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1 Excesso de exercícios leva a alterações negativas em órgãos vitais A prática de exercícios físicos intensos sem o tem- po de recuperação adequado provoca alterações negativas em estruturas vitais do organismo, como coração, fígado e sistema nervoso central, revela pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto. Antes, já era sabido que esse tipo de treinamento intenso sem inter- valos necessários levava à síndrome do overtrai ning, desencadeando sintomas como depressão, insônia, irritabilidade, queda na imunidade, per- da de apetite e de peso. O trabalho mostra que os prejuízos vão além da queda do rendimento. O professor Adelino Sanchez Ramos da Silva, da Escola de Educação Física e Esporte, disse que a síndrome de overtraining era explicada, até então, pelo fato de que lesões no tecido musculoesquelé- tico causadas pelo exercício excessivo induziriam à liberação na corrente sanguínea de substâncias pró-inflamatórias (proteínas produzidas por célu- las de defesa e conhecidas como citocinas), que desencadeariam os efeitos sistêmicos. Médicos brasileiros fazem cirurgia intrauterina inédita no mundo Um procedimento inédito no mundo para corrigir uma má- formação congênita em um feto de 33 se- manas, ainda no útero da mãe, foi feito no Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto, no interior paulista, no mês de junho. O feto com gastrosquise – abertura no abdômen que permite que órgãos, normalmente o intestino, se desenvolvam do lado de fora – foi operado pela técnica de fetoscopia. Até então, o paciente era operado logo após o nascimento. O procedimento foi apresen- tado no Congresso Mundial de Medicina Fetal, em Alicante, na Espanha. No Brasil, a cada 2 mil bebês, um nasce com essa má- formação. Os médicos precisaram de uma hora e 40 minutos para fazer o procedi- mento. A técnica de fetoscopia é similar a uma laparoscopia, não sendo uma cirurgia aberta e, portanto, minimamente invasiva. São feitas quatro pequenas incisões na bar- riga da mãe por onde eles introduzem os instrumentos para ver o interior do útero e corrigir a má-formação. Eles recolocaram o intestino no abdômen do feto e fecharam a parede abdominal. Após 48 horas da cirurgia, apesar de mãe e feto estarem bem, foi verificado durante um ultrassom de con- trole que parte do intestino saiu por uma pequena abertura e os médicos optaram pelo tratamento convencional, realizando o parto. Ecopediátrico: Exame que diagnostica má-formação no coração da criança COMPANY NEWSLETTER Foto: Google Imagens Foto: Google Informativo da Escola de Ecografia de Pernambuco - Abril/Maio/Junho 2019 - Edição II|Ano I Por Camila Maciel - Repórter da Agência Brasil Por Camila Maciel – Repórter da Agência Brasil

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Excesso de exercícios leva a alterações negativas em órgãos vitais

A prática de exercícios físicos intensos sem o tem-po de recuperação adequado provoca alterações negativas em estruturas vitais do organismo, como coração, fígado e sistema nervoso central, revela pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto. Antes, já era sabido que esse tipo de treinamento intenso sem inter-valos necessários levava à síndrome do overtrai ning, desencadeando sintomas como depressão, insônia, irritabilidade, queda na imunidade, per-da de apetite e de peso. O trabalho mostra que os prejuízos vão além da queda do rendimento. O professor Adelino Sanchez Ramos da Silva, da Escola de Educação Física e Esporte, disse que a síndrome de overtraining era explicada, até então, pelo fato de que lesões no tecido musculoesquelé-tico causadas pelo exercício excessivo induziriam à liberação na corrente sanguínea de substâncias pró-inflamatórias (proteínas produzidas por célu-las de defesa e conhecidas como citocinas), que desencadeariam os efeitos sistêmicos.

