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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP AUGUSTO CESAR SALOMÃO MOZINE Ecogovernamentalidade e Meio Ambiente Urbano: Uma Análise sobre o Plano Diretor de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana da Grande Vitória DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SOCIOLOGIA SÃO PAULO-SP 2014

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC/SP

AUGUSTO CESAR SALOMÃO MOZINE

Ecogovernamentalidade e Meio Ambiente Urbano: Uma

Análise sobre o Plano Diretor de Resíduos Sólidos da

Região Metropolitana da Grande Vitória

DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SOCIOLOGIA

SÃO PAULO-SP

2014

i

AUGUSTO CESAR SALOMÃO MOZINE

Ecogovernamentalidade e Meio Ambiente Urbano: Uma

Análise sobre o Plano Diretor de Resíduos Sólidos da

Região Metropolitana da Grande Vitória

DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SOCIOLOGIA

Tese apresentada à Banca Examinadora como exigência

parcial para a obtenção do grau de Doutor em Ciências

Sociais, na área de concentração de Sociologia pelo

Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências

Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo – PUC/SP, sob orientação da Profa. Dra. Lucia

Maria Machado Bógus

SÃO PAULO-SP

2014

ii

__________________________________________________________________________________

MOZINE, Augusto Cesar Salomão, 1982-

Ecogovernamentalidade e Meio Ambiente Urbano: Uma Análise sobre

o Plano Diretor de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana da Grande

Vitória / Augusto Cesar Salomão Mozine. 2014.

238 f.:il.

Orientadora: Lucia Maria Machado Bógus.

Tese (doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais.

1. Teoria Social e Meio Ambiente. 2. Meio Ambiente Urbano. 3.

Ecogovernamentalidade. 4. Sociabilidade. 5. Política Nacional de Resíduos

Sólidos. 6. Região Metropolitana da Grande Vitória. I. Bógus, Lucia Maria

Machado. II. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de

Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais. III. Título.

CDU 304.2

__________________________________________________________________________________

iii

AUGUSTO CESAR SALOMÃO MOZINE

Ecogovernamentalidade e Meio Ambiente Urbano: Uma

Análise sobre o Plano Diretor de Resíduos Sólidos da

Região Metropolitana da Grande Vitória

Aprovado em: São Paulo, 03 de Outubro de 2014

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Lucia Maria Machado Bógus (Orientadora)

PUC/SP

_____________________________________

Maura Pardini Bicudo Véras

PUC/SP

_____________________________________

Rinaldo Sérgio Vieira Arruda

PUC/SP

_____________________________________

Angélica Aparecida Tanus Benatti Alvin

Universidade MacKenzie

_____________________________________

Danièlle de Oliveira Bresciani Fortunato

UFES

iv

Ao fim e a um recomeço

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família, amigos e colegas de trabalho pelo pleno apoio na realização deste

trabalho.

Agradeço especialmente a minha Orientadora, profa. Lucia Maria Machado Bógus pela

confiança, incentivo e especial atenção na realização desta Tese.

Ao prof. Anthony Pereira e ao Brazil Institute do King’s College da Universidade de Londres,

por me receberem como estudante visitante nos anos de 2011 e 2012, me permitindo ampliar

meu enfoque de pesquisa e produzir este estudo.

Agradeço ainda, às pessoas que sempre estiveram perto e me deram o apoio e incentivo

necessário a continuar esse trabalho. Camilla, Ivi, Tiago e Viviane, este trabalho também é de

vocês.

Agradeço à Banca examinadora, pela avaliação deste estudo e pelas considerações

apresentadas com vistas a sanar incoerências e ampliar qualidade desta Tese.

Por fim, agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES,

pelo financiamento parcial dos estudos de Doutorado em forma de taxa de pesquisa e pela

concessão de bolsa de estágio de doutorado no exterior.

A todos vocês, meu mais terno agradecimento.

A.M.

vi

Eu sou um preto norte-americano forte / Com um brinco

de ouro na orelha / Eu sou a flor da primeira música /A

mais velha / A mais nova espada e seu corte / Sou o

cheiro dos livros desesperados / Sou Gitá Gogóia / Seu

olho me olha mas não me pode alcançar / Não tenho

escolha, careta, vou descartar

Caetano Veloso

vii

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................... 13

CAPÍTULO I

MEIO AMBIENTE URBANO: MODERNIDADE, RACIONALIDADE,

CULTURA POLÍTICA E ESPAÇO PÚBLICO........................................................

17

1.1 A CULTURA E O HOMEM: GÊNESE DE UMA AÇÃO ORIENTADA À

NATUREZA............................................................................................................

19

1.1.1 O MEIO AMBIENTE, CULTURA E SUSTENTABILIDADE.......................................... 22

1.1.2 PROPOSIÇÕES SOBRE A RACIONALIDADE AMBIENTAL: A CRISE.......................... 28

1.2 CULTURA POLÍTICA E ESPAÇO PÚBLICO: O LUGAR DO URBANO E

A SUSTENTABILIDADE.....................................................................................

38

1.2.1 RUMOS DA SOCIEDADE CIVIL NO BRASIL: DA DITADURA À ERA GLOBAL........ 41

1.2.2 ESTADO E FRAGMENTAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO............................................... 44

1.2.3 FRAGMENTAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO: A SOCIEDADE CIVIL NO PÓS-DÉCADA

DE 1990 ..................................................................................................................

47

CAPÍTULO II

ECOGOVERNAMENTALIDADE: CULTURA POLÍTICA NO BRASIL E A

MACROPOLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS......................................................

50

2.1 POLÍTICA OU POLÍCIA? ECOGOVERNAMENTALIDADE E AS

MACROPOLÍTICAS AMBIENTAIS..................................................................

52

2.2 OS ANTECEDENTES: INTERFACES COM A MACROPOLÍTICA DE

MUDANÇAS CLIMÁTICAS................................................................................

59

2.2.1 POLÍTICA E PLANO NACIONAL DE MUDANÇA DO CLIMA.................................. 61

viii

2.2.2 AS POLÍTICAS NACIONAIS DE MUDANÇA DO CLIMA E DE RESÍDUOS

SÓLIDOS.................................................................................................................

73

CAPÍTULO III

ESPAÇO URBANO E SOCIABILIDADE: INTERFACES DO PLANO

NACIONAL RESÍDUOS SÓLIDOS NA REGIÃO METROPOLITANA DA

GRANDE VITÓRIA.....................................................................................................

84

3.1 UM CAMINHO PARA AS CIDADES: MEIO AMBIENTE E ESPAÇO

URBANO.................................................................................................................

85

3.1.1 A HERANÇA COLONIAL: BRASIL RURAL E OS REFLEXOS DO MODELO

POLÍTICO-SOCIAL LUSITANO...............................................................................

86

3.1.2 FORMAÇÃO DA BURGUESIA BRASILEIRA: MANUTENÇÃO DA HERANÇA

COLONIAL E PROCESSO URBANO.........................................................................

92

3.2 REFLEXOS DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS E A

QUESTÃO DO SANEAMENTO: UM OLHAR SOBRE A REGIÃO

METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA..................................................

98

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 111

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 113

ANEXOS

ANEXO A - PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA REGIÃO METROPOLITANA

DA GRANDE VITÓRIA.................................................................................

120

ix

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

- AND – Autoridade Nacional Designada;

- art. – artigo;

- CIMGC – Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima;

- CMMAD – Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento;

- COP – Conferência das Partes;

-CQNUMC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas;

- CRFB – Constituição da República Federativa do Brasil;

- e.g. – exempli gratia – por exemplo;

- IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;

- IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change – Painel Intergovernamental sobre

Mudanças Climáticas;

- OCDE – Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento;

- ONU – Organização das Nações Unidas;

- PNMC – Programa Nacional de Mudanças Climáticas;

-PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos.

x

RESUMO

AUGUSTO CESAR SALOMÃO MOZINE

Ecogovernamentalidade e Meio Ambiente Urbano: Uma

Análise sobre o Plano Diretor de Resíduos Sólidos da

Região Metropolitana da Grande Vitória

Objetiva discutir a participação social na formulação da Política Nacional de Resíduos

Sólidos diante de Plano Diretor de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana da Grande

Vitória. Propõe uma discussão baseada na ecologia política do processo legislativo

brasileiro e sua relação com a ação social com vistas ao controle ambiental da questão dos

resíduos sólidos urbanos. Dessa maneira, parte da premissa de que a ausência de

entendimento é, hoje, uma constante na política brasileira. A falta de prática da Política no

espaço público nacional tem contribuído a um excesso de regulamentação da vida privada,

sob pretextos alarmistas ou salvacionistas e, não raro, sob ambos. Há, sim, uma ênfase na

necessidade de que o Brasil atue frente ao problema da gestão do lixo urbano através da

criação, implementação e expansão de mecanismos regulatórios de metas de tratamento de

resíduos, sempre ressaltando que isso deve ocorrer provocando uma mudança no sistema

produtivo, na forma de ordenamento das relações sociais por meio do aprimoramento da

tecnologia, sem, contudo, prever qualquer debate social amplamente difundido para tratar

como isso pode ser realizado.

Palavras-chave: Meio Ambiente Urbano; Ecogovernamentalidade; Sociabilidade; Política

Nacional de Resíduos Sólidos; Região Metropolitana da Grande Vitória.

xi

ABSTRACT

AUGUSTO CESAR SALOMÃO MOZINE

Ecogovernamentalidade e Meio Ambiente Urbano: Uma

Análise sobre o Plano Diretor de Resíduos Sólidos da

Região Metropolitana da Grande Vitória

This tesis aims to outline Brazilian society participation in the formulation of the National Policy

on Solid Waste in light of the Master Plan for Solid Waste in the Metropolitan Region of Grande

Vitória. It analyses the documents related to this Policy formulation provided by Brazilian

Parliament in other to extract from them the political and social discourse used by different actors

that intervened in the legislative processes. The main issue that is brought in this paper is how

social participation was considered on this policy formulation giving legitimacy to the political

processes. In a first glance, it’s important to provide a historical perspective of solid waste

management in Brazilian society. Then, it’s relevant to show how this discussion is related with

Brazilian constitutional aims and how it affects politics in a federative system, considering social

participation and accountability in this process.

Keywords: Urban Environment; Environmentality; Sociability; National Policy on Solid

Waste; Metropolitan Region of Grande Vitória.

13

INTRODUÇÃO

[...] ele não soube responder-lhes que tinham uma palavra transitória, uma

palavra que é um som fugidio, espécie de mugido, sinal de necessidade e não da

manifestação da inteligência. São privados da palavra eterna que estava no

passado, que estará no futuro. (BALLANCHE, apud RANCIÈRE, 1996:37).

O tratamento das questões relacionadas à gestão urbana, principalmente no que se refere ao

meio ambiente, apresenta-se atualmente sob a configuração de política pública, ou seja, a

difusão de uma série de mecanismos e técnicas de controle que têm por finalidade buscar

uma administração das funções públicas através do princípio da eficiência. Contudo, uma

peculiaridade que surge nessas formas de intervenção dos poderes estatais consiste na

infusão de um alto grau de interferência na vida privada, em proporções que extrapolam as

atribuições do Estado, aliada a uma contraditória delegação à sociedade civil do papel de

responsável pela execução da política. Com efeito, emprega-se à questão a conotação de

um espaço de supervalorização do Estado, minimizando o papel da sociedade civil, em um:

14

[...] movimento que faz aparecer a população como um dado, como um campo

de intervenção, como objeto da técnica de governo; e o movimento que isola a

economia como setor específico da realidade e a economia política como ciência

e como técnica de intervenção do governo neste campo da ciência e como

técnica de intervenção do governo neste campo da realidade. (FOUCAULT,

1979:291).

Nesse sentido, há três objetivos a se cumprir com relação à dinâmica e ao objeto deste

estudo que se desdobram nos fundamentos da pesquisa proposta. Em primeiro lugar, como

forma de abordagem do tema, há que se enfatizar o poder e a potencialidade que o sistema

atual de organização da sociedade, com foco na questão ambiental urbana, dispõe de se

incorporar à fé social e legitimar a crença na racionalidade e a sua capacidade de fazer da

ação institucional algo capaz de submeter, pelo discurso técnico, a ação social (WEBER,

1999; ARENDT, 1999). Nesse ponto, a principal assertiva que se faz é sobre a

plenipotência da ciência moderna e de sua racionalidade tecnológica em se legitimarem

como motor e justificativa da vida moderna, em termos de desencantamento do mundo e

de justificativa da ação política.

De fato, a manutenção dos padrões atuais de racionalidade e racionalização da vida e do

ambiente têm criado não só uma prisão de ferro – a que encerra a sociedade da natureza –

mas diversas, na medida em que restringe as autonomias individual e coletiva da

possibilidade de emancipação a qualquer outro modo de vida que não o vigente. Isso

implica no fato de que se abram contestações à cosmovisão social moderna e seu sistema

institucional material e imaterial (BOURDIEU, 2007). A partir disso, abre-se o

questionamento para o aprofundamento do estudo da relação entre natureza, racionalidade

e modo de vida na formulação e execução da política ambiental urbana, como forma de se

aprofundar o entendimento da relação entre os mundos natural e social.

15

Em um segundo momento, como ponto de compreensão do tema proposto, está a discussão

sobre os discursos de racionalidade e sustentabilidade e como sua confluência pode

resultar em proposições como racionalidade ambiental e desenvolvimento sustentável, bem

como na adoção de técnicas de conformação da política local em macrossistemas de

gestão. O que se toma em conta, nesse caso, é o potencial de solução da crise ambiental

instaurada que cada uma delas provém e como suas perspectivas têm sido incorporadas nas

discussões sobre políticas de e para o meio ambiente (SACHS, 2007; VEIGA, 2006;

CASTRO, 2007). Nesse sentido, emerge a problemática acerca das soluções modernas à

crise, como novas possibilidades de ação social, que buscam inovar para além do modelo

de racionalidade vigente.

A terceira consideração que se faz, no intuito de se verificar a hipótese proposta, está

relacionada a toda a construção de estratégias de controle na gestão urbano-ambiental e a

sua vinculação a parâmetros básicos do ideal moderno capitalista de tecnificação das ações

e controle dos resultados (RANCIÈRE, 1996). Enfatiza-se, assim, a política pública e o seu

potencial de cerceamento da liberdade de iniciativa social e da vida privada, uma vez que

vislumbra-se nessas ações policiais – no caso a interação entre a política nacional de

mudanças climáticas e a política de gestão de resíduos sólidos da Região Metropolitana da

Grande Vitória – ES – o florescer de uma atitude de hiper-dimensionamento da

intervenção do público no âmbito privado e uma delegação à sociedade civil da

responsabilidade de execução de uma política de responsabilidade do Estado. Daí emerge a

observação empírica do funcionamento dos projetos vinculados às políticas públicas de

gestão do meio ambiente natural e urbano, sua incorporação pelos campos de ação social –

político, social, cultural e econômico – e como isso tem resultado em ações de controle da

vida.

16

Dessa maneira, busca-se um enfoque na discussão dos processos de Polícia, entendida

como os instrumentos estatais de controle da vida social, (RANCIÈRE, 1996) como uma

questão de governamentalidade (FOUCAULT, 1979) que, por seu enfoque no Estado, o

colocando na posição de monstro hiperpolítico (SLOTERDIJK, 1999), impede as

manifestações individuais de livre-pensamento e vontade de potência (NIETZSCHE,

2000), encarcerando a sociedade em um sistema de servidão (LA BOÉTIE, 2008) que tem

como único foco de expressão a voz ininteligível de um rebanho, sem qualquer aptidão

Política relevante. Além disso, cabe investigar em que medida esse sistema de controle da

vida social se reflete na gestão urbano-ambiental, no caso específico da Região

Metropolitana da Grande Vitória.

A tese está divida, assim, em três capítulos. O primeiro, discorre sobre a questão do

Urbano com espaço público, inferindo sobre isso as questões da modernidade e do

tratamento do meio ambiente na formação da cultura política. Já na segunda parte,

introduz-se a idéia de ecogovernamentalidade e como se percebe sua caracterização do

ponto de vista da confluência das macropolíticas de gestão de resíduos sólidos e mudanças

do clima. Por fim, no último capítulo se discute a formação da cultura política no espaço

urbano do Espírito Santo e seus reflexos no que tange o Plano Diretor de Resíduos Sólidos

da Região Metropolitana da Grande Vitória

Portanto, este estudo propõe uma análise da interação entre as macropolíticas nacionais de

Resíduos Sólidos e Mudanças Climáticas, bem como sua ramificação na questão urbano-

ambiental da Grande Vitória, avaliando a relação Estado-Sociedade Civil e seus efeitos em

termos de ecogovernamentalidade.

17

CAPÍTULO I

MEIO AMBIENTE URBANO: MODERNIDADE,

RACIONALIDADE, CULTURA POLÍTICA, E ESPAÇO

PÚBLICO

Não haverá verdadeira resposta à crise sem ser em escala planetária e com a

condição de que se opere uma autêntica revolução política, social e cultural

reorientando a produção de bens materiais e imateriais. Essa revolução deverá

conscernir, portanto, não só às relações de forças visíveis em grande escala, mas

também aos domínios moleculares da sensibilidade, de inteligência e de desejo.

(GUATTARI, 2006:9)

Definir o que se busca entender por “Meio Ambiente Urbano” quando se põe em discussão

questões relacionadas às políticas de saneamento e gestão de resíduos constitui um objeto

de desafio nas Ciências Sociais, para o qual apenas uma saída pela interdisciplinaridade é

capaz de prover respostas. A idéia bucólica de meio ambiente como natureza intocada cai

por terra quando confrontada com a imagem moderna de cidade e encontra maiores

desafios quando relacionada a um ambiente produzido, cuja modificação na natureza é

massiva e que parece inerente à produção de resíduos em escalas com as quais os

ecossistemas são incapazes de lidar.

18

Assim, principalmente no urbano, não se pode tratar o ambiente como algo físico-químico-

biológico apenas, há que se entendê-lo mormente como antrópico, modificado local e

globalmente pela ação humana e, acima de tudo, em decorrência de uma ação política ou,

por melhor dizer, por uma ação social racionalmente orientada ao uso, modificação e

gestão do meio.

Nessa perspectiva, discutir a relação entre sociedade e natureza em termos de

sustentabilidade urbana nas Ciências Sociais significa, primordialmente, discutir a cultura

política capaz de produzir esse ambiente e seu entendimento como espaço público.

Desvinculado da noção moderna de “urbanidade”, a natureza - entendida como ambiente

natural - foi relegada à posição de objeto a ser gerido, através da boa técnica racional e das

tecnologias resultantes dos avanços da ciência e deixou de ser vista como local de

sociabilidade. Reside nesse ponto o fato de não ser possível visualizar uma ação coletiva

comum ao ambiente que se ponha em uma discussão para além das tecnologias políticas de

gestão da vida, considerando o meio ambiente urbano como decorrente de formação

cultural e política da sociedade contemporânea, tomando por base suas noções de

racionalidade moderna e como resulta em um trato das relações sociais no espaço público.

Diante disso, deve-se propor um entendimento da problemática urbano-ambiental como

resultado, na atualidade, da confluência entre privado e coletivo, entre a formação da

política e sua aplicação, bem como ao atendimento de anseios sociais e seu balizamento

por tecnologias de gestão da vida pelos aparatos governamentais, representadas aqui pelo

que se denomina “macropolíticas” - discutidas no próximo capítulo. Assim, para se

discutir, nesta tese, a problemática da ação coletiva na política de gestão de resíduos

sólidos da Região Metropolitana da Grande Vitória, faz-se necessário discutir em que

19

medida a formação de uma cultura política, tomando o meio urbano como espaço público

por excelência

Crê-se que esta situação se deva não a fatores isolados, cuja solução dissiparia uma crise

ambiental na qual mergulhou a sociedade. Ao contrário, tal crise resulta da conjuração de

elementos endógenos à sociedade, resistente a qualquer proposta de alteração do padrão de

atividades sociais. Assim, identificam-se visões de mundo, estilos de vida, hábitos e

costumes estratificados que conformam, em diversos níveis, os modos de vida humanos.

Nessa perspectiva, tem-se que não há como se compor um modelo de modo de vida que

seja comum em toda sua amplitude a toda singularidade de cada indivíduo que pertença a

qualquer tipo de sociedade. O que é passível de se fazer é o estabelecimento de fatores

históricos, sociais e culturais que transitam por diferentes modos de vida, definindo suas

relações com a natureza. Dessa forma, ressaltam-se neste estudo, como as próprias

definições de Homem e Sociedade advêm de uma visão do meio ambiente como sendo

fruto de uma natureza culturalmente modificada e que, paulatinamente, criaram um cisma

entre mundo social e mundo natural.

1.1 A CULTURA E O HOMEM: GÊNESE DE UMA AÇÃO

ORIENTADA À NATUREZA

Pensar a Natureza a partir da cultura e, mais propriamente, como esta última influi no

tratamento dispensado pelo Homem e pela Sociedade ao “mundo natural” é um desafio que

deve contemplar a ordem da vontade, em seu sentido de formação intelectual

simbolicamente orientada a uma ação racional em um espaço coletivo e público, ou seja,

no meio político. Um passo necessário e esse intento está em desconstruir o mito da

20

natureza intocada, para entender o meio ambiente como um espaço que de forte influência

da ação humana. Dessa forma, discutir a ação cultural é tratar de uma atitude dotada de

sentido e orientada à transformação do ambiente.

Mais que isso, deve-se observar a advertência feita por Weber (2001:33) de que: “Deve ser

uma das primeiras tarefas da investigação sociológica e histórica analisar todas as

influências e relações causais que possam ser explicadas satisfatoriamente em termos de

reações ao ambiente”. Nesse contexto, partindo da contribuição de Geertz (2008) sobre a

natureza humana, identifica-se um debate sobre a origem dessa natureza e da formação

dessa capacidade de simbolização própria do Homo sapiens.

Dessa forma, objetiva-se entender em que medida a relação do ser humano com o mundo

natural permitiu o efetivo desenvolvimento do Homem enquanto ser de cultura. Dessa

forma, parte-se da crítica geertziana sobre a impossibilidade e inviabilidade de se tecer

generalizações e universalizações sobre a existência de fatores/ações comuns a toda

humanidade e que isso se classifique como “natureza humana”. De fato, há que se enfatizar

que se há algo de inato no Homem que o diferencia das demais espécies, são suas

capacidades de ação e reação a realidades e ambientes específicos que determinam o que

lhe é próprio, o que é de sua natureza. Assim, segundo Geertz, surge nos estudos

culturalistas:

[...] uma definição do homem que enfatiza não tanto as banalidades empíricas do

seu comportamento, a cada lugar e a cada tempo, mas ao contrário, os

mecanismos através de cujo agenciamento a amplitude e a indeterminação de

suas capacidades inerentes são reduzidas à estreiteza e especificidade de suas

reais realizações. Um dos fatos mais significativos a nosso respeito pode ser,

finalmente, que todos nós começamos como equipamento natural para viver

milhares de espécies de vidas, mas terminamos por viver apenas uma espécie.

A perspectiva da cultura como ‘mecanismo de controle’ inicia-se com o

pressuposto de que o pensamento humano é basicamente tanto social quanto

público – que seu ambiente natural é o pátio familiar, o mercado e a praça da

cidade. (2008:33).

21

Nessa perspectiva, não basta apresentar Homem e Sociedade como estruturas pendentes no

ar, seu entendimento perpassa pela concretude do espaço e do tempo em que estão

inseridos e, sobretudo, de que espaço e de que tempo e das possibilidades materiais/físicas

e simbólicas/intelectuais que eles proporcionam. Desse modo, é a partir de um fator

cultural, de um processo de simbolização da vida e das relações, que se dá a diferenciação

do animal político, Homo sapiens, dos demais animais, assim:

Em algum estágio da sua história filogênica, uma mudança genética marginal de

alguma espécie tornou-o capaz de produzir e transmitir cultura e, daí em diante,

sua forma de resposta adaptativa às pressões ambientais foi muito mais

exclusivamente cultural do que genética. À medida que se espalhava pelo globo,

ele vestia peles nos climas frios e tangas (ou nada) nos climas quentes [...].

Fabricou armas para aumentar seus poderes predatórios herdados e cozinhou os

alimentos para tornar alguns deles mais digestivos. O homem tornou-se homem,

continua a história, quando, tendo cruzado algum Rubicon mental, ele foi capaz

de transmitir ‘conhecimento, crença, lei, moral, costume’ a seus descendentes e

seus vizinhos através do aprendizado. Após esse momento mágico, o avanço dos

hominídeos dependeu quase que inteiramente da acumulação cultural, do lento

crescimento das práticas convencionais, e não da mudança orgânica física, como

havia ocorrido em áreas passadas (GEERTZ, 2008:34).

Dessa forma, tem-se que a relação entre indivíduos, grupos e ambiente é intrínseca à vida

de qualquer espécie. Ademais, uma vez tomado isso como princípio, vê-se que a

capacidade de uso e modificação do ambiente não só é possível, como essencial a qualquer

forma de vida. No entanto, somente o Homem é capaz de uma ação política orientada e

simbolicamente construída sobre o ambiente. E é nessa política, consequentemente, que se

encontra a problemática de tratamento do ambiente urbano.

Talvez não seja possível falar em estado de natureza do Homem, pelo menos de forma

lúdica e romântica, justamente porque seja intrínseco à espécie humana afastar-se de um

“estado natural” para afirmar-se como espécie cultural, como sociedade. Isso torna, assim,

o estado de natureza algo pré-humano, algo que equipare o Homo a qualquer outra espécie

22

da natureza. Dessa forma, a única noção que parece efetiva é que a natureza humana é

justamente o momento – ao contrário de um estado – em que se desenvolve uma

capacidade de simbolização capaz de orientar uma ação em relação ao ambiente, com

vistas a modificá-lo ou utilizá-lo para garantir a existência da vida da espécie, ou seja, só é

possível se falar em Homem quando se insere em sua existência o elemento político.

1.1.1 O MEIO AMBIENTE, CULTURA E SUSTENTABILIDADE

Toda sociedade, todo projeto histórico, se constitui de normas, regras e instituições

materiais – físicas – e imateriais – mentais, psíquicas – que balizam a relação entre os

indivíduos e os grupos e a interação destes com o ambiente que os circunda. Tem-se, assim

que cada corpo social se identifica em um ou vários modos de vida, culturalmente

orientados que permitem identificar um determinado tipo de interação entre Homem e

Natureza.

Cabe destacar, diante dessas considerações, que cada sociedade organiza seu modo de vida

em consonância com um sistema simbólico. Com efeito, como salienta Lévi-Strauss: “[...]

a coerência de cada sistema de classificação pode apenas ser tomada em conta através [...]

de barreiras específicas à mente humana. Essas barreiras, determinam como os símbolos

são formados, opostos entre si e articulados em conjunto” (2008:10. tradução nossa)1.

Isso quer dizer que ao estabelecer um conjunto de símbolos cosmológicos e gnosiológicos,

cada sociedade institucionaliza e organiza suas formas de solidariedade2 e determinam em

1 No original lê-se: “... the coherence of each system of classification can only be accounted for by […]

constraints specific to the human mind. These constraints determine how symbols are formed, opposed to

each other and articulated together”. 2 O termo solidariedade é empregado, aqui, de acordo com os conceitos fundamentais traçados por Durkheim

como, grosso modo, o conjunto de normas e regras de convivência que mantêm a sociedade coesa através

23

que medida a necessidade de sobrevivência e reprodução do grupo influi nas exigências de

exploração do ambiente. Assim, há um desenvolvimento de uma ordem social

especialmente voltada para a busca de domínio da natureza para garantia da vida.

Dessa maneira, a conjunção entre as necessidade vitais do ser humano com o oikos

estabelecem um padrão de uso da natureza. Nesse sentido:

Quando confrontada com uma dada situação ecológica ou tecno-econômica, a

mente não se mantém inativa. Ela não somente a reflete, como reage a ela e a

trabalha de forma a condicioná-la a um sistema. Além do mais, a mente não

reage somente ao ambiente particular que percebe através dos sentidos. Ela

também se mantém alerta a ambientes que não foram experimentados de uma

forma direta e se mantém alerta às formas pelas quais outras pessoas reagem a

eles. Todos esses ambientes, presentes e ausentes, são integrados em um sistema

ideológico, de acordo com a leis mentais que se repetem recorrentemente e se

manifestam de forma similar, embora o entorno geográfico e as práticas tecno-

econômicas possam ser muito diferentes (LÉVI-STRAUSS,2008:15/16. tradução

nossa)3.

É nesse contexto que se firmam as relações entre grupos humanos e a natureza que os

circunda e é a partir disso que se afere o padrão de tratamento da natureza em cada

sociedade em dado momento histórico. Ademais, essa relação simbiótica faz com que para

cada sociedade a visão, a interação e a assimilação tanto do oikos quanto do mundo natural

se dê de maneira diferente. Isso ocorre, segundo Lévi-Strauss, pois:

[A] natureza aparece cada vez mais moldada por propriedades estruturais

indubitavelmente mais ricas, embora não diferentes em especial dos códigos

estruturais nos quais os sistemas nervosos [mentais] as traduzem; e das

propriedades estruturais elaboradas pelos entendimentos [...] das estruturas

originais da realidade [...]. a mente apenas é capaz de entender o mundo que nos

da divisão do trabalho social. Sobre a idéia de Solidariedade desenvolvida pelo sociólogo francês Cf.

Durkheim (1978). 3 No original lê-se: “When confronted with a given ecological and techno-economic situation, the mind does

not stay inactive. It does not merely reflect it, it reacts to it and works it out into a system. Furthermore, the

mind does not react only to the particular environment which it perceives through the senses. It also keeps

aware of environments which are not experienced in a direct way, and it keeps aware of the ways in which

other peoples react to them. All these environments both present and absent, are integrated into an

ideological system according to mental laws which recur over and over again and manifest themselves in

similar ways although the geographical surroundings and the techno-economic practices may be widely

different”.

24

circunda, porque a mente é, ela própria, parte e produto desse mesmo mundo.

(2008:22. tradução nossa)4.

Nessa perspectiva, falar em sustentabilidade requer entender a forma como os campos de

produção da solidariedade social interagem com a visão social – as formulações mentais,

imateriais – dando um significado ao mundo natural. Dessa forma, as relações de

aproximação e distanciamento, de interação e dominação da natureza é que vão determinar

a posição do meio ambiente no modo de vida da sociedade em foco. Ademais, é essa

relação que vai definir a sustentabilidade, ou a crise do ambiente nesse meio social. Assim,

segundo Woodgate e Redclift:

Ao longo do tempo, a co-evolução entre sociedade e natureza resultou, não

apenas em um crescentemente complexo socioambientalismo, mas também em

uma mais sofisticada organização social. A crescente complexidade das

estruturas sociais prolonga a corrente de conexão entre sociedade e natureza,

tanto que a sustentabilidade [...] se torne dependente não somente da manutenção

dos vínculos entre sociedade e natureza, mas também daqueles entre atores

sociais e instituições. (2008:13. tradução nossa)5.

Nesse contexto vê-se que, nas proposições mais otimistas – como é o caso – sobre a

sustentabilidade, a interação entre modo de vida e natureza é essencial, todavia, deve-se

fazer uma ressalva quanto à noção de co-evolução. A idéia de paridade relacional entre

sociedade e ambiente natural deve ser tomada com cautela, pois pode sugerir que o alcance

de um pretenso desenvolvimento sustentável seja a finalidade mor dessa interação,

bastando, para tanto, que se siga um plano de ação social determinado como forma de se

construir um novo ambiente mais harmônico.

4 No original lê-se: “… nature appears more and more made up of structural properties undoubtedly richer

although not different in kind from the structural codes into which the nervous system translates them, and

from the structural properties elaborated by the understanding […] to the original structures of reality.

[…] the mind is only able to understand the world around us because the mind is itself part and product of

this same world”. 5 No original lê-se: “Over time, coevolution between society and nature has resulted, not only in increasingly

complex socioenvironmental relations but also in more sophisticated social organization. The increasing

complexity of social structures lengthens the chain of connection between society and nature so that the

sustainability […] becomes dependent not only on the maintenance of linkages between society and natures

but also on those between social actors and institutions”.

25

De fato, a co-evolução por excelência é entre sociedade e oikos a inserção do componente

natural a essa relação decorre da propensão da organização social em se aproximar do

mundo natural e do caráter dessa aproximação. Com efeito, cabe a contribuição de Wolff

de que:

[...] nessa noção de sustentabilidade, é preciso que entrem também padrões

culturais de apropriação e transformação da natureza, diferenciações étnicas, de

gênero e de classes nessa apropriação, assim [como] os saberes e valores

forjados na história dessas populações. (2001:252).

Isto posto, tem-se que o tratamento da sustentabilidade requer uma visão mais holística da

organização social e de seu funcionamento. Nestes termos, tratar a sustentabilidade na

sociedade moderna requer a clareza de que se está levando em conta uma sociedade de

organização classista, na qual o consumo faz parte da pauta social e na qual a sociabilidade

está impregnada de urbanização, de conflitos e de interações sociais advindos dela. Falar

em sustentabilidade, por conseguinte, demanda considerar os aspectos culturais, gnósticos

e de apropriação da natureza relacionados à modernidade.

Assim, permite-se afirmar que, a sustentabilidade – de sociedades tradicionais, ou da

sociedade ocidentalizada em termos de desenvolvimento sustentável – é fruto da interação

entre o ambiente econômico, o político institucional – seja ele baseado na tradição, no

estamento, na religiosidade, seja na representação – e o social. Assim, assume-se afirmar, é

na cultura que se guarda maior importância na estratégia e nos esforços de relação de

sobrevivência com a natureza.

Isto se dá, principalmente, pelo fato de que, na vida moderna, o campo econômico é um

dado previamente determinado e de difícil modificação no curto prazo, servindo de

pressuposto a ser seguido ou contornado para se tratar a sustentabilidade. O ambiente

26

político, por sua vez, é o palco de incidência das influências tanto da economia – seja ela

de mercado, primitiva, seja agrária – quanto do social, pois nesse campo é que os modos de

interação social e de sociabilidade definem as respostas a serem dadas, ou requeridas às

predeterminações econômico-políticas. A cultura constitui-se, portanto, no lócus de ação

que tende a conduzir os campos da vida humana em direção, ou contra, uma harmonia

entre ambiente e modo de vida – seja ele urbano, agrário, seja tradicional. Dessa maneira,

destaca Wolff (2001:255):

Sendo a sustentabilidade uma construção histórica e cultural [...] fazem parte

desta construção vários níveis de relações. Uma determinada maneira sustentável

de viver implica uma forma de relações entre todas as sociedades e toda a

natureza. Articulam-se a essa relação as classes sociais e a maneira como cada

classe se relaciona com a natureza, se apropria dela e, ainda, a maneira como as

diversas classes relacionam-se entre si.

Nesse sentido, toda forma de sociedade pode atingir um determinado grau de

sustentabilidade, independente do grau de complexidade que apresente. Isto não significa,

todavia, que a relação harmônica com o meio ambiente esteja ao alcance da mão; revela,

ao contrário, que o meio social, como campo de ação política e interação, é capaz de

rearticular a sociedade e redefinir seus padrões de uso da natureza, a partir da cultura.

As formas de apropriação da natureza existentes nas diversas sociedades são fruto,

portanto, desse enlace histórico entre os campos econômico, social, cultural e político. Se

as sociedades tradicionais apresentam um maior nível de interação com a natureza, “É

preciso desconstruir o discurso que torna índios, seringueiros, ribeirinhos ‘naturalmente’

defensores da natureza e mostrar como esses grupos se construíram historicamente como

‘povos da floresta’”. (WOLFF,2001:257) ao contrário da sociedade moderna. Nesse

sentido, a sociedade que busca o desenvolvimento sustentável, deve assumir o fato de que

o seu alcance requer muito mais uma mudança de mentalidade, do que de simples ação

27

política de modificação do meio econômico, pois isto é conseqüência da descoberta de

novos padrões de sociabilidade e apropriação da natureza.

Por conseguinte, cabe ressaltar a importância da construção dos modos de vida e da

interação social no trato do ambiente. De fato, a apropriação dos recursos naturais é

resultado da herança histórica da própria sobrevivência das sociedades e dos rumos

econômicos que elas tomaram. Nesse contexto, a sustentabilidade, mais que um objetivo a

ser alcançado, é um valor inerente à sociedade, que determina não só seu padrão de

sociabilidade, mas seu modo de vida.

Assim, são tortuosos os caminhos a se percorrer para entender como o ambiente pode

afetar diretamente o modus operandi de uma sociedade, tornando seus hábitos e seu modo

de ver a realidade algo que retorne como uma intervenção cultural – dotada de significado

– na natureza. Assim, pensar a sustentabilidade a partir da injeção de idéias sobre o meio

ambiente em qualquer cultura requer abordar as característica e as necessidades do

processo de manutenção da vida e de reprodução daquela sociedade.

Dessa forma, este estudo buscou vincular abordagens tanto da antropologia culturalista,

como da estruturalista sobre constituição do processo de simbolização para entender as

formas de relacionamento entre homem e natureza a partir de diversas formas de o ver nas

ciências sociais, bem como em que medida esse tipo de relacionamento pode levar a uma

noção de particularidade de tratamento do ambiente de acordo com o modo de vida e a

visão de mundo de cada sociedade ou grupo cultural em foco.

28

1.1.2 PROPOSIÇÕES SOBRE A RACIONALIDADE AMBIENTAL: A CRISE

Colocada da forma acima, a questão do distanciamento da natureza, ao menos da orgânica,

faz parecer que toda a função da racionalização – e da consolidação da própria ciência

moderna, inclusive – foi um fator de autonomização da vida social em relação ao meio

ambiente, fazendo com que esse vínculo desaparecesse por completo. Nesses termos, há

que se ressaltar que o constante distanciamento dos meios e usos orgânicos/biológicos não

eliminou a influência dos processos naturais na vida em sociedade, pode-se afirmar,

contudo, que se criou a ilusão dessa superação.

De fato, a intensificação da utilização e conversão das matérias minerais – a energia fóssil,

por exemplo – e as descobertas da utilização das naturezas física e química através do

amplo desenvolvimento científico e tecnológico observado na modernidade, vincularam de

forma mais drástica a sociedade urbano-industrial à natureza, contudo, isso se deu em uma

ótica de desencantamento. Dessa maneira, importante ressaltar, neste aspecto, as palavras

de Maley (2004:70), ao analisar os escritos de Weber sobre o desencantamento do mundo:

Desencantamento apenas se manifesta completamente, e o manto só se torna

uma prisão de ferro, quando as formas racionais de atividade, organização e

tecnologia – ciência, capitalismo e burocracia – continuam a funcionar sem as

antigas justificativas religiosas. (tradução nossa)6.

Ou seja, o fato de se observar um incontestável desenvolvimento da ciência moderna,

principalmente a partir de meados do século XVIII, faz com que o foco da crença do

homem moderno se transfira da religião para a ciência e tecnologia. Nesse contexto,

continua Maley (2004:71): “Ciência e seus métodos provêm um molde universal para o

6 No original lê-se: “Disenchantment only manifests itself fully, and the cloak only becomes an iron Cage,

when rationalized forms of activity, organization and technology – science, capitalism, and bureaucracy –

continue to function without their formerly religious justification”.

29

progresso, ambos vistos como um crescimento da liberdade individual e/ou uma libertação

da humanidade dos costumes, tradições e superstições” (tradução nossa)7. O momento em

que estes três aspectos do tradicionalismo se esvaem da vida moderna representa, do ponto

de vista do tratamento dispensado à natureza pela sociedade, o ponto em que o elo

representativo do meio ambiente se desprende dos grilhões da prisão de ferro referida por

Weber.

Contudo, persiste ainda a indagação sobre como se pode afirmar o alargamento e a

intensificação do cisma entre sociedade e natureza. Isto se dá em função de dois principais

fatores: a exacerbação do conhecimento técnico-científico, principalmente nas ciências

físicas e químicas, permitindo à humanidade colocar-se acima da natureza; e ao processo

de criação de um ambiente urbano – em oposição ao ambiente natural – que ajudou a

consolidar essa visão de que a natureza poderia ser moldada e condicionada pela ação

social. Dessa maneira, sugere-se que a situação de crise ambiental que se afirma imperar a

partir da modernidade tardia decorre não da superação da natureza, mas sim de sua

desvinculação do modo de vida urbano-industrial-ocidental.

Assim, como forma de consolidar a idéia de crise ambiental e promover uma discussão

mais aprofundada sobre desenvolvimento sustentável e, em seguida, sobre a formatação de

uma macropolítica de gestão de resíduos sólidos em diferentes escalas, propõe-se a

seguinte análise: em primeiro lugar, tratar de forma mais pormenorizada a relação entre

ciência tecnologia e meio ambiente; em seguida, discorrer sobre a teorização da chamada

racionalidade ambiental; e, por fim, dispensar alguns comentários sobre como a

racionalidade moderna e o desenvolvimento sustentável, como propostas de solução à crise

7 No original lê-se: “Science and its methods provide a universal template for progress, seen both as

increasing individual freedom and/or the liberation of humankind from custom, tradition, and

superstition”.

30

ambiental, para a qual a gestão de resíduos se apresenta com expoente, tanto nas questões

política e econômica, quanto na ambiental.

Diante desse panorama, tem-se que a noção de racionalidade é um aspecto incrustrado no

imaginário social da modernidade. Dessa maneira, construiu-se uma análise no sentido de

demonstrar como a sociedade moderna afastou-se das relações tradicionais com o meio

ambiente, passando a vê-lo como um objeto a ser moldado tanto pela ciência como pela

tecnologia. Buscou-se afirmar, outrossim, que o resultado dessa forma de tratamento da

natureza provocou uma espécie de crise, ou, para manter a metáfora anterior: agrilhoou a

modernidade em uma prisão de ferro, que não só a separou do mundo natural, mas, com

isso, comprometeu a própria perpetuação da sociedade, uma vez que e questão ambiental

que se coloca hoje em dia, conforme apontam alguns diagnósticos, pode eventualmente

causar o fim da vida humana (MEADOWS,1972; IPCC,2009). Essa idéia fica clara, na

argumentação de Castro, para quem:

De fato, a crise ambiental pôs em marcha um movimento que questiona tanto as

normas de conduta e a identificação do desenvolvimento com a mera

acumulação de riqueza, como também a idéia de progresso como aspiração

recôndita da Civilização Ocidental. Com isso, pela primeira vez, a crença na

possibilidade de um progresso como dádiva a conquistar choca-se com a

sensação ameaçadora de que esse caminho que prometia o Paraíso poderá

conduzir ao Inferno da devastação ambiental e ameaçar de destruição a

civilização, a vida humana e a sobrevivência do próprio planeta.

(CASTRO,2007).

Dessa maneira, seguindo um eixo a abordagem da denominada Ecologia Política

(ROBBINS, 2012), propõe-se uma breve discussão sobre a sociedade, tal como exposta

anteriormente, do ponto de vista da racionalidade ambiental. Para tanto, leva-se em

consideração que, conforme dito anteriormente, decorre da relação entre mundo social e

mundo natural a forma de tratamento que é dada ao meio ambiente na modernidade. O

grande problema posto atualmente com relação a isto está no fato de que:

31

A dissociação dos termos indivíduo/sociedade/espécie rompe com a sua relação

permanente e simultânea. O problema fundamental passa a ser estabelecer e

interrogar o que desapareceu nesta dissociação: a própria relação entre os termos.

Assim, é imprescindível não apenas rearticular indivíduo e sociedade, mas

também efetuar a articulação, tida como impossível, entre a esfera biológica e a

esfera antropossocial. (MORIN,2002:22).

O que Morin evidencia com isso, é que todo o processo de construção da sociedade atual

se afirma nessa dissociação. Decorre disso, que a própria relação entre sociedade e

racionalidade enfrenta um problema, que se desenrola em uma crise, que não é apenas a da

ciência, do meio ambiente, ou da sociedade, mas do próprio modo de vida social. Nesse

sentido, destaca-se a incapacidade de toda a acumulação – de conhecimento, de recursos,

de experiências – do processo histórico vigente não ser capaz de avançar, em termos de

criação de novas alternativas aos desafios opostos à sociedade e a sua forma de vida.

Nesse contexto, as proposições dessa corrente se apoiam em alguns pressupostos que

cabem ser ressaltados. O principal deles, que também constitui o cerne a análise traçada até

aqui, reafirma o tipo de relação entre sociedade e meio ambiente. Conforme destaca Morin:

As sociedades humanas, enfim, longe de se desprenderem, constroem uma

ordem temporal sobre a ordem cósmica e os grandes ciclos ecológicos. As

sociedades arcaicas organizam-se em ‘microcosmos’ à imagem da sua visão do

‘macrocosmos’ e dedicam-se a impor o seu ritmo organizacional ao da eco-

organização. (2001:43).

Com isso pretende-se destacar que, para entender a problemática ambiental não basta

apenas objetivar questões como degradação ambiental, poluição, padrões de consumo, ou

mesmo mudanças climáticas. O entendimento dessa temática vai muito além do

estabelecimento de padrões e métodos mensuráveis quantitativa, ou qualitativamente, tal

empreitada requer a própria mudança na concepção de mundo que se tem atualmente. Isso

significa, para se apoiar em Kuhn (2007; 2006) e Prigogine (1996) que a própria vida em

32

sociedade e a relação entre os mundos social e natural precisam ser revistas. É nesta

concepção, que grande parte dos teóricos identificam a crise ambiental (LEFF,2006;

CASTORIADIS,2008) e vão além, colocando-a como crise – paradigmática, talvez – da

sociedade.

Nessa perspectiva, a crise ambiental se configura como a já afirmada prisão de ferro, da

qual a sociedade precisa desvencilhar-se “[...] até que seja queimada a última tonelada de

carvão fóssil” (WEBER,2001:131) e disso decorram todos os efeitos em termos de

manutenção e controle da vida. Há que se levar em conta, no entanto, um ponto para o qual

Castoriadis chama a atenção, trata-se da capacidade dos sistemas históricos e das

sociedades de criar necessidades para, então, satisfazê-las e justificarem sua permanência e

legitimidade. Segundo o autor:

Não há necessidades naturais. Todas as sociedades criam um conjunto de

necessidades para seus membros e os ensinam que a vida apenas vale a pena e

apenas pode ser vivida materialmente se aquelas necessidades são ‘satisfeitas’ da

melhor maneira possível. O que é especificidade do capitalismo no que diz

respeito a isso? Em primeiro lugar, é que o capitalismo apenas poderia ascender,

manter-se, desenvolver-se e estabilizar-se, mau grado os intensos conflitos dos

trabalhadores que rasgaram sua história, através dos quais se colocou no centro

das necessidades, aquelas que são econômicas [...]. Em segundo lugar, então, o

capitalismo triunfou em criar uma humanidade – para quem, maio ou menos,

essas necessidades são quase tudo o que conta na vida. Em terceiro lugar [...]

essas necessidades que o capitalismo cria da melhor maneira possível e pelo

maior tempo, o capitalismo satisfaz. (CASTORIADIS,2008:12. tradução nossa)8.

Esse é o principal ponto sobre o qual se debruça a crise ambiental propriamente dita e para

o qual os teóricos da racionalidade ambiental buscam uma resposta. De fato, o debate a

8 No original lê-se: “There are no natural needs. All societies create an ensemble of needs for the members

and teach them that life is only worth living and can only be lived materially if these needs are ’satisfied’ in

the best way possible. What is the specificity of capitalism in this regard? In the first place, it is that

capitalism could only arise, maintain itself, develop and stabilize despite the intense workers’ struggles

which have torn its history, through putting at the centre of all needs those which are economic. […] In the

second place, then, capitalism has succeeded in creating a humanity – for whom more or less, these needs

are just about everything that counts in life. In the third place […] these needs which capitalism creates as

best possible and for most of the time, capitalism satisfies”.

33

esse respeito incorpora uma série de discussões, tais quais: a falência da ciência em se

mostrar onipotente; a do modo de produção em satisfazer as necessidades naturais dos

seres humanos e da própria sociedade; e a crise de modo de vida vigente, representado pela

modernidade e a sua racionalidade.

Nesses termos, para alguns autores (e.g. LEFF, 2004, 2006; SANTOS, 2009) a única forma

de solução dessa crise é a superação da modernidade, incluindo-se todos os seus elementos

apresentados anteriormente, e a emergência de uma nova era: a pós-modernidade. De um

modo ou de outro, o que os autores da racionalidade ambiental defendem, na esteira da

complexidade, como forma de se transpor as barreiras necessárias à superação da crise, é

que:

A ecologia-ciência alimenta a ecologia-ciência com as suas inquietações e

exigências. A consciência ecológica não é apenas a tomada de consciência da

degradação da natureza. É a tomada de consciência, na esteira da ciência

ecológica, do próprio caráter da nossa relação com a natureza viva; aparece na

idéia de duas faces que a sociedade é vitalmente dependente da eco-organização

natural e que esta está profundamente comprometida, trabalhada e degradada nos

e pelos processos sociais. (MORIN,2001:111).

Essa posição subleva a questão do comprometimento social e mesmo individual com um

projeto histórico que reinsira a natureza na vida quotidiana. Contudo, não obstante se

entenda a pertinência e, mesmo, a emergência dessa atitude, atenta-se para as

recomendações de Castoriadis (2008) a respeito das necessidades que o sistema atual é

capaz de suprir, mantendo-se socialmente legítimo. Ademais, há que se considerar as

amarras criadas tanto pelo sistema de racionalidade vigente (MARCUSE,1999;

PRIGOGINE, 2002), quanto pela dita ciência normal (KUHN,2007) que, por abrangerem

grande parte do imaginário social, se perpetuam e criam resistências, no sentido de buscar

34

alternativas e soluções, as vezes inexistentes, no conhecimento já disponível à sociedade,

ao invés de primar por novas formas de pensamento.

Nesse sentido, há que se ressaltar as palavras de Walker que representam um bom exemplo

de como determinados eixos da sociologia ambiental vêem a problemática da natureza e,

ao contrário da complexidade, reduzem ainda mais o seu escopo de atuação:

A sociologia ambiental deve ter um interesse específico, mas ela deve ser

fundada nas considerações gerais das relações entre humanos-meio ambiente,

assim como as ciências ambientais devem levar em conta uma ciência geral mais

ampla. Em particular, deve-se levar em conta que as mudanças antrópicas

[human-induced] na natureza são, em si, de muito pouco interesse. Elas apenas

tornam-se mudanças ambientais quando elas agem de volta nos assuntos

humanos. (2008:82. grifo do autor. tradução nossa).9

Esse tipo de abordagem, não obstante resulte em um reducionismo quanto ao campo de

atuação das ciências sociais no estudo do meio ambiente, abre espaço para uma crítica

dispensada à idéia de racionalidade ambiental. Com efeito, embora se julgue de grande

importância a contribuição desses estudos para o entendimento da relação entre os mundos

social e natural, em grande parte das teorizações conforma-se um tom manifesto,

propositivo de um modelo de sociedade que se auto-intitula pós-moderno, mas sem

parâmetros delimitados que caracterizem a fundação de um novo projeto histórico. Para o

bem ou para o mal, esse tipo de argumentação, encontrado com muita freqüência em Leff

(2004, 2006), Morin (2001, 2002), Boaventura de Souza Santos (2009) e em Woodgate e

Redclift (2008), aborda a temáticas fundamental do padrão de elaboração e difusão do

conhecimento tal qual ocorre na sociedade atualmente.

9 No original lê-se: “Environmental sociology may have a specific interest, but it must be grounded in the

general account of human–environment relations, just as the environmental sciences must be grounded in

wider general science. In particular, it needs to be realized that human-induced changes in nature are in

themselves of very little interest. They only become environmental change when they act back on human

affairs”.

35

Nesse sentido, em uma ótica complexa, a racionalidade ambiental propõe a transposição

dos conhecimentos isolados das ciências racionais modernas (MORIN, 2002), de forma a

integrar os diversos saberes – científicos e tradicionais – em uma nova forma de análise da

sociedade e da natureza, no intuito de se responder à crise atual do modo de vida social.

Dessa forma, segundo Leff, a racionalidade ambiental responde a uma epistemologia

ambiental que:

[...] é uma política do saber que tem por ‘finalidade’ dar sustentabilidade à vida;

é um saber para a vida que vincula as condições de vida únicas do planeta com a

enigmática existência e o desejo de vida do ser humano. A epistemologia

ambiental leva a mudar as circunstâncias da vida, mais do que a internalizar o

ambiente externalizado da centralidade do conhecimento e do cerco do poder de

um saber totalitário. (LEFF,2004:20).

Dessa forma, o autor busca, para além do conhecimento científico moderno, novas formas

de elaboração da relação entre ambiente e sociedade para justificar o campo de atuação

dessa racionalidade. Contudo, há que se levar em conta que essa proposta de mudar as

circunstâncias da vida para por fim a uma crise e permitir a reapropriação da natureza

requer uma ruptura – paradigmática; mais que isso, demanda a própria refundação da

sociedade. Não obstante a relevância propositiva e a necessidade desse tipo de atitude, há

que se levar em conta as advertências de Kuhn (2007) a respeito das resistências às

mudanças de concepção de mundo provocadas pelo surgimento de novos paradigmas e

respostas às crises científicas.

Esse tipo de advertência se faz necessário, pois Leff, em grande parte de seus escritos,

pressupõe a emergência e a aceitação desse saber ambiental, principalmente quando rejeita

os processos e os métodos da ciência racional moderna. De fato, para o autor:

A complementaridade dos valores objetivos e subjetivos atribuídos à natureza na

construção de uma racionalidade ambiental demanda novas aproximações que

36

permitam integrar a valoração das condições ecológicas de sustentabilidade e os

significados e sentidos da natureza construídos a partir da cultura – através das

identidades que se forjam na relação entre o material e o simbólico – que se

expressam nos direitos comunitários e ambientais das populações indígenas e

camponesas para a reapropriação de seu patrimônio de recursos naturais.

(LEFF,2006:61).

Isso pode ampliar um eventual movimento de resistência, ou mesmo intensificar as práticas

e técnicas científicas atuais para tentar prover uma solução que não fuja aos preceitos da

modernidade para essa crise ambiental. Ademais, aventa-se a possibilidade de que esse

novo discurso, se apropriado de maneira incorreta (BOURDIEU,2007:10), promova

apenas uma nova racionalização – em oposição a uma nova racionalidade – da natureza,

através de uma mercantilização do meio ambiente (LEFF,2006) e a uma política

assistencialista – de controle e restrição às populações tradicionais – para o fim de se

manter uma natureza intocada, ou apenas utilizada para a perpetuação do modo de vida

atual em uma ambiente mais ameno.

Nessa perspectiva, considerar uma proposta de racionalidade ambiental remonta à crença

na mudança da cosmovisão social. Mais que isso, reputa aceitar que seja possível o

estabelecimento parâmetros claros e disponíveis a todos para que, com isso, se avance ao

novo estágio da sociedade, pós-crise, em uma pós-modernidade (LEFF,2006;

MORIN,2001). Embora não se divirja desse ideal, há que se considerar, em primeiro lugar,

que o que se modifica em uma virada epistemológica não é o mundo, mas a visão –

Gestalt10

– que se tem dele (KUHN,2007) e que, além disso, a transitoriedade dessa

mudança demanda tempo e o enfrentamento de resistência. Mais importante, não se pode

perder de vista que se está contrapondo um sistema histórico recente – de apenas 200 anos,

10

Para Kuhn, a idéia de gestalt está ligada à novas formas de se ver, cientificamente, situações já

familiarizadas de outras maneira, por meio da ascensão de novas formulações e teorias científicas. Sobre o

assunto Cf. Kuhn (2007:147-183).

37

se comparado aos 1000 do feudalismo – e que tem um poder de reinventar-se e de

legitimar-se e que se empenha em manter-se com uma profunda tática de eficiência.

Em segundo lugar, é necessário ter em mente que esses processos de ruptura científica,

denominados revoluções por Kuhn, mesmo que via de regra não possam ser plenamente

aplicados às ciências sociais e humanas, a não ser de forma analógica, são revestidos de

uma característica muito peculiar: a de que “[...] as revoluções sejam quase totalmente

invisíveis” (KUHN,2007:175). Para o autor, o que garante a perpetuação de um novo

paradigma, de uma nova visão de mundo que, nesses termos, altere o próprio mundo –

como pretende a racionalidade ambiental – é o fato de ela ser paulatinamente absorvida

como mudança. E, nesse ponto, há que se fazer uma crítica mais acentuada às proposições

da complexidade, principalmente as referentes às idéias de racionalidade ambiental: a de

que adquirem um tom extremamente manifesto (LEFF,2004, 2006; MORIN,2001, 2002),

apresentando-se em muitos momentos como modelos ou planos a serem implantados.

Dessa maneira, o que se pretende mostrar é que, embora as proposições sobre a

racionalidade ambiental apresentem um protótipo do que pode vir a ser uma solução à dita

crise atual e ao tratamento de questões política e de gestão do espaço público, como os

resíduos sólidos, da sociedade na sua relação com o meio ambiente, deve-se adotar certa

parcimônia em sua utilização deliberada. Com efeito, muitas das proposições e críticas

dispensadas pelos autores citados à sociedade e à ciência e a como ambas tratam a

natureza, são de extrema pertinência e devem ser levadas em conta. Nesse contexto, essa

análise, mau grado as críticas e registros pontuais expressos acima, se justifica, pois serve

contribuição ao estudo de um dos conceitos mais bem tratados por esses teóricos,

principalmente por Leff (2006)

38

1.2 CULTURA POLÍTICA E ESPAÇO PÚBLICO: O LUGAR DO

URBANO E A SUSTENTABILIDADE

Conforme visto nas páginas acima, situar a questão ambiental e o espaço urbano na

contemporaneidade é mover uma discussão acerca da cultura. As bases formadoras da

modernidade, sua gênese no processo de racionalização da vida e o surgimento das

formações urbanas da sociedade moderna implicaram em uma consolidação da Cidade

como espaço público por excelência. Espaço este entendido com lócus do debate político,

da formação de opiniões e posicionamentos, como ponto de formação de uma cultura

política eivada de pressupostos iluministas, alheia a uma consciência ambiental e imersa

em uma instrumentalização da vida e de sua gestão em massa.

Dessa forma, discutir sustentabilidade e o urbano requer discutir a apropriação política do

meio ambiente no debate e na formação da sociabilidade contemporânea. Sendo fruto de

uma formação inconsistente, a sociedade atual - contemporânea - em certos aspectos

reafirma pressupostos da modernidade - e.g. o aspecto econômico; a formação da

democracia - em outros os nega ou não os alcança - e.g. a satisfação e o acesso a direitos -

e em outros, ainda, busca transpô-la - e.g. o tratamento do meio ambiente (LATOUR,

2009; GIDDENS, 1991). Dessa maneira, para se fazer uma análise da aplicação de uma

macropolítica de gestão de resíduos sólidos, faz-se necessário entender sua aplicação do

ponto de vista da cultura política e do espaço público na qual verifica-se sua inserção.

Assim, a idéia do urbano como espaço público por excelência remete à ideia de ação social

e, mais especificamente, à questão da participação e cidadania (TEIXEIRA, 1997;

DAGNINO, 2004). Estes aspectos da questão política moderna trazem consigo a demanda

de apropriação do debate, do reconhecimento das questões fundamentais à sociabilidade e,

39

por consequência, de domínio das questões que envolvem o domínio decisório sobre o

próprio modo de vida. Nesse ponto, assumindo-se o meio ambiente como fator central do

debate contemporâneo, pode-se dizer que sua apropriação discursiva e do ponto de vista da

ação social é fundamental para o entendimento de qualquer estratégia de gestão de

questões ligadas à sustentabilidade.

Contudo, embora pareça dada a necessidade de incorporação da questão ambiental ao

debate político urbano, sua efetividade é questionável. Isso decorre de uma série de fatores,

dentre os quais se pode mencionar o próprio enfraquecimento da formação de uma

sociedade civil organizada no pós-década de 1990 (LAVALLE, 2003); as deficiências na

formação de uma consciência cidadã, baseada no reconhecimento (DAGNINO, 2004) e em

estratégias discursivo-simbólicas capazes de mobilizar a participação e fomentar a

visualização de objetivos sociais comuns (TEIXEIRA, 1997); e a afirmação de um

momento histórico de confusão estrutural quanto à noção de público, movida por um

sistema econômico que diminui o foco nas questões político-institucionais e o enfatiza nos

aspectos de consumo (DAGNINO, 2004; WANDERLEY, 1996; OLIVEIRA, 2007).

Assim, o que se vê é a histórica diminuta relevância na natureza na questão social, movida

pelos aspectos de formação da sociedade moderna (WEBER, 1980; MARX, 2003) ser

relegada a um aspecto político elitizado (SANTOS, 2009) e distante do âmbito do

entendimento do e da formação do espaço público (RANCIÈRE, 1995; FOUCAULT,

2002; 2008).

Nessa perspectiva, destaca-se que a questão ambiental e o próprio debate da

sustentabilidade são relegados, dado esse contexto, à questão da gestão e não ao aspecto da

relação saber-poder que move a política no espaço público e a vida urbana. Por

conseguinte, conforme se discute nos próximos capítulos, faz-se necessário discutir como o

40

meio ambiente urbano é tratado com espaço de gestão racionalizada e não um espaço

público por excelência. Com isso, busca-se enfatizar os aspectos relacionados a como as

ditas macropolíticas de gestão ambiental, em especial a de resíduos sólidos, são

instrumentalizadas em puros mecanismos de gestão da vida e em tecnologias de poder que

se utilizam de um cultura política própria da modernidade para reforçar um modo de

tratamento do espaço público que não envolve a participação social e os aspectos de

reconhecimento no processo político.

Discutir espaço público no Brasil representa um grande desafio para as ciências sociais na

atualidade. O país enfrenta um período de grandes mudanças no que se refere ao ambiente

regulatório, acompanhando uma tendência internacionalmente orientada de, num ambiente

de globalização, de definição de macropolíticas de gestão do espaço público. Isso indica,

uma reelaboração do papel e das bases de atuação de Estado e Sociedade Civil, de forma a

repensar como esse espaço público se apresenta, bem como as expectativas desses agentes

sociais e sobre eles vertem-se ao ápice das discussões sobre os caminhos das instituições e

da própria sociedade.

Nesse contexto, considerar as diversas escalas das macropolíticas de gestão do espaço

público como um fenômeno determinante, implica pressupor que há fatores exógenos à

ação do Estado Nacional que influem em sua formatação e na formatação da sociedade

civil. Isso indica, ao mesmo tempo a possibilidade de identificação de novos atores que

não se limitam à esfera de ação local, o que reveste essa relação política de aspectos de um

processo que parece inclusivo e democratizante, capaz de reunir em redes a Sociedade

Civil.

Contudo, dada a especificidade de atuação dessas no âmbito dessas macropolíticas, como a

de Resíduos Sólidos, depara-se com um Espaço Público que, na tentativa de ser visto

41

enquanto campo de ação universal, acaba por simultaneamente fragmentar, dentro da

especialidade de sua temática, os espaços de formação da cultura política. Nesse sentido,

para se discutir as questões relacionadas à gestão da macropolítica representada pelo

Regime Nacional de Resíduos Sólidos e suas implicações em ermos de

ecogovernamentalidade e seus reflexos sobre a participação social na política, faz-se

necessário ampliar o debate sobre Sociedade civil no Brasil contemporâneo.

1.2.1 RUMOS DA SOCIEDADE CIVIL NO BRASIL: DA DITADURA À ERA

GLOBAL

Os discursos de atuação de uma Sociedade Civil no Brasil remontam ao período da

Ditadura Militar de 1964-1984. Os estudos sobre esse momento histórico-político tendem a

identificar uma profusão de movimentos por vezes políticos, por vezes organizados, cuja

finalidade vertia para a reivindicação de uma ordem democrática de direitos. Essa

Sociedade Civil polarizava o meio nacional, no qual o espaço público era entendido

enquanto meio da atuação estatal, em oposição ao espaço social, reservado ao restante da

sociedade organizada ou não (GRAU, 1998).

Nesse sentido, faz-se pertinente a posição de Oliveira (2007), que identifica nesse

momento histórico uma era de inovação política, na qual a oposição Estado-Sociedade

apresentava-se enquanto motor de uma discussão interna sobre os rumos do país e seu

projeto de nação. Nesse contexto, o que se via era uma forte controle político institucional,

baseado na ação policial do Estado contra a Sociedade Civil, mas que não tinha por fim

uma harmonização de objetivos entre estes dois agentes sociais, muito pelo contrário,

desvendava uma luta política intermitente para assegurar direitos, dentre os principais,

42

destacava-se a criação de uma ordem democrática autônoma. Dessa forma, identifica-se

nesse período vínculos fortes de solidariedade entre os movimentos sociais, que embora

tivessem objetivos exclusivos – movimento operário, movimento negro, movimento

feminista, etc. – reconheciam em valores comuns a serem alcançados como forma de

melhor viabilizar seus objetivos.

Dessa maneira, o fim do estado de exceção em 1984 representa um novo marco no

entendimento do Espaço Público no Brasil. De fato, o reconhecimento de alcance de um

fim político conjunto – o fim da ditadura – e a efetivação de direitos como o sufrágio e a

anistia, foram um ponto de apoio que colocou a Sociedade Civil como agente no espaço

público. Isto se consolida com a institucionalização da esquerda política na forma de

partido e a posterior ação conjunta de esquerda e movimentos na Assembléia Nacional

Constituinte (OLIVEIRA, 2007; GRAU, 1998; NOGUEIRA,2004).

Considera-se, assim, o momento de instauração da Nova República o ápice da reafirmação

e reconhecimento do papel da Sociedade Civil na construção de um Espaço Público

Democrático. Isso, contudo, não caracterizou uma formação de cultura política

participativa o suficiente para consolidar os movimentos nos mesmos laços de

solidariedade antes vistos (LAVALLE, 2003). É assim que Oliveira (2007) vai ver uma

gradual particularização dos movimentos sociais, voltados para a ação política restrita às

temáticas fundamentais de sua militância.

De fato, ao raiar de uma ordem democrática, os movimentos e demais organizações da

sociedade civil nascentes (Organizações Não-Governamentais, ONGs), apresentam-se

então à busca de seus objetivos intrínsecos, realizados em seus espaços específicos,

localizados espacial, ideológica e funcionalmente (WANDERLEY, 1996). As implicações

disto são as mais diversas possíveis, ao mesmo tempo em que a ampliação dos números de

43

organizações da sociedade civil se mostra profusa, vê-se o agravamento das questões

sociais que esse amontoado de organizações não dá conta de combater (DAGNINO, 2004).

Nesse sentido Telles argumenta exemplificativamente que:

Isso que a Literatura vem designado como novo associativismo popular poderia

(ou deveria) ser visto como um campo variado de práticas que mobilizam redes e

circuitos muito diferentes na sua história interna, nas suas extensões, na natureza

de suas vinculações e implicações nas dinâmicas locais: ‘entidades sociais’ e suas

parceria com os poderes locais para a implementação de programas sociais

diversos; ONGs com suas vinculações em redes de extensões variadas; partidos

políticos e seus agenciamentos locais; movimentos de moradia e suas articulações

políticas; associações comunitárias ancoradas na histórica local; igrejas e

congregações evangélicas que vêm se proliferando pelas periferias da cidade com

práticas associativas em torno de suas comunidades de fiéis.

O fato é que, se a tragédia social está estampada em nossas ruas e registrada nos

inúmeros indicadores sociais hoje disponíveis, entender os processos está longe de

ser simples.[...]

É ainda uma sociedade atravessada por processos societários inéditos e novas

formas de sociabilidade, de subjetivação e construção de identidades, além de

novos padrões de mobilidade e acesso aos espaços urbanos e seus serviços [...].

(TELLES, 2006:51)

Nestes termos, falar na formação de uma cultura política na sociedade civil dos dias de

hoje, considerando-se o contexto de adoção de macropolíticas, remete ao debate sobre

quais organismos sociais a integram e vai mais além, pois requer um olhar aprofundado

sobre a amplitude da ação social no espaço público, sobre suas relações com o Estado e

com entidades estatais. Em suma, deve-se verificar em que medida essa pulverização das

entidades da sociedade civil comprometem sua atuação seja por sua restrição espacial, ou

pele seu vínculo financeiro com governos que pode influenciar no arrefecimento de sua

capacidade crítica (DAGNINO, 2004). Além disso, é de grande interesse verificar o status

da solidariedade – em termos de comunhão de objetivos ou mesmo de divisão do trabalho

social – entre essas organizações em um momento em que a ampliação do espaço público

introduz novas dinâmicas na vida política e social.

Dessa maneira, faz-se mister abordar as novas configurações do Estado enquanto entidade

reguladora da vida em sociedade. Mais ainda, é necessário apontar como a mudança na

44

percepção do espaço público e processos políticos como a democratização e a abertura

econômica influenciaram nessa mudança e como isso influi nos processos de participação

na gestão das macropolíticas.

