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cu Janeiro 2010 Número 0 Edição1 ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Artigos de interesse especial: • Programa PesquisaAcção «Voz di Paz» ...p.2 • Vozes da Diáspora – 1ª Escuta Voz di Paz ………………………….…………………..p.5 • Conferência «Os conflitos na GuinéBissau: da génese às soluções possíveis ………….…p.11 Janeiro/Fevereiro 2010 Número 0 Edição1 ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Editorial………….. p.4 Auscultação da Diáspora em Lisboa…………….. p.4 Depoimento «Em nome da Paz»………………… p.6 Documentário «Voz di Povo»… p.8 Ecos de Paz……p.12 Auscultação da Diáspora

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Janeiro 2010 Número 0 Edição1

ECO da Voz di Paz Boletim Informativo

Artigos de interesse especial:

• Programa Pesquisa‐Acção «Voz di Paz» ...p.2 • Vozes da Diáspora – 1ª Escuta    Voz di Paz ………………………….…………………..p.5  • Conferência «Os conflitos na Guiné‐Bissau:    da génese às soluções possíveis ………….…p.11

Janeiro/Fevereiro 2010 Número 0 Edição1

ECO da Voz di Paz    

Boletim Informativo

Editorial…………..

p.4

Auscultação da Diáspora em Lisboa……………..

p.4

Depoimento «Em nome da Paz»…………………

p.6

Documentário «Voz di Povo»…

p.8

Ecos de Paz……… p.12

Auscultação da Diáspora

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Iniciativa «Voz di Paz» (VdP): oque é e o que pretende? O que tolhe a instauração de umapaz duradoira na Guiné-Bissau? Comoaproximar os Guineenses desavindospor anos de inextricáveis contendas?Como promover e enraizar umacultura de paz ao serviço dacidadania e do desenvolvimento?Estas questões alicerçam aintervenção do Programa dePesquisa-Acção para a Consolidaçãoda Paz, denominado Voz di Paz. Objectivos e estruturas: O balanço catastrófico da evoluçãodo país depois da guerra civil de1998-99 é um dos motivos da criaçãodo programa, que tira a suapertinência da urgente necessidadede instaurar um diálogo alargadoentre os guineenses, pois os maioresconflitos nos últimos anos foramengendrados pelo défice de diálogo.Assim, entre outros objectivos, a Vozdi Paz visa: - Criar um quadro de diálogonacional e desenvolver um processoinclusivo para identificar as causasprofundas de conflitos recorrentes nopaís; - Contribuir para reduzir adegradação das relações entrecomunidades, regiões e actoressócio-políticos; - Contribuir para criar um ambientepropício à prevenção e gestão deconflitos; - Reforçar as capacidades locais enacionais de diálogo para reduzir osriscos de conflitos e estimular aprocura de soluções duráveisbaseadas na pesquisa participativa; - Desenvolver lições e ferramentaspráticas para a consolidação da pazna Guiné-Bissau e na subregião. Para levar a cabo a sua tarefa, a Vozdi Paz dotou-se das seguintesestruturas: Comité de Orientação,órgão investido da missão de dar umacaução política e moral; Comité dePilotagem, concebida como célula de

Fases do Programa «Voz di Paz»

1) Diálogo sobre as causas de conflitos que permita realizar uma profunda e alargada auscultação das populações sobre os obstáculos à paz; O pro-duto desta fase é a definição de uma genealogia e geografia dos conflitos no país; 2) Consultas sobre as soluções apropriadas às causas de conflitos identificadas; 3) Apoio à implemen-tação das soluções de paz consensualmente delineadas pelo processo participativo.

Programa Pesquisa-Acção «Voz di Paz» Fafali Koudawo

Processo actual Depois da criação de espaços regionais de diálogo em 2007, a Voz di Paz ouviu os Guineenses em 2008 e 2009 sobre os obstáculos à paz e identificou as temáticas mais candentes de conflitos. O diálogo procede para a realização de um consenso nacional sobre o produto das escutas, pois falar com os guineenses de todos os bordos e em todos os lugares é o objectivo da Voz di Paz. Ouvir falar os guineenses é o método escolhido pela VdP para penetrar nos cantos mais recônditos dos ditos e não ditos da sociedade guineense. Fazer falar os guineenses por si, entre si sobretudo, sem receio, reservas, nem tabus, é a via trilhada pela Voz di Paz para instaurar um diálogo conducente ao reencontro pacífico dos corações e sua adesão aos ideais de uma cultura de paz no país.