Médicos brasileiros fazem cirurgia intrauterina inédita no mundo

Um procedimento inédito no mundo para corrigir uma má-formação congênita em um feto de 33 se-manas, ainda no útero da mãe, foi feito no Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto, no

interior paulista, no mês de junho. O feto com gastrosquise – abertura no abdômen que permite que órgãos, normalmente o intestino, se desenvolvam do lado de fora – foi operado pela técnica de fetoscopia. Até então, o paciente era operado logo após o nascimento. O procedimento foi apresen-

tado no Congresso Mundial de Medicina Fetal, em Alicante, na Espanha. No Brasil, a cada 2 mil bebês, um nasce com essa má-formação. Os médicos precisaram de uma hora e 40 minutos para fazer o procedi-mento. A técnica de fetoscopia é similar a uma laparoscopia, não sendo uma cirurgia aberta e, portanto, minimamente invasiva. São feitas quatro pequenas incisões na bar-riga da mãe por onde eles introduzem os instrumentos para ver o interior do útero e corrigir a má-formação. Eles recolocaram o intestino no abdômen do feto e fecharam a parede abdominal. Após 48 horas da cirurgia, apesar de mãe e feto estarem bem, foi verificado durante um ultrassom de con-trole que parte do intestino saiu por uma pequena abertura e os médicos optaram pelo tratamento convencional, realizando o parto.

Ecopediátrico: Exame que diagnostica má-formação no coração da criança

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Informativo da Escola de Ecografia de Pernambuco - Abril/Maio/Junho 2019 - Edição II|Ano I

Por Camila Maciel - Repórter da Agência Brasil Por Camila Maciel – Repórter da Agência Brasil

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Ecope em expansão

Como organismo vivo, a Escola de Ecografia de Pernambuco (Ecope) está em evolução para melhor atender os alunos, ampliando número boxes e capacidade de sala de aula. Fugindo do clichê e prezando pela qualida-de no ensino, a instituição que hoje ocupa o 16º andar do Empresarial Blue Tower Blue Tower, na Av. Eng. Domingos Ferreira em Boa Viagem, tem passado por reformas. Em bus-ca de cumprir a visão estabelecida de ser a melhor escola de imagem cardiovascular com profissionais competentes, conteúdos dinâmicos e tecnologia de ponta. A institui-ção tem trabalhado diariamente com a mis-são de promover treinamento profissional básico e avançado de alta qualidade na área de imagem cardiovascular, superando as ex-pectativas de alunos, parceiros, colaborado-res, sociedade e sócios.

Com base forte, a Ecope tem se fortalecido diariamente sob os preceitos da credibili-dade, profissionalismo, ética e transparên-cia. Assim como a valorização das pessoas, melhoria, qualidade no atendimento aos clientes e empreendedorismo e inovação. Perpassando pela colaboração e espírito da equipe. A partir do comprometimento com resultados, a organização obteve um cresci-

mento de 46% de 2018 ao presente ano. As aulas práticas dos estudantes têm fortaleci-do o lado social, e juntos, escola e aluno, têm realizado atividades que diminuem as listas de espera dos grandes serviços públicos.

Com ações baseadas em planejamento pe-dagógico, que significa conhecer as necessi-dades e a realidade da instituição, o trabalho tem se voltado a estabelecer objetivos e me-tas, destinar recursos materiais e financeiros e gerir pessoas e tempo.

A escola tem promovido discussões e apren-dizado de novas técnicas e otimização de imagens, através de cursos de qualidade com investimentos justos e acessíveis, incen-tivando a formação e reciclagem no método ecocardiográfico e na ultrassonografia. E assim, a instituição tem se firmado como re-ferência de qualidade não só na região Norte e Nordeste, como também no Brasil e no ex-terior. A Ecope conta com mais de 150 alunos da Pós-Graduação em Ecocardiografia com chancela do MEC, advindo da parceria ECO-PE/Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Mais de 300 alunos que realizaram cursos avulsos. Número, que com empenho, só tende a crescer.

