economia e métodos quantitativos 10º - guia do professor
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Autores: Carlos Pinho, Mara Madaleno, Clara Bola, Pedro Almeida. / Conceção e elaboração: Universidade de Aveiro. / Coordenação geral do Projeto: Isabel P. Martins e Ângelo Ferreira. / Cooperação entre o Ministério da Educação de Timor-Leste, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de Aveiro. / Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa.TRANSCRIPT
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TtuloEconomia e Mtodos Quantitativos - Guia do Professor
Ano de escolaridade10.o Ano
AutoresCarlos PinhoMara MadalenoClara BolaPedro Almeida
Coordenadores de disciplinaCarlos PinhoTeresa Neto
Consultores cientficosJoaquim da Costa LeiteJoo Pedro da Ponte
Colaborao das equipas tcnicas timorenses da disciplina Este guia foi elaborado com a colaborao de equipas tcnicas timorenses da disciplina, sob a superviso do Ministrio da Educao de Timor-Leste.
Design e PaginaoEsfera Crtica Unipessoal, Lda.Plural Design Unipessoal, Lda
Impresso e AcabamentoGrafica Nacional, Lda.
ISBN978 - 989 - 8547 - 30 - 9
1 Edio
Conceo e elaboraoUniversidade de Aveiro
Coordenao geral do ProjetoIsabel P. Martinsngelo Ferreira
Ministrio da Educao de Timor-Leste
2012
Os stios da Internet referidos ao longo deste livro encontram-se ativos data de publicao. Considerando a existncia de alguma volatilidade na Internet, o seu contedo e acessibilidade podero sofrer eventuais alteraes.
Este guia de professor propriedade do Ministrio da Educao da Repblica Democrtica de Timor-Leste, estando proibida a sua utilizao para fins comerciais.
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ndiceParte 1
Unidade Temtica 1 | A Economia e o Problema Econmico
Unidade Temtica 3 | Aspetos Fundamentais da Atividade Econmica
Subtema 1 - Realidade Social e Cincias Sociais
Subtema 2 - Fenmenos Sociais e Fenmenos Econmicos
Subtema 3 - Economia como Cincia Objeto de Estudo
Subtema 4 - Atividade Econmica e Agentes Econmicos
1. Metas de aprendizagem
2. Objetivos
3. Estrutura3.1 Conceitos Fundamentais3.2 Atividades de ensino-aprendizagem
3.2.1 Exemplos de atividades a desenvolver3.2.2 Recursos necessrios
3.3 Aulas previstas
4. Propostas de avaliao
Subtema 2 - Necessidades e Consumo
Subtema 3 - A Produo de Bens e Servios
Subtema 4 - Preos e Mercados
1. Metas de aprendizagem
2. Objetivos
3. Estrutura3.1 Conceitos3.2 Atividades de ensino-aprendizagem
3.2.1 Exemplos de atividades a desenvolver3.2.2 Recursos necessrios
3.3 Aulas previstas
4. Propostas de avaliao
Economia
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Unidade Temtica 3 | Aspetos Fundamentais da Atividade Econmica
Subtema 1 - Estudo das Funes na Anlise Econmica
1. Leitura e interpretao de grficos em contextos econmicos
2. Conceito de funo
3. Grfico de uma funo
4. Formas de representar uma funo
5. Generalidades sobre funes
6. Funo Polinomial
7. Funo Exponencial
8. Funo Racional
Parte 2
Mtodos Quantitativos Unidade Temtica 2 | Organizao e Tratamento de Dados
Subtema 1 - Clculo Numrico e Algbrico
Subtema 2 - Anlise de Dados
1. Clculo numrico e algbrico
2. Anlise de dados
3. Tarefa de consolidao
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5IntroduoO guia do professor tem por principal objetivo orientar o professor
na explorao do manual da disciplina de Economia e Mtodos
Quantitivos 10 . ano. Desta forma, prope-se um documento
dividido em duas partes: 1. Parte - Economia e 2. Parte - Mtodos
quantitativos.
Dada a transdisciplinaridade dos temas abordados na parte de
Mtodos Quantitativos, optou-se por elaborar um documento
exclusivo onde as unidades tm uma abordagem mais extensa,
dotando o professor de heursticas para dar resposta s necessidades
de outras disciplinas.
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E C O N O M I AP A R T E 1
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Unidade Temtica 1 | A Economia e o Problema Econmico
1. Metas de aprendizagem
No final desta unidade temtica, o aluno:
Identifica aspetos econmicos da vida quotidiana.
Compreende a importncia da dimenso econmica no social.
Compreende a especificidade dos fenmenos sociais como fenmenos sociais totais.
Reagrupa as atividades econmicas nos grandes fenmenos econmicos: produo, distribuio, consumo e
repartio, identificando as principais funes dos agentes econmicos.
Explica as relaes que se estabelecem entre a economia e as outras cincias.
Compreende a mundializao como um novo contexto em que decorre a atividade econmica.
Compreende os conceitos econmicos fundamentais e o princpio da racionalidade econmica.
Relaciona o desenvolvimento da actividade econmica com a evoluo das necessidades.
Refere aspectos da actividade econmica, sensibilizando-se para o problema da escassez.
Problematiza a natureza cultural do conceito de necessidade.
2. Objetivos
O objetivo principal da unidade 1 do primeiro mdulo A atividade econmica e a Cincia Econmica o de
promover nos alunos a capacidade de compreender o objecto de estudo da Cincia Econmica, bem como a
dimenso econmica dos fenmenos sociais. Para isso, necessrio que os alunos compreendam a diferena
entre fenmenos sociais, naturais e econmicos. Dever ser tambm transmitida a ideia de que a realidade
econmica complexa, cujo objecto de estudo se prende com a afectao de recursos escassos satisfao de
necessidades ilimitadas.
Para compreender estas temticas necessrio que os alunos percebam que a racionalidade econmica consiste
na gesto eficaz dos recursos de modo a obter-se o mximo de benefcio. particularmente relevante que
estes avaliem as diferenas entre o escasso e o parco. Assim sendo, devero ser transmitidas aos alunos, de
preferncia com o recurso a exemplos que lhe sejam familiares, os principais conceitos relacionados com o de
escassez como o de custo de oportunidade.
Pretende-se, igualmente, que os alunos conheam as caractersticas que definem uma cincia bem como as etapas
do mtodo cientfico implementado. necessrio explicar ao aluno a complexidade de relaes econmicas que
so estabelecidas entre os vrios agentes econmicos, de que forma essas actividades se desenvolvem e quais
os principais ramos da economia que estudam cada um desses agentes/actividades. Deste modo o aluno ser
capaz de identificar com clareza os problemas microeconmicos e os problemas macroeconmicos, fazendo-lhes
corresponder devidamente os agentes intervenientes. Dever-se- recorrer a exemplos concretos, para que os
alunos consigam facilmente aplicar cada uma delas a situaes do dia-a-dia.
Por ltimo, importante transmitir a ideia sobre as questes bsicas de qualquer organizao econmica: o qu,
como e para quem. Assim o aluno ser capaz de identificar os vrios agentes econmicos e as suas principais
funes na economia, nomeadamente no circuito econmico estabelecido.8 | Economia
Economia
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3. Estrutura
3.1 Conceitos Fundamentais
Realidade social | Fenmenos Sociais | Fenmenos Econmicos | Realidade natural | Cincias Sociais
Actividade Econmica | Economia | Fenmeno Ecolgico | Realidade Econmica | Objecto de Estudo
Cincia Econmica | Problema Econmico | Escassez | Necessidade | Racionalidade Econmica | Optimizao
Escolha | Custo de Oportunidade | Mtodo Cientfico | Ramos Econmicos | Microeconomia | Macroeconomia
Circuito Econmico | Economia Normativa | Economia Positiva | Problemas Econmicos | Questes
Econmicas | Produo | Consumo | Economias Centralizadas | Economias de Mercado | Economia Mista
Agentes Econmicos | Fluxos Reais | Fluxos Monetrios
Organizados volta destes conceitos, apresentam-se, a seguir, os contedos de ensino e de aprendizagem que o
professor pode trabalhar com os alunos nesta Unidade Temtica. Estes contedos esto divididos pelos quatro
subtemas da seguinte forma:
Subtema 1 Realidade Social e Cincias Sociais
A ideia a transmitir aos alunos de que:
As relaes que os seres humanos estabelecem uns com os outros constituem a realidade social, sendo as
prticas sociais e econmicas influenciadas por vrios fatores culturais, geogrficos, morais, climticos, etc..
Existem diferenas entre a realidade natural, a realidade econmica e a realidade social, sendo, no entanto,
realidades interdependentes e que se condicionam mutuamente; A ao dos seres humanos no meio
ambiente tem aspetos negativos, podendo as consequncias dessa ao ser muito graves.
A realidade social complexa e estudada por vrias disciplinas das Cincias Sociais, em funo dos seus diferentes
aspetos, pois os fenmenos naturais, sociais e econmicos interligam-se e influenciam-se simultaneamente.
A Economia uma Cincia Social que se preocupa com a identificao e explicao dos fenmenos sociais.
Logo, as decises econmicas tm de ser tomadas tendo em considerao a dimenso social das mesmas,
dado que existe uma interdependncia entre a Economia, a Actividade Econmica e as outras dimenses da
vida humana do quotidiano.
Subtema 2 Fenmenos Sociais e Fenmenos Econmicos
Transmitir aos alunos a ideia de que:
Devido complexidade da realidade social, cada fenmeno social deve ser estudado sob diversas perspetivas:
histrica, poltica, econmica, jurdica, etc., pois cada fenmeno social um fenmeno multifacetado que
deve ser analisado partindo de pontos de vista diferentes.
Os fenmenos ecolgicos tm origem em fatores de ordem econmica e tambm os fenmenos econmicos
como a inflao e o desemprego no so fenmenos exclusivamente econmicos. O objeto de estudo da
Economia prende-se com a anlise dos fenmenos econmicos, sendo que a economia recorre estatstica
e matemtica para tratar os dados.
Dada a dificuldade em separar o objeto de estudo de quem investiga, e da forma como se o faz, a cincia
econmica , hoje, classificada como pluridimensional.
Unidade Temtica 1 | 9
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Subtema 3 Economia como cincia e o seu objeto de estudo
Transmitir aos alunos a ideia de que:
Como cincia social que , a Economia estuda a realidade social sob uma perspetiva prpria, pois cincia
econmica interessam as questes relacionadas com a produo, o consumo, a repartio de rendimentos,
a distribuio, a poupana, o investimento, a produo de riqueza, a maximizao do bem-estar, etc.
