, 70,6 GW. Já em 2018, deverá atingir o patamar de 77,2 GW. Como a escassez de água, o País irá se ancorar nas ener-gias eólica e de biomassa, que respon-diam, juntas, pela oferta de 16 GW em 2012 e, em 2022, deverão atingir 38 GW.

Para Zilmar José de Souza, da UNI-CA, esta realidade é extremamente fa-vorável para que o setor sucroenergético faça da bioeletricidade um de seus car-ros-chefes, uma das saídas viáveis para momentos de crise. “Estamos vivendo um momento de renovar as esperanças na matriz energética para a biomassa”.

continue aumentando, de forma a reco-nhecer as externalidades positivas da bioeletricidade e, com isso, permitir que o negócio seja economicamente viável.

Souza acredita que outro motivo da falta de oferta foi uma alteração contra-tual que transfere, ao gerador, o risco da falta de rede de transmissões. Com isso, caso a rede não esteja pronta na data de entrega da energia, o gerador não rece-be o valor da venda. “Se isso não for revisto, certamente o gerador irá tirar projetos de biomassa dos leilões”.

(Com informações da assessoria de imprensa UNICA)RC

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

38Destaque II

Cadeia sucroenergética se reúne em evento sobre variedades de cana-de-açúcar em Ribeirão Preto

Com o objetivo de avaliar as va-riedades em diversos ambientes de produção, discutir os avanços

nos programas de melhoramento para otimizar a gestão varietal e trazer infor-mações sobre futuras liberações, ma-turadores e manejo de variedades, nos dias 24 e 25 de setembro, o Grupo IDEA realizou no Centro de Convenções, em Ribeirão Preto-SP, o 8º Grande Encontro Sobre Variedades de Cana-de-Açúcar.

Este ano, o evento reuniu cerca de 650 pessoas representadas por pesqui-sadores, usinas, agrônomos, empresas fornecedoras, funcionários de usinas e profissionais oriundos de mais de 16 Estados brasileiros representando todo o segmento sucroenergético nacional.

Palestrantes renomados do setor abor-daram temas relevantes como: Fisiologia da isoporização e seus efeitos na cultura da cana; Melhor manejo das variedades IAC e novos híbridos de alta performan-ce; Sorgo sacarino e alta biomassa: evo-lução e viabilidade econômica; Novas

Produzir um canavial com qualidade e aumentar a produtividade é um grande desafio para os produtores e também para as instituições de pesquisas

Fernanda Clariano

perspectivas para o mercado de cana-de--açúcar e desenvolvimento de novas va-riedades; a nova tecnologia para a cana--de-açúcar aliada na gestão do produtor; Atualizações do manejo varietal com uso de maturadores, entre outros.

“A partir da renovação do quadro va-rietal, temos uma grande oportunidade de sairmos da difícil situação em que o setor se encontra e iniciarmos um novo ciclo capaz de devolver parte da com-petitividade que o setor perdeu desde 2008”. Essas palavras foram proferidas pelo diretor do Grupo IDEA, Dib Nu-nes, durante a abertura do evento.

O engenheiro agrônomo e gerente de desenvolvimento da Ceres Sementes do Brasil, José Geraldo Sousa, explanou sobre sorgo sacarino e alta biomassa: evolução e perspectivas para a próxima safra frente ao cenário do setor sucroe-nergético. “Diante da menor oferta de cana-de-açúcar para a moagem no iní-cio de 2015, as usinas têm a alternativa de fazer uso estratégico do sorgo saca-

rino e do sorgo de alta biomassa como matérias-primas complementares da produção de etanol e energia”. Sousa também anunciou o lançamento de três novas cultivares da marca Blade, sendo duas de sorgo de alta biomassa e uma de sorgo sacarino.

O IAC, como uma das instituições dos grupos de melhoramento genético, se fez presente através do pesquisador e diretor do Centro de Cana do IAC, Mar-cos Guimarães de Andrade Landell, que apresentou as tecnologias desenvolvidas e conceito de produção. “Nos últimos 20 anos, o IAC, através da sua rede experi-mental com mais de 600 ensaios na par-te de desenvolvimento varietal em nove Estados, acabou desenvolvendo uma sé-rie de conceitos de produção importan-tes. Entre elas, a matriz de ambientes que influencia a maneira de alocar varieda-des, a utilização de solos bastante fracos e também a forma como você consegue produzir às vezes com altos níveis pro-dutivos em regiões mais secas”.

Como tirar o melhor proveito das va-riedades RB e as vantagens dos novos clones RB superiores foram apresenta-dos pelo engenheiro agrônomo e pes-quisador da Ridesa/UFSCar Antonio Ribeiro Fernandes Junior. O pesquisa-dor também falou sobre mudas sadias de cana para a formação de viveiros,

Profissionais ligados ao setor lotaram o Centro de Convenções durante o 8º Grande Encontro Sobre Variedades de Cana-de-Açúcar

Marcos Guimarães de Andrade Landell,pesquisador e diretor do Centro de Cana do IAC

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cujas vantagens são a garantia de sani-dade, resistência a doenças, confiabili-dade na identidade do material e vigor de desenvolvimento da planta.

Para o gerente de marketing do CTC, Virgílio Vicino, o encontro é uma oportunidade para estar mais próximos dos clientes, devido à participação maciça das usinas de cana-de-açúcar. “Essa é uma excelente oportunidade de trazermos os resultados dos nossos experimentos, os novos desenvolvi-mentos CTC, novas variedades e pro-postas para aumentar a produtividade do setor. Sabemos que duas das princi-pais variedades utilizadas no Brasil es-tão apresentando problemas de adapta-ção à mecanização ou problemas com doenças e trouxemos resultados que comprovam que a CTC15 pode entrar com muita vantagem trazendo benefí-cios em torno de maior produtividade de açúcar em relação a RB 867515 que é a primeira variedade ainda mais cul-tivada no Brasil”, afirmou Vicino.

“Esse evento é muito importante porque são passadas diversas informa-ções sobre o assunto manejo varietal

e a para nós é muito importante fazer-mos presentes porque conseguimos, dessa forma, recomendar corretamente as variedades ao produtor. E o produ-tor, realizando um correto manejo de variedades, ele consegue incrementar sua produtividade e obter resultados fa-voráveis”, pontuou a gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan.

A BASF apresentou no evento o Agmusa, detalhando um pouco mais os benefícios dessa tecnologia para formação de viveiros e canaviais com mudas sadias isentas de pragas para a construção de canaviais com maior po-tencial produtivo. “Estamos demons-trando alguns resultados obtidos com Agmusa nos diversos posicionamentos que a gente tem e trazendo resultados interessantes com meiose, formação de canaviais no sistema de meiose com Agmusa e amendoim e a nossa grande novidade que está sendo apresentada, que é a Biofábrica móvel para extração de mudas de cana, que visa otimizar custos e simplificar a operação. A bio-fábrica possui tecnologia de extração patenteada, alto rendimento e cumpre todas as exigências das NRs”, desta-cou o gerente de marketing da BASF, Cássio Teixeira.

Já a Syngenta deu ênfase a uma vi-são já conhecida, porém diferente no manejo de cana-de-açúcar, no manejo de TCH e ATR. “Através das ferramen-tas Syngenta, estamos mostrando como as nossas tecnologias podem agregar valor ao longo do ciclo da safra, tanto com o uso de maturadores para poten-cializar a maturação e as tecnologias de plantio como o Plene Evolve que é uma

muda de meristema de alto valor bio-lógico para viveiros pré-primários e o Plene PB, que é uma muda pré-brotada para viveiros secundários”, afirmou o gerente de marketing de Plene Syngen-ta, Marcelo Palu Junqueira.

A UPL lançou durante o encontro uma grande inovação para o setor su-croenergético: o primeiro biocatali-sador de cana-de-açúcar. “Estamos apresentando neste evento o primeiro biocatalisador do mercado, o ATRiun, um produto que incrementa os níveis de ATR da cana e proporciona a colheita antecipadamente. Essa é uma patente da UPL e foi desenvolvida em parceria com uma subsidiaria Alemã e, através dessa inovação, esperamos contribuir muito com os nossos clientes, os pro-dutores de cana”, ressaltou o gerente de marketing da UPL, Diego Arruda.

“É importante para nós da Monsanto participar e ouvir quais são as necessi-dades do setor e como podemos contri-buir e trazer novas tecnologias de forma responsável para aumentar a produtivi-dade. No Brasil, temos uma estrutura 100% dedicada em cana-de-açúcar, te-mos quatro variedades comerciais que já estão sendo plantadas pelas usinas e contamos com uma equipe de desenvol-vimento agronômico que trabalha junto com as usinas para acompanhar a sani-dade dos viveiros. Sabemos que este é um momento de grandes desafios para o setor e a forma de podermos trabalhar esses desafios é estarmos juntos entre os diferentes setores da cadeia, desde os fornecedores de tecnologia até quem está exercendo as tarefas no campo, no plantio e na colheita, pois só consegui-mos encontrar soluções juntos”, pontuou o diretor de negócios cana-de-açúcar da Monsanto no Brasil, Frederico Tripodi.

No segundo dia do evento, o público presente pôde participar de um debate onde o tema abordado foi: Como rea-lizar um manejo adequado das varieda-des de cana e o que esperamos dos pro-gramas de melhoramento - que contou com os debatedores Rogério Bremm Soares (Grupo Bunge), Sebastião Ri-beiro (Grupo Raízen) e Fernando Mu-nhoz Palma (Grupo USJ).

Antonio Ribeiro Fernandes Junior engenheiro agrônomo e pesquisador da Ridesa/UFSCar

Alessandra Durigan,gestora técnica da Canaoeste

Virgílio Vicino,gerente de marketing do CTC

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40Destaque III

Fórum Lide de Agronegócios discute reforma tributária e incertezas na economia

Com palestras de lideranças do agronegócio e a presença de 300 convidados, entre empresários,

pesquisadores, investidores e autorida-des públicas, foi realizado, no último dia 20 de setembro, o 3º Fórum Nacio-nal de Agronegócios. O evento, sediado no Hotel Royal Palm Plaza, em Campi-nas (SP), é promovido, anualmente pelo Lide – Grupo de Líderes Empresariais –, presidido pelo empresário João Doria Jr., o Lide Agronegócios, liderado por Roberto Rodrigues, embaixador para o cooperativismo da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), e o Lide Campinas, co-mandado pelo empresário Juan Quirós.

Entre os principais temas em debate, estiveram os desafios a serem enfrenta-dos pelo agronegócio, como incertezas na economia mundial, Código Flores-tal e reforma tributária. A abertura do fórum teve a presença de Caio Tibério Rocha, secretário de Desenvolvimen-to Agropecuário e Cooperativismo do MAPA (Ministério da Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento) do prefeito de Campinas, Jonas Donizete, da secre-tária estadual de Agricultura, Mônika Bergamaschi, e do governador de São Paulo, recém-reeleito, Geraldo Alck-min (PSDB), que relacionou as ações programadas pela sua gestão para es-timular o agronegócio no Estado. Ele apontou a necessidade de reformas para aprimorar os negócios no setor. “Enten-do que, entre todas as que o país neces-sita, a mais urgente é a tributária, que irá aumentar a segurança jurídica e evi-tar a desorganização econômica”.

Participaram, também, Beto Al-buquerque e Aloysio Nunes Ferreira, candidatos a vice-presidente, respecti-vamente, nas chapas de Marina Silva e Aécio Neves. O primeiro afirmou que o país precisa avançar em questões como

Desafios da agricultura brasileira, como a implantação do Código Florestal, também estiveram entre os assuntos do evento realizado em 20 de setembro

Da redação com informações da assessoria de imprensa da Lide

o Código Florestal. “A intenção é im-plementá-lo, até pelo fato de que quem está impondo sustentabilidade ao mun-do é o consumidor e o futuro”.

Já Nunes fez um apanhado das posi-ções políticas e econômicas defendidas pelo PSDB, seu partido, chamando a atenção para a necessidade de o Brasil encarar os novos desafios. “É fundamen-tal entender que aquela visão de que o agronegócio é composto por coronéis donos de latifúndios improdutivos é coi-sa do passado. Em função da evolução dos últimos anos, talvez seja o setor com maior vinculação com a globalização da economia, pois interage com exigentes e diversificados mercados”.

O agrônomo Fernando Penteado Cardoso, um dos nomes mais respei-tados do meio agrícola, fundador da Manah e da Fundação Agrisus, recebeu homenagens pelos 100 anos de vida completados no dia 19 de setembro.

RefLexO da CRiseAndré Pessôa, sócio-diretor da

consultoria Agroconsult, detalhou os principais resultados do Índice de Confiança dos Produtores Rurais, de-

senvolvido pelo Deagro (Departamen-to de Agronegócios da FIESP - Fede-ração das Indústrias do Estado de São Paulo) e que recuou de 104,4%, no quarto trimestre de 2013, para 92%, no segundo trimestre deste ano. “Os resultados indicam aumento sensível no pessimismo do agricultor. Foi uma queda preocupante, que deriva das in-certezas gerais da economia”.

Para o presidente da Embrapa (Em-presa Brasileira de Pesquisa Agrope-cuária), Maurício Antonio Lopes, que abordou o tema “O Futuro do Agro: Reflexões e Medidas para Aumentar a Prosperidade no Campo”, o agrone-gócio evoluiu bastante, mas ainda há uma série de desafios. “Temos de for-talecer os sistemas de P&D [Pesquisa e Desenvolvimento], de forma que o país saia dos cerca de 1,2% do PIB [Produto Interno Bruto] investido em pesquisa para os 3% dos países que são nossos competidores diretos”. A pales-tra teve como debatedores Jacyr Cos-ta, presidente do Grupo Tereos, Luis Carlos Guedes Pinto, ex-ministro da Agricultura, e Marcio Lopes de Frei-tas, presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).

O Evento contou com 300 convidados, entre empresários, pesquisadores, investidores e autoridades políticas

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No ponto alto do fórum, o 3º Pai-nel, ficaram frente a frente, nomes li-gados aos três principais candidatos à presidência da República: João Sam-paio Filho, presidente do Conselho Superior do Agronegócios da FIESP (Cosag) e representante do programa de governo de Aécio Neves, Alessan-dro Teixeira, coordenador do progra-ma de governo de Dilma Rousseff, e Marcos Jank, um dos formuladores do programa de Marina Silva.

O debate foi coordenado pelo presidente do Lide, João Doria Jr.: “Foi muito bom, pois de-monstra um fortalecimento da democracia, uma vez que todos puderam expor suas análises e posições sobre um segmento que tem sido o mais importante esteio econômico do país, mas que ainda enfrenta vários problemas em di-versas áreas”.

O Prêmio Lide de Agronegócios 2014, entregue ao final do evento, reco-nheceu os melhores em cinco categorias. Confira os vencedores:

CaRne bOvina ZÉ ITO - José Lemos Monteiro, engenheiro agrônomo e produtor pan-

taneiro GRUPO OTÁVIO LAGE – Rodrigo Penna de Siqueira, diretorMINERVA – Fernando Galleti, presidente

CaRne de avesCOOPERATIVA COPACOL – Valter Pitol, presidente PLUMA AGROVÍCOLA – Lauri Francisco Paludo, diretor-presidenteASSOCIAÇÃO PAULISTA DE AVICULTURA (APA) – Erico Antonio

Pozzer, presidente

CaRne suínaCOOPERATIVA AURORA – Leomar Somensi, diretor comercial ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL – Francisco

Turra, presidente COOPAVEL – Rudinei Carlos Grigoletto, diretor vice-presidente

LeiTeFRANS BORG, diretor-presidente da Castrolanda LEITÍSSIMO – Craig Bell CEMIL – Cilas Pacheco, vice-presidente

sOjaGRUPO ALGAR – Luiz Alexandre GarciaFAMASUL – Eduardo Riedel, presidente GRUPO GGF – Guerino Ferrarin, presidente

Lide premia melhores em carnes, leite e soja

Prêmio Lide de Agronegócios 2014 valorizou iniciativas e nomes de destaque em cinco categorias

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Revista Canavieiros - Outubro de 2014

42Destaque IV

Setor sucroenergético volta à pauta dos investidores estrangeiros

O Grupo de Estudos para Gestão Sustentável da Cadeia Sucroe-nergética (Gesucro) realizou no

final de setembro um encontro para deba-ter o atual cenário e os rumos do segmen-to canavieiro. O evento aconteceu no Au-ditório da consultoria MBF Agribusiness, em Sertãozinho-SP, e reuniu empresários, lideranças do setor e imprensa.

De acordo com Marcos Antonio Françóia, diretor da MBF e presidente do Gesucro, o Brasil voltou à agenda de investidores internacionais após uma alteração radical no mercado. “A possi-bilidade de mudanças no âmbito políti-co incentivou o mercado a se comportar diferente, voltando a pensar em colocar em prática investimentos em etanol e energia”, disse o consultor.

A aproximação dos candidatos à pre-sidência da República com o setor su-croenergético, como a visita da senadora Marina Silva à Fenasucro, que aconte-ceu em Sertãozinho-SP, em agosto pas-sado, foi apontada como um sinal positi-vo, o que refletiu no aumento de ações na bolsa de valores, com as da Cosan e da Usina São Martinho, além de despertar novamente o apetite de investidores de diversos países. “Tenho participado de reuniões com representantes de famílias bem capitalizadas que querem investir e de fundos já constituídos que estão com recursos no País interessados em novos negócios”, contou Françóia, lembrando

Andréia Vital

que a retomada deverá acontecer, mas não será da noite para o dia.

Para o jornalista Fernando Lopes, editor de agronegócios do jornal Valor Econômico, que na oportunidade expla-nou sobre o atual cenário do agronegó-cio brasileiro, a situação do setor sucro-energético não será muito diferente da atual em 2015, e a crise enfrentada pelo segmento deverá atingir fortemente outros elos da cadeia produtiva, como o de grãos, afetando também a econo-mia dos estados do Centro-Oeste, como ocorre atualmente com a região produ-tora de açúcar e etanol.

Segundo ele, será necessário um engajamento maior do agronegócio no sentido de se comunicar melhor com

a comunidade que desconhece os pro-cessos de produção. “Existe um abismo muito grande entre os grandes centros urbanos e as regiões produtoras, pois as pessoas não têm nem ideia do que acontece nestes lugares”, afirmou o jornalista, lembrando que o agro ganha destaque nos noticiários quando há um desmatamento, um calote ou outro pro-blema qualquer.

Agora a manutenção de alimentos nas cidades, a construção de uma in-fraestrutura para o escoamento da sa-fra pela região norte e outros exemplos acabam sendo repercutidos raramente em grandes centros. Lopes deu como exemplo a campanha Etanol Comple-tão, que fez muito sucesso e deveria ser permanente porque funciona.

Fez parte também do encontro a apre-sentação de novas soluções para o pro-cesso fiscal e necessidade de adaptação das empresas às novas normas tributá-rias através da palestra “Panorama para o agronegócio e soluções financeiras/tributárias para ajudar o setor a ter mais tecnologia e eficiência para os próximos 4 anos”, que foi ministrada pelos direto-res da empresa Taxweb, Evandro Ávila e Marcelo Simões e pelo sócio-diretor da DBW Database, Renato Winogradow.

Encontro da Gesucro reuniu diversos empresários em Sertãozinho

Marcos Antonio Françóia, diretor da MBF

Fernando Lopes, editor de agronegócios do jornal Valor Econômico

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44Destaque V

Viralcool comemora 30 anos de operação

Em uma época na qual o cenário do setor sucroenergético é um tanto conturbado, com notícias

frequentes de fechamento de usinas, comemorar três décadas de existência é um feito. Fato ainda mais relevante quando a empresa é reconhecida pela sociedade, colaboradores e parceiros, pelo sucesso, conquistado pelo árduo trabalho de uma família que se tornou referência no meio que atua. Foi neste clima, de dever cumprido, que o Grupo Toniello festejou os 30 anos da Usina Viralcool, no dia 18 de setembro, com um jantar na sede social da usina, em Viradouro-SP. Familiares, amigos, clien-tes, fornecedores e autoridades, como o prefeito de Viradouro, Maicon Lopes Fernandes e o deputado federal, Arnaldo Jardim, prestigiaram o evento.

A história do Grupo Toniello se ini-ciou em 1886 com a chegada de Eugê-nio Toniello, avó do atual presidente do Grupo, Antonio Eduardo Tonielo, vindo da Itália, aos 12 anos de idade. Fixou moradia em Sertãozinho-SP, onde se casou e teve os filhos, os sustentando com o trabalho na lavoura de café e cana. Com o tempo, comprou as terras do Sítio Córrego das Pedras, onde, atu-almente, está instalada a Destilaria San-ta Inês. Neste local, seus filhos, entre eles, Eduardo, pai de Toninho Tonielo, lidavam com as lavouras e um pequeno engenho de aguardente.

Fundada no dia 21 de setembro de 1984, a trajetória da usina se confunde com a história do Grupo Toniello, que fincou pousada em terras brasileiras, em 1886

Andréia Vital

Ao longo dos anos adquiriu a parte que cabia aos irmãos e tocou sozinho o negócio. Mais tarde, os filhos Toni-nho, José Pedro, Waldemar e Renato formaram uma sociedade e, em 1.968, criaram a Fábrica de Aguardente Santa Inês, que ganhou o nome de Destilaria algum tempo depois.

A Usina Viralcool fica em Pitanguei-ras, mas contempla também as cida-des de Viradouro e Terra Roxa, todas em São Paulo, e foi fundada em 21 de setembro de 1984. A usina moeu na sua primeira safra, em 1986, 240 mil toneladas de cana para a produção de aguardente. Dois anos depois começou a produzir álcool. Em 1993, levedura, em 1998, açúcar e, em 2002, completou a produção com a cogeração de energia. Em 2006, foi criada a segunda unidade da Viralcool, em Castilho-SP. Atual-mente, o Grupo emprega cerca de 4.500 colaboradores, sendo aproximadamente 2000 na Viralcool de Pitangueiras.

Ao fazer seu discurso, na cerimô-nia de comemoração dos 30 anos, o presidente do Grupo Toniello, Antonio Eduardo Tonielo, ressaltou o respeito e gratidão à sua família, como também aos colaboradores das empresas que contribuíram para ajudar a Viralcool a construir a história da usina. “É motivo de orgulho receber todos vocês, meus irmãos, primos, sobrinhos e filhos,

clientes e fornecedores, principalmente os colaboradores. O sucesso da usina é resultado de tudo isto, e devemos com-partilhar sua trajetória com os funcioná-rios, muitos deles com o mesmo tempo de casa da usina”, alegou, emocionado, relatando as dificuldades encontradas no início da jornada no setor sucroener-gético. “Enfrentamos muitas barreiras e burocracias, mas a segurança que a ges-tão familiar traz nos ajudou a transpor os obstáculos e chegar até aqui”.

Para José Pedro, diretor do Grupo Toniello, à família deve se ter mui-to mais do que gratidão. “A família é tudo, vale mais do que dinheiro, pois foi a base para a construção de tudo”, afirmou emocionado e completou: “é difícil contar a história da Viralcool, em poucos minutos, mas posso dizer que passamos por muitas dificuldades. Para se ter uma ideia, quando começamos a oficina mecânica existia embaixo de uma lona e depois foi se estruturando”, disse o empresário, ressaltando que até os dias atuais novos obstáculos preci-sam ser ultrapassados, como as contra-tações de funcionários, que agora preci-sam atender diversas regras. O diretor também ressaltou que o momento é de transição, de “passar a bola” para as no-vas gerações, preparando os filhos e so-brinhos para assumir a gestão do Gru-po, que até então é comandado por José Pedro, Waldemar, Renato e Toninho.