implementação técnica; EspaçosRegionais de Diálogo integrados porgrupos de cidadãos escolhidos emfunção do seu comprometimento aoserviço da paz, da sua influência esua experiência na resolução deconflitos. Estes respondem aexigências de idoneidade erepresentatividade da diversidadenacional, actuando comoembaixadores da paz, servindo deelo de ligação com as populações nabase, com vista ao enraizamentodurável do processo de consolidaçãoda paz. Enquanto inovaçãoconcebida por Voz di Paz, o EspaçoRegional de Diálogo é o motor daapropriação de Voz di Paz pelaspopulações. A Voz di Paz recorretambém a Grupos multidisciplinaresde trabalho, integrados porespecialistas e pessoas recurso. Princípios e abordagem: A Voz di Paz recorre a umaabordagem largamente participativabaseada em três princípiosfundamentais: a inclusividade,entendida como a garantia da nãoexclusão de nenhuma componentenacional, como forma de promover eassegurar a participação dos actoressócio-políticos e económicos-chaves,das populações em geral e de todasas regiões, fazendo atenção à suaespecificidade nos conflitos e naconstrução de soluções pacíficas; apesquisa participativa, orientadapara a resolução de conflitos, comobase de um processo de reflexãopara a edificação de uma pazdurável fundada no plenoconhecimento das causas, dosactores e das soluções adaptadas àsrealidades nacionais; a apropriaçãonacional promovida como umprocesso de internalização daidentificação dos problemas, daconstrução de soluções, daimplementação das estratégiasconducentes ao aprofundamento dacultura de paz.

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A iniciativa de realizarsessões de escuta na diásporaem Novembro de 2009 nasceudo encontro, da contingênciae da necessidade. Primeiro anecessidade de escutar todosos guineenses em virtude doprincípio de inclusividade quevisa associar ao processo deconsolidação da paz todas aspartes de eventuais conflitos,

Auscultação da Diáspora em Lisboa Fafali Koudawo e Filomena Tipote

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e todos os cidadãos em todasas partes do conjuntonacional ponderando critérioscomo a idade, o género, aetnia, a religião, a profissão,a categoria sócio-profissionaletc. Este esforço parapromover a inclusividadeficaria incompleto se nãotivesse sido estendido àdiáspora guineense quecresce numericamente e de-sempenha um papel cada vezmais importante na vida danação. Em segundo lugar veioa contingência. Ela impul-sionou a concretização dosprimeiros passos da aplicaçãodo princípio da inclusividadena diáspora. Numa estada deuma delegação da Voz di Pazem Lisboa, os contactosmantidos com elementosmuito activos na comunidadeguineense tornaram possível aconcretização rápida de umaprimeira iniciativa de escuta

«ECO DA VOZ DI POVO» A palavra está no centro do processo de consolidação da paz promovida pela Voz di Paz. Palavra dita, que pode aliviar o peso dos problemas geradores de conflitos. Palavra ouvida que pode dissipar incompreensões nutridoras de contendas. Palavra trocada que pode amenizar relações azedadas por um défice de diálogo. A centralidade da palavra faz da Voz di Paz uma caixa de ressonância. Ressonância das frustrações acumuladas ao longo de décadas por populações que pouco tiveram direito à palavra livre. Ressonância dos anseios de gente que espera falar, com as suas próprias palavras, do seu passado, presente e futuro, evocando seus problemas e perspectivando suas soluções. Ressonância da voz do povo. Assim, a Voz di Paz não é nada mais do que o eco da Voz di Povo. Ela não pretende ser a voz do povo, pois este é dono da sua própria fala que é soberana. Ela aspira ser humildemente, mas fielmente, um eco, na nobre acepção de repetição idêntica do som da fala do povo. Para este fim, a Voz di Paz, que faz largamente apelo aos meios audiovisuais na sua metodologia, cria este novo órgão para levar longe a voz do povo. O seu nome, predestinado, é Eco. Eco, como retorno fiel da fala do povo. Eco como expansão em novos horizontes das ondas de paz originadas pelo povo. Eco como repercussão dos actos de paz, portadores de sementes de um futuro manso. O Eco da Voz di Paz será porta-voz da Voz do Povo. Aquela Voz que aproxima os guineenses, os faz comungar nos ideais da paz, e ressoa aos ouvidos dos seus amigos como uma renovada mensagem de irmandade.

