economia e mercado resumo geral da matéria

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1 Economia e Mercado Podemos definir a atividade econmica como sendo: "A atividade econmica se define a partir da interao de complexas variveis. Dadas as limitaes do espao geogrfico e dos meios naturais, ela influencivel por fatores antropolgicos- culturais, pelo ordenamento poltico, pelo progresso tecnolgico e pelo imprevisvel comportamento dos diferentes grupos sociais de que se constituem as naes. Procurar compreender, em toda sua extenso, esses eixos de sustentao a tarefa mais importante dos que se dedicam economia".

Assim, podemos verificar a interrelao da cincia econmica com outras cincias, tais como:

- tica;- Filosofia;- Direito;- Antropologia;- Psicologia;- Sociologia; e- Poltica.

A cincia econmica pode ser considerada como uma cincia exata?

No. Mas, por qu?

A cincia econmica lida com indivduos, ou seja, no lida com frmulas definidas. Ela estuda o homem inserido em um ambiente de escassez. A partir do momento que ela estuda este ser social, temos, ento, que a Economia uma Cincia Social Aplicada.

Para entender a economia necessrio definirmos alguns conceitos primordiais.

Bens

So ativos reais que satisfazem as necessidades humanas. Podem ser divididos da seguinte forma:

Bens tangveis; Bens finais;Bens de consumo;Bens durveis;Bens nodurveis;Bens de capital; Bens intermedirios;Bens intangveis

Fatores de produo:

necessrios ao processo produtivo. So eles: terra, trabalho e capital.

Agentes econmicos:

2 Todos os envolvidos nos processos de produo, circulao, distribuio e consumo de bens e servios. So eles: Empresas, Famlias e Governo.

Mercado:

Interao entre oferta e demanda.

Preos:

Expresso monetria do valor de um bem ou servio.

Renda:

Preo pago pela utilizao dos fatores de produo.

O problema econmico fundamental

Devido a escassez, necessrio fazermos algumas escolhas, sendo englobadas nas perguntas:

O que produzir?Como produzir?Para quem produzir?

O que produzir?

Este item est baseado em quatro hipteses:

(1) Recursos limitados quantitativamente;(2) Utilizao plena e racional dos fatores;(3) Escolhas dos bens baseadas nas hipteses anteriores; e(4) Diferena de tecnologia.

A sociedade optar pela produo de um bem ou de outro.

Assim, se faz necessrio criar possibilidades de produo, descritas pela curva de possibilidades de produo (CPP).

Ex.: Peguemos dois bens, roupas e alimentos, e verifiquemos o que acontece com produo deles.

ProduoAlimentosRoupas 110180 220160 330150 440130 550100 3 66060 Como produzir?

Expressa a tecnologia, e a busca eficiente, de tcnicas e economias mais vantajosas.

Eficincia tcnica: processo que alcanar a melhor quantidade de produto, com a menor quantidade de insumos ou fatores de produo.

Eficincia Econmica: busca do processo que apresentar o menor custo de produo. Essa eficincia ser determinada pelo preo dos fatores de produo:

Mo-de-obra: salriosCapital: jurosTerra: aluguelEmpreendimento: lucro

Para quem produzir?

Direito a consumir de cada membro da sociedade, que ser determinado por seus rendimentos, ou seja, todos temos uma restrio oramentria e s poderemos consumir a quantidade que ela nos permite.

Organizao do sistema econmico ir determinar o direito ao consumo, dependendo do regime que esta sociedade est vinculada, podendo ser capitalista ou socialista.

Podemos definir a atividade econmica como sendo: "A atividade econmica se define a partir da interao de complexas variveis. Dadas as limitaes do espao geogrfico e dos meios naturais, ela influencivel por fatores antropolgicos- culturais, pelo ordenamento poltico, pelo progresso tecnolgico e pelo imprevisvel comportamento dos diferentes grupos sociais de que se constituem as naes. Procurar compreender, em toda sua extenso, esses eixos de sustentao a tarefa mais importante dos que se dedicam economia".

Assim, podemos verificar a interrelao da cincia econmica com outras cincias, tais como:

- tica;- Filosofia;- Direito;- Antropologia;- Psicologia;- Sociologia; e- Poltica.

A cincia econmica pode ser considerada como uma cincia exata?

4 No. Mas, por qu?

A cincia econmica lida com indivduos, ou seja, no lida com frmulas definidas. Ela estuda o homem inserido em um ambiente de escassez. A partir do momento que ela estuda este ser social, temos, ento, que a Economia uma Cincia Social Aplicada.

Para entender a economia necessrio definirmos alguns conceitos primordiais.

Bens

So ativos reais que satisfazem as necessidades humanas. Podem ser divididos da seguinte forma:

Bens tangveis; Bens finais;Bens de consumo;Bens durveis;Bens nodurveis;Bens de capital; Bens intermedirios;Bens intangveis

Fatores de produo:

necessrios ao processo produtivo. So eles: terra, trabalho e capital.

Agentes econmicos:

Todos os envolvidos nos processos de produo, circulao, distribuio e consumo de bens e servios. So eles: Empresas, Famlias e Governo.

Mercado:

Interao entre oferta e demanda.

Preos:

Expresso monetria do valor de um bem ou servio.

Renda:

Preo pago pela utilizao dos fatores de produo.

O problema econmico fundamental

Devido a escassez, necessrio fazermos algumas escolhas, sendo englobadas nas perguntas:

O que produzir?Como produzir?Para quem produzir?

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O que produzir?

Este item est baseado em quatro hipteses:

(1) Recursos limitados quantitativamente;(2) Utilizao plena e racional dos fatores;(3) Escolhas dos bens baseadas nas hipteses anteriores; e(4) Diferena de tecnologia.

A sociedade optar pela produo de um bem ou de outro.

Assim, se faz necessrio criar possibilidades de produo, descritas pela curva de possibilidades de produo (CPP).

Ex.: Peguemos dois bens, roupas e alimentos, e verifiquemos o que acontece com produo deles.

ProduoAlimentosRoupas 110180 220160 330150 440130 550100 66060 Como produzir?

Expressa a tecnologia, e a busca eficiente, de tcnicas e economias mais vantajosas.

Eficincia tcnica: processo que alcanar a melhor quantidade de produto, com a menor quantidade de insumos ou fatores de produo.

Eficincia Econmica: busca do processo que apresentar o menor custo de produo. Essa eficincia ser determinada pelo preo dos fatores de produo:

Mo-de-obra: salriosCapital: jurosTerra: aluguelEmpreendimento: lucro

Para quem produzir?

6 Direito a consumir de cada membro da sociedade, que ser determinado por seus rendimentos, ou seja, todos temos uma restrio oramentria e s poderemos consumir a quantidade que ela nos permite.

Organizao do sistema econmico ir determinar o direito ao consumo, dependendo do regime que esta sociedade est vinculada, podendo ser capitalista ou socialista.

MDULO 2 O PROBLEMA ECONMICO / FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ECONMICO 1. Conceito umacinciasocialqueestudacomooindivduoeasociedadedecidemempregar recursos produtivos escassos na produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Em qualquer sociedade,os recursos ou fatoresdeproduo so escassos; contudo as necessidades humanas so ilimitadas, e sempre se renovam. Isso obriga a sociedade a escolher entrealternativasdeproduoededistribuiodosresultadosdaatividadeprodutivaaos vrios grupos da sociedade. 2. Sistemas Econmicos Podeserdefinidocomosendoaformapoltica,socialeeconmicapelaqualest organizada uma sociedade. Os elementos bsicos de um sistema econmico so: a) EstoquesdeRecursosProdutivosouFatoresdeProduo:recursoshumanos (trabalhoecapacidadeempresarial),ocapital,terra,reservasnaturaisea tecnologia. 7 b)Complexo de unidades de produo: constitudo pelas empresas. c)Conjunto de instituies polticas, jurdicas, econmicas e sociais: que so base da organizao da sociedade. Os sistemas econmicos podem ser classificados em: Sistemacapitalista,oueconomiademercado,aqueleregidopelasforasde mercado,predominandoalivreiniciativaeapropriedadeprivadadosfatoresde produo. Sistemasocialistaoueconomiacentralizada,ouaindaeconomiaplanificada, aqueleem queas questes econmicas fundamentais so resolvidas por um rgo centraldeplanejamento,predominandoapropriedadepblicadosfatoresde produo. 3. Os Problemas Econmicos Fundamentais Daescassezdosrecursosoudosfatoresdeproduo,associa-sesnecessidades ilimitadas do homem, originando problemas econmicos fundamentais: O qu e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produo, a sociedade ter de escolher, quais produtos sero produzidos e em que quantidades. Comoproduzir:asociedadeterdeescolheraindaquaisrecursosdeproduo seroutilizadosparaaproduodebenseservios,dadoonveltecnolgico existente. Paraquemproduzir:asociedadetertambmquedecidircomoseusmembros participarodadistribuiodosresultadosdesuaproduo(demanda,oferta, determinao de salrios, das rendas das terras, dos juros etc). Emeconomiasdemercado,essesproblemassoresolvidospelosmecanismosde preosatuandopormeiodaofertaedademanda.Naseconomiascentralizadas,essas questessodecididasporumrgocentraldeplanejamento,apartirdeumlevantamento dos recursos de produo disponveis e das necessidades do pas, e no pela oferta e demanda no mercado. 8 3.1. Curva de Possibilidades de Produo (ou Curva de Transformao) umconceitotericocomoqualseilustra,comoaquestodaescassezimpeum limitecapacidadeprodutivadeumasociedade,queterquefazerescolhasentre alternativas de produo. Devidoescassezderecursos,aproduototaldeumpastemumlimitemximo, ondetodososrecursosdisponveisestoempregados.Suponhamosumaeconomiaques produzamquinas(BensdeCapital)ealimentos(BensdeConsumo)equeasalternativasde produo de ambos seja as seguintes:Alternativas de ProduoMquinas (milhares)Alimentos (toneladas) A250 B2030 C1545 D1060 E070 Naprimeiraalternativa(A)todososfatoresdeproduoseriamalocadosparaa produo de mquinas;na ltima (E) seriam alocados somente para a produo de alimentos; e nasalternativasintermedirias(B,CeD)osfatoresdeproduoseriamdistribudosna produo de um ou de outro bem. 3.2. Conceito de Custo de Oportunidade A transferncia dos fatores de produo de um bem A para produzir um bem B implicaumcustodeoportunidadequeigualaosacrifciodesedeixardeproduzirpartedobemA para se produzir mais do bem B. O custo de oportunidade por representar o custo da produo alternativa sacrificada, reflete em um custo implcito. 9 4. Funcionamento de uma Economia de Mercado: Fluxos Reais e Monetrios Paraentenderofuncionamentodosistemaeconmico,vamossuporumaeconomia demercadoquenotenhainterfernciadogovernoenotenhatransaescomexterior( economia fechada ). Os agentes econmicos so as famlias e as empresas. As famlias so proprietrias de fatores de produo e os fornecem s empresas, atravs do mercado dos fatores de produo. As empresas, atravs da combinao dos fatores de produo, produzem bens e servios e os fornecem s famlias por meio do mercado de bens e servios. 4.1. Fluxo Real e Monetrio da Economia ~ ~ ~ MERCADO DE BENS E SERVIOS ~ ~ ~ 1 DEMANDAOFERTA 1 FAMLIASEMPRESAS 1 OFERTADEMANDA 1 MERCADO DE FATORES DE PRODUO No entanto, o fluxo real da economia s setorna possvel com a presena da moeda, queutilizadapararemunerarosfatoresdeproduoeparaopagamentodosbense servios. Desse modo, paralelamente ao fluxo real temos um fluxo monetrio da economia: 10 PAGAMENTO DOS BENS E SERVIOS 1 FAMLIASEMPRESAS 1 REMUNERAO DOS FATORES DE PRODUO ~ ~ ~ 4.2. Fluxo Circular de Renda Unindo os dois fluxos anteriores, temos o chamado Fluxo Circular de Renda: MERCADO DE BENS E SERVIOS DEMANDA DE BENS E SERVIOS OFERTA DE BENS E SERVIOS A O QUE E QUANTO PRODUZIR ++ FAMLIASCOMO PRODUZIREMPRESAS OFERTA DE SERVIOS DOS FATORES DE PRODUO PARA QUEM PRODUZIR DEMANDA DE SERVIOS DOS FATORES DE PRODUO Y MERCADO DE FATORES DE PRODUO Fluxo Monetrio Fluxo Real (Bens e Servios) 5.DefiniodeBensdeCapital,BensdeConsumo,BensIntermedirioseFatoresde Produo 5.1. Bens de Capital Soaquelesutilizadosnafabricaodeoutrosbens,masquenosedesgastam totalmente no processo produtivo. Exemplo: Mquinas, Equipamentos e Instalaes. 5.2. Bens de Consumo 11 Destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades humanas. De acordo com suadurabilidade,podemserclassificadoscomodurveis(geladeiras,foges,automveis)ou como nodurveis (alimentos, produtos de limpeza).5.3. Bens Intermedirios Soaquelesquesotransformadosouagregadosnaproduodeoutrosbenseque soconsumidostotalmentenoprocessodeprodutivo(insumos,matrias-primase componentes). 5.4. Fatores de Produo Soconstitudaspelosrecursoshumanos(trabalhoecapacidadeempresarial),terra, capital e tecnologia. Cada fator de produo corresponde uma remunerao, a saber: Fator de ProduoTipo de Remunerao TrabalhoSalrio CapitalJuro TerraAluguel TecnologiaRoyalty Capacidade empresarialLucro 6. Inter-Relao da Economia com Outras reas do Conhecimento Apesar de ser uma cincia social, a Economia limitado pelo meio fsico, dado que os recursos so escassos, e se ocupa de quantidades fsicas e das relaes entre as quantidades, comoaqueseestabeleceentreaproduodebenseservioseosfatoresdeproduo utilizados no processo produtivos. AEconomiaapresentamuitasregularidades,sendoquealgumasrelaesso inviolveis.PorExemplo:Oconsumonacionaldependediretamentedarendanacional.A quantidadedemandadadeumbemtemumarelaoinversamenteproporcionalcomoseu preo. As exportaes e as importaes dependem da taxa de cmbio. 12 A rea que est voltada para quantificao dos modelos a Econometria, que combina Teoria Econmica, Matemtica e Estatstica. EconomiaePolticasoreasmuitointerligadas,tornando-sedifcilestabeleceruma relao de casualidade entre elas. A estrutura poltica se encontra muitas vezes subordinadas ao poder econmico. Citemos alguns exemplos: poder Econmico dos latifundirios, poder dos oligoplios e monoplios, poder das corporaes estatais. EconomiaeHistria:apesquisahistricaextremamentetilenecessriapara Economia, pois ela facilita a compreenso do presente e ajuda nas previses para o futuro com base nos fatos do passado. As guerras e revolues, por exemplo, alteraram o comportamento e a evoluo da Economia. EconomiaeGeografia:aGeografianoosimplesregistrodeacidentes Geogrficoseclimticos.Elanospermiteavaliarfatoresmuitoteisanliseeconmica, comoascondiesgeoeconmicasdosmercados,aconcentraoespacialdosfatores produtivos, a localizao de empresas e a composio setorial da atividade econmica. Economia, Moral, Justia e Filosofia: napr-economia,antesdaRevoluo Industrial do sculo XVIII, que correspondeao perodo da IdadeMdia, a atividade econmica era vista comoparteintegrantedaFilosofia,Moraletica.AEconomiaeraorientadaporprincpios morais e de justia. Bibliografia VASCONCELLOS,MarcoAntonioSandovaldeeGARCIA,ManuelEnriquez.Fundamentosde Economia. So Paulo: Saraiva, 2003.

