economia do trabalho – parte 1 prof. césar frade · pdf filequestões...

93
Auditor Fiscal do Trabalho Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade

Upload: doannhi

Post on 05-Feb-2018

228 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

Auditor Fiscal do Trabalho

Economia do Trabalho – Parte 1

Prof. César Frade

Page 2: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições
Page 3: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www.acasadoconcurseiro.com.br

Sumário

1. Economia: Microeconomia x Macroeconomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2. Conceitos Básicos de Economia do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3. Curva de Demanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

3 .1 . Fatores que alteram a quantidade demandada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

4. Curva de Oferta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

4 .1 . Fatores que alteram a quantidade ofertada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

5. Equilíbrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

6. Elasticidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

6 .1 . Elasticidade-preço da demanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

6 .2 . Elasticidade-renda da demanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

6 .3 . Elasticidade cruzada da demanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

6 .4 . Elasticidade-preço da Oferta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

QUESTÕES PROPOSTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

QUESTÕES RESOLVIDAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

ÚLTIMA PROVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

Page 4: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições
Page 5: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www.acasadoconcurseiro.com.br

Introdução

Olá pessoal,

Primeiramente, irei fazer uma breve apresentação . Meu nome é César de Oliveira Frade, sou funcionário de carreira do Banco Central do Brasil – BACEN – aprovado no concurso de 1997 .

Sou formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG . Possuo uma Pós-graduação em Finanças e Mercado de Capitais pelo IBMEC, outra em Derivativos para Reguladores na Bolsa de Mercadorias e Futuros – BM&F e uma especialização em Derivativos Agrícolas pela Chicago Board of Trade – CBOT1 . Sou Mestre em Economia2 com ênfase em Finanças na Universidade de Brasília e o Doutorado, pela mesma Universidade, está faltando apenas a defesa da Tese3, sendo que os créditos já foram concluídos .

Comecei no Banco Central trabalhando com a emissão de títulos da dívida pública externa . De 2005 a 2008 fui Coordenador-Geral de Mercado de Capitais na Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, auxiliando em todas as mudanças legais e infralegais, principalmente aquelas que tinham ligação direta com o Conselho Monetário Nacional – CMN . Voltei ao BACEN para trabalhar na área de risco com derivativos em um Departamento da área de Fiscalização . No início de 2012 fui cedido para a Presidência da República e trabalho no Departamento de Regulação e Concorrência na Secretaria de Aviação Civil .

Sou professor de Finanças, Microeconomia, Macroeconomia, Matemática, Sistema Financeiro Nacional, Mercado de Valores Mobiliários, Estatística e Econometria . Leciono na área de concursos públicos desde 2001, tendo dado aula em mais de uma dezena de cursinhos em várias cidades do país, desde presenciais até via satélite .

Nesse curso, veremos a parte de Economia do Trabalho para o concurso de AFT .

Desta forma, estarei fazendo uma mescla entre um papo informal (papo que ocorrerá sempre que for possível) e a teoria formal . Mas nunca deixarei de ensinar qual o raciocínio que vocês devem utilizar para acertar as questões . Acredito que a matéria sendo exposta de forma informal torna a leitura mais tranqüila e isso pode auxiliar no aprendizado de uma forma geral . Exatamente por isso, utilizo com freqüência o Português de uma forma coloquial .

1 A Chicago Board of Trade – CBOT é a maior bolsa de derivativos agrícolas do mundo .2 A dissertação “Contágio Cambial no Interbancário Brasileiro: Uma Análise Empírica” defendida em 2003 foi publicada

na Revista da BM&F, o paper aceito na Revista Estudos Econômicos e em alguns dos mais importantes Congressos de Economia da América Latina – LAMES . Versava sobre o risco sistêmico a ser propagado via mercado de câmbio e as contribuições da Câmara de Compensação de Câmbio da BM&F para a mitigação desse risco .

3 Tese de Doutorado é um parto e a gestação já está durando alguns anos . Acho que pode ser que ela não saia .

Page 6: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www.acasadoconcurseiro.com.br

As críticas ou sugestões poderão ser enviadas para:

cesarfrade2016@gmail .com

Finalmente, gostaria de dizer a vocês que muito mais do que saber toda a matéria, é importante que você saiba fazer uma prova e esteja tranqüilo! Portanto, tente aprender a matéria, mas certifique-se que você entendeu como deve proceder para marcar o “X” no lugar certo . Não interessa saber a matéria, interessa marcar o “X” no lugar certo e ver o nome na lista . Portanto, guarde que passa aquele que mais acerta e não aquele que mais sabe . Vocês aprender a fazer prova em primeiro lugar e esse é um dos objetivos desse curso . Tentarei ensinar a vocês o raciocínio a ser utilizado para acertar a questão no menor espaço de tempo possível .

Prof. César Frade

SETEMBRO/2016

Page 7: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br 7

Economia do Trabalho

PARTE 1

1. Economia: Microeconomia x Macroeconomia

A economia possui recursos escassos e a microeconomia estuda a melhor forma de aproveitar esses recursos que são colocados à disposição das pessoas .

De uma forma simplificada, podemos dizer que enquanto a macroeconomia estuda os problemas existentes em um país, a microeconomia se preocupa com as decisões individuais das pessoas e empresas . Esse curso versará sobre as pessoas e empresas . Sendo assim, a Economia do Trabalho é um ramo da microeconomia e aproveita todos os conceitos desta com uma roupagem um pouco diferente . Portanto, será importante que consigamos compreender alguns conceitos de uma forma mais simples e, em seguida, colocá-lo na roupagem da Economia do Trabalho .

Logo, para que você otimize o seu aprendizado, pense sempre nas suas decisões individuais para cada situação proposta no curso . Tentarei mostrar a vocês algumas situações inusitadas que ilustrariam bem cada momento .

Acredito que a forma mais simples de aprendermos a microeconomia é pensando no nosso dia-a-dia, no cotidiano .

Na verdade, acho que está na hora de passarmos para a matéria propriamente dita . Vamos lá?

2. Conceitos Básicos de Economia do Trabalho

Como já foi dito inicialmente, a Economia do Trabalho é um ramo da Microeconomia e, em geral, nos cursos de Graduação, tende a ser uma matéria que é estudada no final . Isto é importante de ser esclarecido porque quando os graduandos de Economia optam (em geral, é uma matéria optativa, muitos economistas podem nunca ter visto Economia do Trabalho) por ter essa matéria, eles já possuem todas as ferramentas básicas de micro .

No entanto, o público que está lendo esse material é diverso e vou partir do pressuposto que não possui nenhum conhecimento prévio de microeconomia . Exatamente por isso, nessa parte de conceitos básicos, eu vou optar por colocar alguns conceitos ligadas ao mercado de trabalho e, depois de passar pela parte básica, fazemos o link necessário .

Page 8: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br8

Em algum momento você já pensou no que significa DESEMPREGO? Aposto que todos vocês responderam que SIM . Mas me diga uma coisa: Como que você calcularia o percentual da população que está desempregada? De novo, a grande maioria pensou: Fácil, que pergunta idiota . Basta pegar as pessoas que não tem emprego e dividir pelo número total de pessoas . Ok . Concordo .

Mas essa tarefa não é algo tão fácil assim . Veja . Muitas pessoas estão no mercado informal, outras não possuem emprego, mas também não estão interessadas em trabalhar (pessoas muito ricas que não possuem qualquer aptidão ou pessoas que estão desacreditadas na situação econômica do País, por exemplo) .

O que eu quero mostrar para vocês é que para fazer uma mensuração que parece bem simples, precisamos definir algumas variáveis, para limitar o escopo delas e, em seguida, poder analisar de forma mais concreta o número que teremos à disposição .

Tais pesquisas, em geral, são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições necessárias são as seguintes:

Pessoas Ocupadas

Foram classificadas como ocupadas na semana de referência as pessoas que tinham trabalho durante todo ou parte desse período . Incluíram-se, ainda, como ocupadas as pessoas que não exerceram o trabalho remunerado que tinham no período especificado por motivo de férias, licença, greve, etc .

Pessoas Desocupadas

Foram classificadas como desocupadas as pessoas sem trabalho que tomaram alguma providência efetiva de procurar trabalho na semana de referência .

Define-se como população economicamente ativa a soma das pessoas ocupadas e desocupadas .

A partir da definição de população economicamente ativa que nada mais é do que aquelas pessoas que estão “interessadas” em ter um emprego (podemos resumir, a grosso modo, dessa forma), nós podemos calcular a taxa de desemprego .

Já sei, já sei . Vocês não gostaram da forma como escrevi o termo “interessadas”, pois muitas pessoas estão interessadas em emprego, mas estão sem esperanças em conseguir um emprego, estão cansadas de sair a procura de um emprego e sempre receber uma resposta negativa . Essa é uma dura realidade .

No entanto, nós precisamos delimitar o escopo do nosso conjunto e essa é a definição utilizada pelo IBGE . Observe que pessoas que não saíram no período de referência para procurar emprego são consideradas fora do mercado de trabalho, ou seja, não fazem parte da parcela economicamente ativa da população .

Quer um exemplo claro e próximo? Vamos lá . É muito comum vermos a oscilação do mercado privado de trabalho, pessoas sendo empregadas e depois demitidas . Dessa forma, muitas pessoas (talvez você seja uma dessas pessoas), juntam uma quantidade de recursos ou solicitam

Page 9: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 9

a ajuda dos pais ou companheiro e deixam o trabalho para se dedicar a um concurso público . Fazem isso porque terão estabilidade e ainda perceberão uma quantidade boa de recursos e, assim, mergulham nos estudos sem procurar um novo emprego .

Você se encaixa nesse perfil? Você viu a sua situação descrita aqui? Pois é, para o IBGE, você não faz parte das pessoas desocupadas e, claro, também não faz das pessoas ocupadas (apesar de estar mais ocupado que muitos que trabalham e percebem uma remuneração pelo trabalho) . Para o IBGE, essa pessoa descrita não faz parte da população economicamente ativa e, portanto, não entra na estatística do desemprego .

A taxa de desemprego é dada pela razão entre as pessoas desocupadas e a população economicamente ativa . Como taxa de participação na força de trabalho temos a razão entre a força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) e a população acima de 14 anos .

As pessoas que desistem de procurar emprego e passam a não fazer parte da força de trabalho podem ser chamadas de desempregados ocultos .

3. Curva de Demanda

A curva de demanda informa a quantidade a ser consumida de um produto a cada nível de preço.

De uma forma geral, sabemos que quanto maior for o preço de um bem menos as pessoas querem adquirir daquele bem . Veja que estou falando de uma forma geral, mas é claro que existem exceções .

Imagine que você adore feijão ou carne . Se o preço do quilo do feijão subir, a sua tendência não seria reduzir o consumo do bem? Pois bem, se todos pensassem e tomassem atitudes dessa forma, a demanda coletiva do bem feijão cairia com essa alta de preço .

Portanto, o normal na atitude das pessoas é reduzir o consumo quando há aumento no preço do bem e aumentar o consumo quando o preço do bem for reduzido.

Page 10: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br10

Ponto Importante! • Geralmente, um aumento no preço reduz a quantidade demandada e vice-versa .

Suponhamos que o bem esteja com o preço P1, conforme mostrado no desenho acima . Com esse preço, os consumidores estariam demandando uma quantidade Q1 e, portanto, estariam sobre o ponto 1 da curva de demanda .

Se por um motivo qualquer (por exemplo, grande produção agrícola daquele bem) o preço cair para P2, haverá um consequente aumento da quantidade demanda para Q2 .

Imagine que o preço da carne caia 50% . Você concorda que a sua demanda por carne será aumentada? Por exemplo, ela poderá passar de Q1 para Q2 .

Esses bens que atendem à referida Lei da Demanda são chamados de Bens Comuns .

Entendemos como bens comuns aqueles bens em que as pessoas reduzem o seu consumo quando ocorre um aumento no preço ou quando as pessoas aumentam o seu consumo quando os preços são reduzidos . O livro do Varian define o bem comum exatamente como expus acima .

Matematicamente, podemos definir os bens comuns da seguinte forma:

Bem Comum⇔∂QD

X

∂PX≤ 0 ou

ΔQDX

ΔPX≤ 0

Já sei que alguns de vocês não compreenderam a equação acima . Eu explico, calma . Na verdade, essa equação está mostrando exatamente aquilo que foi dito anteriormente, ou seja, que a demanda e os preços se “movimentam” em direções opostas quando o bem for considerado comum .

De forma simplificada, podemos dizer que o símbolo ∂ indica que estamos falando da variação, seria a diferença entre as quantidades inicial e final ou do preço inicial e final .

Observe que a razão ∂QDx

∂PXou

ΔQDx

ΔPX

⎝⎜

⎠⎟ é negativa e isso indica que se a variação do preço for positiva

(houver um aumento no preço), a variação da quantidade deverá ser negativa (haverá uma queda na quantidade demandada) e vice-versa . Ocorrendo tais fatos, podemos garantir que a razão será sempre um número negativo, pois −

+< 0 e

+−< 0 .

A dúvida agora reside na igualdade, não é mesmo . Isso é mera definição . Se o preço de um bem mudar e você continuar consumindo exatamente a mesma quantidade, esse bem será classificado como bem comum .

Portanto, quando a equação informa que Bem Comum ⇔∂QD

x

∂PX≤ 0 , ela está dizendo que se o bem

for comum, quando o preço cair a demanda irá subir ou ficar igual ou quando o preço subir a demanda deverá cair ou se manter constante .

Page 11: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 11

Além disso, indica também que sempre que o preço e a demanda se comportarem dessa forma, devemos concluir que o bem é comum . Ela não diz nada a mais, absolutamente nada . Com isso, vemos que vocês podem ficar tranquilos com relação às representações matemáticas, não é mesmo?

Observe que a regra é a relação inversa entre preço e quantidade . Entretanto, existem algumas exceções . Imagine que uma farmácia esteja colocando o preço de um remédio na promoção . Será que pelo fato de o preço do remédio estar mais barato, você irá comprar e consumir mais daquele remédio?

Se o preço do sal cair em 30%, isso fará com que você compre mais sal e coloque mais sal na comida?

A resposta para essas duas perguntas é NÃO . As pessoas não irão alterar o consumo desses produtos porque houve variação em seus preços . Veja que esses dois casos também são exemplos de bens comuns .

Você acha que uma pessoa poderá reduzir o consumo de um bem quando o preço desse bem for reduzido? Ou seja, será que a queda do preço de um produto pode induzir o consumidor a comprar menos daquele produto?

É intrigante essa situação, mas a resposta é SIM . É possível que uma pessoa reduza o consumo de um bem pelo fato de o preço do produto ter caído . Fazendo isso, ela passaria a ter uma quantidade maior de recursos para adquirir outros bens . Acredito que a melhor forma de explicar tal evento é por meio de um exemplo . Veja o exemplo .

Suponha que um consumidor esteja comendo batata no café da manhã, batata no almoço e batata no jantar . Ele repete esse cardápio há 30 dias . Será que se o preço da batata cair, o consumidor irá consumir mais batata? A resposta é não . Se o preço da batata cair, esse consumidor dará graças a Deus por isso, pois sobrarão mais recursos para a aquisição de outro bem e, assim, poderá reduzir a quantidade demandada de batata .

Esses são os chamados BENS DE GIFFEN . Vamos a um exemplo .

Imagine que você tenha uma verba mensal de R$ 600,00 para fazer os seus almoços de um mês e deverá dividi-la entre as duas possibilidades existentes, quais sejam: sanduíche ou filé com fritas . De início, te digo que você preferiria sempre filé a sanduíche . Entretanto, o preço de uma refeição de filé custa, atualmente, R$ 30,00 enquanto que o sanduíche custa R$ 20,00 .

Assim sendo, se você tem esses preços e essa renda, a melhor forma que o indivíduo teria de conseguir almoçar seria comendo apenas sanduíche nos trinta dias . Dessa forma, estaria gastando a totalidade de sua verba mensal com sanduíche . Mas observe, essa pessoa prefere comer filé a sanduíche e não come filé todo dia senão os recursos acabariam em vinte dias e ela teria que ficar dez dias sem almoço .

Suponha agora que o preço do sanduíche caia pela metade, ou seja, passe para R$ 10,00 . A idéia inicial seria a de que se o preço do sanduíche caiu, o indivíduo deveria comer mais sanduíche, certo? Nesse caso, errado .

Errado, porque a queda no preço do sanduíche fez com que sobrasse dinheiro e esse recurso poderia ser destinado a um bem que fizesse o consumidor mais feliz . Observe que se o consumidor continuar comprando apenas sanduíche, seu custo mensal de almoço passaria para R$ 300,00 . Ele teria R$ 300,00 ainda para gastar .

Page 12: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br12

Sendo assim, qual seria a melhor escolha para o consumidor?

É claro que a melhor escolha seria comer apenas filé, mas o consumidor continua sem ter recursos suficientes para isso . Assim, a melhor escolha seria comer quinze dias de filé e quinze dias de sanduíche . Dessa forma, estaria gastando R$ 450,00 (30,00 x 15) com o almoço de filé e R$ 150,00 (10,00 x 15) com o sanduíche .

Observe que o sanduíche é um bem de Giffen, pois uma queda em seu preço provocou uma redução na quantidade demandada . Entretanto, tenho que ressaltar que o sanduíche é um bem de Giffen para essa pessoas e nessa circunstância narrada .

No entanto, você deve guardar que um bem só pode ser classificado conforme sua situação, conforme o enredo da questão . Um bem de Giffen para uma determinada pessoa pode ser comum para outra . Quero dizer com isso que TODAS essas classificações são relativas .

Certa vez, dando uma aula, um aluno me perguntou: Professor, você não vai explicar o que é Bem de Veblen?

Eu respondi: Bem de quem??

Ele falou: Bem de Veblen .

Respondi: Nunca ouvi falar nisso . Onde você leu isso?

Ele responde: um professor me indicou um livro que fala desse bem .

Enfim, esse foi o papo que tive com o aluno . Chegando em casa peguei o Varian e ele não falava nada, Pindyck não tinha nada, Mas-Colell muito menos . No dia que tinha aula na UnB (estava fazendo meu Doutorado) perguntei à minha orientadora e ela me respondeu: Bem de quem?? Ela sugeriu que eu perguntasse ao professor de micro, doutor em uma TOP 5 americana . E lá fui eu . Professor, o que é Bem de Veblen? E ele responde, nunca ouvi falar . Enfim . . .Só me restava uma coisa (e não era acreditar no livro que o aluno descreveu) .

O que me restava? Procurar no Google . Lá, eu tinha certeza que acharia . E descobri, claro .

Veblen era um economista nascido em 1857 e que veio a falecer em 1929 (ninguém nem sabia quem era Keynes na época) . Pelo que li, ele vivia sempre em conflito com os outros acadêmicos da época e tinha ideias bastante independentes . Ficou conhecido como bem de Veblen1 aquele bem que teria a demanda aumentada quando ocorresse um aumento no preço .

Dito isso, queria dizer a vocês para ESQUECEREM isso . Não existe essa definição nem no Varian, Pindyck, Mas-Collel ou Ferguson . Logo, não podemos levar em consideração, ou melhor, não devemos levar em consideração, na minha opinião, esse tipo de bem .

O Mas-Collel define bem de Giffen da seguinte forma:

“Although it may be natural to think that a fall in a good´s price will lead the consumer to purchase more of it, reverse situation is not an economic impossibility. Good L is said to be a Giffen good at (p,w) if ∂xL p,w( )

∂pL

> 0 .”

1 Importante destacar que além desse conceito não estar em nenhum dos livros de vanguarda, eu nunca vi esse assunto sendo cobrado em prova e olha que já pesquisei nas provas que já foram elaboradas de 97 até os dias atuais .

Page 13: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 13

Matematicamente, podemos dizer que:

Bem de Giffen ⇔∂QD

x

∂PX> 0

Vamos interpretar a equação, conforme a definição do Mas-Collel2?

Observe que ele informa que um bem L é dito bem de Giffen se a relação preço-quantidade for positiva . Apesar de a frase que foi transcrita não afirmar que se a relação for positiva o bem é de Giffen, este fato é verdadeiro também . Ou seja, vale o “se, e somente se” que é representado pelo símbolo "⇔ " .

A equação descrita acima diz que se o preço cair e isso provocar uma redução na quantidade demanda, o bem em questão é de GIFFEN . Esse é o caso do exemplo do sanduíche, pois a razão entre dois número negativos (variações negativas) é um número positivo −

−> 0

⎛⎝⎜

⎞⎠⎟ .

Por outro lado, se o preço de um determinado bem for majorado e a demanda por esse bem também crescer teremos uma relação de proporção direta entre as grandezas +

+> 0

⎛⎝⎜

⎞⎠⎟, e o bem

em questão também será considerado de GIFFEN, conforme a definição apresentada . Um exemplo desse tipo? Em geral, bens de ostentação possuem essa característica .

Imagine que você não entende nada de quadro, nunca foi a uma exposição e nunca viu um quadro famoso . Em um leilão são apresentados dois quadros da Monalisa . O primeiro deles enorme e o segundo pequeno . A sua tendência inicial seria dar um lance maior no quadro maior, não é mesmo? Ainda mais se você olhar para os dois e não ver diferença nenhuma entre eles . No entanto, após ficar sabendo que o menor é o autêntico, é capaz de você passar a dar maior valor a ele pelo simples fato de poder dizer que comprou um Da Vinci . Nesse exemplo, o preço subiu e você aumentou a demanda pelo quadro . Bens de ostentação funcionam dessa forma .

Ponto Importante! • Se preço e quantidade forem grandezas diretamente proporcionais, consideramos

o bem como sendo de GIFFEN .

