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Porto Alegre, janeiro de 2013 - 1 a e 2 a quinzenas Ano XVIII - Edição conjunta 625/626 - R$ 2,00 IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO N o 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS Traga um amigo para este mutirão. Assine o Jornal Solidário Nossos telefoNes: (51) 3093.3029 e (51) 3211.2314 JorNal Solidário Na iNterNet: www.JorNalsolidario.com.br solidario@portoweb.com.br http://facebook.com/ JorNalsolidario AVISO AOS ASSINANTES Esta edição, com 20 pági- nas, é conjunta. Abrange a pri- meira e segunda quinzenas de janeiro de 2013. As próximas voltam a ser quinzenais. COMUNICADO IMPORTANTE Expediente externo do Solidário no mês de janei- ro de 2013: das 8h30min às 12h30min. Primeiro de janeiro de 2013. Saída da Gruta de Lourdes – Av. Oscar Pereira, junto ao Hospital Divina Providência – às 17h30min. Informações: Rua Santuário 400 - Bairro Belém Velho: Fone (51): 3318.4627; www.santua- riomaededeus.org 2013 : o primeiro ano depois do ‘fim do mundo’ Depois do adiamento ‘sine die’ do fim do mundo, marcado para 21 de dezembro último, continua tudo como antes. Em que pese todas as eventuais contrariedades que fazem parte do nosso dia a dia, 2013 será um ano bom, até melhor que todos os anteriores, o que depende de cada um de nós. Na agenda da Igreja para o novo ano, temos diversas belas propostas para seguir em frente. O fim, apenas Deus Pai o saberá. Compete a nós continuarmos a cumprir nossa missão de batizados até o dia em que formos chamados. Páginas 7 a 10 Padre Theodor Amstad o caixeiro-viajante de Deus A saga do jesuíta que percorreu mais de 80 mil quilômetros no sul do Brasil para colocar-se ao lado do pe- queno agricultor e acenar com alternativa de vida mais digna através de organização de cooperativas de crédito. Encarte especial É preciso vi- ver, não ape- nas existir. Plutarco 25 a Romaria de N. Sra. Mãe de Deus em P. Alegre Theodor Amstad era chamado "o Pai dos Colonos"

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Porto Alegre, janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas Ano XVIII - Edição conjunta 625/626 - R$ 2,00

IMPRESSO ESPECIALCONTRATO No 9912233178

ECT/DR/RSFUNDAÇÃO PRODEODE COMUNICAÇÃO

CORREIOS

Traga um amigo para este mutirão. Assine o Jornal Solidário

Nossos telefoNes:(51) 3093.3029 e (51) 3211.2314

JorNal Solidário Na iNterNet:

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AVISO AOS ASSINANTES Esta edição, com 20 pági-

nas, é conjunta. Abrange a pri-meira e segunda quinzenas de janeiro de 2013. As próximas voltam a ser quinzenais.

COMUNICADO IMPORTANTE

Expediente externo do Solidário no mês de janei-ro de 2013: das 8h30min às 12h30min.

Primeiro de janeiro de 2013. Saída da Gruta de Lourdes

– Av. Oscar Pereira, junto ao Hospital Divina Providência – às 17h30min.

Informações: Rua Santuário 400 - Bairro Belém Velho: Fone (51): 3318.4627; www.santua-riomaededeus.org

2013: o primeiro ano depois do

‘fim do mundo’Depois do adiamento ‘sine die’ do fim do mundo, marcado para 21 de dezembro último, continua tudo como

antes. Em que pese todas as eventuais contrariedades que fazem parte do nosso dia a dia, 2013 será um ano bom, até melhor que todos os anteriores, o que depende de cada um de nós. Na agenda da Igreja para o novo ano, temos diversas belas propostas para seguir em frente. O fim, apenas Deus Pai o saberá. Compete a nós continuarmos a cumprir nossa missão de batizados até o dia em que formos chamados.

Páginas 7 a 10

Padre Theodor Amstado caixeiro-viajante de Deus

A saga do jesuíta que percorreu mais de 80 mil quilômetros no sul do Brasil para colocar-se ao lado do pe-queno agricultor e acenar com alternativa de vida mais digna através de organização de cooperativas de crédito.

Encarte especial

É preciso vi-ver, não ape-nas existir.

Plutarco

25a Romaria de N. Sra. Mãe de

Deus em P. Alegre

Theodor Amstad era chamado "o Pai dos Colonos"

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenasA RTIGOS 2

Fundação Pro Deo de Comunicação

Conselho DeliberativoPresidente: Agenor Casaril

Vice-presidente: Jorge La RosaSecretário: Marcos Antônio Miola

CNPJ: 74871807/0001-36

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo

Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e

Ir. Erinida GhellerSecretário: Elói Luiz ClaroTesoureiro: Décio Abruzzi

Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

RedaçãoJorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS

Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RSRevisão

Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários)

Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes

Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282

Porto Alegre/RSFone: (51) 3093.3029 – E-mail:

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Conceitos emitidos por nossos colabora-dores são de sua inteira responsabilidade,

não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

Conselho Editorial Presidente: Carlos AdamattiMembros: Paulo Vellinho,

Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS

Editora Adjunta Martha d’Azevedo

EditorialVoz do Pastor

Dom Dadeus GringsArcebispo Metropolitano de P. Alegre

O problema de fundo está no relacionamento. Ninguém é uma ilha. O ser humano não se reduz à sua individualidade. Necessa-riamente convive. É relação, é família, é comunidade. Quem não convive, não vive.

Assim como no organismo hu-mano acontecem desequilíbrios, que se traduzem por doenças e fa-zem sofrer, pondo em risco a vida da pessoa, também a convivência se desenvolve na sociedade hu-mana, na família, na comunidade e na nação. Está também ela pro-fundamente afetada por tensões, desavenças, crises e guerras. O que a saúde é para a vida pessoal, a paz é para a sociedade.

O primeiro gesto frente às ame-aças de destruição da convivência é, sem dúvida, a prevenção. É preciso promover constantemente um clima de paz e harmonia, evi-tando as tensões e organizando a vida de modo que possa decorrer como uma sinfonia perfeita de todos os membros da família, da comunidade e da sociedade. O amor, como chave da convivência humana, inventou duas virtudes para se estabelecer entre os ho-mens: a justiça e a misericórdia.

A primeira é a justiça. Exige reconhecer a cada um o que é seu. Isto acarreta uma distribuição dos bens materiais de modo que não se repartam as pessoas, ou seja, reconhecer o direito de cada um sem jogá-los uns contra os outros. É o que normalmente acontece na repartição da herança familiar. Famílias muito unidas e felizes, num lar aconchegante dos pais, esfacelam e tornam seus membros inimigos figadais no momento da

As nossAs ofensAs

Na antiga tradução do “Pai Nosso”, a palavra “debita”, do latim, apare-ce em português como “dívidas”: “perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. Mas, para não deixar

a impressão de redução a um cálculo contábil, eventualmente passível de ser comutado por números, passou-se à expressão de “ofensa”. Fica cla-ro o sentido espiritual. Não há mais dúvida de que a ofensa representa uma dívida, mas é muito mais. Não se compensa com uma eventual “res-tituição” material. Envolve perdão, mesmo que exija também reparação.

partilha dos bens herdados.Mas não basta repartir bens

materiais de modo justo. Todos somos pecadores. Por isso temos defeitos. Além e muito acima da justiça, que trata dos bens materiais, o amor inventou outra virtude com o objetivo de criar uma sociedade humana condizente: a misericór-dia. Envolve perdão. A oração do “Pai Nosso”, que Cristo ensinou aos seus discípulos, põe-nos numa situação paradoxal: manda pedir perdão a Deus na medida em que nós mesmos nos dispomos a perdo-ar os que nos ofenderam.

Não se trata de valor monetário. Seria ridículo quem quisesse comu-tar uma ofensa por alguma soma de dinheiro. Estamos aqui no plano es-piritual. O perdão necessariamente é gratuito. Baseia-se na fé em Deus, Pai misericordioso. Se não for as-sim não é perdão, mas negócio e exploração. Deteriora, então, ain-da mais os sentimentos humanos. Por isso se coloca diante de Deus: necessitamos de seu perdão, por-que nos reconhecemos diante dele pecadores. Em compensação, nos comprometemos usar da mesma misericórdia que esperamos dele, perdoando as pessoas que nos ofen-deram. Esta é a única condição para se promover a verdadeira paz entre os homens, que não seja opressão, mas reconciliação. Na base está a fé em Deus, num relacionamento filial com ele. Ele, por sua vez, o quer estender a toda a sua família, isto é, aos filhos que, embora pecadores, foram assumidos na sua intimidade e recebem seu amor incondicional. Não apelamos para as nossas obras, mas para a sua misericórdia, que tornamos nossa.

“Os irmãos tinham tudo em comum... repartiam o pão e os bens com alegria. E não havia neces-sitados entre eles” (cf Atos 4,32-35). A utopia

de uma sociedade fraterna, igualitária, onde ninguém fizesse dos bens que possuía um valor absoluto e intocá-vel, onde não fosse o lucro o motor que impulsionasse a máquina produtiva, onde valores como a honestidade e responsabilidade na gestão do que era de todos fossem moeda corrente, onde o verdadeiro socialismo cristão fosse a referência nas relações sociais e comunitárias foi vivida e proposta por um padre jesuíta que plantou esta prática em solo gaúcho a partir do final do século XIX. O cooperativismo tem na figura do Pe. Theodor Amstad seu criador e propulsor. Os milhares de quilômetros percorri-dos no lombo do seu burro (80 mil?) fizeram de Amstad um incansável batalhador do trabalho e da produção co-operativados, onde o agricultor assume sua condição de sujeito e vive a prática do amor solidário das primeiras comunidades de discípulos de Jesus.

Impressiona acompanhar a saga deste religioso, jus-tamente recuperada por uma cavalgada de 21 dias e na realização, em Porto Alegre, do XV Seminário Gaúcho de Cooperativismo (29-30/11/12- PUCRS), dentro das come-morações do Ano Internacional das Cooperativas. Utópico, mas com os pés no chão, Amstad tinha plena consciência da situação de exploração do pequeno agricultor, uma realidade presente ainda hoje. Dizia: “os agricultores trans-ferem carroçadas de produtos às cidades, donde retornam com algumas bugigangas sob os braços". E qual profeta, denunciava...“a dependência econômica do Brasil, a nova escravatura instalada no país, a exploração dos agricultores por baixos preços pagos aos produtos agrícolas, a ameaça de aumento da dívida externa". Isso há cem anos!

Outra característica profética deste jesuíta foi sua postura ecumênica, antecipando-se em mais de 60 anos ao Concílio Ecumênico Vaticano II. Criando associações de agricultores interconfessionais em 1900, ele praticou o que João XXIII definiria para “justificar” o ecumenismo: “É preciso olhar mais para o que nos une e menos para o que nos separa”. E o que unia aqueles agricultores era a luta por uma vida mais digna para suas famílias e maior participação social em todos os níveis.

Além do encarte especial trazendo um pouco da vida e obra do Pe. Theodor Amstad sj, esta edição “ampliada” do Solidário aborda, em forma alegremente esportiva, a “estória” do fim do mundo. Que, como podemos ver e sentir, foi transferido “sine die”. Calendários maias, redes de televisão e outras publicações fantasiosas apenas con-seguem ludibriar incautos ou desavisados. O fim chegará quando o Pai assim o dispuser.

O Ano da Fé e os 50 anos do Concílio Vaticano II são outros temas que esta edição de 20 páginas do Solidário oferece aos seus leitores. E 2013 vai trazer, ainda, a reali-zação da Jornada Mundial da Juventude, em julho, no Rio de Janeiro. Diferentes eventos que mostram que o Projeto de Jesus Cristo continua vivo e quer ser, neste tempo his-tórico, uma proposta de mais justiça, paz e solidariedade para toda a humanidade. ([email protected])

A sAgA de um pioneiro

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas FAMÍLIA &SOCIEDADE 3

Apesar das variadas formas que assume e das transformações que passa ao longo da história, a família permanece como condição para a huma-nização e socialização das pessoas. É na família que os valores são aprendidos.

Humanizar o humano?Diz Antônio Allgayer: “Jesus era tão humano,

que de tão humano só podia ser Deus”. Humanizar é um verbo que o cristão precisa conjugar em seu cotidiano. Quando ele pratica um ato humano, praticou um ato cristão.

Humanizar o que já é humano parece algo contraditório. Entretanto, todo ser humano é um ser inacabado e, se é saudável, está consciente de sua inconclusão. Portanto, o homem pode sim humanizar-se, ou desumanizar-se. Mas somente a humanização – o ser mais – é a vocação do homem. A desumanização gera o 'ser menos’.

Humanizar é ter uma concepção clara do tipo de pessoa que queremos ser e construir, isto é, “como este ser humano deve ser para ser ‘humano’ ”. A pes-soa que vive determinados valores como a empatia, a compaixão, a solidariedade e o cuidado, certamente será ‘humana’. Quem é ‘humano’ não pode ferir o outro porque, quando o faz, se sente ferido.

Humanizar-se é, então, evoluir. É educar-se para ser mais benévolo, mais ético, mais compassivo, mais solidário, mais empático. É um processo que dura uma vida.

Humanização da famíliaDeonira L. Viganó La Rosa

Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia.

Ninguém pode agir como se existisse uma família que pudesse viver e morrer isoladamente, como se ela tivesse re-alidade por si só, com independência das estruturas sociais. A família não está simplesmente sofrendo uma crise, a família está imersa num profundo processo de transformação acompanhando as mudanças sociais, culturais, econô-

micas, políticas, climáticas e religiosas que, a um ritmo cada vez mais vertiginoso, modificam a sociedade. As mudanças na família e na sociedade são interdependentes.

Humanizar a sociedadeTrabalhar para que a sociedade seja huma-

nizada nada mais é do que buscar estratégias e ações que visem colocar o ser humano, e o respeito que lhe é devido, como centro das re-lações políticas, comerciais, culturais. Quando estas relações giram em torno do eu, do poder e do dinheiro, fazendo do ser humano escravo destas variáveis, então a socie-dade está se desumanizando.

Sabemos que o homem e a mulher, muitas vezes, geram ações desumanas, perversas e destruidoras que os desviam de sua vocação humanística. Mas, seu papel fundamental é humanizar cada vez mais o mundo, dizer não a into-lerância, às culturas de opressão e de negação das diversidades. É empenhar esforços para que as necessidades de cada ser sejam humanamente satisfei-tas.

Nessa luta, o papel dos pais e educadores é central, já que são eles que indicam os caminhos, apontam as situações-limites, propõem a leitura de mundo, subsidiam o corpo crítico dos filhos e alunos e colaboram na formação eticossocial de pessoas que terão a mis-são de agir e transformar a sociedade e o mundo em que vivemos.

Sem comunicação não há humanização

O ser humano dispõe do grande instrumento da palavra para mediar os encontros interpesso-ais. A palavra precisa ter lugar mais relevante no cotidiano institucional e familiar. Desafor-tunadamente, ainda não usamos com eficácia a palavra. Até bem pouco tempo tínhamos que controlar a palavra para não sermos massacra-dos pelo autoritarismo da sociedade, da escola, da própria família. E, apesar de agora o uso da palavra estar permitido, temos resquícios que nos impedem de falar e/ou escrever, tememos expor-nos, ou vamos para o outro lado, usando a palavra para manobrar e ferir pessoas.

Importa lembrar que o sentimento vem à frente das palavras. Conseguindo colocar-se no lugar do outro, você se sensibiliza com as alegrias, as dificuldades e o sofrimento, e é isso que o torna mais humano e lhe possibilita real-mente ajudar alguém. Entrar em contato com os próprios sentimentos é a base para desen-volver a empatia. Como alguém que despreza as próprias necessidades e sentimentos poderá compreender as necessidades do outro?