13 MDULO 3 DINMICA DOS MERCADOS E SEUS IMPACTOS NAS ORGANIZAES 1. Microeconomia A Microeconomia, ou Teoria Geral dos Preos, analisa a formao de preos no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preo e a quantidade de um determinado bem ou servio em mercados especficos. A microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da procura na formao do preo no mercado, isto , o preo sendo obtido pela interao do conjunto dos consumidores como conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou servio. 1.1. Pressupostos Bsicos da Anlise Microeconmica A hiptese coeteris paribus (tudo o mais permanece constante): o foco de estudo dirigido apenas quele mercado, analisando o papel que aoferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variveis interfiram muito pouco, ou que no interfiram de maneira absoluta. 1.1.1. Papel dos preos relativos Na anlise microeconmica, so mais relevantes os preos relativos, isto , os preos dos bens em relao aos demais, do que os preos absolutos ( isolados) das mercadorias. Exemplo: se o preo do guaran cair 10%, mas tambm o preo da soda cair em 10%, nada deve acontecer na demanda dos dois bens, mas se cair apenas o preo do guaran, permanecendo inalterado o preo da soda, deve-se esperar um aumento na quantidade procurada de guaran e uma queda na soda. Embora no tenha havido alterao no preo absoluto da soda, seu preo relativo aumentou, quando comparado com o guaran. 1.1.2. Princpio da Racionalidade Por esse princpio, os empresrios tentam sempre maximizar lucros condicionados pelos custos de produo, os consumidores procuram maximizar sua satisfao no consumo de bens e servios ( limitados por sua renda e pelos preos das mercadorias). 14 1.2. Aplicaes da anlise microeconmica A teoria microeconmica no um manual de tcnicas para a tomada de decises do dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta til para esclarecer polticas e estratgias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto em nvel de empresas quanto de nvel de poltica econmica. Para as empresas, a anlise microeconmica pode subsidiar as seguintes decises: polticas de preos da empresa. previso de demanda e faturamento. previso de custos de produo. decises timas de produo (melhor combinao dos custos de produo). avaliao e elaborao de projetos de investimentos (anlise custo/benefcio) poltica de propaganda e publicidade. localizao da empresa. Em relao da poltica econmica, pode contribuir na anlise e tomada de decises das seguintes questes: efeitos de impostos sobre mercados especficos. poltica de subsdios. fixao de preos mnimos na agricultura. controle de preos poltica salarial polticas de tarifas pblicas. (gua, luz, etc.). 15 2. Demanda, Oferta e Equilbrio de Mercado Os fundamentos da anlise da demanda ou procura esto alicerados no conceito subjetivo de utilidade. A utilidade representa o grau de satisfao que os consumidores atribuem aos bens e servios que podem adquirir no mercado. Como est baseada em aspectos psicolgicos ou preferncias, a utilidade difere de consumidor para consumidor (uns preferem usque, outros preferem cerveja etc.). 2.1. Demanda de Mercado A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou servio que os consumidores desejam adquirir em determinado perodo de tempo.A procura depende de variveis que influenciam a escolha do consumidor. Soelas: o preo do bem e servio, o preo dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou preferncia do indivduo. Para estudar-se a influncia dessas variveis utiliza-se a hiptese do coeteris paribus, ou seja, considera-se cada uma dessas variveis afetando separadamente as decises do consumidor.H uma relao inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preo do bem. a chamada Lei Geral da Demanda. Essa relao pode ser observada a partir dos conceitos de escala de procura, curva de procura ou funo demanda. A relao preo/quantidade procurada pode ser representada por uma escala de procura, conforme apresentada a seguir: Alternativa de preo ($)Quantidade Demandada 1,0012.000 3,008.000 6,004.000 8,003.000 10,002.000 16 Se o preo de um bem aumenta, a queda da quantidade demanda ser provocada por esses dois efeitos somados: a)Efeito substituio: se um bem possui um substituto, ou seja, outro bem similar que satisfaa a mesma necessidade, quando seu preo aumenta, o consumidor passa adquirir o bem substituto, reduzindo assim sua demanda. Exemplo: Fsforo. b)Efeito renda: quandoaumenta o preo de um bem, o consumidor perde o poder aquisivo, e a demanda por esse produto diminui. 2.1.1. Elasticidade Cada produto tem sua prpria sensibilidade com relao s variaes dos preos e da renda. Essa sensibilidade ou reao pode ser medida atravs da elasticidade. Genericamente, a elasticidade reflete o grau de reao de uma varivel quando ocorrem alteraes em outra varivel, coeteris paribus. 2.1.1.1. Elasticidade-preo da Demanda a resposta relativa da quantidade demandada de um bem X s variaes de seu preo. Pode ser: Demanda elstica: os consumidores de um determinado produto tm grande reao ou resposta nas quantidades a eventuais variaes de preos. Demanda inelstica: os consumidores tendem a reagir em menor escala s variaes de preos. Fatores que influenciam o grau de elasticidade da demanda: a)Disponibilidade de bens substitutos: quanto mais substitutos houver para um bem, mais elstica ser sua demanda; b)Essencialidade do bem: se o bem essencial, ser pouco sensvel variao do preo; c)Importncia do bem, quanto ao gasto no oramento do consumidor: quanto mais importante o gasto referente a um determinado bem, em relao ao oramento, mais sensvel torna-se o consumidor a alteraes de seu preo, ou seja, a 17 demanda mais elstica. Comparativamente, por exemplo, a carne tende a ter a elasticidade-preo da demanda mais elevada que o fsforo, em funo da relao do preo da carne junto ao oramento domstico. 2.2. Oferta de Mercado Pode-se conceituar oferta como as vrias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado perodo de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vrios fatores; dentre eles, de seu prprio preo, dos demais preos, dos preos dos fatores de produo, das preferncias do empresrio e da tecnologia. Diferentemente da funo demanda, a funo de oferta mostra uma correlao direta entre a quantidade ofertada e nvel de preos. a chamada Lei Geral da Oferta. Podemos expressaruma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma srie de preos, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preo: Alternativas de Preo ( $ )Quantidade Ofertada 1,001.000 3,005.000 6,00 9.000 8,0011.000 10,0013.000 A relao direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preo desse bem deve-se ao fato de que, coeteris paribus, um aumento do preo no mercado estimula as empresas a produzirem mais, aumentando sua receita. 2.3. Equilbrio de Mercado A interao das curvas de demanda e de oferta determina o preo e a quantidade de equilbrio de um bem ou servio em um dado mercado. Veja o quadro a seguir representativo da oferta e da demanda do bem X: 18 Preo ($) Quantidade Situao de Mercado ProcuradaOfertada 1,00111Excesso de procura (escassez de oferta) 3,0093Excesso de procura (escassez de oferta) 6,0066Equilbrio entre oferta e procura 8,0048Excesso de oferta (escassez de procura) 10,00210Excesso de oferta (escassez de procura) Como se observa na tabela, existe equilbrio entre oferta e demanda do bem X, quando o preo igual a 6,00 unidades monetrias. 3. Interferncia do Governo no equilbrio de mercado O governo intervm na formao de preos de mercado, a nvel microeconmico , e quando fixa impostos e subsdios, estabelecem critrios de reajustes do salrio mnimo, fixa preos mnimos para produtos agrcolas decreta tabelamentos ou ainda congelamento de preos e salrios. A)Estabelecimento de Impostos: sabido que quem recolhe a totalidade do tributo a empresa, mas isso no quer dizer que ela quem efetivamente paga. Assim, saber sobre quem recai efetivamente o nus do tributo uma questo da maior importncia na anlise dos mercados. Os tributos se dividem em impostos, taxas e contribuies de melhoria. O impostos dividem-se em: Impostos Indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas. Exemplo: Imposto sobre Circulao de Mercadorias (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Impostos Diretos: Impostos incidentes sobre a renda. Exemplo: Imposto de Renda.19 B) Poltica de preos mnimos na agricultura: Trata-se de uma poltica que visa dar garantia de preos ao produtor agrcola,com propsito de proteg-lo das flutuaes dos preos no mercado, ou seja, ajud-lo diante de uma possvel queda acentuada de preos e conseqentemente da renda agrcola. O governo, antes do incio do plantio, garante um preo que ele pagar aps a colheita do produto. C) Tabelamento: Refere-se interveno do governo no sistema de preos de mercado visando coibir abusos por parte dos vendedores, controlar preos de bens de primeira necessidade ou ento refrear o processo inflacionrio, como foi adotado no Brasil (Planos Cruzado, Bresser etc.), quando se aplicou o congelamento de preos e salrios. Economia BrasileiraA economia brasileira viveu vrios ciclos econmicos ao longo da Histria. Em cada ciclo, um setor e regio do pas foi privilegiado em detrimento de outros, o que provocou sucessivas mudanas sociais, populacionais, polticas e culturais dentro da sociedade brasileira.