Antonio Eduardo Tonielo, presidente do Grupo Toniello

Coral Vozes do Campo

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

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Na noite de festa, o Coral Vozes do Campo encantou a todos com o hino da Viralcool, de autoria de Américo José Batista e com a música Romaria, de Renato Teixeira. O Grupo TPC - Teatro Popular de Comédia também apresentou uma peça, sendo o ponto marcante da festa a apresentação de um vídeo com depoimentos de pes-soas que fazem parte da trajetória da usina e, na oportunidade, destacaram a eficiência, produtividade, inovação tecnológica, além do lado profissio-nal, o sentimento de amizade pela fa-mília Tonielo.

“A história da Viralcool mostra

como um grupo nacional pode cres-cer e ser competitivo, eficiente, ainda que num cenário adverso como este que estamos enfrentando hoje. Tam-bém demonstra a sua eficiência ope-racional e estratégica o seu sucesso na diversificação em açúcar e etanol, com cogeração, levedura, e em toda sua expansão muito consistente e só-lida ao longo da sua história”, afirmou em depoimento gravado, Luís Rober-to Pogetti, presidente do Conselho de Administração Copersucar.

Opinião compartilhada com o pre-sidente da Canaoeste, Manoel Ortolan. “São quase 40 anos caminhando ao lado dessa família, com a oportunidade de assistir a todo o desenvolvimento do grupo; Tenho certeza que a grande diferença de quatro décadas atrás para o estágio atual só fez engrandecer este grupo, porque eles mantêm a mesma simplicidade e a mesma determinação de trabalho. Acho que este empenho e dinamismo fizeram deles um grupo bastante forte do setor sucroenergéti-co. Desejo sucesso na continuidade dos projetos”, desejou Ortolan.

Pedro Israel Bighetti também dese-jou os parabéns à família Tonielo. “Eu, como diretor da Copercana e também produtor de cana e fornecedor do Grupo Toniello, os parabenizo pelos 30 anos da Viralcool, como também à toda fa-mília Tonielo, que foi um carro chefe de luta, e chegou com tudo. Hoje a usi-na é completa, pois fabrica o açúcar, o etanol e produz energia. Também quero parabenizar seus funcionários, que tam-bém fazem parte da família Viralcool, pois sem eles não chegariam a esta data”, argumentou o diretor.

Para Luiz Carlos Tasso Júnior, su-perintendente da Canaoeste, “é um orgulho participarmos deste momento inesquecível que é a comemoração de 30 anos de fundação de uma grande unidade industrial, uma empresa de re-ferência em nossa região”, disse, com-pletando. “A usina Viralcool moe mais de 2,5 milhões de toneladas de cana, sendo que a maior parte dessa cana é de fornecedores que sempre tiveram como base a idealização no sucesso dessa em-presa para o seu sucesso profissional. Agradecemos também aos gerentes, a todos os colaboradores da usina, ao qual dividimos esse grande sucesso. Nós, da Canaoeste, só temos que dizer muito obrigado”, finalizou.

Também deixaram sua mensagem Antonio de Pádua Rodrigues, diretor

José Pedro, diretor do Grupo Toniello

Os irmãos Antonio Eduardo, José Pedro, Renato e Waldemar

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

técnico da UNICA (União da Indústria da Cana-de-Açúcar); Clóvis Apareci-do Vanzella, advogado da Copercana; Francisco César Urenha, diretor de cré-dito Sicoob Cocred; Paulo Roberto de Souza, diretor presidente Copersucar; Prof. Dr. Hermann Paulo Hoffmann, Universidade de São Carlos; Mário Arias Martinez, diretor comercial CHB Sistemas; Devanir Bortolot, diretor Bortolot Energia e Automação; Maria Conceição Ferreira Turini, diretora pre-sidente da Fertron; Auro Pereira Pardi-nho, gerente de marketing DMB; Stênio Godoy Galindo, comercial do Grupo Simisa; Luiz Carlos Zambon, diretor da Ello Correntes; José Luiz Maria, diretor de suprimentos da JW; Cleidson Morei-ra, Coordenador de Treinamento Senai; João Celso Bononi, Diretor Bononi Equipamentos Industriais e Cyro Cezar Maricato, diretor do SESI.

Durante o evento, o deputado Ar-naldo Jardim e o consultor Paulo Gallo parabenizaram a família Tonie-lo, que recebeu também homenagens como placas pelos 30 anos da Viralco-ol de Alberto Borges, diretor da DMB; Conceição Turini, diretora do CEISE Br e presidente da Fertron; José Apa-recido Barbosa, do departamento téc-nico, da TJA; Benedito Aparecido Gagliotti, diretor da Bussola; Márcio Antonio Danelon, comercial do Gru-po Sertemil e José Geraldo da Silveira Mello, diretor comercial de máquinas da Coopercitrus. RC

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46Destaque VI

Simpósio discute crise no setor sucroenergético e lança Academia de Negociadores

O lançamento de uma Academia de Negociadores, que visa pen-sar em soluções para possíveis

conflitos nas negociações entre empre-sários do setor sucroenergético e sin-dicatos de trabalhadores, foi uma das atrações do III Simpósio Trabalhista Sindical, promovido no dia 17 de ou-tubro pelo CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergéti-co e Biocombustíveis) e pelo GERHAI (Grupo de Estudos em Recursos Huma-nos na Agroindústria), no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho, SP.

Os principais números das últimas safras de cana no Brasil, as perspecti-vas para o setor nos próximos anos e os pontos mais relevantes envolvidos nas negociações com os sindicatos também foram abordados.

Pouco mais de cem pessoas estive-ram presentes e assistiram às palestras do presidente da MBF Agribusiness, Marcos Antonio Françóia, que falou sobre o tema “Safra do setor sucroener-gético 2014/2015: resultados parciais e impactos na cadeia produtiva”, Fer-nanda Canto, pesquisadora da Markes-trat (Centro de Pesquisa e Projetos em Marketing Estratégico), que apresentou “Dimensionamento do setor e cadeia produtiva sucroenergética”, e Carlos

Evento promovido pelo CEiSE Br e pelo GERHai abordou em quatro palestras, asalternativas para enfrentar as instabilidades vividas pelas usinas e a necessidade de

adotar novos modelos de negociação com os trabalhadoresIgor Savenhago

Buch Pastoriza, pre-sidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Má-quinas) e do Sindimaq (Sindicato Nacional da Indústria de Máqui-nas), que expôs “As negociações coletivas de 2014: implicações e alternativas”.

O simpósio foi aber-to por Antonio Eduar-do Tonielo Filho, pre-sidente do CEISE Br. Ele lembrou que, quan-do surgiu, a entidade tinha como maior objetivo conduzir as negociações entre indústrias e trabalhadores e que só mais tarde ampliou as atividades. Já o presi-dente do GERHAI, Luiz Haroldo Doro, destacou a importância do evento para a recuperação do setor e o enfrentamento do momento de crise. E disse que espera ver os representantes da cadeia produti-va unidos, para que a retomada seja pos-sível já a partir de 2015.

academiaA proposta de implantação de uma

Academia de Negociadores foi apre-sentada pelo gerente de Recursos Hu-manos do Grupo Tereos (Açúcar Gua-

rani), Alberto Belomi Camacho, pelo advogado João Reis, consultor para o setor sucroenergético, e por José Darci-so Rui, coordenador do comitê técnico de RH do CEISE Br e diretor executivo do GERHAI.

Segundo eles, o projeto, que está em fase embrionária, prevê reunir pessoas interessadas em desenvolver o conhecimento na área e atuar na solução de conflitos nas negociações envolvendo empresários e trabalha-dores. A iniciativa deverá funcionar em sede “neutra”, provavelmente em universidade da região de Ribeirão Preto. De acordo com Rui, as nego-

O presidente do CEISE Br, Antonio Eduardo Tonielo Filho, lembrou as origens da entidade durante abertura do simpósio

Luiz Haroldo Doro, presidente do GERHAI, pediu união da cadeia produtiva para que a retomada seja

possível já a partir de 2015

Fernanda Canto falou sobre pesquisa feita pela Markestrat que comparou a safra 2013/2014

com a de 2008/2009

Histórico do endividamento do setor sucroenergético foi tema do presidente da

MBF Agribusiness, Marcos Antônio Françóia

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ciações para isso estão adiantadas e a expectativa é que, em breve, o nome da instituição seja anunciado.

A iniciativa começou a ser discutida em julho deste ano e inaugurada no dia 11 de setembro. A próxima fase será a divulgação para que os representantes do grupo possam ser definidos. Entre as metas, além de criar uma cultura de negociação e solução de conflitos, estão desenvolver negociadores, organizar e participar de eventos, elaborar e esti-mular pesquisas científicas sobre o as-sunto e participar de negociações como agente transformador.

Para João Reis, a academia é neces-sária porque os modelos negociais no País estão em processo de esgotamento. Diante nisso, na visão dele, é urgente pensar em novos modelos de relacio-namento entre capital e trabalho. Por isso, os idealizadores querem colocar o projeto em prática, dando início às reuniões, em março de 2015, antes das negociações coletivas do ano que vem.

Camacho declarou, porém, que o in-tuito não é interferir nas negociações, mas contribuir, apontando caminhos e defendendo acordos sustentáveis. Tam-bém apontou a importância da partici-pação, na academia, de representantes de sindicatos, mesmo que a proposta de implantação tenha nascido de órgãos pa-tronais. “A ideia é divulgar a neutralida-de. Não vamos ter resultados se não tiver a parte contrária. São necessários vários pontos de vista para gerar um saber”.

situação do setorA situação do setor sucroenergético

brasileiro foi discutida em duas pales-

tras, ministradas por Marcos Antonio Françóia e Fernanda Canto. Na primei-ra, o presidente da MBF Agribusiness explanou sobre as diferenças signifi-cativas entre as previsões de safra e a realidade de mercado, apresentadas por diversas instituições de pesquisa e que interferem no comportamento de inves-tidores. Em seguida, apresentou um his-tórico sobre o endividamento das usi-nas, desde o Proálcool, na década de 80.

Françóia defendeu que o setor en-frenta problemas financeiros antes mes-mo do boom de otimismo em relação ao etanol, que ganhou ainda mais força com os veículos flex, fabricados a partir de 2003. “A crise econômica de 2008 agravou a situação, mas o que vivemos hoje não foi só em decorrência dela”. Para o executivo, as instabilidades atu-ais são resultado, também, de dificulda-des nas gestões das empresas e da falta de políticas públicas adequadas. “Pode-mos assegurar que são necessários de 15 a 20 anos para que o setor se recu-

Pastoriza chamou a atenção para os problemas que afetam as negociações entre empresas e sindicatos

de trabalhadores no País

Público, composto por mais de cem pessoas, acompanhou quatro palestras sobre a situação do setor e sobre negociações coletivas

Academia de Negociadores foi apresentada por Alberto Belomi Camacho, João Reis e José Darciso Rui (da esq. para a dir.)

pere definitivamente. Mas, para isso, é preciso que o Governo lance um novo programa de financiamento de dívidas”.

Segundo levantamento da MBF, as dívidas acumuladas do setor somam R$ 60 bilhões. Sessenta e sete usinas estão em processo de recuperação judicial: 38 na região Sudeste, 14 no Nordeste, 13 no Centro-Oeste e duas no Sul. “Algumas usinas pediram até 25 anos para fazer sua recuperação. É uma situação de insolvên-cia. A crise é muito grande no setor”.

Em contrapartida, existem perspec-tivas que poderão reduzir a crise. En-tre elas, Françóia destacou a demanda mundial crescente por açúcar e energia, a volta de investimentos estrangeiros no País, as pesquisas com etanol de milho, como alternativa para a entressafra, os investimentos do BNDES (Banco Na-cional de Desenvolvimento Econômi-co e Social) nos centros de tecnologia canavieira, as previsões de destinação de recursos federais, de R$ 1,2 trilhão,

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para o mercado de energia até 2023, além das expectativas positivas gera-das pelo etanol de segunda geração. “O setor, no entanto, não vai sair dessa situação se não houver a união de toda a cadeia produtiva, exigindo mudanças dos nossos governantes, readequando as formas de gestão e trabalhando com informações confiáveis”.

A pesquisadora Fernanda Canto mostrou um cenário semelhante. Ela levou para o evento, dados de uma pes-quisa que mapeou os números do setor sucroenergético na safra 2013/2014. A pesquisa, feita pela Markestrat, coorde-nada pelo professor Marcos Fava Ne-ves, da USP-Ribeirão Preto, apontou que o PIB do setor para o último perío-do analisado foi de R$ 43,4 bilhões. Na comparação com o período 2008/2009, os índices apontaram para um aumento nos preços do açúcar, do etanol hidra-tado e da tonelada da cana. Por outro lado, caíram o rendimento e a rentabi-

lidade industriais, a produtividade agrí-cola e os preços da bioeletricidade. O endividamento do setor, nesse espaço de tempo, subiu 38%.

Modelos de sindicalismoO seminário terminou com a pales-

tra do presidente da Abimaq e do Sindi-maq, Carlos Buch Pastoriza, que contou com a participação do advogado Fer-nando Leone Canavan. Para Pastoriza, os custos das empresas com o trabalho no Brasil sofrem de um agravante que ele chamou de “tripé do mal”, formado pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Na esfera legislativa, o pro-blema, na avaliação dele, são as leis trabalhistas arcaicas em vigor. No caso do Executivo, o argumento é que há um poder desproporcional dado aos sindi-catos e, no âmbito da Justiça, a crítica é para a dificuldade dos magistrados em declarar ilegais greves abusivas.

Pastoriza complementou dizendo

que o número excessivo de sindicatos de trabalhadores no País – mais de 20 mil – faz com que não haja troca de in-formações e nem vínculos de confian-ça com os empresários. Aliado a isso, algumas empresas, segundo ele, ainda são reacionárias em relação a abrir os números de movimentação financeira aos funcionários. O presidente da Abi-maq fez uma comparação da situação no Brasil com a da Alemanha, onde existem apenas 18 sindicatos, que têm uma relação bastante participativa nos locais de trabalho.

Canavan comentou a questão, afir-mando que é baixa a profissionalização dos sindicatos brasileiros e que os sis-temas de negociação estão falidos. “No nosso país, o sistema sindical foi feito para não funcionar”. Diante disso, disse que a Abimaq e o Sindimaq não preten-dem fomentar disputas entre capital e trabalho, mas “incentivar negociações de maneira responsável”.

Ibama regulamenta perdão de multas por desmatamento ilegal

Foi publicado no Diário Oficial da União, de 07 de agosto de 2014, a Instrução Normativa n.

12, do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu-rais Renováveis). A referida norma re-gulamenta os §§ 4º e 5º, do artigo 59, da Lei n. 12.651/2012 (novo Código Florestal) que trata da SUSPENSÃO das autuações aplicadas pelo IBAMA por infrações cometidas até de 22 de julho de 2008, em APP (áreas de pre-servação permanente), de RL (reserva legal) e de uso restrito, assim como trata da declaração de conversão da sanção pecuniária em serviços de pre-servação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

Temos como APPs as encostas, topos de morros e beiras de rios, de nascentes e de lagos, que devem ter a vegetação conservada. Já a reserva legal é o percentual mínimo de ve-getação nativa a ser mantido em uma

juliano bortolotiAdvogado da Canaoeste

Assuntos Legais

propriedade, que varia de 20% a 80%, dependendo do bioma.

A citada instrução normativa descre-ve de forma pormenorizada todos os trâmites necessários à obtenção da sus-pensão, d’onde destacam-se a inscrição do imóvel rural no CAR (Cadastro Am-biental Rural) e a adesão do proprietário no PRA (Programa de Regularização Ambiental), estabelecido pelo Decreto n. 7.830/2012 e complementado pelo Decreto n. 8.235/2014, que o conduzirá a recuperar as áreas eventualmente de-gradadas, através de termo de compro-misso específico com o órgão compe-tente integrante do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente).

Após a adesão ao PRA, formalizado pelo termo de compromisso avençado, as sanções aplicadas ao proprietário podem ser suspensas e as multas convertidas em serviços de preservação, melhoria e recu-peração da qualidade do meio ambiente.

Cumpridas todas as condições formais e concluída a recuperação da área assu-midas pelo proprietário, extingue(m)-se a sanção e a multa, porém, se no curso do prazo para o cumprimento das obri-gações assumidas ocorrer o seu descum-primento, o agente do IBAMA notificará em até 20 dias (art. 6º, Instrução Norma-tiva n. 12/2014), cabendo a autoridade julgadora decidir pelo restabelecimento da execução das sanções e multas sus-pensas ou levantadas. RC

RC

Destaque VI

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52Informações Setoriais

Chuvas de setembro e previsões climáticas para outubro a dezembro

Quadro 1:- Chuvas observadas durante o mês de setembro de 2014.

Engº Agrônomo Oswaldo AlonsoConsultor

A média das chuvas de setembro de 2014 (53mm) foi ligeiramente inferior a da média his-tórica (61mm), e bem inferior as de setembro de 2013 (88mm). Merece lembrar que na região de abrangência Canaoeste, entre os meses de Janeiro a Setembro deste ano, comparativamente ao mes-mo período de 2013, ocorreram desvios negativos de chuvas em quase todos os meses, exceto nos de abril e julho. Vide Quadro 2.

O Mapa 1 mostra que entre os dias 15 a 17 (meados) de se-tembro, a DAAS (Disponibi-

lidade de Água no Solo), com poucas exceções, apresentava-se em nível críti-co em toda área sucroenergética do Es-tado, mesmo com as chuvas observadas no início do mês.

Os Mapas 2 e 3, correspondentes aos finais de setembro de 2013 e 2014, mostram certa semelhança entre as

DAAS. O diferencial, em 2014 se de-veu aos melhores volumes de chuvas na faixa Presidente Prudente-Araçatuba--Votuporanga.

Os artigos mensais de Informações Climáticas contam com o trabalho di-ário de anotações de chuvas dos Es-critórios Regionais e condensados em Viradouro. Estes dados são disponibili-zados diariamente pelo site Canaoeste e as suas médias mensais e as normais

climáticas também são aqui apresenta-das no Quadro 2.

Obs:- Normais climáticas (ou mé-dias históricas) correspondem aos dos locais enumerados de 1 a 9 e do Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto.

Os dados do Quadro 2 mostram, no destaque (canto inferior direito), as ex-pressivas diferenças observadas entre os totais dos meses de Janeiro a Setem-

Mapa 2:- Água Disponível no Solo ao final de setembro 2013.Mapa 1:- Água Disponível no Solo entre 15 a 17 de setembro de 2014

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Engº Agrônomo Oswaldo AlonsoConsultor

Mapa 2:- Água Disponível no Solo ao final de setembro 2013. Mapa 3:- Água Disponível no Solo ao final de setembro de 2014.

Mapa 4:- Elaboração Canaoeste do Prognóstico de Consenso entre INMET-INPE para final de outubro e

os meses de novembro e dezembro

Quadro 2:- Somas das chuvas mensais de janeiro a setembro de 2013 e 2014 anotadas pelos Escritórios Regionais bem como as respectivas

médias mensais e normais climáticas.

(bem) próximos são de 125mm em ou-tubro, 170mm em novembro e 265mm em dezembro.

Já a SOMAR Meteorologia, face ao fenômeno El Niño não convencional, tem prognóstico de chuvas frequentes (algu-mas fortes) no Rio Grande do Sul e no limite com Santa Catarina. Nos demais Estados da Região Centro-Sul, as chuvas nesta primavera serão irregulares em volu-mes e locais. Para o verão, pelos modelos climáticos, a SOMAR prevê que será mais chuvoso durante o mês de janeiro apenas.

A Canaoeste recomenda especial aten-ção aos produtores de cana que ainda estão em safra, que evitem deixar suas entregas para após outubro e meados de novembro. Mesmo desconsiderando as irregulares (locais e em volumes) chuvas, os canaviais já estão debilitados pela forte seca, colher tardiamente poderá implicar em mais perdas de produtividade nestas áreas. Pior ainda, se pisoteados.

Estes prognósticos serão revisados nas edições seguintes da Revista Ca-navieiros. Fatos climáticos relevantes serão noticiados em:

www.canaoeste.com.brwww.revistacanavieiros.com.br.

Persistindo dúvidas, consultem os Técnicos mais próximos ou pelo Fale Conosco Canaoeste.RC

bro de 2014 e 2013. Em 2013, o acu-mulado das médias mensais das chuvas foi praticamente igual ao das normais climáticas. Mas, o acumulado das mé-dias mensais das chuvas em 2014 está sendo praticamente a metade da soma das normais climáticas.

Estas normais climáticas (997mm, em 2013 e 904mm, em 2014) se mos-tram diferentes em função das pondera-ções das chuvas destes dois anos, desta-cando-se os meses de janeiro e março.

Para planejamentos próximo-futuros,

a Canaoeste resume o prognóstico de consenso entre INMET (Instituto Nacional de Meteoro-logia) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)para os meses outubro (final) a de-zembro, como descrito abaixo e ilustrado no Mapa 4, a seguir:

• Nestes meses, as temperaturas tendem a ser acima das respec-tivas normais climáti-cas para toda Região Centro-Sul do Brasil, exceto nos Estados de Goiás e Mato Grosso, onde as temperaturas poderão ser próximas

das médias históricas;

• O consenso INMET-INPE prevê que as chuvas poderão ocorrer com iguais probabilidades para as três categorias (acima, próxima e abaixo das normais climáticas) na área cinza. Na área verde, que corresponde aos Estados da Região Sul, as chuvas poderão ficar entre próxi-mas a acima das respectivas médias;

• Tendo como referência o Centro de Cana-IAC, as médias históricas das chuvas em Ribeirão Preto e municípios

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Custos de produção de Cana-de-Açúcar

Dando continuidade ao projeto de elaboração dos custos de produ-ção, realizado pelo Departamento

Técnico e Agronômico em conjunto com a Gestão de Relacionamento Recursos e Projetos, com o objetivo de fornecer a informação detalhada, abordaremos nesta edição a etapa de trato de cana-soca ou soqueira. Ressaltamos que nas edições passadas da Revista Canavieiros foram publicadas as etapas de preparo do solo, plantio e trato de cana-planta.

Os tratos culturais das soqueiras devem ser sempre realizados porque asseguram boas produtividades agrícolas. As prin-cipais operações são adubação e cultivo,

Alessandra Durigan - Gestora Técnica da Canaoeste Almir Torcato - Gestor de Relacionamento, Recursos e Projetos André Bosch Volpe - Engenheiro Agrônomo da Canaoeste

Artigo Técnico I

Alessandra Durigan Almir Torcato André Bosch Volpe

É válido salientar que neste artigo contemplamos as operações mais utilizadas no trato de cana-soca, de maneira generalizada, porém, as operaçõespodem ser outras, vai depender das necessidades e peculiaridades de cada produtor e lavoura.

aplicação de herbicidas (controle do mato) e aplicação de inseticidas (controle de pragas). A adubação da soqueira visa adi-

cionar os nutrientes necessários em quan-tidades suficientes para garantir a máxima produtividade econômica. O controle do

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

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E, para finalizar, podemos concluir que a etapa de trato de Cana-Soca custa ao produtor de cana os valores listados de forma resumida na tabela abaixo:

Destacamos novamente que a os agrônomos da Canaoeste estão preparados para atender os associados nos escritórios (filiais), para a elaboração personalizada dos custos de produção de acordo com a situação de manejo de cada um.

mato é de muita importância, pois concorre diretamente com a cultura na absorção de nutrientes e água. Da mes-ma forma, o monitoramento de pragas (cupins, formigas, cigarrinhas, brocas, Sphenophorus, Migdolus) e doenças (ferrugens, raquitismo, mosaico, car-vão, estria vermelha) deve ser cons-tante, adotando medidas de controle quando necessário.