• Se preço e quantidade forem inversamente proporcionais, o bem é COMUM .

Agora, vocês já sabem os conceitos básicos da microeconomia no que diz respeito à demanda . No entanto, precisamos aplicar o conceito análogo para a Economia do Trabalho . Ou seja, o bem em questão seria o trabalho e quem demanda esse bem são as empresas, concorda? Não entendeu?

2 O livro do Mas-Collel é utilizado há alguns anos nos mestrados e doutorados de algumas das melhores universidades brasileiras e americanas .

Page 14: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br14

Imagine o seguinte: você vai a um supermercado e compra um pacote de arroz . Logo, você está demandando arroz . No entanto, em Economia do Trabalho, enquanto as pessoas ofertam sua força de trabalho, as empresas demandam a força de trabalho das pessoas para que elas possam produzir os mais variados bens .

Guarde que as empresas desejam maximizar os seus lucros e para tanto devem definir a quantidade demandada de mão-de-obra necessária para atingir tal objetivo . O objetivo final delas é SEMPRE maximizar lucro e para isso, elas necessitam da força de trabalho oferecida pelas pessoas .

3.1. Fatores que alteram a quantidade demandada

São cinco os fatores que podem modificar a quantidade demandada . São eles:

• Preço; • Renda; • Preço de Produtos Relacionados; • Gosto; e • Expectativas

a) Preço

Esse princípio já foi anunciado . Em geral, uma variação no preço do produto provoca uma alteração na quantidade demandada do mesmo . Importante ressaltar que apesar de o examinador cobrar com bastante frequência questões acerca do Bem de Giffen, devemos pensar nesse bem apenas como uma exceção .

Tendo em vista o fato de já termos discutido exaustivamente o seu funcionamento, a partir de agora vamos tratar dos bens que possuem uma relação preço-quantidade inversamente proporcional .

Observe que a curva de demanda é uma função que exprime a quantidade demandada pelos consumidores em função do preço do bem . Matematicamente, temos:

QD = a−b⋅P

Sendo a e b constantes positivas . O sinal negativo mostra que a curva de demanda é negativamente inclinada, ou seja, que preço e quantidade são grandezas inversamente proporcionais .

Sendo assim, quando aumentamos o preço do bem, haverá uma variação na quantidade demandada do mesmo e, portanto, um deslocamento SOBRE a curva de demanda . Veja a figura abaixo .

Page 15: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 15

b) Renda

Uma variação na sua renda poderá provocar uma alteração na quantidade demandada do bem .

Se eu te perguntar, o que ocorreria com a demanda de um bem se você passasse nesse concurso público e, portanto, tivesse a sua renda aumentada? Provavelmente, você me responderia que esse aumento na sua renda provocaria um aumento na quantidade demandada do bem .

Veja bem . Se atualmente você compra um curso de microeconomia do Ponto dos Concursos, será que quando você passar no concurso e a sua renda for aumentada, você irá comprar dois cursos de microeconomia? Você me disse que quando a renda aumentar você irá aumentar a demanda do bem e, assim, quando passar no concurso posso pressupor que comprará muito mais cursos do Ponto, não é mesmo?

Pois bem . Já vimos que as coisas não funcionam assim . Existem alguns bens que você gosta de consumir (não é o caso de microeconomia) e existem outros que a situação te faz consumir . Muito provavelmente, quando a sua renda aumentar você irá aumentar o consumo daqueles bens que você gosta de consumir, mas que ainda não consome em uma quantidade adequada (por exemplo, viagens) . No entanto, aqueles bens que você não gosta, mas consome por necessidade (como esse curso) podem ter o seu consumo reduzido com o aumento da renda .

Isso dará origem a dois tipos distintos de bens . Serão os bens inferiores e os bens normais .

Se não entenderam, não fiquem preocupados . Explico de novo e de uma forma mais clara .

Se um consumidor tiver a sua renda aumentada e, com isso, optar por reduzir o consumo de um bem, esse bem será chamado de inferior .

Page 16: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br16

Já imagino que vocês devam estar com certa dúvida . Sempre pergunto em sala: Se o seu salário aumentar, o que ocorrerá com o seu consumo dos bens . E a galera em peso responde: aumentará . No entanto, isto não está correto, como eu já disse .

Imagine um bem que você não goste, mas consome porque não tem condições de comprar outro bem melhor, o que você gosta . Vou dar um exemplo que ocorreu comigo mesmo .

Antes de passar em um concurso público, fui morar em Brasília para trabalhar como engenheiro . Foi uma época difícil, despesa com moradia aqui não é nada barata e o salário de engenheiro, na época, bem baixo . Portanto, era sempre necessário economizar para não ter que ficar pedindo dinheiro para meu pai . Um bem que não me agrada, em nenhuma hipótese, é carne de frango . Eu não gosto mesmo, mas quando tenho que comer, só o faço se for peito de frango . Mas duro, sem grana, morando em uma cidade cara, tinha que abrir uma exceção . Éramos 7 dividindo uma casa (uma república com três homens e quatro mulheres), todos sem dinheiro . Então, ficou decidido que comeríamos frango três vezes por semana (segunda, quarta e sexta), pois, na época, o frango custava algo em torno de R$ 1,00 / quilo .

Conclusão: na minha cesta de consumo tinha o frango, entre outros bens.

Um ano depois passei no concurso do BACEN . Te pergunto: Você acha que, por ter passado no concurso e estar recebendo um salário maior, eu aumentei o consumo de frango? Claro que não . Na verdade, quase deixei de comer frango .

Logo, vimos que um aumento de renda pode provocar uma redução na quantidade demandada de um bem . Se isso ocorrer, dizemos que esse bem é inferior .

Portanto, bens inferiores são aqueles que: ∂QDX

∂R< 0 . Observe que se a sua renda reduzir e a

demanda pelo bem aumentar, esse bem também é inferior . Matematicamente:

Bem Inferior ⇔∂QD

X

∂RX

< 0

Conclusão: Se a demanda pelo bem estiver em uma direção e a renda na direção oposta, esse bem será considerado inferior .

Chegou a hora de explicar a equação, não é mesmo?

Se o aumento da renda induzir a uma redução da demanda −+< 0

⎛⎝⎜

⎞⎠⎟, a relação entre as grandezas

será inversamente proporcional e a razão negativa . Assim, o bem será considerado inferior . De forma análoga, se a redução da renda provocar um aumento da demanda +

−< 0

⎛⎝⎜

⎞⎠⎟, o bem

também é considerado inferior .

No entanto, alguns dos bens que eu consumia antes de passar no concurso me deixavam satisfeitos . Esses bens tiveram um aumento de consumo quando a renda aumentou . Entre eles, podemos citar, no meu caso, viagens, picanha, filé mignon, entre outros .

Page 17: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 17

Segundo Hal Varian:

“Normalmente pensaríamos que a demanda por um bem aumenta quando a renda aumenta. Os economistas, com uma falta singular de imaginação, chamam esses bens de normais.”

Portanto, gravem: o inverso dos bens inferiores são os bens normais .

Matematicamente, dizemos que um bem é normal:

Bem Normal ⇔∂QD

X

∂R≥ 0

A equação acima indica que quando a renda e a quantidade demandada de um bem forem grandezas diretamente proporcionais, o bem será considerado normal . Ou seja, se uma pessoa tiver um aumento da renda e optar por aumentar o consumo de um bem +

+> 0

⎛⎝⎜

⎞⎠⎟ , esse bem

poderá ser considerado normal, nessa situação . Por outro lado, se uma pessoa tiver a sua renda reduzida e com isso reduzir o consumo de um bem −

−> 0

⎛⎝⎜

⎞⎠⎟, esse bem também será considerado

normal .

Como foi dito anteriormente, uma mudança na renda poderá proporcionar uma mudança na quantidade demandada do bem mesmo sem que ocorra a mudança em seu preço . Como a função de demanda mostra uma relação entre o preço e a quantidade demandada de um bem, não teremos o que fazer a não ser DESLOCAR a curva para que seja possível aumentar a quantidade demandada a um determinado nível de preço . Veja na figura abaixo:

Guarde uma dica . Sempre que o preço alterar a demanda, exatamente pelo fato de a curva estar em um plano PREÇO x QUANTIDADE, ocorrerá um deslocamento sobre a curva de demanda . Qualquer outra variável que venha a modificar a quantidade demandada, exatamente pelo fato de manter o preço em um nível constante, provocará um deslocamento da curva de demanda .

Page 18: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br18

O último detalhe que gostaria de salientar nesse item é que todo bem de Giffen é inferior, mas nem todo inferior é de Giffen . Observe o diagrama de Venn abaixo:

Observe que a totalidade dos bens que são classificados como bem de Giffen estão dentro dos bens inferiores . Tomando como referência o diagrama acima, vemos que os bens de Giffen encontram-se inseridos no círculo e a totalidade do círculo é subconjunto dos bens considerados inferiores . No entanto, é importante notar que existem alguns bens inferiores que não estão dentro do círculo . É exatamente por esse motivo que todo Giffen é inferior, mas nem todo inferior é Giffen .

Tem mais um detalhe importante . Se o examinador afirmar que quando o preço de um bem cai e, consequentemente, isso provoca uma queda na quantidade demanda, sabemos que o bem é de Giffen . E como todo Giffen é inferior, podemos afirmar que se um bem tem uma queda no preço e, em consequência disso, sua demanda é reduzida, esse bem é inferior (pois é Giffen) .

Ultimamente tem sido muito comum o examinador colocar algumas afirmativas que não explicitam diretamente os bens de Giffen . Entretanto, nós já vimos que todo Giffen é inferior e não existe nenhum Giffen que seja normal . Logo, nenhuma normal é Giffen, certo? Portanto, se um examinador afirmar que um bem é normal, ele pode estar querendo afirmar que aquele bem não é de Giffen e as grandezas preço e quantidade são inversamente proporcionais .

Na verdade pessoal essa é a grande diferença de uma aula escrita como essa . Estou sempre com o intuito de mostrar a vocês o assunto da forma mais clara e falando das tendências mais atuais dos examinadores . É assim que faremos o tempo todo do curso . Dicas e mais dicas de resolução de questões .

c) Preço de Produtos Relacionados

Importante ressaltar que um único bem pode ter várias classificações . Por exemplo, ele pode ser normal e comum, inferior e comum, Giffen e inferior . Ou seja, não é apenas uma classificação por cada bem .

Nesse tópico apresentaremos outra classificação para os mais variados bens .

Page 19: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 19

Imagine dois bens, por exemplo, manteiga e margarina . Suponha ainda que você é uma pessoa indiferente entre o consumo desses bens . Logo, se o preço da manteiga sobe, você irá reduzir o consumo da manteiga e substituí-la pela margarina . Sendo que esta última terá seu consumo majorado . Se o preço da manteiga cair, você vai consumir mais margarina .

Pois bem, se dois bens tiverem essa característica eles são denominados de bens substitutos . Ou seja, se a mudança no preço de um dos bens provocar uma mudança na demanda do outro bem eles podem ser substitutos . Serão considerados substitutos se o aumento no preço de um bem provocar aumento da demanda do outro bem . De forma análoga, dois bens são substitutos se a redução no preço de um dos bens provocar redução na demanda do outro bem .

Com isso concluímos que:

Bens Substitutos ⇔∂QD

X

∂PY> 0

É importante esclarecer que o símbolo (⇔ ) significa se, e somente se . A conclusão acima deve ser lida da seguinte forma:

Os bens são substitutos se ∂QDX

∂PY> 0 for verdadeiro e se ∂QD

X

∂PY> 0 , os bens são substitutos .

Querem a interpretação da equação? Tenho certeza de que já conseguem fazer isso sozinhos, mas vamos lá .

Quando a relação entre o preço de um dos bens e a quantidade do outro bem for diretamente proporcional, a razão entre a variação das grandezas será positiva +

+> 0;−

−> 0

⎛⎝⎜

⎞⎠⎟ e, portanto, os bens

serão considerados substitutos . Falta sabermos a lógica econômica, não é mesmo? Pois bem, os bens são considerados substitutos porque as pessoas acabam trocando um bem pelo outro, substituem esses bens na sua cesta de consumo . Esse é o caso da margarina e da manteiga para o consumidor em questão . No entanto, pode ser que você não considere esses dois bens substitutos, por não gostar de margarina de forma alguma, mas algumas pessoas consideram .

Agora imaginemos a gasolina e o óleo de motor . Se o preço da gasolina aumentar, as pessoas tendem a andar menos de carro e, portanto, reduzem a demanda por gasolina . Se as pessoas andarem menos de carro, elas passarão mais tempo sem efetuar a troca de óleo e, assim, a demanda por óleo de motor será reduzida . Recapitulando, um aumento no preço da gasolina reduz a demanda por gasolina e, consequentemente, reduz a demanda por óleo de motor . Esses dois bens são considerados bens complementares .

São complementares aqueles bens que, em geral, o consumo de um bem induz o consumo de outro . Temos vários exemplos que funcionam bem, a pinga e o limão, a goiaba e o queijo minas . Enfim, é claro que coloquei esses exemplos, até certo ponto grotestos e regionalistas, para conseguir ilustrar a questão .

Com isso concluímos que:

Page 20: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br20

Bens Complementares ⇔∂QD

X

∂PY< 0

Observe que está havendo uma mudança na quantidade demandada do bem X porque o preço do bem Y está sendo alterado . Dessa forma, haverá um deslocamento da curva de demanda, como ocorre no caso da renda .

d) Gosto

E possível que o gosto de uma pessoa altere o consumo de um determinado bem . Esse consumo poderá ser aumentado ou reduzido . Isto depende do bem e de cada pessoa .

Apesar de esse ser mais um motivo para que haja alteração na quantidade demandada, não me lembro de nenhuma questão em prova que isso foi cobrado .

Importante lembrar que essa alteração na quantidade demandada, tendo em vista o fato de que o preço do bem não é alterado, provoca um DESLOCAMENTO na curva de demanda .

e) Expectativas

As expectativas modificam a quantidade demandada . Imagine que após ler essa aula, você decidiu se matricular no curso de Micro com a convicção de que se tudo for explicado dessa forma, não haverá nada que você não consiga compreender muito bem . E aí, você optou por comprar o curso dado que isso criou uma expectativa de aumento da probabilidade de passar . Com esse aumento, você acaba indo ao Shopping fazer compra e começando a gastar por conta, pois houve uma mudança da expectativa .

Enfim, assim como esse exemplo que coloquei para vocês, vários outros podem ser colocados e inventados pelo examinador . O importante é tentar notar qual dos itens está alterando a demanda . Se for a expectativa a curva de demanda também será DESLOCADA .

Alguns autores afirmam que a quantidade de compradores também altera a quantidade demandada . Entretanto, tal afirmativa é encontrada, apesar de estar correta, em um pequeno número de acadêmicos . No entanto, essa afirmativa pode ser considerada correta sem o menor problema, pois aqueles que não colocam essa alternativa acabam por afirmar de forma implícita que o número de compradores foi aumentado por causa de alguma expectativa que foi gerada . Sendo assim, aqueles autores que não explicitam essa sexta característica que modifica os preços, acabam considerando-a nas EXPECTATIVAS .

Page 21: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 21

Ponto Importante! • Todo bem de Giffen é inferior, mas nem todo inferior é Giffen .

• Se um bem for normal, ele não será de Giffen .

• Se o preço de um bem for alterado, haverá um deslocamento sobre a curva de demanda .

• Se a mudança na demanda de um bem vier de uma alteração na renda de um indivíduo, preço de um bem relacionado, gosto ou expectativas, haverá um deslocamento da curva de demanda . Lembre-se de que o preço do bem é mantido constante .

Por exemplo, no Mercado de trabalho, o que é capaz de alterar a demanda por mão-de-obra de uma empresa? Vários são os fatores que alteram essa demanda . Concordam? Por exemplo, mudanças no Mercado de trabalho em que a empresa está inserida, entre outros fatores .

4. Curva de Oferta

A curva de oferta informa a quantidade a ser produzida de um produto a cada nível de preço.

Se quando estudamos a curva de demanda estávamos raciocinando como se fossemos um consumidor, neste momento deveremos passar a raciocinar como um empresário uma vez que estamos estudando a curva de oferta .

De uma forma geral, sabemos que quanto maior for o preço de um bem mais os produtores querem vender daquele bem . Veja que estou falando de uma forma geral, claro que existem exceções .

Dessa forma, a curva de oferta será uma curva positivamente inclinada que se situa no espaço preço x quantidade, como demonstrado abaixo:

Page 22: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br22

Observe que quando o preço do bem era P1, havia uma quantidade ofertada igual a Q1 . À medida que o preço do bem aumentou, o empresário passou a ter um estímulo maior a aumentar a quantidade ofertada . Dessa forma, quando o preço passa para P2, o empresário aumenta a sua produção e passa a ofertar a quantidade Q2 .

Diferentemente de quando estávamos estudando a curva de demanda, na curva de oferta não temos as classificações dos bens em vários tipos, mas há uma exceção também . Exceção essa que faz com que a curva de oferta possa ser negativamente inclinada .

Em geral sabemos que quanto maior o preço, maior a quantidade ofertada .

No entanto, imagine uma situação em que há a criação de um site para concursos público, imaginemos a situação da Casa do Concurseiro . Há a necessidade de se fazer uma instalação inicial, contratar servidores que consigam armazenar as aulas, alugar sala, funcionários e por aí vai . Em determinado momento o site entra em contato com um professor de Microeconomia com o intuito de ministrar um curso da matéria . O professor irá dispor de uma quantidade x de horas para poder elaborar o curso e, para valer a pena, quer uma determinada remuneração .

Para que essa remuneração seja conseguida, haverá uma cobrança do curso . No entanto, quanto maior for o número de alunos, menor poderá ser o preço do curso . O curso pode ser ofertado em uma quantidade muito grande e uma redução de preço pode aumentar a quantidade a ser ofertada pelo curso (pense que existe servidor em número suficiente) .

É mais fácil pensar neste ponto, se analisarmos a curva de oferta e de demanda juntas, pelo menos intuitivamente é isso que faremos .

Imagine que sejam 50 alunos interessados no curso, assim o preço deverá ser um para cobrir os custos . No entanto, se o preço for reduzido isso induzirá a um aumento do número de alunos, mas não haverá um acréscimo tão grande no trabalho do professor ou no custo do site . Basicamente, terá um incremento nas respostas do fórum .

Dessa forma, a oferta poderá ser aumentada para 100 e o preço cobrado ser mais baixo . Se o preço cair pode ser que a demanda aumente novamente e a oferta volte a aumentar com preço ainda mais baixo . Observe que para que haja uma curva de oferta negativamente inclinada, há a necessidade de ganhos de escala, fato que ocorre em cursos via internet ou tele-presenciais .

Vamos trabalhar agora no enfoque do Mercado de trabalho, ou seja, a oferta do produto que pode ser ofertado no Mercado de trabalho . Que produto vocês acreditam que possa ser este? Muito bem, o próprio trabalho, a mão-de-obra das pessoas .

A oferta por trabalho é dada pelas pessoas e à medida que o salário dos empregados aumenta, a oferta por trabalho também aumenta, ou seja, as pessoas estão mais dispostas a trabalhar quanto maior for a recompensa oferecida .

Page 23: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 23

4.1. Fatores que alteram a quantidade ofertada

São quatro3 os fatores que podem modificar a quantidade ofertada . São eles:

• Preço;

• Preço dos Insumos;

• Tecnologia; e

• Expectativas

a) Preço

Esse princípio já foi anunciado . Em geral, uma variação no preço do produto provoca uma alteração na quantidade ofertada do mesmo . Importante ressaltar que são poucas as questões que versam sobre curva de oferta negativamente inclinada . Isso é muito raro .

Se examinador fizer uma pergunta e nela afirmar que a curva de oferta é positivamente inclinada, a tendência é que você marque que o item está correto, pois não foi utilizado nenhum chavão (sempre, nunca, etc) . Logo, a pergunta fala de uma forma geral sobre a curva de oferta e, em geral, ela é positivamente inclinada .

Observe que a curva de oferta é uma função que exprime a quantidade ofertada pelos produtores em função do preço do bem . Matematicamente, temos:

              

QO = a + bP  

Sendo a e b constantes positivas . E o sinal positivo mostra que a curva de oferta é positivamente inclinada . Sendo assim, quando aumentamos o preço do bem, haverá uma variação na quantidade ofertada do mesmo e, portanto, um deslocamento SOBRE a curva de oferta . Veja a figura abaixo .

3 Alguns autores podem colocar vários outros fatores . Entretanto, esses quatro fatores são os apresentados pelos mais renomados . Em geral, os outros podem ser encaixados no item expectativas .

Page 24: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br24

b) Preço dos Insumos

Uma mudança no preço dos insumos4 provoca uma alteração na quantidade ofertada do bem .

Se o preço do insumo subir, haverá um aumento no custo de produção que provocará uma redução no lucro . Essa redução no lucro faz com que o empresário tenha interesse em reduzir a quantidade ofertada do bem .

Já sei . Você deve estar pensando assim: se há uma redução no lucro, seria mais interessante que o empresário aumentasse a quantidade ofertada com o objetivo de ter o mesmo nível de lucro .

Não é assim que você deve raciocinar . Pense no lucro por unidade produzida, mas como um percentual . Se o lucro por unidade cair em termos percentuais, pode ser que seja mais interessante para alguns empresários vender a empresa e aplicar no mercado financeiro .

Entendido? Grave então, se o preço de um insumo subir haverá uma redução na quantidade ofertada .

Observe que haverá uma mudança apenas no preço do insumo, sendo que o preço do bem será mantido constante . Como a curva de oferta mede a relação em um plano preço do bem x quantidade ofertada do bem, para que mudemos a quantidade ofertada sem que seja feita qualquer mudança no preço do bem será necessário DESLOCAR A CURVA DE OFERTA .