O primeiro ciclo econmico do Brasil foi a extrao do pau-brasil (1501-1530): Madeira avermelhada utilizada na tinturaria de tecidos na Europa, e abundante em grande parte do litoral brasileiro na poca do descobrimento (do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Norte). Os portugueses instalaram feitorias e sesmarias e contratavam o trabalho de ndios para o corte e carregamento da madeira por meio de um sistema de trocas conhecido como escambo. Alm do pau-brasil, outras atividades de modelo extrativista predominaram nessa poca, como a coleta de drogas do serto na Amaznia. O segundo ciclo econmico brasileiro foi o plantio de cana-de-acar: Utilizada na Europa para a manufatura de acar em substituio beterraba. O processo era centrado em torno do engenho, composto por uma moenda de trao animal (bois e jumentos) ou humana. O plantio de cana adotou o latifndio como estrutura fundiria e a monocultura como mtodo agrcola. A agricultura da cana introduziu a modo de produo escravista, baseado na importao e escravizao de africanos. Esta atividade gerou todo um setor paralelo chamado de trfico negreiro. A pecuria extensiva ajudou a expandir a ocupao do Brasil pelos portugueses, levando o povoamento do litoral para o interior. Em 1549, Pernambuco j possua trinta engenhos de acar, a Bahia, dezoito e So Vicente dois. O Brasil se tornou o 20 maior produtor de acar nos sculos XVI e XVII. As principais regies aucareiras inicialmente eram Pernambuco, Bahia, So Paulo (antes de sucumbir a concorrncia da sacarose nordestina) e parte do Rio de Janeiro (produtores secundrios da regio de Campos, no baixo vale do Paraba do Sul).Ciclo do Ouro - Metais valiosos: Durante todo o sculo XVII, expedies chamadas entradas e bandeiras vasculharam o interior do territrio em busca de metais valiosos como ouro, prata e cobre alm de pedras preciosas (diamantes, esmeraldas). Afinal, j no incio do sculo XVIII (entre 1709 e 1720) estas foram achadas no interior da Capitania de So Paulo (Planato Central e Montanhas Alterosas), nas reas que depois foram desmembradas como Minas Gerais, Gois e Mato Grosso, dando incio ao ciclo do ouro. Outra importante atividade impulsionada pela minerao foi o comrcio interno entre as diferentes vilas e cidades da colnia, proporcionada pelos tropeiros. Ciclo do caf: foi o produto que impulsionou a economia brasileira desde o incio do sculo XIX at a dcada de 1930. Concentrado a princpio no Vale do Paraba (entre Rio de Janeiro e So Paulo) e depois nas zonas de terra roxa do interior de So Paulo e do Paran, o gro foi o principal produto de exportao do pas durante quase 100 anos. Foi introduzida por Francisco de Melo Palheta ainda no sculo XVIII, a partir de sementes contrabandeadas da Guiana Francesa. Ciclo da borracha: Em meados do sculo XIX, foi descoberta que a seiva da seringueira, uma rvore nativa da Amaznia, servia para a fabricao de borracha, material que comeava ento a ser utilizado industrialmente na Europa e na Amrica do Norte. Com isso, teve incio o ciclo da borracha no Amazonas (ento Provncia do Rio Negro) e na regio que viria a ser o Acre brasileiro (ento parte da Bolvia e do Peru). Desenvolvimentismo: O chamado desenvolvimentismo (ou nacional-desenvolvimentismo) foi a corrente econmica que prevaleceu nos anos 1950, do segundo governo de Getlio Vargas at o Regime Militar, com especial nfase na gesto de Juscelino Kubitschek. Valendo-se de polticas econmicas desenvolvimentista desde a Era Vargas, na dcada de 1930, o Brasil desenvolveu grande parte de sua infra-estrutura em pouco tempo e alcanou elevadas taxas de crescimento econmico. Todavia, o governo muitas vezes manteve suas contas em desequilbrio, multiplicando a dvida externa e desencadeando uma grande onda 21 inflacionria. O modelo de transporte adotado foi o rodovirio, em detrimento de todos os demais (ferrovirio, hidrovirio, naval, areo). Dcadas (1961 - 1980): Nenhum pas no mundo havia crescido tanto como o Brasil durante duas dcadas (1961 - 1980), em especial no perodo de 1968 a 1973. Nessa poca, o desemprego praticamente no existia. O Brasil viveu o chamado Milagre Econmico, quando um crescimento acelerado da indstria gerou empregos no-qualificados e ampliou a concentrao de renda, o PIB chegou a crescer 14,0%. Em paralelo, na poltica, o regime militar endureceu e a represso oposio (tanto institucional quanto revolucionria/subversiva) viveu o seu auge. A industrializao, no entanto, continuou concentrada no eixo Rio de Janeiro-So Paulo e atraiu para esta regio uma imigrao em massa das regies mais pobres do pas, principalmente o Nordeste. Dcada de 80: Por outro lado, a dcada de 1980 ficou 'para a histria' como a famosa 'dcada perdida', com aumento da inflao, do desemprego, da dvida externa, da queda de renda e com o pagamento de juros da dvida externa, entre outros. A dcada de 90 foi marcada por um processo de abertura da economia, com controle da inflao. O pas se tornou mais competitivo, e o setor produtivo privado foi forado a adotar novas tecnologias para se tornar mais produtivo. Em outras palavras, o setor privado fez a lio de casa, mas o setor pblico pouco fez para se tornar mais eficiente e controlado, a no ser mais recentemente, por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal. Tanto verdade que a dvida pblica federal, que era de aproximadamente R$ 60 bilhes em 1993, saltou para cerca de R$ 900 bilhes, no inco de 2003. Isso ocorreu porque as reformas (tributria e previdenciria) no foram feitas. Por causa disso, os juros foram mantidos elevados e o pas passou a trabalhar para pagar os juros da dvida interna. Com palavras mais objetivas, pode-se dizer que na dcada de 80 trabalhamos para pagar juros da dvida externa (mais de US$ 100 bilhes numa dcada), enquanto na dcada de 90 o pas trabalhou para pagar juros da dvida interna (R$ 114 bilhes em 2002). O aluno deve-se atentar para consulta aos textos anexados, assim como a bibliografia complementar orientada para realizao dos exerccio 'on-line'. Bibliografia VASCONCELLOS,MarcoAntonioSandovaldeeGARCIA,ManuelEnriquez.Fundamentosde Economia. So Paulo: Saraiva, 2003. 22 MDULO 4 ESTRUTURAS DE MERCADO 1. Introduo Nas aulas anteriores vimos, quais variveis afetam a demanda e a oferta de bens e servios, e como so determinados os preos, supondo sem interferncias, o mercado automaticamente encontra seu equilbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma estrutura especfica de mercado, qual seja, a de concorrncia perfeita. As vrias formas ou estruturas de mercados dependem fundamentalmente de trs caractersticas: a)nmero de empresas que compe esse mercado; b)tipo do produto ( se as firmas fabricam produtos idnticos ou diferenciados); c)se existem ou no barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado. A maior parte dos modelos existentes pressupe que as empresas maximizam o lucro total, especificamente para o caso de estruturas oligopolistas de mercado, veremos que existe uma teoria alternativa, que pressupe que a empresa maximiza o mark-up, que margem entre a receita e os custos diretos ( ou variveis )de produo. 1.2. Concorrncia pura ou perfeita um tipo de mercado em que h um grande nmero de vendedores ( empresas ),de tal sorte uma empresa, isoladamente, por ser insignificante, no afeta os nveis de oferta do mercado e, consequentemente, o preo de equilbrio. Nesse tipo de mercado devem prevalecer ainda as seguintes premissas: produtos homogneos: no existe diferenciao entre os produtos ofertados pelas empresas concorrentes; 23 no existem barreiras: para o ingresso de empresas no mercado; transparncia do mercado: todas as informaes sobre lucros, preos etc. so conhecidas por todos os participantes do mercado.1.3. MonoplioO mercado monopolista se caracteriza por apresentar condies diametralmente opostas s da concorrncia perfeita. Nele existe, de um lado, um nico empresrio (empresa) dominando inteiramente a oferta e, de outro, todos os consumidores. No h, portanto concorrncia, nem produto substituto ou concorrente. Nesse caso, ou os consumidores se submetem s condies impostas pelo vendedor, ou simplesmente deixaram de consumir o produto. Nessa estrutura de mercado, a curva de demanda da empresa a prpria curva de demanda do mercado como um todo. Ao ser exclusiva no mercado, a empresa no estar sujeita aos preos vigentes. Mas isso no significa que poder aumentar os preos indefinidamente. Para a existncia de monoplios, deve haver barreiras que praticamente impeam a entrada de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem advir das seguintes condies: Monoplio puro, elevado volume de capital, patente e controle de matrias-primas bsicas, existem ainda, os monoplios institucionais ou estatais em setores considerados estratgicos ou de segurana nacional (petrleo, energia, comunicao). 1.4. Oligoplio um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno nmero de empresas que dominam a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um mercado em que h um pequeno nmero de empresas, como a indstria automobilstica, ou ento onde h um grande nmero de empresas, mas poucas dominam o mercado, como a indstria de bebidas. O setor produtivo no Brasil altamente oligopolizado, sendo possvel encontrar inmeros exemplos: montadoras de veculos, setor de cosmticos, indstria de papel, indstria farmacutica etc. 24 Nos oligoplios, tanto as quantidades ofertadas quanto os preos so fixados entre as empresas por meio de cartis. O cartel uma organizao formal ou informal de produtores dentro de um setor que determina a poltica de preos para todas as empresas que a ele pertencem. Podemos caracterizar tambm tanto oligoplios com produtos diferenciados (como a indstria automobilstica) como oligoplios com produtos homogneos (alumnio).1.5. Concorrncia monopolista Trata-se de uma estrutura de mercado intermediria entre a concorrncia perfeita e o monoplio, mas que no se confunde com o oligoplio, pelas seguintes caractersticas: a)nmero relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial, porm com segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja por caractersticas fsicas, embalagem ou prestao de servios complementares (ps-venda). b)margem de manobra para fixao dos preos no muito ampla, uma vez que existem produtos substitutos no mercado. Essas caractersticas acabam dando um pequeno poder monopolista sobre o preo de seu produto, embora o mercado seja competitivo (da o nome concorrncia monopolista). 2. Estrutura do Mercado de Fatores de Produo At aqui identificamos as estruturas de mercados de bens e servios. O mercado de fatores de produo mo de obra, capital, terra e tecnologia tambm apresenta diferentes estruturas.2.1. Concorrncia Perfeita no mercado de fatores um mercado onde existe oferta abundante do fator de produo, por exemplo, mo de obra no especializada, o que torna o preo desse fator constante. Os ofertantes ou fornecedores, como so em grande nmero, no tm condies de obter preos mais elevados por seus servios. 25 2.2. Monopsnio Trata-se de uma forma de mercado na qual h somente um comprador para muitos vendedores dos servios dos insumos. o caso da empresa que se instala em uma determinada cidade do interior e, por ser a nica, torna-se demandante exclusiva da mo de obra local e das cidades prximas, tendo para si a totalidade da oferta de mo de obra. 2.3. Oligopsnio um mercado onde existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos vendedores. Exemplo: indstria de laticnios. Em cada cidade existem dois ou trs laticnios que adquirem a maior parte do leite dos inmeros produtores rurais locais. A indstria automobilstica, alm de oligopolista no mercado de bens e servios, tambm oligopsonista na compra de autopeas. 2.4. Monoplio bilateralO monoplio bilateral ocorre quando um monopsonista, na compra de um fator de produo, defronta-se com um monopolista na venda deste fator. Por exemplo, s a empresa A compra um tipo de ao que produzido apenas pela siderrgica B. A empresa A monopsonista, porque s ela compra esse tipo de ao, e a siderrgica B monopolista, porque s ela vende este tipo de ao.Nesses casos, a determinao dos preos de mercado depender no s de fatores econmicos, mas do poder de barganha de ambos: o monopsonista tentando pagar o preo mais baixo (usando a fora de ser o nico comprador), e o monopolista tentando vender por um preo mais elevado (usando o poder de ser o nico fornecedor). Bibliografia VASCONCELLOS,MarcoAntonioSandovaldeeGARCIA,ManuelEnriquez.Fundamentosde Economia. So Paulo: Saraiva, 2003. MDULO 6 O MERCADO MONETRIO 26 1. Histria da Moeda 1.1. Origem da Moeda: o Escambo e o Desenvolvimento da Atividade Econmica Os primeiros grupos humanos, em geral nmades, no conheciam a moeda e recorriam s trocas diretas de objetos (chamada de escambo) quando desejavam algo que no possuam. Essesgrupos,basicamente,praticavamumaexploraoprimitivadanaturezaese alimentavam por meio da pesca, caa e coleta de frutos. Num ambiente de pouca diversidade de produtos, o escambo era vivel. Oescamboapresentaalgunsproblemasnoqueserefereaodesenvolvimentodas atividadeseconmicasdeumamaneirageral.Eleexigeumaduplacoincidnciadedesejos, porquequempescasseequisesse,porexemplo,ummachado,teriaqueacharumaoutra pessoas que fabricasse machados e quisesse, exatamente, peixes. Outro problema diz respeito indivisibilidadedosobjetosnastrocasdiretas.MontoroFilho(1992)exemplificaesse problemasalientandoadificuldadequeumfabricantedecanoasteriasequisessetomarum cafezinho. Aprimeirarevoluoagrcolafoimodificandoosistemabaseadonoescambo.Avida nmade foi gradativamente cedendo lugar para sedentria e a produo passou a diversificar-secomaintroduodeutensliosdetrabalho.Adivisosocialdotrabalhocomeaase manifestareosintegrantesdogrupoganhamfunesespecficascomoguerreiros, agricultores,pastores,artesosesacerdotesDessamaneira,adivisodotrabalhoprovocou sensveis mudanas na vida social. A atividade econmica tornou-se mais complexa; o numero debenseserviosexigidosparasatisfaodasnecessidadesdogrupoaumentou,por consequncia,a"duplacoincidnciadedesejos"torna-semaisdifcil;atrocatorna-se fundamental para a sobrevivncia do grupo socialApartirdeento,algunsbensdeaceitaosoeleitoscomointermediriosdetrocas, exercendo, portanto, funo de moeda.Amoedapodeserconceituadacomoumintermediriodetrocas"queservecomo medidadevalorequetemaceitaogeral.(...)estaaceitaogeralumfenmeno essencialmentesocial.Almdisso,comoamoeda representaumpoderdeaquisio,desde o momentoemquerecebidaatomomentoemquedadaempagamentodeoutra transao,elatambmsecaracterizacomoumareservadevalor"(LOPESeROSSETTI,1991: 18). 27 1.2. Evoluo Histrica da Moeda As primeiras moedas foram mercadorias e deveriam ser suficientemente raras, para que tivessemvalor,e,comojfoidito,teraceitaocomumegeral.Elastinham,ento, essencialmentevalordeuso;ecomoessevalordeusoeracomumegeralelastinham, conseqentemente,valordetroca).Oabandonodaexignciadovalordeusodosbens,em detrimento do valor de troca, foi gradativo.Entre os bens usados como moeda esto o gado, que tinha a vantagem, de multiplicar-se entre uma troca e outra mas, por outro lado, o sal na Roma Antiga; o dinheiro de bambu na China; o dinheiro em fios na Arbia."Asmoedas-mercadoriasvariaramamplamentedecomunidadeparacomunidadeede pocaparapoca,sobmarcanteinflunciadosusosecostumesdosgrupossociaisemque circulavam" . Assim, por exemplo, na Babilnia e Assria antigas utilizava-se o cobre, a prata e a cevada como moedas; na Alemanha medieval, utilizavam-se gado, cereais e moedas cunhadas de ouro e prata; na Austrlia moderna fizeram a vez de moeda o rum, o trigo e at a carne.Comotempo,asmoedas-mercadoriasforamsendodescartadas.Asprincipaisrazes para isso foram: elas no cumpriam satisfatoriamente a caracterstica de aceitao geral exigida nos instrumentosmonetrios.Almdisso,perdia-seaconfianaemmercadoriasno homogneas,sujeitasaodotempo(comonocasodosgadoscitadoacima),de difcil transporte, diviso ou manuseio; acaractersticavalordeusoevalordetrocatornavaonovosistemamuito semelhante ao escambo e suas limitaes intrnsecas.Osmetaispreciosospassaramasobressairporteremumaaceitaomaisgeraleuma ofertamaislimitada,oquelhesgarantiaumpreoestvelealto.Almdisso,nose desgastavam,facilmentereconhecidos,divisveiseleves.Entretanto,haviaoproblemada pesagem. Emcadatransao,osmetaispreciososdeveriamserpesadosparasedeterminarseu valor.Esseproblemafoiresolvidocomacunhagem,quandoeraimpressonamoedaoseu valor.Muitasvezes,entretanto,umsoberanorecontavaasmoedasparafinanciarotesouro real. Ele recolhia as moedas em circulao e as redividia em um nmero maior, apoderando-se 28 do excedente. Esse processo gerava o que conhecemos como inflao, uma vez que existia um maior nmero de moedas para uma mesma quantidade de bens existentesOs primeiros metais utilizados como moeda foram o cobre, o bronze e, notadamente, o ferro. Por serem, ainda, muito abundantes, no conseguiam cumprir uma funo essencial da moeda que servir como reserva de valor. Dessa maneira, os metais no nobres foram sendo substitudos pelo ouro e pela prata, metais raros e de aceitao histrica e mundial. O desenvolvimento de sistemas monetrios demandaram o surgimento de um novo tipo demoeda:amoeda-papel.Amoeda-papelveioparacontornarosinconvenientesdamoeda metlica(peso,riscoderoubo),emboravalessemcomlastronela.Assimsurgemos certificadosdedepsito,emitidosporcasasdecustdiaemtrocadometalpreciosonela depositado.Porserlastreada,essamoedarepresentativapoderiaserconvertidaemmetal precioso a qualquer momento, e sem aviso prvio, nas casas de custdia A moeda-papel abre espaoparaosurgimentodamoedafiduciria,oupapel-moeda,modalidadedemoedano lastreadatotalmente.Olastrometlicointegralmostrou-sedesnecessrioquandofoi constatadoqueareconversodamoeda-papelemmetaispreciososnoerasolicitadapor todos os seus detentores ao mesmo tempo eainda quando uns a solicitavam, outros pediam novas emisses. A passagem da moeda-papel para o papel-moeda tida como uma das mais importanteserevolucionriasetapasdaevoluohistricadamoedaAfalnciadosistema privado de emisses (quando, em diversos momentos da Histria, todos resolviam reconverter seuspapis-moedaemmetaispreciosos)levouoEstadoacontrolaromecanismodas emisseseaexercerseumonoplio.Apsousodediversossistemasdeconversoquese mostraramfracassados,ossistemasmonetriosdequasetodosospases,depoisdaGrande Depressogeradapelacrisede1929-33,comaexceodosEstadosUnidosque mantiveramolastrometlicoproporcionalat1971,adotaramosistemafiducirio.Hoje, essessistemasapresentaminexistnciadelastrometlico,inconversiblidadeabsolutae monoplioestataldasemissesDesenvolve-se,juntamentecomamoedafiduciria,a chamadamoedabancria,escritural(porquecorrespondealanamentosadbitoecrdito) ouinvisvel(pornoterexistnciafsica).Oseudesenvolvimentofoiacidental(LOPESe ROSSETTI, 1991), uma vez que no houve uma conscientizao de que os depsitos bancrios, movimentadosporcheques,eramumaformademoeda.Elesajudaramaexpandirosmeios de pagamento atravs da multiplicao de seu uso. Hoje em dia, a moeda bancria representa a maior parcela dos meios de pagamento existentes. 29 Criadapelosbancoscomerciais,essamoedacorrespondetotalidadedosdepsitos vista e a curto prazo e sua movimentao feita por cheques ou por ordens de pagamento instrumentosutilizadosparasuatransfernciaemovimentaoAtualmente,asduasformas de moeda utilizadas so a fiduciria e a bancria, que tm apenas valor de troca. 2. Funes da Moeda Paraaprofundarasutilizaesdamoedadescritasacima,quandofoifeitaasua conceituao,esto,aseguir,asprincipaisfunesdamoedarelacionadasporCavalcantie Rudge: Intermediriadetrocas:Superaodoescambo,operaodeeconomia monetria,melhorespecializaoedivisosocialdotrabalho,transaescom menor tempo e esforo, melhor planejamento de bens e servios; Medida de valor: Unidade padronizada de medida de valor, denominador comum devalores,racionalizainformaeseconmicasconstrisistemaagregadode contabilidade social, produo, investimento, consumo, poupana; Reserva de valor: Alternativa de acumular riqueza, liquidez por excelncia, pronta aceitao consensual; Funo liberatria: Liquida dbitos e salda dvidas, poder garantido pelo Estado; Padro de pagamentos: Permite realizar pagamentos ao longo do tempo, permite crdito e adiantamento, viabiliza fluxos de produo e de renda;Instrumentodepoder:Instrumentodepodereconmico,conduzaopoder poltico, permite manipulao na relao Estado-Sociedade. 3. A Oferta de Moeda Vamosnosconcentraragoranosfatoresquedeterminamaofertademoeda.Vimos queaofertademoedarealizadatantopelasautoridadesmonetrias,pormeiodaemisso denotasemoedasmetlicas,quantopelosbancoscomerciaisque,apesardenopoderem 30 emitir,podem,noentanto,criaroudestruirmoeda.Iremosinicialmenteestudaraofertade moedadosbancoscomerciaiseposteriormenteanalisarosinstrumentosdisponveispelas autoridades para controlarem a oferta total de moeda. 3.1. O Sistema Bancrio - Criao e Destruio de Moeda De incio, convm definir o que venha a ser criao ou destruio de moeda. Na seo anterior definimos moeda como sendo a soma do papel-moeda em poder do pblico (inclusive moedasmetlicas)edosdepsitosvistanosbancoscomerciais.Aprimeiraparecia chamadamoedamanualoumoedacorrente,e,asegunda,moedaescritura[oubancria. Havercriaodemoedaquandohouverumaumentodestasoma,ouseja,~oaumentao volumeda soma de moeda corrente ede moeda escritural. De outra parte haver destruio demoeda quando se reduzir o volumede meios de pagamento. Alguns exemplos esclarecem estes aspectos: a) um indivduo efetua um depsito vista. No h criao nem destruio de moeda e, sim, uma transferncia entre moeda manual e moeda escritural; b)umindivduoefetuaumdepsitoaprazo.Existedestruiodemeiosdepagamento,pois depsitos a prazo no so considerados meios de pagamento; c)umbancocomprattulosdadvidapblicapossudospelopblico,pagandoemmoeda corrente:hcriaodemeiosdepagamento,poisaumentaovolumedemoedamanualem poder do pblico (estas operaes so chamadas Mercado Aberto ou Open Market). A criao (oudestruio)demoedamanualcorresponde,assim,aumaumento(oudiminuio)do papel-moedaempoderdopblico,enquantoparaamoedaescrituralasuacriao(ou destruio)sedquandohumacrscimo(oudecrscimo)dosdepsitosvistaouacurto Prazonosbancoscomerciais.Portantonossapreocupao,nomomento,verificarcomoos bancos podem aumentar ou diminuir os depsitos vista. 3.2. Mecanismo de Expanso dos Meios de Pagamento Acriaodemoedapormeiodosbancoscomerciaissefaz,atualmente,deforma anlogaapresentadanaseoanterior,quandosetratoudamoedafracionalmente lastreada.Asubstnciaamesma.Somenteumapartedototaldosdepsitosexigida,ao mesmo tempo, para pagamento. 31 Defato,umdepsitovistanumbancocomercialrepresentaumdireitoqueo depositantepossuisobreumadeterminadaquantia.Emoutraspalavras,quandoumbanco recebeumdepsitovista,eleprometepagaraquantiadepositadaouumapartedesta, quandoparatalforsolicitado.Normalmenteestasolicitaofeitapormeiodecheques. Ocorre, entretanto, que a todo instante existem depsitos e saques, de tal forma que somente umaparceladototaldosdepsitosnecessriaparaatenderaomovimento.Estaparcela normalmentepequena,10%,edestaformaobancocomercialpodefazer.promessasde pagar" em um valor mltiplo do total de depsitos iniciais e usar os fundos assim obtidos para efetuar emprstimos.Um exemplo esclarece melhor. Suponhamos que seja 10%a parcela do totaldosdepsitosquenormalmente(emmdia)exigida.Casoobancotenhaemcaixa, como reserva, 10%, ele poder fazer promessas de pagar num total de 10 vezes suas reservas, ou seja, 1.000. 3.2.1. Um nico Banco Comercial Vamos analisar esteexemplo com maior ateno everificar como o banco podecriar moeda ou depsitos. Para tal fim vamos fazer inicialmente algumas hipteses simplificadoras. Emprimeirolugar,suponhamosqueexistaapenasumnicobancocomercial.Emsegundo lugar, queo pblico esteja satisfeito com a quantidadedepapel-moeda em seu poder, de tal formaquequalquervolumeamaissejadepositadonosbancos.Nestascondiesvamos analisar o queocorre quando feito um novo depsito de$ 10o,0o, em moeda, nestenosso banco monopolista. A tabela a seguir mostra como esta transao ser transcrita nos livros do banco: Tabela 1 AtivoPassivo Encaixe 100Depsitos 100 Nesta primeira etapa no houve criao de moeda e, sim, uma transferncia de moeda manual para moeda escritural. Ocorre, entretanto, que o banco no precisa conservar 100% de reservasparagarantirseusdepsitos.Aexperinciamostraqueumaparcela,pequena, suficiente, vamos supor 10%. 32 Com$10o,00dereservasobancopodeprometerpagar$1.00o,00(dedepsitos). Assim elepoder,porexemplo,emprestar$ 50o,00 paraaempresa X,eemprestar $40o,00 ao indivduo A, cobrando juros em ambas; as operaes. Em contrapartida o banco permite ao indivduo A preencher cheques at o montante do emprstimo e abre um crdito na conta da empresaXnovalorde$50o,00.Atabela2mostracomoestastransaesapareceronos livros do banco. Tabela 2 AtivoPassivo Encaixe100 Emprstimo para X 500 Emprstimo para A 400 Depsitos1.000