1.2.2 ESTADO E FRAGMENTAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO

O fim da Era Vargas é responsável por um novo momento político e social – e porque não

econômico? – na história nacional. O novo regime democrático, amplo e irrestrito, que se

segue, coloca o Brasil, enfim, em um ciclo de crescimento industrial pautado pelo trabalho

assalariado e pelo grande capital; a sociedade brasileira reafirma-se enquanto sociedade de

classes e o meio urbano torna-se o destino e o lócus da ação social e da sociabilidade. O

Golpe militar de 1964, contudo, traz um revés a esse quadro de democratização, mas

inaugura uma era de inovações políticas e econômicas que apresenta novos reflexos quanto

à urbanização e a sociabilidade nacionais.

Para Francisco de Oliveira, a ditadura inaugura um processo de inovação na história das

relações sócio-políticas do Brasil. O Governo Autoritário, segundo o autor, “[...] promoveu

uma aceleração na transformação das forças produtivas, logrando um crescimento

econômico que elevou a média da expansão capitalista nos últimos 50 anos, como ficou

reconhecido nos anos do ‘milagre brasileiro’” (2007:17). Bem ou mal, esta foi a mola

propulsora da consolidação de uma intensa relação de classes, dando estatura à burguesia

nacional – representada pelo Estado Ditatorial – e revelando a profundidade do abismo

social provocado pelo capitalismo industrial urbano – exposto pelo forte movimento

libertário contra a ditadura.

45

Nesse contexto, verifica-se o afloramento e intensificação das atividades dos movimentos

sociais e o nascimento de um eixo cultural crítico, expresso no cinema novo e na tropicália.

O período militar foi também o momento de internalização das decisões políticas e do

planejamento nacional (OLIVEIRA, 2007), conjugados nas mãos de um estado forte e

autocrático, cuja posse dos meios de produção dava um novo norte às formas de controle

das classes trabalhadoras. Cabe ressaltar, contudo que:

[...] o golpe não significou uma mudança de modelo, senão que as exigências do

processo de acumulação da industrialização substitutiva requeriam radicalização

do controle do novo ator fundamental – o proletariado – e uma acumulação

primitiva ainda mais profunda. E não significou uma nova sociabilidade.

(OLIVEIRA, 2007:19).

De fato, o que a Ditadura fez foi intensificar os mecanismos de controle da Classe

Trabalhadora criados no primeiro período Vargas. A mudança no padrão da sociabilidade

vai surgir, segundo o autor, justamente da reformulação do movimento sindical e das

organizações de classe, em forte oposição a uma “política policial”. Esse movimento da

classe trabalhadora – dentre outras, como a artística – vai levar às sublevações populares

que dão causa à democratização, fruto da luta popular e do próprio desgaste do regime

autoritário.

Com a Nova República, nesse contexto, nasce o afã de expansão dos direitos civis, sociais

e coletivos e, dada a inusitada participação popular na formulação política, a Constituição

de 1988 rompe – ao menos parcialmente – com o modelo elitista de delegação da ordem

jurídica e social herdado do período colonial. Esse momento histórico é característico

também da consolidação de uma mudança lenta e gradual da moral do trabalho, que passa

a ter mais valor social.

46

Isso, no entanto, não significa o ponto final da formação de uma cultura política no Brasil;

parece jocoso, mas o “demônio” cujas intenções não eram das melhores, referido por

Sérgio Buarque de Holanda na década de 1920 (2006), parece finalmente ter se mostrado

por completo. Conforme aponta Oliveira, a Nova República depara-se com um momento

histórico internacional completamente diferente do da era das inovações. Sua principal

característica está em que:

A acumulação de capital nas economias líderes do desenvolvimento havia gestado

um progresso técnico que elevou a produtividade do trabalho a níveis tão elevados

que, de fato, parecia que o consumo do trabalho vivo de uma parte ponderável da

força de trabalho começava a ser irrelevante [...] (2006: p.25).

Deparou-se, assim, com uma intensificação das relações financeiras internacionais, da

criação de grandes conglomerados industriais mundiais, marco de um processo hora

denominado de Globalização, hora de financeirização, consubstanciado em um apego

acirrado à ideologia neoliberal e no enfraquecimento do Estado enquanto agente de

mudança e coesão social e tornando-o mero regulador da vida. Nesse novo contexto

mundial, o país completamente voltado para uma realidade urbana, em que o trabalho

constitui a categoria primordial de sociabilização (OLIVEIRA, 2007:27), vê-se em uma

forte contestação enquanto agente de mudanças. A ordem social é posta a prova por

fenômenos como a favelização e colombianização das periferias.

Nesse sentido, o que se tem é um Estado apto a garantir a satisfação de direitos e cada vez

mais atuante como ente criador de estratégias de gestão, assumindo um papel diretivo da

sociedade e de controle da sociedade, tudo isso aliado a uma vinculação a uma ordem

externa, o que paulatinamente prejudica e enfraquece suas bases de sustentação e

legitimidade. Ao mesmo tempo, verifica-se a ausência de uma sociedade civil integrada

para fazer frente a essa debilidade política e tentar refundar as bases da organização

47

política nacional. Nesse sentido, cabe falar na fragmentação de um espaço público que

historicamente migrou do domínio puramente estatal, passando por um domínio

compartilhado entre estado e sociedade e que não encontra atualmente agentes

politicamente organizados e com uma força integrativa para reger as relações sociais

nacionais (GRAU, 1998).

1.2.3 FRAGMENTAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO: A SOCIEDADE CIVIL NO PÓS-

DÉCADA DE 1990

O início da década de 1990 representou um momento de promessas, decorrentes uma

democratização, representativa de um Estado ao qual não se deveria combater, mas

controlar. O Espaço Público, por sua vez, mostrava-se propício à discussão política, à

atuação de movimentos, partidos e à ampliação de uma Sociedade Civil Organizada. A

nova democracia, além disso, pedia uma reestruturação do Estado, uma reforma que o

aproximasse da sociedade e ampliasse o espectro de visão desta sobre os atos desse. Nas

palavras de Wanderley:

[...] os movimentos populares suscitaram promessas e trouxeram contribuições

valiosas para o processo de redemocratização do Brasil, com todas as

ambigüidades que a democracia representativa traduz, há um grande consenso no

sentido de mostrar que sua atuação coletiva propiciou uma transformação de mão

dupla no Estado e nos movimentos populares, conduzindo-os a mudar seus

discursos e práticas em conseqüência dos conflitos que envolvem ambos e da nova

situação política instalada no país. [...] Quaisquer que sejam as interpretações

sobre esse sentido e os resultados dos movimentos sociais nas últimas décadas,

não se pode ignorar que as ações empreendidas por eles forjaram a instituição de

um novo espaço público, obrigando a reconceituações de cunho teórico e prático.

(1996:100)

Nesse sentido, a sociedade civil desponta como grande promotora dos vínculos sociais e o

Estado é posto em segundo plano. Argumenta-se, inclusive, que falar em Estado enquanto

48

agente do Espaço Público a partir da década de 1990 seria um retrocesso (GRAU, 1998).

De fato, Nogueira (2004) argumenta que o Estado que antes era visto como provedor de

uma coesão social, enquanto minimizador dos particularismos da sociedade nacional, passa

a ser afastado do meio público, em nome de uma sociedade mais atuante. Esse tipo de

visão foi responsável pela distorção de idéias como a de público-não estatal, utilizada

como forma de justificar a descentralização das políticas estatais através de organismos da

sociedade civil (PEREIRA; GRAU. 1999).

Reafirmando a contribuição de Oliveira para entender esse momento histórico expresso na

indeterminação político-social e econômica, destaca-se que “A sociabilidade centrada no

trabalho não pôde resistir, e a vitória ideológica do capital transformou-se em uma guerra

de todos contra todos” (2007:35). Nesse ínterim, os centros urbanos se transformaram em

um campo de batalha, no qual a violência e a marginalização dão constante impulso a um

movimento de individualização e privatização da vida. A aclamada dicotomia

Global/Local mostra sua verdadeira face; o local é o espaço da opressão, da restrição da

sociedade civil a um espaço público construído para aprisioná-la; o global, por sua vez, é o

lócus do grande capital, anônimo e concentrado em bolhas financeiras virtuais.

Isso revela, por fim, uma patente fragmentação do espaço público, consubstanciada na

vinculação de organizações da sociedade civil a um Estado cuja capacidade de mobilização

social se viu enfraquecida, de uma forma que elas atuem em um âmbito cerceado, sem uma

consciência de movimento político-social ampliado e com finalidades comuns. O espaço

público, assim, encontra-se dividido entre particularismos, privatizado em termos de

alcance das políticas direcionadas por organismos sobre os quais não há um controle

transparente. Nestes termos, destaca-se a insuficiência de mecanismos de coesão social na

49

atualidade, vez que ambos estado e sociedade vêem-se constrangido pelos aspectos

meramente econômicos do processo de globalização.

Nessa perspectiva, para se tratar da questão da Ecogovernamentalidade no próximo

capítulo, é necessário entender que a formação histórica da sociedade civil brasileira é

composta por processos que confluíram na formação de uma cultura política de baixa

participação e que tem como palco um espaço público fragmentado. Ademais, levando-se

em conta que a contemporaneidade dessa sociedade brasileira caracteriza-se por uma

formação tardia do projeto da modernidade, tem-se que o excesso de racionalização da

vida em macropolíticas de gestão dessa vida e o distanciamento do aspecto ambiental

contribuem para a ampliação da problemática relacionada à sustentabilidade

socioambiental do manejo de resíduos sólidos urbanos, conforme discutido no último

capítulo.

50

CAPITULO II

ECOGOVERNAMENTALIDADE: CULTURA POLÍTICA NO

BRASIL E MACROPOLÍTICA RESÍDUOS SÓLIDOS

Política é a arte de organizar os laços ou forças de ligação que abrangem grandes

grupos de até milhões de membros, e para além disso numa esfera de elementos

comuns – seja o elemento comum nefasto do sofrimento sob a tirania ou o

elemento comum saudável de uma cooperação entre pessoas cooperantes na

democracia (SLOTERDIJK, 1999:32).

Discutir a formação de regimes políticos nacionais de gestão, em particular de gestão de

questões ambientais, representa um aspecto de visualização de uma tentativa de resposta

institucional à “falha” no projeto moderno quanto à incorporação do maio ambiente à

noção de espaço público. Ao se tratar esses regimes como “macropolíticas”, busca-se

enfatizar um contexto em que não se vê um mero mecanismo de gestão, mas uma

tecnologia complexa e altamente tecnificada e racionalizada de gestão do espaço, do

ambiente e da vida em sociedade. Assim, a idéia de macropolítica tal qual como colocada

nesta tese, tem por finalidade destacar o fato de que há um regime de verdade inserido na

criação e gestão da política pública e que esse aspecto caracteriza o ponto fundamental de

como, por meio dessas estratégias políticas, se amplia a fragmentação do espaço público.

51

Dessa forma, o debate das questões relacionadas à idéia foucaultiana de

governamentalidade em seu aspecto de “gestão do meio ambiente” é tomado nessa tese sob

o conceito cunhado por autores da Ecologia Política como “ecogovernamentalidade”. A

noção de ecogovernamentalidade, assim, toma por base o monto das relações de saber-

poder, no contexto biopolítico colocado identificado Foucault (2009) como “Estado

Liberal”, ou seja, num contexto em que os aparatos institucionais agem no espaço público,

por meio de mecanismos e tecnologias de controle da vida, utilizando-se para isso das

estratégias da economia liberal, com fundamento no mercado e pouca relevância para a

sociedade civil.

Nessa perspectiva, no contexto da macropolítica de resíduos sólidos, conforme se discute

neste capítulo, são paradigmáticos os seguintes aspectos: a coordenação da gestão de

resíduos sólidos com outras macropolíticas nacionais, como a de mudanças climáticas e a

de saneamento; a estruturação da “política” em escalas de atuação institucional do Estado,

em suas diferentes esferas administrativas e federativas; a criação de mecanismos incentivo

às escalas produtivas econômicas para a gestão dos resíduos sólidos; o enfoque na

responsabilidade do “consumidor” na gestão da política, eliminando qualquer aspecto de

cidadania para além do consumo; e o retorno do paternalismo e do estado-providência no

tratamento dos movimentos sociais de catadores de resíduos, mas, desta vez,

constrangendo-os a adoção estrita e conformação de suas atividades aos limites técnicos da

política. Assim, há que se atentar para maneira como essas questões surgem no processo de

gestão de resíduos e em que medida estão eivadas e fundamento, estruturam e reproduzem

uma cultura política que minimiza os aspectos de participação da sociedade civil,

maximiza o papel do mercado e consolida o Estado com agente de controle da vida.

52

2.1 POLÍTICA OU POLÍCIA? ECOGOVERNAMENTALIDADE E

AS MACROPOLÍTICAS AMBIENTAIS

O debate sobre governamentalidade, assim, e sua aplicação ao entendimento de questões

de gestão dos mecanismos de regulação ambiental – o que Agrawal (2005) chamou de

environmentality ou ecogovernamentalidade – representa um aspecto de ampliação da

esfera de análise das políticas de meio ambiente, tomando em consideração a dicotomia

poder/conhecimento, as instituições implicadas nas questões ambientais e as subjetividades

dos indivíduos.

A amplitude de tal discussão, contudo, deve levar em conta o âmbito da produção e

reprodução da própria política, seus diversos níveis e escalas e as relações de poder

envolvidas. Com isso, centrar o estudo sobre as relações entre gestão de resíduos sólidos

no Brasil sob o ponto de vista de uma biopolítica requer, inicialmente, trabalhar com

indagações do tipo: Qual o âmbito da Política? Onde se dá o plano de sustentação dos

mecanismos de harmonização social? A quem importa a adoção de medidas capazes de

garantir a vida?

A resposta a essa problemática, ao menos no que diz respeito às sociedades modernas,

parece concentrar-se e mesmo reduzir-se no aparato de Estado, enquanto ente capaz de

gerir a vida através de tecnologias de saber-poder. Contudo, em uma visão mais ampla e

levando-se em conta a sociedade contemporânea, uma abordagem mais aprofundada

permite ampliar esse enfoque para uma série de grupos, instituições e organizações que

ultrapassam o limite do próprio Estado em si, conforme discutido no capítulo anterior.

53

Nessa perspectiva, se em um primeiro momento o debate sobre a ecogovernamentalidade

se concentra no Estado, ente totalizador, que congrega as estratégias de disciplina e

controle (FOUCAULT, 2002) como forma de garantir a vida e permitir a morte; o

aprofundamento das discussões sobre a relação saber-poder em termos de meio ambiente,

resulta em uma argumentação sobre as capacidades de poder de outros atores em atuar na

produção de regimes de verdade (FOUCAULT, 2008) principalmente em questões

ambientais (OELS, 2005; AGRAWAL, 2005). Novas formas de governança com mais

mercado e menos governo, mais sociedade civil e menos Estado (ANDONOVA, 2010;

OELS, 2005) ampliam-na. Segundo Dean (2003), esta tendência leva a que seja necessário

investigar como diferentes “locais” são constituídos como autoritativos e com poder, como

diferentes agentes se constituem com poderes específicos e como diferentes domínios são

constituídos governáveis e administráveis.

Mas será esse, apenas, o âmbito da Política? E, mais profundamente, ao se falar em como

tomar medidas para agregar escalas múltiplas de reprodução de práticas de gestão, as

atitudes dessa entidade extrapolariam o âmbito da Política ou nem chegariam a promovê-

la? E, assim, em que medida outros atores seriam capazes de contribuir ou mesmo

competir com o Estado na promoção de um regime de verdades sobre meio ambiento e,

para o caso específico deste ensaio, para o regime de mudanças climáticas?

Nessa perspectiva, ao se trazer o discurso sobre meio ambiente urbano na gestão da

macropolítica de resíduos sólidos, considerando-se os níveis nacional, regional e local,

para o âmbito dos regimes de verdade e, além disso, relacioná-lo com a produção e a

reprodução da biopolítica, depara-se com a questão da relação entre poder e conhecimento

(AGRAWAL, 2004; DEAN, 1999; OELS, 2005). Há que se levar em conta, dessa maneira,

que:

54

Há política porque o logos nunca é apenas a palavra, porque ele é sempre

indissoluvelmente a contagem que é feita dessa palavra: a contagem pela qual uma

emissão sonora é ouvida como palavra, apta a enunciar o justo, enquanto uma

outra é apenas percebida como barulho que designa prazer ou dor, consentimento

ou revolta. (RANCIÈRE, 1996:36. grifos do autor).

A Política seria, assim, o espaço do entendimento, no sentido da possibilidade de discussão

e de manifestação do (livre) pensamento de forma inteligível (NIETZSCHE, 2000), de

modo a permitir quantificá-lo e qualificá-lo em ação social individual e coletiva, ou seja, a

manifestação equilibrada das relações de poder-saber. Todo o resto, todas as outras formas

de expressão “do consentimento ou revolta”, se designariam como “Polícia”, ou seja, uma

permissibilidade acrítica da ação alheia sobre a própria vida, apresentada sob a forma de

mera satisfação ou descontentamento, ou seja, a submissão a um regime de verdade. Dessa

forma, em termos de ecogovernamentalidade, a Política designa a possibilidade de

enfrentamento de ideias inteligíveis pela prerrogativa de produzir entendimento. Ao

contrário, a Polícia, seria:

[...] o conjunto dos processos pelos quais se operam a agregação e o consentimento

das coletividades, a organização dos poderes, a distribuição dos lugares e funções

e os sistemas de legitimação dessa distribuição [...]. A polícia é assim, antes de

mais nada, uma ordem dos corpos que define as divisões entre os modos do fazer,

os modos de ser e os modos de dizer, que faz que tais corpos [os indivíduos de um

rebanho] sejam designados por seu nome para tal lugar e tal tarefa (RANCIÈRE,

1996:41).

Neste sentido, há dois meios a serem considerados: o da Política, concebido como o do

confronto de poderes advindos da expressão do conhecimento de forma compreensível; e o

da Polícia, visto como o espaço do exercício de controle e de disciplinarização e controle

da vida e da morte, como um meio de produzir ordem a um conjunto capaz apenas de

submeter-se em uma expressão de consentimento ou revolta (FOUCAULT, 2002). Para

usar a leitura de Oels (2005), o âmbito da biopolítica representaria, nas sociedades atuais, a

liberdade de ação discursiva do sujeito em meio a um regime de verdade pré-estabelecido.

55

Nesse contexto, de um lado vê-se a Política como confronto pela capacidade de se

expressar em igualdade, de se fazer entender em meio à formação do regime de verdade.

Por outro lado, a Polícia se desvenda como a efetiva utilização de um determinado discurso

– pelo Estado, por instituições, ou por outros atores – para atribuir mecanismos de controle

sobre uma sociedade incapaz de confronto, uma vez que esta não dispõe da habilidade de

expressão, além da liberdade de escolha de como se modelar nos mecanismos e

tecnologias de gestão de corpos.

Ou seja, na Política ocorre o combate pela prerrogativa de livre-expressão, na Polícia, se

exerce a dominação, entendida como “[...] o poder ou a autoridade de utilizar pessoas

como meios” (SLOTERDIJK, 1999:46). Dessa maneira, ao se referir à biopolítica na

criação de regimes integrados de gestão, como ocorre na macropolítica de resíduos sólidos,

em termos de regimes nacionais, deve-se compreender em que medida essa atuação se dá

em forma de Política ou Polícia.

Acaso se tome a macropolítica como uma ação de debate, de expressão do conhecimento,

como forma de buscar soluções através do livre confronto/conformação de saberes para a

afirmação da igualdade, poder-se-ia tratá-la como Política. Contudo, se seu âmbito se dá na

tentativa de formatação de mecanismos de controle da produção e reprodução social como

forma de garantir a vida, tem-se que se configura como uma função de Polícia. Dessa

forma, cabe ressaltar que em se verificando um discurso direcionado a manter a vida e

permitir a morte, identifica-se uma Polícia que tem como fim último:

[...] a preocupação com as relações entre a espécie humana, os seres humanos

enquanto espécie, enquanto seres vivos, e seu meio, seu meio de existência –

sejam os efeitos brutos do meio geográfico, climático, hidrográfico [...]. E,

igualmente, o problema desse meio, na medida em que não é um meio natural e

em que repercute na população; um meio que foi criado por ela. (FOUCAULT,

2002:292).

56

Nesse contexto, quando se refere à questão da biopolítica relacionada à gestão de resíduos

sólidos, seus vários níveis discursivos podem perpassar tanto pela Política como pela

Polícia, conforme seus atores se encontrem, respectivamente, na produção ou reprodução

desse regime de verdade.

Desse ponto de vista, a problemática de uma governamentalidade ambiental (AGRAWAL,

2004; LEMOS; AGRAWAL, 2006; OELS; 2005) se insere como um espaço de

intervenção e de relações de poder-saber, que se justifiquem pela prerrogativa de manter a

vida e impedir a morte do grupo social, e de tecnologias utilizadas para que isso se opere.

Nessa perspectiva, a biopolítica surge, no contexto dessa macropolítica, como uma

preocupação em garantir o controle da ação humana sob o pretexto de manutenção das

formas de vida da espécie, através dos regimes integrados entre entes federativos, agentes

do mercado e consumidores.

Dessa forma, no contexto nacional, a ecogovernamentalidade se organiza como ação

policial na medida em que se constitui um mecanismo para que o Estado, imbuído da

gestão de um regime de verdade, possa exercer o poder de garantir a vida e permitir a

morte. Essa estratégia de controle instaura-se na sociedade, circundando e regulando todos

os âmbitos da vida e, gradativamente, reduzindo o âmbito da liberdade aos limites de tal

discurso. É a partir do regime nacional que, sob o pretexto da garantia da cidadania e da

manutenção da ordem democrática, nada mais se pode fazer a não ser difundir o

consentimento às ações das instituições acreditadas como detentoras legítimas dos meios

de harmonização social e garantia da vida, ou seja, aquelas instituições públicas ou

privadas (OELS, 2005) acreditadas como legítimas pelo Regime Nacional de Resíduos

Sólidos.

57

Nesta perspectiva, ao tratar a sociedade como população a ser gerida, essas macropolíticas

buscam apenas a aplicação de uma “tecnologia” que visa mensurar o potencial de

manutenção da vida e retardamento da morte que determinada política pública é capaz

garantir. Isso se dá a partir da consideração da natureza dos fenômenos capazes de afetar a

conservação do rebanho. Seu foco:

São fenômenos coletivos, que só aparecem com seus efeitos econômicos e

políticos, que só se tornam pertinentes no nível da massa. São fenômenos

aleatórios e imprevisíveis [...]. E, enfim, são fenômenos que se desenvolvem

essencialmente na duração, que devem ser considerados num certo limite de tempo

relacionado longo; são fenômenos de série. (FOUCAULT, 2002:293).

Dessa maneira, vê-se que a ordem do que deve ser controlado está, em certa medida, tão

fora do alcance da longevidade e da ação individual, que dispensa qualquer modo de

subjetivação. A aceitação não só da biopolítica tal qual é formatada, mas também do

fenômeno que se faz crer ser o seu motor, desloca-se, assim, do âmbito do conhecimento

para o da moral, entendido como regime de verdade, enclausurando a todos:

[...] unânimes na crença na moral da compaixão em comum, como se ela fosse a

moral em si, fosse a altura, a altura alcançada do homem, a única esperança do

futuro, o meio de consolação dos presentes, a grande remissão de toda a culpa

desde sempre: - unânimes todos eles na crença em uma comunidade como

redentora, no rebanho, portanto, em ‘si’... (NIETZSCHE, 2000:322. grifos do

autor).

Essa situação transforma o regime nacional de mudanças climáticas na engrenagem de

reprodução dessa moral e, mais que isso, reverbera como uma forma de expandir toda a

lógica de uma hiperpolítica, não só pela manutenção se seus mecanismos antigos –

disciplinares – mas também pela introdução de novos artifícios para a garantia de sua

lógica. Dessa forma:

Nos mecanismos implantados pela biopolítica, vai se tratar sobretudo, é claro, de

previsões, de estimativas estatísticas, de medidas globais; vai se tratar igualmente,

58

não de modificar tal fenômeno em especial, não tanto tal indivíduo, na medida em

que é o indivíduo, mas, essencialmente, de intervir no nível daquilo que são as

determinações desses fenômenos gerais, desses fenômenos no que eles têm de

global [...]. E trata-se sobretudo de estabelecer mecanismos reguladores que, nessa

população, global com seu campo aleatório, vão poder fixar um equilíbrio, manter

uma média, estabelecer uma espécie de homeostase, assegurar compensações

(FOUCAULT, 2002:293).

Vista dessa maneira, a governamentalidade ambiental busca gerir a “anomalia social”

através do controle do indicador em um nível aceitável à manutenção da vida e

retardamento da morte. Utiliza-se para isso do espaço público, como espaço de regulação,

cuja prerrogativa de “fazer viver” se dá por meio da gestão do índice a níveis aceitáveis,

contudo, só “faz viver” na medida em que se justifique em termos de custos de

manutenção do rebanho – desde que seja possível garantir a sustentabilidade do

desenvolvimento econômico (OELS, 2005). Assim:

[...] são postas em relevo e banhadas de luz as propriedades que servem para

facilitar a existência dos que sofrem [...] pois estas são aqui as propriedades mais

úteis e quase os únicos meios para tolerar a pressão da existência. A moral de

escravo é essencialmente moral utilitária. Aqui está o foco para o nascimento

daquela célebre oposição ‘bom’ e ‘mau’ – no mal é sentida a potência e

periculosidade, algo de terrível, refinado e forte, que não deixa lugar para o

desprezo. (NIETZSCHE, 2000:335).

Como se vê, o regime de verdade surge como forma de homogeneizar os individualismos

passíveis de verbalização. Sua função é criar mecanismos de controle da vida. Assim, a

produção da biopolítica é, antes de tudo, a produção de confiança no índice, nos

mecanismos de controle, alicerçada na garantia do desconhecimento de como, mesmo, se

formula essa engenhosidade regulatória.

A diferença tênue entre Política e Polícia anteriormente apresentada, na caracterização de

uma governamentalidade ambiental, tem por objetivo discutir em que medida as ações

públicas, seja em âmbito internacional, seja em nacional, levam em conta preceitos básicos

de uma democracia baseada nas possibilidades de diálogo e opinião, na igualdade e na

59

heterogeneidade de pensamento, há muito esquecidos. Tratar, nessa perspectiva, o Regime

Nacional de Resíduos Sólidos, vai além do objetivo de entendê-lo como um conjunto

meras ações de Polícia, mas de, analisando sua configuração, entender o discurso em que

está inserido e como isso afeta o âmbito da biopolítica. De fato, conforme destaca

Rancière:

Não se deve esquecer, também que, se a política emprega uma lógica totalmente

heterogênea à da polícia, está sempre amarrada a ela. a razão disso é simples. A

política não tem objetivos ou questões que lhe sejam próprios. Seu único princípio,

a igualdade, não lhe é próprio e não tem nada de político em si mesmo. Tudo o que

faz é dar-lhe uma atualidade sob a forma de caso, inscrever, sob forma de litígio, a

averiguação da igualdade no seio da ordem policial (1996:44).

Dessa maneira, busca-se entender em que medida as ações propostas no Brasil para colocar

o regime nacional em funcionamento em suas escalas federal, estadual , regional e local se

configuram como Polícia puramente ou, também, como espaço de Política. Assim, há que

se compreender como Brasil vem estendendo sua mão ao futuro de uma ação orientada à

questão da gestão urbano-ambiental dos resíduos sólidos, aliada à questão das mudanças

climáticas, na medida em que essas macropolíticas estão plenamente interconectadas,

concentrando o olhar na formulação das políticas constituintes desses regimes.

2.2 OS ANTECEDENTES: INTERFACES COM A MACROPOLÍTICA

DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Para entender mais profundamente as questões relacionadas à gestão de resíduos sólidos, é

necessário discutir a questão com base nas políticas conexas e interdependentes em âmbito

nacional e internacional. A PNRS é decorrência do enraizamento administrativo de

demandas da gestão de Mudanças do Clima. Com isso, a orientação de toda a gestão de

60

resíduos a partir da PNRS é para que haja uma confluência entre as estratégias de

vinculadas ao Mercado de Carbono no manejo do lixo urbano (BRASIL, 2012).

FIGURA I - Distribuição das Fontes Geradoras de Gases do Efeito Estufa

Fonte: BRASIL, 2008.

Assim, embora se verifique que a parcela responsável pelo efeito estufa causada pelos

resíduos sólidos seja proporcionalmente pequena comparada às demais fontes - uma vez

que está incluída nos 3% que compõem as emissões furtivas e os processos industriais, há

uma grande ênfase no atrelamento da questão dos resíduos às mudanças climáticas. Isso

ocorre por um motivo em particular: a facilidade de manejo de aterros controlados e a

possibilidade de geração de renda suplementar para os municípios e consórcios de gestão

de lixo. Diante disso, faz-se necessário entender, do ponto de vista da

ecogovernamentalidade, como se dá a confluência entre essas macropolíticas.

61

2.2.1 POLÍTICA E PLANO NACIONAL DE MUDANÇA DO CLIMA

Aspecto análogo à gestão de resíduos sólidos, a gestão de mudanças climáticas representa

uma estratégia em termos de ecogovernamentalidade que merece destaque. Tido como

principal risco global à vida, o efeito estufa é tomado, no contexto dessa macropolítica

como principal desafio para a manutenção da vida humana, gerado pela própria ação

antrópica. Com isso, a gestão de mudanças climáticas se estrutura, desde sua esfera

internacional, em uma minuciosa estratégia de controle da vida humana, para que a forma

de organização da sociedade atual não amplie os efeitos da mudança climática.

Assim, a formulação da Política Nacional de Mudanças do Clima (BRASIL, 2010b) e a

elaboração do Plano de Mudança do Clima (BRASIL, 2008) aconteceram num contexto de

transição dentro do Executivo e da posição internacional do Brasil no referente a mudanças

climáticas. Nas negociações internacionais de mudança do clima o Brasil sempre adotou

uma posição defensiva, proclamando o paradigma da soberania, evitando referências às

florestas – o “calcanhar de Aquiles” do país – e sua inclusão, por exemplo, no Protocolo de

Quioto, e nunca aceitou compromissos de redução de emissões, refugiando-se no princípio

das responsabilidades diferenciadas e de necessidade de desenvolvimento (JOHNSON,

2001; CARVALHO, 2012; HOCHSTETLER; VIOLA, 2011). No entanto, sempre foi um

defensor do multilateralismo e da importância da CQNUMC e das metas de redução de

GEEs de países industrializados no protocolo de Quioto, assim como dos mecanismos de

flexibilidade deste Protocolo, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do

qual o Brasil foi um dos principais idealizadores em 1997.

Dá-se, então, uma virada na estratégia Brasileira que começou no mandato de Marina na

Silva como Ministra do Meio Ambiente e sendo concretizada mais tarde pelo Ministro

62

Minc: a adopção de compromissos voluntários de redução de GEEs (HOCHSTETLER;

VIOLA, 2011). Para esta evolução ter acontecido vários fatores parecem ter contribuído.

Em primeiro lugar os resultados obtidos de redução do desmatamento após implantação do

Plano para a Prevenção e Controlo do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM) em

2004/5 – mandato Marina Silva – fazendo com que o “calcanhar de Aquiles” das florestas

– mudanças de uso da terra são o maior emissor no país e foco de muita atenção

internacional, principalmente no que concerne à Amazônia – passasse a oportunidade e

instrumento de soft power. Por outro lado, o apoio inicial do Presidente Lula da Silva a

Marina da Silva, figura carismática do movimento ambientalista brasileiro e cuja escolha

pode ser vista como um sinal de que Lula estaria tentando “estender a mão” aos

ambientalistas. (HOCHSTETLER; VIOLA, 2011).

Para além disso, verificou-se uma proeminência de grupos sociais que apoiavam medidas

para a mudança do clima por razões instrumentais – imagem de combate à mudança do

clima vista como ‘bom negócio’ pelo setor privado – assim como um aumento do apoio da

opinião pública para ações de mudança do clima – e as questões ambientais posteriormente

figurando pela primeira vez com proeminência numa eleição presidencial em 2010

culminando com uma votação de 19 milhões de votos para a ex-ministra do ambiente

Marina Silva e o Partido Verde. Estes acontecimentos refletem também um aumento de

poder do Ministério do Meio Ambiente (MMA) em detrimento do Itamaraty – que tem

uma cultura própria dentro do Estado, conservadora e soberanista – e Ministério da Ciência

e Tecnologia (MCT) que até então tinham primazia nas decisões finais sobre a atuação do

Brasil na CQNUMC (HOCHSTETLER; VIOLA, 2011; CARVALHO, 2012).

É no contexto desta transição geral que, em 2007, no Executivo, foi criada uma secretaria

de mudança climática, tendo o Decreto no

6.263 de 21 de Novembro de 2007 instituído o

63

Comitê Interministerial de Mudança do Clima e orientado a elaboração do Plano Nacional

de Mudança do Clima em 2008.

Segundo um servidor da secretaria de Mudanças Climáticas do MMA, o plano foi

elaborado com a pretensão de dar um recado ao mundo de que o Brasil estaria enfim

pronto a tomar medidas de mitigação das emissões. Sendo um instrumento da Política,

surgiu antes dela, incompleto e à pressa, pois o Ministro do Ambiente e o Presidente da

República queriam, em 2008, levar para a COP14 em Poznan um Plano que mostrasse ao

mundo como o Brasil se predispunha a atuar face à mudança do clima, e tendo em conta

que outros países como a China já tinham anunciado um plano semelhante (SERVIDOR 1,

2012). Os resultados positivos do combate ao desmatamento davam ao Brasil outra

autoridade e mostravam que o país podia assumir compromissos de redução das emissões

em se baseando nesses resultados positivos – tal era a importância do desmatamento no

total de emissões do país – sem consequências nefastas para o seu crescimento econômico

(SERVIDOR 2, 2013). Muito geral, o Plano constituía uma compilação dos esforços já

feitos pelo Brasil ao nível do combate à mudança do clima, apresentado o grande potencial

de mitigação do Brasil e algumas linhas orientadoras para a ação do Brasil.

Assim, percebe-se que, no contexto da formulação do regime nacional de Mudanças

Climáticas, estes interesses do Estado brasileiro e de alguns grupos sociais, associados aos

jogos políticos dentro e fora do governo, ajudam a perceber melhor o contexto da formação

da política e plano, a sua racionalidade e justificativa, ou melhor, os seus “objetivos não

ditos”. Assim, apesar do seu caráter especulativo, essas informações enriquecem a

investigação da governamentalidade do regime de mudança do clima no Brasil.

Nessa perspectiva, quando o Plano Nacional de Mudanças do Clima foi adotado pelo

Executivo e apresentado internacionalmente, os movimentos no legislativo já tinham

64

começado, entretanto, os trabalhos para aprovar uma lei. Com respeito a essa temática, é

interessante observar que passaram, somente na Câmara dos Deputados, 28 propostas de

normatização de alguma questão envolvendo as mudanças climáticas e a regulação das

emissões de gazes do efeito estufa. Dessas, 17 Projetos de Lei – PL – tratam, em alguma

medida, do mesmo assunto que outras e, por isso, foram colocadas em conjunto para

análise das comissões responsáveis. Cabe ressaltar, ainda, que desses projetos, 11 se

referiram à criação de uma Política Nacional de Mudanças Climáticas, ou a mecanismos a

ela relacionados que, hoje, está disposta na forma de Lei Ordinária no. 12.187 de 30 de

dezembro de 2009 (BRASIL, 2010b).

Assim, destaca-se que a Política Nacional de Mudanças Climáticas – PNMC – representa

uma forma de organização dos regimes jurídicos nacionais para adoção de ações públicas,

em conjunto ou não com entidades privadas ou do terceiro setor, de redução das emissões

de GEE, ou adoção de medidas de sequestro de carbono da atmosfera. Sua previsão está na

CQNUMC art.4o. §1

o. “b” (ONU, 2010a) e no Protocolo de Quioto art.2

o §1

o “a” (ONU,

2010b) como obrigação às partes da Convenção-Quadro para aprimorar a sistematização

da mitigação de GEE e prover informações relevantes aos órgãos de controle do efeito

estufa nas searas nacional e internacional.

A primeira tentativa de normatizá-la ocorreu por meio do PL no. 3902/2004 (BRASIL,

2010c), de autoria do deputado Federal Ronaldo Vasconcellos. O projeto de lei constituiu

uma proposta de forte intervenção, pois ia além da determinação da CQNUMC e do

Protocolo de Quioto, uma vez que previa: uma política de substituição gradativa de

combustíveis fósseis; uma política nacional de compensação pela produção de gás

carbônico; e uma política de controle dos desmatamentos e queimadas – que

regulamentaria o §4o. do art. 225 da Constituição da República Federativa do Brasil

65

(BRASIL, 2010a). Esse primeiro esforço, contudo, não foi muito frutífero, pois, embora

proposto imediatamente após a ratificação da CQNUMC pelo Congresso Nacional, sua

tramitação se viu obstada pelo fim da legislatura de 2003 a 2006, culminando no

arquivamento automático do projeto.

Com o início das atividades da nova legislatura em 2007, uma série de novos projetos –

mais precisamente 1111

– foram apresentados à Mesa da Câmara Federal para apreciação.

Cabe destacar, dentre eles, PL no. 261/2007 (BRASIL, 2010d) de autoria do deputado

Antonio Carlos Mendes Thame. Esta proposta, a rigor, decorreu das discussões na

Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ocorridas da legislatura

anterior sobre o PL no. 3902/2004 e que resultaram no projeto substitutivo 5064/2004

(BRASIL 2010e), também arquivado nas circunstâncias mencionadas, mas que em função

da reeleição do parlamentar, foi reapresentada. Não obstante essa iniciativa, a proposta que

obteve principal foco durante a legislatura vigente, foi a contida no PL no. 18/2007

(BRASIL, 2010f) do deputado Sarney Filho.

Sua tramitação iniciou-se já no primeiro mês de trabalhos da Câmara Federal e a ela foram

apensados, ao longo dos três últimos anos, os demais projetos que foram propostos à

revelia deste. Em função dessa grande quantidade de projetos e em resposta a

requerimentos parlamentares12

é criada em março de 2008 uma Comissão Especial para

análise da questão, cujos trabalhos vão até outubro de 2009, quando é apresentado um

11

São eles: Projeto de Lei – PL – no. 18/2007; PL no. 261/2007; PL no. 354/2007; PL no. 479/2007; PL no.

759/2007; PL no. 1378/2007; PL no. 2056/2007; PL no. 2843/2008; PL no. 3258/2008; PL no. 3535/2008;

PL no. 5999/2009. Para acesso aos textos integrais e tramitação de cada projeto CF. Brasil – Câmara dos

Deputados. Disponíveis em: <www.camara.gov.br>. Acesso em: fevereiro de 2010. 12

São três os principais requerimentos feitos à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, o Req. no. 6/2007,

o Req. no. 16/2007 e o Req. no. 44/2007. Esses requerimentos foram movidos, principalmente, pela

“comoção” causada pelo Relatório no. 4 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que fez

previsões catastróficas sobre as consequências das mudanças climáticas nos próximos 100 anos. Sobre o

assunto Cf. respectivamente: <www.camara.gov.br> e <www.ipcc.org.br>.

66

projeto substitutivo ao PL no. 18/2007 e, enfim, a proposta é encaminhada para votação em

plenário que ocorre já no mês de novembro de 2009 (BRASIL, 2010f).

O que mais causa assombro, é que em quase três anos de tramitação do projeto – dos quais

um ano e meio se passou na Comissão Especial – não há relato de nenhuma audiência

pública realizada pela Câmara dos Deputados, nem mesmo a consulta a especialista na

área. O assunto é tomado, no âmbito da criação da Política Pública de Mudanças

Climáticas, como mera regulamentação dos acordos internacionais, sem ao menos buscar

algum entendimento sobre que medidas poderiam ser previstas já na criação da política

pública com ênfase na realidade da sociedade brasileira. Importante salientar que, em todo

esse período, nenhuma comissão da sociedade ou técnica foi convidada para apreciar,

opinar ou discutir as propostas que eram analisadas pelas casas legislativas. Dessa forma,

todo o processo legislativo no âmbito da Câmara se dá baseado em um enunciado de

verdade, esquecendo-se da advertência de Foucault de que:

A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e nele

produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de

verdade, sua ‘política geral’ de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela

acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que

permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se

sanciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a

obtenção da verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o que

funciona como verdadeiro. (1979a:12).

Tomando por base a advertência acima, vê-se que, inclusive, há a afirmação de um regime

de verdade, através da adoção desse discurso externo à sociedade brasileira e que, não

obstante essa situação, continuou por não observar o princípio básico da Política de

afirmação da igualdade através do discurso inteligível, uma vez que em seguida à

aprovação pela Câmara, a proposta também é aprovada pelo Senado Federal sem nenhuma

discussão adicional que envolvesse alguma representatividade da sociedade além daquela

67

decorrente do sufrágio (BRASIL, 2010f). Dessa forma, ao eco de um intenso mugido,

essas macropolíticas são adotadas e, certamente, deve ter ocorrido sob um silencioso

sussurro das palavras de Nietzsche:

Digamos logo, mais uma vez, o que já dissemos uma centena de vezes: pois hoje

os ouvidos, para tais verdades – para nossas verdades –, não têm boa vontade.

Sabemos, já o bastante, como soa ofensivo quando, em geral, alguém inclui o

homem, sem cosméticos e sem alegoria, entre os animais; mas é quase como culpa

que nos é imputado que, precisamente em referência aos homens das ‘idéias

modernas’, usamos constantemente as expressões ‘rebanho’, ‘instinto de rebanho’,

e semelhantes. (2000:321. grifos do autor).

Ademais, os projetos em tramitaram no Congresso Nacional e resultaram na instituição da

PNMC e não avançaram em propostas de vinculação da sociedade ao problema ambiental

crescente, uma vez que se esqueceu de um requisito básico da adoção de uma norma: sua

legitimidade decorre do entendimento, em termos de reconhecimento (BOURDIEU, 2007),

e aceitação – primeiro Política, depois Polícia – pela sociedade daquilo que é

regulamentado.

Há que se ressaltar, outrossim, que não há nas ações previstas pela PNMC, além da

previsão taxativa de possibilidade de incorporação de entidades da Sociedade Civil

Organizada, previstas no inciso 5 do Art. 5º. da lei 12187/2009 (BRASIL, 2010b). Assim,

qualquer previsão de incorporação as sociedade nas discussões sobre como implementar

essas ações – muito menos sua expansão para o espaço público – tornando essa política

pública uma questão de governamentalidade, no sentido foucaultiano de:

[...] conjunto constituído pelas instituições, procedimentos, análises e reflexões,

cálculos e táticas que permitem exercer esta forma bastante específica e complexa

de poder, que tem por alvo a população, por uma forma principal de saber a

economia política e por instrumentos técnicos essenciais os dispositivos de

segurança. (FOUCAULT, 1979b:291).

68

Nessa perspectiva, de uma forma geral, essa macropolítica apenas conta com a

determinação de ações policiais, baseadas em um discurso de verdade instaurado

internacionalmente. Assim, a PNMC busca instaurar uma descontinuidade nos modos de

vida da população, utilizando, assim uma imagem simbólica de superpotência da Ciência

que no espaço público torna-se incontestável e que visa imprimir na sociedade uma

mudança que, contudo:

Não é portanto uma mudança de conteúdo, nem tampouco uma alteração da forma

teórica. O que está em questão é o que rege os enunciados e a forma como estes se

regem entre si para constituir um conjunto de proposições aceitáveis

cientificamente [e impressas na política pública] e, conseqüentemente, susceptíveis

de serem verificadas ou infirmadas por procedimentos científicos. (FOUCAULT,

1979a:4. grifos do autor).

Há que se destacar, por fim, a grande ênfase desses regimes de verdade na necessidade de

criação de mecanismos econômicos e de gestão técnica para controle do aquecimento

global e gestão dos resíduos sólidos, através da adoção de novas tecnologias, novas formas

de uso econômico dos recursos naturais e criação de metas internacionais de redução das

emissões de gases do efeito estufa e promoção da limpeza urbana. Nesse contexto, tem-se

que, em específico, essa diretriz não eleva sua atenção além da criação da obrigação e da

difusão de um discurso, que, por sua complexidade torna-se incontestável. Sua função é

apenas:

A distribuição dos lugares e funções que define uma ordem policial [que] depende

tanto da suposta espontaneidade das relações sociais quanto da rigidez das funções

de Estado. A polícia é, na sua essência, a lei, geralmente implícita, que define a

parcela ou a ausência de parcela das partes. (RANCIÈRE, 1996:42).

Não há, de fato, preocupação com a ordem de relações e ações sociais que a execução

desse instrumento de polícia possa resultar. Há, sim, uma ênfase na necessidade de que o

Brasil atue frente ao problema do aquecimento global através da criação, implantação e

69

expansão de mecanismos regulatórios de metas de emissão de gases, sempre ressaltando

que isso deve ocorrer provocando uma mudança no sistema produtivo, na forma de

ordenamento das relações sociais por meio do aprimoramento da tecnologia, sem, contudo,

prever qualquer debate social amplamente difundido para tratar como isso pode ser

realizado. Dessa forma, a pura e simples aceitação da implantação de uma Política

Nacional de Mudanças Climática, sob a justificativa de expressão da democracia

representativa, demonstra um perverso momento da Política brasileira caracterizado pela

vontade de impotência.

Dessa forma, a Política foi adoptada em 2009 pela Lei no 12.187 de 29 de Dezembro de

2009, tendo o Presidente Lula assinado a lei em Janeiro de 2010, vetando três das suas

provisões13

: artigo 3º, VI – o dispêndio público com as ações de enfrentamento das

alterações climáticas não sofrerá contingenciamento de nenhuma espécie durante a

execução orçamentária – sob indicação dos Ministérios da Fazenda, do Planejamento,

Orçamento e Gestão e a Advocacia Geral da União14

; o artigo 4 III – ao estímulo ao

desenvolvimento e ao uso de tecnologias limpas e ao paulatino abandono do uso de fontes

energéticas que utilizem combustíveis fósseis – assim como o artigo 10, pelo MME, por

razões de segurança energética. Este último veto poderá estar relacionado com o fato de o

Brasil ter descoberto importantes jazidas de petróleo no pré-sal em Dezembro de 2007.

Posteriormente deu-se a regulamentação da política pelo decreto no 7.390 de 9 de

Dezembro de 2010, estabelecendo os planos setoriais a desenvolver e que têm sido

entretanto sucessivamente apresentados.

13

mensagem n1.123 de 29 de dezembro de 2009. 14

“O dispositivo carreia comando com mandamentos genéricos sobre finanças públicas, matéria afeta a Lei

Complementar, conforme previsto no art. 163, I, da Constituição Federal. Ademais, o dispositivo contraria

o princípio presente na Lei de Responsabilidade Fiscal de que as prioridades de cada exercício devam ser

definidas por meio das leis de diretrizes orçamentárias.”

70

Em seu artigo 3º, a Política refere que as ações dela decorrentes terão em conta os

princípios de precaução, da prevenção, da participação cidadã do desenvolvimento

sustentável e das responsabilidades comuns porém diferenciadas no âmbito internacional.

Quanto à justificativa para a existência desta política, o mesmo artigo 3º refere à

necessidade comum de atuar face ao problema da mudança do clima, em nome da justiça

intergeracional: “I - todos têm o dever de atuar, em benefício das presentes e futuras

gerações, para a redução dos impactos decorrentes das interferências antrópicas sobre o

sistema climático” (BRASIL, 2010b)

Contudo, tem que haver “razoável” consenso científico para que sejam tomadas medidas

de mitigação: prever, evitar e minimizar as causas da mudança climática com origem

antrópica identificadas no território nacional (3.II). Por outro lado, esse enfrentamento do

problema da mudança do clima deve ser realizado de acordo com os preceitos do

desenvolvimento sustentável: “IV - o desenvolvimento sustentável é a condição para

enfrentar as alterações climáticas e conciliar o atendimento às necessidades comuns e

particulares das populações e comunidades que vivem no território nacional” (BRASIL,

2010b).

Nesse sentido, os objetivos da Política: “Art. 4º Deverão estar em consonância com o

desenvolvimento sustentável a fim de buscar o crescimento econômico, a erradicação da

pobreza e a redução das desigualdades sociais” (BRASIL, 2010b). De fato, é nesse âmbito

que aparece o primeiro objetivo da política, a compatibilização do desenvolvimento

econômico-social com a proteção do sistema climático. Só depois se segue o objetivo de

redução das emissões antrópicas de gases com efeito de estufa e o fortalecimento das

remoções antrópicas por sumidouros de gases de efeito estufa – e.g. manutenção de

florestas.

71

Seguem então os restantes objetivos de adaptação do país à mudança do clima, preservação

dos recursos ambientais, proteção de Unidades de Conservação, reflorestamento e

recuperação de áreas degradadas e o desenvolvimento do Mercado brasileiro de Emissões.

Os dois últimos objetivos são instrumentos para a mitigação das emissões que beneficiam

determinados setores e mercados, mas que acabam sendo transformados em objetivo, i.e.

passam de meios a fins. O reflorestamento e recuperação de áreas degradadas, por

exemplo, através da plantação de monoculturas florestais e da conversão de pastagens

degradadas em terrenos produtivos para o agronegócio e silvicultura industrial, abre novas

perspectivas de mercado e é fator de consolidação da retórica ambiental do agronegócio

Brasileiro face às criticas de ambientalista e também do governo Brasileiro face às críticas

internacionais sobre a expansão agrícola na Amazônia e consequente desmatamento. Por

serem primariamente objetivos de construção ou favorecimento de mercados, constituindo

oportunidades de negócio para determinados setores e instrumentos de mobilização de um

marketing “verde” no Brasil, são uma indicação de governo liberal avançado.

A visibilidade dada ao desenvolvimento sustentável, que surge na Política como a premissa

principal, sustenta a atitude voluntária e pró-ativa do Brasil, que, mesmo não tendo

compromissos de redução de emissões na CQNUMC, se compromete a reduzir suas

emissões, i.e., o Brasil se compromete a reduzir as suas emissões, mas priorizando o

desenvolvimento (sustentável): “Art. 3º. inc. IV. O desenvolvimento sustentável é a

condição para enfrentar as alterações climáticas e conciliar o atendimento às necessidades

comuns e particulares das populações e comunidades que vivem no território nacional”

(BRASIL, 2010b)

A grande ênfase colocada nas questões sociais e de equidade e ao crescimento económico,

parece obscurecer questões relacionadas com o papel do consumo de recursos naturais e

72

sua redução, assim como a relevância dos combustíveis fosseis no setor dos transportes e

sendo o veto ao progressivo abandono de combustíveis fosseis uma indicação de qual é a

prioridade governativa em tempos de pré-sal. Os planos setoriais trarão certamente

indicações mais concretas, mas no que diz respeito à Política Nacional, as questões de

mobilidade, eficiência dos transportes, e transportes alternativos ao carro e camião,

permanecem de certo modo ignoradas, sendo apenas claro que, para a “consolidação de

uma economia de baixo consumo de carbono”, a Política identifica como prioritárias ações

no transporte público urbano e nos sistemas modais de transporte interestadual de cargas e

passageiros, sem contudo especificar.

Esta “consolidação de uma economia de baixo consumo de carbono” prioriza ainda a

geração e distribuição de energia elétrica, a indústria de transformação e de bens de

consumo duráveis, as indústrias químicas finas e de base, a indústria de papel e celulose, a

mineração, a indústria da construção civil, os serviços de saúde e a agropecuária, tendo em

vista atender metas gradativas de redução de emissões antrópicas quantificáveis e

verificáveis, considerando as especificidades de cada setor, inclusive por meio do

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e das Ações de Mitigação Nacionalmente

Apropriadas (NAMAs), como a gestão de resíduos sólidos. Aqui nota-se uma coexistência

de aspetos de biopoder – normalização, controle e metas das emissões dos vários setores,

quantificáveis e verificáveis – com de governo liberal avançado – mecanismos de mercado

como adjuvantes, ou mesmo atores principais neste processo: o MDL e as NAMAs de

quantificação de carbono.

Em relação às tecnologias usadas, o plano nacional e os planos setoriais, os registros e

inventários de emissões, a educação ambiental e divulgação, o monitoramento climático e

os indicadores, os padrões ambientais e metas específicas, as dotações específicas no

73

orçamento da união, e a ação coordenada a várias escalas refletem um governo do tipo

biopoder. Por outro lado, são exemplos de tecnologias de governo liberal avançado os

mecanismos financeiros (Fundo Clima), as medidas fiscais, linhas de créditos, mecanismos

financeiros e económicos da CQNUMC, o mercado brasileiro de redução de emissões,

operacionalizado em bolsas de mercadorias e futuros, e as parceiras entre governo e

privados a várias escalas.

Privilegiando formas de conhecimento relacionadas às ciências ambientais e do clima, por

um lado, e à economia, gestão e engenharia ambiental, valorização de serviços ambientais

e quantificação de carbono, por outro, a Política também nesse contexto é um exemplo de

transição de biopoder para governo liberal avançado, tal como Oels (2005) verificou para o

regime internacional de mudança do clima.

Finalmente, essa mesma transição pode ser encontrada na formação de identidades desta

Política, em que, por um lado se formam indivíduos “globais” com o “dever de atuar em

benefício das presentes e futuras gerações”, o que é nitidamente biolítica; e por outro, o

aspeto calculista das oportunidades do mercado de carbono indica uma tendência de

governo liberal avançado, mas vestindo a roupagem da retórica do “desenvolvimento

sustentável”.

2.2.2 AS POLÍTICAS NACIONAIS DE MUDANÇA DO CLIMA E DE RESÍDUOS

SÓLIDOS

[...] a produção das idéias acerca do mundo social acha-se sempre subordinada

de facto à lógica da conquista do poder, que é a da mobilização do maior

número. (BOURDIEU, 2007:175).

74

A ausência de entendimento é, hoje, uma constante na política brasileira, gerando uma era

da indeterminação que resulta em fortes problemas de entendimento do que seja espaço

público, cidadania e responsabilidades políticas. A falta de prática da Política no espaço

público nacional, sobretudo no meio urbano, tem contribuído a um excesso de regulação da

vida privada, sob pretextos alarmistas ou salvacionistas e, não raro, sob ambos, deslocando

para a sociedade civil responsabilidades de execução da política antes postas ao Estado. É

dessa forma, que se dá a intensificação das instituições de Polícia e de controle, ferindo as

liberdades individual e coletiva, cooptando as organizações da sociedade civil e impedindo

a manifestação do cidadão como ser de potência.

Sendo um dos eixos fundamentais da macropolítica de mudanças do clima, a proposta de

uma Política Nacional de Resíduos Sólidos ressurge no Congresso Nacional com debate

fundamental acerca da adoção de um regime jurídico para o tratamento de resíduos. Assim,

o tratamento em nível nacional da mudanças climáticas abriu caminho para a adoção de

medidas par o tratamento de resíduos. Nasce, assim a Política Nacional de Resíduos

Sólidos (BRASIL, 2012), tida como um avanço legislativo em termos da organização

federativa da gestão do lixo, com o estabelecimento de novas espécies de

responsabilidades e estratégias de reutilização de materiais, sua implementação depende de

um esforço conjunto de todas as unidades políticas (União, Estados, Distrito Federal e

Municípios), segmentos produtivos e comerciais e consumidores.

Assim, a PNRS constitui um avançado mecanismo de informação, controle, gestão e

financiamento de grande parte das ações de saneamento em escala nacional. Ao estabelecer

uma escala que vai do poder público local ao nacional, do consumidor final aos

seguimentos comerciais e produtivos regionais e, mesmo, internacionais, em uma imensa

rede de responsabilidades compartilhadas e proporcionais que, inclusive, dispõe de

75

estratégias econômico-financeiras de apoio às cooperativas de catadores de lixo, a Política

negligencia um fator importe: a participação da sociedade civil.

Em tramitação no Congresso Nacional desde 1989, o projeto de lei que deu origem à

Política Nacional de Resíduos Sólidos propunha, inicialmente, a gestão dos resíduos do

sistema de saúde. Tendo sua iniciativa e aprovação no Senado Federal ainda naquele ano,

sob a alcunha de PLS 354/1989, foi enviado para a Câmara dos Deputados, onde passou a

tramitar como PL 203/1991 (BRASIL, 2012). Durante os 20 anos de processo legislativo,

apenas uma Audiência Pública foi convocada, em 1991 e não realizada, em função do fim

da legislatura.

Ao longo de, pelo menos, 15 anos – passando por 4 legislaturas – mais de 50 projetos de

lei de diversos deputados das mais diferentes filiações partidárias foram apresentados

ampliando o debate sobre o tema. Contudo, um projeto de iniciativa da presidência da

república, apresentado no ano de 2007, substitui as discussões originais realizadas na

Câmara e passa a ser considerado com o substitutivo principal e “motor” do processo

legislativo, obtendo aprovação nessa casa legislativa em março de 2010, sendo enviado ao

Senado da república para apreciação final.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS – e a Política Nacional de Mudanças

Climáticas no Brasil, nesse contexto, podem ser consideradas expressões dessa era de

indeterminação, na qual a cidadania é identificada como consumo e o debate político cede

lugar a um processo perverso de cooptação da sociedade civil institucionalizada, sob uma

ótica neoliberal, a ocupar o lugar do Estado na gestão da política, minimizando o seu papel

de debate, discurso e fiscalização dessas políticas (DAGNINO, 2004; RANCIÈRE, 1995;

FOUCAULT, 1979a). Um de seus aspectos fundamentais quanto a isto, na PNRS os

cidadãos são tratados como meros consumidores e, nessa medida e unicamente nesse

76

contexto, são considerados responsáveis para participar da Política. Além disso, um grande

grupo interessado nessa política, o de “Catadores de Lixo” sequer foi convidado a

participar das discussões, fazendo com que a política não atenda a seus anseios, prevendo

simplesmente a realização de “projetos sociais de emancipação”, sem especificar em que

nível, duração e grau de atuação (BRASIL, 2012).

Assim, essa política fomenta a reunião de características de minimização da vontade,

pautada na responsabilidade pelo consumo, auxiliando na redução dos cidadãos brasileiros

a “animais de rebanho”, destinados a estar contentes com sua democracia pautada pelas

relações de consumo. Assim, vê-se que sob a máscara da representatividade e da

responsabilidade compartilhada pela produção do “dejeto” e pela preservação da vida pela

contenção do efeito estufa, esconde-se um monstro inconscientemente alimentado por uma

totalidade de normas. Isso se configura, precisamente, com uma capacidade hiperpotente,

porém velada sob a máscara de processo democrático, de introduzir e reproduzir

determinadas idéias no mundo social, e difundi-las no espaço público, com o fim de

manter a sociedade civil enjaulada em uma série de mecanismos mirabolantes de

balizamento da vida social em suas esferas privada e coletiva.

Neste ponto, cabe discutir a problemática relacionada a criação e institucionalização dos

mecanismos de controle relacionados à Política Nacional de Mudanças Climáticas e à

Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovadas, respectivamente nos anos de 2009 e

2010 pelo Congresso Nacional Brasileiro entendendo-as no contexto de uma

ecogovernamentalidade (AGRAWAL, 2005), expoente da “era da indeterminação” vivida

no espaço público e vetor da Política no Brasil. amplamente difundida e ramificada de

gestão e reprodução social. O intuito, aqui, é apresentar uma perspectiva de como e o quê

vem ocorrendo nessa ampla normatização da sociedade brasileira e abrir espaço para uma

77

futura e mais profunda discussão sobre a participação cidadã na Política.

Nessa perspectiva, a relação entre essas duas macropolíticas remonta ao processo de

institucionalização das preocupação com o meio ambiente urbano, previstas nos

documentos internacionais decorrentes da A Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento - RIO-92. Em particular, a Convenção Quadro das Nações

Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC) de 1992 e o seu Protocolo de Quioto de

1997 além estabelecerem compromissos vinculativos internacionais para redução de gases

com efeito de estufa (GEE) de modo a evitar “mudanças climáticas perigosas”, preveem a

gestão urbana e, em particular, a gestão de resíduos sólidos, como questão fundamental no

tratamento do efeito estufa. O Brasil, considerado país em desenvolvimento, a pesar de não

ter o compromisso de redução de GEE, dado o princípio das “responsabilidades comuns,

mas diferenciadas” (art.3o §1

o, adotou, contudo, um Plano Nacional sobre Mudança do

Clima em 2008, tendo o Parlamento aprovado no fim de 2009 uma Política Nacional sobre

Mudança do Clima (Lei nº 12.187), vinculando voluntariamente o Brasil a uma redução de

GEE de 36,1% a 38,9% até 2020, incluindo na gestão de resíduos um fator importante de

gestão do efeito estufa, o que pode ser observado na Política Nacional de Resíduos Sólidos

aprovada em 2010 e no Plano Nacional de Resíduos Sólidos de 2013.

Assim, há que se discutir as práticas de gestão urbano-ambiental incluídas nessas

macropolíticas sob o ponto de vista da governamentalidade. Governamentalidade é aqui

entendida como a indução na sociedade Brasileira de um “regime de verdade” – uma

perspectiva ontológica – pelo Estado e instituições políticas, de modo a legitimar certas

ações de gestão coletiva relacionados com o cumprimento dos objetivos do regime de

mudanças climáticas, visando a satisfação de interesses – políticos, econômicos, de poder.

A essa governamentalidade, ou ao seu aspecto de “ecogovernamentalidade”, pode ser

78

imputados as questões mencionadas acima de supervalorização de um “projeto neoliberal”

que desloca a noção de cidadania para a esfera do consumo, imputando à sociedade civil

responsabilidades Estatais, gerando uma indeterminação, no espaço público, do debate

político e sobrevalorizando o aspecto de controle policial da sociedade.

A noção de governamentalidade – ou mentalidade de governo – sublinha a forma como o

pensamento relativo a práticas de governo é coletivo e dado como adquirido, i.e. não

comumente questionado por seus praticantes (DEAN, 1999). Governo é aqui considerado,

no seguimento de Foucault, como a “conduta da conduta”, por isso não limitado ao Estado,

mas exercido em todos os níveis da sociedade. Como concerne o moldar da conduta

humana – agindo nos governados como um lócus de ação e liberdade – governo implica

não apenas meras relações de poder e autoridade, mas também questões do “eu” e de

identidade (DEAN, 1999). É nesse sentido que, nas questões ambientais, a análise de

governamentalidade – ou ecogovernamentalidade – nos permite perceber como posições

adotadas por “sujeitos ambientais” surgem como resultado do envolvimento em lutas de

poder sobre recursos naturais e em relação a novas instituições e mudanças nos jogos de

interesse (AGRAWAL, 2005).

Cada indivíduo pensa sobre o exercício da autoridade com base em teorias, ideias,

filosofias e formas de conhecimento que se constituem a nível cultural e social. Questões

normativas detém assim um importante papel na definição de condutas e, por conseguinte,

na legitimação de políticas. Nas questões ambientais, tanto ao nível das negociações

internacionais como em políticas domésticas, normas internacionais de ambiente15

podem

ser mais ou menos absorvidas por regimes de governo, e.g. a norma de cosmopolitismo –

15

Segundo Ogley (1996: 166), normas internacionais de ambiente são mudanças realizadas e limitações

aceites no comportamento, hábitos e práticas de atores humanos (desde o Estado, a empresas e indivíduos),

como resultado de crenças sobre as desvantagens que de outro modo aconteceriam ao ambiente global.

79

aprofundando o sentimento de pertença a uma comunidade internacional e

homogeneizando a política mundial16

– ou a de ambientalismo neoliberal – dando aos

mecanismos de mercado grande importância na proteção ambiental17

.

Para Foucault (2009), governamentalidade também tem um sentido histórico, pois marca a

emergência de uma forma distintamente diferente de pensar sobre e exercer o poder em

algumas sociedades, ligada à descoberta de uma nova realidade, a economia, e preocupada

com um novo objeto, a população. Aparece nas sociedades ocidentais no século XVIII

quando a arte de governo do Estado se torna uma atividade distinta.

A biopolítica surge neste contexto como um tipo particular de governamentalidade em que

o objetivo do governo é usar e aperfeiçoar as forças e capacidades da população como

indivíduos vivos, através de aparatos de segurança, regulamentos e normalização

estatística, com a população como objeto de conhecimento das ciências humanas e

econômicas.

O advento das questões ambientais fez o conceito de biopolítica de Foucault ser alargado

para abarcar tudo o que é necessário para manter a “vida”, ampliando-a a todo o planeta,

através da criação de diferentes práticas e regulações ambientais. Também chamada de

“governamentalidade verde” (OELS, 2005), normaliza o comportamento individual através

da imposição de códigos de conduta “amigos do ambiente” aos corpos individuais e

policiando a fitness de sobrevivência de todos os organismos. Segundo Malette (2011:16):

16

Ver, por exemplo a crítica de Doyle e Chaturvedi (2010) à noção de “alma global” nas negociações

internacionais do clima. 17

A norma internacional de ambientalismo neoliberal (BERNSTEIN, 2000), estabeleceu-se no portfólio de

combate às mudanças climáticas em várias nações e consiste na aceitação de mecanismos de mercado como

adjuvantes da proteção ambiental, em detrimento de métodos de comando e controle. No regime

internacional de mudanças climáticas esta norma é criticada como favorecendo a “comodificação do

clima”, ou uma “acumulação por descarbonização” resultante de uma “colonização de carbono”

(BACKSTRAND. LOVBRAND, 2006), onde países industrializados compensam as suas emissões através

do investimento em países em desenvolvimento.

80

[...] podemos ampliar a problematização da governamentalidade moderna ao

sugerir que os problemas da ‘vida’, do ‘ambiente’ e do ‘governo’ coincidem agora

com a emergência da ‘ecopolítica’, cristalizando, assim, uma relação de

poder/saber que reorganiza profundamente de maneira relacional os três

movimentos constitutivos da governamentalidade moderna: governo, população e

economia política.

Este “biopoder alargado” é acompanhado por uma matematização da “natureza” – o que

segue, no surgimento da biopolítica, a importância política das estatísticas para o

“controle” da população, segundo Foucault – levando ao surgimento de diferentes

racionalidades e tecnologias ecológicas que moldam as “reivindicações de verdades” sobre

formas de conduta ecológicas através das quais é esperado que os indivíduos racionais se

governem a si e aos outros (MALETTE 2011).

Mais recentemente surge o governo liberal avançado (DEAN, 1999; OELS, 2005) que,

coexistindo muitas vezes com a biopolítica, acabou por transformar o espaço discursivo

onde as questões ambientais são discutidas. O governo liberal avançado deve ser

compreendido no contexto do surgimento e intensificação do neoliberalismo nos anos

1970s e 1980s, e se caracteriza por apresentar o mercado como o princípio organizador das

organizações, incluindo o Estado, empregando as forças de mercado para garantir a

liberdade da “excessiva” intervenção estatal e criando sujeitos calculistas e responsáveis

que necessitam de aumentar a sua competitividade numa luta constante por auto-

otimização (OELS, 2005).

Nas questões ambientais o governo liberal avançado reflete-se na predominância do

discurso de modernização ecológica – neste contexto utilizamos a versão “fraca”18

. Este

discurso se concentra na eficiência ambiental do desenvolvimento industrial e exploração

18

CHRISTOFF (2000) identifica duas variantes do discurso de modernização ecológica: uma “fraca”

consistindo num discurso tecnocrático e neoliberal que não envolve nenhum re-pensamento fundamental da

sociedade e suas instituições; e uma “forte”, de cariz reflexivo e que adota uma abordagem crítica aos

limites dos paradigmas políticos dominantes e ao modo como instituições modernas lidam com as questões

ambientais.

81

de recursos e acaba por ser apenas superficialmente ambiental (BLOWERS, 1997;

CHRISTOFF, 2000). A modernização ecológica tornou-se o discurso dominante,

enaltecendo os custos econômicos de tomar ações de proteção do ambiente e sem abordar

as questões na base da crise ambiental (HAJER, 1995). No regime internacional de

mudança do clima e no regime nacional de resíduos sólidos, o privilegio de soluções

baseadas nos mercados como cotas comerciáveis e Implementação Conjunta é um

indicativo deste discurso de modernização ecológica.

Oels (2005) tentou perceber em que tipo de ecogovernamentalidade se baseava o regime

internacional de mudança do clima e conclui tratar-se de uma transição de biopoder para

governo neoliberal avançado, pois identificou indícios dos dois tipos de

governamentalidade. O objetivo da CQNUMC de estabilização dos gases com efeito de

estufa na atmosfera em níveis que previnam perigo poderia assim ser classificado como

indício de biopolítica, enquanto que os mecanismos de mercado do Protocolo de Quioto, as

parcerias entre atores no setor privado, ONGs e governos subnacionais e os compromissos

voluntários e estratégias de envolvimento de atores privados são exemplo de governo

liberal avançado.

