economia e mercado unidade iii

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71 ECONOMIA E MERCADO Unidade III 5 INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA Nos módulos anteriores nos detivemos nas análises de como são determinados os preços e as quantidades dos bens produzidos sob o ponto de vista dos consumidores e das empresas. Observamos como evoluem os preços e a produção com base nas análises individualizadas de cada mercado específico. Era uma análise centrada nas questões microeconômicas. Lembrete Macroeconomia é a parte da economia que estuda o comportamento da economia como um todo, por meio de preços e quantidades absolutas. Fazem parte dela os movimentos globais nos preços, na produção ou no emprego. A macroeconomia preocupa-se com as grandes questões econômicas que determinam o nosso bem-estar, o de nossas famílias e o de todos da sociedade. Também estuda o comportamento global do sistema econômico, não se detendo meramente na análise do comportamento individual das unidades econômicas. Ela procura analisar, ainda, a economia geral, observando a determinação e o comportamento de grandes agregados, como renda e produto nacionais, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda, taxa de juros, demanda agregada, oferta agregada, entre outros. 64 A macroeconomia faz questões do tipo: Por que está difícil arrumar um emprego? Por que os preços estão subindo a todo o momento? Por que o Copom não reduz a taxa de juros Selic? Por que o governo apresenta déficit orçamentário? 64 Disponível em: <http://antigo.qi.com.br/professor/downloads/download8662.doc>.

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    Unidade III5 INTRODUO MACROECONOMIA

    Nos mdulos anteriores nos detivemos nas anlises de como so determinados os preos e as quantidades dos bens produzidos sob o ponto de vista dos consumidores e das empresas.

    Observamos como evoluem os preos e a produo com base nas anlises individualizadas de cada mercado especco. Era uma anlise centrada nas questes microeconmicas.

    Lembrete

    Macroeconomia a parte da economia que estuda o comportamento da economia como um todo, por meio de preos e quantidades absolutas.

    Fazem parte dela os movimentos globais nos preos, na produo ou no emprego.

    A macroeconomia preocupa-se com as grandes questes econmicas que determinam o nosso bem-estar, o de nossas famlias e o de todos da sociedade.

    Tambm estuda o comportamento global do sistema econmico, no se detendo meramente na anlise do comportamento individual das unidades econmicas.

    Ela procura analisar, ainda, a economia geral, observando a determinao e o comportamento de grandes agregados, como renda e produto nacionais, nvel geral de preos, emprego e desemprego, estoque de moeda, taxa de juros, demanda agregada, oferta agregada, entre outros.64

    A macroeconomia faz questes do tipo:

    Por que est difcil arrumar um emprego?

    Por que os preos esto subindo a todo o momento?

    Por que o Copom no reduz a taxa de juros Selic?

    Por que o governo apresenta dcit oramentrio?

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    O pas est acumulando bens ou est se endividando?

    O que Copom?

    O Comit de Poltica Monetria (Copom) foi institudo em 20 de junho de 1996 com o objetivo de estabelecer as diretrizes da poltica monetria. Ele dene e analisa o relatrio de inao. O Copom se rene para decidir se altera ou no os juros bsicos da economia. No primeiro dia, tcnicos do Banco Central (BC) expem o comportamento dos principais indicadores econmicos. No segundo, a diretoria xa a Selic. A Selic um sistema eletrnico que permite a atualizao diria das posies das instituies nanceiras, assegurando maior controle sobre as reservas bancrias. Hoje, Selic identica tambm a taxa de juros que reete a mdia de remunerao dos ttulos federais negociados com os bancos. A Selic considerada a taxa bsica porque usada em operaes entre bancos e, por isso, tem inuncia sobre os juros de toda a economia.

    COPOM Comit de Poltica Monetria Formado pelo presidente do BC e por sua diretoria

    Dir. de Liquidaes

    e Desenvolvimento

    Dir. de PolticaMonetria

    Dir. de Administrao

    Dir. de Liquidaes

    e Desenvolvimento

    Presidente

    Dir. de PolticaEconmica

    Dir. de AssuntosInternacionais Dir. de NormasCopom

    Figura 9

    Essas questes envolvem conceitos centrais de economia, como desemprego, inao, taxa de juros da economia, dcit oramentrio do governo, balana comercial, entre outros. Todos esses conceitos so fundamentais para a compreenso da economia e a determinao das decises de poltica econmica de um pas.

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    Portanto, o objetivo primordial da macroeconomia entender o funcionamento da economia de forma a permitir tanto o conhecimento quanto a atuao sobre o nvel da atividade econmica de um determinado pas ou de um conjunto de pases.

    Para isso, a macroeconomia centra-se no estudo de uma srie de variveis bsicas, o que lhe permite estabelecer objetivos concretos e construir a poltica econmica de um pas.

    Saiba mais

    A leitura a seguir ajudar a compreender melhor os assuntos abordados na unidade:

    FROYEN, R. T. Macroeconomia. So Paulo: Saraiva, 1999.

    5.1 Estrutura bsica da macroeconomia

    Para a macroeconomia, existem quatro mercados fundamentais a serem analisados: o mercado de bens e servios, o mercado de trabalho, o mercado monetrio e de ttulos e o mercado cambial.

    No mercado de bens e servios, efetua-se a agregao de todos os bens produzidos pela economia durante certo perodo de tempo e se dene o chamado produto nacional, o qual representa exatamente essa agregao.65

    O nvel geral de preos representa justamente a mdia de todos os preos dos bens produzidos por essa economia.66

    Nesse mercado, portanto, determinado o nvel de produo agregada e o nvel geral de preos. Essa determinao est condicionada pelo comportamento da demanda e da oferta agregadas de bens e servios.

    A demanda agregada representa a demanda de quatro grandes agentes econmicos: consumidores, empresas, governo e setor externo.

    A oferta agregada representa a evoluo do nvel de emprego e da capacidade instalada na economia.67

    O equilbrio no mercado de bens e servios dado pela igualdade entre demanda agregada de bens e servios e oferta agregada.68

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    No mercado de trabalho, realiza-se a compra e a venda de mo de obra e analisa-se como se estabelecem salrios e o nvel de emprego.

    Temos, nesse mercado, a agregao de todos os tipos de trabalho existentes na economia.69

    A demanda de mo de obra depende do custo efetivo dessa mo de obra para as empresas (taxa de salrio real) e do nvel de produo desejado. A oferta de mo de obra depende do custo efetivo da cesta bsica de consumo dos trabalhadores (salrio real) e do crescimento da populao economicamente ativa.70

    O equilbrio desse mercado ocorre quando a oferta de mo de obra se iguala demanda por mo de obra.

    Como as transaes da economia dependem da utilizao de moeda, a macroeconomia se detm na anlise de um mercado monetrio.

    No mercado monetrio, procura-se avaliar o comportamento da moeda e sua inuncia na determinao do nvel geral de preos e nas quantidades produzidas, e tambm seu papel no desempenho da economia geral.

    A interao entre a demanda e a oferta de moeda determina a taxa de juros, e a condio de equilbrio desse mercado a igualdade entre demanda e oferta de moeda. Nesse mercado, tambm so determinados a taxa de juros e o estoque de moeda.

    Junto com o mercado monetrio, analisa-se o comportamento do mercado de ttulos, quando alguns agentes emprestam recursos (agentes que gastam menos do que ganham) a outros agentes decitrios (aqueles com nveis de gastos acima do seu nvel de renda).

    Procura-se denir qual a importncia desse uxo de recursos para a determinao das principais variveis macroeconmicas. Nesse mercado so denidos os preos dos ttulos, que tambm atuam sobre a determinao da taxa de juros.

    Como a taxa de juros determinada tanto no mercado monetrio como no mercado de ttulos, geralmente, faz-se a anlise desses dois mercados em conjunto, constituindo o mercado nanceiro.

    O mercado de divisas existe porque existem transaes com o resto do mundo em moeda estrangeira.71

    No mercado cambial, procura-se analisar os uxos de moeda estrangeira no pas, o que esses uxos representam como intercmbio econmico com o resto do mundo e qual o impacto dessa interao nas variveis relevantes da economia.

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    A oferta de divisas depende das exportaes e da entrada de capitais nanceiros e a demanda de moeda estrangeira est condicionada pelo volume de importaes e pela sada de capital nanceiro.72

    Nesse mercado determinada a taxa de cmbio e seu equilbrio corresponde ao ponto cuja oferta de divisas se iguala demanda por divisas. Quando o Banco Central (BC) xa antecipadamente a taxa de cmbio, temos um regime de taxas de cmbio xas; quando a determinao da taxa de cmbio se d pela interao entre oferta e demanda de divisas, temos um regime de taxas de cmbio utuantes.

    A chamada utuao suja ocorre quando o Banco Central, num regime de taxas utuantes, interfere no mercado cambial comprando ou vendendo divisas para controlar a utuao da taxa de cmbio.

    A abordagem global feita pela macroeconomia permite no apenas estabelecer relaes entre os grandes agregados, mas tambm compreender melhor as interaes entre esses diversos mercados.

    No existe conito entre as anlises da microeconomia e macroeconomia; mas uma diferena de enfoque.

    Enquanto a microeconomia examina o comportamento das famlias e das empresas, supondo os agregados econmicos constantes (coeteris paribus), a macroeconomia examina o comportamento desses agregados, ignorando as diferenas entre as famlias e os indivduos.

    Por exemplo, a microeconomia estuda a determinao dos preos numa nica indstria, considerando constantes os preos das demais indstrias; a macroeconomia estuda o nvel geral de preos, sem considerar as mudanas dos preos relativos dos bens das diferentes indstrias.73

    As preocupaes primordiais da macroeconomia so com os aspectos de curto prazo; as anlises em longo prazo so feitas pela teoria do crescimento econmico.

    Lembrete

    A macroeconomia, por preocupar-se com grandes questes, baseia-se em quatro grandes mercados: o mercado de bens e servios, o mercado de trabalho, o mercado monetrio e de ttulos e o mercado cambial.