1.0001.000 Oativodobancoagoraincluios$10o,00dodepsitoinicial,eos$90o,00de emprstimosefetuados.Opassivo,porsuavez,aumentoupara$1.00o,0o,sendo$10o,00 dos depsitos iniciais, $ 50o,00 de depsitos criados para a empresa X e $ 40o,00 criados para oindivduoA.Note-sequeporsimpleslanamentoscontbeisobancocriou$90o,00de novosdepsitos,ouseja,moedaescritural.Seusencaixesagorarepresentam10%desuas obrigaes (depsitos). de se esperar que tanto a empresa X como o indivduo A gastem o seu dinheiro. Na maioriadoscasoselesofaropormeiodecheques.Comoestamossupondoqueexistaum nico banco e que o pblico no deseje conservar quantias adicionais de moeda em forma de moedamanual,osindivduos,ouempresas,quereceberemoscheques,irodeposit-losno nossobanco.Obanco,ento,reduziracontacorrentedequempreencheuochequee aumentaracontadequemorecebeu.Nohaver,assim,qualqueralteraonototaldos seusdepsitos,easituaopermaneceamesmaquefoidescritapelaTabela2,com modificaes apenas na composio interna dos depsitos. 3.2.2. Vrios Bancos Comerciais Noraciocnioexpostoacima,fizemosduashiptesessimplificadoras.Vamosagora alteraroraciocnio,eliminando-as.Emprimeirolugar,vamossuporaexistnciademuitos 33 bancos,hipteseestaquecorresponderealidadebrasileira.Nestecaso,cadabanco, isoladamente,nopodeesperarqueoschequeslanadosporseusclientessejamrecebidos poroutrosseusclientesenovamentedepositadosnobanco.deseesperarqueestes chequessejamdepositadosemoutrosbancos,aomenosamaioria.Assim,cadabanco individualmentenopodersecomportardaformaquefoiexpostanocasodeumnico banco. Podemos,entretanto,pensarnosistemaemconjunto,ouseja,raciocinarmoscom todososbancosagregadamente.Nestascondies,oraciocnioomesmo.Defato,parao sistemacomoumtodo,valeahiptesefeitadequetodososchequesseronovamente depsitos no sistema. E, assim, o mecanismo de expanso exatamente igual ao apresentado. O sistema bancrio pode criar depsitos num valor mltiplo dos depsitos iniciais. 4. O Banco Central Os bancos que acabamos de analisar so bancos comerciais, ou seja, bancos privados, cujocomportamentoditadopelaregrademaximizaroslucros,oumotivadosemseu funcionamento pelos lucros a serem alcanados. Almdestesbancos,encontramos,emquasetodosospases,BancosCentrais,cuja funoprimordialregularofluxodamoedaedocrditonaeconomia.OBancoCentral uma agncia das autoridades monetrias por meio da qual realizada a poltica monetria. Em outraspalavras,oBancoCentraloinstrumentopeloqualogovernorealizasuapoltica monetria. AestruturaadministrativaejurdicadosdiversosBancosCentraisvarialargamente entrepases.NoReinoUnido,oBancoCentraloBancodaInglaterra.NosEstadosUnidos, encontramosoSistemaFederaldeReserva.NoBrasil,asfunesdoBancoCentralso desempenhadas pelo Banco Central do Brasil e pelo Banco do Brasil. Entretanto, em que pese asdiferenasinstitucionais,asfunesdosdiversosbancoscentraissoasmesmas.Neste sentido, vamos nos concentrar no estudo das funes gerais de um banco central. 4.1. Banco dos Bancos Osbancoscomerciaispodemquererdepositarseusfundosemalgumlugare necessitam de um mecanismo para transferir fundos de um banco para outro. O Banco Central 34 cumpreestepapel.Recebedepsitosdosbancoscomerciaisetransferefundosdeumpara outro banco. Esta ltima funo desempenhada pela Cmara de Compensao de Cheques. Ofuncionamento da compensao simples. A Cmara serene,normalmente,uma nica vez por dia. Cada banco comercial apresenta os cheques de outros bancos, recebidos em suas agncias, e ao mesmo tempo lhe so cobrados cheques de seus clientes depositados em outrosbancos.Sosomadososdbitosecrditosdecadabanco.Ossaldoslquidossoa seguirtransferidos.Osbancosquetenhamsaldospositivosrecebemfundosdosquetenham saldos negativos. Este mecanismo controlado no Brasil pelo Banco do Brasil. Osbancoscomerciaisprecisamtambmdefundoslquidos.Umadasformasde consegui-lospediremprestadoaoBancoCentral. Ataxadejurosqueosbancoscomerciais pagam conhecida como taxa de redesconto. OBancoCentraldeveserumbancoaustero.Recusarnovosemprstimosquando acharnecessrioecobrarosemprstimosatrasados.OBancoCentraldeveser"um emprestadordeltimainstncia-.Suafunodeveseradesocorrerosbancosemsuas dificuldades, mas somente nestas ocasies. De outra parte, o Banco Central pode usar, e realmente usa, este poder de emprestar para controlar e regular as atividades dos bancos comerciais. 4.2. Bancos do Governo GrandepartedosfundosdogovernosodepositadosnoBancoCentral.Deoutra parte,quando o governo necessitaderecursos, elenormalmente emite ttulos (obrigaes) e osvendeouaopblicoouaoBancoCentral,obtendo,assim,osfundosnecessrios.Mesmo quandoogovernovendettulosaopblico,eleofazpormeiodoBancoCentral.Este,por estas razes, o agente financeiro do governo, ou melhor, o banco do governo. NoBrasil,porcausadaestruturahbridadoBancoCentral,umapartedasfunes desempenhadapeloBancodoBrasil.OBancoCentraldoBrasilnorecebedepsitosdo governo. Quem o faz o Banco do Brasil. 4.2.1. Controle e Regulamentao da Oferta de Moeda AprincipalfunodoBancoCentralcontrolaraofertademoeda.Paratalfim,ele podeutilizarvriosinstrumentos.Osprincipaissoasemissesdepapel-moeda,asreservas 35 obrigatrias dos bancos comerciais e as operaes de mercado aberto (open market). A seguir, examinaremoscadaunidestesinstrumentosecomopormeiodelesasautoridades monetriaspodemforneceraosistemaeconmicoumaofertademoedasuficienteparao desenvolvimentodasatividadeseconmicas,masque,poroutrolado,nosejaexcessivaa ponto de se tornar uma fonte de inflao. 4.2.1.1. Monoplio das Emisses Emquasetodosospasesdomundo,oBancoCentralcontrola,porforadelei,o volumedepapel-moedaemitido.Emoutraspalavras,oBancoCentraltemomonopliodas emisses. Em geral, no se recomenda que o Banco Central use este seu poder para controlar aofertademoeda,masquecoloqueemcirculaoovolumedenotasemoedasmetlicas necessrias ao bom desempenho da economia. Ocontrole da ofertade meios depagamento deve ser realizado pela utilizao dos outros instrumentos. 4.2.1.2. Reservas Obrigatrias Como j foi discutido, os bancos comerciais guardam uma parcela dos depsitos como reservas e com a finalidade de atender ao movimento de caixa. Emgeral,osbancoscentraisforamosbancoscomerciaisaguardarreservas superiores s que seriam indicadas pela experincia e prudncia destes estabelecimentos. No Brasil, estas reservas obrigatrias ou compulsrias so em mdia pouco superiores a 35% dos depsitosvista;nosEstadosUnidos,estataxapoucoinferiora20%;enaInglaterra, aproximadamente 8 % do total dos depsitos. Alm destes instrunentos, o Banco Central usa tambm seu poder de ser o banco dos bancos, especialmente por meio da poltica de redesconto. Como pde ser visto, nas frmulas apresentadas acima, a relao encaixe-depsitos umadasdeterminantesdomecanismodeexpansodosmeiosdepagamento.Assim,a variaodastaxasdereservasobrigatriasacarretaalteraessubstanciaisnacriaode moeda por parte dos bancos comerciais. Deoutraparte,nosaexpansodosmeiosdepagamentoafetadapela modificao nas reservas, mas o prprio volume de moeda escritural alterado e, portanto, a oferta de meios de pagamento. De fato, para um volume de $ 1.000.00o,00 de reservas e com uma relao encaixe-depsitos igual a o,20%, o total de moeda escritural ser $ 5.000.00o,00. 36 Caso o Banco Central altere a relao para o, 25%, o sistema bancrio ser obrigado a reduzir o volumedemoedaescrituralpara$4.000.00o,0o,mesmoquesuasreservaspermaneam iguais a $ 1.000.00o,0o, pois agora eleser obrigado a ter como reservas 25%dos depsitos. Calculando25%de4milhes,dar1milho.Seriainteressantequeoleitorestudasseoque ocorreria caso o Banco Central reduzisse a relao encaixe-depsitos para 0,10%. 4.2.1.3. Operaes de Mercado Aberto ("Open Market") Outroinstrumentoimportanteparaocontroledaofertademoedasoasoperaes demercadoaberto.Emmuitospases,EstadosUnidoseInglaterra,porexemplo,este instrumento o mais utilizado pelas autoridades monetrias. No Brasil, sua utilizao data do incio da dcada de 70. Em essncia, estas operaes consistememvendasoucompras,porpartedoBancoCentral,dettulosgovernamentaisno mercado de capitais. Qual o efeito destas compras e vendas sobre a oferta de moeda? Paraentendermosestarepercusso,vamosanalisaroqueocorrequandoestas operaessorealizadas.VamossuporqueoBancoCentralcompreobrigaes governamentaispossudaspelopblico.Comopagamentodestacompra,oBancoCentral entregaaoantigopossuidorumchequenovalordaimportnciadevida.Porsuaparteo indivduoquevendeuosttulosdepositaochequenumbancocomercialnoqualseja correntista. Ora, o Banco Central, quando realiza estas operaes, compra ttulos de inmeros indivduos,osquaisvoseguiromesmoprocedimento,ouseja,depositaroscheques recebidos nos seus bancos comerciais. J estudamos a repercusso do aumento dos depsitos no sistema bancrio. Como uma s parte dos depsitos precisa ser guardada como reserva ou encaixe,osbancosvoagorasedefrontarcomencaixesexcedentes.Estesencaixessoa condionecessria,edeacordocomahipteseformulada,suficienteparaqueseda expansomltipladosmeiosdepagamento.Casooleitornoestejasegurodesta repercusso, seria interessante reler a parte anterior referente ao mecanismo de expanso dos meios de pagamento. Emresumo,acompradettulosgovernamentais,porpartedoBancoCentral, acarretou uni aumento nos depsitos junto aos bancos comerciais. Este aumento, por sua vez, gerou encaixes excedentes, e estes foram o ponto de partida para uma expanso mltipla dos meios de pagamento e, portanto, para um aumento na oferta de moeda. 37 OopostoseverificariacasooBancoCentralvendessettulos.Osindivduosque comprassem os ttulos os pagariam com cheques. Quando o Banco Central descontasseestes cheques,elereduziria as reservas dos bancos que,por sua vez, seriam obrigados a contrair a oferta de meios de pagamento, ou seja, reduzir a oferta de moeda. 4.2.1.4. Poltica de Redesconto Uma outra forma, bastante importante, de se controlar a oferta de moeda e a poltica de redesconto. Esta , inclusive, uma das mais usadas nas economias modernas. J vimos que oBancoCentralobancodosbancos,equeeleemprestafundoslquidosaosoutros estabelecimentos bancrios, seja por meio de emprstimos diretos ou por meio do redesconto dettulos.Na medidaem queadotaumapolticaliberaldecrdito, oferecendoemprstimos abundanteseajuros(taxaderedesconto)baixos,oBancoCentralforneceaosbancos comerciaisumafonteacessveldeemprstimos,e,portanto,estespodemtambmadotar umapolticaliberaldecrditoparaseusclientes.CasooBancoCentrallimite quantitativamente os redescontos ou eleve suas taxas, os bancos comerciais sero obrigados a reduzir seus emprstimos e elevar as taxas de juros. Desta forma, o crdito bancrio se torna difcil e dispendioso. 5. A Demanda de Moeda Porqualrazoindivduoseempresasguardammoedaconsigoounosbancos?No seria mais interessante comprar ttulos e, portanto, ganhar juros? Ou fazer outras aplicaes e receberrendimentos?Seexistemestaspossibilidades,porqueseguardamoedaqueno rendenada?Emoutraspalavras,podemosdizerqueexisteumcustoaoseguardarmoeda. Estecusto,deoportunidade,exatamenteoquesedeixadeganharaosemanteramoeda inativa.Sequisermosrespondersperguntasacima,devemosdesenvolverumateoriada demanda de moeda. o que faremos a seguir. 5.1. Razes para manter Encaixes Monetrios 5.1.1. Os pagamentos e recebimentos no so perfeitamente sincronizados Todasastransaes,oupraticamentetodas,sorealizadascomopagamentoem moeda.Amoedapassadosindivduosparaasempresas,destasparaoutrasempresas,ou novamente para os indivduos, e assim sucessivamente. Desta forma, tanto as empresas como 38 os indivduos precisam guardar certa quantidade de moeda para os pagamentos que tm que fazer.OeconomistainglsLordKeynesdesignouestaprocuradeprocurademoedapara transaes. Podemos explicar melhor de onde surge esta procura, analisando primeiramente o comportamento dos assalariados e depois o das empresas. 