Para a elaboração dos custos de trato de cana-soca, consideramos como modelo uma soqueira de ter-ceiro corte (estágio de corte), inde-pendente da época de colheita.

Em nosso modelo, o trato de cana-soca, compreende as seguintes operações:

enLeiRaMenTO de Pa-LHa: após a colheita da cana, faz--se o enleiramento da palha para a adubação e cultivo.

adubaÇÃO de Cana sOCa: Esta operação consiste em adubar, visando à reposição de nu-trientes com base na extração por parte da planta, podendo ser reali-zada de forma superficial ou com incorporação. Nesta operação pode ou não ocorrer a escarificarão das entrelinhas da cultura (cultivo).

aPLiCaÇÃO de HeRbiCi-da: Esta operação é feita com o objetivo de controlar as plantas da-ninhas que competem por água e nu-trientes com a cana-de-açúcar.

aPLiCaÇÃO de inseTiCi-da (CiGaRRinHa): Esta ope-

ração visa controlar a infestação de cigarrinha e é realizada na época das águas, geralmente de outubro a mar-ço, utilizando inseticidas sistêmicos.

aPLiCaÇÃO de inseTi-Cida (SPHENOPHORUS): Esta operação tem o objetivo de controlar a infestação da praga Sphenophorus levis através da aplicação de inseti-cidas. A operação é realizada com implemento composto por 3 discos que cortam e aplicam inseticida no interior da soqueira.

COnTROLe biOLÓGiCO: Esta operação é realizada conforme o nível de infestação de broca (Dia-traea saccharalis), obtido através de levantamentos de campo. Esta etapa consiste em liberar copos que contêm a espécie de uma “vespinha” (Cotésia flavipes) que é predadora natural das lagartas. O controle deve ser feito quando o canavial estiver próximo de 4 a 6 meses de idade (após o corte), preferencialmente na época das chuvas e se houver infesta-ção que justifique, geralmente acima de 800 brocas (lagartas) por hectare.

aPLiCaÇÃO de CORReTi-vO (CaLCÁRiO e GessO): Esta operação é realizada de acordo com a necessidade determinada através da análise do solo. Geralmente a aplica-ção de corretivos nas soqueiras é re-alizada ano sim e o outro não, com o objetivo de corrigir e melhorar as condições químicas do solo.

Na tabela abaixo, apresentamos detalhadamente os custos das fases descritas acima.

RC

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A canavicultura de três dígitos: gestão da população de colmos e incorporação de novas tecnologias

No final de 2013, lançamos, durante a última reunião do Grupo Fitotécnico de Cana,

o bordão: “Rumo à produtividade de 3 dígitos!”, que tinha como objetivo chamar a atenção de todos para um in-dicador básico para a sustentabilidade do setor sucroenergético: a produtivi-dade agrícola. Estamos vivendo, nes-ta última década, no mundo da plena mecanização, primeiro na colheita e, mais recentemente, no plantio, o que causou impactos relevantes no nosso “patrimônio biológico”: o canavial. A colheita trouxe consigo o impacto da colhedora na touceira de cana, que é a unidade biológica do canavial. Todo o conjunto de equipamentos que com-põem uma frente de colheita ampliou os problemas de compactação de solos de-vido à dificuldade de visualização das linhas de cana e de um tratamento nem sempre cuidadoso sobre essa “unidade biológica”. Variedades que antes eram colhidas colmo a colmo, pela ação dos cortadores de cana, agora passaram a ser recolhidas de maneira muito mais intensa e brusca, por máquinas de gran-de potência. Como consequência, pas-samos a conviver com canaviais com muitas falhas e, portanto, com menor população de touceiras, o que redunda em números menores de colmos no mo-mento da colheita. Atualmente, o nosso maior problema são esses canaviais de baixa população, que são os maiores responsáveis pela redução de aproxi-madamente 10 toneladas por hectare na média da produtividade em re-

Marcos Guimarães de Andrade LandellPesquisador Científico do Instituto Agronômico Campinas, APTA, SAA, SP.

Artigo Técnico II

lação ao período em que as colheitas eram realizadas manualmente. Natural-mente, não podemos atribuir toda essa redução ao impacto direto da colheita. Sem perceber, muitos produtores man-tiveram o uso de variedades desenvol-vidas em períodos de pré-mecanização, e nem todas as variedades mostraram--se adequadas ao novo cenário. As no-vas pragas, potencializadas com a cana crua, também têm parcela de culpa na redução de stand em nossos canaviais, especialmente, o “bicudo dos cana-viais” (Sphenophorus levis).

Outro fator que deve ser considera-do como preponderante é o plantio me-cânico. A produtividade da cana de 1º. corte sofreu uma redução de aproxima-damente 15% em áreas de plantio me-cânico em relação àquelas com plantio manual. Primeiramente, atribuíram-se as falhas do plantio. Em um segundo momento, os produtores, preocupados, passaram a usar grande quantidade de mudas para neutralizar essas falhas. Entretanto, percebeu-se que as produti-vidades mantiveram-se abaixo do histó-rico. O que estaria causando a redução da produtividade, uma vez que ela não foi provocada por falhas? O trabalho de desenvolvimento do MPB (Mudas Pré-Brotadas) nos últimos seis anos pelo Programa Cana IAC

permitiu-nos observar alguns pontos que, até então, não chamavam a nossa atenção. Primeiro, passamos a estimar quantas gemas tem uma tonelada de cana (considerando-se a densidade da cana igual a 1, podemos dizer que 1 ton equivale a 1m3 de cana). Para tanto, usamos a seguinte fórmula:

No GEMAS/m3 = 1.273.236,57/ (d2 * CEN), onde:

D (diâmetro colmo), unidade cmCEN (comprimento de entrenó), uni-

dade cm

Para a nossa surpresa, encontramos números como o do quadro apresen-tado abaixo. Observa-se que uma va-riedade, como a IACSP95-5094, que tem entrenós mais curtos (9,7cm) e um diâmetro médio/fino (2,6cm), pode ter

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

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quase 20.000 gemas em uma tonelada de cana. Assim, a utilização de 20 tone-ladas dessa variedade para plantio pode levar ao absurdo de se lançarem 58,44 gemas/metro de sulco. Essa possibili-dade implica um número excessivo de touceiras, gerando uma competição por água, luz e nutrientes e esgotando, tal-vez, em um período inicial de desenvol-vimento da cana, recursos que irão lhe faltar no momento que elas apresenta-rem o crescimento exponencial da bio-massa, a partir dos seis meses de idade. Provavelmente mais do que as falhas, motivo inicial de nossas preocupações, o excesso de muda pode ser uma das causas da redução da produtividade.

As falhas, no entanto, não devem ser desconsideradas de modo algum. A im-plantação de um canavial merece nos-so maior cuidado no que diz respeito à população de touceiras. Para tanto, a fundação do canavial deve ser diferen-ciada. Aspectos de preparo e nutrição devem ser atendidos de maneira plena. O plantio deve ser realizado com esme-ro, para que jamais venhamos a iniciar o “jogo”, perdendo de “cinco a zero no primeiro tempo”. Não teremos nenhu-ma chance de reação se isso acontecer.

Devemos estabelecer, como meta, ca-naviais que detenham de 80 a 110 mil colmos/ha. Portanto, precisamos garan-tir não apenas o plantio com excelência, mas também temos que utilizar as va-riedades “facilitadoras”. Existe variabi-lidade no comportamento das cultivares em relação ao plantio mecânico, devido a algumas de suas características, como a habilidade de brotação, dado pelo percentual de emergência das gemas, e a sua capacidade, após a sua brotação, de estabelecer um vigoroso perfilha-mento, o qual irá compor a população inicial do canavial. Observamos que existem variedades “facilitadoras”, que conferem baixo risco ao estabe-lecimento de um canavial de elevada população. Como exemplo, citamos a RB966928, a CTC4, a IAC91-1099 e a IACSP95-5000. Na nossa visão, uma operação de elevado custo, como o plantio, não pode ser colocada em risco, seja por variedades, por recursos humanos de baixa excelência ou por um precário preparo de solo.

Estabelecido um canavial com eleva-da população, são grandes as chances de termos boas produtividades no 1º ciclo, como ilustra a figura 2. Por exemplo, um

Figura 1. Caracterização biométrica da variedade IACSP95-5094 e gemas utilizadas no plantio.

Figura 2. Caracterização biométrica e relação com a população de colmos/ha e com a produtividade agrícola (TCH)

canavial com 12 colmos finais/metro, no espaçamento convencional de 1,5m en-tre sulcos, confere 80.000 colmos/ha. Se cada colmo pesar em média 1,7kg, o que é bastante comum em uma cana de 1º ciclo (cana-planta), teremos uma pro-dutividade de 136t/ha. Se fizermos uma boa gestão do canavial, estabelecendo cuidados que impeçam a “dilapidação” desse “patrimônio biológico” de 80.000 colmos/ha, será bastante comum que a população de colmos do 2º ciclo seja equivalente ou até supere a do 1º ciclo. Imaginemos que venhamos a manter a mesma população e que os colmos, nes-se ciclo, pesem, em média, 1,4kg. Nesse caso, a produtividade de 2º corte seria de 112t/ha. Caso antecipemos a colheita dos primeiros cortes para o primeiro ter-ço da safra, a redução de produtividade do primeiro para o segundo ciclo não de-verá atingir 10%, o que nos permite-nos imaginar uma produtividade superior a 120t/ha no 2º ciclo. Se os cuidados para o ciclo seguinte forem mantidos, com uma atenção especial ao controle do pi-soteio, à nutrição mineral e ao manejo de plantas daninhas, as mesmas populações poderão ser mantidas nos 3º e 4º ciclos, oferecendo uma produtividade próxima de 90 t/ha. Esse modelo tem sido estabe-lecido em importantes empresas que já colecionam resultados relevantes, prin-cipalmente nos primeiros três ciclos.

Um canavial de alta população traz outros benefícios, como menor mato--competição e maior rendimento na operação de colheita, resultando em uma maior longevidade dos seus ciclos. Algumas empresas já trabalham com a meta de longevidade de 10 ciclos e TCH5 (média aritmética dos cinco pri-meiros cortes) acima de 100 t/ha. Esse cenário somente será conquistado com a utilização de variedades com um per-fil distinto daquelas até então adotadas, ou seja, variedades com ampla capaci-dade de perfilhamento, naturalmente com elevada produtividade agroindus-trial, resistentes/tolerantes às principais doenças e facilitadoras dos processos de plantio e colheita mecânicas. Dessa forma, daremos um salto bastante sig-nificativo nas nossas produtividades e, com esse salto, conseguiremos ampliar nossa sustentabilidade.RC

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O uso de maturadores e inibidores de florescimento na cultura da cana-de-açúcar

ESPECIALSeleção de Artigos Técnicos

Realizar uma aplicação correta dos produtos é sinônimo de rentabilidade econômica e produtiva

Maturadores químicos são produtos sintéticos que in-duzem o amadurecimento

da cana-de-açúcar, causando assim a translocação e o armazenamento dos açúcares. São utilizados para acelerar e/ou antecipar a maturação natural e, consequentemente aumentar a quali-dade da matéria-prima, possibilitando uma maior flexibilidade no gerencia-mento da colheita.

Já os inibidores de florescimento são produtos químicos que atuam no período da indução floral, impedindo o florescimento das plantas, visto que este processo é prejudicial no processo de acúmulo de sacarose. São atribuídas ao florescimento perdas substanciais em tonelada de cana e teor de sacaro-se. A isoporização ou chochamento do colmo tem início com o florescimento, ocasionando a desidratação do tecido e uma consequente perda de peso final. O florescimento interfere também na re-dução do volume de caldo das plantas.

De acordo com o professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), do Departamento de Produção Vegetal de Jaboticabal, Miguel Angelo Mutton, o

Carla Rodrigues com coordenação de Alessandra Durigan – agrônoma da Canaoeste

principal objetivo da aplicação de ma-turadores é o de promover melhorias na qualidade tecnológica da matéria-prima a ser processada pela indústria sucro-alcooleira, resultando em colmos com maiores teores de açúcares e, portanto, de ATR. Assim, tanto o produtor se be-neficia, obtendo uma maior valorização da cana entregue, bem como a indús-tria, que apresenta maior rendimento de açúcar e/ou álcool por tonelada de colmos processados.

“Como a aplicação dos maturado-res resulta em intensificação e anteci-pação da maturação no início da safra (ou manutenção da maturação no final da safra), há maior disponibilização de matéria-prima de qualidade para a indústria. Assim, é uma excelente ferra-menta para ser utilizada no planejamen-to da colheita da cana-de-açúcar, junta-mente com o manejo varietal adequado. Desse modo, a utilização de maturado-res tem proporcionado uma maior flexi-bilidade no gerenciamento da colheita”, explicou Mutton.

Os maturadores são classificados como reguladores vegetais, que são substâncias sintéticas, que aplicadas de

forma exógena na planta, podem promo-ver, inibir ou modificar seus processos fisiológicos. Assim podemos ter produ-tos inibidores de crescimento (glifosate, sulfumeturom metil e fluazifop-p-butil) e os que restringem temporariamente o crescimento (ethephon, ethil-trinexa-pac). Lembrando que os efeitos depen-dem muito da dose utilizada.

Estes produtos agem alterando a mor-fologia e a fisiologia da planta, podendo levar a modificações qualitativas e quan-titativas na produção. Assim, os matura-dores promovem uma restrição no cres-cimento da planta, e essa restrição faz com que a planta acumule mais açúcares nos colmos, principalmente a sacarose, e com isso você tem uma intensificação ou antecipação da maturação.

O clima é o fator mais importante que atua na maturação da cana. A gra-dativa queda da temperatura e diminui-ção das precipitações é determinante para a ocorrência do processo natural da maturação. Por isso a maturação é mais difícil em regiões de altas tempe-raturas e precipitações. No Centro-Sul a maturação natural ocorre a partir de abril/maio.

Miguel Angelo Mutton, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), do Departamento

de Produção Vegetal de Jaboticabal

100ª edição

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Miguel Angelo Mutton, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), do Departamento

de Produção Vegetal de Jaboticabal

Segundo Mutton, as melhores res-postas ao emprego de maturadores ocorrem no início da safra (ou no fi-nal), momento em que as condições edafoclimáticas ainda são favoráveis à atividade fotossintética e, portanto, ao crescimento e armazenamento de açú-cares na planta. A aplicação de matu-rador geralmente é feita 25 a no máxi-mo 45 dias antes da colheita em função do produto utilizado, e as respostas es-peradas estão relacionadas com a ida-de e condição fisiológica da variedade utilizada e das condições climáticas reinantes no período. “Sempre que se planeja a colheita, se faz esta aplica-ção antecipadamente, por exemplo, se planejamos colher em início de abril, a partir do início de março teremos que realizar as aplicações”.

Atualmente em função do aumento da produção de cana-de-açúcar e da necessidade cada vez mais frequente de antecipação das safras, a aplicação destes produtos torna-se cada vez mais comum no setor sulcroalcooleiro por-que permite disponibilizar para a in-dústria matéria-prima de boa qualida-de, independente da pequena redução que pode ocorrer na produtividade. Po-rém, esta redução varia de acordo com o produto utilizado. Com a aplicação de inibidores de crescimento a redução

é mais significativa. Embora ocorra diminuição da produtividade, como se tem um ganho significativo na quali-dade (ATR/t), essa restrição acaba não influenciando o resultado final, em ter-mos de ATR/ha.

Como a indução floral da cana-de--açúcar na região de Ribeirão Preto ocorre entre a segunda quinzena de fe-vereiro e a primeira quinzena de mar-ço, a época adequada de aplicação do ethephon é justamente neste período. “Se aplicarmos este produto após este período não vai ocorrer restrição no florescimento. Por outro lado, aplican-do outros maturadores na fase inicial de formação da inflorescência (ponto de vela) poderá ocorrer redução signi-ficativa da emergência das inflorescên-cias”, disse Mutton.

Em relação à brotação das soquei-ras, o professor explica que alguns pro-dutos, em doses maiores de aplicação, podem restringir um pouco esta brota-ção, por outro lado, outros promovem a brotação. “Geralmente esse efeito restritivo na brotação é temporário e, após o período de seca, quando se ini-cia o período de chuvas e elevação da temperatura, a brotação se normaliza”.

Para ele, tanto com o emprego de inibidores de florescimento como de maturadores, se for feito um bom pla-nejamento da aplicação, é possível con-seguir um incremento significativo no ATR/t e ATR/ha e respectivo rendimen-to industrial. Para o produtor, depen-dendo do custo do produto e da aplica-

ção aérea, com uma diferença de cinco/seis quilos de ATR se tem um bom re-torno econômico, principalmente se a área utilizada apresentar boa produti-vidade agrícola. Se aplicar o produto em canaviais de baixa produtividade, o resultado final em ATR/ha será menor.

Os diferentes produtos disponíveis no mercado diferem entre si não só na formulação como também no tem-po entre a aplicação e a colheita e nas condições climáticas exigidas. Portan-to, o sucesso e a viabilidade do uso desta ferramenta vão depender de uma série de fatores, sendo eles: climáticos, técnicos, econômicos e, principalmen-te, das diferentes respostas das varie-dades às aplicações.

Os produtos utilizados na agricul-tura são devidamente registrados no Ministério da Agricultura e para tal apresenta uma série de exigências, in-clusive seus efeitos sobre as pessoas e o meio ambiente. “Os utilizados como maturadores apresentam boa segurança para as pessoas e o meio ambiente, mas cabe lembrar que todo agrotóxico deve ser manipulado com alguns cuidados que constam das bulas destes produtos. Como estes produtos são aplicados por pulverização aérea, deve-se prevenir a ocorrência de derivas que ocorrem e que podem comprometer algumas cul-turas vizinhas”, finalizou Mutton.

Procure para orientação de produ-tos, doses e épocas de aplicação, os engenheiros agrônomos do Departa-mento Técnico da Canaoeste.

São atribuídas ao florescimento, perdas substanciais em tonelada de cana e teor de sacarose

RC

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60Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

Manejo Varietal na cultura da cana-de-açucar

alessangra durigan e daniela aragão,Agrônomas da Canaoeste

O Setor Sucroalcoleiro é um dos setores com maiores taxas de crescimento e inovação tec-

nológica da área agrícola. Nos últimos anos, o desenvolvimento de novas va-riedades pelos programas de melho-ramento genético vem incorporando maiores produtividades às lavouras de cana-de-açúcar e contribuem significa-tivamente para o crescimento do setor.

Atualmente existem quatro progra-mas de melhoramento genético de ca-na-de-açúcar no Brasil: o IAC (Institu-to Agronômico) de Campinas, a Ridesa (Rede Interuniversitária para Desenvol-vimento do Setor Sucroalcooleiro), o CTC (Centro de Tecnologia Canaviei-ra) e a Canavialis/Monsanto.

O melhoramento genético permite desenvolver variedades que se adaptam às condições adversas de solo e clima, à incidência de pragas e doenças e ao sis-tema de plantio e colheita mecanizada.

A obtenção e o desenvolvimento de cultivares pelos programas são realiza-dos em estações de cruzamento. Diver-sos cruzamentos com diferentes mate-riais são realizados. Em média, leva-se dez anos para a seleção de materiais com características desejáveis.

Durante o processo de seleção, ava-lia-se o perfilhamento e peso de colmos,

teor de sacarose, maturação, suscetibi-lidade a pragas e doenças, aspectos morfológicos, adaptação à região, ten-dência ao florescimento, brotação das socas sob a palha, colheita mecanizada, capacidade de brotação das gemas plan-tadas mecanicamente, entre outras.

O manejo varietal adequado e que deve ser adotado é aquele onde a área de uma determinada variedade não ultrapasse 20% da área da proprie-dade, respeitando sempre o ambien-te de produção e a época de colheita adequada. Analisando-se dados his-tóricos, na década de 80, a doença conhecida como “carvão” foi respon-sável por grandes perdas na varieda-de NA56-79, devido a grande área de abrangência desta variedade. Caso semelhante ocorreu em 1993, na va-riedade SP71-6163. A doença “ama-relinho” causou perdas de até 50% no Estado de São Paulo.

Muito interessante também é que o produtor diversifique o seu plantio em relação às variedades, ou seja, não plan-tar apenas uma variedade, desta forma pode-se evitar que uma doença ou pra-ga se prolifere na sua lavoura.

Para atingir o máximo potencial de uma variedade é importante que cada produtor selecione dentro das opções de variedades ofertadas pelas institui-

ções de pesquisa, aquelas que melhor se adaptam às condições regionais e a atenção quanto às características das variedades é imprescindível para o sucesso da recomendação. As caracte-rísticas devem ser avaliadas conjun-tamente com o profissional da área, o qual mostrará as possíveis indicações para cada situação.

Outro ponto importante é a sanidade das mudas. O conhecimento da proce-dência é muito importante. Mudas sa-dias, oriundas de tratamento térmico, produzidas em viveiros certificados, onde todos os cuidados fitossanitários são realizados, nos dão a segurança e conforto para a multiplicação das varie-dades nos próximos plantios. Ambien-tes favoráveis a patógenos e falta de cuidado disseminam doenças e causam prejuízos para a produção.

O roguing também é prática essen-cial principalmente nos viveiros. Esta prática pode ser feita manualmente ou com a utilização de herbicidas e consis-te na eliminação de plantas doentes e de tigueras (misturas varietais).

Ressaltamos, portanto, que a busca por maiores produtividades da cana--de-açúcar depende do correto planeja-mento de plantio e de adequado manejo varietal estando o Departamento Técni-co da Canaoeste capacitado para for-necer aos seus associados orientações para a escolha adequada da variedade a ser implantada no canavial.

Daniela Aragão – Agrônoma Canaoeste filial Pontal com coordenação de Alessandra Durigan – agrônoma Canaoeste (Matriz)

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Recomendação de manejo das principais variedades de cana-de-açúcar

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62Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

“A importância da correção dos solos para a implantação da lavoura de cana-de-açúcar”

ivan burjaliAgrônomo da Canaoeste

A correção do solo é um dos re-quisitos básicos para termos maior produtividade agrícola e

garantir o sucesso da implantação da lavoura de cana-de-açucar.

Para a obtenção de produtividades satisfatórias é necessário proceder à re-cuperação da fertilidade dos solos tanto nas camadas superficiais como também em profundidade, quando estes solos não apresentarem condições ideais para o cultivo da cana. Para tanto, quantida-des de corretivos devem ser aplicadas sempre que os resultados das análises do solo indicarem a necessidade.

Antes da implantação da lavoura o agricultor deve fazer um bom preparo do solo que inclui destruição de res-tos culturais, sistematização da área, controle de pragas e ervas daninhas e, quando necessário, a aplicação de cor-retivos (calcário, gesso e fosfato).

Para o diagnóstico da fertilidade dos solos temos que realizar o traba-lho de amostragem do solo. A análise do solo é a principal ferramenta para indicar quanto o solo pode fornecer de determinado nutriente. Ela é realizada através da coleta de amostras de terra que representarão extensas áreas. Por-tanto, é importante que a amostragem seja feita com muito critério.