    5.1.1 Metas da poltica macroeconmica

    Resumidamente, os principais objetivos da anlise macroeconmica concentram-se na determinao do comportamento das seguintes variveis: nvel geral de preos, nvel de produto, taxa de salrios, nvel de emprego, taxa de juros, quantidade de moeda, preo e quantidade de ttulos, taxa de cmbio e quantidade de divisas.74

    72 Disponvel em: .73 Disponvel em: .74 Disponvel em: .

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    Todas essas variveis so fundamentais para denir a poltica macroeconmica de um pas. Essa poltica constituda pelo conjunto de medidas governamentais destinadas a inuir sobre o desempenho da economia geral.

    A poltica macroeconmica possui os seguintes objetivos:

    Elevao do nvel de emprego.

    Controle dos processos inacionrios.

    Distribuio de renda mais equitativa.

    Crescimento econmico.

    As chamadas polticas de estabilizao concentram-se, sobretudo, no emprego e na estabilizao de preos, preocupaes estas de curto prazo. A distribuio de renda envolve tanto aspectos de curto prazo, relacionados ao nvel de emprego e de salrios, quanto os de longo prazo. J as anlises acerca do crescimento econmico envolvem questes eminentemente de longo prazo.

    5.1.2 A questo do emprego

    Com o surgimento do sistema capitalista de produo e consequente utilizao do trabalho assalariado em larga escala, emerge o mercado de trabalho como uma instituio fundamental ao funcionamento da economia. De uma forma bastante ampla, ele pode ser entendido como a compra e venda de servios de mo de obra, representando o locus onde trabalhadores e empresrios confrontam-se e, dentro de um processo de negociaes coletivas que ocorre algumas vezes com a interferncia do Estado, determinam conjuntamente os nveis de salrio, o nvel de emprego, as condies de trabalho e os demais aspectos relativos s relaes entre capital e trabalho.75

    Uma das principais preocupaes da macroeconomia entender as oscilaes que acontecem no mercado de trabalho, procurando detectar as razes que levam a economia a apresentar porcentagens elevadas de desemprego em alguns momentos e analisar medidas possivelmente ecazes para combat-lo.

    At a dcada de 1930, a maioria dos economistas no tinha uma preocupao com o desemprego, porque predominava a viso liberal de que os mercados seriam levados ao equilbrio com pleno emprego de recursos pela simples interao entre oferta e demanda, sem a interferncia dos governos.

    Segundo esse pensamento, no haveria entraves signicativos no mercado de trabalho. Para os economistas da poca, o desemprego no reetia falta de vagas no mercado de trabalho, existindo to somente o desemprego friccional (resultante do funcionamento normal da economia) ou o desemprego sazonal ou cclico (resultante dos altos e baixos da atividade econmica).

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    O desemprego friccional resulta da mobilidade da mo de obra. Ocorre quando um ou mais indivduos se desempregam de um trabalho para procurar outro. Tambm poder ocorrer quando se atravessa um perodo de transio, de um trabalho para outro, na mesma rea.

    O desemprego sazonal resulta, basicamente, da variao do ritmo da atividade econmica ao longo do ano. uma forma de subemprego comum nas regies agrcolas, motivado pelo carter sazonal do trabalho em certos setores da agricultura.

    No entanto, com a crise econmica provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929, os nveis de investimento e de produo caram vertiginosamente, gerando uma queda nos nveis de emprego sem precedentes na histria, o que acabou por atingir as economias dos pases de todo o mundo.

    Houve uma exploso nos ndices de desemprego tanto nos Estados Unidos quanto no resto do mundo, o que provocou uma grande queda da atividade econmica. Para se ter uma ideia da profundidade da crise, entre 1929 e 1933 o produto nacional dos Estados Unidos caiu 30%, e a taxa de desemprego chegou a 25% da fora de trabalho em 1933. Essa depresso evidenciou a necessidade de analisar mais detidamente as oscilaes do mercado de trabalho.

    Lembrete

    John Maynard Keynes (1883-1946), economista ingls, rompeu com os pilares da teoria clssica ao abordar o tema do desemprego como involuntrio e no voluntrio, como deniam os seus antecessores.

    Com a teoria de John Maynard Keynes, analisou-se o desemprego detalhadamente e aprofundou-se na anlise macroeconmica. Keynes evidenciou que a economia capitalista no tinha a capacidade de promover automaticamente o pleno emprego e a sociedade vivia s voltas com inmeras pessoas buscando-o constantemente, sem conseguir. Keynes introduz na anlise macroeconmica a preocupao com o papel do Estado na economia, seu grau de interveno e sua ao como produtor de bens e servios. O Estado teria um papel fundamental na promoo do emprego e no equilbrio da economia.

    Figura 10 John M. Keynes

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    O desemprego tende a reetir desequilbrios no mercado de trabalho, expressando a falta de capacidade do sistema econmico em prover ocupao produtiva para todos aqueles que a desejam.76

    O desemprego ocorre quando a pessoa no desenvolve uma atividade produtiva, mas est procurando uma oportunidade de trabalho. Ele caracterizado por duas formas bsicas: desemprego aberto e desemprego oculto.

    Nas sociedades em que o desemprego protegido pelo sistema social, caracterizado por programas abrangentes de intermediao de mo de obra, requalicao prossional e seguro-desemprego, entende-se que somente aquelas pessoas que efetivamente no realizaram qualquer atividade produtiva e mantiveram uma presso permanente sobre o mercado de trabalho por uma nova ocupao devem ser consideradas desempregadas. Essa situao denominada de desemprego aberto.

    preciso cuidado na classicao da condio de desemprego nos pases onde o sistema de proteo social ao desemprego inexistente ou limitado. Nessas economias, o desempregado, em geral, deve nanciar a procura de trabalho, resolver a renda decorrente da perda do emprego anterior e denir, de maneira autnoma, uma estratgia para a busca de uma nova ocupao.

    Nesse sentido, a procura de trabalho pode associar-se a alguma atividade remunerada realizada de maneira irregular e descontnua, impedindo que o desempregado utilize completamente o tempo existente para buscar oportunidade de trabalho. Denomina-se essa situao de desemprego oculto por trabalho precrio.

    As conjunturas econmicas muito desfavorveis podem desestimular a procura de trabalho, criando uma desocupao mais prolongada, que induz o desempregado a perder suas esperanas de obter, em curto prazo, um novo trabalho. Esse o desemprego oculto por desalento.

    O nvel de desemprego da economia medido estatisticamente pela taxa de desemprego, e ela representa a relao entre o nmero de desempregados (D) e o total da fora de trabalho ou populao economicamente ativa (PEA). Entende-se por PEA o conjunto de elementos empregados (E) e desempregados (D), num dado instante do tempo, e captado por um inqurito estatstico, a partir da denio de atividade econmica dos indivduos.77

    Assim, a taxa de desemprego total se apresenta como segue:

    Td: taxa de desemprego total.

    D: populao desempregada total.

    PEA: fora de trabalho total.

    76 Disponvel em: .77 Disponvel em: .

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    A taxa de desemprego aberto denida como a relao entre a populao em desemprego aberto e a populao economicamente ativa. Assim, temos:

    Tda: taxa de desemprego aberto.

    Da: populao em desemprego aberto.

    PEA: total da fora de trabalho.

    A taxa ocial de desemprego no mede toda a recesso, pois deixa de considerar os trabalhadores desestimulados, os subempregados e os sem registro em carteira.

    5.1.3 A estabilidade de preos

    A inao o aumento contnuo e generalizado no nvel geral de preos, assim, todos os bens produzidos na economia tero seus preos elevados durante um perodo de tempo. Por denio, a inao um fenmeno monetrio e, medida que o nvel geral de preos se eleva, h uma depreciao no valor real da moeda.

    A taxa de inao mede o percentual de aumento no nvel mdio de preos da economia. Ela representa uma mdia ponderada da elevao dos preos. Assim, os preos de alguns produtos aumentam mais do que os de outros; no entanto, a inao implica sempre alta generalizada de preos, isto , h uma tendncia para o aumento geral de preos.

    No Brasil, so estimados basicamente dois tipos de ndice de preos, os ndices Gerais de Preos, IGPs, e os ndices de Preo ao Consumidor, (IPCs).

    ndices Gerais de Preos so nmero-ndices que medem a evoluo dos preos de todos os bens e servios representativos de uma economia (IGPs).

    ndice de Preos ao Consumidor so nmero-ndices que pesquisam os aumentos de preos dos bens e servios consumidos pelas famlias (IPCs).

    H no pas duas instituies que calculam ndices de preos com abrangncia nacional: Fundao Getlio Vargas (FGV) e Fundao Instituto Brasileiro de Geograa e Estatstica (FIBGE).

    Alm delas, h institutos de pesquisa que estimam ndices de preos regionais, como a Fundao Instituto de Pesquisa Econmica (Fipe), que elabora o IPC referente ao municpio de So Paulo.

    As consequncias da inao so:

    Sobre a distribuio de renda: os trabalhadores saem perdendo, pois seus salrios so reajustados periodicamente, ao passo que os preos de bens e servios sobem quase diariamente. Os empresrios defendem seus ganhos repassando o aumento de seus custos para o consumidor, elevando o

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    preo de seus produtos. Por outro lado, os donos de imveis tm suas propriedades valorizadas e os prossionais liberais podem aumentar seus honorrios.

    Sobre a balana comercial: com a inao, os preos dos bens e servios produzidos internamente tendem a car mais elevados do que os dos importados, levando as pessoas a aumentarem o consumo das mercadorias importadas, o que contribui para o dcit na balana comercial. A alta taxao desses produtos uma forma de o governo evitar esse desequilbrio.

    Sobre as expectativas: num processo inacionrio, a incerteza dos empresrios em relao aos lucros leva-os a uma diminuio nos investimentos, reduzindo a capacidade produtiva do sistema econmico.

    A macroeconomia preocupa-se em determinar as causas do crescimento da inao, bem como em avaliar quais os custos desse aumento para a sociedade, para propor solues e avaliar as consequncias das polticas adotadas no combate ao aumento generalizado de preos. No entanto, preciso ter em mente que um pouco de inao faz parte dos ajustes de uma sociedade em crescimento.

    Uma elevada taxa de inao implica que os preos esto aumentando rapidamente e acarreta uma srie de entraves sobre a distribuio de renda, as expectativas da sociedade, o balano de pagamentos e o desempenho da atividade econmica geral.