Uma família se humaniza quando as rela-ções entre seus membros se tornam civiliza-das, repelindo qualquer violência, oferecendo atendimento de qualidade, capaz de gestos concretos de solidariedade e de compaixão. Os pais dando o exemplo e criando ocasiões para estas práticas.

www.sxc.hu

Humanizar-se é evoluir. É educar-se para ser mais benévolo, mais ético, mais compassivo, mais solidário, mais empáti-co. É um processo que dura uma vida.

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenasO PINIÃO 4

Na árvore morta mora um mundo de mistérios, in-clusive uma vida em outras vidas. Já antes de morrer, as folhas e os galhos miúdos se transformaram em adubo orgânico; e árvore deixa de ser árvore, convertida em móveis, ou esculturas, ou tábuas, ou serragem, ou adubo em solo por ela tornado fértil.

Frente ao fato de a árvore morta já ter sido um ser vivo, é de se supor que os nossos governantes e parlamen-tares se sintam responsáveis pela preservação da riqueza vegetal do planeta Terra, não permitindo a devastação de florestas e matas ciliares da margem dos rios.

A árvore é, como nós, um ser que integra a corrente da vida. Há um intercâmbio entre o ser humano e a árvore, que é a fotossíntese e o circuito do oxigênio. Uma única árvore produz oxigênio para alguns pulmões humanos.

Desmantelar uma floresta ou destruir árvores que protegem da erosão a margem de rios são atos de uma perfídia tão descomunal que a pena ou a tecla do com-putador, se vivos fossem, se recusariam de registrar. É matança por atacado. Trucidar uma freira ou qualquer ser humano que zela pela integridade da mata amazonense é cruel matança no varejo.

RespostA dA nAtuRezA à deRRubAdA dA floRestA úmidA dA AmAzôniA

Antônio Estevão AlgayerAdvogado

Na capa da revista Fato e Razão encontra-se a estampa de uma árvore despida de folhas, seca e sem vida. Pouco acima, leem-se os dizeres: “Será este nosso destino?” Esta per-gunta emerge da constatação de uma obviedade: Todo ser vivo, desde um mosquito,

um pé de alface até o rei de Nenhures, carrega em si o germe da mortalidade. Isto não sig-nifica que a árvore ou qualquer ser vivo, ao morrer, desapareça do mundo dos viventes. Pela lei de Lavoisier, sabe-se que na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma.

O teólogo Leonardo Boff lega-nos um de seus lú-cidos pronunciamentos: “A Terra pode viver sem nós e até melhor. Nós não podemos viver sem a Terra. Ela é nossa Casa Comum e não temos outra.”

Referindo-se ao aquecimento global, “observa que tal nome encobre práticas de devastação de florestas no mundo e no Brasil, envenenamento dos solos, po-luição crescente da atmosfera, diminuição drástica da biodiversidade, aumento acelerado de desertificação e, o que é mais dramático, a escassez de água potável que atualmente já tem produzido 6O milhões de exilados,”

E diz: “Estamos assistindo no mundo inteiro e mesmo em nosso país, enchentes devastadoras de um lado, estiagens prolongadas de outro e vendavais nunca havidos no Sul do Brasil que produzem grandes prejuízos em casas e plantações destruídas”.

Enquanto o descalabro da natureza danificada não desabar sobre a cabeça de alienados habitantes do planeta acontecerão os malefícios denunciados por Boff.

A responsabilidade é de todos nós. Seríamos injus-tos se culpássemos os nossos governantes por todos os transtornos que afetam a biosfera que integramos.

Mas que fenômeno é esse, o amor, em que se vende sadomasoquismo travestido em conto de fadas? A virgin-dade, com todos os requintes de um reality show? Teremos abandonado o conceito platônico de amor como falta, desejo de completude no encontro com a outra “metade” perdida, fundamento de toda forma romântica do amor? Ou, utilizamos novas estratégias e, até mesmo, tecnologias, para seguir buscando “o encontro”, alguém com quem dividir nossos sonhos e anseios incansáveis?

Será que não seguimos desejando encontrar o prínci-pe ou princesa (os diferentes tons de Cinza [Greys]) que podem estar nos esperando na curva de algum caminho? Estaremos em luta contra o idealismo romântico e o ceti-cismo estoico? Teremos medo da intimidade, da solidão, da morte? Queremos respostas para um fenômeno tão complexo como o amor, que se desdobra em nuances (bem descritas por W. Riso em Amores de Alto Risco)?

O amor torturante, o amor desconfiado, o amor sub-versivo, o amor egoísta, o amor perfeccionista, o amor violento, o amor desvinculado ou indiferente, o amor caótico, o amor saudável (ou a sabedoria do “não”). Ou no fenômeno sociológico-editorial de Cinquenta Tons de Cinza, de E.L. James, que mesmeriza 40 milhões de leitores no planeta (mulheres, em sua enorme maioria), independentemente de idade, estado civil e nível cultural? Ou, ainda, na empreitada de Virgins Wanted, documentário realizado pelo cineasta australiano Justin Sisely, que busca

AmoR, umA novA éticA? Marisa Faermann Eizirik

Psicóloga

Enamoramento, paixão, desejo, erotismo, são sinônimos de amor que utiliza-mos. Destaco, dentre esses, o erotismo. Como se pode compreendê-lo, em nossos “modernos” tempos? Que sinais temos de seu percurso, tão semoven-

te e mutável ao longo da história, do pudor e dos véus, dos subentendidos e dos toques, dos mistérios dos olhares, das seduções e fetiches de todas as épocas? Es-taremos observando a morte do erotismo, em face do grande “mercado” do amor?

moças virgens desejosas de vender esse “produto” tão raro atualmente, beneficiando a dona do corpo e o “empreendi-mento” cinematográfico que produz e vende.

Nos aventurarmos a responder é, certamente, uma tarefa de alto risco e, também, atribuir tudo à sede de consumo, ao lucro e a voragem do capital, empobrecedora e reducionista. Vivemos a orfandade dos estereótipos, do status congelado das evidências, o coma anestesiado do excesso (fluxo, velocidade e intensidade da informação), sob o efeito dos discursos vazios, da tirania da mídia, do peso econômico do lucro. Me atrevo a pensar que estamos atravessando uma crise ética, ou, a inscrição em uma di-mensão ética desconhecida, ainda sem registro. Os cânones conceituais, os princípios organizadores de nossos pensa-mentos e práticas, se descolorem, debilitam e colapsam. Não temos hipóteses plausíveis, ferramentas explicativas eficazes, nem próteses convincentes, que aliviem o mal-estar gerado pela incerteza, a fugacidade, a inconstância dos valores.

O Ocidente construiu um formidável dispositivo de sexualidade, entrelaçando verdade e sexo. De que formas estamos nos constituindo como sujeitos, com a falta de espessura, a tirania do breve, do descartável, da total “transparência” (ou será opacidade?), da ausência do en-cantamento, do mistério? Estamos em mutação. Uma outra ética subjetiva contempla as questões do amor. Uma nuvem de ignorância nos envolve, e instiga. (In ZH/ 03/10/2012)

gAstAr, economizAr?Carmelita Marroni Abruzzi

Professora universitária e jornalista

Nossa geração foi educada na importância de economizar, de guardar alguns recursos para

situações de emergência ou para a ve-lhice, hábitos que se formavam desde cedo e aprendia-se a usar o dinheiro: não se gastava além do que se ganhava.

As solicitações externas eram bem menores. Em casa, havia o rádio e mais tarde a TV, diversões essas que não implicavam em maiores gastos. Poucas famílias dispunham de telefone, pois as linhas eram raras.

Em poucos anos, essa realidade mudou e nossa geração se viu imersa num mar de solicitações externas cada vez maior. Todos os membros adultos da família precisam trabalhar para atender a tantas solicitações da moderna tecnologia da comunicação, das TVs pagas, dos eletrônicos e dos computadores de todos os tipos que se tornam obsoletos em pouco tempo.

Essa mudança pegou uma geração pouco preparada para administrar tais gastos, pois nem sempre conta com o exemplo e orientação de uma família que aprendeu a gastar e a poupar. Além disso, inundada por uma “avalanche de publicidade” que acentua reduções de impostos, compra, iludida, artigos dos quais não neces-sita, calcula a prestação que pode pagar sem verificar a incidência dos altíssimos juros. Aliás, pelo que se sabe, o grande negócio de muitas empresas está nos juros da venda em prestações.

Como consequência de tudo isso, estão aí os altos índices de endividamento das famílias, com grande parte da renda comprometida e sem condições de quitar essas dívidas, enquanto se divulgam balcões de renegociação: o consumidor paga a primeira parcela, sai do vermelho e segue comprando, ou seja, aumentando essa dívida. Mas é preciso “esquentar” as compras nas grandes datas e festejos.

E o ciclo de endividamento das famílias continua, com reflexo geral na economia dos países e do mundo. A crise nos EUA, p. ex., começou com o alto índice de endividamento das famílias que, segundo analistas anunciavam, era tão alto que nem os netos dessas pes-soas conseguiriam quitá-las.

Na Europa, alguns países da zona do euro também passam por séria crise econômica: endividaram-se muito além do que poderiam pagar, às vezes com obras faraônicas, nem sempre de muito uso ou necessidade.

Portanto, a questão de gastos excessivos começa com o indivíduo e a família, reflete-se na sociedade e, como uma bola de neve, na economia mundial, che-gando ao grave quadro de países impossibilitados de pagar suas contas, com programas sociais suprimidos, salários reduzidos, instituições financeiras cobrando, pessoas levadas ao desespero, pois até o próprio teto ficou comprometido!

Para toda essa situação, além das medidas na área da macroeconomia, algumas de duvidosa eficácia, urge pensar em soluções a médio e longo prazo, em nível de sociedade e, para isso, só há um caminho: educação. Uma educação que começa muito cedo, a partir do exemplo da família, quando a criança pequena não deve ouvir apenas: “papai não pode”, mas perguntas sobre a utilidade, necessidade daquele artigo. Na esco-la, pode ser tarde. Parte-se de informações racionais, matematicamente úteis, que nem sempre levam à in-corporação de hábitos e atitudes. Mas isso não diminui a importância de disciplinas curriculares e de cursos de educação financeira, cada vez mais necessários para a realidade atual.

Dívidas excessivas geram angústia e irritabilidade, criam um péssimo ambiente de convivência, em que toda a qualidade de vida fica prejudicada. Eu diria, pois, que essa questão de administrar gastos e poupar, é crucial para a felicidade e equilíbrio emocional das famílias e comunidades. ([email protected])

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas EDUCAÇÃO &PSICOLOGIA 5

Equilíbrio emocionalO interessante é que o equilíbrio emocional

não é inato: aprende-se, e não necessariamente em colégios caros. Qualquer criança pode aprender em casa ou com seus coetâneos a não se atirar no chão, aos berros, para obter determinado brinque-do; a compreender a vantagem de uma espera um pouco mais longa, ou do sacrifício momentâneo de uma coisa para conseguir outra; a entender que a satisfação instantânea dos desejos nem sempre é o melhor, quase nunca é importante, e muitas vezes é contraproducente.

Equilíbrio emocional não significa "sangue de barata". "Sangue de barata", ausência de reação às emoções, só têm, comprovadamente, os psicopatas e os que matam em série: quando se lhes apresenta a fotografia de uma de suas vítimas, não sofrem nenhuma alteração na frequência cardíaca.

Afetos e vida cognitivaAs emoções dependem dos afetos e dos sen-

timentos. O segundo grande "achado" recente da ciência é, justamente, o papel dos afetos e senti-mentos na vida cognitiva do sujeito; na memória, por exemplo, e em tudo o que dela depende, e que não é pouco: nossa memória é o que nos permite comparar, pensar, falar, caminhar, viver; em suma, ser quem somos. A memória é a fonte da nossa individualidade e do nosso viver em comunidade. Eu sou quem sou porque me lembro quem sou, me lembro das pessoas, dos fatos e das coisas de minha vida.

Evocamos com mais facilidade memórias que se vinculam com o mundo de nossos afetos e sentimentos. Não lembra-mos, ou lembramos mal, as coisas afetivamente insignificantes. Todos aprendemos cedo como é gostoso o colo da mãe e lembramos disso pelo resto da vida.

Sobre o amorDos afetos e sentimentos, o mais

importante é o amor. É graças ao amor que podemos chegar a adqui-rir aquele equilíbrio emocional que mencionamos acima; sem ele não há equilíbrio possível. Os psicopa-tas, por exemplo, não conseguem

Córtex cerebral, amor e equilíbrio

Ivan IzquierdoProfessor titular na PUCRS

Através da análise sistemática do comportamento das pessoas ao longo de anos, psicólogos norte-americanos verifica-ram que o equilíbrio emocional - aquele que permite, por exemplo, que uma criança de cinco anos aprenda a prote-

lar uma recompensa para poder conseguir um benefício maior - é mais importante do que a inteligência como deter-minante do sucesso na vida adulta. Nos Estados Unidos, muitas grandes empresas já utilizam o "QE" (Quociente Emocional) em vez do famigerado "QI" (Quociente Intelectual) como medida para a escolha do pessoal de escalão superior. De nada

vale, para um candidato a gerente, ser inteligente e saber computação, se é estourado ou é um assediador sexual.

aprender o que é o amor. Matam porque tanto faz. O amor tem muitas faces. Uma delas é o ca-

rinho, a expressão do amor na qual nós, latinos, somos especialistas; mas não é a mais importante: os suecos e os ingleses amam tanto quanto nós, mas se exprimem de forma diferente. O amor que alguém sente pode ser expresso de muitos modos. No filme Shadowlands, por exemplo, existe um momento em que Anthony Hopkins descarrega seu amor em pranto. A saudade da pessoa ou do objeto amado é outra face do amor, assim como desejar o bem de alguém, a ponto de estar disposto a sacrificar algo por ela, até a vida, se necessário.

O amor envolve, também, o controle da agres-sividade em relação à pessoa amada; ninguém bate no filho como bateria num inimigo. O conjunto de pensamentos e atitudes que muitos denominam ci-vilidade ou educação é também uma expressão do amor. A mesma coisa vale no trânsito: se quisermos chegar vivos em casa para ver a pessoa amada, tentaremos ser amáveis com os demais motoristas e não arriscar acidentes imprevisíveis com eles. “Ama o próximo como a ti mesmo", pedia Jesus.

Evolução e amorSegundo estudos recentes, aquilo que chama-

mos de amor (no sentido natural) aparece como um salto evolutivo. Essa dimensão não existe nos animais inferiores que não possuem córtex cere-bral. As aranhas e os répteis abandonam ou até devoram seus filhotes; uma das primeiras coisas que filhote de cobra tem que aprender na vida é a fugir da mãe. A cadela, com um córtex bem mais

desenvolvido, já é uma mãe exemplar e, além disto, é capaz de amar outros animais ou pessoas. Os golfinhos e os primatas, cujo corte é ainda maior, têm certo grau de altruísmo: são capazes de se sacrificar por outros de sua espécie. O homem é capaz de amar até o limite do desespero, até deixar-se morrer pela pessoa, pela comunidade ou pelas ideias que ama. A característica principal dos seres humanos é, justamente, a capacidade de amar; é o amor nas suas múltiplas e variadas facetas, que vão do carinho à saudade; da saudade à educação, ao altruísmo e à poesia.

O equilíbrio emocional é mais importante do que o Quociente Intelectual. Tiremos a inteligên-cia de um ser humano e teremos um ser humano irracional. Tiremos o amor, e não teremos mais um ser humano, teremos algo parecido com um réptil. (Fonte: Cidade Nova)

Bart Hickman/sxc.hu

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas 6 ESPAÇO LIVRE

Humor Sem FronteirasMartha Alves D´Azevedo

Comissão Comunicação Sem Fronteiras

Leonard O Livro da Família 2013 e o Familienka-lender 2013 estão disponíveis para ven-da. Faça seu pedido na Livraria Padre Reus, em Porto Alegre. Adquira também na nossa filial, no Santuário Sagrado Co-ração de Jesus, em São Leopoldo.