Na tentativa de perceber o problema econmico devemos ter conscincia de que uma questo levantada
ocorre de uma outra. Todos esses problemas justificam e explicam a existncia da Economia enquanto cincia.
O maior problema econmico que a economia procura estudar o da escassez. O facto de os recursos serem
escassos no significa que os mesmos existem em pequenas quantidades mas sim que tm de satisfazer
necessidades ilimitadas. A racionalidade econmica consiste na gesto eficaz dos recursos de modo a obter
o mximo de benefcio.
O objeto de estudo da economia corresponde ao estudo da afectao ptima dos recursos, de forma a
satisfazer necessidades ilimitadas, usando para isso a racionalidade econmica pois o objectivo final o da
maximizao do bem-estar dos agentes econmicos.
A escassez dos recursos face ao carcter ilimitado das necessidades obriga-nos a efectuar escolhas: a melhor
afetao possvel dos recursos. Intuitivamente acabamos por hierarquizar as nossas necessidades.
Em economia sempre que temos de fazer escolhas entre a satisfao de duas necessidades, acabamos por
ter de escolher, e ao custo da alternativa que tem de ser sacrificada para se obter um outro bem ou benefcio
designa-se por custo de oportunidade.
A Economia uma cincia por ter um objecto de estudo, conceitos, um mtodo cientfico e uma terminologia
prpria. O mtodo cientfico divide-se em 5 etapas: observao da realidade, formulao de hipteses,
experimentao e verificao das hipteses, formulao da teoria e a divulgao e validao dos resultados
comunidade cientfica.
A teoria econmica constri modelos econmicos que so instrumentos teis para representar uma realidade
sob a forma de grficos, quadros, equaes e at mesmo programas informticos.
Para a atividade econmica funcionar vrias atividades interagem, como: produo, consumo, repartio de
rendimentos, distribuio, investimento e poupana. Ao representar sobre a forma esquemtica a relao
entre os agentes econmicos e as actividades econmicas estamos a fazer a representao do circuito
econmico. Os dois ramos da economia (Microeconomia e Macroeconomia) observam, analisam e utilizam
o circuito econmico e a actividade econmica de pontos de vista diferentes.
Quando a economia observa a realidade para conhecer e medir os factos temos a perspectiva positiva da
economia. Se tenta melhorar a actividade econmica, a eficincia e os resultados dos agentes econmicos
ento temos a perspectiva normativa de abordagem da economia (refere-se ao que deveria de ser e
utilizada para efectuar julgamentos, identificar problemas e prescrever solues).
Subtema 4 A Actividade Econmica e os agentes econmicos
Transmitir aos alunos a ideia de que:
A Sociedade deve procurar utilizar os seus recursos de forma eficiente (utilizar os seus recursos de maneira a
conseguir satisfazer da melhor forma possvel as necessidades dos seus agentes econmicos).
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A economia procura responder a trs questes bsicas que constituem os trs problemas econmicos de
qualquer organizao econmica: o qu, o como e o para quem. Da forma como as sociedades respondem
a estas trs questes resultam diferentes formas de organizao econmica: economias centralizadas e
economias de mercado. Estes dois casos so extremos e no existe nenhuma economia actualmente no
Mundo que se encaixe na perfeio num destes sistemas. Na verdade as sociedades actuais esto organizadas
sobre um sistema de economia mista.
O agente econmico todo o interveniente na actividade econmica, desempenhando pelo menos uma
funo na atividade econmica com autonomia de decises. Os principais agentes econmicos so: famlias,
empresas no financeiras, o Estado ou Administrao Pblica, o Resto do Mundo e as Instituies Financeiras.
A Atividade Econmica assim o conjunto da produo, do consumo, da distribuio e da repartio de
rendimentos, indispensvel ao acto de consumir e de poupar. Ao existir poupana de rendimentos isso vai
permitir posteriormente o seu uso em investimento para que a actividade produtiva nunca pare. Os circuitos
econmicos que se estabelecem entre os vrios agentes so assim compostos por fluxos monetrios e por
fluxos reais.
3.2 Atividades de ensino-aprendizagem
As aulas devero ser planeadas com base nos conceitos que se pretendem transmitir e a forma mais adequada
de os apresentar aos alunos. O professor poder comear por explicar, por palavras suas, as ideias tericas,
recorrendo a exemplos, com os quais os alunos estejam familiarizados, para que estes consigam entender mais
facilmente os conceitos tericos discutidos. Poder ainda explorar as experincias pessoais ou prticas do dia-a-
dia dos alunos, recorrer anlise crtica de pequenos textos ou mostrar vrias imagens (com recurso a jornais,
revistas ou internet) sobre os assuntos que pretende tratar. Posteriormente poder recorrer a exerccios, de
modo a estimular a capacidade de reflexo dos alunos sobre os conceitos apreendidos.
Organizao da turma em pequenos grupos de 4 elementos. Prope-lhes que respondam s questes
colocadas. Os alunos devem discutir as respostas e, depois, um representante do grupo pode apresentar aos
restantes alunos as concluses a que chegaram.
O professor pode sugerir aos alunos que selecionem um tema e procurem em livros e em jornais referncias
ao mesmo. Ou ento, em fotografias ou imagens de revistas e jornais e discutam que temas da realidade
Timorense poderiam ser tratados a partir delas, nomeadamente no que corresponde interligao entre
fenmenos naturais, sociais e econmicos.
O professor pode sugerir aos alunos que identifiquem vrios agentes econmicos de Timor-Leste, recorrendo
a exemplos tericos, como por exemplo: o Banco Mandiri, a mercearia do Sr Jos, a Polcia Timorense, os
alunos e as suas famlias, etc..
3.2.1 Exemplos de atividades a desenvolver
Todos os exemplos de atividades a desenvolver na sala de aula neste mdulo encontram-se no manual do aluno.
So apresentadas de seguida outras ideias prticas, para as vrias tarefas propostas no manual do aluno, que
correspondem a cada um dos subtemas. Os exemplos que so aqui produzidos tm como objetivo, apenas,
fornecer um conjunto de referncias (entre outras possveis) para a organizao do trabalho na aula pelos
professores. O professor deve alertar o aluno que todas as atividades devem ser resolvidas no seu caderno dirio
e que para isso precisam de copiar para l as questes e as respostas. Unidade Temtica 1 | 11
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Exemplo de atividade no subtema 1 Realidade Social e Cincias Sociais
Depois de se ter trabalhado com os alunos a realidade social e lhes terem sido explicitados os conceitos de
fenmenos econmicos, sociais e naturais, a tarefa proposta 1 aps a leitura do texto sobre a Realidade Social da
Wikiversidade, permite alargar mais a reflexo sobre estes conceitos, colocando os alunos a identificar os vrios
fenmenos apresentados enquanto sociais ou naturais.
Aps os alunos tomarem conhecimento daquilo que distingue as cincias sociais das outras cincias e de o
professor lhes ter explicado porque que a economia uma cincia e a respetiva interligao entre a economia
e as outras cincias, o aluno estar apto a realizar a tarefa proposta 2.
Propostas de trabalho adicionais:
1) Recorrendo a exemplos prticos como por exemplo o estudo do fenmeno do desemprego, identifique de que
forma as vrias cincias estudam o mesmo.
2) Porque que os fenmenos ecolgicos podem ter origem em fenmenos econmicos? Explique com recurso
a exemplos concretos da realidade.
Exemplo de atividade no subtema 2 Fenmenos sociais e fenmenos econmicos
Tarefa que procura consolidar os conhecimentos adquiridos pelos alunos na aula sobre as diferenas e similitudes
entre fenmenos sociais e fenmenos econmicos.
Propostas de trabalho adicionais:
1) Distinga perspectiva positiva de perspectiva normativa da economia.
2) O professor pode apresentar aos alunos as duas definies de sociedade de consumo que aqui se transcrevem:
a) A sociedade de consumo a sociedade do desperdcio, do plstico e do descartvel.
b) A sociedade de consumo a sociedade em que o consumo aparece ligado a fenmenos de moda, de
endividamento e de luxo.
O professor pode solicitar aos alunos que construam uma terceira definio usando as palavras: consumo
massificado; irresponsabilidade ambiental; suprfluo; fenmenos de moda; desperdcio e irracionalidade.
Exemplo de resposta: A sociedade de consumo actualmente uma sociedade de consumo massificado aliada
irresponsabilidade ambiental em que as pessoas se deixam conduzir pelo suprfluo associado a fenmenos de
moda. Todavia isso produz desperdcio e explica a irracionalidade dos agentes.
3) O professor pode alertar os alunos para a existncia de direitos e deveres do consumidor colocando a seguinte
questo: Estabelece a relao entre direitos e deveres do consumidor tanto econmicos, como sociais, como
ecolgicos.
Resposta possvel: Os consumidores procuram bens que as empresas oferecem, mas necessitam de uma proteco
contra negcios abusivos. Para esse mesmo efeito, foram criadas instituies e leis de defesa do consumidor,
como o Instituto do Consumidor, Centros Autrquicos de Informao, Delegaes Regionais do Ambiente e
Recursos Naturais. Para alm dos direitos que dispem, os consumidores tm determinados deveres: Dever
de conscincia crtica (Questionar, emitir opinies, tomar atitudes); Dever de agir (Combater a passividade,
ser capaz de intervir); Dever de preocupao social (Ter conscincia das repercusses das nossas opes de
consumo, reconhecer grupos desfavorecidos); Dever de conscincia ambiental (Compreender as consequncias
ambientais do(s) consumo(s), e as responsabilidades pessoais e sociais na conservao dos recursos existentes);
Dever de solidariedade (Organizar, intervir, proteger e promover os interesses coletivos dos consumidores).
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Exemplo de atividade no subtema 3 Economia como Cincia e o seu Objecto de Estudo
No manual so vrias as atividades propostas para este subtema. O objetivo destas atividades que os alunos
sejam capazes de relacionar os vrios conceitos apreendidos na sala de aula com exemplos da vida real. O
professor pode complementar estas actividades pedindo aos alunos exemplos concretos de temas da economia
nacional que se inserem nas questes estudadas pela Microeconomia e pela Macroeconomia. Deve ainda
explicitar aos alunos os conceitos referidos na actividade com os quais os alunos possam no estar familiarizados,
como por exemplo o cartel.