A área total deverá ser subdividida em glebas homogêneas quanto à cor do solo, textura, vegetação anterior e topografia. As glebas não devem ser maiores que 20 hectares.

Deve-se caminhar em zigue-zague e coletar subamostras contendo mais ou menos a mesma quantia de terra nas profundidades de zero a 25 e de 25 a 50 centímetros de profundidade. Em cada gleba homogênea, recolher 20 subamostras por profundidade as quais irão compor uma única amostra,

contendo cerca de 300 gramas cada. Estas amostras podem ser retiradas com enxadão ou trado.

As amostras devem ser identifica-das e etiquetadas, contendo todas as informações sobre o local da coleta e, posteriormente, enviadas para um la-boratório credenciado.

Com os resultados das análises em mãos deve-se dar início as práticas corretivas do solo.

A sequência ideal das operações é calagem, gessagem e fosfatagem.

• Calagem:A prática de aplicação de calcário,

a calagem, envolve baixos custos e geralmente a relação custo benefício é alta já que o calcário é um corretivo relativamente barato quando compa-rado a outros.

Os benefícios da calagem são muitos. Esta prática fornece cálcio e magnésio ao solo, corrige a acidez promovendo maior aproveitamento e disponibilidade de nutrientes, diminui a disponibilida-de de alumínio, ferro e manganês que são tóxicos para as plantas, promove a mineralização da matéria orgânica, dis-ponibilizando principalmente fósforo, aumenta a fixação biológica do nitrogê-nio do ar pelas bactérias encontradas na rizosfera da cana, disponibilizando este nutriente para as plantas.

A necessidade de aplicação de cal-cário é determinada pela análise quí-mica do solo, devendo ser utilizado na cultura da cana-de-açúcar para elevar a saturação por bases a 65 – 70 %. O cal-cário deve ser aplicado o mais uniforme possível sobre o solo e devido à baixa solubilidade deste corretivo a sua incor-poração ao solo é essencial. Na implan-tação do canavial, incorporá-lo o mais profundo possível, 30 a 40 cm.

As características físicas e químicas do calcário também devem ser avaliadas para obtenção de resultados favoráveis.

A ação neutralizante ou eficiência relativa depende do tamanho das partí-culas, pois a velocidade de reação de-pende da área superficial de contato da partícula com o solo. Quanto menor a partícula maior é a velocidade de reação. (Quaggio, 2000). Portanto, quanto maior o valor de PRNT (poder de neutralização total), mais reativo é o calcário.

Em função do teor de MgCO3 (car-bonato de magnésio), os calcários são classificados em: calcíticos, com teor de MgCO3 inferior a 10%; magnesia-nos, com teor mediano de MgCO3 en-tre 10% e 25%; e dolomíticos, com teor de MgCO3 acima de 25%. A escolha do tipo de calcário a ser aplicado vai de-pender do teor deste nutriente no solo. Se for necessário, por exemplo, adicio-nar magnésio, deve-se dar preferência ao calcário dolomítico.

• GessagemEsta prática fornece cálcio e enxo-

fre, além de promover correção nas camadas subsuperficiais do solo. A sua utilização promove o aprofundamento

Ivan Burjali

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RC

do sistema radicular, redução da satu-ração por alumínio e, consequentemen-te, maior resistência das plantas à seca e maior aproveitamento dos nutrientes aplicados e existentes no solo.

O gesso agrícola (sulfato de cálcio) é um produto resultante da fabricação de fertilizantes fosfatados. Apesar de pouco solúvel em água, é 150 vezes mais solúvel que o calcário e mais móvel, apresentan-do maiores efeitos em profundidade. Sua aplicação pode ser feita conjuntamente ou logo após a aplicação do calcário.

O gesso é recomendado quando na amostra de solo na profundidade de 20-40 ou 25-50 cm ocorrer uma das se-guintes situações: Ca < que 5 mmolc.dm³ ou Al > 5 mmolc.dm³ ou saturação por alumínio (m%) > que 30% ou satu-ração por bases (V%) < que 35%.

• FosfatagemO fósforo (P) é absorvido em pe-

quenas quantidades pela cana-de-açú-

car, se comparado ao nitrogênio (N) e potássio (K), mas exerce função mui-to importante no metabolismo desta planta, particularmente em formação de proteínas, processo de divisão ce-lular, fotossíntese, armazenamento de energia, desdobramento de açúcares, respiração e fornecimento de energia a partir do ATP e formação de açúcares (Korndorfer, 2004).

A prática da fosfatagem tem como objetivo corrigir (elevar) o teor de fós-foro (P) do solo, potencializando a adu-bação fosfatada de plantio. Além disso, promove maior desenvolvimento do sistema radicular potencializando a ab-sorção de água e sais minerais.

São utilizadas doses de 100 a 150 kg/ha de P205 aplicadas em área total. Recomenda-se a aplicação em solos arenosos (teor de argila < 25%), que apresentam menor fixação de fósforo (P), e em solos com baixos teores des-te nutriente (P resina < 10mg/dm³). A

aplicação deve ser após o preparo pro-fundo da área, antes da gradagem de nivelamento. São utilizados como fonte de P2O5 o superfosfato simples ou pro-dutos equivalentes, como fosfatos rea-tivos, superfosfato triplo, entre outros.

Conclusões:A análise da fertilidade do solo é

uma etapa muito importante para o su-cesso da implantação do canavial.

Independente dos critérios de reco-mendação a serem adotados, devemos fazer todas as correções necessárias para podermos alcançar o máximo de produtividade agrícola.

A qualidade do corretivo assim como a perfeita distribuição no solo são de fundamental importância para a ob-tenção de bons resultados.

Para a recomendação do tipo e quan-tidade de corretivo a ser utilizado, pro-cure um Engenheiro Agrônomo.

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64Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

Sistema MPB – produção de mudas de cana-de-açúcar pré-brotadas, uma excelente opção para o setor canavieiro.

antônio PagottoAgrônomo da Canaoeste

Os instrumentos de corte devem ser previamente desinfestados com produtos à

base de amônia quaternária Corte e seleção dos minirrebolos Brotação

O novo sistema MPB (Mudas Pré--Brotadas) é um método de mul-tiplicação rápida da cana-de-açú-

car que surgiu a partir da necessidade de se entregar um material não convencional com elevado padrão de fitossanidade, vi-gor e uniformidade de plantio. Pode ser utilizado para a implantação de viveiros, replantio de áreas comerciais e possivel-mente nas áreas de renovação e expansão da cana-de-açúcar.

É uma nova tecnologia desenvolvi-da pelo Programa Cana do IAC (Ins-tituto Agronômico). Este sistema evita a disseminação de pragas, aumenta a uniformidade de plantio e, consequen-temente, reduz falhas. Além disso, re-duz custos de produção, pois são ne-cessárias, em média, duas toneladas de muda para a produção de mudas MPB para o plantio de um hectare. Uma re-dução de 80% aproximadamente no consumo de mudas.

O método traz no seu conceito uma grande mudança na forma de se plantar, saindo da forma tradicional (colmos) e passando efetivamente a realizar o plantio de forma simples, levando ao campo uma muda de cana com 60 dias de vida.

O MPB pode ser utilizado por todo o setor. O pequeno, médio ou o grande

agricultor podem adquirir mudas de um viveiro básico próprio ou de terceiros, desde que estes viveiros sejam condu-zidos atendendo aos protocolos, utili-zação da termoterapia, diagnóstico para diferentes doenças e pragas e outros quesitos necessários para a produção de um material sadio.

Os minirrebolos utilizados para dar origem ao sistema de produção são ex-traídos de colmos-semente provenientes de viveiros básicos, tratados termica-mente, sem misturas varietais, livres de doenças e pragas e com seis a dez me-ses de idade. Dos colmos colhidos são selecionados os minirrebolos que rece-bem os tratamentos à base de fungici-das, podendo associar inclusive outros produtos promotores de enraizamento. Os minirrebolos são acondicionados em caixas de brotação e mantidos em casa de vegetação com, respectivamen-te, temperatura e irrigação controladas em 32ºC e 8mm/dia. Este período varia entre sete e dez dias. As gemas brotadas são transferidas individualmente para os tubetes e as não brotadas, eliminadas do processo. A partir dessa etapa, inicia-se a aclimatação das mudas. Definida em duas fases: fase 1, em casa de vegetação e fase 2, a pleno sol. As podas ocorrem com frequência semanal para finalizar o processo de produção, ciclo que totaliza aproximadamente 60 dias.

O uso de mudas sadias livres de pragas e doenças é de fundamental importância, pois nos dão o conforto e segurança para a multiplicação de variedades nos próximos anos. Ga-rantir a qualidade do plantio é muito importante, porque a cultura da cana--de-açúcar permanece no campo por cinco ou mais anos.

No sistema MPB a propagação de pragas como Diatraea saccharalis e o besouro Sphenophorus levis é mi-nimizada pelo fato de ocorrer seleção das gemas que originarão as mudas, sendo isso uma das grandes vanta-gens do MPB.

Antônio Pagotto com apoio de Alessandra Durigan – Gestora Técnica do Departamento Técnico da Canaoeste

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Brotação Plantio mecanizado

Individualização e Repicagem Desenvolvimento das mudas nos tubetes

O sucesso do desenvolvimento da muda no campo vai depender de um solo corrigido adequadamente de acor-do com as análises de solo feitas pre-viamente, de um bom preparo, com descompactação, quando necessário, e incorporação dos insumos.

O plantio das mudas pode ser feito manual, no caso de replantas de talhões com cana já constituída ou na formação de viveiros e mecanizado em área total de reforma.

O plantio mecanizado é feito com plantadeiras de arrasto as quais pode-se realizar juntamente a sulca-ção, adubação, plantio e cobrimento das mudas. As caixas de plantas são colocadas na plataforma da máqui-na e duas pessoas realizam através de uma mesa giratória a distribui-ção das mudas. No entanto, torna-se necessário o repasse de cobrimento com duas pessoas caminhando atrás da máquina.

Estima-se que o rendimento com o equipamento descrito seja de 3,0 ha/dia no espaçamento de 1,5m en-tre linhas e 0,5m entre plantas tota-lizando aproximadamente 13.300 plantas por hectares.

De um modo geral, o MPB é uma nova tecnologia que tem como ob-jetivo garantir ao produtor que ele está levando para seus ambientes de produção um material com elevada sanidade e vigor, que ocasiona plan-tios com maior uniformidade e, com certeza, canaviais mais produtivos.

Outro fator muito importante é a diminuição de mão de obra braçal e o uso de maquinário de grande porte, necessários no sis-tema tradicional.

O PLANTIO MECANIzADO MPB

RC

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66Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

Colheita Mecanizada: uma realidade para o setor

agrônomo joão francisco antonio MacielAgrônomo da Canaoeste de Ituverava

Atendendo a exigências sociais e ambientais, a colheita mecani-zada é atualmente uma prática

que solidifica a sustentabilidade da cul-tura de cana-de-açúcar. Com as leis de eliminação gradual da queima, proibi-ção definitiva em 2014 em propriedades com áreas superiores a 150 hectares e em 2017, em propriedades com áreas inferiores a 150 hectares, a mecaniza-ção é irreversível devido a inviabilidade do corte manual da cana crua pelos cus-tos altíssimos de mão de obra.

Para a colheita mecanizada, obter sucesso é importante para que a ope-ração seja realizada de maneira que não comprometa a produtividade agrí-cola e a qualidade da matéria-prima. Problemas decorrentes de pisoteio na linha de cana, provocando muitas ve-zes falhas de brotação, arranquio de soqueira, redução de vigor e compac-tação do solo são ainda muito comum nos canaviais e dependem de adapta-ções e investimentos em equipamentos e treinamento de equipes.

Vários fatores devem ser conside-rados: sistematização da área, carac-terísticas varietais, homogeneidade do canavial, qualidade da operação, ma-quinários envolvidos, treinamento de equipes, entre outros.

A sistematização é a etapa mais im-portante e envolve a preparação ini-cial do terreno. São retirados os tocos, pedras e restos de materiais estranhos realizando o nivelamento da área, di-mensionados o formato e comprimen-to dos talhões, locação de estradas e carreadores, sistemas conservacionis-tas e planejamento de sulcação. Por-tanto, a sistematização da área para a colheita mecanizada deve ter grande atenção, pois dela depende uma co-lheita bem-sucedida.

A transição da colheita manual para colheita mecanizada acarretou, além de mudanças e adaptações ao processo de colheita, consequências como perdas altas de matéria-prima que podem che-gar de 10 a 15 toneladas por hectare em

casos extremos e o aumento das impu-rezas minerais e vegetais na indústria. Na cana crua a quantidade de matéria vegetal (ponteiros, palha e folhas ver-des) é bem maior quando comparado a cana queimada.

Perdas na colheita mecanizadaAs perdas podem ser classificadas

em visíveis e invisíveis. As perdas vi-síveis podem ser vistas no campo na forma de cana inteira, cana ponta, to-letes, tocos, pedaços de cana e lascas. São facilmente identificadas, coletadas e quantificadas. Valores aceitáveis são próximos a 3 toneladas/ha. As invisíveis (caldo, serragem, pequenos estilhaços) envolvem o processamento interno da cana na colhedora provenientes de im-pactos mecânicos do sistema de corte, picagem, transporte e limpeza.

Perdas visíveisAs perdas visíveis são associadas

às características da área a ser colhida que são: varietais (produtividade, tom-bamento, teor de fibra, comprimento do palmito, quantidade de palha, isopori-zação, etc.), preparação da área (padro-nização, comprimento da área, sistema-tização, qualidade do cultivo, quebra lombos etc.) e a própria operação de colheita que envolve desde a capaci-

Engenheiro Agrônomo João Francisco Antonio Maciel – Canaoeste Ituverava, com o apoio de Alessandra Durigan, gestora técnica da Canaoeste

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tação profissional da equipe envolvida até a colhedora (modelos, velocidade de operação, altura de corte, manuten-ção, altura da carga, sincronismo com reboque ou caminhão, situação dos equipamentos como exaustores, facas de corte, base, rolo picador).

A quantificação das perdas é uma ferramenta importante para subsidiar e garantir a qualidade do processo de co-lheita. Permite a correção de falhas ope-racionais e humanas e também a redução de custos diante de um cenário onde se encontram altos índices de preços de CCT (corte, carregamento e transportes).

Existem várias metodologias de amostragem para a quantificação de perdas visíveis. Os materiais são sepa-rados no campo em áreas (m²) previa-mente estabelecidas, são classificados em toco, cana inteira, cana ponta, tole-tes, lascas e pedaços e, posteriormente, são realizados a pesagem e o cálculo, obtendo assim, os índices de perdas ex-

pressos em porcentagem (%) ou tonela-da de cana por hectare (ton/ha).

impurezas minerais e vegetaisA cana-de-açúcar colhida mecanica-

mente e levada para as usinas apresenta materiais indesejáveis denominados de impurezas. Podem ser de origem mineral ou vegetal. A presença desse tipo de ma-terial prejudica o processo de fabricação de açúcar e etanol. Interfere significati-vamente na qualidade final do produto, causa desgastes de equipamentos e au-mentos dos custos de produção.

A impureza mineral é composta de pedras e terra. Já a vegetal é compos-ta de palhas, folhas verdes e ponteiros oriundos da matéria-prima. A impureza vegetal causa um menor peso de carga e perda de eficiência na extração de cal-do na indústria, interferindo, principal-mente, na qualidade da matéria-prima (teor de sacarose). As impurezas tam-bém são quantificadas e apresentadas percentualmente ou em quilo/tonelada

de cana colhida, também com o objeti-vo de dar suporte para a melhora contí-nua do processo de colheita.

ConclusõesA colheita mecanizada é um sistema

integrado que quando bem conduzido e monitorado apresenta ótimos resultados e atende às exigências legais e ambien-tais do setor. Para otimização dos cus-tos e garantia da qualidade da matéria--prima devemos estar atentos às perdas e às impurezas decorrentes do processo.

A Canaoeste, por meio do seu Depar-tamento Técnico, orienta os seus associa-dos através de suporte técnico nas áreas de mecanização (plantio e colheita) e no-vas tecnologias (agricultura de precisão). Os interessados podem procurar o enge-nheiro agrônomo André Volpe da filial de Bebedouro para obter informações. O objetivo é auxiliar os associados no escla-recimento de dúvidas e acompanhamen-tos diários no campo, a fim de assegurar a rentabilidade de suas lavouras. RC

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Mamoma, Mucuna e Melão de São Caetano

Ricardo ParisotoAgrônomo da Canaoeste de Barretos

Com a mudança do sistema de colheita de cana queimada para o sistema de colheita de cana

crua, aconteceram algumas modifica-ções importantes no que se refere às plantas daninhas, pois a cobertura mor-ta ocasiona mudanças químicas, físicas e biológicas no solo e pode provocar se-leção da comunidade infestante, supri-mindo a infestação de plantas daninhas normalmente consideradas importantes nos canaviais. Destacam-se as espécies Brachiaria horizontalis, Brachiaria plantaginea, Brachiaria decumbens e Panicum maximum (Velini et al., 2000;

Medeiros, 2001; Gravena et al.,2004).

No entanto, estão surgindo plantas de difícil controle no sistema de cana-crua, que têm como características principais a agressividade competitiva, facilidade de dispersão de sementes e desenvolvi-mento em luz difusa e sombreamento. Podemos citar alguns exemplos:

• Mamona (Ricinus communis) - pertencente a família euforbiácea. Planta perene, ereta, arbustiva, muito ramificada, de caules glabros e fistu-losos, com até 7 metros de altura. Flo-resce quase o ano todo. Suas sementes

são grandes e per-manecem no solo durante longos pe-ríodos (Severino et al.,2005).

• Mucuna (Mu-cuna spp.) - per-tencente a família Fabaceae. A maio-ria das espécies do gênero Mucuna é indicada para a prática da aduba-ção verde. A mu-cuna preta (Mucu-na aterrima) é uma

*Ricardo Parisoto – Engenheiro Agrônomo da Canaoeste Barretos com colaboração da gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan.

planta de hábito de crescimento tre-pador e, de acordo com Souza & Ya-mashitta (2006), utilizada como adu-bo verde devido ao volume de massa verde produzida em curto espaço de tempo. Entretanto, em razão dessa ca-racterística, pode ocupar rapidamen-te áreas, provocando competição por água, luz e nutrientes, tornando-se uma planta que pode provocar inter-ferência na produção.

• Melão de São Caetano (Mo-mordica charantia) – pertencente a

Plantas daninhas que atormentam o produtor rural

Melão de São Caetano

Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

Mamona

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família Cucurbitaceae, é uma planta originária da Ásia, de onde foi disse-minada para muitas regiões de climas tropical e subtropical. Sua introdução no Brasil ocorreu a partir da Áfri-ca (Kissman e Groth, 1999). É uma planta herbácea, anual, reproduzi-da por sementes e alastrada a partir de rizomas dos quais há brotação da planta; trepadeira, prendendo-se por gavinhas sobre obstáculos ou plantas vizinhas (Kissman e Groth, 1999).

Estas ervas daninhas produzem muitas sementes e, por serem semen-tes grandes, possuem reserva sufi-ciente para nutrir as plântulas. Dessa forma, conseguem sobressair à cama-da de palha que fica sobre o solo de-vido ao processo da colheita de cana--crua. As colhedoras de cana através dos ventiladores, responsáveis pela limpeza da cana, são as principais disseminadoras das sementes destas ervas para o todo o talhão.

Os motivos que têm causado o apa-recimento destas plantas daninhas são: eliminação da queima e de seus efeitos no controle; manutenção da camada de palha sobre o solo e seus efeitos sobre a disponibilidade de água, luz e tempera-tura; redução do revolvimento do solo – cultivo; colhedora mecânica como dispersor de sementes e partes vege-tativas; expansão do plantio em novas áreas; entre outros

Os prejuízos causados pela infesta-ção destas ervas estão relacionados:

• À competição por água, luz, es-paço físico e por nutrientes princi-palmente, nitrogênio (N) e potássio (K). O comprometimento da extração desses macronutrientes implica redu-ção de produtividade da cultura, uma vez que K é o nutriente exportado em maior quantidade pela cana-de-açúcar, na ordem de 210 Kg de K2O para 100 toneladas de colmos de cana-soca (Sil-vaet al., 2007). Em relação ao Nitrogê-nio, além da redução da produtividade, seu nível abaixo do adequado também reduz a longevidade do canavial, re-sultando na antecipação da reforma (Vitti et al., 2007);

• Ao “embuchamento” das colhedo-ras ocasionado por estas ervas durante o processo de colheita acarretando a di-minuição do rendimento operacional e causando danos mecânicos à máquina;

• Ao aumento da quantidade de im-purezas vegetais que vão para a indús-tria interferindo diretamente na quali-dade da matéria-prima (queda do ATR).

Diante dos desafios de aumentar a produtividade e a rentabilidade das la-vouras, o controle de plantas daninhas é extremamente necessário.

O MIPD (Manejo Integrado de Plan-tas Daninhas) deve ser sempre reali-zado. O MIPD é um conjunto de pro-cedimentos adotados para controlar as plantas invasoras. Bastante eficaz, o MIPD deve ser realizado antecipada-mente, unindo os métodos de controle mecânico, químico e cultural.

Especificamente para o controle das

ervas citadas, no momento da reforma do canavial é muito importante a des-secação química das soqueiras com o objetivo também de desinfestar a área. Sempre que possível realizar a rotação de culturas (manejo cultural), que pode amenizar os problemas com resistência de plantas daninhas a herbicidas.

A aplicação de herbicida em PPI (pré-plantio incorporado) deve ser rea-lizada quando a área for muito infesta-

“Embuchamento” das colhedoras

da. Esta modalidade de aplicação alivia a pressão de infestação pós-plantio e nos cortes subsequentes porque reduz o banco de sementes, mas não anula a necessidade de aplicação de herbicida após o plantio.

Recomenda-se, após o plantio e quebra do lombo (nivelamento), as-sim como após o corte das soqueiras, a aplicação de herbicidas pré-emergentes com características físico-química ade-quadas e residual longo.

E ainda se houver “escape” na cana--planta ou soca, fazer catação, manual ou química, antes do período de flo-rescimento das ervas para não piorar o grau de infestação do local.

Para a recomendação correta e se-gura de herbicidas para controle quími-co de ervas daninhas, o produtor deve consultar um Engenheiro Agrônomo. O mapeamento e o acompanhamento sis-temático das populações, assim como a determinação dos níveis de infestação são estratégias relevantes para o suces-so do controle.

Ressaltamos também que a escolha do herbicida deve ser criteriosa e nunca baseada em apenas uma única variável, devendo-se evitar a escolha dos herbici-das unicamente em função do custo. As doses recomendadas devem ser respei-tadas, assim como as condições climá-ticas no momento da aplicação. RC

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70Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

Broca da cana-de-açúcar (Diatrea Saccharalis)

breno souzaAgrônomo da Canaoeste de Descalvado

A Broca (Diatrea saccharalis) é uma das pragas mais importan-tes da cana-de-açúcar no Brasil

e tem se mostrado a mais maléfica, cau-sando danos diretos e indiretos para a cultura, interferindo significativamente na qualidade dos produtos finais.

O adulto é uma mariposa de colora-ção amarelo-palha. A asa anterior pos-sui numerosas linhas estreitas de colo-ração marrom e as asas posteriores são brancas. A fêmea geralmente é maior e suas asas mais claras do que as do ma-cho. Os adultos são de hábito noturno e permanecem escondidos durante as ho-ras de luz. Vivem em média cinco dias.