Fora do âmbito internacional, permanece incerto, contudo, se nas esferas locais e nacionais

as políticas de mudanças climáticas ainda são principalmente enquadradas dentro de uma

governamentalidade de biopoder, o que se reflete na gestão de resíduos sólidos, uma vez

que as intervenções nesse aspecto previstas no Plano Nacional de Mudanças Climáticas

colocam a gestão do lixo como fundamental para a contenção do efeito estufa. Para Oels

(2005), que estudou estas questões no âmbito internacional, é premente realizar mais

estudos para enriquecer esta análise com casos empíricos, através de estudos de caso.

82

Assim, há que se abordar o contexto brasileiro, com uma análise da relação entre o

conteúdo da Política e do Plano Nacional sobre Mudança do Clima e sua interação com a

Política e Plano Nacional de Resíduos Sólidos, sem se perder de vista as escalas políticas

envolvidas. A produção científica sobre essas Políticas é muito escassa, tanto no que

concerne à sua implantação e aos resultados obtidos até agora, como também em relação

ao próprio processo de formulação e ao seu contexto de ecogovernamentalidade. É

pertinente compreender, dado o forte enfoque econômico, de consumo e de delegação à

sociedade civil de responsabilização pela execução dessas políticas, como sua constituição

se reporta a um processo de racionalidade moderna, cuja justificativa se enquadra na

progressão descrita por Oels (2005) de um regime de biopoder para um governo liberal

avançado, nos moldes foucaultianos.

Não delineando, inicialmente, nenhuma metodologia para a análise de regimes, Dean

(1999) propõe uma metodologia flexível – evitando-se assim posturas demasiado

inflexíveis face às categorias de biopoder e de governo liberal avançado, tendo em conta as

heterogeneidades encontradas em cada estudo de caso – e explorando os objetivos dos

regimes de verdade – aqui sendo importante o objetivo dito e o não dito – a sua

justificativa, os seus campos de visibilidade, as tecnologias empregues, o tipo de saberes

preconizados e como as identidades são formadas (DEAN, 1999; OELS, 2005).

Cabe explorar, dessa maneira, até que ponto as ações previstas no Plano Nacional sobre

Mudança do Clima e no Plano Nacional de Resíduos Sólidos, como documentos

regulamentadores de suas respectivas políticas, refletem um regime de

ecogovernamentalidade, concebido como “[...] qualquer tentativa de moldar, com certo

grau de deliberação, aspectos do nosso comportamento de acordo com determinados

conjuntos de normas, para uma diversidade de fins” (DEAN, 1999:10).

83

Assim, revestida da máscara da tecnologia e do máximo controle da vida, a vinculação

entre as macropolíticas de resíduos sólidos e mudanças do clima se amalgamam em uma

estratégia de poder que engessa a ação social e retira de suas prerrogativas a sociedade

civil em prol do mercado. Dessa maneira, é possível a caracterizar essa forma de

biopolítica como governo liberal avançado, ou como uma ecogovernamentalidade, na

medida em que sua finalidade é criar um regime de verdade para o exercício de uma

tecnologia de poder para o controle social.

O presente estudo, ao enquadrar essas macropolíticas num contexto de governamentalidade

permite esclarecer que tipo de regimes de verdade e tecnologias de poder estão nelas

implicados e como isso reflete na formação do Planos Locais de Resíduos Sólidos dos

municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória. Partindo da questão “Como a

agência coletiva é considerada na formulação desses regimes?”, Propõe-se uma narrativa

dos esforços institucionais para legitimar uma ideia de “controle ambiental” e progresso

ecológico, através do cumprimento, por estratégias econômicas e tecnológicas, de uma

gestão do meio ambiente urbano.

84

CAPÍTULO III

ESPAÇO URBANO E SOCIABILIDADE: INTERFACES DO

PLANO NACIONAL RESÍDUOS SÓLIDOS NA REGIÃO

METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA

Para se discutir a questão urbano-ambiental posta pela macropolítica de Resíduos Sólidos

no caso particular da Região Metropolitana da Grande Vitória, no Espírito Santo, faz-se

necessário, em um primeiro momento, entender a formação do espaço urbano no Brasil. O

processo de urbanização no Brasil é um fenômeno intrinsecamente ligado às fases político-

econômicas pelas quais o país passou. De fato, momentos históricos como a colonização, a

Regência, o Império e as várias fases da República ditaram padrões de trato da economia

brasileira e de localização espacial de sua população, alterando, segundo o momento

histórico, o lócus de ação política e a forma/interesses inerente a esta ação. Por vezes, viu-

se a expressividade da dicotomia sertão versus litoral; em outros momentos, o que esteve

explicito foi a urbanização como solução para problemas de organização política advindos

da herança lusitana; por fim, a entrada na “era da indeterminação que caracterizaria o ápice

85

dos processos político e urbano e sua subsunção à economia, presentada na idéia de

ecogovenamentalidade da biopolítica de resíduos sólidos discutida nesta tese.

Esse processo, carregado de aspectos de liberalização econômica, baixa participação social

e fragmentação do espaço público aliados a uma cultura política de obediência e baixa

força reivindicativa, contribui para o fortalecimento de cenários ecogovernamentais. Esses

cenários caracterizados por relações de exercício do poder de polícia estatal - os

mecanismos de gestão ou tecnologias de poder - com um conhecimento técnico

extremamente restrito, acabam por gerar regimes de verdade capazes de sustentar

ecogovernamentalidades e implantar regimes biopolíticos, como ocorre na gestão de

resíduos sólidos.

Dessa maneira, para entender o estado da ação social na política de resíduos sólidos da

região Metropolitana da Grande Vitória, é necessário entender como o processo de

formação do espaço público se deu no Brasil e, em particular, no Espírito Santo. Com isso,

é possível demonstrar as raízes de formação da cultura política capixaba e como isso se

reforça na gestão de resíduos.

3.1 UM CAMINHO PARA AS CIDADES: MEIO AMBIENTE E

ESPAÇO URBANO

Entender o processo de formação do ambiente urbano permite abrir caminho para a

discussão das escalas de aplicação das políticas nacionais, as formas de participação da

sociedade civil e em que medida se verifica sua formação em termos de Política ou Polícia.

A definição de uma ecogovernamentalidade no tratamento da questão dos resíduos,

86

sobretudo, enfoca em que medida a gestão urbano ambiental se aproxima em maior ou

menor grau do processo neoliberal ou se alinha ao processo democrático, ambos em curso

a partir de meados da década de 1980 (DAGNINO, 2004). Com isso, é possível se

estabelecer uma noção de cidadania com apropriação do espaço público, noção de direitos

e como possibilidade de debate político, em detrimento da assunção, pela sociedade civil,

das responsabilidades do Estado na gestão do espaço urbano.

Nessa perspectiva, este estudo não tem por objetivo traçar um histórico apurado do

processo de urbanização e metropolização da região Metropolitana da Grande Vitória. Ao

contrário, busca no “Caminho para as Cidades” as diretrizes políticas que influenciaram,

desde o período colonial, os deslocamentos populacionais, os objetivos econômicos

governamentais e seu balizamento a partir das Elites Nacionais, estabelecendo, assim, os

moldes do debate político e de empoderamento da sociedade civil na formação da política

e em seu monitoramento. Este último aspecto, em particular, é visto como de fundamental

importância em face do que se discute neste estudo em relação à elaboração das

macropolíticas nacionais de Mudanças Climáticas e de Resíduos Sólidos, no

estabelecimento das responsabilidades de sua execução e, mais profundamente, na

descaracterização do cidadão-agente da política para o cidadão-consumidor.

3.1.1 A HERANÇA COLONIAL: BRASIL RURAL E OS REFLEXOS DO MODELO

POLÍTICO-SOCIAL LUSITANO

O impulso colonizador português, ainda que precoce comparado ao restante da Europa, se

baseou em um espírito aventureiro balizador do caráter do colonizador e de seu padrão de

trato pessoal e de sociabilidade. A colonização da América do Sul pelos países ibéricos é

87

um particular exemplo, acompanhando as tipologias de Sergio Buarque de Holanda (2006),

da dicotomia entre “aventureiro e o trabalhador”, entre o “semeador e o ladrilhador”,

respectivamente lusitanos e castelhanos. Este padrão dual apresentou grande

preponderância na formatação da colonização brasileira e, embora não se apresentasse em

formas puras, mas sempre com matizes contrárias, o português que aqui chegou emprestou

a aventura e a semeadura à nação a se formar.

Conforme ressalta Holanda (2006:69), o modelo de ocupação do território brasileiro foi

eminentemente rural, embora não tenha sido completamente agrário. O “medo” de se

avançar em direção ao interior fez com que a organização territorial da colônia se

concentrasse no litoral, fazendo de cada margem costeira um porto, por onde se escoaria a

semeadura e a extração colonial. Expoente dessa forma de ocupação colonial, o Espírito

Santo apresentou, historicamente, uma função de zona de bloqueio e controle do acesso às

minas gerais (BRESCIANI, 2011). Assim, mesmo o desenvolvimento agrário e a

priorização da ocupação litorânea na região se deu em função de estabelecer pontos

aleatórios de controle do território de forma a impedir a entrada de nações inimigas e,

mesmo, o escoamento ilegal do ouro das minas.

A formação da sociedade capixaba, nesse ínterim, se dá a partir de um transplante da

cultura européia para um ambiente adverso – tropical e selvagem – notadamente em sua

forma autônoma de relações interpessoais peculiar ao povo ibérico, que sobrevaloriza o

patrimonialismo, a individualidade e a hereditariedade como critérios de beneficiamento

pessoal. Nesse sentido, é relevante entender a Sombraceria, enquanto força exterior e

respeitável, moralizante e temida, mantenedora dos privilégios, da hereditariedade e da

organização social, como fator determinante da sociabilidade no Brasil. Cabe destacar,

conforme aponta Sérgio Buarque de Holanda que:

88

É dela que resulta largamente a singular tibieza das formas de organização, de

todas as associações que impliquem solidariedade e ordenação entre esses povos

[os ibéricos]. Em terra onde todos são barrões não é possível acordo coletivo

durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida. (2006:21. adendo

nosso).

E acrescenta: “À frouxidão da estrutura social, à falta de hierarquia organizada devem-se

alguns dos episódios mais singulares da história das nações hispânicas, incluindo-se nelas

Portugal e Brasil” (2006:21). Tais episódios, aos quais se refere Holanda, podem ser

tipicamente caracterizados como a Independência, a Abolição da Escravatura, a República,

a Revolução de 30, a Ditadura e a Abertura Econômica. Assim, essa herança colonial,

aliada a esses momentos históricos determinaram o Espírito Santo de hoje e sua estrutura

sócio-política em uma “era de indeterminação” (OLIVEIRA, 2007.) pautada pela vontade

econômica, formando assim uma cultura política particular ao Espírito Santo e que

apresenta grande preponderância enquanto molde de seu trato social: a de alijamento das

grandes decisões e debates políticos nacionais; a conformação com o pequenos destaque

no cenário nacional e o direcionamento de sua política para o exterior (BRESCIANI, 2011;

ROCHA; MORANDI, 1991).

Ainda nesse contexto de formação de um Homem – cordial – Capixaba, cabe destacar sua

ética da fidalguia, na qual o que importa são as virtudes capitais individuais,

consubstanciadas na inferiorização do trabalho e edificação do ócio. Esse tipo de relação

com o trabalho, segundo Holanda (2007:28), é responsável pela inexistência de uma

solidariedade endógena, advinda de uma moral do trabalho, nessas sociedades isso

contribui com a ressaltada “frouxidão da estrutura social”, criando um ambiente propício

para a dominação política através da força, característica das diversas composições do

Estado brasileiro até 1988.

89

O espírito sombracero, destarte, é o balizador do ânimo aventureiro com o qual se dá a

ocupação do território brasileiro. O objetivo finalista da exploração colonial do Espírito

Santo foi de mero apoio às grandes atividades nacionais, primeiro na extração do Pau-

Brasil, depois na exportação do açúcar da Zona da Mata nordestina, seguido pela extração

do ouro nas Minas Gerais, buscava simplesmente a garantia de manutenção do pacto

colonial e o fornecimento da Metrópole. Assim, embora tenha sido a terceira Capitania

Hereditária a ser ocupada, o espírito aventureiro que ocupou para as terras esteve sempre a

espera de um simples usufruto da terra colonial, tendo como principal ponto de apoio o

enriquecimento rápido que ela pode promover (MATTOS, 2011; SIQUEIRA, 2001).

Isto implica dizer, no âmbito deste estudo, que as “raízes” da formação social capixaba,

sua organização espacial e suas referências quanto a um território de sociabilidade

compartilhada, se fincam em um solo arenoso, no qual as bases de um compromisso social,

de construção de um estado com identidade e território definidos não estão claras. Dessa

forma, consoante o que apresenta Holanda, é importante destacar que esse espírito

aventureiro se mostra preponderante à formação colonial do Espírito Santo, não só por seu

caráter adaptativo, capaz de manter o formato das relações sociais lusitanas em um

ambiente muito diferente, mas por introduzir, ainda que de forma incipiente e esparsa, uma

economia colonial de subsistência, baseada na mão-de-obra escrava africana como uma

forma de garantir o trabalho na lavoura (ROCHA; MORANDI, 1991). Dessa forma, como

aponta o Holanda:

Não foi, por conseguinte, uma civilização tipicamente agrícola o que instauraram

os portugueses no Brasil com a lavoura açucareira. Não o foi, em primeiro lugar,

porque a tanto não conduzia o gênio aventureiro que os trouxe à América; em

seguida, por causa da escassez de população do reino, que permitisse emigração

em larga escala de trabalhadores rurais, e finalmente pela circunstância de a

atividade agrícola não ocupar então, em Portugal, posição de primeira grandeza.

(2006:41).

90

Esses fatores são preponderantes ao entendimento do atraso na abolição da escravatura, na

discriminação ao africano escravo – o trabalhador – que se perpetuou após o Império e

mesmo no discurso racial predominante na segunda metade do Século XIX e início do

Século XX, demonstrada por Ventura (2000). A introdução do negro escravizado transpôs

à sociedade brasileira uma “moral das senzalas”, responsável por um languedescimento da

população colonial do Brasil, o que só veio predominar no Espírito Santo muito depois do

restante do Brasil, com a falência das minas gerais. Contudo, nesse ponto ainda vale-se dos

ensinamentos de Gilberto Freyre (2001) sobre como a atitude dos escravos domésticos –

mucamas, negrinhos e negrinhas – contribuiu para a formação moral e social dos filhos dos

senhores de engenho.

Por conseguinte, cabe destacar, ainda segundo Holanda, como o modelo de ocupação do

território foi relevante na configuração da herança colonial do Brasil como um todo e, em

particular, do espírito Santo. Apoiado na dicotomia ladrilhador – o hispânico, capaz de

projetar cidades racionais baseadas no modelo metropolitano, e semeador – o lusitano,

sentimental, cujo espírito aventureiro levou à exploração de novas terras, sem fazer delas o

prolongamento da metrópole, autor ressalta a importância da exploração desses padrões de

ocupação do território na constituição das futuras sociedades das colônias Ibéricas. No

Espírito Santo, de fato, o primeiro marco de rompimento com o espírito semeador só se dá

em fins Século XIX, com o início da imigração europeia, ao contrário do restante do Brasil

que experiência essa realizada no Século XVIII, com a exploração do ouro nas Minas

Gerais, o que faz surgir um pequeno surto urbano nas regiões auríferas, que decai com o

esgotamento da produção das jazidas de aluvião.

Exceção representada na obra Jesuítica, esse padrão de colonização denota que, na

palavras de Sérgio Buarque de Holanda, “[...] a colônia é simples lugar de passagem, para

91

o governo como para os súditos” (2006:102) e que no estado do espírito Santo, encontrou

nos Passos do padre José de Anchieta, grande espaço de atuação. Dessa maneira, as

cidades edificadas em território capixaba não buscavam romper com a irregularidade do

relevo, já que não eram produtos de uma “atividade mental” ou de um rigor técnico que

tivesse por objetivo “encravar” explicitamente a formação urbana na natureza, tal qual

ocorreu na América espanhola.

Vê-se, portanto, que essa herança colonial constitui-se como parte da consolidação de um

modelo rural no qual se sobressai a aversão ao trabalho e uma ocupação desordenada do

território. Entende-se com isso, conforme Holanda que:

Essa primazia acentuada da vida rural concorda bem com o modelo de dominação

portuguesa, que renunciou a trazer normas imperativas e absolutas, que cedeu

todas as vezes em que as conveniências imediatas aconselharam a ceder, que

cuidou menos em construir, planejar ou plantar alicerces, que em feitorizar uma

riqueza fácil e quase ao alcance da mão. (2006:97).

Do exposto, tem-se que para compreender as fases subseqüentes da socialização, da cultura

política e do processo urbano no Espírito Santo, deve-se levar em conta essa formação

peculiar da identidade local, baseada na hereditariedade, na aversão ao trabalho e na

exaltação do ócio, na introdução do trabalho forçado, consubstanciado no agravamento do

mandonismo e da autoridade pessoal de uma região que, por assim dizer, teve o papel

histórico de “zona tampão” e barreira natural à entrada de pessoas. É nesse contexto que no

Espírito Santo vê-se uma formação incipiente do espaço público, acompanhando um Brasil

independente cuja formação de sua nação, de sua burguesia e interesses econômicos

mantêm instituições políticas de ordem autoritária em quase toda a história.

92

3.1.2 FORMAÇÃO DA BURGUESIA BRASILEIRA: MANUTENÇÃO DA HERANÇA

COLONIAL E PROCESSO URBANO

Um novo ciclo da ocupação urbana do Brasil se dá com o rompimento do período colonial.

A instalação da Família Real Portuguesa em 1808 no Rio de Janeiro constitui o primeiro

marco de uma mudança no padrão da urbanização que perdurará por quase um século,

tendo na Proclamação da República seu término. Esse período é caracterizado pela pós-

Revolução Burguesa brasileira, que ocorre com a Proclamação da Independência em 1822

– o momento político, pela consolidação do liberalismo mercantil autônomo – o momento

econômico, e pela abolição do tráfico negreiro e, posteriormente da própria escravatura – o

momento social.

Nesse sentido, a Independência é o fato histórico alavancador de uma nova sociabilidade,

baseada no meio urbano e que somente se consolida com a industrialização do Brasil pós-

Revolução de 1930. Isto se deu, pois a transformação do Brasil em uma nação

independente demandou da elite senhorial da época uma tomada de decisão, pela primeira

vez na história, quanto aos rumos da lavoura, da economia e da política nacional, bem

como do trato com o exterior. Dessa maneira, nas palavras de Fernandes:

Essa porção de senhores rurais tendeu a secularizar suas idéias, suas concepções

políticas e suas aspirações sociais; e, ao mesmo tempo, tendeu a urbanizar, em

termos ou segundo padrões cosmopolitas, seu estilo de vida, revelando-se

propensa a aceitar formas de organização da personalidade, das ações ou das

relações sócias e instituições econômicas, jurídicas e políticas que eram mal vistas

e proscritas no passado. (1976:27).

Essa alteração de visão de mundo não foi suficiente, contudo, para exercer uma forte

influência no padrão de identidade e da sociabilidade do então brasileiro. De fato, a

intensidade da introdução das idéias liberais, no meio político pela Constituição do Império

93

de 1824 e no econômico a partir do acompanhamento da economia internacional e a

vinculação incondicional à economia inglesa, não encontrou paralelo no meio social. Em

processos como a urbanização e a consolidação de uma elite nacional, no entanto, ideais

como liberdade e igualdade foram postos em segundo plano, em detrimento a uma

“dualidade ética” que privilegiava o “nosso grupo” – familiar, patriarcal e patrimonialista,

em oposição ao “grupo dos outros” – ao restante da sociedade indistintamente

(FERNANDES, 1976).

Isto se dá, pois segundo Fernandes: “As elites nativas não se erguiam contra a estrutura da

sociedade colonial. Mas contra as implicações econômicas, sociais e políticas do estatuto

colonial” (1976:32). Esse apego à herança sociocultural do período anterior é responsável

pela manutenção da escravidão, pelo beneficiamento pessoal e familiar advindo daquela

sombraceria indicada por Sérgio Buarque de Holanda como norte do padrão de

sociabilidade de bases ibéricas. Nesse contexto, o processo urbano iniciado com a

implantação da Regência no Reino do Brasil e sua posterior intensificação com a

Independência e transformação em Império, caracteriza um movimento balizado por

iniciativas políticas e econômicas revolucionárias, pautadas pela cartilha liberal. Essa

adoção do ideário liberal, concomitante ao apego à herança colonial:

[...] condicionavam uma tal concentração do poder político ao nível dos privilégios

senhoriais, que ‘sociedade civil’ e ‘estamentos sociais dominantes’ passaram a ser

a mesma coisa. De fato, não só o grosso da população ficou excluído da sociedade

civil. Esta diferenciava-se, ainda, segundo gradações que respondiam à

composição da ordem estamental, construída racial, social e economicamente na

colônia [...] (FERNANDES, 1976:40).

Assim, esclarece-se como a aversão ao trabalho, a exaltação do ócio – cujo maior expoente

é o sistema de trabalho forçado escravista – perpetua-se no Brasil, mantendo aqueles

padrões de sociabilidades rurais coloniais no meio urbano do Brasil independente. O poder

94

político, diante dessa configuração social, partia de uma metamorfose entre o ideal da

liberdade, para o “senhor-cidadão” e a autoridade sobre todos os outros. De fato, a grande

lavoura perpetuou-se, mas sem interferir decisivamente na reorganização do fluxo de

renda, do novo sistema econômico e da urbanização, ao contrário, ela buscou formas

adaptativas que permitissem a coexistência com o novo regime social.

Esse sistema econômico-social que pautou a sociabilidade no Brasil Império estimulou um

intenso crescimento de centros urbanos. Não houve, contudo, modificações no padrão de

construção das cidades. De fato, parece que o espírito semeador apontado por Holanda

como expoente do período colonial, perpetua-se, visto o caráter intenso e difuso com que

se viu o impulso urbano nessa época (FERNANDES, 1976:65), típico do aventureiro,

semeador, que via na intensificação do comércio internacional um ponto de aquisição

rápida de riquezas e um motor para transformar qualquer porto em cidade comercial-

exportadora.

Nesse afã da busca pelo comprador externo, a sociedade brasileira passa a integrar-se mais

com exterior, a elite urbana, influenciada pelas idéias européias, passa a adotar uma

postura mais cosmopolita, aproveitando-se do impulso liberal.

Assim, a assimilação de novos modelos de organização das casas, das

manufaturas, dos bancos, dos serviços públicos etc., tanto pressupunha certo

‘progresso institucional’ quanto a objetivação de condições culturais internas de

integração de uma ‘sociedade nacional’, de uma ‘economia de mercado’ etc.

(FERNANDES, 1976:66).

Dessa maneira, as próprias relações políticas foram experimentando o afloramento de

certas idéias como o positivismo e a eugenia, esta última responsável por intensas

polêmicas entre o movimento abolicionista e os conservadores.

95

De fato, a partir de meados do Século XIX, as discussões nos meios sociais e políticos

sobre o grau de miscigenação da população brasileira e seu impacto na formação da nação

tornam-se emblemáticos na reorganização do padrão de sociabilidade. A subvalorização da

população mestiça e negra, seu isolamento e marginalização é fator preponderante na

origem do processo de favelização de centros urbanos como o Rio de Janeiro. O escravo,

excluído do movimento abolicionista, se viu esquecido pela sociedade política após a

gradual eliminação do trabalho forçado, que culminou na Lei Áurea de 1888. Exemplo

marcante de como se moldavam as relações sociais entre os cidadãos e os negros e

mestiços está expressa na posição de Nina Rodrigues, para quem:

A concepção liberal de justiça, apoiada na universalidade das idéias, entraria em

contradição com a realidade do país, marcada pela heterogeneidade étnica. A

existência de raças não-brancas desmentia os princípios fundamentais ao

liberalismo, como o livre-arbítrio e a capacidade de discernimento, tornando

problemática a implantação de um sistema político baseado em eleições

periódicas. Acreditando que cada raça se encontrava em estádios evolutivos

distintos [...]. (VENTURA. 2002:347).

Essa visão da organização social torna-se dominante e perpetua-se até praticamente

meados da República Velha. Já nesse início do Século XX é que o mestiço, emoldurado na

figura do sertanejo, começa a ganhar valor no meio social enquanto “roda viva da

nacionalidade” (CUNHA. apud. VENTURA. 2000:351). Agregam-se a isso, os estudos de

Gilberto Freyre (2001) sobre os efeitos da miscigenação na correção da distância entre

brancos e negros no Brasil e a exaltação da mestiçagem promovida por Jorge Amado em

seus romances, ou mesmo em Euclides da Cunha em “Os Sertões”.

Esse ideário que surge no início do Século XX vai desembocar na Revolução de 1930 e no

período Vargas, no qual um grande revés com relação à noção e valor do trabalho é

impulsionado pela industrialização e pelas influências do imigrante europeu. É nesse

período, segundo Fernandes, que se consolida a Revolução Burguesa no Brasil, destacando

96

um país mais urbano, cuja sociabilidade dá mostras de rompimento com a herança colonial

(1976:206). O surto industrial e o amálgama entre as elites rurais e urbanas produzido por

Vargas, desembocam em relações – agora – de classes, na Sociedade Brasileira.

Culminam com esse processo urbano, apoiado na mudança do padrão de sociabilidade, a

“doação” dos estatutos trabalhistas e posterior Consolidação das Leis do Trabalho, como

um presente do Estado paternalista às classes trabalhadoras. Apesar deste avanço em

termos de regime jurídico, cabe destacar que isso se deu à margem de um rompimento com

a dependência histórica do Brasil. O desarranjo institucional e social resolveu-se, segundo

Fernandes, pela própria reordenação dos padrões de sociabilidade; a crise econômica que

se seguiu, contudo, teve sua solução subordinada à reorganização do padrão de

dependência externa (1976:219).

Esse processo se observa no Espírito Santo ainda mais tardiamente. O Estado apenas

rompe com o passado colonial e inicia um verdadeiro processo de metropolização a partir

da década de 1950 (SIQUEIRA, 2001; MATTOS, 2011). Isso se intensifica no período

ditatorial, quando os grandes projetos industriais são instalados no Estado entre as décadas

de 1960 e 1980, com a instalação da Companhia Vale do Rio Doce e da Companhia

Siderúrgica de Tubarão na capital, Vitória.

Esses grandes projetos foram responsáveis pelo grande afluxo populacional,

principalmente de trabalhadores migrantes nordestinos, impulsionando o processo de

ocupação e metropolização da Região da Grande Vitória (ABE, 1999; BRESCIANI,

2011). Esse movimento, desprovido de infraestrutura urbana, foi o responsável pela

formação dos primeiros bolsões de pobreza até então inexistentes no que viria a tornar-se,

na década de 1990, a região metropolitana (MATTOS, 2011).

97

Com isso, pode-se inferir que a formação urbana tardia e o grande afluxo migrante para a

região da grande vitória resultou em pouca mobilização social. De fato, movimentos

sociais e sindicatos foram de baixa expressão social em caráter reivindicativo e apenas

experimentaram certo crescimento na década de 1990 (DOIMO, 2008). Isso é um

demonstrativo de um descompasso entre o movimento nacional de fortalecimento dos

movimentos sociais, pré-Constituição de 1988, que no Espírito Santo só ocorre em meados

da década de 1990, quando no cenário nacional já se via um arrefecimento da força desses

movimentos (LAVALLE, 2003) e um forte processo de cooptação desses grupos pela ótica

neoliberal num processo denominado por Dagnino (2004) de ongnização da sociedade

civil.

Esse cenário é responsável, com isso, pela consolidação tardia da noção de espaço público

no estado do Espírito Santo (CARLOS, 2011), que já nasce em meio às estratégias de

fragmentação e cooptação da sociedade civil ocorridas nos processos de reforma do estado

da década de 1990 (DINIZ, 2001; DAGNINO, 2004). Esse fator é responsável, por

conseguinte, por uma cultura política capixaba de baixa intervenção e participação social

no espaço público.

Isso pode ser observado, por exemplo, na maior intervenção urbana já experimentada pelo

cidade de Vitória ocorrida no início da década de 1990: os Projetos Terra e São Pedro

(ABE, 1999; SIQUEIRA, 2001; MATTOS, 2011). Tais projetos consistira em estratégias

de urbanização de áreas de risco ambiental e extrema pobreza da capital do ES. Através da

estratégia de “transplante”, as populações foram removidas de regiões altas e de encostas -

Projeto Terra - e de áreas semialagadas e de depósito de resíduos - Projeto São Pedro - no

período ajustes estruturais e implantação de alguns equipamentos urbanos e reimplantadas

após o fim desses projetos nessas regiões.

98

Assim, os projetos permitiram, em certa medida, a manutenção dos padrões de organização

social urbana na cidade de Vitória, sem a necessidade de criação de grupos reivindicativos,

uma vez que tais projetos foram realizados sob a ótica do Estado Providência (ABE, 1999;

MATTOS, 2011). Esses projetos, contudo foram de fundamental entendimento para a

questão dos resíduos sólidos na Região Metropolitana da Grande Vitória, pois uma vez que

a capital do Estado removeu de seu território as áreas de depósito de resíduos, já no início

da década de 1990 já se viu a necessidade da gestão consorciada do lixo, que culmina na

criação, 30 anos depois, do Plano Diretor de Resíduos Sólidos, objeto da próxima seção.

3.2 REFLEXOS DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS

SÓLIDOS E A QUESTÃO DO SANEAMENTO: UM OLHAR

SOBRE A REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA

Fortemente vinculada à questão do saneamento básico, a gestão de resíduos sólidos

representa um dos principais pilares da gestão ambiental urbana e, consequentemente de

garantia de uma vida digna e saudável à população. Assim, nesse contexto de discussão

sobre ecogovernamentalidade em que, como estratégia mercadológica, a gestão de resíduos

vincula-se à questão das mudanças climáticas, é importante destacar que tanto pela via da

gestão da vida, quanto pela estratégia de fortalecimento de um governo liberal, fundado em

tecnologias de poder regulatórias, como visto acima, a PNRS se traduz como um resultado

exponencial da formação da cultura política no Brasil, apresentando reflexos relevantes

sobre a questão na Região da Grande Vitória.

99

A gestão de resíduos, além disso, traz em conjunto não apenas os aspectos econômicos

relacionados ao consumo, mas infere grande mobilização de movimentos e grupos sociais.

Assim:

Um dos aspectos sociais mais degradantes nos serviços de limpeza urbana é a

catação de recicláveis nos aterros e lixões, onde pessoas de todas as idades,

misturadas ao lixo, entre animais e máquinas, e em condições de insalubridade e

risco, lutam pela sobrevivência. (IBGE, 2002)

Dessa forma, Além de ser um dos serviços de saneamento que, conforme o Gráfico I,

apresenta maior abrangência na gestão pública do saneamento, a gestão de resíduos,

fatalmente, é a que mais envolve a vida diária da população.

GRÁFICO I - Representatividade da Gestão de Resíduos Sólidos na Política de

Saneamento

100

Fonte: IBGE, 2011.

Esse último aspecto é fundamental para a abordagem aqui tratada, pois se encarado com

ponto relevante de discussão no espaço público, a gestão de resíduos sólidos deveria

assumir um papel de destaque no debate político, uma vez que:

Bons resultados na limpeza urbana estão vinculados à participação ativa da

população com práticas adequadas ao serviço, tais como acondicionar

adequadamente o lixo, colocá-lo à disposição para a coleta nos dias e horários

pré-estabelecidos, e não lançar resíduos nos logradouros, rios, canais e praias.

Também é importante o conhecimento da estrutura organizacional e operacional

necessária à execução dos serviços, os custos correspondentes e a diversidade de

serviços que compõem um sistema de limpeza urbana, tais como o

101

acondicionamento, a coleta, a varrição e a limpeza de logradouros, a

transferência e a destinação final. (IBGE, 2002).

Assim, conforme salientam Dagnino (2004) e Teixeira (1997), pode-se dizer que a gestão

de resíduos, tanto do ponto de vista da participação, quanto da cidadania estaria muito mais

vinculada à uma questão mercadológica, da reivindicação de um serviço, do que de uma

questão político-discursiva, que envolva a questão da formação de uma sociabilidade

(JACOBI, 2006). Além disso, é importante salientar que pela complexidade, abrangência e

falta de informação o acesso às escalas institucionais de gestão de resíduos é diminuta,

fazendo com que apenas os “canais de comunicação com o consumidor” sejam adotados

com vias de acesso à gestão, planejamento e execução dessa macropolítica.

De fato, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada pelo IBGE,

em 2000:

Os canais de comunicação têm servido mais para reclamar sobre a qualidade dos

serviços prestados (71 ) do que para participar ou colaborar para a implantação

do sistema (29%). Ainda assim foram declarados 2030 movimentos

reivindicatórios, em vários municípios, para implantação, ampliação e melhoria

dos serviços, promovidos em sua maioria por associações de bairro ou de

moradores (46 ), seguidas de partidos políticos (22 ). (2002)

Esse dado se mostra preocupante, quando se verifica que em 5507 municípios pesquisados,

apenas foram identificados 2030 grupos que buscaram participação na gestão. Mais

preocupante é o dado que demonstra que nesta parcela já pequena de participação há ainda

um quantitativo acima de 70 de “reclamações” e, consequentemente poucas ações

propositivas e integrativas da sociedade.

Esse aspecto é relevante, pois acaso se concentre apenas nos aspectos mais formais da

participação na gestão de resíduos nos municípios, que seria o orçamento participativo

102

(DINIZ, 2001; TEIXEIRA, 1997), vê-se também que não há muita efetividade nesses

reivindicações e reclamações. Isso pode ser visto, em parte, pelo percentual do orçamento

municipal destinado à gestão de resíduos nas cidades brasileiras, conforme a Tabela

abaixo.

TABELA I - Percentual do Orçamento dos Municípios Brasileiros Destinados a

Gestão de Resíduos Sólidos por Faixas de População

Fonte: IBGE, 2002.

Como se vê, em todas as faixas de população, o maior quantitativo de cidades se concentra

no percentual mínimo de gastos com gestão de resíduos. Esse cenário pode ser melhor

percebido, em função dos direcionamentos da PNRS (BRASIL, 2012) que determina a

priorização de uma coleta seletiva, cuja abrangência é, ainda, de pequena monta no

território nacional, conforme se percebe na Figura II.

103

FIGURA II - Abrangência da Coleta Seletiva no Brasil

Fonte: IBGE, 2011.

Essa questão se vê ainda agravada pelo fato de que, sendo estruturada num sistema

incipiente de coleta seletiva, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, para além de

enfatizar uma responsabilidade do consumidor-produtor de resíduos na cadeia produtiva,

relega às cooperativas de catadores papel fundamental no processo de gestão. Contudo,

embora se verifiquem experiências positivas e que mantenham um mínimo de condições

ao trabalho digno das cooperativas de catadores, conforme exposto por Jacobi (2006), o

que se observa no geral é uma baixa abrangência da presença desses grupos.

104

FIGURA III - Distribuição das Cooperativas de Catadores no Brasil

Fonte: IBGE, 2011.

FIGURA IV - Relação entre distribuição de catadores e trabalho social no Brasil

FONTE: IBGE, 2011

105

Nesse contexto, conforme último censo realizado pelo IBGE com os catadores no Brasil-

Figura IV -, a situação mostra-se ainda mais precária. Aliando esses dados aos contidos na

Tabela II, vê-se que mesmo com essas estratégias de trabalho social, as condições de

renda, associação e trabalho são insuficientes para a média desses trabalhadores.

TABELA II - Situação dos Catadores de Lixo no Brasil

Categorias Distribuição

Catadores 400-600 mil

Cooperativas 1100

Catadores / Cooperativas 10%

Cidades / Catadores em Aterros 27%

Cidades / Catadores em area urbana 50%

Renda media (mensal) R$420–R$520

Fonte: Elaboração própria a partir de IBGE, 2002

Como pode ser observado, a questão da gestão de resíduos sólidos urbanos encontra um

grande desafio em particular no Brasil: o de conciliar as previsões de participação social

das cooperativas de catadores em uma política não formulada por elas, com objetivos de

integração do manejo de resíduos interesses do mercado de carbono, embora este tipo de

ação não seja a mais relevante do ponto de vista do controle das mudanças do clima.

Nesse contexto, subsiste uma precária iniciativa de mobilização social, na medida em que

os consumidores são demandados a participar da política pela mera responsabilização pelo

uso da mercadoria. Além disso, o entrelaçamento das ações dessas macrocopolíticas gera

um confronto de interesses entre sociedade civil organizada, representada pelos catadores,

com o mercado de carbono, uma vez que para a criação de projetos de MDL, é necessária a

106

remoção dos trabalhadores dos aterros sanitários, o que significa deslocar da área de

trabalho, sem criação de alternativa de renda cerca de 1/3 desse grupo.

Dado esse panorama da questão nacional da PNRS, cabe tecer algumas considerações

sobre sua estruturação na Região Metropolitana da Grande Vitória. Assim, o quadro abaixo

apresenta um panorama geral da gestão de resíduos nas quatro maiores cidades da Região

Metropolitana.

QUADRO I - Panorama da Gestão de Resíduos em Municípios da Região

Metropolitana da Grande Vitória

FONTE: METRO, 2014

Como se pode observar, a partir do quadro acima de da Tabela III, a Região metropolitana

acompanha uma tendência nacional de gastos orçamentários com o manejo de resíduos

107

urbanos. Esse cenário decorre de uma série de fatores, dentre os quais se destaca o fato de

que desde 2009 (ESPIRITO SANTO, 2009) os aterros sanitários controlados da Região -

que podem ser observados na Figura V - passaram a se organizar e consolidar como

projetos do mercado de carbono. Com isso, viabiliza-se a geração de receita para a gestão

consorciada do lixo entre municípios e empresas gerenciadoras dos aterros.

TABELA III - Orçamento dispensado à Gestão de Resíduos na Região Metropolitana

da Grande Vitória

Fonte: IBGE, 2002.

Nessa perspectiva, percebe-se que a forma de gestão de resíduos sólidos no Espírito Santo

se aproxima em grande medida do discorrido no capítulo anterior com relação à questão da

ecogovernamentalidade. Isso pode ser percebido, observando-se o expresso no texto do

Plano Diretor de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana da Grande Vitória (ANEXO

A), que descreve como ocorreu esse processo, inicialmente pela estratégia do Município de

Vitória em criar, juntamente com um empresa privada, revestida da prerrogativa de

organização social, um área de manejo do lixo, com gestão voltada para o mercado de

carbono, modelo que depois foi seguido pelos municípios de Vila Velha e Serra,

congregando, hoje, um conjunto de três empresas que gerem a ação consorciada para

manejo de resíduos, conforme pode-se identificar pelo pontos azuis no Figura V abaixo.

108

FIGURA V - Manejo de Resíduos Sólidos no Espírito Santo

Fonte: IBGE, 2011

Por fim, uma atenção especial deve ser dada à questão dos movimentos sociais de

catadores na região. Com os Projetos Terra e São Pedro, na década de 1990, esses grupos

se viram bastante afetados pela exclusão de suas áreas de trabalho e tentativa, por parte do

poder público, de redirecionamento da forma de coleta dos aterros sanitários sem controle -

lixões, para a coleta nas ruas. Tal estratégia culminou no enfraquecimento desses grupos e

109

seu quase desaparecimento, como entidades organizadas e cooperativada, na Região

Metropolitana. Os reflexos disso podem ser observados na Figura VI.

FIGURA VI - Trabalho Social e Distribuição de Organizações de Catadores

FONTE: IBGE, 2011.

Como é possível observar, comparativamente ao cenário nacional, tanto a presença quanto

o trabalho social realizado com os grupos de catadores no Espírito Santo é desproporcional

ao restante do país. De uma maneira geral, como pode ser visto no Plano Diretor da região

Metropolitana (ANEXO A), esses grupos tampouco foram envolvidos no debate político

para formulação do plano, tendo sido apenas estudados na fase de diagnóstico do plano

como “objeto” da ação da política após formulada, numa clara ação biopolítica, conforme

apontado no capítulo II com relação à questão da ecogovernamentalidade, que impera nas

ramificações locais dessa macropolítica.

Assim, o que se vê é a instrumentalização dos movimentos sociais na gestão de resíduos

sólidos na região Metropolitana da Grande Vitória, com seu alijamento do processo

decisório e de constituição da política. A caracterização de um consórcio ara atendimento

110

ao Mercado de carbono contribui, ainda, para reforça a idéia de implantação de uma

tecnologia de controle na gestão do ambiente e da vida, que se aproveita da fragmentação

do espaço público e do enfraquecimento do elemento de participação na cultura política da

sociedade civil capixaba.

111

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta Tese teve como objetivo tratar da ótica do processo de participação social na gestão

de resíduos sólidos na Região Metropolitana da Grande Vitória, a partir da adoção do

Plano Diretor local. Essa pesquisa deveu-se à necessidade de discussão de como os

instrumentos de aplicação da política pública são capazes ou não de pautar a forma de

participação ou a tutela das organizações sociais envolvidas na gestão da vida urbana. Com

isso, foi possível traçar inferências sobre como essa política em particular está vinculada a

uma ótica macropolítica, em uma situação de ecogovernamentalidade.

Buscou-se tratar nesta tese de uma perspectiva geral do processo de urbanização e seus

reflexos na formação de uma cultura política no Brasil. Além disso, procurou se fazer um

enfoque da formação dos regimes Nacionais de Mudanças Climáticas e Resíduos Sólidos a

partir de questões referentes ao Espaço Público no Brasil e seus principais agentes, o

Estado e a Sociedade Civil Organizada. Os pontos mais suscitados nessa discussão

referem-se a mudança de papel de ambos os agentes ao longo das últimas décadas, que

influenciaram a configuração do público e sua visão enquanto espaço de ação política.

Todo esse processo vem permeado ainda pelo fenômeno da Globalização, responsável pela

criação de novos entraves de atuação política e pela localização/fragmentação do meio de

atuação dos atores sociais

Deste ponto em diante, cabe traçou-se uma breve perspectiva sobre o processo de

metropolização da RMGV com vistas as questões ambientais, procurando aprofundar sua

relação com as políticas nacionais estudadas. Além disso, o enfoque na formação dos

planos locais de gestão de resíduos sólidos foram apresentados como exemplo desse

processo de ecogovernamentalidade.

112

Assim, para dar conta dessa proposta, apresentou-se um estudo da formação da

macropolítica nacional de Resíduos Sólidos, e suas interpelações com a questão das

mudanças climáticas. Além disso, discutiu-se, a partir dos Censos do IBGE o estado da

produção e gestão de lixo nas escalas nacional e metropolitana da Região metropolitana da

Grande Vitória, no Espírito Santo, de forma a entender a relevância e o impacto político e

social dessas políticas, bem como sua integração. Por fim, com isso, buscou-se demonstrar

a conformação de uma “era da indeterminação” política na qual o espaço público é

minimizado diante da cooptação da sociedade civil por mecanismos e tecnologias de

poder, regidas pelo Estado, com fins puramente econômicos, o que põe em cheque a noção

própria de cidadania.

Com isso, pode-se aferir que a gestão de resíduos sólidos promovida pelo Plano Gestor da

Região Metropolitana da Grande Vitória constitui efetiva tecnologia de poder e controle

característica da face biopolítica denominada neste trabalho de ecogovernamentalidade. A

identificação desse fenômeno está fortemente ligada à formação de uma cultura política

local com fraco apoio na participação social, cujos movimentos encontram pouca

expressividade em um espaço público altamente fragmentado.

113

REFERÊNCIAS

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Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo,

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ENTREVISTAS

SERVIDOR 1. 2012 Entrevista concedida a Tiago Miguel D’Ávila Martins de Freitas.

Brasília.

SERVIDOR 2. 2013 Entrevista concedida a Tiago Miguel D’Ávila Martins de Freitas.

Brasília.

120

Anexo A - Plano Diretor de Resíduos Sólidos da região Metropolitana da

Grande Vitória

PLANO DIRETOR DERESÍDUOS SÓLIDOS DA

REGIÃO METROPOLITANA DAGRANDE VITÓRIA

Cariacica

Fundão

Guarapari

Serra

Viana

Vitória

Vila Velha

PLANO DIRETORDE RESÍDUOS SÓLIDOS DAREGIÃO METROPOLITANADA GRANDE VITÓRIA

Produto 8: Plano Diretor de Resíduos Sólidos

Novembro 2009

Instituto Brasileiro de Administração MunicipalÁrea de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA Instituto Brasileiro de Administração Municipal

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3

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

Paulo César Hartung Gomes Governador de Estado Ricardo de Rezende Ferraço Vice-Governador

Paulo Timm Superintendente Geral

Victor Zveibil  Superintendente de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

SECRETARIA DE ESTADO DE GOVERNO EQUIPE TÉCNICA

José Eduardo Farias de Azevedo Secretário

INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES

Ana Paula Vitali Jones Vescovi Diretora-Presidente

José Geraldo Tedesco da Silva Diretoria de Tecnologia e Informação Andréa Figueiredo Nascimento Diretoria Administrativa e Financeira Márcia Zenóbia Oleari Gerente do Projeto

COMDEVIT

Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória

MUNICÍPIOS Prefeitura Municipal de Vitória Prefeitura Municipal de Vila Velha Prefeitura Municipal de Serra Prefeitura Municipal de Viana Prefeitura Municipal de Cariacica Prefeitura Municipal de Guarapari Prefeitura Municipal de Fundão

Victor Zveibil – Supervisor e Coordenador Geral Karin Segala – Assistente de Coordenação Berenice de Souza Cordeiro – Responsável Técnica, Especialista em Gestão de Resíduos Sólidos Andrea Pitanguy de Romani – Especialista em Gestão de Resíduos Sólidos

ASSESSORES ESPECIALISTAS Evanelza Mesquita Sabino Quadros – Especialista em Sistemas de Informação Geográfica Heraldo da Costa Reis – Especialista em Avaliação Financeira de Projetos Marcos Paulo M. Araújo – Assessor Jurídico Marcos Roberto Pinto – Especialista em Finanças e Contabilidade Pública Maria da Graça Ribeiro das Neves – Especialista em Gestão Administrativa Pedro Alexandre Moitrel Pequeno – Especialista em Gestão de Resíduos Sólidos Licia Domeneck Salgado – Estagiária em Engenharia Ambiental

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5

APRESENTAÇÃO

Este documento constitui o Produto 8 do PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA REGIAO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA, abrangendo os Municípios de Vitória, Vila Velha, Serra, Viana, Cariacica, Guarapari e Fundão, aprovado e contratado pelo Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória (COMDEVIT), apoiado tecnicamente pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e realizado pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM).

O presente Plano se insere na agenda de Projetos definidos como prioritários pelo Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória (COMDEVIT) para o período de 2007 a 2010 e busca potencializar o sentido de identidade regional entre os Municípios que integram a Região Metropolitana da Grande Vitória.

O Produto 8 está organizado em quatro partes. A primeira apresenta a metodologia e o processo de elaboração do Plano, sendo resgatada a memória do processo ressaltando as formas de participação e de tomada de decisão, as estratégias de obtenção de dados e informações e os métodos de tratamento e análise desses dados.

Em seguida, na segunda parte, é apresentada uma proposta de arranjo operacional para a gestão associada que define as diretrizes para o manejo de resíduos da construção civil e de serviços de saúde, a atividade de fiscalização e o programa de educação ambiental, comunicação e mobilização social. Incluiu-se, também, a proposta de um programa de coleta seletiva de materiais recicláveis e sobre a disposição final dos resíduos sólidos.

Na terceira parte, é feita uma abordagem quanto ao arranjo institucional para a gestão associada, sendo apresentados os aspectos institucionais de nível local e os de nível regional, assim como propostas para a sustentabilidade econômico-financeira do consórcio público.

Ao final dos arranjos operacional e institucional é proposto um plano de metas discriminando o prazo de execução para cada objetivo e indicando os principais responsáveis pelas ações.

Na quarta e última parte são descritos os mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática e revisão do Plano. Para tanto, foram definidos os indicadores e os procedimentos de avaliação. Neste capítulo também é sugerida a criação de uma instância colegiada que assumirá a função de acompanhar, monitorar e avaliar a implementação do Plano e sua revisão.

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7

ÍNDICE

APRESENTAÇÃO................................................................................................................5

I. METODOLOGIA E O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO PDRS-RMGV...................11

1. Processo de elaboração do Plano ..............................................................................12 2. Estratégias de Obtenção de Dados e Informações ....................................................12 3. Métodos de Compilação, Tratamento e Análise de Dados.........................................13 4. Formas de Participação e Mecanismos de Mediação e de Tomada de Decisão .......13

II. ARRANJO OPERACIONAL ..........................................................................................19

1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................19

1.1. Panorama regional e síntese dos Diagnósticos Municipais na Perspectiva Regional........................................................................................................................................20

2. MANEJO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ...................................................27

2.1. Diretrizes para o manejo dos RCC na RMGV..........................................................29 2.2. Estruturação do sistema de gestão dos resíduos da construção civil .....................34 2.3. Principais ações para viabilização do sistema de gestão e manejo de RCC na RMGV .............................................................................................................................41

3. MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE .................................................45

3.1. Orientações sobre as etapas operacionais do Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde..........................................................................................................46 3.2. Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) ................53 3.3. Proposições para implementação do Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde nos Municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória ...............................56

4. COLETA SELETIVA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS ..................................................59

4.1. O panorama nacional...............................................................................................59 4.2. O panorama regional ...............................................................................................61 4.3. Diretrizes gerais para a formulação do programa de coleta seletiva de materiais recicláveis para a RMGV ................................................................................................66

5. CONSIDERAÇÕES SOBRE A DISPOSIÇÃO FINAL ...................................................77

5.1. Descrição dos Aterros Sanitários.............................................................................77 5.2. Esquema de localização das áreas .........................................................................84 5.3. Avaliação da capacidade das áreas ........................................................................85

PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA Instituto Brasileiro de Administração Municipal

PRODUTO 8 – Plano Diretor de Resíduos Sólidos – VERSÃO FINAL

8

6. DIRETRIZES PARA A ATIVIDADE DE FISCALIZAÇÃO .............................................91

6.1. Responsabilidades...................................................................................................92 6.2. Proposições para a execução da atividade de fiscalização nos Municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória.........................................................................94

7. DIRETRIZES PARA PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAL....................................................................................................99

7.1. Aspectos conceituais .............................................................................................100 7.2. Diretrizes do Programa ..........................................................................................102

8. PLANO DE METAS – ARRANJO OPERACIONAL ....................................................105

III. ARRANJO INSTITUCIONAL ......................................................................................119

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................119

2. ASPECTOS INSTITUCIONAIS DE NÍVEL LOCAL .....................................................121

2.1. Fiscalização dos serviços de resíduos sólidos sob responsabilidade Municipal ...121 2.2. Prestação do serviço de limpeza urbana e de coleta de resíduos sólidos especiais sob responsabilidade do Município...............................................................................123

3. ASPECTOS INSTITUCIONAIS DE NÍVEL REGIONAL ..............................................127

3.1. Composição do consórcio público: concepção ......................................................127 3.2. Regulação..............................................................................................................130 3.3. Conteúdo da atividade regulatória sobre os serviços de resíduos sólidos ............135 3.4. Prestação...............................................................................................................137 3.5. Fragmentação das atividades interdependentes do manejo de resíduos sólidos: concepção.....................................................................................................................151 3.6. Autorização legal operativa para atuação das empresas prestadoras de serviços para os grandes geradores de resíduos sólidos urbanos, da construção civil e de serviços de saúde. ........................................................................................................156

4. ASPECTOS DA SUSTENTABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DO CONSÓRCIO PÚBLICO..........................................................................................................................159

4.1. Estrutura do Consórcio ..........................................................................................159 4.2. Controle de custos .................................................................................................160 4.3. Controle de arrecadação........................................................................................163 4.4. Formas de Cobrança .............................................................................................164 4.5. Forma de remuneração dos serviços.....................................................................165 4.6. Investimentos .........................................................................................................172

PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA Instituto Brasileiro de Administração Municipal

PRODUTO 8 – Plano Diretor de Resíduos Sólidos – VERSÃO FINAL

9

5. PLANO DE METAS – ARRANJO INSTITUCIONAL ...................................................173

IV. MECANISMOS E PROCEDIMENTOS PARA A AVALIAÇÃO SISTEMÁTICA E REVISÃO DO PLANO......................................................................................................181

1. Indicadores, procedimentos e mecanismos de avaliação.........................................183 2. Instância colegiada para avaliação e revisão do Plano ............................................187 3. A importância do sistema de informações ................................................................189 4. Revisão do Plano......................................................................................................191

ANEXOS...........................................................................................................................195

GLOSSÁRIO DE SIGLAS................................................................................................213

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................217

PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA Instituto Brasileiro de Administração Municipal

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10

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PRODUTO 8 – Plano Diretor de Resíduos Sólidos – VERSÃO FINAL

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I. METODOLOGIA E O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO PDRS-RMGV

O Plano Diretor de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana da Grande Vitória (PDRS-RMGV) constitui, ao mesmo tempo, produto e processo. Neste sentido, a metodologia participativa adotada pelo IBAM e acompanhada pelos representantes do Governo do Estado e dos Municípios, com adesão por parte de segmentos organizados da sociedade em nível regional e local, permitiu construir alguns consensos, sensibilizar para a necessidade de pactos de corresponsabilidade e iniciar efetivamente um processo de mobilização e de capacitação em serviço dos agentes públicos, sociais e privados que atuam na área de resíduos sólidos na região e que acompanharam o desenvolvimento deste Plano.

Os trabalhos desenvolvidos pelo IBAM para o PDRS-RMGV seguiram o Termo de Referência definido pelo COMDEVIT e a proposta técnica apresentada pelo IBAM ao IJSN, no que se refere às etapas de trabalho e produtos previstos.

Entretanto, em função de condicionantes, características e especificidades identificadas ao longo do processo de sua elaboração, alguns ajustes foram sendo realizados, sempre com a oficialização e aquiescência formal da coordenação do IJSN. Os principais ajustes se referiram à demanda de agentes locais por maiores prazos para internalização dos produtos e resultados produzidos ao longo dos percursos, bem como problemas de agenda dos interlocutores para a realização dos eventos e reuniões programadas. Em função de tais questões e visando garantir sempre as melhores condições para o conhecimento, apropriação e debates com os diferentes representantes dos órgãos municipais, regionais e estaduais, bem como da sociedade civil, vários ajustes no cronograma foram feitos, implicando a extensão do prazo da realização dos trabalhos.

O processo de trabalho incluiu momentos presenciais, com a ida de técnicos do IBAM a cada um dos Municípios, bem como atividades a distância, por meio da interlocução do IBAM com a equipe local, capacitada e contratada especialmente para apoiar este trabalho. Foram realizadas diversas reuniões técnicas com segmentos locais – executivo, legislativo e sociedade civil organizada – e com interlocutores estaduais, atividades de sensibilização e seminários intermunicipais.

Os levantamentos junto aos Municípios, com vistas à preparação dos diagnósticos foram realizados por uma Equipe Local do IBAM composta por especialistas em gestão de resíduos sólidos e em mobilização social. Por meio de reuniões com gestores e técnicos do Estado e dos Municípios, oficinas comunitárias e visitas técnicas, a equipe realizou os levantamentos buscando garantir o envolvimento dos vários atores sociais no processo.

O Projeto também conta com um Grupo Técnico de Resíduos Sólidos, especialmente instituído pelo COMDEVIT. A este grupo, formado por representantes dos Municípios e de órgãos do Estado, coube a facilitação dos processos no âmbito local e regional, bem

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como validar os documentos resultantes de cada uma das etapas de trabalho executadas pelo IBAM.

Cabe destacar que em todas as principais etapas do projeto – diagnósticos e proposições regionais – os resultados parciais foram apresentados para validação e as recomendações surgidas durante o processo, quando consensuadas pelo grupo, eram incorporadas na fase de consolidação de cada produto.

Acredita-se, portanto, que o trabalho desenvolvido contribui sobremaneira para o esforço de construir uma gestão integrada e participativa na região, na medida em que oportunizou a participação de gestores e técnicos dos órgãos públicos do Governo do Estado e dos Municípios, de organizações não governamentais, de representantes do setor privado, de associações de moradores, de professores e outros cidadãos e cidadãs preocupados e dispostos a cooperar neste esforço conjunto.

1. Processo de elaboração do Plano

Os Trabalhos foram divididos em seis etapas. A primeira correspondeu à fase de Planejamento, compreendendo a formação e unificação das equipes de trabalho, levantamento de dados preliminares e organização das oficinas de nivelamento e integração. Na segunda etapa de trabalho houve o 1º ciclo de viagens e compreendeu a realização de oficinas de nivelamento e de integração, reuniões com o Executivo e com o Legislativo, mobilização de segmentos sociais e levantamento de dados em cada Município.

A terceira etapa de trabalho correspondeu ao Desenvolvimento dos Diagnósticos e das Proposições Regionais, compreendendo a realização de reuniões técnicas e a sistematização de dados em cada Município. Em seguida ocorreu o 2º ciclo de viagens, sendo realizados Seminários Intermunicipais com vistas à validação dos Diagnósticos Municipais. Primeiramente esses Seminários ocorreriam em cada um dos sete Municípios, entretanto, a fim de proporcionar maior interação e intercâmbio entre os Municípios da RMGV, optou-se pela realização de Seminários Intermunicipais.

A quinta etapa compreendeu a consolidação dos Diagnósticos Municipais e validação e sistematização das Proposições Regionais. A sexta e última etapa compreendeu a consolidação do Plano Diretor de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana da Grande Vitória e a elaboração de Documentos Complementares.

2. Estratégias de Obtenção de Dados e Informações

As atividades de levantamento de campo nos Municípios foram realizadas conforme roteiros e formulários elaborados pela equipe do IBAM, em cinco componentes específicos, tais como:

• Situação atual da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (GIRS);

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• Informações sobre a área de Finanças;

• Levantamento do perfil dos Catadores;

• Informações sobre Depósitos;

• Informações sobre Indústrias de Beneficiamento e Reciclagem de Materiais Recicláveis.

Para o desenvolvimento dos trabalhos de campo foram realizadas visitas técnicas aos locais de disposição final dos resíduos sólidos na RMGV; entrevistas com catadores e outros agentes da cadeia produtiva de resíduos. Foi feito o mapeamento de diversos pontos de relevância para a gestão de resíduos na região tais como locais de disposição final, pontos viciados, entre outros. Foram também realizadas reuniões com técnicos e gestores Municipais para a obtenção de informações para o desenvolvimento dos trabalhos.

3. Métodos de Compilação, Tratamento e Análise de Dados

Os dados extraídos das entrevistas com catadores foram armazenados no software Access e posteriormente tratados em Excel. Estatísticas e gráficos foram gerados permitindo uma análise quantitativa dos dados.

Como resultado desta atividade foi possível construir um perfil dos catadores da Região Metropolitana da Grande Vitória, considerando aspectos ligados a situação pessoal e familiar, a atividade de catação e ao nível de participação e organização.

A espacialização dos dados primários e secundários foi realizada utilizando-se o software ArcGis de acordo com as coordenadas dos pontos de interesse. O resultado deste trabalho permitiu a elaboração de mapas temáticos que serviram como insumos para a realização do diagnóstico da situação dos Resíduos Sólidos na RMGV.

4. Formas de Participação e Mecanismos de Mediação e de Tomada de Decisão

Foram realizadas diversas reuniões com diferentes entidades de acordo com o processo participativo local, demonstrado na tabela A:

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Tabela A: Reuniões realizadas ao longo do processo de elaboração do PDRS-RMGV1

Data /Local Objetivo Participantes

14/01

Sede IJSN Planejamento IBAM, IJSN, COMDEVIT

04/02

Auditório IJSN

Apresentação do Projeto para elaboração do PDRS-RMGV

Representantes das Prefeituras Municipais, IBAM, IEMA, MP-ES

03/03 Reunião com o Executivo, Legislativo e Sociedade Organizada do Município de Fundão

PMFundão, Câmara de Vereadores, MOAF, AMOTIMBUI, CONGER, IBAM.

04/03 Reunião com o Executivo do Município de Vitória PMVitória, IJSN, IBAM

05/03 Reunião com o Executivo e Legislativo do Município de Viana

PMViana, Câmara de Vereadores, IBAM, IJSN

06/03 Reunião com IEMA IEMA, IJSN, IBAM, IDEIAS

17/03 Oficina de Nivelamento IBAM, IJSN, IDEIAS, SEBRAE/ES, CIRCSUCC/IEMA, COOPTTEC, Ecociência, IMADESA INCUBALIX, SEDURB

19/03/2009 Apresentação dos Projetos do COMDEVIT

Representantes do COMDEVIT/IJSN

IBAM

23 e 24/03/09 Oficina Técnica da equipe do IBAM/ RJ Produto 3 – Arcabouço Legal Regional

IBAM

26/03 Reunião com Prefeitura Municipal de Cariacica

IBAM, PMCariacica

27/03 Reunião com Secretários Municipais de Vila Velha

IBAM, IJSN, PMVila Velha

02/04/09 Gerenciamento de resíduos Guarapari CODEG/SEDEC/SEMA/SEDEC/ Equipe Local IBAM

16/04/09 Reunião de Andamento do PDRS-RMGV com o Grupo Técnico de Resíduos do COMDEVIT

IJSN/COMDEVIT/IBAM Equipe Local IBAM

24/04/09 Oficina Interna – PDRS-RMGV Equipe de especialistas IBAM

1 Os registros fotográficos assim como as listas de participantes das reuniões encontram-se nos Relatórios de Andamento, produtos 2 e 6.

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Data /Local Objetivo Participantes

27/04/09 Gerenciamento de Resíduos de Portos, Aeroportos, etc

Mônica M. Macedo – Anvisa Rosangela T. da Cunha – Anvisa Coordenação e Equipe Local IBAM

29/04/09 Áreas Verdes/PM Vitória Erika M. Reisen - Semman Equipe Local IBAM

07/04/09 Reunião com a Vigilância Sanitária de Cariacica

Adriana M. Rocon – Semus Equipe Local IBAM

08/06/09 Espaço

Empreendedor Sebrae

Estratégias Macro para Elaboração de Plano de Coleta Seletiva a ser implantada nos Municípios do ES

SEBRAE/ECOCIENCIA/ IBAM/ IDEIAS/ COMUS/ MP e demais entidades

15/06/09 Diretrizes para coleta seletiva na RMGV e inserção dos catadores/ apresentação do PDRS-RMGV a vereador

CAMARA MUNICIPAL DE VITÓRIA /IEMA /IJSN/ IBAM/ SEBRAE

18/06/09

Conhecimento de trabalhos realizados pelo Departamento de Saneamento da Instituição, na área de manejo de resíduos e coleta seletiva

UFES (Prof. Florindo dos Santos Braga – Centro Tecnológico) Equipe Local IBAM

24/06/09 Discussão dos anexos da PERS SEBRAE/IDEAIS IBAM /outras entidades

25/06/09 3°Feira

Ambiental - Cariacica

Apresentação do PDRS-RMGV e de preliminares do Diagnóstico Municipal

IJSN/IBAM/sociedade civil/PM CARIACICA

26/06/09 Calir/Município

de Viana

Discussão da Rede Capixaca de Materiais Reaproveitáveis e alternativas para implementação da PERS

IEMA / IDEAS IBAM / SEBRAE / outros

01/07/09 Construções sustentáveis IBAM/membros da SINDUSCON/ outros

09/07/09 Auditório da

Câmara Municipal de

Vitória

Reunião com Representantes das Associações de Catadores de Materiais Reaproveitáveis

Suely Tonini – Diretora Presidente do IEMA Equipe Local do IBAM

14/07/09 Discussão sobre a Minuta do Diagnóstico Municipal de Vitória e postergação data do seminário

Secretário SEMSE / Técnicos SEMSE Representante de Vitória no GT de RESÍDUOS do COMDEVIT / IJSN/IBAM

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Data /Local Objetivo Participantes

16/07/09 Reunião IBAM – Andamento dos Seminários

IBAM

21/07/09 Oficina Interna – PDRS-RMGV Equipe especialistas IBAM

28/07/09 Reunião IBAM Entrega das Minutas do Diagnóstico das Prefeituras revisadas pelos Especialistas

IBAM

04/08 Oficina Interna – PDRS-RMGV IBAM

11/09 Auditório IBAMA

Diagnósticos Municipais, Proposições Regionais, Escopo do PDRS

Representantes do Grupo Técnico de Resíduos do COMDEVIT, IJSN, IBAM

02/10 Oficina Interna – PDRS-RMGV IBAM

14 e 15/10 Auditório IJSN

Capacitação de gestores para gestão associada e validação de proposições regionais

Secretários (interlocutores) envolvidos no projeto, GT de RS do COMDEVIT, IJSN, IBAM

04/11 Videoconferênc

ia Propostas preliminares para o COMDEVIT

Assessor do Secretário de Governo - ES, IJSN, IBAM, PMS

16/11 Auditório do

SEG

Apresentação do Arranjo Operacional e Institucional para a Gestão Associada de RS na RMGV

Governo estadual – ES, IJSN, IBAM, IEMA, SEDURB, CESAN

26/11 Entrega da Versão Preliminar do PDRS-RMGV

IJSN, COMDEVIT

Durante a etapa de desenvolvimento dos sete Diagnósticos Municipais foram realizadas diversas atividades ligadas à mobilização social em nível local e regional como forma de subsidiar a elaboração dos mesmos. Em todos os Municípios foram realizadas oficinas de integração comunitária envolvendo diversos segmentos sociais. O formato das oficinas foi diferenciado para cada um dos Municípios e buscou respeitar as estratégias de mobilização mais adequadas a cada caso. O objetivo maior desta atividade foi a apresentação do Projeto e a promoção de discussões em torno da situação da gestão dos resíduos sólidos em cada um dos Municípios. A agenda das oficinas encontra-se na tabela B:

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Tabela B: Oficinas Comunitárias

Município Data Local

FUNDÃO 03/03/2009 Câmara Municipal de Vereadores

VIANA 15/04/2009 Centro de Cidadania de Viana (CIC) - bairro Areinha

CARIACICA 22/04/2009 Secretaria de Educação - bairro Itaquari

SERRA 05/5/2009 Centro Integrado para Idoso

VITÓRIA 06/05/2009 Centro de Juventude do Adolescente

GUARAPARI 08/5/2009 Secretaria de Educação

VILA VELHA 12/05/2009 Teatro Municipal - Titanic

Para a validação dos Diagnósticos Municipais junto aos Municípios, estes foram discutidos em caráter de Minuta em Seminários Intermunicipais. À ocasião dos seminários foram apresentados também os arranjos regionais propostos para debate e avaliação dos participantes.

Tabela C: Seminários Comunitários

Municípios Data Local

Cariacica e Viana 13/07/2009 Auditório da Secretaria de Educação de Cariacica

Serra e Fundão 14/07/2009 Câmara Municipal da Serra

Vila Velha e Guarapari 15/07/2009 Auditório da Faculdade Novo Milênio

Vitória 28/07/2009 Auditório da Prefeitura Municipal de Vitória

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II. ARRANJO OPERACIONAL

1. INTRODUÇÃO

Estima-se que a coleta de resíduos sólidos urbanos no mundo já ultrapassou os 1,2 bilhões de toneladas. Deste montante, Europa, Estados Unidos e China contribuem com a maior parte, com o Brasil ocupando o sexto lugar. Se considerarmos as quantidades per capita, Estados Unidos, Austrália e Europa Ocidental são os maiores geradores, já o Brasil é colocado em décimo sétimo lugar (ABRELPE, 2007). Constitui-se, assim, um grande desafio às administrações públicas de diversos países a gestão integrada e adequada de seus resíduos, buscando a minimização do consumo de bens e da geração de resíduos, a maximização do reaproveitamento e da reciclagem, o incentivo ao desenvolvimento com adoção de tecnologias limpas e a garantia de que a parcela dos resíduos não passível de reinserção em ciclos produtivos tenha uma disposição final técnica e ambientalmente correta.

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), regulamentado pelo Protocolo de Quioto, tem se revelado um importante instrumento de incentivo ao desenvolvimento de projetos adequados de disposição final em países em desenvolvimento, com vistas à promoção da redução das emissões de gases de efeito estufa. O Brasil ocupa o terceiro lugar em número de atividades, com 255 projetos aprovados. Do total de projetos certificados no Brasil, 11% são relativos ao setor de aterros sanitários (ABRELPE, 2007).

Um importante avanço observado no país foi a promulgação da Lei Nacional de Saneamento Básico (Lei nº 11.445), em 2007, que estabelece as diretrizes para o saneamento básico, ampliando o seu conceito para os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, além da distribuição de água, coleta de esgoto e drenagem, situando assim os resíduos sólidos no âmbito do saneamento básico.

A limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos no Brasil, historicamente um componente deficiente do setor saneamento, têm apresentado importantes sinais de progresso, seja com o encaminhamento ao Congresso Nacional, em 2007, do projeto de lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PL nº 1991) ou da inserção do saneamento básico na pauta prioritária de investimentos.