Fones: 51-3224.0250 e 51-3566.5086 [email protected]

RESERVE O SEU EXEMPLAR

A cArA dA fAmiliA

Reportagem de jornal local publicada no mês passado passa a ideia de que filho único é mais feliz e tem mais possibilida-

des de progredir na vida pessoal e profissional.

Gráfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstra, através de pesquisas, que a média de filhos por mulher no Brasil, que era de 6,2 em 1950, caiu para 1,9 em 2010 e, no RS, a média de 5,2 em 1950, caiu para 1,75 em 2010. A reportagem afirma que o filho único é mais feliz, tem mais oportunidades e não sente falta de mais irmãos. Os pais de filhos únicos, opção feita após o casa-mento, declaram-se completamente realizados. Será que as pessoas entrevistadas estarão satisfeitas durante o resto de suas existências?

O Rio Grande do Sul já foi o cenário de famílias numero-sas, que hoje organizam encontros anuais para confraternizar e rever os demais parentes, o que fazem com muito orgulho e grande felicidade. Hoje, a média de filhos no Estado é a menor do Brasil. Será que estas famílias de filho único, um dia vão se reunir? Talvez se reúnam com colegas do escritório ou vizinhos de apartamentos mas nunca serão da mesma família.

Um dado importante da pesquisa do IBGE é de que a média de filhos para quem ganha um a dois salários mínimos é de 2,1, enquanto a média de filhos para quem ganha mais de 20 salários mínimos é de 1,37. A diferença no número de filhos entre as famílias que ganham menos e as que ganham mais parece ser um desprendimento das primeiras e um egoísmo das últimas. Outro dado importante da pesquisa: a média de filhos para as famílias sem instrução e fundamental incompleto é de 2,38, e a média de filhos dos casais que têm curso superior completo é de 1,09. Esta pesquisa demonstra que o perfil da população brasileira está mudando e que se a democracia for mantida no país, o Brasil será administrado por uma população bem menos culta, mas formada pelos meios de comunicação e que terá uma perspectiva de vida do “ter” e não do “ser”.

A reportagem entrevistou famílias de filho único e não entrevistou filhos de famílias numerosas para saber como se sentem quando se encontram, como se apoiam e do prazer de saber que a responsabilidade é compartilhada entre muitos e não pesa sobre uma só pessoa.A mudança está acontecendo silenciosamente e as autoridades deviam pensar com cuidado no assunto que pode significar um problema de segurança nacional. ([email protected])

trAnsmissão não competitivA do evAngelho

Laurence Freeman OSBComunidade Mundial para a Meditação Cristã

Um dos dilemas do Cristianismo tradicional que mais nos deixa perplexos hoje, talvez seja o significado da transmissão do Evangelho de maneira não competi-

tiva no contexto dos relacionamentos com outras religiões. Para o cristão exclusivista, isso não tem sentido algum.

No entanto, isso é o que acontece por toda parte o tempo todo. E, talvez, o Espírito esteja tentando nos ensinar algo. Talvez, o Cristianismo esteja aprendendo que, caso seja ver-dadeiramente universal, deve se encontrar e se reconhecer em todas as formas da experiência espiritual humana, e em todos os tipos de eventos espirituais.[...]

Estamos, hoje, alcançando uma nova era de diálogo reli-gioso, de tolerância, de reverência mútua, e de aprendizado mútuo, que aqueles que nos precederam jamais poderiam ter imaginado. Contudo, o acerto disso para os cristãos pode ser atestado pelo fato de ser tão compatível com a personalidade e o exemplo de Jesus. Ele não rejeitava ninguém, tolerava todos, e enxergava o mistério de Deus em todas as pessoas e na natureza. Ele fazia sua refeição com aqueles que deveria ter desprezado; ele falava com aqueles que deveria ter evitado. Ele se abria para os outros tanto quanto se abria para Deus. [...]

Em Jesus, se dá uma intersecção entre o tempo e a eter-nidade, o Verbo se torna palavras humanas. Porém, a inter-secção acontece na pobreza de espírito humana. Pobreza é o ponto em que “o mistério infinito se encontra com a existência concreta”. Pobreza não é apenas a ausência de coisas por meio da consciência de nossa necessidade por outros, por Deus. A carência humana é universal. Os ricos, e os mais poderosos, assim como os mais pobres e mais marginalizados, estão igualmente carentes.

A carência é simplesmente a forte emoção que surge como resposta ao fato da interdependência. Não estamos separados uns dos outros ou de Deus. A sabedoria é o reco-nhecimento de nossa interconexão. A compaixão é a prática de nossa conectividade. Na meditação mergulhamos num nível de realidade que é mais profundo do que aquele de nossas mentes superficiais, que são movidas pelo ego, e que tão frequentemente se enredam na ilusão de nossa inde-pendência e isolamento. O trabalho diário da meditação é o de nos desvencilharmos dessa rede, e também representa o novo padrão da prática da presença de Deus em nossa vida cotidiana, que a meditação diária cria. (Fonte: http://www.escolademeditacaocmmcbr.com/)

DIVERSASO cara estava lendo

o jornal quando o ladrão chegou e disse:

- Isso é um assalto! - Pois é, não sei onde

o Brasil vai parar!xxx

A mulher fala pro marido:

- Querido, a lavadei-ra roubou duas toalhas.

- Mas que ladra! Que sem-vergonha! Quais foram as toalhas?

- Aquelas que trou-xemos do hotel.

xxx

O gago aborda uma mulher na rua:

- A se...senhora...sa... sa... sa... sabe on... on... de fi... fi... ca a esco... cola de ga... ga... gagos?

- Mas para quê? O senhor já gagueja tão bem.

xxx

Ao chegar na em-presa, o chefe vê a sua secretaria trabalhando que nem uma condenada e pergunta:

- Nossa, dona Pris-cila. Desde quando a senhora trabalha assim deste jeito?

- Desde que eu vi o senhor descendo do seu carro...

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas 7

Alguém já disse que os filhos só nos dão razão quan-do nos virem pelas costas. Quer dizer, só se lembram de nossos exemplos. Não basta o discurso, a palavra: não terão efeito se não seguidos do exemplo de adultos. A educação para virtude se completa e se transmite pela exemplaridade. A virtude – em qualquer de suas faces – baseia-se em algum paradigma. Ela é uma expressão cultural. E está nos pequenos gestos, nas pequenas atitudes.

Como cobrar virtude de nossos representantes, acu-sados da prática de corrupção, falcatruas, maracutaias, das quais nenhuma agremiação política tem moral para se apresentar como vestal, se eles – os políticos – saí-ram do mesmo meio da falta de exemplo e educação? E, tem, portanto o mesmo DNA cultural que todos nós? Segundo a ONG Transparência Internacional, o Brasil melhorou (!) quatro posições na percepção da corrupção em 2012. Agora, ocupa o 69o lugar (antes era o 73o), em 176 países. Condenações no mensalão, Lei de Acesso à Informação, demissões de alguns ministros e a efetiva vigência da Lei da Ficha Limpa teriam contribuído para a elevação dessa sofrível nota.

Políticos são corruptos na medida da corrupção da sociedade

Queixamo-nos do que acontece nos meandros do poder – político e econômico. Antes, façamos um sincero exame de consciência, pois somos conhecidos como o 'povo do jeitinho' ou do povo que quer levar vantagem em tudo. Evi-tamos todas as nossas pequenas ilicitudes diárias? Evitamos tirar proveito ou vantagem em todas as oportunidades – são tantas!!! – do nosso dia a dia? Tais como, não emitir nota fiscal, não declarar Imposto de Renda ou declarar a menor, tentar subornar o policial de trânsito para evitar multa, falsificar carteira de estudante, dar/aceitar troco errado, subtrair energia, fazer 'gato' em TV por cabo, furar fila, comprar produtos falsificados, bater ponto para o colega de trabalho, falsificar assinaturas, baixar música na internet sem pagar, violar regras do trânsito, levar divisas para fora do país, trazer mercadorias do exterior e não pagar impos-tos, etc. São atos indicativos de transgressão, mas contam com a aprovação popular, por ser a conduta plenamente justificável e receber a concordância quase que unânime.

2013: um ano bom

E o fim do mundo? Cadê? O Natal já passou. Não o de Jesus: este deve acontecer todos os dias na vida do cristão. O outro Natal, o do comércio, esse movimentou mais de R$ 1,3 bilhão só em P. Alegre, na compra de roupas, brinque-dos calçados, perfumaria e eletroeletrônicos... E entramos no primeiro ano depois do 'fim do mundo'. Continuamos

sempre correndo: sem rumo, sem direção. Ou, estúpida e sofregamente, apenas atrás do ‘vil metal’, sem tempo para perder tempo em ouvir o colega do trabalho, o vizinho, a esposa, o filho, o irmão... Na Pátria Amada Brasil, os mesmos escânda-

los políticos envolvendo todas as agremiações... Nas estradas e ruas, a mesma insana imprudência na direção a matar 111 pessoas por dia no Brasil. Ainda assim, 2013, mesmo com os mesmos referenciais culturais e éticos, e, talvez, as mesmas ou novas predições apocalípticas – secas terríveis, aquecimento da terra, efeito estufa, poluição do ar e das águas dos rios e

mares – poderá será um ano bom, melhor que o que terminou. Depende de cada um de nós.

Utopias possíveis?Sonhos irrealizáveis? Talvez não!

Importa não deixar de sonhar, porque o sonho de muitos pode virar realida-de. Sonhar que terminou o mundo da fome que mata milhões a cada ano que passa. Sonhar que terminou o mundo de injustas guerras entre nações e povos que ceifa milhares de inocen-tes. Sonhar que terminou o mundo do egoísmo e do egocentrismo em que ‘sou somente eu que valho, todo o resto é secundário, o outro, que se vire...’. Sonhar que não existe mais o mundo dos que sofrem, dos excluídos, pois a humanidade assim o desejou e todos foram incluídos pelos gestores e poderosos da Terra. Sonhar, enfim, que o Reino prometido por Jesus já se tornou realidade aqui mesmo.

Limão em limonada...Esse é o segredo! Fazer do limão

uma limonada. Ninguém está livre de contrariedades. O segredo é aprender a conviver com elas ou não se deixar contaminar. Porque, se prestarmos bem atenção, existe sempre algo mais importante do que a derrota de nosso time, do que a alta do dólar a influir no nosso orçamento, do que a preo-cupação com as grandes somas que se gastam para preparar a Copa de 2014, do que o aumento do custo da energia elétrica, do que a necessidade artifi-cial de ter o último modelo do telefone celular ou automóvel, do que a baixa qualidade de telefonia celular e TV paga, ou da falta da vontade política no implemento mais objetivo para o uso de energias alternativas e retardar a exaustão de recursos minerais da Terra...

Bons exemplos para um ano bomUm Brasil a ser melhorado:

algumas sugestõesInfra-estrutura de transportes Isso inclui melhorar e diversificar as alternativas de

transporte urbano com vistas a evitar tantos automóveis particulares circulando com apenas o seu motorista. Inclui – e como! – políticas públicas para melhorar as estradas. O Brasil continua tendo apenas 12% de rodovias pavimen-tadas, muitas delas em más condições, enquanto a Índia possui 40%, a China mais de 70% e a Rússia mais de 60% de estradas asfaltadas.

Menos automóvelInclui também – o que é mais difícil – a conscientiza-

ção individual de frear o consumismo e mudar o conceito de que é status ter e sair com seu carro particular, graças ao que as montadoras festejam, mês a mês, novos recordes de vendas de veículos despejados aos milhares nas ruas e estradas do País a nos obrigar a conviver com a mesma caótica balbúrdia... a mesma poluição sonora... a mesma fumaça no ar que respiramos....

Melhor saúde públicaEstruturar humana e materialmente os serviços de saú-

de pública, evitando que tantos morram na fila de espera...que não mais se conviva com a degradante ambulânciote-rapia diária do Interior para a Capital...

Mais equilíbrio de salários públicosA histórica disparidade de remuneração aos servidores

dos diversos poderes de estado está cada vez aumentan-do. Enquanto a grande massa – com exceção de grupos corporativos mais articulados – dos poderes executivos, em quase todas as instâncias, tem que se contentar com 'migalhas', os servidores de outros poderes sempre con-seguem atualizar seu 'poder de compra'. O que faz com servidores com mesmo nível de formação, dependendo do Poder a que servem, aufiram três ou quatro vezes mais para similar atividade.

Segurança pública e muitas outras melhorias poderiam ser lembradas...

(Continua na página seguinte)

TEMA EM FOCO

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas

2013 e a vida da Igreja

O Ano da Fé“A respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o

Pai”. (Mat. 24:36 e Mar. 13:32). Portanto, vivamos intensamente nosso dia a dia, acompanhando a agenda do novo ano. O futuro a Deus pertence.

Estamos no Ano da Fé. Muitas pessoas se perguntam: o que é isso? O Ano da Fé é uma proposta do Papa Bento XVI para toda a Igreja, com o objetivo de incentivar

os cristãos a conhecerem melhor as razões da sua própria fé. O Ano da Fé não é para os outros, isto é, para aqueles que não fazem parte da nossa Igreja, ele é para todos nós que fazemos parte dela, pois muitos de nós não temos consciência de que pusemos Deus de lado, valorizando mais as coisas do mundo e perdendo a nossa identidade cristã. Muitos participam da comunidade da Igreja apenas para obter os sacramentos como meio de manter uma tradição, mas sem levar em conta o compromisso que os sacramentos carregam consigo.

O Ano da Fé é para todas as pessoas, sobretudo os jovens, os adultos, os pais, os avós, homens e mulheres que aos poucos foram esquecendo que Deus nos ama muito e que está conosco cada dia, ansiando para que vivamos felizes, dando testemunho do seu amor no dia a dia da nossa vida. O Ano da Fé é uma oportunidade para redescobrir a alegria de crer em Deus e de encontrar a melhor forma de viver no seu Amor.

Crer ante a “desertificação espiritual”Foi uma das exortações de Bento XVI no sermão da solene missa de lançamento da Carta Pas-

toral do Ano da Fé, dia 11 de outubro último, no Vaticano. Diante de dezenas de cardeais, bispos e sacerdotes do mundo inteiro (o presidente da CNBB também esteve presente) Bento XVI exortou a redescobrir a alegria de crer ante a “desertificação” espiritual do mundo. “Nas últimas décadas, observamos o avanço de uma “desertificação” espiritual, mas, no entanto, é precisamente a partir da experiência deste vazio que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós, homens e mulheres. Que este ano da Fé pode ser representado como “uma peregrinação nos desertos do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é essencial: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas – como o Senhor exorta aos Apóstolos ao enviá-los em missão – mas sim o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Vaticano II são uma expressão luminosa, assim como o Catecismo da Igreja Católica, publicado há 20 anos. Julgo que a coisa mais importante, especialmente numa ocasião tão significativa como a presente, seja reavivar em toda a Igreja aquela tensão positiva, aquele desejo ardente de anunciar novamente Cristo ao homem contemporâneo. Se a Igreja hoje propõe um novo Ano da Fé e a nova evangelização, não é para prestar honras, mas porque é necessário, mais ainda do que há 50 anos!”

A fé de poucos pode incendiar o mundoFalando para os seminaristas do Colégio Inglês de Roma, três dias depois do lançamento do

documento, o Papa voltou a lembrar que “bastam poucas pessoas com uma fé sólida para difundir o Evangelho no mundo. As pessoas que encontraram realmente Cristo não podem ficar em silêncio em relação a Ele. Deixem que o fascínio de Jesus capture vocês comunicando com Ele através da oração em que o coração fala ao coração. Como um pequeno fogo pode incendiar uma floresta, assim o testemunho fiel de alguns pode espalhar a força purificadora e transformadora do amor de Deus numa comunidade ou nação”.