ATIVIDADE SUPLEMENTAR 1: O professor poder apresentar aos alunos as seguintes definies de economia:
1) O objectivo da Economia conhecer como as riquezas (bens existentes em quantidade limitada) se criam,
se distribuem e se consomem. J.B. Say
2) A Economia a cincia das leis que regem a produo e a repartio dos bens materiais indispensveis
vida, na sociedade humana, nos diversos estdios da sua evoluo. Lev. Lontiev
3) A Economia a cincia do bem-estar. Marshall
4) A economia o ramo cientfico que estuda a aplicao eficiente de recursos escassos para satisfazer
necessidades virtualmente ilimitadas. Alfredo de Sousa
5) A Economia o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que
poderiam ter utilizaes alternativas, para produzir bens variados e para os distribuir para consumo, agora ou
no futuro, entre vrias pessoas e grupos da sociedade. Samuelson & Nordhaus
6) A Economia um mtodo mais do que uma doutrina, um aparato do esprito, uma tcnica de pensar que
permite ao seu possuidor atingir concluses corretas. Keynes
Dadas estas definies o professor pode solicitar aos alunos que:
a) Retirem das diversas definies de economia elementos comuns.
b) Que cada aluno proponha uma definio de economia. Que os alunos a debatam com os seus colegas.
c) Pode solicitar aos alunos que investiguem um pouco sobre estes e outros grandes economistas da histria,
em grupo ou individualmente, e que posteriormente exponham aos restantes colegas o resultado das suas
investigaes para que em conjunto consigam estabelecer uma sequncia cronolgica de economistas.
ATIVIDADE SUPLEMENTAR 2: O professor pode solicitar aos alunos que estes classifiquem as seguintes questes quanto a pertencerem ao grupo das questes abordadas pela Microeconomia ou pela Macroeconomia.
a) O efeito do aumento do rendimento na procura de um bem. (Microeconomia);
b) A diminuio do preo das matrias-primas. (Microeconomia);
c) O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). (Macroeconomia);
d) Efeito de um cartel de empresas sobre o preo do bem. (Microeconomia);
e) Evoluo do nvel geral de preos. (Macroeconomia);
f) Medidas do Governo para promover o emprego. (Macroeconomia);
g) Medidas do Governo para resolver a situao financeira de um Banco Nacional. (Microeconomia);
h) Factores que influenciam a oferta e a procura de um bem. (Microeconomia);
i) Produo, emprego, investimento e poupana nacionais. (Macroeconomia)
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Exemplo de atividade no subtema 4 A atividade econmica e os agentes econmicos
Os exemplos de atividades includos no manual do aluno neste subtema procuraram garantir que o aluno apreendeu
os conceitos bsicos relacionados com os agentes econmicos, a actividade econmica e o circuito econmico.
ATIVIDADE ADICIONAL 1 a promover pelo professor:
Acontecimentos que podem ser estudados pela Economia em Timor-Leste
Na famlia
Na comunidade
Nos jovens
Na vida do dia-a-dia
O professor pode pedir aos alunos que copiem a tabela para o seu caderno e escolham acontecimentos que
podem ser estudados pela Economia em Timor-Leste, que estejam relacionados com a famlia, a comunidade,
os jovens e a vida quotidiana. Pode depois pedir a cada aluno que diga os acontecimentos que escolheu e, no
quadro, escrever os mais citados na turma. Finalmente, importante discutir com os alunos as razes porque
consideram estes acontecimentos como os mais importantes a ser estudados pela Economia.
ATIVIDADE ADICIONAL 2: O professor pode colocar aos alunos a seguinte questo para reflexo:
Cabe aos economistas interpretar e apresentar solues para as crises. Mas as crises econmicas (como a crise
financeira internacional) por vezes prolongam-se, sem resoluo. Porqu?
Quatro hipteses para discusso:
1 As sociedades e os sistemas produtivos so conjuntos envolvendo milhes de agentes, actuando de forma
descontrolada e fora do poder e das medidas dos economistas;
2 Os economistas cometem graves erros de interpretao ou de poltica econmica;
3 Por vezes as sociedades e os sistemas produtivos so como certos organismos e pessoas. Esto demasiado doentes, e os economistas, tal como os mdicos, nada podem fazer;
4 H demasiada subjetividade e irracionalidade nas decises do universo de sujeitos econmicos que compem
as sociedades e as economias atuais.
3.2.2 Recursos necessrios
Os recursos didticos necessrios para o apoio aos professores e alunos nesta unidade temtica dependem do que
j existe nas escolas e, em alguns casos, podem ser partilhados com as outras disciplinas. Em termos mnimos, seria
importante que professores e alunos pudessem dispor de uma pequena seco de biblioteca com um conjunto de
livros e documentos de divulgao da Economia, de alguma documentao publicada por organismos internacionais
e de imprensa timorense. Para as actividades sugeridas so necessrios os seguintes materiais: caderno, lpis,
jornais, revistas, livros, e se possvel a internet. Por fim, embora no se trate de uma necessidade urgente, o
apoio didtico de alguns recursos multimdia (televiso, gravador CD) e computador para acesso internet seria
pertinente para tornar o ensino e a aprendizagem na disciplina mais motivador. igualmente desejvel que as aulas
de Economia decorram em sala prpria, com armrio para guardar o material necessrio, e equipada (ou que seja,
sempre que necessrio e possvel, equipada), para alm dos tradicionais quadro e giz, com retroprojetor e ecr,
televiso e leitor de vdeo, projector de diapositivos, computador com ligao Internet e material multimdia.
14 | Economia
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2.1. O Agente econmico
a) Um mero interveniente na economia;
b) Uma entidade que coordena a actividade econmica;
c) Quem intervm na actividade econmica
e desempenha pelo menos uma funo com
autonomia de deciso;
d) Aquele que s consome e produz.
2.2. Em qualquer pas desenvolvem-se as seguintes
actividades econmicas:
a) Produo, consumo, distribuio, repartio de
rendimentos, investimento e poupana;
b) Produo, distribuio e investimento;
c) Produo, consumo e distribuio de rendimentos;
d) Poupana e Investimento.
2.3. Como agentes econmicos consideram-se:
a) Famlias, Estado e Resto do Mundo;
b) Famlias, Empresas, Instituies Financeiras e
Administrao Pblica;
c) Empresas, Particulares, Resto do Mundo,
Administrao pblica, Sociedades Financeiras e
Sociedades no Financeiras;
d) Particulares, Sociedades Financeiras e no
Financeiras, Resto do Mundo, Administrao Pblica
e Instituies sem fins lucrativos.
2.4. O custo de oportunidade...
a) Resulta da falta de opes na escolha de um recurso
para a satisfao de uma necessidade.
b) Resulta da necessidade de se fazer escolhas, entre
recursos ilimitados com vrios usos alternativos.
c) Representa o sacrifcio da melhor alternativa
deixada por satisfazer, resultante de uma escolha,
em que dada prioridade a outra necessidade.
d) Representa a oportunidade que uma empresa tem
de aumentar a sua margem bruta.
3.3 Aulas previstas
Para este mdulo esto previstas 8 aulas, de 2 horas cada (80 minutos).
4. Propostas de avaliao
Parte I
1. Diga se considera verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmaes:
a) As questes econmicas afetam a vida das pessoas. V
b) A cincia econmica preocupa-se com o bem-estar e com o progresso. V
c) Se no houvesse escassez, a cincia econmica no existia. V
d) A Economia no est numa situao de interdependncia com outras cincias sociais. F
e) A escassez no um problema dramtico na sociedade. F
f) Os fenmenos econmicos podem ser agrupados em: produo, distribuio, repartio e consumo. V
g) Os fenmenos econmicos constituem apenas um dos aspetos da realidade social. V
h) A Economia procura explicar os fenmenos econmicos sem recorrer ao mtodo cientfico. F
2. Escolha a alternativa mais correta.
Unidade Temtica 1 | 15
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Parte II
1. Leia a seguinte definio:
A economia a cincia que estuda as formas de comportamento humano resultantes da relao
existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a
usos alternativos.
(ROSSETTI, 1977. p. 52)
a) A economia uma cincia e como tal tem um objecto de estudo. Explique qual o objecto de estudo da
cincia econmica. Refira, nomeadamente, a importncia econmica dos conceitos de escassez e escolha.
b) Explique o que se entende por agente econmico.
c) As relaes econmicas estabelecidas entre os diversos agentes podem ser representadas atravs do circuito
econmico. Defina o que se entende por circuito econmico. Aproveite para definir e distinguir Fluxo Real de
Fluxo Monetrio.
2.5. O problema econmico deriva...
a) Do custo de oportunidade.
b) Da necessidade de se optar entre recursos
limitados com vrios usos alternativos.
c) Do dfice da Balana Comercial.
d) Da utilizao indevida dos recursos naturais.
2.6. O Sr. Antunes, Presidente da Junta de Freguesia,
pertence ao agente econmico...
a) Famlias.
b) Administrao Pblica.
c) Instituies Sem Fins Lucrativos.
d) Instituies financeiras.
2.7. A caracterstica de que os bens se revestem para
estarem aptos a satisfazer necessidades ...
a) A escassez;
b) A racionalidade;
c) A utilidade;
d) A multiplicidade.
2.8. Em economia necessrio fazer escolhas porque...
a) Se deve poupar.
b) Os recursos so escassos.
c) Nem todos os bens tm as mesmas caractersticas.
d) Os recursos so dispendiosos.
2.9. O problema econmico resulta...
a) Da escassez de bens capazes de satisfazer um
conjunto ilimitado de necessidades.
b) Dos diferentes nveis de desenvolvimento dos pases.
c) Da escassez de bens capazes de satisfazer um
conjunto limitado de necessidades.
d) Da desigualdade na repartio dos rendimentos.
2.10. O conjunto de fenmenos sociais que podem ser
observados numa sociedade em cada momento constitui...
a) Um fenmeno social total;
b) A realidade social;
c) Um Estado;
d) Uma nao.
16 | Economia
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2. Responda s seguintes questes:
a) Diga o que entende por custo de oportunidade.
b) Em que consiste o princpio da racionalidade.
c) D exemplos de custos de oportunidade estudados pela Microeconomia e pela Macroeconomia. R: Pela Micro,
por exemplo, escolhe-se entre produzir o bem X ou o bem Y, sendo o custo de oportunidade as vendas perdidas
pelo bem que se deixou de produzir. Pela Macro, por exemplo, estuda-se escolhas como construir uma ponte/
estrada e uma instituio de solidariedade social, sendo o custo de oportunidade o benefcio populao que se
perde por se estar a escolher fazer um em vez do outro.