Portanto, um aumento no preço do insumo provoca uma redução na quantidade ofertada, deslocando a curva de oferta para cima e para a esquerda, conforme mostrado abaixo:

Por outro lado, se o preço de um insumo ficar mais barato, isso provocará uma redução no custo do empresário e mantendo o preço do produto constante, aumentará o lucro . Dessa forma, o empresário terá um incentivo a aumentar a quantidade ofertada do bem .

Ao aumentar a quantidade ofertada do bem, como o preço do bem está mantido constante, o empresário estará provocando um deslocamento da curva de oferta para baixo e para a direita .

4 Segundo o Mini-dicionário Aurélio, insumo é o “elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou serviços (máquinas e equipamentos, trabalho humano, etc .); fator de produção .”

Page 25: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 25

Já sabemos que se uma alteração no preço de um bem modificar a sua quantidade ofertada haverá um deslocamento sobre a curva de oferta . No entanto, é importante destacar que qualquer outra variável que modificar a quantidade ofertada, tendo em vista o fato de que o preço é mantido constante, provocará um deslocamento da curva de oferta .

Observe que para fazer qualquer tipo de análise em economia precisamos alterar uma variável e manter todas as outras variáveis constantes . Assim, podemos entender o que aquela variável sozinha pode provocar . Portanto, a nossa análise sempre será ceteris paribus5 .

Segundo Mankiw:

“Os economistas usam a expressão ceteris paribus para dizer que todas as variáveis relevantes, exceto a que estiver sendo estudada na ocasião, são mantidas constantes. A expressão latina significa, literalmente, “outras coisas sendo iguais”. A curva de demanda se inclina para baixo porque, ceteris paribus, preços menores indicam uma maior quantidade demandada.

Embora a expressão ceteris paribus se refira a uma situação hipotética na qual algumas variáveis são mantidas constantes, no mundo real muitas coisas se alteram simultaneamente. Por isso, quando usarmos ferramentas de oferta e de demanda para analisar fatos ou políticas, é importante ter em mente o que está sendo mantido constante e o que está mudando.”

c) Tecnologia

Sabemos que, normalmente, há um ganho tecnológico com o passar do tempo . Esse ganho tecnológico contribui para aumentar a quantidade ofertada dos bens . Esse é o senso comum e deve ser assim que você está pensando, certo?

Então me explique . Você concorda que uma TV LED é mais desenvolvida tecnologicamente que uma TV de Plasma, certo? Então, porque que a quantidade ofertada de TV LED é menor que a quantidade ofertada de TV de Plasma?

Talvez você deva estar pensando: isto ocorre porque a TV LED é muito cara . Não, não é por causa disso . Se pensar assim, entraremos no problema do ovo e da galinha . . .rsrs

5 Alguns autores escrevem “coeteris paribus” .

Page 26: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br26

Na verdade, a curva de oferta da TV de LED é uma e a curva de oferta da TV de Plasma é outra, completamente diferente . Isto porque estamos falando de produtos diferentes . Logo, possuem curvas diferentes .

Observe que não estamos falando de tecnologia de produto e o exemplo que coloquei para vocês diz respeito à tecnologia do produto . Quando falamos de tecnologia provocando um aumento na quantidade ofertada, estamos nos referindo à TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO6 .

E isso faz todo sentido, pois se passamos a ter uma máquina mais produtiva, mais eficiente, ela poderá contribuir para aumentar a quantidade a ser ofertada pelos empresários . É claro que, em princípio, estamos tratando o preço do bem como constante e esse aumento da tecnologia de produção provocará um deslocamento da curva de oferta para baixo e para a direita .

Guarde duas coisas muito importantes aqui .

A primeira é que o examinador vai querer te enrolar e falar de tecnologia do produto, mas você não pode, em hipótese alguma, errar uma questão desse tipo . O que altera a quantidade ofertada é a TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO .

A segunda é que a tecnologia de produção provoca um DESLOCAMENTO da curva de oferta .

d) Expectativas

Expectativas . . . Quem adora questão com expectativas é o CESPE, pois assim ele pode inventar qualquer história e fazer a pergunta . Cai em todas as bancas, mas o CESPE é campeão nesse item .

As expectativas modificam a quantidade ofertada . Imagine que o Ministério da Fazenda fez uma previsão de que o Brasil irá crescer 6%, em média, nos próximos quatro anos . Isso é uma indicação de que a renda da população deve aumentar e assim altera a nossa expectativa a respeito do País . Dessa forma, com a mudança da expectativa em relação à renda das pessoas, o empresário acaba aumentando a quantidade ofertada do bem .

Por outro lado, se um empresário do setor hoteleiro está pensando em construir um complexo hoteleiro no nordeste com o intuito de competir com a Croácia e Emirados Árabes como destino dos europeus nas férias e escuta falar que há uma tendência de valorização da moeda nacional em relação ao Euro e ao dólar, imediatamente ele passa a ter uma expectativa pessimista em relação ao seu empreendimento . Isto ocorre porque boa parte do seu custo será em moeda nacional e está sendo criada uma expectativa de que ela fique cada vez mais forte e, portanto, o destino pode estar ficando caro para os europeus . Essa expectativa pode acabar fazendo com que haja uma redução da quantidade ofertada .

Enfim, assim como esse exemplo que coloquei para vocês, vários outros podem ser colocados e inventados pelo examinador . O importante é tentar notar qual dos itens está alterando a oferta . Se for a expectativa a curva de oferta também será DESLOCADA . Esse deslocamento pode ser tanto na direção do aumento quanto da redução da quantidade ofertada .

E no Mercado de Trabalho, quais vocês acham que seriam os fatores que podem afetar a oferta de trabalho das pessoas? É claro que o primeiro fator é o próprio salário . Ele afeta diretamente . Entretanto, o efeito riqueza também afeta a oferta de trabalho, seja porque a pessoa irá ter

6 É fundamental que você consiga fazer essa diferenciação . Faz toda a diferença na análise da questão .

Page 27: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 27

um salário de reserva mais elevado ou porque ela decide ofertar uma quantidade menor de trabalho a um determinado salário .

Quando eu me refiro ao efeito riqueza, eu não estou apenas falando da parcela que está ligada ao patrimônio em termos de bens que a pessoa possui, mas também os recursos que ela possui ou até mesmo a capacidade que essa pessoa tem que receber recursos em um momento futuro da carreira dela .

5. Equilíbrio

Já estudamos tanto a curva de demanda quanto a curva de oferta separadamente . Agora, vamos juntar as duas curvas no mesmo espaço e verificar o que ocorre . É isso que chamamos de equilíbrio de mercado . Cuidado com uma coisa . Aqui estamos falando de equilíbrio parcial e não de equilíbrio geral .

Lembre-se que apesar de tanto a curva de oferta quanto a curva de demanda poderem ser tanto positivamente quanto negativamente inclinadas, sempre que ouvirmos falar em curva de demanda pensaremos em uma curva negativamente inclinada (descendente da esquerda para a direita) . Quando ouvirmos falar na curva de oferta, devemos pensar em uma curva positivamente inclinada (ascendente da esquerda para a direita) .

Portanto, em geral, não se deve utilizar a curva de demanda positivamente inclinada (bem de Giffen) e a curva de oferta negativamente inclinada (ganhos de escala) . Isso somente deve ocorrer quando estivermos tratando de exceções . Ou seja, se o examinador falar de uma curva de oferta ou de uma curva de demanda, devemos fazer um desenho de curvas positivamente e negativamente inclinadas, respectivamente . Veja abaixo como proceder:

O ponto em que as curvas de oferta e demanda se cruzam se chama EQUILÍBRIO . Esse ponto indica o nível de preço e a quantidade que está sendo negociada de forma que não há sobra de estoque ou falta de produto . Ou seja, se o preço do bem em questão estiver cotado em P1, tudo que for produzido pelo empresário será vendido e não haverá formação de estoques nem falta

Page 28: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br28

de produtos . Mais à frente veremos o que ocorre se o preço cobrado estiver acima ou abaixo de P1 .

Existem tipos diversos de questões que podem ser formuladas com o equilíbrio . A primeira delas ocorre quando o examinador determina uma equação matemática que represente a demanda e uma equação que represente a oferta . Com o objetivo de encontrar o equilíbrio, basta igualarmos as equações que determinam as curvas .

Observe que o equilíbrio ocorre no ponto de encontro entre as duas curvas . Assim, quando igualamos a equação da curva oferta com a equação da curva demanda estamos supondo que a quantidade ofertada iguala a quantidade demandada . Dessa forma, iremos encontrar o ponto em cada uma das retas (das curvas de oferta e demanda) que equilibra o mercado .

Já sei que você deve estar se perguntando o motivo pelo qual você deve igualar as curvas, certo?

Vou te explicar . Observe que a equação que determina a demanda informa a quantidade que está sendo demandada a cada nível de preço . Por outro lado, a equação que determina a oferta informa a quantidade que está sendo ofertada a cada nível de preço .

No equilíbrio, a quantidade que está sendo demandada é a mesma da que está sendo ofertada . Portanto, ao igualarmos as duas curvas, estamos dizendo que a quantidade ofertada se iguala à quantidade demandada . Dessa forma, formaremos uma equação que depende do preço, uma vez que o preço que está na equação da demanda é igual ao preço da equação da oferta . Se resolvermos a equação formada, encontraremos o preço de equilíbrio e se esse preço for o praticado no mercado, isso significa que toda a produção está sendo vendida e não sobra nem falta nenhuma unidade do produto .

Vamos a um exemplo, para que vocês compreendam o procedimento a ser utilizado .

Imagine que as curva de demanda e oferta sejam designadas pelas seguintes equações, respectivamente:

QD = 90 – 6P

QO = – 10 + 4P

Se estivermos interessados em encontrar o preço de equilíbrio, devemos assumir que este preço ocorrerá quando a quantidade ofertada for igual à quantidade demandada, ou seja, QO = QD . Matematicamente, temos:

QO = QD

– 10 + 4P = 90 – 6P4P + 6P = 90 + 10 10P = 100P = 10,00

Observe que ao igualarmos as equações e resolvermos para P, encontraremos que o preço de equilíbrio será igual a R$ 10,00 . Se substituirmos esse valor em qualquer uma das duas equações (oferta ou demanda), a quantidade encontrada deverá ser a mesma . Afinal de contas, saímos exatamente desse pressuposto para encontrar o preço .

Vamos verificar qual a quantidade demandada se o preço for igual a R$ 10,00:

Page 29: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 29

QD = 90 – 6P QD = 90 – 6x10QD = 90 – 60QD = 30 unidades

Vamos, agora, verificar qual a quantidade ofertada se o preço for igual a R$ 10,00:

QO = – 10 + 4PQO = – 10 + 4x10QO = – 10 + 40QO = 30 unidades

Observe que o resultado encontrado foi exatamente o que estávamos prevendo, ou seja, que ao preço de R$ 10,00 a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada .

Isso significa que se o preço do bem estiver cotado a R$ 10,00, o empresário deverá optar por produzir 30 unidades do bem . De forma análoga, se o preço estiver cotado a R$ 10,00, o consumidor irá demandar 30 unidades do bem . E, dessa forma, tudo que está sendo produzido pelo empresário está sendo adquirido pelo consumidor e, com isso, estamos com o mercado em equilíbrio .

Graficamente, podemos representar da seguinte forma:

Imagine a situação em que o preço do mercado esteja abaixo do preço de equilíbrio . Porque motivo? Que tal pelo fato de o Governo ter congelado os preços em um patamar inferior àquele que seria o de equilíbrio7 .

Se o preço da mercadoria estiver cotado a R$ 8,00, haverá um aumento da quantidade demandada do bem uma vez que ele está custando menos e, ao mesmo tempo, uma redução da quantidade ofertada, pois o bem está com um preço mais baixo .

Veja que se colocarmos esse preço na equação de demanda, teremos:

7 Tal pressuposto nos faz relembrar o congelamento imposto pelo Plano Cruzado em 1986 .

Page 30: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br30

QD = 90 – 6P QD = 90 – 6x8QD = 90 – 48QD = 42 unidades

De forma análoga, com o preço de R$ 8,00, a quantidade ofertada seria de:

QO = – 10 + 4PQO = – 10 + 4x8QO = – 10 + 32QO = 22 unidades

Portanto, vemos que quando o preço estiver abaixo do preço de equilíbrio, a quantidade demandada supera a quantidade ofertada e, com isso, faltará produto no mercado . A diferença entre as quantidades, nesse caso, será chamada de excesso de demanda ou escassez de produtos .

Graficamente, temos:

Por outro lado, imaginemos uma situação em que o preço de mercado se situa acima do preço de equilíbrio . Isso pode ocorrer em uma economia com livre comércio e na qual o preço de equilíbrio internacional encontra-se em nível superior ao preço de equilíbrio . Logo, este fato induzirá a um aumento no preço interno do produto, redução da quantidade demanda internamente e aumento na quantidade produzida pelo empresário .

Outra opção ocorre quando o Governo opta por estabelecer um preço mínimo para um produto com o intuito de induzir a produção e não provocar o desabastecimento .

Veja o que ocorrerá se colocarmos o preço de R$ 13,00 na curva de demanda:

QD = 90 – 6P QD = 90 – 6x13QD = 90 – 78

Page 31: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 31

QD = 12 unidades

De forma análoga, com o preço de R$ 13,00, a quantidade ofertada seria de:

QO = -10 + 4PQO = – 10 + 4x13QO = – 10 + 52QO = 42 unidades

Observe que quando o preço está acima do preço de equilíbrio, a quantidade ofertada supera a quantidade demandada e, com isso, sobrará produto no mercado . A diferença entre as quantidades, nesse caso, será chamada de excesso de oferta ou excedente de produtos .

Graficamente, temos:

Vamos passar a mais uma etapa do estudo do equilíbrio, a última . Vou te fazer uma pergunta e vamos ver se você consegue me responder corretamente .

O que ocorre com a quantidade demandada da cerveja Antarctica se o preço da cerveja Skol aumentar?

Não vale responder que você não gosta de Antarctica e só toma Skol, está combinado?

A ideia é a seguinte: se o preço da cerveja Skol aumentar, haverá uma redução na quantidade demandada por Skol e, consequentemente, um aumento na demanda por Antarctica . Afinal de contas, os dois bens são substitutos . Veja:

↑PSKOL ⇒ ↓QDSKOL ⇒ ↑QD

ANTARCTICA

Esse aumento no preço da Skol provoca um deslocamento na curva de demanda8 de D1 para D2, uma vez que essa mudança foi provocada por uma alteração no preço de produto relacionado . Veja o gráfico:

8 Já sei que você deve estar querendo saber se a curva de demanda é da Skol ou da Antarctica . Como o preço majorado foi o da cerveja Skol, só podemos deslocar a curva de demanda da Antarctica . Se estivéssemos com o gráfico da cerveja Skol, o deslocamento ocorreria sobre a curva de demanda, uma vez que a alteração ocorreu no preço do bem .

Page 32: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br32

Observe que para um dado preço P1 da cerveja Antarctica, tendo em vista o fato de o preço da Skol ter sido majorado, haverá um aumento na demanda por Antarctica para Q2 . Dessa forma, o mercado sairá do equilíbrio, pois a quantidade ofertada de Antarctica será Q1 (representado pelo ponto 1 do gráfico) e a quantidade demandada será Q2 (representado pelo ponto 2 do gráfico) . Observe ainda que o preço da cerveja Antarctica não sofreu qualquer alteração até o momento e continua sendo P1 .

Com o mercado em desequilíbrio e a quantidade demandada sendo maior que a quantidade ofertada, haverá formação de filas para a aquisição do bem e, portanto, um aumento do mesmo . Quando aumentamos o preço da cerveja Antarctica, haverá um deslocamento sobre a curva de oferta (do ponto 1 para o ponto 3) e um deslocamento simultâneo sobre a curva de demanda (do ponto 2 para o ponto 3), até que o equilíbrio seja reestabelecido . Veja o gráfico abaixo:

Dessa forma, no final, haverá um aumento no preço e na quantidade de equilíbrio da cerveja Antarctica . (representado pelo ponto 3) . Nesse momento, chegamos a um equilíbrio parcial .

Page 33: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 33

Não vou ficar repetindo esse procedimento diversas vezes . Se houver um deslocamento, seja da curva de demanda ou da curva de oferta, haverá um desequilíbrio inicial . Em seguida, as forças de mercado irão estabelecer um novo equilíbrio para o mercado .

6. Elasticidades

A elasticidade tem como objetivo medir a reação ocorrida em uma variável quando uma segunda variável for modificada .

Sabemos que, em geral, quando o preço de um bem aumenta, a quantidade demandada do mesmo cai . Será que um empresário, antes mesmo de aumentar o preço do seu produto, gostaria de saber como as pessoas iriam reagir a esse aumento de preços? Será que ele se interessaria em saber qual seria a redução percentual no consumo para cada 1% de aumento no preço? Essa medida é dada pela elasticidade .

Existem inúmeras elasticidades, mas todas nos informam a relação entre duas variáveis quaisquer .

Podemos conceituar a elasticidade como sendo um número que informa a variação percentual em uma variável em decorrência de uma mudança de 1% em outra variável.

Segundo Pindyck:

“Já vimos que a demanda por uma mercadoria depende de seu preço, bem como da renda do consumidor e dos preços de outras mercadorias. De modo semelhante, a oferta depende do preço, bem como de outras variáveis que afetam o custo de produção. Por exemplo, se o preço do café aumenta, sua quantidade demandada cairá e sua quantidade ofertada aumentará. Frequentemente, contudo, desejamos saber quanto irá aumentar ou cair a oferta ou a demanda. Quão sensível será a demanda de café em relação a seu preço? Se o preço aumentar 10%, qual deverá ser a variação da demanda? Quanto seria a variação da demanda se o nível de renda aumentasse em 5%? Utilizamos elasticidades para responder a perguntas como essas.

A elasticidade é uma medida da sensibilidade de uma variável em relação a outra. Mais especificamente, trata-se de um número que nos informa a variação percentual que ocorrerá em uma variável como reação a uma variação de 1% em outra variável.”

Apresentamos, acima, uma definição generalizada acerca do conceito elasticidade . No entanto, em microeconomia, estudaremos, em princípio, quatro importantes elasticidades9, quais sejam:

• Elasticidade-preço da demanda10;

• Elasticidade-renda da demanda;

9 A elasticidade é um importante informação a ser considerada quando estamos pensando em mercados regulados .10 Também pode ser chamada de elasticidade-preço da procura . Em todas as elasticidades, o termo demanda pode ser

substituído pelo termo procura sem que o significado seja alterado .

Page 34: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br34

• Elasticidade cruzada da demanda11; e

• Elasticidade-preço da oferta .

6.1. Elasticidade-preço da demanda

A elasticidade-preço da demanda informa a variação percentual que ocorrerá na quantidade demandada de determinado bem quando o preço deste bem for modificado em 1%12 .

A elasticidade-preço da demanda é representada pela seguinte equação13:

εD =

ΔQQΔPP

= ΔQQ

⋅ PΔP

= ΔQΔP

⋅ PQ

Vamos, em primeiro lugar, discutir o que significa, por exemplo, ΔQQ

. É o mesmo que ΔSS

=S2 −S1S1

, sendo que S é o salário recebido por você .

Esses anos de sala de aula me ensinaram que se os alunos não entenderem alguma coisa, mexa no bolso deles que irão entender rapidamente . . . E é isso que farei com vocês .

Imagine, então que você perceba um salário mensal de R$ 3 .000,00 . Seu chefe acaba de te informar que você terá um aumento de 10% no salário pelos bons serviços prestados . Sabemos que, dessa forma, seu salário passará a ser de R$ 3 .300,00, concorda? Logo, seu salário inicial (S1) era de R$ 3 .000,00 e o seu salário final (S2) passou a R$ 3 .300,00 . Com isso, temos:

ΔSS

=S2 −S1S1

= 3300−30003000

= 3003000

= 0,10=10%

Observe que o resultado encontrado foi idêntico ao valor percentual do aumento dado . Então, quando estamos falando de ΔQ

Q, estamos verificando qual a variação percentual na quantidade

demandada . De forma análoga, ΔPP

é a variação percentual no preço .

Resumindo!Portanto, a elasticidade-preço da demanda irá informar quantos por cento variou a quantidade demandada para cada variação percentual do preço do bem .

11 Também conhecida como elasticidade-preço cruzado da demanda .12 Essa alteração pode ser tanto com aumento ou redução no preço .13 Importante ressaltar que mais à frente explicarei o que é uma derivada . Não há necessidade de se preocupar com

isto nesse momento . Entretanto, aquelas pessoas que sabem, já podem ir utilizando o conceito . ΔQΔP

⋅ PQ= ∂Q∂P

⋅ PQ

Page 35: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 35

Sabemos que, em geral, um aumento nos preços provoca uma redução na quantidade demandada e, analogamente, uma redução nos preços provoca um aumento na quantidade demandada . Dessa forma, vemos que:

εD =

ΔQQΔPP

= +−< 0      ou    εD =

ΔQQΔPP

= −+< 0

Portanto, a elasticidade-preço da demanda é, em geral, um número negativo e isso representado pelo fato de as grandezas preço e quantidade serem inversamente proporcionais . Entretanto, há uma exceção e são os bens de Giffen .