    O processo inacionrio pode ter diversas causas, mas sua questo bsica pode ser representada pela disputa entre diferentes agentes econmicos pela distribuio de renda.

    A inao representa, assim, um conito distributivo pela repartio do produto numa economia mal-administrada.

    Para a teoria econmica existem duas correntes bsicas que explicam as causas da inao: uma acredita que a inao provocada pelo excesso de demanda agregada (inao de demanda), e a outra acredita que a inao causada por elevaes de custos e reduo da oferta agregada (inao de custos).78

    A inao provoca uma distoro nos preos relativos dos produtos, quando os preos de alguns produtos ou insumos aumentam mais do que os de outros. As relaes de troca entre a agricultura e a indstria podem piorar se os preos dos insumos industriais usados na produo agrcola crescem mais do que os preos dos produtos agropecurios.

    Alm disso, a distoro nos preos relativos pode provocar distores na distribuio de renda, prejudicando determinadas camadas sociais.

    Se no existirem mecanismos generalizados de indexao de preos e de renda, aqueles segmentos que auferem rendimentos xos, como os trabalhadores assalariados, tendem a perder com a inao,

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    em benefcio dos grupos que possuem rendimentos passveis de reajuste peridico, como os empresrios e prossionais liberais.

    Assim, a inao provoca uma reduo relativa do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos xos.79

    A classe trabalhadora , sem dvida, aquela que mais perde com a elevao das taxas de inao.

    Quando as taxas de inao superam os aumentos de preos em nvel internacional, o produto nacional torna-se relativamente mais caro do que os produtos estrangeiros.

    Isso favorece as importaes (compra de bens de consumo e de produo ou servios por parte de um determinado pas e provenientes de outro) e representa um desestmulo s exportaes (envio de mercadorias comunitrias com destino a um terceiro pas). O resultado disso uma deteriorao do saldo da balana comercial (diferena entre as exportaes e importaes).

    A deteriorao rpida e contnua do valor da moeda, provocada por um processo inacionrio, desestimula a aplicao dos recursos no mercado de capitais nanceiros e estimula a aplicao desses recursos em bens como terras e imveis, que costumam valorizar-se.

    Uma vez diagnosticada a inao, se ela for inao de demanda, poder ser combatida por polticas monetrias restritivas, com a reduo da oferta de moeda e com cortes no crdito, ou com polticas scais restritivas, como o corte de gastos do governo e aumento de impostos.

    Todas essas medidas fazem com que a demanda agregada se reduza. Se a inao for de custos, poder-se-o utilizar polticas monetria e scal restritivas, mas o impacto delas sobre o processo inacionrio ser menor do que se a inao fosse de demanda.

    preciso ter em mente que as causas da inao diferem entre os pases, dependendo do estgio de desenvolvimento e da estrutura de mercado.

    Mesmo dentro de um pas, os fatores inacionrios diferem de perodo para perodo, sendo preciso, para determinar qual a poltica econmica mais adequada ao combate do processo inacionrio, analisar detidamente todas as variveis relevantes ao perodo. A reduo do desemprego pode gerar presses por aumento de preos e da utilizao dos fatores produtivos, o que poder ocasionar um conito entre as metas de reduo da inao e a ampliao do emprego.

    Assim, temos que a indexao o reajuste do valor das parcelas dos diversos tipos de contrato (trabalho, aluguel, nanciamento) pela inao do perodo passado. E, ainda, temos que:

    Inrcia inacionria: a resistncia que os preos de uma economia oferecem s polticas de estabilizao que atacam as causas primrias da inao.

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    Conito distributivo: a disputa entre trabalhadores e empresrios por uma participao maior na renda. Os trabalhadores lutam por aumentos de salrios e quando os obtm, os empresrios os repassam para os preos de seus bens e servios. Como resultado, a inao no diminui, mesmo se eliminadas suas causas primrias.80

    5.1.4 Crescimento econmico

    Crescimento econmico implica colocar disposio da coletividade uma quantidade de mercadorias e servios que supere o crescimento populacional.81

    O aumento do nvel de vida e do emprego est ligado ao crescimento econmico, na medida em que ele representa um processo sustentado ao longo do tempo, cujos nveis de atividade econmica aumentam constantemente.

    Assim, quando h crescimento econmico, a curva de possibilidades de produo (analisada no mdulo I) desloca-se para a direita, seja pela elevao nos estoques de fatores de produo, seja pelo uso mais produtivo desses fatores resultante de avano tecnolgico.

    Observao

    No Brasil, atualmente, utilizamos o sistema de metas de inao, que determina em que patamar a inao deve se situar, fazendo os esforos necessrios para mant-la.

    interessante que se faa a diferenciao entre crescimento econmico e desenvolvimento econmico:

    Crescimento econmico: expanso do produto real da economia durante certo tempo, sem implicar mudanas estruturais e distribuio de renda.

    Desenvolvimento econmico: aumento do produto real per capita associado melhoria dos indicadores sociais, melhoria da distribuio de renda e crescimento do produto industrial no produto total.

    A elevao do produto nacional pode ser alavancada por polticas econmicas que estimulem a atividade produtiva, quando existir desemprego e capacidade ociosa.82

    80 Disponvel em: .81 Disponvel em: .82 Disponvel em: .

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    Caso a economia esteja j produzindo no limite de uso de seus recursos produtivos, uma elevao do produto nacional que resulte em crescimento econmico depender de um aumento nos recursos produtivos disponveis ou de um avano tecnolgico que eleve a produtividade e, por conseguinte, a produo.

    No entanto, as polticas econmicas de estmulo ao crescimento, hoje, devem levar em conta os efeitos da elevao do produto nacional sobre o meio ambiente, para que o resultado do crescimento seja o desenvolvimento sustentvel e no a degradao ambiental, a poluio, o esgotamento das reservas naturais, que representam um risco prpria populao.

    Assim, mais do que o crescimento econmico, a principal meta de poltica econmica dos governos atualmente o desenvolvimento econmico sustentvel, considerando-se no apenas o crescimento da renda nacional, mas a distribuio dessa renda e o impacto do crescimento econmico no ambiente.

    Para medir o crescimento econmico, podem ser empregadas duas medidas:

    A taxa de crescimento do PIB em termos reais.

    O PIB real por habitante, ou PIB per capita.

    Lembrete

    PIB o produto interno bruto e representa a renda devida produo dentro dos limites territoriais do pas.

    A busca do crescimento econmico pode facilitar a soluo da pobreza, na medida em que a elevao do produto nacional pode efetivamente reduzir os conitos sociais sobre a distribuio da riqueza.

    No entanto, nos pases subdesenvolvidos, inclusive no Brasil, as metas de crescimento e distribuio de renda equitativa no se conciliam, e o crescimento econmico tem ocorrido por um aprofundamento da distribuio desigual de renda, favorecendo os segmentos mais ricos da populao.

    Assim, o Estado deve avaliar bem os entraves mais urgentes da sociedade, para denir as metas de poltica econmica que devem ser enfatizadas, observando os possveis conitos entre diferentes objetivos.

    Cada combinao de polticas afetar os grupos da sociedade de forma diferente, e qualquer que seja a escolha do administrador pblico, ela estar sujeita objeo poltica da parcela da populao afetada negativamente por suas escolhas.

    Complementando:

    Contas nacionais: a soma das contas da renda nacional necessrias para representar a atividade econmica de um pas denomina-se sistema de contas sociais ou nacionais. o mesmo princpio

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    de partidas dobradas da contabilidade geral, cujo princpio o de que todo crdito tem um dbito.

    Produto Interno Bruto: a soma dos valores monetrios dos bens e servios nais.

    Renda nacional: a renda nacional menos os lucros retidos pelas empresas, os impostos diretos das empresas (imposto de renda) e as contribuies feitas previdncia social, mais as transferncias do governo, ou seja, as despesas com inativos, pensionistas, salrio-famlia e outros benefcios pagos pela previdncia social mais os juros pagos.

    Renda pessoal disponvel: a renda pessoal menos os impostos diretos pagos pelas pessoas, ou seja, o imposto de renda.

    Distribuio inter-regional de renda: a forma como a renda nacional de um pas, num perodo, distribuda entre as regies desse pas.

    Renda per capita: a renda de um pas, por perodo de tempo, dividida pelo nmero de habitantes do pas.

    Distribuio funcional de renda: a forma como a renda de um pas, num perodo de tempo, distribuda entre os fatores de produo, trabalho e capital.

    5.2 O papel do Estado na atividade econmica

    Como vimos na parte anterior, so muitos os instrumentos de poltica macroeconmica que permitem ao Estado atuar de forma signicativa para minimizar as utuaes econmicas e atingir as metas de elevar o produto nacional, estabilizar preos, elevar o nvel de emprego e at mesmo promover uma distribuio de renda mais justa.

    O papel do setor pblico na atividade econmica cresceu substancialmente no sculo XX, pela prpria evoluo da sociedade. At a dcada de 1930, a ao do Estado se resumia a garantir justia e segurana, para maximizar o bem-estar social. A oferta dos outros bens e servios que correspondiam s necessidades do conjunto da populao era responsabilidade do setor privado.

    No entanto, no incio do sculo XX, a estrutura do capitalismo mundial transformou-se e a economia assistiu a um intenso processo de formao de grandes monoplios, que agiam para reduzir a quantidade ofertada de produtos e elevar seus preos.

    O surgimento dos monoplios deixa claro que a economia funcionando sem a interveno do Estado tendia a garantir privilgios daqueles segmentos que detinham o poder econmico e, portanto, eram possuidores dos grandes capitais formadores de blocos monopolistas.

    Evidencia-se a necessidade da regulao da atividade econmica pelo setor pblico, sob pena de no haver respostas satisfatrias para as questes bsicas da economia: o que produzir, como e para quem. Isso ca ainda mais claro com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, quando a economia mundial testemunha ndices de desemprego assustadores e uma queda signicativa na atividade econmica.

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    Como resposta grande depresso, h uma ampliao das funes econmicas do Estado, que passa a ofertar bens pblicos, a elevar signicativamente seus gastos, a ampliar sua participao na produo nacional e a expandir tambm a legislao que buscava a regulamentao da atividade econmica.