Um dos grandes avanços do projeto de lei, além de apresentar diretrizes nacionais para a questão dos resíduos sólidos, é o conceito inovador de logística reversa. Este conceito preconiza a reinserção de produtos em ciclos produtivos por meio de canais reversos, e fomenta a cadeia produtiva dos recicláveis.

Já os investimentos direcionados para o setor apresentam uma tendência, expressa na LNSB e no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de incentivar soluções compartilhadas, por meio da regionalização dos serviços e investimentos em regiões

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metropolitanas, o que permite redução de custos e ampliação da capacidade de gestão e gerenciamento. A articulação intermunicipal na busca de soluções conjuntas tem sido incentivada em programas e ações do governo, sobretudo para a disposição final dos resíduos sólidos, por meio do estabelecimento de aterros sanitários consorciados.

Em um país como o Brasil, que gera cerca de 169.659t/dia de resíduos, o que corresponde a 1,08kg/hab/dia, e onde 90% dos Municípios apresentam população até 50.000 habitantes, a busca por soluções consorciadas para problemas comuns representa uma importante alternativa, permitindo ganhos de escala e de escopo na gestão dos resíduos sólidos.

1.1. Panorama regional e síntese dos Diagnósticos Municipais na Perspectiva Regional

O Estado do Espírito Santo tem sido sensível à questão da regionalização da gestão dos resíduos sólidos. Diversas iniciativas e programas em âmbito estadual ou regional vêm demonstrando esta preocupação do Estado em situar os resíduos sólidos como um tema prioritário e fomentar a gestão associada. Destacam-se esforços empreendidos na identificação do estado da arte dos resíduos no Estado por meio da realização do diagnóstico estadual, da estruturação do Comitê Gestor dos Resíduos Sólidos (COGERES) e da criação no Instituo Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA) da Comissão Interna de Resíduos Sólidos Urbanos e da Construção Civil (CIRSUCC). Mais recentemente foram instituídos dois importantes programas, o Programa Capixaba de Materiais Reaproveitáveis que visa fomentar a cadeia de materiais reaproveitáveis e teve como um de seus resultados a formação da Associação dos Empresários da Cadeia Produtiva de Materiais Recicláveis do ES (Ecociência), e o Programa Espírito Santo sem Lixão que tem como objetivo a busca da disposição final técnica e ambientalmente adequada dos resíduos por meio da regionalização dos sistemas de transbordo e disposição final.

Dentre estes marcos na gestão dos resíduos sólidos no Estado, destaca-se ainda a Lei nº 9.096/08, que dispõe sobre a Política Estadual de Saneamento Básico (PESB), e a Lei nº 9.264/09, que institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos no ES.

Respaldados por diretrizes legais de âmbito federal e estadual observa-se que a política de resíduos sólidos para o estado prioriza, claramente, a busca de soluções regionalizadas como forma de garantir ganhos de escala e escopo, reduzindo-se assim os custos provenientes dos serviços de manejo de resíduos sólidos.

Esta mesma cultura de um planejamento regionalizado é também observada no âmbito da Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), que dispõe de um conselho gestor (COMDEVIT) e do Fundo Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória (FUMDEVIT). Formado pelos Municípios de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana,

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Guarapari e Fundão, a RMGV reúne cerca de metade da população do Estado, ocupando menos de 5% de seu território.

Na RMGV a maioria dos Municípios, à exceção de Guarapari, tem a limpeza urbana associada a uma Secretaria especifica, muitas vezes responsável pela prestação e fiscalização dos serviços. Os serviços de manejo dos resíduos sólidos são executados em todos os Municípios por empresas privadas, por meio de contratos, em geral de curta duração – 1 a 5 anos. Apesar de bem-desempenhados, os serviços, se tornam mais onerosos em comparação a cenários de mais longo prazo para contratação. Quanto aos serviços de limpeza urbana, estes não seguem um mesmo padrão e apresentam especificidades municipais. Em parcela pequena dos Municípios, como Cariacica, os serviços são executados diretamente pela Prefeitura, enquanto em outros, como Fundão e Vitória, eles são prestados por empresa privada. A tabela 1 apresenta de forma sintética o quadro dos responsáveis pela prestação dos serviços de resíduos sólidos em cada um dos sete Municípios.

Com relação à coleta dos resíduos sólidos urbanos, segundo informações das secretarias responsáveis pelo serviço, praticamente todos os domicílios da RMGV são atendidos e os resíduos são encaminhados para um dos dois aterros sanitários localizados na região – Marca Ambiental e CTRVV – além desses, mais recentemente o Município de Fundão passou a utilizar o aterro da empresa Brasil Ambiental, localizado no Município de Aracruz. Juntos, os sete Municípios encaminham mensalmente em torno de 37.806 toneladas de resíduos sólidos urbanos aos aterros sanitários devidamente licenciados, atendendo às exigências técnicas e ambientais apresentadas pelo órgão estadual encarregado. Apesar de alguns dos Municípios enfrentarem dificuldades relacionadas à distância entre o centro gerador de resíduos e os locais de disposição final, a manutenção do uso desses empreendimentos pelo conjunto dos Municípios foi considerada adequada por atender aos quesitos vida útil e qualidade técnica e operacional. Ressalta-se, contudo, que a gestão regionalizada permitirá a revisão das condições contratuais a que estão sujeitos atualmente os Municípios.

A coleta seletiva e o funcionamento da cadeia produtiva dos materiais recicláveis são um desafio a ser enfrentado pelos na RMGV. Sabe-se que esta dificuldade atinge praticamente todos os Municípios brasileiros, mas comparativamente aos parâmetros e indicadores do SNIS – Resíduos Sólidos, os Municípios da RMGV apresentaram índices de cobertura dos programas de coleta seletiva e de recuperação dos materiais recicláveis abaixo dos valores médios extraídos das amostras de Municípios similares. Desta análise, sublinha-se que existe um significativo potencial para melhorar a abrangência dos programas e a capacidade de recuperação dos materiais provenientes da coleta seletiva.

A maior parte dos Municípios da RMGV possui iniciativas com relação à coleta seletiva, sendo identificados vários grupos organizados de catadores em toda a Região Metropolitana da Grande Vitória que carecem, contudo, de ações articuladas que

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permitam ganhos de escala e beneficiamento dos materiais. Como será visto ao longo deste documento, propõe-se, como meio de responder a esta deficiência, a formação de uma rede de catadores e a criação de uma central regional de beneficiamento e comercialização de materiais, onde o Programa Capixaba de Materiais Reaproveitáveis poderá ter um importante papel.

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Tabela 1: Quadro dos responsáveis pela prestação dos serviços de resíduos sólidos nos Municípios da RMGV

Limpeza urbana Coleta de RSU Coleta de resíduos especiais

Coleta seletiva Coleta de RSS Coleta de RCC

Fundão

Secretaria de Planejamento Econômico e Infraestrutura (SEPLAN) => poda, capina, roçada e limpeza de bocas de lobo Ambiental Urbanização e Serviços LTDA => varrição manual

Ambiental Urbanização e Serviços LTDA

- - Ambiental

Urbanização e Serviços

Secretaria de Planejamento Econômico e Infraestrutura

(SEPLAN)

Cariacica Secretaria Municipal de Serviços e Trânsito (SEMSET) Marca Ambiental Geradores

Associação de Catadores Nova Rosa da Penha II / Flexivida

Marca Ambiental

Geradores

Viana Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SEMSU) por meio da Empresa Emec Obras e Serviços Ltda

Marca Ambiental Secretaria de Saúde - Marca

Ambiental Secretaria de

Serviços Urbanos

Vila Velha

Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SEMSU) por meio das Empresas Vital Engenharia Ambiental S/A => varrição e Corpus Eng. Ltda => poda, paisagismo, irrigação, plantio, adubação / Secretaria Municipal de Obras (SMOB) => limpeza de bocas de lobo

Vital Engenharia Ambiental S/A

Secretaria Municipal de Serviços Urbanos

(SEMSU) / Reciclanip – pneus

Ascavive Vital

Engenharia Ambiental S/A

-

Vitória

Secretaria de Meio Ambiente (SEMMAM) por meio da Empresa Corpus Eng. Ltda => manutenção de áreas verdes, podas. Secretaria Municipal de Serviços (SEMSE) => demais serviços

Vital Engenharia Ambiental S/A

Empresas Terceirizadas => resíduos de portos e aeroportos / Secretaria

de Serviços => pneumáticos e resíduos

volumosos

Secretaria Municipal de Serviços (SEMSE)

Prefeitura Prefeitura

Guarapari Companhia de Desenvolvimento Urbano de Guarapari (CODEG)

CTRVV CODEG ASCAMARG CTRVV CODEG

Serra

Secretaria de Obras (SEOB) => limpeza de bocas de lobo Secretaria de Serviços (SESE) por meio da Empresa Enge Urb => demais serviços

Enge Urb Ltda Secretaria de Serviços Recuperlixo Enge Urb Ltda Prefeitura

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Tabela 1: Quadro dos responsáveis pela prestação dos serviços de resíduos sólidos nos Municípios da RMGV (cont.)

Operação das Unidades de

Triagem Tratamento (RSS)

Operação de Unidade de Transbordo

Disposição Final de RSU

Disposição Final de RSS Disposição Final de RCC

Fundão - Brasil Ambiental - Brasil Ambiental Brasil Ambiental Secretaria de

Planejamento Econômico e Infraestrutura (SEPLAN)

Cariacica Associação de

Catadores Nova Rosa da Penha II

Marca Ambiental Marca Ambiental Marca Ambiental Marca Ambiental Geradores

Viana - Marca Ambiental

- Marca Ambiental Marca Ambiental Marca Ambiental

Vila Velha Ascavive Marca Ambiental

2 Central de Tratamento de Resíduos de Vila

Velha (CTRVV) Marca Ambiental -

Vitória Ascamare / Amariv Marca Ambiental

SEMSE Marca Ambiental Marca Ambiental Prefeitura de Vitória

Guarapari - Marca Ambiental

CTRVV Central de Tratamento de Resíduos de Vila

Velha (CTRVV) Marca Ambiental CODEG

Serra Recuperlixo Marca Ambiental

Enge Urbe Ltda Marca Ambiental Marca Ambiental Prefeitura

2 Possui unidade de transbordo.

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Observa-se, também, do conjunto dos diagnósticos, problemas relacionados aos programas de manejo dos resíduos de serviços de saúde. Apesar do tratamento e da disposição final terem se mostrado adequados, os índices apurados quanto ao per capita gerado indicam que pode haver algum tipo de deficiência, seja na forma como vem sendo realizada a coleta diferenciada dos RSS ou na apropriação de dados por parte dos Municípios. Neste caso, a regulação e fiscalização, sob responsabilidade do Consórcio Público, associada ao efetivo monitoramento e fiscalização das ações de manejo dos RSS, poderiam responder a essas dificuldades.

Ainda outro problema comum aos sete Municípios é a ausência de programas de manejo de resíduos da construção civil, o que se reflete nos inúmeros pontos viciados identificados na região. Por meio de um programa regional de manejo dos RCC que preconize a redução da geração, a reutilização e reciclagem, e que articule ações locais voltadas para os pequenos geradores, e intermunicipais, voltadas para a regulação de contratos e autorização de empresas prestadoras de serviços, estas deficiências sejam atendidas.

No que tange à sustentabilidade econômica financeira dos serviços, foi possível observar nos Diagnósticos Municipais que apenas os Municípios de Vitória e Vila Velha cobram efetivamente taxa de coleta e destinação final, apesar de todos preverem em seus instrumentos legais esta cobrança.

Tomando como base o panorama dos resíduos sólidos na RMGV e a modelagem de um Consórcio Público, na perspectiva da gestão associada envolvendo os sete Municípios da região apresenta-se nos capítulos a seguir propostas e diretrizes para o manejo regional de alguns tipos de resíduos – RSS, RCC, coleta seletiva – na busca de ganhos de escala e escopo na gestão destes resíduos. Propostas regionais são também apresentadas para atividades envolvendo a fiscalização dos serviços, a educação ambiental e a mobilização social.

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2. MANEJO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A elevada taxa de geração de resíduos da construção civil (RCC) na maioria dos sete Municípios da RMGV amplia a necessidade de maior disciplinamento dos geradores e das empresas que prestam os serviços de coleta, de maneira a submetê-los aos procedimentos estabelecidos na Resolução CONAMA 307/02. Neste esforço a ser empreendido, destaca-se o fortalecimento do papel do poder público na fiscalização dos pequenos e grandes geradores e no apoio à atividade dos carroceiros, visando reduzir o impacto ambiental decorrente da disposição inadequada deste tipo de resíduo na região.

O CONAMA, por meio da Resolução 307/2002, torna obrigatório em todos os Municípios a implantação, pelo poder público local, de Planos Integrados de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil, como forma de eliminar os impactos ambientais decorrentes das atividades relacionadas à geração, transporte e disposição desses materiais. Apesar da vigência desta Resolução, desde 2003, os Municípios da RMGV não possuem planos específicos para este tipo de resíduo.

O Município de Serra, contudo, submeteu ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA) uma proposta de Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil que encontra-se em análise. Em alguns dos Municípios da RMGV, como Vitória, foram observados pontos de recebimento para pequenos volumes de RCC, enquanto outros, como Guarapari, dispõem de local autorizado pelo IEMA para acondicionamento temporário para qualquer volume. O Município de Fundão utiliza estes resíduos para recuperação de estradas sem pavimentação, assim como para nivelamento de terrenos. De maneira geral, poucos Municípios da RMGV possuem ações voltadas para o controle do manejo de RCC.

Um elemento comum a todos os Municípios da RMGV é a presença de pontos viciados, locais de acúmulo de RCC e que atraem outros tipos de resíduos. Segundo dados obtidos junto aos Municípios, ao IEMA e de acordo com levantamentos de campo realizados pela Equipe Local do IBAM, durante a elaboração dos Diagnósticos Municipais (período compreendido entre fevereiro e junho de 2008), os pontos viciados totalizam mais de 600, distribuídos entre os sete Municípios da RMGV. A localização espacial de alguns destes pontos pode ser visualizada na figura 1.

A quantidade de RCC gerada, de acordo com dados obtidos junto a cinco dos sete Municípios que compõem a RMGV, é de 1.620,14t/1000habitantes/ano. Os cinco Municípios totalizam 894.472 habitantes (IBGE, 2008)3. A quantidade de RCC gerada por cada Município pode ser visualizada na tabela 2.

3 Dados extraídos dos Diagnósticos Municipais – Produto 7.

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Figura 1: Distribuição espacial de pontos viciados mapeados

 

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Tabela 2: Quantidade de RCC gerada por Município Município Habitantes Quantidade de RCC

Fundão 15.209 hab. 22,3 t/1000habitantes/ano Serra 385.370 hab. 952,84 t/1000 habitantes/ano Vitória 314.042 hab. 271t/1.000 habitantes/ano Cariacica 356.536 hab. - Viana 57.539 hab. 199,4t/1.000 habitantes/ano Vila Velha 398.068 hab. - Guarapari 98.073 hab. 174,6 t/1000 habitantes/ano

Fonte: Diagnósticos Municipais – Produto 7.

Em termos de diretrizes para o manejo adequado dos RCC na RMGV propõe-se que o consórcio público se responsabilize pela definição destas diretrizes, pela autorização das empresas prestadoras e pela fiscalização do sistema, ficando a cargo dos Municípios a execução e acompanhamento do programa, em especial ações ligadas aos pequenos geradores de RCC.

Algumas ações por atividade e etapas operacionais são destacadas a seguir.

2.1. Diretrizes para o manejo dos RCC na RMGV

Para se obter um manejo adequado de RCC deve-se articular as várias etapas que envolvem todo o sistema de gestão – geração, coleta, tratamento e disposição final. A geração deve ser minimizada e o próprio gerador deve acondicionar os resíduos pré-segregados de forma adequada, para posterior encaminhamento ao tratamento e disposição. O tratamento permitirá o reaproveitamento deste material e, quando não for possível o reaproveitamento imediato, o resíduo deve ser direcionado para a disposição temporária ou final, permitindo sua reutilização em um momento posterior.

Importante salientar que a transição do modelo vigente na RMGV para o sistema de gestão proposto neste Plano deve ocorrer de forma gradativa, considerando que o desejável é a redução da geração e a maximização da reciclagem.

Geração, Acondicionamento e Segregação

Apropriação da quantidade de RCC gerada em cada Município a fim de que se alcance um panorama real do volume gerado na RMGV;

Definição técnica e legal das quantidades que caracterizam pequenos e grandes geradores, possibilitando o posterior disciplinamento desses agentes.

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Obedecendo às diretrizes gerais da Resolução 307/02 do CONAMA, cabe aos Municípios assumir a solução para o problema dos pequenos volumes, bem como o disciplinamento da ação dos agentes envolvidos com a geração dos grandes volumes de resíduos da construção civil. Esta Resolução estabelece, tanto aos pequenos quanto aos grandes geradores, como objetivo prioritário, a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e sua destinação final adequada.

De acordo com experiências de outros Municípios essas quantidades podem ser definidas segundo o porte populacional. A tabela 3 mostra alguns exemplos de Municípios e as quantidades correspondentes definidas para pequenos volumes.

Tabela 3: Exemplos de Municípios que definiram quantidade para pequenos volumes.

Município População (IBGE, 2007) Quantidade para pequeno volume

Ilha Grande / PI 8.420 habitantes 1m³ Joinville / SC 487.003 habitantes 1m³ Belo Horizonte / MG 2.412.937 habitantes 2m³

A faixa populacional dos Municípios da RMGV abrange os valores de 16.125 habitantes (Fundão) a 407.479 habitantes (Vila Velha), segundo estimativa populacional feita pelo IBGE para o ano de 2008. Esta faixa está entre os números de habitantes para os Municípios de Ilha Grande / PI e Joinville / SC. Pode-se, então, adotar a quantidade de 1m³ (ou 50 sacos de 20 litros) para pequenos volumes gerados em cada Município da RMGV.

- Pequenos volumes (até 1m³ ou 50 sacos de 20 litros, este valor corresponde à capacidade média de uma carroça comum) devem ser acondicionados em sacos plásticos resistentes para serem transportados pelo próprio gerador ou por carroceiros cadastrados pelas Prefeituras até o ponto de entrega.

- Grandes volumes devem ser acondicionados em caixas estacionárias (figura 2), ofertadas por empresas privadas autorizadas pelo consórcio para prestar serviços de coleta de RCC. Esses equipamentos devem ser utilizados de forma programada e controlada para evitar o acúmulo de resíduos sólidos em sua volta.

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Figura 2: Forma de acondicionamento e coleta de grandes volumes de RCC

Os resíduos que chegam aos pontos de entrega devem vir pré-segregados de acordo com a classificação da Resolução CONAMA 307 (ver tabela 4) a fim de facilitar o manejo em cada ponto de entrega. A princípio estes pontos não devem receber RCC classe D, pois são caracterizados como resíduos perigosos. Esta triagem propicia as condições iniciais para a reciclagem. O avanço da reciclagem significa redução dos custos com os serviços públicos de manejo de resíduos sólidos e das obras públicas onde os reciclados forem utilizados e, consequentemente, aumento da vida útil das áreas de aterro, tendo em vista que os RCC têm massa e volume maior do que os Resíduos Sólidos Urbanos.

Tabela 4: Classes em que devem ser enquadrados os RCC triados

Classe Integrantes

A Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como componentes cerâmicos, argamassa, concreto e outros, inclusive solos.

B Resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel e papelão, metais, vidros, madeiras e outros

C Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis para reciclagem, tais como os restos de produtos fabricados com gesso.

D Resíduos perigosos oriundos da construção, tais como tintas, solventes, óleos, amianto ou aqueles efetiva ou potencialmente contaminados, oriundos de obras em clínicas radiológicas, instalações industriais e outras

Fonte: Resolução CONAMA 307/02 Coleta e armazenamento temporário

- Os pequenos volumes coletados por carroceiros autorizados e capacitados ou transportados pelo próprio gerador deverão ser enviados a pontos de entrega, locais de responsabilidade do poder público Municipal;

- Grandes volumes devem ser direcionados diretamente para área de triagem e reciclagem, ainda indisponível na RMGV, para posterior disposição final. Este material deverá ser coletado e transportado por empresas prestadoras autorizadas pelo Consórcio, mediante pagamento de tarifa à empresa pelo usuário. Indica-se que as

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prestadoras operem com caminhões equipados com poliguindaste, veículos com caçamba basculante ou baú.

Pontos de entrega

Esses pontos devem ser estabelecidos de acordo com “bacias de captação”, zonas homogêneas que atraiam a maior parcela de RCC gerada em sua área de abrangência. As “bacias de captação” são áreas com uma dimensão que permite o deslocamento dos pequenos coletores de seu perímetro até o respectivo ponto de entrega, inibindo assim, o despejo irregular dos resíduos, pela facilidade conferida à sua entrega num local determinado. Sempre que possível esse ponto deve estar situado nas proximidades do centro geométrico da “bacia de captação” na qual estará inserido.

Para definir os limites da bacia devem ser considerados os seguintes fatores:

• a capacidade de deslocamento dos pequenos coletores (equipados com carrinhos, carroças e outros pequenos veículos) em cada viagem. Estima-se que este valor seja algo entre 1,5km e 2,5km. Portanto o diâmetro da bacia deverá ser entorno de 3 a 5km e,

• a topografia da região, para que os coletores não sejam obrigados a subir ladeiras íngremes com os veículos carregados. A figura 3 permite a visualização de um exemplo ilustrado de uma “bacia de captação” com o seu correspondente perímetro.

Figura 3: Exemplo ilustrado de uma “bacia de captação”

Fonte: Manejo e Gestão de Resíduos da Construção Civil – Manual de Orientação, MMA e Mcidades 2005.

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A fim de reduzir as áreas a serem impactadas pela recepção dos RCC e aproveitar locais já degradados sugere-se que a definição dos locais onde serão implantados os pontos de entrega para pequenos geradores priorizem, sempre que viável, um dos mais de 600 pontos viciados ativos ou desativados, identificados na região. Além do impacto ambiental e visual, isto permitirá a incorporação de fluxos já reconhecidos, disciplinando as atividades que ocorrem espontaneamente.

Outro cuidado que se deve ter na escolha dos locais é a garantia de que sejam áreas públicas ou alugadas para tal finalidade. Essas áreas devem ter de 200 a 600m2, podendo variar de acordo com os espaços disponíveis para a implantação desses pontos e com a definição dos materiais que poderão ser enviados.

A implantação dos pontos de entrega deve ocorrer de forma gradativa, permitindo o seu monitoramento e uma análise das possibilidades de otimização da distribuição das unidades e a consequente redução dos investimentos.

Tratamento e disposição final

O destino a ser dado ao RCC deve priorizar as soluções de reutilização e reciclagem ou, quando inevitável, adotar a alternativa do Aterro de Resíduos da Construção Civil indicado na Resolução 307 do CONAMA e normalizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Duas funções diferentes podem ser atribuídas ao aterro:

• aterros para correção de nível de terrenos, que possibilitam a ocupação futura da área, mediante aprovação de projeto submetido aos órgãos públicos competentes;

• aterros para armazenamento de materiais (concreto, alvenaria, solos) que serão futuramente utilizados ou reciclados. A tabela 5 mostra as destinações adequadas das diferentes classes de resíduos de RCC.

Tabela 5: Destinação adequada para as diferentes classes de RCC

Classe Destinação

A

Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, onde deverão ser dispostos de modo a permitir sua posterior reciclagem, ou a futura utilização, para outros fins da área aterrada.

B Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.

C Deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com normas técnicas específicas.

D Deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com normas técnicas específicas.

Fonte: Resolução CONAMA 307/02

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Na RMGV há dois Aterros Sanitários devidamente licenciados, um no Município de Cariacica e outro em Vila Velha. A Central de Tratamento de Resíduos da Marca Ambiental, localizada no Município de Cariacica, possui células para disposição final de Resíduos Classe II – B (resíduos não perigosos e inertes), classe na qual está enquadrado os RCC. Os Municípios de Cariacica, Viana, Vitória e Serra encaminham os seus resíduos para este aterro. A Central de Tratamento de Resíduos em Vila Velha recebe resíduos provenientes de Guarapari e Vila Velha e também possui célula licenciada para receber resíduos classe II – B. Contudo, a maioria destes Municípios não encaminha os RCC separadamente de outros tipos de resíduos, o que provavelmente dificulta a sua adequada disposição final.

O Aterro Sanitário da empresa Brasil Ambiental, localizado no Município de Aracruz, recebe os resíduos sólidos urbanos provenientes de Fundão. Esta empresa possui aterro com células específicas para recebimento de resíduos inertes (classe II – B). No entanto, o destino dado ao RCC gerado no Município de Fundão é a recuperação de estradas sem pavimentação.

De acordo com as diretrizes da Resolução CONAMA em questão o indicado é a criação de local específico para disposição deste tipo de resíduo. Contudo, os aterros já existentes que dispõem de licença para recebimento de RCC devem ser considerados como alternativa para o recebimento desses resíduos.

Uma vez que as diretrizes gerais para o manejo de RCC foram destacadas por atividade e etapa operacional apresenta-se a seguir uma proposta para estruturação do sistema de gestão dos resíduos da construção civil.

2.2. Estruturação do sistema de gestão dos resíduos da construção civil

O sistema, que deverá ficar sob responsabilidade do consórcio público em articulação com as Prefeituras Municipais, inclui ações centrais, com a implantação de duas redes interligadas, sendo uma voltada para pequenos e outra para grandes geradores. Associada às ações operacionais deve ser realizado um amplo programa voltado para informação e fiscalização, conforme tratado nos capítulos 6 e 7 Diretrizes para a atividade de fiscalização e Diretrizes para programa de educação ambiental, comunicação e mobilização social, respectivamente.

Todas essas iniciativas têm como objetivo uma alteração significativa na gestão dos RCC na RMGV possibilitando:

• apropriação de informações sobre a geração;

• incentivo à minimização da geração e à maximização da reciclagem;

• disciplinamento de atores e fluxos e,

• condições e locais adequados para o descarte de RCC.

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Na figura 4 pode-se observar o organograma onde estão expressas as principais iniciativas estruturadoras do sistema de gestão proposto.

Figura 4: Organograma do sistema de gestão de RCC

Fonte: Adaptado de Manejo e Gestão de Resíduos da Construção Civil – Manual de Orientação, MMA e Mcidades 2005.

Da mesma forma que enfatizado para os demais programas de manejo de resíduos propostos neste Plano, no caso dos RCC os esforços operacionais também devem ser acompanhados de ações de informação e fiscalização. O programa de informação apesar de específico, deve estar em consonância com o programa regional e ter como objetivo a promoção de mudanças comportamentais, onde os geradores e coletores tenham compromisso com a qualidade ambiental da cidade. O processo de educação ambiental deve ser implementado, abrangendo o conjunto de atores e preceder o programa de fiscalização. Este último, deve ter um caráter informativo, além de punitivo capaz de ampliar a adesão dos diferentes atores às novas redes propostas.

Rede para Gestão de Pequenos Volumes

(Pontos de entrega)

SISTEMA DE GESTÃO PARA RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL E VOLUMOSOS 

Auxiliar o descarte correto

Disciplinar os atores e fluxos

Incentivar a redução, segregação e

reciclagem

Rede para Gestão

de Grandes Volumes

(Áreas de triagem e transbordo, áreas de reciclagem, aterros para

armazenamento, aterros permanentes de RCC)

Ações de Informação / Ações de Fiscalização

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Rede para Gestão de Pequenos Volumes

A definição física da rede de pontos de entrega para pequenos volumes deve ser feita a partir das informações colhidas durante a elaboração dos Diagnósticos dos sete Municípios da RMGV (Produto 7). Conhecendo a localização dos pontos viciados e o perfil dos agentes geradores e coletores dos pequenos volumes, é possível definir os limites das bacias de captação e a localização dos pontos de entrega.

Em alguns Municípios estes pontos serão exclusivos para RCC, enquanto em outros poderão receber diferentes tipos de resíduos. Para o Município receber nos pontos de entrega resíduos volumosos além de RCC, deverá dispor de baias específicas para o armazenamento dos resíduos volumosos. A figura 5 mostra um layout sugerido para o ponto de entrega com esta finalidade.

Figura 5: Layout sugerido para o ponto de entrega

Fonte: Adaptado de I & T Informações e Técnicas

O layout ideal dependerá dos materiais que poderão ser encaminhados aos pontos de entrega, assim como da área disponível para tal atividade. Uma desvantagem com relação ao layout apresentado é que há uma demanda maior de área, além da necessidade de uma segregação prévia e da articulação com catadores, ou demais agentes executores da coleta seletiva, para realizar a retirada destes materiais. Apesar dessas colocações, este layout possui a grande vantagem de concentrar os vários resíduos em um único local.

Caso o ponto de entrega esteja voltado apenas para resíduos da construção civil e resíduos da coleta seletiva sua estrutura pode seguir o modelo apresentado na figura 6, sendo que as dimensões devem ser adaptadas para a realidade do terreno no qual o ponto será instalado.

RESÍDUOS VOLUMOSOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

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Figura 6: Alternativa de layout para ponto de entrega

O mais recomendado é que a definição da localização dos pontos de entrega e do layout sejam dadas pelo Consórcio em interlocução direta com as secretarias municipais envolvidas com os resíduos sólidos e obras. O Comitê Gestor de Resíduos Sólidos (COGERES), que dispõe de sub comitê para RCC, poderá contribuir para a melhor definição destes aspectos operacionais.

A título de exemplificação, a quantidade de pontos de entrega estimada para toda a RMGV seria de aproximadamente 70 unidades4. Este quantitativo considera a geração de RCC em cinco dos sete Municípios (1.620,14t/1000hab/dia) com suas respectivas populações (894.472 habitantes), pressupondo uma quantidade média de 60t/dia5 de RCC processadas.

O projeto de cada ponto de entrega deve buscar incorporar os seguintes aspectos:

• prever a colocação de uma cerca viva, nos limites do terreno de maneira a aprimorar o paisagismo da área;

• aproveitar o desnível existente, ou criar um platô, para que a descarga dos RCC seja feita diretamente no interior de caçambas metálicas estacionárias;

4 Memória de cálculo:1.620,14t/1000hab/ano x 1000habitantes = 1,62014t/hab/ano. 1,62014t/hab/ano x 894.472 habitantes = 1.449.170t/ano. 1.449.170t/ano / 365dias = 3.970,328t/dia. 3.970,328t/dia / 60t/dia = 66,17 pontos de entrega 5 Em uma unidade de recebimento para pequenos volumes localizada em Belo Horizonte / MG, são processadas 120t/dia. Como neste Município são recebidos, no máximo, 2m³ por pequeno gerador e o valor que propomos para recebimento dos pontos de entrega na RMGV é de 1m³, utilizamos a metade deste valor para ser processado por dia em cada ponto de entrega (60t/dia).

Box recicláveis

Caixas Dempsters

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• garantir os espaços corretos para as manobras dos veículos que utilizarão a instalação, como pequenos veículos de geradores e coletores, além dos veículos de carga que farão a remoção posterior dos resíduos acumulados;

• preparar placa de sinalização que informe à população do entorno sobre a finalidade dessa instalação pública, como local correto para o descarte de RCC e de resíduos volumosos;

• diferenciar os espaços para a recepção dos resíduos que tenham de ser triados (resíduos da construção, resíduos volumosos, resíduos secos da coleta seletiva etc.), para que a remoção seja realizada por circuitos de coleta, com equipamentos adequados a cada tipo de resíduos.

O equipamento para remoção de RCC dos pontos de entrega deve ser um veículo de transporte de elevada tonelagem, sendo a melhor forma de transporte o caminhão poliguindaste. Esta remoção poderá ficar a cargo da própria Prefeitura, por se tratar de pequenos geradores. Os resíduos volumosos, como, por exemplo, podas, móveis, madeira, metálicos etc., devem ser removidos por veículos para transporte de elevado volume, sendo a melhor opção o caminhão carroceria com laterais altas.

É essencial que se instale no ponto de entrega uma guarita, com sanitário, para facilitar a presença contínua de um funcionário. Este funcionário é o representante da ação direta da administração pública na solução de problemas que podem vir a ocorrer. Ele poderá ser contratado por meio do Consórcio Público ou designado por cada uma das administrações municipais. Este funcionário deverá ser treinado para responder de forma correta às suas obrigações de recepção, controle e apoio à remoção dos materiais.

A seguir são listados os aspectos operacionais importantes para a abordagem nesse treinamento:

• o volume máximo das cargas individuais de resíduos que possam ser recebidos gratuitamente na unidade, sendo limitadas a 1m3 ou 50 sacos de 20 litros;

• impedimento do descarte de resíduos orgânicos domiciliares, de resíduos industriais e de resíduos de serviços de saúde;

• a distribuição dos resíduos recebidos, para possibilitar a organização de fluxos internos de coleta que devem ser executados com o auxílio de equipamentos e meios de transporte adequados.

Os circuitos de coleta destinados a cobrir a rede de pontos de entrega permitirão a concentração de cargas de mesma natureza e, por conseguinte, o encaminhamento desse material para o manejo nas instalações específicas da rede para gestão de grandes volumes que, em conjunto, irá compor o sistema regional de manejo e gestão sustentável dos resíduos da construção civil e resíduos volumosos. A frequência de coleta dos resíduos dos pontos de entrega deverá atender às demandas específicas de cada um dos pontos, assegurando o bom funcionamento do local e a maximização dos recursos.

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Rede para Gestão de Grande Volumes

Essa rede deverá ser constituída por empresas privadas, em interlocução com os grandes geradores e a participação do Consórcio Público nas etapas de planejamento e fiscalização. O Consórcio, juntamente com o COGERES, a SINDUSCON, o IEMA e demais atores implicados, deverá definir a localização de cada área e a quantidade necessária desses pontos para suprir a demanda de grandes volumes de RCC na RMGV. Sendo definidos os locais, agentes privados devem implantá-los e operá-los. Essas áreas devem ser submetidas às diretrizes do novo sistema e à ação fiscalizadora do Consórcio Público.

A definição da localização das instalações dessas áreas deve ser precedida da análise aprofundada de diversos fatores, com destaque para:

• regulamentação do uso do solo no Município;

• localização de regiões com maior concentração de geradores de grandes volumes de resíduos (áreas residenciais ou comerciais que estejam em processo de implantação ou expansão);

• existência de eixos viários, para agilizar o deslocamento de veículos de carga de maior porte.

Essa análise também deve considerar a distância e acesso destes pontos a áreas de disposição final ou temporária dos resíduos. A área necessária para o manejo dos diferentes tipos de RCC é apresentada na tabela 6.

Tabela 6: Área básica para o manejo dos resíduos de grandes geradores

CAPACIDADE ÁREA DEMANDADA

Triagem geral de resíduos

70 m3/dia 1.100 m2

135 m3/dia 1.400 m2

270 m3/dia 2.300 m2

540 m3/dia 4.800 m2

Reciclagem de RCC classe A

40 m3/dia 3.000 m2

80 m3/dia 3.500 m2

160 m3/dia 7.500 m2

320 m3/dia 9.000 m2

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Reciclagem de madeira

100 m3/dia 1.000 m2

240 m3/dia 1.800 m2

Recuperação de solo

240 m3/dia 2.250 m2

Fonte: Adaptado de I & T Informações e Técnicas

A triagem dos resíduos em classes, segundo o que preconiza a Resolução CONAMA 307, é importante para a sua gestão adequada. Por este motivo, devem ser incentivadas as práticas de desconstrução planejada das edificações em substituição à demolição realizada sem o cuidado da segregação, principalmente em edificações que contenham resíduos de classe D.

Os aterros, de caráter temporário ou permanente, devem ser implantados em conformidade com as normas da ABNT e o licenciamento caberá ao IEMA. As diversas funções dessas instalações (triagem, reciclagem e aterro) podem estar concentradas em um mesmo local, dependendo da disponibilidade de área. Esses locais, além de receber os resíduos provenientes diretamente de grandes geradores, também receberão os resíduos dos pontos de entrega.

Considerando a existência de células licenciadas para recebimento destes tipos de resíduos nos dois aterros em operação na RMGV, deve-se considerar a viabilidade econômica e técnica de uso destas instalações para disposição de RCC.

Tanto os projetos de implantação quanto a operação de aterros de RCC, normalizados pela ABNT, são mais simples que os aterros sanitários destinados à disposição de resíduos industriais, resíduos de serviços de saúde ou até mesmo de resíduos sólidos urbanos. Por este motivo o ideal é que os RCC não sejam dispostos em conjunto com os RSU.

Uma prática positiva é o incentivo a parcerias com empresas dedicadas à extração de pedra, areia ou argila, já que surgem crateras resultantes deste tipo de atividade. Geralmente, esses locais constituem ótimos terrenos para a implantação de aterros de RCC.

No caso de aterros para armazenamento temporário desses resíduos reutilizáveis, poderão ser utilizados por longos períodos, continuando a receber novos resíduos, na medida em que processam e permitem a reutilização de resíduos anteriormente reservados. Apesar das exigências da resolução CONAMA 307/02 ainda não existe registro de implantação de aterro de inertes do Estado do Espírito Santo.

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2.3. Principais ações para viabilização do sistema de gestão e manejo de RCC na RMGV

As principais ações a serem desenvolvidas no novo sistema de gestão e manejo sustentável de RCC, para promoção da viabilidade dessa rede de áreas de triagem, reciclagem e aterro, são as seguintes:

• cadastrar os agentes coletores de RCC, com impedimento à atuação de coletores não regulares;

• capacitar os carroceiros envolvidos na rede de pequenos volumes de RCC;

• tornar obrigatório o descarte dos resíduos de grandes volumes exclusivamente nas instalações da rede, impedindo o uso dos atuais pontos viciados;

• tornar obrigatória a destinação adequada da totalidade dos resíduos resultantes das operações nas áreas de triagem;

• fornecer orientação técnica para facilitar o acesso das empresas privadas, devidamente regulamentadas, às fontes de financiamento, para aquisição de equipamentos e outros investimentos afins;

• incentivar a reciclagem de RCC, usando o poder de compra de administração pública para estabelecer o consumo preferencial de materiais reciclados, comprovando a boa qualidade, principalmente em obras de infraestrutura;

• criar e/ou estruturar o órgão responsável pela fiscalização.

Ações de Informação

As principais ações a serem desenvolvidas, dirigidas aos bairros residenciais, às instituições públicas e privadas com potencial multiplicador (escolas, igrejas, clubes, associações, lojas e depósitos de materiais da construção e outras), estão listadas a seguir:

• divulgação maciça entre os pequenos geradores e coletores sobre as opções para a correta disposição de resíduos no Município, informando a rede de pontos de entrega;

• divulgação concentrada entre os grandes agentes coletores e geradores, incluindo a promoção do seu contato com novas alternativas para a redução e a valorização de resíduos;

• disponibilização de uma central de informação com um “disque entulho” capaz de fornecer informações sobre a rede de pontos de entrega, carroceiros cadastrados, empresas autorizadas pelos consórcio etc.;

• realização de atividades de caráter técnico para disseminação de informações relacionadas à utilização de agregados reciclados na construção civil.

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Deve ser ressaltado junto à população, aqueles pontos de entrega que funcionam também como locais intermediários para o descarte de resíduos volumosos (móveis e utensílios inservíveis, podas da arborização privada, embalagens de grande porte e outros), além dos RCC, estes tipos de resíduos. Os resíduos volumosos constituem parcela importante dos resíduos sólidos urbanos que não vem sendo adequadamente gerenciada na Região Metropolitana da Grande Vitória e que, frequentemente, é descartado clandestinamente em pontos viciados em conjunto com RCC.

Ao mesmo tempo, os pontos de entrega podem ser utilizados como alternativa para implantação ou expansão de programas de coleta seletiva dos resíduos domiciliares (papéis, plásticos, vidros e metais) gerados no Município, podendo ser disponibilizados para as organizações de catadores que fariam sua retirada do ponto de entrega.

Estas ações específicas devem estar articuladas ao Programa de Comunicação, Mobilização e Educação Ambiental, descrito no Capítulo 7, desta parte do Plano (parte II).

Ações de Fiscalização

A nova forma de manejo dos resíduos da construção civil deve renovar as práticas de fiscalização do Código de Posturas, assim como de outros instrumentos legais específicos para o tema dos resíduos sólidos e da limpeza urbana que estejam em vigor em cada um dos Municípios da RMGV, com o objetivo de disciplinar os diversos atores que constituem o sistema de gestão desses resíduos.

As principais ações que devem ser implementadas neste programa de fiscalização são:

• fiscalizar a adequação de todos os agentes coletores (os grandes e os pequenos, como os carroceiros) às normas do novo sistema de gestão, inclusive seu cadastro no Consórcio Público ou nos órgãos Municipais competentes;

• fiscalizar a ação dos geradores, inclusive quanto ao correto uso dos equipamentos de coleta, de forma que eles não repassem aos coletores responsabilidades que não lhes competem;

• fiscalizar a existência e cumprimento dos Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, previstos na Resolução 307 do CONAMA para obras de maior porte;

• coibir a continuidade de operação de antigos pontos viciados e o surgimento de outras áreas para a disposição inadequada de RCC;

• estabelecer instrumentos de registro sistemático das ações de fiscalização e controle empreendidas de maneira a tornar possível a avaliação periódica de sua eficácia e aperfeiçoamento.

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As ações fiscalizadoras ligadas a pequenos volumes serão realizadas pelo poder público local por meio de funcionários devidamente capacitados para exercer tal função. Estas ações, específicas para o sistema de manejo de RCC, devem ser planejadas e implementadas em consonância com o Programa de Fiscalização apresentado no Capítulo 6 desta parte do PDRS (parte II).

Outras ações complementares

Além dessas ações estruturantes do novo sistema, outras ações complementares podem ser adotadas para ampliação da eficácia geral do sistema, incluindo:

• Remediação dos pontos viciados

A remediação dos locais que são utilizados, atualmente, para a disposição inadequada de RCC é fundamental para a melhoria da qualidade ambiental nos sete Municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória. Concomitante a esta ação, deve-se informar ao público usuário destes locais sobre a existência de alternativas adequadas para este despejo.

• Articular a rede de pontos de entrega com um programa de coleta seletiva

A rede de pontos de entrega voluntária para pequenos volumes pode ser articulada às ações de coleta seletiva de resíduos secos recicláveis. Para isso, o projeto dos pontos de entrega deve prever um local específico para a instalação de um conjunto de contêineres e algumas baias cobertas que permitam o armazenamento temporário desses resíduos.

• Criar um programa para capacitação de carroceiros e outros pequenos coletores.

Como grande parte dos pontos viciados é resultante da ação dos pequenos coletores e de suas limitações quanto à sua capacidade de deslocamento, sua inserção formal no novo sistema de gestão possibilita melhores resultados para a limpeza urbana e redução de seu custo operacional, além de propiciar a ampliação da renda desses agentes. A exemplo da experiência muito positiva da Prefeitura de Belo Horizonte – MG, pode ser desenvolvido um programa específico de apoio aos carroceiros, abrangendo a orientação veterinária para o adequado trato dos animais de tração. Para receber o apoio do programa, esses pequenos coletores deverão se cadastrar no novo sistema e assumir total compromisso de que farão a correta disposição dos resíduos nos pontos de entrega. Esta ação promove a inclusão social dos pequenos coletores do RCC gerado e, ainda permite que esses trabalhadores passem a ser importantes agentes da limpeza urbana.

• Condicionar o licenciamento / alvará de obras e reformas à apresentação e aprovação de plano para disposição dos resíduos oriundos destas atividades.

Esta ação vem sendo implantada com sucesso em algumas cidades brasileiras e é um meio de ampliar a garantia de que os RCC terão um destino adequado.

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• Criar um banco de áreas para aterramento.

Para ampliar as possibilidades de disposição do RCC classe A, poderá ser criado um banco de áreas, públicas ou particulares, que necessitem de aterramento, em caráter definitivo e de forma adequada. O Município de Guarapari possui uma iniciativa neste sentido.

Estradas sem pavimentação também devem ser incluídas nesse banco de dados para que sejam feitos os reparos necessários, assim como é realizado no Município de Fundão. A implantação desse banco de áreas deve conter, além do cadastro das áreas disponíveis para aterramento, critérios corretos para atender à demanda de materiais limpos, definição das responsabilidades e procedimentos para o licenciamento e execução do aterramento. Também deve ser exigido dos responsáveis pelas obras o uso exclusivo dos resíduos classe A, adequadamente triados nas instalações do novo sistema de gestão.

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3. MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

O gerenciamento dos resíduos de saúde (RSS) constitui um conjunto de procedimentos de gestão implementados a partir de bases cientificas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a geração de resíduos e proporcionar um tratamento e disposição final seguros, de forma eficiente, visando à redução de custos, à proteção dos trabalhadores, à preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente.

O gerenciamento deve abranger as etapas de planejamento dos recursos físicos, dos recursos financeiros e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo dos RSS.

O principal instrumento legal de âmbito nacional que rege esta questão é a Resolução no 358, de 29 de abril de 2005, do CONAMA, que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. A referida Resolução determina que os estabelecimentos de saúde, descritos em seu artigo 1º, realizem o manejo dos RSS norteados por Planos de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS).

O art. 1o da Resolução CONAMA 358/2005 define que essa normativa deve ser aplicada a todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos; importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, entre outros similares. Esta Resolução não se aplica a fontes radioativas seladas, que devem seguir as determinações da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, e às indústrias de produtos para a saúde, que devem observar as condições específicas do seu licenciamento ambiental.

Apesar da importância dos PGRSS para organizar e uniformizar as diversas atividades ligadas ao gerenciamento dos RSS, e do Art. 3º da Resolução, estabelecer que cabe aos geradores deste tipo de resíduo e ao responsável legal, referidos no art. 1o, o gerenciamento dos resíduos desde a geração até a disposição final, poucos são os estabelecimentos localizados na RMGV que realizam o manejo de seus resíduos norteados por PGRSS.

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No conjunto de Municípios que compõe a RMGV, o manejo de RSS é realizado de forma satisfatória no que tange ao tratamento e a disposição final. Os RSS são coletados por prestadoras privadas e encaminhados para o aterro sanitário da empresa Marca Ambiental, devidamente licenciado para promover a incineração e a disposição em células especiais. Contudo, a comparação das quantidades geradas de RSS em cada Município com indicadores do SNIS 20066 sugere uma deficiência na coleta e/ou na apropriação dos dados visto que, na maioria dos Municípios foi observada uma geração abaixo das médias praticadas no SNIS. Além disso, apesar da responsabilidade pelo manejo deste tipo de resíduo estar imputada ao gerador e, não ao Município, na RMGV é este ultimo que presta o serviço por meio de empresas contratadas sem ônus para os geradores.

Buscando responder a estas deficiências do sistema de manejo de RSS, propõe-se que as etapas de coleta, transporte, tratamento e disposição final sejam efetuadas por empresa(s) especializada(s), previamente autorizada(s) pelo Consórcio Público, ficando assim o gerenciamento deste tipo de resíduo sob responsabilidade compartilhada entre Consórcio, Município e o gerador.

A seguir são apresentadas diretrizes que irão nortear um programa de manejo de RSS para a Região Metropolitana da Grande Vitória, tomando como base a realidade regional diagnosticada e o marco legal existente sobre esta matéria.

3.1. Orientações sobre as etapas operacionais do Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde

Considerando que o gerenciamento dos RSS deve ser pensado desde a etapa de geração até a disposição final dos resíduos gerados, e que existe um rol de categorias de RSS, que demandam cuidados de acondicionamento, transporte, tratamento e disposição final específicos, cabe, inicialmente, apresentar a classificação adotada.

Classificação e Acondicionamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde

A classificação dos resíduos dos serviços de saúde consta do Anexo I da Resolução CONAMA 358, conforme transcrito a seguir:

I - GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.

a) A1

1. culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou

6 Para maiores informações consultar o capítulo 6 Análise da Prestação dos Serviços pelo SNIS 2006 dos Diagnósticos Municipais (Produto 7).

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atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética;

2. resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microrganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido;

3. bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta;

4. sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

b) A2

1. carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anatomopatológico ou confirmação diagnóstica;

c) A3

1. peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares;

d) A4

1. kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados;

2. filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares;

3. sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons.

4. resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo;

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5. recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

6. peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos ou de confirmação diagnóstica;

7. carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações; e

8. bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

e) A5

1. órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons.

II - GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.

a) produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; antirretrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações;

b) resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes;

c) efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores);

d) efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas; e

e) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

III - GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.

a) enquadram-se neste grupo quaisquer materiais resultantes de laboratórios de pesquisa e ensino na área de saúde, laboratórios de análises clínicas e serviços de medicina nuclear e radioterapia que contenham radionuclídeos em quantidade superior aos limites de eliminação.

IV - GRUPO D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.

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a) papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em antissepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1;

b) sobras de alimentos e do preparo de alimentos;

c) resto alimentar de refeitório;

d) resíduos provenientes das áreas administrativas;

e) resíduos de varrição, flores, podas e jardins; e

f) resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.

V - GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

Uma vez que os resíduos do grupo D apresentam as mesmas características dos resíduos domiciliares, o seu manejo pode ser realizado da mesma forma que os resíduos comuns, oriundos de domicílios e do comercio, ficando assim sob responsabilidade da mesma empresa contratada para prestar a coleta de RSU. Assim sendo, este serviço entrará na programação definida para a coleta de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) do setor em que se localiza a unidade de saúde. Caso algum dos estabelecimentos de saúde ultrapasse a geração diária definida para pequenos geradores7 de resíduos comuns, estes deverão ser tratados como grandes geradores ficando os serviços de coleta sujeitos a cobrança por parte da prestadora autorizada.

A possibilidade de que parcela dos RSS receba o mesmo tratamento de RSU depende da correta segregação e acondicionamento de cada tipo de RSS.

A tabela 7 apresenta orientações sobre as formas de acondicionamento de cada categoria.

7 Caberá ao conjunto de Municípios da RMGV a definição do pequeno e do grande gerador, de acordo com quantidades diárias geradas. Um dos valores adotados para pequenos geradores é a geração de até 120 litros diários.

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Tabela 7: Resíduos de Serviços de Saúde – formas de acondicionamento

Coleta e Transporte

Atualmente, em todos os Municípios da região, a coleta dos resíduos de serviços de saúde é feita de forma diferenciada, por empresas privadas contratadas pela Prefeitura, sem nenhum tipo de cobrança. Como observado anteriormente, os dados fornecidos pelas empresas prestadoras e pela operadora do aterro sanitário para onde são encaminhados os RSS sugerem uma deficiência na coleta ou na apropriação dos dados visto que, de forma geral, indicam uma geração de RSS bastante inferior a médias nacionais.

Neste sentido, os PGRSS, com a indicação da geração de RSS por cada estabelecimento de saúde, serão de suma importância para melhor interpretação destes dados. Naqueles Municípios onde sejam identificadas deficiências na abrangência da coleta é fundamental que o problema seja solucionado garantindo

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assim, gradualmente, o manejo adequado para a parcela de RSS efetivamente gerada.

Em alguns dos Municípios da RMGV a coleta e o transporte dos RSS é realizada seguindo plano de coleta específico. O roteiro com a identificação dos estabelecimentos contemplados, a abrangência e frequência do serviço deve ser o ponto de partida para revisão e aperfeiçoamento da atividade.

As normas NBR 12.810 e NBR 14.652 da ABNT recomendam que a coleta da parcela infectante seja feita por veículo específico, que não possua compactação e, por medida adicional de segurança, seja hermético ou possua dispositivo de captação de líquido.

Ferramental e EPI

O pessoal envolvido na coleta e no transporte de RSS deve estar provido dos equipamentos de proteção individual (EPI) e coletivos (EPC) para evitar riscos ambientais e a sua integridade com o manejo de RSS.

Os equipamentos de proteção individual devem consistir de:

• máscaras: para proteger o indivíduo contra inalação de aerossóis nas mucosas da boca e nariz;

• aventais: durante procedimentos onde houver possibilidades de contato com material biológico e com superfícies contaminadas. Protege a roupa do profissional da limpeza e a região abdominal contra umidade (ABNT-NBR12810/93);

• botas: para proteção dos pés em locais úmidos ou com quantidade significativa de material infectante. Devem ser de PVC, impermeáveis, resistentes, de cor clara, com cano ¾ e solado antiderrapante. Admite-se o uso de sapatos impermeáveis e resistentes ou botas de cano curto (ABNT-NBR12810/93);

• óculos: para proteger a mucosa ocular contra possíveis respingos de sangue e secreções. Devem ter lentes panorâmicas, incolores, ser de plástico resistente, com armação em plástico flexível, com proteção lateral e válvulas para ventilação (ABNT-NBR12810/93);

• uniforme: para proteção do corpo e identificação do profissional. Deve ser composto de calça comprida e camisa com manga, no mínimo ¾ de tecido resistente e de cor clara (ABNT-NBR12810/93);

• luvas: são indispensáveis para proteger o profissional da limpeza em suas atividades e de qualquer contato direto ou indireto com material orgânico (sangue, secreções, excretas e tecidos) (ABNT-NBR12810/93).

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Capacitação

É indispensável que os profissionais envolvidos no manejo de RSS se submetam a um programa de educação contínuo, tendo como objetivo orientar e informar a equipe sobre os riscos e procedimentos adequados de manejo. O programa deve abordar temas como: o ciclo de vida dos materiais; o conhecimento da legislação pertinente ao tema; a classificação dos resíduos e seu potencial de risco; o sistema de gerenciamento adotado internamente no estabelecimento; entre outros.

Além destes treinamentos sugere-se que seja realizado também uma capacitação de âmbito regional voltada àqueles profissionais que ficarão encarregados do monitoramento e fiscalização dos serviços, como agentes da vigilância sanitária, fiscais de saúde etc.

Tratamento e Disposição Final

A maior parcela dos RSS coletada nos Municípios da RMGV é encaminhada para tratamento e disposição final no aterro da empresa Marca Ambiental, localizado no Município de Cariacica que recebe mensalmente em torno de 234 toneladas de RSS, conforme tabela 88.

Tabela 8: Quantidades de RSS encaminhados a Central de Tratamento

Município Quantidade Mensal (tonelada)

Quantidade/1.000hab (kg/1.000/dia)

Vitória 99,89 10,48 Vila Velha 69,55 6,5 Serra 37,17 3,59 Viana 1,21 0,67 Cariacica 21,28 1,96 Guarapari 5,3 1,71 Fundão 0,28 0,67 TOTAL 234,68

Quanto à destinação final dos resíduos sólidos gerados por estabelecimentos de saúde, o IEMA, órgão ambiental competente no Estado do Espírito Santo, e os Municípios no âmbito de suas competências, devem observar os critérios mínimos, estabelecidos pelo Anexo II da Resolução CONAMA 358/2005, apresentado a seguir:

I) Quanto à seleção de área:

a) não possuir restrições quanto ao zoneamento ambiental (afastamento de Unidades de Conservação ou áreas correlatas);

8 Dados extraídos dos Diagnósticos Municipais (Produto 7).

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b) respeitar as distâncias mínimas estabelecidas pelos órgãos ambientais competentes de ecossistemas frágeis, recursos hídricos superficiais e subterrâneos;

II) Quanto à segurança e sinalização:

a) sistema de controle de acesso de veículos, pessoas não autorizadas e animais, sob vigilância contínua; e

b) sinalização de advertência com informes educativos quanto aos perigos envolvidos.

III) Quanto aos aspectos técnicos:

a) sistemas de drenagem de águas pluviais;

b) coleta e disposição adequada dos percolados;

c) coleta de gases;

d) impermeabilização da base e taludes; e

e) monitoramento ambiental.

IV) Quanto ao processo de disposição final de resíduos de serviços de saúde:

a) disposição dos resíduos diretamente sobre o fundo do local;

b) acomodação dos resíduos sem compactação direta;

c) cobertura diária com solo, admitindo-se disposição em camadas;

d) cobertura final; e

e) plano de encerramento.

3.2. Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS)

Segundo o art. 4º da Resolução CONAMA 358/2005, os geradores de resíduos de serviços de saúde, em operação ou a serem implantados, devem elaborar e implantar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), de acordo com a legislação vigente, especialmente as normas da vigilância sanitária.

O PGRSS é um documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, observadas suas características, no âmbito dos estabelecimentos, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como, a proteção à saúde pública.

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3.2.1. Etapas de implantação de um PGRSS

a) Identificação do responsável e composição da equipe de trabalho

A designação dos profissionais para elaboração do PGRSS deverá atender ao art. 5o da Resolução CONAMA nº 358. O PGRSS deverá ser elaborado por profissional de nível superior, habilitado pelo seu conselho de classe, com apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, Certificado de Responsabilidade Técnica ou documento similar, quando couber.

b) Identificação das fontes geradoras

Deverão ser identificados os locais, classificação dos resíduos e a geração média diária por tipo de resíduo.

c) Estratégias de minimização

O plano deverá contemplar a revisão da metodologia de compra de material, as possibilidades de reuso, reaproveitamento, reciclagem e recuperação.

d) Identificação das normas reguladoras, locais de coleta e destinação dos RSS

O plano deverá identificar as normas da Vigilância Sanitária a serem atendidas, bem como da Limpeza Urbana, do Meio Ambiente e de saneamento básico.

e) Integração das normas com as rotinas internas

O plano deverá prever a integração das normas com as rotinas internas, tais como da CIPA ou outras.

f) Identificação dos atores envolvidos no gerenciamento

O plano deverá identificar os diversos perfis profissionais envolvidos nas rotinas, tais como:

• Profissionais de saúde

• Funcionários de limpeza e manutenção

• Funcionários administrativos

• Profissionais de Segurança Ocupacional

g) Sensibilização / Treinamento / Capacitação

O plano deverá contemplar os seguintes aspectos relacionados à sensibilização, treinamento e capacitação:

• Noções gerais sobre o ciclo da vida dos materiais;

• Conhecimento da legislação em vigor;

• Definições, tipo e classificação dos resíduos e potencial de risco do resíduo;

• Sistema de gerenciamento adotado internamente no estabelecimento;

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• Formas de reduzir a geração de resíduos;

• Conhecimento das responsabilidades e de tarefas;

• Reconhecimento dos símbolos de identificação das classes de resíduos;

• Conhecimento sobre a utilização dos veículos de coleta;

• Orientações quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs;

• Orientações sobre biossegurança e higiene pessoal;

• Orientações especiais e treinamento em proteção radiológica quando houver rejeitos radioativos;

• Providências a serem tomadas em caso de acidentes e de situações emergenciais;

• Visão básica do gerenciamento dos resíduos sólidos no Município;

• Noções básicas de controle de infecção.

h) Identificação das tecnologias aplicáveis e disponíveis

O plano deverá identificar tecnologias aplicáveis e disponíveis às rotinas internas ao estabelecimento bem como à disposição final dos resíduos.

i) Elaboração das Rotinas

As rotinas deverão estar bem definidas, visualizadas e assumidas por todos os profissionais envolvidos.

j) Avaliação e Controle

O Plano deverá indicar as metodologias aplicáveis à avaliação e controle das rotinas estabelecidas.

k) Indicadores

O plano deverá identificar os indicadores a serem utilizados para avaliação, controle e monitoramento das rotinas estabelecidas, tais como:

• Taxa de acidentes com perfurocortantes.

• Variação da geração de resíduos.

• Variação da proporção de resíduos Grupo A.

• Variação da proporção de resíduos Grupo B.

• Variação da proporção de resíduos Grupo D.

• Variação da proporção de resíduos Grupo E.

• Variação do percentual de reciclagem.

No anexo 1 é apresentado um modelo de formulário para implementação e acompanhamento de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde.

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3.3. Proposições para implementação do Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde nos Municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória

Tomando como base a realidade encontrada na região quanto aos RSS, as propostas de regionalização da gestão dos resíduos, assim como normativas legais e operacionais, apresenta-se na tabela 9 uma sequência de ações que visam ao aprimoramento do gerenciamento dos RSS na RMGV.

Sugere-se, contudo, que tanto as ações como a hierarquia propostas e a divisão de responsabilidades (nível local e nível regional) sejam futuramente discutidas e confirmadas pelos Municípios e pelo Consórcio Público, estando este último responsável pela definição das diretrizes do Programa de Manejo de RSS.

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Tabela 9: Ações propostas para o manejo dos RSS na RMGV

Diretriz Ação Responsável Definição das diretrizes do programa de manejo de RSS

Consórcio público

Cadastramento de empresas com autorização para prestar serviços de coleta aos geradores de resíduos de saúde e delegação da prestação do serviço.

Consórcio público

Capacitação dos profissionais de saúde Consórcio público/ Município

DIRETRIZES GERAIS

Fiscalização da prestação dos serviços de coleta, transporte, tratamento e disposição final e da implantação dos PGRSS

Consórcio público/ Município

Atualização do cadastramento dos estabelecimentos geradores de resíduos de saúde.

Município

Elaboração de rotinas para acompanhamento dos serviços de coleta, transporte e disposição final dos resíduos de saúde, por Município.

Consórcio público

Definição dos estabelecimentos que serão atendidos pelos serviços de coleta fornecidos pelos Municípios e os que deverão se responsabilizar diretamente.

Consórcio público/ Município

Interrupção gradativa da prestação dos serviços de coleta para estabelecimentos classificados como responsáveis diretos.

Consórcio público/ Município

Definição de equipe profissional para acompanhamento dos PGRSS nos estabelecimentos de saúde.

Consórcio público/ Município

Monitoramento dos PGRSS nos estabelecimentos de saúde.

Município

Prazo para que todos os estabelecimentos de saúde cadastrados tenham implementado o PGRSS.

Consórcio público/ Município

DIRETRIZES ESPECÍFICAS

Implementação de coleta seletiva de materiais passíveis de reaproveitamento nos estabelecimentos.

Município

Ressalta-se que as atribuições do Consórcio, bem como dos Municípios, em nada isentam os próprios geradores de suas obrigações legais quanto a elaboração de seus P RSS e a garantia de que estes sejam efetivamente implementados.

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4. COLETA SELETIVA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

A proposta concebida para o programa de Coleta Seletiva de Materiais Recicláveis considera aspectos do panorama nacional no que tange às experiências municipais mais conhecidas no País e, em particular, a situação da RMGV revelada nos diagnósticos municipais quanto às características das ações implementadas em nível local, aos agentes envolvidos e às iniciativas empreendidas na região.

4.1. O panorama nacional

Para discorrer brevemente sobre o panorama nacional, sob a perspectiva de experiências municipais, tomou-se como referência o Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos do Sistema Nacional de Informações em Saneamento (SNIS)– 20079. Da RMGV responderam ao SNIS-RS 2007 os Municípios de Cariacica, Serra, Vitória e Vila Velha10.

Segundo a definição adotada no SNIS RS, a coleta seletiva de resíduos sólidos e triagem de materiais recicláveis compreende “o conjunto de procedimentos referente ao recolhimento diferenciado de resíduos recicláveis (papéis, plásticos, metais, vidros etc.) e até resíduos sólidos compostáveis, desde que tenham sido previamente separados dos demais resíduos considerados não reaproveitáveis, nos próprios locais em que tenha ocorrido sua geração” (MCIDADES, 2009). De acordo com o projeto de lei que institui a política nacional de resíduos sólidos, em seu inciso II do Art.3º, entende-se por coleta seletiva: “a coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição” e, no inciso V do Art 8o , define ainda, que a coleta seletiva constitui um dos instrumentos de responsabilidade compartilhada.

A coleta seletiva é praticada em 56,9% dos Municípios da amostra, entretanto há que se fazer ressalva quanto à cobertura da coleta seletiva nesses Municípios, que pode abranger pequenas parcelas do território ou parte significativa. Nos Municípios situados na faixa 4 do SNIS, com população de 250.001 a 1.000.000 habitantes, onde também se situam quatro dos sete Municípios da RMGV, este percentual sobe para 77,5%.

9 Este diagnóstico apresenta uma visão geral atualizada da prestação dos serviços construída com base em algumas análises que retratam as características e a situação do manejo de resíduos sólidos em várias das suas faces e segundo uma amostra, construída a partir da declaração voluntária dos Municípios. A amostra contempla Municípios em todos os Estados e mais o Distrito Federal e diz respeito a mais de 83,8 milhões de habitantes urbanos. Trata-se de uma publicação regular desde sua primeira versão lançada em 2004, com dados do ano-base de 2002. A série histórica construída respalda as análises empreendidas pelo SNIS-RS que mesmo tendo pretensão indicativa, revelam um dos vários retratos possíveis da situação do setor de resíduos sólidos no Brasil. 10 O Município de Guarapari integra a amostra de Municípios convidados, no entanto, não respondeu ao SNIS.

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O SNIS-RS 200711 constata claramente que a proporção dos que fazem coleta seletiva cresce de acordo com o porte do Município. Esta constatação indica aos formuladores de programas de coleta seletiva que desenhos de ações articuladas e de regionalização desse serviço podem auferir ganhos de escala implicando melhores resultados de desempenho.

A combinação de diferentes modalidades de coleta seletiva é um dos aspectos importantes a se considerar na formulação deste tipo de programa. De acordo com o SNIS RS 2007 a forma predominante em todas as faixas populacionais que integram a amostra é a coleta porta a porta (PaP), alcançando a média de 90,6% das iniciativas. A coleta em postos ou pontos de entrega voluntária (PEV) apresenta de baixa cobertura em Municípios menores, atinge o valor médio de 51%, porém cresce significativamente com o porte do Município, chegando a aproximar-se do índice da PaP nos Municípios populosos que se situam na faixa 5 (de 1.000.001 a 3.000.000 habitantes).

O Diagnóstico do SNIS-RS 2007 informa quais os agentes que atuam nas ações de coleta seletiva nos Municípios da amostra e em que nível o estabelecimento de parcerias influencia na atuação desses agentes. A coleta seletiva tem como agentes executores: (i) as próprias Prefeituras ou as empresas que contrata; (ii) organizações de catadores (associações ou cooperativas) e (iii) empresas privadas do ramo, sucateiros e aparistas.

A participação predominante das organizações de catadores (associações ou cooperativas) que tem apoio da Prefeitura é quase tão intensa quanto a presença da Prefeitura como principal agente executor da coleta seletiva. Quando os catadores não contam com este apoio, a capacidade de realizar a coleta seletiva PaP fica no patamar de 10%.

Além das modalidades PaP e PEV, há ainda a coleta seletiva não formal realizada por catadores, presente em 83,0% dos Municípios da amostra.

Outro aspecto importante a considerar nos programas de coleta seletiva é a pesagem dos materiais recolhidos por meio da coleta seletiva antes do processo de triagem. Esta informação é fundamental para aferir o indicador que relaciona a quantidade de materiais coletados por meio de coleta seletiva e a quantidade de materiais efetivamente triados visando o beneficiamento e a comercialização. Segundo o SNIS-RS 2007, dos Municípios que responderam afirmativamente à indagação sobre a existência de coleta seletiva, 60% também afirmaram pesar o material recolhido antes dos processos de triagem.

11 Para fins da análise dos dados obtidos, neste Diagnóstico os Municípios foram agrupados em seis faixas de porte populacional (considerando a população total de cada Município): Faixa 1 – até 30.000 habitantes; Faixa 2 – de 30.001 até 100.000 habitantes; Faixa 3 – de 100.001 a 250.000 habitantes; Faixa 4 – de 250.001 a 1.000.000 habitantes; Faixa 5 – de 1.000.001 a 3.000.000 habitantes; Faixa 6 – mais de 3.000.000 de habitantes.

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O SNIS-RS trabalha com o indicador que afere a quantidade total de materiais recicláveis recuperados (exceto matéria orgânica e rejeitos) com relação à população urbana (kg/habitantes/ano).

Dos dados informados por 53,5% dos Municípios que responderam que fazem coleta seletiva (considerada a exclusão de Municípios que não responderam e de dados claramente inconsistentes), verifica-se a incidência de valores médios per capita que vão de 2,2kg/hab/ano (na faixa 6) a 19,4kg/hab/ano (na faixa 1), com média, para os 91 casos analisados, de 6,0kg/hab/ano12.

Vale observar que o valor médio da faixa 4, onde se situam quatro dos sete Municípios da RMGV, o per capita é de 10,8kg/hab/ano, superior, portanto à média, e que pode sinalizar uma maior eficácia da coleta seletiva neste porte de Município.

Do conjunto de Municípios que disponibilizaram dados sobre a massa coletada, os principais agentes executores da coleta seletiva são as organizações de catadores, necessariamente organizados em associações ou cooperativas e, destaca-se, que contam com apoio de Prefeitura. Em seguida figuram as próprias Prefeituras, executando o serviço por meio de empresas contratadas ou diretamente.

O SNIS RS trabalha com o indicador que afere a quantidade total de materiais recicláveis recuperados (exceto matéria orgânica e rejeitos) com relação à população urbana (kg/habitantes/ano).

Os valores unitários por Município demonstram quanto maior o porte do Município, mais alto é este valor. O valor médio per capita para todas as faixas populacionais é de 3,1kg/hab./ano de material recuperado, alimentado por ampla variação de seus valores máximos e mínimos. Em outras palavras, significa que a triagem de materiais recicláveis recupera a quantidade média de 3,1kg/habitante urbano/ano.