5.1.1.1. Assalariados Normalmenterecebem-seossalriosnoinciodomsegastam-seaolongodoms. Ato dia queantecedeo novo pagamento os indivduos tm certadespesa,como conduo, alimentao, cigarros, cafezinho etc. Assim, necessrio que se guarde at este dia uma certa quantia de moeda. Vamossuporumindivduoquereceba$12.00o,00pormsedecidagast-loem parcelas dirias iguais a $ 40o,00. No incio do primeiro dia ele tem, na carteira ou no banco, os $ 12.00o,00 e gasta $ 40o,00 durante este dia. No dia seguinte, ele comea com $ 11.60o,00 e terminacom$11.20o,0o,eassimpordiante.Nofimdoltimodiadomseleestar absolutamente na lona, mas isto no o preocupa, pois sabe que no dia seguinte receber seu ordenado. Qual ,nestascondies, a quantidademdia de moeda retida, tambm chamada de encaixemonetriomdio?fcilverificarqueesteencaixeiguala$6.00o,0o,ouseja, exatamente igual metade de seu salrio mensal ou de sua renda anual. precisolembrarqueocomportamentodegastosapresentadosnocorresponde necessariamenteaocomportamentonormal.Pelocontrrio.Emgeral,nosprimeirosdiasdo ms h um acmulo de despesas. 5.1.1.2. Empresas Noinciodecadams,acaixadasempresasficariaazero.Nodecorrerdoms,iria aumentandoe,nofimdoms,atingiriaunimximo,ecomopagamentodosempregados cairia abruptamente para zero. bomnotarqueestaapresentaobastantesimplificada.umaabstraoda realidadevisandoapenasoentendimentodofenmeno.Naprtica,ocomportamentodas empresas e indivduos diferente porque existem outros fatores atuando. Vamos analis-los. 5.1.2. Incertezas quanto s Datas e Montantes dos Recebimentos 39 Asegundarazoparaempresaseindivduosreteremmoedaaincertezaquantos datasemontantesdosrecebimentos.Ocomportamentoindicadonosgrficosanteriores bastante arriscado. Vamos supor que os assalariados recebam seu ordenado no dia 3 ao invs do dia 12. Se eles tiverem gasto o seu ltimo centavo na noite do dia 31, eles passariam os trs primeirosdiasdonovomssemdinheiro,nempara ocafezinho,nemparaaconduo. Para evitar estes problemas, e devido ao fato de no ser possvel prever exatamente o que ocorrer no futuro, os indivduos e empresas, quando isto possvel, mantm, mesmo no fim do ms, uma certa quantia de moeda - encaixe de segurana - seja na carteira, seja nos bancos. Este o chamado motivo deprecauo, ou a demanda de moeda para precauo, de acordo com a terminologia keynesiana. Aexistnciadeencaixesparaprecauoaumentaoencaixemdioretidopor empresas e indivduos, e, desta forma, a velocidade-renda da moeda se reduz. fcilverificarqueestesencaixesdeseguranaouprecauodevemdependerdarendado indivduooudaempresa.Quantomaiorforaempresa,maioresseroseusencaixes necessrios.porestarazoaceitoqueesteencaixesejaumaproporodarendados assalariadosoudasempresas.Destaforma,nspodemosrepresentarademandademoeda para fins de transao e precauo como uma funo proporcional da renda monetria. EstasidiasderamorigemchamadaTeoriaQuantitativadoValordaMoeda,que iremosanalisarlogoapsestudarmosaterceirarazoparaamanutenodeencaixesde moeda. 5.1.3. A Moeda uma forma de Patrimnio Umraciocniosimplistalevariaconclusodeque,comoamoedanorendejuros e notem,anoserparaindivduosextremamenteavarentos,umautilidadeemsi,os indivduos nunca guardariam moeda, a no ser o estritamente necessrio para as transaes e para a segurana destas. Caso eles tivessem excedentes monetrios, elescomprariamttulos, que tm rendimentos, enquanto a moeda no os tem. Afalhadesteraciocnioesquecerqueamoedadesempenha,almdeoutras,a funodereservadevalor,ouseja,poderepresentarumaformaderiquezaoupatrimnio. Vamos apresentar trs casos onde,ao menos a curto prazo, torna-se racional guardar moeda ao invs de ttulos: 40 a) quando se pretende comprar certo bem patrimonial indivisvel - o caso de indivduos que aumentam suas contas bancrias durante alguns meses para dar a entrada na compra de uma casa, ou de um automvel; b)amoedanoapresentarendimentos,mastemavantagemdenoapresentarriscos, especialmentequandonohinflao.Adesvantagemdenogerarjurospodeser compensadapelavantagemdeausnciaderiscos.Oindivduo,parareduzirosriscos, diversifica seu patrimnio em vrios ttulos e aplicaes, inclusive guardando certa quantidade de moeda; c) quando se espera a baixa no preo de bens patrimoniais, uma boa poltica guardar moeda comoreservadevalor.Porexemplo,quandosevaicomprarumterrenoeespera-sequeo preo do terreno diminua. Oindivduo, mesmo tendo os recursos necessrios para a compra, espera os preos diminurem para efetuar a transao. No caso da queda de preos esperada ser no preo dos ttulos, esta razo corresponde procura especulativa de moeda, de Keynes. Exemplifiquemos. Casoospreosdosttulosestejammuitoaltose,portanto,ataxadejurosbaixa,os indivduosnodesejaroadquirirosttulos,poisnoprovvelqueganhembons rendimentos. O comportamento racional do aplicador ser guardar a moeda e esperar a queda no preo do ttulo e, portanto, a alta na taxa de juros. Istocorrespondeprticadecomprarnabaixaevendernaalta,eassimganhar grandes somas nestas transaes. Estas idias nos levam a colocar esta demanda de moeda como dependente da taxa de juros. Quando a taxa de juros for baixa, os indivduos no desejam comprar ttulos e guardam todos os seus excedentes monetrios, ou seja, a quantidadedemandada de moeda aumenta. Deoutraparte,quandoataxadejurosaumentar,osindivduospassamadesejarcomprar ttulos, eassim a quantidadedemandada de moeda sereduz. Em outras palavras, existe uma relao inversa entre a quantidade demandada de moeda e a taxa de juros. Podemosapresentaresteraciocniodeoutraforma.Ataxadejurossendooquese podeganharnosttulos,exatamenteaquiloquesedeixadeganharaoguardarmoedae, portanto, representa um custo de oportunidade. o preo de manter os estoques monetrios. 41 Assim, quanto maior o preo (taxa de juros menor a quantidade demandada de moeda e vice-versa. A curva de demanda decrescente, como apresentada no grfico acima. Pode-setambmargumentarquemesmoademandademoedaparatransaoe precauo funo da taxa dejuros pois, se,por exemplo, os juros forem muito altos, vale a penareduziroestoquedemoedaparaprecauoe/ouusarpartedamoedaretidapara transaoposteriore,portanto,inativadurantealgunsdias,paracomprarttulos, especialmenteosdegrandeliquidez.Quandosenecessitardemoedadenovovende-seo ttulo, ficando, como saldo, com os juros recebidos. 6. Relao entre Moeda e Nvel de Preos Arelaoentreamoedaeonvelgeraldepreos umassuntoquetem merecidoa atenodosestudiososdesdesculosatrs.Muitasidiasediscussessurgirameaindaho desurgir.Nopresentecaptulo,faremosumasntesedestespensamentos,apresentandoas duas principais correntes a Teoria Quantitativa e a Teoria Keynesiana. 6.1. Teoria Quantitativa de Moeda Segundo John Stuart Mill, "o valor da moeda, mantidos constantes os demais fatores, varia inversamente com a sua quantidade, cada aumento na quantidade diminuindo o valor e cada diminuio aumentando-o, em uma proporo exatamente equivalente". Posteriormente, Irving Fisher inclui elementos da velocidade da circulao da moeda e do nvel de produo da economia, na sua clebre equao: PT = MV Onde: P = preo mdio (nvel de preos) T = nmero de unidades transacionadas (produo real) M = estoque de moeda (moeda manual mais depsitos bancrios vista) 42 V = velocidade de circulao da moedaSuponhamos que: M = $1.000.000.000,00 V = 2,5 T = 200.000.000 P= ? PT = MV P = MV/T = (1.000.000.000,00 x 2,5) / 200.000.000 = $12,50 Suponha que o estoque de moedas passe de $1.000.000.000,00 para $2.000.000.000,00: P = MV/T = (2.000.000.000,00 x 2,5) / 200.000.000 = $25,00 O aumento de 100% no estoque de moedas, gerou uma inflao de 100% nos preos. Em tempos de instabilidade financeira, com expectativas de inflao elevada, comum aumentaravelocidadedecirculaodamoeda,mesmoSEMumaumentoemseu quantitativo.Odinheiro"queima"nas mosdaspessoas,aumentandoavelocidadecomque eletrocademos.Esseaumentodavelocidadedecirculaoelevaopatamardainflao(e vice-versa). 6.2. Teoria Keynesiana da Moeda A Teoria Keynesiana difere em dois aspectos da Teoria Quantitativa. Em primeiro lugar, paraKeynesademandademoedaocorrenosporcausadosmotivostransaoe precauo,mastambmporqueamoedaumaformadepatrimnio.Assimsendo,a demanda de moeda depende no s da renda monetria como tambm da taxa de juros. Podemosdizerque,almdademandadamoedaapresentadapelaTeoria Quantitativa,Keynesacrescentaumaoutraparcelarepresentadapelademandaespeculativa demoeda.Nestesentido,deve-seentenderaTeoriaKeynesianacomosendouma complementao da Teoria Quantitativa e no uma negao desta. 43 A outra diferena fundamental entre as duas teorias est relacionada com a reao de indivduoseempresasnutriasituaodedesequilbrio.ParaaTeoriaQuantitativa,quando houverencaixesmonetriosexcedentes,osindivduoseempresasiroaumentarsua demanda de bens e servios. Para Keynes, vai-seadicionalmente usar os encaixes excedentes para comprar ttulos (aes, letras de cmbio, debntures etc.). Analisaremos com mais detalhe este aspecto da Teoria Keynesiana.Quandoempresaseindivduosestiveremcorriexcedentesmonetrios,elesnoiro somente aumentar sua demanda debens eservios; iro tambm comprar ttulos e comisto obterrendimentos.Quando,deoutraparte,elesestiveremcomencaixesmuitobaixose insuficientes, eles vendero os ttulos para reequilibrar seus encaixes monetrios. Este , para Keynes, o comportamento usual e mais importante. Arepercussodestecomportamentoseradealterarataxadejuros.Vamossupor queexistamencaixesexcedentesnasempresasecomosindivduos.Vimosqueeles procuraro comprar ttulos. A demanda de ttulos aumenta. Sendo que a oferta (a curva e no a quantidade) permanece a mesma, os preos dos ttulos iro aumentar. O aumento do preo dos ttulos a mesma coisa que a queda na taxa de juros. Esta a primeira repercusso. Deoutraparte,oinvestimentosensveltaxadejuros;quandoataxadejurosfor alta,haverdificuldadesparainvestimentose,quandoataxadejurosforbaixa,haver estmuloparainvestimentos.Comareduonataxadejuros,osinvestimentostendema aumentar.Estaasegundarepercusso.Masoprocessonopraa.Oaumentodos investimentostemumefeito multiplicadorsobreademanda agregada.Estaaumentaem um valor mltiplo do aumento inicial no investimento. Resumindo, teremos: a) quando houver aumento da oferta monetria, surgiro encaixes excedentes; b) os indivduos e empresas iro aumentar, por causa destes encaixes, a procura de ttulos; c) este aumento da procura dever aumentar os preos dos ttulos, ou, o que a mesma coisa, reduzir a taxa de juros; d) a reduo na taxa de juros tender a aumentar os investimentos; e) o aumento dos investimentos tem um efeito multiplicador da demanda agregada. 