Após o acasalamento as fêmeas fa-zem a oviposição nas folhas da cana, em

ambas as faces. Os ovos são achatados e ovais e são depositados em agrupa-mentos sobrepondo-se como escamas de um peixe. Cada grupo de ovos pode conter de dois a 50 ovos. Inicialmente são brancos, tornando-se de cor laranja com o tempo e, próximo à eclosão, ad-quirem cor escura. A duração desta fase é de aproximadamente quatro a oito dias, sendo influenciada diretamente pela temperatura.

As lagartas são de coloração branco--leitosa, cabeça marrom escuro e me-dem de 25 a 30 mm de comprimento. Eclodem praticamente ao mesmo tem-po e alimentam-se, quase que imedia-tamente após a eclosão, do tecido da folha ou do tecido da casca do entrenó em formação. Dirigem-se para a bainha

*Breno Souza – Engenheiro Agrônomo da Canaoeste Descalvado com colaboração da gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan.

Filo: Artropoda; Classe: Insecta; Ordem: Lepidoptera; Família: Crambidae; Gênero: Diatraea; Espécie: Diatraea saccharalis.

esquema de caminhamento de campo para a liberação de Cotésia flavipes (Botelho et al 1980).

onde penetram pela parte mais mole do colmo e, perfurando-o, abrem galerias

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Ocorrência da praga:

Danos diretos:

Danos indiretos:

Controle biológicoOs danos diretos decorrem da ali-

mentação do inseto e caracterizam-se por perda do peso devido a abertura de galerias no entrenó; morte da gema apical da planta (“coração morto”); en-

curtamento do entrenó; quebra da cana; enraizamento aéreo; germinação das gemas laterais. Estes danos apresenta-dos ocorrem isoladamente ou associa-dos, o que pode agravar os prejuízos.

Os danos indiretos são causados por microrganismos que invadem o entrenó através do orifício aberto na casca do colmo pela lagarta. Os principais mi-crorganismos são os fungos Fusarium moniliforme e Colletotrichum falcatum que ocasionam o vermelhão no interior dos entrenós, levando à queda no rendi-mento industrial pela inversão da saca-rose, diminuição da pureza do caldo e problemas de contaminação do proces-so e fermentação alcoólica.

As brocas provocam perdas repre-sentativas caso não sejam tomados os devidos cuidados de monitoramento e controle. A cada 1% de índice de in-

tensidade de infestação (I.I) refletem no processo industrial perdas de: 370 gramas de açúcar ou 165 milílitros de álcool por tonelada de cana processada, com queda de 0,77% da produtividade (GALLO et al, 2002, COOPERSUCAR 2003, BOTELHO & GARCIA 2004).

Entretanto, dados mais recentes de-mostram que as perdas para cada 1% de intensidade de broca podem ser ainda maiores, próximas a 1,50%, em relação à produtividade agrícola, 0,49% na pro-dutividade de açúcar e 0,28% na produ-tividade de álcool.

Para adotarmos práticas de manejo

O controle biológico é uma opção inteligente. Deve ser sempre consi-derado porque é mais barato e menos impactante para o meio ambiente por-que reduz a necessidade de aplicação de inseticidas. Para o controle da broca da cana-de-açúcar é a maneira mais efi-ciente e segura.

O inimigo natural muito importante e específico da broca da cana é a ves-pinha Cotesia flavipes (Hymenoptera: Braconidae). Possui capacidade de au-mento populacional em curto tempo e é facilmente produzida em laboratório.

As vespinhas localizam o hospedeiro pelas substâncias liberadas nas fezes da broca e introduzem seu aparelho ovi-positor no interior das lagartas. Elas chegam a ovipositar aproximadamente 50 ovos. Quando eclodem, as larvas do predador alimentam-se da praga da cana (broca).

Em canaviais plantados no início do ano (cana de ano e meio), a ocorrência das lagartas é mais frequente no início das chuvas (setembro/outubro), atin-gindo o pico populacional em janeiro/fevereiro, no verão. Nas soqueiras a sua ocorrência é praticamente constante du-rante todo ano, mas existe a tendência das populações diminuírem nos perío-dos frios e secos e aumentarem nos pe-ríodos quentes e úmidos.

Com relação ao estágio do canavial e tamanho das canas, nas canas plantas as populações são mais elevadas pelo maior vigor vegetativo e nas canas com entrenós formados, os ataques são mais intensos quando comparadas às canas mais jovens.

Observa-se também que existem variedades mais suscetíveis ao ata-que da praga. Geralmente, variedades precoces, ricas e produtivas, são mais atrativas e nos canaviais que recebem a aplicação de vinhaça, as populações são maiores devido as condições ideais para o aumento reprodutivo do inseto.

Os inimigos naturais realizam controle eficiente da praga e contribuem intensa-mente para a diminuição das populações. Existem diversos parasitas e predadores que atuam em todos os estágios biológi-cos, portanto a adoção de práticas corre-tas e seguras para o meio ambiente são extremamente necessárias para o manejo sustentável deste inseto-praga.

adequadas é muito importante conhe-cermos, através de levantamentos de campo, o índice de intensidade de in-festação de broca (II) e os níveis po-pulacionais da broca no campo. Estes levantamentos são estratégicos porque subsidiam a tomada de decisão.

Os levantamentos para a determina-ção da intensidade de infestação final (II %) são realizados próximos a colheita ou junto com a colheita (cana madura) e são calculados a nível de fazenda, talhão, variedade, categoria e corte e orientam para onde devem ser direcionados os le-vantamentos populacionais, priorizando os canaviais mais infestados.

Os levantamentos populacionais têm a finalidade de monitorar as populações da praga e orientar a adoção de medidas de controle. Geralmente são realizados nos canaviais com quatro a seis meses de idade.

Embora o controle biológico, atra-vés da liberação de parasitoides, ser um exemplo de eficiência, outras práticas de controle podem ser adotadas de ma-neira integrada.

de baixo para cima. Esta é a fase onde ocorrem os danos. O tempo de desen-volvimento larval varia de 40 a 60 dias, dependendo das condições climáticas. Sua transformação em pulpa ocorre dentro da planta, na galeria feita pela larva. A pulpa é alongada e fina, de co-loração marrom-amarelada a marrom mais escuro e mede de 16 a 20 mm de

comprimento. A duração de fase de pul-pa é de nove a 14 dias.

O ciclo evolutivo completo da broca é de 60 a 90 dias e, nas condições am-bientais do Brasil, pode dar até quatro gerações anuais, em casos excepcionais até cinco gerações, dependendo das condições climáticas.

RC

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72Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

Cigarrinhas das raízes (Mahanarva frimbiolata)As vilãs sob a palhada*Antonio Carlos Cussiol Júnior, engenheiro agrônomo Canaoeste*Alessandra Durigan, gestora Técnica Canaoeste

Desde a década de 90, princi-palmente no Estado de São Paulo, o manejo da cultura da

cana-de-açúcar tem sofrido alterações. Aspectos legais, ambientais e econô-micos estão induzindo a mecanização da colheita, que dispensa o uso do fogo para o corte da cana. Reforçando este processo, o Protocolo Agroambiental do Estado de São Paulo prevê a redução progressiva da queima nos canaviais até a sua completa extinção em 2017.

A mudança do sistema de colheita para cana crua acarretou o aumento das populações das cigarrinhas das raízes (Mahanarva fimbriolata) e a cada safra essa praga ganha mais im-portância. Atualmente as cigarrinhas estão presentes em diversas regiões canavieiras do Brasil causando danos expressivos à produtividade e à quali-dade da matéria-prima.

A colheita de canaviais com queima prévia elimina parte dos ovos deixados no solo e na palhada, em contraparti-da, no sistema de colheita crua, com ausência do fogo, o acúmulo de palha

contribui para manter a umidade do solo e favorece o aumento da popula-ção desse inseto.

O clima apresenta grande influência na dinâmica populacional. No período seco, pela ausência de umidade do solo, os ovos ficam em diapausa. Com o iní-cio das chuvas, na primavera, pelo au-mento da umidade e temperatura, ocor-re a eclosão dos ovos, aumentando o número de indivíduos. Portanto, no pe-ríodo de outubro a março, é necessário atenção aos levantamentos de campo com objetivo de monitorar as popula-ções e ter subsídios (informações) para a tomada de decisão.

O ciclo biológico da cigarrinha das raízes apresenta duração média de 60 dias, o que possibilita a presença de aproximadamente três gerações da pra-ga a cada safra.

As cigarrinhas das raízes podem acarretar sérios danos e prejuízos ao ca-navial. Alguns autores citam reduções de produtividade que variam de 25% a 60% na cana-soca, e chegam a 11% na

cana-planta. Populações mais frequen-tes são verificadas em cana-soca, mas quando a pressão é muito grande, as ca-nas plantas também podem ser atacadas e sofrer danos.

A infestação da praga é identificada pela presença de uma espuma esbran-quiçada na base da touceira (Figura 1). As ninfas não sobrevivem sem essa proteção que é favorecida pela presença de umidade.

importância e ControleAs ninfas causam os maiores da-

nos e vivem cerca de 30 a 40 dias. Perfuram as raízes para sugar água e nutrientes e provocam um desequilí-brio fisiológico na planta uma vez que essas raízes se deterioram e impedem o fluxo da água e nutrientes ocasio-nando sintomas típicos como morte de perfilhos, rachadura dos colmos, colmos mais finos e secos, brotações laterais, entre outros. Os adultos, inje-tam toxinas ao sugarem as seivas das folhas e causam necrose dos tecidos comprometendo todo o processo de fotossíntese da planta. Em situações críticas, de ataque severo, as plantas podem secar por inteiro e o canavial fica com aspecto de queimado.

antonio Carlos Cussiol júnior,Agrônomo da Canaoeste de Morro Agudo

Figura 1: Espuma produzida pela cigarrinhas das raízes.Foto: Heraldo N. de Oliveira

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A primeira geração ocorre após os ovos remanescentes da geração anterior saírem da diapausa. Isso acontece no início do período chuvoso, na primave-ra, onde as condições de temperatura e umidade são adequadas para as ninfas. Ao eclodirem, as ninfas seguem em di-reção às raízes e radicelas, onde iniciam sua alimentação e como defesa excre-

Os canaviais colhidos no final de safra possuem uma sensibilidade maior à praga, ou seja, poucas nin-fas por metro causam danos mais severos. Já os canaviais colhidos no início de safra, por estarem mais de-senvolvidos, toleram uma quantida-de maior de ninfas por metro e, por-tanto, os danos serão menores.

figura 3: adultos de Mahanarva fimbriolata (macho e fêmea).Foto: Heraldo N. de Oliveira

Figura 2: Esquema demonstrativo da multiplicação exponencial de ovos.Fonte: Antônio Cussiol.

Na figura 2, é possível observar que a multiplicação desse inseto é exponencial mesmo considerando 40% de viabilidade de seus ovos.

tam espuma para evitar o ressecamento de seu corpo.

A eficiência do controle está liga-da diretamente aos levantamentos de campo e a agilidade na tomada de de-cisão. É de extrema importância que as populações sejam detectadas e monito-radas no momento certo. Desta forma, os resultados serão positivos. Quanto maior o período de convivência da praga com a planta, maiores serão os danos em produtividade e qualidade da matéria-prima.

O controle de cigarrinhas pode ser realizado utilizando-se métodos físi-cos, químicos, culturais e biológicos, sendo que o manejo integrado (asso-ciação de métodos) é o mais recomen-dado. O uso do controle biológico, com a aplicação de fungo Metarhizium anisopliae, deve ser sempre considera-do. É uma opção inteligente e susten-tável porque preserva a população de inimigos naturais e reduz os impactos negativos ao meio ambiente.

Para o controle químico devemos consultar um engenheiro agrônomo e utilizar apenas produtos com registro no Ministério da Agricultura e Pecuá-ria para a cultura e praga em questão. Inseticidas do grupo químico dos pire-troides, que causam efeito de “choque” (morte rápida de insetos) não deverão ser utilizados por não apresentarem se-letividade aos inimigos naturais.

Cuide de seu canavial. Não deixe a cigarrinha sugar seus lucros! RC

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74Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

Sistema Radicular:O alicerce da cana-de-açúcar*Daniela Aragão Santa Rosa, Agrônoma da Canaoeste de Pontal*Alessandra Durigan, gestora Técnica Canaoeste

A cultura da cana-de-açúcar tem nos últimos anos apresentado nú-meros de produtividade agrícola

abaixo do esperado. Na safra 2012/2013, na região Centro-Sul, a média foi de aproximadamente 74 toneladas por hec-tare. Em recente projeção, a UNICA (União da Indústria de Cana-de-açúcar) estimou que para a safra 2013/2014 a produtividade agrícola será próxima a 80 toneladas por hectare. A cada ano a busca por produtividades maiores, aci-ma de 100 toneladas por hectare, vem crescendo e o desafio de produzir cada vez mais com o objetivo de aumentar a rentabilidade das lavouras requer conhe-cimento e a compreensão de todos os fe-nômenos que ocorrem com a planta e de todo o processo de produção.

Sabemos que através do aperfeiçoa-mento de técnicas tradicionais e da in-trodução de novas tecnologias podemos alcançar resultados favoráveis que via-bilizem o nosso negócio.

Analisando esse contexto, a forma mais inteligente de entender o que

ocorre com a parte aérea da planta é analisar o que ocorre abaixo da su-perfície do solo, principalmente como crescem e se distribuem as raízes no perfil do solo. O sistema radicular é o alicerce e a “boca” da planta. É a prin-cipal ligação entre a planta e o ambien-te de produção. Avaliá-lo e conhecê-lo nos permitirá aplicar as técnicas agro-nômicas de manejo mais adequadas para atingirmos maiores produtivida-des agrícolas.

As principais funções do sistema ra-dicular são: sustentação da planta, ab-sorção e transporte de água e nutrien-tes, manutenção de reservas e defesa. O seu desenvolvimento tem influência direta sobre algumas características da planta, tais como: resistência à seca, eficiência na absorção dos nutrientes do solo, tolerância ao ataque de pragas do solo, capacidade de germinação e/ou brotação, porte (ereto ou decum-bente), tolerância à movimentação de máquinas, etc. De tais fatores depende a produtividade final. (Vasconcelos et al., 2005).

O conhecimento do sistema radicu-lar permitirá saber as melhores técnicas referentes à correção e adubação, pra-gas e doenças, irrigação, conservação e sistematização, controle de tráfico, en-tre outras. Complementando que mui-tas práticas agrícolas podem contribuir para o crescimento das raízes em pro-fundidade e aumentar o volume de solo explorado para a retirada de água e nu-trientes. A prática de correção de solos é uma delas.

A arquitetura do sistema radicular da cana-de-açúcar não segue um padrão, pois depende de diversas característica como: variedade, condições do solo, clima e manejo da cultura e sofre diver-sas modificações de acordo com idade da planta, tanto entre cortes como den-tro do mesmo corte.

Na figura 2 podemos perceber como são grandes as diferenças entre varie-dades, tanto em quantidade quanto em distribuição em profundidade.

As variedades da cana-de-açúcar são híbridos do cruzamento das espécies Saccharum, como: S. officinarum e S. Spontaneum. A espécie S. officinarum desenvolveu-se em locais com alta umi-

daniela aragão santa RosaAgrônoma da Canaoeste de Pontal

Figura1. Ilustração das raízes do tolete e do perfilho. Fonte: Miller e Lentini, 2002

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no e inverno e no período onde existe a probabilidade de ocorrer veranico, en-tre os meses de outubro a março.

O sistema radicular sofre alterações ao longo do tempo. Após o corte das soqueiras, mantém-se em atividade por um tempo e é substituído por raízes dos novos perfilhos. A morte das raízes ou renovação do sistema radicular ocorre pela deficiência hídrica (falta de umi-dade no solo) e não devido ao corte da parte aérea, independentemente da épo-ca de desenvolvimento. É no período das chuvas que ocorre o crescimento de raízes novas e aumento de ramificações.

Com o avanço da colheita mecani-zada crua (sem queima), o manejo da cana-de-açúcar necessita de algumas análises e adequações. Nesse sistema de colheita provavelmente o desenvol-vimento do sistema radicular é altera-do, já que a palha remanescente sobre o solo reduz a amplitude térmica, aumen-ta o teor de água e de matéria orgânica no solo.

Na cana colhida mecanicamente crua, devido ao elevado tráfego de má-quinas e veículos de transbordo, ocor-rem alterações nas propriedades físicas do solo e a densidade aumenta até a profundidade de 0,40 m.

dade, temperatura e solos férteis. Possui um sistema radicular mais superficial, devido as condições de adaptação. A espécie S. spontaneum desenvolveu-se em condições adversas, regiões desér-ticas de clima temperado. Apresenta uma rusticidade, ou seja, é resistente aos fatores de estresse. Portanto, as ca-racterísticas apresentadas pela S. spon-taneum mostram a importância para o melhoramento genético de incorporar mais genes dessa espécie para a obten-ção de materiais mais rústicos e adapta-dos a situações de estresse.

Na cultura da cana-de-açúcar, 90% das raízes estão concentradas na cama-da de 0 a 40 cm do solo. O sistema ra-dicular das canas plantas explora mais as camadas superficiais enquanto nas soqueiras ocorre um aumento de ex-ploração em subsuperfície. Entretanto, apesar das canas plantas apresentarem menor quantidade de raízes quando comparadas as canas-socas, a eficiência de absorção é maior, porque as raízes são mais novas e tenras. Observa-se também que quanto mais uniforme for a distribuição do sistema radicular no perfil do solo, melhor será a absorção de água e nutrientes pela planta, favo-recendo, assim, seu desenvolvimento vegetativo no período que ocorre dé-ficit hídrico com frequência em nossa região, entre os meses de final de outo-

Figura 2. Distribuição do sistema radicular aos 16, 5 meses de idade (g em 78cm³ de solo) Fonte: Vasconcelos e Garcia, 2005.

RC

É importante destacar que a densida-de do solo pode interferir muito no de-senvolvimento do sistema radicular. A densidade do solo está diretamente rela-cionada à compactação. A compactação decorrente do tráfego de máquinas, veí-culos e implementos acarreta o aumento da densidade do solo e simultaneamente reduz a macroporosidade e aeração e au-menta a resistência a penetração. Um solo úmido, estando compactado, tem elevada resistência à penetração do sistema radi-cular, prejudicando a absorção de água e nutrientes pelas plantas. Este cenário pode comprometer significativamente a produtividade das lavouras bem como a sustentabilidade agrícola e ambiental.

Realizar o controle de tráfego, se-parando as zonas de tráfego daquelas em que há crescimento das plantas e concentrando a passagem de pneus em linhas delimitadas pode diminuir subs-tancialmente a compactação do solo e é uma técnica de manejo da mecanização agrícola que representa uma alternativa para o cultivo de cana-de-açúcar.

A mecanização da lavoura tem causa-do impactos muitas vezes preocupantes para o setor sucroenergético e o aperfeiço-amento e desenvolvimento de máquinas e implementos e de práticas como plantio e colheita mecanizada são extremamente necessárias. Aliado a isso, o conhecimen-to do sistema radicular e da dinâmica do seu desenvolvimento pode nos auxiliar muito na busca pela excelência.

*Literaturas consultadas:Vasconcelos, A.C.M; Garcia, J.C.

Cana-de-açúcar: ambiente de produ-ção. Potafós – Encante técnico, n 110,

2005.Faroni, C.E;Trivelin, P.C.O.. Quan-

tificação das raízes metabolicamente ativas de cana-de-açúcar. Pesq. Agro-

pec. Brasileira, v41, n6, 2006.Medina, C.C. et al. Crescimento

radicular e produtividade de cana-de--açúcar em função de doses de vinhaça

em fertirrigação. Semina, v23, n2, 2002.

Costa, M.C.G; Mazza, J.A.; Vitti, G.C. Variedades de cana-de-açúcar vs.

adapatação ao solo vs. renovação do sistema radicular. Anais Esalq.

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

76Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

Comparação de vinte e quatro cultivares de cana-de-açúcar (saccharum spp) no município de Frutal no Estado de Minas Gerais

1. INTRODUÇÃOApesar de ainda ser um dos seto-res da área agrícola com maiores

taxas de crescimento e inovação tecnoló-gica do País, o setor sucroenergético tem sofrido muito os efeitos negativos de-correntes dos números de produtividade abaixo do esperado. Nos últimos anos, a perda de competitividade devido aos al-tos custos de produção têm diminuído a rentabilidade causando sérios problemas ao produtor rural e à economia brasileira.

O desenvolvimento da cultura de cana-de-açúcar tem raízes históricas, que abrange principalmente a busca de tecnologias adequadas, dentro de um contexto da evolução do sistema produ-tivo, compreendendo aspectos técnicos, biológicos, econômicos e sociais (VAS-CONCELOS, 1998).

Para que o setor sucroenergético al-cance os níveis de produtividade neces-sários ao equilíbrio e rentabilidade de sua cadeia de produção, a introdução de novas variedades torna-se fundamental, notadamente face a degenerescência dos materiais utilizados em cultivo intensivo (RESENDE SOBRINHO, 2000).

A produtividade agrícola da cana-de--açúcar tem apresentado aumentos ex-pressivos no País, mas a produtividade média ainda é baixa e poderá ser me-lhorada (MELLIS & QUAGIO, 2009).

Segundo Yokoya (1995), o fator va-riedade é essencial para se conseguir matéria-prima de boa qualidade. Neste contexto, o desenvolvimento de novas variedades pelos programas de melho-ramento genético podem incorporar maiores produtividades às lavouras de cana-de-açúcar. Realizar um adequado manejo varietal, com materiais moder-nos, mais produtivos e adaptados as

mais adversas situações de cultivo con-tribuem significativamente para o cres-cimento do setor.

Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o comporta-mento agroindustrial de vinte e quatro cultivares no município de Frutal-MG.

2. MATERIAL E MÉTODOSA área experimental está localizada

no município de Frutal no Estado de Minas Gerais, a 160 km do município de Jaboticabal, na Fazenda Santa He-lena, com localização geográfica de 20º01’26”S e 48º52’9”WG. Até a im-plantação do experimento, a área esta-va com plantio de soja desde o ano de 2003. O solo apresenta textura média e é distrófico (V% < 50).

A instalação, condução e colheita do campo experimental foram reali-zadas pela Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Es-tado de São Paulo) em parceria com a Aprovale (Associação dos Plantadores de Cana do Vale do Rio Grande) e Usi-na Frutal (Grupo Bunge), sendo que o plantio do experimento foi realizado no dia 01/04/2012 e a colheita do primeiro corte no dia 15/08/2013.

Todas as cultivares utilizadas para a implantação desse experimento foram obtidas junto a Fazenda experimental Santa Rita, localizada no município de Terra Roxa-SP, pertencente a Coper-cana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo).

Por ocasião do plantio a adubação foi realizada com a fórmula 05-25-25, 500 kg/ha, seguindo os critérios da perspectiva de produtividade agrícola e análise de solo, de acordo com Boletim 100 – IAC (2001). No sulco foi aplica-

do o inseticida Regent WG (fipronil), recomendado para o controle de cupins, na dose de 0,25 kg/ha, o fungicida sis-témico Comet, do grupo das estrobiru-linas, recomendado para o controle da doença “Podridão Abacaxi”, na dose de 0,5 l/ha e o nematicida Furadan (carbo-furan), recomendado para o controle de nematoides, na dose de 5,0 l/ha.