50 anos do Vaticano II:avanços e retrocessos

No lançamento do Ano da Fé, Bento XVI recordou o papel do mais importante evento da Igreja do século XX. "O Ano da fé, que estamos inaugurando hoje está ligado coerentemente com todo o caminho da Igreja ao longo dos últimos 50 anos: desde o Concílio, passando pelo Magistério do Servo de Deus Paulo VI, que proclamou um "Ano da Fé", em 1967, até chegar ao Grande Jubileu do ano 2000, com o qual o Bem-Aventurado João Paulo II propôs novamente a toda a humanidade Jesus Cristo como único Salvador, ontem, hoje e sempre. Embora o Concílio Vaticano II – observou o Papa – não tenha tratado da fé como tema de um documento específico, no entanto, esteve todo ele inteiramente animado pela consciência e pelo desejo de, por assim dizer, imergir mais uma vez no mistério cristão, para o poder propor de novo e eficazmente para o homem contemporâneo. Como dizia Paulo VI, dois anos depois da conclusão do Concílio: “Se o Concílio não trata expressamente da fé, fala da fé a cada página, reconhece o seu caráter vital e sobrenatural, pressupõe-na íntegra e forte, e estrutura as suas doutrinas tendo a fé por alicerce".

Seria exagerado afirmar que, apesar do pé no freio de Montini e Wojtyla para reduzir a velocidade nas mudanças, o atual Papa está tentando retomar alguns avanços? Quando ainda jovem e padre, Ratzinger, aos 38 anos de idade, foi convocado para participar, como “perito”, dos trabalhos de elaboração de um dos textos conciliares, o decreto Ad Gentes, voltado a dar um novo conceito às missões e evangelizações. Bento XVI conhece bem o espírito que inspirou o Vaticano II

AvançosO Concílio Vaticano II, de iniciativa do então Papa João XXIII, promoveu profundas reformas nos

campos ecumênico, bíblico e litúrgico. E reorganizou a vida interna na Igreja. Foi o 21o concílio da Igreja católica e durou de outubro de 1962 a dezembro de 1965. Coube ao Papa Paulo VI, nascido Giovanni Battista Montini, concluí-lo como sucessor de João XXIII, que faleceu em 3 de junho de 1963. Reuniu em assembleia 2.540 clérigos da mais alta hierarquia eclesiástica para sair do conservadorismo resistente e ingressar num mundo globalizado e a exigir posturas liberais, de aproximação com os fiéis e com os outros credos. Roncalli, apelidado de ‘papa-bom’ pelos fiéis, logrou com o Vaticano II “antecipar, na Igreja, a modernidade do mundo globalizado”.

Com o Vaticano II o latim cedeu lugar para que os fiéis entendessem o que se estava a dizer nos altares. Alguns prelados e padres, liderados pelo cardeal Marcel Lefebvre, reagiram ao Vaticano II e promoveram um ' cisma católico', assim denominado pela mídia. Enquanto os luteranos, nas chamadas escolas dominicais, colocavam os textos sagrados à disposição dos fiéis, os ensinavam a interpretá-los e difundiam a leitura da Bíblia, a Igreja, até o Vaticano II, era fiel ao estabelecido no Concílio de Trento, o 19º. da história eclesiástica e realizado 1545 a 1563. Com o Concílio Vaticano II, ampliou-se o uso comunitário da Bíblia, dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos. Nas missas, os fiéis passaram a subir aos altares para leituras de textos bíblicos e dos ensinamentos do apóstolo Paulo.

A reforma ecumênica foi profunda e voltada à unidade cristã. O Vaticano II também recomendou a troca da batina por roupas iguais às vestidas pelos comuns dos mortais; deu co-atribuições delegadas de “ministros da eucaristia”.

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas

Jornada Mundial da Juventude

Tudo começou com um encontro promovido pelo Papa João Paulo II em 1984. A Jornada Mundial da Ju-ventude (JMJ), como foi denominada a partir de 1985, reúne jovens de todo mundo para um grande encontro de fé e tem como objetivo principal dar a conhecer a todos os jovens do mundo a mensagem de Cristo, e, através deles, mostrar o ‘rosto’ jovem de Cristo ao mundo. A Jornada Mundial da Juventude, que se realiza anualmente nas dioceses de todo o mundo, prevê a cada dois ou três anos um encontro internacional dos jovens com o Papa, que dura aproximadamente uma semana. A última edição internacional da JMJ foi realizada em agosto de 2011, na cidade de Madri, na Espanha, e reuniu mais de 190 países.

A XXVIII Jornada Mundial da Juventude será realizada de 23 a 28 de julho de 2013 na cidade do Rio de Janeiro e tem como lema “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19).

A primeira JMJ foi diocesana, em Roma, no ano de 1986. Seguiram-se os encontros mundiais: em Buenos Aires (Argentina – 1987) - com a participação de um milhão de jovens; em Santiago de Compostela (Espanha – 1989) - 600 mil; em Czestochowa (Polônia – 1991) - 1,5 milhão; em Denver (Estados Unidos – 1993) - 500 mil; em Manila (Filipinas – 1995) – quatro milhões; em Paris (França -1997) – um milhão; em Roma (Itália – 2000) – dois milhões, em Toronto (Canadá – 2002) – 800 mil; em Colônia (Alemanha – 2005) – um milhão; em Sidney (Austrália – 2008) – 500 mil; e em Madri (Espanha – 2011) – dois milhões.

2013 e a vida da Igreja

(Continua na página seguinte)

Janericloebe/sxc.hu

50 anos do Vaticano II:avanços e retrocessos

No lançamento do Ano da Fé, Bento XVI recordou o papel do mais importante evento da Igreja do século XX. "O Ano da fé, que estamos inaugurando hoje está ligado coerentemente com todo o caminho da Igreja ao longo dos últimos 50 anos: desde o Concílio, passando pelo Magistério do Servo de Deus Paulo VI, que proclamou um "Ano da Fé", em 1967, até chegar ao Grande Jubileu do ano 2000, com o qual o Bem-Aventurado João Paulo II propôs novamente a toda a humanidade Jesus Cristo como único Salvador, ontem, hoje e sempre. Embora o Concílio Vaticano II – observou o Papa – não tenha tratado da fé como tema de um documento específico, no entanto, esteve todo ele inteiramente animado pela consciência e pelo desejo de, por assim dizer, imergir mais uma vez no mistério cristão, para o poder propor de novo e eficazmente para o homem contemporâneo. Como dizia Paulo VI, dois anos depois da conclusão do Concílio: “Se o Concílio não trata expressamente da fé, fala da fé a cada página, reconhece o seu caráter vital e sobrenatural, pressupõe-na íntegra e forte, e estrutura as suas doutrinas tendo a fé por alicerce".

Seria exagerado afirmar que, apesar do pé no freio de Montini e Wojtyla para reduzir a velocidade nas mudanças, o atual Papa está tentando retomar alguns avanços? Quando ainda jovem e padre, Ratzinger, aos 38 anos de idade, foi convocado para participar, como “perito”, dos trabalhos de elaboração de um dos textos conciliares, o decreto Ad Gentes, voltado a dar um novo conceito às missões e evangelizações. Bento XVI conhece bem o espírito que inspirou o Vaticano II

AvançosO Concílio Vaticano II, de iniciativa do então Papa João XXIII, promoveu profundas reformas nos

campos ecumênico, bíblico e litúrgico. E reorganizou a vida interna na Igreja. Foi o 21o concílio da Igreja católica e durou de outubro de 1962 a dezembro de 1965. Coube ao Papa Paulo VI, nascido Giovanni Battista Montini, concluí-lo como sucessor de João XXIII, que faleceu em 3 de junho de 1963. Reuniu em assembleia 2.540 clérigos da mais alta hierarquia eclesiástica para sair do conservadorismo resistente e ingressar num mundo globalizado e a exigir posturas liberais, de aproximação com os fiéis e com os outros credos. Roncalli, apelidado de ‘papa-bom’ pelos fiéis, logrou com o Vaticano II “antecipar, na Igreja, a modernidade do mundo globalizado”.

Com o Vaticano II o latim cedeu lugar para que os fiéis entendessem o que se estava a dizer nos altares. Alguns prelados e padres, liderados pelo cardeal Marcel Lefebvre, reagiram ao Vaticano II e promoveram um ' cisma católico', assim denominado pela mídia. Enquanto os luteranos, nas chamadas escolas dominicais, colocavam os textos sagrados à disposição dos fiéis, os ensinavam a interpretá-los e difundiam a leitura da Bíblia, a Igreja, até o Vaticano II, era fiel ao estabelecido no Concílio de Trento, o 19º. da história eclesiástica e realizado 1545 a 1563. Com o Concílio Vaticano II, ampliou-se o uso comunitário da Bíblia, dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos. Nas missas, os fiéis passaram a subir aos altares para leituras de textos bíblicos e dos ensinamentos do apóstolo Paulo.

A reforma ecumênica foi profunda e voltada à unidade cristã. O Vaticano II também recomendou a troca da batina por roupas iguais às vestidas pelos comuns dos mortais; deu co-atribuições delegadas de “ministros da eucaristia”.

Cruz Peregrina, um dos símbolos da

Jornada Mundial da Juventude, que neste ano será realizada no

Brasil

jesuitasdobrasil.blogspot.com

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas

A quem interessou – e interessa – a disseminação da ameaça de fim de mundo, a espalhar o pânico entre milhões de incautos que não conhecem os mecanismos do universo? Aos rumores, boatos, muito medo e até suicídios, tirando

"suas vidas e as dos seus filhos antes do dia do Juízo Final", a NASA (National Aeronautics and Space Administration - Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço) resolveu reagir e se pronunciar, afirmando:

* que o calendário maia não diz que o mundo terminaria dia 21 de dezembro, mas seria apenas o fim de um ciclo, início de outro e não o Apocalipse final;

* que não existe o tal de planeta Nibiru, também conhecido por Planeta X, quatro vezes maior que a Terra e em rota de colisão com a Terra – segundo teoria tirada de textos do escritor Zecharia Sitchi dos anos 70, baseadas em

documentos da civilização Suméria, que povoou a Mesopotâmia;* que é impossível não ter sido detectado, há alguns anos, a vinda desse planeta em direção à Terra;

* que a tempestade solar não é razão de fim de mundo, pois acontece com frequência cíclica; * que não está previsto nenhum alinhamento de planetas em 2012 com mudanças catastróficas de marés... que os

únicos corpos celestes capazes de fazer isso são a Lua, como aprendemos nas aulas de geografia, e o Sol;e que, mesmo que isso ocorresse, os efeitos sobre a Terra seriam irrelevantes;

* que não haverá inversão de polos magnéticos, simplesmente porque a Lua – nosso satélite – estabiliza a rotação do planeta e não permite que a rotação dele mude de uma hora para a outra.

A Nasa e o fim do mundo

O termo é empregado de forma indiscriminada. Tem sua origem em estilo de alguns escritos do Antigo Testamento. Mas é o Livro do Apocalipse do Novo Testamento que parece constituir tema evitado no meio teológico, em geral. Por quê?

O teólogo Antônio Mesquita Galvão conden-sou livro de 96 páginas “Apocalipse ao alcance de Todos” em que reproduz, contextualiza e atualiza, no tempo e espaço, os 22 capítulos dessa obra, tardiamente incluída no rol dos livros canônicos. Galvão compara a dificuldade de interpretação e entendimento do Apocalipse a alguém que chega a uma cidade grande sem nenhuma familiaridade com seus pontos de referência – ruas, prédios, praças, etc. “As figuras, os números, os símbolos e as características daquela época, tornam-se chaves-de-leitura. Dominá-las é como conhecer o trânsito de uma cidade. O Apocalipse não é um livro de segredos, mas uma revelação que apresenta Cristo como chave para a compreensão e julgamento da história. Trata-se de uma linguagem simbólica, empregada por causa das condições de perseguição que afligiam a Igreja no tempo que em que escrito”.

Livro é abertoApocalipse vem da palavra grega Apokálipsis,

que significa revelação. "O verbo é traduzido como “revelar algo obscuro”, escreve Galvão. “O apo-calipse une escatologia e política, práxis e mito, consciência e transformação histórica. O livro foi escrito no tempo em que o a Igreja se instaurava... em um período de turbulência, perseguições, dúvi-das, idolatria e contestações. Ao contrário do que muitos imaginam, o livro não é fechado, herméti-co, esotérico. Ele é justamente fascinante por seu material ser muito lógico, a despeito de números misteriosos, imagens bizarras, visões fantásticas".

Apocalipse?

Quem escreveu o Apocalipse? Galvão aponta controvérsias. “A tradição, em

fins do século II... aponta o apóstolo João, autor do quarto evangelho, como o vidente de Patmos, a quem foi revelado o Apocalipse. S. Dionísio e outros do século III afirmam ser outro João. A tra-dição joanina do Apocalipse não foi uniformemente aceita até o século V. Muitas Igrejas do Oriente não aceitavam o Apocalipse como obra de João, filho de Zebedeu...”

Quando e onde foi escrito? “Também há algumas controvérsias”, escreve

Galvão. "Tradições antigas supõem sua escrita du-rante o governo de Dominicano, que reinou entre

81 e 96 DC. Deste modo, supõe-se a criação do livro entre 93 e 96, antes, portanto, antes do quarto evangelho, este escrito, provavelmente, entre os anos 94 e 98 d.C. O fato do vidente ter tido suas visões na Ilha de Patmos, ilha grega próxima à costa turca, onde esteve exilado, não implica que o apocalipse tenho sido escrito lá”.

A quem era dirigido?“Foi dirigido aos cristão de língua grega da

Ásia Menor. As cartas às sete Igrejas significam, considerando-se o simbolismo universal do número sete, cartas a toda a Igreja... o destinatário do Livro da Revelação é todo ser humano, convertido ou capaz de se converter. ... na verdade o Livro do Apocalipse se presta a uma análise histórica social, mística e política da época em que foi escrito e assim pode ser usado na pregação hodierna”.

Por que tantas imagens e simbolismos?

"Porque era mais prudente disfarçar a mensa-gem com imagens e simbolismo do que entregar a mensagem com uma linguagem comum. Também o simbolismo criava um elemento de mistério sobre detalhes de tempo e lugar. No entanto, não era para causar confusão, mas para instruir e encorajar os seguidores de Deus em tempos difíceis.

Além do significado bíblico específico, o termo “apocalipse” é usado frequentemente para se referir ao fim dos tempos em geral. Ou aos últimos eventos do fim dos tempos, especificamente. Os eventos do fim dos tempos, tal como a segunda vinda de Cristo e a batalha do Armagedom, são também chamados de apocalipse. O Apocalipse vai ser a revelação suprema de Deus, sua ira, sua justiça e então seu amor. Jesus Cristo é o apocalipse supremo de Deus, já que ele revelou Deus para nós (João, 14,9; Hebreus 1.1)".

Antônio Galvão e seu livro sobre o Apocalipse

10 TEMA EM FOCO

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas

Luiz F. Cirne Lima - 01/01Emílio H. Moriguchi - 02/01

Maria I. H. Rodrigues - 03/01Juracy C. Narques - 09/01

Yokio Moriguchi - 15/01G. Carlos Adamatti - 17/01

Guido Moesch - 22/01Edite Quoos Conte - 25/01

SABER VIVER 1115

Então, usando os dons que Deus havia lhe poupado, Satanás criou os sorvetes cremosos. E Satanás disse: “Vocês querem que eu acres-cente calda de chocolate?” E o Homem disse: “Sim!” e a Mulher completou: “Polvilhe também com granulados do-ces!” E eles engordaram cin-co quilos. E Satanás sorriu.

E Deus criou o yogurte saudável para que a Mulher recuperasse a silhueta que o Homem tanto apreciava. E Satanás obteve farinha do trigo e açúcar da cana e os combinou na forma de bolos e massas. E a Mulher passou de tamanho M para GG.

Então, Deus disse: “Sa-boreiem uma gostosa salada verde!” E Satanás apresentou dezenas de molhos, maione-ses, torradas com manteiga e com leve sabor de alho como complemento. E o Homem e a Mulher tiveram que desa-botoar os cintos.