    Surgem novas funes para o Estado aps os anos 1930, que passa a oferecer sociedade no apenas bens pblicos, como sade, educao e segurana, mas tambm bens privados, como produtos siderrgicos, energia e transportes. Nesse processo de elevao do papel do Estado na economia, dois fatos foram de fundamental importncia.

    Primeiro, o sucesso do New Deal, amplo programa de fomento elaborado nos Estados Unidos para retirar a economia americana da depresso dos anos 1930, que consistiu numa elevao da interveno e dos gastos do governo, provocando a elevao da demanda agregada, do emprego e da renda.

    Esse programa mudou a concepo clssica de que o governo deveria permanecer neutro, exercendo o mnimo de funes e, portanto, no deveria intervir diretamente na atividade produtiva, deixando o mercado dar o tom da economia.

    Um outro fato de profunda relevncia para a ampliao do papel do Estado na atividade econmica foi a publicao da Teoria geral do emprego, juro e moeda, de John Maynard Keynes, em 1936.

    Nessa obra, Keynes propunha que a retrao do consumo gera uma crise de insucincia de demanda e, para trazer a economia de volta ao pleno emprego, seria imprescindvel a elevao dos gastos do governo, a forma mais ecaz de combater a depresso econmica.

    A evoluo histrica do mundo e da economia, ao longo do sculo XX, tambm foi de fundamental importncia para o crescimento das funes atribudas ao Estado.

    Alm dos elevados nveis de desemprego do incio dos anos 1930, que conduziram o Estado ampliao de seus gastos, uma srie de outros fatores induziu o processo de alargamento da interveno governamental na atividade econmica.

    A Segunda Guerra Mundial ampliou a participao do Estado na economia pelas necessidades de aumento de gastos. Aps o m do conito, para a reconstruo da Europa destruda pela guerra, a Guerra Fria e a concorrncia com os pases do socialismo real, foi necessrio que o Estado aparecesse como grande agente de avano do desenvolvimento, fortalecendo o planejamento econmico.

    Outros fatores fundamentais para a ampliao das funes atribudas ao Estado foram: o crescimento da renda per capita, as mudanas tecnolgicas, o crescimento populacional, o surgimento de novos grupos sociais atuando na poltica e as mudanas da previdncia social.

    Todos esses fatores contriburam, de forma signicativa, para um aumento da demanda de bens e servios pblicos e conduziram, inevitavelmente, a um aumento dos gastos do governo e de sua participao na economia.

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    O desenvolvimento dos mercados nanceiros e do comrcio internacional tornaram as relaes econmicas mais complexas, o que tambm ocasionou o alargamento do papel do Estado na atividade econmica.

    5.2.1 As funes econmicas do setor pblico

    Conforme vimos anteriormente, ao longo do sculo XX, cou evidente que o mercado no capaz de garantir o bem-estar da sociedade, seja por no conseguir fornecer certos bens e servios, seja pelo sistema de preos no possuir a capacidade plena de autorregulao, seja por provocar uma distribuio de renda injusta.

    Assim, o setor pblico intervm na economia, desempenhando quatro funes bsicas: assegurar uma melhor alocao de recursos produtivos, melhorar a distribuio de renda, proporcionar a estabilidade econmica e promover o crescimento econmico.

    Ao intervir na economia, o Estado objetiva o progresso social e econmico do pas e, para conseguir isso, os governos buscam, por sua ao, elevar o nvel de emprego, promover a estabilidade de preos, alavancar o desenvolvimento econmico, promover uma distribuio de renda mais equitativa e equilibrar os intercmbios comerciais com o resto do mundo.

    5.2.2 Funo alocativa

    Por intermdio do exerccio da funo alocativa, o governo fornece bens e servios que no podem ser fornecidos adequadamente pelo mercado, os chamados bens pblicos, e intervm na oferta do setor privado, pela poltica scal.

    Por causa das falhas do mercado, uma srie de bens e servios deixaria de ser ofertada, no fosse a interferncia do setor pblico.

    Assim, o governo aloca recursos escassos e oferta bens e servios pblicos que o setor privado no consegue ou no se dispe a oferecer, mas que so imprescindveis populao.

    O setor pblico, portanto, complementa a iniciativa privada em setores, cujo volume de investimento necessrio muito elevado, de longa maturao, e oferece bens pblicos.

    Os bens pblicos so aqueles cujos investimentos para a produo no se orientam pelo mecanismo de preos. Esses bens no so vendidos no mercado, e so de livre acesso para toda a sociedade, no importando o nvel de renda ou a condio social.

    Logo, os bens pblicos so bens de consumo coletivo e o fato de um agente econmico utilizar o servio oferecido pelo poder pblico no signica que haver reduo da oferta para os demais agentes.

    Assim, o governo determina a produo desses bens para satisfazer s necessidades da populao geral, sem exatamente se preocupar com a rentabilidade desse investimento nem com a obteno de lucro.

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    O setor pblico, no exerccio de sua funo alocativa, pode oferecer bens sociais, como sade e educao. Os custos desses bens, em geral, so muito elevados, comprometendo o acesso da populao mais pobre a eles.

    Assim, o governo pode tanto oferecer diretamente esses bens, como pode tambm conceder subsdios atividade privada para fornec-los populao mais carente.

    O Estado tambm pode atuar, nesse sentido, na oferta de bens de mercado, cuja produo represente um custo alto, risco elevado e grande incerteza, o que inviabilizaria o desenvolvimento dessas atividades pelo setor privado.

    So exemplos disso o desenvolvimento pelo setor pblico brasileiro dos ramos petrolfero, de telecomunicaes, siderurgia e energia nos anos 1950.

    5.2.3 Funo distributiva

    Muitas vezes, o livre funcionamento dos mecanismos de mercado no conduz ao bem-estar de toda a sociedade e a uma distribuio de renda equitativa. Na maior parte das vezes, o mercado, deixado prpria sorte, provoca a concentrao de renda e riqueza nas mos de um pequeno nmero de pessoas, enquanto a maioria da populao padece do empobrecimento, do subemprego e at do desemprego.

    Assim, faz-se necessria a interveno do setor pblico ao promover uma distribuio de renda mais justa.

    O governo, por meio da tributao, retiraria recursos dos segmentos mais ricos da sociedade, classes sociais, setores econmicos ou regies, e os transferiria para os grupos mais carentes.

    Exemplo desse tipo de poltica o estabelecimento de impostos progressivos, como o imposto de renda, em que os indivduos mais ricos pagam uma alquota maior de imposto, para gastar mais em segmentos mais pobres e para investir nas reas (sade, educao, saneamento, entre outros) que beneficiariam a parcela mais carente da populao. A concesso de incentivos fiscais aos investimentos privados em regies pobres tambm seria um exemplo desse tipo de poltica governamental.

    Gastos com a melhoria da qualidade de ensino, a ampliao de vagas nas escolas e a implementao de cursos prossionalizantes podem facilitar o acesso dos mais pobres educao e ao mercado de trabalho, o que caracterizaria tambm uma poltica pblica de melhoria da distribuio de renda.

    Mas a ampliao desses gastos, em geral, ir depender de um aumento na tributao, que costuma penalizar os setores de maior renda do pas.

    O mecanismo das transferncias diretas de receita tributria para estados e municpios mais pobres tambm se caracteriza como uma poltica distributiva do setor pblico.

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    5.2.4 Funo estabilizadora e de crescimento econmico

    Para elevar o nvel de emprego e de atividade econmica, reduzir a taxa de inao, manter a estabilidade da moeda ou alcanar o equilbrio nas transaes do pas com o exterior, o setor pblico adota uma srie de polticas para controlar os grandes agregados econmicos. Para isso, o governo utiliza instrumentos de poltica scal, monetria, cambial, comercial e de rendas, o que trabalhamos no mdulo anterior.

    Quando existe desemprego, para elevar a demanda agregada, o governo aumenta seus gastos; caso haja dcit pblico e inao, o governo intervm com uma poltica scal contracionista, reduzindo gastos e procurando desaquecer a economia. Para controlar preos e salrios, o governo pode atuar tanto para manter o nvel da demanda agregada, como para estimular o crescimento desta.

    Podemos ainda destacar a funo estatal de promoo do crescimento econmico, quando o governo atua para ampliar os investimentos pblicos e estimular os investimentos do setor privado pela concesso de incentivos e nanciamentos. Isso provoca uma elevao da formao de capital e um crescimento econmico em longo prazo.

    5.3 Mercado monetrio

    5.3.1 A moeda

    A introduo da moeda nas transaes comerciais foi uma inovao que revolucionou as relaes econmicas.

    Moeda um ativo com o qual as pessoas compram e vendem bens, uma unidade representativa de valor e um instrumento de troca, com aceitao generalizada em determinada comunidade.

    Ela constitui um bem que serve de padro de valor ou equivalente geral para todos os demais bens trocados na economia. Os preos so expressos pela moeda, as dvidas e os bens e servios so pagos em moeda.

    A moeda , portanto, um instrumento ou objeto aceito pela coletividade para intermediar transaes econmicas, e sua aceitao garantida por lei.83

    O comrcio sem moeda denominado de escambo, no qual necessria uma dupla coincidncia de valores. Ao contrrio, a moeda no exige essa dupla coincidncia de valores e amplia a faixa de trocas mutuamente vantajosas.

    Com a moeda h comrcio porque as pessoas vendem o que tm em troca de moedas; as pessoas usam moeda para comprar o que querem.

    83 Disponvel em: .

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    Nos tempos primitivos, o homem produzia tudo de que necessitava para si e sua famlia, mas, com o convvio social, outras necessidades foram surgindo e, portanto, foi necessrio criar um sistema de trocas.

    Nessa poca, utilizava-se o escambo, isto , a troca de mercadorias por mercadorias. As trocas eram raras, pois as pessoas tendiam a produzir o necessrio a uma vida rudimentar.

    Com o desenvolvimento da agricultura e da produo, os indivduos passam a produzir um excedente, que comeam a levar ao mercado para ser trocado pelos bens de que necessitavam e no produziam.

    No entanto, a paridade (comparao) entre as mercadorias era muito subjetiva, isto , no havia regra para atribuio de valores.

    O uxo de trocas de bens e servios na economia ocasionava diversos transtornos, dada a necessidade de existirem duas pessoas dispostas a trocar duas mercadorias ao mesmo tempo, na proporo desejada.