A primeira colheita (primeiro cor-te) da área experimental foi mecânica, quando o canavial apresentava dezes-seis meses de idade e, para a avaliação do TCH (toneladas de cana por hectare), utilizou-se para a pesagem dos blocos, um caminhão transbordo com balança.

As cultivares foram submetidas a análises tecnológicas através de amos-tras de cana retiradas nos blocos no mo-mento da colheita, para a obtenção dos valores do Brix, POL, Pureza, Fibra, AR (Açucares Redutores), ATR (Açúcar To-tal Recuperável), segundo a metodologia proposta por CONSECANA-SP (2006).

O delineamento experimental utiliza-do foi o de blocos ao acaso, com 24 tra-tamentos e três repetições. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de va-riância (Teste F) e, nos casos da ocorrên-cia de significância estatística, procedeu--se às comparações de médias pelo teste de Scott & Knott (SCOTT & KNOTT, 1974) ao nível de 5% de probabilidade, de acordo com Pimentel Gomes (1981).

Alessandra Durigan - Gestora Técnica da CanaoesteDaniela Aragão Santa Rosa - Agrônoma da Canaoeste de PontalHélio Francisco da Silva Neto - Doutorado em Agronomia na FCAV/UNESP – Campus JaboticabalLuiz Carlos Tasso Júnior – Superintendente da Canaoeste e pós-doutorado na FCAV/UNESP – Campus Jaboticabal

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3.RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1: Valores médios da porcentagem de sólidos solúveis (Brix), Pureza, Fibra, AR (Açúcares Redutores) e POL (Porcentagem de Saca-

rose Aparente) para as cultivares em estudos, além de dados estatísticos.Cultivares brix Pureza fibra aR POL ---------- %caldo --------- ----------- %cana ---------------

SP91-1049 18,98 a 87,78 a 12,32 a 0,36 13,73 bRB85-5453 18,52 a 89,51 a 11,51 b 0,49 14,15 aRB96-6928 17,76 b 87,59 a 11,69 b 0,54 13,24 bRB96-5902 17,18 b 87,80 a 11,15 b 0,54 12,97 bRB96-5917 17,64 b 87,68 a 11,43 b 0,54 13,23 bCTC 9 18,49 a 86,46 a 11,52 b 0,57 13,67 bCTC 17 19,17 a 89,54 a 11,21 b 0,49 14,74 aCTC 21 18,21 a 89,40 a 10,84 b 0,49 14,08 aSP81-3250 19,88 a 91,44 a 11,35 b 0,43 15,56 aIAC91-1099 18,41 a 89,19 a 12,08 a 0,49 13,94 aIACSP95-5094 18,32 a 89,97 a 12,41 a 0,46 13,87 aIACSP96-3060 17,55 b 88,71 a 12,36 a 0,50 13,11 bCTC 2 19,08 a 88,32 a 11,77 b 0,52 14,33 aCTC 20 18,02 b 89,49 a 11,14 b 0,49 13,87 aCTC 24 18,22 a 89,08 a 12,57 a 0,49 13,62 bCT 991906 18,34 a 88,21 a 12,28 a 0,51 13,62 bSP83-2847 16,75 b 88,31 a 12,72 a 0,51 12,38 bSP80-3280 19,00 a 88,76 a 11,31 b 0,51 14,43 aIACSP95-5000 18,59 a 89,67 a 11,53 b 0,48 14,24 aCTC 6 17,57 b 88,74 a 10,96 b 0,51 13,45 bCTC 15 17,24 b 87,89 a 12,47 a 0,52 12,72 bRB85-5536 19,37 a 88,70 a 11,99 a 0,50 14,56 aRB86-7515 19,26 a 90,79 a 11,18 b 0,45 15,02 aRB93-5744 16,52 b 85,71 a 11,87 a 0,59 12,02 bEstatística Teste F cultivar 3,74** 1,09NS 3,38** 0,91NS 3,04**Teste F bloco 5,53** 5,13** 21,32** 0,65NS 11,01**Média Geral 18,25 88,70 11,73 0,50 13,77CV (%) 4,19 2,35 4,47 16,93 5,92Médias seguidas de letras distintas, em cada atributo de cada coluna, diferem entre si

ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste de Scott & Knott. NS – não significativo. ** - significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo Teste F.

Tabela 2: Valores médios da produtividade agrícola expres-sa em TCH (Tonelada de Cana por Hectare), ATR (Açúcar To-tal Recuperável) e TAH (Tonelada de Açúcar por Hectare) para as cultivares em estudos, além de dados estatísticos.Cultivares TCH aTR TaH t ha-1 kg t-1 t ha-1SP91-1049 147,95 a 140,05 a 20,65 aRB85-5453 138,75 a 140,85 a 19,57 aRB96-6928 138,49 a 132,49 b 18,33 aRB96-5902 137,23 a 129,43 b 17,72 aRB96-5917 121,68 a 132,41 b 16,13 bCTC 9 107,23 b 136,97 a 14,71 bCTC 17 110,06 b 146,46 a 16,15 bCTC 21 144,06 a 140,21 a 20,16 aSP81-3250 125,41 a 153,90 a 19,26 aIAC91-1099 123,38 a 138,80 a 17,02 bIACSP95-5094 103,31 b 137,79 a 14,24 bIACSP96-3060 104,00 b 130,88 b 13,64 bCTC 2 131,69 a 142,85 a 18,75 aCTC 20 106,44 b 138,12 a 14,70 bCTC 24 102,58 b 135,72 b 13,88 bCT 991906 128,82 a 135,93 b 17,49 aSP83-2847 132,04 a 123,90 b 16,42 bSP80-3280 98,60 b 143,72 a 14,17 bIACSP95-5000 108,06 b 141,63 a 15,25 bCTC 6 119,74 a 134,31 b 16,23 bCTC 15 119,83 a 127,38 b 15,23 bRB85-5536 106,52 b 144,88 a 15,50 bRB86-7515 131,16 a 148,84 a 19,56 aRB93-5744 123,66 a 121,28 b 14,99 bEstatística Teste F cultivar 3,53** 3,36** 3,10**Teste F bloco 1,34NS 10,95** 0,25NSMédia Geral 121,28 137,45 16,66CV (%) 11,11 5,30 12,71Médias seguidas de letras distintas, em cada atributo de cada coluna, diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste de Scott & Knott. NS – não significativo. * e ** - significativo ao nível de 5 e 1%

de probabilidade pelo Teste F,

Observando a Tabela 1, a cultivar SP81-3250, apresentou maior teor de POL % cana, 15,56, porém mos-trou semelhança estatística com as se-guintes cultivares: RB86-7515, CTC 17, RB85-5536, SP81-3280, CTC 2, IACSP95-5000, RB855453, CTC 21, IAC91-1099, IACSP95-5094, CTC 20. Segundo BRIEGER (1968), para uma maturidade e maturação adequada, a cana-de-açúcar deve apresentar os se-guintes valores mínimos: Brix % caldo = 18%; POL (sacarose) % caldo = 15,3

a 14,4; POL (sacarose) % cana = 13 a 16%; pureza aparente = 85 a 80%. Por-tanto, todas as cultivares citadas apre-sentaram maturação adequada.

Quanto a pureza, as cultivares não apresentaram diferenças estatísticas quando comparados entre elas, os valores apresentados são considerados ideais.

Pelos dados demonstrados na Tabe-la 2, a cultivar SP91-1049 apresentou maior valor de TCH: 147,95 t.ha-1, po-

rém não foi verificada diferença sig-nificativa em relação as cultivares: CTC 21, RB85-5453, RB96-6928, RB96-5902, SP83-2847, CTC 2, RB86-7515, CT 991906, SP81-3250, RB93-5744, IAC91-1099, RB96-5917, CTC 15 e CTC 6.

A cultivar com maior valor de ATR foi a SP81-3250, com 153,90 kg.t-1, apresentando semelhança estatística a: RB86-7515, CTC 17, RB85-5536, SP80-3280, CTC 2, IACSP95-5000,

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78Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

RB85-5453, CTC 21, SP91-1049, IAC91-1099, CTC 20, IACSP95-5094 e CTC 9.

Em relação ao TAH (Tonelada de Açúcar por Hectare), as cultivares: SP91-1049, CTC 21, RB85-5453, RB86-7515, SP81-3250, CTC 2, RB96-6928, RB96-5902 e CT 991906, apre-sentaram resultados significativamente superior as demais cultivares.

4. CONCLUSÃOAs cultivares apresentaram valores

adequados em relação à avaliação da qualidade da matéria-prima.

As cultivares: SP91-1049, CTC 21, RB85-5453, RB86-7515, SP81-3250, CTC 2, RB96-6928, RB96-5902 e CT 991906, apresentaram os melhores re-sultados de TAH.

Vale ressaltar que os resultados apresentados referem-se apenas ao ciclo de cana planta, sendo necessá-rios maiores estudos para os próximos anos agrícolas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁ-fiCas

BRIEGER, F.O.; Início da safra. Como determinar a maturação. Boletim Informati-vo Copereste, Ribeirão Preto, v4, n1, 1968.

CONSECANA -SP (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açú-car e Álcool do Estado de São Paulo). (2006), Manual de Instruções. Piracica-ba: Consecana. pp.112.

YOKOYA, F. Fabricação da aguar-dente da cana. Campinas: Fundação Tropical de Pesquisas e Tecnologia “André Tosello”, 1995. (Série Fermen-tações Industriais, 2).

MELLIS, E.V.; QUAGIO, J.A. 2009. Micronutrientes em cana-de-açú-car: a fome oculta dos canaviais. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_3/MicronutrientesCana/index.htm>.

PIMENTEL GOMES, F. Curso de estatística experimental. 9.ed. Piracica-

ba: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 1981. 430p.

RESENDE SOBRINHO, E.A. Com-portamento de variedades de cana-de--açúcar em Latossolo Roxo, na região de Ribeirão Preto/SP. Jaboticabal, 2000, 85p. Dissertação (Mestre em Agrono-mia), Produção Vegetal – Faculdade de Ciências Agrárias Veterinárias, Univer-sidade Estadual Paulista.

SCOTT, S. J.; KNOTT, M. A clus-ter analysis method for grouping means in the analysis of variance. Biometrics, Washington, v. 30, n. 3, p. 507-512, Sept. 1974.

VASCONCELOS, A.C.M. Compor-tamento de clones IAC e variedades de cana-de-açúcar (Saccharum spp) nas condições edafoclimáticas da região do Vale do Paranapanema. Jaboticabal, 1998. 108f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal). Faculdade de Ciên-cias Agrárias e Veterinárias, Universi-dade Estadual Paulista. RC

Desinfestação de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar

A finalidade do manejo das plan-tas daninhas em cana-de-açú-car é dar proteção à produtivi-

dade agrícola e industrial da cultura e facilitar as demais operações agrícolas. Um canavial livre de plantas daninhas, “no limpo”, pode atingir altas produti-vidades, próximas ao potencial produ-tivo do ambiente agrícola, permitindo o desenvolvimento pleno da cultura.

A cana-de-açúcar pode tolerar a in-festação de plantas daninhas por apro-ximadamente 100 dias após o plantio, este período é chamado de PTPI (Pe-ríodo Total de Prevenção à Interferên-cia). É recomendável que o controle seja realizado antes desse período, pois a cultura deve se desenvolver li-vre de plantas daninhas, evitando a competição.

*Edson Fernandes Júnior – Agrônomo da Canaoeste de Pitangueiras*Alessandra Durigan – Gestora Técnica Canaoeste

Estratégia eficaz para o sucesso da cana-planta e soqueiras

Área de reforma de cana-de-açúcar com alta infestação de grama-seda. Fonte: Edson Fernandes Júnior.

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A interferência negativa resultante da presença das plantas daninhas nas áreas agrícolas produtoras de cana-de--açúcar pode causar reduções na qua-lidade do produto colhido, diminuir o número de cortes viáveis além de au-mentar os custos de produção em cerca de 30% para cana-soca e de 15 a 20% para cana-planta (LORENZI, 1988).

Assim, os objetivos almejados no controle de plantas daninhas são: evitar perdas devido à interferência (competição), favorecer a condição de colheita mecanizada, evitar o aumento do banco de semente, evitar problemas de seleção e/ou resistência de plantas daninhas, entre outros.

O controle químico com herbicidas é prática muito eficiente e é muito uti-lizada pelos produtores de cana, entre-tanto, a integração de práticas culturais e mecânicas, ou seja, o manejo inte-grado de plantas daninhas, é a forma de controle mais racional e segura.

Para a garantia do sucesso do con-trole em cana-planta e nas soqueiras sucessivas, a destruição da soqueira e o uso de herbicidas residuais, como manejo de pré-plantio (PPI – pré--plantio incorporado) é uma estratégia eficaz porque promove a redução do potencial de infestação de plantas e à diminuição do banco de sementes, ou seja, a desinfestação das áreas.

A sequência de operações utilizadas em áreas de expansão ou reforma com altas infestações de gramíneas forra-geiras e ou folhas largas envolvendo a aplicação de herbicidas residuais pré--plantio é a seguinte:

1- Manejo da vegetação com Glyphosate (dessecação química).

2- Gradagem pesada.3- Gradagem intermediária.4- Herbicida residual.5- Plantio da cana6- Herbicida de pós plantio.A dessecação com Glyfosate associa-

da com a aplicação herbicidas residuais deve obedecer o seguinte pré-requisito: as áreas devem ser liberadas (colhidas) em setembro/outubro para que o próxi-

mo plantio seja realizado em fevereiro/março. Utilizar herbicidas com ação graminicida e latifolicida em sequência ou em mistura ao Glyphosate.

Herbicidas residuais que tem como alvo o solo: Imazapic (Plateau) e Ima-zapir (Contain) em associação com Glyphosate, podem ser aplicados com alta cobertura vegetal, já os herbicidas residuais, Sulfentrazone, Clomazo-ne, Isoxaflutole, em associação com Glyphosate, necessitam de solo com um mínimo de vegetação no momento da aplicação.

Os tratamentos descritos acima vi-sam obter cana-planta com baixo poten-cial de infestação de plantas daninhas.

A aplicação de herbicidas nas áreas de rotação de cultura, na re-forma do canavial, tanto no sistema de Meiosi como no plantio conven-cional, também provocam um efei-to supressivo sobre a infestação de plantas daninhas e ajudam também a desinfestação das áreas.

A aplicação de herbicidas em pré ou pós-precoce da cana é essencial (pri-meira aplicação) para evitar a Mato Competição. Os principais herbici-dadas utilizados em cana-planta são: Thebutiuron, Clomazone, Diclosulan, Hexazinona, Ametrina, Diuron, Me-tribuzin, Sulfrentazone, Flumioxazina, S-Metolachlor.

Como a colheita mecanizada exige a operação de quebra lombo poderá haver a necessidade de uma segun-da aplicação de herbicidas após essa operação:

Sugestão de recomendação de her-

bicidas para pós-operação de “quebra lombo”:

- Tratamento 1- 1,8 L/ha Clomazone + 1,5 Kg/ha (Hexazinona + Diuron);

- Tratamento 2- 1,3 L/ha Sulfrenta-zone + 1,5 L/ha Clomazone.

Considerações finaisA negligência do manejo do banco

de semente e órgãos de propagação vegetativa na implantação do canavial resulta em elevados índices de infesta-ção de plantas daninhas.

A aplicação de herbicida em PPI (Pré-Plantio Incorporado) deve ser re-alizada quando a área for muito infesta-da. Esta modalidade de aplicação alivia a pressão de infestação pós-plantio e nos cortes subsequentes porque reduz o banco de sementes, mas não anula a necessidade de aplicação de herbicida após o plantio.

A aplicação de herbicidas pós-plan-tio e pós-operação de “quebra lombo” pode assegurar a produtividade poten-cial, ligada ao ambiente de produção da cana-planta.

A seletividade dos herbicidas residu-ais está baseada nos aspectos edafocli-máticos (condições de umidade, chuva, temperatura) e fisiológicos da planta de cana e depende da dose aplicada. Para a correta escolha da dose é fundamental o conhecimento da textura e do teor de matéria orgânica do solo.

A aplicação de herbicidas residu-ais em cana-planta e cana-soca podem ocorrer em solos de baixa e alta dispo-nibilidade de água. As características do produto que permitem a sua reco-mendação para aplicação em período seco ou chuvoso devem ser criteriosa-mente observadas, visando ao sucesso no manejo de planta daninhas na cultu-ra da cana-de-açúcar.

Para maiores informações procure sempre por um Engenheiro Agrôno-mo. A recomendação correta e segura de herbicidas para controle químico de ervas daninhas é fator muito importan-te. O uso de herbicidas em larga escala pode selecionar plantas daninhas mais resistentes e impactar negativamente o meio ambiente. RC

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Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

Tratos culturais da cana-planta: proteção do canavial

A cana-de-açúcar, apesar de ser uma cultura rústica, que se de-senvolve em condições bastan-

te variáveis, depende de cuidados es-peciais pós-plantio, no estágio inicial do seu desenvolvimento. Até aos no-venta dias aproximadamente, a planta-ção pode ser muito afetada pela com-petição de plantas daninhas, ataque de pragas e necessitar, em determinadas situações, de uma adubação mineral complementar.

Para proteger e garantir a longevida-de do canavial, são necessários os tratos culturais da cana-planta, que têm como objetivos principais: controlar plantas daninhas, controlar pragas, nivelar a sulcação pós-plantio através da opera-ção de “quebra lombo” e fornecer nu-trientes quando houver necessidade.

São muitas as tecnologias disponí-veis associadas aos tratos culturais da cana-de-açúcar que contribuem para a produtividade e sustentabilidade da cultura. O importante é saber utilizá-las com responsabilidade e no momento certo. No caso de aplicação de produtos químicos, o produtor deve sempre bus-car orientação técnica.

Manejo de plantas daninhasComo em qualquer outra cultura, os

efeitos da presença do mato durante os períodos iniciais de desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar pode cau-sar significativas perdas de produtivida-de (ton/ha) quando a população destas plantas daninhas não é eliminada ou mantida em níveis bem baixos.

O manejo de plantas daninhas deve ser feito da melhor maneira possível in-tegrando os métodos culturais, mecâni-cos e químicos.

As medidas culturais têm como ob-jetivo tornar a cultura mais competitiva em relação às plantas daninhas, com a escolha correta da variedade (fecha-mento rápido) e a utilização de espaça-mentos reduzidos.

O método mecânico ou físico são

aqueles que se usam ferramentas espe-cíficas para o controle das plantas dani-nhas como a carpa manual (enxadas) ou mecânica (cultivadores).

O manejo químico, realizado com herbicidas, é o principal método de controle das plantas daninhas. O obje-tivo é a obtenção de máxima eficácia de controle, com alta seletividade para a cultura, de forma econômica e com a minimização dos efeitos ambientais. Imediatamente após o plantio, a primei-ra aplicação de herbicidas é realizada em área total e em pré-emergente ou pós--emergência inicial das plantas daninhas. A escolha do herbicida deve ser feita em função do custo, efeito residual e da efi-cácia sobre folhas largas e estreitas.

Devem-se usar produtos seletivos, com longo poder residual, para garantir o controle das plantas daninhas durante três a quatro meses (até o fechamento total da cultura). Os herbicidas devem ser aplicados de preferência com solo úmido para melhor eficiência.

Após este período pode-se fazer o manejo mecânico das plantas daninhas com o uso de cultivadores nas entreli-nhas da cana-de-açúcar, aproveitando para executar a operação de quebra lombo (nivelamento do terreno) e a adubação de cobertura.

Caso seja necessário, se houver “escapes”, realizar a segunda aplica-ção de herbicidas em após emergência das plantas daninhas em jato dirigido à entrelinha da cultura. Para melhores resultados, é preciso que as condições climáticas, vento e umidade relativa do ar, estejam favoráveis a aplicação.

Controle de pragasOs danos causados pelos insetos às

plantas são variados e podem contabi-lizar perdas muito altas. Dependendo da espécie, do tamanho populacional da praga, da fase de desenvolvimento, estrutura vegetal atacada e da duração do ataque, pode haver maior ou menor prejuízo, em quantidade e em qualidade da matéria-prima.

As principais pragas da cana-de--açúcar que podem atacar a cana--planta são a broca (Diatraea sac-charalis), as formigas cortadeiras, a cigarrinha (Mahanarva fimbriolata), o bicudo Sphenophorus levis e as la-gartas desfolhadoras.

O controle de pragas inicia-se com a correta identificação e quantificação das espécies através do trabalho de amostragem no campo.

Para um controle eficiente, é ne-cessária a associação de métodos de controle: culturais, comportamental, físico, biológico, químico, entre ou-tros (Manejo Integrado de Pragas).

No caso do tratamento químico, com a aplicação de inseticidas, a de-cisão em relação ao produto mais adequado, irá depender: do modo de ação, da época de aplicação e da pra-ga alvo.

Ressaltamos que a precisão com relação à distribuição e posiciona-mento dos produtos sobre a praga alvo é um fator primordial na otimi-zação dos resultados para controle da praga e o uso incorreto dos defensi-vos agrícolas pode colaborar para o aumento das populações.

Danilo Fonseca – Agrônomo da Canaoeste de Cravinhos e Serrana

Danilo FonsecaAgrônomo da Canaoeste de Cravinhos e Serrana

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Danilo FonsecaAgrônomo da Canaoeste de Cravinhos e Serrana

Operação “quebra lombo” e adubação de cobertura. Fonte: Danilo Fonseca.

O controle biológico é uma opção inteligente que deve ser sempre consi-derada porque é mais barato e menos impactante para o meio ambiente. Es-pecialmente para o controle da broca da cana-de-açúcar é a maneira mais efi-ciente e segura.

Operação “quebra lombo” e adu-bação de cobertura

A operação de “quebra lombo” pro-move o rebaixamento do lombo deixado na entrelinha depois de realizado o plan-tio. É realizada por volta dos 60 a 90 dias após o plantio visando nivelar o terreno para facilitar a colheita mecânica. Tem fundamental importância para a redu-ção das perdas de colheita e diminuição do índice de impureza mineral.

Esta operação é realizada com equi-pamentos que podem executar, além do nivelamento do terreno, a aplicação de inseticidas e adubações complementa-res (cobertura).

A aplicação de fertilizantes comple-mentando a adubação básica colocada no fundo do sulco por ocasião do plan-tio será função do manejo da fertilidade da cana-planta instalada.

As recomendações de fertilizantes nitrogenados para a cana-de-açúcar ba-seiam-se principalmente nas respostas verificadas em experimentos de cam-po. Frequentemente, observa-se, que as canas-plantas respondem menos as adubações nitrogenadas quando com-paradas as cana-socas.

As possíveis explicações para esse diferencial da cana-planta seriam as operações de preparo de solo que au-mentam a aeração do solo, coincidindo com elevação da temperatura e umidade.

Fatores que provocam um acréscimo da atividade de microrganismos do solo, que decompõem rapidamente os restos da cultura (raízes e rizomas) diminuem a relação C/N proporcionando maior quantidade de N disponível para a cana--planta. Outros fatores como o maior vi-gor do sistema radicular da cana-planta e a melhoria da fertilidade do solo de-vido, principalmente devido a calagem, explicariam também, o baixo potencial de resposta da cana-planta ao nitrogênio.

A tabela de adubação do IAC (RAIJ et al. 1996) recomenda apenas 30 kg/ha de N (nitrogênio) no plantio e mais 30 a 60 kg/ha de N (nitrogênio) em cobertura.

Morelli et al. (1997) concluíram que a aplicação de 40 kg/ha de nitrogênio exclusivamente no sulco de plantio se-ria suficiente.