3. Leia o seguinte texto com ateno para conseguir responder s questes que lhe so colocadas de seguida.
A tomada efetiva de decises de escolha nem sempre fcil, como sabemos, especialmente quando envolve
coletividades. Diferentes pessoas tm opinies e interesses distintos; a escolha nesse caso envolve uma
compatibilizao de diferentes objetivos, ou distintos juzos de valor (ou juzos morais, como na citao
que vai na epgrafe deste texto). Isso pertence ao campo da chamada Economia normativa. Por outro
lado, enquanto fazem teorias para explicar a realidade, analisar e explicar os fenmenos econmicos tais
como so, os economistas esto no campo da chamada Economia positiva.
http://introducaoaeconomia.files.wordpress.com/2011/08/texto-2-introduc3a7c3a3o-c3a0-economia-2011.pdf
i. Distinga Economia normativa de Economia positiva.
ii. Imagine que voc leia uma notcia que diz: o preo do feijo subiu 15% nos ltimos trs meses, o que pode ser
atribudo reduo da produo pela escassez de chuvas nas reas produtoras. Esta notcia insere-se no campo
da Economia normativa ou positiva?
iii. Quais as questes bsicas colocadas pela cincia econmica?
iv. O que entende por fenmenos econmicos?
v. Utilizando o exemplo do aumento generalizado dos preos dos bens, ou seja, a inflao, explique porque que
fenmenos como este no so exclusivamente fenmenos econmicos.
4. De acordo com as seguintes funes desempenhadas, identifique os agentes econmicos:
a) Produo de bens e servios no financeiros. Empresas no financeiras
b) Prestao de servios financeiros. Instituies financeiras
c) Garantir a satisfao das necessidades coletivas. Administrao pblica
d) Consumo e poupana. Famlias
e) Prestao de servios sem fins lucrativos, como os Bombeiros. Instituies sem fins lucrativos
f) Relaes econmicas com residentes. Resto do Mundo
Unidade Temtica 1 | 17
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Unidade Temtica 3 | Aspetos Fundamentais da Atividade Econmica
1. Metas de aprendizagem
No final desta unidade temtica, o aluno:
Relaciona o desenvolvimento da actividade econmica com a evoluo e caractersticas das necessidades, relacionando o problema da escassez com o conceito de necessidade.
Explica o papel do consumidor na dinamizao da actividade econmica.
Explica a noo de estrutura de consumo, tipos de consumo e identifica os fatores econmicos de que depende o consumo: rendimento, preos e inovao tecnolgica.
D uma noo concreta de utilidade total e marginal, tal como enuncia a lei de Engel e a lei da utilidade marginal decrescente.
Distingue bens livres de bens econmicos, caracterizando os diferentes tipos de bens econmicos, estando desperto para a interveno e para a mudana de comportamentos.
Explica o conceito de produo, caracteriza os factores de produo e o processo produtivo, caracterizando os sectores da actividade econmica.
Classifica os diferentes tipos de capital, justificando a necessidade de capital na actividade produtiva.
Descreve a composio da populao activa, calculando as taxas de atividade e de desemprego, bem como interpretando os seus valores.
Distingue os diversos tipos de produtividade e de custos de produo, calculando-os. Interpreta representaes grficas de custos, produtividade e utilidade.
Compreende a importncia da combinao ptima dos fatores de produo, identificando custos e benefcios do desenvolvimento tecnolgico.
Refere as causas do desemprego, identifica os tipos de desemprego e relaciona o mesmo com os problemas sociais da decorrentes.
Explica a funo de produo e enuncia a lei dos rendimentos decrescentes.
Caracteriza as economias e as deseconomias de escala.
Relaciona o desenvolvimento tecnolgico com a terciarizao da economia.
Define o conceito econmico de mercado, diferenciando procura individual de procura agregada.
Relaciona procura e preo, enuncia a lei da procura e representa graficamente a curva da procura.
Relaciona analtica e graficamente as deslocaes da curva da procura com as alteraes nos seus determinantes, sabendo identificar os determinantes dessa curva da procura.
Compreende o conceito de elasticidade e calcula-o.
Diferencia oferta individual de oferta agregada, relacionando oferta e preo, enuncia a lei da oferta e representa graficamente a curva da oferta.
Identifica as determinantes da oferta e representa graficamente as suas deslocaes derivadas da alterao das determinantes.
Expe o funcionamento do mecanismo de mercado e Interpreta o significado de ponto de equilbrio.
Representa graficamente a curva da oferta e a curva da procura e o equilbrio de mercado, conseguindo determinar analtica e graficamente o preo e a quantidade de equilbrio de mercado.
Identifica situaes de escassez e excesso no mercado resultantes das alteraes das determinantes, simultnea ou individualmente.
Relaciona a evoluo das formas de mercado com o mecanismo da concentrao de empresas.
Indica os pressupostos tericos do modelo de concorrncia perfeita, distingue concorrncia perfeita de monoplio, conseguindo caracterizar os diferentes tipos de mercado.18 | Economia
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2. Objetivos
O objetivo principal da unidade temtica 2 do terceiro mdulo Aspetos Fundamentais da Atividade Econmica
o de analisar o fenmeno do consumo e da produo e da sua importncia na atividade econmica, bem como
a relao estabelecida entre o consumo e a produo na anlise dos mercados. Promovendo o desenvolvimento
da capacidade de abstrao e de representao de fenmenos reais apresenta-se num capitulo inicial o estudo
de funes (polinomiais, exponenciais e racionais) dada a sua importncia na anlise econmica.
A temtica do consumo suscita diversas reflexes, nomeadamente ao nvel da definio do consumo, da
apresentao do conceito de necessidade, da explicitao dos fatores que determinam o consumo, e da
explicitao da evoluo das necessidades e do consumo, para aquilo que hoje conhecemos como a sociedade de
consumo. Deste modo, o fenmeno do consumo deve de ser analisado nas suas dimenses sociais e econmicas,
no se podendo compreender o mesmo sem o articular com a anlise do comportamento dos consumidores.
Com efeito, as escolhas dos consumidores podem ter consequncias a diversos nveis, nomeadamente a nvel
econmico, social, poltico, ambiental, etc.
Para desenvolver a compreenso destas temticas necessrio que os alunos compreendam que a racionalidade
econmica consiste na gesto eficaz dos recursos de modo a obter-se o mximo de benefcio. Pegando nos
conceitos apreendidos na parte introdutria do manual do aluno, sabemos que o objetivo essencial da atividade
econmica consiste na satisfao de necessidades ilimitadas com um conjunto de recursos que so escassos.
Todavia, sabendo que a maior parte das necessidades no so satisfeitas pela Natureza, a produo de bens
que permitam satisfazer as necessidades constitui o motor de todo o mecanismo econmico. particularmente
relevante que os alunos tomem ainda conscincia de que para produzir bens e servios necessrio reunir vrios
elementos que em Economia se designam por fatores de produo. Assim sendo, devero ser transmitidos aos
alunos, de preferncia com o recurso a exemplos que lhe sejam familiares, os principais conceitos relacionados
com o de consumo e de produo.
Alm destes objetivos, o estudo desta unidade temtica dever permitir, igualmente, que os alunos conheam as
caractersticas que definem um mercado. necessrio explicar ao aluno a complexidade de relaes econmicas
que so estabelecidas entre os vrios agentes econmicos e de que forma essas atividades se desenvolvem. O
aluno dever consciencializar-se de que o mercado o lugar de encontro entre o que deseja comprar (procura)
e o que deseja vender (oferta), onde se realizam as trocas de bens para a satisfao de necessidades. Mas
num mercado interagem diversos elementos como a oferta, a procura, a moeda, as quantidades e o preo,
que quando coordenado da melhor forma do origem ao equilbrio de mercado. O mercado assegurar, assim,
graas ao mecanismo dos preos, o equilbrio entre a produo e a procura. Todavia, podem sempre existir
desvios a este equilbrio quando as condicionantes da procura ou/e da oferta afetam o mesmo. Por isso o aluno
deve ter noo de que uma situao de equilbrio inicial poder originar situaes de escassez ou de excesso no
mercado em momentos posteriores.
Por ltimo, o aluno dever ser capaz tambm de identificar com clareza os diferentes tipos de mercado que
existem, nomeadamente conseguindo distingui-los a partir do nmero de elementos que intervm nesse
mesmo mercado (concorrncia perfeita vs monoplio). Dever-se- para isso recorrer a exemplos concretos,
para que os alunos consigam facilmente relacionar cada uma dessas estruturas de mercado a situaes do
dia-a-dia do seu pas.
Unidade Temtica 3 | 19
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3. Estrutura
3.1. Conceitos
Necessidade | Consumo | Satisfao | Multiplicidade | Saciabilidade | Substituibilidade | Bens ou Servios | Produtos
Tipos Consumo e Bens | Padres de Consumo | Factores da Procura | Utilidade |Curva de Indiferena | Taxa Marginal
de Substituio (TMS) | Restrio Oramental | Ponto timo de Consumo Bens Produo | Actividade Produtiva
Factores de Produo | Produo | Sectores de Actividade Econmica | Tipos de Indstria | Recurso Naturais | Trabalho
Populao Activa | Populao Inativa | Taxa de Atividade | Tipos de Desemprego | Causas de Desemprego | Polticas
Desemprego | Capital | Tipos de Capital | Caractersticas dos Fatores de Produo | Funo de Produo | Produtividade
Fronteira de Possibilidades de Produo | Pleno Emprego | Produtividade Total, Mdia e Marginal | Produto per capita
Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes | Custos Fixos | Custos Variveis | Custos Totais | Custo Mdio | Custo
Marginal | Lei das Economias de Escala | Deseconomias de Escala | Curva da Oferta | Isoquantas | Isocusto | Ponto timo
de Produo | Taxa Marginal de Substituio Tcnica (TMST) | Receita Total | Lucro Total | Mercado | Tipos de Mercado
Formas de Mercado | Concorrncia Perfeita | Concorrncia Imperfeita | Monoplio | Concorrncia Monopolstica
Oligoplio | Cartel | Procura Agregada | Lei da Procura | Oferta Agregada | Lei da Oferta | Fatores da Oferta | Equilbrio
de Mercado | Mecanismo de Mercado | Concentrao Empresarial | Fuso | Aquisio | Excedente do Consumidor
Excedente do Produtor | Excedente Econmico | Elasticidade Procura Preo | Elasticidade Procura Preo Cruzada
Elasticidade Procura Rendimento
Organizados volta destes conceitos, apresentam-se, a seguir, os contedos de ensino e de aprendizagem que o
professor pode trabalhar com os alunos nesta Unidade Temtica. Estes contedos esto divididos pelos quatro
subtemas da seguinte forma:
Subtema 2 Consumo e Satisfao das Necessidades
Transmitir aos alunos a ideia de que:
Uma necessidade um estado de carncia sentido pelos indivduos que preciso satisfazer atravs do
consumo dos bens. A questo das necessidades assume particular importncia no mbito econmico pois
so mltiplas e virtualmente infinitas, apresentando como caractersticas: a multiplicidade; a saciabilidade;
a susceptibilidade de hierarquizao; e a substituibilidade.