Imagine que um aumento de 10% no preço de um bem faça com que o consumidor reduza a demanda em 50% . Isso significa que se ΔP

P for igual a 10%, o consumidor irá reagir reduzindo

o consumo, ΔQQ

, em 50% . Observe que a reação do consumidor, nesse caso, foi muito forte quando o preço foi majorado . Neste caso, a elasticidade-preço da demanda é igual a:

εD =

ΔQQΔPP

= −50%+10%

= −5⇒ εD = 5

Se o módulo da elasticidade-preço da demanda for maior do que 1, a demanda é considerada elástica.

Ou seja, há uma reação por parte do consumidor reduzindo a quantidade demandada em um nível superior à variação no preço do bem . Tal fato pode ocorrer por alguns motivos .

Primeiro, o produto possui bons substitutos na visão desse consumidor e quando o preço aumenta, ele desloca o seu consumo para o outro bem, para o bem substituto e, portanto, reage fortemente, reduzindo a demanda .

Outra opção possível é que o bem seria considerado supérfluo pelo consumidor em questão . Quando o preço aumenta, ele passa a considerar que esse bem deve ter o seu consumo restringido uma vez que não seria um bem fundamental para ele .

Observe que, nos dois casos, isso depende do consumidor em questão . Pois um bem que eu posso considerar supérfluo, você pode acreditar que seja fundamental para você, concorda? E vice-versa, claro . Você, por exemplo, pode achar que o frango é um ótimo substituto para a carne de boi, mas eu, traumatizado com isso, não acredito . Então, quando o preço da carne de boi subir, não substituirei o produto por frango . No entanto, posso também ser elástico para a carne de boi, mas a substituirei por algum outro produto . Portanto, o fato de um produto ser elástico ou não depende dos costumes, gostos, etc dos consumidores que estão sendo analisados .

Imagine, agora, que um aumento de 10% no preço de um bem faça com que o consumidor reduza a demanda em 3% . Isso significa que se ΔP

P for igual a 10%, o consumidor irá reagir

Page 36: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br36

reduzindo o consumo, ΔQQ

, em 3% . Observe que a reação do consumidor, nesse caso, foi muito fraca quando o preço foi majorado . Neste caso, a elasticidade-preço da demanda é igual a:

εD =

ΔQQΔPP

= −3%+10%

= −0,3⇒ εD = 0,3

Se o módulo da elasticidade-preço da demanda for menor do que 1, a demanda é considerada inelástica14.

Ou seja, há uma reação por parte do consumidor reduzindo a quantidade demandada em magnitude inferior à variação no preço do bem . Isto pode ocorrer por alguns motivos . Interessante é que todas as vezes que solicito aos alunos para me dar um exemplo de um bem inelástico, elas me falam: sal . Eu, particularmente, não acho esse um bom exemplo, mas vamos discutir isso .

O primeiro motivo para uma reação tão pequena por parte do consumidor é devido ao fato de o produto ser essencial para a sua sobrevivência . Estamos falando de um remédio, remédio esse que sem ele o consumidor morreria . Se o laboratório aumentar o preço do remédio, o que faria o consumidor? Compraria o remédio e continuaria tomando a mesma atitude enquanto tivesse recurso suficiente . Nesse caso, o aumento de preço pouco altera ou nada altera a quantidade demandada do bem .

Um segundo caso e aqui se inclui o sal, ocorre quando o bem possui um valor muito baixo se comparado ao orçamento do consumidor . Por exemplo, suponha em na sua casa seja gasto um quilo de sal por mês . Se o preço do sal aumentar em 10%, você continuará comprando 1 quilo de sal por mês . Isso se deve muito mais ao fato de o sal custar R$ 1,00 do que você achar que o sal é essencial . Não concorda? Então pense que o quilo de sal está sendo negociado a R$ 1 .000,00 e ainda foi majorado em 10% . Quanto de sal você gastaria por mês . Ah, não gosta mais sal . . Está vendo, essa seria a sua resposta . Isso nos mostra que as pessoas são inelásticas em relação aos bens que elas gostam e que pouco representam em seu orçamento .

Um terceiro e último caso se refere aos bens que provocam vício . Por exemplo, o cigarro . Uma pessoa que fuma reduzirá muito pouco o consumo do cigarro se o preço do mesmo aumentar . Isso ocorre porque ela é viciada no bem, independente deste bem ter muita ou pouca representatividade em seu orçamento . Lembre-se que sempre escutamos que pessoas roubam para fumar crack, pessoas que possuem dinheiro acabam com seus recursos utilizando essa droga . Na verdade, depois que a pessoa se droga, se vicia, aumenta e muito o seu nível de inelasticidade em relação ao bem .

Entretanto, é interessante notarmos que se pegarmos uma pessoa como exemplo, seu nível de elasticidade ou de inelasticidade em relação a um determinado bem vai sendo alterado à medida que o preço do bem vai sendo modificado .

14 Os bens regulados, geralmente, são aqueles que possuem uma demanda inelástica para a média dos consumidores . O padrão é que exista uma regulação maior (controle mais próximo por parte do Governo) quando a inelasticidade do consumidor for alta, dada a grande dependência do consumidor pelo produto e, assim, o grande poder de mercado da empresa . Inelasticidade alta significa que o valor da elasticidade-preço da demanda, em módulo, é bem próxima de zero e isso mostra a dependência do consumidor em relação ao bem consumido .

Page 37: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 37

Vamos retornar ao exemplo do sal . Enquanto o sal custava R$ 1,00 o quilo, você tinha a clara noção de que você era muito inelástico em relação ao preço do bem e que um aumento de 10% nele não provocaria mudança alguma na sua quantidade demandada . Entretanto, se o sal passasse a custar R$ 10,00, o mesmo aumento de 10% induziria a grande maioria a começar a pensar sobre a utilização do sal, e, talvez, a desculpa estaria no fato de que o sal não faz bem à saúde, aumenta a pressão, apesar de a pessoa ainda ser inelástica, mas menos do que quando o preço era R$ 1,00 . Se pensarmos no sal custando R$ 100,00 o quilo, um aumento de 10% em seu preço faria com que houvesse uma redução ainda maior na quantidade demandada do mesmo .

Observe que um aumento de mesma magnitude no preço do bem, mas incidindo sobre diferentes valores provoca reações completamente diferentes nos consumidores . Em princípio, quanto maior for o preço do bem menor tende a ser a inelasticidade do consumidor e, portanto, mais elástico ele tende a ser .

Se o sal estiver cotado em R$ 10 .000,00 o quilo é muito provável que quase todos nós já estejamos convencidos de que o sal não é um bem interessante, que faz muito mal à saúde e que não deve ser consumido . Talvez uma pessoa que ganhe mais de R$ 1 milhão por mês, talvez um bom jogador de futebol (ou ex-jogador em exercício) continue comprando o sal .

Portanto, quando o preço de um bem vai aumentando continuamente, um consumidor que é inelástico em relação a esse bem, vai, gradativamente, aumentando sua reação e se tornando cada vez menos inelástico (mais elástico) . Até que em determinado momento, a partir de certo preço, ele passa a ser elástico . Observe que essa mudança passou por um ponto em que a elasticidade é igual a – 1 . Quando isso ocorrer, e isto é apenas uma coincidência matemática, dizemos que temos a elasticidade unitária da demanda .

Com isto, podemos sintetizar da seguinte forma:

Resumindo!

Se εD <1 Demanda Inelástica

Se εD =1 Elasticidade Unitária da Demanda

Se εD >1 Demanda Elástica

Temos dois casos especiais, quais sejam:

• Demanda infinitamente elástica;

• Demanda infinitamente inelástica .

Quando a demanda for infinitamente elástica, a curva de demanda será uma reta horizontal e a elasticidade-preço da demanda será igual a infinito . Casos como esses ocorrem em mercados competitivos e todos os produtores devem vender seus produtos ao mesmo preço . Se algum

Page 38: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br38

produtor optar por vender por um preço ligeiramente superior, ele não conseguirá alienar uma unidade sequer .

O gráfico de uma curva de demanda infinitamente elástica é o seguinte:

Quando a demanda for infinitamente inelástica, a curva de demanda será uma reta vertical e a elasticidade-preço da demanda será igual a zero . Nesses casos, os consumidores necessitam muito dos bens e um aumento de preço não induziria a qualquer redução da quantidade demandada .

O gráfico de uma curva de demanda infinitamente inelástica é o seguinte:

Vou mostrar algo errado para vocês, mas que ajudará a entender o conceito .

Page 39: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 39

Observem as duas curvas de demanda acima . Veja que para uma mesma variação no preço do bem, há uma variação muito maior na quantidade demandada no segundo gráfico . Ou seja, a quantidade varia bem mais se a curva de demanda for mais “deitada”, não é mesmo? Portanto, sempre que você tiver que desenhar uma curva de demanda inelástica, faça o desenho de uma curva mais vertical . Por outro lado, sempre que necessitar desenhar uma curva de demanda mais elástica faça uma curva mais horizontal .

Então, mesmo estando errado isto que estou dizendo, pense que se a curva de demanda for mais “em pé”, a demanda será inelástica e se a curva de demanda for “mais deitada”, a demanda será mais elástica .

Uma forma similar de se tratar isso no Mercado de Trabalho é o que chamamos de elasticidade de demanda de trabalho . A elasticidade da demanda de trabalho no curto prazo é definida como a alteração percentual no emprego resultante de uma alteração de 1% no salário . Veja a equação abaixo:

δ =

ΔEEΔww

Guardem uma dica: O que está escrito no parágrafo anterior pode ser usado sempre, desde que a questão não fale em curva de demanda linear .

Vamos agora, passar para o estudo de uma curva de demanda linear . Apesar de termos representado todas as curvas de demanda, até então, como retas, em geral elas são parecidas com uma hipérbole . No entanto, para não complicar, podemos representá-las como retas15 . Mas, sempre que o examinador falar em curva de demanda linear, ele estará afirmando que a curva de demanda é uma equação de primeiro grau, é uma reta, deverá ser representada por uma equação da reta (QD = ax + b)16 e, para calcularmos a elasticidade dessas funções devemos proceder da seguinte forma:

Utilizemos a seguinte curva de demanda: Q = 8 – 2P .

Vamos sair de um determinado ponto, apontando o par P, Q . Variando em 1% o valor de P, devemos determinar o novo valor de Q e verificar qual foi a mudança percentual nessa quantidade .

Vamos escolher como ponto de partida o local em que a curva de demanda toca o eixo dos preços, o eixo y . Nesse ponto, a quantidade demandada é igual a zero . Colocando isso na equação temos:

Q0 = 0⇒ 0= 8−2P02P0 = 8P0 = 4

15 É exatamente assim que todos os autores renomados fazem .16 Observe que essa equação é idêntica àquela que na primeira aula foi dito que seria a função de demanda . Tudo bem,

é assim mesmo . Mas o que vai ser desenvolvido agora só deve ser utilizado se o examinador falar em DEMANDA LINEAR .

Page 40: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br40

Portanto, partiremos de um par (P,Q) igual a (4,0) para determinarmos a elasticidade-preço da demanda neste ponto .

Vamos reduzir o preço em 1% e calcular a quantidade demandada correspondente17 .

P1 =P0 ⋅ 1−1%( )P1 = 4⋅0,99= 3,96Q1 = 8−2P1Q1 = 8−2⋅3,96⇒Q1 = 0,08

εD =

ΔQD

QD

ΔPP

=

Q2 −Q1( )Q1

P2 −P1( )P1

=

0,08−0( )0

3,96− 4( )4

=

0,080

−0,044

Já sei que vocês devem estar pensando que 0,080

não existe . Mas não é verdade . Imagine um número positivo dividido por um número muito próximo de zero, como por exemplo, 0,0000000000000000000000001 . Você concorda que quando comparamos esse número com zero, a diferença é insignificante . Logo, temos:

0,080

≅ 0,080,0000000000000000000000001

≅ ∞

Sendo assim, a elasticidade-preço da demanda fica:

εD =

0,080

−0,044

= ∞−1%

= −∞

17 Optei por reduzir o preço, neste caso, porque se aumentasse a quantidade resultante seria negativa . Além disso, esclareço que devemos variar em 1% o preço, aumentando ou diminuindo .

Page 41: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 41

Dessa forma, vemos que no ponto em que a curva de demanda toca o eixo Y, ou seja, o eixo dos preços, a elasticidade-preço da demanda nesse ponto é igual a – ∞.

Já sei que você não está entendendo a teoria, apesar de ter engolido a matemática, certo? Então vou dar um exemplo que dou em sala de aula que ilustra bem esse ponto .

Imagine que você trabalha em um determinado local e seu salário é zero . Isso mesmo, zero . Não leva sequer um centavo no final do mês . Seu chefe chega para você e diz que está muito satisfeito com o seu desempenho e que vai te dar um aumento de 100% . Se ele te der um aumento de 100%, qual o seu novo salário? Seu novo salário será de R$ 0,00 .

A pergunta é: Se o seu salário subir para R$ 0,01, qual terá sido o seu aumento percentual?

A resposta é que você terá tido um aumento muito grande, um aumento de infinito por cento . Concordam? Aqui é, exatamente, a mesma coisa . A partir do momento em que você não consumia nada e passa a consumir uma quantia, por menor que seja essa quantidade, o aumento percentual dela foi gigantesco, foi infinito .

Vamos fazer o cálculo da elasticidade-preço no ponto médio da curva de demanda em questão . No ponto médio, o preço valerá R$ 2,00 e teremos uma quantidade igual a 4 .

Veja:

P0 = 2⇒Q) = 8−2⋅2

Q0 = 8− 4Q0 = 4

Agora, para mostrar que não faz a menor diferença se optarmos por aumentar ou reduzir o preço, iremos subi-lo de 1% . Temos:

P1 =P0 ⋅ 1+1%( )P1 = 2⋅1,01= 2,02Q1 = 8−2P1Q1 = 8−2⋅2,02⇒Q1 = 3,96

Utilizando esses dados, podemos substituir na equação da elasticidade-preço da demanda e calculá-la:

εD =

ΔQD

QD

ΔPP

=

Q2 −Q1( )Q1

P2 −P1( )P1

=

3,96− 4( )4

2,02−2,00( )2

=

−0,044

+0,022

= −1%+1%

= −1

Com isso vemos que a elasticidade-preço da demanda no ponto médio de uma curva de demanda linear é igual a – 1 .

Page 42: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br42

Se repetirmos os cálculos para o ponto em que P é igual a zero18, teremos:

P0 = 0,01⇒Q) = 8−2⋅0,01

Q0 = 8−0,02Q0 = 7,98

Ao aumentarmos o preço em 1%, temos:

P1 =P0 ⋅ 1+1%( )P1 = 0,01⋅1,01= 0,0101Q1 = 8−2P1Q1 = 8−2⋅0,0101⇒Q1 = 7,9798

Passemos agora ao cálculo da elasticidade-preço da demanda em um ponto muito próximo do ponto em que o preço é igual a zero .

εD =

ΔQD

QD

ΔPP

=

Q2 −Q1( )Q1

P2 −P1( )P1

=

7,9798−7,98( )7,98

0,0101−0,01( )0,01

=

−0,0027,98

+0,00010,01

= −0,000025+1%

= −0,0025

Observe que a elasticidade-preço da demanda nesse ponto está muito próximo de zero e será IGUAL A ZERO no ponto em que o preço for zero .

Portanto, vemos o seguinte:

18 Faremos o cálculo para um ponto muito próximo do ponto em que P for igual a zero . Isto ocorre porque se P for zero, ao alterarmos em 1% esse valor, o preço do bem não será alterado .

Page 43: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 43

Portanto, em uma curva de demanda linear, temos:

Importante! • No ponto em Q for zero, a demanda é infinitamente elástica;

• No ponto em P for zero, a demanda é infinitamente inelástica;

• No ponto médio temos a elasticidade unitária da demanda;

• Entre Q igual a zero e o ponto médio, a demanda é elástica; e

• Entre P igual a zero e o ponto médio, a demanda é inelástica .

6.2. Elasticidade-renda da demanda

A elasticidade-renda da demanda informa a variação na quantidade demandada do bem como reação a uma mudança de 1% na renda do consumidor .

A elasticidade-renda da demanda é representada pela seguinte equação:

εR =

ΔQQΔRR

= ΔQQ

⋅ RΔR

= ΔQΔR

⋅ RQ

Sabemos que quando a nossa renda aumenta, temos a tendência de modificar a demanda de alguns produtos . Sabemos ainda que alguns do produtos terão seu consumo majorado quando aumentarmos a renda e outros terão seu consumo reduzido .

6.3. Elasticidade cruzada da demanda

A elasticidade cruzada da demanda mede a variação na quantidade demandada do bem X como reação a uma mudança de 1% no preço do bem Y .

Sabemos que a alteração no preço de um bem pode provocar a mudança na demanda de outro bem . Essa elasticidade irá medir o quanto que uma pessoa modifica o consumo de um bem pelo fato de o outro bem ter tido seu preço alterado .

Matematicamente, temos:

εX,Y =

ΔQX

QX

ΔPYPY

=ΔQX

QX

⋅PYΔPY

=ΔQX

ΔPY⋅PYQX

Page 44: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br44

a) Bens Substitutos

Se a variação positiva no preço de um bem provocar uma mudança positiva na demanda do outro bem, esses bens são considerados substitutos . Ou seja, se a elasticidade cruzada da demanda for positiva, os bens são considerados substitutos .

Observe o caso da manteiga e margarina . Se o preço da manteiga (bem Y) subir, haverá uma redução na quantidade demandada de manteiga e, consequentemente, um aumento na demanda de margarina (bem X) . Observe que:

↑PMANTEIGA ⇒  ↓  QDMANTEIGA ⇒  ↑QD

MARGARINA

εX,Y =

ΔQX

QX

ΔPYPY

=

ΔQDMARGARINA

QDMARGARINA

ΔPMANTEIGA

PMANTEIGA

= ++> 0

Vamos analisar agora a magnitude da elasticidade cruzada da demanda . Se a elasticidade cruzada da demanda for alta, isso significa que quando o preço de um bem aumenta as pessoas “correm” para o outro bem . Isto quer dizer que esse outro bem que não teve seu preço majorado é um bom substituto ao primeiro .

Com isso, podemos concluir que quanto maior for a elasticidade cruzada da demanda melhor é a substituição entre os bens para um dado consumidor .

b) Bens Complementares

Se a variação positiva no preço de um bem provocar uma redução na quantidade demandada de outro bem, esses bens são considerados complementares .

Vamos a um exemplo . Seria o caso do combustível e do óleo de motor . Se o preço do combustível sobe, as pessoas reduzem a demanda por combustível, andam menos de carro e isso provoca, ceteris paribus, uma redução na quantidade demandada de óleo de motor .

↑PCOMBUSTIVEL ⇒  ↓  QDCOMBUSTIVEL ⇒  ↓QD

OLEO    DE    MOTOR

εX,Y =

ΔQX

QX

ΔPYPY

=

ΔQDOLEO    DE    MOTOR

QDOLEO    DE    MOTOR

ΔPCOMBUSTÍVEL

PCOMBUSTÌVEL

= +−< 0

Portanto, se a elasticidade cruzada da demanda for negativa temos que os bens são complementares .

Page 45: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 45

No Mercado de Trabalho, nós tratamos tal elasticidade pelo termo de Elasticidade de substituição . Ela nos mostrará como podemos substituir capital e emprego, ou seja, capital e trabalho . Em determinadas situações, esses elementos são bens substitutos, mas em outra direção, eles podem ser bens complementares . É claro que tal fato depende do tipo de indústria que temos presente .

6.4. Elasticidade-preço da Oferta

A elasticidade-preço da oferta informa a variação na quantidade ofertada como reação a uma mudança de 1% no preço do bem . Matematicamente, temos:

εO =

ΔQO

QO

ΔPP

=ΔQO

QO

⋅ PΔP

=ΔQO

ΔP⋅ PQO

Na verdade, queremos ver agora, como o empresário irá reagir a uma mudança no preço . Se quando o preço mudar, a sua reação for forte e proporcionalmente maior que a mudança de preço, dizemos que ele é elástico em relação preço . Em geral, isso ocorre quando ele possui uma capacidade produtiva ociosa que o permite fazer isso . Uma oferta é considerada elástica se a elasticidade for superior à unidade .

Se uma mudança de preço gerar uma reação pequena por parte do produtor, a oferta será inelástica . Em geral, isto ocorre quando o produtor possui a capacidade produtiva praticamente toda tomada e essa mudança de preços o “pega com as calças na mão” e ele não tem muito que fazer, dado que a construção de uma nova planta demoraria algum tempo . Outra opção seria o fato de que o produtor pode não dispor de fornecimento de insumos suficientes para aumentar a sua produção de forma significativa . Uma oferta é considerada inelástica se a elasticidade for inferior à unidade .

Em muitos mercados regulados, o produtor não tem muita condição de aumentar a sua oferta de um instante para outro . Logo, em geral, o Governo negocia melhorias de longo prazo para que seja possível essa resposta na parte da oferta . Imagine uma mudança drástica na oferta de telefonia celular para daqui uma semana . Por mais que o preço tenha se tornado atrativo é impossível majorar a oferta em grande magnitude, a menos que a capacidade esteja ociosa .

Assim como na demanda, a curva de oferta também possui duas exceções, são elas:

• Oferta infinitamente elástica; • Oferta infinitamente inelástica .

Quando a oferta for infinitamente elástica, a curva de oferta será representada por uma reta horizontal e a elasticidade é igual a infinito . Isto significa que o produtor responde plenamente a um aumento de preços .

Graficamente, a oferta infinitamente elástica é representada da seguinte forma:

Page 46: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br46

Quando a oferta for infinitamente inelástica, a curva de oferta será representada por uma reta vertical e a elasticidade será igual a zero . Isso significa que o produtor não responde a um aumento de preço . Graficamente, representamos a situação da seguinte forma:

Essas são as quatro modalidades de elasticidade que necessitamos nessa fase da matéria .