Fafali Koudawo

Director Pesquisa

«Voz di Paz»

EDITORIAL

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Auscultação da diáspora em Lisboa

da diáspora radicada em Portugal. Em terceiro lugar, associar ao processo de consolidação da paz os guineenses radicados em Portugal tornou-se uma necessidade para pôr fim ao sentimento de isolamento desta mais importante comunidade guineense além fronteiras cujos membros dizem “Nós fazemos acender muitos fogões na Guiné, mas nunca somos tidos nem achados na discussão dos assuntos nacionais, nem nas eleições cujo rosto mudaria com a nossa participação.” No entanto, ouvir a comu-nidade guineense em Portugal não respondia apenas a uma vontade de debelar um sentimento de isolamento. Este exercício permitia valorizar o poten-cial de construção da paz de uma comunidade que tem entre outras vantagens, uma dupla experiência das realidades guineenses e portuguesas; Um olhar distanciado e objectivo sobre os problemas nacionais; Uma capacidade de contribuir na procura de soluções originais graças a uma vivência enriquecida pela experiência da emigração; Uma vontade de mudar um país natal cujas turbulências e imagem internacional têm sido um pesadelo para as comu-nidades radicadas além fronteiras; Um desejo de ser útil na mudança positiva do país para possibilitar um regresso mais fácil e mais feliz à Guiné-Bissau.

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A voz da diáspora é plural comoas suas origens sociais,habilitações, experiências naGuiné e da emigração,motivações, tendências políticas,perspectivas de vida etc. Asvozes da diáspora ouvidas no dia28 de Novembro de 2009 emLisboa tiveram tonalidades váriassobre as realidades nacionaislidas através do prisma do tempoque passou e da distância quesepara. Os temas mais abordadospelos intervenientes foram:

- A insuficiente valorização doconhecimento e da competênciana Guiné-Bissau enquanto o

mundo está numa era que colocamaior ênfase a estes factorestidos como os verdadeirossustentos do desenvolvimento;

- A não valorização das potencia-lidades naturais que são ostrunfos do país; A má governaçãoque é julgada crónica eresponsável pela má rentabi-lização dos recursos humanos enaturais;

- A pobreza considerada comoum escândalo gerado pela mágovernação e espelhado pelolastimoso estado das infra-estruturas do país, o alastra-mento da fome etc.;

- A impunidade como fruto damá governação e geradora darecorrente violência; A corrup-ção, enquanto uma das vertentesda má governação e causa depobreza;

- A herança da luta de libertaçãonacional como factor da culturade violência e de instabilidadepolítica sustentada pela classemilitar;

- A etnicidade, o tribalismo e oregionalismo como causas doenfraquecimento da nação;

- A cidadania fundada naparticipação e na respon-sabilização como garantes daboa governação; a emigraçãocomo oportunidade de procuraruma vida melhor, mas tambémvisto como sofrimento induzidopela ausência e as vicissitudes davida do desterrado no meio dedesafios de um mundo adverso etambém como incerteza face aosreptos do regresso à terra natal.

Entre as declarações recolhidas,destacamos as seguintes:Referindo-se à vida de emigranteque se sente injustamenteexcluído do convívio nacional, o

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Vozes da Diáspora – 1ª Escuta Voz di Paz Fafali Koudawo e Filomena Tipote

senhor Amândio Fernandes disse-nos: “Estamos a sofrer na diáspora mas guardamos o nosso muito orgulho... Embora, na Guiné-Bissau não somos tidos nem achados, fazemos acender muitos fogões.” A degradação e mesmo a inversão dos valores foram criticadas pelo senhor Victor Hugo Teixeira, que declarou que “O grande mal da Guiné é o ilusionismo, a ambição desmedida. O guineense quer ser rico a todo o custo sem fazer nada.” O amiguismo e o nepotismo tão vilipendiados pelos auscultados e sintetizado por Aladje Balde na partícula “de”: “Na Guiné-Bissau tudo funciona à volta do “de”: amigo de, filho de, cunhado de, militante de... A competência não é valorizada. Ela importa pouco.” Todas estas características que fazem a natureza atípica do país foram somadas no ditado: “A Guiné-Bissau é o único país onde o macaco sobe o limoeiro”, referido pelo senhor Ernesto Correia Seabra, ironizando sobre a falta de autoridade do Estado cujas espinhas (leis) já não chegam a impedir as barbaridades de cidadãos indelicados.