As necessidades podem ser classificadas de acordo com diferentes critrios como a sua importncia,
o seu custo e a sua abrangncia. Relativamente importncia podemos sentir necessidades primrias,
secundrias, e tercirias. Se existem necessidades que para a sua satisfao precisamos de despender
moeda (econmicas) outras existem que ainda podemos satisfazer sem que para isso precisemos de pagar
um preo (no econmicas, como o ar, ou seja, os designados bens livres). Tambm todos ns sentimos
necessidades individuais e necessidades colectivas.
Para satisfazer as nossas necessidades utilizamos bens e/ou servios. O conjunto de bens e servios
designado por produtos. Se h necessidades que se satisfazem com a utilizao directa de bens materiais
(os bens - alimentao, vesturio), outras h que se satisfazem com o exerccio de determinadas funes
(bens imateriais ou servios consulta mdica).
No caso dos bens econmicos podemos distinguir vrios tipos de bens de acordo com: o tipo de funo,
a propriedade, o rendimento, a durao e a relao entre esses bens. Relativamente funo que
desempenham, podemos classificar os bens enquanto bens de consumo (os que satisfazem as nossas
necessidades imediatas) ou bens de produo (destinados produo de outros bens).
20 | Economia
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Os bens de produo podem-se subdividir em matrias-primas (exemplo: farinha), matrias subsidirias
(exemplo: sal, gua, eletricidade) e bens de equipamento (exemplo: mquina para amassar o po). As
matrias-primas e as matrias subsidirias podem ser utilizadas no processo de fabrico de outros bens e por
isso so designadas por consumos intermdios. No exemplo do padeiro, o po ser um bem de consumo final.
Os bens podem ter uma propriedade individual (bens privados) por serem produzidos com o intuito de
serem utilizados privadamente como a alimentao, ou ter uma propriedade coletiva (bens pblicos) pois
destinam-se a ser utilizados por todos (exemplo: recolha de lixo no caso dos servios, ou usufruir de
um jardim pblico). Como estes bens pblicos no podem ser comprados ou vendidos num mercado
necessria a interveno do Estado para que os mesmos sejam produzidos ou para estimular a oferta
deste tipo de bens.
Pelo critrio do rendimento podemos ter bens normais, superiores ou inferiores, existindo ainda bens no
duradouros e duradouros. Existem ainda bens que se relacionam com outros bens: bens substitutos ou
fungveis, bens sucedneos ou bens complementares (complementaridade horizontal ou vertical).
O consumo implica utilizar um bem ou servio com vista satisfao de uma necessidade e que por isso
representa a atividade econmica que d utilidade aos bens produzidos. O consumo classifica-se de acordo
com a abrangncia, a funo, a natureza do agente e a natureza da necessidade: os individuais (realizado
por cada um de ns), os coletivos (realizados pela coletividade dos agentes da sociedade), os suprfluos
(ou de luxo, desnecessrios), os essenciais (ou de primeira necessidade), os finais (consumo de bens e
servios pelas famlias), os intermdios (para serem utilizados no processo produtivo de outros bens e
servios), o privado (consumo dos particulares) e o pblico (consumo do Estado ou da Administrao
Interna).
Sendo as necessidades ilimitadas e os bens e servios para a sua satisfao limitados, necessrio que os
indivduos faam escolhas, ou seja, estabeleam o seu padro de consumo, que depende dessas escolhas.
Todavia, este padro de consumo pode ser influenciado por fatores econmicos (preo, rendimento,
crdito, preo dos outros bens, inovao tecnolgica, etc.) e por fatores socioculturais (idade, sexo,
publicidade, moda, localizao geogrfica, cultura dos povos, etc.).
Ao estudar os padres de consumo das famlias em relao ao seu rendimento, Ernst Engel concluiu que
medida que o rendimento aumentava, diminua a percentagem de rendimento disponvel (remunerao
auferida pelos particulares que serve para consumir e poupar) total gasta em bens de primeira necessidade
(lei de Engel). O clculo do Coeficiente Oramental permite obter a percentagem de uma classe de despesas
de consumo em relao ao total das despesas de uma famlia ou de um agrupamento social.
A inovao tecnolgica e o desenvolvimento econmico permitiram a produo em massa, originando
a sociedade de consumo, com vantagens, pois pode-se consumir mais a um preo mais competitivo,
mas com desvantagens tambm, pois esgota recursos e a oferta exagerada. Dentro da sociedade de
consumo podemos distinguir o consumismo do consumerismo, correspondendo este ltimo a um ato de
Responsabilidade Social estando relacionado com o conceito de consumo sustentvel.
possvel medir a satisfao de um indivduo atravs da utilidade, sendo esta a satisfao ou o prazer
obtido pelo consumidor quando efetua consumo de um determinado tipo de bem. No sendo fcil medir a
utilidade, dado o grau de subjectividade adjacente (varia de pessoa para pessoa), sempre possvel ordenar
os bens por ordem de preferncia. Assim, pode-se distinguir entre utilidade inicial, utilidade total e utilidade
marginal. No ponto de saturao ou saciedade a utilidade total mxima, sendo a utilidade marginal nula.
Unidade Temtica 3 | 21
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O conceito de paradoxo do valor est relacionado com a escassez de bens. Logo, o preo dos bens
abundantes (gua) baixo, mas elevado para os bens escassos (diamantes).
O consumidor consome bens diferentes baseando-se nas suas prprias preferncias, sendo possvel
representar as relaes de preferncias atravs das curvas de indiferena, que so negativamente
inclinadas e convexas em relao origem devido lei da substituio. Por esta lei, medida que aumenta
a quantidade consumida de um cabaz de bens menor ser o seu rcio de substituio, ou inclinao da
curva de indiferena.
Esta relao de troca entre dois bens numa curva de indiferena designa-se por Taxa Marginal de
Substituio (TMS), sendo o declive da curva de indiferena ou o rcio que permite calcular a taxa a que
um consumidor est disposto a trocar um determinado bem pelo outro, mantendo constante o seu nvel
de satisfao. Analiticamente obtm-se atravs do rcio das utilidades marginais ou pelo rcio de variao
das unidades consumidas entre dois cabazes.
O consumidor maximiza a utilidade total na curva de indiferena de maior utilidade mas est condicionado
a um rendimento. A restrio oramental (RO) representa o lugar geomtrico dos cabazes que podem ser
adquiridos se todo o rendimento do consumidor for gasto nos mesmos. Ao conjunto de cabazes que podem
ser adquiridos pelo consumidor num dado momento, gastando parcial ou totalmente o seu rendimento
designa-se por conjunto de possibilidades de consumo.
O ponto ptimo de consumo corresponde ao ponto em que o declive da curva de indiferena (TMS)
igual ao declive da restrio oramental (ou seja, o rcio dos preos dos bens/cabazes de consumo). A lei
do consumo ptimo diz-nos que numa curva de utilidade marginal, por uma unidade monetria gasta na
aquisio de cada bem ou servio, o ponto ptimo corresponde ao nvel de consumo em que a utilidade
marginal do bem ou servio dividida pelo seu preo a mesma.
Ao variar o rendimento a restrio oramental desloca-se paralelamente para fora (se R aumentar) ou
para dentro (se R diminuir). Se variar o preo do bem do eixo dos XX, a RO sofre uma rotao sobre este
eixo, rodando para fora se o preo do bem X diminuir ou para dentro se o preo do bem X aumentar; neste
caso o ponto mximo de consumo do bem Y mantm-se. Se variar o preo do bem do eixo dos YY, a RO
sofre uma rotao sobre este eixo, rodando para fora se o preo do bem Y diminuir ou para dentro se o
preo do bem Y aumentar; neste caso o ponto mximo de consumo do bem X mantm-se.
Subtema 3 Produo de Bens e Servios e Factores de Produo
Transmitir aos alunos a ideia de que:
Os bens de produo so utilizados pelas empresas na produo de outros bens, podendo ser classificados
de acordo com a sua raridade enquanto bens livres e bens econmicos.
Estes bens de produo dividem-se em matrias-primas (bens incorporados no produto final), em bens de
equipamento (mquinas e ferramentas utilizadas durante o processo de fabrico de matrias) e nas matrias
subsidirias (as consumidas durante a produo no se integrando no produto final). Tambm podemos ter
bens de produo econmicos duradouros (bem que perdura aps mais do que uma utilizao) e bens no
duradouros (bens cuja durao limitada, ou seja, s passvel de uma nica utilizao). Tambm nos bens de
produo podemos distinguir os bens substitutos ou fungveis, dos bens sucedneos e dos complementares.
A atividade produtiva consiste na combinao dos diferentes componentes que intervm no processo
produtivo para obter os bens e servios que posteriormente vo satisfazer necessidades de consumo (atravs
22 | Economia
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dos bens finais). Ao conjunto dos ingredientes, equipamentos, instalaes e mo-de-obra utilizados durante
a atividade produtiva designamos por fatores de produo.
A produo uma atividade que combina estes diversos fatores de produo permitindo a criao de bens
e servios para a satisfao das necessidades individuais e coletivas, constituindo o fulcro da atividade
econmica. Por processo produtivo entende-se a sequncia de etapas atravs das quais as matrias-primas
so transformadas em produtos finais, sendo repetido de forma continuada.
Um sector de actividade econmica um conjunto de atividades que apresentam caractersticas comuns.