Então, Deus disse: “Eu criei para vocês, para pro-teger seu coração, vegetais saudáveis e azeite de oliva”. E Satanás preparou bifes à milanesa, frango à passarinho e polenta frita, em tamanha quantidade que eles preci-saram de pratos de maior tamanho. E o Homem aumen-tou de peso e seu colesterol atingiu níveis perigosos.

Então, Deus criou doces ‘lights’, coloridos e fofos, chamados “Sobremesa de Gelatina”. E Satanás criou

A sAúde e A históRiA dA cRiAçãoHélio Adelar Rubert

Arcebispo de Santa Maria

Nunca ouvi a história bíblica da criação explicada de forma tão clara e cria-tiva! No início, Deus criou o Céu e a Terra, e povoou a Terra com brócolis, couve-flores e espinafres, verdes e amarelos, e vegetais vermelhos de

todos os tipos, para que o Homem e a Mulher tivessem vida longa e saudável.

um doce fofo, escuro, e o chamou “Bolo de Chocolate Brigadeiro”.

Então, Deus criou um tipo de sapato chamado “tênis para caminhada” de forma que seus filhos pudessem perder alguns quilos extras. E Satanás produziu a TV a cabo e o controle remoto para que eles não precisassem levan-tar-se para mudar de canal. E o Homem e a Mulher riram frente à tela e aumentaram de peso.

Então, Deus criou a bata-ta, livre de gordura, fornece-dora de nutrição e energia. E Satanás tirou a fina e saudável pele da batata, cortou a bata-ta em tiras e fatias finas e a transformou em tiras de ba-tata frita e chips salgados. E o Homem aumentou de peso.

Deus, então, criou a carne magra grelhada, de forma que o Homem pudesse consumir

poucas calorias e satisfazer seu apetite. E disse: “Isto é bom!” E Satanás criou seus cheeseburgers gigantes duplos. Então, ele disse ao Homem: “Você quer o acom-panhamento com fritas?” E o Homem respondeu: “Sim! E na embalagem grande!” E Satanás disse: “Isto é bom!”. E o Homem teve uma parada cardíaca.

Então, Deus suspirou e criou o marca-passo e a ci-rurgia para inserção de stents nas artérias. E assim conti-nua a história da criação no tempo...

Com essa criatividade de um autor desconhecido, entendemos que é um humo-rismo, sem querer ofender ninguém e nenhuma institui-ção. Por outro lado, se quer sinalizar um caminho para o cuidado na alimentação e saúde, pois se aproximam as festas de formatura, Natal, Ano Novo e Férias.

Nossa saúde é um dom imenso de Deus que precisa ser cuidado com inteligência, carinho e amor.

nA erA dA estupidezNei Alberto Pies

Professor e ativista de direitos humanos

"Vivemos esperando dias melhores /...O dia em que seremos melhores /Melho-res no Amor/Melhores na Dor /Melho-

res em Tudo" (Jota Quest, canção Dias Melhores).

Ao sermos interrogados sobre como estamos, é comum respondermos a quem nos interroga de que estamos com pressa, "sempre correndo". Mas correndo de quem? Correndo para onde? Correndo atrás de quem? Ou nossas respostas estão vazias de sentido ou, talvez, revelem que estamos a correr, desesperadamente, sem rumo e direção.

Não há razões que justificam tanta violência nossa de cada dia que decorre de coisas banais. A violência, transformada em rotina, dá-nos a im-pressão de que vivemos num tempo em que tudo se pode resolver impondo a força, a esperteza, o despudor, a estupidez ou a eliminação física daqueles que, porventura, "atravancam" o nosso caminho. Mas será que a violência não está a nos revelar que a estupidez é que tomou conta da gente e que o que nos resta é administrá-la? Será possível vencer a estupidez humana?

A estupidez fundamenta-se na ideia de que não sou humanidade, sou somente eu. Se somente é eu que valho, tudo o resto é secundário e, por-tanto, passível de manipulação. O outro, que se vire, que se imponha, que se apresente como eu. Não sou capaz de reconhecer a minha condição de dignidade humana como algo que depende ou que pode ser complementada na convivência com os outros. Então, se o outro em nada me ajuda, que pelo menos não me atrapalhe. E, se resolver atrapalhar, nada melhor que julgá-lo, humilhá-lo ou mesmo eliminá-lo.

Muito preocupante é que muitos de nossos adolescentes e jovens, a partir das constatações referidas, operam as suas condutas e ideias na mais absoluta relatividade, menos quando se trata da exaltação do próprio eu (egocentrismo). Para muitos, tudo é razão de competição ou de etiqueta. Representar é mais importante do que ser. Ter é muito mais importante do que ser. Viver, na máxima velocidade e intensidade, é o melhor do que se tem para fazer. Então porque pensar no futuro?

Sempre é importante retomar valores que são a base de nossa compre-ensão de convivência social, como de nossa civilização. A generosidade, o convívio e a compreensão, por exemplo, são geradas pela escutatória. A escutatória é a nossa capacidade de desprender-se um pouco de si para tentar compreender as atitudes e pensamentos dos outros. Mas será que ainda estamos a fim de perder tempo para ouvir alguém? Ainda temos paciência para compreender que determinadas atitudes resultam de nossa vivência pessoal atribulada e pela falta de habilidade de conviver? Ainda seremos capazes de reconhecer que tão importante quanto falar é também saber ouvir?

A violência é a face mais perversa de nossa estupidez humana. Na medida em que viver, matar ou morrer viraram obras do acaso, estamos perdendo a verdadeira noção de humanidade, sempre latente em cada um e cada uma de nós. Esta humanidade, presente e latente em cada um e cada uma de nós, requer ser reinventada e recriada em cada momento histórico. Nem sempre vivemos do jeito que vivemos hoje e, no futuro, poderá ser que viver seja ainda muito mais diferente e complexo.

Vivemos esperando dias melhores. Dias melhores virão se formos capa-zes de perceber que vivemos enozados, interdependentes, frágeis, desejosos de comunhão e trocas, mesmo que quase todo o mundo conspire contra a gente. Mas somente a espera pode nos cansar. Vivamos, pois, escolhendo caminhos de liberdade; não de estupidez. (Fonte: Revista Missões)

Deus disse: "Saboreiem uma gostosa salada verde". E o diabo acrescentou os molhos como complementos e o Homem e a Mu-lher tiveram que desabotoar os cintos

Florin Garoi/sxc.hu

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenasIGREJA &CCOMUNIDADE 12

Solidário Litúrgico

Cor: branca6 de janeiro - Epifania do Senhor

30 de dezembro - Festa da Sagrada FamíliaCor: branca

13 de janeiro - Batismo do SenhorCor: branca

20 de janeiro - 2o Domingo do Tempo ComumCor: verde

1a leitura: Livro do Eclesiástico (Eclo) 3,3-7.14-17a

SL 127(128),1-2.3.4-5(R/.cf 1)2a leitura: Carta de S. Paulo aos

Colossenses (Cl) 3,12-21Evangelho: Lucas (Lc) 2,41-52Comentário: Apesar de cooptado

pelo deus mercado, o Natal é, ainda, a festa da família. A liturgia quer pro-longar a magia das festas natalinas, celebrando, no domingo seguinte, a festa da Sagrada Família. José, Maria e Jesus são uma referência de convi-vência familiar.

O episódio narrado por Lucas traz importantes lições para o relaciona-mento pais/filhos, também hoje. Cum-prindo costumes e ritos próprios da fé judaica, a família de Jesus se desloca até Jerusalém. Em meio ao tumulto das multidões, acontece o desencon-tro: José e Maria estão voltando para Nazaré e Jesus permanece no Templo, sem que eles se dessem conta. Quan-do o encontram, ficam admirados da “desobediência” do filho: Por que agiste assim conosco!? Teu pai e eu te procurávamos, cheios de angústia!

(2,48). A resposta de Jesus não deixa de ser enigmática: Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai!? (2,49). Se a angustiosa procura dos pais pelo fi-lho era normal e natural, a resposta de Jesus ganha outra dimensão: ali não estava uma criança comum que prati-cou uma “arte” e foi repreendida pela autoridade paterna; ali estava o Messias prometido, dando os primeiros sinais de sua futura missão, quando a vontade do Pai se sobrepõe às disposições e laços humanos.

Maria não compreende a atitude do filho. Contudo, tendo a consciência de que a missão do filho era, também, a sua missão, ela guarda no coração aquele “porquê” não respondido. Neste sentido, Maria e José viveram a angústia e preocupação de muitos pais, hoje, que também nem sempre com-preendem as atitudes de seus filhos. É hora de guardar no coração e orar para que a vontade de Deus se cumpra nos filhos, e suas escolhas de vida os levem à realização de seus projetos e sonhos. Mesmo que o coração dos pais chore...

1a leitura: Livro do profeta Isaias (Is) 60,1-6

Salmo: 71(72),1-2.7-8.10-11.12-13 (R/.cf 11)

2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef) 3,2-3a.5-6

Evangelho: Mateus (Mt) 2,1-12Comentário: O Papa Bento XVI

fez, recentemente, um comentário de grande atualidade a partir da Festa deste domingo, a Epifania do Senhor Jesus. Segue o texto do Papa:

“A chegada dos Magos do Oriente a Belém, para adorar o recém-nascido Messias, é o sinal da manifestação do Rei universal a todos os povos e a to-dos os homens que buscam a verdade. É o início de um movimento oposto àquele de Babel: da confusão à com-preensão, da dispersão à reconciliação. É o mistério de uma bênção que quer reunir todos os povos e todos os seres humanos para que possam viver como irmãos e irmãs, filhos do único Pai. Está aqui a verdade sobre o homem e sobre toda sua história. A Igreja está a serviço deste mistério de bênção para toda a humanidade.

Não se pode dizer, de fato, que a globalização seja sinônimo de ordem mundial, pelo contrário. Os conflitos pela supremacia econômica e a explo-ração dos recursos energéticos, hídricos e das matérias primas tornam difícil o trabalho daqueles que, em todos os níveis, esforçam-se para construir um mundo justo e solidário. Há a neces-sidade de uma esperança maior para preferir o bem comum de todos ao luxo de poucos e à miséria de muitos. Se há uma grande esperança, pode-se perseverar na sobriedade. É evidente que somente adotando um estilo de vida sóbrio, acompanhado do sério empenho por uma igual distribuição das riquezas, será possível instaurar uma ordem de desenvolvimento justo e sustentável.

Por isso, é preciso que os homens nutram uma grande esperança e pos-suam muita coragem: a coragem dos Magos, que empreenderam uma longa viagem seguindo uma estrela, e que sou-beram ajoelhar-se diante de um Menino e oferecer-lhe seus dons preciosos. Te-mos toda a necessidade desta coragem, ancorada em uma sadia esperança.”

1a leitura: Livro do profeta Isaias (Is) 42,1-4.6-7Salmo: 28(29),1a.2.3ac-4.3b.9b-10 (R/. 11b)2a leitura: Atos dos Apóstolos (At) 10,34-38Evangelho: Lucas (Lc) 3,15-16.21-22Comentário: Com o batismo de Jesus no Rio Jordão, finalizamos o

tempo de Natal. Ao celebrarmos o batismo de Jesus, recordamos nosso próprio batismo pelo qual nos tornamos membros de uma comunidade, que nos convida a assumir o compromisso de cristãos, discípulos mis-sionários de Cristo e corresponsáveis por sua missão.

João batiza na água. E Jesus vai ao encontro de João Batista, seu pre-cursor, para ser batizado por ele, no meio do povo, e se batiza como um pecador comum. Faz todo o sentido: Jesus, o salvador, se une àqueles que precisam ser salvos, concordando e avalizando a missão de João Batista. Com isso, Jesus se mostra em sua humanidade e humildade, e ratifica que a água tem o poder de lavar e purificar os corações. O batismo de João leva a uma conversão interior, predisposição necessária para o perdão dos pecados. Jesus batizará no Espírito Santo e no fogo, como aconteceu em Pentecostes. O batismo em nome da Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – traz o perdão dos pecados no Espírito Santo.

Ao ser batizado por João Batista, o Espírito Santo se manifesta sobre Jesus, em forma de pomba, que simboliza a paz, o amor puro, a inocência e a simplicidade. E o Pai proclama sua filiação divina diante da multidão, na voz que vem do céu: "Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer."

O batismo é o sacramento que nos incorpora ao corpo místico de Cristo, nos faz membros de uma comunidade eclesial, templos do Espírito Santo, filhos/filhas de Deus e herdeiros/as do céu. Na festa do Batismo de Jesus somos chamados para renovar nosso próprio batismo, em co-munhão com o Deus da misericórdia e da vida. Batizados “no Espírito Santo e no fogo”, assumimos nossa condição de filhos e filhas de Deus, comprometendo-nos com nossa comunidade, praticando a justiça e o amor solidário. Seguindo a Cristo, Mestre e Senhor, nos tornamos propagadores de sua mensagem e continuadores de sua missão.

1a leitura: Livro do profeta Isaias (Is) 62,1-5Salmo: 95(96), 1-2a.2b-3,7-8a.9-10a. e c (R/.8a.9a)2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 12,4-11Evangelho: João (Jo) 2,1-11Comentário: Neste domingo iniciamos o tempo litúrgico comum.

Jesus está iniciando sua vida pública sem alardes nem grandes proclama-ções, participando de uma alegre festa humana, um casamento em Caná da Galileia, como um dos muitos convidados. Para os novos discípulos de Jesus, especialmente aqueles que tinham experimentado a “dureza” do discipulado de João Batista, era, sem dúvida, contrastante estar com seu novo Mestre numa festa de casamento! João quer mostrar isso revelando, desde o início da vida pública de Jesus, uma nova imagem de Deus! Em Jesus e por Jesus, agora não é mais o Deus temível do Batista, não é o Deus preso à lei dos fariseus; o Deus que Jesus revela é um Deus alegre, simples, terno e fraterno, que celebra a vida.

Em meio à animação e alegria da festa, entra em cena Maria, a mãe de Jesus e, com atenciosa sensibilidade feminina, traz a necessidade dos noivos: Filho, eles não têm mais vinho! (2,3). Na festa da vida, Maria apontaria para outras necessidades: "Eles não têm o que comer"; "Eles trabalham como escravos"; "Eles não têm moradia digna"; "Eles não encontram sentido para sua vida"...

João nos mostra uma característica nova de Jesus: Ele se deixa tocar e comover pelo sofrimento dos outros. Em Jesus, Deus se apresenta sensível e próximo, tão diferente do Deus inacessível e intocável dos fariseus e sacerdotes da Lei! Depois de uma misteriosa resposta à mãe, dizendo que sua hora ainda não havia chegado, ele ordena aos serventes: Encham de água esses potes (2,7). E um vinho novo, saboroso, abundante reanimou uma festa ameaçada de um constrangedor fracasso!

Fica claro nesta passagem que Jesus quer, com seu Projeto, fazer acontecer a verdadeira festa da vida em abundância, na qual todos são convidados a serem ativos protagonistas. A mesa está pronta, o banquete servido, o vinho oferecido e o povo em aliança com Deus, caminha so-lidário com a humanidade sofrida na busca de continuar a festa da vida acontecer.