Assim como na demanda, a curva de oferta, quando linear tem as suas particularidades . Observem que mesmo apresentando a curva de oferta sendo uma reta e afirmando que se ela for mais “deitada” ela seria elástica e quando for mais “em pé” seria mais inelástica, há um equivoco nessa afirmativa . Entretanto, se a questão for teórica e você desenhar dessa forma, estará acertando o item .

Vamos tratar agora da Oferta Linear .

Imagine três situações distintas que serão representadas pelas curvas O1, O2 ou O3 no desenho abaixo:

Page 47: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 47

Vamos começar nossos cálculos para curva de oferta O1 . A equação pode ser a seguinte:

QO = -20 + 2P

No ponto em que a curva de oferta O1 toca o eixo dos preços, temos que a quantidade ofertada será igual a zero . Dessa forma:

QO = −20+2PSe    QO = 0⇒ 0= −20+2P2P = 20P =10

Se utilizarmos o conceito de elasticidade, devemos modificar o preço em 1% e verificar qual foi a variação percentual na quantidade ofertada .

Com isso, temos:

Q1 = 0      e      P1 =10

P2 =P1 ⋅ 1+1%( )P2 =10⋅1,01P2 =10,10⇒Q2 = −20+2⋅10,10Q2 = 0,20

A elasticidade no ponto será determinada da seguinte forma:

εO =

ΔQO

QO

ΔPP

=

Q2 −Q1

Q1

P2 −P1P1

εO =

0,20−00

10,10−1010

=

0,200

0,1010

= ∞1%

=∞

Page 48: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br48

Façamos agora a análise da curva O2 de oferta . Imaginemos que a equação que representa esta curva seja:

QO = 2P

Com isso, temos:

Q1 = 200      e      P1 =100

P2 =P1 ⋅ 1+1%( )P2 =100⋅1,01P2 =101,00⇒Q2 = +2⋅101,00Q2 = 202

A elasticidade na reta como um todo será determinada da seguinte forma:

εO =

ΔQO

QO

ΔPP

=

Q2 −Q1

Q1

P2 −P1P1

εO =

202−200200

101,00−100,00100,00

=

22001,00

100,00

= 1%1%

=1

Portanto, em todos os pontos da curva de oferta O2 a elasticidade-preço da oferta é igual a 1 .

De forma análoga, podemos determinar a elasticidade da curva de oferta O3 . Essa curva pode ser representada pela seguinte equação:

QO = 20 + 2P

Portanto, teremos:

Page 49: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 49

Q1 = 20,20      e      P1 = 0,10

P2 =P1 ⋅ 1+1%( )P2 = 0,10⋅1,01P2 = 0,101⇒Q2 = 20+2⋅0,101Q2 = 20,202

Dessa forma, a elasticidade-preço da oferta ficaria assim:

εO =

ΔQO

QO

ΔPP

=

Q2 −Q1

Q1

P2 −P1P1

εO =

20,202−20,2020,20

0,101−0,100,10

=

0,00220,200,0010,10

= 0,00010,01

= 0,01

Portanto, com isso podemos ver que no ponto em que P for igual a zero, a elasticidade-preço da oferta é igual a zero .

Demanda Por Trabalho

A demanda por trabalho passa pela especificação da função de produção que será dada pela relação entre dois fatores: horas de funcionários contratados pela empresa (E) e capital (K) .

q = f(E,K)

Sendo que “q” é a quantidade de produto gerado por uma combinação capital e trabalho . Lembrando que E é o número de horas totais trabalhadas pelos funcionários, ou seja, o produto entre o número de trabalhadores e a média de horas trabalhadas .

Page 50: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br50

Produto Marginal e Produto Médio

Número de Funcionários Produção Produto

MarginalProduto Médio

Valor do Produto Marginal

Valor do Produto Médio

0 0

1 11 11 11,0 22 22,0

2 27 16 13,5 32 27,0

3 47 20 15,7 40 31,3

4 66 19 16,5 38 33,0

5 83 17 16,6 34 33,2

6 98 15 16,3 30 32,7

7 111 13 15,9 26 31,7

8 122 11 15,3 22 30,5

9 131 9 14,6 18 29,1

10 138 7 13,8 14 27,6

Page 51: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br 51

Enunciado para as Questões 1 a 5

No que diz respeito aos fatores que deter-minam as curvas de procura, assinale as op-ções corretas .

1. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

A redução no preço de um bem comple-mentar desloca, para a esquerda, a curva de demanda por esse bem .

( ) Certo   ( ) Errado

2. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Um deslocamento da curva de demanda por um bem é deslocada para a direita pelo aumento no preço dos insumos .

( ) Certo   ( ) Errado

3. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

A curva de demanda por um bem inferior é deslocada para a direita se houver aumento na renda do consumidor típico desse bem .

( ) Certo   ( ) Errado

4. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

A renda dos consumidores define o tipo de curva de demanda: preço-elástica ou preço--inelástica .

( ) Certo   ( ) Errado

5. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Um aumento no preço de certo bem subs-tituto desloca, para a direita, a curva de de-manda por esse bem .

( ) Certo   ( ) Errado

Enunciado para as Questões 6 a 10

Elasticidades servem para medir quão sen-síveis são as demandas em relação às varia-ções de preço ou de renda . Com base nessa informação, assinale a opção correta em re-lação às elasticidadespreço de uma deman-da linear .

6. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Um bem com muitos substitutos próximos apresenta curva de demanda menos sensí-vel às variações de preços que um bem com poucos substitutos próximos .

( ) Certo   ( ) Errado

7. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Para um bem com elasticidade-preço da de-manda unitária, um aumento de preço de 1% diminui a receita total em 1% .

( ) Certo   ( ) Errado

8. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Empresários dos setores de produção de bens inelásticos têm seus lucros aumenta-dos durante greves nos seus respectivos se-tores .

( ) Certo   ( ) Errado

9. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Se um empresário quer determinar o preço de um bem inelástico com o fim de maximi-zar seu lucro, então ele deve fixar um preço no qual a demanda seja inelástica .

( ) Certo   ( ) Errado

Questões Propostas

Page 52: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br52

10. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Se, em uma demanda linear, o preço do bem for igual a zero, então a elasticidade--preço da demanda será infinita .

( ) Certo   ( ) Errado

Enunciado para a questão 11

Considerando a equação de demanda QD

X =QD PX ,PY ,R( ) , em que QDX seja a quan-

tidade demandada do bem X; PX , o preço do bem X; PY , o preço do bem relaciona-do Y; e R, a renda do consumidor, julgue os itens subsequentes .

11. (CESPE – MPU – Economista – 2010)

Se ∂QDY

∂R> 0 , então, o bem X é considerado su-

perior .

( ) Certo   ( ) Errado

12. (CESPE – Especialista em Regulação – ANA-TEL – 2009)

A essencialidade do produto é um fator de-terminante de sua elasticidade preço-de-manda, ou seja, quanto menos essencial é um bem, maior será sua elasticidade preço--demanda .

( ) Certo   ( ) Errado

13. (CESGRANRIO – Empresa de Pesquisa Ener-gética – 2006)

Dada uma curva de demanda de um bem X, tudo o mais constante, é correto afirmar que, quando aumenta o(a):

a) preço do bem X, a curva de demanda do bem X desloca-se para a esquerda .

b) preço de um bem complementar ao bem X, a curva de demanda do bem X desloca-se para a esquerda .

c) preço de um bem substituto do bem X, a curva de demanda do bem X desloca--se para a esquerda .

d) preço do bem X, a curva de demanda do bem X desloca-se para a direita .

e) renda do consumidor, a curva de de-manda do bem X desloca-se para a di-reita, se este bem for inferior .

Enunciado para as questões 14 e 15

Considerando a equação de demanda QD

X =QD PX ,PY ,R( ) , em que QDX seja a quanti-

dade demandada do bem X; PX , o preço do bem X; PY , o preço do bem relacionado Y; e R, a renda do consumidor, julgue os itens subsequentes .

14. (CESPE – MPU – Economista – 2010)

O bem Y é um bem complementar ao bem X, caso ∂QD

X

∂PY> 0 .

( ) Certo   ( ) Errado

15. (CESPE – MPU – Economista – 2010)

Se ∂QDX

∂PX< 0 , então, o bem é considerado nor-

mal .

( ) Certo   ( ) Errado

Enunciado para as questões 16 e 17

Utilizando os conceitos básicos da teoria microeconômica, julgue os itens seguintes .

16. (CESPE – Polícia Federal – Agente – 2000)

Supondo-se que a expansão do efetivo po-licial conduza a um aumento da necessida-de de melhor equipá-lo, por exemplo, com armamentos e viaturas, então as exigências em termos de pessoal e equipamentos são bens substitutos no que diz respeito à provi-são dos serviços de segurança pública .

( ) Certo   ( ) Errado

Page 53: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br 53

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

17. (CESPE – Polícia Federal – Agente – 2000)

Análise da demanda de farinha de mandio-ca, no Brasil, indicam que uma expansão da renda dos consumidores reduz a demanda por esse produto . Caso essas análises este-jam corretas, então a farinha de mandioca é um bem inferior .

( ) Certo   ( ) Errado

18. (CESGRANRIO – BNDES – 2008)

O gráfico abaixo mostra, em linhas cheias, as curvas da demanda e da oferta no merca-do de maçãs .

Considere que maçãs e pêras são bens subs-titutos para os consumidores . Se o preço da pêra aumentar e nenhum outro determi-nante da demanda e da oferta de maçãs se alterar, pode-se afirmar que

a) a curva de demanda por maçãs se des-locará para uma posição como AB .

b) a curva de oferta de maçãs se deslocará para uma posição como CD .

c) as duas curvas, de demanda e de oferta de maçãs, se deslocarão para posições como AB e CD .

d) o preço da maçã tenderá a diminuir .e) não haverá alteração no mercado de

maçãs .

19. (CESGRANRIO – Petrobrás – Economista Ju-nior – 2008)

A figura abaixo mostra a demanda (D) e a oferta (S) de maçãs, bem como o preço e a quantidade de equilíbrio do mercado (p* e q*, respectivamente) .

Suponha que os consumidores considerem a pêra um bem substituto da maçã . Um au-mento do preço da pêra altera

a) o preço de equilíbrio no mercado de pê-ras, apenas .

b) o preço de equilíbrio no mercado de maçãs para um valor maior que p* .

c) a quantidade de equilíbrio no mercado de maçãs, para um valor menor que q* .

d) a curva de oferta de maçãs, apenas .e) a curva de demanda por maçãs para

uma posição como AB na figura .

20. (CESGRANRIO – Empresa de Pesquisa Ener-gética – 2007)

A curva de demanda por determinado bem é mais elástica (em relação a seu preço) se houver:

a) muitos bens complementares ao bem em questão .

b) maior prazo para o consumidor se adap-tar ao novo preço .

c) custo fixo elevado na produção do bem .d) expansão da política monetária .e) poucos bens substitutos para o bem em

questão .

Page 54: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br54

21. (CESGRANRIO – Empresa de Pesquisa Ener-gética – 2006)

Mês 1: Pb = 50 e Qa = 400

Mês 2: Pb = 45 e Qa = 420

Baseada nos dados acima, a elasticidade--preço cruzada da demanda dos bens a e b é:

a) 1 .50 b) 1 .25 c) 1 .00 d) 0 .50 e) 0 .00

22. (CESGRANRIO – Ministério Público Rondô-nia – Economista – 2005)

A elasticidade-preço da demanda é a rela-ção preço-quantidade multiplicada pela(o):

a) inclinação da curva de demanda .b) inclinação da curva de oferta .c) unidade .d) quadrado da quantidade demandada .e) quadrado dos preços .

23. (CESGRANRIO – Petrobrás – Economista Ju-nior – 2008)

Quando a elasticidade-renda da demanda por determinado bem é igual a – 0,5, o bem é considerado

a) inferior .b) normal .c) inelástico .d) superior .e) de luxo .

24. (CESGRANRIO – Refap – Economista Junior – 2007)

A elasticidade renda da demanda por certo bem é menor que 1 . Isso significa, necessa-riamente, que:

a) aumentos na renda diminuem a quanti-dade demandada do bem .

b) aumentos da renda aumentam a quan-tidade demandada do bem .

c) a variação percentual da quantidade demandada do bem é menor que o au-mento percentual da renda .

d) o bem é superior .e) o bem é inferior .

Enunciado para as questões 25 a 28

Tarifa de ônibus pode ir para R$ 1,90

A proposta de aumento das passagens de ônibus de Belém e Ananindeua sai segunda--feira, 1º de fevereiro . Segundo o DIEESE, uma planilha de custos mostra que há defa-sagem na atual tarifa, já que, segundo justi-ficativas das empresas, houve aumento do salário mínimo, de peças e de combustível . No dia seguinte, a companhia chegou a di-vulgar uma planilha técnica com a proposta do aumento da passagem de R$ 1,70 para R$ 1,90, com reajuste de 11,76% .

O Liberal, 29/1/2010 (com adaptações).

Com referência ao assunto abordado no texto acima, julgue os itens que se seguem .

25. (CESPE – BASA – Economista – 2010)

Transporte público de ônibus tem caracte-rística de serviço com demanda inelástica . Portanto, com o reajuste anunciado espera--se uma redução inferior a 11,76% na quan-tidade de passageiros transportados .

( ) Certo   ( ) Errado

26. (CESPE – BASA – Economista – 2010)

Considere que uma greve dos motoristas e cobradores de ônibus por aumento de sa-lários acarrete um aumento no preço das passagens superior aos 11,76% anunciados . Nesse caso, se o transporte público de ôni-bus tiver característica de serviço com de-manda inelástica e se as demais variáveis envolvidas no setor forem mantidas cons-

Page 55: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br 55

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

tantes, então esse aumento de preços oca-sionará redução no lucro dos empresários .

( ) Certo   ( ) Errado

27. (CESPE – BASA – Economista – 2010)

Caso o coeficiente de elasticidade da de-manda por transporte público de ônibus em Belém e Ananindeua seja igual a 0,5, então haverá uma redução, entre 8% e 10%, na quantidade demandada por transporte pú-blico .

( ) Certo   ( ) Errado

28. (CESPE – BASA – Economista – 2010)

Com demanda inelástica, o aumento da oferta de transporte com a colocação de mais ônibus nas ruas aumenta a receita dos empresários .

( ) Certo   ( ) Errado

29. (FCC – ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO – SEFAZ-SP 2010)

Alterações no preço de um bem comerciali-zado em uma estrutura de mercado de con-corrência perfeita ocorrem

a) ao longo da curva de demanda, quando se modifica a quantidade de consumi-dores no mercado .

b) em função de deslocamentos da curva de demanda, quando se altera a renda dos consumidores .

c) ao longo da curva de demanda, quando se altera o preço de bens complemen-tares .

d) em função de deslocamentos da curva de demanda, quando se altera o preço dos insumos de produção desse bem .

e) ao longo da curva de demanda, quando se modificam as preferências dos con-sumidores .

30. (FCC – AUDITOR TCE-AL – 2008)

O gráfico abaixo mostra as curvas de de-manda e de oferta no mercado competitivo de soja . Um aumento do preço de fertilizan-tes agrícolas vai provocar:

a) uma quantidade de equilíbrio final no mercado de soja superior à quantidade de equilíbrio inicial q0 .

b) um preço de equilíbrio final de soja in-ferior ao preço de equilíbrio inicial p0 .

c) um deslocamento da curva de deman-da por soja .

d) um deslocamento da curva de oferta de soja .

e) aumento na oferta de farelo de soja .

31. (FCC – AUDITOR TCE-AL – 2008)

Se a elasticidade preço da demanda por cigar-ros for igual a menos 0 .4, isto significa que:

a) um aumento de preço dos cigarros re-duz a receita total auferida pelos produ-tores de cigarro .

b) os aumentos na renda do consumidor aumentam em 0 .4% a demanda por ci-garros .

c) se o preço de cigarros aumentar 10%, a quantidade demandada por cigarros vai diminuir em 8% .

d) se o preço de cigarros aumentar 4%, a quantidade demandada por cigarros vai diminuir em 10% .

e) se o preço de cigarros aumentar, a quantidade demandada por cigarros vai diminuir, embora percentualmente me-nos que o aumento dos preços .

Page 56: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br56

32. (FCC – AUDITOR TCE-AL – 2008)

No gráfico abaixo aparece em traço cheio a curva de demanda por maçãs . Sendo as pê-ras um bem substituto para as maçãs, um aumento de preço da pêra:

a) altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como A B .

b) altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como C D .

c) altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como A D .

d) altera apenas a curva de oferta de maçãs .e) não altera a posição da curva de de-

manda por maçãs .

33. (FCC – ANALISTA TRAINEE – METRO-SP – 2008)

A curva de demanda de mercado de um bem normal se desloca para a esquerda de sua posição original . Uma das causas possí-veis é o aumento do

a) preço do bem substituto .b) poder aquisitivo real dos consumidores .c) número de consumidores .d) preço do próprio bem .e) preço de um bem complementar .

34. (FCC – ANALISTA MPU 2007 – ÁREA ECO-NOMIA)

A demanda de um bem normal num mer-cado de concorrência perfeita é função de-crescente

a) do número de demandantes do bem .b) do preço dos insumos utilizados em sua

fabricação .c) do preço do bem complementar .

d) do preço do bem substituto .e) da renda dos consumidores .

35. (FCC – ANALISTA MPU 2007 – ÁREA ECO-NOMIA)

O deslocamento para a esquerda da cur-va de oferta de um bem num mercado de concorrência perfeita pode ser ocasionado, tudo o mais constante, por

a) uma diminuição do preço do bem subs-tituto .

b) um aumento do número de consumido-res do bem .

c) um aumento do preço do bem comple-mentar .

d) uma redução dos preços dos insumos utilizados em sua fabricação .

e) um aumento da tributação indireta .

36. (FCC – ANALISTA MPU 2007 – ÁREA ECO-NOMIA)

Quanto à função demanda, é correto afir-mar:

a) uma diminuição do preço do bem, tudo mais constante, implicará aumento no dispêndio do consumidor com o bem, se a demanda for elástica em relação a variações no preço desse bem .

b) se essa função for representada por uma linha reta paralela ao eixo dos pre-ços, a elasticidade-preço da demanda será infinita .

c) se essa função for representada por uma linha reta negativamente inclinada, o coeficiente de elasticidade- preço será constante ao longo de toda essa reta .

d) se a demanda for absolutamente ine-lástica com relação a modificações no preço do bem, a função demanda será representada por uma reta paralela ao eixo das quantidades .

e) uma diminuição do preço do bem dei-xará inalterada a quantidade demanda-da do bem, a menos que também seja diminuída a renda nominal do consumi-dor .

Page 57: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br 57

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

37. (FCC – ANALISTA MPU 2007 – ÁREA ECO-NOMIA)

Em relação à elasticidade-preço da deman-da, é correto afirmar que:

a) quanto maior o número de substitutos do bem, sua demanda tende a ser me-nos elástica .

b) se a demanda for inelástica, a variação percentual da quantidade procurada é maior, em módulo, que a do preço de mercado .

c) se a curva de demanda do bem for li-near, a elasticidade-preço é constante qualquer que seja o preço de mercado .

d) quanto maior a essencialidade do bem para o consumidor, mais elástica será sua demanda .

e) se a demanda for elástica, um aumento do preço de mercado tenderá a reduzir a receita total dos produtores .

38. (FCC – ANALISTA MPU 2007 – ÁREA ECO-NOMIA)

A participação dos gastos do bem X no orça-mento das famílias tende a diminuir quando a renda dos consumidores aumenta . Logo, pode-se concluir, com certeza, que a elasti-cidade-renda da demanda do bem X é

a) negativa e maior que 1, em módulo .b) negativa e menor que 1, em módulo .c) igual a 1 .d) menor que 1 .e) positiva e maior que 1 .

Gabarito: 1. E 2. E 3. C 4. E 5. E 6. E 7. E 8. C 9. E 10. E 11. E 12. C 13. B 14. E 15. E  16. E 17. C 18. A 19. B 20. B 21. D 22. A 23. A 24. C 25. C 26. E 27. E 28. E 29. B 30. D  31. E 32. A 33. E 34. C 35. E 36. A 37. E 38. D

Page 58: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br58

QUESTÕES RESOLVIDAS

Enunciado para as Questões 1 a 5

No que diz respeito aos fatores que determinam as curvas de procura, assinale as opções corretas .

1. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

A redução no preço de um bem complementar desloca, para a esquerda, a curva de demanda por esse bem .

Resolução:

Imaginemos dois bens complementares, a título de exemplo, para que possamos verificar o que ocorre quando há uma mudança de preço em um dos bens .

Portanto, pensemos em gasolina e óleo de motor . Se o preço da gasolina cai, haverá um aumento na demanda por gasolina e, assim, um aumento na demanda por óleo de motor, dado que as pessoas andariam mais de carro .

Esse aumento na demanda de óleo de motor provocaria um deslocamento da curva de demanda para a direita .

Sendo assim, o item está ERRADO .

Gabarito: E

2. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Um deslocamento da curva de demanda por um bem é deslocada para a direita pelo aumento no preço dos insumos .

Resolução:

O primeiro passo para podermos verificar o que ocorre com a curva é tentar relacionar o evento com algum daqueles pontos que fazer a alteração da demanda .

Lembre que os fatores que alteram a quantidade demandada são: preço, renda, preço de produtos relacionados, gosto e expectativas . Enquanto que a oferta é alterada por preço, tecnologia, preço dos insumos e expectativas .

Sendo assim, não há qualquer alteração na quantidade demandada quando o preço do insumo for modificado .