Apesar de deficiências no fornecimento das informações, pode-se observar que em quantidade, os papéis e os plásticos, chegando, juntos representam 77,1% do total de materiais recuperados, com larga predominância do conjunto papéis e papelões (50,7%). A incidência dos demais materiais no total recuperado é: metais de 12,1%; vidros de 6,4%; outros (não especificados) de 4,4%.

4.2. O panorama regional

O panorama regional, extraído da análise dos diagnósticos municipais, revela que a coleta seletiva e o funcionamento da cadeia produtiva dos materiais recicláveis é um desafio a ser enfrentado pelos sete Municípios da RMGV.

Como demonstrado na breve caracterização do cenário nacional, sabe-se que esta dificuldade atinge praticamente todos os Municípios brasileiros. Entretanto, como

12 Excluindo-se a quantidade recolhida pela coleta seletiva de São Luis/MA – cujo valor pode ser considerado excessivo quando comparado ao de outros Municípios – a média da faixa 4 passa de 10,4 para 7,0 kg/hab./ano, o que também repercute sobre o total, reduzindo-o de 6,0 para 4,7 kg/hab./ano.

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registrado nos diagnósticos municipais, comparativamente aos parâmetros e indicadores do SNIS Resíduos Sólidos 200613, as iniciativas empreendidas na RMGV apresentaram índices de cobertura dos programas de coleta seletiva e de recuperação dos materiais recicláveis abaixo dos valores médios extraídos das amostras de Municípios similares.

Na RMGV, considerando os quatro Municípios – Vitória, Serra, Cariacica e Guarapari – que disponibilizaram informações sobre os seus programas de coleta seletiva, são coletadas mensalmente em torno de 180 toneladas de materiais recicláveis, entre as modalidades PaP e PEV, conforme tabela 10.

Tabela 10: Iniciativas de coleta seletiva desenvolvidas na RMGV

Município Quantidade coletada (ton./mês) Modalidade de coleta

Vitória 100 PEVs (332 instalados) com apoio do Poder Público

Vila Velha -- PaP realizada por organização de catadores

Serra 3,2 PEVs (20 instalados) com apoio do Poder Público

Viana -- -- Cariacica 20 PaP com apoio do Poder Público Guarapari 58 PaP realizada por organização de

catadores Fundão --- --- TOTAL 181,2

Fonte: dados extraídos dos Diagnósticos Municipais (Produto 7)

Das experiências de coleta seletiva existentes no País e mais conhecidas porque participam de sistemas de informação, a exemplo do SNIS, pode-se dizer que os principais aspectos para a formulação de programas de coleta seletiva devem abordar além do índice de cobertura do serviço e da capacidade de recuperação dos materiais recicláveis, a combinação de modalidades; o conjunto dos agentes executores; e o perfil de organização dos catadores.

Salienta-se que o Estado do Espírito Santo se destaca por importantes iniciativas no campo da gestão dos resíduos sólidos, entre essas, a recente aprovação da política estadual de resíduos sólidos, o Programa Capixaba de Materiais Reaproveitáveis, o Comitê Gestor de Resíduos Sólidos (COGERES), a existência de associações de catadores, que contam inclusive com lideranças que atuam em fóruns regionais e nacionais e a rede Ecociência, que reúne empresários do Estado que operam na área do beneficiamento e reciclagem de materiais. Destaca-se, ainda, que o PDRS-RMGV 13 O Ministério das Cidades divulgou o SNIS Resíduos Sólidos 2007 apenas em 17/10/2009, posteriormente à conclusão dos diagnósticos municipais e do documento com as proposições regionais, produtos que integram o PDRS-RMGV.

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constitui em si uma etapa muito importante do planejamento regionalizado que vem sendo desenvolvido pelo COMDEVIT, em um movimento estratégico de articulação do Governo Estadual e dos Municípios que integram a Região Metropolitana da Grande Vitória.

Neste sentido, as diretrizes gerais propostas para ancorar o programa de coleta seletiva de materiais recicláveis buscam superar as deficiências enfrentadas pelos Municípios e explorar o significativo potencial existente na região.

Com o objetivo de subsidiar a formulação das diretrizes gerais deste programa para a RMGV, retoma-se aqui os resultados do mapeamento dos principais agentes que participam de alguma forma da cadeia produtiva de materiais recicláveis na região. Sublinha-se, contudo, que não se tratou de um mapeamento com fins censitários14 e que certamente pode sofrer ajustes e atualizações.

A partir do mapeamento dos agentes, foi definida uma amostra15 para aplicação de questionários, elaborados especificamente para: catadores; depósitos/sucateiros e ferros velhos; empresas recicladoras.

Tabela 11: Atores mapeados na RMGV

Catadores Depósitos / Sucateiros /

Ferros Velhos

Emp. / Ind. RecicladorasMunicípio

Não org. Org. Total (map.) Total (map.) Total (map.) Vitória 254 46 300 29 - Vila Velha 370 16 386 31 - Serra 150 28 178 12 - Cariacica 10 27 37 15 - Guarapari 100 25 125 01 - Fundão 0 0 - 03 - Viana 10 0 10 03 - RMGV 1036 94 30 Total (quest.)

150 13 05

Na definição estatística da amostra, para a categoria de catadores adotou-se o cálculo para amostra estratificada e para os demais agentes a fórmula para amostra simplificada.

O universo de 150 catadores entrevistados atendeu à seguinte distribuição16: 17% de Cariacica; 48% Vitória; 8% Vila Velha; 12% Guarapari e 15% Serra.

14 Nos documentos dos diagnósticos municipais (Produto 7) encontra-se a descrição das fontes e procedimentos adotados para a realização do mapeamento. 15 O Anexo 3 dos diagnósticos municipais apresenta o embasamento estatístico adotado para definição da amostra bem como da distribuição da mesma entre o conjunto de Municípios na perspectiva de construção de um olhar regional.

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As informações contidas em cada um dos questionários permitem a construção de um panorama local, bem como regional, dos catadores no que tange ao perfil dos mesmos, a atividade em si por eles desempenhada, e, o nível de participação e organização alcançado.

Quanto ao perfil da categoria, a amostra evidenciou um nicho predominantemente masculino (66%), distribuído de forma relativamente semelhante entre catadores casados (41%) e solteiros (49%), e com uma expressiva parcela do grupo dispondo de documentação civil (82%). Apesar do baixo nível educacional (27% analfabetos e 47% com ensino fundamental incompleto) e da renda mensal individual inferior ao salário mínimo (R$ 260,00) apenas 20% do universo entrevistado estava inscrito em algum programa social.

O desemprego foi apontado por 82% como sendo a principal causa para o envolvimento com a atividade de catação, que vem sendo desempenhada entre 1 a 4 anos por 45% do grupo e entre 5 a 10 anos por 37% dos entrevistados. Apesar de 44% dos entrevistados participarem de alguma organização de catadores as condições de trabalho ainda se mostram bastante precárias, com menos de 40% do grupo dispondo de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e apenas 6% com acesso a caminhão para coleta/transporte dos materiais. A expressiva maioria dos entrevistados realiza a catação em um único Município, em geral o mesmo de sua residência, e tem como principais pontos de coleta residências, o comércio e a rua.

Em termos de conhecimento de instancias formais de representatividade, um número reduzido dos entrevistados afirmou conhecer o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (26%) e o Fórum Estadual Lixo e Cidadania (29%). Com relação a participação em encontros e reuniões promovidos pela Prefeitura menos de um terço dos entrevistados afirmou haver participado, o que indica a necessidade de maior aproximação entre os gestores municipais e as organizações de catadores.

A figura 7 apresenta a distribuição espacial das oito organizações de catadores identificadas na região à ocasião do mapeamento.

16 De acordo com os critérios adotados no mapeamento, no Município de Fundão não foi constatada existência regular de catadores e no Município de Viana não existem catadores organizados.

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Figura 7: Distribuição espacial das organizações de catadores da RMGV

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4.3. Diretrizes gerais para a formulação do programa de coleta seletiva de materiais recicláveis para a RMGV

A concepção geral do arranjo institucional proposto no PDRS-RMGV para a gestão associada dos resíduos sólidos, detalhada na parte III deste Plano, é também aqui operacionalizada, na medida em que trabalha a articulação entre os níveis local e regional em termos de atribuições e responsabilidades, assim como as ações compartilhadas com os agentes sociais envolvidos com a questão dos resíduos sólidos na região, em particular com a coleta seletiva de materiais recicláveis.

Como antecipado nas proposições regionais (Produto 5) validadas pelo GT/COMDEVIT, em tese a gestão associada pode estabelecer que parte dos serviços permaneça no nível local, por exemplo, os serviços de limpeza urbana17, e outra parte dos serviços passe ao nível regional, sob a responsabilidade do consórcio público, como por exemplo, os serviços que envolvem o manejo dos resíduos sólidos, de maneira a conferir ganhos de escala e de escopo às atividades de coleta, transbordo, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos.

Para o programa de coleta seletiva de materiais recicláveis, propõe-se um arranjo que aciona tanto o nível regional sob a gestão do Consórcio Público; como o nível local, sob a responsabilidade dos Municípios. Neste sentido, propõe-se que a coordenação do programa seja regional, ficando o Consórcio responsável por detalhar as diretrizes de cunho institucional e a execução local, podendo cada Município seguir direções específicas, principalmente de natureza operacional para a prestação do serviço.

Entre as diretrizes operacionais, cabe a recomendação de estruturação ou aperfeiçoamento de ações piloto, que combinem tanto as modalidades PaP e PEV como o envolvimento dos agentes executores, de acordo com as características particulares de cada área de abrangência e da população beneficiada.

Particularmente sobre o envolvimento dos agentes executores da coleta seletiva empreendida em nível piloto e combinando as modalidades possíveis para a prestação do serviço, recomenda-se o fomento à participação das organizações de catadores, sem prejuízo da atuação da própria Prefeitura, de forma direta ou por meio de empresa contratada, como de empresas privadas do ramo, sucateiros e aparistas.

Nesta linha, a pretensa articulação entre os níveis regional e local se faz ainda mais requisitada. A análise da situação dos catadores na RMGV se por um lado referenda esta recomendação, por outro alerta para o baixo grau de institucionalização e de organização dos catadores, assim como para a necessidade de qualificação profissional, de caráter gerencial e operacional.

Mesmo sob a perspectiva de uma execução local das ações de coleta seletiva, tendo as organizações de catadores como o principal agente executor, recomenda-se a ancoragem desse processo de fortalecimento organizacional e de qualificação

17Os serviços de limpeza urbana incluem a varrição e atividades correlatas.

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profissional dos catadores no modelo adotado pela conhecida Rede de Tecnologia Social (RTS).

4.3.1. Rede de Tecnologia Social (RTS)

A RTS18 desenvolveu uma metodologia de incubação de redes de empreendimentos de reciclagem, com o objetivo de aperfeiçoar e potencializar as formas de organização, gestão e produção das cooperativas, assim como a comercialização coletiva dos materiais recicláveis.

Conceitualmente, a aplicação dessa metodologia dependerá do processo organizativo dos empreendimentos solidários no território em questão, podendo caracterizar-se em três estágios:

Situação 1 – Regiões onde as organizações já se acham em processo de consolidação de sua atuação como rede, com necessidade de apoio para manutenção ou assessoramento à desincubação, porém sem prioridade para novos investimentos.

Situação 2 - Regiões onde as organizações já deram passos importantes no sentido da formação de redes, porém ainda necessitam de investimentos complementares para sua consolidação ou para ampliação de abrangência, seja regional ou social.

Situação 3 - Regiões onde as organizações apresentam estágio organizativo menos desenvolvido, com atuação individualizada, sem avançar na formação de redes

Provavelmente a realidade da RMGV se assemelhe mais às situações 1 e 2, onde existem organizações de catadores atuando e a discussão sobre a formação de rede de agentes da cadeia produtiva de recicláveis já foi iniciada.

A participação de instituições e entidades apoiadoras é fundamental para também ajudar na definição do enquadramento mais adequado, considerada a realidade local e regional do processo de organização social.

18 Para o conhecimento mais aprofundado da RTS, recomenda-se consultar a página eletrônica www.rts.org.br.

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Figura 8: Tecnologia Social – Representação Gráfica

Fonte: disponível em: www.rts.org.br.

Na apropriação deste modelo de RTS para a realidade da RMGV, sobressaem duas ideias que conformam a proposta ora recomendada:

1. uma, a de estruturar uma rede de catadores, ainda que a execução das ações de coleta seletiva seja local e assuma características próprias e adequadas à realidade de cada Município da RMGV;

2. outra, que este processo de formação da rede de catadores ocorra de forma progressiva, no sentido de se trabalhar na perspectiva de incubação de projetos. Esta concepção de incubar uma rede de catadores sob a orientação do conceito e da metodologia de tecnologia social permite inclusive que esta rede organizada em nível regional, adote uma estrutura com boa capilaridade nos Municípios, sendo operada a partir da implantação de entrepostos locais ou intermunicipais, estrategicamente localizados do ponto de vista logístico e econômico.

O IBAM entende que o modelo recomendado coaduna com uma situação já posta na região de iniciativas que se organizam em redes, a exemplo da experiência da Ecociência que se constitui em uma rede de agentes recicladores.

TS - Incubação de Redes de Reciclagem

Organização

Produção Comercialização

Tecnologia

Organização doTrabalho

Meios de Produção

Redes

Logística

Padronização

Incubação

Gestão

Constituição do Grupo

Capacitação

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Nesta mesma direção, a proposta também se harmoniza com o arranjo mais amplo proposto para a gestão associada dos resíduos sólidos, desenvolvido na parte III deste Plano, que considera a possibilidade da criação de uma Central de Beneficiamento e de Comercialização dos materiais recicláveis.

Em um dos cenários apresentados, esta Central estaria num primeiro momento sob a gestão do Consórcio Público, mediante formalização de um termo de parceria. Durante o estágio inicial de estruturação e de funcionamento do empreendimento, o Consórcio poderia contratar um agente privado para atuar como empresa gerenciadora nos primeiros cinco anos, para na sequência transferir a gestão da Central para a rede de catadores.

Neste período, ocorreria o que estamos denominando de incubação da rede de catadores como um empreendimento social que visa no médio prazo conferir autonomia a este segmento social, tão relevante para a gestão integrada dos resíduos sólidos e o funcionamento sustentado da cadeia produtiva de materiais recicláveis.

Apresentada a concepção geral do programa de coleta seletiva proposto para a RMGV, passa-se à descrição das diretrizes institucionais e operacionais com a respectiva indicação do nível de implementação, do ente responsável e, quando aplicável, dos requisitos legais que as ancoram.

4.3.2. Diretrizes institucionais do programa

Cada Município será orientado pelo Consórcio Público a organizar ou reestruturar seu programa de coleta seletiva de matérias recicláveis, observando as suas especificidades locais e de maneira a considerar características comuns. Algumas das diretrizes incluem:

– fomento as organizações de catadores como agente executor predominante das ações de coleta seletiva e, preferencialmente, mediante formalização de contratos com dispensa de licitação, como disciplina o art. 57 da Lei 11.445/2007 que alterou o inciso XXVII do art. 24 da Lei 8.666/1993.

Nesses casos, os Municípios poderão contar com a assistência técnica do Consórcio Público ou ainda com a possibilidade de contratação direta efetuada pelo próprio Consórcio. Salienta-se que a Lei 9.264/2009, que institui a política estadual de resíduos sólidos no Espírito Santo prevê a integração de organizações de catadores em ações que envolvam o fluxo dos resíduos sólidos reversos.

– estabelecimento de parcerias com órgãos públicos com o objetivo de possibilitar o acesso das organizações de catadores ao material reciclável da administração direta, empresas públicas e estatais, tomando como referência o Decreto 5940/2006. Esta regulamentação ancora a denominada Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) que prevê a coleta seletiva de lixo e parcerias com associações e cooperativas de catadores para a melhor destinação do material. Atualmente, mais de 400 órgãos públicos participam da Rede A3P.

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Além desses requisitos legais, o governo federal pretende estimular o trabalho do catador de materiais recicláveis com o Pagamento por Serviços Ambientais Urbanos (PSAU) e garantia de preço mínimo para os produtos19. O projeto visa à remuneração dos serviços prestados pelas cooperativas de catadores, como mecanismo de incentivo à atividade do catador no contexto da cadeia de reciclagem, mesmo em casos de crise econômica – quando o preço do material oscila – mediante garantia de benefício relacionado ao preço mínimo para o produto reciclado.

Uma iniciativa do governo federal que terá impactos diretos na dinâmica da cadeia produtiva de materiais recicláveis é a expectativa de que o governo anuncie, ainda neste ano de 2009, a retirada do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) sobre os produtos reciclados20. Segundo o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o objetivo é estimular a cadeia produtiva dos reciclados, que já teriam pagado impostos anteriormente, na sua forma original de produção.

4.3.3. Diretrizes operacionais do programa

Como mencionado anteriormente, entende-se que, este programa deve seguir diretrizes gerais institucionais e operacionais definidas consensualmente pelo Consórcio, mas deve também manter a flexibilidade operacional no sentido de, sem perder os benefícios regionais de ganhos de escala e escopo, respeitar algumas especificidades locais. Estas especificidades incluem tanto o perfil mais geral dos Municípios, pequeno e médio porte, como o perfil dos catadores, o modo de atuação dos mesmos em cada cidade, incluindo os outros agentes que também atuam na coleta seletiva no nível local. Por outro lado, os diagnósticos municipais deixam clara a baixa produtividade dos sistemas atualmente em execução21, reforçando assim uma necessidade de reformulação destes programas.

Em linhas gerais as diretrizes operacionais propostas incluem as modalidades de coleta (PEVs e PaP), a setorização/ área de abrangência dos agentes executores, a definição destes agentes e de suas atribuições, bem como as etapas que sucedem a coleta – beneficiamento e comercialização – buscando assim trabalhar na perspectiva do fomento da cadeia produtiva de recicláveis. Neste sentido indicam-se algumas diretrizes:

– promoção da interlocução entre o poder público local e os agentes envolvidos em programas de coleta seletiva na perspectiva de definição dos modelos mais adequados caso a caso, com a clara definição da atribuição de cada parte envolvida;

19 Durante pronunciamento oficial do Ministro do Meio Ambiente no Festival Lixo & Cidadania, realizado em setembro de 2009 e divulgação na página eletrônica do Ministério. 20 Fonte: Agência Brasil, no Rio. 15/10/2009, às 18h54 por Vladimir Platonow. 21 De acordo com os diagnósticos municipais, em particular capítulos 5, 6 e 7.

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– formalização e legalização das organizações de catadores e, eventualmente, constituição de novas organizações;

– capacitação dos catadores, considerando a perspectiva de formação de uma rede como proposto nas diretrizes gerais do programa;

– implantação de programas piloto, no sentido de validar os modelos propostos, definindo a modalidade a ser adotada e a área de abrangência de cada um dos agentes envolvidos na coleta;

– estruturação de galpões/unidades de triagem existentes e, se necessário implantação de novas unidades locais ou intermunicipais;

– desenvolvimento de ações informativas e educativas, e

– criação de Central regional de Beneficiamento e Comercialização.

Algumas considerações são apresentadas sobre as duas modalidades de coleta propostas.

Coleta: modalidade PEVs

Ressalta-se que na RMGV a modalidade de coleta seletiva sob a forma de PEVs é a mais difundida atualmente em termos de volume coletado, o que não necessariamente signifique ser a mais adequada vista a baixa produtividade dos programas na região. Por outro lado, uma das diretrizes para o manejo dos resíduos da construção civil (RCC), objeto deste capitulo, é a implantação de Pontos de Entrega para RCC, que recebam também materiais recicláveis, oriundos dos resíduos domiciliares e comerciais, seguindo assim a mesma modalidade dos PEVs. Na proposta apresentada para o manejo dos RCCs, a remoção dos materiais recicláveis ficaria sob responsabilidade prioritária de organizações de catadores, podendo ser removido também por outros agentes executores que venham a ser envolvidos.

Entende-se, contudo, que o sucesso desta modalidade depende da cooperação dos geradores destes tipos de materiais no sentido de encaminha-los voluntariamente a estes pontos de entrega. Esta adesão pode ser maximizada por meio de campanhas de orientação e sensibilização, cujas diretrizes estão descritas no Capítulo 7 Diretrizes para o Programa de Educação Ambiental, Mobilização Social e Comunicação, deste capitulo.

Estes materiais seriam, posteriormente, encaminhados aos galpões de triagem, gerenciados pelas organizações de catadores, para beneficiamento primário. As organizações de catadores dos Municípios de maior porte da RMGV – Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra - já dispõem destes espaços. Necessitam, contudo de investimentos para melhor estruturação. Esta necessidade foi, inclusive apontada no

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estudo “Projetos para o desenvolvimento da Cadeia Recicláveis na Grande Vitória”22, que chegou a estimar valores para as referidas reformas.

A fim de expandir a abrangência do programa, deve-se considerar a necessidade de ampliação progressiva do numero de galpões para estocagem, triagem e beneficiamento primário dos materiais coletados.

No caso dos Municípios de Viana e Fundão, de porte populacional menor e, até a data de realização dos mapeamentos citados no item 4.2 deste capítulo, não acusaram a presença de organizações de catadores, caberia avaliar de que forma os materiais seriam recolhidos dos PEVs.

Para o Município de Guarapari, que apresenta porte populacional intermediário e tem forte apelo turístico, com expressiva geração de recicláveis, especialmente em épocas de férias, caberia um estudo mais detalhado da forma mais adequada de desenvolver o programa de coleta seletiva, considerando a implantação de galpões para estocagem e triagem.

Coleta: modalidade Porta a Porta

Atualmente esta modalidade vem sendo desenvolvida nos Municípios de Guarapari, pela associação de catadores ASCAMARG, em Cariacica, pela Associação Nova Rosa da Penha II e em Vila Velha, pela Associação ASCAVIVE.

Sugere-se o fortalecimento das ações já em andamento. No caso de ampliação para outras áreas da cidade destes Municípios e implantação em outros Municípios, o planejamento de ações-piloto é fundamental. Diante dos altos custos de transporte e como meio de garantir produtividade, uma alternativa é iniciar a implantação desta modalidade em pontos de elevada concentração de recicláveis, como repartições publicas, bairros com alta concentração de condomínios, rede pública e privada de ensino, estabelecimentos comerciais de grande porte, como shopping centers. Esta é estratégia adotada pelas organizações de catadores da RMGV que realizam a coleta desta forma.

Independe do (s) desenho (s) a ser adotado em cada Município, propõe-se que os materiais sejam encaminhados inicialmente para os galpões/unidades de triagem distribuídos entre os Municípios e, posteriormente, para uma Central de Beneficiamento e Comercialização.

A proposta é de que esta Central atenda a todos os Municípios da RMGV, o que torna de definição geográfica de sua localização estratégica para viabilizar o transporte dos materiais a partir de cada um dos Municípios.

22 Este Estudo, elaborado em 2007 desenvolve uma proposta de modelo de gestão que busca articular o fluxo dos materiais reaproveitáveis, integrando as ações do poder público com as ações de mercado e inclui os quatro maiores Municípios da RMGV.

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Como citado anteriormente, uma das alternativas para a gestão desta Central é que inicialmente ela seja gerenciada pelo Consórcio Público, por meio de contratação de empresa privada, e que, gradualmente esta responsabilidade seja transferida a uma rede de catadores. Neste cenário esta rede de catadores poderia ficar responsável não apenas pela Central, mas também pelo gerenciamento das etapas anteriores, desde a coleta dos materiais nas unidades de triagem distribuídas nos Municípios da RMGV que estariam todas integradas a rede e, neste caso seriam referidas como entrepostos.

A tabela 12 e a figura 9 apresentam uma síntese do programa no que tange as responsabilidades e atribuições regionais e locais e a operacionalização do programa, respectivamente.

Tabela 12: Programa de coleta seletiva: proposta de ações e divisão das responsabilidades e atribuições

Ações Responsável Definição das diretrizes do programa de coleta seletiva.

Consórcio público

Estruturação do programa. Consórcio público/ Município

Capacitação dos catadores, visando inclusive a estruturação em rede

Consórcio público Diretrizes

Gerais Execução operacional da coleta seletiva (contratação direta de organizações de catadores, contratação por licitação de agentes privados).

Município

Articulação dos agentes da cadeia produtiva de recicláveis.

Consorcio Público

Definição do modelo a ser adotado (modalidade, abrangência, setorização etc).

Município

Definição do Programa de mobilização social e educação ambiental e sanitária e assistência técnica aos Municípios no processo de implementação.

Consórcio público

Implementação de ações de educação ambiental e sanitária direcionadas à população para adesão efetiva ao programa.

Consórcio público/ Município

Definição de instrumentos de controle de produtividade.

Consórcio público

Diretrizes Especificas

Implementação de ações de monitoramento e fiscalização.

Consórcio público/ Município

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Ações Responsável Definição das diretrizes do programa de coleta seletiva.

Consórcio público

Estruturação do programa. Consórcio público/ Município

Capacitação dos catadores, visando inclusive a estruturação em rede

Consórcio público Diretrizes

Gerais Execução operacional da coleta seletiva (contratação direta de organizações de catadores, contratação por licitação de agentes privados).

Município

Cogerenciamento da Central de Beneficiamento e Comercialização, caso venha a ser criada.

Consórcio público

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COLETA SELETIVA

AGENTES CATADORES OUTROS AGENTES

COLETA

CENTRAL REGIONAL

PEV

BENEFICIAMENTO PRIMÁRIO

BENEFICIAMENTO SECUNDÁRIO E

COMERCIALIZAÇÃO

GALPÕES CATADORES ENTREPOSTOS REDE de CATADORES

FONTE GERADORA DE RESÍDUOS

PREFEITURA OU EMPRESAS

CONTRATADAS

ETAPAS OPERACIONAIS

GERADOR

PaP

EMPRESAS RECICLAGEM

Figura 9: Sistematização das diretrizes operacionais do programa

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4.3.4. Capacitação

Uma das atribuições propostas para o Consórcio Público é o desenvolvimento de um programa de capacitação dos catadores na perspectiva de fortalecimento institucional do grupo e de ganhos de produtividade na operacionalização do programa.

Diante do perfil dos catadores construído a partir do mapeamento dos mesmos, evidencia-se a necessidade de que este programa responda não apenas a carências de ordem operacional da atividade em si, mas aborde também temas que envolvam o próprio processo de formalização do grupo.

As linhas gerais do programa poderiam ser definidas com a colaboração de alguns atores estratégicos como representantes regionais do MNCR, do FEL&C, do COGERES e do Programa Capixaba de Materiais Recicláveis.

Mediante essa articulação com as entidades apoiadoras, o Consórcio Público ficará responsável pela elaboração de um Termo de Referência para estruturar e implementar o programa de capacitação visando o fortalecimento das organizações de catadores e sua estruturação em rede. Este programa buscará qualificar tanto a atuação local dos catadores na prestação da atividade de coleta seletiva, incluindo o beneficiamento primário por meio das unidades de triagem, quanto no nível regional, nas atividades de interface com a Central de Beneficiamento e Comercialização, caso venha a ser criada.

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5. CONSIDERAÇÕES SOBRE A DISPOSIÇÃO FINAL

No sentido de avaliar a capacidade dos aterros sanitários que atendem atualmente os Municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória, bem como a necessidade de se estudar novas alternativas locacionais, apresenta-se a seguir algumas considerações a respeito da geração de resíduos na região, da localização dos atuais aterros e de sua capacidade para atendimento a esses Municípios em médio e longo prazo.

As considerações aqui apresentadas se concentram especificamente nas três áreas utilizadas, quais sejam, as denominadas Aterro Sanitário da Marca Ambiental, no Município de Cariacica, a Central de Tratamento de Resíduos de Vila Velha (CTRVV), no Município de Vila Velha e o Aterro Sanitário da Brasil Ambiental, no Município de Aracruz.

Para análise destas áreas foram considerados critérios adotados em metodologia específica formulada pelo IBAM para estudos de alternativas locacionais para implementação de aterros sanitários regionais. A partir das considerações desses critérios, estes são priorizados, hierarquizados e ponderados. Esse roteiro metodológico é extraído do Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, elaborado pelo IBAM em parceria com a Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República – SEDU/PR, em 2001, visando o apoio aos programas de capacitação desenvolvidos pelo Instituto.

Para tal, foram considerados:

• critérios técnico-ambientais;

• critérios econômico-financeiros;

• critérios político-sociais;

• atendimento ao SLAP e à legislação ambiental em vigor.

5.1. Descrição dos Aterros Sanitários

Salienta-se que as informações apresentadas neste item resultam de entrevistas aplicadas junto a representantes dos dois aterros situados na RMGV durante o processo de elaboração dos Diagnósticos Municipais (Produto 7).

5.1.1. Aterro da Empresa Marca Ambiental

– Área total do empreendimento: 2.207.255 m²

– Coordenadas UTM (ponto Central): Y: 355750 E

X: 771250 N

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– Área atualmente utilizada para aterramento de resíduos (Número de células e dimensões):

Atualmente a disposição final de resíduos classe II, está sendo realizada na Célula VIII, a qual está subdividida em 03 (três fases) ocupando uma área total de cerca de 21.400m 2.

– Área atualmente licenciada:

Toda área possui licenciamento baseado no EIA/Rima – LP nº 089, porém para cada novo empreendimento, célula ou novo sistema solicita-se LI e LO distintamente. A atual célula possui LO nº 185/2008.

– Área disponível, para implementação de futuras células, passível de licenciamento:

Aproximadamente 870 mil m2

– Vida útil do aterro sanitário:

Em função da quantidade atualmente recebida de resíduos estima-se vida útil de aproximada de 25 anos.

– Projetos ambientais em curto e médio prazo relacionadas ao aterro sanitário (ex: captação e queima de gás, reaproveitamento de resíduos):

• Projetos Existentes:

• Células para Destinação Final de Resíduos Classes II A e B;

• Sistema de Tratamento dos Resíduos de Serviços de Saúde –

Tratamento Térmico e Célula;

• Sistema de tratamento de Efluentes – Tratamento de Chorume e de

resíduos de fossa (resíduos com alto teor de umidade –

Geotube);

• Sistema de tratamento de biogás - Flare;

• Células de resíduos classe I

• Galpão de estocagem temporária de resíduos classe I;

• Centro de Educação Ambiental contendo Auditório com instalações

completas, inclusive Biblioteca para pesquisa e estudos científicos e

Núcleo de Desenvolvimento de Oficinas Ambientais e Artesanato.

• Unidades Administrativas

• Área de Ecoindústrias

• Núcleo de Incubadora de Empresas;

• Oficina de Papel reciclado;

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• Ecoindústria de tijolos ecológicos;

• Ecoindústria de vassouras ecológicas produzidas a partir de

garrafas PET;

• Ecoindústrias de Grãos e Sacolas recicláveis;

• Ecoindústria de fibra de coco;

• Ecoindústria de produção de Biodiesel – BioMARCA.

• Viveiro de mudas de espécies nativas e exóticas;

• Centro de Convivência Ambiental – criação de animais, horta,

piscicultura, pomar e outros;

• Áreas de Preservação Legal e Proteção Permanente;

• Áreas Verdes.

– Projetos futuros relacionados à ampliação do aterro sanitário:

Novas células de resíduos – Classe II A/B, microindústrias de reciclagem, Termoelétrica, Lavanderia Industrial, Unidade de Triagem e Reciclagem de Resíduos, dentre outros.

– Estudos realizados ou em andamento sobre os impactos ambientais ocasionados pelo empreendimento:

Estudo de passivo ambiental – Protocolo IEMA; Definição da nova malha amostral – águas subterrâneas; Tratamento de Chorume – Projeto CEFETES (Fapes); Estudo de diferentes combustíveis alternativos ( Biogás, Biomassa e líquidos de origem vegetal e mineral) em termelétrica (CEFETES/SEBRAE/FINEP).

– Situação do aterro perante a legislação vigente (condicionantes):

• Operação de Célula de Aterro Sanitário – Classes II A e B – LO nº 185

• Operação de Célula de Resíduo Classe I – LO nº 219

• Operação de Célula de Resíduos de Serviços de Saúde – LO nº 015

• Operação de Galpão de Estocagem Temporário de Classe I – LO nº 201

• Coleta e Transporte de Resíduos Industriais Classe I – LS nº 318

• Coleta e Transporte de Resíduos Classes II A e B e RSS – LO nº 049

• Coleta de Lixo de Bordo – LO nº 206

• Estação de Transferência de Resíduos – LO nº 073

• Sistema de Tratamento de Resíduos de Fossas Séptica – LO nº 012

• Sistema de Captação e Tratamento do Biogás – LS nº 118

• Sistema de Tratamento Térmico de RSS LI nº177

• Leito de Secagem – LO nº 265

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• Sistema de Compostagem – LO nº035

• Fábrica de Vassouras e Tijolos Ecológicos LO nº 036

• Unidade de Reciclagem de Fibra da Casca de Coco Verde – LO nº 332

• Fábrica de Reciclagem de Plásticos e Grãos – LO nº 014

• Unidade de Reaproveitamento de Óleo de Fritura Residual – LI nº 247

• Galpão de Triagem de Resíduos Sólidos Urbanos – LI nº 367

• Unidade de Estocagem e Tratamento de Resíduos Líquidos Oleosos – LI nº

108

– Parcerias com organizações de catadores de materiais recicláveis:

Unidade de Triagem de Nova Rosa da Penha através do projeto Cariacica Recicla – Contrato de cooperação técnica.

– Tipos de contratos existentes (Ex: Por pesagem de resíduos recebidos ou por volume) e Prazos contratuais por Município (ou por empresa contratada pelo Município):

A tabela 13 apresenta as relações contratuais com cada um dos Municípios, bem como, os prazos de cada contrato.

Tabela 13: Contratos para disposição de Resíduos Classe II (Domiciliares) Municípios

Município Contratante Tipo de Contrato Prazo

SERRA ENGE URB LTDA. Pesagem

12 meses

CARIACICA Prefeitura Municipal de

Cariacica (MARCA)

Pesagem Inicial de 24meses prorrogado por mais 24

meses

DOMINGOS MARTINS

Prefeitura Municipal de Domingos Martins

Pesagem 12 meses

IBATIBA Prefeitura Municipal de

Ibatiba Pesagem 3 meses

(Emergencial) MARECHAL FLORIANO

Prefeitura Municipal de Marechal Floriano

Pesagem 12 meses

SANTA MARIA DE

JETIBÁ

Prefeitura Municipal de Santa Maria de Jetibá

Pesagem 12 meses

VENDA NOVA DO

IMIGRANTE

Prefeitura Municipal de Venda Nova do

Imigrante

Pesagem 12 meses

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Município Contratante Tipo de Contrato Prazo

VIANA Prefeitura Municipal de

Viana Pesagem 12 meses

Prorrogado por 24 meses SANTA

LEOPOLDINA Urbservices Serviços

Urbanos Ltda. Pesagem

12 meses

VITÓRIA Vital Engenharia Ambiental S/A

Pesagem 36 meses

– Tipos de contratos com geradores privados, ou grande geradores:

Os contratos com os grandes geradores são feitos de acordo com a necessidade de cada cliente. A maioria dos contratos existentes são por pesagem do resíduo quando chegam a CTR. A validade do contrato estabelecido é em média de 01 ano.

– Tipos de contratos com Unidades de Saúde:

A Tabela 14 apresenta os tipos de contrato em vigor.

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Tabela 14: Contratos para tratamento e disposição de RSS – Municípios

Município Contratante Tipo de contrato

Prazo

AFONSO CLAUDIO Central de Tratamento de Resíduos Vila Velha Ltda

Pesagem 12 meses

ATÍLIO VIVÁCQUA Central de Tratamento de Resíduos Vila Velha Ltda

Pesagem 12 meses

BREJETUBA Central de Tratamento de Resíduos Vila Velha Ltda

Pesagem 12 meses

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIN

Central de Tratamento de Resíduos Vila Velha Ltda

Pesagem 12 meses

GUARAPARI Central de Tratamento de Resíduos Vila Velha Ltda

Pesagem 12 meses

ICONHA Central de Tratamento de Resíduos Vila Velha Ltda

Pesagem 12 meses

ITAPEMIRIM Central de Tratamento de Resíduos Vila Velha Ltda

Pesagem 12 meses

PIÚMA Central de Tratamento de Resíduos Vila Velha Ltda

Pesagem 12 meses

PRESIDENTE KENNEDY

Central de Tratamento de Resíduos Vila Velha Ltda

Pesagem 12 meses

SERRA Enge Urb Ltda. Pesagem 12 meses

ANCHIETA Estrutural Construtora e Incorporadora ltda.

Pesagem 12 meses

CARIACICA Prefeitura municipal de Cariacica (Marca Ambiental)

Pesagem

Inicial de 24meses

prorrogado por mais 24 meses

DOMINGOS MARTINS

Prefeitura Municipal de Domingos Martins

Pesagem 12 meses

MARECHAL FLORIANO

Prefeitura Municipal de Marechal Floriano

Pesagem 12 meses

VENDA NOVA DO IMIGRANTE

Prefeitura municipal de venda nova do imigrante

Pesagem 12 meses

VIANA

Prefeitura Municipal de Viana (Marca Ambiental)

Pesagem 12 meses

Prorrogado por 24 meses

SANTA LEOPOLDINA

Urbservices Serviços Urbanos Ltda. Pesagem 12 meses

VITÓRIA Vital Engenharia Ambiental S/A Pesagem 36 meses VILA VELHA Vital Engenharia Ambiental S/A Pesagem 36 meses

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– Tipos de contratos, ou tipo de compromisso com geradores de cocos e de óleos vegetais e outros

Os contratos estabelecidos com os geradores de óleos vegetais usados e coco são do Tipo Termo de Parceria.

– Quantidades relativas ao aproveitamento e comercialização de biogás. Valores gerados com a obtenção dos Créditos de Carbono.

Tabela 15: Volume de Metano Recuperado

Ano Quantidade (tonelada de CH4 equivalente)

2006 2.095 2007 10.064 2008 34.656

5.1.2. Central de Tratamento de Resíduos de Vila Velha

– Área total do empreendimento: 1.500.000 metros quadrados

– Área atualmente utilizada para aterramento de resíduos (Número de células e dimensões): 01 (uma) célula com aproximadamente 250.000 metros quadrados

– Área atualmente licenciada: LO IEMA nº 086/2009 (Renovação)

– Área disponível, para implementação de futuras células, passível de licenciamento: 1.250.000m2

- Vida útil do aterro sanitário:

- Aproximadamente 25 anos (considerando a ampliação).

– Projetos ambientais a curto e médio prazo relacionadas ao aterro sanitário (ex: captação e queima de gás, reaproveitamento de resíduos):

Projeto de Captação e Queima de Biogás: Status: Já implantado

Estação de Tratamento de Efluentes: Finalização do Projeto

– Projetos futuros relacionados à ampliação do aterro sanitário:

Célula de Resíduos Classe I (Industrial e RSS), Unidade de Inertização e Blindagem

– Estudos realizados ou em andamento sobre os impactos ambientais ocasionados pelo empreendimento:

EIA/RIMA e Projetos de Ampliação

– Situação do aterro perante a legislação vigente (condicionantes):

Em cumprimento

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– Quantidade (tonelada ou volume) de resíduos sólidos que chegam ao aterro, discriminada por Município e por tipo de resíduos:

Aproximadamente 700 toneladas/dia.

– Parcerias com organizações de catadores de materiais recicláveis:

Inexiste

– Se os contratos são realizados diretamente com os Municípios, ou com as empresas de coleta contratadas pelos Municípios:

Diretamente com os Municípios.

– Tipos de contratos existentes (Ex: Por pesagem de resíduos recebidos ou por volume);

Por tonelada.

– Prazos contratuais por Município (ou por empresa contratada pelo Município);

Em média 12 meses, dependendo da Licitação.

– Tipos de contratos com geradores privados, ou grande geradores;

Em média 12 meses.

– Tipos de contratos com Unidades de Saúde:

Não possui.

– Tipos de contratos, ou tipo de compromisso com geradores de cocos e de óleos vegetais e outros:

Não Possui

– Quantidades relativas ao aproveitamento e comercialização de biogás. Valores gerados com a obtenção dos Créditos de Carbono:

Em média 800m3/hora

5.2. Esquema de localização das áreas

A figura 10 apresenta a distribuição espacial dos três aterros sanitários que atualmente atendem aos Municípios da RMGV.

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Figura 10: Esquema de Localização das Áreas em Estudo

5.3. Avaliação da capacidade das áreas

Para o dimensionamento de áreas necessárias à implantação de aterros sanitários é comum a adoção de critérios que se baseiam em estimativas futuras, muitas vezes com grandes margens de incerteza.

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Alguns índices estimados podem ocasionar maiores ou menores dimensões para as áreas. Sabe-se que todos os índices estimados não são constantes ao longo do tempo, e esta variação será função de diversas intervenções nos sistemas de limpeza urbana, que podem ser institucionais, operacionais, ou também de ordem legal. As estimativas populacionais e as taxas de crescimento; o alcance dos serviços e sua evolução ao longo do tempo; as quantidades médias diárias de resíduos gerados por habitante, bem como suas variações ao longo dos anos; a prática crescente da reciclagem de resíduos, que ocasionará, certamente, uma redução nas quantidades aterradas; entre outros, são fatores que exercem influência nas metodologias de cálculo de áreas para implantação de aterros sanitários.

Assim, as estimativas de área necessária à disposição final de resíduos estarão sempre sujeitas a maiores incertezas quanto maior for o período projetado. Devido a todas as variáveis envolvidas neste processo de definição, pode-se afirmar que um horizonte de 20 anos para utilização de uma determinada área, envolvendo todos os investimentos necessários, é um período bastante razoável.

A tabela 16 apresenta a estimativa da quantidade de resíduos encaminhada mensalmente pelos Municípios da RMGV aos aterros sanitários que atendem à região.

Tabela 16: Estimativa de resíduos sólidos urbanos mensalmente enviados aos aterros sanitários

Município Geração Mensal RSU (t) Local de DF

Vitória 8.138,44

Serra 7.680

Cariacica 8.066,55

Viana 1.160

Subtotal 25.044

Marca Ambiental

Cariacica

Vila Velha 10.011,81

Guarapari 2.400

Subtotal 12.411,81

CTRVV

Vila Velha

Fundão 350 Aracruz

Total 37.806,80

Além disso, não são consideradas potenciais reduções na quantidade de resíduos encaminhados ao aterro, em função de programas de segregação na fonte e reciclagem, que tendem a se multiplicar no país e começam também a se intensificar no Estado do Espírito Santo.

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5.3.1. Características das áreas

As tabelas 17 a 19 apresentadas a seguir, informam as características de cada uma das três áreas analisadas, segundo os critérios indicados na metodologia.

Tabela 17: Critérios Técnicos e Ambientais

Critérios Área 1 Marca Ambiental

Área 2 CTRVV

Área 3 Brasil Ambiental

Uso do solo

Área situada em zona permitida à atividade,

sem atividades urbanas próximas.

Área situada em zona permitida à atividade, sem

atividades urbanas próximas.

Área situada em zona permitida à atividade,

sem atividades urbanas próximas.

Proximidade a cursos d’água

relevantes

Não há cursos d'água de médio ou grande

porte nas proximidades. Registra-se a

ocorrência de córregos de fundos de vales, cumprindo com a

drenagem das inúmeras pequenas

bacias hidrográficas na região.

Não há cursos d'água de médio ou grande porte nas proximidades. Registra-se a ocorrência de córregos de

fundos de vales, cumprindo com a drenagem das

inúmeras pequenas bacias hidrográficas na região.

Não há cursos d'água de médio ou grande porte

nas proximidades. Registra-se a ocorrência de córregos de fundos de vales, cumprindo com a drenagem das inúmeras

pequenas bacias hidrográficas na região.

Proximidade a núcleos

residenciais urbanos

Satisfatório Satisfatório Satisfatório

Proximidade a aeroportos

O posicionamento em relação ao aeroporto é

satisfatório.

O posicionamento em relação ao aeroporto é

satisfatório.

O posicionamento em relação ao aeroporto é

satisfatório.

Distância do lençol

freático

A área é bem drenada e apresenta boas

características de solo e subsolo. Pode-se

observar que as células construídas já contam com mantas plásticas

para drenagem e coleta dos efluentes líquidos.

A área é bem drenada e apresenta boas

características de solo e subsolo. Pode-se observar que as células construídas

já contam com mantas plásticas para drenagem e

coleta dos efluentes líquidos.

A área é bem drenada e apresenta boas

características de solo e subsolo. Pode-se

observar que as células construídas já contam com mantas plásticas

para drenagem e coleta dos efluentes líquidos.

Vida útil mínima

A área total disponível pode atender à atual

demanda por um prazo estimado superior a 15

anos.

A área total disponível pode atender à atual demanda por um prazo estimado

superior a 15 anos.

A área total disponível pode atender à atual

demanda por um prazo estimado superior a 15

anos.

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Critérios Área 1 Marca Ambiental

Área 2 CTRVV

Área 3 Brasil Ambiental

Facilidade de acesso a veículos pesados

A área localiza-se próxima a rodovias, não

havendo, portanto, dificuldades de acesso

a veículos pesados.

A área localiza-se próxima a rodovias, não havendo, portanto, dificuldades de

acesso a veículos pesados.

A área localiza-se próxima a rodovias, não

havendo, portanto, dificuldades de acesso a

veículos pesados.

Tabela 18: Critérios Econômico-financeiros

Critérios Área 1 Área 2 Área 3

Distância ao centro geométrico de coleta

A área dista, aproximadamente 15 a 20km do centro de

massa dos Municípios atendidos.

A área dista, aproximadamente 15 a

20km do centro de massa dos Municípios atendidos, estando Guarapari a uma

distância maior, não ultrapassando 35 km.

A área dista, aproximadamente 20km do centro de

massa dos Municípios atendidos.

Tabela 19: Atendimento ao SLAP e legislação em vigor

Critérios Área 1 Área 2 Área 3

Licenciamento Ambiental

Área atualmente em uso devidamente

licenciada.

Área atualmente em uso devidamente licenciada.

Área atualmente em uso devidamente

licenciada.

5.3.2. Conclusão e recomendações

Pode-se observar, como resultado da aplicação da metodologia adotada, que as áreas atualmente utilizadas pelos Municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória para disposição final dos resíduos sólidos atendem a diversos critérios adotados, podendo ser classificadas de forma satisfatória.

Considera-se como o principal aspecto positivo a capacidade de vida útil das áreas, com possibilidade de ampliações, não se justificando, a curto prazo, a pesquisa por novas alternativas locacionais. Há que se observar que as distâncias dos centros de massa dos Municípios em relação aos aterros utilizados são em torno de 15 a 20km, estando apenas o Municípi

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Recomendações Em vista das considerações apresentadas no item anterior, recomenda-se, como próximos passos:

• Elaboração de estudos para avaliação das capacidades de ampliação da vida útil dos aterros existentes e projetos aprofundados relativamente à localização de estações de transbordo para os Municípios da região metropolitana.

• Elaboração de estudos visando determinação dos custos de transporte, transbordo e disposição final dos resíduos dos Municípios da RMGV. Esse estudo de modelagem dos serviços deverá conter elementos que possam fundamentar a divisão da região em partes ideais (lotes) a serem consideradas em futuras contratações dos serviços de disposição final.

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6. DIRETRIZES PARA A ATIVIDADE DE FISCALIZAÇÃO

Com o objetivo de garantir a qualidade dos serviços públicos de resíduos sólidos, quer prestados diretamente pelos Municípios ou por empresas contratadas, deve ser implementada e mantida uma estrutura de fiscalização capaz de desenvolver rotinas de verificação do comportamento, não somente dos prestadores dos serviços, mas também dos usuários.

Conforme sinalizado no documento Proposições Regionais (Produto 5) e tomando como referência a Lei 11.445/2007, é indicado que a atividade de fiscalização esteja ligada à de regulação e, sempre que viável, sejam desempenhadas pelo mesmo ente, posto serem atividades interligadas e complementares.

A regulação diz respeito ao disciplinamento e organização dos serviços de resíduos sólidos, por meio de atos normativos, definindo direitos e obrigações dos usuários e dos responsáveis por sua oferta ou prestação, e fixação de cobrança pelos serviços. Já a fiscalização envolve as atividades de acompanhamento, monitoramento, controle e avaliação, no sentido de garantir a utilização efetiva ou potencial, dos serviços públicos de resíduos sólidos que devem seguir as normas estabelecidas na regulação. Os resultados esperados com a realização dos serviços públicos de resíduos sólidos, dependem assim do acompanhamento e controle da execução dos serviços.

Ainda de acordo com a referida lei, art. 15, o exercício das atividades de regulação e fiscalização pode se dar por uma das duas alternativas:

primeira: “por órgão ou entidade de ente da Federação a que o titular tenha delegado o exercício dessas competências por meio de convênio de cooperação entre entes da Federação, obedecido o disposto no art. 241 da Constituição Federal”;

segunda: “por Consórcio Público de direito público integrado pelos titulares dos serviços”.

A proposição do presente Plano Regional recomenda a adoção da segunda alternativa, ou seja, atribuir a atividade de regulação e fiscalização ao Consórcio Público a ser constituído pelos Municípios da RMGV, sem contudo, isentar os Municípios de sua responsabilidade de fiscalização dos serviços públicos de resíduos sólidos que ficarão sob sua responsabilidade.

Quanto à fiscalização direta dos serviços, o mais indicado é que haja um acompanhamento das atividades operacionais realizado por funcionários capacitados, que possam observar o aspecto visual da área trabalhada para adotar medidas necessárias ao bom andamento dos serviços. Em alguns casos deverão ser realizadas medições em campo dos serviços realizados.

Poderá ser também de competência desses profissionais a fiscalização do cumprimento da postura do cidadão, quanto ao manejo adequado dos resíduos e do cumprimento das normas técnicas e legislações específicas de limpeza urbana.

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Já a fiscalização dos prestadores deve ser realizada por profissionais que possuam conhecimento técnico dos serviços fiscalizados, bem como, e principalmente, dos planos, ou programação, para execução dos serviços.

Por sua vez, a fiscalização dos usuários deve ser realizada por profissionais que conheçam, além das rotinas dos serviços, também os regulamentos, normas, ou legislação, às quais os usuários devem atender.

A maioria dos Municípios da RMGV dispõe de instrumentos legais que , de forma específica ou não abordam a questão dos resíduos sólidos. Esses instrumentos são o Código de Posturas e o Código de Limpeza Pública, importantes elementos para que seja feito o disciplinamento dos diversos atores que integram o sistema de gestão de resíduos sólidos.

O Município de Vitória possui a Lei nº 5.086/2000 que estabelece o Código de Limpeza Pública e a Lei nº 6.080/2003 que estabelece o Código de Posturas, instrumentos importantes na implantação do programa de fiscalização. O Município de Vila Velha conta com a Lei nº 2.915/1994 que estabelece o Código de Limpeza Urbana, assim como a Lei nº 2.012/1981 que institui o Código de Posturas. Já o Município de Viana possui a Lei nº 1.897/2006 e a lei nº 1.898/2006 que estabelecem o Código de Posturas e o Código de Limpeza Pública respectivamente.

O Município de Serra conta com a Lei nº 2.020/1997 que dispõe sobre a Manutenção da Limpeza das Vias Públicas, assim como a Lei nº 1.522/1991 que institui o Código de Postura do Município da Serra. O Município de Guarapari possui a Lei nº 1.258/1990 que dispõe sobre o Código de Postura Municipal, assim como a Lei nº 1.746/1998 que dispõe sobre atos de Limpeza Pública. O Município de Fundão conta com a Lei nº 537/1994 que institui o Código de Postura e o Município de Cariacica possui a Lei nº 546/1971 que institui o Código de Obras e Posturas do Município.

6.1. Responsabilidades

A responsabilidade pela manutenção do estado de limpeza de uma cidade não é apenas do poder público municipal. Todos são responsáveis pelos resíduos sólidos, posto que todos são geradores em potencial, sendo que cada um tem uma responsabilidade específica em determinada etapa dos serviços.

Na perspectiva de regionalização do manejo dos resíduos sólidos na RMGV, além das responsabilidades histórica e legalmente atribuídas aos Municípios, aos geradores e ao Estado, propõe-se neste Plano que em alguns casos a responsabilidade seja integral ou parcialmente transferida para o Consórcio Público.

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A clara definição das responsabilidades de cada um dos entes se faz necessária, para, dentre outros aspectos, permitir que a atividade de fiscalização seja realizada da forma correta e voltada para agentes específicos.

A tabela 20 apresenta uma síntese da divisão das responsabilidades de manejo por tipo de resíduo.

Tabela 20: Divisão de responsabilidades no manejo dos resíduos sólidos

TIPO DE RESÍDUO GESTOR

Domiciliar Prefeitura Comercial Prefeitura*

Público Prefeitura Construção Civil Gerador**

Serviços de Saúde Gerador*** Portos e Aeroportos Gerador

Industrial Gerador Agrícola Gerador

Radioativos Gerador

* Pode ser imputado ao gerador, dependendo da quantidade produzida. ** Propõe-se que o manejo dos resíduos da construção civil de pequenos geradores fique sob responsabilidade dos Municípios, enquanto o manejo dos resíduos de grandes geradores fique a cargo do Consórcio Público, sem, contudo, isentar o gerador.

*** Apesar da responsabilidade legal recair sobre o gerador, sugere-se que no caso da RMGV, o manejo de RSS seja realizado em âmbito regional com atribuições específicas para o Município e para o Consórcio, sem isentar o gerador de suas responsabilidades.

Na mesma tabela 20 é possível observar que o manejo dos resíduos sólidos urbanos, incluindo o domiciliar, comercial e público, é de responsabilidade do Município. Assim sendo, independente da forma de prestação a ser adotada caberá a Prefeitura garantir a qualidade dos serviços por meio de um processo de fiscalização. Esta atividade pode ser desempenhada exclusivamente pelo Município ou, no caso de regionalização, de forma compartilhada entre o Município e o Consórcio Público.

A tabela 21 apresenta a divisão de responsabilidades na fiscalização de cada um dos tipos de resíduos. Como salientado acima, considerando os arranjos operacionais e institucionais propostos neste Plano Regional, algumas das atividades de fiscalização poderão ser transferidas para o Consórcio Público, em especial aquelas direcionadas para serviços que serão prestados em âmbito regional, como o manejo de resíduos da construção civil e o manejo de resíduos de saúde.

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Tabela 21: Divisão de responsabilidades quanto a fiscalização dos resíduos sólidos

TIPO DE RESÍDUO FISCALIZAÇÃO

Domiciliar Prefeitura Comercial Prefeitura

Público Prefeitura Construção civil Prefeitura Municipal / Órgão Estadual de Meio Ambiente

Serviços de Saúde Prefeitura Municipal / Órgão Estadual de Meio Ambiente Portos e Aeroportos* Governo Federal / Órgão Estadual de Meio Ambiente

Industrial* Órgão Estadual de Meio Ambiente Agrícolas* IBAMA / Órgão Estadual de Meio Ambiente

Radioativos* Comissão Nac. Energia Nuclear / Órgão Est.l de Meio Ambiente

* Estes resíduos foram inseridos a título elucidativo, pois não são contemplados neste Plano Regional, por não serem atribuição do Município.

6.2. Proposições para a execução da atividade de fiscalização nos Municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória

Como indicado no documento Proposições Regionais (Produto 5) propõe-se que alguns serviços, em especial aqueles ligados a limpeza urbana, fiquem a cargo direto do Município, enquanto outros, como os serviços de manejo de resíduos sólidos, fiquem, prioritariamente sob responsabilidade do Consórcio, a fim de proporcionar ganhos de escala e escopo.

No que tange a fiscalização, o mesmo documento sugere que diversas ações sejam realizadas de forma complementar entre Município e consorcio de forma a garantir maior eficiência e abrangência.

A seguir apresentam-se as atividades de fiscalização propostas para cada um dos níveis – Municipal e Regional (Consórcio Público). Este leque de ações poderá sofrer futuras alterações em decorrência dos arranjos institucionais e operacionais que venham a ser definidos para a RMGV pelos gestores locais e regionais.

Nível Regional

Propõe-se que a atividade de fiscalização ligada a prestação dos serviços seja uma atribuição do Consórcio, em especial dos serviços cujo manejo seguira diretrizes regionais, como o manejo de RCC e de RSS. Contudo, a fiscalização deverá ser respaldada por ações locais que poderão ser desempenhadas por fiscais municipais que atuem no setor de resíduos sólidos, de obras, de posturas e da vigilância sanitária. A definição deste corpo técnico depende do modelo em vigor em cada um dos Municípios da RMGV e das necessidades de aprimoramento em cada caso.

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Neste contexto, sugere-se que o Consorcio desenvolva um programa de capacitação para a fiscalização que tenha como público-alvo representantes do consórcio e fiscais municipais, propiciando progressivamente, e por meio da capacitação, a uniformidade da atividade fiscalizatória.

As ações de acompanhamento e fiscalização dos serviços prestados sob responsabilidade do consorcio incluem:

• adoção e uniformização de instrumentos de acompanhamento e controle dos serviços regionalizados de coleta, transbordo, transporte, tratamento e disposição final;

• capacitação das equipes municipais de fiscais responsáveis pela fiscalização dos serviços de coleta e de limpeza urbana;

• exercício do poder de polícia relativo aos serviços de resíduos sólidos, especialmente a aplicação de penalidades por descumprimento de preceitos administrativos ou contratuais, bem como a intervenção e retomada da operação dos serviços delegados, por indicação da entidade reguladora, nos casos e condições previstos em lei e nos documentos contratuais;

Nível Municipal

Conforme já sinalizado, ao Município caberá realizar a fiscalização sobre os serviços de resíduos sólidos prestados em seu território, como os serviços de limpeza urbana e alguns serviços ligados ao manejo de resíduos sólidos, como a coleta de resíduos especiais e a coleta seletiva.

Para que a atividade seja realizada de forma satisfatória propõe-se o fortalecimento ou, se não houver, a criação de uma divisão especifica de fiscalização, vinculada à secretaria municipal responsável pelos serviços públicos de resíduos sólidos. O ideal é que o órgão responsável pela prestação dos serviços não esteja também responsável por sua fiscalização, justificando-se assim, quando necessário, a criação de uma divisão/diretoria especifica para este fim.

Atualmente, a maioria dos Municípios que integram a RMGV23 desempenha a atividade de fiscalização por meio de uma unidade/divisão de fiscalização vinculada a secretaria responsável pelos resíduos sólidos.

Como será aprofundado no capitulo 5 deste Plano outro cenário proposto é a instituição, por meio de lei específica, de uma autarquia municipal. Neste caso, caberia a autarquia a atividade de fiscalização, além dos outros serviços ligados ao manejo dos resíduos sólidos sob a responsabilidade do Município.

As atividades de fiscalização no nível municipal devem estar inseridas nas rotinas do setor encarregado de fazer cumprir as normas referentes à limpeza urbana previstas na legislação municipal pertinente, como por exemplo o Código ou Regulamento

23 Dados extraídos dos Diagnósticos Municipais (Produto 7).

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Municipal de Limpeza Urbana, se houver, ou em outras normativas aplicáveis à questão. Os fiscais devem realizar a atividade com o objetivo de orientar a população sobre a forma correta de manter a cidade limpa.

Algumas das atribuições dos fiscais locais são a seguir elencadas.

• Acompanhar a execução dos serviços rotineiros de limpeza urbana, zelando para que sejam realizados dentro das normas estabelecidas, observando a segurança de todos os envolvidos na operação e dos usuários do local onde estiver ocorrendo o serviço.

• Acompanhar os trabalhadores na execução dos serviços, verificando a adequação do uniforme, o uso dos EPIs recomendados, zelando pela segurança do empregado.

• Avaliar a qualidade do serviço executado, orientando e tirando dúvidas.

• Anotar dados relativos à execução dos serviços, observando se estão sendo executados dentro das normas técnicas e de segurança estabelecidas, verificando os problemas existentes, procurando conhecer as causas e formas para seu equacionamento, e preparar relatórios.

• Informar aos órgãos responsáveis os problemas na execução dos serviços, se possível apontando as causas e sugerindo as providências para o equacionamento dos mesmos.

• Fiscalizar os serviços de coleta, verificando:

- se o veículo coletor passou na hora certa;

- se todo o lixo do roteiro foi corretamente coletado;

- se a coleta foi bem feita, sem deixar rastro de sujeira.

• Fiscalizar o serviço de varrição, verificando:

- se a equipe está atuando de acordo com a programação;

- se a área programada foi atendida no tempo estabelecido;

- se a qualidade desejada foi atendida.

• Fiscalizar a colocação do lixo para a coleta, verificando:

- se o acondicionamento atende às exigências estabelecidas pelo órgão responsável;

- se o lixo foi colocado no dia, horário e local indicados pelo órgão de limpeza urbana.

• Fiscalizar o atendimento ao estabelecido nos regulamentos ou normas pertinentes.

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• Atuar junto à população a fim de minimizar as irregularidades e infrações aos regulamentos de Limpeza Urbana, orientando e, quando for o caso, anotando para aplicação de penalidades.

• Preencher os controles administrativos ou operacionais dos serviços executados.

• Participar de treinamentos específicos e de capacitação promovida pelo consorcio público.

A fim de viabilizar o aprimoramento do processo fiscalizatório na região, considerando a divisão de responsabilidades proposta acima, são elencadas na tabela 22 uma sequência de ações.

Sugere-se, contudo, que tanto as ações como a hierarquia propostas e a divisão de responsabilidades (nível local e nível regional) sejam futuramente discutidas e confirmadas pelos Municípios e pelo Consórcio Público.

Tabela 22: Ações propostas para o aprimoramento da atividade de fiscalização

Ação Responsável Confirmação dos serviços a serem fiscalizados em nível municipal e regional.

Consórcio público/ Município DIRETRIZES

GERAIS Definição e uniformização de instrumentos de acompanhamento e controle dos serviços.

Consórcio público

Confirmação e adequação da legislação municipal a ser aplicada às ações de fiscalização em nível local.

Município

Confirmação e adequação da legislação a ser utilizada em nível regional nas ações de fiscalização.

Consórcio público

Definição das ações de fiscalização sobre os usuários dos serviços no tocante às interfaces entre a fiscalização de limpeza urbana, de posturas, ambiental e vigilância sanitária.

Consórcio público/ Município

Estruturação de corpo de fiscais municipais para atuação junto aos prestadores e aos usuários.

Município

Estruturação de corpo de fiscais regionais (no âmbito do Consórcio Intermunicipal) para atuação junto aos prestadores regionais.

Consórcio público

DIRETRIZES ESPECÍFICAS

Capacitação dos fiscais Consórcio público

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Ação Responsável Confirmação dos serviços a serem fiscalizados em nível municipal e regional.

Consórcio público/ Município DIRETRIZES

GERAIS Definição e uniformização de instrumentos de acompanhamento e controle dos serviços.

Consórcio público

Elaboração de pesquisa de satisfação dos usuários em relação à prestação dos serviços.

Consórcio público

Avaliação periódica e reciclagem da capacitação do corpo de fiscais municipais.

Consórcio público/ Município

Avaliação periódica e reciclagem da capacitação do corpo de fiscais regionais (no âmbito do Consórcio Intermunicipal).

Consórcio público

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7. DIRETRIZES PARA PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAL

O Programa de Educação Ambiental, Comunicação e Mobilização Social tem importância estratégica na garantia do bom funcionamento do sistema de gestão integrado de resíduos sólidos proposto neste Plano.

Uma das principais diretrizes do Termo de Referencia (TR) para a concepção do Plano Diretor de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana da Grande Vitória (PDRS-RMGV) propõe a redução do volume gerado e aterrado e a maximização de reaproveitamento e da reciclagem. Para atender a esta diretriz é fundamental o planejamento de um programa que articule a Educação Ambiental, às estratégias de Comunicação e de Mobilização Social.

Os Diagnósticos elaborados para os Municípios da RMGV (Produto 7) evidenciam a necessidade de elaboração deste Programa uma vez que sugerem uma carência de ações estruturadas no campo da educação ambiental e da comunicação. As ações desenvolvidas são em geral pontuais e não atingem uma parcela muito significativa da população. Além disso, elas são de caráter local e não enfocam especificamente o tema dos resíduos sólidos.

O Programa proposto é de âmbito regional e busca fortalecer iniciativas em andamento e estimular novas ações que deverão ocorrer de forma articulada entre o grupo de Municípios da RMGV.

A elaboração do Programa, em especial, de suas diretrizes deverá ficar a cargo do Consórcio Público. Já a implementação das ações ficará em nível local, sob responsabilidade de cada uma das Prefeituras, na perspectiva de compatibilizar programas em andamento bem sucedidos com as diretrizes definidas para este programa intermunicipal.

Salienta-se que os esforços de construção de uma articulação regional para definição de um programa de educação ambiental, comunicação e mobilização social vão ao encontro do que está preconizado na Lei Estadual nº 9.265/09 que dispõe sobre a Política Estadual de Educação Ambiental. Esta lei que tem em seus princípios o enfoque humanista, sistêmico, democrático e participativo, preconiza, dentre outros objetivos

estimular a cooperação entre as diversas regiões do Estado, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ecologicamente prudente, economicamente viável, culturalmente diversa, politicamente atuante e socialmente justa Art. 7º

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7.1. Aspectos conceituais

Educação Ambiental

Segundo o artigo 1o da Política Nacional de Educação Ambiental, instituída pela Lei nº 9.795/99 entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o individuo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimento, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Ainda segundo a Política Nacional, em seu artigo 2o a educação ambiental é considerada um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo em caráter formal e não-formal.

Tomando como base a definição de educação ambiental estabelecida na referida lei federal e o Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) propõe-se que o Programa de Educação Ambiental, Comunicação e Mobilização Social adote entre suas diretrizes a: Transversalidade; a Sustentabilidade, a Participação e o Controle Social.

A transversalidade deve ser preconizada na perspectiva de criação de canais de interlocução entre as diversas esferas do governo, intermunicipais e entre Município e Consórcio, bem como, entre os diversos setores e segmentos sociais. Esta transversalidade permite a elaboração de uma agenda que envolva as dimensões ambiental, econômica, social, educativa e que atenda ao conjunto de Municípios da RMGV. Este esforço conjunto e integrado é fundamental para a construção de ações sustentáveis.

A participação e o controle social também são diretrizes fundamentais e que dependem, em grande parte, da implementação das outras duas dimensões do Programa proposto – a Comunicação e a Mobilização Social. O desenvolvimento de sistemas de informação e de estratégias de comunicação que permitam a democratização da informação e a transparência das ações articuladas a uma ampla mobilização social são indispensáveis para o exercício do controle social no planejamento, discussão e monitoramento de políticas e ações ambientais.

Comunicação e Mobilização social

O papel da comunicação como ferramenta de democratização da informação e mobilização é estratégico, fazendo-se necessário estruturar um bom programa de comunicação que esteja articulado às ações de educação ambiental e que inclua, entre seus objetivos a mobilização social.

Um programa de comunicação, voltado para a promoção da gestão integrada dos resíduos sólidos na RMGV, deve ter um foco regional que permita a construção de um olhar mais amplo e abrangente da questão, sem desconsiderar as especificidades locais, inerentes à realidade encontrada em cada um dos sete Municípios da RMGV.

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Contudo, é justamente a visão regional que promoverá sintonia e complementaridade entre as ações locais.

A comunicação deve ser entendida em seu sentido mais amplo, estando presente nas diversas etapas do processo, desde as fases de concepção e implementação do Plano até o seu monitoramento. Este cuidado garantirá que o processo seja participativo e transparente, legitimando cada uma das ações desenvolvidas.

O processo de elaboração deste Plano, envolvendo etapas de difusão do projeto, preparação de Diagnósticos Municipais e discussões de proposições regionais foi acompanhado por ações de comunicação e mobilização buscando conferir participação dos diversos segmentos sociais ao longo dos trabalhos, como descrito no anteriormente neste documento.

Ainda no âmbito na comunicação ressalta-se alguns cuidados que devem ser tomados na difusão da informação:

- A linguagem e os instrumentos de comunicação devem ser compatíveis com o público principal que se deseja alcançar.

o Ou seja, a linguagem e os instrumentos a serem adotados para ações voltadas para catadores e carroceiros devem priorizar uma linguagem simplificada e objetiva e que seja transmitida, prioritariamente, por meio de imagens, ilustrações e verbalizações.

o Ao mesmo tempo, campanhas educativas e ou informativas voltadas ao público em geral, devem ser diretas, atrativas e com mensagens claras, como as campanhas referente ao papel de cada munícipe na manutenção da limpeza de sua cidade.

- Os canais e instrumentos de comunicação devem ser permanentes e disponíveis.

o A garantia de um canal permanente de comunicação é de fundamental importância para que a adesão do público seja continua e efetiva. Ao mesmo tempo, este canal permite maior participação da sociedade na avaliação de serviços, apresentação de sugestões e demandas etc. Linhas telefônicas, ouvidorias, programas de rádio são alguns dos exemplos de canais a serem criados. Além de canais locais é conveniente que o Consórcio Público também preveja um canal que possa reunir os diversos registros locais.