Podemos dividir as atividades produtivas em trs setores distintos: No setor primrio incluem-se as atividades
relacionadas com os recursos naturais como a extrao de produtos do mar, do solo e do subsolo (agricultura,
pesca, pecuria, silvicultura e indstria extrativa). No setor secundrio temos as indstrias transformadoras,
que transformam as matrias-primas do setor primrio em produtos finais (indstria extrativa com produo
associada, indstria de construo e a transformadora). J o setor tercirio corresponde s atividades
relacionadas com a prestao de servios (comrcio, bancos, transportes, seguros, comunicao social,
educao, defesa, turismo, administrao pblica, justia, etc.).
No setor secundrio fazem-se distines entre indstrias. Com base no investimento necessrio para a sua
montagem e o nmero de postos de trabalho podemos distinguir entre indstrias ligeiras (as trabalho-
intensivas; exemplos: vesturio, calado, eletrodomsticos, alimentao, ) e indstrias pesadas (as capital-
intensivas; exemplos: metalurgia, cimento, construo naval, energia, metalomecnica, ). Tendo em
considerao a natureza da tecnologia utilizada, temos as indstrias tradicionais (utilizadoras de tecnologias
arcaicas) e as indstrias modernas (com tecnologia de ponta).
A classificao da atividade econmica em termos setoriais permite: ter uma perspectiva da importncia de
cada setor de atividade na economia; verificar o contributo de cada setor para a realizao do produto; analisar
a evoluo quantitativa e qualitativa da economia para inferir sobre os ramos de atividade mais dinmicos;
efetuar comparaes com outros pases para situar a economia em anlise no contexto econmico internacional.
Falar de produo falar da forma de organizao da atividade produtiva permitindo uma fcil comparao
no tempo e no espao. Todos os setores de atividade econmica do um contributo para o crescimento do
produto interno bruto (PIB) de um pas, sendo o PIB a forma de quantificar o volume de produo total que
efetuada numa economia. Corresponde soma dos valores acrescentados brutos (VAB) das unidades de
produo de uma dada economia.
Para conseguirmos obter os bens indispensveis satisfao das nossas necessidades precisamos de deter
um conjunto de meios que o permitam. Os fatores de produo so os elementos indispensveis produo
de bens e servios e dividem-se nos fatores trabalho, capital e recursos naturais.
Os recursos naturais so os bens que a natureza oferece ao ser humano, que se dividem em recursos renovveis
(no se esgotam sendo a natureza a responsvel pela sua reposio) e em recursos no renovveis (que se
esgotam e tendem a desaparecer devido ao consumo dos mesmos pelo Homem). O desenvolvimento da
atividade econmica permitiu o crescimento populacional, mas a incessante busca de bem-estar por parte
do Homem acabou por criar uma presso sobre os recursos naturais, acelerando o esgotamento dos recursos
no renovveis e a degradao dos renovveis (a poluio atmosfrica e aqutica). Da que a produo exija
responsabilidade no s em termos econmicos e sociais como tambm em termos ambientais.
O trabalho toda a atividade fsica ou intelectual remunerada e que realizada com uma finalidade
econmica. J a fora de trabalho consiste na capacidade do Homem para trabalhar, permitindo assim a
produo de bens e servios necessrios satisfao das suas necessidades de consumo. Um exemplo tpico
da fora de trabalho a mo-de-obra.
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Dada a multiplicidade de tarefas desempenhadas pelo Homem podemos considerar vrias formas de trabalho:
simples; complexo; manual; intelectual; direto; indireto; execuo; direo; e de inovao. Esta diversidade
de trabalhos exige meios diferentes, realizando-se em condies especficas, em lugares determinados e
exigindo conhecimentos diversificados que conduzem especializao.
Com a evoluo da sociedade ocorreu a evoluo dos processos produtivos e a evoluo das formas de
trabalho, acompanhando a inovao tecnolgica. A nvel do trabalho existe uma diviso natural do trabalho,
se falarmos da diviso de tarefas em funo do sexo e da idade, e uma diviso social do trabalho, se falarmos
da repartio das tarefas do processo produtivo por profisses.
O desenvolvimento tecnolgico permitiu o aumento da produo, a reduo dos custos e um aumento
da eficincia do processo produtivo, tendo tambm conduzido reduo da criatividade e do esprito de
iniciativa, desmotivao profissional, ao aparecimento de doenas especficas e ao desemprego tecnolgico.
Inclui-se na populao ativa os empregados, os desempregados e os que esto a cumprir o servio militar
obrigatrio, ou seja formada pelos indivduos que tm um emprego ou uma ocupao remunerada e os
que possuindo capacidade para trabalhar o no fazem por motivos fortuitos. A populao inativa toda a
populao residente que no ativa e constituda pelos reformados e pensionistas, as crianas e os jovens na
escolaridade obrigatria, os deficientes e invlidos, as donas de casa, os idosos, entre outros de caractersticas
semelhantes.
Para conhecer a situao de uma populao face atividade produtiva usual calcular-se a taxa de atividade
que nos diz a percentagem de populao residente num pas com capacidade para o exerccio de uma
atividade remunerada. A taxa de atividade depende de inmeros fatores como a taxa de natalidade, o
nvel de escolaridade obrigatria, a idade da reforma, o estatuto social de certas atividades, a tradio, as
convenes sociais relativamente ao trabalho feminino em certos pases, entre muitos outros.
Na taxa de atividade est contida a populao desempregada, pelo que para um conhecimento concreto da
situao do trabalho e conhecimento mais objetivo de uma populao em termos econmicos temos que
considerar os valores e as causas do desemprego, bem como calcular a respetiva taxa de desemprego.
O desemprego a situao de inatividade forada da mo-de-obra, isto , abrange os indivduos que
gostariam de encontrar um emprego e que no conseguem arranjar nenhum. A taxa de desemprego indica
a percentagem de desempregados em relao ao total da populao ativa.
Temos duas causas fundamentais do desemprego: estruturais em que o desemprego surge em resultado
de alteraes estruturais da economia; e conjunturais em que o desemprego surge em consequncia de
variaes mais ou menos longas, mas passageiras, das condies do mercado. Mas, so vrios os tipos de
desemprego que ocorrem: tecnolgico; cclico; repetitivo; de longa durao; sazonal; voluntrio.
No plano econmico, os efeitos do desemprego so diferentes, consoante este seja ou no indemnizado pela
sociedade (subsdio de desemprego): constitui um encargo para a sociedade, pode provocar a subida dos
preos e pode levar ao surgimento de um mercado negro de trabalho.
Cabe ao Estado promover polticas ativas de empregabilidade atravs da implementao de medidas
de preveno e de ativao de emprego e incluso social: fomentar a formao profissional dos jovens
(estgios profissionais), fomentar a formao profissional para desempregados, apoiar a criao do prprio
emprego, medidas de promoo das aprendizagens ao longo da vida e medidas de combate desigualdade
de oportunidades de que certos grupos sociais (ex. mulheres) so vtimas.
A distribuio da populao ativa pelos setores de atividade econmica permite avaliar o grau de
desenvolvimento de um pas. Se houver transferncia da populao ativa do setor primrio para o
secundrio ou tercirio ocorre desenvolvimento econmico, se ocorrer a situao oposta dizemos que
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um pas se encontra numa situao de atraso. Pode ocorrer transferncia entre setores se existir inovao
tecnolgica.
Para alm dos recursos naturais e do trabalho, ainda existe o capital, que engloba os meios de trabalho e os
objectos de trabalho, ou seja, os meios de produo. Distingue-se de riqueza (posse dos proprietrios), pois
a riqueza s capital se estiver ao servio do processo produtivo. So diversos os tipos de capital existentes:
o capital tcnico que se divide em capital circulante e em capital fixo; o capital financeiro que se divide em
capital prprio e em capital alheio; o capital humano; e o capital natural.
Para que no ocorram falhas no abastecimento de capital circulante, e para compensar o desgaste do capital
fixo, necessrio existir riqueza suficiente para substituir os instrumentos de produo quando necessrio,
mas para isso necessrio que haja poupana e investimento.
aplicao de poupana em bens de produo, o investimento, designa-se por formao de capital e desta
dependem as geraes futuras. A formao de capital representa uma renncia produo atual de bens
de consumo imediato, sendo simultaneamente a possibilidade de aumentar a respetiva produo no futuro,
uma vez que se destina a manter e aumentar a capacidade produtiva da economia.
O nvel de investimento ou o valor da poupana aplicada em meios de produo influencia o nvel de
desenvolvimento econmico. Numa economia regressiva existe descapitalizao pois h consumo de toda
a produo realizada e no se substitui o capital que se vai desgastando no decorrer da atividade produtiva,
diminuindo a capacidade produtiva ao longo do tempo. Nas economias estacionrias o valor do consumo
no atinge o valor da produo sendo o diferencial aplicado na reposio do capital que se desgastou,
e neste caso o capital no fim do perodo considerado tem o mesmo valor que no incio, mantendo-se a
capacidade produtiva da economia. Nas economias progressivas o capital tem um valor superior ao que
tinha no momento inicial, tendo a produo um valor superior ao consumo efetuado, possibilitando a
reposio do capital desgastado e a formao de um novo capital que aumenta a capacidade produtiva
da economia.
Para alm da combinao de fatores de produo precisamos tambm de tecnologia para produzir. Para
as empresas serem eficientes devem utilizar de forma eficiente os fatores produtivos o que obriga a uma
substituibilidade, mas nem todos os fatores de produo podem ser substitudos no mesmo espao de tempo
pois isso depende se estamos a falar do curto prazo (at um ano) ou do longo prazo (superior a um ano).
A relao representativa desta combinao de fatores produtivos e as quantidades produtivas expressa
pela funo de produo, que exprime a relao existente entre a produo final e os fatores produtivos
utilizados durante o processo produtivo. Esta combinao de fatores produtivos pode ser representada
graficamente, sendo a eficincia da combinao dos fatores produtivos medida atravs da produtividade.
Ao falarmos de funo de produo para uma economia temos de levantar questes como a capacidade
de produo total. A economia precisa de tomar decises de produo de acordo com os recursos que tem
disponveis e ao utilizar todos os recursos ao dispor consegue produzir o mximo, estando por isso situada
sobre a sua fronteira de possibilidades de produo (FPP). A FPP representa as alternativas possveis que
a economia tem ao dispor no que respeita produo, escolhendo sempre produzir a combinao mais
consentnea com as necessidades da populao em cada momento do tempo. Ao haver aumentos de
progresso tecnolgico ou a descoberta de novos recursos a FPP desloca-se para fora, mas se ocorrer uma
catstrofe natural a FPP desloca-se para dentro.