Ecodoppler Vascular

Com o objetivo de proporcionar ao aluno aprendizado da técnica na área de Ecografia Vascular com Doppler e habilitá-los a realizar os exames ecográficos relacionados com a área de angiologia e cirurgia vascular, a Escola de Ecografia de Pernambuco (Ecope), no Recife, realizará de 03 a 06 de setembro, curso na área, com carga horária de 36 horas/aula. As aulas serão minis-tradas pelo angiologista, cirurgião e ecografista vascular, Robson Bar-bosa de Miranda, de São Bernardo do Campo, São Paulo. Esse exame é fundamental principalmente para os pacientes diabéticos, fumantes ou portadores de vasculopatias, além de ser indolor. Confira a pro-gramação completa no site: www.escolaecope.com.br

O curso permitirá o diagnóstico das patologias, avaliação hemodinâmi-ca pela ecografia com Doppler, avaliação ultrassonográfica pré-operatória e pós-operatória em diferentes situações e nas diferen-tes condições clínicas, assim como avaliação dos resultados cirúrgicos. É voltado para médicos cirurgiões vasculares, angiologistas, cardiolo-gistas ou de outras especialidades que desejam fazer sua formação e aprofundamento na área de atua-ção ecografia vascular com doppler. “O curso de eco doppler vascular consiste em ensinar a aplicação e operação de exames de ultrassono-grafia com doppler colorido para investigação não invasiva das doen-ças vasculares”, explica Dr. Robson Barbosa de Miranda, angiologista, cirurgião e ecografista vascular.

EXPEDIENTEJornal Ressonare Recife, Janeiro/fevereiro/março PresidenteJosé Maria Del Castillo DiretoresAntônia SenaÁtila BezerraEugênio AlbuquerqueCarlos Antônio Silveira

MarketingRenato Cavalcanti(81) 9.81561206

ComercialFilipe Correia (81) 9.8126.7079

Gerente AdministrativoNeane Mota (81) 9.8290.1809

Atendimento ao PúblicoLilian Santana (81) 9.82201206Luana Leal (81) 9.8281.0402Rhebek Zuanazzi (81) 9.8228.9996

Professores/MonitoresCarlos MazzaroloDéborah CostaKatarina Barros Jonny Vitor Mariana Carvalho Redação/Diagramação Mayra Rodrigues/Equipe Ecope

Por Mayra Rodrigues

Organização, conteúdo, aulas, vídeos, planejamento. A escola fortalece as metas para o crescimento institucional e pedagógico.

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De 3 a 7 de junho, na Escola de Ecografia de Pernambuco (ECOPE), médicos cardiolo-gistas fizeram o curso de ecocardiografia pediátrica. O Objetivo foi o treinamento básico e intermediário com prática in-tensiva nas técnicas de ecocardiografia pediátrica, abrangendo desde as noções de embriologia até as cardiopatias com-plexas e pós-operatório. O Ecocardio-grama Pediátrico é fundamental para identificar possíveis problemas no coração das crianças. Um exame imprescindível do nascimento até os 3 anos de idade. Segun-do estimativas do Sistema Único de Saúde (SUS), a cardiopatia congênita é a terceira maior causa de mortes de bebês antes de completar 30 dias e corresponde a cerca de 10% das causas dos óbitos infantis e de 20% a 40% dos óbitos decorrentes de mal-formações. Estima-se que nasçam cerca de 30 mil crianças cardiopatas todos os anos no Brasil.

O bloco teórico contou com aulas de clíni-ca das cardiopatias congênitas, noções de embriologia, análise sequencial, car-diopatias congênitas acianogênicas e ci-anogênicas, procedimentos intervencio-nistas e cirúrgicos paliativos e corretivos nas cardiopatias congênitas e avaliação pós-operatória. O bloco prático foi de-senvolvido em ambulatório com boxes amplos, vários modelos de equipamentos e supervisão de professores e monitores. Para sabermos, de acordo com o Ministé-rio da Saúde, a prática do pré-natal, por exemplo, representa papel fundamental na prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da gestante. Nesta matéria, Mariana Carvalho, cardio-pediatra monitora da Escola de Ecografia de Pernambuco (Ecope), que ensina médi-cos a fazerem o exame de ecocardiograma, tira algumas dúvidas sobre o tema:

O exame exige algum preparo especial para essas crianças?