Na hierarquização das maiores causas de conflitos na Guiné-Bissau, os participantes destacaram o enfraquecimento do Estado e a má governação, a pobreza, a má administração da justiça, a corrupção, a instabilidade política e institucional, a herança mal gerida da luta de libertação nacional e a erosão dos valores positivos.

Sr. Amândio Fernandes

Auscultação da diáspora – Bairro Padre Cruz, Lisboa

Sr. Aladje Baldé

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Depoimento do jornalista guineense Waldir Araújo, um dos organizadores da 1ª iniciativa «Voz di Paz» em Lisboa Desde o primeiro contacto, oassunto despertou a minhaatenção. O Programa Voz diPaz, depois de um longoperíodo de pesquisa noterreno, nas mais longínquasregiões e tabankas da Guiné-Bissau, pretendia agora,escutar a voz dos que estãofora do país, na diáspora,sobre a mesma questão: razõesque estarão na génese dosconflitos no país e possíveissoluções. O meu colega deprofissão e amigo pessoalHelmer Araújo fez-me saberque o Professor Fafali Koudawoe a drª Filomena Tipoteestariam interessados em falarconnosco para nos apresentaro projecto e informar dasintenções quanto àorganização de um eventualencontro com a comunidadeguineense em Portugal. O primeiro encontro prendeu-me logo ao projecto. Ainiciativa, liderada por estasduas personalidades a quemreconheço grande mérito,despertou a minha atenção porvários motivos. Primeiro,porque enquanto cidadãoguineense na diáspora entendoque a distância nunca poderser vista como motivo deabstenção ou discriminação dealguém que queira tomar parteem projectos ou programasque têm como objectivoencontrar soluções, apontarrumos para um futuro airosoque todos almejam para o seupaís. Outrossim, enquantojornalista, não raras vezesescutei os lamentos deelementos da comunidade

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guineense em Portugal e não só,que se afirmam marginalizados emtermos de participação emassuntos relacionados com o país.Diria mesmo que ao longo dosanos, a diáspora guineense temvindo a sentir-se como que “postade lado” pelos decisores políticose pela esfera influente em tornoda

Waldir Araújo,

jornalista e escritor

da qual gravita o poder que tem gerido os destinos da Guiné-Bissau nos últimos tempos. Ademais, a possibilidade de divulgar um trabalho de pesquisa de fundo e através do qual tomar consciência do que pensa o povo guineense sobre as razões dos constantes conflitos que tem atrasado o país, pareceram-me motivos mais do que suficientes para motivar o meu envolvimento no encontro que se realizou em Lisboa. Tive o

Privilégio de fazer parte da Comissão Organizadora de um encontro que durante dois dias – 27 e 28 de Novembro de 2009 - escutou as preocupações, a dor, a angústia e a esperança dos que, embora fora do país, vivem e acompanham atenta-mente cada pulsar da sua pátria. Tive a oportunidade de constatar o interesse com que os guineenses em Portugal acompanharam o participativo encontro. Encontro durante o qual tiveram oportunidade de, viva voz, dar o seu parecer, o seu contributo sobre o tema em causa. E ficou também explícita a intenção de acompanhar os próximos passos deste ousado e louvado Programa que quis escutar quem quase nunca tem oportunidade de se fazer ouvir. Porque todos, fora ou dentro, fazemos parte deste povo cuja voz não se pode calar. Em nome da paz.

«Em nome da Paz»

Helmer Araújo

Auscultação da Diáspora em Lisboa

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Álbum da Auscultação em Lisboa

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Que conflitos... Que soluções?

São vários os caminhos para responder à lancinante inter-rogação sobre as causas da crónica intranquilidade na Guiné-Bissau. A Voz di Paz privilegia a escuta directa de todos os actores, da base ao topo. Mas, ela recorre também a fóruns de reflexão e debate.