A produtividade a relao estabelecida entre a produo obtida e os fatores de produo utilizados nesse
processo, num determinado perodo de tempo. Ao determinar a produtividade estamos a determinar o valor
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da produo por unidade de recurso empregue nessa mesma produo. Analiticamente calculada pelo
rcio entre o valor total da produo e o valor total de recursos utilizados para a obter. Esta produtividade
tambm pode ser calculada individualmente para cada um dos fatores produtivos empregues (produtividade
mdia do capital e produtividade mdia do trabalho)
Os aumentos de produtividade so benficos tanto no geral como no particular, pois interessa a todos desde
que no se esquea o desajustamento existente entre recursos disponveis e necessidades ilimitadas. Deste
modo, conseguimos relacionar o nvel de vida com a produtividade. Um indicador utilizado na medio do
nvel de vida o produto per capita, obtido pelo rcio produto total sobre a Populao total.
A deciso sobre o volume de produo a obter depende da combinao mais eficiente dos fatores produtivos. A
produtividade marginal de um fator o acrscimo de produo provocado pela utilizao de mais uma unidade desse
fator, ceteris paribus (mantendo tudo o resto constante). A produtividade marginal do trabalho indica o aumento da
produo decorrente de um investimento unitrio em termos do fator trabalho. A produtividade marginal do capital
indica o aumento de produo decorrente de um investimento unitrio, em termos do fator capital.
Quando se aumenta em quantidade um fator produtivo, mantendo-se o outro constante, a partir de um certo
limite, a produtividade marginal desse fator torna-se decrescente, pois o contributo adicional produo
total vai diminuindo: lei dos rendimentos marginais decrescentes.
Por oposio a uma situao de curto prazo (onde s se pode variar um dos elementos), numa abordagem de
longo prazo coloca-se a hiptese de se poderem variar todos os elementos de produo simultaneamente,
e a partir das alternativas possveis encontrar a dimenso tima da empresa: lei das economias de escala.
Para toda e qualquer produo existem sempre custos fixos e custos variveis. soma dos custos fixos (CF)
com os custos variveis (CV) designamos de custos totais (CT).
Os custos mdios so obtidos se dividirmos os custos pela quantidade produzida. Ao calcularmos os custos
totais mdios em cada combinao de fatores produtivos iremos saber se o aumento da capacidade produtiva
ter vantagens econmicas ao nvel dos custos. Podem-se calcular os custos mdios totais e por fatores (do
capital e do trabalho).
Desde que os custos mdios totais diminuam medida que a produo aumenta (quanto maior a dimenso
da empresa), podemos afirmar que vale a pena utilizar novas quantidades de trabalho e de capital para
produzir. Aqui est presente a lei das economias de escala pois dentro de certos limites possvel realizar
poupana em consequncia do aumento da produo desde que os custos mdios diminuam.
Se quisermos contabilizar os aumentos de produo temos de determinar os custos marginais da empresa,
ou seja, o acrscimo de custos em que se incorre quando se produz uma unidade adicional do bem. Os custos
marginais so decrescentes quando o nvel de produo baixo, mas crescem a partir de um determinado
nvel de produo (devido lei das produtividades marginais decrescentes - onde aumentos sucessivos do
fator produtivo resultam em acrscimos cada vez menores de produo).
Diz-se que uma empresa beneficia de economias de escala se ao aumentar a quantidade produzida verifica
uma reduo dos seus custos unitrios de produo. Mas como h limites fsicos a essa dimenso podem
tambm ocorrer deseconomias de escala (quando o preo unitrio dos bens produzidos volta a aumentar).
Uma situao de deseconomias de escala verifica-se quando existe dificuldade na tomada de decises,
quando h problemas relativos organizao da produo, ou quando h distanciamento entre a unidade
de produo e o mercado, matrias-primas, entre outros fatores.
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A dimenso tima de uma empresa ser aquela em que se atinjam os menores custos por cada unidade
de produto obtida, com evidentes vantagens tanto para a empresa como para a coletividade pois menores
custos significam melhor produtividade, poupana de recursos e menores preos.
A curva de custo mdio total tem a forma de U pois o custo mdio composto pelo custo fixo mdio que
diminui quando a produo aumenta e pelo custo varivel mdio que aumenta quando a produo aumenta.
A curva de custos mdios totais e a curva de custos variveis mdios so sempre intersetadas no seu ponto
mnimo pela curva crescente dos custos marginais. No ponto onde o custo mdio total de produo e o custo
marginal se intersetam, temos o ponto timo de explorao.
A curva de custos marginais define a curva da oferta de uma empresa no curto prazo, tal como a curva da
utilidade marginal nos permite definir a procura individual dirigida empresa. A curva da oferta de curto
prazo de uma empresa coincide com a curva de custos marginais acima do ponto mnimo dos custos variveis
mdios. A curva da oferta de uma empresa no longo prazo vai coincidir com a curva de custos marginais
acima do ponto mnimo dos custos totais mdios.
Produzir no a nica atividade relevante numa economia, pois haver produo no significa que a mesma
chegue ao consumidor final. Para que isso acontea precisamos da distribuio que est dependente de
outras duas atividades produtoras de servios: comrcio e transporte.
A funo de produo pode ser representada graficamente na forma de curvas designadas de isoquantas
(ou o que j conhecamos por funo utilidade). Isoquantas so curvas representativas do mesmo nvel de
produo a partir de diferentes combinaes de fatores produtivos capital e trabalho. Como podemos ter
mais do que um nvel de produo dependendo da quantidade de fatores produtivos disponveis, podemos
representar as vrias funes de produo atravs de um mapa de isoquantas.
Esta funo de produo/isoquanta indica o montante mximo de produto que pode ser obtido por cada
conjunto de fatores produtivos.
Para definir o volume ptimo de produo (produo final ou output) da empresa precisamos de olhar para
a isoquanta mas tambm para a isocusto da empresa. A isocusto a reta representativa de igual custo total
de produo para combinaes diferentes e possveis dos inputs (fatores produtivos) trabalho e capital.
A maximizao do produto, dada a restrio de custos, ou a minimizao dos custos para produzir um
determinado nvel de output ser atingida no ponto de tangencia entre a isocusto e a isoquanta. Assim, no
ponto timo de produo o declive da isoquanta iguala o declive da isocusto.
Tal como a isocusto tem um declive definido pelo rcio de preos dos fatores produtivos, indicando ao
empresrio como pode combinar os fatores produtivos de forma a suportar os mesmos custos de produo
totais, o empresrio tambm pode substituir esses fatores mantendo o mesmo nvel de produo se
olhar para a taxa marginal de substituio tcnica (TMST). Esta TMST um rcio que indica o nmero
de unidades que uma empresa pode substituir de um fator produtivo pelo outro mantendo o nvel de
produo constante, ou seja, a inclinao da isoquanta no ponto de combinao desses mesmos fatores.
Esta TMST no se mantm constante ao longo da isoquanta pois abdicamos de cada vez mais unidades de
um dos fatores produtivos para se utilizar unidades adicionais do outro fator produtivo. Pode ser obtida
analiticamente como o rcio das produtividades marginais.
As empresas trabalham para obter lucro. O lucro total de uma empresa a diferena entre aquilo que recebe
pela produo (Q) que vende (receita total - RT) e aquilo que tem de pagar para conseguir produzir (custo
total). As receitas totais so os rendimentos gerados pela empresa que se obtm multiplicando o preo dos
bens pela quantidade vendida.
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A receita mdia o montante recebido pela empresa por cada unidade vendida (RT / Q). A receita marginal
representa o acrscimo de receita total pela venda de mais uma unidade, ou seja, a receita proveniente
da venda da ltima unidade. O lucro mximo de uma empresa obtido quando a receita marginal de uma
empresa igualar o seu custo marginal.
Como o mundo no para de evoluir, as empresas tm de se adaptar a esta constante evoluo. Como no
trabalham isoladas, as empresas vm-se muitas vezes confrontadas com a concorrncia, qual se tm de
adaptar e saber responder. Como as empresas se precisam de adaptar a esta concorrncia acabam por ser
motor de desenvolvimento econmico e social pois precisam de se modernizar e investir mais de forma
a conseguir sobreviver no mercado. Por isso que a aposta em inovao tem sido mais forte nos ltimos
tempos. Para uma empresa se conseguir antecipar s suas concorrentes necessrio que a mesma aposte em
inovao, investigao cientfica e tecnolgica, adote novas tecnologias, forme e recicle os seus profissionais,
que tenha uma boa base de informao, bem como respeitar o meio ambiente.
Subtema 4 Oferta e Procura Mercados
Transmitir aos alunos a ideia de que:
A noo de mercado no se limita a um espao fsico onde se efetuam trocas de produtos, mas a um espao
abstrato onde os agentes econmicos tanto do lado da procura como do lado da oferta se encontram.
Durante este encontro os objectivos contraditrios de ambos os agentes harmonizam-se, temporariamente,
tendo por base os preos e as quantidades transacionadas. Deste modo, existe um mercado para cada bem
com uma oferta e uma procura especficas para esse mesmo bem.
Os mercados podem ser classificados segundo a natureza fsica dos bens transacionados, segundo a
sua natureza econmica, ou at mesmo segundo a extenso do espao geogrfico que delimita a oferta
e a procura. Nem todas as formas de mercado so iguais, pois a sua estrutura depende do nmero de
intervenientes no mercado, do bem transacionado e do grau de informao disponvel.
A nfase do nosso estudo dada na variao do nmero de produtores, portanto vamos fixar a anlise
na existncia de muitos consumidores e variar o nmero de produtores existentes. Num dos extremos do
mercado temos a concorrncia perfeita que um mercado competitivo onde existem muitos consumidores
e produtores para um determinado produto e nenhum dos agentes consegue ter peso ou influncia por si
s. Do outro lado da organizao do mercado temos a concorrncia imperfeita composta por: concorrncia
monopolstica, oligoplio e monoplio (o outro extremo do mercado caracterizado por muitos compradores
mas um s produtor).
Num mercado de concorrncia perfeita h um grande nmero de agentes quer do lado da procura, quer do
lado da oferta que no consegue influenciar o preo; todos os consumidores so iguais, todos os produtores
so iguais e todas as unidades do bem transacionado so iguais; um grande nmero de produtores
designados de tomadores de preo; existe livre entrada e sada de intervenientes no mercado; o bem ou
servio transacionado homogneo (idntico); no h diferenciao ou segmentao do mercado de um
produto; o acesso informao no mercado livre.