    Surge, ento, a moeda-mercadoria; com a evoluo da economia do escambo: certas mercadorias passam a ser aceitas por todos, por suas caractersticas peculiares ou pelo prprio fato de serem escassas.84

    Moeda tudo aquilo que serve como meio de troca num sistema econmico. Ela surgiu na antiguidade e os mais estranhos objetos e at mesmo animais eram utilizados, como:

    O sal, na Roma Antiga.

    O bambu, na China.

    Os os de seda, na Arbia.

    medida que a civilizao se desenvolveu, os metais preciosos (ouro e prata) tornaram-se o meio de troca mais comum, por uma srie de razes:

    So reconhecveis.

    Tm pouco peso.

    So divisveis.

    So escassos.

    A moeda-mercadoria podia ser guardada e usada s depois, no momento em que se necessitava obter certos bens e servios, havendo, ento, a separao entre os atos de vender e comprar.

    84 Disponvel em: .

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    As mercadorias mais aceitas nesse perodo como moeda eram o gado, o fumo, peles, couros, leo de oliva, cobre, ferro, prata, diamante, ouro e sal. A vantagem que essas mercadorias podiam se reproduzir durante a acumulao.

    Suas desvantagens eram o volume e a diculdade de transporte. Por isso, todas essas mercadorias utilizadas como moeda foram posteriormente substitudas pelo ouro e pela prata. Qualquer bem pode ser usado como moeda, desde que seja aceito por todos e apresente facilidade de manuseio, transporte e conservao.

    Os metais preciosos passam a assumir a funo de moeda por sua durabilidade, sua imunidade corroso, grande valor e beleza, pelo fato de serem escassos e por serem divisveis em peso. Para exercer o controle sobre os metais em circulao, foi implementada a cunhagem da moeda pelos governantes, o que deu origem moeda metlica.

    Por segurana, muitos indivduos guardavam seus metais preciosos em casas especializadas e as pessoas que cavam responsveis pelo ouro e prata emitiam certicados de depsitos dos metais.85

    O ourives gradativamente passou a exercer a funo de banqueiro, porque as pessoas passaram a procur-lo no apenas para guardar seu ouro e prata, mas tambm para fazer emprstimos. O surgimento da moeda-papel proporcionou maior diviso do trabalho e a especializao resultante estimulou o crescimento econmico.

    O surgimento da moeda-papel possibilitou que as pessoas, de posse desses certicados de depsitos dos metais, efetuassem pagamentos de bens e servios com esses certicados, que eram transferveis, e qualquer um de posse deles poderia retirar o montante correspondente de metal junto ao ourives. medida que os depositrios dos metais foram ganhando a conana da coletividade, os certicados de depsito foram ganhando livre circulao e passaram gradativamente a ter aceitao de todos, j que possuam lastro e podiam ser convertidos em ouro a todo o momento.86

    O papel-moeda surge com a criao dos estados nacionais: cada Estado passou a emitir seu papel-moeda lastreado em ouro era o nascimento do padro-ouro. No entanto, o ouro era mercadoria escassa, e vincular a emisso de moeda quantidade de ouro existente limitava a expanso das economias dos pases e do comrcio internacional, j que o estoque de ouro impunha um limite oferta monetria.

    Os banqueiros perceberam que os recibos de depsitos circulavam entre o pblico, sem que os depsitos fossem tocados.

    Esses depsitos passaram a funcionar como garantia ou reserva de valor. Mais tarde, os bancos comearam a emitir bilhetes independentemente do recebimento de depsitos.

    85 Disponvel em: .86 Disponvel em: .

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    Surgia a moeda baseada na conana da conversibilidade em ouro, quando o depositante assim o solicitasse. A soma dos bilhetes que circulavam no mercado tornou-se, aos poucos, superior ao valor total das moedas metlicas efetivamente depositadas nos bancos.

    Gradativamente, a moeda-papel com lastro, conversvel em metal, foi substituda pelo papel-moeda, sem lastro correspondente e sem conversibilidade.

    O papel-moeda tambm uma moeda duciria, porque se baseia na conana, mas sua aceitao forada por lei.

    A partir de 1920, para superar esses obstculos, a emisso de moeda era critrio das autoridades monetrias, mas ainda mantendo certa paridade com as reservas de ouro de cada pas.

    A moeda passa a ser aceita por fora de lei, denominando-se moeda de curso forado ou moeda duciria, no sendo lastreada por metais preciosos.87

    Com a passagem do padro-ouro para a moeda duciria, sem lastro com aceitao garantida por lei, a moeda no mais funo do estoque de ouro, o que d s autoridades monetrias maior capacidade de afetar a quantidade de moeda, de acordo com as necessidades do pas.88

    Complementando, temos:

    Moeda metlica: moeda cunhada em metal precioso que trazia impresso o seu peso.

    Papel-moeda: surgiu com a emisso de recibos pelos cunhadores e assegurava ao seu portador certa quantidade de ouro expressa no documento.

    Moeda escritural: os banqueiros logo perceberam que havia sempre uma quantidade razovel de ouro e de prata que no era retirada dos cofres e passaram a emitir recibos num montante superior ao estoque de metais preciosos que tinham sob a sua guarda. Isso passou a permitir que os banqueiros zessem negcios lucrativos, como emprestar dinheiro a juros, comprar ttulos etc.

    Padro-ouro: sistema monetrio em que o papel-moeda emitido pelas autoridades monetrias tem uma relao com a quantidade de ouro que o pas possui. Atualmente, no mais seguido.

    Moeda duciria: no tem um valor prprio, decorrente do material de que fabricada. Seu valor vem da garantia que o governo estabelece por meio das autoridades monetrias. a moeda de curso legal e obrigatria no pas, com a qual devem ser feitas todas as transaes comerciais e nanceiras. No Brasil a moeda duciria o real.

    87 Disponvel em: .88 Disponvel em: .

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    5.3.2 Funes da moeda

    As principais funes da moeda so:

    Isolar as vendas das compras: a moeda torna desnecessria a dupla coincidncia de vontades.

    Instrumento ou meio de trocas: serve para intermediar o uxo de bens, servios e fatores de produo da economia.

    Denominador comum monetrio: a moeda permite a colocao de um preo em todos os bens.

    Padro de pagamento diferido: em quase todos os contratos, o pagamento futuro geralmente estipulado em moeda.

    Reserva de valor: as pessoas guardam suas economias, acumulando certa quantidade de moeda (geralmente numa conta bancria), porque a posse de moeda representa liquidez imediata para quem a possui.

    5.3.3 Tipos de moeda

    Moedas metlicas: so emitidas pelo Banco Central e constituem uma pequena parcela da oferta monetria. Objetivam facilitar as operaes de menor valor.

    Papel-moeda: tambm emitido pelo Banco Central e representa uma parcela signicativa do volume de dinheiro em poder do pblico.

    Moeda escritural: a moeda contbil, representada pelos depsitos vista nos bancos comerciais.

    Moeda manual: moedas metlicas e moedas em poder do pblico (famlias e empresas).

    5.4 Oferta de moeda

    A oferta de moeda representa o estoque de moeda disponvel para uso da coletividade, a m de atender s suas necessidades a qualquer momento. A moeda pode ser ofertada pelas autoridades monetrias e pelos bancos comerciais.

    O conjunto formado pela moeda manual (ou moeda corrente) e os depsitos vista formam os meios de pagamento de uma economia. Os meios de pagamento representam quanto a sociedade dispe de moeda fsica, seja com os indivduos, seja com as empresas, seja depositada nos bancos.

    Mas importante ressaltar que meios de pagamento so a moeda que no est rendendo juros, que no est aplicada em contas ou ativos remunerados. Logo, meios de pagamento representam a moeda com liquidez imediata.

    O dinheiro que pertence aos bancos no faz parte do conceito de meios de pagamento, j que representa seus encaixes e suas reservas. Cadernetas de poupana e depsitos a prazo tambm no so considerados meios de pagamento, porque no possuem liquidez imediata, mas rendem juros.

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    Liquidez da moeda: capacidade que ela tem de ser um ativo prontamente disponvel e aceito para as mais diversas transaes.

    A criao ou a destruio de moeda manual corresponde, respectivamente, a um aumento ou diminuio de moeda em poder do pblico, enquanto para a moeda escritural, a sua criao ou destruio ocorre quando h um acrscimo (ou decrscimo) dos depsitos vista ou em curto prazo nos bancos comerciais. Logo, a oferta de moeda pode-se dar pelo Banco Central do Brasil (Bacen), que tem o monoplio das emisses de moeda, e pelos bancos comerciais por meio dos depsitos vista.

    5.4.1 Conceitos de moeda em economia

    A moeda o mais lquido dos ativos. Quanto mais fcil e rapidamente um ativo puder ser trocado por um bem sem ocorrer uma perda, mais lquido ele .

    M0 = moeda em poder do pblico (papel-moeda e moedas metlicas).

    M1 = M0 + depsitos vista nos bancos comerciais.

    M2 = M1 + fundos do mercado monetrio + ttulos pblicos em poder do pblico.

    M3 = M2 + depsitos em poupana.

    M4 = M3 + ttulos privados (depsitos a prazo e letras de cmbio).

    Quando uma economia experimenta processos inacionrios profundos, a relao entre a quantidade de moeda e o total de ativos nanceiros se reduz, porque as pessoas passam a procurar as aplicaes nanceiras que rendem, como meio de defenderem-se da inao.

    Ocorre, ento, a chamada desmonetizao da economia. Inversamente, quando as taxas de inao so baixas, os indivduos preferem manter mais moeda em seu poder a aplicar em ativos nanceiros. O grau de monetizao da economia dado pela relao M1/M4.

    Quando h um aumento da quantidade de meios de pagamentos, temos criao de moeda. Ao contrrio, quando essa quantidade se reduz, temos destruio de meios de pagamento.

    5.4.2 Oferta de moeda pelo Banco Central

    O objetivo do Banco Central regular a moeda, o crdito e as taxas de juros, para compatibilizar essas variveis com o nvel de crescimento do produto, mantendo a liquidez do sistema, para atender s necessidades de transaes da economia.