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas 13IGREJA &CCOMUNIDADE

Visa e Mastercard

Solidário Litúrgico

Cor: verde3 de fevereiro - 4o Domingo do Tempo Comum

27 de janeiro - 3o Domingo do Tempo ComumCor: verde

1a leitura: Livro de Jeremias (Jr) 1,4-5.17-19

Sa lmo: 70(71) ,1 -2 .3 -4a .5 -6ab.15ab e 17 (R/. cf 15ab)

2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 12,31-13,13

Evangelho: Lucas (Lc) 4,21-30Comentário: “Santo de casa não

faz milagres”, diz o provérbio popular. Jesus sentiu isso na própria carne ao ser rejeitado pelos seus conterrâneos de Nazaré por ser conhecido demais para ser aceito como o Messias prome-tido. Para eles era impossível que Deus agisse através de uma pessoa humilde e pobre, igual a eles, sem apresentar nada de extraordinário. A falta de fé de seus parentes e conterrâneos não lhe permitiu ajudá-los, libertá-los de seu pequeno mundo e ali fazer milagres de vida nova. Uma vez mais Jesus revela um Deus diferente ao conhecido até então, o Deus que escolhe se fazer presente na fragilidade e na pequenez humana. Sem gozar de privilégios desde o nascimento até a morte. Por outro lado, Jesus se recusa a fazer fatos grandes para que o povo acredite. A fé é confiança e entrega à sua pessoa

1a leitura: Livro de Neemias (Ne) 8,2-4a.5-6.8-10

Salmo: 18(19), 8.9.10.15 (R/. Jo 6,63c)

2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 12,12-30

Evangelho: Lucas (Lc) 1,1-4; 4,14-21Comentário: Lucas nos leva a acom-

panhar Jesus, regressando à sua cidade natal, Nazaré. Como “ungido de Deus”, sua missão é gritar a “boa notícia” de que a libertação chegou ao coração e à vida de todos os prisioneiros do sofrimento, da opressão, da injustiça, do desânimo, do medo. O projeto libertador de Deus em favor dos homens prisioneiros do egoísmo, da injustiça e do pecado começa a cumprir-se na ação de Jesus: Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabais de ouvir (1,21). Lucas anuncia também, neste texto programático, o caminho futuro da Igreja e as condições da sua fidelidade a Cristo. A comunidade crente toma consciência de que a sua missão é a mesma de Cristo e consiste em levar a “boa notícia” da libertação aos mais pobres, débeis e marginalizados do mundo.

Há vinte e um séculos nossa civili-zação conhece Cristo e a essência de seu Projeto. No entanto, o nosso mundo con-tinua a multiplicar e a refinar as cadeias opressoras. Porque a proposta libertadora de Jesus ainda não chegou a todos? Que situações hoje se apresentam mais dramá-ticas e exigem uma ação imediata? Basta pensar na situação de tantos imigrantes e refugiados, sem pátria e sem lar; no drama de tantos idosos, sem amor e sem cuidados, sobrevivendo com pensões de miséria; no escândalo de tantas crianças de rua e nos sem-abrigo que dormem nos recantos das nossas cidades; na situação de tantas famílias, destruídas pela droga e pelo álcool.

A fidelidade ao caminho percorrido por Cristo é a exigência fundamental do ser cristão. Vale perguntar: ao longo dos séculos, tem sido a defesa da dignidade da pessoa humana a preocupação fundamental da Igreja de Jesus? Preocupa-nos a liberta-ção dos nossos irmãos escravizados? Que posso eu fazer, em concreto, para continu-ar no meio deles a missão libertadora de Cristo? Perguntas que exigem uma urgente resposta.

humilde que traz a boa notícia do Amor de Deus aos pobres e pequenos.

Como Elias e Eliseu, Jesus sente-se orientado para os pobres, cegos e cativos que estão sobretudo fora de Israel. Desta maneira, ele se confronta com seus concidadãos, rompendo os nacionalismos estreitos. Os ouvintes da sinagoga sentem-se ofendidos com as palavras de Jesus e reagem violen-tamente: levantaram-se e expulsaram Jesus da cidade, tentando precipitá-lo de um monte. Mas nada pode parar o Filho de Deus na sua missão: passando pelo meio deles, Jesus continuou o seu caminho.

Jesus não fica preso no sofrimento da rejeição, na dureza de mente e de coração de seus conterrâneos; ele ainda tem muito para fazer, os pobres o espe-ram, a saudade da casa do Pai o motiva a seguir.

Seguindo o exemplo de Jesus e das primeiras comunidades cristãs, é preciso deixar de lado tudo o que atrapalha e “correr com perseverança na corrida, mantendo os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da fé" (cf Hb 12, 1-2). ([email protected])

nAtAl 2012 J. Peirano Maciel

Médico

Quem escreve sobre o Natal é porque muito o ama. O que vemos na antevéspera e véspera dessa magna data? Grande expectativa! Não

falemos nas crianças, mas mesmo entre os adultos, moços e velhos encontramos uma mudança de senti-mentos, que vai se acentuando, paralelamente com o ambiente, que se transforma, embeleza, ornamentos, árvores típicas e, não esqueçamos, uma fantástica pro-paganda comercial, que prima pelo luxo e bom gosto.

Agora, perguntemos: como se explicam esses fatos, à luz de nossa lógica habitual? Gostaria que cada um desse uma resposta pessoal. E quando alguém detesta o Natal? Será possível convencer uma pessoa que a data é especialíssima, única? E quanto àquelas pessoas acima referidas, estarão todas convencidas do verdadeiro sentido do Natal? Lamentavelmente, não é o que observamos. São pessoas que aderem a uma tradição, é uma ilusão de luzes e canções.

Lembramos da peça infantil “O Natal encantado da Bela e a Fera”. Inspirada no conto francês “A Bela e a Fera”, de G. S. Barbot, a princesa “Bela” faz tudo, pla-neja decoração, ambiente alegre, tudo como contraponto ao castelo sombrio do amado, “Fera”, para que ele, que odeia a data, se convença do momento especial – o nas-cimento de Jesus, filho único de Deus, que se fez homem, encarnou-se, para Redenção da Humanidade. Ela pre-parou, tentou, organizou, para convencer aquela “Fera” descrente. Isso ela queria mais do que tudo.

Poderia atingir seu objetivo? É possível convencer, neste mundo alienado, dominado pela técnica, aparente-mente poderoso, amparado em pilares que podem ruir?

O que podemos fazer para convencer, mudar consci-ências, deixando bem claro o verdadeiro sentido do Natal, o cristão diante de seu grande dia?

O verdadeiro sentido do Natal

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas 14 ESPAÇO DAARQUIDIOCESE Coordenação: Pe. César Leandro PadilhaJornalista responsável: Magnus Régis - ([email protected])Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e [email protected] Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa

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Arcebispo participou do Congresso Ecclesia in America, no Vaticano

Entre os dias 9 e 12 de dezembro aconteceu no Vaticano o Congresso Ecclesia in Ameri-ca, com o objetivo de comemorar os 15 anos da Exortação Apostólica Ecclesia in America, do beato João Paulo II e os 481 anos da Aparição de Nossa Senhora de Guadalupe ao beato Juan Diego Cuauhtlatoatzin.

Nosso arcebispo metropolitano, Dom Dadeus Grings, foi convocado a participar na qua-lidade de conferencista, unindo-se a outros dois bispos brasileiros: Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM, bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB e também a Dom Antônio Augusto Dias Duarte, bispo auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro.

O evento é promovido pela Pontifícia Comissão para a América Latina, os Cavaleiros de Colombo e o Instituto Superior de Estudos Guadalupanos.

Após a missa de abertura do Congresso, o Santo Padre saudou os conferencistas, frisando que é um presente de Deus a realização desse congresso logo após o início do Ano da Fé e pouco depois do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização.

Bento XVI disse: "O meu venerado predecessor, o beato João Paulo II, teve a intuição profética de incrementar as relações de cooperação entre as Igrejas das Américas do Norte, Central e do Sul, e despertar uma maior solidariedade entre suas nações. Hoje, esses propósitos merecem ser retomados para que a mensagem redentora de Cristo seja colocada em prática com maior afinco e produza abundantes frutos de santidade e renovação eclesial".

A Exortação Apostólica Ecclesia in America, do Beato João Paulo II, apontava desafios e dificuldades que são ainda atuais. Bento XVI afirmou que "com efeito, o secularismo e diferentes grupos religiosos se expandem por todos os lados, dando lugar a numerosas proble-máticas". "Como não se preocupar com as dolorosas situações de emigração, desarraigamento ou violência, especialmente aquelas causadas pela delinquência organizada, narcotráfico, corrupção ou comércio de armamentos? Que dizer das lastimáveis desigualdades e das bolsas de pobreza provocadas pelas questionáveis medidas econômicas, políticas e sociais?"

Já na Audiência Geral do dia 12, o Santo Padre recebeu os conferencistas do Ecclesia in America. Na oportunidade, Dom Dadeus cumprimentou o Santo Padre.

Arcebispo celebrou no Colégio Pio Brasileiro, em RomaNo dia 13 de dezembro, festa litúrgica de Santa Luzia, Dom Dadeus Grings presidiu a

celebração eucarística no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma, na capela dos Três mártires rio-grandenses.

Grande parte dos sacerdotes residentes no colégio concelebraram a missa, inclusive os três padres de nossa arquidiocese que se encontram atualmente em Roma realizando seus estudos: Pe. Miguel Faleiro, Pe. Túlio Wavginiak e Pe. Antônio Hofmeister. Em sua homilia, Dom Dadeus recordou os anos em que residiu neste colégio, entre 1955 e 1964, e falou aos padres sobre o Ano da Fé, apresentando Maria, neste tempo de Advento esperando o nasci-mento de seu Filho, como modelo de Fé, juntamente com seu esposo, São José.

Ao final da missa, Dom Dadeus lembrou os 10 anos de sacerdócio do Pe. Túlio, celebra-dos naquela data, agradecendo seu trabalho em nossa arquidiocese e invocando as bençãos de Deus sobre ele, seus estudos e seu ministério.

Arquidiocese de P. Alegre marcou presença no encontro de assessores

da Pastoral Juvenil Mais de 300 assessores da Pastoral Juvenil de todo o país

se reuniram em Brasília entre os dias 30 de novembro e 2 de dezembro para discutir os desafios e as oportunidades da evangelização dos jovens.

Organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), também estiveram presentes no encontro o cardeal Stanislaw Rilko, presidente do Pontifício Conselho para os Leigos (PCL); o núncio apostólico Dom Giovanni D’Aniello; o Pe. Eric Jacquinet, responsável pelo Setor Ju-ventude no PCL e integrantes do Comitê Organizador Local da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013; entre outros convidados especiais.

Os padres referenciais do Setor Juventude da Arquidioce-se de Porto Alegre marcaram presença com encontro. Parti-ciparam os padres: Márcio Augusto Lakoski, SDB (Vicariato de Porto Alegre), Leonardo Reichert (Vicariato de Canoas), Alexandre Chaves (Vicariato de Gravataí) e Santiago Carrion Conde (Vicariato de Guaíba).

O encontro discutiu a nova evangelização e suas pers-pectivas em três diferentes realidades: no meio universitário, nas comunicações e entre os mais fragilizados. A ideia de que o cristão deve anunciar o Evangelho, mas ainda mais do que isso, vivê-lo e dar testemunho dele com seus atos, foi a mensagem que perpassou as falas de todos os palestrantes. O arcebispo de Brasília, Dom Sérgio da Rocha, falou sobre o Ano da Fé e explicou que a nova evangelização pressupõe confessar a fé, celebrar a fé na liturgia e testemunhar a fé, sobretudo através da caridade.

O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, Dom Eduardo Pinheiro, lembrou que no próxi-mo ano, quando será focada na Juventude, a Campanha da Fraternidade estará completando 50 anos. Ele explicou que a CF 2013 apresentará como o jovem de hoje vive a mudança de época pela qual o mundo está passando.

Vários integrantes do Comitê Organizador Local (COL) da JMJ Rio2013 também participaram do encontro. Eles explicaram detalhes da preparação, falaram das expectativas e esclareceram dúvidas dos assessores da pastoral juvenil a respeito do evento e da Semana Missionária, período que antecederá a Jornada.

Dom Dadeus no Ecclesia in America

Imagens: Pascom

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas ESPAÇO DAARQUIDIOCESE 15Vicariato de Porto Alegre promoveu

Encontro de Formação LitúrgicaNo sábado, dia 01 de dezembro, foi realizado o Encontro de

Formação Litúrgica para Coordenadores de Equipes de Liturgia das paróquias do Vicariato de Porto Alegre. O encontro aconte-ceu no Centro de Pastoral e contou com a coordenação do Padre Gustavo Haas, Referencial da Pastoral Litúrgica.

Com uma participação dos coordenadores de Equipes de Liturgia das Paróquias, mais de 100 pessoas estiveram pre-sentes. Após este momento inicial Pe. Gustavo Haas fez uma rápida apresentação do documento Conciliar “Sacrosanctum Concilium", que em 2013 completará 50 anos. O presbítero propôs a caminhada conjunta entre a Igreja e o Vicariato de Porto Alegre com a realização de momentos celebrativos nas paróquias até o dia 4 de dezembro, acompanhando, também, as atividades do Vicariato.

Além desta atividade, também foram apresentadas o calen-dário de encontros, formações e reuniões para o ano de 2013. Após o encontro com os representantes paroquiais, Pe. Gustavo reuniu-se com os coordenadores das áreas pastorais.

Novos padres da Arquidiocese de Porto Alegre serão apresentados nas Paróquias

Após a ordenação, os novos padres da Arquidiocese de Porto Alegre se-rão apresentados como vigários paroquiais em suas devidas comunidades. As nomeações foram anunciadas ainda em novembro, durante a Assembleia do Clero. Confira:

Pe. Charles Vargas Teixeira - Paróquia Nossa Senhora do Rosário - Barão do Triunfo

Pe. Maico Pezzi Santos - Paróquia São José - SapucaiaPe. Jorge Francisco Vitczak - Paróquia Nossa Senhora de Fátima - GuaíbaPe. Márcio Macedo Guimarães - Paróquia Santa Rita de Cássia Porto AlegrePe. Rodrigo Wegner da Costa - Paróquia São Vicente de Paulo - Cachoeirinha

Por proposição do vereador Valter Nagelstein (PMDB), a Câ-mara da Capital realizou, na noite do dia 4 de dezembro, sessão solene para a entrega do Troféu Câmara Municipal ao Grupo de Diálogo Inter-Religioso de Porto Alegre (Dirpoa). A cerimônia, realizada no Plenário Otávio Rocha, foi presidida pelo vereador Elói Guimarães (PTB) e contou com a presença do prefeito José Fortunati; da coordenadora do Dirpoa, Alfa Scavone Buono; do vigário-geral da Arquidiocese de Porto Alegre, monsenhor Tarcísio Pedro Scherer; do representante-geral do Foro da Comarca de Porto Alegre, juiz Carlos Francisco Gross; representantes das mais diferentes religiões que compõem o grupo, parentes e amigos. Além do troféu, foram entregues diplomas a todos os integrantes do Dirpoa. Também participou o padre referencial para o Diálogo Inter-religioso, Pe. Luís Carlos de Almeida.

Nagelstein destacou a importância dos ensinamentos e valores prega-dos por todas as fés religiosas. Disse que todas as religiões têm o mesmo caminho e que o mais importante é compartilhar e levar a toda sociedade os princípios defendidos pelo grupo composto por diferentes costumes e tradições religiosas, para um convívio de paz, de tolerância, fraternidade e convívio harmonioso. É um exemplo que Porto Alegre pode repassar ao mundo”, acrescentou. Enfatizou, ainda, que o grupo busca sempre, através de diálogo e de orações pela paz, a renovação interior e a busca do espírito de reconciliação e de harmonia, diante das rupturas do mundo.

O prefeito observou que a intolerância vem se acentuado na humani-dade. Lembrou que o momento difícil é mostrado diariamente nos tele-jornais, deixando uma sensação negativa de convívio. Mas destacou que o trabalho desenvolvido pelo Dirpoa mostra que é possível uma relação mais fraterna entre os seres humanos. Disse que pretende encaminhar à Fifa, o pedido para que, antes dos jogos da Copa do Mundo em Porto Alegre, haja um espaço para o Grupo Dirpoa mostrar ao mundo que é possível uma convivência pacífica. Também o vereador Nelcir Tessaro (PSD) falou em nome da sua bancada.

A coordenadora do Dirpoa, Alfa Scavone Buono, agradeceu a homena-gem e apresentou um histórico da formação do grupo. Disse que começou,

NOTASFérias Coletivas – Entre os dias 21/12/2012 e 06/01/2013 os

funcionários da Cúria Metropolitana estarão em férias coletivas. Neste período, estão suspensos os atendimentos administrativos e batistério. As atividades serão retomadas no dia 7 de janeiro. Sobre os atendimentos nas Paróquias, é preciso consultar diretamente nas secretarias paroquiais.