O exame não demanda nenhum tipo de preparo. Não há necessidade de jejum, porque não realizamos sedação no con-sultório.

O choro ou agitação atrapalham o exame?

O choro e a agitação atrapalham a avalia-ção, por vezes, impossibilita o exame. Mas sempre usamos brinquedos e vídeos na tentativa de manter as crianças tranquilas.

Todas as crianças devem fazer exame ?

Não há necessidade de todas as crianças fazerem o exame. Só há indicação se tiver alguma alteração no exame físico, RX ou eletro que justifiquem. Bem como crianças do grupo de risco, como filhos de diabé-ticas e bebês com síndromes.

A ecocardiografia pode prejudicar o bebê ou a criança?

Não. Os exames de ecocardiografia realizam-se sem perigo há mais de 30 anos, não tem radiação e não causam nenhum tipo de dor.

Qual a diferença de uma ultrassom na ges-tante e uma eco do feto na barriga ?

Um ultrassom normal vê a formação do bebê e seus órgãos de maneira geral. O eco fetal vê os detalhes do coração e os princi-pais vasos do feto.

Há quanto tempo é médica cardiologista ? Há quanto tempo faz eco pediatria?

Sou cardiopediatra desde 2011, mas iniciei minha vida no eco pela necessidade de en-tender ainda mais dos pequenos corações.Assim, comecei pelos caminhos da ecocar-diografia pediátrica no início de 2018.

Houve algum caso que nunca esqueceu? Foi emocionante ?

Cada caso dentro da pediatria é único. Uma criança, uma família, uma história. Tenho inúmeras histórias marcantes, daquelas que parecem ter saído de um livro ou filme. Crianças guerreiras, famílias heróicas. Im-possível enumerar o que já vi, já vivenciei. Mas me marcou muito uma pequena meni-na que depois de muito tempo grave na UTI, acordou na noite de Natal. Ali, sempre tive fé, tive a certeza de que milagres existem.

Sendo mãe e médica que escuta o coração de bebês, qual a sensação ? Como é poder ouvir o órgão que bombeia sangue para o corpo todo de um ser humano ainda em formação?

Lidamos com o bem mais precioso de uma família: o filho! É duro dizer a uma mãe que seu esperado filho não vem perfeito, ou mesmo, que temos pouco a oferecer. É difícil dizer a uma mãe que seu filho se foi. Como mãe, aprendi ainda mais a ter empa-tia pelas outras mães. Me coloco no lugar delas e não me vejo passando por tanta an-gústia. Tento dar o meu melhor por meus pequenos pacientes. Em contrapartida, diante de tanta dor e sofrimento, dar alta a uma criança (e consequentemente sua família) depois de tanto sufoco, não tem preço. Por vezes, somos abraçados pelas famílias e choramos juntos. As vezes, de alegria; outras, nem tanto. Mais legal ainda é quando estes pequenos voltam cresci-dos. E suas famílias com o coração grato. Fazer o que gosta é o que faz a diferença. Temos dias de caos, mas temos inúmeros, para não dizer a maioria, de glória.

Estima-se que nasçam cerca de 30 mil crianças cardiopatas todos os anos no Brasil.

Ecopediátrico: exame que diagnostica má-formação no coração da criança

Por Mayra Rodrigues

Foto: Arquivo Ecope

Mariana Carvalho, cardiopediatra monitora da Escola de Ecografia de Pernambuco (Ecope),

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CRÔNICAEcocardiografia. A história que eu vivi.