- Evitar conflitos de informação em especial entre aquelas divulgadas pelas Prefeituras Municipais e as empresas prestadoras dos serviços de resíduos sólidos, garantindo que as informações sejam coerentes e compatíveis.

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A comunicação para a mobilização social pode ocorrer por diversos meios. Alguns dos instrumentos são listados abaixo:

• criação de um site/portal na internet que informe sobre: i) o processo de implementação do PDRS-RMGV; ii) campanhas e ações educativas locais e regionais; iii) políticas estaduais ambientais e especificas de resíduos sólidos; iv) instrumentos legais e normativos sobre o tema; v) espaço de comunicação com a população “chat”.

• rádios comunitárias para apoiar a divulgação de campanhas e orientações referentes aos programas de manejo dos resíduos, como dias e horários de coleta por bairro e tipo de resíduos, etc.

• disponibilização de linhas telefônicas especificas para atendimento ao público, com a função de disseminação de informações, recebimento de sugestões e/ou ouvidoria.

• banco de dados coordenado pelo Consórcio para registro de demandas, sugestões e queixas e monitoramento de seus desmembramentos.

7.2. Diretrizes do Programa

O programa inclui ações tanto de nível regional quanto de âmbito local. As ações regionais ficarão sob responsabilidade do Consórcio Público e envolvem, em especial atividades ligadas ao planejamento, a capacitação e ao acompanhamento da implementação das ações propostas.

A execução das ações ficará a cargo das Prefeituras que deverão tomar como referencia as diretrizes definidas regionalmente, respeitando sempre que necessário as especificidades locais. Assim sendo, apesar do programa ter um âmbito regional o seu sucesso depende, em grande parte do compromisso a ser assumido por cada uma das administrações municipais no sentido de viabilizar a sua implementação.

Este programa tem como objetivo geral divulgar e apoiar a implementação dos arranjos operacionais e institucionais propostos neste Plano que visam a gestão associada dos resíduos sólidos na RMGV. Para tanto, as ações específicas listadas abaixo, discriminando aquelas de âmbito regional e local, buscam uma mudança de comportamento individual e coletivo no que tange ao consumo e geração de resíduos sólidos, mas também, e, sobretudo, reforçam as orientações propostas para o manejo dos resíduos, incluindo, em especial os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), os Resíduos da Construção Civil (RCC) e os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS).

Ações de âmbito Regional

Algumas das ações propostas no âmbito do Consórcio Público são listadas abaixo.

Definição das diretrizes gerais do Programa de Educação Ambiental, Comunicação e Mobilização Social;

Apoio a implementação de ações locais;

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Definição de ações regionais especificas, tais como:

o Promoção de palestras para: 1) divulgação do PDRS-RMGV e discussões sobre a sua implementação; 2) aproximação das políticas e ações de gestão de resíduos sólidos e conservação de recursos hídricos; 3) promoção do consumo sustentável e da logística reversa;

o Promoção de Feira do Verde Regional, seguindo prática existente em diversos Municípios do estado, com o fortalecimento da temática dos resíduos sólidos;

o Fomento a formação de uma rede envolvendo os centros/entidades de educação ambiental existentes na região no intuito de definir algumas ações conjuntas e complementares, como a divulgação dos programas de coleta seletiva;

o Construção de parcerias com os meios de comunicação no sentido de apoio a divulgação de ações educativas, como campanhas regionais e a divulgação do PDRS-RMGV e das legislações estaduais pertinentes ao tema;

o Promoção de cursos de treinamento e capacitação voltados para funcionários públicos de órgãos municipais estratégicos como professores da rede municipal e estadual de ensino, agentes comunitários, agentes da vigilância sanitária etc;

o Promoção de cursos em educação ambiental voltados para catadores e carroceiros enfatizando o papel desempenhado por eles na preservação ambiental;

o Promoção de ações informativas ligadas ao sistema de manejo de RCC proposto, incluindo a rede dos pontos de entrega e a relação de empresas autorizadas para prestação dos serviços;

o Promoção de ações informativas ligadas ao sistema de coleta seletiva proposto, em especial a Central Regional de Beneficiamento e Comercialização dos materiais;

o Divulgação de informações sobre o manejo dos RSS, em especial a relação de empresas autorizadas para prestação dos serviços.

Ações de âmbito municipal

A relação de ações propostas abaixo deverá ser confirmada pelo Consórcio Público, bem como, porcada um dos Municípios posto que estes apresentam realidades e possibilidades específicas no que tange a estrutura e nível de organização social em geral e a gestão dos resíduos sólidos.

Os agentes envolvidos na definição e implantação de ações locais são diversos, incluindo representantes da rede municipal de ensino, gestores públicos, representantes de pastas ligadas ao tema entre outros. Neste sentido apresenta-se

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abaixo algumas propostas de ação local gerais e outras especificas a alguns destes agentes.

Prefeitura Municipal o Disseminação do PDRS/RMGV; o Divulgação de calendários de coleta de resíduos sólidos urbanos; o Desenvolvimento de campanhas informativas e educativas sobre o manejo

de RSU; o Estabelecimento de canais de comunicação com a sociedade, como

“disque entulho”, “alô limpeza” e outros; o Divulgação do programa de coleta seletiva; o Promoção de palestras sobre redução da geração de resíduos e consumo

consciente; o Difusão de orientações para o gerador e os prestadores de serviços de

coleta de RCC, em especial os pequenos geradores e os carroceiros; o Difusão de orientações para o gerador e os prestadores de serviços de

coleta de RSS; o Desenvolvimento de ações voltadas para os catadores, orientando sobre o

papel de agente ambiental e informando sobre os modelos de coleta seletiva adotados;

o Realização de reuniões com segmentos sociais para discussão e avaliação do Plano.

Rede Municipal de Ensino: o Promoção de ações educativas junto aos alunos, incluindo:

visitas aos locais de disposição final; visitas às unidades de triagem sob responsabilidade dos catadores; visitas aos pontos de entrega de RCC;

o Inserção na grade curricular dos resíduos sólidos, como tema transversal a

educação ambiental;

o Implantação de programa de segregação de materiais recicláveis articulado ao Programa de coleta seletiva.

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8. PLANO DE METAS – ARRANJO OPERACIONAL

O Plano de Metas foi elaborado tomando como base os objetivos gerais do Plano, que incluem: i) a redução da geração de resíduos; ii) a maximização do reaproveitamento e da reciclagem de materiais recicláveis; iii) a redução do volume de resíduos aterrado; iv) a universalização dos serviços; v) a inclusão dos catadores como agentes ambientais e econômicos e, vi) a sustentabilidade econômica e financeira dos serviços. Este plano apresenta resumidamente, nas tabelas 23 a 27, as propostas para cada atividade do sistema operacional – manejo de RCC, manejo de RSS, coleta seletiva, fiscalização e programa de educação ambiental, comunicação e mobilização social –, discriminando o seu prazo de execução e indicado os principais responsáveis por cada uma das ações.

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Tabela 23: Plano de metas para o Programa de manejo de RCC

METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

1 Definição das diretrizes do programa de manejo de RCC

Consórcio Público

1 Autorização e cadastramento das empresas prestadoras dos serviços Consórcio Público

1

Definição física da rede e do layout dos pontos de entrega para pequenos volumes

Consórcio Público em interlocução direta com as secretarias municipais em parceria com o COGERES/ sub comitê para RCC

1

Incentivo às práticas de desconstrução planejada das edificações em substituição à demolição realizada sem o cuidado da segregação, principalmente em edificações que contenham resíduos de classe D e condicionamento do licenciamento / alvará de obras e reformas à apresentação e aprovação de plano para disposição dos resíduos oriundos destas atividades

Consórcio Público, SINDUSCON e IEMA

1

Cadastramento dos carroceiros coletores de RCC, com impedimento à atuação de coletores não regulares

Prefeituras Municipais com assistência técnica do Consórcio Público e parceiros regionais

PROGRAMA DE MANEJO DE

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO

CIVIL (RCC)

1

Informação ao público usuário dos atuais pontos viciados sobre a existência de alternativas adequadas para este despejo

Poder público local por meio de funcionários devidamente capacitados

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METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

1

Implementação das ações fiscalizadoras voltadas para pequenos volumes de acordo com o programa específico definido no PDRS-RMGV e

Poder público local, segundo diretrizes definidas pelo Consórcio Público

5 Transição gradativa do modelo vigente na RMGV, operado pelos Municípios, para o novo sistema de gestão proposto pelo Consórcio Público

Consórcio Público e Municípios

5 Execução e acompanhamento do programa, em especial ações ligadas aos pequenos geradores de RCC

Municípios

5 Implantação de duas redes interligadas, sendo uma voltada para pequenos volumes (pontos de entrega) e outra para grandes geradores (áreas de triagem e transbordo, áreas de reciclagem, aterros para armazenamento, aterros permanentes de RCC)

Consórcio Público em articulação com os Municípios

5

Implantação dos pontos de entrega de acordo com as diretrizes definidas no PDRS-RMGV e com o projeto de implantação da rede/layout

Municípios e apoio do Consórcio Público para captação de recursos

5 Contratação de funcionários para trabalhar nos pontos de entrega com a função de controlar as atividades de recepção e apoio à remoção dos materiais, atuando como representante da ação direta da administração pública.

Administrações municipais

5

Remediação dos pontos viciados Municípios com apoio do Consórcio Público e agentes privados para a captação de recursos

PROGRAMA DE MANEJO DE RCC

(CONT.)

5 Remoção de pequenos volumes de RCC dos pontos de entrega preferencialmente por caminhão poliguindaste e tipo carroceria com laterais altas no caso de remoção de podas, móveis, madeira, metálicos, etc.

Prefeituras, por se tratar de pequenos geradores

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METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

5

Planejamento e constituição da rede de áreas para grandes volumes, composta por empresas privadas, com o apoio dos grandes geradores. Esta rede deverá prever a localização de cada área e a quantidade que será necessária desses pontos para suprir a demanda de grandes volumes de RCC na RMGV. Essas áreas devem ser submetidas às diretrizes do novo sistema definidas no PDRS-RMGV.

Consórcio Público, juntamente com COGERES, SINDUSCON e IEMA

5 Fiscalização sobre os grandes geradores e sobre o funcionamento da rede de áreas para grandes volumes de RCC

Consórcio Público e IEMA

5 Implantação de áreas temporárias destinadas à triagem e disposição de RCC Município em

articulação com o Consórcio Público

5 Regulamentação para tornar obrigatório o descarte dos resíduos de RCC exclusivamente nas instalações da rede, impedindo o uso dos atuais pontos viciados e a destinação dos resíduos resultantes das operações nas áreas de triagem

Consórcio Público em articulação com IEMA e legislativos locais

5 Incentivo à reciclagem de RCC, usando o poder de compra de administração pública para estabelecer o consumo preferencial de materiais reciclados, comprovando a boa qualidade, principalmente em obras de infra-estrutura

Consórcio Público e Municípios (legislativos locais)

5 Criação e/ou estruturação do órgão responsável pela fiscalização

Consórcio Público

5

Articulação da rede de pontos de entrega com o programa de coleta seletiva

Prefeituras municipais, catadores e demais agentes executores da coleta seletiva

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METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

5 Criação de um programa para capacitação de carroceiros e outros pequenos coletores, visando sua inserção formal ao novo sistema de gestão

Consórcio Público em articulação com os Municípios

5

Criação de um banco de áreas para aterramento (públicas ou particulares), com definição dos procedimentos para o licenciamento e execução dessas áreas

Municípios com assistência técnica do Consórcio Público

10 Implantação das áreas destinadas à triagem, reciclagem e aterros para RCC, de caráter permanente, em conformidade com as normas da ABNT e resoluções de licenciamento ambiental

Agentes privados sob orientação do IEMA e do Consórcio Público

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Tabela 24: Plano de metas para o Programa de manejo de RSS

METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

1 Atualização do cadastramento dos estabelecimentos geradores de resíduos de saúde

Prefeitura Municipal por meio das Secretarias de Saúde

1 Definição dos mecanismos de fiscalização e monitoramento dos serviços de manejo de RSS

Consórcio Público em articulação com os Municípios

1 Orientações sobre segregação na fonte geradora para viabilizar a coleta diferenciada Prefeitura Municipal

por meio das Secretarias de Saúde

1 Elaboração de rotinas para acompanhamento dos serviços de coleta, transporte e disposição final dos resíduos de saúde

Consórcio Público em articulação com os Municípios

1

Definição dos estabelecimentos que serão atendidos pelos serviços de coleta fornecidos pelos Municípios, se for o caso, e os que deverão se responsabilizar diretamente

Consórcio Público em articulação com os Municípios e geradores de RSS

5 Interrupção gradativa da prestação dos serviços de coleta para estabelecimentos classificados como responsáveis diretos

5 Cadastramento de empresas com autorização para prestar serviços de coleta aos geradores de resíduos de saúde

Consórcio Público

5 Definição de equipe profissional para acompanhamento dos PGRSS nos estabelecimentos de saúde

Consórcio Público em articulação com Municípios

PROGRAMA DE MANEJO DE

RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS)

5 Definição de prazo para que todos os estabelecimentos de saúde cadastrados tenham implementado o PGRSS

Consórcio Público

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METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

5, 10, 20 Monitoramento permanente dos PGRSS nos estabelecimentos de saúde e na prestação dos serviços de coleta, transporte e disposição final dos resíduos

Consórcio Público em articulação com Municípios

5, 10, 20 Monitoramento dos PGRSS nos estabelecimentos de saúde

Consórcio Público em articulação com Municípios

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Tabela 25: Plano de metas para o Programa de Coleta Seletiva

METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

1

Detalhamento das diretrizes de cunho institucional e orientações operacionais para a concepção do programa e execução local das suas ações.

Consórcio Público: coordenação regional do programa

1 Definição e execução do programa de coleta seletiva mediante implantação de projetos piloto com definição da modalidade a ser adotada (combinação de PaP e PEV), da área de abrangência para cada um dos agentes envolvidos na coleta.

Municípios

1 Definição do programa de educação ambiental, mobilização social e comunicação e assistência técnica aos Municípios no processo de implementação.

Consórcio Público

5

Fortalecimento organizacional e de qualificação profissional das organizações de catadores, tomando como referência o modelo adotado pela Rede de Tecnologia Social (RTS). Elaboração de Termo de Referência para concepção e implantação do programa de capacitação.

Consórcio Público, em parceria com a RTS, com entidades regionais (MNCR, FEL&C,COGERES, PCMR Ecociência) e com o governo municipal (secretaria de educação, secretaria de serviços públicos, secretaria de meio ambiente)

PROGRAMA DE COLETA SELETIVA

DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

5 Fomento à participação das organizações de catadores, sem prejuízo da atuação da própria Prefeitura, de forma direta ou por meio de empresa contratada, como de empresas privadas do ramo, sucateiros e aparistas.

Municípios com o apoio do Consórcio Público

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METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

5

Estruturação de uma rede de catadores, organizada em nível regional, com entrepostos locais ou intermunicipais, estrategicamente localizados do ponto de vista logístico e econômico.

Consórcio Público, organizações de catadores e Municípios

5

Formalização de contratos com dispensa de licitação, como disciplina o art. 57 da Lei 11.445/2007. Os Municípios poderão contar com a assistência técnica do Consórcio Público ou ainda com a possibilidade de contratação direta efetuada pelo próprio Consórcio.

Municípios e assistência técnica do Consórcio Público

5

Estruturação de galpões/unidades de triagem existentes e, se necessário implantação/ampliação de novas unidades locais ou intermunicipais para estocagem, triagem e beneficiamento primário dos materiais coletados.

Municípios com apoio do Consórcio Público na obtenção de recursos

5 Implementação da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P)

Consórcio Público e Municípios

5 Desenvolvimento de estudos específicos para os Municípios de Viana e Fundão (menor porte populacional e ausência de organizações de catadores) e para o Município de Guarapari (atividade turística/sazonalidade na geração de recicláveis)

Municípios com assistência técnica do Consórcio Público

5 Implementação das ações do programa de educação ambiental, mobilização social e comunicação

Municípios

5 Definição dos instrumentos de controle, monitoramento, fiscalização e avaliação do programa

Consórcio Público

10

Cogerenciamento da Central de Beneficiamento e Comercialização (caso venha a ser criada). Contratação de agente privado para atuar como empresa gerenciadora da Central nos primeiros cinco anos, para na sequência transferir a gestão da Central para a rede de catadores (período de incubação da rede de catadores como um empreendimento social da cadeia produtiva de materiais recicláveis da RMGV)

Consórcio Público

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Tabela 26: Plano de metas para a fiscalização

METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

1

Avaliação dos cenários desenvolvidos no PDRS-RMGV quanto ao exercício da atividade de fiscalização e decisão sobre a criação ou de uma divisão/setor de fiscalização, vinculado à secretaria municipal responsável pelos serviços públicos de resíduos sólidos ou a instituição, por meio de lei específica, de uma autarquia municipal.

Municípios consorciados

1 Definição dos serviços a serem fiscalizados em nível municipal e regional Municípios

consorciados

1 Adequação da legislação municipal a ser aplicada às ações de fiscalização a nível local

Municípios consorciados

1

Adesão ao programa de capacitação a ser concebido e desenvolvido pelo Consórcio Público direcionado aos fiscais municipais que atuem no setor de resíduos sólidos, de posturas municipais ou de vigilância sanitária, propiciando progressivamente, e por meio da capacitação, a uniformidade da atividade fiscalizatória.

Municípios consorciados

1 Adequação da legislação a ser utilizada a nível regional nas ações de fiscalização Municípios

consorciados

1 Definição das ações de fiscalização sobre os usuários dos serviços no tocante às interfaces entre a fiscalização de limpeza urbana, de posturas, ambiental e vigilância sanitária.

Municípios consorciados

5 Exercício da atividade de fiscalização dos serviços de resíduos sólidos sob responsabilidade Municipal

Municípios consorciados

5, 10, 20 Avaliação periódica e reciclagem da capacitação do corpo de fiscais municipais Municípios consorciados

PLANO DE METAS PARA A

FISCALIZAÇÃO

5, 10, 20 Avaliação periódica e reciclagem da capacitação do corpo de fiscais regionais (no âmbito do Consórcio Intermunicipal

Municípios consorciados

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METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

5, 10, 20 Elaboração e realização sistemática de pesquisa de satisfação dos usuários em relação à prestação dos serviços

Municípios consorciados com assistência técnica da Entidade de Regulação

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Tabela 27: Plano de metas para o Programa de Educação Ambiental, Comunicação e Mobilização Social

METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

1

Concepção e estruturação do programa, levando em consideração as diretrizes das leis de educação ambiental nos níveis estadual e nacional, além do Pronea, com dimensão regional e fortalecimento das iniciativas em andamento e estímulo às novas ações que deverão ocorrer de forma articulada entre os Municípios da RMGV

Consórcio Público

1 Concepção e estruturação do projeto de comunicação e de mobilização social de acordo com as diretrizes definidas no PDRS-RMGV

Consórcio Público em articulação com os Municípios

1 Estabelecimento de canais de comunicação como “disque entulho”, “alô limpeza” e outros

Municípios

5

Implementação das ações de educação ambiental, comunicação e mobilização social, na perspectiva de compatibilizar aquelas em andamento e bem sucedidas com as diretrizes definidas pelo programa no âmbito regional

Prefeituras Municipais

5

Promoção das seguintes ações: a) disseminação do PDRS/RMGV; b) divulgação de calendários de coleta de resíduos; c) campanhas informativas e educativas sobre o manejo de RSU; d) divulgação do programa de coleta seletiva; e) promoção de palestras sobre redução da geração de resíduos e consumo consciente; f) difusão de orientações para o gerador de RCC (pequenos e carroceiros) e prestadores; g) difusão de orientações para o gerador de RSS e prestadores; h) reuniões com segmentos sociais para discussão e avaliação do Plano

Municípios

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL,

COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO

SOCIAL

5 Promoção de ações educativas voltadas para os catadores, orientando sobre o papel de agente ambiental e sobre os modelos de coleta seletiva adotados

Municípios

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METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

5

Promoção de ações educativas junto aos alunos; Inserção na grade curricular os resíduos sólidos, como tema transversal a educação ambiental e Implantação de programa de segregação de materiais recicláveis articulado ao Programa de coleta seletiva

Rede Municipal de Ensino

5

Promoção de: a) palestras; b) realização da Feira do Verde Regional; c) rede envolvendo os centros/entidades de educação ambiental existentes na região (ações conjuntas e complementares, como a divulgação dos programas de coleta seletiva); d) parcerias com os meios de comunicação no sentido de apoio a divulgação de ações educativas, campanhas regionais e a divulgação do PDRS-RMGV e das legislações estaduais pertinentes ao tema; e) ações informativas ligadas ao sistema de manejo de RCC, de coleta seletiva proposto, em especial a rede de catadores e a Central Regional de Beneficiamento e Comercialização dos materiais e sobre o manejo dos RSS, em especial a relação de empresas autorizadas para prestação dos serviços

Consórcio Público

Promoção de cursos de treinamento e capacitação voltados para funcionários públicos de órgãos municipais estratégicos; Promoção de capacitação em educação ambiental e manejo de resíduos voltados para catadores e carroceiros

Consórcio Público com apoio das Prefeituras

5, 10, 20 Capacitação e monitoramento das ações de educação ambiental e de comunicação

Consórcio Público

Legenda PRAZO IMEDIATO DE 1 ANO CURTO PRAZO DE 5 ANOS MÉDIO PRAZO DE 10 ANOS LONGO PRAZO DE 20 ANOS PRAZO SIMULTÃNEO 5, 10, 20 ANOS

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III. ARRANJO INSTITUCIONAL

1. INTRODUÇÃO

O Arranjo Institucional proposto por este Plano tem por objetivo central apresentar os cenários trabalhados ao longo do desenvolvimento do Projeto de elaboração do PDRS-RMGV visando à estruturação da gestão associada dos serviços de resíduos sólidos para os Municípios que integram a região metropolitana da Grande Vitória.

Os cenários são apresentados considerando que o arranjo institucional baseado na gestão associada contempla a identificação das atividades de planejamento, regulação, fiscalização, prestação dos serviços e o exercício do controle social, assim como a forma como os entes consorciados (Municípios e Governo do Estado) se organizam para dividir estas responsabilidades de gestão e com quais outros agentes sociais (públicos, privados e comunitários) se articulam para prover os serviços à população.

O planejamento regionalizado que subsidiou todo o processo de construção do PDRS-RMGV explorou um leque de alternativas para então extrair aquelas mais adequadas à realidade da região. Neste sentido, os cenários para a gestão associada dos serviços de resíduos sólidos na RMGV estabelecem que parte dos serviços permaneça no nível local e outra parte passe ao nível regional, sob a responsabilidade do Consórcio Público, de maneira a conferir ganhos de escala e de escopo às atividades que integram os serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos.

Ressalva-se que a abordagem desenvolvida sobre gestão associada é feita predominantemente sob a ótica jurídica e sob a perspectiva de como o arranjo institucional da gestão associada se desdobra no nível local e no nível regional para a consolidação do PDRS/RMGV.

No nível local o enfoque recai sobre a análise dos cenários das atividades de fiscalização e da prestação do serviço de limpeza urbana e, ainda, das atividades de coleta de resíduos sólidos especiais, bem como das atividades locais dos programas de manejo de resíduos sólidos, a exemplo da coleta seletiva de materiais recicláveis e de RCC, de pequenos geradores, que ficam sob a competência do Município.

No âmbito regional, o exame incide sobre os cenários da estruturação e composição do Consórcio Público, assim como os atinentes à sua competência, voltada para as atividades de planejamento, regulação e o gerenciamento da delegação da prestação dos serviços públicos de resíduos sólidos, inclusive a articulação com as atividades que permanecem no nível local sob a responsabilidade dos Municípios. Os cenários pertinentes à formalização da fragmentação das atividades interdependentes de manejo de resíduos sólidos mediante formas cabíveis de contratação são igualmente analisados neste documento.

Para a concepção do Arranjo Institucional do presente Plano levou-se em consideração o entendimento da doutrina e da jurisprudência dominantes, assim como

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os demais produtos já elaborados no âmbito do Projeto e que consubstanciam as contribuições dos diversos agentes e as pactuações acordadas com os gestores municipais e estaduais envolvidos no PDRS/RMGV.

O atual marco legal e o conhecimento técnico construído na área de resíduos sólidos deixam claro que prestar os serviços constitui apenas uma das atividades da gestão integrada. Dessa forma, os cenários apresentados consideram o compartilhamento de ações que também se aplica às atividades de planejamento, de regulação, de fiscalização e de controle social.

Em conformidade com as possibilidades postas pela legislação que regulamenta a gestão associada, o Consórcio Público proposto se constitui em um órgão responsável pela organização dos serviços de resíduos sólidos e, sendo assim, assume um perfil mais próximo de gestor dos serviços, tendo sob sua responsabilidade, desde que previamente autorizado pelos entes consorciados, a tarefa de delegar a prestação dos serviços por meio de uma gama variada de contratos, sendo cada modalidade contratual aplicada sob a égide de legislação própria, inclusive nos casos onde há previsão de dispensa de licitação e celebração de termo de parceria ou contrato de gestão.

Destaca-se, por fim, que a apresentação e o exame dos cenários observam, por um lado, as tendências indicadas pelos gestores públicos (municipais e estaduais) ao longo de todo o processo de desenvolvimento do Projeto, em particular nas reuniões realizadas nos dias 11 de setembro e 14 e 15 de outubro de 2009, bem como as contribuições surgidas nos seminários intermunicipais, realizados durante o mês de julho de 2009, que contaram com a participação de diversos segmentos da sociedade civil organizada e no período de realização dos diagnósticos municipais.

Aproveita-se para registrar e reafirmar que a decisão sobre a criação do Consórcio Público, assim como o arranjo institucional que venha a ser adotado, depende de decisão exclusiva dos gestores públicos (municipais e estaduais) envolvidos com o PDRS-RMGV, tendo no COMDEVIT a instância político-administrativa acionada durante todo o processo de desenvolvimento deste Projeto.

Neste sentido aponta-se, mesmo introdutoriamente, a provável necessidade de continuidade do Projeto, que deverá se desdobrar em ações voltadas à aprovação do Plano Diretor de Resíduos Sólidos da RMGV, à instituição do Consórcio Público, em conformidade com a decisão que venha a ser tomada, e à implementação das atividades que ficam sob sua responsabilidade.

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2. ASPECTOS INSTITUCIONAIS DE NÍVEL LOCAL

2.1. Fiscalização dos serviços de resíduos sólidos sob responsabilidade Municipal

Conforme já apresentado no Produto 5 (Proposições Regionais), ao Município caberá, em síntese, realizar a fiscalização sobre os serviços de resíduos sólidos prestados em seu território, os quais, como será visto adiante, abrangem a limpeza urbana, a coleta de resíduos especiais, a coleta de RCC, em especial as de pequenos geradores, e a coleta seletiva, incluindo a etapa de triagem dos materiais recicláveis. Caso seja decidido que a coleta de resíduos domiciliares também fica sob responsabilidade do Município caberá a ele a realização das atividades fiscalizatórias relacionadas a este serviço.

Ao lado disso, o Município deverá aderir ao programa de capacitação a ser concebido e desenvolvido pelo Consórcio Público, direcionado aos fiscais municipais que atuem no setor de resíduos sólidos, de posturas municipais ou de vigilância sanitária, propiciando progressivamente, e por meio da capacitação, a uniformidade da atividade fiscalizatória.

Para tanto, propõe-se, num primeiro momento, o cenário da manutenção ou, se não houver, da criação de uma divisão/setor de fiscalização, vinculado à secretaria municipal responsável pelos serviços públicos de resíduos sólidos. Ressalta-se a recomendação de órgãos segregados (diretoria, divisão, setor) no sentido de preservar também a autonomia de funções.

Outro cenário possível é a instituição, por meio de lei específica, de uma autarquia municipal, pessoa jurídica de Direito Público, dotada de autonomia administrativa, orçamentária e financeira para que possa desempenhar, de per si, as atividades de fiscalização, além dos outros serviços, e as outras que ficam sob a responsabilidade do Município.

Vantagens e desvantagens dos cenários

Tal como já assinalado no item anterior, a atividade de fiscalização sobre os serviços de responsabilidade do Município poderá ter como cenário, por um lado, uma divisão de fiscalização, integrante da Secretaria Municipal encarregada dos serviços públicos de resíduos sólidos ou, de outro, uma autarquia municipal, que estará sob a tutela da mesma Secretaria. A divisão de fiscalização representa, na verdade, um órgão administrativo desprovido de personalidade jurídica, não podendo exercer, por conta própria, direitos e obrigações. Este tipo de órgão é constituído por meio de lei que instaura o processo de desconcentração interno da Administração Pública direta, ficando vinculada e subordinada à Secretaria Municipal do qual faz parte.

A vantagem desse cenário é que a maior parte dos Municípios da RMGV já conta com uma divisão de fiscalização ou congênere para desempenhar a atividade fiscalizatória. A desvantagem, porém, é que a divisão de fiscalização não detém personalidade

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jurídica própria e, por via de consequência, autonomia para realizar, de per si, as atividades de fiscalização, podendo fazê-lo apenas em nome do Município. Além disso, não conta com recursos financeiros próprios para fazer frente a essas atividades, ficando dependente dos recursos consignados no orçamento da Administração Pública direta como um todo.

A autarquia municipal constitui pessoa jurídica de Direito Público, dotada de personalidade jurídica da mesma natureza, podendo, em nome próprio, gozar de direitos e cumprir os deveres legais. Surge do processo de descentralização instaurado por meio de lei específica editada pelo Prefeito(a), constituindo-se, por conseguinte, em entidade da Administração Pública indireta. É certo que a autarquia, por gozar de personalidade jurídica própria, não se confunde com a pessoa do próprio Município, com o qual mantém, apenas, relação de tutela, e não de subordinação. Além disso, conta com autonomia administrativa, orçamentária e financeira, gozando de recursos específicos decorrentes do orçamento público e/ou, além disso, outras fontes financeiras para fazer frente às suas atividades.

A vantagem do cenário da autarquia municipal é a autonomia administrativa, orçamentária e financeira que detém para desempenhar a atividade fiscalizatória, sem contar que não está subordinada à Secretaria Municipal a cargo dos resíduos sólidos, mas sob a tutela do ente formulador da política pública setorial, no caso o Executivo Municipal, o que significa que deverá seguir, tão somente, as diretrizes estabelecidas na sua lei de criação para cumprir a missão institucional que lhe foi atribuída. A desvantagem é o aporte, ainda que inicial, de recursos públicos que os Municípios deverão fazer para implementar, de fato, as suas autarquias, o que exige a estreita obediência aos limites de responsabilidade fiscal, especialmente os gastos com despesa de pessoal (art. 15 c/c art. 17 e seu § 1º c/c arts. 18 a 21, da Lei Complementar nº 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF). A síntese das vantagens e desvantagens de cada alternativa encontra-se na tabela 28.

Tabela 28: Vantagens e desvantagens sobre a forma de fiscalização

FORMA DE FISCALIZAÇÃO

VANTAGEM DESVANTAGEM

Divisão de Fiscalização

Já está positivada no ordenamento jurídica local.

Não conta com autonomia administrativa e financeira para fazer frente às suas atividades de fiscalização.

Autarquia Municipal

Possui autonomia administrativa, orçamentária e financeira para fazer frente às suas atividades de fiscalização.

Depende, num primeiro momento, de aporte de recursos públicos dos Municípios, para que possa ser implementada.

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Durante todo o processo de elaboração do PDRS-RMGV, o IBAM adotou a metodologia participativa validada no Plano de Trabalho do Projeto. A instância do COMDEVIT – como esfera pública ampliada – com participação dos gestores públicos (Estado e Municípios), técnicos e de alguns segmentos organizados da sociedade foi o espaço privilegiado para a discussão dos problemas, desenho dos cenários e indicação daqueles mais adequados para a gestão dos resíduos sólidos na região.

Nas reuniões dos dias 14 e 15 de outubro de 2009, envolvendo os gestores estaduais e municipais, o IBAM apresentou os cenários anteriormente descritos, não havendo, entretanto, pronunciamento por parte dos participantes a favor de um ou de outro cenário.

O IBAM recomenda para o cenário que prevê a criação da autarquia municipal a reunião de todas as atividades de resíduos sólidos que ficam sob incumbência do Município, ou seja: a atividade de fiscalização, o serviço de limpeza urbana, a coleta de resíduos sólidos especiais e as atividades locais do programa de coleta seletiva dos materiais recicláveis e outras atividades operacionais que venham a ser atribuídas ao Município, como a coleta de resíduos domiciliares.

2.2. Prestação do serviço de limpeza urbana e de coleta de resíduos sólidos especiais sob responsabilidade do Município

Competirá exclusivamente ao Município atuar no serviço de limpeza urbana e na coleta de resíduos especiais.

O serviço de limpeza urbana compreende as atividades de varrição, capina, roçagem, raspagem e poda de árvores em vias e logradouros públicos. Em muitos Municípios também fazem parte do serviço de limpeza urbana, a limpeza de feiras e mercados, de córregos, desobstrução de bocas de lobo, limpeza de cemitérios, assim como a limpeza de praias, além da pintura de meio-fio.

Neste sentido, o Município irá elaborar e gerir os planos de varrição, articulará a limpeza urbana com o serviço de manejo de águas pluviais, capacitará os gestores municipais atuantes nessa área e, ainda, se apropriará de informações para aferir, de fato, os custos desse serviço, assim como as especificidades de sua prestação.

Sem prejuízo disso o Município realizará, de forma efetiva, a imputação de responsabilidade ao gerador de resíduos sólidos especiais com a devida fiscalização sobre a sua atuação24. Nada impede, ainda, que promova a prestação da coleta de

24 Os resíduos sólidos especiais são aqui entendidos como resíduos específicos a cada um dos Municípios da RMGV e cujo manejo é, em geral, responsabilidade do gerador. Para identificação dos principais resíduos sólidos especiais verificados em cada Município da RMGV, recomenda-se consultar o Capítulo 4, relativo aos Diagnósticos Municipais. Entre os principais verificados na região destacam-se:

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resíduos sólidos especiais, desde que haja prévia solicitação do gerador e, por conseguinte, o devido pagamento do preço público.

Tal qual na atividade de fiscalização, num primeiro momento, propõe-se um único cenário que preserva a manutenção de um órgão segregado (setor, divisão ou departamento de limpeza urbana) vinculado à Secretaria Municipal responsável pelos serviços públicos de resíduos sólidos, o qual terá responsabilidade, além da fiscalização, pela gestão do serviço de limpeza urbana e da atividade de coleta de resíduos sólidos especiais.

Contudo, aplica-se também aqui o outro cenário, que contempla a criação, por meio de lei específica, de uma autarquia municipal, entidade da Administração Pública indireta, dotada de autonomia administrativa, orçamentária e financeira, para que possa gerir25, de per si, o serviço de limpeza urbana e a coleta de resíduos sólidos especiais.

Vantagens e desvantagens dos cenários

No tocante aos conteúdos e, mais do que isso, às vantagens e às desvantagens dos cenários da prestação do serviço de limpeza urbana e da atividade de coleta de resíduos sólidos especiais sob a responsabilidade do Município, remete-se, no que couber, aos comentários feitos no item 1.1. As vantagens e desvantagens encontram-se na tabela 29.

resíduos de marmoraria, oficinas metal-mecânica, de filtros-prensa, de postos de combustíveis, resíduos contaminados por óleos, graxas, tintas e solventes, resíduos de coco, pneumáticos inservíveis, lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias, resíduos eletroeletrônicos, resíduos de portos, aeroportos, rodoviários, entre outros. 25 Ver Produto 5. A gestão do serviço de limpeza urbana e a coleta de resíduos sólidos especiais incluem minimamente as seguintes atividades: a) rever e atualizar os planos de varrição; b) articular o serviço de limpeza urbana com o serviço de manejo de águas pluviais e drenagem urbana; c) capacitar as equipes gerencial, de fiscalização e operacional visando à melhoria dos índices de produtividade; d) apropriar informações sobre a execução do serviço para subsidiar a apropriação do custo do serviço (executado diretamente ou delegado); e) exigir dos geradores o plano de manejo dos resíduos sólidos especiais ou diferenciados (nos termos da definição do art.11 do Projeto de Lei 1.991/2007, inciso II), sem prejuízo da competência originária e responsabilidade do gerador, que deve obedecer às normas técnicas e legais aplicáveis à espécie (de acordo com o art. 11 da Política Estadual de Saneamento Básico – ES); f) fiscalizar a implementação do plano de manejo de resíduos sólidos especiais.

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Tabela 29: Vantagens e desvantagens sobre a forma de prestação dos serviços

FORMA DE PRESTAÇÃO

VANTAGEM DESVANTAGEM

Setor, Departamento ou Divisão de Fiscalização

Já está positivada no ordenamento jurídico local.

Não conta com autonomia administrativa e financeira para fazer frente às suas atividades de prestação de limpeza urbana e de coleta de resíduos sólidos especiais.

Autarquia Municipal

Possui autonomia administrativa, orçamentária e financeira para fazer frente às suas atividades de prestação de limpeza urbana e de coleta de resíduos sólidos especiais.

Depende, num primeiro momento, de aporte de recursos públicos dos Municípios, para que possa ser implementada.

Nas reuniões dos dias 14 e 15 de outubro de 2009, os gestores estaduais e municipais atuantes no PDRS/RMGV não se manifestaram em prol de qualquer dos cenários apresentados, não havendo, assim, uma tendência clara indicada pelos gestores a respeito do cenário a ser seguido.

O IBAM recomenda para o cenário que prevê a criação da autarquia municipal a reunião de todas as atividades de resíduos sólidos que ficam sob incumbência do Município, ou seja: a atividade de fiscalização, o serviço de limpeza urbana e a coleta de resíduos sólidos especiais, assim como as atividades locais do programa de coleta seletiva de materiais recicláveis e outras atividades operacionais que venham a ser atribuídas ao Município, como a coleta de resíduos domiciliares. No entanto, ressalva-se que a criação de autarquia pode se dar de forma progressiva e aplica-se melhor aos Municípios mais populosos e de maior complexidade administrativa. Registra-se, também, que no caso da RMGV o Município de Guarapari já conta com a Companhia de Melhoramentos e Desenvolvimento Urbano de Guarapari (CODEG).

Destaca-se que ficam também sob a responsabilidade do nível local algumas atividades que integram o programa de coleta seletiva de materiais recicláveis e outras que fazem parte do programa de manejo de RCC. A parte II deste Plano detalha cada um destes programas e respectivas atividades e agentes envolvidos.

No caso dos resíduos sólidos domiciliares a coleta dos mesmos poderá ficar sob responsabilidade do Município. Caberá aos gestores a decisão sobre o arranjo mais adequado para a região, lembrando, contudo, que a responsabilidade local por este serviço representa uma manutenção do cenário atual, o que pode ser positivo. Por

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outro lado, ele inviabiliza ganhos de escala e escopo mais significativos que seriam possíveis se esta atividade fosse desempenhada em nível regional.

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3. ASPECTOS INSTITUCIONAIS DE NÍVEL REGIONAL

3.1. Composição do consórcio público: concepção

O Consórcio Público terá natureza de Direito Público, gozando de função de gestor, posto que desempenhará, em nível regional, atividades de planejamento dos serviços públicos de resíduos sólidos e, ainda, de regulação/fiscalização desses serviços, sem prejuízo de realizar o controle social e a delegação contratual da prestação dos serviços referidos.

As alternativas consideradas para a composição do consórcio incluem:

1. a participação dos sete Municípios da RMGV e do Governo do Estado, o que lhe confere um caráter intermunicipal e interfederativo, tendo como área de atuação o somatório dos territórios dos Municípios integrantes da RMGV do Estado do Espírito Santo, a teor do art. 4º, §1º, inc. I, da Lei nº 11.107/05 – Lei de Consórcios Públicos.

os sete Municípios da RMGV, sem a participação do Governo do Estado, quando, então, terá cunho estritamente intermunicipal, incidindo, entretanto, na mesma área de atuação que engloba os territórios desses Municípios, segundo dispõe o mesmo art. 4º, §1º, inc. I, da LCP.

Ressalta-se, mais uma vez, o quadro regional amplamente favorável, particularmente para o cenário (ii), pelo fato de os Municípios integrantes da RMGV já contarem com um sistema de planejamento regionalizado, que tem no COMDEVIT e no FUNDEVIT a instância político-institucional de articulação interfederativa e o instrumento econômico-financeiro adequado para o exercício da gestão associada.

Vantagens e desvantagens dos cenários

O primeiro cenário, que conta com a participação do Governo Estadual, apresenta como vantagem primordial o reforço do papel do Estado como natural articulador de políticas públicas de cunho regional e, mais do que isso, de fomentador da gestão integrada e associada de resíduos sólidos. Neste campo específico, considera o pressuposto de que o estudo de propostas de regionalização do território constitui etapa fundamental para a criação de consórcios públicos interfederativos, para que estes possam efetivamente auferir ganhos de escala e de escopo por meio da gestão associada. Neste sentido, a participação do Estado26 pode configurar uma estratégia mais acertada na implantação ordenada e progressiva dos consórcios públicos sob a perspectiva territorial, institucional e da sustentabilidade econômico-financeira, sem

26 Cabe destacar que, nos termos do art. 23 da CF, é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entre outras, promover a melhoria das condições habitacionais e de Saneamento Básico. Entende-se, portanto, que mesmo os Estados não sendo titulares dos serviços, devem promover programas de Saneamento Básico, incluindo ações de apoio aos Municípios que visem ao desenvolvimento institucional e operacional dos serviços públicos de saneamento com vistas à universalização do acesso e à melhoria da qualidade dos serviços prestados à população.

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contar que, dessa forma, será seguido o modelo do programa “Espírito Santo sem Lixão”, em que os consórcios públicos são compostos pelos Municípios e pelo Estado.

Entende-se que o consórcio será mais adequado quando a cooperação envolver vários Municípios interessados em atuar conjuntamente como titulares no planejamento, na regulação e fiscalização, na delegação da prestação e na articulação do controle social. A presença do Estado integrando o consórcio será necessária quando para alguns dos serviços o prestador a ser contratado for órgão estadual ou ainda quando os entes consorciados decidem pela delegação da atividade de regulação a uma agência estadual. Mas mesmo quando não for esta a intenção, a participação do Estado pode ser conveniente para o reforço institucional do consórcio.

A desvantagem deste cenário é a dificuldade concreta de aferir a forma de participação do Estado para contratação do Consórcio Público com os Municípios da RMGV, especialmente a maneira como se dará a transferência de recursos públicos por meio do contrato de rateio27. No caso do Programa Espírito Santo sem Lixão a participação do Estado no programa está vinculada ao financiamento da instalação de estações de transbordo e de aterros sanitários com a respectiva infraestrutura, suprindo, assim, uma carência financeira que os Municípios do interior envolvidos no projeto não teriam condições de superar.

O segundo cenário tem a vantagem de privilegiar e, além disso, de fortalecer os Municípios, vez que podem desempenhar, de per si, a gestão integrada e associada de resíduos sólidos, não havendo impedimento, porém, que o Estado contribuísse com esse processo, ainda que não incorporado formalmente ao Consórcio Público. A desvantagem é que não se seguirá o modelo do programa Espírito Santo sem Lixão, não se contará formalmente com o apoio ao fortalecimento institucional ao Consórcio, sem contar que poderia haver um enfraquecimento no papel intrínseco ao Estado de articulador dos Municípios da RMGV, capaz de atuar inclusive em situações em que ocorra algum tipo de entrave institucional.

A síntese das vantagens e desvantagens de cada cenário proposto encontra-se na tabela 30.

27 O contrato de rateio é o meio pelo qual os entes consorciados se comprometem a fornecer recursos financeiros para a realização das despesas do Consórcio Público, observado o disposto no art. 8º e segs., da Lei Federal nº 11.107/05 e, ainda, do art. 13 e segs., do Decreto regulamentar nº 6.017/07.

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Tabela 30: Vantagens e desvantagens sobre a composição do Consórcio Público

FORMA DE COMPOSIÇÃO DO

CONSÓRCIO PÚBLICO

VANTAGEM DESVANTAGEM

Atuação do Estado como agente articulador e fomentador da gestão integrada e associada de resíduos sólidos e de promotor do fortalecimento institucional do Consórcio Público.

Se o Estado decidir pela participação no CP caberá a definição da forma de repasse de recursos públicos mediante contrato de rateio. Sete Municípios da

RMGV + Estado do ES

Observância do modelo de composição do Consórcio Público do programa “Espírito Santo sem Lixão”.

Fortalecimento da missão constitucional do Município na implementação da gestão integrada e associada de resíduos sólidos.

Inobservância do modelo de composição do Consórcio Público do programa “Espírito Santo sem Lixão”.

Sete Municípios da RMGV

Enfraquecimento do papel do Estado como agente articulador/fomentador da gestão integrada e associada de resíduos sólidos, especialmente em momentos de entrave institucional, assim como do apoio formal do Estado para o fortalecimento institucional do Consórcio Público.

Nas reuniões dos dias 14 e 15 de outubro de 2009, os gestores estaduais e municipais não chegaram a um consenso sobre a forma de composição do Consórcio Público,

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sugerindo que a decisão fosse tomada, consensualmente, pelos Prefeitos e pelo Governador.

O IBAM entende que, de posse do PDRS-RMGV e dos documentos que o subsidiam, em particular o Produto 5 sobre as Proposições Regionais, os Municípios e o Estado terão em mãos um estudo consistente para a tomada da decisão mais adequada para a região.

O IBAM recomenda o cenário de composição do Consórcio Público que prevê a participação do Governo do Estado, tendo em vista o papel que pode continuar a desempenhar como agente articulador da gestão integrada e, no caso, também associada, dos resíduos sólidos, conferindo apoio formal ao fortalecimento institucional do Consórcio Público, além de seguir a concepção do programa Espírito Santo sem Lixão.

3.2. Regulação

3.2.1. Entidade reguladora: breves considerações

A realização da atividade regulatória pela entidade reguladora será norteada pelos seguintes princípios: (1) independência decisória, incluindo autonomia administrativa, orçamentária e financeira; e, (2) transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das decisões, a teor do art. 21, incs. I e II, da Lei nº 11.445/07, Lei de Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – LDNSB28.

Em que pese o cunho principiológico estabelecido na norma transcrita da LDNSB, parece que há uma forte aproximação com o regime de autonomia especial endereçado, em regra, para as agências reguladoras, que é marcado pelos pressupostos funcional, organizacional e financeiro. Estes pressupostos significam o que segue: (1) funcional, que impede a revisão da decisão da agência pela Secretária ou Ministério que a tutele, porque esta decisão deve necessariamente estar em consonância com as diretrizes da política pública setorial estabelecidas pelo ente formulador como política de governo; (2) organizacional, que confere mandatos fixos aos membros da diretoria da agência não coincidente entre si, nem sequer com a autoridade nomeante; (3) financeiro, que assegura a autossuficiência financeira da agência, seja por intermédio da taxa de regulação (tributo decorrente do exercício de poder de polícia pela agência) cobrada dos agentes regulados, seja em decorrência da possibilidade de elaborar a sua proposta orçamentária parcial alocando recursos para fazer frente às suas despesas. 28 Para maiores informações consultar o Produto 3 – Arcabouço Legal Regional, documento integrante deste Projeto.

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É certo, porém, que a LDNSB, ainda que tenha natureza de cunho geral, não pode adentrar em peculiaridades a serem definidas pelo titular sobre a regulação do seu serviço de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos. Portanto, o Município é quem deve designar a sua entidade reguladora e, mais do que isso, estabelecer a sua modelagem, observando, é claro, os princípios positivados pela LDNSB.

Sempre que se fala em regulação surge o tema da captura29. Em termos de matéria regulatória, a LDNSB certamente apresenta uma possibilidade melhor do que a regulação exercida pelo próprio poder central ou intestinamente pelo prestador. Sabe-se que qualquer intervenção estatal sempre será passível de se desviar dos seus objetivos e ser apropriada por interesses particularísticos. Como alerta Marques Neto (2009), “antídotos para isso são conhecidos: transparência, processualidade e controle, inclusive social”. Este autor afirma que a LDNSB é forte nestes fatores e para isso recomenda o exame do disposto no art. 26, que obriga ampla publicidade de todos os instrumentos atinentes à atividade regulatória, com garantia de acesso por qualquer cidadão, independentemente da demonstração de interesse direto, e no art. 47, que prevê mecanismos de controle social. Dessa forma, a diretriz a ser buscada é a de um ente regulador independente e capacitado para exercer as funções de fiscalizar, normatizar, ordenar e, principalmente, assegurar os direitos dos usuários e o cumprimento das metas e objetivos de políticas públicas.

A LDNSB vai neste sentido, ao estabelecer que o regulador deva se caracterizar basicamente pela independência decisória (é dizer, capacidade de determinar a política regulatória sem necessidade de confirmação de suas decisões por nenhuma instância hierarquicamente superior); autonomia administrativa, orçamentária e financeira (capacidade de auto-organização administrativa); especialização técnica; absoluta transparência em sua atuação – o que não se resume à publicidade das decisões, mas ao processo decisório amplamente aberto à participação dos interessados (Marques Neto, 2009).

Diante do exposto o PDRS/RMGV sinaliza para dois possíveis cenários para instituição da entidade reguladora30. O primeiro é a criação de um órgão no âmbito do Consórcio Público, que consistirá em uma câmara de regulação. O segundo cenário tem relação com a agência reguladora estadual, a qual firmaria convênio de cooperação com o Consórcio Público, a fim de que lhe seja delegada a atividade regulatória. Independentemente de quem seja a entidade reguladora, ela deverá perseguir os seguintes objetivos (art. 22, incs. I a IV, da LDNSB):

29 Em termos gerais, significa que o regulado tende a sempre capturar o regulador, fazendo com que a regulação sirva mais aos seus interesses de monopolista do que à defesa do consumidor ou do interesse público. 30 Salienta-se que na versão preliminar do Produto 5 sobre Proposições Regionais foi apresentada uma terceira alternativa para a atividade de Regulação que envolvia a delegação da atividade regulatória por meio de convênio de cooperação com a Agência Municipal de Vitória. Contudo, após reunião técnica com o Grupo Técnico de Resíduos do COMDEVIT, esta alternativa foi suprimida, por decisão do grupo.

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1. estabelecer padrões e normas para a adequada prestação do serviço e para a satisfação dos usuários;

2. assegurar o cumprimento das condições e metas estabelecidas no plano setorial de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos;

3. prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada a competência dos órgãos integrantes do sistema nacional de defesa da concorrência, no caso, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE; e, por fim,

4. definir tarifas que assegurem o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos, levando-se em consideração a modicidade da tarifa. Para tanto deverão ser adotados mecanismos que induzam à eficiência e à eficácia do serviço e, mais do que isso, assegurem a apropriação social dos ganhos de produtividade.

Vantagens e desvantagens dos cenários

Tal como já assinalado no item anterior e, de forma mais aprofundada, no Produto 5, a entidade reguladora no âmbito da RMGV poderá ser concretizada, por um lado, pela câmara de regulação do Consórcio Público ou, de outro, pela agência reguladora estadual.

A câmara de regulação, que constitui um órgão administrativo interno do Consórcio Público de cunho colegiado e deliberativo, poderá ser composta por sete membros distribuídos entre as unidades federadas consorciadas, os representantes dos usuários e os da sociedade civil organizada. Estes membros só poderão ser investidos se atenderem aos requisitos estabelecidos no protocolo de intenções; o que servirá para garantir a necessária independência decisória da entidade reguladora31, que deverá contar com um quadro técnico diretamente vinculado e devidamente qualificado para o exercício da função regulatória.

A vantagem da câmara de regulação é que ela representa um órgão colegiado e deliberativo que conta com a participação dos diversos atores envolvidos com a gestão de resíduos sólidos, conferindo, assim, legitimidade e eficácia aos atos regulatórios. Sem contar que goza de isenção política, pois não está sob a tutela, única e exclusivamente, de um ente político consorciado.

Vale acrescentar, ainda, que o cenário da câmara de regulação é o que vem sendo utilizado no programa do ES sem lixão, constituindo, assim, mais uma vantagem intrínseca ao cenário.

31 Observa-se, sobretudo, que o exercício por Consórcio Público de atividade de regulação de serviço público de saneamento básico, incluído o de resíduos sólidos, vai necessitar de câmara de regulação ou órgão similar, cuja composição e funcionamento não dispensam a observância dos princípios de “independência decisória, incluindo autonomia administrativa, orçamentária e financeira da entidade reguladora”; e de “transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das decisões” constantes do art. 21 da Lei 11.445/2007 (Montenegro, 2009).

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Entretanto, segundo algumas leituras doutrinárias, a câmara de regulação pode comprometer o regime principiológico estabelecido no art. 21, incs. I e II da LDSB, o que configuraria uma desvantagem para este cenário.

A agência reguladora estadual constitui uma autarquia, que por sua vez representa entidade da Administração Publica indireta do Estado, submetida ao regime de autonomia especial, que já foi objeto de exame no item anterior. Caberá ao Consórcio Público firmar com o Estado convênio de cooperação, em que se indicará a agência reguladora com a entidade reguladora dos resíduos sólidos da RMGV.

A desvantagem da agência reguladora estadual é que não goza de competência regulatória sobre os serviços de resíduos sólidos, mas, apenas, sobre os de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Por conseguinte, a agência reguladora estadual só poderá vir a regular os serviços de resíduos sólidos se a sua competência for modificada por via legislativa. Outra desvantagem que em tese caracteriza este cenário reside no risco de desvincular a regulação/fiscalização da atividade de planejamento32.

No entanto, os órgãos estaduais podem atuar propositivamente na nova conjuntura do setor, sem, contudo, extrapolar seu campo de atuação, assumindo burocraticamente o papel de gestor dos serviços que cabe ao Município e reduzindo as possibilidades de efetivo controle social dos serviços. No caso específico de resíduos sólidos, diferentemente da área de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, é menor o risco de potencial conflito de interesse na regulação por agência estadual, pelo fato de não haver tradição de prestador estadual de serviços de resíduos sólidos.

Por outro lado, a grande vantagem da agência estadual, nos termos em que foi criada no Estado do Espírito Santo, é que atende, perfeitamente, aos princípios estabelecidos pelo art. 21, incs. I e II, da LDNSB. Sem contar que já possui experiência regulatória decorrente da regulação de outros serviços, no caso, de água/esgoto, que poderá ser aproveitada para os serviços de resíduos sólidos, guardadas as devidas proporções.

A tabela 31 apresenta a síntese das vantagens e desvantagens de cada um dos cenários para a regulação.

32 Como alerta Montenegro (2009), “(...) como alternativa à opção claramente inviável de criação indiscriminada por parte de Municípios de entes reguladores municipais, alguns estados vêm colocando essas agências como opção de regulador de serviços públicos de competência local, como os de Saneamento Básico. No entanto, não parece ser esta a melhor solução, em particular porque implica separar a tarefa de planejar das tarefas de regular e fiscalizar”.

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Tabela 31: Vantagens e desvantagens quanto a entidade reguladora

ENTIDADE REGULADORA

VANTAGEM DESVANTAGEM

Legitimidade/eficácia na edição dos atos regulatórios.

Risco de comprometimento da independência técnica, na medida em que prevê a revisão das suas decisões pela assembleia geral.

Independência política.

Autonomia financeira prejudica diante de impossibilidade de segregação dos recursos a serem endereçados para a Câmara de Regulação.

Câmara de Regulação

Segue o modelo institucional do programa Espírito Santo sem Lixão.

Ainda não se constitui em uma experiência concreta como entidade de regulação.

Submissão ao regime de autonomia especial, atendendo aos princípios do art. 21, incs. I e II, da LDNSB.

Não possui competência para regular os serviços de resíduos sólidos, dependendo de modificação na sua lei de criação para tanto.

Agência Reguladora

Estadual do ES

Detém experiência regulatória.

Incorre no risco de desvincular a atividade de planejar das atividades de regular e fiscalizar.

Na reunião do dia 14 de outubro de 2009, os gestores estaduais e municipais do PDRS/RMGV se manifestaram em prol do cenário da câmara de regulação, representando, assim, uma tendência do grupo, em razão das vantagens expostas. Contudo, na reunião do dia 15 do mesmo mês, alguns gestores municipais, que não participaram do encontro do dia anterior, contestaram a escolha do grupo, mas não se percebeu que essa manifestação tenha representado uma revisão da tendência escolhida.

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Do exame das características de cada um dos cenários e do que foi possível depreender das reuniões mencionadas, a tendência dos gestores públicos é mais favorável à câmara de regulação, ainda que esta não tenha se configurado como uma tendência claramente predominante. Ficou claro, portanto, que o principal argumento a favor deste cenário tem a ver com a compatibilização com o formato assumido pelo Programa Espírito Santo sem Lixão.

3.3. Conteúdo da atividade regulatória sobre os serviços de resíduos sólidos

Além da observância dos princípios estabelecidos no art. 21, incs. I e II, da LDNSB, a entidade reguladora deverá deter competência regulatória, que, por sua vez, tem relação direta com o exercício de múltiplas funções regulatórias sobre os serviços de resíduos sólidos, compreendendo as seguintes atividades: (1) normativa; (2) decisória; e (3) executiva. A atividade normativa significa a edição de normas técnicas sobre os serviços de resíduos sólidos, enquanto a decisória tem relação direta com a resolução de conflitos, em sede administrativa, entre os prestadores, os usuários e o próprio Município. Por fim, a executiva assegura a fiscalização do cumprimento dessas regras técnicas pelos prestadores e pelos usuários, aplicando as sanções cabíveis quando houver o descumprimento daquelas.

No âmbito da função normativa endereçada aos serviços de resíduos sólidos, a entidade reguladora editará normas relativas às dimensões técnica, econômica e social de sua prestação (art. 23, caput, da LDNSB). Trata-se, assim, da expedição de atos regulatórios que têm por objetivo a definição de critérios e métodos em prol do regime remuneratório visando à modicidade de tarifas, assim como da definição e avaliação da qualidade do serviço, seja sob o aspecto técnico seja sob o social.

Tendo em vista a ausência de experiência regulatória no âmbito da gestão de resíduos sólidos, é certo que a instituição e o desenvolvimento desses atos regulatórios terão que ser “construídos” pela entidade reguladora a partir da vigência da LDNSB, segundo as características peculiares dessa mesma gestão. As normas em questão abrangerão, pelo menos, os seguintes aspectos (art. 23, incs. I a XI, da LDNSB):

1. padrões e indicadores de qualidade da prestação desses serviços. Para tanto, nada impede que sejam utilizados os indicadores constantes no Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento – SNIS voltados para os serviços de resíduos sólidos para fins de aferição da sua qualidade, inclusive mediante análise comparativa entre os serviços dos diversos Municípios;

2. requisitos operacionais e de manutenção dos sistemas, recomendando-se que sejam observadas, dentre outras, as Resoluções Conama, aplicáveis à área de resíduos sólidos, assim como as orientações técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, visando à execução dos serviços;

3. metas progressivas de expansão e de qualidade desses serviços e os respectivos prazos, que já constam deste Plano (art. 19, inc. II, da LDNSB). Mais do que isso,

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o próprio contrato ou instrumento jurídico outro que formaliza a atuação do prestador deverá estabelecer as metas a serem alcançadas;

4. regime, estrutura e níveis tarifários, bem como os procedimentos e prazos de sua fixação, reajuste e revisão. Trata-se, em última análise, da realização da modelagem do regime remuneratório dos serviços a ser feito com respaldo no art. 30, inc. I a VI, da LDNSB pelo Consórcio Público, o qual deverá observar, ainda, as diretrizes positivadas no art. 2933 da LDNSB;

5. medição, faturamento e cobrança desses serviços. Representa a forma de mensuração do serviço prestado e de cobrança da contraprestação do usuário (leia-se, taxa ou tarifa);

6. monitoramento dos custos, que representará, dentre outras ações, a abertura da planilha do prestador, a fim de conferir transparência à execução do serviço, que, antes, não permitia o devido acesso;

7. avaliação da eficiência e eficácia dos serviços prestados, podendo ser concretizada mediante análise comparativa entre os indicadores dos serviços de resíduos sólidos de um ano para o outro. Para tanto, poderá ser utilizado, uma vez mais, os indicadores do próprio SNIS, além de pesquisas/consultas realizadas diretamente com os usuários dos serviços;

8. plano de contas e mecanismos de informação, auditoria e certificação. O plano de contas significa a viabilidade da entidade reguladora expedir atos regulatórios para modelar as contas da contraprestação, assegurando transparência mediante informação, auditoria e certificação;

9. subsídios tarifários e não tarifários, que influenciarão na modelagem da remuneração dos serviços para usuários de baixa renda, de maneira a assegurar o seu atendimento, sendo imprescindível a observância das condições legais previstas nos incs. I a III, do art. 31, da LDNSB;

10. padrões de atendimento ao público e mecanismos de participação e informação; e,

11. medidas de contingências e de emergências, inclusive racionamento, sendo viável a definição de parâmetros para interrupção do serviço a níveis mínimos, sem comprometer o meio ambiente e a saúde da população para tanto.

Os aspectos elencados na função normativa da entidade reguladora representam o mínimo necessário para tornar efetiva a regulação sobre a prestação dos serviços de resíduos sólidos, vez que, sem isso, a regulação seria calcada, apenas, nos contratos ou instrumentos jurídicos outros que formalizam a atuação do prestador.

Ainda no campo função normativa, incumbe à entidade reguladora interpretar e fixar os critérios para a fiel execução dos contratos, dos serviços e para a correta administração de subsídios (§ 2º, do art. 25, da LDNSB). Sem contar que a entidade

33 Para aprofundamento dessa matéria ver capítulo 3 deste volume sobre a sustentabilidade econômico-financeira.

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reguladora, ao editar as normas técnicas relativas ao serviço, fixará prazo para os prestadores comunicarem aos usuários as providências adotadas em face de queixas ou reclamações relativas ao prestador (art. 23, § 2º, da LDNSB). A entidade reguladora deverá receber e se manifestar, conclusivamente, sobre as reclamações que, a juízo do usuário, não tenham sido suficientemente atendidas pelo prestador, o que poderá ser promovido por meio de sua ouvidoria (art. 23, § 3º, da LDNSB).

O prestador deverá fornecer à entidade reguladora todos os dados e informações necessários para o desempenho de suas atividades, na forma das normas legais, regulamentares e contratuais (art. 25, da LDNSB). Incluem-se entre esses dados e informações aqueles produzidos por terceirizados contratados pelo prestador para executar serviços ou fornecer materiais e equipamentos específicos atinentes ao contrato administrativo (§1º, do art. 25, da LDNSB).

A entidade reguladora deverá dar publicidade, preferencialmente por meio da internet (§ 2º, do art. 26, da LDNSB), aos relatórios, estudos, decisões e instrumentos equivalentes que se refiram à regulação dos serviços de resíduos sólidos, assim como aos direitos e deveres dos usuários e do prestador. Estes documentos poderão ser solicitados por qualquer pessoa, independentemente da existência de interesse direto (art. 26, da LDNSB). Esta é a regra geral. Dela se excepcionam os documentos considerados sigilosos em razão de interesse público relevante, mediante prévia e motivada decisão (parte final, do inc. XXXIII, do art. 5º, da CRFB/88 c/c § 1º, do art. 26, da LDNSB).

Como será visto mais adiante – no item 2.5. Fragmentação das Atividades Interdependentes do Manejo de Resíduos Sólidos: Concepção –, as atividades interdependentes dos serviços de resíduos sólidos podem, se houver sustentabilidade técnica e financeira, ser objeto de fragmentação, contando, assim, com diferentes prestadores, cujas relações jurídicas serão formalizadas por contratos de prestação de serviços, observadas as normas mínimas contempladas nos incs. I a X, do § 2º, do art. 12 da LDNSB. Estes contratos, por sua vez, serão alvo de regulação/fiscalização pela entidade reguladora, atendidas as diretrizes contidas nos incs. I a V, do § 1º, do art. 12 da LDNSB.

3.4. Prestação

3.4.1. Contratos para prestação dos serviços de manejo de resíduos de serviços de saúde e da construção civil: concepção

O Consórcio Público, que terá caráter de gestor, será dotado de competência para delegar a prestação de serviços de saúde – RSS – e de construção civil – RCC –, bem como de transbordo e de disposição final, o que será formalizado por meio de contratos administrativos com os prestadores privados. Cabe destacar que, de acordo com o exposto no documento referente ao arranjo operacional deste Plano, os programas de manejo para cada tipo de resíduo (domiciliar, RSS, RCC, em particular), têm características próprias de contratualização na medida em que não existe uniformidade da relação titular-prestador em todas as atividades de cada um desses

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programas. Destaca-se que o referido documento traz as principais diretrizes para nortear o programa de coleta seletiva de materiais recicláveis, a partir do estudo e da análise dos problemas e das potencialidades verificadas na RMGV.

Como outro exemplo toma-se o programa de manejo de RSS, onde as atividades de coleta, tratamento e disposição final integram um mesmo contrato. Para os demais tipos de resíduos, os programas propostos não seguem um arranjo contratual necessariamente uniforme, porque consideram em sua modelagem especificidades operacionais requeridas ao manejo adequado para cada tipo de resíduo. Esta ressalva aplica-se, também, à indicação surgida da reunião com os gestores durante os dias 14 e 15 de outubro de 2009, no sentido de que a Central regional de beneficiamento e comercialização de materiais recicláveis, detalhada no arranjo operacional, também promovesse o beneficiamento de RCC. Ressalta-se que este tipo de resíduo apresenta características muito diferentes dos demais, em termos de volume de geração, forma de transporte e de beneficiamento.

Portanto, não há apenas uma forma de delegação da prestação dos serviços de resíduos sólidos e, por conseguinte, uma via única de formalização dos contratos administrativos pertinentes. Ou seja, há um leque de alternativas à disposição do Consórcio Público, o qual terá que avaliá-las segundo a realidade local e a legislação aplicável.

De qualquer forma, é certo que o Consórcio Público deverá buscar formas de contratação que atribuam ganho de escala à prestação dos serviços, beneficiando uma gama maior de usuários com modicidade de tarifas, sem prejuízo de assegurar, sempre que possível, a sustentabilidade econômico-financeira dos serviços.

Nesse sentido, nada impede que os contratos administrativos e, antes mesmo disso, o processo licitatório para formalizá-los, sejam feitos por grupos de Municípios ou, ainda, de regiões intermunicipais, o que também conferirá competitividade ao setor de resíduos sólidos.

Os diagnósticos municipais elaborados para subsidiar este Plano identificaram a presença de prestadores privados no setor de resíduos sólidos. Neste sentido, a análise que segue considera as diversas formas possíveis de avenças com a iniciativa privada para orientar o caminho a ser seguido pelo Consórcio Público, nos termos da legislação aplicável. Para além disso, será apresentado, na medida do possível, um exame comparativo entre as formas de contratação existentes.

a) Terceirização

Na terceirização, o Consórcio Público continuará com a competência de gerir, diretamente, os serviços de resíduos sólidos, mas buscará o suporte da iniciativa privada para obter a prestação de serviços materiais e humanos, nos termos da Lei nº 8.666/93, Lei de Licitações e Contratos Administrativos (LLCA), que são, meramente, acessórios à execução dos serviços propriamente ditos de resíduos.

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Assim sendo, o Consórcio Público poderá formalizar contratos de prestação de serviços técnicos especializados (art. 13, da LLCA) com a iniciativa privada, preferencialmente precedidos de licitação, a fim de obter o suporte necessário à execução dos serviços de RSU, RSS e RCC. Para tanto, a terceirização será financiada diretamente com recursos públicos, os quais serão repassados para o consórcio mediante contrato de rateio firmado com cada um dos entes consorciados. Além disso, os contratos de terceirização têm a duração máxima de cinco anos, nos termos do art. 57, inc. II, da LLCA.

Tendo em vista que a terceirização constitui mero suporte de serviços técnicos especializados de material e de pessoal para a execução de serviços de resíduos sólidos, há quem defenda que não se submete às condicionantes dos incisos do art. 11 da LDNSB (leia-se, existência de plano setorial de resíduos sólidos, estudo de viabilidade técnica e financeira sobre os contratos a serem firmados, marco regulatório setorial e designação de entidade reguladora), para que possa ser formalizada.