Área Partenon - No dia 28 de novembro, na reunião dos padres da área Partenon, Vicariato de Porto Alegre, Frei Orestes Serra, pároco da Igreja de São Francisco, foi escolhido como coordenador da área pasto-ral. A área Partenon é composta pelas paróquias: Divino Mestre, Mãe do Perpétuo Socorro, Santa Clara, Santo Antônio do Partenon, São Carlos, São Francisco, São Jorge, São José do Murialdo e São Judas Tadeu.

Grupo de Diálogo Inter-Religioso recebe homenagem da Câmara Municipal de POA

em 1994, motivado pelos conflitos religiosos que ocorriam pelo mundo e a necessidade de buscar um cami-nho para a paz. Informou que foram agregando novos integrantes a cada ano até o seu reconhecimento por Lei Municipal em 2008, proposta pelo vereador Elói Guimarães.

No final da cerimônia, líderes religiosos fizeram uma bênção e falaram da importância de uma sociedade mais fraterna, numa cultura de paz.

O Dirpoa foi reconhecido pela

Lei Municipal 10.372 de 25 de janeiro de 2008, e é constituído por dife-rentes religiões. Integram o grupo: as igrejas Católica, Episcopal Anglicana do Brasil e Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Associação Zen Budista do RS, Via Zen, a Federação Espírita do Rio Grande do Sul e a filiada ao Atheneu Espírita Cruzeiro do Sul, em Porto Alegre, a comunidade Baháí de Porto Alegre, a Sociedade Islâmica e o Centro Cultural Islâmico do Rio Grande do Sul, a Sociedade Israelita Brasileira de Cultura e Be-neficência de Porto Alegre (Sibra) e os representantes da Umbanda e dos Cultos Afro-brasileiros.

O Troféu Câmara Municipal de Porto Alegre é conferido a pessoas físicas ou jurídicas que, em um período mínimo de cinco anos, tenham se destacado publicamente pela contribuição ao de-senvolvimento social, econômico ou humano da cidade, por suas ações em quaisquer áreas do conhecimento.

Câmara Municipal de Porto Alegre

Líderes religiosos encontraram-se na Cãmara de Porto Alegre

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Porto Alegre, janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas

AMIGOS DO SOLIDÁRIOFalha técnica motivou a não

inclusão dos nomes dos assinantes JURACY C. MARQUES, NADI MARIA DOTTO, NELSA MARIA MIOLA e WALTER A. HOMMER-DING na relação dos Amigos do Solidário, em nossa edição passada. A eles, nossos pedidos de desculpas.

TORRES Paróquia S. Domingos

A Igreja Matriz está em reforma. As funções paróquias estão sendo temporariamente desen-volvidas junto ao Hospital e na Capela Santa Luzia

Pároco: Edson Luiz Bataglin

Endereço: Rua Gal. Firmino Paim, 400 - Cen-tro

Contato: (51)3664-1166/8410-2366

e-mail: [email protected]

Comunidades: São Domingos - Mor-

ro do Farol; São Francis-co - Praia da Cal; Santa Rita de Cássia - Bairro Faxinal; Sagrado Coração de Jesus - Bairro Igra; N. Sra. Aparecida - Itapeva; Santo Antônio - Bairro São Jorge; São João Batis-ta - Bairro Getúlio Vargas; N. Sra. das Dores - Bairro Stan; Santa Luzia - Cen-tro; N. Sra. da Conceição - Guarita II; São Sebastião - Bairro Curtume

ARROIO DO SAL Paróquia N. Sra.

de Lourdes Pároco: Celito Man-

ganelliAv. Minuano, 175 -

CentroContato: (51)3687-

2177/8410-2654 e-mail: mitra.secre-

[email protected]:N. Sra. de Lourdes

Veraneio com oração

- Centro; Santo Antônio - Quatro Lagoas; Senhor Bom Jesus - Bom Jesus; São Pedro - São Pedro; São Roque - Figueirinha; N. Sra. Aparecida - Para-íso; Sagrado Coração de Jesus - Estância do Meio; N. Sra. de Fátima - Balne-ário Atlântico; N. Sra. de Fátima - Areias Brancas; N. Sra. das Graças - Ron-dinha

CAPÃO DA CANOA Paróquia N. Sra. de

Lourdes Pároco: Edegar Perei-

ra da RosaPraça Padre César

Cassol, 420Contato: (51)3665-

2356/8410-2909e-mail: p.lourdes@

terra.com.brComunidades: N. Sra. de Lourdes;

Santa Rita de Cássia - Bairro São Jorge; N. Sra. Aparecida - Praia do Bar-co; N. Sra. Aparecida - Dom Luiz Guanella -

N. Sra. do Rosário - Santa Luzia; N. Sra.

da Imaculada Conceição - Curumim; N. Sra. das Graças - Arroio Teixeira; São José - Capão Novo; N. Sra. do Trabalho - Zona Nova; N. Sra. dos Nave-gantes - Zona Norte

XANGRI-LÁParóquia São Pedro Av. Paraguassú - Praça

CentralCentro - Xangri-LáContato: (51)3689-

3183/8410-1757/8410-2719

e-mail: [email protected]

Pároco: Gibrail Wa-lendorf

Comunidades:São Pedro; Sagrada

Família - Atlântida Sul; N. Sra. Rainha - Figueirinha; N, Sra. de Fátima - Rainha do Mar; N. Sra de Loreto - Guará

TRAMANDAÍ/IMBÉ Paróquia N. Sra. dos Navegantes

Pároco: Frei Miguel Debiasi

Vigário: Frei Romual-

do BredaRua Vereador Sayde

Abrahão, 245 - Centro - Tramandaí-RS

Contato: (51)3661-1509/8410-1253

e-mail: [email protected]

Comunidades: N. Sra. dos Navegan-

tes; N. Sra. Medianeira - Imbé; São Francisco de Assis - Tramandaí; São João Batista - Estrada Mu-nicipal de Estância Velha - Tramandaí; Santo Antô-nio - Imbé; Santa Clara Santa Fé - Tramandaí; São Sebastião -Tramandaí; N. Sra. de Fátima - Imbé; N. Sra. de Lourdes - Oásis - Tramandaí; N. Sra. Apa-recida - Tramandaí; Santa Rita de Cássia - Imbé; Santo Antônio - Agual - Tramandaí; Menino Jesus de Praga - Imbé; N. Sra. Aparecida - Av. Paraguas-sú, 2615 - Mariluz - Imbé; Santa Ana - Travessa 03, 844 - Albatroz - Imbé; Santa Terezinha - Rua da Igreja, 252 - Santa Tere-zinha - Imbé; N. Sra. da

Boa Viagem - Rua Brasí-lia, 496 - Tramandaí Sul - Tramandaí Sul; N. Sra. de Lourdes - Rua Tamoio, s/n - Imara - Imbé; N. Sra. da Paz - Rua T 7, 230 - Jar-dim do Éden - Tramandaí; São José Operário - Av. Fernandes Bastos, 2055 - Tramandaí; Santa Lu-zia - Rua RS 30 - km 94, 14271 - Tramandaí-Osó-rio; N. Sra. da Conceição - Travessa J, 1219 - Nova Tramandaí - Tramandaí; N. Sra. da Glória - Rua Manoel da Silva Mendes, 1291 - Tramandaí; Sagra-do Coração de Jesus - Rua Claiton Hoffmeister, 703 - Tramandaí

CIDREIRA Paróquia N. Sra.

da SaúdePároco: Francisco de

Assis Tonini CaldasRua Osvaldo Aranha,

3553 – Centro - Contato: (51)3681-

1118/ 8410-1305e-mail: pnssaude@

terra.com.br Comunidades:

N. Sra. da Saúde - Rua Osvaldo Aranha, 3553; N. Sra. de Fátima - Salinas; São José - Costa do Sol; Senhor Bom Jesus - Es-trada da Fortaleza; Santa Luzia - Aos fundos do Supermercado Asun; N. Sra. Aparecida

BALNEÁRIO PINHALParóquia Santo Antônio

de PáduaPároco: Marco Antô-

nio Antunes Av. Itália, 2310Contato: (51)3682-

3400/8410-1723e-mai l : par.bp i -

[email protected] - Santo Antônio de Pá-

dua; N. Sra. Aparecida - Quintão; Santa Rita - Quintão - Balneário Pi-nhal; N. Sra. da Concei-ção - Quintão; São Pedro - Magistério; N. Sra. do Carmo - Túnel Verde

Férias! Bela oportunidade para o reencontro consigo mesmo, com a família, com a natureza e com Deus. Abaixo, informa-ções úteis para quem gostaria de uma retomada e retorno a

atividades comunitárias e frequência às celebrações litúrgicas.

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Missionário da transformação socialEnquanto Pe. Reus, europeu, vindo da Alemanha

ao Brasil em 15 de setembro de 1900, cumpriu seu sacerdócio em atividades docentes, paroquiais e de orientação espiritual, Amstad, também jesuíta e também europeu, filho de modesto comerciante de Beckernried, cidadezinha suíça localizada junto ao lago dos Quatro Cantões (Bodensee), vindo 15 anos antes, em 1885, foi o missionário da prática, fazendo com que os agricultores de origem teuta se tornassem sujeitos da sua história. E por isso, talvez seja a personalidade com maior número de bustos e estátuas espalhadas pelo Rio Grande do Sul e sul de Santa Catariana. Foi um homem de profunda transformação social, vislumbrando um modelo de pro-dução e crédito diferente do modelo capitalista.

Alternativa de sobrevivênciaA Revolução Industrial transformou a Europa no

século XVIII. E, em seu rastro, deixou pobreza e muitas famílias com fome, vendo no Brasil uma nova esperança de vida digna. E nem a difícil, precária e longa traves-sia do Atlântico conseguia retê-los. Primeiro, vieram alemães e depois italianos. (Entre 1824 e 1899, 78 mil alemães desembarcaram no Brasil, vindo a maior parte deles a se instalar no Rio Grande do Sul).

Concomitantemente, nas cidades e campos europeus, surgiam iniciativas autogestionárias como alternativa de sobrevivência. Na Inglaterra, os tecelões de Rochdale se organizaram, o mesmo acontecendo na Alemanha, sob a liderança de Hermann Schulze e de Friedrich Raiffeisen.

Ao lado do mais fracoAo encontrar situação similar que vivenciou na Euro-

pa, o jovem jesuíta Amstad, com 34 anos ao desembarcar no Brasil, viu no cooperativismo uma alternativa a ser aqui aplicada. As enormes distâncias, para a época, até os grandes centros urbanos – Porto Alegre dista 90 qui-lômetros de Nova Petrópolis – ao lado das dificuldades de locomoção e principalmente a inexistência de bancos nessa região, onde os imigrantes colonos pudessem fazer

COOPERATIVISMOPe. Theodor AmstadENCARTE ESPECIAL JORNAL SOLIDÁRIO - ED. 625/626 - Pág. 1

O caixeiro-viajante de Deus

Cavalgada do Cooperativismo - Caminhos do Padre Theodor Amstad! Para a quase absoluta maioria, a passagem do piquete de cavalos pelas ruas de P. Alegre, em 28 de novembro último, não teve qualquer significado.

Cooperativismo? Padre Theodor Amstad? Por que associar? Para os que puderam assistir ao show de música nativista com diversos artistas gaúchos de renome, que ocorreu logo à noite daquele dia, no Parque da Harmonia, as coisas ficaram mais claras. A cavalgada percorreu cidades em que no início do século passado um

padre jesuíta deixou a marca de sua bandeira de luta. Havia encerrado uma jor-nada de 21 dias, iniciada em Cerro Largo e tendo passado por Guarani das Mis-

sões, Sete de Setembro, Santo Ângelo, Coronel Barros, Ijuí, Boa Vista do Cadeado, Cruz Alta, Ibirubá, Selbach, Espumoso, Mormaço, Soledade, Arvorezinha, Ilópolis,

Anta Gorda, Doutor Ricardo, Encantado, Colinas, Teutônia, Carlos Barbosa, Alto Feliz, Nova Petrópolis, Picada Café, Dois Irmãos, Esteio. E, na chegada à Capital, precedeu ao início do XV Seminário Gaúcho de Cooperativismo, realizado na

PUCRS e que integra à programação das comemorações do Ano Internacional das Cooperativas. E quem era Pe. Amstad? (Ver fotos nas páginas centrais)

suas operações de economia e crédito, levaram Amstad, conhecedor do sistema do cooperativismo de crédito europeu "Raiffaisen", a idealizar uma organização de crédito similar e que solucionasse os problemas vigentes à época.

Trabalho pastoral e cumplicidade com os agricultores

Destinado para o trabalho pastoral na extensa paró-quia de S. Sebastião do Caí, em que ficou de 1885 a 1905 e que abrangia uma área hoje dividida em quase uma dezena de municípios – Salvador do Sul,Tupandi, Pareci Novo, Bom Princípio, Feliz, Nova Petrópolis, Caxias do Sul e São Francisco de Paula – começou a agir, criando primeiro a Bauerverein (Associação de Agricultores), em 899 – uma entidade interconfessional formada por católicos e evangélicos. Dessa Associação, surgia, dois anos depois, a Sociedade União Popular (Volksverein) – a primeira cooperativa de crédito da América Latina – a Caixa de Economia e Empréstimos Amstad. (Amstad foi vigário-cooperador de São Sebastião do Caí por 12 anos; depois, de São José do Hortêncio por 8 anos. E depois, de Lajeado. Também o foi o primeiro vigário da Paróquia de Nova Petrópolis. E ainda o primeiro pá-roco da paróquia de São Lourenço em Linha Imperial, servindo ainda em outras regiões do Estado).

Prova de persistênciaConsta em anotações de livro de Atas que a data

marcada para a fundação dessa primeira Cooperativa teve que ser adiada duas vezes. Incialmente, a reunião estava marcada para 9 de novembro de 1902 na Sociedade Cultural e Recreativa Tiro ao Alvo (Schützenverein), de Nova Petrópolis. Mas não pôde ser realizada naquele dia, porque momentos antes da hora marcada, forte vendaval desabara a sede dessa Sociedade. Nova reunião foi mar-cada para 23 de novembro. Que também foi desmarcada no dia por causa do falecimento inesperado da esposa do dr. Johann Müller von Milasch, um dos principais entusiastas da ideia do padre. Tudo conspirava. Mas,

finalmente, em 28 de dezembro, no salão de bailes do sr. Nicolau Kehl, em Linha Imperial, aprovaram-se os estatutos com a presença de 20 pessoas que assinaram a ata, entre elas, naturalmente, o Pe. Amstad.

O movimento iniciado pelo Pe. Theodor Amstad fez surgir outras 36 cooperativas de crédito, sendo uma delas em Santa Catarina. Atualmente, permanecem em funcionamento sete das 36 cooperativas constituídas neste período.

Amstad, um indignadoAs primeiras experiências associativas no Brasil

remontam ao período colonial, com os Mucker no Rio Grande do Sul e dos Canudos, no Nordeste. Antes disso, os jesuítas fizeram experiências bem sucedidas de cooperativismo nas reduções dos Trinta Povos dos Guaranis em território paraguaio e rio-grandense. Mas o sistema implantado por Amstad no Rio Grande do Sul se notabilizou, permanecendo até hoje.

Assim como Jesus no seu tempo, Amstad também se indignava com o que via. Atribui-se a ele essa frase: 'Os agricultores transferem carroçadas de produtos às cidades, donde retornam com apenas algumas bugi-gangas sob os braços". Denunciava “a dependência econômica do Brasil, a nova escravatura instalada no país, a exploração dos agricultores por baixos preços pagos aos produtos agrícolas, a ameaça de aumento da dívida externa".

Princípios ainda válidosA adoção de princípios por ele introduzidos ainda

hoje poderiam ser uma alternativa valiosa para minorar as penosas situações da pequena agricultura no Rio Grande do Sul. Se não, vejamos: “proteger os interesses indivi-duais de seus membros; prestar-lhes socorro; promover a instrução dos seus associados; contribuir pela união de todos, em prol do bem-estar comum; promover e recupe-rar a construção de estrada; empregar meios adequados para dar maior valor à propriedade móvel e imóvel; e facilitar o transporte dos produtos da atividade colonial”.