44 Comosepodever,aligaoentreaalteraonaofertamonetriaeaalteraona demandaagregada,paraKeynes,bastanteindireta,masapresenta omesmo sentidoque o da Teoria Quantitativa. A repercusso do aumento da demanda sobre a renda real e sobre o nvel de preos amesmaquejapresentamosatrs.Sehouverplenoemprego,oaumentodademandair somenteaumentaronveldospreos.Sehouverdesemprego,dentrodashiptesesfeitas, haver um aumento do emprego e da renda sem alterao no nvel de preos. Resumindoeconcluindo,quandohouverinflaooudesemprego,asautoridades podem,pormeiodapolticamonetria,ouseja,docontrolequeexercemsobreaofertade moeda,procurarcorrigirestedesequilbrio.Havendodesempregodeve-seaumentara oferta demoeda.Havendoinflao,areduonaofertamonetriairreduzirohiatoinflacionrio, pois haver uma diminuio na demanda agregada. Referncias Bibliogrficas BRASIL, Banco Central. Resoluo 375. FURTADO,Celso. Editora Companhia Nacional: So Paulo. GUDIN, E. Princpios de Economia Monetria. HOLANDA, Nlson. Introduo Economia. SAMUELSON, Paul A. Introduo Anlise Econmica. SINGER, Paul. Aprender Economia. Editora Contexto: So Paulo, 2002. MDULO 7 O SETOR EXTERNO 45 1. Fundamentos do Comrcio Internacional: a Teoria das Vantagens Comparativas O que leva muitos pases a comercializarem entre si? Esta uma questo bsica a ser respondida.Oseconomistasclssicosfornecemaexplicaotericabsicaparaocomrcio internacional atravs do chamado Princpio das Vantagens Comparativas. OPrincpio das Vantagens Comparativas sugerequecada pas deva seespecializar na produo daquela mercadoria em que relativamente mais eficiente (ou que tenha um custo relativamentemenor).Estaser,portantoamercadoriaexportada,poroutroladoestepas dever importar aqueles bens cuja produo implicar um custo relativamente maior. ATeoriadasVantagensComparativasfoiformuladaporDavidRicardoem1817.No exemplo construdoporesseautor,existemdoispases(InglaterraePortugal), doisprodutos (tecido e vinho) e apenas um fator de produo (mo de obra). Quant de homens/hora para a produo de uma unidade de mercadoria TecidosVinho Inglaterra Portugal 100 90 120 80 Emtermosabsolutos,Portugalmaisprodutivonaproduodeambasas mercadorias. Mas em termos relativos, o custo da produo de tecidos em Portugal maior do que o da produo de vinho, ena Inglaterra, o custo da produo de vinho maior que o da produodetecidos.Comparativamente,Portugaltemavantagemrelativanaproduode vinho,eaInglaterranaproduodetecidos.SegundoRicardo,osdoispasesobtero benefciosaoespecializarem-senaproduodamercadoriaemquepossuemvantagem comparativa, exportando-a, e importando outro bem. No importa aqui, o fato de que um pas possa ter vantagem absoluta em ambas as linhas de produo, como o caso de Portugal, no exemplo acima. AteoriadesenvolvidaporRicardoforneceumaexplicaoparaosmovimentosde mercadoriasnocomrciointernacional,apartirdaofertaoudoscustosdeproduo existentes nesses pases. Logo, os pases exportaro e se especializaro na produo dosbens 46 cujo custo for comparativamente menor em relao queles existentes, para os mesmos bens, nos demais pases exportadores. Segundoacorrenteestruturalista,osprodutosmanufaturadosapresentam elasticidade-rendadademandamaiorqueum,eosprodutosprimrios,menorqueum, significando que o crescimento da renda mundial provocaria um aumento relativamente maior nocomrciodemanufaturados,acarretandoumatendnciacrnicaaodficit nobalanode pagamentos dos pases exportadores de produtos bsicos ou primrios. 2. Determinao da Taxa de Cmbio Quandodoispasesmantmrelaeseconmicasentresi,entramnecessariamente em jogo duas moedas, exigindo que se fixe a relao de troca entre ambas. A taxa de cmbio a medida deconverso da moeda nacional em moeda deoutros pases. Exemplo: dlar pode custar 0,97 de real, 1 libra pode custar 1,27 real etc. Adeterminaodataxadecmbiopodeocorrerdedoismodos:institucionalmente, atravs de deciso de autoridades econmicas com fixao peridica das taxas (taxas fixas de cmbio), ou atravs do funcionamento do mercado, onde as taxas flutuam automaticamente, em decorrncia das presses de oferta e demanda por divisas estrangeiras (taxas flutuantes). Aofertadedivisasrealizadatantopeloosexportadores,querecebemmoeda estrangeira em contrapartida de suas vendas, como atravs da entrada de capitais financeiros internacionais. Como as divisas no podem ser utilizadas internamente, precisa ser convertida emmoedanacional.IssofeitopeloBancoCentraldaseguinteforma:recebedos importadoresdoexterioraquantiaemdivisasdlar,porexemplo,retendo-asemseus cofres,epaga,aoexportadornacionalemmoedanacional,emreais,aimportncia correspondente. Umataxaelevadadecmbiosignificaqueopreodadivisaestrangeiraestalto,ou queamoedanacionalestdesvalorizada.Assim,aexpressodesvalorizaocambialindica quehouveumaumentodataxadecmbiomaiornmerodereaisporunidadedemoeda estrangeira. Por sua vez, valorizao cambial significa moeda nacional mais forte, isto , paga-se menos reais por dlar, por exemplo, tem se uma queda na taxa de cmbio. 47 Astaxasdecmbioestointimamenterelacionadascomospreosdosprodutos exportados e importadas e conseqentemente, com o resultado da balana comercial do pas. Se a taxa decmbio se encontrar em patamares elevados, estimular as exportaes,pois os exportadorespassaramarecebermaisreaispelamesmaquantidadededivisasderivadasda exportao; em conseqncia haver maior oferta de divisas. Por exemplo: Suponhamos uma taxadecmbiode0,90realpordlar,equeoexportadorvendia1000unidadesdeseu produtoa50dlarescada.Seufaturamentoerade50.000dlaresou45.000reais.Seo cmbiofordesvalorizadoem10%,ataxadecmbiosubirpara0,99realpordlare, vendendoasmesmas1000unidades,receberosmesmos50.000dlares,squevalendo agora49.500reais.Issoestimularoexportadoravendermais,aumentandoaofertade divisas. Doladodasimportaes,asituaoseinverte,poisseopreodosprodutos importadosseelevam,emmoedanacional,haverumdesestmulosimportaese, conseqentemente, uma queda na demanda de divisas. 3. A Inflao Interna e seus Efeitos sobre a Taxa de Cmbio At aqui analisamos a paridade cambial sem considerarmos os efeitos da inflao. No entanto,oaumentodonveldepreosinternosocorrnciadainflaoprovocauma reduo da taxa real de cmbio, ou seja, com a inflao gera-se, internamente, uma queda no poderaquisitivodamoeda.Osefeitosdaperdadopoderaquisitivoso:umdesestmulos exportaes,umavezqueopreodoprodutoexportadonosofrecorrelaoequivalente inflao;eum estmulosimportaes,jqueosbensimportados,aonoserem corrigidos, ficam mais baratos. 4. A Atuao Governamental no Mercado de Divisas: Polticas Externas Ogovernopodeatuaratravsdapolticacambialoudapolticacomercial.Apoltica cambial diz respeito a alteraes na taxa de cmbio, enquanto a poltica comercial constitui-se de mecanismos que interferem no fluxo de mercadorias e servios. As polticas cambiais mais freqentes so: 48 A)Regime de taxas fixas de cmbio; B) Regime de taxas flutuantes ou flexveis de cmbio; C)Regime de Bandas cambiais: Dentre as polticas comerciais externas, podemos destacar as seguintes: A)Alteraes das tarifas sobre importaes; B) Regulamentao do comrcio exterior. 5. A Estrutura do Balano de Pagamentos Obalanodepagamentosoregistroestatsticocontbildetodasastransaes econmicas realizadas entre os residentes do pas com os residentes dos demais pases. Dessemodo,estoregistradosnobalanodepagamentos,porexemplo,todasas exportaeseimportaesdoperodoconsiderado:osfretes,osseguros,osemprstimos obtidosnoexterioretc.Ouseja,todasastransaescommercadorias,serviosecapitais fsicos e financeiros entre o pas e o resto do mundo. O balano de pagamentos apresenta as seguintes subdivises: BalanaComercial:Essacontacompreendebasicamenteocomrciodemercadorias.Seas exportaesFOB excedem as importaesFOB, temos um supervit no balano de comrcio; caso contrrio temos um dficit. BalanodeServios:Registram-setodososserviospagos/recebidospeloBrasil,taiscomo fretes, seguros, lucros, juros, royalties e assistncia tcnica, viagens internacionais. TransfernciasUnilaterais:Tambmconhecidascomocontadonativos,registramasdoaes interpases. Estes donativos podem ser em divisas como em mercadorias. BalanodeTransaesCorrentes:Osomatriodosbalanoscomercial,deserviosede transfernciasunilateraisresultanosaldoemcontacorrenteoubalanodetransaes correntes.Seosaldodobalanodetransaescorrentesfornegativo,temosumapoupana 49 externapositiva,poisindicaqueopasaumentouseuendividamentoexterno,emtermos financeiros, mas absorveu bens e servios em termos reais no exterior. MovimentodeCapitaisouBalanodeCapitais:Nacontadecapitalaparecemastransaes que produzem variaes no ativo e no passivo externos do pas e que, portanto, modificam sua posio devedora ou credora perante o resto do mundo. A conta de capital subdivide-se em duas: Movimentoautnomodecapital,naformadeinvestimentosdiretosdeempresas multinacionais, de emprstimos e financiamentos para projetos de desenvolvimento do pas e de capitais financeiros de curto prazo, aplicados no mercado financeiro nacional. Movimentosinduzidosdecapital,parafinanciarosaldodobalanodepagamentos.Incluias contas Atrasadas Comerciais (quando o pas no paga suas obrigaes na data do vencimento) eEmprstimosdeRegulamentaodoFMI(quandoopastemproblemasdeliquidez internacional). Cabe uma observao sobre a rubrica Erros e Omisses. a diferena entre o saldo do balanodepagamentoseofinanciamentodoresultadoquesurgequandosetenta compatibilizar transaes fsicas e financeiras. A regra internacional admitir para Erros e Omisses um valor de, no mximo, 5% da soma das exportaes com as importaes. 6. Organismos Internacionais As grandes guerras mundiais, assim como os conturbados anos da Grande Depresso, que culminaram com a crise dos anos 30, provocaram enormes perturbaes na economia de praticamentetodosospases,eporseguintenas(relaeseconmicasinternacionais).Jao finaldaSegundaGuerraMundialevidenciava-seanecessidadedemudanasnosistemade pagamentos internacionais. TaiseramaspreocupaesreinantesnosltimosanosdaSegundaGuerraMundial, quandosevianocomrciomundialumimportanteinstrumentoparapotencializaro desenvolvimento do mundo capitalista. 50 Dentrodessecontextoforamcriadosostrsprincipaisorganismoseconmicos internacionais do ps-guerra: A)Fundo Monetrio Internacional (FMI); UmdosobjetivosprincipaisdoFMIsocorrerospasesaeleassociadosquandoda ocorrncia de desequilbrios transitrios em seus balanos de pagamentos. B) Banco Mundial; Tambm conhecido por BIRD, foi criado com intuito de auxiliar a reconstruo dos pases devastadospelaguerrae,posteriormente,parapromoverocrescimentodospasesem vias de desenvolvimento. C)Organizao Mundial do Comrcio (OMC); Foicriadacomobjetivobsicodereduzirasrestriesaocomrciointernacionalea liberalizaodocomrciomultilateral.AtravsdoGATT(AcordoGeraldeTarifase Comrcio), procurava-se estruturar um conjunto de regras e instituies que regulassem o comrciointernacionaleencaminhassemaresoluodeconflitosentreospases.Nesse sentido, o GATT estabeleceu como princpios bsicos: reduo das barreiras comerciais, a no - discriminao comercial entre os pases, a compensao dos pases prejudicados por aumentos de tarifas alfandegrias e a arbitragem de conflitos comerciais. 7. O Balano de Pagamentos no Brasil Oinciodacontabilizao dobalanodepagamentosnoBrasildatade1947,quando oslevantamentoseramfeitospeloBancodoBrasilepelaFundaoGetlioVargas. Atualmente,essatarefaatribuiodoBancoCentraldoBrasil.Desdeoincio,osaldodo balanodepagamentosemtransaescorrentestemsidopredominantementedeficitrio,o que considerado natural para economias pobres,quedependem depoupana externa para se desenvolver. Na maior parte do perodo, os dficits foram decorrncia de saldo negativo na conta servios, pois a balana comercial mostrou predomnio de resultados positivos. A dcada de70constituiaexceomaisexpressiva,poisnesseperodoopasacumuloudficitsnos balanoscomercialedeservios.Amaiorpartedasdificuldadesnabalanacomercialdessa 51 pocaresultoudobruscoaumentodosgastoscomimportaoemrazodochoquedo petrleo ocorrido em 1973. Acrisedadvidaexternadosanos80fezressurgiremossupervitscomerciais.Essa crise se caracterizou pelo corte abrupto nos fluxos de capitais das naes industrializadas para as menos desenvolvidas. Alm disso, os pases devedores, em particular os da Amrica Latina, foram submetidos a fortes presses para pronto pagamento dos crditos tomados no passado. Comisso,foramforadosaadotarprogramasdeajustamentoquetinhamcomometaobter rpido incremento de divisas para honrar os compromissos externos.Entre1990e1991,houveumadrsticareduodosinvestimentosdiretosnopas, bemcomodosemprstimosefinanciamentosalongoprazo,reflexodainseguranados investidoresinternacionaisquantosatitudesdogovernoCollor.De1992emdiante,acrise deconfianaemnossogovernofoisuperadaeopasvoltouacaptarrecursosinternacionais em volumes crescentes. Em julho de 1994, o Plano Real foi implantado. Dentre suas conseqncias, destaca-se a valorizao da moeda nacional, que estimulou importaes e reduziu exportaes. Esse fato contribuiuparanovatransformaonasrelaeseconmicasbrasileirascomorestodo mundo,deixandoopasnumasituaomuitovulnervelaosmovimentosespeculativos internacionais. Bibliografia VASCONCELLOS,MarcoAntonioSandovaldeeGARCIA,ManuelEnriquez.Fundamentosde Economia. So Paulo: Saraiva, 2003. 52 MDULO 8 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONMICOS

1. Planos de Estabilizao1.1. Plano Cruzado O Plano Cruzado foi um conjunto de medidas econmico-institucionais descrito pelo Decreto-lei no 2.283, cujas principais medidas foram: substituiodocruzeiropelocruzadocomonovamoedadosistemamonetrio brasileiro, 1 cruzado equivalendo a 1.000 cruzeiros; conversogeral,porprazoindefinido,dospreosfinaisdosprodutos,aonvel vigente em 27 de fevereiro (exceto as tarifas industriais de energia eltrica); conversodossalrioscombasenamdiadoseupoderdecompranosseis meses anteriores, e mais um acrscimo de 8% para os salrios em geral e de 16% para o mnimo; aluguisehipotecasseriamconvertidosseguindo-seamesmafrmulaaplicada aos salrios, mas sem o aumento de 8%; introduodaescalamveldesalrios(gatilho),aqualgarantiaumreajuste salarialautomticoacadavezqueoaumentoacumuladononveldepreosao consumidor atingisse 20%;proibio da indexao em contratos com prazo inferior a um ano;converso dos contratos previamente estabelecidos em cruzeiros para cruzados, deacordocomumatabelaemqueocruzeiroeradesvalorizadoaumataxa mensal de 14% (taxa de inflao mensal esperada contida nos contratos) em face da nova moeda.o regime cambial foi congelado na paridade de 13,84 cruzados por dlar.53 Nosprimeirosmeses,oplanoteveaparentesucesso,comcontroledainflaoe crescimento econmico.OgrandeapoiodapopulaodeuorigemaosfiscaisdoSarney.Ocongelamento transformou-se assim no elemento do Plano Cruzado de maior apelo popular, o que levaria o governo a sustent-lo ao mximo, a qualquer custo, sobretudo por se tratar de ano eleitoral.Houveumaexplosodeconsumo,reprimidoduranteosanosanteriores,provocada pelo aumento do poder de compra dos salrios, alm de uma grande despoupana.1.2. Plano Bresser Nomsdejunhode87,onovoministrolanouoPlanodeEstabilizaoEconmica, maisconhecidocomoPlanoBresser,umpacotehbrido,comelementosortodoxose heterodoxos,assemelhando-seaoCruzadoemalgunsaspectos,masprocurandoevitaros erros j cometidos.Ametaprincipaldoplanoeracontrolarainflaoeevitarumahiperinflao.Para tanto o governo tomou as seguintes medidas: ogatilhofoiextinto,reduziu-seosgastosdogovernoeastaxasdejurosreais foram mantidas elevadas;preos e salrios foram congelados por trs meses;poltica cambial de desvalorizaes dirias para evitar desequilbrios externos;poltica fiscal e monetria rigorosas.Noincio,oplanoatingiualgunsdeseusobjetivos,baixandoainflaoeodficit pblicoeexpandindoossaldoscomerciais,oquepossibilitouofimdamoratriadadvida externa.Comopassardotempo,outrosproblemascomearamasurgir:oplanoperdeu credibilidadejuntoopiniopblica,osdesequilbriosdospreosrelativosesupervits comerciais causaram presses inflacionrias, os juros altos inibiram o investimento e a reforma tributria que fazia parte do plano foi barrada por restries de ordem poltica.