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    O Banco Central , portanto, o rgo responsvel pelo controle da oferta de moeda na economia, pela execuo das polticas monetrias, da regulamentao e da scalizao das atividades de intermediao nanceira do pas.

    5.5 Poltica monetria

    O conjunto de atos do Bacen para controlar a quantidade de dinheiro e a taxa de juros e, em geral, as condies de crdito, constitui a poltica monetria de um determinado pas.

    A poltica monetria pretende inuir na atividade econmica, atuando sobre o gasto total da economia e, em particular, sobre o gasto das famlias e sobre o investimento das empresas.

    O Ministrio da Fazenda estima e calcula qual evoluo devem seguir as principais variveis da economia: inao, desemprego e crescimento econmico. a partir dessas previses que o Bacen estima qual quantidade de dinheiro deve existir na economia, para que os objetivos pretendidos sejam alcanados.

    A poltica monetria refere-se aos processos de oferta de moeda, aos instrumentos utilizados e aos mecanismos de transmisso de seus efeitos. A oferta de moeda realizada tanto pelas autoridades monetrias, por meio de emisso de notas e moedas metlicas, quanto pelos bancos comerciais, que, apesar de no poderem emitir, podem criar ou destruir moeda.

    Os principais instrumentos de poltica monetria so:

    Reservas obrigatrias: os bancos comerciais guardam uma parcela dos depsitos como reservas e com a finalidade de atender ao movimento do caixa; se o Banco Central aumenta ou diminui o percentual do depsito compulsrio, h uma alterao significativa na oferta de moeda.

    Operaes de mercado aberto (open market): essas operaes consistem em vendas ou compras, por parte do Banco Central, de ttulos governamentais no mercado de capitais; quando o Bacen compra, ele aumenta a oferta monetria e quando vende a diminui.

    Regulamentao e controle do crdito: ocorre sobretudo pela poltica de juros, controle de prazos e regras para o nanciamento aos consumidores. A taxa Selic (Sistema de Liquidao e Custdia) tambm congura aumento ou diminuio da oferta monetria; taxa de juros menor, maior a oferta monetria, e vice-versa.

    Controle das emisses de moeda: o Banco Central controla, por fora de lei, o volume de moeda manual da economia, cabendo a ele as determinaes das necessidades de novas emisses e em que volume.

    Poltica de redesconto: consiste na liberao de recursos pelo Banco Central aos bancos comerciais, por emprstimos ou redesconto de ttulos.

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    Temos uma poltica monetria expansionista quando houver uma reduo do percentual dos depsitos compulsrios, recompra de ttulos pblicos ou diminuio da regulamentao no mercado de crdito, com reduo de taxas de juros.

    Uma poltica monetria contracionista ser caracterizada por restries de crdito; aumento da taxa de juros; aumento dos compulsrios sobre depsitos dos bancos comerciais.

    Observao

    O Banco Central o instrumento pelo qual o governo federal controla o sistema nanceiro e, consequentemente, intervm na economia. Cabe ao Banco Central zelar pela estabilidade da moeda por meio do controle dos meios de pagamento. A estabilidade da moeda consiste na manuteno do seu valor, tanto em relao s moedas estrangeiras, por meio das taxas de cmbio, como em relao s mercadorias produzidas no pas.

    5.6 Oferta de moeda pelos bancos comerciais

    A multiplicao da moeda escritural ou dos depsitos vista pelos bancos comerciais tambm pode ser a origem de uma expanso da oferta de moeda. Essa multiplicao feita pelos bancos, porque lhes permitido emprestar mais moeda do que tm em depsitos.

    A utilizao generalizada de cheques e de cartes de dbito e crdito faz com que a maior parte do volume de moeda do sistema permanea no sistema bancrio.

    O banco s precisa guardar em seus cofres uma parte dos depsitos vista, o que lhe permite cobrir as despesas com o pagamento de cheques e os depsitos compulsrios e voluntrios. O restante do dinheiro de que os bancos dispem podero ser emprestados a seus clientes.

    Ora, mas o cliente que pegou o dinheiro emprestado no banco pode fazer um depsito vista nesse ou noutro banco. Desse novo depsito o banco retm o montante de reservas que cubra as reservas tcnicas e os depsitos compulsrios e voluntrios junto ao Bacen. O que sobra ele pode voltar a emprestar para outro cliente, que far novo depsito vista e assim sucessivamente.

    Dessa forma, apesar de no poder emitir moeda, o banco comercial cria meios de pagamento, pelo fato de poder fazer promessas de pagamento com os recursos depositados por seus clientes. Isso cria um mecanismo multiplicador dos saldos monetrios. O efeito multiplicador da moeda escritural dado por uma progresso geomtrica decrescente; ele dado pelo inverso da porcentagem da reserva bancria.

    Assim, quanto menor o recolhimento compulsrio, maior o poder de multiplicao dos bancos e maior a oferta de moeda.

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    A determinao do nvel de depsitos compulsrios dos bancos uma forma de o Bacen controlar a oferta de moeda bancria e, portanto, controlar a oferta de moeda da economia.

    O multiplicador bancrio depende tambm da quantidade de moeda em poder do pblico, em relao ao saldo dos depsitos vista nos bancos. a chamada taxa de reteno do pblico. Se ela aumenta, diminui a capacidade de os bancos emprestarem e elevarem os meios de pagamento; se ela diminui, o inverso ocorre.

    O multiplicador da base monetria leva em considerao essa taxa de reteno do pblico. A base monetria constitui-se do total de moeda em poder do pblico somado s reservas dos bancos comerciais.

    o total da moeda emitida, excluindo apenas a moeda que permaneceu nas mos do Banco Central. A base monetria representa toda moeda nas mos do setor privado, inclusive dos bancos.

    H uma relao inversa entre o multiplicador e as taxas de reteno de moeda pelo pblico e de reservas bancrias. A deciso do pblico de reter mais moeda em seu poder diminui a quantidade disponvel de recursos na rede bancria para os bancos emprestarem.

    Portanto, temos:

    Sistema nanceiro: composto pelo conjunto das instituies que realizam a intermediao nanceira, assim como daqueles rgos que normalizam e scalizam esse processo. Obviamente, a principal funo do sistema nanceiro viabilizar e facilitar o processo de intermediao nanceira.

    Intermediao nanceira: o processo de transferncia de recursos dos agentes superavitrios para os decitrios, realizado pelo sistema nanceiro.

    Spread: a diferena entre a taxa de juros cobrada pelo sistema nanceiro dos agentes decitrios e a taxa de juros paga aos agentes superavitrios. Constitui a remunerao do sistema nanceiro.

    O sistema nanceiro normatizado pelo Conselho Monetrio Nacional (CMN) e pelas leis aprovadas pelo Congresso Nacional.

    Cabe ao Banco Central implementar as determinaes do CMN e do Congresso Nacional.

    O CMN e o BC so chamados de autoridades monetrias do pas.

    O CMN integrado pelos seguintes membros: presidente do Banco Central, ministro da Fazenda e o ministro-chefe da Secretaria de Planejamento.

    5.7 A taxa de juros

    A taxa de juros expressa o preo do dinheiro no tempo. Ela representa a rentabilidade para os aplicadores e o custo dos emprstimos para os tomadores. Ela tem um papel estratgico nas decises dos mais variados agentes econmicos.

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    Quando se analisam as empresas, a taxa de juros inuencia as decises dos produtores para investimentos, ampliao de capacidade produtiva, compra de matrias-primas, compra de mquinas e equipamentos, denio do volume de estoques, entre outros.

    Os nveis atuais das taxas de juros e as expectativas futuras do comportamento dessas taxas sero fundamentais na deciso dos empresrios. As taxas de juros so, portanto, um instrumento importante para fomentar os investimentos e ampliar o nvel de atividade econmica.

    Para os consumidores, quanto menor a taxa de juros, maior seu poder de compra, e quanto maior a taxa de juros, menor seu poder de compra. Assim, a taxa de juros um instrumento importante de poltica governamental, tanto para incentivar, quanto para conter o consumo da populao.

    A taxa de juros fundamental para denir a eccia das polticas econmicas, porque, quanto maior a sensibilidade dos investimentos taxa de juros, maior a eccia da poltica monetria. Quanto maior a sensibilidade da demanda de moeda para especulao relativamente taxa de juros, menor a eccia da poltica monetria.

    A eccia da poltica monetria maior que a eccia da poltica scal quanto velocidade de implementao, pois as decises das autoridades monetrias so geralmente aplicadas imediatamente, enquanto as decises de poltica scal dependem da observncia do processo legislativo propugnado na Constituio Federal de 1988, que indica a necessidade de respeitar-se o Princpio da Anterioridade da Lei Fiscal.

    No entanto, em relao ao grau de interveno na economia, a poltica scal mais profunda que a poltica monetria. Alteraes em alquotas de impostos ou a criao de novos impostos afetam mais o setor privado que a poltica monetria.

    Autoridades de apoio ao sistema nanceiro nacional

    Comisso de Valores Mobilirios (CVM) tem atuao no mercado de aes, no mercado de futuros e derivativos, alm de supervisionar tambm a rea de fundos mtuos, clubes de investimento e carteiras de investidores.

    Superintendncia de Seguros Privados (Susep) o rgo responsvel pelo controle e scalizao do mercado de seguros, previdncia aberta, capitalizao e plano privado de assistncia sade.

    Secretaria de Previdncia Complementar (SPC) um rgo executivo do Ministrio da Previdncia e Assistncia Social, responsvel pelo controle e scalizao dos planos e benefcios e das atividades das entidades de previdncia privada fechada.

    Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) fundado em 1952, a instituio responsvel pela poltica de investimentos de longo prazo do governo federal, sendo a principal instituio financeira de estmulo ao desenvolvimento econmico e social do pas.

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    Ttulos pblicos e dvida interna

    O Tesouro Nacional necessita de recursos para fazer frente s suas despesas. Partes desses recursos tm origem na arrecadao tributria. No entanto, muitas vezes o governo federal necessita emprestar dinheiro do pblico. Esse emprstimo formalizado pela emisso de ttulos pblicos. A colocao desses ttulos para o mercado realizada pelo Banco Central, por meio de leiles. Devemos lembrar que quem vende os ttulos o Tesouro Nacional. Os destinatrios desses ttulos so, normalmente, as instituies nanceiras em geral, destacando-se os bancos comerciais. Podemos dizer que o somatrio dos ttulos pblicos em poder do pblico constitui-se em dvida interna. Para fazer poltica monetria, o BC poder utilizar tanto os ttulos emitidos por ele mesmo quanto os emitidos pelo Tesouro Nacional.