Ao me for-mar mé-dico fui

logo atraído pela cardiologia, onde iniciei meus passos acadêmicos como as-sistente concursado ad-Honorem do ser-viço de clínica médica do Hospital de Clíni-cas da Universidade Nacional de La Plata, Argentina, lá por 1971. Interessado pela tecnologia, em 1972 fui “emprestado” para o Hospital Pediátrico, também da Universi-dade, dedicando-me à hemodinâmica pediá-trica e fonocardiografia. Nesse mesmo ano participei do meu pri-meiro Congresso de Cardiologia, onde conheci duas pessoas chaves na minha vida: o Prof. Radi Macruz e o Dr. Siguemituzo Arie, ambos do Hospital das Clínicas da USP. Estabelecido o conta-to, solicitei uma vaga de aperfeiçoamento no Ser-viço de Hemodinâmica desse hospital, onde fui admitido como médico estrangeiro na Segunda Clínica Médica do Prof. Luiz Décourt. O Prof. Euryclides de Jesus Zerbini, cirurgião

famoso pelo primeiro transplante de coração na América Latina, me apre-sentou ao Serviço de He-modinâmica do Hospital da Beneficência Portugue-sa de São Paulo, chefiado pelo Dr. Arie, onde dividi meu tempo entre ambos hospitais, HC e BP. No fi-nal do primeiro ano, 1973, já conseguia realizar com alguma habilidade cate-terismos pediátricos e de adultos. No início de 1974, precisamente no mês de março, os chefes da He-modinâmica da BP junto com o Prof. M a c r u z chegaram dos Esta-dos Unidos com uma n o v i d a d e : um ecocardiógrafo modo M da marca Smi-th-Kline que, de forma extraordinária e não in-vasiva, conseguia traça-dos dos movimentos das estruturas do coração. PLIM! Caiu a ficha! Era isso que estava procurando! Dessa maneira participei do primeiro exame reali-zado no Brasil, uma este-nose mitral reumática. O traçado foi obtido através de uma câmara Polaroid, cuja imagem guardo até hoje (Figura 1). O apren-

dizado foi árduo, auto didático, com a primeira edição do livro de Fein-genbaum na mão, o apoio da Hemodinâmica, muita curiosidade e, sobretudo, imaginação. Em julho de 1974 apresentei, no meio de outros trabalhos sobre hemodinâmica, o primeiro trabalho científico sobre ecocardiografia realizado no Brasil: “Estudo ecográ-fico e ecocardiográfico da válvula de Starr Edwards” no XXX Congresso da So-ciedade Brasileira de Car-diologia, no Rio de Janeiro,

quando o estado ainda se chamava Guanabara. Acho que me colocaram como autor porque ninguém confiava muito no método. Na época eu ainda recebia o mote de “cupincha”, o R1 de hoje. Fiquei, junto com outros colegas, realizando cateterismos de manhã e ecocardiogramas modo M de tarde. No primeiro ano, 1974, fizemos até dezem-bro uns 170 exames. Hoje, esse número é realizado em um dia nos grandes serviços. Acumulando experiência, trocando

ideias com clínicos e cirur-giões, conseguíamos fazer cada vez mais e melhores diagnósticos, inclusive de cardiopatias congênitas. Meu primeiro trabalho publicado foi em 1977, sobre tumores cardíacos, onde descrevi o mixoma.

No final de 1979 chegou o primeiro equipamento bidimensional, também Smith-Kline, com transdu-tor mecânico com ângulo de varredura de 30 graus e, pouco tempo depois outro com 60 graus (Figura 2). Começou a era do eco-cardiograma morfológico. A seguir vieram os magnífi-cos equipamentos da ATL, com transdutores mecâni-cos e, posteriormente, em 1985, com Doppler pulsátil (Figura 3). Permaneci rea-lizando exames hemodi-nâmicos de manhã e ecos de tarde até 1983, quando decidi me dedicar à ecocar-diografia. Nesse intervalo, em 1981, passei um perío-do em Madrid, no Serviço de Cardiologia Pediátrica do Prof. Manuel Quero Ji-ménez e publiquei o meu primeiro livro, em conjun-to com o Dr. Egas Armelin e Orlando Melo Sobrinho, a primeira publicação em português descrevendo o eco bidimensional (Figura