Penatti et al. (1997) realizaram en-saios em vários tipos de solos no Estado de São Paulo e recomendam 50 kg/ha de nitrogênio.

O parcelamento da adubação nitro-genada na cana-planta é questionável e necessita de mais estudos. Em períodos de muita chuva, altas doses de nitrogênio solúvel no sulco, podem resultar em pou-co aproveitamento pela cana-planta visto que a quantidade de raízes é pequena, justificando o parcelamento. Em contra-partida, nos plantios realizados em final de março e abril, é pouco provável que ocorra a lixiviação do adubo nitrogenado, não justificando o parcelamento. Enfim, devemos sempre considerar, no momento da decisão: a época de plantio, o regime hídrico da região e a textura do solo.

O fósforo é o elemento cuja deficiência no solo mais limita a pro-dução agrícola nas regiões tropicais e subtropicais, como acontece no Brasil.

Na maioria dos experimentos foi cons-tatada que a maior resposta ao fósforo é quando aplicado no plantio no fundo do sulco, uma vez que o fósforo não se per-de por volatização ou lixiviação no solo, sendo seu deslocamento inexistente.

O cálculo da dose a ser aplicada no sulco de plantio deve levar em conside-ração o teor de fósforo obtido pela aná-lise de solo. Dependendo destes teores os valores podem variar de 100 a 150 kg/ha de P2O5.

O potássio é o nutriente mais bara-to nas formulações NPK, e também o mais extraído pela cana-de-açúcar, e o que tem apresentado as maiores respos-tas em cana-planta.

A recomendação de adubação po-tássica para a cana-planta é baseada na análise de solo e na expectativa de pro-dutividade agrícola.

O potássio para a cana-planta deve ser aplicado no fundo do sulco junta-mente com o nitrogênio e o fósforo. Ge-ralmente para produtividades esperadas acima de 100 ton/ha, recomenda-se do-ses superiores a 120 kg/ha de K2O.

Em situações de baixa CTC (ca-pacidade de troca catiônica) do solo, podem ocorrer perdas por lixiviação, portanto recomenda-se o parcelamento da adubação potássica na cana-planta em solos arenosos ou de textura média. Aplicar apenas metade da dose neces-sária no sulco de plantio e o restante em cobertura aproveitando a operação de quebra lombo.

Considerando-se que a adubação é uma pratica agrícola indispensável para o acréscimo ou manutenção da produtivida-de e que a mesma exerce grande influência no custo de produção, torna-se necessário o uso correto da análise de solo para que o produtor possa ter lucro máximo.

Para maiores esclarecimentos pro-cure por um Engenheiro Agrônomo. O Departamento Agronômico da Canao-este está à disposição do produtor rural.

Literatura consultadaDINARDO-MIRANDA, L. L.; VASCON-

CELOS, A. C. M. de; LANDELL, M. G. de A. Cana-de-açúcar. Campinas: Instituto Agronômi-co de campinas, 2008. 882p.

MORELLI, J.; DEMATTÊ, J. L. I.; DAL-BEN, A. E.; NELLI, E. Parcelamento da adu-bação nitrogenada em cana-planta: aplicação no solo. sTab – açúcar, álcool e subprodutos, v. 15, n. 6, p. 26-30, 1997.

PENATTI, C. P.; DONZELLI, J. L.; FORTI, J. A. Doses de nitrogênio em cana-planta. In: SEMI-NÁRIO de TECNOLOGOA AGRONÔMICA, 7.; Piracicaba, 1997. Anais... Piracicaba: Centro de Tecnologia da Copersucar, 1997. p. 340-349.

RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAG-GIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de são Paulo. 2.ed. Campinas, Instituto Agronômico & Fundação IAC, 1996. 285 p. RC

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

82Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

Bicudo da cana-de-açúcar (Sphenophorus levis)

Thiago Verri - Engenheiro Agrônomo da Canaoeste de Sertãozinhocom apoio da gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan

O bicudo da cana-de-açúcar, Sphenophorus levis (Coleop-tera Curculionidae), é uma im-

portante praga dos canaviais do Estado de São Paulo. O gênero Sphenophorus ocorre em vários continentes, abrangen-do um complexo de espécies que danifi-cam culturas de importância econômica do grupo das gramíneas. Nos países da América do Sul são encontradas diver-sas espécies, sendo que foram descritas 14 no Brasil, incluindo S. levis, que foi descrita como espécie nova em 1978.

Em 1989, o inseto foi detectado em 14 municípios ao redor de Piracicaba cau-sando a morte de 50 a 60% dos perfilhos ainda na fase de cana-planta. Atualmente, S. levis encontra-se distribuído em mais de 40 municípios, estando, portanto, em quase todas as regiões de cultivos de ca-na-de-açúcar do Estado de São Paulo.

Os danos são causados pelas larvas que se abrigam no interior do rizoma e danificam os tecidos. As larvas bro-queiam os rizomas e, algumas vezes, o primeiro entrenó basal. Em consequência podem ocorrer a morte da planta e falhas nas brotações das soqueiras, com perdas de 20 a 30 toneladas de cana/ha/ano. Os seguidos ataques nas áreas de soqueiras acarretam a redução do “stand” da cultu-ra (número de perfilhos por metro linear) causando perdas significativas, obrigan-do, muitas vezes, a reforma precoce do canavial. Estes sintomas são frequente-mente visualizados na época seca do ano, junho a agosto, quando são encontradas maiores populações de larvas.

Salientamos que esta praga assume atualmente grande importância devido aos prejuízos que têm causado a cultura da cana. É uma praga agressiva e de di-fícil controle e que deve ser monitorada corretamente através de levantamentos de campo e controlada sempre que ne-cessário para que os efeitos sobre a pro-dutividade agrícola sejam minimizados.

a PragaO bicudo da cana caminha pouco e

tem uma capacidade de voo restrita, su-gerindo que a dispersão do inseto a lon-gas distâncias acontece através das mu-das retiradas de local infestado. Por esta razão o plantio com mudas sadias e cer-tificadas se faz extremamente necessário para evitar a disseminação da praga.

Os adultos caminham lentamente possibilitando a sua dispersão de um talhão para outro vizinho. Medem de 12 a 15 mm e são marrons escuros. Per-manecem no solo sob os torrões, restos vegetais ou ainda entre os perfilhos das touceiras e fingem-se de mortos quan-do tocados. A longevidade média dos adultos é de aproximadamente 200 dias e cada fêmea coloca em média 40 ovos.

As fêmeas inserem os ovos na base de brotações, abaixo do nível do solo, após perfurarem os tecidos sadios do rizoma com as mandíbulas presentes no ápice do rostro ou bico. Após 7 a 12 dias de incubação dos ovos, as larvas (Figura 1) eclodem e ao se alimenta-rem escavam galerias no interior e na base da planta que permanecem cheias de serragem fina (Figura 2). O desen-volvimento das larvas dá-se em um pe-ríodo médio de 50 dias, sendo que no final desta fase o inseto prepara uma câmara com a serragem e transforma-se em pupa. Após 7 a 15 dias, emergem os adultos (Figura 3).

Ocorrem dois picos populacionais para os adultos, sendo um menor no mês de outubro ou novembro, e o principal em março. Para larvas, também ocor-rem dois picos populacionais: um em dezembro e outro, de maior intensidade, em junho-julho. Estes dados sugerem a ocorrência de duas gerações anuais da praga em épocas bem definidas.

Vale citar que existe outro bicudo muito parecido com o Sphenophorus levis, mas que não causa prejuízos à cultura da cana-de-açúcar porque não ataca os tecidos vivos da planta. É co-nhecido como Metamasius hemipterus. Apresentamos nos quadros abaixo as diferenças entre Sphenophorus levis e Metamasius hemipterus.

Thiago verriEngenheiro Agrônomo

Fonte: CTC.

Todo cuidado é pouco

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

83

Fonte: CTC.

Figura 1: Larva de Sphenophorus levis.(Fonte: CTC).

Figura 2: Galerias com presença de serragem – característica do ataque da praga.

(Fonte: CTC).

Figura 3: Adulto de Sphenophorus levis. (Fonte: CTC).

Figura 4: Eliminador de soqueiras(Fonte: CTC)

Metodologia de monitoramento e levantamento de campo

Monitoramento:Metodologia: nas áreas de viveiro ou

destinadas à muda e regiões com sus-peita de ocorrência da praga deve-se utilizar armadilhas distribuídas no ta-lhão para observar/confirmar a presen-ça de insetos adultos.

Amostragem: 30 armadilhas por hectare (cada armadilha é composta de um tolete de 35 cm cortado em duas partes (ao meio) banhados com inseti-cida. Avaliar a cada dez dias durante o período de 30 dias na época das chuvas (setembro-março).

Monitoramento: capturado o adulto do Sphenophorus levis fazer o levanta-mento de campo na área abrangida pe-las armadilhas.

Levantamento de campo:Metodologia: arranquio das toucei-

ras de cana logo após a colheita onde deve ser observada a existência ou não da praga, em todos os talhões onde foram encontrados adultos nas arma-dilhas, nos talhões indicados para re-forma e nas soqueiras com suspeita de ocorrência da praga.

Amostragem: duas trincheiras por hectare (trincheiras 50 x 50 x 30 cm).

Níveis de controle: nos talhões onde tem a presença da larva realizar o controle.

ControlePara o controle deste inseto tem sido

recomendada a destruição mecânica da soqueira preferencialmente na época seca (Figura 4) e aplicação de inseticidas quí-micos no sulco de plantio nas áreas de reforma do canavial. Nas soqueiras infes-tadas, recomenda-se a aplicação de inse-ticidas cortando as touceiras de cana. A recomendação de controle químico (apli-cação de inseticidas), seja no plantio ou nas soqueiras, está descrita na tabela 1.

Entretanto, nos últimos anos tem ocor-rido um incremento nas populações da praga, sendo frequentes os registros de novas áreas infestadas. Isto demonstra a dificuldade de controle deste inseto, res-saltando a importância da continuidade de pesquisas na busca por opções mais eficazes e cada vez mais sustentáveis: economicamente e ambientalmente.

Fiquem atentos! Para o Sphenopho-rus levis, todo o cuidado é pouco.

Tabela 1: Recomendação de controle químico para Shenophorus levis.

Ingrediente Ativo DosagemFipronil 0,30 kg/haFipronil + Alfacipermetrina 1,10 l/haImadacloprid 1,40 kg/haThiametoxam + Lambda-Cialotrina 2,00 l/haThiametoxam 1,20 kg/ha

Lembramos que a Canaoeste pos-sui uma equipe treinada e capacitada para o monitoramento e levantamento de pragas no campo com o objetivo de melhor atender os produtores associa-dos. Consulte a equipe técnica para maiores informações. RC

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

84Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

Adubação de soqueiras e uso de fertilizantes de forma racional

Ivan Burjaili - Engenheiro Agrônomo da Canaoeste de Severínia com apoio da gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan.

O setor canavieiro atravessa uma fase que se torna justificável todo e qualquer esforço para o

aumento de produção sem precisarmos aumentar a área da cultura (verticalização de produção), objetivando atingir ganhos em produtividade que permitam tornar o processo produtivo mais rentável, garan-tindo, assim, a permanência destes forne-cedores na atividade canavieira.

Neste sentido, entre vários fatores, as operações de correção e adubação são de suma importância, pois são res-ponsáveis por grande parte no ganho de produtividade. Entretanto, muitas vezes, quando se pensa principalmen-te em adubação, a maior preocupação ocorre em relação às dosagens e aos custos de fertilizantes. Por este motivo, esta operação deve ser realizada da ma-neira mais eficiente possível, de forma racional, criteriosa e equilibrada, res-peitando a fertilidade natural dos solos e o meio ambiente.

Para que isso aconteça é preciso que o produtor tenha um bom conhecimento sobre os fertilizantes que serão utiliza-dos, como o modo de aplicação, a regu-lagem dos implementos, a dose e época de aplicação e o comportamento dos mesmos em seu ambiente de produção.

O que se observa é que muitas ve-zes não são obedecidos os conceitos básicos, levando a resultados não satis-

fatórios, elevando, assim, os custos de produção.

Para iniciarmos o manejo do solo temos que fazer um diagnóstico da sua fertilidade para calcularmos quan-to aplicar de determinado fertilizante, quanto a cultura necessita de cada ele-mento, quanto o solo fornece e quais são os nutrientes que deverão ser supri-dos e a etapa mais importante é a amos-tragem de solo. Além disso, temos que analisar a necessidade da utilização de práticas corretivas (calagem, gessagem e fosfatagem) e práticas conservacio-nistas (adubação verde e orgânica) e, fi-nalmente, a recomendação de aplicação do fertilizante mineral.

O sucesso de todo o ciclo da cul-tura está ligado diretamente a estas práticas agrícolas. Mas é oportuno citar que só alcançaremos todo o po-tencial produtivo da cultura se tiver-mos gestão sobre todas as variáveis envolvidas no processo de produção da cana-de-açúcar, como: escolha da variedade adequada ao ambiente de produção da área, controle de plantas invasoras, doenças e pragas, controle da compactação do solo, entre outros. E, ainda assim, dependemos também das condições climáticas, as quais não conseguimos intervir.

A cultura da cana-de-açúcar tem pas-sado por grandes transformações nos

últimos anos e mais recentemente com o corte mecanizado, sem a eliminação prévia da palhada através do fogo, tem ocorrido muitas alterações no manejo da cultura.

Uma delas foi na adubação de so-queira com a presença da palha. Em área de corte mecanizado, com cana sem queima, a quantidade de nutrien-tes acumulados na palha é apreciável, principalmente em relação a nitrogênio, com 4,6 kg/t de massa seca; potássio, com 4,7 kg/t na forma de K2O; cálcio, com 1,8 kg/t; e magnésio, com 0,93 kg/ t (OLIVEIRA et al., 1999). Nestas áreas o potássio é o elemento mais facilmente disponibilizado logo após as primeiras chuvas, em quantidade correspondente

ivan burjaili Engenheiro Agrônomo da Canaoeste

Maneira eficiente de aumentar a produção agrícola

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

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a 40 kg de K2O a cada 10 t/ha de palha. Esta quantidade pode ser deduzida da formulação de soqueira.

De maneira resumida podemos citar que a produtividade nas canas-socas é altamente influenciada pela aplicação do nitrogênio e potássio, sendo comum a utilização de 80 a 150 quilos por hec-tare de N e K2O, dependendo do am-biente de produção, da expectativa de produtividade e do manejo de colheita das áreas. Áreas colhidas sem queima (crua) necessitam de dosagens maiores de nitrogênio devido à alta relação C/N presente na palhada e dosagens meno-res de potássio, haja vista que a palha pode contribuir com parte deste nu-triente. Com relação ao fósforo, maio-res respostas são verificadas quando a aplicação é realizada no plantio. Adu-bações em soqueiras com este nutriente são sempre questionadas. Preferencial-mente realizar esta recomendação em solos com % de argila < que 25% e teor de P2O5 na camada de 0-25 cm < que 15 mg/dm3.

As recomendações de adubação para canas-socas devem levar em consideração:

• Presença de palhada (colheita cana crua) ou não (colheita cana queimada).

• Quantidade de nutrientes necessários por tonelada de cana a cada ciclo (corte).

• Produtividade esperada da área.

Produzir cana-de-açúcar com quali-dade e alta produtividade só é possível com investimento em tecnologia, ma-nejo e conservação das propriedades fí-sicas e químicas do solo e aplicação de técnicas agronomicamente sustentáveis.

O uso racional de fertilizantes é fun-damental para a melhoria da fertilida-de do solo e dos ambientes de produ-ção para a cultura da cana-de-açúcar e contribui de maneira significativa para a obtenção de maiores produtividades.

Considerações Finais

Opções de fórmulas para áreas sem palha (cana queimada) ou palha aleirada

Opções de fórmulas para áreas com palha (cana crua)

Reduzir adubações de soqueiras em situações de crise econômica com o objetivo de diminuir custos de produção é uma estratégia que não deve ser adotada isoladamente e sem parâmetros técnicos. O que podemos fazer é discutir ações a serem toma-das tentando minimizar custos sem comprometer a produtividade das lavouras.

Consulte sempre o Engenheiro Agrô-nomo nos escritórios da Canaoeste. RC

• Aplicação de vinhaça. • Teor de P2O5 disponível no solo na

camada de 0-25 cm:

Ao lado, apenas para exemplificar, segue uma recomendação de adubação para soqueira de cana-de-açúcar base-ada na expectativa de produtividade agrícola de 90 toneladas/hectare. Neste exemplo, para a situação de áreas com vinhaça, foi considerada a aplicação de

70 m3/ha com o teor de 3,0 kg de K2O por m3 aplicado, o que equivale a apli-cação de aproximadamente 210 kg de K2O/ha e 20 kg de N/ha.

Para áreas sem palha ou palha aleira-da foi considerado a adubação com 1,0 kg de nitrogênio (N) por tonelada de cana produzida e para áreas com palha, 1,3 kg de nitrogênio (N) por tonelada de cana produzida.

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86Artigos Técnicos - Especial 100ª Edição

Sistema de MEIOSI na cana-de-açúcar

Antônio Pagotto - Engenheiro Agrônomo da Canaoeste de Viradouro com apoio da gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan

O sistema conhecido como MEIOSI (Método Interro-tacional Ocorrendo Simul-

taneamente) foi desenvolvido pelo Engenheiro Agrônomo José Telles de Barcelos, no início da década de oitenta, na estação experimental do Planalsucar, em Uberlândia-MG, tendo como objetivo viabilizar a con-sorciação racional da cana-de-açúcar com culturas anuais e/ou adubos ver-des em áreas de reforma, buscando minimizar os custos de produção (Landell, 1998).

Neste sistema, a produção de mu-das ocorre no próprio local onde se pretende instalar o canavial (figura 1). Após o preparo do terreno, sulcam-se duas linhas de cana e deixa-se um espaço sem sulcar, correspondente a oito linhas, o qual pode ser utilizado para o cultivo intercalar de amen-doim, soja ou adubo verde (figuras 2 e 3). Aos aproximadamente oito meses após o plantio, as duas linhas de cana serão suficientes para completar o es-paço remanescente. A principal vanta-gem é a inexistência do transporte das mudas para o local de plantio. Desta maneira é possível reduzir custos de implantação do canavial, melhorar o sistema de logística e promover a me-

Excelente opção para renovação de canaviais

Figura 2: sistema de plantio de MEIOSI: cana-de-açúcare amendoim plantadas simultaneamente.

Figura 3: sistema de plantio de MEIOSI: cana-de-açúcar e sojas plantadas simultaneamente.

Figura 1: esquema de implantação da MEIOSI

lhora do local de cultivo (condições químicas e físicas do solo).

O sistema proposto é o plantio de cana de ano e meio, com o início de uma parte do plantio em setembro/outubro, numa proporção de 2:8, com o objetivo de produzir, nestas duas linhas, mudas suficientes na própria área de renova-ção para o plantio do restante da área em março/abril. Neste espaço intercalar, cria-se possibilidade da instalação de culturas que tenham ciclo compatível ao do Sistema MEIOSI, ou seja, cultu-

antônio PagottoEngenheiro Agrônomo da Canaoeste

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

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Vantagens do Sistema Meiosi em Cana

Conclusão

ras que possam ser plantadas e colhidas durante o período do desenvolvimento da muda de cana-de-açúcar. O plantio da área total com cana-de-açúcar é realiza-do a partir das linhas de cana plantadas em setembro/outubro, as quais serão cortadas e as mudas distribuídas nos sul-cos vizinhos entre março e abril.

As vantagens qualitativas na adoção deste método estão relacionadas à ida-de das mudas (seis a oito meses), signi-ficando maior vigor, maior velocidade de brotação, diminuição do consumo de mudas (menor quantidade de ge-mas/metro linear), aumento do rendi-mento de corte e, consequentemente, a garantia da qualidade de plantio.

Atualmente, com a nova tecnolo-gia de produção de MPB (mudas pré--brotadas) desenvolvida pelo IAC, o plantio de MEIOSI voltou a ser uma prática interessante para o produtor de cana-de-açúcar e para as unidades industriais por viabilizar a implanta-ção de viveiros e também o plantio de áreas de renovação do canavial com material (cultivar) não convencional com elevado padrão de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio.

A possibilidade de marcação de linhas de plantio com o uso de GPS torna a operação precisa e proporcio-na a garantia do alinhamento da sul-

- Formação de mudas com grande sanidade e alto vigor, produzindo gemas com alto índice de multiplicação.

- Grande velocidade de crescimento e perfilhamento das mudas.- Nas áreas com sistematização de talhões proporciona melhor conservação do

solo e diminui os riscos de erosão.- Diminuição de tráfego de veículos e tratores pesados.- Redução de problemas com a legislação trabalhista (diminuição da mão-

-de-obra).- Decréscimo nos custos de implantação do canavial, principalmente devido a

economia com o transporte de mudas.

A cana-de-açúcar é uma cultura semiperene e sua implantação e condução en--volvem diversos fatores que podem elevar a vida útil do canavial pelo aumento do número de cortes (longevidade). É de muita importância atentar-se às novas tecnologias disponíveis visando sempre aumentar a produção e reduzir custos.

Um plantio realizado sem planejamento e com mudas de baixa qualidade acar-reta altos índices de falhas, incidências de pragas e doenças e a necessidade de renovação precoce da área.

Devido as vantagens evidenciadas e a considerável redução de custos, pode-se afirmar com segurança que o sistema MEIOSI tem um grande potencial para ajudar os produtores de cana a ter canaviais mais sadios, produtivos e rentáveis.

Figura 4: plantio de meiosi com MPB (mudas pré-brotadas). Figura 5: plantio de MEIOSI concluído

cação. Muitos produtores e unidades industriais estão adotando o método de MEIOSI e tendo ótimos resultados.

Com a adoção de mudas pré-brota-das podem ser plantadas duas ruas de mudas em agosto/setembro e deixar es-paço correspondente a 10 ou 12 ruas de cana para a rotação com leguminosas e posterior plantio em março/abril. A

taxa de multiplicação aumenta devido ao alto vigor das mudas pré-brotadas (crescimento e perfilhamento rápidos).

Ressaltamos que a melhor época de plantio de mudas de cana neste siste-ma, MPB e MEIOSI, é entre agosto e setembro, com a necessidade de irri-gação localizada nos sulcos de plantio até o pegamento das mudas.

RC

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

88Safra

Acompanhamento da safra 2014/2015

Thiago de Andrade SilvaGestor de Planejamento, Controle

e Topografia da Canaoeste

Tabela 1 – ATR (kg/t) médio da cana entregue pelosfornecedores de cana da Canaoeste das safras 2013/2014 e 2014/2015

Tabela 2 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste, até a segunda quinzena de setembro, da safra 2013/2014.

A seguir são apresentados os dados obtidos pelos fornecedores de cana até a segunda quinzena de setembro, referentes à safra 2014/2015, em

comparação com os da safra 2013/2014, no mesmo período. Na Tabela 1, encontra-se o ATR médio acu-

mulado (kg/tonelada) do início da safra até a segunda quinzena de setembro desta safra em comparação com o obtido na safra 2013/2014, sendo que o ATR da sa-fra 2014/2015 está 6,22 Kg acima do obtido na safra 2013/2014 no mesmo período.