    Saiba mais

    Para saber mais sobre o assunto leia:

    TEIXEIRA, E. Economia monetria: a macroeconomia no contexto monetrio. 1. ed. So Paulo: Editora Saraiva, 2002.

    MC CREADIE, K. A riqueza das naes de Adam Smith. Uma interpretao moderna e prtica. 1. ed., So Paulo: Editora Saraiva, 2010.

    6 INTRODUO ECONOMIA INTERNACIONAL

    O comrcio internacional se constitui no intercmbio de bens, servios e capitais entre os diversos pases. Muitos tericos em economia tentaram explicar as razes que levam os pases a comercializarem entre si. A diversidade de condies de produo, a possibilidade de reduo de custos, a obteno de economias de escala na produo de certos bens vendidos no mercado internacional foram algumas das explicaes sugeridas pelos economistas ao longo dos anos.

    Fundamentalmente, o comrcio internacional surge pela impossibilidade de os pases produzirem todos os bens de que necessitam, porque ou os pases no dispem de matrias-primas necessrias sua produo, ou no dispem de tecnologia e conhecimento suciente para produzir determinados bens.

    Livre-cambismo

    O livre-cambismo pressupe a liberdade total no comrcio internacional com o objetivo de fornecer o acesso populao de bens:

    Em quantidade suciente.

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    De boa qualidade.

    No menor preo possvel.

    Protecionismo

    Na diculdade de se estabelecer uma denio para o protecionismo, podemos dizer que todas as aes contrrias ao livre-cambismo, na forma denida anteriormente, sero consideradas como protecionismo. Nesse sentido, podemos ter barreiras que prejudicam o comrcio entre os pases. Essas barreiras podero ser tarifrias e no tarifrias.

    Barreiras tarifrias

    Direitos aduaneiros: so as tarifas (impostos de importao e de exportao) cobradas em razo da entrada e sada de mercadorias do pas. Os direitos aduaneiros so cobrados principalmente em razo da entrada de mercadorias (direitos de importao).

    Direitos de importao razes para sua instituio:

    Receitas pblicas para o governo.

    Equilibrar o balano de pagamentos.

    Proteo indstria nascente.

    Barreiras quantitativas

    Licenas de limitao

    Dosando a importao.

    Proibio da importao quando h similar nacional.

    Sistema de cotas

    Limitao pela quantidade de bens importados.

    Limitao pela quantidade de divisas disponveis para a importao.

    Barreiras tcnicas

    Restries de carter qualitativo.

    Restries de carter ecolgico.

    Restries de carter sanitrio.

    Muitas vezes, as diferenas entre capacidades tecnolgicas e disponibilidade de recursos produtivos justicam o intercmbio de bens e servios que poderiam ser produzidos dentro do prprio pas.

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    Segundo o princpio das vantagens comparativas, cada pas deveria especializar-se na produo daquela mercadoria em que mais eciente, ou que tenha custos relativamente menores.89

    A existncia de uma diferena nos custos relativos seria, ento, suciente para que cada um deles se especializasse naquela produo para a qual um pas dispe de uma vantagem comparativa em relao a outro, e trocassem o produto entre si. Essa especializao resulta numa ampliao da produo mundial, ampliando a capacidade do sistema econmico de satisfazer os desejos dos indivduos.

    Lembrete

    A teoria das vantagens comparativas foi formulada por David Ricardo, em 1817.

    Figura 11 David Ricardo

    Embora as vantagens do livre comrcio sejam evidentes, existem situaes em que se faz necessria a adoo de medidas protecionistas, seja para proteger uma indstria considerada estratgica para o pas, seja para fomentar a industrializao e a criao de empregos, seja para tornar possvel o desenvolvimento de indstrias ainda embrionrias, ou para combater os dcits na balana comercial.

    As principais medidas protecionistas so a implementao de impostos de importao ou tarifas aduaneiras, o estabelecimento de quotas para importao e os subsdios exportao.

    O subsdio exportao uma ajuda ao fabricante nacional de determinados bens, para que possa export-los a preos menores e mais competitivos.

    Dumping

    quando um produto introduzido no mercado de outro pas a preo inferior ao seu valor normal, e tambm quando o preo de exportao for inferior ao preo compatvel, praticado no curso de operaes comerciais normais, de um produto similar destinado ao consumo no pas exportador.

    89 Disponvel em: .

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    Direitos antidumping (medidas compensatrias)

    Poder ser adotado pelo pas importador, primeiro de forma provisria, enquanto corre o processo, e depois de forma denitiva aps a deciso do processo tomada pelas autoridades governamentais do pas importador.

    Formas de se aplicar direitos antidumping

    Aplicar uma sobretaxa na importao.

    Valor xo por unidade.

    As informaes relevantes para a deciso de importar ou exportar so preos domsticos, preos externos e taxa de cmbio.

    Perodo Exportaes mundiais (mdia no perodo)US$ bilhes

    1950-1960 91,2

    1961-1970 195,7

    1971-1980 986,2

    1981-1990 2.302,3

    1991- 2001 4.995,8

    Tabela 1 Crescimento do comrcio mundial (1950-2001)

    Balano de pagamentos

    o registro de pagamentos e recebimentos feitos com o estrangeiro, ou ainda, o registro de todas as transaes econmicas que os residentes no pas fazem com o resto do mundo durante perodo anual.

    O balano de pagamentos tem seu signicado econmico, dcit ou supervit.

    O dcit signica que, no perodo analisado, h uma maior sada do que entrada de moeda estrangeira no pas.

    Supervit representa uma maior entrada do que sada de moeda estrangeira no pas.

    Reservas internacionais correspondem quantidade de moeda estrangeira e ouro monetrio que o pas mantm acumulado.

    As transaes realizadas com o exterior podem decorrer de diversos tipos de atividades. Como exemplo de entrada e sada de moeda estrangeira do pas, temos: a exportao e a importao de mercadorias, o recebimento e o pagamento de juros do exterior, o uxo de entrada e as sadas de capital com o objetivo de investimento etc.

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    6.1 Taxa de cmbio

    Quando dois pases mantm relaes econmicas entre si, preciso xar-se a relao de troca entre suas moedas, j que nessas relaes entram necessariamente em jogo duas moedas diferentes.90

    A taxa de cmbio o preo de uma moeda expressa em outra. Pode tambm ser denida como o preo da moeda estrangeira (divisa) em termos da moeda nacional.91

    uma varivel econmica muito importante porque intermedeia todas as transaes entre residentes e no residentes de um pas; todas as contas do balano de pagamentos so inuenciadas pela taxa de cmbio.

    No simples explicar a determinao da taxa de cmbio: so inmeros determinantes, principalmente o regime cambial (regra que a autoridade monetria de um pas adota para determinar a taxa de cmbio ou preo das divisas). O regime cambial dene duas formas bsicas de determinao das taxas de cmbio:

    Institucionalmente, pela deciso das autoridades econmicas, que periodicamente xam essas taxas a partir de seus balanos de pagamentos, de suas reservas em ouro e dos acordos internacionais (taxas xas de cmbio).

    O Bacen xa o preo das moedas e garante a converso de moeda estrangeira em nacional.

    Por meio do funcionamento do mercado, quando ocorre a utuao automtica das taxas de cmbio, em decorrncia das presses da oferta e demanda por divisas estrangeiras (taxas utuantes ou exveis).92

    Os mercados de divisas so aqueles nos quais se compram e vendem as moedas dos diferentes pases. Nesse mercado, faz-se a troca da moeda nacional pelas moedas de pases com os quais se mantm relaes econmicas, originando um conjunto de ofertas e demandas de moeda nacional em troca de moedas estrangeiras.

    O conjunto de agentes econmicos que transfere recursos de um pas para outro forma o mercado de divisas, ou mercado cambial.

    Divisas so moeda e ttulos representativos de valor em moeda estrangeira. Essas operaes so realizadas no mercado cambial e no envolvem deslocamentos de moeda de um pas para outro; na prtica, ocorrem apenas dbitos e crditos em contas mantidas em bancos comerciais.

    90 Disponvel em: .91 Disponvel em: .92 Disponvel em: .

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    A demanda de divisas constituda pelos importadores, que precisam delas para pagar suas compras no exterior, j que a moeda nacional, em geral, no aceita fora do pas de origem (com exceo das moedas fortes, como dlar e euro), e pela sada de capitais nanceiros o Banco Central recebe do importador nacional a importncia em reais e troca por moeda estrangeira o valor correspondente.93

    A oferta de divisas realizada tanto pelos exportadores, que recebem moeda estrangeira como pagamento de suas vendas, quanto pela entrada de capitais nanceiros internacionais. Como a divisa no pode ser utilizada internamente, precisa ser convertida em moeda nacional isso feito pelo Banco Central, que recebe dos importadores do exterior a quantia em divisas, mantendo-as consigo, e paga para o exportador nacional em reais a quantia correspondente.94

    O Banco Central de qualquer pas a autoridade monetria que realiza, entre outras atribuies, o controle das entradas e sadas de moeda estrangeira; seu papel, nesse caso, centralizar o controle das operaes de cmbio e, portanto, deve ser noticado de todas as transaes de bancos comerciais que envolvam entrada e sada de moeda estrangeira do pas.

    Uma taxa de cmbio elevada signica que o preo da moeda estrangeira est elevado, ou que a moeda nacional est desvalorizada.95

    Assim, a expresso desvalorizao cambial signica que a taxa de cmbio aumentou maior nmero de reais por unidade de moeda estrangeira.96

    Valorizao cambial signica moeda nacional mais forte, isto , pagam-se menos reais por dlar e se tem, em consequncia, uma queda na taxa de cmbio.97

    As mesmas leis que afetam o preo dos bens de mercado tambm afetam a taxa de cmbio e algumas questes que afetam a demanda de moeda tambm afetam o nvel da taxa de cmbio:

    Especulao um processo fcil de acontecer, dado que as divisas so estocveis, como a moeda comum.