Sendo assim, o item está ERRADO .

Gabarito: E

Page 59: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 59

3. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

A curva de demanda por um bem inferior é deslocada para a direita se houver aumento na renda do consumidor típico desse bem .

Resolução:

O bem é considerado inferior se a relação renda x quantidade demandada for inversamente proporcional . Ou seja, se a renda subir, a quantidade demandada deverá cair para que o bem seja inferior . Se a renda cair, a quantidade demandada deverá subir .

Sabemos, pela questão, que o bem é inferior . O deslocamento da curva de demanda para a direita, mostra que há um aumento da quantidade demandada e, portanto, a renda deveria cair .

Sendo assim, o item está ERRADO .

Gabarito: E

4. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

A renda dos consumidores define o tipo de curva de demanda: preço-elástica ou preço-inelástica .

Resolução:

Na verdade, não é a renda dos consumidores que, a princípio, definem se o agente está na parte elástica ou inelástica .

Sendo assim, o item está ERRADO .

Gabarito: E

5. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Um aumento no preço de certo bem substituto desloca, para a direita, a curva de demanda por esse bem .

Resolução:

Novamente, devemos procurar um exemplo para tentar facilitar a nossa análise . Pensemos em dois bens substitutos: manteiga e margarina .

Imagine que o preço da manteiga suba . Esse aumento no preço da manteiga provoca uma redução na quantidade demandada de manteiga e uma substituição de manteiga por margarina .

Dessa forma, há um aumento na demanda por margarina e um consequente deslocamento da curva de demanda para a direita .

Sendo assim, o item está CERTO .

Gabarito: C

Page 60: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br60

Enunciado para as Questões 6 a 10

Elasticidades servem para medir quão sensíveis são as demandas em relação às variações de preço ou de renda . Com base nessa informação, assinale a opção correta em relação às elasticidades-preço de uma demanda linear .

6. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Um bem com muitos substitutos próximos apresenta curva de demanda menos sensível às variações de preços que um bem com poucos substitutos próximos .

Resolução:

Quando um bem possui muitos substitutos, ele acaba sendo um bem elástico . No entanto, quando a demanda é linear (observe que a questão pede para versarmos sobre demanda linear) há uma elasticidade-preço para cada ponto da curva .

Portanto, a curva não terá seu formato modificado .

Sendo assim, o item está ERRADO .

Gabarito: E

7. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Para um bem com elasticidade-preço da demanda unitária, um aumento de preço de 1% diminui a receita total em 1% .

Resolução:

Se tivermos uma elasticidade-preço unitária, isso significa que um aumento no preço da ordem de 1% provoca uma mudança na quantidade demandada também de igual magnitude .

Dessa forma, não há variação na receita total, pois o suposto aumento de receita advindo da variação de preço é compensado pela redução da quantidade demandada .

Sendo assim, o item está ERRADO .

Gabarito: E

8. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Empresários dos setores de produção de bens inelásticos têm seus lucros aumentados durante greves nos seus respectivos setores .

Resolução:

Bens são considerados inelásticos quando um aumento de preço do bem vem acompanhado de uma pequena redução da quantidade demandada . Uma greve no setor faz com que a quantidade seja reduzida e, portanto, como a demanda continua grande, pode ocorrer um aumento no preço de forma considerável .

Page 61: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 61

Dessa forma, a receita pode ser majorada . Um aumento na receita com uma produção de uma quantidade menor acaba gerando um aumento no lucro .

Sendo assim, o item está CERTO .

Gabarito: C

9. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Se um empresário quer determinar o preço de um bem inelástico com o fim de maximizar seu lucro, então ele deve fixar um preço no qual a demanda seja inelástica .

Resolução:

A maximização do lucro deve ocorrer SEMPRE em uma parte elástica da demanda . Isso ocorre porque enquanto o consumidor for inelástico, há a possibilidade de que um aumento de preço provoque um aumento no lucro tendo em vista a pequena reação por parte dos consumidores .

Sendo assim, o item está ERRADO .

Gabarito: E

10. (CESPE – TJ-AL ECONOMIA – 2012)

Se, em uma demanda linear, o preço do bem for igual a zero, então a elasticidade-preço da demanda será infinita .

Resolução:

Pelo gráfico, podemos ver facilmente que quando o preço de um bem é igual a zero, a elasticidade-preço da demanda será igual a zero, em uma curva de demanda linear .

Sendo assim, o item está ERRADO .

Gabarito: E

Page 62: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br62

Enunciado para a questão 11

Considerando a equação de demanda QDX =QD PX ,PY ,R( ) , em que QD

X seja a quantidade demandada do bem X; PX , o preço do bem X; PY , o preço do bem relacionado Y; e R, a renda do consumidor, julgue os itens subsequentes .

12. (CESPE – MPU – Economista – 2010) 19

Se ∂QD

Y

∂R> 0 , então, o bem X é considerado superior .

Resolução:

A primeira coisa que devemos fazer é tentar classificar os bens em relação à sua quantidade demandada .

A quantidade demandada informa o quanto que cada consumidor demandaria de um determinado bem para cada unidade de preço . Estaremos trabalhando em um plano preço x quantidade . Ou seja, a curva de demanda é plotada em um espaço em que em uma das direções determinamos o preço do bem e na outra direção há a determinação da quantidade do bem .

Em geral, uma alta no preço faz com que as pessoas reduzam o consumo daquele bem específico . Claro que existem exceções e essas serão definidas oportunamente .

Algumas grandezas alteram a quantidade demandada . São elas:

• Preço;

• Renda;

• Preço de Produtos Relacionados;

• Gosto; e

• Expectativas

Se um consumidor tiver a sua renda aumentada e, com isso, optar por reduzir o consumo de um bem, esse bem será chamado de inferior .

Já imagino que vocês devam estar com uma certa dúvida . Sempre pergunto em sala: Se o seu salário aumentar, o que ocorrerá com o seu consumo dos bens . E a galera em peso responde: aumentará . No entanto, isto não está correto .

Para alguns autores, os bens considerados superiores são aqueles que com o aumento da renda ocorre um aumento da quantidade demandada . Entretanto, esses autores são minoria . Uma outra parte considera bens superiores aqueles bens que com o aumento da renda, há um aumento mais que proporcional no consumo dos bens e, nesse caso, eles seriam sinônimos de bens de luxo . Verificamos que para alguns autores, os bens superiores são sinônimos dos normais, para outros formam um subconjunto dos bens normais.

19 Observe que nas minhas aulas desse curso, a solução dos exercícios tenta sempre trazer informações que agregam no conteúdo ministrado e não apenas opto por solucionar a questão sem maiores comentários . Elas serão, em sua maioria, resolvidas e terão extensos comentários .

Page 63: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 63

Vejamos o que alguns renomados autores dizem a respeito desses conceitos:

Segundo Eaton & Eaton20:

“um bem é normal se o seu consumo aumenta quando a renda aumenta, e é inferior se seu consumo diminui quando a renda aumenta.”

Segundo Mas-Colell21, Whinston & Green:

“A commodity L is normal at (p,w) if ∂xL p,w( )∂w

≥ 0 ; that is, demand is nondecreasing in wealth. If commodity L´s wealth effect is instead negative, then it is called inferior at (p,w). If every commodity is normal at all (p,w), then we say that demand is normal.”

Segundo Ferguson22:

“para os chamados bens “normais” ou “superiores” um acréscimo de renda monetária conduz a um acréscimo no consumo, e um decréscimo na renda monetária a um decréscimo no consumo.”

Observamos com isso que autores como Mas-Colell e Varian, que podemos considerar entre os mais importantes da atualidade, sequer mencionam a existência dos bens superiores . O único que faz menção a esse bem é o Ferguson .

No entanto, a questão está claramente errada, pois a equação de demanda fornecida é do bem x e ela informa que a quantidade demandada do bem x depende do preço do bem x, do preço de y e da renda . Para podermos classificar o bem x como normal ou inferior, devemos verificar o que ocorre com a demanda desse bem quando há uma variação na renda .

Por outro lado, se quisermos classificar o bem y como normal ou inferior, deveríamos ter acesso à curva de demanda desse bem y e, assim, podermos verificar o que ocorreria com essa demanda quando houvesse uma mudança na renda .

Como a curva de demanda fornecida foi a do bem x, não podemos classificar (nem afirmar) que o bem y é normal, inferior ou superior . Essas classificações só poderiam ser possíveis em relação ao bem x .

Não é muito comum cair em prova o bem superior, pois os autores possuem opiniões diferentes e cobrar uma questão dessa e ter a resposta como CERTO só trará problemas para a Banca que deverá examinar uma enxurrada de recursos .

Gabarito: E

20 Esse é um livro pouco conhecido no Brasil, mas que me agrada bastante . Algumas passagens só ele consegue ser claro o suficiente .

21 Este livro há pelo menos dez anos é utilizado em cursos de mestrado e doutorado em boa parte das conceituadas Universidades ao redor do mundo . Seria uma das bíblias da Microeconomia . Além disto, vou me dar o direito de, sempre em caso de dúvida, optar pelo que o Mas-Colell define .

22 Esse livro foi bastante utilizado nas décadas de 60 e 70 . No entanto, atualmente, está esquecido nos armários .

Page 64: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br64

12. (CESPE – Especialista em Regulação – ANATEL – 2009)

A essencialidade do produto é um fator determinante de sua elasticidade preço-demanda, ou seja, quanto menos essencial é um bem, maior será sua elasticidade preço-demanda .

Resolução:

A elasticidade-preço da demanda mede a variação na demanda por um bem quando o seu preço é alterado . É sempre mais simples raciocinar aumentando o preço dos bens e tentando achar explicação para a reação das pessoas .

Imagine o peixe . Você adora peixe e adora carne de boi e porco . Se o preço do peixe aumentar, você substituiu o bem por outro . Portanto, haverá uma redução considerável na demanda pelo peixe . Esse tipo de bem que, para o seu gosto, possui bons substitutos é considerado elástico .

Imaginemos o que ocorrerá com a demanda por água se o seu preço for majorado . Como o produto não tem bom substituto e é um produto essencial, as pessoas acabarão não reduzindo ou reduzindo muito pouco o consumo de água e tendendo a consumir menos de outro produto para que haja uma transferência de recursos para gastar com a água .

Com isso vemos que quanto menor a essencialidade do bem, mais elástico ele tende a ser . Observe que se um bem é mais elástico, o valor da elasticidade-preço da demanda é menor do que aquele mais inelástico ( – 2 < – 0,5) .

Mas se considerarmos o módulo da elasticidade, quanto mais elástico for o bem maior será a elasticidade-preço da demanda −2 > −0,5( ) .ATENÇÃO: Essa é uma questão que cabe recurso, pois o examinador apesar de não ter falado em módulo, o considerou na resolução da questão . Cuidado com esse tipo de questão na prova de vocês .

Segundo Varian:“O sinal da elasticidade da demanda é em geral negativo, uma vê que as curvas de demanda têm, invariavelmente, inclinação negativa. No entanto, é muito cansativo nos referirmos sempre a uma elasticidade de menos isso ou aquilo, o que faz com que, na discussão verbal, seja mais comum falar em elasticidades de 2 ou 3, em vez de – 2 ou – 3. Tentaremos manter no texto os sinais corretos, mas você deve atentar para o fato de que o tratamento verbal tende a ignorar o sinal negativo.

Outro problema com os números negativos ocorre ao comparar grandezas. Uma elasticidade de -3 é maior ou menor do que uma elasticidade de – 2? Do ponto de vista algébrico, – 3 é menor do que -2, mas os economistas tendem a dizer que demanda com elasticidade de – 3 é “mais elástica” do que a demanda com elasticidade de – 2. Neste livro, faremos comparações em termos de valor absoluto para evitar esse tipo de ambiquidade.”

Comentário parecido é feito pelo Pindyck . Observem que o examinador deveria ter dito que está falando em valores absolutos . O problema é que às vezes ele fala, às vezes não fala . Em questões do CESPE é comum ele não falar e nessa considerou que era valor absoluto . E não podia ter feito isso .

O gabarito da questão foi CERTO, mas cabe recurso . Eu não concordo com o gabarito .

Gabarito: C

Page 65: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 65

13. (CESGRANRIO – Empresa de Pesquisa Energética – 2006)

Dada uma curva de demanda de um bem X, tudo o mais constante, é correto afirmar que, quando aumenta o(a):

a) preço do bem X, a curva de demanda do bem X desloca-se para a esquerda .b) preço de um bem complementar ao bem X, a curva de demanda do bem X desloca-se para

a esquerda .c) preço de um bem substituto do bem X, a curva de demanda do bem X desloca-se para a

esquerda .d) preço do bem X, a curva de demanda do bem X desloca-se para a direita .e) renda do consumidor, a curva de demanda do bem X desloca-se para a direita, se este bem

for inferior .

Resolução:

Observe que o examinador está interessado em saber o que acontece com a curva de demanda de um bem nas mais variadas situações . Lembro que, se houver alteração no preço do bem X, essa mudança de preço provocará um deslocamento sobre a curva de demanda, alterando a quantidade demandada . Se houver uma alteração na renda do consumidor, no preço de um produto relacionado ao bem X, no gosto do consumidor ou em suas expectativas, isso provocará um deslocamento da curva de demanda do bem X .

Se houver um aumento no preço de um bem substituto ao bem X ou se houver um aumento na renda do consumidor sendo esse bem normal, haverá um deslocamento da curva de demanda para cima e para a direita . Ceteris paribus, haverá um aumento da quantidade demandada .

Page 66: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br66

Se houver um aumento no preço de um bem complementar ao bem X ou se houver um aumento na renda do consumidor sendo esse bem inferior, haverá um deslocamento da curva de demanda para baixo e para a esquerda . Ceteris paribus, haverá uma redução da quantidade demandada .

Sendo assim, o gabarito é a letra B .

Gabarito: B

Enunciado para as questões 14 e 15

Considerando a equação de demanda QDX =QD PX ,PY ,R( ) , em que QD

X seja a quantidade demandada do bem X; PX , o preço do bem X; PY , o preço do bem relacionado Y; e R, a renda do consumidor, julgue os itens subsequentes .

14. (CESPE – MPU – Economista – 2010)

O bem Y é um bem complementar ao bem X, caso ∂QD

X

∂PY> 0 .

Resolução:

Há uma segunda classificação que diz respeito à relação existente entre os bens .

Imagine dois bens, por exemplo, manteiga e margarina . Suponha ainda que você é uma pessoa indiferente entre o consumo desses bens . Logo, se o preço da manteiga sobe, você irá reduzir o consumo da manteiga e substituí-la pela margarina . Sendo que esta última terá seu consumo majorado .

Pois bem, se dois bens tiverem essa característica eles são denominados de bens substitutos . Ou seja, se a mudança no preço de um dos bens provocar uma mudança na demanda do outro bem eles podem ser substitutos . Serão considerados substitutos se o aumento no preço de um

Page 67: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 67

bem provocar aumento da demanda do outro bem . De forma análoga, dois bens são substitutos se a redução no preço de um dos bens provocar redução na demanda do outro bem .

Com isso concluímos que:

Bens Substitutos ⇔∂QD

X

∂PY> 0

É importante esclarecer que o símbolo (⇔ ) significa se e somente se . A conclusão acima deve ser lida da seguinte forma:

Os bens são substitutos se ∂QD

X

∂PY> 0 for verdadeiro e se

∂QDX

∂PY> 0 , os bens são substitutos .

Agora imaginemos a gasolina e o óleo de motor . Se o preço da gasolina aumentar, as pessoas tendem a andar menos de carro e, portanto, reduzem a demanda por gasolina . Se as pessoas andarem menos de carro passarão mais tempo sem efetuar a troca de óleo e, assim, a demanda por óleo de motor será reduzida . Recapitulando, um aumento no preço da gasolina reduz a demanda por gasolina e, consequentemente, reduz a demanda por óleo de motor . Esses dois bens são considerados bens complementares .

Com isso concluímos que:

Bens Complementares ⇔∂QD

X

∂PY< 0

Com isso, os bens são complementares se ∂QDX

∂PY< 0 for verdadeiro e se ∂QD

X

∂PY< 0 , os bens são

complementares .

A questão está errada .

Gabarito: E

15. (CESPE – MPU – Economista – 2010)

Se ∂QDX

∂PX< 0 , então, o bem é considerado normal .

Resolução:

Explicamos anteriormente que um bem é considerado normal se uma variação positiva na renda provocar um aumento na quantidade demandada do bem .

Bem Normal ⇔∂QD

X

∂R≥ 0

De forma análoga, se houver uma redução na renda e isso provocar um aumento na demanda pelo bem, esse bem é considerado inferior .

Bem Inferior ⇔∂QD

X

∂R< 0

A relação entre preço e quantidade classifica o bem em comuns ou de Giffen . Entende-se como bens comuns aqueles bens em que as pessoas reduzem o seu consumo quando ocorre um

Page 68: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br68

aumento no preço ou quando as pessoas aumentam o seu consumo quando os preços são reduzidos . O livro do Varian define o bem comum exatamente como expus acima .

O Mas-Collel define bem de Giffen da seguinte forma:

“Although it may be natural to think that a fall in a good´s price will lead the consumer to purchase more of it, reverse situation is not an economic impossibility. Good L is said to be a Giffen good at (p,w) if ∂xL p,w( )

∂pL

> 0 .”

Com isso, podemos deduzir:

Bem de Giffen ⇔∂QD

X

∂pX

> 0

O gabarito da questão está errado .

Gabarito: E

Enunciado para as questões 16 e 17

Utilizando os conceitos básicos da teoria microeconômica, julgue os itens seguintes .

16. (CESPE – Polícia Federal – Agente – 2000)

Supondo-se que a expansão do efetivo policial conduza a um aumento da necessidade de melhor equipá-lo, por exemplo, com armamentos e viaturas, então as exigências em termos de pessoal e equipamentos são bens substitutos no que diz respeito à provisão dos serviços de segurança pública .

Resolução:

A questão afirma que equipamentos e pessoal para a policia são bens substitutos . Ou seja, você não precisa ao mesmo tempo contratar pessoas e comprar equipamentos, pois um substituiu o outro .

Na verdade, a questão está claramente errada, pois pessoal e equipamentos são bens complementares .

Não adianta comprar armamento se não tiver ninguém para manuseá-lo e não adianta contratar policiais se não tiver armamentos para eles .

Gabarito: E

17. (CESPE – Polícia Federal – Agente – 2000)

Análise da demanda de farinha de mandioca, no Brasil, indicam que uma expansão da renda dos consumidores reduz a demanda por esse produto . Caso essas análises estejam corretas, então a farinha de mandioca é um bem inferior .

Resolução:

Nós nunca podemos afirmar que um bem é inferior ou normal . Temos que pesquisar a característica daquele bem para uma determinada pessoa, um grupo de pessoas, um pais, etc .

Page 69: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 69

A questão informa que pesquisas foram realizadas e que o aumento da renda indicou uma redução no consumo da farinha de mandioca . Como sabemos que:

Bem Inferior ⇔∂QD

X

∂R< 0

É possível concluir que a farinha de mandioca, nesse caso em específico, é um bem inferior e a resposta está correta .

Gabarito: C

18. (CESGRANRIO – BNDES – 2008)

O gráfico abaixo mostra, em linhas cheias, as curvas da demanda e da oferta no mercado de maçãs .

Considere que maçãs e pêras são bens substitutos para os consumidores . Se o preço da pêra aumentar e nenhum outro determinante da demanda e da oferta de maçãs se alterar, pode-se afirmar que

a) a curva de demanda por maçãs se deslocará para uma posição como AB .b) a curva de oferta de maçãs se deslocará para uma posição como CD .c) as duas curvas, de demanda e de oferta de maçãs, se deslocarão para posições como AB e

CD .d) o preço da maçã tenderá a diminuir .e) não haverá alteração no mercado de maçãs .

Resolução:

A questão informa que peras e maçãs são bens substitutos para os consumidores . Portanto, quando o preço da pêra aumentar, haverá uma redução na quantidade demandada .

↑PPÊRA ⇒    ↓QDPÊRA

Essa redução na demanda por pêra faz com que os consumidores migrem para o consumo de maçã e acabam provocando um deslocamento da curva de demanda de maçã para cima e para a direita (linha tracejada AB) .

Page 70: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br70

↑PPÊRA ⇒    ↓QDPÊRA ⇒↑  QD

MAÇÃ

Observe que, pelo gráfico, parece que há uma resposta por parte dos produtores de maçã, que desloca a curva de oferta do bem, mas isso já está fora do que é necessário para responder à questão .

Sendo assim, o gabarito é a letra A .

Gabarito: A

19. (CESGRANRIO – Petrobrás – Economista Junior – 2008)

A figura abaixo mostra a demanda (D) e a oferta (S) de maçãs, bem como o preço e a quantidade de equilíbrio do mercado (p* e q*, respectivamente) .

Suponha que os consumidores considerem a pêra um bem substituto da maçã . Um aumento do preço da pêra altera

a) o preço de equilíbrio no mercado de pêras, apenas .b) o preço de equilíbrio no mercado de maçãs para um valor maior que p* .c) a quantidade de equilíbrio no mercado de maçãs, para um valor menor que q* .d) a curva de oferta de maçãs, apenas .e) a curva de demanda por maçãs para uma posição como AB na figura .

Resolução:

É impressionante como a CESGRANRIO gosta de maçãs e peras . Não é mesmo? Risos . . .

O aumento no preço da pêra, dado que ela é considerada substituta maçã, reduz a quantidade demandada de pêra e, consequetemente, aumenta a demanda de maçã .