Neste sentido, o primeiro evento protagonizado pela Voz di Paz em Lisboa foi uma conferência intitulada: “Conflitos na Guiné-

Conferência «Os conflitos na Guiné-Bissau: da génese às soluções possíveis»

Bissau: da génese às soluções possíveis”. Esta sessão congregou estudiosos da Guiné-Bissau e de Portugal, cidadãos guineenses e descendentes, assim como parceiros e amigos da Guiné-Bissau. Os debates, por vezes acesos, foram estimulados por palestras proferidas pelos professores universitários - Eduardo Costa Dias, Fafali Koudawo e Álvaro Nóbrega, quadros guineenses activos em Portugal - Romualda Fernandes e João Conduto Júnior - que deram outros contributos para as discussões, moderadas por António Pacheco, Rosalie Dias Fernandes e Mamadu Ba.

Esta conferência, realizada com o apoio financeiro do Ministério de Negócios Estrangeiros da Finlândia, contou ainda com a parceria da Câmara Municipal de Lisboa. Estiveram presentes na abertura diversas perso-nalidades, com destaque para Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP e Constantino Lopes, Embai-xador da Guiné-Bissau em Portugal.

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      Documentário «Voz di Povo»

A Voz di Povo é um documentáriode 52 minutos, extraído de maisde 300 horas de gravaçõesrealizadas em 2008 na Guiné,

recolhendo vozes das populaçõesdos mais recônditos lugares dopaís. Trata-se da soma deimagens e vozes verdadeiras,directas e simples, de pessoasautênticas na expressão diversi-ficada das suas realidades eexperiências. O documentárioserviu de ponto de entrada naauscultação da diáspora emLisboa a 28 de Novembro de 2009,provocando reacções contrastadasà medida que se ouviam os teste-munhos dos diversos tipos de

intranquilidade que afecta aspopulações. Nada escapou àperspicácia do povo que seexprimiu ao longo dos 9 meses deauscultação concentrados nodocumentário. Os guineenses dadiáspora comungaram os senti-mentos que escoavam de palavrasditas com paixão, tristeza, ânimo,desilusão, esperança, alegria,indignação, lucidez, nostalgia,pesar, frustração, humor... massempre com um olhar posto nofuturo que se espera de paz.

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Os Ecos de Paz são vozes dos filhosda Guiné-Bissau que querem chegarà terra amada, à terra sagrada dasua maternidade. Os Guineenses auscultados nadiáspora (Portugal) não perderam aoportunidade de se expressaremsobre aquilo que mais afecta as suasvivências e a sua experança numfuturo de Paz: a Guiné-Bissau, o seupaís natal, a sua fonte dereferência. Porque todos nóssabemos de onde viemos, mais doque para onde vamos. A situação de instabilidade que temmarcado a história recente do país,exige que a participação tenhalugar, que os cidadãos guineenses

Ecos de Paz Joacine Katar Moreira

«Encontrava-me em Lisboa paraparticipar em provas académicas ecomo já ouvira falar do Voz di Paz,aquando do anúncio da sua criação,não quis perder a oportunidade deum contacto mais directo com oprojecto e com a equipa. Em matériade consolidação da paz na Guiné-Bissau, penso que o VdP representa,de momento, o único projectoefectivamente pensado, estruturado,empreendido e cujos resultadosconstituem já matéria para reflexãofundamentada. Os obstáculos à Paz,

«O Encontro de Lisboa proporcionou um espaço de reflexão séria e fecunda»

«O excesso de impunidade é preocupante, as perseguições e a indisciplina»

tenham voz sobre o destino dopaís. A metodologia participativado Programa de pesquisa-acçãoVoz di Paz, sendo inclusiva, incitaà partilha de ideias, à discussão depontos de vista, e põe em causareceios antigos e novos medos queameaçam a paz no país. Temos nesta edição, testemunhosde guineeses que reflectem, tantoquanto as sentem, as experiências,por vezes dolorosas, que o paísatravessa. A Esperança é porémum sinal comum em todas aspalavras, em todos os desejos deregresso. Regresso este por demaisadiado mas sempre presente nosseus quotidianos.

indicados pelo projecto a partir daauscultação na Guiné-Bissau,revelam um quadro complexo dequestões intrincadas. A auscultaçãorevela, ainda, que a população, nocampo e na cidade, tem umconhecimento profundo dos malesde que padece a sociedadeguineense. O Encontro de Lisboaproporcionou um espaço de reflexãoséria e fecunda, uma oportunidadesingular para a diáspora de juntar asua Voz a este projecto em prol daconsolidação da paz na Guiné.»