José M. Del Castillo

“Meu primeiro trabalho publicado foi em 1977, sobre

tumores cardíacos, onde descrevi o mixoma”

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4). Para minha surpresa, no meu retorno, foi me oferecido o comando do Serviço de Ecocardiogra-fia do Hospital da Benefi-cência Portuguesa de São Paulo, ligado ao Instituto de Moléstias Cardiovascu-lares E.J. Zerbini, do qual já fazia parte do Corpo Docente. Fiquei na BP até 1988, período de enorme aprendizado e experiên-cia, rodeado pelos gran-des nomes da cardiologia brasileira. Iniciei lá minha participação nos procedi-mentos intervencionistas, com o acompanhamento ecocardiográfico das valvo-plastias mitrais por balão.

Meu primeiro contato com o Doppler em cores foi em 1986, em Kyoto, Japão, por ocasião do Segundo Simpósio Internacional de Doppler Cardíaco. Comecei a trabalhar com o método em 1989, mas as imagens não tinham grande resolu-ção (Figura 5). Nessa mes-ma época iniciei minha prática com eco de estres-se farmacológico e esofá-gico. Para o eco de estresse era utilizada adenosina, cujo efeito é fugaz e muito intenso, sendo substituída posteriormente pelo dipiri-damol e pela dobutamina. O transdutor do eco tran-sesofágico era monopla-no, ou seja, não permitia a mudança de ângulo. Para obter os cortes eram utili-zadas as catracas antero-posterior e lateral. Depois chegaram os transdutores

biplanos e, finalmente, os atuais multiplanos. Em 2000 já acompanhava com eco esofágico fechamen-tos de CIA com oclusores.

Em 2005 comecei a me in-teressar pelo strain cardí-aco, quando foi lançada a linha Mylab da Esaote. Não realizei strain com Doppler tissular, fui diretamente para o speckle tracking. O começo foi difícil, porque os softwares ainda eram muito operador-depen-dentes. Ademais da quali-dade do exame, o resulta-do dependia da forma em que eram posicionados os pontos na borda endocár-dica, totalmente manual. Fiz algumas viagens à Itália, para participar de cursos e treinamentos e conhe-ci, em Milão, uma pessoa fantástica: Claudio Bus-sadori, especializado em cardiopatias congênitas do adulto, no Hospital San Donato. Em 2008 fui con-vidado para o Congresso Europeu de Cardiologia, em Munique, onde falei sobre aplicações do strain no diagnóstico das cardio-miopatias. Com a chegada de novos equipamentos e softwares mais avançados, os estudos preliminares do strain cardíaco se torna-ram de aplicação clínica.

Minha mudança para Re-cife foi fundamental para completar o meu desen-volvimento profissional. Liguei-me à UPE onde comecei a trabalhar ativa-

mente com eco esofágico 3D (já tinha tido contato com o método lá por 2007, com um equipamento HP transtorácico). O eco 3D esofágico do Procape per-mitiu, junto com Eugenio Albuquerque e Carlos Antô-nio da Mota Silveira, desen-volver trabalhos de quali-dade, assim como iniciar o acompanhamento de procedimentos hemodinâ-micos e cirúrgicos. Nesse intervalo lancei o meu se-gundo (Ecocardiografia na Prática Clínica, 2012) e ter-ceiro livro (Strain Cardíaco, 2013) (Figura 6), ademais de ter sido convidado para escrever capítulos e prefá-cios em vários outros livros.