Tradicionalmente Municípios brasileiros recorrem aos contratos de terceirização para a prestação dos serviços de resíduos sólidos em atividades que claramente não se caracterizam como atividade-meio. É o caso, por exemplo, do serviço de limpeza urbana e de disposição final, entre outros. Com base neste quadro, o IBAM recomenda a observância às condições de validade dos contratos estabelecidos no art. 11 da LDNSB, sobretudo a existência do Plano, mesmo quando se tratar de delegação da prestação dos serviços por meio de contratos de terceirização.

b) Concessão

Concessão comum

Na concessão comum, o Consórcio Público transferirá, por meio de contrato de concessão, o serviço de resíduos sólidos para a iniciativa privada, chamado, usualmente, de concessionário, para que este o preste mediante pagamento de determinada contraprestação (leia-se, tarifa) paga pelos usuários e/ou de remuneração acessória. Esta representa a implementação de fontes alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados para reduzir o valor da contraprestação do usuário e compor o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão (arts. 2º, inc. II, e 11, da Lei nº 8.987/95, Lei de Concessões e Permissões). Por isso sustenta-se que os serviços concedidos devem gozar de sustentabilidade econômico-financeira, isto é, serem autofinanciáveis para pagamento do concessionário. Ademais, todo o risco pela prestação do serviço fica, em regra, por conta do concessionário.

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Ainda no âmbito da concessão comum, nada impede que o Consórcio Público, por meio do contrato de concessão de obra pública, confira a execução de obra pública para o concessionário, o qual, depois da obra concluída, poderá explorar os serviços dali decorrentes cobrando dos usuários a devida contraprestação, sem prejuízo da remuneração acessória. Isso se dará também por conta e risco do prestador, em regra (art. 2, inc. III, da Lei nº 8.987/95).

Em que pese a Lei nº 8.987/95 não estatuir prazo máximo ou mínimo para concessão comum dos serviços, é certo que o prazo deverá ser adequado para assegurar a amortização dos investimentos feitos pelo concessionário, razão pela qual é indispensável que sejam feitos estudos técnicos e financeiros para estabelecê-lo.

Concessão especial ou Parceria Público-Privada – PPP

Na concessão especial ou, como vem sendo chamada, na parceria público-privada – PPP, o Consórcio Público, chamado de parceiro público, buscará a gestão privada do serviço público, especialmente o de infraestrutura, sem o aporte, num primeiro momento, de recursos públicos.

Por outro lado, a iniciativa privada, chamada de parceiro privado, tem, ao menos em tese, certeza de que receberá o que lhe é devido, em razão do sistema de garantias positivadas pela Lei nº 11.079/04, Lei das Parcerias Público-Privadas – LPPPs – o que envolve, dentre outras formas, a instituição de fundo garantidor da PPP a ser gerido por instituição financeira (art. 8º, inc. V, da LPPPs), que será selecionada mediante prévia licitação (art. 2º, da LLCA), ressalvadas as hipóteses de contratação direta (arts. 24 e 25 da LLCA), sem contar que há uma repartição de riscos, porque, ao contrário da concessão comum, o parceiro público pode fazer aporte de recursos públicos em prol do parceiro privado posteriormente à execução do serviço, diminuindo, assim, a margem de prejuízo que este último poderia ter com os serviços tidos como deficitários. A PPP pode ser patrocinada ou administrada (art. 2º da LPPPs).

Na PPP patrocinada, a remuneração do parceiro privado decorre, em parte, do pagamento da contraprestação pelos usuários e, de outra parte, de recursos públicos ofertados pelo parceiro público (arts. 2º, § 1º, e 3º, §1º, da LPPPs), sem prejuízo da remuneração acessória. Destina-se aos serviços públicos de cunho econômico, os quais não são autossustentáveis integralmente.

Já na PPP administrada, a remuneração do serviço é realizada integralmente pelo parceiro público, vez que é o tomador, exclusivo, do serviço (arts. 2º, § 2º, e 3º da LPPPs). Mais que isso, tem por objeto serviços cuja cobrança da tarifa é inviável sob o ponto de vista técnico e/ou econômico ou, ainda, vedada, como se dá, por exemplo, nos serviços de educação e de saúde.

A LPPPs veda a realização de qualquer contrato de PPP, que possua as seguintes características: (1) valor inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais); (2) período inferior a cinco anos e superior a 35 anos de sua execução e, por fim, (3) ter

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por objeto único o fornecimento de mão de obra, assim como a oferta e a instalação de equipamentos ou a execução de obra pública (arts. 2º, § 4º, incs. I a III, e 5, inc. I).

No tocante à primeira e à segunda características do contrato de PPP, pertinentes, respectivamente, ao valor mínimo desse contrato e ao seus prazos mínimo e máximo, há contestação da sua constitucionalidade

Para uns doutrinadores, as vedações mencionadas têm âmbito nacional, sendo, portanto, aplicáveis a todos os entes políticos porque decorrem da competência da União para estatuir normas gerais sobre modalidades de contratações administrativas, inclusive critérios de suas aplicações (art. 22, inc. XXVII, da CRFB/88). Trata-se, ainda, de evitar um possível desvio no emprego da PPP. Já outros juristas entendem que essas vedações, apesar de estarem dispostas na parte geral do texto da LPPPs, aplicável à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, incidem unicamente nos contratos de PPPs da União, porque possuem conteúdo de normas específicas e, portanto, não obrigam as demais unidades da Federação, que inclusive poderiam estabelecer limites outros de tempo ou de valor. Caso contrário, não haveria outra solução senão opinar-se pela inconstitucionalidade das vedações legais por violação do princípio federativo (art. 18 da CRFB/88), isto é, seriam nulas em razão desse vício e, portanto não vinculariam Estados, Distrito Federal e Municípios.

Outra controvérsia tem relação com o alcance do valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais) do contrato de PPP. É possível afirmar que existem três possibilidades de interpretação do alcance desse valor em razão da omissão da LPPPs. A primeira informa que o valor significa o montante a ser investido pelo parceiro privado, enquanto a segunda dá a entender que representa o valor a ser pago pelo parceiro público. Por fim, há espaço para se entender que tem relação com o somatório dos investimentos dos parceiros público e privado.

De toda a feita, União, Estados, Distrito Federal e Municípios, de acordo com as suas realidades locais, podem definir o alcance desse valor, sem prejuízo do próprio contrato de PPP, segundo as peculiaridades do projeto. Neste último caso, porém, é possível que haja restrição dos órgãos de controle, a exemplo do Tribunal de Contas, por não entenderem adequado o critério de definição do valor previsto no contrato.

Vantagens e desvantagens: contratos para prestação dos serviços de manejo de resíduos sólidos urbanos, de serviços de saúde e da construção civil

Percebe-se que há, claramente, uma distinção entre as formas de prestação dos serviços de resíduos sólidos arroladas acima e, por conseguinte, dos respectivos contratos utilizados para formalizá-las.

A terceirização é custeada, basicamente, por recursos advindos dos cofres públicos, possuindo lapso temporal máximo para a sua manutenção de cinco anos, o que certamente levará ao aumento do custo dos serviços ofertados pela iniciativa privada, vez que terá prazo exíguo para amortizar os seus investimentos. Esta é a sua desvantagem. A vantagem está no fato de que a terceirização é praticada em larga

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escala por todos os Municípios da RMGV, sendo assim uma realidade de amplo conhecimento e aplicabilidade pelos gestores públicos municipais.

A concessão, notadamente a do tipo comum, tem a vantagem de ultrapassar o prazo de cinco anos para prestação dos serviços públicos de resíduos sólidos, sendo remunerada por meio de tarifa paga pelo usuário e, ainda, de remuneração acessória, ressalvada a PPP administrada que é remunerada, exclusivamente, por recursos públicos, o que, de certo, assegura a amortização adequada dos investimentos feitos pelo concessionário, permitindo uma diminuição nos custos dos serviços. A desvantagem desse cenário tem relação direta com a necessidade dos gestores públicos municipais terem que construir meios para implementá-lo, vez que não representa uma prática costumeira nos Municípios da RMGV.

Vale, aqui, abrir um rápido parênteses, para ressaltar que tanto as tarifas quanto as taxas são norteadas pelos pressupostos da divisibilidade e da especificidade, isto é, é imprescindível que se mensure como cada usuário poderá ser beneficiado com o serviço que lhe é ofertado ou, pelo menos, posto à disposição dele.

A tabela 32 apresenta a síntese das vantagens e desvantagens para cada um dos cenários propostos para a prestação dos serviços.

Tabela 32: vantagens e desvantagens sobre a forma de prestação dos serviços

FORMA DE PRESTAÇÃO

VANTAGEM DESVANTAGEM

Terceirização

Forma de delegação já existente e praticada em larga escala pelos Municípios.

Limites postos à possibilidade de ampliação do prazo com possibilidade de ganho de escala, com consequente diluição do custo dos serviços.

Concessão

Ampliação do prazo com possibilidade de ganho de escala e consequente diluição do custo dos serviços.

Forma de delegação que precisa ser apreendida e aprimorada pelos Municípios.

A definição dos tipos de concessão a serem adotados vai depender das características técnicas dos serviços de resíduos sólidos, da possibilidade de identificação ou não de quem seja o usuário e como ele pode vir a ser beneficiado, assim como o emprego da remuneração (tarifa e/ou remuneração acessória; tarifa e recursos públicos advindos do parceiro público; ou somente recursos públicos decorrentes desse parceiro)

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levando-se em consideração a ampliação do sistema para todos, ou seja, a universalização dos serviços e a melhoria da qualidade da prestação, sem prejuízo do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

De toda a feita, é certo que, no âmbito da concessão, faz-se necessário o emprego subsidiário e sucessivo de cada um dos seus tipos, segundo as condicionantes suscitadas. Ou seja, se não for cabível a concessão comum, pode-se adotar a PPP patrocinada e, se esta não for a mais adequada, a via poderá ser a escolha da PPP administrada, mas sempre observando as condicionantes que vão nortear a escolha do modelo mais adequado para a prestação dos serviços de resíduos sólidos.

Afora a característica distintiva dos tipos de concessão mencionados pertinente à sua aplicação subsidiária, não há como negar que a concessão comum não se submete às condicionantes de tempo e de valor a que está submetida a PPP, seja na modalidade patrocinada, seja na administrada. Isso é, certamente, uma vantagem da concessão comum sobre a especial. Contudo, esta última é mais adequada para os serviços não autossustentáveis, como, por exemplo, a atividade de disposição final de resíduos sólidos, especialmente quando for prestada de forma independente das outras atividades do sistema, vez que contará somente com a tarifa decorrente dos usuários diretos (leia-se, prestadores das atividades antecedentes) e/ou remuneração acessória decorrente dos projetos de mecanismos de desenvolvimento limpo – MDL, o que, dependendo do tipo de tecnologia envolvida para a disposição final, poderá não ser suficiente para mantê-la.

Tabela 33: Vantagens e desvantagens sobre a concessão comum e a concessão especial

FORMA DE PRESTAÇÃO

VANTAGEM DESVANTAGEM

Concessão Comum Não submissão às condicionantes de tempo e de valor.

Impossibilidade de ser empregada nos serviços não autossustentáveis.

Concessão Especial ou PPP

Viabilidade de utilização nos serviços não autossustentáveis.

Submissão às condicionantes de tempo e de valor.

A tendência manifestada pelos gestores municipais e estaduais envolvidos no processo de elaboração deste Plano foi a concessão e, mais do que isso, da concessão especial ou PPP, em razão das vantagens expostas.

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3.4.2. Contratos para prestação da coleta seletiva dos materiais recicláveis: concepção

A prestação da coleta seletiva de materiais recicláveis será realizada em âmbito local, preferencialmente, por organizações de catadores que atuarão também nas atividades de triagem e de enfardamento (tidas como beneficiamento primário). Tal como proposto no Documento referente ao arranjo operacional deste Plano, o programa de coleta seletiva propõe que o material coletado e beneficiado seja encaminhado a uma central regionalizada para beneficiamento secundário e comercialização dos materiais reciclados.

A prestação da coleta seletiva, incluindo a atividade de triagem, enfardamento e, se for o caso, de comercialização dos materiais recicláveis, será formalizada mediante contratação direta, notadamente com dispensa de licitação, das organizações de catadores, nos termos do art. 24, inc. XXVII, da LLCA. Não há variação neste caso.

Visando conferir ganho de escala à atividade de beneficiamento e de comercialização dos materiais recicláveis, o programa prevê que a prestação destas atividades ficaria a cargo de uma Central regional.

Ainda de acordo com a concepção proposta para o programa de coleta seletiva de materiais recicláveis, as organizações de catadores, ainda que atuando em nível local na prestação das atividades da coleta seletiva e da triagem dos materiais recicláveis, poderão se estruturar em rede, com base na metodologia de RTS.34

Os cenários considerados para o programa de coleta seletiva em sua integralidade são: i) a coleta seletiva, inclusive beneficiamento primário realizado pelas organizações de catadores, com a possibilidade de estruturação em rede, e a central de beneficiamento e de comercialização como uma Organização Social – OS ou como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, com a participação de representantes de catadores e dos empresários na estrutura gerencial e administrativa; ii) a coleta seletiva e triagem realizadas pelas organizações de catadores e a administração da central a cargo do Consórcio Público, no estágio inicial mediante contratação de um agente privado para atuar como empresa gerenciadora do empreendimento, na perspectiva de que, de forma progressiva, a gestão Central venha a ser transferida às organizações de catadores, preferencialmente estruturadas em rede.

Por ocasião das reuniões de 14 e 15 de outubro de 2009, foi apresentada a proposta de se a ampliar a prestação da coleta seletiva para outros agentes. Esta proposta passa a constituir um terceiro cenário: iii) a coleta seletiva e beneficiamento primário realizados por outros agentes, além das organizações de catadores, podendo todos encaminharem o material coletado à Central (OSCIP/OS ou terceirizada). Ressalta-se que dependendo da natureza dos demais prestadores do serviço de coleta estes não se enquadram no art. 24, inc. XXVII, da LLCA que prevê dispensa de licitação. 34 Para melhor entendimento sobre esta proposta ver Documento sobre o Arranjo Operacional deste PDRS.

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No que tange especificamente à Central de Beneficiamento e Comercialização, os cenários propostos são descritos a seguir.

No primeiro cenário, uma associação sem fins lucrativos formada pela iniciativa privada, organizações de catadores e, até mesmo, Poder Público local, que, depois de receber a qualificação como OS ou como OSCIP, poderá celebrar com o Consórcio Público, respectivamente, contrato de gestão ou termo de parceria, a fim gerir a Central.

Tendo em vista que as atividades a serem prestadas pela Central têm relação direta com a preservação do meio ambiente visando à redução dos resíduos sólidos a serem dispostos no aterro sanitário, é justificável o emprego da OS e da OSCIP nessa atividade do manejo de resíduos sólidos, pois têm, dentre as suas atribuições voltadas para o fomento social, a conservação do meio ambiente (parte final, do art. 1º, da Lei n º 9.637/98, Lei das OSs; e, art. 3º, inc. VI, da Lei nº 9.790/99, Lei das OSCIPs). Contudo, lhes são vedadas a prestação, em si, das demais atividades dos serviços de resíduos sólidos, que são, a princípio, serviços públicos passíveis de formas outras de delegação, em que o alcance do lucro é predominante.

No segundo cenário, o Consórcio Público promoverá a terceirização da Central, mediante contratação de uma empresa privada qualificada para este tipo de atividade para lhe dar o devido suporte no estágio inicial do empreendimento, pelo período de, no máximo, cinco anos. Posteriormente, buscará a contratação das organizações de catadores, preferencialmente estruturadas em rede, para gerir a Central. Isso se explica porque, ao longo do período da operação da Central pela iniciativa privada, o consórcio poderá promover o suporte e, mais do que isso, o fortalecimento institucional e a qualificação profissional das organizações de catadores da região, para que, depois, possam assumir a operação da Central de forma eficiente, adequada e, sobretudo, com autonomia. Neste sentido, propõe-se, como detalhado no documento arranjo operacional deste Plano, a adoção da metodologia de incubação desenvolvida pela RTS.

Para os fins do presente documento, analisar-se-á, inicialmente, a figura da OS e da OSCIP e, posteriormente, buscar-se-á realizar, na medida do possível, um estudo comparativo dos cenários da central de triagem, sem prejuízo de promover-se um exame comparativo entre as figuras mencionadas.

a) Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP nada mais é do que uma qualificação conferida pela Administração Pública, notadamente o Ministério da Justiça ou, ainda, quem detenha tal atribuição na esfera estadual, distrital ou municipal, à pessoa jurídica de Direito Privado sem finalidade lucrativa, para que, depois de recebida essa qualificação, possa firmar termo de parceria com o próprio Estado. Este termo de parceria, por sua vez, visará realizar atividades de interesse público, especialmente projetos atrelados a fins sociais.

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Em contrapartida, a OSCIP pode receber recursos públicos e, ainda, utilizar bens públicos. Além disso, está submetida ao controle estatal na forma da aferição do alcance de metas e da concretização de resultados, sendo ambos estabelecidos no termo de parceria. Trata-se, assim, de parceria firmada entre entidade do terceiro setor com o Estado, a fim de fomentar atividades de cunho social, nos termos da Lei nº 9.790/99.

Assim sendo, a pessoa jurídica que queira se qualificar como OSCIP deve atender aos seguintes requisitos: (1) ter personalidade jurídica de Direito Privado; (2) não gozar de fins lucrativos (art. 1º e seu § 1º, da Lei nº 9.790/99); e (3) não constituir em uma das configurações jurídicas vedadas pelo art. 2º, da Lei nº 9.70/99. Ao lado disso, os seus objetivos sociais devem ser compatíveis com, pelo menos, um dos consagrados pelo art. 3º da Lei nº 9.790/99. Caso os respectivos objetivos sejam conciliáveis, o estatuto social da entidade deve, ainda, reproduzir as exigências previstas no art. 4º da Lei nº 9.790/99.

Somente após o atendimento de todas as referidas exigências legais – e, ainda, normas outras, se houver determinação nesse sentido no ordenamento jurídico estadual ou municipal –, o órgão do ente competente poderá conferir, mediante apresentação de determinados documentos, o título de OSCIP para a pessoa jurídica interessada (art. 5º da Lei nº 9.790/99).

A OSCIP que pretender cooperar com o Estado na consecução das finalidades previstas no parágrafo único, do art. 3º da Lei nº 9.790/99, deverá celebrar termo de parceria, o qual, em última análise, possui natureza jurídica de convênio. Para tanto, faz-se necessário a realização de prévio processo licitatório pelo ente político que vier a qualificar a OSCIP, a fim de selecionar aquela que quiser firmar o termo de parceria.

O termo de parceria, que será firmado de comum acordo entre a OSCIP e o Poder Público, consignará os direitos e deveres das partes signatárias, devendo observar, ainda, as cláusulas mínimas estabelecidas no § 2º, do art. 10 da Lei nº 9.790/99. Antes disso, o termo de parceria deverá ser submetido à consulta pública perante o Conselho de Políticas Públicas ou, nas demais esferas de Governo, o órgão equivalente das áreas em que a OSCIP irá atuar (art. 10, § 1º, da Lei nº 9.790/99).

A OSCIP, por meio do termo de parceria, está submetida a um controle estatal, menos burocrático, que, em síntese, visa o alcance de metas e dos resultados estabelecidos (art. 10, § 2º, inc. III da Lei nº 9.790/99), sem prejuízo, repita-se, do dever de prestar contas aos órgãos de controle de contas (arts. 11 e 12 da Lei nº 9.790/99) quando tiver benefício ao repasse de recursos e de bens públicos. Afora isso, também deverá realizar processo licitatório na modalidade pregão para aquisição de seus bens e serviços quando vier a receber recursos federais, nos termos do art. 1º do Decreto nº 5.504/05.

b) Organização Social

A Organização Social (OS) também representa uma qualificação ofertada pelo Poder Público, notadamente do órgão administrativo que tem relação com a área de atuação

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dessa entidade, às pessoas jurídicas de Direito Privado sem finalidade lucrativa, para que, depois qualificada como OS, possa firmar contrato de gestão com o Estado, visando à execução de atividades de cunho social. Tal qual a OSCIP, a OS também está autorizada a receber bens e recursos públicos e, mais do que isso, contar com servidores públicos cedidos pela Administração Pública com ônus para a origem. Ademais, a OS está submetida ao mesmo controle estatal mediante alcance de metas e concretização de resultados previstos no contrato de gestão.

A pessoa jurídica que pretenda se qualificar como OS deve atender aos seguintes pressupostos: (1) ter personalidade jurídica de Direito Privado; (2) ausência de finalidade lucrativa; (3) deter atividades voltadas ao ensino, à cultura, à saúde, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à preservação do meio ambiente (art. 1º, da Lei nº 9.637/98). Além desses pressupostos, o estatuto da pessoa privada deverá contemplar os requisitos específicos arrolados nas alíneas do inc. I, do art. 2º, da Lei nº 9.637/98.

O art. 3º da Lei nº 9.637/98 determina que o Conselho de Administração da pessoa privada contará com a presença expressiva do Poder Público, sem prejuízo de estabelecer regras outras para a sua estruturação e funcionamento. O Conselho de Administração desempenhará, ainda, as atribuições arroladas nos incisos do art. 4º da Lei nº 9.637/98. Ao estatuto social da pessoa jurídica caberá pormenorizar as normas legais sobre composição, estruturação e funcionamento desse conselho, assim como a respeito de sua competência. O Ministério responsável pela área de atuação da pessoa jurídica – ou, ainda, a Secretária de Estado ou do Município, nos termos da legislação correspondente –, consoante a sua discricionariedade técnica, fará o seu reconhecimento como OS (art. 2º, inc. II, da Lei nº 9.637/98).

Após o deferimento da qualificação pretendida, estará autorizada a firmar contrato de gestão – que também possui natureza de convênio – com o ente da Federação, a fim de prestar as atividades arroladas na parte final do art. 1º, da Lei nº 9.637/98. Vale ressaltar que a OS poderá ser contratada, pela Administração Pública que o qualificar, sem necessidade de processo licitatório, isto é, por meio de dispensa de licitação, nos termos do art. 24, inc. XXIV, da LLCA, a fim de formalizar o contrato de gestão.

O contrato de gestão, que deverá ser firmado de comum acordo entre a OS e a Administração Pública, estabelecerá os direitos e deveres dos acordantes, devendo atender, ainda, aos princípios e às regras estabelecidas no art. 7º e seus incs. I e II, da Lei nº 9.637/98, sem prejuízo do Ministério responsável ou, nas demais esferas de Governo, da Secretária competente estatuir as normas outras desse contrato (parágrafo único do art. 7º da Lei nº 9.637/98).

A OS, mediante o contrato de gestão, está submetida a um controle estatal, menos burocrático, que, em suma, objetiva o alcance de metas e a concretização de resultados (art. 8º, §1º e §2º, da Lei nº 9.637/98). Mais do que isso, tem o dever de prestar conta aos órgãos de controle de contas (arts. 9º e 10, da Lei nº 9.637/98), quando contar com recursos e bens públicos, sem contar a cessão de servidores públicos. O art. 1º do Decreto nº 5.504/05 também se aplica à OS, razão pela qual

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deverá promover processo licitatório na modalidade pregão para aquisição de seus bens e serviços, desde que receba recursos federais.

Vantagens e desvantagens dos contratos para prestação da coleta seletiva de materiais recicláveis

Conforme já mencionado no item anterior, o arranjo da Central de Beneficiamento e de Comercialização poderá ser concretizado mediante dois cenários.

No primeiro, a Central será gerida por uma OS ou OSCIP por meio de prévia celebração, respectivamente, de contrato de gestão ou de termo de parceria com o Consórcio Público. No segundo, a Central será, num primeiro momento, objeto de terceirização e, depois, ancorado na ideia de incubação, a sua operação deverá ser transferida para as organizações de catadores, preferencialmente estruturadas em rede, a qual, no transcorrer do processo de transição, receberá o apoio do Consórcio Público em prol do seu fortalecimento institucional e qualificação profissional.

O grande desafio a ser superado, intrínseco ao primeiro cenário, é a formação de uma organização composta por empresários do segmento de resíduos sólidos e por catadores, uma vez que existem entre estes agentes conflitos de interesses que, apesar de administráveis por meio de processos de negociação e pactuação, praticamente não existem experiências empíricas aonde espelhar.

Soma-se à complexidade de processos dessa natureza o fato de que não há como obrigá-los a se associarem por conta do princípio da liberdade de associação, segundo o qual ninguém está obrigado a se associar ou permanecer como tal (art. 5º, inc. XX, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – CRFB/88). Por outro lado, a grande vantagem é a possibilidade de conferir legitimidade e, certamente, consensualidade na gestão da Central, que contará com a participação dos principais agentes da gestão dos serviços e da cadeia produtiva dos materiais recicláveis.

O segundo cenário também apresenta vantagens e desvantagens. A principal vantagem é que, no chamado período de incubação, quando a operação da Central estará a cargo da iniciativa privada, o Consórcio Público dará o suporte necessário para o fortalecimento institucional e qualificação profissional da organização de catadores, a qual estará mais preparada para executar o serviço quando houver a transferência da gestão da Central para os seus cuidados.

A desvantagem é que os objetivos pretendidos no período da incubação podem não ser atendidos a contento: i) tanto pode-se não alcançar o fortalecimento institucional e a qualificação profissional das organizações de catadores necessária à boa gestão do empreendimento ; quanto ii) a gestão privada da Central pode não se demonstrar bem-sucedida. Entretanto, trabalhar cenários e suas características é um exercício prospectivo que envolve acertos e erros e, por isso, deve também incluir meios de avaliação para retomada dos rumos pretendidos.

O terceiro cenário, sugerido pelos gestores que participaram das reuniões de 14 e 15 de outubro de 2009, no sentido de abrir o leque de prestadores da coleta seletiva de

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materiais recicláveis, o IBAM entende que o programa da coleta seletiva de materiais recicláveis, tal como proposto no capítulo sobre o Programa de Coleta Seletiva da parte II deste PDRS, já considera esta possibilidade na medida em que recomenda que as organizações de catadores desempenhem papel de agente executor predominante, mas não exclusivo.

A tabela 34 apresenta as vantagens e desvantagens sobre a forma de gestão da Central de Beneficiamento e Comercialização.

Tabela 34: vantagens e desvantagens sobre a forma de gestão da Central de Beneficiamento e Comercialização

FORMA DE GESTÃO DA

CENTRAL VANTAGEM DESVANTAGEM

Gestão por OS ou por OSCIP

Legitimidade e consensualidade na gestão da central, que contará com participação dos principais agentes que atuam na prestação dos serviços e na cadeia produtiva do segmento de resíduos sólidos.

Existência de conflitos de interesses que podem dificultar a associação de empresários e catadores sob uma mesma organização.

Gestão por meio de terceirização

seguida de transferência para

organização de catadores

Fortalecimento institucional e profissional dos catadores, possibilitando uma gestão sustentada da Central quando esta passar à responsabilidade das organizações de catadores, preferencialmente estruturadas em rede.

Risco de afastamento da iniciativa privada da atividade de beneficiamento, quando findar o período de terceirização da Central.

Tal qual visto no item anterior, tanto a OS quanto a OSCIP estão submetidas ao controle estatal calçado na aferição de metas e concretização de resultados nos termos fixados no contrato de gestão e no termo de parceria, respectivamente. A distinção entre essas figuras é muito tênue e singela, o que sugere um exame quanto às características de cada uma, não necessariamente sob o enfoque de vantagens e desvantagens.

A OS conta com uma expressiva participação do Poder Público no seu conselho de Administração, isto é, existem percentuais próprios de participação e de deliberação

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de agentes públicos no conselho de administração daquelas entidades estabelecidos na lei de regência, que, no exercício da tomada de decisão cotidiana, podem dificultá-la. Na OSCIP não há a mesma intervenção na sua administração. Além disso, a OS pode ser contratada, pela Administração Pública que o qualificar, para realizar as atividades que cunho social previstas no contrato de gestão mediante dispensa de licitação, enquanto a contratação da OSCIP deverá ser submetida a prévio processo licitatório.

O emprego da OS tem a característica de contar a participação expressiva de representantes do Estado na sua administração. Por outro lado, a OSCIP não conta com a participação de representantes do Poder Público na sua administração. Contudo, sua contratação deve se dar mediante prévio processo licitatório.

Tabela 35: vantagens e desvantagens sobre a OS e a OSCIP

FORMA DE QUALIFICAÇÃO

CARACTERÍSTICAS

Organização Social (OS)

Contratação mediante dispensa de licitação para desempenho das atividades de cunho social previstas no contrato de gestão.

Participação do Estado na sua administração.

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

(OSCIP)

Ausência da participação do Estado na sua administração.

Contratação mediante prévio processo licitatório para desempenho das atividades de cunho social previstas no termo de parceria.

Quanto à forma de qualificação para a Central, na reunião dos dias 14 e 15 de outubro de 2009 não houve manifestação dos gestores favoravelmente a OSCIP ou OS.

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Já com relação à forma de prestação da coleta seletiva de materiais recicláveis, na reunião do dia 14 de outubro de 2009 os gestores municipais e estaduais envolvidos no PDRS/RMGV se manifestaram favoráveis à operação da Central feita, inicialmente sob coordenação do Consórcio Público mediante contratação de agente privado como empresa gerenciadora, e, após a expiração do prazo de cinco anos desse contrato, a gestão da Central passa à responsabilidade das organizações de catadores, que no prazo colacionado passariam por um processo de fortalecimento institucional e de qualificação profissional e estruturação em rede. Este cenário mostrou-se como a tendência favorável. Contudo, na reunião do dia 15 de outubro de 2009 os gestores estaduais, que não participaram da reunião do dia anterior, contestaram a tendência em prol do cenário apontado, posto que não prioriza a gestão da Central por empresas privadas.

3.5. Fragmentação das atividades interdependentes do manejo de resíduos sólidos: concepção

O art. 12 da LDNSB, ao concretizar os princípios da integralidade, da eficiência e da sustentabilidade econômica (art. 3º, incs. II e VII, da LDNSB), prevê que ”as etapas dos serviços de saneamento básico, que forem, ao mesmo tempo, autônomas e interdependentes, podem possuir prestadores diferentes, cujas relações jurídicas serão disciplinadas por contratos”. Ou seja, haverá, além de um contrato de cunho administrativo entre o prestador e o titular dos serviços de saneamento, um outro contrato que regerá a relação travada entre os diferentes prestadores, desde que, obviamente, as atividades desses serviços venham a ser fragmentadas.

As atividades dos serviços de resíduos sólidos podem ser alvo de fragmentação para assegurar a competitividade sem prejuízo da continuidade da sua prestação, mas não será possível ultrapassar os limites técnicos e econômicos que norteiam todo o funcionamento do sistema. Portanto, é possível, mas não obrigatório, que cada uma das atividades dos serviços de resíduos sólidos sejam prestadas por diferentes prestadores, cujas relações jurídicas serão reguladas por contrato de prestação de serviços. Por conseguinte, o prestador de uma atividade dos serviços de resíduos sólidos será o usuário da atividade seguinte, que auferirá, por meio do contrato de prestação de serviços, os benefícios dos serviços do outro prestador.

Os contratos entre os prestadores dos serviços de resíduos sólidos terão natureza de prestação de serviços a serem regulados por normas civilistas (arts. 593 a 603, da Lei nº 10.406/02, Código Civil), mas influenciado por princípios de Direito Público, vez que os serviços de resíduos a que se referem são disciplinados por marco regulatório público.

Os contratos de prestação de serviços conterão, pelo menos, as seguintes cláusulas:

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1. as atividades ou insumos contratados;

2. as condições e garantias recíprocas de fornecimento e de acesso às atividades ou insumos;

3. o prazo de vigência, compatível com as necessidades de amortização de investimentos, e as hipóteses de sua prorrogação;

4. os procedimentos para a implantação, ampliação, melhoria e gestão operacional das atividades;

5. as regras para a fixação, o reajuste e a revisão das taxas, tarifas e outros preços públicos aplicáveis ao contrato;

6. as condições e garantias de pagamento, dentre elas, a obrigação do contratante de destacar, nos documentos de cobrança aos usuários, o valor da remuneração dos serviços prestados pelo contratado e de realizar a respectiva arrecadação e entrega dos valores arrecadados (§ 3º, do art. 12, da LDNSB);

7. os direitos e deveres sub-rogados ou os que autorizam a sub-rogação;

8. as hipóteses de extinção, inadmitidas a alteração e a rescisão administrativas unilaterais;

9. as penalidades a que estão sujeitas as partes em caso de inadimplemento; e,

10. a designação da entidade reguladora responsável pela regulação e fiscalização das atividades ou insumos contratados (§ 2º, do art. 12, da LSB).

No tocante ao último item, de nº 10, resta claro, portanto, que entidade reguladora, seja ela quem for, terá competência para promover a regulação/fiscalização sobre a relação travada entre os prestadores, notadamente em relação aos contratos de prestação de serviços (art.12, parte final, da LDNSB). Acrescente-se que a entidade reguladora, ao exercer a sua competência regulatória sobre os contratos referidos, deverá definir, pelo menos, o seguinte (art. 12, §1º, da LDNSB):

1. as normas técnicas relativas à qualidade, quantidade e regularidade dos serviços prestados aos usuários e entre os diferentes prestadores envolvidos;

2. as normas econômicas e financeiras relativas às tarifas, aos subsídios e aos pagamentos por serviços prestados aos usuários e entre os diferentes prestadores envolvidos;

3. a garantia de pagamento de serviços prestados entre os diferentes prestadores dos serviços;

4. os mecanismos de pagamento de diferenças relativas a inadimplemento dos usuários, perdas comerciais e físicas e outros créditos devidos, quando for o caso;

5. o sistema contábil específico para os prestadores que atuem em mais de um Município.

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O edital de licitação da concessão das atividades dos serviços de resíduos sólidos, que possuírem prestadores diferentes, deverá conter regras e valores das tarifas e outros preços públicos a serem pagos aos demais prestadores, bem como a obrigação e a forma de pagamento (art. 12, § 4º, da LDNSB).

Os diagnósticos municipais (Produto 7) relevam que, em regra, os Municípios da RMGV promoveram a fragmentação das atividades dos serviços de resíduos sólidos. Isso se explica porque a coleta, o transporte e o transbordo de resíduos sólidos são promovidos, mediante terceirização, por empresas privadas, as quais têm a responsabilidade contratual de promover o tratamento e a disposição final desses resíduos. Para tanto, as terceirizadas mencionadas buscam o suporte de outras empresas que detêm e gerem unidades de tratamento e de disposição final próprios. Não há registro, porém, de que exista contrato que formalize a relação travada entre os terceirizados e as empresas proprietárias das unidades de tratamento e dos aterros sanitários.

Nesse contexto, sinaliza-se a possibilidade de ser mantida a fragmentação dos serviços de resíduos sólidos tal qual está, isto é, as atividades de coleta, de transporte e de transbordo serão executadas por empresas terceirizadas ou, segundo a tendência dos gestores estaduais e municipais envolvidos na elaboração do PDRS/RMGV, por concessionárias, enquanto o tratamento e a disposição final serão ofertados por outras empresas em regime privado. Avançando nesta direção, propõe-se ainda que haja um contrato de prestação de serviços entre esses prestadores, nos termos do art. 12 da LDNSB, o que, até então, não existia. Este é um cenário.

Outro cenário, que não foi contemplado em discussões anteriores, preconiza, apenas, a regularização da relação travada entre o consórcio e a empresa responsável pelo tratamento e pela disposição final, cujos serviços são utilizados pelas atuais empresas terceirizadas.

Em outras palavras, a fragmentação das atividades dos serviços de resíduos sólidos permanecerá, pois o consórcio continuará a delegar, de forma contratual, as atividades de coleta, de transporte e de transbordo para empresas privadas. Contudo, o consórcio passará a ter o poder-dever de também realizar a delegação contratual do tratamento e da disposição final dos resíduos sólidos. Para tanto, deverá instaurar processo licitatório para delegação contratual desses serviços; ressalvada as hipóteses de contratação direta nos termos dos arts. 2º, 24 e 25 da LLCA.

É certo que, ainda que haja a formalização da relação jurídica travada entre o Consórcio Público e os prestadores do tratamento e da disposição final, existirá uma outra relação também jurídica entre os diferentes prestadores, atraindo, assim, a necessidade de haver a formalização de contratos de prestação de serviços entre eles; o que deverá ser alvo de regulação/fiscalização pela entidade reguladora.

Vantagens e desvantagens dos cenários de fragmentação Conforme indicado no item anterior, a fragmentação das atividades interdependentes de manejo de resíduos sólidos da RMGV importará na formação de dois cenários.

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O primeiro cenário preserva a realidade fática da execução dos serviços de resíduos sólidos no âmbito da RMGV, em que o terceirizado ou, segundo a tendência dos gestores estaduais e municipais do PDRS/RMGV, o concessionário das atividades de coleta até o transbordo tem a responsabilidade de promover a contratação de outra empresa privada, que é, ao mesmo tempo, proprietária e operadora das unidades de tratamento e de disposição final. Inova, porém, quando propõe a formalização da relação jurídica entre os diferentes prestadores mediante contrato de prestação de serviços, nos termos do art. 12, da LDNSB.

A vantagem do cenário em questão é a manutenção da realidade fática dos serviços de resíduos sólidos da RMGV, sem contar a proposição em favor da formalização do contrato de prestação de serviços entre os diferentes prestadores. A desvantagem reside na ausência de uma indicação de regularização da relação travada entre o prestador privado do tratamento e da disposição final e o Consórcio Público, mantendo estes serviços em regime total privado sem qualquer intervenção estatal.

O segundo cenário também mantém a relação jurídica travada entre o Consórcio Público e os prestadores da coleta até o transbordo dos resíduos sólidos. Contudo, inova quando propõe a regularização da relação jurídica estabelecida entre o consórcio e prestadores privados do tratamento e da disposição final, podendo, inclusive, haver uma concessão especial ou tipo PPP dessas atividades.

É certo, porém, que deverá existir um contrato de prestação de serviços entre estes prestadores, segundo preconiza o art. 12 da LDNSB.

A vantagem desse cenário reside na regularização da relação jurídica travada entre o Consórcio Público e o prestador privado do tratamento e da disposição final, sem prejuízo da proposição em prol da formalização do contrato de prestação de serviços entres os diferentes prestadores. A desvantagem tem relação com a necessidade de o consórcio instituir meios para implementar o cenário proposto sem respaldo em experiências anteriores, vez que o “costume” da RMGV é a gestão privada das unidades de tratamento e de disposição final.

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Tabela 36: vantagens e desvantagens sobre a forma de fragmentação das atividades

FORMA DE FRAGMENTAÇÃO DAS ATIVIDADES

VANTAGEM DESVANTAGEM

Relação jurídica travada entre o

Consórcio Público e o prestador da

coleta até o transbordo.

Manutenção da realidade local + estabelecimento de contrato de prestação de serviços entre os diferentes prestadores de serviços

Não equaciona a situação atual quanto à regularização da relação jurídica travada diretamente entre o titular e o prestador privado da atividade de tratamento e disposição final. Ressalva-se que no contexto da gestão associada, o titular passa a ser o Consórcio Público, desde que autorizado pelos entes consorciados para representá-los na delegação da prestação dos serviços.

Relação jurídica travada entre o

Consórcio Público e cada um dos

diferentes prestadores dos

serviços de resíduos sólidos.

Regularização da relação jurídica travada entre titular e o prestador privado do tratamento e da disposição final + estabelecimento de contrato de prestação de serviços entre os diferentes prestadores de serviços.

Ressalva-se que no contexto da gestão associada, o titular passa a ser o Consórcio Público, desde que autorizado pelos entes consorciados para representá-los na delegação da prestação dos serviços.

Possível dificuldade na implementação do cenário em questão, em razão de ausência em experiências anteriores.

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Nas reuniões dos dias 14 e 15 de outubro de 2009 os gestores estaduais e municipais envolvidos no PDRS/RMGV não se manifestaram a favor de qualquer dos cenários apresentados, não havendo, portanto, tendências a serem seguidas.

Além dos dois cenários tratados, decorreu das reuniões supracitadas a indicação de um terceiro cenário que tem por principal característica maior similitude com o arranjo adotado no Programa Espírito Santo sem Lixão. Neste cenário, ficaria sob a responsabilidade do Consórcio Público apenas o gerenciamento dos contratos que têm por objeto as atividades de transbordo e disposição final dos resíduos sólidos. Ou seja, é retirado da alçada do Consórcio Público o gerenciamento dos contratos para a delegação da prestação das atividades de coleta, que continuariam sob responsabilidade dos próprios Municípios. Neste arranjo, altera-se também a forma de remuneração dos serviços em decorrência das modalidades contratuais estabelecidas entre o titular e os prestadores e entre os próprios prestadores de serviços.

O IBAM recomenda o cenário que institui o Consórcio Público como o representante dos entes consorciados em todos os contratos que integram a delegação da prestação dos serviços de resíduos sólidos. Neste arranjo, a consecução da gestão associada se faz mais plena, na medida em que os entes consorciados transferem ao Consórcio o exercício das competências de planejamento, da regulação e da fiscalização em nível regional, assim como o gerenciamento da delegação da prestação dos serviços de manejo de resíduos sólidos, indiferentemente se estes são executados em nível local ou de forma regionalizada. Excetuam-se os serviços de limpeza urbana, de coleta de resíduos especiais, a atividade fiscalizatória sobre os serviços prestados no nível local, a exemplo de algumas atividades que integram o programa de coleta seletiva de materiais recicláveis e de manejo de RCC. Contudo, caberá ao Consórcio Público a formulação de diretrizes que contribuam para a uniformidade de algumas normas, a exemplo da fiscalização e da forma de remuneração dos serviços públicos de resíduos sólidos.

3.6. Autorização legal operativa para atuação das empresas prestadoras de serviços para os grandes geradores de resíduos sólidos urbanos, da construção civil e de serviços de saúde.

A interpretação sistemática e finalística dos arts. 5º e 6º da Lei n.º11.445/07 (Lei de Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – LDNSB), que, de certa forma, concretizam os princípios da subsidiariedade e do poluidor-pagador, informam que o manejo de resíduos sólidos de responsabilidade do gerador, especialmente os que acarretarem maior impacto ao sistema, tem, num primeiro momento, responsabilidade pelo manejo desses resíduos, em razão da periculosidade e/ou, ainda, do volume dos resíduos produzidos que podem colocar em risco o meio ambiente e a saúde da

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população. Caso, porém, os geradores destes tipos de resíduos sólidos não tenham condições de realizá-los por conta de condições técnicas e/ou econômicas, os Municípios poderão tomar o manejo desses resíduos para si ou, ainda, autorizar empresas a prestá-los mediante a devida cobrança.

No contexto do PDRS/RMGV e, notadamente, no nível regional da gestão dos serviços de resíduos sólidos, caberá ao consórcio público assumir a gestão dos resíduos sólidos de responsabilidade do gerador, especialmente daqueles produzidos pelos geradores que acarretem maior impacto no setor. Mais do que isso, ao consórcio público, na qualidade de gestor dos serviços, deve ser assegurada a competência para expedir as autorizações deferidas para as empresas especializadas que queiram atuar nesse setor em regime livre de mercado, mas observadas as diretrizes e, especialmente, as normas técnicas editadas pela entidade reguladora, seja ela quem for.

Vale ressaltar que, segundo a lógica de mercado apresentada, a fixação do preço pelo manejo desses resíduos sólidos deverá ser acordada, por meio do devido contrato de prestação de serviços, entre o gerador e a empresas, mas a entidade reguladora, segundo a sua competência regulatória, tem a responsabilidade de reprimir os abusos que vierem a ser cometidos, segundo a legislação de regência e as normas técnicas que vier a editar a respeito.

Assim sendo, os resíduos sólidos de responsabilidade do gerador, notadamente os geradores daqueles que impliquem maior impacto ao sistema, e que não tiverem condições de manejar os seus próprios resíduos, poderão obter a prestação de serviços de empresas especializadas devidamente credenciadas pelo consórcio público para executar o serviço mediante o pagamento devido, de acordo com valor acordado previamente.

Percebe-se, assim, que tanto o consórcio quanto a entidade reguladora terão um importante papel na relação entre o gerador e as empresas especializadas que venham a prestar serviços dessa natureza. Isso porque, caberá ao consórcio credenciar as empresas qualificando-as para ingressar no mercado para por conseguinte, prestar as atividades de manejo de resíduos sólidos de responsabilidade do gerador, observados critérios técnicos expedidos pela entidade reguladora e, por conseguinte, sem importar em violação dos aspectos sanitários e ambientais pertinentes.

O credenciamento em questão representa, em última análise, uma legal operativa, vez que, apesar de ser um mero ato administrativo, tem cunho vinculatório, isto é, quando a empresa especializada preencher os requisitos legais para a obtenção desse ato, terá direito público subjetivo a ele. Mais do que isso, a entidade reguladora não poderá promover a revogação desse ato sem prévio processo administrativo, em que seja assegurado o devido processo legal para as empresas especializadas. Daí porque, estas são chamadas de autorizatórias.

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Nada impede, ainda, que a entidade reguladora permita que os prestadores de resíduos sólidos urbanos também executem as atividades do manejo de resíduos sólidos de responsabilidade do gerador, bastando, apenas, que sejam editadas normas especiais que estabeleçam as condições e limites para tanto. Nesta hipótese, os prestadores serão remunerados por meio de preço público ou tarifa, que será fixado segundo os critérios e as condições estabelecidos pela entidade reguladora, observadas as normas da LDNSB.

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4. ASPECTOS DA SUSTENTABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DO CONSÓRCIO PÚBLICO

Boa parte dos problemas críticos da gestão dos resíduos sólidos no Brasil está, historicamente, ligada à falta de cobrança pelos serviços prestados. Esta debilidade afeta a capacidade de investimentos e manutenção das atividades dos programas executados e mantidos pelo Poder Público. Ademais, tal fato gera assimetrias à aplicação dos princípios da igualdade tributária e da justiça fiscal. Nestas condições, nem sempre o maior gerador de resíduos paga mais pela prestação do serviço que lhe é ofertado.

Assim, torna-se imprescindível a elaboração e manutenção de uma boa estrutura financeira que considere os aspectos relacionados ao controle de custos; ao controle de arrecadação; à forma de cobrança e à forma de remuneração dos serviços.

Esta estrutura financeira é indispensável não só no âmbito municipal, como também regional. A sustentabilidade econômico-financeira do Consórcio Público ora proposto depende, em grande parte, do repasse de recursos municipais por meio de contratos de rateio.

A seguir, tratamos com mais profundidade cada um dos aspectos relacionados a esta estrutura e a sustentabilidade do consórcio.

4.1. Estrutura do Consórcio

Os consórcios são entidades e arranjos institucionais constituídos para a realização de ações conjuntas que se fossem produzidas individualmente, não atingiriam os mesmos resultados ou utilizariam um volume maior de recursos, além de demandar mais tempo.

Tais arranjos poderão possuir personalidade jurídica na modalidade de associação pública ou pessoa jurídica de direito privado, estrutura de gestão autônoma e orçamento próprio e também podem dispor de patrimônio próprio para a realização de suas atividades.

Considerando os aspectos apresentados no Produto 5, referente às proposições regionais e às atividades a serem desempenhadas pelo Consórcio Público dos Municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória (anexo II), apresentamos em anexo uma sugestão para a sua estrutura de gestão (anexo III), bem como dos recursos básicos para a sua manutenção e funcionamento (anexo IV).

O aproveitamento dos recursos por meio dos arranjos estruturados na forma de consórcios pode ser firmado entre todas as esferas de governo e permite ganhos de escala nas políticas públicas, além de possibilitar a discussão de um planejamento regional: a ampliação da oferta de serviços por parte dos Municípios, a racionalização de equipamentos, a ampliação de cooperação regional, a flexibilização dos mecanismos de aquisição de equipamentos e de contratação de pessoal, entre outras vantagens.

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Os recursos necessários para o funcionamento e a manutenção do consórcio podem advir de receitas próprias que sejam obtidas com suas atividades ou oriundas das contribuições dos seus integrantes. A parcela de contribuição financeira de cada integrante poderá variar em função da receita pública, da população, do uso dos serviços e bens do consórcio ou por outro critério julgado conveniente, sempre a partir da discussão entre os entes consorciados.

Assim, se for consenso entre os membros consorciados poderíamos ter, por exemplo, uma forma de definir a parcela de contribuição baseada em valores per capita, na qual ocorreria um repasse de R$ X/habitante/mês, proveniente dos Municípios consorciados.

Em se tratando, especificamente, da forma em que se dará o provimento dos recursos necessários ao funcionamento e manutenção do Consórcio, por meio do repasse da parcela de contribuição cabível a cada unidade consorciada, indicamos que os termos da Lei 11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre as normas gerais para a contratação de consórcios públicos, definem que os Municípios, os Estados e a União poderão doar, destinar ou ceder o uso de bens móveis ou imóveis, bem como realizar transferências ou cessões de direitos aos consórcios que constituírem para a gestão associada de serviços públicos.

Ainda em relação à questão relacionada as possíveis maneiras pelas quais poderão ocorrer o provimento de recursos que saem das respectivas unidades federativas componentes e entram na estrutura do Consórcio formado, evidenciamos que segundo o § 4º do artigo 4º da Lei a que já nos referimos, os entes da Federação consorciados, ou os com eles conveniados, poderão ceder-lhe servidores, na forma e condições da legislação de cada um.

Concluindo os aspectos relacionados à estrutura e aos recursos destinados ao Consórcio, destacamos que independentemente da forma utilizada para a realização do repasse, da parcela de contribuição cabível a cada membro consorciado, o consumo de tais recursos deverá ser registrado nos sistema de controle de custos a fim de que possa ser inserido na composição da base de cálculo para a aplicação de taxas ou tarifas que venham remunerar a prestação dos serviços públicos.

4.2. Controle de custos

Proposta de estrutura de Sistema de Controle de Custos

O conceito de custo é utilizado para identificar todo e qualquer gasto relativo à disponibilização de bens ou serviços utilizados na elaboração e ou oferta de outros bens e serviços.

No âmbito das finanças públicas brasileira, uma das primeiras determinações legislativas no sentido de tornar obrigatório o cálculo dos custos envolvidos nos serviços disponibilizados, pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal, aos cidadãos é a expressa no artigo 85 de Lei 4.320/64.

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“Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros”.

Já em maio de 2000 foi sancionada a Lei Complementar 101 (Lei de Responsabilidade Fiscal), que inseriu definitivamente a necessidade de estruturação e manutenção de um sistema de controle dos custos, no âmbito das finanças públicas brasileira. Tal Lei estabeleceu uma série de normas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, dentre as quais, algumas remetem diretamente à matéria voltada ao controle de custos:

“Art. 4o A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2o do art. 165 da Constituição e: I - disporá também sobre: ... e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;” O segundo dispositivo da Lei Complementar 101, que se refere à matéria em questão é o expresso no seu artigo 50: “Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes: ..... § 3o A Administração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial”.

A última referência feita pela Lei Complementar 101, aos custos dos serviços públicos brasileiros, está inserida em sua seção VI, que trata da fiscalização da gestão fiscal pelo Tribunal de Contas:

“Art. 59.......................................................................................................... § 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando constatarem: V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária”.

Em síntese podemos observar a existência de legislação, que torna obrigatório um sistema de controle de custos incorridos pela gestão pública, desde 1964. Porém, na prática este sistema não é estruturado e colocado em funcionamento. O que então deve ser o foco das administrações é o desenvolvimento de uma sistemática de custeio que possa ser a base de cálculo para a definição das taxas ou tarifas, e quando se aplicar outros preços públicos, a serem cobradas como forma de remuneração dos bens e serviços prestados e/ou colocados à disposição da sociedade.

Na construção da referida sistemática tomamos como referência os estudos e avanços alcançados pela Contabilidade ao longo do tempo, que nos possibilitam, atualmente, a

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proposição de uma estrutura básica, possível de ser aplicada na acumulação e rateio dos custos envolvidos na prestação dos serviços que são ofertados pela gestão pública à sociedade. Levando tal fato em consideração, apresentamos a estrutura de um esquema básico que considera os custos diretos e indiretos envolvidos nas operações dos serviços públicos de manejo de resíduos sólidos urbanos, incluindo no mesmo os recursos destinados à execução das atividades atribuídas ao Consórcio, bem como ao seu funcionamento e manutenção:

Figura 11: Esquema básico com custos envolvidos nas operações dos serviços de resíduos sólidos

Neste esquema observamos que todos os recursos envolvidos na operação, inclusive nas ações voltadas para o Planejamento, a Regulação e a Fiscalização que serão atribuições da estrutura formalizada por meio do Consórcio Público, são alocados, direta ou indiretamente (por meio de rateios – R) aos bens e/ou serviços demandados pela sociedade, que neste caso seriam os produtos derivados da coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos que absorveriam os custos do período, aplicados a: resíduos sólidos urbanos, resíduos de serviços de saúde e resíduos da construção civil.

Observa-se que a estrutura básica apresentada é suficiente para atender aos requisitos e às exigências legais acerca da aplicação de um controle de custos nas operações governamentais. Bem como é um suporte à busca do atendimento ao princípio da eficiência no desempenho das atividades da administração pública (art. 37 CF/88), pois possibilita a avaliação das operações governamentais.

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Considerando as observações anteriores, destaca-se aqui que a aplicação do sistema de controle de custos proposto proporcionará a definição da base de cálculo para a aplicação de taxas ou tarifas que venham remunerar os serviços públicos de manejo de resíduos sólidos urbanos, incluindo a coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos.

4.3. Controle de arrecadação

Acompanhamento do lançamento, arrecadação e recolhimento de taxas, inscrição, recebimento, baixa da dívida ativa

Deve-se lembrar que, com o disposto no artigo 11 da Lei Complementar 101/2000, os gestores governamentais passaram a ter como requisitos essenciais, para caracterizar a responsabilidade em suas gestões fiscais, a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.

Referindo-se aos tributos provenientes da prestação de serviços ligados a coleta de resíduos sólidos, cumpre-nos ressaltar que a grande maioria dos Municípios que compõe a Região Metropolitana da Grande Vitória não efetiva a sua cobrança, mantendo os serviços, de coleta e destinação dos resíduos sólidos, exclusivamente com recursos oriundos da cobrança de impostos e de recebimento de transferências intergovernamentais (com destaque para o FPM), conforme demonstrado no capítulo 3 Estrutura financeira, dos Diagnósticos Municipais (Produto 7).

Os mesmos diagnósticos reúnem evidências de que os dois Municípios que cobram a taxa de coleta e destinação de resíduos (Vitória e Vila Velha), como demonstrado anteriormente, não conseguem arrecadar um volume suficiente para o pagamento de todas as despesas referentes a tal prestação de serviço, tendo então que recorrer aos valores de origem dos impostos e transferência. Assim, apontamos para a necessidade de um maior e melhor acompanhamento sobre o lançamento, arrecadação e recolhimento da taxa instituída.

A remuneração decorrente da prestação de serviços na gestão pública, originária da cobrança de taxa ou tarifa, é classificada como Receita Corrente Tributária e, como todas as receitas públicas, devem ser objeto de Lançamento Fiscal, que vem a ser um ato administrativo vinculado e obrigatório com o qual se constituem os créditos fiscais e contratuais. O Lançamento é tratado pelo artigo 52 da Lei 4.320/64:

“Art. 52. São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.”

A mesma Lei 4.320/64, em seu artigo 53, estabelece que o lançamento da receita é o ato da repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta.

Neste ponto, fica como recomendação a implementação de um programa de fortalecimento e estreitamento das relações intragovernamentais. Pois um bom entrosamento entre o setor responsável pelo lançamento e controle das receitas tributárias, a contabilidade, a tesouraria e a procuradoria municipal é fator

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preponderante ao efetivo controle sobre a tesouraria, o cadastro tributário e sobre os devedores da Fazenda Pública.

O nível destas relações intragovernamentais pode influenciar o recebimento e recolhimento das receitas próprias do período fiscal como também pode ser decisivo para a boa gestão dos créditos líquidos e certos em favor do Município e para a viabilização da recuperação destes créditos inscritos na dívida ativa municipal.

4.4. Formas de Cobrança

4.4.1. Práticas existentes

Muitas localidades do Brasil e do mundo enfrentam hoje um problema comum: a definição de um modelo para a distribuição, entre os beneficiários, dos custos dos serviços de coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos urbanos.

Entre as inúmeras práticas já experimentadas, utilizamos algumas para exemplificar o volume de possibilidades que se apresentam de acordo com as características e particularidades locais:

1. Modelo de distribuição dos custos, aplicado no Município de Campinas/SP: a base de cálculo é o valor da prestação de serviço, sobre o qual se faz o rateio do valor correspondente aos usuários. Os critérios utilizados para a realização do rateio são:

• frequência do serviço prestado ou posto à disposição;

• o volume da edificação (para imóveis edificados);

• a testada do terreno (para imóveis não edificados); e

• a localização do imóvel.

O modelo aplicado no Município de Campinas cria uma situação em que a área construída torna-se o fator determinante para a definição do valor a ser lançado, sem ao menos levar em consideração o número de pessoas que ocupam o determinado espaço. Configura-se então a possibilidade de ocorrência de distorções no rateio realizado.

2. Modelo de valorização da taxa, aplicado no Município de Florianópolis/SC: neste caso se utilizam as informações do cadastro imobiliário municipal, sendo que a incidência da taxa ocorre somente sobre os imóveis urbanos edificados e que se beneficiam dos serviços. A base de cálculo para a taxa a ser cobrada considera os seguintes critérios:

• área construída do imóvel;

• tipo do imóvel; e

• frequência de coleta.

O recolhimento da taxa ocorre juntamente com o do IPTU.

O modelo aplicado no Município de Florianópolis, aparentemente não considera os custos dos serviços, ao passo que as receitas auferidas no recolhimento desta

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modalidade de taxa deveriam estar atreladas ao custo dos serviços prestados. Neste modelo também pode ocorrer distorções na cobrança, pois novamente não se aborda a questão do número de pessoas que ocupam os espaços considerados nos cálculos.

3. Modelo de distribuição dos custos, aplicado no Município de São Paulo/SP: a capital paulista, maior cidade do Brasil, adotou um modelo diferenciado para aplicar a taxa sobre a prestação deste tipo de serviço. A solução implementada em São Paulo emprega a declaração do usuário acerca da utilização dos serviços colocados a sua disposição. Para tanto, os proprietários ou inquilinos de imóveis auto declaram, por meio de um questionário, o volume de lixo que gera diariamente. Quem, não estando na condição de isento, deixar de pagar a taxa continuará tendo o seu lixo recolhido. Porém, poderá ser registrado no cadastro da dívida ativa municipal e, posteriormente, passar por um processo judicial com vistas ao recolhimento destes valores.

Mesmo com suas particularidades e respeito ao pronunciamento do usuário dos serviços, a cobrança da referida taxa foi objeto de grande polêmica. O então prefeito da cidade encaminhou, no final do ano 2005, um projeto de Lei ao Poder Legislativo municipal. Tal projeto, no exercício de 2006, transformou-se na Lei que extinguiu a cobrança desta taxa.

4. Modelo de distribuição dos custos, aplicado em outros países: mesmo não havendo consenso sobre este assunto, o que se observa em alguns dos países desenvolvidos é a cobrança pela quantidade de lixo gerada. O alto custo envolvido na quantificação exata do peso do lixo gerado individualmente e, principalmente, pela falta de base legal, dificulta que tal modelo venha a ser aplicado universalmente.

4.5. Forma de remuneração dos serviços

4.5.1. Proposta de mecanismos para remuneração dos serviços

De acordo com o que foi ilustrado nos exemplos utilizados na seção anterior, observa-se que existem variadas possibilidades para elaboração de novas metodologias e até mesmo para a aplicação de metodologias já utilizadas em outras localidades, com destaque para as que consideram a cobrança pela quantidade de lixo gerada.

Cumpre ressaltar que mesmo as metodologias que consideram a área construída do imóvel, sem levar em consideração o número de pessoas que o ocupam, têm sido alvo de questionamentos judiciais decorrentes das distorções já citadas. Desta forma, mesmo se configurando em modelos de fácil aplicação, estes não serão propostos neste trabalho.

Propõe-se aqui a utilização de uma metodologia, que considere os aspectos da Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico e, em seu artigo 35, dispõe da seguinte maneira.

“Art. 35. As taxas ou tarifas decorrentes da prestação de serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos devem levar em conta a adequada destinação dos resíduos coletados e poderão considerar: I - o nível de renda da população da área atendida; II - as características dos lotes urbanos e as áreas que podem ser neles edificadas;

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III - o peso ou o volume médio coletado por habitante ou por domicílio”.

A definição da metodologia para o cálculo da Taxa ou Tarifa de Coleta, Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos (TCDRS) tem como base o princípio legal de que a mesma deve ser aplicada aos usuários dos serviços para a remuneração dos custos incorridos pelos provedores dos mesmos. Para tanto, deve-se identificar todos os serviços, inclusive nas ações voltadas para o Planejamento, a Regulação e a Fiscalização que serão atribuições da estrutura formalizada por meio do Consórcio Público, relacionados com a coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos e apropriar os seus custos correspondentes.

A metodologia apresentada propõe que o valor da TCDRS seja calculado com base em índices e parâmetros próprios, inerentes à prestação de serviços, sendo considerados os seguintes fatores: (i) o nível de renda da população da área atendida; (ii) as características dos lotes urbanos e as áreas que podem ser neles edificadas e; (iii) o peso ou o volume médio coletado por habitante ou por domicílio, conforme fórmula abaixo:

onde:

R = nível de renda

C = caracterização dos lotes e uso da área

V = peso ou volume médio coletado por habitante ou por domicílio

A = fator de ajuste

I – Fator Nível de Renda (R)

Observando-se as diretrizes fixadas pela Lei 11.445/2007, o primeiro fator considerado na metodologia proposta para o cálculo da taxa ou tarifa TCDRS corresponde aos aspectos do nível de renda da população atendida pelo serviço ofertado.

Para apoiar os estudos referentes a este aspecto, foram adotados dados de pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa utilizada é a que demonstra, mais recentemente, a composição do rendimento das famílias do Estado do Espírito Santo.

Tal pesquisa demonstra que grande parcela do rendimento total das famílias do Estado do Espírito Santo, sobretudo das faixas que apresentam menor rendimento, é proveniente de transferências e rendimentos não monetários. Considerando as particularidades expostas pela tabela 37, propõe-se a classificação de cinco grupos de nível de renda.

TCDRS = R. C. V. A 

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Tabela 37: Distribuição do rendimento monetário médio mensal familiar – Espírito Santo

Número de famílias 925 537 136 095 119 455 215 655 71 881 101 470 62 540 84 983 38 758 41 610 53 090% de famílias por classe de rendimen 100% 15% 13% 23% 8% 11% 7% 9% 4% 4% 6%

Rendimento total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00Rendimento do trabalho 62,19 50,93 54,65 59,50 64,17 63,83 66,11 65,03 63,73 70,02 58,81

Transferência 16,98 16,00 17,23 16,65 12,69 12,02 12,06 15,31 11,89 13,18 23,22Rendimento de Aluguel 1,83 0,23 0,35 0,63 0,69 1,79 1,22 2,31 3,42 3,22 1,70Outros rendimentos 6,38 0,96 2,08 2,50 3,06 4,93 6,18 5,19 10,92 4,62 9,34Rendimento não monetário 12,62 31,88 25,70 20,71 19,40 17,43 14,44 12,16 10,04 8,96 6,94

Mais de4 000

a6 000

Mais de6 000

Mais de1 200

a1 600

Mais de1 600

a2 000

Mais de2 000

a3 000

Mais de3 000

a4 000

Distribuição do rendimento monetário e não monetário médio mensal familiar,por classes de rendimento monetário e não monetário mensal familiar,

segundo a origem do rendimento - Espírito Santo

Origemdo

rendimento

Distribuição do rendimento monetário e não monetário médio mensal familiar (%)

Total

Classes de rendimento monetário e não monetário mensal familiar

Até 400(1)

Mais de400 a 600

Mais de600

a1 000

Mais de1 000

a1 200

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003.

Nota 1: O termo família está sendo utilizado para indicar a unidade de investigação da pesquisa "Unidade de Consumo", conforme descrito na introdução.

Nota 2: Médias obtidas segundo o rendimento de cada célula sobre o número de famílias da coluna correspondente.

(1) Inclusive sem rendimento.

Tabela 38: Proposta de valor de cobrança por grupo de rendimento

% de Famílias Grupo de Rendimento em R$ Valor

28% De 0 a 600 base 31% Mais de 600 a 1.200 base + 10% 18% Mais de 1.200 a 2.000 base + 20% 13% Mais de 2.000 a 4.000 base + 30% 10% Mais de 4.000 base + 40%

Para cada categoria foram sugeridos, como se observa na tabela 38, um valor fixo de cobrança (base). Este valor corresponde ao volume total de resíduos sólidos gerados dividido pelo número de unidades geradoras. Os índices de variação entre o grupo de rendimento de R$ 0 a R$ 600 e os demais foram apresentados como sugestão. Porém, ressalta-se que os mesmos devem ser objeto de análise pelos gestores municipais.

II – Fator Caracterização dos lotes e uso da área (C)

O segundo fator de cálculo da taxa ou tarifa é a característica ou categoria dos lotes e áreas (unidades) geradoras de resíduos sólidos. Como se verifica na tabela 39, são definidas quatro categorias:

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Tabela 39: categorias dos lotes e áreas geradoras de resíduos sólidos

CATEGORIAS

Residencial Comercial/Serviços

Industrial Pública

A categoria residencial representa todas as unidades geradoras que se destinam à moradia unifamiliar ou multifamiliar. A categoria comercial/serviços, por sua vez, enquadra as unidades que comercializam produtos ou prestam serviços à sociedade. A categoria industrial constitui-se das unidades geradoras que realizam atividades de transformação e produção de bens, e a categoria pública se aplica a organizações governamentais e filantrópicas ou de utilidade pública.

Para cada categoria foram sugeridos, como se observa na tabela 40 a seguir, um valor fixo de cobrança (base), o mesmo utilizado para o fator Nível de Renda. O índice de variação entre a categoria residencial e as demais foi fixado em 20%. Porém, ressalta-se que este índice deve ser objeto de análise pelos gestores municipais e responsáveis pelos serviços públicos de resíduos sólidos urbanos.

Tabela 40: Valor fixo de cobrança por categoria

CATEGORIAS VALOR

Residencial Base Comercial/Serviços base + 20% Industrial base + 20% Pública base + 20%

Ressalta-se que será necessário que as Secretarias Municipais, gestoras dos serviços públicos de resíduos sólidos, apurem, de forma mais detalhada como proposto neste mesmo trabalho, os custos que as Administrações Municipais incorrem para a realização dos serviços de coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos domiciliares e comerciais.

III – Peso ou volume médio coletado por habitante ou por domicílio (V)

O terceiro fator considerado na metodologia proposta para o cálculo da taxa ou tarifa TCDRS é o que se relaciona ao volume médio de resíduos produzido por domicilio. Para definirmos tal volume, nos termos da própria Lei 11.445/2007, propõe-se a utilização dos dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB, 2000), que estima que, no Brasil, a geração média de resíduos domiciliares per capita é de 0,74kg/hab/dia, como demonstra a tabela 41 que procura evidenciar os dados gerais

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sobre a produção de resíduos e sua respectiva distribuição percentual, segundo os estratos populacionais dos Municípios.

Tabela 41: Geração de Resíduos Sólidos Urbanos por estrato populacional

Lixo Produção per capita Estratos Populacionais Urbano (t/dia) Lixo domiciliar Lixo público Lixo urbano

Total 161.827,1 0,74 0,22 0,95 Até 9.999 habitantes

9.184,8 0,46 0,20 0,66

De 10.000 até 19.999 habitantes

11.473,1 0,42 0,16 0,58

De 20.000 até 49.999 habitantes

18.281,6 0,48 0,16 0,64

De 50.000 até 99.999 habitantes

14.708,1 0,56 0,15 0,71

De 100.000 até 199.999 habitantes

13.721,7 0,69 0,15 0,84

De 20.000 até 499.999 habitantes

21.177,3 0,78 0,14 0,91

De 500.000 até 999.999 habitantes

21.645,3 1,29 0,43 1,72

Mais de 1.000.000 habitantes

51.635,2 1,16 0,35 1,50

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento básico, 2000.

Considerando o exposto, pode-se chegar ao volume médio de produção por domicílio simplesmente multiplicando a quantidade de ocupantes pelo valor médio per capita de geração de resíduos. Como se demonstra na tabela 42, onde ∑ é igual à soma de ocupantes de um domicílio:

Tabela 42: Índice de cálculo do volume médio de produção de resíduos por domicílio

Número de Ocupantes do Domicílio ÍNDICE 1 1 x 0,74 2 2 x 0,74 3 3 x 0,74 ∑ ∑ x 0,74

IV – Fator de Ajuste (A)

O fator de ajuste A será igual a 1, sempre que não se considerar algum tipo de ajuste a se fazer no cálculo da taxa ou tarifa. Poderá variar, no entanto, em função da aplicação de ajustes como, por exemplo, os derivados da concessão dos subsídios necessários ao atendimento de usuários e localidades de baixa renda, observados os critérios em leis próprias dos Municípios.

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De acordo com as diretrizes da Lei 11.445/2007, a política de subsídios pode associar dois mecanismos: (i) tipo de beneficiário (direto/usuário ou indireto/prestador); (ii) origem dos recursos (orçamentários ou por subsídio cruzado interno).