Aquilo que mais se encontra na realidade formas de mercado de concorrncia imperfeita onde existem
poucos vendedores ou compradores, os quais podem influenciar o preo de mercado; existem problemas
relacionados com o acesso informao no mercado; a publicidade e o marketing que diferenciam os
produtos e segmentam mercados; a dimenso dos produtores permite s empresas terem dimenso
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suficiente para conseguirem influenciar os preos no mercado; acaba por criar um certo grau de concentrao.
Na concorrncia monopolstica existe um grande nmero de vendedores, sendo o acesso ao mercado relativamente
fcil, o produto produzido por estas no homogneo mas sim diferenciado. Essa diferenciao do produto feita
pelas suas qualidades reais e quanto maior for a diferenciao mais a empresa pode controlar o preo.
No oligoplio temos poucos vendedores e cada um deles com um grande peso no mercado. Associados aos
oligoplios normalmente surgem os cartis, que consistem em acordos entre empresas, feitos por tempo
limitado, permitindo s empresas que nele entram manter a independncia econmica, tcnica e financeira.
Ao estabelecerem estes acordos entre si o cartel tenta evitar a concorrncia e obter um monoplio no mercado.
No caso dos monoplios existe um nico fornecedor do bem ou servio. No caso dos monoplios naturais
a prpria natureza da atividade que inviabiliza a existncia de mais do que uma empresa a fornecer o bem
ou servio, como por exemplo as empresas de eletricidade.
Basicamente existem dois tipos de mercado numa economia: o mercado de bens de consumo final e servios
e o mercado de fatores de produo, sendo que neste ltimo ainda se incluem os mercados de bens de
consumo intermdios.
O preo de um produto resulta do confronto no mercado de consumidores e produtores e de um mecanismo
de regulao automtico, designado por mecanismo de mercado.
Quando se fala de procura de um bem estamos a referirmo-nos quantidade desse bem que os consumidores
esto dispostos a adquirir a cada peo. Graficamente a curva da procura traduz a relao entre a quantidade
procurada de um determinado bem e o seu preo de mercado, mantendo-se constantes os outros fatores
que podem fazer alterar o consumo de bens. Pela lei da procura, ceteris paribus, quanto mais elevado for o
preo de um bem, menor a quantidade procurada desse mesmo bem e vice-versa, justificando-se assim a
inclinao negativa da curva da procura.
Existem dois tipos de procura: a agregada ou global que mostra as intenes de compra de todos os
consumidores a cada preo, e a individual que consiste na quantidade do bem que um determinado
comprador est disposto a adquirir a cada preo. A procura agregada o resultado do somatrio das procuras
individuais de todos os consumidores.
Uma das razes que justifica o comportamento da procura relaciona-se com o chamado efeito substituio
pois quando aumenta o preo de um bem a tendncia para aumentar a quantidade procurada do bem
seu sucedneo ou substituto e por isso diminui a quantidade procurada daquele cujo preo subiu. Outra
razo diz respeito ao efeito rendimento pois quando aumenta o preo de um bem, o comprador fica com
menor poder de compra e por isso diminui a quantidade procurada desse bem.
Embora o preo seja um dos fatores que mais condicionam a procura de um bem, existem outros fatores
que influenciam a curva da procura: o rendimento, as preferncias dos consumidores e os preos dos
outros bens. Uma alterao no preo do prprio bem traduz-se em movimentos ao longo da curva da
procura. Uma alterao nos fatores determinantes da procura traduz-se em deslocaes da curva da
procura para a direita ou para a esquerda: o aumento da procura para o mesmo nvel de preos do bem
o resultado do desvio da procura do bem, para a direita de acordo com fatores favorveis ou para a
esquerda se o movimento nos fatores for desfavorvel.
A oferta consiste na quantidade de bens e servios que os vendedores esto dispostos a vender a cada
preo. Graficamente traduz a relao entre a quantidade oferecida de um determinado produto e o seu
preo de mercado, ceteris paribus. Para alm da oferta ser influenciada pelo preo do prprio bem,
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provocando movimentos ascendentes ou descendentes ao longo da mesma, ainda influenciada por
fatores como: a tecnologia, o nmero de empresas no mercado, o custo das matrias-primas e outros
fatores como acontecimentos especiais (tempestades e catstrofes naturais, maus anos agrcolas, etc.) e
polticas governamentais. Todos estes factores, exceto o preo do prprio bem, provocam deslocamentos
da curva da procura para a direita se a alterao nos fatores for positiva ou para a esquerda se a alterao
ocorrida nesses fatores influenciar negativamente a oferta.
Podemos distinguir entre oferta individual para cada vendedor que consiste na quantidade do bem que
esse vendedor est disposto a vender a cada preo, e oferta agregada ou global, constituda por todas
as ofertas individuais, sendo que a agregao das ofertas feita em funo da quantidade oferecida por
cada agente produtor do produto do conjunto dos produtores que produzem o produto em causa. Pela lei
da oferta, as quantidades oferecidas de um produto variam no mesmo sentido do preo desse produto,
ceteris paribus, e da a inclinao positiva da curva da oferta.
Se juntarmos simultaneamente a oferta com a procura conseguimos determinar o preo e a quantidade de
equilbrio do produto no mercado. S no ponto em que ambas as curvas se intersetam que h equilbrio,
pois o nico em que as quantidades desejadas pelos compradores so iguais s quantidades oferecidas
pelos vendedores: o ponto de equilbrio do mercado.
Num mercado concorrencial ou perfeitamente competitivo, se o preo estiver acima do preo de equilbrio
haver excesso de bens ou servios (oferta superior procura) e as empresas no tero incentivos para
produzir aquela quantidade. Desse modo, preo e quantidade produzida diminuem, pois os produtores
podem ver os seus stocks a acumular e sabem que a nica forma de escoar o produto no mercado ser
atravs da diminuio do preo do mesmo, e o mercado alcanar o equilbrio. Caso o preo esteja abaixo
do preo de equilbrio de mercado, a procura exceder a oferta e o bem torna-se escasso no mercado. Os
produtores sabem que para produzir mais bem, dado que isso tem custos adicionais de produo, tero
de aumentar o preo do bem, mas isso leva a uma diminuio da quantidade procurada, o que mais cedo
ou mais tarde reconduzir a economia ao equilbrio de mercado.
Estes movimentos acabam por eliminar os excessos ou a escassez que surge no mercado. No longo prazo o
mecanismo de mercado conduz a uma nova situao de equilbrio, actuando assim como corrector. Assim,
podemos afirmar que atravs das flutuaes de preos se estabelece, em cada momento do tempo, um equilbrio
entre a quantidade oferecida e a quantidade procurada de um bem sujeito ao mecanismo de mercado.
Se existirem alteraes positivas da curva da procura que a fazem deslocar-se para a direita, mantendo-se
tudo o resto constante, o novo ponto de equilbrio corresponde a um nvel de preos e a uma quantidade
no mercado superior. Contrariamente, se a procura se deslocar para a esquerda, ou seja, diminuindo, o
novo ponto de equilbrio corresponde a um nvel de preos e quantidade de equilbrio simultaneamente
menores.
Se for a oferta que aumenta, por exemplo em virtude do progresso tecnolgico, mantendo tudo o
resto constante, a oferta desloca-se para a direita e o novo equilbrio corresponde a um nvel de preos
inferior e a uma quantidade produzida superior. Contrariamente, se a oferta se deslocar para a esquerda
diminuindo, o novo ponto de equilbrio corresponde a um nvel de preos superior mas a uma quantidade
de equilbrio menor.
Um desvio simultneo das duas curvas vai alterar igualmente a situao de equilbrio, podendo surgir 3
situaes facilmente verificveis em termos grficos (ver manual aluno).
Um mecanismo de mercado para funcionar corretamente precisa de reunir certas condies: transparncia
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no mercado; perfeita mobilidade dos fatores produtivos capital e trabalho; e estarmos em situao de
concorrncia perfeita.
As formas de mercado definem as estruturas de mercado. Num mercado competitivo as foras de mercado
da oferta e da procura afetam os recursos eficientemente, ou seja, embora cada consumidor e cada
vendedor no mercado esteja somente preocupado com o seu bem-estar, em conjunto so conduzidos
ao equilbrio, por aquilo que Adam Smith defendia como sendo a mo-invisvel, isto , o mecanismo de
mercado: face a qualquer desvio do equilbrio os agentes econmicos seriam como que reconduzidos ao
equilbrio novamente por vontade prpria, sem qualquer tipo de interveno externa no mercado.
Do ponto de vista dos consumidores, o mercado de concorrncia perfeita a situao ideal, pois aquela
que garante, partida, um preo mais baixo e lhe garante uma maior satisfao.
Existem trs condies tericas para a existncia de um mercado de concorrncia perfeita: atomicidade
(elevado nmero de produtores e de vendedores, nenhum com poder para influenciar o preo de
mercado); homogeneidade do produto (para o consumidor indiferente o produto do produtor A ou B,
pois ambos produzem o mesmo bem); transparncia (todos os agentes tm acesso a toda a informao
disponvel); perfeita mobilidade de produtores e fatores produtivos (no existem barreiras entrada ou
sada do mercado); ausncia de interveno do Estado (no h interferncias de estranhos no mercado,
existe sim o funcionamento do mecanismo de mercado).
Em condies de equilbrio cada uma das empresas em concorrncia perfeita vai praticar um preo igual
ao custo marginal de produo (p=Cmg), mas nestas condies o lucro ser nulo, no longo prazo. Em todas
as outras formas de mercado (concorrncia imperfeita) o preo praticado no mercado sempre superior
ao custo marginal, tornando-se desvantajoso para o consumidor que paga um preo superior ao custo de
produo do bem, mas vantajoso para o produtor pois isso que lhe garante a existncia de lucro positivo.
Nas economias reais, a maior parte dos mercados que conhecemos no so de concorrncia perfeita mas
de concorrncia imperfeita. Os custos impostos pela concorrncia imperfeita sociedade/consumidor o
facto de esta impor um preo mais elevado e produzir uma quantidade mais baixa.
No monoplio existe uma s empresa que domina inteiramente a oferta, no existem no mercado produtos
capazes de substituir aquele que pro