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenasCOOPERATIVISMOPe. Theodor Amstad

ENCARTE ESPECIAL JORNAL SOLIDÁRIO - ED. 625/626 - Pág. 2 e 3

Associação de Agricultores,a primeira experiência

Desde que chegou ao Brasil, ao lado de suas atividades pastorais e evangelizadoras, Pe. Amstad preocu-pou-se em “descobrir a modalidade de fundar uma verdadeira ação associativa que fosse de utilidade comunitária. A primeira experiência - conta o próprio jesuíta em suas memórias autobiográficas - foi a

criação da Associação de Agricultores (Bauernverein) interconfessional, durante o Congresso Geral de Cató-licos Teutos do Rio Grande do Sul. Percebe-se que o religioso já tinha a preocupação ecumênica, procurando

somar com as semelhanças e não dividir pelas diferenças. A Sociedade União Popular, além de ecumênica, tam-bém estava aberta às outras línguas e etnias. Aqui, cabe recordar que na Colônia Imperial Nova Petrópolis, fun-dada em 7 de setembro de 1858, a Stadplatz - sede do terceiro distrito pertencente ao município do Caí - foram

instalados os imigrantes teutos originários da região do Hunsrück que eram todos luteranos. Já na Kaiserthal, que recebeu o nome brasileiro de Linha Imperial, situada a sete quilômetros adiante, estavam os imigrantes vin-

dos da Boêmia, todos católicos.

Secretário itineranteSem descuidar de suas atividades paroquiais, em pouco tempo Pe.

Amstad se tornou um “verdadeiro secretário itinerante da Sociedade de União Popular”, como ele próprio se autodefine. Ao longo de suas dé-cadas, percorreu muitos milhares de quilômetros no lombo de um burro pelos vales dos rios Caí e Taquari, somente interrompidas em 1923, após uma queda mais forte de sua montaria e que o deixou entrevado até o fim da vida.

Suas anotações de viagem permitem imaginar um pouco de sua rotina diária:

“Depois de haver-se comunicado a tempo o dia de visita a uma secção, aparecia eu já noite na comunidade. E começava-se de imediato a reunião preparatória com a Diretoria, já nomeada, e com a Diretoria Seccional, que na manhã seguinte houvesse de nomear-se. Ao clarear do dia, eu já me encontrava no confessionário, sendo que em seguida dizia a Santa Missa. Logo depois da Missa, realizava-se a reunião da Sociedade União Popular, sendo que só pelo meio-dia chegava a meu alojamento para o almoço. Tendo almoçado, em vez da sesta, esperava por mim uma outra ocupação: a da conferência aos membros da Associação, a complemen-tação ou aperfeiçoamento das listas de sócios, o balanço geral das contas e – coisa não rara – o despacho da correspondência. E dava-me por con-tente se, pelas quatro ou cinco horas da tarde, podia montar de novo na minha alimária e demandar a seguinte estação, onde o mesmo jogo ou brincadeira se repetia desde o começo”.

Caixeiro-viajante de DeusAfirma-se que, até o tombo do lombo do seu inseparável ‘táxi qua-

drúpede’, Amstad teria percorrido mais de 80 mil quilômetros em terras gaúchas e sul-catarinenses. Alguns outros milhares de quilômetros fez de trem - em que também embarcava sua montaria. “A mula esmagou-lhe o pé direito (num primeiro tombo) e fraturou o fêmur (num segundo tombo anos mais tarde). Não conseguiu mais andar a cavalo por causa do reuma-tismo e deslocamento do osso. Era pessoa forte e nunca estivera doente. Os lugares percorridos até então são os seguintes, entre outros: P. Alegre, S. Leopoldo, Hamburgo Velho, Ivoti, Dois Irmãos, Nova Petrópolis, Li-nha Imperial, Taquara, Rolante, São Francisco de Paula, Caxias do Sul. São Sebastião do Caí. São José do Hortênsio, Montenegro, Harmonia, Tupandi, Capela Santana, Feliz, Bom Princípio, Pareci Novo, Arroio do meio, Estrela, Lajeado, Conventos, Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul, Encantado, Soledade, Forqueta, Serro Azul. São Luiz Gonzaga, Santo Antônio da Patrulha, Erechim, Anta Gorda, Putinga, Cruzeiro do Sul, Santa Clara do Sul, etc. Era o padre cavaleiro-itinerante (caixeiro-viajante de Deus). Sabia unir o trabalho social à cura de almas. Em 52 anos de atividade, foi coadjutor paroquial durante 28 anos, 10 anos secretário geral da Volksverein, 14 anos como escritor. Fez 2.297 visitas a capelas. Redigiu o Sankt Paulus Platt e o Familien Freund” (do Livro ‘Memória de 665 jesuítas da Província do Brasil Meridional, páginas 52 e ss, de autoria de Pe. Inácio Spohr SJ.

Pe. Amstad eternizado em bronze

Pe. Amstad homenageado na Cavalgada do Cooperativismo

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenas

Brasileiro naturalizadoNasceu em Beckenried na Suíça em nove de novembro de 1851.

Ingressou na Companhia de Jesus - jesuítas - em 3 de outubro de 1870. Realizou seus estudos clássicos e a filosofia na Holanda. Depois, como jovem mestre, trabalhou por dois anos no Colégio de Feldkirch, Áustria. Seguiram os quatro anos de teologia em Ditton-Hall na Inglaterra, onde, em 8 de setembro de 1883, recebeu a ordenação sacerdotal. Em 1885, realizou seu último ano de formação jesuítica - a Terceira Provação em Pórtico - também na Inglaterra e durante este período aprendeu a língua portuguesa.

Partindo da Inglaterra em 12 de agosto de 1885, chegou a Porto Alegre em 18 de setembro daquele ano. Já em 23 de Junho de 1887 recebeu o documento na naturalização brasileira.

Além da fronteira gaúchaComo suíço dominava também a língua italiana, o que facilitava

suas visitas à região de imigração italiana articulando-os em torno de cooperativas. Posteriormente, de 1905 a 1923 atendia pastoralmente na região do vale do Rio Taquari. Percorria, em média, 40 km por semana no lombo de seu burrico.

Segundo outro depoimento, em agosto de 1905 visitou Serro Azul de então (atual Cerro Largo), para acompanhar de perto a cooperativa que fundara. Meio ano depois, no início de 1906 novamente aparece em Serro Azul e ainda segue caminho até Porto Xavier, donde, varando o Rio Uruguai, foi visitar duas comunidades na Província de Misiones – Argentina - onde foi visitar cooperativas de crédito, ou caixas rurais ali implantadas. Ao lombo de sua montaria, percorreu precárias e escassas estradas de então e de rudimentares condições de hospedagem ao longo dos roteiros de suas viagens.

Na casa de saúdeApesar de suas muitas viagens em sua mulinha, o também denominado

“Pai dos Colonos” era de sólida virtude e piedade e sempre um trabalha-dor incansável. Após o último acidente, foi transferido para uma casa dos jesuítas em São Leopoldo. Continuou ali seus escritos e suas múltiplas correspondências - escrevia em média 600 cartas por ano - trabalhando na encadernação e desenhando mapas, continuou acompanhando as 13 cooperativas que havia diretamente ajudado a fundar diretamente e a própria Sociedade União Popular, da qual foi o Secretário por 10 anos antes do acidente.

Pe. Amstad eternizado em bronze

Pe. Amstad homenageado na Cavalgada do Cooperativismo

Emiliano Limberger, defensor da causa da beatificação do Pe. Amstad, o cantor nativista Elton Saldanha e o jesuíta Attílio Hartmann, dirteor do Solidário, na chegada a Porto Alegre da Cavalgada do Cooperativismo

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Janeiro de 2013 - 1a e 2a quinzenasCOOPERATIVISMOPe. Theodor Amstad

ENCARTE ESPECIAL JORNAL SOLIDÁRIO - ED. 625/626 - Pág. 4

Aquela primeira associação de agricultores de 1899 e a subsequente Sociedade União Popular (Volksverein) - a primeira cooperativa de crédito da América Latina - a Caixa de Economia e Empréstimos Amstad, surgida em 28 de dezembro de 1902 em Linha Imperial, Nova Petrópolis, constitui hoje um banco cooperativo. E que funciona ininterruptamente desde aqueles dias até hoje, acumulando uma experiência de 110 anos a serviço dos pequenos poupadores e prestamistas, que geralmente não tem acesso aos Bancos Convencionais.

Atualmente, esta mesma Cooperativa pioneira, conta com 76 mil associados, sendo a quarta maior cooperativa de crédito do Brasil em número de asso-ciados. E que, junto com outras sete cooperativas de crédito que sobreviveram às drásticas medidas oficiais promulgadas em 1966, passaram a ser as inspiradoras do modelo que, com a assessoria de Krueger de Melo, em 1980, se reestruturou como sistema de crédito. Este Sistema rapidamente se expandiu, inclusive criando um próspero Banco próprio em Porto Alegre e hoje amplamente difundido por dez Estados do País, parti-cularmente pelos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso Norte e São Paulo, com 2,0 milhões de associados em 2012.

Economia solidáriaTodos os associados procuram ser co-proprietários

e reais protagonistas do sistema. Nos demais Estados do País predomina o Sistema SICOOB, igualmente com Banco Próprio e com sede em Brasília, e também voltado ao micro e pequeno poupador e prestamista e em constante interação, até com intercâmbio e transferência de tecnologias. Ambos os sistemas, mais outros sistemas

Da primeira cooperativa a um banco de crédito

de crédito cooperativado da economia solidária já são responsáveis hoje por aproximadamente seis milhões de associados no País. Mencione-se ainda a participação de lideranças religiosas, católicas e evangélicas, na fundação de muitas cooperativas locais, seja de crédito como também de outros ramos ou setores de atividades.

Embrião de outras frentesA Sociedade União Popular - Volksverein - também

fundada por Amstad em 1912, tendo depois como seu condutor o cientista Pe. João Batista Rick, e mais a colaboração do Pe. Maximilian Von Lassberg, contri-buiu para a fundação da então Colônia de Cerro Azul (hoje Cerro Largo) e Santo Cristo, ambas no RS, mais a Colônia de Porto Novo, hoje Itapiranga e São João

do Oeste em Santa Catarina, como também as colônias em Puerto Rico, Capiovi e San Alberto na Província de Misiones, Argentina. Além disso, a Sociedade União Popular se empenhou na Fundação do Leprosário de Itapoã, do Amparo Santa Cruz de Belém Velho, que abri-gava filhos de famílias leprosas, ambos em P. Alegre, e mais os Hospitais Sagrada Família de São Sebastião do Caí, de Cerro Largo e de Itapiranga.

Tirar a pedra do caminhoOpera-se hoje, transcorrido um século, um salutar

resgate da autenticidade do cooperativismo com base nas idéias do eminente padre, que privilegiava a co-operação e a solidariedade em lugar da concorrência e do conflito - processos esses cada vez mais ávidos pela acumulação e concentração de bens e riquezas, próprias do sistema capitalista. Segundo Amstad, "se uma grande pedra se interpõe no nosso caminho, uma só pessoa não conseguirá movê-la dali. Mas, a união e o esforço conjunto de várias pessoas, conseguirá tirá-la do caminho".

Padre Amstad faleceu aos 87 anos, na noite de 8 de novembro de 1938, em São Leopoldo, deixando na esteira de sua vida muitas obras e iniciativas de rele-vante impacto social e comunitário, sempre propondo como condição do êxito das mesmas, o aprendizado, o protagonismo e o crescimento na solidariedade e na cooperação. Suas iniciativas de caráter benemérito estão gravadas entre nós e nos servem de exemplo e estímulo. (NR: Textos produzidos a partir de diversas pesquisas, especialmente de estudos produzidos pelo Pe. José Odelso Schneider sj - PPGCS/CESCOOP/UNISINOS).

A Cooperativa de Crédito

Os pioneirosA ata de fundação, redigida em língua alemã

pelo próprio Padre Amstad, tem a seguinte tradu-ção:

"Ata de fundação da Sociedade Cooperativa Caixa de Economia e Empréstimos de Nova Pe-trópolis, realizada na casa do Sr. Nicolau Kehl, dia 28 de dezembro de 1902, em Linha Imperial. Os 19 sócios abaixo assinados fundaram defini-tivamente a Caixa de Economia e Empréstimos Amstad e aprovaram os estatutos apresentados com pequenas alterações. Pela elaboração abnegada e bem feita dos estatutos pelo Sr. Anton Maria Feix a assembléia agradeceu calorosamente. Logo após o registro a Caixa deverá começar a funcionar. As cotas de capital de giro deverão ser pagar até o dia 15 de janeiro do próximo ano. Como tesoureiro provisório foi escolhido o Sr. Josef Neumann Senior e encarregado de tomar as devidas provi-dências. Nome dos sócios fundadores presentes: Alfred Steglich, August Stahl, Hermann Kaiser, Jacob Krug, Franz Raimann, Nicolaus Stahl, Anton Maria Feix, Josef Oppitz, Nicolaus Kehl, Josef Hillebrand, Franz Hillebrand, Anton John, Carl Bratz, Josef Neumann Filho, Johann Brunner, Franz Opppitz, Albert Drechsler, Friederich Stoffels e Johann Grings.

A notícia da fundação da cooperativa, "Spa-rkasse Amstad", alastrou-se rapidamente por toda a região do distrito de Nova Petrópolis e até a reunião de 15 de fevereiro de 1903, já haviam aderido os seguintes novos sócios: Johann Wazlawick, Au-gust Mass, Johann Muller von Milasch, August Dunker, August Schwantes, Eduard Kny, Giuseppe Colliselli, Josef Neumann Senior, Wilhelm Rasche, Wilhelm Ullmann, Jakob Backes, Johann Stocker, Carl Stocker, Carl Schaedecke e Anton Weber.

Esta marca sintetiza a vida e obra de Pe. Amstad. Além da Cruz, a logomarca mais completa e abrangente de todas que já se criaram e que identifica a todos que a usam: o sacerdote a encima com dois “o”, sintetizando o lema de sua vida – omnibus omnia, de omnibus omnia fieri – fazer tudo por todos, no dizer de S. Paulo aos Coríntios, 9,22. E, abaixo da cruz, a tradução prática de seu legado: VV, isto é o Volksverein – Sociedade de União Popular.

Denominações oficiais ao longo do tempo

* 1902 - 1917: Cooperativa Caixa de Econo-mia e Empréstimos Amstad.

* 1917 - 1921: Caixa Auxiliar do Sindicato Agrícola de Nova Petrópolis. A partir de 1917, em função da 1ª guerra mundial, a escrituração, correspondências e atas passaram a ser redigidas em língua portuguesa, ao invés da língua alemã.

* 1921 - 1929: Caixa Auxiliar Sistema Raiffei-sen de Nova Petrópolis, alteração motivada pelo Decreto Federal de 16/03/1921.

* 1929 - 1969: Cooperativa de Crédito Caixa Rural de Nova Petrópolis.

* 1969 - 2007: Cooperativa de Crédito Rural Nova Petrópolis alteração motivada pela Lei 4.595/64 (Lei da Reforma Bancária). Nesta época adotou-se a sigla "Cooperural".

* 2007: Cooperativa de Crédito de Livre Ad-missão Pioneira da Serra Gaúcha

Principais dirigentes ao longo da história

Ao longo de seus primeiros 100 anos de histó-ria, teve apenas quatro presidentes: Anton Maria Feix, de 1902 a 1929; Carlos Feix, de 1929 a 1960; José Wolmeister, de 1960 a 1974; Edio Spier, de 1974 a 2010. E Mário José Konzen, de 2010 a 2011. Atualmente, o dirigente é Márcio Port.

Muitas são as ho-menagens ao Pe. Amstad, eterniza-

das no bronze