Proposta de taxa ou tarifa por tipo de resíduos

Respeitando a classificação dos resíduos apresentada nos Diagnósticos dos Municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória – resíduos sólidos urbanos (RSU), resíduos sólidos industriais (RSI), resíduos de serviços de saúde (RSS), resíduos da construção civil (RCC)35 –, o presente trabalho propõe a utilização de dois tipos de metodologias para o cálculo tarifário:

• para definição do valor da taxa de coleta, tratamento e disposição final de RSU, a proposta é voltada para a aplicação da metodologia que considera os aspectos da Lei nº 11.445/2007, que estabelece como diretrizes nacionais para o saneamento básico peso ou volume médio, renda da população e características do lote; e

• para a definição do valor da tarifa de coleta, tratamento e disposição final de RSI, RSS e RCC, a proposta é para que se aplique a metodologia que considere o volume real e individual de produção de resíduos.

• Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)

Considerando a representatividade do RSU no total do volume de resíduos, bem como a dificuldade envolvida na medição da produção individual deste tipo de resíduo, propõe-se, objetivamente, que seja aplicada a fórmula expressa na metodologia desenvolvida:

Calculando-se o valor da TCDRS para cada domicílio e somando-se os mesmos, obtém-se o total da TCDRS calculada no período. O peso domiciliar (participação do domicílio neste total) será então obtido dividindo-se a TCDRS para cada domicílio pelo total da TCDRS calculada no período.

Tendo-se o valor total das despesas anuais com os serviços de coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos domiciliares, se determina o valor a ser cobrado de cada domicilio, multiplicando o peso domiciliar pelo total apurado das despesas.

35 Para fins deste projeto adota-se o termo Resíduos da Construção Civil (RCC), sendo equivalente a Resíduos da Construção e Demolição (RCD).

TCDRS = R(base, base+%) × C(base, base+20%) × V(∑ x 0,81) × A (1 a 0) 

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• Resíduos sólidos industriais (RSI), resíduos de serviços de saúde (RSS) e resíduos da construção civil (RCC)

Considerando que o volume destes tipos de resíduos é representativamente menor, bem como a existência de condições para realizar medições que se justifiquem pela relação custo/benefício da operação, propõe-se que para estes tipos de resíduos seja aplicada a metodologia que considera o volume real de resíduos produzidos em cada um dos geradores. Tal metodologia pode representar um potencial de conservação ambiental, pois incentiva a prática da reciclagem e reduz a quantidade de lixo gerado.

Porém, para que haja aplicabilidade da metodologia proposta, é necessário que se tenha um sistema de controle de custos já elaborado e implantado.

Tendo-se o valor total dos custos anuais com serviços de coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos de serviços de saúde, dos resíduos da construção, bem como os originários das atividades industriais, se determina o valor a ser cobrado de cada gerador, multiplicando o potencial de geração de resíduos pelo custo unitário apurado, no sistema de custos.

A Fórmula a ser aplicada é comum para todos estes tipos de resíduos:

Onde:

Peso ou Volume = medida do total de resíduo produzido por gerador (kg ou m3);

A = índice de progressividade que varia de acordo com o volume ou peso de resíduo gerado e implica na alteração do valor a ser cobrado em cada faixa de produção de resíduo. Ressalta-se que o estabelecimento de faixas de produção de resíduo deve ser objeto de análise dos gestores municipais.

Tabela 43: Faixas de geração de resíduos

FAIXA A Até “x” (m³ ou Kg) 1 Maior que “x” e menor que “y” (m³ ou Kg) 1,1 Maior que “y” e menor que “z” (m³ ou Kg) 1,2 Maior que “z” (m³ ou Kg) 1,3

O índice de progressividade (A) será aplicado de acordo com as categorias de geradores, definidas por faixas de volumes ou pesos de resíduos produzidos. O estabelecimento deste tipo de medida visa incentivar práticas que induzam à minimização da geração de resíduos e, consequentemente contribuam para a mitigação de impactos negativos ao meio ambiente. As diretrizes para adoção deste

TARIFA = (peso ou volume *A) * custo unitário

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tipo de medida estão previstas no artigo 29 (inciso IV) e no artigo 30 (inciso III) da Lei 11.445/2007.

Custo unitário = valor total dos custos anuais com serviços de coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos dividido pelo volume total de resíduo gerado.

4.6. Investimentos

Nesta seção cabe lembrar que, aos custos para manutenção dos serviços em pauta deverão ser somados os investimentos iniciais necessários ao aprimoramento dos serviços públicos de manejo de resíduos sólidos urbanos.

Os Municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória dispõem da possibilidade de elaborar programas de investimentos vinculados a convênios com o Governo Federal, desde que se mantenha em conformidade com as exigências do órgão ou entidade concedente.

Esta regularidade é comprovada pelo Cadastro Único de Convênio (CAUC) apresentado no anexo V deste documento.

Como certificado pelo extrato do CAUC, apenas o Município de Serra, até o momento, conta com a possibilidade de receber recursos, vinculados a convênios, por meio de transferências voluntárias previstas também nas Leis Orçamentárias das esferas do Governo Estadual e Federal.

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5. PLANO DE METAS – ARRANJO INSTITUCIONAL

O Plano de Metas foi elaborado tomando como base os objetivos gerais do Plano, que incluem: i) a redução da geração de resíduos; ii) a maximização do reaproveitamento e da reciclagem de materiais recicláveis; iii) a redução do volume de resíduos aterrado; iv) a universalização dos serviços; v) a inclusão dos catadores como agentes ambientais e econômicos e, vi) a sustentabilidade econômica e financeira dos serviços. Este plano apresenta resumidamente, nas tabelas 44 a 46, as propostas institucionais para a gestão associada dos resíduos sólidas da RMGV – criação e estruturação do Consórcio Público, funcionamento do Consórcio Público e sustentabilidade econômico-financeira do Consórcio Público -, discriminando o seu prazo de execução e indicado os principais responsáveis por cada uma das ações.

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Tabela 44: Plano de metas para criação e estruturação do Consórcio Público

METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

1

Avaliação dos cenários desenvolvidos pelo PDRS-RMGV e decisão sobre o cenário mais adequado para criação e estruturação do Consórcio Público

Municípios da RMGV COMDEVIT Governo Estadual/ES

1 Articulação e compatibilização do Consórcio Público da RMGV com o programa Espírito Santo sem Lixão, principalmente se adotado o cenário com a participação do Governo Estadual

Governo Estadual/ES e Municípios

1 Avaliação dos cenários desenvolvidos pelo PDRS-RMGV e decisão sobre o cenário mais adequado para a criação da entidade de regulação: se câmara de regulação ou se delegação à Agência Estadual

Entes consorciados (âmbito Consórcio Público RMGV)

1 Instituição do Consórcio Público COMDEVIT

Governo Estadual/ES

1 Delegação da prestação dos serviços públicos de resíduos sólidos mediante autorização dos entes consorciados e formalização de contratos administrativos com os prestadores privados e públicos, acionando características próprias de contratualização.

Consórcio Público

CRIAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO CONSÓRCIO

PÚBLICO

1

Fornecimento à entidade reguladora de todos os dados e informações necessários para o desempenho das atividades dos prestadores de serviços, sob a forma das normas legais, regulamentares e contratuais (inclusive os produzidos por terceirizados contratados pelo prestador para executar serviços ou fornecer materiais e equipamentos específicos atinentes ao contrato administrativo)

Prestadores de serviços que atuam na abrangência do Consórcio Público da RMGV

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METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

1

Avaliação e decisão sobre o cenário que define como responsabilidade do Consórcio Público apenas o gerenciamento dos contratos que têm por objeto as atividades de transbordo e disposição final dos resíduos sólidos (similitude com o Programa Espírito Santo sem Lixão). Neste cenário, o gerenciamento dos contratos para a delegação da prestação das atividades de coleta continua sob responsabilidade dos próprios Municípios.

Entes consorciados

1

Desenvolvimento de estudo sobre a sustentabilidade econômico-financeira da prestação dos serviços incluindo: sistema de cobrança, composição de taxas e tarifas, reajustes e revisão tarifária, política de subsídios, com base nas diretrizes definidas no PDRS-RMGV

Entidade de Regulação

5

Delegação da prestação dos serviços públicos de resíduos sólidos mediante autorização dos entes consorciados e formalização de contratos administrativos com os prestadores privados e públicos, acionando características próprias de contratualização (contrato de programa, contrato de concessão, contrato de prestação, termo de parceria, contratação com dispensa de licitação)

Consórcio Público

5 Edição de normas relativas às dimensões técnica, econômica e social da prestação dos serviços públicos de resíduos sólidos (art. 23, caput, da LDNSB) mediante instituição de atos regulatórios.

Entidade de Regulação

5 Gerenciamento e fiscalização dos contratos relativos às atividades interdependentes de manejo de resíduos sólidos que envolvem diferentes prestadores de serviços, de maneira a atender às diretrizes contidas nos incisos I a V do art. 12 da LDNSB

Entidade de Regulação

5

Avaliação das formas de contratação dos prestadores privados acompanhadas da preparação dos respectivos processos licitatórios (terceirização, concessão comum, concessão especial tipo PPP), de acordo com as especificidades atribuídas a cada tipo de resíduo e os cenários trabalhados no PDRS-RMGV (ver metas para os programas de manejo de resíduos sólidos: coleta seletiva de materiais recicláveis; RCC; RSS e programa de educação ambiental, comunicação e mobilização social)

Consórcio Público em articulação com as Prefeituras Municipais

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METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

5 Formulação de diretrizes que contribuam para a uniformidade de algumas normas, inclusive dos serviços que permanecem no nível local, sob a responsabilidade dos Municípios.

Consórcio Público

5 Aquisição de equipamentos e instrumentos de uso comum e procedimentos para admissão de pessoal, a exemplo de concursos (desde que autorizado pelos titulares)

Consórcio Público

5 Estruturação do Sistema de informações sobre os serviços na área da gestão associada, articulado com o SNIS e compatibilizado com o banco de dados dos Municípios da RMGV.

Consórcio Público

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Tabela 45: Plano de metas para o funcionamento do Consórcio Público

METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

5,10,20 Exercício das atividades de planejamento, regulação, fiscalização, delegação da prestação dos serviços e o exercício do controle social em nível regional

Consórcio Público

5, 10, 20 Difusão e publicidade, preferencialmente por meio da internet aos relatórios, estudos, decisões e instrumentos equivalentes que se refiram à regulação dos serviços de resíduos sólidos, assim como aos direitos e deveres dos usuários e do prestador nos termos definidos no art.26 da LDNSB

Entidade de Regulação

5, 10, 20 Acompanhamento e fiscalização dos serviços contratados mediante: a) adoção e uniformização de instrumentos de acompanhamento e controle dos serviços regionalizados; b) capacitação das equipes municipais de fiscais responsáveis pela fiscalização dos serviços de coleta e de limpeza urbana; c) exercício do poder de polícia relativo aos serviços de resíduos sólidos, especialmente a aplicação de penalidades por descumprimento de preceitos administrativos ou contratuais, bem como a intervenção e retomada da operação dos serviços delegados, por indicação da entidade reguladora, nos casos e condições previstos em lei e nos documentos contratuais; d) revisão e reajuste dos valores de tarifas e outros preços públicos, bem como a elaboração de estudos e planilhas referentes aos custos dos serviços e sua recuperação; e) reajuste de taxas e multas

Consórcio Público/ Entidade de Regulação

FUNCIONAMENTO DO CONSÓRCIO PÚBLICO

5, 10, 20 Incentivo ao exercício do controle social no nível regional, mediante: a) fortalecimento dos canais existentes de participação e de controle social que atuam no nível regional, a exemplo do COGERES; b) convocação, nos termos da Lei 11.445/07, de Audiências Públicas - para validação dos contratos, divulgação e consulta sobre os estudos e planos - e de Conferências Regionais - para avaliação e revisão do PDRS-RMGV

Consórcio Público, Municípios consorciados, COMDEVIT e segmentos sociais (FEL&C; MCMR; COGERES; etc.)

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METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

5, 10, 20 Exercício de atividades complementares para o efetivo funcionamento da gestão associada dos serviços, tais como: a) promover atividades de mobilização social e educação ambiental visando a sustentabilidade do manejo de resíduos sólidos na região; b) promover atividades de capacitação técnica do pessoal dos entes consorciados encarregado da gestão dos serviços públicos de resíduos sólidos; c) ser contratado para prestar serviços de assistência técnica à órgãos ou entidades dos entes consorciados em questões correlatas aos resíduos sólidos (art. 2º, parágrafo 1º, III da Lei 11/107/2005) ou a Município não consorciado ou à entidade privada, desde que sem prejuízo das prioridades dos consorciados; d) realizar estudos técnicos para informar o licenciamento ambiental promovido por ente consorciado e outros estudos técnicos previstos no PDRS-RMGV

Consórcio Público da RMGV

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Tabela 46: Plano de metas para a sustentabilidade econômico-financeiro do Consórcio Público

METAS PRAZO ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL

1 Definição da forma de rateio entre os entes consorciados, de acordo com das diretrizes definidas no PDRS-RMGV

Entes consorciados

1 Elaboração de Proposta de estrutura de Sistema de Controle de Custos, de acordo com as diretrizes definidas no PDRS-RMGV, incluindo o registro da forma de contribuição dos entes consorciados

Entidade de Regulação

1 Definição da forma de cobrança pelos serviços prestados, consideradas as especificidades dos serviços de limpeza urbana e dos serviços de manejo de resíduos sólidos (taxas, tarifas ou outros preços públicos)

Entes consorciados

1 Detalhamento da metodologia de apropriação e remuneração dos serviços de manejo de resíduos sólidos, de acordo com as diretrizes definidas no PDRS-RMGV, que consideram os aspectos da Lei nº 11.445/2007 (art.35)

Entidade de Regulação

1 Controle de arrecadação: acompanhamento do Lançamento, Arrecadação e recolhimento de Taxas, Inscrição, recebimento, baixa da Dívida Ativa

Entidade de Regulação

SUSTENTABILIDADE ECONÔMICO-

FINANCEIRA DO CONSÓRCIO PÚBLICO

5,10,20 Acompanhamento, monitoramento, avaliação, revisões e reajustes tarifários com base na Lei 11.445/2007

Entidade de Regulação

LEGENDA

PRAZO IMEDIATO DE 1 ANO CURTO PRAZO DE 5 ANOS MÉDIO PRAZO DE 10 ANOS LONGO PRAZO DE 20 ANOS PRAZO SIMULTÂNEO 5, 10, 20 ANOS

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IV. MECANISMOS E PROCEDIMENTOS PARA A AVALIAÇÃO SISTEMÁTICA E REVISÃO DO PLANO

A avaliação de políticas públicas, e respectivos programas e planos, constitui hoje uma exigência da Lei 11.445/200.

Art.19. A prestação de serviços públicos de saneamento básico observará plano, que poderá ser específico para cada serviço, o qual abrangerá, no mínimo:

V – mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e da eficácia das ações.

Parágrafo 4º - Os Planos de Saneamento Básico deverão ser revistos periodicamente, em prazo não superior a 4 (quatro) anos, anteriormente à elaboração do Plano Plurianual.

Entretanto, no Brasil a prática de avaliação no setor público é ainda muito recente e no campo do saneamento muito pouco se avançou. Em geral, em uma avaliação de política pública, programa ou plano, é preciso saber se:

• o conteúdo traçado foi implementado de maneira adequada a se atingir os objetivos e as metas pretendidas;

• os recursos financeiros investidos foram devidamente aplicados, ou seja, se contribuíram para o atendimento aos objetivos e ao cumprimento das metas estabelecidas;

• a política ou o programa ou o plano foi capaz de alterar a situação anterior no sentido de promover impactos positivos na qualidade de vida da população;

• e, ainda, até que ponto a política ou o programa ou o plano implementado contribuiu para a proximidade ou o afastamento da realidade social desejada.

Os aspectos elencados buscam superar certa limitação dos tradicionais modelos de avaliação que tendem a privilegiar a análise da eficácia e da eficiência, negligenciando a efetividade. Um processo mais amplo de avaliação, que supera a dimensão meramente quantitativa, deve buscar examinar se os objetivos e as metas foram cumpridos, se os gastos foram compatíveis, mas também se os resultados alcançados geraram os benefícios esperados e, sobretudo, se alteraram a realidade social e ambiental (da população e do meio) que foram objeto da intervenção proposta pelo Plano.

Esta concepção mais ampla de avaliação requer um diálogo maior de saberes, e para isso, recomenda-se a formação de uma equipe ou grupo de caráter multidisciplinar, de forma a dispor de elementos e instrumentos capazes de interpretar a realidade sob os variados enfoques.

Além deste aspecto, é importante incorporar a visão popular, tanto daqueles beneficiários diretos das ações como dos segmentos organizados da sociedade.

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Avaliação orientada por objetivos

Entre os objetivos definidos no Termo de Referência que orienta o desenvolvimento do projeto do Plano Diretor de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana da Grande Vitória (PDRS-RMGV), destacam-se aqueles que remetem à definição de algum tipo de indicador, mecanismo ou procedimento que venham a constituir a sistemática de avaliação do Plano, no que diz respeito:

• ao fortalecimento institucional dos Municípios da RMGV no que tange à capacidade das Prefeituras de se adequarem à realidade regional proposta pela figura do Consórcio Público e às atividades dos serviços que permanecem no nível local;

• à evolução do panorama da gestão dos resíduos sólidos na região, considerando os tipos de resíduos sólidos tratados no Plano (domiciliar, RSS, RCC e materiais recicláveis) e os serviços contemplados (limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos);

• à efetividade das decisões tomadas com respeito à forma de organização regional proposta para a gestão de resíduos sólidos;

• às redes propostas nos programas de manejo de resíduos e aos arranjos institucionais considerados na modelagem do Consórcio Público, inclusive aqueles que envolvem parcerias com os agentes privados e sociais;

• à evolução da relação entre os titulares dos serviços (Municípios), o Consórcio Público e as empresas privadas que prestam os serviços na região, tomando como referência os editais, processos licitatórios, o cumprimento dos contratos firmados e a observância às diretrizes da política estadual e ao plano regional de resíduos sólidos;

• às condições de sustentabilidade e de equilibro econômico-financeiro da prestação dos serviços, incluindo o sistema de cobrança adotado, a estrutura de remuneração em termos de composição de taxas e tarifas, a respectiva sistemática de reajuste e revisão, assim como a política de subsídios necessária à universalização dos serviços com qualidade;

• à evolução orçamentária para a gestão dos serviços públicos de resíduos sólidos no contexto geral do orçamento municipal e da região;

• aos resultados das ações empreendidas pelos programas de capacitação e de educação sanitária e ambiental, nas esferas comunitária e institucional;

• à mobilização popular e ao envolvimento das instituições públicas e privadas envolvidas com o plano, com vistas à efetiva implementação da política regional de resíduos sólidos para a Grande Vitória.

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1. Indicadores, procedimentos e mecanismos de avaliação  

Com base nos objetivos a atender e nas metas a cumprir, a avaliação do Plano deve contemplar um conjunto de indicadores, procedimentos e mecanismos que permitam avaliar os resultados das ações implementadas, com vistas a aferir a eficiência, a eficácia e a efetividade, assim como a qualidade dos serviços na ótica do usuário.

Efetividade: Em que medida ocorreu a efetiva mudança nas condições de saneamento das populações beneficiadas pelo Plano? Em que medida essas mudanças têm relação com o Plano? Em que medida os resultados do Plano se afastaram ou se aproximaram dos princípios de uma política pública de saneamento que promova a justiça social e ambiental? Eficácia: Os objetivos e metas propostos pelo Plano foram atingidos? Eficiência: O Plano foi implementado segundo princípios de justiça social, de moralidade e de probidade administrativa? Durante a execução do Plano ocorreu uma aplicação criteriosa dos recursos financeiros e humanos? O processo de implementação do Plano atendeu a um cronograma físico de execução factível?

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Este conjunto de indicadores deve contemplar minimamente:

• uma avaliação quantitativa, mais relacionada ao desempenho da prestação dos serviços;

• uma avaliação qualitativa, via processos participativos, entrevistas com grupos de usuários e grupos focais, envolvendo os agentes mais diretamente ligados a gestão integrada e regional dos resíduos sólidos;

• uma avaliação do ciclo da gestão que envolve, além da prestação dos serviços, o exercício das atividades de planejamento, de regulação, de fiscalização e do controle social;

• uma avaliação do arranjo institucional proposto, no que tange à clara definição das competências para cada nível (local e regional) e aos mecanismos adotados para promover a articulação entre os Municípios e o Consórcio Público;

• uma avaliação dos impactos da área de resíduos sólidos em relação aos demais componentes do saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de águas pluviais), assim como às outras políticas públicas de interface (saúde, meio ambiente, recursos hídricos, desenvolvimento urbano, entre outras).

A seleção dos indicadores a serem utilizados na avaliação do Plano deve considerar aqueles já existentes em sistemas de informação, a exemplo do SNIS, amplamente utilizado nos diagnósticos municipais, além de outros sistemas de informação do IBGE (Pnad, e PNSB, em especial) e outros setoriais como o Datasus, da saúde.

Com base nesses sistemas de informação, especialmente no SNIS Resíduos Sólidos, o modelo de avaliação deverá definir os indicadores e os procedimentos para o monitoramento e a avaliação dos objetivos e metas do Plano e dos resultados das suas ações.

Especificamente sobre o SNIS RS, recomenda-se adotar no modelo de avaliação do PDRS-RMGV os indicadores utilizados nos diagnósticos municipais para análise da prestação dos serviços. Os indicadores utilizados referem-se a:

• produtividade dos serviços de manejo de resíduos sólidos e de limpeza urbana; • nível de geração e capacidade de recuperação por tipo de resíduo: Resíduos

de Serviços de Saúde (RSS); Resíduos da Construção Civil (RCC) e materiais recicláveis provenientes de coleta seletiva;

• desempenho financeiro dos gestores (receita, despesa, remuneração dos serviços).

A tabela 47 apresentada ao final deste capítulo sistematiza um conjunto de indicadores de natureza gerencial e operacional, extraídos do SNIS RS, e que respondem à necessidade de se aferir o atendimento às principais diretrizes que balizam o PDRS-RMGV:

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• redução da geração de resíduos (principalmente de RDO e RCC)

• maximização do reaproveitamento e da reciclagem de materiais recicláveis

• redução do volume de resíduos aterrado

• universalização do acesso aos serviços

Além desses indicadores, outros que venham a compor o modelo de avaliação devem atender, preferencialmente, às seguintes características36:

• capazes de serem medidos – deverão ser quantificáveis;

• baseados em informações existentes – as informações deverão estar disponíveis;

• viáveis economicamente – não deverão demandar custos excessivos para obtenção das informações;

• baseados em séries contínuas – passíveis de serem coletados com intervalos regulares;

• de rápida observação – a leitura das informações deverá ser de fácil observação;

• sensíveis a mudanças – deverão mudar conforme as condições mudam, refletindo assim a realidade;

• aceitação geral – deverão ser entendidos e aceitos por todos os usuários;

• fáceis de compreender;

• balanceados – deverão permitir a medição dos impactos tanto positivos como negativos.

36 Fonte: Hunt (s.d.). In: Disciplina Políticas públicas de saneamento – PPGSMARH. Léo Heller. Desa.UFMG.

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2. Instância colegiada para avaliação e revisão do Plano

Deve-se prever também a instância colegiada e o tipo de apoio técnico que assumirá a função de acompanhar, monitorar e avaliar a implementação do Plano e sua revisão, de acordo com o previsto na Lei 11.445/2007. De acordo com a lei, nessa instância colegiada, devem participar além dos agentes sociais que atuaram ativamente no processo de elaboração do Plano, entidades de defesa do consumidor que já trabalham sistematicamente com mecanismos de consulta sobre a satisfação dos usuários com os serviços prestados.

O acompanhamento da implementação do Plano, assim como a avaliação e revisão devem estar sob a responsabilidade do Consórcio Público, preferencialmente a cargo de uma equipe multidisciplinar, que envolva gestores e técnicos das áreas afins ao campo de resíduos sólidos, bem como representantes dos usuários dos serviços e dos segmentos sociais atuantes na gestão integrada de resíduos sólidos na região.

A criação dessa instância corrobora o processo participativo desencadeado durante a elaboração do PDRS-RMGV, atribuindo desta forma maior legitimidade e cooperação de todos os agentes no esforço de implementação das ações e eventual correção de rumo e ajuste, como é comum a qualquer processo de planejamento.

Recomenda-se que essa instância esteja vinculada ao arranjo institucional proposto para a gestão associada dos resíduos sólidos na RMGV. Neste sentido, a instância do Consórcio Público, que tem o papel preponderante de gestor, e que contará com a participação dos entes consorciados (Municípios e talvez o Governo do Estado), além do COGERES e do próprio COMDEVIT, parece ser a mais adequada. Recomenda-se ampliar a possibilidade de participação nesta instancia, com o objetivo específico da avaliação do Plano, aos representantes dos conselhos existentes e em funcionamento (da cidade, da saúde, do meio ambiente, de habitação de interesse social etc.), de comitês de bacia e se houver, de entidades de defesa do consumidor.

A partir das diretrizes traçadas neste capítulo, caberá a este grupo a definição do modelo de avaliação a ser adotado para acompanhar, monitorar e avaliar a implementação do PDRS-RMGV, e quando pertinente proceder sua revisão.

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3. A importância do sistema de informações

Os dados e informações sobre os serviços atendem a diversos e diversificados propósitos.

No âmbito do titular, que detém sob sua responsabilidade as atividades de planejamento, regulação e de fiscalização, destinam-se à formulação e à execução da política pública dos serviços de resíduos sólidos, visando orientar a aplicação de recursos de investimentos, a construção de estratégias de ação e o acompanhamento de programas e projetos.

No nível da prestação dos serviços, fornecem importantes insumos para a melhoria dos níveis de eficiência e eficácia do desempenho dos agentes prestadores, uma vez que proporcionam uma gama de possibilidades em análises sobre os serviços prestados, mediante indicadores que podem ser usados como referência para comparação e como guia para mensuração e avaliação do desempenho, como pode ser observado no quadro apresentado neste capítulo.

No nível dos usuários dos serviços e da população em geral representa a abertura de mais um espaço para a sociedade atuar na cobrança por melhores serviços, por meio de argumentos técnicos e com um embasamento mais consistente.

Como antecipado no documento sobre as Proposições Regionais (Produto 5), o Consórcio Público a ser criado ficará responsável pela estruturação e operação do sistema de informações sobre os serviços públicos de resíduos sólidos na área da gestão associada, necessariamente compatibilizado com o banco de dados dos Municípios e articulado com o Sistema Nacional de Informações em Saneamento (SNIS, futuro SINISA).

Caberá a cada Município da RMGV a implantação de um banco de dados, mediante assistência técnica a ser prestada pelo Consórcio Público, com o objetivo de sistematizar as informações sobre os serviços que ficarão sob a responsabilidade do Município.

Recomenda-se que tanto os Municípios quanto o Consórcio Público adotem o glossário utilizado pelo SNIS RS para facilitar o diálogo entre o banco de dados local e o sistema de informações regional, assim como o sistema nacional. Entende-se que o uso do mesmo glossário é de fundamental importância para se garantir a qualidade dos dados e informações no que tange à padronização de conceitos, medidas e indicadores, assim como no treinamento dos agentes responsáveis pelo fornecimento e uso das informações.

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4. Revisão do Plano

A definição da revisão periódica do Plano deve se dar em prazo não superior a 4 (quatro) anos e anteriormente à elaboração do Plano Plurianual, coincidente inclusive com a mudança de governo a cada quatro anos.

De acordo com a Lei 11.445/2007, com relação aos planos de saneamento básico, ressalta-se que o titular tem a responsabilidade de editar o seu plano municipal. Neste sentido, os planos municipais que venham a ser elaborados devem considerar as diretrizes definidas no PDRS-RMGV. Nesta mesma linha, o Plano deverá ser compatível com os planos das bacias hidrográficas em que os Municípios se inserem, além de abranger a área urbana e área rural. Os prestadores de serviços deverão fornecer estudos e informações para auxiliar na avaliação e revisão do Plano, tanto para alimentar as Prefeituras na gestão dos serviços que ficam no nível local como o Consórcio Público, na gestão associada dos serviços que passam ao nível regional.

Durante todo o processo é preciso lembrar que o plano é muito mais do que uma lista de empreendimentos. A sua concepção, elaboração e as etapas de implementação, avaliação e de revisão estão ancoradas em uma metodologia capaz de promover ações interdisciplinares, que articulem os diversos órgãos públicos que tangenciam o saneamento e assegurem o direito da população à participação e ao efetivo exercício do controle social durante todo o processo. Além do caráter participativo, a visão de plano como processo também requer a incorporação da perspectiva estratégica, que propicia transformar o plano em ação efetiva.

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NATUREZA DO INDICADOR

INDICADOR VARIÁVEIS UNIDADE

massa coletada (RDO + RPU) per capita em relação à população urbana

população urbana/quantidade total coletada kg/habitante/ dia

taxa de cobertura do serviço de coleta de RDO em relação à população urbana

população urbana/população atendida declarada %

taxa de recuperação de materiais recicláveis (exceto matéria orgânica e rejeitos) em relação à quantidade total (RDO + RPU) coletada

quantidade total coletada (exceto mat. orgânica e rejeitos)/quantidade total de materiais recuperados

%

massa recuperada per capita de materiais recicláveis (exceto matéria orgânica e rejeitos) em relação à população urbana

quantidade total de materiais recicláveis recuperados (exceto matéria orgânica e rejeitos)/população urbana

kg/habitantes/ano

taxa de material recolhido pela coleta seletiva (exceto matéria orgânica) em relação à quantidade total coletada de resíduos sólidos domésticos

quantidade total de material recolhida pela coleta seletiva (exceto matéria orgânica)/ quantidade total coletada de resíduos sólidos domésticos (RDO)

%

taxa de empregados em relação à população urbana quantidade total de empregados no manejo de RSU/população urbana

empregados/ 1000 hab

auto-suficiência financeira da Prefeitura com o manejo de RSU

receita arrecadada com manejo de RSU/despesa total da prefeitura com manejo de RSU

%

incidência das despesas com o manejo de RSU nas despesas correntes da Prefeitura

despesa total da prefeitura com manejo de RSU/despesa corrente total da Prefeitura

%

despesa per capita com manejo de RSU, em relação à população urbana

despesa total da prefeitura com manejo de RSU/população urbana

R$/habitante

despesa média por empregado alocado nos serviços de manejo de RSU

despesa total da prefeitura com manejo de RSU/quantidade total de empregados no manejo de RSU

R$/empregado

Gerencial

incidência de empregados gerenciais e administrativos no total de empregados no manejo de RSU

quantidade de empregados gerenciais e administ./quantidade total de empregados no manejo de RSU

%

Tabela 47: Relação de indicadores adotados pelo SNIS RS para formação de banco de dados dos resíduos sólidos da RMGV

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NATUREZA DO INDICADOR

INDICADOR VARIÁVEIS UNIDADE

taxa de terceirização do serviço de coleta de RDO+RPU em relação à quantidade coletada

quantidade total coletada/quantidade coletada por(emp. contrat. + coop./assoc. catadores + outro executor)

%

custo unitário médio do serviço de coleta (RDO + RPU)

despesa total da prefeitura com serviço de coleta/ quantidade total coletada

R$/tonelada

custo unitário médio do serviço de varrição (Prefeitura + empresas contratadas)

despesa total da prefeitura com serviço de varrição/ extensão total de sarjeta varrida

R$/km

Receita arrecadada per capita pelos serviços de limpeza urbana

total de recursos arrecadados mediante cobrança pelos serviços de resíduos sólidos/população urbana

R$/hab

massa de RCC coletada pela prefeitura, (per capita) quantidade de RCC coletada pela Prefeitura ao ano/ população urbana x 1000 habitantes

t/1000hab./ano

taxa de resíduos sólidos da construção civil (RCC) coletada pela Prefeitura em relação à quantidade total coletada de RDO + RPU

quantidade total coletada de RDO +RPU/quantidade total de res. sólidos da construção civil coletados pela Prefeitura

%

massa de RSS coletada per capita em relação à população urbana

quantidade total coletada de RSS/quantidade total coletada Kg/1000 habitantes/dia

taxa de RSS coletada em relação à quantidade total coletada

população urbana/quantidade total coletada de RSS %

Massa de resíduos sólidos coletada pela coleta seletiva

Quantidade total de resíduos sólidos recolhidos por todos os agentes executores da coleta seletiva (público, privado e organizações de catadores) ao ano/população urbana

kg/habitante/ ano

taxa de material recolhido pela coleta seletiva (exceto matéria orgânica) em relação à quantidade total coletada de resíduos sólidos domésticos

quantidade total coletada de resíduos sólidos domésticos (RDO)/quantidade total de material recolhido pela coleta seletiva. (exceto mat. org.)

%

Operacional

produtividade média dos empregados na coleta (coletadores + motoristas) na coleta (RDO + RPU) em relação à massa coletada

quantidade total coletada/quantidade total de (coletadores + motoristas) x quantidade de dias úteis ao ano (= 313)

kg/empregado/dia

Tabela 47: Relação de indicadores adotados pelo SNIS RS para formação de banco de dados dos resíduos sólidos da RMGV

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194

NATUREZA DO INDICADOR

INDICADOR VARIÁVEIS UNIDADE

produtividade média dos varredores (Prefeitura + empresas contratadas)

extensão total de sarjeta varrida/ quantidade total de varredores x quantidade de dias úteis por ano (=313)

km/empregado/dia

taxa de varredores em relação à população urbana quantidade total de varredores/ população urbana empregados/ 1.000 hab

quantidade de RDO e RPU recebida na unidade de processamento de disposição no solo (aterro sanitário)

quantidade anual de resíduos sólidos domiciliares (RDO) e de resíduos públicos (RPU) recebida na unidade de processamento de disposição no solo (aterro sanitário)

tonelada/ano

ocorrência de recebimento na unidade de processamento de resíduos de outros Municípios

ocorrência de recebimento de resíduos sólidos de quaisquer naturezas oriundos de outros Municípios na unidade de processamento. Informação de natureza qualitativa

sim ou não

valor contratual de aterramento de RDO e RPU quando executado por agente privado

preço unitário do serviço de aterramento de RDO/RPU pago à empresa contratada (via terceirização ou delegação por contrato de concessão ou contrato de programa) para operação do aterro sanitário no final do ano de referência

R$/tonelada

Tabela 47: Relação de indicadores adotados pelo SNIS RS para formação de banco de dados dos resíduos sólidos da RMGV

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195

ANEXOS

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Anexo 1: Modelo de Formulário para PGRSS

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE – PGRSS SIMPLIFICADO

1. IDENTIFICAÇÃO DO GERADOR Razão Social: _______________________________________________________________________ Nome Fantasia: _____________________________________________________________________ C.N.P.J.: _____________________________ Número e Data de Validade da Licença Ambiental: -_________ ____________________ Endereço (Rua, Av, BR): __________________________________________________

________________________________________ Bairro: ______________________________________

Cep: ____________________ Fone: ________________________ Cidade: _______________________ Responsável: ___________________________________________ CPF: _______________________________ Profissão: _____________________________ Insc. Categoria: ________________________________________ e mail: _____________________________________________________________________________ Código da Atividade: _______________________ (conforme Lei de Uso e Ocupação do Solo – Anexo I) 2. TRANSPORTADOR Nome Fantasia: __________________________________________________________________________ Cadastro PM nº: __________________________________ 3. IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

3.1 CÓDIGO DOS RESÍDUOS (*)

DESCRIÇÃO DOS RESÍDUOS

3.2 PESO ESTIMADO EM KILOGRAMAS (Kg/Coleta)

4. FREQÜÊNCIA DA COLETA (nº de vezes por semana)

5. DESTINO FINAL

A Resíduo Infectante ou Biológico

B Resíduo Químico - Farmacêutico

C Rejeito Radioativo

D Resíduo Comum

Código do PGRS:

___________________

Data da aprovação

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198

6. OBRIGAÇÕES LEGAIS 6.1 - MANUSEIO E ACONDICIONAMENTO 1 – GRUPO A: Infectante ou Biológico São acondicionados em sacos plásticos, impermeáveis e resistentes, de cor branca leitosa, com simbologia de resíduo infectante. E no acondicionamento dos perfurantes e cortantes são usados previamente recipientes rígidos, estanque, vedado, impermeável e identificado com inscrição de perfurocortante. 2 – GRUPO B: Resíduo Químico São acondicionados em duplo saco plástico de cor branca leitosa, com identificação do resíduo e dos riscos. Ou acondicionado em recipiente rígido e estanque, compatível com as características físico-químicas do resíduo ou produto a ser descartado, identificado de forma visível com o nome do conteúdo e suas principais características. 3 – GRUPO C: Resíduo Radioativo São acondicionados de acordo com as normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN. 4 – GRUPO D: Resíduo Comum São acondicionados em sacos pretos resistentes de modo a evitar derramamento durante seu manuseio. 6.2 - ARMAZENAMENTO 1 – GRUPO A: Infectante ou Biológico São armazenados em depósitos metálicos ou de polietileno com tampa e estanque, de fácil higienização e manuseio. 2 – GRUPO B: Resíduo Químico São armazenados em recipiente rígido e estanque, compatível com as características físico-químicas do resíduo ou produto a ser descartado, identificado de forma visível com o nome do conteúdo e suas principais características. 3 – GRUPO C: Resíduo Radioativo São armazenados de acordo com as normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN. 4 – GRUPO D: Resíduo Comum São armazenados em sacos pretos resistentes de modo a evitar derramamento durante seu manuseio. 6.3 - SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR As pessoas envolvidas com o PGRSS são submetidas a exame admissional, periódico de retorno ao trabalho, mudança e demissional. Exames e avaliações que são submetidas:

Anamnese ocupacional; Exame físico; Exame mental; Hemograma completo.

Vacinas exigidas:

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Tétano; Tuberculose; Hepatite; Outras considerações importantes pela vigilância sanitária na época.

As medidas de higiene e segurança permitem que o pessoal envolvido no Plano de Gerenciamento dos Resíduos Sépticos Sólidos – PGRSS, além de proteger sua própria saúde, possam desenvolver com maior eficiência seu trabalho, conhecer o cronograma de trabalho, sua natureza e responsabilidade, assim como,o risco a que estará exposto; - vacinar-se contra o tétano, tifo e hepatite B; - submeter-se a um check-up que conste no mínimo de um exame para tuberculose e contagem de hemoglobina para verificar seu bom estado de saúde; - estar em perfeito estado de saúde, não ter problemas com gripes leves nem pequenas feridas na mão ou no braço; - iniciar seu trabalho já devidamente protegido pelo equipamento pessoal – EPI’s (luva em PVC – cano longo, máscara, óculos, avental impermeável, bota em PVC – cano longo) para o caso de acidente com resíduos químicos; - não comer, não fumar, nem mastigar qualquer produto durante o manuseio dos resíduos; - ter acesso imediato uma caixa de anti-séptico, algodão, esparadrapo, ataduras e sabão germicida; - retirar-se do local caso sinta náuseas; - lavar a ferida com água e sabão no caso de corte ou arranhão durante o manuseio dos resíduos para desinfetá-la e cobri-la rapidamente. Caso necessário, recorrer ao serviço de urgência; - registrar sempre o acidente ocorrido no manuseio dos resíduos; - ter sempre sacos de reserva para uso imediato quando do rompimento para não deixar restos no chão; - descartar imediatamente as luvas em caso de ruptura, não as reutilizando; - lavar e desinfetar o equipamento de proteção pessoal, especialmente as luvas, após término do trabalho e, - tomar banho, no local de serviço, após a jornada de trabalho. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Para fins de atendimento de apresentação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Sépticos deverão ser observadas as seguintes Legislações e Normas Técnicas:

• LEI FEDERAL Nº 9605/98 – Dispõe sobre crimes ambientais. • RESOLUÇÃO CONAMA Nº 01/86 – Estabelece definições, responsabilidade, critérios básicos,e diretrizes da avaliação do impacto ambiental, determina que aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos são passíveis de avaliação. • RESOLUÇÃO CONAMA Nº 358, de 29 de abril de 2005, do CONAMA, que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. • RESOLUÇÃO ANVISA RDC 33/03 – Dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviço de saúde. • NBR 10.004/87 – Classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública.

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200

• NBR 7.500/87 – Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de resíduos sólidos. • NBR 12.235/92 – Armazenamento de resíduos sólidos perigosos definidos na NBR 10004 –procedimentos. • NBR 12.807/93 – Resíduos de serviços de saúde – terminologia. • NBR 12.808/93 – Resíduos de serviços de saúde – classificação. • NBR 12.809/93 – Manuseio de resíduos de serviços de saúde – procedimentos. • NBR 12.810/93 – Coleta de resíduos de serviços de saúde – procedimentos. • NBR 9.190/93 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – classificação. • NBR 9.191/93 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – especificação. • NBR 9.195/93 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – determinação da resistência à queda livre. • NBR 13.055/93 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Determinação para a capacidade volumétrica. • NBR 13.056/93 – Filmes plásticos para saco para acondicionamento de lixo. • NBR 12.890/93 – Coleta, varrição e acondicionamento de resíduos sólidos urbanos - terminologia. • NBR 11.175/90 – Fixa as condições exigíveis de desempenho do equipamento para incineração de resíduos sólidos perigosos. • NBR 13.853/97 – Coletores para resíduos de serviços de saúde perfurantes ou cortantes –requisitos e métodos de ensaio. • CNEN – NE 6.05/98 – Gerência dos rejeitos radioativos.

8. RESPONSÁVEIS PELO ESTABELECIMENTO GERADOR E PELA ELABORAÇÃO DO PLANO Local e data Responsável pelo Estabelecimento Gerador(Nome do estabelecimento): ___________________________________ Nome do responsável . Registro no Conselho Profissional . Responsável pela Elaboração do Plano: ___________________________________ Nome do responsável. Registro no Conselho Profissional.

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201

ANEXO II

Atividades a serem desempenhadas pelo Consórcio Público dos Municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória

A- ATIVIDADES DE GESTÃO Planejamento

AÇÃO Carga Horária Prevista Carga Horária Executada Custo Hora Custo Total da Carga HoráriaElaboração de minutas edital de licitação, de contratos administrativos, de autorizações legais operativas e de outros instrumentos jurídicos Mecanismos de apropriação, recuperação de custos e remuneração pela prestação dos serviçosSistema de informações sobre os serviços na área da gestão associada, articulado com o SNIS Plano de gerenciamento dos RCC e de resíduos volumososOutras

Regulação / FiscalizaçãoAÇÃO Carga Horária Prevista Carga Horária Executada Custo Hora Custo Total da Carga HoráriaEdição das normas de regulação Acompanhamento e fiscalização dos serviços contratadosOutras

Controle SocialCustos com Divulgação Custos com Organização

Eventos por ano PessoasAudiências PúblicasConsultas PúblicasConferências RegionaisOutras

B - ATIVIDADES DE GESTÃO DOSSERVIÇOS LOCAIS

AÇÃO Carga Horária Prevista Carga Horária Executada Custo Hora Custo Total da Carga Horária

Sistema de Controle de custosControle de arrecadaçãoFormas de cobrança

Quantidade

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202

ANEXO III

Estrutura administrativa do Consórcio Público

ÓRGÃOS DIRIGENTES ATRIBUIÇÕES

Assembléia Geral Estabelecer as diretrizes a ser seguida pelo consórcio na qualidade de seu órgão máximo

Presidência Representar o consórcio público, dando cumprimento às decisões da Assembléia Geral. Oprefeito ou, se for o caso, o governador eleito será investido no mandato da Presidência

ÓRGÃO DE CONTROLE INTERNO ATRIBUIÇÕESConselho Fiscal Desempenhar o controle financeiro e orçamentário interno do consórcio

ÓRGÃO DE CONTROLE SOCIAL ATRIBUIÇÕES

Conselho popular consultivoDesempenhar o controle social perante o consórcio público, sendo formado porrepresentantes dos usários, prestadores, Municípios e da sociedade civil organizada,assim como do Estado para o desempenho de mandatos fixos por tempo determinado

ÓRGÃOS EXECUTIVOS ATRIBUIÇÕES

Câmara de Regulação

Caso a opção seja em prol da regulação/fiscalização no âmbito do consórcio público, acâmara de regulação promoverá a regulação/fiscalização sobre os serviços de resíduossólidos, sendo formada por representantes dos usários, prestadores, Municípios e dasociedade civil organizada, assim como o Estado para o desempenho de mandatos fixospor tempo determinado

Diretoria Executiva Dar concretude a parte executiva do consórcio público, inclusive a sua organizaçãoadministrativa, cumprindo as decisões da Assembléia Geral e da Presidencia

Gerência Operacional Gerir a delegação dos contratos administrativos com os prestadores, as autorizaçõesoperativas, os programas de manejo de resíduos sólidos, inclusive os coleta seletiva

Ouvidoria Promover a interface com os Municípios, os usuários, os prestadores e, ainda, apopulação em geral

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203

ANEXO IV

Recursos básicos para manutenção e funcionamento do Consórcio Público

II - DESPESAS COM PESSOAL

A - Despesas com PessoalÓRGÃOS DIRIGENTES

Assembléia Geral 8 membros: 1 representante por Municípios + 1 do Estado 4 (X) por ano Diária

Presidencia 2 membros: Presidente + Vice-Presidente

Ordinariamente: 4 (X) por ano /

Extraordináriamente: sempre que necessário

Diária

B - Despesas com PessoalÓRGÃO DE CONTROLEINTERNO

Conselho Fiscal 8 (Municípios + Estado)

Ordinariamente: 4 (X) por ano /

Extraordináriamente: sempre que necessário

Diária

C - Despesas com PessoalÓRGÃO DE CONTROLESOCIAL

Conselho Popular Consultivo 11 (composto pela soma dos diversos segmentos representados) 1 1 (X) por trimestre Diária

D - Despesas com PessoalÓRGÃO EXECUTIVO

Câmara de Regulação 11 (composto pela soma dos diversos segmentos representados) 1 3 (X) por mês Remuneração

TOTAL DE COMPONENTES

Natureza da remuneração

Natureza da remuneração Valor Total

TOTAL DE COMPONENTES Presença Natureza da remuneração Valor Unitário Valor Total

Valor Unitário Valor Total

Presença Valor Unitário

TOTAL DE COMPONENTES QUANTIDADE POR SEGMENTOS Presença

Natureza da remuneração Valor TotalTOTAL DE COMPONENTES QUANTIDADE POR SEGMENTOS Presença

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204

E - Despesas com PessoalÓRGÃO EXECUTIVO

Ouvidoria 1 (ouvidor geral) 3 (X) por mês Remuneração Cargo de ConfiançaF - Despesas com Pessoal

ÓRGÃO EXECUTIVOGERÊNCIA OPERACIONAL

Gerente-Operacional 1 (profissional de nível superior) 40h. Semanais Remuneração Cargo de ConfiançaSub-gerente Operacional 1 (profissional de nível superior) 20h. Semanais Remuneração Cargo de Confiança

G - Despesas com PessoalÓRGÃO EXECUTIVO

DIRETORIA EXECUTIVA

Diretor Executivo 1 (profissional de nível superior) 40h. Semanais Remuneração Cargo de ConfiançaVice-Diretor Executiivo 1 (profissional de nível superior) 40h. Semanais Remuneração Cargo de Confiança

Assessor Jurídico 1 (profissional de nível superior) 40h. Semanais Remuneração Emprego públicoContador 1 (profissional de nível superior) 40h. Semanais Remuneração Emprego público

Especialista em resíduos sólidos 1 (profissional de nível superior) 40h. Semanais Remuneração Emprego público

Fiscal 1 (profissional de nível superior) 40h. Semanais Remuneração Emprego públicoTécnico Administrativo 1 (profissional de nível médio) 40h. Semanais Remuneração Emprego públicoTécnico em Informática 1 (profissional de nível médio) 40h. Semanais Remuneração Emprego público

TOTAL DE EMPREGADOS 8 empregados

Valor do Salário

Valor do Salário

Valor do SalárioNatureza do Cargo

Natureza do Cargo

Natureza do Cargo

Natureza da remuneração

COMPONENTES Presença Natureza da remuneração

COMPONENTES Presença Natureza da remuneração

TOTAL DE COMPONENTES Presença

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205

III - DESPESAS FIXASH - Despesas com estrutura física

Item Quantidade Valor unitário Valor totalImóvelEnergia/AguaComunicaçãoMóveis e equipamentosOutras

IV - DESPESAS VARIÁVEIS I - Despesas de custeio

Item Quantidade Valor unitário Valor totalMaterial de escritórioMaterial de limpezaDeslocamentosEventos (AP, reuniões,etc)Outros

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206

ANEXO V

Cadastro Único de Convênio (CAUC)

Entidade Federativa: CARIACICA Data: 29/10/2009 CNPJ Interveniente: 27.150.549/0001-19 - CARIACICA PREFEITURA Atende às seguintes determinações legais: Seq Dispositivo Atendimento Validade Texto

100 LRF, ART.11 - ARRECADACAO DE TRIBUTOS S 30/04/2010 Ver

200 CERTIDAO (ADIMPLENCIA), ART 25 § 1º, IV, ALINEA A

201 INSS - CND Ver

201.1 INSS - CND - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

201.2 INSS - CND - DEMAIS CNPJS AC

202 CRP - CERTIFICADO DE REGULARIDADE PREVIDENCIÁRIA S 18/01/2010 Ver

203 FGTS – CRF Ver

203.1 FGTS - CRF - CONVENENTE NECESSÁRIO S 09/11/2009

203.2 FGTS - CRF - DEMAIS CNPJS S 07/11/2009

204 REGULARIDADE NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CONVENIO (CONCONV/SIAFI)

Ver

204.1 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - CONVENENTE NECESSÁRIO AC

204.2 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

205 SRF - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DIVIDA ATIVA DA UNIÃO Ver

205.1 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - CONVENENTE NECESSÁRIO S 09/03/2010

205.2 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DEMAIS CNPJS S 31/10/2009

207 CADIN - CAD. INF. DOS CRÉDITOS NÃO QUITADOS DO SETOR PÚB. FEDERAL

Ver

207.1 CADIN - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

207.2 CADIN - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

208 PAGAMENTOS DE EMPREST E FINANC AO ENTE TRANSFERIDOR(ART 25,IV,A)

S 29/10/2009 Ver

300 APLICACOES CONSTITUCIONAIS- LRF ART 25, § 1º, IV, ALINEA B

301 EDUCAÇÃO (ART. 212, CF) S 30/04/2010 Ver

302 SAÚDE (E.C. 29/2000) S 30/04/2010 Ver

400 RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL - RGF AC 30/09/2009 Ver

500 CONTAS ANUAIS

501 LRF, ART. 51 (ENCAMINHAMENTO DAS CONTAS ANUAIS) S 30/04/2010 Ver

600 RELATORIO DA EXECUCAO ORCAMENTARIA

601 LRF, ART. 52 (PUBLICACAO DO RREO) AC 30/09/2009 Ver

Entidade Federativa: GUARAPARI/ES Data: 29/10/2009

CNPJ Interveniente: 27.165.190/0001-53 - GUARAPARI PREFEITURA

Atende às seguintes determinações legais:

Seq Dispositivo Atendimento Validade Texto

100 LRF, ART.11 - ARRECADACAO DE TRIBUTOS AC 30/04/2009 Ver

200 CERTIDAO (ADIMPLENCIA), ART 25 § 1º, IV, ALINEA A

201 INSS - CND Ver

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207

201.1 INSS - CND - CONVENENTE NECESSÁRIO AC

201.2 INSS - CND - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

202 CRP - CERTIFICADO DE REGULARIDADE PREVIDENCIÁRIA S 11/01/2010 Ver

203 FGTS – CRF Ver

203.1 FGTS - CRF - CONVENENTE NECESSÁRIO S 21/11/2009

203.2 FGTS - CRF - DEMAIS CNPJS S

204 REGULARIDADE NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CONVENIO (CONCONV/SIAFI)

Ver

204.1 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

204.2 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

205 SRF - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DIVIDA ATIVA DA UNIÃO Ver

205.1 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - CONVENENTE NECESSÁRIO S 09/12/2009

205.2 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DEMAIS CNPJS S

207 CADIN - CAD. INF. DOS CRÉDITOS NÃO QUITADOS DO SETOR PÚB. FEDERAL

Ver

207.1 CADIN - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

207.2 CADIN - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

208 PAGAMENTOS DE EMPREST E FINANC AO ENTE TRANSFERIDOR(ART 25,IV,A)

S 29/10/2009 Ver

300 APLICACOES CONSTITUCIONAIS- LRF ART 25, § 1º, IV, ALINEA B

301 EDUCAÇÃO (ART. 212, CF) AC Ver

302 SAÚDE (E.C. 29/2000) S 30/04/2010 Ver

400 RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL - RGF AC 30/05/2009 Ver

500 CONTAS ANUAIS

501 LRF, ART. 51 (ENCAMINHAMENTO DAS CONTAS ANUAIS) S 30/04/2010 Ver

600 RELATORIO DA EXECUCAO ORCAMENTARIA

601 LRF, ART. 52 (PUBLICACAO DO RREO) AC 30/09/2009 Ver

Entidade Federativa: VITORIA/ES Data: 29/10/2009

CNPJ Interveniente: 27.142.058/0001-26 - PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA

Atende às seguintes determinações legais:

Seq Dispositivo Atendimento Validade Texto

100 LRF, ART.11 - ARRECADACAO DE TRIBUTOS S 30/04/2010 Ver

200 CERTIDAO (ADIMPLENCIA), ART 25 § 1º, IV, ALINEA A

201 INSS – CND Ver

201.1 INSS - CND - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

201.2 INSS - CND - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

202 CRP - CERTIFICADO DE REGULARIDADE PREVIDENCIÁRIA S 24/03/2010 Ver

203 FGTS - CRF Ver

203.1 FGTS - CRF - CONVENENTE NECESSÁRIO S 17/11/2009

203.2 FGTS - CRF - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

204 REGULARIDADE NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CONVENIO (CONCONV/SIAFI)

Ver

204.1 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - CONVENENTE NECESSÁRIO AC

204.2 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

205 SRF - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DIVIDA ATIVA DA UNIÃO Ver

205.1 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - CONVENENTE NECESSÁRIO S 20/03/2010

205.2 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DEMAIS CNPJS S 30/03/2010

207CADIN - CAD. INF. DOS CRÉDITOS NÃO QUITADOS DO SETOR PÚB.

Ver

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PRODUTO 8 – Plano Diretor de Resíduos Sólidos – VERSÃO FINAL

208

FEDERAL

207.1 CADIN - CONVENENTE NECESSÁRIO AC

207.2 CADIN - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

208 PAGAMENTOS DE EMPREST E FINANC AO ENTE TRANSFERIDOR(ART 25,IV,A)

S 29/10/2009 Ver

300 APLICACOES CONSTITUCIONAIS- LRF ART 25, § 1º, IV, ALINEA B

301 EDUCAÇÃO (ART. 212, CF) S 30/04/2010 Ver

302 SAÚDE (E.C. 29/2000) S 30/04/2010 Ver

400 RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL - RGF S 30/01/2010 Ver

500 CONTAS ANUAIS

501 LRF, ART. 51 (ENCAMINHAMENTO DAS CONTAS ANUAIS) S 30/04/2010 Ver

600 RELATORIO DA EXECUCAO ORCAMENTARIA

601 LRF, ART. 52 (PUBLICACAO DO RREO) S 30/11/2009 Ver

Entidade Federativa: FUNDAO/ES Data: 29/10/2009

CNPJ Interveniente: 27.165.182/0001-07 - PREFEITURA MUNICIPAL DE FUNDÃO

Atende às seguintes determinações legais:

Seq Dispositivo Atendimento Validade Texto

100 LRF, ART.11 - ARRECADACAO DE TRIBUTOS S 30/04/2010 Ver

200 CERTIDAO (ADIMPLENCIA), ART 25 § 1º, IV, ALINEA A

201 INSS - CND Ver

201.1 INSS - CND - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

201.2 INSS - CND - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

202 CRP - CERTIFICADO DE REGULARIDADE PREVIDENCIÁRIA AC Ver

203 FGTS - CRF Ver

203.1 FGTS - CRF - CONVENENTE NECESSÁRIO S 30/10/2009

203.2 FGTS - CRF - DEMAIS CNPJS S

204 REGULARIDADE NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CONVENIO (CONCONV/SIAFI)

Ver

204.1 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

204.2 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

205 SRF - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DIVIDA ATIVA DA UNIÃO Ver

205.1 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - CONVENENTE NECESSÁRIO S 14/04/2010

205.2 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DEMAIS CNPJS S

207 CADIN - CAD. INF. DOS CRÉDITOS NÃO QUITADOS DO SETOR PÚB. FEDERAL

Ver

207.1 CADIN - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

207.2 CADIN - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

208 PAGAMENTOS DE EMPREST E FINANC AO ENTE TRANSFERIDOR(ART 25,IV,A)

S 29/10/2009 Ver

300 APLICACOES CONSTITUCIONAIS- LRF ART 25, § 1º, IV, ALINEA B

301 EDUCAÇÃO (ART. 212, CF) S 30/04/2010 Ver

302 SAÚDE (E.C. 29/2000) S 30/04/2010 Ver

400 RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL - RGF S 30/01/2010 Ver

500 CONTAS ANUAIS

501 LRF, ART. 51 (ENCAMINHAMENTO DAS CONTAS ANUAIS) S 30/04/2010 Ver

600 RELATORIO DA EXECUCAO ORCAMENTARIA

601 LRF, ART. 52 (PUBLICACAO DO RREO) AC 30/09/2009 Ver

PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA Instituto Brasileiro de Administração Municipal

PRODUTO 8 – Plano Diretor de Resíduos Sólidos – VERSÃO FINAL

209

Entidade Federativa: VIANA/ES Data: 29/10/2009

CNPJ Interveniente: 27.165.547/0001-01 - VIANA PREFEITURA

Atende às seguintes determinações legais: Seq Dispositivo Atendimento Validade Texto

100 LRF, ART.11 - ARRECADACAO DE TRIBUTOS S 30/04/2010 Ver 200 CERTIDAO (ADIMPLENCIA), ART 25 § 1º, IV, ALINEA A 201 INSS - CND Ver 201.1 INSS - CND - CONVENENTE NECESSÁRIO AC 201.2 INSS - CND - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009 202 CRP - CERTIFICADO DE REGULARIDADE PREVIDENCIÁRIA S 09/03/2010 Ver 203 FGTS - CRF Ver 203.1 FGTS - CRF - CONVENENTE NECESSÁRIO S 09/11/2009 203.2 FGTS - CRF - DEMAIS CNPJS S

204 REGULARIDADE NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CONVENIO (CONCONV/SIAFI) Ver

204.1 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

204.2 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

205 SRF - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DIVIDA ATIVA DA UNIÃO Ver

205.1 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - CONVENENTE NECESSÁRIO S 12/04/2010

205.2 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DEMAIS CNPJS S

207 CADIN - CAD. INF. DOS CRÉDITOS NÃO QUITADOS DO SETOR PÚB. FEDERAL Ver

207.1 CADIN - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009 207.2 CADIN - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

208 PAGAMENTOS DE EMPREST E FINANC AO ENTE TRANSFERIDOR(ART 25,IV,A) S 29/10/2009 Ver

300 APLICACOES CONSTITUCIONAIS- LRF ART 25, § 1º, IV, ALINEA B 301 EDUCAÇÃO (ART. 212, CF) S 30/04/2010 Ver 302 SAÚDE (E.C. 29/2000) S 30/04/2010 Ver 400 RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL – RGF AC 30/09/2009 Ver 500 CONTAS ANUAIS 501 LRF, ART. 51 (ENCAMINHAMENTO DAS CONTAS ANUAIS) S 30/04/2010 Ver 600 RELATORIO DA EXECUCAO ORCAMENTARIA 601 LRF, ART. 52 (PUBLICACAO DO RREO) S 30/11/2009 Ver

Entidade Federativa: VILA VELHA/ES Data: 29/10/2009

CNPJ Interveniente: 27.165.554/0001-03 - VILA VELHA PREFEITURA

Atende às seguintes determinações legais: Seq Dispositivo Atendimento Validade Texto

100 LRF, ART.11 - ARRECADACAO DE TRIBUTOS S 30/04/2010 Ver 200 CERTIDAO (ADIMPLENCIA), ART 25 § 1º, IV, ALINEA A 201 INSS - CND Ver 201.1 INSS - CND - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

201.2 INSS - CND - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

202 CRP - CERTIFICADO DE REGULARIDADE PREVIDENCIÁRIA AC Ver 203 FGTS - CRF Ver

PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA Instituto Brasileiro de Administração Municipal

PRODUTO 8 – Plano Diretor de Resíduos Sólidos – VERSÃO FINAL

210

203.1 FGTS - CRF - CONVENENTE NECESSÁRIO S 30/10/2009

203.2 FGTS - CRF - DEMAIS CNPJS S

204 REGULARIDADE NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CONVENIO (CONCONV/SIAFI)

Ver

204.1 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - CONVENENTE NECESSÁRIO AC

204.2 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

205 SRF - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DIVIDA ATIVA DA UNIÃO Ver

205.1 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - CONVENENTE NECESSÁRIO AC

205.2 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DEMAIS CNPJS S

207 CADIN - CAD. INF. DOS CRÉDITOS NÃO QUITADOS DO SETOR PÚB. FEDERAL

Ver

207.1 CADIN - CONVENENTE NECESSÁRIO AC

207.2 CADIN - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

208 PAGAMENTOS DE EMPREST E FINANC AO ENTE TRANSFERIDOR(ART 25,IV,A)

S 29/10/2009 Ver

300 APLICACOES CONSTITUCIONAIS- LRF ART 25, § 1º, IV, ALINEA B

301 EDUCAÇÃO (ART. 212, CF) S 30/04/2010 Ver

302 SAÚDE (E.C. 29/2000) S 30/04/2010 Ver

400 RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL - RGF S 30/01/2010 Ver

500 CONTAS ANUAIS

501 LRF, ART. 51 (ENCAMINHAMENTO DAS CONTAS ANUAIS) S 30/04/2010 Ver

600 RELATORIO DA EXECUCAO ORCAMENTARIA

601 LRF, ART. 52 (PUBLICACAO DO RREO) S 30/11/2009 Ver

Entidade Federativa: SERRA/ES Data: 29/10/2009 CNPJ Interveniente: 27.174.093/0001-27 - PREFEITURA MUNICIPAL DA SERRA

Atende às seguintes determinações legais:

Seq Dispositivo Atendimento Validade Texto

100 LRF, ART.11 - ARRECADACAO DE TRIBUTOS S 30/04/2010 Ver

200 CERTIDAO (ADIMPLENCIA), ART 25 § 1º, IV, ALINEA A

201 INSS - CND Ver

201.1 INSS - CND - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

201.2 INSS - CND - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

202 CRP - CERTIFICADO DE REGULARIDADE PREVIDENCIÁRIA S 20/03/2010 Ver

203 FGTS - CRF Ver

203.1 FGTS - CRF - CONVENENTE NECESSÁRIO S 17/11/2009

203.2 FGTS - CRF - DEMAIS CNPJS S

204 REGULARIDADE NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CONVENIO (CONCONV/SIAFI)

Ver

204.1 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

204.2 REGUL. NA PREST. DE CONTAS DE CONVENIO - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

205 SRF - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DIVIDA ATIVA DA UNIÃO Ver

205.1 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - CONVENENTE NECESSÁRIO S 20/04/2010

205.2 RFB - TRIBUTOS E CONTRIB. FEDERAIS/PGFN - DEMAIS CNPJS S

207 CADIN - CAD. INF. DOS CRÉDITOS NÃO QUITADOS DO SETOR PÚB. FEDERAL

Ver

207.1 CADIN - CONVENENTE NECESSÁRIO S 29/10/2009

207.2 CADIN - DEMAIS CNPJS S 29/10/2009

PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA Instituto Brasileiro de Administração Municipal

PRODUTO 8 – Plano Diretor de Resíduos Sólidos – VERSÃO FINAL

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208 PAGAMENTOS DE EMPREST E FINANC AO ENTE TRANSFERIDOR(ART 25,IV,A)

S 29/10/2009 Ver

300 APLICACOES CONSTITUCIONAIS- LRF ART 25, § 1º, IV, ALINEA B

301 EDUCAÇÃO (ART. 212, CF) S 30/04/2010 Ver

302 SAÚDE (E.C. 29/2000) S 30/04/2010 Ver

400 RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL - RGF S 30/01/2010 Ver

500 CONTAS ANUAIS

501 LRF, ART. 51 (ENCAMINHAMENTO DAS CONTAS ANUAIS) S 30/04/2010 Ver

600 RELATORIO DA EXECUCAO ORCAMENTARIA

601 LRF, ART. 52 (PUBLICACAO DO RREO) S 30/11/2009 Ver

AC = A COMPROVAR PELO BENEFICIÁRIO

Fonte: https://consulta.tesouro.fazenda.gov.br/RegularidadeSiafi/index_regularidade.asp

PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA Instituto Brasileiro de Administração Municipal

PRODUTO 8 – Plano Diretor de Resíduos Sólidos – VERSÃO FINAL

212

PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA Instituto Brasileiro de Administração Municipal

PRODUTO 8 – Plano Diretor de Resíduos Sólidos – VERSÃO FINAL

213

GLOSSÁRIO DE SIGLAS

A3P Agenda Ambiental na Administração Pública

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

Amariv Associação de Catadores de Materiais Recicláveis da Ilha de Vitória

Ascamare Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Vitória

ASCAMARG Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Guarapari

Ascavive Associação de Catadores de Vila Velha

CADIN Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal

CAUC Cadastro Único de Convênio

CEFETES Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo

CIRSUCC Comissão Interna de Resíduos Sólidos Urbanos e da Construção Civil

CND Certidão Negativa de Débito

CNPJ Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

CODEG Companhia de Melhoramentos e Desenvolvimento Urbano de Guarapari

COGERES Comitê Gestor dos Resíduos Sólidos

COMDEVIT Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONCONV Consulta Convênio

CRF Certificado de Regularidade do FGTS

CRFB Constituição da República Federativa do Brasil

CRP Certificado de Regularidade Previdenciária

CTRVV Central de Tratamento de Resíduos de Vila Velha

EPC Equipamento de Proteção Coletivo

EPI Equipamento de Proteção Individual

Fapes Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia do Espírito Santo

FEL&C Fórum Estadual Lixo e Cidadania

FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

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PRODUTO 8 – Plano Diretor de Resíduos Sólidos – VERSÃO FINAL

214

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FPM Fundo de Participação dos Municípios

FUMDEVIT Fundo Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEMA Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

IPI Imposto sobre Produto Industrializado

LDNSB Lei de Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico

LI Licença de Instalação

LLCA Lei de Licitações e Contratos Administrativos

LO Licença de Operação

LP Licença Prévia

LPPPs Lei das Parcerias Público-Privadas

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal

LS Licença Simplificada

MCIDADES Ministério das Cidades

MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MNCR Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis

NBR Norma Brasileira

OS Organização Social

OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PaP Porta a porta

PCMR Programa Capixaba de Materiais Reaproveitáveis

PDRS Plano Diretor de Resíduos Sólidos

PESB Política Estadual de Saneamento Básico

PET Politereftalato de etileno

PEV Ponto de Entrega Voluntária

PGFN Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional

PGRSS Planos de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

PL Projeto de Lei

Pnad Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

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PRODUTO 8 – Plano Diretor de Resíduos Sólidos – VERSÃO FINAL

215

PNSB Política Nacional de Saneamento Básico

PRONEA Programa Nacional de Educação Ambiental

PSAU Pagamento por Serviços Ambientais Urbanos

PVC Policloreto de Vinila

RCC Resíduos da Construção Civil

RDO Resíduos Domiciliares

RFB Receita Federal do Brasil

RMGV Região Metropolitana da Grande Vitória

RPU Resíduos Públicos

RS Resíduos Sólidos

RSI Resíduos Sólidos Industriais

RSS Resíduos de Serviços de Saúde

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

RTS Rede de Tecnologia Social

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEDU/PR Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República

SEMMAM Secretaria de Meio Ambiente – Vitória

SEMSE Secretaria Municipal de Serviços – Vitória

SEMSET Secretaria Municipal de Serviços e Trânsito – Cariacica

SEMSU Secretaria Municipal de Serviços Urbanos – Viana / Vila Velha

SEOB Secretaria de Obras – Serra

SEPLAN Secretaria de Planejamento Econômico e Infra-Estrutura – Fundão

SESE Secretaria de Serviços – Serra

SIAFI Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal

SMOB Secretaria Municipal de Obras – Vila Velha

SNIS Sistema Nacional de Informações em Saneamento

TCDRS Tarifa de Coleta, Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos

TR Termo de Referência

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PRODUTO 8 – Plano Diretor de Resíduos Sólidos – VERSÃO FINAL

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