Esse aumento na demanda por maçã é mostrado com um deslocamento da curva de demanda para cima e para a direita . Se nada mais for alterado, haverá um aumento no preço de equilíbrio do mercado de maçã que passará a ser negociada por um valor superior a p* .

Sendo assim, o gabarito é a letra B .

Gabarito: B

Page 71: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 71

20. (CESGRANRIO – Empresa de Pesquisa Energética – 2007)

A curva de demanda por determinado bem é mais elástica (em relação a seu preço) se houver:

a) muitos bens complementares ao bem em questão .b) maior prazo para o consumidor se adaptar ao novo preço .c) custo fixo elevado na produção do bem .d) expansão da política monetária .e) poucos bens substitutos para o bem em questão .

Resolução:

Em geral, quando um preço de um bem aumenta, você está preso àquele bem . Se o preço do bem aumentar muito e você não tiver condição de modificar o seu consumo, você continuará comprando o bem mas começará a procurar uma alternativa de consumo .

Portanto, a elasticidade da grande maioria dos bens é maior no longo prazo do que no curto prazo . Ou melhor, vamos escrever isso de forma mais correta apesar de o examinador usar com muita frequência essa linguagem que utilizei acima .

As pessoas, em geral, são mais elásticas no longo prazo do que no curto prazo . Isto porque quanto maior o prazo maior a facilidade de se encontrar bens substitutos àqueles que tiveram seus preços majorados .

Sendo assim, o gabarito é a letra B .

Gabarito: B

21. (CESGRANRIO – Empresa de Pesquisa Energética – 2006)

Mês 1: Pb = 50 e Qa = 400

Mês 2: Pb = 45 e Qa = 420

Baseada nos dados acima, a elasticidade-preço cruzada da demanda dos bens a e b é:

a) 1 .50 b) 1 .25 c) 1 .00 d) 0 .50 e) 0 .00

Resolução:

A equação da elasticidade-preço cruzada é:

εA,B =

ΔQA

QA

ΔPBPB

=

QA2 −QA

1

QA1

PB2 −PB

1

PB1

εA,B =

420− 400400

45−5050

=

20400−550

= 0,05−0,10

= −0,50

Page 72: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br72

A elasticidade cruzada da demanda é negativa e isso mostra que os bens são complementares . Observe que quando o preço do B cai, há um aumento na quantidade demandada de B e, consequentemente, um aumento na demanda de A . Isso condiz com os números, mas infelizmente não há uma resposta correta .

Imagine-se no meio da prova . O que você faria? Eu faria a questão novamente, conferindo as contas e vendo que não há nenhum erro, marcaria D . Se o gabarito oficial viesse diferente disso, recurso na certa .

Sendo assim, o gabarito (apesar de equivocado) é a letra D .

Gabarito: D

22. (CESGRANRIO – Ministério Público Rondônia – Economista – 2005)

A elasticidade-preço da demanda é a relação preço-quantidade multiplicada pela(o):

a) inclinação da curva de demanda .b) inclinação da curva de oferta .c) unidade .d) quadrado da quantidade demandada .e) quadrado dos preços .

Resolução:

A equação da elasticidade-preço da demanda é a determinada abaixo:

εD =

ΔQQΔPP

= ΔQQ

⋅ PΔP

= ΔQΔP

INCLINAÇÃODA    DEMANDA

!⋅ PQ

Sendo assim, o gabarito é a letra A .

Gabarito: A

23. (CESGRANRIO – Petrobrás – Economista Junior – 2008)

Quando a elasticidade-renda da demanda por determinado bem é igual a – 0,5, o bem é considerado

a) inferior .b) normal .c) inelástico .d) superior .e) de luxo .

Page 73: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 73

Resolução:

Se a elasticidade-renda da demanda for negativa indica que um aumento na renda provoca uma redução na quantidade demandada ou uma redução na renda induz a um aumento na demanda .

Quando isso ocorre, dizemos que o bem é inferior .

Sendo assim, o gabarito é a letra A .

Gabarito: A

24. (CESGRANRIO – Refap – Economista Junior – 2007)

A elasticidade renda da demanda por certo bem é menor que 1 . Isso significa, necessariamente, que:

a) aumentos na renda diminuem a quantidade demandada do bem .b) aumentos da renda aumentam a quantidade demandada do bem .c) a variação percentual da quantidade demandada do bem é menor que o aumento

percentual da renda .d) o bem é superior .e) o bem é inferior .

Resolução:

Vejam, se a elasticidade-renda da demanda for menor do que 1, ela pode ser negativa ou estar situada no intervalo entre zero e um .

Observem que o examinador deixou aberta uma possibilidade de recurso, até porque quando ela indica como gabarito o fato de que a variação percentual da quantidade demandada é menor que o aumento percentual da renda, ele está afirmando que a elasticidade-renda está entre o intervalo de – 1 a 1 .

Com base em nossa análise inicial, parece que ele queria se referir aos bens necessários, mas não o fez da forma mais correta .

Por falta de uma alternativa melhor, devíamos marcar a letra C .

Gabarito: C

Enunciado para as questões 25 a 28

Tarifa de ônibus pode ir para R$ 1,90

A proposta de aumento das passagens de ônibus de Belém e Ananindeua sai segunda-feira, 1º de fevereiro . Segundo o DIEESE, uma planilha de custos mostra que há defasagem na atual tarifa, já que, segundo justificativas das empresas, houve aumento do salário mínimo, de peças e de combustível . No dia seguinte, a companhia chegou a divulgar uma planilha técnica com a proposta do aumento da passagem de R$ 1,70 para R$ 1,90, com reajuste de 11,76% .

O Liberal, 29/1/2010 (com adaptações).

Page 74: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br74

Com referência ao assunto abordado no texto acima, julgue os itens que se seguem .

25. (CESPE – BASA – Economista – 2010)

Transporte público de ônibus tem característica de serviço com demanda inelástica . Portanto, com o reajuste anunciado espera-se uma redução inferior a 11,76% na quantidade de passageiros transportados .

Resolução:

A elasticidade mostra a variação de uma grandeza quando há uma mudança em outra grandeza .

Nós falamos que quando há um aumento de preços, em geral, espera-se uma redução na quantidade demandada . Seria interessante tanto para o consumidor quanto para o empresário, mesmo antes de aumentar o preço, saber o quanto que haveria de redução de demanda caso esse preço fosse majorado em 1% . Ou seja, qual a redução de demanda por cada unidade de aumento de preço . Esse conceito é o de elasticidade-preço da demanda .

Segundo Pindyck:

“A elasticidade é uma medida da sensibilidade de uma variável em relação a outra. Mais especifica-mente, trata-se de um número que nos informa a variação percentual que ocorrerá em uma variável

como reação a uma variação de 1% em outra variável.”

Apesar de o conceito de elasticidade ser genérico, ao relacionarmos duas grandezas, especificamos esse conceito em relação a elas .

Ao falarmos da elasticidade-preço da demanda23 estaremos mensurando a variação na quantidade demandada como reação a uma variação de 1% no preço do bem . Matematicamente, temos:

εD =

ΔQD

QD

ΔPP

=ΔQD

QD

⋅ PΔP

=ΔQD

ΔPDerivada  de  Qem  relação  a  P

!⋅ PQD

Quando definimos a elasticidade-renda da demanda, estamos buscando a variação percentual na quantidade demandada como reação a uma mudança de 1% na renda . Matematicamente, temos:

εR =

ΔQD

QD

ΔRR

=ΔQD

QD

⋅ RΔR

=ΔQD

ΔRDerivada  de  Qem  relação  a  R

!⋅ RQD

23 A derivada de Q em relação a P, informará a variação da quantidade quando o preço alterar em uma unidade . Você deve estar pensando que a elasticidade é a própria derivada, mas não é verdade, pois aqui tratamos de valores absolutos enquanto que a elasticidade mensura valores relativos .

Page 75: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 75

Se falarmos da elasticidade-preço cruzado da demanda (ou elasticidade cruzada da demanda) estamos procurando saber qual seria a variação percentual na demanda do bem Y quando ocorrer uma mudança de 1% no preço do bem X . Matematicamente, temos:

εX,Y =

ΔQY

QY

ΔPXPX

=ΔQY

QY

⋅PXΔPX

=ΔQY

ΔPXDerivada  de  QYem  relação  a  PX

!⋅PXQY

Por fim, tratando da elasticidade-preço da oferta estaremos informando qual seria a variação percentual na oferta quando ocorrer uma mudança de 1% no preço do bem . Observe que enquanto o aumento de preço afasta os consumidores e, portanto, reduz a demanda, esse mesmo aumento encoraja os produtores a aumentar a produção . Logo, a relação preço x quantidade ofertada é direta . Matematicamente, temos:

εO =

ΔQO

QO

ΔPP

=ΔQO

QO

⋅ PΔP

=ΔQO

ΔPDerivada  de  QOem  relação  a  P

!⋅ PQO

Em geral, a elasticidade-preço da demanda é negativa . A exceção ocorre com os bens de Giffen, cuja elasticidade é positiva .

Importante ainda alguns conceitos atrelados a essa elasticidade . Observe que, se a equação der um resultado maior do que a unidade, isso significa que quando houver uma variação no preço a variação da quantidade será ainda maior que esse montante . Ou seja, um aumento no preço é seguido de uma redução mais que proporcional da quantidade .

εD =

ΔQD

QD

ΔPP

= < −XX

< −1      ou       εD >1

A equação acima mostra que se o preço aumentar em X, a demanda cairá mais que X e, assim, a elasticidade será menor do que – 1 . Podemos ainda dizer que o módulo da elasticidade será maior que 1 . Nestes casos, dizemos que o bem tem demanda elástica, ou seja, menor que – 1 (em módulo, maior que 1) .

Bens com demanda elástica são aqueles dos quais os consumidores possuem condições de reduzir bem o seu consumo quando houver um aumento de preço . Em geral, isso ocorre quando o bem possui bons substitutos ou é um bem supérfluo . Nesses dois casos, o consumidor pode reduzir o consumo quando o preço for majorado sem que perca muito de seu bem-estar .

Page 76: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br76

Se o aumento de preço provocar uma pequena redução na quantidade demandada, dizemos que esse bem é inelástico . Isso ocorrerá somente se a variação percentual na demanda for menor, em módulo, que a variação percentual no preço .

εD =

ΔQD

QD

ΔPP

= > −XX

> −1      ou       εD <1

Se o preço do bem aumentar em X e houver uma redução da demanda menor do que – X, logo, a elasticidade será maior que – 1 . E o módulo da elasticidade-preço da demanda será menor que 1 . Isso significa que o consumidor não pode ou não está interessado em reagir a um aumento de preço . E isto se deve ao fato de que o consumidor precisa do bem em questão ou esse bem tem um preço muito baixo se comparado à renda ou patrimônio do consumidor .

Imagine que você foi a uma boa churrascaria, por exemplo, Porcão . Ao pagar a conta viu que o rodízio saiu por R$ 80,00 . Você acha caro, mas pagou e voltará poucas vezes no ano . O que ocorrerá com a sua demanda por rodízios no Porcão se o preço por pessoa passar para R$ 150,00 . Com certeza, sua demanda que já era reduzida, irá se reduzir ainda mais .

Vamos agora pensar em um excelente e consagrado jogador de futebol . Pense em algum que joga ou já jogou na Europa por pelo menos 5 anos, em time de ponta, já disputou, no mínimo, duas Copas do Mundo . Imagine que essa pessoa adora, assim como você, o rodízio do Porcão . Quando o preço subir de R$ 80,00 para R$ 150,00, o que vai ocorrer com a demanda de rodízio por essa pessoa? Praticamente não sofrerá alteração porque esse rodízio mesmo que seja consumido diariamente pouco impactará na receita mensal desse jogador ou em seu patrimônio . Logo, esse jogador acaba sendo inelástico em relação a esse bem .

Como as pessoas que utilizam o transporte público, em geral, o fazem por necessidade e não por luxo, quando houver um aumento no preço do mesmo, essas pessoas não poderão alterar muito o seu consumo . Elas não alteram porque necessitam manter sua rotina e não possuem uma alternativa razoável no curto prazo . Com isso, podemos concluir que o transporte público é um bem inelástico, bem este que reduz a demanda em uma quantidade menor do que o aumento do preço . Sendo assim, se o preço subiu 11,76%, a demanda irá reduzir menos que 11,76% e o gabarito é CERTO .

Observe que a questão não te obriga a saber que o transporte público é inelástico . Este fato é AFIRMADO na questão . Em geral, as questões deverão fazer isso pois o que é inelástico para mim pode ser elástico para você e vice-versa .

Gabarito: C

26. (CESPE – BASA – Economista – 2010)

Considere que uma greve dos motoristas e cobradores de ônibus por aumento de salários acarrete um aumento no preço das passagens superior aos 11,76% anunciados . Nesse caso, se o transporte público de ônibus tiver característica de serviço com demanda inelástica e se as demais variáveis envolvidas no setor forem mantidas constantes, então esse aumento de preços ocasionará redução no lucro dos empresários .

Page 77: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 77

Resolução:

O entendimento dessa questão é muito importante . Se a demanda pelo bem é inelástica, isso significa que a resposta na redução da quantidade demandada será menor do que o aumento no preço . Vamos para um exemplo numérico que isso ficará mais claro .

Suponha que uma empresa tenha um bem sendo comercializado ao preço de R$ 1,00 e que ela consegue vender 100 unidades desse produto . Dessa forma, a receita total da empresa é igual a R$ 100,00 .

Se os consumidores forem inelásticos em relação a esse bem, um aumento de 10% no preço provocará uma redução na demanda inferior a 10% . Para facilitar nossas contas, suponhamos que à medida que o preço aumento para R$ 1,10 a demanda caia para 95 unidades . Dessa forma, a demanda é inelástica, conforme calculado abaixo e a receita será de R$ 104,50 .

εD =

ΔQD

QD

ΔPP

=

Q2 −Q1( )Q1

P2 −P1( )P1

=

95−100( )100

1,10−1,00( )1,00

=

−5( )1000,101,00

= −5%10%

= −0,5

Observe que o aumento no preço levou a um aumento da receita . Dessa forma, vemos que o lucro da empresa aumentou . O lucro de uma empresa é a receita total menos o custo total . Observe que a receita total aumentou e o custo caiu, pois agora serão produzidos apenas 95 unidades e não mais 100 unidades .

Lucro   Π( )=Receita  Total  -­‐  Custo  Total↑Π =↑RT-­‐↓CT

Se o bem for elástico, a demanda se reduzirá mais do que o aumento do preço . Imagine o mesmo aumento de 10% no preço e uma redução de 20% na quantidade demandada . Dessa forma, o preço passaria para R$ 1,10 mas a demanda cairia para 80 unidades .

εD =

ΔQD

QD

ΔPP

=

Q2 −Q1( )Q1

P2 −P1( )P1

=

80−100( )100

1,10−1,00( )1,00

=

−20( )1000,101,00

= −20%10%

= −2,0

Se por um lado o custo da empresa irá se reduzir pois houve uma redução na quantidade produzida, por outro a receita também será reduzida . Se o lucro vai aumentar ou diminuir, depende de qual dos dois movimentos irá prevalecer .

Lucro   Π( )=Receita  Total  -­‐  Custo  Total↓↑Π =↓RT-­‐↓CT

Page 78: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br78

Portanto, tendo em vista o fato de que a questão afirma que o transporte público é inelástico, um aumento no preço provocará aumento no lucro . Se o bem fosse elástico, o aumento no preço poderia provocaria aumento no lucro até determinado momento e depois passaria a provocar redução .

Sendo assim, a questão está ERRADA, pois o aumento de preços AUMENTARÁ o lucro dos empresários, dada a inelasticidade do bem .

Gabarito: E

27. (CESPE – BASA – Economista – 2010)

Caso o coeficiente de elasticidade da demanda por transporte público de ônibus em Belém e Ananindeua seja igual a 0,5, então haverá uma redução, entre 8% e 10%, na quantidade demandada por transporte público .

Resolução:

Se houve um aumento de 10,76% no preço do transporte público e sabendo que a elasticidade é igual a 0,5 (observe que foi informado o módulo da elasticidade ou então o examinador “comeu mosca” . Entretanto, isso não mudará o gabarito, mas abriu uma grande chance para recurso se fosse certo), podemos calcular a variação na demanda nesses dois municípios .

εD =

ΔQD

QD

ΔPP

=

Q2 −Q1( )Q1

P2 −P1( )P1

εD = 0,5=X

11,76%X = 0,5⋅11,76%X = 5,88%

Observe que apesar de eu ter feito os cálculos sem considerar os sinais, na verdade o valor de X deveria ser – 5,88% .

Assim sendo, o gabarito está ERRADO .

Gabarito: E

28. (CESPE – BASA – Economista – 2010)

Com demanda inelástica, o aumento da oferta de transporte com a colocação de mais ônibus nas ruas aumenta a receita dos empresários .

Resolução:

Se a demanda é inelástica, uma variação nos preços provoca uma variação na demanda de proporção menor do que aquela obtida nos preços . Isso vale tanto para aumento quanto para redução de preços .

Page 79: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 79

Por exemplo, em geral, café é um bem inelástico para muitas pessoas . Imagine que um consumidor goste muito de café . Você acredita que uma queda no preço do café poderá aumentar muito o consumo deste bem? Provavelmente, não . Pois, café é um bem que você suporta tomar até um determinado limite e se esse consumidor gosta tanto de café, ele deve estar próximo desse limite e não é a queda no preço que irá alterar seu consumo .

Podemos pensar de forma análoga sobre o serviço de transporte público . Imagine um trabalhador que necessita de transporte público pelo fato de não possuir um carro . Será que quando houver mais ônibus na rua, ele utilizará mais transporte público? A resposta é não . Primeiro porque estamos falando da elasticidade-preço da demanda e isso informa como que a demanda altera em relação ao preço . Se o preço não mudou, não haverá alteração da demanda e, portanto, a receita do produtor continua a mesma .

Em segundo lugar, porque esse consumidor já consome, em geral, a quantidade de transporte público que lhe agrada e um aumento da oferta lhe trará mais conforto mas não fará com que ele o utilize mais .

Sendo assim, a questão está ERRADA .

Gabarito: E

29. (FCC – ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO – SEFAZ-SP 2010)

Alterações no preço de um bem comercializado em uma estrutura de mercado de concorrência perfeita ocorrem

a) ao longo da curva de demanda, quando se modifica a quantidade de consumidores no mercado .

b) em função de deslocamentos da curva de demanda, quando se altera a renda dos consumidores .

c) ao longo da curva de demanda, quando se altera o preço de bens complementares .d) em função de deslocamentos da curva de demanda, quando se altera o preço dos insumos

de produção desse bem .e) ao longo da curva de demanda, quando se modificam as preferências dos consumidores .

Resolução:

Apesar de essa questão falar do mercado de concorrência perfeita, tal fato não muda em nada tudo que foi estudado sobre demanda .

Dessa forma, sabemos que mudanças nos preços provocam deslocamento sobre a curva de demanda . Por outro lado, mudanças na renda dos consumidores, preço de outros bens, gosto e expectativas .

Portanto, quando ocorre uma alteração na renda dos consumidores, há um deslocamento da curva de demanda .

Sendo assim, o gabarito é a letra B .

Gabarito: B

Page 80: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br80

30. (FCC – AUDITOR TCE-AL – 2008)

O gráfico abaixo mostra as curvas de demanda e de oferta no mercado competitivo de soja . Um aumento do preço de fertilizantes agrícolas vai provocar:

a) uma quantidade de equilíbrio final no mercado de soja superior à quantidade de equilíbrio inicial q0 .

b) um preço de equilíbrio final de soja inferior ao preço de equilíbrio inicial p0 .c) um deslocamento da curva de demanda por soja .d) um deslocamento da curva de oferta de soja .e) aumento na oferta de farelo de soja .

Resolução:

A questão fala que houve um aumento do preço dos fertilizantes . Isso não provoca nada na curva de demanda, altera apenas a curva de oferta .

Como o fertilizante é um insumo para produzir soja, quando há um aumento no preço dos fertilizantes, ocorre uma redução na produção, ceteris paribus, e, portanto, um deslocamento na curva de oferta .

Para que haja uma redução na quantidade ofertada de equilíbrio, a curva de oferta deverá se deslocar para cima e para a esquerda como na figura abaixo .

Sendo assim, o gabarito é a letra D .

Gabarito: D

Page 81: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 81

31. (FCC – AUDITOR TCE-AL – 2008)

Se a elasticidade preço da demanda por cigarros for igual a menos 0 .4, isto significa que:

a) um aumento de preço dos cigarros reduz a receita total auferida pelos produtores de cigarro .

b) os aumentos na renda do consumidor aumentam em 0 .4% a demanda por cigarros .c) se o preço de cigarros aumentar 10%, a quantidade demandada por cigarros vai diminuir

em 8% .d) se o preço de cigarros aumentar 4%, a quantidade demandada por cigarros vai diminuir em

10% .e) se o preço de cigarros aumentar, a quantidade demandada por cigarros vai diminuir,

embora percentualmente menos que o aumento dos preços .

Resolução:

A elasticidade-preço da demanda por um bem informa qual a variação percentual na demanda resultante de uma variação de um por cento no preço do bem .

Portanto, sabemos que, se um bem não for de Giffen, quando o preço dele aumentar, tal fato irá provocar uma redução na quantidade demandada do mesmo .

Assim, se a elasticidade-preço da demanda for igual a -0,4, temos que para cada aumento de 1% no preço, a demanda cairá em 0,4% . Portanto, ocorrerá uma diminuição percentual menor na demanda por cigarro do que no preço do mesmo e o bem será considerado inelástico .

Sendo assim, o gabarito é a letra E .