Gráfico 2 – POL do caldo obtida nas safras 2014/2015 e 2013/2014Gráfico 1 – BRIX do caldo obtido nas safras 2014/2015 e 2013/2014

Tabela 3 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste,até a segunda quinzena de setembro, da safra 2014/2015

As tabelas 2 e 3 contêm detalhes da qualidade tecnológica da matéria-prima nas safras 2013/2014 e 2014/2015, respectiva-mente, no período de abril a agosto de 2014.

O Gráfico 1 contém o comporta-mento do BRIX do caldo da safra 2014/2015 em comparação com a sa-fra 2013/2014.

O BRIX do caldo da safra 2014/2015 fi-cou equiparado no mês de março e na segunda quinzena de maio, ficando acima no mês de abril, na primeira quinzena de maio, nos me-ses de junho, julho, agosto e setembro com maior acentuação a partir da se-gunda quinzena de junho em relação ao da safra 2013/2014. Na média, o BRIX do caldo obtido nesta safra está 5,5% superior ao da safra 2013/2014.

O Gráfico 2 contém o comportamen-to da POL do caldo na safra 2014/2015 em comparação com a safra 2013/2014.

Pode-se observar que a POL do cal-do apresentou o mesmo comportamento do BRIX do caldo, sendo que na média, nesta safra de 2014/2015 a POL do caldo está 4,8% superior à da safra 2013/2014.

O Gráfico 3 contém o comporta-mento da Pureza do caldo na safra 2014/2015 em comparação com a safra 2013/2014.

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

89

Gráfico 3 – Pureza do caldo obtida nas safras 2014/2015 e 2013/2014 Gráfico 4 – Comparativo da fibra da cana

Gráfico 5 – POL da cana obtida nas safras 2014/2015 e 2013/2014 Gráfico 6 – ATR obtido nas safras 2014/2015 e 2013/2014

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

90Safra

Gráfico 8 – Precipitação pluviométrica por Trimestre, em 2013 e 2014.

Gráfico 7 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) registrada em 2013 e 2014

A pureza do caldo da safra 2014/2015 ficou muito abaixo da obtida na safra 2013/2014 no mês de março, ficando acima nas duas quinzenas do mês de abril, ficando próximo no mês de maio e pouco abaixo nos meses de junho, ju-lho, agosto e setembro, equiparando na primeira quinzena de agosto.

O Gráfico 4 contém o comportamen-to da fibra da cana na safra 2014/2015 em comparação com a safra 2013/2014.

A fibra da cana na safra 2014/2015 fi-cou muito acima daquela obtida na safra 2013/2014 nos meses de março, abril, setembro e primeira quinzena de maio, abaixo no mês de junho e acima na 2ª quinzena de maio e nos meses de julho e agosto, ficando na média 0,6% superior à observada na safra 2013/2014.

O Gráfico 5 contém o comportamen-to da POL da cana na safra 2014/2015 em comparação com a safra 2013/2014.

A POL da cana na safra 2014/2015 ficou muito abaixo da obtida na safra 2013/2014 no mês de março, ficando aci-ma no mês de abril, na primeira quinzena de maio e nos meses de junho, julho, agos-to e setembro, se equiparando na segunda quinzena de maio e, na média, encontra-se 4,6% superior à da Safra 2013/2014.

O Gráfico 6 contém o comportamen-to do ATR na safra 2014/2015 em com-paração com a safra 2013/2014.

O ATR, expresso em kg/t de cana na safra 2014/2015, ficou muito abaixo do obtido na safra 2013/2014 no mês de março, muito acima nos meses de abril, junho, julho, agosto e setembro, com menor proporção na segunda quinzena

de setembro, se equiparando no mês de maio, apresentan-do, portanto, comportamen-to semelhante ao da POL da cana, tendo em vista que a mesma participa com 90% do ATR. Na média, o teor de ATR desta safra está 4,6% superior ao da safra anterior.

O Gráfico 7 contém o com-portamento da precipitação pluviométrica registrado na safra 2014/2015 em compa-ração com a safra 2013/2014.

A precipitação pluvio-métrica média observada nos meses de janeiro, fe-vereiro, março, maio e ju-nho de 2014 ficaram muito abaixo da obtida em 2013, e abaixo no mês de abril. A precipitação pluviométrica ficou acima nos meses de julho e setembro, e equipa-rada no mês de agosto.

O Gráfico 8 contém o comportamento da precipi-tação pluviométrica acumu-lada por trimestre na safra 2014/2015 em comparação com a Safra 2013/2014.

Em 2014, observa-se um volume de chuva muito abaixo no primeiro trimes-tre, no segundo trimestre e acima no ter-ceiro trimestre, se comparado aos volu-mes médios de 2013.

O baixo índice de precipitação plu-viométrica de 2014 continua impactan-do diretamente no crescimento vegeta-tivo do canavial e também na brotação de novos plantios. A precipitação na pri- RC

meira quinzena de setembro e na segun-da quinzena de setembro refletiu na se-gunda quinzena de setembro devido ao volume e o tempo de escassez de chuva. Com isso, a produtividade continua em queda, devido ao estresse hídrico ocasio-nado pela estiagem e teor de ATR conti-nua subindo com menor proporção que a observada no mês de agosto, se equipa-rando ao teor médio de ATR registrado na safra 2013/2014. Levando em conta todo o cenário, o ATR médio ficou 6,22 kg acima do obtido na safra 2013/2014, até a segunda quinzena de setembro.

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vendeM-se - Caminhoneta, F-350, 2001;- Caminhoneta, Ranger, 2004;- Trator 275 nº 12 MF, 1991;- Trator 275 nº 13 MF, 1991;- Trator 275 nº 17 MF, 1993;- Trator 275/4 nº19 MF, 2000;- Trator 620/4 nº06 MF, 1994;- Trator 292/4 nº08 MF, 2003;- Trator 1780/4 nº03 Valmet,1990;- Plantadeira nº 22 JM 2670 PD, 2009;- Plantadeira nº 23 JM 2670 PD, 2011;- Plantadeira nº 24 JM 2670 PD, 2010;- Plantadeira nº 43 JM 2980 PD EX, 2002;- Transbordo nº 50 Rinnus, Agromer, 1999;- Colhedeira nº47, D Master III,

MIAC, 2011;- Colhedeira nº49, D Master III,

MIAC, 2011;- Colhedeira nº46, D Master III,

MIAC, 2011;- Colhedeira nº45, D Master III,

MIAC, 2005;- Colhedeira nº52, Twin, MIAC, 2013;- Arrancador nº 69, verde e amarelo

OBB, 1999;- Arrancador nº 68, azul e preto, OBB, 2000;- Arrancador nº 70, verde e laranja,

Santal, 2001;- Arrancador nº 59, AIA BM 4 litros

BM Dumont, 2012;- Pulverizador, Advanced, Jacto, 2003;- Pulverizador, Columbia, Jacto, 1995.Tratar com Adailton pelo telefone (16)

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pleta (10.000 litros de cachaça por dia). Esteira de cana inteira, picador com 22 facas, esteira de cana picada, dois ter-nos 15x20, esteira de bagaço. Peneira Johnson, cush-cush. Caldeira de 113 m². Máquina a vapor de 220 HP (toca os ternos e o picador). Seis dornas de fermentação de 10.000 litros cada. Des-tilaria de bandeja/calota A e B de 600 mm de diâmetro com trocador de ca-lor. Dois tonéis de madeira amendoim com capacidade de 50.000 litros cada. Valor R$ 600.000,00. Estudo troca por imóvel. Localização: Laranjal Paulis-ta. Tratar com Adriano pelos contatos: [email protected] ou (15) 9 9705-9901. Veja vídeo em: www.youtube.com/watch?v=_mzWp3PCavA

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tebol, a cerca de 20 minutos do Thermas dos Laranjais e 30 minutos da Festa do Peão de Barretos. Área de reserva legal. Excelente para investidor de turismo; Colheitadeira Santal 2008 Tander. R$ 50.000,00. Tratar com Maurício pelo te-lefone (17) 9 9236-7838.

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ligada no trator;- Tanque de 550 litros, Purinox.Tratar com José Augusto pelo telefone

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frente por 42,00 metros de fundo 462 metros, possui cobertura metálica com 368,10 metros, localizado à Rua Carlos Gomes 1872, Centro, Sertãozinho-SP, preço a combinar.

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da de cana, área de 450 alqueires,330 alqueires em cana já arrendada para usina,03 km do asfalto, média de 50 a 60 km das usinas (Batatais, Buritizal, Cevasa-Cargil), casa sede, 3 casas de funcionário, 1 curral completo, docu-mentação ok.

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620 alqueires, 500 alqueires em cana própria 1º e 2º corte, próximo a Usina Cocal, estuda prazo e permuta;

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

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- Sítio na região de Cajuru, 9 alquei-res, 6 em cana, 3 reserva, pasto e área para lazer R$ 900.000,00;

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Tratar com Paulo pelos telefones (16) 3911-9970 (16) 9 9290-0243.

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zenado na Propriedade Rural Fazenda São José-Pitangueiras/SP.

Tratar pelo telefone (16) 3952-1443.

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Tratar com José Antônio pelo telefo-ne: (16) 9 9142 5362.

vende-se - Sítio com 05 hectares, localizado na

altura do Km 11,5 da Rodovia Abrãao Assed, a 30 minutos de Ribeirão Pre-to, fazendo frente com a Rodovia. Localizado a 3 Km de Santa Cruz da Esperança e 10 Km de Cajuru. Todo cercado, repleto de benfeitorias, mina de água de alta qualidade e disponi-bilidade, com sistema de alimentação em toda a propriedade (casa sede, casa do caseiro, baias, curral e outras de-pendências), sistema de represa com peixes, com captação de água através de bomba elétrica de 10Hp e através desta distribuição por sistema de irri-gação por toda a propriedade, cachoei-ra de aproximadamente 12m de altura em um riacho de uma das divisas da

propriedade. Entre outras comodida-des. Preço: A combinar.

Tratar com Maurício Pires de Moraes pelo telefone (16)9 9103-7271.

vendeM-se - Plantadeira Baldan solografic, 8 li-

nhas, plantio direto, ano 1999;- Plantadeira Balban solografic, 8 li-

nhas, plantio direto, ano 2004;- Colheitadeira Massey Ferguson

3640, série 300.000, com plataforma de soja, ano 1987;

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lefones: (16) 3947-5268 (16) 9 9253-9266 ou (16) 9 9455-0990.

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ne (17) 9 9117-0767.

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do na praia de Astúrias. Possui quatro suítes, três salas, copa, cozinha, quarto para empregada, piscina na sacada do apartamento, quatro vagas na garagem, área comum com piscina aquecida, sa-lão de jogos e festa, churrasqueira, qua-dra e sauna. Valor: R$ 1.980.000,00.

Tratar com Wilson pelo telefone (17) 9 9739-2000 – Viradouro/SP.

vende-se - Ônibus Mercedes Benz – Of 1318,

ano 1994;Tratar com Marcio José Sarni pelos

telefones: (16) 9 9101-5687 (16) 3946-4200 (ramal 141).

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canavieiro 6x4, cana picada;- Carreta de dois eixos, cana picada –

Rondom.Tratar com João pelos telefones: (17)

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vende-se - Cama de frangoTratar com Luiz Martins pelo telefo-

ne: (16) 9 9967-7153 ou José Jovino Borges pelo telefone: (16) 3839-5350 - Ituverava/SP.

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três cômodos cada, localizada à Rua Pedro Biagi, 789 em Sertãozinho-SP. Valor: R$ 230.000,00;

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Tratar com João Sacai Sato pelo tele-fone (16) 3610-1634.

vendeM-se- Fazenda região de Rancharia/SP. Pos-

sui 569 alqueires, 25 divisões de pasto, quatro piquetes mais confinamento para 500 bois, 500 cabeças de gado (vaca, be-zerro, boi), um curral grande completo, um curral só com bretes, um barracão de estrutura metálica, um barracão de telhas francesas, 200 alqueires de pasto novo (três anos), cerca novas de cinco fios e cinco casas de caseiro.

- Fazenda (agricultura/pecuária) em Martinópolis/SP próxima a rodovia Rapo-so Tavares (16 km). Possui área de 1818 alqueires, 360 alqueires de reserva legal, 900 alqueires para agricultura, 566 al-queires para pastagens, confinamento para 3.000 cabeças, quatro currais completos, terra mista com prática de agricultura de soja e milho, estrutura completa (casas de caseiro, oficina, borracharia, tanque de diesel) e pista de pouso asfaltada.

Tratar pelo telefone: (16) 9 9281-8932.

vendeM-se - Colheitadeira Case A7700, ano

2009, - 7700, esteira, motor Cummins M11, máquina utilizada na última safra.Valor: R$ 145.000,00;

- Colheitadeira Case A8800, ano 2011, esteira máquina na colheita de cana funcionando 100%, rolos preen-chidos. Valor: R$ 270.000,00;

- Colheitadeira Case A7700, ano 2007, série 770678, motor Scania, mo-tor novo, máquina revisada e trabalhan-do. Valor: R$ 130.000,00;

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- Colheitadeira Case 8800, ano 2010, motor refeito em julho de 2014, máqui-na revisada e pronta para trabalhar. Va-lor: R$ 260.000,00.

Tratar com Marcelo pelos telefones: (16) 9 8104-8104 ou 9 9239-2664.

vendeM-se- 02 uniport. Modelos disponíveis: 2500

EJ (anos 2003/2004); 3000 EJ (anos 2003/2004); 2500 Star (anos 2009/2010) e 3000 Hidro 4x4 EJ (ano 2004).

Tratar com Moacyr pelo telefone: (16) 9 8112-0770.

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Gascom pipa bombeiro;- VW 15-180/10 Comboio Gascom

para abastecimento e lubrificante;- VW 13-180/09 Comboio Gascom

para abastecimento e lubrificante;- VW 31-310/05 Tanque 20.000 litros

pipa bombeiro;- VW 12-140/96 Oficina Móvel Gascom;- MB 1718/10 Comboio Gascom para

abastecimento e lubrificante;- MB 2423/04 Basculante 12m³;- MB 1214/97 Baú oficina móvel;- MB 2318/94 Tanque 15.000 litros

pipa bombeiro;- MB 2318/94 Tanque 12.000 litros

pipa bombeiro;- MB 2213/81 Tanque 14.000 litros

pipa bombeiro;- MB 1113/72 Tanque 7.000 litros

pipa bombeiro;- MB 1111/69 Chassi;- F.Cargo 1719/13 Chassi 4x2;- F.Cargo 2622/09 Tanque 15.000 li-

tros pipa bombeiro;- F.Cargo 2626/05 Tanque 16.000 li-

tros pipa bombeiro;- F.Cargo 2628/07 Basculante 12m³;- F.Cargo 1317/07 Munk CNG mode-

lo 20.000;- F.Cargo 2425/02 Betoneiro 8m³;- F-14000/90 Tanque 9.000 litros pipa

bombeiro;

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nhão truck;- Carroceira Graneleira para cami-

nhão toco;- Carroceria ferro para ¾;- Tanque de Fibra Revisado 16.000 litros;- Tanque de Fibra usado 16.000 litros;- Tanque de ferro revisado 15.000 litros;- Comboio para ¾ Gascom fechado;- Baú Sider;- Baú Alumínio. Contato Alexandre (16) 39451250 / 9

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2006, com 7055 horas trabalhadas, “ca-binado” de fábrica, completo 4x4 com kit de freio boca de lobo (para puxar carreta).

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vende-se- Uma área de 23,5 alqueires em Itu-

verava, ideal para reserva. Tratar com Paulo Pínola pelo telefo-

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pacidade para 4000 litros, ano 2004 se-minovo R$12.000,00;

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30 mil metros, sem uso R$ 52.000,00;- Trator modelo BH 205, cabinado

completo com ar condicionado e hi-flow, ano 2010 com 4.241,3 horas de uso R$ 120.000,00;

- Trator modelo BH 205, cabinado completo com ar condicionado e hi-flow, ano 2010 com 5.356,1 horas de uso R$ 120.000,00.

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entre Sertãozinho e Pitangueiras, (Vale do Mogi) área: 1.200 m²;

- Rancho entre Sertãozinho e Pitan-gueiras, (Vale do Mogi) área construí-da: 140 m², área total: 7.000 m²;

Pomar todo alambrado, documenta-ção e parte ambiental ok.

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motor com 1000 horas, em boas con-dições;

- L200, traçada, cor branca, ano 2006, com ar-condicionado.

Tratar com Raul pelo telefone (34) 9972-3073.

vendeM-se - Cultivador e sulcador de cana DMB,

com marcador de pistão completo para cana crua e queimada, ano 2004;

- Grade aradora Tatu, 14x28 espaça-mento 270mm, ano 2004;

- Grade aradora Civemasa, 16x34 es-paçamento 360mm seminova;

- Carreta de plantio de cana-de-açúcar, com assoalho novo, comprimento 4 me-tros com um eixo e dois pneus 900x20;

- Plantadeira PH 2700 de 4 linhas plantio convencional, toda reformada e revisada;

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Eventos de novembro de 2014II SIMpóSIO DE TECNOLOGIA SUCROENERGÉ-

TICA E DE BIOCOMBUSTívEIS – 2014 - FUNEpdata: 03 a 07 de novembro Hora: 13h30-17h30Local: Centro de Convenções da Unesp/FCAVCidade: Jaboticabal – SPMais informações: funep.org.br/mostrar_evento.php?idevento=416

35ª EXpOvEL - EXpOSIÇÃO AGROpECUÁRIA, indusTRiaL e COMeRCiaL de CasCaveL

empresa Promotora: Sociedade Ruraldata: 11 à 16 de novembroCidade: Cascavél-PRLocal: Parque de Exposições - Br 277 Km 596Mais informações: Sociedade Ruralsite: www.expovel.com.brTelefone: (45) 3228-2526e-mail: [email protected]

COnGRessO naCiOnaL da biOeneRGia data: 12 e 13 de novembroHora: a partir das 9h Local: Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

- UniSalesiano - Rod. Senador Teotônio Vilela, 3.821, km 8,5 - Jardim Alvorada

Cidade: Araçatuba/SPRealização: UDOP com parceria da STAB Mais informações: http://www.udop.com.br/index.php?item=congresso#ini

ii siMPÓsiO sObRe COnseRvaÇÃO dO sOLO e da ÁGua eM ÁReas de Cana-de-aÇúCaRdata: 19 de novembroHora: 8h30 às 17h30Local: Centro de Convenções da Cana (IAC) Cidade: Ribeirão Preto- SPMais informações: http://www.stab.org.br/maladireta2014/folder_II_simp_

cons_solo_agua_web.jpg

CuRsO de PROjeTOs de sisTeMas de iRRiGaÇÃO

empresa Promotora: CPT Cursos PresenciaisTipo de evento: Curso / Treinamentodata: 21 à 23 de novembroCidade: Viçosa-MGLocal: Unidade de Ensino CPT Cursos PresenciaisMais Informações: www.cptcursospresenciais.com.br/Telefone: (31) 3899-8300e-mail: [email protected]

WORksHOP de MeCanizaÇÃO aGRíCOLa: TeCnOLOGia de aPLiCaÇÃO de PROduTOs

fiTOssaniTÁRiOs empresa Promotora: GELQ - ESALQ/USPdata: 22 de novembroLocal: Auditório “Maracanã” - ESALQ/USPCidade: Piracicaba-SPMais informações: João Carlossite: fealq.org.br/informacoes-do-evento/?id=196Telefone: (19) 99897.3626e-mail: [email protected]

10º CONGRESSO ANUAL GATUA GRuPO das ÁReas de TeCnOLOGia das

usinas de aÇúCaR, eTanOL e eneRGiadata: 25 a 27 de novembroHora: 7h às 18h30 Local: Centro de Eventos TaiwanCidade: Ribeirão Preto - SPMais informações: http://www.congresso.gatua.com.br/

CuRsO: ManejO de PRaGas e de neMaTÓides eM Cana-de-aÇúCaR

data: 26 a 28 de novembroHora: 8h às 18h Local: Centro de Cana IACCidade: Ribeirão Preto - SPMais informações: http://www.infobibos.com/pragascana/

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Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português.

...é, meu amor, aprenda a me ler, ok? A história está no arrepio e à flor da pele. Livro: Trechos Tecidos Com Palavras, Sentimentos... Afins... Sem

Fim... Madras Editora, Renata Carone Sborgia

Cultivando a Língua Portuguesa

1) Maria deixo a bolsa “emcima” do balcão. Não a encontrou mais.Maria encontrará sim, usando a expressão correta!!!

O correto é: em cima --- escrita separadaRegra fácil: em cima - escrita separada embaixo - escrita juntaOBS.: Também existe eM baixO quando a palavra baixO for adjetivo,

então ela será uma palavra autônoma.Exemplos:Esta parede está decorada em baixo relevo.Continuarei falando em baixo tom de voz.Ele sempre se expressa em baixo calão, em baixa linguagem.

2) Pedro trabalha no famoso “auto-escola” da cidade.Parabéns pelo emprego, porém para receber as congratulações da Língua Portu-

guesa precisa escrever correta a expressão!!!

O correto é: autoescola - sem hífenRegra fácil: Segundo a Nova Grafia não se usa mais o hífen para a expressão

autoescola. Primeiramente vamos estudar o composto “autoescola”. Observe que ele é formado por “auto+escola”. Chama-se, convencionalmente, o primeiro vocá-bulo (auto) de primeiro elemento e o segundo (escola) de segundo elemento.

A regra é bem clara: haverá o hífen, nos prefixos gregos ou latinos terminados por vogal (aero-, agro-, ante-, anti-, arqui-, auto-, bio-, contra-, eletro-, entre-, eco-, extra-, geo-, giga-, hidro-, infra-, macro-, mega-, micro-, mini-, multi-, neo-, proto-, pseudo-, pluri-, retro-, sobre-, semi-, supra-, tele-, ultra-, etc.), se o segun-do elemento for iniciado por “h” ou pela mesma vogal que termina o primeiro elemento.

Assim, devemos escrever “auto-observação”, visto que o segundo elemento co-meça com a mesma vogal que termina o primeiro elemento, assim como devemos adotar “anti-herói”, pois o segundo se inicia com “h”.

Observe que em “autoescola” temos o primeiro elemento terminado por uma vogal diferente daquela que inicia o segundo elemento, o que obriga a união das duas palavras. Será um erro, portanto, escrevermos “Auto Escola” ou “Auto-Esco-la”. O correto é “Autoescola” (ou “autoescola”, dependendo do acompanhamento ou não do nome da escola).

3) Ela tratou o cliente com um “geito” muito carinhoso!!!Agora ela precisa tratar também a Língua Portuguesa com carinho e estudo!!!

O correto é: jeito - com j

Biblioteca “General Álvaro

Tavares Carmo”

FotografiaTeoria e Prática

“Vitché Palacin, de forma simples e obje-tiva, aborda os aspectos histórico, técnico e estético da fotografia. Ele fala do desenvol-vimento fotográfico desde a câmara obscura até a câmera digital, mostra como enquadrar, aproveitar a luz, editar e tratar as imagens e dá dicas para melhorar esteticamente a cap-tação de imagens em diferentes situações.

Este livro é um guia básico que vai ensi-ná-lo a tirar fotos usando criatividade e téc-nicas profissionais. Explore ao máximo as múltiplas possibilidades que os equipamen-tos fotográficos oferecem e obtenha, assim, um melhor aproveitamento dos recursos de sua máquina.”

Referência:PALACIN, Vitché . Fotografia: teoria e

prática . São Paulo: Saraiva, 2012.

Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem

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Renata Sborgia

Coluna mensal* Advogada, Profa. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de

vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria.

Revista Canavieiros - Outubro de 2014

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