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QUESTÕES: O que lhe motivou a estar presente na Conferência e Auscultação organizada pela Voz di Paz (VdP) em Lisboa? Em que medida pensa que a VdP pode efectivamente contribuir para a consolidação da paz na Guiné-Bissau? Concorda com os obstáculos à paz identificados pela VdP aquando da auscultação dos guineenses na Guiné? Quais são para si os três principais obstáculos à paz na Guiné-Bissau? É importante a auscultação da diáspora? Porquê?

Ernesto Seabra, 49 anos, Operador de máquinas

Zaida Pereira Professora universitária

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«Acho importante participar e ouvirtudo o que se refere ao meu paísGuiné-Bissau. O Programa Voz di Pazé um contributo muito importantepara o que de bom podemos fazerpelo país e eu dei o meu depoimentoporque quero fazer parte dasolução. Louvei desde logo estainiciativa e o desenvolvimento doPrograma. O principal obstáculopara a consolidação da paz no país,e também o mais falado pelosguineenses nas auscultações é a

questão da justiça, ou melhor dainjustiça. O excesso de impunidadeé preocupante, as perseguições e aindisciplina, assim como ahonestidade que não existe no seiodo governo. O governo deve deixarde ser refém das Forças Armadas. Adiáspora deve contribuir com toda aforça porque é um elementoconstituinte do povo da Guiné-Bissau e a sua ausência no processode auscultação dos guineensessignificaria o fracasso total destetrabalho.»

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«O governo deve fazer da diáspora uma aliada»

A falta de separação dos poderespolítico, militar e judicial e oanalfabetismo são dois grandesobstáculos à paz. Outra questãoque me parece muito importanteé a necessidade urgente desaneamento básico na Guiné-Bissau.

A auscultação da diáspora é viávelse tivermos o direito ao voto. Ogoverno deve fazer da diásporauma aliada. A diáspora e o mundoprecisam de sinais mais concretosda estabilidade do país para poderdar respostas.»

«O que me motivou a estarpresente foi o dever de cidadaniae a inquestionável qualidade daequipa da Voz di Paz.

O programa Voz di Paz, sendouma auscultação com amostra querevela o sentimento de todos osguineenses, e não só: em todos oslugares do território; vai comcerteza contribuir em grandemedida, para a consolidação dapaz no país. Quanto aosobstáculos à paz na Guiné-Bissau,

aponto os seguintes: A pro-blemática herança da luta armada, as décadas de deficiente governação e a pobreza.

A auscultação da diáspora é importante, sem dúvida! Infelizmente, a parte melhor esclarecida da sociedade guineense encontra-se fora do território nacional, e apesar de tudo, participa de forma intensa, no dinamismo económico do país.»

«O documentário “Voz di Povo" superou as minhas expectativas»

«A problemática herança da luta armada, as décadas de deficiente governação e a pobreza»

Telmo Correia, 31 anos, Estudante de Engenharia Civil

Kadidja Monteiro, 29 anos, jornalista

     

«Com a «Voz di Paz» consegue-seouvir efectivamente o povo guineensee isso é muito importante para seentender do que realmente se queixae o que procura o povo. É um passopara consolidação da paz. Concordocom os obstáculos identificados pelasauscultações. Penso que cada umdeve ocupar o seu lugar e cada umdeve organizar o seu trabalho e otrabalho ao qual foi submetido,deixando as outras pastas seremlideradas por quem de direito: devehaver limites e controlo nagovernação.

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Flaviano Mindela, 42 anos, artista plástico

«Sempre acreditei na vontade dosguineenses em mudar o cenáriocrítico dos últimos anos e sempreconfiei que um dia iríamoscontornar a situação com esforçode todos os guineenses e amigosda Guiné-Bissau. Por isso tenhoparticipado sempre que possívelem todas as actividades ligadas aomeu país. O documentário “Voz diPovo" superou as minhasexpectativas, pois pude constataros verdadeiros percursos paraconseguirmos uma Guiné-Bissauque sempre sonhamos. jjjjjjj

O Programa Voz di Paz éimportante se continuar aenvolver as diferentes franjassociais guineenses na procura desoluções para resolver osproblemas e promovendo acultura de diálogo comomecanismo essencial para aidentificação e resolução dasquestões que nos unem. Adiáspora guineense é parte dasolução ou até do problema,atendendo à ligação com o país einfluência sobre váriosaspectos.»