Em 2010 nasceu a ECOPE, nossa escola de ecocardio-grafia que, junto com Antô-nia Sena construímos e de-senvolvemos todos esses anos, sempre com o lema “oferecer a melhor qualida-

de e excelência no ensino da ecocardiografia”. Minha experiência como docente na BP, na USP onde minis-trei aulas para graduação de Medicina e na Faculda-de de Medicina do ABC, todas em São Paulo, as-sociada à minha atuação durante mais de 10 anos na escola Cetrus, sempre en-sinando ecocardiografia, junto com a visão, empre-endedorismo, expertise e profissionalismo de Antô-nia nos permitiu culminar no que temos hoje: uma escola reconhecida não só em Pernambuco, mas no Brasil inteiro e até no exte-rior, uma Pós-Graduação com chancela MEC com a UNICAP (Universidade Católica de Pernambuco) e um espaço que é como uma segunda casa para os alunos que a frequen-tam, constituindo uma família: A Família Ecope.

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José Maria Del Castillo, ecocardiografista há mais de 40 anos.

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Você conhece o Mi-traClip? Um dis-positivo médico usado no tratamen-to da regurgitação

mitral para pacientes que não podem ser submetidos à cirurgia convencional.

De acordo com o ecocardio-grafista e sócio-diretor da Es-cola de Ecografia de Pernam-buco (Ecope, Eugenio Soares de Albuquerque, MitraClip ou “edge-to-edge mitral val-ve repair” é uma técnica de apreensão dos folhetos da valva mitral primordialmente nos scallops medianos (A2/P2), à semelhança da técni-ca cirúrgica de Alfieri, por via percutânea com o intuito de tratar ou minimizar alguns tipos de insuficiência mitral primária e secundária.

“O MitraClip é um proce-dimento novo. O primeiro implante deste dispositivo aconteceu em 2003. Somen-te em 2013 o MitraClip foi aprovado pelo FDA para ser utilizado nos EUA. No Brasil, esta técnica começou a ser usada em 2015, ano em que foi aprovada pela Anvisa”, es-clarece Eugenio.

Segundo o ecocardiografis-ta, o procedimento de Mi-traClip está indicado para o tratamento da insuficiência mitral especialmente para aqueles pacientes que têm contraindicações para a ci-rurgia convencional ou para aqueles com risco cirúrgico muito elevado. “O principal estudo randomizado utili-zando o sistema MitraClip®, o EVEREST II (Endovascular

Valve Edge-to- Edge Repair Study, NEJM, 2011), demons-trou uma segurança inicial do procedimento superior ao tratamento cirúrgico, com benefício importante na me-lhora da sintomatologia des-ses pacientes e manutenção dos benefícios do tratamen-to ao final de 2 anos de se-guimento. Outro estudo im-portante como o COAPT Trial (Cardiovascular Outcomes Assessment of the MitraClip Percutaneous Therapy for Heart Failure Patients with Functional Mitral Regurgita-tion, JACC, 2019) mostrou re-sultados muito promissores para os pacientes portadores de insuficiência mitral secun-dária submetidos ao procedi-mento de MitraClip”, explica.

Para o especialista, o proce-dimento de MitraClip não é um procedimento cirúrgico convencional. É realizado em sala de hemodinâmica com o paciente sob efeito de anes-tesia geral. “É realizado atra-vés de uma punção venosa (veia femoral), cateterizacão do átrio direito e punção transeptal para passagem do cateter guia (Steerable Guide Catheter) que contêm o Clip Delivery System (CDS). Após posicionamento adequado do clip, procede-se então a apreensão (grasp) dos folhe-tos/scallops da valva mitral. Após o término do proce-dimento a recuperação do paciente habitualmente é rá-pida e a alta hospitalar usual-mente se transcorre dentro de poucos dias, a depender de outras situações clínicas envolvidas”, pontua.