54 1.3. Malson da Nbrega da poltica do feijo-com-arroz ao Plano Vero Seu objetivo era cortar o dficit operacional de 8% para 4% e reter a inflao ao redor dos15%aoms.Dentreasmedidastomadasdestacam-seasuspensotemporriados reajustes do funcionalismo pblico e o adiantamento dos aumentos de preos administrados.Talpolticafoimalsucedidae,emjulhode1988,ainflaojultrapassava24%eos preospblicosforamreajustados.Emitia-semoedaparacobrirossupervitsdabalana comercial e a nova constituio dificultava a pretendida reduo dos gastos pblicos.Emnovembrode1988,celebrou-seentregoverno,empresriosetrabalhadoreso chamadopactosocial,queestabelecialimitesparaaumentosdepreosepropunhauma reviso da metodologia de reajustes salariais e um plano para equilibrar as contas pblicas.O fracasso dessa nova tentativa levou o governo a decretar um novo plano econmico: o Plano Vero.Em 15 de janeiro de 1989, foi anunciado o Plano Vero, outro plano misto. Foi introduzida uma nova moeda (Cruzado Novo), equivalente a mil cruzados e o dlar foi cotado a NCz$1,00 aps uma desvalorizao da moeda nacional.Principaismedidas:taxasdejuroselevadas,desindexaoeapromessadeajuste fiscal;ospreosforamcongeladosportempoindeterminadoeossalriosforamconvertidos pelopoderdecompramdiodosdozemesesanterioresereajustadosem26,1%,sendo extinto o indexador dos salrios;Em setembro de 1989 o governo suspendeu o pagamento dos juros da dvida externa, em razo da deteriorao do saldo comercial. Bibliografia VASCONCELLOS,MarcoAntonioSandovaldeeGARCIA,ManuelEnriquez.Fundamentosde Economia. So Paulo: Saraiva, 2003.