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Adelina Barbosa Cunha 60 anos, doméstica

«Estive presente na conferênciadevido ao interesse pelo trabalhoque está a ser desenvolvido noâmbito deste programa, e percebercomo posso participar no mesmo.Trata-se de um assunto queinteressa aos guineenses, visto quemantemos um laço forte com asnossas origens. O entendimento dosproblemas que impedem odesenvolvimento da Guiné-Bissau éimportante na medida em que tendoum diagnóstico preciso, torna-semais fácil resolver estas questões. O Programa Voz di Paz tem ainda

a qualidade única de dar expressãoao diversificado tecido social quecompõe o país. Na minha opinião, osprincipais obstáculos são a ausênciade um sistema judicial eficiente,falta de seriedade na esferagovernamental do país, e falta desentido de responsabilidade cívica. A diáspora, embora muitas vezesnão tenha uma voz activa, estáinteressada num regresso ao país. Daí que exista todo o interesse emcontribuir positivamente com aexperiência e perspectiva queadquiriu vivendo no exterior.»

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«A auscultação da diáspora é importante, mas falta o voto»

Honurmel Menezes, 35 anos, gestor do desenvolvimento

Eddy Santos estudante de Direito

«Este programa vem apelar ao bom senso dos guineenses»

     

«Trata-se de um assunto que interessa aos guineenses, visto que mantemos um laço forte com as nossas origens»

«Participei por concordar com aMetodologia da Voz di Paz. Osespaços regionais de diálogopodem ser uma forma deestabilidade para os conflitosexistentes na Guiné-Bissau, namedida em que criam umaestrutura próxima das bases. Éuma ferramenta que o própriogoverno não tem. O ideal seriaque a VdP e os espaços regionaisde diálogo trabalhassemjuntamente com o governo nopropósito da consolidação da Paz.Os obstáculos identificados na

auscultação são na sua maioriapartilhada pelos guineenses naGuiné e na diáspora. O que temde nos preocupar neste momentoé encontrarmos forma decontornar estes obstáculos deforma sustentada e pacífica. Aauscultação da diáspora éimportante, mas falta o voto. Adiáspora deve ser parteintegrante da política. Ainstabilidade é que tem impedidomuitos guineenses de regressarao país.»

«O que me motivou a estarpresente nas conferências da Vozdi paz foi mais no sentido de quesempre acreditei que a melhorforma de resolver qualquer tipode conflito é falando dosproblemas que se encontram nabase do mesmo conflito. Oprograma Voz di paz podecontribuir para a consolidação dapaz chamando à responsabilidadeos principais actores destesproblemas. Este programa vemapelar ao bom senso dosguineenses. No geral, concordo

com os obstáculos à pazidentificados pela Voz di Paz, masacho importante referir adiscriminação social existente naGuiné entre os meninos que sãode praça e os que vêm do interiordo país. Os principais obstáculos àpaz são: injustiça, insegurança efalta de transparência na gestãodo dinheiro público. Éfundamental a auscultação dadiáspora porque nós tambémcontribuímos para o desen-volvimento do nosso país, emtodas as áreas.»

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FICHA TÉCNICA: Eco da Voz di Paz – Boletim Informativo Proprietário: Voz di Paz Iniciativa para a Consolidação da Paz Coordenador: Fafali Koudawo Editora: Joacine Katar Moreira Redactores: Fafali Koudawo; Filomena Tipote; Joacine Katar Moreira; Waldir Araújo Concepção gráfica e fotocomposição: Joacine Katar Moreira Número: 0 Data: Janeiro/Fevereiro 2010 Local: Guiné-Bissau Periodicidade: Mensal - versão electrónica; bimestral - versão impressa Tiragem: 1500 exemplares

Parceiro: Interpeace

Financiado pelo Governo da Finlândia

Escreva para a

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e fotografias diversas para o correio electrónico [email protected]

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