De acordo com o Eugenio Albuquerque, o ecocardio-grafista ocupa papel primor-dial nesse procedimento já que em todas as suas fases é o ecocardiograma transe-sofágico (bidimensional e tridimensional) que auxilia e guia o hemodinamicista na sua e execução. Obviamen-te, tanto o hemodinamicista quanto o ecocardiografista necessitam de um treina-mento adequado para a exe-cução do procedimento. É importante mencionar que, para o sucesso do procedi-mento, a seleção do paciente ideal é de suma importância

e é justamente o ecocardio-grama transesofágico prévio ao procedimento que indica a viabilidade do MitraClip. Alguns dados específicos ob-tidos durante o exame pré-vio são fundamentais para selecionar, indicar e predizer o sucesso do procedimento. “Finalizando, para garantir o sucesso do procedimento, desde a indicação até a rea-lização do procedimento de MitraClip, tudo isso deve pas-sar pelo crivo de um heart team ou heart valve presente hoje em dia nas instituições de referência em cardiolo-gia”, destaca.

Tecnologia: MitraClip

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Por Mayra Rodrigues

Eugenio Albuquerque, ecocardiografista e sócio-diretor da Ecope

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O sistema MitraClip consiste em novo dispos-itivo percutâneo para correção da insuficiên-cia mitral (IMi) cujo desenvolvimento foi baseado na cirurgia que sutura o centro das duas cúspides mitrais, criando uma válvula com orifício duplo.

O método utiliza um clipe mecânico intro-duzido de maneira menos invasiva através da hemodinâmica. A utilização do sistema MitraClip no estudo EVEREST II demonstrou-se factível em pacientes com insuficiência mitral (IMi), melhorando a segurança em relação à cirurgia ao final de 30 dias de se-guimento, a despeito de uma menor efetivi-dade aos 12 meses.

MitraClip pode ser uma alternativa terapêutica à cirurgia cardíaca para pacientes com insuficiên-cia mitral:

Fonte: http://socios.cardiol.br/noticias/hotsites/acc10/artigo04.asp

Essa é uma opção de tratamento minimamente invasiva para pacientes com regurgitação mitral. Em pacientes com regurgitação mitral, a válvula mitral não se fecha completamente, permitindo que o sangue flua para trás ou “vaze”, criando sintomas que podem incluir falta de ar, fadiga e dor no peito.

Durante o implante do MitraClip, um cardiologista intervencionista insere um cateter (tubo) no corpo através da veia femoral (virilha). O dispositivo MitraClip é comprimido e avançado por um cateter através da veia até atingir a válvula mitral doente. Uma vez no coração, o dispositivo MitraClip é posicionado para unir ou “juntar” uma parte da válvula mitral, reduzindo ou eliminando o fluxo de sangue para trás.

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Responsável por cuidar do atendimento ao aluno, Lyllian Alves, 35 anos , leva uma rotina que em geral envolve a organização dos cursos e apoio à parte administrativa e pedagógica da Ecope. Uma curiosidade para vocês: é ela a responsável por interagir com os alunos nos grupos do whatsapp, lembrar das aulas, dos horários e dos aniversários, por exemplo. Essa é uma entre várias funções assumidas por Lillyan, que tem feito a diferença no atendimento especial e com qualidade que a escola proporciona. “O que eu mais gosto aqui são os desafios e as responsabilidades diárias que fazem com que a cada curso organizado pela nossa equipe, seja nítida a confiança e satisfação de nossos alunos”, revela. A amistosidade e acolhimento dos professores e demais membros da equipe também são pontos com destaque para ela. “Mesmo os que já terminaram seu curso, sempre querem voltar!”, pontua.

CONHEÇA A EQUIPE LYLLIAN ALVES SANTANA

ADMINISTRATIVO ECOPE

Formada em administração é a responsável pelo relacionamento

da Ecope & Aluno

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Obsescio rtissol iisultod cae aurorumRen ta conferenat Catra Si in simpra tatium Palarita, venturo rtarter orbis, ponloculto etis consuam intelic atuscre, dienat.

PRÓXIMOS CURSOS ECOPEConfira os próximos cursos da Escola de Ecografia de Pernambuco e garanta sua vaga!

Atualização em Ecocardiografia Data: De 25 a 28 de Julho

Local: Ecope Acesse: www.escolaecope.com.br

Ecocardiografia Adulto Data: De 25 a 30 de Agosto

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