    A interferncia governamental elevada no mercado cambial, porque manipula a situao do balano de pagamentos por esse mercado tambm (por leiles; comprando ou vendendo divisas).

    93 Disponvel em: .94 Disponvel em: .95 Disponvel em: .96 Disponvel em: .97 Disponvel em: .

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    E, ainda, a:

    Taxa de juros pode provocar a migrao de capitais, que se deslocam de um pas para outro, procura de alta rentabilidade e baixo risco.98

    Lembrete

    A principal moeda de troca no mercado internacional o dlar norte-americano. Mesmo com a ascenso do euro, muitos pases ainda denominam as suas relaes comerciais em moeda dos Estados Unidos.

    A taxa de cmbio est intimamente relacionada com os preos dos produtos exportados e importados; portanto, com o resultado da balana comercial do pas.99

    Alteraes na taxa de cmbio afetam os preos relativos dos produtos no mercado interno e externo e podem induzir a aumento ou reduo do saldo comercial.

    Se a taxa de cmbio estiver elevada, estimular as exportaes, pois, para cada produto vendido, mais reais sero auferidos pelos exportadores pela mesma quantidade de divisas derivadas da exportao; em consequncia, haver maior oferta de divisas.100

    Assim, uma desvalorizao da moeda nacional faz com que nossos bens sejam mais baratos no exterior e que os bens estrangeiros quem mais caros no mercado nacional.

    Cria-se, ento, a tendncia para elevar as exportaes e reduzir as importaes.

    Do lado das importaes, a situao se inverte, pois, se os preos dos produtos importados se elevam em moeda nacional (os importados pagaro mais reais pelos mesmos dlares pagos antes das importaes), haver desestmulo s importaes e uma queda na demanda por divisas.101

    Quando uma empresa brasileira realiza uma compra na Inglaterra, por exemplo, ela precisa converter seu dinheiro; assim, vai ao banco, o qual realiza a transao: se a taxa de cmbio for R$ 2,40 = US$ 1.00, os US$ 100,000.00 custaro R$ 240.000,00.

    Essas operaes so realizadas no mercado cambial e no envolvem deslocamentos de moeda de um pas ao outro; o que ocorre, na prtica, so dbitos e crditos em contas mantidas em bancos comerciais.

    98 Disponvel em: .99 Disponvel em: .100 Disponvel em: .101 Disponvel em: .

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    Uma taxa de cmbio sobrevalorizada (isto , a moeda nacional encontra-se valorizada) surte efeito contrrio tanto nas exportaes como nas importaes h um desestmulo s exportaes e estmulo s importaes.102

    Quando h uma elevao das taxas de inao, consequentemente teremos uma diminuio da taxa real de cmbio, ou seja, a taxa nominal de cmbio permanece a mesma, mas, com a inao, gera-se, internamente, uma queda no poder aquisitivo da moeda.103

    Os efeitos da perda do poder aquisitivo so um desestmulo s exportaes: o preo do produto exportado no sofre uma elevao equivalente inao, e, para o exportador, torna-se mais vantajoso vender seu produto no mercado interno; por outro lado, temos um estmulo s importaes, pois os bens importados tornam-se relativamente mais baratos, j que seus preos no so corrigidos, estimulando seu consumo.104

    Enquanto as exportaes so mais afetadas pelo que ocorre com a renda mundial (um aumento da renda mundial certamente estimular o comrcio internacional e, em consequncia, as exportaes nacionais), as importaes esto mais relacionadas renda nacional um aumento da produo e da renda nacional o pas crescendo, o que demandar mais produtos importados, tanto na forma de matrias-primas, como bens de capital ou bens de consumo.105

    Como vimos, as taxas de cmbio dependem do papel que o Banco Central exerce no mercado de divisas. O sistema de taxas de cmbio o conjunto de regras que descrevem a atuao do Bacen nesse mercado.

    As taxas de cmbio so totalmente exveis quando no h interferncia do Bacen no mercado cambial; as taxas de cmbio determinadas rigidamente pelo Banco Central so xas.

    Na prtica, nenhum pas adota um regime ou outro de forma radical, mas com adaptaes. A maioria dos pases adota um regime de cmbio xo; em geral, a taxa de cmbio de um pas xa em relao outra moeda, que pode ser considerada uma ncora; portanto, adotar um regime de taxas xas ancorar o valor da moeda no de outra, e pode ser:

    Regime de ancoragem unilateral: a responsabilidade pela manuteno do pas ancorado, e no do pas ncora; esse tipo de arranjo foi muito utilizado na poca do padro-ouro; atualmente, os pases que adotam esse sistema ancoram sua moeda de um pas com forte presena poltica e econmica no mundo, como os Estados Unidos.

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    Currency board: uma verso radical da ancoragem unilateral. Nesse regime, o pas no s estabelece uma taxa de cmbio xa, como vincula o volume de moeda local quantidade de moeda estrangeira de referncia existente no pas. Com essa medida, ca garantida, por parte da autoridade monetria, a converso entre as moedas local e estrangeira taxa de cmbio estipulada.

    O pas que adota esse regime perde o controle da poltica monetria; por exemplo, a Argentina, que adotou em maio de 1991 esse regime, quando xou sua taxa de cmbio e condicionou o volume de pesos argentinos em circulao ao saldo de dlares de suas reservas.

    Se os pagamentos internacionais so feitos em moeda, deve haver um mecanismo de transferncia desses recursos de um pas ao outro e uma taxa de converso de uma moeda a outra.

    Essa taxa depende do regime cambial adotado e da oferta e demanda de moeda estrangeira no pas. A oferta resultado de todas as transaes econmicas que implicam entrada de divisas, como exportaes, investimentos e nanciamentos.

    A demanda resulta das transaes econmicas que levam sada de divisas, como importaes, remessas de lucros para o exterior, pagamentos de juros entre outros.

    As transaes do comrcio internacional so realizadas no mercado cambial e no envolvem deslocamentos de moeda de um pas ao outro. No caso da importao brasileira, o banco nacional no envia dlares para a Inglaterra, apenas credita o valor na conta do exportador ingls. Ocorrem, na prtica, apenas crditos e dbitos em contas mantidas em bancos comerciais.

    6.2 Poltica externa

    As polticas externas, que atuam sobre as variveis relacionadas ao setor externo da economia, dividem-se em poltica cambial e poltica comercial.106

    A poltica cambial refere-se atuao do governo sobre a taxa de cmbio; a poltica comercial diz respeito aos instrumentos de estmulo s exportaes, controle ou abertura das importaes.107

    Os uxos nanceiros so afetados por expectativas e polticas cambiais e monetrias das diferentes economias.

    Quando as taxas de juros de um pas forem superiores s taxas de juros de outro pas, pode-se esperar um uxo positivo de recursos. Assim, a manipulao da taxa de juros acaba se congurando tambm como um instrumento de poltica externa.

    O desenvolvimento e a velocidade dos movimentos nanceiros tm levado necessidade de uma coordenao maior de polticas dentro do pas e at mesmo entre os diferentes pases.

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    ECONOMIA E MERCADO

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    As alteraes de polticas monetrias, scais, cambiais e comerciais, muitas vezes, podem gerar impactos em toda a economia mundial, dependendo do nvel de integrao do pas no comrcio internacional e nos uxos nanceiros internacionais.

    Saiba mais

    A seguir, uma indicao de leitura para ajudar na compreenso dos tpicos da unidade:

    OLIVEIRA, H. A. Poltica externa brasileira. So Paulo: Saraiva, 2005.

    Resumo

    Como objetivos especcos nesta aula, espera-se que voc adquira conhecimentos sobre a estrutura bsica da macroeconomia, a importncia do Estado na atividade econmica, a funo do mercado monetrio, analisando a oferta de moeda, a poltica monetria e a taxa de juros. E por m, adquirindo conhecimentos sobre o papel da economia internacional nas relaes entre os pases.

    Exerccios

    Questo 1. (Adaptada de ENADE 2009 Economia) Na economia moderna, o setor nanceiro, que de extrema complexidade e sosticao, assume grande importncia. A crise atual, por exemplo, originou-se no segmento de crditos de segunda linha (subprime) do mercado de hipotecas habitacionais dos Estados Unidos e se propagou para todo o mundo.

    Assinale a alternativa correta em relao s operaes e s instituies do setor nanceiro:

    A) A importao de bens e servios, o pagamento de emprstimos bancrios, o pagamento de boletos bancrios e o pagamento de compra por intermdio de carto de dbito so operaes de destruio de meios de pagamento.

    B) As operaes de open market objetivam primordialmente contribuir para a aproximao entre a taxa de juros do mercado de reservas bancrias e a taxa bsica de juros anunciada pelas autoridades monetrias, evitando que excesso ou falta de liquidez afaste a taxa de mercado da taxa bsica.

    C) Os bancos comerciais so instituies nanceiras captadoras de recursos, principalmente por meio das operaes de underwriting, depsitos vista e a prazo, depsitos em caderneta de poupana, venda de bnus de emisso prpria e de emprstimos externos.

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    D) O papel-moeda em poder do pblico igual aos meios de pagamento fora das autoridades monetrias menos o caixa dos bancos comerciais.

    E) O Banco Central, no regime de metas inacionrias, sempre que a inao esperada se coloca acima da meta, usa seus instrumentos para contrair a oferta de moeda, mas, quando a inao esperada se coloca abaixo da meta, usa esses instrumentos para induzir aumento da oferta da moeda.

    Resposta correta: alternativa B.

    Anlise das alternativas

    A) Alternativa incorreta.

    Justicativa: meios de pagamento so destrudos ao sarem do sistema bancrio (ou seja, quando se transformam em moeda manual) ou quando voltam para os cofres da autoridade monetria. Nenhuma dessas ocorrncias da alternativa indica tais condies.

    B) Alternativa correta.

    Justicativa: o open market um mecanismo de sintonia na da liquidez, permitindo que a taxa do mercado de reservas bancrias se aproxime da meta de taxa bsica anunciada pela autoridade monetria. Para tal, se o sistema est muito lquido (quer dizer, se h excesso de reservas bancrias no sistema) e se a taxa bsica est indo para baixo da meta anunciada, o BC toma dos bancos emprstimos de curtssimo prazo dando em garantia os ttulo