Gabarito: E

32. (FCC – AUDITOR TCE-AL – 2008)

No gráfico abaixo aparece em traço cheio a curva de demanda por maçãs . Sendo as pêras um bem substituto para as maçãs, um aumento de preço da pêra:

a) altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como A B .b) altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como C D .c) altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como A D .d) altera apenas a curva de oferta de maçãs .e) não altera a posição da curva de demanda por maçãs .

Page 82: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br82

Resolução:

Observe que o gráfico acima trata da demanda por maçãs em função do preço das maçãs . A questão pergunta o que ocorrerá com o gráfico da demanda por maçãs se o preço da pêra for modificado dado que esses bens são substitutos .

A ideia inicial que temos é que pêra e maçã são bens substitutos . Entretanto, é necessário que a questão deixe isso bem claro, pois não precisamos saber desse tipo de argumento e assim foi feito, não é mesmo?

Quando bens complementares ou substitutos modificarem a demanda de um bem, a curva de demanda irá se deslocar de forma paralela . Com isso, não pode ser resposta o segmento de reta representado por B C .

A resposta a essa questão será, obrigatoriamente, A B ou C D .

Como os bens são substitutos, um aumento no preço da pêra reduz a demanda por pêra e, portanto, aumenta a demanda por maçã . Dessa forma, haverá um deslocamento da curva de demanda para cima e para a direita . Portanto, será o segmento A B a nova curva de demanda .

Sendo assim, o gabarito é a letra A .

Gabarito: A

33. (FCC – ANALISTA TRAINEE – METRO-SP – 2008)

A curva de demanda de mercado de um bem normal se desloca para a esquerda de sua posição original . Uma das causas possíveis é o aumento do

a) preço do bem substituto .b) poder aquisitivo real dos consumidores .c) número de consumidores .d) preço do próprio bem .e) preço de um bem complementar .

Resolução:

Se um bem é considerado normal, esse bem não é de Giffen . Lembre-se que todo bem de Giffen é um bem inferior . Sendo assim, a curva de demanda tem uma inclinação descendente, como na figura abaixo .

Page 83: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 83

Se a curva for deslocada para a esquerda, está ocorrendo uma redução na quantidade demandada e tal fato só pode ocorrer se houver mudança em renda, preço de produtos substitutos, gosto e expectativas .

Observe que temos tanto a opção de bem complementar e bem substituto . Como a reação deles é inversa, a resposta tem que ser um dos dois . Vamos tratar dos bens substitutos, inicialmente .

Se aumentarmos o preço de um bem substituto, a quantidade demandada desse bem será reduzida . Portanto, ao aumentarmos o preço da margarina, a demanda por margarina cairá e, assim, haverá um aumento na demanda por manteiga que seria um substituto da margarina . Com isso, a demanda haveria um deslocamento da curva de demanda para cima e para a direita .

Se pensarmos no caso de bens complementares, nós teríamos o resultado inverso . Ou seja, ao pensarmos em um aumento no preço do óleo da gasolina, haveria uma redução no consumo do mesmo e, portanto, uma redução na demanda por óleo de motor . Dessa forma, haveria um deslocamento para baixo e para a esquerda da curva de demanda .

Sendo assim, o gabarito é a letra E .

Gabarito: E

34. (FCC – ANALISTA MPU 2007 – ÁREA ECONOMIA)

A demanda de um bem normal num mercado de concorrência perfeita é função decrescente

a) do número de demandantes do bem .b) do preço dos insumos utilizados em sua fabricação .c) do preço do bem complementar .d) do preço do bem substituto .e) da renda dos consumidores .

Resolução:

Vamos verificar qual das variáveis é função decrescente da demanda, ou seja, qual a variável que quando aumentada provoca redução na quantidade demandada .

Sabemos que variação nos preços de bens complementares e substitutos podem provocar mudanças na quantidade demandada do bem . Observe que temos essas duas opções . Portanto, a resposta, obrigatoriamente, deve ser uma das duas alternativas .

Comecemos testando os bens complementares . Se dois bens forem complementares, caso da gasolina e óleo de motor, o aumento do preço de um deles (gasolina) provoca a redução de sua demanda (gasolina) e, assim, uma redução na demanda do outro bem . Logo, os bens complementares, quando majorados provocam uma redução na quantidade demandada .

Sendo assim, o gabarito é a letra C .

Gabarito: C

Page 84: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br84

35. (FCC – ANALISTA MPU 2007 – ÁREA ECONOMIA)

O deslocamento para a esquerda da curva de oferta de um bem num mercado de concorrência perfeita pode ser ocasionado, tudo o mais constante, por

a) uma diminuição do preço do bem substituto .b) um aumento do número de consumidores do bem .c) um aumento do preço do bem complementar .d) uma redução dos preços dos insumos utilizados em sua fabricação .e) um aumento da tributação indireta .

Resolução:

A quantidade ofertada de um bem é modificada por variação do preço do bem, por variação no preço dos insumos e expectativas .

Importante notar que quando ocorre a tributação de um determinado bem, tal fato vai propiciar um deslocamento das curvas de oferta ou demanda também, dependendo do agente que “notificado” a efetuar o pagamento, resultando em aumento de preço e redução de quantidade de equilíbrio .

Observe que a aplicação de uma tributação indireta sobre o bem acima, acabou ocasionando um deslocamento na curva de oferta para cima e para a esquerda . Provocando, em último caso, uma redução da quantidade ofertada e da quantidade de equilíbrio .

Sendo assim, o gabarito é a letra E .

Gabarito: E

36. (FCC – ANALISTA MPU 2007 – ÁREA ECONOMIA)

Quanto à função demanda, é correto afirmar:

a) uma diminuição do preço do bem, tudo mais constante, implicará aumento no dispêndio do consumidor com o bem, se a demanda for elástica em relação a variações no preço desse bem .

b) se essa função for representada por uma linha reta paralela ao eixo dos preços, a elasticidade-preço da demanda será infinita .

Page 85: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 85

c) se essa função for representada por uma linha reta negativamente inclinada, o coeficiente de elasticidade- preço será constante ao longo de toda essa reta .

d) se a demanda for absolutamente inelástica com relação a modificações no preço do bem, a função demanda será representada por uma reta paralela ao eixo das quantidades .

e) uma diminuição do preço do bem deixará inalterada a quantidade demandada do bem, a menos que também seja diminuída a renda nominal do consumidor .

Resolução:

Essa questão versa sobre a relação entre elasticidade e dispêndio . Esse é um tópico interessante e a melhor forma de compreender o assunto é tentando simular um exemplo numérico .

Imagine a situação de um bem que custa R$ 1,00 e que o consumo do mesmo seja igual a 100 unidades .

Preço (R$) Quantidade Dispêndio (R$) Elasticidade1,00 100 100,00 Elástica

Se a demanda é dita elástica, isso significa que o módulo da elasticidade é maior do que 1 e, portanto, um aumento no preço provocará uma redução mais do que proporcional na quantidade demandada . Ou seja, se supormos um aumento de 10% no nível de preço, a demanda deverá cair de uma magnitude maior do que esses 10% .

∈=maior que 10%

10%>1→Demanda Elástica

Preço (R$) Quantidade Dispêndio (R$) Elasticidade1,00 100 100,00 Elástica1,10 80 88,00

Observe que um aumento no preço de 10%, provocou uma redução da demanda da ordem de 20% . No entanto, a redução no dispêndio do consumidor foi de apenas 12% .

Preço (R$) Quantidade Dispêndio (R$) Elasticidade1,00 100 100,00 Inelástica1,10 95 104,50

Sendo o bem inelástico, quando ocorre o aumento do preço deste bem em 10%, a quantidade demandada cai mas numa proporção inferior ao aumento do preço e, nesse caso, caiu 5% . Quando isto ocorre, há um aumento do dispêndio do consumidor em relação àquele bem .

E o inverso também vale para os dois casos . Ou seja, se a demanda for elástica e o preço cair em 10%, a quantidade demandada irá aumento em mais que 10%, por exemplo, 20% . Com isso, o dispêndio do consumidor irá aumentar . Para vermos isso, basta pensarmos no processo inverso, no processo de retorno do exemplo citado .

Page 86: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br86

Preço (R$) Quantidade Dispêndio (R$) Elasticidade1,10 80 88,00 Elástica1,00 100 10,00

Sendo assim, o gabarito é a letra A .

Gabarito: A

37. (FCC – ANALISTA MPU 2007 – ÁREA ECONOMIA)

Em relação à elasticidade-preço da demanda, é correto afirmar que:

a) quanto maior o número de substitutos do bem, sua demanda tende a ser menos elástica .b) se a demanda for inelástica, a variação percentual da quantidade procurada é maior, em

módulo, que a do preço de mercado .c) se a curva de demanda do bem for linear, a elasticidade-preço é constante qualquer que

seja o preço de mercado .d) quanto maior a essencialidade do bem para o consumidor, mais elástica será sua demanda .e) se a demanda for elástica, um aumento do preço de mercado tenderá a reduzir a receita

total dos produtores .

Resolução:

Essa questão versa sobre elasticidade .

Se um bem possui bons e muitos substitutos, quando ocorre uma alteração em seu preço, há uma fuga para o bem substituto e, portanto, uma alteração significativa da quantidade demandada . Dessa forma, podemos concluir que quando um produto tem bons substitutos, a sua demanda tende a ser elástica, uma vez que a fuga do produto tende a ser relativamente maior se comparada ao aumento de preços . Portanto, quanto maior o número de substitutos, mais elástica tende a ser a demanda .

Sabemos que a equação da elasticidade-preço é dada por:

∈=

ΔQD

QD

ΔPP

A demanda é considerada inelástica se o módulo da elasticidade-preço for menor do que 1 e isso ocorre quando a reação na demanda for proporcionalmente menor do que a variação no preço . Portanto, se a variação na demanda for maior que a variação no preço, o numerador da equação é maior que o denominador, em módulo, e, assim, a demanda seria elástica .

Quando a curva de demanda for linear, a elasticidade-preço da demanda será diferente em todos os pontos da curva . Veja no gráfico abaixo as elasticidades-preço em cada ponto da curva de demanda .

Portanto, em uma curva de demanda linear, temos:

Page 87: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 87

• No ponto em Q for zero, a demanda é infinitamente elástica;

• No ponto em P for zero, a demanda é infinitamente inelástica;

• No ponto médio temos a elasticidade unitária da demanda;

• Entre Q igual a zero e o ponto médio, a demanda é elástica; e

• Entre P igual a zero e o ponto médio, a demanda é inelástica .

Com relação ao conceito de essencialidade, temos que ter certo cuidado . Imagine a situação de um remédio essencial . Se o preço desse remédio for aumentado, como ele é essencial, o consumidor não deverá reduzir a sua demanda de forma significativa em relação a esse bem . Dessa forma, a variação na demanda tende a ser menor que a variação no preço . Portanto, a demanda tende a ser inelástica .

Para verificarmos a relação entre a receita e elasticidade, a melhor opção é fazermos um exemplo .

Imagine a situação de um bem que custa R$ 1,00 e que o consumo do mesmo seja igual a 100 unidades .

Preço (R$) Quantidade Dispêndio (R$) Elasticidade1,00 100 100,00 Elástica

Se a demanda é dita elástica, isso significa que o módulo da elasticidade é maior do que 1 e, portanto, um aumento no preço provocará uma redução mais do que proporcional na quantidade demandada . Ou seja, se supormos um aumento de 10% no nível de preço, a demanda deverá cair de uma magnitude maior do que esses 10% .

∈=maior que 10%

10%>1→Demanda Elástica

Preço (R$) Quantidade Receita (R$) Elasticidade1,00 100 100,00 Elástica1,10 80 88,00

Observe que um aumento no preço de 10%, provocou uma redução da demanda da ordem de 20% . Portanto, houve uma queda da receita da empresa da ordem de 12% . A ideia é a mesma do dispêndio do consumidor .

Preço (R$) Quantidade Receita (R$) Elasticidade1,00 100 100,00 Inelástica1,10 95 104,50

Page 88: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br88

Sendo o bem inelástico, quando ocorre o aumento do preço deste bem em 10%, a quantidade demandada cai, mas numa proporção inferior ao aumento do preço e, nesse caso, caiu 5% . Quando isto ocorre, há um aumento da receita total do produtor em relação àquele bem .

Sendo assim, o gabarito é a letra E .

Gabarito: E

38. (FCC – ANALISTA MPU 2007 – ÁREA ECONOMIA)

A participação dos gastos do bem X no orçamento das famílias tende a diminuir quando a renda dos consumidores aumenta . Logo, pode-se concluir, com certeza, que a elasticidade-renda da demanda do bem X é

a) negativa e maior que 1, em módulo .b) negativa e menor que 1, em módulo .c) igual a 1 .d) menor que 1 .e) positiva e maior que 1 .

Resolução:

A elasticidade-renda da demanda mostra a variação percentual na demanda quando ocorre uma variação na renda do consumidor .

Acredito que a melhor forma de se fazer essa questão seja por meio de um exemplo .

Vamos imaginar uma situação em que uma pessoa tenha uma renda da ordem de R$1 .000,00 . O bem em questão custa R$1,00 e o consumidor demanda 100 unidades do bem, gastando, portanto, 10% de sua renda com o produto .

Preço (R$) Demanda Renda (R$) Gasto com Produto1,00 100 1 .000,00 10%

Se a renda aumentar da ordem de 50%, a demanda poderá se manter constante, aumentar o reduzir . Imagine que o bem em questão seja um bem que o consumidor deseja consumir, mas não fazia na quantidade desejada por questões financeiras . À medida que a renda aumenta para R$1 .500,00, o consumidor aumenta o consumo do bem para 120 unidades . Observe que o preço do bem foi mantido constante .

Se isso ocorresse, teríamos o seguinte:

Preço (R$) Demanda Renda (R$) Gasto com Produto1,00 100 1 .000,00 10%1,00 120 1 .500,00 8,0%

Observe que quando o aumento da renda supera o aumenta da demanda, há uma redução no gasto percentual com o produto . Apesar de esse produto ser normal, ele é considerado necessário e tem uma elasticidade-renda da demanda menor do que a unidade . Veja o cálculo:

Page 89: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 89

∈=

ΔQD

QD

ΔRR

= 20%50%

= 0,4

Por outro lado, imagine que a renda aumenta para R$ 1 .500,00, mas o consumidor aumenta o consumo do bem para 180 unidades . Observe que o preço do bem foi mantido constante .

Se isso ocorresse, teríamos o seguinte:

Preço (R$) Demanda Renda (R$) Gasto com Produto1,00 100 1 .000,00 10%1,00 180 1 .500,00 12,0%

Observe que quando o aumento da demanda supera o aumenta da renda, há um aumento no gasto percentual com o produto . Apesar de esse produto ser normal, ele é considerado um bem de luxo e tem uma elasticidade-renda da demanda maior do que a unidade . Veja o cálculo:

∈=

ΔQD

QD

ΔRR

= 80%50%

=1,6

Por fim, imagine que a renda aumenta para R$1 .500,00, mas o consumidor reduz o consumo do bem para 75 unidades . Observe que o preço do bem foi mantido constante .

Se isso ocorresse, teríamos o seguinte:

Preço (R$) Demanda Renda (R$) Gasto com Produto1,00 100 1 .000,00 10%1,00 75 1 .500,00 5,0%

Observe que quando há uma redução na demanda e um aumento na renda e tal fato provoca uma redução no percentual gasto com o produto . Esse é o tipo de bem que o consumidor não tinha tanto interesse em consumir, mas fazia isso por necessidade, por exemplo . Dada essa característica, o produto é considerado um bem inferior e possui elasticidade-renda da demanda negativa . Veja o cálculo:

∈=

ΔQD

QD

ΔRR

= −25%50%

= −0,5

Essa questão, com os dados que foram colocados não nos permite fazer nenhuma inferência acerca da magnitude da elasticidade-renda dos consumidores, mas apenas determinar o sinal

Page 90: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br90

da mesma . Com certeza, sabemos que ela será negativa e um todos os números negativos são menores do que 1 .

Assim sendo, o gabarito é a letra D .

Gabarito: D

Page 91: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br 91

Determinada economia apresenta os se-guintes dados .

• população total: 200 milhões de habitantes • população acima de 65 anos: 60 milhões de

habitantes • população abaixo de 18 anos: 65 milhões de

habitantes população abaixo de 14 anos: 50 milhões de habitantes população abaixo de 10 anos: 40 milhões de habitantes popula-ção empregada: 70 milhões de habitantes

• população fora do mercado de trabalho (de-salentados): 20 milhões de habitantesConsiderando que a essa economia se apli-que a mesma abordagem conceitual e me-todológica adotada no Brasil, julgue os itens a seguir .

125. Não será enquadrado nas estatísticas de desemprego o indivíduo em idade ativa que estiver fora do mercado de trabalho .

( ) Certo   ( ) Errado

126. A população economicamente ativa, de acordo com a classificação do IBGE, é de 70 milhões de pessoas .

( ) Certo   ( ) Errado

127. A taxa de desemprego da economia em apreço corresponde a 12,5% .

( ) Certo   ( ) Errado

Considere uma economia descrita pelas se-guintes condições matemáticas:

p=w1λf τ,zp( ) ;

∂f∂τ

> 0 ;∂f∂zp

> 0

w =pb E,zw( ) ;∂b∂E

> 0 ;∂b∂zw

> 0

Nesse sentido, considere que p é o preço; w é o salário nominal; λ é a produtividade do trabalho e 1

λ é o requisito unitário de

mão de obra; τ é o mark-up; zp represen-ta o conjunto de instituições existentes no mercado de bens que deslocam o preço dos produtos industriais; E é a taxa de emprego; e zw representa as instituições do mercado de trabalho, incluindo seguro-desemprego, densidade sindical ou proporção dos tra-balhadores cobertos por acordos coletivos; ∂f∂τ

é a derivada da função f em relação ao mark-up; ∂f

∂zp é a derivada da função f em

relação às instituições do mercado de bens; ∂b∂E

é a derivada da função b em relação ao emprego; e ∂b

∂zw é a derivada da função b em

relação às instituições do mercado de traba-lho . Acerca dessa economia, julgue os itens que se seguem .

128. Se essa economia passar a ser regulamen-tada por um conjunto de leis que permitam maior flexibilidade nas relações trabalhistas, o resultado será o deslocamento para baixo da curva de determinação salarial, com re-dução da taxa natural de desemprego .

( ) Certo   ( ) Errado

Última Prova

Page 92: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

www .acasadoconcurseiro .com .br92

129. A longo prazo, o desemprego nessa econo-mia será igual a zero .

( ) Certo   ( ) Errado

130. O aumento do seguro-desemprego, em equilíbrio, acarreta o aumento do desem-prego observado .

( ) Certo   ( ) Errado

131. A taxa de desemprego de equilíbrio inde-pende da estrutura sindical da economia .

( ) Certo   ( ) Errado

132. Na economia em questão, as firmas conse-guirão contratar a quantidade desejada de trabalhadores, bastando que seja respeita-da a condição de o salário real ser maior ou igual à produtividade marginal do trabalho .

( ) Certo   ( ) Errado

Em relação ao modelo clássico de salário--eficiência, julgue os itens a seguir .

133. No modelo em apreço, não há desemprego involuntário .

( ) Certo   ( ) Errado

134. Em equilíbrio, a elasticidade do esforço com relação ao salário relativo será igual a um .

( ) Certo   ( ) Errado

135. No referido modelo, o desemprego reduz o salário-eficiência .

( ) Certo   ( ) Errado

136. Nesse modelo, as firmas maximizam os seus lucros, apesar de o salário real ser es-tabelecido em patamar superior ao obser-vado em concorrência perfeita .

( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 125. C 126. E 127. C 128. C 129. E 130. C 131. E 132. E 133. E 134. C 135. C 136. C

Page 93: Economia do Trabalho – Parte 1 Prof. César Frade · PDF fileQUESTÕES RESOLVIDAS ... são encabeçadas pelo IBGE e algumas das definições

MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Economia do Trabalho – Prof. César Frade

www .acasadoconcurseiro .com .br 93

BIBLIOGRAFIA

Eaton & Eaton – Microeconomia, Editora Saraiva – 3ª Edição, 1999 .

Ferguson, C .E . – Microeconomia, Editora Forense Universitária – 8ª Edição, 1985 .

Kupfer & Hasenclever – Economia Industrial, Editora Campus – 1ª Edição, 2002 .

Laffont & Martimort – The Theory of Incentives – The Principal-Agent Model, Princeton University Press – 1ª Edição, 2002 .

Mankiw, N . Gregory – Introdução à Economia – Princípios de Micro e Macroeconomia, Editora Campus, 1999 .

Mas-Colell, Whinston & Green – Microeconomic Theory, Oxford University Press, 1995 .

Notas de Aula – Organização Industrial – Doutorado em Economia –Universidade de Brasília .

Notas de Aula – Economia da Regulação – Doutorado em Economia – Universidade de Brasília .

Notas de Aula – Organização Industrial – Doutorado na New York University .

Pindyck & Rubinfeld – Microeconomia, Editora MakronBooks – 4a Edição, 1999 .

Tirole, Jean – The Theory of Industrial Organization – 1988 – MIT PRESS .

Varian, Hal R . – Microeconomia – Princípios Básicos, Editora Campus – 5ª Edição, 2000 .

Vasconcellos, M .A . Sandoval – Economia Micro e Macro, Editora Atlas – 2ª Edição, 2001 .

Galera,

Terminamos aqui a nossa aula . Tentei passar para vocês nesta aula um pouco de como vai ser o curso, lembrando sempre que irei mantê-lo com uma linguagem simples e direta com o intuito de facilitar a compreensão . Sempre tentando colocar exemplos do nosso dia-a-dia .

Abraços